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Matrícula: 485094
A aula sobre a crise dos refugiados foi o momento da disciplina que mais me impactou até
agora. A discussão levantada pelo professor Ricardo George de Araújo Silva, convidado
especial e estudioso da obra da filósofa Hannah Arendt, foi muito importante para chamar a
nossa atenção para a situação de rejeição generalizada em que vivem os refugiados mundo à
fora, o que é um assunto de enorme relevância social, mas que encontra-se ainda pouco debatido
no nosso contexto acadêmico.
Enquanto adentrávamos nos desdobramentos desse tema, logo fui tocada pelos apontamentos
acerca do conceito de pertencimento ao mundo, delimitado como a unidade analítica de onde
Arendt parte para pensar a existência das milhões de pessoas que, não encontrando outra
solução, se vêem obrigadas a deixarem seus lares e seus povos em busca de abrigo em países
estrangeiros, ficando sujeitas a enfrentar quase sempre tratamento hostil e aversivo por parte
das outras nações. A ideia do pertencimento ao mundo como um vínculo que age como motor
da existência humana se contrapõe à realidade de abandono e exclusão vivenciada pelos
refugiados, uma vez que estes ou são expulsos de seus países de origem ou são motivados a
migrar deles para sobreviver e, no entanto, raramente são acolhidos dignamente nos outros
territórios. Além de evocar a condição de estrangeiro à procura de socorro, a palavra
“refugiado” designa três categorias de análise também exploradas pelo professor em sua fala,
são elas: a do “pária”, referindo-se àquele que está à margem da sociedade; a do “fora da lei’,
relativo à condição dos que não são alcançados pela lei e, portanto, vivem à parte e apesar dela;
e a do próprio refugiado como aquele que se refugia em outros países em busca da
sobrevivência.
Por fim, é válido trazer duas considerações políticas importantes apontadas pelo professor. A
primeira delas é sobre a necessidade de lutarmos coletivamente pelo direito de ter direitos,
relacionada à nossa tarefa política de ajudarmos a construir um mundo em que todos possam
viver com dignidade e bem-estar. A outra trata da ética de responsabilizar-se por esse mundo,
preservando-o e zelando todas vidas que nele estão contidas, pois, como bem lembra Arendt, o
mundo é obra do homem e é somente ele quem pode determinar o seu rumo.