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RESUMO TEXTO 1
INTRODUÇÃO
A introdução de Orientalismo está dividido em três momentos, que são nomeados
apenas em eu, Ii ecstasy Iii. Edward W. Disse discutir em sua introdução como questões
metodológicas que cercaram a produção de sua obra, mas também suas motivações, escolhas, e,
principalmente, como características principais de Orientalismo , apresentando como esse
“humanista", como se autodefine, observa esse fenômeno ocidental chamado orientalismo.
Disse inicia o primeiro momento da introdução desnaturalizando a ideia de Oriente que temos,
afirmando que essa é uma invenção europeia, que o divulga como sendo um "lugar de episódios
romanescos, seres exóticos, lembranças e paisagens encantadas, lugar de experiências
extraordinárias. (SAID, 2007, p. 27). Neste momento o autor começa a delimitar como ver esse
fenômeno moderno, como uma percepção do real, uma imagem veiculada a partir de interesses,
disputas e negociações. Partindo dessa ideia, que o Oriente é representado a partir das visões
orientalistas, disse defender que esse mesmo Oriente ajudou a definir a Europa, já que ele é
entendido como sendo uma das imagens mais profundas e mais recorrentes do outro, não apenas
a adjacente Europa, mas como parte integrante de sua cultura, língua e civilização. Neste
sentido, partindo da caracterização do oriental, do "outro", os europeus, principalmente
franceses e britânicos, forjaram o que é ser europeu, buscando diferenciar-se do outro. Assim,
foi se criando uma imagem do "eu" a partir da diferenciação com o outro – Ocidental,
civilizado, branco, racionais em contraponto ao Oriental, selvagem, de cor, emotivo. Ainda no
primeiro momento, o autor busca explícita a que está tratando quando fala em orientalismo, e
nos apresenta três usos possíveis para esse termo, que embora sejam distintos são intimamente
relacionados e se complementam. O primeiro uso apresentado designa quem escreve, pesquisa
ou ensina sobre o Oriente, que é orientalista, logo o que produz é orientalismo. O segundo
remete a um "estilo de pensamento baseado uma distinção fundamental feita entre o Oriente e o
Ocidente" (SAID, 2007, p. 29). Já a terceira utilização desse conceito é voltada para as
"instituições" autorizadas a lidar com o Oriente, em suma, é o estilo ocidental para dominar,
reestruturar e ter autoridade sobre o oriente; como exemplos claros essas instituições podemos
apresentar os consulados de países ocidentais em países orientais, como divisões de agencias de
inteligências responsáveis por monitorar as atividades não Oriente, ou missões, militares ou
diplomáticas, enviadas ao Oriente com as barbatanas mais diversos
1 O ALCANCE DO ORIENTALISMO
[o gênio inquieto e ambicioso dos europeus[...] impaciente de empregar os novos
instrumentos de seu poder Jean- Baptiste-Joseph Fourier,
Préface historique (1809), Description de L´Égypte
1.1 Conhecendo o oriental
Uma das primeiras preocupações de Said nesse capítulo é designar quem era esse
oriental no início do século XVIII e o que fazia vê-los como apenas habitantes da porção Leste
da Europa (excluindo assim, a China, Japão e Índia). Estes eram basicamente descritos em
textos de cunho literário, textos eclesiásticos e em obras de Shakespeare. Nessa “geografia”
excludente esses orientais sempre foram vistos como uma sociedade à parte, como inferior uma
vez que sob a justificativa utilizada para dominá-los era “nós o conhecemos mais”, e esse
conhecimento implicava em “examinar uma civilização desde suas origens, ao seu apogeu e
declínio – introduzir-se no estrangeiro e distante; negar a autonomia a ele por que o conhecemos
mais e ele existe assim como o conhecemos”. Dominar por quem os conhece é um benefício
concedido tanto ao dominado quando ao dominador “Ocidente civilizado”. A lógica para
dominar dava-se em conhecer suas limitações, não aplicar o uso da força, mas fazê-los entender
essa própria lógica. O orientalismo como corpo de saberes sobre esse “Oriente”, utiliza-se em
seus discursos e
se justificam a partir da própria história real desse oriente – reforçados ainda pelo regimecolonia
l, a divisão do mundo, as demarcações Leste/Oeste, as viagens de descobrimentos. Além disso,
os próprios estudos orientalistas coincidem com o período da expansão europeias as brigas entre
as duas grandes potências, França e Inglaterra que viam suas expansões três caminhos:
renunciar, monopolizar ou partilhar. Escolheram então um caminho mais “benéfico” às partes, a
“partilha”. O que Said observa, é que tal partilha não foi somente de terra, lucro ou governo,
mas de um poder intelectual (orientalismo). A relação entre o Ocidente e orienta foi
consolidada, na visão de Said, a partir da ocupação do Egito por Napoleão. Estava assim,
representada aforça ocidental versus fraqueza oriental.
1.2 Geografia imaginativa e suas representações
O orientalismo é apontado como um campo de estudo erudito. E os campos de estudo
são criados por homens baseando-se em uma unidade geográfica, cultural, linguística e étnica.
Mais uma particularidade no estudo do orientalismo, segundo Said, visto que não obedece a um
campo "simétrico", ou seja, não existe um outro campo que corresponde a um estudo sobre o
Ocidentalismo. É um campo que não possui uma posição geográfica fixa e ao mesmo tempo
assumir visto que se trata de uma "região" de "interesses" e "ambição" ocidental.
O próprio "ismo" do termo "ocidentalismo" reforça a ideia de que é uma disciplina
acadêmica que principalmente foi estudado por eruditos bíblicos, estudiosos de línguas
semíticas e especialistas islâmicos. Sobretudo, o século XIX foi um momento de grande
erudição e qualquer que cuidasse de "embarcar" nesse campo possui o status de orientalista. Os
estudos do campo foram divididos em dois grandes momentos, o primeiro foi pelo
enciclopedismo de Raymond Schwab que em sua obra "La renaisance oriental” reforça que o
estudioso do campo do orientalismo é todo profissional amador, seja por qualquer "coisa
“asiática, termo que ele designa "exótico", "mistérios", "seminal".
E um segundo momento foram as próprias crônicas produzidas pelo campo de estudo
com destaque ao orientalista Jules Mohl que em seu "Étude oriental" buscou sobre forma de
relatório reunir todos os fatos importantes desenvolvidos pelo próprio estudo orientalista, de
1840 a 1867. Obras sobre o campo eram produzidas em diversos dialetos abrangendo desde a
erudição e tradução de textos até estudos de numismática, antropologia, sociologia, economia,
história, literatura e cultura. A geografia imaginativa, sobretudo, é um estudo de área, sob forma
de título geográfico, e não apenas na mente.
Disse mostra que os estudos de Claude-Levi Strauss em “ciência do concreto”
trabalham com a mente e faz-se necessário o estabelecimento de um ordem que só pode ser
alcançada com a descriminação/localização ou na atribuição de nomes às coisas e formas.
Assim, uma geografia imaginativa seria uma forma de designação mental de fronteiras,
"entendimento" de um espaço familiar e um outro que não é familiar, trata-se de um ponto
arbitrário pois não implica que esse "outro" reconheça e aceitar esseespaço que se conhece
como "nosso" – eles se tornam ele de acordo com as demarcações.
Tais ideias, afirma Said, reforçam as ideias "absurdas" à cultura oriental. Ele aponta
ainda que o cristianismo em suas práticas contribuiu para o fortalecimento dessas ideias quando
se opõe e distingue o sagrado do profano, o ocidental e o oriental. Ó cristianismo,
utilizando-se do Islã como ponto descrevendo-o como profanação do sagrado, versão
fraudulenta do cristianismo e seu profeta Maomé como impostor a Jesus Cristo, vai de encontro
com os princípios da igreja, os princípios ocidentais que significa toda a “cristandade". Formou-
se um circulo jamais quebrado pela exteriorização imaginativa, o conceito cristão tornou-se
aceitável, integral e autossuficiente para representar o Islã. Disso aproveitaram-se muito bem os
discursos orientalistas para representar o Oriente e o oriental como pseudo-encarnações
repetitivas do grande original: Cristo – Europa – Ocidente. Essa é assimetria que o ocidental
encontrou para termos que só equivalem à sua lógica cultural