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NÍVEL PROFUNDO OU
FUNDAMENTAL
Semântica do nível fundamental
• abriga as categorias semânticas que estão na
base da construção de um texto;
– Fundamentam-se pela diferença/oposição:
• /parcialidade/ versus /totalidade/
– Termos contrários mantem relação de
contrariedade, pois estão em relação de
pressuposição recíproca;
– Operação de negação: criação de contraditórios,
que também são contrários entre si:
• /não parcialidade/; /não totalidade/
• Qualificação semântica: /euforia/ versus
/disforia/
– Estão inscritas no texto. Não são dadas pelo leitor.
Sintaxe do nível fundamental
• Operações de negação e afirmação:
– afirmação de a, negação de a, afirmação de b;
– afirmação de b, negação de b, afirmação de a.
NÍVEL NARRATIVO
• Narratividade: transformação situada entre
dois estados sucessivos e diferentes: estado
inicial, transformação e estado final.
– Narrativa mínima 1:
• Estado inicial: não saber dos cavaleiros;
• Estado final: saber adquirido a partir de um ponto de
vista único.
– Narrativa mínima 2:
• Estado inicial: saber não global;
• Estado final: saber global.
Sintaxe do nível narrativo
• enunciados de estado: são os que estabelecem uma
relação de junção (disjunção ou conjunção) entre um
sujeito e um objeto (no enunciado "Aurélia é rica", há
uma relação de conjunção, indicada pelo verbo ser,
entre um sujeito "Aurélia" e um objeto "riqueza"; em
"Seixas não é rico", há uma relação de disjunção,
revelada pela negação e pelo verbo ser, entre um
sujeito "Seixas" e um objeto "riqueza");
• enunciados de fazer: são os que mostram as
transformações, os que correspondem à passagem de
um enunciado de estado a outro (no enunciado "Seixas
ficou rico", há uma transformação de um estado inicial
"não rico" num estado final "rico").
• Consequência: dois tipos de narrativas
mínimas:
– de privação:
• Estado inicial conjunto e estado final disjunto;
– de liquidação de uma privação:
• Estado inicial disjunto e estado final conjunto.
• Sequência canônica da narrativa:
– Manipulação: “sujeito [manipulador] age sobre outro
[manipulado] para levá-lo a querer e/ou dever fazer
alguma coisa”.
• tentação: proposta de recompensa – “Se você comer, ganha
uma coca cola”;
• Intimidação: ameaças – “Se você não comer, não vai ver
televisão”;
• Sedução: manifestação de juízo positivo sobre competência
do manipulado – “Pus essa comida no seu prato, porque
você é grande e é capaz de comer tudo”;
• Provocação: manifestação de juízo negativo sobre
competência do manipulado – “Pus essa comida no seu
prato, mas eu sei que, como você é pequeno, não consegue
comer o que está aí”;
• Pedido; ordem; etc.
– Competência: “o sujeito que vai realizar a
transformação central da narrativa é dotado de
um saber e/ou poder fazer”
• João Romão (O Cortiço): dinheiro poupado para poder
construir as casinhas.
• Contos de fada: objetos mágicos.
– Performance: “fase em que se dá a transformação
(mudança de um estado a outro) central da
narrativa”
• Passar do estado da disjunção para o da conjunção.
– Encontrar o pote de ouro no fim do arco íris;
– Libertar a princesa do dragão.
– Sanção: constatação de que a performance se
realizou e, por conseguinte, o reconhecimento do
sujeito que operou a transformação.
Eventualmente, nessa fase, distribuem-se prêmios
e castigos.
• Gata Borralheira: a humildade e a resignação são
premiadas e a arrogância e o orgulho, castigados.
• Justine, de Sade: “a cada ação executada segundo os
ditames da moral cristã corresponde um castigo e não
uma recompensa”
• Nem sempre a sequência canônica aparece bem
arranjada:
– Fases podem ficar ocultas e devem ser recuperadas
por meio de relações de pressuposição
• “Os caçadores da arca perdida”: não mostra como o herói
obtêm o saber para informar onde está a arca;
– Muitas narrativas não se realizam completamente
• Tentação de Cristo no deserto: para na manipulação;
– Há narrativas que se detêm preferencialmente numa
fase específica
• Jornal sensacionalista: detem-se na performance: como foi o
crime, quem realizou o crime, quem era a vítima, etc.
• O assassinato no Expresso Oriente, de Agatha Christie:
performance ocupa poucas páginas; atenção maior na
sanção: descoberta do criminoso;
– Não há apenas uma sequência canônica, mas um
conjunto delas.
Semântica do nível narrativo
• Ocupa-se dos valores inscritos nos objetos.
– Objetos modais: são o querer, o dever, o saber e o
poder fazer, são aqueles elementos cuja aquisição
é necessária para realizar a performance principal;
• Espada mágica dada por uma fada ao príncipe: objeto
modal /poder-vencer/;
– Objetos de valor: com os quais se entra em
conjunção ou disjunção na performance principal.
• Ovos de ouro da galinha: objeto de valor /riqueza/.
‘
• Objeto concreto pode ser: objeto modal, objeto valor
ou concretizar objetos valor distintos:
– objeto valor: Tio Patinhas entesoura dinheiro:
manifestação do objeto-valor /riqueza/, pois busca
conjunção na performance (objetivo último do sujeito);
– objeto modal: X guarda dinheiro para comprar casa:
concretização do /poder comprar/, pois dinheiro é
manifestação de objeto modal (necessário parase obter
outro objeto;
– Concretização de objetos valor distintos: Casa: pode ser
concretização do valor /abrigo/; /conforto/; status, etc.
“No nível discursivo, as formas abstratas do nível narrativo são revestidas
de termos que lhe dão concretude.” (p.29)
“O nível discursivo produz as variações de conteúdos narrativos
invariantes.” (p.29)
NÍVEL DISCURSIVO
• X quer entrar em conjunção com o amor de Y, mas
há obstáculos que impedem a consumação desse
amor
Eu te gosto, você me gosta Depois fui pirata mouro,
desde tempos imemoriais. flagelo da Tripolitânia.
Eu era grego, você troiana, Toquei fogo na fragata
troiana, mas não Helena. onde você se escondia
Saí do cavalo de pau da fúria de meu bergantim.
para matar seu irmão. Mas quando ia te pegar
Matei, brigamos, morremos. e te fazer minha escrava,
você fez o sinal-da-cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.
Virei soldado romano, Depois (tempos mais amenos)
perseguidor de cristãos. fui cortesão de Versailles,
Na porta da catacumba espirituoso e devasso.
encontrei-te novamente. Você cismou de ser freira...
Mas quando vi você nua Pulei muro de convento
caída na areia do circo mas complicações políticas
e o leão que vinha vindo, nos levaram à guilhotina.
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.
• X realiza parcialmente o amor com Y, mas não ficam
juntos
Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
• https://www.youtube.com/watch?v=Mthmmd
JgQXY Morte e Vida Severina (TV Globo,
1981), poema de João Cabral de Melo Neto
(1954/55)
UM EXEMPLO
• https://www.bing.com/videos/search?q=hist%c3%b3ria+de+uma+gata&&view=detail&mid=EFAAFD76DF10F55B0
536EFAAFD76DF10F55B0536&&FORM=VRDGAR
• https://www.bing.com/videos/search?q=hist%c3%b3ria+de+uma+gata&&view=detail&mid=B6B83F00E8D87295E
82CB6B83F00E8D87295E82C&rvsmid=882B2623616E0060EC1D882B2623616E0060EC1D&FORM=VDQVAP
• https://www.bing.com/videos/search?q=pedra+leticia+historia+de+uma+gata&&view=detail&mid=7D5020F4E043
63225ED17D5020F4E04363225ED1&&FORM=VRDGAR
• https://www.bing.com/videos/search?q=hist%c3%b3ria+de+uma+gata&&view=detail&mid=C5385594200B910E7
66BC5385594200B910E766B&&FORM=VRDGAR
• https://www.bing.com/videos/search?q=hist%c3%b3ria+de+uma+gata&&view=detail&mid=882B2623616E0060E
C1D882B2623616E0060EC1D&&FORM=VRDGAR
• https://www.youtube.com/watch?v=u07Td4VPWgA
• https://www.bing.com/videos/search?q=hist%c3%b3ria+de+uma+gata&&view=detail&mid=B4CF9B8AA26BE7F71
7EDB4CF9B8AA26BE7F717ED&&FORM=VRDGAR
• https://www.bing.com/videos/search?q=hist%c3%b3ria+de+uma+gata&&view=detail&mid=08A19C13706C0EDC8
2C408A19C13706C0EDC82C4&&FORM=VRDGAR
• https://www.bing.com/videos/search?q=hist%c3%b3ria+de+uma+gata&&view=detail&mid=CC74E107A79D22A86
AEBCC74E107A79D22A86AEB&&FORM=VRDGAR
História de uma gata
(Luiz Henriquez, Sérgio Bardotti e Chico
Buarque)
• dominação------não-dominação------liberdade
(disforia)---------(não-disforia)---------(euforia)