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COSMETOLOGIA

APLICADA II

Daniele Simão
Produtos cosméticos
para o cuidado de mãos,
pés, pernas e unhas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Elencar os cosméticos ideais para o cuidado das mãos.


 Descrever os cosméticos indicados para o cuidado de pernas e pés.
 Identificar os cosméticos utilizados no cuidado com as unhas.

Introdução
A pele das mãos e dos pés, bem como as unhas, exige cuidados especí-
ficos. Por serem áreas mais expostas às agressões diárias, permanecem
em constante contato com produtos químicos, choques de temperatura,
exposição solar e ao frio, entre outros fatores, sendo mais predispostas a
ressecamentos e fissuras. Assim, o ideal é optar por cosméticos contendo
características próprias às suas necessidades, com ativos emolientes,
protetores e que previnam o envelhecimento precoce.
Neste capítulo, você conhecerá os cosméticos específicos para o
cuidado das mãos, pernas, pés e unhas.

Cosméticos ideais para o cuidado das mãos


Embora seja considerada o maior órgão, a pele não é igual em todas as partes do
corpo, uma vez que a estrutura e o modo como se comporta diferem conforme
a área de localização. Também é necessário considerar a maior exposição a
fatores externos, como sol, vento, frio, poluição e produtos de limpeza. Por
isso, é importante refletir sobre as diferentes necessidades da pele em cada
região do corpo, bem como sua estrutura e comportamento. Logo, nem toda
a pele deve receber o mesmo tratamento.
2 Produtos cosméticos para o cuidado de mãos, pés, pernas e unhas

Como ferramentas do corpo para pegar coisas, apoiar-se, defender-se,


entre outras ações, as mãos tendem a ter a sua pele notoriamente distinta das
demais partes do corpo. Ainda nessa mesma região é visível a diferença entre
a pele da palma e a do dorso das mãos.
Na palma, nos dedos e nos polegares das mãos há uma camada córnea
mais espessa, rica em tecido adiposo e o conjuntivo é bem acolchoado, não há
pelos devido à ausência de glândulas sebáceas, há alta densidade de glândulas
sudoríparas e não há presença de fatores hidratantes naturais. Todavia, o dorso
das mãos tem pouco tecido adiposo, espessura fina e contém somente alguns
pelos finos, indicando que a quantidade de glândulas sebáceas é bem menor
que a de outras partes do corpo.
Como os folículos pilosos são acompanhados por glândulas sebáceas
responsáveis pela produção de sebo, lipídios para a pele e componentes reten-
tores de umidade, as mãos têm menos lipídios e menor capacidade de fixar a
umidade que as demais partes do corpo.
Outro fator importante a se considerar é que a pele das mãos também tem
menor capacidade de estabilizar os poucos lipídios e componentes umectan-
tes que contém, fazendo com que o pH das mãos seja menos ácido que em
muitas outras partes do corpo, comprometendo o seu manto protetor. Logo, a
formação da camada protetora hidrolipídica, a emulsão de gordura e a água
que recobrem a parte externa da pele permanecem debilitadas, deixando as
mãos mais suscetíveis à desidratação e ao ressecamento.
Somente o contato frequente com a água, por si só, já resseca a pele. Porém, as
mãos ainda são frequentemente submetidas diretamente a detergentes, solventes
e mudanças de temperatura, que também retiram a oleosidade natural da pele.
Esses fatores geram uma excessiva exigência dos sistemas de proteção e reparação
naturais da pele, proporcionando futuros danos da sua função de barreira cutânea.
Você também já reparou que as mãos apresentam os primeiros sinais do
envelhecimento mais rápido que outras regiões do corpo? Essa região costuma
ser esquecida na hora dos cuidados diários, principalmente na aplicação do
filtro solar e está sempre exposta a elementos externos que aceleram o pro-
cesso, como clima, poluição e, principalmente, radiação ultravioleta. Por isso,
o surgimento de manchas de diferentes tipos, rugas finas e o aspecto flácido
com veias aparentes, sinais típicos de uma pele envelhecida, são comumente
encontrados em mãos de pessoas até mais jovens.
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A constante exposição solar sem proteção na área das mãos ao longo dos anos ocasiona
manchas senis devido às alterações na produção de melanina, bem como desidratação
e perda de sustentação, decorrentes da destruição de colágeno, do ácido hialurônico
e dos componentes de hidratação natural da pele, causando flacidez nas mãos. Isso
ocorre porque a ação dos raios ultravioleta é cumulativa — pode parecer que nada
está acontecendo quando se é mais jovem, mas, com o passar do tempo e com a
repetição contínua desse hábito, esses sinais começam a aparecer.

Considerando todas essas implicações, você pode perceber a necessidade


de se valer dos benefícios de cosméticos como: séruns, emulsões, esfoliantes,
protetores solares, máscaras e até dos peelings como produtos para o cuidado
dessas regiões tão específicas da pele.
Como profissional, é importante que você conheça e saiba usar cada cos-
mético corretamente para os cuidados específicos com a pele das mãos, os
ingredientes e o seu modo de ação.
Os sabonetes líquidos são os mais utilizados como ferramenta de controle
de infecção, removendo mecanicamente os microrganismos e os detritos
que recobrem a pele. Se utilizados corretamente, devem remover mais de
90% dos microrganismos patogênicos das mãos. Os sabonetes líquidos são
mais recomendados pela sua praticidade e pelo fato de os sabonetes em
barra abrigarem bactérias, transformando-se em território de reprodução
para as patogênicas. Ao serem aplicados, repassam as bactérias para a pele
(FRANGIE et al., 2016).
Cremes, loções e emulsões para as mãos suavizam e amolecem a sua pele,
conferindo um aspecto mais saudável e macio, de forma que fique menos
propensa ao ressecamento e às rachaduras, enquanto os cremes e as emulsões
são desenvolvidos para atuar na barreira cutânea da pele, auxiliando na reten-
ção de umidade. No entanto, as loções podem ser utilizadas em tratamentos
específicos com luvas de aquecimento ou banhos de parafina, por conterem
uma composição que potencializa a penetração dos ativos nas camadas mais
profundas da epiderme.
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Alguns tratamentos especiais aplicados com manobras de massagem


podem aumentar os benefícios para a manutenção de uma pele das mãos
saudável e macia, estimulando o fluxo sanguíneo, removendo as células
mortas e promovendo a limpeza, o clareamento de manchas, a hidratação
e o amaciamento, além de proporcionar relaxamento. Entre eles, pode-
mos citar: banho com cera de parafina, esfoliação e aplicação de másca-
ras e de óleo aquecido. O uso de calor também potencializa a penetração
de ativos e pode ser combinado com hidratantes nutritivos, óleos e ceras
(IFOULD; CONROY; WHITTAKER, 2015).
A cera de parafina é um sólido branco leitoso, apresentado em grânulos
ou blocos, que devem ser derretidos em aquecedor próprio e mantidos em
temperatura de até 29ºC. Após o derretimento, a cera é espalhada sobre a
pele e as mãos podem ser enroladas em papel alumínio para reter o calor.
Esse tipo de procedimento melhora a rigidez das articulações, a textura e a
aparência da pele.
É possível, ainda, a utilização de óleos vegetais, como o de amêndoas,
de semente de uva ou de oliva, podendo ser aplicados diretamente na mão
com manobras de massagem ou em banho de imersão das mãos, colocando o
recipiente com óleo dentro de outro maior contendo água quente.
As máscaras clareadoras, hidratantes e nutritivas podem ser aplicadas
e envolvidas por alumínio e toalhas quentes ou luvas térmicas. Essas
máscaras geralmente contêm ativos importantes como: argila branca, óleo
de rosa mosqueta, de andiroba, de açaí e de castanha-do-pará, e outros
ativos clareadores como alfa-hidroxiácidos ou alfa-arbutin. No caso destes
dois, não é recomendada a aplicação de calor e a oclusão com alumínio
e luvas térmicas.
Para a remoção de células mortas e estímulo à regeneração celular, o
tratamento de esfoliação é um dos mais recomendados. A esfoliação física
com cosméticos esfoliantes contendo grânulos, ou a esfoliação química,
pode ser utilizada com essa finalidade. Após a aplicação, conforme tempo
e quantidade determinada pelo fabricante do produto, poderá ser aplicada
uma máscara hidratante ou nutritiva ou até massagem com cremes e óleos.
Outro cosmético importante nesses cuidados diários é o protetor solar,
que contém ingredientes que protegem a pele dos danos causados pelos raios
ultravioletas A e B, que podem provocar manchas (hiperpigmentação) e ainda
danificar o DNA das células (FRANGIE et al., 2016).
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Os esfoliantes podem ser classificados conforme sua ação.


 Física: promovida por efeito mecânico por meio de ação abrasiva.
 Química: promovida por agentes químicos, como ácidos ou alcaloides, que quebram
as moléculas de queratina.
 Biológica: promovida por agentes enzimáticos, conhecidos como enzimas prote-
olíticas, capazes de quebrar as moléculas das proteínas encontradas na pele com
maior segurança e menor irritabilidade que as opções anteriores.

Como é possível perceber, a pele das mãos será favorecida com a aplicação
diária de produtos cosméticos de limpeza suaves e cosméticos eficazes que
reponham os lipídios, mantenham o pH natural da pele, promovam o processo
de regeneração e ofereçam proteção à exposição solar excessiva aos raios
ultravioletas, tão nocivos e que causam envelhecimento precoce.

Cosméticos indicados para o cuidado


com pernas e pés
Outra região do corpo em que a pele se difere das demais é nas solas dos pés,
onde há mais células adiposas em sua camada mais interior (tela subcutânea)
do que na maioria das outras partes do corpo, devido à necessidade de proteção
extra e absorção de choques. Lembre-se que, para cada passo, os pés suportam
três vezes o peso do corpo humano e repetidamente são submetidos a pressões
manuais, como atrito de sapatos, apertados ou inadequados, além das intensas
caminhadas ou corridas.
Entretanto, a sua proteção extra não impede o atrito excessivo de com-
prometer a função de barreira da pele, acarretando ressecamento, até mesmo
calos e calosidades. Estes são extensões engrossadas da pele que se forma
nas solas dos pés e calcanhares, e pressionam as camadas mais profundas da
pele, podendo ser dolorosos.
Outro fator importante é que a epiderme é mais espessa nos pés do que em
outras partes do corpo, enquanto nas demais áreas do corpo corresponde a,
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aproximadamente, 0,1 mm no total, e nas solas dos pés varia de 1 a 5 mm. No


entanto, ao ser exposta ao atrito e à pressão prolongados, a produção de calos
aumenta e a epiderme se torna espessa e dura, desencadeando uma condição
conhecida como hiperqueratose.
Por isso, é importante que você saiba que 70% dos problemas dos pés, in-
cluindo calos e calosidades, são causados por sapatos inadequados, que podem
ser evitados com aros redutores de pressão, cremes suavizantes, evitando-se
calçados apertados, assim como o uso de produtos de limpeza suaves. O bom
emprego de produtos específicos para os problemas cutâneos dos pés, como
rachaduras, coceira e umidade entre os dedos ou descamação da sola do pé,
indicam um primeiro sinal de infecção por fungos, podendo ser evitados com
o uso diário de antissépticos.
Os produtos exclusivos para uso profissional incluem as loções de banho
para os pés, esfoliantes, máscaras, loções e cremes hidratantes (emolientes)
para remoção de calos e calosidades (FRANGIE et al., 2016).
As loções de banho para os pés são produtos cosméticos que incluem
tensoativos suaves e hidratantes para higienizar, desodorizar e hidratar os
pés. Podem conter também óleos minerais ou vegetais com adição de óleos
aromaterapêuticos.
Quanto aos esfoliantes, podem ser apresentados em forma de sais de banho
para massagear pernas e pés, removendo a pele seca e escamosa e as calosi-
dades, deixando a pele macia e hidratada. Podem ser loções à base de água
contendo abrasivos como areia, argila, grânulos de sementes de damasco,
pedra-pomes, cristais de quartzo, contas de jojoba ou outros tipos esferas.
Os esfoliantes químicos são normalmente aplicados nos pés para o trata-
mento de pele endurecida, formação de calos e remoção de cutículas. Esses
produtos contêm substâncias alcaloides, de pH básico ou alcalino, e quebram
as moléculas de queratina da pele, facilitando a remoção de calosidades, calos
e de cutículas.
Alguns produtos esfoliantes também contêm ativos hidratantes e emolientes
para reduzir a agressividade da ação abrasiva e ajudam na hidratação da pele.
As máscaras com ativos de tratamento concentrado compostos de argila
mineral, ativos hidratantes e suavizantes, extratos botânicos, óleos vegetais
e essenciais apresentam ação benéfica para tonificar, hidratar e nutrir a pele,
além de promoverem relaxamento e bem-estar. Outros ativos, como mentol,
menta e pepinos, também são adicionados a fim de proporcionar refrescância e
suavidade. Essas máscaras são aplicadas na pele e deixadas de 10 a 20 minutos
para penetração dos ativos. Dependendo do tipo de ativo e especificação do
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fabricante, podem ser ocluídas com papel filme ou alumínio, com o intuito
de potencializar sua penetração e ação na pele.
Loções e cremes hidratantes para os pés são formulados para uso em
domicílio, atuando na manutenção da aparência e melhoria da pele, podendo
ser aplicados com simples deslizamento.
Alguns tratamentos aplicados às mãos podem ser adaptados e também
aplicados nos pés, como as manobras de massagem para aumentar os be-
nefícios de uma pele saudável e macia, estimulando o fluxo sanguíneo,
removendo as células mortas e promovendo a limpeza, a hidratação e o
amaciamento, além de proporcionar relaxamento. Entre eles, podemos citar
novamente: banho com cera de parafina, esfoliação e aplicação de máscaras
e de óleo aquecido, lembrando que o uso de calor potencializa a penetra-
ção de ativos e, em conjunto com cremes nutritivos, óleos e ceras, aumenta
a eficácia do tratamento, além de proporcionar a sensação de bem-estar
(IFOULD; CONROY; WHITTAKER, 2015).
Os tratamentos de parafina proporcionam a dilatação dos poros, aumentam a
circulação sanguínea e ajudam na retenção da hidratação. Derivada do petróleo,
a parafina tem excelente propriedade seladora (barreira) e sua aplicação exige
atenção especial para evitar queimaduras na pele.
Óleos vegetais, como o de amêndoas, de semente de uva ou de oliva, podem
ser aplicados diretamente nos pés com manobras de massagem, envolvendo-os
em botas térmicas ou por meio de banho de imersão, colocando o recipiente
com óleo dentro de outro maior contendo água quente.
A aromaterapia com aplicação de óleos essenciais é utilizada para induzir
relaxamento, revigoramento ou simplesmente para criar uma fragrância agra-
dável. Essa técnica envolve o uso de óleos essenciais altamente concentrados,
extraídos de folhas, sementes, cascas, madeira ou resina de plantas, e exigem
conhecimento e estudo para a sua aplicação, uma vez que promovem diversas
reações benéficas para a saúde do cliente (FRANGIE et al., 2016).
O escalda-pés é uma das técnicas mais simples de aromaterapia para tra-
tamentos localizados nos pés e também estimula pontos reflexos da planta
dos pés, promovendo relaxamento e alívio no cansaço dos pés. É indicado
para dores, inchaços, micoses de unha, frieiras e problemas de circulação. É
rápido, eficaz e de fácil aplicação. Utiliza-se 5 litros de água quente para 10
gotas de óleos essenciais (AMARAL, 2015). Na preparação, pode-se diluir os
óleos essenciais em mel ou leite para homogeneizá-los na água ou optar pela
aplicação com 50 g de sal grosso. Água deve estar na temperatura aproximada
de 39 ºC e o tempo de duração do escalda-pés é de 15 a 20 minutos.
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Seguem algumas indicações para essa prática, lembrando que é necessário


bom senso e estudo mais aprofundando sobre os efeitos fisiológicos dos óleos
essenciais (CORAZZA, 2002).

 Ansiedade: benjoim, bergamota, capim-limão, cedro-atlas, gerânio,


jasmim, laranja doce, sândalo, tangerina, vetiver e ylang-ylang.
 Artrite: alecrim, benjoim, bétula, camomila, cedro-atlas, citronela,
cravo, eucalipto, vetiver e zimbro.
 Cãibras musculares: alecrim.
 Circulação: benjoim, canela, ciprestre, citronela, eucalipto, gerânio e
limão.
 Contusão: cravo e lavanda.
 Cansaço mental, exaustão, fadiga, memória fraca: alecrim, cardamomo,
citronela, cravo, gengibre, hortelã, lavandin, manjericão, tomilho, vetiver
e zimbro.
 Depressão: alecrim, citronela, gerânio, hortelã, jasmim, lavanda, sân-
dalo, tomilho, vetiver e ylang-ylang.
 Dores musculares e articulares: alecrim, bétula, capim-limão, citronela,
cravo, gengibre, hortelã-pimenta, lavanda, lavandin, tomilho e vetiver.
 Estresse: benjoim, bergamota, canela, capim-limão, cardamomo, laranja-
-amarga, lavanda, sândalo, tília, vetiver e ylang ylang.
 Fadiga física: cipreste e cravo.
 Insônia: canela, cardamomo, cravo, gengibre, jasmim, laranja amarga,
tangerina, tília, vetiver e ylang-ylang.
 Reumatismo: alecrim, bétula, canela, cipreste, cravo, gengibre, lavanda,
limão, vetiver e zimbro.
 Torsões, entorses, distensões: lavanda.

Como é possível perceber, produtos específicos para os pés atuam na


prevenção e melhora do aspecto jovial e luminoso da pele nessa região.
A seguir, você identificará os benefícios e as indicações dos cosméticos
para o cuidado com as unhas.

Cosméticos para o cuidado com as unhas


Ao contrário do que se pensa, o uso de cosméticos para unhas tem raízes
profundas na história dos antigos aristocratas chineses, que pintavam as suas
unhas de vermelho ou preto com esmaltes produzidos com clara de ovo, cera de
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abelhas e gelatina. Os antigos egípcios também utilizavam hena de cor marrom-


-avermelhada para colorir as suas unhas. Antigamente, era muito comum o
uso de um óleo ou pó colorido, conhecido como “esmalte para unhas”, para
esfregar, polir e colorir simultaneamente as unhas. O esmalte, como se conhece
hoje, foi criado somente em 1920, a partir de uma tecnologia desenvolvida
para tinta de carros e à base de nitrocelulose (BRYSON; SIRDESAI, 2012).
Atualmente, são compostos por resinas dissolvidas e secas proporcionando
cobertura dura e brilhante às unhas e até com tecnologias recentes à base
de resinas pigmentadas e polimerizadas com raio ultravioletas. Além disso,
outros produtos especiais foram desenvolvidos, como bases, acabamentos e
endurecedores.
Assim, a saúde e a beleza das unhas são essenciais para a autoestima
das mulheres e, valendo-se desse argumento, a indústria cosmética estimula
cada vez mais o seu embelezamento. Por isso, é importante conhecer tipos,
componentes básicos e efeitos adversos dos cosméticos para cuidados com
as unhas (NAKAMURA, 2012).
Entre os cosméticos utilizados para os cuidados com as unhas, temos os
seguintes (NAKAMURA, 2012; FRANGIE et al., 2016).

 Esmaltes: compostos basicamente de pigmento suspenso em solvente


volátil e adição de formadores de filmes. Além da função estética,
também protegem as unhas do contato com a água e os detergentes,
aumentando a hidratação da unha por evitarem a evaporação de água
da placa ungueal.
 Esmaltes enrijecedores e fortalecedores ou bases: combinações de
esmaltes com adição de queratina, vitaminas, cálcio, óleos e fibras
como náilon, teflon e seda e até formaldeído, uma substância que altera
permanentemente a estrutura da placa ungueal por meio da reticulação
da queratina. As formulações mais atuais contêm metilenoglicol, um
composto químico formador de pontes ou ligações cruzadas entre os
fios de queratina da unha natural, tornando-a mais rígida e resistente
à dobra e à quebra, sem irritar a pele.
 Esmaltes hidrossolúveis: visam a melhorar a hidratação e a descamação
da placa ungueal, por meio de compostos ricos em sílica orgânica,
cavalinha e enxofre (metilsulfonil metano), e derivados de quitosana,
como formadores de filme em solução hidroalcoólica.
 Removedores de esmalte: contêm solventes, como acetona, álcool, acetato
de etil ou butil, e algumas substâncias gordurosas, como álcool cetílico,
palmitato cetílico, lanolina, óleo de rícino e outros óleos sintéticos.
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 Removedores de cutícula: têm como mecanismos de ação a destruição da


queratina, por meio da destruição da quebra das ligações de cistina. São
compostos pela associação de substâncias alcalinas, como hidróxido de
sódio e de potássio, em base líquida ou cremosa, e agentes umectantes,
como glicerina e propilenoglicol. Algumas substâncias menos efetivas
contêm fosfato trissódico, pirofosfato tetrassódico ou trielanolamina.
Os amaciadores de cutícula são compostos por amônio quaternário
combinado com ureia.
 Hidratantes para as unhas: contêm substâncias oclusivas, como vaselina
ou lanolina, e umectantes, como glicerina e propilenoglicol, outras
substâncias, como proteínas, fluoretos (hexafluorofosfato de amônia),
silício, com adição de alfa-hidroxiácidos e ureia para aumentar a ca-
pacidade de absorção da água da placa ungueal.
 Óleos para as unhas: penetram na lâmina ungueal, ajudando a manter a
sua umidade, deixando as unhas mais hidratadas e elásticas, prevenindo
quebras. Os mais comuns contêm óleo de jojoba ou argan, pantenol,
bisabolol, vitaminas e aminoácidos.
 Clareadores de unhas: servem para remover a descoloração da super-
fície amarelada ou manchas na placa ungueal. Em sua maioria, são
compostos por peróxido de hidrogênios ou outros agentes à base de
glicerina. São corrosivos para o tecido mole e o seu contato com a pele
deve ser limitado.
 Cobertura: com a finalidade de evitar lascas, e como doadores de brilho,
criam películas firmes e brilhantes após a evaporação do solvente. Seus
principais componentes são formadores de película do tipo metacrílico
ou do tipo celulose.

Todos esses tipos de cosméticos, se utilizados com cautela, são benéficos


para manter uma unha saudável e bonita, porém o seu uso indiscriminado
pode resultar em reações adversas, contribuindo como porta de entrada para
infecções.
Entre as alterações cosméticas mais frequentes nessa categoria, temos:
surgimento de manchas vermelhas ou marrons nas lâminas ungueais, conheci-
das como cromoníquias, geralmente causadas por esmaltes que contêm filtros
solares, como a benzofenona; alterações no sulco transversal, conhecidas como
leuconíquias transversais, resultado de manipulações excessivas ou do uso de
removedores de cutículas; manchas brancas decorrentes da aplicação repetida
de camadas novas de esmalte sobre o mais antigo; e até onicólise (descolamento
da lâmina do leito ungueal) devido ao esmalte, aos removedores, aos solventes
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químicos e alguns componentes fotossensibilizantes das formulações, como


tiazídicos, psoralênicos, tetraciclinas e doxiciclina (MENDONÇA, 2015).
A principal fonte de dermatite alérgica de contato é o formaldeído tolueno
sulfonamida, uma resina formadora de filme. As esferas de níquel utilizadas
para a dispersão das contas metálicas do esmalte também causam sensibilidade.
Como medida de redução de sensibilidade, nos esmaltes hipoalergênicos são
utilizadas resinas de poliéster ou butirato de acetato de celulose.
Quanto ao formaldeído, principalmente nos enrijecedores de unhas, é
possível encontrar como alterações adversas a dermatite de contato alérgica,
a dermatite de contato por irritante primário, onicólise, queratose subungueal,
hemorragia subungueal reversível, coloração azulada da placa ungueal, lateja-
mento, dor e ressecamento da placa e região periungueal (NAKAMURA, 2012).
No entanto, os removedores de esmalte podem irritar a região periungueal,
contribuindo para a sua fragilidade, unhas ressecadas e quebradiças, enquanto
os removedores de cutículas podem causar dermatite de contato por irritante
primário. Por fim, os hidratantes de placa ungueal, como alfa-hidroxiácidos,
ácido lático e ureia, utilizados em concentrações altas, podem desencadear
dermatite de contato, ardor, irritação, feridas e fissuras na região ungueal.

A dermatite de contato (ou eczema de contato) é uma reação inflamatória na pele


decorrente da exposição a um agente capaz de causar irritação ou alergia. Há quatro
tipos de dermatite de contato (GERHARD; ROCKEN, 2003):
 Irritativa ou por irritante primário: causada por substâncias ácidas ou alcalinas, como
sabonetes, detergentes, solventes ou outras substâncias químicas. Aparece na
primeira vez em que entramos em contato com o agente causador, e suas lesões
na pele geralmente são restritas ao local do contato.
 Alérgica: surge após repetidas exposições a um produto ou substância, depen-
dendo de ações do sistema de defesa do organismo e, por isso, pode demorar de
meses a anos para acontecer após o contato inicial. Surge, em geral, pelo contato
com produtos de uso diário e frequente, como perfumes, cremes hidratantes,
esmaltes de unha, entre outros. As lesões da pele acometem o local de contato
com a pele e se estendem a outros locais que não entraram em contato com o
local de aplicação do produto.
 Fototóxica: surge quando os produtos ocasionam reações somente após expo-
sição solar.
 Fotoalérgica: a simples exposição ao sol já causa reações, mesmo sem a presença
de nenhum produto junto à pele.
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