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Resumo

O narrador conta a história de Macabéa, jovem alagoana de 19 anos que vive no Rio
de Janeiro. Órfã, mal se lembrava dos pais, que morreram quando ela era ainda
criança. Foi criada por uma tia muito religiosa e moralista, cheia de superstições e
tabus, os quais ela passou para a sobrinha.
Essa tia também tinha certo prazer mórbido em castigar Macabéa com cascudos na
cabeça, muitas vezes sem motivo, além de privá-la de sua única paixão: a goiabada
com queijo na sobremesa. Assim, depois de uma infância miserável, sem conforto nem
amor, sem ter tido amigos nem animais de estimação, Macabéa vai para a cidade
grande com a tia.
Apesar de ter estudado pouco e não saber escrever direito, Macabéa faz um curso de
datilografia e consegue um emprego, no qual recebe menos que o salário mínimo.
Após a morte da tia, deixa de ir à igreja e passa a repartir um quarto de pensão com
quatro balconistas de uma loja popular. Macabéa cheirava mal, pois raramente tomava
banho. À noite, não dormia direito por causa da tosse persistente, da azia — em
virtude do café frio que tomava antes de se deitar — e da fome, que ela disfarçava
comendo pedacinhos de papel.
A moça tinha hábitos e manias que aliviavam um pouco a solidão e o vazio de sua
existência. Entretinha-se ouvindo a Rádio Relógio num aparelho emprestado de uma
das colegas. Essa emissora informava a hora certa, transmitia cultura inútil e
propaganda, sem nenhuma música. A garota colecionava também anúncios de jornais
e revistas, que colava num álbum. Certa vez, cobiçou um creme cosmético, que
preferia comer em vez de passar na pele.
Era muito magra e pálida, pois não se alimentava direito. Basicamente vivia de
cachorro-quente com Coca-Cola, que comia na hora do almoço, em pé, no balcão de
uma lanchonete ou no escritório em que trabalhava. Não sabia o que era uma refeição
quente. Seus luxos consistiam em pintar de vermelho as unhas, que roía depois,
comprar uma rosa e, quando recebia o salário, ir ao cinema, o que a fazia desejar ser
estrela de cinema, como Marilyn Monroe, seu grande sonho.
Certo dia, o chefe de Macabéa, Raimundo, cansado do péssimo trabalho que ela
executava, com textos datilografados cheios de erros de ortografia e marcas de
gordura, resolve despedi-la. A reação da garota, de se desculpar pelo aborrecimento
causado, acaba desarmando Raimundo, que decide mantê-la por mais um tempo.
Num dia 7 de maio, Macabéa mente dizendo que arrancaria um dente e falta ao
trabalho para poder aproveitar a liberdade da solidão e fazer algo diferente. Assim que
as colegas saem para trabalhar, ela coloca uma música alta, dança, toma café solúvel
e até mesmo se dá ao luxo de se entediar. É nesse dia que conhece Olímpico de
Jesus, único namorado que teve.
Não foi um namoro convencional. Olímpico também havia migrado do Nordeste, onde
matara um homem, fugindo para o Rio de Janeiro. Conseguira emprego numa
metalúrgica, o que dá delírios de grandeza em Macabéa. Afinal, ambos tinham
profissão: ela era datilógrafa e ele, metalúrgico.
Mau-caráter e ambicioso, Olímpico morava de favor no trabalho, roubava os colegas e
almejava um dia ser deputado. O passeio dos namorados era sempre seguido de
chuvas e de programas gratuitos, como sentar-se em bancos de praça para conversar.
Nessas ocasiões, Olímpico se irritava com as perguntas que Macabéa fazia, o que a
levava constantemente a se desculpar, pois não queria perdê-lo, apesar de seus
maus-tratos.
Certo dia, admitindo que ela nunca lhe dava despesa, Olímpico decide pagar um
cafezinho para Macabéa no bar da esquina. Avisa, porém, que se o café com leite
fosse mais caro, ela pagaria a diferença. Macabéa, emocionada com a “bondade” do
namorado, acaba enchendo o copo de açúcar para aproveitar, ficando enjoada depois.
Em um passeio ao zoológico, Macabéa fica com tanto medo do rinoceronte que urina
na roupa e tenta disfarçar para não desagradar ao namorado. Um dia, vendo que só o
chefe e sua colega de escritório, Glória, recebiam telefonemas, Macabéa dá uma ficha
telefônica para que Olímpico ligue para ela. Ele se recusa, dizendo que não queria
ouvir as “bobagens” dela.
Até que, após conhecer Glória, Olímpico decide romper com Macabéa para ficar com
a sua amiga. O rapaz considera a troca um progresso, já que elas eram opostas:
Glória era loira (oxigenada), cheia de corpo, morava numa casa confortável, tinha três
refeições por dia e, o mais importante, seu pai era açougueiro, profissão ambicionada
por Olímpico.
Após esse episódio, Macabéa vai ao médico e descobre que tem tuberculose, mas
não entende muito bem a gravidade da doença. Sente-se bem só por ter ido ao
consultório e não acha necessário comprar o medicamento receitado. Com dor na
consciência por ter roubado o namorado de Macabéa, Glória a convida para lanchar
em sua casa. Macabéa, mais uma vez, aproveita a oportunidade e come demais.
Apesar de passar mal, não vomita para não desperdiçar o luxo do chocolate, mas
sente remorsos por ter roubado uma rosquinha.
Finalmente, aconselhada por Glória, Macabéa vai até uma cartomante para saber de
sua sorte. Lá, é recebida pela própria, Madama Carlota, que impressiona a pobre
moça pelo “requinte” de sua residência, repleta de plástico, e pela amabilidade afetada
com que a trata. Após Madama Carlota contar sobre sua vida como prostituta e
cafetina, lê as cartas para Macabéa, que, emocionada, pela primeira vez vislumbra um
futuro e se permite ter esperança. Afinal, iria se casar com um estrangeiro rico, que
daria todo o amor de que ela precisava.
Inebriada com as previsões da cartomante, Macabéa atravessa a rua sem olhar e é
atropelada por uma Mercedes-Benz. Caída na calçada e sangrando, seu fim é
testemunhado por inúmeros espectadores que se aglomeram em torno dela, sem que
nenhum ofereça socorro. Por fim, a garota tosse sangue e morre. Havia chegado a
hora da estrela.

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