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TODO MUNDO PRECISA UM COCO EM SUA VIDA

ESCRITOR-BY.MAGNO PEDRO CABRAL.

“Mais do que viver eu luto para sentir-me vivo, não desistir, lutando contra tudo para todos os
que não veem razões para continuarem. Mas do que correr pela vida, paro para vivé-la.
Mangaba Um menino de sonhos longos, estava sempre com a
mente nas nuvens; como dizia sua mãe a dona Lula, esse meu
filho, já o perdemos. Diferente dela, seu pai tinha outras
aspirações pós ele dizia em defesa:
- “Eu também cresci assim, vai passar”.
Seu pai, o Ti Mambos (apelido que carregava desde seu tempo
de adolescência) conseguia qualquer coisa para os cambas.
Então, para ele era só a idade, o cota esqueceu-se de que os
tempos vão e que cada geração tem a sua mania.
- “Tão cedo aprendeu a fazer negócios, parece que o chão da
casa tinha pico” - dizia a cota Belmirandra a própria diva do
facebook.

Ela também tinha seus problemas, mas era do menino Mangabas


que mais se preocupava.
Na banda, Mangabas era o puro ciente… não era inocente, sabia
o que fazia.
Na escola, deixava irritado os professores, era barulhento e
indisciplinado, mas sua pauta estava sempre azul. Como
ninguém sabia, porque ele era daqueles alunos fantasma. Nunca
faltava a escola, mas ficava aos negócios nos corredores. Era
conhecido como o mestre Micheiro porque fazia-se as esquinas
do pátio, onde só os cientes prevaleciam e as meninas
apareciam… No meio de todo isso, apareciam os amigos do
alheio junto sua staff: estupafaciente, canabis e o mais mau, a
diamba. Sempre acompanhados de suas complices: a tigra, a eka,
a cuca ruiva e a Luandina com sua amiga N’gola.
Mangabas tinha uma educação religiosa, por isso fumar e
beber não era seu problema, mas quando se tratava de
conseguir para os adolescentes sem pudor, ele era o cara.
Vídeogames, motos e as meninas, as famosas novinhas, é o que
faziam subir a sua adrenalina e estar na lua. Para o pai, aquilo era
próprio da idade, até que um dia a notícia chegara de que
Mangabas não entrava na sala de aula.
Para a dona Lula, sua mãe, não era novidades mas o espanto do
pai arrancou-lhe uma veia…
No último ano do ensino médio, Mangabas conheceu o Cocos,
um colega de quem admirava: limpo, lindo e super inteligente.
Apelidado de Cocos, nunca deixou de aconselhar o Mangabas
sobre as consequências ao longo prazo da vida que escolhera.
Ainda adolescente, Mangabas desejava mulheres mais adultas.
Com o tempo isso passou a ser o principal dos vícios. Vaidoso e
sempre na moda, em cada esquina estava sempre aos amaços
com as canucas uma ou outra…
Entre cotas e candegues, na banda uns invejavam outros
abanavam a cabeça e lamentavam a pessoa que Mangabas se
tornara.
Aparentemente belo, sempre em contacto com as novas
tendência e feliz da vida. Porém, dentro de si, quando fosse a
casa estava ele rodeado de profunda tristeza. O escuro e as
paredes fria e vazia de seu quarto, faziam-no cair em depressão.
Uma profunda infelicidade fruto do vazio da falsa liberdade da
vida que escolhera.
Apenas sua mãe de olhos materno e com o sexto sentido
apurado, notava a falta de brilho em seus olhos. Via sua alma
clamando por socorro.
Todavia, o orgulho e os efeitos da liamba diziam-lhe que tudo
estava bem.
Há dois anos, Mangabas tomara conhecimento que era portador
do VIH: ele tinha Sida! Cocos, que sentia sua falta dois anos após
terminarem o ensino médio, estava sempre ligando porque
sentia saudades. Pois com ele, passara os melhores momentos
de sua vida.
Parecia o único que o compreendia. Não julgava-o, sempre dava
uma mão, um toque de amigo. Era o proxim mais próximo.
Mangabas pensava consigo mesmo, se podia contar a ele ou não
sobre seus problemas. Mas se contasse, pensava ele, talvez ele
se afastaria e outros podiam saber. Com certeza seus pais os
expulsariam de casa.
Em meio a este dilema, sentimentos giravam em seu coração:
angústia e receio. Embora vivendo um misto de sentimentos, ele
continuava indiscriminadamente tendo relações sexuais com
várias mulheres, uma a trás da outra, contaminando suas
parceiras.
Mesmo assim, sempre que chegasse a noite, o remorso e a dor
em seu coração o condenavam…
Uma voz dizia: “és um assassino”
Até que certo dia, Mangabas fechou-se no quarto durante uma
semana. Seus pais que devido trabalho e outros a fazeres, não
deram conta de sua ausência. Parecia a ovelha negra da família o
patino feio!
Num desses dias, Mangabas pensara em suicídio. O peso de
consciência o atormentava. A religiosidade aprendida na
infância, levava-o a voz de sua mãe, aos seus pesistentes
lembretes: “filho, cuidado com as mas companhia”.
Questionando sua existência, a frustração de não ser querido
tomou conta.
De repente, fortes sons começaram a atormentar a sua cabeça.
- “Deixa-me em paz”. - Dizia ele, pois pensava ser coisas em sua
cabeça, por causa do efeito das drogas. Ultimamente, seus
delírios estavam sendo frequentes.
- “Mangabas sou eu, o COCO”.
- “Coco”.
-“Sim, eu mesmo”.
Foi então que Mangabas abriu a porta.
- “Olá Coco!”
- “Olá Mangabas. Está tudo bem?
Tentando manter a compostura, olhou firme para ele deu um
sorriso e disse.
- “Está tudo tranquilo. Não abri de primeira porque meus pais as
vezes são um pouco chatos. Há momentos que quero ficar um
pouco sozinho”.
- “Ok, a princípio fiquei preocupado. Tenho novidades, brada.”
-“Qual é a novidade que está te deixando assim, tão
empolgado?”
- “Vou me casar!”
-“Como?! Eu nem sabia que estás a namorar!”
- Epa, foi de repente. Uma jovem super linda, simpática e muito
inteligente, mecheu com minha estrutura.
-“Uaaau! Que fixe!
-“Olha brada, eu tenho a certeza que vas gostar dela; ela é muito
fixe”.
- “Eu sei. Também a andares comigo não tens como! Hhh”.
- “O pedido será no proximo mês quando ela voltar. Foi há duas
semanas a Portugal”.
- “E tu, me conta novidades”.
Dentro de si, Mangabas ficou pensando: conto ou não conto? – --
- “De repente ficaste calmo brada, queres me contar algo que eu
não saiba?”
Bem lá no canto do olho do Mangabas, via-se uma lágrima. - -----
- “Cocos, sou grato a Deus por surgires na minha vida. Nem sei
mas com quem contar. As pessoas procuram-me quando
precisam de favores por eu ser bom com negócios, mas você
sempre aparace nos momentos que eu mais preciso. Sou um
monstro! A vida que levo… não mereço sua amizade.
- “Ei! O que se passa? Estás a deixar-me preocupado. Todo
mundo tem os seus defeitos. Você, apesar dos defeito és bué
fixe. Não sei o que estás passando, mas também pouco importa
sempre estarei aqui para apoiar-te. Já agora, aceitas ser meu
padrinho de casamento?”.
- Mas é claro que aceito. Obrigado por este privilegio.
Passaram-se 3 semanas. Estava chegar o pedido! Mangabas
curioso e ansioso preparava um belo presente para seu amigão.
No domingo, os Quitutes da terra, os doces e salgados, estavam
a ser exibidos. Ainda havia também, na fumaça dos grelhados o
boi no espeto.
Dia do casório! Mangabas procurava um terno e acessórios
únicos. Ele como padrinho escolhido estava fashion. Ao anoitecer
as estrelas estavam perdendo o brilho só os diamantes do anel
de Noivado, a decoração, os trajes e o rosto dos convidados
brilhavam.
Mangabas, olhou para seu amado amigo que ansioso, aguardava
a noiva. Então, perguntou:
- “Mano tens a certeza que é isso que queres?”
Cocos suspirou e disse:
- “É a primeira vez que tenho tanta certeza em toda minha vida.”
La vinha vinham os convidados e alguém deslumbrante. Era ela!
Magabas olhou com espanto. Não era a beleza dela, subiu-lhe a
mente todas as lembranças.
Quando a noiva foi revelada aos convidados, Cocos a beijou. E
como uma viajem no tempo Mangabas lembou-se que a noiva de
seu melhor amigo era uma daquelas moças com que já teve
relações sexuais depois que fora diagnosticado com o Sida.
Mangabas desmaiou.
Naquele instante foi socorrido até ao hospital da Ilha. Como
sempre, Cocos com o coração que tinha decidiu cancelar a festa
e lá foi socorrendo o amigo. Postos no hospital, informaram os
médicos que ele estava inconsciente, mas ficaria bem. Teriam
que fazer alguns exames, pois o súbito ataque revelava sintómas
de alguma doença grave.
- “Querida, por favor informa aos seus pais que teremos que
cancelar. – Disse Cocos, com o coração na mão.
Marilindia assim foi.
Depois de 1 hora Mangabas despertou. Pegou na mão de seu
amigo e disse:
- “Cocos eu mereço morrer! Sou um monstro. Há muito que
queria contar-te.”
- O que afinal? Mas tentar se acalmar primeiro, não podes gastar
o fôlego.”
- “Se eu morrer quero que saibas, você foi a melhor que me
aconteceu. Eu já queria suicidar-me naquele dia que tu chegaste
em casa com a novidade. Mas agora precisas saber. Fecha a
porta e peça a todos para se retirarem.”
Cocos fechou a porta. Ele disse:
- “Eu Cocos… eu tenho Sida! Já vivo com isso há 2 Anos anos. És o
único a saber. E me desculpe amigo mas… a sua noiva… foi a
jovem com quem tive a primeira relação depois do
diagnosticado. Provavelmente ela também está contaminada.
Mas talvez ela ainda não sabe.”
-O que? Não, não, não pode ser. Mangabas eu achei que tu eras
meu amigo. Sabe porque o noivado foi tão rápido? Por que ela
esta grávida e eu sou o pai. E ela esta esperando um filho meu.
- “O que?
- “Isso quer dizer que provavelmente eu e o meu filho também
estamos infectados! Não, não! Ó meu Deus! Que mal eu fiz. Não,
não!”
Cocos sai correndo até onde não sabia. Correu e correu, até a
beira da praia e lá atirou-se ao mar. Quando sua noiva soube,
saiu com os pai e por ele procuraram. Seguiram-no até à praia
porque ela sabia que era o lugar onde Cocos mais ficava para
reflectir e ver o pôr do sol, pois era sua paixão.
O corpo de bombeiros, encontrou-no quase a afogar-se.
Conseguiram tirá-lo a tempo.
Marilindia beijo-o, abraçou-o, e boca a boca reestabeleceu o
fôlego de seu amado.
- “O que foi que foi amor? Fala alguma coisa.”
Mas Cocos não respondia.
Dali foi levado ao centro clínico. Lá Marilindia ficou cuidando
dele.
Enquanto isso, lá no hospital central, onde Mangabas havia sido
levado, transferiram-no para o centro de apoio e tratamento do
Sida, pois ele era seropositivo.
Durante duas semanas Cocos continuou hospitalizado e ainda
não havia recuperado a fala.
Após se recuperar, conversou com sua amada e pediu que antes
do casamento fizessem o teste de VIH para saberem do seu
estado serológico.
Quando finalmente concordaram em fazer o teste, os resultados
foram exactamente o que ele mais temia: ambos estavam
contaminados.
Choraram e aos pais contaram. Emeritamente, fizerem tudo para
impedir que o bebé por nascer não fosse contaminado.
Naquele ano decidiram casar, pois o amor que ambos sentiam
era maior que quaisquer monstros e incertezas que viviam.
Após o casamento foram a Portugal, para os tratamentos. Lá,
Cocos aproveitou fazer sua formação de artes, enquanto
Marilindia terminava seu mestrado em ciências medicas,
Medical-education.
Ambos criaram o projecto como activistas de combate ao HIV lá
mesmo.
Após a formação voltaram para Angola e procuraram o
Mangabas no centro. Apoiaram-no sem recentimentos e
convidaram-no para ser o conselheiro activista.
Espalharam seu projecto para as 18 províncias, criando clubes
com palestras e workshop.
Aliaram-se a primeira dama com a campanha «nascer livre para
brilhar». Juntaram seus recursos, amor, foco, força e fé, ao
combate contra o VIH SIDA.
Todo mundo precisa de um Coco na vida. A vida dá-nos provas
antes das lições e se não aprenderes as lições, ela ira dar-te o
troco afinal. Recebemos o dobro do que dá-mos. Nunca pense
que a melhor maneira de lidar com os problemas é afastar-se das
pessoas porque se o remédio cura, o abraço não lhe causará
nenhuma ferida e um “coco” pode salvar sua vida.

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