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“Cara, foram muitas casinhas, cada uma com seus detalhes. Eu criei
de cabeça uma cidade para mais de 18 mil pessoas. Tudo feito em 28
dias, com uma equipe que montei com nove pessoas”, recorda Sergio.
“Foi a primeira novela em HD transmitida no Brasil e a que teve a
abertura mais longa. A novela foi um sucesso mundial, já passou em
200 países”.
Sergio Cezar encontrou na reciclagem o componente da sua arte
A periferia poética
Além do viés ambiental das obras, é central no trabalho de Sergio a
questão urbanística, arquitetônica e social, sobretudo no que concerne
a periferia carioca. Com olhar poético e riqueza de detalhes, ele recria
habitações que em conjunto traduzem um pouco do cotidiano de
comunidades humildes.
Embora retrate o ambiente da população pobre, Sergio afirma que seu trabalho não fala
de miséria. “Eu retrato a poesia do pobre. A poesia que está nessas pessoas que a
sociedade rejeita. Se você olhar legal, parece que aquelas casas estão desorganizadas,
mas tem sempre um vasinho de planta, um detalhe poético”, conta. Como não coloca
figuras em suas peças, ele diz dar movimento no trabalho a partir de três detalhes
subliminares: a vassoura, as roupas no varal e os livros.
Foi então que Sergio resolveu dar asas a um impulso artístico da infância. Largou tudo e
se lançou nas artes plásticas. “Na arte eu já tentei parar, mas vi que não consigo. É a
minha vida”, afirma. Como autodidata e dotado de um olhar atento, poético, voltado
para às ruas, ao patrimônio arquitetônico, às pessoas, ao meio ambiente, ele construiu
uma carreira de reconhecimento nacional e internacional.
Exposição em Natal
Por ser casado com uma potiguar, a produtora Isabelle Cabral, Sergio já veio várias
vezes ao Rio Grande do Norte. Numa das oportunidades, chegou a ministrar uma
oficina de criação de estampas a partir de relevos para o Festival Goiamum. Em suas
andanças pelo estado, ele também atentou para as habitações simples de pescadores de
São Miguel do Gostoso, Maracajau e Pipa, o que gerou a criação de algumas casinhas
que estão em seu atelier no Rio de Janeiro. Em Natal, ele se inspirou especialmente nos
ambulantes de Ponta Negra, com quem gosta de puxar papo, recriando carrinhos de
drinques. Quem sabe na próxima vez que o artista vier a cidade, ele venha com uma
exposição, em que, além dos casebres da periferia carioca, estejam à mostra peças do
seu olhar poético voltado para o cotidiano potiguar. “Tenho muita vontade. Já quis
expor aqui antes, mas não deu certo. Surgindo a oportunidade e conseguindo apoio, eu
trago as obras para uma exposição”, avisa.