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DA TECNOLOGIA
COMO HERMENÊUTICA
DE FREUD A HEIDEGGER
E MARCUSE
ÂNGELO MILHANO
COLEÇÃO TA PRAGMATA
Título: A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica.
De Freud a Heidegger e Marcuse.
Autor: Ângelo Milhano
LusoSofia: Press
Coleção: Ta Pragmata
Direção: José António Domingues e Olivier Feron
Design: Cristina Lopes
ISBN
978-989-654-926-8 (papel)
978-989-654-928-2 (pdf)
978-989-654-927-5 (epub)
Depósito Legal
515753/23
Tiragem: Print-on-demand
Covilhã, 2023
Introdução 19
Bibliografia 343
Drawing Hands (1948) – M. C. Escher
A Filosofia da
Tecnologia como
Hermenêutica?
Prólogo a um livro
necessário
O nosso presente século XXI pode dizer-se que é, nem mais nem
menos, o século da tecnologia, o tempo em que a vida humana
– individual e colectiva – aparece constante e constitutivamente
marcada pela mediação e contextualização da técnica, cientifi-
camente investigada e culturalmente incorporada nas diversas
formas de vida do nosso mundo global. Este traço caracterizador
é novo, embora venha do século passado, mas não teria sido reco-
nhecido há dois séculos. É, pois, a interpretação do mundo o que
mudou, o que constitui o novum. E convém perceber porquê. Este
livro, que venho apresentar, oferece um estudo detalhado e crítico
da lenta tomada de consciência dessa mudança de situação herme-
nêutica. Permita-se-me dar aqui, brevemente, dois exemplos.
16 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
Irene Borges-Duarte
Évora, 27 de Março de 2023.
Introdução
Este novo impulso foi pautado pelos trabalhos dos autores das no-
vas escolas e tradições de pensamento em Filosofia da Tecnologia,
na sua maioria herdeiras daquele que ficou conhecido como o em-
pirical turn que se operou neste âmbito disciplinar entre o final dos
anos 1980 e a década de 1990. Uma viragem teórica impulsionada
pelos trabalhos inovadores de Bruno Latour, Don Ihde, ou Andrew
Feenberg, que procuraram atualizar e aprofundar a problema-
tização filosófica da tecnologia mediante os seus mais recentes
desenvolvimentos. O empirical turn da Filosofia da Tecnologia
deu-se na medida em que os seus autores sentiram a necessidade
20 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
Este livro, pela sua parte, também contribui para este esforço
de clarificação dos fundamentos e contexto que deram origem à
emergência da Filosofia da Tecnologia no decorrer do séc. XX.
Um livro que tem, contudo, pretensões muito mais modestas do
que aquelas que foram alcançadas pelos trabalhos referidos atrás,
uma vez que se debruça apenas sobre aquelas que compreendo se-
rem as raízes crítico-hermenêuticas da Filosofia da Tecnologia de
22 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
Muito obrigado.
Primeira Parte
— A Filosofia
da Tecnologia
das Humanidades
e a sua determinação
Hermenêutica
Capítulo 1
— A tecnociência
moderna e o linguistic turn
da Filosofia
1. Esta referência a uma primeira fase da Hermenêutica é aqui introduzida à luz da di-
visão que Josef Bleicher faz deste âmbito disciplinar. Segundo Bleicher, a Hermenêutica
pode dividir-se em três vertentes. A primeira diz respeito à Hermenêutica Metodoló-
gica, que o autor designa de «Teoria Hermenêutica». Esta ocupa-se fundamentalmente
com os processos metodológicos da interpretação. A segunda diz respeito à «Filosofia
Hermenêutica», que se ocupa das propostas hermenêuticas de orientação ontológica que
são avançadas por autores tais como Martin Heidegger ou Hans-Georg Gadamer, onde a
Hermenêutica, mais que uma metodologia, é entendida como um sistema de pensamen-
to que permite questionar diversos domínios da existência humana. A última divisão,
que diz respeito à Hermenêutica crítica, e refere-se aos contributos pós-fenomenológicos
para a Hermenêutica, onde poderá introduzir-se a «meta-hermenêutica» (Bleicher, 1980).
58 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
possível porque ele é já «compreensão», i.e., uma projeção das possibilidades do «ser» no
futuro, a partir da experiência passada do sujeito que constrói a sua interpretação no pre-
sente. A «compreensão» não é por essa razão algo distinto da interpretação, ela faz parte
do «ser-no-mundo» do próprio Dasein. Tal como se pode deduzir das palavras de Heide-
gger (2008a: 188): “Na interpretação a compreensão não se transforma em algo diferente,
torna-se nela própria. A interpretação encontra-se existencialmente fundamentada no
compreender; a última não deriva da primeira.” A este respeito veja-se também: Lafont,
(1997: 75-80) assim como Gadamer (2000: 64-68).
Ângelo Milhano 67
12. Podemos aqui definir a conceção de «preconceito» em Gadamer, tal como ela é apre-
sentada por Paul Ricoeur em Hermenêutica e Crítica das Ideologias (1991a: 338-339): “O pre-
conceito (…) não é um pólo adverso de uma razão sem pressuposto; é uma componente do
compreender, ligada ao caráter historicamente finito do ser humano (…)”.
Ângelo Milhano 73
15. A polémica entre Gadamer e Habermas será desenvolvida com maior atenção no
ponto que se segue.
78 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
18. A este respeito veja-se também Rocha (2003: 53-66) e ainda Coutinho (2003: 113-126).
82 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
19. O uso que, ao longo do livro, faço do termo «meta-hermenêutica», embora encontre
a sua inspiração na proposta de Habermas, procura, porém, criar alguma distância para
com a interpretação habermasiana, sem, contudo, descartar os seus pressupostos críticos
fundamentais. Com o uso deste termo, procurarei sublinhar como a Filosofia da Tecno-
84 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
21. Sobretudo no que diz respeito à sua relação com a Filosofia da Tecnologia, tal como
ela se matiza, e.g., em Don Ihde (1990).
22. O conteúdo entre parêntesis retos é da nossa responsabilidade.
Ângelo Milhano 87
24. A este respeito veja-se também Ricoeur (1991b: 141-162; 1989: 47-60).
90 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
dimensão que é aberta pelo texto “(...) a crítica das ideologias pode
ser assumida num conceito de compreensão de si que implica, or-
ganicamente, uma crítica das ilusões do sujeito” (Ricoeur, 1991a:
364).
Apontando de seguida a sua atenção para a proposta
habermasiana, Ricoeur inverte o seu exercício reflexivo procu-
rando destacar como, ao partir de uma leitura atenta dos seus
pressupostos fundamentais, a «crítica das ideologias» haberma-
siana pode ser compreendida como uma teoria de fundamentação
hermenêutica. Uma empresa que o autor edifica sobre uma reflexão
em torno daqueles que considera ser os quatro pontos fundamen-
tais a partir dos quais a proposta crítica de Habermas se procura
destacar da proposta hermenêutico-fenomenológica de Gadamer.
Ricoeur começa assim por debruçar a sua atenção sobre
o conceito habermasiano de «interesse», sobre o qual o pensador
germânico entende que se encontra edificada toda a empresa epis-
temológica que a humanidade tem vindo a desenvolver ao longo
da história. Na leitura que Ricoeur desenvolve, qualquer «crítica
das ideologias» tem a obrigação de desvendar o papel que o «in-
teresse» desempenha na construção das ideologias socialmente
instituídas. Habermas considera que é nele onde se escondem os
fundamentos do poder despótico, habitualmente encobertos pela
máscara da «racionalidade técnico-científica» que procura legi-
timar o seu exercício, e que a Hermenêutica tem a obrigação de
denunciar. O recurso habermasiano à proposta psicanalítica de
Freud é aqui manifesto, sendo também neste ponto onde Ricoeur
considera que também se encontra um dos mais evidentes pres-
supostos hermenêuticos da «crítica das ideologias» de Habermas.
94 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
Por minha parte, parece-me que uma crítica nunca pode ser
primeira nem última; só se criticam distorções em nome de
um consensus que não podemos antecipar simplesmente no
vazio, sobre a forma de uma ideia reguladora, se esta ideia
reguladora não for exemplificada: um dos lugares próprios
da exemplificação do ideal da comunicação é precisamente a
96 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
principal fundamento histórico. José A. Bragança de Miranda, José Luís Garcia, e Helena
Mateus Jerónimo são outros autores portugueses incontornáveis que, na senda de Her-
minio Martins, desenvolvem com as suas investigações uma aprofundada reflexão acerca
do modo como a tecnologia moderna determinou a sociedade ocidental ao longo do séc.
XX, e de como essa determinação tem vindo a mostrar-se ainda mais pregnante no início
do séc. XXI (Martins, 2012; Bragança de Miranda, 2007; Mateus-Jerónimo, Luís-Garcia
& Mitcham: 2013).
Ângelo Milhano 101
4. Também denominada pelo autor como «Filosofia Mecânica», designação cuja cunha-
gem Mitcham atribui a Andrew Ure (Mitcham, 1989: 21-23).
106 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
5. A estrutura e pretensões teóricas que acabaram por delimitar os objetivos deste livro
levaram-me a descartar importantes propostas de delimitação do tipo de investigação
que é desenvolvida em Filosofia da Tecnologia. A falta de uma referência direta ao em-
pirical turn, que diversos autores consideram que se operou na Filosofia da Tecnologia
Ângelo Milhano 107
entre os anos 1980 e 1990, é disso um de vários exemplos possíveis. De acordo com Peter
Brey, para além de uma divisão entre uma abordagem analítica e uma abordagem her-
menêutica das questões que são levantadas pela tecnologia moderna, deverá ser sempre
considerada uma divisão histórica entre as propostas que problematizam a tecnologia a
partir sua conceção mais abstrata (ontológica, antropológica, social ou histórica), e as
propostas que problematizam a tecnologia a partir da sua manifestação empírica mais
concreta, i.e., aquelas que pensam a tecnologia e os seus problemas a partir de uma leitura
que incide sobre o impacto social, ambiental e cultural dos artefactos tecnológicos com
os quais o ser humano interage empiricamente (Brey, 2010). Embora faça aqui algumas
referências ao trabalho desenvolvido por pensadores posteriores ao empirical turn (que,
para além de tudo mais, foram quem exerceu a maior influência sobre a minha humilde
interpretação das raízes históricas da Filosofia da Tecnologia (e.g. Andrew Feenberg e
Don Ihde)), a investigação que aqui materializo incide maioritariamente sobre o pensa-
mento de autores que se enquadram no contexto da Filosofia da Tecnologia pré empirical
turn. Pretendo dedicar a alguns autores do empirical turn um outro livro, que tenho ten-
ciono publicar no futuro.
6. Don Ihde e Andrew Feenberg podem aqui ser referidos como dois dos autores que pro-
curam com as suas propostas estabelecer ligações entre a FTE e a FTH. Muito embora as
suas propostas se enquadrem no seio da FTH (a primeira pós-fenomenológica, a segunda
crítica), nelas é possível destacar traços das abordagens que são mais características da
FTE. Na Hermenêutica pós-fenomenológica da tecnologia que é proposta por Ihde, a
tecnologia é interpretada a partir da relação que o ser humano estabelece com os seus
dispositivos, artefactos ou plataformas; daquela que é a sua manifestação empírica mais
objetiva. Para além disso, a própria interpretação das implicações que os artefactos tec-
nológicos podem vir a ter para o ser humano e para a sociedade, é construída, numa pri-
meira instância, a partir da análise dos seus processos, um traço característico das pro-
postas que se enquadram na FTE. Já no que diz respeito à Teoria Crítica da Tecnologia de
Feenberg, é também possível descobrir alguns traços característicos da FTE, sobretudo
no que diz respeito à conceção feenberguiana de «código técnico», que também resulta
de uma análise formal dos processos em funcionamento aquando do desenvolvimento
e criação de artefactos tecnológicos, e a partir do qual propõe alternativas de desenvol-
vimento que aspiram a criar equilíbrio harmónico entre o ser humano, a sociedade e a
natureza (Ihde, 1990; Feenberg, 1991).
108 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
9. John Dewey e Mario Bunge são dois dos autores de renome que tomam a tecnologia
como uma derivação empírica da ciência moderna. Voltarei a Bunge mais adiante.
112 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
12. A este respeito veja-se também Mitcham (1989: 25-32; 1994: 20-24).
Ângelo Milhano 115
16. Mario Bunge utiliza a terminologia computacional do input e do output para destacar
em que sentidos se poderão pensar os problemas filosóficos da tecnologia moderna. Bun-
ge entende como inputs filosóficos o tipo de questões que a tecnologia vai buscar à Filoso-
fia, i.e., os problemas filosóficos que a tecnologia herda enquanto conceito dependente da
história e da cultura. Já como outputs filosóficos, Bunge define o tipo de questões que são
levantadas pela própria tecnologia, i.e., os problemas que o desenvolvimento tecnológico
levanta para o pensamento filosófico (Bunge, 2014: 191-200).
Ângelo Milhano 127
17. Neste sentido, a proposta avançada por Bunge mostra-se bastante próxima da leitura
Pós-fenomenológica da tecnologia que é apresentada por Don Ihde em Technology and
the Lifeworld (1990). Uma questão que pretendemos desenvolver com mais atenção numa
outra oportunidade.
128 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
18. A este respeito veja-se também Scharff & Dusek (2014: 187-188).
Ângelo Milhano 129
22. Por ter sido uma obra lançada nos primórdios do séc. XX (1934), em Técnica e Civili-
zação Mumford não faz ainda referência ao uso e implementação do computador como
um dos artefactos tecnológicos mais influentes do século XX. No entanto, por prestar
especial atenção à importância que os artefactos e plataformas tecnológicas de comunica-
ção desempenham na sua época, é desde logo possível antever no autor uma preocupação
com massificação das tecnologias da informação.
136 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
podendo por isso ser orientados para o alcance dos mais diversos
fins, determinados sempre em harmonia com a ideia de prolifera-
ção da «vida».
A segunda conceção possível, que Mumford designa de
«monotécnica» — que se corresponde grosso modo com as conce-
ções «substancialistas»/«essencialistas» da tecnologia que foram
desenvolvidas ao longo do séc. XX —,24 surge como a conceção da
tecnologia moderna onde se enquadram os artefactos tecnológi-
cos capazes de exercer um poder autoritário sobre os objetos que
por eles são instrumentalizados. Na interpretação de Mumford, os
artefactos tecnológicos que se enquadram sobre a «monotécnica»,
para além de se mostrarem capazes de exercer um controlo autori-
tário sobre os objetos que instrumentalizam, são também capazes
de impor limitações ao ser humano que deles faz uso, exercendo
também, por essa mesma via, um controlo instrumental so-
bre a humanidade. A «monotécnica», que também se determina
em Mumford como o fundamento estrutural que subjaz a todas
as «megamáquinas»,25 corresponde-se em larga medida com os
medida a sua autonomia (Mumford: 1966: 12-13, 188-198; Mitcham, 1989: 54-56).
26. A este respeito veja-se também Mitcham (1989: 55-58).
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30. A este respeito veja-se também Ortega y Gasset (2009b: 93-104) e Amoedo (2009:
9-19).
146 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
33. Neste aspeto, a leitura da tecnologia desenvolvida por Ellul aproxima-se bastante do
conceito de «dispositivo universal» avançado por Günter Anders em A Obsolescência do
Homem (1956) (Ribeiro-Mendes, 2021).
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34. A este respeito veja-se também Scharff & Dusek (2014: 189).
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37. A este respeito veja-se também Wolin (2001: 118-120) e Oliveira (2017).
Ângelo Milhano 171
aparecem enquanto tal numa ou noutra época, per se, mas sim
de compreender aquilo que eles significam, aquilo para o qual
apontam, ao aparecerem.
4. “«Ao princípio era o Verbo», é o que está escrito. / Quem me ajuda? Logo aqui hesito!
/ Tanto não vale o verbo. Não, / Outra vai ter de ser a tradução, / Se bem me inspira o
Espírito. Atento / E leio: «Ao princípio era o Pensamento.» / Esta linha tem de ser bem
pensada, / Para que a pena não corra apressada! / É o pensamento que tudo move e cria?
/ Certo é: «Ao princípio era a Energia!» / Mas agora que esta versão escrevi, algo me
avisa já para não parar aí. / Vale-me o espírito, já vejo a solução, / E escrevo, confiante:
«Ao princípio era a Acção!»” (Goethe, 2003: (Versos: 1224-1237) 84). Este excerto da obra
de Goethe exemplifica poeticamente aquilo que Oswald Spengler vem designar como
o «espírito fáustico» da «cultura» ocidental. Na interpretação/tradução que a persona-
gem Fausto elabora do evangelho segundo S. João, é metaforicamente representado o
afastamento que Spengler considera que a «cultura» ocidental estabeleceu perante o seu
190 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
entre as divisões «tópicas» do psiquismo (Beeley, 1931: 10–27; Ricoeur, 1989: 100-120).
8. Veja-se a respeito dos desenvolvimentos académicos da psicanálise, Hopkins (1998:
786-794).
9. A este respeito veja-se também Kitchner & Wilkes (1988: 101-137).
Ângelo Milhano 197
A orientação sócio-antropológica da
«metapsicologia»
12. Veja-se, aa título de exemplo, como esta teoria influenciou a leitura que vários filóso-
fos contemporâneos fazem da condição humana na modernidade. De entre estes, desta-
cam-se pensadores tais como Jean-Paul Sartre, Michel Foucault, Gilles Delleuze, Herbert
Marcuse, Paul Ricoeur, Slavoj Žižek, ou Byung-Chul Han.
13. A este respeito veja-se também Ricoeur (1990).
200 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
14. Veja-se a este respeito as diversas referências que são feitas por Freud às limitações
inerentes a uma aplicação da metodologia da psicanálise na compreensão das origens da
cultura em Totem e Tabu (Freud, 2001a; Kitchner & Wilkes, 1988: 101-137; Ricoeur, 1989:
121-124).
202 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
15. A tradução portuguesa da qual fiz uso para a investigação que aqui se materializa,
traduz o título original da obra de Freud Das Unbehagen in der Kultur por Mal-Estar na
Civilização (Freud, 2008a). A minha opção por traduzir o título em corpo de texto como O
Mal-Estar na Cultura é feita, sobretudo, por considerar que o termo “cultura” se apresenta
como um conceito mais abrangente que “civilização”, e, por isso, em maior concordância
com os propósitos deste trabalho.
16. Embora em O Mal-Estar na Cultura Freud procure descartar a maioria dos pressupos-
tos históricos da sua análise, na interpretação que, tanto Marcuse, Ricoeur, assim como
outros autores, fazem deste trabalho de Sigmund Freud sublinha-se, por diversas vezes, a
importância que esses mesmos fatores desempenham no desenvolvimento de uma «cul-
tura repressiva», nunca negando, contudo, a importância fundamental dos fatores bioló-
gicos que estão em jogo na análise freudiana (Marcuse, 1983; Ricoeur, 1990; Kitchner &
Wilkes, 1988: 101-137).
204 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
17. Esta proposta é já defendida pelo autor em textos anteriores ao Mal-Estar na Cultura.
Em Totem e Tabu (1912/1913), Freud constrói uma análise dos primórdios da civilização a
partir dos rituais levados a cabo pelas tribos «totémicas». Partindo dos dados que lhe são
fornecidos por alguns antropólogos acerca dos costumes tribais aborígenes (sobretudo a
partir da leitura que fez das investigações de James George Frazer em The Golden Bough),
Freud remonta a origem das instituições sociais às organizações «totémicas» e à imposi-
ção de «tabus» sobre os comportamentos dos seus membros (Freud, 2001a: 37-112).
Ângelo Milhano 205
19. Isto tanto no que diz respeito às organizações tribais como no que diz respeito às
mais complexas estruturas sociais modernas (Freud, 2001a: 204-207).
Ângelo Milhano 209
21. A proposta defendida por Marcuse na segunda parte de Eros e Civilização sustenta que
a única via pela qual se poderá romper com este ciclo terá que assentar as suas raízes sobre
uma reformulação «estética» do «princípio de realidade». Em suma, Marcuse propõe
uma reformulação que rejeita a fundamentação estrita do «princípio de realidade» sob a
«racionalidade tecnológica», que determina o seu caráter enquanto opressão «pulsional»,
propondo antes uma fundamentação «estética» do «princípio de realidade» que preza por
uma harmonização do contexto da vida em sociedade. Marcuse encontra os fundamentos
conceptuais da sua tese numa reabilitação das raízes da cultura ocidental a partir dos
mitos de Orfeu e Narciso, que se mostram numa clara oposição ao mito de Prometeu,
sob o qual compreende que se encontram filogeneticamente enraizados os fundamentos
opressivos da «racionalidade tecnológica» (Marcuse, 1983: 123-182).
Ângelo Milhano 227
23. Preste-se sobretudo atenção aos argumentos expostos em Ricoeur (1989: 159-174).
24. Veja-se também Ricoeur (1990: 133-219).
Ângelo Milhano 229
26. A este respeito veja-se Freud (1990) e também Castoriadis (2005: 132-135).
Ângelo Milhano 233
29. A este respeito veja-se também Freud (2008b: 111-148) ou Einstein & Freud (2007).
Ângelo Milhano 243
1. Diz Heidegger que, “[n]a metafísica cumpre-se a meditação sobre a essência do ente e
uma decisão sobre a essência da verdade. A metafísica funda uma era, na medida em que,
através de uma determinada interpretação do ente e através de uma determinada conce-
ção de verdade, lhe dá o fundamento da sua figura essencial. Este fundamento domina
por completo todos os fenómenos que distinguem essa era.” (Heidegger, 2002b: 97)
Ângelo Milhano 247
8. Heidegger considera que esta interligação estava patente na cultura clássica até ao
pensamento de Platão e Aristóteles. Autores que estabeleceram, cada um a seu modo,
uma circunscrição específica para cada um destes conceitos (Heidegger, 2008b: 222-223).
264 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
se mostrem tal como elas são, tal como o sugere o caso do exem-
plo já citado da semente que, poieticamente, vêm à presença como
uma flor. No caso da tecnologia moderna, a essência do objeto é
disposta mediante uma «provocação», i.e., mediante uma imposi-
ção que se coloca sobre o objeto para que este se mostre à luz da
própria determinação tecnológica que sobre ele se impõe. O caso
da barragem elétrica, citada por Heidegger, que obriga o rio Reno
a mostrar-se como uma fonte de energia pronta a ser utilizada, é
disso um claro exemplo. Com ele,
10. Fazemos aqui uso da tradução de Ge-stell pelo termo «com-posição» proposta por
Irene Borges-Duarte. Esta tradução pode encontrar-se no glossário que acompanha a
tradução portuguesa do texto heideggeriano Caminhos de Floresta, sendo-lhe feita uma
importante referência no epílogo do texto A Origem da Obra de Arte que nela consta como
Ângelo Milhano 271
capítulo de abertura. Na justificação da sua tradução do termo alemão Ge-stell por «com-
-posição», Irene Borges-Duarte começa por referir-se a importância da articulação que
Heidegger estabelece entre o prefixo Ge- («com») e stell («posição»/lugar), para poder
abrir a interpretação do leitor de Heidegger à complexidade significativa que ele atri-
bui a este conceito. Logo a partir desta articulação, Ge-stell mostra-se como o conjunto
onde algo se apresenta de um modo específico. Ao recorrer do termo «com-posição» para
traduzir o termo Ge-stell, a autora procura sublinhar o tríplice sentido que se encontra
patente na interpretação heideggeriana do termo. Assim, e em primeiro lugar, com a tra-
dução de Ge-stell por «com-posição», Irene Borges-Duarte procura destacar a forma como
este conceito se constrói como um coletivo significativo, como um conjunto coeso que,
simultaneamente, com-põe, i.e., que se projeta como uma com-posição unificadora. Para
além disso, a autora procura também determinar com a sua tradução o caráter topoló-
gico que se encontra patente na compreensão heideggeriana de Ge-stell. Pois que, Ge-stell,
mostra-se também como a «determinação de um lugar», como um «pôr» que «dispõe» as
essências que por sua via são «desencobertas» como objetos. Por último, a tradução pro-
posta por Irene Borges-Duarte procura também sublinhar o caráter figurativo que subjaz
a Ge-stell. Para além de um «conjunto» e de um «lugar», Ge-stell é também compreendido
por Heidegger como uma «figura», como uma «imagem» que é criada do mundo e de
todos os entes que o compõem. Sob o poder de Ge-stell, as essências são representadas sob
uma figuração específica, sempre determinada a partir da utilidade que lhe é imposta por
via dessa mesma «com-posição» que é Ge-stell. Uma justificação mais aprofundada desta
tradução pode ser ainda encontrada no nono capítulo do texto de Irene Borges-Duarte
Arte e Técnica em Heidegger (2014: 163-208).
272 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
11. Esta citação foi originalmente retirada do texto heideggeriano que estava disponível
para consulta e download no site Heidegger em Português (www.martin-heidegger.net/
276 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
12. Segundo Cristina Lafont, Heidegger vem por aqui receber uma forte influência
da tradição linguística germânica que ficou conhecida como a linha de pensamen-
to Hamann-Herder-Humbolt (Lafont, 1997: 118-119). A este respeito, veja-se também
Fabris (2001: 25-28).
Ângelo Milhano 281
14. Um exemplo simples pode ser compreendido a partir das funções desempenhadas
Ângelo Milhano 289
pelas teclas de um computador na construção um texto, por sua vez possível no interface
criado por um processador de texto. Quando se pressiona, por exemplo, a tecla «A», é
criado um input que o processador do computador recebe; um impulso eletrónico especí-
fico que é descodificado como um output pelo processador de texto que lhe corresponde.
Este processo resulta, neste caso em particular, no surgimento da letra «A» no monitor
do computador. É também importante referir aqui que o modelo da «língua técnica» que
é utilizado no contexto computacional, foi também aproveitado por alguns autores da
Filosofia da Mente na tentativa de explicar os estados mentais, nomeadamente no que diz
respeito aos pensadores pertencentes à escola funcionalista, que procuravam construir
uma explicação do funcionamento rudimentar do cérebro humano. O recurso da «língua
técnica» que é feito neste contexto é particularmente objetivo e eficiente para explicar o
funcionamento do sistema nervoso central. De entre os diversos autores que se inserem
dentro da tradição funcionalista da Filosofia da Mente, destaca-se sobretudo o nome de
Hilary Putnam enquanto um dos seus mais eminentes fundadores (Kim, 1998: 73-103;
Guttenplan, 2000: 244-295).
290 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
que a «língua» é enquanto tal, i.e., aquilo que ela pode manifestar
a partir da sua essência. A «abertura» que ela proporciona apenas
pode ser devidamente interpretada numa conceção da «língua»
tal como aquela que Heidegger sugere com a sua interpretação da
«língua de tradição». Com esta, Heidegger procura demonstrar,
não só a diferença que esta configuração da «língua» estabelece
com a «língua técnica» — uma vez que na primeira não se verifica
a tendência redutora do sentido que caracteriza a segunda —, mas
também o modo como o «poetar» que projeta o «mundo» através
de um «dizer» (Sage) se guarda ainda na «língua de tradição». Do
mesmo modo que o refere relativamente à «linguagem», também
à «língua tradição» lhe cabe a tarefa de «abrir» o «mundo» ao
Dasein que nele está lançado, de trazer os entes à existência na sua
«verdade» ao nomeá-los. Diz-nos Heidegger que (1995: 40),
1. São vários os textos que demonstram esta chamada de atenção para os perigos que
assolam a época moderna por parte de ambos autores. Vejam-se, a título de exemplo,
Freud (2008b) ou Heidegger (2009).
Ângelo Milhano 301
5. Marcuse define como «grande recusa» um ato radical de liberdade que nega toda e
qualquer opressão social. Entende-se por «grande recusa» um ato revolucionário que
coloca em questão a ordem social estabelecida, pela qual se perpetuam os mecanismos
do poder dominante. Marcuse encontra na arte (dimensão estética) uma das mais pre-
mentes manifestações da «grande recusa». É através da arte que a «imaginação» con-
segue manifestar-se materialmente contra as restrições que sobre ela são impostas,
apresentando-se por si mesma uma negação da ordem instituída e, simultaneamente,
como uma representação alternativa do que pode ser a realidade (Marcuse, 1983: 135-
149). A este respeito veja-se também Marcuse (2011: 163-185).
306 A Filosofia da Tecnologia como Hermenêutica. De Freud a Heidegger e Marcuse
9. Marcuse não deixa de sublinhar que é necessário ter sempre em mente a distinção
que se estabelece entre este uso «instrumental» da liberdade individual como “moeda
de troca”, e o uso «crítico» da liberdade individual como poder reivindicativo de um
indivíduo. É no último onde se sustenta todo o pensamento e atitude crítica que Marcuse
Ângelo Milhano 311
13. Ao introduzir o conceito de «linguagem orwelliana» Marcuse faz assim uma refe-
rência direta ao newspeak («novilíngua») imaginado e introduzido por George Orwell
na sua obra Mil Novecentos e Oitenta e Quatro. No livro, Orwell fez constar um apêndi-
ce onde são enunciados os Princípios da Novilingua pelos quais se fundamenta o poder
do partido INGSOC. Na gramática da «novilíngua», quando articulada com a lógica
do pensamento do partido — por sua vez representada no conceito orwelliano de dou-
blethink («duplopensar») — um mesmo conceito, palavra, ou expressão, pode assimilar
dois significados completamente antagónicos sem, contudo, se constituir como uma
contradição. As três máximas do partido são disso exemplo: «Guerra é Paz»; «Liber-
dade é Escravidão»; «Ignorância é Força». Nos Princípios da Novilíngua, para além desta
assimilação entre opostos, Orwell também ilustra como o partido é capaz de reduzir os
conteúdos significativos da linguagem às suas funções operacionais mais básicas, uma
transformação que é levada a cabo em consonância com a ideologia do INGSOC (Marcu-
se, 2011: 124-125). Veja-se também a este respeito Orwell (2007b: 299-313; 2006: 23-44)
e também Kellner (1990).
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