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CIÊNCIA, TECNOLOGIA E FILOSOFIA

Ciência, Tecnologia e Filosofia

Ciência, técnica e tecnologia são palavras relacionadas entre si, ao se fazer referência a uma delas,
inevitavelmente as demais surgem em cena.

A ciência é uma das formas de conhecimento elaboradas pelo ser humano para compreender racional
e objetivamente o mundo com a finalidade de nele poder intervir em seu próprio benefício.

Visa tornar a natureza inteligível ao aprender as regularidades existentes em um conjunto de fenôme-


nos; tais regularidades são expressas posteriormente em leis e teorias que traduzem o esforço do
homem em conhecer e explicar tudo o que é ou seja, tudo o que existe natural ou necessariamente.

Técnica, assim como tecnologia, provém do verbo grego techne, que significa "arte" ou "habilidade".
Embora procedam da mesma raiz etmológica, técnica e tecnologia têm sido empregadas em sentidos
diversos.

Técnica é a parte material de uma arte ou ciência. Conjunto de processos de uma arte ou ciência.
Tecnologia é o conjunto dos processos especiais relativos a determinada arte ou indústria.

A Tecnologia a Serviço de Objetivos Humanos e Os Riscos da Tecnologia

O avanço da tecnologia vem promovendo nos últimos anos a chamada revolução tecnológica. Mas a
tecnologia deve estar a serviço da melhoria das condições de vida das pessoas.

Na verdade, a tecnologia em si mesma não é boa nem má. O uso que se faz dela, no entanto, pode
trazer benefícios ou prejuízos para a humanidade.

No entanto, a tecnologia tem sido alvo de críticas, por ser considerada dominação inconsequente da
natureza, a serviço de interesses comerciais, industriais, militares, entre outros, muitas vezes inescru-
polosos, cujos resultados ser prejudiciais ao homem.

A tecnologia tem causado também o desemprego estrutural que é a perda do emprego em decorrência
da automação e da robotização da produção e dos serviços produzidos pela revolução da microeletrô-
nica.

A Bioética e a Vida

No limiar do século XXI, a descoberta e gradual decifração do código genético dos seres vivos e a
possibilidade de o homem interferir e dominar a natureza orgânica em geral, e inclusive o seu próprio
"eu", determinou uma revolução no campo da biologia, especialmente da microbiologia, da qual resul-
tou a engenharia genética.

Tais avanços permitem ao homem modificar o código genético inato de plantas e animais, bem como
desenvolver novos códigos. Tornam possível a produção de novas variedades de plantas e animais
mais resistentes às doenças, mais adaptadas às condições naturais desfavoráveis e mais ricas em
componentes necessários à subsistência do homem.

Diante disso, discute-se a clonagem dos seres vivos, inclusive a humana, os alimentos transgênicos, a
prática da fecundação in vitro, a criogenia, pesquisas com células-tronco, doação de órgãos e a euta-
násia. Para discutir tais temas surgiu uma nova área do saber denominado Bioética.

A bioética estuda esses assuntos preocupada com a vida, principalmente a humana. Onde inicia a vida,
com o embrião ou com o feto desenvolvido? Veja notícia do DN sobre a doação de órgãos no Ceará:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=892036

A sociedade do conhecimento e as novas tecnologias da comunicação e da informação (robótica, in-


ternet, telemática)

Na sociedade atual o conhecimento é buscado e está relacionado com as novas tecnologias. As con-
quistas espaciais, a automação de bancos, indústrias e escritórios, a utilização de robôs nas linhas de
montagem, a moderna tecnologia militar apoiada na energia termonuclear, também resultam do avanço
da microbiologia.

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A internet possibilitou, em grande parte, o desenvolvimento da globalização.

Questões para debate:

Estabeleça as possíveis relações entre ciência, técnica e tecnologia.

Como a tecnologia pode está a serviço de objetivos humanos?

Quais os riscos da tecnologia, na sua opinião?

Discuta: "No futuro, o professor será substituído por um engenho eutômato".

Homem ou computador: quem vence a partida de xadrez? Discuta as possibilidades.

É possível humanizar a tecnologia? Explique.

Explique o que é bioética e o que ela investiga.

Numa sociedade como a de hoje, dominada pela tecnologia e pela sofisticação dos instrumentos à
disposição do homem, ainda há lugar para a filosofia? Justifique sua resposta.

A Tecnologia chegou, em nossos tempos, especialmente depois da globalização, a adquirir enorme


importância não só para os indivíduos, mas, também, para a nações e para a sociedade em geral
levantando problemas econômicos, políticos, sociais e mesmo culturais.

Torna-se, portanto, necessário indagar sobre a própria essência do que é Tecnologia. Isto é, urge me-
ditar filosoficamente sobre o significado e o sentido do que se chama Tecnologia.

Grandes filósofos já vinham, desde o início do século, preocupando-se com a Técnica. Oswald Spen-
gler, o festejado autor do best-seller filosófico dos anos trinta, A Decadência do Ocidente, tratou do
assunto no seu O Homem e a Técnica. Nesse ensaio o homem é visto como animal de rapina, usando
a Técnica como sua arma.

Depois disso, Ortega y Gasset publicou, em jornal argentino – se não me engano, La Nacion – uma
série de artigos que vieram a enfeixar o volume Meditacion de la Tecnica, editado pela Revista do Oci-
dente, em 1939. Esse interesse filosófico chegou a motivar as meditações de um dos maiores filósofos
deste século, Martin Heidegger, em seu ensaio A Questão da Técnica, cujo original alemão apareceu
em 1953.

Contudo, talvez com exceção desse último, não creio que eles estivessem conscientes que o interesse
maior não mais estava no estudo da Técnica, mas, sim, no da Tecnologia. Isto é, de que as atividades
técnicas não eram mais resumíveis ao trabalho manual ou mecânico sobre materiais ou construção de
obras.

De que, entre os técnicos dos nossos tempos, haviam os tecnologistas, formados em escolas superio-
res, que aplicavam teorias, métodos e processos científicos para a solução de problemas técnicos. Isso
veio trazer uma simbiose entre Técnica e Ciência cujos efeitos estavam longe de ser previstos, como
determinantes dos destinos da humanidade.

A Técnica é tão antiga quanto a humanidade. Há mesmo a idéia, entre antropólogos, de que o que
distinguiria os restos fossilizados de um homem dos de um hominídeo seria a presença, junto ao pri-
meiro, de instrumentos por ele fabricados.

Contudo, há a opinião de Levi-Strauss de que os índios Nhambiquaras eram tão primitivos que nem
mesmo possuíam técnica – o que, curiosamente, é desmentido no seu próprio livro Tristes Tropiques,
suscitando a idéia de que por mais primitiva que seja a sociedade sempre há técnica, por mais simples
que seja.

Ortega y Gasset chama a esse estágio primitivo da Técnica de “técnica do acaso (azar)”, suposto que,
nesse estágio, a fabricação dos instrumentos não se diferenciava muito dos seus atos naturais. Assim
sendo, os atos técnicos não seriam privativos de certos indivíduos mais aptos, mas igualmente efetua-
dos por todos de uma mesma comunidade.

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Contudo, é se acrescentar a Ortega que o pensamento humano é simbólico; ou seja, sempre interpõe
entre os objetos percebidos e a mente um símbolo, dos quais os mais imediatos são as palavras da
linguagem.

Essas têm a propriedade de se conotarem entre si, no sentido de sugerirem ao homem um progresso
nos seus conhecimentos. Entre pedra lascada e cortar há, por exemplo, uma conotação que permite a
melhoria do instrumento; isto é, poli-lo para cortar melhor. Assim, uma vez obtido, por acaso, um ins-
trumento, instala-se- a princípio muito lentamente – um processo de desenvolvimento técnico.

Foi isso que permitiu a Ortega e Gasset conceber um segundo estágio da Técnica: que ele chama de
“técnica do artesanato”, em que os atos técnicos são ensinados de geração a geração, incluindo a
invenção e o aperfeiçoamento dos instrumentos.

É nesse estágio que aparecem certos homens dotados de maior habilidade e que se encarregam das
funções técnicas, dedicando a eles a sua vida. São os artesãos, com seus mestres e aprendizes. O
aprendizado progride até o ponto de escreverem-se tratados para o ensino das técnicas às gerações
futuras.

Com o advento da ciência moderna, no século 17, abriu-se a possibilidade da aplicação de conheci-
mentos científicos para resolver problemas técnicos. É o caso da máquina a vapor e, mais especifica-
mente, do gerador e do motor elétrico. Surge, então, um terceiro estágio da técnica, ao qual Ortega y
Gasset dá o nome de “técnica dos técnicos”. Nela é que se dá o trânsito da mera ferramenta do artesão
para a máquina que atua por si mesma.

O homem passa a ser um auxiliar da máquina, como operário, mas surge aquele que sabe projetar,
construir e conservar as máquinas, o engenheiro, cujos métodos de ação são muito próximos dos mé-
todos dos cientistas: analisa o problema a ser resolvido, dividindo-o em partes, e o resolve a partir da
mais simples, experimentando os resultados parciais e concatenando-os em séries de causas e efeitos.

Ortega não viu, entretanto, que, em seu próprio tempo, já vinha surgindo uma radicalmente nova etapa
de desenvolvimento técnico, isto é, a Tecnologia. Não se tratava mais de aplicar conhecimentos cien-
tíficos para construir uma determinada obra ou fabricar um determinado produto, como o fazem a en-
genharia, a arquitetura, a indústria ou a agropecuária, mas, sim, de resolver problemas técnicos de
uma forma generalizada, como o faz a Ciência, com suas teorias.

Pode-se dizer, por exemplo, que o surgimento de uma tal atividade tecnológica se deu com as pesqui-
sas de Edison, em seu laboratório de Menlo Park, para obter um metal que servisse para os filamentos
de lâmpadas elétricas, que pudesse emitir luz, encandecendo sem, porém, fundir-se.

Um outro exemplo é a descoberta das válvulas termoiônicas por John Ambrose Fleming, fisico inglês,
e Lee De Forest, PhD pela Universidade de Yale, para seu uso na transmissão e recepção radiofônica.
Assim, a pesquisa de propriedades de materiais e o desenvolvimento da eletrônica estão na origem
dessa atual etapa da técnica: a Tecnologia, a qual não prescinde da pesquisa tecnológica. Não há
Tecnologia se não houver pesquisa tecnológica. E essa é muito semelhante à pesquisa científica.

Martin Heidegger

Filósofo alemão

Martin Heidegger (1889-1976) foi um filósofo alemão da corrente existencialista, um dos maiores filó-
sofos do século XX. Foi professor e escritor, exercendo grande influência em intelectuais como Jean-
Paul Sartre.

Martin Heidegger (1889-1976) nasceu em Messkirch, uma pequena cidade católica do Estado de Ba-
den, na Alemanha, no dia 26 de setembro de 1889. Com o objetivo de ser padre cursou Teologia na
Universidade de Friburgo, onde foi aluno de Edmund Husserl, teórico e filósofo criador da fenomenolo-
gia.

Em 1913, doutorou-se em Filosofia. Ao estudar os clássicos protestantes de Martinho Lutero, João


Calvino, entre outros, enfrentou uma crise espiritual e rompeu com o catolicismo. Em 1917 se casa com
a Luterana Elfrid Petri.

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A partir da influência que adquiriu do professor Husserl, tornou-se seu herdeiro na liderança da feno-
menologia – sistema filosófico que estuda o conjunto de fenômenos e estruturas da experiência cons-
ciente e como eles se manifestam através do tempo e do espaço.

A filosofia de Heidegger baseia-se na ideia de que o homem é um ser que busca aquilo que não é. Seu
projeto de vida pode ser eliminado pelas pressões da vida e pelo cotidiano, o que leva o homem a
isolar-se de si mesmo. Heidegger também trabalhou o conceito de angústia, a partir do qual o homem
transcende suas dificuldades ou deixa-se dominar por elas. Assim, o homem seria um projeto inaca-
bado.

Em 1923 foi nomeado professor de Filosofia na Universidade de Marburgo. Com a publicação da obra-
prima “Ser e Tempo” (1927), Heidegger foi promovido professor titular em Marburgo e reconhecido
como um dos mais importantes filósofos do mundo.

Em 1928, após a aposentadoria de Husserl, Heidegger foi nomeado para a cadeira de Filosofia em
Friburgo.

Em janeiro de 1933, quando Hitler tornou-se chanceler, Heidegger foi nomeado reitor da Universidade
de Friburgo, apoiando o nacional-socialismo. Em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, Heidegger
teve sua reputação acadêmica abalada por ter apoiado o Nazismo, ficando proibido de lecionar. Em
1953 publicou “Introdução à Metafísica, onde elogiou o Nacional-Socialismo”.

Martin Heidegger escreveu obras importantes, entre elas, “Novas Indagações sobre Lógica” (1912), “O
Problema da Realidade na Filosofia Moderna” (1912), “O Conceito de Tempo na Ciência da História”
(1916), “O Que é Metafísica?” (1929), “Da Essência da Verdade” (1943), “Da Experiência de Pensar”
(1954), “O Caminho da Linguagem” (1959) e Fenomenologia e Teologia” (1970).

Nesta época, escreve seu principal trabalho “Ser e Tempo” onde expõe suas ideias acerca da existência
do ser.

Esta obra seria fundamental para as bases da filosofia existencialista.

Com a ascensão de Hitler ao poder, em 1933, Heidegger se filia ao Partido Nazista e esta é sua ação
mais contravertida. Nomeado reitor da Universidade de Friburgo, não permite, contudo, propaganda
antissemita na faculdade.

Por atitudes como estas, suas obras são censuradas até 1944 e ao final da guerra, repudiaria o na-
zismo.

Martin Heidegger faleceu em 1976, em Brisgóvia, Alemanha.

Principais Ideias

Para Heidegger, a principal pergunta da filosofia deve ser sobre o Ser. No passado, os filósofos não
indagavam sobre o ser e sim sobre o ente, uma coisa.

Ou então, buscavam entender o ser humano a partir de relação com os objetos e com o meio que ele
estava.

Heidegger questiona sobre o homem, o único capaz de fazer-se essa pergunta. Assim quem é o ho-
mem? Quem é o ser?

Dasein

Para o estudioso alemão o homem é um “Dasein”.

O verbo, de origem alemã significa “sein” – ser e “da” – aí. Desta forma, o homem é um “ser aí” que é
neste mundo.

Esta é a grande diferença com os “Entes”, pois o ente “está” no mundo.

Poder ser é a possibilidade de cada “dasein” de ser capaz de escolher em cada momento o que deseja
ser, empregar seus esforços neste mundo.

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Por outro lado, os animais não podem escolher. Exemplo: um gato. Sempre vai estar em busca de
comida e abrigo até o final dos seus dias.

Já o "dasein" pode escolher, mas deve fazê-lo no mundo em que foram jogados. Note-se que o “dasein”
não escolheu estar neste mundo e nem neste tempo.

Por isso, o "dasein" deve transformar sua existência em projeto que só terminará com a morte.

Existência Autêntica

Ao entender esta proposição, o "dasein" poderá exercer uma existência autêntica. Por outro lado, aque-
les que não compreendem ou não aceitam o fim da vida viverão uma existência autêntica e são cha-
mados por Heidegger de “Dasman”.

A existência inautêntica é aquela que renuncia à possibilidade de escolha, de pensamento, de ação e


deixa que outro decida por si. Este se transforma na massa, perdendo a si mesmo na multidão.

Angústia

Como vamos encarar a vida, pois somos feitos para a morte?

Segundo Heidegger, os entes não morrem, apenas cessam sua existência porque nunca tiveram es-
colha.

Já os seres têm plena consciência da sua morte e por isso, suas possibilidades infinitas, se veem limi-
tadas.

Isto gera uma angústia no ser humano e será este sentimento que determinará sua atitude frente à
vida.

Heidegger propõe que aceitar nossa condição de seres finitos é primordial para levar uma existência
autêntica.

Obras

O Conceito de Tempo na Ciência da História (1916);

Ser e Tempo (1927);

Que é Metafísica? (1929);

Da Essência do Fundamento (1929);

A Carta sobre o Humanismo (1949);

Introdução à Metafísica (1953);

Da Experiência de Pensar (1954);

O Que é Isto, a Filosofia? (1956);

Da Pergunta sobre o Ser (1956);

A Caminho da Linguagem (1959);

Língua e Pátria (1960);

Nietzsche (1961).

Frases

Nunca chegamos aos pensamentos. São eles que vêm.

A angústia é a disposição fundamental que nos coloca perante o nada.

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Só há mundo onde há linguagem.

Morrer não é um acontecimento; é um fenômeno a ser compreendido existencialmente.

Todo homem nasce como muitos homens e morre de forma única.

Precisamos pensar no fato de que ainda não começamos a pensar.

O problema intrínseco à filosofia heideggeriana reside no facto de nela, mais do que em qualquer outra,
afirmação e negação conviverem estreitamente. O projeto heideggeriano é o de uma superação (ou
“destruição”, como ele também escreve) da tradição metafísica do Ocidente, que procede por uma
releitura, não sem alguma violência interpretativa, dos textos fundamentais dessa mesma tradição.

Dito de outra maneira: o positivo obtém-se a partir do negativo, a afirmação, a “superação”, é o resul-
tado da negação (apesar de Heidegger pretender que a “destruição da metafísica” não pode ser enten-
dida como um gesto de negação pura e simples).

O problema, por assim dizer marginal por relação à sua filosofia propriamente dita, consiste na sua
conhecida adesão ao nazismo, uma adesão com mais peso e mais significado do que muita gente,
durante muito tempo, pretendeu.

A publicação em 2014 dos volumes 94 a 96 das obras completas, contendo os “Cadernos negros”,
onde se vê Heidegger, entre outras coisas, comentar com empenho os Protocolos dos Sábios do Sião,
o célebre documento forjado pela polícia czarista na intenção de mostrar ao mundo a existência de
uma conspiração judaica internacional, veio trazer de novo à luz do dia esta questão. Até porque o seu
antissemitismo é aí mais patente do que nunca.

O que se conhecia através da obra magistral de Hugo Ott (Martin Heidegger, Uma vida política, 1988),
bem como dos livros de Victor Farias (Heidegger e o nazismo, 1987) e Emmanuel Faye (Heidegger: a
introdução do nazismo em filosofia à luz dos seminários não publicados de 1933-1935, 2005), entre
outros, não pôde deixar de ganhar uma nova dimensão com a publicação (prevista por Heidegger, de
resto) destes textos.

Walter Benjamin

Walter Benjamin foi filósofo, ensaísta, tradutor e crítico literário alemão.

É considerado um dos maiores pensadores do século XX e principal responsável por uma concepção
dialética e não evolucionista da história.

Suas temáticas favoritas incluem assuntos literários, da arte e suas técnicas, bem como a estrutura
social.

Apesar de ficarem restritos a alguns círculos intelectuais, os textos de Benjamin tiveram uma boa aco-
lhida na “Escola de Frankfurt”.

Ali, ele fez amigos, dentre eles, Theodor Adorno, responsável pela publicação póstuma de suas obras.

Walter foi influenciado grandemente pelo romantismo alemão e pelo marxismo. Contudo, a religião ju-
daica também foi preponderante.

Ele foi capaz de fundir aqueles fatores numa visão qualitativa do tempo. Isso, baseando-a na rememo-
ração e na ruptura revolucionária com a continuidade temporal, ao contrário daquela visão linear e
quantitativa.

Vale ressaltar que, apesar de ser considerado um marxista pelos seus críticos, Benjamin destoa muito
daquilo que era produzido por seus contemporâneos.

Sua admiração pela cultura judaica foi caracterizada pelo rechaço às ideologias nacionalistas. Isso
permitiu a Walter Benjamin um maior afastamento e estranhamento em relação à crise que estava por
vir.

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Por esse motivo, ele foi alvo do regime nazista anti-semita e, apesar do alinhamento ideológico clara-
mente de esquerda, nunca se filiou ao Partido Comunista.

Walter Benedix Schönflies Benjamin nasceu no dia 15 de julho de 1892, em Berlim, numa família de
comerciantes judeus.

Seu pai era Emil Benjamin e sua mãe, Paula Schönflies Benjamin. Ainda na adolescência, Benjamin
alinhou-se aos ideais socialistas.

Em 1917, casa-se com Dora Sophie Pollak e emigra para Berna (Suíça) para fugir do alistamento no
exército alemão.

Neste ano, nasce seu único filho, Stephan. Dois anos mais tarde, em 1919, se torna doutor pela Uni-
versidade Berna.

Walter volta para Berlim em 1920, quando começam suas dificuldades financeiras. A situação piora
quando sua tese de livre docência é rejeitada pelo Departamento de Estética da Universidade de Frank-
furt, em 1925.

Ganhando a vida como escritor freelancer, Walter viaja para Moscou em 1926, quando se desilude com
o socialismo.

A partir de 1933, comunistas e judeus em território alemão passam a ser alvos do regime nazista. Isso
levou o pensador a se refugiar na Itália entre 1934 e 1935.

Nesse ínterim, torna-se bolsista do Instituto de Pesquisa Social (Escola de Frankfurt), do qual passa a
ser colaborador regular.

Em 1935, Benjamin exila-se em Paris até sua morte. Entre 1936 e 1940, o autor irá desenvolver sua
visão da história.

No ano de 1939, Walter Benjamin é aprisionado junto a outros milhares de alemães na França, mas
consegue fugir graças ao auxílio de amigos.

Contudo, é recapturado nos Pirineus enquanto tentava fugir ilegalmente em 1940. Inconformado, sui-
cida-se com uma dose letal de morfina em 26 de setembro de 1940, na cidade espanhola de Portbou.

Principais Ideias

Vale ressaltar que a obra de Walter Benjamin possui duas fases. Uma fase de juventude, caracterizada
pelo idealismo e outra, mais madura, onde se apresenta imagens utópicas e revolucionárias de forma
mais materialista.

É importante frisar também que Benjamin não elaborou nenhum sistema filosófico. Seu objetivo foi o
de radicalizar a oposição entre a análise marxista e as filosofias burguesas da história.

Ele considerava essas filosofias responsáveis pelo historicismo identificado com as classes dominan-
tes, em detrimento do ponto de vista dos vencidos. Lembrando que vencido e vencedor só podem ser
entendidos dentro do contexto da luta de classes.

Desse modo, o materialismo histórico de Benjamin substituiu a ideologia de progresso (evolucionismo


darwinista; determinismo científico, etc).

Sua visão atacava aquela concepção de evolução automática e contínua da civilização, considerada
por ele como uma catástrofe contínua da história.

Seu pessimismo em relação às catástrofes geradas pelo otimismo sem consciência da ideologia do
progresso linear é muito justificável e até messiânicos. Isso tudo, tendo em vista os desastres que
seguiram a ascensão do nazismo na Alemanha.

A obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica

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Vale citar outro pensamento muito importante deste autor; a saber: o conceito de “aura” nas obras de
arte.

Em seu famoso ensaio “A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica” Benjamin explica que
a produção artística é rodeada por uma “aura”. Ela simboliza a singularidade da própria obra.

Por sua vez, ao reproduzir tecnicamente essas obras, gerando cópias dela, dilui-se esta aura e perde-
se o valor artístico das obras de arte.

Contudo, apesar deste risco, Benjamin também via com olhos otimistas essa possibilidade. Assim, ele
acreditava que este seria um caminho possível para o contato das massas com a arte.

Principais Obras

Sabemos que Walter Benjamin pouco publicou em vida. Os poucos textos lançados estão em periódi-
cos e três livros, a saber:

sua tese de doutoramento “O conceito de crítica de arte no romantismo alemão”, de 1919;

a tese “Origem da tragédia alemã”;

o “Tomo” contendo ensaios e reflexões são publicadas em 1928.

Por fim, Benjamin publicou diversos artigos e ensaios, dos quais se destacam:

“A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica” (1936);

“Teses Sobre o Conceito de História” (1940).

Frases de Walter Benjamin

“A informação só tem valor no momento em que é nova.”

“Deus é quem nutre todos os homens, e o Estado é quem os reduz à fome.”

“Uma das principais tarefas da arte sempre foi criar um interesse que ainda não conseguiu satisfazer
totalmente.”

“O tédio é um tecido cinzento e quente, forrado por dentro com a seda das cores mais variadas e
vibrantes. Nele nós nos enrolamos quando sonhamos.”

“As doações devem atingir tão profundamente quem as recebe a ponto de causar-lhes espanto.”

“A construção da vida encontra-se, atualmente, mais em poder dos fatos do que das convicções.”

Enquanto no teatro o intérprete está inegavelmente vinculado a sua ‘aura’, a qual é, sem dúvida, cap-
tada pela plateia, não se pode dizer que no cinema o mesmo se repita, pois neste meio o público está
ausente, e em seu lugar está a câmera, ou seja, uma máquina, a qual prevalece inclusive sobre os
próprios atores, uma vez que os equipamentos técnicos são capazes até mesmo de representar seu
papel.

Benjamin também acreditava que havia uma diferença radical entre o que o Homem podia visualizar
por meio de seu olhar e o que a câmara podia captar artificialmente.

Desta forma, uma visão que era consciente se transforma em um ponto de vista inconsciente, gerando
um processo semelhante ao da Psicanálise, que desperta a inconsciência instintiva, enquanto uma arte
como o cinema produz a vivência do inconsciente visual.

Por outro lado, o pensador defendia que o cinema poderia ser de imenso valor para o indivíduo, no
sentido material, porque seria um instrumento político e ideológico em benefício da classe proletária
quando esta estivesse pronta para assumir a liderança política, pois ele lhe traria incríveis expectativas
na construção de uma nova história da camada popular.

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Assim, para resumir, Benjamin via na tecnologia de reprodução das produções artísticas uma faca de
dois gumes; por um lado, ela destruía o legado da cultura ancestral e, por outro, propiciava à população
uma nova interação com a obra de arte, a qual previa que esta produção poderia se converter em um
meio poderoso de sublevação dos mecanismos sociais. Era, certamente, um ponto de vista muito po-
sitivo, que depois seria revisto até mesmo por companheiros como Adorno.

Da obra de Benjamin destacam-se as reflexões sobre a literatura, a arte, as tecnologias, as estruturas


sociais, entre outras temáticas similares, todas elaboradas com uma profunda exatidão metodológica.
Ele examinou criticamente e com uma bela linguagem metafórica a obra de Goethe, o legado de Bau-
delaire, a filosofia da história, e outros temas afins. Hoje o filósofo que segue mais de perto seus parâ-
metros é o tradutor de seus trabalhos para o idioma italiano, Giorgio Agamben.

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