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Solos antropogênicos e plantas regeneradoras de solo

Aluna: Mariana Soares Marques


DRE: 120.156.791
Data: 27/12/2022
SOLOS ANTROGÊNICOS

Os solos antropogênicos são o resultado da modificação ou formação de aspectos físicos, químicos e


morfológicos a partir da ação humana (antropogênese), especificamente na época Antropoceno, sobre
solos ou ambientes naturais, seja adicionando ou retirando materiais na superfície terrestre, formando
pedons ou corpos tridimensionais artificiais. Estes solos possuem uma diversidade de fatores na sua
formação, entre os quais o período de tempo da sua formação, o tipo de alteração na constituição química,
principalmente a adição de materiais orgânicos e inorgânicos e nas propriedades físicas e morfológicas,
tais como textura, compactação, decapeamento e cor.
O estudo da origem e formação dos solos é feito na pedologia (pedon = terra e logia = estudo), campo de
estudo recente, com menos de 200 anos de história, iniciado por Dokuchaev (1846-1903). Sendo o solo
natural designado como um corpo tridimensional (pédon) espacializado pela superfície terrestre
(polipédon), composto por camadas ou horizontes sobrejacentes desenvolvidos naturalmente sobre o
material de origem (rocha ou sedimentos/depósitos). Atualmente, dentre as diversas definições de solo,
com viés natural, o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos - SiBCS (EMBRAPA, 2018) é quem
define o conceito mais utilizado no Brasil. Segundo o SiBCS, o solo é “uma coleção de corpos naturais
constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos...”, que são provenientes
de materiais minerais e/ou orgânicos, sendo suporte para matéria viva, incluindo organismos vegetais e
animais como, micro e macroorganismos, aos quais podem ser alterados pela ação humana. A formação
de solos naturais é proveniente da ação conjunta de alguns fatores, como fora inicialmente sugerido por
Dokuchaev (1846-1903) e sistematizado por Jenny (1941), os quais são: material de origem, clima,
relevo, organismos e tempo. Sobre essa ação conjunta dos fatores de formação ocorrem os processos
primordiais de desenvolvimento dos solos, a pedogênese.
Havendo processos físicos, químicos e biológicos no substrato que vão dar origem aos solos. Estes cinco
fatores citados integram a base da visão da pedologia clássica, onde a sociedade, mesmo com sua
capacidade de trabalho teleológica é considerado na pedogênese, em teoria, como um organismo vivo,
de maneira análoga em essência e intensidade aos demais organismos, como bactérias, fungos, térmitas
ou vegetais.
Cada tipo de solo antropogênico (arqueoantrossolos, antropossolos e solos urbanos) possui propriedades
específicas, que são possíveis de serem evidenciadas somente no seu caráter de formação in loco, ao qual
compreende a localização geográfica e as finalidades de usos, pretéritos e/ou atuais, do ambiente pelo
agente humano.
Arqueoantrossolos – solos antropogênicos seculares e milenares
Os arqueoantrossolos são solos antropogênicos formados por civilizações indígenas em período de tempo
que se compreende entre alguns milhares de anos, a partir de grupos humanos que migraram pela
América do Sul cerca de 15.500 anos antes do presente (Cramontaubadel et al., 2017; Souza et al., 2020),
correspondendo à arqueoantrossolos milenares derivados da fase inicial de sedentarização indígena até
arqueoantrossolos seculares (Corrêa, 2007; Kämpf e Kern, 2005). A diminuição de formação desses
arqueoantrossolos teve início com a inserção europeia sobre a América, principalmente em território
brasileiro, que dizimou indígenas em áreas litorâneas e posteriormente amazônicas, sendo os locais da
presença dos sambaquis, das TPI e das Terras Mulatas, respectivamente (Corrêa, 2007). Os sítios de
sambaquis e principalmente de TPI junto as Terra Mulatas possuem maior extensão espacial, portanto,
maior representatividade. Vasconcelos (2013) salienta que existem outros arqueoantrossolos presentes
em outros tipos de sítios arqueológicos, porém possuem uma pequena expressão espacial quando
comparados aos anteriores. Tal como na região semiárida brasileira, onde Souza et al. (2020) estudam
quatro perfis na região do Cariri, definindo-os como contemporâneos às TPI amazônicas.
A Terra Preta de Índio (TPI) é um tipo de solo encontrado na região amazônica que provavelmente foi
modificado pelo homem.O que se supõe sobre a origem da TPI é que ela foi formada sob influência do
homem, ou seja, ela foi antropizada. Mas há questionamentos acerca da intencionalidade da sua
formação: não se sabe se os habitantes, que tiveram contato com a TPI e que se beneficiaram dela, tinham
em mente o propósito de criar uma terra altamente eficiente depositando resíduos degradáveis, como
folhas, ossos, dejetos, cinzas e resíduos de carvão vegetal. Os usos e benefícios da Terra Preta vão desde
o seu manejo em canteiros caseiros, até a análise em laboratórios especializados. O interesse crescente
por TPI é notado logicamente pelas suas excelsas características, o que estimulou cientistas e
pesquisadores a elaborarem um fertilizante orgânico condicionador de solo que imite suas características,
o biocarvão (biochar).
Solos Urbanos – espaços urbano e suburbano.
A perspectiva de compreensão de solos criados e modificados pelo processo de urbanização, portanto,
compreendidos dentro dos limites de áreas urbanas, tem como agente predominante a atividade humana
(antropogênese). Os primeiros trabalhos realizados com objetivo da compreensão de solos urbanos são
provavelmente os de Zemlyanitsky (1963), Bockheim (1974) e seguindo nesta perspectiva, os de Craul
e Klein (1980), Craul (1985a; 1985b; 1992; 1999), Stroganova e Agarkova (1993), Madrid et al. (2002),
Pedron et al. (2004), RuizCortés et al. (2005), Scheyer e Hipple (2005), Silva (2011), CHEN et al. (2014),
Yang e Zhang (2015), Burghardt et al. (2015), Costa et al. (2019), Poyat et al. (2020). A definição
proposta por Bockheim (1974), apropriada e útil para os solos urbanos segundo Craul (1985a),
compreende o resultado das diversas formas de alteração do solo no espaço urbano, definindo-o como
um horizonte artificial e superficial com espessura mínima de 50 cm, não agrícola, formado por “mistura,
enchimento ou contaminação da superfície terrestre em áreas urbanas e suburbanas” (Bockheim, 1974).
Craul (1985a), seguindo essa perspectiva, expõe oito características possíveis de serem encontradas em
solos urbanos. Estas características, segundo o autor, são: i) grande variabilidade vertical e espacial; ii)
estrutura do solo modificada que leva à compactação; iii) presença de uma crosta superficial no solo nu,
geralmente hidrofóbico; iv) reação modificada do solo, geralmente elevada; v) aeração e drenagem de
água restritas; vi) interrupção do ciclo de nutrientes e a atividade modificada dos organismos do solo;
vii) presença de materiais antrópicos e contaminantes; e viii) regime de temperatura do solo modificada
(Poyat e Trammel, 2019). Pode ser acrescentado a essas características a alteração do pH dos solos,
possuindo forte tendência à alcalinidade (Silva, 2011; Costa e Peloggia, 2019) e tendência de
variabilidade ou descontinuidade dos valores químicos em horizontes com direta influência humana em
relação à horizontes derivados da evolução natural do ambiente anterior à urbanização. Costa e Peloggia
(2019) detectaram alta variabilidade para os valores de Zn (290%), para o Ph e outros caráteres químicos,
apresentando alta complexidade e heterogeneidade dos solos da área urbana de seu estudo.
Antropossolos e Tecnossolos - época Tecnógeno recente
Segundo Curcio et al. (2004), antropossolo é definido como um “volume formado por várias ou apenas
uma camada antrópica, constituído por material orgânico e/ou inorgânico” com espessura maior que 40
cm e “formado exclusivamente” (Curcio et al., 2004) por ação humana sobreposto a horizontes de solos
naturais, saprolitos ou rocha. O termo antropossolo (de tradução do termo anthroposols) está incluído na
classificação australiana de solos (Isbell e NCST, 2021). Segundo Curcio et al. (2004), as áreas
constituídas por volumes artificiais, criados pela ação do agente antropogênico, têm aumentado
enormemente. Sendo essa ação designada de “antropogênese” (Curcio et al., 2004) ou “antropedogênese”
(Richter, 2019), termos que se referem às ações humanas de forma a alterar diversos constituintes dos
solos. O conceito de tecnossolo se dá pela combinação de solos onde as propriedades e pedogênese são
denominados por sua origem técnica, contendo quantidade representativa de artefatos humanos no seu
volume, ou pela presença de camadas duras (rochas artificiais como concreto e asfalto) e geomembranas.
Dessa forma, são solos fortemente influenciados por materiais construídos pela ação humana. Em si, os
termos antropossolos e tecnossolos compreendem solos de mesma base de formação. Este artigo adotará
o termo antropossolo.
O ser humano é um agente pedogenético relevante, capaz de modificar as características químicas
(aumento dos valores de diversos elementos químicos), físicas (compactação, impermeabilização e
textura distinta da área) e morfológicas (perfis distintos de qualquer tipo de formação natural) dos solos.
Tornando-se um fator de formação de solos que influencia na construção de feições únicas e irreplicáveis
quando comparadas à pedogênese em meio natural. Os conceitos aqui apresentados são referentes aos
tipos de solos que são derivados de fatores de formação regidos sob um tempo geológico e natural (solos)
e/ou artificial, subordinado a um tempo histórico (solos antropogênicos). Os solos antropogênicos são
formados em ambientes alterados pela ação humana, em si para uso humano, como a urbanização,
agropecuária, mineração, estradas, barragens e portos. Onde o ambiente não é mais puramente natural,
mas sim antropizado, ao qual os solos antropogênicos possuem distinção sobre o tempo de formação,
sobre o tipo de área onde é formado, tal como a diferença entre antropossolos e os solos urbanos. Assim,
em cada ambiente os fatores responsáveis pela formação dos solos antropogênicos se dão pela distinção
das ações humanas, em razão das técnicas, do tipo de área e do período de formação, distinguindo-se os
solos antropogênicos em solos urbanos, antropossolos e arqueoantrossolos, conjuntamente às demais
classes categóricas derivadas desses tipos.

PLANTAS REGENERADORAS DE SOLO

As plantas começam a ser usadas mais como uma ferramenta para restaurar áreas degradadas.
Principalmente as plantas com forte capacidade de fixar elementos inorgânicos no solo.

 Leguminosas: As leguminosas são frutos e sementes pertencentes à família de plantas


denominada Fabaceae. Estes indivíduos estão distribuídos por todo o mundo e
representam, a terceira maior família de plantas existentes no mundo.Sendo assim,
possuem aproximadamente 750 gêneros e mais de 19 mil espécies catalogadas
oficialmente. As leguminosas incluem desde plantas arbóreas até herbáceas anuais. A
principal utilizada nas duas técnicas abaixo é a Crotalaria spectabilis que é uma planta
de ciclo anual, originária da Índia; apresenta adaptação às regiões tropicais e subtropicais;
suas plantas são arbustivas, de crescimento ereto e determinado; apresenta 1,0 – 1,5 m de
altura quando maduras; apresenta desenvolvimento lento.

 Adubação Verde: É uma prática agrícola que consiste no plantio de espécies vegetais em
rotação ou em consórcio com culturas de interesse econômico. Essas espécies apresentam
ciclo anual ou perene, cobrindo o terreno por determinado período de tempo ou durante
todo o ano. Depois de roçadas, podem ser incorporadas ou mantidas em cobertura sobre
a superfície do terreno.
A adubação verde assume particular importância nos sistemas de produção orgânica, pois as espécies
cultivadas para esse fim conferem certa autonomia aos cultivos comerciais quanto à disponibilidade de
matéria orgânica, além de ampliar a biodiversidade dos agroecossistemas. Embora sejam cultivadas
espécies de várias famílias botânicas, como adubo verde, as da família Leguminosae destacam-se por
proporcionarem o aporte de elevadas quantidades de massa vegetal ao solo e formarem associação
simbiótica com bactérias fixadoras de nitrogênio, conhecidas genericamente como rizóbios. Como
resultado dessa simbiose, essas plantas são capazes de fornecer N (nitrogênio) para culturas de interesse
econômico.

Efeitos da adubação verde nos agroecosistemas:


Disponibilidade de nutrientes para as culturas - O nitrogênio é o nutriente mais estudado em relação
aos efeitos da adubação verde nas culturas vegetais. O cultivo de leguminosas herbáceas torna possível
a disponibilização de N aos agroecossistemas pelo processo de fixação biológica, o que reduz ou elimina
a necessidade de aplicação de fertilizantes minerais nitrogenados. Elevadas quantidades de N são
acumuladas na parte 12 aérea de leguminosas, o que se reflete em maiores teores desse nutriente no solo,
quando os resíduos vegetais são incorporados ou deixados em cobertura na superfície do terreno. Outro
efeito benéfico trazido por essa prática relaciona-se à reciclagem de nutrientes. Parte dos nutrientes
acumulados nas leguminosas é provavelmente absorvida pelas raízes desses adubos verdes em camadas
profundas do solo, sofrendo posterior liberação com a decomposição dos resíduos após o corte. Esse
processo de reciclagem de nutrientes é favorecido pela escolha de leguminosas com maior potencial de
penetração de suas raízes no solo. Além do fornecimento de nitrogênio fixado biologicamente e da
reciclagem de nutrientes, a adição dos resíduos vegetais de leguminosas herbáceas e outros adubos verdes
ao solo afeta a disponibilidade de nutrientes por outros mecanismos. O incre- 13 mento do teor de matéria
orgânica do solo pode reduzir a retenção de P (fósforo) na superfície de alguns minerais de argila,
aumentando a disponibilidade desse nutriente para as plantas. A decomposição dos resíduos vegetais de
adubos verdes permite ainda a liberação de compostos orgânicos que afetam a mobilidade de nutrientes
ao longo do perfil do solo.
Cobertura do solo - A erosão constitui um dos principais problemas da agricultura tropical, provocando
decréscimos na produtividade vegetal. A exposição do solo às chuvas pode causar o encrostamento de
sua camada superficial, o que aumenta a velocidade de escoamento da enxurrada e as perdas de solo e
água. A erosão contribui ainda para a destruição do potencial biológico das terras, num processo
conhecido como desertificação. Por meio da manutenção de cobertura do solo, é possível amenizar o
escoamento da água das chuvas na superfície do terreno, reduzindo perdas de solo e água. Dentre os
diversos tipos de cobertura do solo que auxiliam no controle da erosão, merecem destaque os adubos
verdes.O controle da erosão realizado pelos adubos verdes encontra-se relacionado ao fato de que essa
prática agrícola eleva os teores de matéria orgânica do solo, melhorando suas propriedades físicas. Dentre
as propriedades físicas do solo, afetadas pelo aumento dos teores de matéria orgânica, destacam-se:
estabilidade de agregados, densidade do solo e infiltração de água. Os constituintes da matéria orgânica
influenciam a agregação do solo, atuando como agentes ligantes, juntamente com os minerais de argila.
Esse efeito permite reduzir a densidade do solo, mediante a decomposição dos resíduos, que libera
compostos orgânicos capazes de afetar favoravelmente a porosidade do solo. Em virtude do aumento de
porosidade e agregação do solo, a tendência de uma área protegida por cobertura vegetal é possuir maior
infiltração de água.
Fitopatógenos - As leguminosas herbáceas empregadas como adubos verdes têm apresentado efeitos
positivos no controle de doenças radiculares. Entre os fitopatógenos que podem ser controlados pelos
adubos verdes, merecem destaque os nematóides. Pesquisas comprovaram a eficiência de leguminosas
do gênero Crotalaria no controle de Meloidogyne spp6 . De acordo com tais resultados, o consórcio entre
quiabo e Crotalaria juncea mostra-se capaz de reduzir a incidência de nematóides, em comparação com
o monocultivo. No entanto, deve-se estar atento para o fato de que outras leguminosas, como o labe-labe
(Lablab purpureum), podem funcionar como multiplicadoras das populações de nematóides do solo.
Plantas invasoras - A agricultura influencia fortemente a população de ervas invasoras, sendo que, de
maneira geral, a realização de monoculturas tende a favorecer a ocorrência dessas plantas. Esse processo
pode ocasionar reduções na produtividade agrícola, em decorrência da competição entre plantas
invasoras e culturas de interesse econômico. Embora o método mais utilizado atualmente para o controle
de plantas invasoras seja a aplicação de produtos químicos sintéticos (herbicidas), a adubação verde tem-
se revelado uma alternativa viável ao uso desses produtos, sendo capaz de reduzir os riscos de contami-
nação ambiental. Os efeitos de alguns adubos verdes sobre as plantas invasoras estão associados à
liberação de substâncias alelopáticas durante a decomposição dos resíduos vegetais ou à maior eficiência
na competição com invasoras por recursos como água, luz e nutrientes.
Apesar dessas vantagens, ainda necessita-se realizar a validação de informações que permitam a
incorporação da prática da adubação verde nas unidades de produção. Entre os aspectos a serem
validados, merece destaque a necessidade da escolha de espécies mais adequadas para as condições de
solo e clima de determinadas regiões. Outro ponto importante é a busca de estratégias de manejo capazes
de aumentar a sincronização dos ciclos da leguminosa e da cultura principal, garantindo que a liberação
de nutrientes contidos nos resíduos do adubo verde ocorra no momento de maior demanda desses
nutrientes pela cultura de interesse econômico
O sucesso da adoção da adubação verde depende do amplo esclarecimento dos pontos abordados e da
formação de áreas cultivadas para a produção de sementes. Com isso, será possível viabilizar a realização
dessa prática pelos agricultores e aumentar a sustentabilidade dos agroecossistemas.

 A biorremediação: é a aplicação de processos biológicos in situ ou ex situ para remover


compostos químicos perigosos do meio ambiente. É a utilização de organismos vivos ou seus
derivativos (ex: enzimas) para degradar compostos poluentes. A fitorremediação (fito = planta e
remediação = corrigir), conhecida desde 1991, é uma das técnicas in situ (tratamento do material
contaminado no próprio local. Ou seja, não é necessário transportar o material. Tem como
vantagem o baixo custo e a possibilidade de tratamento de grandes áreas. No entanto, o tratamento
é mais lento) da biorremediação. É a tecnologia que utiliza plantas e comunidades microbianas
na rizosfera para degradar, extrair, conter ou imobilizar contaminantes do solo e da água.
Algumas espécies de gêneros como Phragmites, Tamarix, Nicotiana, Helianthus, Salix, Typha,
Arabis são citadas para serem utilizadas na fitorremediação. Algumas características devem ser
levadas em consideração para a implantação de programas de fitorremediação: Características
físico-químicas do solo; Características físico- químicas do contaminante; Distribuíção do
contaminante na área contaminada; Plantas com potêncial para fitorremediação.
A maioria das plantas são capazes de absorver, sequestrar e/ou degradar contaminantes. Alguns metais
de transição (Cu, Zn, Cd, Fe, Mn, Mo, Ni) são necessários para o crescimento normal da planta,
desempenhando funções específicas no metabolismo celular. A elevação da concentração de metais
pesados pode levar a ocorrência de mutações. As plantas reparam os locais contaminados de tal forma :
Modificando as propriedades físicas e químicas dos contaminantes no solo. Liberando exsudatos pelas
raízes. Um fator que beneficia a fitorremediação é a atuação microbiana, que transforma as substâncias
químicas persistentes no solo, favorecendo a captura pelas plantas, ou atuando sobre os produtos já
metabolizados pelas plantas.
Com base nos conhecimentos atuais, a fitorremediação pode ser considerada uma técnica apropriada para
remediar áreas medianamente contaminadas, tanto rurais quanto industriais urbanas (brownfields). No
entanto, quando há urgência na obtenção de resultados, devido ao grande interesse econômico (ex.:
especulação imobiliária), alto valor da área e, ou, altos riscos para a saúde humana e ambiental, a
fitorremediação como solução isolada apresenta limitações.Nas zonas com altas concentrações de
contaminante (hot spots) da área contaminada, a fitorremediação pode ser precedida por tratamentos
convencionais, como remoção e tratamento químico, entre outros.Para que a fitorremediação seja
amplamente aceita como um método confiável de recuperação de áreas contaminadas, informações de
qualidade sobre aplicações, potencial, limitações, tempo requerido e custos devem ser amplamente
disponibilizadas.Para maior consistência da análise de risco que precede a intervenção, estudos para
estabelecimento das rotas metabólicas de bioacumulação de contaminantes e seus metabólitos nos tecidos
vegetais são necessários até que todas as rotas para os contaminantes mais importantes sejam
conhecidas.Do ponto de vista da iniciativa privada, o futuro de empresas pioneiras que empregam a
técnica de fitorremediação não está totalmente claro. Esse futuro dependerá dos resultados das pesquisas
desenvolvidas nas universidades e institutos com apoio governamental para os conhecimentos que
exigem investimentos a médio e longo prazo, assim como apoio para a implementação em curto prazo.
Uma melhor definição de questões relacionadas à propriedade intelectual - que ao mesmo tempo não
impeça a pesquisa básica que sustenta a fitorremediação - poderá influenciar tal futuro
positivamente.Recentes avanços nas pesquisas com plantas modificadas geneticamente devem elevar o
potencial de aplicação da fitorremediação. Entretanto, cabe lembrar que a reabilitação ambiental, embora
tenha notoriedade no mercado, ainda apresenta retorno baixo dos investimentos, se comparada com
outras biotécnicas.Com o amadurecimento da fitorremediação, as empresas e organizações envolvidas
devem estar prontas para o mercado reestruturado e as mudanças que se afiguram e que são inevitáveis
na evolução das biotécnicas. O Brasil, por ser um país de clima tropical com enorme biodiversidade,
apresenta grande potencial para o uso da fitorremediação. Contudo, são necessários estudos detalhados
nas condições brasileiras. O fato de o Brasil ocupar uma posição de destaque na área de pesquisas
agronômicas confere uma vantagem estratégica para o desenvolvimento da fitorremediação.

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