Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Silva
AMS Publicações Editora associada à ASEC – Associação Brasileira de Editores Cristãos
Diretor geral Aluízio A. Silva Diretor executivo Radamés Adão
Diretor de Arte Robson Júnior Impressão Gráfica Flex Gráfica
Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada
(Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
CDD : 230/240
Índice para Catálogo Sistemático:
1: Vida cristã: Devocional: Jejum 230/240
Índice
Introdução - O jejum tem graça? 7
1º Dia Não durma com o medo 07
2º Dia A noite vai passar 17
3º Dia Prisioneiros da esperança 27
4º Dia O Deus dos vales e montanhas 35
5º Dia A indescritível bondade de Deus 43
6º Dia Como se tornar filho de Abraão 51
7º Dia Veja o Senhor no caminho de Emaús 59
8º Dia O novo nome de Deus 65
9º Dia Filhos, não servos 75
10º Dia Irresistível graça 85
11º Dia Você está firmado na verdade? 93
12º Dia Não troque ouro por bronze 103
13º Dia Graça e santificação 109
14º Dia O romance da graça 119
15º Dia O Espírito de Cristo 129
16º Dia Morte na panela 137
17º Dia A transformação da alma 149
18º Dia A verdadeira transformação 155
19º Dia A fé correta produz o comportamento correto 165 20º Dia O dízimo
no tempo da graça 175
21º Dia Prosperando em tempos de crise 183
1º Dia
o fim de sua vida, Jacó chamou os seus filhos e lhes disse: “Ajuntai-vos, e
eu vos farei saber o que vos há de acontecer nos dias vindouros” (Gn 49.1).
Parece que a bênção de Jacó
Jacó e Israel são a mesma pessoa. Mas o nome Israel lhe foi dado pelo
Senhor quando lutou com ele no vau de Jaboque. O Senhor poderia
facilmente vencer Jacó, mas Ele se deixou prender porque tem prazer
quando o buscamos com intensidade. Jacó se agarrou a Ele e disse: “Não te
deixarei ir enquanto não me abençoares”. E o Senhor lhe perguntou: “Como
te chamas?” Ele respondeu: “Jacó”. O nome Jacó significa “suplantador”,
com uma implicação de trapaça. Então, disse: “Já não te chamarás Jacó, e
sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e
prevaleceste” (Gn 32.24-28).
Deus, porém, usa tudo isso para que o seu Filho apareça. Então, Rúben se
torna um sinal espiritual por meio do qual Deus diz: “Olhe para o Filho”. E
quem é o filho? O Senhor Jesus. Toda a bênção vem quando olhamos para o
Senhor Jesus.
Quando Raquel morreu, ele cometeu adultério com Bila. Isso foi algo
terrível, e seu pai ficou sabendo. Deixe-me dizer algo sobre o pecado
sexual. Algumas pessoas dizem que todo pecado é igual, mas a Bíblia diz
que há um pecado que afeta você mais do que todos os outros. Todo pecado
que um homem comete é fora do seu corpo, mas aquele que comete
imoralidade sexual peca contra o próprio corpo (1 Co 6.18). Portanto, o
pecado sexual é único na sua categoria.
Deus mesmo projetou o sexo. O sexo é uma ideia divina e, em seu plano,
Deus quer que ele aconteça num ambiente de aliança, quer que o casal se
sinta seguro. Quando isso acontece, o sexo é maximizado e abençoado.
Deus sabe que esse pecado tem uma consequência que nenhum outro
pecado tem. Se, por exemplo, eu colar duas folhas de papel uma na outra e
depois tentar separá-las, elas se rasgarão e pedaços de papel de uma vão
ficar colados na outra. Quando você comete imoralidade sexual com uma
pessoa, você carrega algo da outra pessoa consigo. Este é o único pecado do
qual a Bíblia nos manda fugir.
Foi exatamente isso o que fez José. A esposa de Potifar provavelmente era
muito bonita. Potifar era um homem muito rico, então ele certamente tinha
uma mulher muito bonita. Ela era uma tentação, senão José não teria
fugido. Ele fugiu exatamente porque era a única coisa sensata a fazer (Gn
39.7-12).
Nunca pense que você pode lidar com a tentação sexual. Fuja desse pecado.
Não confie em sua própria carne. Muitos dizem: “Eu sei que esse site tem
alguns elementos sensuais, mas eu posso lidar com isso”. A verdade, porém,
é que a tentação o levará a gastar mais tempo ali do que precisa e, no fim,
você pagará um preço por isso. Não existe prazer sem um preço, e o preço é
sempre alto demais.
Não confie em sua carne. A atitude mais espiritual que alguém pode ter é
não confiar em si mesmo. Quando fugimos daquilo que dá ocasião ao
pecado, nós estamos seguros. Muitos homens perderam a sua posição,
excelência e dignidade por causa de um momento fugaz de prazer da carne.
Essa porção dobrada teria sido de Rúben, em vez disso, ela foi dada a José.
O sumo sacerdote de Israel era para ser o sumo sacerdote de Rúben, mas
tornou-se o sumo sacerdote da tribo de Levi. Que grande perda! Eu acho
que Rúben nunca percebeu realmente a gravidade daquele momento. Tudo
o que ele pensou foi que ninguém saberia do seu ato, mas o seu pai ficou
sabendo. Quando chegou a hora da bênção, o pai lhe disse: “Todas essas
três coisas são tiradas de você e dadas a outras pessoas”.
Acho que uma das coisas mais tristes da vida é quando você vê alguém
ocupando o lugar que deveria ser seu. Não pense nem por um momento
que, se você desprezar a sua posição, o seu papel na igreja ou na liderança,
Deus dirá: “Oh, eu não tenho mais ninguém para essa posição!” Você pode
ter certeza de que Deus levantará alguém para tomar o seu lugar. Quando
Saul, o primeiro rei de Israel, pecou contra Deus, o trono não ficou vazio.
Deus levantou um menino pastor segundo o seu coração que tomou o lugar
do rei Saul. Acredite em mim, Deus não tem falta de pessoas. Sempre
haverá alguém para ser levantado. Não há ninguém insubstituível.
Se você não acredita que a sua posição pode ser assumida por outro, deixe-
me mostrar o que aconteceu com Judas Iscariotes quando traiu Jesus. Veja o
que Pedro diz sobre ele em Atos.
Porque ele era contado entre nós e teve parte neste ministério. (Ora, este homem adquiriu um campo
com o preço da iniquidade; e, precipitando-se, rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se
derramaram; e isto chegou ao conhecimento de todos os habitantes de Jerusalém, de maneira que em
sua própria língua esse campo era chamado Aceldama, isto é, Campo de Sangue.) Porque está escrito
no Livro dos Salmos: Fique deserta a sua morada; e não haja quem nela habite; e: Tome outro o seu
encargo. (At 1.17-20)
Pedro diz que está escrito no livro de Salmos a respeito de Judas: “Que a
sua morada seja desolada, e ninguém viva nela, e que outro assuma o seu
cargo” (Sl 109.8).
Foi o que aconteceu com Rúben, ele não valorizou a sua posição. Se não
valorizamos o que temos, Deus pode fazer com que outra pessoa tome o
nosso lugar. Deus é bom! Ele nos dá o privilégio de cumprir essa missão,
mas se com as nossas atitudes demonstramos que não queremos essa
posição, Ele certamente a dará a outro.
Quanto a mim e minha casa, quero cumprir tudo o que Deus tem para nós.
E quanto a você? Valorize a posição que Deus tem lhe dado.
Não durma com o medo
Gostaria de olhar mais profundamente essa relação de Rúben com Bila.
Creio que há aqui algo mais significante do que o pecado sexual.
Enquanto olha para Jesus, você está em uma posição alta, acima do medo.
Não vá para a cama com o medo. Ele traz consigo uma série de coisas,
como terror, pânico, angústia e estresse. Rúben abdicou de sua posição de
ver o Filho e foi para a cama com o medo.
Naqueles dias, a noite era dividida em quatro vigílias. A partir das dezoito
até as vinte e uma horas, era a primeira vigília. De vinte e uma horas até a
meia-noite, era a segunda vigília. Da meia-noite às três da manhã, era a
terceira vigília. E, das três às seis, era a quarta vigília. A quarta vigília é o
horário mais escuro. Na hora mais sombria da vida dos discípulos, Jesus
não os deixou sozinhos, mas foi até eles andando sobre o mar.
Pedro está com os seus olhos fitos em Jesus, é Rúben, está olhando para o
Filho. Enquanto ele está com os olhos em Cristo, tudo vai bem. Ao olhar
para Jesus, ele se tornou como Jesus. O Senhor estava acima da tempestade,
agora ele também está acima da tempestade. Ele está desfrutando da bênção
do primogênito olhando para o primogênito.
Tudo parecia ir bem até o momento em que Pedro tirou os olhos do Senhor
e passou a reparar na força do vento. Nesse momento, ele teve medo. Rúben
parou de olhar para Jesus e foi para a cama com o medo. Ele começou a
olhar para os sintomas da doença, para a crise financeira, para o
desemprego, para os problemas ao redor do mundo, em vez de olhar para o
Senhor Jesus.
Pedro abdicou de sua alta posição. Ele voltou a confiar em seu próprio
raciocínio, e isso sempre traz de volta o medo. Ele ficou com medo de
afundar por causa do vento. Mas o que isso tem a ver com caminhar sobre
as águas? Se o vento não estivesse agitado e o mar estivesse perfeitamente
calmo, sem nem uma onda, ainda assim ele não poderia andar sobre as
águas. O vento não tem nada a ver com isso. Então, o seu raciocínio
também havia sido corrompido pelo medo.
Enquanto Pedro está olhando para o Senhor, ele é capacitado para agir no
sobrenatural, ele está habilitado a viver a vida elevada de Jesus, a vida
acima das tempestades. Todavia, quando ele tirou os olhos do Senhor e
passou a reparar na força do vento, então começou a afundar. Ele estava
com medo, e o medo o leva a naufragar. Por um instante, Pedro pensou que
o vento era maior do que Jesus.
2º Dia
odos nós passamos por estações e tempos em nossa vida. Existem estações
especiais de visitação do Senhor. É verdade que Ele está sempre conosco e
nunca nos deixa. Também é verdade que somos a sua habitação, mas
precisamos admitir que há estações
em que sentimos mais o seu fluir. Nessas ocasiões, é fácil orar e receber
revelação na Palavra, os frutos brotam em abundância e temos grande
disposição para servi-lo.
Há, todavia, outros momentos que, queiramos ou não, fazem parte da nossa
vida. Todos nós, em algum momento, vamos passar por noites sombrias e
escuras. Enquanto estivermos aqui, estaremos sujeitos a isso, mas a
promessa do Senhor, em Apocalipse, é que chegará o dia em que não mais
haverá noite (Ap 22.5).
Entretanto, no capítulo 15, o Senhor vem ter com Abraão e lhe diz: “Não
temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo
grande”(Gn 15.1). Há duas coisas nas quais precisamos atentar aqui. A
primeira é que Abraão estava com medo. O Senhor só lhe diz: “Não tenha
medo” quando você está sentindo medo.
Mas por que Abraão estaria com medo depois de uma vitória tão grande?
Ele havia derrotado quatro reis. Abraão talvez estivesse pensando que esses
generais estariam se organizando para contra-atacá-lo. É nesse momento
que o Senhor lhe aparece numa visão. A visão era de um escudo. Não um
escudo do tipo do Capitão América, mas um escudo que protegia todo o
corpo. Abraão certamente estava angustiado, sem conseguir dormir, mas o
Senhor lhe dá uma visão de um escudo guardando-o. Hoje, nós somos
filhos de Abraão e podemos desfrutar da mesma promessa de proteção. À
noite, quando você estiver sob ataque sem conseguir dormir e sentindo-se
amedrontado, saiba que o Senhor é um escudo para protegê-lo. Receba um
cântico durante a noite. Jó diz que o Senhor nos dá cânticos de vitória
durante a noite (Jó 35.10).
Mais adiante, o Senhor conduz Abraão para o lado de fora a fim de que ele
conte as estrelas. Nesse momento, ficamos sabendo que era noite. Os
nossos maiores desafios são durante a noite. As noites costumam ser
severas, sofremos com insônia, é o momento em que sentimos mais
depressão e medo. Quando estamos doentes, é o momento em que a febre e
a dor parecem mais lancinantes.
E a Palavra do Senhor declara que Abraão creu em Deus e isso lhe foi
imputado para justiça (Gn 15.6). No meio da noite, cercado por
pensamentos de angústia e medo, Abraão creu na palavra do Senhor. Ele foi
justificado pela fé durante a noite. Foi num momento sombrio de uma noite
escura que ele creu no Senhor e por isso foi justificado.
Você conhece a história, Daniel tinha grande favor da parte do rei Dario.
Ele se destacava entre todos os oficiais do rei, que pensava em estabelecê-lo
como primeiro-ministro sobre todo o império. Isso despertou o ciúme e a
inveja dos outros oficiais, os quais passaram a tramar contra Daniel.
Entretanto, por mais que tentassem, não achavam falha nele, pois era
irrepreensível em todas as coisas do reino.
Aqueles homens, então, perceberam que a única maneira de acusar Daniel
seria por meio de sua devoção a Deus. Assim, observaram que ele, de
joelhos, orava diariamente três vezes ao dia no quarto de cima de sua casa
com as janelas abertas.
Daniel foi lançado na cova e esteve ali durante toda a noite. Foi a noite
escura da provação, mas, no fim, o Senhor o livrou. E por que Daniel foi
livrado no meio da noite? Assim como Abraão, ele venceu na noite escura
unicamente porque creu no Senhor.
Então, o rei se alegrou sobremaneira e mandou tirar a Daniel da cova; assim, foi tirado Daniel da
cova, e nenhum dano se achou nele, porque crera no seu Deus. (Dn 6.23)
O Senhor diz que uma vida vivida assim é inútil. Esta não é a vida que Ele
planejou para nós. Precisamos descansar a nossa alma e dormir o descanso
do Senhor. A promessa do Pai é que, aos seus amados, Ele o dá enquanto
dormem.
Seu pai era Davi, cujo nome tem a mesma raiz no hebraico e significa
“amado”. É necessário um Davi, que quer dizer “amado”, para derrubar e
vencer Golias. Mas também é necessário um Jedidias, amado do Senhor,
para edificar a casa de Deus. Você precisa saber que é amado para vencer o
inimigo e edificar a casa de Deus.
A Palavra de Deus diz que Jesus subiu ao monte para orar e, lá de cima, viu
os seus discípulos lutando contra as ondas do mar, porque o vento era
contrário. O Senhor, então, foi andando sobre o mar para encontrá-los. E o
Espírito Santo declara que era a quarta vigília da noite.
Eles ficaram muito assustados, e você também pode ficar assombrado com
a forma como o Senhor lhe dará a vitória. Não será de uma maneira
habitual, mas será imprevisível e inexplicável. E, para que você sinta
segurança, Ele lhe dirá o mesmo que disse aos seus discípulos: “Sou eu”.
Essa afirmação certamente lhe soa familiar, pois é o nome de Deus revelado
a Moisés: “Eu Sou”. Nos seus dias mais sombrios, ouça a palavra do
Senhor: “Não tenha medo”.
Talvez você tenha recebido um diagnóstico ruim dos médicos e agora nem
mesmo consegue dormir à noite. Creia no Senhor. Descanse e durma, pois,
enquanto você estiver dormindo, Ele lhe dará a vitória. Talvez as suas noites
se tornaram como a de Daniel deitado com leões, mas o Senhor está com
você. Não tema.
Faria mais sentido se Deus começasse o dia quando o sol surgisse, às seis
ou sete horas da manhã, quando o amanhecer nascesse. Quando o sol nasce,
podemos ver que as coisas mudaram, os pássaros cantam, o sol se levanta, e
temos toda a evidência de que entramos em um novo dia, mas Deus
escolheu começar o dia no escuro. Isso é simbólico para mostrar como Ele
faz as coisas em nossa vida: Ele nos dá uma promessa, diz que entramos em
um novo dia, num novo tempo. Nada, porém, parece diferente, ainda está
escuro lá fora, mas a verdade é que um novo dia já começou.
O meu negócio ainda não cresceu, a minha saúde não melhorou, a minha
vida não mudou, mas é exatamente isso que é a fé. Ainda está escuro lá
fora, parece que nada mudou, mas o sol está subindo, a cura está no
horizonte, a promoção, a liberdade. É apenas uma questão de tempo antes
que você veja a luz surgir.
Não fique desanimado por causa do escuro. A escuridão não significa que
um novo dia não começou. Ela não é um sinal de que Deus não ouviu sua
oração. Você precisa andar por fé, e não por vista.
No dia em que eu te invocar, baterão em retirada os meus inimigos; bem sei isto: que Deus é por
mim. (Sl 56.9)
A vitória começa no escuro. Somos tentados a pensar que Deus não está nos
ouvindo, mas o fato é: a luz está a caminho. Deus está dizendo que você já
entrou em um novo dia, já passou da meia-noite. Você ainda não pode ver,
mas a vitória está a caminho.
Quem pode impedir o sol de nascer todas as manhãs? Quem pode impedir a
luz de irromper no horizonte? Todas as forças das trevas não podem impedir
o que Deus ordenou para você. Elas não podem impedir que o que Ele
prometeu aconteça. O novo dia começa antes do nascer do sol.
3º Dia
Prisioneiros da esperança
A
palavra “esperança” no grego é elpis. Significa uma firme convicção, uma
expectativa confiante de que coisas boas estão vindo da parte de Deus. A
palavra “esperança” em hebraico é tiqvah. É interessante que a palavra é a
mesma para “corda”. Isso mostra que
Prisioneiros da esperança
Quanto a ti, Sião, por causa do sangue da tua aliança, tirei os teus cativos da cova em que não havia
água. Voltai à fortaleza, ó presos de esperança; também, hoje, vos anuncio que tudo vos restituirei em
dobro. (Zc 9.11-12)
Romanos 6 diz que todos nós nascemos escravos do pecado, porque todos
nós recebemos a natureza de Adão. Não importava o que fizéssemos de
bom, ainda assim éramos escravos do pecado. Entretanto, depois que
nascemos de novo, fomos feitos servos da justiça. Em outras palavras, não
importa o que você faça, ainda assim será justo aos olhos de Deus.
A porta da esperança
Há uma história muito triste que aconteceu com um homem chamado Acã.
Quando o povo de Israel conquistou Jericó, Acã pegou as coisas
consagradas a Deus e por isso foi apedrejado em um vale chamado vale de
Acã, ou Acor, em hebraico. Todavia, muitos anos depois, Deus prometeu
que, no vale de Acor, haveria uma porta de esperança.
E lhe darei, dali, as suas vinhas e o vale de Acor por porta de esperança; será ela obsequiosa como
nos dias da sua mocidade e como no dia em que subiu da terra do Egito. (Os 2.15)
Abra a porta esperando o melhor. Abra a porta por causa do seu Deus,
porque você está ligado a Ele com cordas de esperança. Não permita que
pensamentos pessimistas sobre a situação e as circunstâncias o desanimem.
Não dê ouvidos aos pessimistas de plantão.
Todavia, quando Adão pecou, Deus lhe disse três coisas. Primeiro: “Maldita
é a terra por tua causa”. A terra está amaldiçoada. A segunda coisa é que “a
terra produzirá cardos e espinhos”. Antes, não havia espinhos, mas agora os
espinhos brotam, e é por isso que Jesus usou uma coroa de espinhos. Ele
levou toda maldição.
Toda vez que você tem um pensamento que o machuca, que o faz agonizar,
toda vez que você tem uma dor, sente um medo, tem um pensamento
assustador que o deixa em pânico no meio da noite, são aqueles espinhos
que estão ferindo a sua mente. Este é o momento de você lembrar que Jesus
carregou a sua coroa de espinhos para que você não precisasse mais sofrer
essa agonia. E a terceira coisa que Deus disse foi: “A partir de agora, pelo
suor do seu rosto, você comerá o seu pão. A sua subsistência não será mais
fácil”.
Agora, descobrimos que Jesus suou no jardim até o seu suor se tornar como
gotas de sangue. É uma condição que os médicos chamam de
hematohidrose e significa que, sob pressão extrema, em algumas pessoas,
os capilares, especialmente em torno da testa, se rompem e o sangue sai
misturado com o suor.
O fio de esperança
A primeira menção de algo na Palavra de Deus é sempre significativa. E a
primeira ocorrência da palavra “esperança”, ou tiqvah, em hebraico, é na
história de uma prostituta. O nome dela era Raabe, e ela vivia em Jericó.
Esta foi a primeira cidade que Josué e os seus homens conquistaram depois
de atravessarem o rio Jordão. A Escritura diz que Deus partiu as águas do
rio Jordão de maneira que as que vinham de cima se amontoaram como
uma coluna, como um monte de água, que se ergueu até a cidade de Adão
(Js 3.16). Esta é uma imagem de Deus vencendo a morte, toda a morte que
veio como resultado da queda desde Adão. Depois que atravessaram o rio
Jordão, a primeira cidade que tiveram de conquistar foi Jericó.
A Palavra de Deus diz que as muralhas da cidade eram tão largas que até
construíram casas nelas e carruagens passavam sobre elas. Toda a terra
pertence ao Senhor, e agora Ele estava dando aquela terra ao seu povo. Os
habitantes de Jericó eram invasores que se recusaram a sair. E, morando
num apartamento dentro das muralhas, vivia uma prostituta chamada
Raabe.
A primeira coisa que Raabe lhes disse foi: “Soubemos que o SENHOR
secou o Mar Vermelho diante de vocês quando saíram do Egito” (Js 2.10).
Isso havia acontecido há quarenta anos. Assim, provavelmente ela ouviu
essa história de alguém que lhe contou, talvez sua avó ou sua mãe. É como
se ela estivesse dizendo. “Por que vocês demoraram tanto?” O seu coração
estava inclinado para o Deus de Israel.
Raabe sabia que Deus daria a Israel aquela terra e que Ele estava do lado de
Israel, e não do seu povo, por isso lhes disse: “Jurem, em nome do Senhor,
e prometam que vão ser bons para a minha família, porque eu também tratei
vocês com bondade. Salvem o meu pai, a minha mãe, os meus irmãos, as
minhas irmãs e a família deles. Não deixem que nos matem”.
Os espias responderam a Raabe, e esta é a primeira menção de tiqvah na
Bíblia.
Disseram-lhe os homens: Desobrigados seremos deste teu juramento que nos fizeste jurar, se, vindo
nós à terra, não atares este cordão de fio de escarlata à janela por onde nos fizeste descer; e se não
recolheres em casa contigo teu pai, e tua mãe, e teus irmãos, e a toda a família de teu pai. (Js 2.17-18)
Ela, pois, os fez descer por uma corda pela janela que dava na muralha. E
qual era a cor da corda? Escarlate. O que é escarlate? Vermelho. É uma
figura do sangue de Jesus. A palavra “corda” é tiqvah, que significa
“esperança”. Em hebraico, as palavras “corda” e “esperança” são a mesma.
Se você está numa cova onde há muita escuridão e, de repente, sente algo
cair sobre você, e é uma corda, você tem esperança. Essa corda lhe dá
esperança, porque a cor da corda é vermelha. E vermelho é uma figura do
sangue de Jesus.
Quando os espias partem, Raabe deixa a corda vermelha na sua janela para
que o povo poupe a sua casa. Os espias lhe disseram: “Certifique
-se de trazer o seu pai e a sua mãe”. Isso nos fala de evangelismo.
Eu imagino que ela tenha olhado pela janela durante anos esperando o dia
em que Israel iria chegar. Ela tinha uma expectativa assustadora do mal em
seu futuro. Era o oposto da esperança. Da sua janela, ela agora via Israel
com suas doze tribos e a coluna de fogo no meio deles. Raabe sabia que
Deus estava sobre aquele tabernáculo. O Senhor estava com eles, e ela sabia
que estava do lado perdedor, o lado oposto da bênção. A sua janela era
como a tela de uma televisão, da qual ela podia ver a destruição chegando.
Eu acredito que um dos espias era Salmon. Você sabe por quê? Porque Judá
sempre assume a liderança. Sempre que há uma batalha, Judá vai primeiro.
Judá significa “louvor”, e o louvor sempre vai primeiro.
Talvez o anjo dissesse a ela: “Raabe, o seu futuro é brilhante. Você olha lá
fora e vê destruição, mas eu olho para lá e vejo a bisavó de Davi. E não é só
isso, você entrará na linhagem do Messias, o salvador do mundo. Não
apenas de Israel, mas o salvador do mundo”.
Você pode olhar por essa mesma janela. Há alguns dias, havia destruição,
mas agora há libertação. Dias atrás, estava sem futuro e cheio de
desesperança, mas agora o futuro nos surpreenderá com uma prostituta
tornando-se mãe de Israel.
Por mais sete dias, Raabe viu Israel marchar ao redor das muralhas de
Jericó. Eles não disseram nada, apenas carregavam a arca. A arca é Cristo.
Eles estavam apenas levantando Cristo. No sétimo dia, tocaram as
trombetas e gritaram, e os muros da cidade caíram. A casa dela ficava no
muro. Como isso foi possível? Isso não foi obra do homem, mas foi obra de
Deus, por causa do sangue.
Há uma parte do muro que não caiu, e nele havia uma janela. A casa dela
estava no muro e, quando os muros caíram, a sua casa não caiu. Ela e sua
família ficaram em segurança. Creia no Senhor Jesus Cristo e você estará
seguro e sua casa também. Talvez você olhe lá fora e não veja nada além de
desesperança, desamparo e coisas sombrias acontecendo, mas hoje Deus vai
transformá-lo em um prisioneiro da esperança, um prisioneiro de tiqvah.
Quando Raabe ouviu a trombeta tocando pela sétima vez, para os outros,
era sinal de juízo e destruição, mas, para ela, foi o som do Jubileu, o som da
libertação.
4º Dia
o Salmo 23, Davi começa falando de como o Senhor o conduz: “Ele me faz
repousar em pastos verdejantes. Ele me leva para junto das águas de
descanso. Ele me guia pela vereda da
justiça”. De repente, ele muda a narração e diz: “Ainda que eu ande pelo
vale da sombra da morte”. Não foi o Senhor que o levou para ali, ele
mesmo foi. O Senhor certamente não conduz a ovelha para esse lugar, ela
chega ali por si só.
O vale da tribulação
E lhe darei, dali, as suas vinhas e o vale de Acor por porta de esperança; será ela obsequiosa como
nos dias da sua mocidade e como no dia em que subiu da terra do Egito. (Os 2.15)
Acor é uma referência a Acã, aquele que tomou das coisas consagradas ao
Senhor quando o povo conquistou Jericó. Significa inquietação, perturbação
ou distúrbio.
Quando estiver passando pelo vale, procure pela porta da esperança. Você
abre a porta quando espera pelo melhor de Deus. Ignore os destruidores de
sonhos, os demolidores da fé, os que só falam de derrota. Não tenha medo,
apenas creia.
Você se lembra do que disseram a Jairo? “Não incomode mais o Mestre, a
sua filha está morta, a situação está acabada, o seu negócio está quebrado, o
seu casamento está terminado, nada mais pode ser feito”. Ouça o que o
Senhor lhe disse: “Não temas, crê somente” (Mc 5.36). Entre na porta da
esperança, o seu casamento será restaurado, o seu negócio será salvo, a
situação vai mudar completamente. O seu futuro é brilhante. Não temas,
creia somente!
A Palavra do Senhor diz que Ben-Hadade, rei da Síria, juntou outros 32 reis
com ele e veio pelejar contra Israel. Ele é um tipo do diabo e ilustra o que o
diabo faz quando vem contra nós.
Ben-Hadade, rei da Síria, ajuntou todo o seu exército; havia com ele trinta e dois reis, e cavalos, e
carros. Subiu, cercou a Samaria e pelejou contra ela. Enviou mensageiros à cidade, a Acabe, rei de
Israel, que lhe disseram: Assim diz Ben-Hadade: A tua prata e o teu ouro são meus; tuas mulheres e
os melhores de teus filhos são meus. (1 Rs 20.1-3)
Isso é exatamente o que o inimigo diz quando vem nos atacar: “A sua saúde
é minha, os seus filhos são meus, o seu cônjuge é meu, o seu dinheiro é
meu”. O que você faz diante disso?
Os jovens são os primeiros a sair contra o diabo. Sempre tenho dito que o
mover está com os jovens. Eles são sempre os primeiros a receber as coisas
de Deus. Precisamos que os jovens se posicionem hoje. Haverá despojo
nessa batalha.
Deus é o Deus dos improváveis. Ele usa um garoto para derrotar o gigante
Golias; uma queixada de jumento para matar mil por meio de Sansão;
trezentos vasos de barro com uma luz dentro para derrotar milhares. Deus
usa o fraco para confundir o poderoso.
Esses 232 jovens liderando a batalha junto com 7 mil soldados derrotaram
um exército de muitos milhares.
O que isso significa? O inimigo está dizendo que, quando estamos passando
por um vale em nossa vida, Deus nos deixa sozinhos. Diz que Ele somente
pode nos ajudar quando a nossa vida é correta, santa e sem pecado, que o
Senhor não nos ajuda quando estamos sujos, quando agimos errado e
bagunçamos tudo lá embaixo no vale. Ele diz que o problema que estamos
enfrentando é algo que nós mesmos produzimos, portanto Deus não fará
nada sobre isso. Primeiro, precisamos sair do vale e subir a montanha, pois
somente ali Deus nos ajudará.
Esta é a maneira como o mundo vê Deus e infelizmente é a maneira
também como muitos pastores ensinam.
O diabo entende a justiça de Deus, mas não entende a sua graça e nem o seu
amor. A afirmação dele é que Deus somente o ama quando você se
comporta bem. O que o diabo está dizendo é que Deus é o Deus das
montanhas, mas não é Deus dos vales. Entretanto, no meio dessa crise,
precisamos sustentar o testemunho de que o nosso Deus é também o Deus
do vale sombrio e até escuro.
O Senhor, então, envia o profeta novamente para dizer a Acabe que, dentro
de um ano, o inimigo voltaria (v. 22).
Decorrido um ano, Ben-Hadade passou revista aos siros e subiu a Afeca para pelejar contra Israel.
Também aos filhos de Israel se passou revista, foram providos de víveres e marcharam contra eles.
Os filhos de Israel acamparam-se defronte deles, como dois pequenos rebanhos de cabras; mas os
siros enchiam a terra. Chegou um homem de Deus, e falou ao rei de Israel, e disse: Assim diz o
SENHOR: Porquanto os siros disseram: O SENHOR é deus dos montes e não dos vales, toda esta
grande multidão entregarei nas tuas mãos, e assim sabereis que eu sou o SENHOR. (1 Rs 20.26-28)
O Senhor disse que, só porque falaram que Ele não era o Deus dos vales,
Ele daria vitória ao povo de Israel. Deus apenas demonstrou a todas as
gerações que Ele se importa quando estamos no vale da sombra da morte.
Ele é Deus nas montanhas e nos vales também.
Em Mateus 5-7, o Senhor pregou o seu maior sermão num monte, por isso é
conhecido como o Sermão do Monte. Entretanto, logo em seguida, Ele
desce do monte e a primeira pessoa que encontra é um leproso. O Senhor
sempre desce no vale para purificar as pessoas da lepra do pecado.
Em Mateus 17, o Senhor foi transfigurado num monte. Ali Ele revelou toda
a sua glória. No entanto, assim que desce do monte, encontra lá em baixo,
no vale, um garoto endemoniado que ninguém podia libertar. Ele desce
sempre para libertar os cativos.
O vale do Rei
Após voltar Abrão de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele, saiu-lhe ao encontro o rei
de Sodoma no vale de Savé, que é o vale do Rei. Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho;
era sacerdote do Deus Altíssimo; abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus
Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus
adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo. (Gn 14.17-20)
Quando Abraão voltava da sua luta contra quatro reis, o rei de Sodoma saiu
ao seu encontro no vale de Savé. Esse vale ficava ao lado de Jerusalém e
depois ficou conhecido como vale de Cedrom. A palavra Cedrom significa
“escuro”. É o vale da sombra.
Muito tempo depois, num jardim que fica no pé do Monte das Oliveiras,
bem defronte desse vale, o Filho de Deus suou gotas de sangue sobre a
terra. O lugar se chamava Getsêmani, que significa “prensa do óleo”. Ali
Ele foi espremido e liberou óleo misturado com sangue.
Quando o Senhor suou sangue, ali também havia o seu próprio suor
misturado. Hoje, no vale do Rei, nós temos o pão e o vinho, mas agora
temos também o óleo. O Espírito foi liberado sobre nós.
Voltando para o Salmo 23, vemos que, logo depois de atravessar o vale da
sombra da morte, o Senhor prepara uma mesa para nós na presença dos
nossos adversários. Quando você estiver atravessando o vale, procure pela
mesa. Haverá uma mesa posta para você. Essa mesa é também a porta da
esperança. O seu futuro pode ser diferente. Deus vai mudar a sua história.
5º Dia
do jardim?” (Gn 3.1). Essa pergunta traz implícita a ideia de que Deus
estava deliberadamente negando algo ao homem. O inimigo passou a ideia
de que o homem estava perdendo algo que Deus não queria lhe dar. Ainda
hoje, as pessoas são enganadas com o pensamento de que Deus está nos
privando de algo bom.
Entretanto, o que Deus havia dito é que o homem podia comer de toda
árvore do jardim livremente (Gn 2.16). O homem não somente podia comer
do que quisesse, mas podia comer o quanto quisesse livremente,
graciosamente. A primeira palavra de Deus ao homem não foi uma
proibição. Depois, o Senhor disse que havia apenas uma árvore da qual o
homem não podia comer, mas o suprimento de Deus era superabundante,
excessivo, muito além da necessidade.
Deus é tão generoso, mas o diabo disse à mulher que Deus era mesquinho.
Tudo o que ele deseja é que as pessoas duvidem da bondade de Deus. Ele
está dizendo aos homens ainda hoje que Deus os está privando de desfrutar
a vida com muitos prazeres. Está sempre dizendo que precisamos brigar e
lutar pelos nossos direitos, porque Deus não o fará.
Se a sua vida sexual não está como você gostaria, não saia para procurar
outra mulher. Simplesmente peça ao Senhor. No livro de Salmos, vemos
Davi orando sobre uma porção de coisas, mas não o vemos orando sobre a
sua vida sexual e conjugal. Se ele tão somente tivesse orado, teria sido
poupado de muitas dores.
A oração nos coloca na graça. Você não encontrará a oração entre os Dez
Mandamentos da lei. O princípio geral dos Dez Mandamentos é a força do
homem para obedecer, mas oração é graça em ação. Quando reconhecemos
que não podemos fazer algo, então oramos.
Quantas vezes tenho visto pais frustrados porque já tentaram todo tipo de
estratégia para educar os filhos, mas nada parece funcionar. Este é o
momento em que a oração fará diferença. Deus conhece a estrutura do seu
filho, os seus anseios e temores. Ele pode mudar a situação de dentro para
fora.
Quando pedimos, estamos demonstrando dependência. A dependência
honra ao Senhor porque mostra que só Ele pode fazer. Só há graça
disponível quando há dependência.
Você não precisa roubar. Peça ao seu Pai e Ele lhe dará. Roubar é um ato de
quem não crê que o Pai possa supri-lo abundantemente.
Você não precisa procurar outra mulher, peça a Deus e Ele vai incendiar o
seu leito conjugal. O ato de adulterar significa que você não crê que Deus
possa supri-lo.
Você não precisa cobiçar nada do vizinho. O seu Pai pode lhe dar muito
mais, apenas ore, peça a Ele. Não duvide da sua bondade. Deus tem o
bastante para você e para o seu vizinho também.
Você não precisa mentir. A mentira vem por causa do medo, mas o seu Pai
ama você e nada poderá afastá-lo d’Ele. Você está numa posição segura.
Apenas peça.
Jesus disse que devemos pedir até receber (Mt 7.7-8). E Tiago diz que nada
temos porque não pedimos (Tg 4.2).
De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam
na vossa carne? Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer
guerras. Nada tendes, porque não pedis. (Tg 4.1-2)
Alguns pensam que, se forem bons, então Deus será bom com eles, mas a
verdade é que Deus não é bom conosco porque nós somos bons, Ele é bom
conosco porque Ele é bom. Quando somos maus, Ele permanece bom. E,
quando reconhecemos que Deus é bom conosco mesmo quando somos
maus, então a sua bondade nos transforma em pessoas boas. Porque é a
bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento (Rm 2.4).
Por ocasião da multiplicação de pães e peixes para cinco mil homens, sem
contar mulheres e crianças, a Palavra do Senhor nos mostra uma afirmação
muito interessante.
Então, Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os entre eles; e também igualmente os
peixes, quanto queriam. (Jo 6.11)
O Senhor lhes deu o quanto eles queriam. Isso vai contra o ensinamento
religioso de que Deus nos dá de acordo com a sua vontade. Na verdade, Ele
nos dá o quanto queremos. No momento em que eles disseram: “Estamos
cheios”, o suprimento cessou, mas ainda assim sobraram doze cestos
cheios. Não limite a sua bondade e graça. A religião limita Deus, mas o
Senhor é generoso.
Não coloque limites para a bondade de Deus. Quando você faz isso, é
porque alguma crença errada está tomando espaço em sua mente. “Essa
bênção é grande demais para mim.” “Para receber essa bênção, eu deveria
ser um gigante espiritual como o fulano.” Você percebe? Qualquer limite
que você coloca na bondade de Deus é uma mentira maligna. Infelizmente,
muitos têm limitado a bondade de Deus por causa de conceitos falsos.
Você quer uma grande bênção? Então, experimente aumentá-la de forma
exponencial. Você ainda crê que Deus é suficientemente bom para lhe dar
essa bênção? A ideia não é estimulá-lo a ter pedidos maiores, mas ajudá-lo
a não colocar limites na bondade de Deus.
A terra que receberiam era uma terra que fluía, manava leite e mel. Ela não
tinha leite e mel, mas fluía leite e mel. Isso é para dar uma ideia de
abundância. E o povo não deveria fazer coisa alguma para receber.
Quando os espias foram enviados para ver a terra, eles voltaram dizendo
que ela era realmente boa, mas dez deles disseram que era bom demais para
ser verdade. Não confiavam na bondade de Deus e nem em seu poder. Não
criam que Deus podia ser assim tão bom.
Diante disso, Josué e Calebe motivaram o povo, dizendo que Deus lhes
daria a terra, mas o povo queria apedrejá-los. Quanto mais você falar da
graça e da fé na bondade e no poder de Deus, mais as pessoas dirão que
você é um risco, e sua mensagem, muito perigosa. No fim, porém, somente
esses dois entraram na terra.
A lógica do céu
Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos
dará graciosamente com ele todas as coisas? (Rm 8.32)
A lógica de Deus é muito clara: se o Pai não negou a você o seu próprio
Filho amado, o que mais Ele poderia lhe negar agora?
Se o Pai nos deu o seu próprio Filho quando ninguém estava pedindo, por
que agora nos negaria qualquer bênção quando estamos pedindo?
Se o Pai não negou o seu Filho, que lhe custou tanto, por que nos negaria
agora bênçãos tão pequenas que não lhe custam nada?
Se o Pai nos deu o seu único Filho quando nós ainda éramos seus inimigos,
imagine o que Ele nos dará agora que fomos reconciliados e feitos seus
filhos! Somos amigos de Deus como Abraão.
6º Dia
Depois, o Senhor lhe diz: “Apressa-te, é urgente”. Esse é o único lugar nos
Evangelhos em que o nosso Senhor diz a alguém para se apressar. Quando
se trata da salvação, nós precisamos correr. Não espere nem mais um
minuto na escuridão. Não permaneça nem um segundo a mais sob o poder
de Satanás. A Bíblia diz que hoje é o dia da salvação. Agora é o tempo da
aceitação.
Na arca de Noé, havia apenas uma entrada, uma porta. Então, não importa
se é uma tartaruga ou uma girafa, todos devem se curvar para entrar na arca.
Todos nós entramos na salvação pela mesma porta, Jesus Cristo.
A próxima coisa que o Senhor diz é: “[...] me convém ficar hoje em tua
casa”. A palavra “convém” no original é dei, que significa “uma
necessidade ou um dever”. O que encontramos aqui é uma necessidade
divina. Deus mesmo diz que precisa fazer algo. A razão é por que havia ali
alguém que iria se tornar filho de Abraão.
Mas em que esse homem era diferente? Aqui é onde o grego nos ajuda. Se
você olhar cuidadosamente para o tempo verbal no grego, no versículo 3,
onde lemos que ele procurava ver Jesus, o verbo “procurar” está no tempo
imperfeito – indicando uma ção contínua no passado. Assim, Zaqueu havia
procurado e continuava procurando.
Isso quer dizer que, no passado, ele queria ver Jesus, ele tinha um coração
para ver Jesus. Em outras palavras, não era apenas um curioso que desejava
ver o Senhor, ele estava querendo ver Jesus porque o Espírito Santo estava
trabalhando em sua vida.
Quantos querem ver o Senhor Jesus? Ver novos aspectos d’Ele? Você sabia
que esse desejo de ver o Senhor é algo que Deus valoriza muito?
Frequentemente, as pessoas me perguntam como podem ver Jesus. Elas
sempre querem entender como isso pode ser feito de maneira prática.
O Senhor Jesus nos ensinou como vê-lo melhor. Isso aconteceu no caminho
de Emaús, depois que Ele ressuscitou dos mortos. Ele caminhava junto com
dois discípulos com o corpo ressurreto, mas eles não o reconheceram. Os
seus olhos estavam vendados, porque o Senhor queria que eles o
reconhecessem nas Escrituras (Lc 24.13-32).
O Senhor queria que eles vissem nas Escrituras as verdades a respeito d’Ele
mesmo. Eu creio que isso é graça de Deus. Se aqueles dois discípulos o
tivessem reconhecido ressurreto, nós hoje pensaríamos: “Isso foi só para
aqueles dias. Não temos chance de ver o Senhor”. Entretnto, como Ele fez
com que aqueles discípulos o vissem nas Escrituras, há terreno igual para
todos nós. Hoje, podemos ter o mesmo coração aquecido que tiveram
aqueles discípulos.
Essa palavra zeteo também é usada em Hebreus 11.6, que diz: “De fato, sem
fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se
aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o
buscam”.
O Senhor Jesus disse que todo homem que vir o Filho e crer será salvo.
Busque revelação de Cristo, porque tudo na vida cristã consiste em vê-lo.
Paulo nos dá uma explicação clara do que significa ser filho de Abraão em
Gálatas 3.
Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. (Gl 3.7)
A Bíblia diz que “aqueles que são da fé” são os filhos. Pelo contexto de
Gálatas, ficamos sabendo que essa fé está relacionada com a justificação.
Os da fé são os que creem na justiça como dom. É a justiça pela fé.
Assim, o contexto aqui não é cura pela fé ou batismo no Espírito Santo pela
fé, mas é justificação pela fé. A Bíblia diz que Deus pregou o evangelho a
Abraão de antemão sobre essa justificação pela fé, dizendo: “Em ti serão
abençoadas todas as nações”. Portanto, aqueles que são da fé, desta fé, “são
abençoados com o crente Abraão”. Não somos abençoados fazendo como
Abraão, nem trabalhando como Abraão, mas crendo como Abraão.
Não é por acaso que, no capítulo anterior, o Espírito Santo nos conta a
história do jovem rico. Esses dois homens formam um paralelo de dois tipos
de vida.
Toda vez que você se vangloriar na lei, ela sempre apontará para você e
dirá: “Uma coisa ainda está faltando”. Você não pode encontrar aprovação
diante de Deus por meio da lei, porque, quando se vangloria na lei, o
Senhor Jesus sempre dirá: “Uma coisa lhe falta”.
Aquele jovem era quase perfeito. Apenas uma coisa estava faltando. Isso
não era tão ruim, apenas uma coisa, e mesmo assim ele foi embora. Essa
única coisa era que Deus não estava em primeiro lugar, o dinheiro sim.
O Senhor lhe deu a lei para mostrar o que ela poderia fazer. Ele foi embora
sem dar nem um centavo. Todavia, no capítulo seguinte, o Senhor Jesus não
deu nenhuma lei. Ele apenas disse: “Zaqueu, desce. Esta noite devo ficar
em tua casa”. O que é isso? Graça. Zaqueu era conhecido como pecador na
cidade, talvez o principal coletor de impostos. Todos o desprezavam e, no
entanto, o Senhor disse que deveria ficar na casa dele. De todas as pessoas
da cidade, ele foi o escolhido. Não é por acaso que ele recebeu Jesus com
alegria.
E qual foi o resultado disso? No versículo 8, Zaqueu diz: “Senhor, resolvo
dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho
defraudado alguém, restituo quatro vezes mais”. Quando pregamos a graça,
as pessoas acabam cumprindo a lei; mas, quando pregamos a lei, elas nunca
chegam ao padrão de Deus. A verdade é que Zaqueu cumpriu a lei sem
perceber. Não sei se ele percebeu ou não, mas a graça de Jesus o tocou.
Êxodo 22.1 diz: “Se alguém furtar boi ou ovelha e o abater ou vender, por
um boi pagará cinco bois, e quatro ovelhas por uma ovelha”.
Eu creio que o coração de Zaqueu estava tão cheio da graça que ele
demonstrou isso com imensa generosidade.
Desce da figueira
Na Palavra de Deus, não existem detalhes insignificantes. O texto diz que
Zaqueu subiu numa árvore. Diz a Escritura que era um sicômoro, mas o que
muitos não sabem é que se trata de um tipo de figueira. Um sicômoro é uma
figueira. Tem raízes muito fortes, tronco grosso e geralmente os galhos
ficam bem baixos, é por isso que ele conseguiu escalar, provavelmente tinha
um tronco inclinado.
Por que ele escalou uma figueira? O que significa a figueira? Eu gosto
sempre de usar o princípio da primeira menção. Segundo esse princípio, a
primeira menção de qualquer assunto nas Escrituras nos dá uma chave para
o seu entendimento em toda a Bíblia. As folhas da figueira foram
mencionadas pela primeira vez quando Adão e Eva tentaram fazer cintas
para si (Gn 3.7). Elas simbolizam, portanto, a obra humana procurando ter
justiça própria diante de Deus. É um esforço humano para tentar cobrir o
pecado sem o sangue de Jesus. A figueira com folhas sem frutos foi
amaldiçoada por Jesus (Mc 11.12-14).
O Senhor fez muitos milagres, mas todos eles foram obras de graça e
misericórdia, apenas um foi um milagre de maldição. Isso certamente tem
uma grande importância para nós. Quando o Senhor amaldiçoou a figueira,
na verdade, Ele estava amaldiçoando a justiça própria, o tentar se justificar
pelas obras da lei.
A Bíblia diz que, quando o homem e a mulher ouviram a voz do Senhor no
Éden, eles se esconderam da presença de Deus. E como fizeram isso? Eles
se esconderam entre as árvores do jardim. Possivelmente, entre as figueiras,
pois dela haviam feito cintas.
Aagora, porém, quando Zaqueu ouve que o Senhor está passando, ele não
se esconde, mas se expõe. Ele sobe em cima da figueira. A Adão e sua
mulher Deus pergunta: “Onde vocês estão?” Mas a Zaqueu Ele diz: “Eu vou
para a sua casa hoje”.
Você deve se lembrar de que o nome Zaqueu significa “puro”. Quando você
se expõe ao Senhor, por causa da obra consumada na cruz, Ele o chamará
de “puro”.
Não se esconda do Senhor, antes suba na árvore. Deixe que Ele o veja.
Muito antes de você buscar por Ele, Ele já estava procurando você.
7º Dia
Aqueles discípulos estavam andando com Jesus, mas não perceberam que
era o Senhor quem ia ao lado deles. Eles estavam tristes, e Jesus lhes
pergunta o motivo da tristeza. A resposta deles é significativa: “Nós
esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel” (Lc 24.21). Eles
criam no Senhor, mas Cristo não era o ponto central, o ponto central era
Israel.
Muitos agem como aqueles discípulos. Eles dizem: “Estamos tristes porque
pensamos que Jesus faria o nosso filho passar no concurso. Pensamos que
Ele prosperaria a nossa família”. A verdade é que Jesus não é o centro, nós
queremos usá-lo para alcançar o que realmente pensamos que é o centro.
O Senhor é tão amoroso e tão bondoso que Ele tem prazer em dar tudo o
que desejamos. Não importa a nossa necessidade, Ele diz: “Pode pegar o
que você quiser”. Há abundância de bênçãos para nós. Entretanto,
precisamos chegar ao nível de maturidade em que o ponto central não seja
mais a bênção, mas o próprio Senhor Jesus.
Davi era alguém em quem o Senhor tinha prazer. Em Atos 13.22, Paulo diz
que Davi era um homem segundo o coração de Deus. Costumamos pensar
que ele era um homem segundo o coração de Deus porque era rápido para
se arrepender quando pecava, mas há muitos outros que também eram
prontos para se arrepender e não foram chamados de homens segundo o
coração de Deus. Alguns dizem que ele era um adorador, por isso tinha uma
posição especial, mas há muitos outros adoradores nas Escrituras.
O que havia de especial em Davi? Na verdade, ele nem era rei ainda quando
Deus se referiu a ele como homem segundo o seu coração.
Já agora não subsistirá o teu reino. O SENHOR buscou para si um homem que lhe agrada e já lhe
ordenou que seja príncipe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o SENHOR te ordenou.
(1 Sm 13.14)
Certamente, todos os filhos de Deus estão debaixo do seu favor, são amados
e desfrutam da bênção do Pai, mas há aqueles que lhe dão prazer. Davi era
alguém em quem Deus tinha prazer, ele era segundo o seu coração.
O SENHOR, Deus de Israel, me escolheu de toda a casa de meu pai, para que eternamente fosse eu
rei sobre Israel; porque a Judá escolheu por príncipe e a casa de meu pai, na casa de Judá; e entre os
filhos de meu pai se agradou de mim, para me fazer rei sobre todo o Israel. (1 Cr 28.4)
Por que Deus tinha prazer em Davi? Simplesmente porque ele fez da
presença de Deus o centro da sua vida. Sua maior preocupação era a Arca
da Aliança.
Ninguém havia se importado com a Arca antes de Davi. Saul foi levantado
como rei, mas nunca ligou para a arca. Ele nunca buscou um lugar para a
presença de Deus. Ele buscou algo para si mesmo, mas nunca procurou um
lugar para o Senhor. A razão por que o Senhor se agradava de Davi é
porque ele fez dos objetivos de Deus os seus objetivos; o pensamento de
Deus era o seu pensamento central. E o pensamento de Deus é somente a
respeito de Cristo, pois a Arca é Ele mesmo.
O Senhor poderia ter simplesmente dito aos discípulos: “Olhem! Sou eu!”
Todavia, em vez disso, Ele passou a mostrar nas Escrituras tudo o que
estava escrito a seu respeito. Isso aconteceu para nos mostrar que a maneira
como conhecemos o Senhor hoje na Nova Aliança é pela revelação da
Palavra de Deus.
Paulo diz que hoje não mais conhecemos Jesus segundo a carne, ou seja,
pelos nossos sentidos naturais, mas nós o conhecemos pelo Espírito.
Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos
Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. (2 Co 5.16)
Precisamos entender que todo o Velho Testamento fala de Cristo, por meio
de símbolos e analogias. Cristo é a chave para entendermos o Velho
Testamento. Lamentavelmente, muitos leem vendo apenas a lei. Se, porém,
vermos a lei sem enxergarmos Cristo, não desfrutaremos de vida.
8º Dia
Quando o Senhor diz: “Eu Sou”, está abrangendo todos esses significados e
muito mais. Não significa que o Senhor nos dá coisas como provisão, cura
ou paz, mas significa que Ele mesmo é a nossa provisão, paz, cura,
santificação e tudo de que precisarmos.
Tudo isso é muito bom e muito importante, mas o Senhor disse que veio
nos revelar o nome de Deus. E o nome que Ele nos revelou foi Pai.
Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm
guardado a tua palavra. (Jo 17.6)
Qual foi o nome que o Senhor revelou? Elohim, o Deus Criador, já havia
sido revelado em Gênesis. Obviamente não foi El Shaday, porque este foi
revelado a Abraão, e nem Jeovah, pois este é o nome que todo judeu
conhecia. Qual, pois, foi o nome? Certamente foi Pai.
Seu pai pode ser um juiz, um médico ou um grande líder político, mas, para
você, ele sempre será o seu pai. O nosso Deus é realmente tudo o que foi
revelado no Velho Testamento, mas, para nós, Ele é o nosso Paizinho.
Aba, Pai
Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas
recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. (Rm 8.15)
A menos que você seja capaz de chamar a Deus de Paizinho, você ainda
está debaixo do espírito de escravidão e do medo. A expressão “outra vez”
se refere à lei do Velho Testamento. Naquele tempo, as pessoas se
relacionavam com Deus debaixo do medo próprio de um escravo. Hoje,
porém, podemos clamar pelo Paizinho – Aba, Pai.
Minha filha, quando era pequena, não precisava saber como falar comigo
ou conhecer a minha vontade. Tudo o que ela tinha de fazer era gritar por
papai no meio da noite. Ela não precisava clamar: “Ó aquele que habita no
quarto ao lado, venha ajudar-me!” Não. Bastava apenas gritar por papai.
Muitas vezes, quando minhas filhas eram pequenas, eu chegava à minha
casa cansando e elas vinham me mostrar tudo o que haviam feito durante o
dia. Nem sempre elas tinham a minha completa atenção; mas, quando saíam
para o jardim e, de repente, gritavam: “Papai!”, imediatamente eu saía
correndo para ver o que havia acontecido.
Nessa parábola, o pai divide a herança com os seus dois filhos (Lc 5.12). O
fato de o filho mais novo pedir a herança com o pai ainda vivo é uma forma
de desejar a sua morte. Mesmo assim, o pai graciosamente dividiu com eles
a herança.
Na cultura judaica, o filho mais velho tinha direito a 66% da herança, uma
porção dobrada em relação ao irmão mais novo. Mesmo tendo uma herança
tão grande, o filho mais velho nunca desfrutou dela.
O mais novo saiu pelo mundo e gastou todo o seu dinheiro em orgias e
bebedices. Quando não tinha mais dinheiro, os seus amigos o abandonaram
e ele se tornou um cuidador de porcos, a profissão mais indigna para um
judeu. Num dia, ele caiu em si e disse:
Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e
irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser
chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se, foi para seu pai. (Lc
15.17-20)
Em nenhum momento, ele se importou por ter partido o coração do seu pai.
Em hora alguma, ele se preocupou com o pai, apenas consigo mesmo. Ele
voltou porque tinha fome. A barriga o levou de volta para casa. Entretanto,
mesmo assim o pai ansiava pelo filho perdido. E, nesse momento, temos o
retrato do nosso Pai. O mundo está clamando pelo amor do nosso Pai.
Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.
E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.
O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no
dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo
-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a
regozijar-se. (Lc 15.20-21)
Conta-se que Alexandre, o Grande, certa vez foi abordado por um mendigo
pedindo esmolas. Imediatamente, ele lhe atirou duas moedas de ouro. O seu
escudeiro, vendo aquilo, lhe questionou: “Por que dar duas moedas de ouro
se duas moedas comuns satisfariam a necessidade do mendigo?” Alexandre,
então, respondeu: “Duas moedas comuns são apropriadas para a
necessidade do mendigo, mas duas moedas de ouro são apropriadas para a
grandeza de Alexandre”.
Deus não prometeu nos suprir de acordo com a nossa necessidade, mas de
acordo com a sua riqueza em glória (Fp 4.19). Deus não nos perdoa de
acordo com os limites do nosso arrependimento ou confissão, mas de
acordo com a riqueza de sua graça (Ef 1.7).
O pai se compadeceu
Jesus disse que, quando o pai avistou o filho, compadecido dele, correu, o
abraçou e beijou (Lc 15.20). A primeira coisa que o Senhor diz é que o pai
se compadeceu.
O pai estava sempre olhando no horizonte esperando pelo filho. Naquele
tempo, mesmo as pessoas ricas viviam juntas nos vilarejos por uma questão
de segurança. Assim, todo o vilarejo sempre via o pai com os olhos fixos no
horizonte esperando pelo filho. Eles certamente se compadeciam do
homem, mas amaldiçoavam o filho ingrato.
Essa parábola deveria ser chamada de a Parábola do Pai Pródigo, pois ele
não se importou com os seus bens, mas estava disposto a dar tudo
novamente ao seu filho, mesmo que ele nada merecesse. Nosso Pai é
extravagante em sua generosidade.
O pai correu
A segunda coisa que o pai fez foi correr. No grego, existe mais de uma
palavra para “correr”. Uma palavra fala da corrida lenta e constante,
enquanto a outra fala de uma largada explosiva. Qual das duas você acha
que Jesus usou aqui? Foi uma explosão em direção ao filho. Ele correu no
ritmo do seu próprio coração cheio de amor.
O pai viu o filho vindo ainda longe e correu em sua direção. Naqueles dias,
pessoas idosas não corriam, pois era considerado indigno, mas o pai ergueu
a sua roupa e correu em direção ao filho. Ele abriu mão da sua glória como
pai. Este é o único lugar na Bíblia em que se diz que Deus correu. Quando
fazemos menção de nos voltarmos para Ele, o Pai imediatamente corre em
nossa direção.
Nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992, na competição dos quatrocentos
metros rasos, um atleta estava correndo e subitamente caiu, mas ele
continuou tentando alcançar a linha de chegada mesmo mancando e com
muita dor. Imediatamente, um homem saltou da arquibancada e correu em
sua direção. Os seguranças tentaram segurá-lo, mas ele se desvencilhou
deles, colocou o braço do jovem sobre os seus ombros e o levou até a linha
de chegada. Aquele homem era o seu pai. Vendo isso, a arquibancada
esqueceu do vencedor da corrida e explodiu num aplauso grandioso. Foi o
maior aplauso naqueles jogos. Há poder quando o pai sustenta o seu filho.
O pai o abraçou
A terceira coisa que o pai fez foi abraçar o seu filho. É preciso lembrar que
ele ainda estava fedendo a porcos, mas isso não o impediu de envolvê-lo.
Essa história é bem triste, mas ela mostra a necessidade que o homem tem
do abraço do Pai. Esta não é apenas uma necessidade natural, mas
espiritual.
Um pastor conta que sua filha entrou num estado grave de bulimia e
anorexia na adolescência. Ela estava morrendo de desnutrição. Num dia, ele
orou a Deus desesperadamente por sua filha e então sentiu um forte impulso
para abraçá-la. Ela se debateu no começo, mas ele a abraçou com força.
Depois de alguns minutos, ela começou a chorar convulsivamente e ele
apenas repetia que a amava. Ela chorou por horas, mas, depois disso,
passou a comer e foi totalmente curada.
O pai o beijou
Isso, porém, não é tudo. O texto diz que o pai também o beijou. O
interessante é que a palavra grega usada aqui não significa um simples
beijo, mas beijar muitas vezes, repetidamente, de forma terna e afetuosa.
Lembre-se de que o garoto ainda cheirava a chiqueiro de porcos, mas isso
não impediu o pai de beijá-lo muitas vezes. Esse é o nosso Pai. Essa
parábola é para nos revelar o Pai.
Como Deus nos abraça hoje? Por meio do Espírito Santo. Em Atos, lemos
que Pedro ainda falava quando caiu o Espírito Santo sobre todos os que
ouviam a palavra (At 10.44). A palavra “cair” em grego é epipipto e é
exatamente a mesma palavra traduzida como “abraçar” em Lucas 15.20.
Isso significa que o Espírito os abraçou quando os encheu.
No abraço do Pai, todo veneno do diabo é removido. No abraço do Pai, o
seu perfume tira de nós o odor dos porcos. No abraço do Pai, somos
curados e restaurados.
Você nunca saberá o quanto o Pai o ama até entender o quanto o Pai ama
Jesus, pois Ele resolveu entregá-lo para ter você. Este é o Pai que correu
explosivamente para abraçá-lo e dizer que ama você, aquele que o cobriu de
beijos quando você ainda estava sujo pelo pecado. O Pai não exigiu que o
filho provasse que estava arrependido, mas o perdoou instantaneamente e
completamente.
Nem falamos da melhor roupa, do anel, das sandálias nos pés, do novilho
cevado e da festa, mas apenas desse amor que nos enche e nos transforma.
Você já não está sozinho. Você chegou à sua casa, e o Pai está aqui para
festejar a sua chegada.
9º Dia
uando o filho pródigo voltou para casa, o seu pai lhe deu três coisas que
representam aquilo que o Pai também nos dá porque somos filhos, e não
servos. Quando decidiu voltar para
casa, ele queria ser tratado como servo, uma vez que havia se comportado
tão mal, mas mesmo assim o pai o tratou como filho.
Evidentemente, todos nós servimos ao Senhor, e os apóstolos se
apresentavam nas suas epístolas como servos do Senhor. Filipenses 2.7 diz
que o Senhor assumiu a forma de servo e serviu até a morte. Há muita
glória quando filhos decidem servir, mas é muito triste quando filhos
querem ser tratados como servos por causa do pecado.
Não somos filhos porque servimos, mas servimos porque somos filhos.
Somos filhos porque fomos gerados, e não por causa de nosso
comportamento.
Os três presentes que o pai deu ao filho pródigo no seu regresso para casa
nos falam também daquilo que Deus nos dá agora que somos filhos.
Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro
de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti;
já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. (Lc 15.17-19)
Na visão daquele garoto, ele não era bom o suficiente para ser filho, por
isso queria ser tratado como servo. Muitos pensam que não são dignos de
serem chamados filhos, mas a verdade é que você é filho, e isso não pode
ser alterado por causa do seu comportamento.
A Palavra de Deus diz que vinha ele ainda longe, quando o seu pai o
avistou e, compadecido dele, correndo, o abraçou e beijou. O pai nem o
esperou acabar de falar, imediatamente disse aos seus servos: “Trazei
depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias
nos pés; trazei também e matai o novilho cevado” (Lc 15.22).
Tenha bem claro em sua mente que cada presente do pai somente é dado aos
filhos, e não aos servos: vestes novas, anel e sandálias. Enquanto são
pequenos, os filhos não diferem muito do escravo, mas, a seu tempo, eles se
apropriarão da herança.
O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para sempre. (Jo 8.35)
Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada difere de escravo, posto que é
ele senhor de tudo. (Gl 4.1) De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também
herdeiro por Deus. (Gl 4.7)
Não somos mais escravos do pecado e nem da lei, mas fomos feitos filhos.
O Senhor disse, em João 15, que não nos chama de servos.
Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado
amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer. (Jo 15.15)
As vestes de justiça
A primeira coisa que o Pai nos dá são vestes de justiça.
Regozijar-me-ei muito no SENHOR, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu de
vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça, como noivo que se adorna de turbante,
como noiva que se enfeita com as suas joias. (Is 61.10)
O seu entendimento sobre isso vai afetar diretamente a forma como você se
relaciona com Deus e também consigo mesmo. O filho pródigo não havia
feito nada para ganhar esses três presentes. Veja o que ele diz ao seu pai:
“Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu
filho”. Ele disse: “Já não sou digno”. Isso significa que, em algum
momento, ele pensava que era digno.
Muitos ainda vivem assim, pensam que precisam ser dignos de serem
tratados como filhos, baseiam o seu relacionamento com Deus em suas
obras de merecimento, mas eu tenho uma boa notícia: você nunca será
digno.
E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça,
independentemente de obras: Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos
pecados são cobertos; bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado. (Rm 4.6-
8)
E não somente por causa dele está escrito que lhe foi levado em conta, mas também por nossa causa,
posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou
dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor. (Rm 4.23-24)
Não ouça o acusador. Agora não há mais nenhuma condenação sobre você
(Rm 8.1). Há uma história interessante no livro de Zacarias. Depois que o
povo de Israel voltou do cativeiro, eles tornaram a edificar o Templo, e o
homem que Deus usou para isso chamava-se Josua ou Josué. Ele era o
sumo sacerdote. Zacarias teve uma visão com ele.
Deus me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do Anjo do SENHOR, e Satanás
estava à mão direita dele, para se lhe opor. Mas o SENHOR disse a Satanás: O SENHOR te
repreende, ó Satanás; sim, o SENHOR, que escolheu a Jerusalém, te repreende; não é este um tição
tirado do fogo? Ora, Josué, trajado de vestes sujas, estava diante do Anjo. Tomou este a palavra e
disse aos que estavam diante dele: Tirai-lhe as vestes sujas. A Josué disse: Eis que tenho feito que
passe de ti a tua iniquidade e te vestirei de finos trajes. (Zc 3.1-4)
Isaías 64.6 diz que todas as nossas justiças são como trapo da imundícia.
Era assim que estávamos vestidos, mas agora ganhamos vestes de justiça.
O pai trocou a roupa do seu filho, e hoje nós também recebemos trajes de
justiça simplesmente porque somos filhos.
Portanto, viva como filho. Não saia da casa do Pai. Não há razão alguma
para fazermos isso. O dom da justiça que recebemos nos capacita a viver de
forma justa e correta. Nós temos o poder do Espírito Santo sobre nós.
Pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os
atos de justiça dos santos. (Ap 19.8)
O anel de autoridade
Os três presentes dados pelo pai ao filho pródigo representam coisas que
recebemos de Deus hoje como filhos, e não como servos. O segundo
presente que o pai deu ao filho foi um anel de autoridade.
Escrevei, pois, aos judeus, como bem vos parecer, em nome do rei, e selai-o com o anel do rei;
porque os decretos feitos em nome do rei e que com o seu anel se selam não se podem revogar. (Et
8.8)
A Palavra de Deus diz que toda autoridade é delegada (Rm 13.1). Toda
autoridade procede de Deus. E o pai delegou autoridade ao filho que havia
sido rebelde. Por causa disso, precisamos andar em humildade, pois, em nós
mesmos, não temos autoridade alguma. Nossa autoridade procede do Pai.
Tendo Jesus convocado os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para
efetuarem curas. (Lc 9.1)
Alguns dizem que esse verso se refere unicamente aos apóstolos, mas, no
capítulo 10, o Senhor concedeu a outros setenta a mesma autoridade (Lc
10.1 e 17). O Senhor lhes disse: “Eis aí vos dei autoridade para pisardes
serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada,
absolutamente, vos causará dano” (Lc 10.19). Então, você pode estar certo
de que todo filho ganhou um anel de autoridade.
E você pode pensar que isso seja apenas para crentes maduros e
experientes, mas, no verso 21, o Senhor se alegra porque isso foi dado aos
pequeninos, ou seja, aos novos convertidos. Você não precisa crescer para
ganhar autoridade, você ganhou o anel junto com as vestes de justiça. No
entanto, essa verdade está oculta aos olhos de gente arrogante e orgulhosa.
Precisamos manter o coração simples dos novos convertidos.
Quando Boaz decidiu casar-se com Rute, antes ele precisou conversar com
outro parente mais próximo do que ele e que tinha o direito de ser o
remidor.
Este era, outrora, o costume em Israel, quanto a resgates e permutas: o que queria confirmar qualquer
negócio tirava o calçado e o dava ao seu parceiro; assim se confirmava negócio em Israel. Disse,
pois, o resgatador a Boaz: Compra-a tu. E tirou o calçado. (Rt 4.7-8)
Quando aquele remidor tirou o seu sapato, ele abriu mão dos seus direitos.
Ele tinha o direito de se casar com Rute, mas abriu mão desse direito. E o
sinal que ele fez para essa renúncia foi tirar o sapato.
Quando manda Josué tirar as sandálias, estava dizendo que ele precisava
desistir de todos os seus direitos. Não será você com os seus planos e
estratégias que vencerá a cidade.
Quando o filho recebe sapatos novos, isso significa que os seus direitos de
filho estão sendo restaurados. Se você é filho, você tem certos direitos.
Depois desses três presentes, o Pai diz que é hora de fazer uma festa. E é
nesse ponto que que entra em cena o segundo filho.
Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a
música e as danças. Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo. E ele informou: Veio teu
irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Ele se indignou e
não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos
anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para
alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com
meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado. Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu
sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. (Lc 15.25-31)
Observe o que o filho mais velho diz: “Há muitos anos que te sirvo”. O
problema é que somos filhos, e não servos, mas aquele filho se relacionava
com o pai como se fosse um servo. Por causa disso, nunca havia desfrutado
da herança. Quem se relaciona como servo está sempre tentando merecer a
posição.
Depois, ele diz que nunca transgrediu nenhuma ordem. Isso é mentira, pois
só houve um Filho perfeito, e todos nós somos pecadores. Por fim, ele
cobrou que o pai nunca lhe havia dado sequer um cabrito. Outra mentira,
pois o pai dividiu a herança entre os dois e, sendo o mais velho, ele teve
direito a dois terços da herança.
Finalmente, o pai lhe disse: “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que
é meu é teu”. Em outras palavras: “Você tem a minha presença e a minha
provisão”. Ele tinha tudo do pai, mas não desfrutava de nada. Tudo porque,
sendo filho, resolveu se relacionar como se fosse servo.
10º Dia
Irresistível graça
T
odos nós sabemos que o medo não procede de Deus. Na verdade, ele surgiu
quando o homem pecou no Éden. Depois de comer do fruto, o homem
ouviu a voz do Senhor e teve medo (Gn 3.10). Portanto, o medo veio por
causa do pecado.
O encontro da santidade
O encontro de Pedro com o Senhor, na ocasião da pesca maravilhosa, não
foi o primeiro. A primeira vez que ele havia se encontrado com o Senhor é
relatada em João 1.40-42.
Quando Simão Pedro viu o milagre, ele caiu de joelhos diante de Jesus,
dizendo: “Afasta-te de mim, porque sou um homem pecador, ó Senhor”.
Numa das primeiras vezes que se encontrou com Jesus, o que ele viu sobre
o Senhor? A sua santidade. Sim, o Senhor é santo. Completamente santo.
Uma crítica frequente que ouvimos é que falar para as pessoas a respeito do
amor de Deus é muito bom. Concordam que todos devem ouvir sobre a
graça, mas isso é muito básico. Depois que se convertem, elas precisam
ouvir sobre a santidade de Deus. O que dizem é que começamos na graça,
mas depois devemos progredir na santidade. A graça seria o leite, e a
santidade, a comida sólida.
A fé sempre dirá: “Eu vejo a sua graça e o seu amor”; mas o homem natural
sempre dirá: “Deus é santo. Eu sou um homem pecador. Não posso chegar
perto d’Ele”. Por que Pedro disse: “Afaste-se de mim, porque sou um
homem pecador”? Porque ele tinha um senso da santidade mais do que um
senso do amor do Senhor.
Todas as pessoas sabem que Deus é santo. Todo homem sabe,
instintivamente, que Deus é santo. É algo que não precisa ser ensinado. É
por isso que, no Antigo Testamento, toda vez que o Senhor aparecia a
alguém, ou um anjo, eles tinham medo. Eles falavam como Manoah, o pai
de Sansão: “Nós morreremos, vimos o Senhor”. Gideão também disse: “Eu
vou morrer, pois vi o Senhor”.
A santidade de Deus pode ser conhecida pela mente natural, mas a graça de
Deus só pode ser entendida pela revelação do Espírito Santo no coração do
homem. A verdade, portanto, é que o verdadeiro crescimento espiritual é
conhecer o amor de Deus.
O Senhor é santo, mas, acima de tudo, Ele quer que vejamos que Ele nos
ama. Você nunca saberá que é amado até entender que Deus vê tudo sobre
você e mesmo assim o ama. Nesse momento, você realmente se sentirá
amado, pois entenderá o amor incondicional do Pai.
Você já percebeu que, nos Evangelhos, o Senhor nunca usa palavras duras
contra cobradores de impostos, prostitutas e adúlteras? As palavras mais
severas do Senhor são sempre para os fariseus fanáticos por santidade e
justiça própria. Ele os chama de raça de víboras e sepulcros caiados, mas
nunca chama os pecadores dessa forma.
Durante toda a noite, não conseguiram pescar nada. Muitos de nós estamos
numa posição semelhante: temos trabalhado muito, mas não vemos
resultado algum.
O Senhor não disse que orou para que Pedro não falhasse, mas Ele orou
para que a sua fé não desfalecesse. O Senhor profetizou a vitória de Pedro
antes mesmo que ele caísse. Mas o que Pedro respondeu? “Mesmo que
todos estes te neguem, eu nunca te negarei. Vou seguir-te até a prisão e até a
morte!”
No entanto, Pedro agora pulou na água e nadou em direção a Jesus. Ele não
estava consciente de pecado, mas de perdão. Se você estivesse consciente
de pecado, pularia na água e nadaria em direção àquele que você justamente
havia negado? Não. Você pularia para fugir d’Ele, ou pelo menos seria o
último a descer do barco. Mas há algo que Pedro viu em Jesus, algo que ele
sabia sobre o Senhor que o fez pular na água e ir direto em sua direção. Ele
não tinha medo de ficar sozinho com Jesus.
Depois de ver esses dois encontros de Pedro com o Senhor, creio que você
poderá perceber o motivo por que você mesmo tem receio de se encontrar
com Jesus na sua vinda. Talvez você esteja se relacionando com Ele sem a
graça. Sem a graça, a sua atitude será sempre de fugir, mas se o seu coração
for inundado pelo amor do Senhor, então, como Pedro, você vai nadar em
direção a Ele. Maranata!
11º Dia
udas era um irmão físico do Senhor Jesus. Ele, porém, não se apresenta
como irmão do Senhor na sua carta, mas como servo, escravo. Tanto Judas
quanto Tiago eram filhos de Maria e José, mas Jesus nasceu da virgem, cem
por cento homem e cem por cento Deus.
Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi
que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente,
pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. (Jd 1.3)
Em Gálatas 1, Paulo usa essa mesma palavra quando diz que os gálatas
estavam passando (metatithemi) da graça para outro evangelho. Estavam
trocando a graça pela lei.
Temos ouvido muitos sermões nos quais poucas vezes se menciona o nome
de Jesus. É tudo sobre os esforços do homem, o desempenho do homem, o
que você precisa fazer, sete passos para isso, oito coisas para alcançar
aquilo e, no fim, o nome de Jesus é negado.
O caminho de Caim
Qual é o caminho de Caim? Lembra-se do primeiro assassinato na Bíblia?
Caim assassinou o seu irmão Abel porque ele não era um adorador? Não,
ambos eram adoradores, mas um veio a Deus pelas obras, e o outro, pela fé.
Desde o Éden, o cordeiro teve de morrer para que o homem pudesse ser
salvo. Apocalipse 13.8 diz que o Cordeiro foi morto desde a fundação do
mundo.
Quando aconteceu isso? Depois que Adão e Eva pecaram, eles perceberam
que estavam nus e tentaram fazer roupas para si de folhas de figueira. Deus,
então, mata o cordeiro e da sua pela faz roupas para Adão e Eva. Aquele
cordeiro apontava para o Senhor Jesus. E, para que o homem se
apresentasse diante de Deus, o sangue foi derramado no Éden (Gn 3.21).
Depois que saíram do Éden, Adão e Eva tiveram dois filhos, Caim e Abel.
Entretanto, por alguma razão, Caim se recusou a se apresentar diante de
Deus da maneira como Ele havia preestabelecido: por meio do sangue.
Caim trouxe frutas, legumes e cereais, o produto de sua mão. Ele trabalhou
para produzir essas coisas e as trouxe para Deus, mas o homem só pode
chegar a Deus pelo sangue. Sem o derramamento de sangue, não há
remissão de pecados (Hb 9.22).
Quando o homem traz o sacrifício sem sangue, ele está dizendo: “Eu não
sou um pecador. Não preciso do sangue para me cobrir. Não preciso que o
inocente morra por mim, o culpado. Eu não sou culpado. De fato, pelo meu
próprio desempenho, eu posso realmente satisfazer a Deus”. Este é o
significado do caminho de Caim. É uma religião baseada na obra humana.
Mas Abel, seu irmão, o que ele trouxe? A Bíblia diz que ele trouxe um
cordeiro, e o cordeiro foi morto como sacrifício diante de Deus. Com a sua
ação, ele estava dizendo: “Eu sou um pecador. Se o cordeiro não for morto,
eu serei condenado pelos meus pecados, mas eu coloco as minhas mãos
sobre o cordeiro. Os meus pecados são transferidos para ele, e a justiça do
cordeiro é transferida para mim. O cordeiro é morto para que seu seja
abençoado”.
Deus aprovou a oferta de Abel, mas rejeitou a de Caim. Não sei como Caim
percebeu que a oferta de Abel havia sido aceita, talvez tenha caído um fogo
do céu e a consumido. Há muitos lugares nas Escrituras em que o fogo do
juízo de Deus caiu sobre pessoas, mas, quando há o sangue, o fogo cai
sobre o sacrifício, e não sobre nós. O juízo veio sobre o Cordeiro na cruz
para que hoje não soframos nenhuma condenação.
Em Gênesis 4.7, o Senhor diz a Caim: “Se procederes bem, não é certo que
serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta”.
Este é um texto bem obscuro, mas tudo fica claro quando entendemos que a
expressão “o pecado jaz à porta” também pode ser traduzida como “a oferta
pelo pecado está à porta”. Deus colocou o cordeiro à disposição de Caim,
mas ele rejeitou, preferiu as suas próprias obras.
João diz que Abel era justo e Caim era maligno. Mas o que Abel fez para
ser chamado de justo? Ele apenas confiou no sangue para se apresentar
diante de Deus. Se confiamos no sangue, Deus nos vê como justos.
E ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em
Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé. (Fp 3.9)
Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e
santificação, e redenção. (1 Co 1.30)
João diz que Caim matou o seu irmão porque as suas obras já eram más. O
que é ter obras malignas? É confiar na justiça própria. Quando confiamos
na justiça própria, inevitavelmente todas as obras da carne vão acabar se
manifestando.
O erro de Balaão
A segunda característica desses líderes é que eles seguiram pelo erro de
Balaão. Quem era Balaão? Era um profeta no Antigo Testamento. Lembra-
se da história?
Balaque, o rei de Moabe, temia que os filhos de Israel fossem guiados por
Moisés passando através de sua terra, então ele disse: “Vou contratar um
bruxo profissional”. Contratou, pois, Balaão, o profeta, porque este tinha
reputação de ter o poder de amaldiçoar alguém e essa pessoa experimentaria
toda sorte de coisas ruins.
Não viu iniquidade em Jacó, nem contemplou desventura em Israel; o SENHOR, seu Deus, está com
ele, no meio dele se ouvem aclamações ao seu Rei. (Nm 23.21)
Este é um aspecto claro do erro de Balaão, ele presumia que Deus
amaldiçoaria o seu povo já que eles haviam se comportado mal no deserto.
Mas, apesar de todos os erros de Israel no deserto, eles ainda eram povo de
Deus e o Senhor não permitiu que Balaão os amaldiçoasse.
Ninguém pode revogar a bênção que Deus liberou. A bênção de Deus sobre
a nossa vida não pode mais ser revertida. Ele decidiu nos abençoar, por isso
toda língua que se levantar contra nós em juízo, nós a condenaremos (Is
54.17).
Qualquer um que acha que pode lançar maldição sobre os irmãos está
seguindo pelo erro de Balaão. Frequentemente, ouvimos falar de pastores
que amaldiçoam aqueles irmãos que os deixam.
Todo aquele que pensa que Deus nos abençoa por causa de nossas obras ou
merecimento ainda anda no erro de Balaão. Mas aqueles que pregam
condenação e jugo sobre o povo de Deus também estão no erro da justiça
própria. Não somos abençoados porque somos bons ou fiéis, mas porque
Ele é bom e fiel.
A revolta de Coré
Quem é Coré? Coré é um daqueles homens que instigaram uma insurreição
contra Moisés e Arão, o sumo sacerdote. Eles estavam com ciúmes da
posição de Arão.
Deus fez de Arão o primeiro sumo sacerdote de Israel. Mas quem é o nosso
sumo sacerdote hoje? O Senhor Jesus.
Coré e seu grupo vieram até Moisés e disseram:
Basta! Pois que toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e o SENHOR está no meio deles;
por que, pois, vos exaltais sobre a congregação do SENHOR? (Nm 16.3)
O que eles disseram não era errado, a congregação é santa mesmo, mas não
basta falar a coisa certa, é preciso ter uma posição correta diante de Deus.
Há muitos falando contra a igreja e seus pastores, e o que eles dizem pode
até ser verdade, no entanto está cheio de morte. Eles se levantaram contra
Arão e disseram: “Todos nós somos santos”. Estavam dizendo que não
precisavam de Arão. Contudo, Arão era o sumo sacerdote, e Deus
estabeleceu que ninguém pode chegar diante d’Ele sem a intermediação do
sumo sacerdote. Hoje, o nosso sumo sacerdote é Cristo, e ninguém pode
chegar a Deus sem a intermediação de Cristo.
Não era necessário que todo o Israel lutasse, eles tinham um representante.
O mesmo princípio se aplicava ao sumo sacerdote. Ele representava todo o
povo diante de Deus. Se o sumo sacerdote entrasse no santo dos santos e
caísse morto ali, ele seria arrastado para fora, e toda a nação saberia que
Deus os havia rejeitado. Eles agora teriam um ano ruim, com derrota para
os inimigos, seca e fome. Entretanto, quando o sumo sacerdote saía do
santo dos santos vivo, ele erguia a sua mão para abençoar a nação, e agora
eles sabiam que Deus os havia aceitado e teriam um grande ano, com chuva
e abundância. O que Deus estava dizendo é que, se o seu sumo sacerdote é
aceito, você é aceito também.
Hoje, nós somos salvos por causa da obediência de um único homem, Jesus
Cristo. Ele é o nosso representante diante de Deus, por isso a vitória d’Ele é
considerada a nossa, e a obediência d’Ele é a nossa obediência.
João diz que, como Ele é, nós somos neste mundo. Se Ele é aceito por
Deus, nós também somos aceitos. Se Ele é justo, nós também somos justos.
Se Ele é saudável, nós também somos neste mundo. Se Ele é próspero, nós
também somos. Se Ele está debaixo do favor de Deus, nós também estamos.
Por que alguns ainda vivem sendo consumidas, esgotadas na obra de Deus?
Eles estão sempre reclamando que toda a energia se foi, que estão
consumidos. Isso acontece porque nunca pregam sobre o sumo sacerdote.
Como Coré, eles não veem a necessidade do sumo sacerdote. O que temos
aprendido e visto é que, assim como é o nosso sumo sacerdote, também nós
somos neste mundo (1 Jo 4.17). Nós percebemos a nossa necessidade do
sumo sacerdote. Nos últimos dias, a rebelião de Coré fará com que as
pessoas pereçam.
O sinal de que o ministério de Arão havia sido escolhido por Deus foi a
vara que floresceu. Isso nos fala de vida, vida de ressurreição. Aqueles que
andam pelo caminho de Coré podem até falar a coisa certa, mas não
possuem vida como selo (Nm 17).
Em outras palavras, eles estão indo pelo caminho de Caim. O ensino das
obras do homem será exaltado nos últimos dias. Eles seguem pelo erro de
Balaão, acreditando que o povo de Deus pode ser justo hoje e amanhã
perder a justiça, pode ser abençoado de manhã e ser amaldiçoado à tarde.
Este é o erro do Balaão.
Por fim, seguem a rebelião de Coré, rejeitando o fato de que eles são todos
pecadores e precisam de Jesus Cristo como mediador para ser o seu sumo
sacerdote. Pensam que, pela sua própria performance, serão o próprio sumo
sacerdote, e o resultado é que serão rejeitados.
12º Dia
ão existe outro evangelho, mas certamente ele pode ser misturado com
outras coisas e se tornar algo pervertido e sem poder. Esta é a estratégia do
diabo para tentar anular o poder
Por que Paulo escreveu essa advertência tão séria aos gálatas? O que havia
acontecido com as igrejas da Galácia? Eles haviam abandonado o
evangelho da graça. Paulo diz claramente que o evangelho é o evangelho da
graça. A graça é o evangelho. Não é simplesmente uma mensagem.
Toda vez que você diz que o evangelho é o dom da justiça sem obras,
alguém dirá: “Tenha cuidado com isso, as pessoas podem interpretar mal e
concluir que não precisam ter obras”.
Fomos criados em Cristo Jesus para boas obras, mas não somos salvos por
boas obras (Ef 2.8-10). Apesar de a mensagem da justiça pela fé ter sido
redescoberta há quinhentos anos na Reforma, ainda permanece um mistério
para muitos crentes.
A justiça pela fé estava sendo atacada nas igrejas da Galácia e ainda hoje
em nossos dias. O que Paulo diz aos gálatas? “Estou perplexo! Admiro-me
que vocês estejam tão rapidamente se afastando daquele que os chamou
para a graça de Cristo”. A graça de Cristo é o evangelho, o favor imerecido
de Cristo.
É isso o que disse Paulo diz aos gálatas: “Estou admirado que vocês estão
abandonando o evangelho de Cristo e seguindo outro evangelho, que, na
verdade, não é outro, mas é uma perversão do evangelho”. Não há outro
evangelho. A graça de Cristo é o único evangelho, mas há alguns que
pervertem esse evangelho.
Paulo diz que, mesmo que um anjo do céu – não um anjo caído – aparecer
anunciando outro evangelho, seja anátema! Se alguém pregar qualquer
outro evangelho que não seja o evangelho da graça, diz ele, seja anátema,
ou seja, amaldiçoado.
Quando prega a graça, você agrada a Deus, mas não agrada aos homens.
Aqueles que pregam outro evangelho são homens agradáveis. Eles dizem às
pessoas: “Deus tem feito a obra, mas você precisa fazer a sua parte”. As
pessoas se sentem importantes quando pensam que também estão
contribuindo para a sua salvação, mas a graça nos coloca todos na mesma
posição de impotência. Não há espaço para a obra humana, toda a obra foi
consumada por Cristo. A nossa parte é simplesmente crer.
A gravidade de rejeitar a graça
O Senhor Jesus foi morar em Cafarnaum, por isso muitos milagres foram
feitos naquela cidade. A filha de Jairo foi ressuscitada dentre os mortos em
Cafarnaum e também aquela mulher com hemorragia foi curada ali. O servo
do centurião foi curado em Cafarnaum e muitos outros milagres
aconteceram na sinagoga de lá. Diz a Bíblia que, à noite, trouxeram todos
os seus doentes e eles foram curados (Mc 1.32-34).
Depois de tudo isso, porém, eles ainda rejeitaram o Senhor. Então, Ele
disse: “Se as obras poderosas que foram feitas aqui tivessem sido feitas em
Sodoma, ela teria permanecido até hoje” (Mt 11.23). Em outro lugar, Ele
acrescenta: “Eles teriam se arrependido em sacos e cinzas”.
A chave para alcançar esta geração não é tentar criar leis para impedir o
pecado (o que é inútil). A chave é ir até as pessoas e demonstrar as obras
poderosas. Ore por elas. Não as julgue. Vá até elas. Diga: “O Senhor ama
você. Tem algum pedido? Não estou aqui para julgar. Estou aqui para orar”.
No lugar dos escudos de ouro que Salomão havia feito, Roboão fez escudos
de bronze, pois estes também têm uma aparência dourada, embora a
substância seja diferente. Ele trocou ouro por bronze. Qual é o significado
disso?
Embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do
Maligno. (Ef 6.16)
Trocar ouro por bronze significa que tudo continua funcionando como
antes, mas sem glória alguma. É incrível como podemos continuar fazendo
todas as coisas sem a presença manifesta de Deus.
E você sabe o que o nome Sisaque significa? Sisaque significa “ávido por
linho fino”. O linho fino aponta para a justiça dos santos (Ap 19.8). Sisaque
é apenas uma figura do diabo, o qual está sempre ávido por destruir o linho
fino, que é a justiça dos crentes.
Pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os
atos de justiça dos santos. (Ap 19.8)
13º Dia
Graça e santificação
A
Se você pensa que primeiro precisa ser santo para só depois receber graça,
está dizendo que a graça é uma recompensa. Seria uma recompensa pelo
seu bom comportamento. Mas isso é uma contradição, pois a graça é o
favor imerecido. A verdade é que eu recebo graça independentemente de
minhas obras. E, quando recebo graça, o resultado é obediência espontânea.
Quando obedeço, sou recompensado.
Por isso, Pedro nos exorta a esperarmos inteiramente na graça de Deus, que
nos é trazida quando temos revelação do Senhor Jesus. Portanto, é a graça
que nos leva a viver em santidade. Assim, ouça mensagens que trazem
revelação do Senhor Jesus, não pregações sobre o que você deve ou não
fazer, mas sobre o que Ele é e fez.
Quando o mundo está deprimido, você tem a paz de Deus. Casais do mundo
se separam porque o divórcio se tornou comum nos dias de hoje, mas nós
somos incomuns e permanecemos casados. Ouse ser diferente e incomum.
O que faz com que o Cristo Todo-Poderoso se torne sem efeito sobre a sua
vida? Quando você tenta se justificar diante de Deus pelas obras da lei. É
quando você presume que está bem com Deus porque cumpriu os
mandamentos. Quando confiamos em nossas obras, decaímos da graça e
nos desligamos de Cristo.
Isso foi assim porque decair da graça não é cair no pecado, mas é cair na
justiça própria da lei. Precisamos vigiar, porque a praga do merecimento
está sempre nos rodeando, e o diabo sempre nos tenta a confiar em nossa
carne, em nosso merecimento.
A raiz de amargura
Quando decaímos da graça de Deus, temos como resultado a raiz de
amargura. Então, os versos 16 e 17 dizem:
[...] nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito
de primogenitura. Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado,
pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado. (Hb 12.16,17)
Muitos pensam que foi Esaú que tentou se arrepender e não conseguiu, mas
não é isso que diz o texto. Ele tentou convencer o seu pai, Isaque, a mudar a
bênção, mas Isaque não mudou de ideia, de mente, ele não se arrependeu da
bênção que havia dado.
Todo pastor tenta ajudar o seu povo a vencer esse problema. Entretanto, o
que normalmente fazem é pregar contra o pecado. Não sabem que a raiz
desse problema é que tais pessoas decaíram da graça de Deus. Se não
voltarem para a graça, não conseguirão vencer o pecado sexual. Essa é a
razão por que precisamos redescobrir a graça de Deus, pois a santidade é
apenas o fruto, a raiz da nossa vida cristã é a graça de Deus.
Em outras palavras, o texto diz: “[...] atentando para que ninguém se separe
da graça de Deus, senão haverá raiz de amargura e também impureza”. Uma
vez que isso acontece, não buscaremos ter paz com todos os homens e nem
teremos santidade.
Por isso, a exortação é para sermos atentos e diligentes para que ninguém se
separe ou se afaste da graça de Deus. Decaímos da graça quando
transformamos tudo numa relação de troca baseados na obra da lei.
O exemplo de Esaú
É verdade que Esaú viveu antes da lei, então como ele poderia decair da
graça? Ele decaiu da graça tendo uma mentalidade baseada na sua
performance. Ele pensava que, sendo um caçador, ganharia o amor do seu
pai. Ele tentou ganhar amor com obras. Qual foi o resultado disso? Ele caiu
na amargura e no pecado sexual.
Se essas duas coisas são muito fortes em sua vida, apenas pergunte a si
mesmo: “Será que eu perdi a percepção e o senso de como sou amado pelo
Pai?” “Estou consciente do amor de Deus por mim ou estou consciente de
cobranças e obras que preciso desempenhar?” A verdade é que, se você
tiver uma revelação fresca da graça de Deus e se encher dela a cada dia,
esses problemas desaparecerão da sua vida sem que você se dê conta.
A amargura o impediu de entrar na festa. O seu pai saiu e implorou que ele
entrasse, mas ele lhe disse: “Eis que há muitos anos venho te servindo.
Nunca transgredi um só mandamento, e o senhor nunca me deu nem um
cabrito para eu festejar com os meus amigos”. Ele esperava o pagamento.
E onde está o pecado sexual? Leia o verso 30. “Vindo, porém, esse teu
filho”. Sequer disse: “Meu irmão”. “Vindo, porém, esse teu filho, que
desperdiçou os teus bens com meretrizes”. Se você ler atentamente o texto,
verá que a Bíblia não diz que o irmão mais novo gastou o dinheiro com
prostitutas. Nós presumimos que ele fez – e ele pode muito bem ter feito
isso –, mas a Bíblia diz apenas que ele gastou o dinheiro vivendo
dissolutamente.
Entretanto, de todas as coisas que o filho mais novo fez, o irmão mais velho
mencionou somente que ele gastou com prostitutas, por quê? Por que ele
está consciente disso. Normalmente, as coisas que acusamos nos outros
estão presentes em nós mesmos. Ele se revelou com essa palavra. O filho
mais velho possuía uma raiz de amargura e provavelmente tinha problema
com a luxúria e a impureza.
Quanto mais você perceber o amor de Deus e a sua graça, mais será liberto
da impureza. Isso não envolverá grandes esforços, mas será algo
espontâneo. Você simplesmente será capaz de dizer não ao pecado. Você
está consciente do perdão e do amor incondicional do Pai? Alimente-se da
graça de Deus a cada dia e a verdadeira santidade se manifestará em você.
14º Dia
O romance da graça
S
egundo estudiosos, o nome Rute tem dois significados, “amiga” ou “bela”.
Se, porém, juntarmos os dois, temos “bela amiga”.
Rute fala sobre a graça e o terno amor do Senhor para conosco. Em termos
alegóricos, ela aponta para nós, que não éramos parte do povo de Deus, mas
recebemos a sua graça. Rute era de Moabe, um povo descendente de um
incesto entre Ló e uma de suas filhas. No Velho Testamento, um moabita
não podia fazer parte da congregação de Israel até a décima geração (Dt
23.3). Eles eram um povo debaixo de maldição. Entretanto, mesmo assim
Rute foi aceita e se tornou bisavó de Davi, o rei de Israel. Em Mateus, são
mencionadas quatro mulheres na genealogia de Jesus, e Rute é uma delas.
A história do livro de Rute acontece nos dias dos juízes. O último versículo
do livro de Juízes nos dá uma imagem de como eram aqueles dias. Naqueles
dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto. (Jz 21.25)
Quando cada um faz o que lhe parece melhor, invariavelmente haverá caos
e ausência da palavra de Deus. Nesse contexto, o livro de Rute começa
dizendo que, naqueles dias, houve fome em Israel.
Nos dias em que julgavam os juízes, houve fome na terra; e um homem de Belém de Judá saiu a
habitar na terra de Moabe, com sua mulher e seus dois filhos. Este homem se chamava Elimeleque, e
sua mulher, Noemi; os filhos se chamavam Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; vieram à
terra de Moabe e ficaram ali. (Rt 1.1-2)
Em Gênesis, Deus disse a Abraão que, no tempo de fome, ele não deveria
sair da terra, mas invocar o Senhor. Elimeleque, porém, decidiu sair de
Belém junto com a sua esposa e dois filhos e ir morar em Moabe.
Na Bíblia, vemos que aqueles que servem a Deus e o adoram nunca sofrem
em tempos de fome. Abraão passou pela fome e prosperou. Isaque semeou
em tempos de fome e colheu cem vezes mais (Gn 26.1-2 e 12). José estava
na terra do Egito quando houve fome e Deus o usou para salvar o mundo.
Precisamos sempre nos lembrar disso, porque, no mundo, as crises são
cíclicas, mas a promessa é que seremos supridos no meio da crise.
Noemi decidiu voltar para Belém porque ouviu que o Senhor se lembrara
do seu povo, dando-lhe pão. Não foi a dureza da terra que a fez voltar, mas
porque ouviu a respeito da bondade de Deus. Foi exatamente o que
aconteceu com o filho pródigo, ele se lembrou de que, na casa do seu pai,
havia pão em abundância (Lc 15.17). São as boas novas que trazem as
pessoas de volta para Deus.
Observe que Noemi pensava no seu coração que Deus era contra ela,
porque ela havia deixado a casa de Deus (Rt 1.20-22). É verdade que muitas
vezes coisas ruins acontecem conosco porque abandonamos a bondade de
Deus, mas precisamos saber que é a bondade de Deus que nos traz de volta.
Ela não percebia, mas Deus havia preparado algo maravilhoso para ela.
Mais tarde, veremos que ela entrou para a linhagem do Senhor Jesus.
A lei do remidor
Rute era moabita. Os moabitas haviam sido amaldiçoados e não podiam
participar da congregação do Senhor. Assim, houve um momento em que
Rute vivia debaixo da maldição e estava fora da casa de Deus.
Enquanto estava casada com Malom, Rute não tinha filhos. Malom
significa “doente”. Enquanto estava unida à doença, ela era infrutífera.
Depois que Elimeleque e Malom morreram, Rute foi para Israel com a sua
sogra Noemi. E foram viver em Belém. Enquanto vivia ali, Rute saía para
apanhar as espigas que caíam enquanto os segadores colhiam. Esta era a
posição mais pobre e humilde em Israel.
Acontece que, certo dia, o dono do campo veio até ela. O seu nome era
Boaz, que em hebraico significa “nele há força”. E a Palavra do Senhor diz
que Rute encontrou favor diante dos seus olhos. Ele era o homem mais rico
de Belém e era solteiro. Boaz é um tipo de Cristo.
Muitos possuíam parentes ricos, mas estes não estavam dispostos a resgatar
a dívida. Muitas vezes, aquele que ficava pobre era alguém que
administrava mal as suas finanças, por isso o parente rico não tinha
disposição de abençoar. Tudo isso aponta para o Senhor Jesus. Ele não era
apenas rico, mas também queria nos redimir. Ele se fez homem para ser o
nosso parente próximo e assim poder legalmente nos redimir.
À meia-noite, Boaz acorda e se assusta com Rute aos seus pés. Estar aos
pés é uma atitude de adoração. Nos Evangelhos, cada vez que uma pessoa
caiu aos pés do Senhor, ela recebeu o seu milagre, recebeu o poder do
redentor.
Rute, então, diz a Boaz: “Estende a tua capa sobre a tua serva”. No
hebraico, a palavra “capa” nesse contexto é a mesma para “asas”. Uma
tradução apropriada, portanto, seria: “Estende as tuas asas sobre a tua
serva”.
Boaz certamente tinha um talit, e Rute pede que ele a cubra com as suas
asas ou o com o seu talit. Ela estava falando de casamento, pois em Israel o
homem cobre a sua noiva com o talit no dia do casamento. Em termos
espirituais, significa que tudo aquilo que o Senhor cobre Ele redime para si
mesmo.
A Palavra de Deus diz que, no dia seguinte, Boaz tomou dez homens dos
anciãos da cidade para tê-los como testemunhas. Por que eram dez? Esses
dez são uma representação da lei. Então, esse parente mais próximo
apareceu, mas o seu nome nunca é mencionado no livro de Rute. É assim
porque a lei não tem nome. Romanos 3.21 diz que a própria lei é
testemunha do dom da justiça que recebemos hoje em Cristo.
Embora o Senhor Jesus existisse antes da lei – pois a Bíblia diz que Ele
estava desde o princípio com Deus –, do ponto de vista de manifestação ao
homem, a lei foi dada primeiro, por isso ela era o parente mais próximo.
Boaz subiu à porta da cidade e assentou-se ali. Eis que o resgatador de que Boaz havia falado ia
passando; então, lhe disse: Ó fulano, chega-te para aqui e assenta-te; ele se virou e se assentou.
Então, Boaz tomou dez homens dos anciãos da cidade e disse: Assentai
-vos aqui. E assentaram-se. Disse ao resgatador: Aquela parte da terra que foi de Elimeleque, nosso
irmão, Noemi, que tornou da terra dos moabitas, a tem para venda. Então, disse o resgatador: Para
mim não a poderei resgatar, para que não prejudique a minha; redime tu o que me cumpria resgatar,
porque eu não poderei fazê-lo. (Rt 4.1-3 e 6)
A lei não tem poder para nos salvar. A lei está numa posição elevada e não
pode curvar-se para redimir um pecador. O padrão da lei não pode ser
alterado. Mas o Senhor Jesus desceu da glória e se fez como um de nós para
nos levar de volta ao Pai.
O que significa tirar o sapato? Significa reconhecer que não tem direitos.
Portanto, a partir daquele momento, a lei não tinha mais nenhum direito
sobre Rute. Você certamente já percebeu que Rute aponta para nós, Boaz é
o Senhor Jesus, e esse parente mais próximo é a lei.
Depois que Boaz e Rute se casam, eles têm um bebê chamado Obede. Este
se tornou o pai de Jessé, que foi o pai de Davi. E, assim, o nome de Rute
entrou para a genealogia de Cristo. A história de amor de Rute é um quadro
do evangelho. Aquela que pertencia a um povo amaldiçoado, que não tinha
nenhum direito ao povo de Deus, tornou-se participante da genealogia do
próprio Cristo.
Hoje, não temos mais nenhuma relação com aquele antigo parente próximo,
a lei. Você se casou com o verdadeiro remidor, Cristo. Quando estiver triste,
diga a Ele, pois Ele é a sua alegria. Quando estiver confuso, compartilhe
com Ele, pois Ele é a sua sabedoria. Quando estiver fraco, Ele é a sua força.
O amor d’Ele por você nunca muda. A sua graça e o seu amor se renovam a
cada café da manhã com você.
No fim, lemos que Boaz gerou Obede, Obede gerou Jessé, e Jessé gerou
Davi. Não há nada insignificante na Bíblia. Mesmo os nomes carregam um
sentido espiritual. Boaz significa “nele há força”. Obede significa “servo”.
Jessé significa “riqueza”. E Davi significa “amado”. Podemos ver que há
uma mensagem aqui: “Nele, há força para servir riqueza ao seu amado”.
15º Dia
O Espírito de Cristo
A
graça de Deus é algo completamente espiritual e não pode ser entendida
pela nossa mente carnal. Muitos de nós ainda raciocinamos com a nossa
carne. É comum ouvirmos que graça
e amor são básicos, mas lei e santidade são profundos, quando o contrário é
verdadeiro.
Quando Israel era um bebê, nephios, ele aprendeu a lei (Gl 4.1-4). Portanto,
a lei é elementar, ela é o ABC. A carne é lógica e razoável, mas a graça não
é lógica, nem é razoável, é por isso que você não pode argumentar sobre a
graça. Você ouve dez sermões sobre a graça, e o décimo primeiro que ouve
sobre a lei o faz esquecer os dez.
Há algo a respeito da graça que você deve ouvir, ouvir e ouvir novamente,
porque não é natural. É celestial. É do próprio Deus. O próprio Jesus é a
graça. A graça sempre confunde a nossa lógica natural e nos leva a pensar
segundo a mente de Cristo. Paulo diz que nós temos a mente de Cristo, isso
significa que, quando pensamos em linha com o evangelho da graça,
expressamos o coração do Senhor (1 Co 2.16). Podemos dizer que
manifestaremos o mesmo Espírito que houve n’Ele.
Certa vez, o Senhor planejou pousar numa aldeia de samaritanos, mas eles
não o receberam. Essa atitude deixou os discípulos indignados, então Tiago
e João disseram:
Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir? Jesus, porém, voltando-se os
repreendeu e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Pois o Filho do Homem não veio para
destruir as almas dos homens, mas para salvá-las (Lc 9.51-56, grifo nosso).
Infelizmente, alguns como Tiago e João ainda não sabem de que espírito
são. O Espírito de Cristo é o espírito da graça. Qualquer coisa fora do
espírito da graça não pode expressar o coração e a mente do Senhor.
A percepção de si mesmo
Todos nós pensamos que o apóstolo Paulo é o maior de todos os apóstolos,
afinal ele escreveu três quartos do Novo Testamento. Suas cartas são
repletas de revelações profundas de Cristo. Mas talvez você se surpreenda
com a forma como Paulo se percebia. Ele não se via como sendo o maior.
Seguindo a ordem cronológica dos livros que Paulo escreveu, podemos ver
três afirmações impressionantes que ele fez, as quais mostram o seu
processo de crescimento. A primeira está em 1 Coríntios 15, onde ele diz:
Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois
persegui a igreja de Deus. (1 Co 15.9)
Quando você se relaciona com alguém e tem certeza de que essa pessoa é
maior do que você, a sua postura é de respeito, honra e consideração. Mas,
quando você acredita que precisa se relacionar de igual para igual, não
conseguirá manifestar o espírito de Cristo.
Depois disso, Paulo cresceu mais no Senhor e então ele escreveu o livro de
Efésios. No capítulo 3, lemos o seguinte:
A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das
insondáveis riquezas de Cristo. (Ef 3.8)
Agora, ele não está mais se comparando com o escopo limitado dos
apóstolos. Ele diz que, dentro da igreja inteira, ele era o menor. Eu me
conheço e conheço muitos irmãos que não são grandes, mas Paulo diz que é
menor que todos nós. E ele nem está se referindo ao seu passado. Ele diz
que, no presente, ele é o menor.
Quanto mais Paulo crescia, mais ele via os seus pecados. Entretanto, é
evidente que ele via tudo isso debaixo da luz da graça e do amor de Deus.
Essa percepção do pecado, portanto, apenas amplia a graça de Deus.
Ele cresceu na graça de Deus, mas parece que, quanto mais ele avança,
mais vê que não é perfeito. Contudo, não pare nesse ponto. Se você parar
aqui, ficará em desespero. Na graça, quanto mais você vê o seu pecado,
mais entende como foi perdoado.
Você não deve viver debaixo de condenação, mas isso não significa que
você não possa mais se avaliar ou aceitar ser avaliado. É possível perceber
as próprias deficiências e pecados e ainda assim ter completo descanso na
graça e no perdão do Senhor.
É verdade que hoje não dizemos que somos pecadores. Nós somos santos,
fomos salvos e justificados. Isso, porém, não significa que eu tenha
perfeição sem pecado. Mesmo sendo justos, ainda há pecado em nossa
carne. Perceber e admitir o pecado não é cair no desespero da condenação,
mas é engrandecer a graça de Deus, magnificar o seu amor. Quanto mais
você crescer, mais será como o apóstolo Paulo. Primeiro, ele diz: “Sou
menor que todos os apóstolos”. Então, ele ampliou para todo crente: “Eu
sou o menor de todos os santos”. Depois que cresceu um pouco mais no
Senhor, ele disse: “De todos os pecadores, eu sou o principal”. Ele exaltou a
graça de Deus.
Perdão e juízo
Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras. Tu,
guarda-te também dele, porque resistiu fortemente às nossas palavras. Na minha primeira defesa,
ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta! (2
Tm 4.14-16)
Num primeiro momento, parece que Paulo está assumindo uma atitude
diferente do espírito de Cristo. Ele diz a Timóteo que Alexandre Latoeiro
lhe tinha causado muitos males e por isso Deus lhe daria a paga.
Entretanto, não foi esta a atitude de Cristo na cruz. Depois de ter sofrido
tudo, o Senhor disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc
23.34). Também não foi a atitude de Estêvão diante daqueles que o
apedrejavam. Ele disse: “Senhor, não lhes imputes este pecado” (At 7.60).
Ele demonstrou o mesmo espírito de Cristo. Apesar disso, parece que Paulo
estava pedindo a Deus que pesasse a mão sobre o tal Alexandre.
Paulo diz que não se importaria em ser anátema. Isso significa ser
amaldiçoado. Gálatas 3.13 diz que Cristo se fez maldição por nós, então
Paulo demonstrava o mesmo amor de Cristo. Você algum dia desejou ser
lançado no inferno para que alguém pudesse ser salvo? Eu preciso admitir
que isso nunca me ocorreu.
Esse pessoal perseguia Paulo por todo lugar aonde ele ia. Em alguns
lugares, eles o apedrejaram; em outros, prenderam-no e o açoitaram. Eles
planejavam a morte do apóstolo, no entanto Paulo os amava tanto que
desejava até mesmo ser anátema se isso resultasse na salvação deles. Este é
o espírito da graça no nível mais elevado.
Esse tipo de crescimento não pode ser produzido pelo esforço humano, não
pode ser simulado com nossas boas intenções. Ele só acontece quando você
olha tanto para Cristo, identifica-se tanto com Ele que, no fim, os seus
sentimentos se tornam como os d’Ele. Você chega ao ponto de morrer pelos
próprios inimigos que desejam matá-lo.
16º Dia
Morte na panela
Voltou Eliseu para Gilgal. Havia fome naquela terra, e, estando os discípulos dos profetas assentados
diante dele, disse ao seu moço: Põe a panela grande ao lume e faze um cozinhado para os discípulos
dos profetas. Então, saiu um ao campo a apanhar ervas e achou uma trepadeira silvestre; e, colhendo
dela, encheu a sua capa de colocíntidas; voltou e cortou-as em pedaços, pondo-os na panela, visto
que não as conheciam. Depois, deram de comer aos homens. Enquanto comiam do cozinhado,
exclamaram: Morte na panela, ó homem de Deus! E não puderam comer. Porém ele disse: Trazei
farinha. Ele a deitou na panela e disse: Tira de comer para o povo. E já não havia mal nenhum na
panela. (2 Rs 4.38-41)
A
primeira coisa que o texto diz é que Eliseu voltou para Gilgal. Josué 5.9 nos
dá o significado de Gilgal. O povo que saíra do Egito não havia sido
circuncidado. Quando eles chegaram a Gilgal, todo o povo que nascera no
deserto foi circuncidado antes de
O que é carne? É tudo aquilo que recebemos pelo nascimento (Jo 3.6).
Coisas ruins e coisas naturalmente boas devem ser cortadas fora. O que é
nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. (Jo 3.6)
A segunda coisa que lemos é que era um tempo de fome (2 Rs 8.1; 6.24-
30). A verdade é que o mundo vive com fome desde que o primeiro homem
caiu no Éden. Ele comeu do fruto errado e por isso vive faminto por algo do
céu.
Aquela era uma época de grande fome na terra. Quando as pessoas estão
desesperadas por comida, elas se dispõem a comer qualquer coisa, mas
também existe fome no meio dos filhos de Deus, fome por receber a
genuína palavra de Deus.
Deus queria que o homem desfrutasse de toda a glória, mas ele começou a
olhar para uma árvore e disse: “Acho que, se eu comer desse fruto, posso
melhorar a minha sabedoria”, então veio a queda. O homem sempre quer
acrescentar algo à obra de Deus, mas o resultado disso é morte.
Então, ele encontrou uma trepadeira, uma videira selvagem, e pensou que
era uma videira. Elas são chamadas colocíntidas, hoje são usadas para fazer
remédio, mas são venenosas. Ele não sabia o que era aquilo, mas estava
brilhando, parecia maduro e bom para comer – a mesma postura de Adão e
Eva diante da árvore do conhecimento.
Também vemos que havia comunhão. O texto nos mostra que havia fome,
mas eles estavam juntos na crise. Mesmo numa comunidade em que há
comunhão, pode existir morte na panela.
Por fim, lemos que havia uma liderança ungida. Eliseu havia sido discípulo
de Elias e era respeitado por causa da unção que estava sobre ele. Era um
homem poderoso em obras e instrumento valioso para a realização de
milagres extraordinários. Contudo, mesmo nesse contexto, houve morte na
panela.
Quando se prega o que o homem pode fazer em vez do que Cristo já fez.
Quando se prega que somos salvos pela graça, mas a santificação é pelo
nosso esforço próprio.
Quando a pregação nos leva a crer que Deus está irado conosco. Quando
se prega que a vitória sobre o pecado e o diabo é algo que conquistamos, e
não que recebemos pela graça. Quando a pregação nos leva a sentir culpa
e condenação em vez de ter a alegria da justificação.
Quando se prega que a bênção é para quem merece em vez de ser pela
graça.
Quando a pregação ensina a fazer barganha com Deus.
Eles gritaram para o homem de Deus. Pelo menos sabiam para quem gritar,
porque Eliseu é um tipo do nosso Senhor Jesus Cristo. E veja o que Eliseu
disse: “Tragam um pouco de farinha”. Ele a colocou na panela e
prosseguiu: “Sirva ao povo, para que eles comam”. E não havia mais
nenhum mal na panela.
A doença dos gálatas é que eles misturaram as duas alianças. Eles tentaram
criar um tipo de doutrina que combinava um pouco da graça e um pouco da
lei do Velho Testamento. Observando a forma severa como Paulo tratou
esse problema, podemos concluir que se trata de algo muito perigoso para a
igreja do Senhor. É isso que tem produzido morte dentro da igreja.
Por causa dessa enfermidade espiritual, a vida cristã tem se tornado algo
pesado e cansativo. Eu creio que a origem dessa relação problemática com
Deus é fruto da doença dos gálatas. Essa doença é a mistura da lei com a
graça, a qual. Essa mistura tem produzido morte na panela. E, quando essa
comida é servida, o povo perece.
O diabo gosta de citar a Bíblia, ele a citou para Jesus no deserto, porém ele
usa a Bíblia contra a Bíblia. Ele a usa para nos tentar e a cita fora do
contexto, por pretexto; cita pela metade, torcendo o seu sentido. Assim,
nem toda pessoa que menciona a Bíblia prega a Bíblia. A Bíblia na mão do
diabo não é palavra de Deus, é palavra do diabo, é tentação (Mt 4.1-10).
Jesus é farinha fina e, sobre essa farinha, o óleo era derramado. O óleo é o
Espírito Santo. Isso aponta para a sua vida terrena. Ele é uma farinha fina
que é cheia do Espírito Santo. Toda palavra e toda ação foram motivadas
pelo Espírito. Depois, era acrescentado o incenso. Isso significa que todo
pensamento, toda palavra e toda ação subiam como um doce perfume diante
de Deus. Ele era perfeitamente agradável a Deus.
Quando Eliseu manda trazer farinha, isso aponta para Cristo. Quando
servimos Cristo como pão, a comida que servimos não pode fazer mal
nenhum. Precisamos ter o Senhor como centro das nossas pregações. Tenho
ouvido pregadores que não mencionam o nome do Senhor uma vez sequer
em toda a mensagem. Infelizmente, não trazem a farinha que elimina a
morte na panela.
Entretanto, todo espírito que nega que Cristo veio em carne é um espírito
que não é de Deus, é o espírito do anticristo. Toda vez que você tem
comunhão, você se opõe a essa mentira. Há o pão e o vinho, o corpo e o
sangue. Toda vez que participa deles, você quebra o gnosticismo em
pedaços.
O Espírito Santo reuniu essas duas histórias para nos ensinar algo. O
primeiro ensinamento consiste na resposta correta para a época da fome; o
segundo é sobre a provisão. Um homem veio de Baal-Salisa e trouxe ao
homem de Deus o pão das primícias, que é o dízimo, bachurim, em
hebraico. Vinte pães de cevada e grãos recém-amadurecidos em sua
mochila. Eliseu disse: “Dê ao povo, para que coma”. E o servo do homem
de Deus disse: “O quê? Devo colocar isso diante de cem homens? Não é
suficiente para tantas pessoas”. Mas Eliseu disse novamente: “Dê ao povo,
para que coma; pois assim diz o Senhor: Comerão e sobrará”. Então, ele
colocou diante deles, os quais comeram e sobrou, de acordo com a Palavra
do Senhor.
Essa história lembra alguma coisa? A Bíblia mostra duas diferenças entre
Jesus e Eliseu: uma é o tamanho do milagre, a outra é o estilo. Eliseu
alimentou cem homens. Nosso Senhor alimentou cinco mil homens, sem
contar mulheres e crianças, o que provavelmente daria de quinze a vinte mil
pessoas, visto que sempre há mais mulheres e crianças do que homens, e
eles tiveram sobras de doze cestos.
Observe que Eliseu precisou dizer: “Assim diz o Senhor”. Jesus não
precisava dizer isso, porque Ele é o Senhor. Eliseu precisou usar o nome do
Senhor. Ele precisou usar a palavra do Senhor, mas Jesus é o Senhor. Ele é a
palavra de Deus que se tornou carne. O nosso Senhor Jesus é a palavra que
Eliseu usou para alimentar as pessoas.
Por que há sobras nos dois casos? Porque Deus quer que você conheça a
sua provisão. A provisão de Deus é sempre maior do que a sua necessidade.
Na casa do Pai, há pão suficiente e ainda há sobra. Sempre excede a sua
necessidade. O amor do nosso Senhor Jesus é tão grande quanto o seu
poder, e não há medida ou fim para Ele. O seu poder é tão grande quanto o
seu amor, incomensurável.
O problema é que, quando você pensa que é capaz, Ele não pode ser a sua
suficiência. Quando você pensa que pode, Ele não pode se apresentar a
você com poder. Quando você pensa que tem a capacidade, Ele deixa de ser
a sua capacidade. Contudo, no momento em que você descansa, Ele se torna
a sua capacidade.
Para toda situação que você enfrentar a partir de hoje, diga: “Senhor, esta é
a sua situação. Este é o seu problema”.
17º Dia
A transformação da alma
A
palavra “transformação” é metamorphos no original e significa que uma
substância é mudada em sua natureza e forma. É uma mudança na natureza
interior que causa uma mudança
Suponha que uma pessoa seja muito pálida, e alguém, desejando mudar o
seu aspecto, lhe aplique alguma maquiagem. Isso produz uma mudança
exterior, mas não é uma mudança orgânica, em sua vida. Como, então, essa
pessoa poderia ter uma face corada? Alimentando-se diariamente com
comida saudável. Quando uma substância orgânica entra no seu corpo, um
composto químico é formado pelo processo de metabolismo. Gradualmente,
esse processo interior mudará a coloração da sua face. Essa mudança não é
exterior, é algo que vem de dentro, o resultado de um processo metabólico.
Qual é o novo elemento que produz essa mudança interior? Cristo. Desde o
momento em que fomos regenerados em nosso espírito, o Senhor deseja
que essa vida continue expandindo-se do nosso espírito para a nossa alma.
Assim, a nossa mente, emoção e vontade podem ser transformadas.
No momento da nossa conversão, o nosso espírito é regenerado e mudado,
mas a nossa mente, emoção e vontade não são transformadas, ainda
permanecem as mesmas. Recebemos Cristo como vida em nosso espírito,
mas agora precisamos tê-lo em nossa alma.
Precisamos que Cristo transborde do nosso espírito para a nossa alma até
que cada parte seja transformada à sua imagem (Rm 12.2; 2 Co 3.18), então
pensaremos como Ele pensa, amaremos como Ele ama e escolheremos
como Ele escolhe. Teremos a semelhança do Senhor em nossa vida prática,
porque nossa alma estará saturada da sua vida.
Podemos concluir que a forma como Deus nos transforma é pela sua
palavra. Como renovamos a nossa mente usando a palavra? Simplesmente
recebendo-a.
Depois, em sua epístola, Pedro nos mostra que a igreja é edificada com
pedras, ou seja, pessoas que são transformadas (1 Pe 2.4-5).
O Salmo 115.8 diz que nos tornamos semelhantes àquilo que adoramos.
Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam. (Sl 115.8)
Como uma máquina fotográfica
Por fim, temos o filme, que é a nossa alma. É em nossa alma que a imagem
de Deus fica impressa. O nosso espírito foi criado para conter Deus, mas a
nossa alma foi criada para refletir a sua imagem.
Dia e noite, precisamos nos abrir para o Senhor e, então, Cristo, o cenário
celestial, será impresso em nós repetidamente de forma cada vez mais clara
e nítida.
18º Dia
A verdadeira transformação
P
O que vem a ser esse véu a que Paulo se refere? Há dois tipos de véus
mencionados no Novo Testamento. Hebreus 10 fala de um véu, mas ali é o
véu da parte interna do Tabernáculo (Hb 9.3), enquanto o de 2 Coríntios 3 é
o véu posto sobre o rosto de Moisés (v. 13).
Esse, porém, não é o véu mencionado por Paulo. Pelo contexto, lemos, no
verso 13, que Moisés punha um véu sobre a face para que os filhos de Israel
não atentassem na terminação do que se desvanecia. Era a glória da Velha
Aliança que estava passando e, para que ninguém percebesse, Moisés
colocava esse véu, que simboliza a lei do Velho Testamento. Assim, tirar o
véu significa ser liberto da lei.
O que é a lei? Lei é tudo o que eu faço com o objetivo de conquistar o favor
de Deus. Lei é tentar merecer o favor de Deus. Em outras palavras, na lei, a
bênção é de acordo com o seu esforço, com o seu merecimento. Todos os
que vivem com base no merecimento ainda estão vivendo na lei. A ideia é
que eu preciso cumprir todas as condições para então merecer a bênção.
Aqueles que vivem assim ainda estão com o véu sobre o rosto e por isso são
incapazes de contemplar a glória de Cristo. Enquanto está com o véu, você
está pensando que pode se transformar. Quem vive pela lei pensa que tudo
depende de si mesmo. Tenta ser diferente na força do braço. Isso tudo é
Velho Testamento. Por isso Paulo diz: “Tire o véu e venha viver pela justiça
de Cristo em você”.
Você não precisa mais cumprir a lei para ser aceito diante de Deus.
Ninguém jamais cumpriu a lei, pois, pela lei, nenhum homem jamais foi
justificado. Hoje, na Nova Aliança, Cristo já cumpriu a lei por você e o fez
participante da sua justiça. Hoje você é justo, não porque cumpriu a lei
obedecendo a todos os mandamentos, mas porque ganhou o dom da justiça.
Cristo se tornou a sua justiça. Precisamos ter revelação dessa verdade.
O verso 16 diz que, quando o coração “se converte ao Senhor, o véu lhe é
tirado”. O nosso coração precisa estar voltado para o Senhor de modo a
podermos contemplá-lo com o rosto desvendado.
Um espelho precisa estar voltado na direção do seu rosto para que possa
refleti-lo. O mesmo princípio se aplica ao Senhor, podemos ter o véu
retirado, mas isso não adiantará coisa alguma se o espelho está focalizado
em outra direção. Precisamos olhar unicamente para o Senhor.
A Palavra de Deus diz que Jesus levou Pedro, Tiago e João a um alto monte
e foi transfigurado diante deles, os quais viram a glória do Senhor
resplandecendo como o sol ao meio-dia. Deveriam contemplar o Senhor,
mas Elias e Moisés apareceram naquele momento. Pedro, então, sugeriu
fazer três tendas, uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias (Mt
17.1-8). Isso significa que eles ficaram mais encantados com Moisés e Elias
do que com o Cristo em glória.
Moisés representa a lei, e Elias aponta para os profetas. Antes que Pedro
terminasse de falar, o Pai disse do meio de uma nuvem luminosa: “Este é o
meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mt 17.5).
Isso significa que não precisamos mais ouvir nem Moisés e nem Elias, mas
apenas Cristo. Moisés deu a lei que mostrou o pecado do homem, e os
profetas trouxeram o homem de volta para Deus, mas hoje é o tempo do
Filho de Deus.
Aquela nuvem brilhante era a shekinah, a mesma nuvem que veio sobre o
Tabernáculo e o Templo. É interessante que, quando a lei foi dada, houve
trevas e escuridão, mas agora a glória brilhante resplandece em Cristo.
Visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno
conhecimento do pecado. (Rm 3.20)
Você precisa ter clareza de que, pela lei, não vem o conhecimento da
santidade, mas o conhecimento do pecado. A lei não tem poder de nos fazer
santos. A justiça hoje é um dom que nos é dado à parte da lei.
Diante de Cristo, a lei e os profetas não têm mais nada a dizer. O texto diz
que, quando os discípulos ouviram a voz do Pai, eles caíram de bruços,
tomados de grande medo. E, quando levantaram os olhos, a ninguém viram,
senão Jesus. Moisés se foi e Elias também, eles viram somente Jesus. Este
deve ser o centro de nossa mensagem (Mt 17.8). O Pai disse que
deveríamos ouvir somente Jesus, e não Moisés e Elias.
Contemple o Senhor
Na Velha Aliança, a transformação dependia exclusivamente do esforço do
homem para cumprir a lei, por isso ninguém conseguiu; mas, na Nova
Aliança, somos transformados simplesmente por contemplar o Senhor.
Precisamos ficar impressionados com o fato de que a verdadeira mudança
consiste apenas em contemplar. Não existe nenhuma obra humana
envolvida. É algo que acontece inteiramente pela fé e pelo desfrutar de
Cristo.
Contemplar, porém, é muito mais que simplesmente olhar algo, é ter uma
atitude semelhante àquele que fica extasiado diante de uma paisagem. Ele
fica deslumbrado e gostaria que mais pessoas pudessem ver o que ele está
contemplando.
Muitas pessoas olham com indiferença para o Cristo de Deus. Quem olha
com indiferença não pode ser mudado. Quem é transformado é só aquele
que tem sido atraído por Ele, que tem ficado embevecido, deslumbrado,
encantado e fascinado com a palavra, com a verdade, com o caráter e com a
glória.
Quanto mais você olha para si mesmo, menos fé você tem. Quanto mais
consciente você fica de si mesmo, mais sentirá condenação e angústia. Nós
só podemos ter fé quando olhamos para Cristo.
Por que muitos não conseguem avançar? Porque estão o tempo inteiro se
questionando sobre si mesmos. Se eu ficar o tempo inteiro olhando para
mim, não vou conseguir fazer nada. Uma das coisas mais terríveis é ficar
consciente de si mesmo o tempo todo.
Quem vive assim está sempre com a alma cansada. Ser crente assim é
extenuante. Jesus disse que, para você herdar o reino, precisa ser como
criança. A criança nunca se olha, nunca está consciente de si, por isso ser
criança é ser sempre livre. Ela não está se olhando e se vasculhando.
Então, será que devemos ignorar quando algo está errado conosco? Claro
que não. Entretanto, nem precisamos nos preocupar, pois o Espírito mesmo
vai falar conosco quando algo precisar ser corrigido. O padrão bíblico é:
“Senhor, tu me sondas; tu me conheces; tu vês se há em mim algum
caminho mau; e o Senhor me guia pelo caminho eterno” (Sl 139.23-24). No
entanto, alguns irmãos mudaram completamente o conceito bíblico. Veja
como eles confessam o versículo: “Eu me sondo; eu me conheço; eu vejo se
há em mim algum caminho mau; eu me guio pelo caminho eterno”.
Desvirtuam a palavra de Deus para o seu próprio sofrimento.
Mas a palavra de Deus não diz que devemos examinar a nós mesmos, por
exemplo, antes de participarmos da ceia? Sem dúvida, 1 Coríntios 11.28
diz: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba
do cálice”.
É óbvio que ninguém é digno, não há um sequer que seja digno. A Bíblia
diz que não se achou nos céus, nem na terra e nem debaixo da terra alguém
digno. João chorava, mas o ancião falou: “Não chore, porque o Cordeiro, o
Leão da Tribo de Judá, venceu e Ele vai abrir o livro, porque Ele é digno.
Só Ele é digno” (Ap 5.1-5).
Eu estava disposto a pagar para chegar até aquele ponto. Precisamos ser
como turistas loucos para ver o Senhor. Quando achamos que já vimos algo,
ansiamos loucamente por mais. Não importa o preço, não importa a
dificuldade, eu quero vê-lo.
Na Nova Aliança, não somos mudados pelo nosso esforço, mas apenas por
olhar para Jesus. Quando as pessoas o contemplam, elas são transformadas.
E somos transformados de glória em glória. Nós podemos crescer nessa
glória, basta que tenhamos os olhos abertos para contemplar o Senhor.
Basta apenas ser semeado, pois não é o seu esforço que vai produzir
mudança. Ninguém vai se gloriar diante de Deus naquele dia, dizendo: “Eu
me esforcei, trabalhei muito e me disciplinei, por isso fui transformado”.
Ninguém poderá dizer isso.
19º Dia
Para se permitir ser levada, a ovelha precisa reconhecer que está perdida.
Ela precisa perceber o amor do pastor e desejar voltar para casa. O resto do
trabalho é do pastor, e o pastor aqui é o próprio Senhor Jesus.
É interessante ler na Palavra de Deus que Judas se arrependeu depois de ter
traído Jesus. Certamente, foi mais um tipo de remorso do que
arrependimento, mas ele até devolveu as moedas e reconheceu que havia
traído sangue inocente. Apesar disso, ele se perdeu porque tomou a justiça
sobre si mesmo e se enforcou. Podemos dizer que ele não se permitiu ser
levado pelo bom pastor. Ele se enforcou pendurado numa árvore sem saber
que, poucas horas depois, o Filho de Deus seria pendurado no madeiro para
salvá-lo (Mt 27.3-5).
Observe que Pedro somente chorou depois que viu o olhar de Jesus. Assim,
não foi o choro de Pedro que atraiu o amor de Deus; na verdade, foi o amor
de Jesus que o levou a chorar (Mt 26.75).
Isso pode soar injusto para você, uma vez que não nos parece razoável ser
condenados pelo pecado de um homem. Mas Deus mostra a sua justiça nos
fazendo justos por causa da obediência de um só homem. Você se tornou
justo por causa da obediência de Cristo. Do mesmo modo que você herdou
o pecado de Adão, agora você herda a justiça de Cristo.
No tempo em que você era pecador, certamente fazia boas obras, como dar
comida aos pobres, ajudar os enfermos e coisas afins. Essas boas obras o
faziam justo diante de Deus? Certamente não. Você ainda era um pecador.
Existem pecadores decentes e existem pecadores realmente malignos, mas
são todos pecadores. Não adianta ficar medindo a iniquidade dos pecadores
porque todos eles estão mortos e ninguém pode estar mais morto que outro.
Todos necessitam igualmente receber a vida de ressurreição.
O que o primeiro Adão fez foi tão poderoso que você não pode desfazer
pelas suas próprias obras. Entenda que as suas boas obras não podiam
mudar o seu status de pecador. Quando você fazia boas obras, ainda
continuava sendo um pecador. O mesmo princípio continua valendo depois
que você recebe a justiça de Cristo. Uma vez que recebe a justiça, já não é
mais pecador. Ainda está sujeito ao pecado e ainda pode pecar, mas não é
mais pecador. O pecado não pode mais mudar a sua posição de justo. O
poder do pecado não é maior do que o poder da justiça de Cristo que nos foi
dada.
Nunca julgue a sua posição pelo seu comportamento, mas sempre julgue o
seu comportamento baseado na sua posição. A sua posição é que você é
justo em Cristo, então declare que o seu comportamento errado é agora
inadequado para alguém justo como você. Mas nunca faça o contrário, não
rejeite a sua posição de justo porque você pecou.
Isso não é um tipo de licença para pecar. Em primeiro lugar, porque a força
do pecado não é a graça, e sim a lei. E também porque o pecado não tem
mais domínio sobre aqueles que estão debaixo da graça.
Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça. (Rm
6.14)
O diabo procura nos levar a ficar ocupados com nós mesmos, olhando-nos e
nos analisando o tempo todo. O resultado disso é sentimento de culpa,
depressão, desânimo e incredulidade. Mas o alvo de Deus é que olhemos
para Cristo.
Quanto mais olhamos para Cristo e nos esquecemos de nós mesmos, mais
somos cheios de vida e também somos transformados de glória em glória.
Precisamos entender que é a justiça d’Ele que nos faz justos, e não o nosso
próprio bom comportamento e boas obras.
O diabo sempre nos dirá: “Olhe para você. Você não obedeceu o suficiente.
Como pode crer em Deus para receber cura? Como pode crer em Deus para
prosperidade? Você desobedeceu. Você já não é mais justo diante de Deus”.
É nesse momento que precisamos trazer todo pensamento à obediência de
Cristo.
Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas,
anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo
todo pensamento à obediência de Cristo. (2 Co 10.4-5)
Não é que nós trazemos o nosso pensamento para obedecer a Cristo. Não é
isso que o texto diz. É trazer todo pensamento à obediência de Cristo. A
obediência é de Cristo, e, porque Ele obedeceu, eu fui feito justo pela fé.
Agora toda fortaleza maligna é quebrada por causa da obediência de Cristo.
Depois que foi assunto ao céu, o Senhor se tornou o nosso sumo sacerdote.
E o que Ele está fazendo agora? Hebreus 1.3 diz que, depois que o Senhor
fez a purificação dos pecados, Ele se assentou à destra da majestade nas
alturas. Ele se assentou porque a sua obra está completa. Ele está sentado
como sumo sacerdote por causa de nós.
O profeta fala de Deus aos homens, mas o sacerdote fala dos homens a
Deus (Hb 5.1). O sacerdote representa o homem diante de Deus. É claro
que o Senhor Jesus também é profeta, mas Ele está sentado como sumo
sacerdote em nosso favor. Ele nos representa diante de Deus.
Porque todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é constituído nas coisas concernentes a
Deus, a favor dos homens, para oferecer tanto dons como sacrifícios pelos pecados. (Hb 5.1)
Se o sacerdote entrasse no santo dos santos e caísse morto ali, ele seria
arrastado para fora e toda a nação saberia que Deus os havia rejeitado. Eles
agora teriam um ano ruim, com derrota para os inimigos, seca e fome.
Todavia, quando o sumo sacerdote saía do santo dos santos vivo, ele erguia
a sua mão para abençoar a nação, e agora eles sabiam que Deus os havia
aceitado e teriam um grande ano, com chuva e abundância. O que Deus
estava dizendo é que, se o seu sumo sacerdote é bom, você estará bem. Se o
sumo sacerdote é aceito, você é aceito também.
João diz que, como Ele é, nós somos neste mundo (1 Jo 4.17). Se Ele é
aceito por Deus, nós também somos aceitos. Se Ele é justo, nós também
somos justos. Se Ele é saudável, nós também somos neste mundo. Se Ele é
próspero, nós também somos. Se Ele está debaixo do favor de Deus, nós
também estamos.
Quem nos apascenta não é o grande pastor, mas o Cordeiro. Ele se fez
Cordeiro para que pudesse se compadecer de nós e interceder por nós diante
do Pai. É claro que Ele é o Supremo Pastor, mas Ele só é supremo porque
também é um cordeiro.
20º Dia
eus não precisa do seu dízimo. O Senhor não quer que você dê o dízimo
porque Ele supostamente precisaria do seu dinheiro. Nada disso. O nosso
Deus é rico e nos chamou para a riqueza também. Há muitos que pregam a
graça, mas dizem que as pessoas devem
O diabo não quer que a igreja prospere, porque uma igreja próspera pode
fazer muito para o reino de Deus. Precisamos rejeitar essa mentalidade de
pobreza.
Não ensinamos que as pessoas devem ser ricas, mas cremos que todo filho
de Deus pode ser próspero. Evidentemente, tornar-se um materialista cheio
de amor ao dinheiro é muito ruim, contudo há pessoas pobres que pensam
em dinheiro o tempo todo. Ser pobre não protege ninguém do materialismo,
e ser rico não significa algo ruim, desse modo, Abraão teria sido o pior de
todos, pois a Palavra de Deus diz que ele era riquíssimo.
Abraão era alguém preocupado sobre quem teria o crédito pela sua
prosperidade e riqueza. Ao rei de Sodoma ele disse: “Nada tomarei de tudo
o que te pertence, nem um fio, nem uma correia de sandália, para que não
digas: Eu enriqueci a Abrão”.
Uma vez que você entende que Jesus é sumo sacerdote segundo a ordem de
Melquisedeque, você sabe que precisa fazer o mesmo hoje. Nós somos
filhos de Abraão. Se, contudo, você ainda não teve essa revelação e não
quer dar o dízimo, então não dê. Somente faça se for fruto de revelação e
não por uma obrigação legalista. Muitos gostam de dizer que o dízimo é da
lei, mas ninguém mandou Abraão dar o dízimo. Ele entendeu por uma
revelação divina que era a coisa certa a ser feita. O mesmo vale para nós
hoje. Não é um mandamento, é fruto de uma revelação de Deus.
Entretanto, não foi apenas Melquisedeque que saiu ao encontro de Abraão,
o rei de Sodoma também foi ter com ele. Evidentemente, o rei de Sodoma
aponta para o diabo. E o que ele diz a Abraão? “Dá-me as pessoas, e os
bens ficarão contigo”. Abraão, então, jurou que jamais pegaria nada que
pertencesse a ele para que não dissesse: “Eu enriqueci a Abraão”. Veja que
Abraão se importava com quem teria o crédito pela sua riqueza e também
mostra que ele queria, sim, ser rico.
Quando você dá o dízimo, está reconhecendo quem está por trás da sua
prosperidade e riqueza. O Senhor é a fonte do seu trabalho, saúde, posição e
até do ar que você respira. Os seus dez por cento mostram que você
reconhece que Ele é a fonte.
Lembre-se disso, ninguém mandou Abraão dar o dízimo. Não era uma lei
que ele tinha de obedecer, mas com certeza foi uma revelação que ele
recebeu de Deus.
Esta é uma profecia que aponta para a segunda vinda. O texto diz que o
Senhor virá repentinamente. Ele não veio repentinamente em sua primeira
vinda, mas virá assim na segunda. Portanto, o contexto dessa passagem
aponta para o nosso tempo, Ele virá repentinamente. Isso significa que a
casa do tesouro, mencionada no verso 10, é a igreja.
O verso 2 diz: “Quem poderá suportar o dia da sua vinda? E quem poderá
subsistir quando ele aparecer?” Na sua primeira vinda, as pessoas puderam
suportar, porque Ele veio como bebê, mas, na sua segunda vinda, Ele virá
como juiz.
O dízimo é um ato de fé
Evidentemente, todo materialismo e amor ao dinheiro é maligno, mas não
há nada de errado em querer prosperar e dar o melhor para a sua família. O
Senhor Jesus nos encoraja a dar para recebermos ainda mais.
Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão;
porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também. (Lc 6.38)
Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós,
para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos. (2 Co 8.9)
Você não pode ser um líder na casa de Deus se não é um dizimista. Cremos
assim porque a forma como você lida com o dinheiro fala a respeito do seu
caráter.
O Senhor Jesus diz que toda riqueza neste mundo tem uma origem injusta.
De alguma forma, o dinheiro que ganhamos não vem de maneira
completamente correta aos olhos de Deus. O patrão não pagou o imposto
devido, e você recebeu um salário, mas não trabalhou exatamente o tempo
contratado, sempre havia alguma enrolação. No fim, toda riqueza é injusta.
Por isso, o Senhor diz que, se você não é fiel no uso dessas riquezas
injustas, Deus não vai lhe confiar a verdadeira riqueza, que são as almas.
Sei que parece estranho dizer isso, mas muitos líderes não multiplicam suas
células porque não são dizimistas. Não são fiéis no pouco. Na verdade,
existem até mesmo pastores assim, a igreja deles não cresce porque Deus
não lhes pode confiar a verdadeira riqueza, que são as vidas, pois não são
fiéis no pouco. O uso do dinheiro é um grande teste de Deus em nossa vida.
As riquezas injustas
Antes, dai esmola do que tiverdes, e tudo vos será limpo. Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o
dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis,
porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas. (Lc 11.41-42)
Então, Deus diz como você pode santificar o dinheiro: se você der as
primícias, o resto dos frutos será santificado. E o que é santificado o diabo
não pode tocar.
E, se forem santas as primícias da massa, igualmente o será a sua totalidade; se for santa a raiz,
também os ramos o serão. (Rm 11.16)
Alguém, no entanto, pode dizer que, se você apenas tocar no dinheiro, ele
será santificado, assim como Jesus apenas tocou no leproso e ele foi
purificado. Este é um pensamento errado. Se você pegar na droga, ela não
será santificada; se você dormir com uma prostituta, ela também não será
santificada.
Jesus disse: “Dê esmolas e tudo ficará limpo”. Há alguma coisa que você
deve fazer com o dinheiro. Ele não faz parte de você. Você está limpo, sim.
Você é justo, sim. Mas o dinheiro é injusto. Então, você pega o primeiro
fruto e oferece ao Senhor, e agora o resto se torna santo. O que é santo se
multiplica. O diabo não pode tocar.
21º Dia
disse: É evidente que ela é tua esposa; como, pois, disseste: É minha irmã? Respondeu-lhe Isaque:
Porque eu dizia: para que eu não morra por causa dela. Disse Abimeleque: Que é isso que nos
fizeste? Facilmente algum do povo teria abusado de tua mulher, e tu, atraído sobre nós grave delito. E
deu esta ordem a todo o povo: Qualquer que tocar a este homem ou à sua mulher certamente morrerá.
Semeou Isaque naquela terra e, no mesmo ano, recolheu cento por um, porque o SENHOR o
abençoava. Enriqueceu-se o homem, prosperou, ficou riquíssimo; possuía ovelhas e bois e grande
número de servos, de maneira que os filisteus lhe tinham inveja. (Gn 26.1-14)
A
Palavra de Deus nos mostra que há tempos de fome. Deus não envia ou
inicia a fome. Se assim fosse, isso significaria que no céu haveria fome,
mas sabemos que no céu há abundância. Portanto, a fome não procede do
Senhor, embora Ele certamente
Isaque foi alguém que prosperou no meio de um tempo de fome. Não havia
chuva e a semente mirrava sobre a terra, mas ele semeou e colheu cem
vezes mais mesmo no tempo de crise. Isaque é um tipo do crente da Nova
Aliança. Ele não conquistou coisa alguma, mas recebeu tudo de seu pai. Ele
é o símbolo do herdeiro. Todas as coisas foram preparadas para ele
simplesmente porque era filho.
E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa. (Gl 3.29)
Hoje, fomos feitos filhos de Abraão. Estamos em Cristo e por isso somos a
verdadeira semente de Abraão. Somos herdeiros da promessa. Dessa forma,
podemos dizer que somos como Isaque e podemos provar das mesmas
bênçãos que ele experimentou, pois também somos filhos de Abraão.
O Senhor, porém, jamais faz coisa alguma de forma injusta ou ilegal. Ele
não rouba de umas pessoas para dar a outras. Deus não é Robin Hood.
Como Ele pode transferir riquezas? Suponha que você tenha uma casa e
tenha ficado longe por muito tempo. Ao voltar, encontra pessoas que a
invadiram. Você é o dono da casa, mas outros a invadiram, portanto pode ir
à justiça para tê-la de volta. Deus é o dono da terra, mas outros tomaram
posse dela, no entanto Deus continua sendo o proprietário.
Se você anda por vista, nunca encontrará nada ao redor que satisfaça as suas
expectativas e lhe dê segurança. O Egito é um tipo espiritual e simboliza a
vida natural que atenta apenas naquilo que é temporal. Se, porém, andamos
por fé, atentamos naquilo que é invisível e eterno.
Quando Deus mandou Noé construir a arca, Ele orientou que se fizesse
apenas uma janela, a qual deveria ficar na parte de cima da arca. Por que
não havia janelas ao redor? Porque Deus não quer que olhemos ao redor
para as circunstâncias. Ele não queria que Noé e sua família olhassem para
a morte e destruição ao redor, mas firmassem os seus olhos no céu.
Não vá para o Egito. Não ande por vista. Não procure meios para não
depender de Deus.
No Salmo 23, lemos que o Senhor é o nosso pastor e Ele nos leva para
águas tranquilas e pastos verdejantes. Ele nos guia pelas veredas da justiça,
mas depois o salmo diz que, ainda que andemos (não fomos levados ou
guiados) pelo vale da sombra da morte, não temeremos mal algum, pois Ele
está conosco. Deus não diz: “Que pena! Você andou pelos seus próprios
caminhos e entrou no vale da sombra. Agora se vire para sair daí!” Ele não
fica cuidando das noventa e nove e deixa a extraviada se perder, mas sai em
busca dela. Deus não nos abandona quando bagunçamos as coisas, Ele
continua conosco.
Isaque mentiu, e isso certamente é errado, mas mesmo assim Deus o livrou.
Abimeleque poderia tê-lo matado para ficar com Rebeca, porém, em vez
disso, protegeu os dois. Ficamos confusos quando Deus nos livra mesmo
quando nós é que fizemos a bagunça, mas essa é a graça de Deus, a sua
bênção é justamente para quem não merece.
Depois que ele gastou toda a sua fortuna, veio uma severa fome sobre a
terra. Contudo, na casa do pai, havia pão em abundância. Alguns pensam
que a verdadeira prosperidade está lá fora, mas só há abundância na casa de
Deus. O fato de haver um novilho cevado era sinal de que havia abundantes
recursos, pão em abundância a ponto de poderem engordar um boi.
Quando ele voltou para casa, o seu pai não falou coisa alguma a respeito do
dinheiro perdido, desperdiçado, apenas disse: “Matem o novilho. Eu tenho
mais para gastar com você”.
A parábola diz que o filho voltou porque havia grande fome, mas, na casa
do pai, havia novilhos que foram engordados unicamente para o dia da
festa. Pode haver fome lá fora, mas sempre haverá suprimento na casa de
Deus.
Isaque saiu com a sua semente vendo a poeira se levantar da terra seca, mas
ele o fez por fé, confiando que o Senhor o prosperaria. E, nesse ano de
fome, ele colheu cem vezes mais.
Será que Isaque não sabia que havia fome? Como ele poderia plantar
mesmo assim? Simplesmente porque estava debaixo da bênção de Deus.
Deus tem prazer em que os seus filhos prosperem, por isso não se
envergonhe de buscar as melhores escolas para os seus filhos, de desejar ter
a sua própria casa e o seu carro. Deus quer que você prove do melhor e viva
debaixo da bênção.
O Senhor Jesus prometeu que todo aquele que renunciasse a algo por amor
a Ele e ao evangelho receberia cem vezes mais. Esta também foi a medida
com a qual Isaque foi abençoado.
Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou
mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no
presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo
por vir, a vida eterna. (Mc 10.29-30)
O Senhor não diz que devemos nos divorciar de pais, mães e filhos. O que
Ele diz é que, quando renunciamos, receberemos cem vezes mais. Cada vez
que viajo e preciso ficar longe da minha esposa e filhas, quando volto, sou
restituído cem vezes mais. Qualquer coisa que sacrificamos por causa do
Senhor e por causa do evangelho nós receberemos de volta multiplicado por
cem.
O Senhor não diz que a recompensa virá no céu, mas afirma claramente que
será no presente. Ele não diz que receberemos o cêntuplo de esposas. A
promessa não se aplica ao casamento, porque a vontade de Deus não é que
renunciemos ao casamento, mas que sirvamos ao Senhor juntos, como
casal.
O mesmo Deus que abençoou Isaque também vai abençoar você. É preciso
semear com a atitude de fé de que estamos debaixo do favor de Deus,
porque, em Cristo, somos filhos de Abraão.