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UTILIZAÇÃO DE ANDAS EM TRABALHOS NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A utilização de andas para realização de trabalho em altura, no setor da construção


civil tem suscitado dúvidas nos Centros e Unidades Locais da ACT pelo que se
esclarece o seguinte:

Nos trabalhos de acabamentos em interiores (placas de gesso cartonado, vulgo


“pladur”, remates de reboco, instalação elétrica, em condutas técnicas, entre
outros) têm surgido casos de utilização de andas, como equipamentos de trabalho
para a realização de trabalhos temporários em altura.

A segurança na utilização de equipamentos de trabalho, pelos trabalhadores, nos


locais de trabalho, regulada pela Diretiva Equipamentos de Trabalho1, foi transposta
para o direito interno pelo, Decreto-Lei n.º 50/2005 de 25 de fevereiro e introduziu,
precisamente, a disciplina legal respeitante à utilização de equipamentos destinados
à execução de trabalhos em altura, diploma aplicável a todos os setores de
atividade económica.

Desde a publicação da Diretiva têm surgido no mercado diversos tipos de


equipamentos destinados à elevação do plano de trabalhos, como é o caso das
andas, cuja utilização não se encontra especificamente considerada na mesma.

A utilização dos equipamentos de trabalho destinados à realização de trabalhos


temporários em altura, deve tomar em consideração os princípios gerais de

1
Diretiva 2009/104/CE, de 16 de setembro que resulta da codificação da Diretiva 89/655/CEE, de 30 de novembro,
alterada pela Diretiva 95/63/CE, de 5 de dezembro e pela Diretiva 2001/45/CE, de 27 de junho
prevenção2, nomeadamente a “adaptação do trabalho ao homem”, assim como
“atender ao estádio de evolução da técnica”.

As normas constantes dos artigos 36.º a 42.º do Decreto-Lei 50/2005, de 25 de


fevereiro, dispõem sobre a utilização de equipamentos de trabalho destinados a
trabalhos em altura.

Refere o art.º 36 Decreto-Lei n.º 50/2005, no n.º 1: “Na situação em que não seja
possível executar os trabalhos temporários em altura a partir de uma superfície
adequada, com segurança e condições ergonómicas apropriadas, deve ser utilizado
equipamento mais apropriado para assegurar condições de trabalho seguras”, no
n.º 3 “O dimensionamento do equipamento deve corresponder à natureza dos
trabalhos e às dificuldades que previsivelmente ocorram na sua execução, bem
como permitir a circulação de trabalhadores em segurança” e no n.º 4 acrescenta
“A escolha do meio de acesso mais apropriado a postos de trabalho em altura deve
ter em consideração a frequência da circulação, a altura a atingir e a duração da
utilização”.

Para que esse tipo de trabalhos se possa efetuar, deve existir uma prévia avaliação
dos riscos efetuada pelo empregador, que deverá conter justificação para a não
utilização de um equipamento mais seguro, como sejam os andaimes ou similares,
com segurança e condições ergonómicas apropriadas.

A utilização de andas deve ser limitada aos trabalhos em que não se


justifique o uso de outro equipamento de trabalho de utilização coletiva e
ser precedida de avaliação de riscos, efetuada pelo empregador.

Uma vez justificada a opção pela utilização de andas3, a mesma exige


sempre a verificação cumulativa dos seguintes requisitos:

Existência de evidências da formação e treino dos trabalhadores para a


utilização deste equipamento, incluindo formação sobre exigências
ergonómicas específicas desta atividade de trabalho;
A Ficha de aptidão para o trabalho, considerar os trabalhadores aptos para a
realização das funções que envolvem a utilização de andas;
Utilização restrita a trabalhos de interior, como colocação e barramento de
gesso cartonado, rebocos e pinturas pontuais em obras de remodelação e
restauro, aplicação de poleias para suporte de cabos elétricos, entre outros;
Utilização em locais com superfícies de apoio resistentes, estáveis, regulares,
sem desníveis e desimpedidos de obstáculos;
Previsão de utilização descontinuada – não devem ser utilizadas por períodos
superiores aos previstos nas instruções do fabricante, ou de menor duração,
se tal for referido na ficha de aptidão do trabalhador;

2
Diretiva 89/391/CEE, de 12 de junho (artigo 6º nº2).
3
Preferencialmente certificadas, ou com garantias de segurança equivalentes.
Utilização até à altura de segurança considerada no manual de instruções do
fabricante;
Utilização na proximidade de aberturas ou vãos, apenas se estes estiverem
protegidas com guarda-corpos com intervalos de 45 cm (na vertical) com
uma altura superior a 1 metro em relação ao plano de trabalhos horizontal,
alcançado pelas andas.

Em caso algum é permitida a utilização de andas quando a tarefa exigir transporte


ou manuseamento de cargas, para além dos materiais ou ferramentas necessários
à execução da tarefa específica.

Conclusão

Do exposto extrai-se que o trabalho sobre andas no sector da construção


civil e obras públicas, só é admissível, nas situações de trabalho em que a
avaliação de riscos, efetuada pelo empregador, contenha clara justificação para a
não opção por um equipamento de trabalho mais adequado ao risco, ao tipo de
trabalho a executar e às capacidades do trabalhador.

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