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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

RESUMO

ste artigo teve como objetivo

E verificar a viabilidade
financeira de um sistema de
produção de brotos de alfafa em uma
estufa com um novo modelo de
automação, com base em um sistema já
ANÁLISE DE VIABILIDADE estruturado e levantando a totalidade
dos custos de implantação e custos
FINANCEIRA DA mensais, bem como as receitas
envolvidas, opções de financiamento,
IMPLANTAÇÃO DE UM taxas de juros. Para isto foram
MODELO DE ESTUFA realizadas entrevistas com o mentor do
novo sistema, coleta de dados junto a
AUTOMATIZADA bancos e investidores e diversas
pesquisas bibliográficas sobre a
produção em estufas, a produção de
brotos de alfafa, levantamento junto a
entidades bancárias, dados dos preços
Igor Rodrigo Markus de venda praticados na CEASA Porto
Diego Silva Alegre para brotos de alfafa.
Realizaram-se as montagens de quatro
modelos de fluxo de caixa projetado
para um período de 20 anos.
Posteriormente aplicaram-se as
ferramentas TIR, VPL, E Payback
Descontado, para verificar a viabilidade
das opções. Todos os modelos de
financiamento se mostraram como
opção válida, cabendo ao
investidor/produtor a escolha da opção
que melhor o atenda. A produção de
brotos de alfafa, neste novo modelo de
automação, é extremamente viável
financeiramente e oferecendo algumas
vantagens a mais que os demais

Trabalho de Conclusão do Curso de sistemas disponíveis no mercado.
Especialização MBA em Gestão Financeira da Palavras chave: Automação, Estufa,
Faculdade La Salle Estrela. Fluxo de caixa.

Aluno do Curso de Especialização MBA em
Gestão Financeira da Faculdade La Salle
Estrela. igormarkus@gmail.com.

Mestre em Administração pela Unisinos.
Orientador. diego.rsbrasil@gmail.com.

La Salle Estrela – Revista Digital, v. 1. n. 4. p. 173-193 - ago-dez 2015


MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

ESTUFAS, UMA OPÇÃO SUSTENTÁVEL À AGRICULTURA


CONVENCIONAL

Desde os primórdios da humanidade a arte da agricultura nos acompanha, não


existem registros de em qual data o homem descobriu que poderia plantar seus próprios
alimentos, contudo, o consenso geral é que a prática da agricultura se iniciou entre dez a
doze mil anos atrás, antes mesmo de iniciarmos a era da escrita. Existe uma grande
divergência sobre o assunto, contudo,

[...] os primeiros sistemas de cultivo e de criação apareceram no período


neolítico, há menos de 10 mil anos, em algumas regiões pouco numerosas e
relativamente pouco extensas do planeta. Originavam-se da
autotransformação de alguns dos sistemas de predação muito variados que
reinavam então no mundo habitado. Essas primeiras formas de agricultura
eram certamente praticadas perto de moradias e aluviões das vazantes dos
rios, ou seja, terras já fertilizadas que não exigiam, portanto, desmatamento.
(MAZOYER, 1933, p.45).

Sabe-se então que foi a partir deste momento que o homem firmou raízes
deixando de ser apenas um coletor e iniciou uma longa jornada rumo à evolução.
Passados alguns milênios, sabe-se que hoje somos mais de sete bilhões de seres
humanos habitando no planeta Terra, e toda esta população tem diversas necessidades
diariamente, sendo a mais importante delas a necessidade de se alimentar. Um dos
maiores desafios para humanidade atualmente é produzir alimento para suprir essa
imensa demanda e garantir a segurança alimentar básica para todos. Segundo algumas
projeções, até o ano de 2050 o planeta terá cerca de dez bilhões de pessoas o habitando,
o que culminará em um aumento na necessidade de produzir alimentos. Além disto, se
verificarmos que, de acordo com pesquisa realizada pela FAO (Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e Agricultura), cerca de 805 milhões de pessoas no mundo
encontram-se em classificação alimentar de subnutrição.
Nos últimos anos a humanidade vem batendo recordes de produção de
alimentos, mesmo assim pode-se verificar com base no estudo acima mencionado que
aproximadamente 11,5% da população está vivendo abaixo do que se considera uma
alimentação básica. Isto comprova que além do desafio de produzir mais, também
devemos melhorar a distribuição deste alimento, e buscar novas tecnologias que

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reduzam o custo de produção para poder ofertar mais alimento com um menor preço,
atingindo assim a população de menor renda.
De acordo com os atuais movimentos ligados à sustentabilidade da atividade
agrícola e os seus custos, o que acontece é que na maior parte dos países produtores de
alimentos existe uma alta nos custos de produção e também boa parte de desperdício
dos recursos hídricos. No Brasil, esta afirmação não foge a regra, para embasar esta
afirmação, podemos verificar o que Markus, citou em seu artigo,

[...] existe um aumento considerável no custo da produção agrícola per capita


anual no Brasil, isso ocorre devido a diversos fatores, entre eles o custo da
água, energia elétrica, combustível e sementes, em 2002 este custo era de I$
522,00; já em 2012 o mesmo era I$ 657,00 estes números se tornam mais
interessantes quando comparados aos de países como Israel, que de I$386,00
em 2002 passou para I$368,00 em 2012 e Japão, I$139,00 e I$138,00. Parte
desta diferença na manutenção do custo de produção se dá devido aos países
em questão incentivarem a criação/utilização de tecnologias de produção
inovadoras que permitem o melhor aproveitamento dos recursos hídricos e do
território terrestre (Food Security Indicators 2014). (MARKUS, Y. M., 2014,
p.1)

Avaliando as possibilidades para contribuir com essas problemáticas,


verificou-se que uma atividade no ramo da agricultura que atende quase em sua
totalidade tais questões é o plantio por meio de estufas, pois elas conseguem produzir
praticamente em qualquer estação do ano e com um mesmo espaço pode-se produzir até
duas vezes mais se comparada à agricultura convencional,

Nas últimas duas décadas (1990 e anos 2000), a adoção do cultivo protegido
se expandiu rapidamente pelo mundo. Na década de 1990, estimativas
indicavam uma área de 716 mil hectares com estufas; em 2010, já eram 3,7
milhão de hectares (também com estufas). A maior parte desses plantios é de
hortaliças, e a China concentra a maior área de cultivos protegidos – em
2010, eram 3,3 milhões de hectares de estufa. Naquele país, a propósito, a
produtividade das hortaliças em estufas é o dobro da realizada em campo
aberto. (PAGIUCA, L.; SILVA, A.; SILVA, B. 2013, p.12).

A utilização de sistemas de controle proporcionam diversas facilidades aos


produtores, um deles está ligado à redução da mão de obra necessária para
operacionalizar a estufa. Outro benefício tem a ver com o gerenciamento da atmosfera
da estufa, o que garante que a maioria das variáveis esteja o mais próximo do ideal, e
assim fazendo com que a planta não sofra nenhuma adversidade em seu ciclo produtivo.
Outro fator que é de suma importância na atual conjuntura é a utilização de
fontes renováveis, e para enfatizar essa tendência, o modelo estudado pode também

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utilizar um sistema de reaproveitamento da água da chuva, sendo esta água captada pelo
telhado da estufa e posteriormente armazenada para uso conforme a necessidade na
estufa. Este sistema pode ser independente ou como parte de um sistema primário onde
caso preciso (na falta de água), seria acionado o sistema secundário (rede de água, poço
artesiano, etc.), reduzindo assim os gastos com uma possível conta de água.
O artigo em questão consiste no levantamento de todos os custos envolvidos
para a construção, instalação de um sistema de controle informatizado e tudo que
envolve os valores mensais para suprir a necessidade de uma estufa agrícola para a
produção de brotos de alfafa, tomando como base, artigos anteriores deste autor e um
novo modelo de sistema de automação apresentado por Yuri Matheus Markus em seu
trabalho de conclusão do curso de Engenharia de Telecomunicações.
Assim sendo, caso o artigo prove-se viável, automaticamente se cadastrará
como uma opção válida no auxílio à solução de tais problemáticas, pois demandaria de
menores volumes de recursos hídricos no local em que for instalado.

DA REALIZAÇÃO

O artigo teve como objetivo principal avaliar a viabilidade financeira da


implantação do modelo de estufa automatizada visando todos os custos que um produtor
rural ou investidor teria para colocar o artigo em prática.
Para consolidar tal avaliação utilizaram-se como objetivos secundários a
necessidade de levantar todos os custos para a implantação do artigo, verificar as opções
de financiamento para o artigo, a montagem de um fluxo de caixa projetado para os
próximos 20 anos após a instalação do artigo, aplicar as ferramentas de análise da
viabilidade e por fim analisar os índices de retorno financeiro do artigo.
Quando se fez presente a escolha de um delineamento, houve um inicial receio,
pois a pesquisa em questão se enquadra em mais de um delineamento, contudo,
posteriormente tal dúvida foi solucionada segundo afirmação de Gil,

Podem ser identificados muitos delineamentos de pesquisa. Como na


definição dos delineamentos são considerados muitos elementos, nenhum
sistema de classificação pode ser considerado exaustivo [...] não se pode
garantir que as pesquisas possam ser enquadradas numa única modalidade.
(GIL, 2008, p.29)

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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

Assim sendo, a pesquisa para construção deste artigo classifica-se inicialmente


como uma pesquisa de cunho bibliográfico, pois todo o levantamento do modelo e suas
necessidades serão realizados através de estudo construído anteriormente. Para uma
melhor explicação de como se caracteriza uma pesquisa bibliográfica, utilizamos
novamente as palavras de Gil,

A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado.


Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso,
como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos
científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos de
informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como
discos, fitas magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado na
internet. [...] Praticamente toda pesquisa acadêmica requer em algum
momento a realização de trabalho que pode ser caracterizado como pesquisa
bibliográfica. (GIL, 2010, p.29).

E posteriormente classificando-se como uma pesquisa de cunho exploratório,


mais exatamente definida como um estudo de caso, que segundo Gil,

O estudo de caso é uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas


ciências biomédicas e sociais. Consiste no estudo profundo e exaustivo de um
ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos
já considerados. (GIL, 2010, p. 37).

Foram realizados cinco orçamentos junto a empresas de construção de estufas


para verificar qual poderia atender o artigo com o melhor custo benefício entre
qualidade e custo. Dando sequência à busca dos dados, foram feitas duas entrevistas
presenciais com os gestores do sistema de automação estudado neste, onde foram
colocadas diversas questões sobre a montagem, funcionamento e a manutenção do
mesmo, além de algumas outras questões respondidas por meio de e-mails.
A escolha do cultivar foi embasada conforme estudo de Yuri Matheus Markus,
2014, que fundamenta todo o seu sistema de automação para a produção de brotos de
alfafa, calculando suas necessidades.
O broto de alfafa além de ter um curto ciclo de produção, cerca de sete dias a
partir do plantio das sementes até estar próprio para o consumo. Em sua composição
oferta cerca de 20% de proteína. Na alimentação diária, pode ser uma opção de suprir a
necessidade alimentar de proteínas, substituindo o consumo de carnes em geral, com um
valor certamente menor.

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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

Assim, para dar embasamento aos preços pagos no mercado, foi necessário
pesquisar os valores pagos pelos brotos de alfafa junto ao CEASA de Porto Alegre,
criando uma série histórica de preços praticados do produto dentro de um período de
junho de 2014 a junho de 2015, ou seja, dentro de um período de um ano. Também
foram pesquisados diversos tipos de financiamento para custear o negócio e análise das
taxas de juros em todas as modalidades.

POR DENTRO DA ESTUFA

Após analisar diversos modelos de estufa, bem como o seu funcionamento e


layout, decidiu-se optar por um modelo com dimensões de 12 metros de largura por 36
metros de comprimento, que por sua vez comportaria o sistema de automação com
facilidade e teria grande poder de produção para a cultura escolhida (brotos de alfafa).
Outra vantagem sobre as demais estruturas encontradas seria uma maior segurança
estrutural, pois são reduzidas as chances de problemas com a incidência de ventos.
Dando sequencia ao processo de escolha das dimensões, foi necessário avaliar
qual modelo de micro-aspersor se adequaria a necessidade deste artigo, sendo escolhido
um modelo específico para culturas com baixa necessidade hídrica, ou seja, com uma
pequena vazão de água por hora e com uma distância média de aproximadamente três
metros para a distribuição da água. No artigo, considerou-se uma distância entre micro-
aspersores de 5,89 metros o que ainda deixa uma margem de 20 centímetros de
sobreposição dos jatos d'água de um para o outro, evitando que alguma planta fique sem
o correto abastecimento.
Conforme se pode verificar na figura 1, o modelo de funcionamento da estufa
estudada.

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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

Figura 1: Modelo de Funcionamento.


Fonte: Do Autor.

Conforme se avaliou, o sistema oferece um diferencial aos demais encontrados


no mercado atualmente, pois além de realizar em sua totalidade tudo o que os demais
prometem, ainda pode ser verificado via internet diretamente na casa do produtor ou
investidor. Contando ainda com cálculos de autonomia de água em períodos de
escassez, e controles de umidade e temperaturas internas.
Quanto à construção da estrutura externa (estufa), foram realizados cinco
orçamentos junto às empresas construtoras inicialmente por telefone e posteriormente
em contatos por e-mail. Foi escolhida empresa que ofereceu uma melhor relação entre
custo x benefícios, onde se entende um custo equivalente ao praticado no mercado,
juntamente com uma melhor oferta de questões como garantia dos materiais utilizados e
a disponibilidade da rede de assistência técnica.
No que se refere aos custos de implantação do sistema, os custos
levantados são referentes à implantação do sistema automatizado, construção da estufa
por parte de uma construtora especializada, gastos com a mão de obra na montagem da
estufa, impostos, custos operacionais e reservas para emergências.

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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

CUSTO DO SISTEMA
PREÇO PREÇO
DESCRIÇÃO UTILIDADE UND
UNITÁRIO TOTAL
Recebimento de saídas analógicas dos sensores e
ARDUINO UNO R$ 89,00 1 R$ 89,00
conversão para dados digitais.
Coleta/armazenamento/ envio de dados para servidor na
RASPBERRY PI R$ 229,00 1 R$ 229,00
núvem.
PROTOBOARD Placa de Circuito integrado. R$ 25,00 1 R$ 25,00

CASE Para armazenar as placas dentro. R$ 30,00 1 R$ 30,00

MOTOR INJETOR (BOMBA D´AGUA) Abastecer o sistema de canos com água. R$ 327,80 1 R$ 327,80

TRANSISTOR IRF610 Componente eletrônico de reposição para o sistema. R$ 3,50 10 R$ 35,00

DHT22 Sensor de Temperatura e Umidade do ar. R$ 89,32 4 R$ 357,28

FC-28-G Sensor de Umidade do Solo. R$ 15,25 6 R$ 91,50

MICROASPERSOR TIPO BAILARINA Bico para espalha a água em um raio de até 3 metros. R$ 3,12 30 R$ 93,60
Veda possíveis vazamentos entre o cano mestre e o
CHULINHA DE PVC 1/4" R$ 0,70 30 R$ 21,00
microaspersor
BASE P/ MICROASPERSORES COM Suporte para os microaspersor bailarina que é instalado
R$ 0,99 30 R$ 29,70
ROSCA DE 1/4" junto aos chulinha
FILTRO DE ÁGUA AUTOLIMPANTE Para realizar a filtragem dos micronutrientes e impurezas
R$ 72,40 3 R$ 217,20
COM FILTRO DE 150 MICRONS contidas na água.
BANDEJAS PARA PRODUÇÃO DE
Realização do plantio das sementes até a fase de corte R$ 3,50 500 R$ 1.750,00
MUDAS
Realiza a alimentação do sistema para os componentes que
FIAÇÃO ELÉTRICA 2,5 MM R$ 0,89 100 R$ 89,00
necessitam de energia para o seu funcionamento.
Serve para abastecer o sistema com água, servindo de cano
CANO PVC 25MM R$ 2,49 100 R$ 249,00
mestre para a instalação dos bicos bailarina.
Para realizar a ligação entre o motor injetor e os canos
CANO PVC 40MM R$ 3,54 10 R$ 35,40
mestres.
REDUTOR DE 40MM PARA 25MM Para reduzir de 40mm para 25mm e pressurizar o sistema. R$ 5,30 3 R$ 15,90
ESTUFA METÁLICA SOB MEDIDA Estrutura que integra todo o sistema e desenvolve a
R$ 32,00 432 R$ 13.824,00
POR M² (12MX36M) produção
Tem finalidade de garantir o andamento do projeto caso
RESERVA IMPREVISTOS R$ 5,00 432 R$ 2.160,00
ocorra algum imprevisto.
TOTAL DO CUSTO DO SISTEMA R$ 19.669,38
Quadro 1: Custos Iniciais.
Fonte: Do Autor.

Logo após este levantamento foram obtidos também os gastos com a mão de
obra para montar a estrutura da estufa e colocar em funcionamento o sistema de
automação, estes valores foram determinados pela empresa escolhida para a compra da
estrutura para a estufa, e se deu de acordo com experiências anteriores dos mesmos na
montagem de outras estufas.

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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

CALCULO DE MÃO DE OBRA

NUMERO DE NUMERO DE PRECO DA


TOTAL
PESSOAS HORAS HORA
5 100 R$ 15,00 R$ 7.500,00

TOTAL R$ 7.500,00

Quadro 2: Custo da mão de obra.


Fonte: Do Autor.

Por fim, foram calculados todos os gastos para a implantação do artigo, como
gastos com deveres legais, com os trabalhadores, valores designados para o pagamento
de impostos e a margem de lucro, obtendo-se assim o valor final cobrado pelos
implantadores do projeto, que pode ser acompanhado no quadro 3, que se refere aos
custos totais de implantação.

CUSTO TOTAL DO PROJETO


MÃO DE CUSTO MARGEM
CUSTO IRPJ-LP SUBTOTAL TOTAL
OBRA OPERACIONAL DE LUCRO
R$ 19.669,38 R$ 7.500,00 R$ 2.250,00 R$ 4.412,91 R$ 33.832,29 28,48% R$ 43.471,01
Quadro 3: Custo Total de implantação.
Fonte: do Autor.

COMO INVESTIR

Atualmente existem diversas opções no mercado para quem quer colocar em


prática um projeto, para tanto, basta informar-se sobre quais os requisitos o projeto deve
atender e quais as taxas cobradas para a liberação dos valores em questão.
Mas qual é a real importância de se realizar um artigo com o enfoque na
viabilidade financeira? Quais seriam os benefícios encontrados? Ao analisar a
viabilidade de qualquer artigo de negócio o interessado aumenta as chances de que o
negócio prospere, pois estará em grande vantagem por não estar arriscando o seu
capital. Além disto, as variáveis do mercado e a postura dos concorrentes tornam
arriscada a implantação de qualquer negócio sem um embasamento anterior.
Utilizando-se das palavras de Damodaran onde o mesmo afirma que:

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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

O segundo ponto de vista que pode ser usado para classificar artigos é a sua
capacidade de gerar receitas brutas ou reduzir custos. As regras de tomadas
de decisão que analisam artigos geradores de receita bruta fazem uma
tentativa de avaliar se as receitas ou fluxos de caixa justificam o investimento
necessário para implementá-los. (DAMODARAN, 2004, p.204)

Para confecção deste artigo, verificaram-se quatro opções para financiar o


projeto no mercado, todas elas pesquisadas no período entre 10 de junho de 2015 a 20
de junho de 2015. O levantamento foi realizado por contato presencial junto ao Banco
do Brasil, para as opções ligadas ao Pronaf e ao Moderagro. E por meio de troca de e-
mails com um contato junto a um investidor.
Dentre tais opções, o financiamento junto ao programa do governo
denominado Pronaf Mais Alimento. Este oferece excelentes taxas de juros além de um
período de carência que pode chegar a três anos e até dez anos para o pagamento.
Contudo este é concedido com uma série de exigências, dentre as quais restringem o seu
uso apenas por produtores rurais enquadrados na agricultura familiar. Verificou-se
também o crédito via investidor, que oferta uma taxa de juros considerada alta, menor
período de carência e menor prazo para o pagamento. Crédito via instituição financeira
Banco do Brasil, com uma linha denominada Moderagro, que oferta juros médios, até
dois anos de carência e até dez anos para o pagamento. Por fim considerou-se também o
financiamento do projeto com recursos próprios. Buscando facilitar a visualização e o
entendimento sobre as propostas de financiamento, o quadro 4 apresenta todos os dados
que são necessários.
PERÍODO
VALOR DURAÇÃO DO TAXA DE NUMERO DE VALOR VALOR
FONTE DOS RECURSOS DE
NECESSÁRIO FINANCIAMENTO JUROS PRESTACÕES PARCELA FINAL
CARÊNCIA
PRONAF MAIS ALIMENTO R$ 45.000,00 24 MESES 120 2% a.a. 96 R$ 571,40 R$ 54.854,75

RECURSOS PRÓPRIOS R$ 45.000,00 12 MESES 120 8% a.a. 108 R$ 899,55 R$ 97.151,62

INVESTIDOR R$ 45.000,00 6 MESES 60 11% a.a. 54 R$ 1.404,21 R$ 75.827,21

B.B. (Moderagro) R$ 45.000,00 18 MESES 120 8,75% a.a 102 R$ 1.020,72 R$ 104.113,05

Quadro 4: Opções de Financiamento do Artigo.


Fonte: Do Autor.

Tais opções posteriormente foram analisadas com a realização de um modelo


de fluxo de caixa projetado para um cenário que engloba os próximos 20 anos após o
investimento inicial, para que a melhor opção de financiamento fosse escolhida para
custear o artigo.

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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

Os fluxos de caixa projetados foram realizados contemplando um período de


20 anos, com base nas normas de depreciação que determinam que para uma edificação
um período de 20 a 25 anos de durabilidade, contudo tomou-se como base para os
cálculos um período de 20 anos, se fazendo necessário um reinvestimento no décimo
ano por se tratar de uma estrutura metálica diretamente em contato com a água.

CUSTOS, RECEITAS, FLUXO DE CAIXA E ANÁLISES

Uma das partes mais importantes no decorrer de um artigo é o levantamento


dos custos envolvidos, sejam eles para compor o investimento inicial ou para integrar os
valores que devem ser despendidos mensalmente para que de a fluidez natural do
negócio.
Custo significa uma ou mais despesas ou desembolsos realizada por uma
pessoa ou empresa para realizar determinada tarefa. Assim sendo, para elaboração
detalhada dos custos envolvidos apenas para suprir as necessidades mensais, garantindo
a funcionalidade do sistema, no quadro 5, se pode acompanhar os custos com água, luz,
funcionário entre outros, uma vez que os custos que envolveram o investimento inicial
do artigo foram anteriormente descriminados.

CUSTO MENSAL
VALOR QUANTIDA VALOR
ITEM
UNITÁRIO DE TOTAL
SERVICO DE HOSPEDAGEM DE
R$ 90,00 1 R$ 90,00
DADOS
SERVIÇO DE MANUTENÇÃO DO
R$ 250,00 1 R$ 250,00
SISTEMA AUTOMATIZADO
LUZ (KWh) - BANDEIRA
R$ 0,39 1600 R$ 625,98
VERMELHA - AES SUL
ÁGUA (M³) - CORSAN R$ 3,20 80 R$ 256,00

SEMENTES ALFAFA CRIOLA -


R$ 45,00 75 R$ 3.375,00
UFRGS/ELDORADO (Kg)
MÃO DE OBRA R$ 1.006,00 1 R$ 1.006,00

ENCARGOS REFERENTES A
60% R$ 603,60
MÃO DE OBRA

TOTAL R$ 6.206,58
Quadro 5: Custo Mensal.
Fonte: Do Autor.

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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

Se comparados os demais sistemas de produção, estes custos podem ser


considerados relativamente baixos, pois com a otimização e os controles oferecidos pelo
sistema de automação, automaticamente se reduz a necessidade de mão de obra direta e
também a necessidade de demais cuidados.
Tais custos foram obtidos junto às empresas prestadoras de serviço, no que diz
respeito aos valores de água e luz, foram disponibilizados em resposta ao e-mail junto
ao SAC das empresas CORSAN e AES Sul respectivamente. O custo das sementes
entregues no cliente, foi obtido junto à empresa situada no município de Eldorado do
Sul/RS, que de onde segundo estudos da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande
do Sul) oferece a melhor cultivar adaptada ao clima do estado, bem como oferece os
maiores índices germinativos, que ficam em cerca de 98%, além de serem certificadas
geneticamente. A avaliação dos custos com a mão de obra baseou-se nos valores do
salário mínimo regional determinado pelo governo do estado do Rio Grande do Sul e os
encargos referentes à mão de obra também considerando as obrigações impostas ao
empregador junto ao mesmo.
Complementando a importância dos custos, também se levantaram as possíveis
receitas do projeto, para tanto, se realizou um levantamento dos preços praticados nas
vendas relativas a brotos. Este levantamento foi realizado com dados fornecidos pela
CEASA Porto Alegre, abrangendo um período de treze meses, iniciado em junho de
2014 a junho de 2015, podendo ser acompanhados no gráfico 1.

Gráfico 1: Preços para o Kg de broto em geral.


Fonte: CEASA Porto Alegre.

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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

Com os valores de venda já obtidos, foi à vez de verificar a produção que se


poderia produzir com a estufa. Segundo levantamento realizado no ano de 2013 por
Schardong et al., estudando diferentes períodos de incidência da luz sobre os brotos e
quais os resultados obtidos ao final de um período de sete dias, que equivale ao estágio
produtivo total da cultivar. Assim apoderando-se desta informação que é de grande valia
para o levantamento de dados para projetar a produção alcançada neste artigo,

[...] que com 0 hora de luz atinge-se uma produção de 605 gramas de broto
para cada 120 gramas de semente, com 6 horas de luz se obtém uma
produção de 845 gramas de broto para cada 120 de semente, para cada 12
horas de luz a produção é de 1045 gramas a cada 120 gramas de semente,
para cada 18 horas de luz a produção é de 1205 gramas a cada 120 gramas de
semente e mantendo às 24 horas com luz a produção é de 1195 gramas a cada
120 gramas de semente. (SCHARDONG et al., 2013)

Na construção do potencial produtivo da estufa, foi tomado como padrão o


modelo que oferece diariamente 12 horas de luz, sendo que será dividido entre a
utilização da luz natural e artificial. Segundo se pode verificar na figura 2, referente a
um estudo realizado pela CRESESB (Centro de Referência para Energia Solar e Eólica
Sergio Brito) que por sua vez é uma das empresas que compõem a Eletrobrás, a
quantidade média de luz solar no estado do Rio Grande do Sul é de aproximadamente 6
horas/dia.

Figura 2: Quantidade média de luz solar por dia.


Fonte: CRESESB.

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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

Deste modo, com a oferta de iluminação natural de 6 horas por dia, teríamos
apenas que suplementar as outras 6 horas do dia com luz artificial, completando assim o
ciclo de 12 horas de iluminação que o cultivar necessitaria e ainda com foco diretamente
ligado a economia de energia elétrica, se mostrando a melhor relação custo benefício
dentre todas as opções avaliadas no estudo de Schardong, et al. (2013).
Neste modelo, a relação de rendimento é 120g de semente para 1,045 kg de
broto, assim sendo, para melhor compreensão resolveu-se transformar tal relação para
kg, onde para cada 1 kg de semente utilizada se obtém o rendimento de 8,708 kg de
broto. Assim, os cálculos de produção mensal podem ser acompanhado no quadro 6.

PRODUÇÃO MENSAL
12 HORAS/LUZ/DIA
QUANTIDADE
RENDIMENTO TOTAL (KG)
(KG)
8,708 75 653,13
Quadro 6: Estimativa Produtiva.
Fonte: Do Autor.

Considerou-se para a composição das receitas do projeto, os valores praticados


nos últimos 12 meses informados anteriormente no gráfico 1. Onde se optou por uma
visão mais pessimista, sendo que para a formação total dos valores recebidos com a
comercialização dos produtos dentro de um exercício (ano), mais de 70% da produção
seria comercializada com valor baixo, 25% com valor médio e 5% com valor máximo.
Logo a base dos cálculos foi formada pela quantidade mensal total de
produção, multiplicada pelos 12 meses do ano, onde se obteve o volume total da
produção anual, que resultou em 7.837,56 Kg/ano.

RECEITA TOTAL ANUAL

QUANTIDADE VALOR DE VALOR DE VALOR DE


QUANTIDADE
EM VENDA VENDA VENDA SUBTOTAL TOTAL
(KG)
PERCENTUAL MÍNIMO MÉDIO MÁXIMO
70% 5.486,29 R$ 13,35 R$ 73.259,26
25% 1.959,39 R$ 18,53 R$ 36.301,54 R$ 118.848,61
5% 391,88 R$ 23,70 R$ 9.287,81
Quadro 7: Receita anual do sistema.
Fonte: Do Autor.

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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

Dando sequência a estes levantamentos adentrou-se em uma das partes mais


importantes para o artigo, a realização do fluxo de caixa, que segundo Hoji (2010, p.74),
é um esquema que representa as entradas e saídas de caixa ao longo do tempo. Em um
fluxo de caixa, deve existir pelo menos uma saída e pelo menos uma entrada (ou vice-
versa). Segundo Gitman,

Os fluxos de caixa, tidos como o sangue que corre pelas veias da empresa,
são o foco principal do gestor financeiro, seja na gestão das finanças
rotineiras, seja no planejamento e na tomada de decisões a respeito da criação
de valor para o acionista. (GITMAN, 2010, p.95)

Portanto, para o processo de escolha de qual meio de financiamento iria ser


utilizado para custear o artigo, foi realizado um fluxo de caixa para cada uma das
opções de crédito e posteriormente foram avaliados aplicando o cálculo da TIR (Taxa
Interna de Retorno), Payback Descontado (Tempo de Retorno do Investimento
considerando o valor do dinheiro no tempo) e VPL (Valor Presente Líquido do
investimento).
Para auxiliar neste tema, é muito importante frisar a questão da escolha sobre
quais ferramentas de análise se deve utilizar, para isto é preciso ter certo entendimento
sobre as mesmas. Para mencionar tal importância, Casarotto Filho e Kopittke descrevem
o tema assim:

Ao se analisar uma proposta de investimento, deve ser considerado o fato de


se estar perdendo a oportunidade de se auferir retornos pela aplicação do
mesmo capital em outros artigos. A nova proposta para ser atrativa deve
render, no mínimo, a taxa de juros equivalente à rentabilidade das aplicações
correntes e de pouco risco. Esta é, portanto, a Taxa Mínima de Atratividade
(TMA). (CASAROTO FILHO; KOPITTKE, 2007, p.108).

Para reforçar a utilização das ferramentas de análise a serem utilizadas neste


artigo, no que diz respeito ao Payback Descontado, é utilizado para medir o tempo de
recuperação do investimento, leva em conta o fator tempo no valor do dinheiro, ou seja,
os fluxos de caixa são trazidos ao valor atual. Afirma-se que quanto menor o Payback,
melhor é o investimento, pois levaria um menor período para reaver o valor investido
inicialmente. Para balizar estas afirmações, Samanez afirma que este indicador é
utilizado quando se deseja saber o tempo de recuperação de um investimento. Tem
maior utilidade na comparação entre várias alternativas de investimento, e não na

La Salle Estrela – Revista Digital, v. 1. n. 4. p. 187-193 - ago-dez 2015


MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

analise de um só projeto. Posteriormente o autor destaca outra ferramenta a ser utilizada


na avaliação da viabilidade. Segundo ele,
O método Valor Presente Líquido (VPL) tem como finalidade valorar em
termos de valor presente o impacto dos eventos futuros associados a um
artigo ou alternativa de investimento, ou seja, mede o valor presente dos
fluxos de caixa gerados pelo artigo ao longo de sua vida útil. Não existindo
restrição de capital, argumenta-se que esse critério leva à escolha ótima, pois
maximiza o valor da empresa. (SAMANEZ, 2002, p. 255)

Na opinião comum de vários estudiosos, quando se for realizar análises


utilizando o Valor Presente Líquido, sempre que o VPL for maior que zero, o artigo se
torna viável. Além disso, conforme Casarotto Filho e Kopittke (2007), a Taxa Interna de
Retorno (TIR) é a taxa de desconto que anula o VPL. Para um artigo ser viável, ela
deverá ser maior do que a Taxa Mínima de Atratividade (TMA). Ou seja, TMA, é uma
taxa indicada no início do artigo para posterior comparação com os rendimentos
oferecidos no artigo analisado. Assim, para que os resultados fossem obtidos, utilizou-
se uma TMA (Taxa Mínima de Atratividade) de 12%, que equivale aproximadamente à
taxa básica de juros praticada atualmente no mercado, assim como podemos
acompanhar nos gráficos 2, 3, 4 e 5, foram construídos os fluxos de caixa de cada opção
de financiamento.

Gráfico 2: Fluxo de Caixa Recursos Próprios.


Fonte: Do Autor.

Ao verificar-se o fluxo de caixa referente a investimento com recursos


próprios, pode-se notar no ano de 2015 (ano 0), um investimento inicial de
aproximadamente cem mil reais, onde este valor se deu por considerar que ao retirar

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dinheiro próprio para colocar em um projeto, o rendimento destes valores deveriam ser
maiores que os rendimentos ofertado pela poupança, que atualmente estão oferecendo
taxas de cerca de 6% a. a., assim sendo definiu-se um rendimento de 8% para aplicar o
dinheiro no projeto, desconsiderando o percentual da TMA. No décimo ano, temos um
fluxo negativo referente ao reinvestimento estrutural.

Gráfico 3: Fluxo de Caixa Pronaf Mais Alimento.


Fonte: Do Autor.

Neste fluxo de caixa, que contempla o financiamento do projeto via Pronaf


mais alimento, nota-se que o investimento inicial é menor que o modelo anterior, isto se
dá pelo fato de a taxa de juros fica em torno de 2% a. a., além de apresentar o mesmo
fluxo negativo visto no modelo anterior, que é referente ao reinvestimento no décimo
ano. Este fluxo apresenta uma regularidade maior frente aos outros, em razão do valor
das suas prestações serem menor que as dos demais fluxos.

Gráfico 4: Fluxo de Caixa Investidor.


Fonte: Do Autor.

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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

Neste fluxo de caixa, que foi baseada em recursos de investidor, onde é a única
opção de financiamento que sua quitação deve acontecer dentro de cinco anos, assim, se
pode notar na representação gráfica do fluxo, que os resultados nos primeiros anos são
bem menores quando comparados aos demais, por conta dos valores maiores das
prestações. Porém posteriormente ao pagamento, os resultados do fluxo se equivalem
aos dos demais.

Gráfico 5: Fluxo de Caixa BB Moderagro.


Fonte: Do Autor.

Por fim, o fluxo de caixa que contempla o financiamento via linha do Banco do
Brasil, Moderagro, apresenta um investimento inicial que supera os cem mil reais, isto
devido ao alto juro cobrado somado ao grande numero de prestações.
É notável que em todos os fluxos de caixa exibidos nos gráficos acima,
dispõem de um exercício com resultado negativo no ano de 2026. Este resultado se deu
devido à necessidade de reinvestimento em uma nova estrutura para a estufa, pois como
a estrutura tem contato direto com a água, sua durabilidade é reduzida a um período em
torno de 10 anos.
Por fim, como podemos acompanhar na tabela 1, todos os fluxos de caixa
foram submetidos de acordo com cada ferramenta escolhida.

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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

TIR (Taxa VPL (Valor


PAYBACK
Interna de Presente
DESCONTADO
Retorno) Líquido)
ESTUFA
AUTOMATIZADA
4 ANOS E 1
RECURSOS PRÓPRIOS 30,69% R$ 128.399,89
MÊS
PRONAF MAIS 1 ANO E 11,3
60,62% R$ 191.507,06
ALIMENTO MESES
4 ANOS E 9,9
INVESTIDOR 30,81% R$ 133.932,43
MESES
BANCO DO BRASIL - 4 ANOS E 9,5
26,74% R$ 113.357,33
MODERAGRO MESES
Tabela 1: Resultados.
Fonte: Do Autor.

Após o levantamento de todos os dados, projeção de receitas e custos do artigo


e análise dos índices envolvidos, verificou-se que os resultados são animadores, pois até
em uma situação onde a taxa de juros era a mais elevada, a TIR é de 26,74%, se
mostrando bem superior a TMA que foi definida em 12%.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando-se todas as alternativas, pode-se concluir que o investimento é


plenamente viável na totalidade de suas alternativas, e que a opção de financiamento
que oferece melhores índices é o custeio do artigo via Pronaf Mais Alimento. Contudo,
se o investidor não se enquadrar nos requisitos exigidos pelo programa governamental,
o melhor meio de custear o investimento seria com recursos próprios. As demais opções
também se mostram viáveis e em nenhum dos casos o investidor / agricultor teria
dificuldades em saldá-las.
Quando verificados as vantagens da implantação do artigo frente aos
problemas enfrentados na agricultura convencional, como um eventual período de seca,
ou pelo excesso das chuvas, temperaturas desfavoráveis ao cultivar e um período de
produção reduzido, o artigo oferece uma alternativa a estas problemáticas e deixa em
aberto à opção para se produzir outros alimentos neste mesmo ambiente, o que seria um

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MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

benefício imensurável ao produtor e para a sociedade, uma vez que a oferta de


alimentos não seria sazonal.
Referente aos objetivos elencados no inicio do artigo, onde o objetivo principal
era avaliar a viabilidade financeira da implantação do modelo de estufa automatizada
visando todos os custos que um produtor rural ou investidor, para a comprovação do
mesmo foi necessário levantar todos os custos para a implantação do modelo, e este foi
contemplado em sua totalidade. Quanto a verificar as opções de financiamento para o
modelo, foram levantadas quatro opções para custear o investimento, todas com taxas
de juros atualizadas a partir de junho de 2015, o que deixa o artigo atualizado com o
mercado. Na montagem de um fluxo de caixa projetado para os próximos 20 anos após
a instalação do artigo, este foi realizado de maneira que para cada opção de
financiamento, um modelo de fluxo de caixa foi construído, contemplando na sua
totalidade todos os custos e receitas levantadas para o artigo. E finalmente, na aplicação
das ferramentas de análise da viabilidade e analise dos índices de retorno financeiro do
modelo, todas as opções se cadastraram e são válidas, dependendo apenas da
necessidade do produtor / investidor.
Para o autor, o artigo proporcionou o desejo de saber ainda mais sobre a cultura
de brotos, todavia, o artigo sofreu limitações no que diz respeito ao tempo reduzido para
elaboração do mesmo, podendo com toda a certeza ser ainda mais completo com uma
maior disponibilidade de datas. Também fez com que aumentasse o interesse em futuras
pesquisas sobre outras cultivares, assim possibilitando futuramente um artigo ainda
mais completo, tornando-se adaptável para cada situação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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UFPE, 2000.

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estratégia empresarial. 10.ed. - São Paulo: Atlas, 2007.

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Bookman, 2004.

La Salle Estrela – Revista Digital, v. 1. n. 4. p. 192-193 - ago-dez 2015


MODELO DE ESTUFA AUTOMATIZADA

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HOJI, Masakasu. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira


aplicada, estratégias financeiras, orçamento empresarial. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

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MAZOYER, Marcel. História das agriculturas no mundo: do neolítico à crise


contemporânea. 2. ed. São Paulo : UNESP, 2010. Disponível em:< http://www.ufrgs.br-
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