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Introdução

Para Castelo (2004), o Futebol é um jogo desportivo colectivo no qual a sua dinâmica resulta da
competição entre duas equipas pela conquista da posse da bola, com o objectivo de a introduzir o
maior número de vezes possível na baliza adversária e evitá-los na sua própria baliza. Face aos
constantes ajustes no comportamento dos 22 jogadores para potenciar a acção da sua equipa em
confronto com o adversário, o jogo de futebol encerra uma grande complexidade de relações que
lhe permitem ter uma dinâmica própria mas de resultado sempre imprevisível. Ao longo dos anos
tem existido uma tentativa de tornar a fronteira do desconhecido cada vez menor, já que uma
decisão errada pode significar a derrota (Oliveira, 1993). Neste sentido, o esforço para entender
os factores que permitem aos atletas e às equipas alcançar melhores níveis de performance, tem
sido um dos focos da investigação da Análise da performance, Psicologia do desporto, fisiologia
e biomecânica (Glazier, 2010).
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Percurso Cronológicos do Futebol

História do futebol em Moçambique

A possibilidade de juntar um conjunto de artigos sobre a história e a actualidade do futebol


moçambicano é por diversas razões oportuna. Por um lado, a história do futebol moçambicano é
muito rica. Dos subúrbios da capital, Maputo, vieram alguns dos maiores talentos do futebol
mundial no século XX; acima de todos eles, Eusébio da Silva Ferreira. Esses talentos, que
nasceram do ambiente competitivo e criativo dos bairros periféricos da então Lourenço Marques,
passaram a barreira da discriminação racial imposta pelo colonizador e seguiram para os grandes
clubes da metrópole portuguesa, chegando mesmo à selecção nacional. Eles fazem parte de uma
história global, marcada pelo tempo dos impérios. Nessa altura, como em tantas outras, o futebol,
resgatado às paixões mais autênticas do povo torcedor pelos poderes, foi usurpado por estratégias
políticas e diplomáticas. Em troca, porém, esses poderes tiveram de aceitar que os pobres
jogadores mestiços e negros fossem elevados pela cultura popular ao estatuto de heróis nacionais,
algo que contrariava as suas pulsões classistas e racistas.

Findo o colonialismo em Moçambique, o futebol local não deixou de viver as alegrias e os


desânimos que definiram o período da independência, até aos dias de hoje. A guerra civil e as
constantes crises económicas dificultaram o desenvolvimento dos clubes e das competições. O
crescimento das grandes cidades reduziu o espaço para os craques de pelada exibirem o seu valor.
A carência económica extrema, a má nutrição e as doenças ceifaram ou debilitaram carreiras
promissoras. E ainda assim o futebol não deixou de estar presente no quotidiano de Moçambique,
tanto nas maiores cidades, como nos mais pequenos lugares. Os moçambicanos acompanham o
mundo do futebol, esse espaço de cidadania global, e são agora adeptos globais informados, que
seguem com detalhe, e muitas vezes com mediação tecnológica, os maiores campeonatos do
planeta, mantendo um especial interesse pelo futebol português e pelos seus clubes, não tivessem
sido estas das raras instituições do tempo colonial onde, apesar das discriminações, os
moçambicanos puderam ver o seu talento reconhecido.

Pelo jogo jogado, o interesse também perdura. O campeonato moçambicano continua,


competitivo, e os seus clubes e a selecção jogam ao mais alto nível com as melhores equipas do
continente, embora ainda longe de grandes conquistas. Nos bairros suburbanos, se o espaço para
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jogar rareia, não faltam jogadores. Este entusiasmo é patente nas disputas em campeonatos
informais – masculinos e femininos – com os organizados no “campinho” do famoso bairro da
Mafalala. Aí se revela como o futebol continua a ser um elemento presente na vida de todos os
dias, em Maputo, nas cidades moçambicanas e por toda a África.

A ligação dos moçambicanos, nomeadamente em contexto urbano, com o universo do futebol


português reconhece-se num simples passeio pela baixa de Maputo. Tal proximidade, aliás,
parece encontrar paralelo com o que ocorre em outras antigas colónias portuguesas em África.
Embora não se conheçam estudos abrangentes sobre o tema, esta realidade tem sido comprovada
por relatos de viajantes, turistas, jornalistas e de indivíduos que, por diversos motivos, têm uma
vivência repartida pelos dois países. Além dos depoimentos informais, outros dados indicam,
com maior precisão, a força deste laço. Em 2006, o campeonato português, denominado
Superliga, foi acompanhado com intensidade por parte da população da capital moçambicana.
Em todos os fins-de-semana de competição foram transmitidos, em canal aberto, dois jogos da
Superliga, um pela televisão estatal, TVM, e outro pelo canal português destinado à África
lusófona, a RTP África. Os jogos transmitidos envolvem sempre um dos três maiores clubes
portugueses. O Benfica, o Porto e o Sporting são os grandes embaixadores desta relação de
proximidade, os suportes de uma memória antiga transmitida geracionalmente, que todos os dias
se reproduz, demonstrando uma vitalidade que não deixa de surpreender. A actual popularidade
do Futebol Clube do Porto, clube com pouca reputação entre os moçambicanos durante o tempo
colonial, revela a capacidade do universo do futebol português comunicar com novas gerações
moçambicanas. Neste sentido, parece que, mais do que ter sobrevivido à experiência colonial, o
futebol português se configura como um universo autónomo de significados que sobrevive com
facilidade sem uma remissão constante para o passado.

História do futebol mundial

Bom! O futebol profissional teve sua origem lá na Inglaterra, em meados do século XIX, mas, na
verdade, teve grandes influências de um jogo italiano conhecido como Calcio, praticado, em
grande parte, pela nobreza do país. Foi no ano de 1863 que o esporte finalmente foi reconhecido e
normatizado pela Old Freemason‟s Tavern, dando início à sua popularização na Europa e,
posteriormente, no mundo inteiro!
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Porém, uma curiosidade interessante é que, antes mesmo da história do futebol mundial que
conhecemos hoje, há diversos relatos de práticas similares de tempos bem mais longínquos e em
variados pontos do planeta, como Grécia, Roma e China. Evidentemente que as regras e formatos
eram diferentes, mas vale mencionar só para mostrar que, na história da humanidade, os caras já
sonhavam em chutar alguma coisa redonda!

Conhecido como paixão nacional, o futebol é um jogo que hoje mobiliza a paixão de diversas
pessoas espalhadas pelo mundo. Ganhando destaque ímpar no mundo dos desportos, a Copa do
Mundo de Futebol é considerada o maior evento desportivo do planeta. Porém, todo esse
destaque dado ao desporto colectivo, remonta uma história bastante longa, bem mais antiga que a
do tempo em que o britânico Charles Miller viria a ser considerado o inventor desse desporto.

De acordo com algumas pesquisas, o futebol tem suas primeiras manifestações na China, por
volta de 2500 a.C. De acordo com essa corrente, os soldados se divertiam com o crânio de seus
inimigos decapitados em um animado jogo. Em contrapartida, outros estudiosos atribuem a
invenção do futebol à civilização maia. Divididos em duas colectividades, os times deveriam
acertar um aro fixo. A disputa era tão intensa que o líder do time derrotado era punido com a
morte.

Essas primeiras manifestações do jogo de futebol são consideradas tentativas de dar origens mais
remotas do que àquela estabelecida pelo senso comum: a Inglaterra do século XIX. No século
anterior, um dos primeiros “ensaios” desse jogo aconteceu com o “mass football”, disputa onde
dois grandes grupos da cidade de Chester tentavam fazer uma bola ultrapassar um dos portões da
cidade.

O século XIX assistiu o auge dos ideais racionalistas e progressistas. Com isso, diversas
instâncias da vida quotidiana dos britânicos viriam a ganhar normas. Atingido por essa onda de
normalizações, o futebol ganhou as suas treze regras originais que ainda influenciam grande parte
das regras contemporâneas. Dotado de um conjunto de regras racionais, o futebol logo foi
considerado um desporto prestigiado entre as elites financeiras e intelectuais da época.
De acordo com os registros da época, a competitividade e o raciocínio rápido exigidos em sua
prática seriam grandes aliados na formação de mentes de grande astúcia e determinação. Em
pouco tempo, as agitadas massas operárias britânicas viriam a incorporar a prática do futebol.
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Sendo uma óptima actividade recreativa, que segundo alguns críticos arrefeceriam o espírito
revolucionário da classe, o desporto começou a ganhar times de origem operária.
Financiados pelos donos de fábrica, o times do Arsenal (1886) e do Manchester United (1878)
foram as primeiras agremiações nascidas em solo inglês. Em um curto período de tempo, os
primeiros times começaram a organizar campeonatos assistidos por um público cada vez mais
apaixonado. Com a grande aceitação popular, os times começaram a investir em infra-estrutura e
na contratação de jogadores mais habilidosos. A noção empresarial começaria a dominar diversas
instâncias desse lucrativo desporto.

No Brasil, Charles Miller, filho de britânicos nascido em São Paulo, trouxe da terra de seus pais o
primeiro par de bolas e o livro de regras do jogo. Por toda a América Latina, a popularização do
jogo britânico se percebeu com a criação de diversos times com nomes em inglês. Em pouco
tempo, a propagação dessa prática desportiva pelo mundo deu condições para a criação da
primeira Copa do Mundo de Futebol.

Inicialmente o governo britânico, por conta de sua patente histórica, pretendia controlar a
organização do evento. No ano de 1870, sob a tutela da Coroa Inglesa, as primeiras copas do
“mundo” aconteciam somente com a participação de times ingleses. No entanto, em 1904, os
franceses defenderam a universalização do desporto com a criação da FIFA (Federação
Internacional de Futebol). Na mesma época, o futebol foi reconhecido como desporto olímpico.
A criação das selecções nacionais incrementou a competitividade e as técnicas do jogo. A natural
hegemonia da selecção britânica foi disputada pela selecção uruguaia. Em pouco tempo diversos
craques começaram a despontar na aurora do cenário internacional do futebol. A partir dos anos
50, os brasileiros revelaram seus primeiros grandes craques, entre os quais destacamos Pelé e
Garrincha. O Brasil, hoje sendo considerado país do futebol, integra parte significativa do
chamado “mundo da bola”

Tendências do jogo de futebol

Maior uso de análises

A análise de dados tornou-se cada vez mais importante no jogo de hoje.


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À medida que a tecnologia continua a evoluir, os clubes de futebol e as seleções nacionais


poderão utilizar ferramentas analíticas mais sofisticadas para medir o desempenho e tomar
decisões estratégicas sobre quem contratar, quando avançar ou até mesmo qual estilo de jogo
funciona melhor contra determinados adversários.

Realidade Virtual

A realidade virtual pode revolucionar a forma como vemos o futebol na próxima década.

As visitas ao estádio podem ser substituídas pela visualização dos jogos através headsets. Ao
mesmo tempo, os torcedores podem se aproximar mais do que nunca, experimentando o jogo de
diferentes perspectivas, como sentar no banco com seu jogador favorito.

Árbitros assistidos por tecnologia

A tecnologia desempenha um papel vital durante grandes jogos, onde os árbitros podem consultar
replays de vídeo ou verificar seus relógios inteligentes para medições de distância e chamadas de
impedimento

Ainda assim, essa tecnologia pode se tornar ainda mais avançada com sensores automatizados
monitorando os movimentos dos jogadores em campo e usando inteligência artificial (IA) para
analisar dados rapidamente para ajudar a tomar decisões críticas ainda mais rapidamente.

Expansão das Ligas Internacionais

À medida que as emissoras de futebol buscam novos conteúdos que mantenham os espectadores
conectados, é provável que as equipes internacionais expandam suas ligas pela Europa e outras
partes do mundo, apresentando novas equipes ou estabelecendo estruturas mais amplas, como
sistemas de promoção e rebaixamento entre vários níveis dentro de uma única divisão da liga ou
entre várias divisões entre países.

Foco no Desenvolvimento do Jogador

Com os avanços nas tecnologias de prospecção, como análise preditiva, os treinadores serão mais
capazes de identificar o potencial de um jogador em uma idade mais precoce do que nunca,
ajudando-os a transformar jovens talentos em superestrelas, em vez de esperar até que eles já
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tenham disputado seu lugar nas equipes seniores antes de investir. recursos em seus programas de
desenvolvimento, treinamento de força, dieta, completar, e nutrição.

Princípios do jogo

Assim, são divididos em 10 princípios, sendo 5 ofensivos e 5 defensivos. Assim, temos que
os ofensivos são: penetração, espaço, cobertura ofensiva, mobilidade e unidade ofensiva. Já
os defensivos são: contenção, cobertura defensiva, equilíbrio, concentração e unidade defensiva

Princípios Ofensivos

Define-se por Princípios Tácticos como um conjunto de normas sobre o jogo que proporcionam
aos jogadores a possibilidade de atingirem rapidamente soluções tácticas para os problemas
advindos da situação que defrontam (Garganta J. & Pinto J., 1994). Quando um Treinador inicia
o seu percurso juntamente com a sua Equipa procura transmitir um conjunto de ideias e soluções
para ultrapassar os problemas que surgem em campo, com base em alguns princípios
fundamentais. Esses princípios estão intimamente ligados em ambas as fases (ofensiva e
defensiva), pelo que, ao longo do jogo se irão tentar sobrepor constantemente. Hoje irei abordar
um pouco daquilo que são os Princípios Tácticos da fase ofensiva e deixarei os da fase defensiva
para a próxima publicação.

Mas iniciaremos pelos princípios gerais, pois têm essa denominação, exactamente por se
aplicarem aos restantes princípios e fases do jogo, sendo que na zona da bola procura-se: criar
superioridade numérica, evitar igualdade numérica e recusar inferioridade numérica (Queiroz,
1983).

Quando uma Equipa se encontra em fase ofensiva, segundo Garganta J. & Pinto J. (1994) surgem
alguns princípios operacionais tais como:

 Conservar a posse de bola;


 Construir acções ofensivas;
 Progredir pelo campo de jogo adversário;
 Criar situações de finalização;
 E por último, ser eficaz nessas mesmas finalizações.
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Após esta breve explicação, passarei a destacar os principais objectivos dos princípios ofensivos,
que estarão muitas vezes interligados e dependentes uns dos outros, com vários objectivos
comuns.

Com o princípio da penetração pretendemos a progressão no terreno de jogo, com vista à baliza
adversária, pelo que se torna fundamental perceber como a Equipa se comporta quando ganha a
bola. É importante causar desconforto na organização defensiva do adversário, tentando criar-lhes
vários desequilíbrios. Procuramos atacar directamente o adversário ou a baliza, assim como criar
situações ofensivas vantajosas em termos numéricos e espaciais.

No que diz respeito ao princípio da cobertura ofensiva torna-se importante dar apoio ao portador
da bola, oferecendo-lhe o maior número de opções para a conservação da posse, por isso quem
não tem bola é muito importante na execução deste princípio. É também importante contribuir
para que haja uma diminuição da pressão dos adversários ao portador da bola, criar superioridade
numérica, assim como desequilíbrios, tendo sempre em vista a manutenção da posse de bola.
Além disso, este princípio torna-se preponderante quando o colega que tem a bola a perde, pois
haverá um grupo de jogadores mais próximos para a tentar recuperar rapidamente, deixando a
equipa equilibrada (Atacar, mas prontos para defender).

Passando ao princípio da mobilidade, entre todos os outros, possivelmente este será o que mais
apela à criatividade e nos proporciona mais soluções ofensivas para ultrapassar os nossos
adversários. É importante procurar desequilibrar a estrutura defensiva adversária, procurando
opções de passe mais ofensivas, tendo em vista como em todos os princípios, manter a posse de
bola, criar linhas de passe, criar e ocupar espaços livres, assim como procurar uma variabilidade e
uma versatilidade das posições. Este princípio está relacionado à iniciativa dos jogadores de
ataque, sem a bola, em procurar posições óptimas para a receber. As directrizes desse princípio
procuram em primeira instância a variabilidade das posições, a criação de linhas de passe em
profundidade e a ruptura da estrutura defensiva adversária, para com o efeito pretendido
aumentar o ritmo de jogo e alcançar o desequilíbrio defensivo adversário.

Por último, o princípio do espaço implica que os jogadores possam ampliar o espaço de jogo e
tentar dessa forma aumentar a distância entre os adversários, dificultando as acções de marcação
e facilitando dessa forma as acções ofensivas, quer seja em movimentações entrelinhas ou intra-
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linhas. Movimentarem-se por um espaço de menor pressão, obtendo dessa forma mais tempo para
decidir melhor como dar sequência ao jogo e, se necessário recorrer a jogadores mais recuados e
com menos pressão por parte dos adversários. Além disso, o domínio das acções características
desse princípio é fundamental para o sucesso no jogo, uma vez que o espaço condiciona o tempo
de realização da acção e da tomada de decisão em função da configuração momentânea do jogo.
Assim, quanto mais espaço a equipa tiver para atacar, mais corretas poderão ser as suas respostas
às exigências da situação.

Princípios defensivos

No futebol mundial, os sistemas tácticos estão em constante evolução. Isso por conta da
modernidade dos tempos, que não somente atinge directamente o futebol, mas em todos os
sectores da vida. Pensando nesta contemporaneidade, a acção técnico-táctica despertou através
deste período nos treinadores, estratégias que anulassem as actuações com êxito do adversário. E
como fazer para evitar estas acções? É o que o texto abaixo tentará abordar:

É necessário termos em mente os conceitos de: flutuação, cobertura ofensiva e compactação. A


flutuação é um movimento táctico defensivo que está ligado ao fato da equipe definir a marcação
fechando as linhas de passe do adversário, de modo que, nesta acção defensiva não se marca
individualmente, mas sim por sectores. Abaixo, o esquema de flutuação em duas linhas de 4:

Esta marcação é um princípio defensivo, e pode ser feita nos sectores recuado, intermediário ou
de pressão. Juntamente com a flutuação está também a compactação, que faz com que os
jogadores fiquem próximos em acções defensivas para que em um eventual desarme, o time
mantenha sua estruturação ao dar início à uma nova posse de bola. Sendo assim, o sistema de
ataque não se compromete e evita a perda constante na transição ofensiva.

Seria fácil somente dizer que o princípio defensivo é um ato de quem está sem a bola, mas quem
está com a bola também não se defende? O fato de a equipe reter a bola já é um princípio
defensivo, que se o entendimento do grupo não for completo cederá o contra ataque a todo o
momento, por quê? Trata-se da cobertura ofensiva que sempre ocorrerá se houver um jogador
dando suporte por trás da jogada que está sendo realizada.
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Conceituar estes princípios pode ser muito fácil teoricamente, mas na prática a sistematização
necessita de muito planejamento, ou seja, ter em mente aonde quer chegar com a equipe, pois a
grande dificuldade do futebol brasileiro é que os treinadores somente visam o imediato e não o
processo, sendo que trabalhar o princípio defensivo é se arriscar em termos de resultados, já que
os jogadores passarão por um plano de aprendizagem a médio e longo prazo; mas isso também é
culpa das directorias que também não acreditam nesta metodologia.

Modernizar o futebol não é somente um ato de investir em tecnologia ou em estrutura física, mas
sim em pensamentos modernos e estudos que proporcionam ao treinador um ambiente de
constante ruptura de paradigmas que fazem as pessoas sempre saírem da zona de conforto e se
arriscarem ao novo.

Relação defesa-ataque

Defesa e ataque são os dois extremos de uma equipe de futebol. Mas para o treinador holandês
Louis Van Gaal, os dois sectores do campo têm uma relação extremamente intrínseca. Segundo o
actual comandante do AZ Alkmaar, um time não pode ter apenas um desses dois pontos
funcionando bem e o rendimento positivo da zaga está directamente ligado à participação dos
jogadores ofensivos.

“O AZ Alkmaar não é conhecido pela defesa, mas por seu ataque. Só que as duas coisas estão
totalmente ligadas. Nossa marcação começa no sector ofensivo e é por isso que ficamos mais
tempo com a bola. Aumentamos as nossas chances de golos e diminuímos as possibilidades de os
adversários nos atacarem”, ponderou Van Gaal.

O curioso é que a preocupação do treinador holandês com a defesa é constante no discurso dele, a
despeito de o AZ Alkmaar utilizar um esquema 4-3-3. “Quando você joga um futebol de rápida
circulação, você pode pressionar o outro time constantemente e evitar que ele saia do seu campo.
O esquema com três atacantes é bom porque o ponta-esquerda pode fechar para o meio e eliminar
a inferioridade no meio-campo, ou então acompanhar o lateral-direito até o fundo”, lembrou o
técnico.

Para que o esquema 4-3-3 seja coeso e forte nos dois extremos, porém, Van Gaal admitiu que é
fundamental a existência de jogadores de movimentação: “Se você circula bastante a bola, o
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adversário também terá que circular bastante, aumentando as chances de erros em


posicionamento. Quando um jogador não está se movendo ou está driblando devagar, você está
facilitando para o adversário. Não se mover por dois segundos significa que o adversário pode
corrigir um erro de posicionamento”.

A dificuldade que as equipes têm para refazer suas defesas diante de uma movimentação intensa
é a explicação de Van Gaal para os lances inesperados fazerem tanto sucesso no futebol.
“Quando um jogador imediatamente decide iniciar um drible rápido, o adversário não terá chance
de se recuperar”, determinou.

Contudo, o treinador salientou que o drible não pode ser utilizado exaustivamente nesse tipo de
sistema de jogo: “A bola deve se mover constantemente, mas isso não impede ninguém de
driblar. Basta saber reconhecer as situações em que existem dois atletas nossos contra um
adversário. Se o time rival se movimenta de forma que seja possível colocar um homem na
cobertura, então você não pode tentar um lance individual”.

O principal problema do excesso de dribles, segundo Van Gaal, é o alto índice de erros. Quando
uma equipe utiliza o 4-3-3 com marcação pressão, que é a formação defendida pelo treinador
holandês, costuma acuar seus adversários. E a consequência disso é que, em casos de bolas
perdidas, o contragolpe rival quase sempre pega o campo totalmente aberto.

“O problema com movimentação rápida é que o adversário pode dificultar ao jogar compacto, e
também um passe cruzado pode ser facilmente interceptado, criando uma situação perigosa. É por
isso que precisamos identificar os momentos certos para driblar e inventar uma jogada diferente”,
explicou Van Gaal.

O AZ Alkmaar, aliás, tem enfrentado muitas dificuldades contra adversários que jogam
compactados na zaga. Van Gaal avaliou que isso acontece porque essa formação reduz as chances
de um toque de bola em velocidade e deixa o jogo mais truncado.

“Quando o adversário joga compacto e retrancado, você não conseguirá mover a bola
rapidamente. A bola acaba sendo passada para trás e movimentada na última linha. Os torcedores
irão frequentemente reagir de forma negativa a essa situação, mas é uma coisa do jogo”,
determinou o treinador holandês.
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Um exemplo das palavras de Van Gaal aconteceu na decisão da Liga dos Campeões 2005/2006,
na qual o Barcelona conquistou o título com um triunfo por 2 a 1 sobre o Arsenal. O time inglês
jogou com um homem a menos desde o primeiro tempo, quando teve o goleiro alemão Lehmann
expulso, mas os espanhóis só conseguiram marcar seu primeiro gol aos 31min da etapa final.

“Mesmo um grande time como o Barcelona foi incapaz de movimentar rapidamente a bola e criar
várias chances como se podia imaginar. Quando o adversário se fecha num bloco compacto, eles
criam pequenas distâncias entre os jogadores. Esse pequeno movimento da bola não faz o
adversário gastar muita energia. O ponto-chave aqui é a concentração. Quando um jogador sai
dessa organização, mesmo que apenas por um metro, a qualidade do time dominante se mostra na
habilidade de fazer uma jogada de bola nas costas. É um duelo de concentração contra a técnica”,
classificou Van Gaal.

Leis do Jogo

O futebol é o principal desporto no planeta. É jogado em todos os países e a muitos níveis


diferentes. As Leis do Jogo são as mesmas para todo o futebol pelo mundo todo, desde o
Campeonato do Mundo da FIFA até ao jogo disputado por crianças numa aldeia remota.

O facto de as mesmas Leis se aplicarem a todos os jogos em todas as confederações, países,


cidades e aldeias por todo o mundo constitui uma força considerável que tem de ser preservada.
Esta é também uma oportunidade que tem de ser aproveitada para o bem do futebol em toda a
parte.

O futebol tem de ter Leis que garantam que o jogo é „correto‟, já que a base da beleza do „jogo
bonito‟ é o facto de ser justo – trata-se de um elemento essencial do „espírito do jogo‟. Os
melhores jogos são aqueles em que o árbitro raramente é necessário porque os jogadores jogam
com respeito uns pelos outros, pela equipa de arbitragem e pelas Leis. A integridade das Leis, e
os árbitros que as aplicam, têm sempre de ser protegidos e respeitados. Todos aqueles que têm
autoridade, especialmente treinadores e capitães de equipa, têm a clara responsabilidade de, no
jogo, respeitarem a equipa de arbitragem e as suas decisões.
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Evolução das leis do jogo

A revisão das Leis do Jogo de 2016/17 começou o período de maior alcance e mais
compreensivas alterações das Leis de Jogo na história do IFAB. O objectivo foi o de tornar as
Leis mais claras e acessíveis, garantindo que as mesmas reflectem as necessidades de um jogo
moderno.

Muitas das alterações são o resultado de sugestões individuais, de grupos e das associações
nacionais pelo mundo inteiro, que têm sido revistas pelos painéis de Futebol e Conselheiros
Técnicos do IFAB para garantir que todas as áreas do futebol contribuem para a evolução das
Leis de Jogo, que as Leis são para toda a gente envolvida no jogo e não apenas para os árbitros.

As mais recentes alterações são uma extensão de muitos dos princípios estabelecidos na revisão
de 2016/17 e, tal como sublinhado na estratégia do “play fair”, é tentado o incremento da
atractividade do jogo e o nível de comportamento.

Em Março de 2018, a AGM do IFAB aprovou a utilização do videoárbitro (VAR). A introdução


do VAR tem sido a maior revolução em mais de um século, no futebol profissional. Dado que o
futebol levou muitos anos de debate antes de dar os passos na tentativa de ver a tecnologia a
assistir o processo de decisão sem destruir o fluxo quase ininterrupto de acção e emoção do jogo,
tem sido uma "revolução" notavelmente rápida.

O primeiro jogo com VAR teve lugar em Nova Jersey, NY, USA, a 12 de agosto de 2016 e,
notavelmente, apenas 23 meses depois, o VAR foi utilizado na fase final do Campeonato do
Mundo FIFA 2018, em Moscovo. O VAR nunca resolverá todas as situações uma vez que muitas
decisões são subjectivas, mas a adoção da maioria dos países demonstra que o futebol acredita
que o VAR vem trazer uma maior justiça e melhoria do comportamento dos jogadores.

Muitas das alterações às Leis de 2019/20 afectaram directa e positivamente a forma como o jogo
passou a ser jogado e a sua imagem, isto é:

Importância da evolução de leis de jogo pra o desenvolvimento do futebol

A importância da evolução das leis das regras nos desportos se dá por um carácter organizacional
dos mesmos. Sabendo que as regras foram criadas e muitas vezes são adaptadas através da
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evolução com o tempo do desporto, podemos concluir que estas regras são feitas para a melhor
prática desses desportos.

O jogo é um grande motivador e através dele se obtém prazer e mobiliza esquemas mentais que
estimulam o pensamento, a ordenação de tempo e espaço favorecendo a aquisição de condutas
cognitivas e o desenvolvimento de habilidades como coordenação, destreza, rapidez,
concentração, etc. A participação em jogos contribui para a formação de atitudes sociais: respeito
mútuo, cooperação, obediência às regras, senso de responsabilidade, senso de justiça, iniciativa
pessoal e grupal.

O carácter não-sério do jogo que se contrapõe ao carácter sério do trabalho, é o que leva o adulto
em busca dos jogos como forma de entretenimento e lazer, para a criança, tamanho é a sua
dedicação e concentração ao ato de brincar, que brincando a criança já aprende, embora seja
importante considerar que o jogo não é educativa por si só, para que ele tenha essa conotação é
necessário a intencionalidade ao utilizá-lo em um contexto educativo e, através da mediação de
um adulto ou na interacção com o coleguinha é que a criança avança em seu nível de
desenvolvimento. Neste ponto o professor assume um importante papel de mediar o processo de
aprendizagem, cabe ao professor uma atitude de observação activa.

O jogo deve ser realizado de forma livre e espontânea e cabe ao professor evitar intervenções
desnecessárias durante a brincadeira, mesmo que o aluno demonstre dificuldades de
operacionalização ou mesmo, dificuldades de aprendizagem. Afinal, o que se busca nos jogos é a
aprendizagem com prazer. O prazer no jogo está naquilo que o caracteriza: espontaneidade,
improdutividade, livre trânsito entre a realidade externa e interna, interactividade, simbolismo
constantemente recriado, desafio e instigação, mistério, imponderabilidade e surpresa. A
verdadeira contribuição que o jogo dá à Educação é ensiná-la a rimar aprender com prazer. Isto se
faz proporcionando situações em sala de aula em que as características do jogo estejam presentes,
e não apenas partindo do jogo para ensinar algo deixando de lado o jogo em si e suas
características lúdicas.
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Conclusão

O futebol, a partir dos tempos passados menção de alguns países como, Londres, Inglaterra, e
outros, há mais de 140 anos atrás, passou por muitas transformações. De puramente ofensivo e
sem grandes elaborações tácticas, até os tempos modernos, que envolvem pensamentos e acções
estratégicas para chegar ao golo adversário. Através da mudança na lei do impedimento, ocorrida
em 1925, o futebol mudou sua dinâmica, o que alterou a correlação de forças entre ataque e
defesa, nitidamente a favor do primeiro, estimulando o aparecimento de outra conformação
espacial dos jogadores em campo e melhor distribuição entre defesa, meio-campo e ataque.
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Referências bibliográfica

Nuno Domingos, «O futebol Português em Moçambique como memória social», Cadernos de


Estudos Africanos, 9/10 | -1, 113-127.

Gustavo Cerqueira Guimarães Universidade Eduardo Mondlane Faculdade de Letras e Ciências


Sociais, Maputo/Moçambique

Elídio Nhamona Universidade Eduardo Mondlane Faculdade de Letras e Ciências Sociais,


Maputo/Moçambique

https://www.researchgate.net/publication/297371047_Principios_taticos_do_jogo_de_futebol

Castelo, J. (2004). Futebol – Organização dinâmica do jogo. Lisboa: FMH Edições.

BORSARI, J. R. Futebol de campo. São Paulo: EPU,1989.

CAPINUSSÚ, J. M.; REIS, J. Futebol. Técnica, Tática e Administração. Rio de Janeiro: Shape,
2004.

DESHORS, M. O Futebol. Lisboa: Estampa, 1998.

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