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As artes de combate dual em números: um olhar exploratório sobre os

dados numéricos ou estatísticos em Portugal


VÍTOR ROSA1

RESUMO
Quem quer que intente estudar as artes marciais e desportos de combate em Portugal é levado a procurar
informações de ordem numérica ou estatística. No entanto, é preciso ter em atenção que as estatísticas não são,
em quaisquer condições, a realidade objectivada. É fundamental, para quem as utiliza, a consciência da
necessidade de um máximo de controlo sobre os processos de produção das estatísticas: quem as produz, com
que objectivos, no âmbito de que pressupostos.
No âmbito deste trabalho, pretendemos identificar, analisar e reflectir sobre os principais dados
numéricos ou estatísticos produzidos por várias entidades sobre a temática em apreço.
Os resultados apurados demonstram que as modalidades desportivo-marciais têm vindo a crescer em
número de praticantes e que os dados disponibilizados sobre elas são muito irregulares e, por vezes, confusos.
No fundo, a ausência de dados surge como sinal semiótico de doença e de disfunção na sua orgânica.

PALAVRAS-CHAVE: Sociologia do Desporto (Artes Marciais e Desportos de Combate); Cultura; Usos Sociais

Introdução
Sem ser no âmbito da instrumentalização pelas forças de segurança (militar e policial),
as artes marciais ou desportos de combate integram-se num processo civilizacional analisado
pelo sociólogo alemão Norbert Elias (1897-1990), em que a violência se transforma em
convenções controladas. E um descontrolo do recurso à violência corresponde sempre a um
retrocesso civilizacional, mesmo que circunstancial ou localizado (Elias, 2006). Neste
processo civilizacional, falar-se das práticas de combate dual é referir uma pluralidade de
«usos sociais», noção amplamente referida nos trabalhos da Sociologia da Cultura e da
Sociologia do Desporto, e que visa sublinhar que um elemento cultural, qualquer que ele seja,
presta-se a usos diferenciados segundo os grupos sociais que o adoptam. Isto sublinha,
igualmente, que uma prática não é efectuada por si mesma, mas que está muitas vezes
associada a um objectivo, mais ou menos definido, que visa justificar o tempo, a energia e os
meios que lhe consagramos. No caso concreto de algumas artes de combate dual, podemos
verificar alguns usos sociais: desportivos (internacionalização das competições), profissionais
(actividade remunerada), de integração (populações consideradas de risco), higienistas
(desenvolvimento pessoal), de segurança (preparação militar, forças de segurança), artísticos
(estilos corporais ou de vestuário), de gestão/administração (a incorporação de preceitos nos
manuais de gestão das “filosofias” marciais e do extremo oriente) e turísticos (os locais de
Shaolin na China ou da Aikikai em Tóquio, entre outros locais). Bem entendido, estes usos

1
Doutorando em Sociologia, ISCTE.
raramente existem no seu estado “puro”. Cada contexto concreto pode cruzar-se e misturar-se
com vários outros, criando várias nuances.
Como objecto de investigação sociológica, as artes marciais asiáticas são um
fenómeno muito pouco estudado, tanto em Portugal como nos outros países, nomeadamente
no Japão. Por isso, é nossa convicção de que ao partilhar as informações encontradas e
recolhidas na pesquisa, estaremos a desenvolver a consciência crítica, a promover o debate de
ideias, a estimular a educação participativa e a auxiliar outros investigadores que se
interessam ou poderão vir a interessar sobre esta temática, tão carente de especialistas em
Portugal.
Para cumprimento do objectivo deste trabalho, recorreu-se à informação disponível, na
sua vertente descritiva e exploratória, e a entrevistas, de forma a facilitar a análise e
interpretação dos dados obtidos.

As artes marciais e os desportos de combate em Portugal, segundo diversas fontes


Com base nas Estatísticas da Educação de 1943 a 1978, nas Estatísticas da Cultura,
Desporto e Recreio de 1979 a 2005, divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e
nas Estatísticas do Associativismo Desportivo 1996-2003, publicadas pelo Instituto de
Desporto de Portugal (IDP), em 2005, foi possível construir um quadro-resumo com as
principais artes marciais e desportos de combate em Portugal (ver Quadro 1).

2
Quadro 1
N.º DE PRATICANTES (H/M) DE ARTES MARCIAIS E DESPORTOS DE COMBATE, SEGUNDO AS ESTATÍSTICAS OFICIAIS (INE, IDP) - de 1944 a 2005

Pugilismo Lutas Esgrima Karaté Aikido Artes Marciais Artes Marciais


Judo Full-Contact Yoseikan Taekwondo Thai-Boxing Budo Kickboxing
Anos (Boxe) "Amadoras" (Florete, Sabre, Espada e Pau) "Contacto" "Aikikai" Chinesas Modernas
a) b) c) d) e) f) g) h) i) j) k) l) m)
1944 170 91 937
1945
1946 222 147 779
1947 201 99 756
1948
1949 228 142 414
1950 111 191 300
1951 119 82 335
1952 151 102 338
1953 157 79
1954 224
1955 209
1956
1957 81 407
1958
1959 115 460
1960 128 66 508
1961
1962 566 559
1963
1964 867 574
1965
1966 957 219
1967
1968 214 630 215
1969
1970 112 1.100 120
1971 142 1.200 120
1972 190 1.200 160
1973 33 314 42
1974/75 38 347 535
1975/76 53 406 727
1976/77 242 541 727 5.860
1977/78 311 426 1.130 8.489
1978/79 291 487 1.385 6.025
1979/80 160 610 1.405 2.425
1980/81 122 686 2.928
1981/82 305 685 1.961 8.016
1982/83 321 685 1.961 8.310
1983/84 359 1.378 8.310
1984/85 370 1.408 9.285
1985/86 384 1.121 1.492 9.237
1986/87 369 1.200 1.212 9.160
1987/88 384 1.200 1.300 8.753
1988/89 251 1.418 1.400 8.603 3.221 6.700
1989/90 293 1.566 1.490 6.336 3.520
1990/91 327 5.585 8.000 1.500
1991/92 242 1.022 1.930 5.484 3.000
1992/93 412 1.312 1.808 5.432 2.666 400 2.800
1993/94 388 1.132 1.960 5.722 2.800 3.316 500 2.700 367 1.000 2.500 521
1994/95 386 1.802 1.982 6.212 2.350 1.430 1.562 1.200 600
1996 463 1.169 537 6.896 300 550 423 938
1997 465 1.342 503 7.362 427 580 1.282 1.327
1998 431 1.391 402 8.386 10.141 469 303 1.258 2.733
1999 349 1.529 575 9.259 10.005 523 463 1.916 2.020
2000 205 995 647 10.352 536 475 1.963 2.034
2001 362 1.117 724 11.736 614 218 2.128 242 2.639
2002 327 1.371 748 11.881 11.865 638 319 2.239 321 2.739
2003 375 1.585 858 12.156 9.178 687 384 2.748 420 2.354
2004 8.539 14.212
2005 11.588 14.070
TOTAL 11.359 34.978 39.861 228.327 92.362 14.182 5.094 6.930 5.221 2.200 16.457 1.121 983 16.784
LEGENDA:
a) O termo "Amadoras" surge referenciado em 1977, nas Estatísticas da Educação.
b) De 1944 a 1955 é possível quantificar quem pratica florete, sabre, espada e pau.
c) Esta modalidade surge referenciada em 1977, nas Estatísticas da Educação.
d) Esta modalidade surge referenciada em 1989, nas Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio, INE. Associa-se ao karaté o termo
"Contacto".
e) Esta modalidade surge referenciada em 1989, nas Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio, INE.
f) e g) Estas modalidades surgem referenciadas em 1993, nas Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio, INE.
h), i), j) e k) Estas modalidades surgem referenciadas em 1994, nas Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio, INE.
l) e m) Estas modalidades surgem referenciadas em 2005, nas Estatísticas do Associativismo Desportivo 1996-2003, IDP.

Quadro 2
“Ranking” das Artes Marciais e Desportos de Combate em Portugal (1944-2005)
e Perspectiva Gráfica da sua Evolução
Nº total de
Ranking Modalidades Evolução
praticantes

1º Judo 228.327

2º Karaté 92.362

Esgrima (Florete,
3º 39.861
Sabre, Espada e Pau)

4º Lutas “amadoras” 34.978

5º Kickboxing 16.784

6º Taekwondo 16.457

7º Full-Contact 14.182

8º Pugilismo (Boxe) 11.359

9º Yoseikan 6.930

Artes Marciais
10º 5.221
Chinesas
11º Aikido “Aikikai” 5.094

Artes Marciais
12º 2.200
Modernas

13º Thai-Boxing 1.121

14º Budo 983

O apuramento do quadro-resumo (Quadro 1) prova duas coisas: em primeiro lugar,


que estas modalidades, enquanto «technologies of the body», no sentido de Michel Foucault
(1988: 17), estão a crescer em Portugal, permitindo que «(…) individuals to effect by their
own means or with the help of others a certain number of operations on their own bodies and
souls, thoughts, conduct, and way of being, so as to transform themselves in order to attain a
certain state of happiness, purity, wisdom, perfection or immortality» (Foucault 1988: 17); em
segundo lugar, que os dados disponibilizados sobre elas são muito irregulares e, por vezes,
confusos.
O «ranking» das modalidades feito a partir dos resultados apurados mostra que o judo
lidera ao longo dos anos. O retrato da evolução registada em quase três décadas permite
verificar o seu crescimento como desporto de combate e educativo.
Para além das fontes estatísticas disponíveis, importa dar a conhecer, em primeira
mão, alguns dados apurados através da Comissão Directiva de Artes Marciais (CDAM),
organismo estatal criado em 1972 e extinto em 1987 (Rosa, 2007d), e que podem preencher,
de alguma forma, algum vazio de informação das estatísticas oficiais.

CDAM (1972-1987)
Em Portugal, a partir da década de 60, verificou-se uma grande expansão e incremento
das artes marciais: aikido, judo, karaté, kendo, e outras consideradas semelhantes. O crescente
entusiasmo pela aprendizagem e prática das artes marciais no País, leva a que estas
modalidades passem a ocupar um aspecto central na vida de muitas pessoas – seja no que diz
respeito ao dia-a-dia, seja em termos de objectivos de vida mais amplos.

5
Incapaz de controlar os centros de prática que iam abrindo um pouco por todo o
território nacional, a União Portuguesa de Budo (vulgarmente conhecida por UBU) vai
pressionar o Ministério da Defesa Nacional (MDN) no sentido da necessidade de serem
criadas medidas reguladoras, procurando atingir o seu objectivo. Neste desafio, utiliza uma
argumentação muito forte, que não vai deixar indiferente este ministério – a perigosidade das
artes marciais.
Em 2 de Maio de 1966, o ministro da Defesa Nacional promoveu a constituição de um
grupo de trabalho formado por representantes do Ministério de Educação Nacional (MEN), do
MDN, através do Departamento da Defesa Nacional (DDN), da Federação Portuguesa de
Judo (FPJ) e da UBU para se elaborar matéria para ser apresentada para apreciação conjunta
dos ministros da Educação Nacional e da Defesa Nacional. A primeira reunião desta comissão
interministerial teve lugar na tarde do dia 18 de Julho de 1966, no gabinete do ministro da
Defesa Nacional, em Lisboa.
Dos trabalhos desta comissão, e das alterações propostas pela Procuradoria-Geral da
República, nomeadamente as relacionadas com as sanções aplicáveis, resultou a publicação
do Decreto-Lei n.º 48462, de 2 de Julho de 1968. Foi a primeira iniciativa legislativa da
Presidência do Conselho no sentido de moralizar, fiscalizar e controlar as práticas orientais de
luta.
Quatro anos depois, o Decreto-Lei n.º 105/72, de 30 de Março, viria a criar a CDAM,
passando a regular a prática das artes marciais em Portugal. Se algumas organizações
preferiram continuar a ensinar estas modalidades na clandestinidade, outras houve que
preferiram submeter o seu pedido de legalização à CDAM, enviando as informações
solicitadas (requerimentos, estatutos, horários, lista de praticantes a praticar ou interessados
em iniciar a prática, etc.). Nalguns casos a informação sobre os praticantes foi “muito”
completa, isto é, apresentaram o nome, a data de nascimento, o local de nascimento ou
residência, a filiação, a profissão, etc., noutras foi muito pobre, mencionando apenas o nome
do interessado.
Em 1987, e depois de um processo bastante atribulado, a CDAM viria a ser extinta. O
manancial de informação que esta entidade recolheu ao longo dos anos sobre as artes marciais
e os desportos de combate, que poderia ser hoje matéria-prima e de interesse na área da
História ou da Sociologia das Organizações, acabaria por ser destruída ou ficar conservada
(como reservado ou confidencial) no chamado “arquivo morto”.
Em 2004, conseguimos obter vários registos (numéricos-estatísticos). Assim, de 1970
a 1979 conseguimos apurar a existência de 178 organizações ligadas às artes marciais
6
(federações, associações, academias, clubes, secções, escolas, uniões), contabilizando-se
4.9642 praticantes, na sua esmagadora maioria homens (N= 4690, 94,5%) e residentes na
região de Lisboa e Vale do Tejo (N= 2208, 44,5%). Entre os praticantes, verificava-se uma
forte presença de estudantes (N= 2002, 40,3%), de «pessoal administrativo e similares» (com
destaque para empregados de escritório e bancários), de «técnicos e profissionais de nível
intermédio», de «operários, artífices e trabalhadores similares», para usarmos as categorias
actuais (8,6%; 5,4% e 3,6%, respectivamente).
Estavam também representados: «especialistas das profissões intelectuais e
científicas» (3,4%), «pessoal dos serviços e vendedores» (3,2%) e adeptos pertencentes às
«forças armadas» (2,1%). Os «quadros superiores da administração pública, dirigentes e
quadros superiores de empresas» (0,8%), os «trabalhadores não qualificados» (0,4%) e os
«operadores de instalações e máquinas e trabalhadores de montagem» (0,3%) tinham uma
expressão pequena. A presença de praticantes ligados ao sector da «agricultura e pescas» é
praticamente nula.
Ao apurar-se as profissões dos alunos, verifica-se que constavam médicos, militares,
empregados comerciais, operários, etc. (ver Quadro 1, em anexo)

Quadro 3
Organismos ligados às artes marciais apurados entre 1970-1979
Instituição N %
Secções 63 35,4
Centros 55 30,9
Clubes 29 16,3
Associações 14 7,9
Academias 11 6,2
Escolas 3 1,7
Uniões 2 1,1
Federações 1 0,6
Total 178 100,0
Fonte: CDAM

Quadro 4
Praticantes de artes marciais, segundo o sexo (1970-1979)
Sexo N %
Masculino 4690 94,5
Feminino 274 5,5
Total 4964 100,0
Fonte: CDAM

2
O jornal A Capital, de 7/10/1978, p. 28, noticiava que Portugal contava «com mais de cinco mil praticantes».
Com base nesta fonte de informação, e com os dados obtidos nos ficheiros da CDAM, acreditamos que
ficámos muito próximos da realidade.
7
Quadro 5
Praticantes de artes marciais, segundo a idade (1970-1979)
Idade N %
≤ 16 anos 589 11,9
Entre os 16 e os 65 anos 3116 62,8
≥ Mais de 66 anos 4 1,4
Missing values 1255 25,3
Total 4964 100,0
Fonte: CDAM

Quadro 6
Praticantes de artes marciais, segundo o estado civil (1970-1979)
Estado Civil N %
Solteiro(a) 1489 30,0
Casado(a) 391 7,9
Separado(a) 2 0,0
Divorciado(a) 7 0,1
Viúvo 1 0,0
Missing values 3074 61,9
Total 4964 100,0
Fonte: CDAM

Quadro 7
Praticantes de artes marciais, segundo a zona geográfica de residência (1970-1979)
Zona Geográfica de Residência N %
Continente
Norte 278 5,6
Centro 240 4,8
Lisboa e Vale do Tejo 2208 44,5
Alentejo 97 2,0
Algarve 72 1,5
Ilhas Adjacentes
Açores 10 0,2
Madeira 9 0,2
Estrangeiro (ex-colónias) 259 5,2
Missing values 1791 36,1
Total 4964 100,0
Fonte: CDAM

8
Quadro 8
Praticantes de artes marciais, segundo a classificação nacional das profissões (1970-1979)
Classificação Nacional das Profissões (1994) N %
Estudantes 2002 40,3
4 - Pessoal Administrativo e Similares 426 8,6
3 - Técnicos e Profissionais de Nível Intermédio 269 5,4
7 - Operários, Artífices e Trabalhadores Similares 178 3,6
2 - Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas 168 3,4
5 - Pessoal dos Serviços e Vendedores 160 3,2
0 - Membros das Forças Armadas 102 2,1
1 - Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresas 42 0,8
9 - Trabalhadores Não Qualificados 20 0,4
8 - Operadores de Instalações e Máquinas e Trabalhadores da Montagem 15 0,3
6 - Agricultores e Trabalhadores Qualificados da Agricultura e Pescas 3 0,1
Missing values 1579 31,8
Total 4964 100,0
Fonte: CDAM

Os dados recolhidos permitem-nos avançar com a hipótese de que as artes marciais


eram maioritariamente praticadas por homens de classes médias urbanas, bem dotados de um
capital escolar e cultural. Por outro lado, não sendo um «desporto chique» e «socialmente
distinguidas», para utilizarmos duas expressões do sociólogo francês Jean-Paul Clément
(2001: 175-199), as artes marciais não são um desporto popular ou de massas (poucos os
desportos o são, com excepção do futebol).

Considerações finais
Se outras análises são impeditivas de fazer, o conteúdo das diversas fontes de
informação são ilustrativas da “reputação” adquirida em Portugal sobre as artes marciais e
desportos de combate. A ausência de dados, e a sua não regularidade, surgem como sinais
semióticos de doença e disfunções na orgânica da produção estatística nesta matéria.
Com raras excepções, não há uma cultura de registo e controlo funcional dos recursos
humanos afectos às várias modalidades. A modalidade karaté é exemplo disso. O Prof. Abel
Figueiredo, do Instituto Politécnico de Viseu, no que diz respeito à Federação Nacional de
Karaté-Portugal (FNK-P), referiu-nos o seguinte: «Eu tenho vindo a forçar o preenchimento
de uns quadros com esses dados relativos aos recursos humanos do karaté, e que são estes à
luz da actual Lei de Bases do Desporto: praticantes, competidores, treinadores, técnicos de
arbitragem e dirigentes. A caracterização dos praticantes por idades e por sexo, que tanto
necessitamos, não é feita, o que demonstra o desinteresse que este tipo de coisas tem para os
dirigentes do karaté. Vive-se na “gestão” do urgente e esquece-se a gestão do importante»3.

3
Depoimento de Abel Figueiredo ao autor.
9
As federações respondem ao INE, «porque se não respondem são multadas, enquanto
que ao IDP não respondem, porque não são multadas»4. Daí as Estatísticas do Associativismo
Desportivo 1996-2003, do IDP, estarem preenchidos com muita informação não disponível.
Por outro lado, as federações têm grandes dificuldades em conseguir apurar quantos clubes
estão filiados no tecido institucional com a utilidade pública desportiva, de maneira a saber
quantos estão fora da federação.

Sugestões e recomendações
Deixamos aqui registadas duas sugestões de trabalho:

a) Procurar saber quais são os reflexos da posição social dos actores face a cada
modalidade, isto é, que relação existe entre a posição social e as características
das respectivas artes marciais (contacto corporal ou distanciamento na interacção
pessoal).
b) Procurar saber qual a perigosidade (maior ou menor) de cada arte marcial ou
desporto de combate, e indagar a relação entre a posição social e o grau de
perigosidade escolhido.

NOTAS AO QUADRO 1
Para uma melhor interpretação dos dados – ou ausência deles –, importa referir o seguinte sobre o kickboxing e o full-
contact:

1) A CDAM, organismo responsável por superintender as artes marciais e os desportos de combate entre 1972 e
1987, em 1/12/1984, no Estoril, constatou a realização de combates de boxe infantil (10, 11 anos), como atracção em
espectáculos com entradas pagas; a recusa de utilização dos protectores de dentes por parte dos praticantes adultos, embora as
regras obrigassem ao seu uso; a realização de combates sem respeitar as categorias de peso; isenção de formação por parte
dos árbitros. Em informação interna (n.º 35, de 5/12/84), a CDAM relata que «as regras desta modalidade [kickboxing]
reflectem um sistema vulgar de pancadaria com luvas de boxe, sem o mínimo de segurança, nem suporte formativo ou
educativo». Em 5/01/1985, o Conselho Consultivo da CDAM emitiu parecer desfavorável em relação ao kickboxing e deixou
para melhor estudo o full-contact (misto de boxe tradicional inglês e artes marciais). O kickboxing foi objecto de despacho do
então Secretário de Estado dos Desportos, de 8/02/1985, a ser considerado arte marcial e interditadas a sua prática e ensino
em Portugal. Quanto ao full-contact, a CDAM solicitou, em 14/06/1985, 4 pareceres aos Centros de Medicina Desportiva de
Setúbal, Lisboa, Coimbra e Porto, tendo obtido três respostas. O Centro de Medicina Desportiva de Lisboa foi de parecer que
o full-contact deveria considerar-se de alto risco, pois oferecia maior risco do que as modalidades desportivas já incluídas
neste grupo. Acrescia ainda que os tipos de lesões descritas na literatura médica eram extremamente graves. Assim, julgava-
se que o full-contact não poderia ser considerada modalidade desportiva e, portanto, não estava nem deveria prever-se
qualquer legislação médico-desportiva de suporte a esta actividade. O Centro de Medicina Desportiva de Coimbra
argumentava que não dispunha de estruturas suficientes para fazer exames médicos a atletas desta modalidade. O Centro de
Medicina Desportiva do Porto destacava que apenas fazia o controlo médico anual de rotina, o electrocardiograma no
primeiro exame, nos atletas de alta competição e após os 35 anos de idade, e o electroencefalograma nos “boxeurs” que
sofriam K.O.. As dificuldades eram várias: observação médica uma vez por ano, num exame de rotina igual ao de outras
modalidades; não sabiam em que condições físicas os atletas combatiam, nem controlavam o abuso de drogas usuais entre
eles, tais como os anabolisantes e os analgésicos; a maioria dos combates realizavam-se sem apoio médico especializado e
que os atletas eram obrigados a apresentar electroencefalograma sempre que sofriam “knock out” K.O., porém era impossível
controlar estas situações, pois os centros de medicina não eram disso informados, além de que alguns combates se realizavam
no estrangeiro. Na experiência deste Centro, apenas tinham sido apresentados à data dois electroencefalogramas de “boxeurs”

4
Depoimento de João Correia Boaventura ao autor.
10
portugueses que sofreram K.O. em provas realizadas em Espanha, mostrando ao fim de dois meses “sinais de sofrimento
cerebral difuso”. Chamava ainda a atenção para as principais lesões no boxe: hemorragias cerebrais, lesões crónicas, como a
mais documentada “encefalopatia crónica do “boxeur”, demência precoce (parkinsonismo), descolamento da retina, diplopias
e atrofias ópticas que podiam desencadear a cegueira, fractura dos malares e ossos próprios do nariz, contusões do crâneo e
facturas, luxações cervicais, do tórax, do fígado, do baço, do abdómen, renais, etc. Dito isto, apelava à ponderação da
legalização desta modalidade. As críticas ao boxe, da parte das autoridades médicas, nomeadamente da American Medical
Association, não eram menos negativas.
2) Apesar dos pareceres negativos e cautelosos, o presidente da CDAM, em informação, de 15/06/1986, referia que
a prática do full-contact, desde que sujeita a um controlo apertado, não deveria apresentar mais riscos que o boxe, modalidade
desportiva, ou o taekwondo, arte marcial. Se ambas estavam legalizadas, era difícil argumentar em contrário relativamente a
esta. Uma prática bastante controlada era preferível a uma proibição difícil de garantir na prática e com as apetências e
vitalidades demonstradas pelos praticantes. Nesse sentido, propôs superiormente que o full-contact fosse considerada arte
marcial, que fosse abrangida pelo seguro desportivo e que fosse autorizada a sua prática a título experimental até Dezembro
de 1986, permitindo apresentar um relatório em condições de ser apreciado pelo Conselho Consultivo da CDAM e daí se
partir para uma solução definitiva. A CDAM foi extinta em 1987.
3) Em 25/01/1988, é fundada a Federação Portuguesa de Kickboxing e Full-Contact (tinha anteriormente o nome de
Associação Portuguesa de Kickboxing, fundada em 25/01/1977. Transformou-se depois em Federação Portuguesa de Full-
Contact, e, finalmente, em Federação Portuguesa de Kickboxing e Full-Contact. A Federação Portuguesa de Full-Contact,
fundada em 24/02/1988, deixou de existir em 1990 para se fundir com a Federação Portuguesa de Kickboxing e Full-Contact)
e surgem as primeiras estatísticas do full-contact, com 6.700 praticantes (cremos que os praticantes de kickboxing ficaram
debaixo deste “chapéu” federativo). O reconhecimento oficial da Federação Portuguesa de Kickboxing e Full-Contact ocorre
em 1996, com a atribuição do estatuto de Instituição de Utilidade Pública, publicado no DR. 124/96, II Série, de 28/05/1996.
As estatísticas do full-contact surgem em 1996 (fonte IDP), com 938 praticantes.
4) O kickboxing ou “boxe aos pontapés” é uma forma de combate de boxe livre, muito apreciada no Japão e nos
Estados Unidos. Utiliza diversos métodos de Savate ou Boxe Francês, do Boxe Tailandês (Muay-Thay), do kyokushinkai
(forma de karaté muito dura) ou do Da Loi Toi ou Boxe Chinês. No kickboxing os golpes são reais e tem por objectivo deixar
o contendor K.O., por todos os meios possíveis. O full-contact ou “contacto total” é uma forma de karaté à americana, com
golpes reais e muito uso das técnicas de pés. Neste desporto os kata (formas codificadas) do karaté não são praticados e a
terminologia tradicional japonesa é substituída por termos americanos. O objectivo é deixar o contendor K.O.. O estilo é
muito semelhante com o Savate ou Boxe Francês. O full-contact foi criado em 1974, por Mike Anderson, organizador de
combates destinados ao cinema, com a colaboração de um campeão de taekwondo (conhecido também por karaté coreano),
Jhoon Rhee. Teve uma aceitação muito grande nos EUA, tendo-se realizado os primeiros combates em Los Angeles. Embora
o kickboxing e o full-contact sejam um produto de adaptações de várias modalidades das artes marciais, não são consideradas
artes marciais, mas sim desportos de combate.

Referências bibliográficas

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l’implantation du jûdô et de l’aikidô», in Daruma, n.º 8/9, Automne 2000/Printemps 2001, pp. 175-199.
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governamentais: mundiais, internacionais e nacionais, Lisboa, Ministério da Educação, Instituto do
Desporto, INDESP/IDP.
ELIAS, Norbert (2006), O Processo Civilizacional, Lisboa, Publicações Dom Quixote (trad.: Lídia Rodrigues),
1.ª ed.: 1989.
FOUCAULT, Michel (1988), «Technologies of the Self», in L. Martin (ed.), Technologies of the Self: a seminar
with Michel Foucault, Amherst, University of Massachusetts.
FIGUEIREDO, Abel (2006), A Institucionalização do Karaté: Os Modelos Organizacionais do Karaté em
Portugal, Tese de doutoramento, UTL/FMH.
ROSA, Vítor (2007a), «Estudo Sociológico sobre o Karaté em Portugal», in Actas das VIII Jornadas do
Departamento de Sociologia e Centro de Investigação em Sociologia e Antropologia “Augusto da
Silva”, subordinada às Questões Sociais Contemporâneas, 28 e 29 de Abril de 2006, Universidade de
Évora, pp. 239-252.
ROSA, Vítor (2007b), «Estudo Sociológico sobre Artes Marciais e Desportos de Combate em Portugal»,
comunicação apresentada na 1.ª edição do Congresso Científico de Artes Marciais e Desportos de
Combate, 13 e 14 de Abril de 2007, Instituto Politécnico de Viseu.
ROSA, Vítor (2007c), «Estudo Sociológico sobre Artes Marciais e Desportos de Combate em Portugal»,
comunicação apresentada IX Jornadas do Departamento de Sociologia e Centro de Investigação em
Sociologia e Antropologia “Augusto da Silva”, sob o título “Transpondo Fronteiras”, 27 e 28 de Abril
de 2007, Universidade de Évora.
ROSA, Vítor (2007d), «Encuadramiento Legal e Institucional de las Artes Marciales y Deportes de Combate en
Portugal», in Revista de Artes Marciales Asiáticas, Universidade de León (Espanha), vol. 2, n.º 4,
Deciembre, pp. 8-31.

11
STOLEROFF, Alan David (2000), «Profissão ou vocação: instrutores de karaté em Portugal», in Acta do IV
Congresso Português de Sociologia, subordinado ao tema Sociedade Portuguesa – Passados Recentes,
Futuros Próximos, de 17 a 19 de Abril, Faculdade de Economia de Coimbra, pp. 1-7.
STOLEROFF, Alan David (2004), «Sobre a Produção de Regras da Inter-Acção em Comunidade: O Dojo de
Karate», comunicação apresentada no V Congresso Português de Sociologia, sob o tema geral
Sociedades Contemporâneas: Reflexividade e Acção, de 12 a 15 de Maio, Universidade do Minho,
Braga.
STOLEROFF, Alan David (2007), «Temas de investigação sociológica da prática de karaté e os seus
significados», comunicação apresentada no Congresso Científico de Artes Marciais e Desportos de
Combate, 13 e 14 de Abril de 2007, Instituto Politécnico de Viseu.
STOLEROFF, Alan David e ROSA, Vítor (2008), «Samurais na modernidade europeia: motivações e
entendimentos dos karatecas portugueses», resumo para apresentação no VI Congresso Português de
Sociologia, sob o título “Mundos Sociais: Saberes e Práticas, Universidade Nova de Lisboa, Faculdade
de Ciências Sociais e Humanas, de 25 a 28 de Junho, Lisboa.

Fontes consultadas
Diário do Governo n.º 155, I Série, Decreto-Lei n.º 48462, de 2 de Julho de 1968.
Diário do Governo n.º 76, I Série, Decreto-Lei n.º 105/72, de 30 de Março de 1971.
Diário da República n.º 33, I Série, Decreto-Lei n.º 69, de 9 de Fevereiro de 1987.
Estatísticas da Educação, 1943-1978, INE.
Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio, 1987-2003, INE.
Estatísticas do Associativismo Desportivo 1996-2003, IDP.
Jornal A Capital, de 7 de Outubro de 1978, p. 28.

Depoimentos
Prof. Abel Figueiredo (Instituto Politécnico de Viseu).
Dr. João Correia Boaventura (Ex-Subdirector do IDP).
Cmdt. José Manuel Fiadeiro (Ex-Presidente da CDAM).

Agradecimentos
Prof. Carlos Gutiérrez (Universidade de León).

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Anexo
Quadro 1
Praticantes de artes marciais, segundo as profissões declaradas (1970-1979)
Profissões N %
Estudante 2002 40,3
Empregado de Escritório 223 4,5
Empregado bancário 156 3,1
Militar 102 2,1
Desenhador 62 1,2
Empregado comercial 53 1,1
Engenheiro (electrotécnico, civil, mecânico, agrónomo, técnico agrário, químico, etc.) 45 0,9
Técnico (Têxtil, radiologista, telefones, refrigeração, pessoal, máquinas, investigação, energia nuclear,
35 0,9
construção civil, JEN, MEN, contas, próteses dentárias, rádio, vendas, mecanográfico, auxiliar)
Vendedor 34 0,7
Electricista 34 0,7
Funcionário público 30 0,6
Mecânico (automóveis, máquinas de calcular, precisão, tipográfico, telefones, etc.) 25 0,5
Despachante 23 0,5
Industrial 21 0,4
Comerciante 20 0,4
Profissional de Seguros 19 0,4
Gerente (firma, industrial, comercial, etc.) 19 0,4
Agente Técnico de Engenharia 18 0,4
Médico 15 0,3
Professor 15 0,3
Empregado de mesa 14 0,3
Chefe (secção, vendas, serviços administrativos, departamento, tráfego, etc.) 14 0,3
Programador 13 0,3
Regente Agrícola 11 0,2
Serralheiro (mecânico, etc.) 10 0,2
Doméstica 10 0,2
Tipógrafo 9 0,2
Pedreiro 9 0,2
Enfermeiro 9 0,2
Delegado comercial 9 0,2
Arquitecto 9 0,2
Funcionário administrativo 8 0,2
Pagador de banca casino 7 0,1
Escriturário 7 0,1
Empregado fabril 7 0,1
Economista 7 0,1
Director (bancário, comercial, empresas, pessoal, serviços, empresas, etc.) 7 0,1
Barman 7 0,1
Proprietário (comerciante...) 7 0,1
Montador (máquinas, rádio, tv, etc.) 7 0,1
Professor de Judo, Karaté 6 0,1
Motorista 6 0,1
Delegado de informação médica 6 0,1
Agente comercial 6 0,1
Torneiro (mecânico, etc.) 5 0,1
Litografo 5 0,1
Funcionário municipal 5 0,1
Consultor (Jurídico, Financeiro, Empresas, Fiscal…) 5 0,1
Construtor Civil 5 0,1
Carpinteiro 5 0,1
Relojoeiro 4 0,1
Funcionário de viação comercial 4 0,1
Soldador 4 0,1
Publicitário 4 0,1
Piloto aviador 4 0,1
Pasteleiro 4 0,1
Controlador 4 0,1
Cabeleireiro 4 0,1
Bate-chapas 4 0,1
Auxiliar de Laboratório 4 0,1
Agente da polícia judiciária 4 0,1
Advogado 4 0,1
Tradutor 3 0,1

13
Recepcionista 3 0,1
Inspector de Vendas 3 0,1
Funcionário aduaneiro 3 0,1
Encadernador 3 0,1
Despenseiro 3 0,1
Decorador 3 0,1
Contabilista 3 0,1
Comissário de Bordo 3 0,1
Canalisador 3 0,1
Analista de Sistemas - Informática 3 0,1
Ajustador de Máquinas 3 0,1
Assistente (Realização, Bordo, Arte Dramática...) 3 0,1
Topógrafo 2 0,0
Revisor 2 0,0
Pintor 2 0,0
Paquete 2 0,0
Massagista 2 0,0
Marítimo 2 0,0
Marcador 2 0,0
Linotipista 2 0,0
Lapidador de diamantes 2 0,0
Ladrilhador 2 0,0
Jogador de futebol 2 0,0
Gráfico 2 0,0
Funcionário OGMA 2 0,0
Funcionário da previdência 2 0,0
Fotógrafo 2 0,0
Estucador 2 0,0
Empregado de armazém 2 0,0
Dourador 2 0,0
Distribuidor 2 0,0
Cozinheiro 2 0,0
Cortador de Carnes 2 0,0
Agente de Navegação 2 0,0
Auxiliar (Oficinal, máquinas...) 2 0,0
Ajudante (Fogueiro, farmácia...) 2 0,0
Administrador (exploração agrícola...) 2 0,0
Locutor de Rádio 2 0,0
Transitário 1 0,0
Tradutor de artes gráficas 1 0,0
Traçados 1 0,0
Tool maker 1 0,0
Telefonista 1 0,0
Sonorizador da radiodifusão 1 0,0
Salsicheiro 1 0,0
Repórter fotográfico 1 0,0
Relações públicas 1 0,0
Rectificador 1 0,0
Rebarbador 1 0,0
Presidente de Câmara Municipal 1 0,0
Porteiro 1 0,0
Polidor 1 0,0
Plainista 1 0,0
Pescador 1 0,0
Padre 1 0,0
Padeiro 1 0,0
Oficial de Justiça 1 0,0
Oculista 1 0,0
Músico 1 0,0
Montador Radiotelevisão 1 0,0
Monitor de segurança 1 0,0
Metalúrgico 1 0,0
Mestre provisório do ensino técnico 1 0,0
Manobrador de máquinas 1 0,0
Lubrificador 1 0,0
Joalheiro 1 0,0
Intérprete 1 0,0
Instrutor de automóveis 1 0,0
Impressor de Off-Set 1 0,0
Guarda Nacional Republicano 1 0,0
14
Guarda Fiscal 1 0,0
Funcionário dos serviços hidráulicos 1 0,0
Funcionário da Nato 1 0,0
Funcionário da Justiça 1 0,0
Farmacêutico 1 0,0
Explicador 1 0,0
Entalhador 1 0,0
Enformador 1 0,0
Encarregado de armazém 1 0,0
Empresário de indústria hoteleira 1 0,0
Empregado de talho 1 0,0
Divulgador de Obras Culturais 1 0,0
Correspondente 1 0,0
Conferente Marítimo 1 0,0
Comunicações 1 0,0
Catalogador 1 0,0
Carteiro 1 0,0
Calculador 1 0,0
Caixa 1 0,0
Bibliotecário 1 0,0
Avicultor 1 0,0
Aspirante de Finanças 1 0,0
Anotação de produção 1 0,0
Alfaiate 1 0,0
Agente Técnico Civil 1 0,0
Agente de Polícia 1 0,0
Afinador de pianos 1 0,0
Escultor 1 0,0
Missing values 1579 31,8
Total 4964 100,0
Fonte: CDAM

15
Quadro 2
Algumas Federações de Artes Marciais e Desportos de Combate com Estatuto de Utilidade Pública
Estatuto de Utilidade Pública
Declaração de Utilidade Pública
Data da Desportiva
Denominação
Fundação Diário da Diário da
Despacho Despacho
República República

n.º 139, 2.º Supl., n.º 40/93, de n.º 288, de


Fed. Portuguesa de Boxe 14/03/1914
15/06/1978 de 20/06/1978 29/11/1993 11/12/1993

Fed. Portuguesa de Esgrima 10/05/1922 15/06/1978 n.º 139, 2.º Supl., n.º 43/93, de n.º 288, de
de 20/06/1978 29/11/1993 11/12/1993

Fed. Portuguesa de Lutas n.º 38, de n.º 50/93, de n.º 288, de


10/06/1925 31/01/1991
Amadoras 15/02/1991 29/11/1993 11/12/1993

n.º 139, 2.º Supl., n.º 139, 2.º n.º 49/93, de


de 20/06/1978 Supl., de 29/11/1993, e n.º
Fed. Portuguesa de Judo 28/10/1959 15/06/1978
20/06/1978 288, de
11/12/1993

Fed. Portuguesa de n.º 51/96, de n.º 124, de


25/01/1988
Kickboxing/Full-Contact 15/05/1996 28/05/1996

Fed. Portuguesa de Aikido 7/09/1990 n.º 50/96, de n.º 213, de


15/05/1996 14/09/1995

Fed. Portuguesa de Artes n.º 53/96, de n.º 124, de


14/05/1992
Marciais Chinesas 15/05/1996 28/05/1996

Fed. Portuguesa de Budo – n.º 139, 2.º Supl., n.º 1388/98, de n.º 19, de
28/08/1992
Desportos e Artes Marciais de 20/06/1978 09/01/1998 23/01/1998

n.º 15, de n.º 55/95, de n.º 213, de


Fed. Nacional de Karaté - 15/06/1992 21/12/1995
18/01/96 01/09/1995 29/11/1993
Portugal

Fed. Portuguesa de n.º 41/95, de n.º 164, de


27/11/1992
Taekwondo 04/07/1995 18/07/1995

Legenda:
• Todos os despachos são positivos (de declaração de Utilidade Pública e de Concessão do Estatuto de
Utilidade Pública Desportiva).
• O despacho da declaração de Utilidade Pública é do Primeiro-Ministro.
• O despacho da concessão do estatuto de Utilidade Pública Desportiva é do Primeiro Ministro.
• O DR referido é o da II Série.

16

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