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Nesta unidade serão discutidos o conceito de calor, capacidade térmica, calor específico e calores
latentes de evaporação/condensação e fusão/solidificação. Estes conceitos serão empregados no
estudo trocas de calor aquecimento/refrigeração de diferentes sistemas bem como no estudo das
energias envolvidas em processos típicos de mudanças de fase como evaporação de água e
condensação do gelo. Em seguida apresentaremos as leis que descrevem trocas de calor por
condução, radiação e convecção. Vários problemas serão resolvidos ao longo do capítulo e uma série
de questões conceituais, e problemas são apresentados ao final do capítulo, visando a fixação dos
conceitos apresentados.
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Carlos Basílio Pinheiro - Fundamentos de Termodinâmica - 24/03/23
Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
1.1 Calor
Os filósofos gregos dos séculos V e VI a.C., Empédocles, Aristóteles e outros, acreditavam que o fogo,
ao lado da água, da terra e do ar, era um dos elementos formadores da natureza. Essa ideia sobreviveu
por quase dois mil anos, incluindo-se nesse período os alquimistas, que admitiam ter o fogo um poder
extraordinário para leva-los ao encontro da pedra filosofal e do elixir da vida. Em 1661, o químico
irlandês Robert Boyle (1627-1691), contemporâneo de Newton, em sua obra "O químico cético",
emitiu com precisão o conceito de elemento químico. Entretanto Boyle, ainda incluía o fogo como um
desses elementos. Alguns anos depois, o médico do rei da Prússia, Georg Stahl, criou a ideia do
flogístico. Segundo ele, o flogístico era o princípio do fogo. Um corpo ao ser queimado perdia o
flogístico e virava cinza; ao se aquecer um corpo, este recebia flogístico; ao se resfriar, o corpo perdia
flogístico. Sabendo que a energia térmica se manifestava quando havia diferença de temperatura
entre os corpos, foram desenvolvidos métodos para se quantificar a energia térmica transferida entre
corpos em contato e com temperaturas diferentes. Nesses experimentos, foi observado que a
quantidade de energia térmica liberada por um corpo era plenamente absorvida pelo outro corpo e
em 1777, Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794) derrubou definitivamente a teoria do flogístico,
explicando a combustão como uma simples reação com o oxigênio. Lavoisier, introduziu o termo
calórico para descrever o fluido invisível que se transferia de um corpo para outro devido à diferença
de temperatura, responsável pelo aquecimento dos corpos e por algumas reações químicas. O
calórico era considerado uma substância que não poderia ser criada ou destruída. A teoria do calórico
teve seu primeiro questionamento feito por Benjamin Thompson, Conde de Rumford (1753-1814),
que observou que o trabalho mecânico na perfuração de canhões por brocas soltando cascas
metálicas produzia calor. Concluiu então que o calórico é uma forma de energia em movimento e não
uma substância fluida.
O conceito moderno do calor veio a surgir na década de 1840 quando Julius Robert Mayer (1814-
1878) e James Joule (1818-1889) estabeleceram a equivalência mecânica do calor. Joule mostrou que
é possível aumentar a temperatura de uma substância através do dispêndio de energia mecânica,
resultando daí que o calor não é substância, é energia. A Figura 1 mostra duas formas distintas de se
aumentar a temperatura de certa quantidade de água num recipiente. Na Figura 1(a), um peso é
conectado ao eixo de uma pá dentro do recipiente com água que pode girar, e à medida que a pá gira,
a temperatura da água aumenta. Nesse caso, o aumento de temperatura é proporcional à quantidade
de trabalho realizado. Na Figura 2(b), o recipiente é aquecido diretamente por uma chama, que vai
naturalmente aumentar a temperatura da água.
Figura 1: variações de temperatura semelhantes são obtidas (a) realizando-se trabalho sobre sistema e (b)
transferindo calor para o sistema
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
Quando um corpo quente entra em contato com um corpo frio, devido à diferença de temperatura,
haverá transferência de energia térmica, calor do corpo quente para o corpo frio, caracterizado por
variação da energia interna dos corpos.
Calor é a energia que flui entre um sistema e sua vizinhança em virtude de uma diferença
de temperatura entre eles.
Para ser mais completa a definição de calor deveria incluir também mudanças de fases das substâncias
caso em que ocorre transferência de calor.
O símbolo de calor é Q e por convenção ele é positivo quando flui para o sistema sendo, portanto,
negativo quando ele flui do sistema para a vizinhança.
Historicamente, antes do equivalente mecânico do calor ser estabelecido, a caloria era usada como
unidade de medida para o calor. A caloria foi originalmente definida como a quantidade de calor
necessária para alterar a temperatura de um grama de água de 14,5 °C para 15,5 °C. Seu símbolo é
cal. De acordo com os experimentos realizados por Joule, calor é energia, portanto no SI temos:
1 cal = 4,186 J.
A unidade inglesa para o calor é o Btu (British Thermal Unit, traduzido por unidade térmica britânica)
que foi definida como a energia térmica necessária para aumentar a temperatura de uma libra de
água em um grau Fahrenheit. O Btu relaciona-se com a caloria e ao Joule por:
A relação precisa entre caloria e joule foi estabelecida por James Joule na década de 1840. Ele montou
um experimento em que pesos em queda produziam agitação na água de um recipiente através de
pás girando provocando o aumento da temperatura da água. Do aumento medido na temperatura da
água, Joule deduzia o número de calorias que seriam necessárias para produzir o mesmo acréscimo
de temperatura se o processo fosse realizado por outra fonte de energia. O trabalho W realizado sobre
a água pelos pesos em queda (mgh, m=massa, g=gravidade, h=altura), em joules, produzia um
aumento de temperatura (DT) equivalente à absorção, pela água, de uma certa quantidade de calor
Q (em calorias). Desta equivalência foi possível determinar a relação entre caloria e joule. Por quase
100 anos, o experimento de Joule forneceu a conversão entre estas unidades. A partir de 1948, Joule
passou a ser adotada como unidade de calor no SI.
Quando transferimos calor para um corpo ou realizamos trabalho sobre ele, geralmente o corpo
experimenta uma variação de temperatura. Por outro lado, a variação de temperatura resultante da
entrada ou retirada de calor dependerá das circunstâncias sob as quais o calor é transferido. Por
exemplo, há situações em que o calor é transferido ao corpo a pressão ou a volume constante. Cada
objeto tem características próprias as quais influenciam o modo como a energia é armazenada.
Consequentemente, 1 kg de água terá uma capacidade de armazenar energia diferente de 1 kg de
alumínio, por exemplo. Com base nisso podemos associar à dificuldade de alterar a temperatura de
um material quando fornecida uma certa quantidade de calor Q, a uma quantidade que chamamos
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
de capacidade térmica (C). Assim C é definido como a razão entre a quantidade de calor Q fornecida
à amostra do material e a correspondente variação DT de sua temperatura, ou seja:
𝑄
𝐶= (1)
∆𝑇
A quantidade de calor necessária para aumentar em 1 grau Celsius ou 1 Kelvin uma amostra de 1 kg
de uma determinada substância é chamada de calor específico (c) e definida por:
𝑄
𝑐(𝑇) = (2)
𝑚∆𝑇
onde m é a massa da amostra. O calor total fornecido a um corpo de massa m para aumentar sua
temperatura de valor inicial T¡ até a temperatura final Tf, é expresso pela seguinte integral:
,-
𝑄 = * 𝑚𝑐(𝑇)𝑑𝑇 (3)
,.
𝑄 = 𝑚𝑐/𝑇0 − 𝑇2 3 (4)
Normalmente o calor específico é expresso em condições normais de temperatura (T= 273,15 K (0 °C)
e 101325 Pa (101325 Pa = 1,01325 bar = 1 atm = 760 mmHg)). Entretanto, a equação (4) deve ser
expressa enfatizando a condição na qual o calor é transferido para a substância. Por exemplo, o calor
específico a volume constante (cv) pode diferir significativamente do calor específico a pressão
constante (cp) para certas substâncias. Tal diferença pode ser observada no caso do ar atmosférico,
para o qual cp é em média 40 % maior do que Cv. Por outro lado, para a maioria dos sólidos e líquidos,
sob condições normais de temperatura e pressão, os calores específicos cp e cv são praticamente
iguais.
A capacidade térmica por mol de uma substância é chamada de calor específico molar (cM) é expresso
por:
𝐶 𝑄
𝑐4 = = (5)
𝑀 𝑛∆𝑇
onde M é a massa molar, n é o número de moles da substância e 𝐶 sua capacidade térmica. A
capacidade térmica molar cM de uma substância é dada em termos de J/mol⋅K ou kcal/mol⋅K.
Exemplo 1: Um objeto com massa m=6,50 kg cai de uma altura de 50,0 m e, por meio de uma
ligação mecânica, gira uma roda de pás que agita 520 g de água. Inicialmente, a água está a 15 °C
(veja figura fora de escala abaixo).
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
Exemplo 2: Em uma certa casa, armazena-se a energia do Sol em barris cheios de água. Em certo
período de cinco dias nublados de inverno, são necessários 5,22 GJ para se manter o interior da
casa a 22,0 °C. Supondo que a água nos barris esteja a 50 °C, qual é o volume necessário de água?
𝑄
𝑄 = 𝑚á<=> 𝑐á<=> ∆𝑇 ⟹ 𝑚á<=> =
𝑐á<=> ∆𝑇
5,22 × 10R 𝐽
𝑚á<=> = = 44495 𝐾𝑔 ≅ 44,5𝑚T
𝐽
4190 𝐾𝑔 𝐾 × (50 − 22) 𝐾
É comum vermos situações em que a adição ou a retirada de calor de um corpo a uma certa
temperatura provoca nele uma mudança de estado. Os tipos mais comuns de mudanças de fases são
a fusão (sólido para líquido), a solidificação (líquido para sólido), a vaporização (líquido para vapor ou
gás), a condensação (gás ou vapor para líquido) e a sublimação (sólido para gás). O calor transferido
por unidade de massa para ocorrer uma mudança de fase, a temperatura constante, é chamado de
calor latente (símbolo L). O calor total transferido em uma mudança de fase é:
𝑄 = 𝐿𝑚 (6)
onde m é a massa da substância que muda de estado. À pressão atmosférica, por exemplo, conforme
Tabela 2, o calor latente de fusão LF da água é 333 KJ/kg e o seu calor latente de vaporização LV é 2256
KJ/kg. Ou seja, são necessários 333 KJ de calor para converter 1 kg água no estado sólido (gelo) a 0 °C
em 1 kg de água no estado líquido a 0 °C, a 1 atm de pressão atmosférica. Podemos repetir o raciocínio
anterior para o caso da ebulição ou evaporação de uma substância em estado líquido para o estado
gasoso. Assim, são necessários 2256 KJ de calor para converter 1 kg de água líquida a 100 °C em 1 kg
de vapor de água a 100 °C, a 1 atm de pressão atmosférica. Observe que o calor necessário para
aquecer 1,0 kg de água de 0 °C até 100 °C, calculado por Q=mcDT, é igual a 419 KJ, menos de um
quinto do calor necessário para a vaporização da água a 100 °C. Esse resultado está de acordo com a
experiência cotidiana na cozinha: uma panela com água pode atingir a temperatura de ebulição em
alguns minutos, porém é necessário um tempo muito maior para fazer a água na panela vaporizar
completamente.
Importante: em uma mudança de estado da fase, da líquida para a fase gasosa por exemplo, a
temperatura permanece constante porque a energia fornecida ao sistema na forma de calor é usada
para quebrar as ligações químicas intermoleculares no líquido, formando moléculas livres na forma
gasosa, e não para aumentar a energia translacional média das moléculas.
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
Exemplo 3: Quanta água permanece líquida após ser extraído 50,4 kJ de calor de 258 g de água
líquida inicialmente a 0 °C?
𝑄 50,4 × 10T 𝐽
𝑚VWX = = = 0,151𝑘𝑔
𝐿0 333 × 10T 𝐽⁄𝐾𝑔
Os calores latentes de vaporização (Lv), dependem da temperatura na qual essa transformação ocorre
(embora pareça que o calor latente dependa da pressão, de fato não precisamos separar essas
dependências, já que para qualquer T existe um único p – equação dos gases). Por exemplo, em
Campos do Jordão (pressão 0,83 atm, 1628 m) a temperatura de ebulição da água é de cerca de 95 °C
e o calor de vaporização é aproximadamente igual a 2270 KJ/kg, valor ligeiramente superior ao calor
de vaporização à pressão atmosférica ao nível do mar (2256 KJ/kg). De fato, com o aumento da
pressão a temperatura de ebulição do líquido aumenta. Porém observamos que calor de vaporização
diminui com o aumento da temperatura e desaparece completamente em um determinado ponto
denominado temperatura critica para água em ~374 °C (Pressão crítica: ~1,51 Atm). Nessa
temperatura, a mudança líquido-vapor deixa de ser uma transição de fase pois líquido e vapor
possuem propriedades indistinguíveis. Na Tabela 2 fornecemos o calor de fusão e de vaporização (Lv)
de diversas substâncias e as respectivas temperaturas de fusão e ebulição sob pressão atmosférica de
1 Atm. Pouquíssimos elementos químicos possuem temperaturas de fusão nas vizinhanças da
temperatura ambiente, um deles é o gálio metálico
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
A Figura 2 mostra como a temperatura varia com o tempo quando fornecemos calor continuamente
a uma amostra de gelo com temperatura inicial abaixo de 0 °C (ponto a). A temperatura aumenta até
ser atingido o ponto de fusão (ponto b). A seguir, enquanto se fornece mais calor, a temperatura
permanece constante até que todo gelo seja fundido (ponto c). Então a temperatura volta a subir
novamente até atingir a temperatura de ebulição (ponto d). Nesse ponto, a temperatura permanece
constante até que toda a água seja transformada em vapor d’água (ponto e).
Caso a taxa de fornecimento de calor seja constante, a reta referente ao aquecimento da fase sólida
(gelo) é mais inclinada do que a reta referente a fase líquida (água). Você sabe por quê? Para
responder, compare os valores dos calores específicos da água e do gelo.
Em certas circunstâncias, uma substância pode passar diretamente da fase sólida para a fase gasosa.
Esse processo denomina-se sublimação, e dizemos que o sólido sublima. O calor de transição
correspondente denomina-se calor de sublimação, Ls. O dióxido de carbono líquido pode existir a uma
pressão menor do que cerca de 5 x 105 Pa (cerca de 5 atm), e o “gelo seco” (dióxido de carbono sólido)
sublima na pressão atmosférica. A sublimação da água em um alimento congelado produz fumaça em
uma geladeira. O processo inverso, uma transição da fase vapor para a fase sólida, ocorre quando se
forma gelo sobre a superfície de um corpo frio, tal como no caso da serpentina de um refrigerador.
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
A água muito pura pode ser resfriada até diversos graus abaixo do ponto de congelamento sem se
solidificar e o estado de equilíbrio instável resultante denomina-se super-resfriado. Quando jogamos
nessa água um pequeno cristal de gelo, ou quando a agitamos, ela se cristaliza em um segundo ou em
uma fração de segundo. Este fenômeno é comumente observado por apreciadores de cerveja
“estupidamente gelada”. O vapor d’água super-resfriado condensa rapidamente, formando gotículas
de névoa na presença de alguma perturbação, como partículas de poeira ou radiações ionizantes. Esse
princípio é usado na chamada ‘semeadura de nuvens’ (bombardeio de nuvens com nitrato de prata),
que geralmente possuem vapor d’água super-resfriado, provocando a condensação e a chuva.
Algumas vezes um líquido pode ser superaquecido acima da sua temperatura de ebulição normal.
Novamente, qualquer perturbação pequena, tal como a agitação do líquido ou a passagem de
partículas carregadas em seu interior, produz ebulição local com a formação de bolhas. Os sistemas
de aquecimento a vapor de edifícios utilizam processos de vaporização e condensação para transferir
calor do aquecedor para os radiadores. Cada quilograma de água que se transforma em vapor no
boiler (aquecedor) absorve cerca de 2 × 106 J (o calor de vaporização Lv da água) e liberta essa mesma
quantidade quando se condensa nos radiadores. Os processos de vaporização e de condensação
também são usados em refrigeradores, condicionadores de ar e em bombas de calor.
O resfriamento produzido pela vaporização explica também por que você sente frio ao sair de uma
piscina ou do banho. Isto acontece, pois, a água evapora da pele, removendo calor de vaporização do
corpo. Para não sentirmos a sensação de frio, é necessário nos secarmos rapidamente ao deixar a
piscina ou o banho. O resfriamento produzido pela vaporização é também usado para resfriar edifícios
em climas secos e quentes, e para fazer condensar e reciclar o vapor ‘usado’ em usinas geradoras
termelétricas com aquecimento produzido pela queima de carvão ou por reações termonucleares. É
isso que ocorre naquelas enormes torres de concreto que você vê nas vizinhanças dessas usinas.
Reações químicas, tais como uma combustão, também envolvem a liberação de uma grande
quantidade de calor, e são análogas a uma mudança de estado no que diz respeito à troca de calor. A
combustão completa de um grama de gasolina produz cerca de 46000 J, ou cerca de 11000 cal, e
então o calor de combustão, Lc, da gasolina é dado por: Lc = 46000 J/g = 4,6 x 107J/kg.
CURIOSIDADE: Os valores associados à energia dos alimentos são normalmente expressos em calorias
(1 kcal é igual a 1000 cal ou 4186 J). O cálculo do valor energético de cada alimento considera tanto o
calor de combustão (calor gerado pela queima completa do alimento) quanto fatores de
digestibilidade a partir dos teores de proteínas, lipídios e glicídios em cada alimento. Os valores
tabelados nos alimentos consumidos atualmente são derivados do modelo originalmente proposto
por Atwater e Wood, em 1896. Resumidamente, nem toda a energia dos alimentos (chamada de
energia bruta) é absorvida pelos organismos.
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
2.2. Explique a diferença entre o calor latente de fusão e de vaporização. Descubra os seus valores
para um líquido, sólido e um gás qualquer.
2.3. Um calorímetro de capacidade térmica desprezível, contém 1,5 kg de uma mistura de água e
gelo. Nele são colocados 4 kg de cobre a 80 °C. Após o equilíbrio térmico ser atingido, observa-
se que a temperatura da água é de 8 °C. Que quantidade de gelo havia no calorímetro, no estado
inicial? Considere que o calor latente de fusão do gelo submetido a pressão de 1 atm vale:
𝐿_ =79,7 cal/g.
1.4.1 Condução
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
(a) (b)
Medidas experimentais mostram que o fluxo de calor H, quantidade de calor Q por unidade de tempo,
que migra de uma face para outra é diretamente proporcional tanto à área frontal da camada quanto
à diferença de temperatura entre as faces, e inversamente proporcional à espessura da camada. Ou
seja,
𝛥𝛵
𝐻∝𝐴 (7)
𝛥𝑥
𝛥𝛵
𝐻 = 𝑘𝐴 . (8)
𝛥𝑥
A condutividade térmica k de um material representa a facilidade maior ou menor do material
conduzir calor. Para a maioria das aplicações, k pode ser considerado constante, embora varie
ligeiramente com a temperatura. No sistema internacional de unidades, a unidade de k é (W/m⋅K).
Para uma camada com espessura infinitesimal dx e diferença dT de temperatura, a transferência de
calor descrita por (8) será calculada por
𝑑𝑇
𝐻 = −𝑘𝐴 (9)
𝑑𝑥
Por convenção, o sinal negativo é adotado para se evitar um sinal negativo para dx, ou seja, dT/dx
sempre será decrescente.
Exemplo 4: Estime a quantidade de calor perdida em 1 hora pelo isolamento de poliestireno nas
paredes de um refrigerador de 4 m2 cuja a diferença de temperatura é 20 °C (ou 20 K). A espessura
do isolante é 30 mm. A condutividade térmica do isolante é 0,01 W/m⋅K.
𝛥𝑇 0,01 𝑊 −20 𝐾
𝐻 = −𝐾𝐴 =f h × 4 𝑚G ×
𝛥𝑥 𝑚⋅𝐾 30 × 10iT 𝑚
𝐻 = −26,67 𝑊
𝐽
𝑄 = 𝐻 ⋅ 𝛥𝑡 = 26,67 × 3600 𝑠 = −96 𝐽
𝑠
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
/𝑇l − 𝑇k 3 /𝑇G − 𝑇l 3
𝐻k = 𝐻G = 𝐻 = −𝐾k 𝐴 = −𝐾G 𝐴 , 𝑙𝑜𝑔𝑜
𝐿k 𝐿G
𝐾k 𝑇k 𝐿G + 𝐾G 𝑇G 𝐿k
𝑇l =
𝐾G 𝐿k + 𝐾k 𝐿G
Substituindo 𝑇l no cálculo de 𝐻k ou de 𝐻G temos:
(𝑇G − 𝑇k )
𝐻 = −𝐴
(𝑅k + 𝑅k )
Onde
𝐿k 𝐿G
𝑅k = 𝑅G =
𝐾k 𝐾G
q ∆W
As quantidades 𝑅 = ≡ são chamadas resistências térmicas dos materiais.
r r
IMPORTANTE: a resistência térmica efetiva de materiais distintos é a soma das resistências térmicas
de cada material, logo o fluxo de calor entre duas temperaturas extremas T2 e T1.
(𝑇G − 𝑇k )
𝐻 = −𝐴
∑2 𝑅2
onde
𝐿2
=
𝐾2
Exemplo 6: Seja uma parede de tijolos de 20 cm de largura e condutividade térmica de 0,78 W/m⋅K,
revestida com argamassa de 3 cm de espessura em ambos os lados (kargamassa = 1,1 W/mK) conforme
mostrado na figura abaixo.
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
(b) Se a temperatura no interior é 20 °C e no exterior 35 °C calcule o fluxo de calor H que passa pela
parede e a distribuição de temperatura.
𝐻 −(𝑇u − 𝑇k )
=
𝐴 ∑2 𝑅2
𝐻 −(293,15 − 308,15)𝐾
= = 48,39 𝑊⁄𝑚G
𝐴 𝑚G ⋅ 𝐾
0,31 𝑊
𝐻𝑅>[<>w>\\> 𝑊 0,03 𝑚G ⋅ 𝐾
𝑇G = 𝑇k − = 308,15 𝐾 − 48,39 G ×
𝐴 𝑚 1,1 𝑊
𝑇G = 306,83 𝐾
𝐻 −(𝑇T − 𝑇G )
=
𝐴 𝑅X2l8x8
𝐻𝑅X2l8x8 𝑊 0,2 𝑚G 𝐾
𝑇T = 𝑇G − = 306,83 𝐾 − 48,39 G ×
𝐴 𝑚 0,78 𝑊
𝑇T = 294,42𝐾
Exemplo 7: Um tubo cilíndrico fino de metal está transportando vapor a temperatura 𝑇y = 100 °C.
O tubo tem 5,4 cm de diâmetro e está envolvido por fibra de vidro isolante com 5,2 cm de
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
espessura. Uma extensão D = 6,2 m do tubo passa através de uma sala onde a temperatura é 𝑇\ =
11 °C. (a) Quanto calor se perde através do isolamento? Considere kfibra de vidro = 0,048 W/m⋅K. (b)
Quanto isolante adicional se deve acrescentar para se reduzir pela metade a perda de calor.
Tubo condutor de calor com camada isolante. r1 = 2,7 x 10-2 m; r2 = (2,7 + 5,2) = 7,9 x 10-2 m
𝑑𝑇
𝐻 = −𝑘𝐴 , 𝐴 = 2𝜋𝑟𝐷
𝑑𝑟
sendo D o comprimento do tubo. Logo,
𝑑𝑇
𝐻 = −𝑘2𝜋𝑟𝐷
𝑑𝑟
[} ,•
𝑑𝑟
𝐻* = −𝑘2𝜋𝐷 * 𝑑𝑇
[~ 𝑟 ,€
𝑟G
𝐻𝑙𝑛 f h = −𝑘2𝜋𝐷(𝑇\ − 𝑇y )
𝑟k
2𝜋𝑘𝐷(𝑇y − 𝑇\ )
𝐻= 𝑟
𝑙𝑛 •𝑟G ‚
k
Para reduzir a dissipação pela metade devemos ter uma camada de isolamento 𝑥 maior. Assim,
185
86𝑊 = 𝑥
𝑙𝑛 •2,7‚
k…†
𝑥 = 2,7 × 𝑒𝑥𝑝• …‡ ‚ = 23,2𝑐𝑚
Logo, uma camada adicional de isolante de 18 cm deveria ser adicionada à camada anterior.
1.4.2 Convecção
A transferência de calor por convecção ocorre quando um fluido (que por definição é um material que
não apresenta cisalhamento), como o ar ou a água, está em contato com um objeto cuja temperatura
é maior do que a da sua vizinhança. A temperatura do fluido que está em contato com o objeto quente
aumenta e (na maioria dos casos) o fluido expande-se. Sendo menos denso que o fluido mais frio que
o envolve, ele sobe devido ao empuxo. O fluido circundante mais frio desce para ocupar o lugar do
fluido mais quente que se eleva e estabelece uma circulação convectiva.
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
Em primeira aproximação, e considerando o limite no qual o fluido não se movimenta, o fluxo de calor
decorrente da convecção (𝐻ˆ8]y ) é proporcional à área da superfície (A), à diferença de temperatura
entre a parede e o fluido, e pode calculada por:
1.4.3 Radiação
Todo material aquecido emite radiação com um espectro característico chamado “radiação de corpo
negro” mostrado na Figura 5.
A radiação de corpo negro é a radiação eletromagnética térmica emitida por um corpo negro, um
objeto opaco idealizado que absorve toda radiação que incide sobre ele. Se um corpo negro é mais
quente que sua vizinhança, a taxa com que emite energia térmica é maior do que a taxa que ele
consegue absorver, até que chega ao equilíbrio termodinâmico. Ele tem um espectro específico com
intensidade que inicialmente aumenta com o comprimento de onda, passa por um valor máximo e
depois decai lentamente com o comprimento de onda. O espectro de radiação de um corpo negro
depende apenas da temperatura do objeto (que é considerada uniforme e constante). A radiação
térmica emitida espontaneamente por muitos objetos comuns pode ser aproximada como radiação
de corpo negro. Em uma sala escura, um objeto preto em temperatura ambiente nos parece preto
porque a maior parte da energia que ele irradia está no espectro infravermelho e não pode ser
percebida pelo olho humano. Quando o objeto fica um pouco mais aquecido que o ambiente ele fica
vermelho opaco. À medida que sua temperatura aumenta ainda mais, ele se torna vermelho, laranja,
amarelo, branco e, por fim, branco-azulado. Embora planetas e estrelas não estejam em equilíbrio
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
térmico com seus arredores, nem sejam corpos negros perfeitos, a radiação de corpo negro é usada
como uma primeira aproximação para descrever a energia que eles emitem e estimar a temperatura
de suas superfícies.
Existe uma relação entre comprimento de onda emitido com maior intensidade pelo corpo negro
(lmax) e a temperatura (T). Essa relação, chamada de lei de Wien, diz que
Figura 6: Na parte superior são representadas lâmpadas de diferentes cores e na parte inferior o espectro
de emissão característico de cada uma delas. A temperatura é unidade de referência de cores de
lâmpadas no SI.
Pode ser mostrado (Lei de Stefan-Boltzmann) que o fluxo de calor por radiação (Hrad) entre uma fonte
quente e uma fonte fria depende da temperatura da fonte emissora (Tem), da temperatura da fonte
absorvedora (Tab) e da área da superfície (A) que recebe a radiação, tal que:
u u
𝐻[>Œ = 𝑒𝜎𝐴(𝑇Vw − 𝑇>Ž\ ) (12)
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
Figura 7: Pessoas se aquecendo em lugar frio, pela radiação emitida pela fogueira
1.5.1 Uma fôrma de cubos de gelo com massa desprezível contém 0,350 kg de água a 18,0 °C. Qual
é a quantidade de calor necessária para esfriar a água até 0,0 °C e solidificá-la? Dê a resposta em
joules e em calorias.
1.5.2 A vaporização do suor é um mecanismo de controle da temperatura de animais de sangue
quente. (a) Qual é a quantidade de água que deve evaporar da pele de um homem de 70,0 kg
para que a temperatura do seu corpo diminua de 1,00 °C? O calor de vaporização da água na
temperatura do corpo (37 °C) é igual a 2,42x106 J/kg. O calor específico típico do corpo humano
é igual a 3480 J/kg⋅K (b) Qual é o volume de água que o homem deve beber para repor a água
vaporizada? Compare o resultado com o volume de uma lata de refrigerante (355 cm3)
1.5.3 Um técnico de laboratório coloca em um calorímetro uma amostra de 85 g de um material
desconhecido, a uma temperatura de 100,0 °C. O recipiente do calorímetro, inicialmente a 19,0
°C é feito com 0,150 kg de cobre e contém 0,200 kg de água. A temperatura final do calorímetro
é igual a 26,1 °C. Calcule o calor específico da amostra, sabendo que o calor específico do cobre
vale 390 J/kg⋅K e o da água vale 4190 J/kg⋅K.
1.5.4 Uma das extremidades de uma barra metálica isolada é mantida a 0 °C por uma mistura de
gelo e água enquanto a outra é mantida a 100 °C. A barra possui 60,0 cm de comprimento e uma
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
seção reta com área igual a 1,25 cm2. O calor conduzido pela barra produz a fusão de
8,50 g de gelo em 10,0 minutos. Ache a condutividade térmica k do metal.
1.5.5 Usa-se um pequeno aquecedor elétrico de imersão para ferver 136 g de água para uma xícara
de café instantâneo. A potência do aquecedor é de 220 W. Calcule o tempo necessário para se
trazer essa água de 23,5 °C ao ponto de ebulição, ignorando quaisquer perdas de calor.
1.5.6 O aquecedor de uma casa estraga de manhã, quando a temperatura externa é de -7,0 °C ; em
consequência, a temperatura interna cai de 22 °C para 18 °C em 45 minutos. Quanto tempo levará
para que a temperatura interna caia outros 4,0 °C? Suponha que a temperatura externa
•∆•
permaneça constante e que seja válida a Lei de Resfriamento de Newton: = −ε∆T. A
•‘
diferença de temperatura entre o objeto e a vizinhança é ∆T = /T”•– − T—˜™ 3 e ε é uma
constante.
1.5.7 Em um dia de inverno muito frio quando a temperatura é de -20,0 °C, qual é a quantidade de
calor necessária para aquecer 0,50 L de ar trocado na respiração até atingir a temperatura do
corpo humano (37 °C)? Suponha que o calor específico do ar seja igual a 1020 J/kg⋅K e que 1,0 L
de ar possua massa igual a 1,3x10-3 kg. Qual é o calor perdido por hora considerando uma taxa de
respiração de 20 aspirações por minuto?
1.6 Problemas
1.6.1 Um mecânico resfria uma lata de refrigerante colocando-a em uma grande caneca de
alumínio com massa igual a 0,257 kg e adicionando 0,120 kg de gelo inicialmente a -15,0 °C. Se a
caneca e a lata estão inicialmente a 20,0 °C, qual é a temperatura final do sistema? Considere que
as perdas de calor sejam desprezíveis e o refrigerante seja essencialmente composto de água.
1.6.2 a) Um estudante típico assistindo a uma aula de física com atenção irradia calor à uma
potência de 100W. Qual é a quantidade de calor produzida por uma turma de 90 alunos de
física em um anfiteatro ao longo da duração de 50 minutos de aula? b) Suponha que todo o
calor calculado na parte (a) seja transferido para 3200 m3 de ar do anfiteatro. Considerando
que não ocorreria nenhuma perda de calor para o meio externo, qual seria o aumento de
temperatura do ar do anfiteatro durante os 50 minutos de aula (considere o calor específico
do ar é igual a 1,012 KJ/KgK e 1,20 Kg/m3)? c) Quando os alunos estão fazendo uma prova, o
calor irradiado por aluno aumenta para 280 W. Qual seria o aumento de temperatura do ar
do anfiteatro durante 50 minutos neste caso?
1.6.3 A energia irradiada pelo sol atinge o topo da atmosfera terrestre com uma taxa
aproximadamente igual a 1,5⋅103 W/m2, a distância do sol à terra é 1,496⋅1011 m e o raio do sol
é igual a 6,96⋅108 m. (a) Qual é a taxa de irradiação de energia por unidade de área da superfície
do sol? (b) Supondo que o sol irradie como um corpo negro ideal, qual é a temperatura da
superfície do sol?
1.6.4 Se a diferença de temperatura ∆T entre o objeto e a vizinhança ∆T = /T”•– − T—˜™ 3 não for
grande, a taxa de resfriamento ou aquecimento do objeto será aproximadamente proporcional à
•∆•
diferença de temperatura seguindo a lei de Newton para o resfriamento; isto é, •‘
= −ε∆T,
onde ε é uma constante. O sinal menos aparece porque se ∆T for positivo, ele decresce com o
tempo e, se for negativo, cresce. (a) De que fatores ε depende e quais são as dimensões de ε? (b)
Se no instante 𝑡 = 0 a diferença de temperatura for ∆T” , mostre que em um instante 𝑡 ela será
∆T = ∆T” ei›X , onde ε é uma constante de proporcionalidade.
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
encontrada na fase líquida e sólida. O equilíbrio de fase ocorre também na temperatura de ebulição
que coincide com a de vaporização, situação na qual coexistem a fase líquida e a gasosa. O calor por
unidade de massa, necessário para a transição de fase, depende do material e é levemente
influenciado pela pressão. Ele recebe o nome de calor latente (𝑄 = ±𝑚𝐿) e é considerado positivo
quando o calor é absorvido e negativo quando o calor é cedido.
2.2. Explique a diferença entre o calor latente de fusão e de vaporização. Descubra os seus valores
para um líquido, sólido e um gás qualquer.
O processo de fusão quebra uma grande quantidade de ligações interatômicas do sólido, dando ao
material uma nova configuração (líquida) que ainda mantém uma certa coesão entre os átomos. O
processo de vaporização rompe todas as ligações interatômicas dando às moléculas total liberdade,
requerendo uma quantidade muito maior de energia. Essa é a razão pela qual o calor de vaporização
é sempre maior que o de fusão para todo material.
Observe na tabela abaixo os valores de calor latente de fusão e de vaporização para líquidos, sólidos
e gases.
2.3. Um calorímetro de capacidade térmica desprezível, contém 1,5 kg de uma mistura de água e
gelo. Nele são colocados 4 kg de cobre a 80 °C. Após o equilíbrio térmico ser atingido, observa-se que
a temperatura da água é de 8 °C. Que quantidade de gelo havia no calorímetro, no estado inicial?
Considere que o calor latente de fusão do gelo submetido a pressão de 1 atm vale: 𝐿0 =79,7 cal/g.
A mistura de água e gelo recebem energia cedida pelo cobre. Este calor é utilizado para fusão do gelo
(∆Q = mL¥) e em seguida para o aquecimento da água ∆Q = mc∆T, sabendo que o calor recebido
pela água e pelo gelo é exatamente igual ao cedido pelo cobre podemos calcular:
Q¦§¨§•˜•” = Q¨§•˜•”
«§®”
mŸ© cŸ© ∆TŸ© = mÁ«©¬ cÁ«©¬ ∆TÁ«©¬ + m-§®” L¥
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
3.3. Um termômetro em uma praça, exposto ao sol recebe calor por quais formas de transferência?
A temperatura nele indicada é a temperatura do ar a sua volta?
Termômetro recebe calor sob forma de condução e convecção do ar a sua volta, isso faria com que
ele medisse corretamente a temperatura ambiente. No entanto, quando exposto ao sol ele também
recebe a radiação solar o que afeta a medida feita por ele. O termômetro indicará então, uma
temperatura maior que a do ar a sua volta.
3.4. Calcule a taxa de calor que se transfere para o interior de um refrigerador, mantido a 5 °C, em
um dia que a temperatura é de 26 °C, sabendo que a área total da geladeira é de 5,2m2 e que
o material isolante tem 20 mm de espessura e condutividade térmica k= 0,017 W/(m.K).
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
1.5.1 Uma fôrma de cubos de gelo com massa desprezível contém 0,350 kg de água a 18,0 °C. Qual
é a quantidade de calor necessária para esfriar a água até 0,0 °C e solidificá-la? Dê a resposta em joules
e em calorias.
Q = m (cDT + Lf) = (0.350 kg) ((4190 J/kg×K)(18.0 K) + 334 x 103 J/kg)= 1.43 x 105 J = 34.2 kcal
a) Qual é a quantidade de água que deve se evaporar da pele de um homem de 70,0 kg para que a
temperatura do seu corpo diminua de 1,00 °C? O calor de vaporização da água na temperatura do
corpo (37 °C) é igual a 2,42 x 106 J/kg. O calor específico típico do corpo humano é igual a 3480 J/kg×K
b) Qual é o volume de água que o homem deve beber para repor a água vaporizada? Compare o
resultado com o volume de uma lata de refrigerante (355 cm3)
b) Esta quantidade de água possui um volume igual a 101 cm3, cerca de um terço do volume de uma
lata de refrigerante.
𝐽 𝐽
𝑄 ³(0,200 𝑘𝑔) f4190 h + (0,150 𝑘𝑔) f390 h´ (7,1 𝐾)
𝑘𝑔 𝐾 𝑘𝑔 𝐾
𝑐= =
𝑚∆𝑇 (0.085 𝑘𝑔)(73,9 𝐾)
𝐽
𝑐 = 1010
𝑘𝑔 𝐾
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
1.5.4 Uma das extremidades de uma barra metálica isolada é mantida a 0 °C por uma mistura de
gelo e água enquanto a outra é mantida a 100 °C. A barra possui 60,0 cm de comprimento e uma
seção reta com área igual a 1,25 cm2. O calor conduzido pela barra produz a fusão de uma massa de
8,50 g de gelo em 10,0 minutos. Ache a condutividade térmica k do metal.
Œµ Œw
Usando a regra de derivação em cadeia, 𝐻 = = 𝐿0 obtemos
ŒX ŒX
𝑑𝑄 𝑑𝑚 𝐿
𝐾= = 𝐿0
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝐴∆𝑇
𝑊
𝐾 = 227
𝑚𝐾
1.5.5 Usa-se um pequeno aquecedor elétrico de imersão para ferver 136 g de água para uma xícara
de café instantâneo. O aquecedor está especificado para 220 watts. Calcule o tempo necessário para
se trazer essa água de 23,5 °C ao ponto de ebulição, ignorando quaisquer perdas de calor.
Resposta
Dada a potência é necessário conhecer a energia envolvida no processo para encontrar o tempo de
DE
duração: P = , onde DE é a variação da energia e t é o tempo.
t
Desconsiderando perdas, toda a energia que entra no sistema é utilizada na variação de temperatura
de 23,5 °C para 100 °C (temperatura de ebulição da água a pressão de 1 atm) e pode ser calculada
pela expressão: Q = mcDT . No SI: m= 0,136 kg, DT = 76,5 K e c agua =4290 J/kg⋅K
𝐽
𝑄 = 0,136 𝑘𝑔 × 4290 × 76,5 𝐾 = 44633 𝐽
𝑘𝑔 ⋅ 𝐾
𝛥𝐸 44633 𝐽
𝑡= = = 203 𝑠
𝑃 220 𝑊
1.5.6 O aquecedor de uma casa estraga de manhã, quando a temperatura externa é de -7,0 °C; em
consequência, a temperatura interna cai de 22 para 18 °C em 45 minutos. Quanto tempo levará para
que a temperatura interna caia outros 4,0 °C? Suponha que a temperatura externa permaneça
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
Œ(∆,)
constante e que seja válida a Lei de Resfriamento de Newton: = −ε∆𝑇. A diferença de
ŒX
Resposta
𝑑(∆𝑇)
= −ε∆𝑇
𝑑𝑡
∆, X
𝑑(∆𝑇)
* = * −ε𝑑𝑡
∆,» ∆𝑇 8
∆𝑇
𝑙𝑛 f h = −ε𝑡
∆𝑇8
∆𝑇
= 𝑒 i›X
∆𝑇8
∆𝑇 = ∆𝑇8 𝑒 i›X
1 ∆𝑇
ε = − 𝑙𝑛 f h
𝑡 ∆𝑇8
1 18 − (−7)
∆𝑡 = − 𝑙𝑛 f h
(45 𝑚𝑖𝑛) 22 − (−7)
1 ∆𝑇
∆𝑡 = − 𝑙𝑛 f h
ε ∆𝑇8
1 14 − (−7)
∆𝑡 = − 𝑙𝑛 f h
(3,29 × 10 /𝑚𝑖𝑛)
iT 18 − (−7)
∆𝑡 = 53 𝑚𝑖𝑛
1.5.7 a) Em um dia de inverno muito frio quando a temperatura é de -20,0 °C, qual é a quantidade
de calor necessária para aquecer 0,50 L de ar trocado na respiração até atingir a temperatura do corpo
humano (37 °C)? Suponha que o calor específico do ar seja igual a 1020 J/kg⋅K e que 1,0 L de ar possua
massa igual a 1,3x10-3 kg.
b) Qual é o calor perdido por hora considerando uma taxa de respiração de 20 aspirações por minuto?
𝑄 = 𝑚𝑐∆𝑇
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
𝑄 = 38 𝐽
b) Como em uma hora ocorrem 1200 aspirações, temos que a quantidade de calor perdido é igual a
RESPOSTAS: Problemas
1.6.1 Um mecânico resfria uma lata de 2,0litros de refrigerante colocando-a em uma grande
caneca de alumínio com massa igual a 0,257 kg e adicionando 0,120 kg de gelo inicialmente
a -15,0 °C. Se a caneca e a lata estão inicialmente a 20,0 °C, qual é a temperatura final do
sistema? Considere que as perdas de calor são desprezíveis e o refrigerante seja
essencialmente composto de água.
Igualando o calor perdido pelo refrigerante e pela caneca com o calor ganho pelo gelo
Considerando massa da caneca (𝑚ˆ ), massa do gelo (𝑚< ) e massa da água (𝑚> ), massa do
refrigerante (𝑚¾ )
𝑄ˆVŒ2Œ8 = 𝑄[VˆVŽ2Œ8
𝑚ˆ 𝑐¿q (𝑇ˆ − 𝑇) + 𝑚¾ 𝑐> (𝑇¾ − 𝑇) = 𝑚< 𝑐< /0 − 𝑇< 3 + 𝑚< 𝐿_ + 𝑚< 𝑐> (𝑇 − 0)
𝑗 𝑗
f0,257𝑘𝑔 × 910 + 2,0 × 4190 h × 293𝐾
𝐾𝑔𝐾 𝐾𝑔𝐾
À Á
𝑗 𝑗
+0,120𝐾𝑔 × (2100 × 288𝐾 − 334 × 10T )
𝐾𝑔𝐾 𝐾𝑔
𝑇=
𝑗 𝑗 𝑗
257𝑘𝑔 × 910 𝐾𝑔𝐾 + 2,0𝑘𝑔 × 910 𝐾𝑔𝐾 + 0,120𝑘𝑔 × 4190 𝐾𝑔𝐾
𝑇 = 287 𝐾
Note que a massa do gelo (0,120 kg) aparece no denominador desta expressão multiplicada pelo
calor específico da água, pois depois que o gelo fundido é água cuja temperatura aumenta até T.
a) Um estudante típico assistindo a uma aula de física com atenção irradia calor à uma potência
de 100W. Qual é a quantidade de calor produzida por uma turma de 90 alunos de física em um
anfiteatro ao longo da duração de 50 minutos de aula? b) Suponha que todo o calor calculado na
parte (a) seja transferido para 3200 m3 de ar do anfiteatro. Considerando que não ocorreria
nenhuma perda de calor para o meio externo, qual seria o aumento de temperatura do ar do
anfiteatro durante os 50 minutos de aula (considere o calor específico do ar é igual a
1,012 KJ/KgK e 1,20 Kg/m3)? c) Quando os alunos estão fazendo uma prova, o calor irradiado por
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
aluno aumenta para 280 W. Qual seria o aumento de temperatura do ar do anfiteatro durante
50 minutos neste caso?
Resposta
∆𝑄½ ∆𝑄
a) Lembrando que 𝑃 = 𝑡 e que 100 W equivale a 100 𝑗/𝑠, temos 100 = ½3000 𝑠.
A energia produzida por um aluno em forma de calor (∆𝑄) equivale a 3,0 × 10† 𝑗. Então 90 alunos
produzem 2,7 × 10Â 𝑗 ao longo da duração de uma aula de 50 minutos.
2,7 × 10Â 𝑗
∆𝑇 = = 7 𝐾
𝑘𝑔
1,20 × 3,2 × 10T 𝑚 T × 1,012 × 10T 𝐽/𝐾𝑔 𝐾
𝑚T
c)
𝑗
∆𝑄 = 90 × 280 × 3000 𝑠 = 7,56 × 10Â 𝑗
𝑠
7,56 × 10Â 𝑗
∆𝑇 = = 19,6 𝐾
𝑘𝑔
1,20 × 3,2 × 10T 𝑚 T × 1,012 × 10T 𝐽/𝐾𝑔 𝐾
𝑚T
1.6.3 A energia irradiada pelo sol atinge o topo da atmosfera terrestre com uma taxa
aproximadamente igual 1,5 x 103 W/m2, a distância do sol à terra é 1,496 x 1011 m, o raio do sol é igual
a 6,96x108 m.
(a) Qual é a taxa de irradiação de energia por unidade de área da superfície do sol?
Supondo que não haja nenhuma perda de energia substancial na região entre a Terra e o Sol a
potência por unidade de área será inversamente proporcional ao quadrado da distância até o centro
do Sol, logo o fluxo de energia na superfície do Sol é dada por
G
𝑊 1,50 ⋅ 10kk 𝑚
1,50 ⋅ 10T ¶ · = 6,97 ⋅ 10Â 𝑊/𝑚G
𝑚G 6,96 ⋅ 10… 𝑚
(b) Supondo que o sol irradie como um corpo negro ideal, qual é a temperatura da superfície do sol?
Resolvendo a equação (12) com e = 1, obtemos
k k/u
𝐻1 u 6,97 ⋅ 10Â 𝑊/𝑚G
𝑇=³ ´ =Å Æ = 5920 𝐾.
𝐴𝜎 5,67 ⋅ 10i… 𝑊/𝑚G ⋅ 𝐾 u
1.6.5 Se a diferença de temperatura ∆T entre o objeto e a vizinhança ∆T = /T”•– − T—˜™ 3 não for
grande, a taxa de resfriamento ou aquecimento do objeto será aproximadamente proporcional à
•∆•
diferença de temperatura seguindo a lei de Newton para o resfriamento; isto é, •‘
= −ε∆T, onde ε
é uma constante. O sinal menos aparece porque se ∆T for positivo, ele decresce com o tempo e, se
for negativo, cresce.
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Calor, Calorimetria e Transporte de Calor
∆𝑇
𝑙𝑛 f h = −ε𝑡
∆𝑇8
∆𝑇 = ∆𝑇8 𝑒 i›X
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