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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

1 Primeira Lei da Termodinâmica


Wagner Corradi Barbosa - Universidade federal de Minas Gerais

Carlos Basílio Pinheiro - Universidade federal de Minas Gerais

APÓS O ESTUDO DESTA UNIDADE VOCÊ DEVE SER CAPAZ DE:

§ Reconhecer o que é um sistema termodinâmico;

§ Entender o conceito de energia interna;

§ Entender a relação entre trabalho, calor e a energia interna;

§ Relacionar processos e variáveis de estado;

§ Realizar cálculos envolvendo a Primeira Lei da Termodinâmica.

Nesta unidade estudaremos a Primeira Lei da Termodinâmica. Trata-se de um princípio de


conservação observado nas trocas de energia entre um sistemas termodinâmicos e sua vizinhança.
Usaremos sistemas termodinâmicos constituídos de gases ideais como modelos. Estudaremos
separadamente o conceito de trabalho e as trocas de calor entre sistemas e vizinhança bem como o
conceito de energia interna desenvolvido no capítulo anterior. Ao longo do capítulo, estudaremos as
relações energéticas em processos termodinâmicos isobáricos, isocóricos (ou isovolumétricos),
isotérmicos e adiabáticos.

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LOCALIZAÇÃO DO ITEM NOS CAPÍTULOS E LIVROS

LIVRO AUTORES ED. SEÇÕES

Física II Sears, Zemansky, Young


10ª. 17.1 – 17.5
Addison-Wesley Freedman;

Física 2 Sears, Zemansky, Young 18.1 – 18.4


2ª.
LTC
Primeira lei da Termodin6amica e processos termodinâmicos

23.5 – 23.6
Física 2 Resnick, Halliday, Krane 4ª.
Livros Técnicos e Científicos S.A 25.5 – 25.6

23.3 , 23.5
Física 2 Resnick, Halliday, Krane 5ª.
Livros Técnicos e Científicos S.A 23.6 , 23.8

The Feynman Lectures on Feynman, Leighton, 44-1


Physics; Vol. I Sands
Fundamentos de Física, vol.2 Halliday, Resnick 20.4
3ª.
Livros Técnicos e Científicos S.A
Física 2 Keller, Gettys, Skove 17.3- 17.5
1ª.
Editora Makron Books do Brasil
Curso de Física, vol.2 Moysés Nussenzveig 8.5
3ª.
Ed. Edgard Blücher
Física, vol.1b Tipler 17.2 – 17.4

Ed. Guanabara
Física, vol.2 Tipler 16.4 – 16.5
3ª.
Ed. Guanabara
18.3 – 18.4
Física, vol.2 Tipler 5ª.
Ed. Guanabara 18.6 – 18.8

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1.1 Trabalho realizado sobre um gás ideal

Em um processo termodinâmico de quase equilíbrio, o estado de um sistema, ou o conjunto de suas


variáveis de estado temperatura, pressão, volume, concentração, etc., se transforma gradualmente.
Nele, a energia total do universo (conjunto formado por sistema e sua vizinhança) permanece
inalterada. Apenas processos de quase equilíbrio nos interessam, uma vez que não trataremos
sistemas forma no equilíbrio nesse capítulo.

Conforme já mencionado anteriormente, por volta de 1850, Joule demonstrou que a energia flui entre
a vizinhança e o sistema termodinâmico nas formas de calor e trabalho mecânico Figura 1.1.

Figura 1.1:A mesma variação de temperatura produzida em um mesmo sistema pode ser obtida (a)
realizando-se trabalho mecânico sobre o sistema e (b) transferindo-se calor para o sistema.

Apenas para recordar, gás ideal é todo e qualquer sistema cujo comportamento macroscópico de suas
variáveis de estado pressão (p), volume (V), temperatura (T) e número de mol (n) ou número de
moléculas (N) - é descrito pela equação (1.1)

(1.1)
𝑝𝑉 = 𝑛𝑅𝑇

Conforme mostrado na Figura 1.2 e em acordo com a equação (1.1), elevando-se a temperatura de
um gás confinado em um cilindro fechado por um êmbolo móvel, o gás se expandirá realizando
trabalho de deslocamento do êmbolo. O trabalho realizado pelo gás sobre o êmbolo é dado por:

./ ./ ./
𝑊 = ) 𝐹 ∙ 𝑑𝑦 = ) 𝑝𝐴𝑑𝑦 = ) 𝑝𝑑𝑉 (1.2)
.0 .0 .0

onde 𝑝 é a pressão do gás, 𝐴 é a área do êmolo, 𝑑𝑦 o deslocamento do êmbolo e 𝑑𝑉 a variação do


volume do gás. Por convenção, chamamos de trabalho positivo aquele que o gás realiza sobre a
vizinhança (𝑑𝑉 > 0) e negativo aquele que realizamos sobre o gás (𝑑𝑉 < 0). Importante enfatizar
que a integral (1.2) só é válida para um processo lento de quase equilíbrio.

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Figura 1.2: Dispositivo hipotético usado para estudar o comportamento de gases. Nele, a pressão (P), o
volume (V) , a temperatura (T) e o número de Mols (n) do gás podem ser controlados e seus valores
relacionados. O gás realiza um deslocamento de dy do embolo conforme indicado

De acordo com a equação (1.2), o trabalho realizado sobre o gás é igual à área sob a curva de pressão
em um diagrama 𝑝 × 𝑉. Na Figura 1.3 são mostrados diferentes processos (caminhos) que levam um
sistema termodinâmico do estado inicial a ao estado final b. Observe que o trabalho, determinado
pela área sob os caminhos no diagrama 𝑝 × 𝑉, depende não somente dos estados iniciais e finais,
mas também do processo e pode ser positivo ou negativo.

Figura 1.3: (a) O trabalho realizado sobre o gás ou pelo gás em um processo termodinâmico corresponde
à área sob a curva de pressão no diagrama 𝑝 × 𝑉. Em (a) e (b) o volume do gás aumenta e o trabalho é
positivo. Em (c) o volume diminui durante a transformação e o trabalho é negativo..

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Exemplo 1: Analise o diagrama abaixo e indique a relação entre os trabalhos realizados pelo/sobre o
gás ideal

1. Atividades para auto avaliação: trabalho e calor


1.1 Indique nos diagramas PV abaixo se o trabalho é positivo, negativo ou igual a zero. Justifique!

1.2 Indique o sinal do trabalho total no diagrama PV ao lado.Observe o sentido dos processos.

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1.3 Calcule o trabalho total realizado durante o processo indicado na figura abaixo.

1.4 Sabendo que 𝑊 = 𝐹. 𝑑, mostre que quando um gás sofre uma variação volumétrica infinitesimal,
.
o trabalho pode ser dado por 𝑊 = ∫. / 𝑝𝑑𝑉
:

1.5 Indique o sinal do trabalho e do calor envolvido nos processos abaixo:


(a) Um gás confinado dentro de um êmbolo com pistão móvel, expande ao ser aquecido
(b) Um peso comprime lentamente o embolo de um pistão, comprimindo assim o gás no seu interior
(c) Um gás confinado em um recipiente hermeticamente fechado recebe calor da vizinhança
1.6 Dados os diagramas P x V abaixo, informe o sinal do trabalho (W) nos processos

1.7 Um mol de um gás ideal é comprimido isotermicamente à temperatura de 350K, tendo seu volume
reduzido pela metade. Calcule W. O que acontece com a energia absorvida pelo sistema?

1.2 A Primeira lei da Termodinâmica

Na Figura 1.4 são mostradas duas maneiras distintas de se aumentar a temperatura, e portanto a
energia interna, de um gás ideal. Observe que o gás com uma energia interna 𝑈< à temperature 𝑇< ,
no estado 𝑎, ao sofrer uma transformação à volume constante (isocórica) atinge o estado b com a
energia interna 𝑈> em uma temperatura 𝑇> . Da mesma forma, o gás com uma energia interna 𝑈< à
temperature 𝑇< , no estado 𝑎, ao sofrer uma transformação à pressão constante (isobárica) atinge o
estado c com a energia interna 𝑈> em uma temperatura 𝑇> . Dito de outra forma, o calor entregue

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durante os processos isocóricos e isobáricos mostrados na Figura 1.4, provoca a mesma variação de
temperatura no gás.

Figura 1.4: O aumento da temperatura de um gás ideal de T1 para T2 em processos isobárico (pressão
constante) e isocórico (volume constante). Para um gás ideal, a energia interna U depende somete de T,
logo, U possui o mesmo valor para os dois processos já que T é idêntico em ambos.

Sabemos que para um gás ideal, a energia interna depende somente da temperatura, portanto a
variação da energia interna do processo ab é exatamente igual à variação da energia interna do
processo termodinâmico ac, ou seja,

∆𝑈@A = ∆𝑈@B (1.3)

No processo ab, à volume constante, o calor adicionado ao gás é exatamente igual a variação da
energia interna, pois não houve realização de trabalho.

∆𝑈@A = 𝑄@A (1.4)

No processo ac, à pressão constante, o calor adicionado ao gás é igual a variação da energia interna
somado ao trabalho mecânico de expansão do gás do volume V1 até V2.

𝑄@B = ∆𝑈@B + 𝑊 (1.5)

Como ∆𝑈@A = ∆𝑈@B a equação (1.5) pode ser também escrita como

𝑄@B = ∆𝑈@A + 𝑊 (1.6)

Vamos analisar uma situação mais ilustrativa. Seja um gás que sofre a variação de energia interna
partindo de um estado termodinâmico inicial a para um estado final b ao longo de três caminhos
diferentes conforme apresentado Figura 1.5.

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Figura 1.5: Processos em um gás ideal partindo de um estado de equilíbrio i e chegando ao estado de
equilíbrio final f através do caminho 1 (processo isobárico e processo isovolumétrico) do caminho 2
(processo adiabático e processo isovolumétrico) e do caminho 3 (processo isotérmico) .

Seguindo a lógica antecipada na equação (1.3), temos que para quaisquer que sejam os processos ou
caminhos, a variação da energia interna sempre será igual, uam vez que ela depende apenas das
temperaturas inicial e final. Logo, usando a expressão (1.5) de maneira generalizada:

Para o caminho 1 𝑄< = ∆𝑈@A + 𝑊< (1.7)

Para o caminho 2 𝑄> = ∆𝑈@A + 𝑊> (1.8)

Para o caminho 2 𝑄> = ∆𝑈@A + 𝑊E (1.9)

onde, 𝑄> e 𝑄Ee são todos os calores líquidos trocados em sistema e vizinhança em cada um dos
processos e 𝑊< , 𝑊> e 𝑊E são todos os trabalhos líquidos em cada um dos processos 1, 2 e 3. Convém
aqui salientar que emr nossa convenção consideramos Q positivo quando o calor entra no gás e o
trabalho W positivo quando o gás realiza trabalho sobre a vizinhança. Por outro lado, Q é negativo
quando o calor sai do gás e W é negativo quando trabalho é realizado pelo vizinhança sobre o gás.

Pelas equações (1.7)-(1.9) observamos que o trabalho realizado ou sofrido pelo gás depende dos
processos envolvidos. De maneira análoga, o calor adicionado ou retirado de um gás para leva-lo de
um estado inicial de equilíbrio para outro estado final de equilíbrio depende do detalhamento dos
processos envolvidos. Mas, como as variações de energia interna são sempre as mesmas, temos:

∆𝑈@A = 𝑄< − 𝑊< = 𝑄> − 𝑊> = 𝑄E − 𝑊E (1.10)

O fato de a energia interna líquida ser independente do processo termodinâmico ao qual o sistema é
submetido leva à Primeira Lei da Termodinâmica que pode ser anunciada como:

Para qualquer processo em que se acrescenta calor Q a um sistema termodinâmico e o trabalho W é


realizado pelo sistema a energia líquida resultante, Q –W é igual à variação da energia interna (∆𝑈)
do sistema

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Matematicamente,

∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊 (1.11)

Na forma diferencial

𝑑𝑈 = 𝛿𝑄 − 𝛿𝑊 (1.12)

o diferencial 𝑑𝑈 não depende do caminho ou detalhes dos processos termodinâmicos envolvidos, ao


contrário, os diferenciais 𝛿𝑄 e 𝛿𝑊 dependem do caminho ou detalhes dos processos. Deve ser
enfatizado que alguns outros autores escrevem a 1a lei como ∆𝑈 = 𝑄 + 𝑊 porque definem trabalho
.
realizado pelo sistema como − ∫. / 𝑝𝑑𝑉.
0

Exemplo 2: Carolina deseja tomar um sundae feito com três bolas de sorvete cujo valor alimentício
nominal de 400 Kcal (atenção aos rótulos das calorias dos alimentos, alguns fabricantes omitem o K -
x 103- na unidade de medida) e em seguida realizar uma atividade física de subida de vários degraus
de uma escada para consumir a energia do sorvete ingerido. Até que altura Carolina subir para gastar
a energia equivalente à do sorvete ingerido? Suponha que Carolina pese 60 Kg.
Usando a primeira lei da termodinâmica: ∆𝑈 = 0 = 𝑄 − 𝑊
Ou seja, toda energia contida no sorvete deve ser consumida na forma de exercícios.
𝑄 = 𝑊 = 𝑚𝑔ℎ.
𝐽
𝑄 = 400 𝐾𝑐𝑎𝑙 = 400 × 4,186 = 1,674 × 10U 𝑗
𝐾𝑐𝑎𝑙
Portanto
𝑄 1,674 × 10U
ℎ= =
𝑚𝑔 60 𝑘𝑔 × 9,80 𝑚
𝑠
ℎ = 2847 𝑚
Exemplo 3: Calcule o trabalho e calor envolvidos nos processos sofridos por um mol de gás
monoatômico, indicados no gráfico. Complete a tabela abaixo com os valores encontrados, sabendo
que Pa= 2 x 105 Pa; Va=24,6 litros; Pd= 1 x 105 Pa; Vd =49,2 l litros; Qab = 12316 J, Qbd = -7396 J, Qac=
3697 J e Qcd = -6157 J. Dados: R= 8,315 J/mol.K ou 0,08206 L.atm /mol.K e Cv=12,5 J/mol.K.

Processos isovolumétricos, temos

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𝑊 = 𝑃∆𝑉

𝑊@A = 𝑃@ (𝑉A − 𝑉@ ) = (2 × 10\ 𝑃𝑎) (24,6 × 10]E 𝑚E ) = 4920 𝐽

𝑊A@ = − 𝑊@A = −2460 𝑗

𝑊B^ = 𝑃B (𝑉^ − 𝑉B ) = (1 × 10\ 𝑃𝑎) (24,6 × 10]E 𝑚E) = 2460 𝐽

𝑊^B = − 𝑊B^ = −2460 𝑗

𝑊A^ = 𝑊@B = 0

𝑊@AB^@ = 𝑊@A + 𝑊AB + 𝑊^B + 𝑊B@ = 2460 𝐽

Pela equação dos gases ideias, temos 𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇, logo:

𝑃@ 𝑉@ (2 × 10\ 𝑃𝑎) (24,6 × 10]E 𝑚E )


𝑇@ = = = 591,7 𝐾
𝑛𝑅 𝐽
(1,0 𝑚𝑜𝑙)(8,315 )
𝑀𝑜𝑙 𝐾

𝑃A 𝑉A (2 × 10\ 𝑃𝑎) (49,2 × 10]E 𝑚E)


𝑇A = = = 1183,4 𝐾
𝑛𝑅 𝐽
(1,0 𝑚𝑜𝑙)(8,315 )
𝑀𝑜𝑙 𝐾

𝑃B 𝑉B (1 × 10\ 𝑃𝑎) (24,6 × 10]E 𝑚E )


𝑇B = = = 295,9 𝐾
𝑛𝑅 𝐽
(1,0 𝑚𝑜𝑙)(8,315 )
𝑀𝑜𝑙 𝐾

𝑃^ 𝑉^ (1 × 10\ 𝑃𝑎) (49,2 × 10]E 𝑚E )


𝑇^ = = = 591,7 𝐾
𝑛𝑅 𝐽
(1,0 𝑚𝑜𝑙)(8,315 )
𝑀𝑜𝑙 𝐾
Resumidamente
Processo TF (K) Ti (K) D T (K) W (J) Q (J) DU=Q – W (J)
a-b 1183,4 591,7 591,7 4920 12316 7396
b-d 591,7 1075,8 -591,7 0 -7396 -7396
a-b-d 591,7 591,7 0 4920 4920 0
a-c 268,9 591,7 -295,9 0 -3697 -3697
c-d 591,7 295,9 295,9 2460 6157 3697
a-c-d 591,7 591,7 0 2460 2460 0
a-b-d-c-a 591,7 591,7 0 2460 2460 0
a-c-d-b-a 591,7 591,7 0 -2460 -2460 0

2. Atividades para auto avaliação: primeira lei da termodinâmica


2.1 Defina sistema termodinâmico e vizinhança?
2.2 O que caracteriza um processo como processo termodinâmico?
2.3 Há duas formas pelas quais um sistema termodinâmico pode trocar energia com a sua vizinhança,
quais são elas? Dê exemplos especificando claramente o sistema e a vizinhança
2.4 Quais são as grandezas que independem do caminho/processo termodiâmico??
2.5 A relação Q – W poderia ser considerada uma variável de estado? Explique!
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2.6 Se Q – W representar a variação da energia interna, você esperaria alguma relação entre DT e
Q–W?
2.7 A Primeira Lei da Termodinâmica diz que a variação da energia interna está diretamente
relacionada com o trabalho realizado e com o calor envolvido no processo, ou seja, DU=Q-W. Se
DU=nCvDT, independente do caminho, seus resultados estariam de acordo com a Primeira Lei da
Termodinâmica? Nesse caso, D U poderia seria uma variável de estado?
2.8 Discuta a Primeira Lei da Termodinâmica em termos da Conservação da Energia.
2.9 A primeira lei da Termodinâmica é uma generalização da Lei de Conservação da Energia. Ela é
válida para todo e qualquer sistema. Veja este processo: Um prego é extraído rapidamente de
uma tábua e sua energia interna aumenta de 60 J.

1.3 Capacidade calorífica molar de um gás ideal

Para se determinar a capacidade calorífica de gases de um modo geral é necessário saber sob qual
processo termodinâmico o gás passa quando nele é adicionado calor. Excetuando as situações em que
ocorrem mudanças de fase, o calor adicionado a um gás é acumulado na forma da variação da energia
interna ∆𝐸def , chamada de agora em diante apenas de DU, o que consequentemente irá variar sua
temperatura de maneira proporcional. Dito de outra maneira, o gás poderá acumular o calor
adicionado aumentando sua energia interna e perder parte dela realizando trabalho sobre a
vizinhança devido à sua expansão volumétrica. Em processos icocóricos, ao se adicionar calor ao gás,
variamos sua energia interna e sua temperatura mas o seu volume permanece constante e, portanto,
não é observada a realização de trabalho termodinâmico. Em processos isobáricos (pressão mantida
constante) ao receber calor, o gás varia sua energia interna e sua temperatura porém sofre uma
processo de expansão realizando trabalho sobre a vizinhança. Sabemos que a energia interna de um
gás relaciona-se também com os seus graus de liberdade (e portanto com sua natureza monoatômica,
diatômica ou poliatômica). Desta forma, iremos recorrer ao principio de equipartição de energia e à
Primeira lei da Termodinâmica, para determinarmos a capacidade calorífica molar de gases ideais.
Para isto, vamos analisar a Figura 1.6, na qual são mostrados processos de transferência de calor para
gases mantidos à volume constante e à pressão constante, bem como suas respectivas
representações em um diagrama 𝑝 × 𝑉. Em ambos processos, a variação da temperatura é a mesma
DT= T2- T1.

Observando o diagrama da Figura 1.6, vemos que para sairmos do estado termodinâmico a, à
temperatura T1, para o estado b, à temperatura T2, a quantidade de calor introduzida no sistema será
exatamente igual à variação da energia interna do gás pois, à volume constante, não há realização de
trabalho, ou seja:

𝑄@A = ∆𝑈@A = 𝑛𝑐. ∆𝑇 (1.13)

onde 𝑛 é o número de moles e 𝑐. calor específico à volume constante.

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Figura 1.6: O aumento da temperatura de um gás ideal de 𝑇< para 𝑇> em (a) processos isobárico (pressão
constante) e (b) isocórico (volume constante). Para um gás ideal, a energia interna U depende somete de
T, logo, ∆𝑈 possui o mesmo valor para os dois processos já que ∆𝑇 é idêntico em ambos. No processo
isocórico, não existe trabalho realizado, logo todo aumento de energia interna se deve ao calor entregue
ao gás: ∆𝑈 = 𝑄. Mas no processo isobárico, o calor entregue ao sistema Q tem que ser maior pois além
de proporcionar o mesmo aumento ∆𝑈 anterior, deve ser parcialmente transformado em trabalho
realizado pelo sistema ao se expandir 𝑊 = 𝑝< (𝑉> − 𝑉< ).

Assim,

𝑐. = ∆𝑈g𝑛∆𝑇. (1.14)

Usando o princípio da equipartição da energia

𝑐 (1.15)

concluímos que o calor específico à volume constante (𝑐. ) de gases ideais será:

3𝑅
𝑐. (𝑔á𝑠 𝑚𝑜𝑛𝑜𝑎𝑡ô𝑚𝑖𝑐𝑜 ) = = 12,74 𝐽⁄𝑀𝑜𝑙 𝐾
2
5𝑅 (1.16)
𝑐. (𝑔á𝑠 𝑑𝑖𝑎𝑡ô𝑚𝑖𝑐𝑜 ~ 300 𝐾) = = 20,79 𝐽⁄𝑀𝑜𝑙 𝐾
2
𝑐. (𝑔á𝑠 𝑝𝑜𝑙𝑖𝑎𝑡ô𝑚𝑖𝑐𝑜 ~ 300 𝐾) = 3𝑅 = 24,90 𝐽⁄𝑀𝑜𝑙 𝐾.

Agora, ainda de acordo com a Figura 1.6, se considerarmos o processo termodinâmico que se iniciou
no estado a e termina no estado c, a quantidade de calor necessário para realizar este processo terá
que ser suficiente para elevar a energia interna do gás, ∆𝑈, de uma valor idêntico àquele verificado
no processo ab e também para realizar trabalho de expansão do gás do volume V1 até V2. Ou seja,

𝑄@B = ∆𝑈 + 𝑝∆𝑉 (1.17)

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Recorrendo a equação de estado do gás (1.1) e substituindo (1.13) em (1.17) chegamos à:

𝑄@B = 𝑛𝑐. ∆𝑇 + 𝑛𝑅∆𝑇 = 𝑛( 𝑐. + 𝑅)∆𝑇 (1.18)

Fazendo uma analogia com 𝑄@A = 𝑛𝑐. ∆𝑇, então 𝑄@B = 𝑛𝑐n ∆𝑇, logo,

𝑐n = ( 𝑐. + 𝑅) (1.19)

Portanto, a capacidade calorífica molar à pressão constante (𝑐n ) de gases ideais será:
5𝑅
𝑐n (𝑔á𝑠 𝑚𝑜𝑛𝑜𝑎𝑡ô𝑚𝑖𝑐𝑜 ) = o p = 20,78 𝐽⁄𝑀𝑜𝑙 𝐾
2
7𝑅 (1.20)
𝑐q (𝑔á𝑠 𝑑𝑖𝑎𝑡ô𝑚𝑖𝑐𝑜 ~ 300 𝐾) = o p = 29,1 𝐽⁄𝑀𝑜𝑙 𝐾
2
𝑐. (𝑔á𝑠 𝑝𝑜𝑙𝑖𝑎𝑡ô𝑚𝑖𝑐𝑜 ~ 300 𝐾) = (4𝑅) = 33,21 𝐽⁄𝑀𝑜𝑙 𝐾.

Para a maioria dos sólidos e líquidos em condições normais, os calores específicos 𝑐n e 𝑐. são
praticamente idênticos. Entretanto para os gases, como observados nas equações (1.16) e (1.20), seus
valores são significativamente diferentes. A razão 𝛾 entre estes os calores específicos é definida como:

𝑐n
𝛾= >1 (1.21)
𝑐.

Os valores esperados de 𝛾 = 1,67 para gases ideais monoatômicos, 𝛾 = 1,40 para gases diatômicos
e 𝛾 = 1,33 para gases poliatômicos. A razão 𝛾 dos calores específicos molares de um gás ideal nos dá
uma ideia de quanto mais calor temos que fornecer a um gás para sair de um estado termodinâmico
e chegar a outro estado com outra temperatura à pressão constante, em relação a um processo
semelhante de elevação da energia interna para a mesma temperatura porém à volume constante.
Por exemplo, o valor de 𝛾 para o ar (mistura de gases diatômicos) é 1,4. Isto quer dizer é necessário
40% a mais de calor para elevar de 1°C a temperatura de uma dada quantidade de ar à pressão
constante do que à volume constante.

A Tabela 1.1 apresenta as capacidades caloríficas molares e respectivas razões 𝛾 para diferentes
gases.

Tabela 1.1: Calores específicos molar de diferentes gases obtidos experimentalmente à temperatura
ambiente (~293 K).

Tipo de gás Gás Cp Cv Cpv-Cv g


(J/mol.K) (J/mol.K) (J/mol.K)
Monoatômico Ideal 20,78 12,47 8,31 1,67
He 20,78 12,47 8,31 1,67
Ar 20,78 12,47 8,31 1,67
Diatômico Ideal 29,1 20,79 8,32 1,40
H2 28,74 20,42 8,32 1,40
N2 29,07 20,76 8,31 1,41
O2 29,17 21,10 8,31 1,40
CO 29,16 20,85 8,32 1,41

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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

Poliatômico Ideal 36,94 28,46 8,48 1,30


CO2 36,94 28,46 8,48 1,30
SO2 40,37 31,39 8,98 1,29
H2S 34,60 25,95 8,65 1,33

Tabela 1.1 mostram uma boa concordância entre valores de calores específicos 𝑐n e 𝑐. experimentais
e esperados. Para os gases diatômicos e poliatômicos, os valores medidos para as capacidades
caloríficas molares estão ligeiramente acima daqueles calculados pelo modelo cinético molecular de
um ideal. Isto decorre do fato da energia interna de um gás diatômico ou poliatômico pode conter
outros termos, além das energias cinéticas de translação, de rotação ou de vibração. A explicação para
esta diferença está relacionada com os efeitos quânticos atuando na distribuição do energia entre
diferentes graus de liberdade daquelas moléculas.

Exemplo 4: A massa de um átomo de hélio é 6,66 x 10-27 Kg. Calcule o calor específico molar a
volume constante para o hélio gasoso (em J/mol.K).
O hélio é um gás monoatômico cujos átomos realizam movimento de translação nas três direções
do espaço. Todo aumento de energia interna do He está associado ao aumento da energia cinética
translacional nessas três direções.
3𝑛𝑅∆𝑇
𝑐. = ∆𝑈g𝑛∆𝑇 , ∆𝑈 =
2
3
𝑐. = = 12,47 J/Mol. K
2𝑅

3. Atividades para auto avaliação: Energia Interna


3.1 Quais dessas formas de energia estão associadas com a energia interna de um sistema: (a) Energia
cinética de translação, (b) Energia Potencial elástica, (c) Energia cinética de rotação, (d) Energia
Potencial gravitacional, (e) Energia cinética de vibração e (f) Energia de ligação.
3.2 Como varia a energia interna num sistema que recebe calor?
3.3 Como varia a energia interna num sistema que perde calor?
3.4 Como varia a energia interna num sistema sobre o qual é realizado trabalho?
3.5 Como varia a energia interna num sistema que realiza trabalho sobre sua vizinhança?
3.6 Como varia a energia interna num sistema cuja transformação ocorre a temperatura constante?
3.7 Como é a variação da energia interna num processo cíclico e num sistema isolado?
3.8 Sabendo que Cv é o calor específico molar medido a volume constante e que Cp é o calor
específico molar medido a pressão constante, qual deles deve ser maior. Por quê?
3.9 A partir da 1ª Lei da Termodinâmica, mostre que 𝑐n = ( 𝑐. + 𝑅).
By
3.10 A razão das capacidades caloríficas 𝛾 = tem uma especial importância no processo
Bz
adiabático, que por não trocar calor com a vizinhança, tem uma variação da pressão com o
volume mais acentuada do que no processo isotérmico. O valor de g nos traz informações sobre
a estrutura molecular do gás. Lembrando da relação entre grau de liberdade e a energia média
associada, calcule g para um gás monoatômico, diatômico e poliatômico (rotação e vibração).

______ 14
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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

1.4 Aplicação da Primeira lei da Termodinâmica

No diagrama 𝑝 × 𝑉 mostrado na Figura 1.7 estão representados diferentes processos


termodinâmicos em um gás ideal. De acordo com equação dos gases (1.1) as hipérboles representam
processos isotérmicos, i.e., processos que ocorrem à temperatura constante.

Figura 1.7: Processos em um gás ideal partindo de um estado de equilíbrio a e chegando a diferentes
estado de equilíbrio finais.

Tomando o estado a, caracterizado pelas variáveis de estado (𝑝@ , 𝑉@ , 𝑇@ ) como referência, notamos
que as temperaturas 𝑇< e 𝑇> , verificadas ao final da expansão adiabática e da transformação isocórica
respectivamente, são menores que 𝑇@ . A temperatura 𝑇E , observada ao final da expansão isobárica, é
maior que 𝑇@ e durante a expansão isotérmica, a temperatura não varia. Assim, baseado nas
informações obtidas na análise da Figura 1.7 podemos construir o seguinte diagrama de relações
energéticas para cada uma das transformações:

Transformação adiabática (a®1) 𝑇< < 𝑇@ ∆𝑈 < 0 𝑄 = 0; 𝑊 > 0;

Transformação isocórica (a®2) 𝑇> < 𝑇@ ∆𝑈 < 0 𝑊 = 0; 𝑄 < 0;

Transformação isobárica (a®3) 𝑇E > 𝑇@ ∆𝑈 > 0 𝑄>𝑊>0

Transformação isotérmica (a®4) 𝑇| = 𝑇@ ∆𝑈 = 0 𝑄=𝑊

A seguir analisaremos diferentes processos termodinâmicos separadamente.

1.4.1 Processos Cíclicos

Em um processo cíclico, é efetuada uma sequência de processos termodinâmicos fazendo com que o
sistema retorne ao seu estado inicial. Ou seja, após uma transformação cíclica as variáveis de estado
do sistema assumem valores idênticos aos observados no início da transformação e,
consequentemente, não ocorre variação da energia interna do sistema. Logo,

Transformação Cíclica ∆𝑈 = 0 𝑄}dB~• = 𝑊}dB~•

É importante frisar que transformações cíclicas são idealizações úteis para análise de sistemas
______ 15
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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

termodinâmicos, mas que não podem ser construídas na prática.

Exemplo 5: A figura mostra um processo cíclico em um diagrama 𝒑 × 𝑽. O processo inicia-se em a,


passa por b e retorna para a em sentido antihorário. O trabalho realizado no processo é W=-1500 J.
Por que o trabalho é negativo? Calcule DU e Q.

O Trabalho total realizado durante o ciclo é negativo por que o trabalho Wba realizado pela vizinhança
sobre o sistema termodinâmico (DV < 0) é maior que o trabalho Wab realizado pelo sistema sobre a
vizinhança (DV > 0).
Em toda transformação cíclica as variáveis de estado são idênticas antes e apos a transformação,
portanto, não ocorrem variação de energia interna no sistema logo DU=0.
Usando a primeira lei da termodinâmica temos que:
∆𝑈 = 0 = 𝑄BdB~• − 𝑊BdB~•
𝑄BdB~• = 𝑊BdB~• = −1500 𝑗
Ou seja o sistema entrega 1500 J de energia para a vizinhança durante a transformação.

1.4.2 Processos Isobáricos e Isovolumétricos

Seja agora a situação, como mostrada na Figura 1.8, na qual queremos determinar o trabalho , calor
e a variação das energias internas envolvidos na transformações o gás ideal do estado A para o estado
C. O processo ABC é composto por uma transformação isovolumétrica, na qual o volume do gás é
mantido constante (AB) e por uma transformação isobárica na qual a pressão do gás é mantida
constante (BC). De maneira semelhante, o processo ADC é composto por uma transformação isobárica
na qual a pressão do gás é mantida constante (BD) e por uma transformação isovolumétrica, na qual
o volume do gás é mantido constante (DC). O trabalho realizado pelo o gás em cada processo é:

______ 16
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Fi
g.4.
2–O módul
odot
rabal
hor
eal
izadoem um pr
ocessot
ermodi
nâmi
cocor
respondeà
ár
easobr
eacur
vadepr
essãonodi
agr
amapV
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Seja agora a situação, como mostra a Fig. 4.2, em que queremos determinar
o trabalho realizado para levar o gás do estado A para o estado D.

Figura 1.8:
Fig.4Trabalho
.
3–Tr abarealizado
l
hor eali
zasobre
dosob um
r
eugás ideal
m gásat rem
a diferentes
vés dediversoprocessos
spr ocessotermodinâmicos
ster
modinâmicosindicados
e
tr
ajetos. pelos trajetos ABC, ADC e AC.

Pelo trajeto 1, o trabalho realizado sobre


. o gás é:
Processo ABC 𝑊‚ƒ} = 𝑊‚ƒ + 𝑊ƒ„ = 0 + ∫. / 𝑝𝑑𝑉 = 𝑝… (𝑉… − 𝑉d ) > 0 (1.22)
:

./ (1.23)
Processo ADC
𝑊‚„} = 𝑊‚„ + 𝑊„} = ) 𝑝𝑑𝑉 + 0 = 𝑝d †𝑉… − 𝑉d ‡ > 0
.:

Pelo trajeto 2, o trabalho realizado


< sobre o gás é: (1.24)
Processo AC 𝑊‚} = †𝑝… − 𝑝d ‡†𝑉… − 𝑉d ‡ > 0
>

Pela definição mostrada em (1.2) o trabalho realizado a volume constante é nulo em qualquer
processo em que o volume permanece constante, como nos processos AB e CD da Figura 1.8, pois a
área abaixo da curva nestes processos é nula. Ainda pela definição mostrada em (1.2) também vemos
que o trabalho realizado à pressão constante é sempre dado por 𝑝(𝑉… − 𝑉d ), onde 𝑉… e 𝑉d são
______os volumes finais e iniciais da transformação.
respectivamente
Fundamentos de Termodinâmica - 14:53:41

Como já foi discutido nas seções anteriores, a variação da energia interna do gás durantes os
processos ABC, ADC e AC é sempre o mesma. Logo,

∆𝑈 = 𝑄‚ƒ} − 𝑊‚ƒ}

∆𝑈 = 𝑛𝑐. ∆𝑇‚ƒ + 𝑛𝑐n ∆𝑇‚} − 𝑊‚ƒ}


Processo ABC (1.25)
𝑐. 𝑉d 𝑐n 𝑃…
∆𝑈 = (𝑃… − 𝑃d ) + (𝑉… − 𝑉d ) − 𝑝… (𝑉… − 𝑉d )
𝑅 𝑅

∆𝑈 = 𝑄‚„} − 𝑊‚„}

∆𝑈 = 𝑛𝑐n ∆𝑇‚„ + 𝑛𝑐. ∆𝑇„} − 𝑊‚„}


Processo ADC (1.26)
𝑐n 𝑃d 𝑐ˆ 𝑉…
∆𝑈 = (𝑉… − 𝑉d ) + (𝑃… − 𝑃d ) − 𝑝d (𝑉… − 𝑉d )
𝑅 𝑅

Para o processo AC, a variação da energia interna é obtida das expressões (1.25) ou (1.26) e portanto,

______ 17
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𝑄‚} = ∆𝑈 − 𝑊‚}
Processo AC (1.27)
1
𝑄‚} = ∆𝑈 − †𝑝… − 𝑝d ‡†𝑉… − 𝑉d ‡
2

Exemplo 6: A figura do exemplo mostra uma série de processos termodinâmicos. No processo a®b
150 J de calor são fornecidos ao sistema e no processo b®d, 600 J de calor foram fornecidos ao
sistema. (a) Calcula ∆U no processo a®b. (b) Calcule ∆U a®b®d. (c) Calcule ∆U no processo a®c®d
(d) Calcule ∆U no processo a® d.

(a) No processo a®b


∆𝑈@A = 𝑄@A − 𝑊@A ; 𝑊@A = 0 logo ∆𝑈@A = 𝑄@A = 150 𝐽

(b) No processo a®b®d


∆𝑈@A^ = ∆𝑈@A + ∆𝑈A^ = 𝑄@A + 𝑄A^ − 𝑊A^
∆𝑈@A^ = 150 + 600 − 𝑝∆𝑉
𝑝∆𝑉 = 8 × 10| 𝑃𝑎 × 3 × 10]E 𝑚E = 240 𝑗 logo,
∆𝑈@A^ = 150 𝐽 + 600 𝐽 − 240 𝐽 = 510 𝐽
(c)A variação da energia interna só depende dos estados e não dos processos, logo:
∆𝑈@B^ = ∆𝑈@A^ = 510 𝑗
(d) A variação da energia interna só depende dos estados e não dos processos, logo:
∆𝑈@^ = ∆𝑈@A^ = 510 𝑗

1.4.3 Processos isotérmicos

A Figura 1.9 mostra um processo termodinâmico realizado à temperatura constante, também


chamado de processo isotérmico.

______ 18
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Figura 1.9: Trabalho realizado durante uma transformação isotérmica.

O trabalho realizado por um gás ideal em sua vizinhança durante uma expansão isotérmica pode ser
calculada substituindo a equação (1.1) na equação (1.2) da seguinte forma.

./ ./
𝑛𝑅𝑇
𝑊‚ƒ = ) 𝑝𝑑𝑉 = ) 𝑑𝑉
Processo .: .: 𝑉
(1.28)
isotérmico 𝑉…
𝑊‚ƒ = 𝑛𝑅𝑇𝑙𝑛 o p.
𝑉d
O trabalho realizado pelo gás ideal durante uma expansão isotérmica, na qual 𝑉… > 𝑉d , é positivo,
enquanto o trabalho realizado sobre um gás ideal durante uma compressão isotérmica, na qual
𝑉… < 𝑉d , é negativo.

Como não ocorre variação da temperatura do gás durante a transformação isotérmica, também não
ocorre variação de sua energia interna, logo ∆𝑈d‰•f = 0 e portanto:

𝑄d‰•f = 𝑊d‰•f
Processo (1.29)
isotérmico 𝑉…
𝑊d‰•f = 𝑛𝑅𝑇𝑙𝑛 o p.
𝑉d
Exemplo 7: Em uma transformação isotérmica, as variáveis de estado do sistema se transformam
como mostrado na figura do problema. Calcule o trabalho realizado pelo sistema sobre a
vizinhança?

𝑉…
𝑊d‰•f = 𝑛𝑅𝑇𝑙𝑛 o p = 𝑛𝑅𝑇𝑙𝑛 2.
𝑉d

______ 19
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1.4.4 Processos adiabáticos

Uma transformação adiabática de um gás ideal é aquela em que não há trocas de calor entre sistema
e vizinhança (𝑄 = 0). Na Figura 1.10 é mostrado um processo adiabático entre os estados a e b
caracterizados por isotermas de temperatura T e de T + dT. As expressões que relacionam 𝑝, 𝑉 𝑒 T
para esta transformação serão deduzidas abaixo. Observe que a curva que representa o processo
adiabático no diagrama 𝑝 × 𝑉 é mais inclinada que as curvas de processos isotérmicos nos quais 𝑝 ∝
𝑉 ]<.

Figura 1.10: Representação de uma expansão adiabática em um diagrama 𝑝 × 𝑉 indicando o trabalho


realizado.

Numa transformação adiabática, não existe troca de calor entre sistema e vizinhança, logo:

∆𝑈 = −𝑊 𝑜𝑢 𝑑𝑈 = −𝑑𝑊 (1.30)

Porém a variação da energia interna entre as isotermas T e de T+ dT pode ser calculada por

𝑑𝑊 = −𝑑𝑈 = −𝑛𝑐. 𝑑𝑇 (1.31)

O trabalho realizado pelo gás ideal que se expande adiabaticamente sobre a vizinhança é dado por:

𝑑𝑊 = 𝑝𝑑𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 𝑑𝑉g𝑉 (1.32)

Combinado (1.31) e (1.32), temos

𝑛𝑅𝑇 𝑑𝑉g𝑉 = −𝑛𝑐. 𝑑𝑇 (1.33)

e consequentemente

𝑑𝑇g = − • 𝑑𝑉g . (1.34)


𝑇 }z 𝑉

B
Substituindo a (1.19) em (1.34) e chamando 𝛾 = By temos:
z
______ 20
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𝑑𝑇g = −( 𝛾 − 1) 𝑑𝑉g = (1.35)


𝑇 𝑉

Integrando de ambos os lados para transformações entre estados inicial i e estado final f,

ln(𝑇… /𝑇d ) = −( 𝛾 − 1)ln (𝑉… /𝑉d ) = (1.36)

Logo,

(1.37)
(𝑇𝑉 •]< )d = (𝑇𝑉 •]< )… = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

E portanto, durante uma transformação adiabática de um gás ideal, as seguintes relações entre as
variáveis de estado são respeitadas

𝑇𝑉 •]< = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒;

𝑃𝑉 • = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (1.38)

𝑃(<]•) 𝑇 • = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

Assim, para transformações adiabáticas de gases ideais, 𝑝 ∝ 𝑉 ]• , e como 𝛾 > 1, quando


representamos este processo num diagrama 𝑝 × 𝑉, a curva é mais inclinada que a curva de um
processo isotérmico para o qual 𝑝 ∝ 𝑉 ]< conforme mostrado na Figura 1.10

O trabalho realizado durante um processo adiabático pode ser calculado por

𝑊 = −𝑑𝑈 = −𝑛𝑐. 𝑑𝑇 = 𝑛𝑐. (𝑇d − 𝑇… ) (1.39)


By
E usando a equação, e chamando 𝛾 = B temos:
z

(𝑃d 𝑉d − 𝑃… 𝑉… ) (1.40)
𝑊=
(𝛾 − 1)
Exemplo 8: Um gás ideal diatômico, preso em uma câmara fechada, passa pelas seguintes
transformações:
i) Um aumento de volume à temperatura constante desde um ponto A até um ponto B;
ii) Um decréscimo de volume isobárico do ponto B até o ponto C;
iii) Um aumento de pressão isovolumétrico do ponto C de volta ao ponto A.
Represente o processo num diagrama P x V e encontre Q, W e DU para cada um dos três processos
e para o ciclo completo. Suponha que o ciclo ocorra em 0,75 mol desse gás e que PA = 3,2 x 103 Pa,
VA = 0,21 m3 e PC = 1,2 x 103 Pa.

______ 21
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O diagrama Px V dos processo acima mostra as seguintes etapas:

Para o calculo das temperaturas, basta usar a lei dos gases, 𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇, logo:
𝑃‚ 𝑉‚ (3,2 × 10E 𝑃𝑎) (0,21 𝑚E )
𝑇‚ = 𝑇ƒ = = = 107,8 𝐾
𝑛𝑅 𝐽
(0,75 𝑚𝑜𝑙) •8,315 ‘
𝑀𝑜𝑙 𝐾

𝑃} 𝑉} (1,2 × 10E 𝑃𝑎) (0,21 𝑚E )


𝑇B = = = 40,3𝐾
𝑛𝑅 𝐽
(0,75 𝑚𝑜𝑙)(8,315 )
𝑀𝑜𝑙 𝐾
No ponto B temos a pressão (PC = PB) e temperatura (TB = TA) então podemos encontrar Vb:
𝐽
𝑇ƒ 𝑇‚ (0,75 𝑚𝑜𝑙)(8,315 𝑀𝑜𝑙 𝐾)(107,8)
𝑉ƒ = 𝑛𝑅 = 𝑛𝑅 = = 0,56 𝑚E
𝑃ƒ 𝑃} (1,2 × 10E 𝑃𝑎)

Cálculo da transferência de calor, trabalho e variação da energia interna em cada processo:


Processo C ®A (isovolumétrico) :
𝐽
𝑄}‚ = 𝑛𝐶. (𝑇‚ − 𝑇} ) = (0,75 𝑚𝑜𝑙)(20,8 )(107,8 𝐾 − 40,3 𝐾) = 1052 𝐽
𝑀𝑜𝑙 𝐾
O processo C – A é isovolumétrico, portanto 𝑊}‚ =0, logo
∆𝑈}‚ = 𝑄}‚ − 𝑊}‚ = 1052 𝐽
Processo B ® C (isobárico):
𝐽
𝑄ƒ} = 𝑛𝐶n (𝑇} − 𝑇ƒ ) = (0,75 𝑚𝑜𝑙) o29,1 p (40,3 𝐾 − 107,8 𝐾) = −1472 𝐽
𝑀𝑜𝑙 𝐾
𝑊ƒ} = 𝑃∆𝑉 = 𝑃} (𝑉} − 𝑉ƒ ) = (1,2 × 10E 𝑃𝑎)(0,21 𝑚E − 0,56 𝑚E ) = −420 𝐽
∆𝑈ƒ} = 𝑄ƒ} − 𝑊ƒ} = −1052 𝐽
Processo A ® B (isotérmico):
𝑉ƒ
𝑊‚ƒ = 𝑛𝑅𝑇‚ 𝑙𝑛 o p
𝑉‚
𝐽 0,56 𝑚E
𝑊‚ƒ = (0,75 𝑚𝑜𝑙) o8,315 p (107,8 𝐾)𝑙𝑛 “ ” = 659 𝐽
𝑀𝑜𝑙 𝐾 0,21 𝑚E
∆𝑈‚ƒ = 0 𝐽
𝑄‚ƒ = ∆𝑈‚ƒ + 𝑊‚ƒ = 659 𝐽
No Ciclo

______ 22
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𝑄 = 𝑄‚ƒ + 𝑄ƒ} + 𝑄}‚ = 659 𝐽 − 1472 𝐽 + 1021 𝐽 = 239 𝐽


𝑊 = 𝑊‚ƒ + 𝑊ƒ} + 𝑊}‚ = 659 𝐽 − 420 𝐽 + 0 𝐽 = 239 𝐽
𝑊 = ∆𝑈‚ƒ + ∆𝑈ƒ} + ∆𝑈}‚ = 0 𝐽 − 1052 𝐽 + 1052 𝐽 = 0 𝐽

4. Atividades Para Auto Avaliação Processos Termodinâmicos


4.1 Explique o que você entende por: (i) Estado, (ii) Variável de estado, (iii) Caminho.
4.2 Uma variável de estado depende do caminho que conduz um sistema de um estado para o outro?
Explique o você entende por: i) Estado; ii) Variável de estado; iii) Caminho
4.3 Podemos representar num diagrama P x V, por exemplo, um processo no qual os estados
intermediários não sejam estados de equilíbrio?
4.4 Como se pode identificar a mudança de estado de uma dada substância?
4.5 Marque V ou F nas alternativas abaixo
( ) Em um processo adiabático um gás ideal não sofre nem realiza trabalho.
( ) O trabalho realizado pelo sistema é igual ao calor absorvido em um processo isotérmico.
( ) Em um sistema fechado a energia interna não varia em uma transformação isotérmica.
( ) Em uma transformação isovolumétrica o trabalho envolvido é nulo.
( ) 500 kPa equivalem a 5 atm.
( ) Capacidade calorífica de um corpo é a quantidade de calor que um corpo é capaz de reter.
( ) Quando um sistema passa de um estado 1 para um estado 2 o calor envolvido no processo
( ) Quando um sistema passa de um estado 1 para um estado 2, o trabalho independe do caminho e
do tipo de transformação.
( ) Quando um sistema passa de um estado 1 para o estado 2 a variação da energia interna no
processo, independe do caminho e do tipo de transformação.
( ) Para qualquer substância que se expanda ao ser aquecida Cp é maior que Cv.
( ) A expansão livre pode ser representada em um gráfico p x V.
( ) Em uma compressão adiabática a variação da energia interna é positiva.
4.6 Sabendo que a transformação “aà1” é adiabática e a transformação “aà4” é isotérmica,
responda:

______ 23
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(a) Qual transformação leva o sistema à maior temperatura final? (b) Qual transformação leva o
sistema à menor temperatura final? (c) Em qual processo, o trabalho realizado é maior? E menor?
(d) Em qual processo a troca de calor entre o sistema e a vizinhança é maior? Em qual é menor?
4.7 (a) Como varia a energia interna em uma compressão adiabática (b) em uma expansão adiabática,
(c) em um processo isovolumétrico, (d) em um processo isobárico, (e) em um processo isotérmico
(f) em uma expansão livre de um gás.
4.8 Observe nas figura abaixo dois processos termodinâmicos diferentes. Em (a) O gás recebe calor e
transforma toda a energia recebida em trabalho sobre o pistão, provocando nele um
deslocamento. O volume varia de 2,0 litros para 5 litros. Em (b) a temperatura se mantém
constante a 300 K. Partindo da mesma condição inicial, o sistema se encontra isolado. Ao quebrar
a frágil partição o gás se expande sem receber calor, nem realizar trabalho. A temperatura se
mantém a 300 K

(i) Se no processo a o sistema recebe calor por que a sua temperatura não varia?
(ii) Se no processo b não há fluxo de calor como se dá a expansão?
(iii) Se em ambos os casos saímos do mesmo estado inicial e chegamos ao mesmo estado final, por
caminhos diferentes, pode se dizer que calor e trabalho dependem do caminho? Explique!
(iv) Pode se dizer que calor e trabalho dependem apenas dos estados? Explique!
4.9 Dois moles de um gás à temperatura de 300K e pressão de 3 atm foram descomprimidos até a
pressão de 1 atm:

(a) Calcule o trabalho realizado nessa descompressão pelos caminhos indicados. (b) Com base nos
seus cálculos da questão anterior você pode concluir que o trabalho realizado independe do
caminho escolhido? (c) Trabalho e calor são propriedades intrínsecas de um sistema?
______ 24
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1.5 Exercícios de Fixação

1.7.1. Um sistema realiza o ciclo indicado na figura do estado a até o estado b e depois de volta para
o estado a. O valor absoluto do calor transferido durante um ciclo é igual a 7200J.

(a) O sistema absorve ou libera calor quando ele percorre o ciclo no sentido indicado na figura.
(b) Calcule o trabalho W realizado pelo sistema em um ciclo.
(c) Caso o sistema percorra o ciclo no sentido anti-horário, ele absorve ou libera calor?
(d) Qual é o valor absoluto do calor absorvido ou liberado durante um ciclo percorrido no sentido
anti-horário?

1.7.2. Um gás realiza dois processos. No primeiro, o volume permanece constante a 0,200 m3 e a
pressão cresce de 2,00x105 Pa até 5,00x105 Pa. O segundo processo é uma compressão até o
volume 0,120 m3 sob pressão constante de 5,00x105 Pa.
(a) Desenhe um diagrama pV mostrando estes dois processos.
(b) Calcule o trabalho total realizado pelo gás nos processos.

1.7.3. Durante a compressão isotérmica de um gás ideal, é necessário remover do gás 335J de calor
para manter sua temperatura constante. Qual é o trabalho realizado pelo gás neste processo?

1.7.4. Um cilindro contém 0,250 mol do gás de carbono (CO2) à temperatura de 27,0 oC. O cilindro
possui um pistão sem atrito, que mantém sobre o gás uma pressão constante igual a 1,00 atm.
O gás é aquecido e sua temperatura aumenta para 127,0 oC. Suponha que o CO2 possa ser
considerado um gás ideal.

(a) Desenhe um diagrama pV para este processo.


(b) Qual é o trabalho realizado pelo gás neste processo?
(c) Sobre o quê este trabalho é realizado?
(d) Qual é a variação da energia interna do gás?
(e) Qual é o calor fornecido ao gás?
(f) Qual seria o trabalho realizado se a pressão fosse igual a 0,50 atm?
1.7.5. A figura mostra um cilindro que contém gás, fechado por um pistão móvel e submerso em
uma mistura gelo-água. Empurra-se o pistão para baixo rapidamente da posição 1 para a posição
2. Mantém-se o pistão na posição 2 até que o gás esteja novamente a 0º C e , então é levantado
lentamente de volta à posição 1. O processo está representado no diagrama pV. Se 122g de gelo
são derretidos durante o ciclo, quanto trabalho se realizou sobre o gás?

______ 25
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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

1.7.6. Quando se leva um sistema do estado i ao estado f ao longo do trabalho iaf da figura,
descobre-se que Q=50 J e W= 20J. Ao longo do trajeto ibf, Q= 36J.

(a) Qual o valor de W ao longo do trajeto ibf?


(b) Se W= -13 J para o trajeto curvo fi de retorno, quanto vale Q para este trajeto?
(c) Tome E int, i = 10 J. Quanto vale E int, f?
(d) Se E int,b= 22J, encontre Q para o processo ib e o processo bf.

1.7.7. O gás dentro de uma câmara sofre os processos mostrados no diagrama pV da figura. Calcule
o calor resultante adicionado ao sistema durante um ciclo completo.

1.7.8. Marque V ou F nas alternativas abaixo.

( ) Sempre que um corpo perder calor para a vizinhança DU será negativo.

( ) Pode se usar dU = nCV dT mesmo quando o processo não é isovolumétrico.

( ) A 1ª Lei da Termodinâmica diz que toda vez que há realização de trabalho entre sistema e
vizinhança ocorre também troca de calor e variação na energia interna do sistema.

( ) Uma transformação isocórica é também isovolumétrica.

( ) Toda expansão adiabática provoca queda na temperatura do sistema.

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( ) As variações da energia interna de 1 mol de He e de 1 mol de CO serão iguais, se estes gases


forem submetidos a mesma variação de temperatura.

( ) Em uma expansão livre não ocorre realização de trabalho.

( ) Cp e Cv independem da quantidade da amostra observada.

( ) Em um gás ideal a variação da energia interna depende apenas da variação de temperatura.

( ) Considerando os mesmos estados inicial e final, a energia interna varia mais quando o
processo é isocórico do que quando o processo é isobárico.

( ) Em um processo isotérmico a energia cinética média de translação das moléculas não muda.

( ) Para um gás ideal em expansão livre a variação da energia interna é nula.

1.7.9. Um gás ideal está inicialmente a temperatura de 20 oC e a pressão de 2 atm ocupando um


volume de 4 litros. Após uma expansão isotérmica o gás atinge a pressão de 1 atm. e dobra seu
volume.
(a) Qual foi o trabalho realizado pelo gás durante a expansão?
(b) Qual é o valor do calor envolvido no processo?

1.7.10. Em um expansão adiabática dois moles de um gás ideal diatômico realizam um trabalho de
3,5 x 103 J. Considerando que a temperatura inicial do gás é de 300 K, qual será a temperatura
final?

1.7.11. Um mol de um gás ideal monoatômico sofre uma transformação mostrada no diagrama
abaixo

a) Calcule a relação entre as temperaturas nos estados A e C.


b) Calcule a variação da energia interna no processo.
c) Se os processos isovolumétrico e isobárico forem substituídos por um único processo de A
até B, qual seria a variação da energia interna?

1.7.12. Determine a variação da energia interna de 2,5 moles de gás hélio (monoatômico), quando a
temperatura é variada de 275 para 375 K, mantendo seu volume constante.

1.7.13. Analise atentamente cada situação e em seguida complete a tabela abaixo:

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i. Coloca-se um prego em uma banheira cheia de água, ambos estão inicialmente a


20ºC. A água e o prego se aquecem gradativamente até 90ºC, a energia interna do
prego aumenta de 45J.
ii. Coloca-se um prego em um banheira cheia de água, ambos estão inicialmente a
20 oC. O prego é retirado rapidamente da banheira com um martelo de madeira,
como resultado, a temperatura do prego atinge 90 oC.

Processo I Processo II
Tipo de Processo Isocórico Adiabático
DT
DU
Q
W

1.7.14. O gráfico abaixo mostra um mol de um gás monoatômico nas condições normais de
temperatura e pressão CNTP (1bar = 0,1 MPa e 0 oC) que sofre uma variação da sua temperatura
até 546K por dois processos: um isovolumétrico e outro isobárico. Calcule a variação da energia
interna considerando cada um dos processos, lembrando que 1 mol de qualquer gás em CNTP
ocupa um volume de 0,0224 m3. Observe que o volume é duplicado nessa transformação
isobárica. Dados CV = 12,5 J/mol.K e CP = 20,815 J/mol.K.

(a) Calcule o trabalho realizado nessa descompressão pelos caminhos indicados. (b) Com base nos
seus cálculos da questão anterior você pode concluir que o trabalho realizado independe do caminho
escolhido? (c) Trabalho e calor são propriedades intrínsecas de um sistema?

1.7.15. Um gás se expande e efetua 800 kJ de trabalho, absorvendo, ao mesmo tempo, 400 kcal de
calor. Qual é a variação de energia interna do gás?

1.7.16. Um projétil de chumbo, inicialmente a 30 C, funde-se ao colidir com um alvo. Admitindo que
toda a energia cinética inicial do projétil se transforme em energia interna e contribua para a
elevação de sua temperatura e fusão, estimar a velocidade no instante da colisão

1.7.17. Calcule o trabalho, calor e variação de energia interna envolvidos no processo descrito pela
figura, sabendo que a amostra observada é de um mol de um gás monoatômico.

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1.7.18. Uma determinada amostra de um gás ideal diatômico está na temperatura ambiente (293 K).
A vizinhança, através de um processo isotérmico, realiza um trabalho de 1,8 x105 J sobre esse
gás reduzindo seu volume a um quinto do valor inicial. (a) Qual foi a variação da energia interna
do sistema? (b) Qual foi o calor cedido pelo sistema? (c) Quantos moles de gás havia na amostra?

1.7.19. Que trabalho deve ser realizado sobre 30 g de gás Monóxido de Carbono (CO) em condições
normais de temperatura e pressão, para comprimi-lo adiabaticamente, a um quinto do seu
volume inicial

1.7.20. Um trabalho de 820 J é realizado sobre dois moles de um gás ideal diatômico comprimindo-
os adiabaticamente de 1,8 x10-2 m3 até 0,8 x10-2 m3. Calcule a temperatura inicial e final e a
pressão inicial e final.

1.6 Problemas

1.6.1. O gás nitrogênio no interior de um recipiente que se pode se expandir é resfriado de 50,0º C
até 10,0º C, mantendo-se a pressão constante e igual a 3,00x105 Pa. O calor total liberado pelo
gás é igual a 2,50x104J. Suponha que o gás possa ter tratado como um gás ideal.

(a) Calcule o número de moles do gás.


(b) Calcule a variação da energia interna do gás.
(c) Ache o trabalho realizado pelo gás.
(d) Qual seria o calor liberado pelo gás para a mesma variação da temperatura caso o volume
permanece constante?
1.6.2. Um gás ideal monoatômico se expande lentamente até ocupar um volume igual ao dobro do
volume inicial, realizando um trabalho igual a 300J neste processo. Calcule o calor fornecido ao
gás e a variação da energia interna do gás, sabendo que o processo é: a) isotérmico; b) adiabático;
e c) isobárico.

1.6.3. Quando um sistema vai do estado a até o estado b ao longo do cominho acb, um calor igual
ao longo do caminho acb, um calor igual a 90,0J flui para o interior do sistema e um trabalho de
60,0J é realizado pelo sistema.

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(a) Qual é o calor que flui para o interior do sistema ao longo do caminho adb, sabendo que o
trabalho realizado pelo sistema é igual a 15,0J?
(b) Quando o sistema retorna de b para a ao longo do caminho encurvado, o valor absoluto do
trabalho realizado pelo sistema é igual a 35,0J. O sistema absorve ou libera calor? Qual é o
valor deste calor?
(c) Sabendo que Ua=0 e Ud=8,0J calcule os calores absorvidos nos processos ad e db.

1.6.4. Um processo termodinâmico em um líquido. Uma engenheira química está examinando as


propriedades do metanol (CH3OH) no estado líquido. Ela usa um cilindro de aço com área da
seção reta igual a 0,0200 m2 e contendo 1,20x10-2 m3 de metanol. O cilindro possui um pistão
bem ajustado que suporta uma carga igual 3,00x104N. A temperatura do sistema aumenta de
20,0º C para 50,0º C. Para o metanol, o coeficiente de dilatação volumétrico é igual a 1,20x10-3
k-1 , densidade é igual a 791 kg/m3 e o calor específico à pressão constante é dado por Cp=
2,51x103 J/kg.K. Despreze a dilatação volumétrica do cilindro de aço. Calcule

(a) O aumento de volume do metanol


(b) O trabalho mecânico realizado pelo metanol contra a força de 3,00x104 N.
(c) O calor fornecido ao metanol
(d) A variação da energia interna do metanol
(e) Com base em seus resultados verifique se existe alguma diferença substancial entre o calor
específico Cp (à pressão constante) e o calor específico Cv (a volume constante) do metanol
nestas circunstâncias.

1.6.5. Um certo gás ideal possui calor específico molar a volume constante Cv. Uma amostra deste
gás inicialmente ocupa um volume V0 a uma pressão p0 e uma temperatura absoluta T0. O gás se
expande isobaricamente até um volume 2V0, a seguir sofre uma expansão adiabática até um
volume final igual a 4V0.

(a) Desenhe um diagrama pV para esta sequência de processos.


(b) Calcule o trabalho total realizado pelo gás nesta sequência de processos.
(c) Ache a temperatura final do gás.
(d) Ache o valor absoluto do calor Q (módulo de Q) trocado com as vizinhanças nesta sequência
de processos e determine o sentido do fluxo do calor.

1.6.6. Um cilindro com um pistão contém 0,150 mol de nitrogênio a pressão de 1,80x105 Pa e à
temperatura de 300K. Suponha que nitrogênio possa ser tratado com um gás ideal. O gás
inicialmente é comprimido isobaricamente até ocupar a metade do seu volume inicial. A seguir
ele se expande adiabaticamente de volta para seu volume inicial e finalmente ele é aquecido
isocoricamente até atingir sua pressão inicial.

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(a) Desenhe um diagrama pV para esta sequência de processos.


(b) Ache a temperatura no início e no fim da expansão adiabática.
(c) Calcule a pressão mínima.

1.6.7. Um gás perfeito, que ocupa inicialmente um volume V1 a uma pressão P1, expande-se
adiabaticamente até ocupar um volume V2 a uma pressão P2. Partindo de ∫ PdV mostre que.
˜™(š› œ› ]š• œ• )
(ž]<)
1.6.8. Considere 0,0401 moles de um gás ideal submetido ao ciclo exibido na figura. Determine para
o ciclo completo, o trabalho, calor e variação de energia interna, sabendo que para este gás
Cv=12,46 J/mol.K e Cp =20,77 J/Mol.K.

1.6.9. Determine a variação da energia interna de 1,00 Kg de água à pressão atmosférica, se está
inicialmente em forma de gelo a 0º C com volume de 1,1x10-3 m3 e se transforma em líquido a
0º C com volume de 1,0x10-3 m3.

1.6.10. Suponha que 0,0963 moles de um gás ideal passe pelo ciclo exibido na figura ao lado, na qual
o processo 2- 3 é isotérmico.

(a) Determine as temperaturas dos estados 1 e 2.


(b) Dado que CV= 15,0 J/mol.K, calcule o calor absorvido no processo isocórico.
(c) Use a primeira lei para achar o calor envolvido no processo 3 – 1
(d) Calcule o trabalho do ciclo completo.

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RESPOSTAS: Atividades de auto avaliação

Trabalho (W) Realizado pelo sistema (+) Realizado sobre o sistema ( - )

Calor (Q) Entrando no sistema (+) Saindo do sistema ( - )

5. Atividades para auto avaliação: trabalho e calor

5.1 Indique nos diagramas PV ao lado se o trabalho


é positivo, negativo ou igual a zero. Justifique!

5.1.1

O volume aumenta durante o processo pois o sistema realiza trabalho sobre a vizinhança, logo W>0.
No lado direito a vizinhança realiza W sobre o sistema para comprimi-lo (diminuição de volume), logo
W <0.

5.2 Indique o sinal do trabalho total nos diagramas PV ao lado. (observe o sentido da seta).

Perceba que o trabalho de compressão é maior que o de expansão, assim o trabalho total é
negativo.

5.3 Calcule o trabalho total realizado durante o processo indicado na figura abaixo.

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Wtotal = Wab + Wbd + Wdc + Wca


(a) Wbd = Wca = 0 porque o volume não varia. E então:

Wtotal = p f (DV ) + 0 - pi (DV ) + 0

Wtotal = ( p f - pi )(DV ) isso equivale a área dentro do retângulo, como indicado na figura abaixo

5.4 Sabendo que 𝑊 = ∫ 𝑭 ∙ 𝑑𝒙, mostre que quando um gás sofre uma variação volumétrica
.
infinitesimal, o trabalho pode ser dado por 𝑊 = ∫. / 𝑝𝑑𝑉.
:

Um gás exerce sobre a vizinhança uma força que depende da pressão e da área pressionada 𝐹 = 𝑝𝐴.
O trabalho realizado é a força 𝐹 = 𝑝𝐴 vezes o deslocamento infinitesimal, então temos:

𝑑𝑊 = 𝐹𝑑𝑥

𝑑𝑊 = 𝑝𝐴𝑑𝑥 = 𝑝𝑑𝑉

./
𝑊 = ) 𝑝𝑑𝑉
.:

5.5 Indique o sinal do trabalho e do calor envolvido nos processos abaixo:

(a) Um gás confinado dentro de um êmbolo com pistão móvel, expande ao ser aquecido

W >0 , Q >0

(b) Um peso comprime lentamente o embolo de um pistão, comprimindo assim o gás no seu interior.

W <0 , Q=0

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(c) Um gás confinado em um recipiente hermeticamente fechado recebe calor da vizinhança

W=0, Q >0
5.6 Dados os diagramas PV, informe o sinal do trabalho (W) nos processos indicados na tabela:

Processo W
A-B 0
B-C +
C-A -
ciclo +

Processo W
A-B +
B-C +
C-A -
ciclo +

5.7 Um mol de um gás ideal é comprimido isotermicamente à temperatura de 350K, tendo seu volume
reduzido pela metade. (a) Calcule o W. (b) O que acontece com a energia absorvida pelo sistema?

(a)

nRT
Sabendo que p = em um gás ideal
V

v2

W = ò p dv
v1

Vi
2
nRT
W= ò
vi
V
dv

Vi
2
dV
W = nRT ò
vi
V

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Vi
W = nRT ln 2
Vi

1
W = nRT ln
2

(
W = 1 mol . 8.315 J
mol .K
)350K . ln
1
2

W = -2017 J

(b) Em uma transformação isotérmica, não ocorre variação da energia interna do sistema. |
DU = Q – W=0, logo Q=W.

6. Atividades para auto avaliação: primeira lei da termodinâmica


6.1 Defina sistema termodinâmico e vizinhança.

Sistema termodinâmico – corpo ou conjunto de corpos que interagem com a vizinhança (ou ambiente)
trocando energia pelo menos de duas formas diferentes, dentre elas calor.

Vizinhança – tudo como qual o sistema troca calor ou realiza trabalho.

6.2 O que caracteriza um processo como processo termodinâmico?

Processo termodinâmico é aquele no qual ocorrem variações macroscópicas no sistema.

6.3 Há duas formas pelas quais um sistema termodinâmico pode trocar energia com a sua vizinhança,
quais são elas? Dê exemplos especificando claramente o sistema e a vizinhança.

Sistema: gás confinado em um êmbolo; vizinhança: o ambiente. O gás recebe calor do ambiente e se
expande realizando trabalho sobre o ar.

Sistema: um cubo de gelo; vizinhança: ambiente. O gelo absorve calor do ambiente e se funde. Ele
tem seu volume aumentado na fase líquida, realizando trabalho sobre a vizinhança.

6.4 A relação Q – W poderia ser considerada uma variável de estado? Explique!

A relação Q – W é chamada de energia interna (DU), e pode ser considerada uma variável de estado.
Observe que em trajetos com estados inicial e final idêntico a grandeza DU = Q – W = 0. Em
transformações cíclicas DU = Q – W também é igual a zero. Portanto, a energia interna DU = Q – W,
independe do caminho usado para atingir um estado.

6.5 Se Q – W representar a variação da energia interna, você esperaria alguma relação entre (DT) e
Q–W?
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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

De uma maneira geral, quando DT é zero Q – W também é, quando DT uma é positiva Q – W também
é, quando DT é negativa Q – W também é. Sendo assim deve existir uma relação direta de
proporcionalidade entre as duas variações mencionadas.

6.6 A Primeira Lei da Termodinâmica diz que a variação da energia interna está diretamente
relacionada com o trabalho realizado e com o calor envolvido no processo, ou seja, DU=Q – W. Se
DU = nCvDT, independente do caminho, seus resultados estariam de acordo com a Primeira Lei da
Termodinâmica? Nesse caso, DU poderia seria uma variável de estado?
6.7 Sim, os resultados confirmam a primeira lei da termodinâmica. Nos ciclos podemos ver que DU é
nula, independente do caminho adotado.
6.8 Discuta a Primeira Lei da Termodinâmica em termos da Conservação da Energia.

A Primeira Lei da Termodinâmica é uma generalização do Princípio de Conservação da Energia. Ela


inclui que o calor no balanço global da conservação da energia.

6.9 A primeira lei da Termodinâmica é uma generalização da Lei de Conservação da Energia. Ela é
válida para todo e qualquer sistema. Veja este processo: Um prego é extraído rapidamente de
uma tábua e sua energia interna aumenta de 60 J.

Quem é sistema? O prego

Quem é a vizinhança? A tábua

Qual tipo de processo ocorreu? Adiabático

Qual o valor de Q? O processo ocorre rapidamente, portanto o sistema não troca calor com a
vizinhança, logo Q=0 .

Qual o trabalho realizado pelo sistema? Resposta na Transformação adiabática DU= -W, então W= -
60 J.

7. Atividades para auto avaliação: Energia Interna


7.1 Quais dessas formas de energia estão associadas com a energia interna de um sistema. Quais
dessas formas de energia estão associadas com a energia interna de um sistema: (a) Energia
cinética de translação, (b) Energia Potencial elástica, (c) Energia cinética de rotação, (d) Energia
Potencial gravitacional, (e) Energia cinética de vibração e (f) Energia de ligação.

A energia interna é a energia contida no sistema devido à energia cinética das moléculas e a energia
potencial referente à interação intermolecular. As energias cinética translacional, rotacional e
vibracional fazem parte da energia interna. Quanto às energias potenciais, as únicas que interferem
na energia interna de um sistema são a de ligação (que define a forma com que as moléculas estão
ligadas entre si) e a energia potencial elástica. A energia gravitacional não altera a energia interna de
um corpo, já que a disposição de um sistema em relação à vizinhança é irrelevante no estudo da
energia interna.

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7.2 Como varia a energia interna num sistema que recebe calor?

Quando um sistema recebe calor, a energia interna aumenta.

7.3 Como varia a energia interna num sistema que perde calor?

Quando um sistema perde calor, a energia interna diminui.

7.4 Como varia a energia interna num sistema sobre o qual é realizado trabalho?

Quando é realizado trabalho sobre um sistema a energia interna aumenta, desde que não haja fluxo
de calor para fora do sistema.

7.5 Como varia a energia interna num sistema que realiza trabalho sobre sua vizinhança?

Quando o sistema realiza trabalho, ele cede energia para a vizinhança, portanto sua energia interna
diminui, desde que não haja injeção de calor no sistema.

7.6 Como varia a energia interna num sistema cuja transformação ocorre a temperatura constante?

Quando a temperatura se mantém constante a energia interna não varia

7.7 Como é a variação da energia interna num processo cíclico e num sistema isolado?

Em Ambos os casos a variação da energia interna é nula. Em um processo cíclico o estado inicial
coincide com o estado final. A energia interna está associada apenas ao estado, ou seja independe
do caminho, portanto em qualquer processo cíclico Uincial=Ufinal assim DUciclo = 0

Um sistema isolado é aquele que não interage com a vizinhança, não ocorrendo troca de energia na
forma de calor ou trabalho. Assim sua energia interna não varia e DUciclo = 0

7.8 Sabendo que Cv é o calor específico molar medido a volume constante e que Cp é o calor específico
molar medido a pressão constante, qual deles deve ser maior. Por quê?

Cp é maior em todas as substâncias que se expandem com o aquecimento, porque é necessário


energia extra para compensar o trabalho realizado na expansão térmica.

7.9 A partir da 1ª Lei da Termodinâmica, mostre que Cp=Cv+R.

Independente do processo podemos escrever que a variação da energia interna é dada por 𝑑𝑈 =
𝑛𝐶. 𝑑𝑇. Se o processo for à pressão constante então: 𝑑𝑈 = 𝑛𝐶q 𝑑𝑇 e 𝑑𝑊 = 𝑝𝑑𝑉 = 𝑛𝑅𝑑𝑇.
Substituindo esses valores 1ª Lei da Termodinâmica temos:

𝑑𝑈 = 𝑑𝑄 − 𝑑𝑊

𝑛𝐶. 𝑑𝑇 = 𝑛𝐶q 𝑑𝑇 − 𝑛𝑅𝑑𝑇

dividindo todos os termos por 𝑛𝑑𝑇:


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𝐶. = 𝐶q − 𝑅

𝐶n = 𝐶. + 𝑅

7.10 A razão das capacidades caloríficas 𝛾 = 𝐶q /𝐶. tem uma especial importância no processo
adiabático, que por não trocar calor com a vizinhança, tem uma variação da pressão com o volume
mais acentuada do que no processo isotérmico. O valor de 𝛾 nos traz informações sobre a
estrutura molecular do gás. Lembrando da relação entre grau de liberdade e a energia média
associada, calcule 𝛾 para um gás monoatômico, diatômico e poliatômico (rotação e vibração).
Monoatômico Diatômico Poliatômico
3 5 7
Cv = R = 12,5 Cv = R = 20,8 Cv = R = 29,10
2 2 2

Calculando CP Calculando CP Calculando CP

C P = CV + R C P = CV + R C P = CV + R

CP = 20,81 CP = 29,1 CP = 37,4

C P 20,8 C P 29,1 CP 37,4


g= = = 1,66 g= = = 1,4 g= = = 1,28
CV 12,5 CV 20,8 CV 29,10

8. Atividades para auto avaliação: processos termidinâmicos


8.1 Explique o você entende por: i) Estado; ii) Variável de estado; iii) Caminho.

(i) Estado representa a condição em que se encontra um sistema, como caracterizado por suas
propriedades termodinâmicas.
(ii) As variáveis de estado são as grandezas que descrevem o estado, Elas podem ser, como no
caso dos gases, por exemplo: pressão, volume, temperatura, entre outros.
(iii) O caminho é uma série de estados intermediários, pela qual o sistema passa entre o estado
inicial e final.

8.2 Uma variável de estado depende do caminho que conduz um sistema de um estado para o outro?
Explique o você entende por: i) Estado; ii) Variável de estado; iii) Caminho.

Não. Variáveis de estado dependem apenas do estado inicial e final e não tendo nenhuma ligação com
o caminho que conduz de um estado a outro.

8.3 Podemos representar num diagrama PV, por exemplo, um processo no qual os estados
intermediários não sejam estados de equilíbrio?

Não. Para que se possa representar um processo num diagrama, esses estados intermediários têm de
ser estados de equilíbrio. Considera-se a variação como um conjunto de variações infinitesimais, nas
quais ocorre equilíbrio.

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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

8.4 Como se pode identificar a mudança de estado de uma dada substância?

Uma mudança de estado é definida por qualquer variação em qualquer de suas variáveis de estado.

8.5 Marque V ou F nas alternativas abaixo


( F ) Em um processo adiabático um gás ideal não sofre nem realiza trabalho.

Em um processo adiabático o sistema não troca calor com a vizinhança então se Q = 0 à DU = – W.


( F ) O trabalho realizado pelo sistema é igual ao calor absorvido em um processo isotérmico.

Sim, pois DU=0, logo W = Q.


( V ) Em um sistema fechado a energia interna não varia em uma transformação isotérmica.

Em um sistema fechado se T fica constante temos que DU=0.


( V ) Em uma transformação isovolumétrica o trabalho envolvido é nulo.

Se o volume se mantém constante D W = pDV=0.


( F ) 500 kPa equivalem a 5 atm.
Se 1 atm = 1,01345 x 105 Pa, então: 507 kPa = 5 atm.
( F ) Capacidade calorífica de um corpo é a quantidade de calor que um corpo é capaz de reter.
Calor é energia que flui de um corpo para outro em função da diferença de temperatura, não sendo
algo que possa ser retido ou armazenado em um corpo.
( F ) Quando um sistema passa de um estado 1 para um estado 2 o calor envolvido no processo
independe do caminho e do tipo de transformação.
Calor não é uma variável de estado, pois depende do caminho seguido na transformação.
( F ) Quando um sistema passa de um estado 1 para um estado 2, o trabalho envolvido independe do
caminho e do tipo de transformação.
Trabalho também não é uma variável de estado, dependendo do caminho seguido na transformação.
( V ) Quando um sistema passa de um estado 1 para o estado 2 a variação da energia interna no
processo, independe do caminho e do tipo de transformação.
A energia interna é uma variável de estado, pois independe do. Apesar de Q e W não serem variáveis
de estado a soma delas é, ou seja Q – W = DU.
( V ) Para qualquer substância que se expanda ao ser aquecida Cp é maior que Cv.
Sim, pois nesse caso é preciso realizar trabalho para manter a pressão constante, o que requer a
entrada de uma quantidade adicional de energia na forma de calor.
( F ) A expansão livre pode ser representada em um gráfico p x V.
Só é possível representar em um gráfico p x V estados de equilíbrio e isso não ocorre na expansão
livre, portanto não é possível representar o processo da expansão livre em um gráfico p x V, apenas o
estado inicial e o estado final.
( V ) Em uma compressão adiabática a variação da energia interna é positiva.

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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

Como Q =0 temos que DU = – W, logo devido ao trabalho realizado sobre o sistema a energia interna
é sempre positiva.
8.6 Sabendo que a transformação “aà1” é adiabática e a transformação “aà4” é isotérmica,
responda:

(a) Qual transformação leva o sistema à maior temperatura final?

A maior temperatura final é na transformação isobárica “a à 3”

(b) Qual transformação leva o sistema à menor temperatura final?

A menor temperatura final é na transformação isocórica ou isovolumétrica “a à 2”

(c) Em qual processo, o trabalho realizado é maior? E menor?

O maior trabalho é a transformação isobárica “a à 3”. O menor trabalho é onde o trabalho realizado
é nulo, ou seja, na transformação isocórica. Observe as áreas abaixo das curvas.

(d) Em qual processo a troca de calor entre o sistema e a vizinhança é maior? Em qual é menor?

No caso “aà2” o sistema tem que ceder calor já que a temperatura diminuiu sem a realização de
trabalho. No caso “aà 3” a temperatura aumentou enquanto o sistema realizava trabalho, logo é
necessário a entrada de calor no sistema (maior calor envolvido). No caso “aà1” a transformação
adiabática tem Q=0, sendo o menor caso. No caso “aà4” (isotérmico) temos que DU = 0 tal que W
= Q e, portanto, o sistema cedeu calor.

8.7 Como varia a energia interna em uma:


(a) Compressão adiabática

O sistema não tem tempo para trocar calor com a vizinhança, ou seja Q = 0. Então DU = – W. Se o
sistema é comprimido há trabalho realizado sobre ele (W < 0) tal que DU > 0.
(b) Expansão adiabática
Nesse caso o sistema realiza trabalho sobre a vizinhança, (W > 0). Como não há troca de calor com a
vizinhança (Q=0) temos que DU < 0. Ou seja, na expansão adiabática o gás realiza trabalho gastando
parte da sua energia interna.
(c) Processo isovolumétrico

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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

Como não há trabalho envolvido no processo, pela 1ª lei da termodinâmica DU = Q. Se o calor entra
no sistema a energia interna aumenta. Se o sistema cede calor para a vizinhança a energia interna
diminui.
(d) Processo Isobárico

Nesse caso Q e W são não nulos. Pela primeira lei da termodinâmica DU = Q - W, portanto ela aumenta
quando o sistema recebe calor e/ou sofre trabalho. E diminui quando o sistema realiza trabalho e/ou
cede calor para a vizinhança.
(e) Processo Isotérmico
Se não há mudança na temperatura temos que DU = 0 e Q = W. Por exemplo, se o sistema recebe
calor todo ele é convertido em trabalho.
(f) Expansão Livre em um gás
Na expansão livre não há realização de trabalho nem há troca de calor com a vizinhança, ou seja Q =
W = 0. Portanto DU = 0 e a temperatura permanece constante.
8.8 Observe nas figura abaixo dois processos termodinâmicos diferentes. Em (a) O gás recebe calor e
transforma toda a energia recebida em trabalho sobre o pistão, provocando nele um
deslocamento. O volume varia de 2,0 litros para 5 litros. Em (b) a temperatura se mantém
constante a 300 K. Partindo da mesma condição inicial, o sistema se encontra isolado. Ao quebrar
a frágil partição o gás se expande sem receber calor, nem realizar trabalho. A temperatura se
mantém a 300 K.

i. Se no processo a o sistema recebe calor por que a sua temperatura não varia?

Todo calor recebido é transferido para a vizinhança sob forma de trabalho

ii. Se no processo b não há fluxo de calor como se dá a expansão?

No segundo caso temos uma expansão livre. As moléculas vão se chocando e tendem à ocupar todo
o volume disponível, pois a força de interação entre as moléculas é muito pequena.

iii. Se em ambos os casos saímos do mesmo estado inicial e chegamos ao mesmo estado final, por
caminhos diferentes, pode se dizer que calor e trabalho dependem do caminho? Explique!

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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

Pode-se concluir que calor e trabalho dependem do caminho, pois no exemplo acima saímos do
mesmo estado inicial chegando ao mesmo estado final por caminhos diferentes e temos calor e
trabalho diferentes para cada processo. No primeiro caso o sistema recebe calor (Q>0) e realiza
trabalho sobre a vizinhança (W>0) e no segundo caso não ocorre transferência de calor nem trabalho
entre sistema e vizinhança. (Q=0 e W=0).

iv. Pode se dizer que calor e trabalho dependem apenas dos estados? Explique!

Não. O fato de termos estados inicial e final iguais não define o mesmo calor e o mesmo trabalho para
este sistema. O caminho pelo qual se chega a um estado é importante.

8.9 Dois moles de um gás à temperatura de 300K e pressão de 3 atm foram descomprimidos até a
pressão de 1 atm.

(a) Calcule o trabalho realizado nessa descompressão pelos caminhos indicados:

Caminho 1-3-2

𝑊<E> = 𝑊<E + 𝑊E>

Cálculo do volume inicial

𝑛𝑅𝑇 2 × 8,315 × 300


𝑉d = = = 0,025 𝑚E
𝑃 3 × 10\

Já que a transformação 𝑊<E é isobárica

𝑊<E = 𝑝∆𝑉<E = 𝑝(2𝑉d − 𝑉d ) = 3 × 101325 × 0,025 = 7,6 × 10E 𝐽

Observe que não ocorre variação do volume na transformação 𝑊E> , assim.

𝑊E> = ) 𝑝𝑑𝑉 = 0

Logo,

𝑊<E> = 𝑊<E + 𝑊E> = 7,5 × 10E 𝐽


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Caminho 1-2 (isotérmico)

𝑊<> = 𝑛𝑅𝑇𝑙𝑛2

𝑊<E = 2 × 8,315 × 300 × 𝑙𝑛2

𝑊<E = 3,5 × 10E 𝐽

Caminho 1-4-2

𝑊<|> = 𝑊<| + 𝑊|>

Observe que não ocorre variação do volume na transformação 𝑊<| , assim.

𝑊<| = ) 𝑝𝑑𝑉 = 0

Já que a transformação 𝑊|> é isobárica

𝑊|> = 𝑝∆𝑉<E = 𝑝(2𝑉d − 𝑉d ) = 1 × 101325 × 0,025 = 2,5 × 10E 𝐽

Caminho Traballho (KJ)


1-3-2 7,6
1-2 (isotérmica) 3,5
1-4-2 2,5

(b) Com base nos seus cálculos da questão anterior você pode concluir que o trabalho realizado
independe do caminho escolhido?

Não, os valores obtidos são diferentes para cada caminho. Pode-se concluir então que o trabalho
realizado depende do caminho!

(c) Trabalho e calor são propriedades intrínsecas de um sistema?

Não, eles assumem valores diferentes para cada processo, indicando que o trabalho não é uma
característica do sistema e que o calor não é algo que “pertença” ao sistema.

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RESPOSTAS: exercícios de fixação

Trabalho (W) Realizado pelo sistema (+) Realizado sobre o sistema ( - )

Calor (Q) Entrando no sistema (+) Saindo do sistema ( - )

1.5.1. Um sistema realiza o ciclo indicado na figura do estado a até o estado b e depois de volta para
o estado a. O valor absoluto do calor transferido durante um ciclo é igual a 7200J.

(a) O sistema absorve ou libera calor quando ele percorre o ciclo no sentido indicado na figura.
Para aumentar a pressão enquanto o sistema expande exige que o sistema receba (absorva) calor.
(b) Calcule o trabalho W realizado pelo sistema em um ciclo.
Em um ciclo a variação da energia interna é sempre nula, portanto W = Q . Neste ciclo foi dito que o
calor tem valor absoluto de 7200J, então o trabalho realizado no ciclo também vale 7200J.

(c) Caso o sistema percorra o ciclo no sentido anti-horário, ele absorve ou libera calor?
Se a variação da energia interna é sempre nula, temos W = Q . Como W<0 , Q <0 também. Portanto
o sistema terá de liberar calor. Se acompanharmos o ciclo isso pode se ver que de a para b o
sistema recebe calor para expandir aumentando a pressão e de b para a necessitará liberar
calor para reduzir seu volume e diminuir a pressão após sofrer a realização de trabalho.
(d) Qual é o valor absoluto do calor absorvido ou liberado durante um ciclo percorrido no sentido
anti-horário?
7200 J

1.5.2. Um gás realiza dois processos. No primeiro, o volume permanece constante a 0,200 m3 e a
pressão cresce de 2,00x105 Pa até 5,00x105 Pa. O segundo processo é uma compressão até o
volume 0,120 m3 sob pressão constante de 5,00x105 Pa.

(a) Desenhe um diagrama pV mostrando estes dois processos.

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(b) Calcule o trabalho total realizado pelo gás nos processos.


Resposta
1º Processo é isovolumétrico, portanto W = 0 .
2º Processo: W = pDV

( )
W = 5x10 5 Pa - 0,08m 3 = 40kJ
1.5.3. Durante a compressão isotérmica de um gás ideal, é necessário remover do gás 335J de calor
para manter sua temperatura constante. Qual é o trabalho realizado pelo gás neste processo?

Para um processo isotérmico, DU = 0, portanto W = Q = 335 J.

1.5.4. Um cilindro contém 0,250 mol do gás de carbono (CO2) à temperatura de 27,0 oC. O cilindro
possui um pistão sem atrito, que mantém sobre o gás uma pressão constante igual a 1,00 atm.
O gás é aquecido e sua temperatura aumenta para 127,0 oC. Suponha que o CO2 possa ser
considerado um gás ideal.

(a) Desenhe um diagrama pV para este processo.

(b) Qual é o trabalho realizado pelo gás neste processo?


pV2 – pV1 = nR(T2 – T1) = (0.250 mol)(8.3145 J/mol×K)(100.0 K) = 208 J.
(c) Sobre o quê este trabalho é realizado?
Sobre o pistão.
(d) Qual é a variação da energia interna do gás? Sobre o quê este trabalho é realizado
Como a Equação DU = nC v DT vale para qualquer processo e lembrando que dióxido
de carbono é um gás poliatômico, para o qual CV=28,46 J/mol.K temos: DU = nCvDT =
(0.250 mol)(28,46 J/mol×K)(100.0 K) = 711,5 J.

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(e) Qual é o calor fornecido ao gás?

Como DU = Q – W, usando o resultado dos itens (b) e (d) obtemos

Q = DU + W = 711,5 J + 208 J = 919,5 J.

(f) Qual seria o trabalho realizado se a pressão fosse igual a 0,50 atm?
Se a pressão fosse constante porém na metade do valor o trabalho realizado seria a metade.
Observa a figura no item (a) e imagine que a pressão fosse a metade

1.5.5. A figura mostra um cilindro que contém gás, fechado por um pistão móvel e submerso em
uma mistura gelo-água. Empurra-se o pistão para baixo rapidamente da posição 1 para a posição
2. Mantém-se o pistão na posição 2 até que o gás esteja novamente a 0º C e , então é levantado
lentamente de volta à posição 1. O processo está representado no diagrama pV. Se 122g de gelo
são derretidos durante o ciclo, quanto trabalho se realizou sobre o gás?

O calor liberado pelo sistema para a vizinhança (água e gelo) derrete 122g de gelo, então ele equivale
a:

Q = mLF

(
Q = (0,122kg ) 334x10 3 J / kg )
Q = 40,748J

como esse calor saiu do sistema, de acordo com a nossa convenção Q = -40,748J .

Sabemos que em todo ciclo a variação da energia interna é nula, então: W = Q .

O trabalho realizado sobre o gás foi de W = -40,748J

1.5.6. Quando se leva um sistema do estado i ao estado f ao longo do trabalho iaf da figura,
descobre-se que Q=50 J e W= 20J. Ao longo do trajeto ibf, Q= 36J.

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(e) Qual o valor de W ao longo do trajeto ibf?


Tem-se o calor e trabalho pela curva iaf, então pode-se encontrar a variação da energia interna
entre os pontos i e f.

DU if = DU iaf = 50 - 20 = 30 J

Como a variação da energia interna não depende do caminho, ela assume o mesmo valor no
processo ibf, então;

DU ibf = Qibf - Wibf \ 30 J = 36 J - Wibf

Wibf = +6J

(f) Se W= -13 J para o trajeto curvo fi de retorno, quanto vale Q para este trajeto?

DU i ® f = 30 J \ DU f ®i = -30 J

DU fi = Q fi - W fi

- 30 J = Q fi - (-13 J )

Q fi = -43 J

(g) Tome E int, i = 10 J. Quanto vale E int, f?

Temos que a variação da energia interna entre os pontos i e f é igual a 30J, se U i = 10J então

U fi = U f - U i , logo . U f = U fi + U i = 30 + 10 = 40 J A temperatura no ponto f é maior,


portanto a energia interna também aumenta de i para f.

(h) Se E int,b= 22J, encontre Q para o processo ib e o processo bf.

Processo ib

Lembre-se:

Se Wibf = 6J , então W fbi = −6J

Wbf ou W fb = 0 , porque são processos isovolumétricos, logo Wib = 6J

DU ib = U b - U i = 22 - 10 = 12 J

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Qib = DU ib + Wib

Qib = 12 J + (+ 6 J ) = 18 J

Processo bf

DU bf = U f - U b = 40 - 22 = 18 J

Wbf = 0

Qbf = 18 - 0 = 18 J

1.5.7. O gás dentro de uma câmara sofre os processos mostrados no diagrama pV da figura. Calcule
o calor resultante adicionado ao sistema durante um ciclo completo.

O trabalho é igual a área da elipse. Vamos considerar a figura como elipse porque as escalas são
diferentes.

p ab
Wciclo =
2

p (1,5 x10 -3 m 3 )(15 x10 6 Pa )


Wciclo = = 353,25 J
2

Em um ciclo completo DU = 0 portanto Q = W . Então Qciclo = 353,25 J

1.5.8. Marque V ou F nas alternativas abaixo

(F ) Sempre que um corpo perder calor para a vizinhança DU será negativo.

Não necessariamente. Se a vizinhança realizar um trabalho sobre o sistema maior que a


energia perdida sob a forma de calor, DU será positivo.

(V ) Pode se usar dU = nCV dT mesmo quando o processo não é isovolumétrico.

A energia interna independe do caminho, portanto dU = nCV dT é válida para qualquer

processo.

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(F ) A 1ª Lei da Termodinâmica diz que toda vez que há realização de trabalho entre sistema e
vizinhança ocorre também troca de calor e variação na energia interna do sistema.

Em uma transformação isotérmica o sistema realiza ou sofre trabalho, no entanto não ocorre
variação da energia interna. Em uma transformação adiabática, há trabalho e variação da
energia interna, no entanto não há troca de calor Q=0.

(V ) Uma transformação isocórica é também isovolumétrica.

Isocórica deriva do grego “iso”= mesmo e “khora” lugar, portanto que preserva o volume.

(F ) Em uma transformação adiabática se conhecermos o trabalho podemos facilmente calcular o


calor envolvido.

Transformação adiabática não há calor envolvido, a energia interna varia apenas com em
função da realização de trabalho.

(V ) Toda expansão adiabática provoca queda na temperatura do sistema.

Não, em uma expansão livre não há realização de trabalho nem troca de calor, de modo que
não há variação da energia interna e a temperatura fica constante. Em um gás real a
temperatura diminuiria na expansão livre, porque parte da energia interna é devida à energia
potencial das partículas do sistema.

(F ) As variações da energia interna de 1 mol de He e de 1 mol de CO serão iguais, se estes gases forem
submetidos a mesma variação de temperatura.

O gás He é monoatômico e o CO diatômico. Como a variação da energia interna depende de

Cv, ou seja, dU = nCV dT , as variações de energia interna serão diferentes.

(V ) Em uma expansão livre não ocorre realização de trabalho.

O sistema não se empurra nenhuma fronteira móvel, portanto não realiza trabalho; e
também não há troca de calor com o ambiente.

(V ) Cp e Cv independem da quantidade da amostra observada.

As grandezas Cp e Cv são os calores específicos molares à pressão e à volume constante, logo


independem da quantidade de amostra.

(V ) Em um gás ideal a variação da energia interna depende apenas da variação de temperatura.

Isso ocorre porque em um gás ideal podemos desprezar a interação entre as moléculas.

(F ) Considerando os mesmos estados inicial e final, a energia interna varia mais quando o processo é
isocórico do que quando o processo é isobárico.

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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

A energia interna só depende do estado, não importando o processo, logo a DU é mesma


pelos dois processos.

(F ) Em um processo isotérmico a energia cinética média de translação das moléculas não muda.

A energia cinética média de translação é a medida macroscópica da temperatura, portanto


se não ocorre variação na temperatura é porque a energia cinética média de translação se
manteve constante.

(V ) Para um gás ideal em expansão livre a variação da energia interna é nula.

Isso é verdadeiro porque o gás não interage com a vizinhança. Q=0 e W=0, portanto DU = 0

1.5.9. Um gás ideal está inicialmente a temperatura de 20º C e a pressão de 2 atm ocupando um
volume de 4 litros. Após uma expansão isotérmica o gás atinge a pressão de 1 atm. e dobra seu
volume.

a) Qual foi o trabalho realizado pelo gás durante a expansão?

Vf
dV
Em uma transformação isotérmica o trabalho é dado por dW =
ò pdV = nRT ò
Vi
V

VF
W = nRT ln
Vi

Cálculo do número de moles:

n= =
(
p1V1 202690 0,004m 3 )
= 0,33 moles
RT (8,314)(293)
W = 0,33 moles(8,314)(293K )ln 2

W = 556,6 J
b) Qual é o valor do calor envolvido no processo?

Como o processo é isotérmico, a variação da energia interna é igual a zero, portanto


Q = W = 556,6 J

1.5.10. Em umA expansão adiabática dois moles de um gás ideal diatômico realizam um trabalho de
3,5 x 103 J. Considerando que a temperatura inicial do gás é de 300 K, qual será a temperatura
final?

Q=0 logo: - W = nCV DT

3,5x10 3 J = -(2moles )(20,78)DT à DT = -84,2 K e, portanto, a temperatura final é 215,8 K

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1.5.11. Um mol de um gás ideal monoatômico sofre uma transformação mostrada no diagrama

a) Calcule a relação entre as temperaturas nos estados A e C.


Relações entre TA e TB

5x2 2 x2 5
= à T A = TB
TA TB 2

Relação entre TB e TC

pcVc p BVB
=
Tc TB

5x2 2 x2 à 2
= TB = TC
Tc TB 5

5 2
Observando as duas expressões T A = TB e TB = TC
2 5
podemos concluir que TC = TA

b) Calcule a variação da energia interna no processo.


A variação da energia interna é nula já que o processo começa e termina na mesma isoterma.

c) Se os processos isovolumétrico e isobárico forem substituídos por um único processo de A até B,


qual seria a variação da energia interna?
A variação da energia interna não depende do processo, assim qualquer transformação que tenha o
ponto A como estado inicial e o ponto B como estado final terá o mesmo DU , ou seja a variação da
energia interna será nula.

1.5.12. Determine a variação da energia interna de 2,5 moles de gás hélio (monoatômico), quando a
temperatura é variada de 275 para 375 K, mantendo seu volume constante.

∆𝑈 = 𝑛𝐶. ∆𝑇

∆𝑈 = 2,5 × 12,5 × 100

∆𝑈 = 3125 𝐽

______ 51
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1.5.13. Analise atentamente cada situação e em seguida complete a tabela abaixo:

I) Coloca-se um prego em uma banheira cheia de água, ambos estão inicialmente a 20 oC. A água e o
prego se aquecem gradativamente até 90 oC, a energia interna do prego aumenta de 45J.

II) Coloca-se um prego em uma banheira cheia de água, ambos estão inicialmente a 20 oC. O prego é
retirado rapidamente da banheira com um martelo de madeira, como resultado, a temperatura do
prego atinge 90ºC.
Processo I Processo II
Tipo de Processo Isocórico Adiabático
DT 70 K 70 K
DU 45 J 45 J
Q 45 J 0
W 0 -45 J

1.5.14. O gráfico abaixo mostra um mol de um gás monoatômico nas condições normais de
temperatura e pressão CNTP (1bar = 0,1MPa e 0 0C) que sofre uma variação da sua temperatura
até 546K por dois processos: um isovolumétrico e outro isobárico. (a) Calcule a variação da
energia interna considerando cada um dos processos, lembrando que 1 mol de qualquer gás em
CNTP ocupa um volume de 0,0224 m3. Observe que o volume é duplicado nessa transformação
isobárica. Dados CV = 12,5 J/mol.K e CP = 20,815 J/mol.K.

Processo Isovolumétrico

Como o trabalho é igual a zero, pela 1ª Lei da Termodinâmica temos que ∆𝑈d‰•ˆ = 𝑄. Logo,

∆𝑈d‰•ˆ = 𝑛𝐶. ∆𝑇

𝐽
∆𝑈d‰•ˆ = 1 𝑚𝑜𝑙 × 12,5 . 𝐾 × (546 − 273)𝐾
𝑀𝑜𝑙

∆𝑈d‰•ˆ = 3412,5 𝐽

Processo Isobárico

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∆𝑈d‰•A = 𝑄 − 𝑊

Como

∆𝑄 = 𝑛𝐶n ∆𝑇 𝑊 = 𝑝𝑑𝑉

Temos

∆𝑈d‰•A = 𝐶n ∆𝑇 − 𝑝𝑑𝑉

𝐽
∆𝑈d‰•A = (1 𝑚𝑜𝑙 × 28,82 . 𝐾 × 273 𝐾) − (0,1 × 10U 𝑃𝑎 × 0,0224 𝑚E )
𝑀𝑜𝑙

∆𝑈d‰•A = 5682,6 𝐽 − 2270,1 𝐽

∆𝑈d‰•A = 3412,5 𝐽

1.5.15. Um gás se expande e efetua 800 kJ de trabalho, absorvendo, ao mesmo tempo, 400 kcal de
calor. Qual é a variação de energia interna do gás?

A variação de energia interna do gás pode ser obtida pela 1ª Lei da Termodinâmica ∆𝑈 = 𝑄 − 𝑊.
Atenção: O trabalho foi dado em Joule e o calor em calorias. Antes de calcular é necessário que os
dois estejam na mesma unidade. (1 cal = 4,184 J). Convertendo kcal para kJ: Q= 400 kcal x 4,184 =
1673,6 kJ, temos:

DU = 1673,6kJ - 800kJ

DU = 874 kJ

1.5.16. Um projétil de chumbo, inicialmente a 30 oC, funde-se ao colidir com um alvo. Admitindo que
toda a energia cinética inicial do projétil se transforme em energia interna e contribua para a
elevação de sua temperatura e fusão, estimar a velocidade no instante da colisão.

Admitindo que toda a energia cinética inicial do projétil se transforme em energia interna e flua como
calor para elevar a temperatura e fundir o projétil 𝑄 = 𝐾

1 2
mcDT + mL f = mv
2
Importante: 𝑄 = 𝑚𝑐∆𝑇 é Calor envolvido na variação de temperatura. 𝑄 = 𝑚𝐿… calor envolvido na
fusão.

1 2
cDT + L f = v
2

2(130J / Kg.K )(600,5K - 303K ) + 24,5x10 3 J / Kg = v 2

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v = 319m / s

1.5.17. Calcule o trabalho, calor e variação de energia interna envolvidos no processo descrito pela
figura, sabendo que a amostra observada é de um mol de um gás monoatômico.

Converta as unidades para o SI. Use Pascal e volume cúbico para obter o trabalho em Joule. Você
precisará encontrar as temperaturas dos extremos, lembre-se PV=nRT.

Ti = 36,6 K e TF = 108,2K

W Q DU
W = p ΔV ΔQ = nC p ΔT DU = Q - W
W = 3x10 Pa (3x10 −1x10
5 −3 −3
)m 3
Q = 1x20, 78x(71, 6)
DU = 1488 - 600
W = 600J Q = 1487,8J
DU = 888 J

1.5.18. Uma determinada amostra de um gás ideal diatômico está na temperatura ambiente (293 K).
A vizinhança, através de um processo isotérmico, realiza um trabalho de 1,8 x105 J sobre esse
gás reduzindo seu volume a um quinto do valor inicial.
a) Qual foi a variação da energia interna do sistema?

Se não ocorre variação de temperatura não há variação da energia interna.

b) Qual foi o calor cedido pelo sistema?

Sabendo que∆𝑈 = 0, pela primeira lei da Termodinâmica temos que Q= W = 1,8 x 105 J

c) Quantos moles de gás havia na amostra?

VF
Resposta O trabalho em um processo isotérmico é dado por W = nRT ln
Vi

W
Então n =
V
RT ln f
Vi

______ 54
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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

- 1,8 x10 5
n=
(8,315)(293)ln 15
n = 45,9 moles

1.5.19. Que trabalho deve ser realizado sobre 30 g de gás Monóxido de Carbono (CO) em condições
normais de temperatura e pressão, para comprimi-lo adiabaticamente, a um quinto do seu
volume inicial.

Cálculo do número de moles: 1 mol de CO tem 28g , então 30 g equivalem a 1,07 moles.

Cálculo do volume inicial: Vi =


nRT 1,07(8,315)(273)
= 6
= 0,0243m 3
p 0,1x10
g
V
Cálculo do volume e pressão finais: O volume final é V f = Vi . e p f = pi i g = pi 5g .
5 Vf

Cálculo da razão dos calores específicos: Como o gás CO é diatômico g pode ser calculado usando os

R 5
graus de liberdade. Cv = 3GL(translação) + 2GL(rotação ) * = R. Como
2 2
7R
7 CP 2 = 7 R = 1,4.
C p = CV + R = R . Lembrando que g = =
2 CV 5R 5
2

O trabalho na compressão adiabática é dado por W =


1
( piVi - p f V f ).
g -1
Agora, substituindo os valores nessa expressão temos:

W=
1
g -1
[( )]é pV ù
(
piVi - ( pi 5g )(Vi / 5 = ê i i ú 1 - (5) g -1 )
ë1,4 - 1û

( )(
é 1x10 5 Pa 24,3x10 -3 m 3
W =ê
)ù[1 - (5) ] = 5,48kJ
1, 4 -1
ú
ë 1,4 - 1 û

1.5.20. Um trabalho de 820 J é realizado sobre dois moles de um gás ideal diatômico comprimindo-
os adiabaticamente de 1,8 x10-2 m3 até 0,8 x10-2 m3. Calcule a temperatura inicial e final e a
pressão inicial e final.

Calcule a temperatura inicial e final e a pressão inicial e final.


Resposta Tendo o trabalho, volume inicial e final podemos usar a expressão:
g
æ ö
W=
1
( piVi - p f V f ) na qual vamos substituir p f por çç VVi ÷ pi
÷
g -1 è f ø
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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

g
æV ö
(g - 1)W = piVi - ç i ÷ Vf
çV ÷
è f ø

pi =
(g - 1)W
g
æV ö
Vi - ç i ÷ V f
è Vf ø

pi =
(0,4)(- 820 J ) = 47,56 kPa
1, 4
- æç1,8 x10 ö 0,8 x10 - 2
-2
-2
1,8 x10 -2 ÷
è 0,8 x10 ø

Para encontrar a temperatura inicial podemos usar

pV = nRT

Ti =
47560Pa 0,018m 3( )
2moles(8,314 J / mol.K )

Ti = 51,5K

Para encontrar Tf temos a expressão:

W = -nCV DT

W
DT =
- nCV

- 820
DT = = 19,7 K
- 41,6

Se a variação de temperatura foi de 19,7 K então a temperatura final é de 71,2K

Conhecendo a temperatura final e o volume podemos facilmente encontrar a pressão final:

nRT 2moles(8,314)(71,2 K )
p= = = 148Pa
V 0,008m 3

RESPOSTAS: problemas

Trabalho (W) Realizado pelo sistema (+) Realizado sobre o sistema ( - )

Calor (Q) Entrando no sistema (+) Saindo do sistema ( - )

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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

1.6.1. O gás nitrogênio no interior de um recipiente que se pode se expandir é resfriado de 50,0º C
até 10,0º C, mantendo-se a pressão constante e igual a 3,00x105 Pa. O calor total liberado pelo
gás é igual a 2,50x104J. Suponha que o gás possa ter tratado como um gás ideal.

(a) Calcule o número de moles do gás.

Q (-2,5 x10 4 J )
n= = = 21,5 mol .
C p DT (29,07 J / mol × K )(-40,0 K )

(b) Calcule a variação da energia interna do gás.

CV 20.76
DU - nCV DT = Q = (-2.5x10 4 J ) = -1.79 x10 4 J .
CP 29.07

(c) Ache o trabalho realizado pelo gás.


W = Q - DU = -7.15 x 103 J.
(d) Qual seria o calor liberado pelo gás para a mesma variação da temperatura caso o volume
permanece constante?
DU é o mesmo para ambos processos, e se dV = 0, W = 0. Portanto Q = DU = -1.79 x 104 J.

1.6.2. Um gás ideal monoatômico se expande lentamente até ocupar um volume igual ao dobro do
volume inicial, realizando um trabalho igual a 300J neste processo. Calcule o calor fornecido ao
gás e a variação da energia interna do gás, sabendo que o processo é: a) isotérmico; b) adiabático;
e c) isobárico.

a) Isotérmico DU = 0 portanto Q = W = 300 J


b) Adiabático: Q = 0 logo DU = -W então DU = -300 J
c) Isobárico
3 3 3
Como se trata de um gás monoatômico CV = R tal que DU = nR (T2 - T1 ) = nRDT .
2 2 2
Como o trabalho realizado é igual a 300J, então pDV = nRDT = 300 J . Logo
3
DU = (300 J ) = 450 J
2
Podemos agora encontrar o calor Q = DU + W = 450 J + 300 J = 750 J
1.6.3. Quando um sistema vai do estado a até o estado b ao longo do cominho acb, um calor igual
ao longo do caminho acb, um calor igual a 90,0J flui para o interior do sistema e um trabalho de 60,0J
é realizado pelo sistema.

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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

(a) Qual é o calor que flui para o interior do sistema ao longo do caminho adb, sabendo que o
trabalho realizado pelo sistema é igual a 15,0J?

Com os dados iniciais pode-se calcular o DU ab

DU acb = Qacb - Wacb

DU acb = 90 - 60 = 30 J

Processo adb:

A variação da energia interna entre os pontos a e b, com o valor dado para o trabalho realizado no
caminho adb, podemos calcular o calor que flui para o sistema:

DU adb = Qadb - Wadb

30 J = Qadb - 15 J

Qadb = 45 J
(b) Quando o sistema retorna de b para a ao longo do caminho encurvado, o valor absoluto do
trabalho realizado pelo sistema é igual a 35,0J. O sistema absorve ou libera calor? Qual é o valor
deste calor?

Processo ba
DU ba = Qba - Wba
- 30 J = Qba - (- 35 J )
Qba = -65 J , logo o sistema libera calor
(c) Sabendo que Ua=0 e Ud=8,0J calcule os calores absorvidos nos processos ad e db.

Sabe-se que DU ad = U d - U a = 8 J e que Wadb = Wad = 15 J (pois Wdb = 0 J por ser


isovolumétrico). Portanto

DU ad = Qad - Wad

8 J = Qad - 15 J

Qad = 23 J

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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

Processos DU (J) Q (J) W (J)

acb + 30 + 90 + 60

adb + 30 + 45 + 15

ab - 30 - 65 J - 35

ad +8 + 23 + 15

db + 22 + 22 0J

1.6.4. Um processo termodinâmico em um líquido. Uma engenheira química está examinando as


propriedades do metanol (CH3OH) no estado líquido. Ela usa um cilindro de aço com área da
seção reta igual a 0,0200 m2 e contendo 1,20x10-2 m3 de metanol. O cilindro possui um pistão
bem ajustado que suporta uma carga igual 3,00x104N. A temperatura do sistema aumenta de
20,0º C para 50,0º C. Para o metanol, o coeficiente de dilatação volumétrico é igual a 1,20x10-3
k-1 , densidade é igual a 791 kg/m3 e o calor específico à pressão constante é dado por Cp=
2,51x103 J/kg.K. Despreze a dilatação volumétrica do cilindro de aço. Calcule:

(a) O aumento de volume do metanol


Pela dilatação volumétrica: DV = g V0 DT temos;
( )(
DV = 1,20 x10 -3 K -1 1,20 x10 -2 m 3 (30 K ) )
DV = 43,2 x10 -5 m 3
(b) O trabalho mecânico realizado pelo metanol contra a força de 3,00x104 N.
F
A pressão é dada por: p =
A
3x10 4 N
p= 2
= 150x10 4 Pa
0,0200m
Agora podemos calcular o trabalho:
Wme tan ol = pDV
( )
Wme tan ol = (1,50 x10 6 Pa ) 4,32 x10 -4 m 3 = 648 J
(c) O calor fornecido ao metanol

É necessário calcular a massa da amostra.

(
m = rV então m = 791kg / m 3 1,20 x10 -2 m 3 = 9,49kg )
Agora podemos calcular o calor envolvido no processo, lembrando que

Q = mC DT

(
Q = (9,49kg ) 2,51x10 3 J / kg.K (30 ) )
Q = 7,15 x10 5 J
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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

(d) A variação da energia interna do metanol

DU = Q - W

DU = (7,15 x10 5 J ) - (648J )

DU = 7,14 x10 5 J

(e) Com base em seus resultados verifique se existe alguma diferença substancial entre o calor
específico Cp (à pressão constante) e o calor específico Cv (a volume constante) do metanol
nestas circunstâncias.
No processo isovolumétrico DU = Q - 0 = Q = 7,15 x10 5 J .

Q DU 7,15 x10 5 J
Logo Cv = = = = 2,511x10 3 J / kg .K .
mDT mDT (9,49kg )(30 K )
Como podemos ver a diferença é menor que 0,3%.

1.6.5. Um certo gás ideal possui calor específico molar a volume constante Cv. Uma amostra deste
gás inicialmente ocupa um volume V0 a uma pressão p0 e uma temperatura absoluta T0. O gás se
expande isobaricamente até um volume 2V0, a seguir sofre uma expansão adiabática até um volume
final igual a 4V0.

(a) Desenhe um diagrama pV para esta sequência de processos.

(b) Calcule o trabalho total realizado pelo gás nesta sequência de processos.
CV
W = p0(2V0 – V0) + ( p 0 (2V0 ) - p3 (4V0 )).
R
p3 =p0(2V0/4V0)g e portanto
é C ù
W = p0V0 ê1 + V (2 - 22 -g )ú
ë R û
(c) Ache a temperatura final do gás.
O modo mais direto para calcular a temperatura consiste em achar a razão entre os valores finais da
pressão e do volume em relação aos valores originais e considerar o ar como um gás ideal;

g g
æV ö æ V3 ö
çç ÷÷ = T0 æç ö÷ 4 = T0 (2)2 -g
pV 1
T3 = T0 3 3 = T0 çç 2 ÷÷
p1V1 è V3 ø è V3 ø è2ø

(d) Ache o valor absoluto do calor Q (módulo de Q) trocado com as vizinhanças nesta sequência
de processos e determine o sentido do fluxo do calor.

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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

Como n =
p0V0 pV æC ö
, Q = 0 0 (CV + R)(2T0 - T0 ) = p0V0 ç V + 1÷.
RT0 RT0 è R ø
Isto significa uma quantidade de calor que entra no gás.

1.6.6. Um cilindro com um pistão contém 0,150 mol de nitrogênio a pressão de 1,80x105 Pa e à
temperatura de 300K. Suponha que nitrogênio possa ser tratado com um gás ideal. O gás
inicialmente é comprimido isobaricamente até ocupar a metade do seu volume inicial. A seguir
ele se expande adiabaticamente de volta para seu volume inicial e finalmente ele é aquecido
isocoricamente até atingir sua pressão inicial.

(a) Desenhe um diagrama pV para esta sequência de processos.

(d) Ache a temperatura no início e no fim da expansão adiabática.


Para uma pressão constante, quando o volume cai para a metade a temperatura Kelvin
também cai para a metade, e a temperatura no começo da expansão adiabática é igual a 150
K
(e) Calcule a pressão mínima.
Para uma pressão constante, quando o volume cai para a metade a temperatura Kelvin
também cai para a metade, e a temperatura no começo da expansão adiabática é igual a 150
K
A pressão mínima ocorre no final da expansão adiabática. Durante o aquecimento o volume
é mantido constante, portanto a pressão mínima é proporcional à temperatura Kelvin, pmin
= (1,80 x 105 Pa)(113,7 K/300 K) = 6,82 x 104 Pa.

1.6.7. Um gás perfeito, que ocupa inicialmente um volume V1 a uma pressão P1, expande-se
V2
adiabaticamente até ocupar um volume V2 a uma pressão P2. Partindo de W =
ò pdV mostre
V1

p1V1 - p 2V2
que W = .
g -1

C
Nos processos adiabáticos pV g = cte então p =
Vg
V2
Como trabalho é : W =
ò pdV substituiremos o valor de p nesta expressão:
V1

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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

V2

W = C ò V -g dV
V1

W=
C
1- g
(
1-g
V2 - V1
1-g
)
1-g 1-g
Lembrando que CV 2 = P2V2 e CV1 = P1V1 substitua na expressão acima para mostrar que:

p1V1 - p 2V2
W= .
g -1

1.6.8. Considere 0,0401 moles de um gás ideal submetido ao ciclo exibido na figura. Determine
para o ciclo completo, o trabalho, calor e variação de energia interna, sabendo que para este gás
CV = 12,46 J / mol .K e CP = 20,77 J / mol.K .

O processo “1-2” é uma transformação isovolumétrica portanto: W1-2 = 0.


Em “2-3” pode se obter o trabalho somando a área do triângulo e do retângulo na figura:

(0,5 x10 -3 m 3 )(300x10 3 Pa)


W2-3 = + (0,5 x10 -3 m 3 )(150x10 3 Pa)
2

W2-3 = 150 J

O processo “1-3” é isobárico então: W3-1 = pDV

( )
W3-1 = 150 x10 3 Pa - 0,5 x10 -3 m 3 = -75 J

O trabalho total é a soma dos trabalhos calculados para cada processo do ciclo ou
simplesmente a área do triangulo.

Wtotal = W1-2 + W2-3 + W3-1 = 0 + 150 - 75 = 75 J

Para encontrarmos o calor envolvido no processo precisamos conhecer as temperaturas:

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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

T1 =
p1V1
=
( )(
150x10 3 Pa 0,5x10 -3 m 3 )= 225K
nR (0,0401mol )(8,314J / mol.K )

T2 =
p2V2
=
( )(
450x10 3 Pa 0,5x10 -3 m 3 )
= 675K
nR (0,0401mol )(8,314J / mol.K )

T3 =
p3V3
=
( )(
150x10 3 Pa 1, x10 -3 m 3) = 450K
nR (0,0401mol )(8,314J / mol.K )
Portanto, se dQ = nCV dT

Q1-2 = (0,0401mol )(12,46J / mol.K )450 = 224,8J

Q3-1 = nC p dT = (0,0401mol )(20,77 J / mol .K )(225 - 450 ) = -187 ,4 J

Para encontrar Q2-3 , calcule DU 2-3 do processo. Já que a expressão dU = nC v dT pode


ser usada em qualquer processo com os mesmos extremos de temperatura:

dU 2-3 = 0,0401mol (12,46 J / mol.K )(450 - 675) = -112,4 J

Então pelo 1ª. Lei da Termodinâmica temos que Q2-3 = DU 2-3 + W2-3

Q2-3 = -112,4 + 150 = 37,6 J

Qtotal = Q1-2 + Q2-3 + Q3-1 = 224,8 + 37,6 - 187,4 = 75 J

Quanto a energia interna do ciclo, ela é igual a zero, afinal um ciclo começa e termina no
mesmo estado e a energia interna só depende do estado. Verifique se a soma Qtotal - Wtotal
= 75 – 75 = 0 J.

1.6.9. Determine a variação da energia interna de 1,00 Kg de água à pressão atmosférica, se está
inicialmente em forma de gelo a 0º C com volume de 1,1x10-3 m3 e se transforma em líquido a 0º C
com volume de 1,0x10-3 m3.

Pela primeira Lei da Termodinâmica DU = Q - W

Cálculo de Q: Q = mLF à Q = (1kg )(334x10 3 J / kg )à Q = 334x10 3 J

Cálculo de W: W = pDV = (101345Pa)(1,1x10 -3 - 1,0 x10 -3 )m 3 = 10,135J

DU = 334x10 3 - 10,345 = 333989,9 J

Assim a variação total da energia interna é essencialmente igual ao calor recebido


DU = 333,99 x10 3 J

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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

1.6.10. Suponha que 0,0963 moles de um gás ideal passe pelo ciclo exibido na figura ao lado, na qual
o processo 2- 3 é isotérmico.

7.1.

(e) Determine as temperaturas dos estados 1 e 2.


Pela Equação dos Gases ideais:

T1 =
p1V
=
( )(
100x10 3 Pa 2 x10 -3 m 3 )
= 250K
nR 0,0963mol(8,314J / mol.K )

T2 =
p2V
=
( )(
400x10 3 Pa 2 x10 -3 m 3
= 1000K
)
nR 0,0963mol(8,314J / mol.K )

O enunciado diz que 2-3 é uma isoterma, então T3 = T2 = 1000 K

(f) Dado que CV= 15,0 J/mol.K, calcule o calor absorvido no processo isocórico.
U=Q-W

W=0

Q= U=nCv T=

Q=0,0963x15,0 x( (1000-250)=1083,4 J

(g) Use a primeira lei para achar o calor envolvido no processo 3 – 1

Como W1-2=0 temos que DU1-2 = Q1-2 = 1080J . Sabemos também que DU 2-3 = 0 J
por que a transformação é isotérmica. Como a energia interna só depende dos estados inicial
e final, e não do caminho, e em um ciclo DU ciclo = 0 podemos dizer que
DU 3-1 = -(DU1-2 + DU 2-3 ) = -1080 J .

Se conhecermos o trabalho realizado no processo 1-3, podemos usar a 1ª Lei pra encontrar
o calor (Q1-3).

Calculo do trabalho: o trabalho é igual a área do trapézio formado no gráfico

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Primeira Lei da Termodinâmica e Processos Termodinâmicos

Atrapézio =
(B + b)h = 300x10 3 Pa(2 x10 -3 m 3 ) = 300J
2 2

O trabalho 3-1 é negativo porque está no sentido de compressão, então: W3-1 = -300 J

Pela Primeira Lei: Q = DU + W

Q3-1 = -1080 J + (-300J ) = -1380 J .

(h) Calcule o trabalho do ciclo completo.

Wciclo = W1-2 + W2-3 + W3-1

Já sabemos que o trabalho W1-2 = 0 e o trabalho W3-1 = -300 J . Resta-nos calcular o


trabalho W2-3 para encontrar o Trabalho total do ciclo. O processo 2-3 é isotérmico então:

VF
dV
W2-3 = nRT òV
Vi

VF
W2-3 = nRT ln
Vi

W2-3 = 0,0963mol (8,314J / mol.K )(1000 K )ln 2

W2-3 = 555J

Agora temos o trabalho no ciclo Wciclo = W1-2 + W2-3 + W3-1

Wciclo = 0 + 555 + (- 300)

Wciclo = 255J

Note que Qciclo = Q1-2 + Q2-3 + Q3-1 = 1080 - 555 - 1380 = +255J pois DU ciclo = 0

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