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CAMPO GRANDE, MS
2021
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CAMPO GRANDE, MS
2021
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Resultado: _____________________________
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________
Prof.ª. Dra. Bianca Cristina Ciccone Giacon Arruda
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Presidente
______________________________________________________________________
Prof. Dr. Marcos Antonio Ferreira Júnior
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Membro Interno
_____________________________________________________________________
Prof.ª. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Membro Externo
______________________________________________________________________
Prof.ª Dra. Maria Célia Barcellos Dalri
Universidade de São Paulo – EERP – Membro Externo
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, por ter conduzido cada detalhe deste projeto. Em todas as
circunstâncias Sua presença foi o bálsamo que procurei.
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AGRADECIMENTO ESPECIAL
À minha esposa, Lisane de Castro Cruz dos Santos, o grande amor da minha vida, que
divide comigo todas as minhas vitórias e me faz prosseguir por onde eu queira ir.
Aos meus filhos, Gabriel de Castro Cruz dos Santos e Felipe de Castro Cruz dos Santos,
por serem as asas dos sonhos mais lindos que um pai pode ter.
Aos meus pais, por me incentivarem a persistir rumo aos meus objetivos pessoais.
À Profa. Dra. Bianca Cristina Ciccone Giacon de Arruda, orientadora desta dissertação,
pela paciência, altruísmo, dedicação, confiança, educação, respeito, competência e pelo tempo
que dispensou para facilitar meu entendimento e me auxiliar a construir o conhecimento.
Às Professoras Dra. Viviane Euzébio dos Santos, Dra. Maria Célia Barcellos Dalri pelas
valiosas considerações no Exame de Qualificação.
AGRADECIMENTOS
EPÍGRAFE
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Sequência de ações a realizar durante o atendimento às ocorrências de
colisão automobilística com vítimas............................................................... 27
Quadro 2 Critérios de inclusão e exclusão para seleção dos participantes Bombeiros
Militares......................................................................................................... 43
Quadro 3 Seções do formulário encaminhado aos participantes do grupo focal............. 44
Quadro 4 Itens de avaliação do protocolo de acordo com o método adaptado ao
estudo............................................................................................................. 49
Quadro 5 Critérios de seleção dos juízes-especialistas da área da saúde...................... 51
Quadro 6 Critérios de seleção dos juízes-especialista da área de atuação militar............ 52
Quadro 7 Descrição de conceitos e definições dos itens com sugestões dos juízes-
especialistas................................................................................................... 54
Quadro 8 Formatos gráficos utilizados na construção do fluxograma............................ 64
Quadro 9 Descritores de assunto localizados no MeSH para os componentes da
pergunta de pesquisa segundo estratégia PCC................................................ 69
Quadro 10 Bases de dados, descritores e estratégias de busca.......................................... 69
Quadro 11 Caracterização das publicações recuperadas na busca nas bases de dados
eletrônicas e retro busca.................................................................................. 73
Quadro 12 Caracterização das publicações recuperadas por meio da busca na literatura
cinzenta.......................................................................................................... 75
Quadro 13 Seções e descrição do formulário com conteúdo a ser validado................................. 94
Quadro 14 Elementos que devem compor o fluxograma na perspectiva dos profissionais
bombeiros.................................................................................................................. 98
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RESUMO
ABSTRACT
Car crashes and accidents are the third leading cause of early death in the world. Pre-
hospital care for victims of these accidents is carried out by the Rescue and Rescue Teams of the
Fire Departments and Health Teams. It must be carried out through a systematic and integrated
approach, and the proper use of techniques and devices. In this sense, the use of a long board to
remove these victims, using the zero angle extraction technique (in line extrication), restricts
spinal movement and reduces the possibility of aggravation of the traumatic condition in victims
with potential spinal injury. Thus, the development of a tool that can be used by different teams
and institutions, which provide pre-hospital care for traffic accidents with victims with potential
spinal injury, becomes important. Thus, the aim of this study was to build and validate the content
of a flowchart for the extraction of victims of automobile collisions. Descriptive methodological
study, with a mixed approach, developed in three phases. In the first phase, a Scope Review was
carried out in electronic databases and gray literature, in the first half of 2020, in different
languages, which addressed techniques for extracting victims of car crashes incarcerated with
potential spinal injury. In the second phase, an exploratory descriptive study of the qualitative
type was carried out through two focus groups with 18 firefighters from the city of Campo Grande
- MS. Finally, in the third phase, the construction and validation of the content was carried out,
carried out through a questionnaire with a Likert scale, followed by the psychometric model of
Pasquali adapted for the study and content validation using the Delphi technique. Two rounds of
the Delphi technique (I and II) were performed. For data analysis’s Confidence Validation Index,
Cronbach's α and ordinal’s α were used to validate internal consistency. As a result, a total of 33
studies were included in the Scope Review and, based on their analyses, it was possible to identify
the types of extraction and devices described in the literature. The scope review allowed us to
observe the need to implement strategies based on scientific evidence, and to identify knowledge
gaps on the subject, mainly related to the effectiveness of the use of extraction techniques. The
analysis of the focus groups indicated which elements should compose the construction of the
flowchart for the extraction of victims of automobile collisions. In addition, it indicated the
weakness of evidence-based practice related to vehicle rescue and rescue. The mean of the
Confidence Validation Index – (0.91) resulted in a highly reliable instrument for new
instruments. The Rescue (Military Firefighters) and Rescue (Military Firefighters and/or Health
Teams) phases occur at the same time for the two teams, in a common, systematic and sequential
manner under the management of the incident commander. Based on the content validated by the
expert judges, the flowchart, the product of this study, was constructed. Future studies should
support the validation with practical application of the presented flowchart, as well as its use by
professionals who carry out vehicle rescue and rescue in Brazil.
Keywords: Traffic accidents; Wounds and injuries; Transport of patients; emergency medical
services; Validation study; Nursing.
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Meu nome é Hamilton Marciano dos Santos Júnior. Sou casado com Lisane de Castro
Cruz dos Santos há 16 anos e pai de dois filhos: Gabriel de Castro Cruz dos Santos (15 anos) e
Felipe de Castro Cruz dos Santos (12 anos). Sou bombeiro militar há 16 anos e formado em
Enfermagem há dois anos. Especializei-me pelo Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do
Sul em Resgate e Atendimento Pré-hospitalar (APH) em 2007. Nesta área de atuação o
especialista trabalha nas Unidades de Resgate (UR) e atende a todos os tipos de ocorrências, que
variam da emergência clínica ao acidente de trânsito.
O acidente de trânsito sempre inquietou meus pensamentos, pois em diversas vezes
percebia que a equipe de bombeiros trabalhava para retirar as vítimas das ferragens e repassava
a assistência para a equipe de saúde. Mas não havia um atendimento integrado e sistematizado.
Dessa maneira, um dos maiores questionamentos nesse contexto era entender o porquê, na
maioria das vezes, a equipe de saúde aguardava no local do acidente, enquanto a equipe de
bombeiros realizava o desencarceramento e apenas após isso prestava a assistência à vítima.
Após muitas ocorrências atendidas e manuais estudados, não conseguia encontrar respostas aos
meus questionamentos. Os manuais bem formatados, autoexplicativos e ilustrados apresentavam
algo que também me preocupava, a ausência de uma literatura com referências em bases sólidas.
No ano de 2016, ao acompanhar os treinamentos de uma equipe de especialistas em
salvamento, me interessei em conhecer mais sobre aquilo, e me propus a acompanhar os treinos,
carregar os equipamentos e materiais da equipe, ajudar a montar os cenários e compreender o
que eles estavam a propor. Era tudo muito inovador para mim, diferente ao ponto de reconstruir
todo o conhecimento e prática que havia aprendido até aquele momento. Estava encantado com
o que eles faziam. Entretanto, havia um problema, apenas eram feitos os novos procedimentos,
sem entendê-los corretamente. Ao acompanhar os treinamentos, recebi o meu primeiro convite
de treinar o auxiliar de saúde para atender uma vítima dentro do veículo.
Após um tempo de treinamentos, que eram realizados todas as tardes, descobri qual era o
seu principal objetivo. Um bombeiro militar do Estado de São Paulo, que havia participado de
treinamentos fora do Brasil, realizaria um evento nacional que selecionaria algumas equipes para
representar o Brasil no Desafio Mundial de Resgate em 2016. Devido a isso, o Corpo de
Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul treinava uma equipe. Como alguns estados convidados
não confirmaram a participação na seletiva nacional e outros colegas também estavam a auxiliar
os especialistas a treinar, recebemos um convite oportuno de levar mais uma equipe para
representar o MS. Olhamos uns para os outros e percebemos que estava ali a chance de treinar.
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Nos organizamos às pressas para montar uma segunda equipe para representar o estado. Como
faltava um componente, convidamos um colega profissional médico. Nos organizamos e durante
10 dias treinamos em tempo integral.
Fomos para a 1ª Seletiva Nacional de Salvamento Veicular e Trauma na Escola Superior
de Bombeiros (ESB) em Franco da Rocha, no município de São Paulo, em 2016. Participamos
de oito provas, quatro de salvamento veicular e quatro de trauma. Inacreditavelmente, a nossa
equipe, montada às pressas, se classificou e garantiu uma vaga para o Desafio Mundial de
Resgate. Naquele mesmo ano, retornamos de São Paulo e por mais 45 dias treinamos para mais
três provas (Rapid-10min, Standard-20min e Complex-30min). Tínhamos a prática, mas nos
faltava a teoria que sempre questionei. Fazíamos empiricamente, mas de maneira correta, sem
saber da existência de evidências científicas que poderiam nos ajudar nesse processo de
treinamento.
No mesmo ano, participamos do Desafio Mundial de Resgate, realizado na cidade de
Curitiba/PR. Aquele desafio contou com a participação de 15 países. Ao término de cada prova,
assessores de todo o mundo, especialistas no assunto, realizavam a reunião final e indicavam o
que cada equipe pontuou de maneira positiva e o que necessitaria melhorar. Nessas reuniões após
as provas, comecei a perceber a riqueza da informação. Um misto de frustração se misturava ao
de alegria, pois em algumas vezes, os assessores indicavam a necessidade de voltar para a
academia e estudar para poder salvar vidas. Das três provas que fizemos, a última foi a mais
importante, pois construímos uma sequência de atendimentos. O resultado? Inserimos o Brasil
no contexto do salvamento veicular internacional ao conquistar a primeira colocação em uma
prova rápida por uma equipe iniciante.
Voltamos ao Mato Grosso do Sul com alegria irradiante por ter feito um bom trabalho.
Motivados a continuar percebemos que aos poucos nem tudo eram flores. As equipes se
desmancharam, se deram por vencidas após obstáculos colocados para prosseguirmos. Sempre
persistente, eu buscava motivar outros colegas a continuar. Eu precisava compartilhar o
conhecimento. Treinei duas equipes e participei mais duas vezes (Chapecó, 2017; Curitiba 2018)
em seletivas nacionais. Na seletiva de Curitiba havia percebido que seria meu último ano,
principalmente pela falta de apoio. A minha maior frustração seria continuar a realizar
procedimentos sem entender as suas finalidades.
Em todo esse contexto optei por concluir minha graduação em Enfermagem, ao apresentar
o tema “Extração de vítimas de colisão automobilística pela técnica ângulo zero”, para o Trabalho
de Conclusão de Curso (TCC). Esta técnica era a “novidade” que havia aprendido no ano de 2016
nos treinamentos para a seletiva nacional.
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Neste aspecto, cada dia mais interessado pelo tema, procuro construir o conhecimento de
maneira que futuramente ao transmiti-lo, consiga facilitar o entendimento e acima de tudo
ampliar os horizontes do saber daqueles que possuem as mesmas inquietudes que tive. Que esta
oportunidade seja bem aproveitada e que continue a caminhar ao lado da ciência para exercer a
profissão que me escolheu de salvar vidas.
O ano de 2020 começou um tanto quanto turbulento. Vivemos um evento que afastou
entes queridos, distanciou professores e amigos, ignorou nossa fé, superou nossas crenças,
fortaleceu as evidências e no decorrer de tudo, simplesmente nos adaptamos. A ausência da
presença física, do pó de giz, do Datashow foi substituída por celulares, notebooks e salas
virtuais. As videochamadas minimizam as distâncias. Naquele momento a preocupação era se o
áudio estava bom, se a imagem não travava ou se o silêncio que outrora parecia ser dúvida, se
transforma em ausência da sala de aula virtual.
O tempo não para e o homem se vira. Com mais dúvidas que certezas, seguimos rumo ao
abstrato idealizado em nossas mentes. A incerteza e a dúvida pairaram por todo o ano de 2020.
No entanto, como figuras sagradas e líderes natos, professores estiveram à frente dos seus alunos,
ao conduzi-los pelos caminhos do saber. A condução impecável mais uma vez transformou
vidas.
Ensino a distância, aulas on line, orientações que não acabavam, tudo isso para que os
créditos fossem cumpridos. O Exame de Qualificação cheio de medos e anseios foi superado por
considerações a serem aplicadas não somente na Academia, mas em toda vida. E aqui, registra-
se algo que a pandemia não mudou: a atenção, educação, dedicação e a compreensão foram as
qualidades evidenciadas nestes difíceis dias.
Para o dia 25 de fevereiro, às 14:00 horas, um ciclo terminará e outros se iniciarão. O que
esperar? Uma apresentação com dois anos de aprendizado e superação, que caminhou ao lado da
ciência, das evidências e das infinitas páginas de artigos e literaturas. E em meio a toda essa
racionalidade, não faltará a emoção de falar da profissão para os nobres Professores Doutores.
Talvez, estejam a me perguntar: Faria o Mestrado novamente? Apenas com uma
condição: somente sob a supervisão da minha orientadora.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 19
2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................... 21
2.1 Acidentes automobilísticos.................................................................................... 21
2.2 O conceito de extricação e extração de vítimas........................................................... 24
2.3 A extricação de vítima de colisão automobilística encarcerada.................................. 25
2.4 A extração de vítima de colisão automobilística pela técnica de Ângulo Zero (in
line).............................................................................................................................. 29
2.5 O APH e a atuação integrada na extricação de vítimas encarceradas por colisão 3
automobilística............................................................................................................ 32
3 OBJETIVOS.............................................................................................................. 36
3.1 Objetivo geral.............................................................................................................. 36
3.2 Objetivos específicos................................................................................................... 36
4 MÉTODOS................................................................................................................. 36
4.1 Tipo de estudo............................................................................................................. 36
4.2 Procedimentos............................................................................................................. 37
4.2.1 Etapa 1 – Síntese do Conteúdo.................................................................................... 38
4.2.1.1 Revisão de Escopo – Scope Review............................................................................. 38
4.2.1.2 Protocolo da Revisão de Escopo – Scope Review....................................................... 39
4.2.1.3 Leitura e coleta de dados das revisões de literatura.................................................... 40
4.2.1.4 Hierarquização das Evidências.................................................................................... 41
4.2.2 Etapa 2 – Grupo Focal................................................................................................. 42
4.2.2.1 Locais do estudo para os grupos focais....................................................................... 42
4.2.2.2 Participantes dos grupos focais................................................................................... 43
4.2.2.3 Procedimentos de coleta de dados dos grupos focais.................................................. 44
4.2.3 Etapa 3 – Construção e validação do conteúdo........................................................... 47
4.2.3.1 Participantes da etapa 3 – juízes-especialistas............................................................. 51
4.2.3.2 Procedimentos de coleta de dados: Envio, recebimento e feedback........................... 53
4.2.3.3 Construção e validação do conteúdo do fluxograma................................................... 54
4.3 Aspectos éticos............................................................................................................ 65
4.3.1 Riscos e benefícios da etapa 2..................................................................................... 65
4.3.2 Riscos e benefícios da etapa 3..................................................................................... 65
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES.........,.................................................................. 66
5.1 Manuscrito 1 – REVISÃO DE ESCOPO.................................................................... 66
5.2 Manuscrito 2 – ESTUDO DE VALIDAÇÃO............................................................. 87
5.3 CONSTRUÇÃO DO FLUXOGRAMA................................................................... 124
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 124
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 126
ANEXO A................................................................................................................... 134
ANEXO B................................................................................................................... 135
APÊNDICE A............................................................................................................ 140
APÊNDICE B............................................................................................................. 141
APÊNDICE C............................................................................................................ 143
APÊNDICE D............................................................................................................ 144
APÊNDICE E............................................................................................................. 202
APÊNDICE F............................................................................................................. 229
APÊNDICE G............................................................................................................ 230
APÊNDICE H............................................................................................................ 231
APÊNDICE I.............................................................................................................. 233
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1. INTRODUÇÃO
Sabe-se que a maioria das lesões nessa região, ocasionadas por AT, se deve a uma força
de flexão que produz uma fratura por compressão ou uma luxação, com a possibilidade de dano
neurológico simultâneo, principalmente naquelas decorrentes de acidentes automobilísticos e
quedas (NAEMT, 2016). Assim, a prevenção de movimentos de flexão é importante para evitar
uma subluxação ou luxação recorrente (ASHWORTH, 1969).
Uma pesquisa realizada no Estado de São Paulo (Brasil) conduzida por Dias et. al.;
(2011), evidenciou que a severidade do trauma e sua mortalidade são superiores em acidentes
com colisões de veículos a motor, quando as vítimas se encontram aprisionadas, em comparação
com as não aprisionadas. O estudo demonstrou que, das 1203 vítimas incluídas, 401 estavam
aprisionadas no veículo (32,5%), e que elas morreram com mais frequência na cena do acidente
(10,2%) que as vítimas não aprisionadas (1,37%), indicam a probabilidade de 8,2 vezes maior de
morte no local do acidente. Assim, no atendimento no cenário pré-hospitalar, é imprescindível
uma avaliação rápida e eficiente de cada caso, bem como a cooperação mútua entre os serviços
englobados (DIAS et al.; 2011).
Neste aspecto, é importante que o profissional que faz o APH reconheça a possibilidade
da existência da LVM e seus diferentes tipos (HAWKINS et al., 2019). A presença de uma LVM
e o seu não reconhecimento e/ou o não tratamento adequados podem ocasionar danos irreparáveis
ao indivíduo, dentre eles déficit ou incapacidade neurológica permanente. Assim, a LVM
constitui uma das sequelas mais preocupantes nesse tipo de ocorrência (NAEMT, 2016).
Nesse contexto, o APH de qualidade se torna fundamental. No Brasil, a Política Nacional
de Atenção às Urgências (PNAU) organiza o fluxo desse atendimento que engloba
principalmente os sistemas de APH fixo e móvel. O atendimento fixo ocorre por meio de uma
central que recebe as notificações de acidentes, a qual regula os atendimentos móveis do Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e os Corpos de Bombeiros Militares (BRASIL,
2003). Dessa forma, cabe às equipes de saúde e de bombeiros, que realizam o APH de vítimas
de colisão automobilística, o manuseio correto do indivíduo, a fim de minimizar a chance de que
seja gerada uma lesão secundária pós-trauma (NAEMT, 2016).
O processo sistemático de desencarceramento da vítima de acidente automobilístico,
envolve o processo de extricação, composta pelas seguintes fases, que ocorrem em paralelo com
a avaliação e intervenções médicas: avaliação e segurança da cena, estabilização, gerenciamento
de vidro, acesso inicial, acesso total, imobilização do paciente e extração final. O conhecimento
da sequência de atendimento, bem como treinamento integrado entre equipes de bombeiros e de
saúde proporcionam a previsão do tempo médio de atendimento para as vítimas. Estas
21
2. REFERENCIAL TEÓRICO
O Brasil ocupa a quarta posição no ranking de mortes por lesões de tráfego rodoviário
dos países da América, com taxa de mortalidade de 23,4% por 100 mil habitantes. Além disso,
nota-se que das 56,9 milhões de mortes em 2016, 54% ocorreram em consequência das 10
principais causas mundiais, dentre elas as lesões na estrada (Road Injury), as quais correspondem
a 1,4 milhão das mortes, com 74% destas entre homens (WHO, 2018).
De acordo com o Relatório de Pesquisa de acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (2015) e dados do Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), nos últimos anos, pela expansão crescente
da frota de veículos automotores, os acidentes de trânsito resultaram na morte de cerca de 43 mil
pessoas por ano. Dessa forma, em 2014, ocorreram 169.163 acidentes nas estradas fiscalizadas
pela Polícia Rodoviária Federal, com aproximadamente 25% de lesões graves (CARVALHO,
2016).
Em vista disso, observa-se que a mortalidade por tipo de acidente, com ênfase à colisão
frontal e aos atropelamentos, foi de 33,7% e 14,6% das mortes, respectivamente, e representam
os mais letais, embora ambos menos frequentes entre os tipos de acidentes (6,5% do total)
(CARVALHO, 2016). Ainda sobre os dados brasileiros, no ano de 2015 a taxa de mortes por
acidentes de trânsito foi de, aproximadamente, 19 óbitos para cada 100 mil habitantes. Os
acidentes com motocicletas registraram 12.126 óbitos e os acidentes automobilísticos 9.178 casos
(OBSERVATÓRIO NACIONAL DE SEGURANÇA VIÁRIA, 2019).
Neste mesmo período, na Região Centro-Oeste foram registradas 4.069 mortes, com uma
taxa de 26,3 óbitos para cada 100 mil habitantes. Em relação à média nacional a Região Centro-
Oeste superou este indicador. Os estados de Goiás e Mato Grosso registraram os maiores
números de óbitos, seguidos por Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal (OBSERVATÓRIO
NACIONAL DE SEGURANÇA VIÁRIA, 2019)
A Tabela 1 apresenta, em números absolutos, o total de acidentes de trânsito ocorridos
em Campo Grande – MS em comparação com o total de acidentes de trânsito no Brasil para o
período de 2011 a 2015. Ao avaliá-la, infere-se que, entre os anos de 2011 a 2015, foram
registrados no Brasil 854.130 (oitocentos e cinquenta e quatro mil, centro e trinta) acidentes de
trânsito. Em Campo Grande/MS, no mesmo período ocorreram 57.763 (cinquenta e sete mil,
setecentos e sessenta e três) acidentes, e a capital Sul mato-grossense representa 6,7% do total de
acidentes que ocorreram no Brasil (OBSERVATÓRIO NACIONAL DE SEGURANÇA
VIÁRIA, 2019).
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Tabela 1 – Acidentes de trânsito ocorridos no período de 2011 a 2015 em Campo Grande-MS e no Brasil
Acidentes de trânsito - Campo Grande/MS e no Brasil
Ano Acidente com Acidentes com Acidentes com Total de Acidentes de
danos materiais vítimas fatais vítimas feridas Acidentes no MS trânsito no Brasil
2011 6.037 66 6.254 12.357 192.330
2012 5.836 55 6.173 12.064 184.560
2013 5.130 56 6.040 11.226 186.720
2014 5.140 61 7.040 12.241 169.170
2015 4.026 53 5.796 9.875 121.350
TOTAL 26.169 291 31.303 57.763 854.130
Fonte: Anuário DETRAN MS – 2011 a 2015 – Campo Grande – MS 2020 – Adaptado.
Os veículos deformados após as colisões podem dificultar a saída da vítima ou até mesmo
impedir que elas se movimentem. Para retirar uma vítima do veículo sinistrado, uma série de
ações necessitam ser realizadas para se minimizar os traumas (NUTBEAM, 2014). Neste sentido
realiza-se a extricação da vítima. (DISTRITO FEDERAL, 2020)
Considerados sinônimos, as palavras extricação e extração foram utilizadas de forma
inapropriada por muito tempo, fato que se discute atualmente e carece de entendimento. O
conceito de extricação, como o processo de remover fisicamente a vítima encarcerada dos
destroços (Mackenzie, 2000), direcionada para o resgate veicular, por muito tempo esteve
associada, de maneira errônea ao processo de desencarcerar (retirar uma vítima do cárcere) do
veículo sinistrado.
De acordo com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal - CBMDF (2020), a palavra
extricação possui conotação própria e difere de salvamento veicular e de desencarceramento. O
salvamento veicular é definido de acordo com a ação de localizar, acessar, estabilizar,
25
2.4 A extração de vítima de colisão automobilística pela técnica de Ângulo Zero (in line)
Com base na avaliação clínica, as técnicas de extração podem ser definidas conforme
Mackenzie (2000) em imediata, Bernhard et al., (2005) em rápida, Calland (2005), em controlada
e Dixon et al., (2015) em auto extração. Em situações que necessitam de reanimação da vítima
ou configurado o perigo externo agudo para o acometido ou para equipe de resgate, a extração
imediata, de acordo com Kreinest (2017) é realizada pela garra de Rautek.
A técnica de extração rápida considera o estado clínico crítico ou com deterioração
evidenciada. As extrações rápidas são implementadas quando um paciente crítico no tempo é
hemodinamicamente instável (MEERTENS E LICHTVELD, 2000; KREINEST, 2017).
Por sua vez, Calland (2005) confirma que os pacientes clinicamente estáveis, sem
alteração do nível de consciência e que podem ter lesões que não lhes incapacite a sair do veículo
podem ser extraídos de forma controlada. Nas situações em que o paciente não apresenta lesões
que o incapacite de sair do veículo, a auto extração pode ser realizada (DIXON, 2016).
De acordo com a Tabela 2, os profissionais da saúde têm a avaliação hemodinâmica
(Crítica, Instável, Potencialmente Instável e Estável) como referência para escolha do tipo de
extração a ser realizado. Com base no tipo de extração ocorre a decisão de restringir os
movimentos da coluna vertebral de maneira mínima, completa ou até mesmo em não restringir.
Tabela 2 – Tomada de decisão para restrição do movimento da coluna com base na avaliação clínica e o
tipo de extração, Campo Grande/MS, 2020.
Avaliação clínica Tipos de extração
Imediata Rápida Controlada Auto extração
Crítica Mínima1 Mínima2 - -
Instável Mínima2 Mínima2 - -
1 ou 2
Potencialmente Instável - - Completa -
Estável - Mínima2 Completa1 ou 2 Não restringir ou mínima3
Mínima¹ - Restrição Manual – Garra de Rautek;
Mínima2 - Colar Cervical e Prancha Rígida;
Mínima3 - Colar Cervical e Maca da viatura;
Completa¹ - Colar Cervical, Prancha Rígida, Tirantes e Head Blocks;
Completa² - Colar Cervical, Prancha Scoop Stretcher, Maca a vácuo, Head Blocks;
Fonte: (Makenzie, 2000); (Bernhard et. al., 2005); (Calland, 2005); (Dixon et. al., 2015); (Kreinest, 2017);
(CBMSC, 2018); (Santos, 2019) – adaptado.
30
A extração no eixo 0º em relação à coluna vertebral e cervical da vítima deve ser feita
pela retaguarda, de forma controlada e sem torções desnecessárias da coluna vertebral. Para que
isso aconteça, após a aplicação do colar cervical e o suporte da coluna vertebral, a vítima será
colocada na prancha rígida (OLIVEIRA, 2005). Léon (2014) descreve a colocação da prancha
rígida sob o cóccix e por detrás (dorso) da vítima ao mesmo tempo em que se mantém a
estabilização manual da cabeça.
Apesar da extração de vítimas de um veículo ser considerada um procedimento demorado
e que, devido as circunstâncias ambientais, pode colocar o acidentado e os socorristas em perigo,
a técnica em retirada por ângulo zero é rápida e ágil (BUCHER, et al. 2015). Além disso, Akkus
et al. (2016) identifica a melhora nos parâmetros respiratórios da vítima quando a prancha rígida
é elevada levemente.
Santos (2019) afirma que a escolha da técnica em ângulo zero, além de ser uma importante
ferramenta de prevenção do agravamento de lesões secundárias decorrentes de traumas de coluna
durante as colisões automobilísticas, pode ser uma boa escolha para extração de vítimas. A
mesma é executada por meio do uso de uma prancha rígida, colar cervical e utiliza como
parâmetro o maior alinhamento da coluna vertebral. Quando não for possível a extração em
ângulo zero, a equipe deverá buscar alternativas com angulações maiores, a citar saída a 30º, 60
e 90º em relação à posição que a vítima se encontrava no interior do veículo (SANTOS, 2019).
Lopes e Fernandes (1999) salientam que em 1792, Dominique Larrey, cirurgião e chefe militar,
começou a “prestar os cuidados iniciais” aos soldados feridos no próprio campo de batalha a fim
de prevenir possíveis complicações.
Com a ideia de atender as vítimas no local do acidente, em 1893, no Brasil, o Senado da
República aprovou a lei que estabeleceu o socorro médico de urgência em vias públicas do Rio
de Janeiro, capital do país. Em 1899, o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro coloca em ação a
primeira ambulância tração animal para realizar o atendimento (MARTINS, 2003).
Dessa maneira, o conceito e implantação da APH é relativamente novo no Brasil,
realizado inicialmente pelo “Grupo de Emergências do Corpo de Bombeiros” estabelecido no
Rio de Janeiro (PLOTJOWSKI et al., 1988) e pelo “Projeto Resgate” no estado de São Paulo
(TACAHASHI, 1991), com suas atividades realizadas por profissionais da segurança pública.
Ademais, antes de 1967, o Suporte Avançado à Vida (SAV) não era um elemento no APH
e no transporte de pacientes feridos. Todos os pacientes traumatizados e clínicos eram
transportados para o hospital por equipes de Suporte Básicos de Vida (SBV) ou por equipes não
treinadas. A primeira menção ao SAV no ambiente pré-hospitalar foi feita por Geddes, Adgey e
Pantridge (1967), que conceituaram uma unidade de terapia intensiva móvel, a qual poderia
transportar pacientes com infarto do miocárdio para o hospital e fornecer cuidados avançados no
local e no caminho.
Nesse contexto, o atendimento pré-hospitalar (APH) é definido como assistência
prestada em um primeiro nível de atenção, aos portadores de quadros agudos, de natureza clínica,
traumática ou psiquiátrica, quando ocorrem fora do ambiente hospitalar e podem acarretar
sequelas ou até mesmo a morte (BRASIL, 2001). No ano de 2003, a Política Nacional de Atenção
às Urgências (PNAU) foi instituída pela Portaria nº 1.863 do Ministério da Saúde BRASIL,
2003).
Elaborada dentro dos preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS), representa um
importante avanço das urgências frente a Reforma Sanitária Brasileira. Seu atendimento é
organizado na rede de atenção à saúde e o seu fluxo engloba os sistemas de APH fixo e móvel.
O atendimento fixo ocorre por meio de uma central que recebe as notificações de acidentes, a
qual regula os atendimentos móveis do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e
os Corpos de Bombeiros Militares (BRASIL, 2003).
De acordo com Brasil (2002), para atendimentos que envolvam vítimas instáveis, o SAV
é solicitado pela da central de regulação (CR) do serviço de atendimento móvel de urgência
(SAMU). Cada Unidade de Suporte Avançado (USA) é constituída por uma tripulação exclusiva,
formada por um médico, um enfermeiro e um motorista, o qual exerce a função de socorrista.
34
Para os atendimentos de vítimas estáveis será acionado a Unidade de Suporte Básico (USB) que
é constituída por uma tripulação exclusiva, formada por um auxiliar de Enfermagem e um
motorista.
De acordo com Lopes e Fernandes (1999), o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU), foi criado na intenção de unificar as estruturas e melhorar a assistência. O acionamento
para o atendimento de acidentes de trânsito geralmente chega pelas centrais de regulação via 192
(SAMU) ou centro de operações via 193 (Corpo de Bombeiros). Ainda de acordo com a PNAU
(BRASIL, 2002), a assistência às vítimas de colisão automobilística é realizada pela equipe de
saúde, compostas por médicos, enfermeiros, técnicos em Enfermagem, e pela equipe de
bombeiros.
Como parte do sistema de saúde, porém ao representar a segurança pública, a atividade
dos Corpos de Bombeiros Militares está relacionada a execução de atividades de defesa civil, de
prevenção e de combate a incêndios, de busca, de salvamento e de socorro público (MATO
GROSSO DO SUL, 1989). As técnicas empregadas pelo Corpo de Bombeiros Militar em
acidentes de trânsito são chamadas de resgate veicular, definidas como procedimentos para
localizar, acessar, estabilizar e transportar as vítimas que estejam presas nas ferragens de um
veículo acidentado. A prioridade do resgate veicular está no desencarceramento e extração de
vítimas (SANTA CATARINA, 2017a).
As equipes de bombeiros são formadas por militares que recebem o treinamento de
resgate e atendimento pré-hospitalar. A configuração de uma equipe de bombeiros, para o
atendimento de vítimas de colisão automobilística estáveis, compõe de duas a três viaturas: auto
socorro (AS) tripulada pelo comandante de socorro, auto bomba rápido (ABR) pela equipe de
salvamento e unidade de resgate (UR) pela equipe de socorristas de suporte básico de vida (SBV)
(MATO GROSSO DO SUL, 2004).
Os recursos disponíveis (humanos, viaturas, aeronaves) são empenhados para
atendimento a partir das informações preliminares sobre as circunstâncias do acidente. Durante
a triagem procura-se identificar quantos veículos estão envolvidos, se há vazamento de
combustíveis, quantidade de vítimas e a situação clínica das mesmas (sangramento, consciência
e fraturas) (MATO GROSSO DO SUL, 2004).
No panorama pré-hospitalar, conforme Dias et al., (2011) e sua pesquisa desenvolvida
no Estado de São Paulo (Brasil), é evidente que a severidade do trauma e sua mortalidade são
superiores em acidentes com colisões de veículos a motor, em que as vítimas se encontram
aprisionadas, em comparação com as não aprisionadas. Os resultados indicaram que das 1203
vítimas incluídas no estudo, 401 estavam aprisionadas no veículo (32,5%) e 802 não estavam
35
(65,1%), as aprisionadas morreram com mais frequência na cena do acidente (10,2%) que as
vítimas não aprisionadas (1,37%), e apresentou 8,2 vezes maior probabilidade de morte no local.
Além disso tal quadro permite concluir que no cenário pré-hospitalar, é imprescindível para o
manejo das complicações do paciente, o que justifica a necessidade de uma avaliação rápida e
eficiente de cada caso, bem como a cooperação mútua entre os serviços englobados.
Diante desse contexto, é primordial a atuação integrada dos profissionais envolvidos na
assistência ao paciente no âmbito pré-hospitalar, sejam eles da saúde (enfermeiros, técnicos de
Enfermagem, médicos e socorristas) e do resgate e salvamento (bombeiros). Para tanto, é
indispensável que o trabalho em equipe seja efetivo, visto que a reciprocidade das intervenções
técnicas e interação entre os agentes do grupo influenciam na assistência. Desse modo, é certo
que o objetivo do APH é manter a vítima do acidente viva até a chegada ao local de referência
para manutenção da vida. Isso mostra que quanto menor o tempo do atendimento e transporte ao
centro de referência maiores serão as chances de sobrevivência (MACKENZIE, 2000;
PEREIRA; LIMA, 2009).
O manejo das vítimas de colisões de veículos a motor é pautado em uma abordagem
sistêmica de resgate, organizado por etapas a serem cumpridas simultaneamente, entre elas:
avaliação da cena, gerenciamento de perigos, acesso, criação de espaço, acesso total e extricação.
Para o desenvolvimento de tal abordagem, faz-se necessário que os profissionais da saúde do
APH compreendam a linguagem utilizada pelos profissionais do resgate e o procedimento por
eles executado (MACKENZIE, 2000; WILMINK et al., 1996). Esta, por sua vez, é uma das
questões que refletem fragilidades e limitações desse atendimento (COATS; DAVIES, 2002).
Com vistas a integrar os serviços pré-hospitalares móveis, o CBMSC consiste em uma
das instituições pioneiras na formação de resgatistas que atuam especificamente nas atividades
de desencarceramento e extração das vítimas de colisão automobilística. A busca pelo trabalho
integrado entre as guarnições de resgate e APH em que cada equipe realize sua função, com
função específica predefinida constitui o objetivo da integração (SANTA CATARINA, 2017).
Coats e Davies (2002) sugerem que a equipe de saúde atue em conjunto com o corpo de
bombeiros. O desencarceramento de vítimas presas precisa estreita integração de resgate físico e
atuação médica. Os profissionais de saúde que atuam no APH devem compreender
procedimentos de desencarceramento e terminologia. Esse entendimento é idealmente baseado
em treinamento combinado. Sem essa coordenação, o desencarceramento se torna lento,
frustrante e pode ser perigoso tanto para o paciente quanto para os socorristas.
Ao utilizar as referências de atendimento sistematizado através de ações sequenciais, as
equipes de saúde e serviços de resgate proporcionam atendimento integrado com foco na vítima.
36
3. OBJETIVOS
4. MÉTODOS
comportamento ou a saúde dos indivíduos, tal qual ocorre na pesquisa de enfermagem (POLIT,
2019).
Por sua vez, Contradiopoulos et al. (1997) consideram este tipo de pesquisa como uma
estratégia que utiliza os conhecimentos existentes de maneira sistemática para propor nova
intervenção ou melhoria significativa em intervenção existente, ou ainda, elaborar ou melhorar
um instrumento, um dispositivo ou um método de mediação.
Segundo Polit (2019) a pesquisa metodológica refere-se a investigações que tratam do
desenvolvimento, da validação e da avaliação de ferramentas e métodos de pesquisa. Ela é
desenvolvida por meio da obtenção e organização de dados e condução de pesquisas rigorosas,
com a inclusão de modelos com métodos mistos.
De acordo com Creswell (2010), a pesquisa com métodos mistos consiste em uma
investigação que combina formas quantitativas e qualitativas na busca da garantia de um melhor
entendimento acerca do problema investigado.
Na abordagem quantitativa, os dados relacionados à realidade social, produzidos por
instrumentos padronizados, visam obter elementos e fontes de propensões de todos os tipos e se
apresenta uma linguagem observacional, que fornecem possibilidades de expressar
generalizações com precisão e objetividade (MINAYO, 2013).
A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o
mundo real e o sujeito, na qual o conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados,
conectados por uma teoria explicativa. Nesse âmbito, o sujeito-observador é parte integrante do
processo de conhecimento e interpreta os fenômenos e lhes atribui um significado (CHIZZOTTI,
2009).
Como os estudos de validação têm foco no desenvolvimento, avaliação e aperfeiçoamento
de instrumentos estratégico-metodológicos, este estudo será realizado com abordagem mista,
pois ambas sustentam o processo de validação, e se mostram necessárias para a descrição
subjetiva e precisão objetiva.
4.2 Procedimentos
Para a melhor organização, o estudo foi dividido em três etapas (teórica, empírica e
analítica):
1) síntese do conteúdo;
2) grupo focal; e
3) construção e validação do fluxograma.
38
A pergunta dessa revisão foi formulada pela estratégia do PCC (JBI, 2015;
AROMATARIS; MUNN, 2017): P - População; C - conceito; C – Contexto, definida como: P
– vítimas de colisão automobilística com potencial lesão de coluna vertebral; C – técnicas de
extração e C – atendimento pré-hospitalar. Assim, a questão norteadora foi: Quais as técnicas de
extração de vítimas encarcerados por colisão automobilística com potencial lesão de coluna
vertebral?
A busca para a identificação dos estudos relevantes foi realizada nas seguintes bases de
dados: MEDLINE/PUBMED (Central-PMC); CINAHL (Cumulative index to nursing and allied
health literature; SCOPUS (Elsevier), Science Direct (Elsevier), Web of Science (Coleção
principal), e Cochrane Libray.
Em relação à literatura cinzenta, a busca foi realizada nas seguintes plataformas: Brasil –
Portal de Teses e Dissertações para Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, Biblioteca digital de
Teses e Dissertações da USP e Teses e Dissertações UFMS - repositório; Portugal – Repositório
Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP); África do Sul - Teses e Dissertações
40
Após a busca nas bases de dados foi realizado a leitura de todos os títulos e resumos com
a finalidade de identificar os estudos que atendessem aos critérios de elegibilidade do estudo por
dois pesquisadores de forma independente. As divergências foram discutidas pelos pesquisadores
afins de manter ou não a inclusão do estudo.
Após a seleção inicial pelos títulos e resumos, foi realizado a leitura na íntegra de cada
um dos estudos selecionados, por dois revisores independentes para: a) confirmar a pertinência
41
à pergunta de revisão e em caso positivo, b) extrair os dados. Os casos de dúvida foram resolvidos
em reunião de consenso por três pesquisadores.
Para a extração dos dados foi utilizado um instrumento baseado no protocolo de revisão
que contém os seguintes itens: identificação da publicação (título, bases de dados indexadas,
autores, país, idioma e ano), revista científica, aspectos metodológicos do estudo (método
empregado, tipo de abordagem e objetivo ou questão da investigação), fatores de risco, limitações
e conclusões, nível de evidência do estudo e graus de recomendação. A partir dos dados extraídos,
foram identificadas categorias de análise, de acordo com os temas emergentes, que permitiram
sintetizar de forma narrativa os achados.
De acordo com a Figura 4, os níveis de evidência (JBI, 2016) são classificados por níveis:
Nível 1 - Estudos Experimentais; Nível 2 - Estudos Quase-experimentais; Nível 3 - Estudo
observacional analítico; Nível 4 - Estudo observacional descritivo; e Nível 5 - Opinião de
Especialistas. Os graus de recomendação são classificados como A ou B (Forte ou Fraco),
também propostos por Joanna Briggs Institute (2014).
Os dados serão analisados com auxílio de ferramentas críticas para avaliação conforme o
desenho de cada estudo selecionado. Esta avaliação permite avaliar a confiabilidade, relevância
e resultados de artigos publicados (JBI, 2014).
Para o objetivo específico 2 foi proposta a técnica de grupo focal (GF). O GF é uma
estratégia de entrevista grupal ou de discussão na qual a partir de uma questão inicial os
participantes são estimulados a discutirem e dialogarem sobre um determinado assunto, com o
propósito de fazer emergir o conhecimento, ideias e hipótese sobre o um assunto de investigação
(RESSEL et al., 2008).
Teve como objetivo identificar, na perspectiva dos profissionais bombeiros que realizam
o APH, quais elementos devem compor o fluxograma para abordagem sistematizada de vítima
de colisão automobilística durante a extricação, por meio da técnica de ângulo zero na fase de
extração.
Ressalta-se que foram convidados os profissionais bombeiros e das equipes de saúde que
fazem o APH para participar da coleta de dados, com o intuito de compreender a visão de ambas
as equipes. Entretanto, a equipe de saúde se manifestou sem interesse, visto que, para eles, esse
processo de extração é realizado pela equipe de bombeiros.
Os GFs foram realizados com profissionais bombeiros militares que realizam APH e que
atenderam aos critérios de seleção. Para isso, o local de coleta de dados dessa etapa do GF foi o
Comando do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS), após autorização
para realização do estudo (ANEXO A).
O CBMMS é constituído por unidades na capital e no interior. As unidades pertencentes
a capital Campo Grande-MS são 1º Grupamento de Bombeiros Militar (GBM) – Quartel da Costa
e Silva, 6º GBM – Quartel da Coronel Antonino, 5º Seção de Busca e Salvamento do 1º
43
Participaram dos grupos focais 18 profissionais bombeiros. Segue abaixo o quadro 2 com
os critérios de inclusão e exclusão.
Quadro 2 – Critérios de inclusão e exclusão para seleção dos participantes Bombeiros Militares.
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Ser Bombeiro Militar (Oficial Combatente ou Praça Combatente).
Estar no mínimo há seis meses em atuação na atividade operacional de Resgate e Salvamento.
Estar vinculado a uma unidade da Capital.
CRITÉROS DE EXCLUSÃO
Voluntários no Bombeiro; estar afastado ou em período de férias no momento da coleta de dados.
do Sul (DOE-MS) N° 9.348 de 10 de fevereiro de 2017, que tem por finalidade junto ao
voluntariado em aumentar a interação do Corpo de Bombeiros e a sociedade, com o intuito de
promover o espírito altruísta e aproximar a comunidade com o serviço Bombeiro Militar. Os
voluntários não possuem conhecimentos específicos relacionados ao resgate e salvamento
veicular e a carga horária de trabalho que eles praticam não proporciona a experiência adequada
para participar do estudo.
Quadro 3 – Seções do formulário encaminhado aos participantes do grupo focal. Campo Grande-MS.
2021
1ª Seção 2ª Seção 3ª Seção
- Identificação da pesquisa 1º - Qual seu posto ou Qual unidade Bombeiro Militar
- Identificação dos pesquisadores graduação? está lotado?
- Objetivo da pesquisa -Posto: Comando Metropolitano de
- Parecer consubstanciado 4.003.388 - Coronel Bombeiros (CMB) – Campo
UFMS Tenente Coronel Grande-MS:
Major - 1º Grupamento de Bombeiros
Capitão Militar – Quartel da Costa e Silva
1º Tenente (1ºGBM);
2º Tenente - 6º Grupamento de Bombeiros
- Graduação: Militar – Quartel da Coronel
Subtenente Antonino (6º GBM);
1º Sargento - 5º Seção de Busca e Salvamento
2º Sargento do 1º Subgrupamento do 1º
3º Sargento Grupamento de Bombeiros
Cabo Militar – Quartel de Nova
Soldado
45
Os grupos focais foram transcritos integralmente. Todo o material gerado foi organizado
e submetido a Análise Temática de Conteúdo (ATC), que consiste em descobrir os núcleos de
sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência signifiquem alguma coisa
para o objetivo analítico visado. (BARDIN, 2016)
A análise temática como técnica de interpretação dos dados compreendeu um processo
de três etapas: pré-análise, exploração do material, tratamento e interpretação dos resultados. Ela
foi realizada por dois pesquisadores de maneira independente, por meio de um quadro de
categorização das falas dos participantes do estudo, sua análise, interpretação e as implicações,
e reflexões dos relatos. Por meio das reflexões e interpretações apresentadas nos quadros, os
núcleos de sentido serão identificados.
Após a análise independente, os pesquisadores realizaram a leitura aprofundada dos
relatos e de suas análises em conjuntos. Ela permitiu identificar, na percepção dos participantes,
quais os elementos que deveriam compor o fluxograma para abordagem de vítima de colisão
automobilística encarceradas.
Além disso, como a informática tem contribuído para as pesquisas em Enfermagem, a
utilização de softwares para análise de dados qualitativos é uma ferramenta que permite a
possibilidade de aprofundamento e confiabilidade dos resultados obtidos (SOUZA, et al., 2018).
Para análises textuais, existem vários softwares disponíveis que se apresentam como recursos
alternativos. Neste estudo, utilizar-se-á o software estatístico “R” que ancora O IraMuteq®. O
rigor científico proposto pelo software permite realizar diferentes análise estatísticas de dados
textuais: estatísticas textuais clássicas, análise de especificidade de grupos (AFC); classificação
47
Quadro 4 – Itens de avaliação do protocolo de acordo com o método adaptado ao estudo. Campo
Grande/MS, 2021.
Item Descrição Definição - Método Método adaptado
1 Utilidade e O protocolo é relevante e atende a O protocolo é relevante e atende a
Pertinência finalidade proposta; finalidade proposta;
2 Consistência e O protocolo apresenta profundidade para O protocolo apresenta profundidade
Amplitude compreensão; para compreensão;
3 Clareza O protocolo segue apresentado de forma O conteúdo segue apresentado de forma
clara, simples e inequívoca; clara, simples e inequívoca;
4 Objetividade O protocolo permite resposta pontual; O conteúdo permite resposta pontual;
5 Simplicidade Os itens expressam uma única ideia; Os itens expressam uma única ideia;
6 Exequibilidade Os protocolos são aplicáveis; Os protocolos são aplicáveis;
7 Atualização Os itens seguem as práticas baseadas em Os itens seguem as práticas baseadas em
evidências atuais; evidências atuais;
8 Precisão Cada item de avaliação é distinto dos Cada item de avaliação é distinto dos
demais, não se confundem; demais, não se confundem;
9 Comportamento Os protocolos não apresentam itens Os protocolos não apresentam itens
abstratos ou ambíguos; abstratos ou ambíguos;
10 Variedade Variação da linguagem em cada termo e não Variação da linguagem em cada termo e
utilizar sempre a mesma questão para não utilizar sempre a mesma questão
definir as questões; para definir as questões;
11 Modalidade Não utilizar expressões extremas como Não utilizar expressões extremas como
excelente, miserável; e excelente, miserável; e
12 Equilíbrio Os itens dever ser distribuídos de uma -
forma semelhante a uma curva normal com
itens que abordem traços latentes fortes,
médios ou fracos.
Para tanto, esse modelo permite que um formulário de validação seja construído com os
itens necessários e não precisa abranger todos os 12 itens definidos acima. Nesse sentido, o
formulário de avaliação da validade de conteúdo deste estudo é composto por 11 itens, a
considerar que o item 12 “Equilíbrio” não fora utilizado por não ter sido mensurada a qualidade
do questionário anexo no Apêndice D.
Para a análise dos formulários de validação, o método proposto por Dalkey e Helmer
(1963) recomenda o mínimo de 7 e o máximo de 30 juízes especialistas para o processo de
validação. As avaliações dos juízes foram inseridas no banco de dados do Microsoft Excel
50
2010®; tabuladas e encaminhadas para análise estatística, nas quais foram verificadas as
pontuações atribuídas a cada item, com apresentação de resultados por meio de estatística
descritiva.
A validade de conteúdo é concordância entre os juízes-especialistas sobre os itens de um
instrumento e seus aspectos, de acordo com Alexandre; Coluci (2011), é mensurada pelo Índice
de Validação de Conteúdo (IVC), que confirma a validade do conteúdo. Para Coluci, Alexandre
e Milani (2015), é um método que consiste na aplicação de uma escala de Likert (JOSHI et. al.,
2015) com pontuação de 1 a 4, em que: 1 = item não equivalente; 2 = item necessita de grande
revisão para ser avaliada a equivalência; 3 = item equivalente, necessita de pequenas alterações;
e 4 = item absolutamente equivalente. Para calcular o IVC de cada item, soma-se as respostas 3
e 4 dos juízes-especialistas, e divide-se o resultado da soma pelo número total de respostas. Os
itens que receberem pontuação 1 ou 2 devem ser revisados.
Nesta pesquisa utilizou-se a escala de Likert (JOSHI et. al., 2015) adaptada com
pontuação de 1 a 3, em que: 1 = item - discordo; 2 = item – concordo parcialmente – necessita
de revisão; 3 = item – concordo totalmente. Como referência para o cálculo do IVC de cada item,
somar-se-á as respostas 2 e 3 dos juízes especialistas, e divide-se o resultado da soma pelo
número total de respostas. Os itens que receberam a pontuação 2 foram revisados.
Para que o IVC seja aceitável entre os juízes-especialistas deve ser no mínimo 0,78.
Alguns autores sugerem para novos instrumentos 0,80 e preferencialmente maior que 0,90. O
IVC é calculado pela seguinte fórmula:
Critérios de inclusão
Para o grupo de profissionais da área de atuação militar, por se tratar de grupo que estuda
técnicas e táticas de salvamento veicular no Brasil, o convite ocorreu por meio de grupo de
whatsapp e que abrangia esses profissionais. Realizou-se um convite público na rede social
(WhatsApp). O convite continha o objetivo e um link com acesso ao formulário eletrônico via
google forms com perguntas referentes aos critérios de inclusão (quadro 6) desse participante,
para preenchimento do mesmo (APÊNDICE F). Ele é específico para elencar se os participantes
atendem ou não os critérios de inclusão e exclusão e não serão utilizados como dados do estudo.
O participante que atendeu aos critérios de inclusão e exclusão na pesquisa passou a ser
denominado juiz-especialista. O mesmo recebeu um e-mail com a confirmação da participação
no estudo. O formulário preenchido solicitou as informações conforme quadro 08. Todas essas
informações estarão presentes no convite público.
Após o preenchimento do formulário eletrônico, foram incluídos na pesquisa e
convidados a participar aqueles que atenderem a soma mínima de quatro pontos de acordo com
os critérios descritos no quadro a seguir:
Quadro 6 – Critérios de seleção dos juízes-especialistas de área de atuação militar. Campo Grande/MS,
2021.
CRITÉRIOS PONTOS
Ter graduação 2
Experiência na área de emergência de Atendimento pré-hospitalar por no mínimo seis meses 2
Especialização em curso de salvamento veicular 1
Experiência em Seletivas/Desafios de Salvamento Veicular e Trauma (estaduais ou nacionais ou 1
internacionais)
Experiência como docente em curso de salvamento veicular 1
Critérios de exclusão
Foram excluídos todos os profissionais, independente do grupo, que não atendam aos
critérios de inclusão (pontuação de no mínimo 4 pontos); que não retornarem o contato por e-
mail; que participaram do GF; e que não cumprirem todas as etapas para a validação de conteúdo
nos prazos pré-estabelecidos.
53
Após a finalização da fase Delphi II, o processo de coleta de dados foi finalizado com o
consenso entre os juízes-especialistas sobre os itens de um instrumento e seus aspectos de acordo
com o método estabelecido. Cada item do instrumento avaliado é denominado fase. Não houve
necessidade de realizar a terceira rodada da Técnica Delphi.
Quadro 7 – Descrição de conceitos e definições das fases do salvamento e resgate veicular e sugestões
dos juízes especialistas. Campo Grande, MS, 2020.
Fase 1- ACIONAMENTO E SUGESTÕES
DESLOCAMENTO
O acionamento e o deslocamento das viaturas para o - Faltou mencionar os itens que são importantes a
atendimento de socorro será definido pelos serviços serem coletados pelo CI no que tange ao tipo de QTO
públicos de despacho de ocorrências. O acionamento específica. Já que o tema é acidente automobilístico,
e o deslocamento pode ser iniciado da base de o que é importante ele obter em termos de
atendimento ou de quaisquer localidades na qual se informações.
encontrar a equipe designada. - Para avaliar sobre a construção de um fluxograma
e a objetividade da ação seria necessário o acesso ao
Conforme Art. 29, IV (Lei 9.503/97 - Código de fluxograma. A pergunta sobre evidências mais atuais
trânsito brasileiro), os veículos destinados ao socorro seria facilitada caso recebêssemos ou estivesse no
de incêndio e salvamento, os de polícia, os de texto o referencial teórico utilizado. A expressão
fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, barreira de sacrifício por exemplo, é pautada em qual
além de prioridade de trânsito, gozam de livre referencial? Para pensar: o título traz sobre
circulação, estacionamento e parada, quando em acionamento e deslocamento mas boa parte do texto
serviço de urgência e devidamente identificados por indica ações de chegada ao local e segurança da
dispositivos regulamentares de alarme sonoro e cena.
iluminação vermelha intermitente. - Pensando na construção de fluxogramas que visam
rápido entendimento e resposta, quanto aos critérios
Durante o deslocamento devem ser coletados pelo de distância de sinalização, sugiro ser mais claro e
Comandante, Chefe ou Líder as informações como prático nos critérios, pois o uso de cálculo como
tipo de acidente, local do acidente, ponto de tomada de decisão na prática por vezes acaba não
referência, quantidade de vítimas, tipo de veículos. sendo tão aplicável.
- Acredito que durante o deslocamento, diante da
O Comandante/chefe ou líder de equipe deve situação repassada pela central e despacho, o
confirmar junto a outras instituições (CBMs ou comandante pode solicitar apoio de outras
SAMU) se houve informações de duplicidade sobre instituições, tais como: PRF, concessionária de
o acidente e a necessidade de acionamento. energia, USA SAMU, etc. Tal solicitação de apoio
deve ser confirmado ou não assim que a primeira GU
Na chegada, posicionar a viatura distante da chegar ao local da ocorrência.
ocorrência e oferecer a mesma como barreira de - Item relevante, completo, porém, com texto longo
sacrifício. - A partir de categorias: correção gramatical e
procedimento operacional, realizo algumas
55
Sempre que for necessária a imobilização temporária sugestões: CORREÇÃO GRAMATICAL - Na linha
de um veículo no leito viário, em situação de 1 do texto por vírgulas entre a expressão " para o
emergência, deverá ser providenciada a imediata atendimento de socorro". Substituir "será definido",
sinalização de advertência, na forma estabelecida por "serão definidos". Na linha 2, substituir " O
pelo CONTRAN. acionamento e o deslocamento pode ser iniciado",
por " Estas etapas podem ser iniciadas". Na linha 9,
A distância mínima de visibilidade do sinal é substituir a palavra "coletados", por "coletadas".
calculada em função da velocidade de aproximação, Entre vírgulas " pelo Comandante, Chefe ou Líder".
considerando um tempo de percepção/reação igual a Iniciar com letra minúscula as palavras comandante,
1,5 segundos, Ex: Velocidade da via= 40 km/h chefe, líder. Por dois pontos após a palavra como. Na
(distância mínima de visibilidade de 60 m). linha 10, acrescentar "e" após a palavra "vítimas".
Na linha 21, acrescentar vírgula após a palavra
A distância entre a placa/cone e o ponto crítico ou "parada". PROCEDIMENTO OPERACIONAL - No
situação inesperada deve ser tal que permita a parágrafo 3, acrescentar "quantidades de veículos
desaceleração e/ou manobra, até a parada se envolvidos". No parágrafo 5, acrescentar " o
necessário, conforme a placa/cone ou a situação comandante, chefe ou líder deve informar a sua base
determinada. de sua chegada ao incidente". Ainda, acrescentar "a
viatura deverá, posteriormente, ficar na Área de
Esta distância depende da velocidade de Espera aguardando o momento de acionamento".
aproximação ou do tipo de manobra necessária
(parada ou retorno).
veículo com a entrada do paramédico/equipe de - Sujiro a retirada do termo compressão cardiaca. seria
saúde/bombeiros. o caso de se fazer uma retirada imediata, no caso de
uma vitima critica, em PCR. (não foi utilizado o termo
compressão cardíaca).
- Será determinado um tempo recomendado para a
estabilização primária? (o mais breve possível,
literaturas recomendam até 2 minutos).
- Relacionado ao estabilização emergencial, entende-
se o conceito como Manual. Conceito Emergencial
esta atrelado a condição de Emergencia, podendo ser
Manual, ou com materiais de estabilização, avaliação
esta que devera ser feita pelo Comandante, Oque é
mais rápido e Efetivo.
- Quando definida estabilização de emergencia e de
forma manual, Comandante deve estar ciente da
existencia de acesso a equipe médica, sem acesso não
há como definir estabilização manual.
- Talvez possa ser acrescentado ao conceito que a
estabilização primária tem cm conta o principal risco
do veículo EM QUE SE ENCONTRA A VÍTIMA. No
caso de veículos sobrepostos, a Estabilização primária
é discutida quanto á essa minha sugestão. Não tenho
doutrina que possa sustentar minha sugestão, mas é o
que temos aplicado nas avaliações de provas de
resgate (WRO)
realizada entre o comandante/chefe ou líder do acidente, equívoco comum de considerar uma hierarquização
equipe de técnicos (bombeiros) e equipe de saúde entre planos: se não alcançar o A parte para o B,
(bombeiros/médicos/enfermeiros). quando não é este o precedimento desejado, pois deve-
se alcançar o emergencial primeiro. O conceito de
O conjunto de informações são organizados em dois plano único, também parece desnecessário, pois na
momentos: pratica o plano único é a execução do plano
emergencial (OK – em partes).
A - Antes da Reunião Tripartida/tripartite: - O referencial teórico utilizado reporta a um protocolo
local dificultando a avaliação do item. Rever e adequar
1) PATER (GRILO, 2019) - Mnemônico utilizado pela todas as avaliações para XABCDE e citar fonte. Plano
equipe de saúde, com informações a serem utilizadas: e Plano A e os outros planos ficaram apresentados de
P - Paciente forma confusa e desconexa.
A - Atrapamiento - Encarceramento - Sugestão: É percebível ao longo das etapas o excesso
T - Técnicas de mnemônicos e alguns me preocupam quanto as
E - Extração - via e método de extração baixas evidências ou baseado na opinião de
R - Recursos especialistas. Sugiro verificar em literaturas ensino-
didático- pedagógica a fundamentação e evidência de
2) VVTT (SCHWINGEL, 2019) - Mnemônico utilizado aprendizagem do uso de mnemônicos nos métodos de
pelo Comandante, chefe ou líder com a finalidade de Andragogia.(OK)
reunir insumos: - Tive que reler este ítem algumas vezes porque as
V - Vítima informações são parecidas, mas, ao mesmo tempo não
V - Vias de extração estão repetidas. Ao construir o fluxograma, se possível
T - Tipo de Aprisionamento adotar o mnemônico mais atual: XABCDE (OK)
T - Técnica - A CONASV padronizou que a nomenclatura de
plano A e B, seria retirado, mantendo plano principal
B - Durante a Reunião Tripartida/tripartite: e emergencial. (OK)
- Organizar um pouco melhor os tipos de planos
1) Relatório CRASH (HALLINAN, 2015) - Mnemônico - A sugestão que acrescente que o comandante, na fase
utilizado pela equipe de saúde com a finalidade de da reunião tripartite, busca mais informações da
informar as equipes técnicas e o comandante, chefe ou equipe de saúde, quanto ao estado clínico do paciente,
líder: consultar o médico/enfermeiro a melhor opção de
extração do paciente. O comandante de posse das
C – Condições Críticas - ABCDE; informações replicará para os técnicos, estes por sua
R – Dispositivos de Restrição – Cinto de segurança, vez realizam o que fora planejado.
airbags; - Plano único – retirada imediata (a avaliação e
A – Avaliação da posição e orientação da vítima no constatado um estado crítico (GCS < ou = 8) ou com
interior do veículo e estado de liberdade dos membros grandes hemorragias, sério comprometimento
em relação à estrutura veicular; circulatório ou respiratório) – riscos de incêndio,
S –Lesões Suspeitas; explosão ou situações que requerem intervenção com
H – Help plan – Sugestão de Plano DCEx; ou manobras de ressuscitação;
- A reunião pode ocorrer a quaisquer momento da
2) Mnemônico QEEP (CORPO DE BOMBEIROS ocorrência;
MILITAR DO DISTRITO FEDERAL, 2020) -
Mnemônico utilizado pela equipe de saúde com a - Enunciado: 7 -A reunião pode ocorrer em quaisquer
finalidade de informar as equipes técnicas e momentos da ocorrência. Como questionamento
comandante, chefe ou líder: vincula definição de reunião tripartite + Planos de
Ação, sugiro que a definição de PODE, seja
Q - Quadro clínico – tendo como foco XABCDE; substituida por A Reuinião tripartite (Planos de Ação)
E - Encarceramento – informar nível de encarceramento DEVE, ocorrer logo após cena assegurada, (Riscos +
da vítima (Mecânico*, FT1** e FT2***); Estabilização) mais input médico sobre estado do
E - Extração – posição, via de extração, tipo de extração paciente. Tambem não há como ocorres antes, pois
e técnica; não há como processar insumos duarnte a reunião sem
P - Plano – Confirmar se o plano está de acordo com o estes, desta forma a definição PODE não se aplica.
estado clínico da vítima. OBS: Reuniões tripartites que objetivam resolver
outros aspectos, que não tenha relação como a tomada
- A equipe de saúde informará sobre o nível de de decisão (Planos) estas sim Podem ocorrer em
consciência, estado hemodinâmico, lesões, tipo físico, qualquer momento, sempre convocadas pelo
posição da coluna vertebral em relação a anatomia Comandante. Recomendação WRO ( EMERGENCY
veicular. PLAN CREATED WITHIN TIME AND FULL
- A equipe técnica fornecerá informações específicas da PLAN CREATED AND FINALIZED) Relacionado
61
cena que amparem as decisões a serem tomadas ao contexto Precisão, indico a utilização de apenas um
(funcionamento e localização de dispositivos do método a ser utilizado para processar, organizar e
veículo, compatibilidade do plano com material definir ações durante a reunião. Item PATER ( Alterar
disponível e estrutura do veículo, etc.). data criação 1998) Demanda revisão, entendo que a
- O comandante/chefe ou líder, em conjunto com equipe definição de R - Recursos, deverá ocorrer somente
de saúde definirá quais as melhores técnicas para extrair após avaliação Secundária, esta que ocorre após a
a vítima e as três equipes definirão os planos de Reunião tripartite, devido a ordem cronológica e
desencarceramento. principio da atividade ( Rescate Centrado no Paciente)
Item QEEP Percebo que poderia ajustar no contexto
Os planos são: de Amplitute, pois este não comtempla com
profundidade os aspectos aos quais motivam a reunião
- Emergencial ou Plano “B” – menor espaço interno e Tripartite, que de forma Macro é Dedicada a Equipe
maior espaço externo, o suficiente para extrair a vítima, Técnica, aonde devem ser revistos os seguintes pontos
em casos de deterioração das condições clínicas; a) Criação de Espaço Interno b) Liberação de TF2 (
Técnica especifica com base na seção corporal exata
- Emergencial ou Plano “B” – Primeiro Plano de Ação a encarcerrada) c) Definição de Técnicas de Criação de
ser concluído durante o Salvamento Veicular. Estratégia espaço Exterior Item VVTT Recomendo em virtude de
adotada quando o Plano “A” é abortado devido ao estas adaptado aos próprios critérios modelo
estado da vítima tornar-se crítico, sendo necessária psicométrico de Pasquali. Relacionado ao conceito de
assim, uma retirada mais rápida, porém menos Planos Emergencial ou Plano “B” – menor espaço
preventiva; interno e maior espaço externo, o suficiente para
extrair a vítima, em casos de deterioração das
- Principal ou Plano “A” – maior espaço interno e maior condições clínicas; Utilizaria a seguinte definição:
espaço externo (plano ideal), após reavaliação da vítima (Victimas instables o Críticos) Maniobra técnica de
e a mesma encontrar-se estável. urgência, cujo objetivo é crear el mínimo espaço
razoável, que permita una extração segura y em menor
- Principal ou Plano “A” – Segundo Plano de Ação a ser tiempo possíble para victimas graves e ou cenários
executado durante o Salvamento Veicular. Estratégia inseguros. **Referencia Curso OBA (Organização
adotada para definir melhor local da extração da vítima Bombeiros Americanos) ALAREV
(estável) e proporcione menos movimento de seu corpo; - Sugiro acrescentar um título "NÍVEIS DE
e ENCARCERAMENTO" antes de colocar os conceitos
(mecânico, TF 1, TF2) Sugiro ainda subtrair os dois
- Plano único – retirada imediata (a avaliação e conceitos existentes sobre os planos . Ficou um pouco
constatado um estado crítico (GCS < ou = 13) ou com confusa essa parte.
grandes hemorragias, sério comprometimento Padrão. Está alinhado com o conhecimento
circulatório ou respiratório) – riscos de incêndio, que vem sendo trabalhado.
explosão ou situações que requerem intervenção com
manobras de ressuscitação; Uma percepção é que futuramente devemos
tentar simplificar em relação a termos para evitar
- Plano Único – É o Plano de Ação adotado em virtude principal, emergencial, A, B, etc.
da deformidade do veículo ou posição da vítima, sendo Acho que isso confunde os alunos.
que para uma situação emergencial, criar-se-a o espaço Poderiamos deixar apenas um deles ao invés
necessário para a retirada da vítima. de trabalhar com a dupla nomeclatura.(OK)
Considerar também para o plano único que não há outra
possibilidade para aquela situação dados as
características do momento.
caso de risco ao cenário e risco à vítima (PCR). - Segue a sugestão: A equipe de saúde ao coordenar a
fase de extração do paciente, recomendará aos demais
- Extração imediata são necessários 1 ou 2 profissionais, bombeiros e profissionais de saúde que manipulem o
considerar a técnica Chave ou Garra de Rautek. paciente com luva de procedimento. Sendo o paciente
estável, sua extração, preferencialmente, seguirá a
2) Extração rápida: A extração rápida leva em técnica de extração do ângulo zero. Ao iniciar a
consideração vítima instável hemodinamicamente que extração o coordenador da equipe de saúde informará
necessite de suporte fora do veículo sinistrado. Pode ser em bom tom que assumirá o comando a partir daquela
realizada com 2 ou 3 profissionais. ocasião.
3) Controlada: para vítimas estáveis que estão - Relacionado ao contexto de Extração da Vitima. Os
impossibilitadas temporariamente por lesões que tipos de extração: imediata, rápida e auto-extração são
incapacitam. realizadas em ângulo de 90º. Identifico que esta regra
É realizada após a conclusão dos planos emergencial ou não se aplica a todos cenários e sim quando a definição
“B” e plano principal ou “A” . A técnica utiliza colar de emergencia de adapta ao timming relação de tempo
cervical e prancha rígida ou Scoop Stretcher (maca técnico para execução de técnica mais rapida,
pluma, maca de colher). Para extração controlada são mantendo conceito de Plano B ( Emergencia).
necessários 5 profissionais (1 a realizar o controle - "1) imediata (plano único) pelo acesso mais rápido
manual da coluna cervical e 4 a segurar a prancha em caso de risco ao cenário e risco à vítima (PCR). -
rígida/Scoop Stretcher. A extração controlada é Extração imediata são necessários 1 ou 2 profissionais,
realizada em ângulos: 0º - in line extrication, 30º, 50º, considerar a técnica Chave ou Garra de Rautek. " **
60º e 90º. As extrações imediatas, rápidas, controladas e Não utilizaria a palavra ACESSO aqui pq pode se
auto-extração são realizadas em ângulos. O ângulo ideal cofundir com o acesso do socorrista, que pode não ser
é o 0º (Posição neutra da coluna vertebral). o mesmo da VIA DE EXTRAÇÃO. ** O Plano único
está ligado a uma vítima que apresenta quadro crítico,
4) Auto-extração - é utilizada em vítimas estáveis, com mas não necessariamente esta ligado a uma extração
cinemática de baixa energia, não apresentam lesões que imediata. ex: vítima inconsciente. O plano único pode
incapacitam sua auto-extração, sendo que a técnica pode ter uma extração rápida ou imediata. ** A chave de
ser assistida (por profissional com comandos rauteck tem sido desaconselhada pelo risco de
específicos); contaminação. Vejo que a primeira opção seria uma
Os tipos de extração: imediata, rápida e auto-extração manipulação rápida para prancha longa utilizado 3 ou
são realizadas em ângulo de 90º. mais socorristas, o que impacta no número de
- Manter os princípios: profissionais ali estabelecido. -------- "A extração
- Alinhamento neutro da coluna cervical; controlada é realizada em ângulos: 0º - in line
- Evitar torções da coluna vertebral; extrication, 30º, 50º, 60º e 90º" Qualquer extração
- manusear minimamente a vítima durante a controlada, rápida ou imediata podem adotar esses
transferência do assento para o dispositivo. angulos, eles não são exclusivos da controlada, como
Os ângulos levam em consideração o posicionamento da está no texto. Ex: uma extração rápida feita em angulo
vítima e a anatomia veicular. 0 pelo porta-malas de um hatch. "As extrações
Tipo Referência Recomendação imediatas, rápidas, controladas e auto-extração são
- Imediata (MACKENZIE e SUTCLIFFE, 2000) e realizadas em ângulos. O ângulo ideal é o 0º" ** A
(PIMENTEL e DIEGELMANN, 2010) Classe D auto-extração vejo que é aplicável apenas a 90°.
- Rápida (BERNHARD et al., 2005) e (MISASI et al., - Claro e objetivo;
2018) Classe D
- Controlada - Ângulos (CALLAND, 2005) e (DIXON
et al., 2014) Classe D
- Auto extração (ENGSBERG et al., 2013); (DIXON et
al., 2014) e (DIXON et al., 2015) Classe D
Tomadas de decisão/questionamentos
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a resolução nº 466/12 sobre
pesquisa com Seres Humanos, sob CAEE no. 30712420.7.0000.0021 e parecer no.
4.003.838/2020 (ANEXO B). Todos os sujeitos receberam o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido de acordo com as duas fases do estudo:
Fase 1: TCLE Grupo focal - APÊNDICE B
Fase 2: TCLE Juízes - APÊNDICE H
Acredita-se que o único risco que o participante dessa etapa poderia ter é o de se sentir
desconfortável em responder alguma questão ou à alguma situação durante a realização dos
grupos focais ou do fórum. Caso isso ocorresse, ele poderia não responder a mesma ou deixar de
participar do grupo e/ou do fórum, e da pesquisa no momento que quisesse. Caso ocorresse algum
outro desconforto ou necessidade identificada, a pesquisadora o acolheria e faria o
encaminhamento ao serviço de saúde público responsável pela assistência de acordo com a
necessidade identificada.
O benefício relacionado a pesquisa foi a chance de se discutir assuntos da prática deles e
da equipe de trabalho. E, com isso, contribuir com a produção de conhecimento sobre abordagem
sistematizada de vítima de colisão automobilística na fase de extricação, que possibilite reflexões
para o desenvolvimento de uma ferramenta que ajudará uma melhor prática assistencial para
vítimas de acidentes automobilísticos.
Acredita-se que o único risco que o participante dessa etapa possa ter é o de se sentir
desconfortável ou cansado em responder alguma questão. Caso isso ocorra, ele poderá deixar de
participar pesquisa no momento que quiser. Ou, se programar para responder o questionário,
visto que ele foi informado que o formulário tem um tempo aproximado de resposta de 90
minutos. Caso ocorra algum outro desconforto ou necessidade ele poderá contatar os
pesquisadores responsáveis, os quais estarão disponíveis para sanar qualquer dúvida e receber
qualquer sugestão ou necessidade que venha surgir de sua participação.
66
O benefício pode ser a chance de discutir assuntos da sua prática e de estudo dos
participantes. E, com isso, contribuir com a produção de conhecimento sobre abordagem
sistematizada de vítima de colisão automobilística na fase de extricação, que possibilite reflexões
para o desenvolvimento de uma ferramenta que ajudará em uma melhor prática assistencial para
vítimas de acidentes automobilísticos.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 MANUSCRITO 1
RESUMO
Objetivo: sumarizar as técnicas de extração de vítimas de colisão automobilísticas encarceradas,
com potencial lesão de coluna vertebral. Método: Estudo de revisão de literatura, do tipo Revisão
de Escopo, nas fontes de dados MEDLINE/PUBMED, CINAHL, SCOPUS, Science Direct, Web
of Science, Cochrane Library e literatura cinzenta, sem recorte temporal, com estudos que
abordaram técnicas de extração de vítimas de colisão automobilística encarceradas. Resultados:
Foram incluídos 33 estudos que possibilitaram a identificação e sumarização dos diferentes tipos
de extração e respectivos dispositivos para a extração de vítimas de colisão automobilísticas
encarceradas, indicados conforme avaliação da lesão e quadro clínico da vítima. Todos
apontaram para a necessidade técnicas para manutenção do alinhamento neutro e prevenção de
torções na coluna vertebral. Conclusão: Este estudo indicou que a avaliação da lesão com ênfase
no quadro clínico da vítima proporciona uma tomada de decisão coerente quanto à técnica e ao
dispositivo a serem utilizados. Entretanto, a realização de outros estudos comparativos entre as
técnicas existentes poderá auxiliar no processo de tomada de decisão de forma mais assertiva.
Descritores: Acidentes de trânsito; Traumatismos da medula espinhal; Métodos.
67
INTRODUÇÃO
Anualmente, os acidentes de trânsito são responsáveis pela morte de cerca de 1,35 milhão
de pessoas em todo mundo(1). Os danos decorrentes desses acidentes variam de materiais aos que
impactam gravemente na saúde humana, inclusive com a ocorrência de mortes. Embora os custos
econômicos ligados aos acidentes de trânsito sejam variáveis, estima-se que os gastos anuais em
países de média e baixa renda superem 100 bilhões de dólares(2).
Como consequência desse panorama, os serviços de emergência, pré e intra-hospitalar, é
responsável pelo atendimento contínuo das vítimas dos acidentes automobilísticos, as quais
apresentam lesões de diferentes gravidades. Dessa maneira, a assistência é sistematizada pelo
uso de instrumentos, os quais avaliam a gravidade dos padrões clínicos apresentados, tipo e
localização anatômica das lesões e prognóstico. Embora há variações na estrutura desses
instrumentos, eles possibilitam predizer o quão rápido uma vítima deve receber o tratamento
definitivo(3).
No contexto dos acidentes automobilísticos, apesar dessa avaliação da vítima, gravidade
do quadro clínico e as possíveis lesões, o encarceramento (aprisionamento) do indivíduo no
interior do veículo torna-se um obstáculo importante para o atendimento pré-hospitalar (APH).
Esse evento influência no transporte rápido e no acesso ao tratamento definitivo, e adiciona
fatores de preocupação para a equipe de atendimento, relacionados à existência de possíveis
lesões na coluna vertebral, bem como a possibilidade de lesão secundária no processo de
desencarceramento e extração do indivíduo(4).
O desencarceramento da vítima de acidente automobilístico, conhecido como extricação
veicular, é definido como o processo de tratar, acondicionar, remover ou liberar vítimas
encarceradas em veículos(5-6). Ele é composto pelas seguintes etapas: avaliação e segurança da
cena; estabilização; gerenciamento de vidro; acesso inicial; acesso total; imobilização do paciente
e extração final(7).
A extração é uma das últimas fases do processo de extricação e consiste em retirar a
vítima de colisão automobilística do veículo(8). Entretanto, as melhores práticas no salvamento
veicular, em especial a extração de vítimas, ainda são pouco estudadas, o que demonstra
fragilidade em relação à prática baseada em evidências. Tal condição pode estar associada a
fragilidade de protocolos e fluxogramas que sistematizem o atendimento de vítimas encarceradas
com potencial lesão de coluna vertebral(7).
Ademais, estudos que sumarizem as principais técnicas de extração, o uso dos
dispositivos e sua melhor aplicação ainda são incipientes. Frente a esse cenário, e à importância
de uma prática baseada em evidência, o desenvolvimento de estudos que subsidiem a melhor
68
escolha de técnicas de extração e o uso dos melhores dispositivos no atendimento dessas vítimas
se torna importante. Neste sentido, esse estudo objetiva sumarizar as técnicas de extração de
vítimas de colisão automobilísticas encarceradas com potencial lesão de coluna vertebral.
MÉTODO
Trata de um estudo de revisão de literatura, do tipo Revisão de Escopo (RE), baseado no
referencial teórico proposto(9) e desenvolvido pelo Joanna Briggs Institute(10). Ela foi conduzida
e relatada de acordo com os pressupostos do Preferred Reporting Items for Systematic reviews
and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR)(11).
O estudo foi desenvolvido de acordo com as seguintes etapas: elaboração da pergunta ou
das questões norteadoras da pesquisa; identificação dos estudos relevantes; seleção dos estudos;
extração de dados; síntese e agrupamento dos resultados; e divulgação(10).
A questão norteadora dessa revisão foi formulada pelo uso da estratégia PCC: P -
População; C - Conceito; C - Contexto(10,11-12), com as seguintes definições: P – vítimas de colisão
automobilística encarceradas com potencial lesão de coluna vertebral; C – técnicas de extração e
C – atendimento pré-hospitalar. Com essa combinação mnemônica, definiu-se a seguinte questão
norteadora: Quais as técnicas disponíveis para extração de vítimas encarceradas de colisão
automobilística com potencial lesão de coluna vertebral?
Antes de iniciar o desenvolvimento desse estudo, realizou-se uma pesquisa nos sítios
Open Science Framework; JBI Clinical Online Network of Evidence for Care and Therapeutics
(COnNECT+); Database of Abstracts of Reviews of Effects (DARE); The Cochrane Library e no
International Prospective Register of Ongoing Systematic Reviews (PROSPERO), com intuito
de identificar pesquisa de revisões semelhantes, com a finalidade de se evitar a duplicidade de
estudos. Assim, como não foram encontrados estudos semelhantes, esta RE foi registrada na
Open Science Framework (OSF) sob o protocolo osf.io/c689x/.
Para a busca na literatura cinzenta foram definidas as seguintes fontes de dados: Brasil –
Portal de Teses e Dissertações para CAPES, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações,
Biblioteca digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo e repositório de Teses e
Dissertações Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; Portugal – Repositório Científico de
Acesso Aberto de Portugal (RCAAP); África do Sul - Teses e Dissertações Nacionais (Portal
ETD); Mundo-Cyberthesis; Austrália e Nova Zelândia – Biblioteca Nacional da Austrália
(Trove); Continente Europeu – Portal da Europa - E-teses (DART) e o Sistema de Informação –
Opengrey; Canadá – Teses Canadá; Reino Unido – Serviço Online de Teses eletrônicas (EThOS);
Suécia e outros países escandinavos – Academic Archive Online (DIVA).
Para a identificação dos melhores descritores, palavras-chave e sinonímias, foi realizado
um processo de busca de artigos que tivessem relação com o tema. Após isso, construiu-se um
protocolo de pesquisa constituído pela questão do estudo, a estratégia PCC, os descritores e
estratégia de busca nas de acordo com as especificidades de cada uma das fontes de dados. Ele
foi construído, testado e adequado de maneira exaustiva até apresentar sensibilidade de busca
capaz de identificar estudos que respondessem o objetivo proposto.
Dessa maneira, os descritores e palavras-chave foram definidos (quadro 9) e combinados
pelo emprego dos operadores booleanos: AND e/ou OR. Os descritores e a estratégia de busca
utilizados para cada fonte de dados estão descritos no quadro 10. A busca em todas as fontes de
dados ocorreu em um mesmo dia por dois pesquisadores (HSJ; SL) no mês de maio de 2020
(2020-05-05); exceto na base Embase, a qual ocorreu em agosto de 2021 (2021-08-05), devido
ao seu acesso, por meio do proxy da UFMS, ter sido permitido no ano de 2021.
Quadro 9 – Descritores de assunto localizados no MeSH* para os componentes da pergunta de
pesquisa segundo estratégia PCC**. Campo Grande, MS, Brasil, 2020.
Estratégia Componentes Descritores/Palavras-chave
P – Population Vítimas de colisão automobilística accidents, traffic; motor vehicles
com potencial lesão de coluna spinal cord injuries; spinal cord;
vertebral que estão encarceradas. spinal injuries; wounds and
injuries.
C – Concept Técnicas de extração. Immobilization; restraint,
physical; transportation of
patients; stretchers; moving and
lifting patients; extrication.
C - Context Atendimento pré-hospitalar. emergency medical services;
rescue work.
*
MeSH: Medical.Subject Headings. **PCC: População, Conceito, Contexto.
Quadro 10 – Bases de dados, descritores e estratégias de busca. Campo Grande, MS, Brasil,
2020.
70
critério de entrar-se em contato com o autor para ter acesso ao mesmo, ou solicitar a versão na
língua inglesa, antes de excluí-los do estudo.
A seleção dos estudos ocorreu em duas etapas. Na primeira, realizou-se seleção dos
estudos por meio da leitura de todos os títulos e resumos, com a finalidade de identificar os
estudos que atendessem aos critérios de elegibilidade definidos. Após a seleção inicial pelos
títulos e resumos, os estudos foram catalogados com uso do software Microsoft Excel®. Os
estudos duplicados foram considerados apenas uma vez. Na sequência, realizou-se a leitura na
íntegra de cada um dos estudos selecionados para: a) confirmar a pertinência à pergunta de
revisão e, em caso positivo, b) extrair os dados.
Dois pesquisadores (HSJ; SL), de forma independente, participaram desde a fase inicial
do estudo e realizaram as duas etapas de seleção. Para a inclusão foi estabelecido como necessário
o consenso entre os pesquisadores. As divergências foram discutidas e resolvidas por meio de
consenso. Quando não houve consenso, um terceiro pesquisador, que também participou das
etapas anteriores, realizou a análise (BCCGA).
Após a definição da amostra do estudo, foi realizado a retro busca, definida nesse estudo
como a revisão das referências de todos os estudos incluídos para identificar outros estudos que
também pudessem atender aos critérios de seleção.
RESULTADOS
72
Um total inicial de 3.450 documentos foi obtido por meio da estratégia de busca nas fontes
de dados adotadas. Após a leitura dos títulos e resumos, 3.376 documentos foram excluídos por
não responderem à questão norteadora ou não abordarem o objeto em estudo, e 25 estudos por
duplicidade. Assim, foi realizada a leitura na integra de 49 estudos, dos quais 20 não
responderam à questão do estudo. Portanto, um total de 29 estudos foram incluídos na amostra
final. Após análise das referências dos 29 estudos incluídos, quatro foram adicionados. A amostra
final foi de 33 estudos. O processo de busca e seleção dos artigos nas fontes de dados são
ilustrados no fluxograma da Figura 5.
IDENTIFICAÇÃ
completo (n=49)
Figura 5 - Fluxograma para seleção de publicações nas bases de dados, Campo Grande/MS 2020.
73
Quadro 11 - Caracterização das publicações recuperadas na busca nas bases de dados eletrônicas
e busca pelas referências. Campo Grande/MS, 2020 (n=29).
Título Desenho do estudo Fonte de Grau de Recomendação/
dados Nível de Evidência
Prehospital care: the trapped Revisão de Literatura MEDLINE/ NA**
patient(14) PUBMED
Evaluation and management of Revisão de Literatura SCOPUS NA**
acute cervical spine trauma(15)
Prehospital Extrication Revisão de Literatura SCOPUS NA**
Techniques: Neurological
Outcomes Associated with the
Rapid Extrication Method and
the Kendrick Extrication
Device(17)
Extrication of the seriously Revisão de Literatura MEDLINE/ NA**
injured road crash victim(18) PUBMED
On-scene treatment of spinal Observacional WEB OF Grau B / 3e
injuries in motor sports(19) SCIENCE
Vehicle entrapment rescue and Observacional MEDLINE/ Grau B / 3e
prehospital trauma(20) retrospectivo PUBMED
Towards evidence-based Revisão de Literatura MEDLINE/ NA**
emergency medicine: best PUBMED
BETS from the Manchester
Royal Infirmary(21)
Confirmation of suboptimal Observacional WEB OF Grau B / 3e
protocols in spinal retrospectivo SCIENCE
(22)
immobilization?
Revisão de Literatura MEDLINE/ NA**
Spinal injuries and fractures(23)
PUBMED
Prehospital management of Revisão de Literatura CINAHL NA**
spinal trauma – An evolution(24)
Initial management of the Revisão de Literatura MEDLINE/ NA**
patient with cervical spine PUBMED
injury(25)
Wilderness Medical Society Revisão de Literatura SCIENCE NA**
Clinical Practice guideline for DIRECT
spinal cord protection(26)
Protection of the spinal cord Revisão de Literatura Retro NA**
during stabilization of vital busca(17)
functions and extrication of
trauma victims*(27)
A Review of spinal Revisão de Literatura MEDLINE/ NA**
immobilization techniques(28) PUBMED
74
A partir da busca na literatura cinzenta foram incluídos quatro capítulos de livros com
referência ao tratamento de traumas vertebro-medulares, técnicas de extração de vítimas ou
dispositivos, com uma produção brasileira, duas norte-americanas e uma portuguesa, os quais
estão apresentados no quadro 12.
O intervalo temporal dos estudos recuperados compreendeu entre os anos de 1969 e 2019.
Em 2013 foram produzidos seis (20%) estudos, seguidos de quatro (13,3%) em 2016. Com 16
estudos (53,3%), os Estados Unidos da América foi o país quem mais apresentou produções
recuperadas. A fonte de dados MEDLINE/PUBMED apresentou onze (44%) publicações
selecionadas. Dos estudos analisados, a população em geral apresentou correlação com vítimas
que sofrem traumas, o conceito trata das técnicas e dispositivos utilizados durante o tratamento
e o contexto remete-se ao ambiente pré-hospitalar. Os vinte e nove estudos selecionados pelas
fontes de dados foram avaliados quanto ao nível de evidência e grau de recomendação proposto
por metodologia própria JBI.
TÉCNICAS DE EXTRAÇÃO
Com base na avaliação clínica, as técnicas de extração podem ser definidas como:
imediata(14-15), rápida(16-17), controlada(18) e auto extração(19). A extração imediata ocorre quando
o critério para escolha prioriza a manutenção da vida em detrimento de possíveis lesões. Em
situações que necessitam de reanimação do paciente, ou configurado o perigo externo agudo para
o acometido ou para equipe de resgate, a garra (chave) de Rautek pode ser utilizada(19).
A extração rápida considera o estado clínico crítico ou com deterioração evidenciada.
Durante a avaliação clínica inicial, qualquer achado de alteração que coloque em risco a vida,
como por exemplo, deterioração do nível de consciência ou instabilidade hemodinâmica requer
76
rápida intervenção. É essencial que a vítima seja retirada do veículo dentro de 10 minutos (18,20),
com a coluna cervical imobilizada em uma prancha rígida(21). As extrações rápidas são
implementadas quando um paciente crítico é hemodinamicamente instável e a variável tempo
influencia no prognóstico(39), pois é difícil administrar cuidados agudos dentro de um veículo
acidentado e o bloqueio ocasionado pelas ferragens retarda a extração e o transporte para
cuidados definitivos(14).
Por sua vez, os pacientes clinicamente estáveis, sem alteração do nível de consciência e
que podem ter lesões que não os incapacite de sair do veículo(18,21) podem ser extraídos de forma
controlada(23). Deve-se atentar para o alinhamento neutro da coluna vertebral(24,26,43) e promoção
da extração e prevenção de rotações da coluna vertebral e da pelve(23-24,27).
Em situações em que o paciente não apresenta lesões que o incapacite de sair do veículo,
a auto extração pode ser realizada. A condição hemodinâmica estável, a identificação dos
critérios de baixo e alto risco e capacidade de rotacionar o pescoço em 45º, indicam que a vítima
poderá sair do veículo de forma voluntária ao obedecer aos comandos que podem auxiliar(19).
A estabilização manual em linha da coluna cervical, se possível, deve ser realizada
imediatamente após a chegada a um paciente traumatizado, mantida durante toda a avaliação
primária (ABCDE) e tratamento do paciente traumatizado(19). Em pacientes que necessitam de
atenção imediata para manutenção de via aérea a estabilização manual em linha deve ser mantida
o tempo todo(15,19).
cervical também pode ser aplicado no pescoço do paciente enquanto ela ainda estiver no
veículo(23).
A prancha rígida pode ser longa ou curta, e podem ser utilizadas em conjunto com outros
dispositivos(16,24-25,28). Designada também como encosto padrão, a prancha rígida é um
dispositivo com aproximadamente 1,80 metro de comprimento, rígido e inflexível(30) utilizado
para imobilizar as vítimas em posição neutra supina(15-16,24,26,29-31,33). O paciente é preso a ela com
uso de três ou mais tiras e com dois grandes blocos de espuma adjacentes à cabeça, referidos
como dispositivos de imobilização cervical (head blocks)(15-16,24,29,33).
Os imobilizadores de cabeça são comumente designados como bloqueios cervicais ou
dispositivos de imobilização(34,44). No passado, sacos de areia eram utilizados em ambos os lados
da cabeça em conjunto com a prancha rígida. No entanto, esta prática foi abolida, pois eles podem
escorregar e causar a perda do alinhamento neutro(24). Convém destacar que a imobilização em
uma prancha rígida longa não é o método preferido e, por consequência, os prestadores dos
serviços de emergência frequentemente realizam a imobilização da coluna vertebral com
mecanismo da lesão como única indicação(42).
O Kendrick Extrication Device (KED)(21,24,37-39) é um dispositivo de baixa flexibilidade
que fixa o tronco, pernas e cabeça do paciente com objetivo de impedir o movimento. Ele consiste
em três tiras no tronco, uma alça adicional para a virilha e outra alça que passa sobre a testa. A
parte traseira do dispositivo é composta por vários blocos longos de material rígido e inflexível,
com um pano no meio para permitir flexibilidade relacionada às costas do paciente(30).
Geralmente é utilizado em pacientes que estão na posição de motoristas mas, também,
trata de um excelente dispositivo para imobilização pediátrica(44). O KED também pode ser
utilizado em conjunto com outros dispositivos para imobilização(15-16,25-26,30) para extrair vítimas
dos veículos com queixa de dor no pescoço ou nas costas após a colisões de veículos(15,30), pois
proporciona a imobilização da cabeça e do tronco(16).
A maca a vácuo, ou colchão a vácuo, é um saco flexível de poliestireno que se torna rígido
com a aplicação do vácuo(37). Na Europa, este dispositivo, em combinação com um colar cervical
rígido, é uma opção comum para imobilização(16). Ela fornece restrição de movimento superior
e maior conforto para a vítima, com o correspondente risco diminuído de lesão por pressão. E
tem preferência sobre a prancha rígida para a restrição de movimento de toda a coluna vertebral
ou segmentos específicos(19).
O dispositivo maca a vácuo fornece imobilização insuficiente para a cabeça e pescoço(37).
No entanto, mesmo sem colar cervical, mas com apoio lateral de cabeça, pode alcançar uma
excelente imobilização(19). É utilizada para vítimas de trauma de coluna vertebral em conjunto
78
com a prancha rígida, para aquelas que se encontram em espaços confinados sem trauma
vertebro-medular, assim como em transportes com duração maior que 60 minutos e
helitransportes(44).
A maca Scoop Stretcher é um dispositivo que permite o encaixe por baixo da vítima sem
a necessidade de realizar o rolamento de 90º. Composta por duas partes, deve ser aberta pela
trava distal, quando cada parte é inserida por baixo na vítima(38). Pode ser utilizada para transporte
e transferência de pacientes(14). Este dispositivo também é conhecido como maca colher ou maca
pluma(46), indicada para transferir a vítima (cujo mecanismo de lesão sugere trauma da coluna
vertebral) para o dispositivo de imobilização adequado(44).
DISCUSSÃO
A escolha dos dispositivos e técnicas para extrair vítimas de acidentes automobilísticos
inicialmente foi fundamentada na prática consensual com base em precedentes históricos. Os
questionamentos advinham de procedimentos antes utilizados que foram confirmados ou
cientificamente refutados, pois com o passar dos anos e avanço da ciência há a consolidação de
ações com a prática baseada em evidências (PBE).
De acordo com a prática pré-hospitalar atual, considera-se como protocolo de
imobilização da coluna vertebral a utilização dos seguintes dispositivos: colar cervical rígido,
prancha rígida longa, tirantes(28,33) e bloqueios de cabeça (head blocks)(33,46) em todas as vítimas
de trauma com suspeita de lesão vertebro-medular. O termo "imobilizar a coluna vertebral", em
sua prática assistencial ao trauma vertebro-medular, é desencorajado e, em substituição, utiliza-
se Restringir o Movimento da Coluna (RMC). Isso porque, reconhece-se que a imobilização da
coluna não é possível na prática, e que o movimento restrito provavelmente alcance o mesmo
objetivo(47-48).
Acreditava-se que a prática de levar um paciente, vítima de politrauma, até a sala de
emergência de um hospital de referência, conforme preconizado pelo Suporte Avançado de Vida
no Trauma, do inglês Advanced Trauma Life Support (ATLS), atenderia aos protocolos de
imobilização(49). A lógica desta prática é associar que a imobilização impediria a deterioração
neurológica nas lesões instáveis. No entanto, a efetividade do atendimento pré-hospitalar e o
método de imobilização e transportes não se associam a deterioração neurológica(26).
Vale destacar que o estabelecimento de protocolos de imobilização rígidos se baseou no
consenso justificado pelo posicionamento médico, ao aplicarem o colar cervical e a prancha
rígida longa no tratamento de todos os pacientes suspeitos de lesão vertebro-medular(50-52). A
percepção sobre a dificuldade dos paramédicos em não reconhecer uma lesão na coluna vertebral
79
definitivos(14). É essencial que a vítima seja retirada do veículo dentro de 10 minutos(18,20), com
a coluna cervical imobilizada em uma prancha rígida(21).
Por sua vez, a técnica de extração controlada aplica-se a vítima estabilizada(8,18). O colar
cervical deverá estar aplicado e a extração consiste na saída em linha pela tampa do porta-malas
dos veículos com a utilização de uma prancha rígida longa(22). Durante a extração, a técnica
chamada de ângulo zero tem por objetivos manter o alinhamento neutro da coluna vertebral e
buscar a menor angulação (in line extrication) de movimentação do acidentado, fator
preponderante para que se evite o agravamento das lesões(8,22,39). De forma a atender os princípios
de manter o alinhamento neutro, menor angulação de movimentos e evitar torções na coluna
vertebral, a prancha Scoop Stretcher pode ser utilizada em substituição a prancha rígida
longa(14,46).
Apenas as vítimas sem ameaça imediata à vida devem ter imobilização total antes da
retirada(14,38). Em relação ao tempo de cena, imobilizar a coluna cervical de forma manual em
linha, aplicar colares cervicais semirrígidos e dispositivos de extração que imobilizam toda a
coluna vertebral são reconhecimento do fato de que a imobilização total da coluna vertebral pode
prolongar consideravelmente os tempos de resgate e cena(54).
Um estudo concluiu que as colisões de "alta velocidade" resultaram em 27,7% dos
pacientes que sofreram lesões na coluna vertebral e 66,0% apresentaram lesões traumáticas no
cérebro. No entanto, foi relatado que o aprisionamento ocorreu em apenas de 12% a 33% das
colisões no tráfego em rodovias (CTR) e muitos pacientes foram elegíveis para a auto extração,
a depender de sua condição clínica(22).
Em circunstâncias nas quais os pacientes apresentem condições hemodinâmicas estáveis,
o mesmo pode ser induzido a deixar o carro por conta própria. Estudo realizado com uma equipe
de dois paramédicos e quatro bombeiros, ao executar a extração de 16 pacientes imobilizados de
um veículo, identificou-se que a técnica que menos movimentou a coluna vertebral foi, em ordem
crescente: a auto extração (13º33), extração em linha com prancha rígida (13º56), auto extração
com instrução (14º93) e utilização do KED (17º60)(22). Dessa maneira, a técnica de auto extração
produz menos movimento da coluna cervical em comparação as outras técnicas(22,24). No entanto,
em pacientes que apresentam dor ou lesões que o incapacitem durante a saída do veículo, a auto
extração não é indicada(22).
Não foram encontrados estudos cujos danos foram causados por falhas em um colar
cervical ou uma prancha rígida, mas foram identificadas evidências crescentes, reais e teóricas,
de que o posicionamento desses dispositivos pode causar danos. Além disso, com instruções
82
claras, os pacientes parecem capazes de manter um pescoço estável para remoção sem colar
cervical(22).
Ao avaliar a ausência de benefícios sobre as técnicas de imobilização, a Associação
Nacional de Médicos dos Serviços de Emergência (ANMSE) recomendou, em 2013, medidas
mais amenas para gerenciar os pacientes com suspeita de lesão na coluna vertebral. No mesmo
sentido, o Colégio Americano de Médicos de Emergência (CAME) publicou uma declaração que
confirmou não ser possível imobilizar a coluna vertebral. As declarações publicadas pelas
instituições confirmaram que o objetivo da prancha rígida longa é ser utilizada como dispositivo
de extração e deve ser removida o mais breve possível(54).
Dentro do contexto do posicionamento da National Association of EMS Physicians
(NAEMSP) e American College of Surgeons Committee on Trauma (ACS-COT), os serviços de
emergências médicas passaram a utilizar a RMC com base no exame físico(60). Com a
implementação de evidências na tomada de decisões, infere-se que o processo de avaliação
clínica para escolha dos dispositivos e das técnicas de extração de vítimas estão associadas ao
uso de ferramentas que facilitaram a exclusão dos traumas vertebro-medulares no ambiente intra-
hospitalar.
As principais ferramentas usadas pelos traumatologistas para confirmar clinicamente a
ausência de lesões na coluna cervical, sem a necessidade de geração de imagens são: o National
Emergency X-Radiography Utilization Study (NEXUS) e o Canadian C-Spine rule (CCR)(61-62).
O critério NEXUS avalia se o paciente é de baixo risco, de forma a garantir que não haja lesões
que não requerem imagens(63).
O critério CCR leva em consideração fatores de alto risco, como a idade acima de 65
anos, mecanismo perigoso e parestesia nas extremidades(64). Se não houver critérios de alto risco,
os fatores de baixo risco são revisados para verificar se o paciente pode ser avaliado com
segurança quanto à amplitude de movimento e rotação do pescoço(34). O estudo CCR apresentou
melhor sensibilidade e especificidade quando comparado ao estudo NEXUS (99% versus 93% e
43% versus 33%, respectivamente). Ao usar uma ou ambas as regras, é possível descartar lesões
na coluna cervical nos pacientes mais conscientes, alertas e confiáveis(61-62).
Durante a avaliação clínica, um dos critérios para aplicar as técnicas de extração é manter
a coluna vertebral em posição anatômica neutra(16,29) e evitar rotações da coluna e da pelve(27,43).
A RMC é indicada em vítimas que sofreram trauma por mecanismo com potencial de causar
lesão na coluna vertebral e que apresentam estado mental ou nível de consciência alterado,
evidências de intoxicação por álcool ou drogas, lesão dolorosa que cause distração, sinais
83
CONCLUSÃO
Os estudos indicaram que o uso das técnicas e dispositivos para extração de vítimas de
colisão automobilística com potencial lesão de coluna vertebral foi baseado, historicamente, em
práticas bem-sucedidas, mas sem devida investigação científica a fim de torná-las padronizadas.
Sob esta ótica, esta RE proporciona a sumarização da evidência científica sobre tais técnicas para
uma melhor tomada de decisão clínica.
É consenso que o alinhamento neutro da coluna vertebral deve ser mantido e as torções
na coluna vertebral devem ser evitadas. Nesse sentido, a avaliação da lesão com ênfase no quadro
clínico da vítima proporcionará uma tomada de decisão coerente quanto à técnica e dispositivo a
ser utilizado. A prancha rígida longa continua a ser o dispositivo utilizado para se extrair ou
remover as vítimas de colisão automobilística. No entanto, sua utilização deve ocorrer de maneira
racional, individualizada e após avaliação da cinemática do trauma associada ao mecanismo da
lesão.
A prancha rígida deve ser retirada o mais breve possível. O dispositivo maca Scoop
Stretcher foi indicado como uma alternativa para extração, e a maca a vácuo para o transporte de
vítimas. A transferência das vítimas deve ser realizada preferencialmente por elevação,
deslizamento e rolamento, nesta sequência. O valor da imobilização espinhal de rotina pré-
hospitalar permanece incerto.
Diante as mais variadas técnicas de extração de vítimas de colisão automobilística citadas
nesta RE, indica-se a importância da realização de estudos comparativos entre as técnicas
existentes, de maneira a auxiliar no processo de tomada de decisão da técnica e do uso dispositivo
mais efetivo.
O estudo apresentou limitações no acesso a estudos não disponíveis na integra, devido a
ausência de recursos para aquisição dos mesmos. O idioma também foi um fator limitante, devido
a ausência de recursos para a tradução de estudos que não estivessem nas línguas inglês, francês,
português e espanhol. Entretanto, por mais que algum estudo possa ter sido excluído devido essas
limitações, acredita-se que não tenham implicado na redução da importância da evidência
sumarizada nessa RE que poderá subsidiar a prática da assistência no APH.
Referências formatadas Vancouver conforme normas da revista.
84
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5.2 MANUSCRITO 2
INTRODUÇÃO
Os acidentes de trânsito (AT) são considerados um grave problema de saúde pública em
nível mundial, com destaque para a principal causa de morte entre crianças e jovens adultos de 5
a 29 anos. Este problema social se apresenta como a principal causa de morte e incapacidade em
diferentes partes do mundo. Ao ano, aproximadamente 1,35 milhão de pessoas morrem vítimas
de acidentes de trânsito no mundo. Sob esta ótica, estima-se que até 2030 as mortes poderão
atingir 1,9 milhão de pessoas no mundo (WHO, 2018).
Ademais, os óbitos por AT acometem, predominantemente, uma parcela da população
economicamente ativa em idade produtiva e é responsável pelo maior número de Anos Potenciais
de Vida Perdidos (APVP) (ITAMI et. al., 2009). Assim, o AT impõe ônus econômico com altos
custos financeiros pessoais, devido às incapacidades temporárias ou sequelas físicas e cognitivas
permanentes (MELLO E KOIZUMI, 2004).
Os impactos ocorrem de forma direta e indireta, para a vítima e o veículo, pois as forças
que agem no veículo, em geral são absorvidas e transformadas durante a colisão da estrutura do
veículo contra outro objeto, que em seguida é transferida para os seus ocupantes. No veículo, a
deformação estrutural associa-se a absorção da energia. Para as vítimas esta transferência de
energia pode ocasionar traumas e lesões (NAEMT, 2016).
O cuidado pós-colisão a um AT, no Brasil, é realizado pela “Linha de Cuidado ao
Trauma” na Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE), constituída, dentre outros
serviços, pelos serviços de emergências pré-hospitalar, Bombeiros e SAMU (BRASIL, 2014).
Com a finalidade de prestar o atendimento inicial, o Atendimento Pré-hospitalar (APH) é
considerado como toda assistência realizada sem discriminação de gravidade, fora do âmbito
hospitalar, na qual utilizam-se meios e métodos disponíveis que objetivam a manutenção da vida,
minimização de sequelas e diminuição da mortalidade (MINAYO; DESLANDES, 2008).
Portanto, é importante que os profissionais do APH saibam identificar ou prever lesões
graves e, tratá-las precocemente (TABASE et al., 2017). No entanto, este tratamento ocorrerá
após a identificação de riscos, manejo de vidros e acesso total da equipe junto à vítima. Em um
89
cenário de AT, com deformação da estrutura veicular, a colisão pode dificultar o acesso à vítima
para o atendimento inicial, atrasar o processo de extricação e aumentar o tempo de cena
(NUTBEAN et. al., 2014).
Nesse contexto, o atendimento inicial, o tratamento das lesões, o manejo e extração das
vítimas de AT são pautados em uma abordagem sistematizada e organizada por etapas que são
executadas simultaneamente, pelas equipes de bombeiros e profissionais da área da saúde
(NUTBEAN et. al., 2014). O salvamento veicular é definido como a ação de localizar, acessar,
estabilizar, desencarcerar, extrair e transportar as vítimas encarceradas. E sob este aspecto,
conceitua-se a extricação veicular como o processo de tratar, acondicionar, remover ou liberar
vítimas encarceradas em veículos (DISTRITO FEDERAL, 2020; NFPA, 2017).
A sistematização das fases executadas durante a extricação veicular é evidenciada em
literaturas nacionais e internacionais. Em Portugal, a Escola Nacional de Bombeiros (ENB) por
muitos anos fez referência ao método SAVER (Systematic Approach to Victim Entrapment
Rescue) que consistiu um uma abordagem sistematizada no salvamento de vítimas encarceradas,
com sete fases (OLIVEIRA, 2009). No Reino Unido, por exemplo, a extricação é composta por
seis fases (TURBRIDGE et al., 1988).
No Brasil, os Corpos de Bombeiros militares utilizam métodos sistematizados que se
encontram referenciados em manuais técnicos. Entretanto, esses métodos se diferem de acordo
com cada corporação ou estado. Como, por exemplo, o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar
do Estado de São Paulo (CBPMESP) utiliza como referência as ações de Localizar, Acessar,
Estabilizar e Transportar (LAET) (SÃO PAULO, 2016).
Nesta mesma linha, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Espírito Santo (CBMES)
e do Rio de Janeiro (CBMERJ) adotam oito fases com as ações conhecidas como “Rotina de
Resgate” e “Fases da operação”, respectivamente (CBMES, 2017; CBMERJ, 2019). O Estado
de Santa Catarina (CBMSC) sistematiza as ações de salvamento e resgate veicular em nove fases
(SANTA CATARINA, 2017) e o Distrito Federal (CBMDF) aplica doze fases para o resgate e
salvamento veicular (CBMDF, 2017). Ressalta-se ainda que existem corporações pelo Brasil que
não possuem manual próprio e adotam o manual de outras instituições coirmãs como referência.
Assim, as divergências encontradas nos manuais, quanto ao número de fases, necessitam
de um aprofundamento e entendimento sobre as reais ações realizadas. Cada fase possui ação
distinta, no entanto, a validação científica é importante para a prática com base em evidências
(CAMARGO et. al., 2017). Ademais, a integração entre os serviços de emergência durante a
extricação é citada na literatura como necessidade a ser implementada (WILMINK, 1996).
90
OBJETIVO
MÉTODO
ASPECTOS ÉTICOS
em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul sob CAEE
no. 30712420.7.0000.0021 e parecer no. 4.003.838/2020.
Quadro 13 – Seções e descrição do formulário com conteúdo a ser validado. Campo Grande-
MS, 2020.
Seções Descrição
1 Contém título “Construção e validação de conteúdo do fluxograma de atendimento de
vítimas de colisão automobilística – QUESTIONÁRIO”, orientações para o
preenchimento e coleta de e-mail.
2 Dados sociodemográfico (Idade, sexo, formação acadêmica, região em que reside, tempo
total de serviço em meses, cursos na área de urgência e emergência¹.
3 Item 1 – Acionamento e deslocamento
4 Item 2 – Avaliação 360º ou dimensionamento da cena.
5 Item 3 – Gerenciamento de riscos
6 Item 4 - Estabilização primária
7 Item 5 – Obtenção de acessos
94
A fase empírica (2ª fase) proposta para o estudo teve por objetivo selecionar participantes
para atuar como juiz-especialista (KEENEY, HASSON, MCKENNA, 2011). Foram
estabelecidos critérios para seleção de profissionais da saúde e bombeiros militares de acordo
com a proposta de Fehring (1994), adaptada para o estudo.
Para os juízes-especialistas da área da saúde, realizou-se a busca por meio de pesquisa
avançada na plataforma Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq (http://lattes.cnpq.br/). Foram estabelecidos filtros na “área de atuação” e a
partir dos descritores relacionados à temática (“Emergência” e “Trauma”) os profissionais da
área da saúde foram pré-selecionados.
Os critérios de inclusão para seleção dos juízes-especialistas da área da saúde (FEHRING,
1994) adaptados para o estudo foram: Doutorado na área da Enfermagem ou Medicina – 2 pontos;
Mestrado na área da Enfermagem ou Medicina – 1 ponto; Experiência na área de emergência de
Atendimento Pré-hospitalar e/ou Intra-hospitalar por no mínimo seis meses – 2 pontos;
Participação em projetos de pesquisa que envolvessem o âmbito da emergência no Atendimento
Pré-hospitalar e ou Intra-hospitalar – 2 pontos; Autoria em pelo menos dois trabalhos, nos últimos
três anos, publicados em periódicos em temáticas que envolvam a emergência em Atendimento
Pré-hospitalar e/ou Intra-hospitalar – 1 ponto; Tese ou dissertação na área de emergência em
Atendimento Pré-hospitalar e/ou Intra-hospitalar – 1 ponto; e Experiência como docente ou
pesquisador em instituição de ensino superior na área de Atendimento Pré-hospitalar e/ou Intra-
hospitalar – 1 ponto.
Para os juízes-especialistas bombeiros militares, o convite ocorreu através de ofício junto
à Comissão Nacional de Salvamento Veicular (CONASV), vinculada a Liga Nacional de
Bombeiros - LIGABOM. As informações e orientações foram realizadas de forma individual. Os
juízes-especialistas incluídos na pesquisa não tiveram contato entre si. Os critérios de inclusão
para seleção dos juízes-especialistas da área de atuação militar (bombeiros) (FEHRING, 1994)
adaptados para o estudo foram: Ter graduação – 2 pontos; Experiência na área de emergência em
95
técnica Delphi II. O formulário com conteúdo a ser validado permaneceu disponível para
respostas do dia 19 de maio de 2021 até o dia 18 de agosto de 2021. O prazo estendido levou em
consideração o período de pandemia.
Os dados recebidos após a avaliação dos juízes-especialistas foram revisados por pares
de forma independente e através de análise descritiva e inferencial foram transcritos e
apresentados na forma de artigo científico.
A validação do conteúdo (VC) do fluxograma para extração de vítimas de colisão
automobilística ocorreu na fase analítica (3ª fase). A VC utiliza instrumentos de medida
constituídas por ferramentas que medem indicadores com a atribuição de valores numéricos a
conceitos abstratos, que podem ser observáveis e mensuráveis, e contribuem para aprimorar a
práxis em saúde (COLUCI; ALEXANDRE; MILANI, 2015).
A confiabilidade do conteúdo foi mensurada através da consistência interna, determinada
pelo coeficiente alfa (α) de Cronbach e através da estimativa do índice de validação de conteúdo
(IVC). Para o α de Cronbach, de acordo com Freitas e Rodrigues (2005), o instrumento de
pesquisa é considerado satisfatório quando se obtém como resultado um α ≥ 0,70.
Para o presente trabalho, a hipótese (h) para a validação do conteúdo relacionou-se à
concordância entre os juízes-especialistas. A hipótese nula (h0) previa o consenso entre os juízes
especialistas quando a média do índice de validação de conteúdo (IVC) ≤ 0,78. A hipótese
alternativa, por sua vez, afirmava que haveria consenso entre juízes-especialistas quando a média
do IVC > 0,78.
De acordo com Zumbo et al. (2007) a confiabilidade é uma importante fonte de evidência
ao estabelecer a validade das inferências feitas com base em pontuações de testes e medidas.
Uma das principais medidas utilizadas para avaliar a consistência interna de questionários é o
coeficiente α de Cronbach, proposto por Cronbach (1951). O cálculo deste coeficiente é, em
geral, baseado na matriz de correlação de Pearson.
Entretanto, uma suposição importante para o uso da correlação de Pearson é que os dados
sejam contínuos. Em situações, em que, está suposição é violada a matriz de correlação pode ser
adequada. Devido a isto, e como neste trabalho as repostas dos avaliadores são valores ordinais,
e consideramos a avaliação da consistência interna do questionário através do cálculo do
coeficiente α ordinal, proposto por Zumbo et al. (2007).
De acordo com Gadermann et al. (2012), do ponto de vista conceitual, o α ordinal é
equivalente ao α de Cronbach; a principal diferença entre estes dois métodos é que o α ordinal é
calculado com base na matriz de correlação polychoric, que é adequada para problemas com
respostas de valores ordinais; como é o caso dos dados deste trabalho.
97
Para calcular o valor do α ordinal para cada um dos 11 itens avaliados pelos 17 juízes,
utilizou-se o software R (R Core Team, 2019) e o pacote userfriendlyscience (Peters, 2018). Para
calcular a matriz de correlação polychoric utilizou-se o comando polychoric(dados) e para
calcular o valor α ordinal, o comando alpha(dados), onde dados representa a matriz de dados.
Além disso, devido ao tamanho da amostra (11 itens e 17 juízes), considerou-se a técnica
de reamostragem bootstrap não-paramétrica (Efron, 1979), com o objetivo de obter os intervalos
percentílicos para o valor α de cada item e consequentemente aumentar a confiabilidade dos
resultados. De acordo com Martinez et al. (2007) está técnica “objetiva a obtenção de intervalos
de confiança para as estimativas dos parâmetros de interesse, por reamostragem do conjunto de
dados original”. Para implementar a técnica bootstrap utilizou-se o comando sample do software
R.
Foi realizado L = 1.000 reamostragens (com reposição) do conjunto de dados original,
em que, para cada reamostragem calculamos o valor α. Consideramos como estimativa pontual
para o valor α ordinal a média dos L valores α calculados. E um intervalo de 95% de confiança
(empírico) para α ´e dado pelos quantís 2.5% e 97.5% dos L valores α calculados. Estes quantís
foram obtidos utilizando o comando quantile do software R.
RESULTADOS
O GF registrou 25 intenções de participação, no entanto participaram dessa fase 18
profissionais bombeiros. Os sete profissionais que não participaram, justificaram a ausência
devido à escala de serviço no dia da realização dos grupos focais.
Em relação aos dados de caracterização dos participantes, três (16,7%) eram oficiais
bombeiros militares (um oficial superior - Major Bombeiro Militar; e dois oficiais subalternos -
Capitão e 2º Tenente Bombeiro Militar) e os outros participantes são do círculo das praças
inscritos: quatro (22,2%) 2º Sargentos, dois (11,1%) 3º Sargentos, sete cabos (38,9%) e dois
soldados (11,1%). Sobre a unidade de lotação, 20 (76,9%) informaram estar lotados no Comando
Metropolitano de Bombeiros, quatro (15,4%) na Academia de Bombeiros Militar (ABM) e dois
(7,7%) lotados na Ajudância Geral do Quartel do Comando Geral.
Os dados do questionário foram tabulados e encontram-se apresentados na Tabela 3. A
média de idade foi 35,5 anos. A maioria dos participantes (77,8%) era do sexo masculino, 66,6%
cursaram nível superior, com tempo de formação acadêmica em média de 6,8 anos. Dos
participantes com nível superior, 33,3% especializaram-se em nível de pós-graduação. A média
de tempo no serviço atual de bombeiro militar era de 120,05 meses de atuação profissional, com
66,7% dos participantes realizaram pelo menos um curso operacional na área bombeiro militar.
98
e das fases a serem executadas durante as ações de salvamento veicular, a aplicação das técnicas,
a integração entre as equipes e após integração com outras instituições.
Em associação à ATC, realizou-se a análise de similitude (AS) com a utilização do
software IraMuteq® , apresentada na figura 6.
Figura 6: Análise de similitude textual do grupo focal. Campo Grande, MS, 2021.
100% das respostas como 2 ou 3. Para a afirmação de pertinência teórica, somente 1 juiz
respondeu não concordar com a afirmação para o item 11; para os outros 10 itens, 100% das
respostas foram 2 ou 3.
As duas últimas colunas da Tabela 6 mostram as estimativas pontuais e os intervalos de
confiança (95%) para os valores α de cada um dos itens. Para calcular as estimativas do valor α
e os intervalos de 95% de confiança utilizamos o método boostrap. De acordo com a escala
apresentada na Tabela 6, os itens 7 e 8 apresentam confiabilidade moderada, e todos os outros 9
itens apresentam confiabilidade alta. Na média, o valor do α ordinal é de 0.7640, indicando uma
confiabilidade alta.
Para finalizar, os juízes fizeram uma avaliação geral do questionário. A Tabela 7 mostra
a distribuição de frequências com relação a cada uma das três afirmações. Note que, nenhum dos
juízes discordou das três afirmações feitas sobre a apresentação geral do questionário. Utilizando
o método bootstrap também calculamos a estimativa do valor α associado a esta avaliação. A
estimativa obtida foi 0.7896 com intervalo de 95% de confiança (0.6468, 0.9298). Ou seja, temos
uma confiabilidade alta do questionário.
Tabela 8 – Fases do Salvamento e Resgate Veicular com base em ações específicas para cada equipe.
Campo Grande, MS. 2020
SALVAMENTO RESGATE
1 Acionamento e Deslocamento Acionamento e Deslocamento
2 Avaliação 360º e Gerenciamento de riscos Avaliação 360º e Localização de vítimas
3 Estabilização Veicular Primária Abordagem médica remota
4 Obtenção de Acessos Acesso à vítima
5 Estabilização Veicular Secundária Assistência direta - Exame Primário
6 Reunião e Planos de ação Reunião e Planos de Ação
7 Desencarceramento-Criação de espaços Assistência direta - Exame Secundário
8 Extração Extração
9 Transporte Transporte
10 Encerramento Transferência de cuidados
Fonte: O autor
DISCUSSÃO
O objetivo deste estudo foi validar o conteúdo de um fluxograma para extração de vítimas
de colisão automobilística por meio da técnica Delphi (LINSTONE E TUROFF, 2002). A
validação do conteúdo ocorreu em 3 fases: RE (JBI, 2020), GF (RESSEL et al., 2008) e VC
(KEENEY, HASSON, MCKENNA, 2011). Não foram encontrados estudos de validação com as
mesmas características do tema deste estudo. A relevância deste trabalho justifica-se pela
limitação de literaturas científicas nacionais disponíveis para consulta.
110
presentes nas ações de SV e RV. Para tanto, este trabalho organizou as dimensões em fases que
são executadas sob a gestão do comandante, com atuação no cenário, no veículo e com foco
principal na vítima.
Dentro destas dimensões, cada ação individual repercute de forma coletiva, na gestão da
ocorrência, durante o atendimento às vítimas de acidentes automobilísticos. As ações de SV e
RV realizadas por bombeiros têm por objetivo preparar o cenário para o trabalho em equipe e
garantir a segurança de todos, enquanto a equipe de Resgate atua de forma direta na assistência
da vítima, com o objetivo de extraí-la com segurança (MACKENZIE, 2000).
Durante o acionamento e deslocamento de viaturas para o atendimento de AT, o
comandante coleta o maior número de informações possíveis: tipo de acidente, local do acidente,
referência, quantidade de veículos envolvidos e situação de vítimas. Neste trajeto, recursos
adicionais podem ser solicitados (WILMINK, 1996; SWEET, 2012; NUTBEAM, 2014).
Adota-se como parâmetro para início dos atendimentos o posicionamento da viatura antes
do acidente. Conhecida como barreira de sacrifício, a intenção é identificar e isolar a área de
trabalho. Adota-se como medida a avaliação em 360º (graus), na qual o comandante e
técnicos/logística procuram em torno do veículo riscos que podem prejudicar o atendimento
(SWEET, 2012; DUNBAR, 2015; CBMSC, 2017; CBMERJ, 2019).
A equipe de saúde busca localizar a vítima, no interior, sobre ou sob o veículo. Ao
localizar a vítima, realiza a Abordagem Médica Remota (AMR), na qual se inicia o exame da
vítima de forma a não encostar no veículo (CARMO NETO, 2017). Com a cena segura, riscos
eliminados, faz-se necessário a Estabilização Veicular Primária (EVP) por parte da equipe de
técnicos (bombeiros) (CBMSC, 2017; CBMERJ, 2019). Esta ação visa anular os movimentos
das forças que agem sobre o veículo de forma a direcioná-lo em um plano horizontal, vertical e
inclinado.
Os acessos são definidos como locais que facilitam a entrada da equipe de saúde para o
interior do veículo (portas e vidros) (CBMSC, 2017; CBMDF, 2017; CBMERJ, 2019). Devido
a cinemática do acidente, em geral protege-se as quinas vivas afim de evitar acidentes cortantes.
Com a cena segura, cenário estabilizado, acesso criado, o comandante autoriza o acesso da equipe
de saúde para o interior do veículo. A equipe de saúde elimina riscos internos (air bags, cilindro
pré-tensionador do cinto de segurança) (CBMDF, 2017; CBMERJ, 2019) e logo que seguro,
protege a vítima e inicia o atendimento do Exame Primário (SWEET, 2012; DUNBAR, 2015;
NAEMT, 2016).
Enquanto a vítima é avaliada pela equipe de saúde, os técnicos, sob a gestão do
comandante, realizam a Estabilização Veicular Secundária (EVS). Ao término da EVS, a equipe
112
de saúde já possui informações preliminares que auxiliarão na elaboração dos planos de ação.
Esta reunião tem por objetivo identificar as condições clínicas da vítima, lesões e estado
hemodinâmico (CBMSC, 2017; CBMDF, 2017; CBMERJ, 2019).
Após a reunião, comandante supervisiona os planos executados pelos técnicos/logística
(CBMERJ, 2019), enquanto no interior do veículo a vítima recebe assistência do Exame
Secundário (ES) (NAEMT, 2016). Nesta abordagem são tratados as lesões e ferimentos. A vítima
segue monitorada e a qualquer momento pode ser extraída, caso suas condições clínicas e
hemodinâmicas se deteriorem.
Com a conclusão dos planos de desencarceramento e criação de espaço (CBMSC, 2017;
CBMDF, 2017; CBMERJ, 2019), a fase de extração é iniciada (CALLAND, 2005; DUBAR,
2015; DIXON, 2015). Equipe de saúde coordena esta ação, e utiliza como forma de simplificar
a transmissão das informações ao utilizar o mnemônico QEEP, ao informar a todos o Quadro
clínico do paciente, o nível de Encarceramento, qual a via de extração e tipo de técnica, e o se
Plano de extração encontra-se conforme o estado clínico da vítima (CBMDF, 2019). A extração
ocorre, a vítima é transportada para um centro de referência em trauma, enquanto a equipe de
desencarceramento permanece no local.
O transporte da vítima é realizado após autorização de deslocamento da Central de
Regulação (CR) por viaturas Classe B, C, D ou E para um centro referenciado (BRASIL, 2002).
No centro de referência em trauma os cuidados da vítima são transferidos para equipe intra-
hospitalar. De acordo com NPSA (2004), a transferência de cuidados visa a troca de informações
específicas do paciente, com a responsabilidade e responsabilização (responsabiity e
accountability) da continuidade dos cuidados por parte da equipe intra-hospitalar.
Segundo Ottoni (2020) os mnemônicos têm o intuito de auxiliar os paramédicos durante
a transferência de cuidados, as informações do paciente são repassadas de maneira sistematizada
(D’AMOURS, 2002), pois o mnemônico MIST (mechanism, injury, signal, treatment) permite
que a equipe de APH informe o mecanismo da lesão, as lesões evidentes, os sinais e sintomas e
o tratamento realizado (FITZPATRICK, 2018). A transferência de cuidados estruturada assegura
que as informações sejam repassadas de forma efetiva apenas uma vez para que toda a equipe
receptora tenha uma visão clara do paciente e da história do agravo (IEDEMA, 2010)
O conhecimento produzido neste estudo evidencia a necessidade de integração das
equipes que atuam no processo de atendimento da vítima. O conhecimento da sequência de
atendimento e o treinamento integrado entre equipes de bombeiros e de saúde recomendam uma
meta rigorosa de menos de 30 minutos para a liberação da vítima (WILMINK, 1996). Esta
previsão do tempo médio de atendimento para as vítimas com intervenções da equipe de saúde
113
que realizam o APH. Para o desenvolvimento de tal abordagem, faz-se necessário que os
profissionais da saúde do APH compreendam a linguagem utilizada pelos profissionais do
resgate e salvamento e o procedimento por eles executado (WILMINK et al., 1996).
Assim, a ausência de uma linguagem única e de ferramentas (guidelines e fluxogramas)
que sistematizem o atendimento de vítimas encarceradas de maneira integrada, dificultam o
trabalho em equipe. Observa-se, também, que a ausência de treinamento conjunto entre as
equipes de resgate e salvamento dos corpos de bombeiros com as equipes de saúde dificultam o
processo de integração (NUTBEAN, 2014).
Nesse sentido, ao utilizar as referências de atendimento às vítimas de AT com a execução
de ações sistematizadas e sequenciais, as equipes de saúde e serviços de resgate proporcionarão
atendimento integrado com foco na vítima. Esta integração permite a melhoria no atendimento,
ao aplicar o tratamento adequado, a fim de melhorar o prognóstico das vítimas de colisão
automobilística (COATS; DAVIES, 2002). Neste sentido, a VC por juízes-especialistas da área
da saúde e bombeiros militares convergem para o entendimento das ações executadas por ambas
as instituições. E, ao consultar um documento com participação mútua, verificar-se-á que a
lacuna da integração se estreitará.
Frente a esta discussão, compreende-se que ao lidar com um problema de saúde pública
de ordem mundial, passos iniciais em direção a melhoria do atendimento às vítimas de AT são
trilhados. Inclui-se neste aspecto a necessidade de discussões em meio acadêmico durante a
formação de profissionais da área da saúde com direcionamento para lidar na assistência com o
SV e RV. Acredita-se que o impacto desta ação a médio e longo prazo seja evidenciado com a
melhoria dos serviços de saúde da atenção primária (APH móvel e APH fixo), diminuição da
mortalidade e custos sociais.
CONCLUSÃO
A validação do conteúdo de um fluxograma para extração de vítimas de colisão
automobilística ocorreu na primeira rodada Delphi. Através do método Delphi, os estudos
metodológicos permitem a união da subjetividade da avaliação dos juízes-especialistas com a
objetividade qualitativa aplicada pelos testes. O conteúdo deste instrumento encontra-se
validado, e o mesmo pode ser utilizado por profissionais da área da saúde e bombeiros que
realizam o resgate veicular.
O produto da validação do conteúdo está apresentado no formato de fluxograma
(APÊNDICE A* e B*). As ações de resgate veicular devem ser consideradas com atuação
multidisciplinar e interinstitucional. Para tanto, salienta-se que o atendimento de forma ideal é
115
APÊNDICE A*
117
APÊNDICE B*
118
119
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ANEXO A
Ofício n. 293/DEIPE/GAB/CBMMS/2020
Assinado digitalmente por JOILSON ALVES DO AMARAL:58313320125 - Hora do servidor: 20/03/2020 16:15:04
exclusivamente do ensino, instrução, pesquisa e educação. Fica claro e evidente que a
pesquisa sempre causa muito interesse para fundamentação das nossas práticas e a técnica
do Ângulo Zero, adotada por muitos Corpos de Bombeiro Militar no Brasil, aqui em nosso
Estado ainda carece de um posicionamento científico para ser regulamentado.
Atenciosamente,
ANEXO B
136
137
138
139
140
APÊNDICE A
INSTRUMENTO PARA EXTRAÇÃO DOS DADOS DOS ESTUDOS
1 – Identificação da publicação
Título do artigo
Autores
Origem/ País de Origem
Idioma
Ano de publicação
2 – Revista científica
Publicação de enfermagem geral
Publicação de educação em enfermagem
Publicação de especialidade em enfermagem
Publicação de outras áreas da saúde
3 – Aspectos Metodológicos
Método empregado
Abordagem
Objetivo ou questão de investigação
População e tamanho da amostra
4- Limitações e conclusões
5- Resultados
6 – Nível de evidência
NÍVEIS DE EVIDÊNCIA
Nível I - Evidência obtida a partir de revisão sistemática de ensaios clínicos controlados
randomizados;
Nível II - Evidência obtida a partir de ensaio clínico controlado randomizado;
Nível III.1 - Evidência obtida de ensaios clínicos controlados bem delineados, sem
randomização;
Nível III.2 - Evidência obtida de estudos de coorte bem delineados ou caso-controle;
Nível III.3 - Evidência obtida a partir de séries temporais múltiplas, com ou sem intervenção e
resultados dramáticos em experimentos não controlados;
Nível IV - Pareceres de autoridades respeitadas, baseados em critérios clínicos e experiência,
estudos descritivos ou relatórios de comitês de especialistas.
I
II
III.1
III.2
III.3
IV
7 – GRAUS DE RECOMENDAÇÃO
Recomendação forte: 1 – é evidente que os efeitos desejáveis compensam os efeitos indesejáveis;
2 – quando houver provas de qualidade que subsidiem a utilização do objeto de estudo; 3 –
Grau A existem benefícios ou nenhum impacto no uso dos recursos; e, 4 – os valores, preferências do
paciente foram levados em consideração.
Recomendação fraca: 1 – efeitos desejáveis parece superar os indesejáveis, embora não seja
explicitado de forma clara; 2 – apresenta evidências que indicam a utilização do(s) recurso(s),
Grau B embora possa ser de baixa qualidade; 3 – há um benefício sem impacto ou com um impacto
mínimo em detrimento da utilização do(s) recurso(s); e , 4 – os valores, preferências e
experiências dos pacientes podem ou não ter sido considerado.
141
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
CONVITE –profissionais militares – grupo focal
Meu nome é Hamilton Marciano dos Santos Júnior e, junto com a pesquisadora Bianca Cristina
Ciccone Giacon Arruda, vimos convidá-lo(a) a participar da pesquisa intitulada “Construção e validação
de um fluxograma para a extração de vítimas de colisão automobilística pela técnica do ângulo zero”
que tem como objetivo desenvolver e validar o conteúdo de um fluxograma para a extração de vítimas de
colisão automobilística pela técnica de Ângulo Zero. Para isso, é necessário conhecer a perspectiva dos
profissionais bombeiros militares sobre a prática de extração de vítimas de colisão automobilística, os
elementos importantes nessa prática e os fatores que interferem em uma prática integrada com ambas as
equipes, de saúde e bombeiros militares.
Por isso, se você se interessar em participar deste estudo, sua participação consistirá em participar
dois encontros. O primeiro será realizado uma única entrevista em grupo (grupo focal) com você e com
outros profissionais da sua área e instituição (cada grupo pode conter de 7 a 15 profissionais). Vocês serão
convidados a discorrer sobre quais os elementos que devem compor o fluxograma para abordagem
sistematizada de vítima de colisão automobilística na fase de extricação, e quais os fatores que interferem
na atuação integrada das equipes de bombeiros e de saúde no atendimento de vítimas de colisão
automobilística na fase de extricação. Esse primeiro encontro deverá durar mais ou menos uma hora e
meia, será realizado em local privativo, na sede de sua instituição de trabalho, previamente agendado com
você, com o grupo de profissionais participante e com a coordenação da instituição no qual você trabalha
(para que não haja prejuízo no processo de trabalho desenvolvido), e será gravado em mídia de áudio com
a sua autorização. Nesse primeiro encontro também será convidado a responder um questionário sócio
demográfico que terão dados relativos à sua idade, sexo, formação e tempo de formação e atuação
profissional.
O segundo encontro será um fórum de discussão, que será realizado apenas uma vez, ao final dos
grupos focais, com todos os participantes que participaram dos grupos focais juntos, para validação dos
dados coletados e analisados a partir dos grupos focais. Esse segundo encontro deverá durar mais ou
menos uma hora e meia, e será realizado em uma das sedes do CBMMS, em data e horário previamente
agendados com os participantes. Será gravado (gravador digital) em mídia de áudio digital com o
consentimento de todos os participantes.
Gostaríamos de dizer que você é livre para decidir em participar ou não do estudo, que você pode
também decidir parar de participar, basta informar ao pesquisador. A decisão de não participar da pesquisa
ou de interromper sua participação dela não afeta o seu processo de trabalho. E, também, que você não
precisa responder nenhuma pergunta que não queira. Você será orientado (a) quando apresentar dúvidas
relacionadas à assuntos que possam emergir no decorrer dos grupos focais e fórum e que os pesquisadores
possam colaborar, ou outro assunto relacionado ao estudo. Você não terá gastos e não receberá dinheiro
para participar da pesquisa. Você tem o direito de ser ressarcido se tiver alguma despesa para participar
da pesquisa e de ser indenizado, se houver dano causado pela pesquisa.
Acreditamos que o único risco que você possa ter é o de se sentir desconfortável em responder
alguma questão ou à alguma situação durante a realização dos grupos focais ou do fórum. Caso isso
ocorra, você poderá não responder a mesma ou deixar de participar do grupo e/ou do fórum, e da pesquisa
no momento que quiser. Caso ocorra algum outro desconforto ou necessidade identificada, a pesquisadora
irá te acolher e fará os encaminhamentos a serviços de saúde públicos responsáveis pela assistência de
acordo com a necessidade identificada.
O benefício pode ser a chance de discutir assuntos de sua prática e da sua equipe de trabalho. E,
com isso, contribuir com a produção de conhecimento sobre abordagem sistematizada de vítima de colisão
automobilística na fase de extricação, possibilitando reflexões para o desenvolvimento de uma ferramenta
que ajudará em uma melhor prática assistencial para vítimas de acidentes automobilísticos.
O grupo focal e fórum poderão ser gravados (com a autorização de todos participantes). Somente
os pesquisadores envolvidos no estudo irão ter acesso aos dados transcritos. Todas as identificações
(nomes e locais) sobre você, sobre sua equipe de trabalho, ou qualquer outra pessoa mencionada serão
retiradas e substituídas por códigos que apenas os pesquisadores terão acesso. Outras pessoas não
envolvidas no estudo não terão acesso as informações dadas. Se você quiser, você poderá ler as
142
transcrições, basta solicitar. Toda informação que você der será mantida em segredo. Os dados da pesquisa
serão armazenados em local seguro pelos pesquisadores responsáveis, que apenas eles terão acesso, por
um prazo de cinco anos, e após serão eliminados.
Nós, pesquisadores comprometemo-nos em apresentar para você e sua equipe os resultados da
pesquisa. Os resultados também poderão ser publicados em revistas científicas, apresentados em eventos
científicos ou para os serviços participantes, com segurança de que serão preservadas a identidade e
privacidade do entrevistado e demais pessoas envolvidas.
Este termo de consentimento livre esclarecido será feito em duas vias, de igual teor, assinada pelos
pesquisadores do estudo e pelo participante. Uma via ficará em domínio dos pesquisadores e outra do
participante.
Caso você tenha alguma dúvida sobre seus direitos e questões éticas de sua participação nessa
pesquisa você pode entrar em contato, independente, com o Comitê de Ética com Seres Humanos da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, por meio do número de telefone (67) 3345-7187, no
endereço Cidade Universitária, Av. Costa e Silva, s/nº | Bairro Universitário, Caixa Postal 549, CEP
79070-900, Campo Grande - MS, ou pelo e-mail cepconep.propp@ufms.br.
E em caso de dúvida sobre essa pesquisa e sua participação nela, você pode entrar em contato com
o pesquisador Hamilton Marciano dos Santos Júnior ou pesquisadora Bianca Cristina Ciccone Giacon
Arruda, no Instituto Integrado de Saúde, na Unidade 12, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no
endereço Cidade Universitária, Av. Costa e Silva, s/nº, Bairro Universitário, Campo Grande. Ou pelos
telefones (67) 99131-8430 ou (67) 99855-1424.
APÊNDICE C
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS DO GRUPO FOCAL
Qual o seu tempo de formação (em anos – se for menor que um ano, em meses)?: _____________
Para participantes bombeiro militar, possui curso militares na área de urgência e emergência? Se sim,
quais?___________________________________________________________________________
APÊNDICE D
145
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151
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155
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157
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163
164
165
166
167
168
169
170
171
172
173
174
175
176
177
178
179
180
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183
184
185
186
187
188
189
190
191
192
193
194
195
196
197
198
199
200
201
202
APÊNDICE E
203
204
205
206
207
208
209
210
211
212
213
214
215
216
217
218
219
220
221
222
223
224
225
226
227
228
229
APÊNDICE F
APÊNDICE G
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO JUÍZES-ESPECIALISTAS
Código do participante: _______________________________________
CRITÉRIOS PONTOS
Você tem graduação? (2) Sim (0) Não
Você tem experiência na área de emergência de atendimento pré- (2) Sim (0) Não
hospitalar por mais de seis meses?
Você tem especialização em salvamento veicular? (1) Sim (0) Não
Você tem experiência em Seletivas/Desafios de Salvamento Veicular (1) Sim (0) Não
e Trauma (estaduais ou nacionais ou internacionais)?
Você tem experiência como docente em curso de salvamento (1) Sim (0) Não
veicular?
RESULTADO: ( ) INCLUÍDO ( ) EXCLUÍDO
231
APÊNDICE H
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
CONVITE
Meu nome é Hamilton Marciano dos Santos Júnior e, junto com a pesquisadora Bianca Cristina
Ciccone Giacon Arruda, vimos convidá-lo(a) a participar da pesquisa intitulada “Construção e validação
de um fluxograma para a extração de vítimas de colisão automobilística pela técnica do ângulo zero”
que tem como objetivo desenvolver e validar o conteúdo de um fluxograma para a extração de vítimas de
colisão automobilística pela técnica de Ângulo Zero.
Para validar o conteúdo teórico do fluxograma proposto, é necessário a análise e avaliação de
profissionais especialistas da área como você. Usaremos o método de validação de conteúdo por meio da
técnica Delphi que utiliza como fonte de informação um grupo de pessoas especialistas sobre um tema.
Ela permite que especialistas expressem suas opiniões e conhecimentos de forma anônima sobre um
problema estudado. Para isso, a técnica Delphi preconiza a aplicação de questionários sucessivos a um
grupo de especialistas ao longo de várias rodadas e busca o consenso entre opiniões. O método é
desenvolvido em três premissas básicas: anonimato, representação estatística e feedback da resposta do
grupo. Ela é realizada em fases denominadas Delphi I e Delphi II. Pode haver mais fases, até que haja um
grau de concordância dos especialistas sobre o conteúdo explorado.
Dessa maneira, se você se interessar em participar deste estudo, sua participação consistirá em
responder um questionário, que irá uma primeira parte de caracterização do participante com questões
como idade, sexo, local em que reside, tempo de atuação e formação acadêmica, e a segunda, um
formulário de avaliação da validade de conteúdo com o conteúdo teórico proposto para a construção do
fluxograma para a extração de vítimas de colisão automobilística pela técnica do ângulo zero. Esse
questionário será disponibilizado a você em formato de formulário eletrônico, via link de plataforma
google forms, por email. Esta fase consistirá no Delphi I. Você terá um tempo de até 30 dias, a partir da
data de envio, para responder o formulário.
Após análise dos dados de todos os formulários enviados pelos participantes, os pesquisadores irão
confirmar, rever ou adaptar o conteúdo teórico proposto para a construção do fluxograma, conforme
recomendação dos participantes. Após isso, será novamente enviado para você o formulário de avaliação
da Validade de Conteúdo, com o conteúdo teórico proposto para a construção do fluxograma para a
extração de vítimas de colisão automobilística pela técnica do ângulo zero e sem a parte da caracterização
dos participantes, via email, por meio de formulário eletrônico, por link de plataforma google forms. Esta
fase consistirá no Delphi II e você terá, novamente, o tempo de 30 dias, contados a partir da data de envio,
para resposta do formulário.
Após a finalização da fase Delphi II, o processo de coleta de dados será finalizado caso haja o
consenso entre os participantes sobre os itens de um instrumento e seus aspectos. Caso não haja a consenso
em algum item do fluxograma, será realizado novamente a etapa (descrita acima), iniciando a terceira
rodada do Delphi. Serão realizadas tantas rodadas quanto necessárias para que a concordância do conteúdo
teórico do fluxograma, pelos participantes, seja adequada de acordo com o método proposto nesse estudo.
Ressalta-se que o tempo para resposta do formulário, em cada rodada, é de aproximadamente 90 minutos.
Acreditamos que o único risco que você possa ter é o de se sentir desconfortável ou cansado em
responder alguma questão. Caso isso ocorra, você poderá deixar de participar pesquisa no momento que
quiser. Ou, se programar para responder o questionário, visto que o mesmo tem um tempo aproximado de
resposta de 90 minutos. Caso ocorra algum outro desconforto ou necessidade você poderá contatar os
pesquisadores responsáveis, os quais estarão disponíveis para sanar qualquer dúvida e receber qualquer
sugestão ou necessidade que venha surgir de sua participação.
O benefício pode ser a chance de discutir assuntos de sua prática e estudo. E, com isso, contribuir
com a produção de conhecimento sobre abordagem sistematizada de vítima de colisão automobilística na
fase de extricação, possibilitando reflexões para o desenvolvimento de uma ferramenta que ajudará em
uma melhor prática assistencial para vítimas de acidentes automobilísticos.
Reforçamos que os questionários eletrônicos não terão identificação de qualquer participante.
Somente os pesquisadores envolvidos no estudo irão ter acesso aos dados dos questionários. Outras
pessoas não envolvidas no estudo não terão acesso as informações dadas. Se você quiser, você poderá ter
acesso às informações, basta solicitar. Toda informação que você der será mantida em segredo. Os dados
232
da pesquisa serão armazenados em local seguro pelos pesquisadores responsáveis, que apenas eles terão
acesso, por um prazo de cinco anos, e após serão eliminados.
Nós, pesquisadores, comprometemo-nos em apresentar para você os resultados da pesquisa. Os
resultados também poderão ser publicados em revistas científicas, apresentados em eventos científicos ou
para os serviços participantes, com segurança de que serão preservadas a identidade e privacidade dos
participantes.
Este termo de consentimento livre esclarecido será feito em duas vias, de igual teor, assinada pelos
pesquisadores do estudo e pelo participante. Uma via ficará em domínio dos pesquisadores e outra do
participante.
Caso você tenha alguma dúvida sobre seus direitos e questões éticas de sua participação nessa
pesquisa você pode entrar em contato, independente, com o Comitê de Ética com Seres Humanos da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, por meio do número de telefone (67) 3345-7187, no
endereço Cidade Universitária, Av. Costa e Silva, s/nº, Bairro Universitário, Caixa Postal 549, CEP
79070-900, Campo Grande - MS, ou pelo e-mail cepconep.propp@ufms.br.
E em caso de dúvida sobre essa pesquisa e sua participação nela, você pode entrar em contato com
o pesquisador Hamilton Marciano dos Santos Júnior ou pesquisadora Bianca Cristina Ciccone Giacon
Arruda, no Instituto Integrado de Saúde, na Unidade 12, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no
endereço Cidade Universitária, Av. Costa e Silva, s/nº, Bairro Universitário, Campo Grande. Ou pelos
telefones (67) 99131-8430 ou (67) 99855-1424.
APÊNDICE I