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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

INSTITUTO INTEGRADO DE SAÚDE


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ENFERMAGEM

HAMILTON MARCIANO DOS SANTOS JÚNIOR

CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DE UM FLUXOGRAMA PARA


EXTRAÇÃO DE VÍTIMAS DE COLISÃO AUTOMOBILÍSTICA

CAMPO GRANDE, MS
2021
2

HAMILTON MARCIANO DOS SANTOS JÚNIOR

CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DE UM FLUXOGRAMA PARA


EXTRAÇÃO DE VÍTIMAS DE COLISÃO AUTOMOBILÍSTICA

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
para obtenção do título de Mestre em
Enfermagem.

Área de concentração: Enfermagem

Linha de pesquisa: O Cuidado em Saúde e


Enfermagem

Orientadora: Prof.ª. Dra. Bianca Cristina


Ciccone Giacon Arruda

Grupo de pesquisa CNPq: Núcleo de Estudo


e Pesquisa em Psiquiatria, Saúde Mental e
Condições Crônicas - NEPPSCC

CAMPO GRANDE, MS
2021
3

HAMILTON MARCIANO DOS SANTOS JÚNIOR

CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DE UM FLUXOGRAMA PARA


EXTRAÇÃO DE VÍTIMAS DE COLISÃO AUTOMOBILÍSTICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade


Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito à obtenção ao título de Mestre em Enfermagem.

Área de concentração: Enfermagem

Campo Grande, MS 25 de fevereiro de 2021.

Resultado: _____________________________

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________
Prof.ª. Dra. Bianca Cristina Ciccone Giacon Arruda
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Presidente

______________________________________________________________________
Prof. Dr. Marcos Antonio Ferreira Júnior
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Membro Interno

_____________________________________________________________________
Prof.ª. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Membro Externo

______________________________________________________________________
Prof.ª Dra. Maria Célia Barcellos Dalri
Universidade de São Paulo – EERP – Membro Externo
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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, por ter conduzido cada detalhe deste projeto. Em todas as
circunstâncias Sua presença foi o bálsamo que procurei.
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AGRADECIMENTO ESPECIAL

À minha esposa, Lisane de Castro Cruz dos Santos, o grande amor da minha vida, que
divide comigo todas as minhas vitórias e me faz prosseguir por onde eu queira ir.

Aos meus filhos, Gabriel de Castro Cruz dos Santos e Felipe de Castro Cruz dos Santos,
por serem as asas dos sonhos mais lindos que um pai pode ter.

Aos meus pais, por me incentivarem a persistir rumo aos meus objetivos pessoais.

À Profa. Dra. Bianca Cristina Ciccone Giacon de Arruda, orientadora desta dissertação,
pela paciência, altruísmo, dedicação, confiança, educação, respeito, competência e pelo tempo
que dispensou para facilitar meu entendimento e me auxiliar a construir o conhecimento.

Ao Prof. Dr. Marcos Antonio Ferreira Júnior, pelo profissionalismo e sucesso do


programa de Mestrado do Instituto Integrado de Saúde da Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul.

Às Professoras Dra. Viviane Euzébio dos Santos, Dra. Maria Célia Barcellos Dalri pelas
valiosas considerações no Exame de Qualificação.

À acadêmica Sarah Larrosa pela disposição integral durante as pesquisas.


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AGRADECIMENTOS

Ao Programa Pós-graduação em Enfermagem (PPGEnf) pela oportunidade,


cordialidade e excelência.

Ao Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS), local da


realização da pesquisa, pelo apoio e parceria.

À Comissão Nacional de Salvamento Veicular (CONASV), pelo profissionalismo e


auxílio durante a realização da pesquisa.

À Equipe de Salvamento Veicular do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso


do Sul (CBMMS) pela oportunidade em ombrear ao lado de profissionais dignos de
reconhecimento.

Aos Professores do Programa Pós-graduação em Enfermagem (PPGEnf) pelo


convívio durante o curso e pelas referências que se tornaram para mim.

Aos Instrutores de Salvamento Veicular de todas as Regiões do Brasil, pelo exemplo


de dedicação profissional demonstrado.

Aos Bombeiros Militares do Estado de Mato Grosso do Sul, pelo profissionalismo


diário durante o atendimento às ocorrências.

À Banca de Qualificação pelo tempo dispensado, considerações realizadas e por


acompanhar minha trajetória acadêmica.

À Banca de Defesa da Dissertação por contribuir de forma plena em minha evolução


profissional e pessoal.

À Secretaria do Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PPGEnf) pela


dedicação e educação evidenciadas em todos os momentos que seus serviços foram solicitados.
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EPÍGRAFE

“Bom mesmo é ir à luta com determinação


abraçar a vida e viver com paixão, perder com
classe e vencer com ousadia, porque o mundo
pertence a quem se atreve e a vida é muito para
ser insignificante”
Charles Chaplin
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Systematic Approach to vital emergency response...............................................26


Figura 2 Rotina de Atendimento Salvamento Veicular......................................................27
Figura 3 Ângulos de extração de vítimas............................................................................31
Figura 4 Hierarquização das evidências.............................................................................41
Figura 5 Fluxograma para seleção de publicações nas bases de dados..............................72
Figura 6 Análise de similitude..........................................................................................104
Figura 7 Valores do α ordinal por item.............................................................................107
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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Acidentes de trânsito ocorridos no período de 2011 a 2015..................................22


Tabela 2 Tomada de decisão para restrição do movimento da coluna.................................29
Tabela 3 Questionário sociodemográfico extraído do Grupo Focal....................................98
Tabela 4 Juízes-especialistas participantes da validação do conteúdo................................95
Tabela 5 Classificação da Confiabilidade a partir do coeficiente α de Cronbach..............107
Tabela 6 Classificação de Confiabilidade.........................................................................108
Tabela 7 Classificação de Confiabilidade com distribuição de frequência........................108
Tabela 8 Fases do Salvamento e Resgate Veicular com base em ações de cada equipe...109
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABR Auto Bomba Rápido


APH Atendimento Pré-hospitalar
AT Acidentes de trânsito
CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito
DETRAN Departamento Estadual de Trânsito
CBMMS Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul
CBMSC Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina
CBMDF Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro
CBPMESP Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo
CONASV Comissão Nacional de Salvamento Veicular
KED Kendrick Extrication Device
LAET Localizar, Acessar, Estabilizar e Transportar
LVM Lesão vertebro-medular
OMS Organização Mundial de Saúde
OPAS Organização Pan Americana de Saúde
PBE Prática Baseada em Evidências
PIB Produto Interno Bruto
PNAU Política Nacional de Atenção às Urgências
PPGENF Programa de Pós-graduação em Enfermagem
RUE Rede de Urgência e Emergência
SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SAVER Systematic Approach to vital emergency response
SAV Suporte Avançado de Vida
SBV Suporte Básico de Vida
TCLE Termo Circunstanciado Livre e Esclarecido
USB Unidade de Suporte Básico
USA Unidade de Suporte Avançado
WRO World Rescue Organization
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Sequência de ações a realizar durante o atendimento às ocorrências de
colisão automobilística com vítimas............................................................... 27
Quadro 2 Critérios de inclusão e exclusão para seleção dos participantes Bombeiros
Militares......................................................................................................... 43
Quadro 3 Seções do formulário encaminhado aos participantes do grupo focal............. 44
Quadro 4 Itens de avaliação do protocolo de acordo com o método adaptado ao
estudo............................................................................................................. 49
Quadro 5 Critérios de seleção dos juízes-especialistas da área da saúde...................... 51
Quadro 6 Critérios de seleção dos juízes-especialista da área de atuação militar............ 52
Quadro 7 Descrição de conceitos e definições dos itens com sugestões dos juízes-
especialistas................................................................................................... 54
Quadro 8 Formatos gráficos utilizados na construção do fluxograma............................ 64
Quadro 9 Descritores de assunto localizados no MeSH para os componentes da
pergunta de pesquisa segundo estratégia PCC................................................ 69
Quadro 10 Bases de dados, descritores e estratégias de busca.......................................... 69
Quadro 11 Caracterização das publicações recuperadas na busca nas bases de dados
eletrônicas e retro busca.................................................................................. 73
Quadro 12 Caracterização das publicações recuperadas por meio da busca na literatura
cinzenta.......................................................................................................... 75
Quadro 13 Seções e descrição do formulário com conteúdo a ser validado................................. 94
Quadro 14 Elementos que devem compor o fluxograma na perspectiva dos profissionais
bombeiros.................................................................................................................. 98
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SANTOS JÚNIOR, Hamilton Marciano dos. Construção e validação de conteúdo de um


fluxograma para extração de vítimas de colisão automobilística. Campo Grande, MS, 2021.
233. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS, 2021.

RESUMO

As colisões e acidentes automobilísticos são a terceira causa de morte precoce no


mundo. A assistência pré-hospitalar às vítimas desses acidentes é realizada pelas Equipes de
Salvamento e Resgate dos Corpos de Bombeiros e Equipes de Saúde. Ela deve ser realizada
por meio de uma abordagem sistematizada e integrada, e o emprego adequado de técnicas e
dispositivos. Nesse sentido, o uso de prancha longa para remoção dessas vítimas, pela técnica
de extração em ângulo zero (in line extrication), restringe o movimento da coluna e diminui
a possibilidade de agravamento do quadro traumático em vítimas com potencial lesão de
coluna vertebral. Assim, o desenvolvimento de uma ferramenta que possa ser utilizada pelas
diferentes equipes e instituições, que realizam atendimento pré-hospitalar aos acidentes de
trânsito com vítimas com potencial lesão de coluna vertebral, se torna importante. Desse
modo, o objetivo deste estudo foi validar o conteúdo de um fluxograma para a extração de
vítimas de colisão automobilística. Estudo metodológico descritivo, com abordagem mista,
desenvolvido em três fases. Na primeira fase, uma Revisão de Escopo foi realizada nas bases
eletrônicas de dados e na literatura cinzenta, no primeiro semestre de 2020, em diferentes
idiomas, que abordavam técnicas de extração de vítimas de colisão automobilística
encarceradas com potencial lesão de coluna vertebral. Na segunda fase, realizou-se um estudo
descritivo exploratório, do tipo qualitativo, por meio de dois grupos focais com 18 bombeiros
do município de Campo Grande – MS. E, por fim, na terceira fase, foi realizado a construção
e validação do conteúdo, realizada por meio de um questionário com escala de Likert, seguido
pelo modelo psicométrico de Pasquali adaptado para o estudo e a validação de conteúdo pela
técnica Delphi. Realizaram-se duas rodadas da técnica Delphi (I e II). Para a análise dos
dados utilizou-se s Índice de Validação de Confiança, o α de Cronbach e o α ordinal para a
validação da consistência interna. Como resultados, um total de 33 estudos foram incluídos
na Revisão de Escopo e, a partir de suas análises, foi possível identificar os tipos de extração
e dispositivos descritos na literatura. A revisão de escopo permitiu observar a necessidade de
implementar estratégias de uma prática baseada em evidência científica, e identificar lacunas
de conhecimento sobre o tema, principalmente relacionados a efetividade do uso de técnicas
de extração. A análise dos grupos focais indicou quais elementos devem compor a construção
do fluxograma para extração de vítimas de colisão automobilística. Além disso, indicou
fragilidade da prática baseada em evidências relacionada ao salvamento e resgate veicular. A
média do Índice de Validação de Confiança (0,91) resultou em um instrumento de alta
confiabilidade para novos instrumentos. As fases do Salvamento (Bombeiros Militares) e
Resgate (Bombeiros Militares e/ou Equipes de Saúde) ocorrem, ao mesmo tempo para as
duas equipes, de forma comum, sistematizada e sequencial sob a gestão do comandante do
incidente. A partir do conteúdo validado pelos juízes especialistas, seguiu-se para a
construção do fluxograma, produto desse estudo. Estudos futuros devem subsidiar a
validação com aplicação prática do fluxograma apresentado, bem como sua utilização pelos
profissionais que realizam o salvamento e resgate veicular no Brasil

Descritores: Acidentes de trânsito; Ferimentos e lesões; Transporte de pacientes; Serviços


médicos de emergência; Estudo de validação; Enfermagem.
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ABSTRACT

Car crashes and accidents are the third leading cause of early death in the world. Pre-
hospital care for victims of these accidents is carried out by the Rescue and Rescue Teams of the
Fire Departments and Health Teams. It must be carried out through a systematic and integrated
approach, and the proper use of techniques and devices. In this sense, the use of a long board to
remove these victims, using the zero angle extraction technique (in line extrication), restricts
spinal movement and reduces the possibility of aggravation of the traumatic condition in victims
with potential spinal injury. Thus, the development of a tool that can be used by different teams
and institutions, which provide pre-hospital care for traffic accidents with victims with potential
spinal injury, becomes important. Thus, the aim of this study was to build and validate the content
of a flowchart for the extraction of victims of automobile collisions. Descriptive methodological
study, with a mixed approach, developed in three phases. In the first phase, a Scope Review was
carried out in electronic databases and gray literature, in the first half of 2020, in different
languages, which addressed techniques for extracting victims of car crashes incarcerated with
potential spinal injury. In the second phase, an exploratory descriptive study of the qualitative
type was carried out through two focus groups with 18 firefighters from the city of Campo Grande
- MS. Finally, in the third phase, the construction and validation of the content was carried out,
carried out through a questionnaire with a Likert scale, followed by the psychometric model of
Pasquali adapted for the study and content validation using the Delphi technique. Two rounds of
the Delphi technique (I and II) were performed. For data analysis’s Confidence Validation Index,
Cronbach's α and ordinal’s α were used to validate internal consistency. As a result, a total of 33
studies were included in the Scope Review and, based on their analyses, it was possible to identify
the types of extraction and devices described in the literature. The scope review allowed us to
observe the need to implement strategies based on scientific evidence, and to identify knowledge
gaps on the subject, mainly related to the effectiveness of the use of extraction techniques. The
analysis of the focus groups indicated which elements should compose the construction of the
flowchart for the extraction of victims of automobile collisions. In addition, it indicated the
weakness of evidence-based practice related to vehicle rescue and rescue. The mean of the
Confidence Validation Index – (0.91) resulted in a highly reliable instrument for new
instruments. The Rescue (Military Firefighters) and Rescue (Military Firefighters and/or Health
Teams) phases occur at the same time for the two teams, in a common, systematic and sequential
manner under the management of the incident commander. Based on the content validated by the
expert judges, the flowchart, the product of this study, was constructed. Future studies should
support the validation with practical application of the presented flowchart, as well as its use by
professionals who carry out vehicle rescue and rescue in Brazil.

Keywords: Traffic accidents; Wounds and injuries; Transport of patients; emergency medical
services; Validation study; Nursing.
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APROXIMAÇÃO COM O TEMA

Meu nome é Hamilton Marciano dos Santos Júnior. Sou casado com Lisane de Castro
Cruz dos Santos há 16 anos e pai de dois filhos: Gabriel de Castro Cruz dos Santos (15 anos) e
Felipe de Castro Cruz dos Santos (12 anos). Sou bombeiro militar há 16 anos e formado em
Enfermagem há dois anos. Especializei-me pelo Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do
Sul em Resgate e Atendimento Pré-hospitalar (APH) em 2007. Nesta área de atuação o
especialista trabalha nas Unidades de Resgate (UR) e atende a todos os tipos de ocorrências, que
variam da emergência clínica ao acidente de trânsito.
O acidente de trânsito sempre inquietou meus pensamentos, pois em diversas vezes
percebia que a equipe de bombeiros trabalhava para retirar as vítimas das ferragens e repassava
a assistência para a equipe de saúde. Mas não havia um atendimento integrado e sistematizado.
Dessa maneira, um dos maiores questionamentos nesse contexto era entender o porquê, na
maioria das vezes, a equipe de saúde aguardava no local do acidente, enquanto a equipe de
bombeiros realizava o desencarceramento e apenas após isso prestava a assistência à vítima.
Após muitas ocorrências atendidas e manuais estudados, não conseguia encontrar respostas aos
meus questionamentos. Os manuais bem formatados, autoexplicativos e ilustrados apresentavam
algo que também me preocupava, a ausência de uma literatura com referências em bases sólidas.
No ano de 2016, ao acompanhar os treinamentos de uma equipe de especialistas em
salvamento, me interessei em conhecer mais sobre aquilo, e me propus a acompanhar os treinos,
carregar os equipamentos e materiais da equipe, ajudar a montar os cenários e compreender o
que eles estavam a propor. Era tudo muito inovador para mim, diferente ao ponto de reconstruir
todo o conhecimento e prática que havia aprendido até aquele momento. Estava encantado com
o que eles faziam. Entretanto, havia um problema, apenas eram feitos os novos procedimentos,
sem entendê-los corretamente. Ao acompanhar os treinamentos, recebi o meu primeiro convite
de treinar o auxiliar de saúde para atender uma vítima dentro do veículo.
Após um tempo de treinamentos, que eram realizados todas as tardes, descobri qual era o
seu principal objetivo. Um bombeiro militar do Estado de São Paulo, que havia participado de
treinamentos fora do Brasil, realizaria um evento nacional que selecionaria algumas equipes para
representar o Brasil no Desafio Mundial de Resgate em 2016. Devido a isso, o Corpo de
Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul treinava uma equipe. Como alguns estados convidados
não confirmaram a participação na seletiva nacional e outros colegas também estavam a auxiliar
os especialistas a treinar, recebemos um convite oportuno de levar mais uma equipe para
representar o MS. Olhamos uns para os outros e percebemos que estava ali a chance de treinar.
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Nos organizamos às pressas para montar uma segunda equipe para representar o estado. Como
faltava um componente, convidamos um colega profissional médico. Nos organizamos e durante
10 dias treinamos em tempo integral.
Fomos para a 1ª Seletiva Nacional de Salvamento Veicular e Trauma na Escola Superior
de Bombeiros (ESB) em Franco da Rocha, no município de São Paulo, em 2016. Participamos
de oito provas, quatro de salvamento veicular e quatro de trauma. Inacreditavelmente, a nossa
equipe, montada às pressas, se classificou e garantiu uma vaga para o Desafio Mundial de
Resgate. Naquele mesmo ano, retornamos de São Paulo e por mais 45 dias treinamos para mais
três provas (Rapid-10min, Standard-20min e Complex-30min). Tínhamos a prática, mas nos
faltava a teoria que sempre questionei. Fazíamos empiricamente, mas de maneira correta, sem
saber da existência de evidências científicas que poderiam nos ajudar nesse processo de
treinamento.
No mesmo ano, participamos do Desafio Mundial de Resgate, realizado na cidade de
Curitiba/PR. Aquele desafio contou com a participação de 15 países. Ao término de cada prova,
assessores de todo o mundo, especialistas no assunto, realizavam a reunião final e indicavam o
que cada equipe pontuou de maneira positiva e o que necessitaria melhorar. Nessas reuniões após
as provas, comecei a perceber a riqueza da informação. Um misto de frustração se misturava ao
de alegria, pois em algumas vezes, os assessores indicavam a necessidade de voltar para a
academia e estudar para poder salvar vidas. Das três provas que fizemos, a última foi a mais
importante, pois construímos uma sequência de atendimentos. O resultado? Inserimos o Brasil
no contexto do salvamento veicular internacional ao conquistar a primeira colocação em uma
prova rápida por uma equipe iniciante.
Voltamos ao Mato Grosso do Sul com alegria irradiante por ter feito um bom trabalho.
Motivados a continuar percebemos que aos poucos nem tudo eram flores. As equipes se
desmancharam, se deram por vencidas após obstáculos colocados para prosseguirmos. Sempre
persistente, eu buscava motivar outros colegas a continuar. Eu precisava compartilhar o
conhecimento. Treinei duas equipes e participei mais duas vezes (Chapecó, 2017; Curitiba 2018)
em seletivas nacionais. Na seletiva de Curitiba havia percebido que seria meu último ano,
principalmente pela falta de apoio. A minha maior frustração seria continuar a realizar
procedimentos sem entender as suas finalidades.
Em todo esse contexto optei por concluir minha graduação em Enfermagem, ao apresentar
o tema “Extração de vítimas de colisão automobilística pela técnica ângulo zero”, para o Trabalho
de Conclusão de Curso (TCC). Esta técnica era a “novidade” que havia aprendido no ano de 2016
nos treinamentos para a seletiva nacional.
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Após finalizar a graduação resolvi participar do processo de seleção do Mestrado


Acadêmico da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Tive a oportunidade de conhecer o
Prof. Dr. Rodrigo Guimarães e a Profa. Dra. Elen Ferraz Teston. Após contatos por e-mail, ambos
me receberam na UFMS para entender minha proposta de projeto para a seleção, que tinha a
finalidade de dar continuidade nos estudos acadêmicos iniciados com o TCC. Os professores me
auxiliaram a formatar o projeto e me informaram sobre o processo de seleção para pós-graduação.
Me inscrevi, participei de todas as fases e logrei êxito. Agora sim, eu estava pronto para entender
minhas inquietudes práticas e consolidar o conhecimento pela ciência.
Neste interim, como outra colega havia sido aprovada no mesmo programa e seria
orientada pelo professor Rodrigo, foi indicado que eu fosse orientado pela Professora Doutora
Bianca Cristina Ciccone Giacon de Arruda, que havia acabado de ingressar no programa como
professora permanente. Por mim, já estava aceita a minha proposta, faltava a professora aceitar
o orientando. Conversamos por e-mail e marcamos uma reunião para conversarmos sobre o
projeto. Cheguei à universidade, sentei-me na sala e começamos a conversar.
Enquanto ela falava, um filme passava em minha cabeça e aos poucos começava a
perceber que meu projeto não se encaixaria em nenhuma linha de pesquisa por conta da
especialidade da professora. Saí da reunião com o coração aflito e acreditava que o sonho se
tornara pesadelo. Após a nossa conversa, minha futura orientadora me ligou e indicou de maneira
muito educada, gentil e humilde, que me ajudaria a construir o conhecimento no tema do meu
projeto: acidentes automobilísticos.
Durante o primeiro ano de curso (2019), cursei as disciplinas do programa a fim de possuir
os créditos necessários e todo o aporte teórico para o desenvolvimento do projeto. Neste período
o embasamento científico começava a se consolidar. Do Seminário de Integração, na primeira
semana, até bioestatística, neste último semestre, aprofundei meus estudos. Somado à revisão de
literatura e o contato com as mais diversas literaturas que datam de 1969 até 2020. Junto a isso,
iniciou-se a articulação com a graduação em Enfermagem, por meio da iniciação científica da
acadêmica Sarah Larrosa Silva, que tem como objetivo identificar, na perspectiva dos
profissionais de saúde e bombeiros, quais os fatores que interferem na atuação integrada das
equipes na fase de extricação de vítimas de acidentes automobilísticos encarceradas.
Pelo Corpo de Bombeiros, nos autorizaram a participarmos da Seletiva Nacional em
2019, que ocorreu em Brasília. Nesta oportunidade ficamos na terceira colocação geral no critério
melhor equipe médica. Treinamos de forma direcionada com o conhecimento que construímos.
Além disso, foram diversas as participações em eventos e o desenvolvimento de palestras e
cursos sobre o tema, já com a aplicação de todo novo conhecimento adquirido.
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Neste aspecto, cada dia mais interessado pelo tema, procuro construir o conhecimento de
maneira que futuramente ao transmiti-lo, consiga facilitar o entendimento e acima de tudo
ampliar os horizontes do saber daqueles que possuem as mesmas inquietudes que tive. Que esta
oportunidade seja bem aproveitada e que continue a caminhar ao lado da ciência para exercer a
profissão que me escolheu de salvar vidas.
O ano de 2020 começou um tanto quanto turbulento. Vivemos um evento que afastou
entes queridos, distanciou professores e amigos, ignorou nossa fé, superou nossas crenças,
fortaleceu as evidências e no decorrer de tudo, simplesmente nos adaptamos. A ausência da
presença física, do pó de giz, do Datashow foi substituída por celulares, notebooks e salas
virtuais. As videochamadas minimizam as distâncias. Naquele momento a preocupação era se o
áudio estava bom, se a imagem não travava ou se o silêncio que outrora parecia ser dúvida, se
transforma em ausência da sala de aula virtual.
O tempo não para e o homem se vira. Com mais dúvidas que certezas, seguimos rumo ao
abstrato idealizado em nossas mentes. A incerteza e a dúvida pairaram por todo o ano de 2020.
No entanto, como figuras sagradas e líderes natos, professores estiveram à frente dos seus alunos,
ao conduzi-los pelos caminhos do saber. A condução impecável mais uma vez transformou
vidas.
Ensino a distância, aulas on line, orientações que não acabavam, tudo isso para que os
créditos fossem cumpridos. O Exame de Qualificação cheio de medos e anseios foi superado por
considerações a serem aplicadas não somente na Academia, mas em toda vida. E aqui, registra-
se algo que a pandemia não mudou: a atenção, educação, dedicação e a compreensão foram as
qualidades evidenciadas nestes difíceis dias.
Para o dia 25 de fevereiro, às 14:00 horas, um ciclo terminará e outros se iniciarão. O que
esperar? Uma apresentação com dois anos de aprendizado e superação, que caminhou ao lado da
ciência, das evidências e das infinitas páginas de artigos e literaturas. E em meio a toda essa
racionalidade, não faltará a emoção de falar da profissão para os nobres Professores Doutores.
Talvez, estejam a me perguntar: Faria o Mestrado novamente? Apenas com uma
condição: somente sob a supervisão da minha orientadora.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 19
2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................... 21
2.1 Acidentes automobilísticos.................................................................................... 21
2.2 O conceito de extricação e extração de vítimas........................................................... 24
2.3 A extricação de vítima de colisão automobilística encarcerada.................................. 25
2.4 A extração de vítima de colisão automobilística pela técnica de Ângulo Zero (in
line).............................................................................................................................. 29
2.5 O APH e a atuação integrada na extricação de vítimas encarceradas por colisão 3
automobilística............................................................................................................ 32
3 OBJETIVOS.............................................................................................................. 36
3.1 Objetivo geral.............................................................................................................. 36
3.2 Objetivos específicos................................................................................................... 36
4 MÉTODOS................................................................................................................. 36
4.1 Tipo de estudo............................................................................................................. 36
4.2 Procedimentos............................................................................................................. 37
4.2.1 Etapa 1 – Síntese do Conteúdo.................................................................................... 38
4.2.1.1 Revisão de Escopo – Scope Review............................................................................. 38
4.2.1.2 Protocolo da Revisão de Escopo – Scope Review....................................................... 39
4.2.1.3 Leitura e coleta de dados das revisões de literatura.................................................... 40
4.2.1.4 Hierarquização das Evidências.................................................................................... 41
4.2.2 Etapa 2 – Grupo Focal................................................................................................. 42
4.2.2.1 Locais do estudo para os grupos focais....................................................................... 42
4.2.2.2 Participantes dos grupos focais................................................................................... 43
4.2.2.3 Procedimentos de coleta de dados dos grupos focais.................................................. 44
4.2.3 Etapa 3 – Construção e validação do conteúdo........................................................... 47
4.2.3.1 Participantes da etapa 3 – juízes-especialistas............................................................. 51
4.2.3.2 Procedimentos de coleta de dados: Envio, recebimento e feedback........................... 53
4.2.3.3 Construção e validação do conteúdo do fluxograma................................................... 54
4.3 Aspectos éticos............................................................................................................ 65
4.3.1 Riscos e benefícios da etapa 2..................................................................................... 65
4.3.2 Riscos e benefícios da etapa 3..................................................................................... 65
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES.........,.................................................................. 66
5.1 Manuscrito 1 – REVISÃO DE ESCOPO.................................................................... 66
5.2 Manuscrito 2 – ESTUDO DE VALIDAÇÃO............................................................. 87
5.3 CONSTRUÇÃO DO FLUXOGRAMA................................................................... 124
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 124
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 126
ANEXO A................................................................................................................... 134
ANEXO B................................................................................................................... 135
APÊNDICE A............................................................................................................ 140
APÊNDICE B............................................................................................................. 141
APÊNDICE C............................................................................................................ 143
APÊNDICE D............................................................................................................ 144
APÊNDICE E............................................................................................................. 202
APÊNDICE F............................................................................................................. 229
APÊNDICE G............................................................................................................ 230
APÊNDICE H............................................................................................................ 231
APÊNDICE I.............................................................................................................. 233
19

1. INTRODUÇÃO

Aproximadamente 1,35 milhão de pessoas morrem anualmente vítimas de acidentes de


trânsito e, entre 20 e 50 milhões ficam feridas ou incapacitadas. A morte por colisão
automobilística é considerada um problema de saúde pública e projeções indicam que, até o ano
de 2030, aproximadamente 1,9 milhão de pessoas virão a óbito por esta causa (OMS, 2020).
Entre os anos de 2011 e 2015 foram registrados no Brasil cerca de 850 mil acidentes de
trânsito (BRASIL, 2016). A capital sul-mato-grossense, Campo Grande, representa 6,7% do total
de acidentes que ocorreram no país. (DETRAN, 2015). Os anuários do Departamento Estadual
de Trânsito do Estado de Mato Grosso do Sul – DETRAN/MS, registraram entre os anos de 2011
a 2015 um total de 294 óbitos, 26 mil acidentes com danos materiais e 31 mil acidentes com
vítimas feridas (BRASIL, 2016).
Nesse contexto, estudo demonstrou que no ano de 2014, o custo advindo de acidentes nas
rodovias federais representou, aproximadamente, R$ 12,3 bilhões, o que resulta em um custo
médio, por acidente, de quase R$ 73 mil reais (IPEA, 2014). Além disso, 64,7% destes custos
estavam associados às próprias vítimas dos acidentes, como o tratamento da saúde e a perda da
produção, devido às lesões sofridas ou à morte. Neste aspecto, os acidentes de trânsito custam
cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) (OPAS,2019).
No cenário de APH, percebe-se que os acidentes de trânsito podem desencadear lesões
de medula espinhal pelo impacto sobre a coluna vertebral, com foco na porção cervical. Nesse
contexto, sabe-se que durante a dinâmica dos acidentes automobilísticos há um desprendimento
de energia que pode causar uma diversidade de lesões na vítima. Essas lesões são elencadas desde
uma simples escoriação, até uma potencial lesão vertebro medular (LVM) em nível de coluna
vertebral (NAEMT, 2016).
A LVM é definida como uma lesão neurológica incapacitante que leva à interrupção da
passagem de informação entre as partes do corpo situadas abaixo do local da coluna vertebral
onde ocorreu a lesão (VENTURINI; DECESARO; MARCON, 2006; LEAL-FILHO et.al., 2008)
com graus variados de perda de função. Além disso, ela causa impactos físicos, psicológicos e
sociais na vida do indivíduo e das pessoas à sua volta, e tem como causas externas os acidentes
de trânsito, quedas e lesões esportivas (LEAL-FILHO et.al., 2008). Em nível mundial, a LVM é
de 15 a 40 casos por milhão de habitantes, sendo que, no Brasil, essa condição traumática não
está sujeita a notificação, e os dados epidemiológicos de incidência e prevalência sobre a LVM
é incipiente e pouco sistematizada (PIZETTA et al., 2020).
20

Sabe-se que a maioria das lesões nessa região, ocasionadas por AT, se deve a uma força
de flexão que produz uma fratura por compressão ou uma luxação, com a possibilidade de dano
neurológico simultâneo, principalmente naquelas decorrentes de acidentes automobilísticos e
quedas (NAEMT, 2016). Assim, a prevenção de movimentos de flexão é importante para evitar
uma subluxação ou luxação recorrente (ASHWORTH, 1969).
Uma pesquisa realizada no Estado de São Paulo (Brasil) conduzida por Dias et. al.;
(2011), evidenciou que a severidade do trauma e sua mortalidade são superiores em acidentes
com colisões de veículos a motor, quando as vítimas se encontram aprisionadas, em comparação
com as não aprisionadas. O estudo demonstrou que, das 1203 vítimas incluídas, 401 estavam
aprisionadas no veículo (32,5%), e que elas morreram com mais frequência na cena do acidente
(10,2%) que as vítimas não aprisionadas (1,37%), indicam a probabilidade de 8,2 vezes maior de
morte no local do acidente. Assim, no atendimento no cenário pré-hospitalar, é imprescindível
uma avaliação rápida e eficiente de cada caso, bem como a cooperação mútua entre os serviços
englobados (DIAS et al.; 2011).
Neste aspecto, é importante que o profissional que faz o APH reconheça a possibilidade
da existência da LVM e seus diferentes tipos (HAWKINS et al., 2019). A presença de uma LVM
e o seu não reconhecimento e/ou o não tratamento adequados podem ocasionar danos irreparáveis
ao indivíduo, dentre eles déficit ou incapacidade neurológica permanente. Assim, a LVM
constitui uma das sequelas mais preocupantes nesse tipo de ocorrência (NAEMT, 2016).
Nesse contexto, o APH de qualidade se torna fundamental. No Brasil, a Política Nacional
de Atenção às Urgências (PNAU) organiza o fluxo desse atendimento que engloba
principalmente os sistemas de APH fixo e móvel. O atendimento fixo ocorre por meio de uma
central que recebe as notificações de acidentes, a qual regula os atendimentos móveis do Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e os Corpos de Bombeiros Militares (BRASIL,
2003). Dessa forma, cabe às equipes de saúde e de bombeiros, que realizam o APH de vítimas
de colisão automobilística, o manuseio correto do indivíduo, a fim de minimizar a chance de que
seja gerada uma lesão secundária pós-trauma (NAEMT, 2016).
O processo sistemático de desencarceramento da vítima de acidente automobilístico,
envolve o processo de extricação, composta pelas seguintes fases, que ocorrem em paralelo com
a avaliação e intervenções médicas: avaliação e segurança da cena, estabilização, gerenciamento
de vidro, acesso inicial, acesso total, imobilização do paciente e extração final. O conhecimento
da sequência de atendimento, bem como treinamento integrado entre equipes de bombeiros e de
saúde proporcionam a previsão do tempo médio de atendimento para as vítimas. Estas
21

intervenções permitem a alocação de recursos, bem como a transferência para centros


especializados, fato que reduz a morbimortalidade (NUTBEAN, 2014).
Além disso a implementação de um atendimento sistematizado e integrado entre equipes
de saúde e bombeiros pode diminuir o tempo de cena, a mortalidade e proporcionar um melhor
prognóstico para as vítimas de acidentes (CICONET, 2015). Entretanto, a literatura ainda
demonstra uma fragilidade da PBE no salvamento veicular, visto que dificuldade por parte das
equipes de APH em sistematizar esse atendimento, principalmente quando envolve o processo
de extricação das vítimas encarceradas (NUTBEAN, 2014). E de tecnologias que facilitem a
integração das equipes, pois sabe-se, também, que durante o atendimento dessas vítimas, na
maioria dos casos, apenas as equipes de resgate do corpo de bombeiros estão presentes. Quando
a equipe de saúde está presente, ainda há pouca integração entre elas nesse processo. (SILVA et
al., 2009)
Tal condição pode estar associada à ausência de protocolos e fluxogramas que
sistematizem o atendimento de vítimas encarceradas com potencial lesão de coluna de maneira
integrada, bem como a ausência de treinamento conjunto entre as equipes de resgate do corpo de
bombeiros e equipes de saúde (NUTBEAN, 2014).
Frente a esse cenário e à importância de uma prática baseada em evidência (PBE),
desenvolver estudos que subsidiem a sistematização do atendimento integrado de vítimas de
acidentes automobilísticos encarceradas com traumas e potencial lesão de coluna, principalmente
relacionado à extricação dessas vítimas, sejam importantes. Acredita-se que, a construção e a
validação do conteúdo de um fluxograma para atendimento de acidentes automobilísticos sejam
uma ferramenta fundamental, com base em evidências científicas, que possa nortear o
atendimento e permitir a integração entre as equipes, com foco integral e exclusivo às vítimas.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Acidentes automobilísticos

Os acidentes de trânsito (AT) são considerados um grave problema de saúde pública em


nível mundial. Em destaque como a principal causa de morte entre crianças e jovens adultos de
5 a 29 anos. Anualmente, aproximadamente 1,35 milhão de pessoas morrem vítimas de acidentes
de trânsito no mundo. Estima-se que até 2020 as mortes poderão atingir 1,9 milhão de pessoas
no mundo (WHO, 2018).
22

O Brasil ocupa a quarta posição no ranking de mortes por lesões de tráfego rodoviário
dos países da América, com taxa de mortalidade de 23,4% por 100 mil habitantes. Além disso,
nota-se que das 56,9 milhões de mortes em 2016, 54% ocorreram em consequência das 10
principais causas mundiais, dentre elas as lesões na estrada (Road Injury), as quais correspondem
a 1,4 milhão das mortes, com 74% destas entre homens (WHO, 2018).
De acordo com o Relatório de Pesquisa de acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (2015) e dados do Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), nos últimos anos, pela expansão crescente
da frota de veículos automotores, os acidentes de trânsito resultaram na morte de cerca de 43 mil
pessoas por ano. Dessa forma, em 2014, ocorreram 169.163 acidentes nas estradas fiscalizadas
pela Polícia Rodoviária Federal, com aproximadamente 25% de lesões graves (CARVALHO,
2016).
Em vista disso, observa-se que a mortalidade por tipo de acidente, com ênfase à colisão
frontal e aos atropelamentos, foi de 33,7% e 14,6% das mortes, respectivamente, e representam
os mais letais, embora ambos menos frequentes entre os tipos de acidentes (6,5% do total)
(CARVALHO, 2016). Ainda sobre os dados brasileiros, no ano de 2015 a taxa de mortes por
acidentes de trânsito foi de, aproximadamente, 19 óbitos para cada 100 mil habitantes. Os
acidentes com motocicletas registraram 12.126 óbitos e os acidentes automobilísticos 9.178 casos
(OBSERVATÓRIO NACIONAL DE SEGURANÇA VIÁRIA, 2019).
Neste mesmo período, na Região Centro-Oeste foram registradas 4.069 mortes, com uma
taxa de 26,3 óbitos para cada 100 mil habitantes. Em relação à média nacional a Região Centro-
Oeste superou este indicador. Os estados de Goiás e Mato Grosso registraram os maiores
números de óbitos, seguidos por Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal (OBSERVATÓRIO
NACIONAL DE SEGURANÇA VIÁRIA, 2019)
A Tabela 1 apresenta, em números absolutos, o total de acidentes de trânsito ocorridos
em Campo Grande – MS em comparação com o total de acidentes de trânsito no Brasil para o
período de 2011 a 2015. Ao avaliá-la, infere-se que, entre os anos de 2011 a 2015, foram
registrados no Brasil 854.130 (oitocentos e cinquenta e quatro mil, centro e trinta) acidentes de
trânsito. Em Campo Grande/MS, no mesmo período ocorreram 57.763 (cinquenta e sete mil,
setecentos e sessenta e três) acidentes, e a capital Sul mato-grossense representa 6,7% do total de
acidentes que ocorreram no Brasil (OBSERVATÓRIO NACIONAL DE SEGURANÇA
VIÁRIA, 2019).
23

Tabela 1 – Acidentes de trânsito ocorridos no período de 2011 a 2015 em Campo Grande-MS e no Brasil
Acidentes de trânsito - Campo Grande/MS e no Brasil
Ano Acidente com Acidentes com Acidentes com Total de Acidentes de
danos materiais vítimas fatais vítimas feridas Acidentes no MS trânsito no Brasil
2011 6.037 66 6.254 12.357 192.330
2012 5.836 55 6.173 12.064 184.560
2013 5.130 56 6.040 11.226 186.720
2014 5.140 61 7.040 12.241 169.170
2015 4.026 53 5.796 9.875 121.350
TOTAL 26.169 291 31.303 57.763 854.130
Fonte: Anuário DETRAN MS – 2011 a 2015 – Campo Grande – MS 2020 – Adaptado.

De acordo com Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2016), os estados com as


maiores taxas de mortalidade de ocupantes de automóveis por 100 mil habitantes são Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Espírito Santo e Paraná. Os acidentes de trânsito
custam para a maioria dos países 3% do seu produto interno bruto. Em países de baixa e média
renda, apesar dos mesmos possuírem 60% dos veículos do mundo, 93% das fatalidades ocorrem
nas estradas daqueles países (WHO, 2015).
Na perspectiva da letalidade dos acidentes de trânsito, ainda segundo o IPEA (2015),
analisa-se que a modalidade (tipo de transporte) envolvida apresenta grande relevância quanto à
severidade das lesões. Isso demonstra que veículos com menor grau de proteção oferecem mais
riscos aos seus usuários. Como por exemplo as motocicletas, cuja proteção é mínima quando
comparada aos automóveis, visto que estas estão envolvidas em 30% das mortes totais. Além
disso, quanto maior a gravidade do acidente, maior o custo associado referente à perda de função
da vítima e consequentemente de sua produção laboral (IPEA, 2015).
Um acidente automobilístico permite associar uma série de fatores da Física que podem
ter repercussão direta ou indireta na vítima e no veículo. As forças que agem no veículo, de
acordo com o princípio da conservação da energia, em geral são absorvidas durante o impacto
pela carenagem do veículo e logo em seguida transferidas para os seus ocupantes. No veículo a
deformação associa-se a absorção da energia, nas vítimas a transferência desta energia pode
ocasionar lesões (NAEMT, 2016).
Como forma de compreender as possíveis lesões ocasionadas pelos acidentes de trânsito
se faz necessária a avaliação da cinemática do trauma. Com a finalidade de analisar as possíveis
lesões de uma vítima de acidentes de trânsito, esta prática nos serviços de APH inclui o
atendimento inicial do traumatizado que exige a avaliação da cena e do mecanismo do trauma
como componente de cuidado (CHAVES et al., 2017). Esta análise é definida de cinemática do
24

trauma e permite a equipe do APH realizar a assistência possível e necessária na cena e se


direcionar para o serviço de tratamento definitivo mais adequado (MONTEIRO et al., 2018).
Esta avaliação permite a identificação das lesões resultantes de força e movimento
envolvidos durante a colisão. Neste sentido, considera-se, a forma que se apresenta o local, as
deformidades do veículo, o que atingiu e com qual velocidade aproximada, o tempo de parada, o
uso do cinto de segurança, o acionamento do air-bag, a presença de crianças em cadeirinhas, a
presença de ocupantes ejetados do veículo, a altura da queda, o tipo de superfície da queda e a
superfície corporal que primeiro atingiu ao solo na queda (VALENTE, et al., 2018).
No cenário de APH, percebe-se que os acidentes de trânsito podem desencadear lesões
de medula espinhal pelo impacto sobre a coluna vertebral, com foco na porção cervical. Assim,
sabe-se que nos Estados Unidos lesões de coluna cervical ocorrem em 2% a 3% e lesões
medulares em 1,3% de todas as vítimas de trauma contuso, a considerar que 41% das lesões
cervicais são decorrentes de acidentes automobilísticos (TANEJA; BERRY; RAO, 2013).
Portanto, o profissional capacitado consegue, pela cinemática do trauma, identificar ou
prever lesões graves e, tratá-las precocemente. Além da avaliação global da cena, as informações
podem ser obtidas pela vítima e testemunhas, entretanto, as observações da biomecânica do
trauma não devem retardar o início da avaliação e o atendimento do doente (TABASE et al.,
2017).

2.2 O conceito de extricação e extração de vítimas

Os veículos deformados após as colisões podem dificultar a saída da vítima ou até mesmo
impedir que elas se movimentem. Para retirar uma vítima do veículo sinistrado, uma série de
ações necessitam ser realizadas para se minimizar os traumas (NUTBEAM, 2014). Neste sentido
realiza-se a extricação da vítima. (DISTRITO FEDERAL, 2020)
Considerados sinônimos, as palavras extricação e extração foram utilizadas de forma
inapropriada por muito tempo, fato que se discute atualmente e carece de entendimento. O
conceito de extricação, como o processo de remover fisicamente a vítima encarcerada dos
destroços (Mackenzie, 2000), direcionada para o resgate veicular, por muito tempo esteve
associada, de maneira errônea ao processo de desencarcerar (retirar uma vítima do cárcere) do
veículo sinistrado.
De acordo com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal - CBMDF (2020), a palavra
extricação possui conotação própria e difere de salvamento veicular e de desencarceramento. O
salvamento veicular é definido de acordo com a ação de localizar, acessar, estabilizar,
25

desencarcerar, extrair e transportar as vítimas encarceradas. Ressalta-se que a extricação veicular


é considerada o processo de tratar, acondicionar, remover ou liberar vítimas encarceradas em
veículos (DISTRITO FEDERAL, 2020; NFPA, 2017).
Em seu estudo, Calland (2005) define que a extricação de vítimas de colisão
automobilística é composta por quatro fases: 1) segurança da cena e contato com a vítima; 2)
estabilização do veículo e gestão de vidro; 3) obtenção de entrada e estabilização; e 4) criação de
espaço para fornecer a extração. Para Nutbean et al. (2014) a extricação é um processo composto
por várias etapas necessárias que precedem a extração final de pacientes feridos ou
potencialmente feridos de veículos envolvidos em colisões. Neste sentido, os autores
compreendem que os componentes do processo de extricação executados pelas equipes de
bombeiros e saúde são: 1) avaliação e segurança da cena; 2) estabilização; 3) gerenciamento de
vidro; 4) acesso inicial; 5) acesso total; 6) imobilização do paciente; e 7) extração final.
A extração é definida, Houaiss e Villar (2009), como o ato ou efeito de retirar algo. Sob
a ótica do salvamento veicular, o conceito de extração é interpretado, dentro do atendimento
sistematizado de vítimas de colisão automobilística, como o momento da retirada da vítima do
interior do veículo (SANTA CATARINA, 2017a).
Neste sentido, a extração consiste em retirar a vítima de colisão automobilística do
veículo sinistrado, com a utilização da prancha rígida longa. Durante a extração, a técnica de
ângulo zero tem como objetivos manter o alinhamento neutro da coluna vertebral e buscar a
menor angulação de movimentação do acidentado, fator preponderante para que se evite o
agravamento das lesões (SANTOS, 2019).
Portanto, para este estudo convenciona-se com base na interpretação do contexto do
salvamento veicular que a palavra extricação possui conforme CBMDF (2020) significado
próprio e que a mesma pode ser utilizada em quaisquer ocasiões que se envolvam vítimas de
trauma. Assim a extração é uma fase dentro do processo de extricação.

2.3 A extricação de vítima de colisão automobilística encarcerada

Para sistematizar o procedimento no qual cada elemento da equipe de resgate veicular


saiba o que lhe compete executar, o método SAVER (Systematic approach to vital emergency
response) (Figura 1), considerado precursor de outros métodos, é distribuído nas seguintes fases
distintas: reconhecimento; estabilização; abertura de acessos; cuidados pré-hospitalares; criação
de espaço; extração; avaliação e treino (OLIVEIRA, 2005).
26

Figura 1: Systematic Approach to vital emergency response.


Fonte: Montalvão, 2018 - (Adaptado)

“Durante a extricação, adota-se a estabilização final da cabeça da vítima após o acidente


como referência determinante para o sentido e direção da extração” (HANN, 2004, p. 51),
“inclusive em casos de retirada rápida que envolve situações de emergência para se assegurar a
vida” (CALLAND, 2005, p. 02).
Na mesma linha de trabalho, os Corpos de Bombeiros Militar dos Estados de Santa
Catarina - CBMSC e Rio Grande do Sul – CBMRS também aplicam um método sistematizado
para o atendimento de vítimas de colisão automobilística. No CBMRS, o método é definido como
“Rotina de Atendimento em Salvamento Veicular” composta pelas fases: 1) Deslocamento, 2)
Dimensionamento da cena – 360º, 3) Gerenciamento de riscos, 4) Obtenção de acesso, 5)
Avaliação inicial, 6) Reunião tripartida, 7) Técnicas de desencarceramento, 8) Extração, 9)
Avaliação Dirigida, 10) Transporte e transferência e 11) Encerramento (RIO GRANDE DO SUL,
2019).
O Corpo de Bombeiros Militar da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CB PMESP)
utiliza o mnemônico LAET, que significa: Localizar, Acessar, Estabilizar e Transportar (SÃO
PAULO, 2016).
27

Figura 2: Rotina de Atendimento Salvamento Veicular


Fonte: Holmatro Experience – CBMRS, 2019 – (Adaptado)

A quantidade ideal de profissionais para o atendimento de ocorrência com vítimas de


colisão automobilística, de acordo com a World Rescue Organization (WRO) são seis
componentes: um comandante do incidente (Bombeiro ou mais experiente), dois Técnicos em
Desencarceramento, um técnico em logística e dois técnicos em saúde. As fases ocorrem com
ações independentes e de forma paralela de atuação (Comando, técnicos e saúde), quando cada
componente da equipe executa uma ação, visto que o desenvolvimento deve obedecer a uma
sequência de atendimento (WRO, 2018).
As ações realizadas durante a abordagem em equipe, de acordo com Dunbar (2015), são
organizadas em sete fases: 1) Avaliação de segurança e da situação; 2) Estabilização e acesso
inicial; 3) Manuseio de vidros e preparação de ferramentas; 4) Criação de espaço; 5) Acesso total;
6) Imobilização e extração; e 7) Avaliação (quadro 1).

Quadro 1 – Sequência de ações a realizar durante o atendimento às ocorrências de colisão automobilística


com vítimas.
FASE AÇÕES A REALIZAR
Avaliação de Realizar reconhecimento de 360º ao redor do veículo, identificar
segurança e de quaisquer perigos nas proximidades.
1 situação
28

Ao decidir qual a forma de estabilização do veículo que deve ser


empregada, considerar-se-á a segurança da cena e o nível inicial de
consciência da vítima. É certo que, se a cena estiver exposta a riscos
demasiados para a guarnição, para terceiros ou para a vítima, a
estabilização deve ser precária e o foco deve ser a remoção da vítima
do local. Na mesma linha, caso a vítima esteja inconsciente, a
prioridade será o acesso inicial a ela. A estabilização ficará
deficiente. Por fim, se a vítima estiver consciente, a estabilização
Estabilização e acesso deve ocorrer conforme necessário for para eliminar ao máximo a
2 inicial movimentação do veículo. O acesso inicial à vítima é o momento que
se permite ao socorrista realizar um reconhecimento inicial das
condições desta e proceder quaisquer intervenções que se façam
necessárias para manutenção imediata da vida, como desobstruir as
vias aéreas. Além disso, neste instante o socorrista alertará o
comandante da operação quanto ao grau de encarceramento do
paciente, e permitir que se estabeleça a estratégia de
desencarceramento.
O objetivo é permitir a criação de espaço, a equipe de resgate deve
manusear de forma segura, rápida e lógica os vidros restantes no
Manuseio de vidros e veículo, e possibilitar um maior controle durante a utilização das
3 preparação de ferramentas hidráulicas na abertura de espaços. Ou seja, não devem
ferramentas restar vidros a serem quebrados quando tais ferramentas começarem
a ser usadas.
A prioridade nesta fase do atendimento é a desobstrução física da
vítima, pois assim é possível assegurar que, caso necessário, os
socorristas têm a capacidade de realizar uma remoção imediata dela.
A criação dos espaços deve atender a elaboração de planos de
desencarceramento. Plano Urgente: quadro clínico da vítima é
estável, com garantia de tempo no cenário do acidente de até 20
minutos para realizar a extração da melhor forma possível a
4 Criação de espaço
minimizar as rotações excessivas. Plano Rápido: quadro clínico da
vítima se deteriora, a extração deverá ser realizada em até 5 minutos
para permitir a continuidade da avaliação médica fora do veículo.
Plano imediato: quadro clínico grave, como por exemplo uma
parada cardiorrespiratória (PCR), que obriga uma remoção imediata.
A fase do acesso total objetiva prioritariamente a criação do máximo
Acesso total de espaço final possível para permitir a extração da vítima da forma
5 mais apropriada, além de proporcionar aos socorristas uma maior
dimensão para trabalhar.
Nesta fase o foco é remover fisicamente a vítima do veículo de forma
segura, rápida e controlada, com manobras cuidadosas para não
agravar as lesões já existentes ou potenciais. Sendo assim, deve-se
ter em mente que movimentos excessivos de rotação no corpo da
vítima podem agravar as lesões pélvicas e cervicais, ou seja, os
6 Imobilização e socorristas precisam se esforçar para manter a vítima em linha reta
extração durante as movimentações.
Nesta fase se faz necessário proceder a imobilização do paciente
antes da extração, e garantir um certo suporte antes e durante a
movimentação. Este processo pode implicar a utilização de um colar
cervical, uma prancha rígida, entre outros dispositivos
imobilizadores relevantes.
Esta etapa do processo permite a todos os membros da equipe de
resgate realizar um julgamento sobre tudo aquilo que foi
7 Avaliação desempenhado durante o atendimento do acidente, assegurar um
29

processo contínuo de aprendizagem e desenvolver uma compreensão


daquilo que pode ser melhorado a cada nova ocorrência.
Fonte: Dunbar (2015), Caviedes (2014) e Santa Catarina (2017), adaptado.
Ao avaliar o conjunto de ações de resgate veicular, de acordo com Dunbar (2015), tem-
se a percepção que há uma evolução no atendimento às vítimas de colisões automobilísticas, com
prioridade para o resgate do acidentado.

2.4 A extração de vítima de colisão automobilística pela técnica de Ângulo Zero (in line)

Com base na avaliação clínica, as técnicas de extração podem ser definidas conforme
Mackenzie (2000) em imediata, Bernhard et al., (2005) em rápida, Calland (2005), em controlada
e Dixon et al., (2015) em auto extração. Em situações que necessitam de reanimação da vítima
ou configurado o perigo externo agudo para o acometido ou para equipe de resgate, a extração
imediata, de acordo com Kreinest (2017) é realizada pela garra de Rautek.
A técnica de extração rápida considera o estado clínico crítico ou com deterioração
evidenciada. As extrações rápidas são implementadas quando um paciente crítico no tempo é
hemodinamicamente instável (MEERTENS E LICHTVELD, 2000; KREINEST, 2017).
Por sua vez, Calland (2005) confirma que os pacientes clinicamente estáveis, sem
alteração do nível de consciência e que podem ter lesões que não lhes incapacite a sair do veículo
podem ser extraídos de forma controlada. Nas situações em que o paciente não apresenta lesões
que o incapacite de sair do veículo, a auto extração pode ser realizada (DIXON, 2016).
De acordo com a Tabela 2, os profissionais da saúde têm a avaliação hemodinâmica
(Crítica, Instável, Potencialmente Instável e Estável) como referência para escolha do tipo de
extração a ser realizado. Com base no tipo de extração ocorre a decisão de restringir os
movimentos da coluna vertebral de maneira mínima, completa ou até mesmo em não restringir.

Tabela 2 – Tomada de decisão para restrição do movimento da coluna com base na avaliação clínica e o
tipo de extração, Campo Grande/MS, 2020.
Avaliação clínica Tipos de extração
Imediata Rápida Controlada Auto extração
Crítica Mínima1 Mínima2 - -
Instável Mínima2 Mínima2 - -
1 ou 2
Potencialmente Instável - - Completa -
Estável - Mínima2 Completa1 ou 2 Não restringir ou mínima3
Mínima¹ - Restrição Manual – Garra de Rautek;
Mínima2 - Colar Cervical e Prancha Rígida;
Mínima3 - Colar Cervical e Maca da viatura;
Completa¹ - Colar Cervical, Prancha Rígida, Tirantes e Head Blocks;
Completa² - Colar Cervical, Prancha Scoop Stretcher, Maca a vácuo, Head Blocks;
Fonte: (Makenzie, 2000); (Bernhard et. al., 2005); (Calland, 2005); (Dixon et. al., 2015); (Kreinest, 2017);
(CBMSC, 2018); (Santos, 2019) – adaptado.
30

Ao extrair vítimas encarceradas de colisão automobilística que apresentem condições


clínicas estáveis, recomendam-se dois princípios para que se evitem rotações e lesões secundárias
ao trauma principal que são: 1) alinhamento da coluna vertebral e 2) mínima torção no corpo da
vítima (ENGSBERG et al., 2013).
Historicamente, no início da década de 90, os procedimentos para extração de vítimas
encarceradas tinham como base o espaço livre mais próximo, considerava o câmbio que ficava
acoplado ao volante dos veículos, o que não permitia uma avaliação das possíveis rotas para
extração. Com a evolução da tecnologia veicular e, principalmente das técnicas de extração,
adota-se como parâmetro para extração de vítimas a coluna vertebral da mesma para o indicativo
de direção para extração e prioriza-se o mínimo de torção da coluna espinhal. Neste sentido,
adota-se que o local ideal de extração é a janela traseira e, quando não for possível, deve-se
descartar locais de extração (LEÓN, 2014).
A extração de vítimas de colisão automobilística de forma controlada pela técnica de
ângulo zero é a retirada da vítima com colar cervical aplicado, sobre uma prancha rígida com a
manutenção do máximo alinhamento da coluna cervical. Para que isso seja realizado de maneira
efetiva, medidas como reclinar o encosto do banco são adotadas, para ampliação de espaço
interno e melhoria na ergonomia de trabalho, a fim de possibilitar a inserção da maca rígida entre
o paciente e o banco (CALLAND, 2005).
Assim, a técnica de extração de vítimas em ângulo zero, segundo Dixon et al., (2015), é
conhecida como parcel shelf (prateleira ou tampão traseiro). A efetividade da técnica é alcançada
quando se mantém o alinhamento da coluna vertebral em posição anatômica neutra. As
evidências científicas apontam que a movimentação em linha movimenta minimamente a coluna
vertebral (CALLAND, 2005; DIXON, 2015; SANTOS, 2019). A prancha longa é sempre
utilizada e, de acordo com a anatomia veicular, esta técnica também pode ser realizada pela janela
lateral do veículo.
O ângulo zero está relacionado ao próprio corpo da vítima e a mesma poderá ser retirada
pela cabeça ou pelos pés. Depois que a vítima estiver sobre a prancha rígida longa, pequenos
giros poderão ser realizados com a finalidade de buscar o melhor acesso para extração (portas,
janelas, entre outros) (SANTOS, 2019).
Em estudo com objetivo de comparar as técnicas de extração de vítimas existentes nos
protocolos, Dixon et al. (2015) propõe que a confirmação de novas evidências, em extração de
vítimas, se daria através da técnica que, ao manusear a vítima durante a extração, movimentasse
minimamente a coluna cervical. Tecnologias (análises biomecânicas, captura de imagens por
31

câmeras em 3D e infravermelho) foram utilizadas no estudo, com referência à posição anatômica


neutra.
Os resultados evidenciaram que o menor movimento da coluna vertebral ocorreu por meio
da técnica de retirada em linha reta com utilização de prancha longa (in line extrication - ângulo
zero). Ao se comparar com outras técnicas, o ângulo zero apresentou a menor média de variação.
A média das extrações realizadas por 16 profissionais para a técnica de ângulo zero foi de 13,56º
± 2,34. A menor variação foi de 9,40º e a maior de 17,25º. (DIXON et al., 2015).
Esse mesmo estudo também indicou que durante a retirada auxiliada pelo equipamento
colete imobilizador dorsal (KED Kendrick Extrication Device) ocorreu o maior desvio. O
movimento médio foi de 18,84 ° ± 3,46 ° neste estudo (p <0,05), e confirmou que o emprego do
KED resultou significativamente mais movimento da coluna cervical durante a retirada de
vítimas do que com outras técnicas avaliadas (controle manual sem colar, controle manual com
colar, prancha longa em linha) (DIXON et al., 2015).
A Figura 3 demonstra os ângulos de extração em relação à posição da vítima no interior
do veículo. De acordo com Santos (2019), o ângulo zero leva em consideração o alinhamento
neutro da coluna vertebral e independe da posição da vítima no interior do veículo.
32

Figura 3 – Ângulos de extração de vítimas de acordo com a posição da vítima


Fonte: Campo Grande/MS, 2021.

A extração no eixo 0º em relação à coluna vertebral e cervical da vítima deve ser feita
pela retaguarda, de forma controlada e sem torções desnecessárias da coluna vertebral. Para que
isso aconteça, após a aplicação do colar cervical e o suporte da coluna vertebral, a vítima será
colocada na prancha rígida (OLIVEIRA, 2005). Léon (2014) descreve a colocação da prancha
rígida sob o cóccix e por detrás (dorso) da vítima ao mesmo tempo em que se mantém a
estabilização manual da cabeça.
Apesar da extração de vítimas de um veículo ser considerada um procedimento demorado
e que, devido as circunstâncias ambientais, pode colocar o acidentado e os socorristas em perigo,
a técnica em retirada por ângulo zero é rápida e ágil (BUCHER, et al. 2015). Além disso, Akkus
et al. (2016) identifica a melhora nos parâmetros respiratórios da vítima quando a prancha rígida
é elevada levemente.
Santos (2019) afirma que a escolha da técnica em ângulo zero, além de ser uma importante
ferramenta de prevenção do agravamento de lesões secundárias decorrentes de traumas de coluna
durante as colisões automobilísticas, pode ser uma boa escolha para extração de vítimas. A
mesma é executada por meio do uso de uma prancha rígida, colar cervical e utiliza como
parâmetro o maior alinhamento da coluna vertebral. Quando não for possível a extração em
ângulo zero, a equipe deverá buscar alternativas com angulações maiores, a citar saída a 30º, 60
e 90º em relação à posição que a vítima se encontrava no interior do veículo (SANTOS, 2019).

2.5 O APH e a atuação integrada das diferentes equipes na extricação de vítimas


encarceradas por colisão automobilística.

Historicamente, a atividade de Atendimento Pré-Hospitalar (APH) tem origem nas


grandes guerras do período napoleônico, e atribui-se a esta época o marco no atendimento às
emergências/urgências no local da ocorrência (RAMOS e SANNA, 2005). Os pesquisadores
33

Lopes e Fernandes (1999) salientam que em 1792, Dominique Larrey, cirurgião e chefe militar,
começou a “prestar os cuidados iniciais” aos soldados feridos no próprio campo de batalha a fim
de prevenir possíveis complicações.
Com a ideia de atender as vítimas no local do acidente, em 1893, no Brasil, o Senado da
República aprovou a lei que estabeleceu o socorro médico de urgência em vias públicas do Rio
de Janeiro, capital do país. Em 1899, o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro coloca em ação a
primeira ambulância tração animal para realizar o atendimento (MARTINS, 2003).
Dessa maneira, o conceito e implantação da APH é relativamente novo no Brasil,
realizado inicialmente pelo “Grupo de Emergências do Corpo de Bombeiros” estabelecido no
Rio de Janeiro (PLOTJOWSKI et al., 1988) e pelo “Projeto Resgate” no estado de São Paulo
(TACAHASHI, 1991), com suas atividades realizadas por profissionais da segurança pública.
Ademais, antes de 1967, o Suporte Avançado à Vida (SAV) não era um elemento no APH
e no transporte de pacientes feridos. Todos os pacientes traumatizados e clínicos eram
transportados para o hospital por equipes de Suporte Básicos de Vida (SBV) ou por equipes não
treinadas. A primeira menção ao SAV no ambiente pré-hospitalar foi feita por Geddes, Adgey e
Pantridge (1967), que conceituaram uma unidade de terapia intensiva móvel, a qual poderia
transportar pacientes com infarto do miocárdio para o hospital e fornecer cuidados avançados no
local e no caminho.
Nesse contexto, o atendimento pré-hospitalar (APH) é definido como assistência
prestada em um primeiro nível de atenção, aos portadores de quadros agudos, de natureza clínica,
traumática ou psiquiátrica, quando ocorrem fora do ambiente hospitalar e podem acarretar
sequelas ou até mesmo a morte (BRASIL, 2001). No ano de 2003, a Política Nacional de Atenção
às Urgências (PNAU) foi instituída pela Portaria nº 1.863 do Ministério da Saúde BRASIL,
2003).
Elaborada dentro dos preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS), representa um
importante avanço das urgências frente a Reforma Sanitária Brasileira. Seu atendimento é
organizado na rede de atenção à saúde e o seu fluxo engloba os sistemas de APH fixo e móvel.
O atendimento fixo ocorre por meio de uma central que recebe as notificações de acidentes, a
qual regula os atendimentos móveis do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e
os Corpos de Bombeiros Militares (BRASIL, 2003).
De acordo com Brasil (2002), para atendimentos que envolvam vítimas instáveis, o SAV
é solicitado pela da central de regulação (CR) do serviço de atendimento móvel de urgência
(SAMU). Cada Unidade de Suporte Avançado (USA) é constituída por uma tripulação exclusiva,
formada por um médico, um enfermeiro e um motorista, o qual exerce a função de socorrista.
34

Para os atendimentos de vítimas estáveis será acionado a Unidade de Suporte Básico (USB) que
é constituída por uma tripulação exclusiva, formada por um auxiliar de Enfermagem e um
motorista.
De acordo com Lopes e Fernandes (1999), o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU), foi criado na intenção de unificar as estruturas e melhorar a assistência. O acionamento
para o atendimento de acidentes de trânsito geralmente chega pelas centrais de regulação via 192
(SAMU) ou centro de operações via 193 (Corpo de Bombeiros). Ainda de acordo com a PNAU
(BRASIL, 2002), a assistência às vítimas de colisão automobilística é realizada pela equipe de
saúde, compostas por médicos, enfermeiros, técnicos em Enfermagem, e pela equipe de
bombeiros.
Como parte do sistema de saúde, porém ao representar a segurança pública, a atividade
dos Corpos de Bombeiros Militares está relacionada a execução de atividades de defesa civil, de
prevenção e de combate a incêndios, de busca, de salvamento e de socorro público (MATO
GROSSO DO SUL, 1989). As técnicas empregadas pelo Corpo de Bombeiros Militar em
acidentes de trânsito são chamadas de resgate veicular, definidas como procedimentos para
localizar, acessar, estabilizar e transportar as vítimas que estejam presas nas ferragens de um
veículo acidentado. A prioridade do resgate veicular está no desencarceramento e extração de
vítimas (SANTA CATARINA, 2017a).
As equipes de bombeiros são formadas por militares que recebem o treinamento de
resgate e atendimento pré-hospitalar. A configuração de uma equipe de bombeiros, para o
atendimento de vítimas de colisão automobilística estáveis, compõe de duas a três viaturas: auto
socorro (AS) tripulada pelo comandante de socorro, auto bomba rápido (ABR) pela equipe de
salvamento e unidade de resgate (UR) pela equipe de socorristas de suporte básico de vida (SBV)
(MATO GROSSO DO SUL, 2004).
Os recursos disponíveis (humanos, viaturas, aeronaves) são empenhados para
atendimento a partir das informações preliminares sobre as circunstâncias do acidente. Durante
a triagem procura-se identificar quantos veículos estão envolvidos, se há vazamento de
combustíveis, quantidade de vítimas e a situação clínica das mesmas (sangramento, consciência
e fraturas) (MATO GROSSO DO SUL, 2004).
No panorama pré-hospitalar, conforme Dias et al., (2011) e sua pesquisa desenvolvida
no Estado de São Paulo (Brasil), é evidente que a severidade do trauma e sua mortalidade são
superiores em acidentes com colisões de veículos a motor, em que as vítimas se encontram
aprisionadas, em comparação com as não aprisionadas. Os resultados indicaram que das 1203
vítimas incluídas no estudo, 401 estavam aprisionadas no veículo (32,5%) e 802 não estavam
35

(65,1%), as aprisionadas morreram com mais frequência na cena do acidente (10,2%) que as
vítimas não aprisionadas (1,37%), e apresentou 8,2 vezes maior probabilidade de morte no local.
Além disso tal quadro permite concluir que no cenário pré-hospitalar, é imprescindível para o
manejo das complicações do paciente, o que justifica a necessidade de uma avaliação rápida e
eficiente de cada caso, bem como a cooperação mútua entre os serviços englobados.
Diante desse contexto, é primordial a atuação integrada dos profissionais envolvidos na
assistência ao paciente no âmbito pré-hospitalar, sejam eles da saúde (enfermeiros, técnicos de
Enfermagem, médicos e socorristas) e do resgate e salvamento (bombeiros). Para tanto, é
indispensável que o trabalho em equipe seja efetivo, visto que a reciprocidade das intervenções
técnicas e interação entre os agentes do grupo influenciam na assistência. Desse modo, é certo
que o objetivo do APH é manter a vítima do acidente viva até a chegada ao local de referência
para manutenção da vida. Isso mostra que quanto menor o tempo do atendimento e transporte ao
centro de referência maiores serão as chances de sobrevivência (MACKENZIE, 2000;
PEREIRA; LIMA, 2009).
O manejo das vítimas de colisões de veículos a motor é pautado em uma abordagem
sistêmica de resgate, organizado por etapas a serem cumpridas simultaneamente, entre elas:
avaliação da cena, gerenciamento de perigos, acesso, criação de espaço, acesso total e extricação.
Para o desenvolvimento de tal abordagem, faz-se necessário que os profissionais da saúde do
APH compreendam a linguagem utilizada pelos profissionais do resgate e o procedimento por
eles executado (MACKENZIE, 2000; WILMINK et al., 1996). Esta, por sua vez, é uma das
questões que refletem fragilidades e limitações desse atendimento (COATS; DAVIES, 2002).
Com vistas a integrar os serviços pré-hospitalares móveis, o CBMSC consiste em uma
das instituições pioneiras na formação de resgatistas que atuam especificamente nas atividades
de desencarceramento e extração das vítimas de colisão automobilística. A busca pelo trabalho
integrado entre as guarnições de resgate e APH em que cada equipe realize sua função, com
função específica predefinida constitui o objetivo da integração (SANTA CATARINA, 2017).
Coats e Davies (2002) sugerem que a equipe de saúde atue em conjunto com o corpo de
bombeiros. O desencarceramento de vítimas presas precisa estreita integração de resgate físico e
atuação médica. Os profissionais de saúde que atuam no APH devem compreender
procedimentos de desencarceramento e terminologia. Esse entendimento é idealmente baseado
em treinamento combinado. Sem essa coordenação, o desencarceramento se torna lento,
frustrante e pode ser perigoso tanto para o paciente quanto para os socorristas.
Ao utilizar as referências de atendimento sistematizado através de ações sequenciais, as
equipes de saúde e serviços de resgate proporcionam atendimento integrado com foco na vítima.
36

Esta integração permite a melhoria no atendimento, ao aplicar o tratamento adequado, a fim de


melhorar o prognóstico das vítimas de colisão automobilística (COATS; DAVIES, 2002).
Segundo a filosofia da abordagem em equipe, cada integrante envolvido no resgate deve
ter uma tarefa previamente designada e treinada, a fim de que múltiplas tarefas sejam
desempenhadas de forma sequencial, lógica e, quando possível, simultânea (WILMINK, 1996).

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Validar o conteúdo de um fluxograma para a extração de vítimas de colisão


automobilística pela técnica de Ângulo Zero.

3.2 Objetivos Específicos

1) Sumarizar evidências científicas sobre as técnicas extração de vítimas de colisão


automobilística.
2) Identificar os elementos que devem compor um fluxograma para abordagem de vítima
de colisão automobilística encarceradas, na perspectiva dos profissionais bombeiros militares.
3) Construir um fluxograma para extração de vítimas de colisão automobilística pela
técnica de ângulo zero.

4. MÉTODOS

4.1 Tipo de estudo

Estudo metodológico, com abordagem mista, voltado para construção e validação de


tecnologia com aparência de fluxograma para implementação de uma abordagem sistematizada
de vítimas de colisão automobilística encarceradas com ênfase na técnica de extração em ângulo
zero.
A meta do pesquisador no estudo metodológico é elaborar e implementar um instrumento
confiável, preciso e utilizável que possa ser empregado por outros pesquisadores e outras pessoas.
Esse estudo cabe a qualquer disciplina científica e lida com fenômenos complexos como o
37

comportamento ou a saúde dos indivíduos, tal qual ocorre na pesquisa de enfermagem (POLIT,
2019).
Por sua vez, Contradiopoulos et al. (1997) consideram este tipo de pesquisa como uma
estratégia que utiliza os conhecimentos existentes de maneira sistemática para propor nova
intervenção ou melhoria significativa em intervenção existente, ou ainda, elaborar ou melhorar
um instrumento, um dispositivo ou um método de mediação.
Segundo Polit (2019) a pesquisa metodológica refere-se a investigações que tratam do
desenvolvimento, da validação e da avaliação de ferramentas e métodos de pesquisa. Ela é
desenvolvida por meio da obtenção e organização de dados e condução de pesquisas rigorosas,
com a inclusão de modelos com métodos mistos.
De acordo com Creswell (2010), a pesquisa com métodos mistos consiste em uma
investigação que combina formas quantitativas e qualitativas na busca da garantia de um melhor
entendimento acerca do problema investigado.
Na abordagem quantitativa, os dados relacionados à realidade social, produzidos por
instrumentos padronizados, visam obter elementos e fontes de propensões de todos os tipos e se
apresenta uma linguagem observacional, que fornecem possibilidades de expressar
generalizações com precisão e objetividade (MINAYO, 2013).
A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o
mundo real e o sujeito, na qual o conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados,
conectados por uma teoria explicativa. Nesse âmbito, o sujeito-observador é parte integrante do
processo de conhecimento e interpreta os fenômenos e lhes atribui um significado (CHIZZOTTI,
2009).
Como os estudos de validação têm foco no desenvolvimento, avaliação e aperfeiçoamento
de instrumentos estratégico-metodológicos, este estudo será realizado com abordagem mista,
pois ambas sustentam o processo de validação, e se mostram necessárias para a descrição
subjetiva e precisão objetiva.

4.2 Procedimentos

Para a melhor organização, o estudo foi dividido em três etapas (teórica, empírica e
analítica):
1) síntese do conteúdo;
2) grupo focal; e
3) construção e validação do fluxograma.
38

4.2.1 Etapa 1 – Síntese do Conteúdo

4.2.1.1 Revisão de Escopo - Scoping Review

Para o desenvolvimento dessa etapa, houve a necessidade de sintetizar o arcabouço


teórico para construção do fluxograma para a extração de vítimas encarceradas, e utilizou-se a
revisão de literatura do tipo revisão de escopo (Scoping Review), baseada no referencial teórico
proposto por Arksey; O’malley (2005) e desenvolvido conforme método proposto pelo Joanna
Briggs Institute (JBI, 2020), o qual permite mapear os principais conceitos sobre determinada
área de conhecimento.
Para Mays et al., (2001), investigações científicas na qual o objeto de estudo é de natureza
complexa ou heterogênea, a revisão de escopo é realizada com a finalidade de revisar o assunto
de maneira extensa e completa. Neste aspecto, Arksey e O’malley (2005) concluem que os
objetivos da revisão de escopo são: examinar a extensão, alcance e natureza da investigação, bem
como sumarizar e divulgar os dados da investigação e identificar as lacunas de pesquisas
existentes (scoping study ou scoping review).
Dicenso, et al. (2010) esclarece que as revisões de escopo utilizam métodos rigorosos
para identificar e analisar de forma abrangente a questão de pesquisa. É importante ressaltar que
as revisões de escopo preveem os mesmos processos das revisões sistemáticas, no entanto as
diferenças se relacionam aos objetivos e metas de cada método. Enquanto para Campbell
Collaboration (2013) a revisão sistemática tem por objetivo sintetizar a melhor pesquisa
disponível sobre uma questão específica, a revisão de escopo apresenta, dentro do contexto
pesquisado, a visão geral diversificada do corpo literário pesquisado.
Neste aspecto, de acordo com Tricco et al (2018), as revisões de escopo têm grande
utilidade para sintetizar evidências de pesquisa e são muitas vezes usadas para mapear a literatura
existente em um dado campo em termos de sua natureza, característica e volume. Por sua vez,
Ring et al. (2012), confirmam que a revisão de escopo possui utilidade particular quando o corpo
de literatura ainda não foi amplamente revisto, ou exibe de natureza complexa, heterogênea e não
passível de uma revisão sistemática mais precisa.
Liberati, Altman e Tetzelaff ring (2009) indicam que as análises de escopo fornecem uma
visão geral das evidências ou respondem a perguntas sobre a natureza e diversidade das
evidências/conhecimentos disponíveis.
Composta por etapas metodológicas conforme método proposto pelo Joanna Briggs
Institute (JBI, 2020), a sequência para sua realização foi:
39

1 – Definição da questão da pesquisa;


2 – Identificação de estudos relevantes;
3 – Seleção de estudos;
4 – Mapeamento de dados;
5 – Análise, resumo e relato de resultados;
6 – Divulgação.
Ao término da pesquisa, de acordo com Tricco et al., (2018) é utilizado o Check List
PRISMA-ScR. Este dispositivo é uma extensão utilizada em revisões de escopo que é definida
como lista de verificação, a qual é composta por 22 itens, desses, 20 são essenciais e 2 são
opcionais.
A construção do método de pesquisa com base no referencial metodológico proposto por
Arksey e O’Malley (2005) confirma que a revisão de escopo é a alternativa que melhor se
enquadra com vistas a responder à pergunta desse objeto de estudo. A escolha deste método se
justifica, pois no contexto do objetivo específico da pesquisa, o tema carece de respostas
científicas de abrangência geral. E conforme Tricco et al., (2018) ao término da revisão de escopo
será possível determinar a necessidade de uma revisão sistemática.

4.2.1.2 – Protocolo da Revisão de Escopo – Scoping Review

A pergunta dessa revisão foi formulada pela estratégia do PCC (JBI, 2015;
AROMATARIS; MUNN, 2017): P - População; C - conceito; C – Contexto, definida como: P
– vítimas de colisão automobilística com potencial lesão de coluna vertebral; C – técnicas de
extração e C – atendimento pré-hospitalar. Assim, a questão norteadora foi: Quais as técnicas de
extração de vítimas encarcerados por colisão automobilística com potencial lesão de coluna
vertebral?
A busca para a identificação dos estudos relevantes foi realizada nas seguintes bases de
dados: MEDLINE/PUBMED (Central-PMC); CINAHL (Cumulative index to nursing and allied
health literature; SCOPUS (Elsevier), Science Direct (Elsevier), Web of Science (Coleção
principal), e Cochrane Libray.
Em relação à literatura cinzenta, a busca foi realizada nas seguintes plataformas: Brasil –
Portal de Teses e Dissertações para Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, Biblioteca digital de
Teses e Dissertações da USP e Teses e Dissertações UFMS - repositório; Portugal – Repositório
Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP); África do Sul - Teses e Dissertações
40

Nacionais (Portal ETD); Mundo-Cyberthesis; Austrália e Nova Zelândia – Biblioteca Nacional


da Austrália (Trove); Continente Europeu – Portal de E-teses da Europa (DART); Canadá – Teses
Canadá; Reino Unido – Serviço Online de Teses eletrônicas (EThOS); Suécia e outros países
escandinavos – Academic Archive Online (DIVA); e Sistema de Informação – Opengrey.
A partir da questão norteadora foram realizadas leituras de artigos e identificados os
principais descritores associados ao tema. Os descritores foram definidos de acordo com o MeSH
Terms do Medical Subject Heading (MeSH) da base de dados PUBMED (Central-PMC), em
combinação com a palavra-chave “extrication”. A partir dessa primeira definição, os mesmos
descritores foram adaptados aos Exact Subject Heading da base CINAHL e nas demais bases de
dados foram usados como palavras-chaves e seguiu-se a mesma estratégia de busca em todas.
Após isso, definiu-se as estratégias de busca dos estudos, de acordo com cada base. A busca
ocorreu no mês de maio de 2020.
Realizaram-se buscas prévias para verificação e confirmação da inexistência de SR sobre
o tema e não foram identificados quaisquer estudos neste sentido. O protocolo de registro para
esta revisão de escopo encontra-se cadastrado no Open Science Framework (OSF) com nº
osf.io/c689x e acesso no link:
https://osf.io/c689x/?view_only=226cd3d3c0484b6bbf30719272fd1552.
Para a seleção dos estudos, usou-se os seguintes critérios de inclusão artigos científicos,
estudos de caso, revisões de literatura, capítulos de livros, guidelines e protocolos, teses e
dissertações, disponíveis na íntegra nas bases de dados, desde o seu início até maio de 2020, sem
limitação de idiomas, que abordassem sobre técnicas de extração de vítimas de colisão
automobilística encarceradas com potencial lesão de coluna vertebral. Foram excluídos
editoriais, cartas ao editor, opinião de especialistas, resumos, correspondências e resenhas. Os
artigos duplicados foram considerados apenas uma vez.

4.2.1.3 – Leitura e coleta dos dados das revisões de literatura

Após a busca nas bases de dados foi realizado a leitura de todos os títulos e resumos com
a finalidade de identificar os estudos que atendessem aos critérios de elegibilidade do estudo por
dois pesquisadores de forma independente. As divergências foram discutidas pelos pesquisadores
afins de manter ou não a inclusão do estudo.
Após a seleção inicial pelos títulos e resumos, foi realizado a leitura na íntegra de cada
um dos estudos selecionados, por dois revisores independentes para: a) confirmar a pertinência
41

à pergunta de revisão e em caso positivo, b) extrair os dados. Os casos de dúvida foram resolvidos
em reunião de consenso por três pesquisadores.
Para a extração dos dados foi utilizado um instrumento baseado no protocolo de revisão
que contém os seguintes itens: identificação da publicação (título, bases de dados indexadas,
autores, país, idioma e ano), revista científica, aspectos metodológicos do estudo (método
empregado, tipo de abordagem e objetivo ou questão da investigação), fatores de risco, limitações
e conclusões, nível de evidência do estudo e graus de recomendação. A partir dos dados extraídos,
foram identificadas categorias de análise, de acordo com os temas emergentes, que permitiram
sintetizar de forma narrativa os achados.

4.2.1.4 – Hierarquização das Evidências

As revisões de escopo não preveem a exclusão de artigos segundo critérios de qualidade


metodológica, mas para apoiar a síntese dos dados os artigos mantidos na revisão foram
submetidos à avaliação de qualidade metodológica por instrumentos a usar os referenciais de
Joanna Briggs Institute (JBI, 2020).
As evidências científicas podem ser categorizadas por níveis e graus de recomendação,
pois são definidas como resultados de pesquisas objetivas e científicas, obtidas por meio de
procedimentos que incorporam critérios de validade (JBI, 2014).

Figura 4: Hierarquização das evidências Joanna Briggs Institute


Fonte: (JBI, 2016)
42

De acordo com a Figura 4, os níveis de evidência (JBI, 2016) são classificados por níveis:
Nível 1 - Estudos Experimentais; Nível 2 - Estudos Quase-experimentais; Nível 3 - Estudo
observacional analítico; Nível 4 - Estudo observacional descritivo; e Nível 5 - Opinião de
Especialistas. Os graus de recomendação são classificados como A ou B (Forte ou Fraco),
também propostos por Joanna Briggs Institute (2014).
Os dados serão analisados com auxílio de ferramentas críticas para avaliação conforme o
desenho de cada estudo selecionado. Esta avaliação permite avaliar a confiabilidade, relevância
e resultados de artigos publicados (JBI, 2014).

4.2.2 Etapa 2 – Grupo focal

Para o objetivo específico 2 foi proposta a técnica de grupo focal (GF). O GF é uma
estratégia de entrevista grupal ou de discussão na qual a partir de uma questão inicial os
participantes são estimulados a discutirem e dialogarem sobre um determinado assunto, com o
propósito de fazer emergir o conhecimento, ideias e hipótese sobre o um assunto de investigação
(RESSEL et al., 2008).
Teve como objetivo identificar, na perspectiva dos profissionais bombeiros que realizam
o APH, quais elementos devem compor o fluxograma para abordagem sistematizada de vítima
de colisão automobilística durante a extricação, por meio da técnica de ângulo zero na fase de
extração.
Ressalta-se que foram convidados os profissionais bombeiros e das equipes de saúde que
fazem o APH para participar da coleta de dados, com o intuito de compreender a visão de ambas
as equipes. Entretanto, a equipe de saúde se manifestou sem interesse, visto que, para eles, esse
processo de extração é realizado pela equipe de bombeiros.

4.2.2.1 Local do estudo para os grupos focais

Os GFs foram realizados com profissionais bombeiros militares que realizam APH e que
atenderam aos critérios de seleção. Para isso, o local de coleta de dados dessa etapa do GF foi o
Comando do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS), após autorização
para realização do estudo (ANEXO A).
O CBMMS é constituído por unidades na capital e no interior. As unidades pertencentes
a capital Campo Grande-MS são 1º Grupamento de Bombeiros Militar (GBM) – Quartel da Costa
e Silva, 6º GBM – Quartel da Coronel Antonino, 5º Seção de Busca e Salvamento do 1º
43

Subgrupamento do 1º Grupamento de Bombeiros Militar – Quartel de Nova Alvorada (5º


SB/1ºSGBM/1ºGBM) e 18º Subgrupamento de Bombeiros Militar Independente (SGBM/Ind) –
Quartel de Sidrolândia. Também compõem as unidades de bombeiros militares da capital os
possíveis participantes da Academia de Bombeiros Militar (ABM), Centro de Resgate e
Atendimento Pré-Hospitalar (CRAPH), Centro de Proteção Ambiental (CPA) e Ajudância Geral
do Quartel do Comando Geral (AJG/QCG).
O Comando de Bombeiros do Interior (CBI) é composto por 23 unidades (Dourados - 2°
GBM, Corumbá - 3° GBM, Ponta Porã - 4° GBM, Três Lagoas - 5° GBM, Aquidauana - 1°
SGBM/Ind, Anastácio - 2° SBM/1°SGBM/Ind, Jardim - 2° SGBM/Ind, Bonito - 3° SBM/2°
SGBM/Ind, Nova Andradina - 3° SGBM/Ind, Paranaíba - 4° SGBM/Ind, Coxim - 5° SGBM/Ind,
Naviraí - 6° SGBM/Ind, Chapadão do Sul - 7° SGBM/Ind, Caarapó - 9° SGBM/Ind, Fátima do
Sul - 10° SGBM/Ind, Ivinhema - 11° SGBM/Ind, Mundo Novo - 12° SGBM/Ind, Maracaju - 13°
SGBM/Ind, Porto Murtinho - 14° SGBM/Ind, Aparecida do Taboado - 15° SGBM/Ind, Amambai
- 16° SGBM/Ind, Bataguassu - 17° SGBM/Ind, Costa Rica - 19° SGBM/Ind.).
Bombeiros voluntários e voluntários nos bombeiros não participaram da pesquisa pois
não atendiam aos critérios de inclusão. Nesse estudo, apenas participantes que estavam
vinculados às unidades da capital foram incluídos no estudo.

4.2.2.2 Participantes dos grupos focais

Participaram dos grupos focais 18 profissionais bombeiros. Segue abaixo o quadro 2 com
os critérios de inclusão e exclusão.

Quadro 2 – Critérios de inclusão e exclusão para seleção dos participantes Bombeiros Militares.
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Ser Bombeiro Militar (Oficial Combatente ou Praça Combatente).
Estar no mínimo há seis meses em atuação na atividade operacional de Resgate e Salvamento.
Estar vinculado a uma unidade da Capital.
CRITÉROS DE EXCLUSÃO
Voluntários no Bombeiro; estar afastado ou em período de férias no momento da coleta de dados.

Bombeiros voluntários e voluntários nos bombeiros não participaram da pesquisa pois


não atendiam aos critérios de inclusão. A nomenclatura Bombeiros Voluntários não é aplicada
no Estado de Mato Grosso do Sul. A nomenclatura Voluntários nos Bombeiros associa-se ao
trabalho voluntário na Corporação que está regulamentado pela Portaria n°211/BM-1/CBMMS
de 10 de fevereiro de 2017 e publicado em Diário Oficial do Governo do Estado de Mato Grosso
44

do Sul (DOE-MS) N° 9.348 de 10 de fevereiro de 2017, que tem por finalidade junto ao
voluntariado em aumentar a interação do Corpo de Bombeiros e a sociedade, com o intuito de
promover o espírito altruísta e aproximar a comunidade com o serviço Bombeiro Militar. Os
voluntários não possuem conhecimentos específicos relacionados ao resgate e salvamento
veicular e a carga horária de trabalho que eles praticam não proporciona a experiência adequada
para participar do estudo.

4.2.2.3 Procedimentos de coleta de dados dos grupos focais

Após a autorização do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFMS, os


pesquisadores entraram em contato com o serviço participante e solicitaram a ciência para início
da pesquisa.
Em razão da situação de distanciamento social determinada pelo Decreto Nº 14.257 de
17/04/2020, devido a pandemia do Coronavírus 19, o convite aos participantes se deu por meio
de formulário pela plataforma google forms. O formulário
(https://forms.gle/rf7f8CKqQyG4QedU6) foi encaminhado em grupos de contato específico via
aplicativo (Whatsapp) para militares do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul. O
formulário continha quatro seções e três perguntas. As perguntas versavam sobre os critérios de
inclusão e exclusão do estudo. Para ter acesso às perguntas o participante deveria aceitar
participar do encontro presencial e incluir o e-mail para acessar as próximas seções. As
orientações e perguntas constaram em formulário específico divido em 3 seções de acordo com
o estabelecido no quadro 3.

Quadro 3 – Seções do formulário encaminhado aos participantes do grupo focal. Campo Grande-MS.
2021
1ª Seção 2ª Seção 3ª Seção
- Identificação da pesquisa 1º - Qual seu posto ou Qual unidade Bombeiro Militar
- Identificação dos pesquisadores graduação? está lotado?
- Objetivo da pesquisa -Posto: Comando Metropolitano de
- Parecer consubstanciado 4.003.388 - Coronel Bombeiros (CMB) – Campo
UFMS Tenente Coronel Grande-MS:
Major - 1º Grupamento de Bombeiros
Capitão Militar – Quartel da Costa e Silva
1º Tenente (1ºGBM);
2º Tenente - 6º Grupamento de Bombeiros
- Graduação: Militar – Quartel da Coronel
Subtenente Antonino (6º GBM);
1º Sargento - 5º Seção de Busca e Salvamento
2º Sargento do 1º Subgrupamento do 1º
3º Sargento Grupamento de Bombeiros
Cabo Militar – Quartel de Nova
Soldado
45

2º - Há quanto tempo exerce Alvorada (5º


atividade operacional nas SB/1ºSGBM/1ºGBM);
áreas de Resgate e - 18º Subgrupamento de
Salvamento? Bombeiros Militar – Quartel de
a) – tempo menor que 6 (seis) Sidrolândia (18º SGBM). --
meses; e Academia de Bombeiros Militar
b) - tempo maior que 6 (seis) (ABM);
meses). - Centro de Resgate e
Atendimento Pré-Hospitalar
(CRAPH),
- Centro de Proteção Ambiental
(CPA); e
- Ajudância Geral do Quartel do
Comando Geral (AJG/QCG).

Os grupos focais foram realizados no dia 20 de maio de 2020, no período vespertino, no


Quartel da Academia de Bombeiros Militar (ABM), em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O
primeiro (GRUPO A) iniciou-se às 13:30 e teve participação de 11 profissionais, e o segundo
(GRUPO B), as 15:30, com participação de sete profissionais. Eles foram realizados em ambiente
privado e esse dia e horário foi acordado previamente com as chefias e participantes para que
não prejudicasse o processo de trabalho.
Foram tomadas medidas de controle referentes ao momento de Pandemia pelo COVID-
19. O ambiente estava arejado e com cadeiras dispostas em formato “U” separadas pelos limites
pré-estabelecidos (1,5m) entre cada participante. Ao adentrarem o ambiente os participantes
recebiam máscara cirúrgica para proteção individual e assepsia das mãos com utilização de álcool
70%.
Devido a pandemia e a necessidade de organização da sala com os limites mínimos de
distância entre os participantes, bem como o uso das máscaras, os grupos focais foram gravados
em mídia de áudio digital, por quatro gravadores distribuídos na sala, com a permissão dos
mesmos e tiveram duração média de 65 minutos.
Os grupos focais foram conduzidos por uma equipe de coleta de dados formada por três
profissionais (uma pesquisadora, uma aluna da pós-graduação – Mestrado e uma aluna da
Graduação em Enfermagem), sem contato prévio com os participantes do estudo, mas envolvidas
com a pesquisa. As três pesquisadoras foram treinadas neste método de coleta de dados e cada
uma assumiu um papel: de entrevistadora, de observadora e de relatora.
Inicialmente o pesquisador principal, junto a equipe de coleta de dados, explicaram os
objetivos do estudo, procedimentos de coleta de dados e entregaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE B). Após a distribuição e recolhimento dos TCLE, o
pesquisador principal, devido ter contato prévio com os participantes, retirou-se da sala e o grupo
focal foi conduzido pela equipe de coleta de dados.
46

Após isso, os participantes que aceitaram participar e assinaram o TCLE responderam o


questionário sociodemográfico (APÊNDICE C). Ressalta-se que, cada participante, participou
de apenas um grupo focal.
Para a coleta dos dados do grupo focal uma questão geradora foi feita pela condutora do
grupo focal apenas para direcionar o assunto a ser explorado: “Baseado na sua experiência e
conhecimento, quais os elementos que devem compor um fluxograma para abordagem
sistematizada de vítima de colisão automobilística na fase de extricação?” (APÊNDICE C).
Outras questões auxiliares foram utilizadas no intuído de explorar e aprofundar as discussões e
reflexões do grupo.

4.2.2.4 Análise de dados dos grupos focais

Os grupos focais foram transcritos integralmente. Todo o material gerado foi organizado
e submetido a Análise Temática de Conteúdo (ATC), que consiste em descobrir os núcleos de
sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência signifiquem alguma coisa
para o objetivo analítico visado. (BARDIN, 2016)
A análise temática como técnica de interpretação dos dados compreendeu um processo
de três etapas: pré-análise, exploração do material, tratamento e interpretação dos resultados. Ela
foi realizada por dois pesquisadores de maneira independente, por meio de um quadro de
categorização das falas dos participantes do estudo, sua análise, interpretação e as implicações,
e reflexões dos relatos. Por meio das reflexões e interpretações apresentadas nos quadros, os
núcleos de sentido serão identificados.
Após a análise independente, os pesquisadores realizaram a leitura aprofundada dos
relatos e de suas análises em conjuntos. Ela permitiu identificar, na percepção dos participantes,
quais os elementos que deveriam compor o fluxograma para abordagem de vítima de colisão
automobilística encarceradas.
Além disso, como a informática tem contribuído para as pesquisas em Enfermagem, a
utilização de softwares para análise de dados qualitativos é uma ferramenta que permite a
possibilidade de aprofundamento e confiabilidade dos resultados obtidos (SOUZA, et al., 2018).
Para análises textuais, existem vários softwares disponíveis que se apresentam como recursos
alternativos. Neste estudo, utilizar-se-á o software estatístico “R” que ancora O IraMuteq®. O
rigor científico proposto pelo software permite realizar diferentes análise estatísticas de dados
textuais: estatísticas textuais clássicas, análise de especificidade de grupos (AFC); classificação
47

hierárquica descendente (CHD); análise de similitude (AS) e nuvem de palavras (NP)


(CAMARGO, 2013).
A apresentação dos dados textuais, são organizados e distribuídos por vocábulos/palavras
de forma facilmente compreensível e visualmente clara, por meio de gráficos, quadros e tabelas
gerados pelo software que facilitam a inferência do pesquisador sobre seus dados, por facilitar a
exploração, busca e associação entre as palavras contidas no conteúdo dos textos. Neste estudo,
os dados textuais, originalmente escritos após o conjunto de entrevistas (GF) passará por análise
textual ou lexical que serão discutidos e apresentados no formato de manuscrito (SOUZA, et. al,
2018; AMORIN, 2019).

4.2.3 Etapa 3 – Construção e validação do conteúdo

A etapa 3 constitui na construção e validação do conteúdo de um fluxograma de


salvamento e resgate veicular para a extração de vítimas de colisão automobilística pela técnica
de ângulo zero. A construção e validação do conteúdo ocorre após a síntese do conteúdo (RE)
que em associação com os dados obtidos pelo GF passam a estruturar as principais etapas ou
fases que ocorrem durante o atendimento às vítimas de AT.
Este tipo de estudo é adequado para verificar os métodos de obtenção, organização e
análise de dados, com vista a elaborar, validar e avaliar instrumentos e técnicas para o âmbito da
pesquisa. Além disso, tem a finalidade de construir um instrumento confiável, preciso e utilizável
para que possa ser aplicado por outros pesquisadores (POLIT, 2019).
Para isso será utilizado a técnica Delphi por meio do método de especialistas, que são
aqueles que utilizam como fonte de informação um grupo de pessoas que se supõe com elevado
conhecimento do assunto do qual se vai tratar. Estes métodos são geralmente empregados em
três condições: quando não há dados históricos com os quais se possa trabalhar; quando o impacto
dos fatores externos tem mais influência na evolução do tema em questão que o dos internos;
quando as considerações éticas ou morais dominam sobre as econômicas e tecnológicas em um
processo evolutivo (KONOW; PÉREZ, 1990; LINSTONE; TUROFF, 2002; VÉLEZ PAREJA,
2003).
Linstone e Turoff (2002) afirmam que a técnica Delphi permite que especialistas
expressem suas opiniões e conhecimentos de forma anônima sobre um problema complexo. Tem
por objetivo obter o consenso da opinião do grupo de especialistas de forma objetiva por meio
de uma série de questionamentos e Feedback sobre eventos futuros. Também permite conhecer
48

as possíveis opções de um problema, de forma a avaliar o impacto e as consequências de qualquer


opção em particular e a aceitabilidade de uma determinada opção.
A técnica Delphi preconiza a aplicação de questionários sucessivos a um grupo de
especialistas ao longo de várias rodadas e busca o consenso entre opiniões de um grupo de
especialistas. O método é desenvolvido em três premissas básicas: anonimato, representação
estatística e feedback da resposta do grupo (LINSTONE E TUROFF, 2002).
O anonimato define que nenhum participante do grupo reconheça a identidade do outro
membro, ao apresentar pontos positivos quanto: não influencia pela reputação dos participantes,
a mudança de opinião e defesa de argumentos com tranquilidade. A representação estatística por
meio da informação apresentada aos participantes com destaque no ponto de vista da maioria e
todas as opiniões, e a indicação do consenso (LINSTONE e TUFOFF, 2002; KONOW e PÉREZ,
1990).
Wright et al. (2000) afirmam que para caracterizar a técnica Delphi, são necessárias duas
rodadas no mínimo. Giovinazzo e Fischmann (2001) confirma que duas rodadas são necessárias,
pois a pesquisa pode se tornar desinteressante. Sahal et al. (1975) sustentam que a base da
metodologia Delphi sugere o reconhecimento da superioridade do juízo do grupo em relação ao
juízo individual.
A técnica Delphi possui terminologia específica que define as etapas e sujeitos
envolvidos. Rodada é cada um dos sucessivos questionários apresentados ao grupo; questionário
é o documento que se envia aos juízes-especialistas. Painel é o conjunto de especialistas que
farão parte do Delphi; moderador é a pessoa responsável por recolher as respostas do painel e
preparar os questionários. (HELMER; RESCHER, 1972)
Para que a técnica Delphi seja aplicada é necessária a delimitação do contexto o primeiro
questionário deve ser cuidadosamente elaborado e estruturado. Em sequência procede-se a
seleção do painel de especialistas, sendo que, após o aceite, ocorre a explicação aos especialistas
sobre o método. Helmer e Rescher (1972), informam que o método segue uma sequência de
interrogantes individuais através de questionários.
Os questionários devem ser claros e objetivos e a cada rodada os resultados são analisados
e organizados em representação estatística simples e, retornam associados aos discursos
produzidos pelos juízes-peritos aos participantes (feedback) para conhecimento, análise e
reflexão (DALKEY, 1969).
A formatação da técnica Delphi possui uma sequência que orienta a sua aplicação.
Delimitação do problema, seleção dos juízes, elaboração dos questionários estruturados, envio
dos questionários, recebimento do questionário, análise das considerações e feedback, envio dos
49

questionários após as considerações, recebimento do questionário e consenso (SACKMAN,


1975).
O instrumento de validação desse conteúdo teórico foi construído de acordo com as
recomendações do modelo psicométrico proposto por Pasquali, o qual aborda doze critérios de
avaliação para que um determinado constructo seja considerado válido (PASQUALI, 2015). De
acordo com o autor, os critérios aplicados ao processo de validação e utilizados como parâmetro
para a avaliação dos juízes seguem informadas no quadro 4.

Quadro 4 – Itens de avaliação do protocolo de acordo com o método adaptado ao estudo. Campo
Grande/MS, 2021.
Item Descrição Definição - Método Método adaptado
1 Utilidade e O protocolo é relevante e atende a O protocolo é relevante e atende a
Pertinência finalidade proposta; finalidade proposta;
2 Consistência e O protocolo apresenta profundidade para O protocolo apresenta profundidade
Amplitude compreensão; para compreensão;
3 Clareza O protocolo segue apresentado de forma O conteúdo segue apresentado de forma
clara, simples e inequívoca; clara, simples e inequívoca;
4 Objetividade O protocolo permite resposta pontual; O conteúdo permite resposta pontual;
5 Simplicidade Os itens expressam uma única ideia; Os itens expressam uma única ideia;
6 Exequibilidade Os protocolos são aplicáveis; Os protocolos são aplicáveis;
7 Atualização Os itens seguem as práticas baseadas em Os itens seguem as práticas baseadas em
evidências atuais; evidências atuais;
8 Precisão Cada item de avaliação é distinto dos Cada item de avaliação é distinto dos
demais, não se confundem; demais, não se confundem;
9 Comportamento Os protocolos não apresentam itens Os protocolos não apresentam itens
abstratos ou ambíguos; abstratos ou ambíguos;
10 Variedade Variação da linguagem em cada termo e não Variação da linguagem em cada termo e
utilizar sempre a mesma questão para não utilizar sempre a mesma questão
definir as questões; para definir as questões;
11 Modalidade Não utilizar expressões extremas como Não utilizar expressões extremas como
excelente, miserável; e excelente, miserável; e
12 Equilíbrio Os itens dever ser distribuídos de uma -
forma semelhante a uma curva normal com
itens que abordem traços latentes fortes,
médios ou fracos.

Para tanto, esse modelo permite que um formulário de validação seja construído com os
itens necessários e não precisa abranger todos os 12 itens definidos acima. Nesse sentido, o
formulário de avaliação da validade de conteúdo deste estudo é composto por 11 itens, a
considerar que o item 12 “Equilíbrio” não fora utilizado por não ter sido mensurada a qualidade
do questionário anexo no Apêndice D.
Para a análise dos formulários de validação, o método proposto por Dalkey e Helmer
(1963) recomenda o mínimo de 7 e o máximo de 30 juízes especialistas para o processo de
validação. As avaliações dos juízes foram inseridas no banco de dados do Microsoft Excel
50

2010®; tabuladas e encaminhadas para análise estatística, nas quais foram verificadas as
pontuações atribuídas a cada item, com apresentação de resultados por meio de estatística
descritiva.
A validade de conteúdo é concordância entre os juízes-especialistas sobre os itens de um
instrumento e seus aspectos, de acordo com Alexandre; Coluci (2011), é mensurada pelo Índice
de Validação de Conteúdo (IVC), que confirma a validade do conteúdo. Para Coluci, Alexandre
e Milani (2015), é um método que consiste na aplicação de uma escala de Likert (JOSHI et. al.,
2015) com pontuação de 1 a 4, em que: 1 = item não equivalente; 2 = item necessita de grande
revisão para ser avaliada a equivalência; 3 = item equivalente, necessita de pequenas alterações;
e 4 = item absolutamente equivalente. Para calcular o IVC de cada item, soma-se as respostas 3
e 4 dos juízes-especialistas, e divide-se o resultado da soma pelo número total de respostas. Os
itens que receberem pontuação 1 ou 2 devem ser revisados.
Nesta pesquisa utilizou-se a escala de Likert (JOSHI et. al., 2015) adaptada com
pontuação de 1 a 3, em que: 1 = item - discordo; 2 = item – concordo parcialmente – necessita
de revisão; 3 = item – concordo totalmente. Como referência para o cálculo do IVC de cada item,
somar-se-á as respostas 2 e 3 dos juízes especialistas, e divide-se o resultado da soma pelo
número total de respostas. Os itens que receberam a pontuação 2 foram revisados.
Para que o IVC seja aceitável entre os juízes-especialistas deve ser no mínimo 0,78.
Alguns autores sugerem para novos instrumentos 0,80 e preferencialmente maior que 0,90. O
IVC é calculado pela seguinte fórmula:

Ademais, realizou-se a análise descritiva (frequências absolutas e relativas, mínimo,


máximo, média, mediana e desvio padrão), com a finalidade de comparar as medianas, o
consenso entre os juízes e os escores do IVC alcançados nas rodadas da técnica Delphi I. Para
tanto, adotou-se o ρ-valor ≤ 0,05 como parâmetro para a significância estatística.
A fim de avaliar a consistência interna da ferramenta gráfica utilizou-se o Alfa de
Cronbach (α). De acordo com Freitas e Rodrigues (2005), estima a confiabilidade de consistência
interna de questionários bem como a estimativa de confiabilidade entre os juízes-especialistas.
Apesar de não existir um consenso entre os pesquisadores acerca da interpretação da
confiabilidade de um questionário obtido a partir do valor deste coeficiente, o mesmo é
51

considerado satisfatório em um instrumento de pesquisa quando se obtém alfa maior ou igual a


0,70 (FREITAS E RODRIGUES, 2005).

4.2.3.1 – Participantes da etapa 3 - juízes-especialistas

Os participantes dessa etapa são denominados, de acordo com o método, de juízes-


especialistas. Os juízes-especialistas são pessoas que têm abrangente conhecimento do tema
estudado e podem ser profissionais ou pesquisadores do tema. A seleção amostral dos juízes-
especialistas obedecerá a duas categorias: juízes-especialistas da área da saúde e juízes-
especialistas da área de atuação militar.

Critérios de inclusão

Para o grupo de profissionais da saúde, realizou-se a busca ativa de juízes-especialistas


por meio de pesquisa avançada na plataforma Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico – CNPq (http://lattes. cnpq.br/), por assunto, a fim de identificar
profissionais/pesquisadores de saúde do Brasil aptos a atuarem como juízes-especialistas do
instrumento na categoria “juízes-especialistas na área da saúde”.
Foram utilizados descritores relacionados à temática do estudo (“Emergência” e
“Trauma”) e ao aplicar aos resultados junto ao filtro “área de atuação”, os profissionais foram
selecionados. Os currículos foram analisados a partir da titulação, experiência profissional,
participação em projetos de pesquisa e publicação de trabalhos científicos em periódicos
relacionados à temática do presente estudo. O processo de validação dos protocolos gráficos
ocorreu com uma rodada da Técnica Delphi.
Para inclusão dos participantes como juízes-especialistas da área da saúde foi estabelecido
a soma mínima de quatro pontos, de acordo com os critérios descritos no quadro 5, por meio do
preenchimento de um instrumento pelo pesquisador com adaptação para o estudo (FEHRING,
1994) (APÊNDICE E). Aqueles que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão receberam
um e-mail para convite de participação conforme descrito no item 4.2.3.3.
Quadro 5 – Critérios de seleção dos juízes-especialistas de área da saúde.
CRITÉRIOS PONTOS
Doutorado na área de Enfermagem ou Medicina 2
Mestrado na área de enfermagem ou medicina 1
Experiência na área de emergência de Atendimento pré-hospitalar e/ou Intra-hospitalar por no 2
mínimo seis meses
52

Participação em projetos de pesquisa que envolvessem o âmbito da emergência no Atendimento 2


pré-hospitalar e/ou Intra-hospitalar.
Autoria em pelo menos dois trabalhos, nos últimos três anos, publicados em periódicos em 1
temáticas que envolvam a emergência em Atendimento pré-hospitalar e/ou Intra-hospitalar
Tese ou dissertação na área de emergência em Atendimento pré-hospitalar e/ou Intra-hospitalar 1
Experiência como docente ou pesquisador em instituição de ensino superior na área de 1
Atendimento pré-hospitalar e/ou Intra-hospitalar.

Para o grupo de profissionais da área de atuação militar, por se tratar de grupo que estuda
técnicas e táticas de salvamento veicular no Brasil, o convite ocorreu por meio de grupo de
whatsapp e que abrangia esses profissionais. Realizou-se um convite público na rede social
(WhatsApp). O convite continha o objetivo e um link com acesso ao formulário eletrônico via
google forms com perguntas referentes aos critérios de inclusão (quadro 6) desse participante,
para preenchimento do mesmo (APÊNDICE F). Ele é específico para elencar se os participantes
atendem ou não os critérios de inclusão e exclusão e não serão utilizados como dados do estudo.
O participante que atendeu aos critérios de inclusão e exclusão na pesquisa passou a ser
denominado juiz-especialista. O mesmo recebeu um e-mail com a confirmação da participação
no estudo. O formulário preenchido solicitou as informações conforme quadro 08. Todas essas
informações estarão presentes no convite público.
Após o preenchimento do formulário eletrônico, foram incluídos na pesquisa e
convidados a participar aqueles que atenderem a soma mínima de quatro pontos de acordo com
os critérios descritos no quadro a seguir:

Quadro 6 – Critérios de seleção dos juízes-especialistas de área de atuação militar. Campo Grande/MS,
2021.
CRITÉRIOS PONTOS
Ter graduação 2
Experiência na área de emergência de Atendimento pré-hospitalar por no mínimo seis meses 2
Especialização em curso de salvamento veicular 1
Experiência em Seletivas/Desafios de Salvamento Veicular e Trauma (estaduais ou nacionais ou 1
internacionais)
Experiência como docente em curso de salvamento veicular 1

Critérios de exclusão
Foram excluídos todos os profissionais, independente do grupo, que não atendam aos
critérios de inclusão (pontuação de no mínimo 4 pontos); que não retornarem o contato por e-
mail; que participaram do GF; e que não cumprirem todas as etapas para a validação de conteúdo
nos prazos pré-estabelecidos.
53

4.2.3.2 – Procedimento de coleta de dados: Envio, recebimento e feedback

O envio e o recebimento dos questionários foram realizados por meio de correio


eletrônico – e-mail.
O procedimento de coleta de dados dessa etapa se deu em três momentos distintos, a
saber:
1º) Foi realizado um contato via endereço eletrônico (e-mail), por meio de uma carta-
convite, a todos aqueles que atenderem o critério de inclusão e exclusão, com o propósito de
apresentar o estudo, seu objetivo, os procedimentos de coleta de dados, o convite da participação
como juízes-especialistas na pesquisa, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
(APÊNDICE G) e o parecer de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. O tempo pré-
determinado para o retorno da resposta dos juízes-especialistas ao pesquisador foi de trinta dias
a partir da data de envio do e-mail. Caso não houvesse o retorno nesse período, o participante
seria excluído do estudo. Não houve substituição do participante.
2º) Para os juízes-especialistas que manifestaram interesse, e enviaram o TCLE assinado,
os mesmos receberam a cópia do TCLE ao participante via e-mail, assinada por ele e pelo
participante. A partir daí, dar-se-á início ao processo de validação de conteúdo e aparência do
fluxograma. Para isso foi enviado o APÊNDICE D, o qual contém um questionário de
caracterização sociodemográfica, de formação e atuação e o formulário de avaliação da validade
de conteúdo com o conteúdo teórico do fluxograma proposto (o qual será construído a partir das
etapas 1 e 2 desse estudo). O APÊNDICE D será disponibilizado na íntegra em formulário
eletrônico (link) via plataforma google forms, por e-mail para os participantes. Esta etapa
consistirá no Delphi I e terá como tempo pré-determinado para o retorno dos juízes-especialistas
ao pesquisador 30 dias a partir da data de envio. Caso não haja o retorno nesse período, o
participante será excluído do estudo.
3º) Após análise dos dados do Delphi I por meio da resposta do questionário de avaliação
da validade de conteúdo (APÊNDICE D), os pesquisadores confirmaram, reviram ou adaptaram
o conteúdo proposto para a construção do fluxograma, conforme recomendação dos juízes-
especialistas. Após isso, os juízes-especialistas foram novamente contatados por e-mail por meio
do envio novamente o formulário de avaliação da validade de conteúdo, sem a parte da
caracterização dos participantes (APÊNDICE H). Esta fase consistiu no Delphi II e teve como
tempo pré-determinado para o retorno dos juízes-especialistas ao pesquisador 30 dias a partir da
data de envio. Foram excluídos os juízes-especialistas que não retornaram dentro desse período.
54

Após a finalização da fase Delphi II, o processo de coleta de dados foi finalizado com o
consenso entre os juízes-especialistas sobre os itens de um instrumento e seus aspectos de acordo
com o método estabelecido. Cada item do instrumento avaliado é denominado fase. Não houve
necessidade de realizar a terceira rodada da Técnica Delphi.

4.2.3.3 Construção e validação do conteúdo do fluxograma

O quadro 7 descreve, o conteúdo com as considerações dos juízes-especialistas. Este


conteúdo foi encaminhado junto ao questionário do tipo formulário e recebido após a primeira
rodada da técnica Delphi I. Os elementos que devem compor o fluxograma, de acordo com o GF,
seguem elencados por fases e estão relacionados conforme a definição na primeira coluna. Na
segunda coluna, no campo sugestão transcreveu-se as sugestões dos juízes-especialistas. E na
terceira coluna segue a definição dos itens com as sugestões realizadas pelos juízes-especialistas.

Quadro 7 – Descrição de conceitos e definições das fases do salvamento e resgate veicular e sugestões
dos juízes especialistas. Campo Grande, MS, 2020.
Fase 1- ACIONAMENTO E SUGESTÕES
DESLOCAMENTO
O acionamento e o deslocamento das viaturas para o - Faltou mencionar os itens que são importantes a
atendimento de socorro será definido pelos serviços serem coletados pelo CI no que tange ao tipo de QTO
públicos de despacho de ocorrências. O acionamento específica. Já que o tema é acidente automobilístico,
e o deslocamento pode ser iniciado da base de o que é importante ele obter em termos de
atendimento ou de quaisquer localidades na qual se informações.
encontrar a equipe designada. - Para avaliar sobre a construção de um fluxograma
e a objetividade da ação seria necessário o acesso ao
Conforme Art. 29, IV (Lei 9.503/97 - Código de fluxograma. A pergunta sobre evidências mais atuais
trânsito brasileiro), os veículos destinados ao socorro seria facilitada caso recebêssemos ou estivesse no
de incêndio e salvamento, os de polícia, os de texto o referencial teórico utilizado. A expressão
fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, barreira de sacrifício por exemplo, é pautada em qual
além de prioridade de trânsito, gozam de livre referencial? Para pensar: o título traz sobre
circulação, estacionamento e parada, quando em acionamento e deslocamento mas boa parte do texto
serviço de urgência e devidamente identificados por indica ações de chegada ao local e segurança da
dispositivos regulamentares de alarme sonoro e cena.
iluminação vermelha intermitente. - Pensando na construção de fluxogramas que visam
rápido entendimento e resposta, quanto aos critérios
Durante o deslocamento devem ser coletados pelo de distância de sinalização, sugiro ser mais claro e
Comandante, Chefe ou Líder as informações como prático nos critérios, pois o uso de cálculo como
tipo de acidente, local do acidente, ponto de tomada de decisão na prática por vezes acaba não
referência, quantidade de vítimas, tipo de veículos. sendo tão aplicável.
- Acredito que durante o deslocamento, diante da
O Comandante/chefe ou líder de equipe deve situação repassada pela central e despacho, o
confirmar junto a outras instituições (CBMs ou comandante pode solicitar apoio de outras
SAMU) se houve informações de duplicidade sobre instituições, tais como: PRF, concessionária de
o acidente e a necessidade de acionamento. energia, USA SAMU, etc. Tal solicitação de apoio
deve ser confirmado ou não assim que a primeira GU
Na chegada, posicionar a viatura distante da chegar ao local da ocorrência.
ocorrência e oferecer a mesma como barreira de - Item relevante, completo, porém, com texto longo
sacrifício. - A partir de categorias: correção gramatical e
procedimento operacional, realizo algumas
55

Sempre que for necessária a imobilização temporária sugestões: CORREÇÃO GRAMATICAL - Na linha
de um veículo no leito viário, em situação de 1 do texto por vírgulas entre a expressão " para o
emergência, deverá ser providenciada a imediata atendimento de socorro". Substituir "será definido",
sinalização de advertência, na forma estabelecida por "serão definidos". Na linha 2, substituir " O
pelo CONTRAN. acionamento e o deslocamento pode ser iniciado",
por " Estas etapas podem ser iniciadas". Na linha 9,
A distância mínima de visibilidade do sinal é substituir a palavra "coletados", por "coletadas".
calculada em função da velocidade de aproximação, Entre vírgulas " pelo Comandante, Chefe ou Líder".
considerando um tempo de percepção/reação igual a Iniciar com letra minúscula as palavras comandante,
1,5 segundos, Ex: Velocidade da via= 40 km/h chefe, líder. Por dois pontos após a palavra como. Na
(distância mínima de visibilidade de 60 m). linha 10, acrescentar "e" após a palavra "vítimas".
Na linha 21, acrescentar vírgula após a palavra
A distância entre a placa/cone e o ponto crítico ou "parada". PROCEDIMENTO OPERACIONAL - No
situação inesperada deve ser tal que permita a parágrafo 3, acrescentar "quantidades de veículos
desaceleração e/ou manobra, até a parada se envolvidos". No parágrafo 5, acrescentar " o
necessário, conforme a placa/cone ou a situação comandante, chefe ou líder deve informar a sua base
determinada. de sua chegada ao incidente". Ainda, acrescentar "a
viatura deverá, posteriormente, ficar na Área de
Esta distância depende da velocidade de Espera aguardando o momento de acionamento".
aproximação ou do tipo de manobra necessária
(parada ou retorno).

Fase 2 – AVALIAÇÃO 360º OU SUGESTÕES


DIMENSIONAMENTO DA CENA
Ao chegar ao local do acidente, o comandante/chefe - Da maneira que esta colocado, fica evidenciado que
ou líder deverá informar a chegada ao local aos o Cmt deverá realizar o procedimento conhecido
serviços de despacho. como 360º, contudo, na descrição, informa que
"deve informar o Comandante". Outra situação que
A cena deverá ser dimensionada. não ficou clara é se as ações descritas estão na ordem
Avaliar Cinemática do trauma. que devem ser realizadas, se sim, creio que as ações
de segurança devam preceder as demais. (OK)
- Sugiro rever o título e simplificar para tornar o
- Identificar e confirmar o tipo de colisão (Impacto fluxograma de uso mais abrangente considerando
frontal, traseiro, lateral, rotacional, capotamento ou um país com tantas singularidades. A expressão
tombamento); "Avaliação 360º" sugiro repensar. Em 20 anos como
profissional, professora e pesquisadora, nunca
utilizei. Mas pode ser algo de característica regional
- A quantidade de vítimas; ok? Não anula a relevância do tópico. - Quanto ao
mnemônico LAST entendo que extrapola o
- A situação aparente das vítimas; momento desse item. Sugiro rever a necessidade de
permanência do mesmo. (OK)
- Necessidade de recursos e necessidade suporte - Dentro da proposta de avaliar itens, inserir o
avançado (Terrestre ou Aéreo); mnemônico LAST, nesta etapa pode gerar dúvidas
para o leitor pois nem todas as etapas dessa
- Estabelecer a segurança do local; memorização serão empregadas neste item de
avaliação dos 360 graus ou dimensionamento da
- Identificar os riscos e informar para equipe de cena.
salvamento bombeiros; - Sugiro apenas uma escrita mais formal
- Elenco duas categorias de análises para realizar
- Localizar as vítimas e informar para comandante do sugestões: Gramática e procedimento operacional.
incidente (NAEMT, 2018); GRAMÁTICA: Buscar o mesmo sentido sintático
das frases. Palavra iniciada em minúscula, quando a
-Mnemônico LAST maioria iniciou por maiúsculas. Nas linhas 11 e 12,
Locate - Localizar acrescentar os correspondentes artigos antes dos
Acess - Acessar substantivos. PROCEDIMENTO OPERACIONAL:
Stabilize; and Estabilizar e No entendimento da cinemática do trauma,
transport. Transportar mencionar a quantidade de veículos e respectivas
posições; Estabelecer as zonas de trabalho (quente,
morna e fria); na linha 9, especificar que são
56

recursos operacionais: materiais e equipe de suporte


avançado.
- No momento da chegada da equipe de
APH à cena do incidente, é necessário ter uma visão
global da cena. Antes de sair do veículo, utilizar o
conceito de windshield survey (pesquisa de para-
brisa). Lembrar do uso de EPIS e EPCS.
- Mediante aos aspectos relacionados durante
dimensionamento onde se objetiva a cada setor
(Comando, Técnicos e Suporte Médico) identifico
que a Mnemônico LAST não cumpre suas 4 etapas
em virtude de a) Não possuir neste momento
avaliação primaria detalhada para definir (s) Oque
estabilizar b) Não possuir avaliação primária e
secundária para definir tipo de Transporte. (
Confrontando especialmente o tiem, Exequibilidade
- O item é aplicável na atuação prática. *) Quanto a
definição de Riscos estabeleceria ordem de
avaliação, pois momento objetiva este controle
sendo E - Exterior ( Riscos externos, instabilidades,
P - Propulsão (Tipo Combustivel, Gasolina, Hibrido,
Eletrico, GNV, etc I- Interior ( SRS , Sistemas de
Restrição Suplementar, Airbags, Chaves, e Tipo de
Encarcerramento ( Mecanico, TF1, TF2).
- Sugiro que seja observada a ficha de avaliação da
WRO para o Comando, a fim de acrescentar algumas
ações ou o tempo (sugestivo) para a tomada de
decisão do chefe de guarnição
- Senti falta de maior enfoque nos 10 riscos: fontes
alternativas de energia; energia elétrica, vazamento
de combustivel, etc
Item conciso, objetivo e direto.

Fase 3 – GERENCIAMENTO DE RISCOS SUGESTÕES


O gerenciamento de riscos inicia-se com o correto - Por se tratar de gerenciamento de itens, creio que
estacionamento e posicionamento da viatura de ações como estabilização e tratamento de pacientes
socorro. A sinalização da via, o isolamento do local não devam entrar na descrição.
e os riscos do cenário devem ser identificados, - Esse item reporta ao primeiro e ao segundo.
isolados e mitigados o mais breve possível. Gerenciar risco acredito ser importante mas o item
apresenta condutas de avaliação inicial (primária)
Os riscos são externos e internos: que deverá vir em item separado mesmo que fique
um item pequeno. Identificar e tratar hemorragias
1) Riscos externos: vazamento de fluidos, importantes bem como manter estabilização manual
combustível, vazamento de óleo, superfícies perfuro da cabeça implica ação após condutas para
cortantes, vidros quebrados, bateria ligada, vítima gerenciamento de riscos. Penso que acrescentaria
ejetada, vítima embaixo do veículo, instabilidade e muito: o que fazer diante dos riscos e não indicar as
posição do veículo (cenários simples – veículos medidas da avaliação primária. Fica como sugestão
sobre quatro rodas, tombado ou capotado; e cenários e penso que a elaboração do fluxograma irá
complexos – envolvem mais de um veículo), objetos considerar a separação destas etapas mesmo que
sobre o veículo (árvores, postes e etc). sejam elas realizadas na simultaneamente na prática.
A avaliação da consistência teórica depende da
2) Riscos internos: air-bag’s não deflagrados, pré- informaçao do referencial teórico que não foi
tensionador do cinto de segurança, chave no contato, explicitado.
localização da vítima, combustível armazenado - Sugiro: Clareza ao descrever e criar subitens
(botijão gás), tipo de carga ou material transportado quanto ao gerenciamento de riscos e avaliação de
no interior do veículo, marginais ou vítimas de vítima, sabemos que pode ser feito em conjunto
sequestro. Nem sempre podem ser mitigados nessa pelas equipes, porém pensando em confecção de
fase. fluxograma se torna necessário criar subitem ou
57

discriminar, para que não fique confuso uma série de


- Avaliar o cenário e estabilizar os veículos: tomadas de decisões e avaliações dentro de um
estabilização manual, primária, secundária e mesmo contexto de gerenciamento de riscos !
progressiva; e Avaliar a vítima e corrigir problemas dessa vítima é
risco interno ou externo ? Onde se enquadra ? A
-Considerar o estabelecimento das áreas de trabalho sugestão é somente criar linha de raciocínio para o
(área de concentração de vítimas, áreas de descarte, leitor !
área de ferramentas, equipamentos e acessórios). - Os riscos também podem ser coletivos, individuais
e para vítima.
A equipe de saúde deve realizar a RAM – Remote - O item " - manter o controle passivo da coluna
Assesment Medic ( Avaliação médica remota) – cervical - Permaneça olhando para mim" precisa ser
Realizar a abordagem médica remota (sem encostar executado desde a Avaliação Médica Remota.
no veículo) e identificar se há: - Atentar para erros gramaticais
- Do ponto de vista do gerenciamento de riscos,
-hemorragias massivas; Caso haja hemorragia sugiro incluir " identificar ameaças"
massiva, informar o comandante, chefe/líder sobre a - Relacionado ao Item Considerar o estabelecimento
- Claro, conciso e objetivo necessidade de das áreas de trabalho (área de concentração de
intervenção imediata (Utilizar técnicas para controle vítimas, áreas de descarte, área de ferramentas,
de hemorragias massivas); equipamentos e acessórios). Sugiro apenas
estabelecer este criterio após a definição de vias de
-manter o controle passivo da coluna cervical extração, (Final da reunião Tripartite, assim
(Orientar para que a vítima permaneça com os olhos considerado no Método VVTT) objetivando não não
e a cabeça direcionados para o bombeiro, médico ou anular possíveis vias e manter material logistico na
enfermeiro que faz o atendimento) - Permaneça linha de trabalho quando definida as técnicas de
olhando para mim; criação de espaço final.
- Sugiro colocar nos riscos internos, ao invés de citar
-confirmar se a vítima tem dificuldades para respirar um a um, substituir por SISTEMA DE
(Dispneia), - O Senhor (a) sente dor ou dificuldade SEGURANÇA PASSIVA e colocar entre parênteses
para respirar? Respire devagar; quais são esses sistemas . Ali faltou mencionar o
ROPS (rollover protection system) e o WIPS
-avaliar orientação da vítima no espaço e no tempo (wiplash protection system)
(GCS - Glasgow Coma Scale); - Conceitualmente, não vejo "vítima ejetada, vítima
embaixo do veículo" como riscos em si, mas como
-identificar se há alguma parte do corpo presa; e situações.
- Na ótica do conceito de risco, a "vítima ejetada"
-informar sobre a movimentação das equipes não representa uma ameaça de potencial dano ou
próximas a ela e acalmá-la durante todos os prejuízo, e não existem vulnerabilidades que
momentos e ações executadas. atenunem essa situação.

FASE 4 – ESTABILIZAÇÃO PRIMÁRIA SUGESTÕES


Estabilização LÓGICA tem em conta o principal - Em geral, as equipes de resposta ainda confundem
RISCO do veículo: virar, girar, escorregar, deslocar ou bastante as estabilizações primária e secundária, talvez
movimentar a sua suspensão. Deve ser feita o mais seja interessante constar que a primária é aquela
rápido possível, para garantir a acessibilidade segura dos realizada de acordo com a avaliação do Cmt em cena,
paramédicos/equipe de saúde/bombeiros. considerando que podem haver mais de um veículo
envolvido. (OK)
Em casos extremos poderá ser do tipo Emergencial, - Retirar o termo "paramédico", pois, não existe esta
realizada pelos membros da equipe (manualmente) categoria profissional regulamentada no Brasil.
quando o paramédico/equipe de saúde/bombeiros Manter este termo passa a idéia de que profissionais
determinar que o paciente está em condições críticas atuantes em serviços de APH móvel sāo paramédico.
(inconsciente) e deve entrar rapidamente para fornecer (OK)
iniciar procedimentos de hemostasia (controle de - Será que a estabilização também não se encontra em
hemorragias), manobras de ressuscitação (Compressão Controle de Risco, visando que a estabilização é
torácica, Ventilação assistida, via aérea avançada) e realizada para tal? Como uma "segunda" etapa?
oferta de oxigênio. - Atentar para a acentuação do texto
- A estabilização deve ser feita em todos os veículos
É feito com a finalidade de evitar o movimento do presentes e envolvidos no acidente. (OK)
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veículo com a entrada do paramédico/equipe de - Sujiro a retirada do termo compressão cardiaca. seria
saúde/bombeiros. o caso de se fazer uma retirada imediata, no caso de
uma vitima critica, em PCR. (não foi utilizado o termo
compressão cardíaca).
- Será determinado um tempo recomendado para a
estabilização primária? (o mais breve possível,
literaturas recomendam até 2 minutos).
- Relacionado ao estabilização emergencial, entende-
se o conceito como Manual. Conceito Emergencial
esta atrelado a condição de Emergencia, podendo ser
Manual, ou com materiais de estabilização, avaliação
esta que devera ser feita pelo Comandante, Oque é
mais rápido e Efetivo.
- Quando definida estabilização de emergencia e de
forma manual, Comandante deve estar ciente da
existencia de acesso a equipe médica, sem acesso não
há como definir estabilização manual.
- Talvez possa ser acrescentado ao conceito que a
estabilização primária tem cm conta o principal risco
do veículo EM QUE SE ENCONTRA A VÍTIMA. No
caso de veículos sobrepostos, a Estabilização primária
é discutida quanto á essa minha sugestão. Não tenho
doutrina que possa sustentar minha sugestão, mas é o
que temos aplicado nas avaliações de provas de
resgate (WRO)

FASE 5 – OBTENÇÃO DE ACESSOS SUGESTÕES


Os acessos seguirão ordem de prioridades. - Explicar o que são técnicas destrutivas e técnicas não
Acesso por técnicas: destrutivas, isso ainda gera alguma dúvida nas equipes
- Portas (não destrutíveis) – abrir as portas; de Bombeiros, e mais dúvidas ainda nas equipes
- Vidros (não destrutíveis) – abaixar os vidros, caso o médicas. (OK)
veículo possua - vidros elétricos, os mesmos poderão ser - Sugestão para título do item: Obtenção de acesso à
abaixados com a utilização dos controles; vítima (OK)
- Vidros (destrutíveis) através da quebra controlada de - Sugestão: Incluir LATERALMENTE. "Considera-se
vidros: vidros dianteiros (laminados) com utilização de acesso efetivo quando o Bombeiro Militar ou
serra-sabre, vidros laterais e traseiros (temperados Profissional da Saúde (Médico ou Enfermeiro) se
com/sem insulfilme) com dispositivos próprios; e posiciona de maneira adequada (de frente ou
- Portas (destrutíveis) e teto (destrutíveis) com LATERALMENTE) para avaliar (Exame primário e
ferramentas hidráulicas. secundário) a vítima.
- Acredito que quando a vitima estiver consciente, seja
interessante enfatizar para a mesma que ocorrera o
Os acessos devem ser protegidos por lonas ou proteções acesso de algum profissional no interior do veiculo,
para o acesso. O mesmo só poderá ser realizado após a para que ela nao se distraia e venha a ignorar as
determinação do comandante/chefe ou líder. Os orientacoes do socorrista.
veículos devem estar estabilizados (calços, barras de - Claro e objetivo
tração, fitas, almofadas pneumáticas e etc). - As expressões "bombeiro militar" e " profissional de
saúde" devem iniciar por letras minúsculas. Do ponto
- Considera-se acesso efetivo quando o Bombeiro de vista dos procedimentos operacionais, sugiro o
Militar ou Profissional da Saúde (Médico ou seguinte: acrescentar que o bombeiro militar ou
Enfermeiro) se posiciona de maneira adequada (de profissional de saúde, ao acessar ao veículo
frente) para avaliar (Exame primário e secundário) a acidentado, antes de examinar à vítima, verificar se há
vítima. O Bombeiro Militar ou Profissional da Saúde mais pessoas no interior, tentar abrir portas e baixar
pode realizar a avaliação da vítima de fora do veículo, vidros, pegar e entregar a chave de ignição ao
quando o cenário não permitir. comandante da operação.
- Criterio utiliza como base principio de tempo, sendo
- Ao acessar o veículo ou a vítima, a mesma deve ser sequencia de obtenção de acessos que consome menor
protegida com proteção maleável (lona transparente). tempo para rápida assistencia a vitima.
- No item " - Portas (destrutíveis) e teto (destrutíveis)
com ferramentas hidráulicas", sugiro alterar esse item,
retirando a expressão " ferramentas hidráulicas", uma
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vez que o acesso pode ser feito por meio destrutivo


com uso de serra sabre, moto abrasivo, hi lift. Talvez
colocar "...com uso de ferramentas, equipamentos e
acessórios..."
- "O Bombeiro Militar ou Profissional da Saúde pode
realizar a avaliação da vítima de fora do veículo,
quando o cenário não permitir." -> Entendo que pode
realizar a avaliação de fora do veículo quando o
CENÁRIO PERMITIR. ex: um vidro ou porta
proximal à vítima aberta, onde o socorrista consegue
acesso sem precisar adentrar ao veículo. (OK)
- Outro ponto conceitual, o acesso deve ser, quando
possível, sempre o mais distante possível da vítima,
principalmente quando envolve quebra de vidros.

FASE 6 – ESTABILIZAÇÃO SUGESTÕES


SECUNDÁRIA
Procedimento que garante a imobilização dos veículos e - Pode apresentar algumas variáveis
objetos adicionais na cena, após controlado o risco - Ao mencionar o preenchimento de todos os espaços
principal de movimentação. entre o veículo e o chão, talvez especificar que isto não
ocorre apenas com o solo, mas preenchimento de
A estabilização veicular é necessária para que se garanta espaços entre veículos, e demais obstáculos
a segurança da vítima (evita o agravamento de lesões) e também.(OK)
principalmente a segurança da equipe no cenário da - Para o título dos itens 4 e 6 sugiro acrescentar: "do
ocorrência. veículo" ao final das palavras primária e secundária.
- Claro e conciso
Baseado nos seguintes princípios: - Não necessariamente "todo" o espaço entre o chão e
o carro é preenchido, mas sim nos maiores pontos de
1 - Estabilizar a vítima e o veículo da maneira reforço; como também pode ser confundido com
encontrada; estabilização primária, dependendo da cena do
2 - Preencher todo o espaço entre o veículo e o chão; acidente.
3 - Ajustar e verificar constantemente a estabilização. - Devem ser utilizadas cintas catracas ou cordas de
salvamento com uso de polias, para auxílio na
O princípio da estabilização veicular é a anulação dos estabilização secundária.
vetores de força, que tende o cenário a um equilíbrio, - Os manuais dos estados não trabalham o conceito de
onde as massas envolvidas permaneçam inertes. Pode estabilização secundária. (vamos incluir)
ser aplicadas técnicas de escoramento, compactação - Vejo a estabilização secundária como uma ação pós
(compressão) e união solidária (associação de massas). reunião tripartida (mas que pode eventualmente ser
iniciada antes) e que VISA MANTER A
ESTRUTURA VEICULAR IMÓVEL PARA AS
OPERAÇÕES DE DESENCARCERAMENTO E
EXTRAÇÃO. Ou seja, a estabilização primária está
para a garantia de acesso assim como a estabilização
secundária está para o desencarceramento e extração.
- Outro ponto: "1 - Estabilizar a vítima e o veículo da
maneira encontrada;" - Existem hoje em dia vertentes
que pregam o vehicle relocation, ou seja, a
movimentação de algum veículo envolvido para
melhor resposta das ações de socorro ex: mover um
veículo que bloqueia a lateral do outro veículo onde se
encontra a vítima.

Fase 7 – REUNIÃO E PLANOS SUGESTÕES


A reunião pode ocorrer em quaisquer momentos da - A questão dos planos é bastante importante, a nível
ocorrência. É um momento formal que reúne as equipes nacional existe um movimento para evitar a utilização
o comandante/chefe ou líder, a equipe técnica e a equipe dos Planos A e B, utilizando apenas planos principal e
de saúde. Conhecida como reunião tripartida/tripartite é de emergência, pois ao utilizar as letras existe um
60

realizada entre o comandante/chefe ou líder do acidente, equívoco comum de considerar uma hierarquização
equipe de técnicos (bombeiros) e equipe de saúde entre planos: se não alcançar o A parte para o B,
(bombeiros/médicos/enfermeiros). quando não é este o precedimento desejado, pois deve-
se alcançar o emergencial primeiro. O conceito de
O conjunto de informações são organizados em dois plano único, também parece desnecessário, pois na
momentos: pratica o plano único é a execução do plano
emergencial (OK – em partes).
A - Antes da Reunião Tripartida/tripartite: - O referencial teórico utilizado reporta a um protocolo
local dificultando a avaliação do item. Rever e adequar
1) PATER (GRILO, 2019) - Mnemônico utilizado pela todas as avaliações para XABCDE e citar fonte. Plano
equipe de saúde, com informações a serem utilizadas: e Plano A e os outros planos ficaram apresentados de
P - Paciente forma confusa e desconexa.
A - Atrapamiento - Encarceramento - Sugestão: É percebível ao longo das etapas o excesso
T - Técnicas de mnemônicos e alguns me preocupam quanto as
E - Extração - via e método de extração baixas evidências ou baseado na opinião de
R - Recursos especialistas. Sugiro verificar em literaturas ensino-
didático- pedagógica a fundamentação e evidência de
2) VVTT (SCHWINGEL, 2019) - Mnemônico utilizado aprendizagem do uso de mnemônicos nos métodos de
pelo Comandante, chefe ou líder com a finalidade de Andragogia.(OK)
reunir insumos: - Tive que reler este ítem algumas vezes porque as
V - Vítima informações são parecidas, mas, ao mesmo tempo não
V - Vias de extração estão repetidas. Ao construir o fluxograma, se possível
T - Tipo de Aprisionamento adotar o mnemônico mais atual: XABCDE (OK)
T - Técnica - A CONASV padronizou que a nomenclatura de
plano A e B, seria retirado, mantendo plano principal
B - Durante a Reunião Tripartida/tripartite: e emergencial. (OK)
- Organizar um pouco melhor os tipos de planos
1) Relatório CRASH (HALLINAN, 2015) - Mnemônico - A sugestão que acrescente que o comandante, na fase
utilizado pela equipe de saúde com a finalidade de da reunião tripartite, busca mais informações da
informar as equipes técnicas e o comandante, chefe ou equipe de saúde, quanto ao estado clínico do paciente,
líder: consultar o médico/enfermeiro a melhor opção de
extração do paciente. O comandante de posse das
C – Condições Críticas - ABCDE; informações replicará para os técnicos, estes por sua
R – Dispositivos de Restrição – Cinto de segurança, vez realizam o que fora planejado.
airbags; - Plano único – retirada imediata (a avaliação e
A – Avaliação da posição e orientação da vítima no constatado um estado crítico (GCS < ou = 8) ou com
interior do veículo e estado de liberdade dos membros grandes hemorragias, sério comprometimento
em relação à estrutura veicular; circulatório ou respiratório) – riscos de incêndio,
S –Lesões Suspeitas; explosão ou situações que requerem intervenção com
H – Help plan – Sugestão de Plano DCEx; ou manobras de ressuscitação;
- A reunião pode ocorrer a quaisquer momento da
2) Mnemônico QEEP (CORPO DE BOMBEIROS ocorrência;
MILITAR DO DISTRITO FEDERAL, 2020) -
Mnemônico utilizado pela equipe de saúde com a - Enunciado: 7 -A reunião pode ocorrer em quaisquer
finalidade de informar as equipes técnicas e momentos da ocorrência. Como questionamento
comandante, chefe ou líder: vincula definição de reunião tripartite + Planos de
Ação, sugiro que a definição de PODE, seja
Q - Quadro clínico – tendo como foco XABCDE; substituida por A Reuinião tripartite (Planos de Ação)
E - Encarceramento – informar nível de encarceramento DEVE, ocorrer logo após cena assegurada, (Riscos +
da vítima (Mecânico*, FT1** e FT2***); Estabilização) mais input médico sobre estado do
E - Extração – posição, via de extração, tipo de extração paciente. Tambem não há como ocorres antes, pois
e técnica; não há como processar insumos duarnte a reunião sem
P - Plano – Confirmar se o plano está de acordo com o estes, desta forma a definição PODE não se aplica.
estado clínico da vítima. OBS: Reuniões tripartites que objetivam resolver
outros aspectos, que não tenha relação como a tomada
- A equipe de saúde informará sobre o nível de de decisão (Planos) estas sim Podem ocorrer em
consciência, estado hemodinâmico, lesões, tipo físico, qualquer momento, sempre convocadas pelo
posição da coluna vertebral em relação a anatomia Comandante. Recomendação WRO ( EMERGENCY
veicular. PLAN CREATED WITHIN TIME AND FULL
- A equipe técnica fornecerá informações específicas da PLAN CREATED AND FINALIZED) Relacionado
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cena que amparem as decisões a serem tomadas ao contexto Precisão, indico a utilização de apenas um
(funcionamento e localização de dispositivos do método a ser utilizado para processar, organizar e
veículo, compatibilidade do plano com material definir ações durante a reunião. Item PATER ( Alterar
disponível e estrutura do veículo, etc.). data criação 1998) Demanda revisão, entendo que a
- O comandante/chefe ou líder, em conjunto com equipe definição de R - Recursos, deverá ocorrer somente
de saúde definirá quais as melhores técnicas para extrair após avaliação Secundária, esta que ocorre após a
a vítima e as três equipes definirão os planos de Reunião tripartite, devido a ordem cronológica e
desencarceramento. principio da atividade ( Rescate Centrado no Paciente)
Item QEEP Percebo que poderia ajustar no contexto
Os planos são: de Amplitute, pois este não comtempla com
profundidade os aspectos aos quais motivam a reunião
- Emergencial ou Plano “B” – menor espaço interno e Tripartite, que de forma Macro é Dedicada a Equipe
maior espaço externo, o suficiente para extrair a vítima, Técnica, aonde devem ser revistos os seguintes pontos
em casos de deterioração das condições clínicas; a) Criação de Espaço Interno b) Liberação de TF2 (
Técnica especifica com base na seção corporal exata
- Emergencial ou Plano “B” – Primeiro Plano de Ação a encarcerrada) c) Definição de Técnicas de Criação de
ser concluído durante o Salvamento Veicular. Estratégia espaço Exterior Item VVTT Recomendo em virtude de
adotada quando o Plano “A” é abortado devido ao estas adaptado aos próprios critérios modelo
estado da vítima tornar-se crítico, sendo necessária psicométrico de Pasquali. Relacionado ao conceito de
assim, uma retirada mais rápida, porém menos Planos Emergencial ou Plano “B” – menor espaço
preventiva; interno e maior espaço externo, o suficiente para
extrair a vítima, em casos de deterioração das
- Principal ou Plano “A” – maior espaço interno e maior condições clínicas; Utilizaria a seguinte definição:
espaço externo (plano ideal), após reavaliação da vítima (Victimas instables o Críticos) Maniobra técnica de
e a mesma encontrar-se estável. urgência, cujo objetivo é crear el mínimo espaço
razoável, que permita una extração segura y em menor
- Principal ou Plano “A” – Segundo Plano de Ação a ser tiempo possíble para victimas graves e ou cenários
executado durante o Salvamento Veicular. Estratégia inseguros. **Referencia Curso OBA (Organização
adotada para definir melhor local da extração da vítima Bombeiros Americanos) ALAREV
(estável) e proporcione menos movimento de seu corpo; - Sugiro acrescentar um título "NÍVEIS DE
e ENCARCERAMENTO" antes de colocar os conceitos
(mecânico, TF 1, TF2) Sugiro ainda subtrair os dois
- Plano único – retirada imediata (a avaliação e conceitos existentes sobre os planos . Ficou um pouco
constatado um estado crítico (GCS < ou = 13) ou com confusa essa parte.
grandes hemorragias, sério comprometimento Padrão. Está alinhado com o conhecimento
circulatório ou respiratório) – riscos de incêndio, que vem sendo trabalhado.
explosão ou situações que requerem intervenção com
manobras de ressuscitação; Uma percepção é que futuramente devemos
tentar simplificar em relação a termos para evitar
- Plano Único – É o Plano de Ação adotado em virtude principal, emergencial, A, B, etc.
da deformidade do veículo ou posição da vítima, sendo Acho que isso confunde os alunos.
que para uma situação emergencial, criar-se-a o espaço Poderiamos deixar apenas um deles ao invés
necessário para a retirada da vítima. de trabalhar com a dupla nomeclatura.(OK)
Considerar também para o plano único que não há outra
possibilidade para aquela situação dados as
características do momento.

*Mecânico, a vítima, embora possa não apresentar


lesões, não consegue sair do veículo por meios próprios.
Nessa situação, há um mecanismo físico que a bloqueia,
de forma que não consiga sair do veículo, como portas
danificadas, engate do cinto de segurança travado e uma
carga que fique entre ela e a via de saída (CBMDF,
2020).

**Físico tipo I, a vítima apresenta lesões que a impedem


de sair do veículo por meios próprios . É necessária a
criação de espaço adicional para se poder , em condições
de segurança, prestar os respectivos cuidados pré-
hospitalares e realizar a extração da forma mais
62

apropriada possível (CBMDF, 2020).

***Físico tipo II, a vítima apresenta lesões devido ao


contato físico com estruturas do veículo , que a
comprimem ou penetram no seu corpo. Ou seja, a vítima
possui lesões e, além disso, há partes do automóvel que,
em razão da sua deformação provocada pelo acidente, a
deixa encarcerada (CBMDF, 2020).

Fase 8 – DESENCARCERAMENTO SUGESTÕES


Técnicas específicas dos cursos de salvamento veicular - Talvez utilizar o termo "Criação de espaço", mais
realizados pelos Corpos de Bombeiros Militares para utilizado fora do Brasil e atualmente bastante
criação adicional de espaço e acesso. difundido a nível nacional.
- A, B e C são colunas do automóvel? Sugiro
Podem ser utilizadas, ferramentas hidráulicas esclarecer apenas essa parte.
(desencarceradores) e ferramentas para corte (Serra- - Sugestão: Esta fase pode ser operada externa ou
sabre). Podem ser utilizadas: internamente ao veículo, por bombeiros militares e
profissionais da saúde (caso possuam habilidades
- Técnicas não destrutíveis como: Desparafusar bancos; específicas sobre as ferramentas) - Deixe claro qual
retirar encostos de cabeça; retirar encostos de banco legislação respalda o profissional de saúde utilizar
(motorista ou passageiro); retirar assento ferramenta ! E quais são os profissionais de saúde ?
(motorista/passageiro); ou - Sugestão: No desencarceramento, as equipes de
bombeiros (os técnicos) realizam as tarefas, conforme
- Técnicas destrutíveis como: cortar colunas do veículo definidos no plano: primeiro o plano emergencial para
(A, B, C); abertura de portas; corte do limitador das prosterior plano principal. (OK)
portas; rebatimento de painel; terceira porta; grande - Esta fase pode ser operada externa ou internamente
porta; grande janela entre outras. ao veículo, por bombeiros militares (que possuam
habilidades específicas sobre as ferramentas). (OK)
Esta fase pode ser operada externa ou internamente ao - Senti falta de abordar de forma mais didática a
veículo, por bombeiros militares e profissionais da criação de espaço interno e externo, além da criação
saúde (caso possuam habilidades específicas sobre as máxima ou mínima de espaço externo conforme plano
ferramentas). definido.
- Claro e objetivo

Fase 9– EXTRAÇÃO SUGESTÕES


A extração da vítima é a remoção da mesma do lugar na - Talvez deixar claro a quem cabe definir o
qual ela se encontra. O tipo de extração leva em procedimento de auto-extrincação, considerando a
consideração o quadro clínico da vítima. Os tipos são: bibliografia existente, considero que esta é uma
Imediatos, rápidos, controlados e auto-extração. decisão que somente possa ser adotada por médico.
Este é um tema interessante e pertinente., porém, creio
Em geral, a extração ocorre após a conclusão dos planos que deva ser bastante claro o que se pretende atingir,
de desencarceramento (emergencial e/ou principal). no meu entendimento por exemplo, equipes compostas
por bombeiros, sem o aporte médico, não possuem
Considerações: capacidade técnica e legal para definir este tipo de
extração.
- O comando durante a fase da extração é coordenado - Rever se as siglas como EPI foram explicitadas
pela equipe de saúde/bombeiros; anteriormente. Qual o referencial para a classificação
- A equipe de saúde deve informar para a os outros crítico, estável e instável? Sugiro acrescentar. (OK)
componentes sobre: - 2) Extração rápida: A extração rápida leva em
- os EPI’s; consideração vítima instável hemodinamicamente que
- sobre nível de consciência; necessite de suporte fora do veículo sinistrado. Pode
- estado hemodinâmico (crítico, instável e estável); ser realizada com 2 ou 3 profissionais - DE 2 A 4
- lesões da vítima; e PROFISSIONAIS (EMT, 2018).(OK)
- cuidados necessários para extração. - Ponto que ficou claro porém pode gerar duvida é a
- A extração poderá ser: diferença da extração rápida e a imediata.
Principalmente para o socorrista diferenciar a vítima
1) imediata (plano único) pelo acesso mais rápido em critica da instável.
63

caso de risco ao cenário e risco à vítima (PCR). - Segue a sugestão: A equipe de saúde ao coordenar a
fase de extração do paciente, recomendará aos demais
- Extração imediata são necessários 1 ou 2 profissionais, bombeiros e profissionais de saúde que manipulem o
considerar a técnica Chave ou Garra de Rautek. paciente com luva de procedimento. Sendo o paciente
estável, sua extração, preferencialmente, seguirá a
2) Extração rápida: A extração rápida leva em técnica de extração do ângulo zero. Ao iniciar a
consideração vítima instável hemodinamicamente que extração o coordenador da equipe de saúde informará
necessite de suporte fora do veículo sinistrado. Pode ser em bom tom que assumirá o comando a partir daquela
realizada com 2 ou 3 profissionais. ocasião.
3) Controlada: para vítimas estáveis que estão - Relacionado ao contexto de Extração da Vitima. Os
impossibilitadas temporariamente por lesões que tipos de extração: imediata, rápida e auto-extração são
incapacitam. realizadas em ângulo de 90º. Identifico que esta regra
É realizada após a conclusão dos planos emergencial ou não se aplica a todos cenários e sim quando a definição
“B” e plano principal ou “A” . A técnica utiliza colar de emergencia de adapta ao timming relação de tempo
cervical e prancha rígida ou Scoop Stretcher (maca técnico para execução de técnica mais rapida,
pluma, maca de colher). Para extração controlada são mantendo conceito de Plano B ( Emergencia).
necessários 5 profissionais (1 a realizar o controle - "1) imediata (plano único) pelo acesso mais rápido
manual da coluna cervical e 4 a segurar a prancha em caso de risco ao cenário e risco à vítima (PCR). -
rígida/Scoop Stretcher. A extração controlada é Extração imediata são necessários 1 ou 2 profissionais,
realizada em ângulos: 0º - in line extrication, 30º, 50º, considerar a técnica Chave ou Garra de Rautek. " **
60º e 90º. As extrações imediatas, rápidas, controladas e Não utilizaria a palavra ACESSO aqui pq pode se
auto-extração são realizadas em ângulos. O ângulo ideal cofundir com o acesso do socorrista, que pode não ser
é o 0º (Posição neutra da coluna vertebral). o mesmo da VIA DE EXTRAÇÃO. ** O Plano único
está ligado a uma vítima que apresenta quadro crítico,
4) Auto-extração - é utilizada em vítimas estáveis, com mas não necessariamente esta ligado a uma extração
cinemática de baixa energia, não apresentam lesões que imediata. ex: vítima inconsciente. O plano único pode
incapacitam sua auto-extração, sendo que a técnica pode ter uma extração rápida ou imediata. ** A chave de
ser assistida (por profissional com comandos rauteck tem sido desaconselhada pelo risco de
específicos); contaminação. Vejo que a primeira opção seria uma
Os tipos de extração: imediata, rápida e auto-extração manipulação rápida para prancha longa utilizado 3 ou
são realizadas em ângulo de 90º. mais socorristas, o que impacta no número de
- Manter os princípios: profissionais ali estabelecido. -------- "A extração
- Alinhamento neutro da coluna cervical; controlada é realizada em ângulos: 0º - in line
- Evitar torções da coluna vertebral; extrication, 30º, 50º, 60º e 90º" Qualquer extração
- manusear minimamente a vítima durante a controlada, rápida ou imediata podem adotar esses
transferência do assento para o dispositivo. angulos, eles não são exclusivos da controlada, como
Os ângulos levam em consideração o posicionamento da está no texto. Ex: uma extração rápida feita em angulo
vítima e a anatomia veicular. 0 pelo porta-malas de um hatch. "As extrações
Tipo Referência Recomendação imediatas, rápidas, controladas e auto-extração são
- Imediata (MACKENZIE e SUTCLIFFE, 2000) e realizadas em ângulos. O ângulo ideal é o 0º" ** A
(PIMENTEL e DIEGELMANN, 2010) Classe D auto-extração vejo que é aplicável apenas a 90°.
- Rápida (BERNHARD et al., 2005) e (MISASI et al., - Claro e objetivo;
2018) Classe D
- Controlada - Ângulos (CALLAND, 2005) e (DIXON
et al., 2014) Classe D
- Auto extração (ENGSBERG et al., 2013); (DIXON et
al., 2014) e (DIXON et al., 2015) Classe D

FASE 10 – TRANSPORTE E SUGESTÕES


TRANSFERÊNCIA
O transporte é realizado após a Central de Regulação - A parte de definição de transporte ao ambiente
(CR) médica (192) definir a unidade de trauma hospitalar está clara mas sobre a transferência não
referenciada para o tratamento final da vítima. O consegui compreender.
transporte deve ser realizado por viatura adequada - - Atentar para o objetivo do texto.
Unidades de suporte básico(USB), Unidades de suporte
avançado (USA) , Unidades de Resgate (UR)
Bombeiros, Aeromédico e definido centro de trauma
referenciado. Considerar a utilização de dispositivos de
restrição do movimento de coluna para transporte do
paciente (maca rígida, colar cervical, maca Scoop
64

Stretcher, maca a vácuo e maca da viatura).


- São repassadas para a CR as Informações sobre a
vítima (Cinemática do trauma, Queixa principal,
Exame primário, estado hemodinâmico, exame
secundário, anamnese, intervenções e anotações).
- Transferência de cuidados no Pré-Hospitalar podem
ser utilizados métodos que facilitem a compreensão do
quadro clínico e traumático da vítima, bem como
intervenções realizadas e evolução.
1) ATMIST (Age - idade, identificação; Time - tempo
de início; Mechanism - mecanismo; Injury - injúria ou
trauma; Signal - sinal e sintomas; e Treatment -
tratamento); ou
2) MIST (Mechanism - mecanismo; injury - Injúria ou
trauma; Signal - Sinal; e Treatment - tratamento).
Após passagem de caso, ocorre o encerramento da
ocorrência com a limpeza e desinfecção da viatura de
transporte.

FASE 11 – ENCERRAMENTO SUGESTÕES


O encerramento da ocorrência dar-se-á com a - Feedeback operacional.
normalização dos serviços afetados. Liberação de vias - Reforçaria a questão de acionamento da perícia no
e locais deixados em segurança aos órgãos com caso de vítimas transportadas
jurisdição competente: Polícia Rodoviária Federal, - Como sugestão, acrescentará que essa fase
Polícia Rodoviária Estadual e outras entidades. (encerramento) equivalerá à fase de desmobilização de
um incidente. Adotar-se-á critério para regressar à base,
Procedimentos administrativos como coleta de dados como: os recursos operacionais menos importantes
relativos às vítimas e veículos devem ser anotados em sairá do cenário primeiro e assim, sucessivamente.
documento próprio (Cada instituição).
Para construção da aparência do fluxograma utilizou-se como referência a proposta de
Pimenta et al., (2015), que utiliza formatos gráficos com significados estabelecidos no
constructo, conforme demonstrado no Quadro 8.
Afirma-se que para a construção dos fluxogramas seguiu-se as diretrizes nacionais e
internacionais de órgãos de pesquisa que trabalham na perspectiva da saúde, bem como dados
obtidos por meio das três fases desse estudo.

Quadro 8 – Formatos gráficos utilizados na construção do fluxograma. Campo Grande/MS, 2020.


FORMATO SIGNIFICADO

Início e final de processo

Ação a ser executada

Tomadas de decisão/questionamentos

------------------ Caixa explicativa

Fonte: PIMENTA et al., 2015.


65

4.3 Aspectos éticos

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, de acordo com a resolução nº 466/12 sobre
pesquisa com Seres Humanos, sob CAEE no. 30712420.7.0000.0021 e parecer no.
4.003.838/2020 (ANEXO B). Todos os sujeitos receberam o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido de acordo com as duas fases do estudo:
Fase 1: TCLE Grupo focal - APÊNDICE B
Fase 2: TCLE Juízes - APÊNDICE H

4.3.1 Riscos e benefícios da etapa 2

Acredita-se que o único risco que o participante dessa etapa poderia ter é o de se sentir
desconfortável em responder alguma questão ou à alguma situação durante a realização dos
grupos focais ou do fórum. Caso isso ocorresse, ele poderia não responder a mesma ou deixar de
participar do grupo e/ou do fórum, e da pesquisa no momento que quisesse. Caso ocorresse algum
outro desconforto ou necessidade identificada, a pesquisadora o acolheria e faria o
encaminhamento ao serviço de saúde público responsável pela assistência de acordo com a
necessidade identificada.
O benefício relacionado a pesquisa foi a chance de se discutir assuntos da prática deles e
da equipe de trabalho. E, com isso, contribuir com a produção de conhecimento sobre abordagem
sistematizada de vítima de colisão automobilística na fase de extricação, que possibilite reflexões
para o desenvolvimento de uma ferramenta que ajudará uma melhor prática assistencial para
vítimas de acidentes automobilísticos.

4.3.2 Riscos e benefícios da etapa 3

Acredita-se que o único risco que o participante dessa etapa possa ter é o de se sentir
desconfortável ou cansado em responder alguma questão. Caso isso ocorra, ele poderá deixar de
participar pesquisa no momento que quiser. Ou, se programar para responder o questionário,
visto que ele foi informado que o formulário tem um tempo aproximado de resposta de 90
minutos. Caso ocorra algum outro desconforto ou necessidade ele poderá contatar os
pesquisadores responsáveis, os quais estarão disponíveis para sanar qualquer dúvida e receber
qualquer sugestão ou necessidade que venha surgir de sua participação.
66

O benefício pode ser a chance de discutir assuntos da sua prática e de estudo dos
participantes. E, com isso, contribuir com a produção de conhecimento sobre abordagem
sistematizada de vítima de colisão automobilística na fase de extricação, que possibilite reflexões
para o desenvolvimento de uma ferramenta que ajudará em uma melhor prática assistencial para
vítimas de acidentes automobilísticos.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados e discussões da dissertação serão apresentados em formatos de dois


manuscritos, visto que o primeiro manuscrito se encontra submetido à Revista da Escola de
Enfermagem da Universidade de São Paulo (REEUSP), enquanto que o segundo manuscrito é
precedido pelos resultados das análises do GF e validação de conteúdo pelo escore de IVC.

5.1 MANUSCRITO 1

TÉCNICAS DE EXTRAÇÃO DE VÍTIMAS DE COLISÃO AUTOMOBILÍSTICA


ENCARCERADAS: REVISÃO DE ESCOPO

RESUMO
Objetivo: sumarizar as técnicas de extração de vítimas de colisão automobilísticas encarceradas,
com potencial lesão de coluna vertebral. Método: Estudo de revisão de literatura, do tipo Revisão
de Escopo, nas fontes de dados MEDLINE/PUBMED, CINAHL, SCOPUS, Science Direct, Web
of Science, Cochrane Library e literatura cinzenta, sem recorte temporal, com estudos que
abordaram técnicas de extração de vítimas de colisão automobilística encarceradas. Resultados:
Foram incluídos 33 estudos que possibilitaram a identificação e sumarização dos diferentes tipos
de extração e respectivos dispositivos para a extração de vítimas de colisão automobilísticas
encarceradas, indicados conforme avaliação da lesão e quadro clínico da vítima. Todos
apontaram para a necessidade técnicas para manutenção do alinhamento neutro e prevenção de
torções na coluna vertebral. Conclusão: Este estudo indicou que a avaliação da lesão com ênfase
no quadro clínico da vítima proporciona uma tomada de decisão coerente quanto à técnica e ao
dispositivo a serem utilizados. Entretanto, a realização de outros estudos comparativos entre as
técnicas existentes poderá auxiliar no processo de tomada de decisão de forma mais assertiva.
Descritores: Acidentes de trânsito; Traumatismos da medula espinhal; Métodos.
67

INTRODUÇÃO
Anualmente, os acidentes de trânsito são responsáveis pela morte de cerca de 1,35 milhão
de pessoas em todo mundo(1). Os danos decorrentes desses acidentes variam de materiais aos que
impactam gravemente na saúde humana, inclusive com a ocorrência de mortes. Embora os custos
econômicos ligados aos acidentes de trânsito sejam variáveis, estima-se que os gastos anuais em
países de média e baixa renda superem 100 bilhões de dólares(2).
Como consequência desse panorama, os serviços de emergência, pré e intra-hospitalar, é
responsável pelo atendimento contínuo das vítimas dos acidentes automobilísticos, as quais
apresentam lesões de diferentes gravidades. Dessa maneira, a assistência é sistematizada pelo
uso de instrumentos, os quais avaliam a gravidade dos padrões clínicos apresentados, tipo e
localização anatômica das lesões e prognóstico. Embora há variações na estrutura desses
instrumentos, eles possibilitam predizer o quão rápido uma vítima deve receber o tratamento
definitivo(3).
No contexto dos acidentes automobilísticos, apesar dessa avaliação da vítima, gravidade
do quadro clínico e as possíveis lesões, o encarceramento (aprisionamento) do indivíduo no
interior do veículo torna-se um obstáculo importante para o atendimento pré-hospitalar (APH).
Esse evento influência no transporte rápido e no acesso ao tratamento definitivo, e adiciona
fatores de preocupação para a equipe de atendimento, relacionados à existência de possíveis
lesões na coluna vertebral, bem como a possibilidade de lesão secundária no processo de
desencarceramento e extração do indivíduo(4).
O desencarceramento da vítima de acidente automobilístico, conhecido como extricação
veicular, é definido como o processo de tratar, acondicionar, remover ou liberar vítimas
encarceradas em veículos(5-6). Ele é composto pelas seguintes etapas: avaliação e segurança da
cena; estabilização; gerenciamento de vidro; acesso inicial; acesso total; imobilização do paciente
e extração final(7).
A extração é uma das últimas fases do processo de extricação e consiste em retirar a
vítima de colisão automobilística do veículo(8). Entretanto, as melhores práticas no salvamento
veicular, em especial a extração de vítimas, ainda são pouco estudadas, o que demonstra
fragilidade em relação à prática baseada em evidências. Tal condição pode estar associada a
fragilidade de protocolos e fluxogramas que sistematizem o atendimento de vítimas encarceradas
com potencial lesão de coluna vertebral(7).
Ademais, estudos que sumarizem as principais técnicas de extração, o uso dos
dispositivos e sua melhor aplicação ainda são incipientes. Frente a esse cenário, e à importância
de uma prática baseada em evidência, o desenvolvimento de estudos que subsidiem a melhor
68

escolha de técnicas de extração e o uso dos melhores dispositivos no atendimento dessas vítimas
se torna importante. Neste sentido, esse estudo objetiva sumarizar as técnicas de extração de
vítimas de colisão automobilísticas encarceradas com potencial lesão de coluna vertebral.

MÉTODO
Trata de um estudo de revisão de literatura, do tipo Revisão de Escopo (RE), baseado no
referencial teórico proposto(9) e desenvolvido pelo Joanna Briggs Institute(10). Ela foi conduzida
e relatada de acordo com os pressupostos do Preferred Reporting Items for Systematic reviews
and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR)(11).
O estudo foi desenvolvido de acordo com as seguintes etapas: elaboração da pergunta ou
das questões norteadoras da pesquisa; identificação dos estudos relevantes; seleção dos estudos;
extração de dados; síntese e agrupamento dos resultados; e divulgação(10).
A questão norteadora dessa revisão foi formulada pelo uso da estratégia PCC: P -
População; C - Conceito; C - Contexto(10,11-12), com as seguintes definições: P – vítimas de colisão
automobilística encarceradas com potencial lesão de coluna vertebral; C – técnicas de extração e
C – atendimento pré-hospitalar. Com essa combinação mnemônica, definiu-se a seguinte questão
norteadora: Quais as técnicas disponíveis para extração de vítimas encarceradas de colisão
automobilística com potencial lesão de coluna vertebral?
Antes de iniciar o desenvolvimento desse estudo, realizou-se uma pesquisa nos sítios
Open Science Framework; JBI Clinical Online Network of Evidence for Care and Therapeutics
(COnNECT+); Database of Abstracts of Reviews of Effects (DARE); The Cochrane Library e no
International Prospective Register of Ongoing Systematic Reviews (PROSPERO), com intuito
de identificar pesquisa de revisões semelhantes, com a finalidade de se evitar a duplicidade de
estudos. Assim, como não foram encontrados estudos semelhantes, esta RE foi registrada na
Open Science Framework (OSF) sob o protocolo osf.io/c689x/.

MÉTODOS DE BUSCA DE PUBLICAÇÕES


Utilizou-se as seguintes fontes eletrônicas de dados para a busca e identificação dos
estudos: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/PUBMED -
Central-PMC); Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL – Ebsco);
SCOPUS (Elsevier); Science Direct (Elsevier); Web of Science Core Collection (Clarivate
Analytics); Embase (Elsevier) e Cochrane Library. O acesso a essas fontes foi realizado por meio
do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) com uso do proxy da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
69

Para a busca na literatura cinzenta foram definidas as seguintes fontes de dados: Brasil –
Portal de Teses e Dissertações para CAPES, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações,
Biblioteca digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo e repositório de Teses e
Dissertações Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; Portugal – Repositório Científico de
Acesso Aberto de Portugal (RCAAP); África do Sul - Teses e Dissertações Nacionais (Portal
ETD); Mundo-Cyberthesis; Austrália e Nova Zelândia – Biblioteca Nacional da Austrália
(Trove); Continente Europeu – Portal da Europa - E-teses (DART) e o Sistema de Informação –
Opengrey; Canadá – Teses Canadá; Reino Unido – Serviço Online de Teses eletrônicas (EThOS);
Suécia e outros países escandinavos – Academic Archive Online (DIVA).
Para a identificação dos melhores descritores, palavras-chave e sinonímias, foi realizado
um processo de busca de artigos que tivessem relação com o tema. Após isso, construiu-se um
protocolo de pesquisa constituído pela questão do estudo, a estratégia PCC, os descritores e
estratégia de busca nas de acordo com as especificidades de cada uma das fontes de dados. Ele
foi construído, testado e adequado de maneira exaustiva até apresentar sensibilidade de busca
capaz de identificar estudos que respondessem o objetivo proposto.
Dessa maneira, os descritores e palavras-chave foram definidos (quadro 9) e combinados
pelo emprego dos operadores booleanos: AND e/ou OR. Os descritores e a estratégia de busca
utilizados para cada fonte de dados estão descritos no quadro 10. A busca em todas as fontes de
dados ocorreu em um mesmo dia por dois pesquisadores (HSJ; SL) no mês de maio de 2020
(2020-05-05); exceto na base Embase, a qual ocorreu em agosto de 2021 (2021-08-05), devido
ao seu acesso, por meio do proxy da UFMS, ter sido permitido no ano de 2021.
Quadro 9 – Descritores de assunto localizados no MeSH* para os componentes da pergunta de
pesquisa segundo estratégia PCC**. Campo Grande, MS, Brasil, 2020.
Estratégia Componentes Descritores/Palavras-chave
P – Population Vítimas de colisão automobilística accidents, traffic; motor vehicles
com potencial lesão de coluna spinal cord injuries; spinal cord;
vertebral que estão encarceradas. spinal injuries; wounds and
injuries.
C – Concept Técnicas de extração. Immobilization; restraint,
physical; transportation of
patients; stretchers; moving and
lifting patients; extrication.
C - Context Atendimento pré-hospitalar. emergency medical services;
rescue work.
*
MeSH: Medical.Subject Headings. **PCC: População, Conceito, Contexto.

Quadro 10 – Bases de dados, descritores e estratégias de busca. Campo Grande, MS, Brasil,
2020.
70

Bases de dados Descritores e Palavra-chave / Estratégias de busca


MEDLINE/PUBMED (((((emergency medical services[MeSH Terms]) OR rescue work[MeSH
Terms])) AND((((((immobilization[MeSH Terms]) OR restraint,
physical[MeSH Terms]) OR transportation of patients[MeSH Terms]) OR
stretchers[MeSH Terms]) OR (moving and lifting patients[MeSH Terms]))
OR extrication[Text Word])) AND ((((spinal cord injuries[MeSH Terms])
OR spinal cord[MeSH Terms]) OR spinal injuries[MeSH Terms]) OR
(wounds and injuries[MeSH Terms]))) AND ((accidents, traffic[MeSH
Terms]) OR motor vehicles[MeSH Terms])
CINAHL (MH motor vehicles OR MH accidents, traffic) AND ((MH spinal cord
injuries OR MH spinal cord OR MH spinal injuries OR MH (wounds and
injuries)) AND (MH immobilization OR MH restraint, physical OR MH
transportation of patients OR MH patient handling OR TX stretcher* OR TX
extrication) AND (MH emergency medical services OR MH rescue work)
SCOPUS (KEY ("traffic accident*" OR "motor vehicl*") AND KEY ("spinal cord
injur*" OR "spinal cord" OR "spinal injuri*" OR "wounds and
injur*") AND KEY (immobilization OR "physical
restraint" OR "transportation of patient*" OR "stretcher*" OR "moving
and lifting patient*" OR extrication) AND KEY ("emergency medical
servic*" OR "rescue work"))
WEB OF SCIENCE TS=("traffic accident*" OR "motor vehicl*") AND TS=("spinal cord
injur*" OR "spinal cord" OR "spinal injur*" OR "wounds and
injur*") AND TS=(immobilization OR "physical
restraint" OR "transportation of patient*" OR "stretcher*" OR "moving
and lifting patient*" OR extrication) AND TS=("emergency medical
servic*" OR "rescue work")
SCIENCE DIRECT ("traffic accidents" OR "motor vehicles") AND ("spinal cord injuries" OR
"spinal cord" OR "wounds and injuries" OR “spinal injury") AND
(immobilization OR "physical restraint" OR "transportation of patients" OR
stretchers OR "moving and lifting patients" OR extrication) AND
("emergency medical services" OR "rescue work")
EMBASE ('traffic accident*' OR 'motor vehicl*') AND ('spinal cord injur*' OR 'spinal
cord'/exp OR 'spinal cord' OR 'spinal injuri*' OR 'wounds and injur*') AND
('immobilization'/exp OR immobilization OR 'physical restraint'/exp OR
'physical restraint' OR 'transportation of patient*' OR 'stretcher*' OR 'moving
and lifting patient*' OR extrication) AND key AND ('emergency medical
servic*' OR 'rescue work'/exp OR 'rescue work')

CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS DE SELEÇÃO


Foram incluídos artigos científicos, estudos de caso, revisões de literatura, capítulos de
livros, guidelines e protocolos, teses e dissertações, sem delimitação de tempo, que abordassem
as técnicas de extração de vítimas encarceradas de colisão automobilística. Editoriais, cartas ao
editor, opinião de especialistas, resumos, correspondências, monografias e resenhas foram
excluídos do estudo.
Devido à ausência de recurso financeiro para o acesso à artigos que não estivessem
disponíveis na integra nas fontes de dados, ou para a tradução de estudos em línguas que não
fossem de domínio dos pesquisadores (inglês, espanhol, português e francês), foi estabelecido o
71

critério de entrar-se em contato com o autor para ter acesso ao mesmo, ou solicitar a versão na
língua inglesa, antes de excluí-los do estudo.
A seleção dos estudos ocorreu em duas etapas. Na primeira, realizou-se seleção dos
estudos por meio da leitura de todos os títulos e resumos, com a finalidade de identificar os
estudos que atendessem aos critérios de elegibilidade definidos. Após a seleção inicial pelos
títulos e resumos, os estudos foram catalogados com uso do software Microsoft Excel®. Os
estudos duplicados foram considerados apenas uma vez. Na sequência, realizou-se a leitura na
íntegra de cada um dos estudos selecionados para: a) confirmar a pertinência à pergunta de
revisão e, em caso positivo, b) extrair os dados.
Dois pesquisadores (HSJ; SL), de forma independente, participaram desde a fase inicial
do estudo e realizaram as duas etapas de seleção. Para a inclusão foi estabelecido como necessário
o consenso entre os pesquisadores. As divergências foram discutidas e resolvidas por meio de
consenso. Quando não houve consenso, um terceiro pesquisador, que também participou das
etapas anteriores, realizou a análise (BCCGA).
Após a definição da amostra do estudo, foi realizado a retro busca, definida nesse estudo
como a revisão das referências de todos os estudos incluídos para identificar outros estudos que
também pudessem atender aos critérios de seleção.

PROCEDIMENTOS PARA EXTRAÇÃO E SUMARIZAÇÃO DOS DADOS


Todos os estudos incluídos nessa RE foram submetidos à análise de qualidade
metodológica pela aplicação das ferramentas de avaliação crítica do Joanna Briggs Institute(10).
O grau de recomendação e nível de evidência foram estabelecidos conforme a classificação
desenvolvida por Oxford Centre for Evidence Based Medicine(13).
A extração se deu pelas seguintes variáveis e informações: dados de caracterização da
produção sobre a identificação da publicação (título do material, autores, país de origem,
idioma/fonte de dados, ano de publicação); nome da revista científica ou veículo de publicação;
aspectos metodológicos do estudo (método empregado, tipo de abordagem e objetivo ou questão
de investigação do estudo, população e tamanho da amostra); resultados; limitações e conclusões;
nível de evidência e graus de recomendação.
Os dados extraídos foram sintetizados de acordo com a pergunta e objetivo do estudo. A
identificação e registro dos artigos ocorreu sequencialmente conforme ordem de leitura e coleta
de dados.

RESULTADOS
72

Um total inicial de 3.450 documentos foi obtido por meio da estratégia de busca nas fontes
de dados adotadas. Após a leitura dos títulos e resumos, 3.376 documentos foram excluídos por
não responderem à questão norteadora ou não abordarem o objeto em estudo, e 25 estudos por
duplicidade. Assim, foi realizada a leitura na integra de 49 estudos, dos quais 20 não
responderam à questão do estudo. Portanto, um total de 29 estudos foram incluídos na amostra
final. Após análise das referências dos 29 estudos incluídos, quatro foram adicionados. A amostra
final foi de 33 estudos. O processo de busca e seleção dos artigos nas fontes de dados são
ilustrados no fluxograma da Figura 5.
IDENTIFICAÇÃ

Estudos Identificados por meio da busca nas bases de dados (n = 3.450)


Scopus (84); Pubmed (887); Science Direct (680); Web Of Science (6);
Cinahl (8); Cochrane Libray (1); Embase (1); Grey literature (1.783)

Estudos excluídos após leitura de


título e resumo (n= 3.376)
SELEÇÃO

Estudos excluídos por duplicidade


(n= 25)

Estudos para análise de texto


ELEGIBILIDADE

completo (n=49)

Estudos excluídos por não responderam à


pergunta da investigação (n= 20)

Estudos selecionados com texto


completo (n= 29)
INCLUSÃO

Estudos incluídos pela retro busca


(revisão das referências dos artigos)
(n= 4)

Total de estudos incluídos


(n= 33)

Figura 5 - Fluxograma para seleção de publicações nas bases de dados, Campo Grande/MS 2020.
73

Os 29 artigos (exceto literatura cinzenta) da amostra final são apresentados no quadro 11


a seguir, com dados do delineamento do estudo, base de dados que foi recuperado, grau de
recomendação e nível de evidência científica.

Quadro 11 - Caracterização das publicações recuperadas na busca nas bases de dados eletrônicas
e busca pelas referências. Campo Grande/MS, 2020 (n=29).
Título Desenho do estudo Fonte de Grau de Recomendação/
dados Nível de Evidência
Prehospital care: the trapped Revisão de Literatura MEDLINE/ NA**
patient(14) PUBMED
Evaluation and management of Revisão de Literatura SCOPUS NA**
acute cervical spine trauma(15)
Prehospital Extrication Revisão de Literatura SCOPUS NA**
Techniques: Neurological
Outcomes Associated with the
Rapid Extrication Method and
the Kendrick Extrication
Device(17)
Extrication of the seriously Revisão de Literatura MEDLINE/ NA**
injured road crash victim(18) PUBMED
On-scene treatment of spinal Observacional WEB OF Grau B / 3e
injuries in motor sports(19) SCIENCE
Vehicle entrapment rescue and Observacional MEDLINE/ Grau B / 3e
prehospital trauma(20) retrospectivo PUBMED
Towards evidence-based Revisão de Literatura MEDLINE/ NA**
emergency medicine: best PUBMED
BETS from the Manchester
Royal Infirmary(21)
Confirmation of suboptimal Observacional WEB OF Grau B / 3e
protocols in spinal retrospectivo SCIENCE
(22)
immobilization?
Revisão de Literatura MEDLINE/ NA**
Spinal injuries and fractures(23)
PUBMED
Prehospital management of Revisão de Literatura CINAHL NA**
spinal trauma – An evolution(24)
Initial management of the Revisão de Literatura MEDLINE/ NA**
patient with cervical spine PUBMED
injury(25)
Wilderness Medical Society Revisão de Literatura SCIENCE NA**
Clinical Practice guideline for DIRECT
spinal cord protection(26)
Protection of the spinal cord Revisão de Literatura Retro NA**
during stabilization of vital busca(17)
functions and extrication of
trauma victims*(27)
A Review of spinal Revisão de Literatura MEDLINE/ NA**
immobilization techniques(28) PUBMED
74

Cervical spine motion during Observacional CINAHL Grau B / 3e


(29)
extrication
Rapid extrication versus Observacional MEDLINE/ Grau B / 3e
Kendrick extrication device PUBMED
(KED) – Comparison of
techniques used after motor
vehicle collisions(30)
Can an out-of-hospital cervical Revisão de literatura MEDLINE/ NA**
spine clearance protocol PUBMED
identify all patients with
injuries? An argument for
selective immobilization(31)
Cervical spine evaluation in the Revisão de Literatura SCOPUS NA**
(32)
bluntly injured patient
Articles that may change your Revisão de literatura SCOPUS NA**
practice – spinal
immobilization(33)
The use of clinical cervical Revisão sistemática WEB OF Grau B / 4a
spine clearance in trauma SCIENCE
patients: a literature Review(34)
Analysis of prehospital care Observacional coorte SCOPUS Grau B / 3e
and emergency room treatment retrospectivo
of patients with acute traumatic
spinal cord injury: a
retrospective cohort study on
the implementation of current
guidelines(35)
Spinal immobilization for Revisão sistemática Retro Grau A / 4a
trauma patients (Systematic busca(34)
(36)
Review)*
A novel first aid stretcher for Observacional SCIENCE Grau B / 3e
immobilization and DIRECT
transportation of spine injured
patients(37)
Development of a new Observacional Retro Grau B / 3e
emergency medicine spinal busca(19)
immobilization protocol for
trauma patients and a test of
applicability by German
emergency care providers*(38)
Biomechanical analysis of Observacional Retro Grau B / 3e
spinal immobilization during busca(22)
prehospital extrication: a proof
of concept study*(39)
Cervical collar placement Observacional MEDLINE/ Grau B / 3e
(40)
algorithm for triage nurses qualitativo PUBMED
ABC of major trauma. Revisão de literatura SCIENCE NA**
Transport of injured patients(41) DIRECT
Assessing attitudes toward Observacional MEDLINE/ Grau B / 3e
spinal immobilization(42) PUBMED
*Artigo incluído pela retrobusca. **NA – Não se Aplica .(13)
75

A partir da busca na literatura cinzenta foram incluídos quatro capítulos de livros com
referência ao tratamento de traumas vertebro-medulares, técnicas de extração de vítimas ou
dispositivos, com uma produção brasileira, duas norte-americanas e uma portuguesa, os quais
estão apresentados no quadro 12.

Quadro 12 - Caracterização das publicações recuperadas por meio da busca na literatura


cinzenta. Campo Grande/MS, 2020 (n=4).
Título livro Capítulo/página do capítulo País/Ano
PHTLS*: Atendimento Pré-hospitalar ao 11 – Trauma vertebro medular - 300 EUA***/2019
traumatizado(43)
ATLS**: Suporte Avançado de Vida no 7 – Trauma da coluna vertebral e EUA/2018
(44)
Trauma medula espinhal - 129
Enfermagem no Trauma: atendimento pré e 13 – Imobilização e extricação do Brasil/2019
intra-hospitalar(45) paciente politraumatizado - 283
Instituto Nacional de Emergências Médicas Técnicas de Extração e Portugal/2012
– INEM(46) Imobilização****
*PHTLS: Prehospital Trauma Life Support. **ATLS: Advanced Trauma Life Support. ***EUA:
Estados Unidos da América. ****Livro específico sobre o tema.

O intervalo temporal dos estudos recuperados compreendeu entre os anos de 1969 e 2019.
Em 2013 foram produzidos seis (20%) estudos, seguidos de quatro (13,3%) em 2016. Com 16
estudos (53,3%), os Estados Unidos da América foi o país quem mais apresentou produções
recuperadas. A fonte de dados MEDLINE/PUBMED apresentou onze (44%) publicações
selecionadas. Dos estudos analisados, a população em geral apresentou correlação com vítimas
que sofrem traumas, o conceito trata das técnicas e dispositivos utilizados durante o tratamento
e o contexto remete-se ao ambiente pré-hospitalar. Os vinte e nove estudos selecionados pelas
fontes de dados foram avaliados quanto ao nível de evidência e grau de recomendação proposto
por metodologia própria JBI.

TÉCNICAS DE EXTRAÇÃO
Com base na avaliação clínica, as técnicas de extração podem ser definidas como:
imediata(14-15), rápida(16-17), controlada(18) e auto extração(19). A extração imediata ocorre quando
o critério para escolha prioriza a manutenção da vida em detrimento de possíveis lesões. Em
situações que necessitam de reanimação do paciente, ou configurado o perigo externo agudo para
o acometido ou para equipe de resgate, a garra (chave) de Rautek pode ser utilizada(19).
A extração rápida considera o estado clínico crítico ou com deterioração evidenciada.
Durante a avaliação clínica inicial, qualquer achado de alteração que coloque em risco a vida,
como por exemplo, deterioração do nível de consciência ou instabilidade hemodinâmica requer
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rápida intervenção. É essencial que a vítima seja retirada do veículo dentro de 10 minutos (18,20),
com a coluna cervical imobilizada em uma prancha rígida(21). As extrações rápidas são
implementadas quando um paciente crítico é hemodinamicamente instável e a variável tempo
influencia no prognóstico(39), pois é difícil administrar cuidados agudos dentro de um veículo
acidentado e o bloqueio ocasionado pelas ferragens retarda a extração e o transporte para
cuidados definitivos(14).
Por sua vez, os pacientes clinicamente estáveis, sem alteração do nível de consciência e
que podem ter lesões que não os incapacite de sair do veículo(18,21) podem ser extraídos de forma
controlada(23). Deve-se atentar para o alinhamento neutro da coluna vertebral(24,26,43) e promoção
da extração e prevenção de rotações da coluna vertebral e da pelve(23-24,27).
Em situações em que o paciente não apresenta lesões que o incapacite de sair do veículo,
a auto extração pode ser realizada. A condição hemodinâmica estável, a identificação dos
critérios de baixo e alto risco e capacidade de rotacionar o pescoço em 45º, indicam que a vítima
poderá sair do veículo de forma voluntária ao obedecer aos comandos que podem auxiliar(19).
A estabilização manual em linha da coluna cervical, se possível, deve ser realizada
imediatamente após a chegada a um paciente traumatizado, mantida durante toda a avaliação
primária (ABCDE) e tratamento do paciente traumatizado(19). Em pacientes que necessitam de
atenção imediata para manutenção de via aérea a estabilização manual em linha deve ser mantida
o tempo todo(15,19).

DISPOSITIVOS NO AUXÍLIO DA EXTRAÇÃO


No que concerne aos dispositivos utilizados para auxiliar na extração da vítima, de acordo
com os estudos recuperados, destacam-se o colar cervical(15-16,24-25,28-36), prancha rígida longa(14-
16,24-26,28-31,33,36)
, prancha rígida curta(14,29-31) imobilizador de cabeça (head block)(15-16,24,33), maca
a vácuo(16,26,35-37), maca colher ou pluma (Scoop Stretcher)(14,26,28) e Kendrick Extrication Device
(KED)(15-16,22,25-26,30,36).
O colar cervical foi descrito como um dispositivo padrão para imobilizar pacientes em
posição neutra supina (decúbito dorsal)(28-29,40). A posição supina neutra é definida como posição
anatômica normal da cabeça e do tronco quando se está em pé e virado para frente(25). O mesmo
deve ser utilizado para restringir o movimento das vértebras cervicais e com isso proteger as
lesões da coluna vertebral(41) e prevenir a progressão dos danos, devido a capacidade de reduzir
os movimentos de extensão, flexão, rotação e lateralização(35). O ideal é que a sua colocação seja
feita por dois profissionais pois, enquanto um estabiliza a coluna, o outro o aplica(25). O colar
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cervical também pode ser aplicado no pescoço do paciente enquanto ela ainda estiver no
veículo(23).
A prancha rígida pode ser longa ou curta, e podem ser utilizadas em conjunto com outros
dispositivos(16,24-25,28). Designada também como encosto padrão, a prancha rígida é um
dispositivo com aproximadamente 1,80 metro de comprimento, rígido e inflexível(30) utilizado
para imobilizar as vítimas em posição neutra supina(15-16,24,26,29-31,33). O paciente é preso a ela com
uso de três ou mais tiras e com dois grandes blocos de espuma adjacentes à cabeça, referidos
como dispositivos de imobilização cervical (head blocks)(15-16,24,29,33).
Os imobilizadores de cabeça são comumente designados como bloqueios cervicais ou
dispositivos de imobilização(34,44). No passado, sacos de areia eram utilizados em ambos os lados
da cabeça em conjunto com a prancha rígida. No entanto, esta prática foi abolida, pois eles podem
escorregar e causar a perda do alinhamento neutro(24). Convém destacar que a imobilização em
uma prancha rígida longa não é o método preferido e, por consequência, os prestadores dos
serviços de emergência frequentemente realizam a imobilização da coluna vertebral com
mecanismo da lesão como única indicação(42).
O Kendrick Extrication Device (KED)(21,24,37-39) é um dispositivo de baixa flexibilidade
que fixa o tronco, pernas e cabeça do paciente com objetivo de impedir o movimento. Ele consiste
em três tiras no tronco, uma alça adicional para a virilha e outra alça que passa sobre a testa. A
parte traseira do dispositivo é composta por vários blocos longos de material rígido e inflexível,
com um pano no meio para permitir flexibilidade relacionada às costas do paciente(30).
Geralmente é utilizado em pacientes que estão na posição de motoristas mas, também,
trata de um excelente dispositivo para imobilização pediátrica(44). O KED também pode ser
utilizado em conjunto com outros dispositivos para imobilização(15-16,25-26,30) para extrair vítimas
dos veículos com queixa de dor no pescoço ou nas costas após a colisões de veículos(15,30), pois
proporciona a imobilização da cabeça e do tronco(16).
A maca a vácuo, ou colchão a vácuo, é um saco flexível de poliestireno que se torna rígido
com a aplicação do vácuo(37). Na Europa, este dispositivo, em combinação com um colar cervical
rígido, é uma opção comum para imobilização(16). Ela fornece restrição de movimento superior
e maior conforto para a vítima, com o correspondente risco diminuído de lesão por pressão. E
tem preferência sobre a prancha rígida para a restrição de movimento de toda a coluna vertebral
ou segmentos específicos(19).
O dispositivo maca a vácuo fornece imobilização insuficiente para a cabeça e pescoço(37).
No entanto, mesmo sem colar cervical, mas com apoio lateral de cabeça, pode alcançar uma
excelente imobilização(19). É utilizada para vítimas de trauma de coluna vertebral em conjunto
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com a prancha rígida, para aquelas que se encontram em espaços confinados sem trauma
vertebro-medular, assim como em transportes com duração maior que 60 minutos e
helitransportes(44).
A maca Scoop Stretcher é um dispositivo que permite o encaixe por baixo da vítima sem
a necessidade de realizar o rolamento de 90º. Composta por duas partes, deve ser aberta pela
trava distal, quando cada parte é inserida por baixo na vítima(38). Pode ser utilizada para transporte
e transferência de pacientes(14). Este dispositivo também é conhecido como maca colher ou maca
pluma(46), indicada para transferir a vítima (cujo mecanismo de lesão sugere trauma da coluna
vertebral) para o dispositivo de imobilização adequado(44).

DISCUSSÃO
A escolha dos dispositivos e técnicas para extrair vítimas de acidentes automobilísticos
inicialmente foi fundamentada na prática consensual com base em precedentes históricos. Os
questionamentos advinham de procedimentos antes utilizados que foram confirmados ou
cientificamente refutados, pois com o passar dos anos e avanço da ciência há a consolidação de
ações com a prática baseada em evidências (PBE).
De acordo com a prática pré-hospitalar atual, considera-se como protocolo de
imobilização da coluna vertebral a utilização dos seguintes dispositivos: colar cervical rígido,
prancha rígida longa, tirantes(28,33) e bloqueios de cabeça (head blocks)(33,46) em todas as vítimas
de trauma com suspeita de lesão vertebro-medular. O termo "imobilizar a coluna vertebral", em
sua prática assistencial ao trauma vertebro-medular, é desencorajado e, em substituição, utiliza-
se Restringir o Movimento da Coluna (RMC). Isso porque, reconhece-se que a imobilização da
coluna não é possível na prática, e que o movimento restrito provavelmente alcance o mesmo
objetivo(47-48).
Acreditava-se que a prática de levar um paciente, vítima de politrauma, até a sala de
emergência de um hospital de referência, conforme preconizado pelo Suporte Avançado de Vida
no Trauma, do inglês Advanced Trauma Life Support (ATLS), atenderia aos protocolos de
imobilização(49). A lógica desta prática é associar que a imobilização impediria a deterioração
neurológica nas lesões instáveis. No entanto, a efetividade do atendimento pré-hospitalar e o
método de imobilização e transportes não se associam a deterioração neurológica(26).
Vale destacar que o estabelecimento de protocolos de imobilização rígidos se baseou no
consenso justificado pelo posicionamento médico, ao aplicarem o colar cervical e a prancha
rígida longa no tratamento de todos os pacientes suspeitos de lesão vertebro-medular(50-52). A
percepção sobre a dificuldade dos paramédicos em não reconhecer uma lesão na coluna vertebral
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fortaleceu o uso excessivo e indiscriminado do colar e prancha rígida longa durante a


imobilização e, em especial, por levar em consideração somente o mecanismo da lesão(53).
Aos poucos a prática baseada em consenso para utilização da prancha rígida em todas as
vítimas com suspeita de lesão vertebro-medular começou a ser questionada ainda na década de
1980, pois efeitos prejudiciais foram relatados e categorizados, quando sintomas como aumento
da dor, comprometimento respiratório, ruptura do tecido e imobilização ineficaz se tornam
prevalentes(54).
Ademais, os estudos ainda apontam que a utilização do colar está associada ao aumento
da pressão intracraniana, dificuldade no manejo de vias aéreas e apresentação de morbidade
significativa (dor, desconforto, dispneia e lesão por pressão) no seu uso prolongado(19,21,34-35). No
entanto, em situações de trauma penetrante com instabilidade hemodinâmica, a imobilização com
o colar não é necessária, pois apresenta relação direta com o aumento da mortalidade(32,43).
Para não comprometer a circulação e o manejo das vias aéreas, o colar cervical deve ser
devidamente selecionado(25,34,41). Como este dispositivo não é capaz de fornecer imobilização
total da coluna cervical(35), geralmente é utilizado em conjunto com outros para imobilização(15-
16,25-26,30-31)
. No entanto, esta prática tem sido questionada, pois existem poucas evidências para
indicar sua eficácia na imobilização(26). Os danos que podem ser causados pelos colares cervicais
são cada vez mais documentados e os riscos podem exceder os benefícios(48-49).
Embora as pranchas rígidas longas e curtas permitam uma extração mais rápida das
vítimas, não fornecem a imobilização completa da coluna vertebral(14). Dessa maneira, se
necessário, as pranchas rígidas e outros dispositivos de transporte rígidos podem ser usados para
movimentação temporária do paciente. No entanto, essa informação ainda não é consenso, uma
vez que estudos indicam que não devem ser aplicados como uma ferramenta médica com meta
de imobilização(26,54). Desse modo, a transferência da vítima de onde ela estiver para a prancha
rígida deve ser feita por elevação e deslizamento(20,26).
Em uma revisão sistemática, examinou-se os efeitos da imobilização pré-hospitalar em
indivíduos saudáveis e constatou-se que, embora os colares cervicais, pranchas rígidas, coletes,
macas a vácuo e tirantes proporcionassem uma redução significativa do movimento da coluna
vertebral, a imobilização também poderia resultar em efeitos adversos como o aumento do
esforço respiratório, isquemia da pele, dor e desconforto(36).
A diminuição da função pulmonar relacionou-se com a fixação do tórax pelos tirantes(55).
A maceração do tecido ficou evidenciada com imobilização prolongada em prancha rígida (56).
Além dos sintomas de dor relatados 24 horas após o paciente permanecer imobilizado por uma
80

hora(57), foram observados também o aumento no escore de dor em participantes imobilizados


em prancha rígida quando comparados com o uso da maca a vácuo(58).
Outro dispositivo utilizado para extração de vítimas de acidentes automobilísticos é o
KED. Uma comparação radiográfica mostrou imobilização superior da coluna cervical normal
durante a extração de um automóvel com esse dispositivo somado ao uso do colar cervical, em
comparação com prancha rígida, fita e colar(19). Caso o desejo seja simplesmente a restrição de
movimento, é provável que muitas opções sejam igualmente viáveis(19). No entanto, a
controvérsia sobre a utilização do mesmo foi relatada em outro estudo(39).
A limitação para escolha do KED se relaciona de forma direta com medidas
antropométricas. Tanto a massa corporal quanto a altura foram preditores independentes de
movimento em um modelo que incluiu a técnica de extração como fator. A correlação mais forte
durante a colocação do dispositivo e a extração foi entre os movimentos de coluna cervical, massa
e altura da vítima. Vítimas altas e obesas apresentaram mais movimentos da coluna(39).
A imobilização da coluna vertebral potencialmente ferida com dispositivo da maca a
vácuo é a recomendação atual da Comissão Internacional para Medicina de Emergência em
Montanha, para o transporte das vítimas de trauma(26). Estudos demonstraram que a maca a vácuo
fornece estabilidade da coluna significativamente superior, maior velocidade de aplicação e
maior conforto do paciente(19,26,35) quando comparada a uma prancha rígida(34) ou somente ao
colar cervical(59). Em contrapartida, a maca Scoop Stretcher apresentou melhores resultados em
relação ao desalinhamento da coluna(36).
Durante a avaliação inicial da vítima com potencial lesão da coluna vertebral, deve-se
garantir a identificação de sinais hemodinâmicos(17,22,24), déficits neurológicos(23,37,40,42), agravos
sensoriais e motores(31,40) e outros sinais de lesão(17) a fim de se estabelecer as prioridades na
escolha da técnica e do dispositivo adequado(40). Após a abordagem inicial e a avaliação primária
e secundária(37) a sequência de imobilização, extração e transporte das vítimas para um centro de
referência de tratamento em trauma(35,40,43-46,), completa a ordem do atendimento.
As condições hemodinâmicas(17), estado neurológico(19,49), e identificação de lesões(35) no
paciente definem o status clínico, com classificações como crítica(24), instável(17,35) e/ou
estável(24). Com base na classificação do status clínico, as técnicas de extração podem ser
definidas como imediatas(18), rápida(16-17,30), controlada(22,39) e de auto extração(22,38-39).
No que concerne à realização de uma extração imediata, com um ou dois profissionais,
deverá levar em consideração o estado crítico do paciente. Assim, um paciente crítico e
hemodinamicamente instável requer uma extração rápida, uma vez que é difícil administrar
cuidados agudos dentro de um veículo acidentado e o bloqueio retarda o transporte para cuidados
81

definitivos(14). É essencial que a vítima seja retirada do veículo dentro de 10 minutos(18,20), com
a coluna cervical imobilizada em uma prancha rígida(21).
Por sua vez, a técnica de extração controlada aplica-se a vítima estabilizada(8,18). O colar
cervical deverá estar aplicado e a extração consiste na saída em linha pela tampa do porta-malas
dos veículos com a utilização de uma prancha rígida longa(22). Durante a extração, a técnica
chamada de ângulo zero tem por objetivos manter o alinhamento neutro da coluna vertebral e
buscar a menor angulação (in line extrication) de movimentação do acidentado, fator
preponderante para que se evite o agravamento das lesões(8,22,39). De forma a atender os princípios
de manter o alinhamento neutro, menor angulação de movimentos e evitar torções na coluna
vertebral, a prancha Scoop Stretcher pode ser utilizada em substituição a prancha rígida
longa(14,46).
Apenas as vítimas sem ameaça imediata à vida devem ter imobilização total antes da
retirada(14,38). Em relação ao tempo de cena, imobilizar a coluna cervical de forma manual em
linha, aplicar colares cervicais semirrígidos e dispositivos de extração que imobilizam toda a
coluna vertebral são reconhecimento do fato de que a imobilização total da coluna vertebral pode
prolongar consideravelmente os tempos de resgate e cena(54).
Um estudo concluiu que as colisões de "alta velocidade" resultaram em 27,7% dos
pacientes que sofreram lesões na coluna vertebral e 66,0% apresentaram lesões traumáticas no
cérebro. No entanto, foi relatado que o aprisionamento ocorreu em apenas de 12% a 33% das
colisões no tráfego em rodovias (CTR) e muitos pacientes foram elegíveis para a auto extração,
a depender de sua condição clínica(22).
Em circunstâncias nas quais os pacientes apresentem condições hemodinâmicas estáveis,
o mesmo pode ser induzido a deixar o carro por conta própria. Estudo realizado com uma equipe
de dois paramédicos e quatro bombeiros, ao executar a extração de 16 pacientes imobilizados de
um veículo, identificou-se que a técnica que menos movimentou a coluna vertebral foi, em ordem
crescente: a auto extração (13º33), extração em linha com prancha rígida (13º56), auto extração
com instrução (14º93) e utilização do KED (17º60)(22). Dessa maneira, a técnica de auto extração
produz menos movimento da coluna cervical em comparação as outras técnicas(22,24). No entanto,
em pacientes que apresentam dor ou lesões que o incapacitem durante a saída do veículo, a auto
extração não é indicada(22).
Não foram encontrados estudos cujos danos foram causados por falhas em um colar
cervical ou uma prancha rígida, mas foram identificadas evidências crescentes, reais e teóricas,
de que o posicionamento desses dispositivos pode causar danos. Além disso, com instruções
82

claras, os pacientes parecem capazes de manter um pescoço estável para remoção sem colar
cervical(22).
Ao avaliar a ausência de benefícios sobre as técnicas de imobilização, a Associação
Nacional de Médicos dos Serviços de Emergência (ANMSE) recomendou, em 2013, medidas
mais amenas para gerenciar os pacientes com suspeita de lesão na coluna vertebral. No mesmo
sentido, o Colégio Americano de Médicos de Emergência (CAME) publicou uma declaração que
confirmou não ser possível imobilizar a coluna vertebral. As declarações publicadas pelas
instituições confirmaram que o objetivo da prancha rígida longa é ser utilizada como dispositivo
de extração e deve ser removida o mais breve possível(54).
Dentro do contexto do posicionamento da National Association of EMS Physicians
(NAEMSP) e American College of Surgeons Committee on Trauma (ACS-COT), os serviços de
emergências médicas passaram a utilizar a RMC com base no exame físico(60). Com a
implementação de evidências na tomada de decisões, infere-se que o processo de avaliação
clínica para escolha dos dispositivos e das técnicas de extração de vítimas estão associadas ao
uso de ferramentas que facilitaram a exclusão dos traumas vertebro-medulares no ambiente intra-
hospitalar.
As principais ferramentas usadas pelos traumatologistas para confirmar clinicamente a
ausência de lesões na coluna cervical, sem a necessidade de geração de imagens são: o National
Emergency X-Radiography Utilization Study (NEXUS) e o Canadian C-Spine rule (CCR)(61-62).
O critério NEXUS avalia se o paciente é de baixo risco, de forma a garantir que não haja lesões
que não requerem imagens(63).
O critério CCR leva em consideração fatores de alto risco, como a idade acima de 65
anos, mecanismo perigoso e parestesia nas extremidades(64). Se não houver critérios de alto risco,
os fatores de baixo risco são revisados para verificar se o paciente pode ser avaliado com
segurança quanto à amplitude de movimento e rotação do pescoço(34). O estudo CCR apresentou
melhor sensibilidade e especificidade quando comparado ao estudo NEXUS (99% versus 93% e
43% versus 33%, respectivamente). Ao usar uma ou ambas as regras, é possível descartar lesões
na coluna cervical nos pacientes mais conscientes, alertas e confiáveis(61-62).
Durante a avaliação clínica, um dos critérios para aplicar as técnicas de extração é manter
a coluna vertebral em posição anatômica neutra(16,29) e evitar rotações da coluna e da pelve(27,43).
A RMC é indicada em vítimas que sofreram trauma por mecanismo com potencial de causar
lesão na coluna vertebral e que apresentam estado mental ou nível de consciência alterado,
evidências de intoxicação por álcool ou drogas, lesão dolorosa que cause distração, sinais
83

neurológicos associados à lesão na coluna vertebral, dor ou sensibilidade na coluna cervical,


torácica ou lombar e lesão conhecida existente na coluna vertebral(38,54,59).

CONCLUSÃO
Os estudos indicaram que o uso das técnicas e dispositivos para extração de vítimas de
colisão automobilística com potencial lesão de coluna vertebral foi baseado, historicamente, em
práticas bem-sucedidas, mas sem devida investigação científica a fim de torná-las padronizadas.
Sob esta ótica, esta RE proporciona a sumarização da evidência científica sobre tais técnicas para
uma melhor tomada de decisão clínica.
É consenso que o alinhamento neutro da coluna vertebral deve ser mantido e as torções
na coluna vertebral devem ser evitadas. Nesse sentido, a avaliação da lesão com ênfase no quadro
clínico da vítima proporcionará uma tomada de decisão coerente quanto à técnica e dispositivo a
ser utilizado. A prancha rígida longa continua a ser o dispositivo utilizado para se extrair ou
remover as vítimas de colisão automobilística. No entanto, sua utilização deve ocorrer de maneira
racional, individualizada e após avaliação da cinemática do trauma associada ao mecanismo da
lesão.
A prancha rígida deve ser retirada o mais breve possível. O dispositivo maca Scoop
Stretcher foi indicado como uma alternativa para extração, e a maca a vácuo para o transporte de
vítimas. A transferência das vítimas deve ser realizada preferencialmente por elevação,
deslizamento e rolamento, nesta sequência. O valor da imobilização espinhal de rotina pré-
hospitalar permanece incerto.
Diante as mais variadas técnicas de extração de vítimas de colisão automobilística citadas
nesta RE, indica-se a importância da realização de estudos comparativos entre as técnicas
existentes, de maneira a auxiliar no processo de tomada de decisão da técnica e do uso dispositivo
mais efetivo.
O estudo apresentou limitações no acesso a estudos não disponíveis na integra, devido a
ausência de recursos para aquisição dos mesmos. O idioma também foi um fator limitante, devido
a ausência de recursos para a tradução de estudos que não estivessem nas línguas inglês, francês,
português e espanhol. Entretanto, por mais que algum estudo possa ter sido excluído devido essas
limitações, acredita-se que não tenham implicado na redução da importância da evidência
sumarizada nessa RE que poderá subsidiar a prática da assistência no APH.
Referências formatadas Vancouver conforme normas da revista.
84

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5.2 MANUSCRITO 2

FLUXOGRAMA PARA EXTRAÇÃO DE VÍTIMAS DE COLISÃO


AUTOMOBILÍSTICA: UM ESTUDO DE VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO

Objetivo: Construir e validar o conteúdo de um fluxograma para extração de vítimas de colisão


automobilística durante o salvamento e resgate veicular. Método: Estudo metodológico com
abordagem mista para a construção e validação de conteúdo. Para a construção do conteúdo
utilizaram-se os métodos de revisão de escopo e grupo focal, com profissionais que realizam o
salvamento veicular no Brasil. A validação de Conteúdo foi realizada por meio de um
instrumento com escala tipo Likert, seguindo o modelo psicométrico de Pasquali adaptado para
o estudo e pela Técnica Delphi. Para a análise dos dados utilizou-se o Índice de Validação de
Confiança, o α de Cronbach e o α ordinal para a validação da consistência interna. Resultados:
O α de Cronbach e o α ordinal (α ordinal = 0.8418) avaliaram a consistência interna. A média do
Índice de Validação de Confiança – IVC (0,91) resultou em um instrumento de alta
confiabilidade para novos instrumentos. O produto final da construção e validação do conteúdo
foi a elaboração de um fluxograma para extração de vítimas de colisão automobilística.
88

Conclusão: o conteúdo deste instrumento encontra-se validado por juízes-especialistas, que


demonstra as melhores evidências para ações durante as fases de salvamento e resgate veicular
para extração de vítimas de colisão automobilística. Mais estudos devem ser realizados com a
finalidade de validar clinicamente a aplicação do fluxograma. Este fluxograma pode ser utilizado
por profissionais da área da saúde e bombeiros militares que realizam o salvamento e o resgate
veicular.
Descritores: Estudo de validação, acidentes de trânsito, transporte de pacientes, serviços
médicos de emergência, corpo de bombeiros.

INTRODUÇÃO
Os acidentes de trânsito (AT) são considerados um grave problema de saúde pública em
nível mundial, com destaque para a principal causa de morte entre crianças e jovens adultos de 5
a 29 anos. Este problema social se apresenta como a principal causa de morte e incapacidade em
diferentes partes do mundo. Ao ano, aproximadamente 1,35 milhão de pessoas morrem vítimas
de acidentes de trânsito no mundo. Sob esta ótica, estima-se que até 2030 as mortes poderão
atingir 1,9 milhão de pessoas no mundo (WHO, 2018).
Ademais, os óbitos por AT acometem, predominantemente, uma parcela da população
economicamente ativa em idade produtiva e é responsável pelo maior número de Anos Potenciais
de Vida Perdidos (APVP) (ITAMI et. al., 2009). Assim, o AT impõe ônus econômico com altos
custos financeiros pessoais, devido às incapacidades temporárias ou sequelas físicas e cognitivas
permanentes (MELLO E KOIZUMI, 2004).
Os impactos ocorrem de forma direta e indireta, para a vítima e o veículo, pois as forças
que agem no veículo, em geral são absorvidas e transformadas durante a colisão da estrutura do
veículo contra outro objeto, que em seguida é transferida para os seus ocupantes. No veículo, a
deformação estrutural associa-se a absorção da energia. Para as vítimas esta transferência de
energia pode ocasionar traumas e lesões (NAEMT, 2016).
O cuidado pós-colisão a um AT, no Brasil, é realizado pela “Linha de Cuidado ao
Trauma” na Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE), constituída, dentre outros
serviços, pelos serviços de emergências pré-hospitalar, Bombeiros e SAMU (BRASIL, 2014).
Com a finalidade de prestar o atendimento inicial, o Atendimento Pré-hospitalar (APH) é
considerado como toda assistência realizada sem discriminação de gravidade, fora do âmbito
hospitalar, na qual utilizam-se meios e métodos disponíveis que objetivam a manutenção da vida,
minimização de sequelas e diminuição da mortalidade (MINAYO; DESLANDES, 2008).
Portanto, é importante que os profissionais do APH saibam identificar ou prever lesões
graves e, tratá-las precocemente (TABASE et al., 2017). No entanto, este tratamento ocorrerá
após a identificação de riscos, manejo de vidros e acesso total da equipe junto à vítima. Em um
89

cenário de AT, com deformação da estrutura veicular, a colisão pode dificultar o acesso à vítima
para o atendimento inicial, atrasar o processo de extricação e aumentar o tempo de cena
(NUTBEAN et. al., 2014).
Nesse contexto, o atendimento inicial, o tratamento das lesões, o manejo e extração das
vítimas de AT são pautados em uma abordagem sistematizada e organizada por etapas que são
executadas simultaneamente, pelas equipes de bombeiros e profissionais da área da saúde
(NUTBEAN et. al., 2014). O salvamento veicular é definido como a ação de localizar, acessar,
estabilizar, desencarcerar, extrair e transportar as vítimas encarceradas. E sob este aspecto,
conceitua-se a extricação veicular como o processo de tratar, acondicionar, remover ou liberar
vítimas encarceradas em veículos (DISTRITO FEDERAL, 2020; NFPA, 2017).
A sistematização das fases executadas durante a extricação veicular é evidenciada em
literaturas nacionais e internacionais. Em Portugal, a Escola Nacional de Bombeiros (ENB) por
muitos anos fez referência ao método SAVER (Systematic Approach to Victim Entrapment
Rescue) que consistiu um uma abordagem sistematizada no salvamento de vítimas encarceradas,
com sete fases (OLIVEIRA, 2009). No Reino Unido, por exemplo, a extricação é composta por
seis fases (TURBRIDGE et al., 1988).
No Brasil, os Corpos de Bombeiros militares utilizam métodos sistematizados que se
encontram referenciados em manuais técnicos. Entretanto, esses métodos se diferem de acordo
com cada corporação ou estado. Como, por exemplo, o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar
do Estado de São Paulo (CBPMESP) utiliza como referência as ações de Localizar, Acessar,
Estabilizar e Transportar (LAET) (SÃO PAULO, 2016).
Nesta mesma linha, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Espírito Santo (CBMES)
e do Rio de Janeiro (CBMERJ) adotam oito fases com as ações conhecidas como “Rotina de
Resgate” e “Fases da operação”, respectivamente (CBMES, 2017; CBMERJ, 2019). O Estado
de Santa Catarina (CBMSC) sistematiza as ações de salvamento e resgate veicular em nove fases
(SANTA CATARINA, 2017) e o Distrito Federal (CBMDF) aplica doze fases para o resgate e
salvamento veicular (CBMDF, 2017). Ressalta-se ainda que existem corporações pelo Brasil que
não possuem manual próprio e adotam o manual de outras instituições coirmãs como referência.
Assim, as divergências encontradas nos manuais, quanto ao número de fases, necessitam
de um aprofundamento e entendimento sobre as reais ações realizadas. Cada fase possui ação
distinta, no entanto, a validação científica é importante para a prática com base em evidências
(CAMARGO et. al., 2017). Ademais, a integração entre os serviços de emergência durante a
extricação é citada na literatura como necessidade a ser implementada (WILMINK, 1996).
90

As fases do processo sistematizado já foram relatadas em literaturas internacionais


(MACKENZIE, 2000; CALLAND, 2005; SWEET, 2012; DUNBAR, 2015). No Brasil, as
práticas instituídas no SV e RV são referenciadas por manuais técnicos (CBMSC, 2017;
CBMDF, 2017; CBMEJ, 2019). A carência de literaturas nacionais repercute de forma direta na
prática assistencial, pois as melhores evidências podem não ser utilizadas em práticas clínicas.
Nesse sentido, garantir o consenso das fases de atendimento, que ocorrem durante o
atendimento aos AT, proporcionará a padronização das ações de resgate e salvamento veicular,
permitirá a integração entre as equipes de bombeiro e saúde e, por sua vez, como resultado da
assistência direta à vítima, proporcionar o aumento de sobrevida com bom prognóstico para as
vítimas. Ademais, a implementação de modelos para Prática Baseada em Evidências (PBE) tem
por objetivo promover a melhoria do cuidado ao aumentar a confiabilidade das intervenções
(CAMARGO et. al., 2017).
A necessidade latente de se obter registros científicos na literatura nacional a respeito do
atendimento às vítimas de AT impulsionou este estudo. Desta maneira, pela dificuldade em se
encontrar estudos pautados nas melhores evidências disponíveis que consolidem e promovam
transformações e melhorias na prática assistencial nas ações de salvamento e resgate veicular, a
busca por respostas a luz da ciência para uma melhor tomada de decisão, proporcionará o
preenchimento desta lacuna de conhecimento.
Portanto, o desenvolvimento de estudos que proporcionem a construção e validação de
instrumentos, como fluxogramas, para extração de vítimas de colisão automobilística com
potencial lesão de coluna de maneira lógica, sequencial e sistemática, com integração de equipes,
que sustente uma prática baseada em evidências, se torna importante.

OBJETIVO

Construir e validar o conteúdo de um fluxograma para extração de vítimas de colisão


automobilística que possa ser utilizado por profissionais da Segurança Pública (Bombeiros
Militares) e Profissionais da Saúde (Medicina e Enfermagem).

MÉTODO
ASPECTOS ÉTICOS

Foram utilizadas em todas as fases da pesquisa as normas éticas obrigatórias definidas


pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, aprovado pelo Comitê de Ética
91

em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul sob CAEE
no. 30712420.7.0000.0021 e parecer no. 4.003.838/2020.

DESENHO, LOCAL DO ESTUDO E PERÍODO

Estudo do tipo metodológico, com abordagem mista para a construção e validação de


conteúdo. A abordagem mista refere-se ao uso combinado de elementos de pesquisa qualitativa
e quantitativa (TRÉZ, 2012). Ele foi estruturado em três fases, teórica, empírica e analítica
(POLIT, 2011). A construção e a validação do conteúdo ocorreram no período de maio a
novembro do ano de 2020.
A fase teórica (1ª fase) consistiu no desenvolvimento do conteúdo teórico do fluxograma
e do instrumento de avaliação, do tipo formulário no formato questionário. O conteúdo teórico
foi construído por meio da realização de uma revisão de escopo (RE) (JBI, 2020), que teve como
objetivo sumarizar as técnicas de extração de vítimas de colisão automobilísticas encarceradas
com potencial lesão de coluna, e pela técnica de Grupo Focal (GF) (RESSEL et al., 2008).
Os grupos focais foram realizados junto aos profissionais do Corpo de Bombeiros Militar
de um município de grande porte da Região Centro-Oeste, os quais tiveram o objetivo de
identificar, na percepção dos profissionais bombeiros militares, quais os elementos deveriam
compor o fluxograma.
Os participantes foram profissionais bombeiros, que atuavam no Atendimento Pré-
Hospitalar. Como critérios de inclusão foram estabelecidos: ser bombeiros militar (Oficial
Combatente ou Praça Combatente) com no mínimo seis meses em atuação na atividade
operacional de resgate e salvamento. Foram excluídos do estudo voluntários no bombeiro e
aqueles que estavam afastados ou em período de férias no momento da coleta de dados.
Os pesquisadores entraram em contato com os participantes por meio de formulário pela
plataforma google forms, o qual foi encaminhado em grupos de contato específico via WhatsApp.
O formulário continha a apresentação do estudo e questões referentes aos critérios de inclusão e
exclusão. Responderam ao formulário, com interesse em participar do estudo, 26 bombeiros
militares de Mato Grosso do Sul, dos quais um foi excluído por não atender aos critérios de
inclusão. Eles foram separados em dois grupos, de maneira aleatória, sendo um total de 13
participantes no primeiro e de 12 participantes no segundo. Os participantes foram informados
via e-mail e contato telefônico, com a confirmação da data e horário do grupo focal e em qual
grupo havia sido alocado.
92

Os grupos focais foram realizados no dia 20 de maio de 2020, durante o período


vespertino, em sala privativa no Quartel da Academia de Bombeiros Militar. Eles foram
conduzidos por uma equipe de coleta de dados formada por três profissionais (uma pesquisadora,
uma aluna da pós-graduação – Mestrado, e uma aluna da Graduação em Enfermagem), sem
contato prévio com os participantes do estudo, mas pertencentes à equipe da pesquisa.
Para a coleta de dados, eles responderam ao questionário sociodemográfico e a questão
geradora: “Na sua experiência e conhecimento, quais os fatores que interferem na atuação
integrada das equipes de bombeiros e de saúde no atendimento de vítimas de colisão
automobilística na fase de extração?”. Outras questões auxiliares foram utilizadas no intuído de
explorar e aprofundar as discussões e reflexões do grupo. Ressalta-se que cada participante
participou de apenas um grupo focal.
Os dados obtidos pelo GF, registrados através de gravação, foram transcritos nos
softwares Word e bloco de notas. O material transcrito foi organizado e submetido à Análise
Temática de Conteúdo (ATC) (BARDIN, 2016). Ela foi realizada por dois pesquisadores de
maneira independente, por meio de um quadro de categorização das falas dos participantes do
estudo, sua análise, interpretação e as implicações, e reflexões dos relatos. Por meio das reflexões
e interpretações apresentadas nos quadros, os núcleos de sentido serão identificados.
Após concluir as três etapas da ATC (pré-análise, exploração do material e interpretação
dos resultados), com os núcleos definidos (elementos do fluxograma), realizou-se a análise de
similiture (AS) com a utilização do software IraMuteq®. As transcrições individuais foram
incorporadas ao corpus textual, e buscou-se a inferência dos dados em relação ao tema proposto.
O conteúdo teórico construído a partir da RE e do GF foi organizado e inserido em um
instrumento para a avaliação do conteúdo. Encaminhou-se o questionário para validação de
juízes-especialistas. O desenvolvimento clássico da Técnica Delphi é originalmente realizado
por meio de papel e encaminhado através de formulário em meio físico. Com o avanço da
informação e dos recursos tecnológicos, este instrumento pode ser desenvolvido por meio digital
e utilizado através software para coleta de dados. Esta modalidade é denominada “e-Delphi”
(KEENEY, HASSON, MCKENNA, 2011).
O instrumento de validação para validação do conteúdo teórico foi construído de acordo
com as recomendações do modelo psicométrico proposto por Pasquali (2011) que aborda doze
critérios de avaliação para que um determinado constructo seja considerado válido (PASQUALI,
2011). As recomendações propostas por Pasquali (2011) foram adaptadas para este estudo (onze
critérios), sendo elas: 1) utilidade/pertinência; 2) consistência/amplitude; 3) clareza; 4)
93

objetividade; 5) simplicidade; 6) exequibilidade; 7) atualização; 8) precisão; 9) comportamento;


10) variedade; e 11) modalidade.
Para avaliação de cada item, a escala de Likert (JOSHI et. al., 2015) foi adaptada para o
estudo através de três possíveis respostas. 1 – Discordo, 2 – Concordo parcialmente – necessita
de revisão e 3 – Concordo totalmente. Caso o item 2 fosse marcado pelo juiz-especialista, no
próprio formulário, um campo adicional permitiu que as considerações fossem feitas. Ao término
de cada item proposto, o juiz-especialista avaliava os aspectos da clareza de linguagem,
pertinência prática e relevância teórica. Por fim, todo o formulário, também foi avaliado quanto
à clareza de linguagem, pertinência prática e relevância teórica.
Conforme o quadro 14, o formulário com o conteúdo a ser validado era composto por 14
seções. Cada seção era de preenchimento obrigatório. Na descrição da seção 1 constava o título
do projeto e a apresentação com informações acerca do preenchimento. Ainda nesta seção, o e-
mail do juiz-especialista foi coletado de forma obrigatória. Na seção 2 coletaram-se os dados
sociodemográficos. Da seção 3 à seção 13, buscou-se relacionar os núcleos temáticos obtidos na
ATC e na AS com as fases do salvamento e resgate veicular que correspondem aos elementos
extraídos do GF, e que devem compor um fluxograma. Os núcleos temáticos seguem numerados
do um ao onze: 1) Acionamento e deslocamento; 2) Avaliação 360º ou dimensionamento da cena;
3) Gerenciamento de riscos; 4) Estabilização primária; 5) Obtenção de acessos; 6) Estabilização
secundária; 7) Reunião e planos; 8) Desencarceramento; 9) Extração; 10) Transporte e
transferência; e 11) Encerramento. A seção 14 avaliou todo o questionário em relação à clareza
de linguagem, pertinência prática, relevância teórica e se o juiz-especialista recomendaria a
utilização do fluxograma.

Quadro 13 – Seções e descrição do formulário com conteúdo a ser validado. Campo Grande-
MS, 2020.
Seções Descrição
1 Contém título “Construção e validação de conteúdo do fluxograma de atendimento de
vítimas de colisão automobilística – QUESTIONÁRIO”, orientações para o
preenchimento e coleta de e-mail.
2 Dados sociodemográfico (Idade, sexo, formação acadêmica, região em que reside, tempo
total de serviço em meses, cursos na área de urgência e emergência¹.
3 Item 1 – Acionamento e deslocamento
4 Item 2 – Avaliação 360º ou dimensionamento da cena.
5 Item 3 – Gerenciamento de riscos
6 Item 4 - Estabilização primária
7 Item 5 – Obtenção de acessos
94

8 Item 6 – Estabilização secundária


9 Item 7 – Reunião e planos
10 Item 8 – Desencarceramento
11 Item 9 – Extração
12 Item 10 – Transporte e transferência
13 Item 11 – Encerramento
14 Item 12 – Avaliação, validação e utilização deste conteúdo.

A fase empírica (2ª fase) proposta para o estudo teve por objetivo selecionar participantes
para atuar como juiz-especialista (KEENEY, HASSON, MCKENNA, 2011). Foram
estabelecidos critérios para seleção de profissionais da saúde e bombeiros militares de acordo
com a proposta de Fehring (1994), adaptada para o estudo.
Para os juízes-especialistas da área da saúde, realizou-se a busca por meio de pesquisa
avançada na plataforma Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq (http://lattes.cnpq.br/). Foram estabelecidos filtros na “área de atuação” e a
partir dos descritores relacionados à temática (“Emergência” e “Trauma”) os profissionais da
área da saúde foram pré-selecionados.
Os critérios de inclusão para seleção dos juízes-especialistas da área da saúde (FEHRING,
1994) adaptados para o estudo foram: Doutorado na área da Enfermagem ou Medicina – 2 pontos;
Mestrado na área da Enfermagem ou Medicina – 1 ponto; Experiência na área de emergência de
Atendimento Pré-hospitalar e/ou Intra-hospitalar por no mínimo seis meses – 2 pontos;
Participação em projetos de pesquisa que envolvessem o âmbito da emergência no Atendimento
Pré-hospitalar e ou Intra-hospitalar – 2 pontos; Autoria em pelo menos dois trabalhos, nos últimos
três anos, publicados em periódicos em temáticas que envolvam a emergência em Atendimento
Pré-hospitalar e/ou Intra-hospitalar – 1 ponto; Tese ou dissertação na área de emergência em
Atendimento Pré-hospitalar e/ou Intra-hospitalar – 1 ponto; e Experiência como docente ou
pesquisador em instituição de ensino superior na área de Atendimento Pré-hospitalar e/ou Intra-
hospitalar – 1 ponto.
Para os juízes-especialistas bombeiros militares, o convite ocorreu através de ofício junto
à Comissão Nacional de Salvamento Veicular (CONASV), vinculada a Liga Nacional de
Bombeiros - LIGABOM. As informações e orientações foram realizadas de forma individual. Os
juízes-especialistas incluídos na pesquisa não tiveram contato entre si. Os critérios de inclusão
para seleção dos juízes-especialistas da área de atuação militar (bombeiros) (FEHRING, 1994)
adaptados para o estudo foram: Ter graduação – 2 pontos; Experiência na área de emergência em
95

Atendimento Pré-hospitalar por no mínimo seis meses – 2 pontos; Especialização em curso de


salvamento veicular – 1 ponto; Experiência em Seletivas/Desafios de Salvamento Veicular e
Trauma (estaduais ou nacionais ou internacionais) – 1 ponto; Experiência como docente em curso
de salvamento veicular – 1 ponto).
A validação do conteúdo foi realizada com base metodológica proposta pela técnica
Delphi. Os juízes-especialistas responderam ao questionário do tipo formulário apenas uma vez
por rodada da técnica Delphi. Uma vez respondido o formulário e encaminhado, a resposta não
poderia ser alterada. Ao término, o juiz-especialista recebeu notificação pela participação. Os
dados das respostas recebidas foram tabulados em programa Excel e os resultados encaminhados
para análise e inferência estatística.
Conforme a Tabela 4, trinta e quatro juízes-especialistas foram convidados para participar
da validação do conteúdo, após atenderem aos critérios de inclusão. Vinte e quatro juízes-
especialistas confirmaram o aceite para participação, no entanto compõe a validação de conteúdo
deste artigo o universo de dezessete juízes-especialistas que participaram da 1ª rodada da técnica
Delphi (I). Os juízes-especialistas que participaram da 1ª rodada realizaram sugestões que
necessitavam de análise. Em consequência, realizou-se a 2ª rodada da técnica Delphi (II) com o
convite para os dezessete juízes-especialistas que participaram da 1ª rodada da técnica Delphi
(I), no entanto, participaram da 2ª rodada dezesseis juízes-especialistas.
Tabela 4 – Juízes-especialistas participantes da validação do conteúdo nas rodadas da técnica Delphi I e Delphi II.
Campo Grande-MS, 2021.
Técnica Juízes-especialistas Convite Aceite Participação
Profissionais da Saúde 12 11 4
Delphi I Bombeiros 22 13 13
Total 34 24 17
Profissionais da Saúde 4 4 3
Delphi II Bombeiros 13 13 13
Total 17 17 16

Os juízes-especialistas receberam um código (1 a 17), conforme a ordem das respostas do


formulário era recebida pelo pesquisador. O acesso aos dados do participante foi resguardado em
sigilo, conforme preconizado pelo comitê de ética em pesquisa. O formulário com conteúdo a ser
validado permaneceu disponível para respostas do dia 19 de setembro de 2020 até o dia 18 de
outubro de 2020.
Após análise do conteúdo da primeira rodada da técnica Delphi I, adequações foram
realizadas conforme sugestões dos juízes-especialistas e com base no formulário original,
encaminhou-se o formulário com atualizações para nova avaliação durante a segunda rodada da
96

técnica Delphi II. O formulário com conteúdo a ser validado permaneceu disponível para
respostas do dia 19 de maio de 2021 até o dia 18 de agosto de 2021. O prazo estendido levou em
consideração o período de pandemia.
Os dados recebidos após a avaliação dos juízes-especialistas foram revisados por pares
de forma independente e através de análise descritiva e inferencial foram transcritos e
apresentados na forma de artigo científico.
A validação do conteúdo (VC) do fluxograma para extração de vítimas de colisão
automobilística ocorreu na fase analítica (3ª fase). A VC utiliza instrumentos de medida
constituídas por ferramentas que medem indicadores com a atribuição de valores numéricos a
conceitos abstratos, que podem ser observáveis e mensuráveis, e contribuem para aprimorar a
práxis em saúde (COLUCI; ALEXANDRE; MILANI, 2015).
A confiabilidade do conteúdo foi mensurada através da consistência interna, determinada
pelo coeficiente alfa (α) de Cronbach e através da estimativa do índice de validação de conteúdo
(IVC). Para o α de Cronbach, de acordo com Freitas e Rodrigues (2005), o instrumento de
pesquisa é considerado satisfatório quando se obtém como resultado um α ≥ 0,70.
Para o presente trabalho, a hipótese (h) para a validação do conteúdo relacionou-se à
concordância entre os juízes-especialistas. A hipótese nula (h0) previa o consenso entre os juízes
especialistas quando a média do índice de validação de conteúdo (IVC) ≤ 0,78. A hipótese
alternativa, por sua vez, afirmava que haveria consenso entre juízes-especialistas quando a média
do IVC > 0,78.
De acordo com Zumbo et al. (2007) a confiabilidade é uma importante fonte de evidência
ao estabelecer a validade das inferências feitas com base em pontuações de testes e medidas.
Uma das principais medidas utilizadas para avaliar a consistência interna de questionários é o
coeficiente α de Cronbach, proposto por Cronbach (1951). O cálculo deste coeficiente é, em
geral, baseado na matriz de correlação de Pearson.
Entretanto, uma suposição importante para o uso da correlação de Pearson é que os dados
sejam contínuos. Em situações, em que, está suposição é violada a matriz de correlação pode ser
adequada. Devido a isto, e como neste trabalho as repostas dos avaliadores são valores ordinais,
e consideramos a avaliação da consistência interna do questionário através do cálculo do
coeficiente α ordinal, proposto por Zumbo et al. (2007).
De acordo com Gadermann et al. (2012), do ponto de vista conceitual, o α ordinal é
equivalente ao α de Cronbach; a principal diferença entre estes dois métodos é que o α ordinal é
calculado com base na matriz de correlação polychoric, que é adequada para problemas com
respostas de valores ordinais; como é o caso dos dados deste trabalho.
97

Para calcular o valor do α ordinal para cada um dos 11 itens avaliados pelos 17 juízes,
utilizou-se o software R (R Core Team, 2019) e o pacote userfriendlyscience (Peters, 2018). Para
calcular a matriz de correlação polychoric utilizou-se o comando polychoric(dados) e para
calcular o valor α ordinal, o comando alpha(dados), onde dados representa a matriz de dados.
Além disso, devido ao tamanho da amostra (11 itens e 17 juízes), considerou-se a técnica
de reamostragem bootstrap não-paramétrica (Efron, 1979), com o objetivo de obter os intervalos
percentílicos para o valor α de cada item e consequentemente aumentar a confiabilidade dos
resultados. De acordo com Martinez et al. (2007) está técnica “objetiva a obtenção de intervalos
de confiança para as estimativas dos parâmetros de interesse, por reamostragem do conjunto de
dados original”. Para implementar a técnica bootstrap utilizou-se o comando sample do software
R.
Foi realizado L = 1.000 reamostragens (com reposição) do conjunto de dados original,
em que, para cada reamostragem calculamos o valor α. Consideramos como estimativa pontual
para o valor α ordinal a média dos L valores α calculados. E um intervalo de 95% de confiança
(empírico) para α ´e dado pelos quantís 2.5% e 97.5% dos L valores α calculados. Estes quantís
foram obtidos utilizando o comando quantile do software R.

RESULTADOS
O GF registrou 25 intenções de participação, no entanto participaram dessa fase 18
profissionais bombeiros. Os sete profissionais que não participaram, justificaram a ausência
devido à escala de serviço no dia da realização dos grupos focais.
Em relação aos dados de caracterização dos participantes, três (16,7%) eram oficiais
bombeiros militares (um oficial superior - Major Bombeiro Militar; e dois oficiais subalternos -
Capitão e 2º Tenente Bombeiro Militar) e os outros participantes são do círculo das praças
inscritos: quatro (22,2%) 2º Sargentos, dois (11,1%) 3º Sargentos, sete cabos (38,9%) e dois
soldados (11,1%). Sobre a unidade de lotação, 20 (76,9%) informaram estar lotados no Comando
Metropolitano de Bombeiros, quatro (15,4%) na Academia de Bombeiros Militar (ABM) e dois
(7,7%) lotados na Ajudância Geral do Quartel do Comando Geral.
Os dados do questionário foram tabulados e encontram-se apresentados na Tabela 3. A
média de idade foi 35,5 anos. A maioria dos participantes (77,8%) era do sexo masculino, 66,6%
cursaram nível superior, com tempo de formação acadêmica em média de 6,8 anos. Dos
participantes com nível superior, 33,3% especializaram-se em nível de pós-graduação. A média
de tempo no serviço atual de bombeiro militar era de 120,05 meses de atuação profissional, com
66,7% dos participantes realizaram pelo menos um curso operacional na área bombeiro militar.
98

Dentre os participantes, um bombeiro militar realizou curso em nível de especialização na área


da saúde.
Tabela 3 – Questionário sociodemográfico extraído do Grupo Focal – Projeto de Pesquisa. Campo Grande
– MS, 2020.
Cursos Cursos de
Tempo de militares na imersão na
serviço área da área de
Nível Tempo de Pós- (meses) urgência e urgência e
Idade Sexo superior formação Graduação emergência? emergência?
33 M SIM 6 ANOS SIM 120 SIM -
46 F SIM 4 ANOS NÃO 148 SIM -
28 M SIM 6 MESES NÃO 120 SIM -
30 M SIM 4 ANOS NÃO 120 SIM -
30 M NÃO - NÃO 62 NÃO -
46 M SIM 11 MESES NÃO 192 SIM -
39 M SIM 10 ANOS NÃO 188 SIM -
36 M SIM 08 ANOS SIM 08 NÃO -
29 M SIM 9 ANOS NÃO 108 NÃO -
31 M SIM 3 ANOS SIM - SIM ATCN
41 M SIM 3 ANOS SIM 181 SIM -
26 F NÃO 5 ANOS NÃO 25 SIM -
35 M NÃO - NÃO 180 SIM -
36 M NÃO 02 ANOS NÃO 168 SIM -
48 M NÃO - NÃO 264 SIM -
34 M NÃO - NÃO 111 NÃO -
45 F SIM 20 ANOS NÃO 180 NÃO -
26 F SIM 4 ANOS NÃO 72 NÃO -

Após a análise independente, os pesquisadores realizaram a leitura aprofundada dos


relatos e de suas análises em conjuntos. Esta análise permitiu identificar, na percepção dos
participantes, quais os elementos que deveriam compor o fluxograma para abordagem de vítima
de colisão automobilística encarceradas. A categorização e definição dos elementos de acordo
com a análise, estão descritos no quadro 14. As falas dos participantes foram organizadas de
forma alfanumérica pela letra E (entrevistado) e o código (1, 2, 3), seguido do grupo que
pertenceu G (grupo) e o código (1, 2, 3), conforme exemplo: E1-G1. Os grupos 1 e 2 representam
os corpus 1 e 2 da análise.
Quadro 14 – Elementos que devem compor o fluxograma na perspectiva dos profissionais bombeiros.
Campo Grande/MS 2020.
Elementos/fases Entrevistados/ Entevistas
grupos
Acionamento e E2 – G1 “Então, se o primeiro passo for a ligar, a informação no
deslocamento caso, então eu acho que o segundo passo, ou o próximo do
fluxograma, teria que ser a próprio resposta. Resposta do
acionamento, ou mesmo o acionamento, não sei. “
E9 – G1 “Dados do acionamento devem ser coletados na ligação.

E7 – G2 “Do acionamento, é assim, por exemplo, aquele caso que


ela comentou, acidente na BR. quando ocorre acidente na
99

BR, já se manda, dependendo da BR, PRF se for rodovia


federal, se for estadual, a polícia rodoviária estadual. ”
“A triagem sendo excelente, ocorre o acionamento dos
outros órgãos também.”
E9 – G2 “Recebeu a informação que é vítima encarcerada, tem
aquela característica da encarcerada grave, o atendente
aciona a central que tem o suporte avançado. “
E10 – G2 “A triagem, na verdade são utilizadas se não tiver nenhuma
viatura mais próxima, ou a viatura ideal. Para o tipo de
ocorrência. O protocolo de acionamento hoje é a viaturas
mais próxima. “
“Mas hoje essa questão do acionamento da avançada
melhorou muito. Analisando os tipos de ocorrências, eles já
informam simultaneamente, a avançada já está em
deslocamento, já está deslocando a alfa. ‘
E13 – G2 “O deslocamento das viaturas, viu que é rodovia, sabe que
está movimentado, vai causar um caos mesmo. Quem for
despachar as outras tem que ver a viatura que vai ser
enviada, ou a guarnição que vai ser enviada, que seja da
PM, seja outra instituição. Para auxiliar nessa situação. “
E14 – G2 “Ou durante o deslocamento, dar o fluxograma ali para ele
e pode-se discutir com o comandante da viatura, sabendo
das possibilidades que ele pode encontrar, e as ramificações
que ele pode propor para resolver durante o atendimento. “
Avaliação 360º, E2 – G1 “...[] a segurança do local está relativamente ligada a várias
gerenciamento de ações. Então, dentro da segurança a gente pode começar a
riscos e localização investigação de riscos, a estabilização. “
da vítima “Quando em um canto já estão fazendo a sinalização, outra
equipe já está gerenciando os riscos, e outra equipe já está
pensando em localizar a vítima. ”
“Sinalização, gerenciamento de riscos, localização da
vítima e gravidade dos ferimentos. “
E7 – G1 “Tem uma fase que é a preparação e segurança do local, a
fase de acesso, desencarceramento, e a quarta fase, seria a
faze de extração. ‘
“...[] ele vai precisar de um aparato da segurança, da equipe
de resgate e salvamento, da equipe de desencarceramento.

“E um problema, que não acontece, é a equipe de saúde
buscar nos protocolos da segurança pública para se integrar
ao serviço. “
E9 – G1 “Mas é importante ele fazer a segurança do local. “
E4 – G2 “Ele falou que assim no início, na verdade a gente aborda
toda a cena através do gerenciamento dos riscos. ”
E7 – G2 “A partir do momento que a cena está segura, E a equipe de
saúde, na hora que ela entra no atendimento, tem que ter a
segurança. Segurança de que tipo? Uma equipe que está lá
somente para o isolamento, faz a segurança, no caso da BR.

“O gerenciamento de risco, a posição do veículo, o plano
B, o plano A, aí a partir daí tem as ramificações do
atendimento, mais informações em cima dessas fases. “
E9 – G2 “No interior que é realidade, 360º e gerenciamento
contrário, faz a readaptação. “
100

“Vamos deixar a cena segura. Vamos eliminar os riscos. “


E13 – G2 “O pessoal da saúde vai entender a nossa prioridade, e a
gente também vai entender a prioridade deles, o foco deles
é melhorar o estado da vítima até ela ser retirada. Eles têm
que entender que a gente está cuidando da segurança de
todo mundo, inclusive deles e da vítima. “
“Alguns atuando ali na segurança, outros já estabilizando,
outros fazendo o atendimento à vítima até que se chegue
outras guarnições. “
E14 – G2 “Acho que, entrando nessa parte da segurança do local, da
segurança da guarnição, deve-se definir o número mínimo
de integrantes da equipe, seja de resgate, seja da saúde, seja
de salvamento, para que o atendimento seja adequado. “
E15 – G2 “Essa é a abordagem. Quando você pega uma equipe do
SAMU, eles vão pensar em retirar, o mais rápido possível.
Que vem ao caso né, deles não ligarem para segurança ou
outros itens. Seria interessante, pensando no fluxograma,
contemplar fases. “
Estabilização E1 – G1 “A estabilização, que envolveria uma equipe de salvamento
veicular primária, e equipe de resgate, o corpo de bombeiros ou a instituição
secundária e que tem no local, delimitando essa competência para cada
abordagem médica um. “
remota E2 – G1 “Então, dentro da segurança a gente pode começar a
investigação de riscos, a estabilização. “
E4 – G1 “O salvamento chega no local e tem que fazer a
estabilização do veículo. Se chega a outra equipe antes, e
adentra ao veículo sem estabilização e por isso que tinha
que rever essa parte. “
E8 – G1 “As vezes o profissional de saúde entra no carro sem olhar
se está estabilizado, o médico ou enfermeiro entra no carro
sem estar equipado. “
E9 – G1 “SAMU chegou primeiro no local e já estava dentro do
carro, sem estabilizar, sem nada. E eu falei para o pessoal
sair, não estavam ligando. “
E13 – G2 “Alguns atuando ali na segurança, outros já estabilizando,
outros fazendo o atendimento à vítima até que se chegue
outras guarnições. “
“Enquanto um pegava o material, um tentava estabilizar o
veículo, o outro tentava parar os carros e afastar os curiosos,
E14 – G2
a dificuldade foi muito grande em relação isso. “
E15 – G2 “Deixar claro que se chegou a equipe dos bombeiros, ou a
equipe do bombeiro já está no local, uma equipe de resgate
chegou, de conseguir também identificar, se tiver
equipamento de estabilização. Estabilizar o veículo e
começar o processo de atendimento. Se não tem, ele ter a
capacidade de identificar no fluxograma, quais são as ações
que ele vai ter que fazer. “
“Como ele é saúde, fomentar e desenvolver nas equipes que
não são de bombeiros, de uma abordagem fora do veículo.

“Se a vítima estiver estável e se eles conseguirem e tiverem
a capacidade de avaliar de forma remota, tudo bem. “
101

Obtenção de acesso E7 – G1 “Tem uma fase que é a preparação e segurança do local, a


fase de acesso, desencarceramento, e a quarta fase, seria a
faze de extração. “
“As próximas ações são: vamos retirar rapidamente essa
vítima inconsciente, porque precisa ser rápido pelo acesso
mais próximo ou mais fácil do banco do carona, passageiro.

“Se eu entrar por um lado que eu não deveria ter entrado.
Por exemplo, abro um acesso por onde a vítima não sai, só
porque aquele acesso está fácil. Eu abro um acesso que
esmague ainda mais a vítima ou atrapalho. O conhecimento
das técnicas é necessário. “
E7 – G2 “No atendimento, verifica o veículo, abre um acesso para
que a pessoa, do resgate ou da área de saúde possa entrar,
para avaliar a vítima. A partir do momento que a cena está
segura, o veículo estabilizado, vai verificar qual o plano
ideal, plano B ou plano A. “
‘Na avaliação da equipe de resgate ou de saúde ocorre após
a abertura de acesso e o atendente que está preparado para
fazer determinadas perguntas e, a partir de aí ter noção. “
E8 – G2 “A gente estava operando com 3, ficavam 2 na vítima e um
terceiro já iria abrindo as portas, tirando encosto, abrindo
acesso. “
E10 – G2 “...[] o pessoal do bombeiro cria o acesso, para que o
pessoal da saúde intervenha e faça o tratamento da vítima.

“Só que eles não sabem, entendeu. Ficam esperando, criou
o acesso, eles têm que entrar. “
E15 – G2 “Dava para fazer, precisaria de alguns equipamentos de
corte, para abrir, criar um acesso melhor, por causa do
impacto. “
“De repente chega uma avançada do SAMU, tem um
médico na cena, tem que pôr ele ali para também atuar.
Então ele tem que saber todas as fases também. “
Reunião e planos E7 – G2 “A partir daí, há a avaliação da posição do veículo, e a partir
daí os planos. Para como vai tirar a vítima, conforme plano
B, plano A. e a partir daí a parte externa, verifica o
posicionamento da vítima para determinar o ângulo zero. “
“Para como vai tirar a vítima, conforme plano B, plano A.
A partir do momento que a cena está segura, o veículo
estabilizado, vai verificar qual o plano ideal, plano B ou
plano A. a equipe de resgate ou de saúde está lá dentro, e
informa se evolui a vítima, então usa o plano B.
praticamente o plano B já não dá no ângulo zero. “
E10 – G2 “A gravidade da vítima, que às vezes a gente cria um plano
e a vítima evolui, a gente vai ter que fazer outro tipo de
extração. Não vai dar para extrair sempre pelo ângulo zero
né. A questão que é importante também é definir um plano.

“A questão que é importante também é definir um plano. A
partir do que o pessoal da saúde já está fazendo durante o
atendimento da vítima. “
Desencarceramento e E2 – G1 “Seria interessante padronizar e inclusive a CONASV está
criação de espaço com essa com essa missão de que em algumas situações que
102

eram regionalizadas, o pessoal está tentando entrar com as


técnicas de desencarceramento, para poder, colocar um
nome igual, padronizar. “
“Assim, porque o atendimento é o mesmo, porque
determinado tempo atrás a gente trabalhava muito assim,
desencarcerava no veículo e deixava a vítima pronta. Agora
a equipe de resgate entra. “
E3 – G1 “As vezes bateu, o veículo colidiu, e não tem como abrir a
porta. “

E7 – G1 “Tem uma fase que é a preparação e segurança do local, a


fase de acesso, desencarceramento, e a quarta fase, seria a
faze de extração. “
“Faz o desencarceramento, fase de extricação, que é retirar
a vítima, nessa fase quem atua são o pessoal da saúde ou da
equipe de resgate e salvamento. “
“Chega lá, ele vai precisar de um aparato da segurança, da
equipe de resgate e salvamento, da equipe de
desencarceramento. “
E9 – G1 “Conhecimento e treinamento. Mas o fluxograma é um
complemento, porque eu acho que, além dele, se você
chega num acidente, você não tem o treino para carregar
aquela ferramenta, e você ficar desencarcerando. Não vai
conseguir. Então, um complementa o outro. “
“As senhoras são formadas em enfermagem. Qual matéria
que a senhora acha que deram desencarceramento? Já
começa por aí, primeiro eu acho que é necessário que haja
a integração das duas áreas, desde a graduação. É o respeito
das funções. “
E5 – G2 “E tem algum manual que traz que extricação é somente a
parte do desencarceramento. Então é o salvamento como
um todo ou só a parte do desencarceramento? Não sei se.
não sei se ele abordou. Não sei qual que foi conceito que
ele usou da extricação para colocar no trabalho dele. Isso.
Divergências da literatura quando conceitos do regaste.
Funções. Extricação, extração, desencarceramento, então
tem bastante gente que confunde. “
E8 – G2 “A gente estava operando com 3, ficavam 2 na vítima e um
terceiro já iria abrindo as portas, tirando encosto, abrindo
acesso. “
E14 – G2 “Quando a gente vai desencarcera a gente precisa conhecer
aquele veículo que a gente vai desencarcerar. Tem algumas
inovações na área de salvamento veicular que nem todo
mundo conhece. “
E15 – G2 “Dava para fazer, precisaria de alguns equipamentos de
corte, para abrir, criar um acesso melhor, por causa do
impacto. “
Extração E1 – G1 “Eu vou ter três bombeiros para gerenciar uma ocorrência
toda. Já fica pesado. Essa parte que a tenente falou do lençol
e das técnicas para poder fazer a extração com menos
integrantes, dificulta muito. “
E4 – G1 “Quando a senhora está falando sobre extração, a senhora
está falando só da hora de retirar de dentro do carro ou de
todo o processo? “
103

E7 – G1 “A gente tem cinco fases na ocorrência do salvamento


veicular. Tem uma fase que é a preparação e segurança do
local, a fase de acesso, desencarceramento, e a quarta fase,
seria a faze de extração. “
“Na fase de extração é justamente a equipe de resgate e
salvamento que vai estar ali presente na hora de extração. “
E8 – G2 “Daí, se eu optar pela extração dela, pelo ângulo zero,
quantos militares tem na cena? O primeiro que chegou já
decidiu que jeito ela vai sair? Todo mundo vai conseguir, é
porque tem todo um contexto. “
E9 – G2 “Porque tanto na hora que chegar a extração realmente da
vítima, as duas equipes têm que se unir. “
“Se chegar em três, se outra guarnição tiver em
deslocamento porque que eu vou arriscar e fazer uma
extração que pode agravar uma lesão com o lençol, se tem
apoio em deslocamento, se pode esperar a viatura chegar
para ajudar. Se pode esperar, espere. “
E10 – G2 “A gravidade da vítima, que às vezes a gente cria um plano
e a vítima evolui, a gente vai ter que fazer outro tipo de
extração. “
E15 – G2 ‘O pessoal tirou numa meta mesmo, que ali dava para fazer
um, se tivesse o equipamento, dava para melhorar a
extração e por escolha para vítima a retirada era pelo zero
na ocorrência. “
“E o PHTLS não tem essa abordagem de salvamento
veicular. Veicular quando você pega o PHTLS, ele fala de
KED e extração retirado do fogo, nem a retirada como
técnica, mas a retirada rápida. Essa é a abordagem. “
“Quando chegar o momento a equipe de saúde ou resgate
vai coordenar a extração, ele vai saber o que ele está
fazendo. “
‘Quando você pega uma equipe do SAMU, eles vão pensar
em retirar, o mais rápido possível. Que vem ao caso né,
deles não ligarem para segurança ou outros itens. “
“Identificou uma instabilidade, então se adota outro tipo de
conduta também prevista no fluxograma, que pode compor
nesse atendimento sistematizado. “
Transporte E15 – G2 A vítima já está livre das ferragens, a gente vai conduzir ela
do veículo que ela está, para unidade de resgate, ou então
para a viatura do SAMU, ou para quem for transportar.
Transferência de E10 – G2 A gente atende e regula com o SAMU. O SAMU informa
cuidados o destino da vítima, ou intercepta.
Fonte: Grupo Focal Bombeiros MS. Campo Grande, MS, 2020.

Durante a análise, evidenciou-se que as falas indicaram os aspectos empíricos atribuídos ao


salvamento e resgate veicular. Questões como acionamento, gerenciamento de riscos e integração
foram amplamente discutidas e inclusive servem como material para produção e análise científica
em estudos posteriores. As fases do salvamento veicular necessitam de aprofundamento por parte
de todo o efetivo operacional para que haja inicialmente a compreensão inequívoca das funções
104

e das fases a serem executadas durante as ações de salvamento veicular, a aplicação das técnicas,
a integração entre as equipes e após integração com outras instituições.
Em associação à ATC, realizou-se a análise de similitude (AS) com a utilização do
software IraMuteq® , apresentada na figura 6.

Figura 6: Análise de similitude textual do grupo focal. Campo Grande, MS, 2021.

No contexto do salvamento e resgate veicular de vítimas de AT evidenciaram-se durante


a análise qualitativa que existe uma sequência de ações a serem realizadas durante o atendimento,
e que de forma empírica são sistematizados por fases. Estas fases se relacionam, inicialmente, de
forma desordenada, de acordo com o entendimento de cada participante. Os relatos foram
agrupados e organizados de maneira lógica e sequencial.
105

Em relação ao corpus textual das entrevistas do GF, os segmentos de textos foram


analisados de maneira individual e em seguida de maneira coletiva. A análise individual
justificou a inclusão do núcleo temático como fase a ser explorada. No mesmo aspecto, a análise
coletiva reafirma que as fases compõem uma sequência de eventos que tem por objetivo extrair
a vítima do AT.
Os núcleos temáticos foram analisados e indicados para compor as fases ou etapas do
salvamento e resgate veicular. Esta análise considerou o contexto que o fluxograma apresentará
durante o atendimento. Neste sentido, de acordo com a figura 6, a AS demonstrou de maneira
gráfica os núcleos temáticos que indicam a relação entre as falas dos entrevistados com as ações
a serem executadas durante as fases ou etapas do salvamento e resgate veicular. Participaram do
grupo focal O GF e a VC identificaram 10 fases do salvamento e resgate veicular a serem inclusos
no fluxograma construído. Estas ações são desenvolvidas pelas equipes e incorporam dois
aspectos: salvamento (bombeiros) e resgate (bombeiros e/ou profissionais da saúde).
Organizou-se o tema de acordo com o objetivo de construir e validar o conteúdo de um
fluxograma para extricação de vítimas de colisão automobilística durante o salvamento e resgate
veicular. De forma sequencial, lógica e estruturada, as fases foram: 1) Acionamento e
deslocamento; 2) Avaliação 360º, gerenciamento de riscos e localização da vítima; 3)
Estabilização veicular primária, secundária e abordagem médica remota; 4) Obtenção de acessos;
5) Reunião e planos, 6) Desencarceramento e criação de espaço; 7) Extração; 8) Transporte; 9)
Transferência; e 10) Encerramento.
Dos trinta e quatro participantes convidados para a fase de VC, 17 juízes-especialistas
iniciaram a 1ª rodada e 16 finalizaram todo o processo de VC. A média de idade dos juízes-
especialistas é de 40,35 anos, com desvio padrão de 5,92 anos; 76,4% dos juízes-especialistas
eram do sexo masculino, 58,8% possuíam pós-graduação (lato ou stricto sensu), 41,1% residem
na Região Centro-Oeste. A média para o tempo de serviço foi de 226,8 meses com desvio padrão
de 68,7 meses. Entre os profissionais bombeiros militares, 69,2% possuíam entre um ou dois
cursos na área da urgência e emergência, e entre os profissionais da saúde, 100% possuem mais
que quatro cursos na área da urgência e emergência.
Dos 12 participantes da área da saúde convidados, quatro responderam ao questionário.
A média de pontos obtidos, de acordo com os critérios de inclusão, foram de 6,91 pontos, com
desvio padrão de 2,15 pontos. A pontuação mínima estabelecida foi de 4 pontos e a pontuação
máxima de 9 pontos. Para os participantes bombeiros, 13 profissionais responderam ao
questionário para inclusão no estudo. A média de pontos foi de 6,09, com desvio padrão de 1,06
106

pontos. A pontuação mínima estabelecida foi de 4 pontos e a pontuação máxima foi de 7 de


pontos.
Em relação ao conteúdo avaliado, a “Consistência/amplitude” são definidas como
apresentação do conteúdo com profundidade suficiente para a compreensão do conteúdo do
protocolo. Na primeira rodada da técnica Delphi, os itens 1, 2, 3, 6, 7 e 8 apresentaram IVC
compatível com a hipótese nula – H0 (IVC < 0,78). Neste mesmo aspecto, na avaliação da
“Clareza” – os protocolos são explicitados de forma clara, simples e inequívoca, os itens 1, 2, 3
e 7 apresentaram IVC compatível com a hipótese nula.
No quesito “objetividade” – a assertiva permite uma resposta pontual, somente os itens 1
e 7 apresentaram IVC compatível com a hipótese nula. A “simplicidade”, definida como a
expressão de uma única ideia, apresentou IVC compatível com a hipótese nula para os itens 1, 3
e 7. A “atualização” definida como práticas baseadas em evidências mais atuais, apresentou para
o item 3, IVC compatível com hipótese nula. O “comportamento” definido pela não apresentação
de itens abstratos ou ambíguos, apresentou IVC compatível com a hipótese nula para os itens 1,3
e 7.
Em relação ao questionário em geral, os itens 2 e 7 apresentaram IVC compatível com a
hipótese nula. Ressalta-se que todos os itens que obtiveram IVC compatível com a hipótese nula,
ao serem avaliados em relação à média do item e do questionário como um todo, os valores do
IVC superaram 0,80. Apesar da média geral por item e por questionário atendem o que preconiza
a literatura (IVC > 0,90 – para novos conteúdos), no entanto, como o formulário tinha sugestões
dos juízes-especialistas, realizou-se a 2ª rodada da técnica Delphi, para os itens com IVC do
abaixo proposto e para os itens que apresentaram sugestões.
Em avaliação preliminar, durante a 1ª rodada da técnica Delphi, a média do IVC por item
foi de 0,90, a média do IVC para o questionário foi de 0,92 com média final para o IVC de 0,91.
Validou-se o conteúdo do questionário do tipo formulário com conteúdo teórico na primeira
rodada Delphi (Delphi I). No entanto, como conteúdo do questionário apresentou sugestões por
parte dos juízes-especialistas, o questionário retornou com as sugestões e considerações para
avaliação na 2ª rodada da técnica Delphi (Delphi II).
A avaliação da rodada da técnica Delphi II apresentou IVC compatível com H0 para os
quesitos “simplicidade” (item 2 e 3) e o quesito “clareza” (item 7), ademais, todos os outros itens
e quesitos estiveram com a média do IVC > 0,78. Desta forma, observou-se que o conteúdo
validado na 1ª rodada, alcançou a validação na 2ª rodada da técnica Delphi, com aumento nos
percentuais de validação da média geral do IVC por item (2,2%; 0,90-0,92), da média geral do
questionário (6,5%; 0,92-0,98) e da média final do IVC (4,3%; 0,91-0,95). Neste sentido,
107

afirmar-se que a classificação da confiabilidade, a partir do coeficiente de Cronbach para este


questionário possui confiabilidade muito alta.
Calculado os valores α para cada um dos 11 itens, interpretamos os valores de acordo com
a escala proposta por Cronbach (1951) e descrita na Tabela 5:

Tabela 5: Classificação da Confiabilidade a partir do coeficiente α de Cronbach. Campo Grande-MS, 2020.


Confiabilidade Muita baixa Baixa Moderada Alta Muito Alta
Valor α ordinal α ≤ 0,30 0,30 < α < 0,60 0,60 < α ≤ 0,75 0,75 < α ≤ 0,90 α > 0,90

A Figura 7 mostra as estimativas pontuais para o valor α dos 11 itens do questionário. Os


valores entre parênteses são os intervalos de 95% de confiança (empíricos). Na média, o valor
do α ordinal foi de 0.8418. De acordo com a escala de interpretação descrita na Tabela 5, este
valor médio de α indica uma confiabilidade alta. Fazendo a interpretação por item, temos que, o
item 4 apresentam valor α que indica confiabilidade muito alta, e os outros 10 itens apresentam
valor α que indica confiabilidade alta.

Figura 7: Valores α ordinal por item.


Além de responderem aos onze itens do questionário, os juízes também avaliaram a
apresentação dos itens em relação as seguintes três afirmações: O item apresenta “clareza de
linguagem”, “Pertinência prática” e “Pertinência teórica”. Com relação a presença de clareza de
linguagem na descrição dos itens, somente os itens 6, 7, 8 e 9 tiveram juízes que responderam
não concordar com a afirmação. Entretanto, para todos os itens, o percentual de juízes que
responderam concordar parcialmente ou totalmente foram superiores a 80%. Com relação a
afirmação de pertinência prática, com exceção dos itens 6 e 10, todos os outros 9 itens tiveram
108

100% das respostas como 2 ou 3. Para a afirmação de pertinência teórica, somente 1 juiz
respondeu não concordar com a afirmação para o item 11; para os outros 10 itens, 100% das
respostas foram 2 ou 3.
As duas últimas colunas da Tabela 6 mostram as estimativas pontuais e os intervalos de
confiança (95%) para os valores α de cada um dos itens. Para calcular as estimativas do valor α
e os intervalos de 95% de confiança utilizamos o método boostrap. De acordo com a escala
apresentada na Tabela 6, os itens 7 e 8 apresentam confiabilidade moderada, e todos os outros 9
itens apresentam confiabilidade alta. Na média, o valor do α ordinal é de 0.7640, indicando uma
confiabilidade alta.

Tabela 6 – Classificação de Confiabilidade. Campo Grande-MS, 2020.

Para finalizar, os juízes fizeram uma avaliação geral do questionário. A Tabela 7 mostra
a distribuição de frequências com relação a cada uma das três afirmações. Note que, nenhum dos
juízes discordou das três afirmações feitas sobre a apresentação geral do questionário. Utilizando
o método bootstrap também calculamos a estimativa do valor α associado a esta avaliação. A
estimativa obtida foi 0.7896 com intervalo de 95% de confiança (0.6468, 0.9298). Ou seja, temos
uma confiabilidade alta do questionário.

Tabela 7 - Classificação da Confiabilidade com distribuição de frequência. Campo Grande-MS, 2020.


Afirmação Respostas
1 2 3
Clareza de Linguagem 0% 11,76% 88,24%
Pertinência Prática 0% 0% 100%
Pertinência Teórica 0% 0% 94,12%

Ademais, de acordo com os dados extrapolados neste estudo o conteúdo validado


apresenta os elementos que devem compor o fluxograma de salvamento e resgate veicular para
109

atendimento de vítimas de acidentes automobilísticos que estão encarceradas. Estes elementos


que compõe o fluxograma têm atividades distintas nas ações de salvamento e resgate. Cada ação
vincula-se a uma dimensão definida em três aspectos: Comando, Técnicos/Logística e Saúde.
Em uma situação ideal, a função de Comando, em geral, é executada por um bombeiro militar
ou profissional mais experiente, três bombeiros militares ou profissionais executam as ações dos
Técnicos/Logística e dois bombeiros militares, ou dois profissionais da área da saúde executam
as ações de Saúde.
Ambos os procedimentos apresentam 10 fases conforme apresenta-se na tabela 8. As fases
do salvamento são: 1 – Acionamento e deslocamento; 2 – Avaliação 360º e gerenciamento de
riscos; 3 – Estabilização veicular primária; 4 – Obtenção de acessos; 5 – Estabilização veicular
secundária; 6 – Reunião e planos de ação; 7 – Desencarceramento e criação de espaços; 8 –
Extração; 9 – Transporte; e 10 – Encerramento.
As fases do resgate são: 1 – Acionamento e deslocamento; 2 – Avaliação 360º e
localização de vítimas; 3 – Abordagem médica remota; 4 – Acesso à vítima; 5 – Assistência
direta – Exame primário; 6 – Reunião e planos de ação; 7 – Assistência direta – Exame
secundário; 8 – Extração; 9 – Transporte; e 10 – Transferência de cuidados.

Tabela 8 – Fases do Salvamento e Resgate Veicular com base em ações específicas para cada equipe.
Campo Grande, MS. 2020
SALVAMENTO RESGATE
1 Acionamento e Deslocamento Acionamento e Deslocamento
2 Avaliação 360º e Gerenciamento de riscos Avaliação 360º e Localização de vítimas
3 Estabilização Veicular Primária Abordagem médica remota
4 Obtenção de Acessos Acesso à vítima
5 Estabilização Veicular Secundária Assistência direta - Exame Primário
6 Reunião e Planos de ação Reunião e Planos de Ação
7 Desencarceramento-Criação de espaços Assistência direta - Exame Secundário
8 Extração Extração
9 Transporte Transporte
10 Encerramento Transferência de cuidados
Fonte: O autor

DISCUSSÃO
O objetivo deste estudo foi validar o conteúdo de um fluxograma para extração de vítimas
de colisão automobilística por meio da técnica Delphi (LINSTONE E TUROFF, 2002). A
validação do conteúdo ocorreu em 3 fases: RE (JBI, 2020), GF (RESSEL et al., 2008) e VC
(KEENEY, HASSON, MCKENNA, 2011). Não foram encontrados estudos de validação com as
mesmas características do tema deste estudo. A relevância deste trabalho justifica-se pela
limitação de literaturas científicas nacionais disponíveis para consulta.
110

A adoção de novas condutas com base em evidências científicas é possível quando o


profissional utiliza o resultado de pesquisas científicas com rigor metodológico, validade interna
e externa para nortear a prática assistencial (DANSKI et al., 2018). A utilização dos melhores e
mais atuais resultados de pesquisas disponíveis caracterizam a Prática com Base em Evidências
(PBE) e colabora para que a tríade conhecimento, habilidade e atitude sobreponham as atividades
tradicionais desempenhadas como simples rotina (PEREIRA et al., 2015; OLIVEIRA et al.,
2018).
Em um estudo realizado por Silva et al., (2021), os autores identificam que ainda existem
dificuldades em se cumprir as etapas necessárias para investigar as melhores evidências, visto
que a PBE é fundamental para subsidiar a assistência com atitudes embasadas em resultados de
pesquisas. Neste sentido, ressalta-se que este estudo colabora para a pesquisa científica em
salvamento e resgate veicular tenha a lacuna de conhecimento e registro científico estreitada e
que o rigor metodológico da pesquisa seja evidenciado.
O manejo de uma vítima encarcerada por acidente automobilístico é uma área
especializada de atendimento pré-hospitalar e necessita de uma cooperação mútua entre todos os
serviços de emergência (MAHONEY e CARNEY, 1996). Durante o salvamento e resgate
veicular, as ações para desencarceramento e extração da vítima são realizadas pelos serviços de
emergência (bombeiros) e equipe médica (médicos, paramédicos e enfermeiros) (WILMINK,
1996).
Estudos apontaram que as principais dificuldades encontradas durante o gerenciamento
de cenas de salvamento e resgate veicular incluíam a ausência de um comandante, a integração
entre as equipes de SV/RV e a equipe médica e a dificuldade de executar a atividade de maneira
sequencial (TURNBRIDGE, 1988; FILDES et al., 1991; WILMINK et al., 1996; MAHONEY e
CARNEY, 1996). Frente as dificuldades elencadas, o ensino de uma abordagem sistemática para
o resgate das vítimas encarceradas foi desenvolvido, divido em fases e organizado em dimensões
pelo UK Fire Service College (MACKENZIE, 2000), sendo que estas ações são ensinadas a todos
os corpos de bombeiros do Reino Unido.
As ações sistematizadas também foram identificadas em literaturas que já indicavam que
o processo sistematizado de atuação sequencial por fases era disseminado entre as instituições
(CALLAND, 2005; CBMSC, 2017; NUTBEAN, 2014; DUNBAR, 2015). Este conceito fica
evidenciado quando os entrevistados afirmam que a sequência de eventos continua a ser realizada
e que o fluxograma deve contemplar as mesmas.
Sob esta ótica, convém destacar que as dimensões (comandante, equipe de
desencarceramento e equipe de saúde), mesmo que de maneira inicial aqui no Brasil, devem estar
111

presentes nas ações de SV e RV. Para tanto, este trabalho organizou as dimensões em fases que
são executadas sob a gestão do comandante, com atuação no cenário, no veículo e com foco
principal na vítima.
Dentro destas dimensões, cada ação individual repercute de forma coletiva, na gestão da
ocorrência, durante o atendimento às vítimas de acidentes automobilísticos. As ações de SV e
RV realizadas por bombeiros têm por objetivo preparar o cenário para o trabalho em equipe e
garantir a segurança de todos, enquanto a equipe de Resgate atua de forma direta na assistência
da vítima, com o objetivo de extraí-la com segurança (MACKENZIE, 2000).
Durante o acionamento e deslocamento de viaturas para o atendimento de AT, o
comandante coleta o maior número de informações possíveis: tipo de acidente, local do acidente,
referência, quantidade de veículos envolvidos e situação de vítimas. Neste trajeto, recursos
adicionais podem ser solicitados (WILMINK, 1996; SWEET, 2012; NUTBEAM, 2014).
Adota-se como parâmetro para início dos atendimentos o posicionamento da viatura antes
do acidente. Conhecida como barreira de sacrifício, a intenção é identificar e isolar a área de
trabalho. Adota-se como medida a avaliação em 360º (graus), na qual o comandante e
técnicos/logística procuram em torno do veículo riscos que podem prejudicar o atendimento
(SWEET, 2012; DUNBAR, 2015; CBMSC, 2017; CBMERJ, 2019).
A equipe de saúde busca localizar a vítima, no interior, sobre ou sob o veículo. Ao
localizar a vítima, realiza a Abordagem Médica Remota (AMR), na qual se inicia o exame da
vítima de forma a não encostar no veículo (CARMO NETO, 2017). Com a cena segura, riscos
eliminados, faz-se necessário a Estabilização Veicular Primária (EVP) por parte da equipe de
técnicos (bombeiros) (CBMSC, 2017; CBMERJ, 2019). Esta ação visa anular os movimentos
das forças que agem sobre o veículo de forma a direcioná-lo em um plano horizontal, vertical e
inclinado.
Os acessos são definidos como locais que facilitam a entrada da equipe de saúde para o
interior do veículo (portas e vidros) (CBMSC, 2017; CBMDF, 2017; CBMERJ, 2019). Devido
a cinemática do acidente, em geral protege-se as quinas vivas afim de evitar acidentes cortantes.
Com a cena segura, cenário estabilizado, acesso criado, o comandante autoriza o acesso da equipe
de saúde para o interior do veículo. A equipe de saúde elimina riscos internos (air bags, cilindro
pré-tensionador do cinto de segurança) (CBMDF, 2017; CBMERJ, 2019) e logo que seguro,
protege a vítima e inicia o atendimento do Exame Primário (SWEET, 2012; DUNBAR, 2015;
NAEMT, 2016).
Enquanto a vítima é avaliada pela equipe de saúde, os técnicos, sob a gestão do
comandante, realizam a Estabilização Veicular Secundária (EVS). Ao término da EVS, a equipe
112

de saúde já possui informações preliminares que auxiliarão na elaboração dos planos de ação.
Esta reunião tem por objetivo identificar as condições clínicas da vítima, lesões e estado
hemodinâmico (CBMSC, 2017; CBMDF, 2017; CBMERJ, 2019).
Após a reunião, comandante supervisiona os planos executados pelos técnicos/logística
(CBMERJ, 2019), enquanto no interior do veículo a vítima recebe assistência do Exame
Secundário (ES) (NAEMT, 2016). Nesta abordagem são tratados as lesões e ferimentos. A vítima
segue monitorada e a qualquer momento pode ser extraída, caso suas condições clínicas e
hemodinâmicas se deteriorem.
Com a conclusão dos planos de desencarceramento e criação de espaço (CBMSC, 2017;
CBMDF, 2017; CBMERJ, 2019), a fase de extração é iniciada (CALLAND, 2005; DUBAR,
2015; DIXON, 2015). Equipe de saúde coordena esta ação, e utiliza como forma de simplificar
a transmissão das informações ao utilizar o mnemônico QEEP, ao informar a todos o Quadro
clínico do paciente, o nível de Encarceramento, qual a via de extração e tipo de técnica, e o se
Plano de extração encontra-se conforme o estado clínico da vítima (CBMDF, 2019). A extração
ocorre, a vítima é transportada para um centro de referência em trauma, enquanto a equipe de
desencarceramento permanece no local.
O transporte da vítima é realizado após autorização de deslocamento da Central de
Regulação (CR) por viaturas Classe B, C, D ou E para um centro referenciado (BRASIL, 2002).
No centro de referência em trauma os cuidados da vítima são transferidos para equipe intra-
hospitalar. De acordo com NPSA (2004), a transferência de cuidados visa a troca de informações
específicas do paciente, com a responsabilidade e responsabilização (responsabiity e
accountability) da continuidade dos cuidados por parte da equipe intra-hospitalar.
Segundo Ottoni (2020) os mnemônicos têm o intuito de auxiliar os paramédicos durante
a transferência de cuidados, as informações do paciente são repassadas de maneira sistematizada
(D’AMOURS, 2002), pois o mnemônico MIST (mechanism, injury, signal, treatment) permite
que a equipe de APH informe o mecanismo da lesão, as lesões evidentes, os sinais e sintomas e
o tratamento realizado (FITZPATRICK, 2018). A transferência de cuidados estruturada assegura
que as informações sejam repassadas de forma efetiva apenas uma vez para que toda a equipe
receptora tenha uma visão clara do paciente e da história do agravo (IEDEMA, 2010)
O conhecimento produzido neste estudo evidencia a necessidade de integração das
equipes que atuam no processo de atendimento da vítima. O conhecimento da sequência de
atendimento e o treinamento integrado entre equipes de bombeiros e de saúde recomendam uma
meta rigorosa de menos de 30 minutos para a liberação da vítima (WILMINK, 1996). Esta
previsão do tempo médio de atendimento para as vítimas com intervenções da equipe de saúde
113

no local incluem a alocação de recursos especializados e a transferência para centros


referenciados em trauma (NUTBEAN, 2014).
Com a instituição da Rede de Atenção às Urgências (RAU), ocorre a ampliação do
conceito de saúde e por sua vez a exigência da participação interdisciplinar e multiprofissional
no atendimento (BRASIL, 2011). A necessidade da assistência imediata em situações de agravo
à saúde requer das situações de urgência e emergência um profissional da área da saúde que
possua perfil técnico, conhecimento científico e habilidades específicas (BRASIL, 2006a).
Assim, a interdisciplinaridade deve ocorrer em nível da atenção primária com a instituição
do atendimento pré-hospitalar fixo, que organiza e estrutura a rede de urgência e emergência do
Sistema Único de Saúde (SUS), e o atendimento pré-hospitalar móvel que é constituído pelo
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e os serviços de salvamento e resgate
(BRASIL, 2006b).
Deve-se considerar, também, que as atividades realizadas por uma unidade de urgência e
emergências são dinâmicas e a atuação da equipe envolvida determinará a competência funcional
da resposta, pois médicos e enfermeiros exercem papéis imperativos durante o atendimento
(CHEN e SHARMA, 2012). Sobre este aspecto, a integração durante o atendimento às vítimas
de AT é imperiosa, pois sabe-se, também, que durante o atendimento dessas vítimas, na maioria
dos casos, apenas as equipes de resgate do corpo de bombeiros estão presentes. Quando a equipe
de saúde está presente, ainda há pouca integração entre elas nesse processo. (SILVA et al., 2009)
Ao se aplicar estes conceitos para profissionais da saúde, a preocupação se dá pelo fato
que a formação deste profissional ocorre de forma generalista para área assistencial, visto que
muitas vezes na graduação não se tem contato com a especificidade de certos temas. Estudos
confirmam a existência de lacunas assistenciais no processo de formação deste profissional
(CHAVES et. al., 2017). É válido ressaltar a dificuldade de se sistematizar as ações de SV e RV,
ao se ter a necessidade de uma atuação com outras instituições de forma integrada.
Esta dificuldade relaciona-se diretamente com divergência de doutrinas próprias,
procedimentos específicos e a utilização constante de manuais técnicos que trafegam nos limites
internos da caserna. Incipientes do ponto de vista do rigor metodológico, os manuais, surgem
como novo instrumento do professor, pois quanto a sua forma e função. Esta nova tecnologia
educacional distingue-se de livros clássicos por serem caros e pouco universalizados (ALVES,
2005). Os manuais apresentam uma linguagem familiar e comum, além de permitir que os alunos
entendam tudo espontaneamente (COMÉNIO, 1976).
Ademais, ao avaliar as literaturas existentes e adotadas em cada corporação, observa-se
que ainda não há unanimidade de referência ao processo de integração com outras instituições
114

que realizam o APH. Para o desenvolvimento de tal abordagem, faz-se necessário que os
profissionais da saúde do APH compreendam a linguagem utilizada pelos profissionais do
resgate e salvamento e o procedimento por eles executado (WILMINK et al., 1996).
Assim, a ausência de uma linguagem única e de ferramentas (guidelines e fluxogramas)
que sistematizem o atendimento de vítimas encarceradas de maneira integrada, dificultam o
trabalho em equipe. Observa-se, também, que a ausência de treinamento conjunto entre as
equipes de resgate e salvamento dos corpos de bombeiros com as equipes de saúde dificultam o
processo de integração (NUTBEAN, 2014).
Nesse sentido, ao utilizar as referências de atendimento às vítimas de AT com a execução
de ações sistematizadas e sequenciais, as equipes de saúde e serviços de resgate proporcionarão
atendimento integrado com foco na vítima. Esta integração permite a melhoria no atendimento,
ao aplicar o tratamento adequado, a fim de melhorar o prognóstico das vítimas de colisão
automobilística (COATS; DAVIES, 2002). Neste sentido, a VC por juízes-especialistas da área
da saúde e bombeiros militares convergem para o entendimento das ações executadas por ambas
as instituições. E, ao consultar um documento com participação mútua, verificar-se-á que a
lacuna da integração se estreitará.
Frente a esta discussão, compreende-se que ao lidar com um problema de saúde pública
de ordem mundial, passos iniciais em direção a melhoria do atendimento às vítimas de AT são
trilhados. Inclui-se neste aspecto a necessidade de discussões em meio acadêmico durante a
formação de profissionais da área da saúde com direcionamento para lidar na assistência com o
SV e RV. Acredita-se que o impacto desta ação a médio e longo prazo seja evidenciado com a
melhoria dos serviços de saúde da atenção primária (APH móvel e APH fixo), diminuição da
mortalidade e custos sociais.

CONCLUSÃO
A validação do conteúdo de um fluxograma para extração de vítimas de colisão
automobilística ocorreu na primeira rodada Delphi. Através do método Delphi, os estudos
metodológicos permitem a união da subjetividade da avaliação dos juízes-especialistas com a
objetividade qualitativa aplicada pelos testes. O conteúdo deste instrumento encontra-se
validado, e o mesmo pode ser utilizado por profissionais da área da saúde e bombeiros que
realizam o resgate veicular.
O produto da validação do conteúdo está apresentado no formato de fluxograma
(APÊNDICE A* e B*). As ações de resgate veicular devem ser consideradas com atuação
multidisciplinar e interinstitucional. Para tanto, salienta-se que o atendimento de forma ideal é
115

definido em três dimensões, designadas como: Comando, Equipe Técnica/logística e Equipe de


Saúde. Este estudo apresenta 10 fases no SV e RV conforme consta na Tabela 8.
Devido a dinâmica dos AT, a evolução tecnológica veicular e principalmente das práticas
com base em evidências é necessária a revisão constante dos procedimentos adotados no processo
sistematizado do SV e RV através de estudos mais robustos. Cada fase do SV e RV necessita de
discussões mais aprofundadas no sentido de encontrar na ciência as melhores evidências.
Este estudo apresentou limitação quanto a participação de profissionais da saúde no GF.
A dificuldade em analisar a percepção dos profissionais da área da saúde, devido à ausência,
indica que a não adesão está no desconhecimento ou importância sobre o papel da equipe de
saúde no processo sistematizado de SV e RV. Acredita-se que a compreensão dos papéis
multidisciplinares executados pelos profissionais da saúde em conjunto com os corpos de
bombeiros possibilite a facilitação do processo de integração.
116

APÊNDICE A*
117

APÊNDICE B*
118
119

REFERÊNCIAS
ALVES, G. L. O trabalho didático na escola moderna: Formas Históricas. Campinas, SP:
Autores Associados, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Linha de cuidado ao trauma na Rede de Atenção às


Urgências e Emergências. Brasília, DF, 2014. 94 p. Disponível em:
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/maio/20/Trauma-Diretrizes.pdf. Acesso
em: 12 set 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção às Urgências. Brasília:


Secretaria de atenção à saúde, 2006b. 256 p. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_urgencias_3ed.pdf.
Acesso em: 12 set 2021.

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124

5.4 CONSTRUÇÃO DO FLUXOGRAMA


A partir do conteúdo validado pelos juízes especialistas, seguiu-se para a construção do
fluxograma. A formatação gráfica do fluxograma é considerada o produto final desse estudo.
Para tanto, o referencial utilizado conforme Pimenta et al., (2015), sugere caracterizar o
fluxograma como a descrição de uma situação específica de assistência/cuidado, que contém a
operacionalização sobre o que, quem e como se faz, ao orientar e respaldar os profissionais.
A estruturação observou os seguintes aspectos: finalidade, público-alvo, ações
desenvolvidas, evidências científicas e princípios éticos e legais. Cabe ressaltar que o conteúdo
se encontra validado e que estudos futuros devem subsidiar a validação do fluxograma
apresentado, bem como sua aplicação clínica junto aos profissionais que realizam o salvamento
e resgate veicular.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente Dissertação de Mestrado apresentou o processo para construção de


conhecimento a respeito do salvamento e resgate veicular de vítimas encarceradas. Realizou-se
o estudo com o objetivo de construir e validar o conteúdo de um fluxograma para extração de
vítimas de colisão automobilística.
Alcançou-se o resultado esperado, no entanto a aplicação técnica deste conteúdo poderá
sofrer alterações e ainda necessita de validação clínica interna e externa para sua efetiva
utilização. Este autor não possui conflito de interesses em relação aos dispositivos e técnicas
mencionadas.
Cabe ressaltar o apoio da CONASV, CBMMS e UFMS durante todo o processo de
construção de conhecimento. A revisão de escopo permitiu observar a necessidade de
implementar estratégias de uma prática baseada em evidência científica, bem como pode-se
identificar lacunas de conhecimento sobre o tema que necessitam de estudos, principalmente os
relacionados à efetividade do uso de técnicas de extração.
A análise prévia dos grupos focais indicou a presença da fragilidade da prática baseada
em evidências científicas relacionadas ao salvamento e resgate veicular. Questões como
acionamento, acesso à vítima, técnicas de desencarceramento, planos e extração foram
amplamente discutidas e inclusive servem como material para produção e análise científica em
estudos posteriores.
As fases do salvamento veicular e resgate veicular necessitam de aprofundamento por
parte de todo o efetivo operacional para que o processo de integração seja fortalecido e em
125

seguida a consolidação das fases durante a transferência de conhecimento com o objetivo de


realizar um atendimento com sinergia, técnica e, principalmente, com foco centrado na vítima.
A validação do conteúdo ocorreu na primeira fase da técnica Delphi I, no entanto, houve
a necessidade de adequação do conteúdo junto aos juízes-especialistas e a fase da técnica Delphi
II foi reapresentada e validada. As fases do Salvamento (Bombeiros Militares) e Resgate
(Bombeiros Militares e/ou Equipes de Saúde) ocorrem, ao mesmo tempo para as duas equipes,
de forma comum, sistematizada e sequencial sob a gestão do comandante do incidente. Analisar
de forma mista (qualitativa e quantitativa) os dados desta pesquisa permitem que evidências
científicas sobre o salvamento e resgate veicular venham a justificar a prática assistencial com
base em evidências.
O produto final desta dissertação é a construção do fluxograma validado por juízes-
especialistas. O fluxograma (APÊNDICE I) relaciona as 10 fases do SV e RV, com as ações
descritas do acionamento ao término de uma ocorrência de acidente automobilístico. O desafio
encontra-se em validar de forma clínica a aplicação prática deste fluxograma, para que ao final o
mesmo possa ser amplamente divulgado, utilizado e sirva de evidência para novos estudos.
126

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prospectivo. Caderno de Pesquisa em Administração, São Paulo, v. 1, n. 12, p. 54-65,
abr./jun. 2000.
134

ANEXO A

Ofício n. 293/DEIPE/GAB/CBMMS/2020

Campo Grande/MS, 20 de Março de 2020.

Senhora Professora Doutora,

Cumprimentando-a cordialmente, informamos que o Corpo de Bombeiros Militar tem


especial zelo pelo ensino e dentro de sua estrutura conta com uma diretoria que trata

Assinado digitalmente por JOILSON ALVES DO AMARAL:58313320125 - Hora do servidor: 20/03/2020 16:15:04
exclusivamente do ensino, instrução, pesquisa e educação. Fica claro e evidente que a
pesquisa sempre causa muito interesse para fundamentação das nossas práticas e a técnica
do Ângulo Zero, adotada por muitos Corpos de Bombeiro Militar no Brasil, aqui em nosso
Estado ainda carece de um posicionamento científico para ser regulamentado.

Portanto, fica autorizada a realização do projeto de pesquisa em Nível de Pós-


Graduação Stricto Sensu intitulado "Construção e Validação de Conteúdo do Fluxograma de
Atendimento a vítimas de colisão automobilística pela técnica de Ângulo Zero", a ser
desenvolvido pelo Mestrando em Enfermagem, Hamilton Marciano dos Santos Júnior, desde
que adote procedimentos que interfiram minimamente na rotina de trabalho dos Bombeiros
Militares, que sejam acionados para contribuir na realização da pesquisa.

Sendo o que tínhamos para o momento, aproveito a oportunidade para externar


protestos de estima e consideração.

Atenciosamente,

JOILSON ALVES DO AMARAL - CEL QOBM


COMANDANTE-GERAL do CBMMS
Assinado Digitalmente

Bianca C. Ciccone Giacon Arruda - Professora Doutora


Profa. Dra. do Curso de Pós-graduação Mestrado em Enfermagem - UFMS
Fone: (67) 99855-1424

Elaborado por: vsiqueira


Encaminhado ao(s) email(s): biagiacon@gmail.com
Rua Fernando Augusto Corrêa da Costa, 376, Vila Carvalho, Quartel do Comando Geral/CBMMS - CEP 79080790 - Campo Grande/MS - Telefone: (67)3357-
9416 - Email:
135

ANEXO B
136
137
138
139
140

APÊNDICE A
INSTRUMENTO PARA EXTRAÇÃO DOS DADOS DOS ESTUDOS
1 – Identificação da publicação
Título do artigo
Autores
Origem/ País de Origem
Idioma
Ano de publicação
2 – Revista científica
Publicação de enfermagem geral
Publicação de educação em enfermagem
Publicação de especialidade em enfermagem
Publicação de outras áreas da saúde
3 – Aspectos Metodológicos
Método empregado
Abordagem
Objetivo ou questão de investigação
População e tamanho da amostra
4- Limitações e conclusões

5- Resultados

6 – Nível de evidência
NÍVEIS DE EVIDÊNCIA
 Nível I - Evidência obtida a partir de revisão sistemática de ensaios clínicos controlados
randomizados;
 Nível II - Evidência obtida a partir de ensaio clínico controlado randomizado;
 Nível III.1 - Evidência obtida de ensaios clínicos controlados bem delineados, sem
randomização;
 Nível III.2 - Evidência obtida de estudos de coorte bem delineados ou caso-controle;
 Nível III.3 - Evidência obtida a partir de séries temporais múltiplas, com ou sem intervenção e
resultados dramáticos em experimentos não controlados;
 Nível IV - Pareceres de autoridades respeitadas, baseados em critérios clínicos e experiência,
estudos descritivos ou relatórios de comitês de especialistas.

I
II
III.1
III.2
III.3
IV
7 – GRAUS DE RECOMENDAÇÃO
Recomendação forte: 1 – é evidente que os efeitos desejáveis compensam os efeitos indesejáveis;
2 – quando houver provas de qualidade que subsidiem a utilização do objeto de estudo; 3 –
Grau A existem benefícios ou nenhum impacto no uso dos recursos; e, 4 – os valores, preferências do
paciente foram levados em consideração.
Recomendação fraca: 1 – efeitos desejáveis parece superar os indesejáveis, embora não seja
explicitado de forma clara; 2 – apresenta evidências que indicam a utilização do(s) recurso(s),
Grau B embora possa ser de baixa qualidade; 3 – há um benefício sem impacto ou com um impacto
mínimo em detrimento da utilização do(s) recurso(s); e , 4 – os valores, preferências e
experiências dos pacientes podem ou não ter sido considerado.
141

APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
CONVITE –profissionais militares – grupo focal
Meu nome é Hamilton Marciano dos Santos Júnior e, junto com a pesquisadora Bianca Cristina
Ciccone Giacon Arruda, vimos convidá-lo(a) a participar da pesquisa intitulada “Construção e validação
de um fluxograma para a extração de vítimas de colisão automobilística pela técnica do ângulo zero”
que tem como objetivo desenvolver e validar o conteúdo de um fluxograma para a extração de vítimas de
colisão automobilística pela técnica de Ângulo Zero. Para isso, é necessário conhecer a perspectiva dos
profissionais bombeiros militares sobre a prática de extração de vítimas de colisão automobilística, os
elementos importantes nessa prática e os fatores que interferem em uma prática integrada com ambas as
equipes, de saúde e bombeiros militares.
Por isso, se você se interessar em participar deste estudo, sua participação consistirá em participar
dois encontros. O primeiro será realizado uma única entrevista em grupo (grupo focal) com você e com
outros profissionais da sua área e instituição (cada grupo pode conter de 7 a 15 profissionais). Vocês serão
convidados a discorrer sobre quais os elementos que devem compor o fluxograma para abordagem
sistematizada de vítima de colisão automobilística na fase de extricação, e quais os fatores que interferem
na atuação integrada das equipes de bombeiros e de saúde no atendimento de vítimas de colisão
automobilística na fase de extricação. Esse primeiro encontro deverá durar mais ou menos uma hora e
meia, será realizado em local privativo, na sede de sua instituição de trabalho, previamente agendado com
você, com o grupo de profissionais participante e com a coordenação da instituição no qual você trabalha
(para que não haja prejuízo no processo de trabalho desenvolvido), e será gravado em mídia de áudio com
a sua autorização. Nesse primeiro encontro também será convidado a responder um questionário sócio
demográfico que terão dados relativos à sua idade, sexo, formação e tempo de formação e atuação
profissional.
O segundo encontro será um fórum de discussão, que será realizado apenas uma vez, ao final dos
grupos focais, com todos os participantes que participaram dos grupos focais juntos, para validação dos
dados coletados e analisados a partir dos grupos focais. Esse segundo encontro deverá durar mais ou
menos uma hora e meia, e será realizado em uma das sedes do CBMMS, em data e horário previamente
agendados com os participantes. Será gravado (gravador digital) em mídia de áudio digital com o
consentimento de todos os participantes.
Gostaríamos de dizer que você é livre para decidir em participar ou não do estudo, que você pode
também decidir parar de participar, basta informar ao pesquisador. A decisão de não participar da pesquisa
ou de interromper sua participação dela não afeta o seu processo de trabalho. E, também, que você não
precisa responder nenhuma pergunta que não queira. Você será orientado (a) quando apresentar dúvidas
relacionadas à assuntos que possam emergir no decorrer dos grupos focais e fórum e que os pesquisadores
possam colaborar, ou outro assunto relacionado ao estudo. Você não terá gastos e não receberá dinheiro
para participar da pesquisa. Você tem o direito de ser ressarcido se tiver alguma despesa para participar
da pesquisa e de ser indenizado, se houver dano causado pela pesquisa.
Acreditamos que o único risco que você possa ter é o de se sentir desconfortável em responder
alguma questão ou à alguma situação durante a realização dos grupos focais ou do fórum. Caso isso
ocorra, você poderá não responder a mesma ou deixar de participar do grupo e/ou do fórum, e da pesquisa
no momento que quiser. Caso ocorra algum outro desconforto ou necessidade identificada, a pesquisadora
irá te acolher e fará os encaminhamentos a serviços de saúde públicos responsáveis pela assistência de
acordo com a necessidade identificada.
O benefício pode ser a chance de discutir assuntos de sua prática e da sua equipe de trabalho. E,
com isso, contribuir com a produção de conhecimento sobre abordagem sistematizada de vítima de colisão
automobilística na fase de extricação, possibilitando reflexões para o desenvolvimento de uma ferramenta
que ajudará em uma melhor prática assistencial para vítimas de acidentes automobilísticos.
O grupo focal e fórum poderão ser gravados (com a autorização de todos participantes). Somente
os pesquisadores envolvidos no estudo irão ter acesso aos dados transcritos. Todas as identificações
(nomes e locais) sobre você, sobre sua equipe de trabalho, ou qualquer outra pessoa mencionada serão
retiradas e substituídas por códigos que apenas os pesquisadores terão acesso. Outras pessoas não
envolvidas no estudo não terão acesso as informações dadas. Se você quiser, você poderá ler as
142

transcrições, basta solicitar. Toda informação que você der será mantida em segredo. Os dados da pesquisa
serão armazenados em local seguro pelos pesquisadores responsáveis, que apenas eles terão acesso, por
um prazo de cinco anos, e após serão eliminados.
Nós, pesquisadores comprometemo-nos em apresentar para você e sua equipe os resultados da
pesquisa. Os resultados também poderão ser publicados em revistas científicas, apresentados em eventos
científicos ou para os serviços participantes, com segurança de que serão preservadas a identidade e
privacidade do entrevistado e demais pessoas envolvidas.
Este termo de consentimento livre esclarecido será feito em duas vias, de igual teor, assinada pelos
pesquisadores do estudo e pelo participante. Uma via ficará em domínio dos pesquisadores e outra do
participante.

Caso você tenha alguma dúvida sobre seus direitos e questões éticas de sua participação nessa
pesquisa você pode entrar em contato, independente, com o Comitê de Ética com Seres Humanos da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, por meio do número de telefone (67) 3345-7187, no
endereço Cidade Universitária, Av. Costa e Silva, s/nº | Bairro Universitário, Caixa Postal 549, CEP
79070-900, Campo Grande - MS, ou pelo e-mail cepconep.propp@ufms.br.

E em caso de dúvida sobre essa pesquisa e sua participação nela, você pode entrar em contato com
o pesquisador Hamilton Marciano dos Santos Júnior ou pesquisadora Bianca Cristina Ciccone Giacon
Arruda, no Instituto Integrado de Saúde, na Unidade 12, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no
endereço Cidade Universitária, Av. Costa e Silva, s/nº, Bairro Universitário, Campo Grande. Ou pelos
telefones (67) 99131-8430 ou (67) 99855-1424.

Autorizo gravação sonora Sim ( ) Não ( ).

Campo Grande-MS, ____, de ___________, de 20__.

Nome participante do estudo: ____________________________________________


Assinatura participante do estudo: _________________________________________

Nome responsável do estudo: ____________________________________________


Assinatura responsável pelo estudo _______________________________________
143

APÊNDICE C
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS DO GRUPO FOCAL

Questionário sociodemográfico (respondido individual):


Código participante:
Idade (anos): _____ Sexo: ( )M ( )F

Qual a sua formação acadêmica - graduação? :_________________________________________

Qual o seu tempo de formação (em anos – se for menor que um ano, em meses)?: _____________

Possui pós-graduação? Se sim, qual?: _________________________________________________

Qual o tempo de atuação no serviço atual (meses):________________________________________

Para participantes bombeiro militar, possui curso militares na área de urgência e emergência? Se sim,
quais?___________________________________________________________________________

Questionário Grupo Focal


Questão Pergunta Grupo Focal
1 “Baseado na sua experiência e conhecimento, quais os elementos que
devem compor um fluxograma para abordagem sistematizada de vítima de
colisão automobilística na fase de extricação?”
144

APÊNDICE D
145
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229

APÊNDICE F

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO JUÍZES-ESPECIALISTAS SAÚDE


ENDEREÇO DO LATTES:_________________________________________
CRITÉRIOS PONTOS PONTUAÇÃO
Doutorado na área de enfermagem ou medicina 2
Mestrado na área de enfermagem ou medicina 1
Experiência na área de emergência de Atenção pré-hospitalar e/ou Intra-hospitalar 2
por no mínimo seis meses
Participação em projetos de pesquisa que envolvessem o âmbito da emergência no 2
atendimento pré-hospitalar e/ou intra-hospitalar
Autoria em pelo menos dois trabalhos, nos últimos três anos, publicados em 1
periódicos em temáticas que envolvam a emergência em Atenção pré-hospitalar
e/ou Intra-hospitalar
Tese ou dissertação na área de emergência Atenção pré-hospitalar e/ou Intra- 1
hospitalar
Experiência como docente ou pesquisador em instituição de ensino superior na área 1
de Atenção pré-hospitalar e/ou Intra-hospitalar.
RESULTADO: ( ) INCLUÍDO ( )EXCLUÍDO
230

APÊNDICE G
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO JUÍZES-ESPECIALISTAS
Código do participante: _______________________________________
CRITÉRIOS PONTOS
Você tem graduação? (2) Sim (0) Não
Você tem experiência na área de emergência de atendimento pré- (2) Sim (0) Não
hospitalar por mais de seis meses?
Você tem especialização em salvamento veicular? (1) Sim (0) Não
Você tem experiência em Seletivas/Desafios de Salvamento Veicular (1) Sim (0) Não
e Trauma (estaduais ou nacionais ou internacionais)?
Você tem experiência como docente em curso de salvamento (1) Sim (0) Não
veicular?
RESULTADO: ( ) INCLUÍDO ( ) EXCLUÍDO
231

APÊNDICE H
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
CONVITE
Meu nome é Hamilton Marciano dos Santos Júnior e, junto com a pesquisadora Bianca Cristina
Ciccone Giacon Arruda, vimos convidá-lo(a) a participar da pesquisa intitulada “Construção e validação
de um fluxograma para a extração de vítimas de colisão automobilística pela técnica do ângulo zero”
que tem como objetivo desenvolver e validar o conteúdo de um fluxograma para a extração de vítimas de
colisão automobilística pela técnica de Ângulo Zero.
Para validar o conteúdo teórico do fluxograma proposto, é necessário a análise e avaliação de
profissionais especialistas da área como você. Usaremos o método de validação de conteúdo por meio da
técnica Delphi que utiliza como fonte de informação um grupo de pessoas especialistas sobre um tema.
Ela permite que especialistas expressem suas opiniões e conhecimentos de forma anônima sobre um
problema estudado. Para isso, a técnica Delphi preconiza a aplicação de questionários sucessivos a um
grupo de especialistas ao longo de várias rodadas e busca o consenso entre opiniões. O método é
desenvolvido em três premissas básicas: anonimato, representação estatística e feedback da resposta do
grupo. Ela é realizada em fases denominadas Delphi I e Delphi II. Pode haver mais fases, até que haja um
grau de concordância dos especialistas sobre o conteúdo explorado.
Dessa maneira, se você se interessar em participar deste estudo, sua participação consistirá em
responder um questionário, que irá uma primeira parte de caracterização do participante com questões
como idade, sexo, local em que reside, tempo de atuação e formação acadêmica, e a segunda, um
formulário de avaliação da validade de conteúdo com o conteúdo teórico proposto para a construção do
fluxograma para a extração de vítimas de colisão automobilística pela técnica do ângulo zero. Esse
questionário será disponibilizado a você em formato de formulário eletrônico, via link de plataforma
google forms, por email. Esta fase consistirá no Delphi I. Você terá um tempo de até 30 dias, a partir da
data de envio, para responder o formulário.
Após análise dos dados de todos os formulários enviados pelos participantes, os pesquisadores irão
confirmar, rever ou adaptar o conteúdo teórico proposto para a construção do fluxograma, conforme
recomendação dos participantes. Após isso, será novamente enviado para você o formulário de avaliação
da Validade de Conteúdo, com o conteúdo teórico proposto para a construção do fluxograma para a
extração de vítimas de colisão automobilística pela técnica do ângulo zero e sem a parte da caracterização
dos participantes, via email, por meio de formulário eletrônico, por link de plataforma google forms. Esta
fase consistirá no Delphi II e você terá, novamente, o tempo de 30 dias, contados a partir da data de envio,
para resposta do formulário.
Após a finalização da fase Delphi II, o processo de coleta de dados será finalizado caso haja o
consenso entre os participantes sobre os itens de um instrumento e seus aspectos. Caso não haja a consenso
em algum item do fluxograma, será realizado novamente a etapa (descrita acima), iniciando a terceira
rodada do Delphi. Serão realizadas tantas rodadas quanto necessárias para que a concordância do conteúdo
teórico do fluxograma, pelos participantes, seja adequada de acordo com o método proposto nesse estudo.
Ressalta-se que o tempo para resposta do formulário, em cada rodada, é de aproximadamente 90 minutos.
Acreditamos que o único risco que você possa ter é o de se sentir desconfortável ou cansado em
responder alguma questão. Caso isso ocorra, você poderá deixar de participar pesquisa no momento que
quiser. Ou, se programar para responder o questionário, visto que o mesmo tem um tempo aproximado de
resposta de 90 minutos. Caso ocorra algum outro desconforto ou necessidade você poderá contatar os
pesquisadores responsáveis, os quais estarão disponíveis para sanar qualquer dúvida e receber qualquer
sugestão ou necessidade que venha surgir de sua participação.
O benefício pode ser a chance de discutir assuntos de sua prática e estudo. E, com isso, contribuir
com a produção de conhecimento sobre abordagem sistematizada de vítima de colisão automobilística na
fase de extricação, possibilitando reflexões para o desenvolvimento de uma ferramenta que ajudará em
uma melhor prática assistencial para vítimas de acidentes automobilísticos.
Reforçamos que os questionários eletrônicos não terão identificação de qualquer participante.
Somente os pesquisadores envolvidos no estudo irão ter acesso aos dados dos questionários. Outras
pessoas não envolvidas no estudo não terão acesso as informações dadas. Se você quiser, você poderá ter
acesso às informações, basta solicitar. Toda informação que você der será mantida em segredo. Os dados
232

da pesquisa serão armazenados em local seguro pelos pesquisadores responsáveis, que apenas eles terão
acesso, por um prazo de cinco anos, e após serão eliminados.
Nós, pesquisadores, comprometemo-nos em apresentar para você os resultados da pesquisa. Os
resultados também poderão ser publicados em revistas científicas, apresentados em eventos científicos ou
para os serviços participantes, com segurança de que serão preservadas a identidade e privacidade dos
participantes.
Este termo de consentimento livre esclarecido será feito em duas vias, de igual teor, assinada pelos
pesquisadores do estudo e pelo participante. Uma via ficará em domínio dos pesquisadores e outra do
participante.

Caso você tenha alguma dúvida sobre seus direitos e questões éticas de sua participação nessa
pesquisa você pode entrar em contato, independente, com o Comitê de Ética com Seres Humanos da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, por meio do número de telefone (67) 3345-7187, no
endereço Cidade Universitária, Av. Costa e Silva, s/nº, Bairro Universitário, Caixa Postal 549, CEP
79070-900, Campo Grande - MS, ou pelo e-mail cepconep.propp@ufms.br.

E em caso de dúvida sobre essa pesquisa e sua participação nela, você pode entrar em contato com
o pesquisador Hamilton Marciano dos Santos Júnior ou pesquisadora Bianca Cristina Ciccone Giacon
Arruda, no Instituto Integrado de Saúde, na Unidade 12, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no
endereço Cidade Universitária, Av. Costa e Silva, s/nº, Bairro Universitário, Campo Grande. Ou pelos
telefones (67) 99131-8430 ou (67) 99855-1424.

________________________, ____, de ______________, de 20___.

Nome participante do estudo: ______________________________________


Assinatura participante do estudo: _________________________________________

Nome responsável do estudo: _______________________________________


Assinatura responsável pelo estudo _______________________________________
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APÊNDICE I

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