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FACULDADES INTEGRADAS IPEP- CESDH

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO POLICIAL CONTINUADO -


PEPCEX

PÓS-GRADUAÇÃO EM POLICIAMENTO TÁTICO E OPERAÇÕES POLICIAIS

MICHAEL TERUO YABUKI

SEGURANÇA NAS ESCOLAS:

APLICATIVO SOS ESCOLAR

Cidade Cotia - SP

2020
FACULDADES INTEGRADAS IPEP- CESDH

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO POLICIAL CONTINUADA EM


POLICIAMENTO TÁTICO E OPERAÇÕES POLICIAIS.

Michael Teruo Yabuki

SEGURANÇA NAS ESCOLAS:

APLICATIVO SOS ESCOLAR

Artigo apresentado ao Programa de Pós-


Graduação em Policiamento Tático e
Operações Policiais.

Cotia SP

2020
DEDICATÓRIA

Dedico este artigo primeiramente a Deus, a toda minha família, minha mãe, meu pai (em
memória), minhas irmãs e em especial a minha esposa Farlene e meu filho Davi pela
paciência e compreensão, pelo tempo que deixei de usufruir de suas presenças e também a
todos que de alguma forma contribuíram para que este momento se tornasse real.
AGRADECIMENTO

Agradeço ao Secretário de Segurança Pública e Defesa Social do município de São


Carlos, Sr. Ten. Cel. Samir Antonio Gardini, aos meus amigos que de alguma forma me
fizeram crescer nessa caminhada, aos professores e coordenadores do curso.
RESUMO

YABUKI, Michael Teruo. Segurança nas Escolas: Aplicativo SOS Escolar. 2020. Artigo para
obtenção de título de Pós-Graduação – FACULDADES INTEGRADAS IPEP- CESDH –
Cotia – SP 2020

Após a tragédia ocorrida na escola Estadual Raul Brasil na Cidade de Suzano, acendeu-se o
alerta da segurança escolar, na Cidade de São Carlos - SP e no restante do Brasil do quão são
vulneráveis as nossas escolas, o quanto seus prédios são deficientes em situações de crise e o
que as forças de segurança e as autoridades podem preparar para tentar minimizar os efeitos
no caso de um atirador ativo dentro das unidades escolares, bem como fazer cessar a injusta
agressão as vítimas durante a prática de um ataque com arma capaz de ferir ou matar várias
pessoas em curto espaço de tempo. Como modo de prevenção e antecipação às futuras
tragédias, a Guarda Municipal de São Carlos criou e está colocando em prática o aplicativo
SOS escolar que tem como função emitir um sinal de alerta e assim antecipar a ação do
efetivo.

Palavras-chave: Alerta. Segurança. Escola. Atirador


ABSTRACT

YABUKI, Michael Teruo. Safety in Schools: SOS Escolar application. 2020. Article for obtaining a
Postgraduate degree - INTEGRATED FACULTIES IPEP- CESDH - Cotia - SP 2020

After the tragedy that occurred at the Raul Brazil State School in the City of Suzano, the school
security alert was triggered in the City of São Carlos - SP and in the rest of Brazil, how vulnerable our
schools are, how deficient their buildings are in crisis situations and what security forces and
authorities can prepare to try to minimize the effects in the case of an active sniper within school units,
as well as to stop unjust aggression against victims during the practice of an attack with a capable
weapon to injure or kill several people in a short time. As a way of preventing and anticipating
future tragedies, the São Carlos Municipal Guard created and is putting into practice the
school SOS application whose function is to issue a warning signal and thus anticipate the
action of the staff.

Keywords: Alert. Safety. School. Sniper.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Interface do APP..............................................................................................14

Figura 2 – Tela de Acionamento do APP..........................................................................15

Figura 3 – Tela do APP acionado......................................................................................16

Figura 4 – Cabeçalho do POP Original da GMSC............................................................17


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APP Aplicativo

CCO Centro de Controle Operacional

GMSC Guarda Municipal de São Carlos

OSI Ordem de Serviço Interna

PM Policia Militar

PMSC Prefeitura Municipal de São Carlos

POP Procedimento Operacional Padrão

RO Registro de Ocorrência

SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

SESTA Sistema Operacional de Gerenciamento da Guarda Municipal de São Carlos

SMSPDS Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social

SOS Código internacionalmente utilizado para solicitar ajuda em caso de perigo

UFSCAR Universidade Federal de São Carlos

UPA Unidade de Pronto Atendimento

UR Unidade de Resgate
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................10
2 ATIRADOR ATIVO..................................................................................................12
3 CRIAÇÃO DO APP...................................................................................................13
4 PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS........................................................17
4.1 PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO...................................................17
4.2 ORDEM DE SERVIÇO INTERNA DA GMSC................................................20
5 TREINAMENTO PREVENTIVO............................................................................21
5.1 CORRER...............................................................................................................21
5.2 ESCONDER......................................................................................................21
5.3 LUTAR.........................................................................................................22
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................23
REFERÊNCIAS………………………………………………………………..……..26
10

1 INTRODUÇÃO

O ocorrido no dia 13 de março de 2019 na escola estadual Raul Brasil, na cidade de


Suzano, que deixou mortos 5 alunos, 2 funcionários, os 2 atiradores, e 11 feridos, acendeu um
alerta no cenário de segurança escolar. Também demonstrou quão vulneráveis somos com
relação a esse assunto, nos falta infraestrutura, procedimentos, investimentos, prevenção e
treinamento.
Quantas vidas podem ser desperdiçadas, quantas vidas precisam ser perdidas para que
tenhamos olhar clínico voltado a trazer segurança para dentro das nossas escolas?
Principalmente no caso de tragédias como a citada acima e em outras tragédias como em
2011( a chacina ocorrida na Escola Municipal Tasso de Silveira, em Realengo- RJ), onde o
aluno Welington invadiu o colégio armado com dois revólveres, matou 12 alunos, deixou 22
feridos e logo após cometeu suicídio. Também em 2017 em uma escola particular de Goiânia
um jovem matou dois colegas e feriu mais quatro. Esses são massacres que marcaram e pouco
foram utilizadas para mudança no cenário da segurança escolar, tampouco como estudo na
tentativa de minimizarmos futuras tragédias.
No corpo desse estudo ficam algumas perguntas a serem respondidas:
 Como dar a devida segurança nas escolas em situações de crise?
 Estamos preparados para enfrentar uma situação de crise, igual a ocorrida em
Suzano?
 Existe plano de evacuação das escolas?
 Os prédios são adequados para fácil evacuação?
 Existe protocolo de atendimento as vítimas em caso de ataque?
 Quais os desafios?
Segundo Sun Tzu, conhecer seu inimigo e a si mesmo te faz ter a certeza da vitória:
“Se conheces os demais e te conheces a ti mesmo, nem em cem batalhas
correrás perigo; Se não conheces os demais, porém conhece a ti mesmo,
perderás uma batalha e ganharás outra; Se não conheces nem aos demais
nem te conheces a ti mesmo, correrás perigo em cada batalha.” (Sun Tzu,
séc.IV AC, pag 10 )

A Guarda Municipal de São Carlos (GMSC) regida e criada pela Lei 12.895 de 31 de
Outubro de 2001 teve sua primeira turma contratada em 21 de Fevereiro de 2003, atua hoje
com 159 integrantes, subordinada à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, atuando
11

24 horas por dia com uma frota de 20 carros, 12 motocicletas e uma equipe de canil ativo com
5 cães para busca e apreensão de drogas e para proteção.

Visando a prevenção e a proteção sistêmica da população e ao patrulhamento


preventivo na tentativa de evitar crimes não só dos patrimônios públicos, mas também pelo
bem estar e segurança da população sancarlense, a GMSC oferece várias modalidades de
policiamento como patrulhamento escolar, patrulhamento rural/ambiental, patrulhamento com
apoio de motocicletas, patrulhamento com cães, preservação fixa de patrimônios, auxílio aos
conselhos tutelares, idosos, mulheres, bem como a todos os serviços prestados no município.
Atua diretamente na fiscalização de trânsito, auxilia o judiciário no acompanhamento de
oficiais de justiça, coordena a força tarefa no combate ao COVID 19* e uma vasta gama de
ocorrências solicitadas através do telefone 153, que vão desde a simples orientação a
chamados de socorro imediato a preservação da vida.

Com a intenção de melhorar o seu compromisso em servir e proteger a população da


cidade de São Carlos, a GMSC buscou soluções para o enfretamento de atividades criminais
dentro das escolas criando e colocando em prática o aplicativo SOS escolar que tem como
função emitir um sinal de alerta e assim antecipar a ação do efetivo no caso de uma situação
de extrema urgência.
12

Segurança nas Escolas: Aplicativo SOS Escolar

2. ATIRADOR ATIVO

Atirador ativo é alguém comprometido a matar o maior número de pessoas possíveis


em um curto espaço de tempo. O atirador pode estar sozinho ou acompanhado por uma ou
mais pessoas. As armas mais utilizadas são: facas, machados, porém o mais comum é arma
de fogo.
O atirador pode ser um suicida convicto, isso significa que ele não vai parar enquanto
tiver condições de matar. Isso tem implicação na forma como as equipes de segurança vão
lidar taticamente com a ocorrência.
A prerrogativa de ação imediata é da primeira equipe que chegar ao local. A prioridade
das forças de segurança é neutralizar o atirador, só assim irão salvar os inocentes e a si
mesmos.
As vítimas e as equipes de segurança precisam ter em mente que se não estiverem
preparado ou não fizerem nada, em pouco tempo estarão na mira do atirador ativo, podendo
ser vítimas fatais.
Tudo começou quando a Polícia Militar (PM) recebeu um chamado para atender uma
ocorrência de disparo de arma de fogo em um estacionamento de veículos onde um homem
aparentemente havia sido alvejado. A equipe de força tática deslocou-se até o local
mencionado no chamado e em seguida recebeu a informação de que, em uma escola próxima,
havia um ataque aos alunos com disparos de arma de fogo.
Com a chegada da equipe, foram adotados os procedimentos de condutas de patrulha,
iniciando a incursão na unidade com o intuito de cessar a injusta agressão, acuando os
atiradores, que ao perceberem a ação policial tiraram suas próprias vidas. Não fosse essa
proximidade das viaturas de patrulhamento da escola, o atendimento com certeza teria um
tempo resposta muito maior e consequentemente mais vítimas poderiam ter sido atingidas. No
caso do ataque em Suzano, o tempo resposta da chegada da primeira equipe da PM foi
fundamental para evitar mais mortes.
13

3. CRIAÇÃO DO APLICATIVO

A criação do aplicativo só pode ser iniciada porque na GMSC foi implantado o


sistema de gerenciamento Sistemas Eletrônicos para Todos Acessarem (SESTA).
O SESTA trata-se de um sistema de gerenciamento que visa organização da parte
administrativa e operacional e que possui desde a solicitação de folgas até o despacho de
viaturas. Um sistema completo que teve como base a estrutura já utilizada na Guarda
Municipal de Indaiatuba – SP.
O início dos trabalhos de desenvolvimento do aplicativo (APP) se deu em parceria
firmada com a agência de inovações da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR),
através do contato com o professor Rafael Aroca, juntamente com a diretoria de tecnologia e
informação da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social (SMSPDS) da
Prefeitura Municipal de São Carlos (PMSC). Foram necessários cerca de 45 dias para que o
APP estivesse pronto, passando por ajustes e calibragens necessários para o bom
funcionamento da ferramenta.
Com o APP devidamente pronto, ajustado e calibrado tivemos uma reunião na qual
decidimos cadastrar 5 funcionários de cada unidade escolar que seriam escolhidos a critério
do gestor escola. Posteriormente, o departamento de tecnologia e Inteligência da SMSPDS
enviou um link exclusivo a cada um dos escolhidos, e depois de baixado o APP foi iniciado o
cadastramento e treinamento dos usuários pelo mesmo departamento.
Através de termo de compromisso sobre as condições de uso, que entre suas instruções
dizia principalmente que o APP somente poderia ser acionado em risco eminente de perigo a
vida, deu–se início a fase de implantação e aprimoramento. Apesar do curto período em que
o APP entrou em funcionalidade, houve considerável diminuição do tempo resposta das ações
entre o acionamento e a chegada do efetivo na unidade escolar, pois diminuíram as pontes
realizadas que antes se davam através de ligação telefônica. Hoje com um simples click no
aparelho de celular é permitido ao usuário uma comunicação em fração de segundos com o
operador de rádio, pois o acionamento do APP permite uma rápida comunicação com o
operador do Centro de Controle Operacional (CCO) que recebe um alerta em sua tela de
despachos e imediatamente segue os protocolos implantados (como veremos a seguir através
do Procedimento Operacional Padrão), despachando a viatura o mais rápido possível.
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As equipes são mobilizadas e dão a resposta de imediato, pois a viatura mais próxima
já é deslocada para a unidade que teve sua coordenada enviada ao despachador CCO através
de um único click na tela do celular.
FIGURA 1: INTERFACE DO APP

FONTE: ARQUIVO GMSC


15

FIGURA 2: TELA DE ACIONAMENTO DO APP

FONTE: ARQUIVO GMSC


16

FIGURA 3: TELA DO APP ACIONADO

FONTE: ARQUIVO GMSC


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4. PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS

As instituições de segurança e a comunidade escolar precisam ter em mente que um


ataque pode acontecer a qualquer momento, podemos estar em uma situação de tranquilidade
e tudo mudar de repente. Para tanto, todos devem analisar e pensar no que fariam se
estivessem em uma situação semelhante a de Suzano, pois só assim dar-se-á o start de auto
defesa e auto sobrevivência.
Todos os envolvidos em uma possível situação de crise devem ter protocolos para tais
atendimentos, bem como todos os órgãos que possam estar envolvidos nessa situação, como
Guardas Municipais, Policiais Militares, Bombeiros, Agentes de trânsito, profissionais de
saúde (SAMU), e também os funcionários da escola, os professores e alunos.

4. 1 PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO GMSC

FIGURA 4: CABEÇALHO DO POP ORIGINAL DA GMSC

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS


SECRETARIA MUNICIPAL DE SEGURANÇA
PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
GUARDA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS
A Serviço da Cidadania

SOS ESCOLAR Versão

Responsáveis Data Nome Assinatura

Elaborado por 19/02/2020 CMT Michael Teruo Yabuki

Revisado por

Aprovado por

FONTE: Arquivo da GMSC


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O objetivo do POP é definir o procedimento operacional padrão de atuação após o


acionamento do APP SOS Escolar. Ele abrange e está sob responsabilidade de todos os
Guardas Municipais escalados em patrulhamento e CCO, que devem seguir os seguintes
procedimentos para o despacho da ocorrência:

1. Visualizado o acionamento, despachar a viatura mais próxima do local;

2. Contatar o solicitante e buscar informações que possam contribuir para o esclarecimento


dos fatos;

3. Realizar contato com demais cadastrados no sistema;

4. Não abortar a missão mesmo que conseguir contato (somente orientar a viatura em
deslocamento);

5. Enviar outras equipes para o local;

6. Acionar outros órgãos se necessário (SAMU, PM, Trânsito);

7. Informar o Subcomandante e Comandante de imediato.

O deslocamento para o local deve ser feito com brevidade. Chegando próximo do local
desligar as sirenes. Visualizando movimentação estranha, solicitar apoio.

Já na unidade que solicitou o atendimento a sequência de ações deverá ser a


seguinte:

1. Verificar se há necessidade de apoio para aproximar-se do local do acionamento do APP;

2. Aproximar-se do local com cautela, adotar procedimentos de segurança para incursão;

3. Tentar identificar a situação de perigo. Caso ouça disparos de arma de fogo, deve-se
considerar a situação de ATIRADOR ATIVO;

4. Deslocar-se na direção dos disparos guiando-se pelo barulho;

5. Efetuar tecnicamente disparos caso necessário para neutralizar o atirador;

6. Certificar-se de que não existem mais atiradores ou outras ameaças no ambiente;

7. Informar o CCO sobre os detalhes da ocorrência;


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8. Informar ao CCO o número de feridos para o encaminhamento;

9. Identificar se há vítimas feridas e providenciar, por meio do acionamento imediato do


Serviço de Atendimento Móvel de Urgência SAMU, serviço local de emergência ou Unidade
de Resgate (UR) do Corpo de Bombeiros, o pronto e imediato socorro das vítimas;

10. Se houver sinais de morte evidente, não remover o corpo de local e providenciar o
acionamento da perícia e das autoridades competentes, via CCO;

11. Informar ao CCO que o local foi liberado;

12. Relacionar corretamente os objetos envolvidos na preservação do campo pericial;

13. Providenciar o registro no respectivo Distrito Policial;

14. Elaborar o Registro de Ocorrência (RO);

15. Abrir o empenho em todos os acionamentos.

Para obtenção de sucesso na operação algumas ações corretivas podem ser adotadas:

1. Se houver dúvida no despacho da viatura consultar a chefia imediata;

2. Após as medidas adotadas e a verificação de que o cenário do ataque está em segurança, se


os presentes estiverem devidamente habilitados devem proceder no socorro das vítimas;

3. Adotar o devido isolamento da área do local de crime, evitando curiosos, parentes, e outros
estranhos na cena, evitando tumulto e modificação na cena do crime;

Como toda operação de urgência, onde a brevidade do atendimento necessita de


rapidez, alguns erros podem acontecer, tais como.

1. Sofrer acidente com a viatura no trajeto;

2. Não observar corretamente a situação;

3. Deixar de analisar o ambiente;

4. Aumentar o número de vítimas por conta de erro;

5. Ser abatido;

6. Deixar parentes ou outras pessoas entrarem;


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7. Desconsiderar a ocorrência;

8. Não solicitar apoio quando necessário;

9. Considerar morte da vítima a ausência de pulso ou respiração;

10. Não realizar registro, empenho, RO ou fazê-lo de forma irregular;

11. Não registrar os apoios e quem ficou responsável por coisas, objetos do crime;

Com as ações propostas pretende-se chegar aos seguintes resultados:

1. Realizar o atendimento com o menor tempo possível;

2. Poupar vidas;

3. Neutralizar a ameaça em caso de atirador ativo;

4. Fornecer à segurança necessária as unidades escolares.

Caso a ação apresente alguma inconformidade de procedimento, deverá ser traçada


uma análise para melhoria da ação, através de identificação da inconformidade e
requalificação das pessoas que utilizam e atendem o chamado do APP.

4. 2 ORDEM DE SERVIÇO INTERNA DA GMSC

Ordem de Serviço Interna; Categoria: Aplicativo SOS Escolar; Referência: Padronizar


atendimento do aplicativo SOS Escolar.
Descrição: Protocolo de Atendimento do SOS Escolar.
1 – Após o recebimento do alerta do aplicativo, imediatamente o Centro de Controle
Operacional (CCO) deverá encaminhar uma viatura de patrulhamento para o local. (abrir
empenho e elaborar RO em todos os disparos)
2 – Em seguida, realizar contato diretamente com o solicitante com o intuito de
levantar maiores informações. Caso a localização seja em uma unidade escolar proceder com
o contato imediato, não sendo possível realizar contato com os demais cadastrados. Não
obtendo sucesso no contato, acionar uma segunda viatura para prosseguir em apoio com
maior agilidade.
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3 – Continuar tentando contato na unidade para informações, com a chegada das


viaturas no local, avistando algo de anormal, acionar os apoios do Samu, Departamento de
Trânsito e PM no caso de atirador ativo.
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5. TREINAMENTO PREVENTIVO

Em vários países onde os ataques são mais frequentes as pessoas são treinadas pra as
situações adversas que podem vir a ocorrer no ambiente em que estão. Daí vem a importância
de orientar, ensinar, simular, conhecer o ambiente e tentar melhorar fisicamente o prédio para
que se houver um incidente o local possa ser evacuado da forma mais rápida e segura
possível. Somos treinados para não reagir, somente no caso de essa ser a única alternativa
para salvar sua vida. É preciso preparar as forças de segurança para agir em situações
adversas nas escolas.
É preciso treinar melhorar o conhecimento das pessoas em situações adversas de crise.
Nos casos onde ocorrem a situação de atirador ativo temos no protocolo dos EUA,
segundo Araújo (2019) 3 procedimentos a serem adotados que podem salvar vidas, não
necessariamente precisam ser na ordem que serão apresentadas a seguir, isso vai depender
muito da situação em que você se encontra e da distância que está do atirador.

5.1 CORRER

Uma das opções é correr.


O ideal é que você conheça todas as saídas do prédio (rotas de fuga, portas, janelas,
escadas, portões), porém tente não cometer o erro de correr para a porta principal, pois é
provável que o atirador esteja entrando por ela.
Não deixe nada e ninguém atrapalhar sua fuga, deixe todos os seus pertences para trás,
quando estiver em segurança ligue 153.
Conhecer as rotas de fuga pode aumentar as suas chances de sobreviver.

5.2 SE ESCONDER

Outra opção é se esconder.


Se não for possível correr, você precisa se esconder, tranque a sala e faça barricadas,
como colocar móveis na frente da porta, armários, cadeiras e tudo que puder impedir a entrada
do atirador no local. Apague as luzes, feche janelas, desligue computadores e projetores,
abaixe o volume dos celulares e faça silêncio, pois o barulho atrairá o atirador para sua
direção. Separar-se também pode ajudar a diminuir o número de vítimas.
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5.3 LUTAR

Prepare-se para lutar pela sua vida, caso se depare com o atirador ou caso ele consiga
entrar no local onde você está. Improvise, procure qualquer objeto que possa servir como
arma, como cadeiras, extintores de incêndio, tesouras etc.
Seu objetivo é surpreender e neutralizar o atirador o mais rápido possível, não pare de
lutar até que tenha certeza que ele foi neutralizado.
As situações de emergenciais são imprevisíveis, porém traçamos planos e
treinamentos para que possamos diminuir o tempo de atendimento e consequentemente o
número de vítimas.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde a implantação do APP que corresponde a setembro de 2019 até a presente data,
houve 4 (quatro) disparos através do click no botão de emergência SOS Escolar.

O primeiro deles foi acionado às 15 horas e 04 minutos do dia 16 de outubro de 2019.


O centro de controle recebeu o alerta na tela do operador, e assim iniciou-se a adoção do
protocolo. Foi realizado contato com a pessoa solicitante, porém sem êxito, e antes de realizar
contato com os demais cadastrados, o operador constatou pela localização obtida no sistema
que o local tratava-se da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), portanto fora do ambiente
escolar, surgiu então a dúvida, continuar ou abortar o atendimento. Foi decidido entre os
guardas envolvidos o prosseguimento no atendimento. Com a chegada das equipes no local,
foram adotados os procedimentos de segurança fizeram a incursão no local, porém notaram
que tudo estava dentro da normalidade, simultaneamente foi enviada outra viatura para
unidade escolar na qual constava no sistema que a pessoa trabalhava. Passado o primeiro
momento, já com os dados da solicitante em mãos, chegaram a uma mulher que estava
sentada no corredor a espera de consulta médica. Indagada, a mesma confirmou que ela havia
aderido ao programa do SOS Escolar, mas não havia acionado o botão no celular. A
funcionária da unidade posteriormente informou que não iria fazer mais parte do programa.

Com esse falso alarme, analisamos e fizemos orientações gerais no grupo Whatsapp
que mantemos com os diretores das unidades escolares sobre quais seriam as situações em
que o APP deve ser utilizado.

O segundo caso de acionamento ocorreu na data de 25 de novembro de 2019, por volta


das 10 horas. O CCO recebeu o primeiro alerta e simultaneamente mais 2 alertas, o que gerou
novamente outra situação. Não era preciso confirmar com outras pessoas cadastradas que
estava ocorrendo alguma coisa de grave na escola, adotou-se portanto o POP e a viatura mais
próxima foi deslocada para unidade chegando ao local com o tempo de 4 minutos após o
acionamento. Já no local dos fatos, a equipe encontrou o portão de acesso fechado e ouviram
os gritos de um homem no interior da unidade, ato contínuo transpassaram a primeira barreira,
pulando o portão. Procederam na abordagem do homem que acuava funcionárias da escola.
Tratava-se de um pai alterado por ter sido chamado na unidade porque seu filho havia
transgredido normas da escola. A segunda viatura de apoio chegou em seguida e logo várias
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viaturas da GMSC cercavam o local. O indivíduo foi detido e encaminhado ao distrito policial
onde foi elaborado boletim de ocorrência de desacato.

Nesse caso, o risco de agressão as funcionárias, era iminente e o tempo resposta desde
o acionamento do APP até a chegada da viatura foi o diferencial na resolução da situação,
demonstrando a eficácia do SOS Escolar e o comprometimento das equipes da GMSC.

O terceiro caso ocorreu na data de 03 de março de 2020, às 22 horas e 21 minutos e 42


segundos o APP foi acionado e o CCO recebeu o alerta, logo na sequência às 22 horas 22
minutos e 28 segundos. Menos de 1 minuto depois o APP foi novamente acionado, agora já
com a mensagem “briga na escola Dalila Galli”, o CCO despachou a viatura e
simultaneamente fez contato com a solicitante que confirmou a ocorrência, rapidamente
equipes mais próximas foram deslocadas para o local e após 3 minutos já estavam no local
conseguindo com êxito cessar a desinteligência entre as alunas. Todas foram encaminhadas ao
distrito policial, onde foram ouvidas orientadas e liberadas.

Nesse caso, o APP funcionou perfeitamente e as equipes chegaram muito rápido ao


local. A mensagem enviada foi de suma importância para as equipes saberem como agir ao
chegar no local.

Devido à pandemia que assola o mundo, as aulas foram suspensas e não tivemos mais
nenhum disparo posterior ao caso 3 (a não ser de testes).

Não foi possível realizar simulações de situações reais nas unidades, porém na data de
08 de agosto de 2020 a GMSC fez o treinamento de 12 agentes (que serão multiplicadores
dentro da corporação), de situações com atirador ativo no interior da unidade escolar. Para
isso, foram utilizadas as dependências de uma escola da periferia que em pleno
funcionamento abriga mais de 800 crianças.
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REFERÊNCIAS

ÁGAPE, David; BIGARAN, Vanessa. É possível se proteger de ataques como o de Suzano? Sim,
dizem experts. In: Metrópoles, 2019. Disponível em: https://www.metropoles.com/brasil/e-possivel-
se-proteger-de-ataques-como-o-de-suzano-sim-dizem-experts?fbclid=IwAR3yolX1f2tU-
2IYUn1FSGpga6YchuUTKacIZX6JblBNUBgG9MY3VHMmzlI. Acesso em 01 julho. 2020.

ARAUJO, Roselaine. Curso antiterrorismo em instituições de ensino atrai grande público. Revista
Segurança Estratégica, São Paulo, v. 302, t. 10.000, p. 07-10, 2019.

BBC NEWS. As medidas adotadas nos EUA para combater massacres em escolas: Convivendo há
décadas com massacres em escolas, EUA aumentaram aparato de segurança destes locais; mas, para
especialistas, é preciso também prevenir situações de risco. [Rio de Janeiro], 2019. Disponível em:
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/03/18/as-medidas-adotadas-nos-eua-para-combater-
massacres-em-escolas.ghtml?fbclid=IwAR17_VoPjsT-ocNpAUiyHIQQ-
Gz01GI1lNYdMKv8lINpxHfeR4rC51eI3kg. Acesso em 02 Julho. 2020.

Embaixada dos EUA e FBI ajudam na capacitação e troca de boas práticas de resposta rápida a 16
órgãos brasileiros de segurança. In: EUA EMBAIXADA E CONSULADOS NO BRASIL, 2019.
Disponível em : https://br.usembassy.gov/pt/embaixada-dos-eua-e-fbi-ajudam-na-capacitacao-e-troca-
de-boas-praticas-de-resposta-rapida-a-16-orgaos-brasileiros-de-seguranca/?fbclid=IwAR3I-
MOInTTfTw8Mtn4dUqrSjwGPTKKBcsfpKRf6vSDgJYGn6Qftoz3YmEM. Acesso em 18 Julho.
2020.

FLACSO BRASIL. É possível prevenir tragédias como a do tiroteio na escola de Suzano? [Rio de
Janeiro], 2019. Disponível em: http://flacso.org.br/?p=22954&fbclid=IwAR2_-QwpdxwDpWzuhS-
PEwhvAqODvQeMHdf2b9iJZAU66_Xhsh74v7a4nPQ. Acesso em 20 Mai. 2020.

SILVA, Cláudio Alves da. Procedimentos em caso de um ataque de atirador em escola ou ambiente de
trabalho. [São Paulo], 2019. Disponível em:
https://calaudyo.jusbrasil.com.br/artigos/685479581/procedimentos-em-caso-de-um-ataque-de-
atirador-em-escola-ou-ambiente-de-trabalho?
fbclid=IwAR07CIrpJjLkM6oRYGEqp7lhHTb6MtWL55uiUjc0PG9bDin78XKBpYU8Ubw. Acesso e
17 Julho. 2020.
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