Cultura Master Mercado editorial

Como Rosiska Darcy de Banco lucra R$ 290 Autoras de quadrinhos,

Oliveira, uma das quatro milhões no semestre como Lilian Mitsunaga,
mulheres na ABL, tem e terá ex-STF em conquistam espaço e já
renovado a ‘Revista comitê consultivo dominam a produção
Brasileira’ EU& estratégico C3 em alguns países EU&
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Ano 24 | Número 5828 | R$ 6,00 INÊS249

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Cultura
Como Rosiska Darcy de
Oliveira, uma das quatro
mulheres na ABL, tem
renovado a ‘Revista
Brasileira’ EU&
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Ano 24 | Número 5828 | R$ 6,00
www.valor.com.br
MP que tributa
subvenção vai
afetar resultado
de companhias
Adriana Mattos e Joice Bacelo
De São Paulo
Parte do pacote do governo federal pa-
ra reforçar o caixa, a Medida Provisória
n o 1185, publicada ontem, muda as re-
gras de tributação dos incentivos fiscais
de ICMS. A partir de 2024, as empresas se-
rão obrigadas a pagar Imposto de Renda,
CSLL, PIS e Cofins sobre as subvenções de
investimento. Trata-se de um benefício,
isenção ou redução de impostos, conce-
dido pelo Estado pela expansão ou insta-
lação de um empreendimento.
A medida pegou atacadistas e indústria
de consumo de surpresa e afetará direta-
mente o lucro líquido dessas companhias.
Investidores e analistas passaram o dia cal-
culando os impactos e a queda projetada
pode superar os 30% em 2024. As ações de
algumas empresas que utilizam o benefí-
cio fecharam o pregão em queda ontem.
Os papéis com maiores recuos foram
Grupo Mateus, -6,92%; Alpargatas, -6,56%;
Vulcabras, 5,18%; Carrefour, -3,66%; Gran-
dene, -2,71%; Ambev, -2,4% e Assaí, -1,69%.
Para advogados, se aprovada como está, a
MP deve gerar uma enxurrada de questio-
namentos judiciais. Páginas B1 e E1
CPI vê fraude
LEONARDO RODRIGUES / VALOR
na Americanas
e vai propor leis
Raphael Di Cunto
De Brasília
O deputado Carlos Chiodini (MDB-SC),
relator da CPI da Americanas, disse ao Va-
lor que considera comprovada a fraude na
varejista pela antiga diretoria, mas não vê
participação de bancos, auditorias ou dos
acionistas de referência, Jorge Paulo Le-
mann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Tel-
les, que nem sequer foram ouvidos. Seu re-
latório deve ser apresentado na segunda-
feira e votado na semana seguinte. A CPI
terminadia14.Chiodinitambémdisseque
serão propostos três projetos de lei: um ti-
pificando o crime de gestão fraudulenta,
com pena de reclusão de três a 12 anos, ou-
tro propondo maior responsabilização das
auditorias externas e o terceiro criando um
“programa de incentivo e proteção” para
denúncias por funcionários. Página B6
123milhas deve
a bancos menos
de R$ 120 milhões
Daniela Braun e Álvaro Campos
De São Paulo
A exposição dos bancos à companhia
de viagens 123milhas, que teve o pedi-
do de recuperação judicial aceito ontem
pela 1 a Vara Empresarial de Belo Hori-
zonte, é baixa. Conforme lista apresen-
tada pela empresa à Justiça, as dívidas
bancárias somam menos de R$ 120 mi-
lhões, de um total de R$ 2,3 bilhões —
da holding e duas controladas. O maior
credor financeiro é o Banco do Brasil,
com R$ 74,392 milhões. Na sequência
aparecem um fundo de investimento
em direitos creditórios (FIDC) estrutura-
do pelo BMP Money Plus (R$ 30,291 mi-
lhões), Santander (R$ 8,04 milhões) e
Caixa (R$ 4,904 milhões). Página B7
‘Rock in Rio’ à paulista
A empresária carioca Roberta Medina, vice-presidente da Rock World, conta como procurou
fazer do The Town, o irmão caçula do Rock in Rio, um evento “com a cara de São Paulo.” EU&
Após15anos,pré-salproduz78%dopetróleonopaís
Fábio Couto e Kariny Leal
Do Rio
Num cenário em que se debate a ne-
cessidade de reduzir emissões, o petró-
leo ainda mantém o protagonismo. No
Brasil, o pré-sal segue com papel rele-
vante na produção, embora se vislum-
bre declínio dos volumes até a próxima
década. Hoje, responde por 78% da pro-
.
Blair: conciliar
crescimento e
sustentabilidade
Rodrigo Carro
De Belém
O ex-primeiro-ministro do Reino
Unido Tony Blair afirma não
ser possível abrir mão do
desenvolvimento econômico para
alcançar a neutralidade de carbono e
resolver a questão climática. Em
entrevista ao Valor, o líder trabalhista
argumenta ser necessário perseguir os
dois objetivos, “com mecanismos
financeiros corretos” e investimento
em tecnologia. “A resposta, no fim,
será a tecnologia.” Página A18
Precatórios são bomba- PEC 9, da anistia aos
relógio de R$ 200 bi partidos, traz de volta
para explodir em 2027 doações de empresas
Claudia Safatle A4
Master
Banco lucra R$ 290
milhões no semestre
e terá ex-STF em
comitê consultivo
estratégico C4
dução nacional de petróleo, segundo a
Empresa de Pesquisa Energética.
O primeiro óleo comercial produzido
no pré-sal surgiu há 15 anos, em 2 de se-
tembro de 2008. A nova fronteira explora-
tória foi decisiva para o país tornar-se ex-
portador de petróleo, embora ainda de-
penda de importações de derivados.
O pré-sal, porém, enfrentou diferentes
modelos de produção nos governos do PT,
César Felício A12
Mercado editorial
Autoras de quadrinhos,
como Lilian Mitsunaga,
conquistam espaço e já
dominam a produção
em alguns países EU&
INÊS249
Orçamentode2024
temaltarealde1,7%
dasdespesaseelevação
deinvestimentos
Contas públicas Texto encaminhado ao
Congresso congela os valores do Bolsa
Família e os salários dos servidores
Lu Aiko Otta, Jéssica Sant’Ana, despesas cresceram 8,7% em termos
Guilherme Pimenta e Estevão Taiar reais, e as receitas caíram 5,3%.
De Brasília Marcos Mendes, do Insper, destaca
que a receita prevista cresce R$ 343 bi-
O novo arcabouço fiscal permitiu ao lhões, sendo que quase metade, R$ 168
governo elaborar o Projeto de Lei Orça- bilhões, depende de aprovação pelo Le-
mentária Anual (PLOA) de 2024 preven- gislativo. Diante das incertezas, o dólar
do crescimento real de 1,7% nas despe- subiu 1,67% e o Ibovespa caiu 1,53%.
sas, mas a maior parte dos ministérios fi- “Não temos, à luz do cumprimento da
cará com os gastos não obrigatórios no meta fiscal zero, condições de ampliar as
nível deste ano. O texto, encaminhado ao discricionárias para 2024, salvo os pisos
Congresso, não prevê reajuste para o Bol- constitucionais”, disse a ministra do Plane-
sa Família, aumento salarial de servido- jamento,SimoneTebet.NaSaúde,osgastos
res e não contempla eventual correção avançarão 50,3% sobre este ano, passando
da tabela do Imposto de Renda. A peça de R$ 168,1 bilhões para R$ 218,4 bilhões.
estima superávit de R$ 2,8 bilhões, o que Para a Educação, o avanço será de 8,5%, de
em proporção do PIB é próximo a zero. R$ 99,9 bilhões para R$ 108,4 bilhões.
A proposta está apoiada em pacote
que prevê elevar as receitas em R$ 168,5
A volta dos pisos constitucionais e o au-
mento de despesas obrigatórias, como Pre-
bilhões, necessários para zerar o déficit vidência, consumiram parte do incremen-
no ano que vem. Para especialistas, o
objetivo é difícil de atingir, consideran-
do o resultado fiscal recente. Em julho, o
to de R$ 129 bilhões nas despesas primá-
rias de 2024. A margem para gastos foi
pressionada pelo piso de investimentos.
governo teve déficit de R$ 35,9 bilhões,
o 2 o pior resultado para o mês. Nos sete
primeiros meses do ano, as contas fica-
Para 2024, fixou-se o mínimo em R$ 68,5
bilhões,masoPLOAtrouxeR$69,7bilhões.
As emendas parlamentares devem crescer
ram negativas em R$ 78,2 bilhões. As para R$ 37,6 bilhões. Páginas A10 e C1
Indicadores
Ibovespa 31/ago/23 -1,53 % R$ 26,1 bi
Selic (meta) 31/ago/23 13,25% ao ano
o que fez com que o país ficasse cinco anos Selic (taxa efetiva) 31/ago/23 13,19% ao ano
Dólar comercial (BC) 31/ago/23 4,9213/4,9219
sem leilões de áreas. A União introduziu o Dólar comercial (mercado) 31/ago/23 4,9494/4,9500
regime de partilha de produção e a cessão Dólar turismo (mercado) 31/ago/23 4,9614/5,1414
onerosa, que passaram a conviver com a Euro comercial (BC) 31/ago/23 5,3337/5,3353
concessão. Esse cenário criou incertezas Euro comercial (mercado) 31/ago/23 5,3669/5,3675
Euro turismo (mercado) 31/ago/23 5,4167/5,5967
e atrasou investimentos, segundo especia-
listas do setor. A primeira reportagem so-
bre os 15 anos do pré-sal mostra, ainda, o
debate entre a transição energética e a pro-
dução de petróleo. Páginas A6 e A7
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Faz todo o sentido que
se discuta um teto para
a carga tributária
Armando Castelar A17
A2 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023

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 Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | A3

NO

COMPARATIVO

Edição nº 772

MAIOR
E S PAÇ O

7 L U G A R E S MAIOR
P O T Ê N C I A

3 1 7 C V

MENOR
P R E Ç O

R$
239 .990

que vier a ser veiculada no mesmo período. Esses preços não se aplicam às demais cores e modelos. A CAOA Chery está em conformidade com o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores – PROCONVE. Promoções
A4 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Brasil
A bomba-
relógio dos
precatórios
Claudia Safatle
.
Conjuntura Taxa para o país no trimestre móvel
até julho fica em 7,9% e tem melhor resultado para
o período desde 2014, mostra pesquisa do IBGE
Trabalho sem carteira
ajuda e desemprego
tem novo recuo
Érica Polo e Lucianne Carneiro
De São Paulo e do Rio
A taxa de desemprego no país
foi de 7,9% no trimestre móvel
encerrado em julho. O resultado
ficou abaixo do verificado no tri-
mestre móvel anterior, encerra-
do em abril (8,5%), e também em
igual período de 2022 (9,1%),
mostrou a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad)
Contínua, divulgada ontem pelo
Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).
É a menor taxa para um trimes-
tre encerrado em julho desde
2014, quando foi de 7%. O resulta-
do ficou em linha com a mediana
das expectativas de 23 consulto-
rias e instituições financeiras ou-
vidas pelo Valor, que apontava
para uma taxa de 7,9%. O interva-
lo das projeções ia de 7,8% a 8,4%.
No trimestre encerrado em ju-
nho, a taxa oficial ficou em 8%.
Dívida bruta sobe para 72,4% do PIB em julho, aponta BC
Larissa Garcia e Alex Ribeiro
De Brasília
A dívida bruta do governo so-
mou R$ 7,686 trilhões em julho
e alcançou 72,4% do Produto In-
terno Bruto (PIB), segundo o
Banco Central. Em relação ao
mês anterior, houve alta 0,5
ponto percentual. Após quatro
elevações seguidas, o endivida-
mento chegou ao maior pata-
mar desde novembro de 2022.
De acordo com a autoridade
monetária, a alta pode ser explica-
da principalmente por um impac-
C
om uma rolagem de
precatórios de cerca
de R$ 100 bilhões
prevista para o ano
que vem, segundo
informou a ministra do
Planejamento e Orçamento,
Simone Tebet, ao externar
preocupação com a bola de
neve que está se formando e
ponderar que seria bom ter
uma solução para esse
problema já no próximo ano.
Para este ano, ela disse que
estão sendo rolados R$ 56
bilhões e, no ano passado,
foram R$ 22 bilhões.
Agora, o ministro Fernando
Haddad, avalia soluções para
essa bomba-relógio deixada
pelo governo de Jair Bolsonaro.
Uma das hipóteses aventadas
seria a de incluir, em uma
proposta de emenda
constitucional, a possibilidade
de classificar tal despesa como
financeira
Tal medida permitiria ao
Tesouro Nacional ampliar os
pagamentos dos precatórios
sem estourar os limites do novo
marco fiscal, dado que foi
confirmada a meta de zerar o
Uma reversão da trajetória de
queda da taxa de desocupação
deverá ocorrer apenas em 2024,
avaliam economistas. Até julho,
o país tinha 8,5 milhões de de-
sempregados — pessoas de 14
anos ou mais que buscaram em-
prego, mas não conseguiram en-
contrar. O número aponta retra-
ção de 6,3% em comparação ao
trimestre móvel anterior, encer-
rado em abril (menos 573 mil
pessoas) e queda de 13,8% frente
a igual período de 2022 (menos
1,3 milhão de pessoas).
“A queda da taxa de desocupa-
ção está ligada a um crescimento
importante da população ocupa-
ção no trimestre, ainda que mais
intensa em alguns setores. A queda
não ocorreu por menor busca por
trabalho, mas por aumento na
ocupação”, disse a coordenadora
de Pesquisas por Amostra de Do-
micílio do IBGE, Adriana Beringuy.
Entre maio e julho, a popula-
to altista de 0,3 ponto relativo a
emissões líquidas de títulos públi-
cos e de 0,6 ponto de juros. Por ou-
tro lado, a elevação do PIB nominal
contribuiu em 0,5 ponto percen-
tual para baixo e a valorização
cambial de 1,6% no período redu-
ziu o percentual em 0,4 ponto.
A dívida líquida, por sua vez,
subiu 0,6 ponto percentual em
relação ao Produto Interno Bruto
(PIB) em julho e ficou em 59,6%
(R$ 6,186 trilhões). A compara-
ção também é com junho.
"O aumento foi influenciado
principalmente pelo déficit do
déficit para o próximo ano, defender do "meteoro" de R$ 89
conforme consta do projeto de bilhões em precatórios
lei do Orçamento da União. O previstos para 2022.
Ploa foi entregue ontem ao
Congresso Nacional.
A possibilidade de se fazer
um encontro de contas usando
O resultado primário precatórios — para se pagar
desconsidera despesas uma concessão ou dívidas
financeiras, e essa seria uma tributárias — não avançou,
forma de regularizar o apesar de prevista na emenda
pagamento dessas dívidas antes constitucional.
de 2027, quando termina a Ontem, inclusive, o presidente
vigência da PEC dos Precatórios, Lula, ao sancionar a lei do
também conhecida como “PEC arcabouço fiscal, vetou uma
do Calote”. dificuldade adicional imposta a
Se levada até o prazo de esse encontro de contas. Segundo
vigência, em 2027, a fatura a ser o ministro da Fazenda, esta não
paga será de R$ 200 bilhões. foi uma decisão política. O veto
Trata-se de uma bomba foi uma decisão sugerida pelos
programada para explodir em técnicos, até porque permitir o
quatro anos. encontro de contas dos
A PEC dos Precatórios, precatórios é uma maneira de se
aprovada em 2021 foi uma
saída para pagar despesas do
reduzir esse passivo.
“Não foi deliberação política,
Orçamento, liberar emendas [o veto] foi porque iria dificultar
parlamentares e ampliar os algumas transações com
gastos sociais em 2022, ano das precatórios”, disse Haddad.
eleições presidenciais, sem Durante sua presença na
bater nas travas da lei do teto de Comissão Mista de Orçamento,
gastos — regra fiscal que na quarta feira, Simone Tebet,
limitava o aumento da despesa destacou duas iniciativas já
à inflação passada. Na ocasião o aprovadas sem as quais não
ministro da Economia, Paulo haveria a hipótese de o governo
Guedes, disse que precisava se enviar o projeto de lei do
Menor desemprego com mais ocupação
Trimestre até julho retoma aumento de pessoal ocupado
Taxa de desemprego
(em %)
nov-dez-jan/2022 11,2
fev-mar-abril/2022 10,5
mai-jun-jul/2022 9,1
ago-set-out/2022 8,3
nov-dez-jan/2023 8,4
fev-mar-abril/2023 8,5
mai-jun-jul/2023 7,9
0 2
Variação ante tri anterior
(em %)
nov-dez-jan/2022 -1,1
fev-mar-abril/2022 0,1
mai-jun-jul/2022 2,9
ago-set-out/2022 2,9
nov-dez-jan/2023 1,6
fev-mar-abril/2023 -0,1
mai-jun-jul/2023 0,6
ção ocupada era de 99,3 milhões -1,5
de pessoas. Isso representou um Fonte: IBGE
avanço de 1,3% em relação ao pe-
ríodo do trimestre anterior (mais Além da retomada de investi-
1,3 milhão de pessoas ocupadas). mentos públicos anunciados em
Frente a igual trimestre de 2022, infraestrutura, que se somam aos
subiu 0,7% (669 mil pessoas). As do setor privado no mesmo seg-
vagas informais responderam mento, outros movimentos co-
por 60,8% dos novos postos. mo a contínua retomada de ativi-
A administração pública, o setor dades presenciais têm contribuí-
de informação e comunicação e o do para o atual cenário.
de serviços domésticos foram deci- “O retorno lento mas contínuo
sivos para o crescimento da ocupa- às atividades presenciais tem
ção. Os três setores responderam contribuído para gerar mais va-
por 1,067 milhão das 1,3 milhão gas em serviços, como manuten-
de pessoas ocupadas a mais no tri- ção e limpeza de escritórios”, diz
mestre encerrado em julho, em re- o economista da LCA. Comércio e
lação ao trimestre anterior. indústria, contudo, são mais afe-
O setor de serviços ainda é um tados pela política de juros e aca-
forte gerador de postos de traba- bam gerando menos vagas na
lho. Construção civil, por exemplo, comparação entre os segmentos.
é um dos segmentos aquecidos de- Embora esteja se “dissipando”,
vido a investimentos anunciados ainda contam os reflexos diretos e
pelo governo federal em infraes- indiretos do forte avanço do agro-
trutura, cita Bruno Imaizumi, eco- negócio no primeiro trimestre
nomista da LCA Consultores. (que gerou contratações em servi-
período. Esse é o valor mais eleva- variação do PIB nominal reduziu o
do desde janeiro de 2021, quan- montante em 0,3 ponto.
do era 59,7% [do PIB]", ressaltou Pela metodologia do BC, o setor
o chefe do departamento de esta- público consolidado — que inclui
tísticas do BC, Fernando Rocha. governo central, Estados, municí-
Nesse caso, a variação mensal te- pios e estatais — fechou julho com
ve impacto do déficit primário, déficit primário de R$ 35,8 bilhões.
que contribuiu para aumentar a No mesmo período do ano passa-
dívida em 0,3 ponto, dos juros no- do, o resultado havia sido supera-
minais apropriados, em 0,4 ponto, vitário em R$ 20,4 bilhões. Em 12
e da valorização cambial, com 0,2 meses, o rombo nas contas públi-
ponto. Com as reservas internacio- cas foi de R$ 80,5 bilhões, pior des-
nais, o Brasil é credor em moeda de agosto de 2021.
estrangeira e, por isso, a queda do Rocha ressaltou que a piora de
dólar frente ao real aumenta a dívi- R$ 56,3 bilhões no resultado pri-
da líquida. Em sentido oposto, a mário em relação a julho de 2022
Índice de empresas citadas em textos nesta edição
123 Viagens e Turismo B7 Caixa B7
3G Capital B6 Caoa Chery B4
Ágis B2 Carrefour B7
Americanas B6, C6 Cascione Advogados B4
Andrade Gutierrez B2 Clube FII C2
Arco Educação B7 Coesa B2
Art Viagens e Turismo B7 Constran B2
Atlântica B7 Construcap B2
Azul Linhas Aéreas B7 CR Almeida B2
Banco do Brasil B7 Credit Suisse C2
Banco Master C4 CSMV Advogados B7
BHP Billiton B4 Dassault B2
BMP Money Plus B7 Dragoneer B7
BP A6 Empírica C2
BR Partners C3 EPE A6
Bradesco Seguros B7 EQI Asset C6
BYD B2, B4 Ford B4
Orçamento da União ao
Congresso firmando o
compromisso de zerar o déficit
primário do governo central no
ano que vem.
A meta tem uma margem de
tolerância de 0,25% do PIB
(Produto Interno Bruto) para
mais ou para menos. Essa banda
equivale a R$ 28,8 bilhões para
mais ou para menos
Uma medida foi a aprovação
da retomada do voto de
qualidade no âmbito do
Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais (Carf),
aprovado na quarta feira pelo
plenário do Senado.
A outra se refere à medida
provisória que vai
regulamentar a decisão do
Superior Tribunal de Justiça
(STJ) referente à cobrança de
Imposto de Renda da Pessoa
Jurídica (IRPJ) e da
Contribuição Social sobre Lucro
Líquido (CSLL) sobre ICMS.
Apesar de o ministro Fernando
Haddad ter dito que a medida
poderá render até R$ 90 bilhões
à União, cifra reiterada ontem
pela ministra Simone Tebet, a
estimativa da Receita Federal é
Pessoal ocupado
(em milhões de pessoas)
95,43
96,51
98,67
99,66
98,64
98,03
99,33
4 6 8 10 12 0 20
-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
ços de armazenagem, logística e
varejo, por exemplo). Julho, ade-
mais, é mês de férias escolares e au-
mentam contratações em áreas co-
mo turismo, aponta Rodolfo Mar-
gato, economista da XP.
Já a força de trabalho — que so-
ma pessoas ocupadas ou em busca
de emprego — estava em 107,9 mi-
lhões no trimestre móvel encerra-
do em julho, 0,7% a mais que no
trimestre encerrado em abril (mais
730 mil pessoas) e 0,6% abaixo de
igual período do ano passado (me-
nos 691 mil pessoas).
A própria melhora do merca-
do de trabalho é um fator que po-
de ter influenciado o desincenti-
vo da busca por ocupação. É um
fator que permite que demais
membros de uma família dedi-
quem-se apenas a estudos ou a
deveres domésticos. Há, ainda,
se deve principalmente ao de-
sempenho do governo central,
composto por Previdência e Te-
souro, além do próprio BC.
No acumulado de janeiro a ju-
lho 2023, o déficit foi de R$ 56,2
bilhões. "O ano começou com
um superávit muito forte, ele foi
se reduzindo e virou déficit no
mês passado. Agora o déficit au-
mentou. Essa trajetória de come-
çar [o ano] com superávit e ir acu-
mulando déficits ao longo do
ano é algo característico da sazo-
nalidade", disse o técnico do BC.
Nos primeiros sete meses do
General Atlantic B7
Grupo Santa B7
Hotmilhas B7
ING B2
Integral Brei C2
Itaú BBA B2
JGP C1
Jive Investments C2
Julius Baer Family Office C6
Keenan Capital B7
Kia B4
KPE B2
Light C6
Magazine Luiza B7
Metalfrio C4
Metrô B2
Microsoft B7
uma arrecadação de R$ 37
bilhões — número considerado
bastante conservador.
Para os anos seguintes, as
metas fiscais estabelecidas
foram de um superávit
primário de 0,5% do PIB em
2025 e de 1% do PIB em 2026.
Para 2027, ao que tudo indica,
vai depender do que vai
acontecer com os precatórios.
Se o tema for levado até a sua
data de vigência final, ele
poderá resultar em um déficit
primário de até 2% do PIB.
O relator da Lei de Diretrizes
Orçamentárias, deputado
Danilo Fortes (União-CE),
lembrou que, a título de
subsídios e outras renúncias de
receitas, o Estado concede
R$ 456 bilhões. Nesse valor
constam medidas que já não
fazem o menor sentido, como
os quase R$ 2 bilhões de
subsídios ao uso do carvão
mineral nas usinas
termoelétricas.
Claudia Safatle é jornalista da equipe
que criou o Valor Econômico e escreve
às sextas-feiras
E-mail claudia.safatle@valor.com.br
Nº de desempregados
(em milhões de pessoas)
12,05
11,35
9,88
9,02
9
9,10
8,52
40 60 80 100 0 3 6 9 12 15
Nº de desempregados
(em milhões de pessoas)
-9,7
-7,9
-2,9
4,7
7,7
7,5
5,1
2,5 3,0 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8
um possível efeito do reajuste do
salário mínimo, que puxa benefí-
cios sociais e aposentadorias — e
a melhora o rendimento fami-
liar, avalia Lucas Assis, economis-
ta da Tendências Consultoria.
A renda média dos trabalha-
dores avançou 0,6% no trimestre
móvel encerrado em julho, ante
trimestre móvel anterior (encer-
rado em abril) para R$ 2.935.
Apesar da esperada desacele-
ração da atividade econômica
nos próximos meses, o viés ainda
é positivo para o mercado de tra-
balho, avaliam os economistas.
“É um mercado de trabalho resi-
liente, que dá impulso ainda pa-
ra o consumo e, ao mesmo tem-
po, não traz pressões salariais
que atrapalhem a decisão de cur-
to prazo na condução da política
monetária”, acrescenta Margato.
ano passado, o primário havia
acumulado superávit de R$ 150,3
bilhões. "De um ano para o outro
houve piora de R$ 206,5 bilhões",
pontuou Rocha.
O resultado nominal, que in-
clui despesas com juros, foi nega-
tivo em R$ 81,914 bilhões em ju-
lho. Um ano antes o resultado
havia sido deficitário em R$
22,498 bilhões.
No mês passado, os gastos com
juros da dívida pública foram de
R$ 46,105 bilhões.
Ver também pág. A10
Mizuho C1 SPI Asset Management C3
Natixis C3 Stocche Forbes C2
Nau Capital C1 Tag Investimentos C6
Nordex B4 Telefônica Brasil B7
Novum Investimentos e Tenax C6
Participações B7
Tendências Consultoria A6
Pátria Investimentos B7
Petrobras A6 Toyota B4
Pimentel e Aniceto UBS C2
Advogados B4 UBS BB A6
PPSA A6 Vale B4
Quantum Finance C2 Velloza Advogados C2
S&P Global A6, B2 Veste C4
S&P Global Ratings B7 WHG C2
Samarco B4 Winity B7
Santander B7
Wishbone B7
Scomi B2
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | A5
A6 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Brasil
Energia Área ajudou país a se tornar exportador de petróleo e aumentou peso do setor na economia
Pré-sal faz 15 anos e chega à ‘maturidade’
Fábio Couto e Kariny Leal
Do Rio
Um bilhete premiado. Era assim
como o pré-sal era chamado, no
começo dos anos 2000. O título se
justificou à época por ser a maior
descoberta de petróleo desde que
a Petrobras começou a explorar no
mar, na década de 1970, na bacia
de Campos (RJ). A nova fronteira
exploratória, situada entre Santa
Catarina e Espírito Santo, foi anun-
ciada em 2006 e teve o primeiro
óleo comercial produzido em 2 de
setembro de 2008, há exatos 15
anos, data que se completa neste
sábado. Seguiu-se um período de
euforia, mas a criação de diferen-
tes modelos de produção para o
petróleo nos governos petistas
trouxe incertezas aos investidores
e fez com que o país ficasse cinco
anos sem novos leilões de áreas re-
gidas por contratos de concessão,
entre os anos de 2009 e 2013.
A coexistência de diferentes
regimes jurídicos para o setor de
petróleo se tornou realidade em
2010, quando a União introdu-
ziu a partilha de produção e a
cessão onerosa, que passaram a
conviver com a já existente con-
cessão. Essa conjuntura, aliada a
uma política rígida de compras
locais para o setor, acabou atra-
sando investimentos no pré-sal,
na visão de especialistas. Mesmo
assim, o pré-sal foi decisivo para
o Brasil tornar-se exportador de
petróleo, embora ainda depen-
da de importações de derivados.
Uma amostra de como o pe-
tróleo vem ganhando relevância
na economia brasileira nos últi-
mos anos está nos dados do Insti-
tuto Brasileiro de Geografia e Es-
tatística (IBGE). Segundo o insti-
tuto, a indústria extrativa, onde
se enquadra o segmento de óleo
e gás, aumentou a participação
no Produto Interno Bruto (PIB)
de 1,4%, em 2000, para 5,4% em
2022. O aumento foi fruto, em
parte, do crescimento da produ-
ção de petróleo no pré-sal.
O economista Thiago Xavier,
analista da Tendências Consulto-
ria, disse que o comportamento
da indústria extrativa se deu por
efeitos estruturais e conjunturais
tanto no petróleo quanto no mi-
nério de ferro: “O petróleo teve
aumento de produtividade nos
últimos anos, puxado pela explo-
ração do pré-sal. Isso se traduziu
em aumento das exportações.”
Em 15 anos de operação, o pré-
sal produziu 5,5 bilhões de barris
de petróleo. O volume corres-
ponde a cerca de 25% dos 23 bi-
lhões de barris extraídos desde
que o Brasil começou a produzir
a commodity, em 1941, segundo
dados da Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocom-
bustíveis (ANP). Se fosse um país,
o pré-sal ocuparia o 11º lugar no
ranking mundial de produtores
de petróleo, diz a Petrobras.
Esta é a primeira de uma série de
reportagens que o Valor publica
nas próximas semanas sobre o pré-
sal e a indústria do petróleo no
país. A primeira reportagem, pu-
blicada hoje, traz um panorama
desta que é hoje a principal fonte
produtora de petróleo e gás do
país. A cada semana de setembro
este jornal vai discutir aspectos da
indústria de petróleo como a con-
tribuição para as contas públicas e
as exportações, a geração de royal-
ties e os efeitos dessa riqueza para
Estados e municípios bem como
novas fronteiras, o que passa pela
discussão da Margem Equatorial.
O pré-sal tem papel relevante na
produção, embora se vislumbre
um declínio dos volumes até o iní-
cio da próxima década. Hoje o pré-
sal responde por 78% da produção
nacional de petróleo e esse percen-
tual deve ultrapassar 80% em 2032,
segundo a Empresa de Pesquisa
Energética (EPE). “Esperamos que
a produção de petróleo no Brasil
chegue ao fim de 2023 em cerca de
3,5 milhões de barris por dia e deve
subir até 2028 para 5 milhões de
barris por dia, impulsionado pelo
pré-sal. Desses 5 milhões, o pré-sal
deve representar 3,9 milhões em
2029”, disse Heloísa Borges, dire-
tora de estudos de petróleo, gás
natural e biocombustíveis na EPE.
O pré-sal é uma região geológi-
ca na qual a exploração e produ-
ção se dá em águas ultraprofun-
das. Na região, o leito marinho
Joelson Mendes, da Petrobras: reservas dos campos envolvidos na cessão onerosa revelaram-se muito maiores do que o estimado pela companhia
Panorama do Pré-Sal
A evolução de uma das atividades mais importantes do país nos últimos anos
O petróleo em números
23,02 bilhões de barris
É a produção acumulada de petróleo**
803,23 bilhões de m3
É a produção nacional acumulada de gás natural
Número de campos em produção: 438
Total de reservas de petróleo (em milhões de barris)
Provadas (1P) = 14.856
Provadas + Prováveis (2P) = 21.943
Provadas + prováveis + Possíveis (3P) = 26.922
Camada
de Sal
Produção média de petróleo no brasil - em milhões barris/dia
3.500
3.000
2.500
1.812,9
2.000
1.230,6
1.500
1000
2000 2008
Fontes: ANP e Petrobras. *Até junho. ** Desde 1941
pode estar até 3 mil de metros de
profundidade. Após atingir o
fundo do mar, as sondas ainda
precisam perfurar cerca de 5 mil
metros de rocha ou mais, incluin-
do a camada de sal, até atingir o
reservatório de petróleo.
O cenário atual da indústria é
diferente da década de 1970,
quando houve as primeiras des-
cobertas de petróleo na bacia de
Campos, no Rio. Naquela ocasião,
o mundo vivia os choques do pe-
tróleo e o Brasil dependia das
compras externas para produzir
combustíveis. Antes de passar a
produzir nas águas profundas da
bacia de Campos, a atividade se
deu primeiro em águas rasas e an-
tes ainda em terra. O primeiro
campo de petróleo offshore foi
no mar de Sergipe, em 1969, com
poço a 30 metros de profundida-
de. Houve uma mudança a partir
de 1974, quando a Petrobras co-
meçou a produzir óleo na bacia
de Campos, a profundidades
que ultrapassaram 1 mil metros,
no chamado pós-sal (camada
geológica situada acima do pré-
sal). Campos chegou a corres-
ponder a mais de 80% do total de
petróleo produzido no país.
O pré-sal em números
5,5 bilhões de barris
Produção nacional acumulada de petróleo
6,9 bilhões de barris
de óleo equivalente (boe) – produção nacional
acumulada de petróleo e gás natural
Pré Sal
3.267,6
2.509,5
2016 2023*
O passo seguinte seria o desen-
volvimento do pré-sal em águas
ultraprofundas. Entre o primeiro
óleo do pré-sal, em 2008, e a pro-
dução de 1 milhão de barris por
dia na região, em 2016, passaram-
se oito anos. Mas o avanço pode-
ria ter sido mais rápido. Em 2007,
um ano depois da descoberta, no
segundo mandato de Luiz Inácio
Lula da Silva, a Petrobras anun-
ciou a maior descoberta do pré-
sal até então, o campo de Tupi, na
bacia de Santos, que começou a
operar em 2009 e hoje lidera a
produção na região. Mas na mes-
ma data em que anunciou Tupi, o
governo retirou de leilão 41 blo-
cos da área de influência da nova
fronteira exploratória. A medida
tirou atratividade dos leilões.
Em 2010, a exploração e pro-
dução de petróleo no Brasil, que
era baseada em contratos de
concessão, passou a contar tam-
bém com o regime de partilha
para blocos nas áreas do pré-sal,
segundo o qual a Petrobras seria
o operador em todas as áreas,
com participação mínima de
30%. No regime de partilha, as
petroleiras atuam como presta-
doras de serviços e destinam
INÊS249
LEO PINHEIRO/VALOR
2,4 milhões de boe
Perspectiva de produção de petróleo
pela Petrobras em 2027
2032
ano em que se prevê pico de
produção do pré-sal
31
É onúmero de plataformas
da Petrobras no pré-sal
Oceano
22
campos do pré-sal que atualmente
estão em produção
Fundo
Oceano 15
É o total de empresas que atuam
no pré-sal, sozinhas ou
consorciadas entre si
Pós Sal Total de reservas de petróleo no
pré-sal (em milhões de barris)
ALEX SILVA/VALOR
Provadas (1P) = 11.478
Provadas + Prováveis (2P) = 17.472
Provadas + prováveis + Possíveis (3P) = 21.719
Produção media de gás natural no brasil - em milhões m3/dia
150
145,8
120
103,5
90
59,0
60
36,3
30
2000 2008 2016 2023*
parte da produção ao governo mercialização do óleo do pré-sal,
na forma de “óleo-lucro”. US$ 100 bilhões em royalties e
Nesse mesmo ano, a Petrobras US$ 87 bilhões em tributos.
assinou com a União o contrato da O problema é que a convivên-
cessão onerosa, que deu o direito à cia desses distintos modelos ge-
estatal de explorar um volume de rou incertezas e paralisou os lei-
até 5 bilhões de barris de óleo equi- lões por cinco anos. Só em 2013
valente (boe) em seis blocos do pré- seriam retomados os certames,
sal na bacia de Santos mediante pa- incluindo dois de concessão e
gamento de US$ 42 bilhões à um de partilha que ofertou o me-
União. Os valores foram revistos gacampo de Libra, no pré-sal da
em acordo assinado em 2019. bacia de Santos. Nele, houve um
único ofertante, a Petrobras, em
“Novas consórcio com outras empresas,
incluindo petroleiras chinesas.
plataformas Em 2016, a Petrobras foi desobri-
serão100% gada de atuar em todos os cam-
pos no regime de partilha. Na
elétricas” época, se flexibilizou a regra de
exigência de conteúdo local.
Joelson Mendes O diretor de exploração e pro-
dução da Petrobras, Joelson
Mendes, diz que as reservas dos
Agentes da indústria dizem que campos envolvidos na cessão
a existência de diferentes tipos de onerosa revelaram-se muito
contrato resultou do interesse do maiores do que o estimado pela
governo à época de se apropriar de companhia. Depois de negocia-
parte da riqueza do petróleo. A ções concluídas em 2019, a ANP
Pré-Sal Petróleo (PPSA) estima que realizou leilões do chamado ex-
a União vai receber cerca de cedente da cessão onerosa. “O
US$ 344 bilhões em recursos dos acordo da cessão onerosa teve
contratos de partilha até 2031, papel importante no desenvolvi-
sendo US$ 157 bilhões com a co- mento do pré-sal”, disse. O exce-
dente envolveu a venda dos vo-
lumes acima de 5 bilhões de boe
cedidos à Petrobras, em 2010.
A última evolução regulatória
no setor se deu com a criação
da oferta permanente, que
substituiu o modelo de leilões
tradicionais de áreas, o que
traz como vantagem permitir
que as petroleiras tenham mais
agilidade para manifestar inte-
resse em exploração de áreas.
O analista do UBS BB Luiz Carva-
lho diz que o pré-sal brasileiro é
um dos melhores ativos do ponto
de vista global em termos de quali-
dade: “Qualquer companhia gos-
taria de ter acesso a uma área co-
mo o pré-sal. Primeiro pelo tama-
nho dos reservatórios, que são
grandes e produzem por muito
tempo. Segundo pela produtivida-
de do poço, que é uma das maiores
do mundo. É um ativo acima da
média global, com baixo custo de
produção em função da produtivi-
dade. É bastante competitivo.”
O presidente do Instituto Brasi-
leiro de Petróleo e Gás (IBP), Ro-
berto Ardenghy, observa que o
atual custo de extração de petróleo
está um pouco acima de US$ 2/bar-
ril, 10% do que era estimado no
passado. Décio Oddone, ex-dire-
tor-geral da ANP, salientou que a
cotação do petróleo para viabilizar
projetos de exploração, o chama-
do “break-even”, era de US$ 65
quando o pré-sal foi descoberto,
ao passo que hoje existem projetos
com custo e viabilidade abaixo de
US$ 30, resultado das evoluções ve-
rificadas ao longo dos anos.
“Depois de 15 anos, o pré-sal
está trazendo o resultado que se
esperava. Essa etapa da viabilida-
de técnica e econômica foi supe-
rada há muito tempo atrás”, disse
Oddone. As áreas de produção es-
tão concentradas entre as bacias
de Santos e Campos, situadas em
22 campos. Alguns deles, inclusi-
ve, têm contratos de produção
no pré e no pós-sal. Só a Petro-
bras possui 56 plataformas em
operação, sendo 31 no pré-sal.
A previsão da Petrobras é de in-
corporar até 2027 mais 14 plata-
formas flutuantes do tipo FPSO,
sendo 11 no pré-sal. A sigla desig-
na unidades que produzem, esto-
cam e escoam petróleo e gás.
Joelson Mendes, da Petrobras,
acrescenta que as novas plata-
formas a entrar em operação se-
rão elétricas, as chamadas “all
electric”, em que as funções da
própria unidade são executadas
por energia elétrica, sem produ-
ção de gases de efeito estufa.
Nesse sentido, a companhia de-
fende que explorar o pré-sal tem
uma vantagem ambiental por
contar com um óleo com baixo
nível de carbono, num cenário
em que a descarbonização vem
ditando a pauta energética.
Felipe Perez, analista da S&P
Global, explica que a qualidade do
petróleo retirado do pré-sal é uma
das vantagens da área e permite
que o Brasil ganhe notoriedade in-
ternacional. “O petróleo do pré-
sal, do ponto de vista do refinador,
é um bom material para o consu-
midor. É fácil de processar, bom
para refinarias. O Brasil está entre
os dez principais produtores do
mundo e a descoberta do pré-sal
reposicionou o país nessa partici-
pação mundial”, afirmou Perez.
Conforme dados da petroleira
BP Energy, em 2021 a produção
brasileira representava 3,3% do to-
tal de petróleo produzido no mun-
do. Era a maior fatia entre países
das Américas do Sul e Central. Na
época, o país produzia, em média,
2,9 milhões de barris por dia. Em
2011, esse volume era de 2,1 mi-
lhões de barris por dia. Entre 2011
e 2021, o crescimento da produção
brasileira de petróleo foi de 3,2%
por ano. Em 2021, os EUA res-
pondiam por uma fatia de 18,5%
da produção mundial de petró-
leo, a Arábia Saudita, por 12,2%,
mesmo percentual da Rússia, e o
Canadá, por 6%, por exemplo.
Hoje, segundo a Petrobras, o
pré-sal responde por mais de
um terço da produção da Améri-
ca Latina. O volume acumulado
produzido desde o início da pro-
dução da região ultrapassa paí-
ses reconhecidos como nomes
tradicionais do setor, casos de
México, Noruega e Nigéria.
Ver também página A7
 Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | A7

Brasil

Regiãotemóleo
Energia Previsão da EPE é que ápice da região chegue em 2030,
com 4,3 milhões de barris diários, 80% mais do que atualmente

Declínio do pré-sal se aproxima, e debaixaemissão,

país tem desafio de elevar produção dizemespecialistas
Fábio Couto e Kariny Leal
Do Rio
O Brasil ainda deve viver o pico
na produção do pré-sal antes de co-
meçar a ver o declínio da região a
partir de 2030, segundo especialis-
tas. A Empresa de Pesquisa Energé-
tica (EPE) projeta que o auge no
pré-sal será atingido no fim desta
década, quando a região vai produ-
zir 4,3 milhões de barris de petró-
leo por dia. O volume, se confirma-
do, representará aumento de quase
80% sobre os 2,4 milhões de barris
diários previstos, em média, para
este ano. A partir de 2031, a previ-
são da EPE é que o volume comecea
cair. Em 2032, o patamar de produ-
ção já poderá ter recuado para 4
milhões de barris por dia.
Luiz Carvalho, analista do UBS
BB, diz que a Petrobras tem condi-
ções de estender o pico de produ-
ção do pré-sal, esperado para ocor-
rer entre o fim desta década e o co-
meço da próxima: “No fim do dia,
só sabemos de fato quanto petró-
leo tem dentro de um reservatório
quando tirarmos a última gota.”
Dados da Agência Nacional do Pe-
tróleo, Gás Natural e Biocombustí-
veis (ANP) indicam que as reservas
provadasde petróleo no paístotali-
Estimativas do pré-sal
Projeções de produção de petróleo na camada
Em milhões de barris por dia
5
4 4,0
3
2,4
2023
Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (EPE)
zam 14,856 bilhões de barris, sen-
do mais de três quartos do pré-sal.
Para manter e mesmo aumentar
a curva de produção de petróleo
nos próximos anos, o país tem que
abrir espaço para a exploração de
novas áreas. Heloisa Borges, dire-
tora de estudos de petróleo, gás
natural e biocombustíveis na EPE,
acredita que o Brasil precisa avan-
çar em novas fronteiras para sus-
tentar a produção: “Temos poten-
cial em novas bacias, o debate é co-
mo trazer essa riqueza de forma
sustentável, com respeito ao am-
biente, mas usando as reservas pa-
ra impulsionar a transição energé-
tica. Vemos o quanto a sociedade
brasileira recebeu de benefícios da
produção de petróleo”, disse.
O ex-diretor-geral da ANP e pre-
sidente da Enauta, Décio Oddone,
destaca que, a partir de 2017, as
áreas para exploração e produção
de óleo e gás não tiveram as mes-
mas descobertas “extraordinárias”
vistas na primeira fase do pré-sal.
Para ele, é bom saber de tais condi-
ções com a antecedência necessá-
ria para o país se preparar, incluin-
do essa variável na política energé-
tica e na expectativa de arrecada-
ção da União e dos Estados e muni-
cípios, estes mais dependentes de
Participação do pré-sal na
produção total de petróleo
100
80%
4,3 73%
75
50
25
2029 2032 2022 2032
royalties e participações especiais.
“Como as últimas áreas não tive-
ram resultados tão bons e não
houve tanta descoberta [de petró-
leo] como no início, vamos ver um
esgotamento da produção [do
pré-sal] mais cedo do que o espera-
do”, afirmou Oddone. O também
ex-diretor-geral da ANP e consul-
tor em energia David Zylberstajn
vê também como opção, para evi-
tar o declínio das reservas, a substi-
tuição de produtos, caso dos deri-
vados do petróleo pelo gás natural.
Hoje, diz, há desperdício de gás na-
tural por falta de infraestrutura.
“Se fosse possível deslanchar
um pouco mais o gás natural, te-
ríamos uma sobrevida, de algu-
ma maneira, em termos de se
substituir o óleo combustível e o
óleo diesel por gás natural.” O
presidente do Instituto Brasileiro
de Petróleo e Gás (IBP), Roberto
Ardenghy, recorda que entre a
descoberta de uma jazida e a efe-
tiva produção são precisos entre
seis e dez anos para o desenvolvi-
mento do campo. O petróleo des-
coberto hoje vai ser produzido,
na melhor das hipóteses, em
2029, diz Ardenghy.
Para que a exploração do pré-sal
se mantenha ou cresça, sugerem os
especialistas, é preciso garantir a
viabilidade dos projetos na região
com a continuidade dos aperfei-
çoamentos regulatórios.
O diretor de exploração e pro-
dução da Petrobras, Joelson Men-
des, ressalta que já está em con-
versas com a ANP sobre a renova-
ção da concessão do campo de
Tupi, pioneiro do pré-sal, cujo
contrato acaba em 2037. Para o
executivo, é importante a sinali-
zação antecipada sobre uma
eventual renovação, de modo
que se possa cogitar novos inves-
timentos na produção. “Já que
sabemos que vai ter óleo lá, se
LEO PINHEIRO/VALOR
“Há desperdício de
gás natural por
falta de
infraestrutura”
David Zylberstajn
não tivermos visibilidade, não fa-
zemos o investimento”, disse.
O investimento na indústria
do petróleo leva muitos anos pa-
ra se pagar, segundo ele, e fica in-
viável instalar uma nova plata-
forma, por exemplo, sem a pers-
pectiva de continuidade no cam-
po. “A gente precisa ter a renova-
ção da operação, aprovar o siste-
ma novo [de produção] que vai
entrar em operação em 2030, e
sete anos não é suficiente para se
pagar”, explicou.
As metas estabelecidas no Acor-
do de Paris, em 2015, levam países e
empresas a acelerar a transição
energética. O objetivo é atender os
marcos estabelecidos para 2030. O
uso de combustíveis fósseis tem si-
do um dos temas de debate frente
ao curto horizonte de tempo para
corte de emissões. Para especialis-
tas da área energética, um aspecto
que tem sido considerado é que a
exploração e produção no pré-sal
pode ser um caminho para viabili-
zar os elementos da transição pelo
baixo teor de carbono das reservas.
“Qualquer produtor no mun-
do coloca esforços na redução
de emissões de gases de efeito
estufa. Mas ainda precisamos do
petróleo na matriz energética
global”, afirma Felipe Perez, ana-
lista da S&P Global.
O presidente do Instituto Brasilei-
ro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto
Ardenghy,dizqueopetróleodopré-
sal é um dos mais descarbonizados
do mundo, o que pode ser um fator
positivo no mercado global da com-
modity. Ele acrescenta que enquan-
to o Canadá produz petróleo com
emissão média de 70 quilos de CO2
equivalente por barril (kg-
CO2eq/barril), o Brasil extrai do pré-
sal um óleo com lançamento médio
de 11 kgCO2eq/barril. “À medida
que a Petrobras produz um petróleo
mais descarbonizado, ela pode des-
locar petróleos mais carbonizados
no mercado. É uma oportunidade.”
Para o ex-diretor-geral da ANP
David Zylberstajn, a transição ener-
gética que se desenha será diferen-
te do que se previu: “Isso [a transi-
ção energética] vai durar mais do
que se imaginava em um primeiro
momento.” Para ele, os analistas
“erraram feio” nas previsões e as
elevadas cotações do petróleo no
mercado internacional beneficiam
um avanço das energias alternati-
vas aos fósseis, de modo que se pos-
sa usar “energia suja finita” para
transformar o Brasil num país
“com energia limpa e perene”.
“Ainda há milhões
de pessoas no
mundo com acesso
limitado à energia”
Décio Oddone
Décio Oddone, ex-diretor-geral
da ANP e presidente da Enauta,
afirma que se criou um mito de
que haveria uma redução rápida
na demanda de petróleo nos pró-
ximos anos. Ele destacou que antes
dos casos de covid-19 a previsão
era de queda rápida da demanda.
Na pandemia, afirmava-se que a
demanda nunca mais voltaria aos
níveis de 2019, o que já ocorreu.
Da mesma forma, disse Oddone,
desde que a biomassa era a única
fonte de energia do mundo, ne-
nhum novo energético substituiu
ou reduziu a demanda de uma outra
existente. “Ainda há milhões de pes-
soas com limitação de acesso à ener-
gia no mundo. Se houver restrição
de oferta de petróleo para acelerar a
transição, isso vai vir combinado
comaumentodepreço.Queaumen-
ta inflação, a desigualdade, a dificul-
dade de acesso à energia, a desigual-
dade energética. Acho que os políti-
cos do mundo não vão optar por es-
sa linha”, disse. (FC e KL)

Tarifa de energia cairia Lula critica

com aporte do Tesouro riqueza
repartida
não
Rafael Bitencourt
De Brasília
Se o Ministério de Minas e
Energia convencer o Tesouro a
assumir despesas da conta de en-
cargos do setor elétrico, a CDE, a
conta de luz poderá cair 0,5 pon-
to percentual em 2024 a cada R$
1 bilhão aportados do Orçamen-
to federal, segundo cálculos da
empresa especializada em proje-
ções de tarifas TR Soluções.
A ideia foi anunciada aos de-
putados federais nesta terça-fei-
ra (29) pelo ministro de Minas e
Energia, Alexandre Silveira, du-
rante audiência pública na Câ-
mara. Aos parlamentares o mi-
nistro explicou que o consumi-
dor passou a bancar políticas pú-
blicas sem relação com o setor.
A TR Soluções estimou uma va-
riação, em média, de 4% das tari-
fas dos consumidores residen-
ciais no ano que vem. A simula-
ção do impacto tarifário conside-
rou três cenários de aportes de
recursos na CDE pelo Orçamento
federal, nos valores de R$ 5 bi-
lhões, R$ 10 bilhões e 15 bilhões.
“Os resultados mostram que,
com transferências dessas or-
dens de valores, os reposiciona-
mentos médios das tarifas de
aplicação para os consumidores
residenciais passariam para, res-
pectivamente, 1,43%; -1,10% e
-3,47% em 2024”, informou a TR
Soluções, em informações dispo-
nibilizadas ao Valor.
Atualmente, a chamada Conta
de Desenvolvimento Energético
cobre subsídios voltados para
produtores rurais, atividades de
irrigação e fontes poluentes, co-
mo térmicas movidas a carvão
mineral. O setor defende que ca-
beria apenas manter subsídios a
consumidores do programa Tari-
fa Social, universalização do ser-
viço e despesa com suprimento
dos sistemas isolados.
Ficariam de fora incentivos a
mercados que já atingiram um
certo grau de maturidade. Isso
inclui subsídios à geração por
fonte eólica e solar (fotovoltai-
ca) e produção própria de ener-
gia pelo consumidor, a geração
distribuída (GD). Estes segmen-
tos, na visão de especialistas, já
teriam rompido a barreira do al-
to custo dos equipamentos, da-
do o ganho de escala na produ-
ção alcançado nos últimos anos
pela indústria.
Silveira falou pela primeira vez
sobre a transferência de despesas
da CDE para Orçamento Geral da
União (OGU) a empresários, ana-
listas de mercado e representan-
tes do setor elétrico durante
evento realizado, em julho, em
São Paulo. A ideia do ministro é
implantar a medida na “reforma
estrutural” do setor que a pasta
pretende enviar ainda neste ano
ao Congresso Nacional.
A iniciativa de propor a trans-
ferência dos ônus da CDE para o
contribuinte, não mais para o
consumidor de energia, não é
inédita. Em dezembro do ano
passado, a Frente Nacional dos
Consumidores de Energia, que
reúne entidades de diferentes
segmentos de consumo (peque-
no, médio e grande porte), entre-
gou ao governo uma proposta se-
melhante, com mecanismo de
aumento gradual do aporte do
Tesouro ao setor em cinco anos.
Já em 2018, durante o governo
do ex-presidente Michel Temer, o
Ministério de Minas e Energia
também fez a mesma sugestão,
para que fosse adotada no ano se-
guinte, mas não avançou. Em to-
das as vezes, a dificuldade de acei-
tação esteve relacionada ao cená-
rio de restrição fiscal que o gover-
no enfrentou, e deve continuar
enfrentando até o ano que vem.
Ricardo Mendonça
De São Paulo
Em evento para lançamento
do programa Brasil Sem Fome,
ontem, em Teresina, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lem-
brou de sua infância pobre e fez
um desconjuro à desigualdade.
"Alguns podem comer dez vezes
por dia, outros ficam dez dias
sem comer", discursou.
O presidente disse que "isso
não deveria acontecer no Brasil,
que tem muita terra e é um dos
maiores produtores de alimento
do mundo".
Cercado de ministros e autori-
dades locais, como o governador
do Piauí, Rafael Fonteles (PT), Lu-
la perguntou então qual seria a
explicação para existência de 33
milhões de pessoas passando fo-
me no Brasil. "Não é falta de plan-
tar", ele mesmo respondeu. "O
problema é que o povo não tem
dinheiro para acesso à comida."
Daí a importância do emprego e
do salário, completou.
Segundo Lula, o Bolsa Família
"não é solução definitiva" para o
combate à fome e à pobreza no
país. "É medida de urgência até
arrumar a casa." O cerne do pro-
blema, concluiu, é que "a rique-
za não é repartida em igualdade
de condições."
Lula começou seu discurso com
uma crítica pontual ao ministro
Wellington Dias, do Desenvolvi-
mento Social, que fez uma apre-
sentação do programa antes dele.
O presidente afirmou que seu su-
bordinado tentou transmitir mui-
tas informações sobre o programa
que estava sendo lançado e que
talvez não havia ficado claro para
os presentes quais são as linhas
principais da iniciativa. "Que o mi-
nistério trate de fazer uma publici-
dade bem adequada", ordenou.
A8 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | A9
A10 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Brasil
Contas públicas Boa parte do aumento do espaço
para gastar no ano que vem foi consumida por
despesas obrigatórias, como a Previdência
Orçamento prevê
despesa maior e Bolsa
Família sem reajuste
Lu Aiko Otta, Jéssica Sant’Ana,
Guilherme Pimenta e Estevão Taiar
De Brasília
Em sua estreia, o novo arcabouço
fiscal permitiu ao governo elaborar
o Projeto de Lei Orçamentária Anual
(PLOA) de 2024 prevendo cresci-
mento real de 1,7% nas despesas, um
aumento de R$ 129 bilhões, e alta
dos investimentos públicos. Mas o
incremento não será suficiente para
evitarqueamaiorpartedosministé-
rios fique com seus gastos não obri-
gatórios no mesmo nível deste ano.
O texto também não prevê reajuste
para o Bolsa Família nem aumento
para os salários dos servidores. A
proposta tampouco contempla
eventuais novas correções da tabela
do Imposto de Renda (IR). Por outro
lado, estima desembolsos de R$ 37,6
bilhões com emendas parlamenta-
res impositivas, uma alta em relação
ao previsto para este ano. O salário
mínimo proposto é de R$ 1.421.
Boa parte do aumento do espa-
ço para gastar foi consumida por
despesas obrigatórias, como a
Previdência. A volta de pisos
constitucionais para saúde e edu-
cação — que haviam sido extintos
pelo teto de gastos — também
pressionou as contas. No caso da
saúde, os gastos mínimos avança-
rão 30%% sobre este ano, passan-
do de R$ 168,1 bilhões para
R$ 218,4 bilhões. Para a educação,
o piso cresceu 8,5%, de R$ 99,9 bi-
Pressão do Congresso faz Haddad falar em corte de gastos
Análise
Lu Aiko Otta
Brasília
O ministro da Fazenda, Fernan-
do Haddad, não disse as palavras
“reforma” e “administrativa”, mas
afirmou que ele e a ministra do
Planejamento, Simone Tebet, estão
abertos a discutir com o Congresso
medidas para ajudar a ajustar as
contas públicas pelo lado dos gas-
Para economistas, há otimismo
‘excessivo’ em receitas e despesas
Marta Watanabe e
Anaïs Fernandes
De São Paulo
A proposta de Orçamento de
2024 enviada pelo governo ao
Congresso é “excessivamente
otimista” ou “irrealista”, apon-
tam a primeira análise de econo-
mistas ouvidos pelo Valor.
Em análise preliminar, Marcos
Mendes, pesquisador associado ao
Insper, destaca que a receita pre-
vista cresce R$ 343 bilhões, sendo
que quase metade do valor (R$ 168
bilhões) depende de aprovação le-
gislativa e de confirmação da ex-
pectativa de arrecadação de cada
medida. As despesas discricioná-
rias estão caindo quase R$ 20 bi-
lhões, ressalta Mendes, em relação
a 2023, “o que parece muito difícil,
dado que parte dos gastos míni-
mos em saúde e educação, que vão
subir devido à revogação do teto, é
classificada como discricionária.”
Mendes diz ainda que há várias
reduções em despesas obrigató-
rias de menor valor que, soma-
das, significam queda de R$ 7 bi-
lhões em relação a 2023, o que
também parece “difícil”, por se-
rem despesas obrigatórias. “Em
suma, previsões de receita e des-
pesa excessivamente otimistas.”
lhões para R$ 108,4 bilhões.
Além disso, a margem foi im-
pactada pelo piso de investi-
mentos, outra novidade do arca-
bouço. Para 2024, o mínimo foi
fixado em R$ 68,5 bilhões, mas
o valor no PLOA ficou um pou-
co superior: R$ 69,7 bilhões.
“Hoje não temos, à luz do
cumprimento da meta fiscal
zero, condições de ampliar as
discricionárias de 2023 para
2024, salvo os pisos constitu-
cionais”, disse a ministra do
Planejamento, Simone Tebet.
Com todos esses “engessamen-
tos” as despesas discricionárias
(não obrigatórias) do governo fe-
deral crescerão R$ 18 bilhões, para
R$ 211,9 bilhões. Mas, desconta-
dos o piso para investimentos, mí-
nimos para saúde e educação,
emendas parlamentares imposi-
tivas e outras despesas, a parcela
manobrável do Orçamento ficou
em cerca de R$ 55 bilhões.
Por causa do período em que é
calculada a inflação que corrige
o limite de gastos, o PLOA con-
tém R$ 32,4 bilhões em despesas
condicionadas. Serão executadas
mediante crédito adicional, a de-
pender do comportamento da
inflação no segundo semestre
deste ano. Segundo o secretário
de Orçamento Federal, Paulo Bi-
jos, entre essas despesas estão
R$ 21 bilhões do Bolsa Família.
O secretário informou que o
tos. Citou como exemplos: “des-
perdício” e “fraude em cadastros”.
A pressão do Congresso por um
conjunto mais equilibrado de me-
didas de ajuste fiscal foi sentida.
Haddad disse que telefonou para o
presidente da Câmara, Arthur Lira
(PP-AL), para informar que o go-
verno não tem problema em dis-
cutir a contenção das despesas.
Lira e o presidente do Senado,
Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defen-
dem a reforma administrativa.
Também em análise preliminar,
Sérgio Vale, economista-chefe da
MB Associados, diz que a proposta
“claramente não é realista” nas es-
timativas de resultado primário
para 2024. “De certa forma, isso já
estava forjado no desenho do arca-
bouço e não é surpresa. O trabalho
de Haddad [Fernando Haddad,
ministro da Fazenda] agora é cor-
rer para conseguir receita, mas o
quem sido colocado, como as
medidas sobre fundos exclusivos
e offshore, entre outras, não se-
rão suficientes”, aponta Vale.
“O pacote mais amplo de ajuste
do Imposto de Renda ano que vem
pode melhorar o fiscal em 2025.
Há chance disso, mas 2023 e 2024
me parecem anos perdidos”, avalia
o economista-chefe. “Haddad tem
que batalhar para não perder os
últimos dois anos de governo e
isso não será fácil considerando
as resistências do Congresso e
sendo ano eleitoral”, diz Vale.
Para o economista Tiago Sbar-
delotto, da XP, dois pontos chama-
ram a atenção na proposta. O pri-
meiro é a estimativa de R$ 44 bi-
lhões para concessões e permis-
sões no ano que vem. “Exceto nos
casos em que tivemos receitas rela-
cionadas a cessão onerosa de pe-
tróleo, não atingimos esse valor
novo marco fiscal prevê, se for
necessário, a abertura de um
potencial crédito de R$ 15 bi-
lhões para contemplar despe-
sas que não foram incluídas
agora na peça orçamentária.
É o caso, por exemplo, do rea-
juste para servidores. Nesta se-
mana, o Ministério da Gestão e
Inovação em Serviços Públicos
chegou a divulgar comunicado
em que afirmava que o Orçamen-
to de 2024 apresentaria R$ 1,5 bi-
lhão para reajuste linear de 1%,
mas a previsão não consta do
projeto. Segundo Bijos, “foi deci-
dido que não era no PLOA a hora
de discutir reajuste” salarial.
O texto foi enviado ao Congres-
so no mesmo dia em que o presi-
dente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
sancionou o arcabouço fiscal e ve-
tou dois trechos da nova lei. Um
deles bloqueava a possibilidade de
excluir despesas do cálculo da me-
ta fiscal na Lei de Diretrizes Orça-
mentárias (LDO). A mudança foi
mal recebida por analistas do
mercado, que viram na medida
brecha para flexibilizar a meta.
O ministro da Fazenda, Fernan-
do Haddad, afirmou que a decisão
de vetar os trechos foi técnica.
A proposta enviada ao Congres-
so confirma o objetivo do governo
de zerar o déficit primário no ano
que vem e prevê um ligeiro superá-
vit, de R$ 2,8 bilhões, o que em pro-
porção do Produto Interno Bruto
A contenção de gastos está num
ritmo mais lento do que o das me-
didas para incrementar receitas,
admitiu Tebet. Isso se deve a uma
característica de 2023, quando a
prioridade é recompor progra-
mas, explicou. No entanto, as des-
pesas seguem no patamar históri-
co próximo a 19% do Produto In-
terno Bruto (PIB), destacou.
O Projeto de Lei Orçamentária
Anual (Ploa) de 2024 é demonstra-
ção disso. Segundo a ministra, não
na série histórica”, diz Sbardelot-
to. Segundo ele, por ora, não há
nenhum grande projeto relacio-
nado a isso para o próximo ano.
“Falta de realismo
de estimativas já
estava forjado no
arcabouço fiscal”
Sérgio Vale
O segundo ponto, diz, é que o
governo incluiu R$ 98 bilhões em
receitas relacionadas à recupera-
ção de crédito. “Parece que essas
medidas se referem ao PL [Projeto
de Lei] do Carf [Conselho Adminis-
trativo de Recursos Fiscais] e às
mudanças de transações tributá-
rias. No entanto, vejo bastante in-
certeza nessas medidas”, afirma.
Considerando os programas de
recuperação de créditos mais efe-
tivos (os Refis de 2013 e 2014), a
XP chegou a valores muito meno-
res, em torno de R$ 50 bilhões a
R$ 60 bilhões, já corrigidos pela
inflação, observa Sbardelotto.
Érico Oyama, consultor da BMJ,
há um desafio bem grande para o
ministro Haddad de conseguir via-
Fernando Haddad e Simone Tebet: maior parte dos ministérios não terá mudança em gasto não obrigatório
Orçamento 2024
Principais pontos da proposta
Projeções
Receita total
Despesa total
Despesas discricionárias
Resultado primário
Crescimento da despesa
Bolsa Família
Piso de saúde
Piso de educação
Parâmetros
PIB real
PIB nominal
IPCA
INPC
Selic média
Massa salarial nominal
(variação)
Preço médio do petróleo
Câmbio
Salário mínimo
Fontes: Ministérios do Planejamento e
Orçamento e da Fazenda
houve condições de elevar as des-
pesas discricionárias dos ministé-
rios. As exceções são as áreas de
saúde e educação, que durante a
vigência do teto de gastos ficaram
sem a regra constitucional que de-
termina gastos mínimos nessas
áreas. Os pisos voltarão em 2024,
após a aprovação do novo arca-
bouço e o fim do teto de gastos.
Dos R$ 129 bilhões de incre-
mento nas despesas, R$ 21 bi-
lhões são para a Saúde.
bilizar a aprovação de uma série de
matérias no Congresso que permi-
tam o aumento almejado da arre-
cadação. “É um desafio e tanto, já
que a relação especialmente com a
Câmara dos Deputados não é con-
solidada e há grande dúvida de co-
mo vai ficar depois de o presiden-
te Lula confirmar acomodação
dos partidos Progressistas e Re-
publicanos nos ministérios”, diz.
“O ministro Haddad ainda
tem desafio adicional de conse-
guir reconstruir as pontes com a
classe política, especialmente
com a Câmara, depois daquela
declaração de algumas semanas
atrás de que na visão dele a Câ-
mara tem um poder muito
grande.” O presidente da casa,
Arthur Lira (PP-AL), diz Oyama,
não gostou da declaração.
É preciso lembrar ainda, desta-
ca Oyama, que há muita preocu-
pação com a meta de resultado
primário zero para 2024 porque
o governo terá que contingen-
ciar gastos casa haja risco de des-
cumprimento. “Ano que vem é
ano de disputa eleitoral nos mu-
nicípios e muitos parlamentares
pretendem concorrer. Quanto
menos recursos houver para
mostrar trabalho para as bases
será pior para a classe política.”
(PIB) é próximo de zero. O resulta-
do é apoiado em um pacote que
incrementará as receitas no ano
que vem em R$ 168,5 bilhões.
Parte dessas medidas foi envia-
R$ 2,709 tri da ontem ao Congresso. O princi-
R$ 2,188 tri pal ganho vem da recuperação de
R$ 211,9 bi créditos junto ao Conselho Admi-
2,84 bi nistrativo de Recursos Fiscais
1,70% (Carf), que, combinado com um
R$ 169,5 bi novo programa de transações, ge-
R$ 218,4 bi ra ganho estimado em R$ 97,9 bi-
R$ 108,4 bi lhões, segundo a mensagem do
Executivo enviada ao Congresso.
Desses, a volta do voto de quali-
dade traria R$ 54,7 bilhões, e as
2,30% transações, R$ 43,3 bilhões.
R$ 11,42 tri Estão em tramitação no Legislati-
vo outras medidas que compõem o
3,30%
pacote: a regulamentação da deci-
3,01%
são do Superior Tribunal de Justiça
9,80%
(STJ) sobre o impacto de benefícios
5,7%
fiscais estaduais na base de cálculo
dos tributos federais, a cobrança do
US$ 73,9
Imposto de Renda sobre fundos ex-
R$ 5,02
clusivos e fundos “offshore”, o fim
R$ 1.421
da dedutibilidade dos Juros sobre
o Capital Próprio (JCP) e a regula-
mentação das apostas online.
Haddad lembrou que o novo
arcabouço fiscal estabelece limi-
tes para o crescimento das despe-
sas: de um mínimo de 0,6% a um
máximo de 2,5%, a depender do
desempenho das receitas.
Para 2024, acrescentou, todo
esforço será feito para produzir
uma arrecadação que dispense
contingenciamento nos gastos.
As medidas no campo tributá-
rio, parte delas divulgadas ontem,
produzirão R$ 168 bilhões em re-
Projeto acaba em 2024 com
Juros sobre Capital Próprio
Beatriz Olivon
De Brasília
O governo publicou ontem
um projeto de lei (PL) que acaba
com o Juros sobre Capital Pró-
prio (JCP) a partir de 2024. O
texto permite que, se houver JCP
ainda a ser distribuído em
2024, referente a 2023, ficam
mantidas as condições atuais.
O projeto ainda precisará ser
aprovado pelo Congresso e, para
ter validade em 2024, precisa ser
aprovado até o fim do ano, por
se tratar de aumento indireto de
imposto, segundo tributaristas.
Os juros sobre capital próprio
são uma forma de distribuição
de lucros, assim como os divi-
dendos. O JCP está previsto na Lei
n o 9.249, de 1995, e não é obriga-
tório. O acionista que recebe os
valores tem desconto de impos-
to, na fonte, de 15%. Já a empre-
sa que distribui lança esse di-
nheiro como despesa e pode de-
duzir da base de cálculo do Im-
posto de Renda e da CSLL (34%).
É uma opção preferencial em
relação a dividendos nos casos
de empresas lucrativas que
têm acionistas pessoas físicas,
mas é comum que as compa-
nhias misturem as duas for-
mas de remuneração.
Sem o JCP, o que restará para
DIOGO ZACARIAS
A efetividade das medidas é
ponto de dúvida de especialistas.
“Não estamos negando o desa-
fio”, disse Haddad. “Estamos afir-
mando o compromisso em obter
o melhor resultado possível.”
Além do pacote tributário, há ou-
tros elementos que podem ajudar a
alcançar a meta de déficit zero. O re-
sultado é calculado considerando
que a totalidade das despesas auto-
rizadas é realizada, mas não é isso
que ocorre, explicou o secretário do
Tesouro, Rogério Ceron. Historica-
mente, há um “empoçamento” de
recursos da ordem de R$ 22 bilhões
ao ano. Além disso, existem medidas
não incluídas no PLOA que po-
dem ajudar a arrecadação, como a
nova lei de preços de transferên-
cia, que pode render R$ 20 bi-
lhões. O secretário mencionou
ainda a possibilidade de se obter
R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões com
alienação de ativos e recebíveis.
O governo projeta alta do PIB de
2,3% em 2024, cerca de 1 ponto
percentual acima da mediana di-
vulgada pelo Boletim Focus.
ceitas adicionais, segundo cálculos
da área econômica. Parte desse
montante será transferida a Esta-
dos e municípios — a fatia da
União será de R$ 124 bilhões.
Haddad reconheceu que as
medidas exigirão negociações
difíceis no Congresso. “Por mais
tensas que tenham sido as nego-
ciações, e as próximas vão envol-
ver muitos interesses, até aqui te-
mos resultados satisfatórios”,
ponderou. “Até aqui, só vitórias.”
remunerar os acionistas são os
dividendos, que também estão
na mira tributária do governo,
ou o financiamento por meio de
empréstimos dos acionistas, co-
mo debêntures, segundo Bruno
Habib, sócio da área tributária
do Veirano Advogados.
“Teria o mesmo efeito tributá-
rio do JCP de gerar despesa de-
dutível na companhia”, afir-
ma. Esse formato já é uma pos-
sibilidade hoje, mas as empre-
sas preferem usar dividendos e
JCP, segundo o advogado.
Se aprovada, a alteração deve
afetar sobretudo empresas gran-
des e lucrativas que sejam paga-
doras de dividendos, incluindo
os bancos e as empresas do se-
tor elétrico, segundo Habib.
Para Fernanda Calazans, sócia
da área tributária do Velloza Ad-
vogados, a medida precisa ser
calibrada com a redução da alí-
quota corporativa, como na últi-
ma tentativa de extinguir o me-
canismo, proposta em 2021.
“A pretendida extinção do JCP
como despesa dedutível, sem
uma calibragem de redução da
alíquota corporativa, terá fun-
ção meramente arrecadatória e
pode colocar o Brasil dentre as
maiores cargas corporativas do
mundo”, afirmou a especialista.
(Colaborou Estêvão Taiar)
 Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | A11

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A12 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Política
PEC 9 abre
brecha para
financiamento
privado
César Felício
.
Executivo Proposta feita por André Fufuca, futuro ministro, prevê que Wellington
Dias mantenha o Bolsa Família e receba Pequenas Empresas, pasta a ser criada
Governo estuda nova fórmula
para integrar PP à Esplanada
Fabio Murakawa, Renan Truffi,
César Felício e Andrea Jubé
De Brasília
Em meio à indefinição sobre a
reforma ministerial, o governo
passou a cogitar uma nova fór-
mula para contemplar o PP com
um pedaço do Ministério do De-
senvolvimento Social (MDS),
com uma compensação para o ti-
tular da pasta, Wellington Dias.
Pelo novo desenho, conversado
entre o ministro Alexandre Padi-
lha (Relações Institucionais) e o fu-
turo ministro André Fufuca (PP-
MA), Wellington Dias continuaria
responsável pelo Bolsa Família e
assimilaria o que seria o futuro Mi-
nistério de Pequenas Empresas,
ainda não criado. Já Fufuca levaria
a gestão do Sistema Único de Assis-
tência Social (Suas) e o Benefício
de Prestação Continuada (BPC).
Segundo o Valor apurou, a fór-
mula foi trazida por Fufuca na
quarta-feira em uma reunião no
Dino expõe mais uma
divergência com Múcio
O Globo, do Rio
O ministro da Justiça Flávio
Dino expôs mais uma divergên-
cia com o ministro da Defesa, Jo-
se Múcio, ao se posicionar con-
trário à presença de militares em
ministérios do governo. A medi-
da chegou a ser incluída na pro-
posta de emenda à Constituição
(PEC) das Forças Armadas, mas
foi retirada após reunião do líder
do governo no Senado, Jaques
Wagner (PT-BA), com Múcio. Di-
no afirmou que espera que o as-
sunto ainda seja discutido no
Congresso e que não se conside-
ra “voto vencido” dentro do pri-
meiro escalão do governo.
“Você não pode ser pretensio-
so e até prepotente de achar que
tudo que você pensa você conse-
gue enfiar na realidade. Às vezes
é preciso compreender o princi-
pal, que hoje é a governabilidade
e o governo Lula funcionar. Isso
exige essa mediação, por isso
não me considero vencido. Ima-
ginemos um matrimônio, os
cônjuges fazem mediações. É a
regra da vida”, falou Dino.
As declarações do ministro fo-
ram dadas durante entrevista ao
programa “Estúdio I”, da Globo-
“
Fica permitida a
arrecadação de
recursos de pessoas
jurídicas por partido
político, em qualquer
instância, para quitar dívidas
com fornecedores contraídas
ou assumidas até agosto de
2015”. O financiamento de
empresas a partidos estará de
volta, sem alarde, caso a
proposta de emenda
constitucional (PEC) 9, em
tramitação no Congresso
Nacional, seja aprovada.
A brecha está no último ponto
do artigo primeiro da PEC 9, muito
polêmica pelos dois pontos
anteriores, que estabelecem anistia
(pela quarta vez) aos partidos que
não tiverem cumprido as cotas
mínimas de gênero e raça ou que
tiverem recebido “sanções de
qualquer natureza” em prestações
de contas ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE).
Tamanha celeuma a PEC 9
despertou pelo “liberou geral” das
duas primeiras mudanças legais
propostas, que tornam letra morta
a fixação de cotas para mulheres e
negros, que pouca atenção é dada
à terceira inovação. Um alerta foi
feito de modo lateral por
debatedores de audiência pública
realizada na Câmara dos
Deputados na terça (29). O que
está sendo proposto não é trivial.
Palácio do Planalto com Padilha
e Sílvio Costa Filho (Republica-
nos-PE), indicado pelo partido
para o ministério de Lula.
A ideia agradou Padilha, que vê
em Wellington Dias um perfil ade-
quado para capitanear temas co-
mo economia solidária e empre-
endedorismo, pois já fez gestões
nessas áreas durante seus manda-
tos como governador do Piauí.
Mas o cenário é apenas um en-
tre vários cogitados por Lula —
que, de acordo com ministros,
está “indeciso” e não sabe como
“fechar a equação” para a entra-
da do Centrão no governo.
Na quarta-feira, um desses auxi-
liares disse ao Valor que o presi-
dente sugeriu, em uma reunião
com Dias, turbinar a parte do MDS
a ser entregue ao PP com uma área
de economia popular, cooperati-
vismo e “inclusão produtiva”. Na
prática, isso significaria “fundir” o
Ministério de Pequenas Empresas
com o "MDS do Centrão".
News. Dino reforçou ainda acre-
ditar que a restrição de atividade
politica de militares deveria valer
também para policiais. “Eu não
posso ser designado comandante
do Exército, tampouco da Mari-
nha e da Aeronáutica porque é
um cargo de militares. A Consti-
tuição define militares e civis. Há
muitos anos tenho sustentado
que essa destinação leva a uma
inconstitucionalidade e a essa co-
lonização do serviço público ci-
vil, que foi o que aconteceu de
modo inédito nesse período re-
cente do governo Bolsonaro.”
O ministro justificou ainda
que as limitações seriam forma
de “preservar carreiras de Esta-
dos, sobretudo de quem traba-
lha com arma na mão”: “Quem
trabalha com arma na mão tem
um grande poder e por isso mes-
mo deve ter mais limites.”
A proposta que será apresen-
tada no Congresso vai prever o
veto à participação de militares
da ativa nas eleições. Segundo Ja-
ques Wagner, a restrição para as
Forças Armadas assumirem car-
gos em ministérios “poderia ca-
racterizar um tom discriminató-
rio” e seria “cercear uma decisão
do presidente da República”.
O financiamento privado por
pessoas jurídicas foi bloqueado
pelo Supremo Tribunal Federal
(STF) em setembro de 2015,
diante da constatação que o
mecanismo proporcionava uma
espécie de disfarce de
pagamento de propinas. Uma
empresa “doava” recursos a um
partido ou a um candidato para
ser favorecida na redação de uma
alteração de medida provisória,
na destinação de verba pública
para alguma obra, na liberação
de um pagamento.
Os escândalos que vieram à
tona entre 2014 e 2018— hoje
relativizados por uma reescrita
da história que joga no lixo todo
o acervo de revelações da época—
fizeram com que fosse instituído
como padrão o financiamento
de campanhas pelo fundo
eleitoral e por doações de
pessoas físicas, muito menos
relevantes do que foram as de
pessoas jurídicas.
Este artigo da PEC 9, em tese, é
delimitado: permite arrecadação
de partidos junto a empresas para
pagar um determinado tipo de
dívida— com fornecedores—
assumidas ou contraídas até
agosto de 2015, antes portanto da
decisão do STF. Não é possível usar
fundos públicos para pagar dívida
de fornecedor contraída na regra
antiga. Para pagar dívidas assim, os
Segundo esse integrante do pri-
meiro escalão do governo, a ideia
foi manifestada por Lula em reu-
nião na manhã de quarta-feira
com Dias, no Palácio do Planalto.
Ambos os cenários são contra-
ditórios entre si e estão na mesa
do presidente. Mas Dias teria pe-
dido ao presidente que não fizes-
se nenhum anúncio antes da via-
gem de ambos ao Piauí, onde es-
tiveram ontem para lançar o Pro-
grama Brasil Sem Fome.
Fufuca, por sua vez, pretende
levar o Ministério de Portos e Ae-
roportos, no que tem apoio de
parte da cúpula Planalto. O acor-
Lula estaria
indeciso sobre
como equacionar
entrada do Centrão
no ministério
A expectativa é que na semana
seguinte ao feriado de 7 de Setem-
bro o texto já tenha as 27 assinatu-
ras necessárias. O ministro das Re-
lações Institucionais, Alexandre
Padilha, afirmou que a proposta
terá total apoio do governo.
Durante a entrevista, Dino
também comentou uma possível
insatisfação das Forças Amadas
com as investigações da Polícia
Federal que apura a participação
de militares nos ataques golpis-
tas de 8 de janeiro. Ele negou que
tenha havido qualquer pressão
ou pedido por parte de Múcio
para que os trabalhos relaciona-
dos aos integrantes das Forças
Armadas fossem diferenciados.
“Converso regulamente com o
ministro Múcio, acho que depois
do presidente Lula é a pessoa do
governo com quem eu mais con-
verso. Foi meu líder na Câmara, é
meu amigo. E nós toda semana
atualizamos a análise política
desse sistema de defesa e segu-
rança pública, que são vincula-
dos. Não vi nada essa ideia de que
as investigações não devem se-
guir, ao contrário”, afirmou Dino.
Esta não é a primeira vez que Di-
no e Múcio são vozes dissonantes
dentro do governo, as tensões en-
partidos dependem de doações de
pessoa física, historicamente
difíceis. Credores também estão
encontrando dificuldades para
penhorar bens ou as contas dos
partidos. Daí a justificativa
apresentada para o dispositivo:
facilitar a liquidação dessas faturas.
Na prática, abre-se uma porteira
para o desconhecido. Dívidas
decorrentes de multas e sanções da
justiça eleitoral são auditáveis e
facilmente aferidas. Dívidas com
fornecedores não. “A prestação de
contas de partidos antes de 2015
era feita de maneira física, sem
padronização. As informações
estão todas desorganizadas. O
texto fala em dívidas de qualquer
instância, inclusive na municipal.
Não tem como controlar”, afirmou
ao Valor um dos debatedores da
audiência pública, Guilherme
France, gerente de pesquisa da
Transparência Internacional.
Tecnicamente será difícil
detectar fraudes. Corre-se o risco
de aparecerem agora documentos
de assunção de dívidas anteriores a
2015, para lavar recolhimento
indevido de recursos. O texto é tão
lacônico que deixa margem a um
oceano de dúvidas: que empresas
poderão doar a partidos para o
pagamento dessas dívidas ? Que
limite poderá ser doado em
relação ao faturamento da
empresa? De que forma? Com que
do, no entanto, tampouco não
está fechado. A pasta tem como
titular Márcio França (PSB).
França viajou com Lula a Teresi-
na, onde começa a agenda de lan-
çamento do Novo Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC)
no Nordeste. O roteiro ainda prevê
solenidades em Fortaleza (CE) e
Natal (RN) nesta sexta-feira.
Ele foi convidado por Lula pa-
ra integrar a comitiva de 12 mi-
nistros que o acompanham na vi-
sita ao Nordeste para divulgação
do Novo PAC. É o segundo en-
contro de Lula e França em meio
às articulações finais da reforma
ministerial. Há expectativa de
que nessa viagem, Lula peça o
ministério de volta para repassá-
lo ao comando do Republicanos.
Nos bastidores, lideranças do
Republicanos dão como certo a
transferência da pasta de Portos e
Aeroportos para o partido. O indi-
cado da sigla, Sílvio Costa Filho, é
ex-líder da bancada na Câmara.
Dino: “É preciso compreender o principal, que hoje é a governabilidade”
tre os dois surgiram logo no início
do governo. Em janeiro, o ministro
da Defesa disse publicamente que
acreditava que os acampamentos
bolsonaristas montados em frente
a quartéis iriam se dissipar natu-
ralmente e os classificou como
“democráticos”. A frase irritou co-
legas de governo, sobretudo Dino.
Múcio também posicionou-se
favoravelmente à permanência de
um militar à frente do Gabinete de
Segurança Institucional (GSI), após
a saída do general Gonçalves Dias,
exonerado depois da divulgação
de imagens do circuito interno de
publicidade? Como será a
prestação de contas?
“Não há linha de corte
cronológico objetiva, não está
fixado teto limitador para os
valores. Não há suficiente
transparência”, disse na
audiência Leandro Rosa,
presidente da Comissão
Eleitoral da OAB do Paraná.
Quem defende a PEC não
explica como irá funcionar essa
volta do financiamento privado.
“Ainda não escrevi o meu parecer.
Você vai ter que esperar, ok?”,
disse, em tom de deboche, o
relator da PEC, deputado
Antônio Carlos Rodrigues
(PL-SP). “Todas essas dívidas são
públicas. Estão todas nos
balancetes dos partidos”, disse o
deputado Áureo Ribeiro
(Solidariedade-RJ), que
reconhece que não há ideia sobre
o montante envolvido. “São 35
partidos, mais de 5 mil
municípios. Não existe estrutura
para captar essas informações.
Todo mundo sofre desse
problema. A gente descobre essas
coisas depois”, disse.
Uma leitura da história
recente permite dimensionar o
que poderá estar por vir. Esta
coluna não conseguiu
encontrar relatório disponível
sobre o total das despesas das
eleições de 2014, a última
Na segunda-feira, Padilha e o
ministro da Casa Civil, Rui Costa,
voltaram a oferecer o futuro Mi-
nistério da Pequena e Média Em-
presa, de Cooperativas e Empre-
endedorismo para o Republica-
nos, na tentativa de manter o PSB
com Portos e Aeroportos. Mas o lí-
der do Republicanos, Hugo Mot-
ta (PB), que representou a legen-
da na conversa, recusou a oferta.
Antes dessa viagem, Lula e Fran-
ça conversaram no Planalto no dia
18. Lula ouviu do auxiliar que ele
gostaria de continuar na pasta,
que tem influência em seu reduto
político por causa do Porto de San-
tos. Com a troca, a área vai para o
controle do principal adversário
de França, o governador de São
Paulo, Tarcísio de Freitas.
Lideranças do PSB fizeram
chegar a Lula que, se a troca for
inevitável, gostariam que França
fosse remanejado para a Ciência
e Tecnologia, pasta hoje ocupada
por Luciana Santos (PCdoB).
REPRODUÇÃO
câmeras de segurança do Palácio
do Planalto, que mostraram ele ca-
minhando e interagindo com os
invasores do 8 de janeiro.
Na última semana, Múcio en-
viou um pedido ao Supremo Tri-
bunal Federal (STF) pedindo a
lista de militares que teriam se
encontrado com o hacker Walter
Delgatti supostamente para des-
credibilizar as urnas eletrônicas.
Segundo ele, a decisão de procu-
rar o Supremo aconteceu após
enviar o mesmo pedido à Polícia
Federal, subordinada a Dino,
que negou as informações.
disputa geral antes da nova
regra. Levantamentos feitos à
época apontavam para a
existência de nada menos que 1
milhão de fornecedores de
serviços para os 25.561
candidatos que disputaram
aquele pleito. Foi a eleição mais
cara de todos os tempos.
Dívidas de campanhas
passadas geraram cobranças que
foram judicializadas e ainda
geram honorários para
advogados que se debruçam
sobre os processos. Os montantes
envolvidos não são pequenos.
Para citar dois exemplos: o PT
paulista se defende no STJ de
uma cobrança de um fornecedor
da campanha de 2014 para
governador. O valor da causa é R$
20,1 milhões. Mas tem esqueletos
mais antigos neste armário.
Nessa quarta-feira o PSDB
paulista teve um agravo de
instrumento negado no
Tribunal de Justiça de São Paulo.
O partido está sendo cobrado
por um marqueteiro em relação
a uma dívida de campanha da
eleição para a prefeitura da
capital paulista em 2012. Valor
da causa: R$ 17 milhões.
César Felício é repórter especial de
Política em Brasília. Escreve às
sextas-feiras
E-mail cesar.felicio@valor.com.br
Boulos tem
32% e Nunes
24%, diz
Datafolha
Cristiane Agostine
De São Paulo
A um ano do início da campa-
nha para as eleições municipais, o
deputado federal Guilherme
Boulos (Psol) lidera a disputa pe-
la Prefeitura de São Paulo com
32%, seguido pelo prefeito e can-
didato à reeleição, Ricardo Nunes
(MDB), com 24%, segundo pes-
quisa Datafolha divulgada hoje.
Na sequência está a deputada
federal Tabata Amaral (PSB), com
11%. A pré-candidata está tecnica-
mente empatada com o deputado
federal Kim Kataguiri (União),
com 8%. Vinicius Poit (Novo) apa-
rece com 2% das intenções de voto.
Votos em branco e nulos somam
18% e eleitores que não souberam
responder em quem votarão em
2024 totalizam 5%. A pesquisa tem
margem de erro de três pontos
percentuais, para mais ou para
menos, e foi realizada com 1.092
eleitores na terça e quarta-feira.
A maioria dos eleitores de São
Paulo tem expectativa de mudan-
ça em relação ao próximo governo
municipal, segundo o Datafolha.
Dos entrevistados, 79% disseram
esperar ações diferentes do próxi-
mo prefeito da capital, 17% disse-
ram esperar que sejam iguais e 4%
não souberam responder.
Kim Kataguiri tem a maior re-
jeição entre os pré-candidatos e
35% dos entrevistados afirma-
ram que não votariam de jeito
nenhum no parlamentar.
Os outros quatro pré-candida-
tos têm uma rejeição semelhan-
te. Boulos é rejeitado por 29%;
Nunes e Poit têm rejeição de 26%
cada um; e 23% dos entrevistados
disseram que não votarão de jei-
to nenhum em Tabata.
Ao comentar a pesquisa, Boulos
afirmou que o levantamento
“mostra que São Paulo quer mu-
dança”. “Que mesmo R$ 380 mi-
lhões gastos em publicidade não
escondem o abandono da cidade”,
afirmou no Twitter. O parlamentar
tem o apoio do PT e os petistas de-
vem indicar a vice na chapa.
A presidente nacional do PT,
Gleisi Hoffmann, disse que o
“bolsonarismo” será derrotado.
Na capital paulista, a campanha
tende a ser nacionalizada, com a
presença do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva no palanque de Bou-
los e o apoio do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) a Nunes.
Pelo Twitter, Ricardo Nunes
comemorou o resultado. “[É] o
reconhecimento da população
com o que estamos fazendo.”
Kim Kataguiri disse que “São
Paulo pode mais”. “Não a deixa-
remos cair nas mãos de uma ex-
trema-esquerda atrasada e tota-
litária”, disse no Twitter. Tabata
não quis comentar.

Política
Congresso G. Dias reconheceu falha ao não trocar imediatamente remanescentes da gestão anterior
Ex-ministro do GSI diz na CPMI que inação
da PM-DF facilitou ataques do 8 de janeiro
João Valadares e Caetano Tonet
De Brasília
Principal alvo da oposição na
CPMI do 8 de janeiro, o general
da reserva Gonçalves Dias, ex-mi-
nistro do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), afirmou que
os ataques às sedes dos três Pode-
res só ocorreram por causa da
inação da Polícia Militar do Dis-
trito Federal (PM-DF). Em depoi-
mento de sete horas na comissão
nessa quinta-feira (31), o militar
declarou que o plano Escudo,
protocolo de defesa do Palácio
do Planalto, foi acionado por ele,
no entanto, pode não ter sido
cumprido na sua integralidade.
O ex-ministro reconheceu que
falhou por não ter trocado na
primeira semana de governo re-
manescentes da gestão Jair Bol-
sonaro e disse querer não acredi-
tar que tenha sido vítima de uma
sabotagem. Ele salientou que
sem o apoio da PM-DF, mesmo
com efetivo máximo, o Batalhão
da Guarda Presidencial teria que
utilizar munição real para conter
os golpistas.
O general da reserva pediu de-
missão do cargo em abril após re-
velação de imagens em que apa-
rece em postura passiva ao lado
dos vândalos no dia dos ataques
golpistas. “Saí por causa da divul-
gação imprecisa e desconexa de
vídeos gravados no interior do
Palácio do Planalto”, afirmou.
Logo no início da sessão, du-
rante explanação de 15 minutos,
destacou que teria sido mais du-
ro na repressão se tivesse conhe-
cimento da ineficiência dos
agentes que atuavam no plano
Bolsonaro e Michelle calam;
Mauro Cid fala por 9 horas
Luísa Martins
De Brasília
Enquanto o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) e a ex-primeira
dama Michelle ficaram calados
durante depoimento à Polícia Fe-
deral (PF) que durou menos de
uma hora, o tenente-coronel
Mauro Cid, ex-ajudante de or-
dens de Bolsonaro, falou em in-
terrogatório que durou mais de
nove horas também na PF.
Em relação a Cid, a expectativa
dos investigadores era alta, uma
vez que ele tem demonstrado
disposição em colaborar com as
investigações sobre a venda ile-
gal de joias sauditas no exterior.
Ao todo, oito pessoas foram
intimadas a depor no inquérito
que investiga a comercialização,
no exterior, de joias que haviam
sido recebidas de presente por
Bolsonaro em viagens oficiais.
Todos eles foram ouvidos nessa
quinta-feira, simultaneamente,
em salas separadas nas sedes da PF
em Brasília e São Paulo, a partir das
11h. Também prestaram depoi-
mento o general Mauro Lourena
Cid (pai de Mauro Cid), Frederick
Wassef (advogado de Bolsonaro), e
Osmar Crivelatti e Marcelo Camara
(assessores de Bolsonaro).
As oitivas simultâneas fazem
parte de uma estratégia dos in-
vestigadores para evitar eventual
combinação de respostas.
No caso do casal Bolsonaro, os
advogados afirmaram, em um
ofício enviado ao delegado res-
ponsável, que eles adotariam a
“prerrogativa do silêncio”.
No documento, a defesa do ex-
presidente e sua esposa argumen-
tou que a Procuradoria-Geral da
República (PGR) não reconheceu a
competência do Supremo Tribu-
nal Federal (STF) para julgar o caso.
A investigação está nas mãos do
ministro Alexandre de Moraes.
Também afirmou que o ex-
presidente já havia prestado de-
poimento no caso das joias, que
tramitava na Justiça Federal de
Guarulhos (SP), em 5 de abril. Na
G. Dias sobre as imagens que levaram à sua demissão: ex-ministro disse que indicou aos vândalos a saída que levaria ao 2 o andar e que não se apaga fogo com gasolina
de contenção, aprovado com a
coordenação de diversos órgãos
civis, militares e de segurança
pública. “Faria diferente, embora
tenha pela certeza de que envidei
todos os esforços e ações que es-
tavam ao meu alcance.”
Gonçalves Dias fez críticas ve-
ladas às condutas de militares li-
gados ao general Augusto Hele-
no, que o antecedeu no coman-
do da pasta. Ele alegou que rece-
beu informações divergentes a
respeito dos fatos. Durante a ses-
são, oposicionistas repetiram a
tese de que G. Dias, como é
Mauro Cid tem demonstrado disposição em colaborar com as investigações
ocasião, Bolsonaro teria forneci-
do “todas as informações que lhe
foram solicitadas a respeito dos
fatos objeto desta investigação,
não se furtando a responder
qualquer indagação”.
Segundo a peça, o casal optou
“por não prestar depoimento ou
fornecer declarações adicionais
até que estejam diante de um
juiz natural competente”.
Ao longo do dia, Michelle Bolso-
naro (PL) argumentou, em suas re-
des sociais, que recorreu ao direito
ao silêncio, durante seu depoi-
mento à PF, por discordar da com-
petência do STF para acompanhar
o inquérito sobre a venda de joias.
Oito pessoas foram
intimadas a depor
simultaneamente
no inquérito sobre
a venda de joias
mais conhecido, foi omisso.
Durante o depoimento, os
oposicionistas afirmaram que
protocolaram pedido de prisão
do ex-ministro na Procuradoria-
Geral da República por omissão
imprópria, prevaricação e obs-
trução de justiça. Apesar do pe-
dido, o deputado Cabo Gilberto
(PL-PB) afirmou que o militar
era inocente.
“Eu sei que vossa excelência
não tem culpa nenhuma no car-
tório porque o senhor estava
cumprindo ordem do desgover-
no Lula que agiu para ser benefi-
CRISTIANO MARIZ/AGÊNCIA O GLOBO
Em nota de esclarecimento
nas redes, a ex-primeira-dama
disse estar “à disposição” para
dar explicações mas, grifou ela,
apenas na “esfera competente”.
“Não posso me submeter a pres-
tar depoimento em local impró-
prio”, diz a nota.
Outro que optou pelo silêncio
foi o ex-secretário de Comunica-
ção da Presidência da República
Fabio Wajngarten, que também
não respondeu às perguntas dos
investigadores. Segundo o termo
de declarações obtido pelo Va-
lor, Wajngarten foi questionado
sobre o envolvimento no caso da
venda das joias, mas disse que ti-
nha o direito de “não produzir
provas contra si mesmo”.
Já Crivelatti, ex-auxiliar de Bol-
sonaro, prestou um longo depoi-
mento aos policiais federais E o
advogado de Bolsonaro, Frederi-
co Wassef, não ficou em silêncio,
mas disse à imprensa que não de-
talharia o depoimento, pois o in-
quérito está em sigilo.
ciado com a farsa do golpe”, dis-
se. Governistas chegaram a dizer
que G. Dias havia falhado sem ter
intenção por ter deixado no car-
go bolsonaristas.
Em depoimento na CPMI no
início do mês, o ex-diretor ad-
junto da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin) Saulo Moura
da Cunha afirmou que avisou
por telefone a Gonçalves Dias
sobre o risco de manifestações
violentas nas.
Ele explicou que recebeu a in-
formação por volta das 13h do
dia 8 de janeiro e a repassou ao
O Valor PRO é a
solução ideal para
quem precisa se
antecipar em relação
ao mercado para
tomar decisões ágeis
e obter resultados.
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO
general 30 minutos depois quan-
do a agência diagnosticou que
“não seria apenas uma passeata
pacífica”. Cerca de uma hora de-
pois, os vândalos deram início à
invasão do Congresso Nacional.
Pela manhã, antes da invasão
do Palácio do Planalto, em troca
de mensagens com Saulo Moura,
G. Dias reconheceu que teria
“problemas”. No mesmo depoi-
mento, Saulo Moura da Cunha
informou à CPMI que a Abin pro-
duziu 33 alertas de inteligência
com seis dias de antecedência so-
bre movimentações na capital fe-
sua fonte de
informação para a
tomada de decisões
Com notícias, dados e
análises em tempo real, a
ferramenta oferece
informações sobre o mercado
financeiro, movimentações
políticas, informações sobre
empresas e muito mais.
| Valor | A13
deral. O ex-diretor comentou
que G. Dias pediu para alterar re-
latório encaminhado ao Con-
gresso Nacional, omitindo aler-
tas encaminhados a ele, mas ne-
gou se tratar de fraude.
Na sessão dessa quinta-feira,
G. Dias confirmou a troca de
mensagens com Saulo Moura
Cunha, mas disse que pediu pa-
ra consolidar o relatório reti-
rando o seu nome porque ele
não era o destinatário oficial.
"Eu trocava mensagens esporá-
dicas com o senhor Saulo. Usa-
va o WhatsApp do telefone
pessoal”, declarou. “Em minha
avaliação, essa troca de mensa-
gens em aplicativo aberto de
celular pessoal, não correspon-
de à forma de comunicação
correta e institucional para
transmissão de informações
sensíveis sobre segurança na-
cional", complementou.
Ele afirmou que nenhum re-
presentante do GSI foi convida-
do para reunião da Secretaria
de Segurança Pública do DF que
traçaria plano de contenção. O
ex-ministro alegou que conse-
guiu preservar todo o quarto
andar do Planalto e as salas da
Presidência.
Sobre as imagens que ocasio-
naram a sua demissão, afirmou
que deu ordem para prender in-
vasores no segundo andar. Ele
disse que indicou aos vândalos a
saída que levaria ao segundo an-
dar e respondeu que não se apa-
gava fogo jogando gasolina.
Afirmou que numa crise se usa o
emprego parcelado da força.
“Não adiantava sair batendo nas
pessoas”, declarou.
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demonstração!
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A14 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Política

Judiciário Placar está em 4 a 2, apenas ministros indicados por Bolsonaro foram favoráveis à tese

Zanin e Barroso votam contra tese do

marco temporal em julgamento no STF
LEO BAHIA/FOTOARENA/AGÊNCIA O GLOBO
Isadora Peron Barroso, que se manifestou
De Brasília nessa quinta-feira, também reco-
nheceu a possibilidade de inde-
O Supremo Tribunal Federal nização, mas disse que esse tema
(STF) já tem quatro votos contrá- terá que ser melhor discutido fu-
rios à tese do marco temporal. O turamente.
julgamento, que vai balizar o fu- Já Mendonça, que havia inicia-
turo das demarcações de terras do o seu voto na véspera, con-
indígenas no país, será retomado cluiu a sua manifestação na ses-
na quarta-feira (6 de setembro). são dessa quinta. Ele defendeu a
O placar está 4 a 2. Votaram validade do marco temporal e
nesse sentido o relator, Edson Fa- aproveitou para propor inova-
chin, e os ministros Alexandre de ções, ao defender que o usufruto
Moraes, Cristiano Zanin e Luís das terras pelos indígenas “não
Roberto Barroso. Já os ministros se sobrepõe aos interesses da po-
Kassio Nunes Marques e André lítica de defesa nacional”.
Mendonça votaram a favor da te- O ministro lembrou que,
se — os dois foram indicados pa- quando foi advogado-geral da
ra o STF pelo ex-presidente Jair União, o governo Bolsonaro teve
Bolsonaro (PL). Cinco ministros dificuldades de avançar com o
ainda precisam se manifestar: projeto do “Linhão de Tucuruí”,
Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lú- para ligar a transmissão de ener-
cia, Gilmar Mendes e Rosa We- gia de Manaus (AM) a Boa Vista
ber, que preside a Corte. (RR), porque a obra passava por
A tese do marco temporal esta- terra indígena.
belece que apenas as terras ocu- Em nota divulgada após a ses-
padas por indígenas na data da são dessa quinta-feira, a ministra
promulgação da Constituição, is- dos Povos Indígenas, Sonia Gua-
to é, em 5 de outubro de 1988, jajara, avaliou como “positiva” a
podem ser demarcadas. A pro- maneira como o julgamento está
posta tem o apoio dos ruralistas, avançando. “Os votos do minis-
mas é vista como uma ameaça tro Zanin e Barroso trazem espe-
pelos povos originários, por pra- rança e confiança muito grande
ticamente inviabilizar a demar- para os povos indígenas. Mesmo
cação de novos territórios. Zanin: “Verifica-se a impossibilidade de se impor qualquer tipo de marco temporal em desfavor dos povos indígenas, que possuem a proteção da posse desde o Império” com a questão das indenizações
A sessão plenária dessa quin- à terra nua, a proposta do minis-
ta-feira foi marcada pela expec- e dançar em comemoração. cos destes povos”. decorrentes de terras indígenas tro Zanin não impede a continui-
tativa em relação ao voto de Za- “Verifica-se a impossibilidade “Votos de Zanin Em seu voto, o ministro defen- já reconhecidas e declaradas em dade e abertura de novos proces-
nin. Nas últimas semanas, o in- de se impor qualquer tipo de deu ainda a possibilidade de in- procedimento demarcatório. sos demarcatórios, já que cada
dicado pelo presidente Luiz Iná- marco temporal em desfavor e Barroso denização aos proprietários que Ele disse ainda que a responsa- caso poderá ser analisado com
cio Lula da Silva (PL) proferiu vo- dos povos indígenas, que pos- adquiriram as terras de “boa-fé”, bilidade de indenizar os proprie- suas particularidades”, disse.
tos considerados conservadores, suem a proteção da posse exclu- trazem e não apenas pelas benfeitorias tários não pode se restringir à O julgamento sobre o marco
o que espalhou o temor entre a siva desde o Império e, em sede (melhorias) realizadas, como União, devendo se estender aos temporal terá repercussão geral,
base aliada de que ele pudesse constitucional, a partir de 1934”, esperança e acontece hoje. demais entes federativos. isto é, a decisão valerá para os de-
votar a favor da tese apoiada pe- disse Zanin em seu voto. Para Zanin, a aferição da inde- Em seu voto, proferido em ju- mais casos semelhantes do país.
lo agronegócio. Para o ministro, a Constituição confiança para nização deverá ser feita por meio nho, Moraes também defendeu a Segundo o STF, pelo menos 226
Assim que ficou claro como de 1988 foi clara ao dispor que a de procedimento judicial ou ex- possibilidade de indenização, processos de demarcação devem
ele votaria, os mais de 700 indí- garantia de permanência dos po- os povos trajudicial e não no mesmo pro- mas foi além. O ministro sugeriu, ser impactados. O caso concreto
genas que acompanharam a ses- vos indígenas nas terras tradicio- cedimento da demarcação. por exemplo, a possibilidade de que originou a ação trata da am-
são do lado de fora da sede Cor- nalmente ocupadas era “indis- indígenas” O ministro também descartou compensação dos indígenas com pliação da terra indígena Ibira-
te, onde tendas e telões foram pensável para a concretização o pagamento de indenização pe- outras terras, caso houvesse acor- ma-La Klãnõ, do povo Xokleng,
montados, começaram a cantar dos direitos fundamentais bási- Sonia Guajajara lo Estado em casos já pacificados, do entre as partes. no interior de Santa Catarina.

Atividade econômica Atualize suas contas

Indicadores agregados Variação dos indicadores no período
jul/23 jun/23 mai/23 abr/23 mar/23 fev/23 jan/23 dez/22 nov/22 out/22 Em % Em R$
Índice de atividade econômica - IBC-Br (%) (1) - 0,63 -2,05 0,82 -0,28 2,98 0,22 0,82 -1,31 -0,24 Mês TR (1) Poupança (2) Poupança (3) TBF (1) Selic (4) TJLP TLP FGTS (5) CUB/SP UPC Salário mínimo
Indústria (1) fev/22 0,0000 0,5000 0,5000 0,7272 0,76 0,4601 0,4249 0,2466 0,18 23,55 1.212,00
mar/22 0,0971 0,5976 0,5976 0,8678 0,93 0,5096 0,4265 0,3440 0,25 23,55 1.212,00
Produção física industrial (IBGE - %) abr/22 0,0555 0,5558 0,5558 0,8159 0,83 0,5513 0,4416 0,3023 0,71 23,59 1.212,00
Total - 0,1 0,3 -0,6 1,1 -0,2 -0,3 0,0 0,2 1,3
mai/22 0,1663 0,6671 0,6671 0,9776 1,03 0,5697 0,4424 0,4133 4,13 23,59 1.212,00
Indústria de transformação - -0,2 -0,1 -0,8 1,7 -0,4 -1,1 0,1 1,3 0,0
jun/22 0,1484 0,6491 0,6491 0,9496 1,02 0,5513 0,4472 0,3954 2,22 23,59 1.212,00
Indústrias extrativas - 2,9 1,4 -0,8 0,3 4,1 3,8 -1,9 -6,3 6,3
jul/22 0,1631 0,6639 0,6639 0,9844 1,03 0,5851 0,4456 0,4101 0,73 23,67 1.212,00
Bens de capital - -1,2 4,1 -11,8 8,8 -0,6 -4,5 -1,7 3,3 -3,6
ago/22 0,2409 0,7421 0,7421 1,0929 1,17 0,5851 0,4630 0,4881 -0,01 23,67 1.212,00
Bens intermediários - -0,3 0,0 0,4 1,1 0,4 -0,8 -0,6 0,6 2,2
set/22 0,1805 0,6814 0,6814 1,0020 1,07 0,5662 0,4670 0,4276 -0,06 23,67 1.212,00
Bens de consumo - 0,3 -0,8 1,3 -1,3 -0,2 0,2 2,0 -0,1 0,1
out/22 0,1494 0,6501 0,6501 0,9506 1,02 0,6005 0,4702 0,3964 0,04 23,81 1.212,00
Faturamento real (CNI - %) - 1,0 0,1 -1,8 0,9 0,5 -1,0 -0,1 0,5 0,1
nov/22 0,1507 0,6515 0,6515 0,9519 1,02 0,5811 0,4614 0,3977 0,15 23,81 1.212,00
Horas trabalhadas na produção (CNI - %) - -0,2 0,6 -1,0 0,9 -0,9 0,1 0,9 0,1 -1,4
dez/22 0,2072 0,7082 0,7082 1,0489 1,12 0,6005 0,4670 0,4543 0,17 23,81 1.212,00
Comércio
jan/23 0,2081 0,7091 0,7091 1,0398 1,12 0,6142 0,4812 0,4552 -0,06 23,93 1.302,00
Receita nominal de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) (1)(2) - 0,5 -2,2 -1,5 2,9 -0,8 3,3 -0,6 -0,5 0,2
fev/23 0,0830 0,5834 0,5834 0,8536 0,92 0,5546 0,4931 0,3298 0,00 23,93 1.302,00
Volume de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) (1)(2) - 0,0 -0,7 -0,1 0,6 -0,2 4,1 -3,0 -0,7 0,2
mar/23 0,2392 0,7404 0,7404 1,0912 1,17 0,6142 0,4986 0,4864 -0,18 23,93 1.302,00
Serviços
abr/23 0,0821 0,5825 0,5825 0,8527 0,92 0,5873 0,4907 0,3289 0,29 24,06 1.302,00
Receita nominal de serviços - Brasil (IBGE - %) (1) - 0,2 -0,3 -0,9 1,4 2,1 -0,7 1,9 -0,9 0,3 mai/23 0,2147 0,7158 0,7158 1,0465 1,12 0,6070 0,4812 0,4619 1,44 24,06 1.320,00
Volume de serviços - Brasil (IBGE - %) (1) - 0,2 1,4 -1,6 1,2 0,8 -3,4 2,8 -0,1 -0,3 jun/23 0,1799 0,6808 0,6808 1,0014 1,07 0,5873 0,4622 0,4270 0,64 24,06 1.320,00
Mercado de trabalho jul/23 0,1581 0,6589 0,6589 0,9694 1,07 0,5843 0,4464 0,4051 0,09 24,17 1.320,00
Taxa de desocupação (Pnad/IBGE - em %) 7,9 8,0 8,3 8,5 8,8 8,6 8,4 7,9 8,1 8,3 ago/23 0,2160 0,7171 0,7171 1,0578 1,14 0,5843 0,4321 0,4632 - 24,17 1.320,00
Emprego industrial (CNI - %) (1) - 0,0 -0,4 0,0 0,1 -0,3 0,4 0,0 0,2 0,1 set/23 - - - - 0,99 0,5654 0,4194 - - 24,17 1.320,00
Indicador Antecedente de Emprego - (FGV/IBRE) (1)(3) 1,2 2,2 -0,4 -1,4 1,7 0,8 -0,8 1,6 -6,7 -4,0 2023 1,39 5,52 5,52 8,19 9,94 5,43 4,28 3,41 2,23 1,51 8,91
Balança comercial (US$ milhões) Em 12 meses * 2,09 8,39 8,39 12,53 13,45 7,32 5,75 5,15 2,52 2,11 8,91
Exportações 29.062 29.959 32.723 27.097 32.824 20.255 22.822 26.342 27.652 26.852 2022 1,63 7,90 7,90 11,71 12,39 6,88 5,51 4,68 9,12 1,15 10,18
Importações 20.027 19.502 21.688 19.141 22.072 17.684 20.529 21.809 21.452 23.477 Fontes: Banco Central, CEF, Sinduscon e Ministério da Fazenda. Elaboração: Valor Data * Até o último mês de referência
Saldo 9.035 10.458 11.034 7.956 10.752 2.571 2.293 4.533 6.200 3.375 (1) Taxa do período iniciado no 1º dia do mês. (2) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos até 03/05/12 (3) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos a partir de
Fontes: Banco Central, CNI, FGV, IBGE e SECEX/MDIC. Elaboração: Valor Data (1) Metodologia com ajuste sazonal. (2) Nova série com índice base 2014 = 100. (3) Var. em pts 04/05/12; Lei nº 12.703/2012 (4) Taxa efetiva; para setembro projetada. (5) Crédito no dia 10 do mês seguinte (TR + Juros de 3% ao ano)

Produção e investimento Inflação Dívida e necessidades de financiamento

Variação no período Variação no período (em %) Valores em R$ bilhões - no setor público
Indicadores 1º Tri/23 4º Tri/22 2023 (1) 2022 2021 2020 Dívida líquida do setor público jul/23 jun/23 jul/22
Acumulado em Número índice
PIB (R$ bilhões) * 2.557 2.584 10.156 9.915 8.899 7.610 Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
PIB (US$ bilhões) ** 486 491 1.962 1.905 1.649 1.476 ago/23 jul/23 2023 2022 12 meses ago/23 jul/23 dez/22 ago/22
Dívida líquida total 6.186,2 59,63 6.096,5 59,05 5.331,8 56,42
Taxa de Variação Real (%) 1,9 -0,1 3,3 2,9 5,0 -3,3 IBGE
(-) Ajuste patrimonial + privatização 2,3 0,02 9,0 0,09 5,9 0,06
Agropecuária 21,6 -0,9 6,0 -1,7 0,3 4,2 IPCA - 0,12 2,99 5,79 3,99 - 6.667,94 6.474,09 6.388,87
(-) Ajuste metodológico s/ dívida* -661,7 -6,38 -676,1 -6,55 -797,9 -8,44
Indústria -0,1 -0,3 2,4 1,6 4,8 -3,0 INPC - -0,09 2,59 5,93 3,53 - 6.880,17 6.706,15 6.625,14
Dívida fiscal líquida 6.845,5 65,99 6.763,6 65,51 6.123,7 64,80
Serviços 0,6 0,2 3,9 4,2 5,2 -3,7 IPCA-15 0,28 -0,07 3,38 5,90 4,24 6.560,89 6.542,57 6.346,64 6.293,78
Formação Bruta de Capital Fixo (%) -3,4 -1,3 2,7 0,9 16,5 -1,7 IPCA-E - - 3,16 5,90 3,40 - - 6.346,64 6.293,78 Divisão entre dívida interna e externa
Investimento (% do PIB) 17,7 18,9 18,6 18,8 18,9 16,6 Dívida interna líquida 6.838,3 65,92 6.744,8 65,33 6.153,4 65,12
FGV
Fontes: IBGE e Banco Central. Elaboração: Valor Data Dívida externa líquida -652,1 -6,29 -648,3 -6,28 -821,6 -8,69
IGP-DI - -0,40 -5,35 5,03 -7,47 - 1.082,11 1.143,23 1.162,96
* Valores correntes. ** Banco Central. (1) 1º trim de 2023, nos últimos 12 meses
Núcleo do IPC-DI - 0,22 2,03 6,16 3,39 - - - - Divisão entre as esferas do governo
IPA-DI - -0,61 -8,34 4,70 -11,47 - 1.261,15 1.375,86 1.415,60 Governo Federal e Banco Central 5.256,5 50,67 5.169,6 50,07 4.451,4 47,10
IPA-Agro - -0,88 -12,93 3,38 -16,03 - 1.753,26 2.013,57 2.101,86 Governos Estaduais 823,9 7,94 821,8 7,96 771,2 8,16
Contrib. previdenciária* IR na fonte IPA-Ind. - -0,51 -6,51 5,24 -9,65 - 1.063,37 1.137,41 1.163,49 Governos Municipais 45,1 0,43 42,6 0,41 54,9 0,58
Empregados e avulsos** Faixas de contribuição IPC-DI - 0,07 2,45 4,28 3,53 - 725,85 708,49 697,09 Empresas Estatais 60,7 0,59 62,5 0,61 54,3 0,58
INCC-DI - 0,10 2,38 9,28 3,15 - 1.076,63 1.051,63 1.044,68
Salário de Base de cálculo* Alíquota Parcela a deduzir Necessidades de financiamento do setor público jul/23 jun/23 jul/22
IGP-M -0,14 -0,72 -5,28 5,45 -7,20 1.099,71 1.101,20 1.161,01 1.185,00
em R$ em % IR - em R$ Fluxos acumulados em 12 meses Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
contribuições em R$ Alíquotas em % (1) IPA-M -0,17 -1,05 -8,10 5,27 -11,00 1.298,95 1.301,20 1.413,36 1.459,46
Até 1.320,00 7,50 Até 2.112,00 0,0 0,00 IPC-M -0,19 0,11 2,27 4,30 3,81 708,64 709,98 692,88 682,61 Total nominal 721,8 6,96 662,4 6,42 355,9 3,77
De 1.320,01 até 2.571,29 9,00 De 2.112,01 até 2.826,65 7,5 158,40 INCC-M 0,24 0,06 2,50 9,40 3,06 1.077,50 1.074,90 1.051,25 1.045,47 Governo Federal** 590,1 5,69 528,1 5,12 387,2 4,10
De 2.571,30 até 3.856,94 12,00 De 2.826,66 até 3.751,05 15,0 370,40 IGP-10 -0,13 -1,10 -5,32 6,08 -7,37 1.122,49 1.123,94 1.185,56 1.211,82 Banco Central 46,6 0,45 55,2 0,53 26,7 0,28
De 3.856,95 até 7.507,49 14,00 De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 651,73 IPA-10 -0,20 -1,54 -8,10 6,08 -11,11 1.336,50 1.339,16 1.454,37 1.503,51 Governo regional 79,1 0,76 71,1 0,69 -57,8 -0,61
Empregador doméstico 8,00 Acima de 4.664,68 27,5 884,96 IPC-10 -0,01 0,02 2,52 4,40 3,85 714,51 714,60 696,93 688,05 Total primário 80,5 0,78 24,3 0,24 -230,6 -2,44
Fonte: Previdência Social. Elaboração: Valor Data *Competên- INCC-10 0,17 0,01 2,29 9,55 2,84 1.062,42 1.060,64 1.038,60 1.033,03 Governo Federal -189,4 -1,83 -217,6 -2,11 -349,9 -3,70
Fonte: Receita Federal. Elaboração: Valor Data
cia ago/23. **Inclusive empregado doméstico. (1) Para fins de *Valores consideram o desconto simplificado de R$ 528,00 Banco Central 0,4 0,00 0,5 0,01 0,5 0,01
FIPE
recolhimento ao INSS Obs. Desconto por dependente: R$ 189,59 Governo regional -13,7 -0,13 -19,7 -0,19 -115,6 -1,22
IPC - -0,14 1,92 7,32 3,66 - 667,19 654,64 644,41
Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data * Interna e externa.** Inclui INSS. Obs.: Sem Petrobras e Eletrobras.
DIEESE
ICV* - - - - 3,07 - - - -
Principais receitas tributárias Obs.: IPCA-E no 2º trimestre = 1,12%, IGP-M 2ª prévia ago/23 -0,06% e IPC-FIPE 3ª quadrissemana ago/23 -0,48%
Valores em R$ bilhões Fontes: FGV, IBGE, FIPE e DIEESE. Elaboração: Valor Data *Índice em 2020 até fevereiro Resultado fiscal do governo central
Valores em R$ bilhões a preços de julho*
Discriminação Janeiro-julho Var. julho Var.
Discriminação Janeiro-julho Var. julho Var.
2023 2022 % 2023 2022 % Imposto de Renda Pessoa Física 2023 2022 % 2023 2022 %
Receita Federal
Imposto de renda total 454,1 422,4 7,49 64,8 64,6 0,35
Pagamento das quotas - 2023 Receita total 1.362,5 1.439,5 -5,35 193,6 207,9 -6,91
Receita Adm. Pela RFB** 858,2 872,6 -1,65 119,6 124,2 -3,69
Imposto de renda pessoa física 36,6 36,4 0,70 5,2 4,6 12,13 Arrecadaçao Líquida para o RGPS 325,1 305,7 6,36 47,4 44,4 6,77
Imposto de renda pessoa jurídica 196,7 199,3 -1,32 30,7 35,4 -13,11 No prazo legal
Receitas Não Adm. Pela RFB 179,2 261,3 -31,40 26,6 39,3 -32,40
Imposto de renda retido na fonte 220,8 186,8 18,21 28,9 24,6 17,48 Quota Vencimento Valor da quota Valor dos juros Valor total
Transferências a Estados e Municípios 263,0 278,4 -5,55 33,2 38,7 -14,18
Imposto sobre produtos industrializados 34,5 37,8 -8,81 4,9 5,3 -7,23 (Campo 7 do DARF) (Campo 9 do DARF) (Campo 10 do DARF)
Receita líquida total 1.099,5 1.161,0 -5,30 160,4 169,2 -5,25
Imposto sobre operações financeiras 34,7 33,4 3,88 5,1 5,2 -1,17 1ª ou única 31/05/2023 - Campo 7 Despesa Total 1.176,5 1.082,3 8,71 196,3 149,5 31,27
Imposto de importação 31,2 33,2 -5,95 4,4 4,9 -10,93 2ª 30/06/2023 1,00% Benefícios Precidenciários 534,2 501,3 6,56 90,5 63,9 41,69
Cide-combustíveis 0,1 1,4 -96,00 0,0 0,1 -64,33 3ª 31/07/2023 2,07% + Pessoal e Encargos Sociais 199,9 197,2 1,36 35,2 34,1 3,10
Contribuição para Finsocial (Cofins) 188,3 183,0 2,94 27,9 26,3 5,89 4ª 31/08/2023 Valor da declaração 3,14% Campo 8 Outras Despesas Obrigatórias 180,9 174,0 3,95 29,7 20,8 42,73
CSLL 101,7 105,6 -3,66 16,3 17,8 -8,31 5ª 29/09/2023 4,28% Despesas Poder Exec. Sujeitas à Prog. Financeira 261,5 209,7 24,73 40,9 30,7 33,15
PIS/Pasep 52,7 51,2 2,92 7,7 7,3 5,72 Resul. Primário do Gov. Central (1) -77,0 78,8 - -35,9 19,7 -
6ª 31/10/2023 +
Outras receitas 447,4 424,2 5,47 70,7 71,1 -0,58 Discriminação jul/23 jun/23 jul/22
7ª 30/11/2023 Campo 9
Total 1.344,7 1.292,2 4,06 201,8 202,6 -0,37 Valor Var. % Valor Var. % Valor Var. %
8ª 28/12/2023
jun/23 mai/23 jun/22
Pagamento com atraso Ajustes metodológicos 1,4 - -0,2 -6,12 1,9 -
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* Discrepância estatística 2,1 - -1,2 - -0,8 9,20
Multa (campo 08) - sobre o valor do campo 7 aplicar 0,33% por dia de atraso, a partir do primeiro dia após o vencimento até
ICMS - Brasil 58,0 5,56 54,9 -5,23 59,6 1,47 Result. Primário do Gov. Central (2) -32,5 -30,21 -46,5 7,71 20,8 46,58
o limite de 20%; Juros (campo 09) - aplicar os juros equivalentes à taxa Selic acumulada mensalmente, calculados a partir
jun/23 mai/23 jun/22 de junho/23 até o mês anterior ao do pagamento e de 1% no mês de pagamento; Total (campo 10) - informar a soma dos Juros Noniminais -37,1 11,11 -33,3 -44,21 -37,4 -60,38
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* valores dos campos 7, 8 e 9. Fonte: Receita Federal do Brasil. Elaboração: Valor Data. Result. Nominal do Gov. Central -69,5 -12,96 -79,9 -22,42 -16,7 -79,24
INSS 45,9 -3,85 47,8 4,34 41,1 -2,29 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional. Elaboração: Valor Data
Fonte: Receita Federal, Previdência Social, Secretaria da Fazenda. Elaboração: Valor Data * sobre o mês anterior Mais informações: valor.globo.com/valor-data/, ibge.gov.br e fipe.org.br * Deflator: IPCA ** Somando Incentivos fiscais (1) Acima da linha. (2) Abaixo da linha

Internacional
Cenário Mercado imobiliário chinês continua em queda, consumo
é baixo e fábricas são afetadas pela redução das exportações
Economia da China dá
novos sinais de fraqueza
Jason Douglas e Cao Li
Dow Jones Newswires, de
Cingapura e Hong Kong
A economia da China vacilou
em agosto. Um declínio prolonga-
do do mercado imobiliário se
agravou. Fábricas foram afetadas
pela redução das exportações e os
consumidores mantiveram um
controle rígido sobre os gastos.
Uma nova série de dados divul-
gados ontem intensificou a pres-
são para que autoridades se esfor-
cem mais para reanimar o cresci-
mento. Na noite de ontem, o banco
central reduziu o valor da entrada
para quem contrata um financia-
mento imobiliário, na tentativa de
estimular a compra de casas. E
também disse que os bancos po-
dem reduzir as taxas que cobram
nos financiamentos existentes.
Mas muitos economistas di-
zem que medidas fragmentadas
não vão restabelecer a confiança
das famílias e empresas em uma
economia assolada pela taxa de
desemprego alta entre os jovens,
uma deterioração das exporta-
ções e o agravamento das tensões
no setor imobiliário.
A atividade manufatureira en-
colheu pelo sexto mês seguido em
agosto, enquanto a atividade no
setor de serviços voltou a desacele-
rar, com os consumidores reduzin-
do seus gastos, segundo os indica-
dores de atividade divulgados pela
Agência Nacional de Estatísticas
da China. As vendas das maiores
incorporadoras imobiliárias caí-
ram um terço em comparação ao
mesmo mês do ano passado.
Muitos economistas acreditam
que as atuais dificuldades da Chi-
na prenunciam uma nova era de
crescimento muito mais lento pa-
ra a sua enorme economia, que
também luta com uma demogra-
fia desfavorável e o agravamento
da rivalidade com os Estados Uni-
dos e seus aliados.
As preocupações com as pers-
pectivas econômicas aumenta-
ram depois que um antecipado
Carros-bomba explodem no Equador
CARLOS NORIEGA/AP
Curtas
Preços na zona do euro
O índice de preços ao consu-
midor da zona do euro aumen-
tou 5,3% em agosto, na compara-
ção anual, se mantendo estável
em relação a julho, segundo da-
dos preliminares da União Euro-
peia. O núcleo da inflação — que
exclui as categorias mais voláteis
de alimentos e energia — desace-
lerou para 5,3%, em base anual,
ante 5,5% em julho.
Inflação sobe nos EUA
A taxa de preços de gastos com
consumo dos EUA, medida de in-
flação usada pelo FED — o banco
central do país —, registrou alta
de 0,2% em julho ante junho. Na
base anual, o PCE ficou em 3,3%
em julho, ligeiramente acima dos
3% registrados em junho.
boom dos gastos do consumidor
neste ano não se concretizou. A
esperança era de que, com o fim
das duras políticas de combate à
covid-19, os consumidores iriam
empurrar a economia, mesmo
com a redução das exportações e
as autoridades contendo o que
viam como excessos especulati-
vos no mercado imobiliário.
Em vez disso, os consumidores
chineses reduziram as despesas e
passaram a poupar mais, num re-
flexo das preocupações com o em-
prego, os rendimentos e a fraqueza
do mercado da habitação. A China
cresceu apenas 0,8% no segundo
trimestre em relação ao primeiro e
muitos economistas agora acredi-
tam que o país se limitará a cum-
prir a meta do governo de crescer
5% no ano como um todo.
Vendas das
maiores incor-
poradoras caí-
ram um terço
em relação a
agosto do ano
passado
Segundo economistas, as op-
ções de estímulos mais eficazes in-
cluem cortes maiores nas taxas de
juros, redução de impostos para as
empresas e ajuda do governo para
as famílias aumentarem seus gas-
tos. As autoridades, para os econo-
mistas, deveriam pensar em aju-
dar governos locais altamente en-
dividados a obter financiamentos
extras, aumentando as cotas dos
empréstimos a serem contraídos
ou recorrendo ao governo central
para obter recursos.
As autoridades enfrentam algu-
mas limitações para agir de forma
mais vigorosa, como enfraquecer o
yuan. O banco central tem receio
Rússia chega a acordo para fazer PIB da Índia cresce 7,8%
novo corte na produção de petróleo no segundo trimestre
Bloomberg
A Rússia chegou a um acordo
com a Organização dos Países Ex-
portadores de Petróleo (Opep+)
para cortar de modo unilateral a
produção de petróleo para merca-
dos estrangeiros, informou ontem
a agência de notícias estatal Tass.
O acordo foi firmado pelo vice-
premiê russo, Alexander Novak,
que não descartou a possibilidade
de novos cortes de produção até
outubro. O anúncio do acordo
ocorreu durante reunião entre No-
vak e o presidente Vladimir Putin.
A Rússia vem nos últimos meses
reduzindo unilateralmente a pro-
dução local de petróleo. Em agosto
de deixar o yuan se desvalorizar
muito, ou rapidamente, em rela-
ção ao dólar e outras grandes moe-
das, limitando sua margem para
cortar os juros, o que tende a enfra-
quecer a moeda.
As autoridades não querem de-
sencadear outro boom imobiliário
desenfreado. Economistas dizem
que essas preocupações explicam
por que Pequim está evitando
grandes estímulos fiscais ou mo-
netários, preferindo uma série de
medidas menores.
Entre as iniciativas mais recen-
tes, os centros industriais de
Guangzhou e Shenzhen, no sul do
país, relaxaram as restrições às
compras da primeira moradia,
permitindo a mais pessoas se qua-
lificar para financiamentos. Ou-
tras megacidades, como Pequim e
Xangai, deverão fazer o mesmo.
Esta semana, as autoridades re-
duziram um imposto sobre os ne-
gócios com ações e adotaram me-
didas para revitalizar os mercados
financeiros do país, enquanto exe-
cutivos de grandes bancos disse-
ram estar se preparando para re-
duzir os juros sobre financiamen-
tos imobiliários existentes. Na Chi-
na, os cortes nas taxas referenciais
de juros geralmente se aplicam
apenas aos novos empréstimos.
O corte poderia ajudar a com-
bater a onda de pagamentos an-
tecipados de financiamentos
imobiliários e encorajar o consu-
midor a gastar mais. Mas, segun-
do economistas, é necessário
mais apoio para reverter o desâ-
nimo de famílias e empresas.
“As famílias vão receber bem o
dinheiro extra e terão a impres-
são de que Pequim está final-
mente sendo proativa, mas será
preciso uma flexibilização maior
para tirá-las da ‘armadilha de
confiança’”, diz Rory Green, chefe
de análises da GlobalData TS
Lombard para a Ásia.
As 100 maiores incorporado-
ras imobiliárias da China regis-
traram vendas totais de US$ 47,1
bilhões em agosto, segundo da-
o país reduziu a produção em 500
mil barris por dia e em setembro
esse corte foi de 300 mil.
O anúncio da Rússia, um dos
dois líderes de facto da Opep+,
surge em meio a expectativas do
mercado de que a Arábia Saudita
prolongue o seu corte de forneci-
mento de 1 milhão de barris por
dia por um mês, até outubro.
Embora os mercados petrolí-
feros globais estejam se con-
traindo na medida em que a de-
manda sobe para níveis recordes,
a recuperação dos preços neste
verão no hemisfério Norte se es-
tagnou devido à crescente preo-
cupação com o crescimento eco-
nômico na China — o maior im-
dos divulgados ontem pela China
Real Estate Information Corp,
que monitora o setor. O número
caiu 34% em relação ao mesmo
período do ano passado.
As vendas de novas moradias na
China aumentaram durante pou-
cos meses no começo deste ano, re-
vertendo depois para uma queda
profunda que colocou em perigo a
maior incorporadora imobiliária
sobrevivente do país, a Country
Garden Holdings. A gigante não
conseguiu pagar os juros sobre
dois bônus no começo do mês pas-
sado e, na quarta-feira, informou
um prejuízo para o primeiro se-
mestre de mais de US$ 7 bilhões.
O agravamento da crise imobi-
liária levou as autoridades regula-
doras chinesas e os governos locais
a introduzir mais incentivos para
as pessoas comprarem casas. Na
semana passada, as autoridades
reguladoras ampliaram a defini-
ção de compradores de moradia
de primeira vez, para permitir que
mais famílias comprem casas com
entradas mais baixas e financia-
mentos mais baratos.
“É improvável que as pessoas co-
mecem de repente a comprar casas
sem nenhum motivo”, diz Yan Yue-
jin, diretor de análises da E-house
China Research and Development
Institution de Xangai, que acredita
que ainda há demanda.
Também ontem, o governo chi-
nês informou que seu índice de ati-
vidade industrial registrou uma
leitura de 49,7 pontos em agosto,
uma melhora em relação aos 49,3
de julho, mas ainda abaixo da mar-
ca de 50 pontos que separa a ex-
pansão da atividade da contração.
O índice de atividade do setor de
serviços recuou de 51,5 pontos em
julho para 50,5 em agosto, mar-
cando o sexto mês seguido de en-
fraquecimento da atividade. Um
ponto positivo foi o setor da cons-
trução, onde o índice de atividade
subiu em agosto, sinalizando uma
expansão da atividade depois que
os gastos do governo com infraes-
trutura aumentaram.
O Equador foi alvo de ataques com
quatro carros-bomba e granadas, na
mais recente escalada de violência
num país às vésperas do segundo
turno presidencial. Dois
carros-bomba explodiram na capital,
Quito, e outros dois em uma região
próxima à fronteira com o Peru. Os
atentados ocorreram entre a noite de
quarta-feira e foram atribuídos a
grupos do crime organizado, mas não
deixaram feridos. A violência se
tornou um dos principais temas das
campanhas presidenciais de Luisa
González, candidata apadrinhada pelo
ex-presidente Rafael Correa, e de
Daniel Noboa, filho do bilionário do
setor bananeiro Álvaro Noboa.
Segundo autoridades equatorianas,
os alvos dos ataques eram
autoridades ligadas ao serviço
penitenciários. Seis suspeitos foram
presos. Na foto, polícia inspeciona
carro-bomba em frente à sede da
administração de presídios, em Quito.
portador do produto.
Os preços do petróleo dispara-
ram para o nível máximo dos úl-
timos dos últimos seis meses, aci-
ma dos US$ 88 por barril, em
Londres, no mês passado. Mas
desde então passaram a dimi-
nuir. A retração representa riscos
para a economia dos sauditas,
que viram as suas reservas cam-
biais caírem para o nível mais
baixo desde 2009.
Embora Novak não tenha forne-
cido um valor de base preciso, da-
dos obtidos pela Bloomberg mos-
tram que a Rússia exportou em
média de 4,86 milhões de barris
por dia de maio a junho por via
marítima e por oleodutos.
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Xi planeja se ausentar da
cúpula do G-20 em meio
à tensão com a Índia
Henry Foy, John Reed e Joe Leahy
Financial Times,
de Bruxelas, Nova Déli e Pequim
O presidente da China, Xi Jin-
ping, não planeja participar da cú-
pula do G-20 em Nova Déli, em se-
tembro, segundo autoridades, o
que será um golpe ao fórum que
reúne as principais economias
mundiais, que tem sofrido com di-
vergências profundas.
A decisão de Xi de não compare-
cer à reunião de líderes do G-20 pe-
la primeira vez foi tomada depois
que ele teve uma posição domi-
nante na cúpula dos Brics da sema-
na passada, quando comandou os
planos para expandir o clube de
países em desenvolvimento que
Pequim visualiza como rival de
agrupamentos ocidentais lidera-
dos pelos Estados Unidos.
Em seu lugar, a China pretende
enviar o primeiro-ministro, Li
Qiang, para participar da cúpula
do G-20 na capital indiana, nos
dias 9 e 10 de setembro, de acordo
com três autoridades ocidentais,
que falaram sob condição de não
terem seus nomes revelados.
É muito provável que a ausência
de Xi seja encarada como um revés
para o governo do premiê Naren-
dra Modi que tem usado a presi-
dência rotativa do G-20 para dar
mais visibilidade à economia em
expansão da Índia e à sua influên-
cia geopolítica crescente.
O não comparecimento de Xi
também acaba com as esperanças
de um encontro entre ele e o presi-
dente dos EUA, Joe Biden, no even-
to. Os dois reuniram-se pela última
vez em novembro, durante a cúpu-
la anterior do G-20, em Bali.
“A China não quer
que a Índia tenha
um G-20
bem-sucedido”
Indrani Bagchi
A tensão entre a Índia e a China
continua forte, em especial por
causa de disputas na fronteira en-
tre os dois países no Himalaia.
Um porta-voz do governo india-
no não quis comentar a notícia. O
Ministério das Relações Exterio-
res da China não respondeu a um
pedido de comentários.
O G-20 tem sofrido com inúme-
ras divergências entre seus mem-
bros ocidentais e alguns países em
desenvolvimento, como China e
Rússia, em especial a respeito da
guerra na Ucrânia e das mudanças
climáticas. Para diplomatas, não
há muita expectativa de que esta
cúpula consiga grandes avanços.
Segundo autoridades ociden-
tais, a decisão de Xi de não partici-
par da reunião do G-20 seria um
golpe para sua importância. O pre-
sidente chinês viajou para a África
do Sul para participar da cúpula
dos Brics, e lá disse que o plano de
expandir o grupo de 5 para 11
membros “atende às expectativas
da comunidade internacional e
serve aos interesses comuns dos
mercados emergentes e dos países
em desenvolvimento”.
Desde que assumiu como presi-
dente, em 2013, Xi participou de
todas as reuniões de cúpula do G-
Nikkei Asia, de Nova Déli
A economia da Índia acelerou
seu ritmo de crescimento no se-
gundo trimestre, impulsionado
por um setor de serviços aquecido
e pelo aumento nos gastos do go-
verno. O Produto Interno Bruto
(PIB) se expandiu a uma taxa
anual de 7,8% entre abril e junho, a
maior alta em quatro trimestres.
Esse resultado manteve a Índia
como a grande economia mundial
com crescimento mais rápido. A
economia vizinha da China cres-
ceu 6,3% no mesmo período.
Os gastos públicos “foram o
principal motor do crescimento
porque [uma grande parte] dos in-
| Valor | A15
RICARDO STUCKERT/PR
Ausência de Xi frustra expectativas
20, por considerá-las como a prin-
cipal oportunidade da China para
reafirmar sua primazia geopolítica
na competição global contra os
EUA, de acordo com Zhang
Baohui, professor da Universidade
Lingnan, em Hong Kong.
“Ele nunca faltou a uma reunião
do G-20 antes porque elas são oca-
siões essenciais para a China tentar
moldar a narrativa mundial. O G-
20 oferece à China essa plataforma
para prevalecer sobre as mensa-
gens americanas”, disse Zhang. Na
sua avaliação, Li não terá o mesmo
impacto na cúpula.
A Índia e a China estão em con-
flito há mais de três anos por causa
de uma antiga disputa de fronteira
que em 2020 descambou para a
violência. Naquele ano, um con-
fronto na região do vale do rio
Galwan, no leste de Ladakh, dei-
xou pelo menos 24 mortos.
Nova Déli já assegurou que
não reatará relações normais
com Pequim até que a disputa na
fronteira seja resolvida.
Diplomatas ocidentais e analis-
tas indianos dizem que tem sido
difícil negociar com as autorida-
des chinesas nos grupos de traba-
lho que antecedem a cúpula em
várias áreas, que vão da saúde às
mudanças climáticas.
Alguns indianos especulam
que Pequim pretende enfraque-
cer o fórum, e sua reunião de cú-
pula final, em um momento em
que a influência econômica e de-
mográfica da Índia tem crescido
e Modi está preparado para ocu-
par o centro das atenções.
“A China não quer que a Índia
tenha um G-20 bem-sucedido – é
simples assim”, disse Indrani
Bagchi, executivo-chefe do
think-tank indiano Ananta As-
pen Centre. “A Índia demorou al-
gum tempo para perceber que
Pequim se oporia com unhas e
dentes à sua ascensão.”
Zhang acredita que a China to-
mará o cuidado de explicar à Ín-
dia por que Xi não poderia parti-
cipar da cúpula, para garantir
que não haja nenhum incidente
diplomático. Ele acrescentou
que Xi e Modi reuniram-se na cú-
pula dos Brics na África do Sul, e
assim tiveram uma oportunida-
de recente de falar sobre sua dis-
puta de fronteira.
O presidente russo, Vladimir
Putin, também não tem planos de
participar das negociações do G-
20, segundo informou o Kremlin
na semana passada. Putin já não ti-
nha participado da cúpula de Bali.
vestimentos, tanto a nível central
como estatal, foi implementada”,
disse N.R. Bhanumurthy, da BASE
University, de Bengaluru.
O ritmo da Índia esteve em li-
nha com as expectativas, disse
Bhanumurthy. Mas ele acrescen-
tou que as previsões apontam pa-
ra um crescimento mais vigoroso
no primeiro semestre do ano fis-
cal, iniciado em abril, do que no
segundo semestre. “As exporta-
ções de serviços mostraram um
salto surpreendente no primeiro
trimestre”, disse. “Mas daqui para
frente, não tenho certeza se tere-
mos um tipo de crescimento igual,
pois esperamos uma desacelera-
ção nos países avançados.”
A16 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Opinião

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pós quase um ano e meio de alta de juros e de etc), com uma variação de preços tida no máximo como Catherine Vieira Stela Campos Marcos de Moura e Souza
uma política monetária contracionista, a “modesta”. Esse tipo de serviços compõe metade do núcleo (catherine.vieira@valor.com.br) (stela.campos@valor.com.br) (marcos.souza@valor.com.br)
Fernando Torres Editor de Cultura Maria Cristina Fernandes
economia americana continua a exibir uma de inflação dos gastos pessoais e seu recuo é vital para que a (fernando.torres@valor.com.br) Hilton Hida (mcristina.fernandes@
intrigante e incômoda vitalidade. No ciclo mais inflação volte a ser bem comportada. Robinson Borges (hilton.hida@valor.com.br) valor.com.br)
(robinson.borges@valor.com.br) Editor de Legislação Marli Olmos
rápido de elevação das taxas em 40 anos, o A dificuldade reside no fato de que os serviços não Sergio Lamucci & Tributos (marli.olmos@valor.com.br)
desemprego mal aumentou, o mercado de trabalho residenciais respondem pouco a eventuais gargalos de (sergio.lamucci@valor.com.br) Arthur Carlos Rosa Mônica Scaramuzzo
(arthur.rosa@valor.com.br) (monica.scaramuzzo@
continua aquecido, o consumo segue vigoroso e a inflação oferta nas cadeias produtivas, são em geral menos sensíveis Zinia Baeta
(zinia.baeta@valor.com.br) Editora Visual valor.com.br)
resiste a cair. Os dados divulgados ontem contradizem à taxa de juros e intensivos em trabalho. Ao mesmo tempo, Sucursal de Brasília Multiplataformas Correspondente
Luciana Alencar internacional
alguns anteriores. O PIB americano do segundo trimestre foi são altamente influenciáveis pela renda disponível e pela Fernando Exman
(luciana.alencar@valor.com.br) Assis Moreira (Genebra)
(fernando.exman@valor.com.br)
revisto para baixo, a um crescimento anual de 2%. O situação do mercado de trabalho. Há progressos, mas lentos, Sucursal do Rio Editora Valor Online (assis.moreira@valor.com.br)
Paula Cleto
consumo no mês de julho, porém, subiu acima da nesses dois indicadores. Francisco Góes
(paula.cleto@valor.com.br)
Correspondentes nacionais
Cibelle Bouças (Belo Horizonte)
(francisco.goes@valor.com.br)
expectativa, para 0,8% e, mais preocupante, a inflação Segundo Powell, a pressão sobre a folha de pagamentos Editora do Núcleo de
Editora Valor PRO (cibelle.boucas@valor.com.br)
Roberta Costa
medida pelos gastos pessoais de consumo, a preferida do diminuiu, enquanto que a semana de trabalho média e o Política e Internacional
roberta.costa@valor.com.br
Marina Falcão (Recife)
(marina.falcao@valor.com.br)
Fernanda Godoy
Federal Reserve, assim como seu núcleo, aumentou. O PCE número de horas trabalhadas deixou de crescer. Ainda que os (fernanda.godoy@valor.com.br)
Coordenador Valor Data
William Volpato
avançou de 3% para 3,3%, e o núcleo, que exclui as variações reajustes salariais tenham se moderado, o salário real, segundo Editor de Brasil
(william.volpato@valor.com.br)
Eduardo Belo VALOR INVESTE
de alimentos e energia, foi de 4,1% para 4,2% em um ano. Powell, “está subindo porque a inflação caiu”. O Fed espera que (eduardo.belo@valor.com.br)
Editora de Projetos
Editora: Daniele Camba
Especiais
Dados pontuais não mudarão a orientação do BC americano os reajustes de salários se adequem a ritmo compatível com a Editora de Tendências
Célia Rosemblum(celia. (daniele.camba@valor.com.br)
que, já bastante avançado no ciclo de aperto, com juros a 5,5%, meta de inflação — algo como 3,5% ao ano. Eles atingiram o & Consumo e Tecnologia
rosemblum@valor.com.br) PIPELINE
Cynthia Malta
reafirmou que procederá com muita cautela nas próximas pico de 5,9% em março de 2022 e recuaram a 4,4% ao ano em (cynthia.malta@valor.com.br)
Repórteres Especiais
Adriana Mattos
Editora: Maria Luíza Filgueiras
(maria.filgueiras@valor.com.br)
reuniões diante do dilema entre não subir mais os juros e julho passado. Não há como isso ocorrer sem desaquecimento Editor de Indústria (adriana.mattos@valor.com.br)
e Infraestrutura VALOR INTERNATIONAL
ratificar uma inflação que se encontra ainda muito acima da pelo menos moderado do emprego, que ainda não veio. Ivo Ribeiro
Alex Ribeiro (Brasília)
(alex.ribeiro@tvalor.com.br) Editor: Samuel Rodrigues
meta de 2% ou subir mais as taxas, o que poderia causar danos O cenário risonho de uma queda por gravidade da inflação a (ivo.ribeiro@valor.com.br) César Felício (samuel.rodrigues@valor.com.br)
Editor de Agronegócios
desnecessários à economia. Boa parte dos investidores aposta partir de agora é o menos provável. O avanço do consumo em Patrick Cruz
(cesar.felicio@valor.com.br)
Daniela Chiaretti
que os juros não subirão mais, a inflação vai cair e a economia julho foi forte, mas pode arrefecer em seguida. A consultoria patrick.cruz@valor.com.br (daniela.chiaretti@valor.com.br) NOVA GLOBO RURAL
Editora de Finanças
realizará um “pouso suave”, evitando a recessão. O Fed não Oxford Economics aposta nisso, e em uma recessão leve a partir Talita Moreira
Fernanda Guimarães Editor-executivo:
Cassiano Ribeiro
(fernanda.guimaraes@
compartilha dessa visão, mas também não a descarta. do último trimestre, porque a renda pessoal em julho subiu (talita.moreira@valor.com.br) valor.com.br) cassianor@edglobo.com.br
A mais recente visão do futuro da política monetária foi apenas 0,2% e a disponível não variou. A conclusão: é a
Valor PRO / Diretor de Negócios Digitais Tarcísio J. Beceveli Jr. (tarcisio.junior@valor.com.br)
delineada por Jerome Powell, presidente do banco, em poupança feita durante a pandemia que está impulsionando os Para assinar o serviço em tempo real Valor PRO: falecom@valor.com.br ou 0800-003-1232
encontro anual em Jackson Hole. Qualitativamente, o gastos e ela está perto do esgotamento. Essa poupança atingiu Diretora Editorial de Marcas e Projetos Especiais Sandra Boccia (sboccia@edglobo.com.br)
discurso de Powell não difere da ata da ultima reunião do 35% da renda pessoal no pico da pandemia e em julho caiu a Filiado ao IVC (Instituto Verificador de Comunicação) e à ANJ (Associação Nacional de Jornais)
Fed. Há a promessa de que o banco não esmorecerá até que a 3,5%. Se esse cenário se confirmar, o Fed não teria mais motivo Valor Econômico Av. 9 de Julho, 5229 – Jd. Paulista – CEP 01407-907 – São Paulo - SP. Telefone 0 xx 11 3767 1000

inflação rume claramente para a meta — e a certeza de que
isto ainda levará algum tempo para ocorrer. Uma das
dúvidas é se a dose de juros já aplicada é suficiente para
atingir o objetivo, dada as defasagens de tempo entre o
aumento e seus efeitos econômicos, ou se serão necessárias
doses adicionais. “Estamos navegando guiado pelas estrelas
com um céu carregado de nuvens”, resumiu Powell.
O mapa da conduta da inflação desenhado por Powell é
conhecido. Até agora, a inflação de bens, com o aperto
monetário, declinou forte e rapidamente. O mesmo
desempenho não teve a inflação do setor imobiliário, mas o
presidente do Fed acredita que o aumento das hipotecas,
que atingiram 7% ao ano, reduzirá a variação dos preços no
setor. O problema principal está localizado no setor de
serviços não-residenciais (saúde, acomodações, transportes
nenhum para aumentar os juros e começaria a cortá-los em Departamentos de Publicidade Impressa e On-line
SP: Telefone 0 xx 11 3767-7955, RJ 0 xx 21 3521 1414, DF 0 xx 61 3717 3333.
meados de 2024. Legal SP 0 xx 3767 1323
A economia tem resistido aos juros altos por outro motivo, Redação 0 xx 11 3767 1000. Endereço eletrônico www.valor.com.br
Sucursal de Brasília SCN Quadra 05 Bloco A-50 – Brasília Shopping – Torre Sul – sala 301 –
que é mencionado eventualmente e com discrição nas atas do 3º andar – Asa Norte – Brasília/DF - CEP 70715-900
Sucursal do Rio de Janeiro Rua Marques de Pombal, 25 – Nível 2 – Bairro: Cidade Nova –
Fed, que, por princípio, é muito comedido ao comentar Rio de Janeiro/RJ – CEP 20230-240
assuntos sob jurisdição de poderes eleitos. Há um enorme Publicidade - Outros Estados
impulso fiscal advindo de pacotes do governo Biden. O déficit BA/SE/PB/PE e Região Norte Canal PR - SEC - Soluções Estratégicas SC - Marcucci & Gondran
Chetto Comun. e Rep. em Comercialização Associados
público deverá fechar o ano em 6,3% do PIB, segundo a empresa Tel./Fax: (71) 3043-2205 Tel./Fax: (41) 3019-3717 Tel./Fax: (48) 3333-8497 /
de rating Fitch, um acréscimo nada modesto em relação aos MG/ES - Sat Propaganda RS - HRM Representações 3333-8497
Tel./Fax: (31) 3264-5463/3264-5441 Tel./Fax: (51) 3231-6287 / 3219-6613
3,7% do PIB registrados em 2022, de US$ 660 bilhões. Para contratação de assinatura e atendimento ao assinante, entre em contato pelos canais:
Com a inflação ainda longe da meta, não será surpresa se o Call center: 0800 7018888, whatsapp e telegram: (21) 4002 5300. Portal do assinante:
portaldoassinante.com.br. Para assinaturas corporativas e-mail: corporate@valor.com.br
Fed elevar os juros no curto prazo, ainda que não na reunião Aviso: o assinante que quiser a suspensão da entrega de seu jornal deve fazer esse pedido à
de 20 de setembro. Nos EUA, como em certa medida no central de atendimento com 48 horas de antecedência
Brasil, a política fiscal vai em sentido oposto à política Preço de nova assinatura anual (impresso + digital) para as regiões Sul e Sudeste: R$ 1.738,80
ou R$ 144,90 mensais. Demais localidades, consultar o Atendimento ao Assinante.
monetária, tornando mais lenta a queda da inflação. Tel: 0800 7018888. Carga tributária aproximada: 3,65%

.
Alternativas estão a caminho, como parcelado emissor e pix garantido. Por Reinaldo Le Grazie e Pedro Eroles

Rotativodocartãoeparceladosemjuros:paraondecaminhamos?
O
histórico da indústria
de pagamentos no Bra-
sil traz diversas evidên-
cias de que muitas faci-
lidades de hoje foram disponibi-
lizadas de forma precoce, seja pe-
la conveniência e inovação do
produto, seja por um ímpeto de
promoção de maior competição.
A indústria de pagamentos no
Brasil sempre foi muito eficiente
e, nos últimos anos, surgiram vá-
rios novos participantes ofere-
cendo produtos inovadores. Aos
clientes, foram oferecidos novos
cartões, plataformas eletrônicas
e atendimento remoto. Aos co-
merciantes, alternativas de rece-
bimento de forma diferenciada,
possibilidade de antecipação dos
recursos e recebimento em con-
tas digitais providas por institui-
ções não bancárias. Nesse am-
biente, o parcelado sem juros,
que foi a sequência do cheque
pré-datado, sempre foi um ins-
trumento muito relevante para o
comércio e considerado uma “ja-
buticaba” brasileira.
No âmbito desse processo di-
nâmico e considerando o pro-
gresso na digitalização de paga-
mentos, a atividade de adquirên-
cia por si só passou a ter menor
competitividade, precisando
agregar oferta de crédito e tecno-
logia para acelerar a integração
com a retaguarda do estabeleci-
mento comercial, trabalhando
para a construção de um ecossis-
tema de pagamentos. Percebe-se,
então, que a capacidade de com-
petir anda lado a lado com a de
agregar outros serviços.
Hoje, com o benefício do olhar
retrospectivo, observamos que o
mercado oferece prazos variados
de liquidação (cada qual com
suas condições), a distribuição
do market share é menos con-
centrada, a base é mais ampla e
até mesmo a “jabuticaba” do par-
celado sem juros tem um primo
estrangeiro chamado BNPL (Buy
Now, Pay Later).
Em um pagamento qualquer
com cartão de crédito, podemos
dizer que a jornada do cliente se
inicia na instituição que emite o
cartão para o cliente (em geral,
um banco ou uma instituição de
pagamento). São essas institui-
ções que arcam com o risco de o
cliente não pagar a fatura, tanto
para compras a vista ou a prazo.
Portanto, o emissor do cartão
tem contato principal com o
cliente pessoa física e, entre o
emissor e a ponta final que cha-
maremos de lojista, há vários ou-
tros provedores de serviço, tais
como as bandeiras e as maquini-
nhas (credenciadoras ou subcre-
denciadoras). São as empresas de
maquininhas que têm o contato
com esse chamado cliente final, o
estabelecimento comercial.
Quando o cliente, com o car-
tão de crédito na mão, faz uma
compra e não paga, o lojista não
deixará de receber. O emissor do
cartão é quem paga a maior parte
do custo da inadimplência que,
por sinal, nesse mês de agosto,
bateu o recorde histórico. Os ou-
tros participantes do modelo
também perdem algo, mas a
maior parte do prejuízo da ina-
dimplência fica com a instituição
emissora do cartão.
Para fazer frente ao custo ope-
racional e ao risco de inadim-
plência, o emissor se remunera
de duas maneiras: uma comissão
conhecida com Taxa de Inter-
câmbio (TIC) e pela cobrança de
juros sobre os clientes que atra-
sam o pagamento do cartão, o fa-
moso rotativo. É aqui que existe a
relação entre o rotativo e o parce-
lado sem juros. Ou seja, o impor-
tante instrumento de consumo
“parcelado sem juros” depende
da receita do juro via o “rotativo”.
Quando o emissor tiver receita
menor via o “rotativo”, deverá ser
compensado pela maior TIC ou
por menor inadimplência.
Como a inadimplência au-
menta junto com o prazo da
operação, uma das sugestões é
reduzir o número de parcelas.
Assim trocar-se-ia a receita do
rotativo pelo menor custo da
inadimplência.
O outro lado da equação é que,
ao encurtar o prazo para paga-
mentos, o consumo tende a re-
cuar impactando a atividade eco-
nômica como um todo. Assim, o
coro é forte em defesa desse po-
deroso instrumento facilitador
do comércio.
Porém, esse é um equilíbrio
tênue. O custo de crédito no Bra-
sil é alto por várias razões, a co-
meçar por um imposto chama-
do IOF, que foi instituído como
regulatório e se tornou fonte de
arrecadação. Essa é maneira
mais eficiente de reduzir o custo
do financiamento do consumi-
dor de baixa renda e só depende
da contribuição do governo. Ou-
GUILHERME RESENDE/PIXABAY
Parte dos incumbentes de hoje
são os novos entrantes da década
passada e um novo tsunami pode
acontecer nesse mercado.
Há anos se fala que algo teria
que ser feito com relação aos
elevados juros do rotativo do
cartão de crédito no Brasil e pa-
rece que, dessa vez, de fato será
feito. Intervenção estatal mexe
com os modelos de negócios,
para o bem ou para o mal, prin-
cipalmente quando é via preços
e, portanto, independente do
mérito, o provável estabeleci-
mento do limite está chegando e
vai mudar tanto o produto em si
quanto as relações com outros
serviços disponíveis.
Já para o parcelado sem juros,
que também há anos se fala que
tem que mudar, tudo indica que
não deve ter alteração no mo-
mento, mas é muito provável
que terá em breve. Que não se
durma em berço esplêndido,
porque muitas alternativas es-
tão a caminho, tais como, parce-
lado emissor, pix garantido e
outras opções que virão para
disruptar o status quo, ideias es-
sas que talvez ainda nem este-
jam no cenário, mas que encon-
tram solo fértil com a tecnologia
disponível e o ambiente compe-
tros motivos do alto custo de ca- titivo que se construiu com a re-
pital deixaremos para outra gulação adequada.
oportunidade. É impossível ter a certeza de
Portanto, se nos últimos anos como será o desenho da indús-
assistimos uma revolução em pa- tria brasileira de pagamentos no
gamentos no Brasil, com mais futuro, mas com a demonstração
competição, com produtos mais que o mercado vem dando em
eficientes, seguros e baratos, on- ser inovativo e implacável, tudo
de os incumbentes foram surpre- indica que será uma evolução
endidos com a postura empreen- agradável de assistir.
dedora dos novos entrantes, com
a oferta de tecnologia que permi- Reinaldo Le Grazie é sócio da Panamby
tiu fazer melhor e mais barato, Capital e ex-diretor de Política Monetária
essa história pode se repetir. O do Banco Central do Brasil.
tsunami desbancou vários in- Pedro Eroles é sócio do TozziniFreire
cumbentes de então. Advogados.

Opinião
Escolhas de política econômica
Armando Castelar
Pinheiro
E
m artigo de 1992, inti-
tulado “Law or Econo-
mics”, George Stigler
observa que “enquanto
a eficiência constitui-se no pro-
blema fundamental dos econo-
mistas, a justiça é a preocupação
que norteia os homens do direi-
to (...) é profunda a diferença”
entre esses dois focos, o que “sig-
nifica, basicamente, que o eco-
nomista e o jurista vivem em
mundos diferentes e falam dife-
rentes línguas”.
O mesmo poderia ser dito, claro,
em relação a economistas e políti-
cos, estes mais focados na popula-
ridade e no impacto eleitoral dos
seus atos. Isso explica muito da
frustração dos economistas por
não emplacar reformas econômi-
cas cujos benefícios lhes parecem
claros. O que não significa que ha-
ja erro: em uma democracia os po-
líticos procuram refletir, em suas
escolhas, as preferências de seus
eleitores, como deveria ser.
Grupo deu grande passo, mas não está claro em direção a quê. Por Carlos Carvalho e João Gabriel
Brics e o alargamento da ordem mundial
N
ão faz muito tempo, se-
ria inconcebível uma
iniciativa diplomática
reunindo Arábia Sau-
dita e Irã, sem convocação de paí-
ses ricos, e já com China e Índia,
também arquirrivais. E que nesse
arranjo entrassem Egito e Emira-
dos Árabes Unidos, tão desseme-
lhantes, mais Argentina, junto
com Etiópia, nunca incluída em
algo de tal magnitude, apesar do
peso demográfico e de sediar a
União Africana.
O Brics deu um grande passo,
mas não está claro em direção a
quê. Com onze integrantes, cres-
cem as diferenças internas e os de-
safios a elementos básicos da dinâ-
mica do grupo — baixa institucio-
nalização, decisões por unanimi-
dade, não limitação de iniciativas
diplomáticas e econômicas de ca-
da membro. Ficam maiores as difi-
culdades para consensos em temas
geopolíticos, com as diferenças
existentes já entre fundadores, ca-
so de Índia e China. Como referên-
cia, o G-7 tem maior grau de coe-
são entre seus membros na formu-
lação de agendas internacionais.
A persistência e a ampliação do
Brics são notáveis. Sinais de mul-
tipolaridade? Pode ser, mas não
há indícios de que o grupo esteja
se tornando um polo de projeção
de poder. Os membros podem
tentar fazer isso com capacidades
próprias, mas não estão à vista
projetos comuns neste sentido.
Nunca houve indicações de pre-
ferências comerciais e muito me-
nos de compromissos militares.
Cada membro utiliza o Banco co-
mo mais uma opção de financia-
mento. Propostas de moeda co-
mum são apenas declarações e o
uso de moedas próprias em tran-
sações bilaterais obedece a inte-
resses localizados de cada país.
As motivações para desenvolver
algo tão original podem ser me-
lhor entendidas como parte de um
alargamento da ordem interna-
cional vigente, um debilitamento
da capacidade dos EUA e de seus
aliados de conduzir o mundo. O
Brics nunca se colocou como alter-
nativa a esta ordem. Desde o come-
ço, propõe a ampliação das mesas
de negociação internacional. Os
participantes exploram espaços
que vão se abrindo, para defender
seus interesses e para avançar em
composições difíceis, como apro-
ximar rivais em regiões críticas do
Oriente Médio.
Os membros desenvolvem sua
própria política externa e explo-
ram conflitos com os EUA seguin-
do seus interesses. Nova Delhi uti-
Por outro lado, isso também
não elimina o custo de se esco-
lherem políticas econômicas ine-
ficientes, como bem mostra o
baixo crescimento de nosso PIB
per capita há tantas décadas, a
despeito de todo nosso poten-
cial. Ou o que acontece atual-
mente com a Argentina, onde as
taxas de inflação e de pobreza so-
bem “a olhos vistos”.
Essa questão me veio à mente
assistindo ao “talk show” ocorri-
do esta semana na cerimônia de
entrega do prêmio Valor 1000,
com os relatores da reforma tri-
butária na Câmara e no Senado.
Muito da conversa acabou giran-
do em torno da necessidade de,
no contexto da reforma, se colo-
car um teto para a carga tributá-
ria. Assim, segundo o senador
Eduardo Braga, “entendemos co-
mo profundamente importante
a limitação da carga tributária no
texto constitucional”.
Essa é uma proposta relevante
por pelo menos três fatores. Pri-
meiro, pois, como lembrado no
“talk show”, a experiência da re-
forma do PIS/Cofins mostrou
que, na ausência de uma trava ex-
plícita, a promessa de não au-
mentar a carga corre o risco de
não ser cumprida. Isso inclusive
pela incerteza de se garantir que
a arrecadação será a mesma, o
que leva a se preferir errar para
mais do que para menos na fixa-
ção das alíquotas.
Não há indícios de que o
Brics esteja se tornando
um polo de projeção de
poder. Os membros
podem tentar fazer isso
com capacidades
próprias, mas não estão à
vista projetos comuns
neste sentido. Nunca
houve indicações de
preferências comerciais e
compromissos militares
Segundo, pois muito da nego-
ciação federativa em curso sobre a
reforma tributária vem sendo
equacionada abrindo-se as portas
para aumentar outros tributos que
não aqueles incidentes sobre o
consumo, que são o objeto em si
da reforma. Assim, a proposta
aprovada na Câmara dá espaço pa-
ra se elevar impostos como o IPTU,
o IPVA e o ITCMD, além de criar a
possibilidade de os Estados passa-
rem a tributar produtos primários
e semielaborados.
Maior tributação vai
estimular a
informalidade, gerar
ineficiências diversas e
afastar os investimentos
Terceiro, pois a política fiscal
que está hoje colocada se baseia
em um forte aumento da carga tri-
butária, de forma a gerar superá-
vits primários em um contexto de
expansão real do gasto público. A
previsão mediana do Prisma Fiscal
de agosto é que o Governo Central
feche este ano com déficit primá-
rio de 1% do PIB, que cairia para
0,8% do PIB em 2024. O resultado
seria uma dívida bruta de 79% do
PIB ao final de 2024, que, de acor-
do com o Boletim Focus, seguiria
subindo nos anos seguintes.
Para estabilizar a relação dívi-
da/PIB, dados o potencial cresci-
liza laços com Washington para
se contrapor a Pequim. Em 2020
tropas indianas e chinesas trava-
ram escaramuças no Himalaia,
sem que isso afetasse o Brics. A Ín-
dia quer evitar maiores atritos
com vizinhos e preservar o equilí-
brio regional sem se vincular com
um dos lados em conflito, o que
inclui manter a parceria com a
Rússia, em material bélico e com-
bustíveis, e em paralelo cortejar
os EUA. Biden tenta aproximar os
indianos de outros parceiros em
temas difíceis, caso do Brasil nos
biocombustíveis (Valor, 21/8), te-
ma que já motivou disputas na
OMC entre ambos.
Para a Rússia o Brics facilita o
diálogo com potências regionais,
apesar de pressões ocidentais. A
condenação de Putin no Tribunal
Penal Internacional (TPI) desa-
conselhou sua presença na África
do Sul, mas gerou controvérsias
no país: diante da imposição de
prender o presidente russo, lide-
ranças do governo sul-africano
ameaçaram deixar a jurisdição
do TPI. A diplomacia russa reafir-
ma compromissos com parceiros
africanos no suprimento de
grãos, com a retomada de blo-
queio militar no Mar Negro e as
crises alimentares em diversos
países do continente.
Conflitos de interesses entre os
membros do Brics não são peque-
nas, mas do outro lado também
não o são. O governo Biden se es-
força para que Japão e Coreia do
Sul, dois de seus principais parcei-
mento da economia e a taxa neu-
tra de juros, seria necessário ge-
rar um superávit primário entre
2% e 2,5% do PIB: ou seja, 3% a
3,5% do PIB a mais do que se tem
hoje. E, como o modelo atual de
política econômica não prevê se-
gurar o gasto público, que tende
a continuar crescendo, esse re-
sultado só seria possível via forte
aumento da carga tributária, co-
mo vem se buscando fazer de va-
riadas maneiras.
Há, porém, dois complicado-
res importantes. Um, que o cená-
rio econômico, internacional e
doméstico, tende a se complicar
nos próximos anos. Lá fora, a ten-
dência é que o PIB mundial cres-
ça menos, mas ainda assim as
pressões inflacionárias sigam
fortes. Isso por conta de pressões
vindas da desglobalização das
cadeias de produção e da substi-
tuição do petróleo por fontes
mais limpas de energia. Além
disso, como também aqui den-
tro, o aumento do endividamen-
to público e políticas fiscais mais
expansionistas vão pressionar a
taxa neutra de juros, como vimos
ocorrer após o abandono do teto
de gastos. No Brasil, também sen-
tiremos o fim do bônus demo-
gráfico. Tudo isso pode fazer com
que o superávit primário neces-
sário para estabilizar a razão dí-
vida/PIB seja ainda mais alto.
Outro complicador é que o
Brasil já tem uma carga tributá-
ros asiáticos, resolvam conflitos de
longa data que seguem vivos e sen-
síveis. Nos últimos dias, imprensa
e forças políticas coreanas reagi-
ram à decisão japonesa de despe-
jar milhões de litros de água trata-
da de Fukushima no mar. Embora
a Agência Internacional de Ener-
gia Atômica (AIEA) certifique que
não há níveis perigosos de radioa-
tividade, não se sabe qual o impac-
to do trítio no ecossistema maríti-
mo e na indústria pesqueira.
E a diplomacia dos EUA conti-
nua criando conflitos com países
do Brics que procura atrair. Em
21/08 a Austrália anunciou a in-
tenção de comprar duzentos mís-
seis americanos Tomahawk en-
quanto busca ampliar sua indús-
tria militar diante da escalada de
tensões com a China. A operação é
parte da parceria AUKUS, acordo
militar que liga Austrália, EUA e
Reino Unido na produção de sub-
marino nuclear a ser operado no
Indo-Pacífico. A China aponta vio-
lação do Tratado de Não-Prolifera-
ção Nuclear (TNP), pois haveria
transferência de tecnologias nu-
cleares entre países signatários do
tratado que permitiriam enrique-
cer urânio para fins bélicos.
Para blindar a AUKUS contra a
acusação, Washington coordena
ações com a AIEA para ampliar re-
gras de fiscalização sobre progra-
mas de produção de submarinos
nucleares, com obrigatoriedade
de todos os países assinarem o Pro-
tocolo Adicional para permitir
maior acesso de técnicos da agên-
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
ria muito alta, como apontado
pelos participantes do “talk
show”. Em 2022, segundo cálcu-
los do Tesouro Nacional, essa
atingiu 33,7% do PIB, basicamen-
te o mesmo que a média da OCDE
(34,1%), um patamar já muito
elevado para um país emergente
como o Brasil.
Aumentos adicionais da carga
tributária vão reduzir ainda
mais o nosso potencial de cresci-
mento econômico. A maior tri-
butação vai estimular a informa-
lidade, gerar ineficiências diver-
sas e afastar os investimentos.
Menos crescimento significa
menor geração de emprego e
renda e renovadas pressões por
mais gasto público.
Faz todo sentido, portanto,
que se discuta estabelecer um te-
to para a carga tributária: nas pa-
lavras do senador Braga, “para
dizer não ao Estado e assim ....,
protegendo, portanto, o contri-
buinte, ... impor ao Estado a ne-
cessidade de rever os seus gas-
tos”. Ir na direção oposta é optar
por um modelo que vai gerar ain-
da menos crescimento e nos dei-
xar ainda mais distantes de aca-
bar com a pobreza no país.
Armando Castelar Pinheiro é
professor da FGV Direito Rio e do
Instituto de Economia da UFRJ e
pesquisador-associado do FGV Ibre e
escreve mensalmente neste espaço.
Twitter: @Acastelar.
cia aos projetos, ao qual já aderi-
ram os países da AUKUS. O objeti-
vo é aumentar a capacidade de
agentes da AIEA certificarem o uso
das tecnologias nucleares exclusi-
vamente para fins pacíficos. Só que
o Brasil entende que a exigência
afeta diretamente seu programa,
ao permitir o acesso de técnicos es-
trangeiros a segredos industriais.
O governo brasileiro busca
manter posição menos assertiva
na disputa entre parceiros ociden-
tais e a China. O ministro Haddad
declarou em 22/8 que o Brics teria
papel complementar ao G-20 e ao
G-7, fala reafirmada por Lula. O
país recuou nas reticências iniciais
à entrada de novos membros, com
os receios de redução de sua posi-
ção relativa, mas conseguiu pe-
queno avanço na conhecida resis-
tência de Pequim à ampliação do
Conselho de Segurança da ONU.
E a inclusão da Argentina,
além de aumentar a influência
regional do Brasil, pode ser um
elemento de estabilização na
grave crise econômica e política
do vizinho. Afinal, diante do pe-
so crescente dos laços econômi-
cos com a China, parece alto de-
mais o custo de recusar convite
desta magnitude, como prome-
tem fazer os candidatos Javier
Milei e Patrícia Bullrich.
Carlos Eduardo Carvalho é professor
do Departamento de Economia da
PUC-SP.
João Paulo Nicolini Gabriel é
doutorando em Ciência Política na UFMG
| Valor | A17
Frase do dia
Desde 2014
estamos vivendo
um problema
crônico no Brasil,
que é a erosão da
base fiscal do
Estado”.
Do ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, que apresentou
orçamento de 2024 com R$ 168
bilhões em receitas adicionais
Cartas de
Leitores
Desafios
O grande desafio que a econo-
mia brasileira tem hoje, é tentar
aumentar o nível de emprego
entre nós e ao mesmo tempo
possibilitar o crescimento das
empresas nacionais. A desonera-
ção da folha de pagamento de 17
setores da economia brasileira, é
uma das tentativas de atingir tal
objetivo, fundamental para a
continuidade da luta rumo à
construção da grande nação que
tanto sonhamos e temos condi-
ções de ser.
José de Anchieta Nobre de Almeida
josenobredalmeida@gmail.com
Futuro
Um exemplo simples e que toda
pessoa sensata, equilibrada e
que pensa no futuro ou num so-
nho a ser atingido (roupa, calça-
do, bicicleta, passeio, residência
própria, carro...) poupar parte do
seu ganho, seja que valor for. Po-
de crer. É assim que funciona pa-
ra se obter êxito. Na vida pública,
com recurso alheio, maior so-
briedade ainda para que a cida-
de, Estado ou país sobreviva de-
centemente. Tenha sempre em
mente que gastar é fácil; difícil é
economizar e reduzir despesas.
Humberto Schuwartz Soares
hs1971tc@gmail.com
Zanin
Parece que os petistas “raiz”, não
entenderam que o presidente
Lula escolheu o advogado Cris-
tiano Zanin Martins para o Su-
premo Tribunal Federal para de-
fender suas causas e não as pau-
tas dos petistas.
Tania Tavares
taniatma@hotmail.com
Repúdio
Quero registrar, como cidadão
curitibano, meu voto de repúdio
a atitude de alguns deputados
estaduais da Assembleia Legisla-
tiva do Paraná, em querer conce-
der honraria de cidadão honorá-
rio ao ex-presidente Jair Messias.
Acho que para uma certa parcela
de políticos da oposição, o resul-
tado democrático das eleições
presidenciais passadas ainda
não foi aceito, e querem dema-
siadamente prolongar um “ter-
ceiro turno”.
Absurdo conceder quaisquer
homenagens a um político que
cultivou a política do ódio, da ig-
norância e da total falta de tole-
rância. Esse infeliz ex-presidente
promoveu a violência entre seus
seguidores, violência nas redes
sociais e nas ruas.
Como dar uma honraria a um
cidadão que zombou das cente-
nas de mortes devido da pande-
mia da covid, tirando sarro de
quem agonizava por falta de ar
nas UTIs dos hospitais?? Um cara
desta natureza, deveria sim, rece-
ber um certificado público de
Votos de repúdio as suas atitudes
e ações que em nada somaram
pela união e tão pouco pela soli-
dariedade entre os brasileiros
em época tão amarga e difícil
que todos nós brasileiros e brasi-
leiras passamos durante a pan-
demia e durante seu desastroso
governo.
Célio Borba
celioborbacwb@gmail.com
Correspondências para
Av. 9 de Julho, 5229 - Jardim
Paulista - CEP 01407-907 - São
Paulo - SP, ou para
cartas@valor.com.br, com nome,
endereço e telefone. Os textos
poderão ser editados.
 A18 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Ambiente Para ex-premiê
britânico, desenvolvimento e
preservação são compatíveis
‘É possível
reduzir suas
emissões e
crescer’, diz
Tony Blair
Rodrigo Carro
De Belém
A visão excludente de que de-
senvolvimento econômico e pre-
servação ambiental são incompa-
tíveis significaria condenar paí-
ses do terceiro mundo à pobreza.
O argumento, esboçado pelo ex-
primeiro-ministro do Reino Uni-
do Tony Blair, indica uma ideia
que perpassa o discurso do políti-
co trabalhista a respeito da crise
climática: o debate sobre o tema
precisa ser inclusivo e levar em
consideração não só a realidade
dos países desenvolvidos.
“É loucura estar numa situa-
ção em que tentamos impedir
países de desenvolver suas reser-
vas de gás natural em circuns-
tâncias em que a alternativa, na
África, por exemplo, seria quei-
mar lenha”, disse Blair ao Valor,
em entrevista durante a Confe-
rência Internacional Amazônia e
Novas Economias, em Belém.
No Brasil a convite do Instituto
Brasileiro de Mineração (Ibram),
que promove a conferência, Blair
se permitiu até uma dose de autoi-
ronia durante sua participação no
evento: “Na política, você começa
mais popular e menos capaz e,
quando você sai, é menos popular
e mais capaz”. Até assumir o posto,
no qual permaneceu de 1997 a
2007, nunca havia exercido cargo
no governo, explicou ele à plateia.
Hoje, compartilha sua expe-
riência na estruturação de políti-
cas públicas com líderes de apro-
ximadamente 40 países da África,
do Oriente Médio, do Sudeste da
Ásia e da Europa Oriental, onde
atua o Instituto Tony Blair para a
Mudança Global. Na pauta da en-
tidade estão temas como transi-
ção energética, descarbonização e
novas tecnologias sustentáveis.
A seguir os principais pontos
da entrevista ao Valor:
Valor: No Brasil, ao longo dos úl-
timos anos e também em 2023, tem
se discutido se desenvolvimento
econômico e preservação do meio
ambiente são objetivos opostos. É
possível perseguir de maneira
bem-sucedida as duas metas si-
multaneamente?
Tony Blair: Eu acho que é neces-
sário perseguir os dois objetivos ao
mesmo tempo. Obviamente, pode
ser um desafio porque a razão pela
qual temos um problema com o
clima é por causa do desenvolvi-
mento econômico ocorrido no
mundo. Por outro lado, hoje en-
frentamos duas realidades e deve
haver uma maneira de conciliá-las.
Uma realidade é de que países
querem se desenvolver e isto não
vai acontecer só no Brasil, na Amé-
rica do Sul. Vai acontecer no Sudes-
te da Ásia, na África, eventualmen-
te, onde a população vai dobrar
nos próximos 30 anos. Então, a ne-
cessidade de desenvolvimento é
uma realidade. Por outro lado, o
clima é outra realidade. Ele está
mudando e está mudando como
resultado da atividade humana. E
você não pode realmente negar is-
so de forma sensata. Então, a ques-
tão é como conciliá-los [os dois ob-
jetivos]. E acho que há apenas duas
maneiras de fazer isso. Uma é en-
contrando os mecanismos finan-
Renda variável ceiros corretos para permitir que a
transição energética aconteça. Pa-
Investidores ra que, à medida que os países se
resgatam US$ 12 desenvolvem, eles façam isso com
energia limpa. Em segundo lu-
bi de bolsas gar, precisamos investir nas tec-
nologias do futuro. Porque a res-
chinesas em posta, no fim, será a tecnologia.
Valor: Num momento que Euro-
agosto pa e Estados Unidos estão investin-
do pesadamente para viabilizar
C3 projetos relacionados à transição
energética, o Brasil tem chances
reais de disputar recursos interna-
cionais para financiar este tipo de
empreendimento?
Blair: Depende pelo que você
está competindo. O Brasil está a
caminho de produzir, acho que
em 2040, quase metade de sua
energia a partir de fontes renová-
veis. Obviamente vocês têm um
potencial enorme para [geração]
eólica e solar. E vocês têm um tre-
mendo potencial para hidrogê-
nio verde. Então, não há nenhu-
ma razão pela qual vocês não pos-
sam, ao mesmo tempo, desenvol-
ver seu setor de energias renová-
veis e também ter uma indústria
inteiramente nova desenvolvida
em torno do hidrogênio verde
[...]. O que o mundo desenvolvido
está fazendo é reduzir suas emis-
sões e, portanto, mostrando que
isso pode ser feito. Mas, como eu
disse, nós precisamos investir nas
tecnologias do futuro. Nós pode-
mos reduzir a demanda de ener-
gia enormemente com uma rede
[elétrica] melhor, através do uso
de materiais melhores e por meio
da captura de carbono, uma tec-
nologia de enorme importância.
Há muito investimento em gera-
ção nuclear de energia, até mes-
mo em [futuras tecnologias] de
fusão nuclear. Então, haverá solu-
ções tecnológicas para isto.
Valor: Conforme já aconteceu no
passado?
Blair: Eu me lembro que a ge-
ração eólica e a solar não eram
competitivas há talvez 20 anos e
hoje são altamente competitivas.
O fato é que vamos ter de achar
uma maneira para permitir aos
países se desenvolverem de for-
ma sustentável. [...] A polarização
da discussão [sobre desenvolvi-
mento versus preservação am-
biental] é, em última análise, um
absurdo porque ambas as reali-
dades existem. E, se ambas exis-
tem, você tem de encontrar uma
maneira de fazê-las coexistirem.
Valor: A dependência mundial
em relação aos combustíveis fósseis
não vai acabar do dia para noite.
Como podemos conciliar metas de
sustentabilidade de longo prazo
com a necessidade imediata de con-
sumo de petróleo, gás e até carvão?
Blair: Com a mudança climáti-
ca, você precisa isolar alguns
problemas e analisá-los especifi-
camente. Tem o desmatamento,
que é obviamente uma parte do
problema: como evitá-lo? Mas
você só pode evitá-lo se houver
fontes alternativas de emprego
para as pessoas e uma economia
alternativa que se desdobra a
partir da proteção ao meio am-
biente. É por isso que aqui, no
Estado do Pará, eles estão ten-
tando se mover em direção a
uma bioeconomia. Há também
um outro aspecto, que é o de se-
tores como o de petróleo e gás, o
de aço, o de alumínio, o setor
químico, que vão ter novamente
de encontrar soluções para seus
altos níveis de emissões de car-
bono. No futuro estaremos dian-
te de um combustível de aviação
sustentável. Estaremos mudan-
do para veículos elétricos ou, pe-
lo menos, para a energia limpa
para o transporte. Todas essas
coisas vão exigir muitas mu-
danças, muitas adaptações.
Valor: Essas mudanças já são vi-
síveis no Reino Unido, por exemplo?
Blair: No Reino Unido, já des-
vinculamos o crescimento [eco-
nômico] do aumento no consu-
mo de energia proveniente de
combustíveis fósseis. E levamos
um período significativo de tem-
po para fazer isso. Mas é possível
reduzir suas emissões e crescer.
Valor: O Brasil e alguns países
“Em termos em desenvolvimento possuem vas-
tas reservas de minerais estratégi-
potenciais, o cos mas, ao mesmo tempo, têm sido
ao longo de décadas ou séculos me-
Brasil tem ros exportadores de commodities. A
demanda crescente por esses insu-
uma enorme mos estratégicos para a transição
energética pode beneficiar o país?
oportunidade Blair: Em termos potenciais, o
Brasil tem obviamente uma
econômica” enorme oportunidade econômi-
ca. Alguns dos minérios [produ-
Tony Blair zidos no país], como o de ferro,
são bastante “tradicionais”, mas
nós continuamos precisando fa-
bricar aço. Então, continuará a
haver demanda por ele. Mas ou-
tros dos seus minerais, como o lí-
tio, vão ser vitais para as tecnolo-
gias relacionadas a baterias e pa-
ra a criação das fontes de energia
renovável que desejamos. [...] O
Brasil é um dos três ou quatro
países mais importantes do
mundo em relação ao clima. Tan-
to por ter a floresta tropical como
por contar com esta extraordiná-
ria reserva mineral, que, se for ex-
plorada e desenvolvida correta-
mente, pode desempenhar seu
papel na revolução verde.
Valor: Na sua participação na
Conferência Internacional Amazô-
nia e Novas Economias, o senhor
disse: ‘Não posso dizer a um líder
africano que o país dele não pode
se desenvolver para conseguir-
mos atingir as metas de emissões
[de carbono]’...
Blair: Acho que a questão está
também em ser sensível e não
dogmático. Por exemplo, o gás
vai ser um combustível de tran-
sição. É loucura estar numa si-
tuação em que tentamos impe-
dir países de desenvolver suas
reservas de gás natural em cir-
cunstâncias em que a alternati-
va, na África, por exemplo, seria
queimar lenha. Ou usar óleo
combustível pesado. Meu argu-
mento é de que é preciso traba-
lhar em soluções que sejam prá-
ticas e, ainda assim, radicais.
Valor: Ainda na sua palestra na
conferência, o senhor pontuou que é
muito mais fácil falar do que fazer e
que, na política, muita coisa não vai
além do discurso, não é realizada. A
mesma coisa acontece no enfrenta-
mento às mudanças climáticas?
Blair: Temo que sim. Porque,
quando você olha para as discus-
sões sobre o clima, na realidade
há cerca de 20 países que real-
mente importam nesse debate.
Infelizmente, diplomacia inter-
nacional não tem a ver com nú-
meros, mas com força. E a verda-
de dos fatos é que Índia, China,
Brasil, Indonésia, Rússia, Arábia
Saudita… Se você olhar para os
maiores países em termos de
emissões, a menos que nós solu-
cionemos os problemas que eles
têm, como em relação ao desen-
volvimento, [não vamos chegar a
uma saída]. Vamos pegar o exem-
plo da Índia. O país precisa cres-
cer, a população precisa de em-
INGRID Ó DE ALMEIDA/DIVULGAÇÃO
pregos, de acesso à energia. Por
isso, acho que a melhor maneira
de lidar com essa discussão sobre
a mudança climática é focar em
problemas específicos em vez de
fazer promessas grandiosas que
nunca dão em nada, de acordo
com a minha experiência.
Valor: Estamos conversando so-
bre o papel dos Estados nacionais
no combate à mudança climática,
mas como será esse Estado do sé-
culo XXI?
Blair: Eu não o chamaria nem
de [Estado] mínimo nem de bu-
rocrático, mas de estratégico. E a
razão para isso é que você precisa
do Estado. Ele desempenha um
papel importante socialmente e
economicamente. Mas a revolu-
ção tecnológica em curso, espe-
cialmente a da inteligência artifi-
cial, deve mudar completamente
a forma como o Estado funciona.
Há toda uma série de processos
que podem ser automatizados
de uma forma que você possa in-
teragir diretamente com o gover-
no pelo seu telefone celular. E há
países que começam a automati-
zar sistemas de planejamento,
parte do sistema legal. A área de
serviços médicos deve passar por
uma revolução completa, na
qual tudo vai girar em torno da
prevenção, e não simplesmente
da cura. Porque você vai poder
diagnosticar melhor as doenças,
desenvolver planos de trata-
mento individuais para proble-
mas médicos individuais. Há to-
da uma gama de mudanças que
vai ocorrer e que vai tornar a ma-
neira do Estado funcionar bas-
tante diferente. E, provavelmen-
te, de uma forma muito mais es-
tratégica sem a necessidade de
uma burocracia pesada.
Valor: Na última quarta-feira,
durante a palestra de abertura
desta conferência internacional,
o ex-secretário-geral da Organi-
zação das Nações Unidas Ban Ki-
moon disse que falta vontade po-
lítica para combater as mudan-
ças climáticas e que muitas vezes
os políticos estão mais interessa-
dos em se reeleger. O senhor con-
corda com essa afirmação?
Blair: Legitimamente, políti-
cos sempre querem ser eleitos.
Não acho que esse seja um novo
fenômeno. Acredito que é possí-
vel assumir as posições corretas
sobre assuntos como o clima e
ainda assim ser eleito. Mas você
precisa ter um plano estratégico.
E eu acho que não é tanto uma
questão de vontade política. É ter
a estratégia política que permite
a você lidar com os problemas
imediatos das pessoas enquanto
constrói as fundações para o fu-
turo. E essa é a arte da política. No
momento, os líderes políticos es-
tão lutando para encontrar uma
maneira de fazer a coisa certa e,
ao mesmo tempo, serem eleitos.
O repórter viajou a convite do Ibram
Educação
Arco investe em
tecnologia e
integração de
plataformas, conta
Sá, presidente B7
Valor B
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Consumo Iniciativa aumenta a arrecadação do governo; atacado e indústria serão os mais impactados
Medida Provisória muda incentivos fiscais
e afeta o lucro de empresas já em 2024
Adriana Mattos
De São Paulo
A publicação ontem (31) no
Diário Oficial da União de uma
medida provisória sobre crédito
fiscal (MP n o 1.185) pegou ataca-
distas e a indústria de consumo de
surpresa, pela mudança completa
do atual sistema de subvenções
para investimento no país.
Essas subvenções resultam da
isenção ou redução de impos-
tos, concedidas por lei como
estímulo à criação ou expansão
de projetos de empresas.
No fim das contas, a medida
altera regras de tributação dos
incentivos fiscais de ICMS, e vai
aumentar a tributação sobre
grandes companhias já em 2024,
caso a MP seja aprovada no Con-
gresso. Se não for aprovada em
120 dias, a MP perde a eficácia.
Indústria, agronegócio e vare-
jo (incluindo atacarejo) são os
que tradicionalmente recebem
mais benefícios fiscais de ICMS.
A intenção da MP é tornar mais
restritivas as formas de se obter o
crédito fiscal oriundo desses in-
centivos para investimentos das
companhias. Foram definidas li-
mitações e impedimentos para se
apurar o direito a esses créditos.
As alterações já vinham sendo
discutidas pelo Ministério da Fa-
zenda há meses, dentro do pacote
de aumento na arrecadação do go-
verno a partir de 2024 — ano em
que o resultado fiscal depende de
uma arrecadação extra de R$ 168,5
bilhões. A expectativa de arrecada-
ção com a MP é de R$ 35 bilhões.
Pelo definido, as receitas oriun-
das de incentivos fiscais passam a
ser normalmente tributadas pelo
Imposto de Renda Pessoa Jurídica
Decreto do vale-refeição
proíbe ‘cashback’ e ‘rebate’
Benefícios
Luciana Marinelli e Edna Simão
De São Paulo e Brasília
O governo federal publicou de-
creto nesta quinta-feira (31) que
reforça o direito do trabalhador à
portabilidade do vale-refeição e
do vale-alimentação e proíbe as
empresas emissoras dos cartões
de benefícios de conceder vanta-
gens como “cashback” para atrair
e reter usuários. Também está
proibido o “rebate” — tipo de bô-
nus ou desconto oferecido para
as empresas que contratam o ser-
viço para os seus funcionários.
O texto traz esclarecimentos
sobre o tema, depois que a medi-
da provisória n o 1.173, que trata-
va da regulamentação do merca-
do de vale-refeição e alimentação
— que movimenta cerca de R$
150 bilhões por ano —, não foi
aprovada pelo Congresso Nacio-
nal e caducou esta semana.
Ao mesmo tempo, algumas in-
definições ainda se mantêm, como
as formas de implementação da
portabilidade. Em tese, o mecanis-
mo já está valendo a partir da pu-
blicação do decreto. No entendi-
mento das empresas do setor, no
entanto, não há como colocá-lo
Desempenho das ações
Cotação a cada 15 minutos - em R$/ação
Grupo Matheus ON
7,3 7,23
7,1 6,98
6,9
6,7 30/ago 31/ago
17h 13h30
Variações -6,92%
No dia
Valor de mercado
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
(IRPJ), pela Contribuição Social so-
bre o Lucro Líquido (CSLL), pela
Contribuição para o Financiamen-
to da Seguridade Social (Cofins)
e pelas contribuições ao Progra-
ma de Integração Social (PIS).
A mudança afeta diretamente o
lucro líquido das companhias, e
investidores e gestores passaram a
fazer cálculos desses impactos on-
tem. As contas envolveram empre-
sas abertas com subvenções dos
Estados. “A notícia é bem ruim, foi
um ‘armagedom’, agora estão fa-
zendo conta para ver o tamanho
[do impacto]”, diz uma fonte.
Segundo estudo do Santander,
as cinco empresas em que benefí-
cios de ICMS mais pesaram na últi-
ma linha do balanço em 2022 são
Soma, Via, Grupo Mateus, SBF
(Centauro e Fisia) e M.Dias Branco.
Ações de algumas dessas em-
presas fecharam o pregão de on-
tem em queda — além do recuo do
Ibovespa, em parte pelo ruído ge-
em prática sem regras sobre co-
mo será feita a migração do saldo
de uma companhia para outra.
“Para todos os que estão na dis-
cussão, há uma interrogação no
ar sobre as regras para o funcio-
namento da portabilidade”, disse
Alaor Aguirre, presidente do con-
selho da Associação Brasileira das
Empresas de Benefícios ao Traba-
lhador (ABBT), que representa
cerca de 20 companhias, incluin-
do as quatro maiores do merca-
do: Alelo, Sodexo, Ticket e VR.
“Entendemos que agora o gover-
no deve ser rápido na discussão
sobre esse tema para não gerar
confusão ou judicialização”.
“Governo e empresas precisarão
retomar as discussões para avaliar
os riscos e a melhor forma de im-
plementação da portabilidade, da-
do que sua operacionalização ain-
da não foi definida no decreto e
ainda não pode ser colocada em
prática pelas empresas e colabora-
dores”, afirmou, em nota, Ademar
Bandeira, presidente da Câmara
Brasileira de Benefícios ao Traba-
lhador (CBBT), formada por novas
entrantes nesse mercado, como
Flash, Swile, Caju e Swap.
O decreto diz que o Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE) “po-
derá dispor sobre as condições de
Assaí ON
11,95
11,81 11,82
11,80
11,65
6,73
11,50
1 50
31/ago 30/ago 31/ago
17h 17h 13h30
4,83% Variações -1,69%
Em 12 meses No dia
R$ 14,8 bilhões Valor de mercado R$ 15,7 bilhões
rado no mercado desde o início da
manhã com a MP, na visão de ana-
listas. Os papéis com maiores re-
cuos, considerando a lista do San-
tander, foram Mateus (-6,92%), So-
ma (-5,43%), Via (-4,51%) e Carre-
four (-3,66%) — Via foi afetada pelo
anúncio de uma oferta de ações.
Hoje o crédito de subvenção é
abatido do imposto de renda, au-
mentando o lucro dos grupos.
Ao se mudar as regras e reduzir
o crédito da subvenção, cai a dedu-
ção do imposto de renda e, conse-
quentemente, isso impacta no re-
sultado final das companhias.
Entre as alterações da MP, passa
a ser proibido computar créditos
não relacionados com investi-
mentos das companhias pela im-
plantação ou expansão de um
empreendimento econômico,
como indústrias, centros de dis-
tribuição, lojas, entre outros.
Portanto, incentivos oriundos
de atividade de custeio, e não de
operacionalização” da portabili-
dade. Além disso, ela poderá ser
alvo de acordo ou convenção co-
letiva. Significa que cada catego-
ria profissional poderá decidir
sobre a aplicação do mecanismo.
A portabilidade foi um dos
pontos previstos na Lei 14.442, de
2022, com o objetivo de aumen-
tar a competitividade desse mer-
cado, bastante concentrado nas
mãos das maiores empresas do
setor. Outro ponto é a interopera-
bilidade, que permite o uso do
cartão de benefício em qualquer
restaurante ou supermercado, in-
dependentemente de sua ban-
deira. Também são esperadas
normas mais específicas para que
este ponto que entre em vigor.
Se não deixou claro alguns as-
pectos, o decreto foi bem explícito
sobre o fim do “rebate” ou de qual-
quer desconto ou bônus concedi-
do por emissoras de cartões para
empresas que adotarem seus
“vouchers”. Esse é um aspecto
considerado fundamental para a
abertura de mercado a empresas
com menor poder econômico.
A proibição do “rebate” já esta-
va em vigor, mas empresas nova-
tas reclamavam que ele conti-
nuava a ser praticado na forma
de outros subsídios. Sob esse
Transporte Veículos
Metrô de SP Kia completa 30
retoma obras da anos no Brasil e
linha 17-Ouro e Gandini ainda
prevê operação sonha com
em 2016 B2 fábrica local B4
Natura ON Carrefour ON
15,40 15,38 10,70 10,65
10,57
15,29
10,45
11,61
15,19 15,10
10,32
10,38
15,18
15,090000
15
5 10,200
31/ago 30/ago 31/ago 31/ago 30/ago 31/ago
17h 17h 13h15 17h 17h 13h15
-36,51% Variações -1,30% 5,27% Variações -3,66%
Em 12 meses No dia Em 12 meses No dia
Valor de mercado R$ 21 bilhões Valor de mercado R$ 21,6 bilhões
investimentos, e que vinham sen- IRPJ, algo que não existia antes.
do dadas por Estados nos últimos Outra mudança é que os valores
anos, não geram benefícios, o que dos benefícios de ICMS só poderão
aumenta a insegurança jurídica ser utilizados em compensação ou
das companhias, disseram ontem ressarcimento após o deferimen-
associações do setor privado. to por parte da Receita Federal.
Além disso, pela MP, o IRPJ e a Ainda ficou definido que o cré-
CSLL não serão mais deduzidos de dito fiscal de IRPJ concedido aos
imediato pelas empresas. Conse- grupos, com origem em investi-
quentemente, a redução de despe- mentos efetivamente realizados,
sas e o efeito de caixa, só ocorrerão terão as receitas reconhecidas
após validação por parte das auto- até 31 de dezembro de 2028.
ridades fiscais. E isso ficará vincu- “Trata-se de uma mudança brus-
lado a entrega da declaração do ca de entendimento sobre tema
que já foi amplamente debatido
nos poderes Legislativo e Judiciá-
“Estados mais rio. Tal medida reforça a insegu-
rança jurídica que existe para in-
distantes do vestir no Brasil”, disse a Associação
mercado Brasileira das Companhias Aber-
tas (Abrasca). Segundo a entidade,
consumidor podem “as empresas precisam de previsi-
bilidade, estabilidade e credibili-
ser prejudicados” dade”, e onerar incentivos fiscais é
um aumento de carga “relevante”
Abrasca para as empresas. “Estados mais
Trabalhador poderá escolher o emissor de seu vale-refeição, mas setor espera regras sobre esse mecanismo
ponto de vista, o decreto foi con- to de marketing usado em outros
siderado bastante positivo. mercados, como o de entrega de
“Ele proíbe o rebate disfarça- refeições e varejo on-line.
do”, afirmou Júlio Brito, diretor- “O ‘cashback’ era um ponto
geral da Swile. “Alguns incum- que gerava certo medo em alguns
bentes — operadoras tradicionais players, então estabelecer a proi-
do mercado de benefícios corpo- bição coloca todos no mesmo pa-
rativos — estavam muito ‘criati- tamar de competição”, disse Fer-
vos’ fazendo plano de saúde, festa nanda Laranja, vice-presidente
de final de ano, criando progra- da Zetta, associação que reúne
ma de fidelidade, boletos, entre plataformas como iFood e finte-
outros”, observou, em nota. chs como Mercado Pago e Pic-
Outro ponto comemorado tan- Pay, que entraram recentemente
to por empresas menores, quanto no mercado de vale-refeição.
por tradicionais e também pelo se- “O decreto atende o nosso pleito
tor de bares e restaurantes é a proi- de ter cuidado com o ‘cashback’, de
bição do “cashback” — instrumen- restringi-lo”, afirmou Paulo Sol-
Agronegócio
Receita Federal
inclui o setor
agropecuário
em programa de
conformidade B10
Alpargatas ON
9,05 9,00
8,87
8,86
8,70
8,52
10,26 8,41
8,350
31/ago 30/ago 31/ago 31/ago
17h 17h 13h15 17h
-47,23% Variações -6,56% -59,25%
Em 12 meses No dia Em 12 meses
Valor de mercado R$ 6 bilhões
distantes do mercado consumidor
podem ser prejudicados, uma vez
que investimentos de longo prazo
foram feitos nesse cenário”, disse.
Em abril, o ministro Fernando
Haddad disse que o governo edita-
ria uma MP para corrigir distor-
ções tributárias em créditos de em-
presas. Além disso, uma decisão do
STJ, também em abril, sobre bene-
fícios fiscais de ICMS na base do
IRPJ e a CSLL, trouxe o tema à tona.
Havia, portanto, uma expectativa
de alteração das regras, mas foi
mais profunda do que se projeta-
va, disseram duas de redes de ata-
cado. E ainda veio num momento
difícil para o setor de consumo.
Advogados ouvidos pelo Valor
afirmam que a nova regra provoca
uma mudança de rota e, se passar
pelo Congresso como está, vai ge-
rar uma enxurrada de ações judi-
ciais. (Colaborou Joice Bacelo)
Ver também página E1
FABIO GUIMARÃES/EXTRA/AGÊNCIA O GLOBO
mucci, presidente da Associação
Brasileira de Bares e Restaurantes
(Abrasel). Para ele, a vantagem ao
usuário se traduziria em taxas
mais altas cobradas dos estabeleci-
mentos pelos emissores dos car-
tões, como ocorria com o “rebate”.
Por outro lado, tanto a Abrasel
quanto a ABBT acreditam que o
texto deveria ser mais claro, já que
o decreto especifica operações de
“cashback” como aquelas em que
o consumidor recebe dinheiro de
volta. “Mas pode ser um descon-
to na próxima compra? É uma
possível brecha que nos preocu-
pa”, disse Aguirre, da ABBT.
B2 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Empresas Infraestrutura
Mobilidade Após rescisão com
Coesa, Metrô contrata Ágis, que
terá 18 meses para conclusão
Metrô de SP
retoma obra
da Linha 17 e
prevê operação
até 2026
Taís Hirata
De São Paulo
Em mais uma tentativa de tirar
a Linha 17-Ouro do papel, o Me-
trô de São Paulo assinou, na quin-
ta-feira (31), o contrato para reto-
mar as obras do monotrilho na
capital paulista. Quem assumirá
a construção será a Ágis, antiga
construtora Ferreira Guedes, con-
trolada por Eduardo Capobianco.
A partir da ordem de serviço, que
deverá sair em 11 de setembro, a
empresa terá 18 meses para con-
cluir o empreendimento.
A expectativa do governo pau-
lista é que a operação tenha iní-
cio (de forma parcial) no primei-
ro semestre de 2026. “Este ainda
não é momento de comemorar, é
mais um momento de arregaçar
as mangas e retomar o trabalho”,
afirmou o presidente do Metrô,
Júlio Castiglioni, ao Valor.
O novo contrato, firmado com
base na proposta feita pela Ágis
Dassault vê demanda aquecida por jatos de luxo no Brasil
Minério de ferro ganha força em agosto e zera perdas do ano
Commodities
De São Paulo
Os preços do minério de ferro
se recuperaram em agosto, em
meio à percepção de que a China
não deve impor limites à produ-
ção de aço bruto neste ano, e en-
cerraram o mês com alta de 7,4%,
apagando as perdas acumuladas
em 2023. Agora, a principal ma-
téria-prima do aço exibe leve ga-
nho, de 0,7%, no acumulado do
ano no mercado à vista.
Em julho, segundo relatório da
World Steel Association (WSA), a
produção chinesa de aço bruto sal-
tou 11,5%, para 90,8 milhões de to-
neladas, e a percepção no setor si-
na licitação de 2019, tem o valor
de R$ 847 milhões. Na concorrên-
cia realizada à época, a empresa
ficou em sétimo lugar. As duas
primeiras classificadas foram a
Constran, que foi declarada ina-
bilitada após disputa judicial, e o
consórcio formado por KPE e
Coesa (ex-OAS), que tiveram o
contrato rescindido por descum-
primento em maio deste ano.
Antes de fechar com a Ágis, o
Metrô consultou todas as concor-
rentes — nove, sem contar Cons-
tran e Coesa — para saber se acei-
tariam assumir a obra pelo valor
oferecido pela primeira colocada.
Porém, ninguém se candidatou.
Na sequência, o Metrô consul-
tou as empresas sobre o interesse
em assumir com base em suas
próprias propostas de 2019, cor-
rigidas pela inflação. De três que
aceitaram, a Ágis era a melhor
classificada. O valor da oferta, que
era de R$ 615,5 milhões, passou
por uma correção, com base em
FERNANDO MARTINHO/VALOR
derúrgico brasileiro é a de o ritmo
não foi reduzido em agosto. “A boa
performance do minério de ferro
em agosto veio muito na esteira de
notícias recentes que mostram
que o governo chinês parece estar
menos propenso a colocar limites
na produção de aço”, diz o analista
Daniel Sasson, do Itaú BBA.
Segundo índice Platts, da S&P
Global Commodity Insights, o mi-
nério com teor de 62% de ferro foi
cotado na quinta-feira (31) em al-
ta de 1,5% no norte da China, a
US$ 118,20 a tonelada — o nível
mais elevado desde 20 de abril. Na
Bolsa de Commodities de Dalian
(DCE), os contratos mais negocia-
dos para janeiro subiram 3,54%, a
849 yuan a tonelada, maior valor
Júlio Castiglioni, presidente do Metrô, afirma que contrato com a Ágis teve como base proposta feita pela construtora na licitação de 2019, com correções
índice previsto no edital, que so-
mou 42,1%, e no ajuste do escopo
de obras necessárias.
O governo paulista chegou a
estudar outras duas alternativas.
Uma seria fazer nova licitação, o
que levaria mais tempo. Outra
opção era incluir as obras na con-
cessão da ViaMobilidade. Embo-
ra a alternativa fosse considerada
viável juridicamente, houve te-
mor de que eventuais questiona-
mentos ao aditivo atrasassem —
ainda mais — o processo.
A construção da Linha 17-Ou-
ro, que vai conectar o aeroporto
de Congonhas à estação Morum-
bi, começou em 2011. À época, a
ideia era fazer a entrega até a Co-
pa do Mundo de 2014, plano que
foi frustrado por uma séria de
problemas nas contratações.
A Ágis será a quarta responsá-
vel pelas obras civis. O primeiro
grupo foi o consórcio CMI (An-
drade Gutierrez, CR Almeida e
Scomi). O contrato foi rompido
Aviação
Stella Fontes
De São Paulo
A francesa Dassault, que antes
de qualquer outra região no mun-
do vendeu no Brasil as duas pri-
meiras unidades de seu novo jato
executivo de luxo, o Falcon 10x, se
prepara para uma nova rodada de
investimentos no país. Única es-
trangeira nesse mercado com um
centro de serviços local, a fabrican-
te de aeronaves estuda ampliar as
instalações da unidade de manu-
tenção em Sorocaba (SP), para fa-
zer frente ao crescimento e à mu-
dança de perfil da frota nacional.
Hoje, há 54 Falcon dos mais di-
versos modelos operados por bra-
sileiros. A demanda, que voltou
com força a partir de meados de
2021, após um primeiro momento
“O cliente que
compra um jato,
não volta para
aviação comercial”
Rodrigo Pesoa
o
registrado desde 1 de agosto.
Segundo Sasson, em 2021 e
2022, quando Pequim impôs li-
mites à produção de aço, houve
queda no volume produzido. Ha-
via expectativa de Pequim pudes-
se formalizar novos cortes neste
ano, mas o desaquecimento da
economia doméstica pode ter le-
vado à mudança de estratégia.
“A leitura de alguns players do
mercado é que o governo não vai
impor um limite neste ano dado
que é um setor da economia que
está indo bem. A produção de aço
está forte, apesar do setor de pro-
priedades, e eventuais limites te-
riam impacto negativo na econo-
mia como um todo”, diz Sasson.
Ainda assim, pondera o ana-
em 2019, após a paralisação das
atividades. Depois veio a Cons-
tran, que venceu a nova licitação
realizada, mas que na sequência
foi inabilitada após questiona-
mentos judiciais. Quem assumiu
foi o segundo colocado da con-
corrência, o consórcio formado
por Coesa e KPE. O contrato tam-
bém foi rescindido em maio de
2023, após a constatação de des-
cumprimento do cronograma.
“Sabemos da pressão e da res-
ponsabilidade em torno dessa
obra. O prazo de 18 meses é justo,
mas exequível”, afirmou o presi-
dente da Ágis, Erasto Messias da
“Ainda não é hora
de comemorar, é
hora de retomar
o trabalho”
Júlio Castiglioni
difícil por causa da pandemia de
covid-19, segue aquecida por aqui
e no mundo. “O Brasil é estratégi-
co. A frota aumentou de forma
considerável, então estamos ava-
liando a ampliação”, disse ao Valor
o vice-presidente de vendas da
Dassault Falcon Jet para a América
Latina, Rodrigo Pesoa.
A abertura do centro de manu-
tenção em 2009 no interior de
São Paulo, afirmou o executivo, já
era um sinal da relevância do
país para os negócios do grupo,
que também desenvolveu os ca-
ças Mirage e Rafale. Segundo em
número de jatos privados no
mundo, a uma distância conside-
rável do líder Estados Unidos, o
Brasil está entre os cinco maiores
mercados para a empresa france-
sa, que se consagrou pela combi-
nação de conforto, desempenho
e eficiência de suas aeronaves.
Conforme Pesoa, as vendas de
jatos novos já retomaram os ní-
veis pré-pandemia, mas o pri-
meiro mercado a se recuperar foi
o de usados, em boa medida por-
que a covid-19 paralisou a avia-
ção comercial e levou novos
clientes para a executiva. A porta
de entrada foi justamente o mer-
cado de jatinhos usados — o pra-
lista, preços ao redor de US$ 118
por tonelada no mercado à vista
não são sustentáveis e, no fim do
ano, devem estar mais perto dos
US$ 100 por tonelada.
O petróleo também subiu em
agosto, à medida que o mercado
aposta em aperto maior da oferta
global nos últimos meses de 2023.
O barril do WTI, referência ameri-
cana, com entrega prevista para
outubro subiu 2,45% ontem, a US$
83,63. Já o barril do Brent, eferên-
cia global, para novembro, avan-
çou 1,87%, a US$ 86,83. No acumu-
lado de agosto, as altas foram de
2,24% e 1,64%, respectivamente.
Passadas as preocupações com
uma desaceleração mais drástica
das economias desenvolvidas, a
Silva Junior. A empresa foi funda-
da em 1936 e já fez parte do mes-
mo grupo da Construcap, mas em
2012 houve uma cisão. A compa-
nhia tem no portfólio diversas
obras do Metrô, diz ele.
Para a Ágis, resta construir cer-
ca de 20% das obras civis. Consi-
derando toda a implementação
(que inclui trens, sistemas de te-
lecomunicações, sinalização
etc), falta em torno de 40%.
Outro grande contrato da Li-
nha 17 é a fabricação de seus 14
trens, sob responsabilidade da
chinesa BYD. Neste momento,
técnicos do Metrô estão na China
fazendo testes. Se tudo der certo,
a previsão é ter a liberação até o
fim de 2023, para que os primei-
ros trens comecem a chegar ao
Brasil em fevereiro de 2024.
“A Linha 17 tem uma impor-
tância central para recuperar a
credibilidade junto à sociedade.
Estamos entregando na velocida-
de possível”, diz Castiglioni. O or-
zo médio de fabricação de um
novo, na Dassault, é de dois anos.
Em 2022, com a demanda su-
peraquecida, os jatos usados che-
garam a ficar mais caros que os
novos, situação que já está se
normalizando. “A partir do mo-
mento em que o cliente compra
um jato, não volta para aviação
comercial”, disse o executivo. En-
tre 70% e 80% dos clientes usam
suas aeronaves para negócios.
Para se tornar dono de um Fal-
con, o investimento mínimo hoje é
de US$ 35 milhões (R$ 171 milhões
ao câmbio atual). Um dos brasilei-
ros que aparece na seleta lista de
clientes é o jogador Neymar Jr.,
com seu Falcon 900LX. Já os dois
primeiros Falcon 10x vendidos no
mundo chegam ao Brasil em mea-
dos de 2026, mas os nomes dos
compradores não são revelados.
Com preços que partem de
US$ 75 milhões (cerca de R$ 367
milhões), o novo Falcon tem alcan-
ce de 7.500 milhas náuticas e pode
voar de São Paulo a Auckland, na
Nova Zelândia, sem escalas — ou
ainda, diretamente, para qualquer
destino na Europa ou a Dubai. O
modelo será o mais alto (com 2,03
metros) e mais largo (2,77 metros)
entre os jatos regionais em opera-
commodity encontra na perspec-
tiva de oferta insuficiente um fa-
tor para impulsionar a demanda
no mercado futuro. Segundo
Warren Patterson, estrategista-
chefe de commodities do ING, tal
tendência deve ser confirmada.
“Cortes de produção da Organi-
zação dos Países Exportadores de
Petróleo e aliados (Opep+), em
particular os cortes voluntários da
Arábia Saudita, levam o mercado a
um esgotamento de reservas. Nós
esperamos que essa tendência
continue até o fim do ano, o que
sugere que os preços ainda têm es-
paço para subir além dos níveis
atuais”, avalia Patterson. Ele nota,
porém, que há dois principais ris-
cos para tal previsão: o dólar forte,
ANA PAULA PAIVA/VALOR
çamento total do empreendi-
mento soma hoje R$ 5,1 bilhões.
Ele também destaca outras
obras de peso em curso, como a
extensão da Linha 2-Verde até a
zona leste. A meta é entregar, até
2026, a ampliação até a Vila For-
mosa e, em 2027, até a Penha. Em
outubro deve entrar em operação
a tuneladora da escavação, com
11,6 metros de diâmetro.
Para além das obras de expan-
são, o Metrô ainda tenta se recu-
perar do baque da pandemia. Ho-
je, o fluxo de passageiros do siste-
ma segue abaixo do nível pré-cri-
se, com 80% do patamar de 2019.
“O retorno da demanda está len-
to, e não temos expectativa de re-
tomada mais rápida”, afirma.
Segundo o presidente, hoje, a
meta é diversificar as fontes de re-
ceita. “A companhia precisa se
reinventar para não ser tão de-
pendente da arrecadação tarifá-
ria. Há um esforço enorme para
tornar a empresa mais resiliente.”
ção atualmente, apto a comportar
uma suíte master, com cama que-
en-size e chuveiro.
Apesar da aposta no mercado
brasileiro, a Dassault reconhece
que há desafios importantes para a
aviação executiva no país, entre os
quais gargalos de infraestrutura e
falta de hangares em aeroportos
relevantes. Num dos mais movi-
mentados do Brasil, o de Congo-
nhas, em São Paulo, comentou Pe-
soa, a operação de jatos privados se
tornou “um pesadelo” por causa
da competição por slots com a
aviação comercial, que é mais ren-
tável para os terminais.
Globalmente, a cadeia de supri-
mentos segue como ponto de
atenção. A falta de peças ainda afe-
ta a aviação comercial e a executi-
va, que sentiu mais os efeitos desse
fenômeno na manutenção. Olhan-
do para o futuro, a eletrificação es-
tá muito distante para os jatos exe-
cutivos, avalia Pesoa. Mas o uso do
SAF (combustível sustentável de
aviação), já é uma realidade. Todos
os voos de transferência dos Falcon
da França, onde são produzidos,
para o Arkansas, nos Estados Uni-
dos, onde é feito seu interior, já le-
vam 50% de SAF. No caso do 10X,
será possível usar até 100%.
Retomada
Preço em US$/tonelada no norte da China
135
125
118,20
117,35
115
105
2/jan 31/ago
2023 2023
Variações
7,41% 0,72%
No mês Em 2023
Fonte: S&P Global Commodity Insights (Platts)
Elaboração: Valor Data
sob a expectativa de juros altos por
um longo tempo nos EUA e a de-
cepção com o cenário macroeco-
nômico da China. (SF, com colabo-
ração de Gabriel Caldeira)
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | B3
B4 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Empresas Indústria
Veículos Constantes mudanças na tributação de
importados, oscilações cambiais e a ‘longa espera’
pela chegada de navios desafiam grupo brasileiro
Kia completa 30 anos
e Gandini ainda
sonha com fábrica
Marli Olmos
De Itu (SP)
Besta era nome esquisito para
um veículo. E, ainda por cima, de
marca coreana, que pouca gente
conhecia no Brasil na época. Era
difícil apostar que aquela van po-
deria competir com a lendária
Kombi. Mas foi a Besta que come-
çou a história da Kia no Brasil,
que completa 30 anos, com a
venda de 450 mil veículos. Pode-
ria ter sido muito mais, segundo
o importador da marca, José Luiz
Gandini, não fosse o vaivém das
regras e tributação dos veículos
importados no país.
Parecia uma aventura vender
carros coreanos no Brasil, que
acabara de abrir o mercado. Mas
o tino comercial do empresário
José Carlos Gandini, pai de José
Luiz, lhe indicava que a Besta ti-
nha chances de ocupar um espa-
ço que a Kombi não alcançava.
Afinal, a van coreana chegava
com ar-condicionado, direção
hidráulica e câmbio automático,
um luxo para as vans da época.
Total de 59 mil unidades da Besta
foram vendidas no Brasil.
Os Gandini, tradicional famí-
lia de Itu, no interior de São Pau-
lo, que iniciou a trajetória em-
presarial com um posto de gaso-
lina, já tinha concessionárias na
época em que decidiram repre-
sentar a Kia no Brasil. Mas ser im-
portador era outra coisa. As difi-
culdades logo apareceram.
“Era um grande risco ter que
pedir os veículos com 120 dias de
antecedência”, lembra José Luiz
Gandini, que desde cedo assu-
miu os negócios e já estava no co-
mando da Kia no Brasil quando o
pai morreu, em 2018.
Certo dia, Gandini foi convi-
dado para dar uma palestra nu-
Coreana anuncia o primeiro híbrido flex importado
De Itu (SP)
A Kia se prepara para começar a
vender no Brasil um carro com
motor 1.0 híbrido flex importado.
A marca coreana torna-se, assim, a
primeira a anunciar planos de ter
um modelo importado híbrido
que poderá ser abastecido com
etanol. É também a primeira a re-
velar que desenvolve esse tipo de
veículo fora do Brasil.
Justiça aprova plano de recuperação judicial da Samarco
Mineração
Cibelle Bouças
De Belo Horizonte
Dois anos e quatro meses após
entrar com o pedido de recupe-
ração judicial, a Samarco, con-
trolada meio a meio por Vale e
BHP Billiton, obteve aprovação
na Justiça do plano nesta quinta-
feira (31). A proposta foi elabora-
da em consenso entre a empresa
e credores e entregue à Justiça em
29 de junho. Os administradores
judiciais deram parecer favorável
ao plano em 28 de agosto.
A Samarco pediu recuperação
judicial em abril de 2021, com dí-
vidas de R$ 50 bilhões. A empresa
era responsável pela Barragem
de Fundão, em Mariana (MG),
que se rompeu em novembro de
2015, causando a morte de 19
pessoas e um acidente sócio-am-
biental sem precedentes.
O juiz Adilon Cláver de Resende,
da 2 a Vara Empresarial da Comar-
ca de Belo Horizonte, dispensou a
ma universidade sobre planeja-
mento empresarial. “Eu não sa-
bia o que dizer”. No fundo, ele
tinha vontade de sinceramente
dizer aos alunos que não há co-
mo planejar os negócios de im-
portação de veículos no Brasil.
Ele dá um exemplo. Se fizer um
pedido no início de setembro, os
carros serão produzidos na Co-
reia em outubro e vão embarcar
em novembro. O navio leva, em
média, 70 dias para chegar. Co-
mo calcular preço e tamanho da
demanda de janeiro de 2024 se o
governo está prestes a alterar o
Imposto de Importação de veícu-
los híbridos e elétricos, segmen-
to forte para a Kia hoje?
“Desde o ‘super IPI’
o mercado
não conseguiu
mais se acertar”
José Luiz Gandini
Preocupa também Gandini a
possibilidade de o governo ado-
tar cotas de importação para hí-
bridos e elétricos. “Não tem lógi-
ca”, diz. Para ele, o volume de im-
portados está, ainda, longe de
ameaçar a indústria local. No pri-
meiro semestre, a participação
das marcas que não têm fábricas
no país ou ainda produzem em
pequenos volumes foi de 2,3% nas
vendas totais, segundo a Abeifa,
entidade que representa o setor e
que já teve Gandini no comando.
Entre as oscilações tributárias
ao longo das três décadas da histó-
ria da Kia no país, a que mais inco-
moda Gandini, até hoje, ocorreu
em 2012: marcas sem fábricas no
Hoje, os híbridos flex (que po-
dem ser abastecidos com gasolina
ou etanol) disponíveis no Brasil
são produzidos localmente, pela
Toyota e pela CAOA Chery.
A Kia pretende começar a ven-
der seu híbrido flex em 2025, se-
gundo disse ontem o presidente
da Kia no Brasil, José Luíz Gandini,
durante evento em comemoração
dos 30 anos da marca no país.
Como as montadoras de outros
realização de assembleia geral de
credores, já que o plano foi elabo-
rado de forma consensual.
O plano foi aprovado em quase
toda sua integralidade. O juiz anu-
lou, no entanto, cláusula que limi-
tava a US$ 1 bilhão o valor que a Sa-
marco poderia destinar à Funda-
ção Renova para custear as obriga-
ções de reparação de atingidos e do
meio ambiente. O plano enviado à
justiça previa que a Vale e a BHP Bil-
liton arcariam com as despesas de
reparação que ultrapassem o valor
acima. Com a mudança, a Samarco
continua responsável pelo custeio
das ações da Fundação Renova, in-
dependentemente do valor.
Procurada, a empresa informou
Juiz anulou cláusula
que limitava a US$ 1
bilhão o valor que a
Samarco destinaria
à Fundação Renova
país passaram a recolher 30 pon-
tos percentuais a mais no Imposto
sobre Produtos Industrializados
(IPI). O “super IPI”, como ficou co-
nhecido, foi revogado em dezem-
bro de 2017, por exigência da Or-
ganização Mundial do Comércio.
“Desde então, o mercado não
conseguiu mais se acertar”, desta-
ca o empresário. Gandini diz sentir
que mesmo o importador que, co-
mo ele, já recolheu R$ 30 bilhões
em impostos ao longo de três dé-
cadas, é “penalizado” no país.
A Kia chegou a vender 80 mil
carros em um ano, em 2011. Mas
nos últimos dois não passou de 6
mil por ano. A variação cambial
tem influência. Em 2011, o dólar
estava cotado a R$ 1,60.
Mesmo assim, segundo Gandi-
ni, o volume anual de vendas da
marca poderia estar em 20 mil não
fosse a falta de produtos. A produ-
ção global de veículos continua
pressionada pela falta de compo-
nentes e pela demanda pelos mo-
delos eletrificados. “O Brasil não
está nas prioridades”, afirma.
Segundo ele, há fila de espera
de 60 dias para comprar o utilitá-
rio esportivo Sportage, por
exemplo. E assim que descem do
navio esses carros já têm dono. A
rede de concessionárias da mar-
ca chegou a ter 180 pontos. Está
em 78. Gandini diz ter 33 cartas
de empresários solicitando um
ponto de venda da marca. Mas
uma rede que sofre com a falta de
produtos não pode crescer.
Com o tempo, o perfil da Kia
no Brasil mudou. Abandonou o
segmento dos carros mais sim-
ples, dominado pelos fabricantes
nacionais, e voltou-se para os
mais luxuosos. Uma parte dos
veículos vem da Coreia e outra,
da Europa. O grupo brasileiro
prepara-se, porém, para começar
Desenvolver carro
híbrido a etanol
permite à Kia
manter vendas em
regiões que
apostam nos
biocombustíveis
em nota que “avaliará o teor da de-
cisão para se manifestar”. “A Sa-
marco reforça que o plano de recu-
peração judicial consensual, como
apresentado, permite que a com-
panhia continue investindo em
um nível sustentável para ampliar
suas operações com segurança. Es-
sa solução consensual também ga-
rante e reforça o compromisso da
Samarco com as ações de repara-
ção”, acrescentou em nota. A Vale,
BHP e o grupo ad hoc de credores
financeiros (Ultra NB) não quise-
ram comentar sobre o assunto.
A Samarco conseguiu negociar
com os credores uma redução da
dívida de R$ 50,5 bilhões (US$ 9,7
bilhões) para aproximadamente
R$ 19 bilhões (US$ 3,7 bilhões). A
dívida dos credores financeiros, de
R$ 26 bilhões, teve um desconto de
25%. A dívida sênior da empresa
com Vale e BHP foi transformada
em dívida subordinada e será paga
após a quitação das dívidas com os
outros credores, ou seja, em 2036.
Como parte do plano, a Samar-
co fará uma emissão de até US$
Gandini, presidente da Kia no Brasil, já disse ao governo que é contra cotas para carro importado: “Não tem lógica”
a ser abastecido pela fábrica da
marca coreana no México, o que
pode aliviar a espera pelos navios
e aumentar volumes de vendas.
Em 2010, o grupo brasileiro
obteve autorização da Kia para
produzir caminhões leves no
Uruguai, numa parceria com um
fabricante local, a Nordex. É de lá
que vem o modelo Bongo.
O grupo não foi, porém, auto-
rizado a construir uma fábrica no
Brasil. A montadora coreana te-
me que um empreendimento lo-
cal da marca seja prejudicado
por processo judicial que envol-
ve uma antiga dívida da Asia Mo-
tors do Brasil, uma empresa que
não existe mais, com a Fazenda.
Na década de 1990, a Asia Mo-
tors do Brasil anunciou uma fábri-
ca em Camaçari (mesmo local on-
países, na Coreia, a Kia investe pe-
sado nos carros 100% elétricos. O
desenvolvimento de um híbrido
que aceita etanol a ajudará a man-
ter vendas nos países emergentes
que buscam em biocombustíveis
alternativas à eletrificação, como é
o caso do Brasil. A Índia também
tem planos de intensificar o uso
do etanol em sua frota por meio
de parcerias com o Brasil.
O carro híbrido funciona com
3,566 bilhões em novas notas, com
vencimento em junho de 2031, pa-
ra os credores financeiros que op-
tarem pela troca dos créditos anti-
gos pela dívida nova. As notas se-
rão sem garantia e terão remune-
ração de 9% a 9,5% de juros ao ano.
Os credores financeiros também
podem optar por trocar os créditos
por um novo instrumento de dívi-
da, com vencimento em 2035.
Trabalhadores da Samarco com
créditos até R$ 1,5 milhão, credo-
res fornecedores estratégicos e pe-
quenas e médias empresas serão
pagos de forma integral. Os traba-
lhadores e os fornecedores micro
e pequenas empresas serão pagos
“no mês subsequente à data de
publicação da homologação do
plano”. Já os fornecedores de
maior porte serão pagos “até o
mês posterior à data de validação
da documentação” e o saldo exce-
dente será pago um mês após o
pagamento da primeira parcela.
O juiz também definiu que, por
se tratar de uma recuperação judi-
cial de alta complexidade, a Sa-
de a Ford se instalou e que agora
pode receber a chinesa BYD). A
empresa usufruiu de incentivos
fiscais na importação de carros du-
rante dois anos. Mas como a fábri-
ca não foi construída sobrou a dí-
vida, que chega a R$ 2 bilhões.
A representante da Asia no
Brasil foi dissolvida. Mas, na Co-
reia, em janeiro de 1998, a em-
presa foi adquirida pela Kia Corp,
o que levou a Fazenda, no Brasil,
a cobrar a dívida da Kia. O assun-
to segue em litígio.
450 mil
veículos vendidos
em 30 anos
dois motores -— um elétrico e ou-
tro a combustão —, que se alter-
nam dependendo do uso. O motor
a combustão também ajuda a car-
regar o elétrico. Já o automóvel
100% elétrico precisa de tomada
para o carregamento das baterias.
A Toyota do Brasil foi a primei-
ra a lançar um híbrido que pode
ser abastecido com etanol. A tec-
nologia foi desenvolvida por
meio da parceria entre as equi-
R$ 50,5
bilhões era valor da
dívida total em 2021
marco deve permanecer nessa
condição pelo prazo de dois anos.
Poderá ser alongado ou encurta-
do, se for considerado conveniente
pelas partes e aprovado em juízo.
“Quase todos os prazos não pro-
cessuais na recuperação judicial
são estendidos se vier com razões
pertinentes. Já a redução do prazo
só existe quando o plano é muito
aceito e pago pelos devedores, o
que não parece ser o caso”, avalia a
especialista em recuperação judi-
cial, Ana Carolina Monteiro, do
Cascione Advogados.
O próximo passo da Samarco é
pedir o reconhecimento do plano
de recuperação judicial pelo Tribu-
nal de Falências dos Estados Uni-
dos, do Distrito Sul de Nova York.
A mineradora prevê no plano
ANA PAULA PAIVA/VALOR
O importador da Kia não tem
nada a ver com essa briga. Mas
acabou tendo prejudicado um
antigo plano de produzir no Bra-
sil. “Continuo sonhando com
uma fábrica”, disse Gandini, an-
tes de um evento na sede da em-
presa, em Itu, que marcou os 30
anos da marca no Brasil.
Por enquanto, o grupo segui-
rá como importador de carros,
tendo, agora, também, Gustavo,
filho de Gandini, de 28 anos, co-
mo o mais novo membro da fa-
mília a abraçar os negócios do
grupo. Com formação em admi-
nistração e área financeira, ele é
o diretor de operações e tem si-
do preparado para seguir, futu-
ramente, com o legado do avô e,
quem sabe, herdar o comando
da fábrica tão sonhada pelo pai.
pes de engenharia da montado-
ra no Brasil e no Japão.
A Kia também se prepara para
vender carros 100% elétricos no
Brasil. Segundo Gandini, já estão
em navio a caminho do país, para
serem homologados, o modelo
EV9, utilitário esportivo de grande
porte, e uma versão totalmente
elétrica do utilitário esportivo
compacto Niro, vendido hoje no
Brasil na versão híbrida. (MO)
retomar 60% da sua capacidade
produtiva em 2025 e atingir 100%
da capacidade em 2028. Neste ano,
a Samarco prevê atingir 30% da ca-
pacidade, com aumento de 10% da
produção em relação a 2022. No
primeiro semestre, teve receita
operacional líquida de R$ 3,76 bi-
lhões, 5,4% abaixo do valor apura-
do no mesmo período de 2022. O
prejuízo foi de R$ 4,82 bilhões, an-
te perda de R$ 3,44 bilhões no pri-
meiro semestre do ano passado.
“A homologação do plano em
um caso com tantos aspectos pecu-
liares, seja pelo volume de dívidas e
credores, seja por toda a circuns-
tância fática da tragédia de Maria-
na, é um sinal claro de que o meca-
nismo da recuperação judicial tem
um papel relevante na harmoniza-
ção de valores fundamentais e po-
de ser efetivamente uma oportuni-
dade para empresas resgatarem
sua relevância e seu papel na socie-
dade", diz o advogado especialista
em direito econômico, tecnologiae
inovação Fábio Pimentel, sócio da
Pimentel e Aniceto Advogados.
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | B5
B6 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Empresas Serviços&Tecnologia
Investigação Relatório final da
Câmara vai propor a tipificação
do crime de gestão fraudulenta
CPI aponta
fraude da
diretoria na
Americanas
Raphael Di Cunto
De Brasília
Relator da Comissão Parlamen-
tar de Inquérito (CPI) da Câmara
sobre a Americanas, o deputado
Carlos Chiodini (MDB-SC) diz que
ficou comprovada fraude da anti-
ga diretoria-executiva da varejista,
mas não vê participação dos ban-
cos, auditorias e nem dos acionis-
tas de referência da empresa, o trio
Jorge Paulo Lemann, Carlos Alber-
to Sicupira e Marcel Telles, da 3G
Capital, também donos da Ambev
e da Kraft Heinz.
A CPI deve acabar no dia 14 de
setembro, quinta-feira, apesar dos
pedidos para que fosse prorroga-
da por pelo menos mais duas se-
manas, e encerrará seus trabalhos
sem sequer ouvir os acionistas. O
relator justifica que o requerimen-
to não foi pautado pelo presidente
da comissão, o deputado Gustinho
Ribeiro (Republicanos-SE), mas
que havia divisão entre os deputa-
dos sobre convoca-los porque isso
poderia “ser danoso para o merca-
do” de capitais e ser utilizado poli-
ticamente para tentar arrastar ou-
tras empresas do grupo para a in-
vestigação. “Esses cuidados aí que
a gente procurou ter na condução
desses trabalhos”, afirma.
Os bancos também não devem
ser ouvidos em audiência públi-
ca, embora tenham prestado in-
formação numa reunião fechada
para parte dos integrantes da CPI
na quarta-feira no bairro do Lago
Sul, em Brasília, como revelou o
Valor. Chiodini diz acreditar que
eles foram vítimas da fraude, mas
que também erraram ao confiar
demais na varejista e oferecerem
crédito além do limite que seria
aceitável em outros negócios. “A
Americanas devia mais do que fa-
turava anualmente. Imagino que
pela força da marca e pela liqui-
dez dos sócios”, diz.
A CPI teve como principal fun-
ção, sustenta o relator, ‘populari-
zar’ ” as investigações sobre o tema
e o relatório com as conclusões se-
rá entregue na segunda-feira. Em
entrevista exclusiva ao Valor, ele
antecipou que o documento não
vai propor indiciamentos, mas
“apontar” de quem seria a respon-
sabilidade pela fraude contábil, e
sugerir três projetos de lei para
aprimorar a legislação e evitar fu-
turas crises como esta: a tipificação
do crime de gestão fraudulenta,
uma maior responsabilização e
poder para as auditorias externas e
a criação do “programa de incenti-
vo e proteção a relatos de informa-
ções interesse público”.
A varejista está em recupera-
ção judicial, após divulgar um
rombo contábil de mais de R$ 20
bilhões em janeiro. Carrega uma
dívida superior a R$ 40 bilhões. A
seguir, a entrevista:
Valor: A CPI será prorrogada?
Carlos Chiodini: O presidente
[da Câmara, Arthur Lira] criou
uma regra para as quatro [CPIs]
com prazo até 14 de setembro
[de não prorrogar nenhuma].
Gostaria que fosse prorrogado
Movimento falimentar
Falências Requeridas
Requerido: Metalprime Usinagem Seriada Lt-
da. - CNPJ: 18.579.609/0001-22 - Endereço: Av.
Antonio Martinez Carrera Filho, 530, Galpão 01,
Ceat - Requerente: Leve Fundo de Investimento em
Direitos Creditórios Multissetorial - Vara/Comar-
ca: 5a Vara de São Carlos/SP
Requerido: Mill Master Decorações Ltda. -
CNPJ: 67.275.792/0001-88 - Endereço: Via An-
chieta, 1113, BairroCidade Nova Heliópolis - Reque-
rente: Lance Capital Factoring & Fomento Eireli -
Vara/Comarca: 1a Vara Regional de Competência
Empresarial e de Conflitos Relacionados À Arbitra-
gem da 1ª, 7ª e 9ª Rajs/SP
por 15 dias, para dar tempo de fa-
zer o relatório com mais calma e
ouvir algumas pessoas que fal-
tam. Porém, a tendência é finali-
zar o relatório para segunda-fei-
ra, torna-lo público, para vota-lo
na semana posterior ao feriado.
Valor: O que constará do relató-
rio da CPI?
Chiodini: Teremos o máximo de
zelo para não cometer injustiças,
no sentido de incriminar alguém,
tendo em vista que o processo in-
vestigatório do Ministério Públi-
co e da Polícia Federal está em
curso ainda. O que temos são in-
dícios. A diretoria-executiva an-
terior, na minha opinião, não tem
como não ser acusada. É um pes-
soal que trabalhou muito tempo
junto, que tinha coesão, mas ela-
borou uma grande fraude contá-
bil-financeira que causou prejuí-
zo para esses milhares de investi-
dores, fornecedores e toda a ca-
deia produtiva.
Valor: O relatório vai propor o in-
diciamento de pessoas ou a CPI não
reuniu provas suficientes para isso?
Chiodini: Vamos fazer aponta-
mentos, mas não sei se chegam a
ser indiciamentos. As CPIs são
instrumento de popularizar al-
guma investigação onde o Legis-
lativo é auxiliar. O relatório das
CPIs se junta ao trabalho do Mi-
nistério Público para que a inves-
tigação seja feita de forma mais
apurada junto ao Judiciário.
“É um pessoal que
trabalhou muito
tempo junto [...]
elaborou uma
grande fraude
contábil-financeira”
Valor: Qual é o “apontamento”?
Chiodini: Em termos gerais, o
relatório juntará os depoimen-
tos e audiências públicas com es-
pecialistas, CVM, Ministério Pú-
blico, diretores atuais e ex-dire-
tores e fazer alguns encaminha-
mentos. Serão apontamentos de
quem imaginamos que sejam os
verdadeiros culpados por essa
fraude. A CPI também trouxe às
claras a necessidade de uma nova
legislação para essa prática cada
vez mais comum de fraudes.
Valor: Quais serão essas mudan-
ças legislativas?
Chiodini: Vamos propor três
projetos de lei. O primeiro é um
novo crime no Código Penal, de
gestão fraudulenta. A pena deve
ser de três a 12 anos de prisão. Va-
mos também propor maior res-
ponsabilização das auditorias
externas e um “programa de in-
centivo e proteção a relatos de in-
formações interesse público”.
Valor: O “whistleblower” foi de-
fendido pelos especialistas. Haverá
remuneração, como nos Estados
Unidos, em que ele pode ficar com
até 30% do dinheiro recuperado?
Chiodini: Vamos criar legisla-
ção que proteja o denunciante e
Falências Decretadas
Empresa: Offshore Manutenção em Platafor-
mas Eireli - CNPJ: 23.797.636/0001-01 - Endere-
ço: Rua Comerciante Sinézio Trindade Coelho, 169,
Bairro Granja Dos Cavaleiros - Administrador Ju-
dicial: Dr. Cleverson de Lima Neves - Vara/Comar-
ca: 3a Vara de Macaé/RJ - Observação: Recupe-
ração judicial convolada em falência.
Empresa: Offshore Serviços Técnicos Ltda. -
CNPJ: 32.058.307/0001-30 - Endereço: Rua Co-
merciante Sinézio Trindade Coelho, 169, Bairro
Granja Dos Cavaleiros - Administrador Judicial: Dr.
Cleverson de Lima Neves - Vara/Comarca: 3a Vara
de Macaé/RJ - Observação: Recuperação judicial
convolada em falência.
O deputado Carlos Chiodini, relator da CPI da Americanas, que está em recuperação judicial: “A Americanas devia mais do que faturava anualmente”
favoreça que as pessoas que tra-
balham numa empresa possam
denunciar. Hoje esse funcionário
é expurgado do mercado, nunca
mais consegue emprego, mesmo
fazendo algo bom. No Brasil eu
acho complicado [ser remunera-
do], mas pode ser. O projeto que
vamos propor é a ideia inicial,
ainda será debatido nas comis-
sões antes de ser aprovado e po-
de sofrer melhorias.
Valor: A Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) participou de
audiência pública e expôs deficiên-
cias na fiscalização. O que o relató-
rio vai sugerir sobre a autarquia?
Chiodini: Isso não fará parte do
relatório, mas será uma bandeira
que vou defender no Congresso.
A CVM ficou no Rio de Janeiro,
que não é mais o centro econô-
mico e político do país. Está lon-
ge de Brasília e de São Paulo. Ela
pode continuar no Rio, mas tem
que ter também presença na ca-
pital e em São Paulo para ficar
perto de onde são tomadas as de-
cisões. É um órgão público fede-
ral importantíssimo para a na-
ção, esse mercado só cresce.
Valor: Ficou provada fraude?
Chiodini: Houve fraude muito
clara no VPC [verba de propa-
ganda cooperada] e no risco sa-
cado. Aqueles números escritu-
rados no balanço eram fraudu-
lentos para gerar um saldo posi-
tivo na operação que, na verdade,
era negativo. Olha como isso cus-
tou caro: gerava um lucro inexis-
tente e a empresa pagava impos-
to de renda, o que causava ainda
mais prejuízo.
Valor: O VPC é comum no varejo.
A CPI teve indícios de que há irregu-
laridade em outras empresas e vai
fazer algo para evitar novas crises?
Chiodini: O VPC e o risco saca-
do são práticas usadas em maior
escala nesse setor específico. Pro-
curamos ter muito cuidado em
não contaminar o varejo brasilei-
ro e o mercado de capitais. Quan-
do alguém fala que “ah, tem evi-
dências de que existem outras
empresas”, precisamos de pro-
vas. Se a gente admitir isso sem a
devida comprovação, daqui a
pouco ninguém mais investe no
varejo no Brasil. Fomos mais cau-
telosos, mas creio que o caso da
Americanas já deve ter criado um
controle melhor dos bancos e
das auditorias sobre isso.
Valor: As auditorias falharam
neste caso? O que esse PL vai pro-
por?
Chiodini: A auditoria recebe
documentos, crê que são verídi-
cos e faz uma análise, mas que,
está visível, é muito superficial.
Mas o problema não é o produto
nem o método. Neste caso parti-
Processos de Falência Extintos
Requerido: Empório Comércio de Peças e Equi-
pamentos Industriais Ltda. - CNPJ:
10.914.572/0001-30 - Requerente: Indumill S/A
Indústria e Comércio - Vara/Comarca: Vara Única
de Rio Grande da Serra/SP - Observação: Desistên-
cia homologada.
Requerido: Tech Lubrificantes Comercial S/a,
Nome Fantasia Techlub - CNPJ:
16.920.223/0001-07 - Requerente: New Trade
Fundo de Investimento em Direitos Creditórios
Não Padronizados Multissetorial - Vara/Comarca:
1a Vara Regional de Competência Empresarial e de
Conflitos Relacionados À Arbitragem Das 4ª e 10ª
Rajs/SP - Observação: Petição inicial indeferida.
cular da Americanas, [o proble-
ma] foi a fraude. O projeto de lei
responsabilizará os auditores,
claro que não no mesmo grau
dos executivos, mas também da-
rá a elas maior acesso às informa-
ções, para poderem analisar não
somente aquilo que a empresa
[voluntariamente] entrega para
eles, mas quaisquer dados que
eles queiram.
Valor: Quais serão as últimas oi-
tivas que a CPI fará?
Chiodini: Terça-feira vamos fa-
zer uma tomada de depoimentos
com a [ex-diretora da America-
nas] Anna Saicali e tem o [ex-
CEO] Miguel Gutierrez. Consta
que ele ainda está na Espanha,
mas está convocado e está “fal-
tante”. Não vamos ouvir por vi-
deoconferência ou em reunião
fechada. Primeiro porque ele
tem um habeas corpus e pode
não falar nada, segundo porque
não seria justo com aqueles que
vieram pessoalmente, não há
motivo para abrimos exceção.
Valor: Foi frustrante que todos os
ex-diretores tenham ficado cala-
dos? Há formas de contornar isso?
Chiodini: O teor do habeas cor-
pus é muito claro, fala que a pes-
soa pode ficar calada para não se
incriminar, mas aproveitam isso
para não falar nada. Por exem-
plo, saiu na imprensa que deter-
minado diretor fez acordo de co-
laboração premiada. Perguntei e
ele não confirmou, mas essa res-
posta não ia incriminá-lo em na-
da. Precisava de um diálogo insti-
tucional com o Judiciário para
deixar mais explícito na decisão
que não é um direito amplo de
não falar nada, que teria que
prestar as informações.
Valor: A CPI aprovou requeri-
mentos para ouvir os bancos que fo-
ram acusados pela atual gestão de
“suavizarem” termos nas cartas de
recomendação a pedido da antiga
diretoria da Americanas. Houve
uma reunião fechada com eles na
quarta-feira, mas não serão ouvidos
em audiência pública?
Chiodini: Foi uma reunião da
Confederação Nacional do Siste-
ma Financeiro. O [ex-presidente
da Câmara] Rodrigo [Maia], co-
mo é o presidente hoje, que orga-
nizou. Não perguntei de que
bancos eram as pessoas que esta-
vam lá. Essa prática do risco saca-
do é muito comum no varejo e é
uma prática boa, então temos
que ter cuidado para não crimi-
nalizá-la. A forma que foi usada
que foi errada. O que acabou [pe-
sando] no caso da Americanas é
que era uma empresa com muita
credibilidade, centenária, com
sócios que são cobrados ali [na
CPI], mas são um grupo com
Recuperação Judicial Requerida
Empresa: Adriano Aparecido Teixeira Marce-
nariaMe,NomeFantasiaAtMarcenaria-CNPJ:
15.216.611/0001-49 - Endereço: Av. Dr. Labieno
da Costa Machado, 2279, Bairro Parque Santa Ma-
ria, Garça/sp - Vara/Comarca: Vara Regional Em-
presarialedeConflitosRelacionadosÀArbitragem
Das 2ª, 5ª e 8ª Rajs/SP
Recuperação Judicial Deferida
Empresa: 123 Viagens e Turismo Ltda., Nome
Fantasia123milhas-CNPJ:26.669.170/0001-57
- Endereço: Rua Dos Aimorés, 1017, Bairro Boa Via-
gem - Administrador Judicial: Paoli Balbino & Bar-
ros Sociedade de Advogados e Brizola e Japur Ad-
muita credibilidade, que tinha
balanço com tudo bonitinho,
com resultado positivo, então to-
do mundo estava dando crédito.
Valor: Mas não serão ouvidos em
sessão aberta na CPI?
Chiodini: Tem requerimento
meu aprovado, chamando dire-
tores de bancos e os principais
credores. Mas creio que não ha-
verá tempo hábil. Fomos prejudi-
cados por cinco semanas em que
não teve [sessões na CPI].
Valor: Mas houve acusação da
atual gestão de que os bancos te-
riam contribuído para a fraude.
Não é preciso ouvi-los?
Chiodini: Não... acho que nin-
guém quer perder dinheiro, ain-
da mais banco. O banco deu mais
limite para Americanas do que
ela poderia ter. Se eu ou você pre-
cisamos de um crédito, vamos
num banco, ele já sabe nossa ren-
da e vai dar crédito em percen-
tual equivalente à nossa renda. A
Americanas devia mais do que
faturava anualmente. Imagino
que por aqueles fatores que aca-
bei de explicitar, a força da mar-
ca, a liquidez dos sócios. Até que
em determinado momento eles
viram que era insolvente.
Valor: Mas alguém dos bancos,
não digo a instituição em si, mas
um gerente, não contribuiu para a
fraude, como acusa a gestão atual?
Chiodini: Não acredito nisso,
até porque todos os bancos em-
prestavam para a Americanas. De
Banco do Brasil a Safra, BTG, Bra-
desco, Itaú, bancos regionais.
“Creio que o caso
da Americanas já
deve ter criado um
controle melhor
dos bancos e das
auditorias”
Valor: Os acionistas de referên-
cia não serão ouvidos. Não era im-
portante que falassem para a CPI
entender a participação deles e ob-
ter mais informações?
Chiodini: Não há evidência ne-
nhuma de envolvimento dos
acionistas, nem deles e nem de
nenhum outro. Se a gente fizer
análise criteriosa, eles foram os
maiores prejudicados da queda
das ações deles. Valiam x bilhões
hoje e amanhã valia negativo. E
tem algo muito caro no caso de-
les que é o foco da mídia, a ima-
gem deles. Ali está a Ambev, a
Kraft Heinz. Teve tratativas políti-
cas querendo chamar a Ambev,
mas fui contra. São empresas de
ministração Judicial Ltda. - Vara/Comarca: 1a Vara
Empresarial de Belo Horizonte/MG
Empresa: Art Viagens e Turismo Ltda., Nome
Fantasia Hotmilhas - CNPJ: 11.442.110/0001-20 -
Endereço:RuaDosAimorés,1001,14ºAndar,Bairro
Funcionários - Administrador Judicial: Paoli Balbino
& Barros Sociedade de Advogados e Brizola e Japur
AdministraçãoJudicialLtda.-Vara/Comarca:1aVa-
ra Empresarial de Belo Horizonte/MG
Empresa: Novum Investimentos e Participa-
çõesS/A-CNPJ:26.941.940/0001-79-Endereço:
Rua Gonçalves Dias, 1181, Sala 1303, Bairro Savas-
Hoje, excepcionalmente, deixamos de publicar a Agenda tributária.
SERGIO DUTTI/VALOR
perfil diferente e essas práticas
de VPC e risco sacado não são
usuais na indústria. Esses cuida-
dos aí que a gente procurou ter
na condução desses trabalhos.
Valor: Mas, mesmo sem culpa,
não era importante ouvi-los? Até na
condição de vítimas?
Chiodini: Creio que sim. Não
vai ter tempo. Só tenho receio
de... ouvi-los é uma coisa, o pro-
blema é tentar puxar para outro
lado que acaba sendo danoso aí,
até saindo da pessoa física deles,
que seja danoso para o mercado.
Não é que foi optado por não
chamá-los. Não foi colocado para
apreciação pelo presidente [da
CPI].
Valor: A decisão é do presidente
então, que não pautou?
Chiodini: Podia ser que fosse
pautado e talvez não passaria. Es-
sa decisão em especial é muito
divergente [na CPI]. Tem colegas
que insistem nisso e tem outros
que insistem na defesa do legado
desses empresários. Diante da di-
vergência, não se discute [risos].
Valor: Houve conversa reservada
com o 3G ou advogados deles?
Chiodini: Não, não teve conver-
sa com eles e com ninguém da
Americanas em privado. Não vie-
ram em momento nenhum para
dizer “vai e blinda”.
Valor: Em toda essa fraude, o
conselho fiscal talvez tenha sido en-
ganado, mas deu aval as operações.
Também não deveria ser ouvido?
Chiodini: Aí sou mais categóri-
co: teve uma inoperância do con-
selho fiscal e também falta de ta-
to do conselho de administração
para ter identificado esse deslize
antes. É uma coisa que vem de
anos. Talvez se tivessem desco-
berto no início, [a fraude] teria si-
do bem menor ou corrigida.
Valor: Foi desleixo deles ou falha
na característica dos conselhos?
Chiodini: Não foi falha na es-
trutura dos conselhos, tem aque-
les que funcionam bem. Acho
que foi falta de atenção, junto a
excesso de confiança. Quando te-
nho um balanço superavitário,
ninguém questiona. Só questio-
nam quando vem o prejuízo, que
aí procuram um culpado.
Valor: Há milhares de fornecedo-
res que estão sem receber da Ameri-
canas. A CPI poderá fazer algo?
Chiodini: Tem uma série de for-
necedores no âmbito da recupe-
ração judicial, desde bancos, até
proprietários de imóveis aluga-
dos para a Americanas, fornece-
dores grandes, micro e pequenas
empresas. Ainda falta o plano de
recuperação de todos esses cre-
dores por parte do recuperador
judicial. A CPI infelizmente vai
esbarrar no término antes.
si - Administrador Judicial: Paoli Balbino & Barros
Sociedade de Advogados e Brizola e Japur Admi-
nistração Judicial Ltda. - Vara/Comarca: 1a Vara
Empresarial de Belo Horizonte/MG
Recuperações Judiciais Indeferidas
Empresa: Alex Henrique Cruz Eireli - CNPJ:
09.468.909/0001-43 - Endereço: Rua Lourenço
Martini, 260, Anexo 1, Bairro Jardim Marajó - Va-
ra/Comarca: 2a Vara de São José do Rio Preto/SP
- Observação: Face a não instrução do pedido com
a documentação pertinente.

Empresas Serviços&Tecnologia
TurismoA decisão da 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte abarca
Hotmilhas e a Novum e afeta mais de 700 mil credores, boa parte de pessoas físicas
Justiça dá 180 dias de proteção
contra credores à 123milhas
Daniela Braun
De São Paulo
A Justiça de Belo Horizonte acei-
tou, na tarde de quinta-feira (31),
os pedidos de recuperação judicial
das empresas 123 Viagens e Turis-
mo, Art Viagens e Turismo (a Hot-
milhas), e da controladora Novum
Investimentos e Participações.
Juntas, as empresas do mesmo
grupo devem cerca de R$ 2,3 bi-
lhões a uma lista de mais de 700
mil credores entre pendências
trabalhistas, pessoas físicas e em-
presas, incluindo bancos, redes
hoteleiras, empresas de tecnolo-
gia e a Azul Linhas Aéreas.
Na decisão, a juíza Claudia He-
lena Batista, da 1ª Vara Empresa-
rial da Comarca de Belo Horizon-
te (MG), determina a suspensão,
pelo prazo de 180 dias, de todas
as ações e execuções contra as
devedoras. Até 30 de outubro, as
empresas, que pertencem à fa-
mília mineira Madureira do
Nascimento, devem apresentar
um plano de pagamento.
A recuperação entrou em cur-
so menos de duas semanas após
a 123milhas ter comunicado aos
clientes que não conseguiria en-
tregar passagens compradas
com datas flexíveis, previstas en-
tre setembro e dezembro deste
ano. Até ontem (31), havia pelo
menos 4.596 processos contra a
123milhas tramitando nos tribu-
nais do país, informou o portal
especializado JusBrasil ao Valor.
As ações seguem em curso,
Bradesco Seguros
compra 20%
do Grupo Santa
Saúde
Beth Koike e Mônica Scaramuzzo
De São Paulo
A Atlântica, braço de hospi-
tais da Bradesco Seguros, fechou
a aquisição de 20% do Grupo
Santa, maior rede hospitalar do
Centro-Oeste e dona do tradicio-
nal Santa Lúcia, em Brasília. Se-
gundo fontes, a transação é esti-
mada em cerca de R$ 1 bilhão, o
que representa um múltiplo de
10 vezes sobre o Ebitda (lucro
antes de juros, impostos, depre-
ciação e amortização).
Esse é o primeiro ativo já em
operação adquirido pela Atlân-
tica, que foi criada pela segura-
dora em 2021. Desde então, a
nova empresa fechou uma joint
venture com a Beneficência Por-
tuguesa e Fleury num negócio
de oncologia e fechou uma par-
ceria com o Albert Einstein para
a construção de um hospital
com 300 leitos, que deve ficar
pronto em 2027. Os dois proje-
tos vão demandar desembolsos
de mais de R$ 800 milhões.
O braço de hospitais da Bra-
desco Seguros serve de defesa à
fusão de Rede D’Or e SulAmérica.
Esses grupos de saúde atendem
ao mesmo público, ou seja, inter-
mediário e premium. “O Grupo
Santa tem uma forte reputação
no Centro-Oeste, região que mais
cresce no país, e vai ser nossa
plataforma de expansão naque-
la praça”, disse Carlos Marinelli,
diretor geral da Atlântica.
O Grupo Santa chegou a ini-
ciar um processo de consolida-
ção, com a compra de hospitais
em Goiás, Campo Grande e Cuia-
bá, mas interrompeu nos últi-
mos anos com a alta dos juros.
Do montante investido na
compra da fatia de 20% do Grupo
Santa, cerca de 90% dos recursos
serão destinados à expansão, que
pode ser por meio de aquisições
ou crescimento orgânico. “As fa-
Proteção por 180 dias
Dados da 123milhas
Valor da dívida
R$ 2,3 bilhões
R$ 1,6
bilhão
123milhas
Mais de
700 mil credores
60 dias
é o prazo para apresentar o plano
de pagamento aos credores
Fonte: 123milhas e 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte
mas o pagamento de indeniza-
ções e reembolsos em dinheiro
que forem determinados aos
clientes, nestes processos parale-
los, também dependem do pla-
no de recuperação judicial. “To-
dos os processos envolvendo o
recebimento de quantias líqui-
das serão suspensos, seja pela
venda de milhas ou na devolu-
ção do dinheiro de passagens
aéreas”, informa a advogada Joa-
na Bontempo, consultora do
CSMV Advogados especializada
na área de Reestruturação Em-
presarial e Falências, que repre-
senta clientes da 123milhas.
Na decisão, a juíza dispensou as
empresas de constatação prévia
—- perícia para constatar se se-
mílias controladoras da Rede
D’Or, Dasa e Mater Dei optaram
por fazer IPO. A família Leal [con-
troladora do Santa] optou por
crescer por meio de parcerias co-
mo essa que fechamos agora”,
disse Gustavo Fiuza, CEO do
Grupo Santa. A rede é dona de
oito hospitais e dois centros de
medicina diagnóstica, com pre-
visão de faturamento de cerca
de R$ 2 bilhões neste ano.
A dona do Hospital Santa Lú-
cia — cuja unidade na Asa Sul é
conhecida por receber muitos
políticos — fechou, há três me-
ses, um acordo de 60 anos com
a Oncoclínicas em que as em-
presas compartilham o trata-
mento do câncer de seus pa-
cientes. A Onco entra com as
clínicas e o Santa com a estrutu-
ra hospitalar para que os pa-
cientes não migrem para outros
estabelecimentos de saúde du-
rante o tratamento da doença.
Há muitos anos o Grupo San-
ta é cobiçado por grupos con-
correntes e investidores devido
a sua relevância em Brasília.
Em 2012, esteve próximo de fe-
char um acordo de venda para
a Rede D’Or, mas no último mi-
nuto desistiu, o que gerou um
processo de arbitragem.
Segundo fontes, mais recente-
mente, durante o boom do setor
de saúde, entre 2020 e 2021,
quando as transações eram ne-
gociadas a múltiplos bilionários,
a família Leal chegou a pedir R$
13 bilhões por 100% do grupo, o
que afugentou possíveis com-
pradores. Essa quantia caiu pa-
ra cerca de R$ 7 bilhões e hoje o
ativo é avaliado na casa dos
R$ 5 bilhões. Todas as conversas
esbarram na resistência do fun-
dador do Santa, o médico José
Leal, de se desfazer do negócio,
em especial, da unidade do San-
ta Lúcia, na Asa Sul, de Brasília,
considerado a joia da coroa e
cuja credibilidade levou a aber-
tura de outras unidades.
R$ 690,7
milhões
Hotmilhas
A 123milhas e a Hotmilhas pertencem aos irmãos Madureira do Nascimento
guem operando e se têm condi-
ções de serem recuperadas. No
entanto, em sua decisão, a magis-
trada solicita um relatório preli-
minar, no prazo de 30 dias, a res-
peito das documentações das em-
presas. As companhias têm até 15
dias para complementar docu-
mentos pendentes no processo.
A Azul Linhas Aéreas é a única
companhia do setor na lista de cre-
dores, com um montante de pou-
60
dias é o prazo para o
plano de pagamento
. JULIO BITTENCOURT/VALOR
Ari de Sá, presidente da Arco: investimentos de R$ 370 milhões em tecnologia e integração de plataformas educacionais
Receita da Arco Educação cresce 19%
Ensino
De São Paulo
Em uma de suas últimas apre-
sentações de resultado como
companhia aberta, a Arco Educa-
ção apurou receita líquida de
R$ 1 bilhão no primeiro semestre,
com crescimento de 19% em rela-
ção ao mesmo período de 2022.
No período, o lucro líquido
cresceu 3,5 vezes, para R$ 36 mi-
lhões, e a geração de caixa atin-
giu R$ 253 milhões. Roberto Ote-
ro, diretor financeiro da Arco,
atribuiu o desempenho ao tra-
balho de reestruturação inicia-
do no ano passado, com redu-
ção de despesas gerais e custos.
Com a geração de caixa positiva,
a companhia prevê investimentos
de R$ 370 milhões em tecnologia
nos próximos dois anos. “Nossos
novos projetos envolvem integra-
ção das plataformas educacionais,
criação de produtos e serviços e
uma área 100% dedicada à inteli-
gência artificial”, disse Ari de Sá,
presidente da Arco Educação.
Dona dos sistemas de ensino
SAS, Positivo, Dom Bosco e COC, a
Arco está fechando seu capital, cu-
jas ações são negociadas na Nas-
daq desde 2018. Na época, a Arco
levantou cerca de US$ 200 milhões
no IPO, com o papel a US$ 17,50. A
transação chamou atenção por-
que se tratava de uma empresa
ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/AG. O GLOBO
co mais de R$ 505 mil a receber da
123milhas. Procurada pelo Valor,
a companhia aérea não quis se ma-
nifestar a respeito de um possível
acordo desfeito com a 123milhas.
Conforme informou o jornal
“O Globo”, o acordo com a Azul
permitia à 123milhas pesquisar
passagens com pontos de fideli-
dade na grade da companhia aé-
rea para “adquirir passagens
com preços mais vantajosos, o
que atualmente não é mais pos-
sível”. Ainda segundo o jornal,
a 123milhas informou que ou-
tros acordos anteriores com
companhias aéreas parceiras
também foram desfeitos, mas
não foram citadas as empresas.
A exposição dos bancos na lis-
pouco conhecida. Em 2019 e 2020,
a companhia fez duas ofertas
subsequentes, com a ação a US$
43 e US$ 44,80, respectivamente.
O bom humor do mercado vi-
rou, no entanto, com o impacto da
pandemia no setor de educação.
As escolas passaram a perder alu-
nos e deixaram de comprar mate-
rial didático. O setor está em re-
composição, mas a retomada na
área de educação básica leva pelo
menos um ano, que é o período do
ciclo letivo. Além disso, por estar
na Nasdaq, que negocia ações de
empresas de tecnologia, a Arco so-
freu os impactos da desconfiança
recente dos investidores nesses ne-
gócios. Atualmente, ação está na
casa dos US$ 13. “Há uma desco-
nexão entre o operacional e o
preço da ação”, diz uma fonte.
Esse atraso entre a expectativa
trimestral do investidor e o calen-
dário escolar é que teria motivado
o fechamento de capital da com-
panhia. Os fundos General Atlan-
tic e Dragoneer, que já eram acio-
nistas, fizeram uma proposta para
“Novos projetos
envolvem criação
de área 100%
dedicada à IA”
Ari de Sá
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
ta de credores da 123milhas é
bastante baixa, e soma menos de
R$ 120 milhões. Neste grupo, o
Banco do Brasil é o maior cre-
dor, com exposição de R$
74,392 milhões. Na sequência
aparecem BMP Money Plus
(R$ 30,291 milhões), Santander
(R$ 8,040 milhões) e Caixa
(R$ 4,904 milhões). Procurados,
BB e Caixa disseram que a ope-
ração em questão é protegida
por sigilo bancário e não po-
dem comentar ou fornecer
qualquer informação. Santan-
der ainda não se manifestou.
Ao Valor, Carlos Benitez, dire-
tor-presidente da BMP, diz que a
instituição não tem exposição à
123milhas e que apenas atuou
como estruturador de um fundo
de investimento em direitos cre-
ditórios (FIDC), que é quem ficou
com o risco. Ele diz ainda que a
operação tem 40% de garantia de
aplicações financeiras e 60% de
garantia de agenda de cartões
performados, o que significa
que, mesmo com a recuperação
judicial da companhia, o FIDC
em questão não teve ter grande
impacto. Benitez não diz quem é
a gestora por trás do FIDC, mas
que o veículo tem um patrimô-
nio de quase R$ 700 milhões e
que já tinha feito outras opera-
ções antes com a 123milhas, que
foram quitadas normalmente. A
transação atual foi feita em mea-
dos do segundo semestre do ano
passado. (Colaboraram Álvaro
Campos e Joice Bacelo)
adquirir a fatia de cerca de 50% do
capital da Arco que está na bolsa. A
oferta teve apoio da família Ari de
Sá, fundadora da empresa e que
detém 42%. Após nove meses de
negociações, as partes chegaram a
um acordo em que os fundos se
comprometem a pagar US$ 14 por
ação, o que representa um desem-
bolso de cerca US$ 400 milhões.
A composição acionária da Arco
passa a ter General Atlantic e Dra-
goneer, além dos fundos Keenan
Capital e Wishbone, com cerca de
50%. A família Ari de Sá permanece
com 42% dos papéis e com 88% do
capital votante da companhia. A
fatia restante fica com os funda-
dores do Isaac, startup que faz
antecipação de recebíveis de es-
colas. O Isaac, cujo faturamento
no ano está estimado em R$ 350
milhões, teve o controle adquiri-
do pela Arco no ano passado.
Sem as demandas trimestrais,
a companhia quer trabalhar
para integrar o Isaac e acelerar
investimentos em tecnologia,
uma área que já tem quase 450
pessoas na companhia. “Vamos
usar nossa experiência com
tecnologia para trazê-la para
dentro da Arco”, disse David
Peixoto, cofundador do Isaac.
Nos últimos cinco anos, en-
quanto companhia aberta, a Ar-
co fez 10 aquisições de empre-
sas, como os sistemas de ensino
da Positivo e Pearson. (BK)
| Valor | B7
Microsoft
tira Teams
de pacote
na UE
Estratégia
Dow Jones, de Barcelona
A Microsoft não vai oferecer
mais a plataforma de videocon-
ferência Teams em pacotes com
outros de seus softwares na Euro-
pa em um movimento para ten-
tar reduzir o escrutínio dos regu-
ladores da União Europeia.
A empresa americana anun-
ciou nesta quinta-feira que vai
mudar o formato como vende
seus aplicativos corporativos à
empresas no continente. A partir
de 1º de outubro, o Teams não
estará mais disponível nos paco-
tes Microsoft 365 e Office 365.
O preço dos pacotes corpora-
tivos será reduzido na Europa,
refletindo a retirada da plata-
forma, e vai aumentar formas
de interoperabilidade com o
Teams, que agora terá que ser
adquirido de forma avulsa.
“Acreditamos que essas mu-
danças equilibram interesses
de alguns dos nossos competi-
dores com os nossos clientes
europeus”, afirma a Microsoft.
“Também continuaremos a co-
operar com a investigação da
Comissão Europeia.”
Em julho, a União Europeia
iniciou uma investigação for-
mal contra a Microsoft, a pri-
meira em mais de dez anos con-
tra a companhia, para investi-
gar se a empresa minava com-
petição ao vender o Teams em
conjunto com o pacote Office.
A decisão é uma vitória para a
Salesforce, que oferece a plata-
forma Slack, principal rival do
Teams no mercado de comuni-
cação corporativa. Em 2020, o
Slack fez a primeira reclama-
ção contra a Microsoft aos re-
guladores europeus.
Curtas
Winity e Telefônica
O comando da Agência Na-
cional de Telecomunicações
(Anatel) inicia nesta sexta-feira
o julgamento do pedido de
anuência para o acordo de com-
partilhamento de rede entre a
Winity, do fundo Pátria Investi-
mentos, e a Telefônica Brasil, do-
na da marca Vivo.
Carrefour na França
O grupo varejista Carrefour,
um dos maiores do mundo, no-
meou Alexandre de Palmas co-
mo presidente das operações da
varejista na França e Elodie Per-
thuisot como presidente das
operações na Espanha. Palmas,
que atualmente é presidente do
Carrefour Spain, assume o cargo
de Rami Baitieh, que vai deixar a
companhia francesa. Perthuisot
vai manter sua posição como di-
retora executiva de transforma-
ção digital e comércio eletrôni-
co do Carrefour. As ações do
Carrefour fecharam em alta de
0,80% na Bolsa de Paris.
AliExpress no Brasil
O grupo Alibaba, controlador
do AliExpress no Brasil, foi certi-
ficado como participante do Pro-
grama Remessa Conforme. A de-
cisão consta em ato declaratório
da Receita Federal publicado no
“Diário Oficial da União” desta
quinta-feira (31). É o primeiro
grande e-commerce estrangeiro
a receber a certificação. Com isso,
as compras de até US$ 50 feitas
pelo site passam a ter isenção de
imposto de importação e a pagar
apenas ICMS, numa alíquota uni-
forme de 17%. O tributo é cobra-
do do consumidor no ato da
compra e repassado aos Estados.
Segundo a Receita Federal, a cer-
tificação se refere exclusivamen-
te às vendas efetuadas por meio
do endereço eletrônico
https://pt.aliexpress.com. As en-
tregas serão feitas pelos Correios
e por transportadoras privadas,
com os quais o grupo chinês fe-
chou contrato. Já o primeiro mar-
ketplace a ser certificado pelo Re-
messa Conforme foi o Sinerlog.
B8 | Valor
Especial Valor&Auto
Ferrari “Autoesporte” [eu] foi até o Circuito das Américas, no Texas, participar do Ferrari Racing Days
Acelerei uma 296 GTB, de 830 cv, até 250 km/h
Raphael Panaro
Da Autoesporte
Há uma regra geral no jornalis-
mo segundo a qual as reportagens
devem ser escritas na 3 a pessoa; o
jornalista é só o intermediário da
notícia, não o protagonista. Mas
peço desculpas. Não quero ser es-
trela de nada, mas dirigir uma Fer-
rari pela primeira vez — e em um
circuito de Fórmula 1 — é uma ex-
periência que precisa do “eu”.
É cedo em Austin, Texas. Acordo
duas horas antes de o despertador
tocar e não consigo mais dormir.
Penso que em algumas horas estarei
dentro de uma Ferrari, mais especifi-
camente da 296 Gran Turismo Berli-
netta, ou apenas GTB, com hiperbó-
licos 830 cv e R$ 4,5 milhões na eti-
queta de preço por aqui. Já escrevi
milhares de linhas sobre as Ferrari,
mas dirigir uma faltava no currículo.
Estou no Ferrari Racing Days,
evento que reúne clientes, pilotos,
fãs e, claro, muitos carros. Ocorre
nos EUA, na Europa e na China.
“Autoesporte” também foi convi-
dada a participar do Corso Pilota,
umcursooferecido(vendido,naver-
dade) desde 1993. Em três níveis
(Sport, Evoluzione+ e Race), o
workshop pretende fornecer aos
clientes uma melhor compreensão
das técnicas de direção dos modelos
Ferrari. Os preços são salgados, co-
meçam na casa dos US$ 20 mil, mas
uma ninharia para proprietários
que pagam fortunas por seus carros.
Além do curso, o pacote inclui
hospedagem em hotel cinco estre-
las, refeições, brindes e traslado até a
pista. Os clientes também não usam
o próprio carro. O curso oferece a
296 GTB, a SF9O e a 488 Challenge
Evo, para técnicas avançadas.
Minha missão era subir o 1 o de-
grau, o Corsa Pilota Sport, um curso
de dois dias. Mas eu só teria algumas
horas. A ânsia por realizar um sonho
me atrapalha na hora de lembrar tu-
dooqueosinstrutoresdisseramede
absorver as informações do carro.
Meus olhos vão direto ao encon-
tro de quatro exemplares semelhan-
tes à 296 GTB devidamente trajados
na icônica cor vermelha Rosso. Mes-
mo não sendo a primeira vez que ve-
jo ao vivo o esportivo, chamam a
atenção as duas protuberâncias dos
largos para-lamas com tomadas de
AMGGTagorapode
ter banco traseiro
Da Autoesporte
A Mercedes-Benz amansou o
AMG GT para a 2 a geração e disse
ter ouvido seus clientes para isso.
A marca afirma que o novo carro
“combina características de dire-
ção altamente dinâmicas com
maior adequação ao uso diário”.
Para isso teve que ficar maior. O
GT é 18 cm mais comprido (4,72
m), 4 cm mais largo (1,98 m) e a
distância entre-eixos é 7 cm mais
longa, chegando a 2,70 m. Agora,
pode ter dois lugares adicionais,
sendo que o banco traseiro é op-
cional, e um porta-malas de 250 li-
tros, ante os 175 do anterior.
NO TRÂNSITO, ESCOLHA A VIDA!
| Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Nada de V8 ou V12, o vidro do “aquário” mostra o retorno do V6, usado pela última vez em uma Ferrari nos anos 70, mas com um conjunto híbrido: somados, são 830 cv
ar (inspirados na clássica 250 LM tri-
campeã de 24 Horas de Le Mans), o
escapamento central e o ostensivo
difusor em fibra de carbono.
É também atrás que fica o motor,
em uma espécie de “aquário”. Nada
de V8 ou V12. O vidro mostra o re-
torno do V6 (usado pela última vez
emumaFerrarinosanos1970)eadi-
ciona uma pitada de modernidade
com um conjunto híbrido. O 2.9 bi-
turbo de seis cilindros “V” (daí a nu-
meração296)gera663cv.Jáaunida-
de elétrica (a chamada MGU-K), pro-
veniente das pistas de corrida, posi-
ciona-se entre o V6 e o câmbio de
dupla embreagem e oito marchas, e
contribui com 167 cv extras. Combi-
nados, fornecem 830 cv e 75,3 kgfm.
A 296 não é esteticamente “difí-
cil” de entender. Tem desenho mais
limpo, a dianteira é bem baixa, os fa-
róis têm formato de losango, ladea-
dos pelas luzes diurnas que marcam
a parte de cima das entradas de ar.
Embaixo, o para-choque não é cheio
de aletas ou penduricalhos aerodi-
nâmicos. Para mim, a 458 Italia con-
tinua imbatível no quesito design,
mas a 296 é um carro bem bonito.
Chega a minha vez. A primeira
parte do curso começa com uma
O visual foi atualizado quase
sem perder a essência. Olhe para
a foto e diga se o desenho, prin-
cipalmente lateral e traseiro não
lembra o Porsche 911. O capô
comprido termina em uma gra-
de hexagonal com faróis peque-
nos nas extremidades. As lanter-
nas afiladas ficaram mais arre-
dondadas a exemplo do que
aconteceu com a nova geração
do Classe E, por exemplo.
Por dentro há uma tela sensí-
vel ao toque de 11,9 polegadas
executando o sistema MBUX da
Mercedes. Existem confortos co-
mo iluminação ambiente, assen-
tos com massagem e a opção de
ambientação no carro, voltas de re-
conhecimento e um pequeno circui-
to de cones. Entro na 296 GTB e a
friagem daquela manhã no Texas dá
lugar a um suador. Me acomodo no
banco de fibra de carbono que me
abraça igual avó com saudade do
neto.Ajeitominhaposiçãodedirigir
(estou quase sentado no chão de tão
baixo), coloco o E-Manettino (nome
pomposo do seletor de modo de
condução) no Hybrid, deslizo o de-
do pelo botão “invisível” de partida e
o carro desperta com uma bela tri-
lha, enquanto o instrutor me explica
o que fazer e aonde ir.
Traçado memorizado, hora de ace-
lerar forte. A Ferrari vai cronometrar
cinco voltas rápidas e fazer uma pe-
quena competição entre os jornalis-
tas. Parto um pouco cauteloso, não
querendofazerfeio.Eisquenaterceira
Na minha cabeça,
já estava além
do meu limite e
ele dizia: ‘push,
push, push’
A Mercedes não
tem data, mas deu
certeza da vinda do
carro para o Brasil
Excelência
Stuttgart, sua referência Porsche.
Excelência e evolução constante. Estes são dois dos fatores que fazem a Stuttgart ser referência em Porsche no Brasil há 25 anos.
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volta escuto um “push, push, push!”.
Eu entendia, mas não conseguia assi-
milar as interjeições do senhor italia-
nosentadoaomeulado.Naminhaca-
beça eu já estava além do meu limite,
espancando o acelerador, freando a 5
metros da curva e com o café da ma-
nhã rebolando no meu estômago. Pa-
raa296,erasópasseionoparque.
Direita, reta curta, freio, entro rá-
pido na curva, acho que não vai dar
— e a Ferrari contorna com maestria.
Logo de cara, a aderência e a direção
afiada impressionam. Então me vem
à cabeça o Porsche 911 GT3, pelo ní-
vel com que o carro gruda no chão.
Esquerda, direita, reta um pouqui-
nho mais longa, chego aos 100 km/h
em menos de 3 s, freada forte, a 296
mergulha e a frente entra como se
nada tivesse acontecido.
Vou ganhando confiança para
acelerar mais, frear tarde, contornar
com mais velocidade e... recebo a
bandeirada — a adrenalina dá lugar
a um gostinho de quero mais! Saio
do carro tremendo. E o gostinho fica
mais agridoce quando descubro
que fiz só o terceiro melhor tempo.
Hora do segundo exercício. Um
caminhão-pipa molha a pista para
facilitar a escorregada, o instrutor
couro de um ou dois tons nos re-
vestimentos.
Por enquanto são duas ver-
sões do motor V8 4.0 biturbo,
sendo uma com 475 cv de po-
tência e 71,4 kgfm de torque e
que leva 3,8 segundos para che-
Experiência
stuttgartporsche
DIVULGAÇÃO
coloca o controle de tração em um
modo mais permissivo, sem desligar
completamente. O objetivo aqui é
derrapar, mas com controle a todo
momento. E fazer a traseira da 296
rodopiar é uma das coisas mais fá-
ceis do dia: volante todo esterçado
paraolado,carroa3km/heoinstru-
tor manda pisar no acelerador como
se fosse matar uma barata gigante.
Dito e feito: a rabeira desliza, con-
torno metade do cone sem perder o
controle e a Ferrari segue na direção
certa. Depois da décima repetição e
de errar três vezes — quando o carro
sai de frente — me sinto pronto.
Tempo para respirar, porque o úl-
timo módulo do curso era, claro, dar
trêsvoltasnos5,5kmdoCircuitodas
Américas, inaugurado em 2010. Ba-
laclava, capacete. Entro no carro, pri-
meiro de carona, e o instrutor ao la-
do dá o aviso: “Só acelere, freie, suba
ou desça marchas quando eu man-
dar”,dizoitaliano. Um “ok”foio má-
ximo que saiu da minha boca. De-
pois de uma volta não tão rápida as-
sim para aprender em três minutos
alguns truques da pista, chegava a
minha hora de assumir o volante.
Primeira volta mais lenta para me
ambientar. Faço a 20 a e última curva.
DIVULGAÇÃO
gar aos 100 km/h e outra com
585 e 81,6 kgfm que faz o mes-
mo em 3,1 segundos.
Mais para frente podemos es-
perar opções mais extremas, co-
mo uma Black Series, e outras
mais ecológicas. Uma versão hí-
Pé embaixo. O V6 urra (claro que não
soacomooV12deuma812Superfast,
mas com seis cilindros a menos a sin-
fonia é bem instigante), meus olhos
nem piscam, o velocímetro chega per-
todos250km/h—aindalongedamá-
xima de 330 km/h —, e me aproximo
da primeira curva. Quem vê pela tele-
visão percebe, obviamente, que é uma
subida, mas ao vivo é bem mais íngre-
medoqueparece:são40metros.
“Freia, terceira marcha”, diz o ins-
trutor. Reduzo uma por uma por
meio das vistosas aletas de fibra de
carbono. O câmbio é preciso e rápi-
do. A Curva 2 é tranquila e, ao mes-
mo tempo, uma das mais importan-
tes do circuito — é preciso fazê-la
bem porque da Curva 3 até a Curva 8
é “carrossel”, uma sequência de “S”
inspirada na famosa Maggots e Be-
cketts, de Silverstone. Esquerda, di-
reita, esquerda, direita e meu estô-
mago embrulha. A 296 tem um
equilíbrio e uma leveza que nunca
senti em outro carro.
Curvas 9, 10 (meio cega em subi-
da passando na zebra e uma peque-
na levantada de pé do acelerador),
reta e freada forte para fazer o coto-
veloquedá acessoà outrareta,opos-
ta. “Quarta marcha”, brada o instru-
tor para a próxima curva. Sem que-
rer, engato uma segunda e ele repe-
te: “só reduza quando eu mandar”.
Curvas 13, 14 e 15 também bem
lentas, porém mais fáceis. Quando
chego na 16 o instrutor volta a se
manifestar. “Essa é a curva da pa-
ciência”, explica. Trata-se de uma
curva com raio gigante em que é
preciso, literalmente, ter paciência
ao voltar a pressão total no acelera-
dor. Após uns 4 segundos com o vo-
lante virado à direita ouço o instru-
tor falar: “Patience, patience.”
Mais alguns segundos e a curva fi-
nalmenteacaba,epossovoltaraace-
lerar. Curva 18 para a esquerda, ace-
lero, freio, Curva 19 e pé embaixo —
última vez passando pela reta prin-
cipal. A volta seguinte é mais “cool
down”, para resfriar o freio e dar um
respiro também para o carro.
Chegando aos boxes, o italiano
solta: “Você deveria fazer o segundo
nível do curso”. Incrédulo, respondo
só “É mesmo?”. Mas escuto com cer-
ta dúvida: ele deve falar isso para to-
dos. Mesmo assim, aquela manhã é
uma coisa que nunca vou esquecer.
Desculpe pelo “eu” mais uma vez.
brida plug-in também está nos
planos da marca.
As duas trazem a novidade da
tração 4Matic+ adaptativa. Con-
forme a situação, ela pode distri-
buir a força do motor nos dois
eixos de forma igual ou também
jogar tudo na traseira para
quem gosta de mais esportivida-
de em pistas. O câmbio automá-
tico é de nove marchas em am-
bas versões.
Há também aerodinâmica ati-
va que atua na asa traseira e na
grade do radiador. E ainda uma
aleta escondida abaixo do mo-
tor que reage à posição dos pro-
gramas de direção e abaixa au-
tomaticamente cerca de 40 milí-
metros a uma velocidade de 80
km/h. A suspensão conta com
estabilização ativa e eixo trasei-
ro direcionável.
A Mercedes do Brasil ainda
não tem uma data para lançar o
novo AMG GT, mas deu a certeza
da vinda do carro ao país.
Tradição
 Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | B9

Empresas Tendências&Consumo

Bijuteria Após dois anos consecutivos de prejuízo, Alexis Nasard prevê mudança positiva neste ano

Swarovski está a caminho do lucro, diz CEO

Ana Luiza de Carvalho
De São Paulo
Depois de um período difícil,
com custos em alta e dois prejuí-
zos consecutivos, em 2021 e
2022, a fabricante de acessórios
de cristal Swarovski prevê uma
mudança de rumo positiva para
este ano. “Estamos no caminho
para apresentar lucro”, disse ao
Valor o CEO global da compa-
nhia, Alexis Nasard, durante vi-
sita a São Paulo.
Com sede na Áustria, a Swa-
rovski reúne mais de 6,5 mil pon-
tos de venda em cerca de 170 paí-
ses. No ano passado, a receita
global da companhia cresceu
10%, para € 1,83 bilhão, segundo
dados da empresa.
Nasard atribuiu os prejuízos
dos últimos anos ao impacto da
covid-19, que provocou um au-
mento de custo nas cadeias glo-
bais de fornecimento. As mar-
gens “não estão tão boas quanto
a companhia gostaria”, afirmou.
A empresa vem revisando o
portfólio de lojas consideradas
pouco produtivas, cujo movimen-
to mais fraco prejudicou as vendas.
O objetivo é melhorar as margens
de lucro em médio prazo.
Segundo Nasard, o plano para
a marca é aproximar as bijute-
rias de cristal de uma ideia de
“luxo alegre”. A empresa fabrica
uma grande variedade de pro-
dutos de cristal, que inclui brin-
cos, colares, canetas cravejadas e
até objetos decorativos em for-
mato de animais.
Esse amplo portfólio, segundo
o executivo, permite que a marca
centenária não fique “obcecada
com a concorrência” e evite uma
sobreposição de mercado com
outras empresas. “Nós interagi-
mos com marcas como Tiffany,
Pandora, Vivara, mas não há um
competidor direto porque o que
fazemos é cristal, é um produto
muito específico”, afirmou.
Metade do mercado mundial de
luxo é formado pelos Estados Uni-
dos e pela China, países que tam-
bém são os líderes de vendas para a
Swarovski, disse o executivo.
A companhia não divulga a
participação do Brasil em sua re-
ceita global. A Swarovski possui
69 lojas no país, das quais 32 são
unidades próprias e 37, fran-
quias. A companhia abriu duas
lojas neste ano, em Brasília e em
Novo Hamburgo (RS). Para 2024,
estão previstas três aberturas.
“Temos uma estratégia baseada leira conta com uma linha de chi-
em cidades e São Paulo está entre nelos em parceria com a Swa-
as cidades mais estratégicas do rovski. Os modelos são vendidos
mundo, não apenas com concen- na loja eletrônica da Havaianas
tração econômica, mas com po- por preços que variam entre
der de estabelecer tendências e R$ 89,99 e R$ 269,99.
ser uma parte do panorama cul- A Swarovski tem 128 anos de
tural”, afirmou Nasard. existência. Foi fundada em 1895
De acordo com o executivo, por Daniel Swarovski. Ao longo
não há plano para interromper a de sua história, a companhia
parceria estabelecida com a fa- ajudou a fazer com que os itens
bricante de calçados Alpargatas. de cristal se tornassem objetos
“Havaianas é uma marca legal, desejados pelo consumidor. As
representa um estilo de vida. Co- peças da marca apareceram em
laboração com marcas como essa filmes como “Os Homens Prefe-
são modernas”, disse. rem as Loiras”, estrelado por Ma-
A fabricante de calçados brasi- rilyn Monroe.

.
Agronegócios Por

Fávaro anuncia medidas de apoio a

DIVULGAÇÃO

agricultores do RS afetados pela seca

Políticas
José Florentino
e Marcelo Beledeli*
De Esteio (RS)
O governo federal vai disponibi-
lizar uma linha de crédito em dó-
lar para socorrer produtores gaú-
chos, especialmente os associados
a cooperativas, que ficaram endivi-
dados devido às estiagens nos últi-
mos dois anos no Rio Grande do
Sul. A informação foi antecipada
pelo ministro da Agricultura, Car-
los Fávaro, durante visita à feira Ex-
pointer 2023, em Esteio (RS).
O anúncio oficial da liberação
do crédito deve ocorrer hoje, na ce-
rimônia do Desfile dos Animais
Campeões da Expointer 2023. Na
ocasião, também devem ser anun-
ciadas medidas sobre o calendário
do plantio da soja no RS e para mi-
tigar a crise da pecuária leiteira.
A linha de crédito seria via Banco
Nacional de Desenvolvimento Eco-
nômico e Social (BNDES). O valor
previsto é R$ 3,5 bilhões, usado para
reestruturação das dívidas de coo-
perativas, que estão com endivida-
mento em torno de R$ 3,5 bilhões a
R$ 4 bilhões. “Todo o dinheiro pedi-
do será liberado”, afirmou Fávaro,
que se reuniu com dirigentes do Sin-
dicato e Organização das Cooperati-
vas do Estado do RS (Ocergs).
Segundo ele, a maior parte das
dívidas dos produtores está nas co-
operativas, que seguraram o pre-
juízo e deram insumos para a nova
safra. “Elas [as cooperativas] não
estão com problemas financeiros,
mas vamos criar um programa pa-
ra dar capital de giro”.
Em relação à crise do setor leitei-
ro, devido ao aumento das impor-
tações de lácteos do Uruguai e da
Argentina, Fávaro afirmou que a
Vigilância Agropecuária Interna-
cional (Vigiagro) da Pasta está in-
vestigando as denúncias de que
leite de fora do Mercosul está sen-
do triangulado por esses países e
que há uma exportação de produ-
tos de baixa qualidade ao Brasil.
“Não podemos tomar medidas
drásticas em relação ao Merco-
sul, mas podemos negociar”, afir-
mou Fávaro. A principal ideia é a
criação de cotas para limitar a en-
trada do produto. “E se desco-
brirmos que estão exportando
produtos de má qualidade, va-
mos fechar a indústria”, disse.
O ministro da Agricultura tam-
bém afirmou que o governo traba-
lha no projeto de regionalização
do calendário de plantio da soja
no país. Produtores, especialmen-
te do Sul do Brasil, têm reclamado
que a janela de cultivo ficou mais
curta. “Em um país com diversida-
de climática, não pode ter um ca-
lendário só”, afirmou Fávaro. “Mas
exceção não pode virar regra”.
Também na Expointer, Fávaro
anunciou que Israel abriu seu
mercado para a carne de frango
brasileira. É o 42º mercado aber-
to pelo atual governo do presi-
dente Luiz Inácio Lula da Silva.
O chefe da Agricultura afirmou
que a gripe aviária de alta não atin-
giu granjas comerciais do país até
o momento porque o avicultor
brasileiro é muito eficiente. O Bra-
sil confirmou 86 casos de gripe
aviária até o momento, sendo 84
em aves silvestres e dois em cria-
ções de fundo de quintal.
Ele disse que o governo conti-
nuará tomando as ações necessá-
rias para preservar o status sanitá-
rio do país de livre de gripe aviária
perante a Organização Mundial de
Saúde Animal (Omsa) “Amanhã “Todo o dinheiro pedido será liberado”, disse ministro Fávaro na Expointer
(hoje) ou segunda-feira deve sair a
medida provisória que regula-
menta o uso dos R$ 200 milhões”,
informou, citando o recurso aloca-
do no Ministério da Agricultura
para reforçar as medidas de con-
trole da doença. * Para o Valor
Banco Bradesco S.A.
CNPJ no 60.746.948/0001-12 – NIRE 35.300.027.795

GDM investe em expansão em Cambé e em Petrolina Ata da Reunião no 3.391, do Conselho de Administração,
realizada em 15.6.2023
Aos 15 dias do mês de junho de 2023, às 9h, reuniram-se, na sede social, no
Núcleo Cidade de Deus, Prédio Vermelho, 6o andar, Vila Yara, Osasco, SP, e por

Biotecnologia investimento, a empresa visa im-

pulsionar o crescimento no merca-
Carolina Mainardes do de biotecnologia vegetal.
Para o Valor, de Cambé (PR) De acordo com a empresa,
atualmente, mais de 40% da pro-
A GDM, que atua no mercado de dução mundial de soja possui ger-
genética de plantas de cultivos ex- moplasma desenvolvido pelo gru-
tensivos, com forte atuação no po. No Brasil, 79% da soja tem a ge-
mercado de soja, investiu R$ 15 nética da GDM e, na Argentina, Pa-
milhões na expansão do complexo raguai e Uruguai a marca está pre-
de laboratórios da unidade de sente em 71% da produção de soja.
Cambé (PR). A nova estrutura in- No laboratório de edição gêni-
clui um laboratório de edição gê- ca, a GDM dará continuidade no
nica e outro de marcadores mole- desenvolvimento de traits (se-
culares e sequenciamento. Com o mente com uma determinada ca-
PREGÃO ELETRÔNICO NACIONAL
NF 1300-23
Objeto: Contratação dos serviços de Auditoria Médica e Odontológica, e de
Responsabilidade Técnica Médica e Odontológica perante os respectivos conselhos
regionais para o Plano de Assistência Médico Hospitalar e Odontológica – PAMHO
- da ITAIPU, em Foz do Iguaçu/PR.
Condição de Participação: empresa legalmente estabelecida no Brasil.
Caderno de Bases e Condições: disponível no site https://compras.itaipu.gov.br.
Recebimento das Propostas: até às 9h (horário de Brasília) de 19 de setembro de
2023.
Daniele Tassi Simioni Gemael Julio Peralta Deggeller
Superintendente de Compras Superintendente Adjunto de Compras
Central Eólica Monte Verde VI S.A.
(Subsidiária Integral)
CNPJ/MF n° 31.199.538/0001-09 - NIRE 24.300.012.616
Ata da Assembleia Geral Ordinária Realizada em 17 de Julho de 2023
1. Data, Hora e Local: Aos 17 dias de julho de 2023, às 18h30min, na sede social da Central Eólica
Monte Verde VI S.A. (“Companhia”), Avenida Dr. Silvio Bezerra de Melo, nº 464, Letra A, Sala 01, CEP
59390-000, na Cidade de Lagoa Nova, Estado do Rio Grande do Norte. 2. Presença: Dispensada a publi-
cação de editais de convocação, na forma do disposto no artigo 124, § 4º da Lei no 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, conforme alterada (“LSA”), por estar presente a acionista que representa a totalidade
do capital social da Companhia, conforme assinatura constante no Livro de Registro de Presença de
Acionistas da Companhia. 3. Mesa: Foram escolhidos para compor a mesa o Sr. Antonio Garcia Ro-
denburg de Medeiros Netto Junior como Presidente e a Sra. Paula Ferrareto Dalbello como Secre-
tária. 4. Ordem do Dia: Deliberar sobre: (i) a tomada de contas dos administradores, o exame, a discus-
são e a aprovação do balanço patrimonial e das demais demonstrações financeiras da Companhia,
referentes ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2022; (ii) a destinação do resultado do
exercício; e (iii) a fixação da remuneração global dos administradores da Companhia. 5. Deliberações:
Instalada a Assembleia, após a discussão das matérias, a acionista presente deliberou, sem quaisquer
ressalvas, reservas ou restrições: 5.1. Declarar ter recebido as contas da administração, o balanço patri-
monial e demonstrações financeiras da Companhia, referentes ao exercício social encerrado em 31 de
dezembro de 2022 e aprovar o relatório da administração, o balanço patrimonial e demonstrações finan-
ceiras referentes a tal exercício, os quais foram publicados no Jornal Valor Econômico, no dia 13 de junho
de 2023, páginas 1-2 e A8, nos termos do Artigo 133, §3º da LSA, conforme publicações que seguem
anexas à presente ata (Anexo I). 5.2. Tendo em vista que a Companhia não auferiu lucros no exercício
findo em 31 de dezembro de 2022, não há que se deliberar sobre sua destinação e distribuição de divi-
dendos. 5.3. Tendo em vista já desempenharem outras funções no grupo da Companhia, com relação às
quais já são remunerados, os administradores da Companhia não farão jus à percepção de remuneração
adicional pelo exercício da administração da Companhia, razão pela qual não será fixada remuneração
global, nos termos do artigo 152 da LSA, para o exercício de 2023. 6. Encerramento e Lavratura da
Ata: Nada mais havendo a ser tratado, o Sr. Presidente ofereceu a palavra a quem dela quisesse fazer uso
e, como ninguém a pediu, declarou encerrados os trabalhos e suspensa a reunião pelo tempo necessário
à lavratura desta ata, a qual, reaberta a sessão, foi lida, aprovada e por todos os presentes assinada. As-
sinaturas: Mesa: Antonio Garcia Rodenburg de Medeiros Netto Junior - Presidente; Paula Ferrareto Dal-
bello - Secretária. Acionista: Monte Verde Holding S.A. (representada por seus diretores Antonio Garcia
Rodenburg de Medeiros Netto Junior e Paula Ferrareto Dalbello). Lagoa Nova, 17 de julho de 2023. A
presente ata é cópia fiel da lavrada em livro próprio. Mesa: Antonio Garcia Rodenburg de Me-
deiros Netto Junior - Presidente. Paula Ferrareto Dalbello - Secretária. JUCERN nº 20230554563 em
29/08/2023. Protocolo nº 230554563 de 17/08/2023. Denys de Miranda Barreto - Secretário Geral.
racterística), principalmente pa-
ra a soja. O segundo dos labora-
fase de terraplanagem e irrigação.
“Nosso foco é fortalecer a atua-
tórios é o de Marcadores Molecu- ção da companhia no mercado de
lares e Sequenciamento que, soja a nível global e desenvolver
com a ampliação vai gerar mais nosso negócio em milho, no Brasil,
de 500 milhões de dados na área além de outras culturas extensivas
de sequenciamento por ano. em mercados importantes, como o
A empresa pretende agregar europeu”, disse Ignacio Bartolomé,
novas culturas ao portfólio, in- CEO da GDM, em visita aos labora-
cluindo milho — mercado em que tórios com a imprensa ontem.
iniciou pesquisa em 2019. Para is- A GDM estima que seu fatura-
so, está investindo US$ 12 milhões mento global deve alcançar
em um centro de pesquisa em Pe- R$ 4,2 bilhões este ano, 18% aci-
trolina (PE), voltado exclusiva- ma de 2022. A fatia do Brasil no
mente ao cereal. A obra está em faturamento deve ser de 65,7%.
Empresa de Energia São Manoel S.A.
(“Companhia”)
CNPJ/MF nº 18.494.537/0001-10 - NIRE 33.3.0030839-3
Ata da Assembleia Geral Extraordinária realizada em 17 de Maio de 2023
1. Data, Hora e Local: Aos 17 dias do mês de maio do ano de 2023, às 17:30 horas, na sede social da
Empresa de Energia São Manoel S.A. (“Companhia”), na Praia do Botafogo, 501 - Bloco I (A) - Sala 101
- Edifício Mourisco - Botafogo - Rio de Janeiro/RJ - CEP: 22250-911. 2. Convocação e Presença:
Presentes as acionistas da Companhia que representam a totalidade do capital social, em razão do que
fica dispensada a convocação, nos termos do artigo 124, parágrafo 4º, da Lei nº 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, conforme alterada (“Lei das Sociedades por Ações”), conforme assinaturas
constantes do Livro de Presença de Acionistas da Companhia. 3. Mesa: Assumiu a presidência dos
trabalhos o Sr. Luiz Otavio Assis Henriques, que escolheu o Sr. Fabio William Loreti para secretariá-lo.
4. Ordem do Dia: O Sr. Presidente da Mesa informou que a presente Assembleia Geral tinha por
finalidade aprovar a substituição de membro indicado da acionista Furnas Centrais Elétricas S.A.., do
Conselho de Administração da Companhia e eleger novo membro para o mandato em curso.
5. Deliberações: Dando início aos trabalhos os Acionistas, sem quaisquer reservas ou ressalvas:
5.1. Aprovaram com efeitos a partir da presente data: (i) a substituição do Sr. Sidnei Bispo, brasileiro,
casado, engenheiro eletrônico, residente e domiciliado na Cidade e Estado do Rio de Janeiro, com
endereço comercial na Avenida Graça Aranha, 26 - Centro - Rio de Janeiro/RJ - CEP 20030-000,
portador da Cédula de Identidade nº 5.536.423, inscrito no CPF/MF sob o nº 949.312.598-04, o qual
ocupava o cargo de Conselheiro de Administração Efetivo, e na sequência aprovaram a eleição do Sr.
Rodrigo Junqueira Calixto, brasileiro, casado, engenheiro, portador da carteira de identidade nº
09692846-0, expedida pelo IFP/RJ, inscrito no CPF/MF sob o nº 071.402.517-89, residente e domiciliado
na Cidade e Estado do Rio de Janeiro, com endereço comercial na Avenida Graça Aranha, 26 - Centro
- Rio de Janeiro/RJ - CEP 20030-000, para o cargo de Conselheiro de Administração Efetivo, para o
mandato em curso, ou seja, até a data de realização da Assembleia Geral que examinar as contas do
exercício social a findar-se em 31 de dezembro de 2023; ainda, fica vago o cargo de seu Conselheiro
de Administração Suplente, o qual deverá ser preenchido oportunamente. 5.1.2 O membro do
Conselho de Administração ora eleito, neste ato e/ou por declaração própria conforme termo de posse
em anexo, tomou ciência de sua eleição e a aceitou, declarando não estar incurso em nenhum crime
que a impeça de exercer a atividade mercantil. 5.1.3. Em razão da aprovação do item 5.1. acima, o
Conselho de Administração para a ter a seguinte composição para o mandato em curso, ou seja, até a
data de realização da Assembleia Geral que examinar as contas do exercício social a findar-se em 31 de
dezembro de 2023: • Indicados pela Acionista EDP - Energias do Brasil S.A.: a) Maria Clara Fonseca
de Oliveira Maia e Castro - Conselheira de Administração Efetiva; a)1. Lourival Teixeira dos Santos
Sobrinho - Conselheiro de Administração Suplente; b) Luiz Otavio Assis Henriques - Conselheiro de
Administração Efetivo; b)1. Carlos Emanuel Baptista Andrade - Conselheiro de Administração Suplente;
c) Henrique Manuel Marques Faria Lima Freire - Presidente do Conselho de Administração; c)1. Daniel
Shem Cheng Chen - Conselheiro de Administração Suplente. • Indicados pela Acionista Furnas
Centrais Elétricas S.A.: d) José Alves de Mello Franco - Conselheiro de Administração Efetivo;
d)1. Mauro de Mattos Guimarães - Conselheiro de Administração Suplente; e) Pedro Eduardo Fernandes
Brito - Conselheiro de Administração Efetivo; e)1. Anderson Lanna Alves Bittencourt - Conselheiro de
Administração Suplente; f) Rodrigo Junqueira Calixto - Conselheiro de Administração Efetivo; f)1. Vago
- Conselheiro de Administração Suplente. • Indicados pela Acionista China Three Gorges Brasil
Energia Ltda.: g) Evandro Leite Vasconcelos - Conselheiro de Administração Efetivo; g)1. Sérgio
Ricardo de Marcon Fonseca - Conselheiro de Administração Suplente; h) Liyi Zhang - Conselheiro de
Administração Efetivo; h)1. Evandro Leite Vasconcelos - Conselheiro de Administração Suplente; i) Silvio
Alexandre Scucuglia da Silva - Conselheiro de Administração Efetivo; i)1. Rodrigo Teixeira Egreja -
Conselheiro de Administração Suplente. 6. Encerramento: Nada mais havendo a tratar, foi encerrada
a Assembleia, da qual se lavrou a presente ata, que lida e achada conforme, foi por todos assinada. Luiz
Otavio Assis Henriques: Presidente da Mesa. Fábio William Loreti: Secretário da Mesa. Acionistas:
Energias do Brasil S.A.; Furnas Centrais Elétricas S.A. e China Three Gorges Brasil Energia
Ltda.. Declaro que a presente é cópia fiel extraída do original. Fábio William Loreti - Secretário da
Mesa. JUCERJA nº 00005647941 em 23/08/2023. Protocolo nº 00-2023/599075-2 de 08/08/2023.
Jorge Paulo Magdaleno Filho - Secretário Geral.
videoconferência, os membros do Conselho de Administração para participar da
12a Reunião do Órgão realizada no ano. Confirmada a existência de “quórum” legal
de instalação, assumiu a Presidência dos trabalhos o senhor Luiz Carlos Trabuco
Cappi, que convidou o senhor Antonio Campanha Junior para secretariá-lo. Em
seguida, registraram-se: 1) as presenças dos demais membros deste Órgão,
senhor Alexandre da Silva Glüher, senhora Denise Aguiar Alvarez, senhores
Carlos Alberto Rodrigues Guilherme, Milton Matsumoto, Maurício Machado de
Minas, Samuel Monteiro dos Santos Junior, Walter Luis Bernardes Albertoni,
Paulo Roberto Simões da Cunha, Rubens Aguiar Alvarez e senhora Denise Pauli
Pavarina; 2) o cumprimento das formalidades legais de convocação, em 9.6.2023,
eletronicamente, por meio do Portal de Governança; 3) as participações, como
convidados, dos senhores Octavio de Lazari Junior, Diretor-Presidente, e Antonio
José da Barbara, Diretor Executivo Gerente.
.....................................................................................................................................
....................................................................................................................................
Em pauta deliberativa, os senhores conselheiros examinaram, discutiram e
aprovaram, por unanimidade de votos:
.....................................................................................................................................
....................................................................................................................................
2) proposta da Diretoria da Sociedade, desta data, para pagar juros sobre
o capital próprio intermediários, relativos ao primeiro semestre de 2023, no
valor total de R$2.000.000.000,00, sendo R$0,178997238 por ação ordinária e
R$0,196896961 por ação preferencial. Em seguida, o senhor Marcos Aparecido
Galende, que conduziu a apresentação da proposta, esclareceu que: • deverão ser
beneficiados os acionistas que estiverem inscritos nos registros da Sociedade em
26.6.2023 (data-base de direito), passando as ações a ser negociadas “ex-direito”
aos juros intermediários a partir de 27.6.2023. • o pagamento ocorrerá dia 6.7.2023,
pelo valor líquido de R$0,152147652 por ação ordinária e R$0,167362417 por
ação preferencial, já deduzido o Imposto de Renda na Fonte de 15% (quinze por
cento), exceto para os acionistas pessoas jurídicas que estejam dispensados da
referida tributação, que receberão pelo valor declarado. • os juros ora aprovados
representam, aproximadamente, 10,4 vezes o valor dos juros mensalmente
pagos, líquidos de imposto de renda na fonte, e serão computados no cálculo dos
dividendos obrigatórios do exercício previstos no estatuto social.
• será divulgado Fato Relevante com as informações ora aprovadas, na data de hoje,
após o encerramento do pregão da B3 S.A. - Brasil, Bolsa, Balcão (B3). Participou,
também, da apresentação, o senhor Cassiano Ricardo Scarpelli.
.....................................................................................................................................
....................................................................................................................................
Não havendo mais nenhum assunto a ser tratado, o senhor Presidente deu por
encerrados os trabalhos, agradecendo a participação de todos e determinando
a lavratura desta Ata que, aprovada pelos Conselheiros participantes, será
encaminhada para assinatura eletrônica. aa) Luiz Carlos Trabuco Cappi, Alexandre
da Silva Glüher, Denise Aguiar Alvarez, Carlos Alberto Rodrigues Guilherme, Milton
Matsumoto, Maurício Machado de Minas, Samuel Monteiro dos Santos Junior,
Walter Luis Bernardes Albertoni, Paulo Roberto Simões da Cunha, Rubens Aguiar
Alvarez e Denise Pauli Pavarina. Declaramos para os devidos fins que a presente é
cópia fiel de trecho da Ata lavrada no livro próprio e que são autênticas, no mesmo
livro, as assinaturas nele apostas. Banco Bradesco S.A. aa) Dagilson Ribeiro
Carnevali e Ismael Ferraz - procuradores. Certidão - Secretaria de Desenvolvimento
Econômico - JUCESP - Certifico o registro sob número 300.023/23-6, em 21.7.2023.
a) Maria Cristina Frei - Secretária Geral.
B10 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Agronegócios
Mercado Menor estoque no Brasil Commodities agrícolas
explica alta do suco; grão recuou Cotações médias* nas bolsas de Nova York e Chicago
apesar de queda na colheita Açúcar
Nas bolsas,
soja caiu 5,7%
e suco subiu
quase 10%
em agosto
Paulo Santos
De São Paulo
No mês de agosto, soja e trigo
foram as commodities agrícolas
que registraram a maior queda nas
bolsas americanas, enquanto o su-
co de laranja foi o destaque de alta
no período, conforme levanta-
mento do Valor Data, que leva em
conta os contratos de segunda po-
sição na Bolsa de Chicago.
Mesmo com os cortes estimados
na safra 2023/24 de soja nos Esta-
dos Unidos, a cotação teve queda
de 5,72% em agosto na bolsa, para
um valor médio de US$ 13,6196
por bushel. No mês passado, o De-
partamento de Agricultura dos Es-
tados Unidos (USDA) estimou
uma safra de soja de 114,45 mi-
lhões de toneladas na temporada
2023/24 nos EUA, abaixo das
117,03 milhões de toneladas que
havia estimado em julho.
O clima mais seco que o normal
em algumas áreas produtoras
DIVULGAÇÃO
“Foco vai ser a
despesa declarada
sem relação com a
atividade”
Renato Conchon
Pátria abre captação de seu primeiro Fiagro Wiz amplia comercialização de consórcios
Estratégia
Fernanda Pressinott
De São Paulo
Com R$ 140 bilhões sob gestão
e mais de 30 anos de história no
private equity, o Pátria Investi-
mentos quer alcançar a pessoa fí-
sica. Como parte dessa estratégia,
ele está lançando o Pátria Crédito
Agrícola, seu primeiro Fundo de
Investimento nas Cadeias Produ-
tivas Agroindustriais (Fiagro).
A primeira rodada de capta-
ção de recursos começa nesta
sexta-feira, com previsão de che-
gar a R$ 250 milhões ainda em
setembro. A XP terá exclusivida-
de na distribuição, que ocorrerá
no mercado de balcão, e o tíque-
te mínimo será de R$ 1 mil.
“Estamos começando nosso re-
lacionamento com as pessoas físi-
cas, e um fundo ‘cetipado’ traz um
investidor mais qualificado, ainda
que o tíquete médio seja baixo. Isso
não significa que não poderemos
listá-lo na B3 no futuro”, diz Ale-
xandre Coutinho, sócio do Pátria e
líder na área de crédito no Brasil.
Café
americanas motivou um ajuste na
produção também pelo Pro Far-
mer Crop Tour, expedição que fez
uma análise in loco das plantas em
solo americano. Os técnicos da ex-
pedição projetaram uma safra de
111,86 milhões de toneladas.
“O comprador no mercado inter-
nacional ainda não está preocupado
com a oferta de soja, pois, mesmo
diante das reduções, os efeitos do El
Niño trazem projeções otimistas pa-
ra a safra na América do Sul neste ci-
clo”, avalia Ismael Menezes, sócio da
MD Commodities.
“A Argentina sai de uma pro-
dução de 25 milhões de tonela-
das para 48 milhões em 2023/24.
No Brasil, o Rio Grande do Sul po-
de colher 10 milhões de tonela-
das a mais [em relação à safra
2022/23]”, acrescenta.
No mercado de trigo, os contra-
tos caíram 5,78% em agosto em
Chicago, para US$ 6,5454 por
bushel na média, a despeito das in-
certezas causadas pela guerra en-
Receita inclui agro em programa de conformidade
Tributação
Rafael Walendorff
De Brasília
A Receita Federal incluiu o se-
tor agropecuário no Programa
Nacional de Conformidade Tri-
butária e vai iniciar ações de fisca-
lização na atividade rural a partir
de setembro. O foco será nas re-
ceitas e despesas dos produtores
rurais pessoas físicas, com o cru-
zamento de dados das declara-
ções de imposto de renda e do li-
vro caixa digital, além de verifica-
ções nas operações de arrenda-
mento e parcerias no campo.
A Confederação da Agricultu-
ra e Pecuária do Brasil (CNA) e as
federações estaduais têm alerta-
do os produtores sobre essa fisca-
lização tributária e a possibilida-
de de recebimento de notifica-
O objetivo do fundo é dar um re-
torno de CDI mais 3% ou 3,5% ao
ano, excluídas as taxas de adminis-
tração e de performance, depois de
alguns meses de operação. Para ga-
rantir esse desempenho, o Pátria
afirma que investirá o dinheiro em
ativos com bom histórico de go-
vernança e que permitam diversi-
ficação setorial e geográfica.
“Temos contato com sementei-
ras e distribuidores de insumos,
por exemplo, que são empresas
que têm base de clientes grande e
operações em todo o país, o que
significa que seus riscos de ope-
ração são diversificados. Elas
também atuam com vários tipos
de cultura, outro fator de redu-
ção de risco”, afirmou Coutinho.
O Pátria tampouco descarta in-
R$ 1 mil
será o tíquete
mínimo do Pátria
Crédito Agrícola
Em US$ cents/libra
26
24
22
20
Ago/
2022
Variações
1,16% 30,27%
Ago/23 No ano
Algodão
Em US$ cents/libra
110
100
90
80
Ago/
2022
Variações
2,89% 2,95%
Ago/23 No ano
Fonte: Dow Jones Newswires. Elaboração: Valor Data. * Mercado futuro, segunda posição
tre Ucrânia e Rússia. Analistas ou-
vidos pelo Valor atribuem o recuo
ao pico da colheita de trigo no He-
misfério Norte, além de rendimen-
tos cada vez melhores na Rússia, o
maior exportador do mundo.
O milho também caiu em agos-
to, mas com menos intensidade. A
queda, no entanto, ocorreu apesar
da revisão para baixo nas estimati-
vas de produção para os EUA na sa-
fra 2023/24. No mês passado, o US-
DA projetou colheita de 383,84
milhões de toneladas — havia pre-
visto 389,15 milhões em julho.
Conforme o Valor Data, os contra-
tos futuros fecharam o mês em
queda de 3,92%, para US$ 4,9796
por bushel, na média.
“Ainda estamos falando da ter-
ceira maior safra de milho da his-
ções ou autuações.
O Fisco vai averiguar a tributa-
ção das receitas e a dedução das
despesas relativas à atividade rural
na apuração do resultado fiscal
dos produtores. Quem tiver incon-
formidades detectadas vai receber
carta física ou correspondência
eletrônica no sistema do contri-
buinte do órgão solicitando a ava-
liação e retificação das informa-
ções para regularização das pen-
dências sem multas em 60 dias.
Caso o contribuinte não entre-
gue ou retifique as pendências, a
Receita poderá aplicar multa
qualificada que pode chegar a
225%, informou a CNA, e abrir o
processo de fiscalização, com res-
trições cadastrais.
Segundo a CNA, cerca de 98%
dos produtores rurais brasileiros
são pessoas físicas. “O foco vai ser
a receita não declarada e a despe-
vestir em fundos concorrentes. A
única objeção são ativos dos quais
a gestora é sócia. “Se tem equity,
não daremos crédito”, resume.
A entrada da gestora no agrone-
gócio ocorreu em 2011, com a
aquisição da Agrichem, de fertili-
zantes foliares. De lá para cá, o Pá-
tria investiu R$ 5 bilhões na Agro-
biológica, de defensivos agrícolas;
Microgeo, de fertilizantes biológi-
cos; Agroline e Casa da Lavoura,
distribuidoras de insumos; e na La-
voro, maior distribuidora de insu-
mos agrícolas da América Latina.
Sobre a recente mudança na tri-
butação dos Fiagros, que agora
têm come-cotas, Coutinho disse
que vê com bons olhos. “Havia
muita boataria, agora acabou a in-
certeza”. Na semana passada, a Me-
dida Provisória (MP) nº 1.184, pu-
blicada pelo Governo Federal, defi-
niu que para ser isento de imposto
de renda, o Fiagro deve possuir, pe-
lo menos, 500 cotistas e as cotas
devem ser submetidas à negocia-
ção exclusivamente em bolsas de
valores ou no mercado de balcão
organizado. Antes, a isenção era
para fundos com até 50 cotistas.
Em US$ cents/libra
230
210
24,45
190
Ago/
2023
170
Ago/
2022
156,05
Ago/
2023
Variações
35,48% -2,29% -6,07% -29,29%
12 meses Ago/23 No ano 12 meses
Soja
Em US$ cents/bushel
1.600
1.525
1.361,96
85,65 1.450
1.375
Ago/ Ago/ Ago/
2023 2022 2023
Variações
-20,26% -5,72% -7,94% -5,78%
12 meses Ago/23 No ano 12 meses
tória dos EUA, que neste ciclo terá
a concorrência das ofertas da Ar-
gentina, Brasil e Ucrânia. Como o
milho americano perde competiti-
vidade em relação a esses países,
devemos ter mais pressão nos pre-
ços”, diz Ismael Menezes.
Entre as “soft commodities”,
negociadas na bolsa de Nova
York, o destaque foi suco de la-
ranja. Os contratos de segunda
posição subiram 9,80%, para US$
3,0388 por libra-peso.
Andrés Padilha, analista sênior
do Rabobank Brasil, afirma que o
principal vetor de alta é a redução
dos estoques de suco de laranja
no Brasil, impactados pela menor
disponibilidade da fruta.
“Os níveis de estoque vêm pio-
rando, e não há produto no mer-
sa declarada que não tem relação
com atividade rural”, afirma Re-
nato Conchon, chefe do Núcleo
Econômico da CNA. “São situa-
ções em que o produtor rural não
declarou ou declarou errado na
venda dos seus produtos ou colo-
cou gastos de fora da produção
como se fosse da atividade rural
para reduzir lucro e pagar menos
imposto”, completa.
O livro caixa digital é exigido
desde 2020 para produtores com
faturamento anual a partir de
R$ 4,8 milhões, mas muitos não se
adequaram, diz Conchon. A Recei-
ta também deverá avaliar os con-
tratos agrários, como os de arren-
damento de terras ou de parcerias,
que têm tributações diferentes.
Esse é um ponto de atenção,
avalia o advogado tributarista, Fá-
bio Calcini. Segundo ele, muitos
produtores optam pela formaliza-
Máquinas
De Brasília
A Wiz Parceiros, unidade de ne-
gócio do grupo Wiz Co, comercia-
lizou R$ 39,5 milhões em consór-
cios para máquinas e equipamen-
tos agrícolas no primeiro semes-
tre. O resultado é 21% maior que o
de todo o ano passado, quando as
vendas atingiram R$ 32,7 milhões.
Foram comercializadas 197 co-
tas de consórcio de veículos e im-
plementos usados pelos produto-
res, como caminhões, tratores, co-
lheitadeiras e acoplados ao siste-
ma de tração, como plantadeiras.
“O resultado mostra que foi
acertada a nossa entrada no mer-
cado de pesados, nossa expertise
consolidada com consórcios, port-
fólio qualificado e a capilaridade
da rede de agentes parceiros leva-
ram aos resultados neste primeiro
semestre”, afirma Maira Fonseca,
diretora da Wiz Parceiros.
Segundo a Associação Brasileira
de Administradoras de Consórcio
(Abac), a venda de novas cotas de
consórcios de pesados cresceu
Por
Cacau
Em US$/tonelada
3.600
3.469
3.250
2.900
2.550
Ago/
2022
Ago/
2023
Variações
2,04% 36,59% 44,98%
Ago/23 No ano 12 meses
Milho
Em US$ cents/bushel
700,0
647,5
595,0
542,5
497,96
Ago/ Ago/
2022 2023
Variações
-3,92% -24,09% -21,03%
Ago/23 No ano 12 meses
cado. Para tentar garantir supri-
mento para os próximos meses,
as empresas estão pagando mais
caro”, ressalta Padilha.
No Brasil, maior exportador
mundial, os estoques da safra
2022/23 caíram 40,7%, para 84,7
mil toneladas em estoque de FCOJ
Equivalente a 66 graus Brix, o me-
nor volume em 12 anos. “Como o
Brasil é responsável por 80% da ex-
portação mundial, o que acontece
aqui determina o movimento do
mercado”, acrescenta o analista.
Para a safra 2023/24, o Rabo-
bank estima produção de 300 mi-
lhões de caixas de laranja. No últi-
mo ciclo, o país colheu 314,21 mi-
lhões, segundo o Fundecitrus.
No caso do algodão, a alta foi
de 2,89% em agosto na bolsa,
ção de contratos de parceria, que
tem tributação menor, de 5,5% so-
bre a receita líquida, enquanto os
acordos de arrendamento utili-
zam a alíquota progressiva, que
pode chegar a 27,5%. Ele observa
que essa verificação dependerá da
interpretação da Receita Federal
sobre as características da relação
estabelecida.
“É dever da Receita fiscalizar os
contribuintes, e os produtores
não são imunes a isso, mas o que
nos preocupa é o alarde que co-
meça. O contribuinte tem medo,
começa a ficar preocupado. O
momento é de calma”, afirma.
De acordo com Fábio Calcini,
a intenção do Fisco é eliminar a
sonegação e regularizar quem
errou, mas ele aponta outros
propósitos, como a necessidade
de arrecadação tributária em
um setor que ganhou força eco-
7,2% de janeiro a junho na compa-
ração com o mesmo período de
2022, saltando de 119,84 mil para
128,51 mil. O volume financeiro
em cartas de crédito comercializa-
das passou de R$ 18,49 bilhões pa-
ra R$ 20,99 bilhões, alta de 13,5%.
Segundo a Wiz Parceiros, a alta
foi puxada pelo crescimento do
agronegócio em geral e pelo am-
biente de taxa de juros ainda eleva-
da, o que impulsiona a venda de
consórcios para produtores inte-
ressados em adquirir bens sem se
descapitalizar. “O consórcio tem
uma grande vantagem competiti-
va no custo efetivo da transação. É
a opção mais econômica para
quem precisa fazer uma compra a
prazo”, afirma a executiva.
Outro fator, diz, são os lança-
7,2%
foi a alta na venda
de novas cotas de
consórcios pesados
Suco de laranja
Em US$ cents/libra
320
303,88
275
230
185
Ago/
2022
Ago/
2023
Variações
9,80% 50,34% 77,79%
Ago/23 No ano 12 meses
Trigo
Em US$ cents/bushel
900
825
750
675
654,54
Ago/ Ago/
2022 2023
Variações
-5,78% -14,19% -18,49%
Ago/23 No ano 12 me ses
com o preço médio de 85,65 cen-
tavos de dólar por libra-peso.
Cacau e açúcar também fecha-
ram o mês com preços em alta em
Nova York. O contrato de segunda
posição da amêndoa subiu 2,04%,
para US$ 3.469 por tonelada. Já o
açúcar avançou 1,16%, a 24,45 cen-
tavos de dólar por libra-peso.
O cacau vive um cenário de déficit
na oferta mundial que já dura duas
temporadas. No mercado de açúcar,
investidores passaram a considerar
a possibilidadede restrição de oferta
recentemente, após a informação de
que a Índia estuda suspender as ex-
portações da safra 2023/24.
Apenas o café caiu em Nova
York em agosto. O recuo foi de
2,29%, para um valor médio de
US$ 1,5605 por libra-peso.
nômica nos últimos anos.
Em apresentação feita a enti-
dades do setor produtivo, a Re-
ceita enfatizou que o objetivo da
ação é estimular a autorregulari-
zação, orientar para o correto
cumprimento das obrigações tri-
butárias e fiscalizar casos de frau-
des. Produtores podem consultar
se possuem alguma irregularida-
de no portal e-CAC.
A Receita já iniciou a ação com
projetos pilotos em Minas Ge-
rais, Paraná, Rio Grande do Sul,
São Paulo e Santa Catarina, e so-
ma 53.689 autorregularizações
nos cinco Estados, disse a CNA.
O órgão garantiu ao setor que
não haverá aplicação de multas
de ofício. Em caso de inconformi-
dade, os tributos devidos pode-
rão ser pagos de forma parcela-
da. Procurada, a Receita não res-
pondeu ao pedido de entrevista.
mentos de produtos pelas admi-
nistradoras cada vez mais atrati-
vos ao público do campo .
Para Maira Fonseca, o cenário
vai se manter nos próximos meses.
“Com o crescimento acelerado do
agronegócio, a tendência é de cres-
cimento na venda de novas cotas
para a aquisição de maquinários
agrícolas, como por exemplo, tra-
tores e colheitadeiras”, projetou.
A empresa atua na distribuição
de consórcios e produtos financei-
ros há seis anos e tem mais de 23
mil pontos de vendas em todo o
país. A Wiz Parceiros detém 2,5%
do market share do mercado de
consórcios em geral do Brasil
atualmente, com R$ 6,2 bilhões de
cartas comercializadas.
Segundo ela, o crescimento na
área de consórcios é acelerado por
parcerias firmadas com agentes do
mercado, como Banco do Brasil,
Itaú, Santander, o grupo de con-
sórcio para veículos pesados CNP, a
Porto Seguro Bank e a Embracon.
“A nossa meta para 2023 é ampliar
o volume de venda de consórcios
das instituições financeiras e em-
presas parceiras”, diz. (RW)
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | B11
B12 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Investimentos
Há elementos para
justificar reduções que
levem a Selic a 9% ou 9,5%
em meados de 2024, diz
Silverio, da Tenax C6
Valor C
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Ativos Déficit primário, vetos de Lula na promulgação do arcabouço e incerteza
sobre comprometimento com meta levam mau humor ao pregão; dólar vai a R$ 4,95
Piora no risco fiscal mexe com mercados
Matheus Prado, Gabriel Roca e
Victor Rezende
De São Paulo
Incertezas acerca do Orçamento
do ano que vem e vetos da Presi-
dência da República a trechos da
lei do arcabouço fiscal ampliaram
o desconforto de participantes do
mercado em relação à saúde fiscal
do país e decretaram uma dinâmi-
ca de incorporação de prêmios de
risco nos ativos domésticos na ses-
são de ontem. Além disso, na bol-
sa, a proposta de acabar com os ju-
ros sobre capital próprio (JCP), pu-
blicada pela União durante o dia,
continuou a afetar ações de em-
presas que utilizam o mecanismo.
No fim do dia, o dólar comercial
avançou 1,67%, cotado a R$ 4,950,
e o Ibovespa apresentou recuo de
1,53%, para 115.742 pontos. No
mercado de juros, a taxa do con-
trato de DI para janeiro de 2027
saltou de 10,215% para 10,38%; e
a do DI para janeiro de 2029 su-
biu de 10,69% para 10,84%.
Agentes passaram, desde a tar-
PRINCIPAIS INDICADORES
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
2.000
1.800
1.600
1.400
1.200 1.029
1.000
800
600 556
400
200
0 0
jun/21 jun/22
ASSINATURAS
Estratégia Mercados
Sócios planejam Investidor
ampliar fatia no estrangeiro vende
BR Partners em US$ 12 bi em
conjunto com ações chinesas
‘follow-on’ C3 em agosto C3
Oscilação do mercado
Ativos têm dia volátil
Dólar mercado
Em R$/US$ - minuto a minuto
4,9600
4,9500
4,9400
4,9200
4,9000
de de quarta-feira, a embutir mais Cotrim observa que, nos últimos Para ele, o ministro da Fazenda, precisa levantar R$ 168 bilhões de
4,8800
prêmio de risco nos ativos locais, dias, a piora na percepção de risco Fernando Haddad, “vai ter que ser receitas adicionais, parece trazer 4,8687
na medida em que aumentou a fiscal voltou ao foco, ao se ter em muito forte para que isso aconte- um choque de realidade para o es-
17:00 17:00
percepção de piora nas condições vista tanto as especulações de se ça”. “A preocupação com a questão trangeiro, que se dá conta que a si- 30/ago/23 31/ago
fiscais do país. O movimento, ini- abandonar a meta de zerar o déficit fiscal vai voltando à medida que o tuação fiscal é pior”, diz Rostagno.
ciado com a divulgação do resulta- primário em 2024 quanto a piora tempo passa e que as projeções Já o diretor de investimentos da Ibovespa
Em pontos - minuto a minuto
do primário do governo central nos resultados fiscais correntes, na mais otimistas não se realizam. Nau Capital, Mauricio Valadares,
pelo Tesouro Nacional, impulsio- medida em que a arrecadação tem Agora será preciso ver se, com esti- entende que, nos últimos dias, os 118.000
117.535
nou os juros de longo prazo. decepcionado. “A receita não está mativas de arrecadação factíveis e agentes pararam de operar a apro- 117.500
Analistas também apontam que respondendo da forma como o go- todas as demandas de despesa, o vação do arcabouço fiscal e passa-
vetos presidenciais à lei do arca- verno imaginava. A deterioração compromisso com a meta de re- ram a se preocupar com a aplicabi- 117.000
bouço fiscal ampliaram o descon- dos ativos nos últimos dias tem sultado primário será mantido.” lidade da regra e sua capacidade 116.500
forto ontem. Um deles derrubou a muito a ver com essa frustração Segundo o estrategista-chefe de suavizar a trajetória da dívida. 116.000
proibição de que a Lei de Diretrizes com a arrecadação”, enfatiza. para América Latina do Mizuho, “O mercado exagera nos movi- 115.741
Orçamentárias previsse a exclusão Na visão do gestor, o mercado Luciano Rostagno, o comporta- mentos. No início do ano, precifi- 115.500
17:00 17:00
de despesas primárias da meta de tem tentado observar o quão crível mento do investidor estrangeiro cava uma tragédia. Depois da tra- 30/ago/23 31/ago
resultado primário dos orçamen- é a promessa de se entregar um re- em relação ao Brasil pode estar mitação do arcabouço, pode ter
Juro futuro
tos fiscal e da seguridade social. sultado primário zerado em 2024 mudando. Ele defende que os ju- exagerado no otimismo”, aponta. DI (jan/29 - em % a.a.) - minuto a minuto
Eduardo Cotrim, gestor da JGP, e o compromisso com essa meta. ros de longo prazo estão subindo “Acredito que seja um ajuste,
diz que a decisão foi o principal mais e é justamente ali que o es- não necessariamente uma piora 10,90
motivo que levou os ativos domés- trangeiro costuma aplicar mais. estrutural na visão de investidores
“Veto tornou mais
10,84
10,83
ticos a terem um desempenho pior “O estrangeiro vinha se mos- sobre o país. Ao desenhar cenários
10,78
na sessão de ontem. “Esse veto tor- trando menos preocupado e não de cortes de juros, parecemos ter
nou o arcabouço mais frágil e ge- frágil o arcabouço e olhando tanto para o detalhe na espaço para cortar bastante e a 10,72
rou boa parte da performance
ruim do câmbio e a alta da curva
gerou boa parte da parte fiscal. A combinação do re-
sultado primário pior que o espe-
bolsa costuma ser um ‘bom cava-
lo’. Mas, como sabemos que as em-
10,66
10,62
de juros”, aponta, ao revelar, ain- performance ruim” rado com a fala da [ministra do Pla- presas estão na mira do governo 17:30 17:30
da, que no momento não tem po- nejamento e Orçamento, Simone] para aumentar a arrecadação, te- 30/ago/23 31/ago
sição em juros nominais e reais. Eduardo Cotrim Tebet, indicando que o governo mos menos do que poderíamos.” Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
R$ 1.855 R$ 17.179 R$ 291
ATIVOS DE CRÉDITO(*) X PDD RECEITAS DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA LUCRO LÍQUIDO ÍNDICE DE BASILEIA
20.000 3.000
1.855 2.730 350
15,00%
18.000 17.179 2.500
14,00%
16.000 300
291 13,00%
12,32%
14.000
12.859 2.000 250 12,00%
11,73%
12.000 10.483 11,00%
10.000 1.500 200
10,00%
8.000
1.117 150
9,00%
1.000
6.000 574 100 8,00%
4.000 500 60 7,00%
2.000
2,3% 1,2% 1,3% 50 34 6,00%
0 0 5,00%
jun/23 jun/22 dez/22 jun/23 jun/21 jun/22 jun/23 jun/21 jun/22 jun/23 jun/22 jun/23
(*) Ativos de crédito composto pela carteira de crédito, FIDC´s e Debêntures.
E P
(16 S AN OS TRIBU OS
6 - PROVIS O PARA IMPOSTO DE RE DA E CO L
PARTICIPAÇÕES NO RESULTADO
27.332 20.542 RESULTADO LÍQUIDO
A DIRETORIA
Angelo Antonio Ribeiro da Silva
Contador CRC-RJ-081.990/O-2
As demonstrações financeiras completas acompanhadas do
parecer dos Auditores Independentes, KPMG Auditores Independentes
foram publicadas no site https://www.bancomaster.com.br/
C2 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Finanças
Ibovespa
Em pontos
119,00
118.065
117,75
116,50
115,25
115.741
114,00
11/ago/23
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Mercados No caso do Nasdaq, este foi o mês com pior resultado registrado em 2023;
investidores aguardam a divulgação hoje de indicadores do mercado de trabalho
Wall Street fica no vermelho em agosto
Gabriel Caldeira, Letícia Simionato
e Eduardo Magossi
De São Paulo
Os mercados de ações e renda
fixa dos EUA encerraram agosto
com movimentos tímidos, à me-
dida que os investidores aguar-
dam o “payroll” deste mês, que
sairá na manhã de hoje. O foco
ontem ficou sobre a leitura de
julho do índice de preços de
gastos com consumo (PCE, na
sigla em inglês), medida infla-
cionária preferida pelo Federal
Reserve (Fed), que mostrou alta
mensal dentro do esperado,
mas acelerou em base anual.
MP define regras para
mudança em fundos
Beatriz Olivon
De Brasília
A Medida Provisória dos fundos
exclusivos fechados (MP 1184, de
2023) se antecipa a eventuais mo-
vimentações que os investidores
poderão fazer para evitar o come-
cotas, deixando na mesa as possi-
bilidades legais. A norma traz re-
gras para transformações de fun-
dos que terão a tributação altera-
da, como os multimercado, para
outros que não terão, como Fun-
dos de Investimento em Participa-
ções (FIP) em ações (FIA), e em Ín-
dice de Mercado (ETF, exceto ETFs
de renda fixa). O melhor momento
para a mudança depende de cada
caso, segundo especialistas.
Apesar de a transformação ou
cisão de fundos não ser comple-
xa, segundo especialistas, a to-
mada de decisão envolve variá-
veis além da questão tributária,
como a disposição para risco.
Hoje, os fundos exclusivos fe-
chados são tributados pelo IR ape-
nas no momento do resgate com
alíquotas regressivas entre 22,5% e
15%, com base no prazo do investi-
mento. A MP prevê que, em geral,
os fundos ficarão sujeitos ao “co-
me-cotas” semestral de 15%, já é
aplicado aos fundos de varejo.
Há uma regra de transição pa-
ra tributar o estoque. A alíquota é
de 15% com o pagamento em 24
parcelas sobre os ganhos acu-
mulados e de 10%, para quem
antecipar a tributação — o Con-
gresso sinaliza desconto maior.
Em geral, quem migrar para os
fundos que seguem o regime atual
em 2024 paga 10% sobre estoque e
o come-cotas em 2024, antes da al-
teração. Quem migrar em 2023
provavelmente não poderá aderir
à alíquota reduzida para a fatia
alocada em outro fundo, explica
Daniel Loria, diretor da Secretaria
Medida pode taxar mais de R$ 2,5 bi de dividendos de FIIs
Sérgio Tauhata
De São Paulo
A Medida Provisória (MP) dos
fundos exclusivos terá impacto
na dinâmica do mercado de fun-
dos imobiliários (FII) e fundos da
cadeia produtiva do agronegó-
cio (Fiagro), segundo especialis-
tas. As mudanças preveem fim de
isenção de dividendos distribuí-
dos por veículos que não são ne-
gociados na bolsa ou em balcão
e têm menos de 500 cotistas.
A regra anterior previa isenção
para FIIs e Fiagros com 50 ou mais
Bolsas internacionais
Variações no dia 31/ago/23 - em %
Dow Jones -0,48
S&P 500 -0,16
queda de
Euronext 100
1,53%
-0,45
DAX 0,35
CAC-40 -0,65
Nikkei-225 0,88
31/ago
SSE Composite -0,55
Entre os índices acionários de
Wall Street, o Dow Jones fechou
em baixa de 0,48%, o S&P 500 re-
cuou 0,16% e o Nasdaq subiu
0,11%. Os movimentos modera-
dos fecharam um mês de agos-
to negativo para as ações ameri-
canas, em que esses índices acu-
mularam baixas de 2,36%,
1,77% e 2,17%, respectivamente.
Os percentuais representam o
pior mês de 2023 para o Nas-
daq, enquanto o S&P 500 teve
retorno inferior somente em fe-
vereiro, quando caiu 2,61%. Já o
Dow Jones recuou mais em fe-
vereiro (-4,1%) e maio (-3,5%).
Na renda fixa, tanto o retorno
Extraordinária da Reforma Tribu-
tária do Ministério da Fazenda.
De acordo com o diretor, a regra
prevista na MP é mais vantajosa
pra mudanças no próximo ano.
“Acredito que os investidores vão
aproveitar a oportunidade de re-
colher o imposto na alíquota re-
duzida e depois vão revisar o pla-
nejamento financeiro”, afirma.
Loria destaca que existem van-
tagens além da tributária para
vmanter valores em fundo fecha-
do, além do perfil do investidor.
Mas o texto traz uma precaução
para prevenir planejamentos abu-
sivos com os fundos que ficam na
regra antiga (sem come-cotas).
FIPs, FIAs e ETFs ficam fora do
come-cotas quando forem enqua-
drados como “entidades de inves-
timento” e cumprirem requisitos
previstos na norma. O texto gerou
incerteza entre advogados, que
consideraram a definição abran-
gente. Mas, de acordo com Loria, a
previsão é para situações específi-
cas, como, por exemplo, um FIA
com ações de uma única empresa.
Os fundos excetuados do come-
cotas têm características muito es-
pecíficas, segundo Elisa Henri-
ques, sócia do Velloza Advogados.
Fundos de investimento imobiliá-
rio, ou com debêntures incentiva-
das, são diferentes no perfil de ris-
co e de ativos que compõem a car-
“Há investidores que
invertem o raciocínio
e querem primeiro
economizar imposto
e depois pensar no
que investir”
Limerci Cavariani
cotistas. Os fundos desenquadra-
dos vão ter cobrança de 15% a 20%
sobre os rendimentos. Dados da
Quantum Finance mostram que
existem 552 veículos, entre FIIs e
Fiagros listados e não listados,
com menos de 500 cotistas.
Levantamento feito pelo Clube
FII indica, no universo de FIIs lista-
dos na B3, a existência de 114 fun-
dos com 50 a 500 cotistas. O patri-
mônio líquido do grupo alcança
R$ 21,19 bilhões. De acordo com a
pesquisa, do total, 69 FIIs distribuí-
ram dividendos no último mês
que somaram R$ 213,8 milhões.
Juros
DI-Over futuro - em % ao ano
Jan/2025 Jan/2026
10,54
10,33
10,16
9,81
11/ago/23
da T-note de dois anos quanto o
do título de dez anos termina-
ram o dia em queda marginal
de 0,4 ponto-base, a 4,871% e
4,109%, respectivamente.
O índice de inflação do PCE deu
sinais mistos em julho: enquanto a
alta de 0,2% ante junho — tanto no
índice cheio quanto no núcleo —
veio em linha com o esperado por
2,36%
foi a queda do Dow
Jones em agosto
teira em relação a renda fixa e mul-
timercados. “É sempre possível ter
alguma mudança, mas o cotista vai
ter que refletir sobre sua composi-
ção de receita e avaliação de risco.”
Segundo o advogado Hermano
Barbosa, sócio do BMA, são produ-
tos muito diferentes, por isso, não
deve haver um caminho único. Na
MP, afirma, o governo se mostrou
atento à possibilidade de mudan-
ças nos investimentos, criando
uma regra específica para a situa-
ção. “Foram mais cuidadosos com
a transformação dos fundos.”
Para Renato Coelho, sócio do
Stocche Forbes, o texto pode le-
var a movimentação nos fundos.
Entre as possibilidades, estão a
migração para fundos de previ-
dência fechados (que em princí-
pio, não estariam sujeitos às re-
gras da MP) e a cisão de fundos
multimercado que invistam em
ações de companhias abertas,
com migração desses investi-
mentos para fundos de ações.
A transformação é simples e
muitos investidores hoje já têm
fundos de diferentes modalida-
des, o que pode facilitar a realoca-
ção de valores, segundo Limerci
Cavariani, sócio e responsável pe-
la área de planejamento patrimo-
nial da WHG. Contudo, a decisão
não deve ser apenas tributária.
“Há investidores que invertem o
raciocínio e querem primeiro
economizar imposto e depois
pensar no que investir”, afirma.
Por mais que converter um fundo
seja um evento societário co-
mum, o ideal não é alterar o port-
fólio de uma hora para outra, diz.
Por isso, as mudanças podem ser
mais fáceis quando já existem
alocações em fundos variados.
A MP produz efeitos imediatos,
mas depende de aprovação da Câ-
mara e do Senado em 120 dias pa-
ra que seja transformada em lei.
Conforme o Clube FII, se o va-
lor for anualizado, R$ 2,57 bi-
lhões de dividendos hoje isentos
passam a ser taxados. No caso de
uma alíquota de 15%, o novo im-
posto resultaria em uma arreca-
dação extra de R$ 385 milhões.
No teto da cobrança, o montante
subiria para R$ 514 milhões.
Apesar de a cifra ser pequena
dentro da meta de arrecadação da
MP, de R$ 3,2 bilhões para este ano,
a mudança faz parte da estratégia
de evitar brechas de os recursos mi-
grarem para outros veículos isen-
tos. “A MP ataca justamente estru-
Dólar comercial
Cotação de venda - em R$/US$
10,53
10,15
4,9035
22/ago 31/ago 11/ago/23
economistas, as subidas de 3,3% e
4,2% no acumulado de 12 meses
aceleraram em relação aos resul-
tados de junho, de 3% e 4,1%.
A resiliência dos dados ma-
croeconômicos nos EUA tem re-
duzido a convicção da Capital
Economics em um cenário de re-
cessão no país, de acordo com Ja-
mes Reilly, economista-assisten-
te da consultoria. Ainda assim,
eles esperam certa decepção com
os próximos números de econo-
mias desenvolvidas, o que deve
impulsionar a demanda por ati-
vos seguros contra aqueles mais
atrelados ao apetite por risco.
Agora, as atenções se voltam
UBS promete cortes
após lucro recorde de
US$ 29 bi com Credit
Myriam Balezou e
Marion Halftermeyer
Bloomberg
O UBS traçou metas agressivas
para integrar o Credit Suisse — in-
cluindo 3 mil demissões e mais de
US$ 10 bilhões em cortes de custos
— depois de divulgar lucro recorde
para o setor financeiro global gra-
ças à aquisição barata do rival. O
banco sediado em Zurique repor-
tou um lucro antes de impostos de
US$ 29 bilhões no segundo trimes-
tre, resultado da diferença contá-
bil entre os US$ 3,8 bilhões que pa-
gou pelo Credit Suisse e o valor do
balanço da instituição adquirida.
O banco confirmou que a unidade
suíça do Credit será totalmente
absorvida e a marca será aposen-
tada, provavelmente até 2025.
O CEO do UBS, Sergio Ermotti, li-
dera a implementação de uma das
maiores fusões da história das fi-
nanças globais. Ele precisa equili-
brar, por um lado, as oportunida-
des de administrar ativos de clien-
tes que saltaram para US$ 5 trilhões
e, por outro, os riscos herdados do
modelo de negócio do Credit Suis-
se. O acordo foi fechado às pressas
em março, com o Credit Suisse à
beira da falência depois que os
clientes perderam a confiança na
instituição financeira de 167 anos.
“Não há espaço para conside-
rações nostálgicas”, disse Ermotti
em entrevista a Francine Lacqua,
da Bloomberg Television. “Esta-
mos executando a estratégia, es-
tamos fazendo bastante progres-
so.” Até agora, investidores e
clientes parecem concordar. As
ações do UBS acumulam alta de
mais de 40% este ano e atingiram
o valor mais elevado desde 2008.
Ermotti disse que o UBS elimi-
nará cerca de 1 mil postos de tra-
balho na Suíça por conta de redun-
turas de ‘casca tributária’ e separa
os fundos detidos e negociados pe-
lo investidor de varejo que verda-
deiramente representa a essência
da isenção”, diz o sócio da Jive In-
vestments e executivo-chefe de in-
vestimentos (CIO) de fundos da
Mauá Capital, Brunno Bagnariolli.
O CEO da Integral Brei, Vitor Bi-
detti, porém, aponta possibilidade
de mudança na dinâmica do mer-
cado. “A exigência de 500 cotistas
ou mais pode inviabilizar a oferta
de novos fundos de menor porte”,
diz. “Muitos FIIs fazem a primeira
emissão com captação de R$ 100
Índice de Renda Fixa Valor
Base = 100 em 31/12/99
alta de
4,9500
1,67%
em relação
ao real
31/ago
ao payroll de agosto. O relatório
oficial de empregos dos EUA de-
ve mostrar leve desaceleração na
geração de postos de trabalho,
de 187 mil em julho para 170
mil em agosto, de acordo com
as projeções de economistas.
O Goldman Sachs espera uma
desaceleração maior, a 149 mil
empregos. Em relatório assinado
pelo economista-sênior Spencer
Hill, o banco aponta para indi-
cadores de alta frequência e
uma tendência sazonal que cos-
tuma reduzir a primeira estima-
tiva do payroll de agosto como
algumas das razões para a sua
previsão abaixo do consenso.
ENNIO LEANZA/AP
“Estamos
executando a
estratégia e fazendo
bastante progresso”
Sergio Ermotti
dâncias nos negócios domésticos
dos dois bancos. Outras 2 mil va-
gas serão cortadas no país em
funções relacionadas ao grupo.
É provável que milhares de ou-
tras funções desapareçam global-
mente, embora Ermotti tenha dado
poucas estimativa sobre qual será o
total global. O banco também sina-
lizou que fechará dois terços do ne-
gócio de banco de investimento do
Credit Suisse, incluindo quase a
totalidade das mesas de opera-
ções, para sair de áreas que não
se enquadram na sua estratégia.
O lucro do UBS no trimestre ofus-
ca os US$ 14,3 bilhões que o J.P Mor-
gan divulgou no primeiro trimestre
de 2021, o recorde anterior para
grandes bancos de EUA e Europa.
milhões ou menos. Fica difícil
manter esse patamar. As novas es-
truturas vão ter uma régua bem
mais alta para sair do papel. E isso é
mais impactante para os Fiagros,
que são uma indústria nascente.”
Para o sócio-diretor de pesquisa
e planejamento do Clube FII, Dani-
lo Barbosa, “a MP cria uma barrei-
ra, porque 500 pessoas são mais di-
fíceis de se conseguir [no lança-
mento]”. Barbosa também afirma
que as regras vão estimular uma
consolidação. “Esse será o cami-
nho, de FIIs que vão ser taxados
sendo adquiridos por outros.”
1.982,96
1.978,28
1.976,56
11/ago/23 22/ago 31/ago
Empírica
suspende
saques de
fundo
Rita Azevedo
De São Paulo
A Empírica fechou o fundo de
crédito Lótus para saques e apli-
cações após registrar “um grande
volume de resgates” que fizeram
com que o caixa projetado saís-
se de um valor positivo de cerca
de R$ 30 milhões para um valor
negativo de R$ 200 milhões.
A administração da Empírica
acredita que a onda de saques
foi impulsionada pelo anún-
cio do fechamento de outro
fundo, o Empírica Lótus IPCA,
há pouco mais de dois meses.
O Lótus IPCA foi fechado em 21
de junho. Nos dois dias seguintes,
os resgates do Empírica Lótus ul-
trapassaram R$ 150 milhões. De-
pois, os pedidos perderam força,
mas “os poucos dias de corridas pa-
ra resgates mostraram-se suficien-
tes para desequilibrar a liquidez do
fundo”, disse a gestora em nota.
A decisão de fechar o Empírica
Lótus foi tomada para readequar a
liquidez da carteira e proteger os
investidores remanescentes. A ges-
tora diz que nos últimos 60 dias
não conseguiu realizar vendas de
ativos em volume e condições con-
siderados adequados, dadas as
condições adversas no mercado de
crédito, que hoje demonstra me-
nos liquidez e exige a prática de
preços que poderiam proporcio-
nar impactos negativos aos inves-
tidores que não solicitaram resga-
tes e permaneceriam no fundo.
O Empírica Lótus é focado em ati-
vos como fundos de investimento
em direitos creditórios (FIDCs).
Os cotistas serão convocados
para assembleia prevista para 20
de setembro, quando a Empírica
apresentará seu plano para solu-
cionar a questão. Caso não seja
aprovado, os cotistas poderão
votar pela substituição da admi-
nistradora e da gestora ou até
pela liquidação do instrumento.
A onda de resgates no Empírica
Lótus não afetou outros fundos
sob gestão da Empírica, disse o
presidente da gestora, Leonardo
Calixto. “Outros produtos seme-
lhantes, que investem em cotas de
FDICs, por exemplo, são peque-
nos e não são oferecidos em plata-
formas de forma extensiva, fican-
do nas mãos de poucos investido-
res”, afirmou. “Dessa forma, não
houve o mesmo efeito de contá-
gio que ocorreu com o Lótus.”
O “efeito de contágio” em ques-
tão foi provocado pelo fechamen-
to do Lótus IPCA. O fechamento,
nesse caso, também ocorreu após
uma onda de saques influencia-
da por rumores sobre um dos
FDICs que integravam a carteira
do fundo, da empresa Insole.
Dois dias após divulgar a inter-
rupção de saques e aplicações do Ló-
tus IPCA, os pedidos de resgates do
Empírica Lótus passaram de R$ 150
milhões. “A gente estava buscando a
melhor forma de gerar liquidez
no período, mas sabia que era um
desafio relevante”, disse Calixto.
Em 25 de agosto, o Empírica Ló-
tus, voltado a investidores qualifi-
cados, tinha no total 3.602 cotistas.
A expectativa de Calixto é que os
cotistas aprovem o plano, como
ocorreu na assembleia do Lótus IP-
CA. “No caso do Lótus IPCA, foi
aprovado o plano para pagamento
em regime de caixa. Conforme
vamos gerando liquidez, paga-
mos mensalmente”, explicou. O
primeiro pagamento aos cotis-
tas, de cerca de R$ 90 milhões, se-
rá feito no início de setembro.
Fundada em 2009, a Empírica
é uma gestora de fundos de ren-
da fixa e crédito estruturado e
tem quase R$ 9 bilhões sob ges-
tão com mais de 60 fundos.
 Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | C3

Finanças

Sócios do BR Partners
QILAI SHEN/BLOOMBERG

querem aumentar
participação para 55%
Mariana Ribeiro
De São Paulo
O BR Partners, fundado em
2009 por Ricardo Lacerda e outros
executivos do mercado financei-
ro, anunciou que seus sócios pre-
tendem aumentar a participação
no banco comprando parte da fa-
tia detida desde o início por um
grupo de famílias investidoras.
Com isso, ficariam, com 55% do
capital social da instituição. A
operação, no entanto, só será con-
cretizada se vier acompanhada
de uma oferta subsequente de
ações (“follow-on”), que resulta-
ria na saída dessas famílias.
Vendas líquidas de ações por estrangeiros nas bolsas de Xangai e Shenzhen foram, em agosto, as maiores em um mês desde o lançamento do programa em 2014 O banco atua em modelo de
“partnership”. O grupo de sócios,
Renda variável Volume é recorde e mostra que ações do governo composto hoje por 27 pessoas —
entre elas, Larcerda e Jairo Lourei-
não conseguiram dissipar preocupações com desaceleração do país ro, também cofundador — detém
46,8% do capital. Outros 29% estão
famílias pelos sócios. O fundo
tem um “lock-up” (período de
restrição à venda) até 2030.
Considerando as condições des-
favoráveis de mercado no momen-
to, ainda não há previsão de reali-
zação da operação, diz o diretor de
relações com investidores do ban-
co, Vinícius Carmona. “Ainda não
conseguimos traçar um plano pa-
ra o ‘follow-on’, mas há um avanço
na governança corporativa da
companhia”, disse ao Valor.
De acordo com o diretor, a de-
cisão da administração reforça o
comprometimento dos sócios
em continuar aumentando sua
participação no banco e destra-
va a questão de liquidez, com
aumento do “free float”. Ele
afirmou ainda que o movimen-
to está em linha com a visão de
crescimento do banco. A insti-
tuição pretende, por exemplo,

Investidores resgatam US$ 12 bi

nas mãos de nove famílias investi-
doras, reunidas dentro de um fun-
do fechado. O “free float” (quan-
tidade de ações em circulação no
mercado) representa 24,2%.
começar a atuar na área de ges-
tão de patrimônio neste ano.
O BR Partners fez sua oferta
pública inicial de ações (IPO) em
junho de 2021, quando levan-

de bolsas chinesas em agosto

Hudson Lockett
Financial Times, de Hong Kong
Investidores estrangeiros ven-
deram um recorde de US$ 12 bi-
lhões em ações chinesas em
agosto, já que as medidas de au-
xílio pontuais de Pequim não fo-
ram capazes de amenizar as
preocupações sobre a desacele-
ração do crescimento na segun-
da maior economia do mundo e
sobre o aprofundamento da cri-
se no seu setor imobiliário.
A fuga de recursos sem prece-
dentes se dá no mesmo período
em que, segundo dados divulga-
dos na quinta-feira, o setor ma-
nufatureiro da China se contraiu
quer mês desde o lançamento
do programa, no fim de 2014.
Gestores de ativos e analistas
disseram que o salto nas vendas é
um reflexo da decepção dos in-
vestidores internacionais, cujo
foco se deslocou neste ano das
esperanças de um estímulo am-
plo para um auxílio mais dire-
cionado às incorporadoras imo-
biliárias. Mas até agora os diri-
gentes chineses têm relutado
em lançar esse tipo de resgate.
“É necessário um
estímulo substancial
para trazer as
quando a incorporadora privada
chinesa Country Garden, que era
considerada uma das que tinham
menos possibilidades de tornar-
se inadimplentes, deixou de pa-
gar o serviço de bônus internacio-
nais e tentou adiar o pagamento
das obrigações em yuans que
vencem na semana que vem.
Enquanto isso, as ações da Chi-
na Evergrande, a incorporadora
cujo calote no pagamento de dívi-
das em dólar há dois anos marcou
o início da crise de liquidez do se-
tor, voltaram a ser negociadas em
Hong Kong nesta semana depois
de 17 meses e sofreram uma
queda imediata de quase 90%.
“A palavra ‘estímulo’ foi mal
concessão de crédito imobiliário
para pessoas que compram um
imóvel pela primeira vez nas me-
gacidades de Guangzhou e Shen-
zhen. Mas essas são “mudanças
minúsculas, e não o ‘big bang’
[que levaria a] influxos de capital
de investidores estrangeiros”.
A desaceleração econômica
afetou as avaliações das ações
chinesas em geral de maneira
muito forte, e arrastou o índice
de referência CSI 300 para uma
queda de 8% em dólar no ano até
o momento, ao mesmo tempo
em que grandes mercados em
outras partes do mundo regis-
tram ganhos de dois dígitos.
As iniciativas para sustentar as
Os sócios pretendem comprar
8% do capital hoje nas mãos des-
se fundo. Os outros 21% serão
disponibilizados em um “follow-
on”, que aumentará significati-
vamente a quantidade de ações
em circulação no mercado.
Em fato relevante divulgado
ontem ao mercado, o BR Part-
ners disse que a assinatura do
acordo de reorganização socie-
tária entre os acionistas repre-
senta um aprimoramento de
sua governança corporativa.
A oferta subsequente poderá
ocorrer até 31 de dezembro de
2024. Caso não seja realizada
nesse prazo, fica cancelada
também a compra da parte das
Indigo Investimentos Distribuidora
de Títulos e Valores Mobiliários Ltda.
CNPJ/MF nº 00.329.598/0001-67
Aviso aos Ex-Cotistas
tou R$ 400 milhões. No ano, as
ações acumulam alta de 29%.
No segundo trimestre, o banco
teve lucro líquido de R$ 38,7 mi-
lhões, alta de 16,8% em relação ao
trimestre anterior e queda de 3,5%
frente a igual período do ano pas-
sado. A receita ficou em R$ 103,1
milhões com aumento de 1,6% e
redução de 6%, respectivamente.
Na divulgação, o diretor finan-
ceiro da instituição, Marcelo Costa,
disse que o banco entregou boa
performance, com crescimento de
receitas nas principais linhas de
negócio em momento de melhora
no mercado de capitais. A expecta-
tiva é de continuidade desse mo-
vimento no segundo semestre.

pessoas de volta”
A Indigo Investimentos Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda., inscrita no CNPJ/MF
pelo quinto mês consecutivo, utilizada tantas vezes que agora ações por meio de cortes nas co- sob o n 00.329.598/0001-67, na qualidade de Ex-administradora Fiduciária (“Indigo Investimentos”)
apesar das promessas feitas por ninguém mais espera um grande missões de negociação e outras dos Fundos: (i) Santos Credit Yield Fundo de Investimento Renda Fixa Crédito Privado, inscrito no

governantes no fim de julho de
adotar medidas de auxílio mais
substanciais para o vital setor
imobiliário, que normalmente
responde por cerca de um quarto
da atividade econômica anual.
As tensões persistentes com
Washington também afetaram
o interesse dos investidores oci-
dentais pelos ativos chineses e,
Alicia García-Herrero
“Os investidores estão bastan-
te preocupados com o Produto
Interno Bruto (PIB) e até ques-
tionam se [os responsáveis pela
política] conseguirão atingir a
meta de crescimento de 5%”, dis-
se Stephen Innes, sócio-gerente
resultado na frente fiscal”, disse
Alicia García-Herrero, economis-
ta-chefe da Natixis para a região
Ásia-Pacífico. “Hoje os clientes
dos investidores estão concentra-
dos na política para o setor imo-
biliário — esse é o novo mantra.”
Ela disse que houve algumas
mudanças na política imobiliária
ao longo do último mês, como o
medidas, que em momentos de
implementação anteriores pro-
porcionaram ganhos considerá-
veis, também não conseguiram
oferecer um incentivo duradouro
ao sentimento dos investidores. “É
necessário um estímulo substan-
cial para trazer as pessoas de volta”,
disse García-Herrero. “Mas é me-
lhor você esperar sentado.” (Cola-
CNPJ/MF sob o nº 04.877.280/0001-71; (ii) Santos Virtual Fundo de Investimento em Cotas de
Fundos de Investimento Renda Fixa Crédito Privado, inscrito no CNPJ/MF sob o nº 01.671.480/0001-85;
(iii) Maxi Money LQ Fundo de Investimento Renda Fixa Crédito Privado, inscrito no CNPJ/MF sob
o nº 05.736.300/0001-57; (iv) Santos Credit Plus Fundo de Investimento Renda Fixa Crédito
Privado, inscrito no CNPJ/MF sob o nº 06.968.094/0001-73; (v) Santos Agro Brasilis LQ Fundo de
Investimento Renda Fixa Crédito Privado, inscrito no CNPJ/MF sob o nº 06.968.084/0001-38;
(vi) Santos Credit Master Fundo de Investimento Renda Fixa Crédito Privado, inscrito no CNPJ/MF
sob o nº 06.086.158/0001-02; e (vii) Santos IV LQ Fundo de Investimento Renda Fixa Crédito
Privado, inscrito no CNPJ/MF sob o nº 06.114.630/0001-73 - todos liquidados no ano de 2022 (“Fundos
Liquidados”) vem, pela presente, solicitar aos ex-cotistas dos Fundos Liquidados a procederem com
atualização cadastral junto a Indigo Investimentos através do e-mail cadastrosantos@indigodtvm.com.br.
Sendo o que nos cabia, permanecemos à disposição para eventuais esclarecimentos que se mostrem
necessários, através do e-mail cadastrosantos@indigodtvm.com.br.
São Paulo, 30 de agosto de 2023
Eduardo Alves Sobrinho - Diretor de Administração Fiduciária da Indigo DTVM

nesta semana, durante sua visi- da SPI Asset Management. “Isso relaxamento das condições de borou Andy Lin, de Hong Kong)
ta de quatro dias ao país, a se- se deve diretamente ao mercado
cretária do Comércio dos Esta- imobiliário, porque o impacto
dos Unidos, Gina Raimondo, que ele causa no PIB pode ser de
alertou que as empresas ameri- 1 ponto porcentual ou mais.” PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA
canas começam a considerar a Innes acrescentou que os inves- SECRETARIA MUNICIPAL DE OBRAS PÚBLICAS
ELETROBRÁS PARTICIPAÇÕES S/A - ELETROPAR
China como “ininvestível”. tidores também estão receosos so-
COMPANHIA ABERTA
Cálculos feitos pelo “Financial bre o “risco político de alto nível”, AVISO DE LICITAÇÃO CNPJ 01.104.937/0001-70 - NIRE 33300162526
Times” com base em dados cam- pois consideram que as perspec- EDITAL DE CONVOCAÇÃO
Data: 01/09/2023
biais apontam que, em agosto, as tivas para as relações entre EUA
Contrato de Empréstimo n o 4958-OC-BR ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA
vendas líquidas de ações nego- e China continuam sombrias,
Edital LICITAÇÃO PÚBLICA NACIONAL n.o CP/038/2023-SMOP/ Ficam convocados os senhores acionistas da Eletrobrás Participações S.A. -
ciadas nas bolsas de Xangai e apesar de descreverem a visita
OPP-BID ELETROPAR a se reunirem na sede da Companhia, na Rua São Bento, nº 1, 9º
Shenzhen por operadores es- de Raimondo como “positiva”. andar, conjunto 902, Centro, CEP 20090-010, Rio de Janeiro - RJ, na cidade do
O Município de Curitiba, recebeu um empréstimo do Banco Interamerica- Rio de Janeiro, no dia 11 de setembro de 2023, às 10 h, em Assembleia Geral
trangeiros chegaram a quase 90 As preocupações com as pers- no de Desenvolvimento (doravante denominado “Banco”), no montante Extraordinária, para deliberarem sobre:
bilhões de yuans (US$ 12,4 bi- pectivas do mercado imobiliário de US$ 106.700.000,00 para o financiamento do PROGRAMA DE MO- 1. Eleição de membro representante dos acionistas não-controladores para
lhões), mais do que em qual- do país cresceram neste mês, BILIDADE SUSTENTÁVEL DE CURITIBA, AUMENTO DA CAPA- compor o Comitê Especial Independente, nos termos do Parecer de Orienta-
CIDADE E VELOCIDADE DO INTER II, e pretende aplicar parte dos ção CVM, nº 35 de 1° de setembro de 2008.
recursos em pagamentos decorrentes do contrato de Execução de Obras O acionista poderá ser representado na Assembleia Geral: a) se pessoa natural,
por procurador constituído há menos de 1 ano (que seja acionista, administrador
de Infraestrutura Viária e de Engenharia e Arquitetura para Ampliação da Companhia ou advogado regularmente inscrito nos quadros da Ordem dos
INSTITUTO PARANAENSE DE
DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - FUNDEPAR da Capacidade da Linha Direta Inter 2 - Lote 1 – Pacote 1 – Ruas Hugo Advogados do Brasil), b) se pessoa jurídica, por seus representantes legais ou
Kinzelmann, Estanislau Pampuche, Dep. Heitor alencar Furtado, Major por procurador nomeado nos termos de seus atos constitutivos e de acordo
com as regras do Código Civil Brasileiro, c) se fundo de investimento, pelo seu
AVISO DE LICITAÇÃO Heitor Guimarães, General Mário Tourinho e Saldanha Marinho; Pacote administrador e/ou gestor, ou ainda, por procurador nomeado nos termos de
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 323/2023 – GMS/FUNDEPAR 5 – Ruas Profª Doracy Cezzarino, Francisco Klemtz, Padre Leonardo Nu- seus atos constitutivos e de acordo com as regras do Código Civil Brasileiro, em
PROTOCOLO Nº 20.752.071-3. OBJETO: Contratação de empresa especializada para nes, Álvaro Vardânega, Sylvio Zeny, Francisco Frischmann, Arion Niep- conformidade com o artigo 126, §1º da Lei nº 6.404/76.
execução de serviços comuns de engenharia para o Colégio Estadual Cívico-Militar Parigot de ce da Silva, Engº Niepce da Silva, Tamoios e Av. Pres. Arthur da Silva O acionista ou seu representante legal, objetivando assegurar a admissão na
Souza, no município de Inácio Martins, Estado do Paraná. VALOR MÁXIMO: R$ 423.449,61 Assembleia, nos termos do artigo 6º da Resolução CVM nº 81, de 29.03.2022,
Bernardes e República Argentina; Mini Terminal Santa Quitéria, Fonte
(quatrocentos e vinte e três mil, quatrocentos e quarenta e nove reais e sessenta e um com suas alterações, deverá apresentar os seguintes documentos: (i) Docu-
de Jerusalém e Centro de Esporte e Lazer. O Município de Curitiba, do- mento oficial de identidade com foto; (ii) Fotocópia autenticada do ato constitu-
centavos). DATA E HORÁRIO DA DISPUTA: 29 de setembro de 2023, às 09:30 (nove horas
ravante denominado Contratante convida os interessados a se habilitarem tivo atualizado (estatuto social ou contrato social), no caso de pessoa jurídica;
e trinta minutos). MODO DE PARTICIPAÇÃO: por meio do sistema eletrônico de licitações (iii) Original ou fotocópia autenticada de procuração outorgada pelo acionista;
e apresentarem propostas para a execução das obras de terraplenagem, e (iv) Via original do extrato de posição acionária fornecido pela instituição de-
do Governo Federal - compras.gov. O endereço eletrônico para recebimento e abertura de
propostas é o https://www.gov.br/compras CONSULTA DO EDITAL E ANEXOS: O Edital está
drenagem pluvial, pavimentação, sinalização vertical e horizontal, ilumi- positária ou pela custódia, identificando a condição de acionista. Nos termos
disponível na internet, nas páginas do Portal Nacional de Contratações Públicas https://pncp. nação, rede de distribuição aérea, rede de fibra ótica, semaforização, pai- do §2º do artigo 10 do Estatuto Social da Companhia, solicita-se a entrega dos
documentos comprobatórios da condição de acionista e de sua representação
gov.br e www.comprasparana.pr.gov.br INFORMAÇÕES: (41) 2117-8302 ou (41) 2117-8286. sagismo e desapropriações, com um valor de R$ 84.328.340,43 (Oitenta até 72 (setenta e duas) horas antes da realização da Assembleia, na sede da
DATA: 30/08/2023. Comissão de Contratação. e quatro milhões, trezentos e vinte e oito mil, trezentos e quarenta Reais Companhia, das 8h às 17h.
e quarenta e três centavos). e prazo de execução de 540 dias. O Edital Serão admitidos à Assembleia, no entanto, todos os acionistas que comparece-
e seus anexos encontram-se disponíveis para “download” no site www. rem e apresentarem a documentação necessária à participação no conclave até
curitiba.pr.gov.br no ícone “Licitações” ou junto à Gerência de Licita- o horário estipulado para o seu início.
PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA
SECRETARIA MUNICIPAL DE OBRAS PÚBLICAS ções da SMOP no endereço citado acima, ou ainda na Unidade Técnico As deliberações da Assembleia serão tomadas por maioria de votos, sendo o
voto de cada representante de acionista proporcional à sua participação acioná-
Administrativa de Gerenciamento - UTAG, à Rua Bom Jesus n.º 669 – ria no capital da Companhia. Observados os procedimentos previstos na Instru-
AVISO DE LICITAÇÃO Juvevê – (041) 3250-1436. As informações sobre a Concorrência Pública ção CVM nº 81/2022, encontram-se à disposição dos acionistas na sede e nas
EDITAL DE CONCORRÊNCIA Nº CP/039/2023-SMOP/OPP serão prestadas somente pela CEL – UTAG, no email utagbid@ippuc. páginas internet da Companhia todos os documentos pertinentes aos assuntos
OBJETO: Obras de engenharia civil, objetivando a requalificação de cal- que serão deliberados na Assembleia.
org.br. O envelope contendo os documentos que integram a “PROPOS-
çadas da rua Desembargador Cid Campelo – trecho entre a Rua Manoel TA”, conforme preconizado na IAL 21 do Edital, deverá ser protocolado A Companhia oferecerá mecanismo para votação à distância para a Assem-
Valdomiro de Macedo e Rua Joao Bettega. bleia Geral Extraordinária, de acordo com o artigo 26 da Resolução CVM nº
no “SERVIÇO DE PROTOCOLO” da SMOP, situado na Rua Emílio de 81/2022. O acionista poderá optar pelo exercício do direito de voto por meio
APRESENTAÇÃO DOS ENVELOPES de “Proposta de preços” e Menezes n.º 450 - Bairro São Francisco - Curitiba – Paraná, até às 09h de preenchimento e entrega do Boletim de Voto à Distância até 07 (sete) dias
dos “Documentos de Habilitação” deverão ser protocolados simultane- antes da data designada para a Assembleia, conforme o artigo 27 da Reso-
do dia 09/10/2023. Os envelopes contendo as “propostas” serão abertos
amente no “SERVIÇO DE PROTOCOLO” da SMOP, até às 14h15 do lução CVM nº 81/2022. O boletim será disponibilizado no site da Companhia
dia 09/10/2023 com abertura das Propostas de Preços às 14h30 do mes- em sessão pública às 09h30 do mesmo dia 09/10/2023, na Sala de Reuni- (www.eletrobraspar.com.br), da Comissão de Valores Mobiliários - CVM (www.
mo dia. O EDITAL encontra-se disponível para “download”, juntamente ões desta SMOP, situada no endereço acima mencionado. O Concorrente cvm.gov.br) e da B3 S.A. - Brasil, Bolsa, Balcão (www.b3.com.br). Não será
disponibilizada plataforma para acompanhamento por streaming ou votação
com seus anexos, no site www.curitiba.pr.gov.br no ícone “Licitações” ou poderá apresentar proposta individualmente ou como participante de um eletrônica em tempo real.
junto à Gerência de Licitações da SMOP, sito a rua Emílio de Menezes, Joint-Venture e/ou Consórcio.
Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2023
450, bairro São Francisco – Curitiba – Paraná Curitiba, 01 de setembro de 2023.
Renan dos Santos Antunes
Rodrigo Araujo Rodrigues Rodrigo Araujo Rodrigues Presidente do Conselho de Administração
Secretário Municipal de Obras Públicas Secretário Municipal de Obras Públicas
C4 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Finanças

Estratégia Banco atinge patrimônio de R$ 1,8 bilhão, sobe para a classificação S3 do

ANA PAULA PAIVA/VALOR

BC e cria comitê consultivo estratégico com Ricardo Lewandowski como membro

Master lucra R$ 290 mi no semestre

Álvaro Campos e Fernando Torres bém FIDCs e CRIs, com expansão lo de distribuição é mais barato.” cionário do BC Geraldo Magela. Ain- estáàfrente,obancoésóoagentede
De São Paulo anual de 63,5%. Na parte de varejo, O patrimônio líquido do banco da fazem parte Vorcaro, Lima e Mau- funding. Mas, por meio das partes e
o Credcesta, cartão de benefícios fechou junho em R$ 1,855 bilhão e rício Quadrado, que lidera o banco com a ajuda do banco, conseguimos
O Banco Master teve lucro de consignado, já chega a uma cartei- a meta é terminar 2023 em R$ 3 bi- de investimento. O banco também resolver a situação. Alguns concor-
R$ 290,55 milhões no primeiro se- ra de quase R$ 4 bilhões, com 4,5 lhões. Segundo o presidente, o deve montar nos próximos trimes- rentes fizeram um burburinho, mas
mestre deste ano, com alta de milhões de clientes conquistados e grupo ainda vai agregar o Banif tres um comitê de auditoria e um não há nada errado, o BC acompa-
384% em relação ao mesmo perío- operando em 22 Estados. As recei- Brasil, adquirido recentemente, e conselho de administração. nhaessa operação desdeo começo,é
do do ano passado. O resultado tas de prestação de serviços e tari- avaliar o desempenho do segundo No banco de atacado, Vorcaro tudo auditado, com leilão público.”
bruto da intermediação financeira fas bancárias começaram a apare- semestre, mas é provável que os diz que concluiu alguns casos inte- Segundo ele, o estilo do grupo,
cresceu 228%, a R$ 1,070 bilhão. cer e chegaram a R$ 34,88 milhões, acionistas façam um aporte de R$ ressantes no semestre, como o in- de não querer aparecer tanto pu- “Continuamos com
Em julho, a instituição passou para com expansão de mais de 30 vezes. 400 milhões a R$ 500 milhões para vestimento em Metalfrio, Veste blicamente, gera alguns rumores,
a classificação S3 do Banco Central, “Temos originado R$ 300 mi- chegar aos R$ 3 bilhões de patri- (antiga Restoque) e outros. “Temos mas nem por isso vai alterar sua es- crescimento muito
de bancos que possuem porte aci-
ma de 1% do PIB. Com isso, entra
lhões, R$ 400 milhões por mês no
Credcesta, eacabamosfazendo ces-
mônio. O índice de Basileia ficou
em 11,73% no primeiro semestre,
nos posicionado de maneira mui-
to boa no mercado empresarial,
tratégia. “Estamos bem seguros do
nosso modelo de negócios, que é
forte, entregando
em uma nova fase e está reforçan- são de parte da carteira. Temos mas, com aportes que já estavam oferecendo soluções de negócio, ultra-auditado. Quando a gente os resultados que a
do suas estruturas de governança. crescido de forma sustentável, tan- em processo de aprovação pelo BC, levando crédito para empresas em faz operações com empresas em
“Continuamos com um cresci- to que a PDD [provisão para deve- deve subir a 12,52%. A expectativa dificuldade, fazendo reestrutu- dificuldades, em RJ, existem po- gente projeta”
mento muito forte, entregando os
resultados que a gente projeta.
dores duvidosos] caiu pela metade
como um percentual da carteira”,
é terminar o ano entre 13% e 14%.
“Estamos entrando em um novo
rações.” Recentemente, o grupo
foi envolvido em uma polêmica
lêmicas. Mas é algo que faz parte
do jogo, não podemos parar nos- Daniel Vorcaro
Mesmo com todas as intempéries comenta Vorcaro. Augusto Lima, patamar no banco. Nos tornamos S3 em torno da Universidade Lute- sos negócios por causa disso.”
que o setor como um todo está CEO do banco comercial, diz que a e, até por isso, estamos implemen- rana do Brasil (Ulbra), cujo leilão O Master desistiu de comprar o
passando, temos conseguido redução nos juros do consignado tando uma série de melhorias de go- da faculdade de Medicina che- português BNI — a transação havia dos. Na China obtivemos uma au-
avançar bem”, diz o presidente do do INSS não afeta tanto a operação vernança, de questões regulatórias”, gou a ser suspenso pela Justiça. sido anunciada em janeiro — e está torização para fazer câmbio, so-
grupo, Daniel Vorcaro. Com o re- pelo nicho que o banco opera. Ele diz o CEO. O Master criou um comitê Vorcaro diz que não há qualquer repensando a estratégia interna- mos o único banco sul-america-
sultado melhor do que o espera- acrescenta que o custo de captação consultivo estratégico que contará irregularidade na operação que, pe- cional. “Identificamos que a atua- no com essa licença”, diz Lima.
do no primeiro semestre, o banco vem caindo como percentual do com o ex-ministro do Supremo Tri- lo contrário, é motivo de orgulho, já ção via Portugal não seria o melhor Se na Europa o possível foco
estima registrar um lucro próxi- CDI e que deve recuar mais em ter- bunal Federal (STF) Ricardo Lewan- que o grupo conseguiu solucionar posicionamento. Temos conversa- era na área de investimentos, no
mo de R$ 500 milhões este ano. mos absolutos com a baixa da Selic. dowski, o ex-presidente do Banco um problema que se arrastava há 20 do com potenciais parceiros em México e nos EUA é a operação do
A carteira do Master chegou a “Mesmo com o novo teto, temos Central e sócio da consultoria Ten- anos e afetava quase 7 mil professo- outros países, como China, Arábia cartão de benefícios Credcesta
R$ 17 bilhões, considerando tam- gordura para operar. Nosso mode- dências Gustavo Loyola e o ex-fun- res. “Nesse caso não é o Master que Saudita, México e Estados Uni- que está servindo de referência.

Finanças Indicadores

IMA - Índices de Mercado Anbima Custo do dinheiro TR, Poupança e TBF Índice de Renda Fixa Valor
Em 31/08/23 Em % no período Variações % no período Base = 100 em 31/12/99
Valor Var. no Var. no Var. no Há No fim de Há Há Período TR Poupança * Poupança ** TBF 31/08/23 30/08/23 29/08/23 28/08/23 25/08/23 24/08/23
Índice Referência do índice dia % mês % ano % Taxas referenciais 31/08/23 30/08/23 1 semana julho 1 mês 12 meses 14/08 a 14/09 0,1791 0,6800 0,6800 1,0006 Índice 1.982,96 1.985,27 1.984,79 1.982,05 1.981,24 1.982,98
IRF-M 1* 14.641,9132460 0,03 1,15 9,05 Selic - meta ao ano 13,25 13,25 13,25 13,75 13,75 13,75 15/08 a 15/09 0,1789 0,6798 0,6798 1,0004 Var. no dia -0,12% 0,02% 0,14% 0,04% -0,09% 0,10%
IRF-M 1+** 19.012,1030540 -0,35 0,59 12,99 Selic - taxa over ao ano 13,15 13,15 13,15 13,65 13,65 13,65 16/08 a 16/09 0,1786 0,6795 0,6795 1,0001 Var. no mês 0,92% 1,04% 1,02% 0,88% 0,84% 0,93%
IRF-M Total 17.161,4230130 -0,23 0,76 11,43 Selic - taxa over ao mês 1,4711 1,4711 1,4711 1,5236 1,5236 1,5236 17/08 a 17/09 0,1430 0,6437 0,6437 0,9542 Var. no ano 10,76% 10,89% 10,86% 10,71% 10,67% 10,76%
IMA-B 5*** 8.706,2004770 -0,24 0,61 8,75 Selic - taxa efetiva ao ano 13,19 13,19 13,19 13,65 13,65 13,58 18/08 a 18/09 0,1176 0,6182 0,6182 0,9085 Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data
IMA-B 5+**** 11.118,5317710 -1,00 -1,27 14,28 Selic - taxa efetiva ao mês 1,1375 1,1375 1,1375 1,0720 1,1747 1,1694 19/08 a 19/09 0,1172 0,6178 0,6178 0,9081
IMA-B Total 9.547,6159970 -0,64 -0,38 11,84 CDI - taxa over ao ano 13,15 13,15 13,15 13,65 13,65 13,65 20/08 a 20/09 0,1425 0,6432 0,6432 0,9537
IMA-S Total 6.153,1800770 0,06 1,18 9,04 CDI - taxa over ao mês 1,4711 1,4711 1,4711 1,5236 1,5236 1,5236 21/08 a 21/09 0,1778 0,6787 0,6787 0,9993
IMA-Geral Total 7.644,4981370 -0,22 0,63 10,39
Fonte: Anbima. Elaboração: Valor Data. * Prazo menor ou igual a 1 ano ** Prazo maior que 1 ano *** Prazo menor ou igual a 5 anos **** Prazo
CDI - taxa efetiva ao ano 13,19 13,19 13,19 13,65 13,65 13,58 22/08 a 22/09
23/08 a 23/09
0,1776
0,1769
0,6785
0,6778
0,6785
0,6778
0,9991
0,9984
Câmbio
CDI - taxa efetiva ao mês 1,1375 1,1375 1,1375 1,0720 1,1747 1,1694
maior que 5 anos 24/08 a 24/09 0,1514 0,6522 0,6522 0,9526
CDB Pré - taxa bruta ao ano - - - - 12,05 13,25
25/08 a 25/09 0,1158 0,6164 0,6164 0,9067 Em 31/08/23
CDB Pré - taxa bruta ao mês - - - - 0,9526 1,0425 Em US$ * Em R$ **
26/08 a 26/09 0,1154 0,6160 0,6160 0,9063
CDB Pós - taxa bruta ao ano - - - - 12,31 12,34 Moeda Compra Venda Compra Venda
Crédito CDB Pós - taxa bruta ao mês - - - - 0,9724 0,9747
27/08 a 27/09
28/08 a 28/09
0,1506
0,1760
0,6514
0,6769
0,6514
0,6769
0,9518
0,9974 Baht (Tailândia) 35,0000 35,0200 0,14050 0,14060
Taxa de juros de referência - B3 29/08 a 29/09 0,1754 - - 0,9968 Balboa (Panamá) 1,0000 1,0000 4,9213 4,9219
Taxas - em % no período TJ3 - 3 meses (em % ao ano) 12,60 12,59 12,66 13,02 13,01 13,73 30/08 a 30/09 0,1738 - - 0,9952 Bolívar Soberano (Venezuela) 32,4266 32,5079 0,1514000 0,1518000
Há 1 No fim de Há 1 Há 12 TJ6 - 6 meses (em % ao ano) 12,02 12,00 12,04 12,39 12,38 13,74 Boliviano (Bolívia) 6,8600 7,0100 0,7020 0,7175
Fonte:BancoCentral.Elaboração:ValorData.*Depósitosaté03/05/12**Depósitos
Linhas - pessoa jurídica 17/08 16/08 semana julho mês meses Taxas referenciais de Swap - B3 Colon (Costa Rica) 537,9500 540,4500 0,009106 0,009149
a partir de 04/05/12; Lei nº 12.703/2012
Capital de giro pré até 365 dias - a.a. 31,36 34,11 34,24 32,90 31,98 31,58 DI x Pré-30 - taxa efetiva ao ano 12,98 12,98 13,02 13,29 13,30 13,68 Coroa (Dinamarca) 6,8759 6,8769 0,7156 0,7158
Capital de giro pré sup. 365 dias - a.a. 25,50 25,21 26,47 24,44 26,14 26,51 DI x Pré-60 - taxa efetiva ao ano 12,82 12,82 12,87 13,18 13,20 13,70 Coroa (Islândia) 130,9700 131,2800 0,03749 0,03758
Conta garantida pré - a.a.
Desconto de duplicata pré - a.a.
48,06
26,27
46,16
25,85
45,79
27,37
49,16
26,36
48,82
26,47
51,04
27,39
DI x Pré-90 - taxa efetiva ao ano 12,61 12,60 12,66 13,03 13,06 13,73 B3 - Brasil, Bolsa, Balcão Coroa (Noruega)
Coroa (Rep. Tcheca)
10,6648
22,2020
10,6686
22,2180
0,4613
0,2215
0,4615
0,2217
DI x Pré-120 - taxa efetiva ao ano 12,40 12,39 12,43 12,82 12,83 13,74
Vendor pré - a.a. 19,61 18,53 17,91 18,39 17,77 18,91 Coroa (Suécia) 10,9527 10,9560 0,4492 0,4494
Capital de giro flut. até 365 dias - a.a. 18,66 18,07 20,44 22,17 19,30 19,38
DI x Pré-180 - taxa efetiva ao ano 12,05 12,03 12,06 12,40 12,43 13,75 Índices de ações em 31/08/23 Dinar (Argélia) 135,8290 137,1870 0,03587 0,03624
Capital de giro flut. sup. 365 dias - a.a. 17,73 18,00 18,08 18,47 17,75 18,95 DI x Pré-360 - taxa efetiva ao ano 10,98 10,92 10,93 11,26 11,30 13,44
No No No Em 12 Dinar (Kuwait) 0,3083 0,3084 15,9575 15,9646
Conta garantida pós - a.a. 27,60 27,64 27,41 28,18 28,15 27,21 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Índice dia mês ano meses Dinar (Líbia) 4,8056 4,8297 1,0190 1,0242
ACC pós - a.a. 8,79 8,51 8,64 8,34 8,51 6,54 Direitos Especiais de Saque *** 1,3299 1,3299 6,5448 6,5456
Factoring - a.m. 3,50 3,52 3,52 3,49 3,51 3,69 Variação % em reais
Dirham (Emirados Árabes Unidos) 3,6726 3,6736 1,3396 1,3402
Fontes: Banco Central, Anfac e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Mercado futuro Ibovespa 115.741 -1,53 -5,09 5,47 5,68 Dirham (Marrocos) 10,1610 10,1660 0,4841 0,4844
IBrX 48.697 -1,53 -5,01 4,62 4,16 Dólar (Austrália)*** 0,6466 0,6467 3,1821 3,1830
Em 31/08/23 IBrX 50 19.182 -1,42 -4,75 3,66 4,56 Dólar (Bahamas) 1,0000 1,0000 4,9213 4,9219
Juros externos PU de Taxa efetiva - Contratos Cotação - em % ao ano
IEE
SMLL
85.111
2.172
-1,94
-2,51
-5,69
-7,43
8,17
8,13
3,48
-1,94
Dólar (Belize) 1,9982 2,0332 2,4205 2,4632
DI de 1 dia ajuste em % ao ano negociados Mínimo Máximo Último Dólar (Canadá) 1,3540 1,3541 3,6344 3,6351
ISE 3.364 -2,13 -7,55 6,55 -4,30 Dólar (Cayman) 0,8250 0,8350 5,8938 5,9659
Empréstimos - em % ao ano Vencimento em set/23 99.950,99 13,149 42.001 13,146 13,154 13,150 IMOB 890 -3,18 -7,65 34,99 24,21 Dólar (Cingapura) 1,3518 1,3519 3,6403 3,6410
Há 1 No fim de Há 1 Há 12 Vencimento em out/23 98.988,29 12,978 215.640 12,970 12,982 12,974 IDIV 7.813 -1,55 -2,83 9,22 10,64 Dólar (EUA) 1,0000 1,0000 4,9213 4,9219
31/08/23 30/08/23 semana julho mês meses Vencimento em nov/23 98.010,84 12,812 29.550 12,808 12,816 12,810 Dólar (Hong Kong) 7,8422 7,8428 0,6275 0,6276
IFIX 3.212 0,15 0,49 12,06 7,95
SOFR - empréstimos interbancários em dólar * Vencimento em dez/23 97.125,27 12,587 21.671 12,580 12,590 12,585 Dólar (Nova Zelândia)*** 0,5948 0,5949 2,9272 2,9280
Atual - 5,3000 5,3000 5,3100 5,3100 2,2900 Vencimento em jan/24 96.270,25 12,391 448.205 12,370 12,400 12,395 Variação % em dólares Dólar (Trinidad e Tobago) 6,7637 6,8260 0,7210 0,7277
1 mês - 5,3114 5,2960 5,1015 5,1088 2,2844 Vencimento em fev/24 95.359,69 12,202 1.516 12,190 12,205 12,205 Ibovespa 23.516 -2,66 -8,56 11,81 11,20 Euro (Comunidade Européia)*** 1,0838 1,0840 5,3337 5,3353
3 meses - 5,1843 5,1658 5,0937 5,0993 1,6862 Vencimento em mar/24 94.614,15 12,011 269 12,010 12,025 12,020 IBrX 9.894 -2,66 -8,49 10,91 9,60 Florim (Antilhas Holandesas) 1,7845 1,8200 2,7040 2,7581
6 meses - 5,0561 5,0262 4,9223 4,9280 1,0479
Vencimento em abr/24 93.847,10 11,841 109.308 11,820 11,855 11,845 IBrX 50 3.897 -2,55 -8,24 9,89 10,02 Franco (Suíça) 0,8836 0,8840 5,5671 5,5703
€STR - empréstimos interbancários em euro **
Vencimento em mai/24 93.041,49 11,645 245 11,640 11,650 11,650 IEE 17.292 -3,07 -9,15 14,68 8,88 Guarani (Paraguai) 7277,9000 7278,8900 0,0006761 0,0006763
Atual - 3,6520 3,6490 3,3920 3,4040 -0,0910
Vencimento em jun/24 92.305,46 11,458 1.400 11,450 11,470 11,460 SMLL 441 -3,63 -10,81 14,61 3,18 Hryvnia (Ucrânia) 36,7950 36,9390 0,1332 0,1338
1 mês - 3,6207 3,5859 3,4075 3,4071 -0,0850
Vencimento em jul/24 91.632,49 11,282 349.143 11,245 11,305 11,290 ISE 683 -3,25 -10,95 12,93 0,67 Iene (Japão) 145,6700 145,7000 0,03378 0,03379
3 meses - 3,4318 3,3988 3,2370 3,2531 -0,3926
IMOB 181 -4,27 -10,97 43,17 30,79 Lev (Bulgária) 1,8044 1,8050 2,7265 2,7277
6 meses - 3,1512 3,1169 2,9286 2,9370 -0,4870 Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/US$ 1.000,00
1 ano - 2,2523 2,1896 1,9290 1,9498 -0,5292 IDIV 1.587 -2,68 -6,40 15,79 16,41 Libra (Egito) 30,8500 30,9500 0,1590 0,1595
Dólar comercial do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último
Euribor *** IFIX 653 -1,03 -3,21 18,77 13,57 Libra (Líbano) 15000,0000 15060,0000 0,000327 0,000328
Vencimento em set/23 4.921,90 1,13 13.000 4.865,00 4.928,50 4.921,50 Libra (Síria) 13000,0000 13003,0000 0,00038 0,00038
1 mês - 3,654 3,632 3,578 3,580 0,230 Vencimento em out/23 4.970,96 1,70 364.005 4.885,00 4.981,50 4.977,50 Fontes: B3, Banco Central e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
3 meses - 3,803 3,784 3,715 3,723 0,654 Libra Esterlina (Grã Bretanha)*** 1,2663 1,2668 6,2318 6,2351
Vencimento em nov/23 4.992,66 - 0 0,00 0,00 0,00 Naira (Nigéria) 773,0000 774,0000 0,00636 0,00637
6 meses - 3,956 3,932 3,929 3,948 1,203
Vencimento em dez/23 5.010,19 - 0 0,00 0,00 0,00 Lira (Turquia) 26,6401 26,6804 0,1845 0,1848
1 ano -
Taxas referenciais no mercado norte-americano
4,065 4,048 4,064 4,076 1,778
Vencimento em jan/24 5.025,65 - 0 0,00 0,00 0,00 Prêmio de risco do EMBI+* Novo Dólar (Taiwan) 31,8540 31,8840 0,15440 0,15450
Prime Rate 8,50 8,50 8,50 8,50 8,50 5,50 Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/€ 1.000,00 Novo Sol (Peru) 3,6960 3,6970 1,3312 1,3317
Federal Funds 5,50 5,50 5,50 5,50 5,50 2,50 Euro do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Spread em pontos base ** Peso (Argentina) 350,0000 350,0500 0,01406 0,01406
Taxa de Desconto 5,50 5,50 5,50 5,50 5,50 2,50 País Spread Variação - em pontos Peso (Chile) 851,4800 853,0800 0,005769 0,005780
Vencimento em set/23 5.341,98 - 0 0,00 0,00 0,00 Peso (Colômbia) 4088,9700 4094,9700 0,001202 0,001204
T-Bill (1 mês) 5,39 5,39 5,39 5,37 5,38 2,17 Vencimento em out/23 5.399,80 0,98 5 5.402,00 5.402,00 5.402,00 30/08/23 29/08/23 No dia No mês No ano
T-Bill (3 meses) 5,46 5,47 5,47 5,41 5,41 2,93 Geral 374 378 -4,0 14,0 -1,0 Peso (Cuba) 24,0000 24,0000 0,2051 0,2051
Vencimento em nov/23 5.432,06 - 0 0,00 0,00 0,00 Peso (Filipinas) 56,6200 56,6400 0,08689 0,08693
T-Bill (6 meses) 5,51 5,54 5,53 5,51 5,50 3,36 África do Sul 394 401 -7,0 21,0 1,0
T-Note (2 anos) 4,87 4,89 5,02 4,88 4,91 3,50 Ajuste Var. no Contratos Cotação - pontos do índice Argentina 2.074 2.046 28,0 92,0 -122,0 Peso (México) 16,8950 16,9090 0,2910 0,2913
T-Note (5 anos) 4,25 4,27 4,42 4,18 4,22 3,35 Ibovespa do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Brasil 207 209 -2,0 8,0 -49,0 Peso (Rep. Dominicana) 56,6200 56,9100 0,08648 0,08693
T-Note (10 anos) 4,11 4,12 4,24 3,96 4,03 3,19 Vencimento em out/23 117.493 -1,55 133.830 117.385 119.565 117.710 Colômbia 317 328 -11,0 13,0 -43,0 Peso (Uruguai) 37,6800 37,7100 0,13050 0,13060
T-Bond (30 anos) 4,21 4,23 4,30 4,01 4,10 3,29 Vencimento em dez/23 119.356 - 0 0 0 0 Filipinas 88 93 -5,0 9,0 13,0 Rande (África do Sul) 18,9085 18,9201 0,2601 0,2603
Fontes: ECB, EMMI, FRBNY e Valor PRO. Elaboração: Valor Data * Taxa baseada em transações de empréstimos overnight garantidos por títulos do México 167 169 -2,0 0,0 -36,0 Rial (Arábia Saudita) 3,7505 3,7508 1,3121 1,3123
Vencimento em fev/24 121.278 - 0 0 0 0 Peru 115 120 -5,0 -2,0 -32,0
Tesouro EUA. ** A taxa reflete os custos de empréstimos overnight sem garantia. ***Taxas da BBA e da Federação Bancária da União Europeia Rial (Irã) 42000,0000 42005,0000 0,0001172 0,0001172
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Turquia 348 351 -3,0 -5,0 -65,0 Ringgit (Malásia) 4,6370 4,6430 1,0599 1,0614
Venezuela 32.845 38.978 -6.133,0 -4.663,0 -12.075,0 Rublo (Rússia) 94,8750 96,8750 0,05080 0,05188
Fonte:JPMorgan.Elaboração:ValorData.*CalculadopeloJPMorgan.**Sobreotítulo Rúpia (Índia) 82,7177 82,7337 0,05948 0,05950
Evolução das aplicações financeiras Indicadores do mercado do tesouro americano Rúpia (Indonésia) 15225,0000 15235,0000 0,0003230 0,0003233
Rúpia (Paquistão) 306,0000 307,0000 0,01603 0,01608
Rentabilidade no período em % Shekel (Israel) 3,8001 3,8028 1,2941 1,2952
Mês Acumulado Em 31/08/23 Reservas internacionais Won (Coréia do Sul) 1325,8100 1326,1000 0,003711 0,003712
Renda Fixa ago/23 jul/23 jun/23 mai/23 abr/23 mar/23 Ano* 12 meses** Variações % Yuan Renminbi (China) 7,2582 7,2595 0,6779 0,6781
Selic 1,14 1,07 1,07 1,12 0,92 1,17 8,86 13,55 Indicador Compra Venda No dia No mês No ano 12 meses Zloty (Polônia) 4,1257 4,1271 1,1924 1,1930
CDI 1,14 1,07 1,07 1,12 0,92 1,17 8,86 13,55 Dólar (Ptax - BC) - (R$/US$) 4,9213 4,9219 1,16 3,80 -5,67 -4,96
Liquidez Internacional *, em US$ milhões
Fim de período Diário Cotações Em R$(1)
CDB (1) 0,95 0,95 0,86 0,86 0,91 0,77 7,36 11,14 Dólar Comercial (mercado) - (R$/US$) 4,9494 4,9500 1,67 4,68 -6,21 -4,82 Ouro Spot (2) Paridade (3) Compra Venda
Poupança (2) 0,72 0,66 0,68 0,72 0,58 0,74 5,52 8,39 Dólar Turismo (R$/US$) 4,9614 5,1414 1,63 4,55 -6,13 -4,72 dez/22 337.703 21/08/23 341.540
Poupança (3) 0,72 0,66 0,68 0,72 0,58 0,74 5,52 8,39 Euro (BC) - (R$/€) 5,3337 5,3353 0,36 2,11 -4,20 2,35 Dólar Ouro 1941,16 0,01602 307,1973 307,2347
jan/23 343.622 22/08/23 341.522
IRF-M 0,76 0,89 2,12 2,20 1,10 2,15 11,43 14,96 Euro Comercial (mercado) - (R$/€) 5,3669 5,3675 0,94 3,24 -4,75 2,71 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração: Valor Data
IMA-B -0,38 0,81 2,39 2,53 2,02 2,66 11,84 13,76 Euro Turismo (R$/€) 5,4167 5,5967 1,00 2,94 -4,58 2,93 fev/23 338.098 23/08/23 342.732 * Cotações em unidades monetárias por dólar. ** Cotações em reais por unidade monetária. *** Moedas do tipo
IMA-S 1,18 1,06 1,14 1,21 0,86 1,15 9,04 13,81 Euro (BC) - (US$/€) 1,0838 1,0840 -0,80 -1,63 1,56 7,70 mar/23 345.620 24/08/23 342.515 B (cotadas em dólar por unidade monetária). (1) Por grama. (2) US$ por onça. (3) Grama por US$. Observações:
Renda Variável Ouro* abr/23 347.725 25/08/23 341.798 As taxas acima deverão ser utilizadas somente para coberturas específicas de acordo com a legislação vigente.
Ibovespa -5,09 3,26 9,00 3,74 2,50 -2,91 5,47 5,68 mai/23 344.489 28/08/23 342.218 As contratações acima referidas devem ser realizadas junto às regionais de câmbio do Rio e de São Paulo. O lote
Índice Small Cap -7,43 3,12 8,17 13,54 1,91 -1,73 8,13 -1,94 B3 (R$/g) ** - 306,000 2,03 4,08 1,32 7,37 jun/23 343.620 29/08/23 343.332 mínimo operacional, exclusivamente para efeito das operações contratadas junto à mesa de operações do Banco
IBrX 50 -4,75 3,70 8,78 2,92 1,65 -3,51 3,66 4,56 Nova York (US$/onça troy) - 1.939,83 -0,22 -1,23 6,39 13,52 jul/23 345.476 30/08/23 344.172 Central em Brasília, foi fixado para hoje em US$ 1.000.000. Nota: em 29/03/10, o Banco Central do Brasil
ISE -7,55 1,27 9,00 9,02 3,23 -1,22 6,55 -4,30 Londres (US$/onça troy) - 1.944,20 0,30 -0,58 7,28 13,54
Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data. *Agrega, aos valores do conceito Caixa, passou a divulgar, para a maior parte das moedas presentes na tabela, as cotações com até quatro casas
IMOB -7,65 5,15 9,62 17,11 6,84 -0,70 34,99 24,21 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. * Última cotação. ** Contrato = 250g haveres como títulos de exportação e outros de médio e longo prazos decimais, padronizando-as aos parâmetros internacionais
IDIV -2,83 2,84 8,78 0,84 3,89 -2,02 9,22 10,64
IFIX 0,49 1,33 4,71 5,43 3,52 -1,68 12,06 7,95
Dólar Ptax (BC) 3,80 -1,61 -5,43 1,90 -1,57 -2,45 -5,67 -4,96
Dólar Comercial (mercado) 4,68 -1,25 -5,60 1,72 -1,61 -2,98 -6,21 -4,82 Índices de ações Valor-Coppead Bolsas de valores internacionais
Euro (BC) (4) 2,11 -0,71 -3,06 -1,67 -0,07 0,00 -4,20 2,35
Euro Comercial (mercado) (4) 3,24 -0,49 -3,66 -1,31 -0,05 -0,57 -4,75 2,71 Em 12 meses
Ouro B3 4,08 -0,17 -6,21 0,00 -0,95 4,28 1,32 7,37 Em pontos Variações % Menor Maior
Inflação No fim de Variação - em % País Cidade Índice 31/08/23 30/08/23 No dia No mês No ano Em 12 meses índice índice
IPCA (5) 0,25 0,12 -0,08 0,23 0,61 0,71 3,25 4,63 Índice 31/08/23 30/08/23 jul/23 dez/22 dia mês Ano Américas
IGP-M -0,14 -0,72 -1,93 -1,84 -0,95 0,05 -5,28 -7,20
Valor-Coppead Performance 156.342,44 159.764,49 159.956,51 154.559,59 -2,14 -2,26 1,15 EUA Nova York Dow Jones 34.721,91 34.890,24 -0,48 -2,36 4,75 10,19 28.725,51 35.630,68
Fontes: Anbima, BC, B3, IBGE e Valor PRO . Elaboração: Valor Data. * Rendimento até o dia 31/ago/23. ** Até ago/23. (1) rendimento bruto
do 1º dia útil do mês (2) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos até 03/05/12. (3) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos a partir de Valor-Coppead Mínima Variância 83.632,68 84.671,89 84.947,90 80.469,68 -1,23 -1,55 3,93 EUA Nova York Nasdaq-100 15.501,07 15.462,43 0,25 -1,62 41,69 26,31 10.679,35 15.841,35
04/05/12. (4) Variação sobre o Real. (5) expectativa de 0,25% para o mês de agosto Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data EUA Nova York Nasdaq Composite 14.034,97 14.019,31 0,11 -2,17 34,09 18,78 10.213,29 14.358,02
EUA Nova York S&P 500 4.507,66 4.514,87 -0,16 -1,77 17,40 13,97 3.577,03 4.588,96
Canadá Toronto S&P/TSX 20.292,62 20.330,32 -0,19 -1,62 4,68 4,98 18.206,28 20.767,38
Fundos de Investimento Captações de recursos no exterior
México
Colômbia
Cidade do México
Bogotá
IPC
COLCAP
53.020,98
1.076,12
54.390,74
1.114,86
-2,52
-3,47
-3,28
-8,39
9,40
-16,32
18,04
-12,39
44.626,80
1.076,12
55.534,68
1.342,91
Venezuela Caracas IBVC 38.542,94 38.121,01 1,11 7,71 84,00 313,57 8.517,34 38.542,94
Análise diária da indústria - em 28/08/23 Últimas operações realizadas no mercado internacional * Chile Santiago IPSA 6.009,28 6.028,19 -0,31 -6,02 14,20 10,44 4.936,57 6.432,76
Patrimônio Rentabilidade nominal - % Estimativa da captação líquida - R$ milhões Peru Lima S&P/BVL General 23.133,53 Feriado -0,87 -1,60 8,45 22,70 18.445,53 23.806,19
Data Data Valor Cupom/ Spread
líquido em em 12 em 12 Argentina Buenos Aires Merval 653.602,88 675.841,00 -3,29 42,98 223,43 379,74 135.472,73 683.587,71
de do Prazo US$ Custo Retorno pontos-
Categorias R$ milhões (1) no dia no mês 2023 meses no dia no mês no ano meses Europa, Oriente Médio e África
Renda Fixa 3.050.273,46 -81,90 31.525,21 -29.761,90 -234.086,77 Emissor/Tomador liquidação vencimento meses milhões em % em % base **
RF Indexados (2) 151.584,76 0,06 0,73 9,76 12,75 -94,59 2.641,60 -4.624,28 -17.247,86 Aegea 06/05/22 20/05/29 85 500 7 - 413,7 Euro - Euronext 100 1.355,74 1.361,81 -0,45 -3,25 10,08 13,33 2.995,33 3.699,96
RF Duração Baixa Soberano (2) 588.273,93 0,05 0,93 8,13 12,64 243,85 6.609,40 29.510,87 -72.517,53 Braskem 08/02/23 08/02/33 120 1.000 7,25 7,25 365,1 Alemanha Frankfurt DAX 15.947,08 15.891,93 0,35 -3,04 14,53 24,25 11.975,55 16.469,75
RF Duração Baixa Grau de Invest. (2) 720.429,11 0,05 1,07 8,31 13,28 -71,23 6.877,15 -45.027,60 -66.148,51 República Federativa do Brasil 13/04/23 20/10/33 126 2.250 6 6,15 285,4 França Paris CAC-40 7.316,70 7.364,40 -0,65 -2,42 13,02 19,45 5.676,87 7.577,00
RF Duração Média Grau de Invest. (2) 92.588,17 0,05 0,05 7,87 12,76 -0,46 1.122,02 -6.885,57 -5.921,86 Banco do Brasil 11/04/23 18/04/30 84 750 6 6,5 302,0 Itália Milão FTSE MIB 28.831,52 28.916,70 -0,29 -2,74 21,62 33,73 20.352,98 29.644,71
RF Duração Alta Grau de Invest. (2) 160.922,39 0,06 0,73 6,90 8,19 89,51 -203,58 -3.864,75 -6.105,97 Vale 12/06/23 12/06/33 120 1.500 6,125 6,245 245,0 Bélgica Bruxelas BEL-20 3.665,97 3.665,36 0,02 -2,93 -0,95 2,23 3.313,82 3.954,16
RF Duração Livre Soberano (2) 227.296,45 0,05 0,75 8,43 12,35 -176,94 -2.774,09 5.770,73 -10.272,89 Petrobras 03/07/23 03/07/33 120 1.250 6,5 6,625 290,1 Dinamarca Copenhague OMX 20 2.136,82 2.159,76 -1,06 5,22 16,43 26,36 1.516,18 2.193,69
RF Duração Livre Grau de Invest. (2) 639.318,21 0,04 0,90 8,45 12,67 -334,94 8.801,54 -17.731,32 -64.044,68 Azul 20/07/23 20/07/28 60 800 11,93 12,25 829,1 Espanha Madri IBEX-35 9.505,90 9.551,10 -0,47 -1,41 15,52 20,54 7.261,10 9.694,70
RF Duração Livre Crédito Livre (2) 217.411,99 0,06 1,04 9,08 12,84 301,84 5.713,38 768,87 9.918,85 Grécia Atenas ASE General 1.312,49 1.316,94 -0,34 -1,72 41,16 53,26 788,46 1.345,95
Fontes: Instituições e agências internacionais. Elaboração: Valor Data. * Atualizada em 31/08/23. ** Sobre o título do Tesouro americano de Holanda Amsterdã AEX 743,62 745,43 -0,24 -6,11 7,93 9,31 630,58 794,27
Ações 528.603,80 -216,00 -1.802,02 -39.824,22 -13.909,23 mesmo prazo
Ações Indexados (2) 11.221,94 1,03 -3,90 6,70 3,82 -29,77 832,33 908,41 1.024,08 Hungria Budapeste BUX 55.775,02 56.232,14 -0,81 4,49 27,36 33,19 37.035,79 57.228,33
Ações Índice Ativo (2) 33.489,96 0,83 -3,68 7,15 2,82 17,87 -346,35 -5.124,25 -8.182,79 Polônia Varsóvia WIG 68.431,46 68.979,76 -0,79 -5,31 19,09 36,39 45.621,39 72.268,53
Ações Livre 209.621,41 0,37 -3,48 11,77 6,63 -180,22 -1.653,84 -15.886,93 -24.747,92 Portugal Lisboa PSI-20 6.173,99 6.189,74 -0,25 0,63 7,82 2,98 5.190,28 6.273,94
Fechados de Ações 91.362,73 -0,42 -3,98 2,28 -6,70 0,00 13,50 -1.678,83 41.479,83 ADR - Índices Rússia Moscou RTS* 1.059,17 1.052,06 0,68 0,16 9,13 -15,84 906,71 1.288,03
Multimercados 1.721.776,37 -225,57 7.904,13 -48.890,40 -63.633,12 Suécia Estocolmo OMX 2.184,74 2.185,08 -0,02 -2,94 6,92 13,77 1.794,39 2.322,64
Multimercados Macro 187.869,87 -0,01 -0,06 5,18 8,72 -229,55 -1.341,03 -16.683,09 -15.792,02 Em 31/08/23 Suíça Zurique SMI 11.125,95 11.090,22 0,32 -1,62 3,70 2,50 10.072,62 11.595,25
Multimercados Livre 643.986,05 0,05 0,18 6,14 8,17 -151,68 8.986,11 -3.887,63 -2.685,95 Turquia Istambul BIST 100 7.917,93 Feriado 0,14 9,71 43,72 149,68 3.142,74 7.941,73
Multimercados Juros e Moedas 58.632,74 0,04 0,87 8,35 12,95 -27,50 -594,21 -10.203,04 -14.773,02 Em Variação - em % Israel Tel Aviv TA-125 1.873,76 1.869,51 0,23 -0,81 3,33 -9,58 1.702,14 2.073,50
Multimercados Invest. no Exterior (2) 751.266,32 0,07 0,40 4,81 7,40 268,74 807,42 -12.125,54 -18.385,44 Índice 31/08/23 30/08/23 31/07/23 30/12/22 31/08/22 dia mês ano 12 meses África do Sul Joanesburgo All Share 74.953,73 75.256,19 -0,40 -5,10 2,61 11,44 63.263,94 80.791,36
Cambial 6.252,97 0,32 3,49 -4,17 1,75 -75,05 -368,85 -1.489,74 -2.157,95 S&P BNY 155,88 157,21 161,42 141,56 134,03 -0,85 -3,43 10,11 16,30 Ásia e Pacífico
Previdência 1.288.589,96 116,36 4.286,87 6.050,15 13.027,53 S&P BNY Emergentes 294,69 298,88 316,24 271,49 282,83 -1,40 -6,81 8,55 4,19 Japão Tóquio Nikkei-225 32.619,34 32.333,46 0,88 -1,67 25,00 16,12 25.716,86 33.753,33
ETF 40.743,83 -350,75 -1.535,67 -159,97 1.672,76 S&P BNY América Latina 198,96 204,35 213,91 181,83 182,26 -2,64 -6,99 9,42 9,16 Austrália Sidney All Ordinaries 7.517,80 7.506,80 0,15 -1,37 4,10 4,04 6.656,40 7.771,80
Demais Tipos 1.803.967,56 -32,05 6.422,83 -5.662,42 -24.197,91 S&P BNY Brasil 197,61 203,07 216,19 190,33 195,96 -2,69 -8,59 3,82 0,84 China Shenzhen SZSE Composite 1.947,48 1.958,88 -0,58 -5,90 -1,42 -7,09 1.870,50 2.190,54
Total Fundos de Investimentos 6.636.240,39 -832,91 40.009,67 -114.076,07 -299.086,78 S&P BNY México 322,82 334,21 332,79 246,74 225,87 -3,41 -3,00 30,83 42,92 China Xangai SSE Composite 3.119,88 3.137,14 -0,55 -5,20 0,99 -2,57 2.893,48 3.395,00
Total Fundos Estruturados (3) 1.385.175,41 1.279,68 -3.158,64 48.196,32 8.690,08
S&P BNY Argentina 158,30 159,97 154,43 106,49 78,52 -1,05 2,51 48,65 101,59 Coreia do Sul Seul KOSPI 2.556,27 2.561,22 -0,19 -2,90 14,30 3,41 2.155,49 2.667,07
Total Fundos Off Shore (4) 45.185,62 - - - -
S&P BNY Chile 163,60 164,01 181,98 171,62 186,54 -0,25 -10,10 -4,67 -12,30 Hong Kong Hong Kong Hang Seng 18.382,06 18.482,86 -0,55 -8,45 -7,07 -7,88 14.687,02 22.688,90
Total Geral 8.066.601,42 446,77 36.851,03 -65.879,75 -290.396,70
Fonte: ANBIMA. (1) PL e captação líquida de cada tipo exclui os Fundos em Cotas, evitando dupla contagem. (2) Para os tipos que iniciaram em S&P BNY Índia 2.758,21 2.799,41 2.888,91 2.841,98 2.767,83 -1,47 -4,52 -2,95 -0,35 Índia Bombaim S&P BSE Sensex 64.831,41 65.087,25 -0,39 -2,55 6,56 8,89 56.409,96 67.571,90
01/10/2015, as rentabilidades do ano e 12 meses foram estimadas com base na amostra atual de fundos. (3) FIDC, FII, FIP e FMIEE. (4) PL dos S&P BNY Ásia 178,71 179,22 189,38 162,47 165,54 -0,28 -5,64 9,99 7,96 Indonésia Jacarta JCI 6.953,26 6.966,66 -0,19 0,32 1,50 -3,14 6.565,73 7.318,02
tipos imobiliários e Off-Shore referentes ao mês de julho de 2023 * Rentabilidade sem período completo.Obs.: Fundos de Investimentos regidos S&P BNY China 348,17 350,23 380,94 338,39 366,56 -0,59 -8,60 2,89 -5,02 Tailândia Bangcoc SET 1.565,94 1.576,67 -0,68 0,63 -6,16 -4,45 1.466,93 1.691,41
pela ICVM 555/14, ICVM 522/12, ICVM 409/04, ICVM 359/02 e ICVM 141/91. Dados sujeitos a retificação em razão da representatividade S&P BNY Rússia 304,81 292,89 323,78 221,34 171,05 4,07 -5,86 37,71 78,20 Taiwan Taipé TAIEX 16.634,51 16.719,82 -0,51 -2,98 17,66 10,20 12.666,12 17.334,98
da amostra ou cadastramento de novos fundos. PL de cada tipo considera, adicionalmente, a estimativa dos fundos que não informaram o PL S&P BNY Turquia 23,66 24,11 22,07 20,63 13,62 -1,88 7,20 14,69 73,70 Fontes: Valor PRO, Bolsas de Bangcoc, Bogotá, Bombaim, Budapeste, Istambul, Jacarta, Joanesburgo, Lima, Madrid e Zurique. Elaboração: Valor Data
na data de emissão do relatório Fonte: S&P BNY Mellon. Elaboração: Valor Data * Índice expresso em dólares
 Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | C5

AGÊNCIA REGULADORA DE TRANSNORTE ENERGIA S.A. TRANSNORTE ENERGIA S.A.

CNPJ/MF nº 14.683.671/0001-09 - NIRE 53.300.013.501 CNPJ/MF nº 14.683.671/0001-09 - NIRE 53.300.013.501
SERVIÇOS PÚBLICOS Ata da Reunião do Conselho de Administração Realizada em 13 de Julho de 2022
Ata da Reunião do Conselho de Administração Realizada em 13 de Abril de 2023
DELEGADOS DO PARANÁ - AGEPAR Aos 13/04/2023, às 10:00h, de forma exclusivamente digital, tendo como referência a sede da Aos 13/07/2022, às 10:00 horas, de forma exclusivamente digital. Presença: Estiveram presentes à
Companhia. Presença: A totalidade dos membros do Conselho de Administração. Mesa: Assumiu a reunião de forma remota os conselheiros Enio Luigi Nucci, Marcelo Tosto de Oliveira Carvalho,
CONSULTA PÚBLICA Nº 008/2023-AGEPAR presidência dos trabalhos o Sr. Enio Luigi Nucci, que convidou o Sr. Domingos Romeu Andreatta para Roberto Parucker e José Wanderley Uchoa Barreto, bem como os diretores José Roberto da Silva e
secretariá-lo. Deliberações: Recomendar por unanimidade de votos a aprovação, pelos acionistas da Raul Fernando Ferreira para prestar esclarecimento. Mesa: Assumiu a presidência dos trabalhos o Sr.
A Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Paraná – Agepar, no Companhia, reunidos em Assembleia Geral Ordinária, em cumprimento ao artigo 142, V da Lei Enio Luigi Nucci, que convidou o Sr. Marcelo Tosto de Oliveira Carvalho para secretariá-lo.
Deliberações: Recomendar por unanimidade de votos a aprovação, pelos acionistas da Companhia,
uso de suas atribuições, e nos termos da Lei Complementar Estadual nº 222/2020 6.404/76, das contas da Administração, Balanço Patrimonial e Demonstrações Financeiras, referente
reunidos em AGO, em cumprimento ao artigo 142, V da Lei 6.404/76, das contas da Administração,
(art. 45 e seus parágrafos), comunica aos interessados a abertura, a partir das ao exercício social encerrado em 31/12/2022, acompanhados do parecer da Ernst & Young Auditores
Balanço Patrimonial e Demonstrações Financeiras, referente ao exercício social encerrado em
Independentes S.S., no qual foi apurado lucro líquido no montante de R$ 10.899.753,61. Recomendar
08h00min do dia 12 de setembro de 2023, de CONSULTA PÚBLICA, que ficará por unanimidade de votos a aprovação, pelos acionistas da Companhia, da destinação do valor de
31/121/2020, acompanhados do parecer da Ernst & Young Auditores Independentes S.S., no qual foi
apurado lucro líquido no montante de R$ 4.564.096,43. Recomendar por unanimidade de votos a
aberta até as 20h00min do dia 12 de outubro de 2023, conforme deliberação do R$ 10.899.753,61, equivalente ao valor total do lucro líquido do exercício social encerrado em aprovação, pelos acionistas da Companhia, da destinação do valor de R$ 4.564.096,43, equivalente
Conselho Diretor/AGEPAR na REUNIÃO nº 22/2023 – ORDINÁRIA, realizada em 29 31/12/2022, para absorção dos prejuízos acumulados nos exercícios anteriores. Nada mais havendo ao valor total do lucro líquido do exercício social encerrado em 31/12/2020, para absorção dos
a ser tratado. Mesa: Enio Luigi Nucci - Presidente; Domingos Romeu Andreatta - Secretário. Junta
de agosto de 2023, destinada a obter contribuições, sugestões propostas, críticas Comercial, Industrial e Serviços do Distrito Federal - Certifico registro sob o nº 2162569 em
prejuízos acumulados nos exercícios anteriores. Aprovar, por unanimidade de votos a celebração de
aditivo com a empresa Ernst & Young Auditores Independentes S/S. para prestação dos serviços de
e demais manifestações pertinentes, por quaisquer interessados, a respeito da 29/08/2023 da Empresa TRANSNORTE ENERGIA S.A., CNPJ 14683671000109 e protocolo auditoria externa nos anos de 2022 e 2023, cujas condições se encontram dispostas no material de
“NOTA TÉCNICA Nº 10/2023-CSB, da Coordenadoria de Saneamento Básico da DFE2300176438 - 28/08/2023. Autenticação: 9E2415E9A920B3AF64D5D0376E96C1814CFCDC3E. apoio, disponibilizado aos membros do Conselho de Administração, rubricado por estes e pelos
Diretoria de Regulação Econômica – CSB/DRE-AGEPAR, que trata da definição Anna Cláudia Leite Mesquita Garcia - Secretária-Geral. membros da Diretoria e arquivado na sede da Companhia. Mesa: Enio Luigi Nucci - Presidente;
Marcelo Tosto de Oliveira Carvalho - Secretário. Junta Comercial, Industrial e Serviços do Distrito
da metodologia de Reajuste Tarifário Anual a ser aplicada a partir do ano de Federal - Certifico registro sob o nº 2162556 em 29/08/2023 da Empresa TRANSNORTE ENERGIA
2024 para os serviços de saneamento básico de água e esgoto da Companhia de S.A., CNPJ 14683671000109 e protocolo DFE2300176432 - 28/08/2023. Anna Cláudia Leite Mesquita
Saneamento do Paraná – SANEPAR”, consoante as informações e notas técnicas NORTE ENERGIA S.A. Garcia - Secretária-Geral.
contidas no processo administrativo de protocolo nº 17.576.798-3. O objeto da CNPJ/MF Nº 12.300.288/0001-07 - NIRE 53.30001164-8
consulta pública, bem como demais informações relativas à sua realização, estarão Companhia de Capital Aberto FERTILIZANTES HERINGER S.A.
Companhia Aberta de Capital Autorizado
disponíveis no sítio eletrônico da Agência, na aba Participação Social – Consultas CNPJ 22.266.175/0001-88
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
Públicas – Consultas Públicas em Andamento (disponível em https://www.agepar. 83ª ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA
Assembleia Geral Extraordinária - Edital de Convocação
Ficam os Senhores Acionistas da Fertilizantes Heringer S.A. (“Companhia”) convocados para participarem da Assembleia Geral
pr.gov.br/Pagina/Consultas-Públicas) – Consulta Pública nº 8/2023. Ficam os Senhores Acionistas da Norte Energia S.A. (“Companhia”) convocados, na forma do Extraordinária (“Assembleia”) que será realizada, em primeira convocação, às 10h do dia 22 de setembro de 2023, de modo ex-
artigo 124 da Lei nº 6.404/1976, para se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária - AGE, clusivamente digital, nos termos do artigo 28, inciso II da Resolução CVM nº 81, de 29 de março de 2022 (“Resolução CVM 81”),
Curitiba/PR, 31 de agosto de 2023. a se realizar no dia 22 de setembro de 2023, às 10h30min, de forma híbrida, comportando por meio da plataforma eletrônica Ten Meetings (“Plataforma Digital”), a fim de apreciarem e deliberarem sobre as matérias
participação presencial, na sede da Companhia, localizada no Setor de Edifícios Públicos Sul constantes da Ordem do Dia, conforme descritas abaixo. Ordem do Dia: (a) alteração do Artigo 6º do Estatuto Social da Com-
(assinado nos termos do Art. 38 do DE nº 7304/2021) SEPS Quadra 702/902, Conjunto B, Bloco B, 3º Andar, Edifício General Alencastro, Asa Sul, panhia para alterar o capital autorizado da Companhia, de modo que o capital social possa ser aumentado em até 64.628.741
Reinhold Stephanes - Diretor-Presidente CEP: 70390-025, e digital, via plataforma Webex, nos termos da Resolução CVM nº 81/2022, (sessenta e quatro milhões, seiscentos e vinte e oito mil e setecentas e quarenta e uma) ações ordinárias, nominativas e sem
a fim de discutir e deliberar sobre a seguinte ordem do dia: i) Eleição de Membros Titular e valor nominal, mediante deliberação do Conselho de Administração, independentemente de reforma estatutária; (b) alteração
Suplente para o Conselho de Administração, indicados pela acionista CHESF; ii) Eleição de do Estatuto Social da Companhia, para adequá-lo às novas regras do Regulamento do Novo Mercado da B3 S.A. – Brasil,
Membro Titular para o Conselho de Administração, indicados pela acionista ELETRONORTE; Bolsa, Balcão (“B3”), com a consequente: (1) alteração do: (i) Artigo 18º, alíneas “a”, “b”; (ii) Artigo 20º, Parágrafo único; (iii)
Secretaria de Secretaria de iii) Eleição do Presidente do Conselho de Administração. Os indicados, uma vez eleitos, deverão Artigo 30º, Parágrafo 1º; e (iv) Artigo 38º caput e Parágrafo 1º; (2) exclusão dos seguintes dispositivos: (i) Artigo 10º; (ii) Artigo
Saúde Pública Saúde Pública cumprir o prazo remanescente do mandato, qual seja, até a Assembleia Geral Ordinária que se 18º, alínea “w”; (iii) Artigo 38º, Parágrafos 2º, 3º e 4º; (iv) Artigo 40º; (v) Artigo 41º; (vi) Artigo 42º; (vii) Artigo 43º; (viii) Artigo
realizará em 2024. A Convocação desta AGE foi aprovada pelo Conselho de Administração da 44°; (ix) Artigo 45º; (x) Artigo 46º; (xi) Artigo 47º; (xii) Artigo 48º; (xiii) Artigo 49º; (xiv) Artigo 50º; (xv) Artigo 51º; e (3) inclusão
Companhia na sua 260ª Reunião, realizada no dia 31.08.2023, em atendimento ao parágrafo 3º dos seguintes novos dispositivos (i) Artigo 9°, Parágrafo 3º e (ii) Artigo 39º; e (c) reforma e consolidação do Estatuto Social
do Artigo 8º do Estatuto Social. Conforme detalhado no Manual de Participação em Assembleia da Companhia em decorrência das alterações acima propostas. Nos termos do artigo 135 da Lei das Sociedades por Ações,
da Norte Energia, para sua participação, seja pessoal ou por procurador, o Acionista deverá para a instalação da Assembleia em primeira convocação, será necessário o comparecimento hábil de acionistas e/ou seus
apresentar comprovante de titularidade de ações de emissão da Norte Energia expedido na representantes legais, detentores de, 2/3 (dois terços) do capital social com direito a voto. Caso não se atinja o referido quórum
AVISO DE ABERTURA DO AVISO DE ABERTURA DO data do credenciamento para participação, pela instituição responsável, bem como documento de instalação para a deliberação das respectivas matérias acima, proceder-se-á à nova convocação, por meio da publicação de
PREGÃO ELETRÔNICO SRP PREGÃO ELETRÔNICO SRP de identidade válido com foto do representante legal e dos documentos comprobatórios de
representação, incluindo o instrumento de mandato e cópia do último estatuto ou contrato social
novo Edital de Convocação, anunciando a nova data para realização da Assembleia em segunda convocação, com pelo menos 8
(oito) dias de antecedência, sendo a Assembleia instalada mediante a presença de qualquer número de acionistas. Instruções
Nº 046/SESPA/2023 Nº 047/SESPA/2023 consolidado e os documentos societários que comprovem a representação legal do Acionista. Gerais: Nos termos do parágrafo primeiro do artigo 126 da Lei das Sociedades por Ações e da decisão do I. Colegiado da CVM no
A Secretaria de Estado de Saúde Pública, através A Secretaria de Estado de Saúde Pública, através Caso tais documentos estejam em língua estrangeira, deverão ser vertidos para o português processo CVM RJ-2014/3578, em 04 de novembro de 2014, o acionista pode ser representado na assembleia geral: (i) se pessoa
de seu Pregoeiro, comunica que realizará de seu Pregoeiro, comunica que realizará licitação por tradutor juramentado, não sendo necessária a notarização e a consularização dos mesmos. natural, por procurador constituído há menos de 1 (um) ano (que seja acionista, administrador da Companhia ou advogado
licitação na modalidade Pregão Eletrônico do na modalidade Pregão Eletrônico do tipo “MENOR A Companhia exige o reconhecimento de firma e tradução juramentada dos documentos de regularmente inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil); (ii) se pessoa jurídica, por seus representantes legais ou
tipo “MENOR PREÇO POR ITEM”, conforme PREÇO POR ITEM”, conforme abaixo: representação dos Acionistas. Os Acionistas podem também ser representados por procurador por procurador nomeado nos termos de seus atos constitutivos e de acordo com as regras do Código Civil Brasileiro; (iii) se fundo
abaixo: OBJETO: Registro de Preços para eventual e futura que seja Acionista, administrador ou advogado, constituído há menos de 1 (um) ano, nos termos de investimento, pelo seu administrador e/ou gestor ou, ainda, por procurador nomeado nos termos de seus atos constitutivos e
OBJETO: Registro de Preços para eventual aquisição de aparelho de hemodiálise e mesa do artigo 126, parágrafo 1º da Lei nº 6.404/76 e do artigo 9º do Estatuto Social da Companhia, de acordo com as regras do Código Civil Brasileiro. A participação do acionista será realizada de forma exclusivamente virtual,
e futura aquisição de Medicamentos do ginecológica, com a finalidade de renovação exibindo, além da documentação pertinente, a procuração com firma reconhecida ou com por meio da Plataforma Digital, pessoalmente ou por representante legal ou procurador devidamente constituído, nos termos
Componente Especializado de Assistência e aparelhamento do parque tecnológico dos assinatura digital. Quando o Acionista se fizer representar por procurador, a regularidade da do Art. 28 da Resolução CVM 81, caso em que o acionista poderá: (a) simplesmente participar da Assembleia; ou (b) participar
Farmacêutica (CEAF), para atender aos Hospitais Regionais do Estado do Pará, por procuração será examinada antes do início da Assembleia, bem como a titularidade das ações. e votar na Assembleia. Para participarem virtualmente da Assembleia por meio da Plataforma Digital, os acionistas deverão
pacientes da Secretaria de Estado de Saúde intermédio desta Secretaria Estadual de Saúde Participação por meio de plataforma digital: Os Acionistas que tiverem interesse em participar acessar o seguinte link https://tenmeetings.com.br/assembleia/portal_/#/?id=2CB52C292FD3, no qual devem preencher o seu
Pública do Pará – SESPA, por um período de 12 Pública (SESPA), em conformidade com as da assembleia de forma digital deverão manifestar tal interesse e enviar os documentos e cadastro, criar seu login e senha e anexar todos os documentos necessários para sua habilitação para participação e/ou voto na
(doze) meses. normas da ANVISA, ABNT, INMETRO E RDC, comprovantes aplicáveis, até o dia 20 de setembro de 2023 (dois dias antes da realização da Assembleia, com, no mínimo, 2 (dois) dias de antecedência da data designada para a realização da Assembleia, ou seja, até o
DATA DA ABERTURA: 18 de setembro de 2023 assembleia), nos termos Resolução CVM nº 81/2022, mediante envio de e-mail para o seguinte dia 20 de setembro de 2023, nos termos do artigo 6º, §3º da Resolução CVM 81. Após a aprovação do cadastro pela Companhia,
possuindo validade de 12 (doze) meses, conforme o acionista receberá uma mensagem de confirmação de que seu cadastro foi realizado com sucesso e poderá acessar a plata-
HORÁRIO: 09h:00min. (Horário de Brasília). condições, quantidades, exigências e estimativas endereço eletrônico: governanca@norteenergiasa.com.br. Os Acionistas que não manifestarem
LOCAL: Portal de Compras do Governo Federal o interesse na participação na assembleia digital e/ou não apresentarem os documentos de forma por meio dos seus dados de login e senha cadastrados. A Companhia esclarece que dispensará a necessidade de envio
estabelecidas neste Termo de Referência de participação necessários não estarão aptos à participação na assembleia pela via digital. das vias físicas dos documentos de representação dos acionistas para o seu escritório, bem como o reconhecimento de firma
– www.comprasgovernamentais.gov.br UASG: acordo com as etapas segundo a Lei nº 8.666, de
925856. O Manual de Participação em Assembleia da Norte Energia detalha as regras e os procedimentos do outorgante na procuração para representação do acionista, a notarização, a consularização, o apostilamento e a tradução
21 de junho de 1993, que integra este Edital. a serem seguidos para que os Acionistas possam participar e exercer seu direito de voto, incluindo juramentada de todos os documentos de representação do acionista estrangeiro, bastando o envio de cópia simples das vias
ENTREGA DO EDITAL: Os interessados poderão
retirar o edital nos sítios: www.comprasnet.gov. DATA DA ABERTURA: 15/09/2023 informações para acesso e utilização da plataforma digital, e está disponível no seguinte endereço originais de tais documentos através do website acima mencionado, bem como a tradução simples de referidos documentos
br ou www.compraspara.pa.gov.br. HORÁRIO: 09h:30min. (Horário de Brasília). eletrônico: www.norteenergiasa.com.br/pt-br/ri. Todos os documentos e informações necessários estrangeiros. A Companhia somente admitirá procurações outorgadas por acionistas por meio eletrônico contendo certificação
OBSERVAÇÃO: Dúvidas poderão ser dirimidas LOCAL: Portal de Compras do Governo para a compreensão da matéria a ser discutida, incluindo a participação e exercício do voto digital que esteja dentro dos padrões da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira ou por outro meio de comprovação da
diretamente com a pregoeira responsável, Federal – www.comprasgovernamentais.gov.br na AGE híbrida, conforme previstos no artigo 133 da Lei nº 6.404/76, foram disponibilizados autoria e integridade do documento em forma eletrônica. As demais orientações e informações para a participação virtual na
através do e-mail cpl@sespa.pa.gov.br. UASG: 925856. aos acionistas por correio eletrônico e estão disponíveis para consulta na sede da Companhia. Assembleia, bem como todos os documentos relativos à ordem do dia, devem ser consultados na Proposta da Administração da
As especificações dos itens a serem ofertadas ENTREGA DO EDITAL: Os interessados poderão Brasília, 1º de setembro de 2023. Pedro Luiz de Oliveira Jatobá - Presidente do Conselho Companhia, disponível nos seguintes endereços eletrônicos: websites da Comissão de Valores Mobiliários - CVM (www.gov.br/
encontram-se descritas no Termo de Referência retirar o edital nos sítios: www.comprasnet.gov.br de Administração. cvm/pt-br), da B3 e da Companhia (ri.heringer.com.br/). Paulínia, 31 de agosto de 2023. Donal Mathews Lambert - Presidente
ou www.compraspara.pa.gov.br. do Conselho de Administração.
do Edital.
Belém (PA), 31 de agosto de 2023 OBSERVAÇÃO: Dúvidas poderão ser dirimidas
JOVELINA MARIA SOUSA MATOS diretamente com a pregoeira responsável, através
PREGOEIRA/CPL/SESPA do
e-mail cpl@sespa.pa.gov.br.
Belém (PA), 31 de agosto de 2023
CARLOS AUGUSTO CAMPOS FERREIRA
PREGOEIRO/CPL/SESPA
C6 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Investimentos Após sequência Evolução das aplicações financeiras

de baixas, Ibovespa encerra Rentabilidade no período em %

agosto com perdas de 5% 2023 Nominal Real *

Ações
Renda Fixa Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Ano
Selic (1) 1,12 0,92 1,17 0,92 1,12 1,07 1,07 1,14 8,86 0,59 0,08 0,46 0,31 0,89 1,15 0,95 0,89 5,44
CDI (1) 1,12 0,92 1,17 0,92 1,12 1,07 1,07 1,14 8,86 0,59 0,08 0,46 0,31 0,89 1,15 0,95 0,89 5,44
CDB (2) 0,92 0,91 0,77 0,91 0,86 0,86 0,95 0,95 7,36 0,39 0,07 0,06 0,30 0,63 0,94 0,83 0,70 3,98
Poupança (3) 0,71 0,58 0,74 0,58 0,72 0,68 0,66 0,72 5,52 0,18 -0,25 0,03 -0,03 0,48 0,76 0,54 0,47 2,19

tropeçam,
Poupança (4) 0,71 0,58 0,74 0,58 0,72 0,68 0,66 0,72 5,52 0,18 -0,25 0,03 -0,03 0,48 0,76 0,54 0,47 2,19
IRF-M 0,84 0,86 2,15 1,10 2,20 2,12 0,89 0,76 11,43 0,31 0,02 1,43 0,49 1,96 2,21 0,77 0,51 7,92
IMA-B 0,00 1,28 2,66 2,02 2,53 2,39 0,81 -0,38 11,84 -0,53 0,44 1,94 1,40 2,30 2,47 0,69 -0,62 8,32
IMA-B 5 1,40 1,41 1,52 0,90 0,57 1,05 0,97 0,61 8,75 0,86 0,56 0,80 0,29 0,34 1,13 0,85 0,36 5,32
IMA-B 5 + -1,26 1,17 3,73 3,03 4,13 3,37 0,73 -1,27 14,28 -1,78 0,32 2,99 2,40 3,89 3,45 0,61 -1,51 10,68

e renda fixa
IMA-S 1,15 0,96 1,15 0,86 1,21 1,14 1,06 1,18 9,04 0,61 0,12 0,44 0,24 0,98 1,22 0,94 0,93 5,61
Renda Variável
Ibovespa 3,37 -7,49 -2,91 2,50 3,74 9,00 3,26 -5,09 5,47 2,82 -8,26 -3,59 1,88 3,50 9,09 3,14 -5,32 2,15
Índice Small Cap 2,92 -10,53 -1,73 1,91 13,54 8,17 3,12 -7,43 8,13 2,38 -11,28 -2,42 1,29 13,28 8,26 3,00 -7,66 4,72
IBrX 50 3,38 -7,54 -3,51 1,65 2,92 8,78 3,70 -4,75 3,66 2,84 -8,31 -4,19 1,03 2,68 8,86 3,57 -4,99 0,40

mantém
ISE 2,25 -8,15 -1,22 3,23 9,02 9,00 1,27 -7,55 6,55 1,71 -8,91 -1,92 2,61 8,77 9,08 1,15 -7,78 3,20
ICON 2,96 -9,76 -5,96 0,89 12,26 9,53 2,22 -10,42 -0,75 2,42 -10,51 -6,63 0,28 12,00 9,62 2,10 -10,64 -3,88
IMOB 7,05 -4,66 -0,70 6,84 17,11 9,62 5,15 -7,65 34,99 6,49 -5,46 -1,40 6,20 16,84 9,71 5,02 -7,88 30,74
IDIV 5,89 -7,55 -2,02 3,89 0,84 8,78 2,84 -2,83 9,22 5,33 -8,32 -2,71 3,26 0,60 8,87 2,72 -3,08 5,78
IFIX -1,60 -0,47 -1,68 3,52 5,43 4,71 1,33 0,49 12,06 -2,12 -1,29 -2,37 2,90 5,19 4,79 1,21 0,24 8,53

soberania
Valor-Coppead Performance 6,78 -6,93 -2,68 0,70 0,78 4,32 1,07 -2,26 1,15 6,21 -7,70 -3,36 0,09 0,55 4,40 0,95 -2,50 -2,03
Valor-Coppead MV 3,05 -3,08 -2,69 2,28 2,18 3,37 0,54 -1,55 3,93 2,51 -3,89 -3,37 1,66 1,95 3,45 0,42 -1,79 0,66
Dólar Comercial Ptax - BC -2,27 2,13 -2,45 -1,57 1,90 -5,43 -1,61 3,80 -5,67 -2,78 1,28 -3,13 -2,17 1,67 -5,35 -1,73 3,55 -8,64
Dólar Comercial Mercado -3,88 2,99 -2,98 -1,61 1,72 -5,60 -1,25 4,68 -6,21 -4,39 2,13 -3,67 -2,21 1,48 -5,53 -1,37 4,41 -9,17
Euro - R$/€ - BC -0,55 -0,26 0,00 -0,07 -1,67 -3,06 -0,71 2,11 -4,20 -1,07 -1,09 -0,71 -0,67 -1,89 -2,98 -0,83 1,85 -7,22
Euro Comercial Mercado -2,19 0,32 -0,57 -0,05 -1,31 -3,66 -0,49 3,24 -4,75 -2,70 -0,51 -1,27 -0,65 -1,54 -3,58 -0,61 2,98 -7,75
Adriana Cotias ços das ações não são atrativos e Ouro B3 2,72 -2,00 4,28 -0,95 0,00 -6,21 -0,17 4,08 1,32 2,17 -2,82 3,54 -1,55 -0,23 -6,14 -0,29 3,82 -1,87
De São Paulo aparentemente o tema da inteli- Bitcoin - R$ 33,74 3,82 19,42 -1,35 -5,79 7,98 -5,93 -5,93 47,23 33,03 2,95 18,58 -1,95 -6,01 8,07 -6,04 -6,17 42,60
gência artificial se exauriu. A Inflação
Agosto deixou a desejar com a economia, que se mostrava uma IGP-M 0,21 -0,06 0,05 -0,95 -1,84 -1,93 -0,72 -0,14 -5,28 - - - - - - - - -
promessa de que o início do ciclo das mais resistentes em relação IPCA (5) 0,53 0,84 0,71 0,61 0,23 -0,08 0,12 0,25 3,25 - - - - - - - - -
de corte de juros começaria a aos efeitos da política monetária, Fontes: Anbima, Banco Central, B3, Focus, IBGE, Mercado Bitcoin e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. * Descontado o IPCA. (1) taxa efetiva. (2) rendimento bruto do 1º dia útil do mês. (3) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos até 03/05/12. (4)
deslocar capital para ativos de dá sinais de que vai cobrar o seu rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos a partir de 04/05/12. (5) expectativa de 0,25% para o mês de agosto

maior risco. Mesmo com uma re-
dução maior do que se previa pa-
ra a Selic, de 0,50 ponto percen-
tual no início do mês, os índices
de ações passaram por uma se-
quência de quedas e encerraram
no vermelho. Com a Selic em
13,25% ao ano, há ainda uma
massa de recursos que parece
bem acomodada na renda fixa.
O Ibovespa, principal termô-
metro da B3, encerrou agosto
com recuo de 5,1%, mas no ano
ainda resiste, com valorização de
5,5%. Entre os referenciais de ren-
da fixa, foram as aplicações atre-
ladas à Selic ou ao CDI que trou-
xeram melhor resultado em
agosto, com alta de 1,14%. Na fo-
to do ano, quem estava em títu-
los atrelados à inflação com ven-
cimento acima de cinco anos
(IMA-B 5+) foi recompensado
com ganhos de 14,3% até agosto.
Entre os gestores de recursos e
de patrimônio, falta consenso se
a evolução do cenário será mais
pró-ativos de risco ou se é me-
lhor manter certa cautela.
O cenário de fim de ciclo lá fora
é sujeito a acidentes como quebra
de bancos e de empresas, diz An-
dré Leite, executivo-chefe de inves-
timentos da Tag Investimentos. E
como o Brasil é “um aluno nota 5,
com arcabouço fiscal que já nas-
ceu morto, fica suscetível ao hu-
mor externo”. Com o recente mo-
vimento de saída de risco, os inves-
tidores estrangeiros tiraram recur-
sos do mercado local e voltaram a
se preocupar com fundamentos
em emergentes. “O período de vis-
ta grossa para os nossos proble-
mas está ficando para trás. O am-
biente lá fora é de aversão a risco.”
Esse é um sentimento que de-
ve se prolongar. Nos Estados
Unidos, Leite avalia que os pre-
preço. Na China, os problemas
do setor imobiliário podem se
espalhar para outros segmentos
em meio a uma demanda fraca e
dados de atividade ruins. “O Bra-
sil nisso tudo, se fosse um aluno
nota 8 ou 9, poderia suportar
melhor as intempéries externas.”
Com tal combinação, o inves-
tidor doméstico que ficar em
ativos atrelados ao CDI ou com
adicional em relação ao referen-
cial (CDI+), pode ter num belo
prêmio em relação a estratégias
ligadas à inflação ou prefixadas.
“A gente não vê tanto valor na
curva [de juros], está bem avalia-
da. E em [papéis de] inflação, é a
mesma coisa, o carrego até o fim
do ano é abaixo do CDI”, diz.
Depois do estresse no mercado
de crédito com Americanas e
Light, no início do ano, Leite diz
ver oportunidades em títulos de
dívida “high grade”, com melhor
classificação de risco, que na cri-
se tiveram seus spreads elevados.
Na bolsa, sua visão é mais neutra.
Para quem tem perfil conser-
vador, não significa “abraçar o
CDI” e ficar totalmente sem ex-
posição a risco. Mas não é hora de
colocar o pé no acelerador, diz
Julio Ferreira, diretor de alocação
do Julius Baer Family Office.
Embora o BC tenha iniciado o
processo de afrouxamento mone-
tário e a inflação venha caindo, o
juro real segue elevado, diz Ferrei-
ra. Ele também calcula que o retor-
no de estratégias ligadas ao CDI
tende a ser melhor do que o de No-
tas do Tesouro Nacional - série B
(NTN-B) em 12 meses. Ele leva em
conta a expectativa de CDI médio
acumulado em 10% ou 10,5%, para
um IPCA na casa dos 4%, enquanto
os títulos atrelados à inflação asse-
guram, hoje, entre 5% e 5,5%.
ANA PAULA PAIVA/VALOR
O que está por trás é a percep- preço de commodities e da infla- principalmente a bolsa, essa é a
ção de que faltam gatilhos para ção globalmente, lista Ferreira. O nossa maior aposta hoje.”
uma valorização adicional dos câmbio também se valorizou pe- Com a redução da taxa de des-
ativos como se viu após o minis- la melhor percepção fiscal. Foi conto no cálculo de valor justo
tro da Economia, Fernando Had- um combo que trouxe ganho de das empresas e um menor im-
dad, ver o seu projeto fiscal apro- renda real para a população, mas pacto no custo de financiamen-
vado. “O momento muito bom que não tem continuidade. to, a Tenax tem evitado setores
para os mercados, que foi de Para ele, o ciclo de queda da que podem ser alvo de reonera-
março até julho, provavelmente Selic, que pode levar a taxa bási- ção fiscal e privilegiado teses
já ficou para trás”, diz Ferreira. ca a 9% no ano que vem, já está que tendem a ser favorecidas pe-
Quando mandou o novo marco nos preços. Na bolsa, o possível la redução do prêmio de risco.
fiscal ao Congresso, o governo as- freio da economia pesa contra. Entre as escolhas, estão com-
sumiu metas de superávit primá- “E tem as questões micro, que panhias dos segmentos de shop-
rio ao longo do tempo, deixando têm a ver com a necessidade do ping centers (Iguatemi e Alians-
claro que a estratégia para isso não governo de aumentar a arreca- ce Sonae), varejo (Vivara, Merca-
seria pelo controle de despesas, dação, com toda a discussão [de do Livre e Track & Field), energia
mas pelo aumento da arrecadação. acabar] com JCP e [taxar] divi- elétrica (Equatorial e Copel) e fi-
O compromisso com alguma regra dendos.” Um alento poderia ser a nanceiro (XP e BTG Pactual).
reverberou bem, mas chegou a ho- aprovação do Imposto sobre Va- O ciclo monetário, quando é a
ra de fazer contas. “Há certo ceticis- lor Agregado (IVA) no Senado. Silverio: Selic a 9% ou 9,5% em 2024 favor, costuma ser um impulsio-
mo com as previsões do governo Por ora, para um cliente com nador à tomada de risco, afirma
[de déficit zero] e o nome do jogo é perfil moderado, a recomenda- Roberto Chagas, chefe de renda
ver o quão longe fica”, afirma Fer- ção no Julius Baer é ter 15% em “A maior preocupação, os Es- variável da EQI Asset. Ele acredita
reira. Para ele, o próximo momen- ações, principalmente em fundos tados Unidos, deixou de ser. Não que as reduções feitas pelo BC
to decisivo deve ser março de 2024, “long bias”, que podem calibrar o sou defensor da tese de que ha- vão levar a taxa básica a 8,75% ao
quando, a depender do resultado tamanho da alocação em ações verá um pouso perfeito, mas até ano, revertendo o cenário de ju-
da arrecadação, o Executivo pode conforme o cenário. A estratégia onde a vista alcançar, estão con- ros ultrarrestritivos. “Esse movi-
ter que contingenciar gastos. tem sido colocar algumas prote- seguindo desacelerar a econo- mento é estimulativo para repo-
Para complicar esse quadro, ções via opções para limitar po- mia lentamente e o processo de- sicionamento dos portfólios e a
tem uma desaceleração cíclica de tenciais baixas. Na renda fixa, há sinflacionário vem acontecen- renda variável é um dos melho-
atividade neste segundo semes- uma parcela entre 25% e 27,5% do”, diz Silverio, referindo-se aos res ativos para uma fase assim.
tre que ficou atrasada, por al- em títulos indexados ao IPCA ajustes monetários feitos até Não é a única, tem multimerca-
guns impulsos fiscais, aumento com prazo abaixo de cinco anos, aqui pelo Federal Reserve (Fed, o dos, fundos imobiliários, mas a
do salário mínimo e queda de com parte disso em crédito priva- banco central americano). Já a bolsa é um expoente disso.”
do. Há também alocação grande China, que tem sido fonte de Isso não quer dizer comprar o
em títulos de dívida pós-fixados. preocupação, ele considera que Ibovespa, mas setores que po-
“O momento muito O tamanho do corte de juros
no Brasil surpreendeu até pelo
vai decepcionar no crescimento,
mas não a ponto de provocar
dem ser privilegiados pela traje-
tória de redução de juros. Ele ci-
bom para os placar e há elementos para justi- um desarranjo da economia. ta Iguatemi, Vivara e Mercado Li-
ficar reduções que levem a Selic Se lá fora se confirmar um ce- vre como teses dessa transição.
mercados, que foi a 9% ou 9,5% ao ano em meados nário mais morno, o gestor acha “Mas isso tudo só é verdade se o
de março até julho, de 2024, afirma Alexandre Silve-
rio, sócio-fundador e CEO da Te-
que será um sinal favorável para o
preço dos ativos no Brasil e outros
ambiente lá fora não for ultra
hostil, não é o nosso cenário ba-
provavelmente já nax. Tal trajetória, a seu ver, seria
favorável à redução do prêmio
pares. “O diferencial de juros en-
tre emergentes e desenvolvidos
se.” Ele acha necessário algum
decréscimo na atividade ameri-
ficou para trás” de risco dos ativos brasileiros vai beneficiar a renda fixa, tanto cana até para deixar o Fed con-
num ambiente global que ele as estratégias prefixadas quanto fortável com a inflação e encer-
Julio Ferreira acredita ser mais neutro. aquelas ligadas a juros reais, e rar de fato o seu ciclo de aperto.

A mudança tectônica em fintechs

Análise
Julio Vasconcellos
Do Rio
Estamos adentrando uma no-
va era em serviços financeiros no
Brasil. Se o brasileiro tem em
média contas em mais de quatro
instituições financeiras, quem
leva a briga pela preferência?
Esse cenário de abundância di-
ta a nova palavra de ordem: prin-
cipalidade. Almejar ocupar o nú-
cleo da vida financeira do clien-
te, em um mundo em que di-
nheiro já não é papel, mas pixel.
Debruçamos sobre a questão
na recém-lançada edição do
nosso relatório anual sobre digi-
talização. E o panorama resul-
tante anima quanto à continua-
ção do progresso do nosso siste-
ma financeiro. O campo está
aberto aos inovadores, e as fer-
ramentas postas à disposição.
Pesquisa exclusiva do Google
mostrou que os cinco grandes ban-
cos ainda representam a maioria
dos relacionamentos principais,
mas minguando frente à competi-
ção. Expoente maior da primeira
era de bancarização digital, o Nu-
bank lidera o mercado no quesito.
São 42% de seus clientes que o tem
como relacionamento principal
(número que salta para 71% se
consideramos os dois principais
relacionamentos de clientes).
Em comparação, na média
34% dos clientes dos bancos in-
cumbentes os consideram como
o principal relacionamento. Nos
bancos digitais como grupo, esse
índice cai para 17%, deixando
claro que não tem sido fácil re-
plicar o que tem feito o líder.
A principalidade é em parte
um jogo de cobertura. Clientes
usam cinco produtos bancários
em média, e instituições que con-
seguem oferecer plataformas de
serviços holísticas largam à
frente. Condição indispensável,
mas de modo algum suficiente.
É a experiência do cliente
quem de fato ditará os grandes
vencedores. Bancos principais
mostram 28 pontos a mais em
satisfação, medida em NPS, que lizados na esteira do Pix. O que vi- nanceiro” de seus clientes. Um colossal. Tomemos como exem-
instituições secundárias. Ainda mos com o Pix, porém, não é oca- universo de novos fluxos e pro- plo a galinha dos ovos de ouro,
assim, 57% dos clientes dizem sional, mas fruto de uma agen- dutos se abre como resultado. crédito. Apesar dos digitais te-
considerar mudar seu banco da muito intencional de inova- Como plataforma de dados e rem impulsionado a abundância
principal, um convite a propos- ção. De um regulador implacá- fluxos que é, o open banking é de cartões de crédito atual (eles
tas de valor mais acertadas. vel no fomento à competição. um presente para outra ferra- já são mais numerosos que a nos-
É inquestionável que essas no- O recém-batizado Drex, nossa menta incontornável: a Inteli- sa própria população), pouco pe-
vas propostas terão o digital como moeda digital, carrega a promes- gência Artificial. Com ela, o po- netraram a carteira nacional. Os
arena de batalha. Os números con- sa de levar a digitalização da nos- tencial de extração de valor de cinco bancos tradicionais ainda
firmam o que o cotidiano já sugere sa economia, via tokenização, à dados ganha outra magnitude. concentram 81% do montante de
há tempos: os canais físicos sumi- próxima fronteira. Trará também Há muito a ser construído com crédito no país. Não à toa lide-
ram das nossas vidas. Se há meros outro rico insumo para tecnolo- IA para diferenciação da expe- ram o mundo em rentabilidade.
cinco anos ainda respondiam por gia, na forma da disponibilidade riência do usuário. Interfaces Os alvos seguem em suas costas.
51% das interações com bancos, massiva de dados característica conversacionais, fluxos hi- O futuro dos nossos serviços fi-
hoje não passam de 5% dos casos. da infraestrutura de blockchain. per-personalizados e assessoria nanceiros será centrado em da-
De onde virão, então, as ferra- É no open finance, no entanto, individualizada em escala são al- dos e tecnologia que servem a sa-
mentas para materializar valor que enxergamos o maior poten- gumas das muitas coisas que co- tisfação e experiência dos usuá-
nesse momento tão dinâmico? cial de geração de valor no médio meçamos a ver. As melhores apli- rios. Muitas das empresas que
Não restam recursos nas mãos prazo. Em implementação desde cações ainda serão idealizadas. surfarão essa nova onda de com-
de empreendedores e inovado- 2021, já é o maior (e, para muitos, Open finance é também uma petição ainda estão escalando, ou
res do nosso sistema financeiro. melhor) do mundo. Qualquer se- defesa cada vez mais importante, prestes a serem criadas. Mudan-
A começar por aquelas propor- melhança com a prodigalidade do em especial em um cenário de ças tectônicas se anunciam para o
cionadas pela fintech mais Pix não é mera coincidência. “promiscuidade financeira” e sistema financeiro do Brasil.
bem-sucedida do mundo, o nos- Na busca pela principalidade, crescente endividamento do
so Banco Central. O Pix e seu su- o open finance oferece um arca- consumidor. Com clientes que se Julio Vasconcellos , fundador do Peixe
cesso dispensam comentários ex- bouço poderoso de ferramentas relacionam com múltiplos ban- Urbano e primeiro representante do
tensos. Sua infraestrutura tem para aqueles que souberem uti- cos, o bom uso de dados e tecno- Facebook no Brasil, é sócio da gestora de
servido de base para diversos pro- lizá-lo. Lançada no ano passado, logia é indispensável para análi- venture capital Atlantico
dutos inovadores. Em crédito, a iniciação de pagamentos é um se de risco assertiva. Uma conta
por exemplo, tivemos um au- exemplo inicial dessas armas salgada espera quem não se Este texto foi originalmente
mento de 15% de tomada de em- criativas para instituições per- adaptar rápido o suficiente. publicado pelo Pipeline, o site de
préstimo entre os clientes digita- seguindo a posição de “hub fi- O tamanho do prêmio ainda é negócios do Valor Econômico

Como erguer The Town
Música Festival à la Rock in Rio abre as portas depois
de anos de preparação que envolveram 19 mil
pessoas. Por Camilo Rocha, para o Valor, de São Paulo
Quando as primeiras pessoas aden-
trarem pelos portões do The Town,
no sábado, às 14h, poderão conhe-
cer a multiplicidade de atrativos da
chamada “Cidade da Música”, in-
cluindo sete palcos, atrações de par-
que de diversões e incontáveis espa-
ços de marcas de todo tipo.
São 360 mil m2 de área ocupada pelo
festival dentro do Autódromo de Inter-
lagos, aptos a receber as 500 mil pessoas
esperadas para a primeira edição do
“Rock in Rio paulistano”. Dezenas de ar-
tistas mostrarão sua música ao longo
dos cinco dias de evento, com estilos que
vão do jazz ao techno, do trap ao pop.
Produzido pela Rock World, a gran-
diosa empreitada vem se somar a um já
agitado calendário paulistano de fes-
tivais de música. Caso único no mun-
do, a cidade de São Paulo sedia em
2023 edições de três grifes internacio-
nais de festival de peso: o americano
Lollapalooza, o belga Tomorrowland
e o espanhol Primavera Sound.
“Estamos vivendo o verão dos festi-
vais, uma explosão na procura, mui-
tas marcas internacionais olhando
para o país. A Live Nation hoje detém
alguns dos maiores festivais do mun-
do. Só no Brasil, Lollapalooza, Rock in
Rio e Primavera Sound são todos do
grupo”, explica Franklin Costa, con-
sultor e especialista em festivais, só-
cio-fundador da plataforma OCLB.
Colocar de pé um festival do porte
do The Town requer alto investimento
e uma numerosa equipe especializa-
da, mas nada disso seria suficiente
sem o planejamento feito com bastan-
te antecedência. Entre a abertura do
festival e os desenhos iniciais do even-
to correm alguns anos de preparação.
A ideia de um festival à la Rock in
Rio para São Paulo começou a ser tra-
tada ainda na pandemia, em conver-
sas entre o empresário Roberto Medi-
na e o então prefeito de São Paulo, Bru-
no Covas. Na época, Medina disse a Co-
vas que traria “um grande festival” pa-
ra a cidade se a prefeitura preparasse o
Autódromo de Interlagos para sediar
grandes eventos, “não para mim, mas
para a cidade”. A declaração foi dada
em entrevista ao Valor em 2021. Se-
gundo Medina, Covas “concordou na
hora, foi muito colaborativo”.
A cidade de São Paulo bancou então
obras de nivelamento do terreno, au-
mentando a área onde estão os palcos
Skyline e The One em mais de 30 mil
m2, e saneamento básico, instalando
50 km de tubulações para conexões
de água e esgoto (com isso, em tese,
os famigerados banheiros químicos
não serão mais necessários em even-
tos em Interlagos). Ainda na área de
infraestrutura, a prefeitura custeou a
instalação de 100 km de cabeamento
e 3,2 mil pontos de energia.
De acordo com Luis Justo, dire-
tor-presidente da Rock World, em en-
trevista ao Valor, o processo de con-
cepção e montagem do festival se ini-
ciou há três anos. Foi quando come-
çou a criação das concepções dos pal-
cos e da cenografia. Depois vieram o
projeto de comunicação e os primei-
ros rascunhos da escalação de artistas.
Até chegar a etapa final, segundo Jus-
to, foi seguido um cronograma com
“mais de 3 mil linhas de atividades si-
multâneas”, que incluem engenharia,
arquitetura, marketing e curadoria.
São 19 mil pessoas trabalhando em
diversas atividades, incluindo terceiri-
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Ano 24 | Número 1174
Arte
Bienal reflete
maior espaço
para a
diversidade
6 9
zados, segundo Justo. A logística de
montagem de um evento dessa dimen-
são é um espetáculo por si só, diz Fabia-
na Lian, CEO da On Stage Lab, escola
que oferece cursos para diversas ativi-
dades do setor do entretenimento.
“Uma das coisas mais fascinantes de
festival é ficar olhando o vai e vem das
carretas que transportam equipamen-
tos e cenografia. Tem toda uma inteli-
gência que precisa receber, desmon-
tar, levar ao palco e depois dar lugar à
carreta do próximo artista”, afirma.
A construção do lineup do festival é
certamente um dos pontos que mais re-
verberam entre o público. Sempre que
um evento de grande porte anuncia
suas atrações, as redes sociais são toma-
das por comentários e opiniões. Boa
parte são sobre as escolhas ou nomes
que deveriam constar. Para montar o
lineup de um evento como o The Town,
muitas variáveis influenciam.
“Em um projeto dessa dimensão,
com seis palcos com curadorias dis-
tintas, existem desafios particulares
para cada um”, afirma Justo. O em-
presário explica que as escolhas são
embasadas em muitas pesquisas
que procuram identificar os artistas
com maior apelo do ponto de vista
de uma plateia “mainstream”.
“Geralmente, levamos dois anos
preparando um lineup”, afirma Zé Ri-
cardo, vice-presidente artístico do Ro-
ck in Rio e The Town e diretor adminis-
trativo da Rock World, a empresa por
trás dos festivais. Zé Ricardo é respon-
“É preciso ter
sável por fazer sozinho a curadoria de
quatro palcos do The Town, além da
escalação nacional do palco Skyline
esse olhar (onde se apresentam os principais no-
mes do evento). “Penso, primeiramen-
amplo para a te, em uma história para contar na-
quele palco. Daí fico pensando em
pluralidade da
quem são os personagens pra essa his-
tória e vou montando a partir daí.”
Conseguir que os “personagens” ve-
sociedade” nham já é outra história. “Não é só li-
gar para o artista e ele querer vir”, diz o
Zé Ricardo curador. Entre as variáveis apontadas
nesse processo, Zé Ricardo destaca a
Quadrinhos
A maior
presença das
mulheres no
mercado
EDILSON DANTAS / O GLOBO
questão da disponibilidade para
shows naquele período. Se o artista es-
tiver em turnê, explica, é preciso que
ele esteja disposto a fazer um desvio
para vir tocar no país. “Muitas vezes,
você consegue incluir o festival dentro
da turnê, mas muitas vezes as datas
não batem. Um artista pode viajar
com até 50, 60 pessoas”, diz.
Perguntado qual o peso do fator di-
versidade na curadoria em um tempo
em que representatividade de gênero e
raça estão em pauta, Zé Ricardo diz
que “isso não é matemático, mas intui-
tivo”. Para ele, um projeto tem que ser
um “espelho da nossa sociedade”, mas
o primeiro critério de escolha tem de
ser a qualidade. “Eu poderia montar
um palco só com artistas brancos e hé-
teros e seria um grande sucesso, mas é
preciso ter esse olhar amplo para a plu-
ralidade da nossa sociedade”, afirma.
Em relação à disputa por artistas
com outros festivais, Zé Ricardo expli-
ca que isso não chega a ser um fator,
uma vez que a força do nome Rock in
Rio coloca o evento como preferencial
para muitos nomes. A curadoria tam-
bém pode escolher um caminho único
dentro de um nicho, caso do palco ele-
trônico New Dance Order. Segundo
seu curador, Claudio da Rocha Miran-
da, a opção por parcerias inéditas en-
tre artistas nacionais e diversos no-
mes de peso histórico significou não
precisar entrar em concorrência, por
exemplo, com o festival Tomor-
rowland pelos top DJs do momento.
Nada disso seria possível sem os pa-
trocinadores. Assim como o Rock in
Rio, o ambiente do The Town é craveja-
do de marcas, que aparecem em diver-
sos espaços pelo evento. No total, são
30 marcas, incluindo um patrocina-
dor master e nove marcas patrocina-
doras, que vão de cerveja a empresa
aérea. Algumas dessas marcas tam-
bém acabam se envolvendo em proje-
tos sociais apoiados pelo festival. “Tra-
ta-se de muito mais do que ir atrás de
marcas que querem ativar e colocar o
logo no telão”, garante Justo.
2 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Organizadora de
festivais
À Mesa com o Valor
Roberta Medina
Empresária carioca conta
como procurou fazer do The
Town, o irmão caçula do
Rock in Rio, um evento
‘com a cara de São Paulo’.
Por Camilo Rocha, para
o Valor, de São Paulo
“Será que vão estranhar uns cario-
cas criando um negócio para São Pau-
lo, com a cara de São Paulo?”, recorda
a empresária Roberta Medina, 45, so-
bre a apreensão em torno da receptivi-
dade que o festival The Town teria na
cidade. “Quando resolvemos montar
esse evento, foi com o mindset de
quem estava indo para outro país.”
Com cinco dias de shows, entre os
dias 2 e 10 de setembro, a primeira
edição do novo evento finca de manei-
ra grandiosa a bandeira da família Me-
dina, responsável pelo Rock in Rio, no
calendário paulistano de atrações.
Roberta, carioca da Barra da Tijuca,
residente em Portugal, responsável
por edições do Rock in Rio em Portu-
gal, Espanha e EUA, tornou-se nas últi-
mas semanas uma moradora provisó-
ria do bairro de Santo Amaro, na zona
sul da cidade. Desse endereço tempo-
rário, para onde também vieram o ma-
rido e os dois filhos, consegue chegar
rapidamente ao Autódromo de Inter-
lagos, que passou por diversas me-
lhorias para receber o The Town, mui-
tas delas bancadas pela prefeitura da
cidade (ver texto na página 1).
A aceitação do festival, no entanto,
foi “tão bonita, tão aberta”, de acordo
com a empresária, que tem o cargo de
vice-presidente executiva da Rock
World, responsável pelo festival pau-
listano e pelo Rock in Rio. “Que bom
que agora a gente tem um Rock in Rio
pra chamar de nosso” foi uma frase
que ela disse ter ouvido bastante. Ela
comenta que um quarto do público do
Rock in Rio é de pessoas de São Paulo.
São mesmo muitas as similaridades
entre o evento paulistano e o carioca:
vários dias e palcos dedicados a linhas
diferentes de som, cenografia espeta-
cular, um ambiente projetado para
ser uma “cidade da música” (como a
“cidade do Rock”, do Rock in Rio), que
inclui muitas opções de comida e
atrações de parque de diversão.
Foi numa quarta-feira de tempo fir-
me que Roberta se sentou “À Mesa com
o Valor” na área externa da filial do res-
taurante Capim Santo localizado den-
tro do Solar Fábio Prado, antigo Museu
da Casa Brasileira, situado na avenida
Brigadeiro Faria Lima, o endereço sim-
bólico da classe financeira e empresa-
rial de São Paulo. Está acompanhada
de Fabiana Guimarães, diretora da as-
sessoria de imprensa Approach.
Conhecido por sua gastronomia bra-
sileira, o estabelecimento fará parte das
atrações culinárias do festival. Na en-
trada do almoço, são servidos churros
de tapioca com vatapá de frutos do
mar e acarajé com camarões, vatapá e
vinagrete. Como prato principal, Ro-
berta escolheu um linguado recheado
com palmito pupunha e empanado
com quinoa, acompanhado de purê de
banana da terra. Suco de abacaxi com
capim-santo é a bebida. Para a sobre-
mesa, timbale de banana com creme de
Nutella e crumble de castanha e mous-
se de chocolate vegana, ambos alvos de
poucas e cautelosas colheradas.
Assim como também acontece com
o festival carioca, o The Town busca
uma integração com a cidade em vá-
rios níveis: dos elementos “paulista-
nos” que integram o conceito do even-
to até uma parceria próxima com o po-
der público municipal e estadual. No
evento de lançamento do festival, o go-
vernador Tarcísio de Freitas e o prefeito
Ricardo Nunes apareceram empu-
nhando guitarras. “Se o mundo tivesse
a mentalidade que São Paulo tem, do
acolhimento e do respeito à diferen-
ça, a gente estaria num lugar melhor,
mais equilibrado e harmônico”, diz.
As mechas de cabelo azul, usadas
desde que tinha 20 e poucos anos, a
camisa com desenhos coloridos de fo-
lhas e bonecas e os brincos de roda-gi-
gante, por outro lado, compõem uma
imagem muito menos formal que os
padrões monocromáticos de grande
parte do ambiente corporativo.
Roberta também conta com o auxí-
lio sempre disponível do seu sorriso, a
assinatura final de uma postura amigá-
vel e informal. Do alto dos negócios e
contratos de milhões, a empresária
acredita em transmitir positividade.
Não à toa, seu perfil no Instagram se
Cardápio
Capim Santo, São Paulo
Churros de tapioca com
vatapá de frutos do mar
Acarajé com camarões,
vatapá e vinagrete
Linguado recheado com
palmito pupunha e empanado
com quinoa, acompanhado de
purê de banana da terra
Moqueca de banana com
palmito e castanha de caju,
servida com arroz de cocô e
farofa de dendê
Nhoque de mandioquinha
recheado com brie e Mel ao
molho de salvia
Suco de abacaxi com
capim santo
Timbale de banana com
creme de Nutella e Crumble
de castanha
Mousse de chocolate vegana
chama @robertamedinaalwayssmile
(Roberta Medina sempre sorrir) e perfis
publicados sobre ela ao longo das últi-
mas duas décadas, no Brasil e em Por-
tugal, costumam ressaltar o que parece
ser sua expressão facial preferida.
O que Roberta realizou até agora,
dentro dos negócios da família Medi-
na, é certamente motivo para rir à
toa, ainda que chegar a esses resulta-
dos tenha sido um caminho de muito
choro e ranger de dentes. Porém, di-
Foto: Leonardo R
ferentemente da parábola bíblica que
gerou a famosa expressão, referência
à frustração destinada àqueles que
desperdiçam oportunidades na vida,
a carreira da empresária é uma suces-
são de apostas altas e colheitas.
Aos 22 anos, a caçula do fundador
do Rock in Rio, Roberto Medina, ainda
era conhecida como “a filha do dono”.
Foi quando Roberta comandou a pro-
dução de seu primeiro Rock in Rio,
que aconteceu em janeiro de 2001. Era
1 38 a terceira edição do evento, realizada
dez anos depois do anterior. Na déca-
1 47 da anterior, havia muita incerteza na
família sobre seguir com o festival.
2 190 “O curioso é que meu pai não gosta
de produção de eventos. Ele é o cara
que cria a ideia, que comunica e en-
gaja as pessoas naquela ideia. Mas
1 63 produção não é com ele mesmo”, ex-
plica. Já Roberta se descobriu na ativi-
dade de planejamento e produção de
eventos no último ano do ensino
1 60 médio ao trabalhar para um evento
da Disney no BarraShopping.
Depois de atuar no Rock in Rio de
7 105 2001, Roberta foi responsável pelo
primeiro passo internacional da mar-
1 34 ca ao montar a edição de estreia do
festival em Lisboa, em 2004. Depois,
planejou e produziu edições do festi-
1 33 val em Madri, Espanha (2008), e Las
Vegas, EUA (2015), além de coorde-
nar as edições nacionais do evento.
Roberta chega ao The Town com um
currículo de 20 edições do festival.
Durante o novo evento em São Pau-
lo, pode-se imaginar o quanto estará
atarefada. Nada, porém, deve impedir
seu plano de pausar as obrigações para
assistir ao show do cantor americano
Bruno Mars, uma das atrações de des-
taque do evento. “Eu brinco que vou
pedir demissão logo antes dele, mas
volto logo depois dizendo que mudei
de ideia”, diverte-se. “Mas a verdade é
que a gente nunca sabe se vai conse-
guir assistir a um show. Sou superfã do
Bruno Mars, mas nunca é garantido.”
Apesar de a música ser o ingredien-
te central do que faz, Roberta não se
considera uma pessoa especialmen-
te ligada em tendências e lançamen-
tos. “Tenho minhas playlists, mas
não me acho especialista em nada. O
que sei fazer é produção de eventos”,
afirma. Uma equipe de curadores es-
pecializados em diferentes áreas da
música monta as escalações. “Cada
um de nós é especialista em alguma
coisa. A soma de tudo é o que faz a
coisa acontecer”, resume.
Roberta explica que o caminho en-
tre a “wishlist” de atrações para um
festival como The Town e o que acaba
chegando ao palco está sujeito a mui-
tas variáveis. Mesmo assim, o mo-
mento de anúncio de um lineup cos-
tuma vir acompanhado de muitos co-
mentários nas redes sociais sobre os
nomes escolhidos ou que poderiam
estar. “São muitos fatores. O artista
precisa ter a data, precisa estar em
turnê, precisa ter relevância para o
público, precisa ter um show que fun-
cione”, exemplifica a empresária, que
admitiu ter sondado nomes como

Beyoncé, Rihanna, Lady Gaga e Taylor
Swift para o evento, sem sucesso.
A aproximação de Roberta Medina
com Portugal começou com a realiza-
ção do primeiro Rock in Rio daquele
país. A empresária foi seduzida pelo
ritmo de vida e trabalho possibilitado
pelo país europeu. “O que me moti-
vou a ficar em Portugal foi a qualida-
de de vida. O país tem uma frequên-
cia onde tudo é menos, tudo é mais
calmo. Menos oferta, menos deman-
das. Isso faz com que a gente possa
manter um ritmo mais focado na
gente a partir de nós próprios e não
ficar apenas reagindo ao que o mer-
cado coloca pra gente”, elabora. “Ape-
sar de adorar trabalhar no Brasil, me
sinto mais centrada em Portugal.”
Nove edições portuguesas do Rock
in Rio aconteceram em quase duas dé-
cadas, sendo a mais recente em junho
de 2022. Eventos planejados para
2020 e 2021 tiveram que ser cancela-
dos por causa da pandemia. Com a
suspensão do festival, Roberta vol-
tou-se para negócios na área da gas-
tronomia. Um deles foi o restaurante
Casa de Pedra, montado em uma casa
que servia de apoio ao festival dentro
do Parque da Bela Vista, na capital
portuguesa. A outra empreitada foi a
criação da marca Brigadeiro Gour-
met, que funcionou até outubro de
2022 em Portugal e segue ativa por
meio de uma filial no Reino Unido.
Roberta é casada desde 2011 com o
português Ricardo Acto, que conhe-
ceu quando trabalharam juntos em
uma edição do Rock in Rio daquele
país. Com Acto, que é atualmente vi-
ce-presidente de operações globais do
Rock in Rio, teve dois filhos: Lua, hoje
com dez, e Theo, com seis. A morada
permanente da família é no balneário
de Cascais, situado a 40 minutos de
trem de Lisboa. Roberta é uma presen-
ça constante na mídia portuguesa, in-
cluindo diversos perfis e entrevistas.
Roberta conta que passou diversos
anos alternando residências entre
Brasil e Portugal. “Cada ano era em
um país, e a gente se mudava com tu-
do, incluindo dois cães Golden Re-
triever. Tinha pediatra nos dois paí-
ses, veterinário, escola”, explicou. O
vai e vem cessou quando a filha
completou seis anos e ingressou no
ensino fundamental, precisando as-
sim de uma rotina mais estável.
O calendário escolar de Portugal,
que tem as férias mais extensas no
meio do ano, permitiu que os dois
filhos também ficassem em São Pau-
lo, sem prejuízo para os estudos.
“Eles vão perder as duas primeiras
semanas de aula... mas é o que te-
mos, e vale a pena”, relativiza.
Em São Paulo, Theo e Lua visitam qua-
se que diariamente a Cidade da Música
“para ver o que está acontecendo”. Gos-
tam de ficar em uma área de lazer onde
jogam pebolim e air hockey. Mas tam-
bém circulam pelas atrações da capital
paulista. “Durante o dia, ficam conhe-
cendo os vários espaços de entreteni-
mento da cidade, os parques, parqui-
nhos e tudo mais”, conta. O tempo das
diversões eletrônicas no tablet também
existe, mas é limitado pelos pais.
Nada demais em uma família que
trabalha com a produção de eventos
há três gerações. O avô de Roberta e
pai de Roberto Medina era Abraham
Medina, empresário do varejo de ele-
trodomésticos que patrocinou pro-
gramas de rádio e televisão, incluindo
o lendário “Noite de Gala”, no ar entre
1957 e 1962, frequentado regular-
mente por artistas conhecidos.
Foi na atração líder de audiência
que o tio de Roberta, Rubem Medina,
teve seu primeiro emprego. Rubem
depois foi deputado federal por dois
mandatos. O político teria atraído a
hostilidade de Leonel Brizola ao dizer
que gostaria de fazer o público jovem
se voltar contra o então governador
do Rio de Janeiro. Alegando que o lo-
cal do festival era uma concessão
temporária, Brizola ordenou a de-
molição da primeira Cidade do Rock
depois de encerrado o evento.
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | 3
LEONARDO RODRIGUES/VALOR
Roberta Medina tinha sete anos
quando o primeiro Rock in Rio ocor-
reu, em 1985. O festival é considerado
um marco na história da música e dos
eventos no Brasil ao trazer para um
país ainda fora da rota pop internacio-
nal nomes como Queen, Iron Maiden,
Ozzy Osbourne e Rod Stewart. Dessa
época, ela guarda poucas lembranças,
apenas da agitação dos dias em torno
do evento e de ter usado New Wave,
um gel fixador popular na época.
Em 1991, quando houve a segunda
edição do festival, as recordações se con-
centram na boy band New Kids on the
Block. Para a fã pré-adolescente de 12
anos, era o que realmente importava no
festival, que também contava com Prin-
ce, George Michael e Guns N’Roses na es-
calação. “Só queria saber deles e fui até o
Maracanã acompanhar a montagem do
evento”, registra. Foi nessa época tam-
bém que experimentou a amizade inte-
resseira de colegas na escola que que-
riam se aproximar apenas porque ela
era “filha do dono do festival”.
Quando o Rock in Rio de 2001 de-
cidiu apostar no slogan “Por um
mundo melhor”, um novo perfil de
evento começou a se desenhar. A
ideia de propósito maior que se soma
ao evento musical vai ao encontro
dos valores de Roberta. Ela cita uma
frase do avô Abraham, reciclada para
os tempos da responsabilidade social
corporativa: “Para nós estarmos bem,
o outro também tem que estar bem”.
De lá para cá, a empresária procura
agregar iniciativas com olhar social e
ambiental ao evento. As primeiras
ações ligadas à sustentabilidade apare-
ceram já no festival de 2001. Duas dé-
cadas depois, o festival recicla quase to-
do seu lixo, aposta em projetos so-
cioambientais e trabalha com ONGs,
empresas e cooperativas de reciclagem.
Para o The Town, a empresária se
orgulha da negociação com o poder
público que garantiu operação das li-
nhas de trem e metrô por 24 horas
durante os dias do evento. “Não que-
remos que as pessoas vão de carro pa-
ra lá. Se a pessoa quiser ir, será parada
nos bloqueios”, avisa. “Queremos
que as pessoas venham de transpor-
te público.” Segundo informou, se-
rão oito minutos de caminhada en-
tre a estação de trem mais próxima e
o Autódromo de Interlagos.
Também no âmbito do The Town, Ro-
berta destaca uma parceria do festival e
da Prefeitura de São Paulo com a ONG
Gerando Falcões que pretende realizar
melhorias urbanas, reformar moradias,
oferecer cursos de treinamento e fo-
MARCOS RAMOS/AGÊNCIA O GLOBO
“Tenho minhas playlists, PAULO DE DEUS/DIVULGACAO
mentar o empreendedorismo na Favela
Haiti, ao lado de Heliópolis, na zona sul
mas não me acho de São Paulo. O projeto visa atender cer-
especialista em nada”, ca de 290 famílias até o fim de 2024.
Roberta se diz muito atenta às dis-
diz Roberta Medina, cussões sobre saúde mental que ga-
nharam protagonismo nos últimos
que se descobriu na anos. Estudos realizados na indústria
atividade de produção musical americana antes da pandemia
indicavam níveis de depressão, ansie-
de eventos no último dade e estresse bem mais elevados que
a média da população. Um caso emble-
ano do ensino médio mático foi o do DJ sueco Avicii, que se
matou em 2018, aos 28 anos. Para a
empresária, é saudável que artistas ho-
je estejam conseguindo ser mais aber-
tos sobre esses temas. Na outra ponta,
Roberta com o empresário Luiz Calainho ela acredita que a indústria está co-
meçando a entender a importância
DIVULGAÇÃO/PAULO ALVARES
de se “preservar” o artista de deman-
das e cronogramas massacrantes.
“Outro dia, alguém falou que a sus-
tentabilidade se tratava de ‘garantir os
recursos para as gerações futuras’.
Acrescento que não adianta a gente
garantir isso se a gente não conseguir
cuidar de quem tá aqui agora. A parte
da garantia do futuro está num pre-
sente viável”, afirma. “Vai ficando cada
vez mais claro que a gente precisa se
reconectar com a nossa própria natu-
reza. A gente discute muito a natureza
externa, mas não cuidamos da gente
como ser humano, das nossas carac-
terísticas inatas, dos nossos desafios,
das dificuldades. Quando a gente
olha pro tema da saúde integral, é es-
Roberta com o cantor Paulo Ricardo em 2001 Roberta com a mãe, Maria Alice Medina se cuidado com a gente mesmo.” ■
ARQUIVO PESSOAL LUIZ PINTO / AGÊNCIA O GLOBO
Roberta com o pai,
Roberto Medina,
e o irmão Rodolfo,
em 1985
Roberta com o
marido, Ricardo
Acto, e a filha Lua
4 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
O fantasma do
Petit Trianon
Sociedade Como Rosiska Darcy de Oliveira, uma
das quatro mulheres na ABL, tem renovado a ‘Revista
Brasileira’. Por Norma Couri, para o Valor, de São Paulo
Mal a pandemia refluiu, a centená-
ria “Revista Brasileira” ressurge,
abrindo com belas fotos o mistério
Amazônia, captado em segundos pe-
lo olhar de Sebastião Salgado: “So-
mam um pouco menos de um segun-
do”, ele explica. “Mas, para tirar essas
fotografias, investi oito ou dez anos
da minha vida.” A Academia Brasilei-
ra de Letras reabria as portas. Decla-
rava a luta pela sobrevivência do pla-
neta no mundo à deriva e, nos quatro
números seguintes, a defesa da de-
mocracia, da liberdade, da vida sob a
inteligência artificial, da cultura viva
do Brasil. A ABL está de “portas aber-
tas” e ventos novos com a “Revista”
em formato 30 x 21 cm.
As mulheres estão mudando a cara
da ABL depois de uma briga de quase
80 anos. Não eram apenas elas. O
poeta Mario Quintana foi preterido
três vezes, Oswald de Andrade, duas,
no entanto, as mulheres amargaram
só por terem nascido da costela de
Adão. Clarice Lispector e Cecília Mei-
reles ficaram de fora.
Pois agora a editora da “Revista
Brasileira” é uma das quatro mulhe-
res entre 40 acadêmicos, Rosiska Dar-
cy de Oliveira, autora de 13 livros, fe-
minista desde sempre, a mesma que
de 1970 a 1984 vivia exilada em Ge-
nebra por força da ditadura. Lá parti-
cipava dos movimentos de mulheres
pelo mundo e cantava, nas passeatas
de Roma, “Tremate, tremate le
streghe sono tornate”.
As mulheres eram o “fantasma” do
Petit Trianon, como é conhecida a
Academia no Rio de Janeiro. Assom-
bravam, aqui e na França, como Ro-
siska conta na “Revista”.
Quebrando uma tradição de três sé-
culos, Marguerite Yourcenar, no dis-
curso de posse da Académie Française
Coluna Social
O quilombo
do Cafundó
José de Souza Martins
Escolas do país têm
adotado a criativa
orientação de visitar e
conhecer o que os
historiadores europeus
chamam de lugares da
memória, marcos
históricos e
antropológicos da
identidade do povo
em 1980, disse que a sociedade france-
sa ainda era suficientemente misógi-
na para colocar uma mulher num pe-
destal, sem por isso ter a coragem de
oferecer-lhe uma cadeira.
Aqui no Brasil, a primeira mulher
eleita antecedeu Yourcenar em três
anos. Rachel de Queiroz quebrou o me-
do do fantasma que durou quase um sé-
culo. Já na inauguração, há 125 anos,
constrangidos ao excluir o nome de Jú-
lia Lopes de Almeida entre os fundado-
res, os acadêmicos elegeram o marido,
Filinto de Almeida, que não escapou da
alcunha “acadêmico cônjuge”.
Em 1930, decidiram que, por admi-
tir “brasileiros”, as candidaturas se-
riam apenas masculinas. E recusaram
a entrada de Amélia de Freitas Bevilá-
qua. O jurista e marido Clóvis Bevilá-
qua nunca mais frequentou a ABL.
A resistência às mulheres duraria
quase meio século até 1976, com a
entrada de Rachel de Queiroz. Litera-
tas não pararam de concorrer. Não
passou um ano, entrou Dinah Silvei-
ra de Queiroz. Na década seguinte,
Lygia Fagundes Telles em 1985 e Né-
lida Piñon em 1989. Na virada do sé-
culo, Zélia Gattai foi eleita em 2001,
Cleonice Berardinelli em 2009 e Ro-
siska em 2013, saudada por uma pre-
sidente mulher, Ana Maria Machado,
eleita dez anos antes.
Ao todo, dez mulheres espanta-
ram o fantasma em quase um sécu-
lo. Millôr Fernandes definia a com-
posição da ABL como um templo de
39 membros e um morto rotativo. E
o médico memorialista Pedro Nava,
que nunca se candidatou, dizia “80
anos é quase uma vaga”.
Não há garantia de uma mulher no
lugar de outra, como aconteceu com
Nélida Piñon (1937-2022) e Cleonice
Berardinelli (1916-2023). Mantendo o
Foi parar na polícia o questionamen-
to de uma visita pedagógica ao quilom-
bo Cafundó, no dia 18 de agosto, de
adolescentes do 7 o ano, acompanha-
dos de professores, de uma escola pú-
blica de Salto de Pirapora (SP).
A mãe de um aluno, que não parti-
cipou da visita, viu na internet fotos
do lugar e inseriu na rede um protes-
to, definindo o quilombo como verda-
deira macumbaria. Certamente não é
o caso de afirmar, perguntando, como
faz o pai da atual onda de intolerância
social e cultural no Brasil: “E daí?”.
Não é o caso, porque a ocorrência ex-
pressa a extrema gravidade de tudo
que a ocorrência significa e acarreta
como violação da liberdade pedagógi-
ca dos docentes em relação ao teor, aos
temas e às técnicas de ensino que ado-
tam, com base em programas oficiais.
Especialmente num país como o nos-
so, que vem sendo afogado na ignorân-
cia crescente difundida e imposta pela
intolerância das minorias obscurantis-
tas. Quanto mais ignorante for o povo
em relação ao que somos como socie-
dade da diversidade democrática, mais
fácil será, como vimos no período go-
vernamental terminado em 31 de de-
zembro, tutelar o país como sociedade
carneiril, condenada a bajular os donos
do poder e a bater-lhes continência.
Escolas do país têm adotado a
criativa orientação de visitar e co-
nhecer o que os historiadores euro-
peus chamam de lugares da memó-
ria, marcos históricos e antropoló-
gicos da identidade do povo para
nos reconhecermos como mem-
bros e protagonistas responsáveis
pela sociedade em que vivemos.
O Colégio de Aplicação da Univer-
sidade de São Paulo promove visitas
educativas de seus alunos à aldeia
guarani do Jaraguá para que ali pas-
sem o dia, conheçam os costumes
dos indígenas, seu modo de viver,
seus alimentos, suas ideias, sua cultu-
ra, sua língua. Um modo de reconhe-
número de mulheres na ABL, vestiram
o fardão Fernanda Montenegro e He-
loisa Buarque de Hollanda, agora He-
loisa Teixeira ao resgatar o nome da
mãe, apagado no casamento.
Numa entrevista a Rosiska, o acadê-
mico Gilberto Gil explica o traço ex-
perimentalista do tropicalismo que
coloriu o Brasil. Caetano Veloso conta
a origem da música “Cajuína”, que
nasceu quando ele chorava o suicídio
de Torquato Neto em Teresina e o pai
dele, em vez de chorar também, foi
consolá-lo com uma rosa menina e
um copo de cajuína.
A admiração por Gil e Caetano vem
do tempo de uma foto de 1970 publi-
cada na “Revista”, quando Rosiska e o
marido, o diplomata Miguel Darcy de
Oliveira, exilados na Casa do Brasil
em Genebra, denunciavam a tortura
— e pagaram o preço da prisão, de-
missão, inquéritos de 12 horas e exí-
lio por 14 anos. Foi quando Gil e Cae-
tano fizeram um show em Genebra.
O tema suicídio é dissecado na
“Revista” por Margareth Dalcolmo
— só há realmente um único proble-
ma filosófico sério: o suicídio, se-
gundo o Prêmio Nobel francês Al-
bert Camus (1913-1960).
A médica foca os escritores, da
inglesa Virginia Woolf
(1882-1941), que se atirou no rio
Ouse com o bolso carregado de pe-
dras, ao austríaco Stefan Zweig
(1881-1942), que se suicidou com a
mulher em Petrópolis por farejar a
entrada dos nazistas no Brasil, pas-
sando pelo americano Ernest He-
mingway (1899-1961), que dispa-
rou um fuzil de caça contra ele mes-
mo em Idaho. E não esquece Ana
Cristina Cesar (1952-1983) e Pedro
Nava (1903-1984).
Fernanda Montenegro define a ca-
cerem sua própria humanidade na
humanidade do indígena que os aco-
lhe e lhes ensina o que sabem. O sa-
ber como um privilégio e uma revela-
ção, um legado às novas gerações.
A história dos pretos do Cafundó é
particularmente significativa. Foi
uma descoberta dos anos 1970,
quando um jornalista a revelou. Tra-
tava-se do pequeno remanescente de
um dos últimos grupos de escravos
trazidos da África para o Brasil, clan-
destinamente, depois da lei de 1850
que, tardiamente, proibira o tráfico
negreiro. O grupo ainda falava e fala
fragmentos de uma língua africana.
A notícia atraiu a atenção do profes-
sor Zeferino Vaz, professor, reitor e
fundador da Unicamp — a Universi-
dade Estadual de Campinas.
Ele sugeriu a um dos professores de
antropologia da instituição, Peter Fry,
“O Brasil não é uma
potência econômica
nem militar. Mas é
cultural”, diz
Rosiska Darcy de
Oliveira
CRÉDITO
especialista em nossas populações ori-
ginárias da África, que se associou a ou-
tro professor da escola, Carlos Vogt,
linguista e poeta. Ambos são autores
de obras respeitadas e referenciais.
O estudo do grupo levou anos. A lín-
gua é a quimbundo, do grupo linguís-
tico Bantu, situado em largo território
da região subsaariana. Zumbi dos Pal-
mares era originário de um desses gru-
pos. Bantu quer dizer gente, humano,
portanto o oposto do personificado
pelo ato da mulher que fez a denúncia
contra a escola. Gente que tem muito
a ensinar aos que perfilham concep-
ções autoritárias e intolerantes.
O grupo original do Cafundó, em ri-
gor, já não pratica uma religiosidade
própria e original. São majoritaria-
mente católicos e evangélicos e resi-
dualmente praticantes da umbanda
em relação aos quais é difícil falar em
GABRIEL REIS/VALOR
sa como uma resistência cultural. Ca-
cá Diegues pretende retomar o Cine
Academia, interrompido com a pan-
demia depois de passar clássicos co-
mo “Limite”, de Mário Peixoto. O es-
critor e líder indígena Ailton Krenak,
entrevistado na “Revista”, está cotado
para uma vaga.
A edição de setembro trata da
“cultura viva”, com Drauzio Varella,
o filme “Grande Sertão, Veredas”,
homenagem a João Ubaldo Ribeiro
e à literatura de cordel. “O Brasil não
é uma potência econômica nem mi-
litar. Mas é cultural. E a literatura
nos salva”, diz Rosiska, que é jorna-
lista, trabalhou com Darcy Ribeiro,
fundou com Paulo Freire o Instituto
de Ação Cultural e foi presidente do
Conselho Nacional da Mulher.
No documentário “Elogio da Liber-
dade”, de Bianca Comparato, ela apa-
rece entrevistada no programa “Pro-
vocações”, da TV Cultura, por Antônio
Abujamra (“esse negócio de feminis-
mo é muito chato, mulheres quei-
mando o sutiã...”) e responde: “Em 30
anos nunca vi nenhuma mulher quei-
mar o sutiã”. E ele: “As mulheres leva-
ram anos para conseguir o orgasmo e
agora que conseguiram estão insu-
portáveis, mulheres por todo lado...”.
Na Academia, vão ter de aguentar. ■
macumba ou macumbaria, uma inova-
ção vocabular de quem não só desco-
nhece o assunto, mas é hostil a um gru-
po humano como aquele, não porque
o conheça, mas justamente porque o
desconhece e não quer conhecê-lo.
Coisas de pessoas que querem o país
inteiro só para elas, que querem vetar
e proibir a diversidade cultural da
formação das novas gerações.
A umbanda nasceu no Brasil como
resposta adaptativa à repressão poli-
cial contra os cultos africanos, confi-
nando em práticas ocultas e mutila-
das a devoção aos orixás, especial-
mente a referência a Exu, que abre
caminho e tem precedência nos ri-
tos. Acompanhei na roça, em região
não muito distante do Cafundó,
uma procissão de São Sebastião pre-
cedida por São Benedito, para que
não chovesse e não se perturbasse a
festa do santo branco. Era Exu disfar-
çado, o abridor de caminhos.
Segundo Peter Fry e Carlos Vogt, a
língua africana mutilada, que ain-
da se fala no Cafundó, a cupópia,
do quimbundo kupupia, falar, é
uma língua usada para conversa-
ção exclusivamente entre os mem-
bros da comunidade para conversa
entre eles, o bate-papo deles.
A deplorável satanização do qui-
lombo Cafundó é na verdade expres-
são da mais deplorável ainda presun-
ção de muitos neste país de que têm o
direito de intrometer-se na educação
das novas gerações, de meter o nariz
na educação dos filhos dos outros.
José de Souza Martins é sociólogo. Profes-
sor Emérito da Faculdade de Filosofia da
USP. Professor da Cátedra Simón Bolivar,
da Universidade de Cambridge, e fellow
de Trinity Hall (1993-94). Pesquisador
Emérito do CNPq. Membro da Academia
Paulista de Letras. Entre outros livros, é
autor de “Sociologia do desconhecimen-
to - Ensaios sobre a incerteza do instan-
te” (Editora Unesp, 2021). ■

Res publica
Os cidadãos
Toda vez que o Congresso Nacional
anuncia que fará uma reforma administra-
tiva, muitos compram a ideia de que sairá
são a razão daí uma solução rápida e salvadora para
reduzir os gastos públicos. Embora seja
fundamental e possível cortar várias des-
da reforma
pesas que são ineficientes e injustas, qual-
quer grande projeto de reformulação da
gestão pública tem de se guiar por um ob-
jetivo maior: criar as condições para servir
melhor aos cidadãos. Mais do que uma
proposta restritiva de administração pú-
blica, precisamos capacitar o Estado para
responder efetivamente à sociedade.
Há 30 anos pesquiso o tema da re-
forma do Estado e da gestão pública.
Aprendi muito com minhas pesqui-
sas e consultorias, e obviamente mui-
to mais com outros estudiosos brasi-
leiros e estrangeiros, sem me esque-
cer do aprendizado advindo do con-
vívio com gestores públicos e da
conversa com os vulneráveis que mais
dependem das políticas públicas.
Fernando Luiz Abrucio Mas meu grande mestre no tema
sempre foi Luiz Carlos Bresser-Perei-
Só demagogos defendem ra, com sua sabedoria de fazer as
perguntas mais profundas, sua cria-
soluções mágicas. Os tividade em propor soluções práticas
retornos obtidos com a e inovadoras, sua integridade em li-
dar com a coisa pública e, não posso
redução de despesas esquecer, sua generosidade no de-
bate intelectual. E, dos ensinamen-
advindas de uma reforma tos dele, nunca esquecerei o mais
importante: a reforma do Estado
administrativa virão ao tem como pressuposto último me-
lhorar a vida dos cidadãos — o resto
longo de anos deve vir para realizar esse intento.
Os congressistas devem seguir a lição
de Bresser, um bem-sucedido reforma-
dor. Ele conseguiu organizar uma má-
quina pública que não tinha sequer seus
dados de pessoal organizados. Tomou
medidas contra privilégios corporativos
e, ao mesmo tempo, iniciou um proces-
so de reconstrução de carreiras de Esta-
do. Propôs novas modalidades de orga-
nização da administração pública, e em-
bora não tenha conseguido que seu mo-
delo fosse integralmente incorporado,
plantou sementes que foram aproveita-
das por governos subnacionais de parti-
dos diferentes. Repensou a questão da
profissionalização da administração pú-
blica, fortalecendo a formação de qua-
dros pela via da Escola Nacional de Ad-
ministração Pública (Enap), e discutiu a
necessária avaliação contínua dos fun-
cionários públicos, para que a estabili-
dade, essencial nos regimes democráti-
cos, fosse garantida por meio do mérito.
Evidentemente que houve alguma
mudança de cenário de lá para cá. En-
tretanto, os pressupostos principais do
modelo bresseriano podem guiar a re-
forma da gestão pública brasileira no
século XXI. O primeiro deles é que as re-
formas são incrementais, nunca defini-
tivas e nem feitas de uma vez só, num
lance mágico e salvador. Bresser nunca
desprezou as reformas realizadas no
passado porque dizia que elas respon-
deram aos seus contextos e, ademais,
traziam lições para o presente. Quando
propôs seu modelo reformista, imagi-
nava que sua implementação ocorreria
ao longo dos anos, com aprendizados
no decorrer do caminho. Eu diria algo
mais: as transformações na organiza-
ção da administração pública e na rees-
truturação da carreira feitas por ele fo-
ram fundamentais para a expansão
qualificada das políticas sociais duran-
te o período Lula. Que herança bendita!
O modelo incremental é uma lição
para aqueles que, erroneamente, acre-
ditam numa reforma que vai resolver
rapidamente os problemas da gestão
pública brasileira. Os congressistas, se
retomarem com responsabilidade esse
assunto, deveriam pensar num cami-
nho de mudanças mais amplo do que
o dia seguinte da lei. É preciso ter es-
paço para uma legislação que apren-
da com a implementação e possa ser
aperfeiçoada continuamente.
Outra lição da reforma Bresser foi o
diálogo entre políticos e especialistas,
feito durante os quatro anos de sua
atuação. Neste ponto, deve-se evitar
uma visão que demonize a classe polí-
tica ou os burocratas. Enquanto os con-
gressistas trazem a legitimidade social
do voto, os servidores públicos carre-
gam consigo grande conhecimento e
experiência das políticas públicas. É
preciso buscar consensos e compro-
missos entre esses dois grupos, em vez
de se instalar um jogo de soma-zero.
Também é essencial que o Congresso
Nacional, ao voltar à discussão da re-
forma administrativa, ouça especialis-
tas brasileiros e estrangeiros externos
ao governo. Eles podem apresentar
evidências e diagnósticos contra a ló-
gica do “reformismo terraplanista”
que vigorou na Presidência de Bolso-
naro, com resultados desastrosos.
As lições de Bresser envolvem ainda
abandonar uma visão minimalista de
Estado. O maior problema do país é a
desigualdade, de modo que uma pura
redução do aparato governamental se-
ria desastrosa. Claro que a reforma po-
de e deve racionalizar os gastos públi-
cos do ponto de vista fiscal. Há espaço
para cortes de dois tipos de despesas.
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | 5
NELSON PROVAZI
Uma relativa a privilégios de determi-
nadas corporações, que já não respei-
tam nenhum teto remuneratório e es-
tão cheias de penduricalhos. Além dis-
so, é possível ganhar eficiência com
boas políticas de governo eletrônico,
com a redução de áreas-meio que são
obsoletas, organizando melhor o di-
mensionamento das carreiras e de sua
gradação salarial ao longo do tempo,
bem como por meio da melhoria da co-
ordenação governamental e da utiliza-
ção de novas formas organizacionais.
Mesmo que seja possível e necessário
buscar esses ganhos fiscais, seu resulta-
do de curto prazo não será do tamanho
imaginado por aqueles que esperam, do
dia para a noite, uma economia que fe-
charia a conta do novo marco fiscal. Isso
é um tipo de solução mágica que só ca-
be a demagogos defender. Os retornos
obtidos com a redução de despesas ad-
vindas de uma reforma administrativa
virão ao longo de anos. Quem prometeu
que faria esse ajuste de forma rápida e
indolor foram Collor e Paulo Guedes.
Ambos fracassaram rotundamente e,
pior, não criaram condições para a me-
lhoria dos serviços públicos para os ci-
dadãos. Segui-los é perder legitimidade
e eleições — Bolsonaro que o diga.
A temática da avaliação de desempe-
nho da burocracia e das políticas pú-
blicas é, sem dúvida alguma, essencial
no desenho de qualquer reformulação
da administração pública. Bresser be-
bia na experiência internacional da
época e propunha uma gestão pública
orientada por resultados, ideia que ali-
mentou posteriormente várias iniciati-
vas bem-sucedidas no governo federal
e nos entes subnacionais. Tudo que pu-
der ser feito para guiar, medir e apren-
der com o desempenho governamen-
tal, individual e coletivo, será bem-vin-
do. Cabe, no entanto, saber que tais
medidas também exigem um tempo
de maturação, e o mais importante não
é punir ou restringir a ação dos gesto-
res brasileiros. O mais relevante é criar
capacidades institucionais para produ-
zir melhores políticas públicas.
Orientar a gestão pública por um
modelo baseado numa governança
construtora de capacidades para o de-
senvolvimento e para produção de po-
líticas voltadas aos cidadãos é o cami-
nho proposto atualmente pela litera-
tura mais avançada sobre o assunto,
tanto no plano nacional como no in-
ternacional. Esse tipo de conhecimen-
to é a bússola fundamental para to-
mar melhores decisões sobre a refor-
ma do Estado, como Bresser me ensi-
nou. Se hoje ele fosse ministro, estaria
se utilizando das pesquisas de ponta,
bem como estaria visitando as expe-
riências reformistas mais inovadoras,
tal como fez entre 1995 e 1998.
Nesta linha, há uma extensa lista de
bons trabalhos que poderiam se tor-
nar referências para a nova discussão
na Câmara Federal e na opinião pú-
blica. Para começar, uma sugestão é
ler o livro “Políticos versus burocra-
tas: Reformas administrativas em
perspectiva comparada” (Editora
FGV, 2023), escrito por André Maren-
co. Nele, é possível ver qualidades,
problemas e desafios do Estado brasi-
leiro ao longo da história, sem adotar
um visão de solução única e imediata
para a reforma administrativa. Além
disso, o texto mostra que tão impor-
tante quando o conteúdo reformista
são suas formas de implementação.
Dada a importância dos caminhos
reformistas, do mesmo modo que te-
mos muito a aprender com a perspecti-
va que orientou a reforma Bresser, vale
muito compreender as razões que têm
favorecido hoje o bom andamento da
reforma tributária e do novo marco fis-
cal. Suas tramitações revelam clara-
mente que é preciso definir priorida-
des urgentes, construir um modelo ba-
seado no diálogo entre políticos e es-
pecialistas e entre o Executivo e o
Congresso, conquistar apoio social às
medidas e estabelecer um cronograma
incremental de mudanças, algumas
se iniciando agora e outras com tran-
sição mais longa. Esse é um roteiro
factível e baseado em evidências que
pode guiar a reforma administrativa.
Não é possível saber ainda se o Con-
gresso Nacional vai mesmo levar
adiante uma proposta de reforma ad-
ministrativa. De todo modo, o país pre-
cisará continuamente de reformas de
gestão, numa trilha incremental e que
responderá a desafios dinâmicos. A
única coisa que não deve mudar é seu
objetivo ontológico: ter um Estado vol-
tado às demandas dos cidadãos brasi-
leiros, em termos de democratização,
eficiência, efetividade e equidade. Essa
é a lição mais profunda que Bresser me
deixou, e que espero ser um brado pro-
fundo que atinja as próximas gerações.
Fernando Abrucio, doutor em ciência
política pela USP e professor da Funda-
ção Getulio Vargas, escreve neste espaço
quinzenalmente
E-mail: fabrucio@gmail.com ■
6 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Diversidade
em
perspectiva
Arte A 35 a Bienal de São Paulo e a
feira Rotas Brasileiras espelham
o tamanho do espaço conquistado
pelos artistas negros, indígenas e
trans no mercado. Por Daniel Salles,
para o Valor, de São Paulo
Compreender o que são os eguns
ajuda no entendimento da obra do ar-
tista plástico Ayrson Heráclito. Tra-
ta-se, segundo o candomblé, de espíri-
tos de pessoas que já morreram. Para
afastar aqueles que estariam causan-
do incômodo ou infortúnio no prédio
da Estação Pinacoteca, em São Paulo,
o baiano promoveu no local, em mar-
ço do ano passado, um ritual chama-
do sacudimento — na religião de ma-
triz africana, Heráclito é um ogã, uma
espécie de sacerdote que não é capaz
de “incorporar” entidades.
Secundado por duas pessoas, ele
utilizou arranjos de folhas, defuma-
dores e a chamada pemba, um giz
que é raspado e soprado ritualistica-
mente. Tudo para purificar o prédio
que já abrigou o Departamento de
Ordem Política e Social, o temido
Dops, órgão responsável pela deten-
ção de dissidentes políticos nos anos
1960 e 70. O ritual foi executado co-
mo uma performance artística cujo
registro foi incluído na mostra dedi-
cada a Heráclito que a Estação Pina-
coteca exibiu de abril a agosto de
2022. O título dela: “Yorùbáiano”.
Em 2015, o artista protagonizou
mais duas performances do gênero.
Uma delas foi na Casa da Torre de
Garcia d’Ávila, uma construção na Ba-
hia que pertenceu a um escravocrata.
A segunda foi na Maison des Esclaves,
na Ilha de Gorée, no Senegal. Trata-se
de um local no qual os negros escra-
vizados aguardavam a hora de em-
barcar para o outro lado do oceano
Atlântico. Registros desses dois sacu-
dimentos foram apresentados na
57 a Bienal de Veneza, em 2017.
Na 35 a Bienal de São Paulo, da qual
Heráclito é um dos destaques, ele exi-
birá a instalação “Floresta de Infini-
tos”, produzida em parceria com o
músico Tiganá Santana. Trata-se de
um ambiente imersivo composto por
450 unidades de bambu que o can-
domblé associa à Iansã. A divindade
exerceria domínio sobre os eguns e os
chamados espíritos biomorfos — estes
são associados a animais falecidos,
por exemplo, e a árvores e rios que dei-
xaram de existir. “A instalação cria
uma espécie de portal que convida os
visitantes a repensarem suas cone-
xões com a natureza, da qual todos
fazemos parte”, explica Heráclito.
Nascido em Macaúbas, no interior
da Bahia, ele está com 55 anos. Já parti-
cipou da III Bienal do Mercosul, da II
Trienal de Luanda, em Angola, e de
duas edições da Bienal de Veneza. Inte-
gra o acervo do Museum der Weltkul-
turen, localizado em Frankfurt, na Ale-
manha, e do Museu de Arte Moderna
da Bahia. “Sempre quis participar da
Bienal de São Paulo, mas nunca havia
sido convidado”, queixa-se o artista.
“Estou muito feliz, no entanto, de par-
ticipar de uma edição cuja curadoria
faz justiça a artistas negros e indíge-
nas, que, por muito tempo, foram dei-
xados de lado no circuito artístico.”
A próxima bienal paulistana, que
começa no dia 6 de setembro, ganhou
o título de “Coreografias do Impossí-
vel”. É a primeira, em 72 anos de exis-
tência, que foi chefiada por curadores
negros, os baianos Hélio Menezes e
Diane Lima e a portuguesa Grada Ki-
lomba. Do quarteto responsável pela
curadoria da mostra de arte, a mais
importante do país, também faz parte
o historiador de arte espanhol Manuel
Borja-Villel, o único branco do grupo.
Eles selecionaram 95 artistas, além
de 26 duos ou coletivos. Heráclito e
Santana integram os 52,9% que se
enxergam como negros. Os indíge-
nas correspondem a 12,4%, os bran-
cos são 18,2% e os chamados raciali-
zados, 15,7%. Mulheres trans repre-
sentam 2,5% do total e 3,4% dos esco-
lhidos se dizem não binários.
“Os participantes presentes nesta
Bienal desafiam o impossível em suas
mais variadas e incalculáveis formas”,
declararam os curadores, em conjun-
to, por meio da assessoria de impren-
sa do evento. “Vivem em contextos
impossíveis, desenvolvem estratégias
de contorno, atravessam limites e es-
capam das impossibilidades do mun-
do em que vivem. Lidam com a vio-
lência total, a impossibilidade da vi-
da em liberdade plena, as desigual-
dades, e suas expressões artísticas são
transformadas pelas próprias impos-
sibilidades do nosso tempo.”
Disseram mais: “Esta Bienal abraça
o impossível, as coreografias do im-
possível, como uma política de movi-
mento e movimentos políticos entre-
laçados nas expressões artísticas. É
um convite a nos movermos por en-
tre artistas que transcendem a ideia
de um tempo progressivo, linear e
ocidental. A impossibilidade é o fio
condutor e o principal critério que
guia a seleção desses participantes.”
A paulista Rosana Paulino e o minei-
ro Eustáquio Neves são alguns dos ar-
tistas negros brasileiros — e com anos
e anos de carreira — que vão debutar
no evento. Dentre os mais jovens, des-
tacam-se as mineiras Luana Vitra e
Ana Pi e a fluminense Aline Motta. A
DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
Registro da americana Simone Leigh e o ganês
performance Ibrahim Mahama são dois dos artis-
“Segredos Internos” tas negros estrangeiros mais comen-
(2022), de Ayrson tados. A primeira exibiu, na última
Heráclito: “Sempre bienal de arte de Veneza, um gigan-
quis participar da
tesco busto de uma mulher negra.
Bienal de São Paulo,
mas nunca havia sido Artistas trans como Castiel Vitorino
convidado” Brasileiro, do Espírito Santo; Tadáskía,
do Rio de Janeiro; Ventura Profana, da
Bahia; e Daniel Lie, de São Paulo, sim-
bolizam a preocupação do evento em
colocar em pauta, também, a diversi-
dade de gênero. Aida Harika Yanoma-
mi, Edmar Tokorino Yanomami e
Roseane Yariana Yanomami são al-
guns dos representantes de grupos
indígenas. E também há espaço para
artistas amplamente conhecidos, a
exemplo do sergipano Arthur Bispo
do Rosário (1909-1989), do baiano
Emanoel Araújo (1940-2922) e da
carioca Sônia Gomes.
“A 35 a Bienal de São Paulo é um
marco histórico que transcende as
fronteiras do impossível”, disse José
Olympio da Veiga Pereira, que presi-
de a Fundação Bienal de São Paulo e é
dono, com a mulher, de uma das
mais importantes coleções de arte
contemporânea do país. “Estamos
testemunhando a convergência de ar-
tistas excepcionais, ideias transfor-
madoras e um diálogo incisivo sobre
as questões urgentes do nosso tempo.
Essa exposição se tornará um legado
duradouro, inspirando gerações futu-
DIVULGAÇÃO
À esq., “História do Futuro – Corpo e Sal: O
Capítulo da Hidromancia” (2015); à dir.,
“Juntó - Ibirí com Draká” (2023), ambas de
Ayrson Heráclito

ras e redefinindo os limites do que é
possível na expressão artística.”
Na visão de Heráclito, que também é
pesquisador, curador e professor, “foi
necessária uma grande revolução cul-
tural” para que artistas como ele pas-
sassem a ser levados realmente a sério.
“A minha obra, durante muito tempo,
assim como a de outros artistas baia-
nos, era chamada, pejorativamente,
de regional”, diz ele. “Não me viam co-
mo um artista contemporâneo.”
Ele também marca presença na se-
gunda edição da feira Rotas Brasilei-
ras, da SP-Arte, que ocorre de 30 de
agosto a 3 de setembro na Arca, em
São Paulo. O evento tem como propó-
sito valorizar a diversidade da arte
brasileira e não se restringir ao eixo
Rio-São Paulo. A edição deste ano
reúne galerias de 11 estados, entre os
quais Alagoas, Pernambuco, Ceará,
Pará e Maranhão.
De Belo Horizonte, a Mitre vai exibir
trabalhos de Luana Vitra, jovem artis-
ta mineira também escalada para a
35 a Bienal de São Paulo. Já a paulistana
Almeida & Dale apresentará uma sele-
ção de pinturas do carioca Heitor dos
Prazeres (1898-1966), mais conhecido
pela sua contribuição à música. Situa-
do em Goiânia e em funcionamento
desde 2021, o Sertão Negro Ateliê e
Escola de Artes vai expor obras de oi-
to artistas que o frequentam.
A galeria Paulo Darzé, localizada em
Salvador, vai levar esculturas de aço
inox que remetem a divindades do
candomblé — produzidas por Ayrson
Heráclito — e obras de Nádia Taquary,
conterrânea dele. À revista “piauí”,
Darzé contou o seguinte a respeito de
dois célebres artistas negros, já faleci-
dos: “Na SP-Arte, quando mostrei pela
primeira vez Rubem Valentim e Mes-
tre Didi, não vendi nada. E o preço era
muito barato, as esculturas pequenas
custavam R$ 8 mil, R$ 9 mil. E o que
mudou na carreira de Mestre Didi da-
quela época para cá? Nada. Ele já era
um artista maduro. O que mudou foi
o mercado. Hoje, uma obra do Didi
sai, no mínimo, por R$ 70 mil”.
Diz Fernanda Feitosa, fundadora e
diretora da SP-Arte: “Há uma valori-
zação das produções que foram ne-
gligenciadas ou subvalorizadas ao
longo do tempo. Refiro-me às obras
de artistas negros, mulheres, indíge-
nas e populares, como os autodidatas
costumam ser chamados. O Rotas
Brasileiras é sobre esse Brasil mais
amplo, e não só sobre o mercado de
arte do Sudeste. E um de seus objeti-
vos é reposicionar as produções ne-
gras, indígenas e regionais”.
Trata-se de um modismo? “Acredi-
to que não por causa das novas gera-
ções, que têm uma visão diferente a
respeito da importância da diversida-
de”, responde Feitosa. “Se estivésse-
mos no ano 2000 eu poderia pensar
que se trata de um modismo. O que
haverá, em algum momento, é uma
triagem em função da qualidade. Que
vai definir o que vai ficar ou não para
a posterioridade. Os artistas sobre os
quais estamos falando vão passar pe-
lo mesmo processo a que os brancos
do mainstream são submetidos.”
“Modismos passam. O que conti-
nua é o que realmente vale a pena.
Artistas negros, indígenas ou mulhe-
res viraram uma tendência. Mas só
os bons artistas negros, indígenas ou
do sexo feminino é que vão ficar”,
disse recentemente a galerista Nara
Roesler. A galeria representa dois ex-
poentes das novas gerações de artis-
tas negros, o paulistano Jaime Lau-
riano e o carioca Elian Almeida.
É de imaginar se essa diversidade
toda teria ido adiante se os colecio-
nadores não tivessem se engajado
nela. Nascido em Campo Grande,
Edmar Pinto Costa é fascinado pela
chamada arte popular brasileira, de-
finição para a qual torce o nariz.
“Classificar artistas levando em con-
ta a situação socioeconômica deles é
extremamente controverso”, diz ele,
radicado em São Paulo desde 2010 e
dono de mais de 600 obras.
Caiu de amores pelos artistas au-
todidatas brasileiros, digamos as-
sim, depois de conferir a mostra
“Teimosia da Imaginação”, que o
Instituto Tomie Ohtake exibiu 11
anos atrás. Com curadoria da artista
plástica Germana Monte-Mór e do
crítico Rodrigo Naves, reuniu dez
nomes como o pernambucano José
Bezerra e o baiano Aurelino dos San-
tos. “Eles não foram apresentados
de maneira folclorizada, como artis-
tas populares”, recorda Costa.
“Achei a ideia fantástica, porque ar-
te não é sinônimo de erudição.”
Daí para começar a amealhar obras
da gaúcha Conceição dos Bugres
(1914-1984) e da baiana Madalena
dos Santos Reinbolt (1919-1977), en-
tre outros artistas do gênero, foi um
pulo. De origem indígena, a primeira
chegou quando era criança a Mato
Grosso e sua produção artística coin-
cidiu com a instauração do Mato
Grosso do Sul, em 1977. “Ela sempre
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | 7
DIVULGAÇÃO
dade expressiva de trabalhos dela e de
Conceição dos Bugres, afirma, para
que as obras de ambas possam ser vis-
tas e criticadas em conjunto.
A primeira individual de Conceição
dos Bugres foi exibida pelo Masp entre
maio de 2021 e janeiro de 2022. Dez
meses depois, entrou em cartaz, no
mesmo museu, a exposição “Madale-
na Santos Reinbolt: Uma Cabeça Cheia
de Planetas”. “As obras dessas duas ar-
tistas já eram conhecidas, mas faltava
o reconhecimento dos museus e do
mercado”, diz o colecionador, acres-
centando que o valor dos trabalhos
delas tem aumentado. Ele doou duas
peças de Conceição dos Bugres para o
acervo do Masp e uma de Reinbolt.
“Estamos passando por um proces-
so de revisão/reparação histórico que
considero pertinente e fundamental,
sobretudo em um país racista e pre-
conceituoso como o Brasil”, diz o em-
presário Marcos Amaro a respeito do
espaço conquistado pelos artistas
negros, indígenas e trans no merca-
do de artes plásticas. CEO da compa-
nhia de aviação executiva Amaro
Aviation, ele fundou um museu em
2018, a Fábrica de Arte Marcos Ama-
ro (Fama). Apelidado de Inhotim
paulista, ocupa uma antiga fábrica
têxtil de 25 mil metros quadrados
em Itu, no interior de São Paulo.
Parte do acervo que Amaro vem
DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO
amealhando desde 2008 — são mais
Acima, pintura sem de 2 mil itens de nomes como Nuno
título de Heitor dos Ramos, Tunga (1952-2016) e Adriana
Prazeres, que terá Varejão — pode ser visto no espaço. “A
obras na feira Rotas minha coleção é bastante eclética e
Brasileiras; à esq, contempla obra de todo tipo de gen-
“Cupboard”, da
te”, resume o empresário, destacando
americana Simone
Leigh; à dir., obra da a presença do artista brasiliense Josa-
série “Torção”, de fá Neves, negro e autodidata. Em
Sônia Gomes; 2017, ele arrematou a extinta galeria
abaixo, os curadores Emma Thomas, em São Paulo, depois
da 35 a Bienal de São rebatizada de Kogan Amaro — esta
Paulo: Manuel deixou de existir no ano passado. Élle
Borja-Villel, Diane de Bernardini, a primeira artista tran-
Lima, Grada sexual a ter um item incorporado no
Kilomba e Hélio acervo da Pinacoteca de São Paulo,
Menezes
era um dos nomes representados.
“Considero a obra dela bastante atual
e necessária”, elogia Amaro.
Nascido em Santos, Rafael Moraes
montou um antiquário especializado
em joias afro-brasileiras dos séculos
XVIII e XIX e em peças assinadas por
grandes artistas brasileiros. Na edi-
ção deste ano da feira “Rotas Brasi-
leiras”, ele vai exibir documentos, fo-
tos, esculturas e joias do Mestre Di-
di. Quando tinha 17 anos — hoje
DIVULGAÇÃO
tem 41 —, Moraes começou a mon-
tar o próprio acervo de obras de ar-
te. A de número 1 leva a assinatura
do cearense Leonilson (1957-1993).
Hoje são cerca de mil trabalhos,
metade dos quais produzidos por ar-
tistas negros. É o caso do carioca
Paulo Pedro Leal (1894-1968), do
brasiliense Dalton Paula e de Aureli-
no dos Santos. Na pandemia, fasci-
nou-se pela obra do carioca Allan
Weber, que mora na comunidade
Cinco Bocas, em Brás de Pina, na zo-
na norte do Rio de Janeiro — o artista
prefere chamá-la de favela. Do com-
positor Pixinguinha (1897-1973), o
colecionador amealhou uma parti-
tura manuscrita do hit “Carinhoso”.
“O Brasil é uma fonte inesgotável de
manifestações artísticas potentes, mas
as galerias de arte e os colecionadores,
de modo geral, sempre foram muito
preguiçosos ao olhar para trabalhos
que não foram produzidos em São
Paulo ou no Rio de Janeiro”, critica Mo-
raes. “Havia uma miopia muito gran-
de.” Que se deve, segundo ele, ao que
chama de “ranço sudestino”. “Agora,
apesar de um atraso muito grande, os
museus estão olhando com outros
olhos para os artistas negros, o que
fez parte do meu imaginário”, diz o baiana era a cozinheira do casal. “A tem levado a uma valorização”, acres-
colecionador. “Crianças de Mato maioria das obras dela estava nas centa. “Exposições dedicadas a eles
Grosso do Sul faziam esculturas de sa- mãos de pessoas que a conheceram”, ajudam a educar as galerias, que edu-
bão inspiradas nas obras dela, da diz Costa. Ele amealhou uma quanti- cam os colecionadores.” ■
mesma maneira que crianças paulis- GALERIA SIMÕES DE ASSIS/DIVULGAÇÃO
tanas desenhavam bandeirinhas pen-
sando no Volpi (1896-1988).”
Reinbolt começou a produzir seus
painéis bordados e pinturas no sítio
Samambaia, em Petrópolis. Este per-
tencia à arquiteta carioca Lota de Ma-
cedo Soares (1910-1967) e a Elizabeth
Bishop (1911-1979), uma das maiores
poetas americanas do século XX — a
DIVULGAÇÃO
Foto sem data de
“Zeferina” (2018), Emanoel Araújo
de Dalton Paula, (1940-2022) em seu
que teve mostra ateliê: artista tem
individual no obras na 35 a Bienal
Masp em 2022 de São Paulo
8 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Festa da raça
Evento Kizomba Design Museum vai
celebrar o estilo musical dançante
angolano, assim como suas
ramificações na gastronomia e na
moda, entre outros. Por Eduardo Simões,
para o Valor, de São Paulo
“Hoje a Vila é Kizomba / É batuque,
canto e dança”, dizia a letra do samba
enredo “Kizomba, Festa da Raça”, de
autoria de Martinho da Vila, e que em
1988 deu à escola de samba Vila Isa-
bel seu primeiro título de vencedora
dos desfiles do carnaval carioca. Na-
quela década, o ritmo nascido em An-
gola e espalhado mundo afora por
meio das diásporas, alcançava seu au-
ge, e logo se mesclaria também a gê-
neros musicais internacionais.
Entre os dias 6 e 8 de setembro, a ki-
zomba — música, dança, “festa” e “ce-
lebração”, em tradução do kimbundo,
uma língua bantu do norte de Angola,
para o português — e suas ramifica-
ções culturais na gastronomia, na mo-
da e mesmo no pensamento serão
apresentados durante o Kizomba De-
sign Museum, projeto concebido pelo
escritor e produtor musical Kalaf Epa-
langa e pelo artista multidisciplinar
Nástio Mosquito, ambos angolanos.
Epalanga e Mosquito vinham aca-
lentando a ideia do evento desde o ano
passado, quando, segundo eles, acom-
panhavam as notícias políticas e cultu-
rais em curso no Brasil. “Sentimos que
seria crucial estarmos presentes com o
projeto em São Paulo e convidar nossa
Vinho
Atributos
das vinhas
velhas
Jorge Lucki
Como elas podem ajudar
a mitigar os efeitos das
mudanças climáticas
comunidade Palop [Países Africanos
de Língua Oficial Portuguesa] a fazer
o mesmo”, diz Epalanga. “Se compar-
tilhamos deste espaço e desta cultura
ligados pela língua que falamos, exis-
tem certas responsabilidades que de-
vemos assumir em conjunto.”
Segundo Epalanga — que durante
o evento irá lançar seu livro “Minha
pátria é a língua pretuguesa” (Toda-
via) —, o insólito nome do festival
ecoa o que a kizomba representa cul-
turalmente e os propósitos dos orga-
nizadores com a criação do projeto.
Ele afirma que o título é uma asso-
ciação com o aspecto da memória
sobre a kizomba, que não é suficien-
temente celebrada na cultura.
“Nós estamos sempre buscando o
próximo, o a seguir, o novo, e perdemos
muito pouco tempo a ativar a nossa pro-
dução artística”, pondera Epalanga. “Daí
a vontade de criar esse museu vivo da ki-
zomba, que, para nós, vai além dos gê-
neros musical e de dança. É toda uma sé-
rie de comportamentos sociais que são
ditados por essa manifestação cultural.
Nesse sentido, por desenhar a forma
de viver dessas pessoas todas, associa-
mos também à ideia de design.”
Para Mosquito, o “atrevimento” da
É época de vindima no hemisfério
Norte e a safra deste ano está sendo mar-
cada (novamente) pelas altas tempera-
turas. As mudanças climáticas estão le-
vando a um aumento na frequência e in-
tensidade das ondas de calor em muitas
regiões vinícolas, que se somam a outros
eventos extremos como secas — a escas-
sez de água tende a estressar as plantas
—, chuvas intensas e geadas tardias, fe-
nômenos que tendem a causar danos
significativos às uvas e afetar inexoravel-
mente a qualidade dos vinhos.
O aquecimento global está desafian-
do — e obrigando — os produtores a se
adaptar às atuais condições climáticas (e
as futuras?) e a repensar as práticas de
gestão e técnicas de cultivo e produção
de vinho (manejo das vinhas, com novas
formas de condução, experimentação e
avaliação de novas variedades de uvas).
Se isso é passível de garantir a sustenta-
bilidade do grosso da indústria vitiviní-
cola no longo prazo, no segmento dos vi-
nhos finos, os “fine wines”, uma necessi-
dade mais premente é preservar o patri-
mônio de vinhedos mais antigos.
“Vinhas velhas” (“vielles vignes” em
francês, “old vines” em inglês, “viñas vie-
jas” em espanhol, “vecchie vigne” em ita-
liano) é o termo atribuído a parreiras cu-
ja idade avançada faz com que elas te-
nham tido tempo para se adaptar ao lo-
cal e ter um sistema radicular bem
desenvolvido, que possibilita extrair me-
lhor os recursos minerais e hídricos do
solo e permite superar de maneira me-
nos traumática condições adversas, caso
de extremos de temperatura ou de água
(seca ou chuva), além de controlar o
crescimento dos ramos e da folhagem,
resultando numa maturação mais ho-
mogênea dos cachos. É o que propicia vi-
nhos mais ricos e equilibrados.
Parreiras para lá de 80 anos, atarraca-
das — o adjetivo parrudo não é por acaso
—, com o tronco espesso e braços retorci-
dos, são o ponto em comum de grandes
rótulos mundo afora, como o australia-
no Hill of Grace, o californiano Ridge
Lytton Springs, o argentino Noemia, os
espanhóis Pingus e L’Ermita, o português
Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa, ita-
lianos da Puglia e do Etna, na Sicília, ou
são a essência das parcelas que servem
de base para compor os premiers grands
crus classés de Bordeaux, assim como a
rara cuvée Vieilles Vignes Françaises, da
Maison Bollinger, em Champagne.
Nem sempre, no entanto, qualidade é
o fator determinante para um viticultor.
Vinhateiros que vendem suas uvas para
terceiros estão sempre sujeitos a pres-
sões financeiras e, em geral, o preço por
“Kizomba é
batuque, canto e
dança”, e também é
um festival cultural
e gastronômico em
São Paulo, o
Kizomba Design
Museum
Em vinhas velhas como esta as parreiras tiveram tempo para se adaptar ao local e ter um sistema radicular bem desenvolvido
quilo não compensa o esforço e o traba-
lho em vinhedos de baixo rendimento.
Como consequência, cedo ou tarde aca-
bam abandonando suas vinhas ou as
substituindo por videiras mais produti-
vas que permitem mecanização, preo-
cupação que não existia no passado. Pa-
ra tanto, contam muitas vezes com in-
centivos governamentais. A inglesa
Jancis Robinson já havia alertado em
2005 que “essas vinhas velhas são um
recurso maravilhoso. Aproveite antes
que todas sejam arrancadas”.
Vale então aplaudir iniciativas como a
de Peter Sisseck, proprietário do Pingus,
de Ribera del Duero, que em 2006 lan-
çou um projeto com a finalidade de pre-
servar as vinhas velhas da região. Atuan-
do como mentor e padrinho, Sisseck lan-
çou o PSI em colaboração com pequenos
produtores, donos das parcelas, vinifi-
cando numa ala à parte da cooperativa
que estavam em vias de abandonar.
Um exemplo prático da importância
das vinhas velhas não só para ensejar
bons vinhos, mas também como patri-
mônio cultural e agrícola para ter refe-
rências de eventuais recursos usados no
passado para ajudar a resolver questões
atuais foi utilizado por Miguel A. Torres,
comandante de uma das maiores e mais
tradicionais vinícolas da Espanha, fun-
dada em 1870, com sede na Catalunha e
com adegas e vinhedos nas principais re-
giões do país, assim como no Chile e nos
EUA. Desde meados dos anos 80, Miguel
Torres vem desenvolvendo um projeto
DIVULGAÇÃO
dupla de realizar o projeto “numa ci-
dade tão dinâmica e tão exigente com
tanta oferta como São Paulo” foi rece-
bido com a confiança, por parte dos
parceiros brasileiros, de que “havia
sentido em fazer este gesto, neste ter-
ritório, nesta cidade, em colaborações
fantásticas”, para trazer à capital pau-
lista a kizomba, um dos muitos exem-
plos da força da cultura da população
de origem africana nas diásporas.
“Uma das coisas que me movem é a
moeda da dignidade. Como é que es-
sa dignidade se posiciona na constru-
ção sociopolítica da sociedade, como
é que nós conseguimos dar dignida-
de a uma classe trabalhadora, a uma
classe aventureira e até atrevida”, diz
Mosquito. “Essa é a diáspora da ki-
para se adaptar às mudanças climáti-
cas, sem perder suas raízes espanholas.
Ao contrário, preservando-as.
Depois de ter pesquisado o tema e se
dado conta de que houve ondas de calor
tempos atrás sem registros negativos so-
bre os vinhos, ele foi atrás de castas anti-
gas que imaginava terem passado por es-
se estresse, tendo supostamente desapa-
recidas na época da filoxera, praga que
dizimou os vinhedos de toda a Europa no
final do século XIX. Para tanto, colocou
um anúncio num jornal catalão, pergun-
tando se algum vinhateiro tinha ou sabia
de alguma vinha antiga, sem identifica-
ção, dando um número de telefone para
contato. Surpreendentemente, recebeu
mais de mil retornos, que foram rastrea-
dos e de onde foram selecionadas cerca
de 50 variedades desconhecidas.
Para chegar a esse ponto levou mais de
dez anos, desde que cada casta identifica-
da como ancestral passasse por um longo
processo que envolveu saneamento e re-
produção in vitro, melhoramento em estu-
fa, adaptação ao campo, microvinificações
para determinar seu potencial e, por fim, o
registro nos organismos pertinentes.
Com resultados práticos mais rele-
vantes, seis delas, uma branca e cinco
tintas, foram vinificadas regularmen-
te em caráter experimental. Sem re-
gistro no passado, as uvas receberam
os nomes dos locais onde foram en-
contradas: forcada, pirene, gonfaus,
moneu, querol e garró, com as duas
últimas entrando na composição do
zomba, dos pequenos mercados, dos
cabeleireiros, das faxineiras, dos
funcionários públicos legais e ile-
gais, dos homens da construção.”
Durante o Kizomba Design Mu-
seum, a Casa de Francisca vai abrigar a
programação musical, com apresenta-
ções de músicos de Angola e outros
países da África — como Paulo Flores,
Branko, Dino d’Santiago, Djodje etc. —
e também do Brasil, a exemplo do gru-
po BaianaSystem. Esses shows vão
apresentar um amplo panorama da
produção musical da kizomba. Gênero
musical feito para dançar a dois e uma
constante em festas diversas, tem nas
canções românticas o seu forte. Co-
mo música e dança, Epalanga e Mos-
quito comparam a força da kizomba
à do samba e do forró, no Brasil.
Em algumas das letras, encontra-
mos exemplos do glossário que toma-
mos emprestado do kimbundo. A pró-
pria palavra kizomba (ou kizumba)
foi apropriada pelo português com
uma tradução um tanto pejorativa:
bagunça, confusão. Na canção “Caso
de Amor”, de Euclides da Lomba, pre-
sente em uma das playlists que serão
ouvidas no evento, o cantor declara-se
a seu objeto de desejo: “Ao beijar a sua
boca / Ao tocar o seu umbigo / Ao sen-
tir o seu gemido no meu ouvido”.
Curiosamente, o umbigo, uma das
palavras do kimbundo que incorpora-
mos ao português no Brasil — a exemplo
de moleque, cafuné etc. —, é onde os cor-
pos dançantes da kizomba se encon-
tram ou chocam, lembra Epalanga, num
sensual fraseado coreográfico. A umbi-
gada, a propósito, vem do termo kim-
bundo semba, ao qual se atribui a eti-
mologia da palavra samba, no Brasil.
Os demais eventos ocorrem no Co-
pan: na Megafauna, além do lançamen-
to de Kalaf, haverá palestras e debates,
com jornalistas e escritores, a exemplo
do angolano Ondjaki, autor publicado
no Brasil pela Companhia das Letras. O
restaurante Cuia, que fica dentro da li-
vraria, vai servir um cardápio concebido
a quatro mãos entre as chefs Bel Coelho
e a chef angolana Elga Pereira. Já o Espa-
ço Pivô vai acolher o mercado de design
e moda do universo da kizomba. ■
JORGE LUCKI
Grans Muralles, um dos topos de ga-
ma da Viña Torres na Catalunha.
Tomei ciência desse projeto no simpósio
da Académie Internationale du Vin de
2017, quando Miguel Torres foi convidado
para falar sobre mudanças climáticas e,
chamando a atenção para a gravidade do
problema, encerrou sua apresentação rela-
tando as experiências aqui citadas. Alguns
dos vinhos que vez ou outra tenho tido
oportunidade de provar validam o projeto
“castas ancestrais” da Familia Torres.
O tema “vinhas velhas” tem sensibiliza-
do profissionais das mais diferentes áreas
do mundo do vinho. A prestigiada viticul-
tora sul-africana Rosa Kruger começou a
compilar uma lista de vinhas velhas na
África do Sul há mais de duas décadas com
o objetivo de as proteger, o que acabou por
levar à fundação do “Old Vine Project” em
seu país, em 2016. Ao mesmo tempo,
surgiram organizações na Califórnia,
Barossa e McLaren Vale na Austrália e
Maule no Chile, todos com o objetivo de
sensibilizar e preservar vinhas velhas.
Contudo, creio que o trabalho mais in-
teressante sobre o assunto foi o The Old Vi-
ne Registry (www.oldvineregistry.org), ba-
se de dados online mais abrangente de vi-
nhas velhas do planeta, que demandou vá-
rios anos e foi lançado em junho passado.
Assunto para a semana que vem.
Jorge Lucki escreve neste
espaço semanalmente
E-mail: Colaborador-jorge.lucki@valor.com.br ■
 Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | 9

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Da esquerda para a Para chegar a esse ponto, as artistas

direita: Luiza brasileiras se inspiraram em antecesso-
de Souza, a ras como a americana June Tarpé Mills,
“Illustralu”, Lilian criadora da primeira heroína dos qua-
Mitsunaga e Carol drinhos, “Miss Fury”, e a brasileira Nair
Sakura, destaques
de Teffé — que foi primeira-dama do
dos quadrinhos
brasileiros Brasil, participou do movimento mo-
dernista e chegou a assinar com pseu-
dônimo masculino (“Rian”) em revistas
como “Fon-Fon”. Suas caricaturas da
elite brasileira rechearam periódicos

Heroínas de
como “O Binóculo”, “A Careta”, “O Ken”,
bem como os jornais “Gazeta de Notí-
cias” e “Gazeta de Petrópolis”.
Os anos 1990 viram um boom da
criação feminina de quadrinhos, com

carne e osso
destaque para o mangá japonês e
sul-coreano. Mangás vendidos em
banca de jornal foram a fonte de mui-
ta inspiração para a geração de Carol
Sakura, que é autora de vários quadri-
nhos, incluindo a antologia “Se meu
cão falasse tudo seria poesia” e da
graphic novel “O filho mau”, em que
Mercado editorial Autoras de quadrinhos conquistam tira inspiração de histórias pouco
contadas de sua própria família para
maior espaço e já dominam a produção em alguns países. imaginar desfechos e hipóteses para
o comportamento de um tio.
“Hoje vemos uma voz mais feminina,
Por Helena Carnieri, para o Valor, de Curitiba inclusive mais feminista, com pontos
de vista do cotidiano da mulher e abor-
dagens ricas a que antes não tínhamos
acesso. Mais recentemente, tenho a
sensação de que elas estão mais reco-
Se em algum momento as histórias é Lilian Mitsunaga, que em mais de 40 rá na telinha como série de animação. nhecidas e premiadas, ao mesmo tem-
em quadrinhos foram sinônimo de anos de carreira viveu o mercado brasi- “Qualquer pessoa hoje pode contar sua po que têm mais ataques de haters… é
super-heróis masculinos, hoje o mer- leiro de quadrinhos em praticamente história de onde estiver, e isso é uma uma luta constante”, desabafa Sakura.
cado é bem diferente. Há quem diga, todas as suas fases, sendo responsável ferramenta muito poderosa. Minha di- As temáticas hoje variam bastante,
inclusive, que as mulheres já publi- pelo letreiramento das edições brasilei- ca às iniciantes é não esperar perfeição mas é possível dizer que a autobiogra-
cam mais do que eles, mas não há da- ras dos quadrinhos da Disney e criadora para começar: façam zines e histórias fia é fonte criativa para muita gente, as-
dos formais para cravar isso. de fontes para as obras de Will Eisner e menores, tentem exercitar a criação de sim como questões identitárias, de gê-
O fato é que, no mundo todo, elas Craig Thompson no Brasil. Outra artista histórias como preparação para proje- nero, e a própria luta feminista. Se por
criam quadrinhos de humor, drama, ro- presente à Bienal de Curitiba será a poti- tos maiores”, diz Mitsunaga. um lado a publicação online permite
mance e até arqueologia. Um dos mais guar Luiza de Souza, ou “Ilustralu”, que, Entre as editoras que publicam qua- às autoras tomar as rédeas de sua car-
vendidos desde o lançamento em 2007 aos 30 anos, “furou a bolha dos leito- drinhos no Brasil destacam-se Quadri- reira, elas ainda sentem a necessidade
é “Persépolis”, autobiografia gráfica que res ao alcançar um público bastante nhos na Cia. e JBC (selos da Cia. das Le- de publicar via editoras consagradas.
retrata a vida da iraniana Marjane Satra- heterogêneo, publicando seu quadri- tras), Panini, Veneta, Balão e Brasa, entre Esse foi o tema da pesquisa de mes-
pi durante a Revolução Islâmica no Irã. nho no Twitter; e, ao publicá-lo im- outras. Um fenômeno também é a auto- trado da quadrinista Carol Ito, publi-
“Eu diria que nós sempre produzi- presso, fez uma das maiores campa- publicação de autores, seja online ou cada em 2018 pela Universidade de
mos, mas nos últimos tempos as mu- nhas de todos os tempos no Catarse e é através de plataformas de financiamen- São Paulo, intitulada “Um panorama
lheres têm mais visibilidade e estão aclamada por onde quer que vá”, nas to coletivo para publicações impressas. da produção feminina de quadri-
mais unidas. E tem mais editores que palavras das curadoras da Bienal. “Dessa forma, artistas que não per- nhos publicados na internet no Bra-
prestam atenção ao que estamos Natural de Currais Novos (RN), a ar- tencem aos estratos que dominavam sil”: “embora exista maior indepen-
criando”, acredita a escritora e rotei- tista criou a webcomic “Arlindo”, histó- o cenário puderam levar suas histó- dência na criação, ter uma publica-
rista Carol Sakura, de Curitiba. ria de um adolescente que busca se en- rias a um público que pudesse se ção online não garante credibilidade
Entre esses editores está o sueco Fre- contrar enquanto canta Sandy & Júnior identificar com elas, e isso desperta o e projeção às autoras, o que depende
drik Strömberg, quadrinista, presi- no chuveiro. Transformada em HQ pela interesse de novos leitores, que pas- de fatores como a presença no cir-
dente da Associação Sueca de Quadri- editora Seguinte (selo jovem da Com- sam a frequentar eventos e dar visibi- cuito de premiações e nos eventos
nhos e editor da “Bild & Bubbla”. Ele panhia das Letras), o livro foi finalista lidade a esses trabalhos”, avaliam as relacionados aos quadrinhos e inte-
conta que, internacionalmente, as au- do Prêmio Jabuti 2022 e em breve esta- curadoras da Bienal de Curitiba. resse da mídia especializada”. ■
toras de quadrinhos começaram a fin-
car o pé no mercado editorial a partir
dos anos 1970, com antologias publi-
cadas por elas mesmas. Nos anos
1980, as editoras atentaram para esse
fenômeno, que se traduziu em publi-
cações de graphic novels femininas
(livros em quadrinho com histórias de
fôlego), a partir dos anos 1990.
“Depois foi uma avalanche, e hoje
eu diria que elas dominam a cena
dos quadrinhos na Suécia”, conta o
artista e pesquisador ao Valor. Se-
gundo ele, esse período de fomento
da presença feminina no mercado
revelou uma grande demanda de
histórias criadas sobre elas e por
elas. “Quando o mangá explodiu no
mundo, ficou evidente que as outras
linguagens na arte do quadrinho só
traziam homens e eram destinadas a
homens, com pouca identificação
possível para as leitoras mulheres.”
Strömberg vem ao Brasil neste mês
para a Bienal de Quadrinhos de Curiti-
ba, que neste ano ocorre entre os dias
7 e 10 e conta com um trio de curado-
ras que atestam o aumento da diversi-
dade entre autores nos últimos dez
anos, seja em feiras, premiações ou na
presença online. Para Dandara Palan-
kof, Maria Clara Carneiro e Mitie Take-
tani, “embora ainda tenhamos um
longo caminho a percorrer rumo a
uma igualdade de fato, é nítido que há
uma maior diversidade de artistas
mulheres (cis e trans), pretos, perten-
centes à comunidade LGBTQIAP+, in-
dígenas, das mais diversas regiões do
país, e isso se reflete em sua produção,
nos estilos e temáticas abordadas”.
A principal homenageada da mostra
10 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Sonho musical
Teatro Bryan Adams quis durante anos levar o filme
‘Uma Linda Mulher’ para os palcos; finalmente conseguiu.
Por Ubiratan Brasil, para o Valor, de São Paulo
A Broadway é outro universo. Foi o
que descobriu o cantor e compositor
canadense Bryan Adams: mesmo bada-
lado como um dos mais bem-sucedidos
artistas dos anos 1980, com cerca de
100 milhões de discos vendidos mun-
dialmente, ele precisou passar por um
processo de seleção para realizar o de-
sejo de criar para o teatro a versão mu-
sical de “Uma Linda Mulher”, filme de
enorme sucesso, estrelado por Julia
Roberts e Richard Gere em 1990 — a
montagem nacional estreia em 1 o de
setembro, no Teatro Santander.
“Sonhei durante dez anos transfor-
mar o longa em musical, mas na época
não havia produtores interessados”,
conta Adams, que só retomou o proje-
to em 2014, quando o próprio diretor
do filme, Gary Marshall, anunciou a
versão. Imediatamente, ele ligou para
a produtora Paula Wagner, que mar-
cou uma reunião em Nova York.
“Conversei então com meu parcei-
ro de longa data, Jim Vallance, para
criarmos canções, algo que pudesse
funcionar no encontro. Compusemos
três músicas, entre elas ‘Welcome to
Hollywood’ e ‘Long Way Home’, que
acabaram ficando no show. Ao me-
nos tínhamos algo para começar.”
Mas não foi tão fácil. Ao final da
reunião, apesar de visivelmente inte-
ressados (já haviam conversado com
uma dúzia de compositores, sem su-
cesso), os produtores agradeceram a
Bryan e Jim e pediram para esperar
pela resposta. “A gente liga, vocês não
precisam telefonar”, disseram. Mas a
espera não foi longa. “Meia hora de-
pois nos chamaram”, relembra Bryan,
que havia perdido a esperança.
Além da batida de rock, o que agra-
dou foi o foco proposto pela dupla.
Caetano, doutor
honoris causa
Memória Título da Universidade de
Salamanca desperta lembranças
em fotógrafa espanhola.
Por Ricardo Viel, para o Valor, de Madri
Em abril de 1970, acompanhado de
Dedé, sua esposa à época, Caetano Veloso
desembarcou em Barcelona. Vinha da
cinzenta Londres, onde tinha se refugia-
do no ano anterior após ter sido preso no
Brasil junto com o parceiro Gilberto Gil
— também exilado na capital britânica.
A viagem até a Catalunha tinha um mo-
tivo, Glauber Rocha estava na Espanha
para rodar “Cabeças Cortadas” e convo-
cou o amigo. “Queria conversar comigo
pessoalmente sobre nobres tarefas e
mesquinhas fofocas do cinema brasi-
leiro”, contou certa vez Caetano.
A fotógrafa Isabel Steva Hernández,
conhecida como Colita, recorda que a
chegada do brasileiro provocou certa
excitação nos artistas locais (ela incluí-
da). “Assim que eu soube, disse logo que
queria fotografá-lo”, relembra aos seus
83 anos. Responsável pela fotografia do
filme “sem pé nem cabeça” de Glauber,
como classificou um crítico de cinema
espanhol, Colita teve caminho aberto
para retratar Caetano — figuras como
Gabriel García Márquez e Orson Welles,
além da maioria dos artistas catalães, já
tinham posado para as suas lentes.
Agora, no dia 4, Caetano estará em
Salamanca para receber o título de
doutor honoris causa pela Universi-
dade de Salamanca, uma das mais
antigas e prestigiadas da Europa.
Quando soube do acontecimento,
Colita separou dois retratos que fez da-
quele jovem (tinha 27 anos) Caetano e
arrumou um mensageiro para fazê-los
chegar ao cantor. No verso de uma das
fotos, com uma bela caligrafia, escreveu:
“Para o meu admirado Caetano, com
“Começamos a trabalhar no musical
pouco antes do movimento Me Too
acontecer. E, para ser bem sincero, a
história de um bilionário conhecendo
uma trabalhadora do sexo não é exa-
tamente algo politicamente correto
para se apresentar hoje no teatro”, co-
menta Bryan. “Acredito que, se o filme
não tivesse alcançado tanto sucesso, o
musical não teria acontecido. Jim e eu
buscamos então contar a trajetória de
duas pessoas que se encontram de for-
ma inesperada e se apaixonam.”
De fato, tanto o filme como “Uma
Linda Mulher - O Musical” narram a
história de Vivian Ward, uma prostitu-
ta de Hollywood contratada por
Edward Lewis, empresário bem-sucedi-
do, para ser sua acompanhante duran-
te uma semana. O que era para ser ape-
nas um acordo comercial se transfor-
ma em um inesperado caso de amor.
A trama traz semelhança com outras
obras, especialmente com a peça “Pig-
maleão”, de Bernard Shaw, mas, para
evitar tons sombrios (Vivian original-
mente era viciada em cocaína), o estú-
dio Disney determinou que o filme se-
ria um conto de fadas moderno, com
qualidades de uma história de amor.
“A premissa é que não importa a ca-
mada social: se duas pessoas se encon-
tram e se apaixonam, é o que importa.
Isso acontece o tempo todo. Não neces-
sariamente com trabalhadores do se-
xo, mas com pessoas de origens distin-
tas. Há uma canção no show chamada
‘You and I’, que sintetiza o musical por-
que fala apenas sobre duas pessoas
que se apaixonam”, observa o artista.
Acostumado a compor canções inde-
pendentes que formam seus álbuns,
Bryan Adams precisou, no musical, criar
letras que obrigatoriamente conduzem
todo o afeto. Colita, Barcelona, 2023”.
Ela rememora: “Fomos apresentados
num bar da praça Real, no Bairro Gótico.
Conversamos um pouco, fiz algumas fo-
tos por ali e depois levei-o pelas Ram-
blas. Foi muito agradável, muito infor-
mal. Ele tinha uma pinta estupenda,
bastante cabelo, e encaracolado, usava
bigode e tinha a pele escura. E uns olhos
preciosos. Era muito lindo, para dizer
a verdade. E, além disso, como ele era
muito natural e não tinha a intenção
de se exibir, foi tudo muito fácil”.
Algumas das fotos feitas naquela tar-
de saíram numa revista local, mas a
maioria — como a que ilustra esta maté-
ria — continua inédita. “Eu as fiz, sobre-
tudo, para mim, para as ter. Acho que
cheguei a mostrar algumas a ele. Nunca
mais nos vimos, mas comprei todos os
seus discos.” Após a sessão, rumaram pa-
ra o apartamento de Pere Fages, produ-
tor de “Cabeças Cortadas”. A noite termi-
nou com Caetano tocando à meia-luz,
entre fumaças de cigarro e garrafas de vi-
nho, para os novos amigos. “Me lembro
que estava o Pau Riba e outros músicos
da Nova Cançó [movimento artístico de
contestação ao regime franquista] e que
estivemos cantando e tocando até altas
horas. Bom, eles, porque eu não toco
nem canto nada”, graceja Colita.
Além de fazer amizades e posar para
foto, naquela primeira ida a Barcelona o
músico brasileiro também deu uma en-
trevista. O texto de Ángel Casas na revis-
ta “Fotogramas” começa assim: “Não,
não procurem os seus discos nas lojas.
Não encontrarão. Mas, no Brasil, seu
país, tem editados quatro long-plays e
a narrativa. “Minhas letras, em geral, são
metafóricas, mas aprendi a ser menos
preciosista e estar aberto a mudanças
quando necessárias. É mais importan-
te transmitir o que pensa o persona-
gem, explicar seus atos, entender suas
emoções”, conta ele, que trabalhou
durante seis meses com Jim Vallance.
“Ficávamos espantados quando tra-
zíamos uma canção pela manhã e, no
ensaio da noite, ela estava incorporada
à história. Lembro de ter perguntado a
uma atriz como conseguia memorizar
a música durante a tarde e ela respon-
deu: ‘mas é isso o que eu faço’. Sorri e
disse: ‘eu deveria fazer o mesmo, mas
não me lembro da metade das can-
ções que escrevi um dia depois’.”
A típica batida de rock que Bryan
imprimiu na trilha do musical é per-
feita para transmitir a emoção dos
personagens, acredita o diretor da
montagem brasileira, Fred Hanson.
“Como criou músicas que foram gran-
de sucesso nos anos 1980, ele conhece
bem o espírito daquela época, que é a
mesma de ‘Uma Linda Mulher’”, co-
menta o encenador, citando desafios
como os determinados pela canção de
abertura, “Welcome to Hollywood”.
“Em alguns minutos, o espectador
é apresentado a seis localizações di-
ferentes da história, desde as ruas
pobres onde Vivian trabalha até os
luxuosos cenários frequentados
por Edward. Uma sequência que
une movimento e dança.”
Hanson tem o mesmo cuidado de
Bryan ao narrar uma história que mo-
ralmente não seria bem aceita hoje.
“Por isso, deixamos bem claro que se
trata de uma fantasia sobre como era
a ambição de alguém querer ficar ri-
co nos anos 1980. E, ao contrário do
Caetano em
Barcelona em 1970,
capturado pelas
lentes da
fotógrafa Isabel
Steva Hernández,
conhecida
como Colita
Thais Piza e Jarbas
Homem de Mello
interpretam os
papéis que foram
de Julia Roberts e
Richard Gere
“Aprendiasermenos
preciosistaeestar
abertoamudanças
quandonecessárias”
Bryan Adams
dois singles e é um dos nomes mais po-
pulares da música brasileira.” Por que
veio a Barcelona?, pergunta o jornalista.
“Para conhecer a cidade e para ver o
Glauber Rocha. Sobretudo para conhe-
cer a cidade, porque Glauber já foi em-
bora e eu fiquei mais uns dias”, respon-
de Caetano. O entrevistador pede que
ele se apresente ao público espanhol.
“Bom, nasci há 27 anos. Canto desde
sempre, mas faço isso profissionalmen-
te desde 1967 e costumo interpretar as
minhas próprias canções.” E que tipo de
música faz? “É difícil de responder. Não
sei, diria que assimilei algo das corren-
tes folks mais antigas do Brasil, assim co-
mo do blues norte-americano e tudo o
que forma parte do que é mais vulgar
musicalmente que circula no mundo.”
Meses depois, Caetano voltaria à Cata-
lunha para passar o verão. Escreveu em
“O Pasquim” que o Mediterrâneo não
era como o mar da Bahia e que na Costa
Brava a água era “fria pra burro”, embo-
ra os franceses não achassem. “Os turis-
tas franceses são muitos e ouvem mú-
sicas chatas. Ninguém reconhece em
mim um turista brasileiro. Nem eu.”
Contou que num bar da praia um
soldado espanhol achou o seu calção
pequeno demais e pediu que vestisse
as calças. “Eu boto a camisa. No fim da
conversa, ele já percebeu que o meu
calção não é dos menores que há ali e
que ele apenas me abordara porque
minha cara era esquisita. Quase sorri,
DIVULGAÇÃO
filme, aqui Vivian tem mais controle
sobre sua situação”, observa.
E o fato de representar personagens
que consagraram Julia Roberts e Ri-
chard Gere no cinema é o grande desa-
fio enfrentado por Thais Piza e Jarbas
Homem de Mello, intérpretes da monta-
gem brasileira. “O público cultivou um
carinho por Vivian graças à atuação
amorosa de Julia, caminho semelhante
que uso na minha criação”, conta Thais.
Mas, assim como ela, Jarbas evita a imi-
tação. “Minha segurança vem da pesqui-
sa que faço no texto para entender as ca-
racterísticas de Edward, de onde ele
veio, o que está fazendo, qual transfor-
mação ele sofre e qual provoca nas ou-
tras personagens”, explica o ator.
Detalhe final: a clássica canção “Oh,
Pretty Woman”, composta por Roy Or-
bison em 1964 e que inspirou o título
do filme, é apresentada no fim do es-
petáculo. “Sabemos que o público
aguarda essa música, mesmo que ela
não faça parte da trama original”, jus-
tifica o diretor Fred Hanson. ■
ARQUIVO COLITA
quase pede desculpas, vai embora (...)
Assim eu como almejas ao vapor e pe-
ço mais uma orchata. Os outros to-
mam sangria.” A orchata, bebida lo-
cal feita a partir de um tubérculo, a
chufa, parece ter caído no gosto do
baiano. Tanto que aparece num verso
de “Vaca Profana”: “orchata de chufa,
si us plus” (por favor, em catalão).
Na mesma canção há mais referên-
cias ao país: Gaudi, Picasso, Andaluzia,
Movida Madrileña, os músicos Pi [de la
Serra] e Pau [Riba], a capital catalã
(“também me mata Barcelona”) e a sua
mais famosa avenida, as Ramblas. “Me
apaixonei pela cidade. Foi para mim
uma surpresa que tanta gente falasse
catalão, idioma que eu desconhecia.
Me pareceu maravilhoso”, contou ao
jornalista Carlos Galilea, em 1991.
Em 1984 o músico regressaria à ci-
dade para um grande show, ao ar livre,
na praça da Catedral. E em 2014, para
ser ovacionado por 8 mil pessoas no
festival Primavera Sound. Foram várias
também as idas a Madri, primeiro para
ver de perto a efervescência cultural da
cidade e conhecer o cinema de Pedro
Almodóvar — com quem acabaria por
trabalhar e ser amigo. Depois, para en-
cher salas de concertos. Também pas-
sou pela Galícia (“adorei, falava em
português e eles me entendiam, fiquei
emocionado”) e pela Andaluzia (“Sevi-
lha me impressionou mais do que qua-
se qualquer coisa no mundo”). ■

Luxo sóbrio em paisagem ostentação
Turismo À frente do Vila Santa Teresa,
Eva Monteiro de Carvalho prepara a
ampliação do hotel-boutique com vista
para cartões-postais da cidade. Por
Sheila Kaplan, para o Valor, do Rio
Imagine uma propriedade particular,
no centro da cidade do Rio de Janeiro,
que tem o tamanho aproximado do está-
dio do Morumbi, em São Paulo. Imagine
agora que desta propriedade se veem os
maiores cartões-postais da cidade. De
um lado, o Cristo Redentor; de outro, o
Pão de Açúcar. Nesta casa privilegiada,
hoje transformada no hotel Vila Santa
Teresa, nasceu e viveu até os 18 anos Eva
Monteiro de Carvalho, batizada com o
nome da avó, a norueguesa Evinha, es-
posa de Joaquim, engenheiro e empre-
sário conhecido como Baby, figuras de
ponta nas colunas sociais da época.
É por fazer parte de sua vida, da sua
história familiar — o poderoso “clã”
Monteiro de Carvalho —, que Eva, hoje
à frente do hotel-boutique, diz não di-
ferenciar lazer e trabalho. “Trabalho no
que amo, então, para mim, trabalhar e
me divertir são a mesma coisa”, diz.
Bióloga de formação — escolha que
também associa ao contato próximo,
desde pequena, com a natureza, cor-
rendo atrás da bola pelos jardins da ca-
sa ou jogando tênis na quadra que é
hoje um heliponto para os hóspedes —,
Eva começou na hotelaria há 13 anos.
Foi o interesse pela gestão de proje-
tos que a fez ingressar na área, inicial-
mente em uma empresa de treina-
mento para equipes de hotéis, res-
taurantes e shoppings. Nessa época,
viajava por todo o mundo, entrevis-
tando hoteliers europeus, america-
nos e asiáticos, e gravava vídeos que
trazia para os congêneres nacionais.
“Conversava sobre a rotina de um
gerente geral, em hotéis grandes e pe-
quenos, para apresentar aos nossos
hoteleiros, que não tinham tempo
de viajar e buscar esse conhecimento
lá fora.” Foi em uma dessas entrevis-
tas, em Paris, que ouviu de um gran-
de empresário que deveria ter um
hotel, o que a fez imediatamente
pensar na propriedade da família.
O Vila Santa Teresa começou a fun-
cionar durante a Olimpíada de 2016,
quando uma empresa reservou as sete
suítes do hotel para o período. Antes
disso, a construção dos anos 1970 já
Um Murakami
mais popular
Gastronomia Filho do premiado
chef Tsuyoshi Murakami, Jun
inaugura Sushimu, que vai oferecer
pratos japoneses por delivery.
Por Manuela Tecchio, de São Paulo
Criado na cozinha do premiado restau-
rante japonês Kinoshita, Jun Murakami,
de apenas 22 anos, assumiu os negócios
criados pelo pai e pelo avô e arrisca as pri-
meiras empreitadas pessoais. Nesta sex-
ta-feira, o cozinheiro e empreendedor
inaugura a Sushimu, que atenderá apenas
por delivery, uma aposta que demandou
quase R$ 3 milhões de investimento.
A Sushimu quer ser uma experiência
de cozinha prática e acessível para quem
quer desfrutar da alta gastronomia ja-
ponesa. O cardápio desenvolvido por
Jun leva o conhecimento adquirido pre-
parando pratos ao lado do pai, o pre-
miado Tsuyoshi Murakami, e da mãe,
Suzana Eriko Murakami, no restaurante
que leva o nome da família, nos Jardins.
“Eu sempre quis aplicar os ensina-
havia sediado um brunch da Louis
Vuitton, inaugurando a vocação para
eventos que até hoje se mantém. Em
junho último, houve um desfile da Ca-
rolina Herrera, o primeiro da marca
fora de Nova York, em que uma torre
de 11 metros foi erguida, sustentando
uma passarela entre as palmeiras.
Desde a abertura oficial, em 2017, é o
boca a boca, segundo Eva, o maior res-
ponsável pela divulgação do hotel. “Es-
tamos em plataformas como Booking e
Expedia, além do Instagram, mas são os
próprios hóspedes que divulgam nosso
serviço.” Mais à vontade no backstage
do que nos salões, sua atenção está
sempre voltada ao serviço. Até mesmo
na comemoração do Dia dos Pais com
sua família, não conseguiu desligar da
função. “Uma frase que sempre digo à
equipe é que o serviço tem que superar
a beleza da nossa vista. A vista é des-
lumbrante, mas o elogio tem que vir
primeiro pelo serviço”, acredita.
Por isso, apesar de contar apenas
com sete suítes — número que em
breve será ampliado, com a constru-
ção de três bangalôs e mais dez suítes
—, o hotel conta com 40 funcionários.
“Hotelaria de luxo é assim. Cada deta-
lhe conta”, diz. Eva sabe que firmeza
não lhe falta, mas não acha que é rígi-
da, e sim exigente, como confirma a
gerente geral Juliana Seki. “Muita
gente pensa que sou brava, apenas
gosto de deixar tudo muito claro.”
Para Eva, o mais importante é pro-
porcionar aos hóspedes experiências
que ficarão na memória. Como hotel
destination, o Vila Santa Teresa atrai
hóspedes que, mais do que conhecer
a cidade — o que, naturalmente,
também podem fazer — buscam ter
a experiência do próprio lugar. As-
sim, ela concebeu várias experiên-
cias — “mais para sentir do que para
mostrar” — a serem vividas no hotel.
Experiências, franqueadas a hóspe-
des e, sob reserva, também a não hós-
pedes, como o jantar romântico no
jardim, o almoço ao pôr do sol, a ceia
na lua cheia ou o chá da tarde com er-
vas colhidas na própria horta. “São,
mentos que eu recebi desde pequeno.
Meu pai, meu vô, são artistas”, diz Jun
Murakami. “É claro que a Sushimu não
vai ser o Kinoshita, mas acredito que a
gente conseguiu unir a cultura do oci-
dente com a sofisticação do Murakami
e as raízes da minha família.”
Muito antes de aprender a cozinhar,
os primeiros brinquedos de Jun na in-
fância foram as caixas de papelão que
sobravam do estoque do Kinoshita.
Fundado no bairro da Liberdade
nos anos 1970 por Toshio Kinoshita
— avô materno de Jun —, a casa ho-
mônima começou como uma barbea-
ria que servia quitutes aos clientes.
Aos poucos, o aroma do karê, a versão
japonesa do curry, começou a atrair
mais clientes do que as habilidades
de corte do proprietário e o lugar se
transformou em restaurante.
Ali, o pai de Jun, na época um jo-
vem de 20 e poucos anos, japonês
criado no Rio de Janeiro, encontrou
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | 11
“O serviço tem que ao todo, dez cardápios diferentes, é
superar a beleza da como se tivéssemos aqui dez restau-
nossa vista. A vista rantes”, conta, esmiuçando algumas
é deslumbrante, delícias preparadas pelos chefs Ro-
mas o elogio tem land Villar e David Mansaud. “Sou
que vir primeiro
taurina, adoro comer”, diz ela, que é
pelo serviço”, diz
Eva Monteiro de também dona da empresa Yellow
Carvalho Mango, de alimentação saudável.
Uma das experiências que Eva narra
com mais deleite e detalhes é a do gre-
lhado de frutos do mar, criado com
inspiração nas praias do Nordeste.
“Minha família do lado materno é
baiana e, na Bahia, você se senta na
areia, vem o pescador, acende uma fo-
gueira com coco e bota na grelha o pei-
xe pescado naquele mesmo dia. Você
fica ali sentindo a brisa do mar, comen-
do um peixe superfresco. Aqui, repro-
duzimos essa experiência no jardim, o
peixe pescado no dia, lagosta, cavaqui-
nha, legumes da horta, a brisa da Baía
de Guanabara, o serviço montado em
plano baixo, como se fosse na areia. E
não tem garçom, quem serve é o chef.”
Fora da gastronomia, outros mi-
mos oferecidos aos hóspedes são o
spa coordenado por Renata de Abreu,
especialista em ayurveda, e o retiro
do sono, que promove condições
ideais, unindo alimentação orgânica
apropriada, refeições em horários
adequados, lençóis especiais, aroma-
ESTUDIO MIO/DIVULGAÇÃO
“A principal emprego (e uma esposa, a filha do
influência são os chefe), após uma temporada apren-
pratos que meu avô dendo a cozinhar com chefs no Japão,
servia na Liberdade”, Nova York e Barcelona. Logo quis al-
diz Jun Murakami çar os próprios voos e abriu uma uni-
sobre o Sushimu
dade do Kinoshita na Vila Nova Con-
LEO PINHEIRO/VALOR
terapia e ioga nidra, tudo para que os
insones tenham o sono restaurado.
Não fica fora da vivência dos hóspe-
des a história da família Monteiro de
Carvalho, narrada em um áudio aces-
sível por código QR logo à entrada da
casa. História que teve início em
1919, quando os bisavós de Eva, o en-
genheiro Alberto e Beatriz, chegaram
ao Rio, vindos de Campinas, com o
desafio de construir, em poucos me-
ses, o Pavilhão de Honra da França.
A façanha foi realizada e erguido o
prédio, que hoje abriga a Academia
Brasileira de Letras, no centro da cida-
de. Em 1938, junto com seu sócio, Ola-
vo Egydio, Alberto e Beatriz compra-
ram do austríaco Arnst Thun a proprie-
dade em Santa Teresa, onde criaram
seus cinco filhos, entre eles, Joaquim, o
avô de Eva, conhecido por ter trazido
para o Brasil a Volkswagen e a Peugeot.
Eva fala com orgulho sobre a família,
instalada há quase um século na paisa-
gem de Santa Teresa e homenageada
nos nomes das suítes e do sofisticado
bar do hotel. “Este é um dos únicos ter-
renos do mundo em meio urbano, com
essa dimensão, pertencente a uma
propriedade particular. Dividir com
outras pessoas a felicidade que sem-
pre senti nesse lugar é a maior moti-
vação para o trabalho que faço.” ■
ceição, onde conquistou uma estrela
Michelin, em 2015, na primeira edi-
ção do guia gastronômico no Brasil.
Em 2019, o chef decidiu sair de baixo
do sobrenome do sogro e abriu o Mura-
kami, nos Jardins. O espaço servia ape-
nas 12 pessoas por vez, em duas sessões:
às 19h e às 21h30. O sistema continua o
mesmo, agora com mais capacidade,
para até 25 visitantes por turno. Os
menus variam entre R$ 470 e R$ 1.150
e a casa só atende com reserva.
Agora, o filho único de Murakami
quer adicionar um tempero à receita.
“Meu pai é fora da curva. Mas minha
função, com a minha mãe, sempre foi
tentar trazer ele para a Terra. E levar nos-
sa história para mais pessoas”, diz Jun.
Além de estar se dedicando mais à
administração do negócio da família,
o empreendedor tem criado novas
marcas sob um mesmo grupo, o GJM.
Com base na receita da mãe, criou uma
doceria especializada em mochi, um
bolinho de arroz, chamada Motchimu.
Além da primeira unidade, também
nos Jardins, a marca deve ganhar uma
unidade no novo Shops, empreendi-
mento da JHSF nos Jardins, e não descar-
ta o modelo de franquias para o futuro.
Até aqui, foi investido R$ 1,2 milhão só
na marca, também com capital próprio.
Já a Sushimu funcionará apenas com
dark kitchen, vendendo pelo iFood. A
cozinha servirá almoço, das 11h às 15h,
e jantar, entre 18h e 22h30, com cardá-
pio reduzido das 15h30 às 17h30. O
raio de atendimento vai alcançar 10
km partir da alameda Lorena.
“O cardápio é meu e a principal influên-
cia são os pratos que meu avô servia na Li-
berdade, trazendo um pouco o mesmo es-
pírito, mas de forma mais jovem e que te-
nha poder de escala”, conta Jun. Entre as
opções, oito molhos para comer com
qualquer prato. “A inspiração foi no Mc-
Donald’s, algo bem Nova York, Tóquio, di-
ferente do que todo mundo faz aqui, mes-
mo que seja comercial”, banca. ■
12 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
O ressurgimento da Cinecittà
Cinema Estúdios romanos que
abrigaram clássicos como ‘Ben-Hur’
e ‘A Doce Vida’ querem reviver
anos de glória. Por Elaine Guerini,
para o Valor, de Veneza e Roma
Nos anos 50, uma jovem aspirante a
atriz chega à Cinecittà para fazer teste co-
mo figurante na Fábrica dos Sonhos, em
Roma, onde Federico Fellini capturou
tantos momentos mágicos e insólitos de
seu imaginário cinematográfico. Pelo ca-
minho, ela cruza com grupo de atores
americanos escalados para um “pe-
plum”, como eram chamados os filmes
de “espada e sandália” inspirados em te-
mas bíblicos. E, no desenrolar de apenas
uma noite, a jovem aprenderá sobre as
ambições e as vaidades no showbiz,
descobrindo um caminho próprio.
Uma das atrações desta sexta da 80 a
edição do Festival de Veneza, o épico
“Finalmente L’Alba” revive os anos glo-
riosos da Cinecittà, conhecida como a
“Hollywood do Rio Tibre” nos anos 50
e 60, quando atraía os grandes nomes
do cinema mundial para a capital ita-
liana. Como Audrey Hepburn e Grego-
ry Peck (“A Princesa e o Plebeu”, 1953),
Ava Gardner e Humphrey Bogart (“A
Condessa Descalça”, 1954), Charlton
Heston (“Ben-Hur”, 1959), Marcello
Mastroianni e Anita Ekberg (“A Doce
Vida”, 1960) e Elizabeth Taylor e Ri-
chard Burton (“Cleópatra”, 1963).
E o longa-metragem que concorre
ao Leão de Ouro deste ano representa
justamente a era dourada que os es-
túdios lutam para ressuscitar nos
dois últimos anos. Graças a investi-
mento vindo do fundo de recupera-
ção pós-pandemia da União Euro-
peia, a Cinecittà quer se reposicionar
não só como um dos maiores centros
de produção cinematográfica da Itá-
lia como também da Europa, viran-
do um ponto de referência para
grandes projetos internacionais.
Até 2026 serão construídos cinco
novos estúdios, somando à área de 18
mil m2, com os atuais 19 estúdios,
mais 12 mil m2. Os estúdios existentes
têm passado por reformas e moderni-
zações, incluindo a implantação de
um estúdio virtual, com uma extensa
Nordestern em
releitura
turbinada
TV ‘Cangaço Novo’ contém algumas das
melhores sequências de ação já filmadas
em solo nacional. Por Luciano Buarque de
Holanda, para o Valor, de São Paulo
“Cangaço Novo” é exatamente o que
o trailer promete: uma releitura turbi-
nada do chamado “nordestern”, subgê-
nero cunhado a partir de “O Cangacei-
ro” (1953), de Lima Barreto, e que defi-
ne o bangue-bangue ambientado no
sertão e semi-árido brasileiro. Na práti-
ca, isso será um misto dos filmes de
ação pós-“Tropa de Elite”, fundamenta-
dos em truculência e adrenalina, com a
linguagem mais pop do novo cinema
nordestino. Há, aqui, ecos de “Baixio
das Bestas” (2006), “Bacurau” (2016) e,
sobretudo, do seminal “Baile Perfuma-
do” (1997), não apenas pelo fato de a sé-
rie falar de cangaço, mas também por
seu uso marcante da trilha sonora. Vi-
de a incendiária regravação de “Da La-
ma Ao Caos”, com a Nação Zumbi, que
aparece no primeiro episódio.
Tal como ocorre com outros filmes e
seriados de ação tupiniquins, “Cangaço
Novo” importa clichês e deixa incoerên-
cias à mostra. Falta sutileza ao texto, que
põe os personagens sempre gritando
parede de LED. E os primeiros resulta-
dos já são vistos, pois a Cinecittà re-
gistrou uma ocupação de 75% no ano
passado, contra 31% em 2021.
“A história de ‘Finalmente L’Alba’
tem uma ligação importante com a Ci-
necittà. É nela que a nossa jovem pro-
tagonista, Mimosa (interpretada pela
atriz Rebecca Antonaci), inicia a sua
aventura”, diz a cenógrafa da produ-
ção Laura Pozzaglio ao Valor. “As ruas
do estúdio, os sets de filmagem, o icô-
nico corredor dos figurantes e os mui-
tos detalhes arquitetônicos, que ainda
existem desde a sua fundação, foram
fundamentais para a reconstrução do
cenário da época”, completa ela.
A equipe de “Finalmente L’Alba”, sob
o comando do diretor Saverio Costan-
zo, também se beneficiou das imagens
dos mais de 70 mil títulos preservados
pelo Arquivo Luce Cinecittà. “Assisti-
mos a centenas de produções de época
para tirar ideias e recriar os cenários de
70 anos atrás”, afirma Pozzaglio, lem-
brando que o conjunto mais impor-
tante construído pelo time da Cinecit-
tà foi o templo mortuário da rainha
Hatshepsut do antigo Egito. “É uma in-
terpretação com detalhes bastante
fiéis aos de 1.450 a.C.”, acrescenta ela.
Atualmente, cerca de 2 mil profissio-
nais, incluindo os artesãos dos cenários,
passam por dia pelo estúdio, onde mais
dois filmes selecionados neste ano para
o Festival de Veneza foram rodados. São
eles “Comandante”, obra de Edoardo
De Angelis escolhida para abrir a ma-
ratona cinematográfica na última
quarta-feira, dia 30, e “Enea”, do ci-
neasta Pietro Castellitto, com projeção
agendada para a próxima terça, dia 5.
E ambos também concorrem aos prê-
mios que serão entregues na cerimônia
do sábado, dia 9, na Sala Grande. “Enea”
registra a juventude de dois amigos em
um mundo tomado pela corrupção e
pelas drogas, enquanto “Comandante”
gira em torno de batalha travada por
uns com os outros, despejando frases de
efeito. Nada disso chega a eclipsar as
qualidades da série, entretanto. “Canga-
ço Novo” contém algumas das melhores
sequências de ação já filmadas em solo
nacional. O ritmo é arrebatador e o elen-
co, inspiradíssimo. Em especial a atriz
potiguar Alice Carvalho (da websérie
“Septo”), que interpreta a cangaceira Di-
norah, espécie de Maria Bonita dos tem-
pos modernos, embora seja irmã (e não
par romântico) do protagonista.
Na trama, Allan Souza Lima (“A Me-
nina que Matou os Pais”) vive Ubaldo,
um soldado exonerado e bancário, re-
centemente demitido, às voltas com as
despesas médicas do pai de criação. Ao
receber uma carta a respeito de uma
certa herança, ele viaja de São Paulo à
fictícia Cratará, no interior do Ceará,
onde terá de se reconectar com suas ir-
mãs, há muito esquecidas. Ubaldo não
sabe como ou porque saiu de Cratará,
tampouco nutre qualquer vínculo afe-
tivo com a cidade. Tudo o que precisa é
Cenários da Roma submarinos italianos durante a Segun-
antiga na Cinecittà, da Guerra Mundial, no Atlântico.
que até 2026 “Os três filmes rodados na Cinecittà
ganhará mais cinco em competição no Festival de Cinema de
novos estúdios Veneza são diferentes no estilo, mas se-
melhantes na capacidade de despertar
emoções”, declara Nicola Maccanico,
CEO da Cinecittà, em comunicado oficial
do estúdio. “A seleção deles também é a
confirmação de como estúdios mais for-
tes e competitivos contribuem com fil-
mes de maior qualidade e ambição. É o
primeiro resultado criativo de um plano
que leva a Cinecittà a crescer e coloca o
nosso cinema no patamar internacional
que ele merece”, completa Maccanico.
No caso de “Comandante”, os interio-
res dos submarinos foram reconstituí-
dos na Cinecittà a partir de uma réplica
daquele que foi construído para o filme
“U-571 – A Batalha do Atlântico” (2000).
“Tivemos que fazer adaptações nos
interiores do submarino, devido às di-
ferenças entre um modelo italiano e
um alemão”, conta o produtor Pier-
paolo Verga, referindo-se ao subma-
rino alemão feito para o filme escrito
e dirigido por Jonathan Mostow.
Atualmente o cenário de submarino de
“U-571”podeservisitadopelopúblico,co-
mo parte de uma exposição da Cinecittà,
em Roma. A mostra “Shooting in Cinecit-
tà” revisita algumas das produções que
ajudaram a estabelecer a reputação do es-
túdio. Entre os itens que contam a sua his-
tória estão alguns figurinos de “Cleópa-
tra”, de Joseph L. Mankiewicz; de “O Incrí-
Falta sutileza ao da assinatura das irmãs para embolsar
texto de “Cangaço sua parte do espólio do falecido pai e
Novo”, mas isso sair dali o mais rápido possível. Local-
não eclipsa mente, porém, ele é visto como um pre-
suas qualidades destinado; o filho pródigo do muito
querido Amaro Vaqueiro, sobre o qual
circulam muitas lendas na região.
A caçula Dilvânia (Thainá Duarte, de
“Aruanas”) o recebe com um abraço
emocionado, mas Dinorah, pelo con-
trário, se apressa em escorraçar Ubaldo
de suas terras, transtornada por ressen-
timentos que o protagonista sequer
imagina quais sejam. Ela integra um fa-
migerado bando de cangaceiros local,
notório pelo teor violento de seus assal-
tos. Em ação, a quadrilha costuma des-
pir reféns e fazê-los de escudo humano,
deixando um rastro de sangue por on-
de passa. Há um óbvio paralelo com o
“modus operandi” do bando de Lam-
Cangaço Novo Brasil, 2023
pião, mas esses novos cangaceiros
Criadores: Mariana Bardan, Eduardo Melo.
usam celulares, dirigem motos e cami-
Amazon Prime
nhonetes em carreatas barulhentas que
★★★★★ evocam um Mad Max no sertão.
DIVULGAÇÃO
vel Exército de Brancaleone” (1966), de
Mario Monicelli; e de “Os Contos de Can-
terbury” (1972), de Pier Paolo Pasolini. Há
ainda uma área dedicada a Sergio Leone,
com a reconstituição de um cenário de
“Era uma Vez na América” (1984).
“A colaboração com a Cinecittà tam-
bém foi crucial para a reconstrução do
exterior do nosso submarino, que su-
postamente pesa 70 toneladas e tem
73 metros de comprimento”, afirma
Verga. Ele destaca as estruturas e insta-
lações da Cinecittà como um dos
maiores atrativos para cineastas italia-
nos e também estrangeiros filmarem
no estúdio fundado em 1937 por Be-
nito Mussolini, mas na época com o
intuito de fazer propaganda fascista.
E a aura mítica do estúdio, sobretudo
para os fãs de Fellini, ainda instiga a ima-
ginação. “Eu me apaixonei por cinema
assistindo aos filmes de Fellini. E a Cine-
città era a sua casa e o seu playground, fa-
zendo com que o estúdio seja uma espé-
cie de templo para mim”, conta Verga,
que podia admirar a estátua de Venusia
de perto durante todo o tempo de filma-
gem de “Comandante”. Parte da decora-
ção permanente do estúdio, a escultura
foi feita para aparecer logo nos primei-
ros minutos na sequência de abertura de
“Casanova de Fellini” (1976), em uma
noite de carnaval em Veneza. A cabeça
da criatura emerge das águas do Gran-
de Canal, mas depois afunda, possivel-
mente como uma alusão ao que acon-
tecerá com o protagonista. ■
DIVULGAÇÃO
Uma infeliz série de eventos leva
Ubaldo a se infiltrar na gangue com
promessas de lucros milionários. Será
uma questão de sobrevivência, mas o
protagonista logo se reinventa como
anti-herói, valendo-se de seus conhe-
cimentos como bancário e sua disci-
plina militar, ao mesmo tempo que vai
tomando consciência das endêmicas
injustiças locais. Embora sob uma mo-
ral tortuosa, parte de “Cangaço Novo”
flerta com a denúncia, ora expondo a
negligenciada violência longe dos
grandes urbanos, ora falando do mo-
nopólio criminoso de água potável
em regiões atingidas pela seca.
Dividida em oito episódios, “Cangaço
Novo” tem direção de Fábio Mendonça
(“Vale dos Esquecidos”) e Aly Muritiba
(“Irmandade”). O elenco inclui Marce-
lia Cartaxo (“A Hora da Estrela”), Her-
mila Guedes (“O Céu de Suely”), Adélio
Lima (“Gonzaga, De Pai Para Filho”),
Ricardo Blat (“Estúpido Cupido”) e Pe-
dro Lamin (“Mar do Sertão”). ■

Desconfortos latentes
Janela Crítica A atenção aos detalhes em ‘As Oito Montanhas’ e o rico registro de
‘Para Onde Voam as Feiticeiras’. Por Pedro Butcher, para o Valor, do Rio
Os vídeos que documentam o traba-
lho do fotógrafo, artista visual e escritor
Martijn Doolaard enquanto ele refor-
ma duas casas de pedra nos Alpes italia-
nos, ao longo de um ano, se tornaram
pequenos fenômenos da internet. Os
capítulos podem ser vistos separada-
mente ou de uma só vez — o que equiva-
leria a um filme de três horas de dura-
ção — e somam mais de 8 milhões de vi-
sualizações. Nos comentários sobre o
vídeo, muitos relatam que o trabalho
de Doolaard teve efeitos terapêuticos
para quem viu, por sua atenção aos
detalhes, o cuidado e a duração esten-
dida — como um antídoto aos efeitos
de aceleração da internet 2.0.
A construção de uma casa de pedra
nos Alpes italianos está no coração de
“As Oito Montanhas”. O gesto sela um
momento especial da amizade entre
Pietro e Bruno, tema central do filme di-
rigido pelo casal belga Felix Van Groe-
ningen e Charlotte Vandermeersch, que
dividiu o Prêmio do Júri no Festival de
Cannes de 2022 com o polonês “EO”, de
Jerzy Skolimowski (coincidência ou não,
burrinhos também são personagens
importantes em “As Oito Montanhas”).
Os diretores se dão ao luxo de dei-
É tudo verdade
A festa para
o doc da
Academia
Amir Labaki
Homenagem a Vladimir
Carvalho foi ápice
da celebração dos
documentários
em entrega do
Grande Prêmio do
Cinema Brasileiro
xar a construção da casa, marcada pe-
lo trabalho quase sempre silencioso,
tomar o tempo necessário para fazer
um sentido maior — metáfora mes-
mo para a solidez da amizade daque-
les que participam de sua construção.
“Pedra, cimento, pedra. Casa”, diz Pie-
tro (Luca Marinelli), numa pausa do
trabalho, quando a casa já está quase
concluída. Vindo de Turim, Pietro é o
elemento estrangeiro de uma amiza-
de triangular que tem seus outros
dois vértices no local Bruno (Alessan-
dro Borghi) e na própria montanha.
“As Oito Montanhas” vem sendo
descrito como um épico, mas apenas a
abrangência do período que ele cobre
e os cenários naturais justificam a clas-
sificação. Todo o resto aponta para o
movimento contrário. A dupla de di-
retores está mais interessada nos deta-
lhes e na intimidade que unem (e tam-
bém separam) Pietro e Bruno. Eles se
conhecem ainda crianças, nos anos
1980, quando a família de Pietro vai
passar férias na aldeia de Grana, crava-
da nos pés das gigantes montanhas
dos Alpes italianos. Bruno é uma das
poucas crianças locais, que logo en-
contra na casa dos visitantes uma
A celebração do documentário na-
cional foi o eixo temático da 22 a ce-
rimônia de entrega do Grande Prê-
mio do Cinema Brasileiro na noite
do último dia 23 na Cidades das Ar-
tes, no Rio de Janeiro. O foco sobre o
cinema do real foi anunciado já pela
abertura, com uma breve sequência
extraída de “Um Homem com uma
Câmera” (1929), de Dziga Viértov,
seguida por imagens do filme inau-
gural de nossa cinematografia, roda-
das em 1898 na Baía da Guanabara
pelo pioneiro Affonso Segretto.
A festa de premiação com o Gran-
de Otelo, apresentada com pique e
carisma por Cláudia Abreu e Silvio
Guindane, desenvolveu-se com raro
dinamismo, a partir do roteiro do do-
cumentarista Bebeto Abranches, da
direção de Batman Zavareze e do ins-
pirado comentário musical das mon-
tagens com marcos do documentário
nacional apresentado ao vivo pelo
pianista Vitor Araújo. Um feito e tan-
to para mais de três horas de apre-
sentação dos prêmios da Academia
Brasileira de Cinema e Artes Visuais
em nada menos que 29 categorias.
O grande vitorioso do ano foi o ca-
tivante drama mineiro de costumes
“Marte Um”, de Gabriel Martins, da
produtora Filmes de Plástico. Além
do prêmio de melhor filme, venceu
os de direção, roteiro original, ator
(Carlos Francisco), ator coadjuvante
(Cícero Lucas), fotografia, montagem
e som. O drama histórico “A Viagem
de Pedro”, de Laís Bodanzky, veio a
seguir, com três triunfos: direção de
arte, figurino e maquiagem.
Já a adaptação do clássico do tea-
tro para crianças de Maria Clara Ma-
chado, “Pluft, O Fantasminha”, diri-
gido por Rosane Svartman, ganhou
o Grande Otelo de melhor filme in-
fantil e o de efeitos especiais, caben-
do a “Tarsilinha”, de Célia Catunda e
Kiko Mistrorigo, o de melhor anima-
ção. Dira Paes levou o de melhor
DIVULGAÇÃO
“Para Onde Voam as
Feiticeiras”, à esq.,
retrata pessoas
negras, da
comunidade
LGBTQIA+ e
indígenas em
conversas e
performances.
“As Oito
Montanhas”, à dir.,
retrata dois amigos
que constroem
uma casa de pedra
As Oito Montanhas
(Itália, Bélgica, França, Reino Unido, 2023).
Dir.: Felix Van Groeningen, Charlotte
Vandermeersch. Distribuição: Imovision
★★★★★
Para Onde Voam as Feiticeiras
(Brasil, 2021). Dir.: Eliane Caffé, Carla Caffé,
Beto Amaral. Distribuição: Descoloniza
Filmes
★★★★★
Vladimir Carvalho está há quase sete décadas na linha de frente do cinema nacional
atriz pelo papel-título de “Pureza”,
drama de denúncia da escravidão
rural realizado por Renato Barbieri,
enquanto Adriana Esteves venceu o
de melhor atriz coadjuvante por
“Medida Provisória”, a distopia an-
tirracista de Lázaro Ramos. (Devido
ao limite de espaço, não deixe de
conferir a lista completa dos pre-
miados no site da Academia.)
Numa noite dedicada ao documen-
tário, o prêmio de melhor longa do-
cumental distinguiu “Kobra Auto Re-
trato”, de Lina Chamie; o de melhor
curta de não ficção, “Território Pequi”,
de Takumã Kuikuro; e de melhor série
documental, “Pacto Brutal - O Assassi-
nato de Daniela Perez”, de Tatiana Issa
e Guto Barra, para a HBO Max. Um
trio que reafirma a pluralidade con-
temporânea da produção nacional.
O ápice da comemoração foi a
atribuição do Grande Otelo pela car-
reira ao decano dos documentaristas
brasileiro, o paraibano radicado em
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | 13
companhia para brincadeiras e um
aconchegante lanche da tarde.
Não há oito montanhas em “As Oi-
to Montanhas”. O título se refere a
uma lenda do Nepal, terra que abriga
oito das dez montanhas mais altas do
mundo, ouvida por Bruno já adulto.
A amizade entre Pietro e Bruno é
marcada por um laço profundo, tal-
vez pelo fato de dividirem a opressão
da figura paterna, que se desdobra
em uma enorme dificuldade de dar
rumo à vida. Mas a amizade entre eles
não está imune a um certo desconfor-
to latente, que tem em seu fundo, so-
bretudo, as diferenças sociais, mais
do que as diferenças de temperamen-
to ou de origens (campo e cidade).
Um pouco como o trabalho de Mar-
tijn Doolaard, “As Oito Montanhas” en-
contra sua força na atenção aos deta-
lhes, no cuidado com que retrata seus
personagens e no ritmo não acelerado
e reconfortante. Pode não ser muito,
mas, hoje, também não é pouco.
Um desconforto latente também
marca “Para Onde Voam as Feiticei-
ras”, experimento de Eliane Caffé (“Era
o Hotel Cambridge”), Carla Caffé e Be-
to Amaral que circulou por festivais
WALTER CARVALHO/DIVULGAÇÃO
Brasília Vladimir Carvalho. Aos 88
anos, Vladimir está há quase sete dé-
cadas na linha de frente do cinema
nacional. Ninguém melhor do que
ele radiografou, em filmes de inten-
sa pesquisa poética e histórica, a so-
ciedade e a cultura nordestina (“O
País de São Saruê”; “O Homem de
Areia”) e a experiência brasiliense
(“Conterrâneos Velhos de Guerra”;
“Rock Brasília”), sem falar de sua
contribuição essencial para clássicos
de outros parceiros, como “Aruanda”
(1959), de Linduarte Noronha, um
dos curtas detonadores do Cinema
Novo, e “Cabra Marcado para Mor-
rer” (1984), de Eduardo Coutinho,
para o qual foi fundamental tanto
em suas filmagens originais, inter-
rompidas pelo golpe militar de
1964, quanto para sua reinvenção,
no auge da abertura dos anos 1980.
A influência de Vladimir Carvalho
para o desenvolvimento do docu-
mentário no país transcende sua ex-
DIVULGAÇÃO
em 2020 e finalmente chega às telas de
cinema. Os realizadores convocaram
pessoas negras, da comunidade
LGBTQIA+ e indígenas para conversar
e criar performances, muitas delas en-
cenadas no centro de São Paulo.
Os diretores registram essas perfor-
mances, que são também um confron-
to com o entorno, e as conversas que
precedem e se seguem às performan-
ces, até o momento em que o descon-
forto explode no interior do filme,
quando alguns dos artistas se recu-
sam a continuar, por ele ser dirigido
por pessoas brancas. A dramaturga e
performer Helena Vieira está entre
pessoas em cena que se perguntam se
ainda há um diálogo possível.
O que poderia ser encarado como
um fracasso radical é incorporado ao
filme, o que ajuda a tornar “Para Onde
Voam as Feiticeiras” um rico registro
da energia e do pulso de um momento
de confronto mais radical no Brasil.
Um movimento que segue em curso e
que tem conquistado algumas mu-
danças efetivas na sociedade, com to-
das as contradições e possíveis proble-
mas que carrega em si (como todos os
movimentos artísticos e políticos). ■
traordinária filmografia exclusiva-
mente dedicada à não ficção, incluin-
do sua liderança no desenvolvimento
do curso de cinema da UnB, desde o
início dos anos 1970, e seus próprios
escritos, já reunidos em cinco im-
prescindíveis volumes, sendo o mais
recente a antologia “Jornal de Cine-
ma” (É Tudo Verdade/Imprensa Ofi-
cial, 2015). Como lembrei no agrade-
cimento à inesquecível homenagem
que também recebi na mesma ceri-
mônia, pela criação do É Tudo Verda-
de em 1996, meus encontros com ele,
sempre vibrante e otimista, e com
Eduardo Coutinho, sempre cético e
agudo, há exatos 30 anos quando di-
rigia pela primeira vez o MIS de São
Paulo, foram centrais na catalisação
do processo que culminou na funda-
ção do festival como janela nobre
anual para o cinema documentário.
Em sua tocante fala ao receber o
Grande Otelo, com a sabedoria habi-
tual Vladimir deu a concretude dos
testemunhos ao supletivo histórico
exibido na tela da Cidade das Artes
durante a cerimônia. Ele sacou da
memória o encontro há 60 anos, no
mesmo Rio, com outro mestre, Hum-
berto Mauro, e com os então jovens
estreantes Carlos Diegues e Leon
Hirszman, então estes às voltas com
a realização do clássico cinemano-
vista de episódios “Cinco Vezes Fave-
la” (1963). Num instantâneo, de
mãos dadas, quase um século dos
125 anos do cinema brasileiro. Co-
mo recordou a Academia, há mesmo
muito a celebrar — sem esquecer das
batalhas da hora a vencer: cota de te-
la, direitos autorais, regulação do
streaming. Viva Vladimir!
Amir Labaki é diretor-fundador do
É Tudo Verdade — Festival Internacional
de Documentários.
E-mail: labaki@etudoverdade.com.br
Site do festival: www.etudoverdade.com.br ■
14 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023

MARK SILVA / DIVULGAÇÃO GENEVIEVE SCHIFFRAR / DIVULGAÇÃO

O legado das do-Providência. Como seria possível

reconstruir esse modelo na Europa
que já deixou de ser o centro do mun-
ideias de do, precisa se situar perante a ascen-
são industrial da China e não pode

Piketty mais contar com recursos baratos pro-

Compilação de artigos de
autores como Paul
Krugman atesta o impacto
do economista francês. Por
Diego Viana, para o Valor, de
São Paulo
Depois de Piketty
Heather Boushey, J.
Bradford DeLong,
Marshall Steinbaum
Trad.: Alexandre
Hubner, Luciano
Vieira Machado,
Marcelo José
Ferraz Ferreira
Estação Liberdade,
752 págs.,
R$ 139,90
Seis anos separam a publicação ameri-
cana de “Depois de Piketty: A agenda pa-
ra a economia e a desigualdade” da sua
tradução brasileira. Trata-se de uma co-
letânea de comentários e estudos sobre a
obra magna do economista francês Tho-
mas Piketty, “O capital no século XXI”,
publicado em francês em 2013, cuja
versão americana, lançada no ano se-
guinte, foi um dos grandes eventos edi-
toriais de não ficção da última década.
Se, por um lado, esse longo intervalo
deixa algumas discussões um tanto de-
satualizadas, por outro ele reforça a ideia
de que vivemos em algo que vem “de-
pois” de Piketty. Não é absurdo seguir a
premissa do livro e admitir que, em boa
medida, foi graças ao trabalho do econo-
mista que a desigualdade crescente pas-
sou a ser tratada como um verdadeiro
problema econômico, social e político.
Então, hoje, é preciso dar mais um pas-
so e perguntar: como suas teses e diag-
nósticos se saíram nesses seis anos?
A questão ganha relevo quando leva-
mos em conta o que foram esses anos.
Em 2017, no momento da publicação
original, conforme relatam os editores
Heather Boushey é fundadora do think tank Washington Center for Equitable Growth e J. Bradford DeLong é professor da Universidade de Berkeley
na introdução, a grande motivação para
perguntar o que significava o “pós-Pi-
ketty” era a eleição de Donald Trump
para a Presidência dos EUA. Seria a che-
gada do empresário boquirroto à Casa
Branca um sinal de que, de fato, a desi-
gualdade crescente conduz à polariza-
ção política e à ascensão do populismo?
Acontece que, desde então, o mundo
viveu momentos como uma pandemia
devastadora, uma crise das cadeias de
suprimento, o início de uma guerra no
Leste Europeu e os primeiros abalos
mais graves na globalização, intensifi-
cado com a recente proibição de inves-
timentos americanos na China em se-
tores sensíveis. O próprio Trump, catali-
sador do volume, foi derrotado em sua
tentativa de reeleição, mas continua
popular entre eleitores republicanos e
pode retornar ao cargo — a não ser que,
em vez disso, termine encarcerado.
A propósito, teria sido uma gentile-
za com os leitores se a edição brasilei-
ra trouxesse ao menos um prefácio ou
posfácio feito aqui, que atualizasse e
traduzisse as questões para a realida-
de local. Este é, afinal, um país carac-
terizado historicamente pela desi-
gualdade, mas também, ao menos
neste século, por medidas que visam
combatê-la ou compensá-la, como as
transferências de renda ou os siste-
mas de cotas. Não faltam, nas univer-
sidades brasileiras, pesquisadores
qualificados para produzir esse texto.
A ausência de qualquer menção ao
intervalo entre as duas edições é um
ponto negativo relevante, que pode
deixar o público decepcionado.
Antes de enveredar pelo olhar re-
trospectivo, vale observar que a exis-
tência desta publicação de mais de
700 páginas, com capítulos de nomes
como Robert Solow, Paul Krugman e
Suresh Naidu, é por si só uma teste-
munha do enorme impacto de Piketty
no debate econômico e social da últi-
ma década. Sobretudo após sua tradu-
ção para o inglês, “língua franca” do
mundo acadêmico, o economista
francês cristalizou a desigualdade
como problema concreto do mundo
contemporâneo: talvez muitos nem
sequer se lembrem, mas há meros 20
anos a avaliação hegemônica entre
economistas era de que a desigual-
dade não seria um problema, con-
tanto que houvesse crescimento.
Talvez mais do que a fórmula sim-
ples e célebre de que, sem medidas
compensatórias, a remuneração do
trabalho tende a ser menor do que o
crescimento da economia — e, portan-
to, bem menor do que a remuneração
do capital (r>g) —, a grande contri-
buição de Piketty foi mostrar que de-
cisões políticas são inseparáveis de
políticas e resultados econômicos,
conforme ele mesmo afirma na sua
“resposta” que conclui o volume. Vin-
do a público na esteira das manifes-
tações que consagraram a expressão
“os 1%” para se referir aos ultrarricos
com enorme influência sobre gover-
nos e minúscula contribuição relati-
va à arrecadação fiscal, o livro se tor-
nou quase um bastião do amplo le-
que de opositores das políticas de
venientes de suas ex-colônias? Como
repetir a expansão do consumo priva-
do em tempos de catástrofe climática?
No campo teórico, o trabalho de Pi-
ketty sem dúvida deu frutos. Ainda que
a tendência seja anterior a seu best-sel-
ler, ele ajudou a impulsionar o cresci-
mento dos estudos sobre desigualda-
de, pobreza, distribuição e tributação,
que vêm ganhando uma centralidade
inédita na produção dos economistas.
Hoje, porém, talvez seja mais comum
encontrar referências a Branko Milano-
vic, economista do Banco Mundial (au-
tor de um dos capítulos), do que a Pi-
ketty. Este detalhe é sintomático de co-
mo o mundo se tornou mais complexo
e descentralizado. Milanovic é conheci-
do por estudar a desigualdade global,
comparando a situação dos diferentes
países, em vez das classes de cada país.
É autor do “gráfico do elefante”, que
mostra os ganhos de renda dos pobres
no mundo em desenvolvimento. Parece
que a atenção do público está mais vol-
tada para a “classe média global” do
que para problemas do Ocidente.
Resta ainda o plano das políticas pú-
blicas e discursos políticos. Nessa arena,
seria possível dizer que a participação
de Boushey, uma das editoras do livro,
no governo de Biden é um sinal do im-
pacto de Piketty. A campanha do presi-
dente americano enfatizou muitas vezes
a questão da distribuição de renda e pa-
trimônio. Sua gestão, com projetos de
lei conhecidos como “Bidenomics”, en-
volve a tentativa de fortalecer o poder
dos sindicatos e reforçar os ganhos do
trabalho na economia dos cuidados. Em
que pese a dificuldade de aprovar esses
projetos, com a oposição até mesmo de
deputados da base governista, não há
dúvida de que o sucesso de “O capital
no século XXI” impulsionou o retorno
das políticas compensatórias ao país
que é epicentro do capitalismo.
A contradição
entre liberdade
e autoridade
‘Nudge: Como tomar

Lançamentos austeridade e da economia do “tri-

Resiliência é o c@r@lh*
Bruce Daisley. Trad.: Larissa Bontempi
Globo Livros
352 págs., R$ 54,90
Resiliência é algo que anda em alta. Se
formos resilientes, seremos felizes e
bem-sucedidos. Será? Jornalista, empre-
endedor e gestor de pessoas, Daisley vai
noutra direção e apresenta uma pesqui-
sa que questiona tabus e mitos que do-
minam livros de autoajuda e o mercado
de palestras e de coaches. Com base em
novas descobertas científicas, ele traz di-
cas e exercícios para quem busca saúde
mental. O autor examina a trajetória de
superatletas, a questão do sucesso e do
fracasso e avalia o impacto dos traumas.
Pondo de lado a ideia de que somente
gente extraordinária chega lá, ensina co-
mo ter mais coragem e autoconfiança
para alcançar a própria fortaleza.
Dias de se fazer silêncio
Camila Maccari
Autêntica
176 págs., R$ 54,90
Livro de estreia da autora gaúcha, esta
obra levou o Prêmio Açorianos de Litera-
tura e foi finalista em outros três. Antes
dos 12 anos, Maria irá lidar com uma si-
tuação familiar difícil. Seu irmão mais
novo, Rui, está enfermo — e o prognósti-
co é trágico. Assim, ele é levado do hospi-
tal para casa. Maria precisa fazer silêncio,
numa rotina claustrofóbica que impreg-
na a todos que ali convivem. A situação
pesada remete a nossos limites quando
ainda temos o desejo de felicidade. Para
o escritor Luiz Antônio de Assis Brasil,
“Dias de se fazer silêncio” “ficará como
um marco na atual literatura brasileira
por razão de sua força dramática e por
sua intensa e inesquecível literatura”.
Vozes amarelas
Monge Han
HarperCollins
160 págs., R$ 59,90
Ilustrador, tatuador e streamer, Han,
que é descendente de coreanos, reúne
histórias sobre a construção da identida-
de — um processo que pode ser duro
quando o indivíduo é visto como o “ou-
tro”. Estando tal indivíduo num ambien-
te que rejeita as individualidades, ele se
verá desprezado por sua raça sem ter es-
paços de aceitação e acolhimento. Vivên-
cias dos “amarelos” no Brasil estão nos
cinco quadrinhos de “Vozes amarelas”.
As histórias navegam por assuntos im-
portantes para todos: do racismo pro-
priamente dito ao apagamento racial,
sexualidade, construção de identidade e
pertencimento. Han tem 150 mil segui-
dores em suas lives diárias no Twitch.
Equatoriais
Maurício de Almeida
Maralto
156 págs., R$ 44,90
Sete anos após “Beijando dentes”, que
levou o Prêmio Sesc de Literatura, Al-
meida faz neste livro com 13 contos um
convite para que o leitor viaje pelo Bra-
sil e seus estados e mergulhe na subjeti-
vidade humana. No conto que dá título
ao livro ele dimensiona o trajeto, escre-
ve as estradas pelas quais se buscam e
colidem não apenas as relações de afeto,
mas a própria planta baixa do país. A
obra traz, conforme orelha escrita por
Andrea del Fuego, “contos entorpecen-
tes que também podem ser lidos como
capítulos de um romance (...) Fragmen-
tos colhidos pelo antropólogo, não os
que conhecemos como tal, mas aqueles
que narram antes da palavra”. ■
ckle down”, segundo a qual a riqueza
dos mais favorecidos percola sem in-
terferência para o resto da economia.
Não é surpresa que os editores de
“Depois de Piketty” sejam Heather
Boushey, fundadora do think tank
Washington Center for Equitable
Growth e hoje integrante do conselho
econômico da Casa Branca; Bradford
DeLong, professor da Universidade de
Berkeley que nos últimos anos se tor-
nou defensor de políticas de redistribui-
ção; e Marshall Steinbaum, da Universi-
dade de Utah, que trabalha com o tema
das relações de poder nos mercados.
No livro, há ensaios que apontam li-
mitações no modelo de Piketty (Devesh
Raval) e outros que procuram estender
suas ideias para novos campos (Emma-
nuel Saez). Entre os primeiros capítulos
está “Thomas Piketty está certo”, de auto-
ria de Solow, autor de um dos principais
modelos de crescimento econômico.
Voltemos à questão do início, isto é, a
influência de Piketty, após uma década
que testemunhou a ascensão de lide-
ranças antiestablishment, os anos de
pandemia, o recrudescimento de hosti-
lidades entre grandes potências. Em
que medida a desigualdade econômica
entrou na agenda política dos países ri-
cos — e nos demais? Até que ponto fo-
ram tomadas medidas efetivas para
que não se formassem — ou antes: per-
petuassem — as oligarquias excluden-
tes que, na obra do economista francês,
caracterizam o período da Belle Épo-
que, na virada para o século XX?
Em diferentes escalas, as respostas
mostram um quadro dúbio. As obras
posteriores de Piketty, como “Capital e
ideologia” (2019) e “Uma breve histó-
ria da igualdade”, suscitaram atenção
do público, mas mereceram uma re-
cepção mais fria. Suas intervenções
públicas são criticadas por manifesta-
rem um saudosismo dos “30 glorio-
sos” anos do pós-guerra europeu, isto
é, a era do Plano Marshall e do Esta-
melhores decisões’
ganha edição revista. Por
José Eli da Veiga, para o
Valor, de São Paulo
Nudge: Como
tomar melhores
decisões - Edição
ampliada e
definitiva
Richard H. Thaler e
Cass R. Sunstein
Trad.: Ângelo Lessa
Objetiva, 336 págs.,
R$ 84,90
Ao servir-se em algum bufê, qual-
quer mortal é fortemente influenciado
pela maneira em que estiverem dispos-
tos os pratos. Por isto, muito contribui-
rá para a saúde pública a cantina esco-
lar que decidir dar mais espaço e realce
às folhas, legumes e frutas, do que às
salsichas, frituras e açucarados.
O usuário será induzido a não des-
prezar os alimentos mais saudáveis,
sem redução de sua liberdade de es-
colha. Graças a um leve cutucão —
ou “nudge” — que preserva sua prer-
rogativa de se empanturrar ao
bel-prazer. Se acatar o estímulo, po-
de nem perceber que foi menos irra-
cional que sua propensão.
Esta é a ilustração mais básica e mais
repetida da tese conhecida por “pater-
nalismo libertário”, expressão que de-
veria ter sido o título do best-seller
“Nudge”, antes da feliz sugestão de um
editor que, diante do texto para a pri-
meira edição (2008), optou pela asnei-
ra de dela declinar. Ainda mais pitores-
cas haviam sido as circunstâncias em
que emergira a própria expressão “pa-
ternalismo libertário”, em 2003.
Como professor de economia da Uni-
versidade de Chicago, Richard H. Thaler

expôs a um imenso auditório de seu de-
partamento o quanto bons incentivos
faziam com que as pessoas poupassem
mais. Apoiando-se, claro, nos resultados
de estudos experimentais da economia
comportamental, até ali desprestigiada.
O debatedor do “paper”, Casey Mul-
ligan, que pertencia ao núcleo duro
da paróquia de Chicago, encerrou seu
comentário com a seguinte interroga-
ção: não decorreriam de paternalismo
as fortes evidências apresentadas?
Isto, num contexto em que ser taxa-
do de paternalista era muitíssimo pior
do que ser acusado de marxismo, con-
ta Thaler. Tão surpreso quanto emba-
raçado, lutando para encontrar pala-
vras certas, deixou escapar: “Talvez
devêssemos chamar isto, não sei, de
paternalismo libertário”. Não demo-
rou muito para dar-se conta de que a
improvisada locução era bem me-
lhor que as opções até então disponí-
veis: paternalismo assimétrico ou
cauteloso, por exemplo. Assim, não
sossegou até poder relatar sua epifa-
nia a seu coautor, o dileto colega da
faculdade de direito Cass R. Sunstein.
O resultado dessas conversas foi o
texto “Libertarian Paternalism”, que
abriu caminho à legitimação. Apresen-
tado, no início de janeiro de 2003, ao
115 o encontro anual da American Eco-
nomic Association, foi publicado em
maio na “American Economic Review”.
Porém, tão bela imagem briga demais
com as convicções dos que se enten-
dem libertários. Nos Estados Unidos e
na Grã-Bretanha, principalmente com
seus ultraconservadores liberais. E, por
aqui, com alguns “anarcocapitalistas”.
Mas, em geral, também com um am-
plo leque, que vai de autênticos anar-
quistas, com suas bandeiras negras,
até os recentes “coletes amarelos”,
passando por inúmeros tons de ver-
melho, como mostrou o Maio de 68.
Também é frequente que a expres-
Outros Escritos
Contra a
literatura
Tatiana Salem Levy
Édouard Louis escreve
não só para dar sentido
à existência, mas para
fazê-la acontecer
são paternalismo libertário seja de-
nunciada como mero oximoro. Princi-
palmente pelos que não admitem que
contrários possam se nutrir um do ou-
tro, completando-se enquanto se
opõem. Ou que veneram o raciocínio
“se é isto, não pode ser aquilo”, rejei-
tando qualquer “também”, “do mes-
mo modo” ou “ao mesmo tempo”.
De resto, se a tese de paternalismo li-
bertário fosse vulnerável, com certeza
Richard H. Thaler não teria sido o No-
bel de Economia de 2017, 15 anos de-
pois da bitolada ironia do pobre Mulli-
gan. Mais: está exatamente na contra-
dição entre liberdade e autoridade a
ideia mais tocante do livro “Nudge”.
Foram poucas as mancadas da edi-
ção inicial, de 2008, corrigidas nes-
ta última que será “a definitiva”, co-
mo incansavelmente repisa a dupla
Thaler-Sunstein. Uma delas mostra
bem a dificuldade de se prever a
evolução institucional, mesmo com
boas pesquisas interdisciplinares
sobre comportamentos humanos.
Sobre a proibição de casamentos
entre pessoas do mesmo gênero, em
2008, a dupla havia dedicado todo o
capítulo 15 para dizer que a melhor
saída seria acabar com os monopó-
lios de organizações estatais e reli-
giosas. Sequer sonhavam com o que
iria acontecer, em vez da privatiza-
ção dos matrimônios.
Agora dizem ter tido agradável sur-
presa e ter adorado a adoção da saída
bem mais simples, que prevaleceu. Mas
não chegam a reconhecer que pecaram
por bairrismo. É bom lembrar que, nos
EUA, em 2008, até Barack Obama pro-
clamava aos quatro ventos ser contra
este tipo de expansão das liberdades.
Só que Obama virou a casaca em
2012, três anos antes do ok da Supre-
ma Corte. Mais 17 países foram na
mesma linha até 2019. A Noruega, já
em 2008; Suécia e México, em 2009;
Qualquer pessoa que tente conhe-
cer a si própria sabe que é impossível
fazê-lo sem tentar compreender a
mãe e o pai. Não precisa ter feito lei-
turas psicanalíticas nem deitado
num divã para sabê-lo — embora isso
ajude bastante. Todos nós compreen-
demos, nem que seja por intuição,
que a existência começa antes de nós,
e que carregamos marcas dessa an-
cestralidade. Repetir os nossos pais e
romper com eles são processos que
nos acompanham a vida toda.
Édouard Louis, o badalado escritor
francês que segue a linhagem de Annie
Ernaux numa escrita que transforma a
própria vida em literatura, tem um li-
vro sobre o pai e outro sobre a mãe.
“Quem matou meu pai” e “Lutas e me-
tamorfoses de uma mulher” acabam
de ser publicados pela Todavia. Escrevi
sobre o primeiro há dois anos, quan-
do li a tradução portuguesa da obra.
Mas ainda não havia lido o segundo.
Curto e poderoso como o primeiro.
“Disseram-me que a literatura
nunca deveria tentar explicar a reali-
dade, apenas ilustrá-la, e escrevo pa-
ra explicar e entender a vida dela”, as-
sume o narrador. Édouard Louis es-
creve não só para dar sentido à exis-
tência, mas para fazê-la acontecer.
Sem a escrita, é como se ele não exis-
tisse — da mesma forma que a mãe
não teria sobrevivido às suas dores se
não contasse histórias. A vida, para
mãe e filho, se faz nas palavras, acon-
tece na medida em que é narrada.
Não sem humor, Édouard Louis
elenca tudo o que lhe foi dito que não
era literatura, e que consiste justa-
mente naquilo que ele escreve. Além
de não explicar nem entender a vida, a
literatura não deveria: se repetir; exi-
bir sentimentos; soar como um mani-
festo político. E se a literatura é assim,
ele precisa “escrever contra a literatu-
ra”. Porque ele se repete — inclusive is-
so fica bastante claro quando lemos os
dois livros, o da mãe e o do pai —, re-
pete histórias e frases, não tem pudor
em se revelar emotivo nem em mos-
trar que suas palavras funcionam co-
mo facas. Para o Bem e para o Mal.
As palavras são políticas quando a
mãe conta histórias para sobreviver.
São políticas quando Édouard vai para
o liceu, depois para a faculdade, e co-
meça a utilizar expressões que marcam
Richard Thaler ganhou o Nobel de Economia em 2017, nove anos depois de publicar “Nudge”
Argentina, Islândia e Portugal, em
2010; Dinamarca em 2012; Brasil,
França, Inglaterra, País de Gales e No-
va Zelândia, em 2013; Finlândia e Ir-
landa, em 2015; Alemanha e Austrá-
lia, em 2017; e Áustria em 2019.
Agora, casamentos unigênero são
legais em mais de 30 países. Mas, até
2008 — ano da primeira edição de
“Nudge” —, não passavam de 4: Ho-
landa, desde 2000; Canadá e Espa-
nha, desde 2005; e África do Sul,
desde 2006. Então, até é bem razoá-
vel a justificativa apresentada nesta
peremptória edição.
claramente a sua saída do mundo de
onde veio — pobre e de pouco estudo
— e sua entrada no mundo do saber in-
telectual. São políticas quando, depois
de vinte anos, a mãe deixa as roupas do
marido fora de casa e lhe diz para nun-
ca mais voltar. São políticas quando ela
se muda para Paris e conhece Catheri-
ne Deneuve. São políticas quando
mãe e filho se separam e quando se
aproximam. E são também muito li-
terárias — embora contra a literatura.
A história de Monique — é este o seu
nome — é a história de uma mulher
que, como todas as outras, amava a li-
berdade e que, como a maioria, se viu
presa durante longos anos. Presa pela
violência do marido, pela maternida-
de, pela pobreza. É a história das lutas
dessa mulher oprimida — que se confi-
gura como uma não mulher, ou seja,
uma mulher impedida de se realizar —
e da sua transformação, não em outra
mulher, mas em mulher — livre, dese-
jante, dona de si. “Se você visse como
sou livre agora, você não me reconhe-
ceria”, diz ela num telefonema ao filho.
Numa sociedade machista como a
nossa, quem nunca se perguntou so-
bre a liberdade e as prisões da própria
mãe? Sobre o que ela quis e o que pô-
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | 15
CHRISTOPHER GOODNEY/BLOOMBERG
Infelizmente, não é o que pode ser
dito sobre um outro sério tropeço, em
capítulo que quase dobrou de tama-
nho, dedicado ao aquecimento global,
intitulado “Salvando o Planeta” (antes
o 12 o, agora o 14 o). Nesta versão, a du-
pla Thaler-Sunstein assumiu de vez a
ideia lançada, em 1968, pelo ecólogo
Garret Hardin, em artigo na revista
“Science” que ficou famosíssimo: “A
tragédia dos comuns”. Para eles, isto
até seria um “conceito” e muito usado
pelos economistas, bem antes de 1968.
Mais: chegam a dizer que o “remé-
dio” para tal tragédia seria a “coerção
CRIS BIERRENBACH
de fazer? Sobre quem ela seria se não
tivesse se casado? Quem ela seria se
não tivesse sido mãe? No caso de Mo-
nique, cinco vezes mãe: dois filhos do
primeiro casamento; Édouard Louis e
seus irmãos gêmeos, do segundo.
Mas só ele rompeu com as repeti-
ções: ao contrário do irmão mais velho,
não se entregou ao alcoolismo nem se
tornou um homem violento, como o
pai; ao contrário do mais novo, não pa-
rou de estudar, como o resto de sua fa-
mília. Terá sido porque nasceu diferen-
te da norma, tendo se descoberto ho-
mossexual ainda pequeno? A primeira
coisa que liga mãe e filho é terem co-
meçado a vida como “perdedores da
História”. E, como tal, quando parecem
felizes, estão apenas a fingir, para não
deixar transparecer a tristeza — mas é
inevitável que um dia ela apareça.
Aliás, a certa altura ele diz que a melan-
colia não saía do rosto da mãe.
Afinal, como ser feliz com um ho-
mem violento em casa? Como ser feliz
tendo abandonado todos os sonhos?
Em “Quem matou meu pai”, ele retorna
à sua infância dolorosa, marcada pela
presença de um pai que, apesar de
nunca ter levantado a mão para os fi-
lhos, fez da virilidade a violência fami-
aceita pelos envolvidos”, deixando de
lado qualquer veleidade libertária
ou, até mesmo, paternalista. O céle-
bre artigo de Hardin — que merece
ser consultado — é flagrantemente
autoritário, para não dizer totalitá-
rio. Só que, além de tão chocante in-
coerência, a dupla foi capaz de omitir
o fato de que a tão oprimente hipóte-
se de Hardin encontrou cabal refuta-
ção nas pesquisas da cientista políti-
ca Elinor Ostrom, a primeira das duas
mulheres já agraciadas com um Prê-
mio Nobel de Economia (2009).
Os autores teriam prestado imenso
serviço — a seus leitores e à ciência — se
tivessem explicado como seria possível
rejeitar as evidências colecionadas por
Ostrom para demonstrar que bens co-
muns podem, sim, ser conservados. E
sem a tal coerção que apresentam co-
mo um “remédio” para a “tragédia”.
Será que nem notaram que, em bons
dicionários de Economia, o verbete so-
bre a suposta “tragédia dos comuns”
foi redigido por Ostrom? Também não
ficaram sabendo o que disseram os
responsáveis pelo Prêmio Nobel de
2009? “Uma compreensão adequada
da cooperação humana requer uma
análise mais matizada das motivações
individuais, especialmente em rela-
ção à origem da reciprocidade”.
Ao ignorarem tanta coisa, Thaler e
Sunstein perderam excelente opor-
tunidade para serem mais persuasi-
vos. Não só sobre o próprio âmago
do best-seller, mas, ainda mais, so-
bre o conjunto da economia com-
portamental. Talvez não seja um
deslize que impeça a recomendação
desta nova e definitiva edição de
“Nudge”, mas é bem provável que al-
guns leitores se sintam lesados.
José Eli da Veiga é professor sênior do Instituto
de Estudos Avançados da Universidade de São
Paulo (IEA-USP)
liar. O filho diferente, afeminado e in-
teligente era motivo de vergonha — e
dessa vergonha nasciam as frases que o
feriam e o marcavam para sempre.
O pai desprezava qualquer sinal de
feminilidade em Édouard, que “nunca
devia se comportar como uma mulher,
nunca”. Num jantar com amigos dos
pais e dos filhos em casa, o futuro escri-
tor resolve reunir as crianças e preparar
um show para apresentar aos adultos.
Ele faz o papel da vocalista, fantasiado
de mulher. Enquanto todos ouvem e
aplaudem, o pai vira o rosto, recusa-se
a ver e ouvir. O show volta várias vezes
ao longo do livro, com as perguntas
que o circundam. Por que te magoei?
Era por estar vestido de mulher?
Homossexual, filho de um homem
que impunha a virilidade como regra
da casa, de certa forma Édouard mor-
reu prematuramente onde nasceu. Da
mesma forma que a mãe, que precisou
desistir de ser mulher, de ser ela pró-
pria, para permanecer na casa com o
marido. Tanto um livro quanto o ou-
tro falam de mortes e nascimentos. De
um homem que morre e outro que
nasce — longe da virilidade tóxica do
pai, sem se reconhecer no que se espe-
ra de um homem. De uma mulher que
luta para ser mulher, até se metamor-
fosear numa. “Comecei sua história
querendo contar a história de uma
mulher, mas, percebo, sua história é a
de uma pessoa que lutava pelo direito
de ser mulher, contra a não existência
que lhe impunham sua vida e a vida
com meu pai”, afirma o narrador.
As histórias da mãe e do filho se
misturam e se confundem. Enquanto
a mãe não se torna mulher, Édouard
rejeita seu lugar de filho. Mas ele só
entende isso anos depois: “Nossa rea-
proximação não mudou apenas o fu-
turo dela (da nossa relação), mas
também transformou nosso passa-
do”. Assim, o livro sobre a sua mãe se
tornar mulher é também o livro so-
bre o homem que se torna filho — co-
mo se, antes de ela conquistar a sua
liberdade, ele não pudesse (ou não
quisesse) se reconhecer nela.
Tatiana Salem Levy, escritora e pesquisa-
dora da Universidade Nova de Lisboa,
escreve neste espaço quinzenalmente
E-mail: tatianalevy@gmail.com ■
16 | Valor | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023

ALEXANDER MAHMOUD/DIVULGAÇÃO

Limpeza da não fazia sentido manter guardadas

morte em vida
Sueca critica o
excessivo apego aos
objetos pessoais. Por
Dirceu Alves Jr., para o
Valor, de São Paulo
O que deixamos para
trás Margareta
Magnusson. Trad.:
Carolina Rodrigues
Intrínseca, 128
págs., R$ 39,90
A escritora e artista plástica sueca
Margareta Magnusson, de 89 anos,
mora em um apartamento de dois
quartos, com cerca de 60 m2, em Esto-
colmo. Formada pela Beckman’s Colle-
ge of Design, ela sempre pintou, mas
fez a primeira exposição solo em Go-
temburgo, em 1979, quando já passa-
va dos 40, e, depois, mostrou seus
quadros a óleo, tinta e aquarelas em
outras cidades da Suécia, Cingapura e
Hong Kong. Confessa que ainda gos-
ta de desenhar, pintar e não desgru-
dará, pelo menos, de seus papéis, tin-
tas e pincéis até o fim da vida.
Em uma de suas mudanças de casa
ao longo da vida — foram dezessete ao
todo, dentro de seu país e algumas para
o exterior —, Magnusson entendeu que
uma considerável quantidade de suas
telas e tomou uma decisão radical. Jun-
uma nova vida. “Nesta hora, vi que es-
tava determinada a não acumular um
monte de tralhas que sobrariam para
tou lenhas, ensopou jornais com álcool
e riscou um fósforo, vendo diante de
os meus filhos depois que eu morres-
se”, afirma. “Mas claro que me preo-
seus olhos uma grande fogueira. Ati- cupo com a sustentabilidade do pla-
rou lá um por um e observou sem dó neta porque consumimos demais.”
os quadros consumidos pelas labare- Sob uma leitura superficial, os con-
das. “Sou uma artista prática e, se nin- selhos de Magnusson em “O que dei-
guém quis comprá-los, fogo neles”, xamos para trás” ecoam excessiva-
justifica ela, em entrevista por e-mail. mente europeus e elitistas. Ela fala so-
Pensando melhor, Magnusson refle- bre casas com imensos jardins, móveis
te que o fato de ter se livrado do traba- que ocupam espaço descomunal e até
lho criativo de uma vida talvez a tenha de barcos, questões que parecem não
tornado menos sensível ao se desfazer combinar com os hábitos nem mesmo
dos pertences. É sobre isso o livro “O de uma classe média alta brasileira.
que deixamos para trás”, misto de au- Por isso, é fundamental entender o ca-
toajuda organizacional e manual de ráter de autoajuda e até uma certa iro-
etiqueta para não incomodar mais nia da obra, algo próximo ao estilo da
ninguém depois da morte. A autora jornalista Danuza Leão (1933-2022)
prega um minimalismo que pode em seus livros de etiquetas sociais,
beirar o absurdo e até ser divertido. turísticas e comportamentais.
Dá conselhos capazes de chocar o Nada deve ser levado tão a sério — até
menor dos acumuladores e incentiva porque é nítido que a autora se esforça
o leitor a se desfazer de objetos que, para criar uma personagem em torno
mesmo considerados essenciais, po- de tanto desapego. Só que várias ideias
dem virar estorvo para a família. de Magnusson fazem sentido, como cri-
Na Suécia, existe uma tradição bati- ticar quem vive só em amplos aparta-
zada de “döstädning” — limpeza da mentos ou dedica cômodos inteiros pa-
morte, em tradução livre —, que con- ra guardar livros que jamais serão lidos
siste em, a partir de uma determinada ou louças sem probabilidade de uso.
idade, por volta dos 60, com os filhos Criada em meio ao pânico da Segun-
crescidos, a pessoa começar a se livrar da Guerra Mundial, a autora reconhe-
do que não seja essencial para a so- ce, que, mesmo com a Suécia mantida
brevivência. “Acho que essa arruma- A artista Margareta Magnusson: “Se ninguém quis comprar [os quadros], fogo neles” neutra no conflito, cresceu em meio a
ção final não serve para todo mundo, uma simplicidade que incorporou à vi-
mas funcionou para mim e meu livro instruções sobre o destino de rou- A terceira arrumação, entretanto, da adulta. “Nesta época, fomos morar
fala sobre como me desfiz aos pou- pas, livros e objetos pessoais. Aquilo veio cheia de sofrimento e precisou no interior, em uma fazenda maravi-
cos de tantos pertences”, explica. foi reconfortante. Um sentimento se- de tempo. Depois de 48 anos de vida lhosa, e fui uma criança que teve a
Magnusson teve alguns sinais que a melhante se arrastou pela fase final em comum, Magnusson perdeu o oportunidade de alimentar galinhas e
fizeram levar a sério o tema. O primei- da vida da sogra. Em seus últimos marido, que enfrentou uma longa cabras”, relembra. “Vivi anos tranqui-
ro soou quando esvaziou o quarto dos anos, cada vez que recebia uma visi- doença, e preferiu poupar os cinco fi- los mesmo imaginando que uma cer-
pais depois da partida da mãe. Ela ta, ela tratava de presentear com pra- lhos. Levou quase um ano se despe- ta preocupação deveria atingir os
sempre considerou sua mãe organiza- tos de porcelana ou belas toalhas de dindo dos pertences do cônjuge, so- meus pais, então entendi o que im-
da, sábia e realista e teve a confirma- mesa, o que facilitou o momento em zinha e sem pressa, até se preparar porta e, certamente, não é fazer com-
ção ao encontrar vários bilhetes com que a família desocupou o seu lar. para colocar em prática o que seria pras, ainda mais aos 89 anos.” ■

exposições

Tornar-se Araetá: A Literatura

ORLAN dos Povos Originários
Exposição A produção literária de autores e
monográfica da autoras indígenas, reunindo 344
artista francesa títulos de autoria individual. Exposição
reconhecida por apresenta 139 autores de 56 povos
Quando o Discurso seus autorretratos, dentre os 305 que habitam hoje o país.
música Autoriza a Barbárie experiências com Até 17/3/2024. Terça a sexta, 9h às 21h30.
Com Cia. de Teatro Heliópolis performance, Sábados, 10h às 21h30. Domingos e
1/9 a 1/10. esculturas e feriados, 10h às 18h30.
Sextas e sábados, 20h. fotografias. Ipiranga
Domingos e feriados, 17h. 2/9 a 24/1/2024.
Belenzinho Terça a sexta,
10h às 21h30.
teatro mínimo A Falecida Sábado,
Okama Com Camila Morgado, Thelmo Fernandes, Stella Freitas, 10h às 19h30.
Texto e atuação: Gabriel Saito. Gustavo Wabner, Alcemar Vieira, Alan Ribeiro e Thiago Domingo e
Dir.: Miwa Yanagizawa Marinho. Texto: Nelson Rodrigues. Dir.: Sergio Módena feriados,
1/9 a 8/10. Sextas, 21h30. Até 1/10. Sextas, 21h. 10h às 18h30.
Sábados e domingos, 18h30. Sábados, 20h. Domingos, 18h. Avenida
Amelinha Rincon Sapiência Ipiranga Santo Amaro Paulista
Show “O Canto do Ceará” e Akins Kintê
1 a 3/9. Sexta e sábado, 2 e 3/9. Sábado, 20h.
21h. Domingo, 18h. Domingo, 18h.
Belenzinho Santana
crianças dança
Dead Fish SambadorA
2/9. Sábado, 20h. Verônica Ferriani convida teatro Dom Quixote dança | música Sanshin
A Grande Com Cia. vivência Canções Para Concepção: esporte e atividade físicas
Bom Retiro Adriana Moreira
e Amanda Maria Questão Um de Teatro Carimbó Pequenos Caito Marcondes
Zé Miguel Wisnik 2 e 3/9. Sábado, 20h. Com Cia. Até 16/9. Sábados, 11h. Com Grupo Ouvidos 2 Até 3/9. Quinta a aula aberta Boxe
Show “Vão”. Part. Marina Domingo, 18h. de Feitos Consolação Raízes do Com Orquestra Modesta sábado, 20h30. Yoga e Mantras Com Valdemar
Wisnik, Celsim e Ipiranga 2/9 a 1/10. Carimbó 3/9 a 1/10. Domingos e Pompeia Com Cristiane Zerbini Mendes.
Zahy Tentehar Sábados e Entre Mundos 2 e 3/9. feriado, 12h. e Daniel Braga Lima. 2 a 30/9.
2/9. Sábado, 21h. Rico Dalasam domingos, 12h. Com Gabriela Sábado e Bom Retiro Bienal Sesc 2/9 a 28/10. Sábados, 16h.
Pinheiros Show “Escuro Brilhante” 7 e 8/9. Cerqueira e domingo, de Dança Sábados, 10h30. Consolação
2 e 3/9. Sábado, 21h. Quinta e Cafuné O Sapateiro Ruço Gabriel Bodstein 12h às Um Dia, Um Rio Programação e ingressos em Bom Retiro
Alice Caymmi Domingo, 18h. sexta, 12h. Com Cia. Tempo de Brincar Com Carlos Escher Até 1/10. 13h30. Com Grupo 59 de Teatro sescsp.org.br/bienaldedanca
Show “Kali” Vila Mariana Belenzinho 2/9. Sábado, 16h30. 3/9. Domingo, 16h. Domingos, 16h. Pinheiros 3 a 17/9. Domingos, 16h. Campinas
2 e 3/9. Sábado, 20h. São Caetano Santo Amaro Vila Mariana Santo André
Domingo, 18h. Jards Macalé
24 de Maio Lançamento do álbum
“Coração Bifurcado” cinema literatura circo parques
2 e 3/9. Sábado, 21h.
Domingo, 18h.
18ª Mostra Mundo Árabe de Cinema Feira Literária Dual palhaçaria total: Itaquera e Interlagos
Pompeia
31/8 a 6/9. Quinta a quarta. da Zona Norte Com Cia. do Polvo celebrando o riso Aproveite as áreas verdes e desfrute
Até 3/9. 2/9. Sábado, 15h. Las Fanfarronas dos espaços ao ar livre!
A Última Rainha C’alma 3/9. Domingo, 17h. Quarta a domingo, 9h às 17h.
Dir.: Adila Bendimerad e Solta a voz! Cabaré Avenida Paulista (Na foto, o Sesc Itaquera)
Damien Ounouri | Com Odara Delé Com Cia.
DZA, FRA, SAU, 1/9. Sexta, 16h. do Polvo Ilhado
QAT e TWN | 2022 Publica, Preta! 3/9. Com Cia. La Mala
2 e 4/9. Sábado e Com Débora Garcia e Domingo, 15h. 3/9. Domingo, 16h.
segunda, 20h30. Elizandra Souza Itaquera Campo Limpo
CineSesc 2/9. Sábado, 13h.

Santana

Revista E e guia Em Cartaz

A edição de agosto da Revista E e do guia de programação Em Cartaz já está disponível.
Retire seus exemplares gratuitamente nas Unidades ou acessse as versões online no Portal Sesc SP.
sescsp.org.br/revistae | sescsp.org.br/emcartaz
Fio da Meada
Alíquota-padrão do IBS
e da CBS: Projeção deve
ser conjugada com
valores constitucionais
valor.globo.com/legislacao
Valor E
Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Tributário Se o texto for aprovado, a partir de 2024 empresas terão
que pagar tributos sobre valores concedidos pelos Estados
MPmudaregrasdeincentivos
fiscaisepodegerarjudicialização
Joice Bacelo
De São Paulo
Parte do pacote do governo fe-
deral para reforçar o caixa, a Me-
dida Provisória nº 1185, publica-
da ontem, muda as regras de tri-
butação dos incentivos fiscais de
ICMS. Se o texto for aprovado pe-
lo Congresso, a partir de 2024 as
empresas ficarão obrigadas a pa-
gar Imposto de Renda (IRPJ),
CSLL, PIS e Cofins sobre os valores
concedidos pelos Estados.
Advogados ouvidos pelo Valor
afirmam que a nova regra provoca
uma mudança brusca de rota e, se
passar pelos parlamentares da for-
ma como está, vai gerar uma en-
xurrada de ações judiciais.
As empresas, hoje, não pagam tri-
butos federais sobre a chamada sub-
venção de investimento, quando o
benefício é concedido pelo Estado
como contrapartida à expansão ou
instalação de empreendimento eco-
nômico. As leis que estão em vigor
preveem dessa forma.
Com a MP, o cenário muda com-
pletamente: as empresas passam a
ter que incluir os valores na base de
cálculo dos quatro tributos — IRPJ,
CSLL, PIS e Cofins — e terão direito a
um crédito sobre o que pagaram de
Imposto de Renda somente.
Na prática, dizem advogados,
estão saindo do zero para uma
alíquota de 18,25%. São 9,25% de
PIS e Cofins e 9% de CSLL. De IRPJ
são 25%, mas haverá o crédito,
que poderá ser compensado com
qualquer tributo federal, e, por
esse motivo, não é contabilizado
como aumento de carga.
Esse crédito, no entanto, não será
imediato. As empresas só terão o di-
reitodeusodepoisqueconcluírema
Destaques
Vaga de garagem
O Tribunal Regional do Trabalho
de São Paulo (TRT-SP) proferiu
decisão que manteve fora da
execução o apartamento de um
devedor trabalhista, mas decla-
rou a possibilidade de penhora
da vaga de garagem— já que ela
tem matrícula própria. O enten-
dimento foi proferido pela 3ª
Turma. No caso, o executado é
sócio da reclamada, a Saenge
Engenharia de Saneamento e
Edificações. Segundo o acórdão
dos desembargadores, o sócio
conseguiu comprovar, nos autos
do processo, que residia no imó-
vel com ânimo definitivo com os
familiares. Dessa forma, o apar-
tamento foi declarado como
bem de família e, portanto, im-
penhorável. Apesar disso, foi
mantida a penhora da vaga de
garagem, com base na Súmula
nº 449 do Superior Tribunal de
Justiça (STJ). O texto da súmula
expressa a penhorabilidade da
unidade autônoma de estacio-
namento que tenha matrícula
própria. “Contudo, para que não
haja violação ao artigo 1331 do
Código Civil, determina-se que a
hasta pública seja restrita a con-
dôminos, devendo constar do
edital tal restrição”, afirmou a
desembargadora Rosana de Al-
meida Buono. O dispositivo le-
gal veda a alienação de vagas de
garagem a pessoas estranhas ao
condomínio (processo nº
0001076-42.2012.5.02.0201).
implantação ou expansão da fábrica
que gerou o benefício estadual.
“Se receber o benefício em janei-
rode 2024 e sóconcluir o empreen-
dimento em 2027, essa companhia
terá que pagar o imposto em todos
esses anos, mas só em 2028, após a
declaração do Imposto de Renda,
em julho, terá acesso ao crédito”,
exemplifica Ricardo Varrichio, do
RVC Sociedade de Advogados.
E não será algo automático. A
empresa terá que fazer um pedido
de habilitação na Receita Federal e
comprovar que recebeu o benefí-
cio em troca do investimento e que
cumpriu com a sua parte.
Diz expressamente no texto da
MP, além disso, que só vira crédito
o valor exato dos custos. Se a em-
presa gastou R$ 1 bilhão para
construir a fábrica, por exemplo,
mas recebeu R$ 1,5 bilhão do Esta-
do — por meio de redução de alí-
quota, redução de base, isenção,
dentre outros benefícios de ICMS
—, ela terá direito a crédito sobre o
que pagou de Imposto de Renda
em relação a R$ 1 bilhão somente.
“O governo consegue, de uma
vez só, fazer caixa e ter o controle
da operação. Porque, hoje, ele não
consegue controlar muito bem os
incentivos estaduais. Cabe ao con-
tribuinte fazer as exclusões [da ba-
se de cálculo dos tributos federais]
dentro dos seus livros”, diz Luca
Salvoni, do Cascione Advogados.
Aopçãodogovernofederaldega-
rantir crédito somente sobre os pa-
gamentos de Imposto de Renda
também chamou a atenção dos es-
pecialistasparaumaquestãofedera-
tiva. Advogados ouvidos pelo Valor
dizem que pode ter, aqui, um recado
para os governos estaduais.
O produto de arrecadação do
Desconto indevido de consignado não gera dano moral
Adriana Aguiar
De São Paulo
O Tribunal de Justiça de Santa
Catarina (TJSC) consolidou o en-
tendimento de que aposentados
não têm direito a ser indenizados
automaticamente por danos mo-
rais em casos de contratos de em-
préstimos consignados considera-
dos inexistentes. Os desembarga-
dores decidiram que, para receber,
o autor terá que comprovar que os
descontos indevidos o prejudica-
ram economicamente.
O TJSC foi o primeiro tribunal
estadual a uniformizar a ques-
tão. Casos isolados já foram jul-
gados no Superior Tribunal de
Justiça (STJ) nesse mesmo senti-
do, mas ainda não há uma con-
solidação de entendimento.
A decisão afeta milhares de
ações de aposentados que alegam
na Justiça não terem contratado
empréstimos consignados. Para
advogados, o julgamento, além
disso, sinaliza que o entendimento
vale para qualquer tipo de contra-
to — e não só o consignado.
O tema foi julgado pelo chama-
do Incidente de Resolução de De-
mandas Repetitivas (IRDR), usado
para a geração de precedentes
obrigatórios, em situações com po-
tencial multiplicador. A decisão, do
início de agosto, é do Grupo de Câ-
maras de Direito Civil (IRDR nº
5011469-46.2022.8.24.0000).
Imposto de Renda tem que ser di-
vidido com Estados e municípios
— já CSLL, PIS e Cofins não. “No
fundo, o que o governo federal fez
foi dizer o seguinte: quer dar sub-
venção? Ok, mas você, Estado, vai
receber menos na sua parte de
IRPJ”, afirma um advogado.
A MP publicada ontem também
coloca uma pá de cal nas discus-
sões sobre a chamada subvenção
para custeio — em que benefícios
são concedidos pelos Estados sem
qualquer contrapartida por parte
das empresas. Pela nova regra, es-
ses valores serão tributados por
IRPJ, CSLL, PIS e Cofins e não haverá
direito a qualquer crédito.
As discussões sobre as subven-
ções de custeio vem desde a Lei
Complementar nº 160, de 2017 —
que promoveu mudanças no arti-
go 30 da Lei nº 12.973, de 2014.
Antes dessa alteração havia uma
separação entre subvenção de in-
vestimento e subvenção de cus-
teio. O texto anterior dizia que, no
caso de subvenção de investimen-
to, a União não poderia tributar.
Depois, com a mudança, pas-
sou a constar no artigo 30 da lei
que “incentivos e benefícios fis-
cais ou financeiro-fiscais conce-
didos pelos Estados e pelo Distri-
to Federal são considerados sub-
venções para investimento”.
Os contribuintes entenderam
que deixou de existir diferença en-
tre os benefícios de ICMS e, por es-
se motivo, nada mais poderia ser
tributado. A Receita Federal, po-
rém, manteve entendimento de
que só não poderia tributar incen-
tivo como estímulo à ampliação
do empreendimento econômico.
O Superior Tribunal de Justiça
(STJ) julgou o tema recentemente
O caso analisado é de uma
aposentada que alegou não ter
contratado o empréstimo. Ela
pediu restituição em dobro, além
de indenização de R$ 20 mil por
danos morais, diante da nature-
za alimentar da verba.
Os descontos começaram em
2010. No início, as parcelas eram
de R$ 13. Dez anos depois, em
2020, quando ela resolveu en-
trar com ação, já estavam em R$
121. Ela afirmou, no processo,
que foi vítima de fraude e que o
banco estaria envolvido em di-
versos casos semelhantes.
Em seu voto, o relator, desem-
bargador Marcos Fey Probst, des-
tacou que a instituição financei-
ra não apresentou o contrato
questionado, nem prova de que
teria sido realmente firmado.
Sem provas, ele declarou a inexis-
tência do contrato e determinou
a restituição dos valores pagos.
Porém, estabeleceu que a restitui-
ção seja feita de forma simples, uma
vez que o último desconto foi feito
no dia 30 de março de2021, data an-
terior à publicação de decisão do Su-
perior Tribunal de Justiça (STJ) que
determinou a devolução em dobro
de cobrança indevida contra consu-
midor (EAREsp 600663).
Já sobre a indenização solicitada,
entendeu não haver presunção do
dano moral existente. “O percentual
aqui desembolsado sempre foi ínfi-
mo em relação ao valor do benefício
TRT-SP
Dispensa durante
experiência não
gera danos morais
valor.globo.com/
legislacao
com efeito vinculante para todo o
Judiciário e a decisão, num primei-
ro momento, chegou a ser vista pe-
la equipe econômica como sufi-
ciente para alavancar a arrecada-
ção. O ministro Fernando Haddad
falava em um impacto positivo de
R$ 90 bilhões.
Só que, além de apresentar recur-
so — o que joga a conclusão do caso
mais para frente —, advogados de
contribuintes também têm uma in-
terpretação diferente da União em
relação ao que ficou decidido.
Os ministros dizem, na deci-
são, que os contribuintes não se-
rão tributados se cumprirem os
requisitos previstos no artigo 10
da lei complementar e no artigo
30 da Lei nº 12.973/2014.
Essas normas afirmam que ga-
nhos com os incentivos têm de ser
“registrados em reserva de lucros”.
Significa que só podem ser utiliza-
dos na própria empresa ou para
abater prejuízo fiscal. Não é permi-
tido, por exemplo, distribuir aos
sócios como dividendos ou juros
sobre capital próprio.
A interpretação de advogados
de empresas é que quem cumprir
os requisitos não pode ser tribu-
tado; quem não cumprir, pode.
A Receita, por outro lado, tem
uma interpretação mais criteriosa.
Diz que, dentre os requisitos, “está a
está a ocorrência de efetivo benefí-
cio tributário decorrente da norma
estadual que concedeu o benefício”.
Ela quer dizer que em casos co-
mo isenção, redução de base de cál-
culo ou de alíquota, por exemplo, o
benefício fiscal não é dirigido ao
vendedor da mercadoria e sim ao
destinatário, que, em muitas ope-
rações é o consumidor final.
Para advogados de contribuin-
(R$ 3.620,70 em agosto de 2020)”,
disse. Tanto é verdade, acrescentou,
“que a beneficiária levou quase dez
anos para perceber o fato”. Para ele,
“circunstância que só corrobora a ir-
relevância na sua esfera pessoal”.
Ao fixar a tese, que deve ser apli-
cada por toda a Justiça de Santa Ca-
tarina, o desembargador enten-
deu que, embora exista a respon-
sabilidade objetiva das institui-
ções financeiras, “não é razoável
que descontos no benefício previ-
denciário da vítima, mesmo que
reconhecidamente indevidos, pos-
sam por si só dar ensejo à repara-
ção por danos morais”.
Ainda afirmou ser evidente
que a natureza alimentar do be-
nefício previdenciário decorre
do conceito de dignidade da pes-
soa humana. “Entretanto, o atin-
gimento de margem consigná-
vel, `ipso facto´, sem maiores
consequências concretas, é insu-
ficiente ao reconhecimento de
risco de subsistência”, afirmou.
Para que haja indenização, se-
gundo o magistrado, o ofendido
deve provar que houve um efetivo
comprometimento da sua renda
pelos descontos indevidos, que ge-
raram negativação de créditos ou
quando há manifesta e comprova-
da fraude na contratação.
De acordo com a advogada
Suellen Poncell, sócia do escritó-
rio Queiroz Cavalcanti Advoca-
cia, que assessora instituições fi-
Opinião Jurídica
Do litígio ao
diálogo no
sistema
tributário
E2
& Tributos SP
“O governo consegue,
de uma vez só, fazer
caixa e ter o controle
da operação”
Luca Salvoni
tes, essa leitura está equivocada e
se houver autuações, haverá tam-
bém mais briga na Justiça.
AMPpublicadaontempassauma
régua nessa questão — revoga o arti-
go30daLeinº12.973.Mas,aindaas-
sim, só vai resolver o futuro. O pre-
sente e o passado, afirmam advoga-
dos, continuam e discussão. “Essa
MP até reforça o posicionamento do
contribuinte. É um atestado de que
sempreestevecerto”,dizoadvogado
tributarista Rafael Nichele.
.
nanceiras, a tese deve contribuir
muito para derrubar pedidos de
danos morais presumidos. “Os
bancos têm sofrido milhares de
ações semelhantes sobre esse te-
ma no país”, diz a advogada.
O tema, afirma Suellen, tem si-
do alvo da chamada “advocacia
predatória” — ações idênticas,
ajuizadas em nome de aposenta-
dos, pedindo restituições e da-
nos morais. “Como são muitos
casos, nem sempre os bancos
conseguem localizar a tempo da
defesa esse contrato, porque são
muitos, e o empréstimo então é
declarado inexistente pelo Poder
Judiciário e eles têm que pagar.”
Diretor do Instituto Brasileiro
de Política e Direito do Consumi-
dor (Brasilcon) e membro do Ins-
tituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (Idec), o advogado
Marcelo Tapai discorda da deci-
são. Para ele, há nesses casos um
dano moral existente. “Não é um
mero dissabor. É algo que gera
um problema emocional.”
A tese, acrescenta, deve permi-
tir que o tribunal adote uma in-
terpretação mais ampla de que
nenhum desconto indevido por
empréstimo deve gerar dano
moral presumido. Além disso,
Tapai afirma que demonstra que
o Judiciário tem negado cada vez
mais pedidos de indenização.
“Até existe uma indústria do dano
moral, mas quem gera esse dano
TJSP
Imóvel pode ser
penhorado para
pagamento de IPTU
valor.globo.com/
legislacao
SILVIA ZAMBONI/VALOR
O texto da MP não trata, nominal-
mente, sobre créditos presumidos
de ICMS. Em relação a esse tipo espe-
cífico de benefício, há jurisprudên-
cia no sentido de que a União não
pode tributar. Caso contrário, esta-
ria violando o pacto federativo.
Parte dos advogados consultados
pelo Valor entendem que, por conta
disso,nadamudaseaMPforaprova-
da pelo Congresso. Outros se mos-
traram mais receosos com a atuação
do Fisco e dizem que esse pode ser
um foco de judicialização.
Outro fator que pode levar as
empresas ao Judiciário, dizem, é
a tributação das subvenções de
investimento. Segundo advoga-
dos, haverá discussão se, nesse
caso, a União também estaria
violando o pacto federativo.
Leia mais na página B1
DIVULGAÇÃO
“Tese deve contribuir
muito para derrubar
pedidos de danos
morais presumidos”
Suellen Poncell
moral é o prestador de serviços e não
o consumidor”, diz o advogado. “Às
vezes a pessoa nem sabe que está
contraindo um empréstimo.”
Como, em determinados ca-
sos, os descontos indevidos são
pequenos, afirma Tapai, muitas
vezes os aposentados não levam
a demanda ao Judiciário. “Por-
que não compensa discutir esses
valores. E os bancos vão ganhan-
do muito com isso”, afirma.
E2 | Valor | São Paulo | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Legislação&Tributos SP

Do litígio ao
A
realidade das apenas 3,33%. Do total de robusta até que se tenha uma modo a prevenir conflitos apresentar garantia antecipada.
disputas judiciais processos tributários tutela adequada da tributários; estimular a adoção O filósofo e matemático
sobre tributos no em que estão envolvidas, litigiosidade tributária. de soluções consensuais; e alemão Gottfried Leibniz tinha
diálogo no Brasil é
desalentadora.
98,7% são brasileiros.
Esses dados fazem pensar
Foi isso que orientou Senado
e Supremo Tribunal Federal
harmonizar normas entre os
entes federativos (garantindo,
o projeto de criar uma
linguagem de tal forma

sistema
Quando se acrescenta detalhes que o recurso à Justiça para (STF) a instalarem, em 2022, no entanto, a autonomia de objetiva que com ela se
estatísticos à cena, o desalento compor toda e qualquer uma comissão de juristas que se cada um). resolveria quaisquer disputas
se acentua. O relatório “Justiça divergência tributária é quase dividiu em duas subcomissões, A comissão também buscou por meio de um cálculo. Ele a

tributário em Números 2022”, do

Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), é contundente: processos
automático. Como diz o ditado:
se só se dispõe de um martelo,
tudo passa a parecer prego. E
para se debruçarem sobre
processo administrativo e
processo tributário. Essa última
atualizar o processo
administrativo tributário federal
compatibilizando artigos do
chamava de “mathesis
universalis” (matemática
universal, em latim). A
de execução fiscal são cerca de não há intercâmbio de foi presidida pela ministra Código de Processo Civil — mas informação fica mais
Opinião Jurídica 35% do total de casos pendentes
e 65% das execuções pendentes
informação entre tribunais
de Justiça, federais e
Regina Helena Costa, do
Superior Tribunal de Justiça
sem comprometer o princípio da
razoável duração do processo,
interessante quando sabemos
que Leibniz também era
no Judiciário. De cada cem administrativos, exceto (STJ), que, com profissionais de levando em conta limitações advogado. Tivesse seu projeto
processos tramitados, não mais em casos tópicos. diferentes áreas, promoveu técnicas e de pessoal (de modo a vingado, quem sabe a realidade
Marcus Livio que dez foram baixados em Mas a “caixa de ferramentas” audiências e consultas públicas não afetar o orçamento federal). brasileira das disputas judiciais
2021. Em relação a 2020, os para resolver disputas e buscou levantar projetos de Disso resultou o Projeto de Lei nº fosse outra. Não dispomos
casos novos de execução fiscal tributárias não tem só martelos. lei já em tramitação no 2.483/2022, que regulamenta o dessa matemática universal,
cresceram 39,4%, jogando o A Lei de Transação Tributária Congresso Nacional, além de processo administrativo mas o trabalho de reforma
total para perto do que havia Federal (Lei nº 13.988/2020) estudos internacionais. tributário federal. orientado pela ministra Regina
antes da pandemia — um oferece ao contribuinte Constatou-se que o país tem Foram ainda elaborados Helena conjuga valores que
inegável retrocesso. mecanismos para negociar arraigada a cultura de que lugar projetos de lei de arbitragem, podem transformar a cultura
Outra pesquisa — diretamente com a de resolver litígio é no mediação e consulta tributária atual de correr aos tribunais ao
Diagnóstico do Contencioso Procuradoria-Geral da Fazenda Judiciário. Eis um paradigma federal. Uma expectativa antiga menor sinal de disputa em
Judicial Tributário (do CNJ com Nacional (PGFN) e a Receita que é preciso quebrar. foi também contemplada na outra, baseada em cooperação,
Insper) — ressalta que o elevado Federal. Com esse instrumento, Ferramentas extrajudiciais proposta de um Código de transparência e integração.
contencioso tributário Fisco e contribuinte conseguem existem e funcionam. O Defesa do Contribuinte, que
brasileiro afugenta entabular uma conversa mais processo administrativo distingue bons contribuintes Marcus Livio é sócio do Salomão
investimentos, eleva gastos ponderada, e possibilita tributário, por exemplo, dos chamados “devedores Advogados, professor associado da Uerj
públicos ao desperdiçar resoluções fora dos tribunais. poderia ser aperfeiçoado: só se contumazes”. Por fim, e ex-secretário especial de Programas,
recursos, causa insegurança É um passo importante na levaria o problema a um juiz se chegou-se à proposta de uma Pesquisas e Gestão Estratégica do CNJ
jurídica e prejudica a direção certa, ainda que haja esgotadas as possibilidades de nova Lei de Execução Fiscal, que
economia. Empresas uma longa estrada à frente. A solução extrajudicial. prevê que, após inscrição do Este artigo reflete as opiniões do autor,
transnacionais que operam no prática tributária brasileira vai O trabalho da comissão débito em dívida ativa, seja e não do jornal Valor Econômico.
Brasil informam que o precisar de um sistema resultou em oito propostas de aberto prazo para o O jornal não se responsabiliza e nem
percentual de valores em litígio multiportas que reduza projetos de lei, que giram em contribuinte não apenas pode ser responsabilizado pelas
em relação ao que faturam por demandas fiscais no Judiciário torno de alguns eixos. Por pagar ou parcelar a dívida informações acima ou por prejuízos
ano é de 57; nos demais países e na administração pública. exemplo: alterar o Código como também pedir de qualquer natureza em decorrência
em que estão presentes, é de Será necessária uma reforma Tributário Nacional (CTN) de revisão do débito ou do uso dessas informações

EDITAL DE LEILÃO DE CONSOLIDAÇÃO DE PROPRIEDADE

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA nº 2023/960011
CARLA SOBREIRA UMINO, leiloeira pública oficial, devidamente matriculada na JUCESP sob nº 826, autorizada pelo credor fiduciário Banco do Brasil, por intermédio
da CESUP PATRIMÔNIO - PR, CNPJ: 00.000.000/0001-91, faz saber, aos que o presente edital virem ou dele tomarem conhecimento e interessar possa, que nos
termos do artigo 27 da lei 9.514 de 20 de novembro de 1997 e regulamentação complementar do sistema de financiamento imobiliário, que institui alienação fiduciária de
bem imóvel com assistência do decreto nº 21.981, de 19 de outubro de 1932, que regula a profissão de leiloeiro ao território da república, com as alterações introduzidas
pelo decreto n° 22.427 de 1° de fevereiro de 1.933, lei nº 13.138, de 26 de junho de 2015, que altera o artigo 19 do regulamento a que se refere o decreto nº 21.981,
de 19 de outubro de 1932, para incluir como competência dos leiloeiros a venda em hasta pública ou público pregão por meio da rede mundial de computadores, bem
como, instrução normativa DREI nº 52/2022 da JUCESP, levará a público leilão para alienação do(s) imóvel(is) recebido(s) em garantia, nos contratos inadimplentes de
alienação fiduciária, na modalidade ELETRÔNICA, captando lances “on-line”, através do portal www.lancenoleilao.com.br, em PRIMEIRO LEILÃO PÚBLICO no
dia 14 de setembro 2023, a partir das 11h00min, ocasião em que, se, o maior lance oferecido for inferior ao valor estipulado do imóvel será realizado o SEGUNDO
LEILÃO PÚBLICO, no dia 21 de setembro de 2023, a partir das 11h00min, oportunidade em que será aceito o maior lance oferecido, desde que igual ou superior
ao valor da dívida, das despesas, dos prêmios de seguro, dos encargos legais, inclusive tributos, e das contribuições condominiais, atualizados até a data do leilão.
DESCRIÇÃO DOS IMÓVEIS: LOTE 01: IMÓVEL DE MATRÍCULA 7.948 DO 16º CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS DE SÃO PAULO – SÃO PAULO, ASSIM
DESCRITO: APARTAMENTO N°. 23, situado no 2º andar do Edifício Jardim do Carmo, à rua Batista do Carmo, nº. 33, no 37º subdistrito – Aclimação, com a área
útil de 56,00m², área comum de 8,02m², área total de 64,02m², contendo a fração ideal no terreno de 12,7007m², ou 1,0790% na sua totalidade, contribuinte nº
034.057.0049-3. Obs.1: O imóvel encontra-se ocupado por terceiros e as providências e eventuais despesas para regularização e desocupação do imóvel correrão
por conta do adquirente. Localização: Rua Batista do Carmo, n.º 33, apartamento 23 - Cambuci - São Paulo/SP - CEP: 01535-020. Valor de Venda: 1º Leilão:
R$:396.760,92 (trezentos e noventa e seis mil e setecentos e sessenta reais e noventa e dois centavos). 2º Leilão: R$:286.610,44 (duzentos e oitenta e seis
mil e seiscentos e dez reais e quarenta e quatro centavos). A venda será realizada à vista. O arrematante vencedor pagará ao Banco do Brasil S.A., a título de sinal
para garantia de contratação, a importância correspondente a 5% (cinco por cento) do valor do lance vencedor, o pagamento será realizado por meio de depósito em
conta corrente designada pelo Banco do Brasil S.A., no dia do leilão e após o envio dos dados bancários. A importância paga como sinal pelo arrematante vencedor será
utilizada para complementação do preço. O arrematante vencedor deverá recolher ao Banco do Brasil S.A. o complemento do preço correspondente a 95% do valor
proposto, por meio de recursos próprios em até 24 horas, contados a partir da data da informação da abertura da conta para o depósito. Após efetuar os pagamentos,
se faz necessário o envio do comprovante para o endereço de e-mail com a identificação do lote arrematado. Caso o arrematante não apresente no prazo previsto os
comprovantes de quitação referentes à aquisição do imóvel e a documentação exigida, será considerado desistente do negócio e a venda será cancelada. Reconhecida
a desistência, o arrematante vencedor perde em favor do Banco do Brasil S.A., a título de multa, o valor equivalente ao sinal para garantia da contratação e a comissão
do leiloeiro, sem prejuízo das demais sanções cíveis e criminais cabíveis à espécie. Correrão por conta do comprador todas as despesas relativas à aquisição do
imóvel no leilão, como: pagamento de comissão do leiloeiro de 5% (cinco por cento) sobre o valor de arrematação, que será realizado no ato da arrematação, despesas
com escritura pública, imposto de transmissão, foro, taxas, alvarás, certidões, emolumentos cartorários, registrários, etc. Caso o imóvel se encontre ocupado, será
vendido no estado em que se encontra não podendo o arrematante alegar desconhecimento das condições, características e estado de conservação. A desocupação
do imóvel deverá ser providenciada pelo comprador, que assume o risco da ação, bem como todas as custas e despesas, inclusive honorários advocatícios,
mediante propositura da competente reintegração na posse, na forma do artigo 30, da lei nº 9.514/97. O direito de preferência do devedor fiduciante, previsto no
§ 2º-b do artigo 27 da lei 9.514/97 (incluído pela lei nº 13.465, de 2017), deverá ser exercido até a data da realização do segundo e através de e-mail, não sendo
aceitos lances virtuais para o exercício desse direito. As demais condições de venda constarão no catálogo que será distribuído no leilão ou pela internet. Maiores
informações no escritório do leiloeiro tel. (11) 2359-7351. Carla Sobreira Umino, matrícula - JUCESP 826 - Leiloeira Ocial - www.lancenoleilao.com.br.
Nova Cidade de Deus Participações S.A.
CNPJ no 04.866.462/0001-47 – NIRE 35.300.194.845
Ata da Reunião da Diretoria realizada em 15.6.2023
Aos 15 dias do mês de junho de 2023, às 16h, reuniram-se, na sede social, no Núcleo Cidade
de Deus, Prédio Vermelho, 4o andar, Vila Yara, Osasco, SP, e por videoconferência, os membros
da Diretoria da Sociedade. Confirmada a existência de quórum legal de instalação, assumiu a
Presidência dos trabalhos o senhor Luiz Carlos Trabuco Cappi, que convidou o senhor Antonio
Campanha Junior para a função de Secretário. Dando início aos trabalhos, os diretores deliberaram
pagar juros sobre o capital próprio intermediários, no valor total de R$168.100.000,00, sendo
R$0,220045723 por ação ordinária e R$0,242050296 por ação preferencial, beneficiando os
acionistas inscritos nos registros da Sociedade em 26.6.2023 (data-base de direito). O pagamento
será feito em 6.7.2023, pelo valor líquido de R$0,187038865 por ação ordinária e R$0,205742751
por ação preferencial, já deduzido o Imposto de Renda na Fonte de 15% (quinze por cento), exceto
para os acionistas pessoas jurídicas que estejam dispensados da referida tributação, que receberão
pelo valor declarado. Os referidos juros serão computados, líquidos de Imposto de Renda na Fonte,
no cálculo dos dividendos obrigatórios do exercício, previstos no Estatuto Social. Nada mais foi
tratado, encerrando-se a reunião e lavrando-se esta Ata que os diretores participantes assinam
eletronicamente. aa) Luiz Carlos Trabuco Cappi, Milton Matsumoto, Carlos Alberto Rodrigues
Guilherme, Alexandre da Silva Glüher, Maurício Machado de Minas, Octavio de Lazari Junior,
Marcelo de Araújo Noronha, André Rodrigues Cano, Cassiano Ricardo Scarpelli, Eurico Ramos
Fabri, Rogério Pedro Câmara e Moacir Nachbar Junior. Declaramos para os devidos fins que
a presente é cópia fiel da Ata lavrada no livro próprio e que são autênticas, no mesmo livro, as
assinaturas nele apostas. Nova Cidade de Deus Participações S.A. aa) Dagilson Ribeiro Carnevali
e Ismael Ferraz - procuradores. Certidão - Secretaria de Desenvolvimento Econômico - JUCESP -
Certifico o registro sob número 286.954/23-0 em 21.7.2023. a) Maria Cristina Frei - Secretária Geral.
NOVO AVISO DE LICITAÇÃO
A CDHU comunica às empresas interessadas a abertura da seguinte licitação:
PG 10.47.034 – Licitação nº 034/2022 – Contratação de empresas ou consórcio
de empresas para prestação de serviços técnicos especializados, mediante
atividades de consultoria, assessoria e execução de ações que contemplem as
medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais, sociais e administrativas, inerentes
ao processo de regularização fundiária urbana (Reurb), visando atender às
necessidades derivadas do Programa Estadual de Regularização de Núcleos
Habitacionais “Cidade Legal”, instituído por meio do Decreto Estadual n°
52.052/07 e alterado pelo Decreto Estadual n° 56.909/11, e da regularização
fundiária urbana de áreas e de conjuntos habitacionais da CDHU. O novo edital
completo estará disponível para download no site www.cdhu.sp.gov.br a partir
das 00h00min do dia 04/09/2023 – Esclarecimentos até 07/11/2023 – Abertura:
14/11/2023 às 10h, na Rua Boa Vista, 170, Edifício CIDADE I – 2º Subsolo –
Auditório, Centro, São Paulo/SP.
True Securitizadora S.A. - CNPJ/ME nº 12.130.744/0001-00 - NIRE 35.300.444.957
EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE ASSEMBLEIA GERAL DOS TITULARES DE CERTIFICADO DE RECEBÍVEIS
IMOBILIÁRIOS DA 331ª SÉRIE DA 1ª EMISSÃO DA TRUE SECURITIZADORA S.A.
Ficam convocados os titulares dos Certificado de Recebíveis Imobiliários (“CRI”) da 331ª Série da 1ª Emissão da True
Securitizadora S.A. (“Emissora” e “Emissão”, respectivamente), a VÓRTX DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALO-
RES MOBILIÁRIOS LTDA, inscrita no CNPJ/ME sob o nº 22.610.500/0001-88 (“Agente Fiduciário”), e os representan-
tes da Emissora, em atenção ao disposto na Cláusula 10.1, item (iii), do Termo de Securitização dos CRI da Emissão
(“Termo de Securitização”) e Resolução CVM nº 60 de 23 de dezembro de 2021 (“Resolução CVM nº 60”), a se reuni-
rem em Assembleia Especial de Investidores dos CRI da Emissão (“Assembleia”), a ser realizada, em segunda convo-
cação, em 13 de setembro de 2023, às 15:30 de forma exclusivamente digital (vide informações gerais abai-
xo), a fim de deliberarem sobre a seguinte Ordem do Dia: (i) Exame, discussão e votação, nos termos do artigo 25, I da
Resolução nº 60 da CVM, de 23 de dezembro de 2021, das demonstrações contábeis do patrimônio separado dos CRI
da Emissora, acompanhadas do parecer dos auditores independentes, relativos ao exercício social encerrado em 30 de
setembro de 2022; e (ii) Autorização à Emissora e ao Agente Fiduciário para a prática de todos e quaisquer atos neces-
sários e/ou convenientes à formalização, implementação e/ou aperfeiçoamento das deliberações referentes à matéria
indicada nesta ordem do dia. Informações Gerais: O material de apoio necessário para embasar as deliberações dos Ti-
tulares dos CRI está disponível (i) no site da Emissora: www.truesecuritizadora.com.br e (ii) no site da CVM
www.cvm.gov.br. A Assembleia será realizada de forma remota e digital, nos termos da Resolução CVM nº 60, de 23
de dezembro de 2021, por videoconferência, via plataforma Microsoft Teams, coordenada pela Emissora, a qual dispo-
nibilizará oportunamente o link de acesso àqueles Titulares dos CRI que enviarem ao endereço eletrônico da Emissora
juridico@truesecuritizadora.com.br e ao Agente Fiduciário agentefiduciario@vortx.com.br, com no mínimo 02 (dois)
dias úteis de antecedência em relação à data de realização da Assembleia, os seguintes documentos: (a) quando pes-
soa física: documento de identidade; (b) quando pessoa jurídica: cópia dos atos societários e documentos que compro-
vem a representação do titular; (c) quando representado por procurador: procuração com poderes específicos e (d) ma-
nifestação de voto, conforme abaixo. O Titular dos CRI poderá optar por exercer seu direito de voto, sem a necessida-
de de ingressar na videoconferência, enviando a correspondente manifestação de voto a distância à Emissora, com có-
pia ao Agente Fiduciário. A Emissora disponibilizará o modelo da manifestação de voto em seu website
(https://truesecuritizadora.com.br) e por meio do material de apoio a ser disponibilizado aos Titulares dos CRI na pági-
na eletrônica da CVM. A manifestação de voto deverá estar devidamente preenchida e assinada pelo titular dos CRI ou
por seu representante legal, com cópia digital dos documentos de identificação e de representação, se for o caso, bem
como de declaração a respeito da existência ou não conflito de interesse entre o Titular dos CRI com as matérias das
Ordens do Dia. A ausência da declaração inviabilizará o respectivo cômputo do voto. Conforme Resolução CVM nº 60,
a Emissora disponibilizará acesso simultâneo a eventuais documentos apresentados durante a Assembleia que não te-
nham sido apresentados anteriormente e a Assembleia será integralmente gravada. São Paulo, 29 de agosto de 2023.
TRUE SECURITIZADORA S.A. Arley Custódio Fonseca - Diretor de Securitização
TEGMA GESTÃO LOGÍSTICA S.A.
CNPJ/MF Nº 02.351.144/0001-18 - N.I.R.E. 35.300.340.931
Ata de Reunião do Conselho de Administração
Data, hora, local: 24.08.2023, 09hs, na sede, Av. Nicola Demarchi, nº 2.000, São Bernardo do Campo/SP. Convoca-
ção: através do Edital de Convocação transmitido por meio eletrônico aos conselheiros no dia 18.08.2023. Presen-
ças: Ausente o Sr. Murilo Cesar Lemos dos Santos Passos e presentes os demais membros em exercício do Conselho de
Administração. Mesa: Presidente: Evandro Luiz Coser, Secretário: Fernando Luiz Schettino Moreira. Deliberações
aprovadas: (i) a apresentação do Comitê de Auditoria da Companhia referente as atividades exercidas no último tri-
mestre, conforme dispõe o parágrafo §2º, do artigo 22, do Regulamento do Novo Mercado da B3. (ii) nos termos do ar-
tigo 23, inciso XX, do Estatuto Social da Companhia, autorizaram e aprovaram a captação de recursos financeiros pe-
rante o Banco Santander S.A., por meio da linha de crédito Nota de Crédito à Exportação (NCE), no montante total de
R$45.000.000,00 com prazo máximo de 36 meses. Encerramento: nada mais. São Bernardo do Campo, 24.08.2023.
Conselho de Administração: Evandro Luiz Coser; Fernando Luiz Schettino Moreira; Orlando Machado Júnior; Mário Ser-
gio Moreira Franco; e Décio Carbonari de Almeida. Evandro Luiz Coser - Presidente e Fernando Luiz Schettino
Moreira - Secretário. JUCESP nº 348.412/23-0 em 29.08.2023. Maria Cristina Frei - Secretária Geral.
CM HOSPITALAR S.A.
CVM 02568-2/ Companhia Aberta/ (“Comp.”)
CNPJ/ME Nº 12.420.164/0001-57/ NIRE Nº 35.300.486.854
ATA DA REUNIÃO DO CONS. DE ADM. REALIZADA EM 18/10/2022
DATA, HORA E LOCAL. Realizada no dia 18/10/2022, às 14 hrs., reunidos por conf. tel., nos termos do art.
13 do Est. Soc. da Comp. CONVOCAÇÃO E PRESENÇA. Dispensada a conv. pre. em virtude da pres. da
totalidade dos mem. do Cons. de Adm. MESA. Mario Sérgio Ayres Cunha Ribeiro, Presidente; e Luiz Felipe
Duarte Martins Costa;Secretário.ORDEM DO DIA E DELIBERAÇÕES: Instalada a reunião do Cons.de Adm.
e discutidas as matérias, os mem. aprov., por unan. de votos e sem quaisquer ressalvas, reservas ou
restrições: (i) a alteração na Polí. de Compras e Contratações, cuja cópia fica arq. na sede da Comp.; (ii) a
renovação da apólice de seguro D&O da Comp., suas controladas e/ou coligadas, em idênticos termos e
condições de cobertura da atual apólice;(iii) a emissão de apólice de seguro garantia no valor de R$118.020,00
(cento e dezoito mil e vinte reais), tendo como fav. a empresa Nexway Comércio e Prestação de Serviços em
Energia S.A. (CNPJ: 24.283.982/0001-34), pelo prazo de 12 (doze) meses. Encerramento. Nada mais
havendo a tratar, foi suspensa a sessão pelo tempo necessário à lavr. da presente ata, que, depois de lida e
achada conforme, foi apr. e ass. por todos os presentes. Presidente: Mário Sérgio Ayres Cunha Ribeiro;
Secretário: Luiz Felipe Duarte Martins Costa; Conselheiros: (i) Mário Sérgio Ayres Cunha Ribeiro; (ii) Luiz
Felipe Duarte Martins Costa; (iii) Ricardo Pechinho Hallack; (iv) Thayan Nascimento Hartmann; (v) Paula
Paschoal Queiroz de Morais. Ribeirão Preto, 18/10/2022. JUCESP nº 646.532/22-4 em 07/11/2022. Gisela
Simiema Ceschin - Secretária Geral.
IPEL – Itibanyl Produtos Especiais Ltda.
CNPJ/MF: 59.743.773/0001-00 - NIRE: 35.208.357.105
Ata de Resolução de Sócios Datada de 31 de Julho de 2023
Lanxess Indústria de Produtos Químicos e Plásticos Ltda., com sede em São Paulo/SP, CNPJ/MF
06.176.436/0001-12, JUCESP-NIRE 35.218.877.161, representada por sua administradora, Eliane Siviero de Freitas; e
por seu procurador, Tiago Alvin Moura, ambos brasileiros e residentes em São Paulo/SP, (“LANXESS”), única sócia da
IPEL - Itibanyl Produtos Especiais Ltda., com sede em Jarinu/SP, (“Sociedade”), Resolve, observadas as
disposições dos artigos 1.117 e 1.118 do Código Civil Brasileiro, na melhor forma de direito: a) Aprovar o Instrumento
Particular de Protocolo e Justificação de Incorporação da Theseo Saúde Animal Ltda., com sede em Descalvado/SP,
CNPJ/MF 18.671.540/0001-62 e JUCESP-NIRE 35.227.788.949, doravante denominada “THESEO”, pela Sociedade,
celebrado em 31.07.2023, (“Protocolo”). b) Ratificar a contratação da empresa MCS Markup Auditores Independentes
S/S, com sede no Rio de Janeiro/RJ, CNPJ/MF 23.854.307/0001-55, para a avaliação, a valor contábil, do patrimônio
líquido da THESEO. c) Aprovar o Laudo de Avaliação da THESEO, com base no balanço levantado em 30.06.2023, no
qual foi apurado o valor contábil negativo de R$ 17.445.715,35 (“Laudo de Avaliação”), correspondente ao patrimônio
líquido da THESEO a ser incorporado na Sociedade. d) Aprovar a incorporação da THESEO pela Sociedade, conforme os
termos e condições indicados no Protocolo e no Laudo de Avaliação. A THESEO fica extinta de pleno direito, com a
versão de todo seu patrimônio para a Sociedade, sendo por esta sucedida em todos os seus direitos e obrigações, sem
solução de continuidade. Considerando que, nesta data, a Sociedade detém a integralidade do capital social da
THESEO, a Incorporação não resulta em modificação do capital social ou do patrimônio da Sociedade, nem tampouco
em alteração do seu Contrato Social, posto que a totalidade das quotas da THESEO, assim como seu patrimônio já
estarão refletidos nas demonstrações financeiras da Sociedade. e) Autorizar os administradores a praticarem todos e
quaisquer atos necessários à implementação e formalização da incorporação ora aprovada. Encerramento: Nada
mais. São Paulo, 31.07.2023. Lanxess Indústria de Produtos Químicos e Plásticos Ltda. - Eliane Siviero de Freitas -
Diretora, Tiago Alvin Moura - Procurador. JUCESP 336.714/23-3 em 18.08.2023. Maria Cristina Frei - Secretária Geral.
OPEA SECURITIZADORA S.A. - CNPJ nº 02.773.542/0001-22
EDITAL DE CONVOCAÇÃO - ASSEMBLEIA ESPECIAL DE TITULARES DOS CERTIFICADOS DE RECEBÍVEIS
IMOBILIÁRIOS DA 380ª SÉRIE DA 1ª EMISSÃO (IF 21I0801132) DA OPEA SECURITIZADORA S.A.
Ficam convocados os Srs. titulares dos Certificados de Recebíveis Imobiliários da 380ª Série da 1ª Emissão da Opea Se-
curitizadora S.A., inscrita no CNPJ sob o nº 02.773.542/0001-22 (“Titulares dos CRI”, “CRI” e “Emissora”, respectiva-
mente), nos termos do Termo de Securitização de Créditos Imobiliários dos Certificados de Recebíveis Imobiliários da
380ª Série da 1ª Emissão da Emissora, celebrado em 23 de setembro de 2021, conforme aditado (“Termo de Securitiza-
ção”), a reunirem-se em Assembleia Especial de Titulares dos CRI (“Assembleia”),em segunda convocação a realizar-se
no dia 08 de setembro de 2023, às 10:00 horas, de forma exclusivamente digital, por meio da plataforma Microsoft
Teams, sendo o acesso disponibilizado pela Emissora individualmente para os Titulares dos CRI devidamente habilita-
dos, nos termos deste Edital de Convocação, conforme a Resolução da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) nº 60,
de 23 de dezembro de 2021 (“Resolução CVM 60”), a fim de deliberar sobre as seguintes matérias da Ordem do Dia:
(i) a autorização para a venda, pela Devedora a terceiro, de uma fração ideal livre do Imóvel Neumarkt, que poderá va-
riar de 4,67% (quatro inteiros e sessenta e sete centésimos por cento) a 12,00% (doze por cento) do Imóvel Neumarkt
(“Parte Ideal Livre do Imóvel – Não Alienada Fiduciariamente” e “Transação”, respectivamente), com a consequente li-
beração de até 17% (dezessete por cento) dos Direitos Creditórios atualmente vinculados à garantia de Cessão Fiduciá-
ria, correspondentes à Parte Ideal Livre do Imóvel – Não Alienada Fiduciariamente, a ser realizada na mesma proporção
do percentual da Amortização Extraordinária Facultativa, afastando-se assim os efeitos do Evento de Vencimento Ante-
cipado Não Automático das Debêntures, previsto na Cláusula 8.5.2, item (xiii), da Escritura de Emissão de Debêntures;
(ii) a realização, pela Devedora, da Amortização Extraordinária Facultativa das Debêntures, e consequentemente dos
CRI, de até 17,35% (dezessete inteiros e trinta e cinco centésimos por cento) do saldo devedor das Debêntures, e con-
sequentemente dos CRI; e (iii) caso aprovado o item (ii) acima, a dispensa de atendimento do aviso prévio de 60 (ses-
senta) dias para fins da Amortização Extraordinária Facultativa das Debêntures, e consequentemente dos CRI, prevista
na Cláusula 8.2 da Escritura de Emissão de Debêntures, sendo que o evento da Amortização Extraordinária Facultativa
das Debêntures poderá ocorrer até 30 de novembro de 2023, mediante envio, pela Devedora, de notificação com no mí-
nimo 3 (três) Dias Úteis de antecedência da data pretendida para a realização da Amortização Extraordinária Facultati-
va, sendo que os valores deverão ser destinados para amortização extraordinária dos CRI até 2 (dois) dias úteis após
pagamento das Debêntures. As matérias acima indicadas deverão ser consideradas pelos Titulares dos CRI de forma in-
dependente no âmbito da Assembleia, de modo que a não deliberação ou a não aprovação a respeito de qualquer uma
delas, não implicará automaticamente a não deliberação ou não aprovação de qualquer das demais matérias constan-
tes da ordem do dia. A Assembleia será realizada de forma exclusivamente digital, por meio da plataforma Microsoft
Teams e seu conteúdo será gravado pela Emissora. O acesso à plataforma será disponibilizado pela Emissora individual-
mente para os Titulares dos CRI que enviarem à Emissora e ao Agente Fiduciário, por correio eletrônico para ri@opea-
capital.com e af.assembleias@oliveiratrust.com.br, identificando no título do e-mail a operação (CRI 380ª Série da 1ª
Emissão - IF 21I0801132), a confirmação de sua participação na Assembleia, acompanhada dos Documentos de Repre-
sentação (conforme abaixo definidos) até 2 (dois) dias antes da realização da Assembleia. Para os fins da Assembleia,
considera-se “Documentos de Representação”: a) participante pessoa física: cópia digitalizada de documento de
identidade do Titular dos CRI; caso representado por procurador, também deverá ser enviada cópia digitalizada da res-
pectiva procuração com firma reconhecida ou assinatura eletrônica com certificado digital, com poderes específicos
para sua representação na Assembleia e outorgada há menos de 1 (um) ano, acompanhada do documento de identida-
de do procurador; e b) demais participantes: cópia digitalizada do estatuto/contrato social (ou documento equiva-
lente), acompanhado de documento societário que comprove a representação legal do Titular dos CRI (i.e. ata de elei-
ção da diretoria) e cópia digitalizada de documento de identidade do representante legal; caso representado por pro-
curador, também deverá ser enviada cópia digitalizada da respectiva procuração com firma reconhecida ou assinatura
eletrônica com certificado digital, com poderes específicos para sua representação na Assembleia e outorgada há me-
nos de 1 (um) ano, acompanhada do documento de identidade do procurador. Os Titulares dos CRI poderão optar por
exercer seu direito de voto, sem a necessidade de ingressar na videoconferência, enviando à Emissora e ao Agente Fi-
duciário a correspondente manifestação de voto à distância, nos correios eletrônicos ri@opeacapital.com e af.assem-
bleias@oliveiratrust.com.br, respectivamente, conforme modelo de Manifestação de Voto à Distância anexo à Proposta
da Administração, disponibilizada pela Emissora na mesma data de divulgação deste Edital de Convocação em seu
website (www.opeacapital.com) e no website da CVM. A manifestação de voto deverá estar devidamente preenchida e
assinada pelo Titular dos CRI ou por seu procurador, conforme aplicável e acompanhada dos Documentos de Represen-
tação. Os votos recebidos até o início da Assembleia por meio da Manifestação de Voto à Distância serão computados
como presença para fins de apuração de quórum e as deliberações serão tomadas pelos votos dos presentes na plata-
forma digital, observados os quóruns previstos no Termo de Securitização. Contudo, em caso de envio da manifestação
de voto de forma prévia pelo Titular dos CRI ou por seu procurador com a posterior participação na Assembleia via aces-
so à plataforma, o Titular dos CRI, caso queira, poderá votar na Assembleia, caso em que o voto anteriormente enviado
deverá ser desconsiderado. Os termos ora utilizados iniciados em letras maiúsculas que não estiverem aqui definidos
têm o significado que lhes foi atribuído nos Documentos da Operação. São Paulo, 31 de agosto de 2023. OPEA SECU-
RITIZADORA S.A. Nome: Flávia Palacios Mendonça Bailune - Cargo: Diretora de Relações com Investidores
MIDWAY S.A. – CRÉDITO,
FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO
CNPJ/ME nº 09.464.032/0001-12 - NIRE 35.300.354.591
ATA DA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA REALIZADA EM 19 DE JUNHO DE 2023
Data, hora, local: 19.06.2023, 10hs, na sede social, Rua Lemos Monteiro, 120, 15º andar, parte, Edificio Pinheiros
One, São Paulo/SP. Presesença: totalidade do capital social. Mesa: Francisco Aurelio dos Santos – Presidente; e Silva-
na Lavacca Arcuri – Secretária. Deliberações aprovadas: (i) eleger o Sr. Frederico de Aguiar Oldani, brasileiro,
casado, administrador de empresas, RG nº 15.337.260 e CPF/ME nº 253.515.048-47, residente São Paulo/SP, para Di-
retor, cujo mandato vigorará até a Assembleia Geral Ordinária a ser realizada em 2024. O Diretor eleito declara que
não está impedido de exercer atividades mercantis, devendo tomar posse em seu respectivo cargo, após a homologa-
ção de seu nome pelo Banco Central do Brasil, através de termo lavrado no livro de Reunião da Diretoria, consignan-
do que a respectiva declaração de desimpedimento se encontra arquivada na sede da Companhia. Encerramento:
Nada mais. São Paulo/SP, 19.06.2023. Acionistas: Riachuelo Participações Ltda. por Elvio Gurgel Rocha e Flávio
Gurgel Rocha e Guararapes Confecções S.A por Frederico de Aguiar Oldani e Jairo Amorim Gomes de Araújo. JU-
CESP nº 348.672/23-8 em 25.08.2023. Maria Cristina Frei - Secretária Geral.
CM HOSPITALAR S.A.
CVM 02568-2/ Companhia Aberta/ (“Comp.”)
CNPJ/ME Nº 12.420.164/0001-57/ NIRE Nº 35.300.486.854
ATA DA REUNIÃO DO CONS. DE ADM. REALIZADA EM 28/09/2022.
DATA, HORA E LOCAL. Realizada no dia 28/09/2022, às 14 hrs., reunidos por conf. tel., nos ter. do art. 13 do Est.
Soc. da Comp. CONVOCAÇÃO E PRESENÇA. Dispensada a conv. pre. em virtude da presença da totalidade
dos membros do Cons.de Adm.. MESA. Mario Sérgio Ayres Cunha Ribeiro, Presidente; e Luiz Felipe Duarte
Martins Costa; Secretário. ORDEM DO DIA E DELIBERAÇÕES: Ins. a reunião do Cons. de Adm. e discutidas as
matérias, os membros apr., por unan. de votos e sem quaisquer ressalvas, reservas ou restrições: (i) ratificar o
aporte pela Comp. à CM PFS Hospitalar S.A., o valor de R$50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais), com o
consequente aumento de capital na Cannes RJ Participações S.A. e na CM PFS Hospitalar S.A.; (ii) ratificar a
ass. do 8º termo aditivo ao contrato de diagnóstico celebrado entre a Íntegra Medical Consultoria S.A. e
Diagnósticos da América S.A., bem como a celebração do contrato de prestação de serviços entre a Comp. e a
Gesto Saúde Sistemas Inform. Consultoria Médica Corretora de Seguros Ltda; e (iii) a Polí. de Patrocínio,
Amostras e Campanhas, cuja cópia fica arq. na Sede da Comp. Encerramento. Nada mais havendo a tratar, foi
suspensa a sessão pelo tempo necessário à lavr. da presente ata, que, depois de lida e achada conforme, foi apr.
e ass. por todos os presentes. Presidente: Mário Sérgio Ayres Cunha Ribeiro; Secretário: Luiz Felipe Duarte
Martins Costa; Conselheiros: (i) Mário Sérgio Ayres Cunha Ribeiro; (ii) Luiz Felipe Duarte Martins Costa; (iii)
Ricardo Pechinho Hallack; (iv) Thayan Nascimento Hartmann; (v) Paula Paschoal Queiroz de Morais.Ribeirão
Preto, 28 de setembro de 2022. Mesa: Mário Sérgio Ayres Cunha Ribeiro - Presidente, Luiz Felipe Duarte Martins
Costa, Secretário. JUCESP nº 641.361/22-1 em 27/10/2022. Gisela Simiema Ceschin - Secretária Geral.
LOJAS RIACHUELO S.A.
CNPJ/MF nº 33.200.056/0001-49 - NIRE 35.300.040.953
ATA DA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA REALIZADA EM 10 DE AGOSTO DE 2023
Data, Hora, Local: 10.08.2023, às 17h, na sede, Rua Lemos Monteiro, nº 120, andar 15/Parte/16/17/18, Edifício
Pinheiros One, São Paulo/SP. Presenças: Única acionista da Companhia. Mesa: Presidente: Sr. Frederico de Aguiar
Oldani; Secretária: Sra. Silvana Lavacca Arcuri. Deliberações Aprovadas: (i) a destituição do Sr. Oswaldo Apare-
cido Nunes, brasileiro, convivendo em união estável, administrador, RG 7.173.624 SSP/SP, CPF/ME 874.563.548-04
do cargo de Diretor Presidente para o qual foi eleito em Assembleia Geral Ordinária realizada em 31.03.2021, ao en-
sejo agradecendo ao Sr. Oswaldo Aparecido Nunes a valiosa contribuição prestada durante o período em que fez parte
desta Companhia, desejando-lhe boa sorte em seus novos desafios; (ii) a eleição dos Srs. André Michel Farber,
Diretor Presidente; João Pedro Fernandes de Castro Braga, Diretor Executivo; e Andelaney Carvalho dos
Santos, Diretor Executivo, cujo mandato vigorará até a AGO a ser realizada em 2024; (ii.1) os Diretores ora eleitos
tomarão posse de seus respectivos cargos imediatamente, mediante assinatura do termo de posse lavrado em livro
próprio, declarando, sob as penas da lei, que tem conhecimento das disposições dos artigos 146 e 147 da Lei Federal nº
6.404/76 (“Lei das S.A.”) e que preenchem os requisitos legais para integrarem a Diretoria, não estando impedidos de
exercerem cargos administrativos por lei especial; e (iii) a ratificação da composição da Diretoria Estatutária, compos-
ta pelos seguintes membros, todos com prazo de mandato até a AGO a ser realizada em 2024, a saber: André Michel
Farber, brasileiro, casado, engenheiro químico, RG 22.131.497 e CPF/ME 163.765.938-52 como Diretor Presidente;
Andelaney Carvalho dos Santos, brasileiro, divorciado, RG 6085676 IFP/RJ e CPF/ME 960.933.747-34 como Di-
retor Executivo; Frederico de Aguiar Oldani, brasileiro, casado, administrador de empresas, RG 15337260 e CPF/
ME 253.515.048-47 como Diretor Executivo; João Pedro Fernandes de Castro Braga, português, casado, dire-
tor comercial, RNE V808986-S CGPI/DIREX/DPF e CPF/ME 235.237.418-90 como Diretor Executivo; e Mauro Mariz
Gonçalves, brasileiro, casado, administrador de empresas, RG 19.457.695-4 SSP/SP, CPF/ME 113.043.338-25 como
Diretor Executivo, todos com endereço comercial em São Paulo/SP. Encerramento: Nada mais. São Paulo, 10.08.2023.
Mesa: Frederico de Aguiar Oldani - Presidente, Silvana Lavacca Arcuri - Secretária. Acionista: Guararapes
Confecções S/A - por seus Diretores Frederico de Aguiar Oldani - Diretor de Relações com Investidores, Jairo
Amorim Gomes de Araújo - Diretor. JUCESP nº 341.073/23-4 em 24.08.2023, Maria Cristina Frei - Secretária Geral.
PREFEITURA MUNICIPAL DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE PRESIDENTE EPITÁCIO
PROC. 138/2023 – Pregão Eletrônico Nº 086/2023 - AVISO DE LICITAÇÃO
Encontra-se aberto o Pregão eletrônico n.º 086/2023, cujo objeto é o Registro de
preços para futura e fracionada aquisição de Mobiliário para as Unidades
Escolares. O pregão eletrônico ocorrerá no dia 20/09/2023 ás 08:30 hrs, no site:
https://www.portaldecompraspublicas.com.br. O Edital na íntegra será fornecido
aos interessados, pela Prefeitura Municipal, em horário normal de expediente e
disponível também por meio do site: https://www.presidenteepitacio.sp.gov.br e https://
www.portaldecompraspublicas.com.br. O telefone para contato é (0**18) 3281-
9777. Pres. Epitácio, 01 de setembro de 2023. Cassia Regina Z. Furlan - Prefeita
Municipal e Leonardo Menezes Trombeta - Secretário de Educação.
PROC. 142/2023 – Pregão Eletrônico Nº 090/2023 - AVISO DE LICITAÇÃO
Encontra-se aberto o Pregão eletrônico n.º 090/2023, cujo objeto é o Registro de
preços para futura e fracionada prestação de serviços de iluminação, palco/
praticável e sonorização em eventos realizados e/ou patrocinados pela
Administração Municipal. O pregão eletrônico ocorrerá no dia 22/09/2023 ás 08:30
hrs, no site: https://www.portaldecompraspublicas.com.br. O Edital na íntegra
será fornecido aos interessados, pela Prefeitura Municipal, em horário normal de
expediente e disponível também por meio do site: https://www.presidenteepitacio.
sp.gov.br e https://www.portaldecompraspublicas.com.br. O telefone para contato
é (0**18) 3281-9777. Pres. Epitácio, 01 de setembro de 2023. Cassia Regina Z.
Furlan - Prefeita Municipal, Bruno Cesar dos Santos Ramos – Secretário de
Administração e Moisés Sebastião da Silva - Secretário de Turismo.
PROC. 141/2023 – Pregão Eletrônico Nº 089/2023 - AVISO DE LICITAÇÃO
Encontra-se aberto o Pregão eletrônico n.º 089/2023, cujo objeto é o Registro de
preços para futura e fracionada aquisição de computadores, periféricos e
insumos diversos em informática para suprir a demanda das secretarias
municipais. O pregão eletrônico ocorrerá no dia 25/09/2023 ás 08:30 hrs, no site:
https://www.portaldecompraspublicas.com.br. O Edital na íntegra será fornecido
aos interessados, pela Prefeitura Municipal, em horário normal de expediente e
disponível também por meio do site: https://www.presidenteepitacio.sp.gov.br e https://
www.portaldecompraspublicas.com.br. O telefone para contato é (0**18) 3281-
9777. Pres. Epitácio, 01 de setembro de 2023. Cassia Regina Z. Furlan - Prefeita
Municipal e Bruno Cesar dos Santos Ramos - Secretário de Administração.
PROC. 114/2023 – Tomada de Preços Nº 015/2023 - AVISO DE LICITAÇÃO
Encontra-se aberto a Tomada de Preços n.º 015/2023, cujo objeto é a Abertura de
Processo Licitatório para contratação de empresa, sob o regime de empreitada
global, para execução de obra de adequação e reforma do Antigo Prédio da
UPA em vários departamentos municipais, com recursos oriundos do Tesouro
Municipal. O recebimento dos envelopes ocorrerá até o dia 28/09/2023 ás 08:30 hrs,
e deverão ser entregues no Paço Municipal, à Av. Presidente Vargas quadra 21, na
Divisão de Licitações, sala 10. O Edital na íntegra será fornecido aos interessados,
pela Prefeitura Municipal, em horário normal de expediente e disponível também por
meio do site: http://www.presidenteepitacio.sp.gov.br. O telefone para contato é (0**18)
3281-9777. Pres. Epitácio, 01 de setembro de 2.023. Cassia Regina Z. Furlan - Prefeita
Municipal, José Carlos Botelho Tedesco – Secretário de Saúde, Sergio Antônio
Maroto – Secretário de Planejamento, Marlan de Melo – Secretário de Assuntos
Jurídicos e Bruno Cesar dos Santos Ramos – Secretaria de Administração.

SÃO
PAULO
GOVERNO
DO ESTADO
COMUNICADO
Acha-se aberta na Secretaria de Estado da Saúde, a licitação na modalidade Pregão
Eletrônico para Registro de Preços nº 048/2023 - 090201000012023OC00048 -
SEI 024.00102426/2023-14, referente ao processo nº 2023/15079, objetivando
a CONSTITUIÇÃO DE SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS PARA COMPRA
DE MEDICAMENTOS, a ser realizado por intermédio do Sistema Eletrônico
de Contratações denominado “Bolsa Eletrônica de Compras do Governo do Estado de
São Paulo”, cuja abertura está marcada para o dia 18/09/2023, a partir das 09:00 horas.
Os interessados em participar do certame deverão acessar a partir de 04/09/2023, o site
www.bec.sp.gov.br ou www.bec.fazenda.sp.gov.br, mediante a obtenção de senha de
acesso ao sistema e credenciamento de seus representantes.
O Edital da presente licitação encontra-se disponível no site www.e-negociospublicos.com.br,
ou Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 188 - 1º andar, Jd. América - São Paulo - SP.
COMANDO DA AERONÁUTICA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA
E TECNOLOGIA AEROESPACIAL
MINISTÉRIO DA
GRUPAMENTO DE APOIO DE DEFESA
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
AVISO DE LICITAÇÃO
O GRUPAMENTO DE APOIO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (GAP-SJ), Cód.
UASG 120016, realizará Concorrência nº 001/GAP-SJ/2023. OBJETO: Reforma
do Prédio E do ICEA, conforme condições, quantidades e exigências
estabelecidas no Edital. INFORMAÇÕES: A PARTIR DE 01/09/2023,
DAS 8H ÀS 11H E DAS 13H ÀS 16H pelo telefone (012) 3947-3032/3179.
ABERTURA DAS PROPOSTAS: 02/10/2023 às 09h, no endereço:
www.comprasgovernamentais.gov.br
CARLO RODRIGO BARRETO BARBOZA Cel Int
Ordenador de Despesas
Cidade de Deus Companhia Comercial
de Participações
CNPJ no 61.529.343/0001-32 – NIRE 35.300.053.800
Ata da Reunião Ordinária da Diretoria realizada em 15.6.2023
Aos 15 dias do mês de junho de 2023, às 14h, reuniram-se na Sede Social, no Núcleo Cidade de
Deus, Prédio Vermelho, 6o andar, Vila Yara, Osasco, SP, CEP 06029-900, os membros da Diretoria
da Companhia. Confirmada a existência de “quórum” legal de instalação, assumiu a presidência
dos trabalhos o senhor Luiz Carlos Trabuco Cappi, que convidou o senhor Antonio Campanha
Junior para Secretário. Dando início à reunião, os diretores deliberaram pagar, conforme
disposições estatutárias e legais, juros sobre o capital próprio intermediários relativos ao primeiro
semestre de 2023, no valor de R$0,049477430 por ação, beneficiando os acionistas que estiverem
inscritos nos registros da Sociedade em 26.6.2023. Dando sequência aos trabalhos, esclareceu o
senhor Secretário que em relação aos juros intermediários acima declarados: i. o pagamento será
efetuado em 6.7.2023 pelo valor líquido de R$0,042055815 por ação, considerando a dedução
do Imposto de Renda na Fonte de 15% (quinze por cento), nos termos do Parágrafo Segundo do
Artigo 9o da Lei no 9.249/95, exceto para os acionistas pessoas jurídicas que estejam dispensados
da referida tributação, que receberão pelo valor declarado, por meio de crédito em conta corrente
mantida no Banco Bradesco S.A.; ii. serão computados no cálculo do dividendo mínimo obrigatório
do exercício previsto no Estatuto Social. Quórum das Deliberações: Unanimidade de votos. Não
havendo mais nada a tratar, o senhor Luiz Carlos Trabuco Cappi colocou a palavra à disposição
de quem dela quisesse fazer uso, sem que ninguém se manifestasse. Desse modo, deu por
encerrados os trabalhos, agradecendo a participação de todos e solicitando a lavratura desta
Ata que, aprovada pelos diretores participantes, será encaminhada para assinatura eletrônica,
registrando-se a ausência do senhor Carlos Alberto Rodrigues Guilherme. aa) Luiz Carlos
Trabuco Cappi, Milton Matsumoto, Denise Aguiar Alvarez e Rubens Aguiar Alvarez. Declaramos
que a presente é cópia fiel da Ata lavrada no livro próprio e que são autênticas, no mesmo
livro, as assinaturas nele apostas. Cidade de Deus Companhia Comercial de Participações.
aa) Antonio Campanha Junior e Dagilson Ribeiro Carnevali - procuradores. Certidão - Secretaria
de Desenvolvimento Econômico - JUCESP - Certifico o registro sob número 273.359/23-0,
em 14.7.2023. a) Maria Cristina Frei - Secretária Geral.
3ª Vara Cível do Foro da Comarca de Catanduva/SP
EDITAL DE 1º, 2º E 3º LEILÃO e intimação na FALÊNCIA DE ARGE LTDA,
inscrita no CNPJ/MF sob o nº 49.991.367/0001-03, na pessoa da Admi-
nistradora Judicial EXPERTISEMAIS SERVIÇOS CONTÁBEIS E ADMINISTRATIVOS, inscrita no CNPJ/MF
sob o nº 19.615.744/0001-49, representada por ELIZA FAZAN, inscrita no CRC sob o nº 1SP194878/0-4;
bem como do credor hipotecário HSBC BANK BRASIL S/A - BANCO MÚLTIPLO (atual KIRTON BANK S/A
- BANCO MÚLTIPLO), inscrito no CNPJ/MF sob o nº 01.701.201/0001-89; do MINISTÉRIO PÚBLICO DO
ESTADO DE SÃO PAULO, na pessoa do seu Procurador; e da PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DE
SÃO PAULO, na pessoa do seu Procurador. O Dr. Marcelo Eduardo de Souza, MM. Juiz de Direito da 3ª
Vara Cível do Foro da Comarca de Catanduva/SP, na forma da lei, FAZ SABER, aos que o presente Edital de
1º, 2º e 3º Leilão dos bens, virem ou dele conhecimento tiverem e interessar possa, que por este Juízo
processam-se os autos da Falência de Empresários, Sociedades Empresárias, Microempresas e Em-
presas de Pequeno Porte ajuizada por ARGE LTDA - processo nº 1007409-70.2021.8.26.0132 – contro-
le nº 791/2021, e que foi designada a venda dos bens descritos abaixo, de acordo com as regras expostas
a seguir: DOS BENS – Os imóveis serão vendidos em caráter “AD CORPUS” e no estado em que se encon-
tram, sem garantia; os bens móveis serão vendidos no estado em que se encontram, sem garantia, cons-
tituindo ônus da parte interessada verificar suas condições antes das datas designadas para as alienações
judiciais eletrônicas. DA PUBLICAÇÃO DO EDITAL - O edital será publicado na rede mundial de computa-
dores, no sítio do leiloeiro www.megaleiloes.com.br, em conformidade com o disposto no art. 887, § 2º,
do Código de Processo Civil, inclusive as fotos e a descrição detalhada dos bens a serem apregoados. DA
VISITAÇÃO - Os interessados em vistoriar os bens deverão enviar solicitação por escrito ao e-mail visita-
cao@megaleiloes.com.br. Cumpre esclarecer que cabe ao responsável pela guarda dos bens autorizar o
ingresso dos interessados, sendo que a visitação nem sempre será possível. Independente da realização
da visita, a arrematação será por conta e risco do interessado. DO LEILÃO - O Leilão será realizado por
MEIO ELETRÔNICO E PRESENCIAL, através do Portal www.megaleiloes.com.br, o 1º Leilão terá início no
dia 13/09/2023 às 15:00h e se encerrará dia 22/09/2023 a partir das 15:00h, sucessivamente com in-
tervalo de 30 segundos para cada lote, onde serão aceitos lances iguais ou superiores ao valor da ava-
liação; não havendo lance, seguir-se-á sem interrupção o 2º Leilão, que terá início no dia 22/09/2023 às
15:01h e se encerrará no dia 02/10/2023 a partir das 15:00h, sucessivamente com intervalo de 30 se-
gundos para cada lote, onde serão aceitos lances com no mínimo 50% (cinquenta por cento) do valor da
avaliação, não havendo lance, seguir-se-á sem interrupção o 3º Leilão, que terá início no dia 02/10/2023
às 15:01h e se encerrará no dia 10/10/2023 a partir das 15:00h, sucessivamente com intervalo de 30
segundos para cada lote, onde serão aceitos lances com no mínimo 30% (trinta por cento) do valor da
avaliação. DO CONDUTOR DO LEILÃO – O Leilão será conduzido pelo Leiloeiro Oficial Sr. Fernando José
Cerello Gonçalves Pereira, matriculado na Junta Comercial do Estado de São Paulo – JUCESP sob o nº
844. DOS LANCES - Os lances poderão ser ofertados a partir do dia e hora de início do leilão pela rede de
internet, através do Portal www.megaleiloes.com.br, ou de viva voz no dia do encerramento do leilão a
partir das 14:00 horas no Auditório localizado na Alameda Santos, nº 787, 13º andar, conjunto 132 – Jd.
Paulista – São Paulo/SP, em igualdade de condições. DOS DÉBITOS – Os bens imóveis serão apregoados
sem quaisquer ônus, sejam débitos de condomínio água, luz, gás, taxas, multas, Imposto Predial Territo-
rial Urbano – IPTU e Imposto Territorial Rural - ITR (aquisição originária), os quais serão de responsabili-
daade da massa falida, exceto se o arrematannte for: i-))sócio da sociedade falida ou sociedade controlada
peelo falido; ii-)parente, em linha reta ou c al, até o 4º ra anguíneo ou afim, do falido
ouu ci fali - e c do a do objeti fra suces-
sã co o de n el para
se m o e o ran i ã im e eg s vel no
RG s iv i r i taxas
(aqquisição originária), os q de re a o arrematantee for: I
- sócio da sociedade falida, ou sociedade c n l I , i a ou colaterral, até
o 4º (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; III - identificado como
agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão. Parágrafo Único: Correrão por conta do arrematan-
te as despesas e os custos relativos à desmontagem, remoção, transporte e transferência patrimonial dos
bens arrematados. DA CAUÇÃO - O arrematante dos Lotes cujo valor de arrematação exceda R$
300.000,00 (trezentos mil reais) deverá depositar 10% (dez por cento) do valor da arrematação no prazo
de 24h (vinte e quatro horas) do encerramento do leilão, para garantia do Juízo, e tal valor será abatido do
saldo remanescente da arrematação, sendo que a quitação do preço deverá ocorrer em 24h (vinte e quatro
horas) após o deferimento do lance pelo Juízo responsável. No caso de indeferimento do lance, o valor
depositado poderá ser levantado integralmente pelo arrematante. DO PAGAMENTO - O arrematante que
não se qualificar para cláusula da caução ou não optar pela mesma deverá efetuar o pagamento do preço
dos bens arrematados, no prazo de até 24h (vinte e quatro horas) após o encerramento do leilão, através
de guia de depósito judicial em favor do Juízo responsável, sob pena de se desfazer a arrematação. DA
PROPOSTA - Os interessados na aquisição do bem de forma parcelada deverão apresentar proposta en-
viando de forma detalhada sua intenção no e-mail proposta@megaleiloes.com.br (Art. 895, I e II, CPC). As
referidas propostas serão apresentadas ao M.M Juízo respectivo, caso o leilão se encerre negativo. No
entanto caso o leilão se encerre positivo, as propostas apresentadas serão desconsideradas, vez que o
pagamento à vista prevalece sob o pagamento parcelado. Em resumo, o interessado em adquirir o bem
realizando o pagamento à vista deve confirmar o lance em leilão, já aquele que tem a intenção de realizar
o pagamento de forma parcelada, deve enviar sua proposta por e-mail, ficando ciente das referidas condi-
ções do Artigo 895, §7º, CPC. Por fim, a apresentação de proposta não suspende o leilão (Art. 895, § 6º,
CPC), devendo a mesma ser analisada pelo M.M Juízo respectivo, que decidirá pela opção mais vantajosa
para a resolução da lide. PENALIDADES PELO DESCUMPRIMENTO DAS PROPOSTAS - Em caso de atraso
no pagamento de qualquer das prestações, incidirá multa de 10% (dez por cento) sobre a soma da parce-
la inadimplida com as parcelas vincendas. DA COMISSÃO - O arrematante deverá pagar ao LEILOEIRO
OFICIAL, a título de comissão, o valor correspondente a 5% (cinco por cento) sobre o preço de arremata-
ção dos bens. A comissão devida ao leiloeiro oficial não está incluída no valor do lance e não será devol-
vida ao arrematante em nenhuma hipótese, salvo se a arrematação for desfeita por determinação judicial
por razões alheias à vontade do arrematante e, deduzidas as despesas incorridas. DO PAGAMENTO DA
COMISSÃO - O pagamento da comissão do Leiloeiro Oficial deverá ser realizado em até 24 h (vinte e
quatro horas) a contar do encerramento do leilão, através de depósito bancário, ou por meio de boleto
bancário cujos dados serão encaminhados via e-mail. Todas as regras e condições do Leilão estão dis-
poníveis no Portal www.megaleiloes.com.br. A publicação deste edital supre eventual insucesso nas
notificações pessoais e dos respectivos patronos. As demais condições obedecerão ao que dispõe a Lei
11.101/05 e o Provimento CSM nº 1625/2009, e no que couber, o CPC e o caput do artigo 335, do CP.
RELAÇÃO DOS BENS: Será levado à leilão 2 lotes, dentre eles 2 imóveis e diversos bens móveis cujo Valor
Total das Avaliações dos Lotes é de R$ 24.145.546,00. A descrição detalhada dos bens, sua localização e
os valores dos respectivos lotes está disponível no site www.megaleiloes.com.br. Será o presente edital,
por extrato, afixado e publicado na forma da lei. NADA MAIS.
Catanduva, 30 de agosto de 2023.
Eu, _____________________, diretora/escrivã, conferi e subscrevi.
Dr. Marcelo Eduardo de Souza
Juiz de Direito
São Paulo | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023 | Valor | E3
OPEA SECURITIZADORA S.A. - CNPJ nº 02.773.542/0001-22 - NIRE 35.300.157.648
ATA DA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA REALIZADA EM 07 DE AGOSTO DE 2023
Hora, Data, Local: 07.08.2023 às 10:30h, na sede, Rua Hungria, nº 1.240, 6º andar, conjunto 62, São Paulo/SP. Pre- Companhia e a prestação de garantias e obrigações a terceiros; (xi) deliberar sobre a aquisição, desinvestimento ou
sença: Totalidade do capital social. Mesa: Presidente: Flávia Palácios Mendonça Bailune; Secretário: Eduardo Trajber aumento da participação detida pela Companhia no capital social de qualquer sociedade, bem como a participação em
Waisbich. Deliberações Aprovadas: (i) A alteração do endereço da Companhia, que passa a ter sede em São Paulo/ qualquer joint venture, associação ou negócio jurídico similar; e (xii) aprovar a emissão de Certificados de Recebíveis sem
SP, na Rua Hungria, nº 1.240, 1º andar, conjunto 12, Jardim Europa, CEP 01455-000. Em virtude da deliberação acima, o a instituição de regime fiduciário e constituição de patrimônio separado. Seção II - Diretoria: Artigo 24 - A Companhia
caput do Artigo 2º do Estatuto Social passa a vigorar com a seguinte nova redação: Artigo 2º - A Companhia tem sua terá uma Diretoria composta por até 7 Diretores, sendo, necessariamente, 1 Diretor Presidente, 1 Diretor Vice-Presidente,
sede social em São Paulo/SP, na Rua Hungria, nº 1.240, 1º andar, conjunto 12, Jardim Europa, CEP 01455-000, podendo, 1 Diretor de Relações com Investidores, 1 Direitor de Controles Internos e Compliance (responsável pela implementação
por deliberação do Conselho de Administração, abrir e/ou fechar filiais, escritórios ou representações em qualquer parte e cumprimento das regras, políticas, procedimentos e controles internos da Companhia e da Resolução CVM nº 60/21),
do território nacional ou no exterior. (ii) A consolidação do Estatuto Social; e (iii) A autorização para a administração 1 Diretor de Securitização (responsável pelas atividades de securitização e pela prestação de todas as informações exi-
da Companhia publicar a presente ata em forma sumária e a tomar todas as medidas necessárias à efetivação das de- gidas pela regulamentação do mercado de valores mobiliários, em atendimento à Resolução CVM nº 60/21) e 1 Diretor
liberações ora aprovadas. Encerramento: Nada mais. São Paulo, 07.08.2023. Acionista: Opea Holding S.A. Flávia de Distribuição (responsável pelas atividades de a distribuição dos títulos de securitização de emissão da Companhia,
Palácios Mendonça Bailune e Eduardo Trajber Waisbich - Diretores. Testemunhas: Ana Carolina Briante Eiler, Kelly nos termos da Resolução CVM nº 60/21). O Diretor Presidente ou o Diretor Vice-Presidente poderão acumular a função
Cristina Vieira. JUCESP nº 340.626/23-9 em 23.08.2023, Maria Cristina Frei - Secretária Geral. de Diretor de Relações com Investidores e o Diretor de Securitização poderá acumular a função de Diretor de Distribui-
ESTATUTO SOCIAL - Capítulo I - Denominação, Objeto, Duração e Sede: Artigo 1º - A Opea Securitizadora ção. Os demais Diretores poderão ou não ter designações específicas. § 1º - Todos os Diretores devem ser residentes no
S.A. (“Companhia”) é uma sociedade anônima aberta, regida pelo disposto no presente Estatuto Social e pela legislação País, acionistas ou não, e ser eleitos pelo Conselho de Administração, com mandato unificado de 3 anos, sendo permitida
aplicável em vigor, em especial a Lei nº 6.404/76 (“Lei das S.A.”). Artigo 2º - A Companhia tem sua sede e foro em São a reeleição. § 2º - Os Diretores serão eleitos pelos membros do Conselho de Administração, sendo requerida a unanimi-
Paulo/SP, na Rua Hungria, nº 1.240, 1º andar, conjunto 12, Jardim Paulistano, CEP 01455-000, sendo-lhe facultado abrir dade de votos para a sua eleição. Artigo 25 - A Diretoria reunir-se-á sempre que convocada por iniciativa do Diretor
e manter filiais, escritórios ou outras instalações em qualquer parte do território nacional ou do exterior, por deliberação Presidente ou do Diretor Vice-Presidente, devendo a convocação ser enviada por escrito, inclusive por meio de e-mail,
da Assembleia Geral. Artigo 3º - A Companhia tem por objeto: (i) aquisição de créditos e direitos creditórios imobiliários, com 3 dias úteis de antecedência. § Único - O quorum de instalação das reuniões de Diretoria é a maioria dos membros
do agronegócio, financeiros, dentre outros, originados de qualquer outro segmento econômico e de títulos e valores em exercício. As decisões da Diretoria serão aprovadas por maioria dos seus membros. Não haverá voto de qualidade.
mobiliários lastreados em créditos e direitos creditórios imobiliários, do agronegócio, financeiros, dentre outros, origina- Artigo 26 - Em caso de vacância definitiva no cargo de qualquer Diretor, o substituto deverá ser indicado pelo Conselho
dos de qualquer outro segmento econômico; (ii) gestão e administração de carteiras de crédito e direitos creditórios de Administração para o período restante até o final do prazo de gestão do Diretor substituído. § 1º - Nas suas ausências
imobiliários, do agronegócio, financeiros, dentre outros, originados de qualquer outro segmento econômico, próprias ou ou impedimentos temporários, o Diretor Presidente e o Diretor Vice-Presidente substituir-se-ão reciprocamente. Na au-
de terceiros; (iii) emissão de Certificados de Recebíveis, bem como de outros títulos e valores mobiliários lastreados em sência ou impedimento de ambos, o Conselho de Administração designará os respectivos substitutos. § 2º - No caso de
créditos e direitos creditórios que sejam compatíveis com as suas atividades; (iv) distribuição, recompra, revenda ou ausência ou impedimento temporário de qualquer outro Diretor, as funções a ele atribuídas serão desempenhadas
resgate de títulos e valores mobiliários de sua própria emissão; (v) prestação de serviços de estruturação de operações temporária e cumulativamente pelo Diretor designado pelo Diretor Presidente. Artigo 27 - Os Diretores desempenharão
de securitização próprias ou de terceiros; (vi) consultoria de investimentos em fundos de investimento que tenham como suas funções de acordo com o objeto social da Companhia e de modo a assegurar a condução normal de seus negócios
objetivo a aquisição de créditos e direitos creditórios imobiliários, do agronegócio, financeiros, dentre outros, originados e operações com estrita observância das disposições deste Estatuto Social e das resoluções das Assembleias Gerais de
de qualquer outro segmento econômico; e (vii) a realização de negócios e prestação de serviços que sejam compatíveis acionistas e do Conselho de Administração. Artigo 28 - Competem à Diretoria as atribuições que a lei, o Estatuto Social
com as suas atividades de securitização e emissão de títulos lastreados em créditos e direitos creditórios imobiliários, do e o Conselho de Administração lhe conferirem para a prática dos atos necessários ao funcionamento regular da Compa-
agronegócio, financeiros, dentre outros, originados de qualquer outro segmento econômico. Artigo 4º - A Companhia terá nhia, podendo o Conselho de Administração estabelecer atribuições específicas para os cargos de Diretoria. Artigo 29 -
prazo indeterminado de duração. Capítulo II - Capital e Ações: Artigo 5º - O capital social totalmente subscrito e Nos atos e operações que importem responsabilidade ou obrigação para a Companhia ou que exonere terceiros de
integralizado é de R$ 22.999.478,52, representado por 8.401.200 ações ordinárias, todas nominativas e sem valor nomi- obrigações para com a Companhia, incluindo o uso do nome empresarial, a Companhia deverá ser representada por: (a)
nal. § Único - Cada ação ordinária dará direito a um voto nas Assembleias Gerais. Artigo 6º - A Companhia fica autoriza- quaisquer 2 Diretores, em conjunto; ou (b) quaisquer 2 Procuradores, em conjunto; ou (c) qualquer Diretor em conjunto
da a aumentar o capital social até que este atinja R$ 20.000.000,00, mediante a emissão de ações ordinárias, todas com 1 Procurador, observados os parágrafos abaixo. § 1º - Independentemente dos limites de representação acima esti-
nominativas e sem valor nominal, por meio de deliberação do Conselho de Administração, independentemente de refor- pulados, a representação da Companhia (a) perante a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, o Banco Central do Brasil
ma estatutária. § 1º - Dentro do limite do capital autorizado, o Conselho de Administração poderá deliberar a emissão - BACEN, a Secretaria da Receita Federal - SRF, a Caixa Econômica Federal - CEF, o Instituto Nacional de Seguridade Social
de bônus de subscrição, observado o disposto no Capítulo VI da Lei das S.A. § 2º - Desde que realizados ¾ do capital - INSS, a Bolsa de Valores, a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos - CETIP, ou quaisquer outros órgãos
social, o Conselho de Administração poderá aumentá-lo dentro dos limites do capital autorizado, mediante subscrição públicos em geral, federais, estaduais ou municipais, ou demais instituições públicas ou privadas; (b) para fins de libera-
pública ou particular de ações ordinárias nominativas e sem valor nominal, devendo o preço de emissão das ações ser ção de garantias outorgadas em favor da Companhia, inclusive garantias que recaiam sobre imóveis (tais como hipoteca
fixado na forma do art. 170 da Lei das S.A., sem diluição injustificada da participial dos antigos acionistas. § 3º - Confor- ou alienação fiduciária); bem como (c) em todos e quaisquer documentos relacionados à emissões de Certificados de
me faculta o art. 172 da Lei das S.A., o direito de preferência dos acionistas poderá ser excluído nas emissões de ações, Recebíveis, poderá ser realizada por quaisquer 2 Diretores em conjunto, ou por qualquer Diretor em conjunto com um
debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, cuja colocação seja feita mediante: (i) a venda em Bolsa de Procurador, ou por quaisquer 2 Procuradores em conjunto. § 2º - Excepcionalmente, desde que respeitadas as prerroga-
Valores, mercado de balcão devidamente organizado por instituição autorizada a funcionar pela Comissão de Valores tivas do Conselho de Administração dispostas acima, a Companhia poderá ser representada isoladamente por 1 Diretor
Mobiliários, ou subscrição pública; (ii) permuta por ações, em oferta pública de aquisição de controle, nos termos dos ou por 1 Procurador, desde que tal representação tenha sido previamente aprovada por unanimidade em reunião de
arts. 257 a 263 da Lei das S.A. O direito de preferência na subscrição de ações poderá, ainda, ser excluído nos termos de Diretoria, a qual delimitará os limites dos poderes de representação e deliberará sobre a autorização ao substabeleci-
lei especial sobre incentivos fiscais. Artigo 7º - A Companhia manterá todas as ações em conta de depósito, em nome de mento, com ou sem reserva de iguais poderes. § 3º - As emissões de Certificados de Recebíveis que tenham a instituição
seus titulares, em instituição financeira que designar, obedecidas as normas então vigentes. Artigo 8º - A Companhia de regime fiduciário e constituição de patrimônio separado não dependerão de qualquer aprovação societária específica,
poderá suspender os serviços de conversão, desdobramento, agrupamento e transferência de certificados por períodos cabendo apenas a assinatura, nos documentos das emissões, dos Diretores e/ou Procuradores da Companhia, observa a
que não ultrapassem, cada um, 15, nem o total de 90 dias durante o ano. Artigo 9º - Observado o disposto no § 3º do forma de representa prevista neste Estatuto Social. Artigo 30 - Na outorga de procurações, a Companhia deverá ser re-
art. 168 da Lei das S.A., poderá a Companhia outorgar opção de compra de ações a seus administradores, empregados presentada por 2 Diretores. Os instrumentos de mandato estabelecerão, expressamente, os poderes outorgados aos
ou a pessoas naturais que prestem serviços à própria Companhia ou a sociedades sob seu controle, de acordo com plano Procuradores, deverão ter prazo máximo de 1 ano e vedar o seu substabelecimento, exceto para as procurações outor-
aprovado pela Assembleia Geral. Capítulo III - Assembleia Geral: Artigo 10 - A Assembleia Geral será ordinária ou gadas a advogados para fins judiciais e administrativos ou para as procurações outorgadas com poderes de representa-
extraordinária. A Assembleia Geral Ordinária será realizada no prazo de 4 meses subsequentes ao encerramento do ção perante instituições financeiras, as quais poderão ter prazo superior ou indeterminado e prever o seu substabeleci-
exercício social e as Assembleias Gerais Extraordinárias serão realizadas sempre que o interesse social assim o exigir. mento, desde que com reserva de iguais poderes. Artigo 31 - É vedado aos Diretores e aos Procuradores da Companhia
Artigo 11 - A Assembleia Geral tem poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da Companhia e tomar as obrigá-la em negócios estranhos ao objeto social, bem como praticar atos de liberalidade em nome da mesma. Capítu-
resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento, incluindo, mas não se limitando, para aprovar a lo V - Conselho Fiscal: Artigo 32 - A Companhia terá um Conselho Fiscal de funcionamento não permanente, que
emissão de títulos e valores mobiliários lastreados em créditos e direitos creditórios imobiliários, do agronegócio, finan- exercerá as atribuições impostas por lei e que somente será instalado mediante solicitação de acionistas que represen-
ceiros, dentre outros, originados de qualquer outro segmento econômico, não previstos no Artigo 29, § 3º e que não tem, no mínimo, 10% das ações com direito a voto ou 5% das ações sem direito a voto. § Único - O Conselho Fiscal será
dependam de aprovação do Conselho de Administração. Artigo 12 - Os acionistas poderão fazer-se representar nas As- composto de, no mínimo, 3 e, no máximo, 5 membros. Nos exercícios sociais em que a instalação do Conselho Fiscal for
sembleias Gerais por procurador constituído há menos de 1 ano, que seja acionista, administrador da Companhia, advo- solicitada, a Assembleia Geral elegerá seus membros e estabelecerá a respectiva remuneração, observando-se que o
gado ou instituição financeira, observado o disposto no § 2º do Artigo 13 do presente Estatuto. Artigo 13 - A Assembleia mandato dos membros do Conselho Fiscal terminará na data da primeira Assembleia Geral Ordinária realizada após sua
Geral será presidida por qualquer dos membros do Conselho de Administração ou, na sua falta, por um dos acionistas instalação. Capítulo VI - Exercício Social e Demonstrações Financeiras: Artigo 33 - O exercício social terminará
da Companhia, cabendo a escolha à maioria dos acionistas presentes. O Presidente da Assembleia Geral convidará um no dia 31 de dezembro de cada ano, data em que serão levantados o balanço geral e os demais demonstrativos exigidos
acionista, membro do Conselho de Administração ou Diretor, dentre os presentes, para secretariar os trabalhos. § 1º - O por lei. O balanço será auditado por auditores independentes registrados junto à Comissão de Valores Mobiliários. § 1º
edital de convocação poderá condicionar a presença do acionista na Assembleia Geral, além dos requisitos previstos em - A Companhia, por deliberação do Conselho de Administração ou da Assembleia Geral, poderá levantar balanços semes-
lei, ao depósito na sede da Companhia, com 48 horas de antecedência do dia marcado para a realização da Assembleia trais, trimestrais ou mensais, bem como declarar dividendos à conta de lucros apurados nesses balanços, respeitado o
Geral, do comprovante expedido pela instituição depositária. § 2º - O edital de convocação também poderá condicionar disposto no art. 204 da Lei das S.A. § 2º - A Companhia, por deliberação do Conselho de Administração ou da Assembleia
a representação, por procurador, do acionista na Assembleia Geral, a que o depósito do respectivo instrumento de Geral, poderá, ainda, declarar dividendos intermediários à conta de lucros acumulados ou de reservas de lucros existen-
mandato seja efetuado na sede da Companhia, com 48 horas de antecedência do dia marcado para a realização da As- tes no último balanço anual ou semestral. § 3º - Observados os limites legais, o Conselho de Administração ad referen-
sembleia Geral. Artigo 14 - As deliberações da Assembleia Geral serão tomadas pelo voto afirmativo da maioria dos dum da Assembleia Geral, ou a própria Assembleia Geral, poderá declarar o pagamento de juros sobre capital próprio,
acionistas presentes, exceto nos casos em que a lei, este Estatuto Social e/ou os acordos de acionistas registrados nos com base em balanço levantado na forma do caput ou do § 1º deste Artigo. § 4º - Os dividendos intermediários ou inter-
livros da Companhia prevejam quorum maior de aprovação. Capítulo IV - Administração: Artigo 15 - A Companhia calares distribuídos e os juros sobre o capital próprio serão sempre imputados ao dividendo mínimo obrigatório previsto
será administrada por um Conselho de Administração e por uma Diretoria. § 1º - Os membros do Conselho de Adminis- no § 2º do Artigo 34, abaixo. Artigo 34 - Do resultado apurado em cada exercício serão deduzidos, antes de qualquer
tração e os Diretores serão investidos nos seus cargos nos 30 dias subsequentes às suas eleições, mediante assinatura outra participação, os prejuízos acumulados e as provisões para o Imposto de Renda e para a Contribuição Social sobre
de termo de posse lavrado nos livros mantidos pela Companhia para esse fim e permanecerão em seus cargos até a o Lucro. § 1º - Do lucro líquido apurado no exercício, será deduzida a parcela de 5% para constituição da reserva legal,
posse de seus substitutos. § 2º - Os membros do Conselho de Administração e da Diretoria estão obrigados, sem prejuízo que não excederá 20% do capital social. § 2º - Do saldo restante, feitas as deduções e destinações referidas acima, será
dos deveres e responsabilidades a eles atribuídos por lei, a manter reserva sobre todos os negócios da Companhia, de- distribuído aos acionistas um dividendo mínimo obrigatório de 25% do lucro líquido, ajustado de acordo com o art. 202
vendo tratar como sigilosas todas as informações a que tenham acesso e que digam respeito à Companhia, seus negó- da Lei das S.A. § 3º - A Companhia manterá a reserva de lucros estatutária denominada “Reserva de Expansão”, que terá
cios, funcionários, administradores, acionistas ou contratados e prestadores de serviços, obrigando-se a usar tais infor- por fim financiar a expansão das atividades da Companhia e/ou de suas empresas controladas e coligadas, inclusive por
mações no exclusivo e melhor interesse da Companhia. Os administradores, ao tomarem posse de seus cargos, deverão meio da subscrição de aumento de capital ou criação de novos empreendimentos, a qual será formada com até 100%
assinar Termo de Confidencialidade, assim como zelar para que a violação à obrigação de sigilo não ocorra por meio de do lucro líquido que remanescer após as deduções legais e estatutárias e cujo saldo, somado aos saldos das demais re-
subordinados ou terceiros. Artigo 16 - A Assembleia Geral estabelecerá a remuneração anual global dos administradores, servas de lucros, excetuadas a reserva de lucros a realizar e a reserva para contingências, se existentes, não poderá ul-
nesta incluídos os benefícios de qualquer natureza e as verbas de representação, tendo em conta suas responsabilidades, trapassar 100% do capital social. § 4º - O saldo terá a destinação que for aprovada pela Assembleia Geral. Capítulo VII
o tempo dedicado às suas funções, sua competência e reputação profissional e o valor dos seus serviços no mercado, - Acordos de Acionistas: Artigo 35 - Os acordos de acionistas que estabeleçam as condições de compra e venda de
cabendo ao Conselho de Administração a distribuição da remuneração fixada. Seção I - Conselho de Administra- suas ações, ou o direito de preferência na compra destas, ou o exercício do direito de voto, serão sempre observados pela
ção: Artigo 17 - O Conselho de Administração será composto por, no mínimo, 3 e, no máximo, 6 membros, cujo prazo de Companhia, desde que tenham sido arquivados na sede social, cabendo ao Presidente da Assembleia Geral e à respecti-
gestão será unificado e terá a duração de 3 anos, sendo permitida a reeleição. Artigo 18 - Caberá à Assembleia Geral va administração abster-se de computar os votos proferidos contra os termos e disposições expressas de tais acordos ou
eleger os membros do Conselho de Administração da Companhia e indicar, dentre eles, o seu Presidente e Vice- Presiden- de tomar providências que os contrariem, competindo, ainda, à Companhia informar a instituição financeira responsável
te. Artigo 19 - O Conselho de Administração reunir-se-á sempre que convocado pelo seu Presidente, pelo Vice-Presidente pela escrituração das ações acerca da existência de acordo de acionistas arquivado em sua sede social. § Único - As
ou pela maioria de seus membros. A convocação deverá ser enviada a todos os membros do Conselho por carta, telegra- obrigações ou ônus resultantes de acordo de acionistas da Companhia somente serão oponíveis a terceiros depois de
ma, fac-símile, ou e-mail com aviso de recebimento, com, no mínimo 3 dias úteis de antecedência. § 1º - As reuniões do averbados nos extratos emitidos pela instituição financeira responsável pela escrituração das ações. Capítulo VIII -
Conselho de Administração somente serão consideradas validamente instaladas se contarem com a presença de, no Liquidação: Artigo 36 - A Companhia será liquidada nos casos previstos em lei, caso em que a Assembleia Geral deter-
mínimo, a maioria de seus membros. § 2º - É facultado a qualquer dos membros do Conselho de Administração fazer-se minará a forma de liquidação, nomeará o liquidante e os membros do Conselho Fiscal, que funcionará durante todo o
representar por outro conselheiro nas reuniões às quais não puder comparecer, desde que a outorga de poderes de re- período de liquidação, fixando-lhes os respectivos honorários. Capítulo IX - Resolução de Controvérsias: Artigo 37
presentação seja efetuada mediante instrumento firmado por escrito, com as instruções de voto, que deverá ser entregue - A Companhia e seus acionistas obrigam-se a resolver, por meio de arbitragem, toda e qualquer disputa ou controvérsia
ao Presidente do Conselho de Administração, observado o disposto no Artigo 20, abaixo. § 3º - Os membros do Conselho que possa surgir entre eles, relacionada ou oriunda, em especial, da aplicação, validade, eficácia, interpretação, violação
de Administração poderão participar das reuniões por intermédio de conferência telefônica, videoconferência ou por e seus efeitos, das disposições contidas neste Estatuto Social, nos eventuais acordos de acionistas arquivados na sede da
qualquer outro meio de comunicação eletrônico, sendo considerados presentes à reunião e devendo confirmar seu voto Companhia, na Lei das S.A. e das demais normas aplicáveis. Artigo 38 - A arbitragem deverá ser conduzida e administra-
através de declaração por escrito encaminhada ao Presidente do Conselho de Administração por carta, fac-símile ou da conforme as regras vigentes constantes do Regulamento de Arbitragem do Centro de Arbitragem da Câmara de Co-
meio eletrônico logo após o término da reunião. Uma vez recebida a declaração, o Presidente do Conselho de Adminis- mércio Brasil-Canadá e administrada pelo próprio Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio Brasil-Canadá, e obser-
tração ficará investido de plenos poderes para assinar a ata da reunião em nome do conselheiro, observado o disposto vados os dispositivos da Lei nº 9.307/96, e do Código de Processo Civil Brasileiro. § 1º - A sede da arbitragem será em
no Artigo 20, abaixo. Artigo 20 - O Presidente do Conselho de Administração será substituído nas suas ausências e im- São Paulo/SP, Brasil, salvo se os acionistas acordarem expressamente outro local e sem prejuízo de os acionistas desig-
pedimentos temporários pelo Vice-Presidente do Conselho de Administração, ou, na falta deste, por outro conselheiro narem localidade diversa para a realização de audiências. § 2º - Os procedimentos serão conduzidos em português e
indicado pelo Presidente do Conselho de Administração e, não havendo indicação, por escolha dos demais membros do todos os documentos e testemunhos oferecidos como prova no curso do procedimento arbitral deverão ser traduzidos
Conselho de Administração. Em suas ausências ou impedimentos temporários, cada um dos demais membros do Conse- para o idioma português, se estiverem em idioma estrangeiro, ficando o(s) acionista(s) que tiver(em) oferecido essa
lho de Administração indicará, dentre seus pares, aquele que o substituirá. O substituto acumulará o cargo e as funções prova responsável(eis) pelos respectivos custos de tradução. § 3º - A controvérsia será solucionada mediante procedi-
do substituído. § 1º - Em caso de vacância de qualquer cargo de conselheiro, que não o Presidente do Conselho de Ad- mento arbitral conduzido por um tribunal arbitral, composto de 3 árbitros pertencentes ao Corpo de Árbitros do Centro
ministração, o substituto será nomeado pelos conselheiros remanescentes e servirá até a primeira Assembleia Geral, na de Arbitragem da Câmara de Comércio Brasil-Canadá, sendo 1 árbitro designado pela(s) parte(s) demandante(s) e 1
qual deverá ser eleito o novo conselheiro pelo período remanescente do prazo de gestão do conselheiro substituído. § árbitro pela(s) parte(s) demandada(s). O terceiro árbitro, que atuará como o Presidente do tribunal arbitral, será nomea-
2º - No caso de vaga do cargo de Presidente do Conselho de Administração, assumirá o Vice-Presidente do Conselho de do pelos 2 primeiros árbitros nomeados. Caso os árbitros não obtenham um consenso sobre a nomeação do Presidente
Administração, que permanecerá no cargo até que o Conselho de Administração escolha o seu titular, cumprindo, o do tribunal arbitral, o mesmo será nomeado pelo Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio Brasil- Canadá. § 4º - O
substituto, gestão pelo prazo restante. Artigo 21 - O Conselho de Administração poderá determinar a criação de comitês tribunal arbitral, conforme o caso, deverá solucionar a controvérsia com base neste Estatuto Social e no direito brasileiro.
de assessoramento destinados a auxiliar os respectivos membros do Conselho de Administração, bem como definir a § 5º - Qualquer documento ou informação divulgada no curso do procedimento arbitral terá caráter confidencial, obri-
respectiva composição e atribuições específicas. Artigo 22 - As matérias submetidas ao Conselho de Administração da gando-se as partes interessadas e o(s) árbitro(s) a ser(em) nomeado(s) a não transmiti-la para terceiros, salvo na hipó-
Companhia serão aprovadas por maioria dos seus membros, exceto pelas matérias previstas no Artigo 23, itens (ii), (vii), tese de existência de previsão legal que obrigue a divulgação do documento ou informação. As informações acerca da
(viii), (ix), (x), (xi) e (xii), abaixo, as quais dependerão da unanimidade dos membros do Conselho de Administração. Não existência, propositura e andamento do procedimento arbitral também terão caráter confidencial, exceto se a sua divul-
haverá voto de qualidade. Artigo 23 - Compete ao Conselho de Administração deliberar acerca das seguintes matérias gação for exigida de acordo com a legislação aplicável. § 6º - A sentença arbitral obrigará as partes interessadas e não
relativamente à Companhia, sem prejuízo de outras definidas por lei: (i) fixar a orientação geral dos negócios da Com- estará sujeita a qualquer recurso judicial ou administrativo. A sentença arbitral deverá ser proferida por escrito e devida-
panhia; (ii) eleger e destituir os Diretores da Companhia e fixar-lhes as atribuições, observado o que a respeito dispuser mente fundamentada. Os custos do procedimento arbitral, incluindo honorários de advogados e despesas, serão supor-
o presente Estatuto Social; (iii) fiscalizar a gestão dos Diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e papéis da tados de acordo com a forma determinada pelo tribunal arbitral, salvo se as partes optarem por outra forma em comum
Companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em via de celebração, e quaisquer outros atos; (iv) acordo e por escrito. § 7º - Durante o curso do procedimento arbitral, as partes interessadas deverão continuar a cumprir
convocar a Assembleia Geral quando julgar conveniente, ou no caso do art. 132 da Lei das S.A.; (v) manifestar-se sobre com as suas respectivas obrigações estabelecidas por lei, neste Estatuto Social e em Acordo de Acionistas. Capítulo X
o relatório da administração e as contas da diretoria; (vi) deliberar sobre a emissão de ações ou de bônus de subscrição, - Foro: Artigo 39 - Observado o disposto no Capítulo IX, os acionistas elegem o foro da Comarca de São Paulo/SP, Brasil,
nos termos do Artigo 6º e respectivos Parágrafos deste Estatuto Social; (vii) escolher e destituir os auditores independen- exclusivamente para: (a) a obtenção de medidas liminares ou cautelares, previamente à confirmação da nomeação do(s)
tes; (viii) deliberar sobre a alienação de bens do ativo permanente; (ix) deliberar sobre a prestação de garantia, contra- árbitro(s); (b) a execução de medidas coercitivas concedidas pelo tribunal arbitral; (c) a execução da sentença arbitral; e
tação de dívida ou concessão de empréstimo; (x) deliberar sobre a constituição de quaisquer ônus sobre os ativos da (d) demais procedimentos judiciais expressamente admitidos na Lei nº 9.307/96.
PREFEITURA DE ROSANA
SÃO RESUMO DO EDITAL DE LICITAÇÃO
PAULO Processo nº 0086/2023 - Pregão (Presencial) nº 069/2023.
GOVERNO
DO ESTADO Objeto: registro de preços para aquisição de material para construção (de P-V), com
entrega parcelada para atender diversos setores da Municipalidade, pelo período de 12
COMUNICADO (doze) meses, conforme Anexo I.
Acha-se aberta na Secretaria de Estado da Saúde a licitação na modalidade Pregão A Prefeitura de Rosana faz saber que acha-se aberta a licitação na modalidade
(Pregão Presencial) nº 069/2023, tendo por objeto o supra-citado, a ser realizado
Eletrônico para Registro de Preços nº 089/2023 - 090201000012023OC00069 - SEI
às 08:00 horas do dia 18/09/2023. O edital e seus anexos, poderão ser retirados na
024.00035986/2023-56, referente ao processo nº 2023/21130, objetivando a
Prefeitura de Rosana, sito na Av. José Laurindo, nº 1540, em Rosana - SP, mediante o
CONSTITUIÇÃO DE SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS PARA COMPRA DE DIETA, recolhimento de taxa de emolumentos no valor de R$ 20,00 (vinte reais) referente ao
a ser realizado por intermédio do Sistema Eletrônico de Contratações denominado “Bolsa custo reprográfico, que deverá ser efetuada através de guia própria emitida pelo Setor
Eletrônica de Compras do Governo do Estado de São Paulo”, cuja abertura está marcada de Licitações e recolhida na rede bancária ou poderão ser retirados na íntegra, no
para o dia 19/09/2023, a partir das 09:00 horas. endereço eletrônico https://www.rosana.sp.gov.br e/ou https://www.rosana.sp.gov.
Os interessados em participar do certame deverão acessar a partir de 05/09/2023 o site br/portal-da-transparencia, sem qualquer custo para o licitante, neste último caso
www.bec.sp.gov.br ou www.bec.fazenda.sp.gov.br, mediante a obtenção de senha de deverá preencher o recibo, assinar e encaminhar via e-mail licitacoes@rosana.
acesso ao sistema e credenciamento de seus representantes. sp.gov.br. Maiores informações poderão ser obtidas pessoalmente ou pelo telefone
O Edital da presente licitação encontra-se disponível no site www.e-negociospublicos.com.br, (18) 3288-8210, nos dias úteis, no horário das 08:00 às 11:00 e das 13:00 às 17:00
horas (Brasília). Publique-se. Rosana, 31 de agosto de 2023. Jair Francisco Camargo
ou Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 188 - 1º andar, Jd. América - São Paulo - SP.
- Secretário de Licitações e Compras.
Assurant Seguradora S.A. BRK Ambiental Participações S.A.
CNPJ/MF nº 03.823.704/0001-52 - N.I.R.E. 35.300.191.617
CNPJ/MF nº 24.396.489/0001-20 – NIRE 35.300.489.748 | Companhia Aberta – Categoria A
Ata de Reunião do Conselho de Administração Realizada em 26 de Maio de 2023
Aos 26/05/2023, às 11:00h, na sede social da Assurant Seguradora S.A.. Presença: A totalidade dos Ata da Assembleia Geral Extraordinária realizada em 17 de agosto de 2023, às 10:00 horas
Data, Hora e Local: Realizada de forma exclusivamente digital, aos 17 (dezessete) dias do mês de
membros do Conselho de Administração da Companhia. Composição da Mesa: Sr. Vladimir Freneda
agosto de 2023 (dois mil e vinte e três), às 10:00 horas, considerando-se, portanto, realizada na sede
Rodriguez, Presidente; e Sr. Adelmo de Moura Machado, Secretário. Deliberações: Por unanimidade dos
social da BRK Ambiental Participações S.A., localizada na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo,
membros do Conselho de Administração e com a abstenção dos impedidos legalmente, sem dissidências,
na Avenida das Nações Unidas, nº 14.261, 29º andar – parte, Ala B, Vila Gertrudes, CEP 04.794-000
protestos e declarações de votos vencidos, aprovaram: (I) Eleger para o cargo de Diretor, com prazo de
(“Companhia”). Convocação e Presenças: Dispensada a publicação de Editais de Convocação, tendo
mandato até a AGO a realizar-se em 2026, mantida a remuneração da AGOE de 31.03.2023, o Sr. Daniel em vista a presença da totalidade dos acionistas da Companhia, nos termos do parágrafo 4º do artigo
André Brandão, RG nº 25.062.079-0, CPF/MF nº 197.180.898-96. O Diretor ora eleito não está incurso em 124 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, conforme alterada (“Lei das S.A.”). Mesa: Verificado o
crime algum previsto em lei, que o impeça de exercer as atividades mercantis, em especial aquelas quórum para instalação da Assembleia Geral Extraordinária (“Assembleia”), a mesa foi composta pelo
mencionadas no artigo 147 da Lei nº 6.404, de 15/12/1976, bem como atende às condições previstas na Presidente, Sr. Luiz Ildefonso Simões Lopes, e pela Secretária, a Sra. Denise Lie Okimura. Ordem do Dia:
Resolução CNSP nº 422/2021; e toma posse nesta data em seu cargo, 26.05.2023, conforme assinatura do Dispensada a leitura pela unanimidade dos acionistas presentes. Deliberações: Instalada a Assembleia,
respectivo Termo de Posse lavrado no Livro de Atas de Reuniões do Conselho de Administração da após apresentação das matérias, os acionistas detentores da totalidade do capital social da Companhia,
Companhia. (II) Alterar e ratificar a composição da Diretoria e prazos de mandato: Nome - Início do sem quaisquer restrições, resolvem: (1) autorizar a lavratura da presente ata na forma de sumário dos
mandato - Fim do mandato: Daniel André Brandão - 26.05.2023 - AGO de 2026; Adelmo de Moura fatos ocorridos, conforme faculta o artigo 130, § 1º da Lei das S.A.; (2) tomar conhecimento da renúncia
Machado - 31.03.2023 - AGO de 2026; José Augusto Gomes Codesso - 31.03.2023 - AGO de 2026; apresentada pelo Sr. Jorge Louzada Kozlovsky, brasileiro, solteiro, economiário, portador da Cédula
Moyses Borghesi Filho - 13.06.2022 - 13.06.2025; Renata Monteiro Peixe - 31.03.2023 - AGO de 2026; de Identidade nº 43985657-SSP/SP, inscrito no CPF/MF sob o nº 339.089.218-48, do cargo de membro
Vladimir Freneda Rodriguez - Diretor Presidente - 31.03.2021 - AGO de 2024. (III) Alterar e consolidar as Titular do Conselho de Administração da Companhia, conforme carta de renúncia datada de 14 de agosto
funções dos Diretores perante a Superintendência de Seguros Privados - SUSEP: 1. Funções de caráter de 2023, que se encontra arquivada na sede da Companhia. Os acionistas da Companhia agradecem
executivo ou operacional: 1) Vladimir Freneda Rodriguez - Diretor responsável pelas relações com a ao Sr. Jorge Louzada Kozlovsky pelo empenho, dedicação e inestimável contribuição para os resultados
SUSEP (Art. 1º, I da Circular nº 234, de 28/08/2003); 2) Renata Monteiro Peixe - Diretora responsável da Companhia, e desejam sucesso na sequência de sua trajetória profissional; e (3) aprovar, conforme
técnico (Art. 1º, II da Circular nº 234, de 28/08/2003 e Art. 3º, II da Resolução nº 432, de 12/11/2021); indicação do acionista Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FI-FGTS,
3) Renata Monteiro Peixe - Diretora responsável administrativo-financeiro (Art. 1º, III da Circular nº 234, a eleição do Sr. João Paulo Vargas da Silveira, brasileiro, casado, economiário, portador da Cédula
de 28/08/2003); 4) Renata Monteiro Peixe - Diretora responsável pelo acompanhamento, supervisão e de Identidade RG nº 77545581-SSP/PR, inscrito no CPF/MF sob o nº 808.170.330-68, com endereço
comercial no ST SBS Quadra 4 LT 3/4 16º andar, Brasília/DF, CEP 70.070-140, ao cargo de membro
cumprimento das normas de procedimentos de contabilidade (Art. 3º, III da Resolução nº 432, de
12/11/2021); 5) Renata Monteiro Peixe - Diretora responsável pelo registro das operações de seguros Titular do Conselho de Administração da Companhia. O Sr. João Paulo Vargas da Silveira aceita o cargo
(Art. 13 da Resolução CNSP nº 383/2020); 6) Daniel André Brandão - Diretor responsável pelo para o qual foi eleito e declara, sob as penas de lei, não estar incluso em quaisquer dos crimes previstos
cumprimento das obrigações de registro das apólices e endossos emitidos e dos cosseguros aceitos em lei que o impeça de exercer as atividades mercantis, ou a administração de sociedades mercantis,
pelas sociedades seguradoras em contas específicas e exclusivas (Art. 2º da Resolução nº 143/2005); declaração que faz mediante a assinatura do Termo de Posse, assinado, apresentado e lavrado no Livro
7) Daniel André Brandão - Diretor responsável pela contratação e supervisão de representantes de de Registro de Atas de Reuniões do Conselho de Administração, o qual fica arquivado na sede da Compa-
seguros e pelos serviços por eles prestados (Art. 22 da Resolução nº 431, de 12/11/2021); e 8) José nhia. A Companhia manterá arquivados os necessários comprovantes para atendimento de elegibilidade,
Augusto Gomes Codesso - Diretor responsável pela política institucional de conduta (Art. 12 da Resolução reputação e capacidade, e/ou outros requisitos normativos/legais do conselheiro de administração ora
nº 382 de 04/03/2020); 2. Funções de Caráter de Fiscalização ou Controle: 1) Adelmo de Moura eleito, em cumprimento ao artigo 147 da Lei das S.A. Como consequência, a composição integral do
Conselho de Administração da Companhia, com prazo de gestão até a Assembleia Geral Ordinária da
Machado - Diretor responsável pelo cumprimento do disposto na Lei 9.613/98, referente a crimes de
Companhia a ser realizada em 2025, passou a ser a seguinte: Membros Titulares: (i) Luiz Ildefonso
“lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro
Simões Lopes; (ii) Henrique Carsalade Martins; (iii) Rafael Thor de Moura Rebelo Rocha; (iv) Serge
(Art. 1º, IV da Circular nº 234, de 28/08/2003 e Art. 12 da Circular nº 612, de 18/08/2020); e 2) Moyses
Borghesi Filho - Diretor responsável pelos controles internos (Art. 9º da Resolução nº 416, de 20/07/2021).
Toppjian; (v) Alexandre Honore Marie Thiollier Neto; (vi) Sergio Henrique Oliveira Bini; e (vii) João
Paulo Vargas da Silveira; e Respectivos Membros Suplentes: (i) Paulo Cesar Carvalho Garcia; (ii)
6) Documentos Arquivados: Foram arquivados na sede da Sociedade, devidamente autenticados Patrick Magalhaes Von Schaaffhausen; (iii) Jorge LuizTeixeiraTauile; (iv) Camila Siqueira de Souza;
pela Mesa, os documentos submetidos à apreciação da Assembleia, referidos nesta ata. Nada mais (v) Matheus Sabbag Leonel; (vi) vago; e (vii) vago. Encerramento: Nada mais havendo a tratar, foi
a tratar. Barueri (SP), 26/05/2023. Assurant Seguradora S.A. - Vladimir Freneda Rodriguez - Presidente; encerrada a Assembleia, lavrando-se a presente Ata que, após lida e aprovada, foi assinada por todos os
Adelmo de Moura Machado - Secretário. JUCESP nº 349.175/23-8 em 28/08/2023. Maria Cristina Frei - presentes. São Paulo/SP, 17 de agosto de 2023. Ass.: Mesa: Luiz Ildefonso Simões Lopes, Presidente;
Secretária Geral. e Denise Lie Okimura, Secretária. Acionistas: BR Ambiental Fundo de Investimento em Participações
Multiestratégia e Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FI-FGTS. Certifico
que a presente ata é cópia fiel da ata original, lavrada no Livro de Atas de Assembleias Gerais da Com-
panhia. Denise Lie Okimura – Secretária. Junta Comercial do Estado de São Paulo. Certifico o registro
sob o nº 349.054/23-0 em 28/08/2023. Maria Cristina Frei – Secretária Geral.
E4 | Valor | São Paulo | Sexta-feira, 1 de setembro de 2023
9ª Vara Cível do Foro da Comarca de Guarulhos/SP
EDITAL DE 1º E 2º LEILÃO e de intimação do executado e depositário
HABIT COOPERATIVA HABITACIONAL, inscrito no CNPJ/MF sob o nº
02.244.072/0001-00. A Dra. Ana Carolina Miranda de Oliveira, MM. Juíza de Direito da 9ª Vara Cível do
Foro da Comarca de Guarulhos/SP, na forma da lei, FAZ SABER, aos que o presente Edital de 1º e 2º Leilão
do bem imóvel, virem ou dele conhecimento tiverem e interessar possa, que por este Juízo processam-se
os autos do Cumprimento de Sentença ajuizado por ELISAMA RODRIGUES FERREIRA LIMA em face de
HABIT COOPERATIVA HABITACIONAL - Processo nº 0028498-60.2016.8.26.0224 (Principal nº
4011678-97.2013.8.26.0224) – Controle nº 1068/2013, e que foi designada a venda do bem descrito
abaixo, de acordo com as regras expostas a seguir: DO IMÓVEL - O imóvel será vendido em caráter “AD
CORPUS” e no estado em que se encontra, sem garantia, constituindo ônus da parte interessada verificar
suas condições antes das datas designadas para as alienações judiciais eletrônicas. DA PUBLICAÇÃO DO
EDITAL - O edital será publicado na rede mundial de computadores, no sítio do Leiloeiro www.megaleiloes.
com.br, em conformidade com o disposto no art. 887, § 2º e § 3º, do CPC, inclusive as fotos e a descrição
detalhada do imóvel a ser apregoado e, será afixado em local de costume e publicado em jornal de grande
circulação. DA VISITAÇÃO - Os interessados em vistoriar o bem deverão enviar solicitação por escrito ao
e-mail visitacao@megaleiloes.com.br. Cumpre esclarecer que cabe ao responsável pela guarda do bem
autorizar o ingresso dos interessados, sendo que a visitação nem sempre será possível, pois alguns bens
estão em posse do executado. Independente da realização da visita, a arrematação será por conta e risco
do interessado. DO LEILÃO - O Leilão será realizado por MEIO ELETRÔNICO, através do Portal www.me-
galeiloes.com.br, o 1º Leilão terá início no dia 13/09/2023 às 15:00 h e se encerrará dia 18/09/2023 às
15:00 h, onde somente serão aceitos lances iguais ou superiores ao valor da avaliação; não havendo lance
igual ou superior ao valor da avaliação, seguir-se-á sem interrupção o 2º Leilão, que terá início no dia
18/09/2023 às 15:01 h e se encerrará no dia 19/10/2023 às 15:00 h, onde serão aceitos lances com no
mínimo 60% (sessenta por cento) do valor da avaliação. DO CONDUTOR DO LEILÃO – O Leilão será
conduzido pelo Leiloeiro Oficial Sr. Fernando José Cerello Gonçalves Pereira, matriculado na Junta Comer-
cial do Estado de São Paulo – JUCESP sob o nº 844. DO VALOR MÍNIMO DE VENDA DO BEM – No 2º
Leilão, o valor mínimo para a venda do bem corresponderá a 60% (sessenta por cento) do valor da
avaliação judicial, que será atualizada até a data da alienação judicial. DOS LANCES – Os lances poderão
ser ofertados pela Internet, através do Portal www.megaleiloes.com.br. DOS DÉBITOS – Eventuais ônus
sobre o imóvel correrão por conta do arrematante, exceto eventuais débitos de IPTU/ITR e demais taxas e
impostos que serão subrogados no valor da arrematação nos termos do Art. 130, “caput” e parágrafo
único, do CTN, bem como os débitos de condomínio (propter rem) que também serão subrogados no
preço da arrematação, conforme Artigo nº 908, § 1°, CPC. DO PAGAMENTO - O arrematante deverá efetu-
ar o pagamento do preço do bem arrematado, no prazo de até 24h (vinte e quatro horas) após o encerra-
mento do leilão através de guia de depósito judicial em favor do Juízo responsável, sob pena de se desfa-
zer a arrematação. DA COMISSÃO – O arrematante deverá pagar ao Leiloeiro, a título de comissão, o valor
correspondente a 5% (cinco por cento) sobre o preço de arrematação do imóvel. A comissão devida ao
Leiloeiro não está incluída no valor do lance e não será devolvida ao arrematante em nenhuma hipótese,
salvo se a arrematação for desfeita por determinação judicial ou por razões alheias à vontade do arrema-
tante e, deduzidas as despesas incorridas. DO PAGAMENTO DA COMISSÃO - O pagamento da comissão
do Leiloeiro deverá ser realizado em até 24h (vinte e quatro horas) a contar do encerramento do leilão,
através de guia de depósito que será enviada por e-mail. Todas as regras e condições do Leilão estão
disponíveis no Portal www.megaleiloes.com.br, no Código de Processo Civil e Resolução nº 236 do
CNJ. Por qualquer motivo caso a intimação pessoal do executado não se realizar por meio de seus advo-
gados ou pelo endereço constante dos autos, será intimado através do próprio edital de leilão nos termos
do art. 889, I, do CPC. RELAÇÃO DO BEM: MATRÍCULA Nº 36.808 DO 2º CARTÓRIO DE REGISTRO DE
IMÓVEIS DA COMARCA DE GUARULHOS/SP - IMÓVEL: Um imóvel com a área de 119.270,23, situado
no lugar denominado “Lavras”, no Bairro. Fortaleza, perímetro urbano deste distrito, o qual as sim se
descreve: “Inicialmente, partimos do marco nº 1, sito na confluência das propriedades de sucessores de
Antônio José Patricio, esta propriedade e cerca do DER. Daí percorrendo 244,00m pela cerca, no sentido
de Guarulhos (Nazaré Paulista a Guarulhos), atingimos o marco nº 02; daí com rumo de 50° 24’SE e per-
correndo 155,03m em confrontação com terras de propriedade de Américo Augusto Patricio (sucessor de
Antônio Jose Patricio), atingiremos o marco nº 03, sito a beira de um córrego existente na confluência com
terras de sucesso res de Natal Avena; daí seguindo em mais ou menos 376,00m, até atingirmos o marco
nº 04, em confrontação com sucessores de Natal Avena; daí seguindo mais ou menos 126,00m pelo cór-
rego em confrontação com Loteamento Soberana, atingiremos o marco nº 05; daí mais ou menos
122,00m atingiremos o marco nº 06, em confrontação com Armando Junqueira. Daí, seguindo mais ou
menos 33,50m pelo córrego em confrontação com Nelson Augusto, atingiremos o marco nº 07, deste
marco, com rumo de 60º55’NW e percorrendo 538,00m em confrontação com sucessores de Antônio
Jose Patricio, atingiremos o marco nº 01, nosso ponto inicial de partida. Consta na Av.06 desta matrícula
quue nos autos da Ação de Execução Civil, Prrocesso nº 00235763920118260001, em trâmite na 7ª Vara
Cívvel do Foro Regional de Santana/SP, re a por MOI AR tra HABITAT COOPERA ATIVA
HA oi ra m o ea ositár ec Consta
naa eE C i ess º /2 tr mite na
8ª a ld re r I A co t ATIVA
HA A A it Consta
naa Av.11 desta matrícu os a E sso nº 0011506-
533.2018.8.26.0224, em trâmite na 5ª Vara í P, S PEREIRA contra
HABITAT COOPERATIVA HABITACIONAL, foi penhorado o imóvel desta matrícula, sendo nomeada depo-
sitária a executada. Consta na Av.12 desta matrícula que nos autos da Ação de Execução Civil, Processo
nº 1003234-58.2015.8.26.0224, em trâmite na 1ª Vara Cível de Guarulhos/SP, requerida por RODRIGO
MACIEL SILVA contra HABITAT COOPERATIVA HABITACIONAL, foi penhorado o imóvel desta matrícula,
sendo nomeada depositária a executada. Consta na Av.13 desta matrícula que nos autos da Ação de
Execução Civil, Processo nº 0015715-77.2017.8.26.0005, em trâmite na 2ª Vara Cível do Foro Regional de
São Miguel Paulista/SP, requerida por ANGELA RIBEIRO DE FARIA DA SILVA contra HABITAT COOPERA-
TIVA HABITACIONAL, foi penhorado o imóvel desta matrícula, sendo nomeada depositária a executada.
Consta na Av.14 desta matrícula que nos autos do Processo nº 10008671120165020009, em trâmite na
9ª Vara do Trabalho da Capital/SP, foi decretada a indisponibilidade de bens de HABITAT COOPERATIVA
HABITACIONAL. Consta na Av.16 desta matrícula que nos autos da Ação de Execução Civil, Processo nº
1031398-67.2014.8.26.0224/01, em trâmite na 3ª Vara Cível de Guarulhos/SP, requerida por RAQUEL
MONTOVANI contra HABITAT COOPERATIVA HABITACIONAL, foi penhorado o imóvel desta matrícula,
sendo nomeada depositária a executada. Consta na Av.18 desta matrícula que nos autos da Ação de
Execução Civil, Processo nº 0082655-3020178260100, em trâmite na 44ª Vara Cível da Capital/SP, reque-
rida por JOSE CARLOS CUSTODIO FERNANDES contra HABITAT COOPERATIVA HABITACIONAL, foi pe-
nhorado o imóvel desta matrícula, sendo nomeada depositária a executada. Consta na Av.19 desta matrí-
cula a distribuição da Ação de Procedimento Comum, Processo nº 1034452-94.2021.8.26.0224, em
trâmite na 10ª Vara Cível de Guarulhos/SP, requerida por ANA LÚCIA BRAZ DOS SANTOS e outra contra
HABITAT COOPERATIVA HABITACIONAL. Consta na Av.21 desta matrícula a distribuição da Ação de
Procedimento Comum, Processo nº 1040512-83.2021.8.26.0224, em trâmite na 10ª Vara Cível de Guaru-
lhos/SP, requerida por JAIME DE ANDRADE REIS e outra contra HABITAT COOPERATIVA HABITACIONAL.
Consta na Av.22 desta matrícula que nos autos da Ação de Execução Civil, Processo nº 0047239-
8020128260001, em trâmite na 8ª Vara Cível do Foro Regional de Santana/SP, requerida por JAIRO PE-
REIRA DE SOUZA contra HABITAT COOPERATIVA HABITACIONAL, foi penhorado o imóvel desta matrícu-
la, sendo nomeada depositária a executada. Consta na Av.23 desta matrícula que nos autos da Ação de
Execução Civil, Processo nº 10249227620158260224, em trâmite na 4ª Vara Cível de Guarulhos/SP, re-
querida por FLAVIANA MARTINS MORENO contra HABITAT COOPERATIVA HABITACIONAL, foi penhorado
o imóvel desta matrícula, sendo nomeada depositária a executada. Consta na Av.24 desta matrícula que
nos autos da Ação de Execução Civil, Processo nº 0006255-72.2017.8.26.0003, em trâmite na 2ª Vara
Cível do Foro Regional do Jabaquara/SP, requerida por DALVA ESTEVAM DE OLIVEIRA contra HABITAT
COOPERATIVA HABITACIONAL, foi penhorado o imóvel desta matrícula, sendo nomeada depositária a
executada. Consta na Av.25 desta matrícula que nos autos da Ação de Execução Civil, Processo nº
0015810-27.2020.8.26.0224, em trâmite na 9ª Vara Cível de Guarulhos/SP, requerida por FLAVIO MOTA
DE ALMEID contra HABITAT COOPERATIVA HABITACIONAL, foi penhorado o imóvel desta matrícula, sen-
do nomeada depositária a executada. Consta na Av.26 desta matrícula que nos autos da Ação de Execu-
ção Civil, Processo nº 1070499-27.2016.8.26.0001, em trâmite na 24ª Vara Cível de Guarulhos/SP, reque-
rida por FABIO ELOY HENDEL contra HABITAT COOPERATIVA HABITACIONAL, foi penhorado o imóvel
desta matrícula, sendo nomeada depositária a executada. Consta na Av.27 desta matrícula que nos autos
da Ação de Execução Civil, Processo nº 0051516-28.2007.8.26.0224, em trâmite na 8ª Vara Cível de
Guarulhos/SP, requerida por SOLANGE SIGNOR contra HABITAT COOPERATIVA HABITACIONAL, foi pe-
nhorado o imóvel desta matrícula, sendo nomeada depositária a executada. Consta na Av.28 desta matrí-
cula que nos autos da Ação de Execução Civil, Processo nº 00068178220208260001, em trâmite na 3ª
Vara Cível do Foro Regional de Santana/SP, requerida por FELINTO CARMONA DE OLIVEIRA contra HABI-
TAT COOPERATIVA HABITACIONAL, foi penhorado o imóvel desta matrícula, sendo nomeada depositária
a executada. Consta na Av.29 desta matrícula que nos autos da Ação de Execução Civil, Processo nº
00221478220218260002, em trâmite na 14ª Vara Cível do Foro Regional de Santo Amaro/SP, requerida
por MOACIR LOPES GIMENEZ contra HABITAT COOPERATIVA HABITACIONAL, foi penhorado o imóvel
desta matrícula, sendo nomeada depositária a executada. Consta na Av.30 desta matrícula usucapião da
área de 80,77m2 do terreno. Contribuinte nº 062.10.40.0245.00.200 (Conf.Av.04). Consta as fls.400
dos autos que o terreno localizado na Estrada Guarulhos Nazaré, nº 6.218, Jardim São João, Guarulhos/
SP, encontra-se edificado um condomínio de uso residencial com diversas casas. O Condomínio possui
portaria com comunicação por interfone, portões automáticos, área de circulação, praças com playgrou-
nd, casas térreas e assobradas com garagem individual. Valor da Avaliação do Imóvel: R$ 24.973.000,00
(vinte e quatro milhões novecentos e setenta e três mil reais) para fevereiro de 2023, que será atua-
lizado até a data da alienação conforme tabela de atualização monetária do TJ/SP.
Guarulhos, 12 de julho de 2023.
Eu, _____________________, diretora/diretor, conferi.
Dra. Ana Carolina Miranda de Oliveira
Juíza de Direito
24ª Vara Cível do Foro Central da Capital/SP
Theseo Saúde Animal Ltda.
CNPJ/MF nº 18.671.540/0001-62 - NIRE 35.227.788.949
Extrato da 15ª Alteração ao Contrato Social
EDITAL DE 1º E 2º LEILÃO e de intimação dos executados PAU- Pelo presente instrumento particular: IPEL – Itibanyl Produtos Especiais Ltda., com sede em Jarinu/SP, CNPJ/MF
LO T. SANTIAGO CALÇADOS LTDA, inscrito no CNPJ/MF sob o nº 59.743.773/0001-00 e JUCESP NIRE 35.208.357.105, representada por seus administradores: Eliane Siviero de
16.988.634/0001-34; ALESSANDRA TEIXEIRA SANTIAGO (depositária), inscrita no CPF/MF sob o Freitas; e Hans Jürgen Claassen, ambos brasileros e residentes em São Paulo/SP, (“IPEL”), e Theseo France, com
nº 260.743.148-45; bem como seu marido CARLOS FERNANDO COSTA, inscrito no CPF/MF sob o nº sede Laval, França, CNPJ/ME nº 20.469.856/0001-18, representada por seu procurador, Tiago Alvin Moura, brasileiro,
casado, advogado, (“Theseo France”), Únicas sócias da Theseo Saúde Animal Ltda., com sede em Descalvado/SP;
069.034.738-31. O Dr. Claudio Antonio Marquesi, MM. Juiz de Direito da 24ª Vara Cível do Foro Central Resolvem, alterar o Contrato Social: 1. A sócia THESEO France, por meio deste instrumento, cede e transfere, a título
da Capital/SP, na forma da lei, FAZ SABER, aos que o presente Edital de 1º e 2º Leilão do bem imóvel, virem oneroso, 1 quota totalmente subscrita e integralizada, livre e desembaraçada de quaisquer ônus ou gravames, com
ou dele conhecimento tiverem e interessar possa, que por este Juízo processam-se os autos da Ação de valor de R$ 1,00, à IPEL, retirando-se da Sociedade. 2. A Sociedade operará como uma sociedade limitada unipessoal,
Monitória ajuizada por CROCS BRASIL COMERCIO DE CALÇADOS LTDA em face de PAULO T. SANTIAGO nos termos do art. 1.052 do Código Civil Brasileiro e a Cláusula 6 do Contrato Social é alterada: “6. O Capital Social,
CALÇADOS LTDA e outra - Processo nº 1086370-29.2018.8.26.0100 – Controle nº 1310/2018, e que foi totalmente subscrito e integralizado em moeda corrente nacional, é de R$ 7.952.639,00, dividido em 7.952.639
quotas, no valor de R$ 1,00 cada uma, integralmente detidas pela IPEL – Itibanyl Produtos Especiais Ltda. § 1º: A
designada a venda do bem descrito abaixo, de acordo com as regras expostas a seguir: DO IMÓVEL - O
responsabilidade das sócias é restrita ao valor de suas quotas e, havendo pluralidade de sócios, todos respondem
imóvel será vendido em caráter “AD CORPUS” e no estado em que se encontra, sem garantia, constituindo solidariamente pela integralização do capital social, nos termos do artigo 1.052 da Lei nº 10.406, de 10.01.2002. §
ônus da parte interessada verificar suas condições antes das datas designadas para as alienações judiciais 2º: Uma vez integralizadas as quotas, poderá o capital social ser aumentado. Observadas as disposições legais
eletrônicas. DA PUBLICAÇÃO DO EDITAL - O edital será publicado na rede mundial de computadores, no aplicáveis, havendo pluralidade de sócios, eles terão direito de preferência para subscrição do aumento, na proporção
sítio do Leiloeiro www.megaleiloes.com.br, em conformidade com o disposto no art. 887, § 2º, do CPC, do número de quotas de que sejam titulares, a ser exercido no prazo de 30 dias, contados da correspondente
inclusive as fotos e a descrição detalhada do imóvel a ser apregoado. DA VISITAÇÃO - Os interessados em deliberação.” 2. A sócia única IPEL resolve: a) o Instrumento Particular de Protocolo e Justificação de Incorporação da
Sociedade pela IPEL, celebrado em 31.07.2023, (“Protocolo”). b) o Laudo de Avaliação preparado pela MCS Markup
vistoriar o bem deverão enviar solicitação por escrito ao e-mail visitacao@megaleiloes.com.br. Cumpre Auditores Independentes S/S, com sede no Rio de Janeiro/RJ, CNPJ/MF nº 23.854.307/0001-55, com base no balanço
esclarecer que cabe ao responsável pela guarda do bem autorizar o ingresso dos interessados, sendo levantado em 30.06.2023, no qual foi apurado o valor contábil negativo de R$ 17.445.715,35 (“Laudo de Avaliação”),
que a visitação nem sempre será possível, pois alguns bens estão em posse do executado. Independente correspondente ao patrimônio líquido da Sociedade a ser incorporado na IPEL. a) Aprovar a incorporação da
da realização da visita, a arrematação será por conta e risco do interessado. DO LEILÃO - O Leilão será Sociedade pela IPEL, conforme os termos e condições indicados no Protocolo e no Laudo de Avaliação. A Sociedade
realizado por MEIO ELETRÔNICO, através do Portal www.megaleiloes.com.br, o 1º Leilão terá início no será extinta de pleno direito com a versão de todo o seu patrimônio para a IPEL, sendo a Sociedade sucedida em
todos os seus direitos e obrigações pela IPEL, sem solução de continuidade dos seus negócios. b) Autorizar que a
dia 15/09/2023 às 15:00 h e se encerrará dia 18/09/2023 às 15:00 h, onde somente serão aceitos lances
administração pratique todos atos necessários à formalização da incorporação, (incluindo (i) a sua sede localizada em
iguais ou superiores ao valor da avaliação; não havendo lance igual ou superior ao valor da avaliação, Descalvado/SP (CNPJ/MF 18.671.540/0001-62) e (ii) a sua única filial localizada em Campinas/SP (CNPJ/MF
seguir-se-á sem interrupção o 2º Leilão, que terá início no dia 18/09/2023 às 15:01 h e se encerrará no 18.671.540/0005-96) e o cancelamento e/ou transferência de todas as inscrições da Sociedade perante as autoridades
dia 10/10/2023 às 15:00 h, onde serão aceitos lances com no mínimo 60% (sessenta por cento) do valor competentes. Descalvado (SP), 31.07.2023. IPEL - Itibanyl Produtos Especiais Ltda. Por: Eliane Siviero de Freitas -
da avaliação. DO CONDUTOR DO LEILÃO – O Leilão será conduzido pelo Leiloeiro Oficial Sr. Fernando Diretora Presidente, e Hans Jürgen Claassen - Diretor Financeiro, Theseo France Por: Tiago Alvin Moura - Procurador.
José Cerello Gonçalves Pereira, matriculado na Junta Comercial do Estado de São Paulo – JUCESP sob JUCESP nº 336.715/23-7 em 18.08.2023. Maria Cristina Frei - Secretária Geral.
o nº 844. DO VALOR MÍNIMO DE VENDA DO BEM – No 2º Leilão, o valor mínimo para a venda do bem
corresponderá a 60% (sessenta por cento) do valor da avaliação judicial, que será atualizada até a data da
alienação judicial. DOS LANCES – Os lances poderão ser ofertados pela Internet, através do Portal www.
megaleiloes.com.br. DA PREFERÊNCIA – Nos termos do artigo 843, §§ 1º e 2º, do CPC, a quota parte da
coproprietária/cônjuge alheia a execução recairá sobre o produto da alienação do bem, sendo que a mes-
ma terá a preferência na arrematação, devendo concorrer no leilão, em igualdade de condições, visando
possibilitar a livre concorrência. DOS DÉBITOS – Eventuais ônus sobre o imóvel correrão por conta do
arrematante, exceto eventuais débitos de IPTU/ITR e demais taxas e impostos que serão subrogados no
valor da arrematação nos termos do Art. 130, “caput” e parágrafo único, do CTN, bem como os débitos
de condomínio (propter rem) que também serão subrogados no preço da arrematação, conforme Artigo
nº 908, § 1°, CPC. DO PAGAMENTO - O arrematante deverá efetuar o pagamento do preço do bem ar-
rematado, no prazo de até 24h (vinte e quatro horas) após o encerramento do leilão através de guia de
depósito judicial em favor do Juízo responsável, sob pena de se desfazer a arrematação. DA PROPOSTA
- Os interessados na aquisição do bem de forma parcelada, deverão apresentar proposta enviando de
forma detalhada sua intenção no e-mail proposta@megaleiloes.com.br (Art. 895, I e II, CPC). As referidas
propostas serão apresentadas ao M.M Juízo respectivo, caso o leilão se encerre negativo. No entanto caso
o leilão se encerre positivo, as propostas apresentadas serão desconsideradas, vez que o pagamento à
vista prevalece sob o pagamento parcelado. Em resumo o interessado em adquirir o bem realizando o
pagamento à vista, deve confirmar o lance em leilão, já aquele que tem a intenção de realizar o pagamento
de forma parcelada, deve enviar sua proposta por e-mail, ficando ciente das referidas condições do Artigo
8995§§ 7ºº, CPC. Por fim, a apresentaçãão de p oposta nãão suspendde o leiilão (Art. 895, § 6º, CPC), deveendo a
meesma ser analisada pelo M.M Juízo res o que deci pçã vantajosa para a reso
olução
daa O S o mento
dee lq d cid ob ad om as
paa s e equ e luç ema o ou romo-
ve , f d re t r , pedi re ulados
noos autos da execução em eu a 5, . COMISSÃO – O
arrrematante deverá pagar ao Leiloeiro, a títullo de comissão, o valor correspondente a 3% (três por cento)
sobre o preço de arrematação do imóvel. A comissão devida ao Leiloeiro não está incluída no valor do
lance e não será devolvida ao arrematante em nenhuma hipótese, salvo se a arrematação for desfeita por
determinação judicial ou por razões alheias à vontade do arrematante e, deduzidas as despesas incorridas.
DO PAGAMENTO DA COMISSÃO - O pagamento da comissão do Leiloeiro deverá ser realizado em até
24h (vinte e quatro horas) a contar do encerramento do leilão, através de guia de depósito, que ficará
disponível do site do leiloeiro ou será enviada por e-mail. O exequente, se vier a arrematar o bem, não
estará obrigado a exibir o preço, mas, se o valor do bem exceder o se crédito, depositará dentro de 03 dias
a diferença, sob pena de ser tornada se efeito a arrematação e, neste caso, o bem será levado a novo leilão
à custa do exequente (art. 892, § 1º do CPC). Todas as regras e condições do Leilão estão disponíveis
no Portal www.megaleiloes.com.br, no Código de Processo Civil e Resolução nº 236 do CNJ. Por
qualquer motivo caso a intimação pessoal do executado não se realizar por meio de seus advogados ou
pelo endereço constante dos autos, será intimado através do próprio edital de leilão nos termos do art.
889, I, do CPC. RELAÇÃO DO BEM: MATRÍCULA Nº 25.925 DO 1º CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS
DA COMARCA DE SANTOS/SP - IMÓVEL: Um terreno, designado como lote nº 5, da quadra B, do módulo
5, situado na Rua 176, na zona turística do loteamento denominado “Plano Urbanístico da Praia de São
Lourenço”, no perímetro urbano do Distrito de Bertioga, desta Comarca, medindo: 12,00 metros em curva
de frente; 31,00 metros da frente aos fundos, de ambos os lados e, 17,64 metros em curva nos fundos,
encerrando a área de 459,38 m2., confrontando: pela frente com a mencionada rua; do lado direito de
quem da rua olha para o terreno, com o lote nº 6; do lado esquerdo com o lote nº 4 e, nos fundos com o
sistema de recreio. Consta na Av.02 desta matrícula que a rua 176, passou constar na relação oficial de
vias e logradouros públicos de Bertioga, como Rua Aprovada 501. Consta na Av.03 desta matrícula a
construção da casa nº 99 da Rua Aprovada 501, com a área de 143,96m2. Consta na Av.04 desta matrícu-
la que a Rua Aprovada 501, recebeu a denominação oficial de Alameda Açaí. Consta na Av.07 desta matrí-
cula a ficar constando a demolição parcial da casa sob nº 99, da Açaí, da área de 116,84m2 permanecendo
inalterada a área de 27,12m2. Consta na Av.08 desta matrícula a construção dos acréscimos de 116,84
m2; 27,12m2, e 106,66m2, na casa sob nº 99, na Alameda Açaí que, somados aos 27,12m2 existentes,
totalizam a área construída de 277,74m2 e piscina com 22,72m2. Consta na Av.12 desta matrícula que
nos autos do Processo nº 50148484020194047000, em trâmite na 13ª Vara Federal de Curitiba/PR, foi
decretada a indisponibilidade de bens de CARLOS FERNANDO COSTA. Consta na Av.13 desta matrícula
que nos autos do Processo nº 50156726220204047000, em trâmite na 1ª Vara Federal de Curitiba/PR, foi
decretada a indisponibilidade de bens de CARLOS FERNANDO COSTA. Consta na Av.14 desta matrícula
que nos autos do Processo nº 10026688720165020614, em trâmite no Juízo Auxiliar de Conciliação em
Execução de São Paulo/SP, foi decretada a indisponibilidade de bens de CARLOS FERNANDO COSTA.
Consta na Av.15 e 16 desta matrícula que nos autos do Processo nº 50020622320214036126, em trâmi-
te na 2ª Vara Federal de Santo André/SP, foi decretada a indisponibilidade de bens de CARLOS FERNANDO
COSTA. Contribuinte nº 97.128.005.000 (Conf.Av.06). Consta no site da Prefeitura de Bertioga/SP débi-
tos tributários no valor de R$ 107.145,96 (04/08/2023). Consta as fls.282 dos autos que o imóvel locali-
zado na Alameda Açaí nº 99 (antiga Rua 176), Riviera de São Lourenço, Módulo 5, Bertioga/SP, trata-se de
casa assobradada padrão fino, composta de 4 suítes com ar-condicionado, 7 banheiros, sala para vários
ambientes, lavabo, cozinha americana, espaço gourmet com churrasqueira, piscina, sauna, área verde e 4
vagas, totalizando 384,22m2 de área construída. Valor da Avaliação do Imóvel: R$ 6.400.000,00 (seis
milhões e quatrocentos mil reais) para julho de 2023, que será atualizado até a data da alienação
conforme tabela de atualização monetária do TJ/SP.
São Paulo, 09 de agosto de 2023.
Eu, _____________________, diretora/diretor, conferi.
Dr. Claudio Antonio Marquesi
Juiz de Direito