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LEONARDO FERNANDES
LEONARDO FERNANDES
Rio de Janeiro-RJ
2022
1
Fernandes, Leonardo
Promoções em final de Carreira: Um limiar entre valorização dos recursos humanos
e qualidade no gasto público / Leonardo Fernandes. – 2022.
111 f.
CDD –
650.1
LEONARDO FERNANDES
“PROMOÇÕES DE FINAL DE CARREIRA NA PMERJ: UM LIMIAR ENTRE VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS E
QUALIDADE NO GASTO PÚBLICO’’.
DISSERTAÇÃO APRESENTADO(A) AO CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE(A) EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Dr. Octávio Amorim Neto, meu orientador, por sua orientação,
conhecimentos e ensinamentos passados, dando atenção e importância ao estudo das
Organizações Militares, campo muitas vezes esquecido.
Aos amigos policiais militares Tatiana Querido e Rodolfo Leitão, que sempre prestaram
apoio durante essa caminhada juntos na Administração Pública.
Aos meus familiares, por seus esforços na minha formação em todos os sentidos.
1
Iedda Carolina
1
RESUMO
Resultados- Os resultados obtidos apontam para uma falha não no controle interno na Polícia
Militar do Rio de Janeiro, nem numa cultura organizacional demaseadamente benevolente
com os mais antigos, mas sim da necessidade de adequação a Legislação Estadual que
atualmente é responsável por causar causa impactos negativos na eficiência do processo de
seleção de Oficiais Auxiliares do Rio de Janeiro. O campo revelou que a PMERJ, quando
comparada aos Estados de São Paulo e Minas Gerais, apresenta uma menor efetividade em
relação ao tempo de serviço prestado pelo Oficial Auxiliar após sua formação.
ABSTRACT
Purpouse- Carry out a study of a few cases related to the Qualification Course for the Staff of
Auxiliary Officers of the Military Police in the Southeast Region of the Country, with a focus
on revealing whether the Military Police of the State of Rio de Janeiro, through a failure in
internal control and an organizational culture focused on benefiting police officers with more
time in their careers or the existence of misguided state legislation ends up training Auxiliary
Officers who did not provide the service for which they were trained, resulting in inefficient
public spending and a shortage of staff of Junior Auxiliary Officers.
Methodology/Research Design- The data were collected through primary sources in two
parts: the first through the PM Bulletins, Notices, PM Almanacs, among other internal
documents of the Military Police, and the second through interviews with Military Police
Officers, with management positions , direct or indicated accessors, belonging to the areas of
interest in this research. The interviews were recorded, with the interviewee's permission, and
transcribed. The collected data were submitted to content analysis.
Findings- The results obtained point to a failure not in the internal control in the Military
Police of Rio de Janeiro, nor an organizational culture that is too benevolent with the older
ones, but rather the need to adapt to the State Legislation that is currently responsible for
causing negative impacts on the efficiency of the selection process for Auxiliary Officers in
Rio de Janeiro. The field revealed that the PMERJ, when compared to the States of São Paulo
and Minas Gerais, presents a lower efficiency in relation to the length of service provided by
the Auxiliary Officer after his training.
Research Limitations- The study was limited to researching the requirements for access to
the Qualification Course for the Auxiliary Officers of the Military Police in the southeastern
region of the country and its consequences regarding the length of service provided by the
Auxiliary Officer after his training.
Practice Implications- From the results of this research, we can observe the need for changes
in the state legislation of Rio de Janeiro in order to transform the process of selection and
training of the Auxiliary Officers of the PMERJ more efficient.
Social Implications- When we seek to understand how state legislation affects the
administration of the PMERJ and ends up negatively impacting public coffers and the
performance of police activity in Rio de Janeiro, a fact that is sometimes neglected by the
State in terms of reviewing and constantly updating current legislation.
1
Originality/value- Empirical research, inspired by a problem perceived through the staff
deficit of Auxiliary Officers in the PMERJ, given that the researcher, as part of the
Corporation, can perceive and was confirmed by consultation with the First Section of the
General Staff. This led to a perception of possible flaws in the planning and execution of the
Qualification Course for the Auxiliary Officers in the PMERJ, being a study with
consequences in the fields of human resource management, efficient spending of public
money and organizational culture.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15
1. INTRODUÇÃO
1.1 O Problema
Desde 2018, com a eleição do ex-governador Wilson Witzel, a então PMERJ, como
ainda é comumente conhecida e chamada, foi alçada como Secretaria de Estado, deixado de
estar sob a Secretaria de Segurança Pública e passando a ser Secretaria de Estado de Polícia
Militar (SEPM).
3º Sargento PM 12
2º Sargento PM 16
1º Sargento PM 20
Subtenente PM 25
- Que a política de valorização dos recursos humanos do governo do estado consolida-se, entre
outros aspectos, pela otimização do fluxo de carreira dos militares da Polícia Militar e do Corpo de
Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro; e
- Que a diminuição do interstício para promoção nas carreiras militares servirá de estímulo para os
seus integrantes, contribuindo para uma melhor prestação de serviços para a população. (RIO DE
JANEIRO, 2012)
Porém, mesmo buscando valorizar o efetivo integrante da PMERJ, não se pode abrir
mão de critérios objetivos e eficientes na seleção dos profissionais que ascenderão aos cargos
superiores.
Aqui, cabe explicar que na PMERJ existem diferentes quadros de Oficiais e, para um
melhor entendimento, de forma simples e didática, podemos dividir estes quadros em três
grupos: i) Quadro de Oficiais, ii) Quadro de Oficiais Auxiliares e iii) Demais Oficiais.
Sendo:
ii) Quadro de Oficiais Auxiliares – Composto pelos Oficiais que ingressaram como
Praça (Soldados) e após cumprirem determinado tempo de serviço e certos requisitos, podem
prestar concurso interno e realizar o CHQOA, já explicado, e concluindo o curso com
18
iii) Demais Oficiais – Como dito, para um melhor entendimento, este grupo é
composto pelos Oficiais das diversas áreas consideradas necessárias e de interesse para a
PMERJ, e aqui podemos citar: Médicos, Dentistas, Assistentes Sociais, Pedagogos,
Veterinários, Psicólogos, Fisioterapeutas e Enfermeiros. Estes, após concurso para cada área,
ingressam na Academia de Policia Militar Dom João VI e realizam o Estágio Preparatório de
Adaptação de Oficiais (EPAO), sendo ao final declarados 1º Tenentes em suas respectivas
áreas de atuação.
É claro que os problemas de efetivo existentes na PMERJ, bem como possíveis falhas
nos critérios de seleção e Promoção estão presentes em qualquer instituição. Porém, nesta
pesquisa, estaremos analisando somente o Quadro de Oficiais Auxiliares (QOA), quadro onde
a problemática das promoções de final de carreira se mostra relevante.
Inicialmente, foi percebido, empiricamente, através da impressão de falta de Oficiais
Auxiliares Subalternos (2º e 1º Tenentes) na tropa da PMERJ, onde diversas unidades da
Corporação onde serviu não possuíam em seus efetivos o quantitativo esperado de Oficiais
Auxiliares.
Após visita a Primeira Seção do Estado Maior da PMERJ foi confirmado o déficit no
efetivo de Oficiais Auxiliares Subalternos, sendo que na data da consulta, o déficit de 2º
Tenentes era de 94% e o de 1º Tenentes de 48%, o que sugeria uma possível falha de
planejamento da Polícia Militar no processo de seleção. (Tabela 2)
QOA
Posto Previsto Real
Major 35 45
Capitão 112 50
1° Tenente 143 75
2° Tenente 294 18
Tal dinâmica de seleção, com requisitos em parte semelhantes, pode ser observada
em outras instituições policiais coirmãs e até mesmo nas Forças Armadas, porém algumas
instituições, como a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), já inovaram e hoje trazem
em seus editais requisitos de acesso diferentes. Como dito, a PMMG, hoje, abre a
possibilidade de disputa por uma vaga para Oficial Auxiliar aos 2º Sargentos, tendo como
tempo mínimo de serviço exigido, 15 (quinze) anos e máximo de 24 (vinte e quatro) anos.
E, por último, propor modificações nas regras de acesso, baseadas num cenário com
requisitos focados na eficiência do gasto público e num melhor retorno do servidor público
para o Estado, buscando uma melhor média de termpo de serviço prestado pelo Oficial
Auxiliar após sua formatura.
Como dito, estas imagens pré-concebidas podem ser mitigadas quando as pesquisas
são realizadas por policiais militares. Por isso, é muito importante que haja o estímulo as
pesquisas feitas pelos próprios membros da instituição. O policial deve ser encorajado a
pesquisar, e o exemplo, partindo de dentro da própria Corporação será de grande
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relevância.
Por fim, ao analisar situações reais que ocorrem em uma organização pública, de
âmbito estadual, o estudo apresentará uma carga de praticidade que deverá auxiliar a
solução de problemas concretos e a formulação de estratégias efetivas no âmbito da
Administração Pública.
Por último, como a pesquisa também contemplará três outras instituições militares fora
da PMERJ, pode haver uma falta de cooperação no repasse de informações que implicará em
dificuldades para a coleta de dados.
As instituições foram escolhidas por serem as quatro forças Policiais Militares que
compõem a Região Sudeste do país. A proximidade geográfica acaba por naturalmente criar
uma amostra com características semelhantes em termos sociais, econômicos, culturais. Todos
os Estados apresentam centros urbanizados, grandes cidades e centros comerciais, altos
índices econômicos, assim como alta taxa de industrialização. Outro fator que motiva a
seleção das Polícias Militares dos Estados da Região Sudeste é a existência de regras de
acesso ao CHQOA diferentes umas das outras, o que proporcionará uma visão de vários
cenários de diferentes, enriquecendo o processo de comparação entre as instituições.
Esta dissertação está dividida em oito partes, além desta primeira, na qual
contextualizamos o objeto do estudo.
A quinta seção nos mostra uma análise das entrevistas resalisadas durante a pesquisa.
Na sexta seção vamos realizar uma análise dos resultados da parte quantitativa
juntamente com a qualitiva.
2. MARCO TEÓRICO
Exemplificando:
Como dito, a maior parte da saída dos Oficiais Auxiliares é resultado de sua passagem
para a Reserva Remunerada. Desta forma, a observação feita por Minayo descrita
anteriormente, pode ter relação com o problema da evasão de Oficiais Auxiliares, já que eles
possuem muitos anos de serviço policial, principalmente num Estado como o Rio de Janeiro,
o que acarreta, com o passar dos anos, um profissional esgotado física e mentalmente.
A base legal para este concurso interno da PMERJ está cometida no Decreto n° 49 de
28 de dezembro de 2018 – alterado pelo Decreto n° 47.062 de 06 de maio de 2020.
Art. 10 - A matrícula no CH será efetuada de acordo com a fixação de vagas para os QOA/QOE,
através de concurso, onde os graduados concorrerão, respeitando o disposto nos artigos 2º e 3º
deste Decreto, da seguinte forma:
I - do total das vagas estipuladas para os CH-QOA/QOE, 30% (trinta por cento) serão preenchidas
de acordo com a antiguidade na Graduação, entre os Subtenentes PM, desde que também seja
obtida, pelo candidato, no exame intelectual, a nota mínima prevista nas instruções reguladoras;
(RIO DE JANEIRO, 2020)
Como diferença também temos que, para os policiais militares possuidores de nível
superior completo, é aberto a possibilidade de realizar o concurso interno e sem a necessidade
de 15 (quinze) anos de serviço, podendo fazer a qualquer tempo.
Em São Paulo, existe um limite de 48 (quarenta e oito) anos de idade para o policial
poder prestar o concurso interno.
Espírito Santo, e divergindo das demais Corporações por não possuir Curso de Habilitação
para mudança de quadros, temos a Comissão de Promoção ao Quadro de Oficiais Auxiliares
do Espírito Santo.
Diferente das demais forças militares dos Estados (Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros Militares) e Forças Armadas, na PMES, como dita o Art. 10, II da Lei que o rege,
a partir da graduação de 2º Sargento, após conclusão do CAS (Curso de Aperfeiçoamento de
Sargentos) os policiais já estão habilitados para as seguintes promoções até o posto de Capitão
do QOA, e as promoções seguirão os critérios de antiguidade e merecimento. Desta forma,
sem Curso de Habilitação e sem um consequente processo seletivo através de prova e Curso
de Habilitação ao Quadro de Oficiais Auxiliares.
I - títulos:
a) curso regular de formação ou de habilitação oferecidos pela PMES ou pelo CBMES - número
de pontos correspondentes à média final obtida no curso respectivo;
b) curso regular de aperfeiçoamento oferecido pela PMES ou pelo CBMES - número de pontos
correspondentes ao dobro da média final obtida no respectivo curso;
Outro fator de fácil percepção na rotina administrativa na PMERJ, que acredito ser
32
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência [...]” (BRASIL, 1988)
Desta forma, o desenvolvimento do controle interno vem sendo propagado como uma
33
forma de garantir uma boa gestão dos recursos públicos e de reduzir as possibilidades de
ocorrência de atos de improbidade administrativa envolvendo servidores e gestores.
(PIMENTA, 2000)
[...] o conjunto dos mecanismos que permitem normalmente assegurar a eficácia e a eficiência das
atividades, a confiabilidade das informações produzidas e o respeito às leis e aos regulamentos
aplicáveis.
[...] os métodos, as regras e as modalidades de organização da gestão que permitem aos dirigentes
assegurar a legalidade, a eficiência, a relação custo-efetividade e a regularidade da ação conduzida.
(ORGANIZAÇÃO, 2005, p.2)
Desta análise, além de perceber que o controle na Administração Pública deve ir além
do simples controle burocrático, funcionando também um controle gerencial, pode-se
entender o chamado conceito de qualidade no gasto público. (CONTI E CARVALHO, 2012)
uma melhor qualidade no gasto público, através da seleção da proposta mais vantajosa para
um contrato do interesse público, atuando como fator de eficiência e moralidade.
(MEIRELLES, 2005) O gestor público deve agir com o mesmo norte em todas as áreas que
envolvam gasto público, visando a eficiência não somente em processo de compras ou
contratação de serviços, mas em investimentos com capacitação profissional dos servidores,
como estudado aqui.
Como visto, o controle interno deve ser mais do que a simples análise do cumprimento
de ritos de formalidades burocráticas. Nessa tomada, espera-se que as Unidades e as
Diretorias da PMERJ atuem também como fiscalizadores das ações, avaliadores dos
resultados dos projetos desenvolvidos pela instituição, ou seja, possuir mecanismos para
assegurar a eficiência e a eficácia das atividades desenvolvidas para que, possam assessorar o
Estado Maior e o Secretário de Polícia Militar com proposições a fim de aumentar a eficiência
de processos e a qualidade no gasto público.
Essa valorização é descrita como uma forma de otimização do fluxo de carreira que servirá
como estímulo para os seus integrantes e contribuir para uma melhor prestação de serviços
para a população.
De outro ponto de vista, o trabalho não deve se limitar a uma atividade remunerada,
um escambo econômico, pois sua atividade profissional representa e desempenha papel
fundamental na construção da identidade pessoal e social, sendo uma forma reconhecimento,
autoestima e de participação no convívio social onde interagimos com outras pessoas e
criamos vínculos afetivos (IRIGARAY, BARBOSA, OLIVEIRA, E MORIN, 2019).
3. PERCURSO METODOLÓGICO
compreendendo as Polícias Militares dos quatro Estados que compõem a região sudeste do
país, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, e possui duas abordagens
metodológicas: (i) Abordagem Quantitativa; e, (ii) Abordagem Quantitativa.
Após, será adotado o método comparativo, amplamente reconhecido nos estudos das
teorias organizacionais, já que fornece a possibilidade de se compreender as condições dos
processos a partir das semelhanças e/ou diferenças dos grupos analisados (BULGACOV,
1998). Sendo uma ferramenta prática ao estudo que pode auxiliar na solução de problemas
concretos da Administração Pública.
A partir da coleta desses dados, eles serão tratados a fim de realizar a análise
comparativa tendo como alvos principais: o custo de formação do Oficial Auxiliar, o tempo
de serviço restante até sua passagem para a reserva remunerada, o aumento salarial médio
acarretado pela promoção.
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Modelo PMERJ com reserva de vagas x Modelo PMERJ sem reserva de vagas -
Classificação 100% pelo critério de merecimento intelectual
Seguindo para a Abordagem Qualitativa, nesta parte serão realizadas entrevistas que
terão como público os atuais ou ex-diretores das unidades com envolvimento direto ou
convergência com o tema estudo, Oficiais responsáveis pelas atividades estudadas
(preparação / controle) ou Oficiais apontados como especialistas no tema. Para tal serão
realizadas entrevistas semiestruturadas com questionamentos que servirão de guia, mas
deixando o entrevistado livre para dialogar, visando assim conseguir entender a real percepção
que a unidade tem do problema, evitando respostas curtas e extremamente objetivas.
Esta parte será bem curta, pois os dados a serem coletados já foram explicados no
tópico anteriror.
O fato deste pesquisador atuar no campo do ensino e ser lotado em uma unidade de
ensino da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro que pela natureza da atuação possui
vínculos com as unidades responsáveis com a preparação do CHQOA, sendo isso um
facilitador do trabalho de campo, que se baseou inicialmente na coleta dos dados disponíveis
nas unidades de ensino (Malha Curricular do CHQOA, planejamento orçamentário do
CHQOA, etc.), bem como nas entrevistas com Oficiais ocupantes dos cargos chaves nas
unidades de ensino da Corporação.
Os outros dados necessários foram encontrados nos Boletins da PM e no Almanaques.
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Realizar uma entrevista com um superior hierárquico, dentro de uma estrutura militar,
é uma situação delicada. Deste modo, o caminho achado como mais prático e seguro foi
realizar entrevistas semiestrururadas, apresentando uma espécie de formalidade nas perguntas,
no intuito de demonstrar respeito aos pilares de hierarquia e disciplina presentes na
Administração Militar. Além, foi tomada a estratégia de informar que esta pesquisa será
apresentada ao Estado Maior da Corporação e que busca, acima de tudo, trazer possíveis
resultados positivos para a Corporação. Essa estratégia visava a busca do estabelecimento de
uma ligação empática, chamada de rapport (FISHER E GEILSEMAN, 1992), visando
realizar uma entrevista de forma leve e similar a uma conversa buscando um melhor
entendimento, contudo, sem por em prática técnicas como utilização de gírias e palavras
informais.
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Após a identificação das informações que seriam necessários para alcançar os dados
estatísticos essenciais para o andamento da pesquisa, passamos a coletar os documentos
necessários.
Os documentos referentes a PMERJ foram conseguidos através do site oficial da
Secretaria de Estado de Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro que disponibiliza o
Almanaque de Oficiais e Praças e os Boletins da Polícia Militar, destaco aqui que não foram
utilizados dados contidos nos Boletins Reservados, devido a sua natureza sigilosa de dados.
Os dados de custo do Curso de Habilitação de Oficiais Auxiliares do Rio de Janeiro
foram obtidos através de visita a Divisão de Ensino da Academia de Polícia Militar Dom João
VI.
Todos os documentos e dados citados como coletados na PMERJ foram solicitados a
três Oficiais das Polícias Coirmãs, sendo dois do Estado de São Paulo e um de Minas Gerais.
Para a obtenção dos dados referentes ao salário dos policiais militares, os valores
foram encontrados utilizando ferramentas de transparência dos Estados de São Paulo e Rio de
Janeiro, através da ferramenta conhecida como “Portal Transparência” que podem ser
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Como critérios de escolha, optamos por entrevistar Oficiais que atuem ou atuaram nas
unidades selecionadas, possuidores de notado conhecimento na área devido ao tempo de
atuação nas funções e que tenham participado do planejamento de algúm CHQOA-PMERJ.
Por vezes, os próprios Diretores, por atuarem a pouco tempo na função ou por não terem
participado de algum processo de planejamento e preparação de um CHQOA-PMERJ
informaram não serem os melhores profissionais para serem entrevistados, indicando que
outro Oficial fosse entrevistado.
Assim, as entrevistas foram feitas com os Oficiais que, devido ao período que atuaram
ou atuam na área estudada, participaram do processo de planejamento e criação das propostas
de um CHQOA-PMERJ, bem como com Oficiais apontados pelas diretorias como os mais
indicados para contribuir devido ao seu conhecimento das questões estudadas.
Dois métodos foram utilizados para a realização das entrevistas, sendo quatro delas
realizadas pessoalmente e três conduzidas através de chamadas de vídeo pelos aplicativos
Zoom (2) e WhatsApp (1).
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O processo de análise dos dados obtidos nas entrevistas foi, basicamente, realizado por
via da análise conteúdo. Aqui o processo foi baseado na análise de Bardin, e divídida em
algumas etapas. Foi realizada uma etapa de organização do material, onde nenhuma das
entrevistas foi descartada e fora decidido que todas seriam analisadas; seguindo para uma
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parte de categorização baseada no critério léxico, com busca nas palavras com conexão direta
ao estudo: gasto, eficiência, promoção, valorização, recursos humanos, controle; e,
terminando com uma fase de interpretação, por meio da inferência, apoiada nos elementos
constitutivos da menssagem. (BARDIN, 2001). Foi escolhida a análise de contúdo por
demonstrar melhor o sentido que os entrevistados manisfestaram através do seu discurso, o
que refletiria a visão da unidade representada, e não unicamente do pensamento do sujeito.
(CAREGNATTO & MUTTI, 2006)
Como ferramentas, também foram utilizados organogramas e planilhas a fim de
organizar os elementos obtidos durante as entrevistas. Assim, foi realizado o arranjo
esquemático das informações obtidas. Os relatos foram salvos em pastas específicas divididas
de acordo com os grupos selecionados, as transcrições em formato .Doc (Word) e as
entrevistas em formato .M4A (Voice Memos / Gravador de voz do Windows).
Os dados obtidos por meio desta pesquisa também foram tratados de acordo com a
preferência do entrevistado, podendo ele ser identificado nominalmente e ter suas respostas
associadas a seu nome, ou ser anonimizado.
A técnica de anonimização utilizada será a generalização, através de uma divisão em
categorias amplas e genéricas. Os grupos serão: ensino e instrução, financeiro, recursos
humanos e unidades especiais. Onde os dados serão analisados e apresentados como oriundos
do discurso dos participantes por categorias.
Caso o participante opte por ser identificado, serão expostos os dados referentes ao
posto e função que ele atua ou atuou dentro da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Nesta parte foi utilizado foi utilizado para transcrição de áudio o programa Traskriptor
e salvo em documento no formato Word. Visando não perdermos qualquer detalhe, durante as
entrevistas, foi utilizado um caderno de anotações para as observações pertinentes de trechos
de maior importância e para dar destaque as ideias por trás do conteúdo passado pelo
entrevistado quando relevante.
Junto a isso, foi realizado um tratamento das transcrição digitais de forma manual, a
fim de revisar e preencher, de forma mais assertiva, as falhas por vezes apresentadas pelo
programa.
A fim de assegurar a privacidade, a identificação será de acordo com a preferência do
43
Todos os dados quantitativos desta pesquisa podem ser verificados, visto que os dados,
em sua maioria são públicos por se tratar de decretos e informações públicas em Diário
Oficial de cada Estado.
Quanto ao contido nos Boletins, tais dados são referentes as convocações das turmas,
dados que podem ser encontrados também nas publicações do Diário Oficial dos Estados.
Transcrevemos um total de 7 (sete) relatos nesta pesquisa. Por vezes, foi diretamente
transcrito mais de um relato distinto da mesma pessoa, tendo em vista a riqueza de detalhes
e a pertinência dos comentários.
Como já dito anteriormente, foi acertado com os participantes que, após concluído e
apresentado, esta pesquisa seria enviada para cada um deles.
defendida por autores como Flick (2012) e Easterby-Smith, Thorpe & Lowe (1999). Sabendo
que o foco da triangulação é a validação dos resultados obtidos, a triangulação metodológica
tem como foco superar eventuais problemas epsitemiológicos do método individual, que pode
ser limitado. (ZAPPELLINI & FEUERSCHUTTE, 2015).
A saída do campo não apresentou dificuldades, sendo bastante satisfatória, visto que
os objetivos foram cumpridos, que eram realizar a coleta e compilação dos dados necessários.
Não foram observados outros requisitos de acesso, como questões disciplinares, bem
como a métrica utilizada para aferir a aprovação no concurso.
Aqui percebemos que Rio de Janeiro e São Paulo possuem os mesmos critérios na
graduação exigida para o concurso, possibilitando o ingresso do 1º Sargento (na PMERJ com
pelo menos com dois anos de serviço na graduação), enquanto Minas Gerais prevê o acesso a
partir da graduação de 2º Sargento.
para poder participar do concurso que, seguindo o ponto anterior, São Paulo e Minas Gerais
também compartilham a mesma exigência de 15 (quinze) anos de serviço, enquanto o Rio de
Janeiro não estipula tempo de serviço mínimo para prestação do concurso interno.
Como observação, em São Paulo, policiais com menos de 15 (quinze) anos de serviço
que possuam nível superior completo podem realizar o concurso, independente da graduação.
Cabe resaltar que a não exigência de tempo mínimo para o Oficial Auxiliar na PMERJ
não significa que os policiais do Rio de Janeiro podem prestar o concurso a qualquer tempo,
já que a exigência de necessariamente ser 1º Sargento ou Subtenente implica em um policial
com pelo menos vinte e dois anos de serviço, salvo em casos especiais explicados na
introdução.
O terceiro ponto observado foi a exigência de tempo máximo de serviço prestado para
participar do concurso. Neste quesíto, somente a PMMG estabelece um limitador de tempo de
serviço. Assim, ao limitar o tempo de serviço máximo que o candidato ao concurso interno
poderá ter no momento da matrícula, é possível garantir que o Oficial Auxiliar será capaz de
atuar por um período mínimo antes de poder requerer sua passagem para a reserva
remunerada.
Os gastos com a formação dos Oficiais Axiliares são parte importante desta pesquisa.
Aqui buscamos entender como é gasto o dinheiro empregado na formação e, principalmente,
chegar aos números que compõem esses gastos.
Desta forma será possível ter uma real dimensão de quanto se gasta para formar um
Oficial Auxiliar.
Após a compilação dos dados, foi possível chegar ao valor total gasto para realizar o
Curso de Habilitação correspondente e ao valor referente a formação de um Oficial Auxiliar.
PMERJ
Turma 2021 2022
Total R$ 1.167.435,62 R$ 1.167.435,62
Valor por Aluno R$ 6.633,15 R$ 7.630,29
PMESP
PMMG
Um fator que chamou atenção durante a compilação dos dados e valores, foi a
diferença na quantidade de disparos de arma de fogo efetuados nas instruções de tiro onde, de
acordo malha curricular do PMERJ, um aluno do curso realiza um total de 425 (quatrocentos
e vinte e cinco) disparos de diferentes calibres, enquanto um aluno do curso da PMMG efetua
um total de 164 (cento e sessenta e quatro) disparos, também de diferentes calibres. E o custo
com munições para formar um Oficial Auxiliar no Rio de Janeiro é cerca de 03 (três) vezes
superior ao valor gasto por Minas Gerais.
Por esse motivo, não será realizada uma comparação custo-benefício entre os gastos
com formação dos Oficiais Auxiliares entre os Estados, visto que as diferenças envolvendo os
gastos com formação de cada Polícia acabaria e não refletindo a realidade.
PMERJ
PMERJ Subtenente 2º Tenente Aumento %
Vencimentos R$ 13.531,14 R$ 15.456,97 R$ 12,5
1.925,83
PMESP
PMESP 1º Sargento 2º Tenente Aumento %
Vencimentos R$ 6.828,28 R$ 9.120,50 R$ 25
2.292,22
PMMG
PMMG 2º Sargento 2° Tenente Aumento %
Vencimentos R$ 9.110,81 R$ 13.036,78 R$ 43
3.925,97
Devemos levar em conta que existem grandes variações nas porcentagens de aumento,
mas isso é um claro resultado da quantidade de graduações que o Oficial Auxiliar “pulou”. Na
PMERJ, em média, sobe-se uma graduação, enquanto na PMESP duas graduações, e na
PMMG, três graduações.
Inicialmente, temos que explicar o termo “pedágio” que aparecerá de forma frequente
nesta parte. O termo é oriundo da Lei n° 13.954 de 16 de dezembro de 2019, que alterou as
regras da previdência das Forças Armadas, Polícias e Bombeiros Militares. Uma das
principais mudanças foi o tempo mínimo para que o militar passe para a inatividade, que foi
aumentado de 30 (trinta) anos para 35 (trinta e cinco) anos. Assim, foi criada uma regra de
transição prevendo que os policiais militares da ativa, que não completaram 30 (trinta) anos
até a data de 01 de janeiro de 2020, terão que cumprir o chamado pedágio, que representa
cerca de 17% em relação ao seu tempo de serviço restante. Este valor será adicionado as
médias apresentadas sempre que necessário.
Seguindo, nesta parte foi realizado um levantamento estatístico através dos dados
obtidos nos boletins das Polícias Militares, que informam a convocação dos policiais
aprovados no concurso interno, dos Almanaques das Corporações, que trazem todas
50
informações referentes aos quadros de efetivo das mesmas, e das informações repassadas
pelas Academias de Polícia Militar dos Estados.
30
25
20
15
26
10 22
16
5 10
6 6
3
0 0 1
0 anos 1-2 anos 3-4 anos 5-6 anos 7-8 anos 9-10 anos 11-12 13-14 15 anos
anos anos ou mais
PMESP – CHQOA/2017
Tempo de serviço restante %
0 anos 0%
1-2 anos 1%
3-4 anos 3%
5-6 anos 7%
7-8 anos 7%
9-10 anos 24%
11-12 anos 11%
13-14 anos 18%
15 anos 29%
Fonte: Elaboração Própria (APMBB)
Seguindo com a análise, é possível chegar a uma média de anos de serviço que um
Oficial Auxiliar do Estado de São Paulo pertencente a turma em foco ainda possui até atingir
o tempo necessário para sua passagem para a reserva remunerada. O valor foi encontrado ao
somar o tempo de serviço restante de todos os integrantes da turma e dividir pelo número de
integrantes, chegamos à média do todo.
52
PMESP –
CHQOA/2017
Turma 90 Oficiais
Total em anos 1031 anos
Média / Oficial 11 anos e 6 meses
Média + pedágio 13 anos e 2 meses
Passando para a próxima turma analisada no Estado de São Paulo, a turma CHQOA-
PMESP/2019, utilizando os mesmos parâmetros para realizar as quantificações e seguindo os
mesmos critérios, temos as seguintes estatísticas, iniciando pela divisão dos integrantes da
turma em faixas de anos de serviço restantes.
30
25
20
15
25
10 21
17
5 11
9
1 2 2
0 0
0 anos 1-2 anos 3-4 anos 5-6 anos 7-8 anos 9-10 anos 11-12 13-14 15 anos
anos anos ou mais
PMESP – CHQOA/2019
Tempo de serviço restante %
0 anos 1%
1-2 anos 0%
3-4 anos 2%
5-6 anos 2%
7-8 anos 13%
9-10 anos 10%
11-12 anos 28%
13-14 anos 24%
15 anos 19%
Aqui, como na turma de 2017, temos que a maior parte de Oficiais da turma se
encontra dentro da parcela acima de 9 (acima) anos restantes, compreendendo, assim como na
turma anterior, 82% do total de componentes. Nesta turma, somente um Oficial já possuía
tempo de serviço suficiente para a passagem para reserva remunerada.
PMESP –
CHQOA/2019
Turma 88 Oficiais
Total em anos 1038 anos
Média / Oficial 11 anos e 10 meses
Média + pedágio 13 anos e 8 meses
50
45
40
35
30
25
45
20
15
10
5 10
2 3
0 0 0 0 0 0
0 anos 1-2 anos 3-4 anos 5-6 anos 7-8 anos 9-10 anos 11-12 13-14 15 anos
anos anos
restantes.
PMMG – CHO/2021
Tempo de serviço restante %
0 anos 0
1-2 anos 0
3-4 anos 0
5-6 anos 3
7-8 anos 5
9-10 anos 0
11-12 anos 17
13-14 anos 75
15 anos 0
PMMG – CHO/2021
Turma 60 Oficiais
Total em anos 716 anos
Média / Oficial 12 anos
Média + pedágio 14 anos
Nesta turma a média de anos de serviço restante por oficial é foi de 14 (quatorze) anos.
Um número superior ao estado de São Paulo em cerca de 1 ano e 6 meses.
80
70
60
50
40
73
30
20
10 18
11
0 0 0 0 0 1 0
0 anos 1-2 anos 3-4 anos 5-6 anos 7-8 anos 9-10 11-12 13-14 15 anos
anos anos anos
Tabela 12: Porcentagem em Anos de Serviço Restante – TURMA CHO -PMMG /2022
PMMG – CHO/2022
0 anos 0
1-2 anos 0
3-4 anos 0
5-6 anos 0
7-8 anos 1
9-10 anos 11
11-12 anos 0
13-14 anos 71
15 anos 17
PMMG –
CHO/2022
Assim podemos perceber que a diferença entre as regulamentações atuais dos dois
Estados já analisados, da existência do limitador de tempo de serviço máximo de 24 (vinte e
quatro) anos, refletiu em uma efetividade maior no certame do Estado de Minas Gerais.
60
50
40
30
51
20 42
32
29
10
16
4
0 1 0 1
0 anos 1-2 anos3-4 anos 5-6 anos 7-8 anos 9-10 11-12 13-14 15 anos
anos anos anos
PMERJ – CHQOA/2021
Tempo de serviço %
restante
0 anos 30
1-2 anos 1
3-4 anos 2
5-6 anos 9
7-8 anos 16
9-10 anos 24
11-12 anos 18
13-14 anos 0
15 anos 0
Nesta primeira turma analisada, temos que 30% dos Oficiais componentes da turma,
no momento em que iniciaram o curso de habilitação, já tinham completo o tempo de serviço
necessário para requerer sua passagem para a reserva remunerada. Continuando, 58% dos
Oficiais Auxiliares matriculados se encontravam na faixa de 7 a 12 (doze) anos de serviço
restantes. Os últimos 12% estão incluídos na faixa de 1 (um) a 6 (seis) anos de serviço a ser
cumprido.
PMERJ –
CHQOA/2021
70
60
50
40
30 60
20
36
27
10
14 11
0 4 1 0 0
0 anos 1-2 anos 3-4 anos 5-6 anos 7-8 anos 9-10 11-12 13-14 15 anos
anos anos anos
PMERJ – CHQOA/2022
Tempo de serviço restante %
0 anos 9
1-2 anos 3
3-4 anos 7
5-6 anos 18
7-8 anos 24
9-10 anos 39
11-12 anos 1
13-14 anos 0
15 anos 0
PMERJ –
CHQOA/2022
Turma 153 Oficiais
Total em anos 1050 anos
Média / Oficial 06 anos e 8 meses
Média + pedágio 07 anos e 08 meses
Esta turma apresentou uma média de tempo de serviço restante de 7 (sete) anos e 8
(oito) meses, ou seja, superando em apenas 8 (oito) meses a turma do ano anterior. Porém,
apenas 9% dos Oficiais que integram a parcela que já concluíram o tempo de serviço, sendo
esse um diferencial de bastante importância por indicar que a parcela reservada por
antiguidade da turma de 2022 não foi composta em sua totalidade por policiais que já
completaram o tempo de carreira necessário, como ocorreu em 2021.
61
60
50
40
30
51
20
10
0 0 0 0
0 anos 1-2 anos 3-4 anos 5-6 anos
PMERJ – CHQOA/2021
Tempo de serviço restante %
0 anos 100
Dessa forma, nesta turma, 100% dos matriculados na parcela reservada por
antiguidade se encontravam na faixa de 0 (zero) anos restantes de serviço.
62
PMERJ –
CHQOA/2021
Turma 51 Oficiais
Total em anos 0 anos
Média / Oficial 0 anos
Média + pedágio 0 anos
18
16
14
12
10
8 17
14
6
11
4
2 4
0
0 anos 1-2 anos 3-4 anos 5-6 anos
PMERJ – CHQOA/2022
Tempo de serviço restante %
0 anos 30
1-2 anos 9
3-4 anos 24
5-6 anos 37
Assim, temos que 30% dos Oficiais Auxiliares já possuem tempo de serviço suficiente
para encerraram suas carreiras, e que 9% se encontram na faixa 1-2 anos, 24% na faixa 3-4
anos e 37% na faixa 5-6 anos de serviço pela frente, sendo seis anos de serviço o período
máximo para um Oficial Auxiliar matriculado pela reserva de vagas por antiguidade nesta
turma.
PMERJ –
CHQOA/2022
Turma 46 Oficiais
Total em anos 140 anos
Média / Oficial 03 anos
Média + pedágio 03 anos e 06 meses
Novamente, assim como logo foi percebido após a análise das duas primeiras turmas
observadas, pertencentes ao Estado de São Paulo, as turmas de Oficiais Auxiliares apresentam
64
resultados bastante parecidos entre si, em relação ao tempo médio de serviço restante. Tendo
as turmas de São Paulo apresentando uma diferença média de apenas 2 (dois) meses, as
turmas de Minas Gerais, a diferença média foi de 1 (um) ano e 2 (dois) meses e as turmas do
Rio de Janeiro uma média de 8 (oito) meses.
Como esperado, assim como foi percebido após a análise das duas primeiras turmas
observadas pertencentes ao Estado de São Paulo, as turmas de Oficiais Auxiliares dos outros
Estados também apresentam resultados bastante parecidos entre si. Agora, faremos um
comparativo entre os resultados apresentados entre as últimas e penúltimas turmas dos três
Estados observados.
Consideraremos a variável X não como o real valor gasto por cada Estado, mas
como o valor representativo do custo necessário de cada PM para formar seu Oficial Auxiliar
e isolamos esse valor. Dessa forma será possível verificar a efetividade do processo
65
analisando somente a variável Y, que é a média de tempo de serviço restante para o Oficial
Auxiliar em cada Estado, a partir da variação somente do resultado/produto. Dessa maneira
será possível verificar o quão é mais efetivo é um processo do que o outro.
16
13 anos e 2 14 anos
meses 14
10
7 anos 8
0
PMERJ - CHQOA 2021 PMESP - QOA 2017 PMMG - CHO 21
50
40 36
30 27 25
21
20 1718
14
11 11 9 11
10 4
1 0 0 0 2 0 2 0 1 1 0 0 0
0
0 anos 1-2 anos 3-4 anos 5-6 anos 7-8 anos 9-10 anos 11-12 anos13-14 anos 15 anos
15 anos e 2 16
13 anos e 4 meses
meses
14
7 anos e 8 10
meses
8
0
PMERJ - CHQOA 2022 PMESP - QOA 2019 PMMG - CHO 22
Na análise das últimas turmas de cada Estado, pode-se afirmar que o sistema de
seleção de São Paulo foi 75% mais efetivo que o sistema de seleção do Rio de Janeiro,
enquanto o sistema de Minas Gerais foi 98% mais efetivo. Onde, um Oficial Auxiliar de São
Paulo irá trabalhar em média maior em 6 (seis) anos e 4 (quatro) meses a mais que um Oficial
70
Auxiliar do Rio de Janeiro, enquanto um Oficial Auxiliar de Minas Gerais irá prestar e maior
em 7 (sete) anos e 6 (seis) meses, em comparação a um Oficial Auxiliar do Rio de Janeiro.
CHQOA-PMERJ/21 R x CHQOA-PMERJ/21 SR
70
60
50
40
30
20
10
0
0 anos 1-2 anos 3-4 anos 5-6 anos 7-8 anos 9-10 anos 11-12 13-14 15 anos
anos anos
PMERJ – PMERJ –
CHQOA/2021 CHQOA/2021
Com Reserva Sem Reserva
Tempo de % %
serviço
restante
0 anos 30 2
1-2 anos 1 1
3-4 anos 2 2
5-6 anos 9 9
7-8 anos 16 26
9-10 anos 24 33
11-12 anos 18 26
13-14 anos 0 0
15 anos 0 0
12
10 anos
10
7 anos e 8 meses
+32%
8
0
PMERJ - CHQOA 2021 - com reserva PMERJ - QOA 2021 sem - reserva
Nesta primeira análise envolvendo a turma real e a turma fictícia sem reserva de vagas
por antiguidade, foi possível enxergar que um sistema de seleção somente pelo critério de
merecimento intelectual seria 32% mais efetivo. Onde, um Oficial Auxiliar contribuiria em
média 2 (dois) anos e 4 (quatro) meses a mais.
Dos Oficiais Auxiliares pertencentes a turma real de 2021, somente 4 (quatro) Oficiais
Auxiliares teriam sido aprovados, sem o benefício da reserva de vagas.
CHQOA-PMERJ/22 R x CHQOA-PMERJ/22 SR
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 anos 1-2 anos 3-4 anos 5-6 anos 7-8 anos 9-10 anos 11-12 13-14 15 anos
anos anos
PMERJ – PMERJ –
CHQOA/2022 CHQOA/2022
Com Reserva Sem Reserva
Tempo de % %
serviço
restante
0 anos 9 2
1-2 anos 3 1
3-4 anos 7 8
5-6 anos 18 18
7-8 anos 24 26
9-10 anos 39 44
11-12 anos 1 1
13-14 anos 0 0
15 anos 0 0
10
9 anos e 2 meses
9
8 +30%
7 anos
7
0
PMERJ - CHQOA 2022 - com reserva PMERJ - QOA 2022 sem - reserva
Nesta segunda análise com o nosso cenário fictício, temos que o sistema de seleção
somente pelo critério de merecimento intelectual seria 30% mais efetivo. Onde, um Oficial
Auxiliar contribuiria em média 1 (ano) anos e 6 (seis) meses a mais.
Dos Oficiais Auxiliares pertencentes a turma real de 2022, 24 (vinte e quatro) Oficiais
75
4.7 Da Hipótese
PMERJ
Efetivo Previsto Real Déficit
1º e 2º 473 165 66 %
Tenentes
PMESP
Efetivo Previsto Real Déficit
1° e 465 276 41%
2ºTenentes
PMMG
Efetivo Previsto Real Déficit
1° e 2º 943 546 43%
Tenentes
Relembrando que a última turma de Oficiais Auxiliares de São Paulo foi formada no
ano de 2019, significando que, mesmo com cerca de 3 (três) anos sem CHQOA, a PMESP
apresenta um déficit de Oficiais Auxiliares Subalternos 25% menor que a PMERJ.
Gerais também apresentam problemas com déficit de efetivo em suas fileiras em torno de
40%. Esse fator aponta que, além de um processo seletivo eficiente, há que se atentar a
periodicidade dos concursos internos a fim de promover um fluxo de formação de Oficiais
Auxiliares constante, evitando uma janela temporal extensa entre os cursos, como na PMESP
em que a última turma formada foi em 2019, sendo este o real motivo do déficit na polícia
paulista. Já no caso da PMMG, apesar de formar turmas constantemente, há que se pensar
numa adequação no número de vagas oferecidas, visto que, excluindo-se a última turma que
possui cerca de 100 (cem) Oficiais Auxiliares, as turmas anteriores recentes foram compostas
sempre por 60 (sessenta) integrantes. Agora, caso a formação de 100 (cem) policiais em
média seja mantida pelos próximos concursos, espera-se que esse déficit seja reduzido.
No tópico anterior, buscamos analisar dados estatísticos das duas últimas turmas de
Oficiais Auxiliares, comparando-as inicialmente dentro de cada Estado e seguindo para uma
comparação entre as Turmas da três Polícias Militares. Também realizamos uma análise a
parte, contendo somente a parcela de Oficias que foram selecionados pela existência da
reserva de vagas por antiguidade na PMERJ.
Agora, através de um método de análise qualitativa, baseado em entrevistas
semiestruturadas, aplicado aos Oficiais pertencentes as áreas de Pessoal, Controle de
Pagamentos e Ensino e Instrução, buscando informações sobre como é a participação dessas
diretorias no planejamento do CHOQA-PMERJ, isso através de relatos dos Oficiais das áreas
envolvidas no tema central deste trabalho.
Os Oficiais foram selecionados de acordo com a função que atuam ou atuaram, dando
preferência para os que exerciam a função nos momentos anteriores ao início dos cursos, por
terem participado diretamente da preparação. Também foi levado em conta o tempo de
serviço que os Oficiais estão lotados na unidade e, por consequência, já participaram da
preparação do curso por diversas vezes, ou Oficiais apontados como experts no assunto em
questão.
O intuito foi entender como é feito o planejamento do CHQOA-PMERJ e se durante
este processo as Diretorias da PMERJ possuem e adotam meios de monitoramento de
resultados e medidas de verificação de eficiência do processo de seleção e formação dos
77
Oficiais Auxiliares.
Dentro da própria PMERJ, existem cursos que possuem claramente o viés contrário a
reserva de vagas por antiguidade, ou seja, buscam selecionar o público interno com menor
tempo de serviço, como o Curso de Operações Especiais e o Curso de Piloto Policial. Esse
fator fez este pesquisador incluir as unidades responsáveis pelos cursos no rol de grupos a
serem entrevistados.
GRUPOS
Ensino e Pessoal Controle de Unidades
Instrução Pagamentos Especiais
3 (DGEI / 1 (DGP) 1 (DCP) 2 (BOPE /
APM) GAM)
Neste grupo foram entrevistados três Oficiais, que atuam ou atuaram na Diretoria
Geral de Ensino e Instrução e na Academia de Polícia Militar Dom João VI.
As Academias de Polícia Militar, tanto na PMERJ quanto na PMESP e PMMG, são
responsáveis pelo planejamento pedagógico que envolve o desenvolvimento da malha
curricular, requisitos necessários dos instrutores, produção e/ou adaptação das ementas e
materiais. O planejamento logístico referente as necessidades de materiais específicos para o
desenvolver do curso também é realizado pelas Academias, que é dividido da seguinte forma:
(i) Gastos com docentes, (ii) gastos com materiais gerais necessário para o desenvolvimento
das instruções e (iii) gastos com munições.
Os entrevistados possuem em entre 12 (doze) e 20 (vinte) anos de serviço, atuando
diretamente em unidades de ensino, e desempenharam funções-chave durante o período
anterior ao início de uma turma do CHQOA, bem como num momento de tentativa de
atualização do decreto que regulamentava o Quadro de Oficiais Auxiliares da PMERJ.
A Diretoria Geral de Ensino e Instrução é responsável pelo chamado planejamento e
formalização do Curso, e essa tarefa é dividida com a Academia de Polícia Militar Dom João
VI. A primeira parte consiste em construir uma previsão de todos os procedimentos
necessários para a execução curso, ou seja, para a operacionalização do curso, o fazer
acontecer.
O aqui é acertado a malha curricular do curso, compreendendo quais disciplinas serão
ministradas, qual a carga horária de cada disciplina, necessidades de instrutores por disciplina,
perfil dos instrutores e os materiais de consumo necessários para ministrar as instruções. Aqui
fica subentendido o trabalho de preparação/atualização das ementas das disciplinas e
preparação de material. Após, é confeccionado um documento chamado de proposta de
79
educação.
A partir desse momento, duas vertentes são tomadas: uma partindo para o processo de
confecção de uma proposta de edital para seleção e chamada de docentes e outra vertente para
a institucionalização do curso, que seguirá para a publicação do Edital do Curso previsto na
previsão do ano anterior, ou, em caso de alguma alteração de cronograma, para a inclusão na
previsão do ano seguinte.
Como meios de controle interno, percebemos que a atuação das unidades da área de
ensino e instrução são direcionadas para a parte pedagógica, visando sempre melhorar a
formação e capacitação dos Oficiais Auxiliares, não tendo como cerne preocupações nas áreas
de pessoal ou financeira.
A previsão orçamentária segue os valores de material adquiridos pela Corporação
como um todo, exemplo, o valor utilizado para previsão de munições para a instrução de tiro é
calculado através do valor que a PMERJ gasta para adquirir aquela munição. A previsão dos
valores por instrutor é baseada no perfil do instrutor para cada matéria e na tabela de
pagamentos do estado para o Banco de Talentos, que aponta o valor da hora/aula para cada
perfil de instrutor (graduado, mestrado, doutorado).
Pedagogicamente, pode-se perceber uma forte atuação da Divisão de Ensino da APM
na busca por uma maior eficiência do processo ensino aprendizagem, através de ferramentas
de supervisão de docentes, monitoramento dos resultados dos alunos, atualizações constantes
do material.
Nesta parte, foi informado que normas legais consideradas desatualizadas acabam por
funcionar como gargalos pedagógicos, diminuindo a qualidade do ensino prestado e que,
inclusive, já foi produzida proposta de alteração do Decreto Estadual n° 14.978 de 1990 –
Regulamento do Curso de Habilitação de Oficiais Auxiliares da Polícia Militar do Estado do
Rio de Janeiro – que prevê, entre outros pontos, um grau para aprovação de índice 4,0/10,0.
Esse ponto, por exemplo, é incompatível com os demais cursos de mesma natureza da
unidade, formar Oficiais, que possuem um grau mínimo de aprovação de índice 7,0/10,0.
Outro ponto trazido como negativo foi a previsão do aluno poder ter grau 0 (zero) em alguma
disciplina e poder ser aprovado se, na média geral do curso, ele possuir média superior ou
igual a 4,0.
Em nenhuma instituição por exemplo, o aluno consegue passar com média abaixo de 5 (cinco), o
do QOA (CHQOA-PMERJ) consegue. Inclusive, ele pode tirar 0 (zero) na prova de tiro.
(OFICIAL DA PMERJ)
80
Outro fator negativo que foi evidenciado através das entrevistas foi o prejuízo na
qualidade do curso devido a uma grande diferença de conhecimentos teóricos e técnicos
verificada entre os alunos da parcela por reserva de vagas e da parcela por merecimento
intelectual. Foi contado que era perceptível uma diferença brutal no desempenho dos Oficiais
Auxiliares de cada grupo, o que dificultava muito a atuação dos instrutores. Esse impacto
gerado pela reserva de vagas não havia sido cogitado incialmente, mas se mostrou sendo mais
um desdobramento negativo dos requisitos de acesso ao CHQOA-PMERJ.
Agora existe uma consequência para a gente. É uma consequência pedagógica na Academia, que é
uma distinção muito clara do perfil desses dois grupos. A gente acaba tendo na sala de aula um
profissional que ingressou no curso por antiguidade, tendo alcançado a nota mínima no
desempenho acadêmico ali, cognitivo e alguém que estudou muito para alcançar aquela aprovação.
Então, a distinção na sala de aula, ela é muito evidente. O desempenho acadêmico desses dois
grupos, há uma diferença ali brutal. Isso fica muito claro. Isso gera uma dificuldade para o
instrutor nas instruções que é, você vai ter um grupo que vai acompanhar com facilidade, tudo que
está sendo passado ali e um grupo que, infelizmente, não buscou tanto aprimoramento profissional
ao longo da sua carreira e que alcançou aquele status de estar ali no curso. Por um critério de
antiguidade, sem o mérito pessoal, sem o mérito intelectual dele, e essa é a consequência que a
gente sofre ali na ponta e a gente não tem, infelizmente, gerência sobre isso para definir se vai,
qual vai ser esse percentual, se deve haver ou não. (OFICIAL DA PMERJ)
Esta entrevista foi a que melhor esclareceu as dúvidas sobre o processo de alterações
sobre os Decretos aqui estudados, mostrando como ocorreram as interações que levaram as
atualizações ocorridas em 2018 e em 2020, bem como as motivações que levaram até
produção dos termos que vieram a ser decretados.
A DGP, com assessoramento direto das unidades subordinadas, Diretoria de Pessoal
da Ativa (DPA) e Seção de Promoções (DPA/SP), participou da formulação das propostas de
81
alteração da legislação que foram trazidas a mesa durante a Intervenção Federal no Rio de
Janeiro no ano de 2018.
O Gabinete de Intervenção Federal possuía um Plano Estratégico com quatro objetivos
principais, sendo um deles recuperar a capacidade operativa dos órgãos de segurança pública.
Motivo que levou a criação dos chamados Grupos de Trabalhos, sendo um desses grupos
focados na área de pessoal, e consequentemente, na apresentação pela PMERJ de diversas
propostas de alteração/revogação de Leis e Decretos, que culminou com a revogação do
Decreto n° 13.159/1989 pelo Decreto n° 49/2018.
O objetivo aqui foi descontinuar um processo seletivo através de Comissão,
semelhante ao apresentado anteriormente quando foi apresentado o sistema de promoções ao
QOA-PMES, que se faria ineficiente e demasiado trabalhoso pela quantidade de subtenentes
existentes no quadro por conta das promoções decorrentes do Decreto n° 43.411/2012, que
trouxe a promoção por tempo de serviço. Como os policiais passaram a ser promovidos por
tempo sem respeitar a quantidade necessária para cada graduação, mesmo existindo um
quadro regulamentar prevendo o número necessário de policiais em cada posto e graduação,
gerou-se um número demasiado de subtenentes, o que transformaria o processo de seleção por
comissão demasiadamente demorado e custoso.
Seguindo, foi a oportunidade de se estabelecer um processo de seleção visando a
meritocracia através de uma seleção baseada totalmente no mérito intelectual, em avaliação de
saúde e avaliação física. Assim foi apresentada a proposta que resultou no Decreto n°
49/2018, que não possuía reserva de vagas por antiguidade e era destinada a todos os 1º
Sargentos e Subtenentes, ou seja, sem a necessidade de dois anos de serviço como 1º
Sargento. Também foi apresentada a demanda de exigência de curso de nível superior em
qualquer área para o candidato ao concurso interno, baseado no fato dos outros dois Cursos de
Acesso ao Oficialato na PMERJ (Curso de Formação de Oficiais e Estágio de Preparação e
Adaptação de Oficiais) já exigirem curso superior de Direito para os Oficiais da PMERJ e em
áreas específicas para os Oficiais Especialistas. A demanda referente a exigência de nível
superior acabou não sendo aprovada no momento.
Em 2020, antes da primeira turma de CHQOA-PMERJ sob a vigência do novo
Decreto, foi passado pelo Governo do Estado a época, a necessidade de uma nova alteração no
processo de seleção do para o CHQOA-PMERJ. A mudança mais relevante era a inclusão de
uma reserva de 30% das vagas do curso por antiguidade, e também foi incluído a necessidade
dos 02 (dois) anos na graduação para os 1º Sargentos, que culminou no Decreto atual.
Após essa proposta de mudança, foram apresentadas diversas razões que
82
fundamentaram a uma avaliação negativa da por parte da Diretoria Geral de Pessoal, pois,
resumidamente:
-Iria contra a meritocracia, que seria alcançada somente através da seleção dos
profissionais mais qualificados;
-A reserva de vagas por antiguidade acarretaria na seleção de subtenentes com 30
(trinta) anos de serviço ou mais, onde, através de uma análise do Sistema de Informação de
Pessoal (SISPES), foi verificado por amostragem que somente na parcela dos primeiros 200
(duzentos) Subtenentes, todos já possuíam mais de 30 (trinta) anos de serviço e poderiam
requerer suas passagens para a reserva remunerada logo ao término do curso;
-A existência de Subtenentes com cerca de 20 (vinte) anos de serviço, que foram
promovidos mais rapidamente por terem concluído o Curso de Formação de Sargentos no ano
de 2006, onde uma seleção totalmente baseada na meritocracia seria refletida na seleção dos
mais bem preparados e motivados para os postos do Oficialato.
Por último, aqui fora apresentado que outro fato se mostra prejudicial ao processo, que
é o fato de ser comum que os Oficiais Auxiliares, logo após a formação no curso de
habilitação, solicitarem o gozo de todas as licenças adquiridas durante sua carreira que se
ainda não foram usufruídas, como férias atrasadas e Licença Especial (licença de 6 meses
recebida ao se completar um decênio de serviço ativo). Assim, não trabalhando de forma
efetiva e não dando ao Estado o retorno esperado.
Basicamente, são demandas pontuais de projeções. A demanda é do Estado-maior, que emite uma
demanda. É, basicamente, calcular o impacto daquilo num pós-concurso. Num primeiro momento,
nós fazemos exatamente uma projeção. Não é a longo prazo, mas imediata. É questão de você
promover, se for criado um concurso com x policiais quanto aquilo, limpo, impactaria na próxima
folha. (OFICIAL DA PMERJ)
O que indica que para se chegar a uma métrica exata do impacto financeiro da
promoção de policiais militares em final de carreira, seria necessária uma atuação conjunta
dos setores pessoal e financeiro. Que seria importante para uma fundamentação e produção de
argumentos concretos, com dados estatísticos, para uma possível proposta de revisão dos
termos do Decreto atual, partindo da PMERJ.
o motivo que levou a mudança nos requisitos de acesso nos dois casos.
Essa mudança também aconteceu por causa de dessa eficiência, falo do, do gasto e do retorno do
policial. Para, um para unidade, e para o Estado em consequência. Ou seja, eu tenho na cabeça,
rapidamente, três Subtenentes que nós temos e que são referências de negociação no Brasil, e
todos eles têm mais de 25 anos de BOPE, de BOPE. Então, a importância dele estar trabalhando na
atividade-fim há mais tempo faz entender o serviço. Fazer o curso é a mesma lógica, não é,
trabalhar ainda por muito mais tempo, e para a unidade é a vida útil do pessoal. (OFICIAL DA
PMERJ)
verificado que o principal motivo para o Piloto Policial ser selecionado entre os Oficiais mais
modernos da Corporação é, também, devido ao longo tempo de duração do Curso, por vezes
passa de 01 (um) ano e do alto custo.
Foi citado que o custo dos próximos cursos será reduzido por conta das atualizações
das legislações da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que reduziu a quantidade de
horas/aula necessárias para a atuação do piloto em treinamento estar apto a integrar uma
equipe de pilotos. Essa alteração reduzirá o custo em aulas de treinamento em cerca de 1/3.
O público-alvo, geralmente são os Tenentes da PMERJ, tendo algumas vezes
destinado também aos capitães, e no último concurso somente para capitães com até 01 (um)
ano de serviço no posto. Levando em conta que os Oficiais Pilotos, geralmente, deixam de
pilotar quando próximos ao posto de Tenente-Coronel, a seleção de um capitão que já esteja
próximo de sua promoção ao posto de major irá acarretar em um piloto com um “prazo de
validade” menor.
Aqui vimos que mais uma vez a busca por uma maior eficiência entre custo e tempo
que o profissional irá atuar após sua formação é o que leva a definição dos requisitos de
acesso do curso.
Um fato relevante é que dois (28%) dos participantes utilizaram em suas respostas, por
alguma vez, o termo “ presente de final de carreira”, significando que essa facilidade no final
da carreira, aliado ao fato de receber uma promoção e um aumento salarial e não precisar
atuar na função nova podendo passar para a inatividade imediatamente após a conclusão do
Curso de Habilitação, parece uma espécie de presente.
Queremos um policial que se habilite cada vez mais, que ele se especialize, que ele estude, que ele
seja um reflexo da corporação de forma, vamos dizer positiva, não é? É levar a corporação a ter
uma boa imagem para a população. Fica muito difícil conciliar a valorização de um policial que
não buscou isso, que não buscou ser essa imagem. E de valor a corporação. E, ao longo da sua
carreira, seja lá qual foi o motivo que o levou a fazer isso, certo? Mas é. É totalmente diferente de
um policial, do profissional que buscou essa especialização, que buscou ser o exemplo, que buscou
ser a imagem da corporação, que buscou melhorar a sua imagem e, consequentemente, a imagem
da Corporação com as suas, com os seus, com as suas atitudes, com a sua, sua busca de
conhecimentos. Procurou ser um profissional melhor e aí sim, aí cabe a gente conciliar essa
proposta de promoção. É progressão, não é da vida, é da carreira do policial, uma proposta de
valorização não um presente. (OFICIAL DA PMERJ)
Ele vai terminar o curso e vai pedir para ir embora. Entendeu? Ou vai estar muito perto de ir
embora? Talvez não dê o retorno de investimento na Corporação. Lembrando, tem que promover
ou não? Acho que tem custo. Que eu, Polícia, vamos dar um presente? Não. Eu tenho que abrir um
concurso, porque eu preciso de Tenente, que não há para exercer. Eu preciso disso. Então fica um
cara que já tem condição de ir para casa, que o cara terminar o curso e meter um requerimento para
ir embora, e eu vou fazer o quê? (OFICIAL DA PMERJ)
Nesta questão, foi percebido que as diretorias da PMERJ realizam ações de controle e
monitoramento, visando melhorar o produto entregue.
Esse monitoramento é realizado de forma descentralizada, sendo cada unidade
responsável por uma área de atuação específica. Aqui estudamos as áreas de Ensino e
Instrução, Pessoal e Controle de Pagamentos. Outros setores podem ter participação de
89
alguma forma quanto ao CHQOA-PMERJ, mas deixaram de ser analisados por não possuir
correlação com o objeto desta pesquisa.
A área de Ensino e Instrução, aparentemente atua com as duas modalidades de
controle interno citadas da seguinte forma: Pedagogicamente, verificando a qualidade do
produto que será entregue ao cliente, se os processos de formação do Oficial estão adequados
e os resultados esperados foram alcançados; e, na parte documental de formalização do curso
verificando se as normas formais de planejamento e preparação foras cumpridas.
(CAVALHEIRO E FLORES, 2007)
Seguindo para a área de Pessoal, a PMERJ demonstrou estar a par de toda a situação
enfrentada e que inclusive já adotou posturas proativas como proposição de mudanças no
processo, revogação e alterações de Decretos. Não foi esclarecido quais os mecanismos e
ações utilizados pela diretoria para avaliar esses resultados, se esse acompanhamento é
realizado periodicamente, se são realizadas para toda a Corporação em geral ou se existem
ações específicas para os Oficiais Auxiliares.
Continuando para o Controle de Pagamentos, a visão chegada foi de que a unidade é
responsável pela operacionalização de questões de pagamento da Polícia Militar, possuindo
uma participação de forma mais imediatista na análise de impactos na folha salarial.
Trabalhando de maneira reativa as demandas de projeções de aumento na folha de
pagamentos por conta de novas turmas, mas sem a missão institucional de realizar algum
acompanhamento a longo prazo desses Oficiais Auxiliares após a formação e/ou após sua
passagem para a inatividade.
Como toda Seção empenhada na administração financeira e de recursos, os meios de
controle principais são realizados através de auditorias internas e de órgãos externos.
Assim percebemos os dois tipos de modelos de controle interno, onde o primeiro é um
controle limitado a análise da formalidade do processo, ou seja, se o processo administrativo
de planejamento cumpre suas normas formais durante a preparação, como o cumprimento de
prazos por exemplo. e o segundo é quando a Administração Pública trata o cidadão como
cliente e verifica se os processos atingem os resultados esperados. (CAVALHEIRO E
FLORES, 2007)
No campo financeiro, quanto ao controle de pagamentos, a PMERJ parece atuar
baseado na ideia de controle formal.
Um dos objetivos iniciais era a análise da Legislação Estadual que rege o Quadro de
Oficiais Auxiliares do Rio de Janeiro. Alguns dos fatores identificados no início da pesquisa
foram as datas de criação dos Decretos e o tempo em que os Decretos ficaram em vigor sem
atualizações.
Tais fatores não foram percebidos e foi revelado que, principalmente através da
percepção do problema pela DGP, que foram apresentadas propostas de mudanças que
culminaram na revogação do Decreto n° 13.159/1989 pelo Decreto n° 49/201. Quando na
alteração causada pelo Decreto nº 47.062 (criação da reserva de 30% de vagas por antiguidade
para o CHQOA), novamente a Diretoria percebeu as alterações como negativas e confirmou
que os impactos dessa normatização na Corporação foram negativos.
Nas entrevistas, 100% dos participantes sugeriram a extinção da reserva de vagas por
antiguidade. Dois (28%) dos participantes acreditam que a possibilidade de realizar o
concurso interno deveria ser oferecida ao policial a partir da graduação de 3º Sargento.
Durante uma das entrevistas foi informado que se cogitou incluir uma tabela regressiva
na quantidade de vagas por antiguidade para os próximos concursos do CHQOA-PMERJ da
seguinte forma:
CHQOA-PMERJ
1º 2º 3º Demais
Concurso Concurso Concurso
Antiguidade 30% 20% 10%
Já, quanto ao aumento salarial, podemos ver que um subtenente em decorrência de sua
promoção ao posto de 2º Tenente, resulta em um aumento salarial médio de 12,5%, conforme
Tabela 5.
Tabela 33: Custo de Formação do Oficial Auxiliar PMERJ com Salário incluído
PMERJ
Turma – CHQOA-PMERJ
Valor por Aluno R$ 7.630,29
Salário Subtenente R$ 13.531,14 x 8 (Duração do curso)
Total R$ 115.879,41
Isto não é uma crítica ao recebimento de salário durante o curso, pois como dito, trata-
se de um processo de capacitação necessário para o funcionamento e desenvolvimentos da
atividade policial e em qualquer ramo da Administração Pública. Mas, o retorno desse
investimento é esperado. Seguindo essa linha, quando um Oficial Auxiliar passa para a
inatividade sem prestar seus serviços ou prestando por um período muito curto, houve um
desperdício do Estado na ordem de R$ 115.879,41.
Então, olhando para o Oficial Auxiliar do Rio de Janeiro que já havia completado seu
tempo de serviço quando ingressou no curso, percebemos na turma CHQOA/21, 51
(cinquenta e um) Oficiais Auxiliares, e na turma CHQOA/22 14 (quatorze) nessa condição.
Tabela 34: Projeção de custo do Oficiais Auxiliares que já possuiam tempo de serviço para inatividade
PMERJ
Subtenente 2º Tenente Aumento 51 Oficiais 14
Oficiais
Vencimentos 13.531,14 15.456,97 1.925,83
Fazendo uma projeção, mantendo fixo os valores aqui encontrados, ou seja, sem
realizar previsões de reajustes ou aumentos salariais, a parcela de 51 (cinquenta e um) Oficiais
Auxiliares da turma CHQOA/2021 representa um gasto anual de R$ 1.306.482,30 maior do
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que o Estado teria sem a promoção desses Subtenentes ao posto de 2º Tenente. Na parcela de
14 (quatorze) Oficiais da turma CHQOA/2022 esse valor é de R$ 359.398,20 por ano.
7. IMPLICAÇÕES DO ESTUDO
Essa pesquisa pode ter diversas formas de aplicabilidade, de forma empírica e teórica,
já que é importante para os Oficiais da PMERJ, que possuem um papel essencial na gestão e
administração das inúmeras Seções que compõem a Administração da Corporação,
entenderem alguns fatores abordados nessa pesquisa que podem influenciar nas suas tomadas
de decisão, visto esta ser uma análise comparativa inédita sobre o processo de seleção e
formação de Oficiais Auxiliares em três Estados do Brasil.
Concomitante, podemos salientar que o conhecimento acadêmico sobre Administração
Pública nas Organizações Militares Estaduais acaba sendo escasso, resultando em muitas
lacunas teóricas.
Assim, espera-se que o estudo vá contribuir com uma análise mais profunda sobre a
necessidade de legislações adequadas a realidade existente na tropa policial militar do Rio de
Janeiro, salientando a questão da eficiência e qualidade no gasto público, que devem estar
sempre entre os pontos principais da gestão pública.
Este estudo permite apresentar possíveis caminhos para investigações futuras, visto
que outro aspecto que pode ser explorado é a condição física dos Oficiais Auxiliares em
performar satisfatoriamente as funções exercidas por um Oficial Subalterno (Tenente) na
PMERJ. De certo, os Oficiais Auxiliares, inicialmente, deveriam ser empenhados em funções
administrativas, mas, acreditando que por uma demanda operacional gerada pela escassez de
Oficiais Subalternos de Escola, os Oficiais Auxiliares desempenham as mesmas funções.
Explicando a realidade, o Tenente é responsável pelos serviços que mais demandam de
capacidade física, como: Supervisão de Oficial, Oficial de Operações, Comandantes de Força
de Choque e apoios a outras unidades. A Praça desempenha suas funções operacionais quando
Soldado, Cabo e Sargento, e tende a migrar para o setor administrativo no final da carreira,
por conta da experiência adquirida e melhoria nas condições de trabalho (conforto). Sua
passagem para o Quadro de Oficiais Auxiliares faz com que ele saia, geralmente, de uma
função administrativa, sem muita demanda física e passe para uma função com importância na
execução das funções operacionais da unidade, e que demandam muito da parte física do
Oficial.
94
Durante uma visita à APM, no decorrer da formação da turma de 2021, foi obtida a
informação de que cerca de 40 (quarenta) integrantes da turma do CHQOA se encontravam na
condição de APTO B (com alguma restrição física), número que representava 22% da turma.
Essa observação “acendeu uma luz” sobre a necessidade de se verificar se além dos
problemas gerados pelo elevado tempo de serviço, também exista uma segunda problemática
ligada à uma incapacidade desse recém formado desempenhar efetivamente as funções de um
Oficial Subalterno por causa de uma redução na capacidade física ligada a fatores fisiológicos.
Deixando claro que este pesquisador não possui conhecimento técnico nas áreas de saúde e
educação física.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estados de São Paulo e Minas Gerais são mais efetivos do que o processo do Rio de Janeiro
em 88% e 100% / 75% e /98%, respectivamente nas penúltimas e últimas turmas de São Paulo
e Minas Gerais. (Tabelas 23 e 25)
Em termos gerais, significa que os Oficiais Auxiliares formados em São Paulo
trabalharam em média 6 (seis) anos e 2 (dois) meses e 6 (seis) anos e 4 (quatro) meses a mais;
e, os formados em Minas Gerais trabalharam em média 7 (sete) anos e 7 (sete) anos e 6 (seis)
meses a mais, em comparação a um Oficial Auxiliar do Rio de Janeiro formado nas duas
últimas turmas. (Tabelas 23 e 25)
Seguindo para um cenário hipotético, onde foi simulado uma turma do CHQOA-
PMERJ sem a utilização do mecanismo de reserva de vaga por antiguidade e comparada com
a turma real (com a reserva de vaga por antiguidade), foi revelado que a seleção sem reserva
de vagas aumentaria a efetividade do processo em 32% na penúltima turma e 30% na última
turma. (Tabelas 27 e 29)
Além do comparativo estatístico entre as turmas do CHQOA, foram realizadas
entrevistas com os Oficiais da PMERJ pertencentes as Diretorias que possuem participação no
processo de preparação do CHQOA nas áreas pedagógica, pessoal e controle de pagamentos.
Foram selecionados Oficiais que atuam ou atuaram nas diretorias nos períodos em que houve
participação direta na preparação dos últimos dois Cursos de Habilitação ao Quadro de
Oficiais Auxiliares.
Na área de Controle de Pagamentos, a Diretoria de Controle de Pagamentos atua
realizando as projeções de aumento da folha salarial decorrente da promoção do quantitativo
de Oficiais Auxiliares previstos para a próxima turma. Sua atuação é baseada na verificação
do impacto imediato que as promoções irão causar na folha de pagamento subsequente, sem
um acompanhamento de quanto tempo esse policial irá trabalhar efetivamente e do gasto
salarial após a passagem para a reserva remunerada.
Na área de Ensino e Instrução, foi percebido que os mecanismos de controle interno da
Diretoria Geral de Ensino e Instrução e da Academia de Polícia Militar são inteiramente
voltados para o monitoramento da eficiência e qualidade no campo pedagógico, visando a
atualização do material de instrução, das ementas e malha curricular, bem como na seleção
dos instrutores e na capacidade logística para executar o CHQOA.
Na área de Pessoal, através da DGP e Seções subordinadas, acontece o monitoramento
constante das promoções e do quadro de Oficiais Auxiliares, possuindo o controle em tempo
real do efetivo de Oficiais Auxiliares em cada posto. Essa visão possibilita a percepção de
como a legislação estadual impacta negativamente o Quadro de Oficiais Auxiliares da
96
PMERJ, por direcionar o processo seletivo a aprovação das Praças com elevado tempo de
serviço prestado.
A Diretoria Geral de Pessoal, após identificar tais problemas e no ano de 2018, quando
oportuno, apresentou proposta de mudança do Decreto que regulava o certame de acesso ao
CHQOA-PMERJ, que não trazia reserva de vagas por antiguidade e sem a necessidade de 02
(dois) anos de serviço como 1º Sargento para prestar o concurso interno. Em 2020, antes do
primeiro concurso com tais regras acontecer, novamente o Decreto que rege o certame do
CHQOA-PMERJ foi alterado incluindo a reserva de 30 % das vagas por antiguidade e a
exigência de 02 (dois) anos de serviço na graduação para o 1º Sargento. A proposta de
mudança ocorrida em 2018 seguiu o caminho Polícia Militar do Estado do Rio de janeiro –
Governo do Estado do Rio de Janeiro, enquanto na proposta de 2020 ocorreu o reverso e a
vontade de mudança seguiu o caminho Governo do Estado – Polícia Militar. Nessa parte, foi
identificado que houve o assessoramento do Secretário de Polícia Militar pela Diretoria Geral
de Pessoal quanto aos prejuízos que seriam causados em decorrência dessa mudança, porém o
Governo do Estado preferiu seguir com as alterações fundamentando que os policiais militares
aptos para realizarem o concurso interno, Subtenentes e 1º Sargentos, foram promovidos
durante toda carreira sem a necessidade de prestar concurso interno e uma mudança nessa
rotina seria prejudicial para a classe.
Como desdobramentos dos requisitos de acesso, temos no Rio de Janeiro um processo
de seleção que favorece os mais antigos e resulta na formação de um Oficial Auxiliar com
pouco tempo de serviço restante até sua passagem para a reserva remunerada, como dito, que
pode ser confirmada através da comparação com o tempo de serviço prestado pelos Oficiais
Auxiliares das outras Corporações.
Foi apontado por um dos entrevistados que durante as discussões que antecederam as
alterações de 2020 que foi cogitado um escalonamento decrescente da porcentagem de vagas
reservadas por antiguidade, iniciando-se em 30% no primeiro concurso e reduzindo para 20%
no concurso seguinte, 10% no subsequente e, a partir de então, sem reserva de vagas. Essa
estratégia seria capaz de solucionar o problema anteriormente apontado pelo governo do
Estado, onde uma mudança brusca na rotina dos policiais mais antigos seria prejudicial, e
ainda aparenta ser uma boa solução a ser implementada visando esse mesmo objetivo.
No geral, o principal problema percebido foi a existência da reserva de vagas por
antiguidade, que reduz a efetividade do processo de seleção na PMERJ cerca de 30% menos
eficiente do seria o processo sem reserva de vagas.
Saindo da parte referente ao gasto público e do déficit, foi revelado um problema na
97
área pedagógica que, aparentemente, pode estar relacionado a reserva de vagas. Devido a
diferença do aproveitamento intelectual na prova de acesso ao CHQOA, foi percebido pelos
instrutores e profissionais da APM uma assimetria no aproveitamento acadêmico entre os dois
grupos, constatado através da dificuldade do grupo de alunos matriculados por reserva de
vagas de acompanhar o rendimento do grupo matriculado inteiramente por mérito intelectual.
No dia 26 de setembro de 2022, coincidentemente durante o período final do
desenvolvimento dessa pesquisa, o Comandante do Exército publicou a Portaria n° 1835 que
versa sobre a devolução do valor gasto com cursos por militares que passarem para a reserva
remunerada sem cumprirem um determinado período de tempo após a conclusão do curso.
Essa indenização será cobrada a todos os militares que, após realizarem um curso com
duração superior a 06 (seis) meses e não servir por 03 pelo menos (três) anos. Isso deixa claro
duas coisas, que outras organizações militares enfrentam esse mesmo tipo de problemas e que
estas estão tomando providências para resolver ou amenizar esse problema.
Para melhorar a eficiência do da seleção e formação dos Oficiais Auxiliares do Rio de
Janeiro é necessária uma proposta de mudança do Decreto n° 47.062/2020 baseada,
principalmente, na retirada da reserva de vagas por antiguidade, mesmo que de forma
gradativa, e na possibilidade dos 3º e/ou 2º Sargentos de participarem do concurso interno.
Para proteger o Estado no caso de algum aprovado com tempo de serviço prestado muito
elevado, que resultaria em uma saída precoce após formado, pode-se adotar medidas como o
limitador de tempo de serviço prestado (aos moldes da PMMG que exige um máximo 24 anos
de serviço) e como a indenização do valor do curso (aos moldes do Exército Brasileiro).
Num final, a Secretaria de Estado de Polícia Militar, como Secretaria de Estado, deve
ser o Órgão a buscar óbices na administração interna em sua área de atuação, como rotinas e
legislações ultrapassadas ou ineficientes e assim assessorar o Governo do Estado do Rio de
Janeiro a desenvolver a eficiência da Administração Pública Estadual melhorando a eficiência
do gasto público e qualidade no serviço policial militar, devendo munir o Governo e Órgãos
do Estado de dados e informações que comprovem os prejuízos sofridos e incentivando
soluções.
Somente através do planejamento, monitoramento constante dos resultados e
realização das adaptações necessárias é possível mantêr uma organização no prumo do
desenvolvimento, assim honrando as palavras do General José da Silva Pessoa que figura nas
paredes do pátio da Academia de Polícia Militar do Rio de Janeiro – “ Os Profissionais não se
improvisam [...]”- ou seja, os profissionais não agem sem preparação, as pressas e sem
planejamento, resumindo, sem amadorismo.
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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUGARIN, B. J. Controle das finanças públicas – Uma visão geral. Revista do Tribunal de
Contas da União, v. 25, 1994.
MINAYO, M. C. de S.; Assis, S. G.; & OLIVEIRA, R. V. C. (2011). Impacto das atividades
profissionais na saúde física e mental dos policiais civis e militares do Rio de Janeiro (RJ,
101
Brasil). Ciênc. Saúde. coletiva [online], vol.16, n.4, pp.2199-2209. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/csc/a/x4dWvKpCDFhmvbY39ncfDHx/abstract/?lang=pt. Acesso em.
15 nov. 2021.
http://www.fazenda.rj.gov.br/sefaz/content/conn/UCMServer/path/Contribution%20Folders/si
te_fazenda/Subportais/PortalGestaoPessoas/Legislacao/decretos/47062. Acesso em: 23 mai.
2022.
RIO DE JANEIRO. Lei nº 443, de 1º de julho de 1981. Estatuto dos Policiais Militares do
Estado do Rio de Janeiro. Diário Oficial. Rio de Janeiro.1981. Disponível em: https://gov-
rj.jusbrasil.com.br/legislacao/200605/lei-443-81. Acesso em: 17 nov. 2021.
SILVA, De P. Vocabulário jurídico. 15ª ed., Rio de Janeiro, Editora Forense, 1999.
Disponível em:
http://biblioteca2.senado.gov.br:8991/F/?func=itemglobal&doc_library=SEN01&doc_number
=000201055. Acesso em: 19 nov. 2021.
103
10. APÊNDICES
APÊNDICE A - ENTREVISTAS
1. Apresentação
2. Experiência Profissional
- Qual sua experiência profissional na área de Ensino na PMERJ? Quantos tempo atua
na área? Quais as principais funções que desempenhou?
3. Perguntas
4. Complementação
5. Agradecimento
1. Apresentação
2. Experiência Profissional
- Qual sua experiência Profissional na PMERJ? Quantos tempo atua na área? Quais as
principais funções que desempenhou?
3. Perguntas
4. Complementação
1. Apresentação
2. Experiência Profissional
- Qual sua experiência Profissional na PMERJ? Quantos tempo atua na área? Quais as
principais funções que desempenhou?
3. Perguntas
graduação) e Subtenentes. O srº acredita que este é o público-alvo correto para o concurso?
Por quê?
- Nos últimos concursos, foi adotado o critério de reserva de vagas por antiguidade
para 30% das vagas (Decreto nº 47.062, de 06 de maio de 2020). Sabe se a diretoria foi
consultada?
- Quais impactos acredita que essa reserva de vagas trouxe ou poderá trazer ao Quadro
de Oficiais Auxiliares?
- Percebe uma elevada evasão de Oficiais Auxiliares recém formados no Curso de
Habilitação ao Quadro de Oficiais Auxiliares?
- Se sim, como isso impacta a área de pessoal da PMERJ?
- Já recebeu alguma proposta de mudança de alguma unidade ou setor subordinado?
- Já apresentou alguma proposta de mudança aos superiores ou Secretário de Polícia
Militar?
- Entende que a expectativa de uma possível maior facilidade de promoção das praças
mais antigas ao Oficialato, através da reserva de vagas por antiguidade no CHQOA,
compensa o tempo de serviço elevado dos Oficiais Auxiliares recém formados?
- Percebe a existência de uma cultura na Polícia Militar, após tantos anos, de aceitação
e expectativa de facilidades de acesso aos Praças mais antigos do quadro ao CHQOA?
- Acredita que uma mudança nessa rotina traria impactos negativos para a Corporação?
- Acredita que possíveis aspectos negativos de promoções no final da carreira, como
evasão de Oficiais Auxiliares pouco tempo após a formatura, justificam o atual formato do
CHQOA em comparação com os possíveis benefícios dessa política?
- Acredita que a SEPM, como Secretaria de Estado, deve ser o Órgão a buscar óbices
na administração interna, como rotinas e legislações ultrapassadas ou ineficientes e assim
assessorar o Governo do Estado do Rio de Janeiro a melhorar a eficiência da Administração
Pública Estadual (eficiência de gasto público, qualidade no serviço policial militar, etc.)?
4. Complementação
5. Agradecimento
109
1. Apresentação
2. Experiência Profissional
- Qual sua experiência Profissional na PMERJ? Quantos tempo atua na área de aviação
policial? Quais as principais funções que desempenhou?
3. Perguntas
4. Complementação
5. Agradecimento
1. Apresentação
110
2. Experiência Profissional
- Qual sua experiência Profissional na PMERJ? Quantos tempo atua na área das
Operações Especiais? Quais as principais funções que desempenhou?
3. Perguntas
4. Complementação
5. Agradecimento
111