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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

Cap Inf THIAGO JOSÉ BANDEIRA SANTOS

A FRAÇÃO TÁTICA DE OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS NO COMANDO MILITAR


DO LESTE: UM ESTUDO SOBRE A DEMANDA NO AMBIENTE OPERACIONAL
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RIO DE JANEIRO

2020
ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

Cap Inf THIAGO JOSÉ BANDEIRA SANTOS

A FRAÇÃO TÁTICA DE OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS NO COMANDO MILITAR


DO LESTE: UM ESTUDO SOBRE A DEMANDA NO AMBIENTE OPERACIONAL
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Dissertação de Mestrado apresentada à


Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais,
como requisito para a obtenção do grau
de Mestre em Ciências Militares.

Orientador: Cel André Cezar Siqueira

RIO DE JANEIRO

2020
Ficha catalográfica elaborada pelo
Bibliotecário Márcio Finamor CRB7/6699

S237f
2020 Santos, Thiago José Bandeira
A fração tática de operações psicológicas no
comando militar do leste: um estudo sobre a
demanda no ambiente operacional do estado do rio
de janeiro / Thiago José Bandeira Santos. – 2020.
227 f. : il.

Dissertação (Mestrado em Ciência Militares) –


Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Rio de
Janeiro, 2020.

1. Operações de Informação. 2. Operações


Psicológicas. 3. Comando Militar do Leste. I. Escola
de Aperfeiçoamento de Oficiais II. Título.

CDD: 355.005
Cap Inf THIAGO JOSÉ BANDEIRA SANTOS

A FRAÇÃO TÁTICA DE OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS NO COMANDO MILITAR


DO LESTE: UM ESTUDO SOBRE A DEMANDA NO AMBIENTE OPERACIONAL
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Dissertação de Mestrado apresentada à


Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais,
como requisito para a obtenção do grau
de Mestre em Ciências Militares.

Aprovado em 21 de outubro de 2020

Banca Examinadora

___________________________________________
NELSON DE SOUZA JÚNIOR – Cel
Doutor em Ciências Militares
Presidente/ EsAO

___________________________________________
ANDRÉ CEZAR SIQUEIRA – Cel
Doutor em Ciências Militares
1º Membro/ EsAO

___________________________________________
FREDERICO ALTERMANN NETO – Maj
Mestre em Ciências Militares
2º Membro
A minha querida mãe e professora que
em sua dedicação, esforço e estímulo ao
debate me conduziu no caminho do
conhecimento.
AGRADECIMENTOS

A minha amada esposa que não cansou de corrigir, opinar e contribuir nesta
dissertação. Seu apoio e inteligência foram os alicerces desta vitória, assim como
seu discernimento para abnegar horas de nosso fraterno convívio para que eu
pudesse concluir esta dissertação.
Ao General de Brigada Luciano Batista de Lima pela sua brilhante tese
apresentada à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército em 2009. Em que
pese o ano de sua publicação, este trabalho à frente de seu tempo, orientou o
problema desta pesquisa e serviu de inspiração para este jovem oficial no decorrer
desta especialização.
Ao Coronel André Cezar Siqueira, meu orientador, pelas valorosas
contribuições acadêmicas, confiança e incentivo ao desenvolvimento deste estudo.
Ao Tenente-Coronel Fausto Augusto de Sousa Pontes pelos ensinamentos e
proveitosas discussões doutrinárias que possibilitaram conclusões acertivas quanto
ao objeto da pesquisa.
Ao Tenente-Coronel Felipe Jorge Granero e a professora Ana Paula de
Moraes Teixeira pelas valorosas sugestões e contribuições apresentadas durante a
fase do projeto de pesquisa que constituíram bases sólidas para o desenvolvimento
deste trabalho.
Aos especialistas em Operações Psicológicas de nível avançado pela
colaboração na transmissão de tão importantes conhecimentos e experiências para
a solução desta pesquisa.
Aos companheiros especialistas em Operações Psicológicas pelo exemplo de
profissionalismo e inquebrantável espírito de cumprimento de missão, cujas lições
me guiarão por toda a vida profissional.
Aos integrantes civis e militares do Centro de Estudos de Pessoal e Forte
Duque de Caxias pelo espírito de camaradagem, inestimável apoio acadêmico e
excelência do ensino.
A Seção de Pós Graduação da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais pela
oportunidade de realizar uma dissertação strictu sensu e contribuir de alguma forma
para a evolução da doutrina militar terrestre.
À minha família meus sinceros agradecimentos pelas constantes orações a
Deus, carinho, amor, incentivo e por entenderem os períodos de ausência sem
nunca deixarem de me motivar para superar os obstáculos mais difíceis que se
apresentaram ao longo desta dissertação.
As usuais ações táticas de efeito cinético
só tem utilidade na medida em que são
orientadas para a consecução de uma
meta psicológica que possa ser
amplamente explorada e potencializada
pela propaganda nos níveis político e
estratégico, fazendo parte de um contexto
informacional mais amplo.
(VISACRO)
RESUMO

A relevância do controle da narrativa e da opinião pública nas operações São


Francisco, Copa do Mundo de Futebol 2014, Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio
2016, Furacão e Intervenção Federal impulsionaram o desenvolvimento desta
pesquisa. Nesta direção, a presente dissertação elencou como objetivo geral avaliar
se uma fração tática inteiramente capacitada a atuar com Operações Psicológicas
possui uma demanda permanente no Estado do Rio de Janeiro. Para tal, os fatores
doutrina e organização foram demasiadamente estudados tanto no âmbito nacional,
quanto no internacional (EUA, Portugal e Colômbia) visto que o Catálogo de
Capacidades do Exército e a Diretriz para o SOPEx enquadram a atividade como
uma capacidade operativa. Outrossim, a pesquisa voltou-se para a solução do
emprego episódico, pontual e com efetivos reduzidos do destacamento do 1º B Op
Psc. A abordagem do problema teve caráter qualitativo, visto que julgar a
necessidade de uma estrutura tática apresenta de forma intrínseca um vínculo
inseparável entre a objetividade e a subjetividade. Em relação aos procedimentos
técnicos, o estudo apresentou um caráter bibliográfico, documental e de
levantamento. Neste escopo, utilizou-se os instrumentos de questionário, aplicado a
uma amostra de especialistas possuidores do Curso de Operações Psicológicas, e
da entrevista, realizada com o Chefe da Divisão de Operações de Informação e da
Seção de Operações Psicológicas do COTER, o Comandante do 1º B Op Psc e o
Chefe da Célula de Operações de Informação do CML, que exerciam estes cargos
durante o ano de 2019. Desta forma, o estudo evidencia que o 1º B Op Psc possui
efetivo limitado para suprir a demanda nos oito C Mil A. Além disto, a pesquisa
identificou que houve uma necessidade permanente de apoio tático das Operações
Psicológicas nas OCCA ocorridas no Estado do Rio de Janeiro entre 2014 e 2018,
assim como constatou que existe a previsão de uma demanda crescente pela
Fração Tática de Operações Psicológicas nos próximos anos. Destarte, avaliou-se
que existe a necessidade permanente da FTOP no Estado do Rio de Janeiro. Diante
disso, julgou-se que a estrutura adequada para a demanda no CML seja de uma
Companhia de Operações Psicológicas diretamente subordinada a este C Mil A.
Devido à maior concentração, ao longo da pesquisa, em soluções relativas aos
aspectos doutrina e organização, sugere-se que os resultados sobre os fatores
adestramento, material, educação, pessoal e infraestrutura sejam aprofundados em
pesquisas futuras. Por fim, o estudo apresenta como contribuição uma proposta
consolidada em um Caderno de Instrução – A Companhia de Operações
Psicológicas, a qual vislumbra um QO experimental contendo uma base doutrinária
e sua estrutura organizacional.

Palavras-chave: Operações de Informação. Operações Psicológicas. Exército


Brasileiro. Comando Militar do Leste. Rio de Janeiro.
ABSTRACT

The relevance of narrative and public opinion management in the following San
Francisco, Soccer World Cup 2014, Rio 2016 Olympic and Paralympic Games,
Hurricane and Federal Intervention boosted the development of this research.
Therefore, the current dissertation has as a general objective to evaluate whether a
tactical team fully qualified to act with Psychological Operations has a permanent
demand in Rio de Janeiro. To this end, the doctrine and organization factors have
been deeply studied both at the national and international levels (the USA, Portugal
and Colombia), once the Army Capabilities Catalog and the Army Psychological
Operations System (SOPEx, acronym in Portuguese) Guideline frame the activity as
an operating capacity. Furthermore, the research turned to the solution of episodic
use, punctual and with reduced numbers of personnel in the detachment of the
Batallion of Psychological Operations (1st B Op Psc, acronym in Portuguese). The
approach to the problem is a qualitative since judging the need for a tactical structure
intrinsically presents an inseparable link between objectivity and subjectivity.
Regarding technical procedures, the study had a bibliographic, documentary and
survey character. In this scope, the instruments were: a questionnaire applied to a
sample of specialists who have attended a Psychological Operations Course and an
interview with the Head of the Information Operations Division and the Psychological
Operations Section of Ground Operations Command (COTER, acronym in
Portuguese), the Commander of the 1st B Op Psc, and the Head of the Eastern
Military Command (CML, acronym in Portuguese) Information Operations Cell, who
held these positions during 2019. Thus, the study shows that the 1st B Op Psc has
limited staff to supply the demand in the eight Military Area Command (C Mil A,
acronym in Portuguese). In addition, the research identified that there was a
permanent need for tactical support for Psychological Operations in Cooperation and
Coordination Operations with Agencies (OCCA, acronym in Portuguese) that
occurred in Rio de Janeiro between 2014 and 2018, as well as found that there is a
forecast of an increasing demand for the Tactical Team of Psychological Operations
(FTOP, acronym in Portuguese) in the coming years. Thus, it was assessed that
there is a permanent need for FTOP in Rio de Janeiro. Therefore, it was considered
that the adequate structure for the demand in CML is a Psychological Operations
Company directly subordinated to this C Mil A. Due to the greater concentration,
throughout the research, in solutions related to the doctrine and organization
aspects, it is suggested that the results on the factors training, material, education,
personnel and infrastructure should be deepened in future research. Finally, the
study presents as a contribution, a consolidated proposal in an Instruction Booklet -
The Psychological Operations Company, which envisions an experimental
organizational framework containing a doctrinal basis and its organizational structure.

Keywords: Information Operations. Psychological Operations. Brazilian Army.


Eastern Military Command. Rio de Janeiro.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Tabela 1 – Quantitativo de operações e exercícios desempenhados pelo 1º B


Op Psc entre março de 2014 e dezembro de 2018 ............................... 25
Fotografia 1 – Lançamento da bolsa com panfletos ............................................. 55
Fotografia 2 – Exercício final de curso EGN/ECEME/ECEMAR/CAOP (2019) .... 82
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Atividades e Capacidades de Comunicação Estratégica (OTAN) ..... 33


Quadro 2 – Estrutura organizacional da Chefia de Emprego da Força Terrestre. 43
Quadro 3 – Definições de Operações Psicológicas ............................................. 57
Quadro 4 – Formas de diminuir ou amenizar a dissonância cognitiva ................. 59
Quadro 5 – As bases do Poder Social.................................................................. 62
Quadro 6 – Modelo de Lasswell ........................................................................... 62
Quadro 7 – Conceitos da Comunicação ............................................................... 63
Quadro 8 – Critérios de um argumento ................................................................ 65
Quadro 9 – Exemplos de Falácias ....................................................................... 66
Quadro 10 – Missões e Operações PSYOP......................................................... 77
Quadro 11 – Recolha PSYOP .............................................................................. 78
Quadro 12 – Veículos de difusão ......................................................................... 80
Quadro 13 – Composição DOP Haiti do 10º Contingente Brasileiro .................... 98
Quadro 14 – Composição do DOP Haiti do 24º Contingente Brasileiro ............... 99
Quadro 15 – OCCA no RJ com emprego de FTOP entre 2014 e 2018 ............... 100
Quadro 16 – Classificação das OCCA ................................................................. 102
Quadro 17 – Linha de Esforço do Gabinete da IF no Estado do RJ ..................... 119
Quadro 18 – Definição operacional da variável independente ............................. 127
Quadro 19 – Definição operacional da variável dependente ................................ 128
Quadro 20 – Percepção dos especialistas do Grupo II ........................................ 150
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – A integração das CRI para afetar o ambiente Informacional ............... 34


Figura 2 – A integração das perspectivas da dimensão Informacional ................ 38
Figura 3 – Sistema de Informação do Exército..................................................... 41
Figura 4 – Concepção do SINFOTER .................................................................. 42
Figura 5 – Processo Comunicacional ................................................................... 58
Figura 6 – Estratificação da cultura ...................................................................... 60
Figura 7 – Estrutura básica de um argumento ..................................................... 64
Figura 8 – As três missões das PSYOPS no Exército dos EUA........................... 74
Figura 9 – Comandos Combatentes Geográficos dos EUA ................................. 90
Figura 10 – Regras de alocação para Forças PSYOP Convencionais................. 92
Figura 11 – Regras de alocação para Forças PSYOP de Op Esp ....................... 93
Figura 12 – Composição do DOP......................................................................... 97
Figura 13 – Exemplos de Situações nas operações de Amplo espectro .............. 101
Figura 14 – Mapa da Maré/Arte/O Globo. ............................................................ 106
Figura 15 – Resultados da Força de pacificação no Complexo da Maré ............. 108
Figura 16 – Governança e coordenação na Copa do Mundo de 2014 ................. 110
Figura 17 – Áreas de interesse de segurança na Copa do Mundo de 2014......... 111
Figura 18 – Mosaico de produtos da Intervenção Federal ................................... 120
Figura 19 – Demanda das Op Psc nas OCCA no RJ entre 2014 a 2018 ............. 123
Figura 20 – Estrutura Organizacional do 1º B Op Psc.......................................... 140
LISTA DE ORGANOGRAMAS

Organograma 1 – Organização do SOPEx no EB ................................................ 23


Organograma 2 – Estrutura doutrinária da Seção de Op Info .............................. 45
Organograma 3 – Constituição de um CJPOCC ou CJPOTF .............................. 88
Organograma 4 – Constituição de um PSE.......................................................... 89
Organograma 5 – Constituição do Batalhão PSYOP de disseminação ............... 94
Organograma 6 – Constituição do Batalhão PSYOP ........................................... 95
Organograma 7 – Constituição do 4º Grupo de PSYOP ...................................... 96
Organograma 8 – Comando e Controle e Relações Institucionais na IF .............. 118
Organograma 9 – Organograma do CML ............................................................. 124
Organograma 10 – Companhia de Comunicações da Brigada ............................ 162
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Disponibilidade de efetivo do 1º B Op Psc ........................................ 152


Gráfico 2 – Efetividade da FTOP mediante a continuidade dos trabalhos ........... 153
Gráfico 3 – Emprego das Op Psc decorrente da violência urbana no RJ............. 154
Gráfico 4 – SIRIUS/AZUVER e o aumento da demanda da FTOP ...................... 155
Gráfico 5 – Frequência da necessidade do CML por uma FTOP ......................... 156
Gráfico 6 – Necessidade de uma FTOP orgânica ao CML................................... 157
Gráfico 7 – Estrutura adequada para a FTOP orgânica ao CML .......................... 158
Gráfico 8 – Subordinação adequada para a FTOP orgânica ao CML .................. 159
Gráfico 9 – Estrutura organizacional da FTOP orgânica ao CML ......................... 160
Gráfico 10 – Possibilidades da turma de produção .............................................. 163
Gráfico 11 – Estrutura da seção de ações táticas ................................................ 164
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIN Agência Brasileira de Inteligência


Amb Op Ambiente Operacional
As Civ Assuntos Civis
AA Audiências Alvo
B Op Psc Batalhão de Operações Psicológicas
BRABAT Batalhão Brasileiro de Infantaria de Força de Paz
Cmp Op Psc Campanha de Operações Psicológicas
CRI Capacidades Relacionadas à Informação
CRRI Capacidades e Recursos Relacionados à Informação
CCPCT Centro de Coordenação de Prevenção e Combate ao
Terrorismo
CCTI Centro de Coordenação Tático Integrado
CEP/FDC Centro de Estudos de Pessoal e Forte Duque de Caxias
C Cj Comando Conjunto
CCPCT JOP Comando Conjunto de Prevenção e Combate ao
Terrorismo
CJPOCC Comando Conjunto e Combinado de PSYOPS
CDS Comando de Defesa Setorial
C Op Esp Comando de Operações Especiais
COTER Comando de Operações Terrestres
C² Comando e Controle
C Mil A Comando Militar de Área
CML Comando Militar do Leste
Com Soc Comunicação Social
CGDA Coordenador Geral de Defesa de Área
CM2014 Copa do Mundo de Futebol 2014
CAOP Curso Avançado de Operações Psicológicas
COP Curso de Operações Psicológicas
CJPOTF Força Tarefa Conjunta e Combinada de PSYOPS
DQBRN Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear
DECEx Departamento de Educação e Cultura do Exército
Dst Destacamento
DOP Destacamento de Operações Psicológicas
DETMil Diretoria de Educação Técnica Militar
DE Divisão de Exército
DMT Doutrina Militar Terrestre
EBC Empresa Brasil de Comunicação
ECEME Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
EFD Estado Final Desejado
EMCFA Estado Maior Conjunto das Forças Armadas
EME Estado-Maior do Exército
EUA Estados Unidos da América
EB Exército Brasileiro
FAB Força Aérea Brasileira
FEB Força Expedicionária Brasileira
F Ter Força Terrestre
FARC Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
FTOP Fração Tática de Operações Psicológicas
G Ciber Guerra Cibernética
GE Guerra Eletrônica
GM Guerra Mundial
GLO Garantia da Lei e da Ordem
IRVA Inteligência, Reconhecimento, Vigilância e Aquisição de alvos
IF Intervenção Federal
JOP2016 Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016
LAOP Levantamento de Área de Operações Psicológicas
MB Marinha do Brasil
MD Ministério da Defesa
MINUSTAH Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti
OAI Operações de Apoio à Informação
OCCA Operações de Cooperação e Coordenação com Agências
Op Info Operações de Informação
Op Esp Operações Especiais
Op Psc Operações Psicológicas
ONU Organização das Nações Unidas
OTAN Organização do Tratado do Atlântico Norte
OM Organização Militar
OMDS Organização Militar Diretamente Subordinada
ONG Organização Não Governamental
ORCRIM Organizações Criminosas
PEECFA Plano Estratégico de Emprego Conjunto das Forças Armadas
PSE Elementos de Apoio
Pel Op C Intlg Pelotão de Operações de Contrainteligência
PN Poder Nacional
PSYOPS Operações Psicológicas de Portugal
PSYOP Operações Psicológicas dos Estados Unidos da América
Pub A Público-Alvo
QO Quadro de Organização
RJ Rio de Janeiro
SF São Francisco
SC²Ex Sistema de Comando e Controle do Exército
SISEMP Sistema de Emprego da Força Terrestre
SINFOEx Sistema de Informação do Exército
SINFOTER Sistema de Informações Operacionais Terrestre
SINFORGEx Sistema de Informações Organizacionais do Exército
SOPEx Sistema de Operações Psicológicas do Exército
SISMC² Sistema Militar de Comando e Controle
TPT Equipes Táticas de PSYOPS
TTP Técnicas, Táticas e Procedimentos
TIC Tecnologia da Informação e Comunicações
Tu Tat Turma Tática
UPP Unidade de Polícia Pacificadora
UF Unidade Federativa
VANT Veículo Aéreo Não Tripulado
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 20
1.1 PROBLEMA ........................................................................................... 25
1.2 OBJETIVOS .......................................................................................... 27
1.2.1 Objetivo geral ....................................................................................... 27
1.2.1.1 Objetivos específicos ............................................................................. 27
1.3 QUESTÕES DE ESTUDO ..................................................................... 28
1.4 JUSTIFICATIVAS .................................................................................. 28
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................. 31
2.1 OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO ......................................................... 31
2.1.1 As Op info e a Comunicação Estratégica .......................................... 32
2.1.2 As Op Info segundo a Doutrina Nacional .......................................... 37
2.1.3 As Op Info no Exército Brasileiro....................................................... 40
2.1.4 Op Psc e seu vínculo com outras CRRI ............................................. 46
2.2 OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS ............................................................ 52
2.2.1 Definições ............................................................................................ 52
2.2.2 Principais conceitos ............................................................................ 57
2.2.3 Instrumentos das Op Psc ................................................................... 67
2.2.4 Veículos de difusão de mensagens ................................................... 79
2.2.5 As Op Psc no âmbito Nacional........................................................... 81
2.3 A ESTRUTURA DAS OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS ......................... 85
2.3.1 A estrutura das Op Psc na Colômbia................................................. 85
2.3.2 A estrutura das Op Psc em Portugal ................................................. 87
2.3.3 A estrutura das Op Psc nos EUA ....................................................... 90
2.3.4 A estrutura das Op Psc na MINUSTAH .............................................. 96
2.4 A FTOP NAS OCCA NO ESTADO DO RJ ............................................ 100
2.4.1 Classificação das OCCA ocorridas no Estado do RJ....................... 100
2.4.2 O Ambiente Operacional – Estado do Rio de Janeiro ...................... 103
2.4.3 A FTOP na Operação São Francisco ................................................. 106
2.4.4 A FTOP na Copa do Mundo de Futebol 2014 .................................... 109
2.4.5 A FTOP nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 .................. 112
2.4.6 A FTOP na Operação Furacão e na Intervenção Federal ................. 115
2.4.7 Considerações acerca da demanda da FTOP no CML ..................... 121
3 METODOLOGIA ................................................................................... 126
3.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO .......................................................... 126
3.1.1 Definição conceitual das variáveis .................................................... 127
3.1.2 Definição operacional das variáveis .................................................. 127
3.2 AMOSTRA ............................................................................................. 128
3.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ......................................................... 129
3.3.1 Procedimentos para a revisão da literatura ...................................... 130
3.3.1.1 Fontes de Busca .................................................................................... 130
3.3.1.2 Estratégia de busca para as bases de dados eletrônicas...................... 131
3.3.1.3 Critérios de inclusão .............................................................................. 131
3.3.1.4 Critérios de exclusão ............................................................................. 131
3.3.2 Procedimentos Metodológicos .......................................................... 131
3.3.3 Instrumentos ........................................................................................ 132
3.3.3.1 Questionário .......................................................................................... 132
3.3.3.2 Entrevista ............................................................................................... 133
3.3.3.3 Pré-Teste ............................................................................................... 135
3.3.4 Análise dos Dados............................................................................... 135
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 136
4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ....................................... 136
4.1.1 Quais são as características das Op Info e qual vínculo as Op Psc
possuem com as demais CRI? ........................................................... 137
4.1.2 As bases doutrinárias e de emprego das Op Psc no Brasil são
válidas quando comparadas com outros países, como Colômbia,
Portugal e EUA? .................................................................................. 139
4.1.3 De que maneira as estruturas táticas das Op Psc na Colômbia,
Portugal, EUA e na MINUSTAH (empregadas pelo Contingente
Brasileiro) podem contribuir com a demanda de Op Psc no CML? ..141
4.1.3.1 A estrutura das Op Psc na Colômbia..................................................... 141
4.1.3.2 A estrutura das Op Psc em Portugal ..................................................... 141
4.1.3.3 A estrutura das Op Psc nos EUA .......................................................... 142
4.1.3.4 A estrutura das Op Psc na MINUSTAH ................................................. 143
4.1.4 Como se deu o emprego das Op Psc nas OCCA ocorridas no
Estado do RJ entre os anos de 2014 a 2018? ................................... 143
4.1.4.1 Operação São Francisco ....................................................................... 144
4.1.4.2 Copa do Mundo FIFA 2014 ................................................................... 145
4.1.4.3 Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 ............................................ 145
4.1.4.4 Operação Furacão e Intervenção Federal ............................................. 146
4.1.5 Na percepção dos especialistas em Op Psc de nível Avançado,
existe demanda no Estado do RJ que justifique uma FTOP
diretamente subordinada ao CML? .................................................... 147
4.1.6 Na percepção dos especialistas em Op Psc que atuaram no
Estado do RJ, existe demanda neste Amb Op que justifique uma
FTOP diretamente subordinada ao CML? ......................................... 151
4.1.6.1 O 1º B Op Psc possui disponibilidade de efetivo para apoiar as
diversas Brigadas existentes no âmbito do Exército Brasileiro? ............ 152
4.1.6.2 A continuidade dos trabalhos da FTOP resulta em um aumento de sua
efetividade? ........................................................................................... 152
4.1.6.3 Existe uma demanda crescente das Op Psc de nível tático no CML?... 153
4.1.6.4 Com que frequência o CML necessita de uma FTOP? ......................... 155
4.1.6.5 A atual estrutura do SOPEx é capaz de suprir as necessidades do CML?156
4.1.6.6 Qual deve ser a capacidade operativa da FTOP no CML? ................... 160
4.1.6.7 Há alguma experiência ou sugestão relevante ao objetivo da pesquisa? 165
4.2 DISCUSSÃO ......................................................................................... 168
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES.................................................. 174
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 178
GLOSSÁRIO ......................................................................................... 186
APÊNDICE A – Roteiro para entrevista semi-estruturada ................ 190
APÊNDICE B – Questionários ............................................................ 192
APÊNDICE C – Citações estrangeiras em idioma original ............... 199
APÊNDICE D – Sugestão de Estrutura para uma FTOP no CML ..... 205
20

1 INTRODUÇÃO

Na Era do Conhecimento1, as batalhas são uma exceção, o que há são


operações que se desenrolam nas cidades, em meio a população e no interior das
residências uma vez que se prolongam nas salas de estar com transmissões ao vivo
pelos veículos de comunicação e mídias sociais, que potencializam a força da
imprensa. Logo, os conflitos são realizados pelo fuzileiro com armas de letalidade
inteligente e a multiplicação do poder de combate ocorre por meio das Operações de
Informação (Op Info), que são a integração e a sinergia das Capacidades
Relacionadas à Informação (CRI)2 (MIRANDA, 2013).
Adequando-se a este cenário, no Exército Brasileiro (EB) coube ao Comando
de Operações Terrestres (COTER) a função de órgão central das Op Info, assim
como das Operações Psicológicas (Op Psc), sendo estas orientadas por processos
alimentados pelo Sistema de Informações Operacionais Terrestre (SINFOTER)3 e
conduzidas pelo Sistema de Emprego da Força Terrestre (SISEMP)4 (BRASIL,
2015b). Para tal, as CRI afetam o potencial de oponentes em orientar, obter,
produzir e difundir informações. Do mesmo modo, as capacidades protegem o
processo decisório do EB por meio de uma série de atividades e tarefas, como as
realizadas pelas Op Psc (BRASIL, 2014).
Outrossim, o emprego da guerra conduzida psicologicamente tem uma forte
influência com a propaganda de Goebbels5 na Alemanha durante a II Guerra
Mundial (II GM). Neste contexto, as tropas brasileiras da Força Expedicionária
Brasileira (FEB) foram alvo de produtos alemães (do tipo panfletos) para
enfraquecer a sua moral nesse período (BRASIL, 1999).
No âmbito nacional, o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon realizou
atividades que antecederam a guerra psicológica da II GM. No início do século XX,
esta autoridade integrou áreas indígenas isoladas na Amazônia e amenizou os
ânimos de rebeldes do Paraná que pretendiam depor o Presidente Artur Bernardes,

1
Nesta dissertação, a Era do Conhecimento e a Era da Informação referem-se ao mesmo período.
2
São elas: Guerra Eletrônica, Guerra Cibernética, Comunicação Social, Operações Psicológicas,
Assuntos Civis e Inteligência (BRASIL, 2015a).
3
Responsável pela gestão da informação operacional necessária ao preparo e emprego da Força
Terrestre (BRASIL, 2015b).
4
Responsável pelo controle, coordenação e acompanhamento de tropas do EB (BRASIL, 2015b).
5
Ministro da Propaganda de Hitler. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/
Historia/noticia/2020/01/quem-foi-joseph-goebbels-ministro-da-propaganda-nazista-de-adolf-
hitler.html>. Acesso em: 13 mar. 2020.
21

atuando sobre suas percepções para a conquista de objetivos estabelecidos


(ROHTER, 2019).

Na Amazônia Rondon muitas vezes deixou para trás, além dos presentes
oferecidos às tribos com as quais buscava a paz, cartazes coloridos
pregados em árvores retratando soldados brasileiros em poses amistosas.
Agora ele adaptava essa técnica aos rebeldes do Paraná, combinando-a a
uma dose do que na terminologia militar contemporânea chamariamos [sic]
de PsyOps (operações psicológicas). Sua força de operações combinadas
incluía um pequeno lançamento aéreo, que ele requisitava não para lançar
granadas nos rebeldes [...] mas para bombardeá-los com folhetos
oferecendo uma solução pacífica do conflito (ROHTER, 2019, p. 359).

Mais tarde, na década de 1950, foi publicado o Manual de Campanha C 33-5 -


Guerra Psicológica6 de 1956 do Ministério da Guerra. Na década seguinte ocorreu o
lançamento do primeiro artigo acerca da atividade sob o título "Operações
Psicológicas - Guerra Psicológica" na Revista Militar Brasileira de 1963. O autor que
participou da FEB na II GM informa que o artigo está baseado em documentos da
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e em
manuais/publicações norte-americanas, ratificando que naquele momento havia um
vínculo da doutrina nacional com a dos Estados Unidos da América (EUA)
(WERNER, 1963).
Em 1966 ocorreu o primeiro curso de Op Psc no Centro de Estudos de
Pessoal e Forte Duque de Caxias (CEP/FDC), especialização esta que foi realizada
por quatro capitães alunos do EB que durante sua formação realizaram um estágio
no Panamá com o Exército dos EUA e em sua diplomação contaram com a ilustre
presença do Marechal Ademar de Queiroz, então Ministro da Guerra. O referido
curso funcionou até 1968 formando trinta e cinco oficiais, sendo dois da Marinha do
Brasil (MB), vinte e oito do EB, dois da Força Aérea Brasileira (FAB) e três policiais
militares, conforme Boletins Internos do CEP/FDC.
Posteriormente, em 1977, foi publicada a 2ª edição do Manual de Campanha
C 33-1: Operações Psicológicas, que revogou o anterior. De acordo com esta
publicação, além das técnicas de propaganda e contrapropaganda, é possível obter
efeitos psicológicos no público-alvo por meio de outras técnicas, como a
Comunicação Social (BRASIL, 1977). Após duas décadas, a Portaria nº 070 do
Estado-Maior do Exército (EME), de 26 de agosto de 1999, aprovou o Manual de
Campanha C 45-4: Operações Psicológicas alterando o entendimento da doutrina.

6
Ver Glossário, item Guerra Psicológica.
22

Por utilizar o mesmo processo comunicacional e ocasionalmente os mesmos meios


de difusão, nesta publicação a Comunicação Social (Com Soc) compreendia as Op
Psc como uma de suas atividades (BRASIL, 1999).
Nesta evolução histórica destaca-se o fatídico 11 de setembro de 2001,
quando ocorreu nos EUA uma série de atentados terroristas7 que elevaram os
conflitos a uma nova dimensão informacional, emergindo a atuação de atores não
estatais em confrontação direta com estados. Logo, para se adequarem a este novo
Ambiente Operacional (Amb Op)8 onde adversários não se apresentam
uniformizados, as Forças Armadas necessitavam também atuar sobre outras formas
nos conflitos (CAMACHO, 2016).
Neste sentido, o Comandante do Exército Brasileiro verificou a necessidade
de uma Brigada de Operações Especiais e nesta Grande Unidade, por intermédio da
Portaria nº 336 de 22 de Julho de 2002, criou o Destacamento de Operações
Psicológicas (DOP), embrião do atual 1º Batalhão de Operações Psicológicas9 (1º B
Op Psc) (BRASIL, 2002). Inicialmente, as atividades desta Organização Militar (OM)
se especializaram na confecção de produtos e atividades publicitárias, uma espécie
de Com Soc operacional (ALBUQUERQUE, 2017).
Contudo, as Op Psc passaram a funcionar de maneira sistêmica no EB com a
aprovação da Política de Informação pelo Comandante do Exército em 2004. Para
tal, esta publicação criou o Sistema de Operações Psicológicas do Exército (SOPEx)
com o objetivo de neutralizar ações adversas e anular ações de contrapropaganda
externas e internas (BRASIL, 2004).Hodiernamente, o SOPEx tem suas diretrizes
estabelecidas pela Portaria nº 024 de 18 de fevereiro de 2014. Nesta ocasião, a
atividade (à época denominada Operações de Apoio à Informação10) ficou
estabelecida como uma capacidade11 operativa da Força Terrestre (F Ter). Ademais,
esta publicação dimensiona a estrutura do SOPEx da seguinte forma: Estado-Maior
do Exército (EME); Comando de Operações Terrestres (COTER); Departamento de

7
Ataque coordenado pela organização Al Qaeda com o sequestro de quatro aviões comerciais.
Disponível em: <https://veja.abril.com.br/mundo/20-imagens-que-contam-como-foi-o-ataque-de-11-
de-setembro-de-2001/>. Acesso em: 13 mar. 2020.
8
Condições que afetam o espaço onde atuam as FA, sendo caracterizado pelas dimensões física,
humana e informacional (BRASIL, 2017a).
9
Esta unidade é composta por Comando, Estado-Maior, Centro de Operações Psicológicas, uma
Companhia de Comando e Estado-Maior e duas Companhias de Operações Psicológicas (BRASIL,
2019f).
10
Nome dado às Op Psc no Brasil entre os anos de 2014 (EB20-D-02.001) e 2017 (Portaria nº 115-
COTER, de 19 de dezembro de 2017).
11
Ver Glossário, item capacidade.
23

Educação e Cultura do Exército (DECEx) 12 na orientação técnica-pedagógica dos


cursos de formação de especialistas, os Comandos Militares de Área (C Mil A) que
disponham de Seção de Op Psc continuamente ativadas (em implantação) e as OM
especializadas em Op Psc, seja o 1º B Op Psc continuamente ativado ou estruturas
temporárias (ver Organograma 1). Ressalta-se ainda o COTER como órgão central
da atividade, a quem compete orientar a ativação de estruturas temporárias e
autorizar a adjudicação13 da Fração Tática de Operações Psicológicas (FTOP) aos C
Mil A (BRASIL, 2014b).

ORGANOGRAMA 1 – Organização do SOPEx no EB


Fonte: O autor

Normalmente, o DOP é a FTOP junto às forças apoiadas e tem por finalidade


apoiar o escalão considerado no planejamento, preparo, execução e avaliação das
Campanhas de Operações Psicológicas14. Os destacamentos15 são constituídos por

12
Por meio da Diretoria de Educação Técnica Militar (DETMil) que gerencia o Curso Avançado de
Operações Psicológicas no CEP/FDC e o Curso de Operações Psicológicas no 1º B Op Psc.
Disponível em: <http://www.detmil.eb.mil.br/oms-subordinadas>. Acesso em: 04 nov. 2019.
Disponível em: <http://www.detmil.eb.mil.br/oms-vinculadas>. Acesso em: 04 nov. 2019.
13
Transferência provisória dos meios de uma força componente para outra, ou para constituição de
uma Força-Tarefa durante o desenrolar de uma campanha (BRASIL, 2015c).
14
Ver Glossário, item Campanha de Operações Psicológicas.
15
Ver Glossário, item Destacamento.
24

militares do 1º B Op Psc e possuem efetivo variável conforme as peculiaridades da


situação, da missão e do escalão apoiado (BRASIL, 2014b).
A partir desta estrutura, as Op Psc no EB podem ser conduzidas no contexto
de operações combinadas ou multinacionais, conjuntas ou singulares, em situações
de guerra e não guerra (BRASIL, 2014b), sendo compreendidas como:

procedimentos técnico-especializados, aplicáveis desde a paz estável,


sempre de forma sistematizada, de modo a motivar públicos amigos,
neutros ou hostis a manifestarem comportamentos desejáveis, com o intuito
final de apoiar a conquista dos objetivos estabelecidos (BRASIL, 2014b, p.
36).

Em que pese um exército ser preparado para a guerra, o Brasil, que


experimenta um estado de paz16 em seu território, tem empregado o seu poder
militar em situações de não guerra no âmbito interno e externo, inclusive com a
FTOP. Isto posto, ressalta-se que as operações básicas17 que não envolvem o
combate propriamente dito são denominadas Operações de Cooperação e
Coordenação com Agências (OCCA) (BRASIL, 2017a), sendo definidas como:

operações executadas por elementos do EB em apoio aos órgãos


ou instituições (governamentais ou não, militares ou civis, públicos ou
privados, nacionais ou internacionais), definidos genericamente como
agências. Destinam-se a conciliar interesses e coordenar esforços para a
consecução de objetivos ou propósitos convergentes que atendam ao bem
comum. Buscam evitar a duplicidade de ações, a dispersão de recursos e a
divergência de soluções, levando os envolvidos a atuarem com eficiência,
eficácia, efetividade e menores custos (Ibid., p.3-14).

Na operação básica, a ação do comandante operativo está limitada pela


norma legal que autorizou o emprego da tropa, possuindo emprego episódico e
limitado no espaço e tempo. Esta subdivide-se em: Garantia da Lei e da Ordem
(GLO), sob a égide de organismos internacionais, garantia dos poderes
constitucionais, prevenção e combate ao terrorismo, atribuições subsidiárias, em
apoio à política externa em tempo de crise ou paz e outras ações, como a segurança
dos grandes eventos e chefes de estado (Ibid.).

16
Ausência de lutas ou graves perturbações que comprometam os interesses da nação, nas relações
internacionais de um Estado e em seu âmbito interno (BRASIL, 2017a).
17
Operações em situação de guerra e não guerra que podem atingir os objetivos determinados por
uma autoridade civil ou militar (BRASIL, 2017a).
25

1.1 PROBLEMA

No contexto internacional, uma FTOP do EB atuou entre 2006 e 2017 na


Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH)18 sob a égide
da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo Reckziegel (2016), a atuação
do DOP diminuiu a resistência da população local em relação ao EB, possibilitando a
conquista de comportamentos desejáveis, assim como contribuiu na preservação de
vidas e na economia de meios. Deste modo, o autor identificou que a partir da
dimensão humana e informacional foi possível a conquista dos objetivos
estabelecidos, corroborando com esta perspectiva o término da MINUSTAH em
201719.
No âmbito nacional, um DOP do 1º B Op Psc participou de diversas OCCA no
período de 2014 a 2018, atuando em todos os C Mil A do EB. A Tabela 1 abaixo
indica a quantidade de operações e exercícios no Brasil com o emprego de um DOP
do 1º B Op Psc no período citado.

TABELA 1 – Quantitativo de operações e exercícios desempenhados pelo 1º B Op Psc entre março


de 2014 e dezembro de 2018

Operações do 1º B Op Psc no Brasil 2014 2015 2016 2017 2018 Total


Comando Militar da Amazônia (CMA) 2 1 1 4 4 12

Comando Militar Estado do Rio de Janeiro 2 1 1 1 5 -


do Leste (CML) Total 2 2 1 2 5 12
Comando Militar do Nordeste (CMNE) 0 0 2 2 2 6
Comando Militar do Norte (CMN) 0 0 0 0 1 1
Comando Militar do Oeste (CMO) 1 2 1 1 3 8
Comando Militar do Planalto (CMP) 0 1 0 1 3 5
Comando Militar do Sul (CMS) 1 0 1 1 0 3
Comando Militar do Sudeste (CMSE) 1 0 0 0 3 4
Total de Operações desencadeadas 7 6 6 11 21 51
Fonte: O autor20

18
Seus principais objetivos eram a estabilização do país, a promoção de eleições livres e o apoio ao
desenvolvimento institucional e econômico haitiano (ONU, 2004).
19
Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/paz-e-seguranca-internacionais
/142-minustah>. Acesso em: 05 nov. 2019.
20
Os dados da tabela foram extraídos de apresentações do 1º B Op Psc e condensados.
26

Observa-se que ao longo dos últimos cinco anos tem sido cada vez mais
frequente o emprego do 1º B Op Psc nos C Mil A. Cabe ainda ressaltar que o CMA e
o CML foram os que mais empregaram a atividade.
Particularmente no Estado do RJ, uma FTOP apoiou vetores civis e militares
no contexto da segurança de grandes eventos e de chefes de estado21, como a
Copa do Mundo de Futebol 2014 (CM2014) e Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio
2016 (JOP2016). Ademais, nesta Unidade Federativa (UF), devido à violência
urbana, um DOP também integrou operações de GLO22, como a São Francisco (SF),
entre 2014 e 2015 e a Furacão, entre 2017 e 2018. Cabe ainda salientar a atuação
de integrantes do 1º B Op Psc enquadrados em um destacamento no nível político-
estratégico por ocasião da Intervenção Federal (IF) no ano de 2018.
Logo, o 1º B Op Psc vem sendo amplamente empregado pelos C Mil A apesar
do seu reduzido efetivo de aproximadamente cento e quarenta militares. Assim
sendo, nas OCCA de âmbito nacional, esta OM tem empregado em média seis
especialistas, sendo três oficiais e três subtenentes/sargentos. Contudo, conforme a
Nota de Coordenação Doutrinária do Curso de Operações Psicológicas (COP),
mencionada por Lima (2017, p. 13) "apesar de um DOP ser de variação flexível, se
julga ideal um Dst de aproximadamente 17 homens para o apoio de uma brigada em
Op". Isto posto, o baixo efetivo na visão do autor afeta a eficácia da FTOP nas ações
sobre o público-alvo.
Além disso, a sobrecarga de missões do 1º B Op Psc resulta em seu emprego
em um tempo aquém do desejável para o desenvolvimento de uma Campanha de
Operações Psicológicas (Cmp Op Psc) (LIMA, 2017). Outrossim, esta dinâmica dos
fatos vem impondo desafios à incipiente estrutura das Op Psc, visto que os Dst do 1º
B Op Psc realizam, por curtos períodos, apoios aos diversos C Mil A de forma
episódica. Tal prática está incompatível com a efetividade desta capacidade que
deve ser empregada antes, durante e após as operações para a consecução dos
efeitos buscados nas ações psicológicas (ALBUQUERQUE, 2017).
Do mesmo modo, ao conhecer a diretriz para o SOPEx, à época denominado
Operações de Apoio à Informação (OAI), ressalta-se que quanto à estrutura,

21
São eventos que requerem operações de segurança complexas, haja vista sua visibilidade e
exposição perante a audiência nacional e internacional (BRASIL, 2017a).
22
Operações realizadas na missão constitucional das Forças Armadas da Garantia da Lei e da
Ordem, por intermédio de decreto presidencial. Ocorre após decretação formal do governador do
Estado de incapacidade, insuficiência ou inexistência dos órgãos de segurança pública em uma
UF (BRASIL, 2018a).
27

"visualiza-se que outras organizações ou órgãos especializados em OAI podem ser


criados em caráter permanente [...] seja com atribuições de planejamento e/ou de
execução de OAI" (BRASIL, 2014b, p. 37); quanto ao planejamento "o 1º Batalhão
de Operações de Apoio à Informação (1º BOAI) e seus eventuais destacamentos
são, por ora, as únicas estruturas inteiramente capacitadas à proposição de
campanhas de OAI" (Ibid., p. 38) e no que tange aos C Mil A estes devem "propor ao
EME a criação em caráter permanente de uma S Seç OAI, assim como de outras
estruturas permanentes julgadas necessárias" (Ibid., p. 41).
Desta forma, do panorama anteriormente descrito sobre as Op Psc e do seu
sucessivo emprego em OCCA no Estado do RJ entre 2014 e 2018, advém o
problema que dá origem ao presente estudo: há necessidade permanente de uma
FTOP no CML?

1.2 OBJETIVOS

Para identificar e detalhar as atividades a serem realizadas a fim de


apresentar uma resposta ao problema formulado, foram descritos o objetivo geral,
que determina a finalidade principal da investigação, e os objetivos específicos, que
constituem o encadeamento lógico do raciocínio descritivo a ser percorrido para
solucionar o problema.

1.2.1 Objetivo geral

Avaliar se uma Fração Tática inteiramente capacitada a atuar com Op Psc


possui uma demanda permanente no CML.

1.2.1.1 Objetivos específicos

a) identificar as características das Op Info e das Op Psc realizando uma


revisão bibliográfica;
b) apresentar a estrutura tática das Op Psc na Colômbia, Portugal, EUA e na
MINUSTAH pelo Contingente Brasileiro;
c) estudar a demanda por Op Psc nas OCCA ocorridas no Estado do RJ entre
28

os anos de 2014 a 2018, à luz da doutrina do EB;


d) identificar a necessidade de uma FTOP diretamente subordinada ao CML,
por intermédio de pesquisas de campo quantitativas e qualitativas.

1.3 QUESTÕES DE ESTUDO

A formulação do problema e seus antecedentes ocasionaram o surgimento de


questionamentos de diferentes níveis de profundidade. Assim, no intuito de elaborar
uma trajetória que permita avaliar se uma Fração Tática inteiramente capacitada a
atuar com Op Psc possui uma demanda permanente no CML foram elaboradas as
seguintes questões de estudo:
a) quais são as características das Op Info e qual vínculo as Op Psc possuem
com as demais CRRI?
b) as bases doutrinárias e de emprego das Op Psc no Brasil são válidas
quando comparadas com outros países como Colômbia, Portugal e EUA?
c) de que maneira a estrutura tática das Op Psc na Colômbia, Portugal, EUA
e na MINUSTAH (empregada pelo Contingente Brasileiro) podem contribuir com a
demanda de Op Psc no CML?
d) como se deu o emprego das Op Psc nas OCCA ocorridas no Estado do RJ
entre os anos de 2014 a 2018?
e) na percepção dos especialistas em Op Psc, existe demanda no Estado do
RJ que justifique uma FTOP diretamente subordinada ao CML?
f) de que maneira a estrutura do SOPEx deve estar organizada para suprir a
demanda no ambiente operacional do Estado do Rio de Janeiro?

1.4 JUSTIFICATIVAS

A perda do controle da narrativa na Era do Conhecimento pode resultar em


sérias restrições à tomada de decisão, inclusive impondo uma derrota na operação
mediante a perda da legitimidade perante a comunidade nacional e/ou internacional
(BRASIL, 2014a). Assim sendo, a população é o terreno a ser conquistado,
tornando-se necessário influenciá-la, uma vez que sua reação a favor da operação é
essencial para a consecução do objetivo estratégico (NASCIMENTO, 2013).
29

Além disso, cada vez mais o EB tem sido empregado em um ambiente entre
agências em que não há subordinação entre estes órgãos ou instituições, mas sim
cooperação e coordenação. Neste cenário de maior interdependência dos trabalhos
o ambiente é complexo, sendo que a disputa clara contra um inimigo perde espaço
para conflitos com múltiplos atores, tais como mídias sociais, imprensa e população.
Estes vetores limitam o poder de ação dos comandantes militares e fazem com que
o emprego de meios não cinéticos (como as Op Psc) tenham a sua importância
aumentada (ALBUQUERQUE, 2017).
Cabe ainda ressaltar que neste Amb Op complexo, o tratamento a ser dado à
percepção da população deve determinar o controle da narrativa sendo a opinião
pública um importante centro de gravidade23 para os objetivos estratégicos de
emprego de um exército. Neste contexto, as CRI atuam na dimensão humana e
informacional potencializando as Linhas de Esforço24 estabelecidas para atingir o
Estado Final Desejado (EFD)25 pelo Comandante Operacional (BRASIL, 2014a).
Desta maneira, um estudo sobre a demanda das Op Psc no Amb Op do
Estado do Rio de Janeiro (RJ) é de grande utilidade, haja vista que a possibilidade
de emprego desta fração tática em OCCA é atual e provável. Cabe evidenciar ainda
que no período de cinco anos o CML empregou, em média, duas vezes por ano, um
Dst do 1º B Op Psc, sendo que em operações como a Furacão e a Intervenção
Federal no Estado do RJ, o DOP atuou ininterruptamente entre os meses de junho
de 2017 a dezembro de 2018.
Como aspecto positivo no decorrer da vida acadêmica, o autor realizou uma
especialização em Operações Psicológicas no 1º B Op Psc, em 2013; um estágio de
Op Info pelo Comando do CML, em 2018, um estágio de "Civil-Military Coordination
in Peace Operations" pela "Peace Operations Training Institute", em 2019; e um
estágio de “Cybersecurity Essentials” pela “Networking Academy – Cisco”, em 2020.
Na vida profissional, o autor participou das operações SF, de maio a agosto de
2014, e Furacão, em outubro de 2017. Além disso, chefiou uma agência classe "C"
de inteligência no decorrer da Intervenção Federal na Companhia de Comando do
CML, de fevereiro a dezembro de 2018, tendo ainda a oportunidade de ser o adjunto

23
Fonte de força, poder e resistência física ou moral que conquistado ou atingido pode resultar no
desmoronamento da estrutura de poder ou na resistência de um contendor (BRASIL, 2015c).
24
Elemento da arte operacional que busca a convergência de esforços (evitando duplicidade de
tarefas e ações e desperdício de meios e recursos) a fim de colaborar com o Comandante e seu
Estado-Maior para alcançar o EFD em um ambiente interagências (BRASIL, 2018c).
25
Ver Glossário, item Estado Final Desejado.
30

do Curso Avançado de Operações Psicológicas (CAOP) no CEP/FDC, em 2019.


A experiência adquirida nas atividades acima evidenciadas ressaltou a
relevância do trabalho da FTOP nas OCCA e como as dimensões informacional e
humana no atual Amb Op ascendem em detrimento do aspecto físico. Nesse
sentido, o trabalho visa estudar o emprego da FTOP adjudicada ao CML por meio da
análise da demanda no Estado do RJ nas seguintes operações: SF, CM2014,
JOP2016, Furacão e IF.
Deste modo, a revisão inicial da literatura acerca das OCCA no Estado do RJ
permitiu verificar que existem poucos relatos e estudos sobre o emprego das Op Psc
no nível tático. Cabe ainda ressaltar que alguns estudos a respeito das Op Info e das
Op Psc indicam a necessidade de FTOP nos C Mil A. Entretanto, não houve
aprofundamento destes estudos a fim de particularizar apenas uma destas
estruturas de nível Força Terrestre Componente.
Assim sendo, a presente pesquisa pretende contribuir para o aperfeiçoamento
da Doutrina Militar Terrestre (DMT) em sua constante necessidade de atualização.
Neste contexto, o Plano de Desenvolvimento da Doutrina Militar Terrestre - 2020
(BRASIL, 2019e) que tem por objetivo manter a DMT dinâmica, moderna e ajustada
com as realidades dos contextos regional e internacional, estabeleceu como um dos
projetos de publicação para o ano de 2020 a elaboração do EB70-MC-10-2XX: As
Operações Psicológicas nas Operações e do EB70-MC-10-2XX: Operações de
Informação nas Operações, assuntos nos quais insere-se o estudo da FTOP.
Dessarte, caso seja verificada a existência de uma demanda de nível tático
permanente e relevante das Op Psc no CML após análise pelo setor competente, a
pesquisa pode servir de subsídio para a criação de uma estrutura de Op Psc em
apoio as operações do CML, assim como base para estudos nos demais C Mil A do
EB.
31

2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão da literatura buscou identificar as lacunas na DMT no que tange à


estrutura da FTOP no Estado do RJ, de forma a aproveitar o conhecimento
produzido nos âmbitos nacional e internacional. Para tal, as doutrinas e
organizações das Op Psc nos EUA, Portugal e Colômbia foram estudadas nesta
dissertação visto que o primeiro possui ampla experiência em conflitos recentes, o
segundo possui laço cultural com o Brasil e o terceiro vivencia questões vinculadas à
violência urbana e ao tráfico de ilícitos em seu território, uma problemática
corriqueira no Estado do RJ.
Para isso, as publicações acerca do assunto foram exaustivamente
analisadas para ratificar a existência de uma lacuna no conhecimento e por
intermédio de uma revisão sistemática buscou-se atingir o estado da arte dos dados
disponíveis. Com a base de informações criada foi possível realizar uma abordagem
crítica que fundamentasse a solução do problema proposto.
Para promover uma discussão baseada nas bases teóricas mais relevantes,
este capítulo foi dividido nas seguintes seções: Operações de Informação (ver item
2.1), Operações Psicológicas (ver item 2.2), a Estrutura das Op Psc (ver item 2.3) e
a FTOP nas OCCA do Estado do RJ (ver item 2.4).

2.1 OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO

As operações na Era do Conhecimento desenrolam-se nas cidades, em meio


a população e no interior das residências. Estas ocorrem nas salas de estar com
transmissões ao vivo pela imprensa ou por meio das mídias sociais que
potencializam a força da imprensa e propiciam aos cidadãos maior poder de
mobilização (MIRANDA, 2013). Assim sendo, a população é o terreno a ser
conquistado, tornando-se necessário influenciá-la uma vez que sua reação a favor
da operação é essencial para a consecução do objetivo estratégico (NASCIMENTO,
2013).
Nesta direção, Johnson (2014)26 avalia que os combates irão empregar em
larga escala as Op Info e novos sistemas de armas em um ambiente difuso, disperso

26
Tal estudo visava prever a guerra do futuro para a Escola de Guerra do Exército dos EUA.
32

e clandestino. Neste cenário caberá aos estados reorganizarem suas Forças


Armadas para enfrentar as ameaças. Alinhado com este estudo, Miranda (2013)
verifica em seu ensaio que é necessário, no mínimo, a criação de unidades de todas
as CRI nos C Mil A atuando de forma sinérgica.
Isto posto, nesta seção serão identificadas as características das Op Info a
fim de estremar este escopo em que as Op Psc estão inseridas. Dessa maneira, o
vínculo das Op Info com a Comunicação Estratégica (ver item 2.1.1), as Op Info
segundo a doutrina nacional (ver item 2.1.2), as Op Info no EB (ver item 2.1.3) e o
vínculo das Op Psc com outras CRI (ver item 2.1.4) serão abordados neste
seccionamento.

2.1.1 As Op info e a Comunicação Estratégica

O Poder Nacional (PN) pode ser expresso como "a capacidade que tem o
conjunto dos homens e dos meios que constituem a Nação, atuando em
conformidade com a vontade nacional, de alcançar e manter os objetivos nacionais"
(BRASIL, 2014c, p. 3-1). Esta prerrogativa manifesta-se nas expressões política,
econômica, psicossocial, militar e científico-tecnológica (BRASIL, 2014c).
Em que pese o Poder Militar ser o foco desta pesquisa, cabe evidenciar que a
expressão científico-tecnológica tem a comunicação27 como um de seus aspectos
que auxiliam na produção de uma solução. No atual Governo Brasileiro este
elemento possui grande importância, tendo como uma de suas vertentes o Ministério
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação28. Acredita-se que um sistema
integrado e estruturado de comunicação e informação que viabilize o seu uso
estratégico, assim como o amplo acesso à informação, torna-se vital para a
manutenção das ações do Estado29.
Neste escopo, as comunicações estratégicas de um país divulgam os
objetivos da nação para outros estados e instituições na busca por uma desejável
liberdade de ação para que possam progredir com suas estratégias nacionais
(BRASIL, 2019b).

27
Disponível em: < http://www.eceme.eb.mil.br/images/cpeceme/publicacoes/Expres_Poder_Naciona
l_13.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2020.
28
Disponível em: <http://www.mctic.gov.br/portal>. Acesso em: 23 mar. 2020.
29
Disponível em: < http://www.eceme.eb.mil.br/images/cpeceme/publicacoes/Expres_Poder_Naciona
l_13.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2020.
33

Comunicação Estratégica (Com Estrt) - Abordagem conjunta de governo,


impulsionada por processos interagências e de integração de esforços
focados em comunicar eficazmente a estratégia nacional. (BRASIL, 2014a,
p. 4-4).

Entretanto, no contexto internacional esta delimitação não é um consenso,


como é o caso da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Nesta
Aliança, a comunicação estratégica é definida como o uso coordenado e apropriado
das capacidades e atividades de comunicação (Diplomacia Pública, Assuntos
Públicos, Assuntos Públicos Militares, Operações de informação e Operações
Psicológicas) em apoio às políticas e operações da Aliança, assim como para o
avanço dos objetivos da OTAN30 (ver Quadro 1).

Atividades e Capacidades de Comunicação Estratégica para a OTAN


Comunicações civis da OTAN e esforços de divulgação para
promover a sensibilização e a compreensão e o apoio às políticas,
Diplomacia Pública
operações e atividades da OTAN, em complemento dos esforços
nacionais dos Aliados.
Engajamento civil da OTAN perante meios de comunicação social, no
Assuntos Públicos intuito de informar o público sobre as políticas, operações e
atividades da OTAN de forma oportuna, precisa, ágil e proativa.
Promove os objetivos militares da OTAN junto ao público a fim de
Assuntos Públicos
reforçar a sensibilização e a compreensão dos aspectos militares da
Militares
Aliança.
Coordenação e aconselhamento de atividades de informação militar,
Operações de Informação a fim de criar os efeitos desejados na vontade, compreensão e
capacidades dos adversários e outras partes aprovadas pela Aliança.
Atividades psicológicas planejadas e direcionadas para públicos
aprovados a fim de influenciar percepções, atitudes e
Operações Psicológicas
comportamentos destas audiências para a realização de objetivos
políticos e militares.
QUADRO 1 – Atividades e Capacidades de Comunicação Estratégica (OTAN)
Fonte: Nato Stratcom Centre of Excellence31

Desta maneira, as Comunicações Estratégicas da Aliança são parte dos


esforços para alcançar seus objetivos políticos e militares, uma vez que a ascensão
de sites, mídias sociais e a conexão entre as audiências podem influir diretamente
na percepção dos públicos-chave acerca das ações da OTAN32. Ademais, ressalta-
se que as Operações Psicológicas e as Op Info possuem a mesma relevância neste
modelo, ou seja, ambas estão no mais alto nível de comunicação da OTAN.
Outrossim, os EUA (país membro desta Aliança Militar intergovernamental)

30
Disponível em: <https://www.stratcomcoe.org/about-strategic-communications>. Acesso em: 23
mar. 2020.
31
Ibid.
32
Disponível em: <https://www.stratcomcoe.org/about-strategic-communications>. Acesso em: 23
mar. 2020.
34

entende que as Comunicações Estratégicas são a orquestração das imagens, das


palavras e principalmente das ações para atingir efeitos cognitivos na sustentação
política e nos objetivos militares. Para isso, utiliza-se um processo (um modo de
pensar) ao invés de um conjunto de capacidades, organizações ou atividades
discretas (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2011).
Assim, os serviços internacionais de radiodifusão33 são uma das formas de
conduzir programas coordenados, planos, temas, mensagens e produtos em
sincronia com as ações dos instrumentos de poder nacional. Todavia, no âmbito
interno dos EUA, tais transmissões são proibidas uma vez que a lei "Smith-Mundt
Act" (1948) impede o uso de atividades de informação do governo para influenciar
seus cidadãos (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2011).
Do mesmo modo, a fim de garantir a conformidade legal e regulamentar no
emprego das Forças Armadas, o Departamento de Defesa dos EUA divide as Linhas
de Esforço (Informar e Influenciar) para que se atinja o Estado Final Desejado (Ver
Figura 1). A depender da intenção do comunicador e dos objetivos da mensagem a
ser transmitida, isto limita o emprego das capacidades de informação das Op Info
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2011).

FIGURA 1 – A integração das CRI para afetar o ambiente Informacional


Fonte: (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2011, p. 70)

33
A Broadcasting Board of Governors inclui todos os serviços civis de radiodifusão internacional. Isto
inclui Voz da América, Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade, Rádio Ásia Livre, Rádio e TV Marti e
as redes de radiodifusão do Oriente Médio (Rádio Sawa e Alhurra Television). A Voz da América
utiliza cada vez mais a Internet, dispositivos móveis, redes sociais e outras plataformas digitais
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2011, p. 12, tradução nossa). Ver texto em idioma original no
Apêndice C , nº 1.
35

Assim, a Linha de Esforço "Informar" fornece informações factuais e precisas


ao público doméstico e global para que possam tomar suas decisões e combater a
"desinformation" e "misinformation"34. Por outro lado, a Linha de Esforço "Influenciar"
destina-se a mudar atitudes, crenças e o comportamento de públicos estrangeiros
(amigos, neutros, adversários e inimigos). Desta maneira, as Op Info orientam os
diversos públicos-alvo a agir ou tomar decisões alinhadas com os objetivos dos
Comandantes das Forças dos EUA (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2011).
Dessarte, as Op Info nos EUA são empregadas durante operações militares e
em conjunto com outras linhas de operação. Estas podem ser descritas como "o
emprego integrado [...] de capacidades de informação [...] para influenciar,
interromper, corromper, ou usurpar a tomada de decisões de adversários e
potenciais adversários, protegendo a nossa" (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA,
2011, p. 186, tradução nossa)35.
Cabe salientar que a Comunicação Estratégica e as Op Info nos EUA são
atividades que se sobrepõem, além do que ambas são empregadas em todos os
níveis, ou seja, do político ao tático. Contudo, a comunicação estratégica é um
conceito mais abrangente em que as capacidades são limitadas à imaginação do
planejador para atingir seus objetivos políticos e militares. De outro ponto de vista,
as Op Info centram-se especificamente nas operações militares e visam a tomada
de decisões dos adversários e potenciais adversários (ESTADOS UNIDOS DA
AMÉRICA, 2011).
Sob outra perspectiva, a Comunicação Estratégica no Brasil possui como
órgão centralizador das mídias de comunicação oficial a Empresa Brasil de
Comunicação (EBC)36. Segundo Wong (2019), esta instituição disputa espaço
midiático pela atenção da sociedade brasileira em desvantagem com o gigantismo
privado traduzido no final em controle da narrativa por estas corporações.
Nesse contexto, destaca-se que as narrativas, em um sentido amplo, são uma
construção para explicar acontecimentos, atos, fatos e eventos. Todavia, indivíduos,
grupos e organizações possuem narrativas diferentes que revelam e refletem suas

34
Ver 2.2.3 Instrumentos das Op Psc.
35
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 2.
36
A Empresa Brasil de Comunicação possui os seguintes veículos: Portal EBC, TV Brasil,
Radioagência Nacional, Rádios MEC e Nacional, Rede Pública e Agência Brasil. A EBC ainda
possui os seguintes serviços e negócios: NBR (TV do Governo Federal), A Voz do Brasil e
Publicidade Legal. Disponível em:< http://www.ebc.com.br/institucional/veiculos>. Acesso em: 24
mar. 2020.
36

percepções acerca daquele contexto (BRASIL, 2014e).


Para tanto, o Estado Brasileiro visa projetar uma narrativa que possibilite uma
desejável liberdade de ação para desenvolver suas estratégias nacionais no
contexto nacional e internacional (BRASIL, 2014e). Neste escopo, no âmbito do
Ministério da Defesa (MD) são desenvolvidos os preceitos da Comunicação
Estratégica Militar, descritas como:

a atividade na qual as FA devem realizar esforços deliberados para atuar


sobre os públicos designados para criar, fortalecer ou preservar condições
favoráveis ao avanço dos interesses, políticas e objetivos da nação,
afetando percepções, atitudes e comportamentos. Ela deve ser
implementada através do alinhamento de ações, imagens e palavras e da
sincronização do poder militar com todos os elementos do PN, incluindo
ações militares, para alcançar objetivos estratégicos e é, portanto, integral
ao planejamento e condução de todas as operações e atividades militares
(BRASIL, 2019b, p. 3-1).

Logo, a Comunicação Estratégica Militar possui como escopo as operações e


atividades militares que no contexto informacional do poder militar atuam em
sincronia com os demais elementos do Poder Nacional. Isto posto, uma forma do
Poder Militar fornecer opções (estratégicas, operacionais e táticas) ao âmbito político
e aos comandantes dos elementos da F Ter ocorre por meio das Op Info (Ibid.).
Assim, no nível estratégico as Op Info retratam a interpretação das diretrizes
políticas, sendo planejadas pelo escalão superior aos comandos operacionais em
estreita ligação com a Comunicação Estratégica Militar conduzida pelo MD (Ibid.).

As Op Info no nível estratégico visam a contribuir para promover a


aceitabilidade e o senso de legitimidade das ações e dos posicionamentos
do Estado, em um conflito nos âmbitos nacional ou internacional e/ou em
defesa de seus interesses e de seus objetivos nacionais; a promover a
proteção das estruturas estratégicas de C 2 e de TIC de interesse do país
por ocasião do esforço de guerra, entre outras ações (Ibid., p. 5-2)

Nos níveis operacional e tático, as Op Info atuam em coordenação com as


demais agências envolvidas nas operações, cada qual com suas Capacidades e
Recursos Relacionados à Informação (CRRI) a fim de contribuir com a dimensão
informacional do Amb Op (Ibid.).
Por fim, pode-se inferir que a doutrina nacional não limita a comunicação
estratégica e tampouco a atuação das linhas de esforço de Op Info no que tange aos
objetivos militares. Ademais, o modelo brasileiro induz que as Op Info estão contidas
37

na Comunicação Estratégica Militar e estão por sua vez abrangidas no escopo da


Comunicação Estratégica.

2.1.2 As Op Info segundo a Doutrina Nacional

Na Era da Informação, as ameaças provenientes da dimensão informacional


atacam utilizando narrativas alternativas, com ou sem fundamento nos fatos (as
chamadas "fake news"), sendo que para isso utilizam a informação como arma,
empregando "hackers, bots e trolls37, à manipulação, à distorção, à
descontextualização e à falsificação de perfis e conteúdos" (NUNES, 2019, p. 4).
Ademais, esses atores do Amb Op utilizam-se de dispositivos portáteis de
comunicações e equipamentos celulares para coordenar as suas ações e agilizar a
transmissão da mensagem, assim como operam as mídias sociais para provocar
concentrações públicas em local e horário predeterminados (NASCIMENTO, 2013).
Logo, o atual ambiente operacional é caracterizado pela relevância da
Dimensão Informacional38 perante os aspectos físicos e humanos. Isto posto, aquele
fator operacional é descrito como "o conjunto de indivíduos, organizações e sistemas
no qual tomadores de decisão são utilizados para obter, produzir, difundir e atuar
sobre a informação" (BRASIL, 2019b, p. 2-3). Para tal, a dimensão informacional é
composta pelas perspectivas física, lógica e cognitiva (ver Figura 2).

37
Hackers são indivíduos capazes de produzir modificações não autorizadas em sistemas
computacionais, bots são softwares desenvolvidos para atuar como robôs simulando ações
humanas, e trolls são agentes perturbadores da edição de conteúdos e das discussões nas redes
sociais (NUNES, 2019, p. 6).
38
Os fatores operacionais (constituídos pelas dimensões: Informacional, Humana e Física) e os
fatores da decisão (Missão, inimigo, terreno e condições meteorológicas, meios e apoios
disponíveis, tempo e considerações civis) possibilitam a consciência situacional ao Comandante e
ao Estado-Maior (BRASIL, 2014e).
38

FIGURA 2 – A integração das perspectivas da dimensão Informacional


Fonte: (BRASIL, 2019b, p. 2-5)

Tais perspectivas são interrelacionadas e interagem entre si, com


organizações e indivíduos. Desse modo, a perspectiva física, centrada na
infraestrutura (plataformas físicas, as redes de comunicação e instalações de
Comando e Controle), viabiliza que indivíduos e organizações criem efeitos
desejados. Ademais, este panorama caracteriza-se por ser uma rede conectada que
transcende fronteiras políticas, geográficas, psicossociais e econômicas (BRASIL,
2019b).
Não obstante, a perspectiva lógica centra-se em dados, ou seja, na obtenção,
produção, armazenamento, proteção e difusão das informações. Logo, as ações
desta afetam o fluxo de dados e seu conteúdo (Ibid.).
Por outro lado, a perspectiva cognitiva refere-se aos grupos e indivíduos que
processam a informação, sendo centrada no homem e em como será a sua
percepção, avaliação e tomada de decisão perante um dado. Nesse contexto, cabe
ressaltar que o processamento da informação inevitavelmente será influenciado
pelas crenças, normas, valores, emoções e ideologias (dentre outros) que afetam os
grupos e indivíduos (Ibid.).
Assim, diante da complexidade do Amb Op contemporâneo, a integração e a
sincronização das CRRI potencializam as Linhas de Esforço estabelecidas para
atingir o Estado Final Desejado (EFD) e permitem um efetivo Comando e Controle
nas Operações no amplo espectro (BRASIL, 2014a).
39

Nessa direção, o Estado Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA)39, a


fim de coordenar os sistemas de Comando e Controle (C²), possui uma Subchefia de
Comando e Controle. Esta estrutura é composta pelo conjunto de sistemas de
informação, comunicações, instalações, pessoal e equipamentos necessários para
atender as necessidades decorrentes do Preparo e Emprego das Forças Armadas
nesse Poder de Combate (BRASIL, 2011).
Para tal, a subchefia é responsável pelo Sistema Militar de Comando e
Controle (SISMC²)40 formado pelos Centros de C² do MD, de cada uma das Forças
Armadas, dos Comandos Operacionais ativados e de Força de Paz, nos níveis
estratégico e operacional. Além disso, o SISMC² pode ser interligado a outros
Órgãos da Administração Pública Federal e com a Presidência da República em
situações excepcionais (Ibid.).
Outrossim, a coordenação das Op Info nas operações conjuntas41 (nível
operacional) assegurará o sequenciamento das ações e os efeitos desejados com
base nos objetivos da Seção de Operações, Inteligência, Com Soc, Op Psc e
Assuntos Civis (As Civ) (Ibid.). Durante a reunião de coordenação, estas células do
Estado-Maior definem as diretrizes sobre:

a) informações que serão neutralizadas, disseminadas, protegidas,


buscadas coletadas;
b) públicos-alvo [...];
c) efeitos desejados e acompanhamento dos respectivos indicadores;
d) incidentes que envolvam falhas na segurança das informações; e
e) ações a serem implementadas em complemento às que estejam em vigor
(Ibid., p. 63).

Desta maneira, as diretrizes de Op Info são estabelecidas para o nível tático


que coordenam no âmbito de cada Força Singular suas CRRI nas atividades na
dimensão informacional (BRASIL, 2019b). Todavia, cabe evidenciar que os sistemas
de C² das Forças Armadas serão gerenciados por cada instituição (Marinha, Exército
e Aeronáutica) de acordo com seus interesses, respeitando as políticas e diretrizes
gerais do SISMC² (BRASIL, 2011).

39
O EMCFA é uma estrutura do Ministèrio da Defesa. Disponível em:<https://www.defesa.gov.br/
arquivos/estrutura/ organograma.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2020.
40
Além disso, a Instrução Normativa nº 1/EMCFA-MD, de 14 de Janeiro de 2019 adicionou ao
SISMC² a atribuição de estabelecer os procedimentos gerais para o emprego do Sistema de
Comunicações Militares por Satélite. Disponível em:
<http://www.in.gov.br/materia//asset_publisher /Ku jrw0TZC2Mb/content/id/59252304>. Acesso
em: 30 mar. 2020.
41
Ver Glossário, item Operações Conjuntas.
40

2.1.3 As Op Info no Exército Brasileiro

Alinhado com as diretrizes e políticas do SISMC², o EB estabeleceu sua


política de informação no intuito de desenvolver competências e capacidades
relacionadas ao domínio da informação, assim como sistematizar o seu uso em
proveito das operações militares da F Ter. Neste sentido, o EME concebe, planeja e
coordena dois sistemas que interagem entre si e são interdependentes, o Sistema
de Informação do Exército (SINFOEx) e o Sistema de Comando e Controle do
Exército (SC²Ex) (BRASIL, 2019c).

O SINFOEx é o sistema estratégico que tem como objetivo geral promover


a eficiente gestão da informação, com o fim específico de apoiar o processo
de tomada de decisão, visando ao preparo e emprego da Força Terrestre,
bem como ao gerenciamento administrativo da Instituição.
[...] O SC²Ex consiste no conjunto de instalações, equipamentos, sistemas
de tecnologias da informação e comunicações, doutrinas, procedimentos e
pessoal essenciais para o Exército planejar, dirigir e controlar suas ações.
[...] Enquanto o primeiro processa, salvaguarda, gerencia e disponibiliza a
informação, o segundo serve de suporte para o aprimoramento da
consciência situacional dos comandantes em todos os níveis (Ibid. p. 55,
grifo nosso).

Dessa maneira, as atividades desenvolvidas por cada sistema possuem


características e produtos que contribuem para os objetivos da Política de
Informação do EB. Desse modo, o SC²Ex integra as informações utilizando as bases
físicas de Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC) instaladas e estabelece
meios que contribuem para o processo decisório. Sob outra perspectiva, o SINFOEx
constitui o sistema estratégico de gestão da informação (Ibid.).
Para isso, o SINFOEx contribui na obtenção da superioridade de informação e
na formação da consciência situacional, promovendo a agregação dos vários
processos de tratamento da informação42 e o estabelecimento de mecanismos de
avaliação. Dada a dimensão destas atribuições, o SINFOEx subdivide-se em dois
sistemas que desdobram-se nos de níveis de planejamento estratégico, operacional
e tático: o SINFOTER e o Sistema de Informações Organizacionais do Exército
(SINFORGEx)43 (ver Figura 3).

42
"[...] processos inter-relacionados de tratamento da informação: recepção, busca e coleta (entrada);
produção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transporte, armazenamento e proteção;
destinação, transmissão, distribuição, disseminação e eliminação (saída) de dados e informações"
(BRASIL, 2010, p. 25).
43
BRASIL. Comando do Exército. Portaria nº 445, de 14 de Junho de 2010. Aprova a Diretriz
41

FIGURA 3 – Sistema de Informação do Exército


Fonte: (BRASIL, 2010, p. 26)

O SINFORGEx possui como objetivo geral "produzir, integrar e disponibilizar


as informações necessárias para a condução das atividades administrativas do EB"
(BRASIL, 2010, p. 25). Em contrapartida, o SINFOTER possui o seguinte propósito:

produzir, integrar e disponibilizar as informações necessárias ao preparo e


emprego da Força Terrestre. Para tanto, deverá ser alimentado de maneira
constante e tempestiva pelos seguintes sistemas: Operações de
Informação, Operações de Apoio à Informação, Comunicação Social,
Guerra Eletrônica, Cibernética, Inteligência, Recursos Humanos e Logística
(BRASIL, 2015b, p. 40).

Assim sendo, no EB coube ao COTER a função de órgão central do


SINFOTER, sendo este responsável pela coordenação, controle, normatização e
avaliação do seu funcionamento. Dessarte, sua sistematização deverá ser
alimentada pelos sistemas que atuam nas diversas dimensões do Amb Op44 e por
sistemáticas dos C Mil A, de Órgãos de Direção Geral, Setorial, Operacional e de
Assistência Direta e Imediata do Comandante do Exército. Ademais, o SINFOTER

Estratégica Organizadora do Sistema de Informação do Exército e dá outras providências.


Boletim do Exército, Brasília, DF: n. 24, 18 jun. 2010.
44
Dentre esses sistemas, encontram-se o Sistema de Inteligência do Exército (SIEx), o Sistema de
Operações Psicológicas do Exército (SIOPEx) [sic], o Sistema de Comunicação Social do Exército
(SISCOMSEx), o Sistema de Imagens e Informações Geográficas do Exército (SIMAGEx), o
Sistema de Defesa Cibernética do Exército (SDCiberEx) e o Sistema de Guerra Eletrônica do
Exército (SIGELEx) (BRASIL, 2020, p. 16).
42

deve interagir com o SINFORGEx e com outros sistemas externos ao EB45 (ver
Figura 4).

FIGURA 4 – Concepção do SINFOTER


Fonte: (BRASIL, 2020, p. 12)

Nesta direção, a fim de cumprir suas atribuições relativas à Política


Informacional do Exército (dentre outras tarefas), o COTER possui uma Chefia de
Emprego da F Ter que possui a seguinte estrutura organizacional (ver Quadro 2 –
Estrutura organizacional da Chefia de Emprego da Força Terrestre):

(continua)
Chefia Divisão Seção
Defesa Externa
Segurança Integrada
Coordenação Logística e Gestão Orçamentária
Operações
Defesa Química Biológica Radiológica e Nuclear
(DQBRN)
Operações Especiais
Chefia do Coordenação e Apoio a Programas de Governo
Emprego da Coordenação Civil-Militar Coordenação e Apoio a Defesa Civil
F Ter Coordenação Logística e Gestão Orçamentária
Comunicações
Centro de C² do Exército
Comando e Controle
Informações Operacionais sobre Forças Amigas
Informações Operacionais sobre Oponentes e Forças
Informações Operacionais
Adversas
Geoinformação e Informações Meteorológicas

45
BRASIL. Comando do Exército. Portaria nº 255, de 04 de Março de 2020. Aprova a Diretriz
Estratégica Organizadora do Sistema de Informações Operacionais Terrestres (EB10-D-01.010) e
dá outras providências. Boletim do Exército, Brasília, DF: n. 12, 20 mar. 2020.
43

Operações de Informação
Operações de Informação
Operações Psicológicas
- Planejamento e Gestão
- Administrativa
QUADRO 2 – Estrutura organizacional da Chefia de Emprego da Força Terrestre
Fonte: (BRASIL, 2018b)

Nesse escopo, da mesma forma que compete ao COTER a responsabilidade


pelo SINFOTER46, incumbe-se a ele a função de órgão central das Op Info e Op
Psc47, sendo ambas orientadas por processos alimentados pelo SINFOTER e
conduzidas pelo SISEMP48 (BRASIL, 2015b). Assim sendo, o Órgão de Direção
Operacional do EB define as Op Info como:

o emprego integrado de CRI e outros recursos relacionados à informação,


no âmbito da dimensão informacional, para influenciar, interromper,
corromper ou para usurpar o processo de tomada de decisões de
adversários e potenciais adversários, enquanto protege o nosso próprio
(BRASIL, 2019b, p. 3-1).

Portanto, as Op Info visam criar efeitos imediatos nas perspectivas físicas e


lógicas (interromper, corromper ou usurpar) e resultados testemunhados por
alterações de comportamentos na perspectiva cognitiva (influenciar) perante
públicos relevantes das áreas de operações e de interesse. Em função disso, a
tarefa integra e sincroniza as CRRI obtendo mais efetividade nas operações
terrestres e evitando o fratricídio informacional, assim como protegem e garantem a
vantagem na dimensão informacional (BRASIL, 2019b). Diante disso, cabe
evidenciar a definição de cada uma das CRI do EB:

INTELIGÊNCIA [...] é o conjunto de atividades e tarefas técnico-militares


exercidas em caráter permanente, com os objetivos de produzir
conhecimentos de interesse dos comandantes e seus EM, em todos os
níveis, bem como proteger conhecimentos sensíveis, instalações e pessoal
do EB contra ações do oponente (Ibid., p. 4-4, grifo nosso).

COMUNICAÇÃO SOCIAL [...] É o processo pelo qual se pode exprimir


ideias, sentimentos e informações, visando a estabelecer relações e somar
experiências. É um campo de conhecimento acadêmico que busca
aperfeiçoar o relacionamento, entre os seres humanos, como indivíduos ou
como integrantes de um grupo social. A Com Soc cumpre a missão do

46
O SINFOTER é gerenciado pela Divisão de Informações Operacionais (BRASIL, 2018b).
47
As Op Info e Op Psc são gerenciadas pela Divisão de Operações de Informação (BRASIL, 2018b).
48
O SISEMP é um projeto em curso da Seção de Planejamento e Gestão do COTER que visa
controlar, coordenar e acompanhar tropas do EB empregadas no Brasil e no exterior. Disponível
em: <http://www.coter.eb.mil.br/index.php/component/content/article/67-menu-preparo/ 541-
proposta-para-a-secao-de-planejamento-e-gestao-chefia-do-emprego>. Acesso em: 10 abr. 2020.
44

Exército de manter os públicos (internos e externos) informados, para isso


envolve atividades de: Relações Públicas, Assessoria de Imprensa e
Divulgação Institucional (Ibid., p. 4-2, grifo nosso).

OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS [...] são definidas como procedimentos


técnico-especializados, aplicáveis de forma sistematizada, de modo a
influenciar Pub A a manifestarem comportamentos desejáveis, com o intuito
final de apoiar a conquista dos objetivos estabelecidos (Ibid., grifo nosso).

GUERRA ELETRÔNICA [...] é o conjunto de atividades que visam a


desenvolver e assegurar a capacidade de emprego eficiente das emissões
eletromagnéticas próprias, ao mesmo tempo em que buscam impedir,
dificultar ou tirar proveito das emissões inimigas. É responsável, portanto,
por garantir e manter a liberdade de ação no espaço eletromagnético para
nossas forças enquanto exploram ou negam essa liberdade aos oponentes
(Ibid., p. 4-3, grifo nosso).

GUERRA CIBERNÉTICA [...] (Exploração, Ataque e Proteção) são o


emprego de recursos do espaço cibernético e objetivam: proteger os
próprios ativos de informação; explorar e atacar redes do oponente,
mantendo a capacidade de interferir no desenrolar das operações militares
no Espaço de Batalha; bem como afetar as condições de normalidade em
uma determinada área ou região, atingindo gravemente o funcionamento de
estruturas estratégicas e serviços essenciais destinados à população (Ibid.,
p. 4-4, grifo nosso).

ASSUNTOS CIVIS [...] são um conjunto de atividades referentes ao


relacionamento do componente militar com as autoridades civis e a
população da área ou território sob a responsabilidade ou jurisdição do
comandante dessa organização ou força. Compreendem Assuntos de
Governo e Cooperação Civil-Militar (Ibid., p. 4-5, grifo nosso).

Outrossim, os recursos relacionados à informação são: Dissimulação Militar,


atividades executadas para ludibriar os tomadores de decisão oponentes; Ataque
Físico, ações letais de fogos diretos, indiretos e de Forças de Operações Especiais
(Op Esp) sobre tropas e sistemas adversários; Segurança das Operações, medidas
para prevenir e proteger ações ofensivas; Câmera Tática, utilização de câmeras e
recursos de imagens e vídeos nas operações; Presença, Atitude e Perfil dos
integrantes da F Ter; e Engajamento de Líderes-chave (Relações Institucionais),
compromissos estabelecidos entre lideranças civis (religiosos, acadêmicos,
comunitários, dentre outros) e militares a fim de obter uma mudança de política ou
de apoio aos propósitos da Campanha Militar (BRASIL, 2019b).
Assim, no atual Amb Op, torna-se vital que as capacidades e recursos
relacionados à Informação estejam integrados e sincronizados nas operações
militares. Para isso, o Estado-Maior de cada C Mil A deve possuir uma célula de
Operações de Informação na 8ª Seção (BRASIL, 2015a). Esta célula,
45

doutrinariamente, deve possuir a seguinte estrutura:

ORGANOGRAMA 2 – Estrutura doutrinária da Seção de Op Info


Fonte: (BRASIL, 2015a, p. 2)

Desta maneira, a Subseção de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação


elabora o Plano de Op Info (e seus Apêndices referentes a cada CRI) e acompanha
a sua execução no decorrer das operações militares, zelando para que as ações na
dimensão informacional estejam orientadas com o EFD determinado pelo
Comandante Militar de Área. Em contrapartida, a Subseção de Ligação deve possuir
um militar para ocupar a Chefia da Subseção e, conforme disponibilidade de meios e
complexidade das operações militares, poderá ser formada por representantes das
Capacidades e Recursos Relacionados à Informação presentes (Ibid.).
Entretanto, cabe ressaltar que os C Mil A não dispõem de todas as
ferramentas da dimensão informacional disponíveis no EB em suas áreas de
responsabilidade. Para isso, a estrutura de nível Força Terrestre Componente
solicita a adjudicação de meios e elementos especializados das CRRI49 ao COTER
conforme demanda existente em cada C Mil A (BRASIL, 2018b).
Destarte, a estrutura de Op Info do CML (objeto deste estudo) possui uma
célula de Operações de Informação no Centro de Coordenação de Operações50 e
em operações de maior vulto as CRI são integradas em um Centro de Coordenação
Tático Integrado (CCTI)51. Ademais, este C Mil A possui uma Assessoria de

49
Compete à Seção de Op Info do COTER propor ao Chefe de Emprego da F Ter a adjudicação das
CRRI no âmbito do Exército Brasileiro (BRASIL, 2018b).
50
Conforme Boletim Interno do CML nº 125/2018.
51
Conforme descrito em Brasil (2018e) e Netto (et al, 2018).
46

Relações Institucionais52, uma célula de Comunicação Social53 e outra de


Inteligência54 em seu Estado-Maior, além de dispor da 2ª Companhia de
Inteligência55. Outrossim, segundo o Chefe de Emprego da F Ter56 existe a previsão
de implantação de uma Seção de Op Psc no CML no intuito de atender as
demandas atinentes ao planejamento desta atividade neste C Mil A (informação
verbal).

2.1.4 Op Psc e seu vínculo com outras CRRI

A interação ponto a ponto, a instantaneidade e a conectividade características


da Era do Conhecimento revestem de importância a percepção que a população tem
da realidade. Neste cenário, a legitimidade das operações militares perante a
opinião pública está intimamente relacionada a sua compreensão acerca do
emprego da força e aos seus efeitos colaterais. Por outro lado, a perda do controle
da narrativa pode resultar em sérias restrições à tomada de decisão, inclusive
impondo a derrota prematura no espaço de batalha. Portanto, o tratamento a ser
dado a opinião pública deve determinar o controle da narrativa sendo um dos
objetivos estratégicos de emprego de um exército (BRASIL, 2014a).
Nesta direção, as Op Psc contribuem ativamente para o estabelecimento de
uma narrativa que permita uma desejável liberdade de ação dos Comandantes nas
operações militares, possibilitando influenciar a percepção e o comportamento dos
diversos Públicos-Alvo (Pub A) elencados. Contudo, suas ações tornam-se efetivas
à medida que são integradas com as demais Capacidades e Recursos Relacionados
à Informação (Ibid.).
Dessarte, uma CRI que possui grande sinergia com as Op Psc são os Ass
Civ. Os especialistas desta capacidade estabelecem e mantêm um relacionamento
com as autoridades locais e com a população civil ao longo das atividades militares,
concentrando-se em questões como infraestrutura, saúde, serviços humanitários e

52
Disponível em: <http://www.cml.eb.mil.br/ultimas-noticias/1761-mais-de-500-carteiras-de-trabalho-
s%C3%A3o-emitidas.html>. Acesso em: 10 abr. 2020.
53
Disponível em: <http://www.cml.eb.mil.br/ultimas-noticias/1389-cml-sedia-est%C3%A1gio-de-
comunica%C3%A7%C3%A3o-social.html>. Acesso em: 10 abr. 2020.
54
Disponível em: <http://www.cml.eb.mil.br/ultimas-noticias/1352-cml-ministra-palestra-sobre-
seguran%C3%A7a-org%C3%A2nica.html>. Acesso em: 10 abr. 2020.
55
Disponível em: <http://www.cml.eb.mil.br/organograma.html>. Acesso em: 10 abr. 2020.
56
Informação fornecida pelo Chefe de Emprego da F Ter em palestra proferida ao discentes do
Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais no dia 05 mar. 2020.
47

de cidadania (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2011).


Para isto, uma das tarefas dos Ass Civ é a condução de Ações Comunitárias
em comunidades ou locais de grande circulação a fim de produzir resultados que
contribuam com o sucesso da campanha militar. Em linhas gerais, estas ações
possibilitam romper o ciclo da desinformação estabelecido por Organizações
Criminosas (ORCRIM) e outros atores não estatais que, por via de regra, incutem o
medo e subjugam a população local para que não estabeleçam contato com os
militares e não apoiem suas operações. Assim, as Ações Comunitárias viabilizam a
mudança de comportamento dos habitantes da localidade por meio de disseminação
de produtos e ações das Op Psc, geram publicações espontâneas favoráveis ao
EFD e demonstram ser possível viver sob a autoridade de um estado democrático
de direito (ALMEIDA, 2019).
Não obstante, a Assessoria de Relações Institucionais executa o engajamento
de Líderes-Chave, ou seja, suas atribuições estão diretamente vinculadas às
lideranças políticas, econômicas, religiosas, dentre outras. Esta tarefa57 nos EUA é
uma das atribuições das Op Psc, uma vez que as relações interpessoais com as
lideranças nos diversos níveis facilitam o atingimento dos objetivos militares
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013).
Além disso, o emprego das Op Psc com a Com Soc é altamente sinérgico,
visto que as duas operam no mesmo processo comunicacional e frequentemente em
veículos de difusão coincidentes (BRASIL, 1999). Assim, ambas as capacidades
quando atuam integradas auxiliam no desenvolvimento de temários e mensagens
para moldar o ambiente informacional, evitam o fratricídio no processo
comunicacional e combatem a desinformação quando informam as audiências
acerca dos resultados das operações militares58 (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA,
2011).
Outrossim, uma parcela dos produtos das Op Psc (origem branca) podem ser
divulgados por veículos de divulgação oficial gerenciados pela Com Soc, como
jornal, revista, rádio, televisão e meios digitais. Deste modo, a sinergia dessa
interação "busca influenciar positivamente a narrativa, com a finalidade de gerar
publicações espontâneas nos veículos de comunicação, nas diversas plataformas

57
No Brasil, o engajamento de Líderes-Chave é uma tarefa atribuída à Assessoria de Relações
Institucionais dada a dinâmica social brasileira.
58
Ressalta-se que a Câmera Tática, ao fornecer imagens que seriam impossíveis para outros meios
de comunicação, auxilia no combate a desinformação (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2011).
48

existentes, tornando a opinião pública favorável às ações militares" (ROBERT, 2019,


p. 29). Nesta direção, salienta-se a diferença conceitual de dois veículos de difusão
nos meios digitais: as mídias sociais e as redes sociais.

[...] mídias sociais são ferramentas de comunicação online, compartilhando


conteúdos, perfis, opiniões, visões, experiências, perspectivas, fotos, vídeos
e áudios (BRASIL, 2014f, p. 9, grifo nosso).

As mídias sociais em vigência, atualmente, no âmbito do Exército Brasileiro,


são: Facebook, Instagram, Twitter, Youtube e Linkedin (BRASIL, 2019d, p.
31).

[...] rede social é um grupo de pessoas que compartilham de interesse


comum, independente da estrutura ou meio de relacionamento ou
comunicação (BRASIL, 2014f, p. 10, grifo nosso).

Logo, infere-se que as redes sociais estão contidas no escopo das mídias
sociais e que estas, dada sua instantaneidade e capilaridade, tornam-se cada dia
mais importantes na difusão, influência e controle da narrativa. Assim, do mesmo
modo que a Com Soc pode divulgar produtos de origem branca, nas disseminações
discretas as Op Psc necessitam do apoio de especialistas de Guerra Cibernética (G
Ciber) para que possam ter liberdade para operar nas mídias sociais (ROBERT,
2019).
Para tal, as ações de G Ciber são orientadas para negar ou manipular
ameaças utilizando meios de informação na perspectiva física, de mensagens na
perspectiva lógica "ou de uma pessoa virtual (uma identidade online que facilita a
comunicação, a tomada de decisão e/ou a influência dos PA na perspectiva
cognitiva)" (BRASIL, 2019b, p. 4-4). Tais ações podem ser empregadas visando a
“negação de serviço ou a exploração de sites, blogs e redes sociais utilizadas pelo
adversário” (BRASIL, 2017d, p. 5-4).
Quanto à capacidade de negar ao adversário os ativos de informação59, as
ações de proteção cibernética são vitais para o sucesso da Cmp Op Psc dada a
sensibilidade dos assuntos tratados neste tipo de tarefa. Por outro lado, a
exploração cibernética possibilita que as Op Psc beneficiem-se das vulnerabilidades
do adversário, visto que suas ações visam a obtenção de dados sobre as formas de
ataque, o modus operandi e inúmeras informações sobre os principais vetores
oponentes (BRASIL, 2017d).

59
Ver Glossário, item Ativos de Informação.
49

Ressalta-se, ainda, que as ações no espaço cibernético podem ser reforçadas


por ações no espectro eletromagnético realizadas por especialistas em Guerra
Eletrônica (GE) (BRASIL, 2014a).
Outra maneira de obter um comportamento desejado do oponente ocorre por
meio das Operações de Dissimulação. Ao influenciar os decisores, os fatores da
decisão e os sistemas de informação adversários, esta capacidade induz o oponente
a reagir de acordo com os interesses da tropa que planejou esta tarefa, como
exposto a seguir (BRASIL, 2014g):

- proteger a força, desencorajando atos hostis por parte de elementos


locais;
- mascarar nossas intenções;
- encorajar a cooperação entre os grupos beligerantes; e
- ocultar ou negar a ocasião, condições e circunstâncias da retirada, após o
final da missão (BRASIL, 2014g, p. 2-3).

Em que pese a sinergia entre as Op Psc e a Dissimulação Militar, esta é


planejada por um oficial de Dissimulação que congrega os meios e os indivíduos
necessários para sua execução. Assim, as Op Psc e a Dissimulação Militar podem
apoiar-se mutuamente nas operações militares, seja reforçando uma estória de
dissimulação e engajando, ou desencorajando um determinado público-alvo com as
Técnicas60, Táticas61 e Procedimentos (TTP) da Dissimulação Militar (Ibid.).
De outro modo, a inteligência gera uma grande quantidade de dados que são
devidamente processados e combinados. Esta fusão permite permear todo o ciclo
do conhecimento, facilitando a compreensão do ambiente operacional e a avaliação
dos oponentes e/ou potenciais adversários, devendo incluir, entre outros aspectos62:

a) os decisores e a descrição do processo de tomada de decisão;


b) os sistemas de informação e comunicações; e
c) as considerações civis, incluindo os fatores humanos/culturais e as
capacidades/recursos que podem afetar a dimensão informacional (BRASIL,
2016, p. 10-8).

Para isto, o ciclo da inteligência militar é sequenciado em quatro fases


distintas, cíclicas e que podem ocorrer de modo simultâneo e coincidente durante o

60
Ardil, simulação, utilização das armas de tiro curvo, repetição incessante, utilização de sistemas de
alto-falantes, localização de posto de comando e localização e operação de locais de apoio
logístico (BRASIL, 2014g).
61
Projeção de uma tropa de maior valor, finta, demonstração e deslocamentos furtivos (BRASIL,
2014g).
62
BRASIL. Comando do Exército. Comando de Operações Terrestres. EB70-MC-10.307:
Planejamento e Emprego da Inteligência Militar. 1 ed. Brasília, DF, 2016.
50

desenvolvimento do processo. Na primeira fase (orientação) são estabelecidas as


ameaças e as diretrizes para a produção de dados, sendo que as necessidades de
inteligência serão definidas e priorizadas em função da missão (BRASIL, 2015g).
Em seguida, na fase de obtenção, são coletados os dados63 que servirão
como insumo para os demais processos. Para isso, a inteligência realiza a gestão
das necessidades de inteligência, do acionamento e exploração de colaboradores e
sensores. Todavia, a necessidade de processamento de um grande volume de
dados aliada à evolução tecnológica deu origem ao conceito de Inteligência,
Reconhecimento, Vigilância e Aquisição de alvos (IRVA) para que simultaneamente
a esta etapa do ciclo do conhecimento fosse possível a transmissão dos dados para
os comandantes e integrantes do Estado-Maior, visando a consciência situacional
(Ibid.).
No contexto das ações de IRVA, o reconhecimento é a missão que visa obter
informações sobre as instalações, atividades ou meios de ameaças atuais ou
potenciais, sendo uma atividade limitada no tempo e espaço. A vigilância consiste na
observação sistemática do Amb Op utilizando meios cibernéticos, eletrônicos, óticos,
fotográficos ou acústicos para monitorar indivíduos, instalações, áreas,
equipamentos e materiais. A aquisição de alvos trata da detecção64, da
identificação65 e da localização66 de um objetivo, permitindo o emprego eficaz do
Apoio de Fogo e de vetores não cinéticos como as Op Psc (Ibid.).
A terceira etapa do ciclo da inteligência militar é denominada produção. Nesta
fase os dados serão convertidos em conhecimentos de inteligência a fim de
responder às necessidades de inteligência dos clientes deste processo. Enfim, os
conhecimentos resultantes serão divulgados aos usuários de maneira oportuna na
fase de difusão (Ibid.).
Logo, as Op Psc podem se beneficiar do ciclo do conhecimento no que tange
às considerações civis e aos sistemas de informação e de comunicações. Além
disso, a experiência dos especialistas de inteligência encontra-se consolidada no

63
Estes serão realizados por meios especializados ou não seja no que se refere a pessoal ou
material (BRASIL, 2015g).
64
“A detecção determina a existência ou presença de um alvo” (BRASIL, 2016, p. 2-23).
65
“A identificação determina a natureza, a composição e as dimensões do [...] alvo” (Ibid.).
66
“A localização consiste na determinação das coordenadas tridimensionais referidas a pontos
conhecidos ou a posição das peças” (Ibid.).
51

curso de vigilância e reconhecimento da Escola de Inteligência Militar do Exército67


podendo ser objeto de especialização dos operadores psicológicos até que a
atividade possua a sua própria doutrina nestas ações específicas.
Ademais, no processo de integração terreno, condições meteorológicas,
inimigo e considerações civis sob responsabilidade do oficial de inteligência, as Op
Psc constituem um dos objetos de estudo para determinar as vulnerabilidades e
possibilidades da ameaça (BRASIL, 2016). Deste modo, para que tenham liberdade
para conduzir suas ações sobre o oponente, as Op Psc devem ser executadas em
constante integração com o Pelotão de Operações de Contrainteligência68 (Pel Op C
Intlg), visto que uma de suas atribuições é colaborar com as Op Psc 69 (BRASIL,
2018g).
Por fim, o Ataque Físico, cujo emprego por fogos cinéticos e atuadores não
cinéticos70 (como Forças de Op Esp71) visa atingir forças oponentes e degradar as
CRI adversárias de maneira letal, pode se beneficiar de um contexto no qual ocorra
a integração das CRRI (Ibid.). Um exemplo disso ocorre na ação direta de Forças de
Op Esp, descrita no Manual de Op Esp:

No contexto de uma ação direta, por exemplo, os planejadores de EM


podem desencadear operações de dissimulação (Op Dsml) para proteger o
propósito, o horário e o local de uma Op Esp a ser realizada, enquanto as
Op Psc condicionam o oponente, enfraquecendo o seu moral e/ou
motivando a sua percepção de inevitabilidade da derrota. [...] No exemplo
supramencionado, os elementos de guerra eletrônica (GE) e de defesa
cibernética (Def Ciber) podem isolar os sistemas de comando e controle (C²)
do oponente, dificultando a sua possibilidade de reforço, enquanto ações de
Op Psc restringem a interferência de civis na área do objetivo e
dissimulações desorientam o conhecimento da situação ou prejudicam a
reação do adversário. Após as Op Esp, as Op Info podem ser executadas
para explorar o êxito da missão e para aumentar o apoio popular aos
objetivos da ação, reduzindo a liberdade de ação do oponente (BRASIL,
2017c, p. 4-17).

Deste modo, as Op Psc não devem ser compreendidas como uma atividade
de Op Especiais. Ainda que ambas possuam a capacidade de degradar o poder de
combate do inimigo como atuador não cinético. Ademais, identifica-se que as Op

67
BRASIL. Comando do Exército. Portaria nº 155-EME, de 08 de julho de 2020. Estabelece as
condições de funcionamento do Curso de Reconhecimento e Vigilância de Inteligência. Boletim
do Exército, Brasília, DF, n. 29, 17 jul. 2020.
68
O Pel Op C Intlg é uma estrutura da Companhia de Sensores Humanos e esta por sua vez
constitui uma estrutura do Batalhão de Inteligência Militar (BRASIL, 2018g).
69
Ver Glossário, item Pelotão de Operações de Contrainteligência.
70
Ver Glossário, item Atuador Não Cinético.
71
Ver Glossário, item Operações Especiais.
52

Psc e as demais CRRI são igualmente beneficiadas quando ocorrem em um


contexto de integração destes vetores.

2.2 OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS

A atuação dos meios não cinéticos, especialmente das capacidades que


operam no ambiente informacional, tem recebido grande destaque em operações de
combate e não guerra (ALBUQUERQUE, 2017). Assim sendo, a presente seção
busca apresentar as bases doutrinárias da CRI denominada Op Psc a fim de
identificar se o atual emprego da atividade no Brasil alinha-se aos seus alicerces.
Para tal, a doutrina nacional de Op Psc foi comparada com a da Colômbia, Portugal
e EUA a fim de obter validação no contexto Internacional, sendo identificada por
meio de suas definições, conceitos, instrumentos e veículos de difusão.

2.2.1 Definições

Atualmente o Exército Brasileiro adota uma definição pormenorizada para as


Operações Psicológicas, sendo que esta delimitação foi expressa na Diretriz para o
Sistema (à época denominado Operações de Apoio à Informação) da seguinte
forma:

procedimentos técnico-especializados, aplicáveis desde a paz estável,


sempre de forma sistematizada, de modo a motivar públicos amigos,
neutros ou hostis a manifestarem comportamentos desejáveis, com o intuito
final de apoiar a conquista dos objetivos estabelecidos (BRASIL, 2014b, p.
36).

Todavia, o referido conceito resulta de uma evolução histórica, sendo que o


primeiro artigo sobre as Operações Psicológicas no Brasil propõe uma definição
para a atividade. Em seguida, a capacidade operativa foi definida oficialmente no
Manual de Campanha C 33-1 de 1977, mais tarde revogado pelo Manual de
Campanha C 45-4 de 1999.

Ações políticas, militares, econômicas e ideológicas, planejadas e


conduzidas de modo a provocar em agrupamentos estrangeiros inimigos,
neutros ou amigos, emoções, atitudes ou comportamento favoráveis à
consecução dos objetivos e aspirações nacionais (WERNER, 1963, p. 113).
53

São ações políticas, econômicas, psicossociais e militares destinadas a


criar em grupos - inimigos, hostis, neutros ou amigos - emoções, atitudes ou
comportamentos favoráveis à consecução de objetivos específicos
(BRASIL, 1977, p. 1-1).

Conjunto de ações de qualquer natureza, destinadas a influir nas emoções,


nas atitudes e nas opiniões de um grupo social, com a finalidade de obter
comportamentos predeterminados (BRASIL, 1999, p. 1-4).

A partir da análise da terminologia é possível verificar que antes da criação do


SOPEx72 não era possível afirmar que a mesma deveria ocorrer de forma
sistematizada. Cabe ainda ressaltar que o conceito vigente utiliza procedimentos
técnico-especializados ao invés de empregar a expressão ações, uma vez que
apenas militares habilitados73 e OM especializadas podem realizar Op Psc.
No que tange ao "como", a nomenclatura oficial foi sendo refinada ao longo
do tempo, refletindo um posicionamento institucional temporal diante das mudanças
da sociedade brasileira. Deste modo, expressões como provocar/criar emoções,
atitudes, opiniões ou comportamentos descritos em documentos oficiais foram
substituídos por termos mais tênues, como motivar públicos a manifestarem
comportamentos desejáveis aos objetivos estabelecidos.
Da mesma forma, a destinação da mensagem produzida pelas Op Psc
adaptou-se ao emprego corrente do EB e à evolução da doutrina nacional. Assim
sendo, as Cmp Op Psc que tinham um alinhamento doutrinário com os EUA,
vocacionadas para públicos-Alvo74 estrangeiros, atualmente atingem todos os
públicos que sejam de interesse aos objetivos estabelecidos.
Todavia, em que pese o conceito do EB ter evoluído ao longo do tempo, sua
definição não é um consenso no âmbito nacional. Desta forma, cabe ressaltar os
conceitos do MD, da MB e da FAB, respectivamente apresentados a seguir:

1. Operações que incluem as ações psicológicas e a guerra psicológica e


compreendem ações políticas, militares, econômicas e psicossociais
planejadas e conduzidas para criar em grupos - inimigos, hostis, neutros ou
amigos - emoções, atitudes ou comportamentos favoráveis à consecução
de objetivos nacionais. 2. Procedimentos técnico-especializados,
operacionalizados de forma sistematizada para apoiar a conquista de
objetivos políticos ou militares e desenvolvidos antes, durante e após o
emprego da força, visando a motivar públicos-alvo amigos, neutros ou
hostis a atingir comportamentos desejáveis (BRASIL, 2015c, p. 196).

72
Por meio da aprovação da Política de Informação pelo Comandante do Exército (BRASIL, 2004).
73
Concludentes do CAOP ou COP. Ademais, os concludentes do curso de Forças Especiais e de
Inteligência podem exercer operações psicológicas em caráter limitado (BRASIL, 2014b).
74
Ver Glossário, item Público-alvo.
54

Compreende as atividades políticas, militares, econômicas e psicossociais


planejadas e conduzidas para criar em grupos (inimigos, hostis, neutros ou
amigos) emoções, atitudes ou comportamentos favoráveis à consecução
dos objetivos nacionais (BRASIL, 2014d, p. 3-15).

São as Ações que consistem em empregar Meios de Força Aérea para


influenciar o moral, as emoções, as opiniões, as atitudes e os
comportamentos de grupos e indivíduos em favor de objetivos específicos
(BRASIL, 2012, p. 55).

Na comparação dos conceitos vigentes, observa-se que a primeira definição


do MD possui forte vínculo com a definição da MB e o segundo significado com a
delimitação do EB. Ademais, evidencia-se que o momento para a execução das
atividades no segundo conceito do MD - antes, durante e após o emprego da força,
possui correlação com o corrente no EB - desde a paz estável. Logo, ambos
conceitos convergem ao entendimento de que em uma área de operações as
atividades devem ocorrer de forma permanente.
Dessarte, as terminologias do MD podem ser discutidas no âmbito das Forças
Singulares. Logo, a MB coloca a ênfase em quatro atividades abrangentes (políticas,
militares, econômicas e psicossociais) para criar em grupos emoções75, atitudes76 ou
comportamentos77 favoráveis. Cabe observar que tal definição possui forte vínculo
com a definição do Manual de Campanha C 33-1 do EB (1977). Contudo, a definição
corrente no EB restringe-se a motivar públicos a manifestarem comportamentos
desejáveis, visto que medir este fator (observável) é mais fácil do que aferir emoções
e atitudes.
Quanto à delimitação da FAB, a partir do trecho "ações que empregam os
meios da Força Aérea" (BRASIL, 2012, p. 55), entende-se que esta instituição
conduz o apoio necessário para os objetivos específicos das Op Psc. Tal prática
pode ser constatada no lançamento de panfletos em apoio ao EB (ver Fotografia 1).
Além disso, a terminologia utiliza o público-alvo genérico "grupos e indivíduos", o
que torna difícil distinguir a quem se destina a mensagem. Por fim, a terminologia

75
Reação moral, psíquica ou física, geralmente causada por uma confusão de sentimentos.
Disponível em: <https://www.dicio.com.br/emocao/>. Acesso em: 01 jan. 2020.
76
Maneira de se comportar, agir ou reagir, motivada por uma disposição interna ou por uma
circunstância determinada. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/atitude/>. Acesso em: 01 jan.
2020.
77
Conjunto de ações de um indivíduo observáveis objetivamente, tendo em conta seu meio social.
Disponível em: <https://www.dicio.com.br/comportamento/>. Acesso em: 01 jan. 2020.
55

utiliza a expressão influenciar, que é um sinônimo da palavra "motivar"78 utilizada na


definição do EB.

FOTOGRAFIA 1 – Lançamento da bolsa com panfletos


Fonte: Prieto (et al, 2009)

Além dos conceitos oficiais do MD, MB, EB e FAB, apresentam-se a seguir


outras definições de países que serão objetos do presente estudo:

Operações planejadas para transmitir informações selecionadas e


indicadores para o público estrangeiro visando influenciar suas emoções,
motivos, raciocínio lógico e finalmente, o comportamento de governos,
organizações, grupos e indivíduos de outros países (ESTADOS UNIDOS
DA AMÉRICA, 2010, p. GL-8, tradução nossa)79.

Actividades psicológicas planeadas, que utilizam métodos de comunicação


e outros meios, dirigidas a Audiências Alvo (AA) aprovadas, destinadas a
influenciar as suas percepções, atitudes e comportamentos, que contribuam
para a realização de objectivos políticos e militares (PORTUGAL, 2009,
p.1).

É a estratégia planejada e dirigida para a utilização de um conjunto de


elementos tais como propaganda, mídia e outras formas de Ação
Psicológica empregados por qualquer das forças em conflito com o
propósito de influenciar a vontade, atitude e comportamento das tropas,
grupos da população e membros de organizações hostis, a fim de obter
sucesso no decorrer de um conflito (COLÔMBIA, 2009, p. 9, tradução
nossa)80.

Tendo em vista a Lei "Smith-Mundt Act" (1948)81, a definição americana


restringe o emprego das Op Psc à influenciação de públicos estrangeiros, indo de
encontro a vigente no Brasil que motiva públicos amigos, neutros e hostis. Ademais,

78
Disponível em: <https://www.sinonimos.com.br/influenciar/>. Acesso em: 01 jan. 2020.
79
Ver texto em idioma original em Apêndice C , nº 3.
80
Ver texto em idioma original em Apêndice C , nº 4.
81
Ver item 2.1.1 (As Op Info e a Comunicação Estratégica) desta dissertação.
56

as Audiências Alvo82 em Portugal podem atuar em qualquer Amb Op, desde de que
aprovadas pelo mais alto escalão. Todavia, o contexto português difere-se do
panorama brasileiro uma vez que não existem operações militares recorrentes em
seu âmbito interno. Por outro lado, a Colômbia que experimentou em seu território
uma prolongada luta contra grupos armados, emprega as Op Psc em suas tropas,
em grupos da população e em membros de organizações hostis.
Além disso, um alinhamento das definições de Op Psc no contexto
internacional reside no fato de haver uma necessidade de planejamento para o
emprego desta atividade. Este fator vai ao encontro da terminologia do EB de
procedimentos técnico-especializados aplicáveis de forma sistematizada. Isto posto,
no intuito de facilitar a visualização dos conceitos abordados foi elaborado o quadro
a seguir (ver Quadro 3 – Definições de Operações Psicológicas):

(continua)
Autor O que Como Pub A Quando Finalidade
Ações (políticas, de modo a
Para a
militares, provocar em Estrangeiros
consecução dos
WERNER econômicas e agrupamentos (inimigos,
- objetivos e
(1963) ideológicas) emoções, atitudes neutros ou
aspirações
planejadas e ou amigos)
nacionais
conduzidas comportamento
Destinadas a criar
Ações (políticas, em grupos - inimigos Para a
econômicas, emoções, atitudes - hostis consecução de
EB (1977) -
psicossociais e ou - neutros objetivos
militares) comportamentos - amigos específicos
favoráveis
Influir nas Obter
Ações de
EB (1999) emoções, atitudes Grupo social - comportamentos
qualquer natureza
e opiniões predeterminados
Procedimentos
De modo a
técnico- Para apoiar a
motivar públicos a - amigos Desde a
especializados, conquista dos
EB (2014) manifestarem - neutros paz
aplicáveis sempre objetivos
comportamentos - hostis estável
de forma estabelecidos
desejáveis
sistematizada
1. ações
Destinadas a criar
(políticas,
em grupos - inimigos Para a
militares,
emoções, atitudes - hostis consecução de
econômicas e -
ou - neutros objetivos
psicossociais)
MD (2015) comportamentos - amigos nacionais
planejadas e
favoráveis
conduzidas
2. Procedimentos Visando motivar a - amigos Antes, Para apoiar a
técnico- públicos alvo a - neutros durante e conquista de
especializados, atingir - hostis após o objetivos políticos

82
Conceito análogo a Público-alvo.
57

operacionalizados comportamentos emprego ou militares


de forma desejáveis da força
sistematizada
Atividades
políticas, Criar em grupos
- inimigos Para a
militares, emoções, atitudes
MB - hostis consecução dos
econômicas e ou -
(2014) - neutros objetivos
psicossociais comportamentos
- amigos nacionais
planejadas e favoráveis
conduzidas
Ações que
Visando
FAB empregam os - grupos e Para objetivos
influenciar grupos -
(2012) meios da Força indivíduos específicos
e indivíduos
Aérea
- público
Operações
Visando estrangeiro
planejadas para
influenciar - governo
EUA transmitir A fim de
emoções, motivos - -
(2010) informações influenciar
e raciocínio organizações
selecionadas e
lógico - grupos
indicadores
- indivíduos
Influenciando Para a realização
Atividades - Audiências
Portugal percepções, de objetivos
psicológicas Alvo -
(2009) atitudes e políticos e
planejadas aprovadas
comportamentos militares
- tropas
Estratégia
- grupos da
planejada e Para obter
Influenciando a população
dirigida para a sucesso no
Colômbia vontade, atitude e - membros -
utilização de um decorrer de um
comportamento de
conjunto de conflito
organizações
elementos
hostis
QUADRO 3 – Definições de Operações Psicológicas
Fonte: O autor

O estudo minucioso das várias definições de Op Psc evidencia que a atual


definição adotada pelo EB possui uma delimitação pormenorizada da atividade
resultante de uma evolução histórica de manuais e estudos na área. Deste modo, a
terminologia do SOPEx apresenta bases sólidas, sendo válida e equiparável às
demais doutrinas internacionais abordadas neste ensaio. Outrossim, destaca-se a
questão do "quando" no conceito do EB que torna rutilante o caráter permanente das
Op Psc no contexto nacional corroborado por um dos conceitos do MD.

2.2.2 Principais conceitos

Os procedimentos técnicos-especializados (ou ações planejadas) presentes


nas definições das Op Psc estão fundamentados em importantes conceitos
vinculados às áreas da sociologia, teoria da comunicação, psicologia, filosofia, entre
58

outros. Diante disto, neste item serão abordados alguns dos principais conceitos
pertinentes a atividade.
Inicialmente, cabe evidenciar que para atingir um determinado público-alvo na
dimensão informacional uma fonte emissora necessita de um veículo de difusão83
capaz de conduzir a sua mensagem (BRASIL, 2017b). No entanto, tal processo
comunicacional está sujeito a ruídos ou interferências (ver Figura 5).

FIGURA 5 – Processo Comunicacional


Fonte: (BRASIL, 2017b, p. 2-1)

As interferências podem ser divididas em físicas, fisiológicas, psicológicas ou


semânticas84. Os ruídos físicos e fisiológicos podem ser amenizados ou explorados
pelas diversas CRRI em um contexto baseado em efeitos. Por outro lado, de acordo
com a publicação JP 3-13-2, a amenização do ruído semântico exige apoio
linguístico específico, contratação de escritores locais e personalidades (ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA, 2010).
Outrossim, a interferência psicológica ocorre quando uma informação vai de
encontro a uma atitude ou comportamento de um indivíduo resultando em um
conflito no receptor. Estas incoerências e contradições que podem ser cometidas ao
agir de forma destoante daquela com a qual o indivíduo pensa é definida por
Festinger (1975) como dissonância cognitiva. Segundo o escritor, o sujeito que não
deseja permanecer em conflito deve mudar de comportamento ou de ambiente.
83
Ver Glossário, item Veículo de Difusão.
84
Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/marketing/exemplos-de-
ruidos-na-comunicacao/53332>. Acesso em: 02 jan. 2019.
59

Para isto, Festinger (ao investigar os aspectos da persuasão e dissuasão,


conflito e decisão, comunicação e deficiência comunicativa) avalia que mudar o
comportamento é difícil e em alguns casos impossível (FESTINGER, 1975). Nessa
direção, o autor realizou diversos testes sociais a fim de diminuir ou eliminar esse
desequilíbrio. Tais experimentos levaram a três relações de dissonância (ver
Quadro 4).

Relação Significado Exemplo


O indivíduo substitui um ou mais A pessoa sabe que tendo
comportamentos que estejam diabetes deve evitar comer
Dissonante
envolvidos na dissonância doces, no entanto mantém
(FESTINGER, 1975). esse comportamento.
O indivíduo adquire um novo A pessoa sabe que tendo
comportamento que irá aumentar diabetes deve evitar comer
Consonante
a consonância (FESTINGER, doces, então passa a levar
1975). uma vida saudável.
O indivíduo esquece ou reduz a
A pessoa sabe que tem
importância da cognição que
Irrelevante diabetes e passa a viajar
mantém a situação da
constantemente.
dissonância (FESTINGER, 1975).
QUADRO 4 – Formas de diminuir ou amenizar a dissonância cognitiva
Fonte: O autor

Diante disso, por meio do método científico com um grupo de pessoas,


Festinger (1975) concluiu que quanto maior a recompensa menor a dissonância de
um ser humano perante a sua posição pessoal. Além disso, os estudos indicaram
que quando encontra-se com sua auto estima debilitada, um indivíduo possui
motivação máxima para reduzir sua dissonância perante um comportamento.
Logo, estas formas de amenizar a dissonância podem ser exploradas pelas
Op Psc para motivar comportamentos desejáveis de um determinado líder ou
comunicador-chave85 a fim de atingir objetivos estabelecidos em uma Área de
Operações. Todavia, os indivíduos convivem em comunidade, tornando a tarefa de
mudança de comportamento em um determinado grupo complexa, pois um
agrupamento social possui uma cultura dinâmica (SCHEIN, 1991).
Neste sentido, as mudanças em uma coletividade são realizadas ao longo do
tempo, visto que a própria cultura é um processo contínuo de formação e mudança
presente em todos os aspectos da vida humana (SCHEIN, 1991). Neste sentido, ao
examinar diferentes culturas organizacionais Schein propõe uma estratificação da
cultura em três níveis de profundidade (ver Figura 6).

85
Ver Glossário, item Comunicador Chave.
60

1) Artefatos: Inclui as manifestações físicas (símbolo, design, layout,


aparência, estereótipos), comportamentais (padrões de comunicação, rituais,
tradições, recompensas e punições) e verbais (expressões coloquiais, anedotas e
mitos), sendo observável e dificilmente decifrável (SCHEIN, 1991).
2) Valores assumidos: Nível intermediário no processo de transformação
cognitiva que demanda tempo para sua identificação. Nesta categoria, o indivíduo é
capaz de distinguir o certo e o errado de acordo com o código ético e moral do grupo
(SCHEIN, 1991).
3) Pressupostos básicos: Nesta camada (inconsciente e inalterável)
residem as crenças consideradas naturais e as verdades não confirmadas, que são
aceitas sem questionamentos uma vez que representam a própria essência da
cultura (SCHEIN, 1991).

FIGURA 6 – Estratificação da cultura


Fonte: O autor

Diante do exposto, evidencia-se que os artefatos constituem um terreno fértil


para o emprego das Cmp Op Psc, visto que são a camada mais externa da cultura e
única capaz de retratar as manifestações físicas, comportamentais e verbais. Por
outro lado, os valores compartilhados necessitam de um longo prazo para serem
revertidos pelas Operações Psicológicas, pois foram assimilados ao longo do tempo
pelo grupo como padrões éticos e morais. Todavia, uma ação ou produto de Op Psc
deve avaliar com cautela os pressupostos básicos de um determinado público-alvo
para evitar a perda de credibilidade ou até mesmo da legitimidade da Campanha
perante essa audiência, uma vez que representam a própria essência da cultura.
Outra abordagem da psicologia de interesse para as Op Psc foi descrita por
French e Raven (1959) ao identificarem os diversos tipos de poder e influência.
Nesse escopo, ao compararem as bases de Poder com as mudanças que
61

produziam nos indivíduos, os autores interpretaram seus efeitos da seguinte maneira


(ver Quadro 5).

(continua)
Poder Definição
Definido como o poder cuja base é a habilidade para recompensar. A força do
poder de recompensa de O sobre P aumenta de acordo com a magnitude das
recompensas que P percebe que O pode mediar para ele. O poder de recompensa
Recompensa depende da capacidade de O em administrar valências positivas e remover ou
diminuir valências negativas. A força do poder de recompensa também depende da
probabilidade de O pode mediar a recompensa, como percebido por P (FRENCH;
RAVEN, 1959, p. 263, tradução nossa)86.

Semelhante ao poder de recompensa, na medida em que também envolve a


capacidade de O para manipular a obtenção de valências. O poder coercitivo de O
sobre P decorre da expectativa por parte de P de que ele será punido por O se ele
não se conformar com a tentativa de influência. Assim, valências negativas existirão
em determinadas regiões do espaço de vida de P, correspondente à ameaça de
Coerção
punição por O. A força do poder coercitivo depende da magnitude da valência
negativa da ameaça de punição multiplicada pela probabilidade percebida de que P
pode evitar o castigo pela conformidade, ou seja, a probabilidade de punição pela
não-conformidade menos a probabilidade de punição pela conformidade (FRENCH;
RAVEN, 1959, p. 263, tradução nossa)87.

O poder legítimo de O sobre P é aqui definido como aquele poder que decorre de
valores internalizados em P que ditam que O tem um direito legítimo de influenciar
P e que P tem a obrigação de aceitar essa influência. Notamos que o poder
legítimo é muito semelhante à noção de legitimidade da autoridade, explorada há
muito tempo pelos sociólogos. […] Todavia, o poder legítimo nem sempre é uma
Legítimo
relação de papel: P pode simplesmente aceitar uma indução de O porque ele havia
prometido ajudar O e ele valoriza muito a sua palavra para quebrar essa promessa.
Em todos os casos, a noção de legitimidade envolve algum tipo de código ou
padrão, aceito pelo indivíduo, em virtude do qual o agente externo pode afirmar seu
poder (FRENCH; RAVEN, 1959, p. 265, tradução nossa)88.

O poder de referência de O sobre P tem sua base na identificação de P com O. Por


identificação, queremos dizer um sentimento de unidade de P com O, ou um desejo
por tal identidade. Se O é uma pessoa por quem P é altamente atraído, P terá um
desejo de se tornar intimamente associado com O. Se O é um grupo atrativo, P terá
um sentimento de adesão ou um desejo de participar. Se P já está intimamente
Referência
associado com O ele irá querer manter essa relação. A identificação de P com O
pode ser estabelecida ou mantida se P se comporte, acredite e perceba as coisas
como O faz. Assim, O tem a capacidade de influenciar P, mesmo que P possa não
estar ciente desse poder de referência (FRENCH; RAVEN, 1959, p. 266, tradução
nossa)89.

A força do poder de especialista de O sobre P varia com a extensão do


conhecimento ou percepção que P atribui a O dentro de uma determinada área.
Especialista Provavelmente, P avalia a experiência de O em relação ao seu próprio
conhecimento, bem como em relação a um padrão absoluto. Em todo caso, poder
de especialista resulta na influência social primária sobre a estrutura cognitiva de P

86
Ver texto em idioma original em Apêndice C , nº 5.
87
Ver texto em idioma original em Apêndice C , nº 6.
88
Ver texto em idioma original em Apêndice C , nº 7.
89
Ver texto em idioma original em Apêndice C , nº 8.
62

e, provavelmente, não em outros tipos de sistemas (FRENCH; RAVEN, 1959, p.


267, tradução nossa)90.

O poder informacional, ou persuasão, baseia-se na informação, ou argumento


Informação lógico, que o agente influenciador pode apresentar ao alvo, a fim de implementar
uma mudança (RAVEN, 1993, p. 236, tradução nossa)91.
QUADRO 5 – As bases do Poder Social
Fonte: O autor

O modelo propõe seis bases de poder que um agente influenciador/motivador


pode empregar para obter uma mudança nas convicções, atitudes ou
comportamentos de um indivíduo: compromisso de recompensa; capacidade de
punir; legitimidade de um agente externo aceita pelo indivíduo; capacidade de
influenciar o outro por intermédio de características que são referências;
conhecimento ou perícia; e persuasão baseada em informação. Assim sendo, as
bases de poder devem ser amplamente utilizadas no estabelecimento de uma linha
de persuasão92 da Cmp Op Psc.
Além disso, dando continuidade à análise do processo comunicacional
ressalta-se os estudos de Lasswell (1948) sobre como a propaganda política
buscava influenciar a população através da comunicação em massa. Para o autor, o
estudo adequado dos atos de comunicação deveriam responder a cinco perguntas
essenciais (ver Quadro 6).

Através de que
Quem? Diz o que? Para quem? Com que efeito?
canal?
Estudo dos Análise do Estudo dos
Análise do Análise dos
emissores ou origem público-alvo ou veículos de
conteúdo efeitos
da mensagem. audiência difusão
QUADRO 6 – Modelo de Lasswell
Fonte: O autor

Em que pese o pioneirismo do modelo de Lasswell, seus paradigmas são


frequentemente utilizados na construção de mensagens persuasivas e na análise
das informações adversas. Além disso, as perguntas do autor no período de sua
publicação (1948) revolucionaram o processo comunicacional, centrando a análise
nos conteúdos e seus efeitos que antes eram ignorados.
Contudo, o processo de comunicação para Lasswell era assimétrico e
unidirecional, uma vez que emissor e receptor possuem papéis distintos e sem
90
Ver texto em idioma original em Apêndice C , nº 9.
91
Ver texto em idioma original em Apêndice C , nº 10.
92
Ver Glossário, item Linha de Persuasão.
63

interação, ou seja, a realimentação visualizada na Figura 5 era desconsiderada.


Assim sendo, outras teorias buscaram compreender melhor a comunicação, tais
como Agenda Setting, Gatekeeping e Newsmaking. Desse modo, apresenta-se a
seguir estes conceitos discutidos no 42º Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação (ver Quadro 7).

Teoria Definição
A agenda da mídia influência nos temas pensados e discutidos pela sociedade,
Agenda setting pautando a imagem da realidade. Contudo, a teoria não descreve quem determina
os temas que serão discutidos e seus critérios de seleção (MARQUES, 2019).
Conceito vinculado a atuação dos editores e da mais alta autoridade de um
veículo de difusão ao definirem o que será publicado ou não. O Gatekeeper ao
Gatekeeping enfatizar os assuntos que lhe interessam e amenizar o que for julgado menos
importante se aproxima da censura e da manipulação (MARQUES, 2019).
Define os critérios para se determinar o que é noticiável e o destaque que devem
Newsmaking receber a fim de atender a todas as classes e idades. Tais critérios são definidos
em função do público, do horário e de padrões técnicos (MARQUES, 2019).
QUADRO 7 – Conceitos da Comunicação
Fonte: O autor

Na prática, os gatekeepers utilizam critérios subjetivos para selecionar o que


será noticiado, pautando em seus diversos meios (digitais, áudio ou impressos) o
que será discutido pela sociedade. Além disso, os objetivos da mensagem difundida
possuem vínculo com a linha editorial do veículo e o perfil do seu público-alvo
(MARQUES, 2019).
Em analogia, uma Cmp Op Psc deve ser confeccionada por especialistas no
intuito de explorar temas de seu interesse e evitar outros que não estejam alinhados
com os objetivos estabelecidos. Cabe ainda destacar que as Cmp Op Psc devem
ser aprovadas pela mais alta autoridade para que sejam realçados os assuntos de
interesse ao EFD. Desta forma, após o processo de produção e aprovação, as
mensagens devem ser difundidas pelos diversos meios de comunicação a fim de se
reforçarem mutuamente, pautando os assuntos pensados e discutidos por um
determinado público-alvo.
Sob outra perspectiva, um assunto de destaque da filosofia e vinculado às Op
Psc é o Pensamento Crítico. Este conceito fundamental para o desenvolvimento do
processo de planejamento das operações militares está descrito na literatura como

[...] um processo mental que consiste em um julgamento objetivo e reflexivo


para se chegar, mediante a combinação de conhecimento e inteligência, à
posição mais razoável e justificada sobre determinado tema (BRASIL,
64

2014e, p. 2-11).

O pensamento crítico envolve a capacidade de argumentar, indagar e


duvidar para a melhor compreensão de situações, permitindo conceber
novas abordagens, perspectivas e soluções para os problemas militares.
[...] O pensamento crítico é essencial para a análise aprimorada, porque o
raciocínio disciplinado permite a formulação de ideias sobre o que acreditar
ou fazer (BRASIL, 2019a, p. 2-2).

Support for planning and decision making - deconstructing arguments,


examining analogies, challenging assumptions, and exploring alternatives
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2015, p. 6).93

Este processo mental facilita a compreensão na análise de produtos, ações e


na construção e desconstrução de argumentos, logo, a argumentação é uma
estratégia retórica que possibilita persuadir e convencer indivíduos e grupos,
podendo ser empregada pelas Op Psc. Esta exposição de uma ideia deve possuir
três partes: a questão (premissa ou tese), razões e conclusão (NAVEGA, 2003).
Desta maneira, a premissa deve possuir uma proposta de apoio ou uma ajuda
para apoiar uma conclusão. Tal proposta deve ser suposta ou provada com base em
algo previamente declarado ou pressuposto como base de outro argumento,
condição ou suposição (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2015).
Por outro lado, a tese é uma proposta apresentada para consideração; uma
percepção extrassensorial a ser discutida, provada ou mantida contra objeções; ou a
distinção de uma suposição ou hipótese (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2015).
Deste modo, a estrutura básica da argumentação pode ser evidenciada no esboço a
seguir (ver Figura 7).

FIGURA 7 – Estrutura básica de um argumento


Fonte: (NAVEGA, 2003)

93
Apoio ao planejamento e à tomada de decisões desconstruindo argumentos, examinando
analogias, desafiando pressupostos e explorando alternativas (tradução nossa).
65

Navega (2003) cita ainda que opiniões, fatos, descrições, questões, piadas,
expressões emotivas e explicações não são argumentos. Ademais, esta estratégia
retórica deve possuir os seguintes critérios (ver Quadro 8).

Critérios Definição
As premissas propostas tem que ser aceitáveis. Devem ser razoáveis para aqueles
aos quais o argumento é dirigido. Aceitável é diferente de verdadeiro. É muito difícil
Aceitabilidade
estabelecer premissas que sejam verdadeiras em sentido absoluto (NAVEGA,
2003, p. 9).
Premissas relevantes providenciam razões para que possamos crer na veracidade
da conclusão. São irrelevantes se nada implicam em relação ao que está sendo
Relevância alegado. Há premissas que, isoladamente, podem ser irrelevantes mas que
proporcionam suporte a outras premissas (relevantes) do argumento (NAVEGA,
2003, p. 9).
As premissas propostas precisam ser suficientes para podermos aceitar a alegação
implicada. Falha no suporte pode ser consertado adicionando-se novas premissas,
Suporte
mas o resultado tem que ser o suporte adequado da alegação (NAVEGA, 2003, p.
9).
Um bom argumento deve providenciar uma refutação efetiva de todos os
argumentos que concluam o oposto do que estamos alegando. Argumentamos
Refutabilidade quando estamos confrontando alegações e a refutação deve poder invalidar o
argumento do oponente, idealmente a partir das premissas que usamos e que
foram aceitas pelo oponente (NAVEGA, 2003, p. 9).
QUADRO 8 – Critérios de um argumento
Fonte: O autor

Em algumas ocasiões, no intuito de bem argumentar com seu público-alvo, o


emissor utiliza-se de narrativas falaciosas94 para atingir seus objetivos. Neste
sentido, as Op Psc devem se contrapor às falácias95 a fim de evitar a
desinformação96. Para tal, essas construções são objeto de estudo dos profissionais
habilitados na área, como alguns dos exemplos abaixo (ver Quadro 9 – Exemplos de
falácias).

(continua)
Falácia Descrição
Ocorre quando alguém ataca uma pessoa de forma pessoal e abusiva e não
Ad Hominen
uma posição ou argumento (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2015).
Argumento em que se justifica sua aceitação baseado no fato de que "sempre
Apelo à tradição
foi feito assim" (NAVEGA, 2003, p. 19).
Ocorre quando se afirma que se algo é bom para todos, deve ser bom para você
Apelo ao público também. Desta forma, justifica-se o argumento pela sua popularidade
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2015).

94
Ver Glossário, item Narrativas Falaciosas.
95
Argumentos que aparentam ser corretos e conclusivos, no entanto, possuem algum erro em sua
estrutura ou conteúdo. Inicialmente, o termo foi utilizado por filósofos da Escolástica para se referir
à obra Aristotélica "Refutações sofísticas", onde o autor analisa as falácias de seu tempo.
Disponível em: <https://www.infoescola.com/filosofia/falacia/>. Acesso em: 04 jan. 2020.
96
Ver Glossário, item Desinformação.
66

Ocorre quando a autoridade que se utiliza para respaldar um argumento realiza


Apelo à um comentário fora de sua área de especialidade. Geralmente, ocorre quando
autoridade se utiliza alguém ou algo famoso, na esperança de vender uma argumentação
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2015).
QUADRO 9 – Exemplos de Falácias
Fonte: O autor

Assim sendo, as narrativas falaciosas, presentes nas fake news97, devem ser
analisadas cautelosamente por especialistas de Op Psc. Tal estudo deve objetivar
conclusões imparciais e justificáveis, sempre empregando as ferramentas do
pensamento crítico.
Por fim, D'Ancona (2018) descreve uma tendência sociológica nos tempos de
conectividade instantânea e "fake news" denominada pós-verdade. Para o autor, o
cidadão massacrado por informações inverossímeis e contraditórias desiste de
discernir o que é verdade e passa a aceitar as versões e narrativas que lhe trazem
segurança emocional.

De fato, nunca houve um modo mais rápido e mais poderoso de espalhar


uma mentira do que postá-la on-line. Os propagandistas russos criaram
muitas técnicas da manipulação de informação contemporânea, pondo em
circulação material por meio de fontes estatais, mas também via
vazamentos cuidadosamente orquestrados, feitos para se assemelhar à
obra de cyberpunks independentes. Em 2016, o impacto do hacking russo
na eleição presidencial norte-americana ainda era objeto de investigação.
No entanto, restam poucas dúvidas sobre sua extensão. Se a política é a
guerra por outros meios, o mesmo ocorre em relação à informação
(D'ANCONA, 2018, p. 53)98.

As informações disseminadas99 pela internet ou mídias sociais são


assimiladas por agrupamentos ou bolhas informacionais de acordo com suas
opiniões preconcebidas a fim de realizar um viés de confirmação, colocando as
evidências em um segundo plano (Ibid.). Esta nova realidade resulta em um marco
complexo e difuso para o emprego das Operações Psicológicas, fazendo com que
seu emprego esteja cada vez mais achatado entre o nível político-estratégico e
operacional/tático.
A partir da análise do processo comunicacional observa-se a importância dos

97
São notícias falsas publicadas por veículos de comunicação como se fossem informações reais.
Em linhas gerais, esse tipo de texto é feito e divulgado com o objetivo de legitimar um ponto de
vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo (geralmente figuras públicas). Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/o-que-sao-fake-news.htm>. Acesso em: 05 jan. 2020.
98
As ações neste trecho podem ser classificadas como uma desinformação intencional
"Disinformation". Ver definição de "Disinformation" em 2.2.3 (Instrumentos das Op Psc) desta
dissertação.
99
Cada vez mais ponto a ponto (ou P2P) e menos pela imprensa tradicional (D'ANCONA, 2018).
67

aspectos psicológicos para amenizar uma dissonância cognitiva, estabelecer


objetivos viáveis alinhados com a estratificação da cultura ou ainda utilizar as bases
de poder para estabelecer uma linha de persuasão. Outrossim, a investigação dos
aspectos referentes à teoria da comunicação permitem a análise da origem,
conteúdo, audiência, veículo e efeito de uma mensagem. Esta ciência possibilita
ainda a análise e avaliação da pauta presente na sociedade, estas que são
publicadas por meio de critérios de noticiabilidade definidos por decisores e
redatores ("Gatekeepers").
Ademais, buscou-se distinguir os conceitos filosóficos que permitem a análise
de uma informação, seja por meio de suas construções (por vezes falaciosas) ou de
seus argumentos, no intuito de se obter conclusões imparciais e objetivas. Por fim,
abordou-se o fenômeno sociológico denominado pós-verdade na intenção de
evidenciar a possibilidade de novas demandas, assim como de estudos e
adaptações por parte dos especialistas em Op Psc.

2.2.3 Instrumentos das Op Psc

No processo comunicacional, o público-alvo pode ser motivado por atuadores


a obter comportamentos desejáveis por meio de produtos e ações. Estes meios
capazes de informar e influenciar públicos são difundidos pelos instrumentos das Op
Psc. Assim sendo, no EB as ferramentas desta tarefa se dividem em propaganda e
contrapropaganda, sendo definidos da seguinte maneira:

PROPAGANDA - Difusão de qualquer informação, ideia, doutrina ou apelo


especial, visando a influenciar opiniões, gerar emoções, provocar atitudes
ou dirigir o comportamento de indivíduos ou grupos sociais, a fim de
beneficiar, direta ou indiretamente, quem a promoveu (BRASIL, 2018d, p.
311, grifo nosso).

CONTRAPROPAGANDA – Conjunto de ações implementadas no sentido


de prevenir, neutralizar ou minimizar os efeitos da propaganda inimiga
adversa ou oponente sobre o público-alvo (Ibid. p. 96, grifo nosso).

Assim, a propaganda na doutrina do EB está vinculada a uma mensagem


disseminada por intermédio de produtos e ações a fim de apoiar a conquista dos
objetivos estabelecidos. Ademais, este instrumento doutrinariamente possui os
seguintes elementos essenciais: ideia-força, tema, frase síntese (ou slogan) e
68

símbolo (BRASIL, 1999).


Além disso, a mensagem "destina-se a despertar a atenção do público-alvo
sobre determinado assunto, criar necessidades correlatas e indicar soluções para
essas necessidades" (Ibid., p. 2-5). Para tanto, a propaganda segue um ciclo
contínuo no processo comunicacional, apesar de necessitar constantemente de
acompanhamento e avaliação durante uma Cmp Op Psc (BRASIL, 1999).
Por outro lado, a contrapropaganda analisa os efeitos da propaganda
adversa, que pode ser branca100, cinza101 ou negra102 por meio do método
Lasswelliano representado pelo acrônimo OCAVE (Origem, Conteúdo, Audiência,
Veículo e Efeitos). Diante desse instrumento adverso, compete às Op Psc rebater a
narrativa do adversário utilizando argumentos técnicos apropriados, tais como atacar
os pontos fracos e colocar a propaganda adversa em contradição com os fatos
(BRASIL, 1999).
Da mesma maneira, o Exército Colombiano utiliza como instrumentos das Op
Psc a propaganda e a contrapropaganda, sendo estas delimitadas da seguinte
forma:

PROPAGANDA: Disseminação sistemática, temporária e deliberada de


certas ideias, doutrinas ou informações através de vários métodos de
comunicação concebidos para influenciar as opiniões, emoções, atitudes ou
comportamentos do público-alvo para benefício direto ou indireto de quem o
origina. Sugestão com intenção persuasiva (COLÔMBIA, 2009, p. 183,
tradução nossa)103.

CONTRAPROPAGANDA: Ações destinadas a minimizar, prevenir,


neutralizar, ou mitigar os efeitos da propaganda inimiga no público (Ibid., p.
178, tradução nossa)104.

Na definição de propaganda, destaca-se o caráter temporário da


disseminação, uma vez que as Op Psc na Colômbia devem ocorrer no decorrer de
um conflito, como a guerra assimétrica de baixa intensidade ocorrido contra a
narcoguerrilha entre os anos de 1966 a 2016105. Além disso, a propaganda visa
lograr comportamentos coesivos106 ou divisórios107, sendo que os primeiros

100
Ver Glossário, item Propaganda Branca.
101
Ver Glossário, item Propaganda Cinza.
102
Ver Glossário, item Propaganda Negra.
103
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 11.
104
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 12.
105
Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/brasil-37181620>. Acesso em: 05 jan. 2020.
106
El comportamiento cohesivo implica colocar los objetivos comunes por encima de los deseos y
aspiraciones individuales (COLÔMBIA, 2009, p. 109).
69

normalmente voltam-se para as tropas e grupos da população e os segundos, os


divisórios, aos membros de organizações hostis com o intuito de causar desânimo,
apatia, discórdia, deserção e hostilidade dentro dessa estrutura (COLÔMBIA, 2009).
Todavia, a propaganda não possui obrigatoriamente relação com a verdade
do conteúdo, podendo ser branca108, cinza109 ou negra110. Assim sendo, este
instrumento pode ser analisado à luz do acrônimo "FUCAME"111 similar ao "OCAVE"
da análise da contrapropaganda no EB. Arrematando este conceito, o ciclo da
propaganda na Colômbia possui as seguintes fases: processo da informação
(registro, avaliação e interpretação), análise do público-alvo, seleção dos meios de
difusão, desenvolvimento da propaganda (informações de temas e mensagens
orientadas à consecução do objetivo psicológico), pré-teste e análise dos
indicadores de impacto (COLÔMBIA, 2009).
Em que pese a definição possuir similaridade com a do EB, a
contrapropaganda para o Exército colombiano não se destina apenas a análise da
propaganda adversa pelo acrônimo FUCAME. Este instrumento prevê ainda ações
preventivas ou neutralizantes, sendo que o primeiro tipo de ação procura
desenvolver os argumentos e ideias fortes com tempo suficiente para promover um
amplo programa de doutrinação nas tropas e na população civil. Todavia, as ações
neutralizantes são conduzidas a fim de rejeitar a propaganda proveniente dos
movimentos subversivos, sendo destinadas a destruir os efeitos que estas possam
causar nos diversos públicos (Ibid.).
Sob outra perspectiva, Portugal utiliza os seguintes instrumentos: Operações
Psicológicas de Portugal (PSYOPS) e Contra-PSYOPS. As PSYOPS devem estar
integradas desde o início da operação na fase de planejamento. Estas classificam-
se quanto ao Grau de dissimulação (Preta112, Cinzenta113 e Branca114) e quanto ao

107
El comportamiento divisório [...] estimula al blanco auditorio a colocar sus proprios intereses por
encima de los objetivos de la sociedad que lo rodea (Ibid.).
108
Es aquella diseminada en forma abierta, identificada por su verdadera fuente y por tanto
reconocido como "oficial" (Ibid., p. 110).
109
Su origem no es identificado y se deja a la imaginación de la audiencia (Ibid.).
110
La propaganda dice provenir de una fuente, cuando en realidad proviene de otra. pretende emanar
de una fuente diferente a la verdadera. Requiere de mucha destreza y capacidad para trabajar
anónimamente y abundante inteligencia sobre los hechos y actividades del blanco audiencia
enemigo elegido (Ibid., p. 184).
111
FUCAME - Análisis de la fuente y su contenido, audiencia, medio de difusion y efecto de la
propaganda hostil, neutral y amiga (Ibid., p. 116).
112
Aquela cuja origem se pretende fazer crer diferente da verdadeira (PORTUGAL, 2009, p. 5).
113
Cuja origem se pretende manter na dúvida (PORTUGAL, 2009, p. 5).
114
Cuja origem não é dissimulada (Ibid., p. 5).
70

objetivo (coesão115 ou divisionista116). Neste ponto, a modelagem portuguesa possui


grande similaridade com a colombiana, possibilitando produtos e ações discretos
(PORTUGAL, 2009).
Outrossim, nesta doutrina os públicos-alvo subdividem-se em audiência
aparente117, audiência intermediária118, audiência não intencional119 e audiência
final120. Deste modo, a depender da análise do especialista a modelagem
portuguesa pode ou não abarcar a audiência aparente e intermediária como parte da
audiência final. Ademais, a audiência não intencional é uma preocupação constante
para os analistas de PSYOPS, visto que sua reação adversa aos produtos e ações
da tarefa podem resultar na anulação dos efeitos da Cmp Op Psc (PORTUGAL,
2009).
Além disso, as Forças Armadas de Portugal estabelecem a propaganda como
um dos conteúdos fundamentais para o planejamento e condução da PSYOPS,
assim como algumas das definições a seguir:

Missão PSYOPS Expressão clara e concisa que define o que devem as


PSYOPS alcançar (tarefa e finalidade) para modificar, no grau necessário, a
atitude das AA, de forma a apoiar a missão do respectivo comando. Deve
como qualquer outra missão ser redigida no infinitivo e responder
concretamente às questões: Quem? O Quê? Quando? Onde? Para quê?
(Ibid., p. 14).

Objetivos de PSYOPS Descrição geral mensurável das mudanças


desejadas nas percepções, atitudes e comportamentos (ou resposta
expectável mensurável) da AA, as quais, no final, irão contribuir para o
cumprimento da missão de PSYOPS. Neste sentido, um conjunto de verbos
podem ser usados na construção de objectivos de PSYOPS: Ganhar,
Manter, Apresentar, Dissuadir, Apoiar, Limitar, Enfatizar, Informar,
Promover, Assistir, Persuadir, Encorajar, Desencorajar, Facilitar, Impedir,
Prevenir, Aumentar, etc (Ibid.).

Estado-Final Psicológico Descrição geral das condições atingidas pelas AA


que indicam que a missão das PSYOPS e respectivos objectivos foram
atingidos. Deve ser generalista e mensurável, ou seja passível de serem

115
PSYOPS dirigidas a AA amigas e neutrais com o objectivo de criar espírito de cooperação,
entendimento, amizade e confiança (Ibid.).
116
PSYOPS dirigidas a AA do inimigo/adversário com o objectivo de baixar o seu moral, criar apatia,
derrotismo, discórdia, promover a divisão, a deserção, a subversão e a sua rendição (Ibid.).
117
Aquela que parece ser o alvo da mensagem e está ligada ao objectivo evidente. Pode coincidir
com a audiência final mas carece de confirmação (Ibid., p. 20).
118
Aquela que é usada para transmitir a mensagem à audiência final. A audiência intermédia pode,
ou não, ser parte da audiência final (Ibid.).
119
Os que inadvertidamente são alcançados pela mensagem sem serem os seus destinatários
previstos (Ibid.).
120
Os que directa/indirectamente são visados com a mensagem e que estão associados ao objectivo
último conjecturado da mensagem (Ibid.).
71

estabelecidos critérios mensuráveis que indiquem se o Estado Final


Psicológico foi alcançado (Ibid.).

Temas de PSYOPS São expressões que traduzem a Ideia Força (assunto


ou tópico) utilizadas para atingir objectivos de PSYOPS. Encerram o
argumento persuasivo concreto (linha de persuasão) a apresentar a
determinada AA. Baseados igualmente no estudo das motivações, os temas
devem ser escolhidos de maneira a apelar para os instintos humanos
fundamentais e a provocar reflexos condicionados. Devem ter apenas uma
interpretação possível. Os temas podem ser difundidos directamente ou por
meio de estribilhos (slogans) e símbolos (Ibid., p. 15).

Produto de PSYOPS Item visual, áudio ou audiovisual produzido para


disseminação sobre AA, de forma a atingir objectivos PSYOPS. Aquilo que
a AA pode realmente ver ou ouvir, recorrendo às diferentes formas de
comunicação (oral, escrita e visual), designadamente: panfletos, revistas,
programas rádio e de TV, páginas Internet, etc (Ibid., p. 17).

Acções PSYOPS Qualquer actividade, excluindo a disseminação de


produtos PSYOPS, pensada e executada para ter impacto psicológico.
Exemplos: actividades de patrocínio, merchandising, reuniões com
autoridades locais e população, concursos na rádio e TV, etc (Ibid.).

Propaganda Comunicação intencional de informação (notícia ou facto),


ideia(s), doutrina, comentário, explicação, chamamento especial, etc. com a
intenção influenciar, em beneficio (directo ou indirecto) de quem os
difunde/patrocina, as opiniões, emoções, atitudes e o comportamento de
qualquer individuo ou grupo específico (Ibid.).

Da identificação dos conceitos, cabe aclarar que a missão das PSYOPS deve
ser estruturada de acordo com o modelo Lasswelliano; quanto aos objetivos das
PSYOPS, em que pese a não limitação dos verbos, percebe-se uma indicação de
quais devem ser utilizados na construção dos propósitos psicológicos; e em
distinção a doutrina brasileira observa-se que a propaganda encontra-se no mesmo
patamar dos produtos e ações.
Ademais, o desenvolvimento de produtos121 PSYOPS requer o uso de todas
as informações122 disponíveis para transformar os temas em produtos que motivem
o público-alvo a obter comportamentos esperados. Neste sentido, os produtos são
testados antes e após a sua disseminação a fim de determinar a eficácia e eficiência
do esforço das PSYOPS, assim como para eliminar ou alterar produtos ineficazes,
conhecer melhor o público-alvo e planejar novos produtos (PORTUGAL, 2009).
Por outro lado, a Contra PSYOPS visa salvaguardar públicos-alvo de

121
No modelo português, a confecção de mensagens pode ser realizada por especialistas e técnicos
civis (Ibid.).
122
Ver Glossário, item Informações.
72

mensagens hostis ou minimizar os seus impactos. Para tal, este instrumento utiliza
inúmeros recursos para analisar a atividade psicológica adversária e os seus efeitos
sobre as tropas e população amiga ou neutra, dentre os quais as seguintes
definições123:

Desinformação intencional (Do termo inglês Disinformation): informação


propositada com origem num serviço de informações ou outra agência
encoberta concebida para distorcer, iludir ou influenciar decisores, forças,
aliados em coligações, actores chave ou indivíduos, através de meios
indirectos ou não convencionais (Ibid., p. 71).

Desinformação não intencional (Do termo inglês Misinformation): informação


não deliberada incorrecta, virtualmente com origem em qualquer fonte, de
razões desconhecidas, que provoca uma resposta pronta ou interesse que
não é político nem militar na sua origem (Ibid., p. 72).

Propaganda: comunicação intencional de informação (notícia ou facto),


ideia(s), doutrina, comentário, explicação, chamamento especial, etc
com a intenção influenciar, em beneficio (directo ou indirecto) de quem os
difunde/patrocina, as opiniões, as emoções, as atitudes e o comportamento
de qualquer individuo ou grupo específico (Ibid.).

Contrapropaganda: programas ou acções construídos para neutralizar,


rebater e mitigar o efeito da propaganda adversa (Ibid.).

A desinformação intencional (ou Disinformation) inclui ações encobertas de


propaganda, alteração em bases de dados, criação artificial de grupos políticos,
programas de agitação controlada e distorção de relatórios de informações. Estas
ações propositais visam distorcer, iludir ou influenciar decisores ou públicos por
meios indiretos e não convencionais (PORTUGAL, 2009).
De outro modo, a desinformação não intencional (ou Misinformation) diz
respeito a persuasão não intencional e incorreta que provoca uma pronta resposta
ou interesse por parte das autoridades, contudo sua origem não é política ou militar
(Ibid.). Atualmente, este tipo de persuasão que interfere do nível político ao tático
tem se multiplicado por meio das mídias sociais, visto que alguns meios de
comunicação lucram com publicidade e precisam de alta quantidade de acessos.
Para tal, estes veículos apelam para notícias emotivas direcionadas124 a
determinadas audiências para manter seus usuários clicando e compartilhando suas

123
PORTUGAL. Ministério da Defesa Nacional. IESM. ME 20-04-05: Operações Psicológicas.
Pedrouços, 2009.
124
Estas informações são armazenadas no banco de dados denominado Big Data sendo extraídas
quando um usuário acessa sites com conteúdos gratuitos em troca de dados pessoais
(D'ANCONA, 2018).
73

informações (D'ANCONA, 2018).


Além disso, a propaganda na CONTRA-PSYOPS trata da comunicação
intencional por meio do uso de informação seletiva que não visa o esclarecimento da
opinião pública e das tropas. Este conceito classifica-se quanto ao seu grau de
dissimulação (preta, cinza ou branca) e visa influenciar grupos ou indivíduos
(PORTUGAL, 2009).
Enfim, a contrapropaganda em Portugal possui como finalidade fornecer às
diversas audiências elementos de raciocínio e de julgamento para resistir à
propaganda adversa. Esta deve ser preferencialmente empregada de modo
sincronizado e integrado com a Comunicação Social na sua vertente Relações
Públicas (Ibid.).
Outrossim, no modelo português, quanto a análise das atividades psicológicas
realizadas pelo adversário utilizam-se dois métodos, o objetivo e o subjetivo. O
método objetivo consiste em um estudo sistemático da propaganda oponente, sendo
utilizadas técnicas quantitativas baseadas em uma ou duas hipóteses estatísticas
perante o material adverso. Deste modo, o método possibilita a detecção de
pequenas mudanças no conteúdo das mensagens (Ibid.).
Todavia, o método subjetivo consiste em um juízo qualitativo de peritos
geralmente em política, sociologia, técnicas de propaganda inimigas, dentre outros.
Este método permite englobar a experiência e o juízo humano na análise dos dados
porém, quanto maior o volume de material a ser avaliado, maior será a necessidade
de especialistas (Ibid.).
Outra técnica possível para analisar a propaganda adversa denomina-se
SCAME125. Este método vai ao encontro da doutrina brasileira baseada no OCAVE,
porém, na análise da fonte não visa apenas a origem, mas também pretende
determinar o ator126, o autor127 e a autoridade128 que originou a mensagem. Por fim,
a doutrina portuguesa avalia que a combinação do método objetivo e subjetivo
(recorrendo ou não à técnica do SCAME) é a maneira mais completa de realizar
uma análise, visto que "o método objectivo deve ser usado para detectar tendências

125
S - Source – Fonte; C - Content – Conteúdo; A - Audience – Audiência; M - Media – Meios; E -
Effect – Efeito (Ibid., p. 75).
126
Pessoa, organização ou meio (partido politico, jornal, líder, etc.) que materializa a actividade de
difusão de um produto (quem apresenta a mensagem) (Ibid.).
127
Pessoa ou equipa que cria o produto (quem escreveu a mensagem) (Ibid.).
128
Pessoa, organização ou governo em nome do qual um produto é feito, de forma a credibilizá-lo ao
olhos da AA à qual se destina (em nome de quem é feita a declaração) (Ibid.).
74

básicas às quais se deve juntar o juízo qualitativo de peritos (método subjectivo)


sobre os itens que mereçam atenção particular" (Ibid., p. 75).
Em contrapartida, os instrumentos utilizados no Exército dos EUA são
programas de Operações Psicológicas dos Estados Unidos da América (PSYOP) 129
e análises das informações e contramedidas. O programa PSYOP130 é previamente
aprovado pelo subsecretário de Defesa e inclui objetivos, temas a enfatizar e evitar,
públicos-alvo potenciais, meios de divulgação e fontes de financiamento (ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA, 2010).
Em que pese a atividade ser faseada (elaboração de um plano,
desenvolvimento de produtos e ações, disseminação e avaliação) e executada para
informar e influenciar as populações estrangeiras de modo similar as doutrinas
apresentadas, o espectro alcançado pelas PSYOP são globais (ESTADOS UNIDOS
DA AMÉRICA, 2013). Desta forma, as forças PSYOP realizam tarefas específicas
para aplicar a capacidade em missões convencionais e de Op Esp (ver Figura 8).

FIGURA 8 – As três missões das PSYOPS no Exército dos EUA


Fonte: (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013, p. 4-2)

129
PSYOP é o termo utilizado pelo Departamento de Defesa dos EUA. Todavia, PSYOPS é o termo
utilizado pela OTAN (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013). Em que pese, Portugal e EUA
serem signatários desta Aliança, nesta dissertação PSYOPS se refere as Op Psc de Portugal e
PSYOP as Op Psc dos EUA.
130
O nome da atividade no período de publicação do Manual FM 3-53 era Apoio à Informação (MISO)
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2009). No período que se inscreve a presente dissertação a
atividade é denominada PSYOP. Disponível em: <https://www.armytimes.com/news/your-
army/2017/11/06/the-armys-psychological-operations-community-is-getting-its-name-back/>.
Acesso em: 07 jan. 2020.
75

Logo, em distinção a doutrina brasileira a partir da qual os especialistas de Op


Esp realizam Op Psc em caráter limitado, no Exército americano os militares
habilitados em ambas atividades (PSYOP e Op Esp) são responsáveis por uma das
vertentes operacionais da atividade denominada Apoio Interinstitucional e
Intergovernamental. Outrossim, na Informação Militar especialistas da vertente
convencional e de Op Esp atuam nesta missão. Todavia, a missão de Apoio à
Informação da autoridade civil apenas pode ser executada por especialistas
convencionais, uma vez que ocorre no âmbito interno dos EUA (ESTADOS UNIDOS
DA AMÉRICA, 2013). Ademais, no intuito de facilitar o entendimento das PSYOP,
serão descritos a seguir seus conceitos:

informação militar O uso das capacidades de PSYOP para informar e


influenciar audiências alvo estrangeiras em apoio de atividades e operações
do Departamento de Defesa é informação militar. MILINFO aumenta o
poder de combate das Forças Convencionais e de Op Esp durante os
engajamentos militares em tempo de paz e também é um multiplicador de
poder de combate durante as grandes operações de combate. [...] Também
chamado de MILINFO (Ibid., p. Glossary 8, tradução nossa)131.

apoio interinstitucional/intergovernamental O uso de capacidades de


PSYOP em tempo de paz para transmitir a narrativa dos EUA sob a
orientação da Embaixada Americana ou outra entidade do governo dos EUA
para moldar e influenciar atitudes e comportamentos estrangeiros em apoio
a planos militares dos EUA, objetivos regionais, políticas, e esforços de
diplomacia pública. Também chamado de IIS (Ibid., p. Glossary 8, tradução
nossa)132.

apoio à informação da autoridade civil Atividades de divulgação de


informação pública realizadas pelas forças de Apoio à Informação Militar no
pedido de, e em apoio de, nacionais liderado pelas agências
governamentais federais dos EUA, para apoiar em desastres naturais ou
operações de ajuda humanitária feitas pelo homem dentro do território dos
EUA. Mensagens e atividades de influência não são autorizadas. Também
chamado CAIS (Ibid., p. Glossary 6, tradução nossa)133.

A informação militar é a execução de PSYOP em apoio a uma força-tarefa


conjunta durante operações militares no exterior ou em defesa da pátria. Evidencia-
se que seu conceito não deve ser confundido com Op Info que, para os EUA, é a
integração das CRI em conjunto com outras linhas de operação para atingir o EFD
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013). Ademais, a Informação Militar pode
executar tarefas atinentes à Dissimulação Militar, definida como:

131
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 13.
132
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 14.
133
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 15.
76

Dissimulação militar Ações executadas para induzir deliberadamente em


erro os decisores militares adversários no que diz respeito a militares
amigáveis, Capacidades, intenções e operações, fazendo com que o
adversário tome medidas específicas (ou inferências) que irão contribuir
para a realização da missão dos EUA. Também chamado MILDEC (Ibid., p.
Glossary 8, tradução nossa)134.

Assim, a dissimulação militar apresenta uma informação selecionada ou falsa


no intuito de induzir erros no planejamento inimigo. Deste modo, esta capacidade
diminui a quantidade e qualidade da informação precisa disponível a um adversário
ou inimigo, influenciando negativamente seu processo decisório (Ibid.).
Outrossim, o Apoio Interinstitucional/Intergovernamental é realizado por
militares habilitados em PSYOP e Op Esp. Como conselheiros nas embaixadas
americanas, esses especialistas realizam atividades relacionadas à informação,
desenvolvendo programas contra-terrorismo, contra-extremismo, combate às drogas
(entre outros) a fim de transmitir a narrativa do governo dos EUA (Ibid.).
Além disso, o apoio à informação da autoridade civil é realizado em casos de
desastre natural ou ajuda humanitária dentro do território dos EUA. Nesta missão, os
operadores de PSYOP apoiam uma agência federal como produtores, distribuidores
e disseminadores das informações, ampliando a capacidade das Relações Públicas
perante o público doméstico (Ibid.). No intuito de facilitar a visualização do amplo
espectro das missões e operações PSYOP, segue abaixo o quadro explicativo (ver
Quadro 10 – Missões e Operações PSYOP):

(continua)
Missão
MILINFO IIS CAIS MILDEC
Operação
Ofensiva X X
Defensiva X X
Op Estabilização X X
Apoio das autoridades civis à
X
defesa
Op Paz X X
Recuperação de pessoal X
Op Esp X
Apoio da defesa à diplomacia
X
pública135
Assistência humanitária
X
estrangeira

134
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 16.
135
Consiste em atividades e medidas tomadas pelo Departamento de Defesa para apoiar e facilitar a
diplomacia pública do governo dos EUA (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013).
77

Operações de evacuação de
X X
não combatentes
Contra-drogas X
Ações humanitárias em minas
X
terrestres
Atividades nos EUA no âmbito
X
das agências federais
QUADRO 10 – Missões e Operações PSYOP
Fonte: O autor

Para entendimento do instrumento análise das informações e contramedidas,


torna-se necessário aclarar o conceito de informação adversa. Esta é definida como
"produtos e atividades usadas por adversários e inimigos em tempo de paz e guerra
para afetar os valores, atitudes, crenças, e [...] o comportamento dos destinatários"
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013, p. Glossary 5, tradução nossa)136. Esta
subdivide-se em informação para efeitos, misinformation, disinformation e
propaganda, possuindo as delimitações a seguir:

informação para efeitos O uso, publicação ou transmissão de informações


verdadeiras para afetar negativamente percepções e/ou danos à
credibilidade do alvo. (Ibid., p. Glossary 7, tradução nossa)137.

misinformation Informação incorreta de qualquer fonte que é liberada por


razões desconhecidas ou para solicitar uma resposta ou de interesse de um
alvo não político ou não militar (Ibid., p. Glossary 9, tradução nossa)138.

disinformation Informações divulgadas principalmente por organizações de


informações ou outras agências secretas destinadas a distorcer a
informação ou enganar ou influenciar decisores dos EUA, forças dos EUA,
aliados de coligação, atores-chave, ou indivíduos por meios ações indiretas
ou não convencionais (Ibid., p. Glossary 7, tradução nossa)139.

propaganda Qualquer forma de comunicação adversa, especialmente de


natureza tendenciosa ou enganosa, concebida para influenciar as opiniões,
emoções, atitudes ou comportamentos de qualquer grupo, a fim de
beneficiar o patrocinador direta ou indiretamente (Ibid., p. Glossary 10,
tradução nossa)140.

Tais informações adversas podem ser conduzidas de maneira autossuficiente


ou para reforçar os efeitos psicológicos das ações letais. Todavia, as mensagens
que não conseguem obter um efeito desejado empregam a internet e/ou plataformas
de comunicação em massa como meios de intimidação para reforçar ou alcançar o

136
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 17.
137
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 18.
138
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 19.
139
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 20.
140
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 21.
78

efeito psicológico desejado. Assim sendo, os produtos adversos possuem uma


origem política/militar ("disinformation") ou estão atreladas a interesses econômicos,
entre outros fins ("misinformation"). Ademais, a informação para efeitos, por tratar
de dados factuais, pode afetar a credibilidade das narrativas argumentativas e, em
último caso, corroborar com a perda de legitimidade da operação (ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA, 2013).
Por sua vez, para atingir os objetivos de sua fonte a propaganda utiliza
produtos e ações para influenciar grupos. Cabendo evidenciar que a atual doutrina
americana entende que o termo propaganda, anteriormente utilizado para descrever
todas as formas de informação adversa, não abarca a evolução das formas e
capacidades midiáticas, o que torna o termo limitado para descrever o atual
ambiente informacional (Ibid.).
Assim, as PSYOP avaliam as potenciais mensagens e ações inimigas
determinando as possibilidades de seus produtos com as seguintes ações de
enfrentamento: recolha, tratamento da informação adversa, análise e avaliação dos
efeitos e contramedidas (Ibid.).
A recolha é a extração de informações relativas à intenção adversa (Ibid.).
Esta subdivide-se nas seguintes ramificações expostas no Quadro 11:

Ramificação Definição Exemplos


Documentos inimigos Materiais impressos, fotografias e meios digitais Poster, cartaz,
capturados relacionados com o inimigo panfleto, folheto
Materiais inimigos Sistema de edição
Materiais capturados com um inimigo detento
capturados de vídeo e de mídia
Informação de fonte Qualquer informação de divulgação pública ou Mídia local ou
aberta disponível ao público Internet
Departamento de Defesa dos EUA, Agências de Inteligência americana,
Outras fontes
Relações públicas, organizações internacionais e ONG.
QUADRO 11 – Recolha PSYOP
Fonte: Estados Unidos da América (2013)

Em seguida, os especialistas realizam um rápido tratamento da informação


adversa, visto que sua rápida exploração facilita os planejamentos de PSYOP. Logo,
o foco principal neste período é determinar quais são os efeitos imediatos sobre os
públicos-alvo. Para tal, um produto encontrado na Área de Operações deve ser
evacuado via canal de inteligência até atingir uma unidade especializada neste
tratamento de dados (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013).
Concomitante ao ciclo anterior, a PSYOP inicia a análise e a avaliação da
informação adversa. Esta análise utiliza dois métodos: o Lasswelliano por meio do
79

acrônimo SCAME, similar ao modelo português, e o método de discernimento dos


efeitos pretendidos, cuja sigla é MARCO141. Esta segunda análise permite reduzir a
eficácia das informações adversas e melhorar a capacidade do comandante de
discernir intenções e operações inimigas (Ibid.).
Por fim, as contramedidas visam diminuir ou mitigar o impacto das
informações adversas. Para tanto, os operadores psicológicos aconselham o
comandante sobre os recursos PSYOP disponíveis, bem como sobre medidas
específicas a serem tomadas. Do mesmo modo, os especialistas desenvolvem
mensagens e ações baseadas em reações antecipadas às intenções do inimigo e
entregam mensagens oportunas e com credibilidade para as audiências afetadas
pelas informações adversas (Ibid.).
Assim, a doutrina brasileira possui similaridade com os demais países
(Colômbia, Portugal e EUA) no faseamento de uma Cmp Op Psc pela análise por
intermédio do método Lasswelliano e pela pertinência do tempo em que deve
ocorrer a atividade. Todavia, apesar do axioma brasileiro refletir seus desafios
conjunturais, observa-se que as doutrinas americana e portuguesa dispõem de
instrumentos mais adequados aos desafios contemporâneos. Isto posto, as Op Psc
no Brasil possuem um grande potencial de crescimento nos próximos anos a fim de
nivelar-se com os países supracitados.

2.2.4 Veículos de difusão de mensagens

A mensagens142 das Op Psc podem ser difundidas por produtos ou ações,


sendo que quanto maior a abrangência do público-alvo, mais serão empregados
veículos de comunicação em massa. Neste sentido, os produtos podem ser
classificados em áudio, visual143 (ou material) e audiovisual (BRASIL, 1999).
Os veículos áudio atuam não só pelo seu conteúdo, mas também pelas suas
características como gírias ou expressões, timbre de voz e volume. Em alternância,
os veículos visuais podem empregar caricaturas e ilustrações, sendo permissivos
aos analfabetos. Por outro lado, os meios audiovisuais veiculam informações

141
MARCO - métodos de análise da mensagem, audiência, reação, portador e origem (Ibid.).
142
Os textos, as imagens e os sons são a forma da mensagem na doutrina brasileira.
143
Para fins de parametrização, o veículo material (doutrina Colômbia) será vinculado aos meios
visuais nesta dissertação. Contudo, ressalta-se que suas mensagens não se restringem aos meios
visuais.
80

utilizando a imagem e o som (Ibid.). Isto posto, alguns veículos de difusão serão
exemplificadas abaixo (ver Quadro 12).

Doutrina Visual (ou material) Áudio Audiovisual Ações (ou orais)


Painel-foto, painel jornal, Comunicação face a
Teatro,
jornal, revista, livro, folheto, Alto face, palestra,
cinema,
BRASIL (1999) faixa, exposição, peça/objeto falante e discussão dirigida,
televisão e
para reproduzir símbolos, rádio. reuniões e
internet.
panfleto e cartaz. congressos.
Livros, jornais, folhetos,
calendários, cartilhas, Discursos, reuniões,
cartazes, panfletos, cartas e mesa redonda, painel,
Material (Lápis, fósforos, Alto Televisão, seminário,
COLOMBIA
bandeiras, bandeirolas, falante e cinema e conferência,
(2009)
discos, cassetes, balões, rádio. internet. comunicação cara a
sabonetes, réguas, cara, teatro, e
cadernos, materiais manifestações.
esportivos).
Painel-foto, painel-jornal,
Conversa, Relações
Exposição (fotografias,
Teatro, Públicas, discussão
gráficos e estatísticas), Alto
PORTUGAL cinema, dirigida, Seminário,
memorandos, quadros de falante e
(2009) internet e Boato orientado,
aviso, jornal e revista, Rádio.
televisão. Palestra, Conferência
boletim, folheto, livro, cartaz,
ou discurso.
panfleto e Presentes144.
QUADRO 12 – Veículos de difusão
Fonte: O autor

Haja vista a expoente capacidade de informar e influenciar dos EUA, seus


veículos de difusão deixam de ser exemplificados neste quadro explicativo. Contudo,
evidencia-se a habilidade de "think outside the box" na doutrina americana, como por
exemplo a TTP que utiliza spray para grafitar uma mensagem de interesse em
muros ou fachadas. Além disso, a PSYOP possui alguns tipos particulares de
disseminação, como a Broadcast145, aérea146, contratada147 e digital. Pelo fato da
internet ser a fonte de informação preferida em muitas regiões do mundo, a
disseminação digital necessita de coordenação de esforços com outras CRI de Op
Info para seu funcionamento, como é o caso de estabelecimento de sites para
divulgar informações que necessitam do apoio de especialistas no espaço
cibernético (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2007).
144
Utilizam-se estes meios para difusão de mensagens através de emblemas, galhardetes
autocolantes, roupas, carteiras de fósforos, sacos de plástico, balões, calendários, blocos de
notas, canetas, isqueiros, artigos para a escola, etc (PORTUGAL, 2009, p. 58).
145
Emissão e transmissão de notícias, musicais, entrevistas, esportes, eventos religiosos e anúncios
vinculados a campanha PSYOP (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2007).
146
Por meio da disseminação de panfletos "leaflets" em ambientes negados (Ibid.).
147
Contratação de jornais locais, estações de rádio ou TV e empresas de outdoors a fim de garantir a
influenciação do público-alvo (Ibid.).
81

2.2.5 As Op Psc no âmbito Nacional

A análise das definições, conceitos, instrumentos e veículos de Op Psc


permitem situar doutrinariamente a atividade nos contextos nacional e internacional.
Contudo, a atuação da atividade no Brasil vislumbra esgotar as características das
Op Psc, um dos objetivos desta dissertação.
Destarte, a Doutrina de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa prevê
no Estado-Maior Conjunto uma célula de Op Psc constituída por adjuntos
pertencentes a cada uma das Forças Armadas envolvidas na operação (BRASIL,
2011). Para tal, a MB conduziu o primeiro estágio de Op Psc no ano de 2019,
conforme ofício nº 141 do Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo e a
Força Aérea participou com militares de cursos e estágios acerca das Op Psc,
conforme Boletins Internos do CEP/FDC.
Outrossim, visando a interoperabilidade entre as Forças Singulares, a
Comissão Interescolar de Doutrina de Operações Conjuntas do MD executa
anualmente o exercício SIRIUS/AZUVER entre as Escolas de Comando e Estado-
Maior148 da MB, EB e da FAB, sendo a situação integradora relativa ao final desses
cursos. Nesse sentido, o COTER e o CEP/FDC, aliados aos Estabelecimentos de
Ensino citados, inovaram o exercício do ano de 2019 ao incluir em sua
documentação um Levantamento de Área de Operações Psicológicas (LAOP)149.
No contexto do exercício*, este documento se propôs a estimular a discussão
dos discentes nas dimensões humana e informacional. Além disso, os alunos do
CAOP participaram da situação integradora junto aos demais discentes do
SIRIUS/AZUVER, edição 2019, demonstrando a importância do documento como
base para a capacidade operativa e possibilitando a difusão da importância da
atividade no âmbito das instituições (ver Fotografia 2).

* O Tenente Coronel Fausto Augusto de Sousa Pontes e o autor desta dissertação atuaram
ativamente na confecção do LAOP do exercício SIRIUS/AZUVER, edição 2019.
148
Escola de Guerra Naval, Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e Escola de Comando e
Estado-Maior do Aeronáutica, respectivamente da MB, EB e FAB.
149
Refere-se ao detalhamento e à análise sistemática dos públicos-alvo para as finalidades das Op
Psc (BRASIL, 1999).
82

FOTOGRAFIA 2 – Exercício final de curso EGN/ECEME/ECEMAR/CAOP (2019)


Fonte: O autor

Em que pese os fundamentos das Op Psc no âmbito da MB e da FAB não


possuírem organizações vinculadas à atividade, no EB a estrutura é sistematizada
desde a publicação da Política da Informação pelo Comandante do Exército
(BRASIL, 2004). Deste modo, as Op Psc podem ser conduzidas no contexto de
operações combinadas ou multinacionais, conjuntas ou singulares, em situações de
guerra e não guerra (BRASIL, 2014b).
Atualmente, a diretriz para o SOPEx estabeleceu uma nova estrutura e
condições de funcionamento para o sistema baseadas em capacidades, sendo o 1º
B Op Psc, por ora, a única estrutura inteiramente capacitada a atuar no nível tático
de Op Psc. Deste modo, a unidade organiza-se em torno de Dst para apoiar as
operações militares com necessidade de especialistas na área. Assim, a sistemática
inicia-se no C Mil A, que identifica a demanda pela FTOP e solicita meios ao
COTER. Por sua vez, o órgão central da atividade, caso necessário, orienta a
ativação de estruturas temporárias e autoriza a adjudicação do Dst do 1º B Op Psc
ao C Mil A (Ibid.).
Normalmente, o DOP do 1º B Op Psc é a FTOP junto às forças apoiadas e
tem por finalidade apoiar o escalão considerado no planejamento, preparo,
execução e avaliação das Cmp Op Psc em uma área de operações (Ibid.). Desta
forma, um DOP atuou em OCCA como a MINUSTAH entre os anos de 2006 a 2017
e no âmbito nacional, o DOP atuou no nível político-estratégico na IF; em grandes
eventos, como a CM2014 e JOP2016, e vem atuando no combate a violência urbana
em operações de GLO, como a operação SF, Furacão e outras .
Contudo, as Op Psc devem ocorrer desde a paz estável, seja antes, durante
ou após as operações militares, para que possuam eficácia e efetividade. Desta
forma, a visão de Albuquerque (2017) é válida neste ensaio, uma vez que o DOP ao
realizar seu apoio aos C Mil A em curtos períodos de tempo e de forma episódica , é
83

incompatível com a doutrina da capacidade. Para tanto, o autor verificou a existência


de uma sobrecarga de missões nas equipes táticas do 1º B Op Psc e, como solução,
propõe um aumento na quantidade de pessoal na referida unidade ou a criação de
Dst nos C Mil A. Contudo, no que tange a criação de estruturas táticas nos C Mil A,
cabe apresentar o conceito de destacamento:

DESTACAMENTO – Parte de uma força separada de sua organização


principal para cumprir uma missão específica, em geral de caráter
temporário, em outra região, com efetivo normalmente reduzido e
organização variável, dependendo da situação (BRASIL, 2018d, p. 116).

Por conseguinte, como um Destacamento refere-se a uma missão específica


estabelecida em um determinado período de tempo e em geral de caráter
temporário, torna o conceito de criação de Dst incompatível com a efetividade
doutrinária das Op Psc. Além disso, o fato da organização ser variável e
normalmente ter efetivo reduzido não fortalece a necessidade de maiores efetivos
que diminuam a sobrecarga de trabalho das equipes capacitadas do 1º B Op Psc.
Outrossim, a diretriz para o SOPEx enquadra a atividade no conceito de
capacidade, portanto, esta deve possuir como pré-requisitos: Doutrina, Organização,
Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura (BRASIL, 2014b).
Quanto a organização, esta é expressa por meio da Estrutura Organizacional dos
elementos de emprego da F Ter (BRASIL, 2014c).

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL – [...] Forma como uma organização


militar se estrutura para cumprir as imposições constantes da sua Base
Doutrinária, definindo-se o comando, a chefia ou a direção, os escalões
subordinados e as respectivas relações de subordinação. 3. Detalha a
concepção de uma OM operativa ou não operativa. Ver QUADRO DE
ORGANIZAÇÃO (QO) (BRASIL, 2018d, p. 147).

QUADRO DE ORGANIZAÇÃO (QO) – Conjunto de documentos que uma


organização militar deve possuir em termos de base doutrinária (ou
organizacional), estrutura, pessoal e material para desempenhar suas
atividades e tarefas (Ibid., p. 316).

Neste sentido, a criação de uma estrutura no C Mil A baseada em um


destacamento é inviável tendo em vista sua variabilidade de efetivo. Isto posto,
seguem algumas das estruturas previstas no glossário do EB:

UNIDADE – [...] Organização militar da Força Terrestre, cujo comando,


chefia ou direção é privativo de oficial superior, podendo ser denominada
84

batalhão, regimento (quando da Arma de Cavalaria), grupo (quando da


Arma de Artilharia), parque ou depósito. É composta por subunidades
(BRASIL, 2018d, p. 383).

SUBUNIDADE – Grupamento de elementos combatentes ou de serviços, de


valor companhia, esquadrão, bateria, esquadrilha etc (Ibid., p. 365).

FRAÇÃO – Agrupamento de valor pelotão ou equivalente (Ibid., p. 167).

SEÇÃO – 1. Subdivisão de um órgão ou de um estabelecimento ou de um


estado-maior. 2. Fração tática terrestre menor que o pelotão e maior que o
grupo de combate. 3. Formação empregada em operações aeroterrestres,
normalmente constituída de três aeronaves de transporte (Ibid., p. 343).

GRUPO – 1. Unidade tática e administrativa que abrange dois ou mais


esquadrões de aeronaves ou baterias de artilharia. 2. Conjunto de navios ou
aeronaves, normalmente subdivisão de uma força, designados para uma
determinada tarefa. 3. Um ou mais símbolos que forma uma unidade de
transmissão ou de criptografia (Ibid., p. 177).

GRUPO DE COMBATE – Fração de emprego tático orgânica do pelotão de


fuzileiros e do pelotão de Cavalaria Mecanizado. É organizado em duas
esquadras (Ibid., p. 178).

TURMA – Fração menor do que o grupo ou seção, dos quais, normalmente,


é elemento orgânico (Ibid., p. 382).

Ressalta-se que o 1º B Op Psc constitui uma unidade de apoio central às


Operações Psicológicas no âmbito nacional, portanto, infere-se que uma estrutura
em um C Mil A deve possuir valor inferior a esta OM. Por outro lado, as estruturas
seção, grupo/grupo de combate e turma são orgânicas a uma estrutura de maior
valor. Assim sendo, uma estrutura organizacional de Op Psc passível de proposta
em um C Mil A deve possuir o nível subunidade ou fração. Todavia, esta dissertação
refere-se à estrutura de nível tático como FTOP dada a delimitação do sistema
quando aborda o preparo para o SOPEx no trecho a seguir:

Todas as possibilidades de emprego das frações de responsáveis pelo


planejamento, preparação, execução e avaliação contínua das OAI devem
ser buscadas e essas frações devem ser mantidas em nível de prontidão.
Quanto mais sensível a atividade a ser explorada nas ações de preparo,
maiores deverão ser as medidas de controle e de segurança adotadas
(BRASIL, 2014b, p. 38, grifo nosso).

Logo, a diretriz aprovada pelo Chefe do EME induz o entendimento que as


estruturas que planejam, preparam, executam e avaliam as Cmp Op Psc devem ser
denominadas frações. Assim sendo, esta dissertação denomina de FTOP as
85

estruturas de nível tático de Op Psc no EB.


Nessa direção, de acordo com a diretriz do SOPEx, a FTOP pode ser
constituída por outras tropas além do Dst do 1º B Op Psc, seja em ações de menor
complexidade técnica, como o auxílio de tropas convencionais na disseminação de
produtos, ou por integrantes das Forças Especiais e do Sistema de Inteligência do
Exército em ações de caráter limitado nas "circunstâncias nas quais a análise de
risco assim o recomende, particularmente em ambientes hostis, negados e
politicamente sensíveis" (Ibid., p. 39).
Em suma, verifica-se que no âmbito do MD e de suas instituições, cada vez
mais as Op Psc vem ganhando espaço, o que poderá resultar em uma maior
demanda pela atividade no âmbito nacional. Ademais, identifica-se que a atual
estrutura do SOPEx impossibilita o caráter permanente da doutrina de Op Psc,
sendo que fruto desta percepção foi viável definir que a estrutura tática de Op Psc
deve ser denominada de FTOP.

2.3 A ESTRUTURA DAS OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS

A atual estrutura de Op Psc no EB limita o emprego da atividade a situações


episódicas e por curtos períodos de tempo, sendo identificado na seção anterior que
tal prática vai de encontro à doutrina brasileira. Tendo em vista este cenário, a
presente seção busca identificar estruturas táticas desta tarefa na Colômbia,
Portugal e EUA, assim como a FTOP do Contingente Brasileiro na MINUSTAH.

2.3.1 A estrutura das Op Psc na Colômbia

Entre 1966 a 2016 a Colômbia padeceu de um longo conflito assimétrico de


baixa intensidade contra grupos guerrilheiros em seu território, entre os quais as
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Inicialmente, estes
movimentos foram apoiados financeiramente pela China enquadrados em objetivos
estratégicos deste país. Contudo, com o término da Guerra Fria estas organizações
ficaram descapitalizadas e tiveram que recorrer ao tráfico de drogas, sequestro de
indivíduos e extorsão de empresas para se capitalizarem (OLIVEIRA, 2017).
Em paralelo as ações à margem da lei, as FARC e outros grupos armados
86

passaram a atuar na disputa informacional e jurídica obtendo êxito inclusive na


condenação de militares, o que gerou grande insegurança jurídica para atuação das
Forças Armadas. Desta forma, consoante a outras políticas estatais, as Op Psc
foram amplamente empregadas na Colômbia no intuito de legitimar o emprego da
tropa para variados públicos-alvo a partir de 2000 (MELLINGER, 2018).

O emprego das Operações Psicológicas na área de operações foi


potencializado com o emprego das Companhias de Operações
Psicológica (Op Psc), orgânicas das Divisões do Exército. Composta
por um modelo tático embarcado em caminhões, tem a capacidade de
produzir e disseminar vários tipos de campanhas de operações psicológicas
por meio de vários veículos. Pode ser por mídia impressa, ou outros tipos
de produtos. Tal articulação de tropa dessa natureza proporcionou que as
Op Psc chegassem de forma mais eficaz aos locais mais afastados do
território colombiano (MELLINGER, 2018, p. 40 apud COLÔMBIA, 2011).

Além disso, a atuação das Companhias de Op Psc das Divisões de Exército


integravam uma estratégia governamental denominada ação integral150 composta
por elementos civis e militares nas áreas educativas, culturais, desportivas, estatais
e de imprensa. Assim, a ação integral não está vinculada a um conceito que
transcende apenas as Op Psc, mas também inclui os Assuntos Civis e a
Cooperação Civil Militar (COLÔMBIA, 2009).
Nesse escopo, visando a ascendência das ações voltadas para a população,
em 1991 a Colômbia fundou a Escola de Relações Civis e Militares, mesmo local
em que foi realizado o primeiro Curso de Op Psc no país em 1992. Após uma
década, em 2002, foi criada a Sede de Ação Integral Conjunta do Comando Geral
das Forças Armadas para promover a participação de outros órgãos do Estado.
Diante disso, no âmbito do Exército colombiano foi criada a Diretoria de Ação
Integral para reger as ações nesta instituição que se manteve por catorze anos151.
Entretanto, o ano de 2016 na Colômbia foi marcado pelo acordo de cessar
fogo do governo com as FARC, seguido pela entrega das armas da guerrilha ao
estado e pela reintegração dos ex-membros da organização naquela sociedade
(OLIVEIRA, 2017). Em consequência, o Exército Colombiano sofreu uma
reorganização em sua estrutura a fim de se adequar a esta realidade. Neste escopo,
a Diretoria de Ação Integral passou a ser denominada Departamento de Ação e

150
Ações políticas, econômicas, sociais e militares para reforçar as estruturas básicas do Estado,
garantindo a defesa dos direitos e liberdades da sociedade colombiana na busca de uma paz
justa, digna e duradoura que permita um adequado desenvolvimento e progresso (NEIZA, 2017).
151
Disponível em: <https://www.ejercito.mil.co/?idcategoria=345389>. Acesso em: 11 jan. 2020.
87

Desenvolvimento Integral ou CEDE9152.


Além disso, as Companhias de Op Psc citadas anteriormente foram
incorporadas aos Batalhões de Ação Integral e Apoio ao Desenvolvimento,
atualmente presentes nas Divisões de Exército153. Estas unidades constituem uma
importante ferramenta na manutenção e na consolidação da paz, além de atuarem
mitigando as sequelas do conflito armado (NEIZA, 2017).
Outrossim, a estrutura das Op Psc na Colômbia possuem os Grupos
Especiais de Operações Psicológicas que atuam na fase de consolidação das
operações militares. As tarefas desses grupos visam aumentar a ação integral no
nível tático e estratégico, mantendo o controle e a presença do Estado por um longo
tempo nas regiões recuperadas. Para tal, minimizam a capacidade de dano das
organizações terroristas, reconstruindo o tecido social e cultivando a paz em torno
de instituições legítimas154.
Para esta estratégia, o CEDE9 e a Escola de Relações Civis e Militares (com
o apoio da Missão Militar dos EUA) organizaram, dotaram e treinaram militares do
Exército e da Marinha, um grupo por Brigada. Assim, cada grupo é composto por um
oficial, três subtenentes e seis soldados que possuem material técnico específico155
para cumprir sua missão.
Logo, a estrutura organizacional das Op Psc na Colômbia possuem grande
capilaridade para os diversos públicos-alvo, possibilitando rechaçar as ações
informacionais terroristas por meio de ações de caráter permanente e de longo
prazo. Ademais, verifica-se que o modelo possui uma estrutura "top down" com
início no nível político, o que facilita a execução no nível tático.

2.3.2 A estrutura das Op Psc em Portugal

Em Portugal, a estrutura das PSYOPS é baseada na doutrina da OTAN156.


Para tanto, o Comandante máximo do TO tem sob seu comando um Comando

152
Ibid.
153
Disponível em: <https://cgfm.mil.co/es/blog/batallon-de-accion-integral-del-sur-del-tolima-recibe-
reconocimiento>. Acesso em: 11 jan. 2020.
154
Disponível em: <https://www.ejercito.mil.co/?idcategoria=87057>. Acesso em: 10 jan. 2020.
155
câmeras de vídeo, câmeras digitais, laptops, equipamentos periféricos, kit de impressão,
equipamentos periféricos (para helicópteros e veículos) e gravadores de jornalistas. Disponível
em: <https://www.ejercito.mil.co/?idcategoria=87057>. Acesso em: 10 jan. 2020.
156
Cf. OTAN. Organização do Tratado do Atlântico Norte. AJP-3.10.1: Allied Joint Doctrine for
Psychological Operations. OTAN, 2014.
88

Conjunto e Combinado de PSYOPS (CJPOCC) quando se trata de um Comando


Conjunto ou uma Força Tarefa Conjunta e Combinada de PSYOPS (CJPOTF)
quando subordinado a uma Força Tarefa157 (ver Organograma 3).

ORGANOGRAMA 3 – Constituição de um CJPOCC ou CJPOTF


Fonte: (PORTUGAL, 2009, p. 11)

Por conseguinte, é possível identificar que o efetivo ideal para uma estrutura
de nível Comando Conjunto ou Força Tarefa é equivalente a 119 militares, sendo
que a estrutura deve possuir Elementos de Apoio, um Centro de Desenvolvimento
de Produtos e uma ligação com o Centro de Operações. Ademais, as seções do
Estado-Maior devem estar aptas a analisar a audiência-alvo, a realizar o teste e
avaliação da Cmp Op Psc (J2), disseminar produtos (J3), contratar recursos locais
(J4), ligar-se com Organização Não Governamental (ONG) e outras internacionais
(J5). Além disso, a estrutura controla os Elementos de Apoio (PSE) e Equipes
Táticas de PSYOPS (TPT) dos comandos subordinados nas suas atribuições
(PORTUGAL, 2009).
Por outro lado, as tarefas de PSYOPS no nível tático são atribuídas a um
PSE158 em sua área de responsabilidade. Assim, estas estruturas são responsáveis
pelo planejamento de PSYOPS, produção de produtos e ações dentro de suas

157
PORTUGAL. Ministério da Defesa Nacional. IESM. ME 20-04-05: Operações Psicológicas.
Pedrouços, 2009.
158
Esta estrutura de nível regional executa PSYOPS para Corpo de Exército, Divisão, Brigada ou
batalhão, dependendo do tipo e natureza da operação (NATO, 2014).
89

possibilidades, controle da disseminação de produtos, análise das audiências alvo e


impacto das ações de influência. Além disso, esta organização deve monitorar a
atividade dos PSE e TPT subordinadas, assim como coordenar as atividades das
ONGs na sua área de responsabilidade (Ibid.).
Deste modo, a composição do PSE varia de acordo com o escalão apoiado,
sendo exemplificada a seguir uma estrutura apta a atuar em apoio a um Corpo de
Exército (à esquerda) e outra no nível Brigada (à direita) (ver Organograma 4).

ORGANOGRAMA 4 – Constituição de um PSE


Fonte: (PORTUGAL, 2009, p. 12)

Logo, a capacidade de análise, planejamento e desenvolvimento de produtos


torna-se mais abrangente a medida que o escalão apoiado é maior. Outrossim,
ressalta-se que as TPT de PSYOPS podem trabalhar para o PSE ou em apoio direto
a uma Organização Militar (Ibid.).
Desta maneira, a turma tática realiza as seguintes tarefas: comunicação face
a face com os públicos-alvo, execução de ações áudio, disseminação de produtos
impressos, condução de comunicação persuasiva, obtenção de informações sobre a
eficácia/eficiência da Cmp Op Psc, entre outros. Cabe evidenciar que as turmas
táticas e as demais estruturas abordadas devem estar enquadradas na diretriz
PSYOPS e seus objetivos devem ser aprovados pelo mais alto escalão (Ibid.).
Assim sendo, na estrutura de Portugal cada escalão possui uma estrutura de
PSYOPS adequada ao seu nível. Esta disposição evita a sobrecarga de trabalho,
permite a continuidade das ações na ativação de um teatro de operações, assim
como possibilita o apoio mútuo entre os escalões.
90

2.3.3 A estrutura das Op Psc nos EUA

As Forças Armadas americanas encontram-se divididas em seis Comandos


Combatentes Geográficos (ver Figura 9). Desta forma, esta instituição necessita de
uma macroestrutura de PSYOP para fazer frente à dimensão de seu Poder Militar.

FIGURA 9 – Comandos Combatentes Geográficos dos EUA


Fonte: Boletim informativo (JUL/AGO/SET 2019159)

Neste sentido, os ativos do PSYOP fornecem apoio a toda a gama de


operações militares e coordenação interagências em um contexto estrangeiro ou em
circunstâncias especiais (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2010). Para tal, esta
organização divide-se nas seguintes estruturas:

Comando de Operações Especiais do Exército dos Estados Unidos [...]


Sua missão é comandar (se dirigido), suporte, e assegurar a prontidão de
combate das forças PSYOP destacadas e anexas ao Exército para uso
mundial. O comandante [...] exerce comando de Componente ativo baseado
em [...] Forças de operações especiais do Exército (Ibid., p. A-3, tradução
nossa)160.

Grupo de Operações Psicológicas de Componente Ativo do


Exército [...] organiza, equipa e coletivamente treina forças designadas e
acopladas para rapidamente implantar em qualquer parte do mundo e
realizar PSYOP e outras tarefas de comunicação especificadas em qualquer
ambiente de apoio ao Comandante Combatente e à interagência, de acordo
com as instruções do Presidente e o Secretário de Defesa (Ibid., p. A-3,
tradução nossa)161.

Grupo de Operações Psicológicas do componente reserva [...]


organizar, treinar e equipar forças designadas e acopladas para implantar
em qualquer lugar do mundo e realizar PSYOP e outras tarefas de

159
Disponível em: <http://www.cdoutex.eb.mil.br/images/Informativos_em_geral/Exterior/EUA/
REVIDADO_10_10_19_Bol%20Info_Nr_03_2019.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2020.
160
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 22.
161
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 23.
91

comunicação específicas em qualquer ambiente Apoio ao Comandante


Combatente e à interagência, tal como ordenado pelo Presidente e o
Secretário de Defesa (Ibid., p. A-4, tradução nossa)162.

Planejadores do Estado-Maior das Operações Psicológicas [...] As


responsabilidades dos planejadores da equipe PSYOP incluem: (1)
Planejar, coordenar, sincronizar e integrar o PSYOP nas operações criando
efeitos necessários para satisfazer a intenção do comandante e apoiar a
realização de objetivos (2) Preparar a porção PSYOP de pessoas e
encomendas. (3) Monitorar o estado de todos os efeitos não letais, ativos e
atividades. (4) Definir objetivos não letais e recomendar o emprego de
Capacidades PSYOP para alcançar objetivos. (5) Solicitar, receber e
integrar unidades e capacidades PSYOP em operações (Ibid., p. A-5,
tradução nossa)163.

Assim, observa-se que o Comando de Op Esp do Exército dos EUA é a


estrutura capacitada para desenvolver as missões de Apoio
Intergovernamental/Interinstitucional junto às embaixadas dos EUA164. Ademais, os
planejadores do Estado-Maior possuem funções e missões estabelecidas junto ao
comando das operações, sendo imprescindíveis para o êxito PSYOP nas operações,
assim como os especialistas do CAOP são vitais para o sucesso das Op Psc no
Brasil.
Outrossim, um Grupo de Operações Psicológicas do componente reserva165
deve estar organizado, treinado e equipado para os casos de desastre natural ou
operações de ajuda humanitária no âmbito interno dos EUA e para os casos de
operações externas que exijam forças convencionais PSYOP (ESTADOS UNIDOS
DA AMÉRICA, 2010). Para tal, estes grupos contêm as seguintes organizações:

Batalhão tático do PSYOP. O batalhão presta apoio a unidades de Corpo


de Exército e abaixo, Forças-Tarefa e Forças de Operações Especiais. As
Companhias do batalhão são as principais prestações de apoio PSYOP às
forças convencionais, melhorando a capacidade do comandante para
influenciar o comportamento das audiências-alvo (Ibid., p. A-5, tradução
nossa)166.

Companhia Estratégica de Disseminação. Esta companhia presta apoio


nos seguintes domínios: produção audiovisual, visual e áudio; distribuição

162
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 24.
163
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 25.
164
Ver seção 2.2.3 (Instrumentos) desta dissertação.
165
Os componentes de reserva das Forças Armadas dos Estados Unidos são organizações militares
cujos membros geralmente cumprem por ano, um tempo parcial no serviço militar e que
aumentam o dever ativo (ou tempo integral) militar quando necessário. As componentes de
reserva são divididas entre a Guarda Nacional e Reserva das Forças Singulares. Disponível em:
<https://www.military.com /join-armed-forces/guard-and-reserve-faqs.html>. Acesso em: 12 jan.
2020.
166
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 26.
92

de produtos: manutenção eletrônica; e transmissão de mídia (Ibid., p. A-5,


tradução nossa)167.

Os batalhões do componente reserva dividem-se em uma Companhia de


Apoio e três Companhias Táticas, sendo que estas podem produzir material
impresso em caráter limitado. Além disso, as subunidades táticas podem atuar por
meio de três destacamentos e, por sua vez, cada Dst pode subdividir-se em três
turmas táticas. Desta forma, em conflitos de alta intensidade, um destacamento
apoia um elemento escalão Brigada e uma Turma Tática apoia um Batalhão
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2005).
Nessa direção, o tamanho da força PSYOP varia de acordo com o escalão
apoiado e a sua capacidade de comando e controle. Para tal, uma Força Tarefa
Conjunta de PSYOP apoia um Comando Conjunto (C Cj); Força Tarefa PSYOP
apoia uma Força-Tarefa ou ainda, um PSE apoia do nível Corpo de Exército a
unidade168 (ver Figuras 10 e 11).

FIGURA 10 – Regras de alocação para Forças PSYOP Convencionais


Fonte: (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013, p. 4-5)

167
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 27.
168
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Joint Chiefs of Staff. Joint Publication 3-13.2: Psychological
Operations. Washington, DC, 2010.
93

FIGURA 11 – Regras de alocação para Forças PSYOP de Op Esp


Fonte: (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013, p. 4-5)

Por outro lado, os Grupos de Operações Psicológicas de Componente Ativo


do Exército são organizações flexíveis e polivalentes, capazes de executar PSYOP
nos níveis estratégicos, operacionais e táticos. Neste sentido, um grupo pode apoiar
um C Cj ou até duas Forças-Tarefas (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2005).
Deste modo, estas estruturas possuem as seguintes organizações:

Destacamento de estudos estratégicos. O grupo gerencia a análise


estratégica e operacional dos esforços necessários para o planejamento da
missão. O Destacamento é organizado com foco regional realizado por
equipes de estudos estratégicos formadas por analistas civis do PSYOP
com diplomas (de nível) avançados e expertise regional (ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA, 2010, p. A-4, tradução nossa)169.

Batalhão PSYOP. O batalhão é organizado, treinado e equipado para


fornecer aos comandantes apoiados planejamento, desenvolvimento de
produtos, produção e disseminação do nível operacional ao tático (Ibid., p.
A-4, tradução nossa)170.

PSYOP Batalhão de Disseminação. O batalhão fornece apoio regional e


as unidades táticas PSYOP com suporte de produção áudio, visual e
audiovisual, produto suporte de distribuição, suporte de sinal, suporte de
manutenção eletrônica e transmissão de recursos de mídia. O batalhão
fornece suporte de produção para as forças PSYOP do Centro de
Operações de Mídia (MOC) localizado no Fort Bragg, Carolina do Norte, e
através de equipes implantado com unidades PSYOP em todo o mundo. O
MOC é a produção de mídia e centro de arquivos de produtos para a
comunidade PSYOP sendo fundamental para objetivos PSYOP de
Comandantes (Ibid., p. A-4, tradução nossa)171.

169
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 28.
170
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 29.
171
Ver texto em idioma original no Apêndice C , nº 30.
94

Assim, o Destacamento de estudos estratégicos oferece a perícia necessária


para a produção e a análise de produtos e ações direcionados aos diversos
públicos-alvo. Por outro lado, o Batalhão de disseminação fornece suporte à
produção, distribuição de produtos, de sinal e de mídia nos meios áudio, visual e
audiovisual. Esta Unidade é constituída por uma Companhia de Impressão que
fornece impressão, embalagem e suporte de divulgação de folhetos para PSE;
Companhia Broadcast, que oferece um suporte de rádio e de TV de longo alcance;
Companhia de produção ativa de mídia, que tem a capacidade de produzir produtos
gráficos de qualidade comercial; Companhia de distribuição, que fornece suporte de
comunicação a todos os elementos do Grupo; e o Destacamento de Veículo Aéreo
Não Tripulado (VANT), que dissemina produtos por meio de seus sistemas aéreos
remotamente pilotados (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2005).

ORGANOGRAMA 5 – Constituição do Batalhão PSYOP de disseminação


Fonte: (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2005, p. 3-10)

Além disso, a estrutura do Componente ativo possui como peça de manobra o


Batalhão PSYOP (ver Organograma 6) que possui as mesmas capacidades de um
Grupo PSYOP do componente ativo, podendo planejar e conduzir esta atividade até
o nível Força-Tarefa. Ademais, salienta-se que cada comando combatente
geográfico possui em sua estrutura pelo menos um Batalhão PSYOP dedicado
àquela área de responsabilidade (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2005).
95

ORGANOGRAMA 6 – Constituição do Batalhão PSYOP


Fonte: (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2005, p. 3-5)

Desta estrutura evidencia-se que um Batalhão PSYOP pode possuir até dois
Centros de Desenvolvimento de Produtos (ver Organograma 6), sendo que estes
podem projetar, desenvolver, gerenciar e revisar produtos e programas PSYOP.
Além disso, na Companhia de Suporte Regional são realizados a análise da missão,
auxiliando no desenvolvimento do apêndice de Op Psc; análise do público-alvo;
desenvolvimento de produtos áudio, visuais e audiovisuais; e os testes e avaliações
da Cmp Op Psc (Ibid.) .
Assim, as PSYOP estão presentes em duas estruturas subordinadas ao
Comando do Exército: Assuntos civis do Exército e Comando de Operações
Psicológicas (aeroterrestre)172 com o 2º e 7º Grupos de Op Psc (Componente
Reserva) e o Comando de Operações Especiais do Exército dos EUA com o 4º 173 e
8º Grupos de Op Psc (aeroterrestre)174 do Componente Ativo. Nessa direção, segue
uma exemplificação prática da estrutura do 4º Grupo PSYOP (ver Organograma 7).

172
Disponível em: <https://www.usar.army.mil/Commands/Functional/USACAPOC/USACAPOC-
Units/>. Acesso em: 12 jan. 2020.
173
Disponível em: <http://www.psywarrior.com/4thpog.html>. Acesso em: 12 jan. 2020
174
Disponível em: <https://www.soc.mil/8thMISG/8thMISGSponsorship.html>. Acesso em: 12 jan.
2020.
96

ORGANOGRAMA 7 – Constituição do 4º Grupo de PSYOP


Fonte: O autor175

A alta demanda por PSYOP nas operações é um fator crítico de sucesso.


Para tal, o 4º Grupo PSYOP tem a capacidade de criar eletronicamente produtos e
enviá-los para locais avançados para a produção final, seja com meios próprios de
PSYOP ou por meios comerciais contratados (Ibid.). Além disso, ressalta-se que as
tropas do Componente ativo são aerotransportadas, o que possibilita a rápida
implantação de PSYOP nos diferentes setores de um mesmo Amb Op.

2.3.4 A estrutura das Op Psc na MINUSTAH

Em fevereiro de 2004, o Haiti possuía em seu território desafios nos campos


político, social e econômico que resultaram na renúncia do presidente Jean-Bertrand
Aristide. Diante disso, o conselho de segurança da ONU estabeleceu a MINUSTAH
como força de estabilização para auxiliar o governo de transição a atingir um
ambiente seguro e estável no país (ONU, 2004).
Para tal, o componente militar da missão foi integrado por 16 países, como o
Brasil, que comandou a missão durante a sua vigência (2004 a 2017)176. Assim, o
Contingente Brasileiro foi composto pelo Batalhão Brasileiro de Infantaria de Força

175
O Organograma 7 foi confeccionado após consulta ao Manual FM 3-05-30 (ESTADOS UNIDOS
DA AMÉRICA, 2005) e ao endereço eletrônico disponível em: <http://www.psywarrior.com/
4thpog.html>. Acesso em: 12 jan. 2020.
176
Disponível em: <https://www.defesa.gov.br/relacoes-internacionais/missoes-de-paz/o-brasil-na-
minustah-haiti>. Acesso em: 02 fev. 2020.
97

de Paz (BRABAT) e pela Companhia de Engenharia de Força de Paz177.


Neste escopo, o Batalhão Brasileiro possuía em sua composição de meios
uma FTOP cuja missão principal era "poupar meios e pessoal, por meio de
sensibilização de públicos-alvo envolvidos nas operações" (MARTORELLI; NETO,
2017). De acordo com os estudos de Reckziegel (2016), para cumprir suas
atribuições na MINUSTAH esta estrutura deveria possuir a seguinte composição (ver
Figura 12):

FIGURA 12 – Composição do DOP


Fonte: Reckziegel (2016, p. 40)

Neste esboço, o DOP deve possuir o efetivo mínimo de 21 militares, sendo


que outras Turmas Táticas, por serem a menor fração junto ao escalão apoiado
podem ser acrescidas na estrutura inicial da FTOP (RECKZIEGEL, 2016). Ademais,
neste modelo visualiza-se que os oficiais responsáveis pelas operações, inteligência,
logística e Comando e Controle devem ser auxiliados por um auxiliar especialista em
Op Psc. Outrossim, a Turma de Produção178 e a Turma de Teste e Avaliação179
devem possuir militares exclusivamente vocacionados para estas atividades,
respectivamente (PRIETO et al, 2009).
Contudo, na revisão de literatura observou-se que o 10º Contingente
Brasileiro contava com um DOP reduzido composto por cinco militares especialistas,
sendo dois oficiais e três praças (PRIETO et al, 2009). Logo, os militares

177
Disponível em: <https://www.defesa.gov.br/noticias/35867-minustah-ultimos-militares-do-26-
contingente-retornam-ao-brasil>. Acesso em: 02 fev. 2020.
178
A Turma de Produção desenvolve produtos áudio, vídeo e gráfico (PRIETO et al, 2009).
179
A Turma de Teste e Avaliação realiza o pré-teste, acompanhamento e avaliação da Cmp Op Psc
(Ibid.).
98

acumulavam as seguintes funções (ver Quadro 13):

Quantitativo Posto/Graduação Função Principal/cumulativa


01 Maj/Cap Comandante/Operações
01 Maj/Cap Subcomandante/Inteligência/Chefe Disseminação
01 ST/Sgt Adjunto/Logística/Produção
01 ST/Sgt Produção áudio-vídeo/Auxiliar
01 ST/Sgt Produção gráfica/Auxiliar
QUADRO 13 – Composição DOP Haiti do 10º Contingente Brasileiro
Fonte: Prieto (et al, 2009)

Deste modo, o reduzido efetivo possibilitou um apoio mínimo no que tange ao


planejamento, produção, disseminação, execução e mensuração de Op Psc no
decorrer do emprego do 10º Contingente Brasileiro do BRABAT. Além disso, a FTOP
contou com os seguintes apoios não especializados para bem cumprir sua tarefa:
um motorista/rádio operador (Cabo ou Soldado), um intérprete local e, em
determinadas ocasiões, foi auxiliada por elementos da tropa apoiada a fim de
reforçar a segurança (Ibid.).
Em que pese as limitações na estrutura, este DOP constituiu-se como uma
excelente ferramenta para a coleta de dados de inteligência, uma vez que seu
emprego facilita a observação etológica e a obtenção de dados resultantes da
aproximação com a população na disseminação de produtos e ações na Área de
Operações. Ademais, o Caderno Tático elaborado pelo DOP do 10º Contingente
Brasileiro ressaltou a importância das atividades de negociação realizadas mediante
TTP argumentativos de Op Psc para atingir um acordo entre as partes facilitando a
resolução de conflitos, assim como orienta a utilização da disseminação aérea (por
aeronaves de asa fixa, rotativa ou VANT) pelos especialistas em áreas negadas ou
sensíveis (Ibid.).
Todavia, a estrutura da FTOP no decorrer da MINUSTAH foi moldando-se
àquele ambiente operacional. Nesta direção, o DOP Haiti do 24º Contingente
Brasileiro vivenciou a Operação Nap Edè Ayiti180, iniciada após a passagem do
furacão Matthew que assolou parte da população haitiana resultando em um
contexto de ajuda humanitária e distribuição de donativos (MARTORELLI; NETO,
2009).
Logo, a FTOP desdobrou-se em duas Turmas Táticas, sendo que a primeira
reforçou o Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais entre Miragoâne e Les

180
"Estamos ajudando o Haiti" em creole (MARTORELLI; NETO, 2017, p. 56).
99

Cayes. Esta estrutura, utilizando-se de TTP de Op Psc, tinha por finalidade manter a
estrada entre essas localidades sem bloqueios, visto que seu acesso era vital para a
chegada da assistência humanitária aos indivíduos mais necessitados (Ibid.).
De outro modo, a segunda Turma Tática ficou localizada em Jeremie na base
ocupada pela Força Tarefa Esquadrão e por uma equipe do Destacamento de
Operações de Paz. Neste local, o furacão Matthew atingiu bruscamente cerca de
80% das casas, ocasionando atitudes agressivas pela população local (Ibid.).
Diante deste cenário, a estrutura do DOP do 24º Contingente constituiu-se em
um modelo baseado em Comandante, Subcomandante e duas Turmas Táticas
compostas por dez militares (6 oficiais e 4 sargentos) que exerciam as seguintes
funções (ver Quadro 14):

Quantitativo Posto/Graduação Função Principal/cumulativa


01 Cap Comandante
01 Cap Subcomandante
Turma Tática 1
01 Cap Comandante da Turma Tática (Tu Tat) 1/ Operações
01 Ten QAO Pessoal/ Produção
01 Sgt Produção áudio-vídeo
01 Sgt Produção gráfica
Turma Tática 2
01 Cap Comandante Tu Tat 2/ Inteligência
01 Ten QAO Logística/Produção
01 Sgt Produção áudio-vídeo/Auxiliar de Logística
01 Sgt Produção gráfica
QUADRO 14 – Composição do DOP Haiti do 24º Contingente Brasileiro
Fonte: Martorelli (informação verbal)181

Logo, nesta disposição fica evidente que as Turmas Táticas possuíam certa
autonomia no que tange ao apoio de Op Psc, sendo capazes de efetuar produtos
áudio, vídeo e gráfico em caráter limitado, assim como ações psicológicas. Ressalta-
se ainda que o modelo apresentado não foi contemplado com um militar
vocacionado para realizar o Teste e Avaliação, o que não significa que deixou de ser
realizado pela FTOP. Além disso, embora não seja previsto na estrutura do DOP um
militar com atribuição de pessoal, foi constatado nesta missão que era importante
escalar um militar para tal encargo.
Portanto, pode-se inferir que a estrutura tática das Op Psc em apoio ao
BRABAT no decorrer da MINUSTAH contou com um efetivo variável, e nos

181
As informações relativas a estrutura do DOP Haiti do 24º Contingente Brasileiro foram obtidas por
intermédio do autor MARTORELLI (informação verbal) do artigo "Operações Psicológicas nas
assistências humanitárias pós furacão Matthew" nos dias 02 e 03 de fevereiro de 2020.
100

contingentes brasileiros apresentados (10º e 24º) com um efetivo aquém do ideal.


Em que pese a continuidade do apoio de Op Psc, este fato resultou no acúmulo de
funções e ocasionou (em algumas ocasiões) um apoio limitado de Op Psc dentro
das TTP da atividade.

2.4 A FTOP NAS OCCA NO ESTADO DO RJ

No contexto nacional, as principais atuações com emprego de nível tático das


Op Psc têm sido em OCCA devido à violência urbana. Neste escopo, os atores não
governamentais desrespeitam as leis e as regras estabelecidas, sendo o crime
organizado a maior fonte de ameaça para o emprego das Forças Armadas no Brasil
(OLIVEIRA, 2017). Além disso, a estrutura tática de Op Psc também vem sendo
empregada no decorrer dos grandes eventos como a CM2014 e os JOP2016.
Neste contexto, a FTOP foi empregada em 51 ocasiões no território brasileiro
entre 2014 e 2018. Neste mesmo período no Estado do RJ um DOP foi empregado
em dez ocasiões, sendo a maior adjudicação de meios do 1º B Op Psc. Assim
sendo, nesta seção estuda-se a demanda pela atividade nas seguintes OCCA
ocorridas no Estado do RJ (ver Quadro 15).
OCCA Natureza Norma Período Localidade
05 abr. 2014 a
Complexo da
SF GLO Diretriz Ministerial nº 9/2014 30 jun. de
Maré
2015
Grandes 23 de maio a
CM2014 Aviso nº 161 – GSIPR Município do RJ
eventos 20 jul. 2014
Portaria Normativa nº 232/ MD e
Área
Grandes Plano Estratégico de Emprego 01 jul. a 25
JOP2016 metropolitana do
eventos Conjunto das Forças Armadas set. 2016
município do RJ
(PEECFA) Jogos Olímpicos 2016
Decreto Presidencial de 28 jul.
28 jul. 2017 a
Furacão GLO Estado do RJ
2017 31 dez. 2018
Nível político- 16 fev. a 31
IF Decreto Presidencial nº 9.288 Estado do RJ
estratégico dez. 2018
QUADRO 15 – OCCA no RJ com emprego de FTOP entre 2014 e 2018
Fonte: O autor

2.4.1 Classificação das OCCA ocorridas no Estado do RJ

Os elementos da F Ter são capazes de realizar as seguintes operações


básicas: ofensiva, defensiva e OCCA. Desta forma, esta trinca pode ocorrer de
101

forma simultânea ou sucessiva nas operações de amplo espectro182 no intuito de


atingir o EFD183 (ver Figura 13).

FIGURA 13 – Exemplos de Situações nas operações de Amplo espectro


Fonte: Brasil (2017a, p. 2-17)

Desta maneira, a situação estabelecerá a preponderância de uma operação


sobre as demais (BRASIL, 2017a). Isto posto, as operações deste estudo com
emprego da FTOP no Estado do RJ estiveram na situação quatro da figura acima.
Portanto, esta pesquisa se limitará a este tipo de operação básica.
Cabe evidenciar que as OCCA são executadas por integrantes da F Ter em
apoio aos diversos vetores184 (definidos genericamente como agências) e se
destinam à conciliação de interesses e à coordenação de esforços para atingir o
bem comum. Além disso, este tipo de operação possui as seguintes características:
emprego episódico; espaço e tempo limitado; e ação do comandante operativo
limitada pela norma que autorizou o emprego da tropa (Ibid.). Dado o espectro desta
operação básica, as OCCA podem ser classificadas da seguinte maneira (ver
Quadro 16).

182
Ver Glossário, item Operações no Amplo Espectro.
183
BRASIL. Exército. Comando de Operações Terrestres. EB70-MC-10.223: Operações. 5. ed.
Brasília, DF, 2017a.
184
Ver Glossário, item Vetores.
102

Tipo Classificação Abrangência / atividade


Garantia dos poderes constitucionais -
Garantia da lei e da ordem -
Atribuições subsidiárias -
Prevenção e combate ao terrorismo -
Arranjos internacionais de defesa
coletiva
Operações Sob a égide de organismos Operações de paz
de internacionais
Ações de caráter humanitário
Cooperação
e Estabilização
Coordenação Em apoio à política externa em tempo
-
com de paz ou crise
Agências Segurança de grandes eventos e de
chefes de Estado
Outras ações de cooperação e Garantia da votação e apuração
coordenação com agências

Patrulha fluvial

QUADRO 16 – Classificação das OCCA


Fonte: O autor

Destarte, as operações SF e Furacão são classificadas como de GLO. Este


tipo emprega meios das Forças Armadas para atuar na preservação da ordem
pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio, sendo esta uma missão
constitucional das Forças Armadas, conforme previsto no artigo 142 da Constituição
Federal de 1988 (BRASIL, 2018a).
O ciclo da GLO inicia-se quando o governador do Estado (ou Distrito Federal)
decreta formalmente os seus meios como indisponíveis, insuficientes ou
inexistentes, conforme previsto no artigo 144 da Carta Magna Brasileira. Na
sequência, o governante estadual solicita apoio ao Presidente da República que
avaliará a situação (Ibid.).
Nos casos de decisão favorável da mais alta autoridade do Poder Executivo,
a GLO será autorizada mediante decreto presidencial a fim de delimitar as ações de
caráter operativo e preventivo necessárias para assegurar o resultado das
operações. Do mesmo modo, as atividades das Forças Armadas serão
estabelecidas em uma determinada área e em um corte temporal específico (Ibid.).
Além desta classificação, a FTOP foi empregada no Estado do RJ no contexto
de outras ações de cooperação e coordenação com agências, sendo reguladas por
legislação específica. Neste escopo, a CM2014 e JOP2016 são atividades de
segurança de grandes eventos dada a exposição da imagem do Brasil no âmbito
nacional e internacional no decorrer destes eventos. Outrossim, cabe evidenciar que
103

esta atividade requer uma estrutura de segurança complexa que envolva a


combinação de esforços civis e militares capazes de atuar com eficiência,
efetividade e menores custos (BRASIL, 2017a).

2.4.2 O Ambiente Operacional – Estado do Rio de Janeiro

Segundo Pereira (2018), a presença humana no Brasil é datada de 20 mil


anos antes de Cristo conforme testes efetuados em fósseis nos sítios arqueológicos
do Parque Nacional da Capivara. Estes povos nativos romperam seu isolamento
geográfico no século XVI com a chegada dos portugueses nas costas da Pindorama,
atual Estado da Bahia.
Assim, os forasteiros rapidamente criaram e difundiram uma nova língua geral
(o nheengatu) e propagaram a fé cristã enquanto colonizavam e expandiam o
domínio dos europeus sobre os nativos. Sem demora, o século XVII foi marcado
pelo início da escravidão de negros africanos recém egressos da África Ocidental
passando a constituir a principal mão de obra local (PEREIRA, 2018).
Mais tarde, com a vinda da família real portuguesa no início do século XIX, a
colônia tornou-se independente e virou Império, tendo a sua sede na cidade do Rio
de Janeiro. Paralelo a chegada da corte, nesta metrópole chegaram grandes obras
de engenharia, tornando a capital do país uma espécie de "Paris dos trópicos"
(Ibid.).
Concomitantemente, este período também foi marcado pela miscigenação da
população, fazendo com que mulatos e caboclos representassem a maioria da
população. Outrossim, o Ethos da sociedade naquele período era representado pela
língua portuguesa, pelo cristianismo e pela mística do Império que utilizava o
Exército e a Marinha nos conflitos internos e externos (Ibid.).
Dentre os embates realizados por estas instituições sob o comando da
monarquia destaca-se a campanha no Paraguai. Nesta expedição ocorreu uma
grande mobilização nacional de brancos, negros, índios e mestiços das classes
menos favorecidas da sociedade (Ibid.).
Mais adiante esta pluralidade étnica dos contingentes militares contribuiu para
a chamada "Crise Militar" ao longo dos anos 1880. Esta tensão ocorreu a medida em
que os militares se negavam a perseguir e a capturar os escravos fugidos. Deste
104

modo, as Forças Singulares fixaram posição pela abolição da escravatura que veio a
ocorrer em 1888. Em decorrência disso e da crise econômica gerada pela campanha
no Paraguai, a situação política da monarquia tornou-se insustentável, fazendo com
que o Marechal Deodoro da Fonseca proclamasse a República em 15 de novembro
de 1889, na antiga sede do Império (Ibid.).
Particularmente na cidade do Rio de Janeiro a extinção da escravatura
resultou em um fluxo de ex-escravos para regiões com infraestrutura precária, como
o atual Morro da Providência. Neste mesmo local, as habitações improvisadas
expandiram-se em 1897, quando militares que haviam lutado na localidade de
Canudos (Estado da Bahia) retornaram para a capital. Isto ocorreu mediante a
autorização do Ministério da Guerra para que os combatentes que não possuiam
local fixo pudessem erguer moradias provisórias nesta localidade185.
Assim, as comunidades surgiram e foram se multiplicando pela cidade e
posteriormente pelo Estado do RJ, sendo resultado de um conjunto de mazelas
sociais e dívidas históricas não pagas. Neste ambiente de infraestrutura precária e
condições degradantes fomentadas pela desigualdade social, surgem "espaços
anárquicos, regidos por códigos sociais próprios que se impõem, quase sempre de
modo violento e arbitrário, à margem da regulamentação formal do Estado"
(VISACRO, 2018, p. 147).

O agravamento da urbanização desordenada e a falta de políticas públicas


adequadas e eficazes, em especial no setor de transportes e habitação,
ajudaram a criar áreas liberadas onde o poder público deixou de exercer
seu papel de poder de polícia, não regulando a ocupação dos espaços e
logradouros públicos. Os aspectos fisiográficos da cidade do Rio de Janeiro
e adjacências em conjunto com a configuração do "terreno humano" na
ocupação destes espaços tornaram ainda mais complexa a tarefa de coibir
o crime organizado e de conter o aumento da violência que se observou
desde década de 1990 até os dias atuais (NETTO et al, 2018, p. 21).

Neste ambiente pernicioso surge o crime organizado186 no Estado do RJ.


Inicialmente com a Falange Vermelha (embrião do Comando Vermelho) na década
de 1970, provavelmente no presídio da Ilha Grande. Em seguida, a ORCRIM foi
fortalecida economicamente com a abertura política em 1984 e com a ascensão do
tráfico internacional de drogas, particularmente dos cartéis na região andina do

185
Disponível em: <https://museudoamanha.org.br/portodorio/?share=timeline-historia/11>. Acesso
em: 09 fev. 2020.
186
Ver Glossário, item Crime Organizado.
105

continente americano (Ibid.).


Com a escalada do tráfico de drogas no Estado do RJ, originaram-se ainda as
organizações criminosas: Amigos dos Amigos e Terceiro Comando Puro. Cabe
evidenciar que estas ameaças constantemente disputam espaços entre si no
Ambiente Operacional. Sem embargo, em 2008 a população fluminense deparou-se
com uma nova modalidade de ORCRIM, as milícias (Ibid.).

Inicialmente, eram diferentes do tráfico de drogas, tinham como principal


fonte de renda o transporte alternativo, a distribuição de gás, a TV a cabo
clandestina e em todo tipo de taxas que podiam extorquir da população e do
comércio, em troca de proteção. Na atualidade, [...] os tipos de crimes
praticados, pouco diferem das atividades perpetradas pelas demais
organizações criminosas (NETTO et al, 2018, p. 21).

Neste cenário complexo, a participação das Forças Singulares no contexto da


segurança pública do Estado do RJ ocorre progressivamente desde a década de
1990 com as operações Eco 92, Rio, Cimento Social, Guanabara e Arcanjo.
Normalmente o emprego episódico e definido das Forças Armadas teve como
objetivo proporcionar uma maior sensação de segurança à população do Estado do
RJ, dentre outros objetivos específicos (Ibid.).
Nesta direção, em 2008 o Governo Estadual iniciou a implantação da Unidade
de Polícia Pacificadora (UPP) em todo o Estado do RJ. Este projeto possuía como
finalidade estabelecer uma política de polícia de proximidade, anulando a influência
das ORCRIM que conduzem uma espécie de poder paralelo em algumas
localidades, assim como possibilitando a implementação de programas sociais nas
áreas dominadas pelo tráfico de drogas (Ibid.). Contudo, a efetivação do projeto
enfrentou desafios de toda ordem, conforme exposto a seguir:

Desta forma, o que se observa nos últimos trinta anos são: o crescimento
da violência e a degradação da segurança pública no Estado do RJ. Os
altos índices de corrupção e aparelhamento da máquina estatal tiveram
reflexos diretos nas políticas de segurança públicas adotadas. A gestão
ineficaz, fraudulenta e irresponsável dos recursos do Estado implicou na
insolvência do mesmo, agravada pela crise econômica nacional, com
reflexos em todas as áreas (econômica, social, científica e tecnológica,
educação, segurança, infraestrutura, etc) (Ibid., p. 22).

Este fato resultou em um emprego cada vez mais evidente das Forças
Armadas em operações de GLO, como a operação SF (2014 e 2015) e Furacão
(2017 e 2018). Sem embargo, a participação das tropas da MB, EB e FAB nos
106

grandes eventos, como CM2014 e JOP2016, demonstrou "como a segurança


pública do Estado já estava combalida e apresentando sinais de esgotamento no
enfrentamento à violência e aos crimes de toda ordem" (NETTO et al, 2018, p. 22).

2.4.3 A FTOP na Operação São Francisco

Em meio a este complexo e difuso ambiente, situa-se na Zona Norte do


município do Rio de Janeiro a localidade denominada Complexo da Maré187. Nesta
área, eixada com as três vias expressas mais importantes da cidade (Linha Amarela,
Linha Vermelha e Avenida Brasil) e próxima ao aeroporto Internacional Antônio
Carlos Jobim, ocorreu a operação SF (ver Figura 14).

FIGURA 14 – Mapa da Maré/Arte/O Globo.


Fonte: O Globo188

187
O início da ocupação do Complexo da Maré ocorreu na década de 1940, enquanto a cidade do Rio
de Janeiro recebia um grande fluxo de nordestinos que buscavam melhores condições de vida.
Estes migrantes, diante de sua limitação financeira e da especulação imobiliária no subúrbio da
cidade, construíram palafitas nesta região alagadiça. Ademais, com o término da construção da
Avenida Brasil (em 1946) a região atraiu outros tantos indivíduos que encontraram nos barracos
de madeira sobre a lama e a água, um domicílio. Disponível em:
<http://www.museudamare.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=103&Itemid=12
4>.Acesso em 13 fev. 2020.
188
Disponível em: <https://blogs.oglobo.globo.com/na-base-dos-dados/post/violencia-o-complexo-da-
mare-em-5-graficos.html>. Acesso em: 12 fev. 2020.
107

Em que pese sua localização estratégica, esta área possui a tríade definida
por Visacro (2018) que possibilita a instauração de espaços anárquicos ao poder do
Estado: infraestrutura precária, condições degradantes e indivíduos fomentados pela
desigualdade social. Nestas condições, as ORCRIM encontraram espaços para
operar o tráfico de ilícitos e exercer a sua influência sobre a expressiva população
de bem que reside na área.
Neste cenário, o governo Estadual identificou a necessidade de implantação
da polícia de proximidade na região a fim de reestabelecer o poder do Estado e
propiciar políticas sociais junto às populações carentes. Todavia, as organizações
criminosas ali instaladas, em oposição às intenções estatais, realizaram ataques às
UPP no ano de 2014. Diante disso, o Governador do Estado solicitou à Presidente
Dilma Rousseff a instauração da GLO no Complexo da Maré189.
Assim, a operação São Francisco foi decretada por meio da Diretriz Ministerial
nº 9/2014 a fim de preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do
patrimônio na região. Tal atividade ocorreu de 05 de abril de 2014 a 30 de junho de
2015 perante uma população de 140 mil pessoas190.
Além disso, no decorrer da cooperação e da coordenação entre agências
houve inúmeros resultados positivos para a população local, dentre os quais
destaca-se a construção de escolas; melhorias no saneamento básico; regularização
do recolhimento de lixo; retirada de carcaças de veículos que obstruíam ruas e áreas
públicas; redução da taxa de homicídios e ações comunitárias como casamentos,
registros e emissão de documentos realizados pela Justiça itinerante. Deste modo,
as Forças Armadas empregaram seus meios para possibilitar a retomada da área
pela segurança pública do Estado do RJ, respeitando a dignidade e os direitos da
população local191 (ver Figura 15).

189
Disponível em: <http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/03/apos-ataques-forcas-armadas-
ocuparao-mare-afima-cabral.html>. Acesso em: 12 fev. 2020.
190
Disponível em: <https://www.defesa.gov.br/noticias/16137-ocupacao-das-forcas-armadas-no-
complexo-da-mare-acaba-hoje>. Acesso em 03 maio 2020.
191
Ibid.
108

FIGURA 15 – Resultados da Força de pacificação no Complexo da Maré


Fonte: Ministério da Defesa192

Para este propósito, a operação SF dispunha em seu Estado-Maior de uma


célula de Op Info, dentre outras capacidades (MARQUES JÚNIOR, 2018). Por sua
vez, esta estrutura adotou diversas medidas nas dimensões informacional e humana
que geraram reflexos favoráveis em relação aos meios de imprensa, proteção do
sistema de Comando e Controle e legitimidade perante a população local e nacional,
tais como:

1. Serviço de “Ouvidoria”, com intenso contato com a população local


capacidades envolvidas: inteligência, comunicação social e operações
psicológicas); 2. Ações Cívico-Sociais, com mais de 25 mil pessoas sendo
atendidas através de vários serviços disponibilizados, aproximando a
população da tropa (capacidades envolvidas: assuntos civis, inteligência e
comunicação social); 3. A adoção de um “disque-pacificação”, para atrair o
apoio da população e servir de um canal seguro para denúncias
(capacidades envolvidas: inteligência, comunicação social e operações
psicológicas); 4. A realização de reuniões frequentes com lideranças locais
para estabelecimento e manutenção de um canal de confiança e
aproximação com a população local (capacidades envolvidas: inteligência,
comunicação social e operações psicológicas); 5. Utilização intensa e
constante da rádio comunitária, estabelecendo uma importante via de
comunicação com a comunidade local para divulgação e massificação das
ideias forças estabelecidas pelo planejamento, e para colocar, com
oportunidade, a versão dos fatos das Forças Armadas diante de
determinada situação que poderia, ou visava, denegrir a imagem da
instituição (capacidades envolvidas: comunicação social e operações
psicológicas); e 6. O amplo emprego da Guerra Eletrônica no
monitoramento do espectro eletromagnético utilizado pelas facções
criminosas no complexo e adjacências, levantando informações importantes
para a inteligência e para o planejamento das operações cinéticas
(MARQUES JÚNIOR, 2018, p. 36).

192
Disponível em: <https://www.defesa.gov.br/noticias/16137-ocupacao-das-forcas-armadas-no-
complexo-da-mare-acaba-hoje >. Acesso em: 13 fev. 2020.
109

Desta maneira, as CRI atuaram nas dimensões informacional e humana


perante a população do Complexo da Maré, possibilitando a melhoria da
infraestrutura e amenizando as condições degradantes para os cidadãos brasileiros
que vivem nesta localidade. Do mesmo modo, contribuíram com o objetivo de
romper um longo ciclo de abandono social que fora ocupado pelo poder das
ORCRIM.
Contudo, a busca pelo controle da narrativa da OCCA, realizada por ações
como reunião com lideranças locais e disseminação em rádios comunitárias,
constantemente deparava-se com a influência do tráfico de drogas nas associações
locais. Estas frequentemente distorciam as informações para a população da área,
ocasionando um verdadeiro embate informacional (LEMOS, 2017).
Desta forma, "o Estado-Maior muitas vezes contava com problemas
recorrentes vindos da própria comunidade com o intuito de atrasar ou atrapalhar as
atividades planejadas, vindo a prejudicar sobremaneira a missão principal" (Ibid., p.
15). Em que pese a pacificação obtida no complexo da maré, o autor conclui que os
esforços da tropa podem ser insuficientes se a população local não for convencida
de que está sendo beneficiada.
Assim, convém ressaltar que o histórico da situação vivida pelos moradores
do Complexo da Maré ficou estratificado em sua cultura organizacional. Portanto,
uma operação de sucesso como a SF, ao ser pontuada em um curto corte temporal,
é incapaz de romper com os valores assumidos por aquela sociedade. Logo, pode-
se inferir que apenas a ação perene do Estado no viés social, da segurança e da
dimensão informacional poderão reverter este verdadeiro embate informacional
realizado pelas ORCRIM.

2.4.4 A FTOP na Copa do Mundo de Futebol 2014

Paralelo a operação SF ocorreu a Copa do Mundo de Futebol no período de


15 de junho a 13 de julho de 2014. Este grande evento ocorrido em 12 cidades-
sede193 do Brasil contou com uma complexa operação de segurança integrada pelos
ministérios da Justiça, Defesa, Casa Civil da Presidência da República e pela
Agência Brasileira de Inteligência (BRASIL, 2018e).
193
Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Fortaleza, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife,
Cuiabá, Manaus, Natal e Curitiba (BRASIL, 2018e).
110

Isto decorria da visibilidade do Grande Evento perante a mídia internacional e


dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na posição de país
organizador. Ademais, a Copa do Mundo de Futebol resultou no envolvimento dos
três níveis de governo: Federal, Estadual e Municipal. Por sua vez, estes
empregaram as diversas áreas governamentais para o sucesso do evento, tais como
órgãos de energia, meio ambiente, segurança pública, receita, saúde, transporte e
agências reguladoras. Outrossim, estes ficavam dispostos em dois níveis (nacional e
regional) de governança e coordenação denominados como Comitê Executivo de
Segurança Integrada194 (ver Figura 16).

FIGURA 16 – Governança e coordenação na Copa do Mundo de 2014


Fonte: (BRASIL, 2018e, p. 15)

Deste modo, a segurança dos grandes eventos dispunha de quatro tarefas


principais: segurança de locais específicos realizada por empresa de segurança
privada contratada pelo Comitê Local da Federação Internacional de Futebol;
segurança pública em geral a cargo da Polícia Federal e dos órgãos de segurança
pública; segurança de dignitários a cargo da Polícia Federal; e casos especiais,
como o enfrentamento ao terrorismo, Defesa Química, Biológica, Radiológica e
Nuclear (DQBRN) e defesa de estruturas estratégicas a cargo do MD (BRASIL,

194
BRASIL. Comando do Exército. Comando de Operações Terrestres. A participação do Exército
na segurança dos grandes eventos (Julho de 2007 - Setembro de 2016): o legado. 1. ed.
Brasília, DF, 2018e.
111

2018e).
No intuito de caracterizar as tarefas elencadas, o planejamento
governamental dividiu as atividades em três vertentes: defesa coordenada pelo MD;
segurança pública coordenada pelo Ministério da Justiça e pelas Secretarias de
Segurança Pública dos estados; e vertente inteligência coordenada pela Agência
Brasileira de Inteligência (ABIN) (Ibid.).
Logo, o emprego das Forças Armadas foi estabelecido pelo aviso nº 161 –
GSIPR, sendo uma OCCA em um espaço delimitado a cada uma das cidades-sede
do evento, compreendido entre o período de 23 de maio a 20 de julho de 2014
(Ibid.).

FIGURA 17 – Áreas de interesse de segurança na Copa do Mundo de 2014


Fonte: (BRASIL, 2018e, p. 12)

Neste escopo, as Op Psc visavam aumentar o conhecimento dos diversos


públicos quanto a percepção da ameaça terrorista (ver Figura 17). Esta capacidade
operativa ficou enquadrada em centros que contavam com aptidão para o
enfrentamento ao terrorismo, ou seja, com tropas especializadas em Op Esp e de
DQBRN nas ações de varredura, monitoramento e descontaminação (Ibid.).
Estes centros subdividiam-se em dois níveis de Comando e Controle: o
112

Centro de Coordenação de Prevenção e Combate ao Terrorismo (CCPCT) e o


Centro de Coordenação Tático Integrado (CCTI) (BRASIL, 2018e). Assim, o CCPCT
(ativado no dia 23 de maio de 2014) esteve diretamente vinculado ao mais alto
escalão das Forças Armadas, o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas
(EMCFA). A este nível cabia a avaliação, acompanhamento e decisão das Cmp Op
Psc e, portanto, nesta estrutura ficou o Comandante do 1º B Op Psc (Ibid.).
Por outro lado, o CCTI prestava o assessoramento aos Coordenadores de
Defesa de Área no âmbito regional das cidades-sede. Para tal, estes centros
contavam com estruturas ad hoc do Comando de Operações Especiais (C Op Esp)
nas capacidades de enfrentamento ao terrorismo e no que tange ao 1º B Op Psc,
dispunham de um oficial de ligação e um DOP (Ibid.).
Todavia, o efetivo do 1º B Op Psc era inferior ao necessário para ativar todas
as estruturas previstas e, portanto, houve a necessidade de mobilizar pessoal
especializado nesta tarefa no âmbito do EB. Deste modo, os especialistas que
retornaram à atividade de Op Psc precisaram realizar um estágio de atualização
doutrinária na área a fim de bem cumprir sua missão no decorrer da CM2014 (Ibid.).
Contudo, o planejamento de emprego das Op Info (iniciado em meados de
2013) ocorreu de forma tardia em relação às demais capacidades do CCPCT/CCTI,
estas que haviam iniciado seus planejamentos com dois anos de antecedência ao
início do grande evento. Este fato impossibilitou a confecção de produtos de forma
oportuna, centralizada e direcionada às atividades de enfrentamento ao terrorismo,
limitando os efeitos persuasivos das Cmp Op Psc perante públicos-alvo brasileiros e
estrangeiros (Ibid.).
Da mesma maneira, o desdobramento de pessoal ocorreu com pouca
antecedência ao início dos jogos. Estes fatos fizeram com que os resultados fossem
pouco expressivos quando comparados as suas capacidades. Ademais, evidencia-
se que nesta OCCA não houve uma diretriz estratégica para o planejamento de Op
Psc, seja evitando ações que o mais alto escalão avaliasse como indesejadas ou
para que houvesse uma unicidade da mensagem para alcançar um determinado
objetivo psicológico nos diversos públicos-alvo (Ibid.).

2.4.5 A FTOP nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016

Enquanto na Copa do Mundo de Futebol de 2014 havia duas delegações em


113

cada cidade-sede realizando uma competição de futebol internacional, durante os


JOP2016 houve 65 campeonatos mundiais. Destes, 42 ocorreram no decorrer dos
Jogos Olímpicos no período de 03 a 21 de agosto de 2016 e 23 nos Jogos
Paralímpicos que transcorreram entre 07 e 18 de setembro de 2016. Ademais, com
exceção do Futebol Olímpico que ocorreu em seis cidades-sede195 todos os demais
eventos ocorreram no município do Rio de Janeiro (BRASIL, 2018e).
Além disso, convém ressaltar que as Olimpíadas são o maior evento esportivo
e midiático do planeta. Neste escopo, 11 mil atletas e 25 mil profissionais de mídia
estavam credenciados no evento, sendo oriundos de aproximadamente 200 países.
Logo, o evento era um dinamizador de vantagens e de riscos para a imagem do
Brasil perante a opinião pública mundial (Ibid.).
Neste cenário, havia diversos vetores de ameaça, tais como ataques
terroristas e cibernéticos; criminalidade e violência urbana; perturbação da ordem
pública; comprometimento da saúde pública, da mobilidade urbana e a ocorrência de
catástrofes naturais. Para tanto, o planejamento governamental utilizou-se da
mesma estrutura utilizada na CM2014, com exceção do enfrentamento ao
terrorismo. Este passou de uma estrutura no MD para uma governança
compartilhada entre Ministério da Defesa, Justiça e ABIN, sendo denominado de
Comando Conjunto de Prevenção e Combate ao Terrorismo (CCPCT JOP) (Ibid.).
Outrossim, as ações da defesa foram priorizadas no que tange à segurança
nas dimensões física e informacional por meio de ações preventivas e repressivas
de enfrentamento às ameaças ou às situações que comprometessem a segurança
do Grande Evento. Deste modo, no decorrer dos JOP2016 houve um Coordenador
Geral de Defesa de Área (CGDA) no Rio de Janeiro e cinco Coordenadores de
Defesa de Área nas cidades-sede do futebol olímpico, de modo similar ao ocorrido
na CM2014 (Ibid.).
Tendo em vista a envergadura da OCCA na cidade do Rio de Janeiro, o
CGDA dividiu a sua área de responsabilidade em quatro Comandos de Defesa
Setorial (CDS), sendo eles Copacabana, Deodoro, Maracanã e Barra. Estas regiões
possuíam meios suficientes para atuar como Força de Contingência e de proteção
de estruturas estratégicas em sua área de responsabilidade. Além das estruturas
citadas, o CGDA possuía uma Força de Contingência, uma de Proteção de

195
Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo (BRASIL, 2018e).
114

Estruturas Estratégicas e uma Força de Coordenação de Escolta (Ibid.).


Desta maneira, a estrutura planejada para esta OCCA foi decretada por meio
da Portaria Normativa nº 232/ MD e PEECFA Jogos Olímpicos. Esta delimitou a
região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro como sua área de atuação no
período de 01 julho a 25 de setembro de 2016 (Ibid.).
Todavia, próximo a realização do Grande Evento, o governo do Estado do RJ
comunicou à Presidência da República sua insuficiência de meios para atender às
demandas da Segurança Pública. Isto resultou no emprego das Forças Armadas em
GLO no decorrer do evento, particularmente na segurança das principais vias
expressas da cidade. Ademais, o comitê organizador não contratou a quantidade
necessária de agentes de segurança privada, o que ocasionou no emprego de tropa
das Forças Singulares para suprir esta demanda (Ibid.).
Neste cenário conturbado ocorreu o emprego das Op Psc que estavam
subordinadas ao CCPCT JOP e CCTI. Estes funcionavam de maneira similar a seus
correspondentes na Copa do Mundo de Futebol, cabendo evidenciar que
inicialmente o CCPCT JOP instalou seu Posto de Comando em Goiânia no dia 23 de
maio de 2016, sendo deslocado no dia 05 de junho de 2016 para o município do Rio
de Janeiro até o término da OCCA (Ibid.).
No caso dos JOP2016, as Op Psc participaram de todas as atividades, ou
seja, desde o planejamento iniciado em fevereiro de 2015 até o término do evento.
Isto permitiu que houvesse solução de continuidade nos trabalhos ao longo dos
JOP, assim como possibilitou a efetividade da atividade ao longo da operação (Ibid.).
Nesse contexto, o 1º B Op Psc reforçou a célula de Op Info do CCPCT JOP
com um Dst. Este DOP escalonado no nível estratégico "participou de todas as fases
mais importantes da campanha, desde a concepção até a disseminação e a análise
de impacto, proporcionando assessoramento técnico, ágil e preciso" (Ibid., p. 75).
Da mesma forma, a célula de Op Info contou com a estrutura adequada das
diversas CRI, estas permitiram o compartilhamento das informações e a
multiplicação do poder de combate. Tal como a Com Soc que juntamente com o
COTER elaborou um temário para o Grande Evento a fim de unificar o discurso
referente à participação da F Ter (Ibid.).
Outra forma de difundir os produtos e ações das Op Psc ocorreu no decorrer
dos Estágios de Prevenção da Ameaça Terrorista. Durante esta capacitação, os
funcionários de rede hoteleira, aeroportos, integrantes dos órgãos de segurança
115

pública e dos meios de mobilidade urbana, a fim de identificarem possíveis ameaças


terroristas, foram orientados por um especialista em Op Psc quanto a temática
"percepção da ameaça terrorista", dentre outras apresentações. Desta forma, o
palestrante aproveitava a oportunidade para difundir os produtos da Cmp Op Psc,
aumentando sua adesão perante aqueles vetores (Ibid.).
No decorrer dos JOP2016, as Op Psc realizaram suas tarefas baseadas na
continuidade dos trabalhos, na sinergia das CRI e no escalonamento das ações.
Desta forma, pôde-se afirmar que:

a presteza na aprovação dos produtos de OAI, no nível estratégico, facilitou


o desenvolvimento da campanha, permitindo o envio tempestivo do material
aos vetores de disseminação. No mesmo sentido, as orientações para
disseminação, emanadas pela Chefia de Operações Conjuntas, garantiu
celeridade ao processo (Ibid., p. 75).

a disponibilidade de produtos de OAI, em mídias editáveis e também nas


impressas, deu maior alcance e permeabilidade para a campanha de
sensibilização, contribuindo para o aumento da eficiência das Op Info (Ibid.,
p. 76).

Assim sendo, o sucesso das Op Psc no decorrer dos JOP foi resultado de
uma atuação mais coerente com a sua base doutrinária, o que possibilitou a
multiplicação do poder de combate nas dimensões humana e informacional para
esta OCCA. Ademais, observa-se que, da mesma forma que as CRI de Op Info
facilitam o trabalho das Op Psc, estas são igualmente beneficiadas pelo aumento da
eficiência e efetividade desta capacidade operativa.

2.4.6 A FTOP na Operação Furacão e na Intervenção Federal

A insuficiência dos meios da Segurança Pública decretada pelo governador


do Estado do RJ às vésperas dos Jogos Olímpicos Rio 2016 foi um prelúdio da
trágica situação que iria se instalar nesta UF em 2017 e 2018. Todavia, os fatos
iniciaram-se em data pregressa a execução dos grandes eventos no Estado do RJ,
quando inúmeras obras públicas foram realizadas a fim de viabilizar os eventos
esportivos. Assim, as empresas de construção civil superfaturavam o valor da
estrutura ao longo dos projetos e repassavam parte de seus lucros para campanhas
eleitorais de partidos políticos ou contas pessoais de agentes públicos, como
116

governadores eleitos (COSTA, 2019).


O alto custo desse modus operandi juntamente com a queda do preço do
petróleo no mercado mundial196 resultou na insolvência das contas públicas do
Estado do RJ. Em consequência, a UF renegociou as suas dívidas com o Tesouro
Nacional e entrou em Regime de Recuperação Fiscal197. Este instrumento impôs
uma série de medidas para a utilização dos recursos pelo governo estadual, que
acabou acarretando no atraso do pagamento aos servidores públicos, como os
profissionais da segurança pública que já careciam de efetivos e motivação
(COSTA, 2019).
Além disso, a crise fiscal impulsionou o desaquecimento da economia, que
resultou em falências de estabelecimentos comerciais, no aumento das taxas de
desemprego e dos índices de criminalidade. Esta instabilidade foi marcada pela
ameaça de desabastecimento decorrente da intensificação dos roubos de carga no
Estado. Neste cenário, o Presidente da República, por meio do Decreto Presidencial
de 28 de Julho de 2017, autorizou o emprego das Forças Armadas na GLO no
Estado do RJ em apoio às ações do Plano Nacional de Segurança Pública até 31 de
dezembro de 2017 (NETTO et al, 2018).
Seguindo as diretrizes político-estratégicas, o MD realizou a ativação do
Comando Conjunto, sendo que esta estrutura visava ações emergenciais, como a
redução dos índices de roubos de cargas, o combate a violência e ao tráfico de
ilícitos. Para isto, o C Cj desencadeou inúmeras vezes o emprego das Forças
Armadas e de agentes de Segurança Pública (Federal, Estadual e Municipal) de
modo integrado a órgãos públicos e não governamentais e sempre com o apoio de
órgãos de inteligência.
Todavia, os objetivos do Plano Nacional de Segurança Pública não foram
atingidos nos prazos estabelecidos e a Presidência da República emitiu um novo
decreto prorrogando as ações de GLO até 31 de dezembro de 2018 (ALMEIDA,
2019).
Na vigência desta renovação da OCCA, o Presidente da República enfrentava

196
O Estado do RJ possui uma importante indústria de óleo e gás em sua área territorial. Disponível
em: <http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/06/rj-era-o-maior-produtor-de-petroleo-e-gas-
natural -do-pais-em-2014-diz-ibge.html>. Acesso em: 18 abr. 2020.
197
O Regime de Recuperação Fiscal é um instrumento de ajuste das contas públicas do Estado
criado pela Lei Complementar Federal nº 159/2017. Este dispositivo no dia 06 Setembro de 2017
foi efetivamente adotado pelo Estado do RJ com a homologação do Plano de Recuperação Fiscal
pelo Presidente da República (COSTA, 2019).
117

denúncias de corrupção e uma forte resistência para aprovar uma ampla reforma do
sistema previdenciário. Somando-se a este fato havia uma enorme pressão da
opinião pública perante a sensação de insegurança no Estado do Rio de Janeiro,
resultante dos inúmeros casos de violência urbana observados pelos meios de
comunicação durante o carnaval de 2018 (COSTA, 2019).

O Rio de Janeiro vivia um momento particular, agravado pelo aspecto


econômico [...]. Com a concordância do governo estadual, de mesma
filiação partidária dos dirigentes federais, a decretação da Intervenção
Federal, mesmo que somente no campo da segurança pública, imobilizou o
prosseguimento das discussões sobre a reforma da previdência social
dentro do Congresso Nacional, tornando impossibilitada a reformulação da
Constituição durante sua vigência. Com essa medida, vários interesses
políticos foram atendidos simultaneamente. De um lado, a população
fluminense esperava por socorro de onde quer que ele viesse. De outro,
havia uma moratória pelas reformas necessárias no sistema previdenciário
e na pressão que isso colocaria sobre os parlamentares em ano eleitoral. A
excepcionalidade da decretação da Intervenção Federal se constituiu, pela
perspectiva política, em um mal menor a pretexto de um bem maior (Ibid., p.
22).

Diante desta conjuntura foi decretada a Intervenção Federal no Estado do RJ,


a partir do Decreto Presidencial nº 9288 de 16 de fevereiro de 2018 com vigência até
o dia 31 de dezembro de 2018198. Deste modo, o Exmo Sr General de Exército
Walter Souza Braga Netto foi nomeado Interventor Federal possuindo a equivalência
de cargo do Governador do Estado do RJ para os assuntos inerentes à segurança
pública (NETTO et al, 2018).
Dessarte, as atividades da IF possuíam dois eixos principais: ações
estruturantes, visando a recuperação das capacidades operativas dos órgãos de
segurança pública e penitenciária; e outra de ações emergenciais de enfrentamento
à criminalidade. Assim, as tarefas a serem realizadas visavam pôr termo ao grave
comprometimento da Segurança Pública, possibilitando o aumento da percepção de
tranquilidade pela população fluminense (Ibid.).
Entretanto, as ações da IF não possuíam liberdade de ação devido aos
variados grupos de interesse que possuíam demandas permanentes por
informações durante o ano eleitoral. Neste escopo, o Interventor necessitava
organizar e unir esforços junto aos diversos membros da sociedade brasileira em
torno de um discurso positivo a fim de constituir um legado estratégico para as

198
No dia 31 de Dezembro de 2018 encerrava-se também a Operação Furacão, conforme Decreto
Presidencial de 28 jul. 2017.
118

ações da IF (Ibid.).
Para tanto, as Op Info foram largamente utilizadas no decorrer da Intervenção
Federal, sendo que a CRI Op Psc esteve enquadrada no C Cj desde o início da
Operação Furacão em 2017 e na primeira fase da Intervenção Federal. Em uma
segunda fase (set. 2018), as Op Psc e a Guerra Cibernética estiveram subordinadas
a uma estrutura ad hoc do C Op Esp para a IF denominada CCTI (ROBERT, 2019),
conforme o Organograma 8 abaixo.

ORGANOGRAMA 8 – Comando e Controle e Relações Institucionais na IF


Fonte: Netto (et al, 2018, p. 12)

Desta forma, a dimensão informacional cresceu de importância perante a


dimensão física, seja por ocasião da cobertura da mídia ou da participação mais
intensa da sociedade por meio de fóruns ou de mídias sociais (ALMEIDA, 2019).
Para tal, o planejamento da Intervenção Federal estabeleceu as seguintes Linhas de
Esforço para o estabelecimento do EFD (ver Quadro 17 – Linha de Esforço do
Gabinete da IF no Estado do RJ).
119

Situação Inicial Linha de Esforço Estado Final Desejado


Número de homicídios, furtos e
Grande número de homicídios, Reduzir o número de ilícitos
roubos em níveis normais ou
furtos e roubos. penais por meio da dissuasão.
reduzidos.
População com medo e
Restaurar a sensação de População segura seguindo
assustada com a falta de
segurança no estado. normalmente suas atividades.
segurança no estado.
Convencer a população a lutar População com apoio maciço e
Apoio relativo da população às
contra as ORCRIM juntamente irrestrito às ações das Forças
tropas.
com as tropas. de Segurança.
A narrativa da ineficiência do Construir uma narrativa de Narrativa de sucesso e
emprego das Forças Armadas efetividade da intervenção e Manutenção do Legado
no contexto atual. Manutenção do Legado. construída.
QUADRO 17 – Linha de Esforço do Gabinete da IF no Estado do RJ
Fonte: Robert (2019, p. 31)

Neste escopo, para atingir os objetivos em sinergia com as demais CRI, as


Op Psc planejaram e executaram diferentes campanhas psicológicas com um Dst do
1º B Op Psc. Ademais, na estrutura do C Cj havia um Oficial de Ligação do 1º B Op
Psc que atuava nas atividades de planejamento do emprego do DOP e em sinergia
com as demais células, obtendo a consciência situacional. Assim, as Op Psc
atuaram hora em proveito do nível político-estratégico e, em outros momentos, em
prol do nível tático-operacional, o que acarretou em vultosa carga de trabalho aos
especialistas (ALMEIDA, 2019).
Dentre as atividades realizadas pelo DOP pode-se destacar manobras de
finta mantendo o sigilo do verdadeiro local das operações; divulgação de Ação
Comunitária199 nas comunidades em apoio aos Assuntos Civis e Com Soc;
disseminação aérea de panfletos com números do Disque-Denúncia e Ouvidoria,
gerando comportamentos desejáveis de Públicos-Alvo específicos e publicações
espontâneas nos veículos de comunicação em massa; campanha de
conscientização contra o comércio de cargas roubadas e divulgação do disque
denúncia em locais de grande circulação, aproveitando a parceria desenvolvida pela
Assessoria de Relações Institucionais (CRI: Assuntos Civis) junto às organizações
civis, como a SUPERVIA e METRÔ RIO; e ações contra a desinformação e "fake
news" a fim de fortalecer a motivação, a disciplina e a coesão das tropas
empenhadas200 (ver Figura 18).

199
Ver Glossário, item Ação Comunitária.
200
ALMEIDA, Guilherme Marques. Capacidades Relacionadas à Informação na Intervenção Federal
no Estado do Rio de Janeiro. PADECEME, Rio de Janeiro, v. 14, n. 23, p. 67-85, 2º semestre
2019.
120

FIGURA 18 – Mosaico de produtos da Intervenção Federal


Fonte: Gabinete da IF no Estado do RJ

Além disso, cabe evidenciar que os dados do Instituto de Segurança Pública


(estrutura subordinada à Secretaria de Segurança Pública) ofereciam informações
precisas sobre a criminalidade no Estado do RJ. Contudo, estes resultados
frequentemente contrastavam com os dados não oficiais publicados na imprensa
(ALMEIDA, 2019).
Desta forma, a Com Soc e as Op Psc sinergicamente combateram a
desinformação, disseminando produtos pelas mídias sociais ou por outras
plataformas utilizadas pela Com Soc no intuito de intensificar a legítima narrativa da
IF. O resultado deste esforço foi mensurável nos indicadores de impacto vinculados
à sensação de segurança da população fluminense e pela angulação positiva de
reportagens pela imprensa (Ibid.). Ademais, o emprego das TTP de Op Psc no que
tange ao uso das mídias sociais foi amplamente apoiado pela Guerra Cibernética, o
que possibilitou a maximização exponencial das ações no contexto das Op Info
(ROBERT, 2019).
Assim sendo, o sucesso obtido pelas Op Psc na Operação Furacão e na IF foi
resultado da sinergia com as demais CRI que atuaram no C Cj e no CCTI, seja na
divulgação de resultados das operações em parceria com a Com Soc, nos produtos
do ciclo da Inteligência Militar que possibilitaram a obtenção da consciência
situacional, nas atividades relacionadas a Assuntos Civis que possibilitaram as
populações dominadas pelo tráfico uma abertura para as ações do Estado ou pela
Guerra Cibernética, que possibilitou o emprego das TTP de Op Psc nas mídias
121

sociais.
Contudo, evidencia-se que, à exceção da G Ciber, as demais CRI possuem
estruturas orgânicas no CML, sendo capazes de realizar suas tarefas
continuamente. Outrossim, a Com Soc e a Inteligência são escalonadas do nível C
Mil A até o nível unidade em dissonância com a dosagem atribuída a um único DOP
que dividia seu esforço no nível político-estratégico e operacional-tático.
Por fim, cabe evidenciar que na Operação Furacão e na IF havia o emprego
de um Oficial de Ligação do 1º B Op Psc para o planejamento das atividades a
serem realizadas pelo DOP. Contudo, a referida tarefa será um encargo da Seção
de Op Psc do CML (em implantação) que deverá possuir, no mínimo, um oficial
possuidor do CAOP. Esta inferência é decorrente do perfil profissiográfico do
referido curso, que tem por finalidade:

habilitar militares a ocupar cargos e desempenhar funções específicas


relacionadas a planejamento e análise de Operações Psicológicas, nos
níveis estratégico, operacional e tático, nas organizações militares do
Exército (BRASIL, 2018f, p. 28).

Portanto, a Seção de Operações Psicológicas do CML (em implantação) não


visa atender à demanda tática de Op Psc, mas sim realizar um assessoramento
adequado da atividade ao Comandante Militar de Área. Desta forma, o C Mil A
aplicará a FTOP de maneira eficiente (dentre outras atribuições), assim como ocorre
o emprego da 2ª Companhia de Inteligência do CML pela 2ª Seção do CML.

2.4.7 Considerações acerca da demanda da FTOP no CML

Em que pese no período compreendido entre 25 de setembro de 2016 a 28


de Julho de 2017 não haver ocorrido OCCA no Estado do RJ, torna-se importante
salientar que ocorreram outros empregos das Op Psc de nível tático na área de
responsabilidade do CML. Neste sentido, a Operação Felino ocorrida entre 18 e 29
de setembro de 2017 no município de Resende-RJ contou com especialistas do 1º B
Op Psc. Coordenado pelo EMCFA e sob supervisão da ONU, este exercício
possibilitou o treinamento das Forças Armadas de nove países de Língua
Portuguesa em missões de paz e de assistência humanitária (GOMES JUNIOR,
2018).
122

Outrossim, a Manobra Escolar do DECEx ocorrida no município de Resende-


RJ entre 06 e 17 de novembro de 2017 simulando situações de conflito
internacional201 e a GLO na Operação Capixaba decorrente da greve da Polícia
Militar do Estado do Espírito Santo202 no período de 06 de fevereiro a 08 de março
de 2017 contaram com uma FTOP. Entretanto, no escopo da presente pesquisa
estas operações deixam de ser analisadas no intuito de delimitar o objeto do estudo.
Para isto, foi estabelecida a seguinte relação acerca da demanda de Op Psc nas
OCCA ocorridas no Estado do RJ entre 2014 e 2018 (ver Figura 19).

201
Disponível em: <https://www.eb.mil.br/web/imprensa/aviso-de-pauta/-/asset_publisher/0004ie79M
BVM/content/departamento-de-educacao-e-cultura-do-exercito-promove-a-manobra-escolar-
2017>. Acesso em: 01 mar. 2020.
202
MARQUES JÚNIOR, Ely de Souza. A utilização das Operações de Informação no combate
moderno. Revista Silva - Humanidades em Ciências Militares, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 34-
41, julho - dezembro 2018.
123

FIGURA 19 – Demanda das Op Psc nas OCCA no RJ entre 2014 a 2018


Fonte: O autor

Portanto, o emprego de especialistas em Op Psc nas OCCA ocorridas no


Estado do RJ aconteceu em 82,4% dos dias entre 05 de Abril de 2014 a 31 de
dezembro de 2018. Além disso, o emprego desta CRI ocorreu em paralelo a outras
OCCA que estavam ocorrendo nesta UF em 29,6% dos dias, evidenciando a
124

sobrecarga de trabalho do Dst do 1º B Op Psc.


Em que pese a falta de atuação em 17,6% dos dias, ressalta-se que as
atividades da dimensão informacional devem ocorrer antes, durante e após as
operações militares, conforme trecho do manual de Op Info:

Para atingir as perspectivas [...] da dimensão informacional, tão distintas


entre si e, ao mesmo tempo, extremamente interdependentes, é necessária
permanência no tempo, uma vez que nos momentos que antecedem ou
sucedem uma crise ou conflito ocorrem intensas disputas pela conquista da
opinião pública e pela legitimidade da causa (BRASIL, 2014a, p. 6-2).

Desta maneira, o problema de pesquisa baseado na revisão de literatura


torna-se pertinente, sendo, portanto, passível de pesquisa de campo no intuito de
averiguar o objetivo geral da pesquisa. Ademais, na busca do estado da arte
identificou-se que uma estrutura tática orgânica ao CML pode possuir três
subordinações: Organização Militar Diretamente Subordinada (OMDS) ao Comando
Militar do Leste; OMDS à 1ª Divisão de Exército (DE); ou Organização Militar da
Brigada de Infantaria Paraquedista (ver Organograma 9).

ORGANOGRAMA 9 – Organograma do CML


Fonte: CML203

Neste sentido, o SOPEx regula que ao C Mil A compete "Planejar, preparar,


executar e avaliar continuamente as OAI na área sob a sua jurisdição, em
conformidade com as orientações estabelecidas pelo COTER" (BRASIL, 2014b, p.
41). Portanto, uma estrutura diretamente subordinada a mais alta autoridade em
uma área de responsabilidade é factível e alinhada com a diretriz do sistema.

203
Disponível em: <http://www.cml.eb.mil.br/organograma>. Acesso em: 01 mar 2020.
125

Por outro lado, a 1ª DE é uma estrutura concebida para o planejamento e


condução das operações terrestres. Logo, este Grande Comando Operativo do CML
planeja e coordena o emprego das capacidades operativas que o integram,
podendo ser elencadas as Op Psc que são um elemento de apoio ao combate
(BRASIL, 2014c).
Finalmente, a Brigada de Infantaria Paraquedista é uma força que possui
elevada mobilidade estratégica, sendo capaz de realizar operações militares básicas
e complementares no amplo espectro dos conflitos (BRASIL, 2014c). Assim, as
operações aeroterrestres, nas quais estão inseridos as forças de combate e seus
respectivos apoios, ocorrem por meio de aterragem ou lançamento em uma
determinada área objetivando a execução de uma missão tática ou estratégica
(BRASIL, 2015c). Deste modo, algumas TTP da FTOP (como a disseminação aérea)
são consideradas atividades aeroterrestres e podem estar diretamente vinculadas ao
emprego desta Grande Unidade de emprego estratégico do EB, assim como o
emprego do 1º B Op Psc está enquadrado no C Op Esp.
126

3 METODOLOGIA

Esta seção tem por finalidade apresentar o caminho percorrido para


solucionar o problema desta pesquisa, apresentando os métodos e os
procedimentos utilizados para a obtenção dos dados de interesse e suas
apreciações. Dessarte, esta seção foi dividida nos seguintes itens: Objeto Formal de
Estudo (ver item 3.1), Amostra (ver item 3.2) e Delineamento de Pesquisa (ver item
3.3).

3.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO

A utilização da metodologia científica no estudo da FTOP no Estado do RJ


permite uma correta investigação dos fatos e possibilita uma solução assertiva para
o problema. Para tal, a pesquisa destinou-se a realizar uma revisão bibliográfica
acerca das Op Info e das Op Psc; apresentar a estrutura tática das Op Psc na
Colômbia, Portugal, EUA e na MINUSTAH pelo Contingente Brasileiro; estudar a
demanda por Op Psc nas OCCA ocorridas no Estado do RJ entre os anos de 2014 e
2018; avaliar a existência de uma demanda permanente nesta UF que justifique a
criação de uma FTOP orgânica ao CML.
Isto posto, salienta-se que as atividades de Op Psc desenvolvidas fora do
Estado do RJ não foram contidas como objeto principal deste estudo. Tampouco
discutiu-se as necessidades de adestramento, material, educação, pessoal e
infraestrutura. Esta delimitação foi indispensável não pela falta de vulto dos aspectos
citados, mas pela necessidade de concentrar esforços de pesquisa na demanda
pela FTOP no Estado do RJ entre os anos de 2014 a 2018 e, se for o caso, avaliar
as suas consequências para a doutrina e organização desta Capacidade.
Assim, este estudo define a estrutura adequada para o emprego da FTOP em
OCCA no âmbito do CML como variável independente, e a demanda por Op Psc de
nível tático no Estado do Rio de Janeiro como variável dependente.
No que tange a coleta e a análise das informações quantitativas, considera-se
os questionários realizados com os operadores táticos de operações psicológicas
(oficiais, subtenentes e sargentos do 1º B Op Psc) que atuaram em OCCA no
Estado do Rio de Janeiro no período de 2014 a 2018, denominado Grupo I. Em
127

relação às informações qualitativas, o estudo reúne entrevistas semi-estruturadas


com oficiais superiores possuidores do CAOP que estavam em situação de decisão
no emprego das Op Psc de nível tático no ano de 2019, este denominado Grupo II.

3.1.1 Definição conceitual das variáveis

Variável I: "a estrutura adequada para o emprego da FTOP em OCCA no


âmbito do CML".
No presente estudo, a variável I (variável independente) é aquela cuja
manipulação causa efeitos na variável dependente. Deste modo, esta variante pode
ser interpretada como a estrutura necessária para o emprego de uma FTOP (no
âmbito do CML) nas OCCA ocorridas no Estado do Rio de Janeiro entre os anos de
2014 e 2018, sendo elas SF, CM2014, JOP2016, Furacão e IF.
Variável II: "a demanda por Op Psc de nível tático no Estado do Rio de
Janeiro".
Outrossim, a variável dependente (variável II) pode ser modificada em função
da variável independente. Desta forma, esta variante pode ser entendida como a
demanda pela Fração Tática inteiramente capacitada a atuar com Op Psc no
Ambiente Operacional do Estado do Rio de Janeiro.

3.1.2 Definição operacional das variáveis

Variável Formas de
Dimensão Indicador
independente Medição
Efetividade baseada na continuidade dos
trabalhos da FTOP.
Há disponibilidade de efetivo no 1º B Op Psc
A estrutura
Emprego para apoiar o CML.
adequada - Pesquisa
para o da FTOP A FTOP orgânica ao CML facilitaria a bibliográfica
emprego da sincronização e integração com as demais CRI - Questionário
FTOP em deste C Mil A. com o Grupo I
OCCA no O emprego episódico do Dst do 1º B Op Psc no - Entrevista com o
âmbito do CML está adequado com sua doutrina. Grupo II
CML A estrutura atual está adequada para suprir as
necessidades do CML.
Estrutura
A subordinação atual está adequada para a
estrutura que atende a demanda do CML.
QUADRO 18 – Definição operacional da variável independente
Fonte: O autor
128

Variável Formas de
Dimensão Indicador
dependente Medição

- Pesquisa
Necessidade de uma FTOP em apoio a linha de bibliográfica
esforço do CML nas OCCA. - Entrevista com o
Demanda Grupo II
A demanda no CML
por Op Psc - Questionário
Probabilidade de emprego da FTOP devido a
de nível com o Grupo I
violência urbana e grandes eventos no Estado
tático no - Entrevista com o
do RJ.
Estado do Grupo II
Rio de O ambiente das operações, cada vez mais
Janeiro complexo e difuso irá resultar no aumento da
demanda por Op Psc no Estado do RJ.
Demanda - Questionário
latente O contato dos discentes do Curso de Comando com o Grupo I
e Estado Maior das Forças Singulares com as
Op Psc irá resultar no aumento da demanda do
1º B Op Psc no Estado do RJ.
QUADRO 19 – Definição operacional da variável dependente
Fonte: O autor

3.2 AMOSTRA

A amostra é uma "parcela significativa do universo pesquisado, ou de uma


coleta de dados que permite ao pesquisador tirar conclusões sobre dados que
reflitam o conjunto nas suas múltiplas dimensões" (CEP; EsAO, 2007, p. 164).
Diante do exposto, na pesquisa quantitativa foram selecionados para o questionário
a população composta por oficiais, subtenentes e sargentos do 1º B Op Psc os
quais, como especialistas em Op Psc, participaram de pelo menos uma FTOP no
Estado do Rio de Janeiro entre 2014 e 2018, este denomina-se grupo I.
Para a realização do cálculo amostral deste grupo de 69 militares foi utilizada
a ferramenta digital "Comentto", disponível no sítio eletrônico https://comentto.com/
calculadora-amostral/, cujo acesso ocorreu no dia 24 de outubro de 2019. Por meio
deste instrumento apurou-se que, considerando a pequena variabilidade da
população (muito homogênea), para que fosse obtido um nível de confiança de 95%,
a amostra (n) deveria ser composta por toda a população (N), ou seja, 69
especialistas. Assim sendo, a pesquisa de campo utilizou-se da amostragem não
aleatória voluntária, haja vista que o pesquisador não dispunha de fácil acesso a
todos os elementos da população.
Para isto, foram enviados questionários para todos os militares especialistas
que participaram de uma FTOP nas seguintes OCCA: SF, CM2014, JOP2016,
129

Furacão e IF. Isto a fim de possibilitar a avaliação da demanda existente no Estado


do Rio de Janeiro por uma FTOP, assim como sua probabilidade de emprego e
melhor organização para atender esta possível necessidade.
Por outro lado, a pesquisa qualitativa selecionou os oficiais superiores com
conhecimento reconhecido sobre a atividade e que possuem o CAOP, este
denomina-se grupo II. Desta população, as visões dos Chefes da Célula de Op
Info/CML; da Divisão de Op Info e da Seção de Op Psc do COTER; e do
Comandante do 1º B Op Psc que ocuparam os referidos cargos no ano de 2019
contribuem para a percepção do emprego da doutrina e da demanda pela FTOP no
Estado do RJ, assim como a melhor organização para atender esta necessidade.
Para esse fim foram conduzidas entrevistas semi-estruturadas com estas
autoridades, consideradas aqui especialistas no assunto.
Deste modo, acredita-se que os resultados expressam dados representativos
acerca do universo estudado. Além dos pré-requisitos acima citados, para ambos os
grupos foram considerados os seguintes critérios de inclusão:
- Ser voluntário para participar da pesquisa;
- Possuir cadastro de e-mail no SOPEx;
- Possuir experiência em pelo menos uma das CRI de Op Info.

3.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Denominou-se a natureza da pesquisa como aplicada, pois "objetiva a


produção de conhecimentos que tenham aplicação prática e dirigidos à solução de
problemas reais e específicos" (RODRIGUES, 2006, p. 36). Desta forma, a presente
pesquisa visou avaliar se uma Fração Tática inteiramente capacitada a atuar com
Op Psc possui demanda permanente no CML.
Quanto aos objetivos gerais, a pesquisa apresentou-se como descritiva, uma
vez que buscou avaliar a demanda de nível tático das Op Psc no Estado do RJ entre
os anos de 2014 a 2018. Ademais, o método de abordagem indutivo foi utilizado
para alcançar conclusões mais amplas do que as premissas nas quais se basearam.
No que tange à forma de abordagem do problema, apresentou-se como uma
pesquisa qualitativa, visto que avaliar a demanda permanente por uma FTOP possui
um vínculo inseparável entre a objetividade e a subjetividade. Ademais, no decorrer
130

da pesquisa foi utilizado o método de procedimento comparativo para identificar as


diferenças e semelhanças entre as opiniões acerca do tema. Para tanto, o estudo
estabeleceu uma correlação entre o emprego de Op Psc no Estado do RJ em uma
FTOP orgânica ao CML e o DOP ad hoc a este C Mil A.
Quanto aos procedimentos técnicos, o estudo teve um caráter bibliográfico,
documental e de levantamento. Para a pesquisa bibliográfica, que segundo
Rodrigues (2006) é elaborada a partir de material já publicado em livros, artigos ou
disponibilizado na internet, buscou-se as principais publicações acerca do assunto
em análise. Para isso, este tipo de investigação baseou-se em uma revisão da
literatura e em um fichamento das fontes.
Além disso, a coleta documental foi realizada em documentos oficiais do EB
que tratam das Op Info e das Op Psc no contexto das OCCA no Estado do RJ. Por
fim, o estudo levantou dados adicionais por meio da realização de pesquisa de
campo com um grupo significativo de pessoas, de modo que, mediante análise,
fosse possível obter conclusões dos dados coletados.

3.3.1 Procedimentos para a revisão da literatura

A revisão da literatura foi realizada da forma que se apresenta a seguir.

3.3.1.1 Fontes de Busca

Para a redação e a estruturação das pesquisas de campo que viabilizassem a


solução do problema de pesquisa foi realizada uma revisão da literatura acerca das
Op Info e Op Psc no contexto das OCCA no Estado do RJ. Isto ocorreu por meio de
consultas a livros publicados por civis e militares; às principais revistas nacionais e
internacionais de assuntos militares; a manuais do MD, do EB e estrangeiros; às
monografias do Sistema de Monografias e Teses do EB; às bibliotecas do Centro de
Estudos de Pessoal, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola
de Aperfeiçoamento de Oficiais.
131

3.3.1.2 Estratégia de busca para as bases de dados eletrônicas

As fontes de consulta que interessam à pesquisa foram selecionadas e


revisadas para a coleta de dados por meio do site de busca Google Acadêmico.
Para isto, utilizou-se os seguintes descritores que representam a intenção de busca:
"Operações Psicológicas", "Apoio à Informação", "Rio de Janeiro" e "Exército".

3.3.1.3 Critérios de inclusão

- Estudos publicados em português, inglês e espanhol;


- Estudos publicados de 2013 a 2019;
- Estudos quantitativos e qualitativos que abordassem o estudo das Op Info e
das Op Psc no contexto das OCCA no Estado do RJ.

3.3.1.4 Critérios de exclusão

- Publicações anteriores ao ano de 2013;


- Estudos sem relação direta com o tema proposto;
- Estudos com pesquisa pouco definida e sem referências tidas como
confiáveis;
- Documentos com restrição de acesso.

3.3.2 Procedimentos Metodológicos

As ações que antecederam a coleta de dados visaram o levantamento dos


militares especialistas que atuaram no emprego das Op Psc de nível tático,
subdividindo-os em dois grupamentos: no Grupo I, operadores psicológicos que
atuaram diretamente em uma FTOP em pelo menos uma das OCCA ocorridas no
CML: SF, CM2014, JOP2016, Furacão e IF; e no Grupo II, operadores psicológicos
de nível avançado decisores do emprego da FTOP no CML no ano de 2019.
Em seguida, utilizou-se o método indutivo de abordagem, ou seja, se um certo
número de elementos constata algo aquelas percepções particulares conduzem à
132

elaboração de generalizações sobre o que foi objeto da pesquisa (RODRIGUES,


2006). Por fim, mediante a troca de experiências com especialistas de ambos os
níveis, as experiências e informações colhidas na função de adjunto do CAOP no
ano de 2019, bem como a revisão de literatura, foram elaborados os instrumentos da
pesquisa de campo.

3.3.3 Instrumentos

Para tornar factível a mensuração das variáveis I e II, a pesquisa utilizou o


questionário e a entrevista como instrumentos.

3.3.3.1 Questionário

O instrumento escolhido para a coleta de dados do Grupo I foi o questionário.


Esta técnica de investigação inclui um número representativo de questões que,
apresentadas às pessoas, objetivam, dentre outros aspectos, o conhecimento dos
fatos, opiniões, sentimentos, interesses, expectativas e situações vivenciadas
(ELLIOT, 2013). Para a aplicação do questionário foram selecionados oficiais,
subtenentes e sargentos que integraram uma FTOP no Estado do RJ entre 2014 e
2018, uma vez que os respondentes desta população possuem capacidade para
responder as questões que são objetos desta pesquisa. Logo, levantou-se que, dos
militares possuidores do COP (336), apenas 69 possuiam estes pré-requisitos.
Ademais, o corte cronológico para encerramento da aplicação dos questionários foi
estipulado para o mês de maio de 2020.
Como estratégia de coleta, buscou-se enviar o questionário para os 69
militares especialistas em Op Psc que possuíam correio eletrônico cadastrado no 1º
B Op Psc. Deste modo, a pesquisa visou facilitar o voluntariado e dinamizar as
respostas. Ao receber o questionário, os militares foram informados acerca do
anonimato e da não identificação do e-mail de origem. Em seguida, os voluntários
responderam as perguntas apresentadas, contribuindo com a pesquisa sob a ótica
de quem vivenciou a situação no Estado do RJ.
Para participar do questionário, os seguintes quesitos foram considerados
como critério de inclusão: ser voluntário para participar da pesquisa, possuir
133

cadastro de correio eletrônico no SOPEx e ter participado diretamente de pelo


menos uma FTOP nas OCCA ocorridas no Estado do RJ entre 2014 e 2018. Cabe
ressaltar que o participante teve seu questionário validado apenas se todas as
questões obrigatórias foram preenchidas.
Outrossim, as variáveis estudadas foram: a estrutura adequada para o
emprego da FTOP em OCCA no âmbito do CML (variável I) e a demanda por Op
Psc de nível tático no Estado do RJ (variável II). A dimensão e as formas de
medição das variáveis I e II (descritas no item 3.1.2) foram utilizadas para a
elaboração do instrumento de pesquisa, possibilitando a sua mensuração.
Outrossim, buscou-se no questionário o encaminhamento lógico das
perguntas seguindo a técnica do funil: do geral para o particular, assim como do
simples para o complexo. Assim sendo, a estrutura do instrumento possui cinco itens
em que se utilizou a escala, visto que este tipo admite respostas facilmente
parametrizadas em gradações, níveis ou valores; dois itens do tipo lista de
verificação, no qual o respondente depara-se com um conjunto de alternativas para
responder; e oito itens foram perguntas (Ibid.).
Dentre as perguntas realizadas, duas questões foram fechadas dicotômicas
(sim/não); uma outra pergunta do tipo (sim/não) foi mista, pois nela o respondente
pôde apresentar uma opinião contrária ao objetivo da pesquisa, possibilitando o
falseamento das questões de estudo; quatro perguntas fechadas do tipo múltipla
escolha que permitiram um rápido processamento das respostas; e uma pergunta
aberta que permitiu uma análise mais complexa dos dados obtidos (Ibid.).

3.3.3.2 Entrevista

O instrumento escolhido para a coleta de dados do Grupo II foi a entrevista,


pois esta técnica permite ao entrevistador complementar as informações que possui
sobre o tema e ao entrevistado a possibilidade de colaborar ativamente na pesquisa
(Ibid.). Neste sentido, os oficiais superiores possuidores do CAOP que possuem
nível de decisão no emprego das Op Psc de nível tático no CML no ano de 2019
foram selecionados, são eles: o Chefe da Célula de Op Info/CML, da Divisão de Op
Info e da Seção de Op Psc do COTER e o Comandante do 1º B Op Psc. Ademais, o
corte cronológico para o encerramento da aplicação da entrevista foi o mês de
134

dezembro de 2019.
Na fase de preparação da entrevista foi realizado um agendamento presencial
com as autoridades do Grupo II. Em seguida, definiu-se que a entrevista seria do
tipo semi-estruturada, sendo posteriormente realizada a montagem do rol de
perguntas com linguagem clara e formal, dando preferência às perguntas que
pressupunham respostas completas e adequadas ao entendimento do entrevistado
(Ibid.).
As variáveis estudadas neste instrumento foram: a estrutura adequada para o
emprego da FTOP em OCCA no âmbito do CML (variável I) e a demanda por Op
Psc de nível tático no Estado do RJ (variável II). A dimensão e as formas de
medição das variáveis I e II (descritas no item 3.1.2) foram utilizadas para a
elaboração do instrumento, permitindo a sua mensuração.
Ao longo dos depoimentos buscou-se "o estabelecimento de um ambiente de
naturalidade, confiança mútua e interesse, o chamado rapport" (Ibid., p. 166).
Inicialmente, os entrevistados foram informados que a pesquisa de campo iria
transcorrer em torno de quinze minutos e na sequência foi solicitada a possibilidade
de gravação do instrumento, visto que este recurso tecnológico permitiria evitar
perdas de informações, minimizar distorções e ser o mais fidedigno possível na
transcrição dos dados.
Na entrevista buscou-se de maneira paciente e flexível personalizar as
questões aos depoentes. Da mesma maneira, ao longo das respostas o
entrevistador buscou realizar anotações sucintas e interromper o mínimo possível a
fim de estabelecer o papel de ouvinte curioso e estimular a alocução do
entrevistado. Conforme encaminhava-se para o encerramento do instrumento,
buscava-se indicações da finalização da atividade e após a realização da entrevista
abriu-se a possibilidade do entrevistado complementar com alguma questão ou
acrescentar algo novo à pesquisa (Ibid.).
Assim, ainda que a técnica da entrevista trate-se de uma discussão subjetiva
para a análise dos dados, atentou-se para o objetivo geral e específicos do trabalho.
Desta forma, classificou-se os dados obtidos por categorias e em cada um destes
avaliou-se um determinado conjunto de respostas dos entrevistados na busca por
homogeneidade interna e coerência. Deste modo, nenhum elemento pode ser
classificado em mais de uma categoria.
135

3.3.3.3 Pré-Teste

Foi realizado um pré-teste do questionário e da entrevista para dirimir falhas


de elaboração ou dúvidas durante a coleta dos dados. O pré-teste foi realizado no
Grupo I com dez especialistas em Op Psc que atendiam aos pré-requisitos da
amostra e no Grupo II foi realizado o pré-teste com um Operador Psicológico de
nível Avançado que exerce a função coordenador do CAOP no CEP/FDC.
Na análise dos dados obtidos foi possível verificar se as perguntas foram
respondidas apropriadamente, se o tempo destinado à resposta de cada pesquisa
de campo foi adequado e se as perguntas eram de fácil entendimento para a
amostra. Por fim, as melhorias necessárias foram aplicadas, tornando possível a
coleta de dados.

3.3.4 Análise dos Dados

Para atingir o objetivo definido no trabalho, os indivíduos da pesquisa foram


demasiadamente estudados, sendo que suas percepções puderam ser averiguadas
pelo pesquisador e descritas no estudo, tornando factível a solução do problema
proposto.
Além disso, os dados obtidos após a conclusão dos questionários e das
entrevistas foram organizados para que fossem adequadamente analisados. Deste
modo, as respostas foram exaustivamente categorizadas a fim de que pudessem ser
classificadas com uma pontuação única e exclusiva (RODRIGUES, 2006).
Nesta direção, para facilitar a tabulação dos dados brutos foi realizada uma
pós-codificação dos mesmos. Na sequência, a informação originada foi submetida à
estatística descritiva para caracterizar o que foi típico na amostra. Neste ponto da
pesquisa cabe ressaltar que os índices originados dos instrumentos de pesquisa
tiveram seus dados agrupados e tabulados no programa Excel.
Outrossim, os dados para a apresentação dos resultados relacionados com o
objetivo geral da pesquisa foram convertidos em tabelas de frequência, quadros e
gráficos. Por fim, a análise dos resultados permitiu a elaboração de recomendações
e conclusões a fim de confirmar ou rejeitar o problema que originou a presente
pesquisa.
136

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a aplicação da metodologia foi possível definir as variáveis operacionais


da pesquisa (independente e dependente) e definir os procedimentos técnicos que
resultaram na coleta de dados. Dessarte, a presente seção visa apresentar e discutir
os resultados obtidos na revisão de literatura e nos instrumentos de pesquisa
(entrevistas e questionários) para que assim seja possível avaliar se uma Fração
Tática inteiramente capacitada a atuar com Op Psc possui uma demanda
permanente no CML.
Para tanto, a pesquisa realizou uma entrevista com o Chefe da Célula de Op
Info/CML, da Divisão de Op Info e da Seção de Op Psc do COTER e com o
Comandante do 1º B Op Psc (subseção 4.1.5). A análise destes dados possibilitou a
compreensão do ponto de vista dos escalões que possuem nível de decisão no
emprego da FTOP no Estado do RJ.
Em seguida, foram coletadas as percepções dos especialistas em Op Psc de
nível tático. O instrumento de pesquisa utilizado foi o questionário distribuído aos
oficiais e sargentos que possuem o COP e que participaram de um Dst do 1º B Op
Psc nas OCCA ocorridas no Estado do RJ entre 2014 a 2018. Os resultados do
questionário estão tabulados e descritos na subseção 4.1.6.
Após reunir e apresentar os dados foi viável interpretá-los e analisá-los.
Assim, os resultados colhidos passaram por processos de comparação e de
discussão, conforme apresentado na seção 4.2, para que assim surgissem
conclusões coerentes.
Todo o conhecimento advindo da pesquisa foi consolidado em uma proposta
de quadro de organização experimental para uma FTOP (ver Apêndice D) que
propõe a Base Doutrinária e a estrutura organizacional necessária para apoiar o C
Mil A que possua uma demanda permanente.

4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Nesta subseção apresenta-se e analisa-se os dados coletados nos


documentos estudados, nas entrevistas com especialistas do Grupo II (ver Apêndice
A) e nos questionários aplicados aos 43 militares especialistas do Grupo I (ver
137

Apêndice B).
As seguintes questões de estudo direcionaram a construção do conhecimento
nesta etapa da pesquisa:
a) quais são as características das Op Info e qual vínculo as Op Psc possuem
com as demais CRI?
b) as bases doutrinárias e de emprego das Op Psc no Brasil são válidas
quando comparadas com outros países, como Colômbia, Portugal e EUA?
c) de que maneira as estruturas táticas das Op Psc na Colômbia, Portugal,
EUA e na MINUSTAH (empregadas pelo Contingente Brasileiro) podem contribuir
com a demanda de Op Psc no CML?
d) como se deu o emprego das Op Psc nas OCCA ocorridas no Estado do RJ
entre os anos de 2014 a 2018?
e) na percepção dos especialistas em Op Psc, existe demanda no Estado do
RJ que justifique uma FTOP diretamente subordinada ao CML?

4.1.1 Quais são as características das Op Info e qual vínculo as Op Psc


possuem com as demais CRI?

A expressão científico-tecnológica do Poder Nacional possui como um de


seus aspectos que auxilia na produção de uma solução a comunicação. Logo, um
sistema integrado e estruturado de comunicação e informação que viabilize o seu
uso estratégico é vital para divulgar os objetivos da nação e proporcionar uma
desejável liberdade de ação para a progressão das estratégias nacionais204.
No contexto internacional, países e alianças políticas e militares tratam a
Comunicação Estratégica de variadas formas, como a OTAN, que divide a temática
em cinco vertentes (Diplomacia Pública, Assuntos Públicos, Assuntos Públicos
Militares, Operações de Informação e Operações Psicológicas) que possuem a
mesma relevância205. Sob outra perspectiva, as atividades de Comunicação
Estratégica e Op Info (PSYOP como uma de suas CRI) nos EUA se sobrepõem,
sendo empregadas em todos os níveis (do político ao tático) nas vertentes informar
e influenciar (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2011).

204
Disponível em: <http://www.eceme.eb.mil.br/images/cpeceme/publicacoes/Expres_Poder_Na
cional_13.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2020.
205
Disponível em: <https://www.stratcomcoe.org/about-strategic-communications>. Acesso em: 23
mar. 2020.
138

No contexto brasileiro, o Estado projeta um controle da narrativa, cabendo ao


Poder Militar, em sincronia com os demais elementos do Poder Nacional, contribuir
com as estratégias nacionais. Assim, no âmbito do Ministério da Defesa existe a
Comunicação Estratégica Militar que possui como escopo as operações e as
atividades militares no contexto informacional (BRASIL, 2019b). Para isto, o SISMC²
estabelece políticas e diretrizes gerais que devem ser respeitadas por cada
instituição (Marinha, Exército e Aeronáutica) de acordo com seus interesses
(BRASIL, 2011).
Nesta direção, o EB estabeleceu a sua política de informação por intermédio
do SINFOEx, que processa, salvaguarda, gerencia e disponibiliza a informação, e do
SC²Ex, que fornece o suporte necessário para o aprimoramento da consciência
situacional (BRASIL, 2019c). Dada a dinâmica do EB, o SINFOEx subdivide-se na
condução das atividades administrativas (Sistema de Informações Organizacionais
do Exército) e nas informações necessárias ao preparo e ao emprego da Força
Terrestre (Sistema de Informações Operacionais Terrestre) (BRASIL, 2010).
Assim sendo, coube ao COTER a função de órgão central do SINFOTER,
sendo responsável pela coordenação, controle, normatização e avaliação do seu
funcionamento. Ademais, as Op Info e Op Psc (orientadas por processos
alimentados pelo SINFOTER e conduzidas pelo SISEMP) possuem como órgão
central este mesmo Órgão de Direção Operacional (BRASIL, 2015b).
Diante disso, o COTER definiu as Op Info como o emprego integrado das
CRRI no âmbito da dimensão informacional a fim de influenciar, interromper,
corromper ou usurpar o processo de tomada de decisão do adversário enquanto
protege as informações da F Ter (BRASIL, 2019b). Logo, as Op Info são vitais para
o sucesso das operações militares, tendo seus meios adjudicados aos C Mil A206 por
intermédio do COTER conforme a demanda existente (BRASIL, 2018b).
Assim, o emprego das diversas CRRI em um Amb Op resulta em uma maior
efetividade nas operações e evita o fratricídio informacional (BRASIL 2019b).
Destarte, no subitem 2.1.4 torna-se notório que as Op Psc se beneficiam deste
vínculo com as demais CRRI, visto que as ações na dimensão informacional
contribuem com a narrativa, com a influenciação da percepção e com o
comportamento dos diversos Públicos-Alvo (BRASIL, 2014a).

206
Particularmente, o CML conta com uma Seção de Op info, uma Assessoria de Relações
Institucionais e estruturas escalonadas no que tange à Com Soc e à Inteligência.
139

4.1.2 As bases doutrinárias e de emprego das Op Psc no Brasil são válidas


quando comparadas com outros países, como Colômbia, Portugal e
EUA?

As Op Psc possuem uma extensa área de atuação que se encontra


consolidada no âmbito internacional. Desta forma, na seção 2.2 buscou-se o estado
da arte na identificação das características desta atividade, seja no âmbito das
Forças Armadas do Brasil ou em países que são objeto de comparação neste
estudo (Colômbia, EUA e Portugal).
Inicialmente, a pesquisa abordou as definições das Op Psc no intuito de
comparar e validar a definição do EB nos âmbitos nacional e internacional (ver
Quadro 3). Deste modo, verificou-se que a terminologia adotada no EB possibilita
um detalhamento adequado da atividade, coerente com sua evolução doutrinária e
com o caráter permanente da definição do MD. Ainda, verificou-se que o glossário
apresentado possui convergência e validade com as definições da Colômbia, dos
EUA e de Portugal.
Em seguida, o trabalho buscou evidenciar o conhecimento adquirido por
intermédio do estudo nas áreas da psicologia, da teoria da comunicação, da filosofia
e da sociologia para fundamentar cientificamente a atividade. Deste modo, na
psicologia visualizou-se na dissonância cognitiva de Festinger (1975) as formas de
neutralizar um ruído na mensagem; na Estratificação da Cultura de Schein (1991) os
níveis de profundidade nos hábitos (e costumes) adquiridos por um determinado
grupo social e em French e Raven (1959) as bases de poder e influência de um
indivíduo sobre outros (poder da coerção, recompensa, legítimo, referência,
especialista e informação).
Na sequência, abordou-se Lasswell (1948) com o modelo de comunicação
que ainda hoje é utilizado na mensagem persuasiva e na análise da informação
adversa pelos acrônimos: OCAVE (BRASIL), FUCAME (Colômbia) e SCAME (EUA e
Portugal). Desta forma, o modelo Lasswelliano, focado na análise dos conteúdos e
em seus efeitos, deu origem à teoria da comunicação e esta, por sua vez, resultou
em modelos atuais, como agenda setting, gatekeeping e newsmaking.
Da perspectiva da filosofia realçou-se a importância da análise da informação
sob uma perspectiva argumentativa imparcial e objetiva realizada por meio do
pensamento crítico. Para tanto, a argumentação e as falácias conduziram o
140

aprofundamento deste conceito até se atingir o fenômeno sociológico da pós-


verdade.
De posse dos conhecimentos científicos, o trabalho visou identificar os
instrumentos utilizados na doutrina de Op Psc do EB comparando-a com os
instrumentos da Colômbia, Portugal e EUA. Assim, observou-se que os demais
países utilizam mensagens brancas, cinzas e negras em seus produtos e ações.
Verificou-se ainda que a propaganda e a contra-propaganda são instrumentos
utilizados no Brasil e na Colômbia, sendo que em Portugal são utilizados os
conceitos de PSYOPS e CONTRAPSYOPS. Por sua vez, nos EUA são utilizados os
instrumentos programa PSYOP e a análise da informação adversa e contramedidas.
Cabe ressaltar que para os EUA o termo propaganda tornou-se insuficiente para
abordar as mensagens adversas no atual contexto informacional, assim, foram
inclusos no escopo do trabalho os conceitos de misinformation, disinformation e
informação para efeitos.
Independentemente da doutrina, verificou-se que os produtos e as ações são
difundidos por meio de veículos áudio, visual ou audiovisual. Todavia, destaca-se a
importância do meio material (ou presente) para disseminar produtos e avaliar os
efeitos de uma Cmp Op Psc.
Por fim, buscou-se caracterizar as Op Psc no âmbito nacional apesar das
inúmeras restrições de acesso vinculadas à atividade. Assim, verificou-se que no
âmbito do MD e das suas instituições, cada vez mais a tarefa vem ganhando
espaço, o que poderá resultar no aumento da demanda tática no âmbito nacional.
Ademais, identificou-se que a atual estrutura do 1º B Op Psc (ver Figura 20)
impossibilita o caráter permanente em um determinado ambiente operacional, indo
de encontro à doutrina das Op Psc.

FIGURA 20 – Estrutura Organizacional do 1º B Op Psc


Fonte: (BRASIL, 2019f, p. 4-4)
141

4.1.3 De que maneira as estruturas táticas das Op Psc na Colômbia, Portugal,


EUA e na MINUSTAH (empregadas pelo Contingente Brasileiro) podem
contribuir com a demanda de Op Psc no CML?

Isto posto, buscou-se na literatura internacional e nacional formas de emprego


da FTOP em que a condução desta tarefa ocorresse de maneira contínua e alinhada
com a doutrina de cada país. Deste modo, neste subitem apresenta-se os resultados
da revisão de literatura acerca das estruturas táticas de Op Psc na Colômbia,
Portugal, EUA e na MINUSTAH pelo Contingente Brasileiro.

4.1.3.1 A estrutura das Op Psc na Colômbia

Na Colômbia, a estrutura tática de Op Psc possui grande capilaridade visto


que o escalão Divisão de Exército contempla permanentemente em sua composição
de meios um Batalhão de Ação Integral e Apoio ao Desenvolvimento, que é uma OM
abrangida pelas seguintes capacidades: Assuntos Civis, Cooperação Civil Militar e
Op Psc. Estas unidades constituíram-se como importantes ferramentas de
manutenção e de consolidação da paz decorrente do conflito armado de baixa
intensidade ocorrido entre 1966 a 2016 (NEIZA, 2017).
Além disso, o Departamento de Ação e Desenvolvimento Integral e a Escola
de Relações Civis e Militares (com o apoio da Missão Militar dos EUA) capacitaram
um grupo de Op Psc por Brigada a fim de aumentar a ação integral no nível
estratégico e tático, mantendo o controle e a presença do Estado por um longo
tempo nas regiões recuperadas do pós-conflito207. Portanto, o modelo colombiano
possui uma estrutura escalonada, com início no nível político, facilitando a execução
permanente em um determinado ambiente operacional no nível tático.

4.1.3.2 A estrutura das Op Psc em Portugal

A estrutura das PSYOPS no nível C Cj, ou Força Tarefa, deve possuir


Elementos de Apoio, um Centro de Desenvolvimento de Produtos e uma ligação
com o Centro de Operações. Além disso, as seções do Estado-Maior devem possuir

207
Disponível em: <https://www.ejercito.mil.co/?idcategoria=87057>. Acesso em: 10 jan. 2020.
142

a capacidade de analisar a audiência-alvo e realizar o teste e avaliação da Cmp Op


Psc (J2), disseminar produtos (J3), contratar recursos locais (J4) e se ligar com ONG
e outras organizações internacionais (J5) (PORTUGAL, 2009).
Dessa maneira, o CJPOCC (ou CJPOTF) controla os elementos táticos de
PSYOPS (denominados PSE) que iniciam no nível Corpo de Exército, variando de
composição conforme o escalão apoiado até o nível Brigada (Ibid.). Ressalta-se que
o apoio PSYOPS possui maior disponibilidade de pessoal e de meios quanto mais
elevado for o comando apoiado. Desta forma, a disposição escalonada possibilita a
ininterrupção das PSYOPS na ativação de um Teatro de Operações e um apoio
mútuo entre os níveis no decorrer das operações, evitando a sobrecarga de trabalho
das equipes táticas desde a fase inicial das operações militares.

4.1.3.3 A estrutura das Op Psc nos EUA

Os EUA possui uma estrutura PSYOP com pontos similares a da organização


portuguesa. Contudo, o alcance das ações PSYOP são globais e, para tanto, a
estrutura estratégica/operacional é dividida em duas grandes vertentes.
Na primeira, o Grupo de PSYOP do componente reserva subdivide-se nas
seguintes estruturas táticas: Batalhão Tático do PSYOP e Companhia Estratégica de
Disseminação. Estas entidades devem estar organizadas, treinadas e equipadas
para informar a população em casos de desastre natural ou ajuda humanitária no
âmbito interno dos EUA. Do mesmo modo, esta vertente fornece apoio quando
ocorrem operações externas de maior vulto nos Comandos Combatentes
Geográficos (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2010).
Na segunda, o Grupo de PSYOP do Componente Ativo do Exército subdivide-
se nas seguintes estruturas táticas: Destacamento de Estudos Estratégicos,
Batalhões PSYOP (variável) e PSYOP Batalhão de Disseminação. Ressalta-se que
o Batalhão PSYOP pode planejar e conduzir atividades desde o nível operacional
até o tático. Para tal, esta organização possui duas companhias de suporte regional,
sendo cada uma composta por estruturas multitarefas (ver Organograma 6) e
dedicadas ao apoio das operações militares (Ibid.).
Logo, nota-se que o modelo americano possui uma estrutura permanente e
escalonada para cada Comando Combatente Geográfico representada pelo
143

Batalhão PSYOP. Ademais, a dosagem do apoio de PSYOP podem ser acrescidas


na ocorrência de operações externas pelos Batalhões Táticos.

4.1.3.4 A estrutura das Op Psc na MINUSTAH

A estrutura tática das Op Psc em apoio ao BRABAT foi um DOP. Conforme


Lima (2017 apud Nota de Coordenação Doutrinária do COP), esta FTOP deveria
possuir 17 militares para apoiar uma Brigada e, segundo Reckziegel (2016), no caso
da MINUSTAH, deveria possuir no mínimo 21 militares.
Contudo, o DOP constantemente contava com um efetivo variável e reduzido,
sendo que no 10º Contingente Brasileiro contou com cinco militares (PRIETO et al,
2009) e no 24º Contingente contou com 10 militares (MARTORELLI, informação
verbal). Em que pese a continuidade do apoio, este fato resultou no acúmulo de
funções e ocasionou, em algumas ocasiões, um apoio limitado de Op Psc de acordo
com as TTP da atividade.
Ademais, ressalta-se que após a passagem do furacão Matthew, o DOP Haiti
dividiu sua estrutura em duas Turmas Táticas, sendo que a primeira reforçou o
Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais e a segunda uma Força Tarefa
Esquadrão (Ibid.). Deste fato, infere-se que cada Turma Tática pode atuar com certa
autonomia em diferentes setores de um determinado Ambiente Operacional.

4.1.4 Como se deu o emprego das Op Psc nas OCCA ocorridas no Estado do
RJ entre os anos de 2014 a 2018?

Diante do exposto, observa-se que os modelos de FTOP utilizados na


Colômbia, em Portugal, nos EUA e pelo Contingente Brasileiro na MINUSTAH
ocorrem de maneira permanente e alinhada com as doutrinas de cada país, sendo
necessários tanto nos conflitos armados, como nas operações de não guerra.
Todavia, no contexto nacional o DOP foi empregado em algumas ocasiões de
maneira pontual e episódica devido ao grande número de missões do 1º B Op Psc.
Particularmente no Estado do RJ a FTOP foi amplamente empregada nas
OCCA ocorridas entre os anos de 2014 a 2018, seja devido à violência urbana ou
decorrente dos grandes eventos ocorridos nesta UF. Desta maneira, neste subitem
144

buscou-se expor os resultados referentes ao estudo da demanda das Op Psc na


operação SF, na CM2014, nos JOP2016, na Operação Furacão e na IF.
Inicialmente, estas OCCA foram classificadas de acordo com o Manual de
Operações (BRASIL, 2017a) da seguinte forma: GLO (São Francisco e Furacão) e
em outras ações de cooperação e coordenação com agências na segurança de
grandes eventos e de chefes de Estado (CM2014 e JOP2016). Além disso, a IF
deixou de ser enquadrada nesta classificação por se tratar do nível político-
estratégico.
Quanto ao Ambiente Operacional, observou-se que as mazelas sociais e as
dívidas históricas perante as populações desassistidas resultaram em espaços
anárquicos ao poder do Estado. Neste ambiente pernicioso se instalaram as
ORCRIM, que passaram a subjugar e a dominar inúmeras comunidades do Estado
do RJ (VISACRO, 2018). Assim, aferiu-se que em 82,4% dos dias entre 05 de abril
de 2014 e 31 de dezembro de 2018 ocorreu o emprego de especialistas em Op Psc
direcionados às OCCA no Estado do RJ, sendo que o emprego da FTOP simultâneo
a outra operação ocorreu em 29,6% do total de dias (ver Figura 19).

4.1.4.1 Operação São Francisco

Neste cenário de infraestrutura precária, condições degradantes e indivíduos


fomentados pela desigualdade social, foi abordada a primeira OCCA ocorrida no
corte cronológico do presente estudo, a Operação SF no Complexo da Maré. Nesta
localidade, a ação militar vivenciou um verdadeiro embate informacional. De um lado
a diegese influenciada pelas ORCRIM (Comando Vermelho, Milícia e Terceiro
Comando Puro) e de outro a narrativa legítima do Estado, que dispunha, no escopo
desta operação, de uma célula de Op Info em seu Estado-Maior (MARQUES
JÚNIOR, 2018).
Contudo, as ações na dimensão informacional constantemente deparavam-se
com uma barreira cultural estratificada nas normas e valores dos locais. Tal
empecilho fora estabelecido pelas ORCRIM por intermédio de códigos sociais
próprios, violentos, arbitrários e resultantes do longo período de abandono por parte
do Estado (VISACRO, 2018).
Assim, durante esta GLO as Op Psc agiram sinergicamente com as demais
145

CRI (Ass Civ, Com Soc, GE, Inteligência) a fim de estabelecer o controle da
narrativa capaz de romper o longo ciclo de abandono social que fora ocupado pelas
ORCRIM. Em que pese os êxitos obtidos ao longo da operação, ficou evidente que
apenas uma ação perene do Estado no viés social, da segurança e informacional
será capaz de inverter a atual conjuntura estratificada na cultura local.

4.1.4.2 Copa do Mundo FIFA 2014

Em seguida, observou-se o emprego das Op Psc na CM2014 com a tarefa de


aumentar a consciência dos diversos públicos quanto a percepção da ameaça
terrorista. Contudo, os especialistas desta tarefa na preparação para o grande
evento não participaram do planejamento de Op Info e tampouco foram empregados
juntamente com a ativação do CCPCT (BRASIL, 2018e).
Além disso, o desdobramento tardio da FTOP nas cidades-sede (como a do
Rio de Janeiro) evidenciou a limitação de efetivo do 1º B Op Psc para esta OCCA.
Por conseguinte, a única estrutura tática da atividade necessitou mobilizar pessoal
especializado no âmbito do EB, assim como realizar um estágio de atualização
doutrinária na área para esses militares (Ibid.).
Desta forma, a atividade foi empregada em um curto espaço de tempo, de
maneira episódica e sem integração com as demais CRI. Logo, estes fatores
limitaram os efeitos persuasivos das Cmp Op Psc nas atividades de enfrentamento
ao terrorismo (Ibid.).

4.1.4.3 Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016

Posteriormente, abordou-se o maior evento esportivo e de mídia do planeta,


os JOP2016 (BRASIL, 2018e). Neste grande evento, a atuação da FTOP foi
marcada por um emprego mais alinhado com as bases doutrinárias das Op Psc.
Tal posicionamento deve-se ao escalonamento das ações do nível estratégico
(um DOP no CCPCT JOP) ao tático (um DOP no CCTI) que permitia uma correta
orientação dos mais altos escalões para os trabalhos de confecção de produtos e
ações. Outrossim, a presença de especialistas em Op Psc desde a fase de
planejamento até o período do grande evento possibilitou o adequado
146

compartilhamento de informações entre as CRI (Ibid.).


Deste modo, a FTOP possuía um ambiente que proporcionava celeridade e
continuidade aos trabalhos, além de permitir sinergia e integração com as demais
CRI. Em consequência, tornou-se evidente a multiplicação do poder de combate nas
dimensões humana e informacional no decorrer da OCCA (Ibid.).

4.1.4.4 Operação Furacão e Intervenção Federal

Na sequência, o presente estudo relatou o emprego da FTOP na Operação


Furacão e na Intervenção Federal, assim como abordou as questões políticas e
sociais que interferiram na liberdade de ação das operações militares deste período.
Cabe evidenciar que a cobertura da mídia e a participação mais intensa da
sociedade resultaram em elevadas demandas no que tange à dimensão
informacional (ALMEIDA, 2019).
Assim sendo, as Op Psc e as demais CRI foram largamente empregadas para
combater a desinformação, conscientizar a população contra o comércio de cargas
roubadas, nas Ações Comunitárias, dentre outros (Ibid.). Desta maneira, identificou-
se que a atuação sistematizada das diversas CRI é fundamental para o
estabelecimento do controle da narrativa e de um discurso positivo perante a opinião
pública que possibilite atingir o EFD. Ademais, ressalta-se o ganho exponencial nas
ações informacionais correlatas ao uso das mídias sociais decorrentes da integração
das Op Psc com a Guerra Cibernética (ROBERT, 2019).
Entretanto, verificou-se que a dosagem de um Oficial de Ligação do 1º B Op
Psc (possuidor do COP) e um DOP para o esforço no nível político-estratégico e
operacional-tático acarretou em vultosa carga de trabalho para os especialistas
desta capacidade (ALMEIDA, 2019). Todavia, esta tarefa de ligação entre o C Mil A
e o DOP na atual estrutura do SOPEx será um encargo do especialista de nível
avançado que irá chefiar a Seção de Operações Psicológicas do CML. Por fim,
observou-se que outras CRI (Com Soc e Inteligência) existentes no CML realizam
suas tarefas de forma contínua e escalonada, o que não resulta em constante
sobrecarga de trabalho.
147

4.1.5 Na percepção dos especialistas em Op Psc de nível Avançado, existe


demanda no Estado do RJ que justifique uma FTOP diretamente
subordinada ao CML?

Em que pese a demanda por uma FTOP no Estado do RJ possuir um vínculo


inseparável entre a objetividade e a subjetividade, buscou-se estabelecer uma
homogeneidade entre as informações colhidas do Grupo II. Para isso, a pesquisa
utilizou-se de entrevistas com os oficiais superiores do Quadro de Estado-Maior da
Ativa que possuem o CAOP e que no ano de 2019 possuíam nível de decisão no
emprego da FTOP no CML. O Quadro 20 a seguir organiza as percepções destes
especialistas (ver subseção 3.1.2).

(continua)
"[...] o CML nos últimos anos tem se vocacionado para as OCCA e para o combate
em ambiente urbano. Talvez não por interesse próprio, mas pela necessidade que
se apresenta a este C Mil A. Nesse sentido, o ambiente urbano é propício às
Operações Psicológicas, sendo que a tropa (neste ambiente) está em contato com
os indivíduos que estão suscetíveis à influência da narrativa dominante. Então,
essa narrativa deve ser construída muito tempo antes da operação, pois se a
narrativa adversa começar em um período anterior e a nossa narrativa iniciar em
paralelo ao emprego da tropa, a efetividade da primeira tende a ser maior. Eu
chamo isso de ofensiva da narrativa, então esse elemento de Op Psc chamado no
estudo de FTOP é útil desde que venha trabalhando a narrativa em um período
anterior ao emprego da tropa. Assim, a narrativa é um ciclo constante e sem fim
Emprego da
que procura manter ou conquistar a opinião pública tornando-a favorável às ações
FTOP
do CML. Isso porque em um determinado instante pode aparecer uma outra
Efetividade
operação; talvez na mesma área, em uma próxima, ou, ainda, em uma área
baseada na
diferente em que a população envolvida não varie muito, fazendo com que esse
continuidade
trabalho seja efetivo quando ocorre antes, durante e após o emprego da tropa"
dos trabalhos
(KOSCIURESKI, 2019).
"Logo, as Operações Psicológicas teriam muito mais efetividade, visto que um dos
problemas vivenciados pela atividade é a falta de perenidade das Campanhas nos
C Mil A tendo em vista a grande demanda em detrimento do limitado efetivo do
Batalhão" (SILVA, 2019).
"[...] o DOP que havia no CML em 2018 esteve atuando no Estado-Maior Conjunto
e foi bastante empregado naquele ano. Todavia, a gente percebeu que os
especialistas permaneciam um determinado tempo no CML e depois eram
substituídos, o que gerava perda de solução de continuidade das tarefas. Então,
se realmente houvesse uma fração fixa para cumprir esse papel, acredito que a
efetividade dela seria maior nas operações em andamento" (TEIXEIRA, 2019).
"Não desmerecendo a existência do Batalhão, que é a "célula mater" da
especialidade no nível tático, mas esta unidade com seu pequeno efetivo tem que
apoiar as Operações Especiais e nem sempre consegue apoiar, ao mesmo tempo,
Emprego da os oito C Mil A. Então, a gente realmente observa que os C Mil A carecem de pelo
FTOP menos uma estrutura menor. [...] Logo, a ideia seria ter uma estrutura capaz de
Disponibilidade realizar um adestramento permanente e constante para situações de maior vulto
de efetivo do 1º ou crise e manter estruturas "nas mãos" dos Comandantes Militares de Área para
B Op Psc poderem realizar ações que seriam rotineiras do dia-a-dia" (LIMA, 2019).
"O Batalhão (tendo em vista o seu limitado efetivo e o grande número de
demandas e missões) considera fundamental que cada C Mil A tenha uma fração
mínima de Op Psc para cumprir as suas demandas nesta tarefa." (SILVA, 2019).
148

"As Op Psc possuem uma efetividade limitada quando atuam isoladamente.


Todavia, esta CRI, quando atua em um contexto de uma Op Info, possui condições
de explorar melhor as suas capacidades. Por exemplo, as informações obtidas
pela inteligência permitem que as Op Psc explorem os princípios da oportunidade
e da flexibilidade a fim de atingir seus objetivos e públicos elencados de forma
mais efetiva; em um segundo ponto, as Op Psc podem se valer da Guerra
Cibernética ou Defesa Cibernética, que permitem trazer camadas de segurança e
da exploração cibernética, que podem trazer dados extremamente úteis para as
Emprego da Op Psc; e as Op Psc podem, ainda, apoiar e serem apoiadas pela Comunicação
FTOP Social. Portanto, as Op Psc são mais efetivas quando atuam integradas em um
A FTOP contexto de Op Info trabalhando em sinergia com as demais capacidades"
orgânica ao (KOSCIURESKI, 2019).
CML facilitaria a "Eu avalio como muito efetivo. Por exemplo, na Intervenção Federal [...] as Op Psc
integração com tiveram dificuldade de se integrar, assim como as outras capacidades tiveram
as demais CRI dificuldade de se integrar com as Op Psc. Apesar disso, nos últimos meses da
deste C Mil A Intervenção Federal, foi possível essa sinergia com as outras CRI, tornando o
trabalho mais efetivo. Isso ocorreu após o Batalhão apresentar a importância das
Op Psc trabalharem integradas com outras CRI para mudar a narrativa de sucesso
dessa operação no nível político/ estratégico" (SILVA, 2019).
"Eu acredito que haja uma grande confusão relativa à diferença entre Op Info e Op
Psc, sendo necessário um maior esclarecimento de quem faz o que e do que
consiste cada uma das atividades. Logo, eu acredito que quando a atividade de Op
Info estiver sistematizada, teremos melhores condições de empregar as CRI"
(TEIXEIRA, 2019).
"[...] a atuação na dimensão informacional e humana é uma realidade que não
pode ser ignorada ou não receber a devida importância. Então, os C Mil A devem
visar a integração das capacidades com o objetivo de moldar a narrativa e as
Emprego da
percepções da população, tornando-a favorável às operações militares. Isto é
FTOP
necessário porque no momento de emprego da tropa não existe tempo hábil para
O emprego
trabalhar com algo tão subjetivo como a percepção de uma opinião pública"
episódico do
(KOSCIURESKI, 2019).
Dst do 1º B Op
"[...] as Op Psc tem que ser empregadas antes das operações. Empregarmos a
Psc no CML
atividade quando ocorre um problema não é o caso, pois, não serão as Op Psc
está adequado
que irão resolver a situação. Contudo, cabe ressaltar que os aspectos abordados
com sua
dependem da personalidade do Comandante, sendo ele quem irá decidir se as Op
doutrina
Psc serão ou não empregadas em alguma operação. Logo, cabe evidenciar que o
SOPEx deve ser desenvolvido de acordo com as necessidades de nossos
Comandantes, ou seja, de cima para baixo" (TEIXEIRA, 2019).
"[...] a gente observa que o comando enquadrante tem uma necessidade de
estrutura para planejar o emprego das Op Psc com um analista planejador que
acompanhe as demandas do nível político/estratégico ao operacional. Então, esse
analista deve ser o assessor direto do Comandante daquele escalão, dizendo o
que deve ser feito de Op Psc na análise conceitual e na análise detalhada. Assim,
cabe a ele informar como está a dinâmica das Op Psc no âmbito da dimensão
Estrutura informacional e o que pode se ter de objetivos psicológicos e de públicos-alvo a
A estrutura serem trabalhados [...] Ademais, o Destacamento do 1º B Op Psc [...] deve prover
atual está as campanhas que o elemento de Estado Maior planejou. Contudo, observou-se
adequada para que nem sempre o escalão apoiado possuía um elemento de Estado-Maior.
suprir as Nessas ocasiões, o Comandante enquadrante empregou o Comandante do
necessidades Destacamento como Oficial de Ligação para fazer o trabalho de planejamento.
do CML Então, a falta de um especialista (um planejador, um elemento para acompanhar o
desenvolvimento das Op Psc na área) para a orientação da atividade do nível do
Comandante pode ter gerado uma dificuldade no início [...] Logo, observou-se que
era mais fácil ter a estrutura desse nível no C Mil A [...] Assim, esta estrutura de
planejamento nos casos de crise ou de necessidade terá condições de ativar a
vinda da estrutura tática para produzir as Campanhas de Operações Psicológicas"
(LIMA, 2019).
149

"[...] além da Fração Tática de Op Psc no C Mil A, torna-se necessário ter alguém
para coordenar a atividade no nível tático. Nesse escopo, a ativação das Seções
de Op Psc em todos os C Mil A torna-se fundamental. Desse modo, a referida
seção poderia coordenar e tornar mais efetivo o emprego tático da Fração de Op
Psc daquele C Mil A. Outra função da seção seria a coordenação com o 1º B Op
Psc para os casos de reforço daquela fração orgânica do C Mil A. Logo, uma
Seção com militares do QEMA ou oficiais superiores pensando nos rumos e no
delineamento das Campanhas de Op Psc a serem conduzidas pela fração tática é
fundamental para atender os objetivos estratégicos do C Mil A e do Exército"
(SILVA, 2019).
"Eu acredito que uma organização proposta para o Sistema de Operações
Psicológicas seria no âmbito de cada C Mil A, como a planejada no COTER. Esta
possuiria uma estrutura de planejamento e uma pequena capacidade de execução
de Técnicas, Táticas e Procedimentos, visto que seu reduzido efetivo estaria aliado
a uma grande demanda do C Mil A. Contudo, a necessidade de emprego de
Estrutura
Operações Psicológicas no Exército (situação ideal) seria equivalente a uma
A subordinação
Fração de Operações Psicológicas em cada C Mil A com a estrutura talvez de uma
atual está
Subunidade ou outro nível. Esta, dependendo do C Mil A, deve ter a capacidade
adequada para
de se desdobrar em um, dois ou três destacamentos que sejam capazes de atuar
a estrutura que
em proveito desse comando [...] Vamos dizer assim, o Batalhão possui atualmente
atende a
117 cargos previstos em QC, sendo que nele há previsão de duas Companhias.
demanda do
Logo, uma Companhia no CML que tivesse um Comandante, um pequeno Estado-
CML
Maior e uma pequena estrutura administrativa, possuiria um efetivo de
aproximadamente 60 militares. Com esse efetivo, o C Mil A teria condição de
desdobrar uma equipe que ficaria talvez permanentemente apoiando o C Mil A no
nível político, estratégico ou operacional e uma outra equipe capaz de apoiar a 1ª
DE ou uma outra estrutura de nível Divisão" (LIMA, 2019).
"A visão que temos no COTER é a de que a ativação da estrutura de planejamento
no C Mil A vai conseguir dar muito dinamismo ao sistema como um todo. Haja
vista que atualmente o SOPEx está muito restrito ao COTER e ao 1º B Op Psc, ou
seja, existe uma estrutura no nível estratégico e uma no nível de execução de
Campanhas táticas. Contudo, observa-se que na estrutura do SOPEx falta o C Mil
A, que é o profundo conhecedor da sua área de responsabilidade" (LIMA, 2019).
"[...] a presença de uma Fração Tática de Op Psc facilitaria a sincronização e a
integração das CRI. Além disso, nos casos em que houver uma operação de maior
vulto, essa integração será fortalecida com a chegada de uma nova equipe de Op
Psc" (KOSCIURESKI, 2019).
"Não há dúvida de que a possibilidade de ter uma Fração de Op Psc
Demanda no
permanentemente ativada nesse ambiente operacional aumentaria a efetividade
CML
do Destacamento. Isso porque os especialistas estariam em contato direto com a
Necessidade de
área, vivendo a situação e estudando os problemas. Desse modo, os especialistas
uma FTOP em
implementariam uma Campanha de Op Psc sistemática e com um caráter mais
apoio a linha de
permanente [...] Então, na minha opinião, não apenas o RJ, mas todos os C Mil A
esforço do CML
deveriam ter uma Fração de Operações Psicológicas apta a conduzir ações
nas OCCA
sistemáticas de Op Psc em prol das operações militares e capaz de fornecer uma
pronta resposta naquele C Mil A" (SILVA, 2019).
"[...] observou-se que o emprego das Op Psc depende da intenção que o
Comandante tem em relação à atividade. [...] Trazendo a experiência de 2018,
quando houve a presença de um DOP: antes de cada operação era passado o
carro de som e/ou distribuídos cartazes e panfletos. Nesse período foi possível
verificar que aquela preparação da população utilizando as TTP de Op Psc reduzia
o impacto relativo à presença da tropa na operação. Então, eu acredito que era de
grande valia aquela fração, assim como era notável que as operações com a
presença de especialistas em Op Psc geravam melhores resultados" (TEIXEIRA,
2019).
Demanda no "Eu procuro enxergar a demanda por ações não cinéticas de um ponto de vista
CML amplo, sendo que esta necessidade torna-se sempre evidente. Isto ocorre porque
Probabilidade nesse tipo de atuação pode-se economizar meios e minimizar os efeitos colaterais.
de emprego da Portanto, isso pode ser empregado plenamente em todas as áreas de todos os C
FTOP devido a Mil A" (KOSCIURESKI, 2019).
150

violência "[...] Logo, eu realmente observo que o CML possui uma frequência de ações de
urbana e GLO maior do que os demais C Mil A. Assim, caso o CML possua "na mão dele"
grandes essa fração de Op Psc, haverá maior flexibilidade para dominar a dimensão
eventos no informacional" (LIMA, 2019).
Estado do RJ. "Ao meu ver, não só no RJ, mas em qualquer área de operações da F Ter é
fundamental e premente essa demanda. Isso porque se eu não trabalhar na
dimensão informacional e humana, primeiro, eu perco a liberdade de ação nas
ações cinéticas com narrativas contrárias ao emprego da Força, e em segundo
lugar, sabemos que além da dimensão física existe uma guerra de percepções e
narrativas, que são travadas na dimensão informacional e humana" (SILVA, 2019).
QUADRO 20 – Percepção dos especialistas do Grupo II
Fonte: O autor

No que tange ao emprego da FTOP na visão do Grupo II, observa-se que a


efetividade baseada na continuidade dos trabalhos deve ser construída ao longo do
tempo a fim de tornar a opinião pública favoravel às ações do CML. Assim, uma
Cmp Op Psc perene e cíclica208 evitaria perdas de solução de continuidade na
dimensão informacional.
Contudo, o 1º B Op Psc possui um pequeno efetivo para apoiar as Op Esp e
todos os C Mil A no que tange à demanda de nível tático da atividade. Logo, a
disponibilidade de efetivo desta unidade é limitada para a demanda existente no
CML.
Nota-se ainda que o emprego de uma FTOP orgânica ao CML facilitaria a
integração entre as CRI, visto que as informações obtidas por cada uma dessas
especialidades podem se apoiar mutuamente gerando sinergia. Ademais, os elos
entre estas atividades quando ocorrer a ativação de uma operação estariam
estabelecidos, evitando a dificuldade inicial de integração evidenciada na
Intervenção Federal. Todavia, ressalta-se a necessidade de sistematização das Op
Info no intuito de empregar cada CRI em melhores condições.
Além disso, a partir da visão de Kosciureski (2019) e Teixeira (2019), verifica-
se que o emprego do DOP deve ocorrer antes do uso da tropa, indo ao encontro do
príncipio doutrinário da antecipação e da continuidade209. Isto é necessário porque
as Op Psc contribuem com as demais capacidades para moldar a narrativa e as
percepções da população, tornando a opinião pública favorável ao emprego da
tropa. Logo, infere-se que o emprego episódico do Dst do 1º B Op Psc não é a
melhor forma de emprego da FTOP, entretanto, tais aspectos dependem da

208
Antes, durante e após o emprego da tropa.
209
Continuidade - As Op Psico devem ser continuadas, sempre atuantes, desde os tempos de paz.
Uma vez desencadeadas, devem prosseguir sem interrupções até atingir seu objetivo [...]
Antecipação - As Op Psico devem antecipar-se aos fatos, aos acontecimentos e às ações
contrárias aos seus objetivos (BRASIL, 1999, p. 1-8).
151

personalidade Comandante e do problema militar em questão.


Quanto a estrutura, a implantação da Seção de Op Psc do CML deve ser a
prioridade para o SOPEx. Após isto, a ativação de uma FTOP (equivalente ao nível
Subunidade ou outro nível) orgânica a este C Mil A seria a situação ideal. Para isto,
Lima (2019) propõe que esta estrutura desdobre-se em até três destacamentos a fim
de apoiar as demandas do CML, da 1ª DE e uma outra estrutura de nível Divisão de
Exército. Deste modo, a Seção de Op Psc do CML tornaria o emprego da FTOP
orgânica ao CML mais efetiva e, nos casos de crise (ou conflito), coordenaria a
ativação de estruturas do 1º B Op Psc em reforço as Cmp Op Psc daquele C Mil A.
Em relação à demanda no CML, relatou-se que as TTP do Dst do 1º B Op Psc
reduziram os impactos negativos das OCCA, gerando melhores resultados. Assim, a
FTOP contribui na linha de esforço do CML para que se atinja o EFD juntamente
com outros vetores. Paralelamente, Lima (2019) aponta que a probabilidade de
emprego nas ações de GLO é demasiadamente maior no CML do que nos demais C
Mil A.
Destarte, uma FTOP orgânica ao CML com especialistas vivendo a situação e
estudando os problemas seria capaz de implementar uma Cmp Op Psc sistemática e
de caráter permanente, sendo capaz de fornecer uma pronta resposta nesta área de
responsabilidade (SILVA, 2019).

4.1.6 Na percepção dos especialistas em Op Psc que atuaram no Estado do RJ,


existe demanda neste Amb Op que justifique uma FTOP diretamente
subordinada ao CML?

Da população de militares possuidores do COP (336) levantou-se que 69


participaram diretamente de um Dst do 1º B Op Psc nas OCCA ocorridas no Estado
do RJ entre 2014 e 2018. Deste modo, delimitou-se a amostragem da pesquisa a
este público.
Em seguida foi aplicado um questionário aos especialistas voluntários
obtendo-se 43 respostas válidas, ou seja, as questões obrigatórias estavam
preenchidas e os respondentes confirmaram pertencer ao Grupo I mediante
adimplência dos três primeiros itens do questionário. As perguntas subsequentes
foram vitais para identificar as premissas nas quais se basearam as conclusões mais
abrangentes adequadas ao caráter indutivo da pesquisa. Dessa forma, os
152

voluntários contribuiram com a pesquisa sob a ótica de quem vivenciou a situação


no Estado do RJ.

4.1.6.1 O 1º B Op Psc possui disponibilidade de efetivo para apoiar as diversas


Brigadas existentes no âmbito do Exército Brasileiro?

Na visão dos respondentes, verifica-se que cerca de 70% (69,8%) dos


militares afirma que o 1º B Op Psc não possui disponibilidade de efetivo para apoiar
as Grandes Unidades do Exército Brasileiro, enquanto cerca de 30% (30,2%)
acredita ser viável o apoio tático às diversas Brigadas. Assim, a maioria da amostra
aponta que a unidade tática do SOPEx possui limitada capacidade de pessoal para
apoiar as diversas demandas nos oito C Mil A (ver Gráfico 1).

GRÁFICO 1 – Disponibilidade de efetivo do 1º B Op Psc


Fonte: O autor

4.1.6.2 A continuidade dos trabalhos da FTOP resulta em um aumento de sua


efetividade?

A pergunta buscou colocar em ordem crescente de importância a


continuidade dos trabalhos da FTOP, atribuindo nota um ao que exercia menor
efeito e nota cinco ao de maior efetividade (ver Gráfico 2).
153

GRÁFICO 2 – Efetividade da FTOP mediante a continuidade dos trabalhos


Fonte: O autor

Destarte, verificou-se que a continuidade dos trabalhos da FTOP para a


maioria dos indivíduos (30,2% nota quatro e 23,3% nota cinco) resulta no aumento
de sua efetividade. Entretanto, o quantitativo de militares que respondeu nota três
(27,9%) foi considerável. Diante disso, inferiu-se que a continuidade dos trabalhos
não deve ser o único aspecto relevante a ser considerado para a efetividade da
FTOP.

4.1.6.3 Existe uma demanda crescente das Op Psc de nível tático no CML?

No atual contexto brasileiro, cerca de 98% (97,7%) do Grupo I concorda que


os conflitos com o crime organizado são a principal fonte de ameaça para o uso
direto das Forças Armadas e de segurança. Isto posto, buscou-se estabelecer uma
correlação entre a violência urbana e a assiduidade das Op Psc nas OCCA no
Estado do Rio de Janeiro (ver Gráfico 3).
154

GRÁFICO 3 – Emprego das Op Psc decorrente da violência urbana no RJ


Fonte: O autor

Deste modo, para cerca de 44% (44,2%) da amostra, as Op Psc serão


sempre empregadas nas OCCA decorrentes da violência urbana no Estado do RJ.
Cerca de 30% (30,2%) dos millitares acreditam que o uso da FTOP ocorrerá na
maioria das operações e cerca de 21% (20,9%) entende que o emprego ocorrerá em
algumas operações. Portanto, estima-se que um aumento da violência no Estado do
RJ resultará em uma demanda crescente das Op Psc no nível tático nesta UF.
Além disso, o ambiente complexo e difuso das operações militares vem
demandando uma maior preocupação dos escalões superiores nas dimensões
informacional e humana. Nesta direção, o exercício final (SIRIUS/AZUVER) do
Curso de Comando e Estado-Maior da Marinha, do Exército e da Aeronaútica incluiu
um LAOP (de cada país beligerante) na sua documentação, a partir de 2019.
Ademais, na fase de planejamento do SIRIUS/AZUVER, havia discentes do CAOP
orientando os trabalhos referentes à atividade e demonstrando a sua importância
para a solução de problemas militares desde o nível operacional.
Assim, buscou-se averiguar o quanto a maior consciência situacional dos
oficiais do Quadro de Estado Maior da Ativa acerca das Op Psc irá resultar no
aumento da demanda de nível tático nos próximos anos (ver Quadro 4).
155

GRÁFICO 4 – SIRIUS/AZUVER e o aumento da demanda da FTOP


Fonte: O autor

Cerca de 88% (88,4%) do Grupo I visualiza que a demanda por uma FTOP irá
aumentar nos próximos anos visto que os oficiais do Quadro de Estado Maior da
Ativa (formados a partir de 2019), ao ocuparem cargos na 8ª seção das Grandes
Unidades, possuirão maior compreensão do emprego tático das Op Psc. Cerca de
12% (11,6%) da amostra aponta que os fatos citados não devem influenciar na
demanda da FTOP. Assim sendo, a maioria dos indivíduos do Grupo I evidencia que
a participação das Op Psc no exercício SIRIUS/AZUVER resultará em aumento da
demanda pela FTOP.

4.1.6.4 Com que frequência o CML necessita de uma FTOP?

Paralelo a demanda crescente por uma Fração Tática inteiramente


capacitada a atuar com Op Psc no CML, buscou-se identificar sua necessidade atual
em decorrência da violência urbana e dos grandes eventos que geralmente ocorrem
no Estado do Rio de Janeiro (ver Gráfico 5).
156

GRÁFICO 5 – Frequência da necessidade do CML por uma FTOP


Fonte: O autor

Cerca de 65% (65,1%) da amostra visualiza uma necessidade permanente do


CML por uma FTOP, cerca de 33% (32,6%) entende que a demanda é ocasional e
cerca de 2% (2,3%) considera que raramente o CML precisará de uma FTOP. Logo,
a maioria dos indivíduos considera que uma FTOP possui uma demanda
permanente no CML.

4.1.6.5 A atual estrutura do SOPEx é capaz de suprir as necessidades do CML?

Diante do exposto no subitem anterior, coube ao estudo identificar se a atual


estrutura do SOPEx é capaz de suprir a demanda do CML. Para isto, havia duas
possibilidades para a FTOP apoiar o ambiente operacional do Estado do RJ: um
DOP do 1º B Op Psc ou de uma estrutura orgânica ao CML.
Todavia, a pesquisa de campo identificou que o 1º B Op Psc possui limitada
capacidade de pessoal para apoiar as diversas demandas nos C Mil A (ver subitem
4.1.6.1). Ademais, observou-se que existe uma demanda crescente pela FTOP no
âmbito do EB (ver subitem 4.1.6.3). Logo, a questão subsequente priorizou a
verificação da existência de uma FTOP orgânica ao CML e se esta estrutura
resultaria em um melhor proveito desta CRI neste C Mil A (ver Gráfico 6).
157

GRÁFICO 6 – Necessidade de uma FTOP orgânica ao CML


Fonte: O autor

Desta maneira, a pesquisa de campo quantitativa identificou que para 86% do


Grupo I existe a necessidade de uma FTOP orgânica ao CML. Sob outra
perspectiva, os principais motivos apresentados pelos militares que responderam
"não" foram:

Há aspectos positivos (como o conhecimento da área e a manutenção de


contatos com colaboradores potenciais), mas essa estrutura visa atuação
em tempos de paz. Pensando em um cenário de Defesa da Pátria, atividade
fim do Exército, a centralização do planejamento e ações permite um
desenvolvimento mais rápido da doutrina (QUESTIONÁRIO 13, 2020).

A menor e única Fração Tática de Op Psc é o Dst. Somente um Dst é capaz


de conduzir Cmp de Op Psc e, para isso, precisa do apoio do 1º B Op Psc,
seja em pessoal, material e especialidades diversas (QUESTIONÁRIO 25,
2020).

Acredito que a criação de uma fração independente neste momento seria


subutilizada. Os atuais comandantes ainda têm dificuldade de entender
como operam as frações táticas de Op Psc. Antes de dividir a estrutura da
capacidade é necessária a mobilização adequada das Subseções de Op
Psc nos Comandos Militares de Área. Logo, a utilização adequada da
capacidade é o primeiro passo para que não se banalize a utilização de
especialistas em atividades administrativas e sem importância
(QUESTIONÁRIO 26, 2020).

Uma FTOP no CML dificultaria a padronização de procedimentos técnicos e


táticos, bem como a manutenção do canal técnico com o 1º B Op Psc. Além
disso, os Centros de Operações dos C Mil A ainda não conseguem
confeccionar e/ou atualizar um LAOP e um Registro de Público-Alvo para as
operações de nível tático (QUESTIONÁRIO 30, 2020).

Logo, na percepção dos especialistas divergentes, a reestruturação do


158

SOPEx irá resultar em um desenvolvimento mais lento para a doutrina das Op Psc;
na subutilização dos especialistas em atividades administrativas; e/ou em
dificuldades de padronização e manutenção dos padrões atingidos pelo 1º B Op Psc.
Outrossim, a estrutura da FTOP orgânica ao CML deve possuir pessoal e material
condizente com as suas necessidades para que possa suprir as demandas deste C
Mil A.
Em seguida, os militares que responderam "sim" na questão anterior (37
indivíduos210) foram encaminhados para perguntas que buscavam identificar a
estrutura do SOPEx adequada às necessidades do CML. Inicialmente, verificou-se
que, de acordo com a opinião dos indivíduos, o 1º B Op Psc é a unidade de apoio
central ao EB e, portanto, uma estrutura para um único C Mil A deve possuir um
nível inferior. Diante do exposto, os respondentes foram indagados sobre se o nível
Subunidade ou Pelotão seria o ideal para a FTOP orgânica ao CML (ver Gráfico 7).

GRÁFICO 7 – Estrutura adequada para a FTOP orgânica ao CML


Fonte: O autor

Cerca de 57% (56,8%) do subgrupo I concorda que o nível Pelotão é a


organização adequada para o SOPEx no CML. Aproximadamente 38% (37,8%)
visualiza que o nível Subunidade é a organização apropriada para este C Mil A e
cerca de 5% (5,4%) discorda que estas estruturas sejam pertinentes. Os militares
divergentes apresentaram os seguintes motivos:

Acredito que o nível Batalhão seria o ideal para atender às demandas do


CML (QUESTIONÁRIO 6, 2020).

210
Estes indivíduos da amostra da pesquisa serão identificados como subgrupo I.
159

O C Mil A deveria possuir um DOP para acompanhamento da conjuntura


e/ou LAOP e nos casos de emprego deve acionar o 1º B Op Psc
(QUESTIONÁRIO 18, 2020).

Portanto, um militar compreende que o CML possui a demanda necessária


para uma estrutura no nível Unidade e um respondente entende que a estrutura
tática deve possuir a mesma capacidade prevista para a Seção de Operações
Psicológicas do C Mil A. Logo, a maioria dos indivíduos do subgrupo I afirma que a
estrutura adequada para suprir as necessidades do CML é a de um Pelotão.
Posteriormente, os militares que concordaram com a questão anterior foram
interpelados quanto à subordinação mais adequada para a FTOP orgânica ao CML
(ver Gráfico 8).

GRÁFICO 8 – Subordinação adequada para a FTOP orgânica ao CML


Fonte: O autor

Cerca de 91% (91,4%) da amostra apontou que a fração orgânica seja uma
Organização Militar Diretamente Subordinada ao CML. Aproximadamente 3% (2,9%)
dos militares indica que a FTOP deve ser uma Organização Militar Diretamente
Subordinada à 1ª DE e em torno de 6% (5,7%) sugere que seja uma Organização
Militar da Brigada de Infantaria Pára-quedista. Portanto, a maioria dos indivíduos
recomendam que a FTOP seja uma Organização Militar Diretamente Subordinada
ao CML.
160

4.1.6.6 Qual deve ser a capacidade operativa da FTOP no CML?

A estrutura tática de Op Psc deve possuir uma organização que lhe permita
cumprir os sete fatores determinantes de uma capacidade, são eles: doutrina,
organização, adestramento, material, educação, pessoal e infraestrutura. Para isto, a
pesquisa concentrou esforços no que tange à doutrina e à organização para que
seja viável estabelecer o previsto nas instruções reguladoras do processo de
concepção de quadro de organização (EB20-IR-10.004). De acordo com este
documento, um QO experimental deve possuir uma base doutrinária e uma estrutura
organizacional (BRASIL, 2015e).
Assim sendo, a estrutura do DOP (ver Figura 12) serviu de base para que a
estrutura orgânica ao CML possua efetividade no cumprimento de suas tarefas.
Ademais, a fim de evitar erros de amostragem, as questões subsequentes foram
realizadas com os 37 militares (subgrupo I) que concordaram com a existência de
uma FTOP orgânica ao CML. Desta maneira, os indivíduos foram questionados
acerca da importância das seguintes estruturas organizacionais (ver Gráfico 9).

GRÁFICO 9 – Estrutura organizacional da FTOP orgânica ao CML


Fonte: O autor

a) Comandante (Oficial Superior ou intermediário com o Curso de


Aperfeiçoamento de Oficiais)
Cerca de 76% (75,7%) do subgrupo I considera muito importante que o
161

Comandante da FTOP subordinada ao CML possua o Curso de Aperfeiçoamento de


Oficiais e aproximadamente 24% (24,3%) considera importante. Destarte, torna-se
evidente que esta estrutura tática seja comandada por um oficial superior ou
intermediário possuidor do referido curso.

b) Turma de Comando (composta por uma Seção de Pessoal, uma Seção de


Logística e uma Seção de Comando e Controle)
Cerca de 86% da amostra (86,4%) sugere que a turma de comando é muito
importante ou importante e por volta de 14% (13,6%) a pontua como pouco
importante. Logo, a maioria do subgrupo I compreende a necessidade de uma
Seção de Pessoal, uma seção responsável pelos encargos logísticos e uma Seção
de Comando e Controle na FTOP subordinada ao CML.

c) Turma de planejamento (composta por uma Seção de Operações e uma


Seção de Inteligência)
Cerca de 97% (97,3%) do subgrupo I estima que a turma de planejamento é
muito importante ou importante e perto de 3% (2,7%) a considera pouco importante.
Consequentemente, a maioria dos integrantes do subgrupo I avalia que a estrutura
de execução tática de Op Psc do CML deve possuir uma Seção de Operações e
uma Seção de Inteligência.
Logo, o Grupo I apontou a necessidade de Seções de Pessoal, de
Inteligência, de Operações, de Logística e de Comando e Controle na FTOP.
Entretanto, a maioria destes indivíduos também indicou que o nível pelotão é a
organização adequada para apoiar o CML. Em que pese a prevalência da fração
para o Grupo I, observou-se que a DMT não contempla um trabalho de Estado-Maior
no nível pelotão, conforme exposto a seguir:

Nas operações terrestres, há três metodologias para o planejamento a


serem utilizadas:
- metodologia de planejamento conceitual – Concepção Operativa do
Exército [...]
- método de planejamento detalhado – Exame de Situação do Comandante
- trabalho de comando de subunidades e escalões inferiores.
3.2.7.2 Os fatores a considerar quando da escolha por uma ou mais dessas
metodologias, são: a complexidade do problema e a familiaridade com a
situação, o tempo disponível e a capacitação e disponibilidade de pessoal
para executar o planejamento (BRASIL, 2014e, p. 3-6).
162

Apesar da complexidade dos problemas relacionados às Op Psc de nível


tático, uma estrutura do escalão pelotão não possui disponibilidade de pessoal para
compor um Estado-Maior e, portanto, este nível possui apenas disponibilidade para
executar o trabalho de comando. Por outro lado, no que tange ao nível subunidade,
a DMT admite um Estado-Maior na Companhia de Comunicações (ver Organograma
10).

ORGANOGRAMA 10 – Companhia de Comunicações da Brigada


Fonte: (BRASIL, 1998, p. 3-3)

Assim sendo, o nível companhia alinha-se mais com a percepção da amostra


quando esta aponta a necessidade de uma turma de comando e planejamento e que
seu comandante seja um oficial superior ou intermediário com o Curso de
Aperfeiçoamento de Oficiais. Ademais, ressalta-se que os oficiais do Estado-Maior
na Companhia de Comunicações necessitam de um efetivo para mobiliar suas
seções e que a estrutura possui um apoio administrativo no que tange à
manutenção, ao suprimento, ao transporte e à evacuação. Diante disto, a
Companhia de Comunicações possui um pelotão de comando e apoio em sua
estrutura organizacional.

d) Turma de produção
Cerca de 92% (91,9%) da amostra aponta que é muito importante ou
importante haver uma turma de produção na FTOP e em torno de 8% (8,1%) pontua
isto como pouco importante. Logo, para a amostra, a existência da turma de
produção torna-se essencial no QO experimental.
Neste sentido, coube a pesquisa evidenciar quais são as possibilidades desta
163

estrutura no que tange à criação, à confecção e à produção dos diversos veículos de


difusão de mensagens das Op Psc (ver Gráfico 10).

GRÁFICO 10 – Possibilidades da turma de produção


Fonte: O autor

- Produção audiovisual
Cerca de 81% (81,1%) da amostra considera a produção audiovisual muito
importante e aproximadamente 19% (18,9%) a indica como importante. Logo, a
grande relevância desta aptidão é consenso para o subgrupo I.

- Produção gráfica
Cerca de 95% (94,6%) do subgrupo I evidencia que a produção gráfica é
muito importante ou importante e por volta de 5% (5,4%) a pontua como pouco
importante. Destarte, a grande maioria da amostra aponta a produção gráfica como
uma competência necessária à FTOP orgânica ao CML.

- Produção web
Cerca de 92% (91,9%) da amostra estima que a produção web é muito
importante ou importante e próximo de 8% (8,1%) a considera pouco importante.
Consequentemente, a maioria dos integrantes do subgrupo I avaliam que a estrutura
organizacional de Op Psc deve possuir a aptidão para produção web.

- Produção de Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas


Aproximadamente 27% (27%) do subgrupo I aponta que é muito importante
164

haver uma produção de Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas, enquanto


cerca de 35% (35,2%) cita como importante, por volta de 32% (32,4%) indica como
pouco importante e cerca de 5% (5,4%) da amostra relata que não é o caso. O
resultado demonstra uma divergência de opiniões em relação a este tipo de
produção por parte da amostra e, portanto, constata-se que a estrutura experimental
não deve ser contemplada com este tipo de aptidão.

- Produção estação rádio


Por volta de 27% da amostra (27%) sugere como muito importante a
produção estação rádio, cerca de 41% (40,6%) a aponta como importante, 27%
(27%) indica como pouco importante e cerca de 5% (5,4%) relata que não é o caso.
Desta forma, a pesquisa de campo apontou uma discordância entre os indivíduos
pesquisados e, consequentemente, constatou que a produção rádio não deve ser
contemplada no QO da FTOP orgânica ao CML.

e) Turmas táticas
Cerca de 84% (83,8%) do subgrupo I mensura as turmas táticas como muito
importantes e aproximadamente 16% (16,2%) opina como sendo importantes.
Portanto, a grande relevância desta estrutura é consenso em toda a amostra.
Diante disso, a pesquisa buscou evidenciar a dosagem adequada de turmas
táticas para o ambiente operacional no Estado do RJ tendo em vista a quantidade de
públicos-alvo, os meios disponíveis e o tamanho da área de operações (ver Gráfico
11).

GRÁFICO 11 – Estrutura da seção de ações táticas


Fonte: O autor
165

Baseado na Turma Tática do 24º Contingente Brasileiro no Haiti (ver Quadro


14 na p. 100), identificou-se que a Seção de Ações Táticas da FTOP no CML deve
possuir uma turma tática para cerca de 3% (2,7%) da amostra, duas turmas táticas
para aproximadamente 30% (29,7%), três turmas táticas para cerca de 35%
(35,2%), quatro turmas táticas para cerca de 16% (16,2%), cinco turmas táticas para
cerca de 5% (5,4%) e seis turmas táticas para aproximadamente 11% (10,8%). Em
que pese a falta de consenso entre os especialistas, a maioria da amostra indica que
a FTOP orgânica ao CML deve possuir três turmas táticas.

f) Turma de teste e avaliação


Cerca de 54% da amostra (54,1%) evidencia como muito importante a
existência de uma Turma de Teste e Avaliação na FTOP orgânica ao CML, 27%o
(27%) a indica como importante e por volta de 19% (18,9%) a pontua como pouco
importante. O resultado apresentado evidencia a necessidade do teste e avaliação,
entretanto, a divergência indica que não existe a necessidade de uma seção
específica para esta atividade.

4.1.6.7 Há alguma experiência ou sugestão relevante ao objetivo da pesquisa?

A presente questão de tipo aberta aplicada no questionário foi importante para


acrescentar sugestões relevantes ao escopo da pesquisa. Nesta direção, um dos
aspectos citados foi a importância dos escalões superiores empregarem
corretamente as Op Psc.

Acredito que seja de extrema importância que as autoridades tomem


conhecimento do que realmente são as Operações Psicológicas, visto que
existe muita confusão entre as atribuições desta tarefa com a Comunicação
Social. Este fato acaba onerando a turma tática, que deixa de concentrar
seus esforços na campanha de Operações Psicológicas para confecção de
produtos de Com Soc (QUESTIONÁRIO 27, 2020).

Neste trecho, o respondente relata que o Dst do 1º B Op Psc frequentemente


executa atribuições da Comunicação Social. Assim, cabe evidenciar a diferença
entre estas tarefas, expressas no catálogo de capacidades do Exército.

Operações de Apoio à Informação [...] ser capaz de apoiar ou desenvolver


processos e ações, em tempo de paz, crise ou conflito, para influenciar os
166

diversos públicos existentes (hostil, amigo ou neutro), a fim de obter uma


atitude positiva de nossas ações e inibir as percepções contrárias a nossa
atuação, contribuindo para o sucesso nas operações (BRASIL, 2015f, p. 17,
grifo nosso).

Comunicação Social [...] ser capaz de proporcionar ao Comandante, em


todos os níveis de decisão, melhores condições de interatividade com as
autoridades, a sociedade, a imprensa e o público interno para informar e
obter liberdade de ação no emprego dos seus meios, enquanto atrai, motiva
e mantém capital humano para a Força Terrestre (BRASIL, 2015f, p. 17,
grifo nosso).

Em que pese a sinergia gerada nas atividades destas CRI, compete


esclarecer que as Operações Psicológicas são empregadas para influenciar
percepções, enquanto a Comunicação Social prioritariamente informa os diversos
públicos. Além disso, os indivíduos do Grupo I citaram outra CRI, a Inteligência. Na
visão de alguns indivíduos da amostra, esta tarefa deve servir de modelo para a
estrutura do SOPEx, como relatado a seguir:

O ideal seria que todos os Comandos Militares de Área possuíssem uma


Companhia de Operações Psicológicas aos moldes do sistema de
inteligência do Exército (QUESTIONÁRIO 12, 2020).

Além de uma fração tática, é necessário uma seção de Estado-Maior no


escalão enquadrante (CML) a fim de assessorar o Comandante e planejar o
emprego da fração tática (Seção de Op Psc e não de Op Info). Dessa
forma, pode-se traçar um paralelo com o Sistema de Inteligência do
Exército, que possui uma célula na 2ª Seção do Estado-Maior (E2) e um
Grupo ou Companhia de Inteligência (QUESTIONÁRIO 24, 2020).

Desta maneira, o escalonamento das atividades com uma estrutura no nível


do Estado-Maior e uma estrutura de execução tática corrobora com os resultados do
questionário. Entretanto, alguns resultados da questão aberta alertam para um
aspecto que não foi previamente levado em consideração no presente estudo, a
dificuldade de completamento de efetivo no Estado do RJ.
Nesta direção, uma resposta sugeriu o seguinte: "Como atrativo para servir no
Rio de Janeiro seria muito interessante que a Fração de Operações Psicológicas
seja uma organização subordinada à Brigada de Infantaria Paraquedista"
(QUESTIONÁRIO 29, 2020). Contudo, a ideia desta subordinação foi manifestada
por uma minoria entre os especialistas do Grupo I, porém, dentro da estrutura
organizacional da FTOP, é possível haver uma turma tática aeroterrestre a fim de
apoiar as missões específicas da Brigada de Infantaria Paraquedista, como foi
167

levantado por um dos respondentes (QUESTIONÁRIO 5, 2020).


Ademais, um respondente visualiza que a estrutura apresentada no trabalho
pode servir de base para uma unidade de Op Psc no CML, como exposto a seguir:

Participei de todas as operações que utilizaram um DOP no estado do Rio


de Janeiro entre 2014 e 2018. Nessas ocasiões pude constatar a
complexidade do terreno humano local, que possui público-alvo com muito
acesso à informação, ao crime organizado composto por diversas facções
(ADA, CV, TCP e Milícia), à estrutura governamental comprometida, entre
outros fatores que dificultam a ação do DOP. Nesse contexto, constatei que
mesmo a estrutura completa de um DOP não seria suficiente para atender
às demandas locais. Portanto, o Batalhão seria a melhor estrutura de
emprego para esse Comando Militar de Área. No entanto, uma estrutura
tática, na atual conjuntura, que possibilite uma ligação técnica com o 1º B
Op Psc e com a capacidade de ser reforçada pelo último, poderia ser um
solução viável e um futuro embrião para o 2º B Op Psc (QUESTIONÁRIO 6,
2020).

Na visão deste especialista, a demanda no Estado do Rio de Janeiro possui


um nível de complexidade equivalente a uma unidade, porém, a atual conjuntura
impede que esta solução seja viável. Além disso, o referido militar levanta dois
aspectos relevantes: a ligação técnica com o 1º B Op Psc e que a FTOP orgânica ao
CML possua a capacidade de ser reforçada por esta Organização Militar.
Logo, visualiza-se que a FTOP orgânica ao CML deve possuir a capacidade
de ser apoiada por Dst do 1º B Op Psc a fim aumentar o apoio tático de Op Psc.
Outrossim, a ligação técnica com o 1º B Op Psc torna-se uma vertente dentro da
pesquisa de campo, visto que a mesma é reiterada por outros indivíduos da
amostra, como exposto a seguir:

O núcleo deve estar vinculado de alguma forma ao 1º B Op Psc para teste e


avaliação, nivelamento doutrinário e unificação de narrativas
(QUESTIONÁRIO 10, 2020).

As frações de Operações Psicologicas devem estar sempre atualizadas


com a Seção de doutrina do 1° Batalhão de Operações Psicológicas
(QUESTIONÁRIO 14, 2020).

O emprego permanente de uma fração tática no estado do Rio de Janeiro é


fundamental, porém, esta estrutura deve manter o vínculo técnico com o 1º
B Op Psc. Outro fator importante é que as Op Psc não são viáveis sem os
meios adequados de emprego, então, antes de se pensar na estrutura de
pessoal, deverá ser pensado sobre a estrutura de material (viaturas, rádio,
rede de computadores, impressoras industriais, entre outras)
(QUESTIONÁRIO 15, 2020).

Logo, a FTOP orgânica ao CML deve ser capaz de manter um canal técnico
com a seção de doutrina do 1º B Op Psc a fim de unificar as narrativas, realizar o
168

teste e avaliação e manter uma constante atualização doutrinária.Por fim, ressalta-


se a importância de uma estrutura material e de recursos adequada para esta fração
tática, visto que "a qualidade e a efetividade da campanha cresce exponencialmente
com a disponibilidade de recursos" (QUESTIONÁRIO 41, 2020).

4.2 DISCUSSÃO

A presente subseção buscou estabelecer um paralelo entre o emprego tático


das Op Psc nas OCCA no Estado do RJ com a doutrina e a organização desta
capacidade. Para tal, norteou-se pela seguinte questão de estudo: De que maneira a
estrutura do SOPEx deve estar organizada para suprir a demanda no ambiente
operacional do Estado do Rio de Janeiro?
Tomando por base este questionamento, buscou-se relacionar a percepção
dos especialistas do Grupo I e II com os dados obtidos na revisão de literatura.
Deste modo, a pesquisa avaliou se havia uma demanda permanente por uma FTOP
no CML e quais seriam as suas conseqüências para a estrutura do SOPEx. Neste
sentido, as ideias centrais dos instrumentos adotados são expostos a seguir:
1. A literatura consultada evidenciou que as estruturas de execução tática de
Op Psc devem realizar suas missões de maneira escalonada e em caráter
permanente em um determinado ambiente operacional, atendendo, assim, a sua
doutrina (COLÔMBIA, 2009; PORTUGAL, 2009; ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA,
2013; RECKZIEGEL, 2016). Todavia, o SOPEx possui apenas o 1º B Op Psc como
estrutura de execução tática. Além disso, esta unidade emprega seus efetivos de
maneira pontual tendo em vista o seu limitado efetivo, conforme descrito no trecho
que segue: “esta unidade com seu pequeno efetivo tem que apoiar as Operações
Especiais e nem sempre consegue apoiar, ao mesmo tempo, os oito C Mil A” (LIMA,
2019). Ademais, cerca de 70% do Grupo I concorda que o 1º B Op Psc não possui
disponibilidade de efetivo para apoiar as Grandes Unidades do EB. Diante disso,
compreende-se que a atual estrutura do SOPEx não está adequada para suprir a
demanda dos oito C Mil A do EB.
2. Em paralelo, identificou-se, no cenário internacional, que as Op Psc vêm
buscando adequar as suas TTP para o combate das novas ameaças vínculadas à
disinformation, à misinformation e à informação para efeitos, as quais tornam o
169

termo propaganda limitado para a definição destas ameaças (ESTADOS UNIDOS


DA AMÉRICA, 2013; PORTUGAL, 2009). De modo paralelo, o SIRIUS/AZUVER tem
priorizado a inclusão das dimensões informacional e humana nesta atividade com a
inclusão do LAOP e dos discentes do CAOP no exercício. Neste sentido, cerca de
88% do Grupo I entende que esta maior consciência situacional resultará no
aumento da necessidade por uma FTOP. Outrossim, no cenário nacional,
identificou-se que o aumento da violência urbana e o emprego da FTOP possuem
correlação positiva para cerca de 98% do Grupo I. Diante dos fatos expostos, infere-
se que existe uma demanda crescente pela FTOP no âmbito do EB, particularmente
no Estado do RJ, que corriqueiramente sofre com a violência urbana.
3. Diante disto, o estudo particularizou a demanda por uma FTOP nas OCCA
ocorridas entre abril de 2014 e dezembro de 2018 no Estado do RJ. Deste modo,
observou-se que em cerca de 82% dos dias ocorreu a atuação de especialistas em
prol deste tipo de operação neste Amb Op, sendo que em algumas ocasiões o
emprego ocorreu após o início da OCCA, indo de encontro à doutrina (MARQUES
JÚNIOR, 2018; BRASIL, 2018e; NETTO et al, 2018). Assim sendo, a pesquisa de
campo visou detectar a percepção dos especialistas acerca da demanda da FTOP
em apoio a linha de esforço do CML nas OCCA, como descrito no trecho a seguir:
“Não há dúvida de que a possibilidade de ter uma Fração de Op Psc
permanentemente ativada nesse ambiente operacional aumentaria a efetividade do
Destacamento" (SILVA, 2019). Esta visão foi igualmente observada nos dados do
questionário, nos quais cerca de 65% dos indivíduos do Grupo I percebem que o
CML necessita permanentemente do apoio de uma FTOP. Por conseguinte, avalia-
se que uma Fração Tática inteiramente capacitada a atuar com Op Psc possui uma
demanda permanente no CML.
4. Em seguida, buscou-se levantar na literatura quais atividades e tarefas
seriam necessárias para esta FTOP. Observou-se que o DOP possui uma
acentuada carga de trabalho para um pequeno efetivo (PRIETO et al, 2009;
MARTORELLI; NETO, 2009; MARQUES JÚNIOR, 2018; ALMEIDA, 2019). Este fato
resultou no emprego de elementos não especializados em atividades de menor
complexidade técnica, como a disseminação de produtos e o teste e avaliação de
Cmp Op Psc (BRASIL, 2014b). Além disso, o DOP na MINUSTAH contratou um
intérprete local para que seus produtos possuíssem efetividade junto àquele público-
alvo (PRIETO et al, 2009). Do mesmo modo, o exército americano contrata apoio
170

linguístico específico, escritores locais e personalidades para que possa estabelecer


uma linha de persuasão válida em um determinado ambiente operacional
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2010). Isto posto, a FTOP em apoio ao CML
deve possuir aptidão para habilitar elementos não especializados em atividades de
menor complexidade técnica e contratar apoio linguístico específico, escritores locais
e personalidades, quando for o caso.
5. Constata-se que as PSYOP executam tarefas atinentes à Dissimulação
Militar visto que as suas ações diminuem a quantidade e a qualidade da informação
disponível, induzindo, assim, o oponente ao erro (ESTADOS UNIDOS DA
AMÉRICA, 2013). Sob outra perspectiva, o exército brasileiro ratifica que ao atuarem
sobre os decisores, sobre os fatores da decisão e sobre os sistemas de informação,
as Operações de Dissimulação visam mudanças de comportamento. Em que pese a
sinergia entre as Op Psc e a Dissimulação Militar, esta é planejada por um oficial de
Dissimulação que congrega os meios e os indivíduos necessários para sua
execução (BRASIL, 2014g). Diante disso, a FTOP que atende a demanda
permanente do CML deve estar em condições de apoiar as ações de Dissimulação e
Contradissimulação Militar neste ambiente operacional.
6. Outrossim, os produtos e as ações das Op Psc possuem elevado grau de
sensibilidade, exigindo uma acurada atenção às funções de combate proteção e
inteligência. Diante disso, observa-se que a proteção cibernética nega ao adversário
os ativos de informação, enquanto as ações de contrainteligência realizam medidas
de segurança orgânica e ativa (BRASIL, 2017d; BRASIL, 2018g). Outra medida
adotada pela G Ciber consiste na disseminação discreta e no levantamento de
dados sobre a ameaça no espaço cibernético (ROBERT, 2019; BRASIL, 2017d). De
modo paralelo, a inteligência atua com um processo denominado ciclo do
conhecimento. Neste escopo, as ações vínculadas ao processo de IRVA possibilitam
a compreensão do ambiente operacional e a produção de conhecimento específico,
incluindo os fatores culturais e humanos que afetam a dimensão informacional
(BRASIL, 2016; BRASIL, 2015g). Portanto, a FTOP em apoio ao CML deve estar
habilitada a conduzir atividades e tarefas que protejam os ativos de informação e
que resultem em um ciclo do conhecimento específico para as Op Psc.
7. Ademais, nota-se que as "Op Psc possuem uma efetividade limitada
quando atuam isoladamente. Todavia, esta CRI, quando atua em um contexto de
uma Op Info, possui condições de explorar melhor as suas capacidades”
171

(KOSCIURESKI, 2019). Esta sinergia ficou comprovada na Operação SF, nos


JOP2016 e na IF. Todavia, o Dst do 1º B Op Psc necessita de um tempo para
estabelecer laços com as demais capacidades presentes no ambiente operacional,
como observado na IF (SILVA, 2019). Além disso, a rotatividade dos especialistas
do DOP interfere no êxito das operações, como Teixeira (2019) demonstra no
trecho: “a gente percebeu que os especialistas permaneciam um determinado tempo
no CML e depois eram substituídos, o que gerava perda de solução de continuidade
das tarefas”. Diante disso, o Comandante do 1º B Op Psc propõe que “todos os C
Mil A deveriam ter uma Fração de Operações Psicológicas apta a conduzir ações
sistemáticas de Op Psc em prol das operações militares e capaz de fornecer uma
pronta resposta naquele C Mil A" (SILVA, 2019). Alinhados a esta percepção, cerca
de 86% do Grupo I considera que a FTOP orgânica ao CML resultaria no maior
aproveitamento desta CRI neste C Mil A. Logo, a estrutura do SOPEx deve possuir
uma FTOP diretamente subordinada ao CML.
8. Quanto ao valor desta estrutura, nota-se que cada Comando Combatente
Geográfico dos EUA possui uma estrutura nível Batalhão PSYOP (componente
ativo), as Divisões de Exército dos EUA (componente reserva) e da Colômbia
possuem uma Companhia de Op Psc e na MINUSTAH havia o emprego de um DOP
em apoio ao BRABAT (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2005; ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA, 2013; NEIZA, 2017; PRIETO et al, 2009). Neste sentido, o
CML conta com a 1ª DE, a Brigada de Infantaria Paraquedista, o 5º Grupamento de
Engenharia, a 1ª e 4ª Região Militar e seis organizações militares diretamente
subordinadas. Nessa direção, Lima (2019) identifica que cada C Mil A deve possuir
uma FTOP equivalente a uma Subunidade ou outro nível. Tal percepção vai ao
encontro da opinião da maioria dos indivíduos do Grupo I ao concordarem que o
Comandante da FTOP deve ser um oficial superior ou intermediário com o Curso de
Aperfeiçoamento de Oficiais (76% do subgrupo I) e que esta estrutura deve possuir
um Estado-Maior (Seção de Pessoal, de Inteligência, Operações, Logística e
Comando e Controle). Contudo, cerca de 57% dos respondentes do Grupo I entende
que a melhor estrutura é o nível pelotão, enquanto 38% julga que o nível subunidade
é o mais adequado. Assim, considerando as estruturas dos EUA e da Colômbia, a
demanda pela FTOP crescente no C Mil A e a contrariedade nos dados do Grupo I
infere que a estrutura tática no CML deve possuir o valor de uma subunidade
independente. Esta deve ser composta pelo Comandante (oficial superior),
172

Subcomandante (com o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais), um Estado-Maior,


um Pelotão de Operações Psicológicas e um Pelotão de Comando e Apoio.
9. Salienta-se que a pesquisa de campo apontou que a Companhia de Op
Psc do CML deve possuir alguns elos com o 1º B Op Psc. O primeiro refere-se à
necessidade de um canal técnico com esta unidade, como pode-se perceber no
trecho: “O núcleo deve estar vinculado de alguma forma ao 1º B Op Psc para teste
e avaliação, nivelamento doutrinário e unificação de narrativas” (QUESTIONÁRIO
10, 2020). Logo, este vínculo deve ser prioridade no que tange à unicidade da
mensagem estratégica do EB e ao desenvolvimento da doutrina de Op Psc.
Todavia, uma turma de teste e avaliação na FTOP foi considerada como muito
importante por cerca de 54% dos respondentes do questionário, ao mesmo tempo
que 19% considerou pouco importante. Diante disso, os resultados evidenciam a
necessidade do teste e avaliação no ambiente operacional, apesar de não serem
conclusivos quanto a necessidade de uma seção específica para esta tarefa.
Neste sentido, pode-se traçar um paralelo com o modelo português, no qual esta
tarefa é uma atribuição da seção de inteligência (PORTUGAL, 2009). O segundo
elo aponta que a FTOP “nos casos em que houver uma operação de maior vulto
[...] será fortalecida com a chegada de uma nova equipe de Op Psc”
(KOSCIURESKI, 2019). Assim, a Companhia de Op Psc do CML nos casos de
crise ou de conflito deve ser capaz de coordenar os trabalhos do Dst do 1º B Op
Psc, aumentando a dosagem das Cmp Op Psc sobre os diversos públicos-alvo e
agilizando a integração deste apoio. Destarte, infere-se que a subunidade de Op
Psc deve possuir um canal técnico com o 1º B Op Psc no que tange à doutrina,
unicidade da mensagem e a capacidade para coordenar os trabalhos dos DOP. De
outra forma, a Seção de Inteligência da Companhia de Op Psc do CML terá como
atribuição o teste e a avaliação das Cmp Op Psc no ambiente operacional.
10. Por fim, levantou-se no questionário que o Pelotão de Op Psc deve ser
constituído por uma Seção de Produção e uma Seção de Ações Táticas. Quanto à
seção responsável pela montagem dos produtos, todos os indivíduos do subgrupo I
consideram a produção audiovisual muito importante ou importante, cerca de 95%
considera a produção gráfica muito importante ou importante, aproximadamente
92% considera a produção web muito importante ou importante. Entretanto, na
produção de Sistemas Aéreos Remotamente Pilotados e de estação rádio não
houve convergência nos resultados. No que se refere à Seção de Ações Táticas,
173

observou-se que uma Turma Tática do 24º Contingente Brasileiro no Haiti composta
por um capitão ou tenente, um tenente e dois sargentos pode atuar com certa
autonomia em diferentes setores de um determinado ambiente operacional
(MARTORELLI; NETO, 2009). Isso “porque em um determinado instante pode
aparecer uma outra operação; talvez na mesma área, em uma próxima, ou, ainda,
em uma área diferente em que a população envolvida não varie muito, fazendo com
que esse trabalho seja efetivo" (KOSCIURESKI, 2019). Assim, a maioria dos
indivíduos do Grupo I (35,2%) apontou que a FTOP do CML deveria possuir três
turmas táticas, sendo que um indivíduo ressaltou a importância da turma Tática
Aeroterrestre. Paralelamente, Lima (2019) indica que a estrutura do CML deve ter
capacidade para desdobrar-se em um, dois ou três destacamentos, sendo que um
estaria “apoiando o C Mil A no nível político, estratégico ou operacional e uma outra
equipe capaz de apoiar a 1ª DE ou uma outra estrutura de nível Divisão" (LIMA,
2019). Assim, conclui-se que a Seção de Produção deve possuir aptidão para
produção gráfica, audiovisual e para a rede mundial de computadores. Por outro
lado, a seção de ações táticas deve possuir três turmas táticas capazes de executar
as mesmas tarefas e atividades, sendo que a primeira turma tática deve atender as
demandas do Comando do CML, a segunda Turma Tática as necessidades da 1ª
DE e a terceira Turma Tática as carências da Brigada de Infantaria Pára-quedista.
Esta inferência decorre das especificações para o apoio a tropa pára-quedista e da
falta de uma outra estrutura do nível DE nesta área de responsabilidade.
174

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Na Era da Informação, a disputa clara contra um inimigo perde espaço para


vetores como mídias sociais, imprensa e população. Neste contexto, os
comandantes militares têm liberdade de ação limitada no tocante às ações cinéticas
e necessitam das CRRI para manter a legitimidade da operação perante a opinião
pública. Logo, o tema “A estruturação das operações de informação no Exército:
uma proposta para o desenvolvimento do Sistema de Informação do Exército” possui
grande relevância no atual Amb Op.
Nesta direção, esta pesquisa delimitou o tema aos aspectos relativos à
população, ao espaço e tempo, respectivamente, aos especialistas em Op Psc, ao
Estado do RJ e às OCCA ocorridas entre 2014 e 2018. Assim, o presente trabalho
avaliou se uma Fração Tática inteiramente capacitada a atuar com Op Psc possui
uma demanda permanente no CML.
Em que pese as muitas informações com restrição de acesso no Brasil, a
revisão de literatura mostrou-se adequada. Esta permitiu atingir plenamente os
objetivos específicos relacionados às questões de estudo propostas.
Em linhas gerais, as Op Info proporcionam soluções do nível estratégico até o
tático para os problemas militares na dimensão informacional. Para isto, as CRRI
interagem entre si, gerando maior efetividade e evitam o fratricídio no processo
comunicacional. Particularmente, as Op Psc vinculam-se às demais capacidades de
várias formas: com os Ass Civ que, por meio das ações comunitárias, rompem o
ciclo da desinformação realizado pela ameaça; com a Com Soc, que age no
combate a desinformação; com a G Ciber que protege/explora os ativos de
informação e possibilita difusões discretas; com a dissimulação militar, que induz a
ameaça a obter comportamentos desejáveis; e com a inteligência, que permeia todo
o ciclo do conhecimento acerca da ameaça; entre outros.
Em seguida, observou-se que no EB as Op Psc possuem uma terminologia
adequada e equiparável às doutrinas internacionais abordadas neste estudo. Do
mesmo modo, observou-se que tal atividade é fundamentada em preceitos da área
da psicologia, da teoria da comunicação, da filosofia e da sociologia. Estes conceitos
resultam nos instrumentos das Op Psc, sendo que no Brasil e na Colômbia utiliza-se
a propaganda e a contrapropaganda. Por outro lado, nos EUA e Portugal utiliza-se
outros instrumentos, visto que o termo propaganda tornou-se insuficiente para
175

abordar as mensagens adversas vinculadas à desinformação intencional (do termo


inglês disinformation), desinformação não intencional (do termo inglês
misinformation) e informação para efeitos. Ademais, notou-se que a atual estrutura
do 1º B Op Psc impossibilita o caráter permanente em um determinado Amb Op,
indo de encontro à doutrina da atividade.
Isto posto, buscou-se identificar as estruturas táticas de Op Psc que realizam
suas tarefas de maneira contínua e alinhada à sua base doutrinária. Assim,
verificou-se que a Colômbia, Portugal e os EUA possuem estruturas escalonadas e
permanentes que evitam a sobrecarga dos especialistas desde a fase inicial das
operações. De outra forma, observou-se que o DOP Haiti contou com um efetivo
variável e reduzido apesar de sua ação contínua no decorrer da MINUSTAH.
Todavia, nas OCCA ocorridas no Estado do RJ entre 2014 e 2018, notou-se
que os especialistas nem sempre foram empregados antes, durante e após as
operações militares. Isto acabou resultando em limitações nos efeitos da Cmp Op
Psc (CM2014) ou em demora inicial para que pudessem ter efetividade e sinergia
com as demais CRRI (SF, Furacão /IF). Por outro lado, a atuação mais alinhada com
a doutrina no decorrer dos JOP2016 resultou na multiplicação do poder de combate
no que tange à dimensão informacional. Deste modo, ocorreu o emprego de
especialistas em apoio as OCCA no Estado do RJ em 82,4% dos dias entre 5 de
abril de 2014 e 31 de dezembro de 2018, sendo que o emprego desta CRI ocorreu
simultaneamente em duas OCCA em 29,6% dos dias.
Após a revisão de literatura, o presente estudo buscou complementar a
bibliografia consultada com a aplicação de pesquisas de campo a fim de identificar a
percepção dos especialistas quanto ao emprego da FTOP, a estrutura do SOPEx,
assim como a demanda atual e crescente das Op Psc no Estado do RJ. Para
cumprir este objetivo, os dados quantitativos foram enviados para os especialistas
possuidores do COP que, integrando um Dst do 1º B Op Psc, atuaram nas OCCA no
Estado do RJ entre 2014 e 2018. Sob outra perspectiva, os especialistas com nível
de decisão no emprego da FTOP no Estado do RJ em 2019 e possuidores do CAOP
foram submetidos a uma entrevista semiestruturada.
Desta forma, a pesquisa realizada evidencia que: houve uma necessidade
permanente do apoio tático de Op Psc nas OCCA ocorridas no Estado do RJ entre
2014 e 2018; a continuidade dos trabalhos resulta em maior efetividade para o
emprego da FTOP; a existência de uma estrutura de execução tática de Op Psc
176

diretamente subordinada ao CML facilitaria a integração com as demais CRRI neste


C Mil A; há a previsão de uma demanda crescente pela FTOP no âmbito do EB; e a
atual estrutura do SOPEx não está adequada para suprir a demanda tática nos oito
C Mil A.
Isto posto, avaliou-se que existe uma necessidade permanente pela fração
tática inteiramente capacitada a atuar com Op Psc no Estado do RJ. Com isso,
concluiu-se que a estrutura adequada para a demanda no CML seja de uma
Companhia de Operações Psicológicas diretamente subordinada a este C Mil A.
Esta deve possuir aptidão para produção audiovisual, gráfica e na rede mundial de
computadores, e, ainda, ser capaz de apoiar o Comando do CML, a 1ª DE e a
Brigada de Infantaria Pára-quedista com suas turmas táticas.
Assim sendo, o estudo apresenta no Apêndice D uma proposta consolidada
em um Caderno de Instrução – A Companhia de Operações Psicológicas, a qual
vislumbra um Quadro de Organização experimental contendo a base doutrinária e a
estrutura organizacional desta estrutura. Caso seja considerado pertinente, esta
subunidade pode servir de base para outros C Mil A, desde que seja avaliada uma
demanda permanente nas situações de normalidade e ao nível Força Terrestre
Componente nos casos de crise ou conflito.
Outrossim, os resultados obtidos são produtos de uma pesquisa aplicada
voltada para a solução do emprego episódico, pontual e com efetivos reduzidos pela
FTOP no Estado do RJ. Ademais, as inferências obtidas foram a visualização mais
adequada para a solução do problema de pesquisa, visto que avaliar uma demanda
permanente possui um vínculo inseparável entre a objetividade e a subjetividade.
Não obstante, o procedimento de comparação entre um Dst do 1º B Op Psc e uma
estrutura orgânica ao CML possuem várias semelhanças. Entretanto, a correlação
tendeu para a estrutura diretamente subordinada ao CML quando identificou-se uma
demora na integração das Op Psc com as demais CRRI do C Mil A e o fato de haver
uma demanda crescente pela FTOP no âmbito nacional.
Diante da metodologia proposta no trabalho, verificou-se que a concentração
dos esforços de pesquisa no que tange à doutrina e à organização limitou os
resultados nos demais fatores de uma capacidade. Por isto o Caderno de Instrução
– A Companhia de Operações Psicológicas (Apêndice D) não foi contemplado no
que tange ao adestramento com uma proposta de programa padrão; ao material
com uma sugestão de plano de equipamentos específicos, quadro de dotação de
177

material, requisitos operacionais ou desejáveis para as necessidades específicas da


OM com base na prospecção tecnológica; à educação limitou-se ao longo da
pesquisa sugerir o curso de reconhecimento e vigilância da Escola de Inteligência
Militar do Exército; ao pessoal com uma proposta para a racionalização de efetivos
no C Mil A que viabilize sua readequação para a subunidade de Op Psc, tornando
factível a elaboração de um Quadro de Cargos; e à infraestrutura com os
elementos estruturais que dão suporte aos elementos da subunidade de Op Psc no
CML.
Logo, recomenda-se a pesquisa das aptidões requeridas para que a
Companhia de Operações Psicológicas diretamente subordinada ao CML possa
cumprir suas missões, são elas: adestramento, material, educação, pessoal e
infraestrutura. Por fim, espera-se que este trabalho impacte positivamente a Doutrina
Militar Terrestre ajudando a aperfeiçoar a organização do SOPEx e estimulando a
ocorrência de novas pesquisas acerca do assunto.

_____________________________________________
Thiago José Bandeira Santos
Capitão de Infantaria
178

REFERÊNCIAS

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179

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Janeiro, 2019.
186

GLOSSÁRIO

Ação Comunitária: Atividade que visa, em cooperação com as lideranças


civis, estimular o espírito comunitário do cidadão brasileiro, a fim de preparar a
comunidade para se auto-assistir e manter, em qualquer situação, a normalidade da
vida comunitária (BRASIL, 2015c, p. 17).
Ativos de Informação: meios de armazenamento, transmissão e
processamento de dados e informação, os equipamentos necessários a isso
(computadores, equipamentos de comunicações e de interconexão), os sistemas
utilizados para tal, os sistemas de informação de um modo geral, bem como os
locais onde se encontram esses meios e as pessoas que a eles têm acesso
(BRASIL, 2017d, p. 2-1).
Atuador Não-Cinético: É aquele passível de aplicação em guerra cibernética
ou guerra eletrônica, operações de apoio à informação, dentre outros que, não
implicando na execução de fogos cinéticos, seja capaz de provocar danos nas
estruturas do inimigo, em sua capacidade de comando e controle, nos seus centros
de comunicações ou, ainda, afetar a sua moral e reduzir-lhe o ímpeto combativo
(BRASIL, 2015d, p. 80).
Campanha de Operações Psicológicas: Conjunto integrado de ações e
produtos planejados e desenvolvidos para a consecução de objetivos psicológicos
propostos (BRASIL, 2015c, p. 54).
Capacidade: É a aptidão requerida a uma força ou organização militar, para
que possa cumprir determinada missão ou tarefa. É obtida a partir de um conjunto
de sete fatores determinantes: Doutrina, Organização (e/ou processos),
Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura (BRASIL, 2014c, p. 3-3).
Comunicador-Chave: Indivíduo que, por suas características pessoais,
atividades eou posição é capaz de influenciar nas opiniões e atitudes do público-
alvo (BRASIL, 2015c, p. 68).
Crime Organizado: Toda organização cujas atividades são destinadas a obter
poder e lucro, transgredindo as leis formais das sociedades. Trata-se de um
conjunto de atividades criminais rigorosamente coordenadas por um comando
187

central, geralmente com ramificações internacionais. O mesmo que ORGANIZAÇÃO


CRIMINOSA (ORCRIM) (BRASIL, 2018d, p. 104).
Desinformação: Fenômeno decorrente de acentuadas deficiências em
exatidão, amplitude e/ou aprofundamento das informações disponíveis aos
decisores e ao público em geral. A desinformação leva a uma percepção
significativamente equivocada, incompleta ou distorcida da realidade e, por fim,
promove decisões e comportamentos inadequados às circunstâncias (BRASIL,
2018d, p. 114).
Destacamento: Parte de uma força separada de sua organização principal
para cumprir uma missão específica, em geral de caráter temporário, em outra
região, com efetivo normalmente reduzido e organização variável (BRASIL, 2015c,
p. 92).
Estado Final Desejado: É uma situação, política ou militar, favorável que deve
ser alcançada quando a operação estiver finalizada (BRASIL, 2018c, p. 14).
Guerra Psicológica: São Operações Psicológicas destinadas a gerar emoções
atitudes ou comportamentos, em grupos inimigos e hostis, com o objetivo de
combalir seu ânimo, destruir seu moral ou levá-los à rendição; e em grupos neutros,
com a finalidade de colocá-los contra os objetivos nacionais do inimigo (BRASIL,
1977, p. 1-2).
Informações: o planeamento das PSYOPS necessita de informações
relevantes, extensas, oportunas, exactas e pormenorizadas sobre as AA,
designadamente a sua identidade, localização, vulnerabilidades, susceptibilidades,
as condições económicas, politicas, históricas, sociais e culturais, em que esta vive.
Adicionalmente, deverá também ser feito um levantamento da situação dos meios de
comunicação (imprensa, rádio, TV, Internet, etc.). A maior parte desta informação
está disponível em fontes abertas e deve ser sistematizada, em tempo de paz, nos
Estudos de Área/Teatro (que poderão fazer parte dos correspondentes Estudos de
Situação de Informações). Posteriormente, na condução das PSYOPS é ainda
necessário a contínua informação proporcionada pelas informações militares
(HUMINT, OSINT, etc.), de forma a permitir a constante avaliação do sucesso da
campanha psicológica (PORTUGAL, 2009, p. 5).
Linha de Persuasão: Conjunto de técnicas e procedimentos planejados para
fazer com que os objetivos psicológicos sejam atendidos, explorando as
vulnerabilidades do público-alvo e utilizando os temas já definidos para a campanha
188

(BRASIL, 2018d, p. 213).


Narrativas Falaciosas: Refere-se a compulsão humana para transformar uma
série de fatos ligados ou desconectados na história ou padrão; inventando a
realidade. Esta é uma tendência humana para interpretar o significado numa
situação completamente aleatória, onde não existe nenhum significado (ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA, 2015, p. 107, tradução nossa). Ver texto em idioma original
no Apêndice C, item 31.
Operações Conjuntas: Operação que envolve o emprego coordenado de
elementos de mais de uma força singular, com propósitos interdependentes ou
complementares, mediante a constituição de um Comando Conjunto (BRASIL,
2015c, p. 190).
Operações Especiais: Operações conduzidas por forças militares,
especialmente organizadas, adestradas e equipadas, visando a consecução de
objetivos políticos, econômicos, psicossociais ou militares relevantes,
preponderantemente, por meio de alternativas militares não convencionais. Podem
ser conduzidas tanto em tempo de paz quanto em períodos de crise ou conflito
armado; em situações de normalidade ou não normalidade institucional; de forma
ostensiva, sigilosa ou coberta; em áreas negadas, hostis ou politicamente sensíveis;
independentemente ou em coordenação com operações realizadas por forças
convencionais; em proveito de comandos de nível estratégico, operacional ou tático
(BRASIL, 2015c, p. 196).
Operações no Amplo Espectro: Combinação de atitudes – ofensiva, defensiva
e interagências (estabilização e apoio a agências) – nas operações militares,
sucessiva ou simultaneamente, como parte de uma Força Terrestre ou conjunta. As
ações executadas – letais e não letais – devem obedecer ao critério de
proporcionalidade com relação aos efeitos desejados e estarem sincronizadas entre
si e com os objetivos estabelecidos para cada operação (BRASIL, 2018d, p. 264).
Pelotão de Operações de Contrainteligência: visa detectar, identificar,
prevenir, obstruir, avaliar, explorar e neutralizar a inteligência adversária e as ações
de qualquer natureza que constituam ameaças à salvaguarda de dados,
conhecimentos, áreas, instalações, pessoas e meios do escalão apoiado (BRASIL,
2018g, p. 4-5)
Propaganda Branca: Propaganda desencadeada e reconhecida pelo seu
promotor ou pela agência que o representa, sendo sua origem francamente
189

identificável (BRASIL, 2018d, p. 311).


Propaganda Cinza: Propaganda cuja origem é omitida sem, no entanto,
pretender atribuí-la a outra origem diferente da verdadeira (BRASIL, 2018d, p. 311).
Propaganda Negra: Propaganda que simula originar-se de uma fonte que não
é a verdadeira (BRASIL, 2018d, p. 311).
Público-Alvo: Público do qual se pretende obter um comportamento desejado
por meio de operações psicológicas (BRASIL, 2015c, p. 228).
Veículo de Difusão: Qualquer meio de divulgação visual, auditiva ou
audiovisual capaz de transmitir mensagens de operação psicológica a um
determinado público-alvo (BRASIL, 2018d, p. 389).
Vetores: órgãos ou instituições (governamentais ou não, militares ou civis,
públicos ou privados, nacionais ou internacionais) (BRASIL, 2017a, p. 3-14).
190

APÊNDICE A – Roteiro para entrevista semi-estruturada

Bom dia Sr (Posto) (Nome Completo), (função do entrevistado). Sou o Cap Inf
Thiago José Bandeira Santos e gostaria de apresentar minha gratidão pela
oportunidade de entrevistá-lo, na realização do Mestrado Profissional da Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais.
O trabalho tem por objetivo avaliar se uma Fração Tática inteiramente
capacitada a atuar com Operações Psicológicas, possui uma demanda permanente
no Comando Militar do Leste. Para tal, será analisado o emprego da fração tática
desta atividade nas Operações de Cooperação e Coordenação com Agências
ocorridas no Estado do Rio de Janeiro entre os anos de 2014 a 2018.

1. A atuação integrada e sincronizada das Capacidades Relacionadas à


Informação, contribui efetivamente para a obtenção de objetivos na dimensão
informacional e sustenta as Linhas de Esforço nas Operações de Informação
em detrimento da aplicação isolada destas capacidades. Dessarte, como o
senhor avalia a efetividade das Operações Psicológicas, de nível tático,
integrada e sincronizada com outras capacidades nas Operações de
Cooperação e Coordenação com Agências no Estado do Rio de Janeiro?

2. Na Era do Conhecimento, a opinião pública possui como


característica a baixa tolerância ao emprego excessivo e prolongado da Força
Terrestre, sendo um importante Centro de Gravidade a ser alcançado pelas
Capacidades Relacionadas à Informação. Neste contexto, o poder de ação
cinético dos Comandantes militares têm se tornado limitado fazendo com que
o emprego de meios não cinéticos aumentem de importância. Na opinião do
senhor, qual a demanda existente no Estado do Rio de Janeiro por emprego de
meios não cinéticos, como a Fração Tática de Operações Psicológicas?

3. Devido a violência urbana, os grandes eventos e exercícios militares,


desde o ano de 2014, o Comando Militar do Leste conduz, em média, duas
operações e exercícios no Estado do Rio de Janeiro com um Destacamento de
Operações Psicológicas. Assim sendo, o senhor compreende que uma fração
tática desta capacidade operativa, diretamente subordinada ao Comando
191

Militar do Leste, facilitaria a sincronização e integração com as demais


Capacidades Relacionadas à Informação nesta Unidade Federativa?
192

APÊNDICE B – Questionários

A FRAÇÃO TÁTICA DE OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS NO COMANDO MILITAR


DO LESTE: UM ESTUDO SOBRE A DEMANDA NO AMBIENTE OPERACIONAL
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

O presente questionário faz parte do trabalho de Mestrado Profissional da


Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, cuja proposta é estudar a demanda do
Comando Militar do Leste por uma Fração Tática de Operações Psicológicas nas
Operações de Cooperação e Coordenação com Agências, ocorridas no Estado do
Rio de Janeiro, entre os anos de 2014 a 2018.
Esta pesquisa possui objetivo acadêmico e sua opinião será primordial para
ajudar a desenvolver a Doutrina Militar Terrestre, no que tange a esta Capacidade
Operativa. Sua participação nesta pesquisa é anônima e em nenhum momento o Sr
será identificado. Nesse sentido, o questionário utiliza a ferramenta Google Docs e
após enviadas as respostas, não haverá identificação do e-mail de origem.
Quaisquer dúvidas no decorrer da realização do questionário poderão ser dirimidas
por meio de correio eletrônico.
*Obrigatório

1. Há quanto tempo o Senhor atua especificamente com Operações


Psicológicas? *
Menos de 1 ano
Entre 1 e 2 anos
De 3 a 5 anos
Mais de 5 anos

2. O Senhor participou de um Destacamento de Operações Psicológicas


em Operações de Cooperação e Coordenação com Agências no Estado do Rio
de Janeiro, entre 2014 a 2018? *
Sim
Não
193

3. Em qual operação de Cooperação e Coordenação com Agências,


analisadas no presente estudo, o senhor atuou? *
Operação São Francisco (Complexo da Maré)
Copa do Mundo de Futebol 2014 (Cidade-Sede Rio de Janeiro)
Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016
Operação Furacão
Intervenção Federal

4. De acordo com o artigo publicado por Oliveira (2017), os conflitos com


o crime organizado no atual contexto brasileiro são a principal fonte de
ameaça para o uso direto das Forças Armadas e de segurança. O Senhor
concorda com essa afirmativa? *
Concordo, totalmente
Concordo, parcialmente
Nem concordo, nem discordo
Discordo
Discordo, totalmente

5. Com qual frequência o senhor julga que, em decorrência da violência


urbana, as Operações Psicológicas deverão ser empregadas nas operações
militares, em cooperação e coordenação com agências no Estado do Rio de
Janeiro? *
Sempre
Na maioria das operações
Em algumas operações
Nunca

6. Atualmente, face ao grande número de missões que o 1º Batalhão de


Operações Psicológicas executa no âmbito nacional, seu apoio vem ocorrendo
majoritariamente durante a execução das operações militares. Entretanto, esta
prática vai de encontro à doutrina que apresenta a contribuição das Operações
Psicológicas como uma tarefa que deve ocorrer antes, durante e após as
operações. Nesse sentido, o quanto o senhor acredita que a efetividade desta
capacidade ocorre mediante a continuidade dos trabalhos? *
194

1 2 3 4 5
Efetividade muito baixa Efetividade muito alta

7. Em decorrência da violência urbana e dos grandes eventos que


geralmente ocorrem no Estado do Rio de Janeiro, qual a demanda por uma
Fração Tática inteiramente capacitada a atuar com Operações Psicológicas
existe no Comando Militar do Leste? *
Permanente
Ocasionalmente
Raramente
Nunca

8. A partir do ano de 2019, um modelo de Levantamento de Área de


Operações Psicológicas (LAOP) foi incluído na documentação do exercício
final (SIRIUS/AZUVER) do Curso de Comando e Estado Maior da Marinha,
Exército e Aeronáutica. Além disso, os discentes do Curso Avançado de
Operações Psicológicas na fase de planejamento do SIRIUS/AZUVER
orientaram os trabalhos referentes à atividade, demonstrando a importância do
LAOP como documento base para esta capacidade operativa.
Doutrinariamente, o Levantamento de Área de Operações Psicológicas deve
ser confeccionado pela 8ª Seção de todos os escalões, a partir do nível
Brigada, uma vez que é fundamental para o planejamento do emprego desta
Capacidade Relacionada à Informação. Deste modo, a maior consciência
situacional do Quadro de Estado-Maior da Ativa acerca da tarefa irá resultar no
aumento da demanda por Operações Psicológicas no nível tático nos
próximos anos. O senhor concorda com esta afirmativa? *
Concordo, totalmente
Concordo, parcialmente
Nem concordo, nem discordo
Discordo
Discordo, totalmente
195

9. No artigo publicado na revista Doutrina Militar Terrestre, Corrêa (2013)


afirma que os Estados-Maiores, a partir do escalão Brigada, devem estar
preparados para coordenar o emprego das Capacidades Relacionadas à
Informação, como as Operações Psicológicas. Diante o exposto, o senhor
acredita ser viável que apenas o 1º Batalhão de Operações Psicológicas seja
capaz de oferecer apoio tático as diversas Brigadas existentes no âmbito do
Exército Brasileiro? *
Sim
Não

10. De acordo com a Diretriz para o Sistema de Operações Psicológicas


do Exército Brasileiro, publicada no Boletim do Exército nº 9 de 28 de fevereiro
de 2014, além do Batalhão, outras organizações especializadas nesta
capacidade operativa podem ser criadas em caráter permanente. Assim sendo,
devido à constante necessidade de Operações de Cooperação e Coordenação
com Agências no Estado do Rio de Janeiro, a continuidade doutrinária das
ações psicológicas e a crescente sobrecarga de missões do 1 º Batalhão de
Operações Psicológicas, o senhor avalia que a existência de uma Fração
Tática de Operações Psicológicas orgânica ao Comando Militar do Leste irá
resultar em um melhor proveito desta atividade neste Comando Militar de Área.
*
Sim
Não

10.1 Caso tenha respondido negativamente à questão anterior, justifique.


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
196

11. No Manual de Doutrina Militar Terrestre (BRASIL, 2014c, p. 3-1),


"capacidade é a aptidão requerida a uma força ou organização militar, para que
possa cumprir determinada missão ou atividade". Esta capacidade é obtida a
partir de um conjunto de fatores, como a Organização que é expressa nesta
pesquisa pela Estrutura Organizacional. Nesse sentido, uma estrutura em um
Comando Militar de Área deve possuir valor inferior à unidade de apoio central
ao Exército. Portanto, o nível Subunidade ou Pelotão é o ideal para a Fração
Tática de Operações Psicológicas orgânica ao Comando Militar do Leste. O
senhor concorda com esta afirmativa? *
Concordo, o nível Subunidade é a organização adequada.
Concordo, o nível Pelotão é a organização adequada.
Discordo.

11.1 Qual a subordinação mais adequada para a Fração Tática de


Operações Psicológicas orgânica ao Comando Militar do Leste? *

Organização Militar Diretamente Subordinada ao CML.


Organização Militar Diretamente Subordinada à 1ª Divisão de Exército.
Organização Militar da Brigada de Infantaria Pára-quedista.

11.2 Caso tenha respondido discordo na questão nº 11, justifique. *


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

12. O Destacamento de Operações Psicológicas é a fração constituída e


encarregada de planejar, preparar, executar e avaliar as campanhas desta
tarefa, previstas para uma Área de Operações. Assim sendo, a estrutura do
Destacamento deve ser a base para que a Fração Tática de Operações
Psicológicas no Estado do Rio de Janeiro possua efetividade no cumprimento
de tarefas. Para tal, marque qual a importância a ser dada às estruturas abaixo,
na fração tática orgânica ao Comando Militar do Leste. *
197

Muito importante Importante Pouco Importante Não é o caso


Comandante (Oficial Superior
ou Intermediário com o Curso
de Aperfeiçoamento de
Oficiais)

Turma de Comando (composta


por uma seção de Pessoal,
uma seção de Logística e uma
seção de Comando e Controle)

Turma de Planejamento
(composta por uma seção de
Operações e uma seção de
inteligência)

Turma de Produção

Turmas Táticas

Turma de Teste e Avaliação

13. A Turma de Produção é responsável pela criação, confecção e


produção dos diversos produtos de Operações Psicológicas. Para tanto,
marque qual a importância a ser dada aos meios desta estrutura na Fração
Tática de Operações Psicológicas orgânica ao Comando Militar do Leste. *

Muito importante Importante Pouco Importante Não é o caso

Produção Audiovisual

Produção Gráfica

Produção Web

Produção Sistemas de
Aeronaves Remotamente
Pilotadas (SARP)

Produção Estação Rádio


198

14. Na doutrina de Operações Psicológicas, as Turmas Táticas devem


estar preparadas e adestradas nas diversas técnicas, táticas e procedimentos
da atividade. Todavia, sua dosagem será estabelecida pela quantidade de
Públicos-Alvo, os meios disponíveis e o tamanho da Área de Operações. Deste
modo, baseado na Turma Tática do 24º Contingente Brasileiro no Haiti (01
Capitão/Tenente, 01 Tenente QAO e dois sargentos), qual a dimensão
adequada deste elemento orgânico nas operações do Exército Brasileiro no
Estado do Rio de Janeiro? *
Uma Turma Tática (quatro militares)
Duas Turmas Táticas (oito militares)
Três Turmas Táticas (doze militares)
Quatro Turmas Táticas (dezesseis militares)
Cinco Turmas Táticas (vinte militares)
Seis Turmas Táticas (vinte e quatro militares)

15. Utilize o espaço abaixo caso o senhor queira contribuir com alguma
experiência ou sugestão relevante ao objetivo da presente pesquisa.
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
199

APÊNDICE C – Citações estrangeiras em idioma original

1. "The Broadcasting Board of Governors (BBG) includes all U.S. civilian


international broadcasting. This includes Voice of America (VOA), Radio Free
Europe/Radio Liberty, Radio Free Asia, Radio and TV Marti, and the Middle East
Broadcasting Networks (Radio Sawa and Alhurra Television). VOA increasingly uses
the Internet, mobile devices, social media and other digital platforms" (ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA, 2011, p. 12).
2. "Information operations (IO) - The integrated employment, during military
operations, of information-related capabilities in concert with other lines of operation
to influence, disrupt, corrupt, or usurp the decision-making of adversaries and
potential adversaries while protecting our own" (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA,
2011, p. 186).
3. Planned operations to convey selected information and indicators to foreign
audiences to influence their emotions, motives, objective reasoning, and ultimately
the behavior of foreign governments, organizations, groups, and individuals. The
purpose of psychological operations is to induce or reinforce foreign attitudes and
behavior favorable to the originator’s objectives (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA,
2010, p. GL-8).
4. Es la estrategia planeada y dirigida para la utilización de un conjunto de
elementos tales como propaganda, medios de comunicación y otras formas de
Acción Sicológica empleados por cualquiera de las fuerzas en conflicto con el
propósito de influir en la voluntad, actitud y comportamiento de las tropas, grupos de
población y miembros de las organizaciones hostiles, con el fin de lograr éxito en el
desarrollo del conflicto (COLÔMBIA, 2009, p. 9).
5. Reward power is defined as power whose basis is the ability to reward. The
strength of the reward power of O / P increases with the magnitude of the rewards
which P perceives that O can mediate for him. Reward power depends on O's ability
to administer positive valences and to remove or decrease negative valences. The
strength of reward power also depends upon the probability that O can mediate the
reward, as perceived by P (FRENCH; RAVEN, 1959, p. 263, tradução nossa).
6. similar to reward power in that it also involves O's ability to manipulate the
attainment of valences. Coercive power of O/ P stems from the expectation on the
part of P that he will be punished by O if he fails to conform to the influence attempt.
200

Thus negative valences will exist in given regions of P's life space, corresponding to
the threatened punishment by O. The strength of coercive power depends on the
magnitude of the negative valence of the threatened punishment multiplied by the
perceived probability that P can avoid the punishment by conformity, i.e., the
probability of punishment for nonconformity minus the probability of punishment for
conformity (FRENCH; RAVEN, 1959, p. 263, tradução nossa).
7. Legitimate power of O / P is here defined as that power which stems from
internalized values in P which dictate that O has a legitimate right to influence P and
that P has an obligation to accept this influence. We note that legitimate power is
very similar to the notion of legitimacy of authority which has long been explored by
sociologists […] However, legitimate power is not always a role relation: P may
accept an induction from O simply because he had previously promised to help O
and he values his word too much to break the promise. In all cases, the notion of
legitimacy involves some sort of code or standard, accepted by the individual, by
virtue of which the external agent can assert his power (FRENCH; RAVEN, 1959, p.
265).
8. The referent power of O / P has its basis in the identification of P with O. By
identification, we mean a feeling of oneness of P with O, or a desire for such an
identity. If O is a person toward whom P is highly attracted, P will have a desire to
become closely associated with O. If O is an attractive group, P will have a feeling of
membership or a desire to join. If P is already closely associated with O he will want
to maintain this relationship. P's identification with O can be established or
maintained if P behaves, believes, and perceives as O does. Accordingly O has the
ability to influence P, even though P may be unaware of this referent power
(FRENCH; RAVEN, 1959, p. 266).
9. The strength of the expert power of O / P varies with the extent of the
knowledge or perception which P attributes to O within a given area. Probably P
evaluates O's expertness in relation to his own knowledge as well us against an
absolute standard. In any case (!xpert [sic] power results in primary social influunce
[sic] on P's cognitive structure and probably not on other types of systems (FRENCH;
RAVEN, 1959, p. 267).
10. Informational power, or persuasion, is based on the information, or logical
argument, that the influencing agent could present to the target in order to implement
change (RAVEN, 1993, p. 236).
201

11. PROPAGANDA: Propagación sistemática, temporal y deliberada de


ciertas ideas, doctrinas o informaciones a través de varios métodos de comunicación
diseñados con el fin de influir en las opiniones, emociones, actitudes o
comportamientos del blanco audiencia para beneficio directo o indirecto de quien lo
origina. Sugerencia con intención persuasiva (COLÔMBIA, 2009, p. 183).
12. CONTRAPROPAGANDA: Acciones encaminadas a minimizar, prevenir,
neutralizar, o mitigar los efectos de la propaganda enemiga en el auditorio
(COLÔMBIA, 2009, p. 178).
13. military information The use of Military Information Support Operations
(MISO) capabilities to inform and influence foreign TAs in support of DOD activities
and operations is military information. MILINFO enhances CF and SOF activities
during peacetime military engagements and is a combat multiplier during major
combat operations. MISO are planned, integrated, synchronized, and executed as
part of conventional and special operations to defeat the enemy and shape the OE in
which the U.S. military operations. Also called MILINFO (ESTADOS UNIDOS DA
AMÉRICA, 2013, p. Glossary 8).
14. interagency/intergovernmental support The use of Military Information
Support capabilities during peacetime to convey the U.S. narrative under the
guidance of the American Embassy or other U.S. Government entity, to shape and
influence foreign attitudes and behaviors in support of theater military plans, U.S.
regional objectives, policies, and public diplomacy efforts. Also call IIS. (ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA, 2013, p. Glossary 8).
15. civil authority information support Public information dissemination
activities conducted by Military Information Support forces at the request of, and in
support of, domestic lead Federal U.S. Government agencies to support natural or
man-made disaster relief operations within U.S. territory. Messages and activities for
influence are not authorized. Also called CAIS (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA,
2013, p. Glossary 6).
16. military deception Actions executed to deliberately mislead adversary
military decisionmakers as to friendly military capabilities, intentions, and operations,
thereby causing the adversary to take specific actions (or inactions) that will
contribute to the accomplishment of the friendly mission. Also called MILDEC
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013, Glossary 8).
202

17. adversary information Information products and activities used by


adversaries and enemies in peacetime and wartime to affect the values, attitudes,
beliefs, and ultimately, the behavior of recipients to give the adversary an advantage.
Adversary information includes information for effect (IFE), misinformation,
disinformation, and propaganda (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013, Glossary
5).
18. information for effect The use, publication, or broadcast of factual
information to negatively affect perceptions and/or damage credibility and capability
of the targeted group (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013, p. Glossary 7).
19. misinformation Incorrect information from any source that is released for
unknown reasons or to solicit a response or interest from a non-political or
nonmilitary target (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013, p. Glossary 9).
20. disinformation Information disseminated primarily by intelligence
organizations or other covert agencies designed to distort information or deceive or
influence US decisionmakers, US forces, coalition allies, key actors, or individuals via
indirect or unconventional means (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013, p.
Glossary 7).
21. propaganda Any form of adversary communication, especially of a biased
or misleading nature, designed to influence the opinions, emotions, attitudes, or
behavior of any group in order to benefit the sponsor, either directly or indirectly
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013, p. Glossary 10).
22. United States Army Special Operations Command [...] mission is to
command (if directed), support, and ensure the combat readiness of assigned and
attached Army PSYOP forces for worldwide use. The USASOC commander
exercises command of CONUS-based AC Army special operations forces (ARSOF)
PSYOP. When directed by CDRUSSOCOM, USASOC provides mission-ready
PSYOP forces to the geographic combatant commands for employment (ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA, 2010, p. A-3).
23. Army Active Component Psychological Operations Group [...] organizes,
equips, and collectively trains assigned and attached forces to rapidly deploy
anywhere in the world and conduct PSYOP and other specified communication tasks
in any environment in support of CCDRs and the interagency as directed by the
President and SecDef (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2010, p. A-3).
203

24. Reserve Component Psychological Operations Group. The RC POGs


organize, train, and equip assigned and attached forces to deploy anywhere in the
world and conduct PSYOP and other specified communication tasks in any
environment in support of CCDRs and the interagency as directed by the President
and SecDef (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2010, p. A-4).
25. Psychological Operations Staff Planners. The Army provides the
preponderance of PSYOP planners assigned or attached to the joint force.
Responsibilities of PSYOP staff planners include: (1) Plan, coordinate, synchronize,
and integrate PSYOP into operations to create effects required to meet the
commander’s intent and support achievement of objectives (2) Prepare the PSYOP
portion of OPLANs and orders. (3) Monitor status of all nonlethal effects, assets, and
activities. (4) Define nonlethal targeting objectives and recommend employment of
PSYOP capabilities to achieve objectives. (5) Request, receive, and integrate
PSYOP units and capabilities into operations (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA,
2010, p. A-5).
26. Tactical PSYOP Battalion. The battalion provides support to corpslevel
units and below, task forces, and SOF. The battalion’s companies are the primary
provider of PSYOP support to conventional forces by enhancing the commander’s
ability to influence the behavior of TAs (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2010, p.
A-5).
27. Strategic Dissemination Company. This company provides support in the
following areas: audio, visual, and audiovisual production; product distribution:
electronic maintenance; and media broadcast (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA,
2010, p. A-5).
28. SSD. The group manages the SSD’s strategic and operational analysis
efforts necessary for mission planning. The SSD is organized into regionally-focused
strategic studies teams comprised of civilian PSYOP analysts holding advanced
degrees and regional expertise. Analysts specialize in target regions and provide
PSYOP-relevant information, strategic analysis, and advice during the planning and
execution of missions (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2010, p. A-4).
29. PSYOP Battalion. The battalion is organized, trained, and equipped to
provide supported commanders with planning, product development, production, and
dissemination from operational to tactical levels (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA,
2010, p. A-4).
204

30. PSYOP Dissemination Battalion. The battalion provides regional and


tactical PSYOP units with audio, visual, and audiovisual production support, product
distribution support, signal support, electronic maintenance support, and media
broadcast capabilities. The battalion provides production support to PSYOP forces
from the Media Operations Center (MOC) location at Ft Bragg, North Carolina, and
through teams deployed with PSYOP units around the world. The MOC is the media
production and product archives hub for the PSYOP community and is critical to
achieving the commanders’ PSYOP objectives (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA,
2010, p. A-4).
31. Narrative Fallacy: The human compulsion to turn a series of connected or
disconnected facts into story or pattern; inventing reality. This is a human tendency to
construe meaning in a completely random situation, where no meaning actually
exists (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2015, p. 107).
205

APÊNDICE D - Sugestão de Estrutura para uma FTOP no CML

MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO

CADERNO DE INSTRUÇÃO

A COMPANHIA DE OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS

(EXEMPLAR-MESTRE)
Proposta
2020
206

MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO

CADERNO DE INSTRUÇÃO

A COMPANHIA DE OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS

(EXEMPLAR-MESTRE)
Proposta
2020
207

ÍNDICE DE ASSUNTOS

Pag

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
1.1 Finalidade........................................................................................................... 1-1
1.2 Considerações iniciais....................................................................................... 1-1
1.3 Quadro de Organização..................................................................................... 1-2
CAPÍTULO II – BASE DOUTRINÁRIA
2.1 Considerações Gerais........................................................................................ 2-1
2.2 Capacidades Operativas.................................................................................... 2-1
2.3 Atribuições da Lista de Tarefas Funcionais....................................................... 2-3
2.4 Atividades e tarefas específicas......................................................................... 2-4
2.5 Situações de comando e controle...................................................................... 2-7
2.6 Formas de apoio................................................................................................ 2-7
CAPÍTULO III – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
3.1 Considerações gerais........................................................................................ 3-1
3.2 Comandante...................................................................................................... 3-1
3.3 Subcomandante................................................................................................. 3-2
3.4 Estado-Maior...................................................................................................... 3-2
3.5 Pelotão de Operações Psicológicas.................................................................. 3-3
3.6 Pelotão de Comando e Apoio............................................................................ 3-5
GLOSSÁRIO
TERMOS E DEFINIÇÕES
REFERÊNCIAS
208

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

1.1 FINALIDADE

1.1.1 As informações contidas neste Caderno de Instrução têm por finalidade


apresentar um Quadro Organizacional (QO) de uma Companhia de Operações
Psicológicas (Cia Op Psc) que atenda às demandas de um Comando Militar de Área1
(C Mil A) nas situações de normalidade, desde que seja avaliada uma demanda
permanente em sua área de responsabilidade.

1.1.2 Nos casos de crise ou de conflito em que o C Mil A evolua para uma Força
Terrestre Componente (FTC), as informações contidas neste compêndio podem servir
de base para o planejamento conceitual e detalhado previsto no Processo de
Planejamento e Condução das Operações Terrestres (PPCOT).

1.1.3 A presente publicação reúne a base doutrinária e a estrutura organizacional da


Cia Op Psc com as suas devidas responsabilidades funcionais.

1.2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.2.1 A relevância do controle da narrativa e da opinião pública nas operações militares


faz com que o emprego do Exército Brasileiro (EB) ocorra de forma proporcional e
gradual ao problema militar em questão. Desta forma, os Comandantes priorizam a
utilização de meios que impliquem na menor aplicação da força e que aumentem as
possibilidades de sucesso na operação, resguardando as capacidades letais para as
situações mais graves2.

1.2.2 Neste contexto, a função de combate fogos conta com as equipes especializadas
em Operações Psicológicas3 (Op Psc) como um de seus atuadores não-cinéticos4.
Esta atuação compreende as fases de seleção e obtenção de alvos; designação de
vetores5; coordenação com as demais Capacidades e Recursos Relacionados à
Informação (CRRI); dissuassão ou retirada da legitimidade da ameaça; e avaliação dos
impactos6.

1
Ver Glossário, item Comando Militar de Área.
2
BRASIL. Comando do Exército. Comando de Operações Terrestres. EB70-MC-10.341: Lista de Tarefas
Funcionais. 1 ed. Brasília, DF, 2016a.
3
Os Destacamentos (Dst) do 1º Batalhão de Operações Psicológicas (1º B Op Psc) e o Pelotão de
Operações Psicológicas da Cia Op Psc.
4
Ver Glossário, item Atuador Não-Cinético.
5
A designação de vetores visa identificar o ator (quem apresenta a mensagem), o autor (quem produziu
a mensagem) e a autoridade (instituição, organização ou indivíduo que determinou a produção da
mensagem) (PORTUGAL, 2009).
6
BRASIL. Comando do Exército. Comando de Operações Terrestres. EB20-MC-10.206: Fogos. Brasília,
DF, 2015c.

1-1
209

1.2.3 Neste sentido, a criação da Cia Op Psc diretamente subordinada ao C Mil A (ou à
FTC, nos casos de crise ou conflito) ocorre como resultado do atual ambiente
operacional, caracterizado pela relevância da dimensão informacional e humana em
detrimento da dimensão física.

1.3 QUADRO DE ORGANIZAÇÃO

1.3.1 O processo de concepção de Quadro de Organização desempenha um papel


fundamental no processo de preparo, de emprego e de evolução da Doutrina Militar
Terrestre. Desta forma, o Centro de Doutrina do Exército (C Dout Ex) estabeleceu uma
metodologia específica para a criação ou atualização de uma Organização Militar (OM)
operativa, considerando a doutrina nacional e de outros países. Em seguida, institui
uma organização padrão para as OM de mesma natureza a fim de permitir a sua plena
operacionalidade para o cumprimento de sua missão7.

1.3.2 Assim sendo, a concepção do QO da Cia Op Psc é constituída dos seguintes


elementos: base doutrinária, estrutura organizacional, Quadro de Cargos (QC) e
Quadro de Dotação de Material (QDM). Contudo, a Instrução Reguladora do processo
de concepção de QO normatiza que, para ser aprovado, este último não necessita
obrigatoriamente de um QDM e que apenas compete ao C Dout Ex a elaboração do
QC de uma OM operativa8. Diante do exposto, esta publicação apresenta a base
doutrinária e a estrutura organizacional da OM de Operações Psicológicas, valor
Subunidade independente.

7
BRASIL. Comando do Exército. Portaria nº 297 - EME, de 09 de novembro de 2015. Aprova as
Instruções Reguladoras do Processo de Concepção de Quadro de Organização (EB20-IR-10.004).
Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 46, 13 nov. 2015a.
8
Ibid.

1-2
210

CAPÍTULO II

BASE DOUTRINÁRIA

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

2.1.1 A Cia Op Psc é responsável pelo planejamento, preparo, execução e avaliação


das Campanhas de Operações Psicológicas (Cmp Op Psc) em sua área de
responsabilidade. Tal estrutura, composta por especialistas na área, deve estar
inteiramente capacitada a atuar com Op Psc no contexto das Operações de
Cooperação e Coordenação com Agências, ofensivas ou defensivas.

2.1.2 Para que esta estrutura possua plena operacionalidade foram elencados os
seguintes aspectos relativos a sua base doutrinária: capacidades operativas,
atribuições da lista de tarefas funcionais, atividades e tarefas específicas, situações de
comando e controle e formas de apoio.

2.2 CAPACIDADES OPERATIVAS

2.2.1 O Catálogo de Capacidades do Exército elenca todas as aptidões requeridas para


que a Força Terrestre possa aplicar a geração de forças por meio do Planejamento
Baseado em Capacidades9. Dentre estas aptidões, para que execute suas atividades e
tarefas a Cia Op Psc deve possuir as seguintes capacidades operativas:

2.2.1.1 “Prontidão: ser capaz de, no prazo adequado, estar em condições de empregar
uma força no cumprimento de missões, valendo-se de seus próprios recursos
orgânicos e meios adjudicados”10.

2.2.1.2 “Ação Terrestre: ser capaz de executar atividades e tarefas com o objetivo de
dissuadir, prevenir ou enfrentar uma ameaça potencial ou real, impondo a vontade da
força”11.

2.2.1.3 “Planejamento e Condução: ser capaz de realizar planejamento, preparação,


execução e avaliação contínua de Operações no Amplo Espectro dos Conflitos,
empregando meios e armamentos modernos, baseados em Tecnologias de
Informações e Comunicações, com adequada proteção”12.

2.2.1.4 “Sistemas de Comunicações: ser capaz de estabelecer e operar estruturas de


comunicações para suportar toda necessidade de transmissão para a condução

9
BRASIL. Comando do Exército. Portaria nº 309 - EME, de 23 de dezembro de 2014. Aprova o
Catálogo de Capacidades (EB20-C-07.001). Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 1, 02 jan. 2015b.
10
Ibid., p. 9. [Citações copiadas integralmente do documento supracitado].
11
Ibid., p. 10.
12
Ibid., p. 12.

2-1
211

dos processos de apoio à decisão, as informações para a consciência situacional


do comandante nos diversos níveis e as ações para a busca da superioridade de
informações”13.

2.2.1.5 “Consciência Situacional: ser capaz de proporcionar em todos os níveis de decisão,


em tempo real, a compreensão, a interação do ambiente operacional e a percepção
sobre a situação das tropas amigas e dos oponentes. É propiciada pela integração
dos conhecimentos provenientes dos sistemas de informação, sistemas de armas e
satélites, apoiados em infraestrutura de comunicações com o nível adequado de
proteção”14.

2.2.1.6 “Gestão do Conhecimento e das Informações: ser capaz de gerir e compartilhar o


fluxo de conhecimentos coletados ou produzidos por instituições militares e civis,
nacionais ou internacionais, em uma infraestrutura adequada, visando dar suporte
aos Comandantes, em todos os níveis de decisão, para o emprego dos meios e das
forças militares terrestres”15.

2.2.1.7 “Segurança das informações e Comunicações: ser capaz de fornecer proteção


adequada, mantendo a integridade e a disponibilidade dos sistemas e das
informações armazenadas, processadas ou transmitidas, por meio da
implementação de medidas adequadas para viabilizar e assegurar a
disponibilidade, a integridade, a confidencialidade e a autenticidade de dados e
informações”16.

2.2.1.8 “Operações Psicológicas: ser capaz de apoiar ou desenvolver processos e ações,


em tempo de paz, crise ou conflito, para influenciar os diversos públicos existentes
(hostil, amigo ou neutro), a fim de obter uma atitude positiva de nossas ações e
inibir as percepções contrárias a nossa atuação, contribuindo para o sucesso nas
operações”17.

2.2.1.9 “Comunicação Social: ser capaz de proporcionar ao Comandante, em todos os níveis


de decisão, melhores condições de interatividade com as autoridades, a sociedade,
a imprensa e o público interno para informar e obter liberdade de ação no emprego
dos seus meios, enquanto atrai, motiva e mantém capital humano para a Força
Terrestre”18.

2.2.1.10 “Inteligência: ser capaz de proporcionar os conhecimentos necessários para


apoiar os processsos decisórios e para a proteção dos ativos da Força”19.

2.2.1.11 “Exploração Cibernética: ser capaz de conduzir ações de busca ou coleta, nos
Sistemas de Tecnologia da Informação de interesse, a fim de obter dados. Essas
ações devem preferencialmente evitar o rastreamento e servir para a produção de
conhecimento ou identificar as vulnerabilidades desses sistemas”20.

13
Ibid., p. 13.
14
Ibid.
15
Ibid.
16
Ibid., p. 17.
17
Ibid.
18
Ibid.
19
Ibid., p. 18.
20
Ibid.

2-2
212

2.2.1.12 “Proteção Cibernética: ser capaz de conduzir ações para garantir o funcionamento
dos nossos dispositivos computacionais, redes de computadores e de
comunicações, incrementando as ações de Segurança, Defesa e Guerra
Cibernética para neutralizar ataques e exploração cibernética em nossos meios. É
uma atividade de caráter permanente”21.

2.3 ATRIBUIÇÕES DA LISTA DE TAREFAS FUNCIONAIS

2.3.1 Para que possa obter um efeito tático relacionado as suas capacidades
operativas a Cia Op Psc necessita possuir um conjunto de atividades e de tarefas em
sua base doutrinária22.

2.3.2 As atividades relacionam um conjunto de tarefas agrupadas por crItérios de


interdependência, relacionamento ou similaridade. Por outro lado, as tarefas constituem
as ações que contribuem para alcançar um resultado determinado23.

2.3.3 Nesta direção, a Doutrina Militar Terrestre possui uma Lista de Tarefas
Funcionais que apresenta eficiência comprovada para uso dos Estados-Maiores nos
escalões táticos24. Logo, a Cia Op Psc deve executar as seguintes atividades e tarefas
previstas nesta publicação doutrinária:

ATIVIDADES TAREFAS
- “Realizar o exame de situação: consiste em identificar o problema militar,
estudá-lo e conceber a solução.”
“Conduzir o
- “Elaborar planos e ordens: consiste em planejar a prevenção de ameaças, o
processo de
gerenciamento de crises ou a solução do conflito armado, bem como conceber a
planejamento e a
estratégia para atender às tarefas e missões impostas.”
condução das
- “Preparar, controlar e avaliar a operação planejada: consiste em realizar a
operações”
preparação dos envolvidos, o controle e a avaliação contínua de todo o
processo”25.
- “Estabelecer redes e sistemas de informações: compreende ampliar e defender
as redes de informação para garantir o fluxo das ordens e dos relatórios.”
- “Colaborar com a consciência situacional por meio da gestão do conhecimento:
compreende pesquisar e difundir o conhecimento sobre a missão a fim de
garantir a consciência situacional em todos os níveis de comando.”
- “Gerenciar informações e dados: compreende assegurar o acesso à informação
“Realizar a gestão
com segurança e em níveis escalonáveis de usuários.”
do conhecimento
- “Conduzir operações de rede: compreende o gerenciamento das redes
e da informação”
participantes.”
- “Avaliar a formação coletada: compreende verificar a relevância da informação,
realizando uma triagem inicial”.
- “Processar informações relevantes: compreende considerar imediatamente as
informações críticas nas simulações e projeções para ajustar a operação
constantemente.”

21
Ibid., p. 19. [Citações copiadas integralmente do documento supracitado].
22
Ibid.
23
Ibid.
24
BRASIL. Comando do Exército. Comando de Operações Terrestres. EB70-MC-10.341: Lista de
Tarefas Funcionais. 1 ed. Brasília, DF, 2016a.
25
Ibid., p. 2-1. [Citações copiadas integralmente do documento supracitado].

2-3
213

- “Armazenar informações relevantes: compreende salvar com segurança e


backup as informações relevantes, sobretudo os relatórios”26.
- “Planejar e conduzir as operações psicológicas, devendo ser realizada pelo
membro especialista do Estado-Maior que consiste na tomada de ações que
envolvam o planejamento, a execução e a avaliação da efetividade e do
“Apoio à obtenção
desenvolvimento das Operações Psicológicas.”
da consciência
- “Integrar as demais capacidades e recursos relacionados à informação:
situacional”
consiste em realizar a sincronização das capacidades relacionadas à informação,
a condução do levantamento e da avaliação de alvos para as Operações de
Informação e a condução do apoio de Inteligência às Operações Psicológicas”27.
- “Realizar a busca de alvos: trabalho conjunto ou simplificado, compreendendo
“Planejamento e as seguintes ações: detecção, aquisição, localização, identificação, classificação,
coordenação de seleção, rastreamento e atuação contra alvos terrestres.”
fogos” - “Selecionar e priorizar os alvos: elaborar uma lista ordenando, em prioridade, os
alvos que possuam importância para o desenvolvimento da campanha”28.
- “Adotar medidas de segurança orgânica: visa a obter um grau de proteção
ideal, por meio da adoção eficaz e consciente de um conjunto de medidas
“Adotar medidas destinadas a prevenir e obstruir as ações de qualquer natureza que ameacem a
de salvaguarda de dados, conhecimentos e seus suportes do Sistema de Defesa.”
Contrainteligência” - “Adotar medidas de segurança ativa: destina-se a detectar, identificar, avaliar e
neutralizar as ações da Inteligência adversa e outras ações de qualquer
natureza, dirigidas contra os interesses da sociedade e do Estado”29.
Quad 2-1 – Atribuições da Cia Op Psc na Lista de Tarefas Funcionais

2.4 ATIVIDADES E TAREFAS ESPECÍFICAS

2.3.4 A Lista de Tarefas Funcionais elenca algumas atividades e tarefas previstas para
o Exército Brasileiro nas operações militares do amplo espectro.

2.3.5 Contudo, tal publicação não visa a esgotar o assunto, sendo adequadas as
seguintes atividades e tarefas específicas para a Cia Op Psc.

2.3.6 Em relação ao Sistema de Informações do Exército:

TAREFAS AÇÕES ESPECÍFICAS


- Reagir prontamente perante as ameaças
identificadas;
Prover prontidão de Op Psc
- Manter atualizados os dados necessários às
Campanhas de Operações Psicológicas.
- Integrar os dados e as informações das Op Psc
com as demais capacidades;
- Utilizar os dados e as informações obtidas pelas
CRRI a fim de planejar, executar ou corrigir as
Sincronizar suas ações com as demais CRRI
Cmp Op Psc;
- Estabelecer, por intermédio do canal de
inteligência, a evacuação de produtos adversos
encontrados no Ambiente Operacional.
Integrar-se às estruturas do Sistema de - Manter um canal técnico com a Seção de Op Psc

26
Ibid., p. 2-2.
27
Ibid., p. 4-3.
28
Ibid., p. 5-1.
29
Ibid., p. 7-1.

2-4
214

Operações Psicológicas do Exército (SOPEx) do Comando de Operações Terrestres, Seção de


Op Psc do C Mil A (ou FTC) e com o 1º B Op Psc;
- Coordenar os trabalhos do Dst do 1º B Op Psc
em apoio ao ambiente operacional.
- Anular ataques e exploração cibernética sobre os
ativos de informação sob sua responsabilidade;
Proteger os ativos de informação30 - Manter a autenticidade, confidencialidade,
disponibilidade e integridade dos ativos de
informação sob sua responsabilidade.
Quad 2-2 –Atribuições da Cia Op Psc relativas ao Sistema de Informações do Exército

2.4.4 Em relação aos produtos e às ações:


TAREFAS AÇÕES ESPECÍFICAS
- Criar, confeccionar e produzir meios
audiovisuais, gráficos e em outros formatos que
possam ser difundidos na área de operações,
assim como na rede mundial de computadores;
Proporcionar mensagens de Op Psc - Manter material e pessoal em constante
atualização tecnológica a fim de adequar as
mensagens das Op Psc;
- Contratar apoio linguístico específico, escritores
locais e personalidades, se for o caso.
- Realizar a disseminação de produtos em apoio
as operações militares;
- Habilitar elementos não especializados para a
disseminação de produtos;
Difundir produtos de Op Psc - Realizar a disseminação aérea de produtos por
meio de aeronaves de asa fixa, rotativa ou de
sistemas de aeronaves remotamente pilotadas,
quando apoiada por estes meios.
- Prover reuniões com lideranças e associações
locais;
- Prover palestras para públicos-alvo específicos;
Realizar ações de Operações Psicológicas - Estabelecer e/ou manter contato com
colaboradores na área de operações;
- Executar outras ações de impacto psicológico
necessárias ao ambiente operacional.
- Estabelecer os indicadores de impacto das Cmp
Op Psc;
- Detectar os efeitos das campanhas de Op Psc;
Realizar o teste e a avaliação das Cmp Op Psc
- Habilitar elementos não especializados para
conduzirem o teste e a avaliação das campanhas
de Operações Psicológicas.
Quad 2-3 – Atribuições da Cia Op Psc em relação aos produtos e às ações

2.4.5 Em relação ao ciclo do conhecimento específico para as Op Psc:


TAREFAS AÇÕES ESPECÍFICAS
- Realizar reconhecimentos para o levantamento
de área de Operações Psicológicas na área de
responsabilidade;
Conduzir reconhecimentos - Realizar reconhecimentos para o registro de
público-alvo na área de responsabilidade;
- Realizar o reconhecimento especializado de
Operações Psicológicas em áreas ou pontos

30
Ver Glossário, item Ativos de Informação.

2-5
215

específicos.
- Detectar31, localizar32 e identificar33 os vetores
que conduzem a desinformação intencional34 (do
termo inglês Disinformation);
- Detectar, localizar e identificar os vetores que
conduzem a desinformação não intencional35 (do
termo inglês Misinformation);
Designar vetores no ambiente operacional
- Detectar, localizar e identificar os vetores que
conduzem a informação para efeitos36;
- Detectar, localizar e identificar os vetores que
conduzem a propaganda adversa;
- Detectar, localizar e identificar os
comunicadores-chave e lideranças locais.
- Monitorar os vetores que conduzem a
desinformação intencional (do termo inglês
Disinformation).
- Monitorar os vetores que conduzem a
desinformação não intencional (do termo inglês
Misinformation);
Conduzir vigilância
- Monitorar os vetores que conduzem a informação
para efeitos;
- Monitorar os vetores que conduzem a
propaganda adversa;
- Realizar o monitoramento das mídias sociais por
intermédio de perfis operacionais.
- Conduzir ações de busca, coleta ou difusão nos
Sistemas de Tecnologia da Informação e
Comunicações;
- Produzir conhecimento específico para as Op
Psc com os dados obtidos37;
Prover a obtenção da consciência situacional - Difundir os conhecimentos gerados de maneira
oportuna;
- Examinar as informações da ameaça
possibilitando determinar seus efeitos sobre os
públicos-alvo.
Quad 2-4 – Atribuições da Cia Op Psc relativas ao ciclo do conhecimento específico para as Op Psc

2.4.6 Em relação às ações de dissimulação militar:


TAREFAS AÇÕES ESPECÍFICAS
- Influenciar negativamente o processo decisório
Apoiar as ações de dissimulação militar da ameaça;
- Executar táticas38 e técnicas39 da dissimulação
militar;

31
“A detecção determina a existência ou presença de um alvo” (BRASIL, 2016b, p. 2-23).
32
“A localização consiste na determinação das coordenadas tridimensionais referidas a pontos
conhecidos ou a posição das peças” (BRASIL, 2016b, p. 2-23).
33
“A identificação determina a natureza, a composição e as dimensões do [...] alvo” (BRASIL, 2016b, p.
2-23).
34
Ver Glossário, item Desinformação Intencional.
35
Ver Glossário, item Desinformação Não Intencional.
36
Ver Glossário, item Informação para Efeitos.
37
Cf. BRASIL. Comando do Exército. Comando de Operações Terrrestres. EB70-MT10.401: Produção
do conhecimento de Inteligência. 1 ed. Brasília, DF, 2019.
38
Projeção de uma tropa de maior valor, finta, demonstração e deslocamentos furtivos (BRASIL,
2014d).

2-6
216

- Induzir o decisor da ameaça a reagir de forma


favorável as nossas operações;
- Influenciar a ameaça a realizar (ou não) ações
específicas.
- Ocultar as ações de dissimulação de nossas
Apoiar as ações de contradissimulação militar tropas;
- Desencorajar atos hostis por parte da ameaça.
Quad 2-5 – Atribuições da Cia Op Psc relativas às ações de dissimulação militar

2.5 SITUAÇÕES DE COMANDO E CONTROLE

2.3.7 As situações de comando e controle estabelecem a cadeia de comando entre os


escalões superiores e os subordinados, visam a unidade de esforços a serem
aplicados e possibilitam flexibilidade ao emprego das forças subordinadas40.

2.3.8 A Cia Op Psc e suas Turmas Táticas podem estar sob uma das seguintes
situações de comando e controle previstas no PPCOT: Comando Operativo, Controle
Operativo ou Reforço.

2.3.9 Comando Operativo: O Comandante tem autoridade para estabelecer a


composição do apoio de Op Psc, coordenando suas operações e atribuindo a este
missões e objetivos. Em geral, esta situação de comando e controle não inclui assuntos
relativos à instrução, ao adestramento, à organização interna e à administração41.

2.3.10 Controle Operativo: O Comandante tem autoridade para empregar e controlar


a Cia Op Psc em tarefas específicas e delimitadas no espaço e no tempo. Contudo, a
autoridade nesta situação de comando e controle não pode empregar os componentes
da Subunidade separadamente. Normalmente nesta situação de comando e controle a
autoridade não possui competência para efetuar o controle logístico ou administrativo
desta organização42.

2.3.11 Reforço: A Cia Op Psc passa à subordinação provisória de uma OM de


constituição fixa, a fim agregar a esta um módulo especializado de Op Psc. Nesta
ocasião, a organização é subordinada ao Comandante da força apoiada para todos os
efeitos, inclusive logístico43.

2.6 FORMAS DE APOIO

2.3.12 As formas de apoio variam de acordo com o elemento apoiador, a finalidade e a


situação em que o apoio ocorre. Desta forma, suas variantes permitem que os
Comandantes que apoiam alcancem os resultados pretendidos da maneira mais

39
Ardil, simulação, repetição incessante e utilização de sistemas de alto falantes (BRASIL, 2014d).
40
BRASIL. Comando do Exército. Comando de Operações Terrestres. EB20-MC-10.211: Processo de
Planejamento e Condução das Operações Terrestres. Brasília, DF, 2014c.
41
BRASIL. Ministério da Defesa. MD35-G-01: Glossário das Forças Armadas. 5. ed. Brasília, DF, 2015d.
42
Ibid.
43
Ibid.

2-7
217

adequada. Normalmente o Comandante enquadrante nesta relação não interfere no


controle administrativo da Cia Op Psc44.

2.3.13 A Cia Op Psc pode estar sob uma das seguintes formas de apoio: Apoio ao
Conjunto ou Apoio Direto.

2.3.14 Apoio ao Conjunto: A Cia Op Psc realiza suas atividades e tarefas em proveito
da força como um todo. Nesta ocasião, as equipes especializadas em Operações
Psicológicas permanecem centralizadas sob o comando da subunidade45.

2.3.15 Apoio Direto: É a forma de empregar estruturas de Op Psc capazes de atuar


apoiando uma OM de valor fixo que não a possua, em diferentes setores de um mesmo
ambiente operacional. Este apoio deve ocorrer por meio das Turmas Táticas que
permanecem sob o comando da Cia Op Psc46.

44
BRASIL. Comando do Exército. Comando de Operações Terrestres. EB20-MC-10.211: Processo de
Planejamento e Condução das Operações Terrestres. Brasília, DF, 2014c.
45
BRASIL. Ministério da Defesa. MD35-G-01: Glossário das Forças Armadas. 5. ed. Brasília, DF, 2015d.
46
Ibid.

2-8
218

CAPÍTULO III

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

3.1.1 A estrutura organizacional nas OM operativas é o esquema que apresenta o


comando e os seus respectivos elementos subordinados47.

3.1.2 A Companhia de Operações Psicológicas está organizada em Comando, Estado-


Maior, Pelotão de Comando e Apoio e Pelotão de Operações Psicológicas.
Eventualmente esta estrutura pode ser apoiada por Destacamentos do 1º B Op Psc,
desde que não exceda sua capacidade de comando e controle.

Org 3-1 – Organograma da Cia Op Psc

3.2 COMANDANTE

3.2.1 É o principal responsável pelo correto emprego da Subunidade de Operações


Psicológicas, devendo decidir, dirigir e avaliar continuamente as tarefas desta OM48.
Além disso, como peça chave da Subunidade, deve integrar as informações das Op
Psc em seu nível com as demais CRRI de forma segura e oportuna.

3.2.2 O Comandante da Cia Op Psc deve incentivar o exercício da criatividade e da


iniciativa de seus subordinados, de forma disciplinada, no intuito de explorar as
oportunidades ou as vulnerabilidades da ameaça49.

3.2.3 Realiza a aprovação de produtos e ações com a autoridade definida no Apêndice


de Op Psc do C Mil A (ou FTC).

47
BRASIL. Comando do Exército. Portaria nº 297 - EME, de 09 de novembro de 2015. Aprova as
Instruções Reguladoras do Processo de Concepção de Quadro de Organização (EB20-IR-10.004).
Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 46, 13 nov. 2015a.
48
BRASIL. Comando do Exército. Comando de Operações Terrestres. EB20-MC-10.211: Processo de
Planejamento e Condução das Operações Terrestres. Brasília, DF, 2014c.
49
Ibid.

3-1
219

3.3 SUBCOMANDANTE

3.3.1 É o principal assessor do Comandante, sendo seu substituto eventual. Como


Chefe do Estado-Maior, deve coordenar e supervisionar os trabalhos e os esforços
desta estrutura, possibilitando que o Comandante concentre-se nos assuntos mais
relevantes50.

3.3.3 Este é o principal responsável por conduzir a reunião de criação de produtos para
as Cmp Op Psc e por estabelecer os laços táticos necessários para os trabalhos dos
Dst do 1º B Op Psc recebidos em apoio à Subunidade.

3.4 ESTADO-MAIOR

3.4.1 OFICIAL DE PESSOAL

3.4.1.1 É o principal assessor do Comandante no que tange aos assuntos de pessoal.

3.4.2 OFICIAL DE INTELIGÊNCIA

3.4.2.1 É o principal assessor do Comandante quanto ao ciclo do conhecimento


específico para as Operações Psicológicas, devendo examinar as informações obtidas
neste processo a fim de determinar seus efeitos sobre os públicos-alvo.

3.4.2.2 Em paralelo a fase de obtenção no ciclo do conhecimento específico para as


Operações Psicológicas, este oficial é o responsável pela evacuação de produtos da
ameaça encontrados na área de operações, em estreita coordenação com o canal de
inteligência a fim de determinar seus efeitos imediatos sobre os públicos-alvo51.

3.4.2.3 Elenca os indicadores de impacto para as Campanhas de Operações


Psicológicas durante o planejamento do oficial de operações.

3.4.2.4 Conduz os pré-testes/pós-testes e avalia os efeitos das campanhas de


Operações Psicológicas, indicando correções ao oficial de operações (quando for o
caso)52.

3.4.2.5 Habilita elementos não-especializados para conduzirem o teste e a avaliação


das campanhas de Operações Psicológicas.

3.4.2.6 Coordena a execução de medidas de segurança orgânica e ativa.

50
Ibid.
51
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Army. Department of the Army. FM 3-53: Military Information
Support Operation. Washington, DC, 2013.
52
PORTUGAL. Ministério da Defesa Nacional. IESM. ME 20-04-05: Operações Psicológicas. Pedrouços,
2009.

3-2
220

3.4.3 OFICIAL DE OPERAÇÕES

3.4.3.1 É o principal assessor do Comandante quanto ao emprego das Operações


Psicológicas na área de responsabilidade, sendo responsável pelo planejamento,
preparo e execução destas atividades.

3.4.3.2 Elabora, conduz e avalia continuamente as Campanhas de Operações


Psicológicas, adotando as correções julgadas cabíveis.

3.4.3.3 Em sincronia com o oficial de comando e controle e de inteligência, é o principal


responsável por apresentar uma pronta resposta às ameaças identificadas pelas CRRI
ou pelo ciclo do conhecimento específico para as Op Psc.

3.4.3.3 Coordena as atividades e as tarefas dos pelotões da Cia Op Psc e dos Dst do
1º B Op Psc recebidos em apoio (quando for o caso).

3.4.3.4 Confecciona periodicamente o diagrama resumo de campanha e o relatório de


Operações Psicológicas.

3.4.4 OFICIAL DE LOGÍSTICA

3.4.4.1 É o principal assessor do Comandante no que tange à logística e à


disponibilidade dos meios.

3.4.4.2 Contudo, este oficial deve possuir expertise para gerenciar os processos de
contratação de especialistas nas áreas de apoio linguístico, escritores e
personalidades; serviços ou equipamentos que sejam necessários à execução das Op
Psc, não excetuando-se aos materiais de emprego militar.

3.4.5 OFICIAL DE COMANDO E CONTROLE

3.4.5.1 É o principal assessor do Comandante no que tange à integração dos dados e


das informações das Op Psc no nível de execução tática com as demais CRRI.

3.4.5.2 É responsável por manter um canal técnico entre a Cia Op Psc e as demais
estruturas do SOPEx.

3.4.5.3 Coordena a execução das medidas de proteção dos ativos de informação e


estabelece as diretrizes para a segurança da informação no âmbito da Cia Op Psc.
3.4.5.4 Explora e mantém as prescrições, as ligações e as diretrizes das comunicações
entre o escalão enquadrante e as demais estruturas da Subunidade.

3.5 PELOTÃO DE OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS

3.5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

3.5.1.1 O Pelotão de Operações Psicológicas está organizado em Seção de Produção

3-3
221

e Seção de Ações Táticas.

Org 3-2 – Organograma do Pelotão de Operações Psicológicas

3.5.2 SEÇÃO DE PRODUÇÃO

3.5.2.1 A Seção de Produção é composta pela Turma de Produção Audiovisual, Turma


de Produção Gráfica e Turma de Produção Web.

Org 3-3 – Organograma da Seção de Produção

3.5.2.2 A Seção de Produção deve elaborar o registro de campanhas e manter seu


efetivo e material em constante estado de prontidão e de atualização tecnológica.

3.5.2.3 O Chefe da Seção de Produção é o responsável por integrar o apoio linguístico


específico, escritores locais e personalidades ao processo de produção de mensagens
das Op Psc (quando for o caso).

3.5.2.4 A Turma de Produção Audiovisual é responsável por criar, confeccionar e


produzir os meios audiovisuais. Além disto, esta Turma deve elaborar a ficha de
produtos audiovisuais.

3.5.2.5 A Turma de Produção Gráfica é responsável por criar, confeccionar e produzir


os meios gráficos. Ademais, esta Turma deve elaborar a ficha de produtos gráficos.

3.5.2.6 A Turma de Produção Web é responsável por criar, confeccionar e produzir as


mensagens que possam ser difundidas pela rede mundial de computadores.
Outrossim, esta Turma deve elaborar a ficha de produtos web.

3.5.3 SEÇÃO DE AÇÕES TÁTICAS

3.5.3.1 A Seção de Ações Táticas é composta pela 1ª Turma Tática, 2ª Turma Tática e
3ª Turma Tática.

3-4
222

Org 3-4 Organograma da Seção de Ações Táticas

3.5.3.2 Nas operações, a 1ª Turma Tática apoia o Comando do C Mil A (ou Comando
da FTC) e as demais Turmas Táticas devem apoiar prioritariamente as estruturas de
nível Divisão de Exército ou Grande Unidade, nesta ordem.

3.5.3.3 O Chefe da Seção de Ações Táticas é o responsável por estabelecer e/ou


manter contato com colaboradores na área de operações, podendo delegar esta
atribuição a outros integrantes desta estrutura (quando for o caso).

3.5.3.4 Os integrantes da Seção de Ações Táticas devem conduzir a disseminação de


produtos e ações na área de responsabilidade. Outrossim, as Turmas Táticas podem
dividir o Ambiente Operacional em diferentes setores a fim de facilitar a execução desta
tarefa.

3.5.3.5 Os integrantes das Turmas Táticas nas difusões de menor complexidade


técnica podem habilitar elementos não-especializados para conduzirem a disseminação
de produtos.

3.5.3.6 As Turmas Táticas executam os reconhecimentos especializados para o


Levantamento de Área de Operações Psicológicas e para o Registro de Público-Alvo,
servindo de suporte tático para a Seção de Operações Psicológicas do C Mil A (ou
FTC). Em determinadas ocasiões, esta estrutura pode realizar reconhecimentos de
áreas ou de pontos específicos.

3.5.3.7 Os integrantes das Turmas Táticas devem designar os vetores no Ambiente


Operacional e conduzir sistematicamente ações de vigilância dos públicos-alvo de
interesse (elencados pelo escalão superior) a fim de colaborar com a consciência
situacional de forma oportuna.

3.5.3.8 As Turmas Táticas são responsáveis por executar o apoio às Operações de


Dissimulação Militar adestrando-se em suas táticas e técnicas.

3.6 PELOTÃO DE COMANDO E APOIO

3.6.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

3.6.1.1 O Pelotão de Comando e Apoio está organizado em Seção de Comando e


Seção de Apoio.

3-5
223

Org 3-5 – Organograma do Pelotão de Comando e Apoio

3.6.2 SEÇÃO DE COMANDO

3.6.2.1 A Seção de Comando está organizada em Turma de Pessoal, Turma de


Inteligência, Turma de Operações, Turma de Logística e Turma de Comando e
Controle.

3.6.2.2 As Turmas da Seção de Comando devem mobiliar o Comando e as seções do


Estado-Maior da Cia Op Psc com pessoal e material.

Org 3-6 – Organograma da Seção de Comando

3.6.3 SEÇÃO DE APOIO

3.6.3.1 A Seção de Apoio está organizada em Turma de Manutenção, Turma de


Suprimento, Turma de Transporte e Turma de Evacuação.

3.6.3.2 Suas atividades e tarefas são similares às funções exercidas nas demais
Subunidades independentes.

Org 3-7 – Organograma da Seção de Apoio

3-6
224

GLOSSÁRIO

PARTE I – ABREVIATURA E SIGLAS

B
Abreviaturas/Siglas Significado
B Op Psc Batalhão de Operações Psicológicas

C
Abreviaturas/Siglas Significado
Cmp Op Psc Campanhas de Operações Psicológicas
CRRI Capacidades e Recursos Relacionados à Informação
C Dout Ex Centro de Doutrina do Exército
C Mil A Comando Militar de Área
Cia Op Psc Companhia de Operações Psicológicas

D
Abreviaturas/Siglas Significado
Dst Destacamento

E
Abreviaturas/Siglas Significado
EB Exército Brasileiro

F
Abreviaturas/Siglas Significado
FTC Força Terrestre Componente

O
Abreviaturas/Siglas Significado
Op Psc Operações Psicológicas
OM Organização Militar

P
Abreviaturas/Siglas Significado
PPCOT Processo de Planejamento e Condução das Operações Terrestres

Q
Abreviaturas/Siglas Significado
QC Quadro de Cargos
QDM Quadro de Dotação de Material
QO Quadro de Organização

S
Abreviaturas/Siglas Significado
SOPEx Sistema de Operações Psicológicas do Exército

3-7
225

PARTE II – TERMOS E DEFINIÇÕES

Ativos de Informação – meios de armazenamento, transmissão e processamento de


dados e informação, os equipamentos necessários a isso (computadores, equipamentos
de comunicações e de interconexão), os sistemas utilizados para tal, os sistemas de
informação de um modo geral, bem como os locais onde se encontram esses meios e as
pessoas que a eles têm acesso (BRASIL, 2015d, p. 41).

Atuador não-cinético – Caracteriza o emprego de atuadores ou de equipes


especializadas em ataques, empregando meios de guerra cibernética, guerra eletrônica,
operações psicológicas, dentre outros. Não implicam na execução de fogo cinético nem
caracterizando o emprego de elementos de manobra ou de proteção. São capazes de
provocar danos ou baixas, letais ou não, nas estruturas físicas, centros de comando e
controle, redes de computadores, centros de comunicações ou, ainda, afetar o moral das
tropas adversárias. Tem por finalidade destruir, neutralizar, negar, degradar ou inquietar o
comando e controle do inimigo, reduzindo suas chances de explorar o ambiente operativo
(BRASIL, 2018b, p. 50).

Comando Militar de Área – Grande comando com atribuições operacionais, logísticas e


territoriais em sua área de responsabilidade, que é delimitada geograficamente. Em
situações de crise ou de guerra, com o emprego de outras forças singulares, poderá
evoluir para um comando de força terrestre componente ou para comando do teatro de
operações terrestres (BRASIL, 2018b, p. 83).

Desinformação Intencional – informação propositada com origem num serviço de


informações ou outra agência secreta concebida para distorcer, iludir ou influenciar
decisores, forças aliadas em coligação, comunicadores-chave ou indíviduos, por
intermédio de meios indiretos ou não convencionais (PORTUGAL, 2009, p. 71, tradução
nossa).

Desinformação Não Intencional – Informação incorreta de qualquer fonte que é liberada


por razões desconhecidas ou para solicitar uma resposta ou de interesse de um alvo não
político ou não militar (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013, p. Glossary 9, tradução
nossa).

Informação para Efeitos – O uso, publicação ou transmissão de informações


verdadeiras para afetar negativamente percepções e/ou danos à credibilidade do alvo
(ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, 2013, p. Glossary 7, tradução nossa).
226

REFERÊNCIAS

BRASIL. Comando do Exército. Portaria nº 770, de 07 de dezembro de 2011. Aprova


as Instruções Gerais para as Publicações Padronizadas do Exército (EB10-IG-
01.002). Separata nº 2, Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 50, 16 dez. 2011.

______. ______. Portaria nº 024 - EME, de 18 de fevereiro de 2014. Aprova a


Diretriz para o Sistema de Operações de Apoio à Informação (EB20-D-02.001).
Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 9, 28 fev. 2014a.

______. ______. Portaria nº 297 - EME, de 09 de novembro de 2015. Aprova as


Instruções Reguladoras do Processo de Concepção de Quadro de Organização
(EB20-IR-10.004). Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 46, 13 nov. 2015a.

______.______. Portaria nº 309 - EME, de 23 de dezembro de 2014. Aprova o


Catálogo de Capacidades (EB20-C-07.001). Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 1,
02 jan. 2015b.

______. ______. Comando de Operações Terrestres. EB70-MC-10.341: Lista de


Tarefas Funcionais. Brasília, DF, 2016a.

______. ______. Comando de Operações Terrestres. EB70-MC-10.307:


Planejamento e Emprego da Inteligência Militar. Brasília, DF, 2016b.

______.______.______. EB70-MC-10.232: Guerra Cibernética. Brasília, DF, 2017.

______. ______. ______. EB70-MC-10.302: Batalhão de Inteligência Militar.


Brasília, DF, 2018a.

______.______. Estado-Maior do Exército. C 11-30: As comunicações na Brigada. 2.


ed. Brasília, DF, 1998.
______. ______. ______. C 45-4: Operações Psicológicas. 3. ed. Brasília, DF, 1999.

______. ______. ______. EB20-MF-10.102: Doutrina Militar Terrestre. Brasília, DF,


2014b.

______. ______. ______. EB20-MC-10.211: Processo de Planejamento e Condução


das Operações Terrestres. Brasília, DF, 2014c.

______. ______. ______. EB20-MC-10.215: Operações de dissimulação. Brasília,


DF, 2014d.

______. ______. ______. EB20-MC-10.206: Fogos. Brasília, DF, 2015c.

______. ______. ______. EB20-MF-03.109: Glossário de Termos e Expressões


para uso no Exército. 5. ed. Brasília, DF, 2018b.
227

BRASIL. Comando do Exército. Comando de Operações Terrestres. EB20-MC-


10.213: Operações de Informação. 2. ed. Brasília, DF, 2019.

______. Ministério da Defesa. MD35-G-01: Glossário das Forças Armadas. 5. ed.


Brasília, DF, 2015d.

COLÔMBIA. Fuerzas Militares de Colombia. Ejército Nacional. EJC.3-193:


Operaciones Sicológicas. Bogotá, DC, 2009.

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Army. Department of the Army. FM 3-53: Military


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KOSCIURESKI, Erevelton Marcos. A demanda do Comando Militar do Leste pela


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LIMA, Claúdio Sampaio Pereira de. A demanda do Comando Militar do Leste pela
Fração Tática de Operações Psicológicas na visão do Chefe da Divisão de
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concedida à Dissertação de Mestrado A Fração Tática de Operações Psicológicas
no Comando Militar do Leste: Um Estudo Sobre a Demanda no Ambiente
Operacional do Estado do Rio de Janeiro, no CEP/FDC, Rio de Janeiro, em 15 out.
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TEIXEIRA, Fabio de Melo Torres. A demanda do Comando Militar do Leste pela


Fração Tática de Operações Psicológicas na visão do Chefe da Célula de
Operações de Informação do Comando Militar do Leste. Entrevista concedida à
Dissertação de Mestrado A Fração Tática de Operações Psicológicas no Comando
Militar do Leste: Um Estudo sobre a Demanda no Ambiente Operacional do Estado
do Rio de Janeiro, no CML, Rio de Janeiro, em 25 nov. 2019.

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