Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
NATAL
2017
JOÃO BATISTA DA SILVA
NATAL
2017
Divisão de Serviços Técnicos.
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do NEPSA /
CCSA
The thesis is about Decision Making Activity (DMA) as a professional knowledge that
composes the educational training process of the Military Police. From a theoretical
and practical perspective, it has been studied the role taken by ATD as a way to solve
criminal activity incidents that demand the use of force and/or guns in the ordinary
procedures performed by Cables and Sergeants of the PMRN while on duty. It aimed
to characterize the factors that influence the process of the mentioned activity, also
discussing the Decision Making in the context of initial and continuing training. In
addition to reflecting and interpreting the empirical data, the thesis also proposes a
procedural framework to enhance the decision-making process in critical crime
incidents. Exploratory and descriptive, this survey was carried out in March 2016, at
the Center for Training and Improvement of the Rio Grande do Norte Military Police
(CFAPM), in Natal, inquiring 23 Cables and 34 Sergeants, in a process of continuous
education, where, through a mixed questionnaire, it aimed to reveal – from a
hypothetical case, which simulated a critical crime incident, whereas a victim was
under imminent death threat – what immediate DMA measures would be taken by
those police officers. The results collected from that survey point to two differentiated
types of training, because they belong to different hierarchy levels under a Chain of
Command, however, equal responsibilities must be considered in the performance of
ostensible, everyday policing, mobilizing similar knowledge and skills. The sergeants
with an average of 30 years of service had an training within the militaristic paradigms,
whereas that one of the Cables’ was established in the Curriculum Bases for the
Citizen Security Professionals, institutionalized by the Ministry of Justice (MJ), through
the National Board of Public Security (SENASP) since the year 2000. In spite of the
lack of a national and/or state protocol to guide the DMA of military police officers in
critical incidents, the results point to a standardization of the immediate actions
adopted by those subject to the previously mentioned survey, based upon the crisis
management doctrine, also systematized through a course from SENASP/MJ Distance
Education Network. An even greater professional autonomy has been highlighted
concerning the knowledge and skills in that area of study, presented by the Cables in
the survey, who also demonstrated a higher level of schooling. In the institutional
context, despite the policies implemented in the country in the area of public security,
it stands out the perception that the police training is much more a protocol than
directed to meet the standards of professional practice training.
The thesis is about Decision Making Activity (DMA) as a professional knowledge that
composes the educational training process of the Military Police. From a theoretical
and practical perspective, it has been studied the role taken by ATD as a way to solve
criminal activity incidents that demand the use of force and/or guns in the ordinary
procedures performed by Cables and Sergeants of the PMRN while on duty. It aimed
to characterize the factors that influence the process of the mentioned activity, also
discussing the Decision Making in the context of initial and continuing training. In
addition to reflecting and interpreting the empirical data, the thesis also proposes a
procedural framework to enhance the decision-making process in critical crime
incidents. Exploratory and descriptive, this survey was carried out in March 2016, at
the Center for Training and Improvement of the Rio Grande do Norte Military Police
(CFAPM), in Natal, inquiring 23 Cables and 34 Sergeants, in a process of continuous
education, where, through a mixed questionnaire, it aimed to reveal – from a
hypothetical case, which simulated a critical crime incident, whereas a victim was
under imminent death threat – what immediate DMA measures would be taken by
those police officers. The results collected from that survey point to two differentiated
types of training, because they belong to different hierarchy levels under a Chain of
Command, however, equal responsibilities must be considered in the performance of
ostensible, everyday policing, mobilizing similar knowledge and skills. The sergeants
with an average of 30 years of service had an training within the militaristic paradigms,
whereas that one of the Cables’ was established in the Curriculum Bases for the
Citizen Security Professionals, institutionalized by the Ministry of Justice (MJ), through
the National Board of Public Security (SENASP) since the year 2000. In spite of the
lack of a national and/or state protocol to guide the DMA of military police officers in
critical incidents, the results point to a standardization of the immediate actions
adopted by those subject to the previously mentioned survey, based upon the crisis
management doctrine, also systematized through a course from SENASP/MJ Distance
Education Network. An even greater professional autonomy has been highlighted
concerning the knowledge and skills in that area of study, presented by the Cables in
the survey, who also demonstrated a higher level of schooling. In the institutional
context, despite the policies implemented in the country in the area of public security,
it stands out the perception that the police training is much more a protocol than
directed to meet the standards of professional practice training.
AC Análise de Conteúdo
AD Análise de Discurso
APM Academia da Polícia Militar “Cel Milton Freire de Andrade”
ATD Atividade Tomada de Decisão
ARE Aparelho Repressor de Estado
BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações
BOPE Batalhão de Operações Policiais Especiais
BPChoque Batalhão de Polícia de Choque
BTL Batalhão
CFAPM Centro de Formação e Aperfeiçoamento da Polícia Militar
CACF Comissão de Avaliação de Condicionamento Físico
CAO Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CAS Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos
CATI Curso de Ações Táticas
CB Cabo
CBM Corpo de Bombeiros Militar
CBO Classificação Brasileira de Ocupações
CF Constituição Federal
CFC Curso de Formação de Cabos
CFO Curso de Formação de Oficiais
CFS Curso de Formação de Sargentos
CFP Curso de Formação de Praças
CGC Curso de gerenciamento de Crises
CNP Curso de Nivelamento de Praças
COC Curso de Operações de Choque
COINE Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais
CPU Comandante de Policiamento de Unidade
CSP Curso Superior de Polícia
CSIM Conter; Solicitar apoio; Isolar o local do crime e Manter contato
sem concessões
CVLI Crimes violentos letais e intencionais
EB Exército Brasileiro
FBSP Fórum Brasileiro de Segurança Pública
FNSP Fundo Nacional de Segurança Pública
IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
IGPM Inspetoria Geral das Polícias Militares
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira
JPMS Junta Policial Militar de Saúde
MCN Matriz Curricular Nacional
MJ Ministério da Justiça
NPCE Normas para o Planejamento e Conduta de Ensino
OPM Organização Policial Militar
POP Procedimento Operacional Padrão
PMESP Polícia Militar do Estado de São Paulo
PMMG Polícia Militar de Minas Gerais
PMMS Polícia Militar de Mato Grosso do Sul
PMRN Polícia Militar do Rio Grande do Norte
PRONASCI Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania
QOPM Quadro de Oficiais Policiais Militares
ROCAM Companhia de Polícia Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas
SGT Sargento
SENASP Secretaria Nacional de Segurança Pública
SESED Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social
TAF Teste de Aptidão Física
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................... 18
1 METODOLOGIA.................................................................................... 31
1.1 Pressupostos teórico-metodológicos................................................ 31
INTRODUÇÃO
1
Intitulada Retratos da Sociedade Brasileira - Problemas e Prioridades para 2014 foi feita
pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o IBOPE Inteligência, a
pesquisa aponta a segurança como o segundo problema mais importante e urgente de
políticas públicas, sendo citado por 39% dos entrevistados, ficando atrás apenas da saúde
pública, que aparece em 49% das citações. Disponível neste link:
http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/Paginas/Brasileiro-elege-saude-seguranca-e-
educacao-como-prioridades-para-2014.aspx. Acesso em 16 abr 2014.
2
A SENASP foi criada pelo Decreto Federal Nº 2.315, de 4 de setembro de 1997, em
decorrência de transformação da antiga Secretaria de Planejamento de Ações Nacionais
de Segurança Pública – SEPLANSEG. Disponível em: http://www.justica.gov.br/sua-
seguranca/seguranca-publica. Acesso em: 07 abr 2017.
19
uma seleção e uma formação inicial e continuada mais afetas à segurança púbica
(BRASIL, 2014), que atendam aos novos anseios sociais, sobretudo, a redução da
violência e da criminalidade que alcançaram índices muito elevados na última
década, evidenciados em estudos como Mapa da Violência no Brasil (WAISELFISZ,
2016).
Contudo, ao enfatizar as demandas existentes na segurança pública,
como a produção de conhecimento, aquisição de armamentos e equipamentos,
implementação de novas tecnologias, entre outras ações, as quais não fazem parte,
diretamente, deste estudo, mas são abordados como temas transversais e, algumas
vezes, subsidiários à temática central da Tese, fica claro que muitos são os
obstáculos a serem transpostos no sentido de atender à capacitação almejada para
os profissionais da segurança pública, em especial, os policiais militares, que possa
estar em consonância com o Estado democrático brasileiro.
Nesse sentido, é imperativo que se considere, também, alguns aspectos
histórico-sociais que permearam e, ainda, permeiam a problemática da segurança
pública no Brasil. A recente história nacional demonstra ter o Brasil saído de um
regime político militarizado, há cerca de três décadas (1964-1985), no qual o país
viveu em um Estado autoritário, como assim o fora em boa parte dos países sul-
americanos (NARLOCH; TEIXEIRA, 2011) que, em certa medida, influenciou e, até
hoje, influencia a atuação na segurança pública e, consequentemente, nos
processos formativos dos profissionais que atuam nessa área, contribuindo para
muitos desdobramentos da prática profissional e, para este estudo, especificamente,
na Atividade Tomada de Decisão (ATD) para resolução de casos críticos da prática
policial-militar.
Neste trabalho, considerar-se-á a ATD em casos críticos, na prática
policial-militar, a ação ou omissão por parte do profissional de segurança pública que
tem por força de lei o dever da preservação da ordem pública, devendo intervir de
forma a evitar ou reprimir um delito, seja contra a pessoa e/ou contra o patrimônio,
conduta essa analisada nas atividades do policiamento ostensivo da Polícia Militar
do Estado do Rio Grande do Norte, sem, contudo, furtar-se de fazer inferências e
analogias dessas práticas em outras polícias do país e, também, em âmbito
internacional.
Esta Tese avalia, portanto, a ATD, especialmente, em casos críticos,
quando o policial militar, de forma quase cirúrgica, deve intervir, preservando vidas e
20
3
Tese de doutorado defendida na USP, que analisa e avalia o treinamento policial na Polícia
Militar do Estado de São Paulo, sob a perspectiva de política pública implementada pela
instituição, mas que, em certa medida, na prática cotidiana, seus integrantes tendem a não
seguir os protocolos institucionais estabelecidos.
21
Na perspectiva defendida nesta Tese, uma via alternativa para uma maior
profissionalização acerca da Atividade Tomada de Decisão para o atendimento de
casos críticos policiais, a ser seguida na prática policial-militar, pode ocorrer, entre
outros meios, a partir dos processos formativos adotados e sistematizados
universalmente e, especialmente, implementados no país por meio da Matriz
Curricular Nacional (MCN), como política formativa para os profissionais de
segurança pública (BRASIL, 2003).
A Tese está subdividida em pressupostos teóricos histórico-culturais,
particularmente, e outros que, direta ou indiretamente, discutem Cultura,
socialização, processos formativos, cultura profissional e institucional, tomada de
decisão e protocolos institucionais, entre outras categorias de análise, pertinentes à
temática que perpassam transversal e/ou subsidiariamente a formação e
profissionalização dos agentes de segurança pública, presentes na MCN, que
permeiam “a Tomada de Decisão em casos críticos na atividade policial-militar”.
A partir de então, com uma matriz nacionalizada esses processos
formativos vêm passando por várias reformulações, sendo a última em 2012,
denominada Encontro de Revisão da Matriz Curricular Nacional 4, realizado pelo
Ministério da Justiça, por meio da SENASP, com intuito de reelaborar,
conjuntamente, com os representantes da área de ensino das corporações de
segurança do país das demais unidades federativas, um núcleo básico da referida
Matriz, o que poderia, conforme os próprios organizadores, diminuir ou, pelo menos,
minimizar as distorções existentes entre as técnicas e os procedimentos adotados
pelas polícias brasileiras e seus integrantes no enfrentamento da violência e da
criminalidade.
4
Realizado no período de 17 a 21 de setembro daquele ano, em Brasília, do qual participou
este signatário representando a PMRN, juntamente com outro oficial do Corpo de
Bombeiros, uma policial civil e um representante do Instituto Técnico-científico de Polícia
compuseram a delegação do RN.
22
5
Chama-se atenção para essa categoria analítica, pois alguns teóricos defendem que
muitas atividades não se tornaram, ainda, profissões, efetivamente, como conceitualiza a
Sociologia das profissões, a ser estudada no capítulo específico da profissionalização
(DUBAR, 1997).
23
6
Os dados estatísticos mais recentes podem ser vistos no Anuário Brasileiro de Segurança
Pública, neste link: http://www.forumseguranca.org.br/storage/download//8anuariofbsp.pdf.
Acesso em: 15 nov 2014.
24
7
A partir de 2015 entrou em vigor a Lei Complementar Nº 515/2014, que reformulou a
formação inicial e continuada das Praças da PMRN (soldado, cabo, sargento e
subtenente), estabelecendo períodos, cargas-horária mínima e máxima, bem como locus
de formação, pré-requisitos e cargos a que estarão habilitados a ocupar após cada curso
realizado. Disponível
em:http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/pmrn/DOC/DOC000000000037274.PDF. Acesso em:
08 abr 2015.
27
8
Conforme o Parecer Nº 040/2003, da Câmara de Educação Superior, do Conselho
Estadual de Educação, publicado no Diário Oficial de 23 de setembro de 2003.
9
Conforme o Estatuto da PMRN, criado pela Lei Estadual nº 4.630, de 16 de dezembro de
1976. Uma das especificidades que permeiam a profissão policial-militar, que a difere das
demais, é que, ao mesmo tempo que este policial está sendo formado, ele já considerado
um policial militar, pelo seu Estatuto (e, também, pela sociedade) e, nesse sentido, mesmo
que de forma precária já está investido do cargo, ainda, que sem a formação conclusa,
após a qual, em momento solene ser-lhe-á conferido o diploma e mandato, que serão
analisados posteriormente.
28
1 METODOLOGIA
1.1Pressupostos teórico-metodológicos
Por outro lado, como explica a mesma autora, essas mesmas leis e/ou
teorias devem sempre estar postas à prova. Sendo esse, portanto, o paradigma que
mantém a Ciência com status, efetivamente, científico que passa por processos de
rupturas, retrocessos e avanços. Nesse contexto, o percurso teórico-metodológico
trilhado foi de buscar pautar-se, vigilantemente, pelo caráter rigoroso da rigidez
constante, sob o pretexto de não colocar velhos axiomas fora de contestação,
revalidando-os e, em certa medida, dogmatizando-os.
Nos dias atuais, descreve a autora, que essa técnica “[...] visa o
conhecimento de variáveis de ordem psicológica, sociológica, histórica, etc. por meio
de um mecanismo de dedução com base em indicadores reconstruídos a partir de
uma amostra de mensagens particulares” (BARDIN, 2011, p.50).
10
Em virtude da exiguidade temporal não foi possível realizar entrevistas.
36
11
Além da observação participante, o questionário foi, largamente, utilizado para investigar e
coletar dados da instituição policial, tanto no continente europeu, como no norte-
americano (TONRY; MORRYS, 2003, p.469).
39
Objetivo Geral: Estudar, do ponto de vista teórico e prático, a Atividade de Tomada de Decisão para resolução de ocorrências que demandam o uso da força
e/ou de armas de fogo na prática profissional de Cabos e Sargentos da PMRN.
Objetivos específicos Perguntas12 Técnica de coleta Técnica de análise
Identificar e analisar o lugar que ocupa a Que decisão o(a) senhor(a) tomaria em face dessa ocorrência na sua
Atividade Tomada de Decisão na prática do atividade profissional policial militar?
trabalho do policial militar
Identificar e caracterizar fatores que contribuem O que o(a) senhor(a) leva em consideração na Tomada de Decisão em
Questionário
Investigar e analisar o sentido que os PMs têm Na sua opinião, a formação inicial ou continuada na PMRN contribui para
sobre a Atividade Tomada de Decisão no seu a Tomada de Decisão na sua atividade profissional, auxiliando para
misto
processo formativo solucionar ocorrências similares a essa? Sim/Não. Explique como?
Refletir e interpretar os dados da pesquisa Na sua Tomada de Decisão enumere três palavras que julga mais
empírica sob a perspectiva teórica da Tese; e importante para solução dessa ocorrência policial militar.
Propor um referencial procedimental para Detalhe o passo-a-passo como o(a) senhor(a) tomaria sua decisão para
potencializar o processo de Tomada de Decisão solucionar essa ocorrência na sua atividade profissional.
no que diz respeito à Atividade Tomada de Na hipótese de sair algo errado na decisão tomada pelo senhor (a) que
Decisão na profissão policial-militar. medidas adotará para solucionar o problema. Relacione três ações em
ordem de prioridade que adotaria.
Ações definidas, conjuntamente, com o orientadora
1. Definição da amostra O questionário foi aplicado em duas turmas, sendo uma do CNP e a outra do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos
(CAS), respectivamente, com 23 e 34 alunos PMs que estão em formação continuada no CFAPM, prevista, inicialmente,
para aplicação no segundo semestre/2015)13, mas só operacionalizado em março de 2016.
2.Validação prévia do questionário O questionário foi validado pelo orientador. A validação buscou analisar se as perguntas se relacionam com os objetivos e
se respondem ao que se quer perguntar. Ou seja, se terão como respostas aspectos que indiquem o sentido que o policial
militar atribui à sua Tomada de Decisão, quando da sua atuação profissional.
Fonte: Autor, na fase de construção dos aspectos teórico-metodológicos
12
O questionário será respondido a partir da análise do Caso Hipotético (Apêndice “B”).
13
Em virtude da Lei Complementar Nº 515/2014, em torno de 5 mil policiais passarão pelo CFAPM até 2018 para participar de formação continuada.
Os soldados e cabos e farão o CNP; os cabos farão o Curso de Formação de Sargentos (CFS); e os segundos-sargentos farão o (CAS).
43
14
Toda instituição tem sua cultura oficial. Contudo, a subcultura da qual se chama atenção
são as formas de agir e pensar de determinado grupo social que, mesmo não sendo a
cultura institucionalizada, influencia tanto quanto os protocolos formais. Voltar-se-á a este
ponto, quando se tratar do crime como fato social (DURKHEIM, 2002), no capítulo 3.
15
Ferramenta tecnológica que possibilita categorizar múltiplos termos a partir de um banco
de dados, disposto em Word ou Excel. Esse programa, de origem francesa, auxilia a
pesquisa empírica no sentido de que, após lançados os dados ele disponibiliza quais são
os termos mais e menos presentes no banco de dados (entrevista ou questionário).
44
mínima em nível superior para ingresso nas forças policiais, civis ou militares, seja
para os cargos de execução ou administração 20.
Atualmente, na PMRN há duas formas de ingresso, sendo uma para o
cargo de soldado PM e outra para investidura do cargo de oficial PM, como
abordado anteriormente.
Esclarece-se que os concursos são distintos, como também é o processo
de formação. Para os cargos de soldado PM, a formação é realizada durante nove
meses, com carga horária mínima de 960 (novecentas e sessenta) horas-aula, e
máxima de 1.920, horas-aulas, operacionalizadas no Centro de Formação e
Aperfeiçoamento da Polícia Militar, devendo perfazer 240 dias letivos. A legislação
rege o ingresso e a ascensão funcional foi recentemente atualizada, conforme a
citação abaixo:
20
Acresce-se, também, que se encontra em tramitação na Câmara dos Deputados um
projeto de lei que torna obrigatória a exigência da escolarização de nível superior para
todas as PMs, conforme o link a seguir:
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/SEGURANCA/472166-PROJETO-
EXIGE-CURSO-SUPERIOR-PARA-INGRESSO-NA-POLICIA-E-NO-CORPO-DE-
BOMBEIROS.html. Acesso em: 10 nov 2015.
46
21
De acordo com a Lei Complementar 515/2014 (Lei de Promoção de Praças), o candidato
que adentra, atualmente, na PMRN fará p CFP e de acordo com a classificação obtida
neste curso será promovido a cabo e, posteriormente, a sargento. Esse, por seu turno,
que outrora participava de um processo seletivo, para promoção seguinte, hoje é
convocado, também, conforme sua classificação obtida no curso inicial. Em certa medida,
foi uma equiparação ao que a lei já previa para os Oficiais.
48
22
O Estatuto da PMRN, Lei Estadual Nº 4.630, de 16 de dezembro de 1976e e a Lei
Complementar Nº 515/2014 são os instrumentos legais que estabelecem os cargos e os
cursos necessários para formações inicial e continuada da corporação.
23
O CFO, além de ser a formação inicial para os candidatos que ingressam na PMRN como
aluno-oficial, também pode ser, ao mesmo tempo, inicial e continuada, para as pessoas
que ingressaram na instituição no cargo de soldado.
24
O estabelecimento, processos e formas de execução desses níveis de formação
profissional na PMRN estão definidos nas Normas para o Planejamento e Conduta de
Ensino (NPCE/2008) da PMRN.
49
realizadas por qualquer policial militar, independente de sexo ou idade, desde que
obtenha parecer favorável do seu comandante imediato, esteja apto,
comprovadamente, pela Junta Policial Militar de Saúde (JPMS) e pela Comissão de
Avaliação de Condicionamento Físico (CACF) e estejam classificados dentro do
número de vagas de acordo com os índices alcançados no Teste de Aptidão Física
(TAF) e/ou outro de avaliação técnica, caso o curso requeira.
GRADUAÇÕES IDADE
SUBTENENTE PM 56 ANOS
1º SARGENTO PM 54 ANOS
2º SARGENTO PM 52 ANOS
3º SARGENTO PM 51 ANOS
CABO E SOLDADO PM 51 ANOS
vias de sua aposentação, conforme idade limite estabelecida pelo seu respectivo
Estatuto.
25
Nesse período, nos idos dos anos 80, do século passado, houve um concurso público
para formação de sargentos da PMRN, no qual, soldados e cabos detentores de
certificado de conclusão do 2º Grau (atual, Nível Médio) foram dispensados de realizar a
prova intelectual, pelo Comando da Corporação, à época, realizando, apenas, as demais
etapas do certame. Informações fornecidas por um dos Comandantes do CFAPM e
corretor ortográfico desta Tese.
53
participantes com escolaridade de Nível Médio, enquanto que os Cabos têm 26%
com formação superior completa e 21% em vias de conclusão.
26
Com o intuito de não exercer qualquer pressão sobre os policiais participantes, tendo em
vista que há uma grande resistência por parte deles em fornecer depoimentos dessa
natureza, temendo sofrer represália, em face da legislação castrense, está consignado no
Questionário e foi informado, verbalmente, quando da aplicação do Questionário que não
deveria haver qualquer identificação.
27
Em muitas cidades do RN, com aproximadamente 5 mil habitantes, o efetivo da Polícia
Civil é muito reduzido ou inexistente, onde os delegados assumem, institucionalmente,
mais de uma cidade. Nesse contexto, o Comandante do Pelotão que é, geralmente, um
sargento PM é quem gerencia todo o policiamento local, cabendo aos delegados da
Polícia Civil, apenas, a lavratura das ocorrências que envolvem prisão em flagrante delito.
28
O número exato por local de formação é CFAPM (105), Mossoró (38), Caicó (62) e Pau
dos Ferros (26). Disponível em:
55
http://www2.pm.rn.gov.br/bg_pratico/Topicos/2016/026/0_Bol_026_Top_II.html. Acesso
em 01 jun 2016.
29
Disponível em:
http://www2.pm.rn.gov.br/bg_pratico/Topicos/2015/204/0_Bol_204_Top_II.html. Acesso
em: 01 jun 2016.
56
30
Este livro é primeiro dos onze que foram traduzidos para o português, em uma parceria do
Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e a Ford
Foundation, que constituem a coleção Polícia e Sociedade, os quais foram utilizados
nesta Tese, subsidiando os demais trabalhos científicos pesquisados. A coleção é uma
iniciativa das duas instituições no sentido de ofertar textos e pesquisas científicas a
pesquisadores, profissionais da área e aos demais interessados na temática, acerca de
quais são as características fundamentais das principais organizações policiais no mundo,
analisando seus processos de seleção/recrutamento, formação/profissionalização,
administração, accountability sistem, aspectos considerados, neste estudo, como cruciais
para o estabelecimento da profissionalização da atividade policial.
57
No caso brasileiro, por exemplo, desde 1775 até quase 1900, os corpos
policiais eram criados e reorganizados nas províncias (DANTAS, 2009). Contudo, é
razoável ressaltar que mesmo antes desse período foi com a institucionalização dos
“quadrilheiros” que a força policial começa a se estruturar no país.
Oriundas de Portugal, no período de 1603 a 1700, as “quadrilhas”, de
onde se derivam os quadrilheiros, eram grupos constituídos de vinte homens que, a
cavalo e armados estavam autorizados a adentrar em quaisquer lugares com o
intuito de zelar pela ordem e capturar criminosos (BORGES FILHO, 1989, p. 33).
De acordo com o mesmo autor, por meio da Carta Régia, no ano de 1699
eram criados “[...]os terços e ordenanças para o interior do país, os quais, além das
missões normais das forças militares, deveriam auxiliar a justiça e a fazenda
públicas, atribuições que lhes davam características policiais” (BORGES FILHO,
1989, p. 33).
Este capítulo versa, portanto, sobre o surgimento da instituição polícia a
partir, especialmente, do período da Idade Contemporânea, quando os Estados-
Nação assumem de fato e de direito (em tese) a responsabilidade de criar,
organizar, manter, fiscalizar e responsabilizar as forças policiais, absorvendo a
obrigação do serviço de segurança da esfera privada.
O conceito e, consequentemente, a forma de atuação da polícia, como é
notório, atualmente, começa a se institucionalizar no século XIX. De acordo com
Tonry e Morrys (2003, p. 579), após analisarem uma concatenação de vários
estudos sobre a polícia na Europa e nos Estados Unidos da América defendem que,
muito embora haja registros de corporações policiais efetuando prisões e
defendendo as cidades de ações criminosas desde a Antiguidade, a polícia, nos
moldes contemporâneos, são instituídos mais ou menos nos mesmos padrões no
Novo e no Velho mundo, nos idos dos anos 1800.
Inicialmente denominados de guardas ou vigias, não tinham salários
regulares, eram responsáveis por efetuar prisões e realizar serviços nos tribunais.
Extremamente, vulnerável a desvios de conduta, esse trabalho era realizado na
medida em que a própria vítima de um suposto crime procurava “policiais” para
denunciar um criminoso, tendo de pagar pela prisão do acusado, que era
58
apresentado aos tribunais. De acordo com esses autores, na maioria das vezes, o
próprio vigilante agia, espontaneamente, tendo em vista que quanto mais prisões
fossem efetuadas mais taxas seriam arrecadadas em prol dos serviços prestados31.
Tonry e Morrys (Op, cit, p. 580-1) defendem a tese de que quatro
características vão demarcar a institucionalização da polícia moderna. A primeira
seria a organização hierárquica da corporação, distinguindo gestores e executores,
por funções específicas e com salários regulares de acordo com os respectivos
cargos. A segunda, o atrelamento da polícia organizada por níveis hierárquicos, ao
poder executivo, em suas três esferas. A terceira característica foi a criação e
utilização de uniformes, que pudesse identificar esse policial, diferenciando-o de um
guarda ou vigia autônomo. E a quarta e última, foi a criação do patrulhamento como
atividade rotineira da polícia, especialmente, como premissa de tentar inibir o
cometimento de crimes.
De acordo com Monet (2006) o surgimento ou nascimento das polícias
modernas na Europa ocorre mais ou menos no período da Revolução Industrial, no
entanto, a forma e as características dessas instituições vão variar conforme a
cultura de cada país, pois
31
DANTAS (2009) consigna em seu livro que no Brasil e, particularmente, no Rio Grande do
Norte, tais taxas eram denominadas de emolumentos. Por volta dos anos 1900 até um
passado não tão remoto assim, com o pretexto de fiscalizar determinados serviço de
comércio (bares, feiras livres, festas noturnas, etc.) os policiais cobravam taxas para
regularizar o funcionamento desses estabelecimentos.
59
XVII, para incorporação era selecionado entre os cavaleiros que apresentavam para
trabalhar, apenas aqueles que soubessem ler e escrever.
Na França e na Dinamarca para ser um dirigente policial, desde meados
do século XVIII, todo pretendente deveria ter formação na área jurídica, o que
equivale em outros países em bacharelado em Direito. Em que pese para os níveis
de gerenciamento a qualificação ser relevante, esse critério não ocorria com os
escalões inferiores. Ao contrário do requisito meritocrático, na França e na
Alemanha até o início do século passado, cinco em cada seis vagas para os
candidatos a policiais, eram reservadas para ex-militares (MONET, 2006, p. 63).
As primeiras escolas para formação de policiais na Europa surgem ainda
no início do século XX, contudo, na França os primeiros cursos datam de 1884.
Apesar desses eventos de capacitação serem relativamente rápidos, em torno de
algumas semanas, já eram estabelecidas as primeiras exigências para que um
policial pudesse atuar nas ruas. Em geral, todas as corporações estabeleceram uma
formação básica, a partir das quais seus membros, poderiam, em tese, ter a noção
de como identificar um criminoso, nos parâmetros da época, procedimentos de
elucidação de crimes e como efetuar prisões (MONET, 2006, p. 62-3).
Destoante de todos os outros países está a Holanda, que até o fim da
Segunda Guerra Mundial, negligencia toda e qualquer formação/capacitação dos
membros da polícia, pois ela atuava muito mais como uma polícia de Estado do que
como força de segurança da população.
Nesse processo de imprimir determinado grau de aprendizagem é que
ocorre, paulatinamente, a racionalização de processos administrativos, de uma
forma geral, em todos os países, especialmente, buscando aprimorar os
procedimentos que os policiais precisavam utilizar para capturar um infrator e
apresentá-lo à justiça. Esses, portanto, são os primórdios de uma polícia criminal
(MONET, 2006, p. 66-5).
A conjuntura social, econômica e política, obrigatoriamente, deve ser
concebida em um contexto da atuação policial. Na Europa não era diferente. No final
do século XIX e início do XX, o continente vai se deparar com uma série de
movimentos violentos, especialmente, os dos camponeses. Revoltas se espalham
pelos países e os governos não conseguindo conter esses eventos que se
avolumam, tornando-se cada vez mais violentos, optam por investir no acréscimo e
incremento das policias que passam a atuar como polícia de Estado, em auxílio aos
62
Conforme Borges Filho (1989, p. 33) essa origem teria sido a partir de
1796, quando o Vice-Rei, o Marquês Lavradio, criou no Rio de Janeiro a Cavalaria, a
qual deveria realizar patrulhamento na cidade, regulamentando, também, a polícia
municipal e regimento de milícias, o que se infere seja semelhante aos quadrilheiros
oriundos de Portugal.
É notório que o Império estava acima dos direitos e das prioridades civis.
Tais pressupostos são ratificados no artigo 148, quando o legislador é taxativo,
explicitando que o Poder Executivo pode empregar a Força Militar, em terra ou água,
“[...] como bem lhe convier à segurança, e defesa do Império” (BRASIL, 1848).
64
32
Criada por meio do Decreto-Lei Nº 317 de 13 de março de 1969, sendo, posteriormente,
revogado pelo Decreto-Lei Nº 667, de 02 de julho de 1969, reorganiza as Polícias
Militares e os Corpos de Bombeiros Militares.
33
Decreto-Lei Nº 88.777, de 07 de setembro de 1983, que regulamentou as PM e os CBM,
especificando suas respectivas áreas de atuação, forma seleção, inclusão, formação e
aquisição de armamentos e equipamentos.
34
No RN, a Lei Complementar Nº 090, de 04 de janeiro de 1991.
66
35
Algumas nomenclaturas da segurança pública foram se adequando à nova conjuntura do
país. Isso se torna mais evidente com o processo de redemocratização, que se inicia já
em 1985, culminando com a promulgação da Constituição de 1988.
67
36
De acordo com o Decreto Estadual Nº 21.705, de 21 de junho de 2010. Disponível em:
http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/gac/DOC/DOC000000000063984.PDF. Acesso em 08
Ago 2017.
37
Este, também, é o nome do primeiro livro escrito, oficialmente, acerca da História da
PMRN (WANDERLEY, 1969)
38
Dados disponíveis no site oficial da PMRN em:
http://www.pm.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=2400&ACT=null&PAGE=0&
PARM=null&LBL=Hist%C3%B3ria. Acesso: 24 jul 2015.
70
Por outro lado, a versão defendida por Furtado (1976) é que, de fato, Luiz
Gonzaga não era policial militar e que fora alistado no Batalhão Policial, após a
Intentona, sobretudo buscando menosprezar aquele movimento social, que estes
autor denomina de revolucionário.
Segundo Furtado (1971, p. 128-9), os fatos teriam ocorrido de outra
maneira, os quais foram contados por um membro da Intentona Comunista, que
segundo o autor, são corroborados por outras pessoas que teriam testemunhado os
acontecimentos no dia 23 de novembro de 1935:
2011 17 242 - - -
2012 05 264 - - -
2013 330 - - -
2014 01 289 - - -
2015 01 247 - - -
2016 313 8.330 3.474.998 2,4
39
Apesar destes autores não detalharem quais seriam essas formas de atuação a partir de
tarefas não-policiais para controle da criminalidade, eles citam as pesquisas
desenvolvidas por Bayley e Skolnick (2002), entre outros, que investigaram a performance
que alcançou a filosofia de policiamento comunitário, em contraposição ao policiamento
reativo. O princípio basilar dessa atuação policial seria a interatividade com a
comunidade, que lhe proporcionaria mais confiança por parte de vários seguimentos
sociais e o trabalho voltado para a resolução de problemas, especialmente, aqueles de
ordem social, que contribuem para aumento da criminalidade.
75
40
Disponível em:<
http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2015/mapaViolencia2015.pdf.>.Acesso em: 25 jun
2016.
76
41
Disponível: http://bdtd.ibict.br/vufind/. Acesso: 23 mar 2014 a fev 2017. Em que pese
muitas universidades manterem seus próprios bancos de dados digitais de suas
produções, muitas não disponibilizam o texto completo em PDF, apenas o título, resumo e
palavras-chave.
77
Muito embora todas tenham sido analisadas, fez-se uma pequena síntese
das mais relevantes e que, efetivamente, pesquisaram e discutiram os aspectos
conceituais, procedimentais e atitudinais (BRASIL, 2014) dos conhecimentos,
saberes, identidade e cultura da atividade policial como categorias centrais na
profissionalização da atividade policial-militar, considerados aspectos centrais para a
Tese.
42
Disponível em: http://bancodeteses.capes.gov.br/banco-teses/#!/. Acesso em 10 jun 2014.
78
43
Muitos desses artigos podem ser acessados por meio da Revista Brasileira de Segurança
Pública, disponível desde 2007, pelo link:
<http://revista.forumseguranca.org.br/index.php/rbsp>. Acesso em: 09 ago 2017.
79
8. O trabalho feminino no
Mônica policiamento Representação social. Polícia
Carvalho operacional: Militar. Serviço policial.
Alves de subjetividade, relações Relações de gênero e poder UFMG 2006
Cappelle de poder e gênero na
oitava região da PMMG
9. Os saberes em potencial Saberes/conhecimento.
Sairo da atividade policial Profissionalização policial.
Rogério da ostensiva: Polícia ostensiva. Casos UFRN 2007
Rocha e sistematizando modelos críticos Ação da polícia militar
Silva a partir da experiência
potiguar
10. Polícia militar. Educação
Ronilson de Ensino policial militar policial. Capacitação PUC-SP 2008
Souza Luiz profissional de policiais
militares. Matriz Curricular
Nacional
11.
Antônio dos Polícia Comunitária e Polícia Militar. Policiamento UFC 2008
Santos cidadã: entre velhas e comunitário. Conselhos
Pinheiro novas práticas policiais comunitários. Corregedoria
12. Windson A policialização da Escola. Polícia Militar de
Jeferson violência no meio Minas Gerais. Violência UFMG 2008
Mendes de escolar escolar
Oliveira
13. Letalidade da ação
Emmanuel policial e teoria Polícia. Letalidade. Crime.
Nunes de interacional: análise Teoria interacional. Políticas USP 2008
Oliveira integrada do sistema públicas
Júnior paulista de segurança
14. Direitos Humanos e o
Cristiane do dilema da democracia no Cidadania. Democracia.
Socorro Brasil: um estudo Direitos Humanos. Polícia. UFRN 2009
Lourenço sociológico do trabalho Segurança Pública
Lima policial 1985-2009
15. Juniele Tropas em protesto: o Polícia Militar. Ciclo de
Rabêlo de ciclo dos movimentos protestos. Repertório da ação USP 2010
Almeida reivindicatórios da PMs coletiva. História oral de vida
no ano de 1997
16. Brigada Militar. Polícia Militar.
Exército Estadual. Oficiais,
Romeu Do exército estadual à profissionalismo e
Machado PM: o papel dos oficiais especialização militar. Elite
Karnikowski na policialização da BM militar. Cultura militar. UFRS 2010
1892 – 1988 Policialização. Polícia
ostensiva. Destacamento de
polícia. Profissionalismo
Especialização e policial
80
A partir do Quadro 06, destaca-se que Borges Filho (1989), logo após a
promulgação da atual Constituição Federal, defendeu a tese “Estado e militarização:
as policias militares como aparelhos repressivos de Estado”, na UFSC. O trabalho
dessa pesquisa se deteve a investigar a Polícia Militar como aparelho repressor e
ideológico de Estado no país, desde o seu surgimento até aquela época.
Considerada como uma tese clássica que subsidiou tantas outras, o autor
faz uma vasta pesquisa bibliográfica e documental que lhe deu fundamentação
teórica para defender que a doutrina militar adotada pelas polícias militares
brasileiras se embasou na premissa de que o poder local se utilizou das PMs, que
ele denomina de “exército urbano” para manutenção e naturalização da hegemonia
política e econômica das classes dominantes.
81
vezes divulgados banalmente pela mídia contribui para a reverberação desses fatos
nas demais corporações policiais país afora.
Esse fazer policial está, fortemente, marcado pelos valores militares e, até
mesmo, na Polícia Civil, quando os agentes assumem posturas de grupos
operacionais especializados para o combate ao crime. Ou seja, a formação
profissional das polícias brasileiras, ainda, carece de um debate sistemático, na
perspectiva de ampliar a concepção desses trabalhadores (gestores e executores)
enquanto membros de um seguimento social, extremamente, complexo e, por essas
especificidades devem ser selecionados, formados e, constantemente,
recapacitados para a formação/desenvolvimento de competências e habilidades
enquanto profissional de segurança pública em uma ótica democrática (PONCIONI,
2005, p. 599-600).
Em 2009 outra tese é defendida na UFRN, dessa feita, por Cristiane Lima,
intitulada “Direitos Humanos e o dilema da democracia no Brasil: um estudo
sociológico do trabalho policial 1985-2009”, evidenciando que apesar de estar,
expressamente, positivado na CF/88, no Plano Nacional de Segurança Pública
(BRASIL, 2000), no Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania
(BRASIL, 2007)44 e nos diversos esforços empreendidos pelas instâncias
governamentais, uma das principais violações à segurança pública é o desrespeito
aos Direitos Humanos praticados pelo Estado, por meio de seus funcionários
aplicadores da lei – a polícia.
44
Criado pela Lei Federal Nº 11.530 de 24 de outubro de 2007, transformando em lei o que
estava previsto na Medida Provisória Nº 384/2007 da Presidência da República, sendo
modificada no ano seguinte pela Lei N º11.707/2008.
85
45
Sendes (2013) é oficial de polícia, ingressando na PM do Mato Grosso em 1993, e reforça
a tese que muitos policiais, sejam militares ou civis, têm buscado, por meio da produção
do conhecimento científico, analisar os problemas institucionais. Essa, portanto, refuta
outra tese que é defendida por alguns estudiosos estrangeiros que os escritos policias são
apenas memórias (MONJADET, 2003). Se essa foi uma realidade no exterior. No Brasil, a
partir dos anos 2000 muitas teses e dissertações têm sido produzidas, também, por
policiais.
46
A perspectiva de SHÖN não é no campo de estudo da segurança pública, contudo, sua
teorização da reflexão antes, durante e após a ação, mesmo que seja com profissionais
liberais sevem analogamente para embasar a necessidade de tal postura profissional, em
qualquer que seja área de atuação. Este autor foi adotado, entre outros, para elaboração
da MCN (SENASP, 2014).
87
47
Realizado no período de 17 a 21 de setembro daquele ano, em Brasília, do qual este
autor participou, representando a PMRN, juntamente, com um oficial do Corpo de
Bombeiros, uma policial civil e um representante do Instituto Técnico-Científico de Polícia
que compuseram a delegação do RN.
89
A partir do novo modelo que foi sendo sistematizado desde Robert Peel
(BAYLEY, 2001) até os dias atuais, com o enquadramento dos aspectos legais que
norteiam o trabalho policial na Constituição de 1988 e a ausência ou, pelo menos,
incipiência de parâmetros (BRASIL, 2010b) para a prática da atividade,
propriamente, dita de policiar e intervir pelo uso da força é que são apresentados
alguns estudos considerados mais relevantes nessa seara e problematizados no
capítulo seguinte.
90
48
Este Estado apresenta uma situação atípica, pois além de incremento policial, lançou uma
nova estratégia de policiamento, o “Pacto pela Vida”, que por limitação de espaço opta-se
em não tratá-lo de forma reducionista. Para aprofundamento, está disponível em:
http://www.portais.pe.gov.br/web/pmpe/gratificacao-pacto-pela-vida. Acesso: 25 ago 2018.
49
Disponível em: http://exame.abril.com.br/brasil/brasil-tem-deficit-de-20-mil-policiais-em-
seu-efetivo/>. Acesso em 18 maio 2017.
95
esse número aumentou para 75. É importante consignar que esses dados são
consequências de ações policiais, quando os policiais estão de serviço. Quando a
intervenção ocorre em ações durante o período de folga, fora registrado apenas uma
morte no ano de 2015.
Nessa mesma perspectiva, um número bastante elevado de policiais é
vitimizado, quer seja em atuação institucionalizada ou em horários de folga. Nesse
último quesito é importante enfatizar que, muito embora a contabilização maior de
óbitos seja em período de folga, mesmo não havendo dados oficiais acerca da real
causa dessa mortes, muitos desses profissionais de segurança morrem em função
da atividade que exercem. Veja-se os números no Quadro 7.
Quadro 7 – Vitimização policial no Brasil
Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total
Policiais mortos em serviço 78 101 91 160 121 79 91 721
Policiais mortos fora de serviço 186 186 191 287 369 336 267 1.882
Total 264 287 282 447 490 415 358 2.543
Como dito acima, em face da não expertise por parte dos órgãos da
Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (SESED), que fazem
esta concatenação, não é possível fazer uma avaliação mais detalhada acerca da
atuação policial, pois os dados não estão disponíveis. Essa indisponibilidade,
impossibilita difundir as boas práticas, caso a avaliação da atuação policial seja
positiva. Por outro lado, em sendo negativa, não é possível traçar ações de
enfrentamento para poder melhor sistematizar as formações inicial e continuada do
policial, visando uma atuação mais profissionalizada.
O fato é que as pesquisas, novamente, em 2016, portanto, os mais
recentes dados estatísticos, vão ratificar que ações no campo da segurança pública
não estão surtindo efeito para redução da violência e da criminalidade. Destaca-se,
por outro prisma, que não apenas as políticas e ações de segurança pública,
efetivamente, vão minimizar tais índices.
Conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (FBSP, 2016), que
traz um panorama geral e uma análise de vários fatores e aspectos que influenciam
no campo da segurança pública, mesmo tendo havido uma redução de 2% no
número dos CVLI, no país, que caiu de quase 60 mil homicídios, anuais, a cada 100
mil habitantes, para, aproximadamente, 58 mil óbitos, apesar dessa redução, os
índices, ainda, permanecem muito elevados, pois podem ser comparados a
estatísticas de conflitos bélicos, como na Síria, onde morreram, aproximadamente,
250 mil pessoas no período de 2011 a 2015.
Outro dado significativo é que se, no Brasil, ocorrem mais mortes em
decorrências de intervenções policiais do que em qualquer parte do mundo,
também, é o país onde mais policiais são vitimizados. Segundo o mesmo Anuário,
de 2009 a 2015 morreram 113% mais policiais brasileiros, em intervenções policiais
de serviço e, também, de folga, do que nos Estados Unidos. Para precisar esses
dados, apenas em 2015, no país, morreram 393 policiais, sendo 103 de serviço e
290 foram a óbito quando estavam folga (FBSP, 2016).
Fazendo uma abordagem dialógica do CVLI, em uma década, esses
índices, cresceram, nacionalmente, em média, cinquenta por cento, pois saltaram de
pouco mais de 40 mil homicídios anuais, por 100 mil habitantes, para quase 59 mil.
No Rio Grande do Norte, de 2011 a 2015, contabilizou-se mais de uma
mil mortes violentas intencionais, por ano, e no último triênio esses números ficaram
em torno de 1.500 mortes violentas, conforme IPEA e FBSP (2017). Nesse sentido,
99
50
Para efeito deste estudo, considera-se ação policial equivocada aquela que causa dano,
sobretudo o corporal e até morte às pessoas envolvidas, direita ou indiretamente em uma
intervenção policial. As questões de ordem psicológicas, também, são deveras
significativas, no entanto, em virtude da dificuldade de seu registro, não serão apreciadas.
A cerca da relação homem/trabalho e os malefícios que uma atividade profissional pode
causar, leia-se Dejours (2007).
51
Essas normas estão disponíveis no site do Ministério da Justiça, por meio da SENASP,
conforme o link a seguir: http://www.justica.gov.br/sua-seguranca/seguranca-
publica/senasp. Acesso: em 27 abr 2015.
101
52
No capítulo 4, no qual será abordado o aspecto teórico da Tomada de Decisão, far-se-á
uma análise mais detalhada desses conteúdos.
103
53
Destaca-se Jorge da Silva (Coronel da PMERJ e Secretário de Direitos Humanos
(2003/2006), Carlos Magno Nazareth Cerqueira (Comandante da PMERJ, no final dos
anos 1990), José Vicente da Silva Filho (Coronel da PMESP e Secretário Nacional de
Segurança Pública, no início dos anos 2000), entre outros que, talvez, em virtude de
estarem fora da região Sudeste, não tenham tido a mesma oportunidade de divulgar seus
estudos e pesquisas.
54
O último dado estatístico divulgado no Anuário Brasileiro de Segurança (2012/2013), a
PMESP contava com um pouco mais 85 mil policiais, conforme link já disponibilizado.
104
autora que, à época, era oficial daquela Corporação, esclarece que o momento que
envolve uma abordagem policial é circunscrito em uma série de preconceitos acerca
de um dito cidadão em atitude suspeita. Nesse ínterim, o policial precisa manter a
sua margem de segurança, enquanto agente público a serviço da sociedade, e a
linha que separa uma ação policial legal, de uma ilegal, que se torna cada vez mais
tênue, devido ao complexidade que envolve o uso ou não da força e/ou armas.
Nesse encontro, que a autora intitula de (des)concertante, que ocorre
entre a polícia e o público, o policial deve primar pela segurança do infrator,
diretamente envolvido na prática do ato criminoso e a segurança de terceiros, bem
como, jamais pode negligenciar a atenção que deve dispensar à dignidade humana
de qualquer pessoa, mesmo que seja um infrator (PINC, 2006).
Com o intuito de alargar o grau de complexidade que envolve a formação
de um profissional de segurança pública, sobretudo, na perspectiva dos mais
variados aspectos que envolvem a Tomada de Decisão, levanta-se a
problematização realizada por Pinc (2006, p. 33), na qual a autora faz uma pequena
descrição de algumas das principais ações que um profissional de segurança está
autorizado, legalmente, a desempenhar, quando nas suas atividades de
patrulhamento de rua. O cerne da questão está na linha tênue na qual o policial
militar está circunscrito, por ocasião da averiguação de uma pessoa em uma
suposta atitude suspeita, especialmente, em face da subjetividade que envolve tal
contexto, pois, por não haver uma conceitualização acerca do fato, configura-se tal
postura a partir de condições subjetivas e/ou comportamentais.
Diante desse impasse, a PMESP institucionalizou o manual de
Procedimento Operacional Padrão (POP), que é uma alternativa de orientar o
policial, indicando algumas ações que na visão institucional podem sugerir
anormalidade. Por exemplo, fuga ao ver um policial ou viatura, dispensa de materiais
que porta, desvio do olhar, mudança a direção por onde anda, entre outras atitudes
afins.
Essas posturas elencadas podem caracterizar, em si, a decisão de o
policial realizar uma abordagem? As características das práticas operacionais por
meio das quais a polícia brasileira trabalha (BUENO, 2014), e a partir de dados
estatísticos (muitos já apresentados) comprovam um número bastante elevado de
letalidade nas ações policiais. Nesse sentido, esses itens elencados não
provocariam as ações que o manual aponta como atitudes suspeitas? Essa e outras
105
55
Disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/232384_A+PM+MATADORA. Acesso
em: 08 abr 2015.
106
56
Disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/232384_A+PM+MATADORA. Acesso
em: 08 abr 2015.
107
57
Disponível em: http://tribunadonorte.com.br/noticia/cresce-numero-de-expulsoes-de-
pms/186712. Acesso em 11 abr 2015.
108
58
Fonte: Corregedoria da PMRN (Relatórios anuais 2009-2014), obtido no próprio órgão, por
meio de ofício remetido à Polícia Militar solicitando oficialização da pesquisa, conforme
Anexo “A”.
109
59
Em uma tradução livre do Inglês para o Português, seria o sistema de fiscalização e
responsabilização a que esses profissionais estão submetidos. CARUSO, MUNIZ e
CARBALLO BLANCO (orgs.). Polícia, Estado e Sociedade: Práticas e Saberes Latino-
americanos. Rio de Janeiro, Ed. PUBL!T, 2007, PP: 21-73. Disponível em:
<https://sites.google.com/site/estantedejacquelinemuniz/>. Acesso em 01 nov 2015.
60
Acerca, veja-se Quem vigia os vigias (LEMGRUBER; MUSUMECI; CANO, 2003).
61
Disponível em:
http://www2.pm.rn.gov.br/bg_pratico/Topicos/1999/049/0_Bol_049_Top_V.html. Acesso
em: 25 jun 2014.
110
Total 43 29 11 25 17 26 23 174
Solucionados 37 25 09 20 09 16 07 123
Pendentes 06 04 02 05 08 10 16 51
62
Na prática, efetivamente, a criação e adoção de políticas e ações organizacionais são
restritas a poucas inciativas, de cunho, particular por parte de alguns integrantes, tendo
em vista que, institucionalmente, o setor responsável por essa e outras normalizações (a
3ª Seção do Estado Maior, uma das cinco do staff do Comando Geral) pouco
desempenha esta função.
111
63
Enfatiza-se que pode ser fatal para vida dele, para pessoa envolvida na ocorrência e,
também, para transeuntes, alheios ao contexto.
119
homicídios, na proporção de quase 20 para cada 100 mil habitantes, isso para citar
apenas a média nacional.
Em números absolutos, isso significou mais de 41 mil homicídios, por
arma de fogo, em 2015, no Brasil. Isto perfaz, portanto, mais de 70% dos
homicídios, fazendo uma comparação, com a Europa, onde as armas de fogo são
responsáveis por, apenas, por 20% dos CVLI.
Paralelamente, pode-se inferir que a média regional, onde o índice de
homicídios praticados com armas de fogo atinge o nível mais baixo, é no Piauí, com
quase nove homicídios, para cada 100 mil habitantes. Contrapondo-se a isso, o
Estado de Alagoas apresentou o mais alto índice na região, contabilizando quase 62
homicídios.
O Rio Grande do Norte, portanto, a partir desse levantamento estatístico,
é o Estado que tem a maior taxa de mortes ocasionadas por armas de fogo,
proporcionalmente, no país, a cada 100 mil habitantes. O estado potiguar sai de 268
homicídios, por essa causa, em 2005, e quase triplica esse número em 2010,
chegando a 611 óbitos. Em 2015, alcança 1.238 mortes, em decorrência da
utilização desse tipo de armamento, tendo um aumento de 361,9%, no período de
2005 a 2015.
Em números absolutos, o Nordeste é a região mais violenta do país. O
Estado da Bahia é o que tem o maior número de assassinatos provocados por
armas de fogo, contabilizando 4.555 óbitos, no ano de 2015, seguidos pelo Ceará,
Pernambuco e Maranhão com, respectivamente, 3. 393; 3.065 e 1.718. Apesar de
bastante banalizado na mídia, o Estado do Rio de Janeiro saiu de 5.978 homicídios
praticados por arma de fogo, em 2005, reduzindo para 3.182, em 2015, o que
representou o decréscimo de 46,8%.
De acordo com a Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises
Criminais (COINE), da SESED/RN, em 2017, cerca de 88,6% dos mais de 1.400
homicídios ocorridos no Rio Grande do Norte foram ocasionadas por armas de fogo,
conforme demonstrado no Gráfico 4, a seguir:
120
Decerto é que não se pode inferir que tais incrementos tenham suas causas,
diretamente, relacionadas em virtude, somente, da intervenção policial. Mas, por outra
perspectiva, a premissa de que mais armas de fogo estando nas mãos de potenciais
infratores esse aspecto condicionante pode tornar mais difícil uma abordagem policial e,
consequentemente, a sua Tomada de Decisão em casos críticos, podendo, potencializar
os índices criminais, especialmente, os homicídios, de uma forma geral.
É possível, e razoável, também, conceber que a partir dos dados e relatos aqui
mostrados, em uma intervenção policial, o ato da Tomada de Decisão, propriamente dita,
momento em que o policial decide fazer uma abordagem, usar ou não meios de força
físicas legais, ou até mesmo fazer uso da arma de fogo, é um momento, especialmente,
crítico que exige um nível de capacitação bastante elevado, quais sejam, os aspectos
legal, técnico, ético e, sobretudo, emocional para que a Tomada de Decisão, senão for a
correta, trará consequências indesejáveis.
Conforme enunciado no título desta seção, a problemática da Tomada de
Decisão perpassa os preceitos instituídos nos processos formativos. Nessa medida,
discute-se, a partir de agora, sua inserção na Matriz Curricular dos Cursos de Nivelamento
de Praças (CNP) e de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS), buscando verificar se estão
consignadas as competências e habilidades da Tomada de Decisão da atividade policial.
Nesse sentido, em face aos conflitos que se apresentam aos profissionais de
segurança, principalmente, na esfera operativa (trabalho realizado no patrulhamento nas
ruas), apresentado por meio dos dados de diversos documentos estatísticos, estabelece-
se uma correlação com essas categorias centrais das disciplinas dos referidos cursos.
123
Legislação de Trânsito 10
Direção Defensiva 15
Multidisciplinar
Noções de primeiros Socorros, Respeito ao 10
Meio Ambiente e Convívio Social
Relacionamento Interpessoal 15
Total 50
Áreas Temáticas da Matriz Disciplinas/UC (Unidade curricular) C/H
Curricular/2009 (SENASP) – FORMAÇÃO
BÁSICA
64
Essa turma do CNP é formada por policiais que ingressaram na PMRN no período de
1999-2000, tendo sido constado a partir de pesquisa documental que não há no rol de
disciplinas no curso de formação inicial que contemplassem as temáticas em questão.
Disponível em:
http://www2.pm.rn.gov.br/bg_pratico/Topicos/1999/117/0_Bol_117_Top_III.html. Acesso.
10 jun 2014.
65
Essa turma de sargentos é composta de policiais que entraram na PMRN no período de
1984-1996. Em sua maioria formados antes da CF/1988. Não foi possível encontrar
registro da matriz curricular dos seus respectivos cursos de formação.
66
Silva (2017) faz uma discussão bastante abrangente cerca dessa temática.
67
O CNP, que tinha 360 horas-aula, conforme esta matriz, foi reduzido, em virtude de uma
política administrativa da PMRN, do Comando, à época, passando a ter, apenas, 160
horas-aulas, a partir do novo Plano de CNP, publicado no Boletim Geral Nº 205, de 07 de
novembro de 2016. Contudo, para a Turma de Cabos que participou da pesquisa, fora
utilizada a matriz integral com 360 horas-aula.
124
12. Ética 04
VII
Cotidiano e Prática Reflexiva 13. Comportamento Social e Relações 10
Interpessoais
Fonte: Aditamento ao Boletim Geral da PMRN Nº 095, de 26 de Maio de 2015. Disponível em:
http://www2.pm.rn.gov.br/bg_pratico/Topicos/2015/095ADT/0_Bol_095ADT_Top_II.html. Acesso
em: 01 jun 2016.
125
68
Atualmente houve uma reformulação na matriz curricular do CAS, reduzindo a carga-
horária de 405 para 360 horas-aulas, das quais 160 são operacionalizadas pela Rede
EaD/SENASP.
126
69
Os cursos são disponibilizados apenas para policiais militares, civis, bombeiros, guardas
municipais, agentes penitenciários e peritos dos institutos de perícia desde 2008. No
entanto, em pesquisa realizada na Internet foi possível localizar o referido curso, com
acesso livre, no endereço:
https://cidadaossp.files.wordpress.com/2009/06/gerenciamentocrises_completo.pdf.
Acesso em 02 abr 2017.
127
70
Optou-se pela designação mundo do trabalho para não se utilizar o termo “mercado”,
especialmente, para não dar acepção economicista, tendo em vista que o objetivo
principal aqui é estabelecer a diferença entre profissão e ocupação sob a perspectiva
teórica da Sociologia das profissões.
130
Por outro lado, não são apenas essas especificidades que compreendem
a distinção entre profissão e uma atividade ocupacional 71 nos termos da Sociologia
das profissões. É, também, a partir de sua confrontação com legislações afins que
se envidará esforços para tal estabelecimento. Assim sendo, um dos mecanismos
71
Manter-se-á uma vigilância quando da utilização dos termos profissão e atividade
ocupacional, sobretudo, porque muitos autores fazem uso dos mesmos algumas vezes
como sinônimos, o que acaba por dificultar a compreensão da conceitualização distintiva
que se busca neste Capítulo.
134
utilizados pelo Estado, ou pelo próprio corpo de classe e, até mesmo, pela
sociedade, é o controle que é exercido com uma atividade profissional ou
ocupacional.
Para essa corrente teórica, esse mecanismo é o que vai propiciar que só
um indivíduo, devidamente, habilitado possa executar uma tarefa para a qual ele foi,
inicialmente, selecionado, formado e que, periodicamente, passa por programas de
capacitação e atualização de conhecimentos e saberes profissionais, seja por
interesse próprio, ou exigência da sua categoria de classe do mercado do trabalho e,
também, da sociedade.
De acordo com Freidson (2016) outra diferença que se pode estabelecer
para distinguir uma profissão de uma ocupação remunerada é a formação inicial,
que o autor denomina de treinamento institucionalizado. Conforme essa perspectiva
teórica, inicialmente ele usa a denominação ofício para se referir a ocupações.
Assim sendo, as pessoas que têm um emprego (desenvolvem dada atividade no
mundo do trabalho) precisam melhorar sua performance, então, é-lhes
proporcionado um treinamento em serviço para aperfeiçoar a atuação de um
trabalhador em sua ocupação (ofício).
Por outro lado, a formação para o exercício das profissões ocorre antes
de começar a executar determinado trabalho. Geralmente, essa formação acontece
em uma instituição, credenciada por órgãos regulamentares para desempenhar essa
atividade, geralmente, as universidades. Outro aspecto fundamental é a busca
135
72
Pode parecer preciosismo ou redundância, mas na perspectiva defendida por esses
autores, em muitas realidades do contexto social brasileiro, por exemplo, a categoria de
138
73
O termo milícia aqui diverge do que ora é empregado, pois atualmente o termo tem
sinônimo de um grupo formado por marginais que prestam um pseudo-serviço de
segurança, pelo qual cobram e mantêm a população refém.
144
74
O Brasil e a maioria dos países democráticos são signatários da Declaração Universal dos
Direitos Humanos e do Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela
Aplicação da Lei (ONU, 1979). Tais mecanismos se fazem presentes na Constituição
Federal de 1988 e, mais recentemente, na Portaria Interministerial Nº 4.226/2010, do
Ministério da Justiça e da Secretária de Direitos Humanos da Presidência da República,
que regula a ações dos policiais, mas também como os entes estatais devem prover
condições necessárias, fiscalização e capacitação contínua para a segurança pública.
Voltar-se-á a essa temática no capítulo 6.
145
De acordo com Bayley (2001), pode, até, ter significado embaraçoso para
instituição policial, pois, à medida que é um status desejado/almejado,
evidentemente, ainda, não fora alcançado e, nesse sentido, coloca as corporações,
como também seus membros em xeque, visto que, se percebido nesse estágio pela
sociedade e seus atores, tais trabalhadores e, ainda, não profissionais não estariam
prontos, ou seja, em níveis de formação e qualificação que se espera de uma
entidade estatal tão necessária ao funcionamento da administração pública e,
também, para gerenciamento dos conflitos sociais.
A despeito dessa temática nunca é redundante destacar a teorização
clássica de Althusser (1970, p.44-7), que descreve não apenas os Aparelhos
Ideológicos de Estado (Família, Escola, Igreja), mas, também, os repressivos como,
o exército, os tribunais, as prisões e a polícia que, muito embora, sejam criticados
pelo autor, no conjunto dos aparelhos de Estado, não por sua existência, mas em
virtude de sua apropriação pela classe burguesa dominante, a vida em sociedade
sem esse ARE, sobretudo no mundo contemporâneo, seria inviável.
Caldeira (2000, p.169), ao descrever a atuação policial paulista e
particularizar a da tropa de elite, Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA),
corrobora com as inferências de Silva (1990), quando ele destaca o uso excessivo
da força para resolver conflitos, sobretudo com aqueles criminosos indeterminados e
incertos, pois, conforme os autores, no emaranhado da poeira que sopra das
periferias, geralmente, não saneadas e, tampouco, pavimentadas, jamais poderiam
ser identificados (os policiais) e, assim sendo, quase como uma regra, esses
anônimos podem ser alvos da força física exacerbada, não legitimada legalmente,
mas, recorrentemente, usada de forma desproporcional (BUENO, 2014) e sempre
nas mesmas condições materiais e historicamente construídas.
A partir das proposições de Bayley (2001), apenas na esfera pública é
possível ter uma força de segurança profissional, apesar de, atualmente, haver um
grande número de instituições privadas que desenvolvem essas atividades, como
acima exemplificadas, mas que, no entanto, não chegam a atingir algumas
características e competências que as corporações públicas alcançaram.
Nesse sentido, é forçoso enfatizar que uma parcela, ainda, significativa
das instituições públicas não tenham alcançado o estágio ideal de todas as
categorias interpretativas desse status profissional, conforme é demonstrado a
seguir.
146
desenvolvidas na Corporação
Administrativas
Habilidades a serem
Interpessoais
Políticas
Cognitivas
Fonte: Autoria própria, a partir das inferências dos autores: BRASIL (2000, p12); (2014, p. 36); MENKE; WHITE; CAREY (2002, p.89); BAYLEY (2006, p.66).
75
Nas Polícias Militares o staff são as Seções do Estado Maior, que são responsáveis pelo planejamento estratégico das Corporações. Em
algumas PMs as Diretorias, que são órgãos de direção e execução, também, participam desse planejamento. Na PMRN, não há, ainda, um
Plano Estratégico que norteie a política organizacional. Estas são orientadas por leis, muitas vezes, alteradas, casuisticamente.
148
76
A teoria do movimento circular é oriunda dos filósofos gregos, especialmente, Thales,
Anaximandro e Anaxímenes, contudo, na perspectiva defendida por Cheptulin (2004, p.
166-7) e corroborada por este autor, é na visão materialista dialética, que concebe o
movimento em círculo e, também, e o para trás. No entanto, mesmo não sendo uniforme é
por meio dessas rupturas, retrocessos que o conhecimento científico complexifica.
77
Termo deveras utilizado na literatura militar, para indicar formação/treinamento que foi
adotada pelas PMs no Brasil, especialmente, quando da institucionalização da IGPM,
como forma de doutrinamento e fiscalização das corporações policiais-militares.
151
apenas, prático, mas precisa, para sua validação enquanto profissão, ter um saber
embasado cientificamente, constituindo-se e institucionalizando-se em conhecimento
profissional.
Por conseguinte, o caminho a ser percorrido para que uma categoria
adquira o status profissional perpassa pela institucionalização de um código
deontológico para que tenha capacidade e legitimidade de regular suas ações
conceituais, práticas, técnicas, científicas, filosóficas, entre outras, por meio de
questionamentos éticos e morais que, recorrentemente, permeiam uma atividade
profissional.
Então, a partir dessa autonomia que é conferida pelo Estado, pela
sociedade e, até, pelo mundo/mercado do trabalho que, por exemplo, algum
membro da categoria profissional ao atuar em desacordo com os padrões
preestabelecidos será/poderá ser responsabilizado.
Para tanto, na perspectiva de adotar um parâmetro das atividades
profissionais a serem desenvolvidas por uma categoria profissional, utilizar-se-á a
normalização nacional vigente, sistematizada a partir da Classificação Brasileira de
Ocupações (CBO), que orientam/sistematizam o exercício de atividades, habilidades
e competências das ocupações e profissões no país. (BRASIL, 2010a).
A CBO emprega como parâmetro para sistematizar a organização dos
grupos profissionais e das ocupacionais a Clasificación Internacional Uniforme de
Ocupaciones (CIUO), em sua versão mais atualizada (2008), que, por seu turno é a
principal catalogação de profissões e ocupações da Organização Internacional do
Trabalho (OIT, 2015). A partir dessas normativas, analisa-se quais são as principais
atividades dos Cabos e Sargentos policiais militares.
De acordo com a CBO o Cabo da Polícia Militar deve deter as mesmas
competências e habilidades que o Soldado PM, pois ambos estão inscritos na
família de Código 0212, identificador do cargo e descritivo das atribuições que deve
desenvolver um executor da segurança pública. Entretanto, conforme, está
estabelecido na hierarquia militar (BRASIL, 1983); (RIO GRANDE DO NORTE,
1976), o Cabo está, imediatamente, acima, funcionalmente, do soldado.
Para efeito de policiamento ostensivo, considera-se, na perspectiva desta
Tese, que ambos devem deter conhecimentos equivalentes, pois de forma genérica
desenvolvem:
155
78
Disponível em:
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/ResultadoFamiliaDescricao.jsf. Acesso
15 jan 2015.
156
Ceronel
Diversos cursos
Tenente-
Oficiais CSP técnicos e em nível
Coronel
Superiores de especialização
Major CFO em Instituições
Policiais ou
Oficial Capitão CAO
Intermediário Militares e em IES
1º Tenente -
Oficial
subalterno 2º Tenente -
Subtenente CHO -
Diversos cursos
Sargento CFS CAS técnicos em
Praças Instituições Policiais
Cabo CNP - ou Militares e em IES
ou Escolas Técnicas
Soldado CFP -
Fonte: Lei Estadual Nº 4.630 de 1982
79
Disponível em:
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/ResultadoFamiliaDescricao.jsf. Acesso
em 15 jan 2015.
157
80
As Companhias são subdivisões dos Batalhões, compostas por Soldados, Cabos,
Sargentos e Tenentes. Estes últimos, auxiliares direto dos Capitães, tanto no trabalho
administrativo, como no trabalho prático de policiamento ostensivo.
159
esse status profissional não é estanque e depende de uma série de fatores para que
seja alcançado e, principalmente, mantido.
Comparando a atividade policial às profissões liberais, como a medicina e
a advocacia, Menke; White; Carey (2002, p.92-3) enfatizam que, principalmente,
essas têm um período significativo de formação inicial (acadêmica) para o exercício
da profissão: em média, dez anos. No caso dos policiais, ratifica que o período é,
relativamente, curto, em média 400 horas, e que não há exigência de um nível
educacional elevado para os policiais que atuam nas ruas, exceto para ascensão
profissional.
É forçoso destacar que no Brasil, a partir de 2003, com a implementação
da Matriz Curricular Nacional para os operadores de segurança, esses dados têm
mudado, significativamente, tendo em vista a formação básica para os policiais
militares e civis ser atualmente de 908 (novecentas e oito) horas (BRASIL, 2014, p.
75).
Na Polícia Militar do Rio Grande do Norte, a formação básica para o cargo
de Soldado é de 960 (novecentas e sessenta) horas-aula, assim como para o cargo
de Oficiais é de 3.900 (três e novecentas)81.
Ademais, no que concerne ao perfil de escolaridade questionado por
Menke; White e Carey (2002), muito embora haja um lapso temporal de mais de dez
anos, da pesquisa elaborada por esses autores, bem como as realidades europeias
e norte-americanas serem distintas da brasileira, a última pesquisa realizada pelo
Ministério da Justiça, por meio da SENASP, demonstra um avanço na qualificação
de todos os integrantes da segurança do país, especialmente na dos policiais
militares.
A partir de dados estatísticos82 mais atuais, a partir de pesquisas
realizadas desde 2004, pelo Ministério Justiça, por meio da SENASP, é possível
inferir que se faz necessário um maior acompanhamento do nível de formação e
capacitação dos integrantes das corporações policiais para que não se cometa o
equívoco de apontar dados que não mais correspondem à realidade do status de
qualificação que detêm os policiais do século XXI.
81
Conforme legislação já citadas.
82
A pesquisa está disponível integralmente neste link:< http://www.justica.gov.br/sua-
seguranca/seguranca-publica/analise-e-pesquisa/estudos-e-pesquisas/pesquisas-perfil-
da-instituicoes-de-seguranca-publica >. Acesso em 1 nov. 2015.
160
Fonte: BAYLEY (2006 p.121); SILVA (2007, pp.24 e135); BRASIL (2000; 2010a; 2014); SILVA (2016).
84
Nas corporações militares, federal e estadual (no caso da PM e BM), a antiguidade é o
grau hierárquico que o militar alcançou a partir de seu mérito intelectual depois de
avaliado em todas as disciplinas ao término do seu respectivo curso de formação. Neste
caso específico, o CFP e o CFO. Esta antiguidade acompanhará o profissional de
segurança por toda sua carreira servindo-lhe de precedência diante dos seus demais
pares, ou seja, colegas de profissão do mesmo posto (para Oficiais) e graduação (para as
Praças).
162
Na Polícia Militar do Rio Grande do Norte, Silva (2007), por meio de uma
compilação de manuais editou o Manual Básico de Técnicas de Abordagem
Policial85, que, entre outros objetivos, visa rever os conceitos e técnicas da
abordagem policiais e, principalmente, sistematizar tais protocolos na atividade
policial-militar da PMRN, como saberes inerentes à atividade policial.
Todas as medidas e/ou ações são importantes para se alcançar, manter e
melhorar o nível de profissionalização na atividade policial-militar, porém uns são
mais prioritários que outros. Nessa perspectiva, a racionalização de procedimentos é
fundamental para que policiais possam atuar embasados em protocolos legitimados
e não no empirismo da tentativa e erro. Uma via para se alcançar tal proposta é a
pesquisa, a produção de conhecimento e especialização cada vez mais na sua área
de atuação.
85
Mesmo que embrionário, o referido manual deve servir como parâmetro para outros
estudos que possam contribuir para potencializar o nível de profissionalização na PMRN
e, quiçá, de outras polícias brasileiras, tendo em vista, o intercâmbio existente.
164
Por seu turno, Leontiev (1978) defende que a consciência humana tem
origem a partir da divisão do trabalho, pois este é responsável por operar motivos
comuns, significados, e tornam-se fenômenos da consciência individual. Portanto, as
condições materiais e dos meios de produção em que o trabalho é engendrado
168
Portanto, a
86
Para a carreira policial-militar, no Brasil, o candidato ingressa na Corporação por meio de
concurso público. Há dois níveis funcionais: para o cargo de Soldado, após a formação
inicial executa, essencialmente, o policiamento ostensivo, pode ascender,
profissionalmente, até a graduação de Sargento ou Subtenente; ou presta concurso para
o cargo de oficial, iniciando a carreira profissional como Tenente podendo chegar até o
posto de Coronel. Para o cargo de oficial exerce as funções de gerenciamento e
coordenação, seja na esfera administrativa ou na operacionalização do policiamento.
171
mediata, mas sim mediatizada pelo reflexo psíquico. Portanto, será em toda medida
estabelecida pelas relações e condições da vida material objetiva, por meio das
interações inter e intrapessoais. Nesse sentido, não se confunde com reação, mas,
por excelência, interação e condições materiais e subjetivas a ela circunscrita.
A atividade humana, conforme o autor, deriva, surge, origina-se por meio
da necessidade. Análogas às necessidades fisiológicas, são as necessidade
subjetivas, psicológicas ou emocionais, as quais têm sua motivação nas
necessidades humanas, que são engendradas socialmente e divergem a depender
das condições materiais socioculturais nas quais o sujeito está inserido (LEONTIEV,
1978, p.68-72).
A necessidade que motiva a atuação policial parte da sociedade quando
dessa se origina o clamor de ordem e paz social que fora alterada, desejando,
mesmo que, implicitamente, seja reestabelecida. Com efeito, o profissional de
segurança pública, em especial, o policial militar, foi legitimado por essa mesma
sociedade para agir em prol da sua defesa, que, por seu turno, sente-se imbuído de
fazer valer o seu diploma, legalmente instituído e, por imposição do seu mandato,
tem a obrigação legal, moral e socialmente que assumiu, devendo preservar vidas e
aplicar a lei.
Por seu turno, os motivos, na perspectiva interpretativa da THC, seriam
constituídos de ações e operações que compõem a atividade de policiar,
secularmente desempenhada. Então, nessa perspectiva, qual o Sentido e o
Significado da atividade da atividade profissional policial-militar?
Ao longo da história o papel de policiar foi criado e reinventado. Como dito
incialmente, a forma de atuação e sua legitimação são sociais e vão variar de acordo
com as condições materiais de determinada sociedade.
Nesse aspecto, toma-se como parâmetro a sociedade potiguar, inserida
no contexto social brasileiro com características sócio-histórico-culturais bem
diversa, conforme a seguir.
O Rio Grande do Norte tem população não superior a 4 milhões de
habitantes, com região metropolitana de, aproximadamente, 1,5 milhão de pessoas
e sua capital, Natal, apesar de, mundialmente, conhecida, ainda, conserva ares de
cidade pequena, até provinciana, em alguns aspectos. Com uma população que não
173
87
Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=240810. Acesso em: 07
ago 2015.
174
88
O Brasil é signatário do Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela
Aplicação da Lei (CCFRAL), da ONU (1979), e editou a Portaria Interministerial nº
4.226/2010, do MJ e da Secretária de Direitos Humanos da Presidência da República, que
regula a ações dos policiais, no tocante ao uso de força e de armas de fogo, mas também
como os entes estatais devem prover condições necessárias, fiscalização e capacitação
contínua para os profissionais da segurança pública (BRASIL, 2010).
89
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1960-1969/decreto-lei-667-2-
julho-1969-374170-normaatualizada-pe.pdf. Acesso em 28 out 2017.
179
Está ação/não ação (e, às vezes, omissão), que enseja uma Tomada de
Decisão é motivada pela necessidade profissional e individual que o policial precisa
atuar e, para tal, sua habilidade de decidir deve estar desenvolvida. Segundo Núñez
(2009, p. 66), esse processo ocorre por meio da atividade, sendo considerada uma
atividade de estudo, de caráter consciente, orientada a um objetivo definido.
Por outro lado, o motivo tácito seria quando nessa mesma ação, por meio
de medidas preventivas, também, em uma diligência, esse mesmo profissional evita
que o crime ocorra. Ou seja, para a sociedade apenas o primeiro motivo fica
evidente, a decisão de capturar um infrator, pois houve a materialização por meio da
ação (captura da pessoa que cometeu dado ato criminoso). Já na ação preventiva, a
Tomada de Decisão, também, ocorreu, o motivo estava implícito e o crime fora
evitado, muito embora essa não seja a percepção social, pois não se materializou,
pelo menos, não concretamente aos olhos da sociedade.
90
No caso da atividade profissional policial-militar esta unidade didática deve ser
denominada de Procedimento Operacional Padrão (POP), que após testado e validado,
deve ser institucionalizado como parâmetro a ser adotado pelos integrantes na
corporação, como a Portaria Interministerial 4.226/2010 (BRASIL, 2010), muito embora
esta última seja apenas diretrizes e não parâmetros técnicos.
186
COMPETÊNCIAS POLICIAIS-MILITARES
formação profissional, esses aspectos não são aprofundados, na maioria das vezes,
inclusive, menosprezados e, até, desconsiderados.
De acordo com os principais expoentes, seguidores e desenvolvedores da
Teoria Histórico-Cultural, a categoria da subjetividade não foi estudada ou, pelo
menos, não foi possível destacar tal abordagem de forma explicita. Entretanto, pode-
se fazer algumas deduções, por exemplo, a partir das teorizações do Sentido que é
trabalhado, incialmente, por Vygotsky e, posteriormente, por Leontiev, quando
tratam do sentido personal, que não deixa de ser uma interpretação da subjetividade
humana.
Por outro lado, quando PETROVSKI (1980) sistematiza no livro Psicología
General os aspectos emocionais e volitivos da atividade, infere-se que estava
abordando a categoria subjetividade, mesmo que tal conceitualização não apareça
nas suas teorizações, bem como na de outros seguidores da THC que,
explicitamente, não discorreram acerca dessa categoria analítica, mas que,
implicitamente, essa discussão estava presente.
Petrovski (1980, p. 336-7) explica que sentimentos e emoções não devem
ser identificados como sinônimos, visto que “[...] los sentimentos forman un sistema
de sinales que indica caules acontecimientos del mundo exterior son significativos
para el indivíduo”. E por [...] emoción solamente la forma concreta en que se
desenvolver el processo psíquico de vivencia de los sentimentos”. Ainda, em relação
às emoções, segundo este autor, elas apresentam atitudes positivas e negativas,
podendo, também, ser classificadas como ambivalentes e indeterminadas
(PRETROVSKY, 1980, p. 339)
Por outro lado, destaca, ainda, que os sentimentos são compostos de
conteúdos que estão arraigados em pressupostos das necessidades naturais e
culturais. Assim, os contextos social e material em que estão inseridos têm
contribuição significativa para sua vida sentimental, pois “[...] la actividad conjunta
con otras personas em la sociedad, dependen de las relaciones interpersonales
fornadas en la sociedad”. (PETROVSKI, 1980, p, 340).
Contundo, é, principalmente, Fariñas (2010) que, explicitamente, destaca
e aprofunda a temática da subjetividade humana como categoria epistemológica a
ser acrescida aos postulados históricos culturais. Defende a autora que apesar de
Vygotsky jamais ter falado acerca de complexidade, é possível inferir por meio de
suas teorizações, especialmente, pelas categorias histórico e social que a
189
Fariñas (Op. Cit) não apenas defende que havia pressupostos da Teoria
Complexidade quando da criação da Teoria Histórico Cultural, como explicita-os,
demonstrando que essa teoria foi a única que conseguiu interação gnosiológica
entre filosofia e ciência, especialmente, quando adota a dinamicidade existente entre
o geral e o particular, bem como trazendo em seu arcabouço os pressupostos do
Materialismo Dialético Histórico.
Outro pressuposto é a concepção da personalidade como sendo uma
categoria analítica a ser estudada e compreendida de forma integral, que reúne as
unidades dialéticas cognitivo/afetivo, interno/externo, bem como social/biológico.
Portanto, a partir do enfoque interdisciplinar, que é a linha de pensamento
defendida pela autora como sendo a continuidade e o desenvolvimento mais
coerente com a THC, ela sintetiza explicando que, nesse sentido a Teoria Histórico
Culturalista “[...] tem contribuído para o desenvolvimento de uma perspectiva inter e
transdisciplinar, pretendendo estudar o desenvolvimento humano e da personalidade
a partir da ótica da cultura e de sua história” (FARIÑAS, 2010, p. 79).
Em uma Tomada de Decisão, efetivamente, dependendo da importância
sentimental e a frequência que tal ação tem sido realizada por determinada pessoa,
essa pode passar ou sofrer alterações no seu processo fisiológico e,
190
pelos gestores, pois na estrutura organizacional por mais que não apareçam,
explicitamente, recursos materiais e/ou simbólicos estão em jogo, e são esses os
fatores mais considerados quando da necessidade de uma Tomada de Decisão.
O segundo aspecto, a estratégia, “[...] preocupa-se com questões
relativas à definição de problemas, avaliação de alternativas e escolha do melhor
curso de ação” (BRAGA, 1987, p.17). Nesse sentido, as estratégias destacariam os
meios e a maneira pelos quais se deve implementar uma decisão mais adequada
que outra.
Outro fator importante que a autora enfatiza é que as corporações podem
não parecer, mas são verdadeiras “arenas”, onde vários e diversas perspectivas são
os interesses que estão por trás de uma determinada escolha. Às vezes, uma
estratégia equivocada, além de provocar danos profissionais pode, também, trazer
questões emocionais causadores de muito estresse com desdobramentos
inimagináveis dentro de uma instituição.
Nesse sentido, existem vários estereótipos de organizações, umas mais
flexíveis e outras mais rígidas. As instituições militares são “[...] de ordem coagida,
enquanto que uma organização radical de grupo político ou religioso constitui um
exemplo de ordem manipulada” (BRAGA, 1987, p.17). Segundo essa autora, as
instituições militares têm sua lógica e sua sistematização próprias de
operacionalidade.
Alargando essa perspectiva e adentrando no campo de estudo da
administração militar, há dois tipos de corporações militares: as federais (Forças
Armadas) e as estaduais (Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares), as
quais, apesar de análogas, não devem ser consideradas equivalentes. Conforme os
artigos 142 e 144 da Constituição Federal de 1988, as primeiras têm funções
institucionais distintas das segundas, pois as Forças Armadas têm a missão
constitucional de defesa nacional. Já as Polícias Militares, por seu turno, têm como
seu maior mister a segurança pública, por meio do policiamento ostensivo, muito
embora, possa haver uma tácita confusão de compreensão institucional que, ainda,
perpassa, não apenas o imaginário popular, mas também, a formação e a
recapacitação dos policiais militares do país (MUNIZ, 2001).
Na lógica da Tomada de Decisão nas corporações policiais,
especialmente, as militares, como defende Braga (1987), a ordem social, presente,
198
91
A subcultura policial, e, neste caso, em particular, a militar, conforme defende Monjardet
(2003) seriam os modos de agir e pensar interna corporis, que se reproduz, muitas vezes,
à margem da cultura institucionalizada.
200
aqueles não programados que são, eminentemente, situações novas, e que ensejam
dos médicos um alto grau de criatividade para solucionar tais situações.
H. SIMON 1. A descoberta das situações nas quais uma decisão deve ser
tomada
2. Identificar quais as alternativas mais viáveis a serem adotadas; e
3. A Tomada de Decisão propriamente dita
S. P. ROBBINS 1. Definir el problema
2. Identificar los criterios de decisión
3. Dar pesos a los criterios
4. Desarrollar alternativas
5. Evaluar las alternativas
6. Elegir la mejor alternativa
Fonte: Compilação dos autores Simon (1986); Braga (1987); Robbins (2004)
92
Referente à caserna ou organização militar, do Latim, castrensis. Não há correlação com
a doutrina de Fidel Castro.
206
93
Código Penal Brasileiro, aprovado pelo Decreto-Lei Nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm>. Acesso em
13 jun 2016.
207
Por seu turno, o portador de uma arma de fogo poderá utilizá-la para
prática de outros delitos, que não seja apenas o de portá-la sem a devida
autorização. É, portanto, na subjetividade e intencionalidade ou não do infrator que
reside a necessidade da Tomada de Decisão do profissional de segurança pública,
que ao detectar uma irregularidade tem por dever de ofício, a obrigação de manter o
contato (des)concertante do qual fala Pinc (2006) para inibir e/ou evitar que tal
pessoa pratique delitos.
A partir da tese de doutoramento, com o aprofundamento do estudo
acerca do comportamento policial e, consequentemente, a Tomada de Decisão na
sua atividade profissional, Pinc (2011) aponta que as condutas policiais, mesmo
após uma formação continuada permanecem a ser influenciadas pela subcultura
policial-militar. A autora chama a atenção, enfatizando que apesar do treinamento
institucional, os policiais tendem a não seguir os protocolos estabelecidos pela
corporação.
Em que pese haver políticas institucionais de formação continuada
adotadas pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, a subcultura policial atua,
ocultamente, nas formas de pensar e agir (DURKHEIM, 2001) desse profissional,
pois
94
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.826.htm>. Acesso em:
11 jun 2016.
208
95
Disponível em: http://jusbrasil.jusbrasil.com.br/noticias/3003001/constituicao-nao-escrita.
Acesso e 01 dez 2014.
212
precisão quase que cirúrgica, tome sua decisão, estão os aspectos legais, técnicos,
éticos e emocionais que, enfatiza-se, a partir de embasamentos sociológicos e
educacionais, não são apreendidos apenas em uma formação secular e/ou
profissional, pois perpassam, também, todas as condições histórico-culturais nas
quais não apenas o profissional de segurança está inserido, mas todos que
constituem o processo formativo, no qual deve ser considerada a característica da
complexidade, como uma condição humana.
Marx e Engels (2012, p. 105) explicam que quanto mais ocorre a divisão
do trabalho, que traz como consequência a acumulação desenfreada do capital,
mais a sociedade estará fragmentada e, como desdobramento, pode-se inferir mais
desigualdade de classes e, por conseguinte, mais mazelas sociais, o que só seria
revertido, apenas, por meio de uma consciência política que levaria a uma
revolução.
A revolução da qual falam os autores é aquela que traria a redenção
social das classes trabalhadoras, por meio da consciência de classe.
Paradoxalmente, o que, contemporaneamente, tem-se presenciado é a
marginalização cada vez mais de populações que não conseguem se inserir como
cidadãos de fato e de direito, especialmente, enquanto integrantes alijados da
população economicamente ativa.
Como desdobramento perverso dessa desigualdade social, esses, agora
marginalizados seres humanos, em condições subumanas, confrontam-se,
cotidianamente, entre si, levando o país, no caso brasileiro, a taxas alarmantes de
homicídios por ano, principalmente pelo uso de arma de fogo, como já demonstrado
por meio de estatísticas.
Por outro lado, pelo fato de discordar de algumas teorias antropológicas e
sociológicas, que evidenciam, equivocadamente, a pobreza como fator de
causalidade do crime, não se deve deixar de chamar a atenção para esses fatores
que permeiam as circunstâncias que fazem parte da conjuntura histórico-cultural do
país e, por conseguinte, da rotina da atividade prática policial.
A abordagem em evidência é que há uma visão estereotipada por parte
da sociedade, em especial, a brasileira, que rotulam classes periféricas,
denominadas “perigosas” (SILVA, 1990), as quais carregam consigo o estigma de
discriminação e segregação social. E esse, com efeito um dos principais aspectos
que complexificam a Tomada de Decisão, por exemplo, na resolução dos casos
217
97
Estatuto dos Policiais Militares, que trata da ética na atividade policial-militar e outros
códigos de conduta que norteiam as atividades desses profissionais (RIO GRANDE DO
NORTE, 1976.
218
98
Um dos casos mais emblemáticos ocorridos no Brasil foi o do “Ônibus 174”, no Rio de
Janeiro, em 2000, em que um adolescente armado com um revólver toma de assalto um
ônibus de transporte coletivo, e a partir daí, após várias tentativas de resolução do “caso
crítico”, o infrator desce do ônibus com arma apontada para cabeça de uma jovem
professora. Então ocorre a Tomada de Decisão por um PM que atira no infrator. O policial
erra o disparo e o infrator atira e mata a refém. Na sequência, o sequestrador é preso e
morto asfixiado dentro da viatura policial. O fato foi notícia internacional, tornou-se
documentário e filme. Apesar do desfecho catastrófico, doravante, no país ocorreu um
divisor de águas, pois muitas normativas aqui analisadas, surgem a partir desse fato.
Outro evento emblemático, também, desastroso para segurança pública foi o caso crítico
de El Dourado dos Carajás, no Pará, em 1996.
99
Gaston Bachelard, em Intuição do instante (2007) diferencia ato e ação. Grosso modo, ato
é o exato momento que alguém age. No que diz respeito à ação, essa é continuada.
Assim, não cessaria ao término do ato, mas estaria linkada por uma sucessão deles.
219
100
Ver, também, FERREIRA (1972) que fez estudo sobre a administração militar
221
Assim sendo, é razoável inferir que todas as ações do ser humano não
são apenas constituídas dos aspectos conceituais apreendidos de determinada
formação secular e/ou profissional, mas são compostas de uma gama de
informações que constitui a formação social e individual deste profissional, enquanto
ser humano e, também, integrante de uma profissão, notadamente, inserido em
outros contextos, sejam eles legais, sociais e/ou culturais.
Em face dos pressupostos e das inferências apresentadas, aponta-se
algumas pistas acerca do estágio de profissionalização que se encontra o policial
militar potiguar, a partir das análises estabelecidas entre o conhecimento teórico
produzido, atualmente, no Brasil e os dados coletados na fase empírica da pesquisa,
que serão tratados no Capítulo 7.
222
101
Segundo Batista (2012, p.135), apenas as PMs do Ceará, São Paulo, Alagoas, Minas
Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso normalizaram os procedimentos a serem
utilizados por suas respectivas forças de segurança para essas intervenções policiais.
102
O CGC foi criado em 2008 e está disponível na Rede EAD, desde 2008.Disponível em:
https://cidadaossp.files.wordpress.com/2009/06/gerenciamentocrises_completo.pdf.
Acesso em: 10 dez 2014.
103
Há disponível no site do MJ (que na gestão do presidente Michel Temer traz, também, a
designação de “e Segurança Pública”), apenas cinco POP com as seguintes temáticas: 1.
Perícia Criminal; 2. Atenção humanizada às pessoas em situação de violência sexual; 3.
Investigação criminal de homicídios; 4. A polícia judiciária no enfrentamento às drogas
ilegais; e 5. Guia de recomendações para forças de segurança pública em praças
desportivas. Disponível em: http://www.justica.gov.br/sua-seguranca/seguranca-
publica/analise-e-pesquisa/acervo/pagina_pop/. Acesso em 07 abr 2017.
223
termos citados, a partir das respostas dos participantes. Esse processo denominado
de codificação foi dividido em quatro fases (AMADO, 2000, p.55-62):
(0) 0,0%
Não obtendo êxito no contato informaria aos superiores
(1) 1,9%
(0) 0,0%
Não fazer o que o sequestrador pede
(1) 1,9%
(0) 0,0%
Identificar o suspeito
(1) 1,9% Sargentos Cabos
(2) 2,4%
Desviaria/Controlaria o Trânsito
(0) 0,0%
Aguardaria a equipe especializada para lidar com aquele tipo de (0) 0,0%
ocorrência (2) 3,7%
(7) 8,2%
Informaria a central do ocorrido
(1) 1,9%
(6) 7,1%
Afastar a população
(2) 3,7%
(6) 7,1%
Tentaria acalmar a situação
(4) 7,4%
(16) 18,8%
Manter contato com o agressor/Iniciar negociação
(13) 24,1%
(21) 24,7%
Pedir apoio especializado
(13) 24,1%
(27) 31,8%
Isolamento do Local
(16) 29,6%
Aqui pode ser inserida uma análise mais ampla abarcando, também, os
teóricos usados ao longo do texto.
Por outro lado, pode, também, apontar uma lacuna na formação inicial e
continuada acerca de conhecimentos e saberes profissionais para resolução de
ocorrências críticas, o que, mantendo-se essa perspectiva, ensejará a contemplação
do objetivo específico 5, que trata da produção de um referencial procedimental para
norteamento nas intervenções policiais com essas especificidades, que é um dos
resultados desta Tese, constante no Apêndice “D”.
232
Sargentos Cabos
Depreende-se desses seis últimos fatores que eles são satélites e dão
suporte às respostas que tiveram maior peso, que a grosso modo, significa
“preservar vidas’, um dos objetivos basilares do Gerenciamento de Crises
(SENASP/MJ, 2008).
Outro dado significativo foi o item “não respondeu” que foi a resposta de
6% dos Sargentos, e atingiu 12,5% das respostas dos Cabos. Com o resultado de
104
Muito embora seja imperativo relativizar os aspectos sócio-histórico-culturais que
constituem a sociedade brasileira e, neste estudo particular, as especificidades das
Polícias Militares, para que não se caia na armadilha do determinismo social é, também,
forçoso que se observe alguns parâmetros valorativos dessa mesma sociedade, por
exemplo, a recente pesquisa realizada pela Universidade Cândido Mendes, a qual ratifica
que 37% da população carioca concorda com a máxima de que “bandido bom é bandido
morto”. Disponível em: http://www.ucamcesec.com.br/reportagens/cariocas-discordam-
que-bandido-bom-e-bandido-morto/. Acesso em: 06 abr 2017.
236
2,1% dos Sargentos e 9,1% dos Cabos que responderam “aplicar a lei”, não fica
assim, clara a opção de não responder, quando se abstêm de citar qualquer
conhecimento ou saber profissional, preferindo silenciar.
Outro fator relevante, que parece emergir dos dados que surgem não
apenas dos números, mas dos sentidos que são atribuídos pelos policiais à sua
Tomada de Decisão que é, por exemplo, deter-se um pouco mais a analisar e tentar
desvelar qual significação está presente na resposta “minha experiência”. Observa-
se que os percentuais dessa resposta e de “conhecimentos técnicos” constantes no
Gráfico 8 são semelhantes e bastante altos.
105
Esse método foi criado pelo coronel Nilson Giraldi, da PMESP, e adotado pelas polícias
brasileiras como um saber profissional que foi sistematizado, técnica e cientificamente,
sendo considerado um conhecimento profissional para o uso da arma de fogo por
profissionais de segurança pública, inclusive adotado pelo Ministério da Justiça em suas
capacitações (GIRALDI, 2017).
238
desses “casos críticos”, tem-se que 92,16% dos participantes afirmam que contribui
e 7,84% informaram não contribuir.
Os Cabos, com efeito, com uma formação mais recente, talvez, tenham
tido uma perspectiva mais participativa, já que mais de 80% deles estão na faixa
etária de 35 a 40 anos, portanto, mais ou menos 20 anos de serviço; e os Sargentos,
por seu turno, concentram-se na faixa de 40 a 50 anos de idade, todos acima de 25
anos de serviço, e alguns com 30, o que se infere uma formação mais militarizada,
menos adepta a questionamentos.
Nas respostas, por extenso, de Cabos e Sargentos, foi detectado que três
afirmaram haver feito o Curso de Gerenciamento de Crises, pela Rede
EAD/SENASP. Seis participantes citaram não haver adquirido tais conhecimentos
na formação inicial, que um deles alegou ser inconsistente.
240
na sua opinião, enumere três palavras que julga mais importante para
solução dessa ocorrência policial-militar;
detalhe o passo a passo como o(a) senhor(a) tomaria sua decisão para
solucionar essa ocorrência na sua atividade profissional; e
na hipótese de sair algo errado na decisão tomada pelo(a) senhor (a)
que medidas adotaria para solucionar o problema. Relacione três ações em ordem
de prioridade que adotaria.
A partir dos estudos e pesquisas apresentadas nesta Tese e as respostas
obtidas, consignadas no Gráfico 9 - Nuvem de palavras mais importantes para
Tomada de Decisão na PMRN, é possível identificar, pelo menos, quatro delas que
estão no mesmo patamar em importância: “isolar”, “conter”, “negociar” e
106
Para além dos casos emblemáticos de intervenções equivocadas realizadas por PMs que
foram noticiados pela mídia nacional e internacional citadas ao longo da Tese, no RN, em
2010, em atendimento a uma ocorrência dentro de um ônibus um PM é morto e outro é
alvejando por não adotar as medidas pertinentes à resolução de casos que demandam o
uso da força e de armas de fogo. Disponível em:
http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/itep-identifica-homem-que-matou-pm-em-frente-
ao-midway/168042. Acesso em 15 jan 2015. Em 2013 um universitário ao furar um
bloqueio policial na cidade de Mossoró/RN foi morto a tiros por uma guarnição policial
PM. Disponível em:
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/policia/enterrado-jovem-fuzilado-
por-pms-1.268678. Acesso em 15 jan 2015.
242
“segurança”. Estas, por seu turno, representam, em significado, outras tantas que
são citadas.
Fato é que, apesar da ausência de formação continuada, conforme
constatada ao longo desta Tese, esses termos, tecnicamente, estão correlacionados
com o protocolo CSIM, sistematizado no Capítulo 6, para concatenar os
procedimentos que devem ser adotados em uma ocorrência, aqui denominada
crítica.
Por outro lado, relacionando essas perguntas, aos dados do Gráfico –
Nuvem de palavras e aos da Tabela 9 - Passo a passo de Cabos/Sargentos para
Tomada de Decisão na PMRN, não se encontra a mesma ressonância. Ao contrário,
na Tabela 9, a seguir, menos de 10% dos Cabos e nenhum Sargentos respondeu
corretamente o referido protocolo.
Na mesma perspectiva, o maior índice de acerto foi dos Cabos que
alcançaram 54,5%, citando três das quatro palavras que representam o protocolo
CSIM, sendo, também, seguido pelos Sargentos, com 34,4% que responderam três
palavras que guardavam equivalência com o protocolo sistematizado.
A análise da última pergunta, será feita conjuntamente com o quinto e,
também, último objetivo para que não se tenha a impressão de se estar sendo
redundante, muito embora as perspectivas de abordagens sejam distintas.
Cabos Sargentos
100%
90%
82% (28)
80%
70% (16)
70% 65% (15)
61% (14)
60% 56% (19)
50% (17)
50%
40%
30% (7)
30%
21% (7)
20%
10%
0%
Conter Solicitar apoio Isolar Manter contato sem
concessões
Outro fator que deve ser considerado relevante é que a ação imediata do
CSIM conter, que nos Cursos de Gerenciamento de Crises (SENASP/MJ, 2008) é
adotado como primeira medida, foi a menos citada como Tomada de Decisão desse
grupo de informantes, aparecendo como Tomada de Decisão, apenas, com 30% e
21%, respectivamente, para Cabos e Sargentos.
Em terceiro e quarto lugares, obtendo quase que o mesmo percentual de
importância na Tomada de Decisão dos participantes da pesquisa ficaram as ações
imediatas do protocolo CSIM solicitar apoio, respectivamente com 65% e 56% para
Cabos e Sargentos; e manter contato sem concessões, sendo citados por 61% dos
Cabos e 50% dos Sargentos.
247
Imobilizar o
1 2,9% 2 4,9% 3 4,0%
meliante
Recuar 2 5,9% 2 2,7%
100,0
Total 34 100,0% 41 100,0% 75
%
Nesta Tese, uma das primeiras preocupações foi a de, justamente, não
denominá-lo de manual, mas sim de referencial, especialmente, buscando
diferenciar esses dois procedimentos. Mesmo se entendendo que ambos são,
extremamente, importantes, o primeiro, considera-se de caráter, eminentemente,
técnico e, em certa medida, limitado, para uma atividade profissional, complexa,
como a policial-militar, sobretudo, a Tomada de Decisão, para uso ou não de força
e/ou de armas de fogo em ocorrências de natureza crítica. Assim, defende-se que
um manual não conseguiria dar conta de uma série de questões subjetivas e
complexas que circunscrevem a atividade em estudo.
107
Referência: (ONU, 1979); (ROVER, 2005); (BRASIL, 2010b); (PMESP, 2002); (PMMS,
2013); (BARRETO, 2013; 2016); (PMRN, 2014); (PMMG, 2017).
108
Este item não está relacionado a valor monetário, mas a princípios da dignidade humana.
O policial dever refletir quantas vidas custam em uma Tomada de Decisão imprudente.
109
Em uma tradução livre para do Inglês para o Português, seriam breves instruções acerca
de ações a desenvolver em uma atividade.
110
Esclarecimentos ou discussão acerca de ações desenvolvidas. Espécie de estudo de
caso.
254
dessas ações, muito embora, na prática cotidiana, possa parecer que é possível sua
inversão doutrinária, ética e legal, não é admissível.
O mito do policial herói que perpassa, não apenas o imaginário policial,
mas também social, precisa ser desmistificado e superado a partir de ferramentas
pedagógicas e institucionais, como a proposta do POP.
Outra percepção que fora ponderada ao longo do texto é o hiato existente
entre os mecanismos de fiscalização/responsabilização e os órgãos de formação
inicial e continuada da Corporação. Destarte, o Apêndice “E”, além do objetivo
principal de reavaliar, periodicamente, o procedimento institucionalizado, também,
visa proporcionar a sistematização de dados estatísticos para que o déficit detectado
no accountability sistem seja minimizado por políticas institucionais no campo, não
apenas da fiscalização/responsabilização, mas, inclusive, da formação inicial e da
continuada, realizada na instituição policial.
O quarto item do POP são as Circunstâncias que podem levar ao erro
procedimental, as quais são subdivididas em três possibilidades, que estão
circunscritos na esfera de competência do policial militar, primeiro interventor, mas
também de terceiros e, ao mesmo tempo, da própria Corporação.
Nessa perspectiva, a formação e, também, a capacitação continuada do
operador de segurança pública serão decisivas para que esse profissional tenha
capacidade de mobilizar conhecimentos e saberes (PERRENOUD, 1999), para
discernir até onde vai sua esfera de responsabilidade, de modo que, no espaço
temporal, exíguo, que na maioria das vezes, dispõe, possa escolher a Tomada de
Decisão mais adequada e exequível, pois poderá contar com informações incorretas
e, até mesmo insuficientes.
Por outro lado, o agravamento da ocorrência crítica como a possiblidade
de feridos e/ou mortos, inclusive, policiais, não podem ser descartadas, pois como
visto no Capítulo 5 os aspectos subjetivos e emocionais complexificam a Tomada de
Decisão.
Nos itens componentes equipamentos e/ou armamentos, também, podem
ser considerados potenciais geradores de agravamento de ocorrências policiais, pois
uma falha na utilização ou mal funcionamento e, até mesmo, sua inadequação à
ação poderá provocar danos irreparáveis. Nesse contexto, o Quadro 12, que trata
das Competências para o uso da força e/ou armas delimita alguns exemplos de
ações que podem/devem orientar os aspectos formativos desses profissionais.
257
111
Este Oficial é o Comandante do Policiamento da Unidade (Batalhão), da circunscrição
onde a ocorrência crítica aconteceu.
112
Este Oficial é o Comandante de Policiamento da Companhia, da circunscrição onde a
ocorrência crítica aconteceu.
260
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espera-se que a contribuição teórica desta Tese, qual seja, trazer à tona
para o campo acadêmico o métier policial-militar, buscando desvelar, entre outras
especificidades, se a atividade policial pode ser concebida como profissionalizada
e/ou se há requisitos que, ainda, precisam ser atendidos para alcance/manutenção
do status profissional. E se a Proposta do Referencial Procedimental, aqui
denominada de Procedimento Operacional Padrão para Atendimento de Ocorrências
Críticas, pode potencializar/otimizar a Tomada de Decisão nesse tipo de intervenção
na prática policial e, efetivamente, é capaz de contribuir para o debate científico
dessa atividade, que por circunstâncias diversas (já discutidas), não estão na
agenda acadêmica brasileira ou ainda é bastante incipiente.
reguladores para que o Sentido atribuído pelo policial não desprenda a essência da
atividade de policiar, em prol de uma subcultura policial-militar, em detrimento do
bem-estar coletivo.
Nessa perspectiva, este autor dar-se-á por satisfeito se, pelo menos, este
trabalho poder ampliar a análise, a concepção e discussão interna e externa corporis
acerca do nível de profissionalização dos policiais militares da PMRN, contribuindo,
assim, para outras pesquisas, em especial, na segurança pública do Rio Grande do
Norte e, quiçá, do Brasil.
267
REFERÊNCIAS
______. Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2005.
BUENO, Samira. Letalidade na ação policial. In: Lima, Sérgio Renato de; Rattton,
José Luiz; AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de. Crime polícia e justiça no Brasil.
São Paulo: Contexto. 2014, p.511-517.
CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. A polícia uma longa história de abusos. In:
Cidade de muros: crime segregação e cidadania. Ed. Edusp. 2000.
CHAUI, Marilena. O que é ideologia. 38ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. Coleção
Primeiros passos.
270
_______. MARX, K. A ideologia alemã. (Trad.) Frank Muller. São Paulo: Martin
Claret, 2012. (5ª reimpressão).
FERREIRA. Nilo. O patrulheiro urbano. Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre: MBM-11, 1972.
JAGUARIBE, Hélio de Mattos. Et all. Brasil: reforma ao caos. Paz e Terra. Rio de
Janeiro, 1989.
LIMA, Renato Sérgio de; RATTON, José Luiz; AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de.
Crime, polícia e justiça no Brasil. São Paulo: editora Contexto, 2014.
MATTA, Allayn Neves da. SILVA, João Batista da. Políticas de educação na
polícia militar: análise e proposta de reformulação na estrutura organizacional de
ensino do Estado do Rio Grande do Norte. Monografia (Especialização) – Academia
de Polícia Militar Cel. Milton Freire de Andrade‖. Curso de Especialização em
Segurança Pública e Gestão em Polícia Ostensiva. Natal, 2011. 95f.
MENKE, Bem A.; WHITE; Mervin F.; CAREY, William L.in: Administração do
trabalho policial: questões e análises. (Org.) Jack R. Greene. (Trad.) Ana Luísa
Amêndoa Pinheiro. São Paulo: Edusp, 2002 (Coleção Polícia e Sociedade, n. 5).
MORIN, Edgar. Ciência com consciência (Trad.) Maria D. Alexandre; Maria Alice
Sampaio Dória. 9ª edição Rio de Janeiro: Bertran Brasil, 2005
NÚÑEZ, Isauro Beltrán. RAMALHO, Betânia Leite. Competência: uma reflexão sobre
o seu sentido. In: O sentido das competências no projeto político-pedagógico.
(Org.) Vilma Q, Sampaio F. de Oliveira. Natal: EDUFRN, 2002.
(CIUO)http://www.ilo.org/public/spanish/bureau/stat/isco/isco88/516.htm. Acesso em
04 set 2015.
PINC, T. Maria. O uso da força não-letal pela polícia nos encontros com
o público. Dissertação de mestrado. São Paulo, Departamento de Ciência Política
da Universidade de São Paulo – USP, 2006, 93p.
RIO GRANDE DO NORTE. Lei 4.630 Estatuto dos Policiais Militares do Estado
do Rio Grande do Norte. PMRN, 1976.
277
http://revista.forumseguranca.org.br/index.php/rbsp/article/view/109.
Acesso em: 10/Dez/2014.
SIMON, Herbert a. A new cience of manegement decison. new york. haper and
how, 1960. Disponível
em:https://books.google.com.br/books?id=k9gvrdufaq4c&pg=pa37&lpg=pa37&dq=si
mon,+h.+a.the+new+science+of+managementdecision.new+york:+harper+e+row,+1
960&source=bl&ots=msgc9xj1wn&sig=oif1skwz1ujic4qzkw8hy66jspi&hl=pt-
br&sa=x&ei=a1mrvpxknckhno2rgaah&ved=0ccoq6aewag#v=onepage&q=simon%2c
%20h.%20a.the%20new%20science%20of%20managementdecision.new%20york%
3a%20harper%20e%20row%2c%201960&f=false. Acesso em 01/dez/2014.
SOARES. Luiz Eduardo. Justiça: pensando alto sobre violência, crime e castigo. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.
WAISELFISZ, J.J. Mapa da Violência 2016: homicídios por armas de fogo no Brasil.
Rio de Janeiro, FLACSO/CEBELA, 2016.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4. Na sua tomada de decisão enumere três palavras que julga mais importante
para solução dessa ocorrência policial militar.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5. Detalhe o passo a passo como o senhor (a) tomaria sua decisão para solucionar
esta ocorrência na sua atividade profissional.
6. Na hipótese de sair algo errado na decisão adotada pelo senhor (a) que medidas
adotaria para resolver o problema? Relacione três ações em ordem de prioridade
que adotaria.
___________________________________________________________________________
285
5. Ações corretivas
5.3 Imediatas:
5.3.1 Não adotar nenhuma ação imediata, se possível, antes de coletar mais informações
que orientem uma Tomada de Decisão embasada nos princípios da legalidade,
necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência;
5.3.2 Solicitar apoio especializado para atendimento das vítimas; e
5.3.3 Adotar as demais ações do protocolo CSIM para que seja possível sanar panes em
equipamentos e/ou armamentos ou recuar em face do contexto situacional
5.4 Posteriores:
5.4.1 Preenchimento do formulário avaliativo do POP; e
5.4.2 Debriefing116 acerca da aplicação do POP com os policiais envolvidos
realizado por especialistas.
113
Referência: (ONU, 1979); (ROVER, 2005); (BRASIL, 2010b); (PMESP, 2002); (PMMS,
2013); (BARRETO, 2013; 2016); (PMRN, 2014).
114
Este item não está relacionado a valor monetário, mas a princípios da dignidade humana.
O policial dever refletir quantas vidas custam em uma Tomada de Decisão imprudente.
115
Em uma tradução livre para do Inglês para o Português, seriam breves instruções acerca
de ações a desenvolver em uma atividade.
116
Esclarecimentos ou discussão acerca de ações desenvolvidas. Espécie de estudo de
caso.
286
Data:
Assinale com um “X” as ações adotas e as que não foram Sim Não Observações
integralmente especifique-as detalhadamente no campo
observações
1. Ações preliminares
1.1 Coleta de dados sobre a ocorrência (O quê? Quem? Onde? Como?
Quando? Por quê? Quanto?118) e briefing entre os componentes da
guarnição no deslocamento para atender o evento
1.2 Contato com a(s) pessoa(s) indicada(s) pelo Centro de Operações (CO)
ou com o solicitante e adoção de ações orientadas pela CO
1.3 Manter a segurança da guarnição, dos envolvidos e de terceiros
durante toda ação
117
A avaliação do POP por equipe de especialistas e emissão de parecer institucional visa sua atualização periódica anualmente.
118
Este item não está relacionado a valor monetário, mas a princípios da dignidade humana. O policial dever refletir quantas vidas custam em
uma Tomada de Decisão imprudente.
287
5. Ações corretivas
5.1 Imediatas:
5.1.1 Não adotar nenhuma ação imediata, se possível, antes de coletar mais
informações que orientem uma Tomada de Decisão embasada nos
princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e
conveniência
5.1.3 Adotar as demais ações do protocolo CSIM para que seja possível
288
5.2 Posteriores:
As ações de todos esses profissionais devem estar bem definidas e serem alvo
de treinamentos e divulgação.
1
Doutor em História Social da Cultura pela UFMG (2004). Realizou pós doutorados na
Universidade Federal de Minas Gerais (História Social da Cultura), Universidade Nacional de
La Matanza (Direito Pena e Garantias Constitucionais), Universidade John F. Kennedy
(Psicologia) e Atualmente realiza pós doutorado em Ciências Sociais na PUC Minas, onde
pesquisa a Discricionariedade Policial e a Tomada de Decisão em Manifestações Populares.
É Negociador de Crises com reféns localizados e suicidas armados no BOPE MG, onde atua
desde 1995.