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Belo Horizonte
Academia de Polícia Militar/ Fundação João Pinheiro
2011
Wamberto Lima Magalhães
Belo Horizonte
Academia de Polícia Militar/ Fundação João Pinheiro
2011
À minha amada esposa Regina e minhas filhas, Lívia e Júlia, pelo
amor incondicional, paciência e apoio, em especial, nos momentos
que foram necessários a minha ausência.
AGRADECIMENTOS
À Jesus Cristo, por ser o caminho, a verdade e a luz que guia a minha vida.
Jo 8,1
RESUMO
The objective of this research was to present a situational analysis carried out
on the Second Strategic Intelligence Section, General Staff of the Military Police of Minas
Gerais so that work can contribute to the conceptual understanding of the activities performed
by the Strategic Intelligence Agency (IEA) consistent with contemporary definitions of the
exercise of this activity and its products to support decision making by the General Command
of the Military Police of Minas Gerais (PMMG).
The analysis was conducted through literature search, which led to revise the
definitions of strategic intelligence, the origin and evolution of intelligence activity, the
inclusion in the legal context of the Security Intelligence Service, as well as a preview of the
production cycle and Intelligence their products, and then understand the role of strategic
advice in decision making maximum PMMG manager.
It was concluded that developed in the work activity performed by the Second
Section of the General Staff of the activity is PMMG Strategic Intelligence, as it is coupled
with the legal counterpart to the subject, and is also supported by the concepts of
contemporary authors.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 11
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 73
1 INTRODUÇÃO
Para uma melhor compreensão sobre o exercício das atividades da EMPM2, foi
pesquisado sobre a origem e evolução da Atividade de Inteligência, perpassando pela
evolução histórico-legal dessa atividade no Brasil, contextualizando os sistemas legais
existentes no Brasil e em Minas Gerais e relacionando-o com a atividade de Inteligência de
Segurança Pública (ISP), em especial ao SIPOM.
Para uma melhor compreensão desta pesquisa, o estudo foi dividido em cinco
seções. A Seção 1 faz uma introdução dos trabalhos realizados. A seção 2 traz uma
conceituação básica sobre a atividade de inteligência, bem como demonstra alguns registros
históricos de suas origens e contextualiza um cenário evolutivo no Brasil e em Minas Gerais,
com o devido ordenamento jurídico. A seção 3 aborda os determinantes teóricos sobre a
Inteligência Estratégica, bem como relata os sistemas em âmbito nacional, estadual e local de
Inteligência. A seção 4 analisa o exercício da atividade de Inteligência Estratégica pela
EMPM2, bem como demonstra o Ciclo de Produção de Conhecimento, enfatizando quais são
os produtos de Inteligência Estratégica. A Seção 5 tece as considerações finais e traz algumas
sugestões.
13
2 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
1
No Brasil, durante muito tempo, empregou-se o vocábulo “informações” no lugar de “inteligência”. Só em
1990, após a extinção do Serviço Nacional de Informações (SNI) e a criação da Secretaria de Assuntos
Estratégicos (SAE), é que o País passou a adotar o termo Inteligência, seguindo uma tendência global
14
Este termo também é utilizado nas Ciências Humanas sendo definido por
Giannico (2010) como:
a) inteligência;
b) conhecimento, informações;
c) obtenção e distribuição de informações (secretas);
d) pessoal encarregado de informações secretas.
De acordo com DeLadurantey 1995, p. 383 apud Dantas, Souza, (2004. p.1), a
expressão “inteligência” pode ser entendida da seguinte maneira:
2
Conhecimento é a representação de uma fato ou de uma situação, real ou hipotético, de interesse para a
atividade de Inteligência de Segurança Pública, com exame e processamento pelo profissional de inteligência.
(Resolução nº 01 de 15 de junho de 2009 – SENASP/BRASIL)
15
Para uma melhor delimitação da área do estudo, esta pesquisa focou-se na área
da Inteligência de Segurança Pública (ISP), a qual é definida pela Resolução Nº 01 de 15 de
julho de 2009 da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), do Ministério da
Justiça/Brasil, como sendo:
O trabalho de decifração dos sinais, grafados nas tábuas de argila foi realizado
por vários pesquisadores, mas coube ao arqueólogo britânico George Smith4 a primeira
tradução contendo um trecho da Epopéia do rei Gilgamesh.
Smith apud Oliveira (1992) considerou essas tábuas a obra literária mais antiga
da humanidade, pois as descobertas feitas pelas escavações remontam os três milênios que
antecedem a Jesus Cristo, e registraram a ascensão e queda de grandes civilizações como os
sumérios, acádios, assírios e babilônicos, que viviam na região delimitada pelos rios Tigre e
Eufrates, no oriente médio.
3
Os sinais das tábuas de argila, encontrados com a descoberta na antiga cidade de Nínive, foram denominados
Cuneiformes por George Smith em 1872.
4
A primeira tradução moderna foi realizada pelo estudioso inglês George Smith e publicada em 1860, sendo
posteriormente traduzida para o português por Sandars em 1992.
5
O período protodinástico II refere-se ao período final do período pré-dinástico. É também conhecido período
pré-dinástico tardio, sendo caracterizado por um contínuo processo de unificação política, culminando com a
formação de um estado egípcio único, iniciando o período dinástico. Durante este período que a língua egípcia é
gravada em hieróglifos sendo criado os assentamentos no sul de Canaã.
17
6
As ações de Inteligência são todas as ações realizadas para obtenção dos dados necessários e suficientes para a
produção do conhecimento, valendo-se, inclusive, de técnicas operacionais, onde são empregadas habilidades
técnicas especializadas que viabilizam a execução das ações, maximizando potencialidades, possibilidades e
operacionalidades. Definição preconizada na Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública publicada
em 2007 (DNISP 2007).
7
Sima Qian ( 145 a. C – 87 a. C) foi Prefeito dos escribas Grand da Dinastia Han, na China e foi o precursor da
historiografia chinesa, além de ser o gerente da biblioteca Imperial da China. O menor planeta, descoberto até
então, o 12620 Simiaquian é nomeado em sua honra.
8
Fu Hsi (2800 a.C - 2737 aC) foi o primeiro Imperador da China e a ele é creditado a primeira autoria do livro I
Ching.
18
O livro caminhou junto com a história da China e serviu como referência para
as religiões orientais, sendo também a principal fonte de inspiração para o pensador chinês
Confúcio9, além de ter servido como elemento unificador do país durante o século III a.C.
Qian finaliza dizendo que esse livro deixou herança até na matemática
ocidental, através de seus códigos: zero, um, zero, zero, um, um, ou seja, o atual código
binário.
Esse sistema de código binário é usado por todo computador e existe para
transmitir trilhões de dados dia a dia, guardar toda uma vida numa caixa postal de e-mail e
deixar íntimas pessoas que moram a milhares de quilômetros de distância.
10
O matemático alemão Leibniz (1691, p. 13) cunhou esse código no século
18, mas segundo o próprio Leibniz, a sua origem é muito mais antiga e está presente no livro
chinês o I Ching, o Livro das Mutações.
12
Sun Tzu (544-496 a.C) foi general chinês, além de estrategista e filósofo. Autor do livro: A arte da Guerra, que
em 13 capítulos apresenta uma filosofia de guerra para o gerenciamento de conflitos e vencer batalhas.
20
orientado por Deus a enviar 12 agentes para espionarem seus inimigos em Canaã, a terra
prometida dos judeus, a qual transcrevemos:
[...]
De Sitim Josué, filho de Num, enviou secretamente dois homens como espias,
dizendo-lhes: Ide reconhecer a terra, particularmente a Jericó. Foram pois, e
entraram na casa duma prostituta, que se chamava Raabe, e pousaram ali.
Então deu-se notícia ao rei de Jericó, dizendo: Eis que esta noite vieram aqui uns
homens dos filhos de Israel, para espiar a terra.
Pelo que o rei de Jericó mandou dizer a Raabe: Faze sair os homens que vieram a ti e
entraram na tua casa, porque vieram espiar toda a terra.
Mas aquela mulher, tomando os dois homens, os escondeu, e disse: é verdade que os
homens vieram a mim, porém eu não sabia donde eram;
e aconteceu que, havendo-se de fechar a porta, sendo já escuro, aqueles homens
saíram. Não sei para onde foram; ide após eles depressa, porque os alcançareis.
Ela, porém, os tinha feito subir ao eirado, e os tinha escondido entre as canas do
linho que pusera em ordem sobre o eirado.
Assim foram esses homens após eles pelo caminho do Jordão, até os vaus; e, logo
que saíram, fechou-se a porta. (BÍBLIA, 1952, p. 243)
21
As paredes têm ratos e os ratos têm ouvidos. Provérbio persa que com o passar dos
séculos nebulosos de sangue derramado e traição, conspiradores ou inocentes,
vítimas de perseguições na Rússia resumiam essa sábia advertência em: as paredes
têm ouvidos.
Para Hind (1967, pág. 22), “todo um aparelhamento de serviço secreto, que
atua quase às claras, ergue-se como uma pirâmide invertida, sobre o único funcionário que
age secretamente”, ou seja, todos os esforços realizados pela atividade de inteligência são
executados para assessorar o tomador de decisão na área pública e por isso, com o passar do
tempo, os governantes instituíram serviços especializados na busca de informações sigilosas
de seus adversários ou concorrentes.
2.3 Breve histórico da atividade de Inteligência no Brasil através das legislações correlatas
13
“Guerra Fria” é a designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre
os Estados Unidos da América - EUA e a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviética - URSS,
compreendendo o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945 - 1947) e a extinção da União
Soviética (1991), caracterizando-se por um conflito de ordem política, tecnológica, econômica, social e
ideológica entre dois blocos contrários, de vários países, liderados pelas duas nações: EUA e URSS. É chamada
"fria" porque não houve uma guerra direta, ou seja bélica, entre as duas superpotências, dada a inviabilidade da
vitória em uma batalha nuclear.
23
Essa interligação foi ratificada pelo novo enfoque dado a atividade com as
publicações, nesse mesmo ano, dos Planos Nacionais de Informações (PNI), bem como a
estruturação do Sistema Nacional de Informações (SISNI) que coordenava e planejava a
produção de conhecimento de inteligência no Brasil.
14
O Decreto nº 60.417/67 foi revogado pelo Decreto n° 2.134, de 24 de janeiro de 1997, e este, posteriormente,
foi Revogado pelo Decreto nº 4.553, de 27.12.2002, que se encontra em vigor.
15
O general Ênio Pinheiro dos Santos fazia parte do grupo de oficiais das forças armadas, enviado ao exterior
(Alemanha, França, Estados Unidos e Inglaterra) para estudar técnicas de interrogatório. Ele foi designado para
estruturar a criação da Escola Nacional de Informações - ESNI e durante o governo Costa e Silva, organizou a
Agência Central do Serviço Nacional de Informações AG/SNI, em Brasília.
24
regulamentava a doutrina que já vinha sendo usada em caráter experimental desde 1973
(ÊNIO PINHEIRO, 1994. p.135).
16
Como já se destacou anteriormente, só em 1990, após a extinção do Serviço Nacional de Informações (SNI) e
a criação da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), é que o Brasil passou a adotar o termo Inteligência, e por
esse fato, em vários livros e manuais, anteriores à essa data, se usava o vocábulo “informações”.
25
Apesar do SISBIN ter sido criado em 1999, apenas em 2002 foi organizado e
colocado em funcionamento o mencionado Sistema, através do Decreto 4376/02, de 13 de
setembro de 2002.
Através desse ato, o governo quis demonstrar que seus órgãos de inteligência
desenvolveriam as atividades em prol da sociedade.
Para confirmar a sua posição, Limana (2010, p. 44) afirmou ainda que:
Nesse mesmo sentido, Limana (2010, p. 23) narrou sobre a necessidade e sobre
a possibilidade de se realizar convênios entre os Órgãos de Inteligência (OI) e os Estados
29
membros das Unidades Federativas (UF), coordenados pela SENASP para exercerem suas
atividades de Inteligência de Segurança Pública de forma sinérgica:
b) Inteligência Militar;
c) Inteligência policial;
d) Inteligência Fiscal;
futuro, se estabeleça o modo pelo qual a organização irá atingir os seus objetivos e cumprir a
sua missão, e, em certos casos, para que se modifique o próprio negócio da organização”
(ALMEIDA NETO, 2009).
17
Antonio Cesar Amaru Maximiano é Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil.
Ele também é professor de administração na Universidade de São Paulo, USP, Brasil e atua como professor
convidado da Université François Rabelais (Tours, France, 2009).
33
Esse relatório descreveu ainda que a informação útil é aquela que é necessitada
pelos diferentes níveis de decisores, para elaborar e colocar em prática de maneira coerente as
estratégias e táticas necessárias para cumprir os objetivos.
18
Fontes abertas são aquelas de livre acesso, podendo ser humanas (constituídas por indivíduos), de conteúdo
(constituídas por conhecimento contido em bases de dados e/ou outros meios), e tecnológicas (constituídas por
equipamentos de processamento de dados, sinais, sons e imagens). Definição conforme DNISP 2007.
19
Lei 9883 de 07/12/199 – Institui o Sistema brasileiro de Inteligência (SISBIN).
35
de alto nível onde se realiza, tecnicamente, a previsão daquilo que é provável acontecer,
identificando novos atores que poderão atuar e os possíveis efeitos de suas atuações, usando-
os para basear na construção de cenários prováveis auxiliando os decisores políticos e
organizacionais.
Por isso, o SISBIN pode ser considerado um sistema aberto, que usa uma
metodologia de produção de conhecimento, vindo de várias fontes, para assessorar o
presidente da República.
dados por meio de celular, satélite, palm top, tablet e/ou rádio comunicador (equipamentos
que estão sendo utilizados nas viaturas policiais).
Integram o SISP:
a) obrigatoriamente:
- o Ministério da Justiça (MJ);
39
b) facultativamente:
- os órgãos de Inteligência de Segurança Pública dos Estados e do Distrito
Federal, que participam como membros eventuais do Conselho Especial do Subsistema de
Inteligência de Segurança Pública (SISP).
a sua atuação sempre deverá obedecer as diretrizes contidas na DNISP e nas deliberações do
Conselho Especial do Subsistema de Inteligência de Segurança Pública”.
Para dirimir qualquer dúvida sobre as atribuições das Agências de Inteligência
(AI) que compõem o SISP, transcrevemos o artigo 7º da Resolução nº 01 da SENASP:
Cabe salientar que a PMMG participa, através de seu órgão de Inteligência (OI)
do SISP, sendo suas funções, tanto no nível tático/operacional quanto no nível estratégico,
realizadas pelo seu Sistema de Inteligência (SIPOM), do qual a Segunda Seção do Estado-
Maior (EMPM2) faz parte como Agência de Inteligência Estratégica (AIE).
[...] também podendo ser fruto da integração de inteligência produzida por diversos
órgãos, e tem como objetivo assessorar o processo decisório de mais alto escalão, de
maneira a dotar o tomador de decisão com informações na sua maioria de caráter
estratégico na defesa do Estado e da sociedade contra ameaças reais ou potenciais. A
inteligência de Estado contribui, ainda, com informações relacionadas à conjuntura
nacional e internacional, estimativas e outros insumos que possam ser úteis para as
decisões do Chefe de Estado ou de Governo. Divide-se em duas subcategorias:
Inteligência Externa ou Inteligência Interna ou Doméstica.
(grifos nossos)
Ainda no mesmo Decreto, em seu parágrafo 3º, isto já em artigo 2º, dispõe
sobre os níveis de atuação da atividade de Inteligência e as atribuições específicas de cada
nível, tais como:
51
Dessa maneira, junto com esforço tecnológico com vistas a aumentar a coleta
de informações, também se faz necessário empreender técnicas de análise desse volume de
informações para ampliar a capacidade de assessoramento ao tomador de decisão, antecipando
as adversidades e oportunidades organizacionais.
56
a) aparecimento do problema;
b) análise do problema;
c) busca de dados relacionados ao problema;
d) avaliação dos dados;
e) estudo dos dados avaliados – momento da hipótese;
f) mais busca de dados – confirmação ou rejeição das hipóteses mais
prováveis;
g) apresentação.
Platt (1974, p. 102-107) também aponta sete fases no que ele chama de
pesquisa de informações:
a) levantamento geral;
b) definição dos termos;
c) coleta de informes;
d) interpretação dos informes;
e) formulação de hipóteses;
f) conclusões;
g) apresentação.
Gonçalves (2008, p. 185) afirmou que o modelo mais utilizado nos Estados Unidos
possui somente cinco fases, podendo, inclusive, ser reduzido a quatro etapas, que ensejariam o
“ciclo básico” (reunião, processamento, análise e disseminação) ou seja:
a) planejamento e direção;
b) reunião (coleta/busca);
c) processamento;
d) análise e produção;
e) disseminação.
Ainda sobre o ciclo de inteligência, vale destacar mais uma opinião de Cepik
(2003, p. 32):
a) requerimento;
b) planejamento;
c) coleta;
d) processamento;
e) análise;
f) disseminação.
Percebe-se que não existe uma unanimidade entre os autores, sobre as etapas
do Ciclo da Produção do Conhecimento (CPC), sendo que as divisões variam de acordo com a
definição conceitual adotada, a perspectiva de análise ou área de aplicação.
Processo formal, contínuo e seqüencial, composto por quatro fases, que tem como
resultado um conhecimento de inteligência: Planejamento; Reunião de dados e/ou
conhecimentos (ações de coleta e ações de busca); Processamento (avaliação,
análise, integração e interpretação) e; Difusão.
a) planejamento:
- é a fase na qual são ordenadas, de forma sistematizada e lógica, as etapas
do trabalho a ser desenvolvido;
- são estabelecidos os objetivos e/ou as necessidades, os prazos, prioridades
e cronologia, e definem-se técnicas e parâmetros a serem utilizados,
partindo-se, sempre, dos procedimentos mais simples para os mais
complexos;
- planejar deve constituir-se em uma ação rotineira do profissional de
inteligência.
b) reunião de dados e/ou conhecimento:
- nessa fase, o profissional de inteligência (analista) procura reunir
dados/conhecimentos necessários que respondam e/ou complementem os
aspectos essenciais a conhecer, por meio de ações de coleta e busca.
c) processamento:
- fase em que o conhecimento é produzido, onde o analista percorre quatro
etapas, não necessariamente cronológica, a saber: avaliação, análise,
integração e interpretação.
61
d) difusão:
- nessa fase o conhecimento produzido será formalizado em documentos de
inteligência, e disponibilizado paro o usuário final ou outras agências de
inteligência.
a) relatorial:
- aborda fatos correntes;
b) inteligência descritiva:
- aborda as características básicas e estáveis dos alvos;
c) inteligência avaliativa ou prospectiva:
- aborda os fatos sobre tendências futuras.
Clark (2004, p.166) salientou que “a identificação dos alvos ou eventos pela
inteligência prospectiva envolve compreender se essas referidas forças irão predominar ao longo
de determinado tempo ou se novos atores possam surgir, somando-se a essas ou as contrapondo”,
se referindo ao exercício da atividade de Inteligência Estratégica.
Uma vez que um evento seja passível de ser previsto como fenômeno convergente,
este poderá ser analisado a partir de um horizonte de tempo, em que serão fornecidas ao tomador
de decisão previsões balizadas por um tema e um lapso temporal, corroborando a divisão temporal
apresentada por Kent (1949).
63
A partir das informações anteriores Clark (2004, p.184) subdividiu essa análise
temporal em três graus de complexidade, sendo:
a) extrapolação:
- é mais simples, uma vez que não prevê mudança das forças envolvidas em um
cenário, nem a presença de novos entrantes;
- é utilizada para análises de curto prazo, uma vez que eventos de média e longa
duração necessariamente contarão com mudanças na correlação das forças
atuantes, bem como a entrada de novos atores;
-é uma asserção sobre o futuro.
b) projeção:
- ao contrário da extrapolação que é uma asserção sobre o futuro, a projeção e a
previsão são consideradas análises probabilísticas, uma vez que trabalham com
possibilidades de futuros e, portanto, tratam necessariamente com a geração de
cenários alternativos;
- assume que as forças atuantes em um cenário irão variar em sua correlação ao
longo do tempo, no entanto não irão surgir novas forças;
- é mais efetivo do que o de extrapolação para médio prazo, uma vez que as
mudanças de tendências são quase uma constante na história humana;
c) previsão:
- envolve a análise de probabilidades, a previsão trabalha com cenários de longo
prazo, em que necessariamente a correlação entre as forças irá se modificar como
também surgirão novos entrantes com novas tecnologias e organizações;
- busca identificar a relação e simbiose entre tendências e eventos que possam
originar contextos inovadores;
- a análise de previsão é utilizada preferencialmente para a construção de futuros
alternativos de longo prazo.
Ressalta-se também, que os nomes que são dados aos produtos de inteligência,
variam de acordo com a origem do processo analítico (FARIAS, 2005, p.79).
a) Informe:
- é o Conhecimento resultante de juízo(s) formulado(s) pelo profissional de ISP,
que expressa seu estado de certeza, opinião ou de dúvida frente à verdade sobre
fato ou situação passada e/ou presente;
- sua produção exige o domínio de metodologia própria e tem como objeto
apenas situações e fatos pretéritos ou presentes.
b) Informação:
- é o Conhecimento resultante de raciocínio(s) elaborado(s) pelo profissional de
ISP, que expressa o seu estado de certeza frente à verdade sobre fato ou situação
passada e/ou presente;
- a Informação decorre da operação mais apurada da mente, o raciocínio.
Portanto, extrapola os limites da simples narração dos fatos ou das situações,
contemplando interpretação dos mesmos;
- a sua produção requer, ainda, o pleno domínio da metodologia de produção do
conhecimento.
c) Apreciação:
- é o Conhecimento resultante de raciocínio(s) elaborado(s) pelo profissional de
ISP, que expressa o seu estado de opinião frente à verdade, sobre fato ou situação
passada e/ou presente.
- apesar de ter essencialmente como objeto fatos ou situações presentes ou
passadas, a Apreciação admite a realização de projeções.
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a) produção de:
- Conhecimento Apreciação;
- Conhecimento Estimativa.
c) produção de doutrina:
- esse produto visa à normatização doutrinária através de expedição de
manuais, diretrizes e instruções para o SIPOM, dentre eles destaca-se a
atualização, revisão e expedição do: Manual de Fundamentos Doutrinários
(que já se encontra em fase de revisão), Manual de Procedimentos de
Inteligência de Segurança Pública (em fase de elaboração pela Comissão
031/2010 – EMPM); Manual de Procedimentos de Contra-Inteligência (em
fase de elaboração pela Comissão 032/2010-EMPM) e o Manual de
Operações de Inteligência (Comissão 033/2010-EMPM) além do Manual de
Operações de Inteligência (Comissão 033/2010-EMPM).
a) estratégico:
b) tático:
c) operacional:
b) análise preliminar:
c) classificação:
d) processamento:
e) formalização:
f) difusão:
-os assuntos de “baixo impacto” são aqueles que não traduzem em ameaça
imediata, mas que podem evoluir em um prazo relativamente longo. Servem
para conhecimento e acompanhamento da situação. A difusão, neste caso é
para as Seções do Estado-Maior que tenham interesse ou mantidas em
registro na EMPM2 para análises futuras.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se então, que uma informação estratégica deve ser coerente e útil, ou seja,
deve dar subsídios para o processo decisório final.
SUGESTÕES
REFERÊNCIAS
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República, cria cargos em comissão; revoga dispositivos das Leis nº 10.869, de 13 de maio de
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ANEXO ÚNICO
(FLUXOGRAMA DA ATIVIDADE INFORMACIONAL NA EMPM2)