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POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS

DIRETORIA DE ENSINO
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR SENADOR ARNON DE MELLO
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS

RAMON DA SILVA RIBEIRO

A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA


POLICIAL COMO INSTRUMENTO DE CONTROLE DA
CRIMINALIDADE NA ÁREA DO 3º BATALHÃO DA
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE ALAGOAS

Maceió/AL, Dezembro de 2015


POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS
DIRETORIA DE ENSINO
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR SENADOR ARNON DE MELLO
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS

RAMON DA SILVA RIBEIRO

A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA POLICIAL COMO


INSTRUMENTO DE CONTROLE DA CRIMINALIDADE NA ÁREA DO 3º
BATALHÃO DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE ALAGOAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Academia de Polícia Militar Senador Arnon de
Mello, do Curso de Formação de Oficiais, como
requisito parcial para obtenção do grau de bacharel
em Segurança Pública.

Orientação: 1º Ten QOC PM Josué dos Santos


Souza Eliziário

Maceió/AL, Dezembro de 2015


RAMON DA SILVA RIBEIRO

A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA POLICIAL COMO


INSTRUMENTO DE CONTROLE DA CRIMINALIDADE NA ÁREA DO 3º
BATALHÃO DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE ALAGOAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Academia de Polícia Militar Senador Arnon de
Mello, do Curso de Formação de Oficiais, como
requisito parcial para obtenção do grau de bacharel
em Segurança Pública.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________
Orientador

________________________________________
Examinador Interno

________________________________________
Examinador Externo
Dedico este trabalho aos meus pais, pelo esforço em me ajudar
a realizar meus sonhos e concretizar meus objetivos,
testemunhas incontestáveis de toda a minha trajetória; a minha
namorada pelos momentos que me motivaram a buscar
sempre minha evolução profissional e pessoal; aos meus
irmãos pela compreensão e amor a mim dedicados; aos meus
instrutores e orientadores, que possibilitaram mais essa vitória
em minha vida.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus todo poderoso, que sem ele não seríamos capazes de
existir, à minha mãe Ana Maria, ao meu pai José Romildo, aos meus irmãos Rangel
e Ruan, à minha namorada Yrys Rayanny, a toda minha família, ao meu orientador o
1º Tenente QOC PM Josué Eliziário, à minha professora Karla Oliveira orientadora
da matéria Metodologia da Pesquisa, aos meus companheiros de turma, em
especial os “Laranjeiras” que juntos superamos as dificuldades frequentemente
vivenciadas. Agradeço ainda ao CAP QOC PM Diogo que colaborou para que esta
monografia fosse possível.
“Se você encontrar um caminho sem obstáculos, ele
provavelmente não leva a lugar nenhum”
(Frank Clark)
RESUMO

O presente estudo tem como finalidade diagnosticar a importância que a atividade de


inteligência policial exerce na atuação ostensiva da polícia militar, assim como apontar sua
participação no controle da criminalidade na área do 3º Batalhão da Polícia Militar de
Alagoas (PMAL). Com base em pesquisa bibliográfica, far-se-á uma breve passagem sobre
a evolução histórica dessa atividade no mundo e no Brasil, apresentando conceitos e
definições importantes para esclarecimento do tema. Cuidou-se também da apresentação e
descrição das técnicas operacionais de inteligência, mencionando conceitos sobre
operações de inteligência, princípios, planejamento e os tipos de operações. Dar-se-á uma
atenção especial a análise dos resultados obtidos mediante os questionários que foram
aplicados através de pesquisa de campo aos policiais militares do 3º batalhão. Por fim,
apresentar propostas com o objetivo de conscientizar os policiais militares da Unidade
quanto à importância do serviço de inteligência, propondo uma melhor interação entre o
policiamento ostensivo e o serviço velado, assim como dar subsídios para que a tropa do
referido batalhão se qualifique com cursos/estágios de inteligência, mostrando a relevante
contribuição da atividade de inteligência frente ao combate à criminalidade na área do 3º
Batalhão de modo a tentar sanar suas necessidades.

Palavras Chaves: 3º Batalhão – Criminalidade – Atividade de Inteligência – PMAL


ABSTRACT

The present study has as its purpose to diagnose the importance that the activity of police
intelligence has on overt actions of military police, as well as pointing out his participation in
the crime control in the area of the 3rd Battalion of the Military Police of Alagoas (PMAL).
Based on a bibliographic survey, we will make a brief passage on the historical evolution of
this activity in the world and in Brazil, with important concepts and definitions for clarification
of the theme. It also took care of the presentation and description of the operational
techniques of intelligence, mentioning concepts of intelligence operations, principles,
planning and types of operations. It will give special attention to analysis of the results from
the questionnaires that were applied through field research to the military polices of the 3rd
Battalion. Finally, it makes proposals as to raise awareness among police officers of the Unit
on the importance of intelligence by proposing a better interaction between the ostensible
policing and hidden service, as well as provide support to the troops of that battalion qualify
with courses and intelligence stages, showing the significant contribution front-intelligence
activity to combat crime in area of the 3rd Battalion in order to try to solve its needs.

Key Words: 3rd Battalion - Crime - Intelligence Activity - PMAL


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIN - Agência Brasileira de Inteligência


ÁGUIAS – denominação utilizada para policiamento de trânsito em motocicletas
AI – Atividade de Inteligência
Art. - Artigo
BPM – Batalhão de Polícia Militar
BPRv - Batalhão de Polícia Rodoviária
CI - Contrainteligência
CIA - Agência Central de Inteligência
CIODS – Centro integrado de operações da Defesa Social
CDN - Conselho de Defesa Nacional
CMT - Comandante
COPOM – Centro de Operações da Polícia Militar
CPAI-II - Comando de Policiamento da Área do Interior – II
CPC - Comando de Policiamento da Capital
CVLI – Crimes Violentos Letais Intencionais
DI - Departamento de Inteligência
DNISP - Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública
EC - Estória Cobertura
EMG - Estado Maior Geral
ENOR - Estágio de Nivelamento em Rocam
FFAA – Forças Armadas
ISP - Inteligência de Segurança Pública
LOB - Lei de Organização Básica
OMD - Observar, Memorizar e Descrever
P/2 da UOp – Serviço de Inteligência das Unidades Operacionais
PELOPES – Pelotão de Operações Especiais
PM – Polícia Militar
PMAL – Polícia Militar de Alagoas
PM/2 – 2ª Seção do Estado Maior Geral
QOC PM – Quadro de Oficiais Combatentes da Polícia Militar
ROCAM – Rondas Ostensiva com Apoio de Motocicletas
RP – Rádio Patrulha
SAE - Secretaria de Assuntos Estratégicos
SAI - Segurança de Assuntos Internos
SEGAT - Segurança Ativa
SEGOR - Segurança Orgânica
SENASP - Secretaria Nacional de Segurança Pública
SI/PMAL - Sistema de Inteligência na Polícia Militar de Alagoas
SISBIN - Sistema Brasileiro de Inteligência
SISP - Sistema de Inteligência de Segurança Pública
SFICI - Serviço Federal de Informações e Contrainformação
SMTT - Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito
SNI - Serviço Nacional de Informações
TOI - Técnicas Operacionais de Inteligência
UOp - Unidade Operacional
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12
1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA ......... 14
1.1 Evolução histórica da Atividade de Inteligência no mundo....................... 14
1.2 A Atividade de Inteligência no Brasil .......................................................... 18
1.3 Atividade de Inteligência na Polícia Militar de Alagoas ............................. 20
2 RAMOS DA INTELIGÊNCIA E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO ................... 21
2.1 Inteligência de Segurança Pública .............................................................. 26
2.2 A Inteligência Policial ................................................................................... 28
3 APRESENTAÇÃO, DEFINIÇÃO, TÉCNICAS E PRINCÍPIOS DAS OPERAÇÕES
DE INTELIGÊNCIA .................................................................................................. 30
3.1 Operações de Inteligência ............................................................................ 30
3.1.1 Definição................................................................................................... 30
3.1.2 Princípios .................................................................................................. 31
3.1.3 Tipos de Operações de Inteligência .......................................................... 32
3.2 Ações de Inteligência ................................................................................... 33
3.2.1 Ações de coleta ........................................................................................ 33
3.2.2 Ações de Busca ........................................................................................ 34
3.2.2.1 Reconhecimento .................................................................................... 34
3.2.2.2 Vigilância ............................................................................................... 35
3.2.2.3 Recrutamento operacional ..................................................................... 35
3.2.2.4 Infiltração ............................................................................................... 35
3.2.2.5 Provocação ............................................................................................ 36
3.2.2.6 Entrevista............................................................................................... 36
3.2.2.7 Entrada .................................................................................................. 36
3.2.2.8 Interceptação de sinais e de dados........................................................ 37
4 DO BATALHÃO, DA PESQUISA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS .... 38
4.1 Conhecendo o 3º Batalhão de Polícia Militar da PMAL .............................. 38
4.1.2 Emprego operacional do 3º BPM .............................................................. 39
4.1.3 COPOM .................................................................................................... 40
4.1.4 Policiamento operacional especializado do 3º BPM .................................. 41
4.2 Aspectos Metodológicos da Pesquisa ........................................................ 42
4.2.1 Tipo de Pesquisa ...................................................................................... 42
4.2.2 Amostra .................................................................................................... 42
4.2.3 Instrumento ............................................................................................... 42
4.2.4 Procedimento para Coleta de Dados ........................................................ 43
4.3 Da Pesquisa .................................................................................................. 43
4.3.1 Formulação do Problema .......................................................................... 43
4.3.2 Da hipótese Formulada............................................................................. 43
4.4 Da Análise e Interpretação dos Dados ........................................................ 44
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 54
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 57
APÊNDICES ............................................................................................................ 60
APÊNDICE A - Questionário Aplicado aos Policiais Militares
APÊNDICE B - Resultado da Primeira Pergunta do Questionário
APÊNDICE C - Resultado da Segunda Pergunta do Questionário
APÊNDICE D - Resultado da Terceira Pergunta do Questionário
APÊNDICE E - Resultado da Quarta Pergunta do Questionário
APÊNDICE F - Resultado da Quinta Pergunta do Questionário
APÊNDICE G - Resultado da Sexta Pergunta do Questionário
APÊNDICE H - Resultado da Sétima Pergunta do Questionário
APÊNDICE I - Resultado da Oitava Pergunta do Questionário
APÊNDICE J - Resultado da Nona Pergunta do Questionário
APÊNDICE K - Resultado da Décima Pergunta do Questionário
12

INTRODUÇÃO

O 3º Batalhão da Polícia Militar de Alagoas (PMAL), com sede em Arapiraca,


possui uma área de atuação de 15 municípios, atendendo cerca de 550 mil pessoas.
As cidades pertencentes a esta área de abrangência merecem uma atenção
especial por parte das políticas de segurança pública, pois apresentam altos índices
de violência, principalmente quando nos referimos aos CVLI (crimes violentos letais
intencionais).

A atividade de inteligência, no caso da PMAL, atua como subsídio tanto para


atuações em âmbito interno como obter o flagrante do delito, também pode prever e
interromper ações adversas de pessoas ou grupos mal intencionados que planejam
alguma atuação criminosa. No âmbito da Polícia Militar, a atividade de inteligência
policial é desenvolvida através das P/2 dos batalhões, do Comando de Policiamento
da Capital (CPC) e da PM/2 do Estado Maior Geral, esta última, órgão central da
atividade de inteligência na PMAL. Estas seções atuam com policiais capacitados
que possuem a confiança de seus comandantes, pois o desempenho dessa função
exige que o policial possua uma conduta que coadune com sua função. A legislação
específica que a regulamenta é o art. 106 da lei 6339/03 onde normatiza dentro da
instituição a atuação da 2º seção (PM/2).

Além de operações visando à busca de dados negados (entende-se por dado


negado qualquer dado de interesse de um órgão de inteligência que esteja sendo
protegido por quem o detém). A atividade de inteligência atua desenvolvendo uma
análise estratégica, com técnicas e procedimentos sistemáticos, examinando e
buscando compreender características de atuação das organizações criminosas e
suas ramificações. A prática de crimes se tornou uma atividade muito complexa e
dinâmica, mas ao mesmo tempo, se estudada paulatinamente, alguns crimes podem
se tornar previsíveis para o agente de inteligência, então não adianta combate-los
apenas com atividades de policiamento ostensivo. A atividade de inteligência deve
ser aplicada de modo coerente e planejada visando se tornar um instrumento
indispensável no controle da criminalidade, podendo alcançar resultados muito
positivos no trabalho da Polícia Militar de Alagoas.
13

O presente trabalho explanará a importância que a atividade de inteligência


policial exerce na atuação ostensiva da PM, assim como nas operações
desenvolvidas em conjunto com outros órgãos componentes da segurança pública
na área do 3º BPM. O mesmo será dividido em 4 (quatro) capítulos onde no primeiro
será apresentada a evolução histórica da atividade de inteligência, partindo do
surgimento no mundo, posteriormente no Brasil e por último na PMAL. No segundo
capítulo o foco são os ramos da AI, dando ênfase na Inteligência e na
Contrainteligência, explicando ainda o conceito de Inteligência de Segurança Pública
e Inteligência Policial. O terceiro capítulo apresenta a definição das técnicas e
princípios das Operações de Inteligência. O quarto e último capítulo começa com a
apresentação do 3º Batalhão da PMAL, posteriormente a metodologia da pesquisa,
resultados e análise dos dados obtidos através da aplicação do questionário.

Quanto à metodologia e os meios de investigação a pesquisa foi de campo


em decorrência de ser uma investigação empírica realizada no local, tendo como
base um questionário contendo 10 questões aplicado aos policiais militares do 3º
Batalhão de Polícia Militar de Alagoas.

O objetivo deste trabalho é mostrar a parcela de contribuição da atividade de


inteligência frente ao combate à criminalidade na área do 3º batalhão, de modo a
descobrir suas necessidades e tentar saná-las. Assim como esclarecer a importância
de investimentos na área da atividade de inteligência policial (PM/2) para o controle
dos índices criminais na área do 3º batalhão, subsidiando a qualificação da tropa da
unidade na área de inteligência com cursos e estágios, não esquecendo a
importância de identificar possíveis necessidades para melhorar a atuação dos
agentes da PM/2 e subsidiar as operações policiais de cunho sigiloso apresentando
propostas a serem desenvolvidas para valorizar a integração e participação dos
policiais da PM/2 nas atuações do 3º batalhão.
14

1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

A atividade de inteligência possui uma evolução histórica que influencia


diretamente na sua configuração atual, portanto é importante frisa-la para uma
melhor compreensão e embasamento do assunto. Esta atividade foi considerada um
grande instrumento no desenvolvimento de estratégias que visavam à busca pelo
poder e controle de outros povos.

1.1 Evolução histórica da Atividade de Inteligência no mundo

Os sumérios e egípcios foram as primeiras civilizações a fazerem registros


relacionados à atividade de inteligência (AI). Os registros se referem a assuntos
militares e de administração de Estado.

Segundo Gonçalves 2008, foi encontrado um documento feito 3000 a.C. feito
por uma patrulha no sul do Egito à um Faraó, contendo a informação de que foi
encontrado o rastro de trinta e dois homens e três jumentos.

Outra referência antiga da aplicação da atividade de inteligência é a própria


Bíblia Sagrada onde em diversas citações podemos perceber o exercício da busca
de informações e espionagem.

Há uma passagem no velho testamento em que Moisés é ordenado pelo


Senhor a enviar espiões para lhe trazer informações de um possível lugar que
poderia ser a terra prometida. Citação do Velho Testamento:

[...] falou o Senhor a Moisés, dizendo: “envia homens que espiem a terra de
Canaã, que Eu hei de dar aos filhos de Israel” Enviou-os pois Moisés a
espiar a terra de Canaã; e disse-lhes: “subi por aqui para a banda do sul, e
subi a montanha; e vede que terra é, e o povo que nela habita; se é boa ou
má e como são suas cidades, se arraiais ou fortalezas”. Retornando da
missão, as pessoas dela incumbidas passaram a relatar os dados obtidos: E
contaram-lhe e disseram: “fomos à terra que nos enviastes; e
verdadeiramente mana leite e mel, e este é o fruto. O povo porém que
habita a terra é poderoso e as cidades fortes e mui grandes. Vimos ali os
filhos de Enaque.

Outras citações bíblicas revelam o exercício da AI, principalmente através da


técnica da espionagem.
15

O general chinês Sun-tzu escreveu um livro chamado “A arte da guerra” cerca


de 500 anos antes de Cristo, livro este de extrema importância para a atividade
militar inclusive na idade contemporânea, que revelava a filosofia da AI,
imprescindível para a concretização da vitória nas batalhas.

Um trecho da referida obra diretamente relacionado à informação é: “Se


conheceis o inimigo e a vós mesmos, não devereis temer o resultado de cem
batalhas. Se vos conheceis, mas não ao inimigo, para cada vitória alcançada
sofrereis uma derrota. Se não conheceis nem a um nem a outro, sereis sempre
derrotados”. (SUN-TZU, 2007, p. 46) Diante disto:

Percebe-se que a atividade de inteligência, na sua origem, apresentava-se


como recurso de que se valiam as autoridades das sociedades antigas para
resguardarem seus interesses, notadamente a manutenção e a ampliação
de suas relações de poder e controle. Onde os fins justificavam os meios,
nem que para isso tivessem que utilizar de práticas espúrias. (SILVEIRA;
CRUZ, 2011, p. 9)

Na Idade Moderna – época do Renascimento – com o surgimento dos


exércitos e dos Estados modernos, as informações passaram a ser desenvolvidas
de maneira ampla. Institui-se um revezamento de embaixadores nos mais
importantes estados da Europa com o objetivo de conseguir informações daqueles
que poderiam ser seus inimigos. (MORAES; JESUS; REIS, 2008)

Segundo Moraes, Jesus e Reis (2008) o primeiro serviço de inteligência


organizado foi na Inglaterra no reinado da rainha Elizabeth I. Na mesma página do
livro citado diz que “Daniel Defoe, autor do livro “Robinson Crusoé”, um século
depois, deu nova organização ao serviço de inteligência, passando a ser
considerado o fundador do moderno serviço secreto inglês”.

A Inglaterra tirou bastante proveito da atividade de inteligência durante a


primeira guerra mundial, pois ela era a única a possuir um serviço de inteligência
organizado.

De acordo com Cepik (2003) em 1573 na Inglaterra, durante o reinado de


Elizabeth I, Francis Walsingham foi nomeado Secretário de Estado, onde uma das
principais atribuições do cargo era o comando do departamento de inteligência
denominado the intelligence. Armazenar informações sobre potências inimigas e
acumular notícias internacionais e informações sobre o mundo eram consideradas
16

suas funções, as quais eram obtidas de forma rotineira, ou seja, não se utilizava de
fontes secretas.

Diz Cepik (2003) que durante a idade moderna, na Europa, com o


desenvolvimento das comunicações foi inevitável não desenvolver códigos secretos
(criptografias) que ocultassem o verdadeiro sentido das mensagens.
Consequentemente foram desenvolvidos também as equipes responsáveis por
tentar interceptar e desvendar esses códigos. O trecho a seguir retrate bem o que o
autor quer mostrar:

Na Europa moderna, em virtude do crescimento do tráfego diplomático e do


começo dos serviços de correio, cifras e códigos secretos de escrita
(criptografia) passaram a ser usados regularmente, com o fim de escudar as
comunicações entre as chancelarias e suas embaixadas. Em razão disso,
foram criados os primeiros departamentos responsáveis pela interceptação
clandestina e decodificação de mensagens (criptologia). Eram conhecidos
como black chambers (câmaras negras). (CEPIK, 2003, p. 83)

Durante a primeira guerra mundial houve um grande investimento na área de


inteligência, principalmente por esta atividade ser a responsável por historicamente
gerar vantagem de quem a utiliza sobre seus inimigos. Os investimentos foram
principalmente em tecnologia e equipamentos não humanos. A Rússia já contava
nessa época com um serviço de inteligência organizado, a Okhrana. Após a primeira
guerra ocorreu a institucionalização dos primeiros órgãos de inteligência, com
destaque para a União Soviética, Inglaterra e Alemanha.

Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o Exército Vermelho atuou como um


eficaz agente do movimento comunista internacional. Os Estados Unidos
descobriram que a Rússia os espionou mesmo quando eram aliados.
Criaram então a CIA, seguida pela Agência de Segurança Nacional (NSA)
para atuar com Sigint e passaram a basear suas decisões políticas nos
relatórios de Inteligência, iniciando, dessa maneira, a Guerra Fria, momento
em que houve um grande desenvolvimento tecnológico com o objetivo de
monitorar com mais precisão os passos de cada potência. (REVISTA ABIN,
2005, p. 89)

Segundo Silveira e Cruz (2011), “estima-se que o serviço de informações


mais eficiente de todos os tempos seja o serviço secreto de inteligência britânico
(Secret Intelligence Service – SIS), mais conhecido pelo seu antigo nome – MI6”.
Quando nos referimos à espionagem internacional no século XIX e início do século
XX, o serviço secreto britânico tem um longo histórico sobre o tema, principalmente
no período da Segunda Guerra Mundial. Atualmente os alvos se tornaram mais
17

diferenciados, já que os principais são espionagem econômica industrial, o


terrorismo internacional, o crime organizado, o crime comum e o narcotráfico.

A diplomacia moderna gerou seus próprios órgãos de inteligência, além de


estar na origem remota de muitas das chamadas agências nacionais de
coleta de inteligência externa – Foreing Intelligence. São nacionais porque
estão subordinados ao governo em geral, prestando informações ao
primeiro-ministro, presidente ou secretário-geral, e não apenas a um
Ministério 25 específico. São exemplos dessa estrutura de inteligência a
Central Intelligence Agency - CIA norte-americana, o SIS britânico, a
Direction Générale de la Sécurité Extérieure - DGSE francesa, o Ha-Mossad
le Modiin ule-Tafkidim Meyuhadim - MOSSAD israelense, o atual Sluzhba
Vnezhney Rasvedki - SVR russo, o Servizio Perle Informazioni Generali e
Sicurezza - SISDE italiano e o Bundesnachrichtendienst - BND alemão.
(CEPIK, 2003, p. 85-86)

A partir do século XX, a inteligência militar se tornou mais sofisticada que a


diplomacia secreta dos séculos XVI a XVIII, tal inteligência proporcionou uma nova
dimensão à espionagem e à conspiração. O foco agora é a obtenção sistemática de
informações básicas e menos frágeis, ou seja, menos fáceis de se perderem. A
análise de novos fatos e ideias foram pautadas, gerando relatórios de Inteligência
que subsidiaram decisões do comando para que fossem tomada de forma racional e
planejada (CEPIK, 2003, p. 88)

No período pós Segunda Guerra Mundial, a atividade de inteligência e as


funções de planejamento e operações foram lentamente sendo separadas. Dessa
forma, as organizações permanentes e especializadas de inteligência militar
passaram a compor as estruturas de comando, controle e comunicações das Forças
Armadas (FFAA). Vale destacar que isso se materializou bem antes do surgimento
das organizações nacionais de inteligência externa. (CEPIK, 2003)

Com o passar do tempo, a atividade de inteligência foi sendo utilizada para


outros fins além dos já abordados (guerra, diplomacia externa, inteligência de defesa
e inteligência externa). Na atualidade e atividade de inteligência está mais voltada
para fins de policiamento e inteligência de segurança, aplicadas agora de maneira à
preservação da ordem interna dos países e estados, não deixando de lado, claro, de
cuidar da segurança externa do país.
18

1.2 A Atividade de Inteligência no Brasil

A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) disponibiliza o Curso


de Introdução à Atividade de Inteligência, que em seu primeiro módulo diz:

No Brasil, a atividade de Inteligência foi conhecida historicamente por


“atividade de informações”, a qual possui uma construção povoada de
mistérios e, muitas vezes, questões nebulosas, isso em razão das relações
de poder que a impulsionou desde o seu início (BRASIL, 2b)

A Inteligência no Brasil foi desenvolvida para atender à polícia política e


através do Conselho de Defesa Nacional (CDN) prestar assessoramentos aos
Governos. O CDN foi criado em 1927 e tinha como objetivo inicial o controle dos
opositores ao regime vigente, assim como é apresentado por Figueiredo (2005 p.
37-38):

Instituído em novembro de 1927, o Conselho de Defesa Nacional tinha


como missão reunir „informações sobre todas as questões de ordem
financeira, econômica, bélica e moral relativas à defesa da pátria‟. O que
isso significava, ninguém sabia. Em tese, nada específico. Na prática,
poderia ser absolutamente tudo. O Conselho de Defesa Nacional tinha o
direito, por exemplo, de investigar a vida pessoal de adversários políticos
do presidente (“questão de moral”) ou espionar operários em greve (“defesa
da pátria”). Assim o embrião do serviço secreto surgia com um vício que o
órgão carregaria para sempre: um mandato excessivamente amplo, feito
sob medida para que o governo pudesse utilizá-lo contra quem quisesse.
Na maioria das vezes contra o povo.

Antes do período de ditadura militar no Brasil, a atividade de inteligência era


exercida apenas no âmbito dos Ministérios Militares, pelos quais se dedicavam
exclusivamente às questões de Defesa Nacional e atuavam em prol das respectivas
forças.

No Brasil, o primeiro serviço de inteligência foi criado oficialmente em 1956,


no governo de Juscelino Kubitschek, denominado SFICI (Serviço Federal de
Informações e Contrainformação). O SFICI no momento de sua formação foi criado
por pressão dos Estados Unidos e dos militares por estarem com receio da
popularização do comunismo no país.

Durante seu período de existência (1956-1964) o SFICI ficou conhecido por


sua paranoia em relação a quem podia ou não ser considerado inimigo do
“estado democrático de direito”. Vigiou sobretudo associações de esquerda,
políticas ou não, como o PCB e Movimentos Grevistas. Também levantou
dados sobre rivais políticos do presidente, como o político de direita Carlos
19

Lacerda, que nutria uma certa animosidade contra o Presidente Juscelino


Kubitschek. Mesmo o então membro da UDN (partido de direita extinto pelo
golpe de 1964) José Sarney chegou a ser tachado de comunista por um
relatório da SFICI. (SILVEIRA; CRUZ, 2011, p. 14)

Com a chegada do Regime Militar, o SFICI foi substituído pelo SNI (Serviço
Nacional de Informações), criado pela Lei n. 4.341 de 13 de junho de 1964 com o
objetivo de supervisionar e coordenar as atividades de inteligência e contra-
inteligência no Brasil e no exterior. O chefe da SNI tinha status de ministro e contava
com grande poder de decisão, seu posicionamento era primordial para as decisões
do chefe de Estado, inclusive na decisão de investigar um suspeito ou expulsá-lo do
país.

O SNI contava com atividades do tipo: censura postal, investigações, grampo


telefônico etc. Logo após o serviço ser extinto em 1990 pelo presidente Fernando
Collor de Mello vários documentos produzidos durante sua existência
desapareceram.

Para se ter ideia da importância do SNI no período militar, dois de seus


chefes tornaram-se Presidentes da República, os generais Emílio
Garrastazu Médici e João Baptista Figueiredo. Dos quadros do SNI também
viriam ministros importantes de pastas civis e militares, inclusive alguns nos
governos José Sarney e Itamar Franco. (GONÇALVES, 2009, p. 105)

Após o término do SNI, foi criado o Departamento de Inteligência (DI) da


Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) através da medida provisória nº 150. A
MP nº 150 definia algumas situações como a extinção do SNI; os dados e
equipamentos da SNI passaram a ser patrimônio do Departamento de Inteligência; o
Departamento fica subordinado à SAE; o chefe da DI, o chefe da SAE e os chefes
das agências regionais deveriam ser civis; o novo serviço seria um departamento
(perdendo seu chefe o status de ministro).

O primeiro chefe do Departamento de Inteligência foi um amigo pessoal do


então presidente Fernando Collor, que por sinal não tinha qualificação nem
experiência na área. A Atividade de Inteligência passou por uma fase de descaso,
colocada em segundo plano pela falta de compreensão do quanto é importante o
assessoramento no processo de decisões no que tange à defesa do país. Logo o
Poder Executivo sentiu a necessidade de um assessoramento especializado para a
produção de conhecimentos imprescindíveis aos interesses da Nação.
20

Em 1999, a elaboração da Lei 9.883 foi decisiva para a reestruturação da


Atividade de Inteligência no Brasil, nela foi instituído o Sistema Brasileiro de
Inteligência (SISBIN) e criou, como seu órgão central, a Agência Brasileira de
Inteligência (ABIN). A Lei 9.883/99 define em seu parágrafo 2º do artigo 1º a
definição de Inteligência como:

Entende-se inteligência como atividade que objetiva a obtenção, análise e


disseminação de conhecimentos, dentro e fora do território nacional, sobre
os fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo
decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da
sociedade e do Estado.

1.3 Atividade de Inteligência na Polícia Militar de Alagoas

A Atividade de Inteligência na Polícia Militar de Alagoas (PMAL) foi regulada


pelo Decreto Federal nº 7845 de 2012 e pela Lei Estadual nº 6.399 de 15 de agosto
de 2003 (Lei de Organização básica da Polícia Militar de Alagoas – LOB). Esta
legislação instituiu o Sistema de Inteligência na Polícia Militar de Alagoas (SI/PMAL),
esse sistema foi criado objetivando o assessoramento do Comando, dinamizando a
produção de informações importantes para a tomada de decisões no campo da
Segurança Pública e Segurança Interna.

A 2º Seção do Estado Maior Geral (EMG) da PMAL é responsável por


atualizar e orientar os Serviços de Inteligência das Unidades Operacionais (UOp)
com relação à fatos importantes que possam interferir de algum modo na
corporação, assim como executar medidas de contrainformação no âmbito da
corporação e produzir informações para atender ao plano de informação da PMAL.

É importante também citar a figura da contrainteligência definida como sendo


a antecipação aos eventos futuros, consiste em identificar, trabalhar em cima desta
informação e neutralizar as ameaças ou ações hostis à Segurança Pública. Entende-
se, assim que a contrainteligência consiste basicamente na defesa interna da
instituição, tanto para segurança de suas informações, quanto para a fiscalização
dos seus componentes.
21

2 RAMOS DA INTELIGÊNCIA E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

A Inteligência possui diversos conceitos, dentre os quais podemos destacar


alguns. A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) define
inteligência como a ciência utilizada para orientar o processo decisório ou as ações
de autoridades políticas. Segundo a CIA as organizações de inteligência gerem e
fornecem aos seus tomadores de decisão a informação necessária para assessorá-
los. A mesma agencia enfatiza que o processo de produção do conhecimento de
inteligência envolve a reunião sistemática e aprimorada dos fatos, sob avaliações
céleres e claras para posterior disseminação para os tomadores de decisão.

Diante dos objetivos da inteligência (obtenção, análise e disseminação de


conhecimentos) é possível relacioná-los com o ciclo de produção do conhecimento,
como pode ser visto no §2º do artigo 1º da Lei n. 9.889/99, onde os conhecimentos
aqui referidos são os que podem tratar de quaisquer fatos e situações que possam
influenciar o processo de decisão e ação governamental, assim como a salvaguarda
e segurança da sociedade e do Estado. A inteligência pode atuar nos mais variados
assuntos, desde movimentos sociais que incentivem a violência; de corrupção na
Administração pública; de conflitos indígenas aos fatores que podem provocar riscos
ao meio ambiente.

Assim, para se compreender o significado de inteligência, e fundamental


que se entenda que se trata de um conhecimento processado – a partir de
matéria bruta, com metodologia própria -, obtido de fontes com algum
aspecto de sigilo e com o objetivo de assessorar o processo decisório.
Atente-se para o fato de que a inteligência lida também com fontes abertas,
ostensivas, mas para que se tenha um conhecimento de inteligência é
necessário, de maneira geral, que haja alguma parcela de dados sigilosos
em sua produção. Claro que pode haver produção de conhecimento de
inteligência que seja sigiloso não necessariamente pelos dados nele
utilizados, mas pela análise realizada. Além de conhecimento, a atividade
de inteligência poderá ser o processo de produção em si ou, ainda, a
organização encarregada de obter, produzir e difundir inteligência, também
chamada de serviço secreto. (GONÇALVES, 2009, p. 19)

A finalidade da atividade de inteligência é focada na obtenção e análise de


informações que chegam a subsidiar o processo decisório de vários níveis e
atividades. Diante disto, quase tudo pode ser objeto de análise dessa atividade,
assuntos internos, problemas estratégicos, política externa, temas fiscais, produção
industrial, segurança pública, saúde pública. Em qualquer lugar que haja
22

planejamento e processos decisórios a atividade de inteligência pode atuar, seja


para buscar dados disponíveis ou até mesmo dados negados.

Como já foi visto, há uma diversidade de assuntos onde a atividade de


inteligência pode atuar, sendo assim, é possíveis relacionar algumas categorias de
inteligência. A Inteligência Militar: responsável por reunir conhecimentos, atividades
e organizações voltadas para os interesses da defesa nacional e das forças
armadas, em tempos de paz ou de guerra. Sua finalidade é a obtenção de
informações para subsidiar o processo decisório dos escalões das forças armadas;
A Inteligência Policial: esta fica a cargo dos policiais estaduais e da polícia federal,
tem como função realizar a coleta de informações sobre atividades de indivíduos e
grupos criminosos. Atua na obstrução, prevenção, identificação e neutralização das
ações criminosas; Inteligência Fiscal: relacionada à produção do conhecimento e
investigação de delitos contra a ordem tributária. Sua atuação é na busca do dado
negado, o que o contribuinte deixa de declarar; Inteligência Financeira: responsável
pela produção de conhecimento relacionado a identificação de delitos financeiros,
informações organizações e pessoas relacionadas a esse delito, com o intuito de
neutralizá-los. É um dos principais instrumentos de combate ao crime organizado;
Inteligência Competitiva: responsável pelo mundo dos negócios, busca vantagem
competitiva e superioridade em relação aos concorrentes; Inteligência Estratégica:
responsável pela elaboração de cenários prospectivos, ou seja, o conhecimento
estratégico; Inteligência de Estado: associa-se a processos, informações e
organizações relacionadas à produção do conhecimento referente a segurança da
sociedade e do Estado, subsidiando o processo decisório do mais alto escalão do
governo.

A Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP) divide a


atividade de inteligência em dois ramos, que são a Inteligência e a
Contrainteligência. A inteligência consiste na obtenção e análise das informações
para a produção do conhecimento, enquanto a Contrainteligência está relacionada à
salvaguarda das informações produzidas, das pessoas, da organização, das
instalações e busca neutralizar a atividade de inteligência adversa. Operações de
Inteligência é o termo dado às ações que buscam o dado negado para subsidiar na
produção do conhecimento, ou seja, buscar dados que não estejam disponíveis para
o público em geral acessar.
23

No âmbito da inteligência, conhecimento significa a representação de um fato


ou de uma situação, real ou hipotética, que gere interesse para a Atividade de
Inteligência, este conhecimento é processado e analisado. A produção do
conhecimento está relacionada ao conjunto de procedimentos realizados por um
profissional de inteligência, através da busca e coleta de dados com metodologia,
tendo como resultado o conhecimento para o processo decisório.

Segundo Silveira e Cruz (2011, p. 66), a doutrina de inteligência recomenda


uma diferenciação dos conhecimentos produzidos, essa diferenciação é feita através
de fatores como:

- os diferentes estados em que a mente humana pode situar-se em relação


à verdade (certeza, opinião, dúvida e ignorância);
- os diferentes graus de complexidade do trabalho intelectual necessário à
produção do conhecimento (juízo e raciocínio);
- a necessidade de elaborar, além de trabalhos relacionados com fatos e/ou
situações passadas e presentes, outros, voltados para o futuro.

Diante desses fatores, classifica-se o conhecimento nos seguintes tipos:


informação, informe, apreciação e estimativa.

O conhecimento informação é o conhecimento resultante de raciocínios


elaborados pelo profissional de inteligência e que expressa apenas o seu estado de
certeza frente à verdade sobre os fatos ou situação passada ou presente. Esse
conhecimento vai além da simples narração dos fatos ou situações, ele contém a
interpretação do agente que a produziu.

O conhecimento informe é o conhecimento que resulta de juízos formulados


pelo profissional de inteligência e que expressa seu estado de certeza ou opinião
frente a verdade sobre uma situação ou fato passado ou presente. O informe pode
apresentar certeza, opinião ou dúvida como estabelece a DNISP.

O conhecimento apreciação é resultante de raciocínios elaborados por um


profissional de inteligência e expressa apenas seu estado de opinião frente à
verdade sobre o fato ou situação pretérita ou presente. A diferença entre informação
e apreciação é que na apreciação o profissional de inteligência expressa uma
opinião diante da verdade sobre o fato, já na informação está relacionada ao estado
de certeza sobre a verdade dos fatos passados ou presentes.
24

O conhecimento estimativa apresenta raciocínios elaborados pelo profissional


de inteligência e expressa opinião perante à verdade sobre a evolução futura de um
fato ou situação. Este conhecimento é o único que resulta de estudos direcionados
para a realização de projeções para o futuro e que pressupõem a utilização de
métodos e técnicas prospectivos adequados, como cita o CIAI-SENASP, 2011,
módulo 2.

O art. 1º, §3º, da Lei 9.883/99 define contrainteligência como “a atividade que
objetiva neutralizar a inteligência adversária”.

Contrainteligência (CI) é o ramo da atividade de Inteligência de Segurança


Pública que se destina a produzir conhecimentos para proteger a atividade
de Inteligência e a instituição a que pertence, de modo a salvaguardar
dados, informações e conhecimentos sigilosos, oriundos da estrutura de
ISP, e identificar e neutralizar ações adversar realizadas por organismos ou
por pessoas. (SILVEIRA; CRUZ, 2011, p. 91)

A contrainteligência não pode ser separada de inteligência, pois existe em


função desta. A missão principal da contrainteligência é a produção de
conhecimento para a realização da própria proteção, sendo assim pode-se dizer que
a contrainteligência está intrínseca à inteligência, pois todo órgão ou serviço de
inteligência, independente de seu nível, desenvolve atividade de contrainteligência.

A contrainteligência tem por objetivo, portanto, tornar tão difícil quanto


possível as ações adversas, tomando medidas de segurança que impeçam
o acesso a tudo que se deseja manter em sigilo e protegendo pessoas e
instalações. Uma vez que não são apenas os serviços secretos que
manipulam dados classificados e lidam com assuntos sigilosos, as medidas
de contrainteligência são aplicáveis a quaisquer órgãos governamentais e a
entidades e empresas privadas. (GONÇALVES, 2009, p. 62)

A doutrina de inteligência distingue três seguimentos de atuação da


contrainteligência: a Segurança Orgânica, a Segurança de Assuntos Internos e a
Segurança Ativa. A Segurança Orgânica (SEGOR) é um conjunto de medidas
defensivas, destinadas a garantir o funcionamento da instituição, de modo a prevenir
e obstruir as ações adversas de qualquer natureza, ou seja, é um serviço de
prevenção. “A SEGOR caracteriza-se pelo conjunto de medidas integradas e
meticulosamente planejadas, destinadas a proteger o pessoal, a documentação, as
instalações, o material, as operações de ISP, as comunicações e telemática, e a
informática” (DNISP, 2009, p. 40).
25

A Segurança de Assuntos Internos (SAI) se define como o conjunto de


medidas destinadas a produção de conhecimento para assessorar as ações de
correição das instituições. A Segurança Ativa (SEGAT) “É o conjunto de medidas de
caráter ofensivo destinado a detectar, identificar, avaliar e neutralizar as ações
adversas de serviços de inteligência e/ou elemento ou grupo de qualquer natureza e
dirigidas contra a instituição” (SILVEIRA; CRUZ, 2009, p. 105). As medidas de
caráter ofensivo de que trata os autores supracitados são desenvolvidas através da
contraespionagem, da contrassabotagem, do contraterrorismo e da
contrapropaganda.

As Operações de Inteligência são definidas como o conjunto de ações e


técnicas destinadas ao dado negado. São ações especializadas, que tem por
finalidade obter dados não disponíveis (dados negados) e também podem contribuir
para a neutralização de ações adversas, com vista a auxiliar a produção e
salvaguarda do conhecimento.

Segundo a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP,


2009, p. 32-33), Operações de Inteligência é:

O conjunto de Ações de Busca, podendo, eventualmente, envolver Ações


de Coleta, executado para obtenção de dados protegidos e/ou negados de
difícil acesso e que exige, pelas dificuldades e/ou riscos, um planejamento
minucioso, um esforço concentrado, e o emprego de pessoal, técnicas e
material especializados.

Segundo Silveira; Cruz (2011, p. 200), “As ações de operações de inteligência


são missões peculiares que exige medidas de segurança e habilidade que além de
buscar o dado de forma a atender o que se pede na ordem de busca deverão
protegê-lo”. Diante disso, foram definidos princípios que regerão as ações de
operações de inteligência, quais sejam: objetividade, oportunidade, segurança,
precisão, simplicidade, flexibilidade, emprego adequado dos meios e controle.

Para que as operações de inteligências cheguem a seu objetivo final, elas


devem possuir ações especializadas e dotadas de uma logística específica que são
as técnicas operacionais. Gonçalves (2009, p. 63), ressalta a importância das
técnicas operacionais:

Serviço secreto nenhum pode prescindir delas, em maior ou menor escala.


Afinal, tanto para a busca do dado quanto para a identificação e
neutralização da inteligência adversa, garantindo-se a salvaguarda dos
26

dados e informações próprios, as técnicas operacionais mostram-se


imprescindíveis.

As técnicas mais utilizadas são OMD (Observar, Memorizar e Descrever),


Estória cobertura (EC), Disfarce, Comunicações sigilosas, Vigilância e Fotografia.

É necessário compreender que operações de inteligência não implica um


caráter danoso ou ilícito. É por meio dessas técnicas que um órgão de inteligência
pode, por exemplo, acompanhar criminosos e impedir que os mesmos atuem na
sociedade. Na área da segurança pública é de extrema importância que as
operações de inteligência sejam desenvolvidas, pois é a partir delas que os
criminosos podem ser identificados e punidos caso cometam crimes, inclusive
prevenir possíveis atuações de organizações criminosas, convergindo para um bem
estar da sociedade.

2.1 Inteligência de Segurança Pública

A Inteligência de Segurança Pública (ISP) possui um órgão central


denominado Sistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP), o qual é um
subsistema do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), que por sua vez tem
como agência central a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).

A forma de organização da atividade de inteligência em sistemas e


subsistemas resulta de uma concepção que busca o fluxo interativo de
informações e conhecimentos que seja útil para ações de segurança, quer
prevendo, antecipando ou resolvendo problemas e conflitos que possam vir
a comprometer a segurança do Estado ou a ordem e a tranquilidade
pública. (CIAI-SENASP, 2011)

O SISP possui um regulamento que prevê sua responsabilidade pelo


processo de coordenação e integração das atividades de inteligência de segurança
pública no âmbito do território nacional, além de estabelecer seu objetivo que é
fornecer subsídios com informações aos respectivos governos para ajudar na
tomada de decisões no campo da segurança pública, através de informações úteis e
salvaguardar as informações já possuídas contra acessos não autorizados.

A atividade de ISP possui especificidades, pois ela atua com a prevenção de


conflitos que podem comprometer a ordem pública e a paz social. Por isso a
27

Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) implementou a Doutrina


Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP), com o fim de orientar
metodologicamente os trabalhos de inteligência, padronizando procedimentos e
otimizando a produção do conhecimento que vai subsidiar o tomador de decisão.

Segundo a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública:

A Atividade de ISP é o exercício permanente e sistemático de ações


especializadas para a identificação, acompanhamento e avaliação de
ameaças reais ou potenciais na esfera de segurança pública, basicamente
orientadas para a produção e salvaguarda de conhecimentos necessários
para subsidiar os governos federal e estaduais a tomada de decisões, para
o planejamento e à execução de uma política de segurança pública e das
ações de prever, prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de qualquer
natureza ou atentatórios à ordem pública (DNISP, 2009, p. 13).

Na DNISP são apresentadas as finalidades da Inteligência de Segurança


Pública, elas ajudam a nortear a função para a qual foi criada, são finalidades da
ISP:

- Proporcionar diagnósticos e prognósticos sobre a evolução de situações


do interesse da segurança Pública, subsidiando seus usuários no processo
decisório.
- Contribuir para que o processo interativo entre usuários e profissionais de
Inteligência produza efeitos cumulativos, aumentando o nível de efetividade
desses usuários e de suas respectivas organizações.
- Subsidiar o planejamento estratégico integrado do sistema e a elaboração
de planos específicos para as diversas organizações do Sistema de
Segurança Pública.
- Apoiar diretamente com informações relevantes as operações policiais de
prevenção, repressão, patrulhamento ostensivo e de investigação criminal.
- Prover alerta avançado para os responsáveis civis e militares contra crises,
grave perturbação da ordem pública, ataques surpresa e outras
intercorrências.
- Auxiliar na investigação de delitos.
- Preservar o segredo governamental sobre a necessidade informacional, as
fontes, fluxos, métodos, técnicas e capacidades de Inteligência das
agências encarregadas da gestão da segurança pública (DNISP, 2009, p.
13).

A ISP atua em perfeita sintonia com suas finalidades, prezando sempre por
determinados princípios, de forma harmônica e que a aplicação de um não atrapalhe
a do outro. Esses princípios são fundamentos que orientam os caminhos a serem
seguidos da atividade de inteligência. Os princípios mais importantes da ISP são:
amplitude; interação; objetividade; oportunidade; permanência; precisão;
simplicidade; imparcialidade; compartimentação; controle; sigilo. De acordo com a
(DNISP, 2009 p. 15-16). Suas definições são:
28

a) Amplitude – permite alcançar os mais completos resultados possíveis


nos trabalhos desenvolvidos.
b) Interação – consiste em estabelecer ou adensar relações sistêmicas de
cooperação, visando otimizar esforços para a consecução dos seus
objetivos.
c) Objetividade – cumprimento das funções da ISP de forma organizada,
direta e completa, planejando e executando ações de acordo com
objetivos previamente definidos.
d) Oportunidade – orienta a produção de conhecimentos, que deve
realizar-se em prazo que permita seu aproveitamento.
e) Permanência – proporciona um fluxo constante de dados e de
conhecimentos.
f) Precisão – orienta a produção do conhecimento verdadeiro (com a
veracidade avaliada), significativo, completo e útil.
g) Simplicidade – orienta a atividade de ISP de forma clara e concisa,
planejando e executando ações com o mínimo de custos e riscos.
h) Imparcialidade – norteia a ISP de modo a ser isenta de ideias
preconcebidas ou tendenciosas, subjetivismos e distorções.
i) Compartimentação – a fim de evitar riscos, objetiva restringir o acesso a
conhecimentos sigilosos somente para aqueles que tenham a real
necessidade de conhecê-los.
j) Controle – recomenda a supervisão e acompanhamento sistemático de
todas as ações da ISP, de forma a assegurar a não interferência de
variáveis adversas no trabalho desenvolvido.
k) Sigilo – visa preservar o órgão, seus integrantes e ações.

2.2 A Inteligência Policial

A inteligência, como já foi mencionado, possui várias ramificações. A


inteligência policial é uma delas e é de extrema importância para o controle da
criminalidade na sociedade contemporânea. A inteligência policial mostra-se como
um meio extremamente eficiente na preservação da ordem pública, podendo
destacar a desarticulação de organizações criminosas bem estruturadas.

A inteligência policial é a atividade que objetiva a obtenção, análise e


produção de conhecimentos de interesse da segurança pública no território
nacional, sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência da
criminalidade, atuação de organizações criminosas, controle de delitos
sociais, assessorando as ações de polícia judiciária e ostensiva por
intermédio da análise, compartilhamento e difusão de informações.
(FERRO, 2008, p. 30)

Quando o tema é criminalidade, pode-se destacar que todos os meios dos


quais possa imaginar são utilizados pelos criminosos para praticar suas atividades
ilícitas. Portanto, a polícia não pode deixar de utilizar também todos os meios
disponíveis (lícitos) para cumprir sua missão constitucional. O Estado por sua vez
deve possuir instrumentos verdadeiramente eficientes para manter a ordem pública.
29

Inteligência policial, por sua vez, significa a consecução de informações


sobre atividades delituosas, visando identificar redes e organizações
criminosas, traçar a forma como agem e operam, identificando ramificações,
seus objetivos e a área de atuação, tudo isso se utilizando de um conjunto
de ações que evolvem técnicas especiais de investigação. (BRASIL, 2009b)

A inteligência policial, se aplicada de maneira correta, se transforma em um


instrumento extremamente eficiente na redução dos índices criminais. A Polícia
Militar tem em seu poder este instrumento, contudo ainda há muitas barreiras que
dificultam a aplicação dela na sociedade, como retardo de autorizações judiciais ou
falta de equipamentos específicos que um agente de inteligência precisa utilizar.
Com a capacitação e apoio ao emprego da atividade de inteligência pela Polícia
Militar consegue-se aumentar ainda mais sua eficácia no combate às organizações
criminosas e, por conseguinte, a maior beneficiada nessa situação é a própria
sociedade.
30

3 APRESENTAÇÃO, DEFINIÇÃO, TÉCNICAS E PRINCÍPIOS DAS OPERAÇÕES


DE INTELIGÊNCIA

O tema principal a ser abordado nesse capitulo são as técnicas operacionais


de inteligência. Nele será apresentada uma melhor compreensão do tema, com
conceitos, princípios e espécies de operações. Terminando com a definição das
técnicas operacionais de inteligência e suas modalidades.

3.1 Operações de Inteligência

Nesse item os assuntos abordados serão princípios, definições e


planejamento de uma operação de inteligência, ou seja, pontos essenciais para a
compreensão das técnicas operacionais de inteligência.

3.1.1 Definição

Operações de inteligência são ações que visam obter dados negados, ela é
desenvolvida pelo órgão de inteligência que necessita desses dados para subsidiar
decisões importantes.

Silva (2009, p. 59) entende como o conjunto de ações de busca de dados,


desenvolvidas por uma fração da seção de inteligência mediante planejamento
detalhado, esforço concentrado e utilização de técnicas especializadas, quando as
informações a serem colhidas estão fortemente protegidas por um aparato de
segurança, gerando grande dificuldade e riscos para a agência de inteligência.

Outra definição importante está em Ferro Júnior (2008, p. 99) onde as


operações de inteligência com foco na atividade policial consistem em ações através
de técnicas operacionais de inteligência para a obtenção de informações destinadas
a identificação de organizações criminosas, detalhando seus modus operandi,
divisões, subdivisões, tendências e potencialidades das suas ações.

Para que as operações de inteligência alcancem seus objetivos é necessário


que se faça um planejamento minucioso e uma execução cuidadosa, pois os dados
31

disponíveis geralmente são de difícil acesso, também não esquecer de preservar a


identidade do órgão de inteligência e a de seus agentes. Assim como cita Gonçalves
(2009, p. 63) quando fala que as operações de inteligência são obrigatórias a
qualquer serviço secreto, porquanto possuem as técnicas operacionais necessárias
para a busca do dado e para a identificação e neutralização da inteligência contrária.

As operações de inteligência possuem alvos, podendo ser um ou mais de um.


Esses alvos podem ser locais, pessoas, objetos, organizações, canais de
comunicação ou assuntos. O responsável pela missão deve juntar o máximo de
informações sobre o alvo para que a operação seja bem sucedida.

Antes de iniciar qualquer operação, deve-se confeccionar um estudo da


situação e elaborar o plano de operações. As operações precisam empregar
técnicas operacionais de inteligência, as quais exigem treinamento e capacitação
constante dos agentes de inteligência.

3.1.2 Princípios

Existem princípios que as operações de inteligência devem seguir, eles se


aplicam desde o planejamento até a execução. Esses princípios são: oportunidade,
objetividade, segurança, clareza, simplicidade, flexibilidade e economia.

O principio da oportunidade é relacionado ao aspecto temporal de


desencadeamento da operação, ou seja, o momento de atuação deve ser planejado
e analisado cautelosamente, pois se o início acontecer antes ou depois do momento
certo haverá uma maior probabilidade de insucesso na missão.

O princípio da objetividade quer dizer que toda operação deve ter caráter
objetivo, ela deve buscar o conhecimento desde o planejamento até a execução.
(GONÇALVES, 2009) é focar na finalidade e objetivo específico todo o tempo.

O princípio da segurança visa garantir a proteção e o sigilo de toda a


operação, como a identidade da equipe e do órgão de inteligência, a proteção física
da equipe, do material e do local onde a mesma acontece. Às vezes até o alvo pode
ser objeto dessa proteção. (SCHAUFFERT; LENTO, 2009) A operação deve se
32

restringir apenas aos membros da equipe, para só assim alcançar o grau de sigilo
esperado.

O princípio da clareza leva em consideração a transparência das


determinações, que devem ser repassadas aos integrantes da equipe para que ao
final não existam dúvidas a respeito da operação, nem da função de cada um.
Nesse sentido, deve-se definir com a maior exatidão o objetivo da missão, como
realizá-la, quando iniciá-la e o que cada membro da equipe deverá executar. Os
documentos devem estar escritos em uma linguagem mais direta e concisa possível,
sem vocabulários exóticos nem erros, podendo comprometer toda a operação.

O princípio da simplicidade versa que a operação de inteligência deve ser


planejada e executada de maneira simples, quanto mais simples a operação maior a
chance de finalizá-la com facilidade, além de conseguir uma maior economia no
emprego dos recursos materiais e humanos.

No princípio da flexibilidade o foco são as adversidades que podem ocorrer


durante a operação, para tanto deve-se ter um planejamento alternativo para
superar essas adversidades, além de permitir uma certa liberdade para as equipes
atuarem diante das novas situações.

Finalizando com o princípio da economia, este estabelece que as agências de


inteligência sejam econômicas na utilização dos recursos humanos e materiais.
Deve-se lembrar de que esta economia não significa pouco investimento nos
recursos, o investimento deve ser o necessário para o sucesso da operação.
(SCHAUFFERT; LENTO, 2009)

3.1.3 Tipos de Operações de Inteligência

As operações de inteligência são divididas em dois tipos, as exploratórias e as


sistemáticas. As operações exploratórias são utilizadas quando se precisa
imediatamente de informações sobre um determinado alvo ou assunto, elas são
desencadeadas em um curto prazo e possui a finalidade de cobrir eventos e levantar
dados específicos. Geralmente são utilizadas para levantamento de áreas,
33

reconhecimento, cobertura de reuniões, levantamento de atividades e contato de


pessoas, obtenção de conhecimentos obtidos em documentos. (SILVA, 2009)

As operações sistemáticas são utilizadas quando o objetivo é manter um fluxo


continuo de informações sobre determinado alvo ou assunto. Estas operações são
deflagradas com o fim de acompanhar atividades de pessoas, entidades,
organizações, localidades e a incidência de determinado fenômeno ou aspecto da
criminalidade. Esse tipo de operação tem uma enorme importância no
acompanhamento das facções criminosas, na neutralização de suas ações e na
identificação de seus integrantes. Todas as informações colhidas servem para
conhecer a fundo suas estruturas, atividades e ligações. (BRASIL, 2009a)

3.2 Ações de Inteligência

Para a produção do conhecimento é necessário uma reunião de dados


realizado pelas agências de inteligência, essas agências atuam através de ações de
inteligência para a obtenção desses dados.

Otávio Silva (2009, p. 58), define ações de inteligência como “todos os


procedimentos e medidas realizadas por uma AI, a fim de que possa dispor dos
dados necessários e suficientes para a produção do conhecimento”. Essas ações
dividem-se em ações de coleta e ações de busca.

3.2.1 Ações de coleta

Segundo a DNISP, ações de coleta “são todos os procedimentos realizados


por uma AI, ostensiva ou sigilosamente, a fim de obter dados depositados em fontes
abertas, sejam elas originadas ou disponibilizadas por indivíduos e órgãos públicos
ou privados”. (BRASIL, 2009a, p. 32)

As ações de coleta se dividem em primárias e secundárias. As primárias são


aquelas que buscam dados disponíveis para qualquer um, ou seja, se encontram em
fontes abertas, como por exemplo: páginas da internet, sítios de relacionamento,
34

livros de uma biblioteca, dentre outros. São consideradas secundárias quando os


dados estão acessíveis apenas mediante autorização, como é o caso de acesso a
bancos de dados protegidos.

3.2.2 Ações de Busca

Ações de busca “são todos os procedimentos realizados pelo setor de


operações de uma AI, envolvendo ambos os ramos da ISP, a fim de reunir dados
protegidos ou negados, em um universo antagônico”. (BRASIL, 2009a, p. 32) São
exemplos de ações de busca: a vigilância, o recrutamento operacional, a infiltração,
a desinformação, a provocação, a entrevista, a entrada e a interceptação de sinais e
de dados. Será apresentada a definição de cada uma delas para uma melhor
compreensão.

3.2.2.1 Reconhecimento

O reconhecimento é a ação de busca realizada para obter dados


sobre o ambiente operacional ou identificar visualmente uma pessoa. Em regra,
serve de base para o planejamento de uma operação de inteligência. (BRASIL,
2009a)
De acordo com Ferro Júnior (2008) a ação de busca de reconhecimento é
utilizada para descrever o alvo, identificando sua localização, endereço mediante
fotos, mapas e pontos de referências; características do alvo como se está em área
urbana, se está em área de favela, se é região industrial, comercial, residencial etc.;
detalhar o tipo de construção, quem são os indivíduos que frequentam o ambiente;
vias de acesso e de fuga, obstáculos para se chegar ao local, principais pontos
onde pode haver a fixação de bases de observação etc.
35

3.2.2.2 Vigilância

Segundo Otávio Silva (2009) a vigilância classifica-se quanto ao alvo – fixo e


móvel; quanto aos agentes – a pé e transportada; e quanto ao grau de sigilo –
sigilosa ou ostensiva, ou seja, a ação de busca vigilância tem por objetivo a
observação contínua de um ou mais alvos.
Quando o alvo for classificado como imóvel, poderá ser feita a vigilância de
apenas um ponto de observação, podendo haver um ou mais agentes. Já na
vigilância móvel o alvo se encontra em constante movimento, necessitando de vários
pontos de observação, assim como do emprego de mais de um agente.

3.2.2.3 Recrutamento operacional

O recrutamento operacional, como cita Ferro Júnior (2008) significa


convencer uma pessoa externa a agencia de inteligência a colaborar em benefício
da segurança pública, é o chamado agente não orgânico. Para esse recrutamento
deve-se observar algumas situações como: qual o tipo de informação a ser
alcançada; quem são as pessoas que detêm ou têm acesso a informação etc.

3.2.2.4 Infiltração

O objetivo da ação de busca infiltração é colocar um agente de inteligência o


mais próximo possível do alvo, de modo a participar do seu círculo social. Antes de o
agente ser infiltrado ele deve passar por treinamentos específicos e testes para
comprovar se há a capacidade psicológica para assumir outra identidade e ser
dissimulado. (FERRO JÚNIOR, 2008)
O agente deve estar bem preparado, pois assume frequentemente situações
de risco e em ambiente hostil. Ele deve estar preparado para permanecer infiltrado
o tempo que for necessário para a obtenção das informações pretendidas. Para que
tudo isso ocorra ele deve utilizar técnicas operacionais de inteligência como:
disfarce, estória cobertura, recrutamento, dentre outras. (FERRO JÚNIOR, 2008)
36

3.2.2.5 Provocação

A ação de busca provocação trata, como o próprio nome indica, de provocar o


alvo a se comportar conforme os desejos da organização de inteligência, a DNISP
(2009) descreve que a provocação visa alterar o comportamento do alvo e passe
agir conforme os interesses da agencia de inteligência. É importante frisar que o alvo
não pode perceber que está sendo exposto a esse tipo de ação.

3.2.2.6 Entrevista

Na entrevista o agente de inteligência usa a conversação para obter dados.


Essa ação é mantida com objetivos definidos, planejada e controlada pelo
entrevistador. (BRASIL, 2009a)
O entrevistador deve objetivar a obtenção da maior quantidade de dados
importantes possíveis e manter um bom nível de relacionamento com o entrevistado
para alcançar o objetivo como destaca Ferro Júnior (2008).

3.2.2.7 Entrada

A ação de busca entrada necessita um maior planejamento presando sempre


pela cautela, pois o agente de inteligência tem a missão de entrar em locais de
acesso restrito sem ser visto ou identificado. Qualquer erro pode pôr em risco a
operação e até mesmo a vida do agente. (FERRO JÚNIOR, 2008)

Esta ação possibilita captar sons e imagens dos locais onde está o alvo. A
melhor maneira de utilizar a entrada é usando a técnica operacional de estória
cobertura, porém nem sempre é possível utiliza-la. Nesse caso é importante que o
agente tenha conhecimento sobre alarmes, fechaduras, desligamento de quadros de
energia, contar com a colaboração de vigias etc. (FERRO JÚNIOR, 2008)
37

3.2.2.8 Interceptação de sinais e de dados

Na interceptação de sinais (eletromagnéticos, acústicos e óticos) e de dados


a informação é obtida através de equipamentos específicos, operados pelos
integrantes da inteligência eletrônica. (BRASIL, 2009a)

Vale salientar que algumas ações de busca como entrada, infiltração e


interceptação de sinais e de dados só podem ser executadas mediante autorização
judicial, pois essas ações possuem natureza sigilosa.

Após todas as ações de busca serem apresentadas, é necessário explanar


sobre as técnicas operacionais de inteligência (TOI), já que são elas as
responsáveis por viabilizar estas ações.

A DNISP cita as principais TOI como: Processos de Identificação de Pessoas


(fotografia, retrato falado, fotometria, datiloscopia, DNA, voz, íris etc.); Observação,
Memorização e Descrição (exame minucioso de pessoas, locais, fatos e objetos por
meio da máxima utilização dos sentidos de modo a transmitir dados que possibilitem
a identificação); Estória-Cobertura (dissimulação utilizada para encobrir as reais
identidades dos agentes e das agências de inteligência); Disfarce (uso de recursos
naturais ou artificiais para modificar a aparência física); Comunicações Sigilosas
(emprego de formas e processos especiais para transmitir mensagens e objetos no
decorrer de uma operação); Leitura da Fala (técnica na qual um agente consegue
identificar, à distância, uma conversação possibilitando compreender o assunto);
Análise de Veracidade (utilização por meio de recursos tecnológicos ou metodologia
própria para saber se uma pessoa está falando a verdade); Emprego de Meios
Eletrônicos (utilização adequada dos equipamentos de captação, gravação e
reprodução de sons, imagens, sinais e dados) e Fotointerpretação (identificação de
significados através das imagens obtidas). (BRASIL, 2009a)
38

4 DO BATALHÃO, DA PESQUISA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Neste capitulo será apresentado o 3º Batalhão de Polícia Militar de Alagoas,


sua localização, funcionamento, área de atuação etc. Logo depois serão
apresentados os aspectos metodológicos da pesquisa, como e quando foram
aplicados os questionários, assim como esmiuçar os resultados obtidos através das
respostas dos policiais militares do 3º BPM para a partir daí lhes proporcionar
possíveis sugestões que podem melhorar a integração do serviço de inteligência da
Unidade e a eficiência de seus serviços no controle da criminalidade.

4.1 Conhecendo o 3º Batalhão de Polícia Militar da PMAL

O 3º BPM é localizado no agreste alagoano, com sua sede na cidade de


Arapiraca/AL. Sua área circunscricional compreende 15 cidades dentre as quais 8
(oito) fazem limite com Arapiraca, facilitando pela proximidade a necessidade de
prestar apoio e atender ocorrências, por outro lado, 6 (seis) cidades não fazem limite
com Arapiraca, chegando a cidade mais distante 55,2 km que é Teotônio Vilela.
Isso acarreta uma série de dificuldades como desgaste de veículos, tempo de
deslocamento, gasolina, ausência de viatura (VTR) e guarnição em Arapiraca por
mais tempo. O 3º BPM é diretamente subordinado ao CPAI-II (Comando de
Policiamento da Área-II), e possui um efetivo de 601 policiais militares, dos quais
são 18 oficiais e 583 praças, desses 601 muitos estão de licença especial, licença
para tratamento de saúde, férias etc. Reduzindo ainda mais o número de policiais
para serem empregados.

No Mapa 01, logo abaixo, é ilustrada toda a área circunscricional do 3º BPM,


onde a população de Arapiraca ultrapassa 230 mil habitantes e somando com os
habitantes das demais cidades chega a quase 550 mil habitantes. Marcando
aproximadamente um policial para cada 912 pessoas.
39

Mapa 01 - Mapa da área circunscricional do 3º BPM / 2015

Fonte: P/1 - 3º BPM

4.1.2 Emprego operacional do 3º BPM

O Art. 31 da Lei nº 6230 de 19 de abril de 2001 (Lei de Organização Básica


da Polícia Militar de Alagoas - LOB) prevê que a atividade da Polícia Militar
obedecerá a planejamento que vise principalmente a preservação da ordem, a
tranquilidade pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, através do
policiamento ostensivo, nas modalidades legalmente previstas. Diante disto o 3º
BPM desenvolve um serviço operacional visando cumprir o proposto na LOB.

Como o 3º BPM abrange uma área muito extensa e diversificada, o trabalho


desenvolvido nele é bastante eclético, já que necessita de serviços operacionais
especializados e adaptados a realidade da região como: trânsito, rádio
patrulhamento, Rocam, Pelopes, guarda de presídio, guarda de órgãos da justiça,
guarda do quartel, segurança de eventos esportivos, policiamento montado,
grupamento aéreo, segurança em entidades assistenciais, policiamento velado,
COPOM etc.
40

Como pôde ser visto, o 3º BPM mantém um envolvimento sério de todo o seu
efetivo e utiliza todos os meios disponíveis (pessoal e material) para servir a
comunidade arapiraquense e região.

4.1.3 COPOM

O Centro de Operações da Polícia Militar (COPOM) do 3º BPM é um setor


que tem contato direto com o público externo. Ele possui como finalidade dinamizar
as comunicações da Unidade atendendo a comunidade através do serviço telefônico
190, com o intuito de em menor espaço de tempo resolver o problema do solicitante,
a comunicação via rádio é coordenada por esta central com as diversas
modalidades de serviços do 3º BPM.

O COPOM, assim como a maioria das seções que dependem diretamente de


tecnologia, está passando por problemas como a precariedade de materiais, muitas
vezes o atendente recebe a chamada pelo 190, mas não consegue transmitir em
tempo hábil a demanda por falta de rádios portáteis (HT) ou pelas torres que
transmitem o sinal com muita interferência. O sistema de comunicação em geral da
PMAL está sendo renovado com a implantação do rádio e comunicação digital,
objetivando uma melhora significativa na comunicação, não só entre os policiais,
mas como também entre eles e o COPOM.

Outro problema encontrado está no sistema de comunicação do COPOM é


o SIMPLEX, capaz de se comunicar com as Companhias do 3º BPM,
podendo alcançar 35 quilômetros de raio, no entanto, por só existir uma
única antena instalado no topo de uma torre de quinze metros, localizada no
próprio prédio do COPOM, há locais na própria cidade de Arapiraca que os
sinais chegam com bastante interferência, a exemplo do bairro Manoel
Teles e Sítio Quati, áreas de grande índice de criminalidade, necessitando
da instalação de uma outra antena SIMPLEX em outro ponto do Município,
e no futuro a troca do sistema de comunicações por um sistema repetidor
DUPLEX com a frequência já solicitada a ANATEL, além do número
insuficiente de hand talk, no total de apenas 29 (vinte e nove) em operação
para servir a todo o 3º BPM, incapaz de suprir todos os pontos em que
tenha policiais militares de serviço, ficando estes sem contato via rádio com
o COPOM. (SIRQUEIRA; BARBOSA, 2008, p.30)
41

4.1.4 Policiamento operacional especializado do 3º BPM

O 3º BPM, como já foi citado, possui vários pelotões especializados como


Rocam, Pelopes, Rádiopatrulha, Força Tática, Águias etc. Esses pelotões são
responsáveis por atuarem nas suas respectivas áreas e se destacarem no que são
treinados pra fazer. A Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas), por
exemplo, é uma modalidade de policiamento que tem por conceito segundo o
manual de policiamento com motocicletas do Batalhão de Rádio Patrulha da Polícia
Militar de Alagoas, o “tipo de policiamento realizado com veículos de duas rodas, em
locais de trânsito intenso, sempre com apoio de um veículo de quatro rodas”
(manual de policiamento com motocicletas, 2007, p. 01), este serviço operacional
visa oferecer maior mobilidade nas vias de trânsito urbano e rural. Sua finalidade é
proporcionar um eficiente desempenho no atendimento de ocorrências policiais, que
necessitem de um deslocamento do policial com rapidez e agilidade, tendo em vista
que a área do 3º BPM, principalmente na cidade de Arapiraca, possui um número
muito alto de motocicletas e um trânsito cada vez mais congestionado que
dificultariam muito o deslocamento em outros tipos de viaturas.

A Rocam atualmente possui uma área livre de atuação, dentro dos limites do
município de Arapiraca e possui um baixo custo de manutenção e consumo de
combustível. O pelotão da Rocam possui um estágio com duração de 15 dias
denominado Estágio de Nivelamento em Rocam (ENOR), nele policiais do 3º BPM,
da capital e de outros estados podem aperfeiçoar suas técnicas específicas deste
policiamento.

O Pelopes (Pelotão de Operações Especiais) executa as atribuições do


policiamento especializado, além de fazer o recobrimento de área, apoiando o
policiamento normal, principalmente em ocorrências de maior porte, também atuam
com controle de distúrbios civis e policiamento de jogos, assim como em rebeliões
penitenciárias.

Os Águias é a modalidade responsável pelo policiamento de trânsito, era


executado inicialmente apenas através de motocicletas, mas atualmente trabalha
com veículos de quatro rodas também. Fazem blitz, notificam, disciplinam o trânsito,
42

assim como confeccionam boletins de acidentes de trânsito. Atuam em toda a área


da cidade de Arapiraca durante 24 horas, trabalham em parceria com o órgão
municipal de trânsito – SMTT, apoia o BPRv e o policiamento normal do BPM.

A Força Tática e a Radiopatrulha atuam de modo semelhante, fazem o


serviço de rádio patrulhamento, atendem ocorrências repassadas pelo COPOM e
ainda executam serviços extras como a maioria dos pelotões. Esses dois pelotões
são os responsáveis pela maior parte das apreensões do batalhão referente a armas
e drogas, atuam diuturnamente fazendo recobrimento de área em toda a cidade de
Arapiraca e dando apoio às cidades circunvizinhas.

4.2 Aspectos Metodológicos da Pesquisa

4.2.1 Tipo de Pesquisa

O tipo de pesquisa utilizado foi a descritiva, com emprego de questionários


contendo questões do tipo fechadas.

4.2.2 Amostra

Foram entrevistados 60 (sessenta) policiais militares do 3º Batalhão de Polícia


Militar (3º BPM), sendo 10 (dez) Oficiais e 50 (cinquenta) Praças, ou seja, uma
amostra em torno de 10% de um universo de 601 (seiscentos e um) policiais militares
lotados na Unidade.

4.2.3 Instrumento

O instrumento utilizado foi a pesquisa de campo através da aplicação de


questionários tipo fechados, contendo cada questionário 10 (dez) questões, com o
43

objetivo de se conhecer as opiniões dos policiais militares sobre a importância da


atividade de inteligência no controle da criminalidade na área do 3º BPM da PMAL.

4.2.4 Procedimento para Coleta de Dados

O Comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar tomou conhecimento por meio


do boletim interno da corporação (BGO nº 170 – 15 de Setembro de 2015), a fim de
obter permissão para a aplicação dos questionários aos policiais militares de sua
Unidade. Diante disso, foram aplicados os instrumentos de pesquisas do dia 16 ao
dia 23 de setembro de 2015, nas diversas repartições da Unidade com auxilio de
oficiais e praças.

4.3 Da Pesquisa

4.3.1 Formulação do Problema

Qual a importância que a atividade de inteligência policial possui no controle


da criminalidade na área do 3º batalhão da PMAL?

4.3.2 Da hipótese Formulada

O emprego do efetivo da Unidade Operacional como agente informal e uma


maior integração entre serviço de inteligência e o efetivo da UOp, assim como
capacitar os policiais militares do batalhão na área de inteligência com estágios e
cursos contribui positivamente no subsídio do processo de decisão do Comando do
3º BPM e controle dos índices criminais.
44

4.4 Da Análise e Interpretação dos Dados

Neste item será feito uma análise de cada questão respondida pelos
entrevistados a partir dos gráficos e tabelas que foram extraídos de um questionário
aplicado a 60 policiais militares do 3º BPM dos quais 10 foram respondidos por
oficiais e 50 por praças, representando 10% do efetivo total do batalhão.

Gráfico 1 - Posicionamento dos entrevistados quanto se o controle da


criminalidade seria mais eficiente se houvesse uma maior integração entre o
policiamento ostensivo e o serviço de inteligência – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor

Analisando o gráfico 1 (um), verifica-se que 93,33% dos policiais militares


questionados acham que o controle da criminalidade seria mais eficiente se
houvesse uma maior interação entre o policiamento ostensivo e o serviço de
inteligência, enquanto que 6,67% responderam que talvez seria mais eficiente.
Ninguém votou que não seria mais eficiente. Diante disso, é nítida a necessidade de
fortalecer a relação do serviço ostensivo e o velado, podendo a partir daí gerar boas
estratégias no combate à criminalidade.
45

Gráfico 2 - Posicionamento dos entrevistados quanto ser orientado a informar


ao Serviço de Inteligência da Unidade Operacional qualquer fato que tenha
conhecimento sobre a criminalidade – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor

No gráfico 2 (dois), se constata que 45% dos pesquisados responderam que a


tropa é orientada a informar ao serviço de inteligência os fatos de que tomam
conhecimento sobre a criminalidade, já 35% afirmam que às vezes são orientados,
por outro lado 20% diz que a tropa não é orientada a repassar os conhecimentos.
Demonstrando-se desta forma, a importância da participação do efetivo da UOp, no
processo de investigação da criminalidade, pois, maioria dos policiais militares
recebem ou já receberam orientação para transmitirem os dados, no entanto resta
sabermos se as informações realmente chegam ao P/2 da UOp por meio de
relatórios, comunicações, boletim de ocorrência etc.
46

Gráfico 3 - Posicionamento dos entrevistados se normalmente informam ao


Serviço de Inteligência da Unidade Operacional, ou a qualquer outro setor
da Unidade, os fatos relativos à criminalidade que chegam ao seu
conhecimento – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor

Analisando o gráfico 3 (três), se constata que 73,33% dos pesquisados


responderam que informam ao serviço de inteligência os fatos de que tomam
conhecimento relativos a criminalidade, outros 16,67% afirmam que raramente
repassam esses dados. Por outro lado 10% disseram não comunicar aos P/2 da
UOp ou qualquer setor da Unidade os fatos relacionados a criminalidade. Com isto,
fica demonstrado que maioria dos questionados têm consciência da importância de
comunicar ao P/2 de suas UOp ou a qualquer setor da Unidade, os fatos e dados
relacionados a criminalidade, que tenham tomado conhecimento, a fim de
cooperarem com os Comandos das UOp nas tomadas de decisões e emprego
adequado do policiamento no combate aos infratores.
47

Gráfico 4 - Posicionamento dos entrevistados quanto ao fator principal que


leva o policial militar a não encaminhar ao Serviço de Inteligência de sua
Unidade fatos relativos à criminalidade – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor

O gráfico 4 (quatro), mostra que dos pesquisados que não informam ao


serviço de inteligência os fatos de que tomam conhecimento relativos a
criminalidade, responderam 16,67% que é por falta de orientação, outros 16,67%
afirmam que não há credibilidade no processamento dos dados, já 33,33% não
confiam nos Agentes de Inteligência (P2), enquanto os 33,33% restantes sentem
receio de se expor a represálias. No entanto, os impedimentos acima citados
dificultam o encaminhamento pela tropa de dados relativos a criminalidade à P/2 da
UOp, demonstrando a comunicação precária entre a tropa e os homens do Sistema
de Inteligência, além de dar mostras da impotência da Polícia Militar ante o “crime
organizado” que, em sua evolução, vem alcançando patamares altíssimos de
organização e sofisticação.
48

Gráfico 5 - Posicionamento dos entrevistados quanto se há contribuição da


comunidade com dados importantes que auxiliam a tomada de decisões da
unidade no combate à criminalidade – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor

Estudando o gráfico 5 (cinco), podemos constatar que 46,67% dos


pesquisados responderam que a comunidade contribui com dados importantes que
auxiliam o processo decisório da Unidade, outros 38,33% afirmam que raramente a
comunidade contribui. Já outros 15% responderam que a comunidade não auxilia
com esses dados importantes. Esses dados mostram que o elo de ligação entre a
comunidade e o 3º batalhão ainda é precário, ajudando assim a dificultar a interação
e resolução dos problemas locais por falta dessa ligação.
49

Gráfico 6 - Posicionamento dos entrevistados quanto se há incentivos


por parte do Batalhão à comunidade a cooperar com a Polícia Militar, através
de programas de combate à criminalidade, de forma a garantir o sigilo e a
integridade do cidadão – Arapiraca - 2015

Fonte: O autor

Estudando o gráfico 6 (seis), podemos constatar que 25% dos pesquisados


responderam que o Batalhão incentiva a comunidade a cooperar com a Polícia
Militar por meio de programas de combate à criminalidade, garantindo o sigilo e
integridade do cidadão, outros 50% afirmam que raramente a o batalhão incentiva.
Já outros 25% responderam que o batalhão não incentiva essa prática. Com isso,
fica demonstrado que maioria dos policiais questionados acreditam que sua UOp
vem incentivando a comunidade através de programas educativos de combate a
criminalidade (“crime organizado”, tráfico e consumo de drogas etc), obtendo desta
forma, a cooperação e um bom relacionamento com a mesma, na busca de dados
oportunos contra à criminalidade, bem como, fazendo com que o cidadão ao
colaborar com a Polícia Militar no combate a criminalidade, tenha sua integridade e o
sigilo preservado.
50

Gráfico 7 - Posicionamento dos entrevistados quanto se os policiais militares


são motivados a encaminhar fatos sobre a segurança pública ao serviço de
inteligência da Unidade Operacional faria com que o Batalhão dispusesse de
um serviço de informações capaz de solucionar os problemas na área de sua
competência – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor

No gráfico 7 (sete), podemos constatar que 48,34% dos pesquisados


responderam que existiria um bom serviço de informações capaz de solucionar os
problemas na área da competência do batalhão se os PMs da Unidade fossem
motivados a encaminhar os fatos ao serviço de inteligência, já 38,33% responderam
que talvez tivesse esse serviço, já 13,33% responderam que não haveria esse
eficiente serviço. Ficando assim demonstrado, que maioria dos policiais militares
acreditam que os fatos que tomarem conhecimento sobre a Segurança Pública
serão passados a P/2 da UOp, desde que haja orientações aos policiais nesse
sentido, fazendo com que os mesmos sejam estimulados e motivados a agirem
como agentes informais do Serviço de Inteligência de suas Unidades e desta forma
colaborarem, fazendo com que a UOp disponha de uma P/2 capaz de resolver
qualquer problema na área de sua competência.
51

Gráfico 8 - Posicionamento dos entrevistados quanto se durante sua


carreira militar frequentou algum curso ou estágio que o ensinasse a
desenvolver a capacidade de observação e análise, próprias de agente de
inteligência – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor

O gráfico 8 (oito), mostra que 56.66% dos policiais militares responderam que
durante sua carreira militar não frequentaram nenhum curso ou estágio que o
ensinasse a desenvolver técnicas próprias da atividade de inteligência, por outro
lado 43,34% afirmaram já terem feito um curso ou estágio do gênero. Com isto, fica
demonstrado que é importante que haja Cursos e Estágios de especializações na
área de Inteligência para desenvolver a capacidade de observação e análise,
próprias de um agente de inteligência, criando no policial militar a consciência da
importância de atuarem como agentes informais das P/2 das UOp, passando para
suas Unidades os dados importantes que tomarem conhecimento, a fim de
desenvolver a capacidade de observação e análise, próprios de uma agente de
Inteligência, o que viabilizaria as investigações sobre a criminalidade.
52

Gráfico 9 - Posicionamento dos entrevistados que afirmaram não terem feito


nenhum curso ou estágio onde tiveram contato com técnicas da atividade de
inteligência, se seria importante capacitar os policiais da Corporação com
cursos ou estágios nesse sentido – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor

O gráfico 9 (nove), mostra que 85,29% dos policiais militares responderam


que seria importante em sua carreira ter feito um curso ou estágio que o ensinasse a
desenvolver técnicas próprias da atividade de inteligência, 11,77% afirmaram que
talvez seria importante, já 2,94% não achariam importante. Com isto, fica
demonstrado que maioria das Praças questionadas acreditam na necessidade de ter
em seus currículos Cursos ou Estágios de Inteligência, uma vez que facilitará sem
dúvida, seu desempenho na busca e coletas de dados relacionados com a
criminalidade, passando os mesmos para a P/2 da UOp .
53

Gráfico 10 – Posicionamento dos entrevistados que afirmaram ter


participado de curso ou estágio sobre atividade de inteligência, se acharam
importante os ensinamentos adquiridos nele para o desempenho do
trabalho policial militar – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor

Estudando o gráfico 10 (dez), podemos constatar que 100%, ou seja, todos os


pesquisados responderam que os ensinamentos adquiridos no curso ou estágio que
o ensinasse a desenvolver a capacidade de observação e análise, próprias de
agente de inteligência foram importantes para o desempenho do seu trabalho policial
militar. Ficando assim demonstrado, a importância de inserir Cursos ou Estágios de
Inteligência para os policiais militares, de forma a desenvolver uma mentalidade de
inteligência policial nas coletas e buscas de dados sobre as diversas práticas
delituosas, e desta maneira colaborar com o Sistema de Inteligência da Polícia
Militar no combate à criminalidade.
54

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como é previsto na Constituição Federal de 1988, a atividade de polícia


ostensiva e de preservação da ordem pública é muito abrangente, englobando toda
e qualquer atuação na área de Segurança Pública, que requer um alto grau de
profissionalização, e neste sentido, não podemos prescindir do Serviço de
Inteligência, meio capaz de fazer face à evolução crescente da criminalidade.

As informações, no campo da Segurança Pública, têm que ser dinâmicas,


atuante, a fim de capacitar a prevenção, a obstar realmente a prática do delito,
através da presença do homem fardado.

Mas para a eficácia desta prevenção, é necessário que o Serviço de


Inteligência selecione agentes de inteligência capacitados e qualificados, que
tenham conhecimentos de modernas tecnologias, visando efetuar uma investigação
eficiente. Os policiais militares, de maneira geral, são agentes em potenciais, e no
desempenho de suas funções, vivenciam os problemas atinentes a Segurança
Pública, por manter bons relacionamentos com as Comunidades de bairros, através
do Policiamento Comunitário, além disso, é importante o intercâmbio de informações
com os diversos organismos policiais e guardas municipais, observando-se o que
preceitua a legislação vigente quanto ao sigilo e salvaguarda dos assuntos sigilosos.

A tropa detém uma gama enorme de conhecimentos sobre a criminalidade e,


conforme ficou comprovado no presente trabalho, esses dados, quando canalizados
para a P/2 da UOp e 2ª Seção do EMG, sendo devidamente processados e
analisados, contribuirão sobremaneira na aplicação do policiamento.

A investigação aqui preconizada visa, de acordo com a própria designação


constitucional da Polícia Militar, a prevenção, a antecipação aos delitos, chegando-
se, inclusive, à identificação dos seus autores e seus modus operandi.

A investigação, após o conhecimento do delito, já implica em uma


investigação judicial, que é competência da Polícia Judiciária.

O conhecimento do delinquente e do seu modo de agir são imprescindíveis


para a aplicação de um policiamento adequado e oportuno, assim como é de
extrema importância a identificação e fornecimento destes dados específicos sobre a
55

criminalidade à P/2 da UOp pela tropa, devendo ser comunicados imediatamente a


2ª Seção do EMG (PM/2).

A tropa terá que ser motivada, capacitada, e instruída, constantemente, para


anotar características e dados observados ou obtidos na sua área de atuação.

Ficou evidenciado que esta motivação deve estar aliada à orientação em


fornecer os dados, criando no homem uma nova mentalidade: a de Inteligência,
desmistificando a figura do agente da 2ª Seção, que deve ser depurado, a fim de
que retome a sua confiabilidade.

O controle e a inibição do crescente índice de criminalidade na área do 3º


batalhão é possível, a partir de um Sistema de Inteligência eficiente e confiável, com
profissionais responsáveis pela execução das medidas de Segurança Pública,
abastecidos de dados de toda ordem, e do emprego de modernas tecnologias que
lhe permitam, com boa margem de segurança, conhecer perfeitamente bem, sua
missão, os meios de que dispõe para cumpri-la e os óbices com os quais poderá
defrontar-se nesse sentido.

Após analisar a importância do emprego do Serviço de Inteligência da Polícia


Militar na Investigação da Criminalidade na área do 3º batalhão, apresento uma
proposta, a título de sugestão que, se colocada em prática, irá proporcionar mais
eficiência no desempenho policial militar.

A proposta consiste na adoção das medidas abaixo:

- Criar Cursos e Estágios de Inteligência que alcancem o efetivo do 3º


batalhão, a fim de proporcionar ao policial militar, o desenvolvimento da capacidade
de observação e análise;
- Incutir no policial militar, a necessidade de obter dados importantes, no local
do policiamento ostensivo onde atua;
- Preservar a integridade do policial militar informante;
- Proporcionar recursos materiais e financeiros para aumentar a eficiência do
Serviço de Inteligência da unidade, principalmente quanto à aquisição de novas
tecnologias e equipamentos de informática;
56

- Promover intercâmbio e cursos de especialização, na área de inteligência


policial, com outras polícias mais evoluídas, a fim de manter os integrantes da 2ª
Seção do EMG (PM/2) constantemente atualizados;
- Desenvolver programas sociais que incentivem a aproximação da
comunidade com a polícia militar, para que seja estabelecido um vínculo fortalecido
de confiança e credibilidade. Facilitando muito a obtenção dos dados relativos à
criminalidade da área, ao mesmo tempo garantindo o sigilo e proteção dos que
pretendem ajudar;
- Incentivar o PM da unidade, para que, no término do seu serviço, abasteça o
Sistema de Inteligência, com dados que tiver adquirido;
- Conscientizar a tropa em geral, a fornecer os dados que tenham
conhecimento sobre a criminalidade;
- Motivar e Orientar a tropa, dando ênfase aos fatores doutrinários essenciais,
para que não haja receio de represálias, com o comprometimento de dados
importantes fornecidos ao Serviço de Inteligência;
- Promover uma boa relação do efetivo da unidade com o pessoal do Serviço
de Inteligência, a fim de que possibilite uma comunicação sadia entre os mesmos;
- Manter os policiais militares em contato imediato com os P/2 das UOp,
cabendo no entanto, aos P/2 após, processarem e analisarem os dados obtidos nas
buscas e coletas, passa-los imediatamente aos seus comandantes de UOp e 2ª
Seção do EMG;
- Enviar, obrigatoriamente, todos os relatórios e comunicações de ocorrências
aos P/2 da UOp;
- Estimular o policial militar, como agente informal, através de orientações,
elogios e entregas de medalhas de mérito policial toda vez que uma informação
valiosa ajude a UOp no combate a criminalidade.
57

REFERÊNCIAS

ABIN – Agência Brasileira de Inteligência. Atividade de Inteligência. Breve histórico


da atividade de inteligência no Brasil. Disponível em:
www.abin.gov.br/.../mastop_publish/Atividade de Inteligência. Acesso em:
01/09/2015, 20:50 h.

ALAGOAS. Polícia Militar de Alagoas. Lei de Organização Básica da Polícia


Militar de Alagoas - LOB. 2001.

______. Polícia Militar de Alagoas. 3º Batalhão de Polícia Militar. Plano Municipal


de Segurança Pública (Policiamento Ostensivo Comunitário). Arapiraca-Al.
2005.

AZEVEDO, Daniel Lorenz de. Atividade de Inteligência na prevenção do crime


organizado. In: ATIVIDADES DE INTELIGÊNCIA NO BRASIL: CONTRIBUIÇÕES
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BRANDÃO, Priscila C; CEPIK, Marco A. C. Inteligência de Segurança Pública:


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Brasília: Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP/MJ, 2009ª

BUENO, André da Silva. A Arte da Guerra: os treze capítulos originais / Sun Tzu;
adaptação e tradução de André da Silva Bueno. São Paulo: Jardim dos Livros. 2011.

BUZANELLI, Márcio Paulo. Evolução histórica da atividade de inteligência no


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CEPIK, Marco Antonio C. Espionagem e Democracia. Rio de Janeiro: FGV, 2003.

______. Inteligência de segurança pública: teoria e prática no controle da


criminalidade. Niteroi/RJ: Impetrus, 2013.

CRUZ, Juliana Cristina da. A Atividade de Inteligência de Segurança Pública


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60

APÊNDICES
APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO DESTINADO AOS POLICIAS MILITARES DO 3º BPM

Visando colher dados para a confecção do trabalho monográfico, a ser


apresentado a APMSAM, solicito que responda este questionário que se
destina a verificar o grau de importância do serviço de inteligência da unidade
e sua participação nas atuações policiais desencadeadas pelo 3º Batalhão da
Polícia Militar de Alagoas.

1. O controle da criminalidade seria mais eficiente se houvesse uma maior


integração entre o Policiamento Ostensivo e o Serviço de Inteligência?

a. Sim ( ) / b. ( ) Não / c. ( ) Talvez

2. A tropa é orientada a informar ao Serviço de Inteligência da Unidade Operacional


qualquer fato que tenha conhecimento sobre a criminalidade?

a. ( ) Sim / b. ( ) Não / c. ( ) Às vezes

3. Normalmente você informa ao Serviço de Inteligência da Unidade Operacional,


ou a qualquer outro setor da Unidade, os fatos relativos à criminalidade que
chegam ao seu conhecimento?

a. ( ) Sim / b. ( ) Não / c. ( ) Raramente

4. Caso a resposta da pergunta anterior seja NÃO, qual o fator principal que leva o
policial militar a não encaminhar ao Serviço de Inteligência de sua Unidade fatos
relativos à criminalidade que tomam conhecimento e que poderiam ser fundamentais
para os resultados positivos dos nossos serviços?

a( ) Por falta de orientação


b( ) Falta de credibilidade no processamento dos dados
c( ) Falta de confiança no Agente de Inteligência (P2)
d( ) Receio de se expor a represálias
e( ) Outros ______________________________________________________
_________________________________________________________________
5. Geralmente a comunidade contribui com dados importantes que auxiliam a
tomada de decisões da unidade no combate à criminalidade?

a. ( ) Sim / b. ( ) Não / c. ( ) Raramente

06. O Batalhão incentiva à comunidade a cooperar com a Polícia Militar, através de


programas de combate à criminalidade, de forma a garantir o sigilo e a integridade
do cidadão?

a. ( ) Sim / b. ( ) Não / c. ( ) Raramente

7. De acordo com sua opinião, os policiais da unidade, orientados e motivados a


encaminhar ao Serviço de Inteligência da Unidade Operacional os fatos que lhes
chegam ao conhecimento, relacionados com a Segurança Pública, fariam com
que o Batalhão dispusesse de um Serviço de Informações capaz de solucionar
qualquer problema, na área de sua competência?

a. ( ) Sim / b. ( ) Não / c. ( ) Talvez

8. Durante sua carreira militar você frequentou algum curso ou estágio que o
ensinasse a desenvolver a capacidade de observação e análise, próprias de
agente de inteligência?

a. ( ) Sim / b. ( ) Não

09. Caso a resposta anterior tenha sido negativa, você acha que seria importante
capacitar os policiais da Corporação com cursos ou estágios nesse sentido?

a. ( ) Sim / b. ( ) Não / c. ( ) Talvez

10. Sendo positiva a resposta da oitava questão, você acha importante os


ensinamentos adquiridos no curso/estágio sobre inteligência para o desempenho
do seu trabalho policial militar?

a. ( ) Sim / b. ( ) Não / c. ( ) Talvez

Muito obrigado pela colaboração! NÃO é necessário sua identificação.


APÊNDICE B

Tabela 1 – Posicionamento dos entrevistados quanto se o controle da


criminalidade seria mais eficiente se houvesse uma maior integração entre o
policiamento ostensivo e o serviço de inteligência – Arapiraca - 2015

RESPOSTA QUANTIDADE Fr (%)


Sim 56 93,33%
Talvez 4 6,67%
TOTAL 60 100%

Fonte: O autor

Gráfico 1 - Posicionamento dos entrevistados quanto se o controle da


criminalidade seria mais eficiente se houvesse uma maior integração entre o
policiamento ostensivo e o serviço de inteligência – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor

.
APÊNDICE C

Tabela 2 - Posicionamento dos entrevistados quanto ser orientado a informar


ao Serviço de Inteligência da Unidade Operacional qualquer fato que tenha
conhecimento sobre a criminalidade – Arapiraca – 2015

RESPOSTA QUANTIDADE Fr (%)


Sim 27 45%
Não 12 20%
Às vezes 21 35%
TOTAL 60 100%

Fonte: O autor

Gráfico 2 - Posicionamento dos entrevistados quanto ser orientado a informar


ao Serviço de Inteligência da Unidade Operacional qualquer fato que tenha
conhecimento sobre a criminalidade – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor
APÊNDICE D

Tabela 3 - Posicionamento dos entrevistados se normalmente informam ao


Serviço de Inteligência da Unidade Operacional, ou a qualquer outro setor
da Unidade, os fatos relativos à criminalidade que chegam ao seu
conhecimento – Arapiraca – 2015

RESPOSTA QUANTIDADE Fr (%)


Sim 44 73,33%
Não 6 10%
Talvez 10 16,67%
TOTAL 60 100%

Fonte: O autor

Gráfico 3 - Posicionamento dos entrevistados se normalmente informam ao


Serviço de Inteligência da Unidade Operacional, ou a qualquer outro setor
da Unidade, os fatos relativos à criminalidade que chegam ao seu
conhecimento – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor
APÊNDICE E

Tabela 4 - Posicionamento dos entrevistados quanto ao fator principal que leva


o policial militar a não encaminhar ao Serviço de Inteligência de sua Unidade
fatos relativos à criminalidade – Arapiraca – 2015

RESPOSTA QUANTIDADE Fr (%)


Falta de orientação 1 16,67%
Não confia no processamento dos 1 16,67%
dados
Não confia no Agente de Inteligência 2 33,33%
(P2)
Receio de se expor a represálias 2 33,33%
TOTAL 6 100%

Fonte: O autor

Gráfico 4 - Posicionamento dos entrevistados quanto ao fator principal que


leva o policial militar a não encaminhar ao Serviço de Inteligência de sua
Unidade fatos relativos à criminalidade – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor
APÊNDICE F

Tabela 5 – Posicionamento dos entrevistados quanto se há contribuição da


comunidade com dados importantes que auxiliam a tomada de decisões da
unidade no combate à criminalidade – Arapiraca – 2015

RESPOSTA QUANTIDADE Fr (%)


Sim 28 46,67%
Não 9 15%
Raramente 23 38,33%
TOTAL 60 100%

Fonte: O autor

Gráfico 5 - Posicionamento dos entrevistados quanto se há contribuição da


comunidade com dados importantes que auxiliam a tomada de decisões da
unidade no combate à criminalidade – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor
APÊNDICE G

Tabela 6 - Posicionamento dos entrevistados quanto se há incentivos


por parte do Batalhão à comunidade a cooperar com a Polícia Militar, através
de programas de combate à criminalidade, de forma a garantir o sigilo e a
integridade do cidadão – Arapiraca - 2015

RESPOSTA QUANTIDADE Fr (%)


Sim 15 25%
Não 15 25%
Raramente 30 50%
TOTAL 60 100%

Fonte: O autor

Gráfico 6 - Posicionamento dos entrevistados quanto se há incentivos


por parte do Batalhão à comunidade a cooperar com a Polícia Militar, através
de programas de combate à criminalidade, de forma a garantir o sigilo e a
integridade do cidadão – Arapiraca - 2015

Fonte: O autor
APÊNDICE H

Tabela 7 – Posicionamento dos entrevistados quanto se os policiais militares


são motivados a encaminhar fatos sobre a segurança pública ao serviço de
inteligência da Unidade Operacional faria com que o Batalhão dispusesse de
um serviço de informações capaz de solucionar os problemas na área de sua
competência – Arapiraca – 2015

RESPOSTA QUANTIDADE Fr (%)


Sim 29 48,34%
Não 8 13,33%
Talvez 23 38,33%
TOTAL 60 100%

Fonte: O autor

Gráfico 7 - Posicionamento dos entrevistados quanto se os policiais militares


são motivados a encaminhar fatos sobre a segurança pública ao serviço de
inteligência da Unidade Operacional faria com que o Batalhão dispusesse de
um serviço de informações capaz de solucionar os problemas na área de sua
competência – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor
APÊNDICE I

Tabela 8 - Posicionamento dos entrevistados quanto se durante sua carreira


militar frequentou algum curso ou estágio que o ensinasse a desenvolver a
capacidade de observação e análise, próprias de agente de inteligência –
Arapiraca – 2015

RESPOSTA QUANTIDADE Fr (%)


Sim 26 56,66%
Não 34 43,34%
TOTAL 60 100%

Fonte: O autor

Gráfico 8 - Posicionamento dos entrevistados quanto se durante sua


carreira militar frequentou algum curso ou estágio que o ensinasse a
desenvolver a capacidade de observação e análise, próprias de agente de
inteligência – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor
APÊNDICE J

Tabela 9 - Posicionamento dos entrevistados que afirmaram não terem feito


nenhum curso ou estágio onde tiveram contato com técnicas da atividade de
inteligência, se seria importante capacitar os policiais da Corporação com
cursos ou estágios nesse sentido – Arapiraca – 2015

RESPOSTA QUANTIDADE Fr (%)


Sim 29 85,29%
Não 1 2,94%
Talvez 4 11,77%
TOTAL 34 100%

Fonte: O autor

Gráfico 9 - Posicionamento dos entrevistados que afirmaram não terem feito


nenhum curso ou estágio onde tiveram contato com técnicas da atividade de
inteligência, se seria importante capacitar os policiais da Corporação com
cursos ou estágios nesse sentido – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor
APÊNDICE K

Tabela 10 – Posicionamento dos entrevistados que afirmaram terem


participado de curso ou estágio sobre atividade de inteligência, se acham
importante os ensinamentos adquiridos nele para o desempenho do
trabalho policial militar – Arapiraca – 2015

RESPOSTA QUANTIDADE Fr (%)


Sim 26 100%
Não 0 0%
Talvez 0 0%
TOTAL 26 100%

Fonte: O autor

Gráfico 10 – Posicionamento dos entrevistados que afirmaram ter


participado de curso ou estágio sobre atividade de inteligência, se acharam
importante os ensinamentos adquiridos nele para o desempenho do
trabalho policial militar – Arapiraca – 2015

Fonte: O autor

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