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GOVERNO DO ESTADO DO AMAPÁ

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ


CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO
CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS

AL SGT QPPMC ALBERT LIMA RAMALHO Nº 80

POLICIAIS: TORNIQUETES DA NAÇÃO, ATÉ QUANDO?

Macapá-AP
2022
AL SGT QPPMC ALBERT LIMA RAMALHO Nº 80
3°- PELOTÃO

POLICIAIS: TORNIQUETES DA NAÇÃO, ATÉ QUANDO?

Trabalho apresentado como requisito da


disciplina de Procedimento Operacional
Padrão da PM-AP – POP 19:
Atendimento de ocorrência em horário
de folga, ministrada pelo instrutor 1º
TEN QOPMA WILLIMAN DO
NASCIMENTO MARQUES do Curso
de Formação de Sargentos 2022 da
Polícia Militar do Amapá.

MACAPÁ
2022
POLICIAIS: TORNIQUETES DA NAÇÃO, ATÉ QUANDO?

O Estado, de acordo com o anuário brasileiro de 2019, demonstra o recorrente


descaso com os profissionais de segurança pública, no que tange, a dados estatísticos de
vulnerabilidades destes profissionais. Pouco são os levantamentos de dados sobre
policiais vitimados em serviço e de folga, pois nenhuma política pública sobre estas
questões foi desenvolvida pelo Estado brasileiro, mesmo com a vigência da Lei
13.675/18 (Lei do Sistema Único de Segurança Pública - SUSP) que prevê, dentre
outras questões, a “[...] proteção, valorização e reconhecimento dos profissionais de
segurança pública” (Art. 4º, II); [...] o atendimento prioritário, qualificado e humanizado
às pessoas em situação de vulnerabilidade” (Art. 5º, X), [...] estimular a criação de
mecanismos de proteção dos agentes públicos que compõem o sistema nacional de
segurança pública e de seus familiares (Art. 6º, XXI); e [...] estimular e incentivar a
elaboração, a execução e o monitoramento de ações nas áreas de valorização
profissional, de saúde, de qualidade de vida e de segurança dos servidores que
compõem o sistema nacional de segurança pública (Art. 6º, XXII).

Legitimados no artigo 144 da Constituição Federal, as forças de segurança são


responsáveis direto pela manutenção da ordem e cumprimento das leis estatais. No
entanto, o material humano, peça chave nesse equilíbrio estatal, mostra-se cada vez
mais vulnerável aos riscos atinentes a sua função. Uma vez que, o número de mortes de
policiais cresce ano após ano.

Dados do anuário brasileiro de segurança comprovam que a grande maioria das


mortes de policiais estão diretamente relacionadas a sua função e ao trabalho de cunho
repressivo executado por eles. Muito disso, deve-se a falta de aparato estatal,
principalmente quando em momentos de folga, que é quando ficam expostos a maior
vulnerabilidade.

Outro fator errôneo da administração pública é manter o mito do policial herói


sempre vivo, o que gera a omissão do Estado para questões básicas de melhoria em suas
condições socias e de trabalho. Faz com que o policial atue imbuído do ethos do
guerreiro, que pressupõe ser imune a qualquer tipo de dificuldade. Em números
absolutos, 343 policiais civis e/ou militares foram mortos em 2018 em confronto ou por
lesão não natural (descartando-se, portanto, os casos de acidente de trânsito e suicídio),
o que significa, na comparação com o ano de 2017, uma redução de 8% no número de
mortes (em 2019 foram 373 mortes). No comparativo com 2017, por exemplo, no
Amapá houve um crescimento de 600% das mortes e a maioria ocorreram fora do
serviço. Importante destacar, que só pelo fato de serem policiais e estarem de folga
tornam-se alvo fáceis para delinquentes. O problema maior é o não reconhecimento
pelas policiais brasileiras a morte de um policial de folga como sendo um fenômeno
recorrente da sua condição de policial, o que desencadeia a falta de reconhecimento,
respeito e do direito devido as famílias destes agentes.
REFERÊNCIAS:

CERQUEIRA, D.; LEMGRUBER, J.; MESUMECI, L. (Orgs.) Criminalidade,


Violência e Segurança Pública no Brasil: Uma Discussão sobre as Bases de Dados e
Questões Metodológicas. 1º Encontro: CONCEITUAÇÃO DO SISTEMA DE
JUSTIÇA CRIMINAL CRIME E RELATO I: AS BASES DE DADOS POLICIAIS.
IPEA/CESEC, 2000. Disponível em: https://bit.ly/2k5dVJi.

MINAYO, Maria Cecilia de Souza. Vitimização profissional. In: LIMA, Renato Sergio
de. RATTON, José Luiz. AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli. (Orgs.) Crime, Polícia e
Justiça no Brasil. São Paulo: Contexto, 2014. Voltar ao Sumário 53 Voltar ao Sumário

FRANÇA, Fábio Gomes de. “O Soldado é Algo que se Fabrica”: Notas Etnográficas
sobre um Curso de Formação Policial Militar. Revista TOMO, São Cristóvão, Sergipe,
Brasil, n. 34, p. 359-392, jan./jun. 2019.

ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA 2019. “Policiais: torniquetes


da nação, até quando?”. SOUZA, Elisandro Lotin; OLIVEIRA, Micheline Ramos.
Editora: Seepix D’lippi. Páginas 52 a 54.

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