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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ


DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO CONTÁBIL E FINANCEIRA

CLAUDIA DENIZE DE OLIVEIRA

PROCESSO DE TOMADA DE DECISÕES EM INVESTIMENTOS E


FINANCIAMENTOS A LONGO PRAZO NOS SUPERMERCADOS DE
PATO BRANCO-PR.

MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO

PATO BRANCO
2017
1

CLAUDIA DENIZE DE OLIVEIRA

PROCESSO DE TOMADA DE DECISÕES EM INVESTIMENTOS E


FINANCIAMENTOS Á LONGO PRAZO NOS SUPERMERCADOS DE
PATO BRANCO-PR.

Monografia apresentada como requisito parcial à


obtenção do título de Especialista na Pós
Graduação em Gestão Contábil e Financeira, da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná –
UTFPR – Câmpus Pato Branco.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernande Casagrande

PATO BRANCO

2017
2

Ministério da Educação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Câmpus Pato Branco
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

Curso de Ciências Contábeis


Especialização em Gestão Contábil e Financeira

TERMO DE APROVAÇÃO

Título do Trabalho de Monografia

Processo de Tomada de Decisões em Investimentos e Financiamentos a Longo Prazo nos


Supermercados de Pato Branco-PR.

Nome do aluno: Claudia Denize de Oliveira

Esta monografia de especialização foi apresentada às 19 horas e 30 minutos, do dia 18 de abril de


2017, como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista em Gestão Contábil e
Financeira, do Departamento de Ciências Contábeis - DACON, no Curso de Ciências Contábeis
da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A candidata foi arguida pela Banca
Examinadora, composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca
Examinadora considerou o trabalho APROVADO.
(Aprovado, Aprovado com restrições, ou Reprovado).

_____________________________________
Prof. Dr. Luiz Fernande Casagrande
Orientador
3

_____________________________________
Prof. Dr. Sandro César Bortoluzzi
Avaliador - UTFPR

_____________________________________
Prof. Dr. Eliandro Schvirck
Avaliador UTFPR
4

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus por me dar a oportunidade de realizar esse


curso.
A minha família, em especial meus pais por me darem amor, educação,
carinho, compreensão e incentivo em todas as etapas da minha vida e acima de tudo
por sempre acreditarem em mim.
Aos amigos e colegas, pela amizade e companheirismo no decorrer do curso.
Aos Professores que tive o prazer de conhecer na instituição e absorver um
pouco do conhecimento de cada um. Ao meu orientador, Professor Dr. Luiz Fernande
Casagrande, pelo auxilio durante o desenvolvimento deste trabalho.
Muito obrigada a todos.
5

“Sonhos determinam o que você quer.


Ação determina o que você conquista”.
(ALDO NOVAK)
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RESUMO

OLIVEIRA, Claudia Denize de. Processo de tomada de decisões em investimento e


financiamentos a longo prazo nos supermercados de Pato Branco-PR. 2017.35 folhas.
Monografia (Especialização em Gestão Contábil e Financeira). Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, 2017.

Esta pesquisa trata das decisões financeiras de longo prazo, especificamente, decisões
de investimentos e financiamentos a longo prazo. Dessa forma, o objetivo geral foi
analisar as decisões sobre investimentos de longo prazo e quais fontes de
financiamento são utilizadas pelo comércio varejista da cidade de Pato Branco – PR. A
pesquisa caracteriza-se como levantamento, a qual foi realizada por meio de aplicação
de questionário junto aos empresários de cada empresa. Constatou-se que todas as
empresas pesquisadas realizaram investimentos de longo prazo nos últimos cinco
anos, buscando as melhoras formas de realiza-los e obter o retorno desejado. As
decisões de investimentos também demandam decisões de financiamento, isto é,
captação de recursos. Desse modo, as de decisões de financiamentos utilizadas a que
prevaleceu foi o autofinanciamento, aliado ao capital de terceiros, se necessário.
Decisões desse tipo são essenciais para o desenvolvimento das empresas, para que
possam sobreviver no mercado competitivo e dar continuidade em suas atividades. As
empresas pesquisadas demonstraram que buscam a competitividade e a permanência
no mercado, dessa forma procuram aplicar seus recursos realizando investimentos que
contribuem para a sustentabilidade e crescimento da organização.

Palavras-chave: Investimentos a longo prazo. Decisões financeiras. Comércio


varejista.
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ABSTRACT

OLIVEIRA, Claudia Denize de. Decision-making process in investment and long-term


financing in the supermarkets of Pato Branco-PR. 2017.35 sheets. Monograph
(Specialization in Accounting and Financial Management). Federal Technological
University of Paraná, Pato Branco, 2017.

This research deals with long-term financial decisions, specifically, investment decisions
and long-term financing. Thus, the general objective was to analyze the decisions about
long-term investments and which sources of financing are used by the retail trade of the
city of Pato Branco - PR. The survey is characterized as a survey, which was carried
out through the application of a questionnaire to the entrepreneurs of each company. It
was verified that all the companies surveyed have made long-term investments in the
last five years, seeking the improvements to train them and achieve the desired return.
Investment decisions also require funding decisions, that is, fundraising. In that way, the
financing decisions used prevailed was self-financing, together with the capital of third
parties, if necessary. Decisions of this type are essential for the development of
companies, so that they can survive in the competitive market and continue their
activities. The companies surveyed have demonstrated that they seek competitiveness
and permanence in the market, thus seeking to apply their resources by making
investments that contribute to the sustainability and growth of the organization.

Key-words: Long-term investments, financial decisions, retail business.


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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Tipos de investimentos de longo prazo ......................................... 25


Gráfico 2 – Motivos para investir ..................................................................... 26
Gráfico 3 – Utilização de método de avaliação para investimento .................. 28
Gráfico 4 – Tipo de financiamento utilizado para investimento........................ 29
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................10
1. TEMA E PROBLEMÁTICA......................................................................................11
1.2 OBJETIVOS.........................................................................................................11
1.2.1 Objetivo Geral.............................................................................................12
1.2.2 Objetivos Específicos..................................................................................12
1.3 JUSTIFICATIVA....................................................................................................12
2 REFERENCIAL TEÓRICO..........................................................................................13
2.1 ANÁLISE DE INVESTIMENTO.............................................................................14
2.1.1 Investimentos de Longo Prazo.......................................................................15
2.1.2 Orçamento de capital para o investimento.....................................................16
2.1.3 Métodos de Avaliação de Investimentos........................................................17
2.2 FINANCIAMENTOS..............................................................................................18
2.2.1 Tipos de Financiamentos de Longo Prazo.....................................................19
3 METODOLOGIA..........................................................................................................22
3.1 Enquadramento metodológico..............................................................................22
3.2 Procedimentos metodológico................................................................................22
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RSULTADOS....................................................24
5 CONCLUSÃO..............................................................................................................32
REFERÊNCIAS..............................................................................................................34
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1 INTRODUÇÃO

A Gestão Financeira é fundamental para que as empresas sejam bem sucedidas


e sustentáveis buscando a sua continuidade, essa gestão concentra-se sobre o estudo
das decisões financeiras assumidas pelas organizações. Nesse sentido, as finanças
correspondem ao conjunto de atividades que envolvem as bases da administração,
planejamento, análise e controle, com o objetivo de maximizar os resultados
econômicos e/ou financeiros gerados pelas operações empresariais.
Por meio da gestão financeira é possível realizar planos, análise de
investimentos de meios e fontes viáveis que possam financiar operações e atividades
da empresa, visando sempre o desenvolvimento, evitando gastos desnecessários e
observando os melhores caminhos para que os resultados sejam atingidos.
Nesse contexto, as decisões de investimentos envolvem todo o processo de
identificação, avaliação e seleção das alternativas de aplicações de recursos. Por outro
lado as decisões de financiamento envolvem a definição da natureza dos fundos
aplicados, ou seja, a estrutura das fontes de capital demandadas pelas decisões de
investimento.
O cenário de retração econômica, o aumento na inadimplência das carteiras de
crédito e a concomitante manutenção de taxas de juros em patamares elevados
demonstram a importância de realizar analises prévias ao efetuar decisões de
investimento e definir as melhores fontes de captação de recursos para obter o retorno
desejado.
Segundo dados do Banco Central (2017), o mercado de crédito às pessoas
jurídicas, a permanência do cenário de queda da atividade econômica, altas taxas de
juros e políticas de crédito mais conservadoras das instituições financeiras
ocasionaram um aprofundamento da trajetória de queda do crescimento anual da
carteira e recuo do nível de estoque de crédito a valores equivalentes àqueles vigentes
em meados de 2014.
A Taxa Selic é um importante instrumento usado pelo Banco Central para
controlar a inflação e quando em alta favorece a queda da inflação, pois desestimula o
consumo, já que os juros cobrados nos financiamentos, empréstimos e cartões de
11

crédito ficam mais altos. Por outro lado, quando está baixa, ela favorece o consumo,
pois tomar dinheiro emprestado ou fazer financiamentos fica mais barato, já que os
juros cobrados nestas operações ficam menores. No entanto, no mês de fevereiro de
2017 houve uma redução da Taxa Selic de 13% para 12,25% ao ano, de acordo com
economistas a diminuição da taxa Selic está relacionada aos esforços do governo para
retomar a atividade econômica.
A menor taxa de juros da economia brasileira é a TJLP (Taxa de Juros de Longo
Prazo), atualmente (setembro de 2016) ela está em 7,5% ao ano, definida pelo Banco
Central do Brasil e divulgada trimestralmente, esta taxa é usada, principalmente, nos
empréstimos feitos pelo BNDES.
Assim qualquer tipo de investimento sofre a influência tanto de fatores internos
quanto de externos, cabendo ao gestor ter certo grau de sensibilidade para reconhecer
e analisar quais dessas variáveis exercem maior impacto no projeto de investimento.

1.1 TEMA E PROBLEMÁTICA

As decisões de investimentos e financiamentos são estruturadoras dos ativos e


passivos de uma organização, sendo o conjunto de elementos que podem gerar
benefícios aos agentes envolvidos. Decisões desse tipo, principalmente as que visam
alcançar benefícios no longo prazo necessitam de análise que levem em consideração
o risco inerente à decisão. Dessa forma, levantou-se a seguinte problemática:
Como os empresários do comércio de supermercados de Pato Branco tomam as
decisões para investimentos a longo prazo e como decidem sobre os financiamentos?

1.2 OBJETIVOS

Segundo Robbins e Coulter (1998) os objetivos são metas e se referem aos


resultados desejados pelos indivíduos, guiam as decisões e formam critérios frente aos
quais serão comparadas as realizações atuais. Sendo assim, para esta pesquisa
definiram-se os objetivos a seguir.
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1.2.1 Objetivo Geral

Analisar as decisões sobre investimentos de longo prazo e quais fontes de


financiamento são utilizadas pelo comércio de supermercados na cidade de Pato
Branco – PR.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Investigar como os gestores do comércio de supermercados da cidade de


Pato Branco (PR) tomam decisões a cerca dos investimentos operacionais
realizados.
b) Identificar quais investimentos de longo prazo e respectivas fontes de
financiamentos foram utilizados pelo comércio varejista em estudo nos últimos cinco
anos.

1.3 JUSTIFICATIVA

A gestão financeira é fundamental para as organizações, pois compreende


ações e procedimentos administrativos que envolvem planejamento, análise e controle
das decisões financeiras da empresa. Assim, o presente estudo possui significativa
importância por permitir a análise do setor financeiro das empresas pesquisadas, no
que diz respeito aos investimentos a longo prazo e as fontes de financiamentos
utilizadas.
A oportunidade de estar em contato direto com a prática organizacional e
aplicar o conhecimento adquirido em sala de aula no ambiente empresarial contribui
para formação profissional e amplia a visão em relação às práticas de gestão
financeira. Este tipo de estudo proporciona tanto à pesquisadora, quanto às empresas
pesquisadas utilizar-se das informações levantadas para potencializar seu
desenvolvimento, gerando conhecimento pela troca de informações.
Quanto à viabilidade da pesquisa, pode-se afirmar que foi viável, tanto para a
pesquisadora, quanto para as organizações, objeto de estudo, uma vez que, as
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empresas estão localizadas na cidade de Pato Branco (PR), o que auxiliou na coleta de
dados e as organizações não precisaram fornecer informações sigilosas.
14

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ANÁLISE DE INVESTIMENTO

A área financeira no contexto empresarial tem assumido um papel importante,


deixando de ser apenas um centro de apuração de resultado e análise de contas a
pagar/contas a receber, para torna-se um ponto de fator crítico de sucesso.
A administração financeira tem como objetivo maximizar a riqueza dos
acionistas da empresa e para que isso seja possível o administrador financeiro deve
tomar três decisões fundamentais, que se referem à decisão de investimento, decisão
de financiamento e decisão de dividendos (Lemes Jr., Rigo e Cherobim, 2010).
Para Assaf Neto (2007) a administração financeira volta-se basicamente para
funções como: planejamento financeiro, o qual procura evidenciar as necessidades de
expansão da empresa; o controle financeiro que trata do acompanhamento e avaliação
do desempenho financeiro; administração de ativos que visa perseguir a melhor
estrutura, em termos de risco e retorno de investimentos empresariais, gerenciando-os
de forma eficiente e administração de passivos, envolvendo: captação de recursos e o
gerenciamento de sua composição, procurando definir a estrutura mais adequada em
termos de liquidez, redução de seus custos e risco financeiro.
Na visão de Lemes Jr., Rigo e Cherobim (2010) a administração financeira
envolve a gestão de recursos financeiros, como obtê-los e onde devem ser aplicados.
Dessa forma, a obtenção de recursos diz respeito às decisões de investimento e
financiamento.
Segundo Oliveira (2011), o princípio do investimento trata dos investimentos
em ativos e projetos que oferecem retorno maior que o custo de capital, sendo mais
eficientes e sustentáveis; o princípio do financiamento refere-se à escolha de um mix
de financiamentos que maximize o valor dos investimentos realizados e por fim o
princípio dos dividendos que é uma forma de devolver aos proprietários parte do
resultado financeiro obtido no exercício.
Para Lemes Jr., Rigo e Cherobim (2010) investimento é toda aplicação de
capital em algum ativo tangível ou não, cuja finalidade seja obter retorno futuro. Nesse
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contexto, Assaf Neto (2007) acrescenta que as decisões de investimento envolvem a


elaboração, avaliação e seleção de propostas de aplicações de capital efetuadas com o
objetivo, normalmente de médio e de longo prazo.
A área financeira requer controle e planejamento, dessa forma conhecer seu
objetivo e principais funções, torna-se fator relevante para que a organização possa
tomar as devidas decisões em relação à gestão eficaz dessa área e as demais áreas,
já que fornece informações e recursos financeiros para toda organização. Nesse
contexto, a análise de investimentos envolve decisões de aplicação de recursos com
prazos longos (maiores que um ano), com o objetivo de proporcionar retorno adequado
aos proprietários desse capital.

2.1.1 Investimentos de Longo Prazo

A geração de riqueza é a base dos motivos que levam empresários a


realizarem investimentos, buscando um retorno lucrativo e sustentável. No entanto,
para que haja a criação de valor ou riqueza os retornos destes investimentos deverão
ser superiores ao custo dos capitais neles empregados, agregando riqueza para o
investidor e para o próprio investimento.
Os investimentos em longo prazo segundo Braga (1995) são também
denominados gastos de capital, que correspondem a desembolsos ou
comprometimento de recursos cujos benefícios deverão perdurar por mais de um ano.
Para Hoji (2003) os investimentos ou dispêndio de capital podem ser
temporários ou permanentes. Os investimentos temporários são valores aplicados com
intenção de resgate dentro de algum tempo. Já os permanentes são ativos que
produzem resultados no longo prazo, isto é, são valores aplicados para manutenção
das atividades operacionais e com fins estratégicos.
Na visão de Gitman (2002) o dispêndio de capital é um desembolso de fundos
feito pela empresa, com a expectativa de gerar benefícios após um ano. Já o dispêndio
corrente é um desembolso que resulta em benefícios obtidos em prazo inferior a um
ano. Sendo assim, desembolsos efetuados em ativos em imobilizados são dispêndios
de capital.
16

Segundo Iudícibus et al (2010) os investimentos de caráter permanente, isto é,


destinados a produzir benefícios pela sua permanência na empresa, são classificados
à parte no balanço patrimonial como investimentos. Esse subgrupo de investimentos
faz parte do ativo não circulante, o qual inclui o ativo imobilizado.
A alta concorrência existente nas modernas economias de mercado obriga as
empresas a se manterem tecnologicamente atualizadas, assim realizam investimentos
para preservar ou ampliar sua competitividade. Desse modo, as organizações são
impelidas a desenvolverem continuamente novos projetos e a tomarem decisões sobre
a sua implantação (BRAGA, 1995).
Os Investimentos a longo prazo representam gastos substancias de recursos
que comprometem uma empresa com determinada linha de ação. Em consequência,
ela deve ter procedimentos para analisar e selecionar adequadamente seus
investimentos de longo prazo.

2.1.2 Orçamento de capital para o investimento

O orçamento de capital e a decisão de investimento estão associados


diretamente ao rumo e a saúde financeira da empresa, sendo o processo que consiste
em avaliar a viabilidade de investimentos de longo prazo, pois investimentos de capital
são estratégicos e quando falham podem causar grandes prejuízos.
O planejamento segundo Lemes Jr., Rigo e Cherobim (2010) é o processo de
estabelecer os objetivos ou metas, determinando a melhor maneira de atingi-las. No
entanto, para que os planos sejam viabilizados é preciso que tenham suporte de
configurações relativas aos investimentos necessários aos respectivos financiamentos,
devendo ser estabelecidos em conjunto por serem interdependentes.
Na visão de Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001) o orçamento de capital
consiste na delineação de investimentos planejados em ativos fixos, dessa forma as
decisões de orçamento de capital de uma empresa definem sua direção estratégica.
Para Gitman (2002) o orçamento de capital é o processo que consiste em
avaliar e selecionar investimentos em longo prazo, os quais sejam coerentes com o
objetivo da empresa em maximizar a riqueza dos proprietários. Nesse contexto,
17

Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001) acrescentam que um processo de orçamento de


capital eficiente pode melhorar tanto a distribuição temporal, quanto a qualidade das
aquisições de ativos. Dessa forma, se uma empresa prevê suas necessidades por
investimentos em ativos com antecedência, ela pode adquirir e instalar esses ativos
antes que sejam necessários.
O processo de orçamento de capital envolve a geração de propostas de
investimentos a longo prazo; a avaliação, análise e seleção de propostas e a
implementação e acompanhamento das que foram selecionadas. Sendo assim, a
seguir são apresentados alguns métodos de avaliação de investimentos que visam
auxiliar na tomada de decisão (GITMAN, 2002).
A elaboração do orçamento de capital é importante na tomada de decisão, pois
considera tais fatores, como, decisões de aquisição de capital de longo prazo, decisões
de aquisição de capital no tempo correto e planejamento antecipado.

2.1.3 Métodos de Avaliação de Investimentos

As decisões de investimento a longo prazo de acordo com Assaf Neto (2007),


consistem na utilização de métodos de avaliação econômico-financeira, com vista em
se apurar os resultados das aplicações de capital. Dessa forma, uma empresa pode ser
vista como um conjunto de projetos de investimentos em diferentes momentos de
execução, com objetivo de avaliar alternativas de investimentos, a maximização
marginal desses recursos de capital para promover o incremento de riqueza liquida.
Segundo Matias (2007) cabe à alta administração analisar projetos de
investimentos elaborados pelos diversos departamentos, sendo possível utilizar
técnicas quantitativas para auxiliar os executivos na análise desses projetos. Dentre as
técnicas existentes para avaliação de investimentos, serão citadas as mais utlizadas: o
tempo de retorno do investimento (payback), valor presente líquido (VPL) e taxa interna
de retorno (TIR).
O payback, também conhecido como tempo de retorno do investimento,
determina o período de tempo necessário para a empresa recuperar o investimento
desembolsado em um projeto, a partir das entradas de caixa. Além disso, pode ser
18

interpretado como uma medida do grau de risco do projeto e liquidez, isto é, menor
prazo, menor risco, logo maior liquidez. Por outro lado, quanto maior for o prazo de
recuperação, maior será o risco e a incerteza de recuperar o capital investido
(OLIVEIRA, 2011).
O VPL de acordo com Matias (2007) é a mais recomendada técnica de análise
de investimento e para se calcular, devem-se trazer todos os fluxos incrementais
líquidos para o valor presente, somá-los e deduzir o valor que será investido. Já a TIR
é uma medida da rentabilidade de um projeto de investimento, expressa através de
uma taxa de juros, normalmente atual. Nesse caso, Gitman (2002) acrescenta que a
TIR é a taxa de desconto que iguala o valor presente de fluxos de entrada de caixa
com o investimento associado a um projeto.

2.2 FINANCIAMENTOS

A forma de financiamento de curto e de longo prazo a ser utilizada pela


empresa dependerá da necessidade de recursos, da duração ou maturação dos ativos
financeiros e da agressividade da gestão da empresa em compatibilizar as fontes e as
necessidades de financiamento (VIEIRA, 2008).
Os empréstimos de curto prazo são utilizados com a finalidade de preencher
temporariamente as necessidades de financiamento de uma empresa, podendo ser
obtidos de duas maneiras: empenhando-se na captação de recursos a curto prazo com
a emissão de seu próprio título e captando recursos externamente por meio de
intermediários financeiros (GROPPELLI; NIKBAKHT, 2010).
As linhas de crédito de longo prazo destinam-se a financiar os investimentos
permanentes, sendo que as fontes de financiamento de longo prazo à disposição das
pequenas e médias empresas estão concentradas em diversos órgãos
governamentais. A principal fonte de financiamento de longo prazo no Brasil são os
recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o qual
oferece uma grande variedade de linhas de crédito, com características diferenciadas
de prazo, custo financeiro e formas de pagamento (SANTOS, 2001).
19

O BNDES, conforme Lemes Jr., Rigo e Cherobim (2005) apoia os projetos que
tenham por objetivo a implantação, expansão, relocalização, modernização,
capacidade tecnológica, melhoria de qualidade e aumento de produtividade,
reestruturação, entre outros. Sendo que para cada setor de atividade está
disponibilizado um conjunto de produtos com valores predeterminados, condições e
participações de acordo com a caracterização jurídica, o porte e a localização regional
no país da empresa demandadora de recursos.

2.2.1 Tipos de Financiamentos de Longo Prazo

Segundo Braga (1995) o financiamento das atividades empresarias é realizado


mediante o emprego de diferentes tipos de fundos obtidos externamente ou gerados no
curso normal das atividades. De forma ampla é possível dividir esses fundos em duas
categorias: capital próprio e capital de terceiros.
O capital próprio, conforme Matias (2007) nada mais é que a diferença entre o
conjunto de bens e direitos (ativo) e as obrigações (passivo) da empresa, este é
constituído pelo capital, reservas e resultado líquido do exercício. Assaf Neto (2007)
acrescenta que o financiamento por meio de recursos próprios pode desenvolver-se
pela retenção de seus resultados líquidos (autofinanciamento) e, principalmente pela
integralização de novas ações. A decisão de financiamento mediante subscrição e
integralização de novas ações pressupõe que a empresa ofereça certas condições de
atratividade econômica.
De acordo com Matias (2007) existem três formas de captar recursos próprios
para empresa: através dos investimentos na formação da empresa e nos aportes de
capital consequente; através do lucro, resultado positivo obtido na atividade da
empresa e destinado a investimentos e através de realização do capital da empresa.
O capital de terceiros segundo Rossetti et al (2008) corresponde aos recursos
que a empresa busca nas instituições financeiras ou junto ao público para financiar as
suas operações de longo prazo. São financiamentos, as operações de arrendamento
mercantil ou leasing, emissão de debêntures e outras captações que exigem da
empresa um compromisso de remuneração e devolução dos recursos em datas
20

preestabelecidas. As principais modalidades de financiamentos a longo prazo


praticados com recursos de terceiros e disponíveis às empresas são citadas a seguir.
O arrendamento mercantil ou leasing financeiro, conforme Assaf Neto (2007) é
uma operação que envolve a aquisição de um bem por uma empresa arrendadora,
para transferência a um terceiro (arrendatário). Este usará o bem por prazo
determinado e pagará em contrapartida contraprestações. Na visão de Lemes Jr, Rigo
e Cherobim (2005, p. 234) “a ideia do leasing é fundamentada na concepção
econômica de que o fator propulsor de rendimentos para uma empresa é a utilização, e
não a propriedade, de um bem”.
Lemes Jr., Rigo e Cherobim (2005) consideram leasing financeiro as
modalidades que: as contraprestações e demais pagamentos antevistos no contrato,
devidos pelo arrendatário devem ser suficientes para cobrir os custos da empresa
arrendadora; as despesas com manutenção, assistência técnica e outros serviços
relacionados à operacionalidade do bem arrendado são de responsabilidade do
arrendatário e o preço da opção de compra seja livremente compactuado, podendo ser,
inclusive o valor de mercado do bem arrendado. Os autores ainda afirmam que o
contrato do leasing financeiro deve seguir um prazo mínimo de dois anos em caso de
bens com vida útil igual ou inferior a cinco anos e três anos para os demais.
Outra fonte de recursos também de terceiros é a Agência Especial de
Financiamento Industrial (Finame), de acordo com Assaf Neto (2007) é uma empresa
pública ligada ao (BNDES) que mantém diversas linhas de financiamento de máquinas
e equipamentos industriais. Os recursos de financiamento são repassados às
empresas nacionais, preferencialmente para pequenas e médias, tendo como
intermediarias instituições financeiras, devidamente cadastradas como Agentes da
Finame.
Além dos encargos financeiros arrecadados pela Finame, há a remuneração do
agente, designada del credere. Há também uma comissão de reserva de capital,
constituída por um percentual cobrado pela Finame, sendo este calculado sobre o valor
liberado do repasse, calculando esta proporcionalmente ao número de dias decorridos
entre a data de reserva do financiamento e a respectiva data de liberação dos recursos
(ASSAF NETO, 2007).
21

De acordo com Matias (2007) os financiamentos para projetos de implantação,


expansão, modernização ou relocalização de empresas, incluindo a aquisição de
máquinas e equipamentos, divide-se em:
a) Finame – máquinas e equipamentos: são financiamentos sem limite de valor,
para aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional,
credenciados pelo BNDES.
b) Finame Agrícola: financiamentos, sem limites de valor, para aquisição de
máquinas e equipamentos novos, destinados ao setor agropecuário.
c) Finame Leasing: financiamentos a sociedades arrendadoras, sem limite de
valor, para aquisição de máquinas e equipamentos novos.
d) Finame Concorrência Internacional: financiamentos para a produção e a
comercialização de máquinas e equipamentos que estejam requerendo condições de
financiamento compatível com as ofertadas por estrangeiros em tomadas de preços ou
concorrências internacionais.
Outras formas de financiamento para investimento em permanentes é a
emissão de ações via abertura de capital ou emissão de novas ações. Nesse sentido,
Lemes Jr., Rigo e Cherobim (2010) citam que o mercado de capitais viabiliza parte das
decisões de financiamento tomadas pelo administrador financeiro, porque através dele
é possível emitir títulos de divida e de propriedade, chamados de valores mobiliários.
Os títulos mais usuais no mercado são ações, bônus de subscrição e debêntures,
todos nominativos negociáveis.
As sociedades anônimas podem recorrer à emissão de títulos de dívidas
(debêntures) para financiarem investimentos. Debêntures “são títulos de médio e longo
prazo, emitidos por sociedades anônimas, para captar volumes expressivos de
recursos, junto aos investidores individuais e institucionais” (MATIAS, 2007, p. 70).
22

3 METODOLOGIA

O método na visão de Marconi e Lakatos (2010) refere-se ao conjunto das


atividades sistemáticas e racionais que permite alcançar o objetivo, traçando o caminho
a ser seguido e auxiliando as decisões do cientista. Da mesma forma, Fachin (2003)
comenta que o método é um instrumento que proporciona aos pesquisadores
orientação geral que facilita planejar uma pesquisa, formular uma hipótese, coordenar
investigações e interpretar os resultados.

3.1 Enquadramento metodológico

A metodologia utilizada para a realização do trabalho será a pesquisa


exploratória descritiva. Para Gil (2002), estas pesquisas têm como objetivo
proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito
ou a constituir hipóteses.
Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa e quantitativa, que conforme
Godoy (1995) proporciona uma melhor compreensão do fenômeno/variável
pesquisado, que traduz um perfil mais completo e real dos fatos que tendem a
caracterizar a problemática analisada.

3.2 Procedimentos metodológico

O instrumento de coleta de dados é caracterizado a partir de um questionário


com 12 perguntas, sendo 10 perguntas fechadas e duas abertas. O universo definido
foi de médias e grandes empresas do comércio de supermercados da cidade de Pato
Branco-PR, definidas de acordo com o porte da empresa pelo critério de número de
empregos, conforme os dados fornecidos pelo Sebrae (2016).
Para que a amostra fosse determinada, foram definidos oito supermercados,
obtendo um retorno de todos os questionários. A amostra foi defina com base no porte
das empresas, sendo selecionados apenas os supermercados de médio e grande
porte.
23

Em relação à elaboração do questionário, o mesmo foi criado e enviado por e-


mails e outros entregues diretamente ao sócio/administrador na empresa, período de
27 á 30 de março. A apresentação dos dados será feita por meio de tabelas e gráficos
e a análise com base no referencial teórico.
24

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A seguir são apresentados os resultados da pesquisa em consonância com o


objetivo do trabalho, ou seja, analisar as decisões sobre investimentos de longo prazo
e quais fontes de financiamento são utilizadas pelo comércio varejista da cidade de
Pato Branco – PR.
O grupo de empresas pesquisadas é constituído por oito supermercados, sendo
considerados quanto ao seu tamanho como médias e grandes empresas. Dentre elas,
25% são de médio porte com um número de funcionários entre 50 á 99 e 75% são de
grande porte com 100 ou mais colaborador, conforme mostra a Tabela 1 a seguir. A
definição do porte da empresa pelo critério de número de empregos gerados foi
fornecida pelo Sebrae (2016).

TABELA 1 – TAMANHO DAS EMPRESAS


Porte Percentual Supermercados
Médio 25% 2
Grande 75% 6

FONTE- Pesquisa aplicada

Considerando o tempo de atividades das empresas todas já estão no mercado a


mais de oito anos. Nesse contexto, as decisões financeiras conforme Lemes Jr., Rigo e
Cherobim (2010) ocorrem ao longo do tempo, assim decisões financeiras de longo
prazo são aquelas referentes aos investimentos e financiamentos, com prazos
superiores há um ano.
Verificou-se que foram realizados investimentos de longo prazo nos últimos 5
anos, pois 100% dos empresários afirmaram ter aplicado em ativos. Segundo, Lemes
Jr., Rigo e Cherobim (2010) descrevem que a empresa que não investe o suficiente
pode ver os equipamentos tornarem-se obsoletos, a tecnologia utilizada ser
ultrapassada e as inovações não ocorrerem. Assim, percebe-se que as empresas em
estudo buscaram realizar investimentos para serem competitivas e garantir sua fatia de
25

mercado, sendo possível reconhecer sua permanência no mercado, mesmo diante da


concorrência existente.
O avanço tecnológico e a alta concorrência obrigam as empresas a realizarem
investimentos para que se mantenham atualizadas, dessa forma as organizações são
atraídas a sempre desenvolver novos projetos e a tomarem decisões a cerca desses
novos investimentos.
Para essas empresas que afirmaram terem feito investimentos, foi questionado
sobre os tipos de investimentos. Na questão, os respondentes poderiam indicar mais
de uma alternativa. Sendo assim, O gráfico 1 apresenta o percentual relativo aos
diversos tipos de investimentos realizados nos últimos cinco anos.

GRÁFICO 1 – Tipos de investimentos de longo prazo


FONTE- Pesquisa aplicada

Com base nas informações obtidas, 100% das empresas fizeram


investimentos em aquisição de máquinas e equipamentos, 50% investiram em reformas
de máquinas e equipamentos, 25% em terrenos, 37,5% em veículos e novas
instalações e 75% reformas em instalações.
26

No gráfico 1 é possível destacar que a aquisição de novas máquinas e


equipamentos foi o tipo de investimento mais utilizado, isso mostra que as empresas
necessitam de novos ativos para o seu desenvolvimento e competitividade.
Os motivos expansão, substituição e modernização que levaram as empresas a
investir estão relacionados aos tipos de investimentos. O motivo de substituição de
ativos obsoletos por novos tem com objetivo melhorar a qualidade do produto e/ou
redução de custos. O motivo de expansão da capacidade que pode ser reforma e/ou
compra de instalações, máquinas, equipamentos tem a finalidade de aumentar a
produção, expandir vendas e aumentar participação de mercado e motivo de
modernização está relacionado à necessidade de atualização e inovação tecnológica
para melhorar a eficiência da empresa (GITMAN, 2002).
Considerando que podem ser vários os motivos para realização de
investimentos nas organizações e, após apresentar os tipos de investimentos feitos
pelas empresas, o gráfico 2 é possível visualizar quais foram os motivos que levaram
as indústrias a realizarem os diferentes tipos de investimentos mostrados no gráfico 1.

GRÁFICO 2 – Motivos para investir


FONTE- Pesquisa aplicada

O principal motivo que levou a realização de investimentos foi à modernização,


com um percentual de 87,5%, seguido de expansão com 75%. Comparando-se o
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gráfico 1 e o gráfico 2 , pode-se considerar que os motivos de modernização e


expansão levaram as empresas a realizarem investimentos com aquisição de novas
máquinas e equipamentos, reformas em instalações, reformas em máquinas e
equipamentos, terrenos, aquisição de veículos e novas instalações. O motivo de
substituição ficou com 50%, levando a realizar maiores investimentos com aquisição de
máquinas e equipamentos e também de veículos.
Nesse caso, percebe-se a necessidade que as empresas possuem ao longo do
tempo para manter-se no mercado, pois buscam estar modernizadas e também
expandirem seu local de atuação, sendo possível observar em nossa cidade que os
supermercados estão abrindo filiais em diferentes pontos da cidade, dessa forma,
essas empresas são motivadas a realizarem investimentos de longo prazo, visando à
continuidade e competitividade do seu empreendimento.
O planejamento de ativos fixos define a direção estratégica de uma empresa, no
que diz respeito a investimentos e financiamentos. Dessa forma, a tomada de decisão
para definição do planejamento de capital investido é importante. No entanto, o
processo de planejamento de capital para o investimento é complexo e sua correta
utilização depende de pessoas especializadas e da decisão dos dirigentes da empresa.
As empresas pesquisadas em sua maioria são médias e grandes empresas e já estão
a mais de 8 anos no mercado, assim segundo os administradores em todas as
empresas pesquisadas são realizados planejamento para decisões de investimentos.
As decisões de investimentos de longo prazo também envolvem a avaliação de
projetos de investimentos, a qual visa analisar e escolher a melhor alternativa de
investimento que seja viável financeiramente e tecnicamente. O gráfico 3 mostra a
utilização de métodos de avaliação de investimentos pelas empresas estudadas.
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GRÁFICO 3 – Utilização de método de avaliação para investimento


FONTE- Pesquisa aplicada

Os métodos de avaliação de investimentos proporcionam as empresas analisar


e escolher alternativas de investimentos mais rentáveis, sendo assim 62,5% das
empresas utiliza algum método para avaliar seus investimentos.
Avaliação de investimento a longo prazo envolve utilização de técnicas de
avaliação econômico-financeira, com o objetivo de avaliar alternativas de investimentos
e então tomar a melhor decisão que promova o aumento de riqueza. Todavia, o
percentual de não avaliação de investimento se mostrou em 37,5%. Isso ocorre devido
os proprietários decidem com base na rotina do seu dia a dia, elaborando planejamento
e avaliação quando são exigidos por órgãos financiadores.
Em relação aos três métodos de avaliação de investimentos, tempo de retorno
do investimento (payback), valor presente líquido (VPL) e taxa interna de retorno (TIR)
verificou-se que 50% das empresas utilizam métodos de avaliação, o que corresponde
a quatro empresas. Dessas, três utilizam somente o payback como método e uma
delas além desse método também analisa a taxa interna de retorno (TIR). As outras
quatro empresas analisam informalmente o retorno do investimento, o custo-benefício,
a situação do mercado e a disponibilidade de recursos.
As fontes de recursos a serem utilizados pela empresa para financiar os seus
investimentos devem levar em conta o custo destas fontes e a capacidade de geração
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de lucro da empresa. Dessa forma, a decisão de financiamento é uma questão


relevante para gestão financeira das empresas. No gráfico 4 a seguir, destaca-se o tipo
de financiamento que as empresas utilizaram para financiar seus investimentos.

GRÁFICO 4 – Tipo de financiamento utilizado para investimento


FONTE- Pesquisa aplicada

De acordo com Assaf Neto (2007) o financiamento de uma empresa por meio de
recursos próprios pode ocorrer pela retenção de seus resultados líquidos, isto é,
autofinanciamento e pela integralização de novas ações. As empresas pesquisadas
não de são capital aberto, dessa forma não fazem parte do segmento acionário do
mercado de capitais. Assim, o tipo de financiamento utilizado que prevaleceu foi o
capital próprio, mais capital de terceiros com um percentual de 62,5%, nesse caso o
custo do capital próprio é definido pelo retorno esperado por seus sócios ao investirem
recursos no empreendimento. Constatou-se também que 25% utilizam somente capital
de terceiros e que 12,5% usam somente capital próprio.
Os financiamentos e empréstimos referem-se às operações de captação de
recursos por uma empresa em instituições financeiras. Sendo assim, entre as
modalidades de capital de terceiros de longo prazo, destacou-se o uso de recursos
diretos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com um
percentual de 71% para as sete empresas que usam capital de terceiros. O BNDES
possui várias linhas de financiamento com características diferenciadas de prazo, custo
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financeiro e formas de pagamento, apoiando novos e antigos empreendimentos de


todos os tamanhos.
Uma das modalidades de financiamento usado é o FINAME indicando um
percentual de 29%, o qual já foi usado por duas empresas, é um financiamento
subsidiando pelo sistema BNDES e foi criado com o objetivo de financiar o comércio de
máquinas e equipamentos. Pode ser contratado diretamente junto ao BNDES ou em
outras instituições financeiras credenciadas.
As decisões financeiras como foi possível constatar, são estruturadoras de
qualquer empresa, necessitam de planejamento prévio e análises que possibilitem as
melhores formas de financiar os investimentos necessários. Sendo assim, questionou-
se como são tomadas as decisões em relação aos investimentos na empresa.
Os administradores relatam que os investimentos sempre são focados para
gerar aumento de vendas, maior conforto e um melhor atendimento ao cliente. Quando
necessários, são direcionados a inovação das atividades da empresa e são planejados
efetivamente para que resultem o mais rápido possível em retorno do investimento.
Contudo, estes investimentos somente serão efetivamente aplicados caso as análises
que foram descritas anteriormente apontem viabilidade.
A concorrência e a busca pela permanência no mercado competitivo são
motivos que levam os empresários a realizarem investimentos, sobras de recursos
próprios aliados à pesquisa de mercado, terrenos já adquiridos para expansão e
necessidades de melhorias nas lojas já existentes, são motivos para novos
investimentos, isso aliado a uma conjuntura econômica favorável.
Em relação às decisões sobre os financiamentos os administradores afirmaram
que a captação destes recursos, quando necessários, se dá de forma que os custos
sejam absorvidos pelo retorno de investimento. Sempre são definidos como
financiadores específicos do segmento e também com suporte institucional
possibilitando menores taxas, possíveis carências e liberação de recursos no momento
exato da necessidade. Também a captação é planejada com bastante antecedência
para não incorrer em risco de ter de elevar os custos pela necessidade imediata.
Uma das empresas relatou que a busca por recursos no mercado era feita pelo
sócio/administrador, porém atualmente estão usando uma assessoria para ajudar a
31

definir o melhor pacote de linhas de crédito, nesse caso o financiamento mais usado
era BNDS seguido por FINAME e leasing, hoje relata que várias linhas de crédito
podem resultar em uma melhor taxa de juros final.
A maioria das empresas estudadas usa capital próprio, como fonte de
financiamento, isso significa que o dinheiro gerado pelo fluxo de caixa pode ser
utilizado para fazer o negócio crescer, remete a mais dinheiro no caixa, por não haver
dívidas a serem pagas, menor risco de falência e os investidores podem aguardar uma
mudança de cenário para realizar investimentos favoráveis.
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5 CONCLUSÃO

A área financeira atua no planejamento, na organização, na direção, na


captação e nos investimentos de recursos de uma empresa, seja ela micro, pequeno,
médio ou de grande porte, dos mais diferentes setores da economia. É de grande
importância, pois busca a melhor forma para análise de investimentos e formas viáveis
para se obter recursos com intuito de satisfazer operações e atividades das empresas.
Com a pesquisa constatou-se que as empresas do comércio varejista realizaram
investimentos de longo prazo nos últimos cinco anos, assim o nível de aplicação de
ativos nesse setor com um percentual acima de 100%, o que demonstrando a
preocupação em alocar os recursos de forma adequada e com o intuito de manter a
continuidade da empresa.
Decisões de investimentos levam as empresas a optarem por tipos de
investimentos, desse modo, o principal tipo de investimento foi aquisição de máquinas
e equipamentos, reformas em instalações e reformas em máquinas e equipamentos.
Sendo motivados pela expansão, o que inclui reforma e/ou compra de instalações,
máquinas, equipamentos que tem a finalidade de aumentar a produção, a
modernização, a qual visa suprir necessidades de atualização e inovação tecnológica
para melhorar a eficiência da empresa e substituição de ativos obsoletos, por novos.
Quanto ao tipo de financiamento utilizado prevaleceu o capital próprio, mais
capital de terceiros quando necessário, com um percentual acima de 62,5%. No
entanto, algumas empresas optam pela captação de recursos de terceiros a longo
prazo, como recursos do BNDES que oferece várias linhas de financiamento
diferenciadas. Outra modalidade de captação de recursos a longo prazo utilizada é o
Finame, que também é um recurso do BNDES, mas que pode ser contratado em outras
instituições financeiras autorizadas, geralmente financia veículos, máquinas e
equipamentos.
Decisões de longo prazo são essenciais para o desenvolvimento das empresas,
para que possam sobreviver no mercado competitivo e dar continuidade em suas
atividades. As empresas pesquisadas demonstraram que buscam ser competitivas
nesse aspecto, dessa forma procuram aplicar seus recursos realizando investimentos
33

que contribuem para a sustentabilidade de suas atividades. E essas decisões envolvem


captação de recursos, que podem ser próprios ou de terceiros, com o intuito de
financiar os investimentos realizados.
A pesquisa se constituiu num momento extremamente significativo da economia,
pois esse cenário de retração reduz a confiança dos empresários e dos consumidores,
refletindo também nos indicadores de crédito. Isso demanda as empresas estratégias
que favoreçam seus investimentos e financiamentos, buscando a forma mais adequada
e rentável para tomar decisões financeiras. As empresas estudadas procuram
conhecer o mercado de atuação e realizar analises para o investimento desejado, que
estejam de acordo com os recursos que possuem, para que seja viável e possa
proporcionar o retorno do investimento mantendo a saúde financeira da organização.
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