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1
É um termo alemão cuja tradução significa espírito de época, espírito do
tempo ou sinal dos tempos.
— Assim que eu te conheci — Ethan continuou — eu
pensei: o que a versão da conexão de hoje, o amor de hoje,
parece em relação à fé judaica? Se pudermos responder a isso, se
pudermos ao menos arranhar a superfície da resposta, é
revolucionário.
— A frase “a última bolacha do pacote” significa alguma
coisa para você?
— Sim. Acredite ou não, até os rabinos entendem frases
idiotas — ele brincou antes de abrir um sorriso no flash de
surpresa que apareceu em seu rosto.
Ele teve que se forçar a parar de sorrir para ela. Ela ia pensar
que havia algo errado com sua boca que significava que ele não
podia mantê-la fechada.
— O conteúdo dos seminários é relativamente flexível. —
Ele tentou mudar de volta para o modo de negócios. — Confio
em você para desenvolver a série certa de palestras,
considerando o público e o que estamos tentando realizar.
— E o que estamos tentando fazer é… os jovens
encontrarem religião? — Ela disse como se a missão dele fosse
uma causa perdida.
A afirmação era verdadeira, mas não era toda a história.
Corrigi-la provavelmente era uma má ideia, mas ele sabia que
para realmente convencê-la, ele teria que pelo menos tentar
fazer Naomi entender. Seu trabalho estava cheio de palavras
enganosamente pequenas, como fé, que tinham definições
infinitamente complicadas. Felizmente, Ethan era pragmático
por natureza e realista em virtude da experiência.
— É mais simples do que isso. Eu quero dar às pessoas uma
razão para acreditar. Em si mesmos, um no outro e algo mais.
Ela o encarou por um longo tempo. Ethan podia senti-la
tentando descascar as camadas dele, para descobrir se seu centro
estava podre.
— Vamos, Naomi Grant. Não me diga que você não está
nem um pouco intrigada.
E se ele quisesse muito isso? Ele nunca parou para se
perguntar quanto custaria o fracasso.
— Tudo bem, estou intrigada. — Ela passou o polegar pela
inscrição do banco, espelhando o jeito que ele tinha feito antes.
— Mas, apesar de todas as suas grandes declarações, você ainda
não disse nada sobre logística.
— Sou ruim com detalhes. — Uma falha para qualquer um,
mas especialmente para um rabino.
— A maioria das pessoas não reivindica suas fraquezas tão
facilmente. — Sua voz era suave agora, pensativa.
Ele segurou seu olhar por um longo momento.
— Talvez devessem.
Talvez quando o seminário terminasse, ele a convidasse para
sair. Ethan não tinha convidado ninguém para sair há muito
tempo, mas, novamente, ele não conseguia se lembrar de querer
saber sobre alguém tanto quanto ele queria saber sobre ela.
Naomi quebrou primeiro, seus olhos se estreitando.
— Você está enrolando.
— Está bem, está bem. Aqui está a proposta: Uma vez por
semana, fazemos um seminário de uma hora, talvez uma hora e
meia, no Centro Comunitário Judaico — menos intimidante
do que a sinagoga — ele respondeu antes que ela pudesse
perguntar. — Idealmente, o currículo se estende por seis a oito
semanas. Dessa forma, ele se enquadra no mesmo cronograma
do restante do nosso calendário de atividades.
Naomi considerou suas cutículas.
— Posso escolher a noite da semana?
— Claro. Desde que não caia no Shabat.
— Terças-feiras — disse ela. — Tenho Krav Maga nas noites
de segunda e quarta-feira.
— Feito. Você pode delinear o programa. Tudo o que você
acha que as pessoas deveriam saber sobre buscar a intimidade
moderna.
Ela arqueou uma sobrancelha.
— Você está me dando carta branca?
— Você faz isso soar como uma coisa ruim. — Ethan não
costumava revisar os materiais de aula dos profissionais que ele
contrata.
Naomi se levantou.
— Devemos fazer um teste. Se o primeiro seminário não der
certo, vamos concordar em ser honestos um com o outro e falar
disso.
— Tudo bem. — Ele se levantou também. — Sobre termos
de compensação…
Ela acenou para ele.
— Você não tem como pagar o que eu cobro. Farei isso
como voluntária.
— Não. Isso realmente não é necessário. — Ele deve ter
parecido sério, porque ela cedeu.
— Tudo bem. Sessenta dólares por sessão?
Isso era insultuosamente baixo e ambos sabiam disso.
— Quero argumentar com você, mas algo me diz que vou
perder.
Ela sorriu para ele, o sorriso falso que ele se lembrava do
centro de convenções.
— Você deveria confiar nesses instintos.
— Funcionaria para você realizar a primeira sessão em duas
semanas? Deve ser tempo suficiente para reservar o espaço e
espalhar a palavra para a congregação. Estou planejando entrar
em contato com as organizações Hillel na USC e na UCLA.
— Duas semanas. — Naomi estendeu a mão.
Ethan pegou depois de um momento. De perto, seus olhos
eram quase verdes.
Tinha quatorze dias para se organizar. Ele esperava que fosse
o suficiente.
Quando a mãe de Ethan ligou para ele no meio da semana
seguinte e disse que queria jantar na sexta-feira para comemorar
a volta da irmã dele, ele imediatamente soube que ela havia se
esquecido do Shabat.
Isso era uma ocorrência bastante comum. Ele gentilmente a
lembrou sobre sua prática semanal, assumindo que eles fariam
planos alternativos. Mas ela insistiu e, em algumas teclas rápidas
que ele podia ouvir pela chamada, enviou-lhe um convite de
calendário por e-mail. No mundo de Renee Cohen, o
calendário era legalmente obrigatório.
Apenas em raras ocasiões sua mãe pegava um dos cartões de
receitas manuscritas da família, transmitidos por várias
gerações – metade das palavras ainda em alemão – e os
decifrava. Especialmente em curto prazo.
Ethan se preparou para uma noite um pouco desastrosa.
Com certeza, na sexta à noite, era difícil decidir quem se
sentia pior quando a mão de sua mãe tremia enquanto ela
tentava acender as velas. As bochechas de Renee coraram
quando sua língua tropeçou nas palavras hebraicas, correndo
para lembrá-las antes que o fósforo queimasse seus dedos.
Sua irmã, Leah, continuou se desculpando por não poder
intervir. Leah passou a maior parte do tempo filmando em
locais remotos para seu trabalho como produtora de reality
show e, segundo ela mesma, era mais difícil acompanhar as
tradições vivendo em uma barraca em uma pequena ilha na
costa de Maui.
Ethan suava sob seu kipá. A sala de jantar de sua mãe estava
facilmente a vinte e cinco graus. Próximo à cozinha, parecia
absorver o calor residual de seu forno antigo e,
consequentemente, sobrecarregado.
— Por que você simplesmente não recita a tradução em
inglês? — O estômago de Ethan revirou. Ele foi um idiota por
colocar sua família na posição de praticar rituais que eles não
abraçavam completamente.
Antes de se tornar rabino, os jantares de Shabat na casa dos
Cohen eram poucos e distantes entre si, menos prática religiosa
e mais uma desculpa para receber amigos ou familiares. As
orações foram murmuradas apressadamente em um esforço
para chegar mais cedo à comida. Por um momento, Ethan
invejou egoisticamente os rabinos que tinham gerações de
prática devota em suas linhagens.
Era impossível negar que no espectro da religião, ele passou
os últimos seis anos se afastando de seus parentes mais
próximos.
Sua mãe estremeceu.
— Eu não pensei nisso, hein?
— Já vi piores — disse ele, o que era tecnicamente verdade,
mas não muito.
Quando Ethan estava crescendo, os Cohens adoravam a
ambição mais do que à Torá. Sua mãe se fez nesta cidade, subiu
na hierarquia da indústria do cinema contra homens que não
queriam nada mais do que provar que ela não pertencia.
Quando Ethan estava no ensino médio, ela se tornou uma
agente poderosa. Todo mundo sempre assumiu que seus filhos
seguiriam seus passos, e talvez se seu pai não tivesse morrido,
Ethan teria.
Renee tinha trabalhado tanto e realizado tanto, que às vezes
todos eles esqueciam que haviam coisas que ela não podia fazer.
Ethan tinha sido preparado desde a infância para um papel
habilidoso atrás de uma grande mesa, fazendo e desfazendo
acordos e sonhos. Renee gostava de culpar os cachos de
querubim que ele herdou de seu pai pelo fato de que ela o
empurrou nos braços de vários estranhos desde tenra idade e
depois nunca mais parou.
— Você nasceu com um rosto que é bom para os negócios.
— Produtiva, eficiente e objetiva. Essa era sua mãe em poucas
palavras.
Quando as velas finalmente foram acesas, Ethan
rapidamente se moveu para fazer a bênção sobre o vinho.
Para seu crédito, sua mãe deu de ombros quando ele
estudou física em vez de administração na faculdade. Ela
construiu uma reputação lidando com adversidades, e era por
isso que era tão óbvio o quão desconfortável ela estava agora,
tentando se lembrar de orações que ela não dizia com
regularidade em quase uma década.
Depois de mais algumas paradas e partidas desajeitadas, eles
fizeram o restante das bênçãos, a lavagem das mãos e a chalá.
Com suspiros simultâneos de alívio, eles finalmente se
sentaram para comer. A mesa parecia se estender por um
quilômetro e meio de ponta a ponta.
— Você gosta da chalá? — sua mãe disse, quebrando o
silêncio constrangedor. — Fui até aquela padaria em Melrose
que você sempre fala.
Ela se inclinou um pouco para frente, obviamente ansiosa
para fazer pelo menos uma parte dessa noite sem problemas.
— É ótima — disse Ethan, e era. Leve e de dar água na boca,
o topo uma trança marrom-dourada perfeita. — Obrigado por
ter tido todo esse trabalho, mãe. Eu agradeço.
Renee sorriu.
— É claro. Eu quero que você se sinta confortável aqui. —
Ela olhou para o assento vazio na cabeceira da mesa.
Seu significado era claro. Ela queria que ele continuasse
voltando, mesmo depois da morte de seu pai. Depois que Ethan
fugiu para o Brooklyn para morar com seus primos. Depois que
ele decidiu se tornar um rabino e construiu muros entre eles,
ela não sabia mais escalar.
Era seu pai que sempre se preocupava em manter as
tradições judaicas, incluindo o jantar de Shabat. Ari Cohen
mantinha muitas coisas nesta família que eles não notaram até
que ele se foi.
Tantas interações de Ethan, com Leah e sua mãe, tinham
mudado depois da morte de seu pai. Cada um com suas
próprias reações a isso. Todos se afundaram no trabalho.
Tinham deixado isso afastá-los em direções diferentes até que
toda vez que eles se juntavam, eles esbarravam um nos outros
como peças de quebra-cabeça deformadas que não se
encaixavam mais.
Ethan estendeu a mão sobre a mesa e apertou a mão de sua
mãe, tentando afastar um pouco do estresse de sua testa.
— Foi aqui que eu cresci. Sempre me sinto confortável aqui.
Não reparou até que sua mãe desviou o olhar que ele
percebeu que talvez tivesse mentido. A verdade era que ele
evitava a casa quando podia.
Ele se lembrou de um conceito dos místicos judeus —
rishima — “a marca que uma experiência deixa”. Eles
acreditavam que se você resistisse a algo e deixasse passar sem
memória ou reflexão, se você não mudasse depois de ter
passado por isso, era como se o evento nunca tivesse
acontecido. Mas se uma experiência deixasse uma marca, se
inspirasse crescimento ou alterasse o curso de sua vida, então,
de acordo com os místicos, até as experiências mais dolorosas e
desafiadoras se tornam um aprendizado abençoado.
O eco vazio de seu pai nesta mesa, a sensação fantasma de
sua mão pesada na cabeça de Ethan enquanto ele dizia a bênção
sobre seus filhos, era rishima, e mesmo doendo, era melhor do
que viver uma vida em que não reconhecia o que havia
acontecido com todos eles.
Sua mãe foi para a cozinha e voltou trazendo tigelas de sopa.
Ethan levantou para ajudá-la. Ela deu um beijo rápido na
bochecha dele com as mãos cheias. Sua mãe achava que seu
compromisso com o estudo religioso o havia mudado, o
transformado em um homem que ela não reconhecia
totalmente, mas por todas as maneiras que ele evoluiu desde os
vinte e seis anos, ele ainda ansiava pelo conforto desta casa e das
pessoas dentro dela.
— Então — Leah disse uma vez que todos encheram suas
tigelas, sua voz como uma ponte sobre o vazio de silêncio
desconfortável que se estabeleceu entre eles. — Quais são as
novidades?
— Fechamos uma aquisição hoje. — Sua mãe lhe passou a
salada. — Traz a contagem de funcionários da agência para
quatrocentos.
Leah soltou um assobio baixo.
— Caramba, mãe.
Sua mãe abaixou a cabeça em reconhecimento.
— Obrigada. Obrigada.
Leah voltou seu olhar para ele. Essa última viagem de
trabalho a deixou com uma dose extra de sardas.
— E você, E?
Ethan virou o garfo algumas vezes, fingindo que estava
procurando por manchas de água.
— Hm… Nós vamos… Na verdade, contratei alguém para
dirigir uma nova série de seminários.
Por que ele trouxe isso à tona? Provavelmente porque ele se
pegou pensando em Naomi na maior parte de seu tempo livre.
— Isso parece bom. — Sua mãe mergulhou a colher em sua
tigela. — Alguém de quem eu tenha ouvido falar?
— Talvez? — Ethan não conseguia decidir se queria que sua
mãe soubesse quem era Naomi. — O nome dela é Naomi
Grant.
— Cala boca. — Leah bateu na mesa de jantar com ambas
as palmas das mãos, sacudindo os copos e fazendo a manteiga
estremecer. — Você contratou Naomi Grant? Você está
brincando? Ela é tão foda pessoalmente quanto parece online?
Duas colheres escaldantes de sopa não o salvaram dos dois
pares de olhos que aguardavam sua resposta.
— Ela é muito notável, sim — ele disse finalmente, sua
garganta em chamas.
Leah se recostou na cadeira e cruzou os braços.
— Eu não posso acreditar que você conseguiu alguém tão
legal quanto Naomi Grant para trabalhar para você.
— Você está dizendo que eu não sou legal? — Seu ego estava
realmente sendo atingido esse mês.
— Isso é exatamente o que estou dizendo — Leah disse sem
nem um pingo de remorso.
— Ah, querido, eu acho que você é legal. — Sua mãe deu de
ombros. — Sabe, para um rabino.
Ethan suspirou.
— Então, quem é Naomi Grant? — Sua mãe olhou de um
lado para o outro entre eles.
Ethan fez uma pausa, sem saber como Naomi preferia
revelar sua história profissional.
— Ela é uma artista e empreendedora local.
Leah se serviu de mais pão e sorriu.
— Ethan está tentando evitar dizer que ela é uma ex-estrela
pornô que agora administra o site de educação sexual mais
popular do país.
Ele lançou-lhe um olhar.
— Sim, obrigado. — Mesmo que ambos estivessem agora na
casa dos trinta, uma vez que Leah ainda era tão obviamente a
criança rebelde e problemática, ela aproveitava todas as
oportunidades para colocar Ethan, com sua reputação
completamente limpa desde a escola primária, em apuros.
Do outro lado da mesa, sua irmã sorriu.
— Entendi… — As sobrancelhas de Renee viajaram em
direção à linha do cabelo. — E o que essa Sra. Grant vai fazer
na sinagoga? Certamente ela não vai reencenar nenhuma…
Leah bufou.
Ethan fechou os olhos e contou até três.
— Eu a contratei para dar um seminário sobre intimidade
moderna.
— Oh. — Renee abaixou a colher com cuidado. — Bem.
Isso é certamente… diferente.
— Essa é a ideia — Ethan disse. — Eu lhe disse que estou
tentando trazer pessoas mais jovens para a sinagoga. Esses
eventos colocarão Beth Elohim no radar de pessoas que nunca
nos considerariam de outra forma. Naomi tem um currículo
único que torna sua perspectiva incrivelmente valiosa.
— Você deveria trazê-la algum dia — disse Leah. — Mamãe
e eu adoraríamos conhecê-la.
Ethan pressionou o pé com força sobre o dela debaixo da
mesa.
— O que? — Renee abaixou a colher e franziu a testa,
percebendo a tensão entre eles. — Você acha que eu iria
envergonhar você? Você deve saber que eu vi muita
pornografia na minha vida.
Ethan e Leah trocaram um olhar de pânico.
— Olha o que você fez — disse ele, desviando o olhar para
onde sua mãe estava agora placidamente servindo-se de fatias de
peito de um prato coberto no centro da mesa.
— Eu me arrependo das minhas ações. — Leah deixou cair
a colher e tomou um longo gole de vinho.
Renée cantarolou pensativa.
— O que exatamente é abordado em um seminário de
intimidade moderna?
— Ooh, boa pergunta, mãe. — Leah não poderia parecer
mais satisfeita por Ethan estar carregando o peso da
desconfortável conversa do jantar. Ele fez uma nota mental
para perguntar sobre seu ex-namorado na primeira
oportunidade.
Ethan se serviu de feijão verde.
— O plano de estudos que Naomi criou é construído em
torno de sete marcos de relacionamento. — Ela lhe enviara um
rascunho por e-mail no início da semana. — Começa com
como encontrar alguém com quem você deseja namorar e, em
seguida, apresenta uma estrutura de primeiro encontro para
ajudá-lo a decidir se realmente gosta dessa pessoa.
— Ooh, isso parece super útil. — Leah apontou o garfo para
ele. — Eu nunca sei dizer se estou namorando alguém apenas
porque estou entediada.
— Isso é sério? — Sua mãe franziu a testa em direção ao seu
copo.
— Definitivamente sim — Leah confirmou.
— Como eu estava dizendo — Ethan continuou. — Após
o módulo do primeiro encontro, há um sobre práticas de
comunicação. Então eu acho que é integrar uma nova pessoa
em sua vida? — Ele deu uma mordida na salada e mastigou
pensativo. — É sobre como apresentá-los a seus amigos e esse
tipo de coisa.
— Oh. Isso vai ser divertido para você — disse sua mãe. —
Todos os seus amigos são octogenários.
— Nem todos os meus amigos. — Ethan considerou. —
Apenas a maioria das pessoas com quem passo o tempo. — Para
ser justo, havia pessoas mais jovens na liga intersinagoga de
softball em que ele jogava. Embora não estivessem realmente
em seu time.
Leah colocou pimenta sobre seus vegetais.
— O que acontece depois que você apresenta as mulheres
que está namorando aos seus amigos de cabelos prateados?
— O plano de estudos não foi feito para mim. — Ethan deu
a ela um olhar de advertência. — É construído para… pessoas
elegíveis.
— Quem disse que você não é elegível? — sua mãe disse
bruscamente.
Ele murmurou mude o assunto para Leah.
Ela inclinou a cabeça e fingiu que não conseguia entendê-lo.
Ambas achavam que era tão simples. Que ele poderia
conhecer alguém de quem gostasse e namorar como qualquer
outra pessoa. Mas essa noite era um exemplo perfeito de como
era desconfortável ter pessoas com quem ele se importava
passando pelos movimentos da religião por causa dele. Ele não
queria colocar nenhuma de suas perspectivas românticas nessa
posição.
Quanto a namorar alguém que não era um judeu praticante,
ele estava realmente pronto para testar os limites de sua fé antes
de garantir firmemente a fundação da sinagoga?
— Ninguém, mãe. Ninguém disse isso, eu simplesmente
quero dizer…
— Ethan tem medo de namorar — Leah anunciou. — Ele
está preocupado que ninguém jamais o entenderá agora que ele
é um rabino.
Era uma pena que ele terá que evitar sua irmã tão cedo
depois que ela voltasse das filmagens.
— O próximo módulo — ele declarou antes que sua mãe
pudesse se aprofundar nessa proclamação —, abrange o início
da intimidade física – ou a falta dela, suponho, dependendo das
preferências suas e de seu parceiro.
— Isso parece muito saudável — disse sua mãe,
devidamente distraída por alusões à procriação. — Tenho
certeza de que a Sra. Grant fornecerá uma perspectiva valiosa
devido ao seu trabalho.
Ethan assentiu, tentando não pensar muito sobre a história
profissional de Naomi porque ele tinha certeza, embora ele não
tivesse verificado pessoalmente, ela estava nua por pelo menos
parte dela.
— O que vem depois da sessão de sexo?
Leah foi direto ao ponto.
— É aí que as coisas ficam realmente interessantes, na minha
opinião.
Leah sorriu.
— Você poderia pensar que as partes depois do sexo são as
fascinantes.
Ethan fez uma nota mental para se recusar a deixá-la pegar
seu carro emprestado quando ela inevitavelmente viesse pedir.
— O módulo seis é sobre se abrir sobre seu passado e discutir
seu futuro juntos.
— Há uma bela simetria aí. — Sua mãe assentiu
alegremente. Aparentemente, as brigas entre irmãos não
fizeram nada para diminuir seu prazer de uma noite de tempo
em família. Ou isso ou ela tinha bebido mais vinho do que ele
imaginava. — Mais kugel?
— Sim, obrigado. — Ethan pegou mais algumas fatias.
Apesar de estar sem prática, sua mãe era uma cozinheira
surpreendentemente boa.
Leah contou nos dedos.
— Qual é o último?
— Como se separar.
— O que? — Leah e sua mãe disseram em uníssono.
Ethan baixou a cabeça.
— Naomi diz que os rompimentos são inevitáveis, e a coisa
mais gentil que podemos fazer é dar às pessoas ferramentas para
sobreviver a eles.
— Bem — disse sua mãe enquanto limpava a boca com o
guardanapo. — Naomi certamente parece divertida.
— Eu não acho que seja a pior coisa do mundo — Ethan
disse cuidadosamente. — Ninguém nunca nos ensina como
deixar ir. Como reconstruir. Como seguir em frente.
Sua mãe limpou a garganta.
— Não. Você tem razão. — Ela rasgou sua chalá em pedaços
enquanto olhava para a lareira. — Embora eu não tenha certeza
de quanto isso vai ajudar a prepará-los.
Ethan sabia sem se virar que ela tinha se concentrado na foto
em preto e branco de seu pai, rindo de um peixinho que ele
pegou em uma viagem em família ao lago, sua cabeça jogada
para trás e sua pele bronzeada de dias sob o sol.
— A coisa complicada sobre o luto — disse sua mãe — é
que, mesmo quando sabemos que está chegando,
subestimamos nossa própria capacidade de sofrer.
A culpa corroeu as entranhas de Ethan, tão corrosiva
quanto fluido de isqueiro. Ele percebeu que aos olhos de sua
mãe, ele correu para a religião da mesma forma que Leah correu
para a aventura. Ambos encontraram lugares para preencher
seu tempo que não estavam aqui, com ela.
Ele ficou aliviado que prestar serviço à sua comunidade
significava cortar partes de si mesmo. Quanto mais tempo
passava pensando em Deus, menos passava pensando no que
havia perdido.
Como ele poderia oferecer a alguém seu coração, quando já
não havia o suficiente dele para todos?
— Mamãe? — Leah se levantou e passou os braços ao redor
dos ombros de sua mãe.
— Ah, não se preocupe comigo. — Renee forçou uma
risada enquanto acariciava as mãos de Leah. — Eu vou aparecer
no seminário de Ethan. Pegar algumas dicas de Naomi Grant.
— Oh não. — Ethan gemeu. — Por favor, não.
— Bem — Leah repreendeu — essa não é uma atitude
muito generosa. Achei que você estava tentando atrair novos
membros.
Um pequeno desastre, como se viu, pode ter sido um
eufemismo.
INTIMIDADE MODERNA - AULA 1:
Saia do seu próprio caminho, idiota
•••
2
Walk-On: Atleta que entra para fazer um período de teste no time, e caso se
adapte, continua.
Considerando seu fracasso total em cozinhar o jantar de
Shabat, um esporte recreativo parecia um alívio agradável.
Naomi tinha jogado futebol no colégio e, pelo que parecia, a
maioria dos companheiros de softball de Ethan eram idosos.
Quão difícil poderia ser?
Naomi sabia sobre calças de beisebol, em teoria. Seu time de
futebol do ensino médio tinha praticado próximo dos campos
dos jogadores de beisebol, e ela tinha visto alguns vislumbres
das coxas bem musculosas do receptor. Desde então, ela assistiu
alguns jogos na televisão casualmente enquanto estava em um
bar e pensou: Uau, essas são muito apertadas. A observação
casual não a preparou para a visão da bunda de Ethan Cohen
em um par de calças capris brancas confortáveis.
A visão a pegou tão de surpresa que ela deixou escapar.
— Puta merda. Essa bunda está de parabéns.
Felizmente, ele estava fora do alcance de sua voz.
A sugestão de Leah parecia simples algumas noites antes, e
Ethan havia confirmado que eles precisavam de mais jogadoras
por mensagem de texto. Aparentemente, o quadril da Sra.
Rubenstein a estava incomodando, e eles precisavam de um
campista direito.
Naomi pegou emprestada uma luva velha de Josh, que
sorriu maliciosamente e disse que ela havia amolecido quando
ele enfiou o couro gasto em sua palma.
— Desde quando você pratica esportes organizados? Na
verdade, desde quando você faz alguma coisa organizada?
Naomi havia dito a ele para cuidar da própria vida.
O time de softball Beth Elohim era dolorosamente saudável.
De acordo com Ethan, eles se encontraram uma hora antes do
jogo para aquecimento e “camaradagem geral”, o que quer que
isso significasse. Quando ela chegou ao campo, ela viu um dos
jogadores desempacotando fatias de laranja “para o sétimo
intervalo”.
Ethan a viu chegar e correu do campo para encontrá-la. De
perto, o branco brilhante do uniforme contrastava fortemente
com seu cabelo e barba escuros, chamando a atenção dela para
o rosto dele.
— O que há com o uniforme completo? — A equipe
adversária jogava com camisetas e shorts de ginástica
combinando.
— Oh. — Ele puxou a parte inferior de sua camisa. —
Morey os encomendou. Ele disse que se queremos jogar como
vencedores, temos que parecer vencedores.
Ela olhou seu uniforme de cima a baixo.
— Então, todas as outras equipes tiram sarro de você?
— Oh, sim. — Ethan sorriu enquanto se abaixava para
amarrar o cadarço, piscando para ela contra a luz do sol. —
Grande momento.
— Você recebe um monte de vaias da multidão?
Ethan seguiu seu olhar para as arquibancadas quase vazias
pontilhadas com algumas mulheres mais velhas que Naomi
reconheceu da sinagoga, usando chapéus de palha gigantes e
distribuindo biscoitos.
— Você está prestes a descobrir. — Ele entregou a ela uma
pilha macia de roupas cuidadosamente dobradas, seu próprio
uniforme. — Você pode se trocar nos banheiros públicos de lá.
Ela sacudiu a camisa e a segurou contra o peito coberto de
regata. Não ficaria muito estranho.
— Como você sabe meu tamanho? Você está me
analisando? — Flertar com ele ainda era divertido, mesmo que
ele não conseguisse acompanhá-la.
— Gostaria de poder levar o crédito. — Ethan ajustou a aba
do boné. — Mas posso garantir que os créditos são todos de
Mo.
Naomi viu Morey no campo com um apito entre os dentes.
Ele tinha todos em uma fila, tocando os dedos dos pés no que
deve ter sido algum tipo de rotina de alongamento. Ela deu-lhe
um pequeno aceno.
Quando ela olhou para trás, Ethan estava olhando para sua
luva emprestada. Ela a tirou da bolsa e o colocou debaixo do
braço ao entrar.
Suas sobrancelhas escuras se juntaram.
— Você não é canhota?
— Sim. — Talvez Morey não fosse o único a observá-la,
afinal.
— Essa é uma luva para destros. — Ele estendeu a mão e
pegou dela, virando-o para que ela pudesse ver o polegar.
— Oh. Eu não percebi. — Ela ia mutilar Josh. —
Definitivamente precisa de uma luva para jogar, né?
Ethan olhou para ela.
— Espere um segundo, você já jogou softball?
Naomi pegou a luva de volta.
— Não exatamente.
Leah disse que ficaria bem. Além disso, não parecia tão
atlético na TV.
As sobrancelhas de Ethan subiram.
— Você já segurou um bastão?
— Estritamente falando, não. — Ela sorriu. — Mas estou
familiarizada com a forma relativa do instrumento.
Ele fechou os olhos e exalou lentamente pelas narinas.
— Isso vai ser um problema? — Ela imaginou que uma liga
recreativa da sinagoga povoada por idosos ficaria grata por ter
alguém com menos de cinquenta anos se juntando ao time.
Naomi percebeu que Ethan estava se segurando para não
responder.
— Sério, você não quer que eu jogue?
Ele poderia ter dito isso antes que ela dirigisse até aqui.
— Eu só… não gosto de perder — ele disse calmamente, não
encontrando seus olhos.
Uma gargalhada áspera abriu caminho para fora de seu
peito.
— Você não gosta de perder? — Nunca em um milhão de
anos ela teria classificado o Moisés millenial como um mau
esportista. Insetos metafóricos passaram a residir em sua
barriga.
Ele tirou o chapéu e passou as mãos pelos cabelos. O
comprimento estava passando de suas orelhas — comprido
demais para um rabino, provavelmente, mas perfeito para seu
rosto.
— É muito embaraçoso, na verdade. Um traço de família.
Leah é quase tão competitiva quanto eu. Minha mãe se recusa
a jogar jogos de tabuleiro conosco. Ela literalmente queimou
nosso baralho de Uno depois de um jogo particularmente
brutal no brunch.
Para alguém que queria vencer, Ethan tinha uma equipe que
não inspirava exatamente confiança.
Um dos jogadores que Morey liderava no campo externo
estava usando um andador. Embora ela supôs que ele teria
tempo para se ajustar a isso antes do jogo começar.
— Eu sei que eles não parecem muito — disse ele, seguindo
o olhar dela — mas estamos praticando há meses, e eles são
surpreendentemente rápidos. — Ele deu a ela um olhar crítico.
— Temos algumas luvas extras no galpão de equipamentos.
Pode haver uma de canhoto. Suponho que você não possa
causar tanto dano no campo externo.
— Ei! — Ela bateu no peito dele com a luva de Josh. — Eu
poderia ser ótima. Você não sabe. Eu tenho uma ótima
coordenação.
— Tudo bem então. Vamos ver o que você tem. — Ele
apontou para um monte de bastões descansando contra o
batente de metal.
Naomi largou o uniforme, a luva e a bolsa no banco e pegou
um taco, surpresa com o peso do metal em sua mão. A bola era
do tamanho de uma toranja pequena. Certamente ela poderia
pelo menos fazer contato.
— E se eu acertar alguém? — A última coisa que ela
precisava era acertar a bola na cabeça de Morey antes mesmo do
jogo começar.
Ethan levou dois dedos à boca e assobiou, gesticulando para
o time limpar o campo externo. A visão de seus lábios
entreabertos a fez estremecer. Menos, garota.
Toda essa imagem – Ethan uniformizado, competitivo, de
braços nus – estava afetando sua respiração. Talvez em vez de
bater na bola, ela pudesse simplesmente correr para ele e jogar
as pernas em volta da cintura dele?
Tomando seu lugar no monte do arremessador, Ethan
demonstrou sua conclusão para que ela pudesse antecipar o
movimento.
— Preparada?
Naomi mordeu o lábio inferior e assentiu. Ela acompanhou
o movimento de seu braço quando ele recuou para um
arremesso baixo. A bola voou em sua direção, e ela virou todo
o corpo o mais rápido que pôde, girando como um pião
enquanto a bola batia contra o batente.
Ok, então ela não era naturalmente boa.
Ethan abandonou o monte e correu em direção a ela.
— Provavelmente deveria ter lhe dado uma demonstração
primeiro. Me observe. — Ele pegou um bastão maior e mais
longo e então se moveu para ficar na frente dela, e uau, Naomi
não teve que ouvir duas vezes.
Por que ele não estava se movendo atrás dela e posicionando
seus quadris como faziam nos filmes? Isso realmente parecia
uma oportunidade perfeita para ela pressionar sua bunda
contra o pau dele e…
— Ei. — disse ele, percebendo que ela não estava ouvindo
completamente. — Fique comigo aqui. Não temos muito
tempo.
— Certo. — Não olhe para o pau dele. Não olhe para o pau
dele. — Desculpe.
— Vê como meus joelhos estão levemente dobrados e meu
cotovelo de trás está para cima?
Ok, mas as calças tinham que ser tão apertadas? Isso
certamente não era restritivo invés de útil? Eles usavam
protetores penianos no beisebol?
Ela engoliu.
— Sim.
— Então, sua perna da frente fica fixa e você só gira nos
dedos do pé de trás. — Ele balançou algumas vezes,
diminuindo a velocidade para que seu corpo se movesse como
se estivesse cortando a água. Se ela não conseguisse espancar
aquela bunda pelo menos uma vez na vida, seria uma vergonha.
Naomi tentou imitá-lo, indecisa sobre se ela deveria
propositadamente errar para colocar seus braços ao redor dela.
Apenas quando ela estava pronta para empurrar sua bunda
para trás de uma maneira que ela sabia que era uma posição
favorita dos fãs, ele voltou para o monte.
— Isso está parecendo melhor. — Ele abaixou o bastão. —
Vamos tentar de novo.
Dessa vez, quando a bola a atingiu, Naomi fez contato,
enviando-a quase diretamente para o ar. Ei, foi uma melhoria,
mesmo que Ethan se abaixasse e pegasse facilmente.
— Ok, então… — ela falou. — Provavelmente nunca serei
uma estrela, mas posso correr.
Era uma das vantagens de ser, tipo, setenta por cento pernas.
Ele estudou sua forma, seu olhar pesado.
— Vamos tentar bater com pouca força.
Naomi não tinha ideia do que isso significava, mas quando
ele veio e estendeu a mão para ela, suas grandes mãos quentes
envolvendo seus pulsos e posicionando seus braços, ela decidiu
que gostava.
— Então, quando eu der o sinal, você pode se posicionar
assim, e então tudo o que você precisa fazer é bater na bola com
o taco e tentar fazer com que ela vá entre o arremessador e o
receptor. Dessa forma, eles têm que se mover, e você pode
correr para a primeira base. Vou colocá-la no topo da escalação.
— Entendi. — Ela tentou igualar seu tom sombrio. — Não
se preocupe. Eu vou conseguir.
Finalmente, ele sorriu.
— Ei, estou feliz que você está aqui.
— Mesmo que eu possa ser terrível? — Ela inclinou a cabeça
para o lado.
Ethan assentiu.
— Mesmo que você possa ser terrível.
— E mesmo que eu possa envergonhá-lo na frente de seus
amigos legais do softball?
— Mesmo que você me envergonhe na frente dos meus
"legais” – ele olhou para o resto do time em dúvida – amigos do
softball.
Ela deixou cair a mão em seu quadril.
— Se perdermos, você vai fazer beicinho?
— Eu não faço beicinho. — disse ele, indignado. O que
significava sim.
Seu coração fez algo perigoso em seu peito. Era… tristeza?
— Você vai bater o pé? Talvez jogar seu chapéu no chão?
Ele deu um passo invadindo seu espaço pessoal, até que ela
pudesse sentir sua respiração contra seu pescoço.
— Você se acha engraçada, hein?
A voz de Naomi saiu não muito mais alta que um sussurro.
— Eu sei que sou engraçada.
Ela olhou para o subir e descer de seu peito. Seus dedos
doíam para agarrar a frente de seu uniforme e fechar os últimos
centímetros entre eles.
— É melhor você se vestir, Sra. Grant — Morey gritou do
lado de fora. — Você não pode jogar sem o uniforme regular.
Ethan se afastou dela, mas ergueu a mão e roçou suavemente
sobre seu antebraço.
— Vá em frente. Eu tenho que reorganizar a ordem de
rebatidas de qualquer maneira.
Naomi assentiu, não confiando em si mesma para dizer
palavras no momento.
— Vejo você lá fora — ele gritou, correndo para trás para
onde um homem com equipamento de apanhador esperava. —
Não me decepcione.
Ela esperou até virar a esquina para soltar a respiração que
estava segurando.
Os banheiros ao lado do campo eram surpreendentemente
limpos e cheios de pessoas que obviamente estavam trocando
as roupas de trabalho por moletons para o jogo ou um dos
outros nos campos ao redor.
Naomi vestiu seu uniforme, decidindo deixar a camisa
aberta para emoldurar sua regata. Ela não podia se dar ao luxo
de desistir completamente de sua identidade por essa busca
para casar Ethan. E se a ideia dele admirando seu decote quando
ela se inclinava para rebater cintilou em seu cérebro, bem, não
foi a pior coisa que ela já pensou em fazer para seduzi-lo.
Embora ela tivesse confirmado que a sinagoga de Amelia
Greene estava jogando contra Beth Elohim essa noite, Naomi
esperava ter que se esforçar mais para encontrá-la. Quando ela
praticamente deu de cara com a loira de pé sobre a pia, ela não
teve os meios para controlar sua reação.
— Porra. Você é linda. — Muito mais atraente do que o
Google Imagens sugeriu.
A mulher, que definitivamente era a namorada do
acampamento de Ethan, piscou algumas vezes.
— Oh. Hum… obrigada?
Amelia usava o tipo de equipamento de treino
incrivelmente caro que as modelos de maiô da Sports Illustrated
usavam em suas postagens de fitness no Instagram. Mesmo
com os altos padrões de Los Angeles, seu cabelo era o loiro
perfeito da praia e despenteado em ondas soltas que
definitivamente exigiam várias horas de babyliss. Tudo isso
para um jogo de softball da liga rec?
— Você é Amelia Greene? — Nesse caso, seus olhos eram
da mesma cor de seu sobrenome.
— Sim, sou eu. — Ela balançou a cabeça e pegou uma toalha
de papel. — Desculpe, já nos conhecemos?
Naomi deveria ser sutil. Fria como gelo. Mas ela não
conseguia pensar em uma boa desculpa para reconhecer essa
mulher.
— Você foi para o acampamento com Ethan Cohen? Ele
estava me mostrando fotos antigas e eu pensei que te conhecia.
— Oh legal. Bem sutil.
Pelo menos o nome familiar pareceu relaxar Amelia. Seus
ombros relaxaram.
— Sim, eu fui. Nós costumávamos namorar, na verdade. —
Amelia acrescentou com desafio suficiente em sua voz que
Naomi concluiu que o uniforme de beisebol de Morey não
tinha cancelado com sucesso sua gostosura. — Você é amiga
dele?
— Uma parceira de negócios. — Para que esse plano
realmente funcionasse, Naomi precisava colocar a maior
distância possível entre ela e Ethan. A última coisa que ela
queria era entrar em alguma competição de olhar possessivo
com essa mulher. — Estamos realizando uma série de
seminários para judeus solteiros. Ah, e agora temos
pareamentos de solteiros também, eu acho.
Molly, Deus abençoe seu coração, assumiu a parte de
planejamento de eventos dos solteiros após a primeira tentativa
desajeitada de Ethan.
— Oh. — Claramente não era a resposta que Amelia
esperava.
Naomi pegou um dos panfletos que Clara havia desenhado
para eles em sua bolsa e o entregou como prova.
— Você deveria passar em uma das palestras. Se você estiver
interessada, quero dizer.
Amelia estudou o formulário.
— Ethan estará lá?
— Definitivamente.
— Não o vejo há anos. Ouvi dizer que ele é um rabino agora.
— A loira sorriu. O tipo de sorriso secreto que dizia que ela
sabia exatamente como Ethan ainda era gostoso. Amelia se
inclinou conspiratoriamente. — Na verdade, não gosto de
softball, mas ouvi dizer que ele lança para Beth Elohim.
Isso explicava o valor de trezentos dólares em spandex que
cobria seu corpo. Jogo justo.
Naomi alisou as mãos na frente de suas calças.
— Certo. Bem, você pode não ter muito tempo para se
atualizar essa noite. Por causa de todas as bolas. Voando. — Me
mate. Apenas me mate. — Tenho certeza que ele ficaria feliz em
vê-la em um de nossos eventos.
Agarrando as rédeas de sua compostura, Naomi fez sua voz
leve e confiante.
— Se você estiver interessada em participar, apenas
confirme presença através do link no flyer. Temos um pequeno
controle de participantes.
Ou pelo menos o teriam quando Naomi fosse para casa essa
noite e fizesse um. Não que ela fosse contra a ideia de Ethan e
Amelia se apaixonarem. Não havia como negar que eles fariam
lindos bebês judeus juntos. Mas Ethan era tão especial, e ele
estava tão nervoso sobre namorar novamente. Naomi devia a
ele garantir que Amelia Green fosse tão boa quanto parece.
— Ok. Obrigada — disse a loira. — Talvez eu vá. E ei, que
o melhor time vença esta noite.
Naomi sorriu.
— Pode apostar.
Assim que Amelia fosse para o campo e visse Ethan em seu
uniforme, aquele talvez viraria um definitivamente. O que
estava ok. Era bom, até.
Naomi não tinha direito a Ethan. Na verdade, uma vez que
ele combinasse perfeitamente com essa garota, ela seria capaz de
voltar a se concentrar em Shameless.
O trabalho era simples, mesmo quando era difícil. Esse
trabalho reforçava a realidade de quem ela era, em vez de fazê-
la sentir que todas as verdades sobre as quais ela construiu sua
vida estavam descascando como tinta barata. O trabalho não
exigia nada mais dela do que tempo e empenho.
— Foi um prazer conhecê-la — ela disse a Amelia, apenas
meio que mentindo. — Vejo você no campo.
Amelia podia ser o futuro de Ethan: a esposa judia perfeita
para o homem judeu perfeito. Mas isso não significava que essa
noite, Naomi não iria rebater como se sua vida dependesse
disso.
Ele não era o único que não gostava de perder.
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