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IGNITING HIS FLAME
de
JEN TALTY

Série First Responders

Livro Dois

Outubro 2020
Flor de Lótus
e
Warriors Angels of Sin

STAFF
Disponibilização: Flor de Lótus
Tradução: Stra Callahan
Revisão Inicial: Staff Flor de Lótus
Revisão Final: Madame Walker e Lady Elena
Leitura Final: Miss Law
Formatação: Warrior
DEDICATÓRIA

Obrigada aos bombeiros que tiveram a gentileza de responder às


minhas loucas perguntas!
SINOPSE

Duas pessoas tímidas...


Uma sala de chat para adultos...
Uma vida inteira de amor...
Bombeiro de Dallas, Gavin Clark quer uma garota legal para se estabelecer, só que ele não
é o mais suave com as mulheres. Dizer que ele é tímido seria o maior eufemismo do
século. Durante o período de inatividade na estação, ele entra em uma sala de bate-papo
que alguns de seus amigos solteiros lhe falaram. Ele não tem ideia do que esperar e
certamente não achou que encontraria a mulher dos seus sonhos.
Principalmente quando aquela mulher é a nerd de computador que mora no apartamento
ao lado do dele.
Charlotte Harper passa mais tempo no computador do que com as pessoas, e trabalhar em
casa dificulta a socialização, principalmente conhecer homens e seu último relacionamento
acabou mal.
Claro, existe o bombeiro sexy que mora ao lado dela, mas ele mal olha para ela quando
passa por ali, grunhindo um alô. Não que ela faça muito para chamar sua atenção. Então,
quando ela tropeça em uma sala de chat para adultos e vê 'bombeiro sexy', ela tem que
dizer olá.
À medida que falam online, também começam a falar pessoalmente, sem saber que
também estão conversando online.
Isso é até que alguns de seus bate-papos pessoais imitam aqueles online e quando eles
colocam dois mais dois juntos, faíscas voam.
Mas quando um stalker sai da toca, seu novo relacionamento sobreviverá?
Capítulo 1

Gavin Clark saltou de sua pick-up e se espreguiçou. Os


músculos de seu corpo doíam por causa de um turno de vinte e
quatro horas na Estação 58. Ele massageou o ombro direito,
passando os dedos nas saliências da cicatriz que começava na
bochecha, descia pelo pescoço, passava pelo braço e atravessava o
lado do corpo. Não era uma cicatriz contínua e parecia muito
melhor do que três anos atrás, mas ainda era perceptível e de vez
em quando, a queimadura em sua pele ganhava vida.

Um lembrete imprevisível.

Durante o acidente, ele não sabia o que tinha sido pior: a


tortura de ser queimado ou o cheiro de sua carne derretendo. Ele
cerrou o punho esquerdo, abrindo e fechando-o. Não importa o
sucesso de todas as cirurgias, a pele de sua mão sempre parecia
como se alguém a tivesse puxado com força contra seu corpo.
Ele se curvou, deixando as mãos caírem em direção ao chão
antes de se levantar e se inclinar para trás com as palmas
pressionadas na parte inferior das costas, virando para a esquerda,
depois para a direita.

Subindo os degraus do duplex, que ficava a apenas alguns


quilômetros da delegacia, ele tentou não espiar pela janela da
vizinha. Ele viveu neste apartamento pelos últimos sete anos. Ela
se mudou há quase um ano e eles tiveram talvez seis conversas
que consistiam em ela pedir a ele para subir uma escada, consertar
seu detector de fumaça, trocar um pneu furado e talvez três
reflexões aleatórias sobre o tempo ou um artigo de notícias, de
passagem.

Quando ele enfiou a chave na porta, bem ao lado da janela do


escritório dela, ele teve um vislumbre de sua vizinha quente,
Charlotte Harper. Ela havia reunido seu cabelo comprido e escuro
em uma bagunça emaranhada no topo de sua cabeça. Seu laptop
estava aberto em sua mesa, comandando sua atenção ávida,
enquanto ela mordiscava um lápis pendurado em seus lábios
carnudos, completamente absorta em tudo o que estava fazendo e
totalmente inconsciente de sua presença.

Uma vez ele perguntou a ela o que ela fazia para viver e ele só
entendeu uma coisa daquela conversa: ela trabalhava com
computadores e ele nunca tinha ouvido metade das palavras que
saíram de sua boca, o que meio que o excitou. Não que ele não
entendesse do que ela estava falando, mas uma mulher inteligente
era sexy como o inferno. Sem mencionar o quão apaixonada ela
ficou quando explicou seu trabalho para ele. Ela obviamente
amava o que fazia, algo com que ele se identificava.

Empurrou a porta, fechando-a suavemente como se fosse


perturbá-la, o que o fez rir. Ele gostaria de distraí-la, mas ela
sempre parecia tão ocupada com seu trabalho e mal dava atenção
a ele.

Depois de jogar as chaves na mesa perto da porta, ele se


jogou no sofá, agarrando seu laptop. Ele abriu o navegador da
Internet e digitou a URL que seu amigo lhe dera para uma sala de
bate-papo local. Seu amigo conheceu sua namorada atual no site,
mas Gavin tinha suas dúvidas.

Ele tinha sido um garoto tímido e, até certo ponto,


socialmente desajeitado quando adolescente. Não teve muitas
namoradas desde a última, que o deixou algumas semanas depois
de ele quase morrer, deixando uma cicatriz emocional profunda
que era pior do que qualquer outra em seu corpo.

Ele nunca entendeu se Lydia o havia deixado porque sua


‘aparência rude’, como ela dizia, tinha sido tão danificada, ou se
ela simplesmente nunca o amou em primeiro lugar.

Batida! Batida!

O barulho dos nós dos dedos contra a madeira o fez pular. Ele
olhou para a frente da casa e viu Charlotte parada na varanda.

Fechando seu computador, ele atravessou a sala e abriu a


porta.
— Ei, Charlotte, o que foi? — Ele sempre tentava agir
relaxado e frio perto dela, embora ela tendesse a amarrá-lo em
nós.

Ela ergueu um pequeno pacote. — Isso chegou de tarde para


você ontem e eles precisavam de alguém para assinar. Acho que
assinar significa que é importante? — Algumas mechas soltas de
seu cabelo escuro caíram de seu coque bagunçado, balançando ao
lado de seu rosto.

Ele teve vontade de colocá-los atrás da orelha. Tirando o


pacote de seus dedos delicados, ele olhou para o endereço do
remetente e sorriu. — Obrigado. Eu estava esperando por isso.

— Para que servem os vizinhos?

Ele assentiu. Conversa fiada não era algo em que ele fosse
muito bom. Fale com ele sobre um assunto que ele conhecia bem
e ele nunca poderia calar a boca, mas por outro lado, criava longas
pausas estranhas nas conversas.
Ela também, o que tornava qualquer chance de convidá-la
para uma bebida altamente improvável.

Ela franziu o rosto, franzindo o nariz enquanto mordiscava a


unha, algo que fazia toda vez que pedia um favor. — Posso pegar
seu micro-ondas emprestado por alguns minutos? O meu não está
funcionando.

Ele olhou por cima do ombro tentando se lembrar se havia


deixado seu laptop aberto na sala de bate-papo de namoro. —
Claro, sem problemas.

Ela tirou o dedo da boca e praticamente ficou na ponta dos


pés. — Deixe-me pegar minha tigela de arroz frito.

— Para o café da manhã?

— Tem um ovo dentro.

Ele ficou na porta, observando-a correr pela varanda


compartilhada, repreendendo-se mentalmente por verificar a
forma como sua bunda enchia suas calças de ioga. Sua mãe iria
bater na cabeça dele. Suas irmãs, meu Deus, elas iriam dar uma
palestra de duas horas sobre as injustiças contra as mulheres. Ele
concordaria que suas irmãs estavam certas em todas as contas,
mas elas levaram isso um pouco longe demais. Homens bons,
como ele, apreciavam o corpo de uma mulher, respeitavam-no e,
às vezes, era impossível não admirar as curvas arredondadas e
luxuosas.

Sua porta da frente chacoalhou e ela apareceu com uma


tigela grande em uma mão e um saco plástico na outra.

Ele percebeu que enquanto esteve na casa dela, ela nunca


esteve na dele. —Tem exatamente a mesma configuração, então
você pode ir direto para a cozinha.

— Obrigada. Aqui. — Ela empurrou a sacola para ele, sem


olhar nos olhos dele. — São caseiros para levar para seu trabalho.

— Sem problemas, mas não direi não aos biscoitos. Nunca.


Ela sorriu e saiu disparada em direção à cozinha como um
gato nervoso que bebe cafeína.

— Você gostaria que eu desse uma olhada no seu micro-


ondas? — Ele se encostou no balcão do outro lado da cozinha da
galera, absorvendo sua figura esguia, mas forte. Ela devia estar
perto um metro e setenta e por algum motivo ele podia imaginá-la
em um maiô na praia jogando vôlei.

— Isso é doce. — Ela olhou por cima do ombro bronzeado e


bem definido. — Não vou dizer não à oferta.

— A porta da rua está destrancada? — ele perguntou.

Ela assentiu com a cabeça, olhando por cima dos óculos de


aros pretos que abraçavam a parte inferior do nariz. Ela parecia
uma mistura de bibliotecária e guru executivo. — Isso vai levar
apenas mais um minuto para esquentar. Eu já vou.

Tirando os olhos da linda mulher que ocupava sua cozinha,


ele caminhou até o apartamento dela. Uma vez na varanda, ele
olhou para a rua, para a fileira de duplex quase idênticos no bairro
tranquilo de principalmente jovens profissionais, casais recém-
casados ou pessoas que começaram a morar juntos. Ele se mudou
para este lugar quando tinha vinte e um anos e gostava de morar
sozinho, mas aos vinte e oito estava cansado de não ter com quem
compartilhar sua vida.

Quando cruzou a soleira e entrou na cozinha, ele considerou


convidá-la para um encontro. Quão difícil pode ser? Ele quase
desatou a rir de si mesmo. Seu primo de quatorze anos tinha mais
arrogância do que ele.

Ele ficou no centro de sua cozinha olhando para as luzes


piscando em seu micro-ondas e forno. A palavra erro exibida no
painel de controle. Ele tinha visto isso antes na casa de seus pais,
onde os aparelhos tinham acabado de ficar off-line e tudo o que
ele teve que fazer foi desligar e ligar o fusível. Fácil de consertar
pensou enquanto foi até à caixa de fusíveis localizada na despensa
perto da porta dos fundos. Ele rapidamente encontrou a chave
correta.

— Uau, isso é ótimo, — disse Charlotte. Ele fechou a porta,


respirando fundo. Era isso. Ele teria um encontro uma noite esta
semana, ou ele iria dormir e queimar.

— Eu posso fazer isso, — disse ela, segurando o telefone


celular ao lado da cabeça. — Parece maravilhoso, considere isso
um encontro.

Caiu e queimou antes mesmo de decolar.

— Vejo você, então. — Ela pousou a tigela e o telefone,


apontando para o microondas. — Essa mensagem de erro sumiu.

— Se acontecer de novo, você só precisa desarmar o


fusível. Isso acontece com meus pais o tempo todo quando eles
perdem a energia.

— Obrigada.
Ele assentiu. — É melhor eu ir. Estou exausto do trabalho e
ainda não dormi.

— E aqui, eu pensei que minhas horas poderiam ser loucas.

— Você se acostuma, — disse ele, dando alguns passos em


direção à frente da casa. — E eu não gostaria de fazer mais nada.

Ela curvou os dedos sobre seus bíceps. — Se ninguém disse


isso hoje, obrigada por tudo o que você faz.

O ar em seus pulmões foi liberado com um assobio. As


pessoas diziam coisas assim para ele o tempo todo e ele nunca
sabia como responder. Seu trabalho era seu mundo. Mesmo
depois de ser queimado durante uma ligação, ele mal podia
esperar para voltar. Ser bombeiro não era o que ele fazia, era
quem ele era.

— De nada.

De volta ao conforto de sua própria casa, ele se acomodou


em seu sofá de couro macio, descansando o computador no colo, e
olhou para o site de namoro pedindo um nome de tela. Ele
certamente não iria fornecer seu nome verdadeiro, mas não tinha
certeza de qual nome deveria dar a si mesmo. Ele olhou para a lista
de usuários atualmente no site, que variava de seu nome médio
diário, como Julia, Steve ou Ronny, a nomes ocupacionais, a
insinuações sexuais.

Ele evitaria isso.

Ele digitou Bombeiro, mas então percebeu que havia outros


bombeiros online, mas todos eles usaram um segundo nome com
ele. Seus dedos pairaram sobre o teclado enquanto ele pensava no
que poderia querer revelar sobre si mesmo. Ele poderia usar seu
primeiro nome ou seu sobrenome, que pode ser confundido com o
primeiro nome. Ele poderia usar Dallas.

Ou ele poderia usar algo bobo como...

Sexyfirefighter1.

1
Bombeiro Sexy.
Antes que ele pudesse pensar duas vezes, apertou o botão
Enter.

***

Charlotte sentou-se em sua mesa, examinando o código que


havia escrito esta manhã, tentando empurrar o Sr. Bombeiro Sexy
para fora de seus pensamentos, mas isso era impossível já que seu
cheiro fresco de Ivory permanecia no ar, revestindo seus sentidos
como um cobertor quente.

Cada vez que o via, ela agia como um animal saltitante que
corria em círculos perseguindo seu rabo. Ela meio que esperava
gaguejar toda vez que abria a boca, mas em vez disso falou tão
rápido que quando ele olhou para ela, seu rosto se contorceu
como se ele estivesse ouvindo uma língua estrangeira ou algo
assim.
Não importa. Com base na interação deles, ele nunca diria
sim para um encontro, não que ela pedisse um, e mesmo que ela
tivesse reunido coragem, por que lidar com a humilhação de ser
abatido toda vez que o via? Ela teve o suficiente disso no colégio e
na faculdade. Sua mãe costumava dizer que ser um gênio atrairia
os melhores homens. Ha! Tudo o que fez foi intimidá-los como o
inferno.

O único homem que achou sua inteligência e timidez


peculiares atraentes acabou se casando com sua irmã. Um fato
que foi lançado em seu rosto em todas as reuniões de família.

Charlotte fechou seu e-mail depois de enviar a seu chefe as


páginas de código que ele havia solicitado. Ela abriu o navegador
no site de namoro que encontrou há pouco mais de um mês. Ela
disse a si mesma que o único motivo de ter ido ao local era por
tédio e que a conversa na sala principal era altamente
divertida. Melhor do que drama diurno na televisão.
Bem, não realmente, mas era uma maneira de passar o
tempo.

Ela não tinha ideia de por que tinha pesquisado sites de


namoro no Google, além da última vez que ela teve companhia
masculina, seis meses atrás, terminou com ele dizendo a ela no
terceiro encontro que ele a achava muito tensa e introvertida só
porque ela não queria sair e festejar todas as noites. Tudo o que
ela queria era companhia. Alguém para conversar, sair com, talvez,
com o tempo, se apaixonar. Alguém que gostava de assistir filmes,
ficar em casa com uma garrafa de vinho em frente ao fogo.

E um que não tinha olhos errantes.

Ela conversou com três homens no site e todos eles acabaram


por ser malucos, apenas interessados em compartilhar fotos nuas,
sem realmente se conhecerem.

Ou sexo por telefone.


Aquele que parecia aberto a conversar e possivelmente sair
em um futuro próximo ficou carente em menos de vinte e quatro
horas, constantemente implorando por sua atenção e quando ela
não deu a ele imediatamente, ele ficou desagradável, apenas para
se desculpar, implorando por perdão, dizendo a ela o quanto ele se
importava com ela.

Ugh.

Ping.

Uma mensagem privada chegou. Ela clicou no botão e revirou


os olhos.

Charlie: como você está hoje? Eu tenho saudade de você.

— Você não consegue entender a dica?


Ela rapidamente clicou em bloquear e excluiu a
mensagem. Ela odiava fazer isso, mas Charlie não iria embora
silenciosamente.

Entediada, ela examinou os nomes da lista que tinham


interesses em comum como ela. Alguns dos nomes de tela eram
engraçados. Claro, ela achou o dela brilhante: AngelaBennett, o
nome da personagem principal interpretada por Sandra Bullock no
filme The Net. Mas também descrevia muito bem o tipo de pessoa
que ela era e o que fazia para viver, então não era muito forçado.

Pensando em seu adorável vizinho, ela digitou fogo no campo


de busca e engasgou quando viu que alguém com o nome
de Sexyfirefighter estava na linha.

E ele estava em sua seção correspondente.

Que diabos? Por que não?

AngelaBennett: Olá
Seu coração batia tão rápido que esmagava seu peito,
tornando difícil respirar. Ela se inclinou para trás, cruzou os braços
e olhou para o cursor piscando depois de clicar em enviar.

Sexyfirefighter: Olá de volta. Como você está?

Ela não conseguia decidir se era fofo ele não usar abreviações
nas mensagens de texto, ou se isso significava que ele era mais
velho do que a sujeira. Ela clicou em seu perfil, algo que deveria ter
feito de antemão, considerando Crazy-Charlie.

De acordo com as estatísticas do Sexyfirefighter, ele tinha


vinte e oito anos, quase vinte e nove. Ele não preencheu seu
nome. Ele também não fez upload de nenhuma foto de
perfil. Muitas pessoas não divulgam informações pessoais até
terem a chance de falar com um parceiro em potencial. Ela havia
usado uma imagem do filme The Net. Mas até agora ninguém
parecia entender.

Além disso, de acordo com seu perfil, ele havia ingressado


hoje.

De acordo com a seção de curtidas, ele gostava de fazer


caminhadas e jogar basquete. Ele também gostava de assistir
futebol e seu time favorito era, claro, o Dallas Cowboys. Marque
um para o bombeiro. Ele gostava de filmes e admitiu ser viciado
em assistir excessivamente na Netflix. Outra coisa que ela gostava
de fazer. Mas o melhor era que ele amava música country e de ir a
shows ao vivo.

Ele era digno de uma conversa.

AngelaBennett: eu estou bem dando um tempo no trabalho.

Sexyfirefighter: você já bate papo aqui há algum tempo?

AngelaBennett: cerca de um mês.


Sexyfirefighter: teve alguma sorte em encontrar
correspondências?

AngelaBennett: Honestamente, não. Parece atrair gente


maluca.

Ela não achava que mentir seria uma boa maneira de começar
uma conversa com um namorado em potencial. Além disso, talvez
fosse acelerar o processo descobrir se Sexyfirefighter
também era maluco.

Sexyfirefighter: que tipo de gente maluca?

AngelaBennett: alguém que não entende limites.

Sexyfirefighter: Eu entendo e tenho meus próprios.

AngelaBennett: bom, você lê a sala de chat principal? Acho as


conversas hilárias.
Sexyfirefighter: Eu sei! Alguns deles estão rindo alto.

AngelaBennett: você quer dizer LOL.

Sexyfirefighter: LOL. Sim.

AngelaBennett: Você conversou com muitas pessoas


aqui? Encontrou boas combinações?

Ela não tinha ideia se esse cara seria honesto, nem tinha
como saber se ele estava mentindo, mas isso poderia lhe dar uma
ideia do que ele estava procurando.

Sexyfirefighter: Você é minha primeira.

AngelaBennett: Por que me respondeu?

Ela prendeu a respiração.


Sexyfirefighter: verdade?

AngelaBennett: Sempre.

Sexyfirefighter: Duas razões: Primeiro, eu acabei de entrar e


peguei meu nome de tela e então você disse olá.

Sexyfirefighter: Em segundo lugar, adoro o filme The Net, por


isso fiquei intrigado com o nome.

Essa resposta criou uma onda suave em seu estômago. Ela


entendeu que ele tinha sido honesto sobre o que gostava.

AngelaBennett: Então, você sabe que esse não é meu nome


verdadeiro.

Sexyfirefighter: bem, meu nome também não é sexy.

AngelaBennett: LOL, este não é um site de namoro típico.


Sexyfirefighter: é isso que você está procurando? Um homem
para namorar?

Rapaz, ele era direto. Ela mordeu o lábio inferior, pensando


em como responder a essa pergunta.

AngelaBennett: Por enquanto, alguém para ter uma conversa


estimulante seria um bom começo. Você?

Sexyfirefighter: Eu realmente não tenho certeza do que


esperava quando encontrei este lugar, mas uma conversa
interessante soa bem.

Ela decidiu que se ele perguntasse como ela era, ou qual era
seu tipo de corpo, ela encerraria a conversa.
AngelaBennett: Você é realmente um bombeiro?

Sua mente vagou para seu vizinho sexy, que por acaso era um
dos melhores bombeiros de Dallas. A única coisa que ela sabia
sobre ele era que em todo o tempo que ela morou neste
apartamento, ela nunca tinha visto uma mulher passar a noite. Ele
tinha homens entrando e saindo...

Talvez Gavin fosse gay?

Nah. Ele não enviou essa vibração. Ou enviou?

Sexyfirefighter: Eu sou. Faz oito anos.

AngelaBennett: Trabalho perigoso.

Ela tocou o lado do rosto, lembrando-se das cicatrizes de


Gavin. Ela nunca perguntou a ele sobre elas, nem nunca o faria.
Sexyfirefighter: Pode ser. Mas adoro ajudar as pessoas.

AngelaBennett: isso é fofo.

Sexyfirefighter: Não tenho certeza se é doce, mas obrigado.

AngelaBennett: Então, me diga. Você realmente sabia quem


era Ângela Bennett ou foi ao Google?

Sexyfirefighter: LOL. Filmes são meu passado. E que homem


não tem uma queda por Sandra Bullock. Porém, eu gostei mais do
filme Speed.

Charlotte sorriu. Sexyfirefighter poderia flertar sem realmente


tentar. Bem, a sensação de calor rolando em sua pele dava a
sensação de um flerte.
AngelaBennett: E que mulher não tem tesão por Keanu
Reeves. Quer dizer, sério. Boa aparência e parece ser um cara legal.

Sexyfirefighter: Eu não tenho nenhum comentário sobre


Keanu, eu estava muito ocupado checando sua co-estrela.

Ela riu, balançando a cabeça. Isso era mais divertido do que


ela esperava. Não que ela tivesse grandes expectativas.

AngelaBennett: Você tem um gênero de filme favorito que


gosta de assistir?

Sexyfirefighter: Na verdade, não. Tenho gostos


ecléticos. Você?

AngelaBennett: Eu tendo a inclinar-me para aventuras de


ação ou thrillers psicológicos, mas assisto a quase tudo, exceto
filmes de terror e...
Ela ousaria dizer isso?

Pornô.

Sua resposta a isso poderia dizer a ela muito sobre ele, e se


ela quisesse continuar falando com ele com o potencial de
conhecê-lo algum dia, essa resposta poderia fazer ou quebrar seu
desejo de continuar.

Sexyfirefighter: Eu gosto de filmes de terror antigos, mas


coisas como Chuckie me assustam. E não conheço muitas mulheres
que gostam de pornografia ou admitem assisti-la. Eu sou um
cara. Claro, eu vi um... ou dois.

AngelaBennett: Homens! Vocês são todos iguais e qualquer


coisa com uma boneca ou um palhaço eu não suporto!

Sexyfirefighter: então, vou evitar o emoji de palhaço 


AngelaBennett: Use esse otário e eu irei desconectar!

Seu computador apitou quando um e-mail de seu chefe


apareceu. Ela olhou para o relógio e ficou surpresa por estar
conversando com esse cara por quase uma hora. Ela clicou na
mensagem e franziu a testa.

AngelaBennett: Sinto muito, mas preciso voltar ao


trabalho. Meu chefe acabou de me enviar um e-mail e ele está com
um inseto na bunda.

Sexyfirefighter: Sem problema. Talvez possamos conversar


novamente?

AngelaBennett: Posso ir hoje à noite depois das sete, se


quiser. Eu gosto de falar com você.

O que diabos ela estava fazendo?


Sexyfirefighter: Eu posso ficar um pouco depois das oito.

AngelaBennett: Isso funciona.

Sexyfirefighter: Fale então. Agora eu tenho alguns biscoitos e


um copo grande de leite com meu nome neles.

Suas mãos congelaram acima do teclado enquanto ela


prendia a respiração. Muitos homens gostavam de biscoitos.
Capítulo 2

O ar da noite de Primavera cheirava a mel quente espalhado


generosamente em um pedaço de pão caseiro. Gavin estava
sentado do seu lado da varanda com os pés para cima, o
computador no colo, uma cerveja e o último biscoito que Charlotte
deu a ele. Ele mordiscou a guloseima saborosa, saboreando a doce
mistura de chocolate e manteiga de amendoim explodindo em sua
boca.

O sol tinha mergulhado abaixo do horizonte, iluminando o


grande céu do Texas com uma noite de laranja, amarelo e até
mesmo um toque de rosa. Ele segurou o gargalo enquanto olhava
entre a porta de Charlotte e a tela do computador.

Ela era a única que ele conhecia que usava as palavras: isso é
fofo. Então, quando AngelaBennett as usou, isso o fez derramar
leite no colo.
Claro, a mulher com quem ele conversou online não poderia
ser Charlotte. A probabilidade de ele ter acabado de conhecer sua
vizinha em um site de namoro era muito pequena, considerando
os milhares de usuários online agora e o número de pessoas no
estado do Texas. Seria como tirar uma agulha de um palheiro sem
nem olhar.

Ele verificou a hora: 8h05.

Ficar pendurado online era pior do que


pessoalmente. Certamente era menos humilhante do que em
público. Ping.

Bem, bem, bem. Ele sorriu ao ver o nome piscando em sua


tela e abriu a mensagem.

AngelaBennett: Olá. Você teve um bom dia?

Sexyfirefighter: Foi sem intercorrências. E você?


Ele não queria contar a ela que dormia o dia todo, mas não
conseguia mentir, já que nunca foi muito bom nisso, então foi
vago.

AngelaBennett: Além do meu chefe ser um idiota, foi muito


bom.

Ele esfregou o indicador e o polegar, perguntando-se se


deveria perguntar a ela o que ela fazia da vida ou optar por outra
coisa.

Sexyfirefighter: É sexta à noite, você tem grandes planos? Um


encontro?

No segundo depois de clicar em enviar, ele se arrependeu de


perguntar o último.
AngelaBennett: Eu não tenho um encontro há 6 meses. O
último cara com quem saí acabou sendo um merda egoísta. Sou
um pouco tímida, então não faço cena de bar e, bem, aqui estou.

Ele deu uma risadinha.

Sexyfirefighter: Posso me identificar com a timidez.

AngelaBennett: E você? Grandes planos para a noite?

Sexyfirefighter: Apenas flertando com você.

Ele soltou um longo suspiro. Má escolha de palavras e


provavelmente o fez parecer desesperado.

AngelaBennett: Isso pode ser divertido. Eu gosto de flertar.


Sexyfirefighter: :) Vou me encontrar com alguns amigos para
beber um pouco mais tarde.

AngelaBennett: Você é casado ou tem namorada?

Ele fez uma careta. O site foi feito para que os solteiros se
encontrassem e conversassem. Ele supôs que havia pessoas
casadas por aí, mas o incomodava que ela pensasse que ele era
esse tipo de cara.

Sexyfirefighter: Não. Por que você pergunta?

AngelaBennett: Apenas tendo certeza. As pessoas aqui


mentem.

Sexyfirefighter: Posso dizer que sempre serei o mais honesto


possível.

AngelaBennett: Tão possível? O que isso significa?


O que isso significa? Nossa, mesmo online ele não era muito
bom com suas palavras perto de mulheres.

Sexyfirefighter: Eu só quis dizer que não vou mentir para você,


mas posso não responder a certas perguntas.

AngelaBennett: Compreendido. O que você gosta em uma


mulher?

Olhando para o céu, ele pensou por um longo momento. Ele


gostava de tudo em Charlotte. Mas descrevê-la para outra mulher
seria uma coisa horrível de se fazer para ambas as mulheres.

Sexyfirefighter: Inteligente. Engraçada. Mas também, bonita.

AngelaBennett: O que é bonita para você?


Ele queria digitar minha vizinha, mas decidiu que seria de mau
gosto.

Sexyfirefighter: Não tenho certeza se tenho um 'tipo', mas


acho que diria atlético, cabelo comprido, olhos bonitos. E você? O
que você procura em um homem?

AngelaBennett: Olhos sensíveis. Tipo alto e musculoso. Corte


limpo, mas tenho uma queda por tatuagens de bom gosto. Não
tenha medo de rir de si mesmo.

Sexyfirefighter: Não tenho certeza sobre os olhos sensíveis,


mas você acabou de me descrever 

AngelaBennett: Legal! Onde está sua tatuagem e o que é?

Sexyfirefighter: Plural. Eu tenho três. Um boné de bombeiro


com o número da minha estação no bíceps. Uma bandeira
americana com uma águia careca nos ombros e uma bússola no
peito.

AngelaBennett: Contanto que eles não estejam em seu pau,


estamos todos bem.

Ele tossiu.

Sexyfirefighter: Não consigo imaginar por que alguém faria


isso com a parte mais sensível do corpo de um homem.

AngelaBennett: Ou piercings nos mamilos. Ai.

Ele tomou outro gole de sua cerveja, olhando para a porta de


Charlotte, se perguntando se ela tinha uma tatuagem. A luz do
escritório filtrada pela janela, lançando um brilho no deck verde
claro. A ideia de que ela estava em seu computador,
possivelmente falando com ele, acelerou seu pulso como uma
dose de cappuccino.

Mas isso foi rapidamente reprimido quando um cara subiu


correndo os degraus da frente. Gavin não deveria estar pensando
nela, enquanto falava online com um possível encontro. Ele
piscou. Agora ele estava se transformando em sua irmã mais nova,
que tendia a ter um no gancho antes de soltar o último.

— Ei, — o cara disse antes de bater em sua porta.

Gavin assentiu com a cabeça, olhando para o homem, que


parecia ser quinze anos mais velho que ela, com seu cabelo
grisalho e linhas profundas ao redor dos olhos.

AngelaBennett: BRB2, preciso pegar uma taça de vinho e usar


o banheiro.

Sexyfirefighter: OK

2
Be Right Back – Volto Já.
Isso lhe daria algum tempo para avaliar a doninha na varanda.

A porta da frente de Charlotte rangeu e abriu.

— Ethan, o que você está fazendo aqui? — Ela enfiou a


cabeça para fora da porta. Seu cabelo longo e encaracolado
balançava alegremente sobre os ombros. — Que parte de estou
bem, apenas extremamente ocupada, você não compreende?

— Mamãe me enviou para ver como você está. Ela está


preocupada.

— Eu conversei com mamãe esta manhã e disse a ela a


mesma coisa na mensagem que para você.

— Ela não acredita em você, — disse o homem.

— Bem, você pode voltar e dizer a ela que me viu e que estou
bem. Agora, se você não se importa, estou ocupada.
Gavin deixou escapar um longo suspiro, agradecido pelo
homem parado em sua porta ser seu irmão e não um pretendente.

— Ocupada fazendo o quê? E se você disser trabalhando, eu


terei que...

— Eu tenho um encontro.

Gavin quase engasgou com sua cerveja.

Charlotte e seu irmão viraram a cabeça em sua direção.

— Desculpe. Desceu pelo cano errado.

— Veja, mesmo ele não acredita nisso, — Ethan disse com as


mãos nos quadris.

— Eu não disse isso, — Gavin colocou a cerveja na mesa,


olhando para seu laptop.

— Você não precisava. Ela está trancada neste apartamento


há meses. — Ethan balançou o dedo para sua irmã. Na verdade,
anos, e mamãe e papai estão preocupados.
— Mamãe e papai só querem que eu saia com os filhos dos
amigos deles para que eles possam me casar e eu possa produzir
netos. Não. Não para mim. E você se lembra do que aconteceu da
última vez que eles marcaram um encontro para mim? — Ela
cutucou o irmão no ombro. —Não se lembra de Ralph? Oh, claro
que você lembra.

— E você se pergunta por que estamos preocupados.

— Estou bem.

— Você está blefando sobre ter um encontro. Eu posso dizer,


— Ethan disse com um sorriso maroto.

Um que Gavin adoraria limpar do rosto de seu irmão. Ele não


tinha o direito de julgar as decisões de sua irmã na vida.

Ela balançou a cabeça. — Diga mamãe e papai que vou


amanhã para a festa.

— Vindo para a festa do mês, sem data, como sempre, se


você vier.
— Porque tudo o que importa é eu ter um homem. Sério, não
preciso de um homem para ser feliz. E para que conste, eu fiz uma
promessa de estar lá, então eu estarei.

Gavin podia entender sua frustração com a família e


namoro. Sua mãe constantemente pairava sobre ele, tentando
encontrar uma menina doce para ele. Mas pelo menos sua mãe
não o menosprezava, como parecia que a família de Charlotte
fazia.

— Ninguém está dizendo que ter um homem em sua vida vai


te fazer feliz, é só que você parece solitária e...

Gavin teve o suficiente desse idiota. — Ela não está sozinha e


tem um par para a festa de amanhã. — Ele não podia acreditar que
tinha aberto a boca e que seu cérebro permitia que ele falasse,
porque não era isso que ele pretendia dizer quando interrompeu a
conversa.

Pelos olhos arregalados e boca escancarada no rosto de


Charlotte, ela também estava atordoada.
— Sério? Quem pode ser? — Ethan perguntou.

— Eu, — disse Gavin, comprometendo-se com o conceito


maluco. Ele ergueu a cerveja, engolindo os últimos goles,
mantendo o olhar fixo no de Charlotte.

— Quem é você? — Ethan perguntou, sua testa franzida com


uma expressão confusa.

— Ele é meu par, — Charlotte disse rapidamente. — Você vai


conhecê-lo amanhã, agora de verdade, estou ocupada, então vejo
você mais tarde. — Ela deu um aceno rápido para Gavin com um
sorriso fraco, antes de se retirar para sua casa e bater à porta.

Ethan ficou lá por um longo momento. —Minha irmã é tão


estranha.

— Na verdade não. — O computador de Gavin apitou um


pouco mais alto do que ele gostaria.

— Com que diabos ela está tão ocupada que não pode me
convidar para entrar e por que você está sentado aqui se você é o
par dela? — Ethan esfregou as têmporas. — Você está em um
encontro agora, porque isso quase faria sentido conhecendo
Charlotte.

— Não. Mas eu moro no apartamento ao lado. — Ele apontou


para a entrada de sua casa. É por isso que estou sentado aqui.

— Acho que te vejo amanhã. — Ethan enfiou as mãos nos


bolsos e subiu um degrau de cada vez, olhando por cima do ombro
algumas vezes antes de desaparecer em um pequeno SUV.

Gavin concentrou sua atenção em seu laptop. Ele teria que


dizer boa noite para AngelaBennett.

AngelaBennett: Desculpe a demora. Tive que abrir uma nova


garrafa, mas peguei meu vinho. Eu estou feliz.

Sexyfirefighter: Pensei que talvez você tivesse encontrado


alguém mais sexy e com uma tatuagem no pau.
AngelaBennett: Ha ha! Eu sou uma mulher de conversar com
um de cada vez e você e eu, apenas começamos!

Sexyfirefighter: Eu gosto do som disso 

Ele olhou para cima, perguntando-se se Charlotte sairia e


falaria com ele, ou se ele teria que ir ter com ela. Parte dele odiava
deixar essa conversa com sua amiga online, mas ele realmente
precisava conversar com Charlotte sobre o que tinha acontecido.

Sexyfirefighter: Eu realmente quero continuar, mas tenho que


cuidar de uma coisa.

AngelaBennett: Cuidar de alguma coisa? Parece sinistro. Ou


pervertido.

Sexyfirefighter: LOL. Nem uma coisa nem outra. Quando


podemos conversar... flertar...  de novo?
AngelaBennett: Eu entro e saio o fim de semana todo, mas eu
acordo cedo, então que tal por volta das sete da manhã?

Sexyfirefighter: OK. Fale logo.

Ele não esperou por uma resposta, desconectando-se,


fechando o computador e indo até a porta de Charlotte, batendo
duas vezes.

Ela saiu para a varanda, com uma taça de vinho.

Ele arqueou a sobrancelha e engoliu em seco. Por um


segundo, ele pensou em perguntar a ela se era AngelaBennett,
mas não, era apenas loucura, porque muitas mulheres bebiam
vinho em uma sexta-feira à noite, mas se ele a questionasse, e ela
não era? Uau, ele pareceria um idiota pervertido.

— Acho que meu irmão idiota se foi. — Ela ficou na ponta dos
pés, espiando por cima do ombro dele. — Eu ia sair em um
minuto. Você não precisa ir amanhã, mas agradeço por me
defender e tirar meu irmão do meu pé.

Seus lábios se moveram rapidamente enquanto as palavras


saíam de sua boca. Ele continuou tentando encontrar uma
abertura, mas ela continuou falando.

— Minha família às vezes é autoritária. Sou a mais nova de


cinco e todos são casados e têm filhos. Bem, minha única irmã, que
é um pouco mais velha do que eu, está grávida de seu primeiro
filho, e aqui estou eu a última filha e não tenho perspectivas de um
marido, o que está bom para mim, mas não para minha família. E
agora meu primo está prestes a se casar e isso coloca o foco na
única pessoa que ainda não é casada. — Ela respirou fundo.

É hora de interrompê-la na passagem.

— Obrigado pela informação. Será útil amanhã. Eu só preciso


saber a que horas estamos saindo, o que devo vestir e quando vai
acabar.
— Ha ha. Você é engraçado.

— Não estou tentando ser. — Ele fez uma careta. — Eu disse


que seria seu par e mantenho minha palavra. — Ele tentou não se
atrapalhar com a palavra encontro. Era muito mais fácil falar com
uma mulher online do que pessoalmente.

— Você está falando sério sobre ir comigo a uma grande


reunião familiar que é o epítome da insanidade mental, digna de
colocar qualquer forasteiro em uma camisa de força.

— Sim. É o mínimo que posso fazer por esses cookies. — Ele


piscou.

O que diabos aconteceu com ele?

Ela levou o copo aos lábios. — Acho que preciso de outra


bebida.

— Você não terminou com isso.

— O copo não está cheio. Ele precisa estar cheio. Você


gostaria de um?
— Eu gostaria de poder, mas estou saindo. Você pode vir
comigo se quiser. Vou me encontrar com alguns amigos e suas
esposas e estou sempre na terceira roda.

Ela encolheu os ombros. — Certo. Eu meio que te devo uma.

***

Gavin abriu a porta da Cervejaria Roadhouse tentando não


ficar ofendido, ou até mesmo magoado, com a observação de
Charlotte sobre 'lhe dever uma', mas ele supôs que se a situação
mudasse, ele se sentiria da mesma forma, só que ele não faria,
porque ele realmente queria sair com ela.

— Sabe, eu nunca estive aqui antes, — disse ela, passando


por ele, o cheiro de coco de seu cabelo longo e sedoso persistente
no ar.
— Eu adoro porque fica a poucos passos, então, se eu quiser
uma terceira cerveja, posso tomá-la. — Ele colocou a mão na parte
inferior das costas dela, guiando-a em direção a uma mesa onde
seu primo e sua esposa estavam sentados com... — Porra, — ele
murmurou.

— O que há de errado? — Ela inclinou a cabeça, captando seu


olhar com seus olhos dourados, que brilhavam com crescente
preocupação.

Ele interpretaria isso como um sinal positivo.

— Minha irmãzinha está aqui com seu último namorado.

— E você odeia o namorado.

— Não. Ele é um bom amigo meu, mas minha irmã vai partir o
coração dele e eu suspeito que logo, porque no momento em que
eles se apaixonam por ela, ela fica entediada e segue em frente
para o próximo cara legal inocente.
Charlotte arqueou uma sobrancelha. — Você não avisou seu
amigo?

Ele assentiu. — O pior é que ele viu o que aconteceu com o


cara antes dele e saiu com Renée mesmo assim. Minha irmã é
realmente uma garota muito legal, ela só tem problemas de
compromisso.

— E você? Você tem problemas de compromisso?

— Não. Eu só tenho problemas. — Ele parou na frente da


grande mesa ao lado da sala, longe o suficiente da banda para que
você pudesse ter uma conversa, mas ainda assim curtir a música.
— Olá a todos, — ele falou lentamente. Esta é minha vizinha,
Charlotte.

— Você acabou de dizer olá a todos? — Renee correu fora da


mesa como o foguete pequenininho que ela era com seu longo
cabelo loiro, pequena, mas musculada.
— Sim. — Ele enrolou os braços ao redor dela, levantando
seus pés do chão. Sua família pode ter um desejo coletivo de
morrer, já que todos eram bombeiros ou policiais, com o ocasional
agente de condicional incluído, mas também eram muito próximos
e afetuosos, mesmo quando não concordavam com o que a outra
pessoa estava fazendo. — Eu não esperava ver você aqui esta
noite.

Renee deu um tapinha em seus ombros. — Estou feliz por ter


decidido sair. Ela olhou na direção de Charlotte. — Não é todo dia
que vejo meu irmão mais velho em um...

Ele não a deixaria terminar essa declaração. — Esta é minha


irmã mais nova, Renée. E aquele ali é Devon, um colega de
trabalho. Do outro lado da mesa, temos meu primo, Rowen, e sua
esposa, Heather. Se você precisa de um dentista, ela é a pessoa
certa.

— Bom saber, — Charlotte disse.


Heather pousou as mãos na barriga protuberante. — Sempre
posso contar com os Clarks para ajudar meu negócio.

Ele puxou uma cadeira e sentou-se ao lado dela, certificando-


se de que sua cadeira estava perto o suficiente para que ele
pudesse confortavelmente passar um braço sobre as costas de
madeira.

— Não tinha certeza se você estava vindo, — disse Rowen,


servindo algumas cervejas da jarra e empurrando-as para Gavin. —
Mas que bom que veio.

— Não podemos ficar muito tempo. Temos planos para


amanhã bem cedo. — Gavin deu um gole saudável do vidro gelado,
evitando os olhares chocados de seus amigos e familiares.

— Nós? Quem somos nós? — Renee perguntou com os olhos


estreitos e um sorriso malicioso, que ergueu o lado direito de sua
boca ligeiramente, seus lábios franzidos para a frente.

Um traço de família.
— Como em vocês dois? — Renee perguntou, balançando o
dedo entre ele e Charlotte.

— Sim, nós dois. — Ele olhou para Charlotte, que o encarou


com os lábios entreabertos. Ela não parecia ter ficado chocada
com essa conversa como na frente de seu irmão, mas ela não
parecia emocionada, ou divertida com isso também.

— Onde você vai? — Rowen perguntou com o mesmo sorriso


de família que todos os Clark tinham. — Algum lugar especial?

— Romântico? — Heather perguntou.

— Não. Não. Nada disso. — Charlotte se endireitou um pouco


mais, apoiando as mãos na mesa. — Estamos indo para a casa dos
meus pais para uma reunião.

— Não me diga. — Renee se inclinou para Devon, cruzando os


braços sobre o peito. — Meu irmão mais velho finalmente tem
namorada?
Ele enrolou um pequeno pedaço de guardanapo e jogou para
ela.

— Ele só está me fazendo um favor, — disse Charlotte.

Ai.

Ele ia dizer que eram amigos, o que poderia significar


qualquer coisa. No entanto, Charlotte, ao que parecia, mal os via
como conhecidos.

Renee inclinou a cabeça, desenhando os lábios em uma linha


tensa e franzindo a testa, muito parecido com o que mamãe faria
quando se sentia mal por algo que acontecia com um de seus
filhos.

— É para isso que servem os amigos e vizinhos. — Com base


nos olhares ao redor da mesa, ele precisava encolher os ombros
como se fosse ótimo para ele que a bela mulher sentada ao lado
dele essencialmente o visse apenas como um meio-para-um-fim.
A garçonete veio e anotou outro pedido de bebida e eles
pediram alguns aperitivos para compartilhar, interrompendo a
conversa, o que deu a Gavin a chance de cuidar de seu ego
machucado. Ele se empurrou para uma festa de família com uma
garota que obviamente não gostava dele.

A banda começou seu primeiro set e uma velha música do


Creedence Clearwater Revival soou nos alto-falantes.

— Então o que você faz da vida? — Deixe para Heather


encontrar o quebra-gelo após um diálogo estranho, seguido por
um silêncio desconfortável.

— Sou analista de sistemas da Yielding Software, mas


também faço contratos para outras empresas de software e
hardware. — No momento em que Charlotte começou a falar
sobre seu trabalho, seus olhos brilharam como o céu cheio de
estrelas. Seu rosto relaxou quando ela se inclinou sobre a mesa.

— O que exatamente isso significa? É como TI ou algo


assim? — Devon perguntou.
— Realmente? Você acabou de perguntar isso? — Renee
cutucou Devon com o ombro.

Devon era um bom homem e um grande bombeiro. Se você


precisava de alguém no seu seis, ele era o seu
homem. Fiel. Dedicado. Trabalha duro. Mas às vezes, ele não
parecia muito brilhante.

— O quê? Devo saber o que é isso quando mal consigo ligar


um computador? Não é como se eu precisasse saber tudo isso para
combater um incêndio. — A melhor parte sobre Devon é que ele
nunca assumiu um tom defensivo e ele não tinha neste caso, mas
Gavin poderia dizer que ele estava irritado com Renée, que às
vezes podia ser rude, especialmente quando ela estava prestes a
terminar com alguém, sempre esperando que eles fariam isso por
ela.

— Bem, há muitos aspectos em ser um analista de sistemas,


dependendo de qual parte do processo a pessoa prefere trabalhar.
Em geral, gosto de estar testando e implementando um sistema,
mas meu chefe prefere que eu esteja no lado do desenvolvimento,
e já que paga as contas, por enquanto, é onde vou ficar. —
Charlotte diminuiu a velocidade de sua fala a um ritmo em que
Gavin realmente entendeu cada palavra e não sofreu exaustão ao
final da frase apenas por ouvi-la.

— Você mencionou antes... espere. — Ela mencionou isso


para ele ou a garota online disse que seu chefe estava sendo um
idiota? Porra, isso não seria bom se ele confundisse as duas.

Felizmente, a garçonete veio com a comida e a segunda


rodada de bebidas. Com sorte, todos esqueceriam que ele estava
falando.

— O que você estava dizendo? — Charlotte perguntou,


apoiando a mão quente em seus bíceps.

Ele olhou para os dedos doces e hábeis em volta de seu braço


e seu rosto adorável com um meio sorriso que o deixou tonto de
desejo de beijá-los. — Eu não faço ideia.
Ela soltou seu braço e cavou no prato de nachos.

Ele tentou não olhar para ela comendo, mas a maneira como
sua língua rosa saiu para saudar a comida com um fervor faminto
só o fez querer ainda mais beijá-la.

Estendendo a mão, ele correu o dedo indicador sobre a


cicatriz elevada em seu rosto. Embora ainda perceptível, não era
algo em que as pessoas se concentrassem mais quando ele entrava
em uma sala.

Mas ele sempre soube que estava lá e nunca esqueceu a


reação visceral de sua ex-namorada Lydia a isso, ou todos os
olhares que ele recebeu nos primeiros anos antes de muitas
cirurgias e uma enorme quantidade de dor, que reduziram as
cicatrizes a pouco mais que uma grande mancha.

Bem, era um pouco mais pronunciado do que isso e muitas


vezes as pessoas, mulheres, diziam algumas coisas bem estúpidas
para ele a respeito das cicatrizes e do acidente.
— Estou cheia, — Charlotte disse, empurrando um prato para
o centro da mesa. E eu tenho que acordar cedo e trabalhar um
pouco antes de irmos para meus pais.

— Podemos ir para casa, — disse ele, tirando a carteira do


bolso de trás. Presumo que vocês vão ficar para o jogo, então
quarenta ficarão?

— Mais do que suficiente, — disse Rowen.

— Tenho que usar o banheiro antes de sairmos, — disse


Charlotte.

— Eu vou com você. — Heather empurrou a cadeira para trás


e se levantou, correndo para o fundo do bar.

— Você não vai com elas? — Gavin perguntou a sua irmã.

— E perder a oportunidade de descobrir o que diabos está


acontecendo com você? De jeito nenhum.

— Nada está acontecendo.


— Você vai conhecer os pais dela! Isso é uma merda de
casamento.

— Nem perto, — disse ele, balançando a cabeça. — E eu


apreciaria se você se abstivesse de contar ao resto da
família. Como Charlotte disse, estou apenas fazendo um favor a
ela.
Capítulo 3

Charlotte engoliu um pouco ao passar pela porta do pub para


o ar quente do Texas. Ela não deveria ter tomado aquela terceira
bebida, exceto pelo fato de que curava a doença da diarreia na
boca, que ela tomava toda vez que estava perto de Gavin.

A ponta do sapato bateu em algo e ela cambaleou para a


frente.

— Merda, — ela murmurou.

Um braço forte envolveu sua cintura antes que ela pudesse


cair no chão.

— Apanhei você, — disse Gavin com uma voz profunda que a


fez estremecer. Ele tinha essa reserva silenciosa sobre ele que a
deixava nervosa. Não que fosse ou parecesse sério o tempo todo,
mas era difícil de interpretar, não revelava muito com suas
expressões faciais. Mas perto de sua família e amigos, os músculos
de seu rosto relaxaram e ele sorriu mais.

Ela olhou para ele, a luz do estacionamento brilhou na cicatriz


na lateral de sua bochecha e no pescoço. Ela tinha notado isso
antes, mas nunca sob luz direta, nem neste ângulo.

— Você está bem? ele perguntou.

Ela piscou, forçando seu olhar da pele vermelha e saliente


que parecia quase uma grande marca de nascença, — Estou
bem. — Suas bochechas coraram de vergonha. Ela notou as
cicatrizes na primeira vez que o conheceu, mas nunca se
concentrou nelas.

Até agora.

Ela se endireitou, alisando as mãos sobre o jeans.

Ele espalmou sua bochecha. — Já somos vizinhos há um


tempo e você nunca olhou ou perguntou.

Ela engoliu em seco.


— A maioria das pessoas está curiosa. — Ele entrelaçou os
dedos nos dela, puxando-a pela bochecha. — Já me acostumei
com isso.

— Presumi, com base na sua profissão, que você se machucou


no trabalho. Não achei que seria apropriado perguntar durante as
poucas conversas curtas que tivemos. — A névoa que cobria seu
cérebro da cerveja pode ter curado sua bebedeira na velocidade
da luz, mas não a impediu de dizer exatamente o que pensava,
quando pensava.

O polegar dele esfregou suavemente sua mão com carícias


ternas, espalhando calor para lugares em seu corpo que só tinham
sido estimulados por seu dispositivo pessoal de mão nos últimos
meses.

— Sua suposição está correta.

— Deve ter sido preciso muita coragem para voltar ao


trabalho.
— Eu nunca pensei duas vezes sobre isso. Ser bombeiro está
no meu sangue. Não consigo me imaginar fazendo outra coisa.

Eles atravessaram a rua em direção ao seu bairro. Uma das


razões pelas quais ela escolheu esta área em particular foi porque
ela podia andar até à cidade e as ruas tinham calçada e eram
iluminadas. Morando sozinha, ela precisava se sentir segura. Outro
casal desceu a calçada do outro lado da rua.

— O que aconteceu? — ela perguntou suavemente.

— Fomos chamados para um incêndio em uma casa e,


quando chegamos lá, fomos informados de que duas crianças
ainda estavam presas lá dentro. — Rowen e eu fomos enviados.

— O mesmo Rowen com quem acabamos de beber?

Ele assentiu.

— Reparei que a mulher dele está grávida. Ela tem que estar
constantemente preocupada.
— Tenho certeza que sim, mas honestamente, noventa por
cento do tempo todas as nossas ligações são de rotina. Muitas
vezes, eles nem mesmo são incêndios, já que somos chamados
para todo o tipo de emergências.

Ele puxou a mão, acenando na frente dele quando eles


chegaram às escadas em sua varanda compartilhada, gesticulando
para ela ir primeiro.

Ela deu os passos devagar, não querendo que a noite


acabasse. — Mas os outros dez por cento são ligações que colocam
sua vida em perigo. — Ela se encostou na grade, inclinando a
cabeça, levantando a mão, mas rapidamente a deixou cair para o
lado. — O que aconteceu quando você entrou no prédio?

Ele apoiou o quadril na lateral da varanda, a apenas alguns


centímetros dela. — Disseram-nos que as duas crianças estavam
presas em um quarto no andar de cima. O fogo estava fora de
controle, consumindo a casa, então sabíamos que tínhamos
apenas alguns minutos. Corremos escada acima, mas as crianças
não estavam juntas. Eu estava à frente de Rowen, então, quando
encontramos o primeiro garoto, acenei para que ele entrasse
naquele quarto e desci o corredor. O quarto onde o menino
permanecia, estava em chamas. Ele se sentou no meio do quarto,
balançando para a frente e para trás.

— Oh, meu Deus, — ela sussurrou, cobrindo a boca com a


mão a tremer. — Preciso de saber. Você o salvou?

Gavin pegou a mão dela, apoiando a palma contra a cicatriz


na lateral do rosto. — Ele está prestes a fazer oito anos. — Ele
soltou sua mão, mas ela continuou a correr um dedo suavemente
sobre a pele descolorida e saliente.

— Ele ficou queimado também?

— Sim. — A única palavra pairou no ar como uma névoa


densa que tornava impossível ver até mesmo um pé à sua frente.

Ela prendeu a respiração e o olhar dele, seus dedos ainda


tocando sua pele.
— Assim que o peguei, enrolei-o dentro do meu casaco, dei
um passo e caímos no chão. As chamas já haviam entrado na
minha máscara e meu casaco foi rasgado quando caímos. — Ele
parou por um momento, mudando seu peso para mais perto dela.
Uma das minhas pernas ficou presa sob uma viga, mas o menino
estava livre. Eu fiz o meu melhor para mantê-lo a salvo das
chamas, mas demorou alguns minutos antes que meus amigos
pudessem chegar até nós e um pouco mais de tempo para que
soltassem minha perna.

— Isso deve ter sido assustador?

Ele balançou sua cabeça — Realmente não pensei sobre


isso. Só quando tiraram o menino dos meus braços é que percebi
que estava pegando fogo.

Ela engasgou, engolindo a respiração. Uma vaga lembrança de


ter sido queimada quando pegou uma panela quente do fogão
picou sua pele. Por uma hora inteira depois, parecia que sua carne
continuava a queimar. — Há quanto tempo foi isso?
— Cerca de três anos e meia dúzia de cirurgias.

— Você é um homem corajoso.

— Não é mais corajoso do que qualquer outro bombeiro lá


fora.

— Humilde também, — ela sussurrou. Quando Sexyfirefighter


perguntou a ela o que queria em um homem, ela se fixou no físico,
exceto para os olhos e Gavin tinha o tipo de olhos que sugavam
você, tomavam você como refém, e mesmo quando ele a deixava
ir, você não queria sair.

Ele estendeu a mão, deslizando a palma pela bochecha dela,


pelo cabelo. Na verdade, não. Seus lábios tocaram os dela com
uma carícia suave, seu olhar ainda preso no dela. — Só estou
fazendo o trabalho que eu amo. — Soltando a mão no corrimão,
ele se afastou.
Seu pulso batia forte na lateral do pescoço. Mal foi um beijo,
mas acendeu uma queimadura tão profunda que ela achou que
nunca seria capaz de apagá-la.

— Você mantém contato com o menino que salvou? — Ela


pensou em se inclinar para ele, passando os braços sobre seus
ombros largos e beijando-o com paixão e intensidade. Cada zona
erógena em seu corpo gritava para ela fazer isso, só que não podia.

— Mantenho, — disse Gavin com um sorriso orgulhoso


enquanto erguia o queixo, rolando o pescoço para o lado,
deixando a mão dela deslizar pelo resto de sua cicatriz. —
Passamos muito tempo juntos nos curando na unidade de
queimados e mantivemos contato. Ele é um bom garoto e quer ser
mágico.

Ela olhou em seus olhos cor de café, perdendo-se nas


profundezas quentes de um homem que se importava
profundamente.
— Então, o que você vai dizer a sua família sobre mim
amanhã?

A mudança repentina de assunto fez sua boca ficar seca. Se


ele pensava que sua irmã era agressiva quando se tratava de cena
de namoro, oh cara, ele teria um verdadeiro deleite com a família
dela. — O que você quer dizer?

Ele inclinou a cabeça e arqueou uma sobrancelha.

Ela suspirou. — Acho que você é meu vizinho e amigo.

— Nós deixamos seu irmão acreditar que eu sou seu par, o


que significa mais do que um amigo. — Ele colocou a mão em seu
quadril, puxando-a para mais perto. — Eu sou seu par?

Descansando as mãos em seu peito firme, ela se inclinou


contra seu corpo forte. Sua boca se abriu, mas nenhuma palavra
saiu.
Ele pressionou sua bochecha contra a dela. — É oficial. É um
encontro. — Sua respiração quente fazendo cócegas em seu
tímpano.

Ela estremeceu.

Sua boca cobriu a dela em um movimento rápido e


implacável. O calor de sua língua separou seus lábios, girando ao
redor dela como uma mangueira de fogo fora de controle. Um
profundo gemido retumbou de sua boca na dela enquanto seus
dedos se cravaram na parte superior de sua bunda.

Ela deveria afastá-lo e dizer-lhe para não se preocupar com o


amanhã. Ela diria à família que, como de costume, ela deixou este
escapar.

Quando se tratava de sua vida amorosa, todos eles fugiram e


depois que o último a largou em uma reunião de família, trazer um
homem para casa deve ser a ideia mais idiota que ela teve em
muito tempo.
Pegando sua camisa, ela tinha toda a intenção de empurrá-lo
para longe, mas em vez disso o puxou para mais perto, deslizando
as mãos por seu peito e apertando os dedos atrás de seu pescoço.

Uma coruja piou ao fundo. O som de um motor se


aproximando rugiu em seus ouvidos. Ele não era muito mais alto
do que ela, mas ela ainda ficava na ponta dos pés, pressionando o
comprimento de seu corpo contra o dele em uma dança selvagem
que encheu a promessa de mais.

Ele agarrou seus quadris, empurrando-a suavemente para


longe. — Acho que devemos encerrar a noite.

Seu coração caiu para o estômago como um elevador


quebrando no andar térreo depois de viajar vinte pisos sem cabo.
— Provavelmente uma boa ideia.

— Vejo você aqui às dez?

Ela assentiu.
— Boa noite, Charlotte. — Ele a guiou em direção à porta. —
Obrigado por se juntar a mim esta noite.

— Eu me diverti.

Ele abriu a porta e ela entrou, girando assim que ele fechou a
porta.

Dois bombeiros sensuais em um dia.


Capítulo 4

O sol da manhã brilhava através da janela do escritório de


Charlotte. Erguendo a caneca, ela soprou no café antes que a
xícara de cerâmica tocasse seus lábios. A noite foi cheia de sonhos
que fariam o diabo corar.

O beijo de Gavin enviou sua mente e corpo em uma missão


para encontrar satisfação, mas nenhum dos dois a encontrou. Sua
mente a levou por uma miragem de sonhos sobre Gavin, seu beijo,
suas cicatrizes e como seria estar em sua cama. Os sonhos tinham
sido tão vívidos que, quando ela acordou às três da manhã, seu
corpo ansiava por seu toque.

Ela tomou um gole lento de seu café, precisando


desesperadamente da cafeína. Balançando o mouse em sua mesa,
seu computador ganhou vida. Parte dela se sentia culpada por
entrar no site de namoro para procurar Sexyfirefighter, mas não
era como se Gavin e ela estivessem namorando de forma
exclusiva.

Assim que ela se conectou, obteve um ping.

Seu amigo: Ei. Sou eu. Tive que mudar meu nome.

AngelaBennett: Sexyfirefighter?

Seu amigo: Sim. Este sou eu.

AngelaBennett: Por que você mudou seu nome?

Seu amigo: Isso atraiu os malucos.

Ping!

Ela clicou na caixa de mensagem.


Sexyfirefighter: Bom dia!

— Que porra é essa, — ela murmurou enquanto voltava para


a outra conversa. Tinha que ser Charlie.

AngelaBennett: Você não é quem diz ser.

Rapidamente, ela fechou as mensagens e bloqueou o nome


da tela. Verificando seu perfil, ela gemeu. Ela pode não ter dado
seu nome verdadeiro, mas colocou seu código postal.

Sexyfirefighter: Você está aí?

AngelaBennett: Sim. Desculpe. Como foi a tua noite?

Sexyfirefighter: Na verdade, foi muito boa.

AngelaBennett: Como assim?


Sexyfirefighter: Não sei como dizer isso, porque gosto de
conversar com você, mas acabei conhecendo uma garota ontem à
noite.

Ela olhou para o monitor, o coração martelando no peito,


machucando as costelas.

AngelaBennett: Você a conheceu aqui?

Sexyfirefighter: Não. Ela é uma conhecida que eu admiro de


longe há um tempo. Foi totalmente inesperado.

AngelaBennett: Isso é legal.

Que coisa idiota de se dizer, mas ela não ia sair e dizer, ei,
meu vizinho me beijou ontem à noite, e ah, aliás, ele é bombeiro
também, porque, você sabe, eu sou louca e tem uma queda por
bombeiros.
Sexyfirefighter: É novo e nem era realmente um encontro, mas
eu disse que seria o mais honesto possível.

AngelaBennett: Obrigada. Obrigada. Você a convidou para


sair de novo?

Sexyfirefighter: Ela meio que me convidou para sair.

AngelaBennett: Parece que ela está a fim de você.

Sexyfirefighter: Na verdade, não tenho tanta certeza


disso. Estou recebendo mensagens confusas dela.

AngelaBennett: Mulheres. Somos uma raça estranha.

Sexyfirefighter: Eu teria que concordar com essa afirmação.

AngelaBennett: Eu estava brincando. Não somos tão difíceis


de descobrir.

Sexyfirefighter: Ha! Eu gostaria. Se isso fosse verdade, eu não


estaria ainda solteiro.
AngelaBennett: Então, você é do tipo que se casa, não é?

Ela realmente deveria encerrar essa conversa. Não era como


se fosse a lugar nenhum de qualquer maneira. Ele conheceu
alguém e ela tinha um bombeiro bonitão na porta ao lado que ela
precisava descobrir como decifrar. Fale sobre uma raça estranha.

Sexyfirefighter: Eventualmente. Você não quer se estabelecer?

AngelaBennett: Claro, algum dia. Mas eu tive uma sorte de


merda com os homens.

Sexyfirefighter: Quer comparar histórias tristes?

AngelaBennett: Você primeiro.

Sexyfirefighter: Tive uma namorada que me largou enquanto


eu estava no hospital.
Sua respiração engatou, lembrando a história de Gavin da
noite anterior.

AngelaBennett: Por que você estava no hospital?

Sexyfirefighter: Eu tinha acabado de fazer uma cirurgia e


quando voltei, ela foi tipo, ‘desculpe, terminamos’. Ouvi boatos que
ela acabou de ficar noiva. Não que eu me importe.

Charlotte tomou um gole muito necessário de seu café antes


de clicar em seu perfil novamente. Nada mudou.

AngelaBennett: Isso é tão ruim quanto o fato de um dos meus


ex-namorados ter se casado com minha irmã mais velha.

Sexyfirefighter: De jeito nenhum.


AngelaBennett: Sim. Na minha festa de noivado, ele me disse
que estava apaixonado por ela. Eles se casaram três meses depois
e com a bênção de meus pais.

Sexyfirefighter: Isso é realmente uma merda. Você parece


uma garota legal. Sinto muito pelo que aconteceu.

AngelaBennett: Eu também e tenho que vê-los em todas as


reuniões de família.

Sexyfirefighter: Parece que você não o esqueceu?

AngelaBennett: Eu o superei, mas isso me deixou um pouco


tímida.

Sexyfirefighter: Eu entendo isso. Por que as mensagens


confusas dessa garota me fazem pensar se eu realmente deveria
estar perseguindo-a.
AngelaBennett: Somos um par, não somos? Andar em uma
sala de bate-papo de namoro trocando histórias de dumping3.

Sexyfirefighter: Releia essa frase.

Ela se inclinou, examinando a tela.

AngelaBennett: Isso é nojento.

Sexyfirefighter: Tenho certeza de que há pessoas aqui que têm


um fetiche com isso.

AngelaBennett: Isso é ainda mais grosseiro.

Sexyfirefighter: É, mas eu aliviei o clima, não foi?

AngelaBennett: Discutir tatuagens no pau de alguém teria


feito isso também.

3
Dumping significa descarga, mas também ser largado (como eles foram). A seguir ele brinca
com o sinónimo ‘descarga’.
Sexyfirefighter: O único efeito que tem sobre mim é o
encolhimento.

Ela se recostou, balançando a cabeça.

AngelaBennett: Você é engraçado.

Sexyfirefighter: Eu tenho meus momentos.

AngelaBennett: Odeio fazer isso, mas tenho que ir. Tenho um


compromisso hoje para o qual tenho que me preparar.

Sexyfirefighter: Não se preocupe. Talvez te veja mais tarde?

AngelaBennett: Se não for esta noite, amanhã de manhã.

Sexyfirefighter: Até então.

Ela olhou pela janela e viu Gavin sair da porta da frente


vestindo apenas um par de jeans que descansava frouxamente em
seus quadris. Imediatamente, ela percebeu algum tipo de
tatuagem em seu peito, mas quando ele se virou, ela se levantou,
jogando a cadeira no chão de madeira. Enquanto ele descia
correndo os degraus, ela olhou para uma tatuagem da bandeira
americana com uma águia careca acenando.
Capítulo 5

— Você está pronto? — Gavin fechou a porta, certificando-se


de que estava trancada. Ele abriu e fechou a mão, esticando a
rigidez de sua pele. A batida de seu coração bateu em seu
cérebro. Passar um tempo com Charlotte era tudo em que ele
conseguia pensar. Ela consumiu cada pensamento seu. Mas
conhecer sua família antes que ele tivesse a chance de realmente
conhecê-la fez seu interior tremer.

Sem mencionar que ele se sentiu culpado por conversar com


AngelaBennett esta manhã.

Charlotte estava parada na escada, encostada na grade onde


eles se beijaram na noite anterior. Ele não tinha planejado beijá-la
e meio que esperava que ela o afastasse.

Mas ela não fez e se ele não tivesse parado, ele se perguntou
se o beijo teria levado a um convite para entrar e talvez outra
bebida, o que teria sido bom, mas ele precisava ir devagar. Ele
gostava muito dela para transformar as coisas em um caso de
curta duração.

Ela sorriu para ele e seus olhos escuros brilharam com


malícia.

Ele interpretou isso como um bom sinal.

Isso foi até que ele ficou ao lado dela e ela inclinou a cabeça e
sorriu.

— Você não precisa ir se não quiser, — disse ela, com os


braços cruzados sobre o peito. — Quer dizer, talvez não
devêssemos ter nosso segundo encontro em uma reunião familiar
de sessenta parentes meus.

— Estamos rotulando isso como um encontro?

Fale sobre mensagens confusas. Sua linguagem corporal dizia:


dê uma caminhada, mas suas palavras eram uma história
totalmente diferente.
— Depois de ontem à noite, eu acho que um ou dois
encontros estão em ordem, mas não sob o escrutínio da minha
família. Isso certamente matará o que quer que tenha sido a noite
passada, acredite em mim.

— Nosso primeiro encontro foi com minha família, só


encaixando o nosso segundo é com a sua. — Parte dele queria
jogar a toalha branca, mas ele não conseguia deixar de pensar na
conversa dela com o irmão. — Além disso, não vai ser divertido
aparecer comigo e fazer com que eles parem de pressionar você.

— Pode piorar, e não apenas para mim. — Ela enrolou os


dedos em torno de seus irmãos. — Além de que não acho que você
entenda no que está se metendo. Minha família pode ser
opressora e não no sentido provocante que sua irmã estava na
noite passada.

— Você não quer que eu vá? — Suas palavras soaram mais


duras do que ele pretendia, mas seus níveis de confusão e
frustração estavam em um nível mais alto.
— Eu não disse isso. Estou apenas dando uma chance e
tentando que você saiba que eu não ficaria chateada se você
desistisse.

— Eu não sou o tipo de cara que desiste. — Ele agarrou a mão


dela e a puxou escada abaixo. Ele realmente não tinha o direito de
ficar bravo. Ela tinha um ponto válido sobre sua família. Eles mal se
conheciam e isso certamente apareceria em qualquer conversa —
Vamos levar minha caminhonete.

— Você tem certeza?

— Positivo.

— Tudo bem, então. Vamos lá.

Ele a ajudou a entrar na cabine antes de subir no banco do


motorista e ligar o motor. Não era necessário, mas ajudou a
controlar seus nervos. Ele prendeu o celular no suporte,
encontrando sua lista de reprodução country favorita.
Engatou a marcha ré. — Você sabe de quem é aquele
carro? Ele esticou o pescoço, tentando dar uma boa olhada na
pessoa sentada no carro.

— Não faço ideia, — disse ela. — Nunca vi isso antes.

O homem ao volante acenou. Gavin assentiu.

Uma vez na rodovia, correndo pela estrada a cento e vinte


quilómetros por hora, sua mente e corpo relaxaram.

Ele olhou para Charlotte, que tirou as sandálias e descansou


os pés descalços no painel, exibindo as unhas rosa escuro dos
pés. Uma corrente de prata com um pingente de coração pendia
de seu tornozelo enquanto ela batia o pé com a batida da música.

— Você nunca me disse sobre o que é a festa, — disse ele,


hipnotizado pela maneira como ela enrolava os dedos em seus
longos cabelos escuros.

— Na verdade, temos uma reunião mensal para comemorar


aniversários, noivados, formaturas, o que for. A família do meu pai
faz isso há décadas. Este mês está comemorando o aniversário da
minha irmã e a maternidade pendente, a qualquer dia agora, é o
noivado de minha prima.

Sua mente vagou para sua conversa online anterior e o


que AngelaBennett havia dito sobre seu término. Rapidamente, ele
afastou o pensamento. Se ele queria ter alguma chance com
Charlotte, ele teria que parar de entrar no site de namoro.

Depois de se despedir de AngelaBennett. Ele devia isso a ela.

— Sua família realmente faz isso uma vez por mês?

— Como um relógio. Nem todo mundo comparece o tempo


todo, mas muito perto.

— Presumo que todos vivam em Dallas?

— Saia aqui e vire à direita. — Ela apontou para a placa de


saída, as unhas da mão combinando com as dos pés.

— Todos. É como se ninguém tivesse permissão para sair. Na


verdade, fui para a escola no MIT, que quase causou um ataque
cardíaco em minha avó. Consegui um emprego em Silicon Valley,
mas tive sorte de eles incentivarem locais remotos, por isso voltei
para fazer a família feliz.

— Minha família é basicamente a mesma, só que somos todos


bombeiros. — Ele seguiu as instruções que ela lhe deu,
basicamente conhecendo a área, já que sua ex-namorada não
morava muito longe. Na verdade, a apenas três ruas de onde ela
disse que seus pais moravam. Não que ele já tivesse estado na casa
de sua ex. Ele sempre se perguntou, durante o relacionamento de
oito meses, se ela ficara constrangida com o status de classe média
baixa dele.

Ou apenas ele.

— Não gravitamos para nenhum trabalho. Temos médicos,


advogados, gerentes de fundos de hedge, profissionais de negócios
e alguns professores incluídos para uma boa medida.

Ele virou em uma longa estrada particular. O portão foi aberto


para o Porsche que estacionou na frente dele. Arbustos grandes e
verdes pontilhavam a estrada. O jardim da frente era do tamanho
de um pequeno parque. À distância, uma casa branca com
venezianas pretas que mais parecia um clube de campo do que
uma casa, enchia o céu.

— Você cresceu aqui?

Ela assentiu. — Eu provavelmente deveria ter avisado você,


mas minha família tem simplesmente uma pitada de dinheiro. —
Ela ergueu a mão, apertando o polegar e o indicador juntos.

— Se importa se eu perguntar o que seus pais fazem? —


Quanto mais perto ele chegava da casa de sua infância, mais
rápido seu coração batia. Ele queria dar uma volta rápida e puxar o
traseiro. Ele deveria ter considerado o endereço quando ela lhe
deu a chance de desistir. Ele não fazia o gênero dos ricos. Lydia
havia tentado ‘educá-lo’ nas coisas boas da vida. Ele sempre
prefere uma boa cerveja a uma garrafa de vinho chique. Não que
ele não gostasse de vinho, ele gostava. Mas preferia não gastar
mais do que vinte dólares em uma única garrafa.
— Meu pai é cirurgião cardíaco, especializado em
transplantes cardíacos e minha mãe é advogada criminal.

— Uau, isso é impressionante.

— Sapatos difíceis de preencher, então, quando entrei para a


tecnologia, pensei que meus pais iriam pirar.

— E o que seus irmãos fazem?

— Todos seguiram os passos de papai e se tornaram uma


espécie de médico, exceto minha irmã, que é a mais próxima de
mim em idade. Ela foi para a faculdade de direito, mas se casou
com um médico que, aliás, é meu ex-namorado.

Ele agarrou o volante, virando a cabeça na direção de


Charlotte.O que você disse?

— Você ouviu... CUIDADO.

Ele pisou forte no freio, quase acertando o carro esporte caro


na frente dele quando eles se aproximaram da frente da garagem
circular e do estacionamento com manobrista.
— Eu prefiro estacionar sozinho, — ele murmurou, limpando
as teias de aranha de seu cérebro enquanto deslizava de sua
caminhonete, relutantemente deixando as chaves na ignição. Se
ela apenas dissesse o que ele achava que ela tinha dito, então ela
era sua amiga da internet e isso era estranho.

Mas legal.

No entanto, ele não tinha certeza de como ela reagiria ao


descobrir que ele era com quem ela estava conversando.

Ele soltou um longo suspiro. — Desculpe, você me jogou com


a coisa toda de ex.

— Eu, realmente? — ela perguntou com a cabeça inclinada e


um leve sorriso.

Se ele não soubesse melhor, ele pensaria que ela sabia que
ele era o bombeiro sexy (Sexyfirefighter). Mas se ela o fez, ele
pensou que ela teria dito algo entre o momento em que eles
deixaram seu duplex e agora.
— Não consigo imaginar ter que ver meu ex nessa situação o
tempo todo. Parabéns para você.

— Obrigada, mas eu amo minha irmã e quero que ela seja


feliz. Além disso, estou acostumado a isso agora. Já se passaram
três anos, — disse ela ao descer da caminhonete com a ajuda de
um manobrista. Não é um problema neste momento.

Ele não acreditou. — Esta é a irmã que está grávida? — Ele


entrelaçou os dedos nos dela, sentindo a faísca elétrica no
momento em que sua pele se tocou. Ele sabia que teria que dizer a
ela quem ele era, mas melhor em particular do que em uma
reunião familiar pública.

— Ela mesma.

— Você mencionou que estamos comemorando uma prima


que acabou de ficar noiva também. Acho que devo saber quem é,
para que não pareça que eu não saiba sobre a sua família.

— O nome dela é Lydia. Lydia Rosedale e ela...


Ele puxou a mão com um puxão rápido. — Você só pode estar
brincando comigo. A vida havia lançado algumas reviravoltas
interessantes do destino em seu caminho, mas esta tinha que ser
uma das mais cruéis.

— Você a conhece?

— Eu costumava ser apaixonado por ela, — ele admitiu.

Os olhos de Bourbon de Charlotte se arregalaram, então se


estreitaram em pequenas fendas questionadoras. — Você é o
Gavin Clark que ela namorou? — Ela me contou sobre você e como
você pode ser opressor. Eu não posso acreditar que eu não
coloquei tudo junto quando você me disse que on-line...

— É assim que ela conta? Ela não menciona que disse que não
me amava mais e voltaria para o namorado rico três semanas
depois de eu ter me queimado e quase
morrido, AngelaBennett? Ela te disse isso? — Ele mordeu a língua,
impedindo-se de piorar as coisas. Não era culpa de Charlotte que
sua prima o tivesse chutado quando ele estava caído, mas ser
levado a uma festa de família onde o noivado dela estava na frente
e no centro era mais do que ele normalmente tolerava.

— Não, ela nunca mencionou nada sobre o seu acidente. Ela


só disse que você...

Ele deixou a longa pausa durar um momento antes de


responder, o que não diminuiu a tensão crescente no ar quente. —
Que eu o quê?

— Você realmente quer que eu diga isso?

Ele pegou duas taças de champanhe que algum idiota


ofereceu, bebendo uma. As bolhas fizeram cócegas em sua
garganta enquanto o líquido descia por seu esôfago. —
Sim. Quero.

— Que você era sua 'aveia selvagem' antes de se estabelecer.

Ele largou o copo de plástico chique na bandeja e pegou


outro. Ele o estendeu para Charlotte.

— Não, obrigada, estou bem.


— Como quiser. — Ele engoliu aquele, ignorando o chiado
que atingiu seu nariz. — Vou levar mais um.

— Você deve ir mais devagar.

— Realmente? Acho que mereço ficar bêbado, considerando


que estou prestes a ver a mulher que arrancou meu coração do
meu peito e limpou os pés nele, o tempo todo lutando com a ideia
de que a mulher que estou namorando atualmente também é a
mulher com quem comecei a conversar online e ela sabia disso.

— Oh, pelo amor de Deus. Eu não sabia até esta manhã,


quando vi sua tatuagem nas suas costas. — Ela o pegou pela mão,
guiando-o por um mar de pessoas, ao redor da casa... nenhuma
mansão, que parecia mais um resort chique. — Eu não disse nada
porque, bem, eu não sei por quê. Acho que queria me divertir com
isso sendo anônimo um pouco mais.

— Você precisa saber que eu descobri no segundo em que


você mencionou a situação da sua irmã, que você só me contou
online.
— Você está realmente bravo comigo por causa dessa merda
online ou ainda está preso a Lydia?

— Eu não estou preso a ela, mas se eu soubesse de toda essa


merda, eu teria aproveitado a oportunidade que você me deu.

Ela parou de repente, bem em frente ao portão de uma


grande piscina e pelo menos 40 pessoas se misturando ao redor do
deck de concreto. — Ponha a bebida na mesa, tome um copo
grande de água e em cerca de uma hora você pode ir embora, se
quiser.

Ele odiava ser chamado por seu blefe. De jeito nenhum ele
iria embora, especialmente quando poderia potencialmente foder
com Lydia. Ele bebeu o champanhe, tossindo assim que o copo
saiu de seus lábios. — Quão próxima você é de sua prima?

— Éramos muito próximas, mas ela sabia sobre minha irmã e


meu ex e não me contou, então isso atrapalhou nosso
relacionamento, sem mencionar que eu não gostei de como ela
lidou com a situação com você, mesmo embora eu não soubesse
nada além de que ela usou você enquanto empurrava Alan.

— Você parece saber o suficiente. — Ele examinou a festa,


procurando por uma garota pequena com cabelo loiro de
comprimento médio. Demorou apenas um minuto antes que ele
encontrasse Lydia, envolta em um cara alto em uma camisa social
e calça comprida. Quem diabos usava isso para uma festa na
piscina?

— Quer se divertir um pouco com nossos dois ex? — Ele


colocou um braço sobre os ombros de Charlotte.

Ela inclinou a cabeça.

Ele sorriu antes de se inclinar e pressionar seus lábios contra


os dela um pouco mais duramente do que o planejado. Ele culpou
o álcool que já havia subido à sua cabeça.

— O que você tem em mente, meu bombeiro sexy?


Capítulo 6

Charlotte não deveria encorajar Gavin a mexer com Lydia e


seu noivo em nenhum nível, mas considerando que sua prima
tinha largado seu 'brinquedo de menina' logo depois de arriscar a
vida para salvar um menino, parecia apenas adequado.

— Vamos dar a eles algo para conversar. — Ele enfiou a língua


profundamente em sua boca, girando duramente. Segurou-a com
tanta força que ela pensou que ele poderia facilmente quebrar
suas costelas.

Ela se apoiou contra os ombros dele, tentando empurrar seu


corpo do dele, mas pela forma como a língua dele encontrou cada
fenda em sua boca, sua única esperança de recuperar o fôlego era
relaxar em seu abraço e rolar com ele.

Cravando os dedos em seus músculos, ela ficou na ponta dos


pés, combinando com seus golpes febris. A conversa de fundo
rapidamente se transformou em sussurros abafados. Ela deixou o
gemido crescer dentro dela, nadar até sua garganta antes de
passar de sua boca para a dele. Ele respondeu com um gemido
profundo que sacudiu seu peito.

— Charlotte, — uma voz de mulher disse com um tom suave


e delicado.

Oh garoto. Sua mãe odiava quando alguém beijava em


público, mas isso ia além de um beijo.

Pegação seria uma descrição melhor.

Ela pressionou a palma da mão contra o peito de Gavin. Ele


levou o golpe e interrompeu o beijo, olhando para ela com os
lábios machucados e olhos cheios de luxúria.

— Você vai me apresentar ao seu amigo? — Sua mãe


perguntou com um sorriso largo demais para seu conforto.

— Mãe, gostaria que conhecesse Gavin Clark. — Charlotte


deu um passo para trás, seu coração batendo forte quando Gavin
enxugou os lábios e suas bochechas ficaram vermelhas. — Gavin,
esta é minha mãe, Rosie Harper.

— Prazer em conhecê-la, Sra. Harper. — Gavin estendeu a


mão, pegando sua mão em um aperto delicado. — Obrigado por
me receber.

Sua mãe olhou Gavin de cima a baixo como se ele estivesse


em uma loja de doces.

— Estou feliz que minha filha trouxe você. Há quanto tempo


você namora?

— Aí está minha garotinha, — a voz de seu pai ecoou no


quintal. Ele a tomou nos braços e a girou como uma criança
pequena. — Ouvi dizer que você trouxe um jovem, é verdade?

— É, — sua mãe disse com um sorriso pequeno. — Ned,


querido, conheça Gavin.

Seu pai colocou os pés dela no chão e deu um passo para trás
para avaliar seu par. — E o que é que você faz, meu jovem?
— Pai, temos que começar no terceiro grau?

— Eu sou um bombeiro, — disse Gavin, o orgulho brilhando


em cada sílaba.

— Profissão nobre, — disse o pai.

— Posso perguntar se é daí que vêm as cicatrizes? — Sua mãe


nunca foi conhecida por ser sutil sobre nada.

— Mãe, isso não é...

Gavin pousou a mão na parte inferior das costas de Charlotte,


puxando-a para perto. — Está tudo bem e sim. Eu me machuquei
no trabalho.

Sua mãe estendeu a mão, apoiando a mão no ombro de


Gavin. — Lamento que tenha acontecido com você. Obrigada pelo
seu serviço.

Gavin assentiu.

Charlotte se inclinou para ele, passando o braço em volta de


sua cintura enquanto olhava ao redor da festa para todos os
suspeitos do costume. Lydia se aproximou, encostando-se na barra
de rolamento logo depois do portão da piscina. — Seu noivo, Alan,
estava atrás dela, olhando para Gavin.

— Posso pegar uma cerveja para você? Vinho? Algo mais


forte? — Seu pai perguntou.

— Uma água por enquanto, por favor. Eu já me entusiasmei


no champanhe quando chegamos aqui, — Gavin admitiu.

— Então, me diga... — Seu pai bateu com a mão no ombro de


Gavin. — Onde você e minha filha se conheceram? '

— Somos vizinhos, pai.

— Eu quero saber há quanto tempo eles estão namorando. —


Sua mãe apontou para uma mesa perto do bar. — Acho que é
meio novo, considerando o beijo apaixonado que acabei de
testemunhar, mas não tão novo porque vocês parecem muito
confortáveis um com o outro.
Gavin tossiu enquanto puxava uma cadeira, oferecendo a
cadeira para Charlotte.

Seu estômago revirou quando ela se lembrou do delicioso


ataque em sua boca, desejando que sua irmã, Jasmine, e seu
marido, Ralph tivessem visto a exibição aberta.

— Ainda é novo, mãe. — Charlotte não podia dizer que era o


segundo encontro, porque isso abriria uma lata de vermes, o que
poderia ser pior do que aceitar. — Algumas semanas.

— Amor jovem. — Seu pai acenou com a mão no ar. — Volto


já com algumas bebidas.

Gavin manobrou sua cadeira perto dela, mantendo seu braço


protetoramente em torno de seus ombros. Com base na
proximidade de Lydia, Charlotte não pôde deixar de se perguntar
se era tudo um show.

Incluindo o beijo.
Claro, foi. Nem uma única coisa desde que eles saíram de sua
caminhonete tinha sido real. Tudo tinha sido sobre provar que
ambos estavam bem em relação ao seu ex.

— Deixe-me ajudá-lo com isso. — Gavin se inclinou, dando-


lhe um beijo rápido na bochecha antes de se levantar e seguir seu
pai em direção ao bar.

Onde Lydia estava sentada.

Maravilhoso. Em que diabos ela se meteu?

— Você viu sua irmã? — Sua mãe perguntou em um sussurro


baixo.

— Não mãe. Não vi. E antes que você pergunte, eu também


não falei com ela.

Sua mãe se recostou, franzindo os lábios. — Quando você vai


realmente perdoá-la?

Não que Charlotte não tivesse perdoado Jasmine por sua


indiscrição ou Ralph por traí-la, porque se Charlotte estivesse
sendo completamente honesta consigo mesma, ela ficara aliviada
por terminar as coisas com Ralph, pois as coisas estavam ruins há
uns poucos meses. Ela não amava Ralph do jeito que ele merecia e,
obviamente, ele não a amava de verdade. No final, todos ficaram
em melhor situação.

Isso não tornou a picada menos dolorosa.

O problema com sua irmã foi que ela traiu o código de


irmã. Jasmine não deveria ter deixado as coisas irem tão longe
como foram com Ralph e não contar a Charlotte sobre isso. Ou,
pelo menos, deixar Charlotte saber o quanto Jasmine se importava
com Ralph.

Só porque Jasmine estava carregando uma tocha antes


mesmo de Charlotte ter saído com Ralph, não significava que
estava tudo bem.

— Não se trata de perdoá-la por se apaixonar por Ralph, ou


querer ter uma vida com ele. É sobre não confiar em nossa
irmandade e agir pelas minhas costas. Eu estive conversando com
ela por semanas sobre meus problemas com Ralph e o tempo
todo, ela tinha um caso com ele.

— Não foi um caso.

Ela certamente não queria entrar em uma discussão com a


mãe sobre o fato de Jasmine ter dormido com Ralph enquanto
ainda estava tecnicamente envolvida com ela. Charlotte esperava
que sua mãe nunca tivesse ouvido a verdade nua e crua.

— Não importa. Eu superei Ralph e com o tempo, meu


relacionamento com Jasmine continuará a ficar melhor e
melhor. — Charlotte estaria mentindo se não a incomodasse um
pouco sobre a rapidez com que engravidaram. Não que ela
estivesse perto de estar pronta para ter filhos naquela época, ou
mesmo agora, o que tinha sido parte do problema. Ralph era tudo
sobre filhos e tê-los imediatamente e ter meia dúzia.

Charlotte queria talvez dois ou três, mas não tinha vontade de


começar na casa dos vinte anos, quando namorava Ralph.
— Por favor, faça um esforço para passar algum tempo com
ela esta noite. Talvez ter Gavin com você possa aliviar um pouco a
tensão.

Charlotte queria lembrar a sua mãe que o atrito entre ela e


sua irmã tinha mais a ver com a culpa de sua irmã do que qualquer
outra coisa, mas Jasmine sempre foi uma boa menina, então por
que explodir seu disfarce agora que ela estava realmente
acomodada e feliz. — Eu vou. Prometo. — Ela deu um tapinha na
mão da mãe, olhando por cima do ombro.

Gavin estava no bar com seu pai, conversando com seus dois
irmãos mais velhos, enquanto Alan continuava a carranca em sua
direção. Infelizmente, Lydia deslizou pelo pátio, os olhos postos em
Charlotte.

— Olá, tia Rosie, — disse Lydia, sorrindo, exibindo seus dentes


brancos que brilham no escuro. Seus seios estavam em posição um
pouco mais altos do que o normal. — Você está linda esta noite.
— Então, você também, — a mãe de Charlotte disse com um
aceno de cabeça. — Que bom que você e Alan finalmente
marcaram uma data.

— Não podemos esperar. — Lydia puxou para trás o assento


que havia sido ocupado por Gavin. — Você se importa se Charlotte
e eu tivermos um minuto? Tenho algo que preciso perguntar a ela.

— Aposto que sei o que é. — Sua mãe estava com um sorriso


onisciente e deslizou em direção ao bar como se pudesse flutuar
no ar.

Charlotte engoliu em seco. Ela só podia imaginar sobre o que


Lydia queria falar.

— Já faz um tempo, — disse Lydia, recostando-se na cadeira e


cruzando os braços sobre o peito. — Nossas mães estão esperando
que eu convide você para ser dama de honra.

— É essa a sua maneira de me perguntar? — Charlotte não


conseguia acreditar no quanto Lydia havia mudado nos últimos
anos. Ela deixou de ser uma jovem doce e realista para se tornar
uma senhora egoísta e egocêntrica que só pensava em si mesma.

— Não vou machucar minha mãe por não perguntar, então


sim.

— Você está insinuando que eu machucaria a minha?

— Isso é um não? Ou sim?

Charlotte riu. — Eu vou dizer não e quando eu contar a minha


mãe como você deixou Gavin praticamente morrendo no hospital
depois de salvar a vida de um menino, ela vai entender,
especialmente quando meu acompanhante é Gavin.

Lydia estreitou os olhos. — Você não tem ideia do que está


falando.

— Realmente? Você não o iludiu? Usou-o para obter uma


última aventura e, em seguida, deixou-o quando ele mais precisava
de você, porque você não conseguia lidar com as realidades da
vida?
— Você realmente não tem ideia do que está falando. —
Lydia se levantou, pressionando os nós dos dedos contra a mesa.
— Eu ficaria longe de Gavin. Ele não é quem você pensa que é.

***

A luz do dia lentamente se transformou em crepúsculo. Gavin


estava sentado em uma espreguiçadeira à beira da piscina,
cuidando de uma cerveja gelada, olhando para Charlotte, que
conversava com sua irmã grávida. A festa havia diminuído para a
família imediata de Charlotte e alguns parentes remanescentes,
incluindo Lydia, que cruzou o convés.

Ele esperava poder evitar o contato real, embora gostasse de


fazê-la estremecer toda vez que ele escolhia beijar Charlotte, o que
acontecia sempre que Lydia olhava para eles.
— Gavin, — ela disse em um tom abafado enquanto se
sentava ao lado dele. O cheiro de flores com álcool picou suas
narinas. Ele tentou algumas vezes fazer com que ela usasse um
perfume diferente, mas ela escolheu cheirar mais a uma garrafa de
uísque barato do que a uma noite quente de verão.

— Você parece muito bem. — Suas palavras amáveis caíram


por terra e ele decidiu ignorá-las.

— Ouvi dizer que é preciso dar os parabéns. — Gavin mal


olhou em sua direção. Ele odiava admitir a humilhação por ela
deixá-lo ainda preso em sua mente e emoções. Quando olhou para
ela hoje, ele não sentiu nada do amor que ele pensava ter sentido
por ela. Tudo o que ele viu agora foi a casca rasa de uma mulher
que se importava mais com o que as pessoas pensavam dela e
como sua vida parecia, do que o que realmente importava.

Seu pobre noivo.

— O que você está fazendo aqui? — O tom acusatório dela o


irritou.
Ele tomou um gole de sua cerveja, engolindo o último gole,
acenando para Charlotte quando ela olhou em sua direção. Ela
acenou com a cabeça, erguendo o dedo, avisando-o que demoraria
um minuto.

— Vim conhecer os pais e a família da minha namorada pela


primeira vez.

— Isso é besteira, — disse Lydia com veneno pendurado em


seus lábios. — Ontem foi a primeira vez que alguém ouviu falar de
você namorando Charlotte.

— Sim? Charlotte tinha seus motivos para não contar a


ninguém sobre mim. Sim, porque ele não existia até ontem.

— Se você não pode ser honesto comigo, pelo menos seja


honesto consigo mesmo.

— Honesto sobre o quê?

— Por que você está realmente aqui.


Ele sacudiu a cabeça em sua direção. — Que diabos isso
significa?

Ela estreitou os olhos e franziu a testa. — Para tentar arruinar


meu casamento, mas não vou deixar você fazer isso.

Ele olhou para ela, piscando algumas vezes. — O quê? Você


está maluca?

— Você quer vingança.

Ele começou a rir. — Sinto muito, mas não posso acreditar


que você acabou de dizer isso. Eu não tinha ideia de que você era
parente de Charlotte.

— Oh, por favor. Ela e eu somos como irmãs e contamos tudo


uma à outra.

Ele se inclinou para mais perto de Lydia, fazendo-a recuar. —


Como você contou a ela sobre meu acidente e por que você
realmente terminou comigo? Sério, Lydia, você está delirando.
Com o canto do olho, ele viu Charlotte se aproximar com duas
cervejas na mão.

— Aqui está, querido, — disse ela, entregando-lhe uma


gelada.

Ele descansou os pés de cada lado da espreguiçadeira, dando


tapinhas no tecido entre as pernas. Grata, Charlotte se
aconchegou contra ele. — Obrigado. — Ele beijou sua bochecha,
deixando seus lábios demorarem. Ele pensou que tinha feito isso
apenas para irritar Lydia, mas quando inalou o doce aroma de
frutas silvestres de Charlotte, só conseguiu pensar nela e em como
ela o fazia se sentir mais vivo do que no dia em que saiu do
hospital após o acidente. — Lydia está com a impressão de que
estou aqui para arruinar o casamento dela e algo sobre vocês duas
contando tudo uma à outra.

— Talvez quando tínhamos cinco anos, mas lembro-me


claramente dela saber que minha irmã estava dormindo com Ralph
enquanto eu ainda estava tecnicamente namorando e não disse
uma única palavra para mim.

— Seu relacionamento com Ralph estava prestes a terminar


de qualquer maneira.

— Mais uma razão para apenas me dizer, em vez de me


deixar entrar na porra deles.

Gavin mordeu o interior de sua boca, rezando para não fazer


um único som, ou que seu corpo não se sacudisse devido ao
choque.

— Você ainda está amarga — disse Lydia com um sorriso


maroto.

Charlotte balançou a cabeça. — Na verdade, não estou. Mas


direi a você a mesma coisa que disse à minha irmã. Você quebrou
minha confiança. Cabe a você merecê-la de volta. Ela está fazendo
o possível para acertar as coisas onde você, por outro lado, parece
se importar apenas em salvar a aparência. Diga-me Lydia, Alan
realmente sabe sobre você e Gavin e o que aconteceu?

— Você não sabe do que está falando. — Lydia se levantou e


saiu furiosa como uma criança ouvindo que não podia comer um
biscoito.

Gavin colocou sua cerveja na mesa, circulando os braços ao


redor de Charlotte, puxando a parte de trás de sua cabeça para seu
peito. — Eu quero saber o que o noivo dela sabe ou não sabe
sobre mim?

— Quando eles voltaram a ficar juntos, alguns anos atrás, ela


disse a ele que nunca fez sexo com o cara com quem ela meio que
namorou.

— E suponho que ela lhe disse o contrário.

— Vamos apenas dizer que espero que parte do que ela disse
não seja um exagero.
Ele baixou a testa em seu ombro. — Nós temos um
problema. Estou bêbado demais para dirigir e suspeito que você
também.

— Não estou bêbada, mas sim, não vou dirigir. — Ela ergueu a
cabeça, encarando-o o melhor que podia nesta posição.

— Meus pais disseram que poderíamos ficar com a casa da


piscina.

Ele quase engasgou com a própria respiração. — Desculpe?

Ela apontou para o outro lado da piscina e um edifício


pitoresco que parecia uma mini réplica da casa principal. — Há um
quarto e banheiro completo.

— E seus pais não se importam se dormirmos lá... juntos?

— Não. De acordo com minha irmã, eles gostam de você e


consideram seu material de longo prazo.
— Interessante. — Ele pegou sua cerveja, tomando um longo
gole de coragem. — Então, você está ansioso para compartilhar
uma cama comigo?

— Estou pensando nisso há horas.

— Então, o que estamos esperando?


Capítulo 7

Charlotte saiu do banheiro para o quarto da casa da


piscina. As cortinas azuis claras foram fechadas. Todas as
almofadas brancas e azuis escuras foram jogadas no chão e o
edredom foi puxado para trás, mas Gavin não estava à vista.

Ela alisou a camiseta grande que encontrou na gaveta, seu


olhar disparando ao redor da sala. Um grande nó se formou em
sua garganta.

— Eu encontrei isso, — disse Gavin.

Ela engasgou, cambaleando para frente, derrubando a


lâmpada da mesinha de cabeceira.

Ele parou na porta. Desculpe. Eu não queria te assustar. Ele


segurava uma garrafa de vinho em uma mão e dois copos de
plástico na outra.
— Está tudo bem, é apenas um pequeno copo. — Ela subiu na
cama queen-size, afofando alguns travesseiros atrás da
cabeça. Fechou as mãos em punhos apertados, esperando que isso
as impedisse de tremer ao pegar o copo.

Ela o observou enquanto ele colocava os óculos na cômoda


ao lado da cama.

O cheiro de uma vinha na encosta de uma colina durante um


dia enevoado de outono encheu suas narinas. Ela pegou o copo,
cheirando o líquido encorpado. — Obrigada por vir comigo esta
noite.

— Foi um prazer. — Ele bateu no copo e tomou um pequeno


gole antes de torcer o corpo, mostrando sua estrutura musculosa e
rígida e pousando o copo. — Para pessoas ricas, seus pais parecem
muito legais.

— Eles são.
— Eu tenho que admitir, eu os tinha pré-julgado como idiotas
por causa do seu irmão Ethan e a maneira como ele falava com
você, mas mesmo ele não é tão ruim.

— Eu me afastei da minha família depois do que aconteceu


com Ralph e Jasmine. Eu realmente não falei com ninguém, então,
eles estavam preocupados com razão, mas depois de falar com
minha irmã esta noite, acho que as coisas vão ficar melhores.

— Você parecia estar tendo uma discussão muito pesada.

Ela soltou uma risada leve. — Estávamos, mas não era sobre o
nosso passado, o que era bom. Era bom ser apenas irmãs.

Cada vez que ele arqueava uma sobrancelha, ele abaixava o


queixo, inclinando a cabeça ligeiramente para a direita, e o lado
esquerdo de sua boca se curvava para cima em um meio sorriso
divertido. Isso a fez querer segurar seu rosto e chupar seus lábios.

— Sobre o que você falou então?


Oh cara, essa era uma pergunta que ela não tinha certeza se
deveria responder com toda a honestidade. Ela tomou um grande
gole de seu vinho, deixando a substância frutada permanecer em
sua garganta.

Ele se esticou de lado, apoiando o rosto na palma da mão, o


cotovelo na cama ao lado da coxa dela, olhando para cima. —
Agora estou realmente curioso. — Ele pegou a outra mão e a
apoiou em sua coxa nua.

Cada centímetro de sua pele estava em chamas, como se ela


estivesse deitada na praia sob o sol quente.

— Conversamos um pouco sobre você.

Ele sorriu. — E?

— Buscando elogios? — Seu coração palpitou enquanto os


dedos dele dançavam para cima e para baixo em sua perna,
perigosamente perto de deslizar para baixo de sua camisa.

— Eu não me oporia a ouvir um ou dois.


Ela soltou uma risada nervosa. Já fazia algum tempo que ela
dormira com um homem e ela também não tinha muita
experiência, já que seu histórico de namoro consistia em seu
namorado do colégio, seu namorado da faculdade, Ralph, e o
babaca arrogante com quem ela namorou no ano passado.

— Todo mundo pensa que você é doce.

— Isso é o que todo homem americano de sangue quente


quer ouvir. — Ele se inclinou para frente e pressionou os lábios na
parte interna de sua coxa.

Seu corpo estremeceu de prazer. Uma onda de desejo colidiu


contra seu corpo, salpicando-a com pulsos elétricos dos dedos dos
pés aos lábios.

— Minha mãe acha que você é sexy.

Ele baixou a cabeça para o colo dela. — Eu só me importo


com o que você pensa.
Ela correu os dedos pelos cabelos dele, deslizando-se
timidamente pela cicatriz, sentindo a marca levantada. — Posso te
fazer uma pergunta?

— Claro, — ele disse suavemente, seu hálito quente fazendo


cócegas em sua pele.

— Esta manhã, quando você desceu correndo os degraus da


varanda sem camisa, percebi como isso desceu ao lado do seu
braço.

Ele soltou um longo suspiro antes de se sentar de joelhos. —


As cicatrizes incomodam você?

— Não. — Ela segurou seu rosto, beijando suavemente seus


lábios. Eles são parte de quem você é e não posso deixar de pensar
em tudo que você teve que suportar...

Ele agarrou seus pulsos, puxando-os para longe. — Eu não


quero ou preciso de pena.
Ela estreitou os olhos. — Eu não tenho pena de você. Nem um
único pedaço.

Ele abriu a boca, mas ela o silenciou com um beijo curto. —


Eu admiro sua coragem e honra. O que você faz é especial e nem
todo mundo é feito para um trabalho como o seu. Quando eu vejo
você, não vejo as cicatrizes como algo separado. Eu vejo um
homem que coloca os outros antes de si mesmo. — Ela puxou a
barra de sua camisa, levantando-a sobre sua cabeça. O dano do
fogo salpicou a lateral de seu braço em uma trilha de manchas
vermelhas. Mas a pele de seu lado tinha ficado mais branca e com
veias devido às queimaduras.

— Eu não gosto de chamar atenção para elas, — ele


sussurrou com a voz trêmula. Seu corpo ainda estava tenso
quando ele se afastou dela.

Ela queria embalá-lo em seus braços e segurá-lo com força


por horas. — Não quero me concentrar em suas cicatrizes, mas
estou mortificada com o que Lydia fez. — Timidamente, ela
estendeu a mão, espalmando seu peito, tocando uma de suas
cicatrizes.

Seu peito se contraiu. — Eu estava muito mal depois do


acidente. — O olhar severo com que ele a examinou se
transformou em um brilho suave.

— Verdade? — Ela correu um dedo pelo peito dele, pela


barriga, seguindo as marcas de queimadura no topo de seu
quadril. — Ela é uma mulher superficial e nunca mereceu você.

— Eu não vou discutir com você quanto a isso. — Ele passou a


mão para cima e para baixo em seu braço, puxando-a um pouco
mais perto. — No entanto, levou meia dúzia de cirurgias para me
fazer parecer tão bom.

— Você é o homem mais lindo que eu já vi.

— Você só está dizendo isso para entrar nas minhas calças.


Seu pulso disparou enquanto seu peito subia e descia com
uma respiração profunda. Seu sorriso enviou uma corrente elétrica
sobre sua pele.

Eles se encararam por um longo momento, presos em um


brilho hipnotizante de calor e paixão crua. Sem pensar, ela
levantou a camisa sobre a cabeça, expondo o peito nu.

Seus olhos se arregalaram antes que as pálpebras baixassem


até a metade. Sua mão segurou seu seio com o toque mais suave,
seu polegar descansando logo abaixo de seu mamilo. Levantando a
outra mão, ele colocou o cabelo dela atrás da orelha, pressionando
os lábios contra seu ombro. — Você não é apenas bonita, mas é
genuína.

— Essa é a coisa mais romântica que alguém já me disse.

— Lembre-se disso, porque não posso prometer que algo


romântico possa voltar a sair da minha boca novamente.
Ela pegou o polegar dele e o esfregou contra o mamilo. Suas
bochechas ficaram vermelhas com a ousadia de seu ato.

Os cantos de seus lábios se arquearam em um sorriso


enquanto ele beliscava e torcia.

Ela deixou cair a cabeça para trás e ele imediatamente beijou


a pele macia sob sua orelha, lambendo seu pescoço e sugando um
mamilo em sua boca, sua língua rolando sobre a protuberância
dura.

Cravando os dedos em suas omoplatas, ela se inclinou para


trás enquanto ele a deitava suavemente na cama. Sua boca e mãos
percorriam seu corpo com um toque delicado, mas faminto. Com
facilidade, ele rolou sua calcinha de algodão até os tornozelos
antes de jogá-la pelo quarto.

A luz fraca das lâmpadas enchia a sala, dando a ele uma visão
perfeita de seu corpo nu. Ela se apoiou nos cotovelos, as mãos
dele apertando suas coxas logo acima do joelho.
Ele ficou na beira da cama, olhando para ela enquanto
desabotoava o botão da calça jeans. Sua respiração engatou
quando ela mordeu o lábio inferior. Os músculos de seu estômago
se contraíram quando ele baixou as calças e a cueca, revelando-se
a ela.

Ela tentou engolir o suspiro que retumbou em sua garganta


quando ele se abaixou na cama entre suas pernas. Seu olhar
vagando por seu corpo, cheio de luxúria.

Curvando-se, ele beijou sua coxa, esfregando os dedos em


seu cerne inchado. — Diga-me o que você gosta, — ele sussurrou.

— Eu gosto disso. — Ela deslizou os dedos pelo cabelo macio


e espesso dele.

Sua língua estalou para fora, trabalhando em uníssono com


seu dedo, deslizando para a frente e para trás em um círculo
glorioso antes de apertar sua boca sobre ela.
— Oh… sim… — ela conseguiu falar enquanto o observava
devorar seu corpo como se ela segurasse a última gota de vinho da
garrafa mais cara do mundo. Ofegou por ar, balançando a cabeça
para a frente e para trás. Seus dedos acariciaram suas entranhas
como um pianista tocando uma canção romântica para sua
amante.

— Oh meu Deus. — Ela agarrou as pernas juntas, prendendo


sua cabeça enquanto seu orgasmo rasgava seu corpo
inesperadamente. Ela sempre foi capaz de gozar durante o sexo
oral, mas geralmente exigia um pouco de concentração de sua
parte, mas não desta vez.

Não com Gavin.

Inalando profundamente, ela permitiu que seu corpo


relaxasse enquanto ele beijava sua pele aquecida. Ela piscou
algumas vezes, focando apenas em seu rosto cinzelado. Antes que
tivesse a chance de devastá-lo, ele se cobriu com uma camisinha e
se pressionou contra ela.
— Você é incrível, — disse ele, afagando o rosto dela com as
mãos, entrando em seu corpo com um impulso lento e acariciante.

Ela queria tomar sua masculinidade em suas mãos e sentir e


saborear seu corpo duro, mas macio, contrastante, mas senti-lo
esticar dentro dela fez o quarto girar. — Gavin, — ela sussurrou,
envolvendo as pernas em volta da cintura dele, cravando os
calcanhares na bunda.

— Charlotte, — ele sussurrou de volta, balançando para a


frente e para trás dentro dela, gemendo em seu ouvido.

Ela não conseguia se imaginar com outra pessoa, assim,


nunca mais. Ele cabia dentro dela como uma chave com a
fechadura correspondente. Esmagando-se contra ele, ela gritou
seu nome uma e outra vez até que ele derramou sua liberação em
uma explosão pulsante, gritando o nome dela.

Quando ele caiu em cima dela, ela aceitou seu peso,


envolvendo os braços ao redor de seu corpo, segurando-o com
força.
— Gavin?

— Sim, Charlotte?

— Você acha que podemos fazer isso de novo daqui a pouco?


Capítulo 8

Nada sente melhor do que ter uma mulher envolta em seu


corpo, a pele dela ainda quente de uma noite apaixonada de amor.

Charlotte tinha sido mais do que ele esperava dentro e fora


da cama. A tímida garota da porta ao lado não apenas fazia seu
corpo zumbir como o motor dentro de um carro esporte perfeito
enquanto fazia as curvas da Mulholland Drive, mas ela era de longe
a pessoa mais inteligente em qualquer ambiente. Ela tinha um
certo atrevimento quando estava perto de pessoas com quem se
sentia confortável e se portava com uma confiança que ele nunca
tinha visto antes.

Não que ele a tivesse visto em muitas situações fora de se


esconder em seu apartamento trabalhando.

Ele beijou sua testa.


— Que horas são? — ela sussurrou, deixando escapar um
longo suspiro. A mão dela deslizou por seu estômago e descansou
em seu peito.

— Três da manhã.

— Minha mãe disse que o café da manhã era às


oito. Devíamos definir um alarme.

Dormir em um prédio diferente, longe de sua família, era uma


coisa. Tomar o café da manhã com eles era algo totalmente
diferente. Seu pulso disparou. Se ela fosse qualquer outra mulher,
ele encontraria uma maneira de sair dessa.

— Quem estará lá?

— Todos os meus irmãos, seus cônjuges e filhos, e pelo


menos o irmão do meu pai, mas tenho certeza de que outros
aparecerão.

Ele engoliu em seco. Não queria ver Lydia novamente. Todos


na festa perceberam suas cicatrizes. Era impossível não olhar, mas
ninguém as olhou como Lydia. No segundo em que ela inclinou a
cabeça para ver melhor, a pele dele queimou. Ninguém nunca o
fez sentir como se suas cicatrizes o tornassem menos homem.

Exceto Lydia.

Charlotte beijou seu peito, seus dedos deslizando por seu


corpo e suas cicatrizes, com uma carícia amorosa. Ela também
havia estudado suas cicatrizes, mas o fez da mesma forma que
explorava seu corpo, como se conhecendo cada textura de sua
pele, todos os contornos de seus músculos, os aproximasse. Ela
não tratava suas cicatrizes de maneira diferente do que qualquer
outra parte de seu corpo.

— O que você está pensando? — ela perguntou, se


aconchegando mais perto.

Ele respirou fundo, inalando seu perfume floral fresco. À


distância, o som fraco do que poderia ser um alarme doméstico fez
cócegas em seus ouvidos. — Você ouviu isso? Cuidadosamente, ele
soltou seu corpo e se sentou, esticando o pescoço, tentando se
concentrar nos sons da noite.

— Ouvir o quê?

— Sirenes. — Ele escorregou da cama, encontrando seu jeans.

— Eu não ouço nada. — Ela agarrou os lençóis contra o peito,


o luar brilhando pela janela, atingindo seu perfil da maneira certa,
mostrando sua pele brilhante.

Ele fez uma pausa, tirando o olhar de Charlotte, olhando pela


janela, que não estava inclinada para onde ele pudesse ver a casa
principal.

— Volte para a cama, — Charlotte murmurou, antes que seus


olhos se arregalassem enquanto o som de carros de polícia e
caminhões de bombeiros enchiam o ar.

— Eles não são muito...

Batida! Batida!
— Charlotte? Gavin? — Ned, seu pai gritou. — Desculpe
acordá-los.

— Estamos acordados, — disse Gavin, agarrando sua camisa


antes de abrir a porta do quarto. Ele olhou por cima do
ombro. Charlotte se arrastou para a beira da cama, envolvendo-se
em um cobertor. Ele fechou a porta, dando a ela uma chance de se
vestir, mas realmente, nenhuma razão para seu pai ver a cama
desfeita que sua filha dividia com seu namorado... ele piscou. Ele
lidaria com esse pensamento mais tarde.

Seu pai estava parado na porta da frente com um robe. Ele


passou a mão pelo cabelo ralo.

— O que há de errado? — Gavin encontrou Ned no centro da


sala.

— Nosso alarme disparou e eu não gostava de vocês dois aqui


sozinhos se alguém estivesse no local.

— Há quanto tempo ele disparou? Eu não ouvi.


— Com o número de hóspedes que temos na casa, não
coloquei o alarme como normalmente faria. Mas alguém acionou o
alarme ao entrar na área da piscina.

O cabelo de sua nuca se arrepiou com atenção. — Senhor,


você não deveria ter vindo aqui. Você poderia ter ligado.

— Primeiro, nunca me chame de senhor. — Ned arqueou uma


sobrancelha. E em segundo lugar, essa é minha filha lá e eu nunca
a deixaria sozinha.

Gavin engoliu em seco, balançando a cabeça uma vez. — Eu


só estava preocupado com a sua própria segurança.

Ned enfiou a mão no manto e puxou uma arma. — Obrigado.

Mais da metade de todo o Texas tinha algum tipo de arma,


então a arma não deveria ser surpresa para ele.

— Até que eu saiba o que está acontecendo, gostaria que


você e Charlotte fossem para a casa principal. — Ned colocou a
arma de volta no bolso.
— Claro, — disse Gavin, olhando por cima do ombro. — Meu
pai é um policial, e eu sei que ele está de plantão esta noite. Posso
ligar para ele, se necessário.

— Você não seguiu os passos dele? — Perguntou Ned.

— Minha mãe é bombeira, então eu segui os dela.

— Uau. Estou impressionado.

Antes que ele pudesse responder, Charlotte abriu a porta do


quarto.

— Papai, o que está acontecendo? — Ela atravessou a sala na


ponta dos pés, dando um abraço no pai.

— Provavelmente nada para preocupar sua linda cabecinha,


mas é melhor ficar...

— Não me trate com condescendência, pai. Nós dois sabemos


que a mãe defende algumas pessoas bem desagradáveis, e é por
isso que você tem um sistema de segurança tão elaborado. Então o
que aconteceu? — Ela deslizou o braço em volta da cintura de
Gavin.

Ele ficou tenso, embora não fosse pelo toque dela.

— É possível que alguém tenha tentado entrar, — disse Ned.

— Vamos todos para a casa principal, — disse Gavin,


pressionando a mão contra o centro de suas costas. — Tenho
certeza de que conheço os da emergência, então gostaria de falar
com eles.

Ele seguiu Ned pelo pátio de cimento. Todas as luzes estavam


acesas, iluminando a água verde ondulando na piscina. Ele
esperava ver os restos de uma grande festa, mas tudo estava
limpo. A única coisa que ficou para trás foram as mesas e cadeiras
extras.

Três grandes portas de correr duplas alinhavam-se na


cozinha. Ele nunca tinha visto uma cozinha do tamanho ou
magnitude desta com seus dois fornos duplos lado a lado, um
freezer do tamanho de uma geladeira, uma ilha para pelo menos
doze pessoas e um refrigerador de vinho do chão ao teto. Os
contadores eram de uma cor esbranquiçada com espirais de cinza
e verde claro. Ele não tinha certeza, mas presumiu que fossem de
granito.

A sala estava cheia de todos os seus irmãos. Suas sobrinhas e


sobrinhos estavam esparramados no sofá e no chão da sala de
estar, assistindo a algo na televisão.

— Gostaríamos de ver o videoteipe agora, — o som da voz de


seu pai soou forte.

— Meu pai está aqui, — ele sussurrou no ouvido dela. —


Tenho de ir falar com ele.

— Eu vou com você.

— Fique aqui com todos os outros.

Sua sobrancelha direita se contraiu.


Ele a magoou, mas agora não era a hora nem o lugar para
apresentá-la a seu pai. Ele a beijou na bochecha. — Eu estarei de
volta em breve.

Ned o seguiu pela cozinha, pelo longo corredor e até o saguão


onde Rosie e o irmão mais velho de Charlotte, Ethan, conversavam
com seu pai e seu parceiro, Edward Hayes.

— Aqui está meu marido, — disse Rosie, estendendo a


mão. Ned o pegou e se aproximou da esposa. — Como eu disse
antes, tivemos uma grande festa ontem à noite, e ainda temos a
casa cheia de convidados. Ele foi buscar nossa filha e seu
namorado na casa da piscina.

Gavin pigarreou, fazendo sua presença conhecida.

Seu pai virou a cabeça. — Filho? O que você está fazendo


aqui?

— Seu filho é o namorado da nossa filha. — Rosie disse.


A mãe de Gavin iria colocar sua cabeça em uma bandeja,
especialmente se sua irmã mais nova tivesse dito alguma coisa.

— Por que não nos concentramos no que disparou o alarme,


— disse Gavin, olhando para baixo, percebendo que estava
descalço. — Você mencionou algo sobre vídeo de vigilância?

— Sim. Temos câmeras instaladas em toda a


propriedade. Eles rodam em fitas de setenta e duas horas , — disse
Rosie.

— Minha esposa é advogada criminal, e sempre me preocupo


que alguém vá...

— Querido, precisamos entrar nisso agora?

— Não, querida, — disse Ned, apontando para o lado norte


da casa. — Podemos acessar tudo do escritório da minha esposa.

— Se importa se eu der uma olhada na propriedade? — O


companheiro de seu pai, Hayes, perguntou.
— Esteja à vontade, — disse Ned, liderando o caminho por
um labirinto de quartos, todos decorados em estilo shaker com
uma mistura de couro escuro, cadeiras de madeira e peças de arte
que retratavam um estilo de vida ao ar livre.

Foi difícil para Gavin conciliar que Charlotte veio com tanto
dinheiro e viveu o estilo de vida modesto que ela retratou. A única
experiência que teve com pessoas ricas foi Lydia e as ocasionais
casas chiques em que teve que entrar devido a um incêndio ou
outra emergência.

Bem no fundo da casa, por um conjunto de portas francesas,


ficava o escritório doméstico de Rosie. Ele tinha uma grande mesa
branca em forma de U, com um conjunto de telas de computador
exibidas com destaque na parede posterior. Ned estava sentado
atrás da mesa, puxando uma gaveta de teclado. Os monitores
ganharam vida.
— A ligação veio às 14h38, — disse o pai, inclinando-se sobre
o ombro de Ned. — Se pudéssemos olhar para todos os ângulos
que você tem de 1:38 até agora.

— Certo.

— Por que você não vai para cima, e meu filho e eu podemos
ver a filmagem e se virmos alguma coisa, avisaremos.

— Isso é bom. — Rosie estava parada na porta, esperando por


Ned. — Espero que não tenha sido nada, embora odeie fazer
perder seu tempo.

— Não é uma perda de tempo. É o nosso trabalho. — Seu pai


estava sentado atrás da mesa, assumindo os controles do vídeo
gravado.

Gavin encostou-se à mesa, atrás de seu pai, examinando as


telas. Quando era mais jovem, sonhava em ser policial. Ele passou
grande parte de sua juventude lendo e assistindo programas
policiais. Passou os verões trabalhando para o escritório do xerife,
admirando seu pai. Ele ainda venerava seu pai e seu trabalho, mas
um dia com sua mãe no corpo de bombeiros, quando ele tinha
dezoito anos, mudou seu mundo para sempre. Observar sua mãe e
outros parentes lidando com um incêndio de três alarmes e as
vidas que eles salvaram colocou o vírus do bombeiro em seu
coração. Não que a profissão de seu pai fosse menos admirável e
importante para a segurança da comunidade, mas o chamado das
chamas havia queimado profundamente em seu sangue.

— Então, você tem namorada agora? — Seu pai disse,


olhando por cima do ombro. — Desde quando?

— Desde ontem. — Ele não via sentido em mentir para o


velho. Ele nunca tinha feito isso no passado, nem mesmo como um
adolescente estúpido, então por que começar agora. — Ela é
minha vizinha. Eu meio que estou de olho nela há um tempo, só
achava que ela não dava bola pra mim.

— Importa-se de me dizer como você acabou passando a


noite aqui se isso é tão recente e por que estão chamando você de
namorado? — O tom de seu pai não era acusatório, nem
misturado com decepção, mas tinha um certo tom.

— Eu bebi o suficiente para que dirigir não fosse seguro. Eles


foram gentis o suficiente para me deixar ficar aqui depois da festa.

Seu pai soltou uma risada curta. — Você deve ter causado
uma boa impressão para eles permitirem que você dormisse no
mesmo quarto com sua filha...

— Ela os deixou acreditar que estávamos namorando há mais


tempo do que isso.

Seu pai girou a cadeira.

— Me deixe terminar. — Gavin ergueu a mão. Para encurtar a


história, seu ex-namorado se casou com sua irmã e, desde então,
ela foi afastada de sua família, e eles, por sua vez, estão
preocupados.

— Com razão. — Seu pai voltou sua atenção para as telas,


parando, retrocedendo, avançando rapidamente, procurando o
que havia violado a área de segurança. — Então, o que você está
me dizendo é que ela está usando você para tirar a família dela de
volta e não há relacionamento?

— Não. Estamos namorando. — As palavras saíram de sua


língua facilmente, deixando uma sensação de calor na boca do
estômago.

— Então posso dizer à sua mãe que você vai levar sua
nova namorada para jantar esta semana.

Ele estava prestes a recusar a ideia quando um carro parou do


outro lado da estrada, vindo da garagem principal, sem luzes
acesas. — Você vê isso, pai?

— Vejo. — Seu pai apertou o teclado, dando um zoom no


carro.

Gavin se aproximou da tela. — Já vi aquele carro antes.

— Onde e quando?
— Do lado de fora do meu duplex esta manhã, assim que
Charlotte e eu saímos para vir aqui.

— Você pode ter certeza?

— O carro tinha um adesivo de para-choque da Smith &


Wesson no para-choque direito. — Gavin estudou o homem,
vestido de preto, saindo do carro, tentando puxar memórias da
pessoa que viu esta manhã de sua mente.

— Parece que encontramos nosso cara, — disse seu pai,


seguindo o homem de uma câmera para a outra até que ele
desapareceu perto da lateral da casa.

— É onde todos os carros estão estacionados. — Gavin bateu


na tela. Não tenho ideia de quantos sobraram, mas eu sei que é
onde eles colocaram meu caminhão.

Seu pai pegou o celular e ligou para Hayes, pedindo-lhe que


desse uma olhada naquela área.
— Pai, olha. — Gavin bateu na tela superior, onde o mesmo
homem que tinha visto esta manhã pulou o portão dos fundos da
piscina. Lembro-me que o homem que vi esta manhã tinha óculos
de aros escuros. Esse é ele. Eu sei isso.

— Charlotte o conhecia?

— Ela disse que nunca tinha visto o carro antes.

— Acho que você não percebeu se ele o seguiu ou não? —


Seu pai tirou um pequeno caderno e fez algumas anotações.

— Sinto muito, pai. Não percebi. — Gavin observou enquanto


o homem do carro branco disparou por cima da cerca e atravessou
o quintal, enquanto as sirenes ecoavam ao fundo.

— Não tiha por que perceber. — O telefone de seu pai tocou.


— O que foi, Hayes?

— Você e Gavin precisam ir ao estacionamento separado.

Gavin olhou para seu pai.

— Por que meu filho precisa ir?


— Seu caminhão foi vandalizado.
Capítulo 9

Charlotte não tinha previsto um encontro com o pai de Gavin


sob o pretexto de ser interrogada, mesmo que apenas como
testemunha.

Ela se sentou no sofá de couro de pelúcia no escritório de sua


mãe, Gavin encostado na mesa enquanto seu pai, que tinha o
mesmo brilho de sondagem apenas com mais algumas rugas ao
redor dos olhos, começou seu questionamento. Você nunca viu
aquele carro ou homem antes? O pai de Gavin, Eric perguntou
depois de mostrar a ela todas as imagens das câmeras de
segurança.

— Lembro-me do carro desta manhã, mas honestamente não


reconheço o cara. — Ela travou o olhar com Gavin.
— Você tem algum ex-namorado que possa ter um motivo
pessoal? — Eric questionou em um tom gentil, mas não tornou
isso menos estranho.

— Não, que eu saiba. Meu último namorado de verdade foi o


marido da minha irmã. Eu namorei esse cara alguns meses atrás,
mas não tenho notícias dele há meses e aquele cara, ela apontou
para a tela, que havia sido congelada no melhor ângulo do homem
que estava dirigindo o carro e pulou a cerca para a área da piscina,
— não é ele.

— E os colegas de trabalho? Amigos? Alguém que pode estar


interessado em você? — Eric girou na cadeira de sua mãe,
balançando para frente e para trás. Alguém que você pode ter
rejeitado, ou que poderia estar com ciúmes de você?

Ela mordeu o interior da boca. A única pessoa que veio à


mente foi Charlie, do site de namoro. Mesmo que ela não tenha
fornecido seu nome verdadeiro, ela usou seu e-mail pessoal para
se registrar no site e ninguém era completamente anônimo, não
importa o quanto tentassem. — Tem um cara, mas ele não sabe
meu endereço.

— Que cara? — Gavin perguntou com uma sobrancelha


arqueada e uma carranca.

— Alguém do site de namoro.

— Qual site de namoro? — O pai de Gavin perguntou.

— Você estava conversando com outros homens? — Os olhos


de Gavin se estreitaram em pequenas fendas.

— Foi antes de nos conhecermos online ou sairmos, — disse


ela, desejando não ter que fazer isso na frente de seu pai.

— Sinto muito, mas estou confuso, — disse Eric. — Vocês dois


se conheceram em um site de namoro?

— Estávamos conversando em uma sala de bate-papo para


solteiros, mas não soubemos até, bem... — Gavin olhou para o
relógio. — Ontem.
Seu estômago embrulhou. Ela não se sentia culpada, mas ela
podia ver a dor por trás dos olhos de Gavin. — Eu o bloqueei, mas
ele se passou por você.

— Como eu? Como ele fez isso? E quando ele fez isso? —
Gavin cruzou os braços sobre o peito.

— Ontem de manhã, algumas horas antes de partirmos para


cá. Ele apareceu usando um nome de tela diferente. Ele disse algo
como, ei, sou eu. — Eu respondi com... — ela fez uma pausa,
roendo a unha.

— Com meu nome de tela? — Gavin perguntou, salvando-a


de ter que dizer Sexyfirefighter na frente de seu pai, o que
provavelmente seria tão constrangedor para ele quanto para ela.

Ela assentiu. — Não mais do que um minuto depois, você me


chamou, então eu o bloqueei novamente.

— Que horas eram? — Eric perguntou, rabiscando em seu


caderno.
— Eu teria que olhar meu histórico no site para dar a vocês a
hora exata.

Eric ergueu as pálpebras, mas não a cabeça. — Você pode


acessar as conversas?

— Só as que salvei, e não salvei nenhuma das dele, mas


acredito que quando você bloqueia alguém, o tempo é marcado.

— Se importa se olharmos dentro de sua conta? — Eric


perguntou.

Gavin inclinou a cabeça. Seu peito se ergueu antes que ela


ouvisse uma longa expiração.

— Se você acha que vai ajudar a pegar quem cortou os pneus


de Gavin e chaveou seu caminhão, com certeza. — Ela continuou a
avaliar a expressão de Gavin.

Ele levantou as mãos e esfregou as têmporas. — Por que você


bloqueou esse cara?

— Ele ficou estranho. E possessivo.


— Será que o site arquiva conversas? — Eric se levantou,
enfiando seu bloco de notas no bolso de trás. — Vou pedir um café
para sua mãe. Algum de vocês quer um pouco?

Ela assentiu.

— Isso seria ótimo, obrigado, pai.

— Volto já e então podemos entrar no site e ver o que


podemos descobrir. Vou pedir a Hayes para ligar para a unidade
cibernética e ver se conseguimos que o proprietário do serviço de
encontros nos dê acesso a algum arquivo. — Eric saiu do escritório.

Ela se recostou na cadeira, fechando os olhos.

— Com quantos homens você está falando? — O tom


acusatório de Gavin pairava no ar como uma espessa camada de
fumaça em um bar de charutos.

— Eu só estava falando com você. Eu tinha conversado com


alguns outros homens antes disso, sobre os quais falei online.

— Por que você não me contou sobre esse cara antes?


— Eu disse ao sexyfirefighter e não pensei que precisava me
preocupar. Meu endereço não está associado à conta.

— Mas é possível que ele pudesse ter encontrado seu nome


verdadeiro e procurado você, certo?

Ela assentiu, abaixando o queixo e abrindo os olhos. Gavin se


empurrou da mesa e ficou na frente dela. — Você salvou nossas
conversas?

— Sim, mas não é como se tivéssemos feito sexo na Internet


ou algo assim.

— Você diz isso como se já tivesse antes. — Ele colocou as


mãos nos quadris e a encarou.

— Se eu tivesse, antes de sair com você, não seria da sua


conta. Mas como esta parece ser a inquisição espanhola, posso
dizer que nunca fiz isso.

— É que meu pai vai ler e as coisas já estão estranhas. — Ele


olhou ao redor da sala antes de se sentar ao lado dela no sofá.
Um longo silêncio se estabeleceu entre eles. Ela queria
quebrar a tensão, mas não sabia como, muito menos o que
dizer. Sua vida amorosa, mais uma vez, estava em exibição. Tinha
sido difícil o suficiente quando ela pegou sua irmã com Ralph, e
posteriormente mentiu para sua família sobre como os encontrara
juntos para que sua irmã pudesse salvar as aparências.

— Sinto muito pela sua caminhonete, — ela sussurrou, sem


nada melhor para dizer.

— Não é sua culpa.

— Indiretamente é, se for esse idiota do site.

— Nem mesmo remotamente perto. Ele poderia ter agarrado


qualquer pessoa e provavelmente já o fez antes. — Ele mudou seu
corpo, batendo o dedo em sua coxa. — Por que você veio de tudo
isso e mora em um duplex do outro lado da cidade, quando
obviamente poderia estar morando em um lugar muito melhor?
— Por que isso é óbvio? — Outra razão para nunca trazer
ninguém para casa. Depois de saberem que você vem do dinheiro,
eles fazem suposições sobre você.

Ele soltou uma risada curta. — Você dirige um Hyundai


quando podia pagar um Porsche...

— Não posso comprar um carro assim só porque meus pais


podem. — Ninguém em sua família jamais teve uma carona
grátis. Ela sabia que tinha oportunidades que outras pessoas nunca
tiveram, e ela gostava disso, mas ela valorizou a ideia de que seus
pais fizeram todos os seus filhos sobreviverem por conta própria
depois que voaram do ninho.

— Eles não te ajudam?

Ela estreitou os olhos e se moveu para o lado, tirando a mão


de seu corpo. — Depois que me formei na faculdade, fiquei
sozinha. É assim que tem sido para todos em minha casa. Meus
pais pagaram por nosso diploma de quatro anos. Depois disso,
tivemos que fazer empréstimos e pagar com nosso próprio
dinheiro. Todos nós somos totalmente autossuficientes. A única
diferença entre mim e meus irmãos é que escolhi uma carreira que
não paga tanto.

— Bem, bom pra você. Mas você sempre tem tudo isso para
se apoiar.

— O que há de errado com você? Nada disso incomodou você


quando subiu na cama comigo esta noite. Por que de repente isso
é um problema?

Antes que ele tivesse a chance de responder, seu pai voltou,


seguido por sua mãe carregando uma bandeja com canecas de
café e uma grande garrafa térmica.

— Sua mãe disse que poderíamos usar o computador dela


para entrar no site de namoro, — disse Eric, gesticulando para que
ela se aproximasse da mesa.

Ela tentou engolir o caroço se formando em sua garganta,


mas seus músculos não funcionaram corretamente.
— Gavin, — disse sua mãe, entregando-lhe uma caneca
grande. — O caminhão de reboque está aqui.

— Obrigado. Vou falar com eles agora.

A última coisa que Charlotte queria era ficar sozinha com o


pai de Gavin enquanto ele examinava seu perfil de namoro. Ela
pegou o olhar de Gavin e implorou para que ficasse, embora ela
pudesse certamente entender por que ele queria ir embora e não
apenas por causa de sua caminhonete.

— Eu estarei de volta em breve. — Gavin apertou seu braço


antes de sair valsando da sala, deixando-a com o olhar
questionador de sua mãe e o olhar onisciente de seu pai.

Maravilhoso.

— Mãe, por que você não vai descansar?

— Tenho que começar a tratar do café da manhã. —


Felizmente, sua mãe entendeu a dica e foi embora. Não que isso
fosse menos estranho.
— Vamos acabar logo com isso, — disse ela, sentando-se
atrás da mesa da mãe. Quando criança, ela adorava brincar nela
enquanto a mãe trabalhava. Então, quando sua mãe terminasse
tudo o que ela precisava fazer, ela subia sobre a mesa com
Charlotte.

— Não vai ser um e feito. Se o cara que destruiu o caminhão


de Gavin for realmente essa pessoa com quem você falou e
posteriormente bloqueou, precisaremos de todas essas
informações.

— Entendo, — disse ela com a voz mais forte que conseguiu


reunir. Sua mãe a avisou sobre namoro online, mas Charlotte não
deu ouvidos, acreditando que ela entendia a internet melhor do
que sua mãe.

Da próxima vez, ela a ouviria.

Mamãe sempre sabe melhor.


Charlotte acessou o site e entrou em sua conta. Quinze
mensagens privadas pingadas. Quatro eram do Sexyfirefighter.

Ela bateu na tela. Essas não podem ser de Gavin.

— Esse é o seu nome de tela? — Eric balançou a cabeça. —


Mal posso esperar para contar isso para a mãe dele. Ela vai adorar.

— Hum, eu não acho que ele iria querer isso e por que ela
ficaria feliz?

Eric levantou a mão e espalmou a bochecha, passando os


dedos pela linha da mandíbula. — Eu não tenho ideia do que ele
disse a você sobre seu acidente ou a mulher que ele namorou
antes, mas por um longo tempo, Gavin não conseguia nem se olhar
no espelho. Mesmo depois de todas as cirurgias, ele achou que
parecia horrível e percebeu que nenhuma mulher o iria querer. Faz
apenas seis meses ou mais que ele começou a se tornar ele mesmo
novamente. Então, se ele está se vendo como sexy, sua mãe estará
fazendo a dança da felicidade nas próximas semanas.
— As cicatrizes dele não são nada ruins. Eu mal as noto.

— Ainda é a primeira coisa que as pessoas vêem,


especialmente as mulheres.

Charlotte piscou algumas vezes, tentando se lembrar da


primeira vez que conheceu Gavin. Ela sorriu. Passavam-se algumas
semanas depois que ela se mudou e ele tinha acabado de chegar
de um turno de 24 horas. Ele praticamente trombou com ela
enquanto subia os degraus, sem prestar atenção para onde estava
indo. Certamente não esperava topar com ela, considerando que
não tinha ideia de que ela havia se mudado. Seu carro estava na
loja, e ela estava mergulhada até os joelhos em escrever um novo
programa de sistemas, então mal saiu de casa.

— A primeira coisa que notei foram seus olhos. Não me


lembro quando vi as cicatrizes, mas não foi nas primeiras vezes
que falei com ele.

— Você é uma garota especial, Charlotte. — Eric deu um


tapinha no ombro dela, como um pai faria com uma filha de quem
se orgulhava. — Odeio fazer isso, mas preciso que você abra essas
mensagens.

— Não é um problema. Nenhum desses nomes é familiar,


exceto o que Gavin usou, mas eu sei que não é ele baseado nas
marcas de tempo. Estávamos em... — Ela optou por não terminar a
declaração e clicou na primeira mensagem do nome de tela de
Gavin.

Sexyfirefighter: Você está aí? Nós precisamos conversar.

A seguinte dizia: Eu realmente gostaria de me encontrar.

As outras duas eram mais do mesmo. Todas as outras


mensagens eram idênticas: Olá, Ângela. Sou eu. Por favor, não me
bloqueie. Eu só quero conversar.

Uma mensagem instantânea apareceu de Friends4Ever.


— A última vez que pensei que esse cara, Charlie, tivesse me
dado um ping, ele usou Afriend.

— Os outros nomes têm amigo no nome de tela ou fazem


referência a amigos de BFF. — Eric pegou uma das cadeiras de
encosto alto que sua mãe tinha ao lado da mesa e puxou-a para
perto de Charlotte. — Eu preciso ligar para o cyber e ver se eles
podem rastrear isso, se estiver tudo bem para você.

— Posso ajudá-los com isso, — disse ela, puxando o teclado


para mais perto. — Eu deveria ter feito isso antes, mas posso
verificar um endereço IP e eles podem realmente usá-lo para fazer
o ping do local.

— Faça. — Eric colocou o telefone na mesa, batendo no


teclado numérico.

Ela rapidamente encontrou o endereço IP, escreveu-o em um


pedaço de papel enquanto Eric recitava para alguém no
telefone. Três minutos depois, ela foi instruída a responder à
mensagem instantânea.
Friends4Ever: Olá, Ângela. Sou eu. Por favor, não me
bloqueie. Eu só quero conversar.

— O que devo dizer?

— Pergunte a ele sobre o que ele quer falar.

A porta se abriu e ela olhou por cima do ombro para ver


Gavin parado no centro da sala.

— O que está acontecendo? — Gavin perguntou.

— Eu acho que nosso idiota saiu para brincar e nós vamos


atacá-lo, — Eric disse.

— Não gosto dessa ideia. — Gavin avançou mais perto,


encostado na mesa diretamente atrás dela. — Isso a coloca em
risco.

— Conseguimos o vídeo com o rosto desse cara. Seu


carro. Ambos como testemunhas do que aconteceu hoje cedo. Se
pudermos tirá-lo agora, todos dormiremos melhor esta noite. —
Eric bateu na mesa. — Nossa equipe cibernética invadiu, então
eles estão observando e rastreando tudo. Responda a ele.

Os dedos de Charlotte tremeram enquanto pairavam sobre o


teclado.

As mãos fortes de Gavin desceram em seus ombros,


massageando suavemente. Está tudo bem, — ele sussurrou.

AngelaBennett: Falar sobre o quê? Charlie.

Friends4Ever: Você se lembra de mim. Eu não queria assustar


você. Eu sou um cara legal. Provavelmente mais legal e melhor
para você do que aquele outro cara.

— Ele sabe sobre nossas conversas? Você teve um bate-papo


com outros homens? — Gavin perguntou, sua voz tensa.
— Não. — Charlotte queria se virar e dar a Gavin um pedaço
de sua mente sobre seu tom, mas se conteve.

— Então pergunte a ele que outro homem, — Eric disse.

AngelaBennett: Que outro cara?

Friends4Ever: Aquele que você está namorando.

AngelaBennett: Eu nunca disse que estava namorando


alguém.

Friends4Ever: Eu vi você com ele, Charlotte. Você acha que eu


sou estúpido?

— Filho da puta, — Gavin murmurou, batendo o punho na


mesa, enviando um peso de papel caindo no chão. — Como ele
sabe o seu nome?
— Eu não tenho ideia, — ela disse tão baixinho que mal
conseguia se ouvir. Seu corpo tremia de dentro para fora. Olhando
para a tela, seus dedos congelaram no teclado.

— Ele acabou de desligar, — disse Eric.

— E olhe. — Gavin apontou para a tela. Ele deletou seu perfil.

— Vamos torcer para que o cyber tenha alguma coisa. — Eric


se levantou, dando um passo para o lado da mesa.

Charlotte respirou fundo, mas não conseguiu totalmente. Ela


tentou novamente, apenas para sentir seu peito queimar por falta
de oxigênio.

— Respire lentamente, — Gavin sussurrou em seu ouvido. —


Olhe para mim.

Ela virou a cabeça, fixando o olhar nele.

— Respire comigo.

Ela imitou seus movimentos faciais, respirando pelo nariz,


lentamente liberando o ar pela boca. Vozes ecoavam ao fundo,
mas ela não conseguia distingui-las. Sua mente girou e a sala
balançou.

As mãos de Gavin correram para cima e para baixo em suas


coxas, apertando suavemente. — É isso, — ele sussurrou.

Lentamente, a névoa se dissipou e sua pulsação desacelerou


para algo que poderia ser considerado normal. Ela piscou, focando
nos olhos escuros de uísque de Gavin. — Não tenho ideia do que
aconteceu. — As palavras lentamente saíram de sua boca, uma
sílaba de cada vez.

— Você nunca teve um ataque de pânico antes? — Gavin


perguntou.

Ela balançou a cabeça, o que acabou sendo um erro enquanto


seu estômago revirava e revirava, a náusea se espalhando por seu
corpo. Ela fez o possível para deixar isso de lado. — Posso ver as
fotos da pessoa que tentou entrar esta noite?
— Eu ia te pedir para fazer isso. — Gavin pegou o teclado de
suas mãos e trouxe a filmagem, dando um zoom no homem
enquanto ele pulava a cerca. — Ei, pai, este é o melhor ângulo?

Eric colocou o telefone no ouvido enquanto continuava a falar


com alguém sobre a sala de bate-papo. Ele rapidamente apertou
algumas teclas, trazendo três ângulos diferentes.

— Como seu pai sabe como usar nosso sistema?

— É uma configuração de segurança bastante padrão e nossa


família tem um negócio paralelo onde os instalamos.

— Impressionante. — Ela se inclinou para a frente, estudando


o rosto granulado parcialmente escondido atrás de um boné de
beisebol. Uma vaga memória fez cócegas em sua mente, mas ela
não conseguia puxá-la para cima.

— Bingo! Nós o pegamos, — disse Eric. — Cyber o rastreou


até uma cafeteria não muito longe daqui. Há um carro no
estacionamento que se encaixa na descrição. Eles examinaram as
placas e está registrado em nome de Richard Charles Lemaster.

— Encanamento Lemaster? — Ela perguntou, olhando para


Gavin, depois de volta para a tela. Há cerca de um mês, eu tinha
uma torneira com vazamento. Liguei para eles e acho que é o cara
que apareceu e consertou.

— Como ele saberia que você é AngelaBennett ? — Gavin


perguntou, dando um passo para trás.

— Devo ter aberto o site e ele viu meu nome de tela ou algo
assim.

— Filho, eles estão pegando-o agora. Quer ir comigo? — Eric


disse.

— Eu preciso de uma carona para casa de qualquer


maneira. — Gavin olhou para ela. Tenho certeza que sua família
pode te dar uma carona para casa, certo? — Mas ele não esperou
por uma resposta.
Capítulo 10

Gavin se inclinou contra o carro de polícia não identificado


de seu pai depois de caminhar pelos apartamentos dele e de
Charlotte, certificando-se de que estavam limpos.

— Você conseguiu falar com ela? — Seu pai perguntou.

— Ela vai ficar com os pais esta noite, o que eu acho que é
melhor até que esse idiota do Lemaster seja pego. — Ele olhou
para o duplex. Tanta coisa tinha acontecido nos últimos dois dias e
ele não tinha sido capaz de reconciliar os sentimentos negativos
que rodopiavam em seu âmago.

— Você quer uma carona até lá?

Gavin balançou a cabeça. — Renée e Devon vão deixar um


carro para eu usar enquanto meu caminhão está na loja.
— Estou chocado que ela ainda esteja namorando Devon, —
disse seu pai, esfregando o lado do rosto. — Mamãe e eu temos
medo de nos apegar demais, mas está ficando cada vez mais difícil.

— Ela vai fazer com que ele termine com ela dentro de um
mês.

— E você sabe disso?

Gavin encolheu os ombros. — Ela está reclamando sobre ele


ser carente, o que é besteira. Eu tentei avisá-lo.

— O que há de errado com sua irmã?

— Ela só tem medo de compromisso. Espero que ela supere


isso logo, antes de partir o coração de outro de meus amigos.

A mão de seu pai agarrou seu ombro. — E quanto ao seu


coração? Você parece dividido agora.

Gavin realmente não tinha o direito de ficar com raiva dela


por ter conversado com alguém antes de falar com ele. Inferno,
até que eles dormissem juntos, ele não tinha o direito de se sentir
como se fossem exclusivos. Mesmo assim, sem realmente dizer, ei,
vamos apenas namorar um ao outro, ele ainda não tinha o direito
de ficar chateado.

Mas ele estava.

— As coisas ficaram confusas antes mesmo de começarem.

— Por quê? Por causa do namoro online?

Gavin soltou uma risada curta, cruzando os braços sobre o


peito. — Nossa, pai, alguém pode pensar que você é um detetive
com essas habilidades de dedução.

— Sarcasmo não vai mudar nada e realmente, você está


sendo infantil. Não é como se você não tivesse entrado naquele
site em busca de um encontro também. Ela parece uma garota
legal.

— Ela é uma garota legal. Só não tenho certeza de onde isso


vai dar. Quer dizer, o que eu poderia dar a ela que ela ainda não
tenha?
— Você realmente não acabou de me perguntar isso, não
é? — Seu pai apontou para a casa e seu carro indefinido de
tamanho médio sob a garagem. Parece que isso importa para
ela? Além disso, sua família é tão pé no chão. O único problema é
que sua mãe é advogada criminal, mas ela é principalmente de
colarinho branco, e é por isso que ela ganha muito dinheiro.

— Eu gostaria que fosse assim tão fácil para mim, mas


continuei olhando em volta daquela casa, e mesmo que ela não
viva do dinheiro dos pais, sempre estaria lá se ela precisasse.

— Assim como sua mãe e eu estamos sempre lá se você


precisar de nós. Não é diferente. — Seu pai deu um tapa nas costas
dele, puxando-o para um abraço viril. — Eu tenho que ir. Fique
atento e me ligue se Lemaster aparecer.

— Ele vai.

Ele esperou seu pai dirigir pela rua antes de caminhar até a
varanda. Ele inseriu a chave e abriu a porta. Olhou para o
computador que ele havia deixado na mesa de centro. Sua irmã
tinha medo de não ser capaz de amar alguém para sempre,
enquanto Gavin tinha medo de que alguém não o amasse para
sempre.

Mas se ele não lhe desse uma chance, nunca saberia.

Ele puxou o telefone do bolso de trás. — Ei, Siri, ligue para


Charlotte Harp...

Crack!

Baque!

Gavin caiu de joelhos, segurando a nuca, sangue escorrendo


por entre os dedos. O telefone escorregou de sua mão. — O
que...?

Lemaster estava sobre ele com uma arma apontada para seu
rosto.

— Esta não é uma jogada inteligente. — Gavin engoliu em


seco, o gosto de metal enchendo sua garganta. — Meu pai é
policial.
— Eu não dou a mínima, — disse Lemaster, acenando com a
arma, o dedo no gatilho. — Você arruinou tudo. Se não fosse por
você, Charlotte e eu estaríamos juntos.

— Nos seus sonhos. — Ser condescendente também não era


muito brilhante, mas sua tolerância tinha sido empurrada para o
gatilho. — Ela não quer nada com você.

— Estávamos nos dando muito bem até que você decidiu


enganá-la.

— Enganá-la? — Por quase toda a infância de Gavin, ele


queria ser um policial como seu pai. Durante o ensino médio, ele
leu todos os manuais de procedimentos em que conseguiu colocar
as mãos. Ele ficou fascinado por negociações de reféns e uma das
dicas era mantê-los falando. — Como eu a enganei?

— Você fingiu ser algo que não é.


Gavin queria lembrá-lo que era exatamente o que ele tinha
feito, mas percebeu que isso só iria irritá-lo. Não era uma boa ideia
enquanto ele apontava uma arma para ele.

— Se você não tivesse feito uma lavagem cerebral para ela


gostar de você, ela teria visto que eu sou o homem perfeito para
ela.

Fale sobre delirante.

Gavin mudou, tentando se levantar.

Lemaster enfiou a arma em seu rosto. — Não se mova, idiota.

— Isso não vai acabar bem para você. — Ele manteve os olhos
na mão de Lemaster, esperando ter a oportunidade de desarmá-lo.

— Vai ser maravilhoso para mim porque Charlotte vai precisar


de um ombro para chorar depois que você se matar.

Gavin não pôde evitar, ele riu. — E por que eu faria isso?
O nariz de Lemaster se alargou como um touro selvagem
enquanto ele acenava com a mão livre sobre o rosto e o pescoço.
— Você nunca superou isso, não é?

— Se você acha que vai funcionar, você não fez sua pesquisa
sobre mim.

— Não importa. TEPT4 é comum em bombeiros e vítimas de


queimaduras.

— Em alguns casos, mas não no meu, e isso está bem


documentado após algumas cirurgias e muitos meses de terapia.

— Mas você tem enterrado seus sentimentos por tanto


tempo. A depressão foi crescendo lentamente dentro de você e
comendo você vivo. — Os olhos de Lemaster se arregalaram como
um animal raivoso. — Tudo será explicado em sua nota de suicídio.

— Você vai ter que me matar antes que eu escreva essa


merda. — Gavin ouviu um clique fraco vindo da parte de trás da

4
Transtorno de estresse pós-traumático.
casa. Ele desviou o olhar para o telefone, que ainda estava
conectado ao número de Charlotte, então ou ela estava ouvindo
ou estava na caixa postal. De qualquer maneira, esse idiota estava
praticamente preso.

Agora ele só precisava ter certeza de que sairia vivo.

— Eu vou te matar, não se preocupe com isso.

— Até você invadir minha casa e me bater na cabeça, tudo o


que eles tinham era um caso fraco de perseguição. Agora ataque
com a intenção de ferir e... — Com o canto do olho, ele viu seu pai
se arrastar para a frente, arma na mão.

— Cale a boca, — disse Lemaster.

Seu pai apontou com o queixo em direção à frente da casa.

Gavin interpretou isso como significando que o reforço já


estava se aproximando.
— Levante-se. É hora de escrever a nota. — Lemaster
avançou para a frente, empurrando a arma à sua frente, mirando
melhor, enquanto firmava o braço.

Lentamente, Gavin se colocou de pé. Uma onda de tontura


percorrendo seu corpo o forçou a fazer uma pausa. Ele piscou
algumas vezes, mantendo Lemaster em sua mira. Seu pai havia se
escondido atrás da parede da cozinha.

— Eu mantenho minha caneta e papel na mesa ali. — Gavin


apontou para uma mesa escondida na parede de trás da sala da
família, o que colocaria as costas de Lemaster na cozinha, dando a
seu pai o ângulo certo para pegar o idiota, ou pelo menos era o
que Gavin esperava, porque ele estava cansado de olhar para o
lado errado de uma arma.

— Fique ali mesmo. — Lemaster se arrastou pela sala,


mantendo sua arma apontada para Gavin.

Seu pai saiu de trás da parede que separava a sala da família e


a cozinha, acenando com a cabeça em direção à porta.
Gavin recuou lentamente, as mãos no ar.

Assim que Lemaster virou a cabeça, o pai de Gavin mudou-se.

— Largue a arma, — seu pai ordenou.

Lemaster congelou por um segundo antes de inclinar a


cabeça, dando a Gavin um sorriso sinistro.

— Oh merda, — Gavin sussurrou.

Bang!

Gavin caiu no chão, cobrindo a cabeça, como se isso fosse


impedir uma bala em alta velocidade de rasgar seu corpo.

Bang!

Bang!

Uma dor lancinante percorreu seu ombro enquanto seu corpo


era jogado para trás, jogando-o no chão, caindo de costas
enquanto ele apertava o buraco que a bala havia criado.
— Deus, droga, — disse ele com um gemido alto. O sangue
gotejou entre seus dedos.

— Apartamento seguro, — seu pai disse, ao mesmo tempo


em que três policiais uniformizados invadiram a porta da frente. —
Tire esse idiota daqui. — Seu pai correu pela sala, caindo de
joelhos. — Você está bem?

— Levar um tiro não dói tanto quanto se queimar.

— O senso de humor é sempre bom durante essas situações,


— disse seu pai, deslocando-se para o lado quando os primeiros
socorros entraram e se ajoelharam. — Que bom, é sua irmã.

— Típico do meu irmão levar um tiro. — Renee, vestida com


uniforme completo de bombeiro, rasgou sua camisa e pressionou
uma compressa de gaze em ambos os lados do ombro. Foi até o
fim. Ela acenou com a mão quando o EMT entrou com uma maca.

— Como você sabia que deveria vir aqui? — ele perguntou.


— Charlotte, — Renée disse com um sorriso largo e
onisciente. — Ela ligou para o pai no segundo em que ouviu você
falando com Lemaster.

— Você pode ligar para ela e contar o que aconteceu?

— Já liguei, — disse seu pai, de pé sobre ele. — Os pais dela a


estão trazendo para o hospital. Ela pode realmente ver você lá.

Gavin deixou cair a cabeça no chão com um baque. Fechou os


olhos, ignorando os gritos e comandos de seus amigos, familiares e
outros socorristas. Ele se concentrou na imagem de Charlotte que
ele trouxe em sua mente, dela sentada em sua caminhonete, os
pés apoiados no painel, girando o cabelo.

Uma imagem mental que ele esperava ter a chance de tornar


real novamente.

***
Charlotte caminhou na sala de espera do hospital. Fazia duas
horas desde que Gavin fora levado para a cirurgia. Mas o que era
pior do que a espera era que ela não foi capaz de vê-lo antes que
ele fosse levado para o pronto-socorro.

— Nenhuma notícia é uma boa notícia, — disse Kim, a mãe de


Gavin. Ela estava sentada na outra extremidade da sala, com as
pernas cruzadas, segurando uma revista no colo enquanto virava
as páginas sem rumo. Sua mãe tinha olhos suaves e amendoados
que imploravam que ela se sentasse e relaxasse. Eric, o pai de
Gavin sentou-se ao lado de sua esposa, o braço enrolado em seu
ombro. Eles estavam tão calmos que Charlotte se preocupou ainda
mais.

— Vamos lá, querida. Tenho certeza de que ouviremos algo


em breve , — disse o pai. Como médico, ela esperava que ele
permanecesse calmo e controlado. Mesmo quando estava lidando
com o pior caso, ele sempre tinha essa serenidade pacífica, que
fazia seus pacientes e suas famílias se sentirem à vontade.
Mas isso só serviu para deixá-la louca.

— A preocupação não vai fazer as coisas acontecerem mais


rápido. — Sua mãe se sentou ao lado de Kim.

— Além disso, esta é uma cirurgia muito simples, —


acrescentou o pai. — E Wudder é o melhor cirurgião de ombro do
estado do Texas. Gavin está em boas mãos.

— Você diz isso sobre toda cirurgia. — Ela juntou o cabelo


sobre o ombro e torceu-o com as duas mãos como se estivesse
enrolando uma toalha molhada. Seu pai tinha cobrado alguns
favores para conseguir o Dr. Wudder, o que a família de Gavin
tinha apreciado bastante.

— Dr. Wudder poderia fazer este procedimento durante o


sono.

Ela parou e olhou para seu pai. — Não está ajudando, papai.

O som das portas elétricas ganhando vida atingiu seus


ouvidos, assustando-a. Um homem de uniforme azul escuro entrou
na sala de espera. Uma máscara facial havia sido puxada para
baixo, cobrindo seu pescoço.

— Dr. Wudder, — seu pai disse, empurrando-se da parede. —


Como está o Gavin?

— Ótimo. Ele está se recuperando agora, mas estará em uma


sala na próxima meia hora.

— A cirurgia correu bem? — Sua mãe perguntou.

— A bala não acertou a articulação, o que me preocupou,


então isso é muito bom. Tivemos que reparar alguns ligamentos e
ele vai ficar bastante dolorido por algum tempo. Infelizmente, ele
não conseguirá usar o braço por um tempo e precisará de pelo
menos seis semanas de fisioterapia.

— Isso vai deixá-lo irritado, — disse o pai.

— Eu aposto. Mas ele estará como novo até lá.

— Quando podemos vê-lo? — Charlotte perguntou, seu


coração martelando contra sua caixa torácica.
— Você é Charlotte?

Ela assentiu.

Dr. Wudder sorriu. — Ele não queria ficar completamente


desmaiado, então ficou acordado durante a maior parte da
cirurgia, embora muito maluco, e tinha muito a dizer sobre você.

O calor subiu do dedinho do pé até as bochechas. — Sobre


mim? O que ele disse?

— Ele dizia a todos que tinha a namorada mais doce e bonita


de todo o Texas.

O calor em seu rosto se transformou em chamas ardentes.

— Venha comigo. Vou te levar para o quarto dele.

Ela seguiu o médico pelas portas e olhou por cima do ombro.


Vocês não vêm? — Ela perguntou aos pais dele.

— Diga a Gavin que iremos em breve. — Sua mãe sorriu.


Penso que vocês dois precisam de um pouco de tempo juntos.
O peito de Charlotte apertou enquanto ela seguia o médico
por um longo corredor. — Parece que a enfermeira acabou de
colocá-lo no quarto. — O médico abriu uma porta. — Estarei aí em
cerca de vinte minutos para ver como ele está.

Ela acenou com a cabeça, parando na abertura da porta. Uma


cortina pendurada no teto, bloqueando a sala. Tudo o que ela
podia ver era o fim da cama e dois montes sob o lençol, que ela
assumiu serem os pés de Gavin.

— Ele vai ficar maluco por um tempo, mas é coerente.

Ela respirou fundo, segurando o tecido que a separava de


Gavin. Seus dedos tremeram. Em questão de alguns dias, ela se
apaixonou fortemente pelo bombeiro sexy. Quando ela soube que
ele havia levado um tiro, seus joelhos cederam e parecia que seu
coração havia parado.

— Charlotte? — A voz rouca e profunda de Gavin chamou. —


É você?
Ela escovou o cabelo para trás e entrou na sala, fechando a
cortina atrás dela.

— Bem, você é um colírio para os olhos. — Seu sorriso


iluminou o quarto de hospital sujo, mas nada conseguia controlar
seu coração acelerado ao vê-lo conectado a IV e ouvir um bip de
máquina com cada pulsação de seu coração. — Venha aqui. — Ele
deu um tapinha na lateral da cama com a mão boa.

— Oh, Gavin. Eu sinto muito. — Lágrimas queimaram no


canto de seus olhos. Isso é tudo minha culpa. — Com cuidado, para
não sacudir muito a maca, ela se sentou, levantando a perna.

Seus dedos dançaram em sua coxa. — Não vejo como você


possa ser responsável.

— Se eu não tivesse entrado naquele site e falado com algum


maluco...

— Você está me chamando de louco?


Ela soltou um longo suspiro. — Você sabe o que eu quero
dizer.

Ele assentiu. — Mas isso. — Ele apontou para o ombro. —


Não é sua culpa. Você não fez nada errado.

— Mas se não fosse por mim, isso não teria acontecido.

Ele estremeceu enquanto se ajustava. — O que me preocupa


mais é que isso poderia ter sido com você e eu nunca seria capaz
de viver comigo mesmo se alguma coisa acontecesse a você. — Ele
segurou o queixo dela com o polegar e o indicador, puxando-a
para mais perto de seus lábios. — Sinto muito por ter sido um
idiota na casa dos seus pais.

— Está tudo bem.

Ele balançou sua cabeça. — Isso não era maneira de tratar


minha namorada.

Ela lambeu os lábios, engolindo a respiração.


— Você é minha namorada, certo? Posso mudar meu status
no Facebook para em um relacionamento, sim?

As lágrimas que fizeram cócegas no canto de seus olhos


rolaram quentes por suas bochechas. — Não sei. Tudo depende
se sexyfirefighter vai deletar seu perfil para sempre.

— Considere isso feito. — Ele pressionou seus lábios contra os


dela em um beijo curto, mas poderoso. — Este é um incêndio que
eu nunca quero apagar.

FIM

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