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ESTUDO DE CASO 4

RB ARMAZÉNS – VEG/71559/CRN

PARECER TÉCNICO Nº 6121/2016

Objetivo do parecer: Supressão de vegetação nativa em área urbana

Bacia Hidrográfica / Rio: Bacia hidrográfica do Rio Cubatão (Norte), Córrego


Jaguaruna.

Unidade de Conservação: RPPN Fazenda do Palmital.

Caracterização do imóvel:
Imóvel parcialmente urbano localizado em zona costeira, no município de Itapoá, na
localidade de Jaca. Apresenta relevo plano e solo classificado como Espadossolo Álico
com associação de Espadossolo Hidromórfico Álico. Área inserida no Bioma Mata
Atlântica - Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas, Secundária em estágios inicial
e médio de regeneração, com presença de espécies exóticas, como o Pinus, e árvores
isoladas. Constataram-se dois cursos d'água no terreno.
Área da vegetação remanescente: A área total da propriedade possui remanescentes
florestais com as mesmas características da vegetação a ser suprimida. Irá deixar 50%
da vegetação em estágio médio de regeneração no terreno, conforme o que preconiza a
Lei 11.428/06, artigos 30 e 31.
Polígono de corte:
N P Z E N 1 86 22J 737173,265 7104685,061 2 85 22J 737179,048 7104688,649 3 84
22J 737184,42 7104691,581 4 83 22J 737201,501 7104697,892 5 82 22J 737211,209
7104700,616 6 81 22J 737222,777 7104704,674 7 80 22J 737224,249 7104704,923 8
79 22J 737227,032 7104705,396 9 78 22J 737229,772 7104705,893 10 77 22J
737231,728 7104705,882 11 76 22J 737248,663 7104705,786 12 75 22J 737251,884
7104705,941 13 74 22J 737260,92 7104706,865 14 73 22J 737266,315 7104707,939 15
72 22J 737267,406 7104705,842 16 71 22J 737269,586 7104702,579 17 70 22J
737270,831 7104701,062 18 69 22J 737272,173 7104699,629 19 68 22J 737273,606
7104698,287 20 67 22J 737275,124 7104697,042 21 66 22J 737278,386 7104694,862
22 65 22J 737281,906 7104693,126 23 64 22J 737285,332 7104691,944 24 63 22J
737297,927 7104688,433 25 62 22J 737300,447 7104686,866 26 61 22J 737302,178
7104685,941 27 60 22J 737303,966 7104685,13 28 59 22J 737305,803 7104684,439 29
58 22J 737307,682 7104683,869 30 57 22J 737309,594 7104683,423 31 56 22J
737311,531 7104683,103 32 55 22J 737315,447 7104682,847 33 54 22J 737319,335
7104683,1 34 53 22J 737320,896 7104682,852 35 52 22J 737322,85 7104682,66 36 51
22J 737324,812 7104682,596 37 50 22J 737326,774 7104682,66 38 48 22J 737329,283
7104682,931 39 47 22J 737332,291 7104683,215 40 46 22J 737342,148 7104678,57 41
45 22J 737350,213 7104673,93 42 44 22J 737353,072 7104672,482 43 43 22J
737356,059 7104671,166 44 42 22J 737357,215 7104669,764 45 41 22J 737358,47
7104668,419 46 40 22J 737361,306 7104665,559 47 39 22J 737364,343 7104662,885
48 38 22J 737365,902 7104661,768 49 3 22J 736940,989 7104633,669 50 6 22J
736979,429 7104710,85 51 4 22J 736948,346 7104675,863 52 13 22J 737339,316
7104745,01 53 14 22J 737341,269 7104744,818 54 90 22J 737188,47 7104591,276 55
89 22J 737171,401 7104639,015 56 88 22J 737169,495 7104664,336 57 87 22J
737169,88 7104678,887 58 12 22J 737335,689 7104745,088.
Da área objeto de extração/supressão/manejo Localização: Coordenada Plana: UTM,
Datum SIRGAS 2000: Lat. S 26o 09' 27,97" e Long. W 48o 37' 35,52". Polígonos das
áreas de corte conforme coordenadas apresentadas no processo.

Dimensão: 2,39ha - [172,79 m² (Área de projeção de copa das árvores isoladas


presentes no Setor 4) e 2,37ha de vegetação em estágio médio)] e um volume de
497,22m3/706,05st.

Caracterização da vegetação: A cobertura vegetal das glebas apresenta-se


descaracterizada de sua vegetação original, onde há predominância de fisionomias de
natureza secundária. Em áreas onde a vegetação original caracterizava-se como
florestal, normalmente verificam-se as reconstituições lentas e gradativas da vegetação,
podendo ser observadas diferentes associações de comunidades vegetais que se iniciam
com espécies de hábito predominantemente herbáceo (capoeirinha) progredindo para
uma feição mais arbustiva (capoeira). A tipologia vegetal encontrada no
empreendimento é: Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas em estágio inicial e
médio de Regeneração, com a presença de indivíduos isolados, bem como foram
observados indivíduos de espécies exóticas como o Pinus sp. As espécies nativas mais
abundantes no terreno são: Copiúva (Tapirira guianensis), Aroeira (Lithraea
brasiliensis), Capororoca (Myrsine umbellata), Seca ligeiro (Pera glabrata), Caúna,
(Ilex theezans), Caroba (Jacaranda micranta), Guamirim (Myrsia sp), entre outras.
Estreitamente ligada às características e condições da vegetação, a composição da fauna
de ocorrência na região do empreendimento está ligada a Floresta Ombrófila Densa
Terras Baixas, embora com uma condição relativamente alterada da cobertura vegetal
originalmente encontrada e, por consequência, da composição original da fauna nativa.
Lista das espécies nativas de mamíferos terrestres de possível ocorrência para as Áreas
de Influência do empreendimento é a seguinte: Didelphis albiventris (gambá), Dasypus
novemcinctus (tatu-galinha), Noctilio leporinus (morcego), Thaptomys nigrita (rato-do-
mato), Kannabateomys amblyonyx (rato-da-taquara), Myocastor coypus (ratão-do-
banhado). Quanto à avifauna, a lista das espécies nativas de possível ocorrência para as
Áreas de Influência do empreendimento é a seguinte: Tinamus solitarius, Leucopternis
lacernulatus, Aramides saracura, Celeus flavescens, Chiroxiphia caudata, Turdus
rufiventris, Ramphocelus bresilius e Strix hylophila. Quanto aos répteis da área do
empreendimento destaca-se os lagartos Mabuya dorsivittata, Ophiodes sp., as serpentes
Enyalius iheringii, Bothrops jararaca, Helicops carinicaudus e Leposternon
microcephalum. Quanto aos anfíbios da área do empreendimento destaca-se as
comunidades herpetológicas da região Neotropical, onde espécies das famílias Hylidae
e Leptodactylidae.

Espécies da flora e/ou fauna ameaçados de extinção: Flora: Haverá supressão de


indivíduos de Calophyllum brasiliensis (Olandi). Segundo a Resolução CONSEMA
51/2014, esta espécie está criticamente em perigo. Fauna: Não foram registradas
ocorrência de espécies ameaçadas de extinção.

Extração/supressão/corte em APP: Haverá intervenção de 0,056ha para acesso e


deslocamento do setor 3 para os setores 1, 2 e 4 do empreendimento. Há um córrego
dentro do terreno que vai sofrer intervenção com a implantação do empreendimento.

Metodologia e cronograma de execução: O corte do material será realizado com a


utilização de equipamentos de roçada manual e motosserras por equipe devidamente
equipada com EPI's. Pretendem realizar a supressão em 120 (cento e vinte) dias após a
emissão da AUC.

Quantidade: 2.604 (doi mil seiscentos e quatro) indivíduos de diversas espécies nativas.

Reserva Legal: Realizou a inscrição no CAR, sob número: SC-4208450-


BABF.47A4.A4BF.4569.AEC8.5631.D9DC.40EB

Reposição Florestal: Ainda não fez, vai efetuar a compra de créditos de reposição.

Reposição de espécies ameaçadas de extinção: Plantio de 30 mudas de Olandi na área


de APP presente no terreno.

Área verde: "Não aplicável".

Medidas compensatórias:
Área de compensação pelo corte da Mata Atlântica: Há necessidade de averbação de
área equivalente à desmatada na matrícula do imóvel, de acordo com o artigo 17 da Lei
Federal 11.428/06 e art. 26 do Decreto Federal6.660/08. Essa área a ser compensada
deve ser equivalente à extensão da área desmatada, com as mesmas características
ecológicas, na mesma bacia hidrográfica, sempre que possível na mesma micro bacia
hidrográfica. Irá compensar em outra área no mesmo município. Matrícula: 26.951 -
Área proposta: 2,39ha - Localidade da Figueira, Itapoá/SC.
Compensação pelo uso de APP: Deverá compensar o dobro da área a ser suprimida na
APP, com plantio de espécies nativas para a recuperação de área degradada. Área a ser
compensada: 0,112ha. A compensação será efetuada no terreno, nas margens do
Córrego Jaguaruna.

Análise técnica:

Conforme vistoria in loco e análise da documentação apresentada no processo


VEG/71559/CRN, trata-se de solicitação de 2,39ha de supressão de vegetação em área
parcialmente urbana, onde o requerente pretende implantar um terminal retroportuário.
O relevo do terreno é plano e solo classificado como Espodosolo Álico e Espodossolo
Hidromórfico Álico. A vegetação no local pleiteado para corte é caracterizada como
pertencente ao Domínio da Mata Atlântica, Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas,
em estágios inicial e médio de regeneração. As espécies nativas mais abundantes no
terreno são: Copiúva (Tapirira guianensis), Aroeira (Lithraea brasiliensis), Capororoca
(Myrsine umbellata), Seca ligeiro (Pera glabrata), Caúna, (Ilex theezans), Caroba
(Jacaranda micranta), Guamirim (Myrsia sp), entre outras. São observadas áreas com
presença de espécies exóticas, como o Pinus e árvores dispostas de forma isolada.
Constatamos dois cursos d'água no terreno do empreendimento (um na parte dos fundos
do terreno - córrego Jaguaruna e o outro sem denominação na parte do meio do terreno,
no setor 3). Com exceção ao córrego situado no setor 3, onde haverá a supressão de
0,056ha para acesso e deslocamento aos demais setores do empreendimento, o córrego
Jaguaruna será preservado, sem interferência de supressão de vegetação. As averbações
das compensações ambientais e áreas de manutenção serão efetuadas pelo
empreendedor, devendo este entregar a FATMA uma cópia da certidão atualizada do
cartório de registro de imóveis, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias após a emissão da
Autorização de Corte para a implantação do terminal retroportuário. A declaração de
compra de créditos para a reposição florestal poderá ser efetuada num prazo máximo de
120 (cento e vinte) dias após a emissão da Autorização de Corte para a implantação do
terminal retroportuário. Deverá realizar a doação das mudas de Calophyllum
brasiliensis (Olandi), num prazo máximo de 90 (noventa) dias após a emissão da
Autorização de Corte para do terminal retroportuário. Deverá apresentar para a FATMA
a comprovação do plantio de espécies nativas para a recuperação de área degradada,
como compensação pelo uso da APP, num prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias
após a emissão da Autorização de Corte para a implantação do terminal retroportuário.
De acordo com a vistoria e após consulta a Legislação Ambiental Vigente, a área é
passível de corte.

Conclusão:
Com base nas informações arroladas no presente parecer e vistoria in loco, somos de
parecer favorável à emissão da Autorização de Corte de Vegetação - AuC em tela,
desde que atendidas as informações registradas neste parecer e as condições impostas a
mesma. Totalizando uma área autorizada de 2,39ha.

Condicionantes:
Na área de corte:
1. Fica proibido qualquer tipo de intervenção e supressão em áreas próximas a área
autorizada sem o conhecimento e autorização do órgão ambiental competente.
2. A área de supressão deverá seguir rigorosamente as últimas plantas e coordenadas
geográficas apresentadas à FATMA. Os trabalhadores que realizarão o corte, deverão
ser orientados a não extrapolar para áreas não autorizadas. A área sujeita ao corte deverá
estar marcada com fita zebrada após localização.
3. Fica proibida a supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente, com
exceção ao córrego situado no setor 3, onde haverá a supressão de 0,056ha para acesso e
deslocamento aos demais setores do empreendimento.
4. A área a ser suprimida, num total de 2,39ha é delimitada pelos polígonos
georreferenciados conforme descritas neste parecer técnico.
5. A execução da supressão em questão deverá ser acompanhada por técnico legalmente
habilitado.
6. A supressão da vegetação deverá ser feita de maneira a minimizar os impactos sobre
as demais espécies localizadas no seu perímetro, devendo a derrubada ser direcionada e
de preferência ser realizada a poda na copa previamente, a fim de reduzir a área de
impacto.
Da preservação:
7. Implementar o Programa de Resgate e Transporte de Epífitas, Bromeliáceas e
Orquidáceas que ocorram no local.
8. Deverão ser implementadas medidas de identificação de possíveis ninhos de fauna
nativa, devendo ser realocados para as áreas próximas. Sendo todo o trabalho
acompanhado por profissional habilitado.
9. O Resgate de Fauna durante a supressão somente deverá ser realizado com
autorização e respeitando a legislação vigente.
10. É vedado o uso de queimada dos resíduos vegetais para limpeza da área.
11. É vedado o depósito de material oriundo do corte da vegetação em cursos d'água.
12. Os caminhões e tratores, se utilizados, no processo de corte e transporte do material
lenhoso, deverão ter sua manutenção e abastecimento em local próprio, a fim de evitar a
contaminação do solo e cursos d'água com produtos combustíveis.
13. Deverá ser realizado monitoramento de fauna, na propriedade e entorno, durante o
período de dois anos, com relatórios semestrais apresentados à FATMA, para melhor
análise da interferência antrópica sobre a fauna na região,em especial as espécies
ameaçadas de extinção.
Condições gerais:
14. Deverá ser colocada uma placa na área indicando: nome do empreendedor, número
da autorização de corte,prazo de validade, área autorizada e o responsável técnico pelo
projeto de corte com o número da ART.
15. Após o recebimento da Autorização de Corte, deverá ser publicado em jornal de
circulação local, e comunicado dando publicidade do recebimento da AuC para o corte
da vegetação do empreendimento em questão.
16. Uma cópia da Autorização deverá permanecer no local durante a execução dos
serviços.
17. Deverá ser apresentada em até 180 (cento e oitenta) dias após a emissão da AUC, a
matrícula atualizada com as devidas averbações referentes a compensação ambiental e
área de manutenção.
18. Deverá apresentar para a FATMA a comprovação de doação das mudas de
Calophyllum brasiliensis (Olandi), num prazo máximo de 90 (noventa) dias após a
emissão da AUC.
19. Deverá apresentar para a FATMA o cumprimento da Reposição Florestal, num
prazo de 120 (cento e vinte) dias após a emissão da AUC.
20. Deverá apresentar para a FATMA a comprovação do plantio de espécies nativas
para a recuperação de área degradada, como compensação pelo uso da APP, num prazo
máximo de 120 (cento e vinte) dias após a emissão da AUC.

AVALIAÇÃO DO ESTUDO DE CASO 4:

1) Qual a Instrução Normativa utilizada para instruir e formalizar o processo de


supressão de vegetação apresentado?
2) Qual a caracterização da vegetação autorizada para supressão?
3) Como o responsável técnico chegou à conclusão do estágio sucessional da
vegetação? Qual estudo foi apresentado e quais os parâmetros dendométricos
foram levados em consideração?
4) Qual a base legal utilizada neste caso para a caracterização do estágio
sucessional da vegetação?
5) Que medidas compensatórias pela supressão foram apresentadas no processo?
6) Em quais artigos da Lei 11.428/06 e Decreto 6.6660 a possibilidade de
supressão de vegetação se enquadra?
7) Quais as ferramentas e mecanismos tecnológicos disponíveis para análise da
vegetação que poderiam ter sido utilizadas neste processo?
8) Quais as vantagens do uso das novas tecnologias nas análises de supressão de
vegetação?
9) Considerando a reposição florestal e a necessidade de monitoramento do plantio
a ser realizado, sugira uma forma de acompanhamento do desenvolvimento da
vegetação utilizando geotecnologias para obtenção e análise de imagens.
10) Faça uma avaliação sobre a disciplina “supressão de vegetação”.

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