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Medidas compensatórias:
Área de compensação pelo corte da Mata Atlântica: Foram apresentadas 6 áreas na
Área de Influência Direta do empreendimento, computando 45,92ha, cobertos por
vegetação nativa. Estas áreas deverão ser averbadas em matrícula como forma de
perpetuação de sua conservação. As cópias das matrículas com as averbações deverão
ser apresentadas em até 180 (cento e oitenta) dias após o recebimento da AuC.
Compensação pelo uso de APP: De acordo com o §2º, do Art. 5º da Resolução
CONAMA nº. 369/2006, as medidas compensatórias para intervenção e/ou supressão
em APP deverão constar de efetiva recuperação ou recomposição de APP e deverão
ocorrer na mesma sub-bacia hidrográfica e prioritariamente na área de influência do
empreendimento. Deverá ser apresentada uma área com o dobro do tamanho da área de
intervenção em APP para recuperação como compensação, como serão afetados 26,85
ha de APP, deverá ser compensado uma APP equivalente a 53,70 ha. Podendo esta ser
efetivada na forma da implantação da RPPN, conforme previsto no Termo de
Compromisso nº 49/2015.
Compensação pela Supressão de Espécies Ameaçadas de Extinção: Deverá ser
compensado através de plantio, na proporção de 1:10, a supressão de espécies
ameaçadas de extinção. Sendo assim, deverão ser compensados: Araucaria angustifolia
(araucária): supressão: 1.484 indivíduos, compensação: 14.840 indivíduos; Podocarpus
lambertii (pinheiro-bravo): supressão: 1.309 indivíduos, compensação: 13.090
indivíduos; Cedrela fissilis (cedro-rosa): supressão: 44 indivíduos, compensação: 440
indivíduos; e Quillaja brasiliensis (sabão-de-soldado): supressão: 393 indivíduos,
compensação: 3.930 indivíduos. As mudas deverão ser plantadas em locais adequados
de acordo com a necessidade ecológica de cada espécie, devendo ser realizado
monitoramento para garantir a sobrevivência das mesmas.
Observação: 1- Todos os 611 indivíduos da espécie Diksonia sellowiana (xaxim)
deverão ser transplantados para áreas de ocorrência natural da espécie, com
acompanhamento e monitoramento que assegure a sobrevivência de todos os
indivíduos. Se for observada a mortandade de alguns indivíduos, estes deverão ser
compensados obedecendo a proporção de 1:10.
Análise técnica:
De acordo com a Lei 12.651/12, Art. 3º, inciso VIII-b e a Lei 11.428/06, Art. 3º, inciso
VII-B, o empreendimento proposto no processo em tela caracteriza-se como utilidade
pública. No Art. 8º da Lei 12.651/12, temos os casos passíveis de intervenção ou
supressão de vegetação em APP, sendo que a PCH Santo Cristo enquadra-se possível
em tal situação. O Art. 14 da Lei 11.428/06 traz os casos possíveis de supressão de
vegetação em estágio médio de regeneração, onde consta como possível os casos de
utilidade pública e interesse social, bem como o Art. 23, inciso I da mesma lei. Portanto,
o empreendimento proposto, PCH Santo Cristo, enquadra-se como obra de utilidade
pública passível de supressão de vegetação em estágio médio de regeneração e
intervenção em APP. De acordo com a documentação apresentada o Inventário Florestal
foi realizado através de Método de amostragem aleatória simplificada, em 92,74 ha
(área inicial solicitada para supressão) foram realizadas 54 unidades amostrais de 200
m². No Inventário foram encontradas 86 espécies florestais, entre arbóreas e arbustivas,
e 232 espécies na AID, entre herbáceas, arbustivas, arbóreas, além de macrófitas
aquáticas, epífitas e lianas. Conforme Inventário Florestal apresentado e vistoria in loco,
verificou-se que a vegetação encontrada na área e solicitada para ser suprimida é
considerada estágio médio de regeneração, pois trata-se de uma região já bastante
explorada pela extração madeireira, sendo que restaram alguns indivíduos arbóreos
maiores e no geral há uma regeneração bastante significativa, porém, não pode-se
caracterizar como estágio avançado, de acordo com as características apresentadas na
Resolução CONSEMA 04/94. A última atualização do Inventário Florestal apresentou
que a área pretendida para supressão é de 43,64 ha de vegetação em estágio médio de
regeneração. Como trata-se de uma região com muitas fazendas e com grande
exploração madeireira no passado, não foram encontradas na área árvores centenárias de
canelas ou araucárias, um dos motivos que caracterizou a vegetação como estágio
médio de regeneração.
Divisão de caracterização de área na ADA do empreendimento: Afloramento Rochoso -
0,18 ha Pastagens - 74,85 ha Edificação - 0,06 ha Mata Nativa - 124,46 ha
Reflorestamento Pinus - 67,01 ha Massa d'água - 55,90 ha Sistema Viário - 27,05 ha
Na região onde se pretende instalar a PCH Santo Cristo encontra-se uma área prioritária
para a conservação, de acordo com o MMA. Sendo a Ma 028 descrita abaixo: Ma 028:
Corredor do Pelotas, área de 4.361 km², importância extremamente alta, prioridade
extremamente alta. Características: Remanescentes de campo. Floresta Estacional
Decidual, Densa e Mista. Acrescentar espécies: bugio (Allouatta guariba), veado-
campeiro (Ozotocerus bezoarticus), pássaro-preto-de-veste-amarela (Xanthopsar
flavus), caminheiro-de-peito-ocre (Anthus nattereri), papagaio-da-serra (Amazona
petrei), papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), urubu-rei (Sarcoramphus papa),
Triclaic malcahitacea, gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus), tucano (Ramphasto
toco).
Oportunidades: Preservação de Ombrófila Mista. Complexo de últimos remanescentes.
Preservação de APPs. Regeneração de araucárias. Turismo de aventura. Ameaças:
Hidroelétrica. Fogo. Caça. Pinus. Desmatamento. Ações: Criação de UC, Inventário
Ambiental e Recuperação de área degradada. Portanto, como trata-se de uma área
bastante sensível do ponto de vista da conservação, todas as medidas mitigadoras
propostas e indicadas neste parecer deverão ser atendidas e executadas.
Myrcianthes riparia Espécie da família Myrtaceae que foi recentemente descrita para a
ciência, sendo uma espécie arbustiva de aproximadamente 2 metros de altura, que
ocorre somente nas margens dos rios, ambientes ripários, ao longo da bacia do rio
Pelotas.
Foram apresentados diversos estudos sobre a espécie endêmica Myrcianthes riparia,
listados abaixo:
Conclusão:
Com base nas informações arroladas no presente parecer técnico, vistorias in loco e
consulta a legislação ambiental vigente, sou de parecer favorável à emissão da
Autorização de Corte de Vegetação - AuC em tela, desde que atendidos os
considerandos na análise técnica, as informações registradas neste parecer e as
condições impostas ao mesmo.
Condicionantes:
Na área de corte:
1. Fica proibido qualquer tipo de intervenção e supressão em áreas próximas a área
autorizada sem o conhecimento e autorização do órgão ambiental competente.
2. A área de supressão deverá seguir rigorosamente as plantas georreferenciadas
apresentadas à FATMA. Os trabalhadores que realizarão o corte deverão ser orientados
a não extrapolar para áreas não autorizadas. A área sujeita ao corte deverá estar marcada
com fita zebrada após localização.
3. A área referente à vegetação a ser suprimida é de 43,64 ha, devendo seguir
rigorosamente as coordenadas planas anexas a este parecer técnico.
4. A execução da supressão em questão deverá ser acompanhada por técnico legalmente
habilitado.
5. A supressão da vegetação deverá ser feita de maneira a minimizar os impactos sobre
as demais espécies localizadas no seu perímetro, a fim de reduzir a área de impacto.
Da preservação:
6. Deverá ser implantado um programa específico para a espécie Myrcianthes riparia,
que envolva o monitoramento da população, o monitoramento dos indivíduos relocados,
estudo da genética da espécie e reprodução, áreas potenciais de ocorrência, comunidade
associada, e a criação da Unidade de Conservação de Proteção Integral que vise a
conservação da M. riparia.
7. Realizar coleta de sementes das espécies ameaçadas de extinção antes da atividade de
supressão com o objetivo de compor banco de sementes dos indivíduos a serem
cortados. As sementes coletadas deverão receber tratamento adequado e servirem de
fonte para produção de mudas, objetivando a conservação do patrimônio genético dos
indivíduos suprimidos.
8. Implementar o Programa de Resgate Brando e Realocação de Epífitas, Bromeliáceas,
Cactáceas e Orquidáceas que ocorrem no local.
9. Deverão ser implementadas medidas de identificação de possíveis ninhos de fauna
nativa, devendo ser realocados para as áreas próximas. Sendo todo o trabalho
acompanhado por profissional habilitado.
10. Deverá ser respeitado o período de reprodução e nidificação da maioria das espécies
da avifauna, compreendido entre setembro e março.
11. Adotar todas as medidas para minimizar os impactos nas Áreas de Preservação
Permanente.
12. Deverá ser realizado o Resgate de Fauna durante a supressão quando apenas o
afugentamento não garantir a sobrevivência da fauna, com autorização do órgão
ambiental e respeitando a legislação vigente.
13. Observar as condicionantes da Licença Ambiental de Instalação do processo
DIV/00284/CPS.
14. É vedado o uso de queimada dos resíduos vegetais para limpeza da área.
15. É vedado o depósito de material oriundo do corte da vegetação em cursos d'água.
16. Os caminhões e tratores, se utilizados, no processo de corte e transporte do material
lenhoso, deverão ter sua manutenção/ reabastecimento em local próprio, a fim de evitar
a contaminação do solo e curso d'água com produtos combustíveis.
17. Deverá ser apresentado à FATMA relatórios semestrais de acompanhamento e
monitoramento do plantio das mudas das espécies ameaçadas de extinção, em
atendimento à compensação pelo corte de espécies ameaçadas, Araucaria angustifolia,
deverão ser plantadas 14.840 mudas, Podocarpus lambertii 13.090 mudas, Cedrela
fissilis 440 mudas e Quillaja brasiliensis 3.930 mudas. Os relatórios deverão ser
entregues por um período de três anos.
18. Deverá ser apresentado à FATMA relatórios semestrais de acompanhamento e
monitoramento do transplante de todos os 611 indivíduos de xaxim (Dicksonia
sellowiana), por um período de três anos. Para cada indivíduo sem sucesso no
transplante, deverá ser realizado o plantio de mudas na proporção de 1:10.
19. Implementar o Programa de Monitoramento e Resgate de Fauna.
Condições gerais:
20. Deverá ser colocada uma placa na área indicando: nome do empreendedor, número
da autorização de corte, prazo de validade, área autorizada e o responsável técnico pelo
projeto de corte com o número da ART.
21. Após o recebimento da Autorização de Corte, deverá ser publicado em jornal de
circulação local, dando publicidade do recebimento da AuC para o corte da vegetação
do empreendimento em questão.
22. Uma cópia da Autorização de Corte deverá permanecer no local durante a execução
dos serviços.
23. Deverá ser entregue em até 180 (cento e oitenta) dias após o recebimento da AuC a
área para Compensação pela supressão da vegetação averbada nas matrículas dos
imóveis.
24. Deverá ser realizado o cadastro das propriedades afetadas pelo empreendimento no
sistema CAR (Cadastro Ambiental Rural).