Você está na página 1de 8

ESTUDO DE CASO 6

PCH SANTO CRISTO/ELETROSUL - VEG/69801/CPS

PARECER TÉCNICO N° 9630/2014

Objetivo do parecer: Supressão de vegetação nativa em estágio médio de regeneração


para implantação da Pequena Central Hidrelétrica Santo Cristo, nos municípios de
Lages e Capão Alto, SC.

Coordenada Geográfica: COORDENADA GEOGRÁFICA: lat 28°17'33.00''S - lon


50°39'29.00''W.

Atividade: Supressão de vegetação nativa em área rural.

Bacia Hidrográfica / Rio: Bacia hidrográfica do Rio Pelotas-Rio Pelotinhas.

Unidade de Conservação: Não há UC diretamente afetada pelo empreendimento.

Características da área e da vegetação objeto de extração/supressão/corte/ manejo:


Área: Localiza-se às margens do rio Pelotinhas, limites dos municípios de Lages e
Capão Alto, e do rio Pelotas, no município de Lages. O aproveitamento do potencial
hidroenergético será no rio Pelotinhas, na bacia de mesmo nome. Este rio é um afluente
da margem direita do rio Pelotas, um dos principais formadores do rio Uruguai.
Vegetação: A região está inserida no Bioma Mata Atlântica, sendo classificada como
Floresta Ombrófila Mista, porém com características florestais de Floresta Estacional
Decidual. De acordo com o Inventário Florestal apresentado, tal condição ocorre,
devido à área do empreendimento situar-se no rio Pelotinhas, que compõe a Bacia
Hidrográfica do rio Uruguai, onde tal formação florestal predomina. De acordo com o
Inventário Florestal apresentado, foram inventariadas 86 espécies arbóreas e arbustivas,
pertencentes a 40 famílias taxonômicas. Algumas das espécies florestais encontradas na
área foram: Schinus terebinthifolius (aroeira-vermelha), Araucaria angustifolia, Syagrus
romanzoffiana (jerivá), Piptocarpha angustifolia (vassourão-branco), Maytenus
muelleri (espinheira-santa), Dicksonia sellowiana (xaxim-bugio), Machaerium
stipitatum (farinha-seca), Parapiptadenia rígida (angico-vermelho), Nectandra
megapotamica (canela-merda), Ocotea pulchella (canela-lajeana), Acca sellowianna
(goiaba-serrana), Campomanesia xanthocarpa (guabiroba), Podocarpus lambertii
(pinheiro-bravo), entre outras. Foi encontrada também uma grande diversidade de
espécies da flora, herbáceas, arbustivas e arbóreas, além de macrófitas aquáticas,
epífitas e lianas, totalizando 232 espécies, divididas em 85 famílias, compostas por 171
gêneros. Os gêneros mais observados foram Baccharis com 5 espécies, e Cuphea,
Eleocharis, Eryngium, Erythroxylum, Eugenia, Hypericum, Myrceugenia, Myrcia,
Myrcianthes, Phyllanthus, Schinus, Sebastiania e Sinningia com 3 diferentes espécies.
A área de supressão encontra-se em estágio médio de regeneração, com 43,64 ha. A
região possui remanescente de floresta nativa com 127,62 ha, campo/ pastagem com
75,50 ha, área de reflorestamento com 67,29 ha e sistema viário com 27,67 ha.
Vegetação e Fauna ameaçadas: Flora: Araucaria angustifolia (araucária), Dicksonia
sellowiana (xaxim-bugio), Myrcianthes riparia (arbusto endêmico), Podocarpus
lambertii (pinheiro-bravo), Cedrela fissilis (cedro-rosa) e Quillaja brasiliensis (sabão-
de-soldado). Fauna ameçada: as espécies ameaçadas ocorrentes na AID e AII da PCH
Santo Cristo, de acordo com informações apresentadas são: Myotis ruber (morcego),
Leopardus pardalis mitis (jaguatirica), Leopardus guttulus (gato-do-mato- pequeno),
Puma concolor Capricornensis (onça-parda), Urubitinga coronata (águia-cinzenta),
Amazona pretrei (papagaio-charão), Amazona vinacea (papagaio-de-peito-roxo), Circus
cinereus (gavião-cinza), Contomastix vacariensis (lagartinho-pintado), Xanthopsar
flavus (veste-amarela), Limnoctites rectirostris (junqueiro-de-bico-reto) e Tatia boemia
(boa-noite).

Características das demais áreas:


A região onde se pretende instalar a PCH Santo Cristo é formada por áreas de campo,
áreas cobertas por florestas e reflorestamentos de espécies exóticas. Além de sistema
viário com características rurais e grande quantidade de cursos d'água. As áreas
escolhidas para serem utilizadas como compensação ambiental estão cobertas por
vegetação nativa e próximas à região onde a PCH será implantada. Algumas das APPs
dos cursos d'água afetados pela implantação do empreendimento estão cobertas por
vegetação e serão suprimidas, outras áreas estão atualmente caracterizadas por campo e
pastagem.

Da área objeto de extração/supressão/manejo:


Localização: Coordenadas geográficas: Lat.: 28º17'33'' e Long.: 50º39'29''. As
coordenadas dos vértices dos polígonos das áreas a serem suprimidas encontram-se
anexas a este parecer técnico. Dimensão: 43,64 ha. Caracterização da vegetação: A
região está inserida no Bioma Mata Atlântica, sendo classificada como Floresta
Ombrófila Mista, porém com características florestais de Floresta Estacional Decidual.
De acordo com o inventário florestal apresentado, tal condição ocorre, devido à área do
empreendimento situar-se no rio Pelotinhas, que compõe a Bacia Hidrográfica do rio
Uruguai, onde tal formação florestal predomina, vegetação a ser suprimida em estágio
médio de regeneração. Espécies da flora ameaçadas de extinção: De acordo com o
Inventário Florestal foram encontradas as espécies ameaçadas de extinção de acordo
com a Resolução CONSEMA nº 51/2014 e que serão suprimidas: Araucaria
angustifolia (1.484 indivíduos), Podocarpus lambertii (1.309 indivíduos) e Dicksonia
sellowiana (611 indivíduos). Além da espécie reófita endêmica, recém descoberta,
Myrcianthes riparia. E também, de acordo com a Portaria MMA nº 443/2014, as
espécies arbóreas ameaçadas de extinção Cedrela fissilis (44 indivíduos) e Quillaja
brasiliensis (393 indivíduos).
Quantidade e Volume total: Serão suprimidos 119.791,8 indivíduos florestais de
espécies nativas diversas, resultando em um volume de 16.752,0126st e 4.868,9672m³.
Extração/supressão/corte em APP: Trata-se de empreendimento localizado em APP, e a
vegetação que se encontra no indicativo do reservatório e subestação é indicada para
supressão. O total de APP afetada pelo empreendimento é de 26,85 ha.
Metodologia e Cronograma de supressão: o empreendedor prevê a supressão nos locais
de acesso ao empreendimento, canteiros de obras e estruturas da usina nos 6 primeiros
meses após o recebimento da AuC, a segunda etapa de supressão, que é para o
enchimento do reservatório, será realizado em um período de 6 meses, em cerca de 1
ano e meio após o recebimento da AuC.

Reserva Legal: Matrícula 1.996, 290,96ha de RL e abriga a RL da Matrícula 2578 -


91,94ha. As propriedades que não possuírem reserva legal averbada na matrícula,
deverão realizar o cadastro das mesmas no sistema CAR (Cadastro Ambiental Rural).
Reposição Florestal: Analisada através do processo REP/71952/CPS, além de
apresentação de crédito de Reposição Florestal de 3.708,1660 m³.
Área Verde: Não aplicável.

Medidas compensatórias:
Área de compensação pelo corte da Mata Atlântica: Foram apresentadas 6 áreas na
Área de Influência Direta do empreendimento, computando 45,92ha, cobertos por
vegetação nativa. Estas áreas deverão ser averbadas em matrícula como forma de
perpetuação de sua conservação. As cópias das matrículas com as averbações deverão
ser apresentadas em até 180 (cento e oitenta) dias após o recebimento da AuC.
Compensação pelo uso de APP: De acordo com o §2º, do Art. 5º da Resolução
CONAMA nº. 369/2006, as medidas compensatórias para intervenção e/ou supressão
em APP deverão constar de efetiva recuperação ou recomposição de APP e deverão
ocorrer na mesma sub-bacia hidrográfica e prioritariamente na área de influência do
empreendimento. Deverá ser apresentada uma área com o dobro do tamanho da área de
intervenção em APP para recuperação como compensação, como serão afetados 26,85
ha de APP, deverá ser compensado uma APP equivalente a 53,70 ha. Podendo esta ser
efetivada na forma da implantação da RPPN, conforme previsto no Termo de
Compromisso nº 49/2015.
Compensação pela Supressão de Espécies Ameaçadas de Extinção: Deverá ser
compensado através de plantio, na proporção de 1:10, a supressão de espécies
ameaçadas de extinção. Sendo assim, deverão ser compensados: Araucaria angustifolia
(araucária): supressão: 1.484 indivíduos, compensação: 14.840 indivíduos; Podocarpus
lambertii (pinheiro-bravo): supressão: 1.309 indivíduos, compensação: 13.090
indivíduos; Cedrela fissilis (cedro-rosa): supressão: 44 indivíduos, compensação: 440
indivíduos; e Quillaja brasiliensis (sabão-de-soldado): supressão: 393 indivíduos,
compensação: 3.930 indivíduos. As mudas deverão ser plantadas em locais adequados
de acordo com a necessidade ecológica de cada espécie, devendo ser realizado
monitoramento para garantir a sobrevivência das mesmas.
Observação: 1- Todos os 611 indivíduos da espécie Diksonia sellowiana (xaxim)
deverão ser transplantados para áreas de ocorrência natural da espécie, com
acompanhamento e monitoramento que assegure a sobrevivência de todos os
indivíduos. Se for observada a mortandade de alguns indivíduos, estes deverão ser
compensados obedecendo a proporção de 1:10.

Análise técnica:

De acordo com a Lei 12.651/12, Art. 3º, inciso VIII-b e a Lei 11.428/06, Art. 3º, inciso
VII-B, o empreendimento proposto no processo em tela caracteriza-se como utilidade
pública. No Art. 8º da Lei 12.651/12, temos os casos passíveis de intervenção ou
supressão de vegetação em APP, sendo que a PCH Santo Cristo enquadra-se possível
em tal situação. O Art. 14 da Lei 11.428/06 traz os casos possíveis de supressão de
vegetação em estágio médio de regeneração, onde consta como possível os casos de
utilidade pública e interesse social, bem como o Art. 23, inciso I da mesma lei. Portanto,
o empreendimento proposto, PCH Santo Cristo, enquadra-se como obra de utilidade
pública passível de supressão de vegetação em estágio médio de regeneração e
intervenção em APP. De acordo com a documentação apresentada o Inventário Florestal
foi realizado através de Método de amostragem aleatória simplificada, em 92,74 ha
(área inicial solicitada para supressão) foram realizadas 54 unidades amostrais de 200
m². No Inventário foram encontradas 86 espécies florestais, entre arbóreas e arbustivas,
e 232 espécies na AID, entre herbáceas, arbustivas, arbóreas, além de macrófitas
aquáticas, epífitas e lianas. Conforme Inventário Florestal apresentado e vistoria in loco,
verificou-se que a vegetação encontrada na área e solicitada para ser suprimida é
considerada estágio médio de regeneração, pois trata-se de uma região já bastante
explorada pela extração madeireira, sendo que restaram alguns indivíduos arbóreos
maiores e no geral há uma regeneração bastante significativa, porém, não pode-se
caracterizar como estágio avançado, de acordo com as características apresentadas na
Resolução CONSEMA 04/94. A última atualização do Inventário Florestal apresentou
que a área pretendida para supressão é de 43,64 ha de vegetação em estágio médio de
regeneração. Como trata-se de uma região com muitas fazendas e com grande
exploração madeireira no passado, não foram encontradas na área árvores centenárias de
canelas ou araucárias, um dos motivos que caracterizou a vegetação como estágio
médio de regeneração.
Divisão de caracterização de área na ADA do empreendimento: Afloramento Rochoso -
0,18 ha Pastagens - 74,85 ha Edificação - 0,06 ha Mata Nativa - 124,46 ha
Reflorestamento Pinus - 67,01 ha Massa d'água - 55,90 ha Sistema Viário - 27,05 ha
Na região onde se pretende instalar a PCH Santo Cristo encontra-se uma área prioritária
para a conservação, de acordo com o MMA. Sendo a Ma 028 descrita abaixo: Ma 028:
Corredor do Pelotas, área de 4.361 km², importância extremamente alta, prioridade
extremamente alta. Características: Remanescentes de campo. Floresta Estacional
Decidual, Densa e Mista. Acrescentar espécies: bugio (Allouatta guariba), veado-
campeiro (Ozotocerus bezoarticus), pássaro-preto-de-veste-amarela (Xanthopsar
flavus), caminheiro-de-peito-ocre (Anthus nattereri), papagaio-da-serra (Amazona
petrei), papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), urubu-rei (Sarcoramphus papa),
Triclaic malcahitacea, gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus), tucano (Ramphasto
toco).
Oportunidades: Preservação de Ombrófila Mista. Complexo de últimos remanescentes.
Preservação de APPs. Regeneração de araucárias. Turismo de aventura. Ameaças:
Hidroelétrica. Fogo. Caça. Pinus. Desmatamento. Ações: Criação de UC, Inventário
Ambiental e Recuperação de área degradada. Portanto, como trata-se de uma área
bastante sensível do ponto de vista da conservação, todas as medidas mitigadoras
propostas e indicadas neste parecer deverão ser atendidas e executadas.
Myrcianthes riparia Espécie da família Myrtaceae que foi recentemente descrita para a
ciência, sendo uma espécie arbustiva de aproximadamente 2 metros de altura, que
ocorre somente nas margens dos rios, ambientes ripários, ao longo da bacia do rio
Pelotas.
Foram apresentados diversos estudos sobre a espécie endêmica Myrcianthes riparia,
listados abaixo:

- Censo da espécie Myrcianthes riparia Sobral, Grippa & T. Guimarães, na ADA do


empreendimento Pequena Central Hidrelétrica Santo Cristo. Fevereiro de 2014. -
Levantamento da ocorrência da espécie reófita Myrcianthes riparia na área de
influência do empreendimento Pequena Central Hidrelétrica Santo Cristo. Maio de
2013. - Caracterização da diversidade genética de Myrcianthes riparia Sobral, Grippa e
Guimarães - Eletroforese de Isoenzimas. Maio de 2014. - Laudo Conclusivo do "Censo
da espécie vegetal Myrcianthes riparia Sobral, Grippa & T. Guimarães, na Área
Diretamente Afetada pelo empreendimento PCH Santo Cristo". Dezembro de 2014 -
Laudo Conclusivo da "Caracterização da Diversidade Genética de Myrcianthes riparia
Sobral, Grippa & Guimarães." Novembro de 2014. - Revisão e Complementações do
"Levantamento da ocorrência da espécie reófita Myrcianthes riparia na área de
influência do empreendimento Pequena Central Hidrelétrica Santo Cristo". Dezembro
de 2014. - Nota Técnica sobre Myrcianthes riparia. Dezembro de 2014. - Plano de
Conservação da espécie reófita Myrcianthes riparia. Dezembro de 2014.
Após análise destes documentos, ressaltam-se as seguintes descrições, resultados e
medidas mitigadoras sobre esta espécie: - Foram encontrados 42 pontos de ocorrência
da espécie Myrcianthes riparia, de 68 unidades amostradas, sendo que a ocorrência foi
em 8 rios da sub-bacia do Rio Pelotas. - Ao todo foram encontrados 6.522 exemplares
desta espécie. - De acordo com os estudos apresentados, fora a área de TVR, serão
1.681 exemplares de M. riparia afetados pela implantação das 3 PCHs pretendidas na
região, divididas da seguinte forma (área do reservatório): - 169 exemplares na
área do futuro lago da PCH Penteado; - 713 exemplares na área do futuro lago da
PCH Rincão; - 799 exemplares na área da PCH Santo Cristo + 126 no TVR da
PCH. Portanto, 4.841 (74% do total de indivíduos registrados) estão localizados fora das
áreas dos futuros reservatórios das 3 PCHs. - A estimativa da população de Myrcianthes
riparia é de 19.489 exemplares. E a estimativa da quantidade de exemplares a ser
afetada pelos reservatórios das 3 PCHs representa 28% do total de exemplares
estimados. - Em um dos estudos foi indicado que os indivíduos de Myrcianthes riparia
a jusante do barramento da PCH Santo Cristo podem ser afetados devido à alteração
hídrica que ocorrerá no fluxo do rio pela redução da vazão. Com relação à montante,
mesmo que alguns permaneçam fora da área prevista para o reservatório da PCH, as
mudanças nos padrões hidrológicos podem ter efeitos negativos, ainda desconhecidos,
na dinâmica populacional da espécie, estes podendo ainda ser perceptíveis apenas em
longo prazo. Por outro lado, há a possibilidade destes indivíduos não serem impactados
pelo empreendimento. Diz, ainda, que pela falta de estudos mais aprofundados é difícil
declarar qual o risco que a espécie está sujeita. Porém, diz que quanto à sobrevivência
da espécie, por ter sido encontrada em outros rios e com populações de tamanho
satisfatório, é descartada a hipótese de que esta espécie venha à extinção pela instalação
da PCH. - Com relação à diversidade genética da espécie foram apresentados estudo e
laudo conclusivo afirmando que tanto a comparação da população PCH Santo Cristo
com as demais populações, assim como a comparação entre todas as populações,
demonstra que não existem divergências genéticas entre nenhuma das populações
estudadas, ou seja, as plantas formam um grande conjunto homogêneo do ponto de vista
genético. Afirma ainda que a exclusão (supressão ou imersão) das plantas localizadas na
área de influência da PCH Santo Cristo, ou das outras 2 PCHs previstas para a região,
não afetam a diversidade genética da espécie. O estudo conclui que a instalação do
empreendimento PCH Santo Cristo não acarretará em alterações efetivas na diversidade
genética das populações de M. riparia, assim como em modificações na sua estrutura
genética populacional, não incorrendo em riscos para a sobrevivência e perpetuação da
espécie. Portanto, de acordo com o estudo apresentado, do ponto de vista genético, não
há risco de extinção da espécie com a implantação do empreendimento.
Impactos: os impactos identificados para a implantação e operação da PCH Santo
Cristo sobre Myrcianthes riparia, considerando a implantação e operação das PCHs
Penteado e Rincão, são os seguintes: - Redução do número total de indivíduos. -
Redução de habitats preferenciais da espécie.
Algumas das medidas mitigadoras apresentadas nos estudos:
- Realizar o estudo da biologia reprodutiva da espécie; - Realizar o monitoramento dos
indivíduos remanescentes na futura APP e TVR do empreendimento, mantendo uma
população controle para avaliar o impacto das alterações no regime hídrico e de vazões
do rio sobre a espécie;
- Realizar o resgate e a relocação de indivíduos da espécie reófita Myrcianthes riparia
registrados na área do reservatório;
- Realizar acompanhamento mensal dos indivíduos relocados, para definição da
estimativa de sobrevivência da espécie ao transplante;
- Manter uma coleção ex situ representativa da variabilidade genética da espécie;
- Implantar um Programa de Reprodução da espécie, sexuada e assexuadamente.
No documento "Plano de conservação da espécie reófita Myrcianthes riparia" são
descritas as medidas preventivas e mitigadoras para a conservação da espécie, cabe
ressaltar alguns pontos abordados. Com relação ao transplante de Myrcianthes riparia,
como apontado pelo próprio documento, ressalto "o transplante de exemplares da área
que será afetada pelo futuro reservatório da PCH Santo Cristo para outras áreas onde a
espécie não ocorre ou adensamentos em áreas de sua ocorrência deve ser realizado com
muita cautela, para evitar prejuízos às comunidades de reófitas, pois nessas condições o
manejo inadequado pode causar desequilíbrios nesses micro-ambientes." E ainda "O
monitoramento das mudas de M. riparia realocadas será conduzido por um ano após a
relocação/transplante" Portanto, ressalta-se que além do cuidado com a relocação, e que
já há um levantamento das áreas previstas para relocação, página 11 do referido plano,
se faz extremamente necessário o monitoramento das plantas relocadas.
Com relação ao item Proposta da Criação de Unidade de Conservação, temos que a
espécie endêmica Myrcianthes riparia irá perder habitat com a instalação da PCH Santo
Cristo e as outras duas PCHs próximas, a criação de uma UC não irá resolver o
problema, porém será uma medida mitigadora oportuna, visto que aumentará o grau de
preservação não apenas da espécie citada, mas também de toda uma comunidade
associada. Pois no momento a espécie encontra-se essencialmente em APP, que por si
só já é área protegida, porém, estando toda uma área protegida em forma de Unidade de
Conservação de Proteção Integral, a perpetuidade da espécie encontra-se mais perto da
efetiva garantia de perpetuidade.
Sendo assim, o empreendedor propõe que, "a fim de preservar a espécie Myrcianthes
riparia, tendo em vista sua característica reofítica, propõe-se a criação de uma Unidade
de Conservação contígua ao reservatório da PCH Santo Cristo (a montante), situada às
margens do Rio Penteado, um dos principais afluentes da micro-bacia do Rio
Pelotinhas." A proposição parte do princípio que o Rio Penteado foi um dos oito rios
onde a espécie M. riparia foi encontrada. De acordo com as informações prestadas pelo
empreendedor, a UC contaria com mais de 7 km de extensão linear e a possibilidade de
preservação de aproximadamente 75ha de diferentes ambientes.

Conclusão:
Com base nas informações arroladas no presente parecer técnico, vistorias in loco e
consulta a legislação ambiental vigente, sou de parecer favorável à emissão da
Autorização de Corte de Vegetação - AuC em tela, desde que atendidos os
considerandos na análise técnica, as informações registradas neste parecer e as
condições impostas ao mesmo.

Condicionantes:
Na área de corte:
1. Fica proibido qualquer tipo de intervenção e supressão em áreas próximas a área
autorizada sem o conhecimento e autorização do órgão ambiental competente.
2. A área de supressão deverá seguir rigorosamente as plantas georreferenciadas
apresentadas à FATMA. Os trabalhadores que realizarão o corte deverão ser orientados
a não extrapolar para áreas não autorizadas. A área sujeita ao corte deverá estar marcada
com fita zebrada após localização.
3. A área referente à vegetação a ser suprimida é de 43,64 ha, devendo seguir
rigorosamente as coordenadas planas anexas a este parecer técnico.
4. A execução da supressão em questão deverá ser acompanhada por técnico legalmente
habilitado.
5. A supressão da vegetação deverá ser feita de maneira a minimizar os impactos sobre
as demais espécies localizadas no seu perímetro, a fim de reduzir a área de impacto.

Da preservação:
6. Deverá ser implantado um programa específico para a espécie Myrcianthes riparia,
que envolva o monitoramento da população, o monitoramento dos indivíduos relocados,
estudo da genética da espécie e reprodução, áreas potenciais de ocorrência, comunidade
associada, e a criação da Unidade de Conservação de Proteção Integral que vise a
conservação da M. riparia.
7. Realizar coleta de sementes das espécies ameaçadas de extinção antes da atividade de
supressão com o objetivo de compor banco de sementes dos indivíduos a serem
cortados. As sementes coletadas deverão receber tratamento adequado e servirem de
fonte para produção de mudas, objetivando a conservação do patrimônio genético dos
indivíduos suprimidos.
8. Implementar o Programa de Resgate Brando e Realocação de Epífitas, Bromeliáceas,
Cactáceas e Orquidáceas que ocorrem no local.
9. Deverão ser implementadas medidas de identificação de possíveis ninhos de fauna
nativa, devendo ser realocados para as áreas próximas. Sendo todo o trabalho
acompanhado por profissional habilitado.
10. Deverá ser respeitado o período de reprodução e nidificação da maioria das espécies
da avifauna, compreendido entre setembro e março.
11. Adotar todas as medidas para minimizar os impactos nas Áreas de Preservação
Permanente.
12. Deverá ser realizado o Resgate de Fauna durante a supressão quando apenas o
afugentamento não garantir a sobrevivência da fauna, com autorização do órgão
ambiental e respeitando a legislação vigente.
13. Observar as condicionantes da Licença Ambiental de Instalação do processo
DIV/00284/CPS.
14. É vedado o uso de queimada dos resíduos vegetais para limpeza da área.
15. É vedado o depósito de material oriundo do corte da vegetação em cursos d'água.
16. Os caminhões e tratores, se utilizados, no processo de corte e transporte do material
lenhoso, deverão ter sua manutenção/ reabastecimento em local próprio, a fim de evitar
a contaminação do solo e curso d'água com produtos combustíveis.
17. Deverá ser apresentado à FATMA relatórios semestrais de acompanhamento e
monitoramento do plantio das mudas das espécies ameaçadas de extinção, em
atendimento à compensação pelo corte de espécies ameaçadas, Araucaria angustifolia,
deverão ser plantadas 14.840 mudas, Podocarpus lambertii 13.090 mudas, Cedrela
fissilis 440 mudas e Quillaja brasiliensis 3.930 mudas. Os relatórios deverão ser
entregues por um período de três anos.
18. Deverá ser apresentado à FATMA relatórios semestrais de acompanhamento e
monitoramento do transplante de todos os 611 indivíduos de xaxim (Dicksonia
sellowiana), por um período de três anos. Para cada indivíduo sem sucesso no
transplante, deverá ser realizado o plantio de mudas na proporção de 1:10.
19. Implementar o Programa de Monitoramento e Resgate de Fauna.
Condições gerais:
20. Deverá ser colocada uma placa na área indicando: nome do empreendedor, número
da autorização de corte, prazo de validade, área autorizada e o responsável técnico pelo
projeto de corte com o número da ART.
21. Após o recebimento da Autorização de Corte, deverá ser publicado em jornal de
circulação local, dando publicidade do recebimento da AuC para o corte da vegetação
do empreendimento em questão.
22. Uma cópia da Autorização de Corte deverá permanecer no local durante a execução
dos serviços.
23. Deverá ser entregue em até 180 (cento e oitenta) dias após o recebimento da AuC a
área para Compensação pela supressão da vegetação averbada nas matrículas dos
imóveis.
24. Deverá ser realizado o cadastro das propriedades afetadas pelo empreendimento no
sistema CAR (Cadastro Ambiental Rural).

AVALIAÇÃO DO ESTUDO DE CASO 6:

1) Qual a Instrução Normativa utilizada para instruir e formalizar o processo de


supressão de vegetação apresentado?
2) Qual a caracterização da vegetação autorizada para supressão?
3) Como o responsável técnico chegou à conclusão do estágio sucessional da
vegetação? Qual estudo foi apresentado e quais os parâmetros dendométricos
foram levados em consideração?
4) Qual a base legal utilizada neste caso para a caracterização do estágio
sucessional da vegetação?
5) Que medidas compensatórias pela supressão foram apresentadas no processo?
6) Em quais artigos da Lei 11.428/06 e Decreto 6.6660 a possibilidade de
supressão de vegetação se enquadra?
7) Quais as ferramentas e mecanismos tecnológicos disponíveis para análise da
vegetação que poderiam ter sido utilizadas neste processo?
8) Quais as vantagens do uso das novas tecnologias nas análises de supressão de
vegetação?
9) Considerando a reposição florestal e a necessidade de monitoramento do plantio
a ser realizado, sugira uma forma de acompanhamento do desenvolvimento da
vegetação utilizando geotecnologias para obtenção e análise de imagens.
10) Faça uma avaliação sobre a disciplina “supressão de vegetação”.

Você também pode gostar