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Embalagens convertidas/flexíveis/laminadas

MSc. Porfírio Américo


Complexagem
Quando se usa um polímero simples na composição do
filme da embalagem, torna-se difícil obter todas as
propriedades necessárias, uma vez que um polímero com
boas propriedades barreira ao oxigénio pode ter baixas
propriedades de barreira à água, e outro polímero pode
apresentar o comportamento oposto. Por isso, faz-se o
processo de laminação/complexagem.
CONCEITOS
O que é embalagem convertida?

Embalagens convertidas são conhecidas genericamente


como embalagens flexíveis (laminadas).

As embalagens plásticas flexíveis são aquelas que


dependem do formato do produto a ser embalado, ou seja,
elas se aderem à forma do produto, podendo ser fabricadas
de vários formatos, medidas e cores.
Embalagens flexíveis, são maleáveis e de fácil manuseio, nas quais
é possível acondicionar sólidos ou líquidos, em vários volumes,
formatos e dimensões, através da estrutura confeccionada utilizando
vários tipos de materiais.

As embalagens flexíveis devem responder a uma série de


requisitos e devem acima de tudo proteger o produto, dando
garantia aos processos de conservação utilizados (vácuo,
esterilização, pasteurização, congelamento.), ter uma selagem
hermética e ter em conta a possibilidade de ocorrência de
processos de deterioração.
Propriedades das embalagens flexíveis

➢ Permeabilidade ao vapor de água, oxigénio, azoto,


aromas, óleos e gorduras;
➢ Deve ser uma barreira à luz;
➢ Deve ser resistente a altas e baixas temperaturas;
➢ Deve possuir resistência mecânica.
Laminação/complexagem

Consiste na união de duas ou mais camadas através


da aplicação de um adesivo para se obter um melhor
desempenho da embalagem flexível.

É um recurso utilizado para contribuir nas questões


estéticas, aumentar as propriedades de barreira, proteger
a impressão, facilidade no processo de envase,
resistência à delaminação, processo de vedação, forma
de apresentação no ponto de venda, requisitos legais e
reduzir custos.
Processos de laminação

➢ Laminação com parafina;


➢ Laminação via húmida;
➢ Laminação via seca;
➢ Laminação por extrusão

Laminação com parafina


Esse processo utiliza equipamento bastante simples e
consiste na aplicacao do hot melt no substrato 1, uniao
com o substrato 2 e posteriormente, por contato do
laminado com cilindro refrigerado, o adesivo se
solidifica. Pode ser empregado tambem para simples
revestimentos de materiais flexiveis de embalagem.
Como exemplo o celofane/hot melt/celofane.
Laminação via seca
A laminação a seco é efectuada nos casos em que os
dois substratos a laminar não são porosos. Nessa
circunstancia, a cola é aplicada num deles, e o
solvente é evaporado antes do contato com o outro
material. É importante salientar que os adesivos são
especialmente formulados para essa finalidade e
necessitam de um determinado tempo pos-processo
para que a cura ocorra adequadamente. Como
exemplo deste tipo de laminado pode ser citado o
alumínio/filmes plásticos/celofane.
Laminação por extrusão
A laminação por extrusão, utilizando PE, é
amplamente empregada em embalagem de
alimentos. O PE fundido sai da extrusora e é
aplicado entre dois substratos. Apos a
solidificação, a poliolefina atuara como adesivo.
Quando o polietileno é aplicado sobre substratos
não porosos, como o aluminio, ha necessidade de
se revestir este ultimo com uma fina camadade
substância altamente polar, denominada primer,
que facilita a aderência do polietileno. Alguns
exemplos seriam o celofane/PE/celofane,
celofane/PE/alumínio e celofane/PE/papel.
Laminação via húmida
Também conhecida por wet bonding, consiste na
aplicação de adesivo num dos substratos a colar,
ocorrendo a união antes do adesivo. É fundamental,
nesse processo, que um dos substratos seja poroso,
como o papel, uma vez que a evaporação do solvente
se dará através dele. Os adesivos são geralmente à
base de silicatos, dextrina, dentre outros e utilizam
água como solvente. Os principais laminados obtidos
por esse processo são papel/papel, papel/alumínio e
outros.
Adesivos
Adesivo é qualquer substância capaz de unir duas
partes de um mesmo material ou de materiais
distintos, sendo estes plásticos, papéis, vidro ou
metais.
No que diz respeito às interacções moleculares de
curto alcance incluem as ligações covalentes e
iónicas. Depois existem as ligações designadas por
Pontes de Hidrogénio que ocorrem por exemplo nas
poliamidas. Por último as forças mais importantes no
que diz respeito à aderência são as forças de Van der
Walls.
é a força atractiva entre
adesão moléculas de substância
diferentes

Adesivos
é a força de atracção entre
moléculas ou átomos de uma
mesma substância, isto é, a força
coesão
interna que age nos adesivos
mantendo as partículas unidas.
Adesivos
Relativamente à interacção entre o adesivo e o
substrato, quando uma camada de adesivo é aplicada
no substrato, o primeiro age como uma ponte de
ligação entre as superfícies dos substratos. Esta
ligação irá depender das forças de adesão e coesão.

A amplitude da força entre o adesivo e a superfície


depende da penetração deste na superfície e esta, por
sua vez depende da facilidade do material em
espalhar-se na superfície.
Quanto maior essa facilidade,
melhor será a afinidade do
adesivo pelo substrato.
Deve-se preparar a superfície de
contacto para remover as Aplicação do adesivo
substâncias que podem interferir e deve ser feita de forma
prejudicar o desempenho do uniforme sobre o
adesivo. substrato.
Selecção de adesivos
A selecção de um adesivo depende de vários factores (Químico,
Físico, Desempenho) que podem conduzir problemas caso não
sejam bem compreendidos ou controlados.
Considerações na selecção de um adesivo
para laminagem

A aderência, força da ligação mecânica, resistência ao


calor e química. Além disso, deve-se determinar a
capacidade do adesivo fluir uniformemente sobre a
superfície da película e formar um revestimento
contínuo. Por último, a formulação do adesivo deve
ser feita para que qualquer solvente ou água possa ser
removida.
Tratamentos superficiais
As poliolefinas (o polietileno e o polipropileno) são
polímeros mais usados na produção de plásticos e
elastómeros devido às suas excelentes propriedades
químicas e físicas, assim como o baixo preço e
facilidade de processamento.

Estes polímeros são difíceis de ligar com os adesivos


devido à natureza da sua superfície, para tal devem
passar por processos melhorados de preparação de
superfícies e pela introdução de novos adesivos que
são capazes de ligar-se ao substrato das mesmas.
Para que os adesivos
adiram é necessário que a
superfície tenha uma
tensão mínima de 38
dyn/cm.

A capacidade para molhar uma superfície é medida por


ângulo de contacto ou energia superficial. Para qualquer
adesivo poder molhar uma superfície deve ter uma energia
superficial igual ou inferior à do substrato, sendo que a
gama de energia superficial das poliolefinas é de 30
dyn/cm e dos adesivos é na ordem dos 40 dyn/cm
valores de tensão superficial de alguns materiais
para se obter uma boa aderência, a superfície das
poliolefinas tem de ser tratada de forma a remover
contaminantes e aumentar a energia superficial,
facilitando a ancoragem de tintas, adesivos e
revestimentos.
Metalização a vácuo

No processo de metalização a vácuo, metais ou


sais metálicos são depositados na superfície dos
plásticos, vidros, papéis e outros materiais de
modo a ser obtido um acabamento decorativo e
funcional. A principal finalidade do vácuo é a de
contribuir para as condições óptimas de
vaporização do metal e minimizar a presença de
gases e vapor de água que são indesejáveis ao
processo.

Basicamente, o processo de metalização a vácuo de


filmes flexíveis consiste na fusão de um metal, mais
comumente o alumínio, e subsequente vaporização
sobre a superfície móvel do filme.
O alumínio é o metal preferido para a maioria das
aplicações, uma vez que o produto acabado tem uma
aparência de metal polido ou mesmo cromado e isso
exerce grande influência visual em gôndolas de
supermercados.

A camada de alumínio poderá ser depositada nas


faces interna ou externa do filme, dependendo das
características de resistência necessárias. A
metalização interna do material tem a vantagem de
ser protegida da abrasão.
Delaminação

Delaminação é uma medida que indica a


facilidade de separação de componentes de uma
estrutura multicamadas. Os problemas de
delaminação têm efeito negativo sobre a
aparência do material, podendo também
comprometer a integridade, as propriedades de
barreira e a resistência mecânica de embalagens
flexíveis.
As origens da delaminação podem estar no
adesivo impróprio, na falta de pressão na
laminação ou ainda em paradas eventuais nas
máquinas. O operador com prática poderá
facilmente avaliar a qualidade do material.
Alguns ensaios específicos são, todavia,
propostos para quantificar essa avaliação.
O teste de resistência a laminação
É feito com um aparelho que quantifica a
força necessária para separar duas camadas
de uma embalagem composta por pelo
menos duas matérias diferentes.
Aplicações
As carnes embaladas a vácuo exigem material de baixa
permeabilidade ao oxigênio e, ao mesmo tempo, de fácil
termossoldagem. Os laminados PA/PE e PET/PE, se prestam
muito bem a essa finalidade.

A embalagem da manteiga deve evitar a perda de humidade,


componentes aromáticos característicos e, em conjunto com a
baixa temperatura de estocagem, a rancificação, impedir que
voláteis presentes no ambiente de estocagem alterem o aroma e
o sabor do produto, e não transferir odor e sabor estranhos ao
alimento. O papel/alumínio são mais indicados, onde o papel
tem a finalidade de conferir ao laminado maior rigidez e
resistência mecânica.
Embalagem destinados a produtos à base de chocolate
deverá apresentar baixa permeabilidade ao oxigênio, ao
aroma, à humidade e à gordura. Como exemplos de alguns
laminados destacam-se: alumínio/papel, celofane/PVDC,
papel/PE/alumínio/ PE, PET/metalização/PE e outros.

Embalagens para salgadinhos, é fundamental que seja


considerada a incidência de luz, oxigenio e humidade, de modo
que nao se tornem rancosos e nem percam sua caracteristica
crocante. também, a fragilidade e a sensibilidade dos mesmos a
odores estranhos provenientes do ambiente de estocagem e da
própria embalagem. Exemplos de laminados para esses
produtos são: PET/metalização/PE, PE/metalização/PP,
celofane/PVDC/celofane e outros.
Embalagens compostas

As interações das embalagens compostas com os


alimentos dependem das propriedades dos materiais
que a compõem. Geralmente, as embalagens
compostas interagem menos com os alimentos que
os materiais individuais, já que as limitações das
propriedades de barreira de cada componente são
pelo menos parcialmente compensadas pelos
demais materiais usados.
Um exemplo típico são as embalagens de leite
longa vida (UHT) é elaborada por diversas camadas
de três materiais, usadas para acondicionamento
asséptico. Essas embalagens são formadas a partir
de camadas de papel, alumínio e polietileno. O
papel garante forma e resistência mecânica à
embalagem; a folha de alumínio age como barreira
à luz e oxigenio, aos gases e aos aromas; além de
responder pela termossoldabilidade do material e
permitir a laminação dos diferentes materiais, o
polietileno confere barreira à humidade. Tetra Pak
como Tetra Brik®.
Embalagem cartonada - TETRA PAK,
Além das embalagens cartonadas da Tetra
Pak®, existem vários outros sistemas
compostos sempre utilisando pelo menos um
componente polimérico, ou seja, os sistemas
compostos podem consistir em combinações
entre polímeros de diferentes propriedades ou
em combinações de polímeros com outros
materiais, geralmente alumínio ou materiais
celulósicos.
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