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CORROSÃO EM CASCOS DE NAVIO

​AMBROZINI, Scheyla Manzioli


CALIXTO, Thiago Nossa
DA SILVA, Mateus Bruno
LEÃO, Dherick Tavares
MACHADO, Juliano Assunção
Introdução
A indústria naval deve estar atenta aos riscos de corrosão, principalmente nos cascos dos navios, já
que estes ficam em contato direto com a água, o que facilita o processo de corrosão que gera
mudanças na matéria e os compostos que formam pilhas são transformados em seus produtos, estes
não possuem mais diferença de potencial para sustentar o desempenho, encerrando o funcionamento
após certo tempo de uso, portanto, pode causar prejuízos, acidentes, entre outros problemas, para
evitar os possíveis contratempos, medidas podem ser tomadas, como a aplicação de tintas
anticorrosivas no casco, uso de metais de sacrifício e outros métodos que permitem assegurar uma
vida útil maior ao casco, consequentemente a indústria tem menos prejuízos e mais segurança.
Corrosão
Podemos definir corrosão como a deterioração de um material, geralmente metálico, por ação química
ou eletroquímica do meio ambiente aliada ou não a esforços mecânicos. A deterioração causada pela
interação físico-química entre o material e o seu meio operacional representa alterações prejudiciais
indesejáveis, sofridas pelo material, tais como desgaste, variações químicas ou modificações
estruturais, tornando-o inadequado para o uso. Sendo a corrosão, em geral, um processo espontâneo,
está constantemente transformando os materiais metálicos afetando diretamente a sua durabilidade e
seu desempenho.

A água do mar é um excelente meio corrosivo, funcionando como um eletrólito pois apresenta uma
quantidade apreciável de sais. Outros constituintes como gases dissolvidos, podem acelerar os
processos corrosivos; Uma análise da água do mar apresenta em média os seguintes constituintes em
gramas por litro de água, como pode ser observado no quadro 1, abaixo.

Constituintes da água do mar - fonte: Química, volume 2:


química geral / João Usberco, Edgard Salvador. – 15. ed. –
São Paulo: Saraiva, 2014. Pág 151)

Tipos de corrosão eletroquímica


Existem vários tipos de corrosão eletroquímica, entretanto, para este trabalho as formas de corrosão
eletroquímicas que abordaremos são: Corrosão Galvânica, Corrosão Aeração Diferencial e Corrosão
Atmosférica

Corrosão Galvânica
Corrosão galvânica ocorre quando dois materiais distintos estão em contato um com o outro e imersos
em um eletrólito. Desse modo uma das ligas metálicas ou um dos metais fará o papel de anodo e o
outro de catodo. O anodo é o material que, devido à perda de elétrons, apresenta perda de massa
enquanto o catodo fica preservado. Abaixo, na figura 1 é possível observar o modelo de corrosão
Galvânica, o qual o zinco é o anodo e o aço é o cátodo.
Figura 1 - Modelo de Corrosão Galvânica.

Corrosão Aeração Diferencial


Corrosão por aeração diferencial de acordo com Gentil (1983, p. 71) “tem-se a aeração diferencial
quando um material metálico está imerso em regiões diferentemente aeradas, constituindo tipo
frequente de heterogeneidade que conduz à formação de uma pilha de aeração diferencial. Como
geralmente o oxigênio é que intervém no processo de aeração, é também chamada de pilha por
oxigenação diferencial, sendo o ânodo a área menos aerada e o catodo a área mais aerada”, conforme
figura 2 abaixo.

Figura 2 – Processo de Corrosão por Aeração Diferencial

Corrosão atmosférica
Processo de corrosão que ocorre em estruturas aéreas. Geralmente o substrato fica exposto ao tempo
devido à má aplicação da pintura ou até mesmo por conta de alguma avaria mecânica sofrida pelo
material. Uma amostra deste tipo de corrosão segue abaixo na figura 4

Figura 3 – Navio Metálico Sofrendo Corrosão Atmosférica


Revestimentos anticorrosivos
Os revestimentos Anticorrosivos constituem-se em películas interpostas entre o metal e o meio
corrosivo, ampliando a resistência à corrosão do material metálico. Os revestimentos podem ser:
metálicos, não metálicos inorgânicos ou orgânicos e a sua utilização podem ser no aumento da
resistência à corrosão atmosférica, na imersão e na corrosão pelo solo. Portanto a principal função do
revestimento é a proteção do material, que se dá através de dois mecanismos de proteção:
Barreira Física: as películas não são totalmente impermeáveis, sendo a penetração dos gases e líquidos
possível através das descontinuidades da película (poros e trincas).
Ação química de inibidores de corrosão: a adição dos inibidores de corrosão retarda este processo. Os
principais inibidores são zarcão, cromato de zinco, fosfato de zinco e molibdato de zinco.

Existem inúmeros tipos de revestimentos anticorrosivos, dentre eles: tintas, lacas, vernizes, esmaltes
sintéticos, resinas, dispersões, emulsões, óleos protetores, entre outros. Nesse trabalho
aprofundaremos a aplicação de tintas em cascos de navios como revestimento anticorrosivo.

Tintas: qualquer composição líquida, pastosa ou em pó, que, aplicada em finas camadas sobre uma
superfície, venha formar uma película seca, sólida e aderente a esta superfície

Preparo da Superfície para Pintura


É essencial que as superfícies ao serem pintadas estejam bem secas e completamente livres de
ferrugem, gordura ou qualquer outra sujeira, pois qualquer substância estranha impedirá que a tinta
fique em contato perfeito e direto com a superfície, prejudicando a sua aderência. A remoção de óleos,
graxas, gorduras e principalmente produtos de corrosão (óxidos) é de grande importância porque as
tintas sempre exigem, em maior ou menor grau, uma preparação da superfície, que objetiva criar um
perfil de rugosidade capaz de facilitar a adesão mecânica da tinta à superfície metálica. Tinta aplicada
sobre a ferrugem não impedirá a ação da mesma, pois continuará, imperceptível, soltando a pintura.
Atualmente existem vários aparelhos mecânicos para a retirada da ferrugem como: marteletes ou
máquinas de bater ferrugem a ar comprimido ou elétricas, escovas de arame rotativas, jatos de areia,
etc. Todas as superfícies devem estar completamente secas; a umidade causará a descascação
posterior da pintura. Nunca devemos aplicar a segunda demão da pintura sem que a primeira esteja
completamente seca, pois isso ocasionará o enrugamento e rachadura posterior da pintura.

Limpeza de superfícies
A limpeza e preparo das superfícies é tão importante quanto a própria tinta.
Limpeza Com Solvente - remove resíduos metálicos, óleo e graxa mediante o emprego de solventes. É
pré- requisito para todos os tipos de limpeza. Após a limpeza, a superfície deve ser lavada com água
doce;
Limpeza Normal - remove resíduos e outros materiais com o emprego de ferramentas manuais como
escovas de aço, raspadores, lixas ou picaretas. É pré-requisito para limpeza mecânica;
Limpeza Mecânica - remove ferrugem e placas de tintas por meio de escovas rotativas, marteletes a ar
comprimido, esmeris e lixadeiras.
Aplicação de tintas
A pintura do casco é uma das partes mais importantes dos serviços de docagem e por isso a escolha do
método de aplicação de uma tinta é tão importante, deve ser durável e ter um ótimo desempenho, para
isso deve-se levar em conta alguns fatores, como a seleção de um esquema de pintura compatível com
o material a ser pintado, as condições ambientais em que estará exposto, qualidade das tintas e
processos de aplicação. A finalidade dos métodos de aplicação das tintas é o mesmo que é a obtenção
de um filme ou película uniforme por toda extensão da superfície. Os métodos de aplicação de tintas
podem ser divididos em 2 grupos:

Espalhamento: possui como característica uma película não uniforme sobre a superfície. Não há como
atingir espessuras elevadas rapidamente, sendo necessária várias demãos ao custo de uma grande
quantidade de produto aplicado.

Pulverização: consiste no processo da pulverização da tinta antes de sua chegada a superfície. Essa
pulverização ocorre com o auxílio de ar comprimido na pistola convencional e, na pistola sem ar
(airless spray), devido a elevada pressão na tinta e posterior descompressão através de um bicho com
geometria especial. A pulverização possui a vantagem de possuir maior espalhamento, rendimento,
uniformidade na película de pintura e espessuras mais elevadas.

Pincel ou Trincha: é o método de aplicação mais antigo e até hoje é de grande utilidade, de uso
comum a bordo, geralmente utilizado na aplicação do primer quando a superfície estiver muito
irregular ou quando o local for de difícil acesso como, frestas, cordões de solda, rebites, dentre outros,
onde outros métodos de aplicação poderiam deixar algumas falhas. São de baixo rendimento e para
sua reutilização são necessários cuidados especiais em sua limpeza. É muito importante observar se
está ocorrendo desprendimento das fibras da trincha durante a aplicação. Fibras deixadas na película
de tinta são possíveis pontos de corrosão no futuro. Na pintura industrial, a trincha deve ser utilizada
para recorte ou pintura de reforço ("strioe coat") em cordões de solda, cantos, quinas, regiões com
pites severos, acessórios e locais de difícil acesso. A trincha deve ser usada para pintura de peças de
pequena dimensão, tipo tubulações de pequeno diâmetro, estruturas leves e cantoneiras. Na pintura
por pulverização, a trincha deve ser usada como ferramenta auxiliar para correção de escorrimento,
pintura de regiões inacessíveis para a pistola, etc. As tintas a base de silicato inorgânico de zinco não
devem ser aplicadas à trincha e rolo.

Figura 4 - Pincéis ou trinchas


Rolos: são muito utilizados a bordo de embarcações. São feitos de lã de carneiro ou espuma sintética,
apresentam um rendimento satisfatório para aplicação de tinta em perfis e chapas, visa obter elevadas
espessuras por demão, por ser também um método de aplicação por espalhamento, a espessura final
pode apresentar grande variação, tem a vantagem de proporcionar maior rendimento produtivo do que
a pintura com trincha. O filme de tinta seco é de ótima espessura. Indicado para superfícies planas ou
com grande raio de curvatura. O movimento do rolo não deve restringir a um sentido apenas. Fazer
passes cruzados com o rolo para obter melhor uniformização na película quanto à espessura. O "rolo
epóxi" de pelos aparados é recomendável para pintura de tintas epóxi. Rolos de espuma não resiste a
solventes orgânicos e se desmancham deixando grumos na película. Os defeitos mais comuns na
aplicação à trincha e rolo são: espessuras variáveis, estrias, impregnação de pelos e fibras, acabamento
rugoso, etc. A aplicação de tintas não conversíveis, como a borracha clorada, tende a apresentar
sangramento no método de espalhamento.

Figura 5 - Rolo convencional

Pistola Pneumática Convencional: na pintura por pulverização utilizando pistola convencional, a


atomização é feita com auxílio de ar comprimido que entra na pistola por passagem distinta da tinta e
são misturados e expelidos pela capa de ar, formando leque cujo tamanho e forma são controláveis. O
processo garante maior produtividade e obtenção de espessura da camada praticamente constante ao
longo da superfície pintada. Porém depende do operador para regulá-la adequadamente. A
alimentação da tinta pode ser por sucção, pressão e gravidade. Os mais comuns na pintura industrial
são alimentação por pressão (tanques) e por sucção (caneca). A alimentação por sucção, conhecido
como pistola de caneca, é feita criando-se vácuo com a passagem de ar comprimido na capa de ar que
succiona a tinta contida num recipiente de um quarto de galão e aberto para o exterior. São ideais
quando necessita de trocas frequentes de cores e pintura de pequenas áreas. Bastante usado em oficina
de pintura de automóveis.

Figura 6 - Pistola Pneumática Convencional


Pintura Eletrostática
Consiste na aplicação de carga elétrica na tinta e na superfície a ser pintada formando um campo
eletrostático, assim a tinta eletrizada é atraída por este campo e as partículas que seriam perdidas são
atraídas para a peça. Sendo assim, o aproveitamento da tinta é muito maior nesta pintura.

Figura 7 - Máquina de pintura eletrostática


Conclusão
Conclui-se que é necessário a prevenção da corrosão com os métodos citados visando a diminuição de
gastos e prejuízos, além de evitar acidentes navais. Também pode-se constatar que os métodos para
prevenção estão cada vez melhores e que as pesquisas voltadas para o assunto estão evoluindo para
suprir as necessidades da indústria de possuir navios com cascos mais resistentes à corrosão e formas
acessíveis de expandir a vida útil do produto.
Referências

GOVERNO FEDERAL. Marinha, 2020. Missão da Marinha: Preparar e empregar o Poder Naval, a
fim de contribuir para a Defesa da Pátria; para a garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa
de qualquer destes, da lei e da ordem; para o cumprimento das atribuições subsidiárias previstas em
Lei; e para o apoio à Política Externa. Disponível em: <https://www.marinha.mil.br/>. Accesso em:
11/07/2020.

GOVERNO FEDERAL. Universidade Federal Fluminense, 2020. A Universidade Federal


Fluminense (UFF) é referência nacional em diversas áreas do conhecimento e possui uma trajetória de
crescimento, realizações e reconhecimento público. Disponível em: <http://www.uff.br/>. Acesso em:
11/07/2020.

AOKI, Idalina Vieira. Revestimentos inteligentes com propriedades de autorreparação. ​Biblioteca


Digital de Teses e Dissertações da USP​, 2020. Disponível em:
<https://teses.usp.br/teses/disponiveis/livredocencia/3/tde-15052019-084749/publico//IdalinaVieiraAo
ki.pdf>. Acesso em: 12/07/2020.

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