Candlelight Brasil

Corona Cigar
“Aroma, sabor e capacidade de combustão são os elementos
que constituem um bom charuto”
Luiz César Araújo

OS 5 MANDAMENTOS DO CHARUTO
1. O corte seguro
O charuto pode ser cortado ou furado,
modificando a concentração da
fumaça, o que pode aumentar ou
diminuir o fluxo. Um iniciante deve dar
preferência ao corte, pois ele
proporcionará um maior volume de
fumaça e um fluxo mais agradável e
suave. O corte deve ser feito
centímetros antes do acabamento da
capa demarcado pela "tampa".
2. O acendimento
O principal cuidado no acendimento de
um charuto é fazê-lo com uma chama
inodora, para que ele não absorva
aromas e sabores que alterem suas
características.
3. A puxada inicial
Ao acender o charuto, procure não
levá-lo imediatamente à boca para
evitar um aquecimento prematuro e
indesejado. Comece por dirigir a chama
das bordas para o centro de toda a
circunferência, soprando a brasa para
obter um acendimento uniforme e, só
depois, levar à boca.
4. A degustação
Os charutos possuem notas que variam
desde madeiras e condimentos até
especiarias e frutas. Os charutos mais
fortes e encorpados, de notas mais
marcantes, devem harmonizar com
bebidas de características semelhantes -
bebidas destiladas (o teor alcoólico
elevado não permite sobreposição de
sabores e aromas).
5. A morte com honra
Fumar seu charuto além da anilha não é
errado. Procure retirá-la após ter fumado
o charuto até a metade. Dessa maneira, o
calor ajuda na retirada da anilha, evitando
que a capa seja danificada. Quando o
charuto começa a exalar um ressaibo e a
fumaça fica bem mais quente, é o
momento de deixar apagar - não apague
o charuto amansando-o no cinzeiro.
Deixe que ele apague sozinho apoiado o
cinzeiro. Isso é chamado de "morrer com
dignidade".

DICIONÁRIO CIGAR
Anilhas: selos que envolvem os charutos e trazem a logomarca e o nome do fabricante.
Filler: folha de uma planta de fumo.
Cepo: aparelho utilizado pelos fabricantes para controlar o diâmetro dos charutos.
Talo: encontra-se no centro da folha de fumo (Filler).
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Corona Cigar
"O tabaco é a planta que transforma pensamentos em sonhos."
Victor Hugo

A HISTÓRIA DO CHARUTO BRASILEIRO

O fumo, designado no Brasil por mata-fina-
bahia-brasil (Nicotiana tabacum), é um tabaco
escuro destinado ao fabrico de charutos e era
exportado para boa parte do planeta. A sua
Em Cuba, pátria mundial dos grandes
história começou no período da escravatura,
charutos, a maioria dos trabalhadores é
foi afectada por duas guerras e contribuiu
masculina. No Brasil, porém, impera a mão-
para a afirmação e independência da mulher
de-obra feminina. “Empregamos uma
no estado da Bahia. Gerou fortunas e disputas
proporção de dez mulheres para um
familiares – uma traição, aliás, quase levou um
homem”, conta Marcos Augusto Souza,
brasileiro a cair nas mãos dos nazis. A sua
director do Sindicato da Indústria do Tabaco
história é tão importante que aparece no
no estado da Bahia.
brasão da República – o fumo está lá, florido,
do lado esquerdo, formando uma coroa,
Antes da explosão da indústria do charuto, a
juntamente com um ramo de café frutificado,
plantação de fumo era conhecida como a
sobre um esplendor de ouro.
“lavoura do pobre”, cultivada por pequenos
agricultores sem acesso a crédito. Como a
Na condição de colónia de Portugal, o Brasil
lavoura era pouco lucrativa e exigia menos
não podia instalar fábricas. Por isso, toda a
esforço físico, a solução foi usar escravos mais
lavoura fumageira baiana era destinada à
baratos, como mulheres, idosos e crianças.
exportação, servindo até mesmo como moeda
Mesmo após a abolição da escravatura, a
de troca para a compra de escravos em África.
situação prosseguiu de tal forma que, agora,
O cenário só começou a mudar após a
poucos homens estão dispostos a trabalhar
independência: em 1842, o português
num sector essencialmente feminino. “Como
Francisco José Cardoso abriu a primeira
tinham salário, as charuteiras romperam
fábrica no Brasil, a Charutos Juventude, em
padrões. Participavam nas festas populares e
São Félix, no Recôncavo Baiano.
nas tomadas de decisão em casa. É [um
exemplo] da independência da mulher pela
Na cidade de São Félix, o Centro Cultural
condição em que está inserida”, comenta a
Dannemann, instalado num prédio do século
historiadora Rosana Falcão Lessa.
XIX, é uma espécie de showroom do charuto
baiano moderno. Mulheres vestidas com saias
coloridas fabricam o tabaco diante dos
turistas, muitos dos quais estrangeiros.

"Não me peçam para descrever os encantos do devaneio

ou êxtase contemplativo em que o fumo de um
charuto nos mergulha”.
Jules Sandeau