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Graduação em Ciências Biológicas – Bacharelado/Licenciatura

Zoologia dos Vertebrados

Classe “Reptilia”
Características Gerais Sinapomorfias - Não existem características
Tetrápodes, amniotas, ectotérmicos. derivadas compartilhadas só pelos répteis
Grupo parafilético. ”tradicionais”.
Cerca de 9.500 espécies. Portanto, os répteis são um grupo parafilético.
Todos os continentes (exceto Antártida), muitas Não incluem todos os descendentes de seu
ilhas (dominantes). ancestral comum mais recente.
Todos os hábitats terrestres. Problemas da Classificação Tradicional
Mundo: 9.500 spp. Ancestralidade compartilhada das aves e dos
Squamata: 5.461 (Lacertilia - lagartos). crocodilianos:
Amphisbaenia: 181 - Crocodilianos e as aves são grupos irmãos.
Serpentes: 3.315 - Descendência de um ancestral comum é mais
Testudines: 317 recente do que a ancestralidade de cada um em
Crocodylia: 24 comum com qualquer outra linhagem reptiliana.
Sphenodontia: 2 - Portanto, aves e crocodilianos pertencem a um
Brasil: 744 spp. grupo monofilético distinto de outros répteis.
Lacertilia: 248 Solução da Sistemática:
Amphisbaenia: 68 - Crocodilianos e aves devem ser colocados em um
Serpentes: 386 clado que os separe dos demais répteis
Testudines: 36 (Archosauria).
Crocodylia: 6 - Clado inclui também os extintos dinossauros.
Mais abundantes e diversos nos trópicos, Répteis = “Conjunto dos amniotas que não são aves
ausentes nas regiões polares. nem mamíferos”.
Desertos: répteis são o grupo de vertebrados Para “Reptilia” ser um táxon válido (monofilético),
dominante. aves devem ser classificadas como répteis.
Algumas espécies retornaram ao ambiente Por que então separar répteis (crocodilianos) das
aquático (readaptação). aves?
Oceanos tropicais e temperados. Aves representam um grupo com uma nova zona
Águas continentais. adaptativa e um novo grau de organização.
Muitas espécies marinhas são migratórias Crocodilianos permanecem dentro da zona
(tartarugas) e anádromas (crocodilos). adaptativa e do grau de organização reptiliano
Taxonomia e Sistemática tradicionalmente reconhecidos.
Cladística: organização hierárquica dos grupos Dadas as inovações morfológicas e ecológicas das
monofiléticos. aves, é melhor a manutenção da classificação
Classe Reptilia “tradicional” não é reconhecida tradicional.
pelos sistematas como táxon válido. Crocodilianos na Classe “Reptilia”.
Não é um grupo monofilético. Aves na Classe Aves.
Classe Reptilia exclui as aves, que descendem do Morfologia Geral
ancestral comum mais recente dos répteis Grande diversidade de tamanhos, forma,
(próximo aos crocodilianos). coloração e modos de locomoção variáveis.

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Essas variações contribuíram para a distribuição e Costelas e esterno (este ausente em serpentes)
sucesso do grupo em todas as regiões formam uma caixa torácica completa.
biogeográfias. Costelas longas.
Tegumento - ligadas às vertebras dorsais e ao esterno.
Corpo recoberto por escamas epidérmicas - caixa torácica - ventilação pulmonar.
corneificadas (queratinizadas), tegumento com - em quelônios, as vértebras e costelas fundiram-
poucas glândulas. se ao casco.
Minimiza desidratação. Cinturas maiores e mais fortes
Epiderme queratinizada. - ausentes nas serpentes (nas jiboias é vestigial).
- seca e córnea. Membros pares usualmente com cinco dígitos,
- betaqueratina – proteína insolúvel em água, adaptados para escavar, correr ou nadar (ausente
depositada nas células epiteliais. em serpentes e alguns lagartos).
Muda (serpentes e lagartos). Membros com garras - apoio no solo.
Escamas córneas ou placas córneas (queratina). - Maioria terrestre, mas podem ser aquáticos,
- protegem o corpo do excesso de radiação. fossoriais, arborícolas ou planadoras.
- reduzem a perda de água. - Voadores: grupo extinto (Pterosauros).
- auxiliam a dissipação do calor. Répteis atuais – caminham com membros em
- formas e tamanhos variadas. ângulo horizontal com o corpo e o ventre próximo
Cromatóforos na derme, mais espessa. ao solo.
Diferentes células com variações de pigmentos. Alguns lagartos atuais e dinossauros – membros
Coloração utilizada para defesa e captura de eretos sob o corpo.
presas. Alguns dinossauros – bípedes.
Anexos Tegumentares Serpentes: membros são ausentes ou vestigiais
Unhas e garras. (esporões em Boidae e Pythonidae).
Placas ósseas sob escamas em tartarugas, Alguns lagartos atuais – ápodos.
crocodilos e alguns lagartos. Cauda bem desenvolvida na maioria dos répteis.
Glândulas: cheiro (reconhecimento sexual); Autotomia: desprendimento da cauda como
proteção (substâncias irritantes). mecanismo de defesa.
Esqueleto e Locomoção Em alguns lagartos, as vértebras caudais são
Esqueleto mais ossificado e mais forte que em incompletamente ossificadas, permitindo o fácil
anfíbios. desprendimento da cauda, que se regenera depois.
Crânio “Anapsida” e Diapsida com um único côndilo Comum em Gekkonidae.
occipital (relevo ósseo conectado à primeira Musculatura
vértebra). Sistema muscular mais complexo que nos anfíbios.
Palato secundário: Maior número de músculos nos membros.
- início em quelônios, levando as coanas para trás. Musculatura segmentada reduzida.
- bem desenvolvido em crocodilianos. Mais evidente em cobras e anfisbenas.
Coluna vertebral: Músculos intercostais movimentam as costelas,
- Sem muita diferenciação: serpentes e lagartos expandindo e contraindo a caixa torácica -
ápodos. ventilação do pulmão.
- Diferenciação em 5 regiões: cervical, torácica, Alimentação e Sistema Digestório
lombar, sacral e caudal (demais répteis). Maioria dos répteis são carnívoros.

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Jabutis, várias tartarugas e alguns lagartos: Pulmões aspiradores ventilados por mudanças de
herbívoros. forma e pressão na cavidade torácica (pressão
Lagartos: algumas espécies onívoras. negativa).
Serpentes e crocodilos: estritamente carnívoros. Redução dos pulmões:
Dentição: homodonte – dentes geralmente iguais Lagartos: um dos pulmões é maior.
(exceção em algumas serpentes). Serpentes: pulmão esquerdo reduzido ou ausente.
Testudines: sem dentes, no lugar um bico córneo, Pulmões traqueais: órgãos respiratórios
Substituição polifiodonte: maioria dos dentes acessórios na parte dorsal da traqueia (algumas
repostos quando perdidos. serpentes).
Dentição: inserção. Mucosas bucofaríngea e cloacal:
Acrodonte: conexão superficial – mais comum. - Obtenção de (pouco) oxigênio dentro d´água por
Pleurodonte: borda lateral – maioria das tartarugas aquáticas e marinhas.
serpentes, lagartos peçonhentos. Respiração cutânea:
Tecodonte: alvéolos dentários – crocodilianos - Reduzida devido à pele escamosa seca.
(mamíferos). - Serpentes marinhas (Elapidae) conseguem obter
Trato digestivo semelhante ao dos anfíbios. algum oxigênio dentro d´água.
Principais avanços em relação aos anfíbios: Sistema Circulatório
- glândulas salivares. Circulação semelhante a dos anfíbios.
- estômago mais distinto do esôfago. Coração dividido:
- intestino delgado separado do grosso por válvula - 2 átrios com septo interatrial completo;
ileocólica. - Ventrículo com septo interventricular parcial;
A digestão é mais rápida que nos anfíbios, pois a - 2 ventrículos completamente separados
temperatura corporal dos répteis é mais alta. (crocodilianos);
Tubo digestivo: Glóbulos vermelhos nucleados.
- Boca Redução da mistura de sangue “oxigenado” e “não
- Faringe pequena oxigenado”.
- Esôfago - permite metabolismo mais alto.
- Estômago Metabolismo
- Intestino delgado Ectotérmicos (pecilotérmicos).
- Intestino grosso Dependem de fonte externa de calor.
- Cloaca Sol: fonte principal de energia em forma de calor
Anexos: (heliotérmicos).
- Fígado Importância na síntese de vitamina D.
- Pâncreas Mecanismos de Termorregulação
- Vesícula Biliar Comportamentais: postura, forma do corpo,
Crocodilianos: presença de moela. procura de abrigo/exposição ao sol.
Sistema Respiratório Controlam a quantidade de calor trocado com seu
Respiração predominantemente pulmonar. ambiente, mantendo a temperatura corporal
Ausência de brânquias; arcos branquiais presentes aproximadamente constante.
em toda a vida embrionária. Morfológicos: grande massa corporal.
Aumento da superfície respiratória dos pulmões. Fisiológicos: circulação, respiração, coloração.
- Controle do fluxo sanguíneo.
- Evaporação (abertura bucal).

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Nutricionais: baixas necessidades alimentares - vibrações percorrem mandíbula, osso quadrado,
(spp. desérticas). columela, ouvido interno.
Excreção Crocodilianos: cóclea no ouvido interno.
Rins metanéfricos pares; o principal excreta Olho pineal.
nitrogenado é o ácido úrico (uricotélicos). - Muito desenvolvido em várias spp. de lagartos.
- Ácido úrico: Squamata, Crocodilia, Aves. - Relacionado à percepção de fotoperíodo.
- Uréia + Ácido Úrico: Testudines. Reprodução
Bexiga urinária: evaginação da cloaca. Dioicos.
Ausente em crocodilianos, serpentes e alguns Partenogênese rara (alguns lagartos).
lagartos (presente somente em Testudines). Fecundação interna.
Glândulas secretoras de sal na cabeça de répteis - presença de órgão copulatório – evaginação da
marinhos (nasais, sublinguais, lacrimais). parede cloacal.
Iguanas marinhas, tartarugas marinhas. - pênis único - tartarugas e crocodilianos.
Hipóteses sobre a origem da uricotelia: - hemipênis (pênis duplo) – lagartos e serpentes.
- Adaptação a ambientes terrestres com pouca Machos
água disponível para solubilizar os excretas. - 1 par de testículos.
- Ovo: adaptação para permitir a eliminação de - 1 par de dutos deferentes.
excretas nitrogenados produzidos pelo embrião e - Órgão copulatório.
o armazenamento provisório dos excretas no Fêmeas
alantoide. - 1 par de ovários.
Neotenia: capacidade embrionária de produzir - 1 par de ovidutos.
ácido úrico teria sido retida em adultos. - Parede: secreção de albumina e casca do ovo.
Sistema Nervoso Comportamentos Reprodutivos
Encéfalo com hemisférios cerebrais e cerebelos Após a cópula, lagartos machos podem guardar a
mais desenvolvidos do que em anfíbios. fêmea impedindo que ocorra nova cópula e
Lóbulos ópticos situados na região dorsal do competição de esperma.
encéfalo; doze pares de nervos cranianos. Determinação do sexo:
Primeiros vertebrados com córtex cerebral - genética (cromossomos sexuais).
verdadeiro (neopálio) – comportamentos - temperatura.
complexos. Maioria ovípara.
Órgãos dos Sentidos Ovo amniótico.
Pálpebras móveis + membrana nictitante (exceto - Ovos revestidos por uma casca calcária (maioria)
serpentes e lagartos fossoriais). ou coriácea.
- Pálpebras móveis substituída nos animais - Membranas extra embrionárias (saco vitelino,
escavadores por escama rígida e transparente. âmnio, córion e alantoide) presentes durante a
Presença de glândulas lacrimais. vida embrionária.
Cristalino sofre acomodação (visão longe-perto - Glândulas no oviduto produzem albumina e casca
acurada). dos ovos.
Algumas spp. - boa percepção de cores. - Ovo macrolécito (com muito vitelo).
Ouvido externo curto, tímpano, ouvido médio com Ausência de estágio larval aquático
osso (columela), ouvido interno simples. (desenvolvimento direto).
Serpentes não possuem tímpano, ouvido médio, - Ovos grandes, mais complexos, enterrados
nem tromba auditiva. (maior sobrevivência).

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Répteis põem poucos ovos, grandes (com mais Vivíparos – poucas espécies de lagartos e
vitelo) se comparados aos anfíbios. serpentes com “placenta”.
- lagarto-de-colarinho: 4 a 24 ovos. Cuidado parental:
- rã-leopardo: 2.000 ovos. - Não muito comum em répteis.
Algumas espécies possuem número de ovos fixo. - Maioria enterra os ovos no solo, areia, folhas
- Gekkos 1-2, Anolis 1 mortas, onde o calor da radiação solar ou
Na maioria das espécies o número de ovos é decomposição das plantas irá incubá-los.
proporcional ao tamanho. - Alguns lagartos e serpentes cuidam do ovos.
Ovíparos – maioria. - Crocodilianos constroem ninhos e protegem os
Ovovivíparos – algumas cobras e lagartos. filhotes.

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Classificação mais aceita atualmente dos Amniota

Diferentes propostas de classificação dos répteis por diferentes autores.

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Palato secundário dos crocodilianos.

Diferentes dentições, em relação à inserção, dos


répteis.

Mecanismo de autotomia da cauda de algumas


espécies de répteis.

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Glote e pulmões traqueais em serpentes.

Variações na morfologia do coração em diferentes grupos de répteis.

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