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LIVRO DE RESUMOS

II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


O II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário acontece de
15 a 17 de setembro de 2010, em Manaus. Nesta edição tem por
mote o tema Literatura, interfaces, fronteiras, sendo uma
realização da Cátedra Amazonense de Estudos Literários da
Universidade do Estado do Amazonas, grupo de pesquisas
certificado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa junto
ao CNPq. O evento conta com a Universidade de São Paulo
(USP) e a Università degli Studi di Bologna (UniBo-Itália) como
co-orgamizadoras e recebe recursos da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). 9
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ISBN: 978-85-7883-162-2

9788578831622

Otávio Rios (Org.)

CÁTEDRA
AMAZONENSE DE ESTUDOS LITERÁRIOS
Edições
LIVRO DE RESUMOS:
II COLÓQUIO INTERNACIONAL POÉTICAS
DO IMAGINÁRIO

Otávio Rios
(Org.)
Universidade do Estado do Amazonas

LIVRO DE RESUMOS:
II COLÓQUIO INTERNACIONAL POÉTICAS
DO IMAGINÁRIO

Otávio Rios
(Organizador)

Manaus - AM

2010
Universidade do Estado do Amazonas

José Aldemir de Oliveira | Reitor


Marly Guimarães Fernandes Costa | Vice-Reitora
Ma das Graças V. Barbosa| Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
José Antônio N. de Mello | Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários

Cátedra Amazonense de Estudos Literários

Otávio Rios | Regente


Juciane Cavalheiro | Vice-regente
Allison Leão | Titular
Carlos Renato R. de Jesus | Titular
Gleidys Maia | Associado
Marcelo Seráfico | Associado
Michele Brasil | Associado

O II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário é uma realização da Cátedra


Amazonense de Estudos Literários da Universidade do Estado do Amazonas,
grupo de pesquisas certificado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
junto ao CNPq. O evento conta com a Universidade de São Paulo e a Università
degli Studi di Bologna (Itália) como co-organizadoras e recebe recursos da Fun-
dação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Francisco Ricardo Lopes de Araújo | Projeto Gráfico

RIOS, Otávio (Org.). Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas


do Imaginário. Manaus: UEA Edições, 2010. 21cm.
ISBN: 978-85-7883-162-2
SUMÁRIO

Programação Geral .....................................................................09


Minicursos..................................................................................12
Programação das sessões de comunicação.................................13
Resumos das comunicações, painéis e minicursos......................25
Instituições participantes...........................................................120
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PROGRAMAÇÃO GERAL

15/09/2010

8h às 9h – Retirada de material

9h – Abertura

9h 30min – Conferência de abertura: A memória poética como patri-


mônio de sofrimento. Conferencista: Dr. Roberto Vecchi – Università
degli Studi di Bologna (UniBo - Itália).
Apresentação e mediação: Dra. Juciane Cavalheiro (UEA)

10h 30min – Intervalo

10h 45min - Mesa Plenária: Literatura, Linguística, Semiótica


Participantes: Dr. José Luís Fiorin (USP); Dra. Juracy Saraiva (FEEVALE-RS)
Palestras: Linguística e Literatura; A natureza social da linguagem e o
direito à arte literária
Debatedor: Dr. Odenildo Sena (UFAM/FAPEAM/SECT)

14h 15min às 15h45min – Literatura, Mitodologia, Psicanálise


Participantes: Dr. Marcos Frederico Krüger (UFAM/UEA); Dr. Mauricio
Matos (FAPEAM-CNPq/UEA).
Palestras: Eros e Poesia: estudo de um poema de Castro Alves; Inves-
tigação sobre a morte de Alberto Caeiro – Fernando Pessoa, Nietzsche,
Freud e Aleister Crowley
Debatedor: Dr. Allison Leão (UEA)

15h 45 min – Intervalo

16h às 17h 30min – Mesa Plenária: Literatura, Retórica, Música


Participantes: Dr. Marcos Aurelio Pereira (UNICAMP); Dr. Márcio Páscoa (UEA)
Palestras: O decoro como fundamento da teorização dos discursos na
Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 9
Universidade do Estado do Amazonas - Cátedra Amazonense de Estudos Literários

INSTITUTIO ORATORIA e a formação “linguística” do antigo orador; A


retórica nas óperas setecentistas de Antonio Teixeira e Antonio José
da Silva
Debatedor: Ms. Carlos Renato Rosário de Jesus (UEA/UNICAMP/FAPEAM)

18h30min às 22h – Comunicações temáticas e sessões coordenadas

16/09/2010

8h às 12h – Minicursos I

14h às18h – Minicursos II

16h às 18h – Exibição de documentário “O Rio São Francisco e o Ima-


ginário Fantástico” (duração de 1h10min) – Apresentação Dra. Luciana
Marino do Nascimento (UFAC)

18h30min às 22h – Comunicações temáticas e sessões coordenadas

17/09/2010

8h30min às 10h – Mesa Plenária: Literatura, Sociedade, Cultura


Participantes: Dr. Willi Bolle (USP); Dr. Mário Lugarinho (USP/CNPq)
Palestras: Entre a literatura de ficção e as ciências sociais: Dalcídio Ju-
randir; Globalização, Homogeneização cultural e Literatura
Debatedor: Dr. Marco Aurélio Paiva (UFAM)

10h – 10h 15min – Intervalo

10h 15min às 11h 45min – Mesa plenária – Literaturas Mexicana,


Portuguesa e Africanas
Participantes: Dra. Laura Padilha (UFF/CNPq); Dr. Horácio Costa (USP)
Palestras: O romance angolano contemporâneo, suas cartografias e
formas de deslocamento; Acerca da formação do cânone nas poesias

10 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


Universidade do Estado do Amazonas - Cátedra Amazonense de Estudos Literários

portuguesa e mexicana modernas (séc. XIX e XX);


Debatedor: Dra. Michele Brasil (UFRJ/UFAM)

14h às 15h30min – Mesa Plenária – Literatura, História, Memória


Participantes: Dr. Emerson da Cruz Inácio (USP), Ms. Otávio Rios (UEA/
UFRJ/Fundação Calouste Gulbenkian)
Palestras: Poesia sem templos nem manuscritos; Clio entrelaçada ou o
sequestro da História
Debatedor: Dra. Gleidys Maia (UEA)

15h 30min – 15h 45min – Intervalo

15h45min às 16h45min - Café Literário


Convidados: Ana Luísa Amaral (escritora portuguesa)
Apresentação e mediação: Dr. Emerson da Cruz Inácio (USP)

16h 45min às 17h 30min - Espaço cultural


Coordenação e apresentação: Dr. Márcio Páscoa (UEA)

17h30min às 19h – Exposição de banners


Coordenação: Dr. Marcelo Seráfico (UFAM)

17h30min às 19h – Lançamento de livros e revistas (Literatura, inter-


faces, fronteiras; ContraCorrente v. 1)
Apresentação e mediação – Ms. Nicia Zucolo (UFAM/USP)

20h às 21h30min – Conferência de encerramento: Do sublime pre-


cário: tempos/poemas; corpo(s)/vida(s). Conferencista: Dra. Ana Luísa
Amaral – Universidade do Porto (UP - Portugal)
Apresentação e mediação: Dr. Mário Lugarinho (USP/CNPq)

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 11


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MINICURSOS

16/09/2010

8h às 12h – Minicursos I
Literatura e Sociologia – Dr. Willi Bolle (USP).
Literatura e Cânone Literário – Dr. Horácio Costa (USP).
Literatura Comparada e Estudos Culturais – Dr. Emerson da Cruz Inácio (USP).
Literatura e Mitologia – Dr. Marcos Frederico Krüger (UFAM/UEA).
Literatura e Psicanálise – Dr. Mauricio Matos (FAPEAM-CNPq/UEA).
Literaturas Africanas de Língua Portuguesa – Dr. Mário Lugarinho (USP/CNPq).

14h às18h – Minicursos II


Literatura, Linguística e Semiótica – Dr. José Luís Fiorin (USP).
Literatura e Artes Visuais – Dra. Luciane Páscoa (UEA).
Literatura e Cinema – Dr. Wilfredo Maldonado (UFPB).
Literatura e outras produções artísticas – Dra. Juracy Saraiva (FEEVALE-RS).
Literatura e Retórica – Dr. Marcos Aurelio Pereira (UNICAMP).

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Universidade do Estado do Amazonas - Cátedra Amazonense de Estudos Literários

PROGRAMAÇÃO DAS SESSÕES DE


COMUNICAÇÃO

Dia 15/09 – 18h 30min às 20h 30min


Sala A: ENS
Sessão coordenada Filosofia e Literatura
Maria do Socorro da Silva Jatobá (UFAM, coordenadora) - Palavras de
mel: o estatuto dos discursos retóricos e filosóficos no Fedro de Platão
Marilina Conceição Oliveira Bessa Serra Pinto (UFAM) - Letra e Verdade
nas Confissões de Santo Agostinho
Pedro Rodolfo Fernandes da Silva (UFAM) - As Cartas de Aberlado e
Heloísa: entre paixão e razão
Neiza Teixeira Soares (UFAM) - Por que ler, sempre, Assim falou Zaratus-
tra: um livro para todos e para ninguém

Dia 15/09 – 18h 30min às 20h 30min


Sala B: ENS
Sessão coordenada Adaptação, tradução e a reescrita de textos literários
Carlos Augusto Viana da Silva (UFC,coordenador) - A reescritura de
Joyce no cinema
Rodolfo Pereira da Silva (UFC) - A personagem Fräulein e a análise inter-
semiótica de suas reescrituras
Soraya Ferreira Alves (UnB) - Uma vela para Dario, de Dalton Trevisan,
adaptado para um curtametragem: o realismo conciso do cotidiano gro-
tesco
José Ailson Lemos de Souza (UFC) - Howards End e a tradução de per-
sonagens para o cinema

Dia 15/09 – 18h 30min às 20h 30min


Sala C: ENS
Sessão coordenada Literatura e outras artes (cinema, visuais, plásticas, cênicas)
Tânia Sarmento-Pantoja (UFPA, coordenadora) - Estudos contemporâ-
neos de narrativa de resistência

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 13


Universidade do Estado do Amazonas - Cátedra Amazonense de Estudos Literários

Veridiana Valente Pinheiro/Tânia Sarmento-Pantoja (UFPA) - O Cinema na


Literatura ou a Literatura no Cinema: aspectos da narrativa de resistên-
cia “Em Câmera Lenta” de Renato Tapajós
Augusto Sarmento-Pantoja (UFPA) - Representações do trauma na lite-
ratura e no cinema latino-americano
Juliene Ribeiro Silva/ Augusto Sarmento-Pantoja (UFPA) - Resistência,
repressão e suas conseqüências psíquicas presentes nas obras “A se-
mente” e “Em câmara lenta”

Dia 15/09 – 18h 30min às 20h


Sala D: ENS
Sessão coordenada Vertentes da poética
Auricléa Oliveira das Neves (GEPELIP, coordenadora) - Gregório de Ma-
tos e a poética do louvor no Barroco brasileiro
Rita Barbosa de Oliveira (UFAM-GEPELIP) - Sophia Andresen e a santi-
dade do poeta
Sonia Maria Vasques Castro (GEPELIP) - Modernismo brasileiro: Mário
de Andrade e a busca da identidade nacional

Dia 15/09 – 20h 45min às 22h


Sala A: ENS
Sessão individual 1
Mirella Miranda de Brito Silva (UFRR, coordenadora) - Eros Degradado:
de Escolhidos e Pobres Diabos
Aline Cavalcante Ferreira (IFRR) - Observações acerca do risível nos
textos de Reyes
Marinei Almeida (UNEMAT) - Imagem, palavra e sedução: o erotismo na
e da palavra em poesias de língua portuguesa

Dia 15/09 – 20h 45min às 22h


Sala B: ENS
Sessão individual 2
Rosa Maria Tavares Fonseca (UEA, coordenadora) - O excedente de vi-
são em O Deus das pequenas coisas

14 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


Universidade do Estado do Amazonas - Cátedra Amazonense de Estudos Literários

Francisco Alves Gomes (UFRR) - A loucura na obra Anaconda


Linda Midori Tsuji Nishikido (UFAM) - Genji Monogatari – O patrimônio da
literatura do Japão

Dia 15/09 – 20h 45min às 22h


Sala C: ENS
Sessão individual 3
Ingrid Nayara Duarte de Jesus (UFOPA, coordenadora) - O paradoxo
como representação do universo amazônico nas canções de Nilson chaves
Fábio Fadul de Moura (UFAM) - Da ironia à construção do narrar
Yasmin Serafim da Costa (UFAM) - Um Mergulho no Profundo Espelho de
Narciso em Dezembro e Floriam de Astrid Cabral.

Dia 15/09 – 20h 45min às 22h


Sala D: ENS
Sessão individual 4
Alexandre da Silva Pimentel (UEA, coordenador) - Frauta de Barro: a
transculturação como resposta ao ser tardio
Mateus Epifânio Marques (UEA-CEST) - O Inferno Verde Amazônico de
Alberto Rangel
Kigenes Simas Ramos (UFAM) - Imagens de alteridade: a Amazônia na
escrita do Frei Gaspar de Carvajal e no poema Cobra Norato de Raul
Bopp

Dia 15/09 – 18h 25min às 20h 05min


Sala E: ENS
Sessão individual 5
Roberto Mibielli (UFRR, coordenador) - Eliakin Rufino e a poesia didática,
na didática da poética: metapoesia e estratégias de ensinar poeticamente.
Edith Santos Corrêa (UFAM) - A escrita no ensino-aprendizagem do In-
glês com o apoio da leitura de textos
Jéssica de Souza Carneiro (UFPA) - Comunidades interpretativas de au-
tores e leitores de Blogs Literários
Suely Barros Bernardinho da Silva (UEA) - Semeando a leitura com arte
e criatividade
Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 15
Universidade do Estado do Amazonas - Cátedra Amazonense de Estudos Literários

20h 20min às 22h


Sala E: ENS
Sessão individual 6
Débora Renata de Freitas Braga (UEA, coordenadora) - A Farsa e El-Rei
Junot, subversão e decadência
Dominich Pereira Cardone (UFRR) - Dandismo e flânerie em João do Rio
e a relação entre a Belle Époque carioca e manauara
Juliana da Silva Morais (UFRR) - A estrutura familiar dentro das obras: o
cortiço, o ateneu, quincas borba e recordações do escrivão isaias caminha.
Priscila Lira de Oliveira (UEA) - Imagens decadentes na Literatura de
António Patrício

Dia 15/09 - 18h25min às 20h 05hmin


Sala F: ENS
Sessão individual 7
Cátia Monteiro Wankler (UFRR, coordenadora) - Poesia, Ideal e Razão:
uma leitura de João de Deus e Cesário Verde
Arlene Fernandes Vasconcelos (UFC) - Relação da história com literatura
em As minas de prata
João Paulo Bandeira de Souza (UECE) - Tessituras Políticas e Miopia:
Melancolia e Favor Num Diálogo Mítico
Priscila Souza de Lira (UFPA) - Roger Chartier e a história das práticas
de leitura

20h 20min às 22h


Sala F: ENS
Sessão individual 8
Mariana Marques de Oliveira (UEA, coordenadora) - O Orpheu lato: a
idealização do modernismo nas cartas de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa
Aline de Souza Muniz (UFPA/CAPES) - “A verdade se passa como tenho
contado”: A recriação em o tetraneto del-rei de Haroldo Maranhão
Giselle Brandão Jaime (UFAM) - Do símbolo ao objeto: uma análise feno-
menológica de Chuva Oblíqua
Pedro Secundino de Souza Maciel (UFAM) - As palavras e os sentidos:
aspestos semânticos da literatura epistolar de epicuro
16 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário
Universidade do Estado do Amazonas - Cátedra Amazonense de Estudos Literários

Dia 15/09 - 18h25min às 20h 05min


Sala G: ENS
Sessão individual 9
Rainério dos Santos Lima (UFOPA, coordenador) - Entre o drama e a
épica: formas híbridas no teatro de Plínio Marcos
Enrique Vetterli Nuesch (UFAM) - Phantasía e Póiesis: considerações
aristotélicas sobre a criação artística em meio digital
Harald Sá Peixoto Pinheiro (UFAM/PUC-SP/FAPEAM) - Da Poética grega
à mitopoética amazônica
Macário Lopes de Carvalho Júnior (UFAM) - A Literatura mística cristã
do séc. IV – apontamentos para um estudo inicial

20h 20min às 22h


Sala G: ENS
Sessão individual 10
Adriana Aguiar (UEA, coordenadora) - Tentações de Riobaldo no sertão:
da narrativa judaico-cristã à cultura popular do nordeste.
Andréia Jordânia Moreira de Araújo (UFRR) - O status da mulher do sé-
culo XX nas obras: A Hora da Estrela, Grande Sertão: veredas, Angústia
e Macunaíma
Ariana Barreto do Nascimento (UFAM) - O fantástico em Teleco, o Coe-
lhinho de Murilo Rubião
Juliana Maria Silva de Sá (UEA) - Reelaborações do mal na ficção amazo-
nense: histórias de submundo
Dia 15/09 - 18h25min às 20h 05min
Sala H: ENS
Sessão individual 11
Gleidys Meyre da Silva Maia (UEA-CESP, coordenadora) - Figurações do
rio-mar e as poéticas do espaço no universo lusófono
Alyni Ferreira Costa (UFC) - O Rio João Cabral e seus afluentes
Carmen Véra Nunes Spotti (UERR/UFRR) - O contar histórias indígenas
Tiago Barbosa Souza (UFC) - Regionalismo e Intertextualidade nas práti-
cas discursivas populares em as Pelejas de Ojuara: a verdadeira história
do homem que virou bicho, de Nei Leandro de Castro
Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 17
Universidade do Estado do Amazonas - Cátedra Amazonense de Estudos Literários

20h20min às 22h
Sala H: ENS
Sessão individual 12
Nicia Petreceli Zucolo (UFAM, coordenadora) - Simulacro e alucinação,
uma leitura de A Ninfa do Teatro Amazonas
Cristiana Mota (UEA) - A Amazônia multifacetada de Milton Hatoum: o
trabalho de intelectual exilado
Luciana Marino do Nascimento (UFAC) - Imaginário amazônico na Música
Monotematicidade Florestânica, de Aarão Prado-Acre
Mônica do Corral Vieira (UFPA) - Mulheres Choradeiras: uma análise
comparada do conto de Fabio Castro com O Mito da Medusa e o Canto
da Sereia

Dia 15/09 - 18h25min às 20h 05min


Sala I: ENS
Sessão individual 13
Isaac Newton Almeida Ramos (USP/UNEMAT, coordenador) - O problema
das vanguardas poéticas visuais do século XX
Iris de Fátima Guerreiro Bastos (UFPA) - Drummond e o Gauche: a his-
tória inscrita na poética drummoniana
Kedma Janaína Freitas Damasceno (UFC) - Concretemas, de Pedro H.
S. Leão: manifestações da poesia concreta no contexto da literatura
cearense
Pollyanna Furtado Lima (UFAM) - A imagem da resistência em três poe-
mas de A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade

20h20min às 22h
Sala J: ENS
Sessão individual 14
Kenedi Santos Azevedo (UFAM, coordenador) - Horto al bertiano de incêndio
Ingrid de Souza Sampaio (UFAM) - A sustentabilidade do mundo, o eixo
de existências e os difíceis trabalhos em arduene, de Erasmo Linhares.
Lissandra de Freitas Brandão (UFAM) - Análise Histórico–Literária do
poema Áporo, de Carlos Drummond de Andrade

18 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


Universidade do Estado do Amazonas - Cátedra Amazonense de Estudos Literários

Mayara Miranda de Sena (UFAM) - A esperança em A Flor e a náusea,


de Carlos Drummond de Andrade

Dia 16/09 – 18h 30min às 20h 30min


Sala A: ENS
Sessão coordenada Florestas de fronteira no tempo e no espaço
Alai Garcia Diniz (UFSC, coordenadora) - Das redes transatlânticas e
poéticas barrocas: floresta de fronteiras
Marcos Vinícius Scheffel (UFAM/UFSC) - A floresta cifrada de signos em
Cobra Norato
Armando de Melo Lisboa (UFSC) - Entre arte indígena e as redes globais:
uma poética comunal
Henrique Finco (UFSC) - A voz do filme e a voz do outro.

Dia 16/09 – 18h 30min às 20h


Sala B: ENS
Sessão coordenada Mímesis
Aline Magalhães Pinto (PUC-Rio coordenadora) Novas máscaras da mí-
mesis: sobre o pensamento de Luiz Costa Lima
Victor de Oliveira Pinto Coelho (PUC-Rio) - Luiz Costa Lima e a revisão
da Mímesis.
Laíse Helena Barbosa Araújo (PUC-Rio) - Mímesis-Zero e a constituição
do sujeito fraturado.

Dia 16/09 – 18h 30min às 20h


Sala C: ENS
Sessão coordenada Olhares para as obras de Pereira da Silva, Astrid
Cabral e Milton Hatoum
Maria Sebastiana de Morais Guedes (UFAM, coordenadora) - Olhares
para as obras de pereira da Silva, Astrid Cabral e Milton Hatoum
Carlos Antônio Magalhães Guedelha (UFAM) - Trajetória lírica de Astrid
Cabral
Victor Leandro da Silva (UFAM) - O norte impossível – a busca da iden-
tidade nos romances de Milton Hatoum

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 19


Universidade do Estado do Amazonas - Cátedra Amazonense de Estudos Literários

Dia 16/09 – 18h 30min às 20h 30min


Sala D: ENS
Sessão coordenada Literatura e Linguística
Maria Sandra Campos (UFAM, coordenadora) - O alçamento das vogais
posteriores tônicas do português falado em Borba
Hana Ariel do Nascimento Chagas (UFAM) - A influência dos supermer-
cados na variação lexical em Manaus.
Gleyciane Pereira Sena (UFAM) - A realização das vogais nasalizadas na
fala de Barreirinha.
Ketlen Gomes Nascimento (UFAM) - O alçamento das vogais anteriores
no português falado em Borba.

Dia 16/09 - 20h 20min às 22h


Sala B: ENS
Sessão individual 15
Fabrício Magalhães de Souza (UEA, coordenador) - todos os nomes (Sr.
José/mulher desconhecida) e Sem nome (José Viana/protagonista au-
sente): a alteridade com personagens em fuga para a constituição da
subjetividade dos protagonistas
José Hildo de Oliveira Filho (UFAM) - Sobre O Vendedor de Passados de
José Eduardo Agualusa
Luiz Guilherme Melo de Souza (UFAM) - História da Literatura Angolana:
de 1845 A 1957
Valquíria Luna Arce Lima (UEA) - A feminina palavra muda na guerra de
Um Homem: klaus klump

Dia 16/09 - 20h 10min às 22h


Sala C: ENS
Sessão individual 16
Vanéssia Pereira Noronha (UFRR, coordenadora) - A metáfora no discur-
so literário: o que se esconde por trás das palavras
Thyaggo Kauwhê José Leite Mesquita (UFAM) - Da origem da língua
portuguesa à criação da poesia em língua portuguesa
Edvaldo Manoel dos Santos Almeida (UFAM) - A imagem do Brasil no

20 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


Universidade do Estado do Amazonas - Cátedra Amazonense de Estudos Literários

poema Descobrimento, de Sophia Andresen


Eric Venício Carvalho Mota (UFAM) - Análise mito-poética do canto I da
Ilíada
Arlete Alves de Oliveira (IFRR) - Da Literatura para as redes sociais

Dia 16/09 - 18h 25min às 20h 05min


Sala F: ENS
Sessão individual 17
Carla Monteiro de Souza (UFRR, coordenadora) - A “Escrita de si” como
fonte para o estudo da história da cidade de Boa Vista/RR
Dilce Pio Nascimento (UEA-CESP) - O olhar do outro sobre nós
Maria das Neves Rocha de Castro (UFPA) - Revisitando as manifesta-
ções culturais de Belém do início do século XX: uma leitura das crônicas
de de Campos Ribeiro
Mary Ellen Rivera Cacheado (UFAM) - Pós-Colonialismo e Identidade em
dois romances africanos

20h 20min às 22h


Sala F: ENS
Sessão individual 18
Roswithia Weber (FEEVALE-RS, coordenadora) - À representação da
identidade alemã na produção literária de Charles Kiefer
Keyla Freires da Silva (UFC) - O espelho em Borges e os orangotangos
eternos, de Luis Fernando Verissimo
Soraya Rodrigues Madeiro (UFC) - Os matizes entre o dito e do não dito
em Bartleby, Billy Budd e Benito Cereno, de Herman Melville
Herica Maria Castro dos Santos (UFRR) - Memórias de educadores: a
literatura infantil no espelho da infância

Dia 16/09 - 18h 25min às 20h 05min


Sala G: ENS
Sessão individual 19
Zemaria Pinto (UFAM, coordenador) - O teatro mítico de Márcio Souza
Ana Cláudia Veras Santos (UFC) - Dois olhares sobre a Guerra de Canu-

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 21


Universidade do Estado do Amazonas - Cátedra Amazonense de Estudos Literários

dos: a poeticidade da literatura de cordel e Os Sertões de Euclides da


Cunha
Elaine Pastana Valério (UFPA) - História e cultura no romance A Selva,
de Ferreira de Castro
wanúbya do Nascimento Moraes Campelo (UFPA) - Literatura e Música:
Uma análise comparada do conto “A terceira margem do rio” de Guima-
rães Rosa e da música “A terceira margem do rio” de Caetano Veloso

Dia 16/09 - 20h20min às 22h


Sala E: ENS
Sessão individual 20
Larissa Pollari Araújo (UFAM, coordenadora) - Corpos, Espelhos, Ima-
gens: uma leitura de dançarinos na última noite, de Milton Hatoum
Greiciele Rodrigues da Costa (UEA-CEST) - Obras literárias como fonte
para a história: as representações do Amazonas no romance Coronel de
Barranco
Kamila Oliveira de Lima (UFAM) - A literatura fantástica no conto “ A
ninfa do Teatro” da obra A cidade Ilhada de Milton Hatoum.
Werner Vilaça Batista Borges (UFAM) - A poética do espaço em Relato
de um certo Oriente
Dia 16/09 - 18h 25min às 20h 05min
Sala H: ENS
Sessão individual 21
Karoline Fernandes Teixeira (UEA, coordenadora) - A experiência
subjetiva em Ciranda de Pedra e As Meninas.
Emyster Handel Vicente Gaia (UFAM) - O Apolíneo e o Dionisía-
co em algumas obras literárias dos períodos modernista e pós-
-modernista
Kevny Soares Porto (UEA) - A docência da literatura no ensino
médio
Suênia Kdidija Araújo Feitosa (UFRR) - A Literatura na sala de aula:
fugindo do sistema

22 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


Universidade do Estado do Amazonas - Cátedra Amazonense de Estudos Literários

Dia 16/09 - 20h 20min às 22h


Sala H: ENS
Sessão individual 22
Isadora Desterro e Silva Xavier (UEA, coordenadora) - Patrônio e
Lucanor: personagens de um diálogo infinito.
Adalberto Luiz da Silva Rocha Júnior (UFAM) - O amor cortês na
obra de Bernal de Bonaval
Patrícia Soares Lima (UEA) - Os dilemas do homem moderno em
A Tempestade
Patrícia Maria Rodrigues Maravalha (UFRR) - Romance-folhetim e
o romantismo/realismo português: entre a sobrevivência e a arte

Dia 16/09 - 18h 30min às 20h 35min


Sala I: ENS
Sessão individual 23
Ulysses Maciel de Oliveira Neto (UFOPA, coordenador) - O mito do
Centauro no cinema de Pasolini
Fúlvio de Oliveira Saraiva (UFC) - Relações intersemióticas entre
audiovisual e literatura em adaptações contemporâneas.
Luiz Henrique Barreto de Moura Costa (UNISUL) - Star Wars:
breve análise entre cinema, mito, literatura e história
Maria Elenice Costa Lima (UFC) - Análise das transmutações em
Cladestina Felicidade: conjunções e disjunções entre o curta-me-
tragem e alguns textos de Clarice Lispector.
Luciene Oliveira Vieira (UFC) - Eros e Tânatos: possíveis conjun-
ções e disjunções na transmutação fílmica do conto “As formigas”
de Lygia Fagundes Telles sob um enfoque intersemiótico

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 23


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RESUMOS

O AMOR CORTÊS NA OBRA DE BERNAL DE BO-


NAVAL

Adalberto Luiz da Silva Rocha Júnior (UFAM)

Para Duby o amor cortês é um jogo, e como em todo jogo, existem


regras a serem seguidas. Dessas regras duas são mais relevantes: o
segredo e a distância. Nesse modelo, a mulher ocupa um lugar central
e de dominação em relação ao amante. Para a realização deste, existem
obstáculos. Para o trovador e a mulher amada, proibidos de concreti-
zar qualquer ato carnal, amar ao estilo cortês é uma aventura. Nesse
contexto encontram-se as cantigas de amor, manifestação literária do
gênero lírico trovadoresco, que expressam outra sensibilidade poética
diferente do que havia antes. No meio de vários autores deste momen-
to, destaca-se Bernal de Bonaval, com dez cantigas de amor e nove de
amigo. De suas dez canções de amor, utilizarei uma em especial, a qual
apresenta uma singularidade de conteúdo face às outras. Nela o eu - líri-
co pede a Deus para ver a amada e também um lugar onde com ela possa
falar, o que quebraria assim as regras da distância e posteriormente do
segredo.

TENTAÇÕES DE RIOBALDO NO SERTÃO: DA


NARRATIVA JUDAICO-CRISTÃ À CULTURA PO-
PULAR DO NORDESTE

Adriana Aguiar (UEA)

Ao estudar a cultura popular na Idade Média e no Renascimento, Bakhtin


(1987) faz referência à utilização de narrativas sacras pelo universo

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 25


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profano, destacando que existiam “numerosas liturgias paródicas [...],


das leituras evangélicas, das orações, [...], dos salmos, assim como de
diferentes sentenças do Evangelho” (1987, p. 12). Para o teórico, cer-
tas formas carnavalescas da Idade Média, “são uma verdadeira paródia
do culto religioso” (1987, p. 6), e afirma que nesse período existia “uma
quantidade considerável de manuscritos nos quais toda a ideologia oficial
da igreja, todos os seus ritos são descritos do ponto de vista cômi-
co” (1987, p. 12). Se na Idade Média a literatura popular tinha como
subsídio o elemento paródico para a criação de um mundo ao revés da
estrutura oficial, nas culturas modernas, o pastiche toma o espaço da
criação literária. Exemplos clássicos são dados por Jorge Luis Borges,
ao escrever Pierre Menard autor de Quixote, e Silviano Santiago, ao
escrever Em liberdade. Assim, nossa proposta nesse trabalho é anali-
sar elementos da narrativa judaico-cristã – As tentações de Cristo no
deserto – aproveitadas por João Guimarães Rosa, no romance Grande
sertão: veredas (1956), como elemento de pastiche que se depreende
da cultura popular do nordeste.

ENTRE EROS E THANATOS: O AMOR EM SUAS


MÚLTIPLAS FACETAS

Adriane Figueira Batista (UFOPA)


Ulysses Maciel de Oliveira Neto (UFOPA)

Este trabalho versará sobre o paradoxo mais perturbador entre tantos


outros, um tema demasiadamente difícil, passional e traiçoeiro, e já por
diversas vezes objeto de análises literárias: o Amor. Volúpia ou devoção
– ele é protagonista na vida e no sonho de muitos –, esse “velho des-
conhecido” passeia por entre as mentes e corações mais distintos e é
motivo de inspiração recorrente em letras de música e textos literários.
O objeto desta exposição será o Amor como se manifesta no conto “Os
dragões não conhecem o paraíso”, de Caio Fernando Abreu. Sob a luz da
bibliografia consultada, teorias psicanalíticas, filosóficas e de arquétipos

26 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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extraídos da literatura, discorrer-se-á sobre as possibilidades estéticas


desta forma tão peculiar de sentimento/comportamento, demonstrando
dualidades e contradições, invadindo os domínios de Eros e Thanatos
a fim de mapear, fazendo um recorte no terreno da literatura de Caio
Fernando, algumas repostas satisfatórias, sugeridas pelo autor, aos
questionamentos que geraram a curiosidade central que permeará todo
este trabalho. Afinal quais são os objetivos e as dimensões que o Amor
é capaz de alcançar? De que forma essas mudanças intervêm na vida e
nos valores dos indivíduos que se deixam guiar por ele?

OBSERVAÇÕES ACERCA DO RISÍVEL NOS TEXTOS


DE REYES

Aline Cavalcante Ferreira (IFRR)

A presente comunicação tem como finalidade analisar o risível nos tex-


tos do escritor colombiano Efraim Medina Reyes, a partir da análise do
livro Técnicas de masturbação entre Batman e Robin, de sua linguagem,
dos modos de desconstruir a realidade, tornando-a risível, da leitura
que este faz do próprio universo literário. A narrativa fragmentada e
polifônica ajuda a compor um quadro de rechaço da literatura instituída,
ao mesmo tempo em que propõe, via discurso irônico, uma aproximação
com o leitor urbano de nível mediano. Esta análise procura se efetivar
tendo como fundamentação teórica os diferentes conceitos do riso de
Mikhail Bakhtin, Henri Bergson, Vladímir Propp e Alberti Verena, entre
outros, que certamente contribuirão para a compreensão da vertente
crítico-irônica do escritor e de seus objetivos quanto ao lugar de sua
literatura, encobertos pelas situações humorísticas e satíricas.

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 27


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O RIO JOÃO CABRAL E SEUS AFLUENTES

Alyni Ferreira Costa (UFC)

A obra do poeta João Cabral de Melo Neto é complexa, sendo, portanto,


grande parte de sua riqueza elaborada em entrelinhas. Por este motivo
uma análise, levando em consideração sua vida e obra trará maior com-
preensão da exegese literária do poeta engenheiro. A partir dos trâmi-
tes teóricos da Literatura Comparada moderna, tentaremos conhecer o
percurso literário resultante de suas vivências e leituras. Partindo dos
preceitos da intertextualidade, buscaremos os indícios que corroboram
a pertinência de uma pesquisa balizada por uma maior abrangência te-
órica, que visa antes de tudo, remontar o trajeto literário do escritor,
desde sua inserção no sistema literário, suas inclinações e pretensões
artísticas, até a efetivação de seu projeto criativo, tendo por base seu
viés crítico, sua estilística e suas atividades extra literárias. Acredita-
mos com isso, que fatores geralmente postos de lado em uma perscru-
tação intrínseca e hermenêutica, somam-se ao princípio de imanência
dos textos do escritor, dando ao nosso estudo uma visão mais completa
sobre sua poética e crítica.

DOIS OLHARES SOBRE A GUERRA DE CANU-


DOS: A POETICIDADE DA LITERATURA DE COR-
DEL E OS SERTÕES DE EUCLIDES DA CUNHA.

Ana Cláudia Veras Santos (UFC)

O trabalho elaborado tem a proposta de analisar os pontos de vista dos


poetas populares a partir das suas representações sobre a guerra ocor-
rida em Canudos, aos finais do século XIX, na Bahia - Brasil, em folhetos
de cordel. Entendemos que, através desses, temos a possibilidade de
reconstruir episódios fragmentados da nossa história. Nesta perspecti-

28 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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va, as intercessões entre o popular e o erudito unem-se pela denúncia


de crimes da nacionalidade, pois a outra vertente da nossa proposta
visa tecer contra-pontos entre a referida poética e as considerações
de Euclides da Cunha acerca de tal fenômeno, o qual imortalizou em sua
obra Os Sertões. Foi utilizado como método a catalogação de cordéis
a partir de fontes diversas, entre elas, as encontradas por Euclides da
Cunha. Ressaltamos ainda que as fontes orais são imprescindíveis para
a elaboração das histórias dos povos, independente da atitude escolhida
ao retratá-las, pois se faz o registro e a possibilidade de conhecimento.
Uma vez documentado em folheto, o fato espalha-se como é caracte-
rística dos ditos “pliegos sueltos”, por sua facilidade de circulação e
reprodução; o que faz desse veículo uma “arma” em combate contra
o tolhimento às informações e imposições de verdades às populações.

DAS REDES TRANSATLÂNTICAS E POÉTICAS


BARROCAS: FLORESTA DE FRONTEIRAS

Alai Garcia Diniz (UFSC)

Este trabalho tenta refletir sobre o tema da floresta em diferentes zonas


fronteiriças latino-americanas com a proposta de provocar o reconhe-
cimento de linhagens sobre a natureza e seus seres que circulam pela
escritura. E se a selva no discurso abrange a oralidade ou a desmata.
São esses produtos que se esborracham diante de caminhos cultivados
ou partem de um discurso que hidrata certas poéticas que movimentam
a cultura? Deste modo, produz gesto comparar o olhar ibérico de Rafael
Barrett sobre a selva e seu corpus simbólico na obra El dolor paraguayo
ou em Lo que son los yerbales (1910)? E se irriga no diálogo com a
obra do colombiano José Eustasio Rivera La voragine (1924/25) ou em
pororoca transborda leitos com A selva(1930) de Ferreira de Castro?
Essas poéticas são provenientes de quais linhagens? Certamente são
Los pasos perdidos(1953) que encontram na metade do século outros
labirintos entre a cronologia e o silêncio de quem fala sozinho na verti-

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 29


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gem barroca do cenário. Haveria uma poética ácrata que não impede
dialogar com o costumbrismo e o real maravilhoso? Em que medida
essa paisagem se traduz como cicatriz da modernidade que se inscreve
em imaginários cujos corpos se desnudam hoje em regaço de um hiper
realismo de Sísifo?

FRAUTA DE BARRO: A TRANSCULTURAÇÃO


COMO RESPOSTA AO SER TARDIO.

Alexandre da Silva Pimentel (UEA)

Partindo-se da análise de algumas leituras e interpretações sobre o


“Ser Tardio” advindas das tentativas de constituição de um significado
para o termo alemão “Spätzeit” desenvolvidas por Walter Moser – para
o qual ambas ideias estão relacionadas –, pretende-se, através deste
trabalho, dialogar com as possibilidades de interpretação da expressão
“Ser Tardio”, e pensá-la a partir do antagonismo existente entre regiões
periféricas e centrais que abriga em seu âmago uma tensão dicotômica
entre modernidade e atraso. Esta tensão, que atinge seu ponto mais
significativo na história da humanidade no momento do descobrimento do
continente americano, gera, nas regiões colonizadas, um sentimento de
subalternidade, de desvantagem e distanciamento em relação a uma me-
trópole em posição de força. Esta modernidade, que chega de um modo
tardio neste lado do atlântico, aliada aos interesses econômicos e ex-
pansionistas dos colonizadores, determinará fortemente a velocidade e
a espécie de desenvolvimento que caracterizaria o continente americano
ao longo da história. Pressupondo a Amazônia como uma região afetada
por este processo de modernidade tardia, distante do centro e, portan-
to, marginal, pretende-se perceber no decorrer desta análise alguns dos
efeitos nocivos gerados pela inserção aculturadora desta modernidade,
bem como analisar também as possibilidades de articulação de uma res-
posta criativa em forma de resistência por parte do artista local a este
fenômeno. Para tanto, buscar-se-á em uma das mais significativas obras

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da lírica amazonense – Frauta de Barro, do escritor Luiz Bacellar, as res-


sonâncias das noções de “Ser Tardio” e “Transculturação”, bem como a
utilização deste último termo na articulação de uma resposta transcul-
turadora de resgate e revalorização de uma cultura local.

“A VERDADE SE PASSA COMO TENHO CONTA-


DO”: A RECRIAÇÃO EM O TETRANETO DEL-REI
DE HAROLDO MARANHÃO

Aline de Souza Muniz (UFPA/CAPES)

O Tetraneto Del-Rei é uma obra que mescla linguagens, gêneros, discur-


sos e tece, nesse emaranhado de fios, um texto original que recria par-
te de nosso período colonial questionando destrutivamente o discurso
cristalizado pela história e mesmo por textos que compõe nosso cânone
literário. Há que se considerar que existem dois pontos de vista pre-
sentes no romance haroldiano: o do português desbravador e corajoso,
reafirmador de um discurso canonizado e muito explorado pelos estudos
literários, na narrativa, na voz de Jerônimo de Albuquerque por meio
de suas cartas; e o de um narrador mais objetivo e imparcial, que brin-
ca com o discurso do protagonista reconstruindo-o, contrariando-o, e
mesmo recontando-o, o que aumenta o tom humorístico da obra e cau-
sa a desestruturação do discurso construído há tempos. Dessa forma,
este trabalho pretende refletir sobre a possível proposta lançada pelo
escritor paraense ao criar uma obra que recria parte de nossa história
partindo de nossa formação cultural engendrada pelo hibridismo étnico,
bem como observar ainda a criatividade inventiva do texto composto por
complexos jogos intertextuais.

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MÍMESIS, IMAGINAÇÃO E TORSÃO TEMPORAL

Aline Magalhães Pinto (PUC-Rio)

Para Costa Lima, o estudo do imaginário implica, de maneira inexorável,


a exploração de sua fonte, a imaginação. Neste sentido, o retorno in-
contornável à obra de Aristóteles pode ser visto como uma provocação:
o que a dinamicidade inscrita pela diferença entre natura naturans e
natura naturata opera? Esta pergunta abre-se como um desvio espe-
culativo pelo qual se visualiza, a partir do pensamento de Luiz Costa
Lima, o encontro entre mímesis, phantasia e anamnese. Apostando que
o pensamento se constrói como um ponto em que é permitido discutir
aquilo que, como algo que existe, está “aqui” realizado e “ali” apenas po-
tencial, despontaria para a teoria contemporânea, por meio da mímesis-
-zero, uma chave possível para as complexas relações entre linguagem
e realidade. Fazer notar tal potencialidade-hesitação e apontar, dentro
do pensamento de Costa Lima, seus desdobramentos, é o intuito deste
comentário-comunicação.

O STATUS DA MULHER DO SÉCULO XX NAS


OBRAS: A HORA DA ESTRELA, GRANDE SER-
TÃO: VEREDAS, ANGÚSTIA E MACUNAÍMA.

Andréia Jordania Moreira de Araujo (UFRR)

Os estudos feministas avançaram significativamente, ao longo da sua


caminhada no século XX e incorporaram novas teorias sobre a condição
da mulher na sociedade. Desse modo, o movimento feminista falou de
sexismo, androcentrismo e patriarcalismo numa tentativa de explicar
a condição feminina na esfera social. A categoria dos gêneros se apre-
senta, hoje, como um dos últimos conceitos hermenêuticos introduzidos
pelas feministas ocidentais. A compreensão dos papéis e representações
adequados a homens e mulheres não têm mais, tão somente na variável

32 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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biológica seu fator de leitura e entendimento, posto que essa variável


não dá conta de explicar a complexa teia de relações, por vezes ambíguas
e contraditórias, vivenciadas pelos sexos na sociedade. Nesse sentido
buscamos nos aproximar de três “romances” da literatura brasileira: A
HORA DA ESTRELA, GRANDE SERTÃO: VEREDAS E MACUNAÍMA, bus-
cando observar que tipos e quais nuances apresentam na construção de
uma imagem do feminino.

RELAÇÃO DA HISTÓRIA COM A LITERATURA


EM AS MINAS DE PRATA

Arlene Fernandes Vasconcelos (UFC)

O estudo minucioso da obra histórica As minas de prata, de José de


Alencar, revela o uso que o autor faz do fato histórico como instru-
mento de nacionalização da literatura brasileira no século XIX. Em seu
trabalho de historiador, e lidando com acontecimentos e personalida-
des históricas não tão relevantes para a historiografia oficial – como o
Governador-Geral do Brasil na Bahia, D. Diogo de Menezes e Siqueira e
D. Diogo de Mariz, filho de D. Antonio de Mariz, de O guarani –, Alencar
não pode ser identificado com um historiador tradicional de seu tempo,
pois se distancia das ideias positivistas, que congelam o fato histórico e
seus grandes vultos humanos, tornando-os inalcançáveis para o leitor, e
aproxima-se dos ideais historiográficos de Benedetto Croce, o que pode
ser observado no modo como o autor entrelaça a história com a ficção.
Buscaremos, portanto, através da leitura e análise das obras históricas
de José de Alencar, identificar, em As minas de prata, o seu trabalho de
historiador do Brasil colonial e a relação de sua obra com as duas princi-
pais correntes historiográficas de seu tempo.

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 33


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ENTRE ARTE INDÍGENA E AS REDES GLOBAIS:


UMA POÉTICA COMUNAL

Armando Lisboa (UFSC)

Contemporaneamente há uma reorganização comunal dos povos indí-


genas, de suas instituições de autogoverno e formas de organização
do trabalho e da produção. A inserção nas redes globais de Comércio
Justo é uma das faces mais relevantes do atual movimento indígena
latino-americano.Este fenômeno tem dimensões continentais, com mais
relevância no México, Equador e Bolívia em função da maior presença
indígena nestes países. No Brasil isto se observa de forma generalizada,
especialmente na região amazônica, mas também com os Pataxó, Kai-
gang, Guarani. Na Amazônia se destaca o Projeto Arte Baniwa: http://
www.artebaniwa.org.br/. Também no alto Rio Negro, a partir da FOIRN
(Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro, em São Ga-
briel da Cachoeira/AM), surge o selo “Produto Indígena do Rio Negro”,
lançado em 2009 no IV Encontro da Rede de Produtores Indígenas do
Rio Negro. Trata-se do primeiro selo de identificação de origem cultural,
geográfica e de comércio justo desenvolvido, emitido e monitorado por
uma organização indígena. A idéia é que tenham sua origem cultural e
geográfica, o processo artesanal e comercialização justa reconhecidas
pelo mercado.O selo é apenas para produtos que atendam quatro crité-
rios acordados na rede de produtores indígenas: a produção artesanal
segundo métodos tradicionais; a produção por indígenas; a produção
na região do Rio Negro; e a comercialização respeitando os critérios
de comércio justo pactuados entre artesãos e os pontos de venda. Os
produtos indígenas do Rio Negro são encontrados em São Gabriel da
Cachoeira, na Wariró (entreposto comercial e centro cultural); em Ma-
naus, na GaleriAmazônica (iniciativa voltada à valorização da arte amazô-
nica localizada em frente ao Teatro Amazonas, fruto de parceira do povo
Waimiri-Atroari com o ISA); e nas principais cidades do Brasil, na rede
de lojas Tok&Stok. Como é sabido, a corrente de estudos pós-coloniais
enfatiza esta auto-organização indígena como elemento central na que-

34 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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bra do padrão colonial de poder vigente na América Latina. Porém, os


resultados não são tão românticos e maravilhosos como podem parecer
numa rápida mirada. Trata-se da produção de mercadorias voltadas para
um mercado globalizado. Como alerta Quijano, estamos diante duma ar-
madilha criada pelo capitalismo global, pois, se sem o mercado ninguém
pode sobreviver, com ele uma crescente maioria também não pode viver.

O FANTÁSTICO EM TELECO,O COELHINHO DE


MURILO RUBIÃO

Ariana Barreto do Nascimento (UFAM)

Vladmir Propp admite 31 ações constantes dos contos maravilhosos de


origem popular, a que ele denomina funções. É sob a luz dessas funções
que partiremos para a identificação de 5 esferas de ações:primeiro,a
aspiração; segundo, a viagem; terceiro, obstáculos; quarto,mediação
auxiliar e quinto, conquista do objetivo.

DA LITERATURA PARA AS REDES SOCIAIS

Arlete Alves de Oliveira (IFRR)

O trabalho que ora se propõe é resultado de atividade desenvolvida


com acadêmicos do I módulo do curso de Tecnologia e Desenvolvimento
de Sistemas, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Roraima- IFRR. O objetivo que norteou a atividade foi avaliar a leitura
de clássicos, normalmente exigida durante o ensino médio, mas – prin-
cipalmente – a releitura desse tipo de texto, agora com emprego de
novas ferramentas: a rede social Orkut. A ideia surgiu a partir de um
trabalho semelhante, com a protagonista do romance Iracema, de José
de Alencar, resultado de uma dissertação de doutorado. A inovação, en-
tretanto, aconteceu porque não se partiu aleatoriamente na escolha das

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 35


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personagens. A história de leitura dos alunos foi o pré-requisito para o


início, desenvolvimento e avaliação deste trabalho, que encerrou com a
certeza de que a internet pode sim ser usada como uma ferramenta útil,
atraente e eficiente no ensino-aprendizagem da leitura.

GREGÓRIO DE MATOS E A POÉTICA DO LOU-


VOR, NO BARROCO BRASILEIRO

Auricléa Oliveira das Neves (GEPELIP)

Linguisticamente o discurso laudatório diz respeito a um elogio a alguém


ou a um ente abstrato; literariamente, a poética do louvor se materializa
em hinos, odes, salmos dentre outras fôrma poéticas que, similarmen-
te, também consiste em enaltecer a uma entidade, a uma pessoa, ou
mesmo a um local. Ao conteúdo expresso dessas construções literárias,
denominamos de poesia encomiástica. No Barroco brasileiro, esse tipo
de poética foi comum, a partir da primeira obra Prosopopeia (1601), de
Bento Teixeira, que exalta a pessoa de Jorge Albuquerque Coelho e seu
trabalho como terceiro donatário da capitania de Pernambuco; Manuel
Botelho de Oliveira eterniza a fauna e a flora brasileiras em um grande
elogio, no poema A Ilha da Maré (1705), considerado como um dos pri-
meiros trabalhos ufanistas sobre Brasil. Gregório de Matos, objeto da
comunicação Gregório de Matos e a poética do louvor, no Barroco bra-
sileiro, também foi caudatário da poesia encomiástica. No códice James
Amado, essa poesia está organizada no capítulo, Pessoas muito princi-
pais, dentre as quais, uma recebe a atenção especial do vate baiano, a
Virgem Maria. Sua poética mariana se circunscreve no louvor religioso,
reverencial e repleto de afeto à Mãe de Deus.

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REPRESENTAÇÕES DO TRAUMA NA LITERATU-


RA E NO CINEMA LATINO-AMERICANO

Augusto Sarmento-Pantoja (UFPA)

RESUMO: Nesse estudo desenvolvemos um conjunto de análises em tor-


no de diversos conceitos que expressão o trauma como uma categoria
especialmente necessária na análise de objetos artísticos produzidos em
meio às atrocidades dos grandes projetos de governos ditatoriais como
os ocorridos na America Latina, em especial no Brasil, Argentina e Chile.
Neste sentido analisaremos como o trauma se evidencia em obras da
literatura e do cinema latino Americano, como as produções cinemato-
gráficas, “Kamchatka”, “Machuca” e “O ano em que meus pais saíram
de férias”. Assim como as obras teatrais: “Rasga Coração”, “A Ilha da
Ira” e “Calabar”.

O CONTAR HISTÓRIAS INDÍGENAS

Carmem Spotti (UERR/UFRR)


Carla Monteiro de Souza (UFRR)

O presente trabalho versa sobre o contador de histórias em uma co-


munidade indígena, tendo como referencial a pesquisa que vem sendo
desenvolvida na comunidade Nova Esperança, localizada na Terra Indíge-
na Alto São Marcos/RR. O estado de Roraima tem presença marcante
da cultura indígena em sua formação populacional, haja vista os grandes
conflitos gerados por demarcação de terras indígenas e o preconcei-
to etno-lingüístico e sócio-econômico que envolve a sociedade regional.
Destaca-se no contexto estadual a desvalorização da cultura dos povos
indígenas, quer seja na língua, suas narrativas orais, músicas, comidas,
arte, danças, por outro lado, verifica-se a existência de práticas que vi-
sam à preservação da memória da comunidade de forma que as gerações
Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 37
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futuras possam dela usufruir. Em uma perspectiva literária percebe-se


que os aspectos da cultura indígena são repassados de geração a gera-
ção através do personagem que possuiu conhecimento da história de seu
povo e da realidade atual e que, ao mesmo tempo, atua como historiador
e narrador dessa realidade.

A AMAZÔNIA MULTIFACETADA DE MILTON HA-


TOUM: O TRABALHO DE UM INTELCTUAL EXI-
LADO

Cristiana Mota (UEA)

A América Latina guarda em si a especificidade de ser um espaço, que


embora delimitado geograficamente como unidade continental, tem por
característica inerente a heterogeneidade, sendo um território onde di-
versas vozes se juntam ressonando o pluralismo sociocultural da região.
Nesse mosaico de tradições, costumes e conhecimentos diferentes,
a Amazônia é vista como um lugar do desconhecido e do mítico. Pro-
curando explorar o encanto que tal região produz e suas similaridades
com o continente no qual está inserida, apresentamos por meio dessa
comunicação o trabalho de um dos maiores escritores e intelectuais
brasileiros, o amazonense Milton Hatoum. Tomando como apoio teórico-
-crítico o estudo de Edward Said sobre as representações assumidas
por um intelectual e a noção de entre-lugar cunhada por Silviano Santia-
go, analisamos a escritura de Hatoum, cuja obra narrativa traz a cidade
de Manaus com um panorama configurado pela mistura de etnia, in-
tercâmbio linguístico e discursos históricos, formando uma hibridização
e uma transculturação singular. Dessa forma, Milton Hatoum dá voz
às minorias marginalizadas, “aos esquecidos do passado”, citando Ray-
mond Williams (2007, 164), e opera uma construção e reconstrução de
identidades fragmentadas, assumindo uma das funções do intelectual:
problematizar a verdade sobre o estado dos seres e sua posição ante um
meio repressor que pretende invalidá-lo enquanto “o outro”.

38 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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O IMAGINÁRIO HÍBRIDO AFROBRASILUSO N’AS


PELEJAS DE OJUARA: UMA CONSTRUÇÃO DO
DIABO NA CULTURA POPULAR NORDESTINA

Carolina de Aquino Gomes (UFC)

O Diabo é um personagem presente na literatura popular tradicional,


assim como na literatura universal. Mesmo sendo detestado por todos,
Satanás está sempre presente no cotidiano do sertanejo nordestino. Ao
apresentarmos esta comunicação, buscamos reconstituir os primeiros
passos dados para a construção do imaginário mítico acerca do Diabo
no sertão nordestino através do romance de Nei Leandro de Castro, As
Pelejas de Ojuara, que traz de modo brilhante o sertão repleto de seres
fantásticos que povoam a mente dos sertanejos. Também verificamos na
nossa cultura afrobrasilusa, tão ricamente trabalhada no romance pelo
autor potiguar, marcas de um regionalismo que transcende as barreiras
do regional para atingir o universal.

A “ESCRITA DE SI” COMO FONTE PARA O ESTU-


DO DA HISTÓRIA DA CIDADE DE BOA VISTA/RR

Carla Monteiro de Souza (UFRR)


Patrícia Rodrigues Maravalha (UFRR)

Esta comunicação vincula-se ao projeto Memória e História de Boa Vista


na década de 1950 (apoiado pelo CNPq), que tem como objetivo expli-
car e compreender as mudanças ocorridas na cidade a partir da sua
elevação a capital do Território Federal do Rio Branco, criado em 1943,
fato que iniciou um período de reestruração do espaço urbano, marcado
pelo racionalismo e a modernidade, e por rearranjos nas relações sociais
e políticas. Para tanto, o projeto incorpora ao seu corpus documental
relatos escritos sobre a cidade, tendo como referencial as discussões
sobre a produção e a utilização da “escrita de si” como fonte de pes-

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quisa. Esse trabalho enfoca a obra autobiográfica 1953, Ah! Anos de


minha juventude, de Laucides Oliveira, levando em conta que por meio do
registro das lembranças, das vivências e dos fatos passados é possível
acessar imagens representações e discursos que podem conferir uma
identidade a urbes estudada, individualizando a sua história. Tem como
objetivo discutir o papel desse tipo de fonte no estudo de Boa Vista, des-
tacando o seu potencial na configuração de uma “carga de significados”
sobre a cidade situada em outro tempo, mas cuja “leitura” repercute na
atualidade.

TRAJETÓRIA LÍRICA DE ASTRID CABRAL

Carlos Antonio Magalhães Guedelha (UFAM)

Uma abordagem sobre a produção poética de Astrid Cabral, mapeando


os fios condutores de sua trajetória lírica, do primeiro ao último livro de
poesia (uma dezena). Entre as constantes observadas, cabe destaque
para a interface entre poesia e filosofia, a dicotomia transitoriedade da
vida versus ânsia de perpetuação, o lirismo de coloração social – rechea-
do de ironias – a metaforização do cotidiano, a dicção feminina e o apego
a Manaus. Como parte das reflexões, mediante fortuna crítica e apre-
ciação de poemas, advoga-se que, pela qualidade de sua obra, Astrid é
um dos nomes essenciais da poesia amazonense e também da literatura
brasileira contemporânea.

POESIA, IDEAL E RAZÃO: UMA LEITURA DE


JOÃO DE DEUS E CESÁRIO VERDE

Cátia Monteiro Wankler (UFRR)

Friedrich Schlegel, em seus Fragmentos críticos, ridiculariza o purismo


rigoroso dos gêneros clássicos e postula que a crítica da poesia seja

40 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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feita apenas pela própria poesia, pois, por mais que se pretenda cien-
tífica, toda análise teria sua origem numa “impressão” sendo, portan-
to, subjetiva. Para Schlegel, um “projeto perfeito” deve ter um caráter
objetivo, unindo Ideal e Real. Este trabalho pretende analisar o diálogo
travado entre os portugueses João de Deus e Cesário Verde, através
dos poemas Sonho e Cadências Tristes, como a expressão poética do
projeto schlegeriano, na medida em que fazem convergir pontos de vista
divergentes, oriundos de movimentos culturais distintos, Romantismo e
Realismo — Ideal e Razão —, na medida em que os dois poetas acabam
por apontar que a matéria primordial da poesia é, de certa forma, o
sonho, o devaneio, permeados pela razão, pela objetividade.

A REESCRITURA DE JOYCE NO CINEMA

Carlos Augusto Viana da Silva (UFC)

A produção literária do escritor irlandês James Joyce, por sua natureza


experimental, faz o leitor mergulhar num fluxo constante de experiência,
que o familiariza progressivamente com o processo de associação de
impressões, ideias e memória. O conto “The Dead”, do livro Dubliners
(1914) e o romance A Portrait of the Artist as a Young Man (1916) são
obras representativas desse universo e, devido a peculiaridades em suas
estruturas narrativas, pressupõem nova postura de leitura e, conse-
quentemente, mecanismos particulares de recepção. Tais textos foram
traduzidos para o contexto do cinema por meio dos filmes O Retrato do
Artista Quando Jovem em 1977, por Joseph Strick e Os vivos e os Mor-
tos em 1987, por John Huston. Neste trabalho, levantaremos alguns
pontos sobre o impacto dessas adaptações no sistema cinematográfico,
considerando o caráter inovador dessas obras dentro da estética da
literatura moderna e suas releituras em outro sistema de linguagem.
Com base na ideia de reescritura de André Lefereve (1992), analisare-
mos o processo de criação de imagens dos textos em questão para o
espectador contemporâneo.

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 41


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A FARSA E EL-REI JUNOT, SUBVERSÃO E DECA-


DÊNCIA

Débora Renata de Freitas Braga (UEA/FAPEAM)

Ao analisar epístolas trocadas entre Raul Brandão e Teixeira de


Pascoaes, organizadas por Maria Emília Marques Mano e António
Mateus Vilhena, propomo-nos a mapear o percurso genético das
obras A Farsa e El-Rei Junot e, assim, explorar o teor de sub-
versão da escrita brandoniana. Podemos pensar neste caráter de
subversão, em princípio, na concepção de romance que o escritor
do Douro desfaz, e também, assumir que este tenha rompido com
a própria noção de “texto” como algo acabado. O texto não seria
mais produto de um processo individual de criação, ao contrário:
converter-se-ia em um fio de sociabilidade tecido entre os amigos
escritores, o que pode ser observado no estudo das correspon-
dências em questão, mesmo porque a obra acabada deixou de ser
o único instrumento de investigação literária, cedendo espaço para
um processo em círculos: da criação à obra e, desta, de volta ao
processo de criação. Contudo, a narrativa de Raul Brandão ultra-
passou suas próprias linhas para colocar-se como uma escrita na
decadência, tendo seu lugar garantido tanto na esfera intelectual
e literária de Portugal, quanto na esfera social.

O OLHAR DO OUTRO SOBRE NÓS

Dilce Pio Nascimento (UEA-CESP)

A identidade nos faz diferentes dos outros. Cada indivíduo vai sendo
construído historicamente à medida que incorpora valores, crenças, pa-
drões de comportamento de um determinado grupo social. No encontro

42 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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entre culturas há, na maioria dos casos, dois pólos que se contrapõem:
dominação e resistência. Denys Cuche (2002) nos faz refletir sobre o
encontro com outro, ao questionar se “as culturas dos grupos domina-
dos socialmente estão destinadas a desaparecer ou a imitar as cultu-
ras dos grupos dominantes?”. Paes Loureiro (1995) diz que “o ‘homem
amazônico’ (...) tem se abatido as mais sutis formas de preconceitos
que foram potencializadas a partir do século XIX”. Portanto, é dessa
forma que as narrativas dos naturalistas, cronistas e literatos do século
XIX “olham” para o homem amazônico. Entre esses escritores estão:
Louis Agassis (Viagem ao Brasil), Alexandre Rodrigues Ferreira (Viagem
Filosófica), Henrique João WilKens com o poema épico “A muhuraida ou a
conversão do gentil muhra”, Francisco Gomes de Amorim com o romance
“Os Selvagens”. Todos os discursos dessas narrativas negam o direito
de alteridade no processo de colonização da Amazônia. Historicamente,
os portugueses e os espanhóis, imbuídos de uma visão etnocêntrica, fo-
ram os principais atores do etnocídio da identidade cultural amazônica.

DANDISMO E FLÂNERIE EM JOÃO DO RIO E A


RELAÇÃO ENTRE A BELLE ÉPOQUE CARIOCA E
MANAUARA

Dominich Pereira Cardone (UFRR)

Discutiremos nesta comunicação o contexto de transformações urbanís-


ticas e de aspiração ao luxo e requinte europeu, característicos da Belle
Époque carioca, na qual se configura a obra de João de Rio; bem como as
contradições presentes em sua temática que se evidenciam através do
dandismo e da flânerie. Expoente da renovação literária e representativo
das questões culturais do seu tempo, o escritor aborda a dinâmica do
cosmopolitismo em debate com os conteúdos locais, refletindo em seus
contos e crônicas as incongruências que a modernização instaurou na
então capital federal. João do Rio adere às máscaras do dândi e flâneur
para tornar documental e ficcional Rio fin-de-siècle, perpetuando, assim,

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 43


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a aproximação entre o ofício do repórter e a experiência literária. Cer-


cada pela selva, Manaus também vive, durante o mesmo período, o seu
fastígio, aqui propiciado pela riqueza do ciclo da borracha. Portanto, par-
tindo da perspectiva de que o Rio de Janeiro e Manaus compartilham as
glórias e desprestígios da nossa Belle Époque, tendo o ciclo da borracha
promovido em Manaus o desenvolvimento de uma agitada vida cultural,
esta pesquisa, ainda em andamento, propõe-se a investigar ocorrência
de um (ou mais) correlato(s) de João do Rio no Amazonas.

HISTÓRIA E CULTURA NO ROMANCE A SELVA,


DE FERREIRA DE CASTRO

Elaine Pastana Valério (UFPA)

História e Cultura possuem um elo que os une – a temporalidade – e a


presença de uma fortalece a existência da outra, não podendo ser anali-
sadas separadamente. Em “A Selva”, obra do escritor português Ferrei-
ra de Castro, que embora seja português, consegue criar uma obra que
represente a realidade e a cultura do povo brasileiro, mais especifica-
mente, do amazônico, percebe-se tal relação, pois nela são perceptíveis
essas duas relações por se tratar de uma narrativa capaz de contar a
realidade da selva amazônica, tendo em vista o olhar do estrangeiro – na
figura de Alberto – e o olhar do natural – sendo representado pelas ou-
tras personagens que trabalham nos seringais. Além da temporalidade,
as produções as quais aparecem fortemente tais temáticas estão inseri-
das dentro de um contexto histórico específico. Walter Benjamin afirma
que a História é também uma manifestação cultural e que a cultura não
está isenta da barbárie, tampouco seu processo de transmissão, com
isso, nota-se que uma está inserida na outra; não há como dissociá-las.
Portanto, esta comunicação visa analisar os temas História e Cultura,
presentes no romance “A Selva”.

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ANÁLISE MITO-POÉTICA DO CANTO I DA ILÍADA

Eric Venício Carvalho Mota (UFAM)

Neste artigo pretende-se analisar as personagens envolvidas nas


ações do Canto I da Ilíada de Homero. A análise focará, sobretudo, dois
termos e seus respectivos empregos no livro I: menin (ira) e geras (honra).
As personagens analisadas envolvem o âmbito divino e o humano, pos-
sibilitando uma compreensão acerca de termos como honra, espólio,
orgulho, ira, cultura entre outros. O contexto é único e ressalta o com-
portamento dos homens num momento que será determinante paras a
gerações seguintes e para o Ocidente. São fundamentadas, ainda, as
ações acerca do personagem principal da Ilíada, Aquiles. Herói de um
povo e autor de grandes feitos, Aquiles, dos pés rápidos, terá seu nome
marcado para sempre na história da Mitologia. Eis a relação entre ho-
mens e deuses, homens e homens e deuses e deuses.

A ESCRITA NO ENSINO-APRENDIZAGEM DO IN-


GLÊS COM O APOIO DA LEITURA DE TEXTOS

Edith Santos Corrêa (UFAM)

Este artigo enfatiza a necessidade da aprendizagem da escrita nas aulas


de inglês, considerando a importância do uso de textos literários na men-
cionada língua como fonte de aquisição e enriquecimento de vocabulário
e de conhecimento da estrutura sintática, pois a escrita da palavra por
desligada de um contexto diminui sua carga semântica, enquanto que,
no texto, principalmente no literário, seu significado é potencializado,
podendo ser exercitados esses variados sentidos. Além disso, quando se
trata da partida de um mundo familiar para outro desconhecido, como
é o caso do aluno de línguas estrangeiras, que utiliza seu universo lin-
güístico para assimilar uma nova estrutura, que evidentemente possui

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 45


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similaridades e diferenças em relação ao seu conhecimento de mundo, o


texto escrito favorece a construção do sentido. A confirmação de que a
escrita é uma habilidade decorrente da percepção de significado é que
ela é vista como a consolidação da aprendizagem. Porém, durante o
processo ensino/aprendizagem de línguas, nos últimos trinta anos, sob
a ótica da abordagem comunicativa, a oralidade exerce prioridade em
relação à escrita, sendo esta praticada quase que exclusivamente fora
da sala de aula, como homework.

O APOLÍNEO E O DIONISÍACO EM ALGUMAS


OBRAS LITERÁRIAS DOS PERÍODOS MODER-
NISTA E PÓS-MODERNISTA

Emyster Handel Vicente Gaia (UFRR)

O trabalho monográfico trata de encontrar características e justificar


a possibilidade de reconhecer o Apolíneo ou o Dionisíaco em algumas
personagens literárias. Tem-se para isto base na teoria de Friedrich Wi-
lhelm Nietzsche, filólogo e filosofo que traz em seu livro O Nascimento
da Tragédia uma perspectiva teórica do Dionisíaco e do Apolíneo. Foram
selecionados Angustia, de Graciliano Ramos; A Mulher que Escreveu a
Bíblia, de Moacyr Scliar; A Paixão Segundo G. H., de Clarice Lispector;
Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade; Zero, de Inácio de Loyola
Brandão; e Macunaíma, de Mario de Andrade. O interesse neste traba-
lho é o de encontrar a característica apolínea ou dionisíaca nos perso-
nagens principais das obras citadas, estas que pertencem a diferentes
períodos históricos e literários.

46 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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LITERATURA COMPARADA E ESTUDOS CULTU-


RAIS

Emerson da Cruz Inácio (USP)

Considerando a recente implantação da Cátedra Amazonense de Estudos


Literários e seus bastantes objetivos, o curso vem colaborar, no âmbito
das atividades deste centro de estudos, para a implementação de ativi-
dades relacionadas à Literatura Comparada como estratégia de leitura
capaz de favorecer as dinâmicas comuns que perpassam as literaturas
lusófonas. Para além, faz-se mister, ainda, colaborar para a apresenta-
ção, difusão e problematização do macrossistema literário em Língua
Portuguesa, atentando para a circulação cada vez mais freqüente de
repertórios estéticos e artísticos entre os povos falantes do português.
Nesse sentido, o curso visa suprir tanto a demanda teórico-metodológi-
ca e literária atinentes aos cursos da área de Letras e Lingüística, como
também auxiliar alunos das demais áreas das Ciências Humanas tanto
sobre as Literaturas contempladas, quanto para a capacidade teórica
dos métodos comparatistas.

PHANTASÍA E PÓIESIS: CONSIDERAÇÕES ARIS-


TOTÉLICAS SOBRE A CRIAÇÃO ARTÍSTICA EM
MEIO DIGITAL

Enrique Vetterli Nuesch (UFAM)

Lemos a Poética de Aristóteles em paralelo com outros tradados do


mesmo, destacando o papel da imaginação e da imagem no processo que
vai da mímesis à póiesis. Esta leitura conduz à metáfora enquanto modo
de transposição da imagem à palavra e revela que a Poética já traz in
nuce uma discussão atual acerca da criação artística em meio digital.
Nossa reflexão perpassa tratados do Filósofo um tanto esquecidos na
área de letras que são, porém, essenciais à compreensão do tratado so-

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 47


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bre a poética. O nosso percurso revelará a imaginação (phantasía) como


o fio condutor que une a criação artística à reflexão filosófica.

A IMAGEM DO BRASIL NO POEMA DESCOBRI-


MENTO, DE SOPHIA ANDRESEN

Edvaldo Manoel dos Santos Almeida (UFAM)

Neste texto propõe-se analisar o olhar que Sophia Andresen lança para o
Brasil, fazendo uma analogia com a Carta de Pero Vaz de Caminha, onde
ele escreve sobre suas primeiras impressões na terra recém alcançada.
Para isso elege-se o poema Descobrimento, do livro Geografia, de 1967,
situado na seção VI - Brasil ou do outro lado do mar, em que o Oceano
Atlântico é mostrado como um ser mitológico que religa dois povos en-
volvidos na história das grandes navegações para propor que o antigo
encontro entre ambos seja feito novamente sob a forma de relação en-
tre iguais, não mais entre colonizador e colonizado.

TODOS OS NOMES (SR. JOSÉ/MULHER DESCO-


NHECIDA) E SEM NOME (JOSÉ VIANA/PROTA-
GONISTA AUSENTE): A ALTERIDADE COM PER-
SONAGENS EM FUGA PARA A CONSTITUIÇÃO
DA SUBJETIVIDADE DOS PROTAGONISTAS

Fabrício Magalhães de Souza (UEA)

Nesta análise, veremos que é ao longo dos acontecimentos que os pro-


tagonistas, ao se verem e verem sua busca (ou in-solução) desenro-
lando-se, vão formando sua subjetividade: o Sr. José, protagonista do
romance de Saramago, após encontros, nem sempre presenciais, com
outros “eus”, ao per-seguir as pistas da mulher desconhecida, vai se

48 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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tornando “eu” na narrativa, em oposição a não-pessoa que ela - a des-


conhecida – é, aos outros “eus” que vão partilhando com ele a “concha
vazia”; já José Viana, protagonista do romance de Helder Macedo, após
acompanhar o problema da ausente-presente (Martha Bernardo) em
sua resolução, consegue expurgar os fantasmas da ausente para se sub-
jetivar ao enunciar numa carta/relatório, endereçado à Júlia de Sousa.

A CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE DOS


PROTAGONISTAS DOS ROMANCES SEM NOME
E TODOS OS NOMES

Fabrício Magalhães de Souza (UEA)

Escolhemos para análise os romances Todos os Nomes (1997) e Sem


Nome (2006), respectivamente dos escritores portugueses José Sa-
ramago e Helder Macedo. Interessa-nos verificar de que forma se con-
figura a subjetividade dos protagonistas dos dois romances a partir do
convívio com o(s) outro(s). Nossa fundamentação teórico-conceitual
sustenta-se na teoria de Émile Benveniste, segundo a qual postula que
a condição de existência do homem é sempre referida ao outro na e
pela linguagem, ou seja, a intersubjetividade precede e é constitutiva
da subjetividade. O nosso propósito é o de verificar os modos de cons-
tituição da subjetividade dos protagonistas a partir do sistema triádico
benvenistiano (eu-tu-ele)

DA IRONIA À CONSTRUÇÃO DO NARRAR

Fabio Fadul de Moura (UFAM)

No conto intitulado somente a morte são encontrados dois planos narra-


tivos: no primeiro, o narrador evoca a tradição da oralidade para contar
uma história, engendrando um tênue fio que é estabelecido entre aquele

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 49


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que conta e o que é contado (esse fio se dá pelo desdobramento da


experiência vivida, sendo responsável pelas inversões que ocorrem no
texto); no segundo é desenvolvida a história de jorge, contando o evento
pelo qual passa com sua burra chamada esmérdia. Nas duas movimen-
tações há sutis traços de ironia que acabam por desfazer as aparências
de cada personagem, revelando não somente a condição do outro, mas
também a própria. Na escrita de Sanches são demonstradas as relações
humanas de troca. A barganha que os homens fazem para realizar seus
interesses passa a ser o elemento fundamental da narrativa. A capaci-
dade de dizer pelo não dito – mostrando o que há por trás dele – é o que
confere prestígio ao conto, tecendo um texto sofisticado onde o risível
e o irônico coadunam-se.

A LOUCURA NA OBRA ANACONDA

Francisco Alves Gomes (UFRR)


Adineia Viriato de Oliveira (UFRR)
Tatiana da silva Capaverde (UFRR)

Esta comunicação apresentará a análise dos contos da obra Anaconda,


do escritor uruguaio Horácio Quiroga, observando a figura simbólica da
serpente anaconda como fio condutor para a construção da atmosfera
de um estado de loucura, já que este advém do contato do homem com
a selva, grande responsável por engendrar as forças de atração que
levarão os seus desbravadores à perda da razão. A cobra que dá título
ao livro, causará uma espécie de claustrofobia, gerada da busca por
sobrevivência na selva, símbolo de deslumbramento e perdição. Com a
observação da presença de elementos simbólicos a nível paisagístico,
será possível analisar a força simbólica da serpente na obra, representa-
da e ressignificada no imaginário coletivo da comunidades da selva, tendo
como base teórica o conceito de símbolo da obra Dicionário de Símbolos
CHEVALIER, J. E GHEERBRANT e a loucura definida na obra Historia da
Loucura de Michel FOCAULT. Os contos de Quiroga, dentro de um jogo

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em que as oposições, tais como homem e selva, representam, a um


só tempo, a luta entre forças individuais e coletivas constantemente
desestabilizadas pela onipresença da serpente que usufrui do ambiente
natural da selva para gerar o estado de loucura. Neste sentido os perso-
nagens estão a mercê da serpente, à espreita, pronta para o bote, que
a todo instante procura enlaçar também o leitor. Portanto, a loucura,
neste viés é evocada não só pelo ambiente selvagem, mas também pelos
conflitos febris, gestados de elementos do imaginário popular, a ultra-
passar barreiras geográficas e culturais, promovendo assim a formação
de um olhar sobre o universo latino americano, costurado nos contos
tal qual uma serpente verde e misteriosa, pronta para devorar quem
ouse ultrapassar os limites impostos pela majestosa selva de dimensões
amazônicas.

RELAÇÕES INTERSEMIÓTICAS ENTRE AUDIO-


VISUAL E LITERATURA EM ADAPTAÇÕES CON-
TEMPORÂNEAS

Fúlvio de Oliveira Saraiva (UFC)


Fernanda Coutinho (UFC)

Procuraremos estabelecer relações entre algumas linguagens artísticas


que interagem com os textos de Clarice Lispector, Ziraldo e J. K. Ro-
wling. São obras em que perfis de infância surgem de maneiras diversas
em linguagens também diversas como quadrinhos, audiovisual e literatu-
ra. Demonstraremos alguns conceitos de tradução intersemiótica mo-
dernos como uma reorganização peculiar a cada linguagem tradutora de
um texto-fonte a um texto-alvo. Tendo, aqui, o texto em um sentido am-
plo, ao qual se estende às produções mesmo não-verbais como a pintura
ou a música, por exemplo. Objetivamos analisar implicações sociológicas
e filosóficas do caminho que se segue ao texto-fonte como mercado-
ria fetichizada, proporcionando infinidades de produções relacionadas,
tornando-se objeto de valor fractal; caminho da defasagem de valores

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 51


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que o revestiam como objeto, a saber, o valor de uso, o de troca e o


do próprio signo fetichizado. Visamos, igualmente, mapear as aparições
de traduções intersemióticas que orientam a produção contemporânea
e demonstrar como essa interação se dá. Junto a isso observaremos
que a prova dessa transcendência sígnica é que o prolongamento não-
-literário do objeto literário ultrapassa toda a razão de ser da criação
literária e reveste-a de um esgotamento de si mesma pela proliferação
desenfreada de sua própria permanência onipresente.

A REALIZAÇÃO DAS VOGAIS NASALIZADAS NA


FALA DE BARREIRINHA

Gleyciane Pereira Sena (UFAM)

Neste estudo, pretendemos mostrar a realização das vogais em con-


texto nasal na fala do homem de Barreirinha. Assim sendo, vislumbra-
mos identificar o(s) traço(s) que compõe(m) a variante regional e efe-
tivarmos uma comparação com a variante que segue a tendência geral
do português falado no Amazonas. O procedimento metodológico será
aplicado dentro dos postulados instituídos pela Sociolinguística com o
intuito de analisar os resultados da pesquisa através da compilação do
corpus será efetivada in loco, através de gravações, com informantes,
falantes do português, que tenham nascido e vivido na sede do município
e com informantes da zona rural.

DO SÍMBOLO AO OBJETO: UMA ANÁLISE FENO-


MENOLÓGICA DE CHUVA OBLÍQUA

Giselle Brandão Jaime (UFAM)

Segundo Fernando Pessoa, o Interseccionismo corrente literária cria-


da pelo prórpio poeta (assim como o sensacionismo e o paulismo), é o

52 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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Sensacionismo que toma consciência de cada ser na realidade, consti-


tuída de diversas sensações mescladas. Sartre nos dirá em sua obra ‘A
imaginação’ que as sensações são representações de objetos. Porém, a
imaginação ou o objeto representado não surge “do nada”, é necessário
uma determinada intencionalidade fenomenológica para despertar tais
sensações; da intersecção entre objeto representado e a sensação que
se apresenta o símbolo, o poema. No Interseccionismo nos são apresen-
tados poemas imagéticos mesclados as sensações, tais imagens formam
o objeto sobre o qual a sensação surgiu e revelando os estados de alma
do poeta: “Todo estado de alma é uma paisagem. Isto é, todo estado de
alma é não só representável por uma paisagem, mas verdadeiramente
uma paisagem” (PESSOA. P. 101, 2007). Dessa forma, o que será apre-
sentado neste trabalho é a análise do processo contrário da criação da
poesia Interseccionista, do símbolo para a sensação a fim de aproximar
do objeto que causou a sensação, por meio das imagens simbólicas e da
fenomenologia nos seis poemas que compõem ‘Chuva Oblíqua’ de Fer-
nando Pessoa.

FIGURAÇÕES DO RIO-MAR E AS POÉTICAS DO


ESPAÇO NO UNIVERSO LUSÓFONO

Gleidys Maia (UEA-CESP)

O estudo das figurações do Rio-Mar no imaginário poético lusófono,


numa atitude comparatista: Élson Farias, poeta amazonense, e Sophia
de Mello Breyner Andresen, poeta portuguesa. O encontro dessas po-
éticas das águas foi promovido tema para a formação de uma linha de
pesquisa que se voltasse para a Literatura Comparada e para as Poéti-
cas do Espaço. A análise das figurações do Rio-Mar tem como suporte
teórico-metodológico a Antropologia do Imaginário de Gilbert Durand e
a Poética do Espaço de Gaston Bachelard, além dos estudos sobre o
simbólico em Paul Ricouer e Northrop Frye. Esta pesquisa constitui uma
parte do Projeto Experiência e Símbolo: As trajetórias líquidas das poéti-

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 53


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cas no mundo lusófono. Este projeto é uma iniciativa de introdução de


trabalho à Cátedra Amazonense de Estudos Literários, articulado à linha
de pesquisa Literatura e História, cuja meta é estabelecer pontes con-
ceituais entre literaturas da mesma língua. Esta pesquisa deverá consti-
tuir uma pequena contribuição para os estudos lusófonos, considerando
o caráter de sua especialidade dentro da Educação Superior e para os
pesquisadores e estudantes de Letras. Escolhemos esse tema porque
reúne e sintetiza grandes fulcros da poética do espaço e da viagem na
poesia desses autores, pela presença permanente do mar com todos os
seus mundos, vivências, metaforizações e alegorizações, viagens, espan-
tos e esperas. Além desses motivos, a poética de Élson Farias carece
de estudos sistemáticos que revelem sua importância no contexto das
literaturas de língua portuguesa e, por isso, a atitude comparatista é
condição para a realização dessa pesquisa. Esse encontro entre o regio-
nal e o universal vai ao encontro da postura da acadêmica adotada pela
Universidade do Estado do Amazonas, cujo propósito é qualificar uma
educação pautada pela universalidade e pela dinamização Cátedra de
Estudos Literários, núcleo de pesquisa da cultura lusófona.

OBRAS LITERÁRIAS COMO FONTE PARA A HIS-


TÓRIA: AS REPRESENTAÇÕES DO AMAZONAS
NO ROMANCE CORONEL DE BARRANCO

Greiciele Rodrigues da Costa (UEA-CEST)


Cláudia Regina Ferreira Santos (UEA-CEST)

O presente estudo analisou o romance Coronel de Barranco, de


Cláudio de Araújo Lima, que tem como temática o período áureo
e a decadência da borracha, ressaltando as relações que se es-
tabelecem entre os donos dos seringais e o homem trabalhador,
visto como escravo, procedente quase sempre do nordeste. A
obra recria também o episódio do roubo das sementes da serin-

54 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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ga e apresenta o “Coronel de Barranco” como um homem rude,


ignorante, ostentador de riquezas e acima de tudo ganancioso,
que desconhece o contexto histórico local e mundial, acreditando
ser tolice se interessar por qualquer coisa que não seja produzir
borracha. Algo notório em sua personalidade é que ele considerava
ser necessário agir com vilania, pois de outra forma poderia ter
seu poder ameaçado perante os trabalhadores. Nesse sentido, po-
de-se observar que a obra literária pode se configurar como uma
importante fonte para a compreensão e interpretação do período,
oferecendo outras perspectivas sobre a história amazonense que
talvez ainda não tenham sido explorados pela historiografia, ou
seja, a literatura se revela como uma importante e especial forma
de conhecimento.

A INFLUÊNCIA DOS SUPERMERCADOS NA VA-


RIAÇÃO LEXICAL EM MANAUS

Hana Ariel do Nascimento Chagas (UFAM)

Este estudo trata da possível mudança lexical que pode estar ocorrendo
em Manaus em conseqüência do advento de supermercados oriundos
de outras regiões do país. O ferramental teórico que sustentará este
estudo contará com a participação de grandes expoentes do âmbito dos
estudos lexicais, além de buscar guarida nos parâmetros estabelecidos
pela Sociolingüística, cujos métodos são de natureza quali-quantitativo,
o qual possibilitará a compilação do corpus através de entrevistas com
vendedores, caixas e consumidores em feiras e supermercados de Ma-
naus.

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 55


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DA POÉTICA GREGA À MITOPOÉTICA AMAZÔNICA

Harald Sá Peixoto Pinheiro (UFAM/PUC-SP/FAPEAM)

Investigar as pistas para uma possível crítica à mitopoética amazônica,


tendo como contraponto as metáforas sinalizadoras que inauguram o
percurso de nossa jornada interpretativa com a dialogia entre o de-
sencanto do mundo e a erotização da natureza. Investigamos também
a presença de uma dramaturgia que epifaniza realidade e imaginação e,
com ela, passamos a identificar melhor suas categorias de análise, pois
encontramos uma variedade de elementos autóctones e híbridos que
confirmam a existência de homologias com a Poética clássica que se
mostrou insuficiente para dar conta dos desafios de refletir sobre uma
etnopoesia das culturas e sociedades tradicionais na Amazônia. Face ao
retorno do paradigma dionisíaco, encontramos também pistas e corre-
lações acentuadas no cenário local que manifestam o desejo incontido
de transgredir e erotizar o mundo, roubando a razão e a sensatez das
culturas humanas ali inseridas. Percebemos que nem todas as cate-
gorias racionais elaboradas na antiguidade e na modernidade servem
para pensar, compreender e intervir na complexa ambiência em que se
situa os traços e contornos de nossa realidade mitopoética. Nas ações
dos heróis civilizadores, deuses e seres mitológicos, coexistem razão e
imaginação, bem como astúcia e inventividade criadora. Na pregnância
da palavra pelo mito, (com)fundem-se todos os anacronismos e ambiva-
lências, como o sublime e o horrendo, o cômico e o trágico, revelando
e clamando por experiências estéticas e societais mais emergentes e
fecundas. Por essa razão que muitas categorias estritamente racionais
– identificadas ao longo do texto – se vêem fadadas ao fracasso na
tentativa de interpretação do universo amazônico. Ao longo do trabalho
mostramos a necessidade de pensar e articular um conjunto de outras
racionalidades. O estilo mitohermenêutico, aqui sugerido, não está sedi-
mentado somente por conceitos racionais e muito menos aprisionada a
um fazer técnico e instrumental. Compreendemos as narrativas míticas
como racionalidades abertas, capazes de reintegrar a visão renovadora

56 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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e complexa da existência humana, do pensamento e da vida planetária,


colocando, num só plano, natureza e cultura amazônicas como lugar e
espaço privilegiado ao devaneio poético (topofilia), bem como nos situar
melhor na busca por matizes do pensamento e raízes imaginárias que
falam em nome de nossa ancestralidade mais profunda (arqueofilia).

MEMÓRIAS DE EDUCADORES: A LITERATURA


INFANTIL NO ESPELHO DA INFÂNCIA

Herica Maria Castro dos Santos (UFRR)

Este trabalho foi desenvolvido na disciplina Memória, História e Cultura


Regional no curso de Mestrado em Letras da Universidade Federal de
Roraima, pensando em um projeto maior que é uma futura dissertação
de Mestrado, foi realizada uma pesquisa com vários educadores atuan-
tes em classes de Educação Infantil, buscando traçar um paralelo entre
suas memórias de criança, de seus primeiros contatos com a Literatura
Infantil e suas práticas atuais em sala de aula. O resultado foi realmente
surpreendente e veio reforçar ainda mais a necessidade de políticas de
formação aos professores que atuam nas séries iniciais da Educação
Básica.

A VOZ DO FILME E A VOZ DO OUTRO

Henrique Finco (UFSC)

Este artigo discute as opções de linguagem utilizadas por dois diferentes


cineastas, o brasileiro Vincent Carelli e o alemão Werner Herzog, sobre
um mesmo tema: o impacto do avanço da sociedade capitalista sobre
índios do Amazonas. Para isto, são analisados os filmes documentários
“Corumbiara”(2006), de Carelli e “Then years older”(2002), de Herzog,
utilizando como fio condutor o conceito de “voz”, do pesquisador norte-
-americano Bill Nichols.
Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 57
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LITERATURA E CÂNONE LITERÁRIO: FORMA-


ÇÃO DO CÂNONE LITERÁRIO NAS POESIAS
PORTUGUESA E MEXICANA MODERNAS – UMA
ABORDAGEM COMPARATIVA

Horácio Costa (USP)

A formação da tradição das poesias portuguesa e mexicana modernas,


poucas vezes posta em contato, apresenta notáveis pontos de simila-
ridade, já seja em função da afinidade dos processos históricos vividos
em ambos os países durante o século XIX, já seja em função das estra-
tégias de modernização das respectivas sociedades na segunda metade
do referido século, entre as quais devem ser mencionadas as operações
encetadas pela “Geração de 1870” em Portugal e as dos intelectuais
reformistas sob o regime porfirista, no México, já seja em função das
respostas de autores de ambos os países face às questões levantadas
pelo surgimento e afirmação dos pensamentos de vanguarda nos cená-
rios português e mexicano, com a geração de Orpheu, em Portugal, e
com o duplo momento representado pelo Estridentismo e o grupo de
Contemporáneos, no México. Nesse sentido, o estudo da produção e da
recepção dos nomes mais “canônicos” das tradições em questão podem
iluminar importantes aspectos que avaliem as correspondências entre
produção literária nas condições sócio-culturais vigentes em Portugal
e no México e correspondências sistêmicas no bojo do que se poderia
chamar “civilização ibérica”. As diferentes posições que três pares de
poetas – Cesário Verde e López Velarde, José Gorostiza e Camilo Pessa-
nha, e Fernando Pessoa e Octavio Paz – assumem face as respectivas
tradições, nos permitem entender o funcionamento das intelectualida-
des portuguesa e mexicana no período assinalado. Subsidiariamente,
enfatizar-se-á o surgimento da temática homoerótica nas poesias mexi-
cana e portuguesa modernas (anos 20 do século passado), como forma
de estabelecer um nexo mais entre o funcionamento canônico nas lite-
raturas em questão, diferentemente do sucedido com a poesia brasileira
do período.

58 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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O PARADOXO COMO REPRESENTAÇÃO DO UNI-


VERSO AMAZÔNICO NAS CANÇÕES DE NILSON
CHAVES

Ingrid Nayara Duarte de Jesus (UFOPA)

Nilson Chaves, cantor e compositor paraense, busca sempre retratar


a paisagem amazônica em suas canções. Na tentativa de representar
o espaço amazônida, o compositor utiliza constantemente idéias anti-
téticas ou paradoxais que, antes de atribuírem ambiguidade ao texto,
contribuem para o entendimento da composição. Cria-se a noção de
‘duplo’ que conforme a concepção freudiana é encarado como duas par-
tes do mesmo “eu”, embora imediatamente opostas, que causam estra-
nhamento ao primeiro olhar. Este recurso está representado na canção
“Cabelo Açaizal” (2005), da qual nos ocuparemos neste trabalho, em
que o artista utiliza idéias completamente opostas criando um efeito
metalinguístico à canção, trata-se, pois, do cidadão da Amazônia falando
sobre o dilema do amazônida moderno, o autor aborda o conflito entre
preservação-desenvolvimento, tradicional-moderno. A canção é uma
verdadeira analogia à situação dos povos amazônicos ante a globaliza-
ção, que confronta idéias até então antagônicas, como o tradicionalismo
amazônico e a tecnologia do mundo moderno. Nilson Chaves busca, por-
tanto, estabelecer uma ponte ligando estes extremos, utilizando-se de
um recurso pós-moderno, de integração entre antigo/novo, tradicional/
moderno, numa verdadeira simbiose de culturas, o que coloca o artista
não apenas como um grande divulgador da cultura amazônica, mas como
um grande crítico da realidade social de nossa região.

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 59


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A SUSTENTABILIDADE DO MUNDO, O EIXO DE


EXISTÊNCIAS E OS DIFÍCEIS TRABALHOS EM
ARDUENE, DE ERASMO LINHARES

Ingrid de Souza Sampaio (UFAM)

Com um tom profético, um aspecto de oração, o cenário constituído e


todas as crenças presentes, apresenta-se este conto em que acompa-
nhamos a luta de um povoado isolado para manter viva a pessoa que
rege suas vidas. Arduene (o conto) pode ser compreendido de diversas
maneiras: pode representar tanto o fim de um mundo, como o renas-
cimento do mesmo; pode tratar de morte, como também trata do res-
tabelecimento de vida; diz respeito ao sagrado, mas também pertence
ao profano. O que é certo e podemos afirmar, é que este texto traz em
si simbologias e sinais duos que contribuem para sua grandeza e com-
plexidade. Para ilustrar e embasar estes temas intrínsecos ao texto,
foram utilizados autores como Roger Caillois, Gaston Bachelard e Mircea
Eliade, que nos facilitam a compreensão de tudo quanto pertença às es-
feras ambíguas que estão presentes no conto. Que Arduene não morra,
é nossa esperança.

DRUMMOND E O GAUCHE: A HISTÓRIA INSCRI-


TA NA POÉTICA DRUMMONIANA

Iris de Fátima Guerreiro Bastos (UFPA)


Lilia Silvestre Chaves (UFPA)

Drummond, poeta inscrito no modernismo brasileiro, ao mesmo tempo


em que faz parte desse movimento vanguardista pós-22, destaca-se
e diferencia-se de seus pares modernos. Sua poesia, ou melhor, sua
poética é impregnada de lirismo, mas também apresenta um caráter
documental de uma época e de uma sociedade. Seus versos contam a
“história” de um país e de um mundo marcado por guerras, revoluções

60 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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e grandes modificações na sociedade e no próprio ser humano, cidadão


do século XX. Diante de um vasto mundo, muitas vezes incompreensível
para ele, o poeta sente-se um ser gauche, no tempo, na vida e na poesia.
Situando o poeta de nosso tempo no contexto histórico de sua época e
na perspectiva do futuro (século XXI) podemos identificar que ele está
à margem, na tentativa de compreender o seu “estar no mundo” e que
a historicidade de seus versos representariam paradoxalmente sua ins-
crição e exclusão do momento histórico no qual viveu. Esse trabalho é
fruto das pesquisas iniciais da dissertação a ser apresentada ao Curso
de Mestrado em Letras da UFPA.

O PROBLEMA DAS VANGUARDAS POÉTICAS VI-


SUAIS DO SÉCULO XX

Isaac Newton Almeida Ramos (USP/UNEMAT)

A crítica literária brasileira costuma ter uma postura de rejeição quanto


ao espírito das vanguardas. Foi assim com a Semana da Arte Moderna
e, três décadas depois, com a Exposição Nacional da Arte Concreta. A
diferença básica é que a primeira aconteceu apenas em São Paulo e a
segunda ocorreu nos dois maiores centros brasileiros. A aceitação da
primeira não demorou muito, sobretudo depois que os ânimos radicais da
primeira fase modernista diminuíram. O resultado disso é que o moder-
nismo se solidificou enquanto movimento. A negação da segunda deu-se
em virtude de que em vez de diminuir, os movimentos que se sucede-
ram ao concretismo radicalizaram ainda mais a proposta básica. E para
completar não envolveu o gênero nobre do século XX: o romance. Con-
templou apenas a poesia. As experimentações na execução dos poemas
envolveram desde o uso da letra set, da estilização gráfico-matemática,
do videopoema, da holopoesia, da poética do pixel até as mais variadas
produções de poética visual. Se a poesia simbolista era obscura, difícil
e tortuosa, além de ter propagado a poética do feio as poéticas visu-
ais transcenderam o objeto livro e, entre outras coisas, trouxeram o
poema-livro, o livro-poema e o livro de arte.
Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 61
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PATRÔNIO E LUCANOR: PERSONAGENS DE UM


DIÁLOGO INFINITO

Isadora Desterro e S. Xavier (UEA)

O presente trabalho tem por objetivo analisar o diálogo dos personagens


Patrônio e Lucanor no livro, El Conde Lucanor, de Don Juan Manuel. O
texto será construído a partir da relação dialogal desses personagens,
com a finalidade de explicá-la de três formas: Primeiramente, relacio-
nando-a com a época histórica, destacando a relação senhor-vassalo,
presente na Idade Média. Em seguida, analisar o jogo que faz o autor
para construir diálogos entrelaçados, compostos apenas pela história
que conta o Conde e pelas intervenções morais de seu conselheiro Pa-
trônio, fazendo, assim, um texto cíclico e infinito. Por último, mostrar
como são estabelecidas as formas de diálogo em El Conde Lucanor no
plano do discurso.

COMUNIDADES INTERPRETATIVAS DE AUTO-


RES E LEITORES DE BLOGS LITERÁRIOS

Jéssica de Souza Carneiro (UFPA)

Neste artigo vamos discutir o conceito de comunidades interpretativas


à luz dos estudos de recepção tendo em vista o grupo específico de
autores e leitores de blogs literários enquanto audiência de um produto
de mídia determinado. Para aquém de uma discussão mais ampla sobre
o fato de os blogs virem a ser ou não um novo gênero literário, vamos
nos concentrar na compreensão desse espaço como propício à manifes-
tação de um discurso escritural e que, por isso, pressupõe um processo
receptivo marcado por uma pluralidade de estruturas de sentido essen-
cialmente mediadas. A partir da análise de textos encontrados em blogs
que se propõem de crítica literária, como o “Liberal, libertário e liberti-
no” e o “Todo Prosa”, pretendemos mostrar que, nessa curta tradição

62 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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textual à qual pertencem, os blogs, desde o contexto de seu surgimento


até então, estão no cerne de um processo de produção, recepção e
interpretação, baseado numa relação dinâmica entre autor, leitor e obra.

TESSITURAS POLÍTICAS E MIOPIA: MELANCO-


LIA E FAVOR NUM DIÁLOGO MÍTICO

João Paulo Bandeira de Souza (UECE)

Um olhar sobre o conto, Um Apólogo, de Machado de Assis, publicado


na Gazeta de Notícias em março 1885, a partir da teoria do imaginário
de Gilbert Durand, da teoria da complexidade de Edgar Morin, e de pen-
sadores da cultura política brasileira. (DA MATTA, RIBEIRO, HOLLANDA,
FAORO). Realizamos um estudo de mitocrítica (DURAND: 1989, 1996)
no conto Um Apólogo, onde não apenas observamos o fluir do “trajeto
antropológico”, dos “mitemas”, “enxames”, “ressonâncias”, “homolo-
gias” e “semelhanças semânticas”, como empreendemos também uma
“caça aos mitos”, tentando compreender as conexões entre o Favor e a
Melancolia na tessitura do fazer político brasileiro. Analisamos as lições
dadas, por Machado de Assis, sobre o funcionamento e fundamentos
das relações humanas numa cultura política onde a análise das rela-
ções da tríade: Origem Fidalga, Grossos Cabedais e Relações Pessoais
nos fornecem pistas para que percebamos como criamos e recriamos
uma sociedade que tem o Favor como seu “mediador quase universal”
(SCHWARZ: 2000). Com a agilidade dos galgos de Diana, vamos – por
intermédio dos dedos da costureira e da melancolia do professor - da
sala de costura ao silencioso e barulhento, violento e glamouroso, con-
ciliatório e contraditório, mundo social brasileiro, tão bem pintado nesse
intenso diálogo mítico.

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 63


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HOWARDS END E A TRADUÇÃO DE PERSONA-


GENS PARA O CINEMA

José Ailson Lemos de Souza (UFC)


Carlos Augusto Viana da Silva (UFC)

Em Howards End (1910), E. M. Forster levanta a discussão sobre a


identidade inglesa, e para abordar tal questão, recorre à construção
de duas personagens de ascendência germânica, as irmãs Schlegel. É a
partir da figura dessas irmãs que Forster trata de temas como a posição
da mulher na sociedade inglesa, sua função intelectual, a partir da pers-
pectiva feminista, e da homossexualidade no contexto de redimensiona-
mentos sociais ocorridos no início do século XX. Este trabalho tem como
proposta analisar a tradução destas personagens por James Ivory, no
filme Retorno a Howards End (1992). Com este objetivo, partiremos de
algumas considerações sobre aspectos intersemióticos entre literatura
e cinema, tendo por base a teoria da tradução intersemiótica de Plaza,
os estudos da adaptação de Catrysse, e o conceito de reescritura de
Lefevere.

SOBRE O VENDEDOR DE PASSADOS DE JOSÉ


EDUARDO AGUALUSA

José Hildo de Oliveira Filho (UFAM)

O Vendedor de Passados de José Eduardo Agualusa apresenta uma pers-


pectiva ficcional a respeito da construção do nacionalismo, da memória
e identidade angolanos. Nossa análise está centrada nas personagens
deste romance, nas suas construções, em seus confrontos, trajetó-
rias e em como estas personagens são representadas no contexto de
constituição da nação angolana. Para uma análise mais aprofundada do
romance e da relação das personagens com seus passados, utilizaremos
as teses sobre história de Walter Benjamin.

64 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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LITERATURA, LINGUÍSTICA, SEMIÓTICA:


ENUNCIAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO SENTIDO NO
TEXTO LITERÁRIO

José Luís Fiorin (USP)

As teorias do discurso precisam explicitar não só as questões relativas


ao enunciado, mas também a problemática da enunciação, ou seja, a
discursivização da língua e as condições de produção do discurso. Este
curso tem o objetivo de estudar o problema da enunciação na constru-
ção do texto literário, analisando os sentidos criados com as projeções
da enunciação no enunciado (actorialização, espacialização e temporali-
zação) e a semantização (tematização e figurativização) das categorias
de pessoa, de espaço e de tempo.

LITERATURA E OUTRAS PRODUÇÕES: AMPLIA-


ÇÃO DAS FRONTEIRAS CULTURAIS NA ESCOLA

Juracy Saraiva (FEEVALE-RS)

O minicurso propõe atividades de leitura e de escrita que transitam da


literatura oral para o universo da produção artística. Parte do princí-
pio de que o aproveitamento da bagagem cultural de alunos - quadras,
trava-línguas, adivinhas, narrativas folclóricas – pode se constituir em
rica troca de experiências entre eles e os professores. Esses produtos
da oralidade cativam o leitor e valorizam seus saberes, enquanto, para-
lelamente, abrem espaço para o estabelecimento de amplas correlações
que abarcam textos de natureza estética, entre os quais os expressos
por meio da palavra e da imagem. Resulta, dessa convergência, a possi-
bilidade da instauração de um diálogo inovador entre professor e aluno
– o qual consolida o reconhecimento da importância da leitura no Ensino
Fundamental –, e a ampliação das fronteiras culturais dos atores em
interação.

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A ESTRUTURA FAMILIAR DENTRO DAS OBRAS:


O CORTIÇO, O ATENEU, QUINCAS BORBA E RE-
CORDAÇÕES DO ESCRIVÃO ISAIAS CAMINHA

Juliana da Silva Morais (UFRR/PET-Letras)


Vanéssia Pereira Noronha (UFRR/PET-Letras)

É proeminente abordar sobre o modo pelos quais as relações familiares


são estruturadas em determinado lugar e época. Para esse estudo é
necessário entendermos o termo estrutura familiar. A família é uma ins-
tituição antiga, suas origens ultrapassam a história, por isso, observá-
-la em determinada época e lugar não é uma tarefa fácil, pois, antes
de tudo, devemos entender a importância dela para o meio social em
diferentes momentos históricos. Para a compreensão dessa instituição
trataremos da mesma, especificamente a nuclear, por se tratar da so-
ciedade industrializada, pois reflete o século XIX, época em que ocorrem
os fatos das obras: O cortiço, O Ateneu, Quincas Borba e Recordações
do escrivão Isaias Caminha. Observaremos como as funções econômica,
sexual, reprodutiva e educacional são retratadas nas obras citadas. Es-
sas funções serão analisadas segundo o conceito que temos da família
nuclear na sociedade burguesa.

REELABORAÇÕES DO MAL NA FICÇÃO AMAZO-


NENSE: HISTÓRIAS DE SUBMUNDO

Juliana Maria Silva de Sá (UEA/FAPEAM)

Na reunião dos doze contos que compõem a publicação inaugural de


Arthur Engrácio nas letras brasileiras permanece um mesmo mote que,
servindo de elo entre as estórias narradas, concentra-se na represen-
tação do horror na perspectiva do mal que os homens infligem entre si,
e nos indicadores humanos da monstruosidade imaterial que repousam
sobre seus personagens. À imagem do que se constituiu a prosa de

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ficção amazonense em meados do século XX, Histórias de Submundo


(1960) evidencia o comportamento monstruoso do homem interiorano
ora em contraste, ora em diálogo com os elementos naturais da selva
amazônica, historicamente mitificados como promotores do mal em re-
lação ao agente humano. Consideradas as especificidades da literatura
de produção amazonense, na forma dos mecanismos empreendidos pelo
autor na deflagração do mal humano, a narrativa engraciana assume seu
discurso de resistência e protesto mantido em diálogo com a tradição de
representação do mal da literatura ocidental. Insurgente e combativo,
como se percebe em “A revolta”, Engrácio confere dramaticidade ao
conto ao narrar a saga de um grupo de caboclos que, empenhados na
missão de reaver honra e direitos, somam esforços na reação criminosa
contra a relação de exploração à qual eram submetidos na floresta.

RESISTÊNCIA, REPRESSÃO E SUAS CONSE-


QÜÊNCIAS PSÍQUICAS PRESENTES NAS OBRAS
A SEMENTE E EM CÂMARA LENTA

Juline Ribeiro Silva (UFPA-Pibic)


Augusto Sarmento-Pantoja (UFPA)

A partir do contexto sócio-político de ditadura governamental em que


os enredos da peça teatral “A Semente”, de Gianfrancesco Guarnieri, e
do romance “Em Câmara Lenta”, de Renato Tapajós, estão inseridos, o
presente estudo objetiva mapear em tais obras duas características pe-
culiares a esse período: a repressão por parte do Estado e a resistência
por parte dos movimentos esquerdistas dos operários e dos guerrilhei-
ros. Bem como evidenciar em tais obras alguns aspectos que norteiam
o fenômeno do trauma, tais como a memória amnésica, a fragmentação
do ego, a não superação das perdas e o estado de desalento do sujeito
traumatizado.

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A DESCRIÇÃO DA CULTURA BRASILEIRA NA LI-


TERATURA MODERNA

Kalhianne Drielli Alves Ferreira(UFRR/Pibid)


Suênia Kdidija Araújo Feitosa (UFRR/Pibid)

Ao longo dos séculos o Brasil foi influenciado por costumes estrangeiros.


Desta forma, a originalidade de nossa cultura não teve espaço para sua
difusão. E como existem fortes relações entre a criação literária e a
vida social, como ressaltou Goldmann (1991, p.71): “toda sociologia do
espírito admite a influência da vida social sobre a criação literária,” deste
modo, todo esse processo de influxo esteve presente na literatura, em
romances que não fugiram das descrições de elementos estrangeiros
existentes na vida social do País. Um dos períodos literários que confi-
gura essa situação de retratar os influxos externos é o período Realis-
ta, que, segundo muitos teóricos, é a forma literária que corresponde
mais convenientemente às relações sociais, e nesse sentido, também
culturais. Mas, para desconstruir todo esse sistema de inclinação aos
elementos e costumes estrangeiros, surge o Movimento Modernista,
que teve como um de seus principais ideais a valorização da cultura
nacional. Segundo Teles (1972, p.165), a contribuição que o Modernis-
mo deu à literatura brasileira resumiu-se em dois aspectos: abertura
e dinamização dos elementos culturais, incentivando a pesquisa formal
da linguagem coloquial e a ampliação dos pequenos e grandes temas da
realidade nacional.

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A LITERATURA FANTÁSTICA NO CONTO: “A


NINFA DO TEATRO AMAZONAS” DA OBRA A CI-
DADE ILHADA DE MILTON HATOUM

Kamila Oliveira de Lima (UFAM)

Ao engendrarmos em um texto estamos, muitas vezes, entrando em


um labirinto, no qual somos assaltados pelas múltiplas possibilidades de
leitura que um texto pode nos oferecer. Este trabalho busca provar e
revelar dentro do conto: “A ninfa do Teatro Amazonas” da obra A cidade
ilhada de Milton Hatoum, algumas condições do Fantástico. Objetiva-se,
pautado nas teorias do Fantástico Tradicional de Todorov e outras leitu-
ras, analisar a presença do fantástico-estranho a partir do julgamento
dado ao personagem Álvaro, mostrando que aquilo que se questiona
como mitômano, soníloquo, delirium tremens, lembrança e loucura atri-
buídos ao personagem, podem ser meios de justificar, ou ainda, reduzir
a presença do Fantástico. A pesquisa apresenta relevância, uma vez que
aponta para uma leitura singular, buscando uma outra discussão em tor-
no do autor analisado, produzindo, assim, uma via de análise que procura
o inusitado através da leitura relacionada ao fantástico.

CONCRETEMAS, DE PEDRO H. S. LEÃO: MANI-


FESTAÇÕES DA POESIA CONCRETA NO CON-
TEXTO DA LITERATURA CEARENSE

Kedma Janaína Freitas Damasceno (UFC)

O concretismo foi um movimento vanguardista bastante significativo


para literatura brasileira. Surgido nos anos 50, opôs-se, principalmente,
à poesia tradicionalista da Geração de 45, uma vez que rompeu com uso
de formas fixas e com a predominância do verso e passou a valorizar a
utilização do espaço gráfico-visual, a materialidade fônica e outros artifí-
cios que possibilitassem a criação de uma poesia dotada de objetividade

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 69


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e o mais distante possível de elementos subjetivos e voltados para emo-


ção. Neste trabalho, com base na obra Concretemas, de Pedro Henrique
Saraiva Leão, pretende-se apresentar uma pequena amostra de como
se deu a atuação da poesia concreta na literatura cearense. Analisando
os poemas, percebe-se, por exemplo, que o autor valoriza o espaço em
branco da página e trabalha com as palavras dispondo-as de diferentes
formas, caracterizando, portanto, o uso de artifícios comuns à poesia
concreta. Por outro lado, em alguns poemas, faz uso de uma temática
amorosa e se contrapõe à característica concretista de não priorização
da subjetividade. Contudo, embora seja inegável a grande influência exer-
cida pelos concretistas do Sul, os poetas cearenses apresentam suas
peculiaridades quanto à forma de fazer poesia concreta. Por isso é pre-
ciso que estejamos atentos a elas para que possamos conhecer melhor
as manifestações de nossa literatura regional.

O ESPELHO EM BORGES E OS ORANGOTANGOS


ETERNOS, DE LUIS FERNANDO VERISSIMO

Keyla Freires da Silva (UFC)

A trama de Borges e os orangotangos eternos, de Luis Fernando Veris-


simo, possui todos os ingredientes de uma novela policial comum: uma
vítima, um cenário de crime pleno de pistas, vários suspeitos, uma tes-
temunha-chave e uma dupla sedenta por desvendar mistérios. A nossa
reflexão sobre esse romance vai além desses fatores e nos leva a pensar
outros elementos de sua escrita, como o papel do espelho por exemplo.
A referência ao espelho é bastante recorrente na literatura em geral e
sua marcante presença nessa obra é responsável pela instabilidade dos
fatos, que, por sua vez, causa sempre uma mudança brusca no rumo das
investigações e do texto literário. Aliada a isso temos a distribuição de
várias informações possivelmente verídicas (correspondentes ao nosso
mundo real), o que resulta numa sobreposição de planos da realidade
e de enunciações, uma vez que ao lado dessas informações ditas reais,

70 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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estão outras que fazem parte somente da ficção desse romance. Temos
como objetivo focalizar nosso olhar sobre o papel que o espelho desem-
penha nesse romance, tecendo diálogo com as ideias de alguns filósofos
e críticos, como Maurice Blanchot, Roland Barthes, Umberto Eco e Gilles
Deleuze, numa perspectiva contemporânea da literatura.

HORTO AL BERTIANO DE INCÊNDIO

Kenedi Santos Azevedo (UFAM)

Este trabalho tem o intuito de fazer uma análise dos poemas de Al Ber-
to, destacando a imagem do fogo, na obra Horto de Incêndio, 1997,
último trabalho do poeta português; já que, a presença dessa imagem,
em alguns poemas, é constante; exemplo disso verifica-se em: vestígio,
outros dias, horto, inferno, fantasmas, senhor da asma, incêndio, e ou-
tros; não apenas como a palavra em si – fogo -, mas também conforme
campos semânticos afins, como o seguinte grupo de termos: incêndio,
sarça, inferno, fósforo, cigarro, arder, acende, pólvora, labareda, quei-
mada, febre, cinza, ligando todo o significado e a simbologia da palavra
para um só sentido: a do renascimento e regeneração, da dualidade,
destruição/renovação. Também, apresentar brevemente a vida e a obra
ainda pouco conhecida e lida desse que foi um dos grandes nomes da
poesia pós-moderna.

O ALÇAMENTO DAS VOGAIS ANTERIORES NO


PORTUGUÊS FALADO EM BORBA

Ketlen Gomes Nascimento (UFAM)

Mostrar o movimento alçado das vogais anteriores tônicas em deter-


minados contextos fonológicos, recorrentes na fala do borbense. No
decorrer deste estudo, estaremos verificando se o fenômeno apresenta

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 71


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resquícios do português falado no início da colonização européia, com-


provando a tese da ancianidade de nossa língua. Para a recolha dos
dados, será feito um estudo descritivo, fundamentado em estudos foné-
tico-fonológicos e na metodologia variacionista de Labov.

A DOCÊNCIA DA LITERATURA NO ENSINO MÉDIO

Kevny Soares Porto (UEA)

Essa pesquisa se destina à uma reflexão acerca das práticas literárias


em sala de aula no ensino médio, bem como, à uma reflexão permeada
na metodologia aplicada aos discentes. Para tanto, foi realizada entre os
meses de setembro e outubro de 2009, na Escola Estadual Professor
José Bernardino Lindoso, a aplicação da proposta de Rildo Cosson inti-
tulada: Letramento Literário cuja metodologia é dividida em duas etapas:
a sequência básica e a sequência expandida. Esses dois procedimentos
visam à elaboração de aulas mais dinâmicas, além de favorecerem a per-
cepção da pluralidade semântica e semiológica que estão contidas nos
textos literários. Além disso, na primeira parte do estudo, centrar-nos-
-emos nas discussões que norteiam o conceito da palavra Literatura.

A EXPERIÊNCIA SUBJETIVA EM CIRANDA DE


PEDRA E AS MENINAS

Karoline Fernandes Teixeira (UEA/FAPEAM)

O anseio de criar laços e comunicar-se parece ser, na contemporaneida-


de, um fator importante que o homem encontrou para “resolver” seus
problemas e, sobretudo, para retirá-lo de seu estado de desamparo.
Assim sendo, pretendemos destacar o importante papel desempenha-
do pela narrativa ficcional como resposta ao sujeito de fazer-se ouvir
a partir de uma diferença que precisa do outro para se autorizar em
sua singularidade. Centraremos a nossa atenção na cena enunciativa da
72 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário
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escrita literária a partir da noção fratria, ou seja, verificaremos de que


modo o sujeito-leitor suscita, por meio da sua subjetividade, mesma a
representada na literatura, laços de identificação com o texto ficcional,
especificamente com as personagens dos romances analisados: Virgínia
(Ciranda de Pedra), Lorena, Lia e Ana Clara (As meninas). As obras ana-
lisadas não narram apenas os dramas e as dificuldades de cada prota-
gonista, mas também os sonhos, e é nesse ponto que se assemelham.
Virgínia, de Ciranda de pedra, sonha em encontrar a si mesma, mas
somente o consegue a partir do olhar do outro que a configura como eu.
As três personagens de As Meninas somente conseguirão constituir sua
subjetividade a partir de reconhecimento de si: Lorena, ao sonhar em
viver um amor utópico, busca o seu eu no amor do outro, quando na ver-
dade, somente o conseguirá se souber primeiro encontrar a si mesma;
Lia e Ana Clara talvez tenham conseguido encontrar-se consigo, pois,
apesar de suas ações necessitarem de outros, partem de si; enquanto
a primeira quer revolucionar o seu país, a segunda vai em busca de seu
crescimento pessoal.

IMAGENS DE ALTERIDADE: A AMAZÔNIA NA


ESCRITA DO FREI GASPAR DE CARVAJAL E NO
POEMA COBRA NORATO DE RAUL BOPP

Kigenes Simas Ramos ( UFAM)

O presente trabalho analisa comparativamente a escrita do Frei Gaspar


de Carvajal e o poema cobra Norato de Raul Bopp. Ambos tratam da
Amazônia, mas estão inseridos em momentos históricos específicos e
pertencem a gêneros textuais diferentes, contudo, não é no nível dessas
diferenças que situamos nossa leitura, o que nos propomos é entender
como a alteridade enquanto limite do que pode ser nomeado nos estra-
tos discursivos de cada época, problematiza as estratégias discursivas
acionadas para dar conta do Outro e sua irredutível opacidade. A Amazô-
nia não pode ser vista como um espaço de referência unitário onde esses

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 73


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textos se debruçariam, mas sim como um nó de tensões que coloca em


evidência a rachadura com a qual temos que lidar quando nos encon-
tramos diante da alteridade mais extrema. As estratégias para abarcar
esse abismo são diversas, mas ao invés de elencá-las segundo uma hie-
rarquia de relevância, tentaremos outra via: cartografar o espaço de
dispersão em que elas se exercem.

CORPOS, ESPELHOS, IMAGENS: UMA LEITURA


DE DANÇARINOS NA ULTIMA NOITE, DE MIL-
TON HATOUM

Larissa Pollari Araújo (UFAM)

O horizonte latente, um jogo intenso de espelhos múltiplos tendo ao


fundo uma floresta que oculta o próprio homem. No sempre presente
espaço amazônico de Milton Hatoum constroem-se, a partir da sutileza
e de elementos encontrados ao longo da narrativa, personagens que
movimentam o conto com a mesma sinuosidade dos rios. Dançarinos
na última noite traz em seu enredo uma mudança que, em seus mean-
dros, revela toda a dualidade que cabe no curto espaço de dois corpos
que compartilham uma vida. Com Porfíria, uma empregada doméstica de
passado duvidoso, e Miralvo, um homem que se oculta, vemos quantas
coisas se escondem num mesmo ser. Com elementos nada gratuitos, o
conto se desenrola. O enredo segue e de costas para a floresta vemos
as personagens tomarem vida num texto pleno de nuances machadianas.
Dançam os corpos unidos e segue a música num curto espaço de tempo
guardado na memória que pensam eles ser a vida.

74 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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MÍMESIS-ZERO E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEI-


TO FRATURADO

Laíse Helena Barbosa Araújo (PUC-Rio)

Em Mímesis: desafio ao pensamento, Costa Lima, sem aderir à procla-


mada morte do sujeito, mostra a fragilidade do mito do sujeito moderno
já em seu nascedouro. Como alternativa que se situa entre a concepção
solar e sua aniquilação, o teórico propõe uma subjetividade fraturada,
trincada pelo desejo como algo que a suplanta sem destruí-la. Inserido
em uma cadeia que o ultrapassa, o sujeito é restituído à realidade e a
ela se dirige, através de suas representações, em busca de sua própria
constituição. Costa Lima, a partir e para além de René Girard e Borch-
-Jacobsen (psicanalista re-leitor de Freud), inscreve esse movimento
de subjetivação em sua teoria da mímesis, lançando, neste livro, as pri-
mícias do conceito de mímesis-zero, cujo desenvolvimento posterior é
contemporâneo ao grupo de pesquisa de que este trabalho, que visa
delinear a primeira configuração de tal conceito, é fruto.

GENJI MONOGATARI – O PATRIMÔNIO DA LITE-


RATURA DO JAPÃO

Linda Midori Tsuji Nishikido (UFAM)

“A história de Genji” (Genji Monogatari) é um romance considerado pa-


trimônio da literatura do Japão, pois tem seu registro no início do século
XI, no período denominado Heian. Foi escrito por uma mulher de nome
Murasaki Shikibu, numa época em que exercer a arte literária era privi-
légio dos homens. Muitos estudiosos classificam esta obra como sendo
o primeiro romance do mundo em termos de extensão, tendo em vista
que o seu enredo distribui-se em 54 capítulos. Desta forma, a viagem
a um passado tão longínquo através do estudo deste romance, bem
como da autora, possibilitam uma aproximação a um mundo literário que,

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 75


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apesar de distante no tempo e no espaço, mostra-se tão semelhante ao


nosso, na medida em que se constitui também um valioso testemunho
da história do Japão.

ANALISE HISTÓRICO–LITERÁRIA DO POEMA


ÁPORO, DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Lissandra de Freitas Brandão (UFAM)

Este trabalho tem por objetivo analisar o poema Áporo, do livro A Rosa
do Povo (1945), de Carlos Drummond de Andrade, sob o ponto de vista
histórico e literário. Na década de quarenta, época em que o poema foi
publicado, o Brasil vivia os horrores da Ditadura Militar de Getúlio Var-
gas e a criação do Estado Novo afligindo toda a população brasileira com
a censura em que as liberdades individuais eram ignoradas em função
de interesses políticos, levando a população a situações dramáticas. As
metáforas da Ditadura Militar e a alegoria das idéias de transformação
desse momento histórico-político aparecem em oposição no poema men-
cionado.

IMAGINÁRIO AMAZÔNICO NA MÚSICA MONO-


TEMATICIDADE FLORESTÂNICA, DE AARÃO
PRADO-ACRE

Luciana Marino do Nascimento (UFAC)

Algumas imagens cunhadas pela iconografia e pelos relatos de viajantes


tornaram-se tão perenes, que, muitas vezes, forma tomadas como uma
única identidade e como juízo de valor sobre uma determinada região
ou um povo. Assim o foi com a Amazônia, que cercada de imagens dis-

76 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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torcidas por tais registros, foi vista como o “país da cocanha” ; terra
da abundância; “ inferno verde”; “paraíso perdido”. Tais imagens ainda
vigoram quando se tratam das mais diversas representações sobre a
Amazônia, co m sua floresta e seus animais, mais notadamente a onça
e a arara. Pretende-se mostrar nesta comunicação que para além des-
se discurso hegemônico, outros discursos convivem no interior dessa
mesma sociedade, nos mostrando que não só de imagens da floresta
ou da onça vive a Amazônia, mas também do questionamento dessas
imagens, como é caso da canção “Monotematicidade florestânica”, do
músico acreano Aarão Prado.

EROS E TÂNATOS: POSSÍVEIS CONJUNÇÕES


E DISJUNÇÕES NA TRANSMUTAÇÃO FÍLMICA
DO CONTO “AS FORMIGAS” DE LYGIA FAGUN-
DES TELLES SOB UM ENFOQUE INTERSEMIÓ-
TICO

Luciene Oliveira Vieira (UFC)

O presente artigo tem como objetivo uma breve análise das disjunções e
conjunções presentes na transmutação fílmica do conto “As Formigas”,
de Lygia Fagundes Telles. O conto faz parte do livro Mistérios, antologia
de contos que pertencem ao gênero Fantástico, foi transmutado em
2004 em curta-metragem pela cineasta cearense Verônica Guedes. A
abordagem escolhida para essa análise será guiada à luz dos conceitos
da semiótica greimasiana e pelas abordagens dos temas, de pulsão de
vida e morte — Eros e Tânatos — tratados na psicanálise freudiana.

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 77


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HISTÓRIA DA LITERATURA ANGOLANA: DE


1845 A 1957

Luiz Guilherme Melo (UFAM)

No presente artigo pretende-se demonstrar a história da Literatura An-


golana de expressão portuguesa, empregando como fundamentação o
livro A Sociedade Angolana Através da Literatura, de Fernando Mourão,
que a relaciona ao processo de colonização e a apresenta nas seguintes
fases, das quais se discutirá as quatro iniciais: a primeira, a partir de
1845, com a publicação do Boletim Oficial; a segunda, começada em
1896, com a criação da Associação Literária Angolana; a terceira, cujo
marco é 1912, com o começo da administração do general português
Norton de Matos em Angola; a quarta, em 1948, com o surgimento
do Movimento Vamos Descobrir Angola; e a quinta, desde 1957, com
o Movimento dos intelectuais da Casa dos Estudantes do Império, es-
tendendo-se até a década de setenta. Nas quatro primeiras fases, de
1845 a 1957, propõe-se ainda analisar o surgimento da mencionada
literatura, seguido da tentativa de silenciá-la e a resistência decorrente
da organização dos escritores e de sua divulgação fora de Angola.

STAR WARS: BREVE ANÁLISE ENTRE CINEMA,


MITO, LITERATURA E HISTÓRIA

Luiz Henrique Barreto de Moura Costa (UNISUL)

O artigo objetiva breve análise de temas, modelos e arquétipos explora-


dos na obra STAR WARS, de 1977, do cineasta George Lucas. Utilizar-
-se-ão os conceitos contidos na obra “O Poder do Mito”, de 1985, de
Joseph Campbell. Através da relação entre as criações de Lucas e Camp-
bell, mostrar-se-á como, nos filmes STAR WARS, a mitologia foi introdu-
zida intencionalmente, de forma a contextualizar o roteiro do filme com a
época de sua produção, refletindo, portanto, o mundo real como cenário

78 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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histórico mitologizado de uma história de aventura ficcional. Implica-se, a


partir da visão de Campbell, uma análise mitológica da sociedade moder-
na comparada à ficção das telas: as relações de poder das personagens
e suas ideias. Historicamente, tais conceitos são de natureza atempo-
ral, acolhem temas universais que, com sutis diferenças provenientes
das singularidades existentes nas várias culturas do mundo, refletem
a riqueza de um imaginário coletivo. O mito, desde tempos imemoriais,
exerce poder nos aspectos mais simples do cotidiano dos povos, seja no
catolicismo romano, seja nos rituais dos índios americanos. Lucas, com
STAR WARS, esboça no cinema questões pertinentes à humanidade que
geram confiança e familiaridade no público; e este não percebe que seu
fascínio provem do poder do mito.

LITERATURA E ARTES VISUAIS: NEO-REALIS-


MO PORTUGUÊS NAS ARTES VISUAIS E SUA
INTERFACE COM A LITERATURA

Luciane Páscoa (UEA)

O movimento Neo-realista em Portugal surgiu na década de 1940, po-


tencializado pelos eventos relativos à II Guerra Mundial. Possuiu unidade
estética na literatura e nas artes visuais, marcando a terceira geração
do modernismo no país. As atividades de resistência ao regime ditato-
rial português vigente tiveram grande afinidade com o Neo-realismo.
Este movimento despontou primeiramente no âmbito teórico a partir de
1935, quando começou um debate ideológico sobre a concepção de uma
nova arte social e humanista em revistas literárias tais como Gládio, Vér-
tice e Seara Nova. A partir de 1945, o movimento ganhou maior adesão
e passou a ter maior repercussão, pois os artistas e intelectuais cultiva-
vam como mais alto desejo a aproximação da arte com o grande público.
As experiências pessoais e poéticas destes artistas foram estimuladas
por uma visão crítica do materialismo histórico, cuja postura era de en-
gajamento com os problemas sociais de seu tempo. Dentre os expoentes

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 79


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do gênero estão os pintores Júlio Pomar e Marcelino Vespeira, os escri-


tores, Alves Redol e Fernando Namora, que dialogaram frequentemente
com artistas e tendências de diversos países como os muralistas latinos
Orozco, Rivera e Siqueiros, os romancistas brasileiros Graciliano Ramos
e Jorge Amado, ou o pintor brasileiro Cândido Portinari.

ENTRE LITERATOS, GRAMÁTICOS E RETÓRI-


COS: A INSTITVTIO ORATORIA COMO TEORIZA-
ÇÃO DA LINGUAGEM

Marcos Aurelio Pereira (UNICAMP)

Repensando as relações possíveis entre as visões moderna e antiga – se


existente, esta – do que seria o texto “literário”, bem como aquelas
modernamente estabelecidas entre gramática e literatura, o minicurso
se propõe, focalizando a obra de Quintiliano (séc. I d.C.), observar como
estão nela representadas as antigas disciplinas da palavra (gramática
e retórica) como instâncias teorizadoras do discurso/da linguagem (ou,
ao menos, de certos usos desta) na Antiguidade clássica e sua leitura
posterior.

A LITERATURA MÍSTICA CRISTÃ DO SÉC. IV –


APONTAMENTOS PARA UM ESTUDO INICIAL

Macário Lopes de Carvalho Júnior (UFAM)

Este trabalho tem o objetivo inicial de lançar um olhar panorâmico sobre


os escritos da mística cristã do séc. IV. A religiosidade mística é a busca
pela transcendência, pelas verdades espirituais inacessíveis ao intelec-
to, através da experiência pessoal. Ela aparece desde muito cedo na
literatura cristã. E o século IV, momento importante de transformações
religiosas, sociais e políticas, é prolífico no desenvolvimento de tal tradi-

80 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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ção religiosa. Assim sendo, pretendo fazer um breve panorama sobre os


escritores místicos do século IV, destacando aqueles em cujos escritos
aparece a temática da união mística, da transcendência da experiência
pessoal. Diversos eram os caminhos para alcançar tais experiências: a
oração, o jejum, a contemplação e a meditação aparecem nesta literatu-
ra, geralmente como relatos pessoais dos autores, ou como instruções
aos que aspiravam a elas. Assim sendo, os autores enfocados inicialmen-
te serão Agostinho de Hipona, Macário o Egípcio, Gregório de Nazianzo e
João Cassiano. A partir deste estudo, espero lançar bases para um futu-
ro aprofundamento nas questões da experiência mística nesse período.

LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA POR-


TUGUESA

Mário César Lugarinho (USP/CNPq)

Considerando a Lei Federal nº 10.639/2003, que introduz o ensino de


cultura africana e afro-brasileira no currículo do ensino médio e das li-
cenciaturas, o mini-curso será de importância ímpar à formação do es-
tudante de Letras e de outras áreas afins cuja formação não prevê tal
conteúdo, apresentando-lhes a cultura e a literatura dos Palops.

LITERATURA E MITOLOGIA: PRESENÇA DE


FAUSTO NA LITERATURA BRASILEIRA

Marcos Frederico Kruger (UFAM/UEA)

O mito alemão de Fausto. O Fausto de Goethe. O Fausto de Thomas


Mann. A recriação de Lima Barreto. O Fausto em Guimarães Rosa.

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 81


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A FLORESTA CIFRADA DE SIGNOS EM COBRA


NORATO

Marcos Vinícius Scheffel (UFAM/UFSC/FAPEAM)

Cobra Norato, publicado em 1930, é um dos livros mais significativos


do primeiro Período do Modernismo Brasileiro (1922-1930). O poema
composto de 33 cantos relata a viagem mágica do eu lírico na pele de
uma cobra pela floresta Amazônica. Seu autor, o gaúcho e cidadão do
mundo Raul Bopp, construiu o livro a partir de experiência de viagem
pela Amazônia e agregou ao poema características típicas do Moder-
nismo daquele período, principalmente as idéias ligadas ao primitivismo
dos Manifestos Pau-Brasil e Antropófago. O presente trabalho pretende
rastrear algumas influências de livros do folclore da Amazônia e da expe-
riência “viajeira” de Raul Bopp na construção deste importante marco
da poesia brasileira, procurando dimensionar a nova perspectiva adotada
pelo autor para representar a floresta segundo as convenções Moder-
nas. Desta forma, pretendo surpreender, no plano formal e expressivo,
o uso de técnicas ligadas à Poesia Futurista na representação do espaço
da Floresta.

REVISITANDO AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS


DE BELÉM DO INÍCIO DO SÉCULO XX: UMA LEI-
TURA DAS CRÔNICAS DE DE CAMPOS RIBEIRO

Maria das Neves Rocha de Castro (UFPA/CAPES)

A narrativa é entendida como uma forma de representação da reali-


dade em seus vários aspectos, principalmente, sócio- culturais. Em se
tratando do livro Gostosa Belém de outrora (1966), é possível se esta-
belecer essa relação, tendo em vista, no contexto da obra, escrita pelo
literato José Sampaio de Campos Ribeiro (1901-1980), a presença de
uma vasta descrição das principais manifestações culturais ocorridas

82 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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na capital paraense dos primeiros decênios do século XX ,que sob o viés


memorialístico do cronista, são reconstituídas em forma de crônicas.
Dessa forma, o presente trabalho objetiva traçar o panorama cultural de
Belém a partir da leitura das crônicas “Mastros votivos de outrora” e”
Oh! Noites de junho antigo”, embasando-se no escopo teórico proposto
por Jacques Le GOFF (2003) acerca da memória enquanto fenômeno
ligado à vida social.

O ALÇAMENTO DAS VOGAIS POSTERIORES TÔ-


NICAS DO PORTUGUÊS FALADO EM BORBA

Maria Sandra campos (UFAM)

Será apresentada a variante regional, provocada pelo alçamento das


vogais posteriores tônicas, observada na fala dos habitantes de Borba. O
falar do borbense, principalmente daqueles que habitam o vale da região,
apresenta traços bastante peculiares e, igualmente, intrigantes em vá-
rios níveis da gramática. O referido estudo foi resguardado teoricamente
pelos pressupostos lingüísticos e sociolinguísticos, e, desta forma, sus-
tenta-se, teórico-metodologicamente, em estudos fonético-fonológicos
anteriores e em análise qualitativa e quantitativa dos dados (esta, em
termos percentuais), de modo a considerar tantos aspectos estruturais
quanto sociais na descrição do fenômeno em pauta. Seguindo os procedi-
mentos ditados pela sociolinguística, constituímos um corpus que contou
com dados extraídos da fala de vinte e quatro informantes, alocados
em quatro grupos representativos das localidades compreendidas em
todo o vale do rio Madeira. Na análise dos dados, buscou-se desvelar os
fatores lingüísticos e sociais favorecedores da ocorrência do alçamento.
Os resultados encontrados mostram que o fenômeno: (1) é bastante
recorrente na região em investigação e se configura ao longo do rio
Madeira; (2) é mais produtivo na fala de pessoas idosas, iletradas e do
gênero masculino.

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PALAVRAS DE MEL: O ESTATUTO DOS DISCUR-


SOS RETÓRICOS E FILOSÓFICOS NO FEDRO DE
PLATÃO

Maria do Socorro da Silva Jatobá (UFAM)

O Fedro pode ser considerado como um dos mais belos diálogos de


Platão. Perfeito tanto do ponto de vista literário (forma dialogal) quanto
do ponto de vista filosófico, alia forma e conteúdo de modo a estabelecer
um vínculo entre o conteúdo problematizado e discutido (a linguagem,
a beleza, a escrita e a oralidade) e a natureza dos discursos proferidos
e examinados. Diálogo que estabelece uma cisão entre os estudiosos
e especialistas de Platão, os esotéricos e os exotéricos, o Fedro dis-
tingue e precisa a natureza dos discursos retóricos e filosóficos a fim
de estabelecer o alcance e os limites da linguagem e suas implicações
tanto sobre a alma do falante quanto do ouvinte e ou do possível leitor.
Examinar e precisar as definições platônicas que envolvem e configuram
os dois discursos é o objetivo do presente trabalho. Para tanto, exami-
naremos o que Sócrates define como “as palavras de mel”quando se re-
porta ao discurso de Lísias, aí considerado como um belo representante
do discurso retórico, e as condições exigidas de um discurso filosófico
em contraposição e oposição direta ao discurso retórico. Dessa forma,
acreditamos ser possível refletir sobre o significado do recurso a Eros e
as narrativas míticas que intercalam as discussões filosóficas e a crítica
feita à retórica.

OLHARES PARA AS OBRAS DE PEREIRA DA SIL-


VA, ASTRID CABRAL E MILTON HATOUM

Maria Sebastiana de Morais Guedes (UFAM)

Nessa sessão coordenada serão apresentados três estudos: o primeiro,


A estrutura de Poemas amazônicos, de Pereira da Silva, analisado por

84 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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Maria Sebastiana de Morais Guedes, sobre a construção do olhar de


fora para a Amazônia e os mitos amazônicos em sua relação com os
mitos universais; o segundo, Trajetória lírica de Astrid Cabral, analisado
por Carlos Antonio Magalhães Guedelha, mapeando os fios condutores
de sua trajetória lírica, do primeiro ao último livro de poesia (uma deze-
na); e o terceiro, O Norte impossível: a busca da identidade nos roman-
ces de Milton Hatoum, analisado por Victor Leandro da Silva, sobre os
processos de construção identitária nos romances de Milton Hatoum.
em especial nos narradores, os irmãos Omar e Yakub em Dois Irmãos e
Mundo em Cinzas do Norte.

ANÁLISE DAS TRANSMUTAÇÕES EM CLADES-


TINA FELICIDADE: CONJUNÇÕES E DISJUN-
ÇÕES ENTRE O CURTA-METRAGEM E ALGUNS
TEXTOS DE CLARICE LISPECTOR

Maria Elenice Costa Lima (UFC)

O presente trabalho, vinculado à disciplina Estudos Comparados de


Narrativa I, tem por objetivo analisar as transmutações realizadas pelo
curta-metragem Clandestina Felicidade (1998), dirigido por Beto Normal
e Marcelo Gomes, a partir da leitura dos textos “Felicidade Clandesti-
na”, “Restos de Carnaval”, “Uma História de tanto amor”, “Banhos de
mar” e “Medo da eternidade”, da escritora Clarice Lispector. Tomando
por base os estudos realizados por Décio Pignatari, Anna Balogh, Thaïs
Flores entre outros, pretende-se analisar as conjunções (semelhanças)
e disjunções (diferenças) na tradução inter-semiótica dos textos cla-
riceanos para o meio audiovisual, além de comprovar o surgimento de
um outro objeto estético que, embora tendo vínculos com o texto de
“origem”, possui sua própria autonomia.

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ORPHEU LATO: A IDEALIZAÇÃO DO MODERNIS-


MO NAS CARTAS DE SÁ-CARNEIRO A FERNAN-
DO PESSOA

Mariana Marques de Oliveira (UEA/FAPEAM)

Este trabalho é fruto de um estudo das cartas de Mário de Sá-Carneiro


para Fernando Pessoa, no período de 1912 a 1916. Estudamos suas
cartas a partir da edição crítica de Teresa Sobral Cunha. Partindo delas,
veremos a importância daquele vate para o contexto político-literário
do fim de século em Portugal, e por que não dizer, na Europa. A fim
de mapear os pontos de sociabilidade intelectual e literária entre os
dois escritores, focamos em três temas, a saber: as nuances do sen-
timento finissecular, as relações de sociabilidade expostas, construção
da poesia de Sá-Carneiro e, por conseguinte, a poesia modernista de
Orpheu. Versando este último tema, também serão discutidos poemas
sa-carneirianos publicados na revista e que foram aludidos nas cartas.

CARTAS DE MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO A FER-


NANDO PESSOA: RELAÇÃO DE SOCIABILIDADE
PARA A CONSTRUÇÃO DO MODERNISMO DE
ORPHEU

Mariana Marques de Oliveira (UEA/FAPEAM)

Este trabalho é fruto do estudo das cartas de Mário de Sá-Carneiro a


Fernando Pessoa, no período de 1912 a 1916. Estudamos suas cartas a
partir da edição crítica de Teresa Sobral Cunha. Partindo delas, veremos
a importância daquele vate para o contexto político-literário do fim de
século em Portugal, e por que não dizer, na Europa. A fim de mapear os
pontos de sociabilidade intelectual e literária entre os dois escritores,
focamos em três temas, a saber: a) as nuances do sentimento finissecu-
lar; b) as relações de sociabilidade expostas; c) construção da poesia de

86 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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Sá-Carneiro e, por conseguinte, a poesia modernista de Orpheu. Versan-


do este último tema, também serão discutidos poemas sa-carneirianos
publicados na revista e que foram aludidos nas cartas.

LETRA E VERDADE NAS CONFISSÕES DE SAN-


TO AGOSTINHO

Marilina Conceição Oliveira Bessa Serra Pinto (UFAM)

Escrita no período de consolidação da identidade filosófica medieval, a


obra “Confissões” de Santo Agostinho comporta um sentido polifônico
que permite apreciá-la sob vários aspectos: é doutrinária na afirmação
da fé, autobiográfica em sua atitude confessional, original na exegese,
mística na construção das provas ontológicas da existência de Deus.
Este trabalho pretende demonstrar o tratamento literário dado a temas
e questões de interesse filosófico, a começar, na primeira parte, pelo
testemunho da experiência de vida do autor, característica que confere
à obra o mérito de ter sido o primeiro registro autobiográfico na história
da filosofia, enquanto que na segunda e última parte observamos a expo-
sição de suas teses filosóficas como síntese do pensamento tardo-antigo
e das idéias religiosas da época. Marcada por fartas citações bíblicas, a
obra, ao mesmo tempo em que responde a questões filosóficas clássicas
consegue transportar seus leitores para o universo imaginário cristão.

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 87


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IMAGEM, PALAVRA E SEDUÇÃO: O EROTISMO


NA E DA PALAVRA EM POESIAS DE LÍNGUA
PORTUGUESA

Marinei Almeida (UNEMAT)

Pensar a imagem como o cerne fulcral da palavra poética, levando em


consideração que este elemento, a imagem, “faz com que as palavras
percam a sua mobilidade e intermutabilidade” (PAZ, 2003, p. 48) e nos
conduz a pensar a linguagem poética como o “próprio lugar da sedução”
(Moisés-Perrone: 1990, p. 13), logo uma teia pegajosa em que poe-
ta e palavra se debatem prazerosamente ou arduamente ao ponto de
tal embate resultar no ato de transcendência da simples materialidade
lingüística. Desse jogo de sedução entre linguagem e poeta por vezes
comparece o elemento do erotismo que desde a atinguidade clássica
foi motivo de várias reflexões. Elemento que exerce um jogo dialético
entre o sujeito poeta e linguagem, resultando na fruição capaz de reve-
lar o mundo das palavras e agir sobre ele. Diante destas considerações
propomos nesta comunicação a leitura de alguns poemas da Literatura
Brasileira, delimitando-nos na escolha de alguns poemas do brasileiro
Manoel de Barros em diálogo com poetas da Literatura Africana na esco-
lha de algumas produções poéticas de Paula Tavares (Angola), Eduardo
White (Moçambique). O Objetivo dessa leitura é refletir sobre a relação
do erotismo na e da palavra poética por meio da rede de imagens em
que a linguagem funciona como lugar de desconstrução e reconstrução
capaz de seduzir criador, leitor e universo (re)criado.

88 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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PÓS-COLONIALISMO E IDENTIDADE EM DOIS


ROMANCES AFRICANOS

Mary Ellen Rivera Cacheado (UFAM)

As décadas de 60, 70 e 80 do século passado foram marcadas por


processos de independência em todo o continente africano. As lutas e os
conflitos do período pós-independência são temas centrais nos roman-
ces “Meio Sol Amarelo” 2006 da nigeriana Chimamanda Adichie e “Bom
Dia, Camaradas” 2001 do angolano Ondjaki. Ambas as estórias são nar-
radas por crianças africanas, que representam suas nações novas e que
decidiram contar uma parte da História de seus países, ilustradas por
estórias pessoais, algumas alegres e outras tristes, algumas verídicas e
outras ficcionalizadas, mas todas com muita verdade emocional e dando
voz ao próprio povo africano. Tanto no romance nigeriano quanto no
angolano, há a desconstrução de vários conceitos ocidentais, o que gera
um olhar diferente dessas crianças sobre quem elas são e como elas
compreendem as guerras e os conflitos ao redor delas. Como filhos que
questionam seus pais, os dois romances pós-coloniais questionam con-
ceitos e posições européias para a criação de suas próprias identidades.

O INFERNO VERDE AMAZÔNICO DE ALBERTO


RANGEL

Mateus Epifânio Marques (UEA-CEST)


Cláudia Regina Ferreira Santos (UEA-CEST)

Este trabalho analisa a partir da perspectiva histórica a obra literária


Inferno Verde: cenas e cenários do Amazonas, do cronista, contista e
historiador pernambucano Alberto Rangel. O livro Inferno Verde publi-
cado em 1909 com prefácio de Euclides da Cunha e ambientado no final
do século XIX, é uma obra composta por onze contos, que em muitos

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 89


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momentos parecem cenas de um grande espetáculo teatral; os cenários


são os rios, os lagos, os seringueiros e alguns bairros de Manaus; os
personagens são os homens, as mulheres nascidos ou naturalizados e
a floresta. Assim, procurou-se verificar nesta obra como a Amazônia foi
representada, especialmente o Amazonas, observando o espaço social,
econômico e cultural de uma época tão rica e próspera, bem como os
sujeitos representados na literatura. E desta maneira, compreender a
importantíssima relação entre a história e a literatura na obra de Alber-
to Rangel.

INVESTIGAÇÃO SOBRE A MORTE DE ALBER-


TO CAEIRO FERNANDO PESSOA, NIETZSCHE,
FREUD E ALEISTER CROWLEY

Mauricio Matos (FAPEAM-CNPq/UEA)

Ao que tudo indica, (quase) nada na criação poética pessoana fez-se


por acaso ou sem uma (ao menos para ele-mesmo) justificável raciona-
lidade, sobretudo no que concerne aos destinos de seus heterônimos.
Se Fernando Pessoa “exilou” Ricardo Reis no Rio de Janeiro por moti-
vos políticos facilmente justificáveis, igualmente terá “assassinado” por
tuberculose Alberto Caeiro por razões que jamais foram investigadas
a fundo. Através das interfaces que se podem estabelecer entre Pes-
soa (o ortônimo) e seus contemporâneos Nietzsche, Freud e Crowley,
a presente palestra pretende compreender os motivos que – dentro de
sua economia poética – levaram Fernando Pessoa à morte do “mestre”
Alberto Caeiro.

90 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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A ESPERANÇA EM A FLOR E A NÁUSEA, DE


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Mayara Miranda de Sena (UFAM)

Neste trabalho analisa-se histórica e literariamente o poema A flor e a


náusea, de A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade, levando
em conta que, nas seis primeiras estrofes, o poeta expressa ódio e nojo
da injustiça pela qual o mundo passa na década de quarenta; e que, nas
três últimas estrofes, o poeta mostra o surgimento de algo novo e sur-
preendente: uma flor desabrochando no asfalto, num local que não pos-
sui as condições adequadas para seu nascimento. Por isso, ela é frágil,
desbotada, suas pétalas ainda não abriram, e é feia. Mesmo assim, a flor
fura o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio que predominam naquele tempo.
Então, essa flor simboliza o despertar da esperança de transformação da
repressão política no Brasil e na Europa. Partindo dessa idéia, analisa-se
o poema A flor e a náusea nas seguintes partes: na primeira, relacionan-
do a indignação do poeta com o momento histórico da ditadura Vargas
no Brasil e com a Segunda Grande Guerra; na segunda parte, fazendo a
analogia do nascimento da flor com o encontro de uma alternativa para
a superação desse conturbado período da história, embora as adversi-
dades impeçam essa alternativa de se desenvolver.

EROS DEGRADADO: DE ESCOLHIDOS E POBRES


DIABOS

Mirella Miranda de Brito Silva (UFRR)

Nossa comunicação tem como objeto os contos de Dalton Trevisan em


que o enfoque é o que definimos como reificado. Rastrearemos a questão
em dois vieses: no âmbito da intimidade – relações familiares, conjugais
e eróticas –, e no plano social, de forma mais ampla. É na esfera da inti-
midade, da “vida interior” como define Georges Bataille, que se inscreve

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 91


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o conto “A noite da paixão”, narrativa que encerra o livro Cemitério de


Elefantes, de 1965. Nossa leitura buscará rastrear, a partir de uma pa-
norâmica do tema na obra como um todo e na leitura específica do conto
“A noite da paixão”, as questões sugeridas pelo erotismo, tema recor-
rente de Dalton Trevisan, e que emerge, a nosso ver, como a principal
forma de problematização das relações entre as personagens escritor
curitibano. É no rastro dessa problemática que se conduz nossa análise,
seguindo, sobretudo, a perspectiva adotada por Georges Bataille em seu
O erotismo, sobre as categorias interdito e transgressão, que também
lançam alguma luz sobre nosso trabalho.

MULHERES CHORADEIRAS: UMA ANÁLISE


COMPARADA DO CONTO DE FABIO CASTRO
COM O MITO DA MEDUSA E O CANTO DA SE-
REIA

Mônica Vieira (UFPA/CAPES)

Esta comunicação pretende abordar o conto Mulheres Choradeiras, de


Fabio Castro, presente no livro Terra dos Cabeçudos fazendo uma análise
com o mito da Medusa e o canto da sereia. O livro Terra dos Cabeçudos é
composto por outros nove contos, sendo estes: “A Rua de Trás”, “O Dia
Sem Noite de Um Náufrago”, “Ifigênia, a Mulher de Duas Cores”, “A Ter-
ra dos Cabeçudos”, “A Tempestade”, “A Menina-Noiva”, “Rol-de-Roupa
e Rum”, “A Sala dos Pássaros Perdidos” e “O Rio Dono da Terra”. Para
o presente estudo, fez-se uso da literatura comparada abordando cine-
ma, literatura e mitologia, utilizando como forma de investigação alguns
excertos do conto de Castro e também trechos do curta homônimo de
Jorane Castro, colocando-os em relação de semelhança e aproximação
lógica. Neste sentido, o trabalho que escrevo tem como objetivo a com-
preensão e estudo de cultura da Amazônia (e de latinoamérica), visando
produzir conhecimento qualificado sobre literatura e cinema na Amazônia
e suas relações com estratégias artísticas para interpretá-las.

92 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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POR QUE LER, SEMPRE, ASSIM FALOU ZARA-


TUSTRA: UM LIVRO PARA TODOS E PARA NIN-
GUÉM

Neiza Teixeira (UFAM)

O propósito desta comunicação é apresentar algumas das razões que


nos levariam a ler, sempre, Assim falou Zaratustra: um livro para to-
dos e para ninguém, de Friedrich Nietzsche, considerada uma das obras
de referência tanto do pensamento neitzscheano como do pensamento
ocidental. Aqui, enfocaremos as suas ideias principais, a simbologia que
nela se expressa e a influência que a mesma exerceu na filosofia, na
literatura, no cinema, na música e nas demais artes. Neste Congresso,
entendemos que é importante a sua presença, uma vez que o mesmo
tem como núcleo a poética e o imaginário, e que, na obra nietzschea-
na, os dois conceitos se fundem, mostrando que a filosofia tem muitas
formas e meios de expressão, que se imiscuem em âmbitos que dela,
em certo momento do seu percurso, foram distanciados. Ao final desta
comunicação, teremos reforçado a sua importância, atualidade, lingua-
gem poética na qual ela se expressa (Também Zaratustra é um poeta)
e a necessidade da sua presença nos nossos debates, principalmente,
considerando-se que ela é referencial para o pensamento posmoderno.

SIMULACRO E ALUCINAÇÃO, UMA LEITURA DE


A NINFA DO TEATRO AMAZONAS

Nicia Petreceli Zucolo (UFAM/USP)

Escapando do aparente tradicional em sua narrativa, Milton Hatoum em


A ninfa do teatro Amazonas, conto de A cidade ilhada (2009), conclama
o leitor a uma postura ativa, ao questionamento de sua compreensão: a
traição à percepção, o jogo, o engano, à medida de Borges e Machado
de Assis, tolda o olhar, embaraçando a percepção. A partir dessas cons-

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 93


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tatações, tomam-se como ponto de partida para a análise deste conto


questões como a diferença entre representação e mimese; disfarce e
arremedo; encenação e falseamento; alienação e ostracismo, noções re-
correntes nas ficções de Borges e Machado, autores intertextualizados
por Milton no conto em questão.

ROMANCE-FOLHETIM E O ROMANTISMO/REA-
LISMO PORTUGUÊS: ENTRE A SOBREVIVÊN-
CIA E A ARTE

Patrícia Maria Rodrigues Maravalha (UFRR)


Cátia Wankler (UFRR)

O objetivo deste trabalho é apresentar como o gênero Romance-Folhe-


tim influenciou a Literatura Universal, em especial a portuguesa, desde
seu surgimento na França no início do século XIX com o Romantismo,
até a fase do Realismo/Naturalismo na transição para o século XX. O
enfoque principal será apontar as semelhanças e diferenças do conteúdo
dos folhetins Portugueses nas obras Viagens na minha terra de Almeida
Garrett, As pupilas do senhor reitor de Júlio Dinis, A queda dum anjo de
Camilo Castelo Branco e Os Maias de Eça de Queiroz, em relação aos
franceses, especialmente nas questões relacionadas à (re) construção e
estabelecimento da identidade nacional.

OS DILEMAS DO HOMEM MODERNO EM A TEM-


PESTADE

Patrícia Soares Lima (UEA)

Sob influência de aspectos histórico-sociais, Shakespeare apresenta o


olhar europeu a respeito da chegada do homem ocidental à América.
A partir de então se dá a formação de uma nova concepção política,
94 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário
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econômica e social européia, além da constituição de sua subjetividade.


Porém, isto não acontece bruscamente, mas proveniente do entendi-
mento do outro com o qual de defronta e das novas terras. Esta ocasião
de encontro significa para o colonizador um momento de instabilidade,
insegurança e até mesmo saudade. Tais sentimentos são expressos nos
dilemas entre os personagens de A tempestade, escrita em 1611, que
é o que este trabalho propõe estudar. Foi possível observar que os per-
sonagens da obra desenvolvem uma relação dinâmica entre identidade e
alteridade, que revelam seus impasses. Dentre estes, foram escolhidos
três, devido sua aparência mais evidente e maior recorrência na obra em
questão, sendo: dominação e libertação, racionalidade e irracionalidade,
civilização e barbárie. Os elementos compositores dos dilemas não se
opõem, mas compõem uma relação onde não se pode dizer onde termina
um ou começa o outro. São elementos conflitantes, mas que Shakespe-
are conseguiu apresentá-los conjuntamente.

AS PALAVRAS E OS SENTIDOS: ASPECTOS SE-


MÂNTICOS DA LITERATURA EPISTOLAR DE
EPICURO

Pedro Secundino de Souza Maciel (UFAM)

O trabalho pretende destacar a importância da precisão das palavras


na investigação da natureza das coisas físicas e humanas, contidas nas
epístolas de Epicuro (341-270 a.C.) e preservadas por Diôgenes Laêr-
tios, na obra Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres (Livro X). A leitura
atenta das cartas enviadas aos discípulos Herôdotos, Meneceu e Píto-
cles mostra como o filósofo valorizava o rigor semântico no seu filosofar.
Segundo ele, toda reflexão pressupõe a apreensão das ideias inerentes
às palavras, uma vez que são elas que possibilitam o julgamento das
opiniões ou conhecimentos investigados. Em suas epistolas, Epicuro
exortava os seus amigos e discípulos a terem cuidado com o sentido
das palavras, sobretudo com as polissêmicas, que poderiam confundir a

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 95


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reflexão e prejudicar o conhecimento, devido ao uso inadequado e impre-


ciso das palavras.

A IMAGEM DA RESISTÊNCIA EM TRÊS POEMAS


DE A ROSA DO POVO, DE CARLOS DRUMMOND
DE ANDRADE

Pollyanna Furtado Lima (UFAM)

O movimento modernista de 30 foi marcado por um período de envol-


vimento dos intelectuais em assuntos sociais. Neste contexto, Carlos
Drummond de Andrade publica Sentimento do Mundo em 1940. Mas é
em 1945, com A Rosa do Povo, que o poeta encontra sua afirmação da
poesia e do social numa perspectiva mais conciliatória. A relevância de
sua obra e a feliz articulação com questões do seu tempo são suficien-
tes para justificar estudos no campo literário. Pesquisadores concordam
que existem equívocos de alguns críticos, ao medir o valor de A Rosa
do Povo em função de critérios estritamente ideológicos. Esta atitude
prejudica a justa apreensão da obra literária. Procurando desfazer equí-
vocos, Affonso Romano de Sant’ Anna, Vagner Camilo, Antonio Candido
empreendem leituras mais afinadas com espírito da obra, explorando os
aspectos literários, não se restringindo às ideologias do autor. Buscando
dialogar com estes estudiosos, discutirei o tema da resistência e sua
manifestação estética em três poemas deste livro. Assim, o que Candido
chama de inquietações poéticas e Sant’ Anna de Eu menor que o mundo,
chamarei de resistência poética de um autor sobre fortes tensões que o
conduzem para a conciliação do social com preocupações da linguagem.

96 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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IMAGENS DECADENTES NA LITERATURA DE


ANTÓNIO PATRÍCIO

Priscila Lira (UEA/FAPEAM)

Em meio à grande evolução técnico-científica presente no século XIX,


em que as correntes cientificistas e deterministas estavam presentes
inclusive na literatura, o pensamento de parte da intelectualidade euro-
péia contestava tais correntes. O decadentismo surge em meio a esse
contexto, contrariando o que era dito pelos discursos de progresso e
transmitindo para a arte os sentimentos de ruína, angústia e solidão
resultantes da falta de crença na evolução da humanidade. Nos contos
“Diálogo com uma Águia” e “Suze”, de António Patrício, podemos en-
contrar características que remetem ao decadentismo. O trabalho tem
como objetivo fazer uma leitura crítica dos contos, partindo da produção
de um panorama do sentimento crepuscular do fim de século XIX para,
posteriormente, buscar as formas com as quais a melancolia finissecular
é transposta para os textos.

ROGER CHARTIER E A HISTÓRIA DAS PRÁTI-


CAS DE LEITURA

Priscila Souza de Lira (UFPA)

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo fazer um estudo acerca


dos aspectos fundamentais que estão inseridos na história das práticas
de leitura. Para isso, será empreendida uma análise do modo como esse
tema é exposto por Roger Chartier em sua obra A Ordem dos livros. O
objetivo dessa investigação é identificar as práticas de leitura que se ma-
nifestaram ao longo da história do livro, tentando mostrar como o autor
faz uma análise dos textos e de seus usos, levando em consideração os
elementos responsáveis por interferir na leitura e a relevância desses
elementos para a elaboração de um novo conceito de Leitura. O estudo
dos elementos que estão inseridos dentro do registro da história da lei-
tura serve para aludir à uma questão importante que pode ser formulada
Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 97
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do seguinte modo: qual a tarefa da história das práticas de leitura? Essa


pergunta está no cerne da presente discussão e, portanto, deve nortear
o presente estudo uma vez que sua resposta é capaz de indicar qual o
objeto de estudo de uma história das práticas de leitura.

AS CARTAS DE ABELARDO E HELOÍSA: ENTRE


PAIXÃO E RAZÃO

Pedro Rodolfo Fernandes da Silva (UFAM)

Marcado por orgulho, glória, luxúria, razão e paixão, o romance entre


Abelardo e Heloísa foi legado à posteridade pela correspondência dos
amantes. Escritas na sequência dos fatos que causaram a vergonha de
Abelardo e o sofrimento de Heloísa, tais cartas expressam os impulsos
incontidos dos desejos e a força da razão, imperativo do foro moral in-
terior. Com relação aos autores das cartas, Abelardo é conhecido por
sua perspicácia lógica e ao mesmo tempo em que discorreu sobre o
fundamento da fé por meio da razão - fato que lhe rendeu a crítica de
muitos de seus contemporâneos – foi identificado como poeta do amor
e exaltado por suas qualidades pela amada Heloísa. Esta, cuja beleza e
inteligência eram elogiadas por muitos, seria a consorte ideal para um
filósofo, não fosse, porém, a recusa de Heloísa em aceitar o casamento
por reconhecer que tal vida é indigna de um intelectual. Retrato de uma
época, a correspondência de Abelardo e Heloísa parece revelar o para-
doxo paixão e razão.

98 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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O EXCEDENTE DE VISÃO EM O DEUS DAS PE-


QUENAS COISAS

Rosa Maria Tavares Fonseca (UEA)

O deus das pequenas coisas, da escritora indiana Arundhati Roy nos


apresenta um mundo repleto de odores, sonhos, cores, desejos reprimi-
dos e punições exemplares. A trama se passa num vilarejo da província
de Kerala, na família Kochamma. Mas antes de tudo a história se passa
diante dos olhares observadores dos gêmeos bivitelinos, Rahel e Estha,
duas crianças que crêem que são uma só. A morte de Sophie Moll é o
marco de mudanças radicais na vida dos gêmeos. Nesse dia perdem
brutalmente a prima londrina, a mãe e a figura paterna representada
por Velutha. A obra dá destaque a duas crianças e suas impressões
sobre o mundo. Estha e Rahel são sujeitos que sabem do outro o que
este não pode saber de si mesmo, ao mesmo tempo que dependem do
outro para saber o que não podem de si. É a relação dos eus entre si
que faz nascer o sentido. O autor-criador comenta, refuta, antecipa as
respostas e objeções a uma certa situação social. Esse autor-criador
propõe um ponto de vista baseado em sua relação com outros sujeitos
que lhe conferem acabamento. Faz assim o papel de mediador entre o
mundo representado e a apreensão social e histórica desse mundo. Este
trabalho teve como proposta investigar a maneira como são constituídos
os protagonistas de “O deus das pequenas coisas”. Com esse objetivo
fez-se necessário verificar de que forma ocorria a relação de alterida-
de entre o autor-criador e suas personagens. Tal como entendido por
Bakhtin (2003), o sujeito, para se constituir, precisa, necessariamente,
de um acabamento extraposto, na medida em que a consciência de si
mesmo é propiciada pelo(s) outro(s).

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 99


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ENTRE O DRAMA E A ÉPICA: FORMAS HÍBRI-


DAS NO TEATRO DE PLÍNIO MARCOS

Rainério dos Santos Lima (UFOPA)

Essa comunicação propõe um debate sobre a representação de per-


sonagens socialmente marginais na peça Querô, uma reportagem mal-
dita (1979), de Plínio Marcos, visando compreender como, no teatro
brasileiro moderno, a dramatização de sujeitos ficcionais retirados das
classes populares pode projetar-se como diretriz de organização formal
do texto dramático. Para tanto, tomam-se três movimentos de análise:
1) A crise européia da forma do “drama”, suas tentativas de solução e,
conseqüente “epicização”, através da internalização de temas e elemen-
tos estéticos oriundos da lírica e da épica, como teorizada por Peter
Szond, Raymond Williams e Mikhail Bakhtin; 2) a compreensão dos refle-
xos dessa crise fora do seu lugar de origem, em território brasileiro, no
que concerne as contradições do projeto de criação de uma dramaturgia
moderna no Brasil, com intenções políticas evidentes tanto na composi-
ção do texto dramático, quanto na elaboração de modelos de encenação
teatral, que, conjugados, seriam capazes de atingir e mobilizar as forças
populares para mudanças históricas reais; e 3) A adaptação do romance
Querô, de 1976, para o texto teatral, que gera a peça de mesmo título,
tomando como ponto de estruturação da dramaturgia a narrativa da
formação sentimental de personagens marginais, como proposta por
Walter Benjamin.

SOPHIA ANDRESEN E A SANTIDADE DO POETA

Rita Barbosa de Oliveira (UFAM-GEPELIP)

Na comunicação Sophia Andresen e a santidade do poeta pretende-se


discutir o significado lingüístico-literário da palavra “santidade” no poe-
ma Santa Clara de Assis, do livro No tempo dividido (1954), e no conto

100 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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Retrato de Mônica, do livro Contos exemplares (1962). No primeiro,


a mencionada palavra está relacionada com a atenção para a vida, a
procura de descobrir ou experimentar a realidade e a transparência com
que esses dois gestos são expressos através da arte. No segundo texto,
a “santidade” corresponde ao despojamento de normas que impedem a
experiência renovadora, o qual acontece quando o homem faz uma esco-
lha que o torna integro. Em ambos os textos, há a proposta de interligar
a poesia com a vida.

ELIAKIN RUFINO E A POESIA DIDÁTICA, NA DI-


DÁTICA DA POÉTICA: METAPOESIA E ESTRA-
TÉGIAS DE ENSINAR POETICAMENTE

Roberto Mibielli (UFRR)

Poetas trabalhando para ensinar através da poesia não representam


novidade. Machado de Assis, segundo Lajolo & Zilberman (1999) faz isso
perfeitamente, conduzindo seu leitor à condição/nível de leitura que de-
seja, ou abandonando-o, em meio a sua fera ironia. A lista é imensa e
merece que nela constem inúmeros poetas, mas não caberia trabalhá-la
aqui. O caso de Eliakin, poeta radicado em Roraima e um dos líderes do
movimento Roraimeira, não há muita diferença. Dois de seus livros publi-
cados “Escola de poesia” e “Brincadeira” são dirigidos ao público escolar
e visam trabalhar diretamente uma poesia que trata do cotidiano ,tanto
da sala de aula, quanto do universo lúdico. O poeta, por outro lado, não
permanece apenas no universo infantil, sua poesia vibra no ouvido das
pessoas, em frases e terminologia que impressiona tanto pelo timbre,
quanto pelo exotismo, buscando propor a construção de uma identidade
referenciada na Amazônia roraimense. Sua poética, embora pareça de
simples manejo, retoma algumas das questões programáticas cruciais
do projeto de nossas vanguardas modernas. É nesse entrecruzamento
entre uma poesia programática/ manifesta e o poeta didata que analisa-
mos sua obra

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 101


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A PERSONAGEM FRÄULEIN E A ANÁLISE IN-


TERSEMIÓTICA DE SUAS REESCRITURAS

Rodolfo Pereira da Silva (UFC)

A mímesis, segundo Stam (2008), constitui-se um diálogo intertextual


entre artistas. Nessa perspectiva, analisaremos a tradução intersemi-
ótica da personagem Fräulein do romance “Amar, verbo intransitivo”
(1927), de Mário de Andrade, para sua adaptação fílmica “Lição de
amor” (1976), de Eduardo Escorel; e discutiremos a semiose estabele-
cida entre as reescrituras do Nu feminino presentes no corpus estuda-
do. Partimos da hipótese de que a reescritura da personagem Fräulein
na adaptação fílmica configurar-se-ia através da tentativa de quebra da
narrativa escopofílica e do apagamento de traços expressionistas – es-
tes, todavia, presentes ainda na diegese cinematográfica. A personagem
literária é descrita através de reescritura ecfrástica identificável no Nu
feminino e no Expressionismo alemão, em quadros de Rembrandt van
Rijn, e de “O grito”, de Edvard Munch. Os Nus femininos de Bathsheba
por Rembrandt são, por sua vez, reescrituras pictóricas do relato bíblico.
Berger (1999) afirma que o gênero Nu feminino incorpora um especta-
dor masculino. No filme, há a tentativa de libertar a personagem Fräulein
do olhar voyeurista masculino e da escopofilia (prazer de olhar o corpo
feminino), próprias de certas narrativas cinematográficas “patriarcais”
(Machado, 2008; Mulvey, 1983). Nosso estudo fundamentar-se-á no
conceito de Interpretante (Santaella, 2002) relacionado à Semiótica de
C.S. Peirce.

102 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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A REPRESENTAÇÃO DA IDENTIDADE ALEMÃ NA


PRODUÇÃO LITERÁRIA DE CHARLES KIEFER

Roswithia Weber (FEEVALE-RS)

O trabalho apresenta resultados parciais do projeto “A representação


da identidade alemã na produção literária de Charles Kiefer”. Esse proje-
to toma como objeto de pesquisa as manifestações culturais e produções
literárias que têm como ponto em comum o tema da identidade alemã,
considerando, o Rio Grande do Sul como espaço de sua emergência. O
problema da investigação está centrado no confronto entre a repre-
sentação da etnicidade alemã, expressa em festas alusivas à imigração,
em textos historiográficos, em relatos jornalísticos – percebidos como
manifestações culturais – e a produção literária de Charles Kiefer, autor
sulriograndense. Verifica-se em que medida a produção literária reforça
ou desfaz o postulado da unidade étnico-cultural alemã e a promoção do
pertencimento a essa origem no contexto gaúcho. O projeto em desen-
volvimento conta com o auxílio de bolsa recém-doutor da (Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).

A ESTRUTURA DE POEMAS AMAZÔNICOS, DE


PEREIRA DA SILVA

Sebastiana de Morais Guedes (UFAM)

Estudo da estrutura da obra Poemas amazônicos, de Francisco Pereira


da Silva. A construção do olhar de fora sobre a Amazônia. Os mitos ama-
zônicos em sua relação com os mitos universais. O uso de sete máscaras
(ou disfarces) pelo eu lírico desvelado na sua arte poética.

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 103


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MODERNISMO BRASILEIRO: MÁRIO DE ANDRA-


DE E A BUSCA DA IDENTIDADE NACIONAL

Sonia Maria Vasques Castro (GEPELIP)

Na comunicação Modernismo brasileiro: Mário de Andrade e a busca


da identidade nacional pretende-se refletir sobre a identidade nacional
à luz da perspectiva de um modernista. Para tanto, além da pesquisa
bibliográfica, elegeu-se como objeto de análise o poema Descobrimen-
to, da obra Clã do jabuti (1927), no qual o poeta transita entre duas
realidades socialmente distintas: a do vanguardista metropolitano e a
do seringueiro, este mostrado na realidade de opressão em que vive, e
aquele enquanto um sujeito inquieto com a necessidade de construção
de uma identidade singular para a nação. Além desse aspecto, destaca-
-se também a questão da alteridade, uma vez que o eu invoca o outro e
faz dele fundamento de toda moral e toda subjetividade para, a partir de
então entrar, em cena a humanidade e a responsabilidade das quais não
pode se esquivar.

UMA VELA PARA DARIO, DE DALTON TREVISAN,


ADAPTADO PARA UM CURTAMETRAGEM: O RE-
ALISMO CONCISO DO COTIDIANO GROTESCO

Soraya Ferreira Alves (UnB)

O presente trabalho tem por objetivo discutir a realização de um curta-


metragem de ficção, adaptação da obra Uma Vela para Dario, de Dalton
Trevisan, como produto da disciplina Tradução Intersemiótica, ministrada
na UECE em 2009. A obra de Trevisan, em seu realismo conciso que va-
loriza os mínimos incidentes de um dia-a-dia sofrido e angustiado, ilumina
o real de tal forma a levá-lo á beira do cômico e do grotesco. Descreve
o que se passa com Dario durante um dia em que se sente mal, morre
e é roubado sem que ninguém o ajude. O curtametragem realizado con-

104 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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centra a ação em uma praça, que pode ser de qualquer cidade e prima
por valorizar e incorporar exatamente os incidentes do cotidiano, dando
à história um tom tragicômico. Partindo-se de teóricos como Avellar
(2007), que discute como se dá a contaminação das linguagens entre
literatura e cinema; e Xavier (2003), para quem a adaptação cinemato-
gráfica deve dialogar não só com o texto de origem, mas com seu próprio
contexto, a apresentação será pautada, primeiramente, em considera-
ções teóricas sobre a adaptação e, após a exibição de trechos do curta-
metragem, serão explicitados os procedimentos para sua realização e a
construção do significado.

OS MATIZES ENTRE O DITO E DO NÃO-DITO EM


BARTLEBY, BILLY BUDD E BENITO CERENO, DE
HERMAN MELVILLE

Soraya Rodrigues Madeiro (UFC)

Nosso trabalho tem como alvo investigar na escrita de Herman Melville


os aspectos relacionados às personagens, as quais possuem destaque
no título de cada obra, mas nunca são narradoras de sua história, de
modo que são incapazes de ter domínio sobre ela. Nesse sentido, as per-
sonagens mais insinuam do que realmente dizem, estão no limite entre
o dito e o não-dito. Dessa forma, a escrita à qual Bartleby, Billy Budd
e Benito Cereno dão vazão é cheia de possibilidades e não de certezas,
é ainda uma escrita que parece não ter poder de negar ou de afirmar,
mas que transita no limite entre a negação e a afirmação em todo o
seu decorrer. Para embasar nossa pesquisa, utilizamos, principalmente,
as idéias do filósofo literário francês Maurice Blanchot. Fundamenta-
mos nosso trabalho, ainda, com pensamentos de outros teóricos, como
Roland Barthes, Gilles Deleuze, Antoine Compagnon, Michel Foucault e
Giorgio Agamben, nos quais podemos encontrar uma maior sustentabili-
dade para nossos levantamentos.

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 105


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SEMEANDO A LEITURA COM ARTE E CRIATIVIDADE

Suely Barros Bernardino da Silva (UEA)

Essa comunicação pretende expor o projeto SEMEANDO A LEITU-


RA COM ARTE E CRIATIVIDADE, o qual consistiu em desenvolver um
trabalho de conscientização do professor sobre a importância da
prática de leitura por parte dos alunos do Ensino Fundamental da
Escola Estadual Roxana Pereira Bonessi, bem como proporcionar a inte-
ração da escola com o meio externo, envolvendo os pais e a comunidade.
A diversidade de gêneros textuais possibilita aos indivíduos o desen-
volvimento de habilidades em leitura, além de ampliar o seu conheci-
mento de mundo através da informação e desenvolvimento de com-
petências a partir, também, da interação nas vivências artísticas.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacional (1997), após mui-
tos debates e manifestações de educadores, a atual legislação edu-
cacional brasileira reconhece a importância da arte, na formação e
desenvolvimento de crianças e jovens, incluindo-a como um compo-
nente obrigatório da educação básica. No ensino fundamental a Arte
passa a vigorar como ares de conhecimento e trabalho com as vá-
rias linguagens e visa à formação artística e estética dos alunos.
Após a aplicação do projeto, foi observado que os alunos sentiram-se
mais atraídos para a leitura e os pais passaram a ter um maior envolvi-
mento nas atividades propostas pela escola e também sentiram motiva-
ção pela leitura.

A LITERATURA NA SALA DE AULA: FUGINDO


DO SISTEMA

Suênia Kdidija Araújo Feitosa (UFRR-Pibid)

Durante todo o ensino médio o aluno se vê diante de aulas de literatura que


se repetem, seguindo sempre o mesmo roteiro: conhecer os contextos

106 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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históricos das obras, identificar seus estilos e analisar suas caracterís-


ticas. Deste modo, o caráter sociolinguístico e cultural da literatura é
reduzido à coleta de informações sumárias. Pois, de acordo com Leahy-
-Dios (2000, p. 16) a literatura é sustentada por um triângulo interdis-
ciplinar composto por: língua, cultura e sociologia. Assim, a literatura é
essencial ao processo de educar sujeitos sociais, pois ajuda a formar opi-
niões críticas na medida em que retrata a realidade, além de dar acesso
a bens culturais e promover o conhecimento da língua. Desta forma, é
necessário aproveitar esses aspectos da literatura para contextualizar o
seu ensino. Segundo Mibielli (2009,p.136) “talvez não seja o conteúdo
que importa, mas sua relação com a vida do aluno”. Diante de toda essa
problemática no ensino de literatura, considero importante trabalhar a
teoria literária na sala de aula, para que os alunos saibam qual é a função
da literatura na educação e compreendam os vários aspectos presentes
nesta disciplina.

DIÁLOGOS POSSIVEIS EM UM ANÚNCIO PUBLI-


CITÁRIO: UMA ANÁLISE COM OLHAR LINGUÍS-
TICO E LITERÁRIO

Suzana Pinto do Espírito Santo (UFOPA)

Este artigo objetiva analisar um anúncio publicitário de uma marca de


café extraído da revista Veja, vol. 20 de 6 de dezembro de 2006, anco-
rado na teoria semiótica do texto, com base em Barros (2005), a fim
de perceber o percurso gerativo de narratividade que se constrói no
texto verbal. O texto publicitário se vale de recursos imagéticos, por
isso, verificamos algumas relações entre os signos linguísticos verbal e
não-verbal que se entrelaçam produzindo efeitos de sentido com um ex-
traordinário poder de persuasão, efeitos estes que nos levaram abordar
os diálogos possíveis construídos numa relação intertextual, destacada
no texto em análise por meio das alusões com os autores da literatura
(Monteiro Lobato), nomes importantes do país como Carmem Miran-

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 107


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da e Santos Dumont. Neste estudo, ampliamos nosso olhar para uma


perspectiva literária, considerando que o texto publicitário, ao utilizar-se
de inúmeros recursos visuais, extrapola não só o horizonte da palavra,
mas também do próprio código linguístico, neste sentido, o viés literário
explora a linguagem simbólica que manifesta todo seu potencial semân-
tico. Assim, mostramos que os aspectos linguísticos podem unir-se aos
recursos imagéticos permitindo a liberdade de criação com traços lite-
rários formando um todo significativo.

CINEMA E LITERATURA ESTUDO DA RESISTÊN-


CIA POLÍTICA EM “CABRA-CEGA” E “PESSACH,
A TRAVESSIA”

Tânia Sarmento-Pantoja (UFPA)

A narrativa de resistência produzida no Brasil, particularmente, a narra-


tiva de alguma maneira relacionada à ditadura militar de 1964, apresen-
ta algumas peculiaridades que vem sendo avaliadas a partir de uma for-
tuna crítica bastante profícua. Dentre essas peculiaridades destaca-se a
idéia de que essas narrativas, especialmente as produzidas no interstício
entre o final da década de 60 e os primeiros anos da década de 70,
passa por transformações que nitidamente se colocam em diálogo e em
confronto com a existência material, especialmente no que diz respeito
ao desmantelamento das forças revolucionárias. Nesse contexto, nota-
-se que algumas inscrições estético-temáticas relativas à resistência
– como conceito e como ethos – observadas no romance Pessach, a
travessia (1967), de Carlos Heytor Cony e no filme Cabra Cega (2005),
de Toni Venturi, pela sua recorrência, podem ser vistas como produto de
um trauma não resolvido, resultante desse fundo histórico.

108 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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DA ORIGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA À CRIA-


ÇÃO DA POESIA EM LÍNGUA PORTUGUESA

Thyaggo Kauwhê José Leite Mesquita (UFAM)

Este trabalho apresenta informações sobre as origens da língua por-


tuguesa, desde a migração dos povos indo-europeus para o centro e
ocidente europeus, estabelecendo dados históricos e geográficos no que
diz respeito ao desaparecimento dos falares ibéricos pela imposição do
Latim, com o estabelecimento do Império Romano na Península Ibérica.
Também apresenta dados sobre a evolução do Latim Vulgar, ressaltan-
do as contribuições estrangeiras ao Português, recebidas após a queda
daquele império, expondo as etapas desse longo processo, confirmando
a existência de uma literatura de cunho oral na península, que no século
XII, se expressa através do Trovadorismo na literatura portuguesa por
excelência, nas cantigas de amigo, juntamente com outras, as cantigas
de amor e escárnio e maldizer, influenciadas pela região da Provença, no
sul da França.

REGIONALISMO E INTERTEXTUALIDADE NAS


PRÁTICAS DISCURSIVAS POPULARES EM AS
PELEJAS DE OJUARA: A VERDADEIRA HISTÓ-
RIA DO HOMEM QUE VIROU BICHO, DE NEI LE-
ANDRO DE CASTRO

Tiago Barbosa Souza (UFC)

Este trabalho se propõe analisar como a obra As Pelejas de Ojuara: a


verdadeira história do homem que virou bicho, de Nei Leandro de Castro
(1986), é de rico teor regionalista, dados os diversos fatores relacio-
nados à forma de expressão cultural dos personagens e através da in-
serção do enredo no ambiente poético tradicional do sertão nordestino.
Para tanto, são observadas passagens da obra contendo referências a

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 109


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lendas e contos recorrentes no sertão nordestino, aos gêneros poéticos


característicos da região, além de mecanismos discursivos típicos desse
ambiente. E ainda, salientam-se as referências a mitos ocidentais anti-
gos latentes ou explícitos na narrativa enquanto sinais de universalidade
da obra, que expõe os traços contidos no imaginário sertanejo como
características inerentes ao próprio homem.

O MITO DO CENTAURO E O CINEMA DE PASO-


LINI

Ulysses Maciel de Oliveira Neto (UFOPA)

Dentre os signos buscados por Pier Paolo Pasolini no campo caótico dos
mitos que deram origem ao imaginário trágico predominante na época da
criação e representação das tragédias no palco grego, o Centauro, per-
sonagem do filme Medeia (1970), constitui um dos mais eficazes para a
composição de um campo significativo que impressione os espectadores,
para que estes passem a receber imagens e sons como sinais do conflito
entre mito e lógos, mito e razão, sagrado e dessacralizado. O Centauro
pasoliniano, homem e animal, mítico e humano é signo da ambiguidade
que permeia o filme e que representa na tela do moderno cinema – como
se fosse um palco grego – a metamorfose do ser mítico em ser huma-
nizado. A missão do duplo Centauro em Corinto é lembrar a Jasão que
signos míticos – o velocino e a própria Medeia – perdem o significado no
mundo dessacralizado da pólis. O Novo Centauro é a força produtiva que
representa a síntese resultante do embate entre as forças antigas e as
modernas forças dessacralizadas. Na representação fílmica, a passagem
do mundo bárbaro-mítico da Cólquida e do velocino dourado para o mun-
do clássico grego leva o homem moderno da era do cinema à experiência
quase catártica das metamorfoses.

110 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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A FEMININA PALAVRA MUDA NA GUERRA DE


UM HOMEM: KLAUS KLUMP

Valquíria Luna Arce Lima (UEA/FAPEAM)

No romance “Um Homem: Klaus Klump”, de Gonçalo Tavares, a guerra


ocorre, e tem conseqüências, em diferentes níveis e lugares. Um desses
lugares é o pensamento. Mais profundamente, encontra-se o pensamen-
to feminino, que, dentro da cultura fálica da guerra, assume posições
geradas por motivos completamente distintos daqueles que impulsionam
os homens ao conflito. A narrativa se dá a partir de um ponto de vista
masculino e as vozes das personagens femininas são pouco ouvidas ao
longo do romance, apesar disso, a forma como tais mulheres se colocam
e o seu poder de sinuosidade dentro desse contexto de guerra, marcam
uma presença, senão maior, mais sutilmente significativa que a das per-
sonagens masculinas. A análise proposta é justamente a de descobrir, na
obra em questão, não o lugar da mulher na guerra, mas como a guerra
toma lugar no pensamento feminino. E como as mulheres se interagem
com esse contexto, no qual são vistas pelos homens primordialmente
como objetos manipuláveis.

REFLEXÕES E ALTERIDADE NA PRÁTICA PEDA-


GÓGICA DO ENSINO DE LITERATURA.

Vanéssia Pereira Noronha (UFRR-PETLetras)


Juliana da Silva Morais (UFRR-PETLetras)

Este artigo tem por objetivo investigar os fatores condicionantes do pro-


cesso de ensino/aprendizagem de Literatura na Escola de Aplicação no
município de Boa Vista, estado de Roraima. É importante acrescentar
que em Roraima, existem pouquíssimas escolas que têm a disciplina de
Literatura no ensino médio, caso esse, que dificulta demasiadamente a
compreensão desses alunos quando chegam a Universidade. A análise

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 111


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foi feita em conformidade com as observações de Prática de ensino em


Literatura durante o semestre de 2010.1. Dessa forma, entendemos
que a Disciplina de Literatura no ensino Médio colabora para a ampla
formação do aluno em seu caráter plurissignificativo, já que, de fato,
uma boa formação de leitura favorece e enriquece o raciocínio do aluno,
levando-o a ter criticidade diante de sua visão do mundo. A pesquisa se
deu de forma reflexiva e com alteridade, por entender que um ensino de
qualidade se dá a partir de reflexões sobre a própria prática pedagógi-
ca. Nesse sentido, pretende-se apresentar os resultados obtidos com a
mudança metodológica em sala de aula e a relação aluno/professor em
sala de aula.

A METÁFORA NO DISCURSO LITERÁRIO: O QUE


SE ESCONDE POR TRÁS DAS PALAVRAS.

Vanessia Pereira Noronha (UFRR-PETLetras)

O presente trabalho pretende analisar o uso metafórico de forma implí-


cito-explícita, no texto literário, no qual, percebemos mais claramente
as diversas formas de linguagens atribuídas ao texto, onde o autor usa
dessa função alegórica para levar o leitor às perspectivas do contexto
literário. Ricoeur (2000) classifica o uso da palavra consubstanciando
no discurso da seguinte forma: “... a palavra foi destinada a influenciar
o povo, diante do tribunal, na assembléia pública, ou ainda para elogio
ou panegírico: uma arma chamada a dar a vitória nas lutas em que o
discurso é decisivo”. Dessa forma, procuraremos contextualizar as te-
orias em que se enquadra o referido assunto, tendo em vista que, elas
valorizam a construção do texto literário, aproximando então, autor/
leitor. Para FIORIN (2001) “metáfora é a substituição de uma palavra
por outra, quando houver uma relação de similaridade entre o termo
de partida (substituído) e o de chegada (substituinte)”, dando assim,
a eloquência do texto. Nossa análise será atribuída as Obras “A mulher
que escreveu a Bíblia, de Moacyr Scliar”; e ” A Paixão segundo G.H, de
Clarice Lispector”.
112 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário
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O NORTE IMPOSSÍVEL – A BUSCA DA IDENTI-


DADE NOS ROMANCES DE MILTON HATOUM

Victor Leandro da Silva (UFAM)

Uma análise dos processos de construção identitária nos romances de


Milton Hatoum. A afirmação da identidade tem sido um problema bas-
tante discutido dentro do campo dos estudos culturais, por conta da re-
cente fragmentação de seus modelos e do surgimento de diversos novos
sistemas identitários ascendentes. Nos romances de Hatoum, tal pro-
blema irá manifestar-se por meio da supressão do regionalismo, que dilui
os referenciais de identificação, da memória, que busca a todo instante
ordenar o passado, assim como também dos diversos dilemas aventados
no decorrer das narrativas: a incerteza quanto à origem, a condição do
estrangeiro e do imigrante, as relações familiares, os valores éticos do
ocidente e do oriente, questões essas que irão incidir fundamentalmen-
te nas personagens das tramas, em especial os narradores, os irmãos
Omar e Yakub em Dois Irmãos e Mundo em Cinzas do Norte, para os
quais os questionamentos acerca da identidade se tornarão decisivos na
definição dos caminhos seguidos por eles.

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 113


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O CINEMA NA LITERATURA OU A LITERATURA


NO CINEMA: ASPECTOS DA NARRATIVA DE RE-
SISTÊNCIA “EM CÂMERA LENTA” DE RENATO
TAPAJÓS

Veridiana Valente Pinheiro (UFPA)


Tânia Sarmento-Pantoja (UFPA)

Com o objetivo de observar as ressonâncias de um determinado período


histórico/cultural na literatura Brasileira, nos deteremos ao estudo da
ditadura militar de 1964, com o intuito de observar no trabalho em
questão algumas relações entre literatura e cinema, em busca de enten-
der alguns de seus efeitos, na composição do romance Em Câmera lenta
(1977), de Renato Tapajós, já que este romance traz um jogo narrativo
que inclui cinema na literatura ou a literatura no cinema.

LUIZ COSTA LIMA E A REVISÃO DA MÍMESIS

Victor de Oliveira Pinto Coelho (PUC-Rio)

O objetivo da comunicação é apresentar a revisão da noção de mímesis


feita por Luiz Costa Lima: na mimesis está sempre presente uma tensão
entre semelhança/reiteração e diferença. Começaremos pela estética
da recepção alemã, com destaque para a estética do efeito de Wolf-
gang Iser e mais especificamente sua última fase, em que se dedica a
uma antropologia literária com a distinção entre “ficções explicativas”
e “ficções literárias”. Daí, procederemos à exposição da antiga noção
grega de mimesis já do ponto de vista da revisão costalimeana, ou seja,
enquanto ligada ao horizonte cultural. Tal como a noção mais moderna de
representação, a obra artística (representação) não se confundindo com
a realidade representada (realidade que pode ser tanto material como
imaterial, ligada a valores ou ao divino), a mímesis será tomada enquanto
imitação na medida em que a ordem cultural não admite “fissuras”, e por

114 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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isso impõe sua reiteração. A isto se liga a noção de controle do imaginá-


rio. Já a vanguarda artístico-literária moderna (pós-“morte de Deus”),
que deseja a novidade criativa e a maior subversão possível, “aceita” a
mimesis enquanto imitação e visa a seu completo descarte. Mas, para
Costa Lima, a diferença (dissonância) realiza-se somente mantendo-se
(transgressivamente) no horizonte de semelhança.

LITERATURA E MÚSICA: UMA ANÁLISE COMPA-


RADA DO CONTO A TERCEIRA MARGEM DO RIO
DE GUIMARÃES ROSA E DA MÚSICA A TERCEI-
RA MARGEM DO RIO DE CAETANO VELOSO

Wanúbya Campelo (UFPA/CAPES)

Esta comunicação pretende mostrar os resultados de uma análise com-


parativa do conto “A Terceira Margem do Rio” presente no livro Primei-
ras Estórias (1962), de Guimarães Rosa e da música “A Terceira Mar-
gem do Rio”, do disco Circuladô Vivo (1992), de Caetano Veloso. Para
tanto, fez-se uso da mobilidade da literatura comparada, como forma de
investigação, situando os objetos analisados, colocando-os em relação
e explorando o nexo entre eles além de suas especificidades. Buscou-se
interrogar o texto literário de Guimarães Rosa na sua interação com ou-
tra forma cultural e artística, já que para Eliot “Nenhum poeta, nenhum
artista, tem sua significação completa sozinho” (1989, p. 39), é preciso
situá-lo, por contraste ou comparação, para valorizá-lo. Sendo assim,
percebe-se que o texto de Guimarães Rosa, é inovador por possibilitar
uma outra leitura, uma revitalização da tradição instaurada, inclusive
inspirando outras formas artísticas, como a música. Neste diapasão,
aproximou-se a obra literária de Rosa com a musical de Caetano Veloso
no intuito de interpretar questões mais gerais das quais as obras ou
procedimentos literários são manifestações concretas. Para a feitura
dessa análise tivemos como suporte téorico os conceitos comparativos
de Tânia Franco Carvalhal, René Wellek e T.S. Eliot.
Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 115
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A POÉTICA DO ESPAÇO EM RELATO DE UM


CERTO ORIENTE

Werner Vilaça Batista Borges (UFAM)

O objetivo deste artigo é analisar a obra do escritor amazonense Milton


Hatoum “Relato de um certo oriente” a partir da “A poética do espaço”
do francês Gaston Bachelard. Este filósofo faz uma análise temática da
poesia partindo do espaço, e neste, está a casa como um ser privilegiado
para um estudo fenomenológico dos valores da intimidade. O “Relato de
um certo oriente” pode ser considerado um relato do retorno a uma
casa, esta é a de Emilie, espaço polimórfico cheio de símbolos que re-
montam à infância da narradora. Assim, por meio das vozes que ecoam
na narração, perscrutam-se as imagens que revelam lembranças, me-
mórias, sonhos. Tal análise, portanto, vai além de simples descrições,
englobando uma metafísica completa, pois será analisado tanto o cons-
ciente quanto o inconsciente. Isto faz com que se compreenda certa
essencialidade da obra como a complexidade das vozes que relatam, que
muitas vezes parecem confusas, pois cada uma representa uma sub-
jetividade que possui distintos valores interiores. Adentrar no espaço
ficcional de “um certo canto do mundo” a partir de uma fenomenologia
que abarca até inconsciente é o resultado desta análise.

LITERATURA E SOCIOLOGIA

Willi Bolle (USP)

O objetivo principal deste curso é transmitir uma idéia, teórica e prá-


tica, da relação entre as duas disciplinas, Literatura e Ciências Sociais
(Sociologia e Antropologia) através do estudo comparado da obra de um
representativo cientista social com a de um destacado romancista que,
ambos, focalizaram uma cidade amazônica. Trata-se, respectivamente,
do estudo de Charles Wagley, Uma comunidade amazônica: estudo do

116 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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LITERATURA, CINEMA E TELEVISÃO

Wilfredo Maldonado (UFPB)

No curso sobre Literatura, Cinema e Televisão, vamos discutir “A pedra


do Reino e o Principio do Vai – e - Volta”, famosa obra de escritor Aria-
no Suassuna e encenada na televisão numa adaptação dirigida por Luis
Fernando Carvalho. A leitura desse diretor de cinema e TV brasileiro é
considerada exemplar como transformação criativa de um texto literá-
rio. Durante o curso estaremos cotejando a obra literária e os livros “A
Pedra do Reino – cadernos de filmagem + anotações, de modo a ofere-
cer aos alunos uma visão detalhada do processo de criação/adaptação/
transformação do texto literário em texto audiovisual.

UM MERGULHO NO PROFUNDO ESPELHO DE


NARCISO EM DEZEMBRO E FLORIAM DE AS-
TRID CABRAL

Yasmin Serafim da Costa (UFAM)

Dezembro e floriam de Astrid Cabral é o que Gaston Bachelard descre-


veria como uma fácil tentação do escritor em cair no clichê da poética
imagem da flor à beira do córrego sob o sol primaveril. Assim seria se
não se tratasse de mais um conto de Alameda, livro que a partir do
ambientes habitados por árvores, flores e pequenos animais, transforma
paisagens em personagens e fenômenos da natureza em acontecimentos
singulares. A personagem do conto analisado nesta comunicação é um
copo-de-leite que, à beira de um córrego, espera a chegada do sol para
desabrochar, ver o mundo/ver-se e, finalmente, morrer. Além da clara
relação com o mito de Narciso em várias partes do conto, analiso tam-
bém a função da água como um espelho líquido, no qual tudo se transfor-
ma em um reflexo idêntico e, ao mesmo tempo, destoante de si mesmo,
a ponto de, por fim, discutir-se quem é reflexo e quem é objeto refletido.

118 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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O TEATRO MÍTICO DE MÁRCIO SOUZA

Zemaria Pinto (UFAM)

Tomando como método o apontamento da ênfase onde ela se mostra


mais densa, e sem preocupações cronológicas quanto à escritura ou
encenação, mas buscando um nexo temático-temporal no cerne dos
textos, as onze peças de Márcio Souza, publicadas em três volumes,
podem ser classificadas em quatro grupos: peças míticas, tragédias
amazônicas, chanchadas amazônicas e peças cariocas. A análise literária
do primeiro grupo tem por finalidade mostrar as relações interculturais
que se afiguram no trabalho daquele autor, pois as peças míticas reúnem
os textos que tratam da mitologia indígena do Rio Negro, em cuja foz foi
plantada a cidade de Manaus. Dessana representa o mito da criação do
mundo, como o povo Dessana conseguiu preservá-lo. Jurupari, a guerra
dos sexos baseia-se na visão Tariana do mito desse herói-civilizador, uma
personagem de importância messiânica para os povos do Negro. A ma-
ravilhosa história do sapo Tarô-Bequê é uma comédia que trata de lendas
do povo Tucano, envolvendo bichos e gente comum; longe da condição
de mito, mas não da mitologia. Sob a perspectiva de Mircea Eliade, um
mito cosmogônico, um mito de origem e uma lenda – ou duas histórias
verdadeiras e uma história falsa.

Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imagináro | 119


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UNIVERSIDADES E ORGANISMOS NACIONAIS


E INTERNACIONAIS

Universidade do Estado do Amazonas – UEA


Universidade Federal do Acre – UFAC
Universidade Federal do Amazonas – UFAM
Università degli Studi di Bologna – UniBo IT
Universidade de Brasília – UnB
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Fundação Calouste Gulbenkian Lisboa - FCG
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
Universidade Estadual do Ceará – UECE
Universidade Federal do Ceará – UFC
Universidade Federal Fluminense – UFF
Universidade Feevale Rio Grande do Sul – FEEVALE/RS
Universidade do Estado do Mato Grosso – UNEMAT
Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA
Universidade Federal do Pará – UFPA
Universidade Federal da Paraíba – UFPB
Universidade do Porto – UP PT
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima – IFRR
Universidade Estadual de Roraima – UERR
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP
Universidade de São Paulo – USP
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL

120 | Livro de Resumos: II Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário


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INSTITUIÇÕES FINANCIADORAS

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM


Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP
Secretaria de Estado do Ciência e Tecnologia do Amazonas – SECT/AM

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS


Cátedra Amazonense de Estudos Literários
Av. Djalma Batista, 2470
Chapada - Manaus AM
CEP 69.050-010
(92) 3215-2072/74
Tiregam: 250 exemplares

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