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PREPARA PARÁ

ENSINO MÉDIO | LÍNGUA PORTUGUESA

MATERIAL DO

3ª-
PROFESSOR

S ÉRIE
PREPARA
SOMOS EDUCAÇÃO

LÍNGUA PORTUGUESA

3
3 a SÉRIE
ENSINO MÉDIO
Roberta Lombardi Martins (coord.),
Ana Luiza Couto, Liliane Pereira da
Silva Costa e Viviane Campos
Presidência: Guilherme Mélega
Vice-presidência de Soluções e Serviços Educacionais:
Camila Montero Vaz Cardoso
Direção de Negócios: Elzimar Gouvea de Albuquerque
Direção de Educação: Aldeir Antonio Neto Rocha
Direção Editorial: Lidiane Vivaldini Olo
Coordenação de Projeto: Hydnéa Ponciano Domingueti
Coordenação Editorial: Camila Camilo
Autoras: Roberta Lombardi Martins (coord.), Ana Luiza Couto, Liliane Pereira da Silva
Costa e Viviane Campos
Leitor crítico: Cassio Fernando Cunha Alves
Planejamento, Controle de Produção e Indicadores:
Flávio Matuguma (ger.), Juliana Batista (coord.),
Jayne Ruas e Vivian Mendes Moreira
Revisão: Letícia Pieroni (coord.), Aline Cristina Vieira, Anna Clara Razvickas,
Carla Bertinato, Carolina Guarilha, Daniela Lima, Danielle Modesto, Diego Carbone,
Elane Souza de Paula Vicente, Gisele Valente, Helena Settecerze, Kátia S. Lopes Godoi,
Lilian M. Kumai, Luana Marques, Luíza Thomaz, Malvina Tomáz, Marília H. Lima,
Paula Freire, Paula Rubia Baltazar, Paula Teixeira, Rafael Simeão, Raquel A. Taveira,
Ricardo Miyake, Shirley Figueiredo Ayres, Tayra Alfonso, Thaise Rodrigues e Thayane Vieira
Iconografia e Tratamento de Imagens: Roberta Bento (ger.),
Iron Mantovanello (coord.), Thaisi Lima e
Ligia Dona de Souza (pesquisa iconográfica) e Fernanda Crevin (tratamento de imagens)
Licenciamento de Textos: Roberta Bento (ger.),
Iron Mantovanello (coord.), Raisa Maris Reina e Liliane Rodrigues
Arte: Fernanda Costa (ger.), Kleber de Messas (líder de projeto), Aleksander Scheidegger,
Ana Clara Xavier, Anna Julia Medeiros, Carlos Roberto de Oliveira, Carol Luik,
Cassio de Moura, Danielle dos Santos, Elidia Fernandes, Felipe Cabral,
Francisco Claudio Moreira, Jorge Adriano Savi, Karina Vizeu Winkaler,
Paula Samico, Rafael de Oliveira e Sarah Takechi
Design: Erik Taketa (coord.) e Gustavo Vanini (proj. gráfico e capa.)

Todos os direitos reservados por Somos Sistemas de Ensino S.A.


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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Angélica Ilacqua CRB-8/7057


2023
Ilustração da capa:
ISBN 9786559692330 (Aluno)
ISBN 9786559692347 (Professor) Desenho “Amazônia é vida!”, feito por Marcelly
Código da obra: 838949 (Aluno) Dias Carvalho, estudante da 3a série do Ensino
Código da obra: 838799 (Professor) Médio na escola E.E.E.F.M. Prof. Leonidas Monte,
1a edição
de Abaetetuba.
1a impressão
Foi selecionado no concurso
‘’Prepara COP30”, realizado pela Secretaria
Impressão e acabamento
de Estado da Educação do Pará (Seduc-PA).

Uma publicação

2
APRESENTAÇÃO
Olá, estudante!

Este livro conta com uma capa muito bonita. Foi desenhada
por seus colegas estudantes de escolas da rede estadual
aqui do Pará. Eles participaram do concurso ‘’Prepara COP30”,
realizado pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc).
Belém será sede do evento mais importante sobre clima da
atualidade — a COP30, no ano de 2025. Até lá, estamos preparando
uma série de ações para todos vocês. Acompanhem!

Dito isso, este livro será a sua companhia nas próximas aulas.
Cuide dele com carinho!

Temos certeza de que as atividades aqui contidas apoiarão a sua


aprendizagem e o seu desenvolvimento, principalmente em
relação às habilidades aferidas pelo Sistema de Avaliação da
Educação Básica, o SAEB, que analisa a qualidade da Educação
Básica oferecida pelas redes de ensino do Brasil.

Aproveite suas aulas ao lado do(a) seu(ua) professor(a) e de seus


colegas. Essas experiências irão lhe preparar para as próximas
etapas da sua trajetória escolar e da sua vida.

Bons estudos!

Helder Barbalho Rossieli Soares


Governador do Estado do Pará Secretário de Estado de
Educação do Pará

3
CONHEÇA SEU LIVRO
Cada parte deste livro foi construída para, ao longo das atividades, você e seus colegas desenvolverem novas habilidades e
novos conhecimentos, além de exercitar os já desenvolvidos. Veja como o material está estruturado:

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AD
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1 CAPÍTULO
LENDA
k

O título indica
o gênero a ser
trabalhado

Esquentando os motores...
1 Responda a estas questões.
a) Lendas são uma parte muito importante do folclore nacional. Você sabe qual é a ori-
ESQUENTANDO
gem da palavra folclore? Se souber, registre-a abaixo; caso contrário, pesquise para OS MOTORES...
descobri-la e, logo após, faça o registro.

É a seção que inicia


b) Quais são as principais manifestações folclóricas de sua região?
c) No texto lido, há duas ocorrências de uso de travessão. O que esse sinal significa em
o capítulo, propondo
atividades de
“Ubuntu”?
Da forma como foi utilizado em “Ubuntu”, o travessão indica uma fala, a interlocução de um

d) Pense sobre a filosofia ubuntu: Eu sou porque nós somos. Escreva um final para a lenda
que você acabou de ler que seja contrário a essa filosofia.
2 O folclore brasileiro recebeu influência das culturas indígena, europeia e africana. Leia, a
aquecimento para
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes escrevam um final que tenha competição,

vencedor e perdedores, como contraponto.


seguir, o trecho inicial de uma lenda africana.
apresentação do tema
durantelallera/Shutterstock

Ubuntu
antropólogo: profissional
Professor(a), proponha aos estudantes que pesquisem e apresentem, em classe, exemplos Um antropólogo visitou um povoado africa- especialista em Antropologia,
de seu dia a dia que respeitem a filosofia ubuntu. no. Ele quis conhecer a sua cultura e averiguar ciência que engloba origens,
quais eram os seus valores fundamentais. Assim evolução, desenvolvimentos
que lhe ocorreu uma brincadeira para as crian- físico, material e cultural,
ças. Ele colocou um cesto de frutas perto de uma fisiologia, psicologia,
2 Agora, você vai ler uma lenda indígena. árvore. E disse o seguinte às crianças: características raciais,
Lenda do sol e da lua – A primeira que chegar à árvore ficará com o costumes sociais, crenças, etc.
Segundo essa lenda, existiam dois povos rivais. Eles viviam próximos um do outro, mas
cesto de frutas. [...] dos seres humanos.
nunca se encontravam, pois era proibido que tivessem contato.
Entretanto, um dia um jovem guerreiro saiu para caçar na floresta e conheceu uma bela Filosofia Ubuntu – lenda africana sobre cooperação.
moça da etnia inimiga.
Educlub [Portal], São Paulo, s.d. Disponível em:
Eles se atraíram um pelo outro e passaram a se encontrar outras vezes. E assim foi nascendo
um grande amor. https://www.educlub.com.br/lenda-africana-sobre-
Sempre que podiam, os jovens arranjavam uma forma de estarem juntos sem que ninguém a-filosofia-ubuntu/ . Acesso em: 7 jun. 2023.
soubesse.
Certa vez, no entanto, um dos integrantes da comunidade em que o rapaz vivia flagrou o
encontro dos dois. Eles foram levados à tribo e sentenciados à morte.
Pit stop 1
O cacique era o pai do guerreiro e ficou muito angustiado com a situação. Ele pediu então
ao pajé que preparasse uma poção mágica para salvar o casal.
Ubuntu é uma palavra que veio do continente africano e significa a humanidade para
Assim foi feito. Os dois tomaram o preparado e se transformaram em astros do céu. O moço
virou o sol, já a moça se converteu em lua. todos. A filosofia ubuntu tem o nós como base – o ser humano como parte de um coletivo – e
considera
Infelizmente o sol e a lua quase nunca se encontram, que não
exceto quando se os
ocorrem pode seré humano sozinho, ou seja, os seres humanos dependem uns dos
eclipses,
nesse momento que o casal volta a se amar.
outros para viver: Eu sou porque nós somos.
AIDAR, Laura. Lenda do sol e da lua. In: Cultura Genial [Portal], São Paulo, s.d.
Disponível em: https://www.culturagenial.com/lendas-indigenas-comentadas/
Dando a largada!
Acesso em: 7 jun. 2023.

a) Quem são os personagens protagonistas da lenda? Por que será que eles não têm
nome?
O jovem guerreiro e a bela moça.
lenda é um gênero textual narrativo marcado pela fantasia. Transmitidas oralmente, as DANDO A
b) Quem são os personagens coadjuvantes da lenda?
lendas viajam pelos tempos, combinando fatos históricos e reais com aventura e imaginação.
LARGADA!
O integrante da comunidade que flagra o casal, o cacique e o pajé.

c) Leia, novamente, o trecho abaixo, retirado do texto.


“Assim foi feito.”
8 A seção traz uma
síntese do conceito e
A que se refere a sentença acima?
( ) Ao flagrante dos dois jovens. ( X ) À poção mágica.
( ) À angústia do cacique. ( ) Ao encontro do casal.

10 CAPÍTULO 1 algumas atividades

No final do século XVI, o inglês William Shakespeare (1564-1616) escreveu a tragédia


Romeu e Julieta, na qual dois jovens de famílias inimigas conhecem-se, apaixonam-se e,
mesmo sabendo que as famílias jamais aprovariam, decidem casar-se... Não vamos contar o
final da história, que, com certeza, envolve uma poção! Essa história parece conhecida, não?
Se você ainda não leu Romeu e Julieta nem viu nenhuma de suas versões cinematográ-
ficas, procure, na biblioteca pública de sua cidade, um exemplar da obra e mergulhe nessa
história!

Pit stop 2
As lendas, muitas vezes, servem para que as pessoas entendam fatos que não conseguem
explicar racionalmente. Uma sombra, em um lago, pode se transformar em um monstro que
PIT STOP
tanto apavora uma comunidade quanto pode se transformar em incentivo turístico... Você co-
nhece, por exemplo, o monstro do lago Ness?
Cada “Pit stop” traz um boxe
Voltando para a pista
VOLTANDO Leia, a seguir, um texto sobre a lenda do monstro do lago Ness; depois, responda às ativi-
que complementa a definição
dades 3 a 6.
PARA A PISTA Lenda ou espécie desconhecida?
do conceito
O lago Ness é o cenário de uma das lendas mais famosas da Escócia: um monstro viveria
nas suas águas profundas. [...]
Esta seção retoma Você acredita nessa história? Ou acha que é tudo invenção? [...]
– Esse sacizinho ainda fica aí durante quatro anos. A conta da nossa vida dentro dos gomos
taquaruçu: um tipo de bambu,
Apelidado carinhosamente de Nessie, ele viveria nas águas frias do segundo maior lago é de sete anos. Depois saímos para viver no mundo setenta e sete anos justos. Alcançando

a sequência de
encontrado em todo o território
essa idade, viramos cogumelos venenosos, ou orelhas-de-pau.
escocês, que soma 37 km de extensão e possui 230 metros de profundidade! [...] brasileiro.
Pedrinho regalou-se de contemplar o sacizete adormecido e ali ficaria horas se o saci não o
A existência do monstro do lago Ness ainda divide opiniões, além de ser um desafio para puxasse pela manga. Monteiro Lobato

atividades após o os estudiosos de animais lendários e extintos. Ele é descrito com características de um réptil
marinho e teria pelo menos 10 metros de comprimento. Uma das teorias afirma que ele é um
–Chega – disse ele. – Vire-se de costas outra vez, que é tempo de fechar a janelinha.
Pedrinho obedeceu, e quando de novo olhou não conseguiu perceber no gomo do taqua-
ruçu o menor sinal de janelinha.
(1982-1948)
Advogado de formação e
promotor, foi um dos grandes
SAIBA +
“Pit stop”
escritores do século passado.
Plesiossauro, gigante carnívoro do período Mesozoico que possuía focinho curto, pescoço MONTEIRO LOBATO, José Bento. O saci. 16. ed. Paulo: Brasiliense, 1958, pp. 40-41. [Adap.]
Teve relevância também como
longo e fino e mandíbula pronta para devorar peixes menores. 7 Qual é o tema dessa parte do texto?
editor e tradutor, trazendo
para o Brasil livros inéditos
[...] Tudo pode ter começado na Idade Média, com uma história celta de um cavalo prateado
chamado Kelpie, que vivia no lago escocês. Ele se deixava ser montado por um viajante per-
É a busca pelo Saci empreendida por Pedrinho. e criando, para as crianças,
uma vasta obra e muitos
personagens, conhecidos
A seção inclui
dido e, em seguida, se atirava na água para afogar o homem. 8 No texto, o sufixo -ete, na palavra sacizete, é... como a turma do Sítio do

Já no século VI, apareceu o relato de Santo Columba, que teria salvado alguém de uma
a) referência de origem.
b) formação de gênero.
Pica-pau Amarelo.
o perfil de
estranha criatura do lago Ness com um sinal da cruz. [...] c) grau de superioridade.
Em 2003, a BBC enviou uma expedição ao lago Ness a fim de procurar a criatura misteriosa.
Usando 600 sonares e tecnologia de navegação por satélite, a expedição não encontrou ne- 9
d) indicação de diminutivo.
Pedrinho usa, para referir-se a um sacizinho, a frase “Que galanteza!”.
galanteza! Pelo contexto, qual
autores ou outras
seria a substituição adequada para a sentença?
nhum sinal do monstro. [...]
Apesar dos indícios de que Nessie seria apenas fruto da imaginação humana, muitos avis-
a) Que horror!
b) Que gostosura!
personalidades
citadas
tamentos continuam sendo afirmados. Fotos e vídeos suspeitos seguem aguçando a curiosi- c) Que lindeza!
d) Que nojo!
dade. [...]
10 Em seu texto, Monteiro Lobato utiliza, para descrever o saci que está no gomo do taquaruçu,
Lenda ou espécie desconhecida? Espaço do Conhecimento UFMG [Portal], muitos substantivos no diminutivo: sacizinho, pitinho, carapucinha.
carapucinha Em sua opinião, para
Belo Horizonte, 27 ago. 2019. Disponível em: https://www.ufmg.br/espacodoconhecimento/o- que ele faz isso?
Monteiro Lobato usa o grau diminutivo nessa descrição para denotar afeto, para mostrar que
monstro-do-lago-ness/ . Acesso em: 7 jun. 2023.
Pedrinho não via o saci como uma ameaça, e sim como companheiro que merece cuidado e

3 Agora, leia a frase a seguir:

Tudo pode ter começado na Idade Média, com uma história celta de um cavalo prateado 11 Outro personagem muito famoso nas lendas brasileiras é o Curupira. Leia, a seguir, um
chamado Kelpie, que vivia no lago escocês. pouco mais sobre ele.
Lenda do Curupira
imagetico/Shutterstock

O Curupira é o guardião das florestas e dos animais. Possui traços indígenas,


Na frase, Tudo remete... cabelo de fogo e os pés virados para trás. Dizem que possui o dom de ficar invi
invi-
sível. O curupira é o protetor daqueles que sabem se relacionar com a natureza,
LÍNGUA PORTUGUESA

a) à história do cavalo prateado. utilizando-a apenas para a sua sobrevivência.


Os homens que derrubam árvores para construir sua casa e seus utensílios, ou,
b) à fauna do lago escocês. ainda, para fazer o seu roçado e caçar apenas para alimentar-se, têm a proteção
do Curupira. Mas aqueles que derrubam a mata sem necessidade, os que caçam
c) à vida no período Mesozoico. indiscriminadamente, estes têm no Curupira um terrível inimigo e acabam caindo
d) à lenda de Nessie. em suas armadilhas.
Para vingar-se, o Curupira se transforma em caça. Pode ser uma paca, onça ou qual
qual-
quer outro bicho que atraia os caçadores para o meio da floresta, fazendo-os perder a
noção de seu rumo e ficar dando voltas no mato, retornando sempre ao mesmo lugar.
11
Outra forma de atingir os maus caçadores é fazendo com que sua arma não funcio funcio-
LÍNGUA PORTUGUESA

ne ou fique incapaz de acertar qualquer tipo de alvo, principalmente a caça. [...]


Lenda do Curupira. Portal da Amazônia [Portal], Manaus, 21 ago. 2021.
Disponível em: https://portalamazonia.com/amazonia-az/lenda-do-curupira .
Acesso em: 7 jun. 2023. [Adap.] Curupira.

4
13
1 Termine de ler, agora, Ubuntu.
Mas, quando o homem deu o sinal para que começasse a corrida em direção ao cesto, acon-
teceu algo inusitado: as crianças deram as mãos umas às outras e começaram a correr juntas.
2 Na opinião da organizadora da obra, os livros têm tanto destaque no mundo da arte quanto Ao chegarem ao mesmo tempo, todos desfrutaram do prêmio. Eles se sentaram e repartiram
outras manifestações artísticas? Justifique sua resposta com um trecho do texto. as frutas.
O antropólogo lhes perguntou por que tinham feito isso, quando somente um poderia ter
ficado com todo o cesto. Uma das crianças respondeu:
– “Ubuntu”. Como um de nós poderia ficar feliz se o resto estivesse triste?
Filosofia Ubuntu – lenda africana sobre cooperação. Educlub [Portal], São Paulo, s.d.
Disponível em: https://www.educlub.com.br/lenda-africana-sobre-a-filosofia-ubuntu/ .
Acesso em: 7 jun. 2023.

Riccardo Mayer/Shutterstock
Cruzando a linha

CRUZANDO A As normas populares, vernáculas, opõem-se às normas cultas locais, fazendo do português
uma língua não uniforme. Leia um fragmento do romance Inferno, de Patrícia Melo, e ob-
serve essa heterogeneidade linguística de que se fala. Depois, responda às questões 1 e 2.

LINHA [...]
Reizinho pegou as quatro notas de cinquenta e saiu. Sol forte. Era seu primeiro salário.
Quatro notas de cinquenta. O salário da mãe eram seis notas de cinquenta. Um trabalho muito
pior. A Alzira é uma burra, ele ouvira a patroa da mãe dizer [...]. Eu ensino, dizia dona Juliana
para alguém na sala, uma amiga, que ouvia e se divertia, eu ensino, mas não adianta. Alzira é

Uma seção com


a pessoa mais burra que já vi na minha vida, peça para ela repetir a palavra “brócolis”. Peça
para ela pôr uma mesa, veja o que ela faz com os talheres. Aspargo é isparjo. Vou comprar is-
parjo, dona Juliana. E rúcula? Risos. Isparjo é ótimo. Risos. Rúcula é rucum. Se dependo dessa
infeliz, estou morta. Isparjo. Uma burra completa. É bronca, é sonsa, é lerda, essa Alzira. Tanta

até seis atividades humilhação por apenas seis notas de cinquenta.


Reizinho, de sua cama, separada por uma chapa de madeira compensada da cama de casal,
onde a mãe dormia com a irmã, ouvia as duas conversarem. Noites abafadas, chuvas. A voz da Patrícia Melo

para a prática
mãe, segredando, lamuriante, não suporto, não aguento mais, minha filha, os gritos na minha (1962- )
cabeça. Só porque eu manchei. Quebrei. Queimei. Estraguei. Não dei o recado. Só porque eu é uma das principais escritoras
esqueci. Só porque não sei. Seis notas de cinquenta. contemporâneas brasileiras.
[...] Também atua como roteirista, a) Em sua opinião, por que o antropólogo questionou a atitude das crianças?

mais avançada dos 1


MELO, Patrícia. Inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 21-22.

Ao apontar as diferenças de linguagem de D. Juliana e de Alzira, o narrador pretende chamar


dramaturga e artista plástica.

estudantes
a atenção do leitor para o fato de que...
a) ... a comunicação social eficiente depende do grau de instrução do indivíduo.
b) ... a língua portuguesa é única, com a interseção de inúmeras variedades linguísticas.
b) Releia o trecho a seguir.
c) ... a norma padrão da língua é a que deve prevalecer nas situações comunicativas.
d) ... as normas linguísticas de pouco prestígio são estigmatizadas socialmente. Mas, quando o homem deu o sinal para que começasse a corrida em direção
e) ... os falantes das normas cultas desconsideram a existência das normas populares. ao cesto, aconteceu algo inusitado: as crianças deram as mãos umas às outras e
2 Releia o texto e descreva, abaixo, a casa de Reizinho. começaram a correr juntas.

“Mas” é uma conjunção coordenativa adversativa, que estabelece uma relação de opo-
sição. No trecho, a que “mas” se opõe?

LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
9

21

Leia o trecho abaixo. Em seguida, responda às questões 3 e 4.


Dando a largada! A senhora estranhou, na última vez que estivemos juntos, a minha excessiva indulgência pelas
arrufasse: irritasse.

Continue lendo mais um trecho de Melodia mortal e, depois, responda às questões 1 e 2. criaturas infelizes, que escandalizam a sociedade com a ostentação do seu luxo e extravagâncias.
José de Alencar
[...] Quis responder-lhe imediatamente, tanto é o apreço em que tenho o tato sutil e esquisito O cearense José de Alencar
– Investigando a História! Isso, Holmes! E o que descobriu? da mulher superior para julgar de uma questão de sentimento. Não o fiz, porque vi sentada (1829-1877), jornalista,
no sofá, do outro lado do salão, sua neta, gentil menina de 16 anos, flor cândida e suave, que advogado, político, escritor
– Detalhes, detalhes, detalhes... Mas você, como médico, talvez possa completar alguns indubitável: incontestável; mal desabrocha à sombra materna. Embora não pudesse ouvir-nos, a minha história seria e dramaturgo, fez parte do
pontos que faltam para rematar essa costura. Vamos começar por uma síntese dos fatos co- aquilo de que não se duvida.

GLOSSÁRIO
uma profanação na atmosfera que ela purificava com os perfumes da sua inocência; e – quem Romantismo, criando obras
nhecidos e indubitáveis. Pude levantar cinco pontos importantes para essa investigação.
sabe? – talvez por ignota repercussão o melindre de seu pudor se arrufasse unicamente com indianistas – como Iracema e
Em primeiro lugar, Bellini faleceu no dia 23 de setembro de 1835, em Puteaux, perto de Paris,
os palpites de emoções que iam acordar em minha alma. O Guarani, que virou ópera
na residência de um casal de amigos, os Lewis, que o hospedavam já há algum tempo. Em
ALENCAR, J. Lucíola. 12. ed. São Paulo: Ática, 1998. p. 3. (Fragmento). com música de Carlos Gomes –
segundo, ele andava queixando-se de alguma indisposição, como referido nos testemunhos
e também de temática urbana
de amigos, entre os quais Rossini.
3 Os vocábulos gramaticais têm importante papel nos textos. Eles são responsáveis por con- – com Senhora e Lucíola,

É a parte do
– Rossini? – admirei-me. – Aquele que compôs o... Como é mesmo? Aquele do Fígaro... entre outras. Foi membro da
duzir o leitor na retomada de ideias e palavras, o que garante os princípios da continuidade
– Esse mesmo, Gioacchino Rossini, o autor de O barbeiro de Sevilha. Já morreu há mais de e da progressão temáticas. É o que se observa, por exemplo, em... Academia Brasileira de Letras.
20 anos, mas é uma pena que tenha parado de compor óperas e passado a dedicar-se quase
a) ... “... a minha excessiva indulgência pelas criaturas infelizes, que escandalizam a socie-
que só aos prazeres da mesa. Lá em Paris, inclusive, andam servindo uma receita de filé com
bacon, trufas e patê que dizem ter sido inventada por ele. Muito gorduroso!
– Que horror! – palpitei. – Para mim, nada iguala um bom prato de peixe com batatas fritas,
bem inglês! Mas estávamos falando da morte de Bellini...
capítulo que traz dade...”, na qual o pronome que retoma “indulgência”.
b) ... “Embora não pudesse ouvir-nos, a minha história seria uma profanação na atmosfera
que ela purificava...”, em que nos refere-se a “história”.
– Pois é – continuou Holmes. – Ele estava sob os cuidados de um certo doutor Luigi Montal-
legri, mas não gostava nada desse médico, nada mesmo...
– Bem, ora... A medicina da época! – exclamei, com um muxoxo. – Não é como a moderni-
o significado de c) ... “Não o fiz, porque vi sentada no sofá, do outro lado do salão, sua neta, gentil menina
de 16 anos...” em que o retoma “quis responder-lhe”.
d) ... “... pelas criaturas infelizes, que escandalizam a sociedade com a ostentação do seu
dade desse nosso fim de século tão científico!

algumas palavras
luxo e “extravagâncias”, em que seu refere-se a “luxo e extravagâncias”.
[...] e) ...... “Quis responder-lhe imediatamente, tanto é o apreço em que tenho o tato sutil e
BANDEIRA, Pedro; LEVI, Guido Carlos. Melodia mortal: Sherlock Holmes esquisito da mulher superior...”, em que lhe refere-se a ”mulher superior”.
investiga as mortes de gênios da música. Rio de Janeiro: Fábrica231, 2017. p. 20.
4 O que significa ignota? Tente compreender seu sentido pelo contexto. Depois, pesquise
1 Sherlock Holmes, além de resolver mistérios, parece que consegue prever o futuro também! no dicionário, veja se você inferiu corretamente e escreva o significado abaixo.
Conforme os dois trechos lidos, quais são as previsões do grande detetive que se cumpri-
ram?

Leia, atentamente, o trecho a seguir para responder às questões 5 e 6.


A literatura sobre lógica e falácias lógicas é ampla e variada. Existem diversos livros que
falácia: falsidade.
se propõem a ensinar o leitor a utilizar as ferramentas e paradigmas que sustentam um bom
raciocínio, de forma a produzir debates mais construtivos. No entanto, ler sobre o que não se
deve fazer também é muito útil. Em seu livro Sobre a escrita, Stephen King afirma: “Aprende-
-se mais claramente o que não se deve fazer por meio da leitura de prosa ruim. “Ele descreve
essa experiência terrível como “o equivalente literário da vacina contra a varíola”. Já George Ali Almossawi
Pólya teria afirmado em uma conferência sobre o ensino da matemática que, além de se en- (1984- )
tender bem a disciplina, é necessário saber como não entendê-la. Este livro trata fundamen- é atualmente o engenheiro
2 Qual é o tipo de narrador do romance policial apresentado? talmente do que não se deve fazer em uma argumentação. principal da Apple. Já foi o
a) Observador. c) Personagem. ALMOSSAWI, Ali. Prefácio. In: O livro ilustrado dos maus argumentos. engenheiro de visualização de
b) Onisciente. d) Onipresente. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. p. 11. dados do Mozilla.

5 Quem escreveu esse prefácio? Justifique sua resposta.


Apresentação de livro
Esquentando os motores...
6 Você concorda com a frase do autor estadunidense Stephen King, citada no prefácio acima?
1 Converse com seus(suas) colegas sobre o seguinte questionamento: quando você vai Explique o porquê.
escolher um livro para leitura, qual é o elemento que mais lhe chama a atenção na hora
dessa escolha?

18 CAPÍTULO 2 22 CAPÍTULO 2

Prepara Saeb Prepara Saeb

PREPARA SAEB 1. Leia o texto para responder à questão abaixo:


Nomear
A palavra “dito”, no trecho “[...] perguntou a um nativo como
se chamava o dito.”, refere-se ao termo
O corpo enterrado na cadeira, as grossas botinas mal
dispensavam as muletas. O intruso não lhe dizia respeito. Po-
6. Leia o texto:
Mente quieta, corpo saudável
dia sorver devagarinho o seu conhaque.
Francisco. Escolha de minha avó. Meu pai nasceu Francisco, a) “aquele estranho animal”. A meditação ajuda a controlar a ansiedade e a aliviar a dor?
Encolhido de medo e susto, o gambá não queria desafiar nin-
nome frequente na família. Tio-avô, tios, primos, compadres b) “Capitão Cook”. Ao que tudo indica, sim. Nessas duas áreas os cientistas en-
guém. Mas seus súbitos inimigos a distância mantinham uma
e afilhados. Admiração da família por São Francisco de Assis.
Ao final dos capítulos Nenhum dos Franciscos da família nascidos em 4 de outubro.
Nenhum. Nascessem qualquer data: Francisco. Também os
c) “explorador da Austrália”.
d) “O nativo”.
divertida atitude de caça. Ninguém sabia por onde começar a
bem-vinda peleja. Era preciso não desperdiçar a dádiva que
contraram as maiores evidências da ação terapêutica da me-
ditação, medida em dezenas de pesquisas. Nos últimos 24
anos, só a clínica de redução do estresse da Universidade de
tinha vindo alvoroçar a noite de cada um dos circunstantes.
pares, há a seção que ainda vão nascer: netos, bisnetos... Franciscos. Espera-
-se. Gregório é sobrenome familiar. Descendência holandesa.
e) “Todo mundo”.
REZENDE, Oto Lara. O gambá. In: O elo perdido & outras histórias.
5. ed. São Paulo: Ática, 1998. p. 12. Fragmento.
Massachusetts monitorou 14 mil portadores de câncer, aids,
dor crônica e complicações gástricas. Os técnicos descobriram
Espalhados, a partir de Recife, pelas cidades do Nordeste, os 3. Leia o texto abaixo: que, submetidos a sessões de meditação que alteraram o foco
“Prepara SAEB” holandeses chegaram ao Vale do Açu, Rio Grande do Norte, e
por lá constituíram família em parcerias com os “nativos” (ca- Mitos que metem medo
*Adaptado: Reforma Ortográfica.

No trecho “... um gambá!”, a exclamação expressa:


da sua atenção, os pacientes reduziram o nível de ansiedade e
diminuíram ou abandonaram o uso de analgésicos.
boclos, índios, negros). Em outubro, em várias partes do mundo, comemora-se o
com dez questões Francisco Gregório, meu pai. Minha avó, muito atenta e par-
ticipativa, observou que em sua cidade muitos dos principais
Halloween, ou Dia das Bruxas. Tradição norte-americana. Mas
será que é o caso de importar lendas alheias se temos tantos
a) alegria.
b) exagero. O texto tem por finalidade
Revista Superinteressante, outubro de 2003

relacionadas às cidadãos assinavam seus nomes em suas casas comerciais:


Açougue Preço Bom de Sebastião da Silva; Farmácia Saudade
mitos capazes de botar qualquer bruxinha na sandália? Para
rebater a data, há quem defenda: 31 de outubro é o Dia do Saci.
c) medo.
d) surpresa.
a) criticar.
b) conscientizar.
c) denunciar.
d) informar.
de Jacinto da Silva; Armazém tem tudo de Josué da Silva; Con- Do Saci e de toda a sua turma, esses meliantes que vivem à

habilidades aferidas sultório Médico do Dr. Manoel da Silva; Escritório do Advogado


Tenório da Silva etc. Muitos eram os compadres e comadres da
solta, praticando toda sorte de malfeitorias. É hora de puxar a
ficha corrida dessa gente e dar o veredicto. Podemos ou não to- 5. Leia um fragmento do romance de Érico Veríssimo: 7. Leia o texto e responda:
Silva. Pois bem, decidido pela minha avó: Francisco Gregório da lerar tamanha série de abomináveis maldades? E mais: haverá Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Uma pedra caiu no lago
pela prova Silva, inaugurando na família o sobrenome comunitário: Silva.
Francisco Gregório Filho. Lembranças amorosas.
cadeia capaz de conter a imaginação?
GALLUCCI, Danilo Ribeiro. Disponível em: http://www.
Há um tom de verde, que encontramos às vezes nos céus
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o
cetro; foi proclamada a rainha dos salões.
de certos quadros – um verde aguado, duma pureza de cristal,
SP: GLOBAL Editora 2000. almanaquebrasil.com.br/index.php?option=com_ transparente e frio como um lago nórdico – um verde tão re- Tornou-se deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos
content&view=article&id=7133:>. Acesso em: 17 out. 2011. moto, sereno e perfeito, que parece nada ter em comum com noivos em disponibilidade.
Ao batizar Francisco Gregório da Silva, a avó (Fragmento). as coisas terrenas. Paramos, contemplamos a tela, atribuímos a Era rica e famosa.
a) resgatou a origem holandesa da família. cor impossível à fantasia do artista e passamos adiante.
A expressão “botar qualquer bruxinha na sandália” significa [...]
b) homenageou São Francisco, santo de sua devoção. Entretanto havia na realidade um verde exatamente assim
que Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na
c) constituiu família junto aos nativos caboclos. no horizonte daquele anoitecer de Sexta-Feira da Paixão. O dia sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avi-
a) a América não tem mitos capazes de impor medo.
d) lançou na família o sobrenome Silva. fora morno e sem vento. O outono andava a dar novas tintas à dez informações acerca da grande novidade do dia.
b) a tradição americana é mais rica que a nossa. cidade. As folhas das trepadeiras que cobriam as paredes de al-
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tem-
c) o folclore brasileiro nada deixa a dever ao americano. gumas vivendas dos Moinhos de Vento faziam-se dum verme-
2. Leia o texto: po saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que
lho de ferrugem. Os plátanos do Parque começavam a perder
d) os personagens “do mal” predominam na cultura brasi- usam vesti-la os noveleiros.
Canguru as primeiras folhas. A luz do sol tinha a cor e a doçura do mel.
leira. Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha paren-
Todo mundo sabe (será?) que canguru vem de uma língua na- Os horizontes fugiam. Por toda a parte as paineiras estavam
rebentando em flores. Os contornos das coisas amaciavam-se ta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanha-
tiva australiana e quer dizer “Eu Não Sei”. Segundo a lenda, o
Capitão Cook, explorador da Austrália, ao ver aquele estranho
4. Leia o texto abaixo: à claridade de abril. Andava no ar uma calma adormentadora. va na sociedade. [...]
animal dando saltos de mais de dois metros de altura, pergun- O gambá A paisagem como que ia adquirindo aos poucos uma certa ma- Fonte: ALENCAR, José de. Senhora. 34. ed. 2. imp.
tou a um nativo como se chamava o dito. O nativo respondeu turidade, e as criaturas humanas pareciam finalmente em paz São Paulo: Editora Ática, 2000. (Fragmento).
No silêncio circular da praça, a esquina iluminada. O patrão
guugu yimidhirr, em língua local, Gan-guruu, “Eu não sei”. Des- com o céu e a terra. Havia entre elas e a natureza um acordo
aguardava a hora de apagar as luzes do café. O garçom come-
espontâneo, uma repousada harmonia, uma aceitação mútua e
Nesse trecho, o narrador apresenta a personagem Aurélia
confiado que sou dessas divertidas origens, pesquisei em alguns
çou a descer as portas de aço e olhou o relógio: meia-noite e Camargo, protagonista do romance. Para caracterizá-la,
dicionários etimológicos. Em nenhum dicionário se fala nisso. sem reservas. [...]
Só no Aurélio, nossa pequena Bíblia – numa outra versão. Defi- quarenta e cinco. O moço da farmácia chegou para o último são utilizadas imagens metafóricas, como “raiou no céu flu-
VERISSIMO, Erico. O resto é silêncio.
nição precisa encontrei, como quase sempre, em Partridge: cafezinho. Até ser enxotados, uns poucos fregueses de sem- minense uma nova estrela”, “rainha dos salões”, “deusa dos
Porto Alegre: Globo, 1973. p. 7-9 (Fragmento).
pre insistiam em prolongar a noite. Mas o bate-papo estava bailes”, “musa dos poetas”, que simbolizam
Kangarroo; wallaby
encerrado. O texto literário apresenta características que, por mais
As palavras kanga e walla, significando saltar e pular, são a) seu caráter humilde.
Foi quando o chofer de táxi sustou o gesto de acender o ci- simples que sejam, distanciam-se do uso cotidiano da lin-
acompanhadas pelos sufixos rôo e by, dois sons aborígines da b) seu perfil egoísta.
Austrália, significando quadrúpedes. garro e deu o alarme: um gambá! Correram todos para ver e, guagem. As qualidades distintivas da literatura são eviden-
LÍNGUA PORTUGUESA

mais que ver, para crer. Era a festa, a insólita festa que a noite ciadas nesse texto por meio c) sua beleza fascinante.
Portanto quadrúpedes puladores e quadrúpedes saltadores.
já não prometia. Ali, na praça, quase diante do edifício de dez a) da descrição. d) sua infância nobre.
Quando comuniquei a descoberta a Paulo Rónai, notável lin- andares, um gambá.
guista e grande amigo de Aurélio Buarque de Holanda, Paulo b) da estrutura formal.
gostou de saber da origem “real” do nome canguru. Mas acres-
Vivinho da silva, com sua anacrônica e desarmada arquitetura. 8. A literatura romântica brasileira, produzida no século XIX
LÍNGUA PORTUGUESA

c) da linguagem figurada.
centou: “Que pena. A outra versão é muito mais bonitinha”. No meio da rua – como é que veio parar ali? Um frêmito de (1836-1881), objetivava fortalecer o apreço dos brasileiros
Também acho. batalha animou os presentes. d) da verossimilhança. pelo próprio país, que acabava de se tornar independente
FERNANDES, Millôr. Disponível em: http://www.gravata.com/millor. Todos, pressurosos, foram espiar o recém-chegado. Só o e) do tema natureza. de Portugal.
Acesso em: 26 fev. 1999. Corcundinha permaneceu imóvel diante da mesa de mármore.

24 CAPÍTULO 2 25

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Syda

LÍNGUA PORTUGUESA
Capítulo 1 Lenda 8
Capítulo 2 Romance / apresentação de livro 17
Capítulo 3 Resumo / sinopse / resenha 27
Capítulo 4 Notícia / reportagem 36
Capítulo 5 Crônica / letra de música 51
Capítulo 6 Conto / poema 61
Capítulo 7 Infográfico / propaganda 75
Capítulo 8 Relatório científico 86
Capítulo 9 Editorial 99
Capítulo 10 Artigo de opinião / entrevista 106
Capítulo 11 História em quadrinhos / tirinha 122
Capítulo 12 Charge / piada 134

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LENDA

Esquentando os motores... Habilidades abordadas:


D1 - Localizar informações explícitas
em um texto. D2 - Estabelecer rela-
ções entre partes de um texto, iden-
1 Responda a estas questões. tificando repetições ou substituições
a) Lendas são uma parte muito importante do folclore nacional. Você sabe qual é a ori- que contribuem para a continuidade
dele. D3 - Inferir o sentido de uma pa-
gem da palavra folclore? Se souber, registre-a abaixo; caso contrário, pesquise para lavra ou expressão. D4 - Inferir uma
informação implícita em um texto.
descobri-la e, logo após, faça o registro. D6 - Identificar o tema de um texto.
D11 - Reconhecer a relação de cau-
A palavra folclore vem do inglês folklore: folk (povo) + lore (sabedoria, conhecimento). Assim, sa e consequência em diferentes
textos. D11 - Estabelecer relação
folclore significa sabedoria ou conhecimento popular. causa/consequência entre partes e
elementos do texto. D12 - Identificar
b) Quais são as principais manifestações folclóricas de sua região? a finalidade de textos de diferentes
gêneros. D13 - Identificar as marcas
Resposta pessoal. linguísticas que evidenciam o locutor
Professor(a), abra a conversa com o significado da palavra folclore e amplie para as manifesta- e o interlocutor de um texto.
ções folclóricas regionais, para que os alunos possam falar sobre o que já sabem delas. Se julgar D15 - Estabelecer relações lógico-
-discursivas presentes no texto,
oportuno, solicite que façam uma pesquisa, em grupos, de manifestações da região em que se marcadas por conjunções, advérbios,
encontram. etc. D16 - Identificar efeitos de ironia
ou humor em textos variados.
2 O folclore brasileiro recebeu influência das culturas indígena, europeia e africana. Leia, a D16 - Reconhecer ironia e efeitos de
sentido decorrentes da repetição
seguir, o trecho inicial de uma lenda africana. de palavras em textos diversos.
durantelallera/Shutterstock

Ubuntu
antropólogo: profissional
Um antropólogo visitou um povoado africa- especialista em Antropologia,
no. Ele quis conhecer a sua cultura e averiguar ciência que engloba origens,
quais eram os seus valores fundamentais. Assim evolução, desenvolvimentos
que lhe ocorreu uma brincadeira para as crian- físico, material e cultural,
ças. Ele colocou um cesto de frutas perto de uma fisiologia, psicologia,
árvore. E disse o seguinte às crianças: características raciais,
– A primeira que chegar à árvore ficará com o costumes sociais, crenças, etc.
cesto de frutas. [...] dos seres humanos.

Filosofia Ubuntu – lenda africana sobre cooperação. D17 - Reconhecer o efeito de senti-
Educlub [Portal], São Paulo, s.d. Disponível em: do decorrente do uso da pontuação
e de outras notações. D18 - Reco-
https://www.educlub.com.br/lenda-africana-sobre- nhecer o efeito de sentido decorren-
a-filosofia-ubuntu/ . Acesso em: 7 jun. 2023. te da escolha de uma determinada
Professor(a): observe com os estudantes que há uma construção pouco usual no texto. Em “Assim que palavra ou expressão. D19 - Reco-
lhe ocorreu uma brincadeira para as crianças”, a inserção de uma vírgula após a conjunção coordenativa nhecer relações de sentido marca-
das por conjunções, a relação de
Pit stop 1 conclusiva “assim” deixaria mais óbvia a relação de conclusão entre a conjunção e
o final da sentença. causa e consequência e a relação
entre o pronome e seu referente
Ubuntu é uma palavra que veio do continente africano e significa a humanidade para em diferentes gêneros. D19 - Re-
conhecer o efeito de sentido de-
todos. A filosofia ubuntu tem o nós como base – o ser humano como parte de um coletivo – e corrente da exploração de recursos
considera que não se pode ser humano sozinho, ou seja, os seres humanos dependem uns dos ortográficos e/ou morfossintáticos.
D19 - Reconhecer relação de sentido
outros para viver: Eu sou porque nós somos. marcada por conjunção em textos
diversos. D21 - Reconhecer a ideia
Dando a largada! comum entre textos de gêneros
diferentes e a ironia em tirinhas.
D21 - Reconhecer opiniões diver-
gentes sobre o mesmo tema em
lenda é um gênero textual narrativo marcado pela fantasia. Transmitidas oralmente, as diferentes textos. D21 - Reconhecer
lendas viajam pelos tempos, combinando fatos históricos e reais com aventura e imaginação. opiniões distintas sobre o mesmo
tema, na comparação entre dife-
rentes textos. H20 - Reconhecer a
importância do patrimônio linguístico
para a preservação da memória e da
identidade nacional.
8
1 Termine de ler, agora, Ubuntu.
Mas, quando o homem deu o sinal para que começasse a corrida em direção ao cesto, acon-
teceu algo inusitado: as crianças deram as mãos umas às outras e começaram a correr juntas.
Ao chegarem ao mesmo tempo, todos desfrutaram do prêmio. Eles se sentaram e repartiram
as frutas.
O antropólogo lhes perguntou por que tinham feito isso, quando somente um poderia ter
ficado com todo o cesto. Uma das crianças respondeu:
– “Ubuntu”. Como um de nós poderia ficar feliz se o resto estivesse triste? Professor(a): o uso do pronome
proclítico em “O antropólogo lhes
Filosofia Ubuntu – lenda africana sobre cooperação. Educlub [Portal], São Paulo, s.d. perguntou” não é necessário, e
Disponível em: https://www.educlub.com.br/lenda-africana-sobre-a-filosofia-ubuntu/ . pode ter sido utilizado pelo autor
como forma de reforçar a quem o
Acesso em: 7 jun. 2023. antropólogo fazia a pergunta.

Riccardo Mayer/Shutterstock

a) Em sua opinião, por que o antropólogo questionou a atitude das crianças?


Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes respondam que o antropólogo não

entendeu o sentido de coletividade e harmonia das crianças, provavelmente porque era

oriundo de uma sociedade individualista e competitiva.

b) Releia o trecho a seguir.

Mas, quando o homem deu o sinal para que começasse a corrida em direção
ao cesto, aconteceu algo inusitado: as crianças deram as mãos umas às outras e
começaram a correr juntas.

“Mas” é uma conjunção coordenativa adversativa, que estabelece uma relação de opo-
sição. No trecho, a que “mas” se opõe?
“Mas” estabelece uma relação de oposição com a ideia de que as crianças deveriam

competir. Era isso que se esperava delas, contudo, elas se uniram para que todas ganhassem

o prêmio.
LÍNGUA PORTUGUESA

9
c) No texto lido, há duas ocorrências de uso de travessão. O que esse sinal significa em
“Ubuntu”?
Da forma como foi utilizado em “Ubuntu”, o travessão indica uma fala, a interlocução de um

personagem.

d) Pense sobre a filosofia ubuntu: Eu sou porque nós somos. Escreva um final para a lenda
que você acabou de ler que seja contrário a essa filosofia.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes escrevam um final que tenha competição,

vencedor e perdedores, como contraponto.

Professor(a), proponha aos estudantes que pesquisem e apresentem, em classe, exemplos

de seu dia a dia que respeitem a filosofia ubuntu.

2 Agora, você vai ler uma lenda indígena.


Professor(a): explique aos estudan-
Lenda do sol e da lua tes que, em “Os dois tomaram o
preparado e se transformaram em
Segundo essa lenda, existiam dois povos rivais. Eles viviam próximos um do outro, mas astros do céu”, o uso da próclise foi
nunca se encontravam, pois era proibido que tivessem contato. escolha do autor do texto, já que o
conectivo coordenativo, no caso o
Entretanto, um dia um jovem guerreiro saiu para caçar na floresta e conheceu uma bela “e”, não atrai pronome. Também no
moça da etnia inimiga. caso de “Infelizmente o sol e a lua
quase nunca se encontram”, seria
Eles se atraíram um pelo outro e passaram a se encontrar outras vezes. E assim foi nascendo necessária a inclusão de uma vír-
gula após “Infelizmente”, pelo uso
um grande amor. deslocado de um adjetivo adverbial.
Sempre que podiam, os jovens arranjavam uma forma de estarem juntos sem que ninguém
soubesse.
Certa vez, no entanto, um dos integrantes da comunidade em que o rapaz vivia flagrou o
encontro dos dois. Eles foram levados à tribo e sentenciados à morte.
O cacique era o pai do guerreiro e ficou muito angustiado com a situação. Ele pediu então
ao pajé que preparasse uma poção mágica para salvar o casal.
Assim foi feito. Os dois tomaram o preparado e se transformaram em astros do céu. O moço
virou o sol, já a moça se converteu em lua.
Infelizmente o sol e a lua quase nunca se encontram, exceto quando ocorrem os eclipses, é
nesse momento que o casal volta a se amar.
Professor(a), explique aos alunos
AIDAR, Laura. Lenda do sol e da lua. In: Cultura Genial [Portal], São Paulo, s.d. que é muito comum em lendas os
personagens não terem nomes,
Disponível em: https://www.culturagenial.com/lendas-indigenas-comentadas/ mas serem identificados por uma
Acesso em: 7 jun. 2023. descrição acompanhada de alguma
qualidade (no caso, jovem guer-
reiro e bela moça). Isso acontece
a) Quem são os personagens protagonistas da lenda? Por que será que eles não têm porque não há uma identidade
nome? pessoal, muitas vezes, nas lendas,
dado que elas se referem a nar-
O jovem guerreiro e a bela moça. rativas genéricas, que levam em
consideração muito mais o evento
narrado do que quem o realizou.

b) Quem são os personagens coadjuvantes da lenda?


Professor(a): é importante lembrar
O integrante da comunidade que flagra o casal, o cacique e o pajé. aos estudantes os conceitos de
personagens protagonistas – que
são os personagens centrais da
narrativa – e personagens coadju-
c) Leia, novamente, o trecho abaixo, retirado do texto. vantes – que são os personagens
que, apesar de participarem da
“Assim foi feito.” narrativa, não são os personagens
centrais da trama.
A que se refere a sentença acima?
( ) Ao flagrante dos dois jovens. ( X ) À poção mágica.
( ) À angústia do cacique. ( ) Ao encontro do casal.

10 CAPÍTULO 1
No final do século XVI, o inglês William Shakespeare (1564-1616) escreveu a tragédia
Romeu e Julieta, na qual dois jovens de famílias inimigas conhecem-se, apaixonam-se e,
mesmo sabendo que as famílias jamais aprovariam, decidem casar-se... Não vamos contar o
final da história, que, com certeza, envolve uma poção! Essa história parece conhecida, não?
Se você ainda não leu Romeu e Julieta nem viu nenhuma de suas versões cinematográ-
ficas, procure, na biblioteca pública de sua cidade, um exemplar da obra e mergulhe nessa
história!

Pit stop 2
As lendas, muitas vezes, servem para que as pessoas entendam fatos que não conseguem
explicar racionalmente. Uma sombra, em um lago, pode se transformar em um monstro que
tanto apavora uma comunidade quanto pode se transformar em incentivo turístico... Você co-
nhece, por exemplo, o monstro do lago Ness?

Voltando para a pista


Leia, a seguir, um texto sobre a lenda do monstro do lago Ness; depois, responda às ativi-
dades 3 a 6.
Lenda ou espécie desconhecida?
O lago Ness é o cenário de uma das lendas mais famosas da Escócia: um monstro viveria
nas suas águas profundas. [...]
Você acredita nessa história? Ou acha que é tudo invenção? [...]
Apelidado carinhosamente de Nessie, ele viveria nas águas frias do segundo maior lago
escocês, que soma 37 km de extensão e possui 230 metros de profundidade! [...]
A existência do monstro do lago Ness ainda divide opiniões, além de ser um desafio para
os estudiosos de animais lendários e extintos. Ele é descrito com características de um réptil
marinho e teria pelo menos 10 metros de comprimento. Uma das teorias afirma que ele é um
Plesiossauro, gigante carnívoro do período Mesozoico que possuía focinho curto, pescoço
longo e fino e mandíbula pronta para devorar peixes menores.
[...] Tudo pode ter começado na Idade Média, com uma história celta de um cavalo prateado
chamado Kelpie, que vivia no lago escocês. Ele se deixava ser montado por um viajante per-
dido e, em seguida, se atirava na água para afogar o homem. Professor(a): em “Ele se deixava
ser montado por um viajante
Já no século VI, apareceu o relato de Santo Columba, que teria salvado alguém de uma perdido e, em seguida, se atirava
estranha criatura do lago Ness com um sinal da cruz. [...] na água para afogar o homem”,
no pronome aqui destacado não
Em 2003, a BBC enviou uma expedição ao lago Ness a fim de procurar a criatura misteriosa. é obrigatório o uso da próclise,
Usando 600 sonares e tecnologia de navegação por satélite, a expedição não encontrou ne- considerando-se que a vírgula, que
no caso é o que o precede, não
nhum sinal do monstro. [...] atrai pronome. Em “a BBC enviou
uma expedição ao lago Ness a fim
Apesar dos indícios de que Nessie seria apenas fruto da imaginação humana, muitos avis- de procurar a criatura misteriosa”,
tamentos continuam sendo afirmados. Fotos e vídeos suspeitos seguem aguçando a curiosi- apesar da escolha do autor do texto
não contemplar o uso da vírgula,
dade. [...] ela seria necessária para separar
Lenda ou espécie desconhecida? Espaço do Conhecimento UFMG [Portal], um adjetivo adverbial de lugar (“ao
lago Ness”) de outro adjetivo ad-
Belo Horizonte, 27 ago. 2019. Disponível em: https://www.ufmg.br/espacodoconhecimento/o- verbial, este de finalidade (“a fim
monstro-do-lago-ness/ . Acesso em: 7 jun. 2023. de procurar”).

3 Agora, leia a frase a seguir:

Tudo pode ter começado na Idade Média, com uma história celta de um cavalo prateado
chamado Kelpie, que vivia no lago escocês.

Na frase, Tudo remete...


LÍNGUA PORTUGUESA

a) à história do cavalo prateado.


b) à fauna do lago escocês.
c) à vida no período Mesozoico.
X d) à lenda de Nessie.

11
4 Leia, com bastante atenção, a sentença abaixo.
Apelidado carinhosamente de Nessie, ele viveria nas águas frias do segundo maior lago
escocês, que soma 37 km de extensão e possui 230 metros de profundidade! [...]
O pronome “ele” faz referência a que elemento da história?
a) Ao apelido. c) Ao lago.
X b) Ao monstro. d) Ao cavalo.
5 No texto, são utilizados verbos no futuro do pretérito – “viveria”, “teria”, “seria”. Que efeito
essas formas verbais provocam no leitor?
O futuro do pretérito é o tempo verbal utilizado para fazer referência a eventos que poderiam

ter ocorrido no passado, mas que acabaram não se realizando. No texto, essas formas verbais

trazem um sentimento de ironia: se está tratando, de forma “séria”, de um tema que se sabe é

fruto da imaginação de uma comunidade.

6 No texto, há alguma indicação de que a história do monstro é levada a sério? Justifique sua
resposta.
O fato de a BBC ter promovido uma expedição ao lago, com 600 sonares e tecnologia de

navegação, mostra que, no mínimo, a emissora esperava ter um retorno da audiência,

interessada no monstro do lago Ness, que compensasse o investimento.


Professor(a), explique aos estudantes que a BBC (British Broadcasting Corporation) é uma emissora
pública de rádio e TV do Reino Unido, fundada em 1922.

Pit stop 3
Os folcloristas são pessoas que pesquisam e/ou colecionam material referente ao folclore.
No Brasil, alguns desses profissionais destacaram-se: o escritor Mário de Andrade (1893-1945),
autor de Macunaíma, obra que traz, em seu enredo, diversas manifestações culturais; o pesqui-
sador Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), que escreveu o Dicionário do Folclore Brasileiro; e
a cantora Inezita Barroso (1925-2015), que divulgou, em seus programas televisivos, o cancio-
neiro popular brasileiro.

Voltando para a pista


Monteiro Lobato (1882-1948), paulista de Taubaté, também foi um grande folclorista. O saci,
uma de suas obras, conta as aventuras de vários personagens folclóricos com a turma do sítio
do Pica-pau Amarelo. Leia, a seguir, um trecho dessa obra. Depois, responda as atividades 7 a 10.

A sacizada
– É aqui, dentro destes gomos, que se geram e crescem meus irmãos de uma perna só – dis-
se o saci. – Quando chegam em idade de correr mundo, furam os gomos e saltam fora. Repare
quantos gomos furados. De cada um deles já saiu um saci.
Pedrinho viu que era exato o que ele dizia e mostrou desejos de abrir um gomo para espiar
um sacizinho novo ainda preso lá dentro. Professor(a): Explique aos estudan-
tes que, após “De cada um deles”,
– Vou satisfazer a sua curiosidade, Pedrinho, mas não posso revelar o segredo de furar os seria necessário o uso de vírgula,
gomos: portanto, vire-se de costas. considerando que a expressão
em pauta é um adjunto adverbial
O menino virou-se de costas, assim ficando até que o saci dissesse –Pronto! – Só então des- deslocado. Também é importante
explicar à classe que, em “mas não
virou-se e com grande admiração viu aberta num gomo uma perfeita janelinha. posso revelar o segredo de furar
– Posso espiar? – perguntou. os gomos: portanto, vire-se de
costas”, no lugar dos dois-pontos,
– Espie mas com um olho só – respondeu o saci. – Se espiar com os dois, o sacizinho acorda o uso recomendado pela norma é
de ponto e vírgula. Há outro caso
e joga nos seus olhos a brasa do pitinho. que deve ser observado com os
O menino assim fez. Espiou com um olho só e viu um sacizinho do tamanho de um camun- estudantes: em “e com grande
admiração viu aberta num gomo
dongo, já de pitinho aceso na boca e carapucinha na cabeça. Estava todo encolhido no fundo uma perfeita janelinha”, o adjunto
do gomo. adverbial “num gomo” precisaria
ser isolado por vírgulas. Em “Espie
– Que galanteza! – exclamou Pedrinho. – Que pena o povo lá de casa não estar aqui para ver mas com um olho só”, é necessária
uma vírgula antes de “mas”.
esta maravilha!

12 CAPÍTULO 1
Professor(a): Explique aos estudantes que, em “Esse sacizinho ainda fica aí durante quatro anos”, é necessária uma vírgula entre o ajunto adverbial
de lugar “aí” e o adjunto adverbial de tempo “durante”. Em “A conta da nossa vida dentro dos gomos é de sete anos”, o adjunto adverbial “dentro
dos gomos”, pelo uso deslocado, precisa estar isolado por vírgulas. O mesmo ocorre em “para viver no mundo setenta e sete anos justos”, em
– Esse sacizinho ainda fica aí durante quatro anos. A conta da nossa vida dentro dos gomos
taquaruçu: um tipo de bambu,
é de sete anos. Depois saímos para viver no mundo setenta e sete anos justos. Alcançando
encontrado em todo o território
essa idade, viramos cogumelos venenosos, ou orelhas-de-pau.
brasileiro.
Pedrinho regalou-se de contemplar o sacizete adormecido e ali ficaria horas se o saci não o
puxasse pela manga. Monteiro Lobato
–Chega – disse ele. – Vire-se de costas outra vez, que é tempo de fechar a janelinha. (1982-1948)
Pedrinho obedeceu, e quando de novo olhou não conseguiu perceber no gomo do taqua- Advogado de formação e
ruçu o menor sinal de janelinha. promotor, foi um dos grandes
escritores do século passado.
MONTEIRO LOBATO, José Bento. O saci. 16. ed. Paulo: Brasiliense, 1958, pp. 40-41. [Adap.]
Teve relevância também como
editor e tradutor, trazendo
7 Qual é o tema dessa parte do texto?
para o Brasil livros inéditos
É a busca pelo Saci empreendida por Pedrinho. e criando, para as crianças,
uma vasta obra e muitos
personagens, conhecidos
8 No texto, o sufixo -ete, na palavra sacizete, é... como a turma do Sítio do
a) referência de origem. Pica-pau Amarelo.
que “no mundo” precisaria estar
b) formação de gênero. isolado por vírgulas. Também é
c) grau de superioridade. importante alertar os estudantes
para o uso da vírgula em “Pedrinho
X d) indicação de diminutivo. obedeceu, e quando de novo olhou
não conseguiu perceber no gomo
9 Pedrinho usa, para referir-se a um sacizinho, a frase “Que galanteza!”. Pelo contexto, qual do taquaruçu o menor sinal de
janelinha”. A norma orienta o uso
seria a substituição adequada para a sentença? da vírgula, no período em questão,
da seguinte maneira: “Pedrinho
a) Que horror! Professor(a), após a atividade realizada, peça aos estudantes que obedeceu e, quando de novo olhou,
procurem o termo galanteza no dicionário. Eles provavelmente en- não conseguiu perceber, no gomo
b) Que gostosura! contrarão que galanteza é a qualidade de ser galante, ou seja, de ser do taquaruçu, o menor sinal de
elegante, amável, simpático, gentil. Explique à turma que o termo janelinha”.
X c) Que lindeza! era muito utilizado no início do século XX, quando Monteiro Lobato
escreveu essa obra.
d) Que nojo!
10 Em seu texto, Monteiro Lobato utiliza, para descrever o saci que está no gomo do taquaruçu,
muitos substantivos no diminutivo: sacizinho, pitinho, carapucinha. Em sua opinião, para
que ele faz isso?
Monteiro Lobato usa o grau diminutivo nessa descrição para denotar afeto, para mostrar que

Pedrinho não via o saci como uma ameaça, e sim como companheiro que merece cuidado e

carinho.

11 Outro personagem muito famoso nas lendas brasileiras é o Curupira. Leia, a seguir, um
pouco mais sobre ele.
Lenda do Curupira

imagetico/Shutterstock
O Curupira é o guardião das florestas e dos animais. Possui traços indígenas,
cabelo de fogo e os pés virados para trás. Dizem que possui o dom de ficar invi-
sível. O curupira é o protetor daqueles que sabem se relacionar com a natureza,
utilizando-a apenas para a sua sobrevivência.
Os homens que derrubam árvores para construir sua casa e seus utensílios, ou,
ainda, para fazer o seu roçado e caçar apenas para alimentar-se, têm a proteção
do Curupira. Mas aqueles que derrubam a mata sem necessidade, os que caçam
indiscriminadamente, estes têm no Curupira um terrível inimigo e acabam caindo
em suas armadilhas.
Para vingar-se, o Curupira se transforma em caça. Pode ser uma paca, onça ou qual-
quer outro bicho que atraia os caçadores para o meio da floresta, fazendo-os perder a
noção de seu rumo e ficar dando voltas no mato, retornando sempre ao mesmo lugar.
Outra forma de atingir os maus caçadores é fazendo com que sua arma não funcio-
LÍNGUA PORTUGUESA

ne ou fique incapaz de acertar qualquer tipo de alvo, principalmente a caça. [...]


Lenda do Curupira. Portal da Amazônia [Portal], Manaus, 21 ago. 2021.
Disponível em: https://portalamazonia.com/amazonia-az/lenda-do-curupira .
Acesso em: 7 jun. 2023. [Adap.] Curupira.
Professor(a), chame a atenção dos estudantes para a posição do pronome “se” no trecho a seguir: “que sabem se relacionar”. No caso, o uso
preconizado pela norma seria “que sabem relacionar-se”, já que não é previsto o uso do pronome entre as formas verbais. Em “o Curupira se
transforma”, deveria ocorrer ênclise, com o pronome posposto ao verbo: “transforma-se”.
13
a) Muitas vezes, o Curupira é apresentado como um personagem malvado, de quem as
pessoas têm medo. De acordo com o texto que você leu, essa maneira de ver o Curupira
é justificada?
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que o Curupira representa uma

relação de respeito pela vida silvestre. Como diz a lenda, se o homem utilizar a natureza

apenas para suas necessidades, sem desperdício, a natureza não se voltará contra ele.

Então, a malvadeza dele se dirige apenas àqueles que violentam a natureza.

A Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), composta de 193 Estados-membros da


ONU, em 2015, reuniu-se e definiu metas mundiais de sustentabilidade para serem cumpri-
das até 2030. Você pode conhecê-las no Portal das Nações Unidas - Brasil, disponível em:
https://brasil.un.org/pt-br/sdgs (acesso em: 9 jun. 2023).

b) Pesquise e escreva, a seguir, qual dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS),


definidos pela AGNU, seria defendido pelo Curupira.
O ODS em questão é o 15. Vida Terrestre, que diz respeito a “proteger, recuperar e

promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as

florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda”

(Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/15. Acesso em: 9 jun. 2023).

c) Releia o texto e relacione os pronomes a seus referentes.


( 3 ) “fazendo-os perder a noção” 1) O Curupira
( 1 ) “acabam caindo em suas armadilhas” 2) Os homens
( 2 ) “caçar apenas para alimentar-se” 3) Os caçadores

A anáfora e a catáfora são componentes linguísticos que fazem referências a elemen-


tos do texto. Para fazer referência a um termo já utilizado, usamos a anáfora; para antecipar
um termo que ainda será citado, usamos a catáfora.

d) Releia atentamente o texto. Há um trecho em que é utilizado um pronome anafórico


no lugar de um catafórico. Que trecho é esse? Copie-o abaixo, utilizando o pronome
adequado.
Mas aqueles que derrubam a mata sem necessidade, os que caçam indiscriminadamente,

esses têm no Curupira um terrível inimigo e acabam caindo em suas armadilhas.

Cruzando a linha
Leia, agora, uma lenda que explica a criação do pirarucu, peixe amazônico.

A lenda do pirarucu
O pirarucu é um peixe da Amazônia, cujo comprimento pode chegar a até 2 metros. Suas
escamas são grandes e rígidas o suficiente para serem usadas como lixas de unha, como arte-
sanato ou, simplesmente, vendidas como souvenirs.

14 CAPÍTULO 1
A carne do pirarucu é suave e usada em pratos típicos da região. Pode também ser preparada
de outras maneiras, frequentemente salgada e exposta ao sol para secar. Se fresca ou seca, a
carne do pirarucu é sempre uma delícia em qualquer receita.
Pirarucu era um indígena que pertencia ao povo Uaiá, que habitava as planícies de Lábrea
no sudoeste da Amazônia. Ele era um bravo guerreiro, mas tinha um coração perverso, mes-
mo sendo filho de Pindarô, um homem de bom coração e também chefe do povo. Pirarucu era
cheio de vaidades, egoísmo e excessivamente orgulhoso de seu poder.
Um dia, enquanto seu pai fazia uma visita amigável a aldeias vizinhas, Pirarucu se apro-
veitou-se da ocasião para tomar como reféns os índios da aldeia e executá-los sem nenhum
motivo. Pirarucu também adorava criticar os deuses.
Tupã, o deus dos deuses, observou Pirarucu por um longo tempo, até que, cansado daquele
comportamento, decidiu punir Pirarucu. Tupã chamou Polo e ordenou que ele espalhasse seu
mais poderoso relâmpago na área inteira. Ele também chamou Iururaruaçu, a deusa das tor-
rentes, e ordenou que ela provocasse as mais fortes torrentes de chuva sobre Pirarucu, que es-
tava pescando com outros indígenas às margens do rio Tocantins, não muito longe da aldeia.
O fogo de Tupã foi visto por toda a floresta. Quando Pirarucu percebeu as ondas furiosas
do rio e ouviu a voz enraivecida de Tupã, ele somente as ignorou com uma risada e palavras
de desprezo.
Então, Tupã enviou Xandoré, o demônio que odeia os homens, para atirar relâmpagos e tro-
vões sobre Pirarucu, enchendo o ar de luz. Pirarucu tentou escapar, mas, enquanto ele corria
por entre os galhos das árvores, um relâmpago fulminante, enviado por Xandoré, acertou o Professor(a), explique aos estudan-
tes que o pirarucu é considerado
coração do guerreiro, que, mesmo assim, recusou-se a pedir perdão. um dos “gigantes” da água doce,
Todos aqueles que se encontravam com Pirarucu correram para a selva, terrivelmente as- chegando a pesar, quando adulto,
de 100 a 200 kg, atingindo até 2 m
sustados. Depois o corpo de Pirarucu, ainda vivo, foi levado para as profundezas do rio Tocan- de comprimento. Seu nome, “pira-
tins e transformado em um peixe gigante e escuro. Pirarucu desapareceu nas águas e nunca rucu”, vem do tupi-guarani pira, que
mais retornou, mas por um longo tempo ainda foi o terror da região. significa “peixe”, e urucum, “verme-
lho”. Onívoro, o pirarucu come tanto
ALVES, Maria José de Castro; PEREIRA, Maria Antonieta (coord.). A lenda do pirarucu. In: Lendas e animais quanto vegetais.
mitos do Brasil. Belo Horizonte: A Tela e o Texto, 2007, pp. 34-38. Disponível em: http://www.letras.
ufmg.br/site/e-livros/Lendas%20e%20Mitos%20do%20Brasil.pdf . Acesso em: 7 jun. 2023. [Adap.]

SergioRocha/Shutterstock

Pirarucu.

a) O texto que você leu começa com dois parágrafos que ainda não fazem parte da lenda.
Por que isso acontece?
Espera-se que os estudantes percebam que esses dois parágrafos iniciais são uma

introdução que visa informar o leitor sobre o pirarucu, considerando que nem todos os

leitores estarão familiarizados com o peixe.

b) Selecione, do texto, o trecho que explica como era Pirarucu e quais de suas característi-
cas opõem-se.
LÍNGUA PORTUGUESA

“Pirarucu era cheio de vaidades, egoísmo e excessivamente orgulhoso de seu poder.”

Apesar de ser um bravo guerreiro, o coração de Pirarucu era perverso.

15
c) Quais são as divindades que se unem para castigar Pirarucu?
Tupã, Polo, Iururaruaçu e Xandoré.

d) Escreva, abaixo, um trecho do texto que contenha uma relação de causa e efeito.
“Tupã, o deus dos deuses, observou Pirarucu por um longo tempo, até que, cansado

daquele comportamento, decidiu punir Pirarucu.”

e) Pirarucu era, de fato, um guerreiro muito temido pelos indígenas de seu povo. Copie,
abaixo, um trecho do texto que confirma essa afirmação.
“Pirarucu desapareceu nas águas e nunca mais retornou, mas por um longo tempo ainda

foi o terror da região.”

f ) Em sua opinião, a punição de Pirarucu foi justa? O que ele poderia ter feito para mudar
o desfecho da lenda?
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que foi o comportamento

egoísta e perverso de Pirarucu que causou seu castigo – e, mais do que isso, sua recusa em

se arrepender pelo mal que causou.

g) De acordo com a resposta que você deu à atividade anterior, reescreva o final da lenda.
Resposta pessoal.

16 CAPÍTULO 1
2
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ROMANCE /

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APRESENTAÇÃO DE LIVRO
1.a) Resposta pessoal. Professor(a), repare que a pergunta infere que o estudante já tenha lido algum
romance, considerando que é um gênero trabalhado desde os anos finais do Ensino Fundamental. Caso
algum estudante afirme nunca ter lido um romance, converse com ele e explique que esse gênero li-
terário abarca muitos tipos – talvez o estudante só não reconheça o que leu como romance. Isso será
tratado mais adiante. Habilidades abordadas: D1 –
Romance 1.b) Resposta pessoal. Professor(a), deixe que os alunos troquem impressões
sobre os romances que já leram e que se expressem livremente.
Localizar informações explícitas
em um texto. D2 – Estabelecer
relações entre partes de um
Esquentando os motores... texto, identificando repetições
ou substituições que contri-
buem para a continuidade dele.
1 Converse com seus(suas) colegas e com o(a) professor(a) sobre estas questões: D3 – Inferir o sentido de uma
palavra ou expressão. D4 – Inferir
a) Que romances você já leu? Gostou de ler esse tipo de gênero textual? uma informação implícita em
um texto. D4 – Reconhecer o
b) Qual romance que você já leu foi o seu preferido? Por quê? tema em contos e fragmentos
de romances. D10 – Identificar
2 Leia um trecho de Melodia mortal, de Pedro Bandeira e Guido Carlos Levi. Depois, responda: o conflito gerador do enredo e
do que trata o romance? Você percebe alguma diferença de opinião entre os personagens? os elementos que constroem
a narrativa. D11 – Estabelecer
[...] relação causa/consequência entre
– Muito bem, Watson. Já que tocamos no caso da estranha morte de Bellini, sou obrigado a partes e elementos do texto.
confessar-lhe que tive de atravessar o Canal da Mancha para ajudar meus amigos da polícia D11 – Reconhecer a relação de
causa e consequência em diferen-
francesa a solucionar a substituição da famosa Mona Lisa no Museu do Louvre por uma cópia, tes textos. D11 – Reconhecer a
aliás, muito malfeita. – Tirou uma profunda baforada do cachimbo e soltou um perfeito círculo relação de causa e consequência
de fumaça em direção ao teto. – Ah, como seria bom se não tivéssemos de atravessar o Canal em piadas e fragmentos de ro-
mance. D13 – Identificar as mar-
a bordo desses vapores chacoalhantes! Tenho certeza de que a notável engenharia inglesa cas linguísticas que evidenciam
ainda haverá de inventar um modo de passarmos da nossa ilha ao continente, de Dover a o locutor e o interlocutor de um
Calais, através de um túnel sob o mar, a bordo de um seguro trem inglês. texto. D15 – Estabelecer relações
lógico-discursivas presentes no
– Ora, Holmes, só você mesmo: atravessar o Canal da Mancha de trem por baixo d’água! – texto, marcadas por conjunções,
ousei, brincando com a imaginação de Holmes. advérbios etc. D20 – Reconhecer
opiniões distintas sobre o mesmo
– E por que não, Watson? O que você me diz da locomotiva movida a energia elétrica criada tema, na comparação entre dife-
por Robert Davidson desde 1842? Já foram feitos vários testes e tenho certeza de que logo ela rentes textos. D21 – Reconhecer
se tornará viável! Faltam apenas dez anos para o fim deste século e você não viu que essa in- opiniões divergentes sobre o
mesmo tema em diferentes
venção vai permitir que nosso Metropolitan Railway, o nosso metrô, possa atravessar Londres textos. D21 – Reconhecer ideia
por baixo da terra? Por baixo da terra, Watson! Sem a fumaça das caldeiras, atravessar um comum e opiniões divergentes
túnel será bem menos sufocante! sobre o mesmo tema na compa-
ração entre diferentes textos.
– Ora, bem... esse Davidson! Um escocês!
– Sempre do Império, Watson, sempre do Império! Um fiel súdito de nossa Victoria Regina! chacoalhante: agitado,
Não duvide da inventividade vitoriana. Já dominamos meio mundo! Não há nada que não sacudido.
possamos conquistar!
– Bem, bem, Holmes, mas você me falava da substituição da Mona Lisa por uma cópia Pedro Bandeira
malfeita... (1942-)
– Ah, sim. Mas foi simples: não levei mais de um dia para descobrir a tela original enrolada e Paulista da cidade de Santos,
escondida dentro do oco da bengala do vice-diretor do Louvre, antes que ele pudesse se safar já publicou mais de 100 livros!
com ela. Assim, nada mais tendo a fazer por lá e, como a forte impressão da apresentação da Foi ator teatral, jornalista e
Norma na Ópera de Londres ainda estivesse incrustada em meu cérebro, resolvi investigar o
publicitário, e teve inclusive
mistério da morte do seu autor.
uma obra adaptada para o
[...]
cinema.
BANDEIRA, Pedro; LEVI, Guido Carlos. Melodia mortal: Sherlock Holmes investiga as mortes de gênios
da música. Rio de Janeiro: Fábrica231, 2017. p. 19-20. Guido Carlos Levi
(1941-)
Espera-se que, pelo título e pelos personagens apresentados, o estudante infira que se trata de
Parceiro de Pedro Bandeira
LÍNGUA PORTUGUESA

um romance policial que vai tratar de um mistério relacionado à música. Além disso, o estudante em Melodia mortal, é médico
infectologista nascido em Jaú-
deve perceber que Sherlock e Watson têm opiniões diferentes sobre a importância e utilização
SP, e publicou várias obras de
da tecnologia possível à época. referência na área médica.

17
Dando a largada!
Continue lendo mais um trecho de Melodia mortal e, depois, responda às questões 1 e 2.
[...]
– Investigando a História! Isso, Holmes! E o que descobriu?
– Detalhes, detalhes, detalhes... Mas você, como médico, talvez possa completar alguns indubitável: incontestável;
pontos que faltam para rematar essa costura. Vamos começar por uma síntese dos fatos co- aquilo de que não se duvida.
nhecidos e indubitáveis. Pude levantar cinco pontos importantes para essa investigação.
Em primeiro lugar, Bellini faleceu no dia 23 de setembro de 1835, em Puteaux, perto de Paris,
na residência de um casal de amigos, os Lewis, que o hospedavam já há algum tempo. Em
segundo, ele andava queixando-se de alguma indisposição, como referido nos testemunhos
de amigos, entre os quais Rossini.
– Rossini? – admirei-me. – Aquele que compôs o... Como é mesmo? Aquele do Fígaro...
– Esse mesmo, Gioacchino Rossini, o autor de O barbeiro de Sevilha. Já morreu há mais de
20 anos, mas é uma pena que tenha parado de compor óperas e passado a dedicar-se quase
que só aos prazeres da mesa. Lá em Paris, inclusive, andam servindo uma receita de filé com
bacon, trufas e patê que dizem ter sido inventada por ele. Muito gorduroso!
– Que horror! – palpitei. – Para mim, nada iguala um bom prato de peixe com batatas fritas,
bem inglês! Mas estávamos falando da morte de Bellini...
– Pois é – continuou Holmes. – Ele estava sob os cuidados de um certo doutor Luigi Montal-
legri, mas não gostava nada desse médico, nada mesmo...
– Bem, ora... A medicina da época! – exclamei, com um muxoxo. – Não é como a moderni-
dade desse nosso fim de século tão científico!
[...]
BANDEIRA, Pedro; LEVI, Guido Carlos. Melodia mortal: Sherlock Holmes
investiga as mortes de gênios da música. Rio de Janeiro: Fábrica231, 2017. p. 20.
Habilidades abordadas: D1 - Loca-
1 Sherlock Holmes, além de resolver mistérios, parece que consegue prever o futuro também! lizar informações explícitas em um
texto. D3 - Inferir o sentido de uma
Conforme os dois trechos lidos, quais são as previsões do grande detetive que se cumpri- palavra ou expressão. D5 - Inter-
ram? pretar texto com auxílio de material
gráfico diverso (propagandas, qua-
Resposta pessoal. Espera-se que o estudante reconheça, na fala do detetive, o roubo da drinhos, fotos etc.). D6 - Identificar
o tema de um texto. D12 - Identi-
Mona Lisa, no Museu do Louvre, ocorrido em 1911 – a tela foi recuperada apenas em 1914; a ficar a finalidade de textos de dife-
rentes gêneros. D16 - Identificar
efeitos de ironia ou humor em
inauguração do Eurotúnel, túnel submarino no qual trafega um trem que atravessa o Canal da textos variados. D16 - Reconhecer
ironia e efeitos de sentido decor-
Mancha, ligando o Reino Unido e a França; a instalação do metrô, que atravessa a cidade de rentes da repetição de palavras em
textos diversos. D17 - Reconhecer
Londres; e a criação do prato francês conhecido como Tournedos Rossini, em homenagem ao o efeito de sentido decorrente do
uso da pontuação e de outras no-
compositor de O barbeiro de Sevilha. tações. D18 - Reconhecer o efeito
de sentido decorrente da escolha
de uma determinada palavra ou
2 Qual é o tipo de narrador do romance policial apresentado? expressão. D19 - Reconhecer
relações de sentido marcadas por
a) Observador. X c) Personagem. conjunções, a relação de causa e
b) Onisciente. d) Onipresente. consequência e a relação entre o
Espera-se que o estudante perceba que a história é contada pelo Dr. Watson em primeira pessoa. pronome e seu referente em dife-
Exemplos: “[...] ousei, brincando com a imaginação de Holmes”, “[...] admirei-me”, “[...] palpitei”, rentes gêneros. D19 - Reconhecer
“[...] exclamei com um muxoxo”. o efeito de sentido decorrente da
exploração de recursos ortográficos
Apresentação de livro e/ou morfossintáticos. D19 - Reco-
nhecer relação de sentido marcada
por conjunção em textos diversos.
Esquentando os motores... D20 - Reconhecer diferentes
formas de tratar uma informação
na comparação de textos que
1 Converse com seus(suas) colegas sobre o seguinte questionamento: quando você vai abordam o mesmo tema, em fun-
escolher um livro para leitura, qual é o elemento que mais lhe chama a atenção na hora ção das condições em que ele foi
produzido e daquelas em que será
dessa escolha? recebido. D21 - Reconhecer a ideia
comum entre textos de gêneros
Resposta pessoal. Professor(a), converse com a classe sobre os vários elementos de um livro: diferentes e a ironia em tirinhas.
capa, quarta capa, orelha, dedicatória, apresentação (ou prefácio), sumário, H17 - Reconhecer a presença de
texto propriamente dito, posfácio... valores sociais e humanos atualizá-
veis e permanentes no patrimônio
literário nacional. H20 - Reconhecer
a importância do patrimônio linguís-
tico para a preservação da memória
e da identidade nacional.

18 CAPÍTULO 2
2 Que elementos da capa deste livro chamariam sua atenção?

Reprodução/Companhia das Letras


Resposta pessoal.

Professor(a), espera-se que o estudante tenha


sua atenção despertada para a forma como o
título foi apresentado: os fios que se estendem
do bordado representam as veredas pelas quais
os personagens da obra transitam. Além disso,
traz, para a obra literária, a integração com o
bordado, trabalho manual considerado patrimô-
nio cultural.

A apresentação – ou prefácio – de um livro é o texto que precede a história pro-


priamente dita. Pode adiantar algo ao leitor sobre o que ele vai ler ou pode falar sobre
como o autor imaginou a história. Às vezes é escrita pelo próprio autor, outras vezes a
apresentação é feita por um especialista no tema – ou no autor!

3 Leia, a seguir, um trecho da apresentação de um clássico da literatura brasileira – Grande


sertão: veredas, de João Guimarães Rosa – escrito por Paulo Rónai.
Três motivos em Grande Sertão: Veredas
Mal emergido dos dois compactos volumes do Corpo de baile e resistindo a custo à vontade
de relê-los, eis-me às voltas com uma nova obra do autor, tão substanciosa como aquela, e
não menos hirta de obstáculos nem menos rica de compensações. Como prêmio do esforço
exigido pela leitura, saímos dela com a impressão de termos participado um pouco da obra
de ficção, de termos compartilhado não só as vicissitudes das personagens, mas também a Paulo Rónai
alegria criadora do autor. (1907-1992)
Essa impressão faz esquecer de vez o susto que se experimenta à entrada, ao sopesar o vo- Nasceu em Budapeste, na
lume grosso, bloco maciço, sem claros, sem divisão em capítulos, sem índice. Ainda mais: que Hungria, e veio para o Brasil
vem a ser esse título estranho, com dois pontos no meio? A linguagem condensada, elíptica, na época da Segunda Guerra
regional e individual ao mesmo tempo, embora dentro da linha dos livros anteriores, impõe ao Mundial, naturalizando-se
interesse um período de adaptação. Além disso, a história tarda a começar, o narrador parece brasileiro. Foi professor,
experimentar vários rumos, embrenha-se num atalho, marca passo, desvia-se, volta ao ponto tradutor e revisor e publicou
inicial, recomeça a ação, parece fragmentar-se num labirinto de episódios desconexos. [...] várias obras sobre o processo
RÓNAI, Paulo. Três motivos em Grande Sertão: Veredas. In: ROSA, João Guimarães. tradutório e também para o
Grande sertão: veredas. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 15-16. estudo de latim.

a) Na apresentação, Paulo Rónai lista algumas características de Grande sertão: veredas


que, na opinião dele, provocariam um susto no leitor. Quais são elas?
Paulo Rónai aponta a grossura do volume, o fato de não haver divisão de capítulos nem

índice, os dois-pontos no título, a linguagem, a história que demora a começar.


LÍNGUA PORTUGUESA

19
b) Essas características da obra, apontadas por Paulo Rónai, assustariam você? Justifique
sua resposta.
Resposta pessoal.

c) Sublinhe, no texto, as palavras que você não conhece e, pelo contexto, tente entender
seu sentido. Depois, procure o significado delas no dicionário e veja se você acertou em
suas inferências. Resposta pessoal.
d) No trecho “[...] tão substanciosa como aquela [...]”, a que faz referência o pronome des-
tacado?
À obra Corpo de baile, citada anteriormente.

e) No trecho a seguir, qual é a relação criada entre as sentenças pela conjunção “embora”?

A linguagem condensada, elíptica, regional e individual ao mesmo tempo, embora


dentro da linha dos livros anteriores, impõe ao interesse um período de adaptação.

A conjunção “embora” cria uma relação de concessão entre as orações – mesmo não

fugindo à linguagem utilizada pelo autor em seus livros anteriores, a escrita da obra que ora

se apresenta requer, do leitor, um período de adaptação para que se faça inteligível.

Dando a largada!
Leia, agora, um trecho do prefácio da obra Do incrível ao bizarro: enciclopédia de livros anti-
gos, idealizada por Marina Avila. Depois, responda às questões 1 e 2.
É impressionante a riqueza dos séculos passados. Quando pensamos em arte, rapidamente
lembramos de quadros em museus, objetos de design ou aulas com pintura em aquarela, e Marina Avila
esquecemos das criaturas tímidas e discretas que são os livros. é uma produtora editorial que
atua também como capista de
Dentro de suas capas protetoras, um novo universo se expande, comprimido em papéis e
livros e diagramadora desde
pergaminhos, e a tinta que embebeda as páginas agarra a imaginação com histórias e temáti-
2009. Fundou a Editora Wish
cas muito incomuns às que conhecemos hoje. [...]
e trabalha atualmente com
A pesquisa para este projeto prolongou-se por um ano e meio, sempre localizando informa- autores e editoras como Novo
ções e imagens que, como tantas outras, jamais poderiam ter ficado de fora da Enciclopédia. Conceito, Pandorga, Novo
Foi um período tão intenso e gratificante que podíamos sentir toda a energia do trabalho Século, Luz da Serra e outras.
aplicada em cada obra selecionada. [...] Tem como foco aprimorar o
A Enciclopédia foi organizada sem ordem alfabética ou por data de publicação, e sim para projeto gráfico no mercado
que formasse um caminho de descobertas e cada livro desvendado fosse completamente di- editorial.
ferente do próximo.
AVILA, Marina. Prefácio. In: Do incrível ao bizarro: enciclopédia de livros antigos.
São Caetano do Sul: Wish, 2019. p. 12-13.

1 Nesse prefácio, trata-se do...


a) ... orçamento necessário para produzir a obra.
X b) ... processo de organização e produção da obra.
c) ... trabalho de divulgação e distribuição da obra.
d) ... convite feito a autores para participação na obra.

20 CAPÍTULO 2
2 Na opinião da organizadora da obra, os livros têm tanto destaque no mundo da arte quanto
outras manifestações artísticas? Justifique sua resposta com um trecho do texto.
Não. “Quando pensamos em arte, rapidamente lembramos de quadros em museus, objetos de

design ou aulas com pintura em aquarela, e esquecemos das criaturas tímidas e discretas que

são os livros.”

Cruzando a linha
As normas populares, vernáculas, opõem-se às normas cultas locais, fazendo do português
uma língua não uniforme. Leia um fragmento do romance Inferno, de Patrícia Melo, e ob-
serve essa heterogeneidade linguística de que se fala. Depois, responda às questões 1 e 2.
[...]
Reizinho pegou as quatro notas de cinquenta e saiu. Sol forte. Era seu primeiro salário.
Quatro notas de cinquenta. O salário da mãe eram seis notas de cinquenta. Um trabalho muito
pior. A Alzira é uma burra, ele ouvira a patroa da mãe dizer [...]. Eu ensino, dizia dona Juliana
para alguém na sala, uma amiga, que ouvia e se divertia, eu ensino, mas não adianta. Alzira é
a pessoa mais burra que já vi na minha vida, peça para ela repetir a palavra “brócolis”. Peça
para ela pôr uma mesa, veja o que ela faz com os talheres. Aspargo é isparjo. Vou comprar is-
parjo, dona Juliana. E rúcula? Risos. Isparjo é ótimo. Risos. Rúcula é rucum. Se dependo dessa
infeliz, estou morta. Isparjo. Uma burra completa. É bronca, é sonsa, é lerda, essa Alzira. Tanta
humilhação por apenas seis notas de cinquenta.
Reizinho, de sua cama, separada por uma chapa de madeira compensada da cama de casal,
onde a mãe dormia com a irmã, ouvia as duas conversarem. Noites abafadas, chuvas. A voz da Patrícia Melo
mãe, segredando, lamuriante, não suporto, não aguento mais, minha filha, os gritos na minha (1962- )
cabeça. Só porque eu manchei. Quebrei. Queimei. Estraguei. Não dei o recado. Só porque eu é uma das principais escritoras
esqueci. Só porque não sei. Seis notas de cinquenta. contemporâneas brasileiras.
Professor(a), explique aos estudantes que, no trecho “uma amiga, Também atua como roteirista,
[...] que ouvia e se divertia”, a próclise não se justifica.
MELO, Patrícia. Inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 21-22. dramaturga e artista plástica.

1 Ao apontar as diferenças de linguagem de D. Juliana e de Alzira, o narrador pretende chamar


a atenção do leitor para o fato de que...
a) ... a comunicação social eficiente depende do grau de instrução do indivíduo.
b) ... a língua portuguesa é única, com a interseção de inúmeras variedades linguísticas.
c) ... a norma padrão da língua é a que deve prevalecer nas situações comunicativas.
X d) ... as normas linguísticas de pouco prestígio são estigmatizadas socialmente.
e) ... os falantes das normas cultas desconsideram a existência das normas populares.
2 Releia o texto e descreva, abaixo, a casa de Reizinho.
Reposta pessoal. Espera-se que os estudantes respondam que se pode inferir, da leitura, que

a casa era pequena, pois o mesmo cômodo servia de quarto para os três membros da família,

dividido por uma chapa de madeira, com o rapaz dormindo em um lado do cômodo e a mãe e a

filha do outro lado, dividindo a mesma cama. Pode-se dizer também que a chapa de madeira não

oferecia privacidade, já que Reizinho podia ouvir a mãe falando do outro lado do quarto, mesmo

que ela “segredasse” seus sentimentos para a filha.


LÍNGUA PORTUGUESA

21
Leia o trecho abaixo. Em seguida, responda às questões 3 e 4. arrufasse: irritasse.
A senhora estranhou, na última vez que estivemos juntos, a minha excessiva indulgência pelas
criaturas infelizes, que escandalizam a sociedade com a ostentação do seu luxo e extravagâncias.
José de Alencar
Quis responder-lhe imediatamente, tanto é o apreço em que tenho o tato sutil e esquisito O cearense José de Alencar
da mulher superior para julgar de uma questão de sentimento. Não o fiz, porque vi sentada (1829-1877), jornalista,
no sofá, do outro lado do salão, sua neta, gentil menina de 16 anos, flor cândida e suave, que advogado, político, escritor
mal desabrocha à sombra materna. Embora não pudesse ouvir-nos, a minha história seria e dramaturgo, fez parte do
uma profanação na atmosfera que ela purificava com os perfumes da sua inocência; e – quem Romantismo, criando obras
sabe? – talvez por ignota repercussão o melindre de seu pudor se arrufasse unicamente com indianistas – como Iracema e
os palpites de emoções que iam acordar em minha alma. O Guarani, que virou ópera
ALENCAR, J. Lucíola. 12. ed. São Paulo: Ática, 1998. p. 3. (Fragmento). com música de Carlos Gomes –
e também de temática urbana
3 Os vocábulos gramaticais têm importante papel nos textos. Eles são responsáveis por con- – com Senhora e Lucíola,
duzir o leitor na retomada de ideias e palavras, o que garante os princípios da continuidade entre outras. Foi membro da
e da progressão temáticas. É o que se observa, por exemplo, em... Academia Brasileira de Letras.

a) ... “... a minha excessiva indulgência pelas criaturas infelizes, que escandalizam a socie-
dade...”, na qual o pronome que retoma “indulgência”.
b) ... “Embora não pudesse ouvir-nos, a minha história seria uma profanação na atmosfera
que ela purificava...”, em que nos refere-se a “história”.
X c) ... “Não o fiz, porque vi sentada no sofá, do outro lado do salão, sua neta, gentil menina
de 16 anos...” em que o retoma “quis responder-lhe”.
d) ... “... pelas criaturas infelizes, que escandalizam a sociedade com a ostentação do seu
luxo e “extravagâncias”, em que seu refere-se a “luxo e extravagâncias”.
e) ...... “Quis responder-lhe imediatamente, tanto é o apreço em que tenho o tato sutil e
esquisito da mulher superior...”, em que lhe refere-se a ”mulher superior”.
4 O que significa ignota? Tente compreender seu sentido pelo contexto. Depois, pesquise
no dicionário, veja se você inferiu corretamente e escreva o significado abaixo.
Ignota significa aquilo que não é conhecido, aquilo que não é notado.

Leia, atentamente, o trecho a seguir para responder às questões 5 e 6.


A literatura sobre lógica e falácias lógicas é ampla e variada. Existem diversos livros que
falácia: falsidade.
se propõem a ensinar o leitor a utilizar as ferramentas e paradigmas que sustentam um bom
raciocínio, de forma a produzir debates mais construtivos. No entanto, ler sobre o que não se
deve fazer também é muito útil. Em seu livro Sobre a escrita, Stephen King afirma: “Aprende-
-se mais claramente o que não se deve fazer por meio da leitura de prosa ruim. “Ele descreve
essa experiência terrível como “o equivalente literário da vacina contra a varíola”. Já George Ali Almossawi
Pólya teria afirmado em uma conferência sobre o ensino da matemática que, além de se en- (1984- )
tender bem a disciplina, é necessário saber como não entendê-la. Este livro trata fundamen- é atualmente o engenheiro
talmente do que não se deve fazer em uma argumentação. principal da Apple. Já foi o
ALMOSSAWI, Ali. Prefácio. In: O livro ilustrado dos maus argumentos. engenheiro de visualização de
Rio de Janeiro: Sextante, 2017. p. 11. dados do Mozilla.

5 Quem escreveu esse prefácio? Justifique sua resposta. Professor(a), em relação ao trecho
“além de se entender bem a dis-
Ali Almossawi, o autor do livro. A informação pode ser inferida das informações constantes da ciplina”, é importante lembrar aos
alunos que não é necessário utilizar
fonte do texto citado. a próclise, pois a preposição não
atrai o pronome. Já em “é neces-
sário saber como não entendê-la”, a
6 Você concorda com a frase do autor estadunidense Stephen King, citada no prefácio acima? ênclise não se justifica, já que a par-
Explique o porquê. tícula “não” atrai o pronome; assim,
o trecho ficaria: “é necessário saber
Resposta pessoal. como não a entender”.

22 CAPÍTULO 2
Você vai ler, agora, um trecho da apresentação da obra Chove nos campos de Cachoeira, do
escritor paraense Dalcídio Jurandir. A seguir, responda às perguntas propostas em relação a
essa leitura.
[...]
Gestado e escrito entre 1929 e 1939, período situado entre as duas guerras mundiais, o ro-
mance apresenta ao país, num contexto literário marcado pela expressão das regionalidades
Professor(a), no trecho “se põe a
brasileiras, dramas e expectativas de habitantes da pequena vila de Cachoeira, na ilha de Ma- folhear catálogos”, considerando
rajó, e o faz a partir do chalé de madeira habitado pelo branco e viúvo Major Alberto, secretá- que não há partícula que atraia o
pronome, a ênclise deveria ter sido
rio intendente da vila economicamente decadente; por sua companheira negra e determinada, utilizada no lugar da próclise.
Amélia, que não possui o status de casada; pelos filhos do casal, a menina Mariinha, em idade
ainda tenra e de pequena participação, e o menino melancólico, solitário e sonhador, Alfredo,
então por volta de onze anos. É habitado ainda por Eutanázio, filho solteiro do casamento do Dalcídio Jurandir
Major, casamento que lhe rendeu três outras filhas – uma das quais é cega –, também adultas e (1909-1979)
habitantes de outra cidade, Muaná. [...] Respeitadas as diferenças, Major Alberto, que em casa,
foi um romancista paraense.
após o trabalho, se põe a folhear catálogos “como se folheasse os próprios sonhos”, lembrará, Seu livro Chove nos campos de
talvez com algum exagero de comparação, o famoso cavaleiro concebido por Cervantes. Cachoeira ganhou o primeiro
PANTOJA, Edilson. Por que “Chove nos campos de Cachoeira” sobrevive ao tempo? In: JURANDIR, lugar no concurso literário
Dalcídio. Chove nos campos de Cachoeira. 8. ed. Bragança: Parágrafo Editora, 2019. p. 12. promovido pela Revista Dom
Casmurro em 1940.
7 Cite alguns dos personagens da obra.
Major Alberto, Amélia, Mariinha, Alfredo, Eutanázio, as três filhas do primeiro casamento do

Major.

8 No trecho “– uma das quais é cega –“, qual é a função dos travessões?
Os travessões, no caso, substituem as vírgulas, enfatizando um trecho intercalado à informação

principal.

9 Releia o trecho abaixo e responda à pergunta proposta logo a seguir.

Respeitadas as diferenças, Major Alberto, que em casa, após o trabalho, se põe a


folhear catálogos “como se folheasse os próprios sonhos”, lembrará, talvez com algum
exagero de comparação, o famoso cavaleiro concebido por Cervantes.

Quem é “o famoso cavaleiro concebido por Cervantes”?


O autor do prefácio refere-se, aqui, a Dom Quixote de la Mancha, personagem da obra Dom

Quixote, do espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616). Dom Quixote, conhecido como

“O cavaleiro da triste figura”, vivia sonhando, e lutava contra os moinhos de vento, que, em sua

imaginação, eram perigosos gigantes.

Anotações LÍNGUA PORTUGUESA

23
Prepara Saeb
D1 - Localizar informações explícitas em um texto.
1. Leia o texto para responder à questão abaixo: A palavra “dito”, no trecho “[...] perguntou a um nativo como
se chamava o dito.”, refere-se ao termo
Nomear
Francisco. Escolha de minha avó. Meu pai nasceu Francisco, a) “aquele estranho animal”.
nome frequente na família. Tio-avô, tios, primos, compadres b) “Capitão Cook”.
e afilhados. Admiração da família por São Francisco de Assis. c) “explorador da Austrália”.
Nenhum dos Franciscos da família nascidos em 4 de outubro.
d) “O nativo”.
Nenhum. Nascessem qualquer data: Francisco. Também os
que ainda vão nascer: netos, bisnetos... Franciscos. Espera- e) “Todo mundo”.
-se. Gregório é sobrenome familiar. Descendência holandesa. Gabarito: A
Espalhados, a partir de Recife, pelas cidades do Nordeste, os 3. Leia o texto abaixo: D3 - Inferir o sentido de uma palavra
ou expressão.
holandeses chegaram ao Vale do Açu, Rio Grande do Norte, e
por lá constituíram família em parcerias com os “nativos” (ca- Mitos que metem medo
boclos, índios, negros). Em outubro, em várias partes do mundo, comemora-se o
Francisco Gregório, meu pai. Minha avó, muito atenta e par- Halloween, ou Dia das Bruxas. Tradição norte-americana. Mas
ticipativa, observou que em sua cidade muitos dos principais será que é o caso de importar lendas alheias se temos tantos
cidadãos assinavam seus nomes em suas casas comerciais: mitos capazes de botar qualquer bruxinha na sandália? Para
Açougue Preço Bom de Sebastião da Silva; Farmácia Saudade rebater a data, há quem defenda: 31 de outubro é o Dia do Saci.
de Jacinto da Silva; Armazém tem tudo de Josué da Silva; Con- Do Saci e de toda a sua turma, esses meliantes que vivem à
sultório Médico do Dr. Manoel da Silva; Escritório do Advogado solta, praticando toda sorte de malfeitorias. É hora de puxar a
Tenório da Silva etc. Muitos eram os compadres e comadres da ficha corrida dessa gente e dar o veredicto. Podemos ou não to-
Silva. Pois bem, decidido pela minha avó: Francisco Gregório da lerar tamanha série de abomináveis maldades? E mais: haverá
Silva, inaugurando na família o sobrenome comunitário: Silva. cadeia capaz de conter a imaginação?
Francisco Gregório Filho. Lembranças amorosas. GALLUCCI, Danilo Ribeiro. Disponível em: http://www.
SP: GLOBAL Editora 2000. almanaquebrasil.com.br/index.php?option=com_
content&view=article&id=7133:>. Acesso em: 17 out. 2011.
Ao batizar Francisco Gregório da Silva, a avó (Fragmento).
a) resgatou a origem holandesa da família.
A expressão “botar qualquer bruxinha na sandália” significa
b) homenageou São Francisco, santo de sua devoção.
que
c) constituiu família junto aos nativos caboclos.
a) a América não tem mitos capazes de impor medo.
d) lançou na família o sobrenome Silva.
b) a tradição americana é mais rica que a nossa.
Gabarito: D
D2 - Estabelecer relações entre partes de um c) o folclore brasileiro nada deixa a dever ao americano.
2. Leia o texto: texto, identificando repetições ou substituições
que contribuem para a continuidade dele. d) os personagens “do mal” predominam na cultura brasi-
Canguru
leira.
Todo mundo sabe (será?) que canguru vem de uma língua na- Gabarito: C
tiva australiana e quer dizer “Eu Não Sei”. Segundo a lenda, o D17 - Reconhecer o efeito de sentido
Capitão Cook, explorador da Austrália, ao ver aquele estranho
4. Leia o texto abaixo: decorrente do uso da pontuação e de
outras notações.
animal dando saltos de mais de dois metros de altura, pergun- O gambá
tou a um nativo como se chamava o dito. O nativo respondeu
No silêncio circular da praça, a esquina iluminada. O patrão
guugu yimidhirr, em língua local, Gan-guruu, “Eu não sei”. Des-
aguardava a hora de apagar as luzes do café. O garçom come-
confiado que sou dessas divertidas origens, pesquisei em alguns
çou a descer as portas de aço e olhou o relógio: meia-noite e
dicionários etimológicos. Em nenhum dicionário se fala nisso.
Só no Aurélio, nossa pequena Bíblia – numa outra versão. Defi- quarenta e cinco. O moço da farmácia chegou para o último
nição precisa encontrei, como quase sempre, em Partridge: cafezinho. Até ser enxotados, uns poucos fregueses de sem-
pre insistiam em prolongar a noite. Mas o bate-papo estava
Kangarroo; wallaby
encerrado.
As palavras kanga e walla, significando saltar e pular, são
Foi quando o chofer de táxi sustou o gesto de acender o ci-
acompanhadas pelos sufixos rôo e by, dois sons aborígines da
Austrália, significando quadrúpedes. garro e deu o alarme: um gambá! Correram todos para ver e,
mais que ver, para crer. Era a festa, a insólita festa que a noite
Portanto quadrúpedes puladores e quadrúpedes saltadores.
já não prometia. Ali, na praça, quase diante do edifício de dez
Quando comuniquei a descoberta a Paulo Rónai, notável lin- andares, um gambá.
guista e grande amigo de Aurélio Buarque de Holanda, Paulo
Vivinho da silva, com sua anacrônica e desarmada arquitetura.
gostou de saber da origem “real” do nome canguru. Mas acres-
centou: “Que pena. A outra versão é muito mais bonitinha”. No meio da rua – como é que veio parar ali? Um frêmito de
Também acho. batalha animou os presentes.
FERNANDES, Millôr. Disponível em: http://www.gravata.com/millor. Todos, pressurosos, foram espiar o recém-chegado. Só o
Acesso em: 26 fev. 1999. Corcundinha permaneceu imóvel diante da mesa de mármore.

24 CAPÍTULO 2
Prepara Saeb
D12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.
O corpo enterrado na cadeira, as grossas botinas mal 6. Leia o texto:
dispensavam as muletas. O intruso não lhe dizia respeito. Po-
Mente quieta, corpo saudável
dia sorver devagarinho o seu conhaque.
A meditação ajuda a controlar a ansiedade e a aliviar a dor?
Encolhido de medo e susto, o gambá não queria desafiar nin-
Ao que tudo indica, sim. Nessas duas áreas os cientistas en-
guém. Mas seus súbitos inimigos a distância mantinham uma
contraram as maiores evidências da ação terapêutica da me-
divertida atitude de caça. Ninguém sabia por onde começar a
ditação, medida em dezenas de pesquisas. Nos últimos 24
bem-vinda peleja. Era preciso não desperdiçar a dádiva que
anos, só a clínica de redução do estresse da Universidade de
tinha vindo alvoroçar a noite de cada um dos circunstantes.
Massachusetts monitorou 14 mil portadores de câncer, aids,
REZENDE, Oto Lara. O gambá. In: O elo perdido & outras histórias. dor crônica e complicações gástricas. Os técnicos descobriram
5. ed. São Paulo: Ática, 1998. p. 12. Fragmento. que, submetidos a sessões de meditação que alteraram o foco
*Adaptado: Reforma Ortográfica.
da sua atenção, os pacientes reduziram o nível de ansiedade e
No trecho “... um gambá!”, a exclamação expressa: diminuíram ou abandonaram o uso de analgésicos.

a) alegria. Revista Superinteressante, outubro de 2003

b) exagero. O texto tem por finalidade


c) medo. a) criticar. c) denunciar.
d) surpresa. b) conscientizar. d) informar.
Gabarito: D Gabarito: D
D19 - Reconhecer efeitos estilísticos em poemas.
D3 - Inferir o sentido de uma palavra
5. Leia um fragmento do romance de Érico Verissimo. 7. Leia o texto e responda: ou expressão.
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Uma pedra caiu no lago
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o
Há um tom de verde, que encontramos às vezes nos céus
cetro; foi proclamada a rainha dos salões.
de certos quadros – um verde aguado, duma pureza de cristal,
transparente e frio como um lago nórdico – um verde tão re- Tornou-se deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos
moto, sereno e perfeito, que parece nada ter em comum com noivos em disponibilidade.
as coisas terrenas. Paramos, contemplamos a tela, atribuímos a Era rica e famosa.
cor impossível à fantasia do artista e passamos adiante. [...]
Entretanto havia na realidade um verde exatamente assim Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na
no horizonte daquele anoitecer de Sexta-Feira da Paixão. O dia sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avi-
fora morno e sem vento. O outono andava a dar novas tintas à dez informações acerca da grande novidade do dia.
cidade. As folhas das trepadeiras que cobriam as paredes de al-
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tem-
gumas vivendas dos Moinhos de Vento faziam-se dum verme-
po saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que
lho de ferrugem. Os plátanos do Parque começavam a perder
usam vesti-la os noveleiros.
as primeiras folhas. A luz do sol tinha a cor e a doçura do mel.
Os horizontes fugiam. Por toda a parte as paineiras estavam Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha paren-
rebentando em flores. Os contornos das coisas amaciavam-se ta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanha-
à claridade de abril. Andava no ar uma calma adormentadora. va na sociedade. [...]
A paisagem como que ia adquirindo aos poucos uma certa ma- Fonte: ALENCAR, José de. Senhora. 34. ed. 2. imp.
turidade, e as criaturas humanas pareciam finalmente em paz São Paulo: Editora Ática, 2000. (Fragmento).
com o céu e a terra. Havia entre elas e a natureza um acordo
espontâneo, uma repousada harmonia, uma aceitação mútua e
Nesse trecho, o narrador apresenta a personagem Aurélia
sem reservas. [...] Camargo, protagonista do romance. Para caracterizá-la,
são utilizadas imagens metafóricas, como “raiou no céu flu-
VERISSIMO, Erico. O resto é silêncio.
Porto Alegre: Globo, 1973. p. 7-9 (Fragmento).
minense uma nova estrela”, “rainha dos salões”, “deusa dos
bailes”, “musa dos poetas”, que simbolizam
O texto literário apresenta características que, por mais a) seu caráter humilde.
simples que sejam, distanciam-se do uso cotidiano da lin-
b) seu perfil egoísta.
guagem. As qualidades distintivas da literatura são eviden-
ciadas nesse texto por meio c) sua beleza fascinante.
a) da descrição. d) sua infância nobre.
Gabarito: C
b) da estrutura formal. D4 - Inferir uma informação implícita em um texto.
8. A literatura romântica brasileira, produzida no século XIX
LÍNGUA PORTUGUESA

c) da linguagem figurada.
(1836-1881), objetivava fortalecer o apreço dos brasileiros
d) da verossimilhança. pelo próprio país, que acabava de se tornar independente
e) do tema natureza. de Portugal.
Gabarito: C

25
Prepara Saeb D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que
constroem a narrativa.
Leia um fragmento do romance O Guarani, de José de Alen- 9. Leia o texto para responder à questão a seguir:
car, de 1857. Nele, o índio Peri salva a menina branca Cecília
Conversa fiada
de ser esmagada por uma rocha.
Era uma vez um homem muito velho que, por não ter muito
[...]
o que fazer, ficava pescando num lago.
Cecília corria pelo vale perseguindo um lindo colibri, que no
Era uma vez um menino muito novo que também não tinha
voo rápido iriava-se de mil cores, cintilando como o prisma de
muito o que fazer e ficava pescando no mesmo lago.
um raio solar. A linda menina, com o rosto animado, rindo-se
dos volteios que a avezinha lhe fazia dar, como se brincasse Um dia, os dois se encontraram, lado a lado, na pescaria, e
com ela, achava nesse folguedo um vivo prazer. no mesmo momento, exatamente no mesmo instante, sentiram
aquela puxadinha que indica que o peixe mordeu a isca. [...]
Mas afinal, sentindo-se fatigada, foi recostar-se em um cô- Quando apareceram os respectivos peixes, porém, decepção: o
moro de relva, que elevando-se no sopé do rochedo formava peixe do menino era muito velho e o peixe do velho era muito
uma espécie de divã natural. Descansou a cabeça no declive, e novo!
assim ficou com os pezinhos estendidos sobre a grama que os
O velho disse para o menino:
escondia como a lã de um rico tapete; [...]
— Você não pode pescar esse peixe tão velho! Deixe que ele
De repente, entre o dossel de verdura que cobria esta cena,
viva o pouco da vida que lhe resta.
ouviu-se um grito vibrante e uma palavra de língua estranha:
O menino respondeu:
— Iara!
— E o que você vai fazer com este peixe tão novo? Ele é tão
É um vocábulo guarani: significa a senhora. pequeno... deixe que ele viva mais um pouco!
D. Antônio levantou-se; [...] O velho e o menino olharam um para o outro e, sem perder
De pé, fortemente apoiado sobre a base estreita que formava tempo, jogaram os peixes no lago.
a rocha, um selvagem coberto com um ligeiro saio de algodão Ficaram amigos e agora, quando não têm muito o que fazer,
metia o ombro a uma lasca de pedra que se desencravara do vão até o lago, cumprimentam os peixes e matam o tempo jo-
seu alvéolo e ia rolar pela encosta. gando conversa fora.
O índio fazia um esforço supremo para suster o peso da laje FRATE, Diléa. Histórias para acordar.
prestes a esmagá-lo; e com o braço estendido de encontro a São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1996
um galho de árvore mantinha por uma tensão violenta dos
músculos o equilíbrio do corpo. O fato responsável pelo desenrolar da história é
A árvore tremia; por momentos parecia que pedra e homem a) o encontro e a pescaria do menino com o velho no lago.
se enrolavam numa mesma volta, e precipitavam sobre a me- b) o peixe do velho ser muito velho.
nina sentada na aba da colina. c) o peixe do menino ser novo e pequeno.
Cecília ouvindo o grito erguera a cabeça, e olhava seu pai
d) o retorno dos peixes ao lago.
com alguma surpresa, sem adivinhar o perigo que a ameaçava. Gabarito: A
Ver, lançar-se para sua filha, tomá-la nos braços, arrancá-la à D4 - Inferir uma informação implícita
10. Leia o texto a seguir. em um texto.
morte, foi para D. Antônio de Mariz uma só ideia e um só movi-
Vera, Sílvia e Emília saíram para passear pela chácara com
mento, que realizou com a força e a impetuosidade do sublime Irene.
amor de pai, que era toda a sua vida.
— A senhora tem um jardim deslumbrante, dona Irene! –
No momento em que o fidalgo deitava Cecília quase des- comenta Sílvia, maravilhada diante dos canteiros de rosas e
maiada sobre o regaço materno, o índio saltava no meio do hortênsias.
vale; a pedra girando sobre si, precipitada do alto da colina,
— Para começar, deixe o “senhora” de lado e esqueça o
enterrava-se profundamente no chão.
“dona” também – diz Irene, sorrindo. – Já é um custo aguentar
[...] D. Antônio, ainda pálido e trêmulo do perigo que correra a Vera me chamando de “tia” o tempo todo. Meu nome é Irene.
Cecília, volvia os olhos daquela terra que se lhe afigurava uma
Todas sorriem. Irene prossegue:
campa, para o selvagem que surgira, como um gênio benfazejo
— Agradeço os elogios para o jardim, só que você vai ter de
das florestas do Brasil.
fazê-los para a Eulália, que é quem cuida das flores. Eu sou um
ALENCAR, José. O Guarani. São Paulo: Ática, 1996. p. 72. fracasso na jardinagem.
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/
BAGNO, M. A língua de Eulália: novela sociolinguística.
texto/bv000135.pdf. Acesso em: 22 abr. 2012.
São Paulo: Contexto, 2003. (Adaptado).
O sentimento de amor à pátria fica evidenciado pela
As formas de tratamento “dona” e “senhora”, usadas por
a) crítica indireta ao homem português. Sílvia para se referir a Irene, sugerem que entre elas há di-
b) mistura das etnias portuguesa e indígena. ferenças de
c) presença ingênua da menina branca. a) classe. c) nacionalidade.
d) supervalorização do elemento indígena. b) idade. d) profissão.
Gabarito: D Gabarito: B

26 CAPÍTULO 2
3
VL
AD
GR
IN
/Sh
utt
ers
to c
RESUMO / SINOPSE /

k
RESENHA

Resumo Habilidades abordadas:


D1 - Localizar informações explí-
citas em um texto.
Esquentando os motores... D2 - Estabelecer relações entre
partes de um texto, identificando
repetições ou substituições que
1 Você já fez algum resumo? Em que situação? contribuem para a continuidade
Professor(a), espera-se que o estudante, no 3o ano do Ensino Médio, já tenha dele. D4 - Inferir uma informação
Resposta pessoal. feito resumos, inclusive para se preparar para provas, por exemplo. implícita em um texto. D9 - Di-
ferenciar as partes principais
das secundárias em um texto.
D12 - Identificar a finalidade de
2 Leia o capítulo 1 da obra São Bernardo, de Graciliano Ramos. textos de diferentes gêneros.
D15 - Estabelecer relações
lógico-discursivas presentes no
Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do trabalho. texto, marcadas por conjunções,
Dirigi-me a alguns amigos, e quase todos consentiram de boa vontade em contri- advérbios etc. D17 - Reconhecer
o efeito de sentido decorrente
buir para o desenvolvimento das letras nacionais. Padre Silvestre ficaria com a parte do uso da pontuação e de outras
moral e as citações latinas; João Nogueira aceitou a pontuação, a ortografia e a sintaxe; notações. D21 - Reconhecer a
ideia comum entre textos de
prometi ao Arquimedes a composição tipográfica; para a composição literária convidei gêneros diferentes e a ironia em
Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, redator e diretor do Cruzeiro. Eu traçaria o plano, tirinhas.
introduziria na história rudimentos de agricultura e pecuária, faria as despesas e poria
o meu nome na capa.
Estive uma semana bastante animado, em conferências com os principais colaborado-
res, e já via os volumes expostos, um milheiro vendido graças aos elogios que, agora com
a morte do Costa Brito, eu meteria na esfomeada Gazeta, mediante lambujem. Mas o
otimismo levou água na fervura, compreendi que não nos entendíamos.
João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com períodos formados de
trás para diante. Calculem.
Padre Silvestre recebeu-me friamente. Depois da revolução de outubro, tornou-se
uma fera, exige devassas rigorosas e castigos para os que não usaram lenços vermelhos.
Torceu-me a cara. E éramos amigos. Patriota. Está direito: cada qual tem as suas manias.
Afastei-o da combinação e concentrei as minhas esperanças em Lúcio Gomes de Aze-
vedo Gondim, periodista de boa índole e que escreve o que lhe mandam.
Trabalhamos alguns dias. À tardinha Azevedo Gondim entregava a redação ao Ar-
quimedes, trancava a gaveta onde guarda os níqueis e as pratas, tomava a bicicleta e,
pedalando meia hora pela estrada de rodagem que ultimamente Casimiro Lopes andava
a consertar com dois ou três homens, alcançava S. Bernardo. Comentava os telegramas
rudimentos: noção básica a
dos jornais, atacava o Governo, bebia um copo de conhaque que Maria das Dores lhe
respeito de um tema.
trazia e, sentindo-se necessário, comandava com submissão:
lambujem: gratificação, gorjeta,
— Vamos a isso.
propina; vantagem obtida em
Íamos para o alpendre, mergulhávamos em cadeiras de vime e ajeitávamos o enredo, negócio.
fumando, olhando as novilhas caracus que pastavam no prado, embaixo, e mais longe à
devassa: averiguação,
entrada da mata, o telhado vermelho da serraria.
investigação.
LÍNGUA PORTUGUESA

A princípio tudo correu bem, não houve entre nós nenhuma divergência. A conversa
alpendre: varanda coberta.
era longa, mas cada um prestava atenção às próprias palavras, sem ligar importância ao
que o outro dizia. Eu por mim, entusiasmado com o assunto, esquecia constantemente a caracu: tipo de gado que tem
natureza do Gondim e chegava a considerá-lo uma espécie de folha de papel destinada a pelo curto, liso e castanho-
-avermelhado.
receber as ideias confusas que me fervilhavam na cabeça.

27
O resultado foi um desastre. Quinze dias depois do nosso primeiro encontro, o re-
pernóstico: pedante,
dator do Cruzeiro apresentou-me dois capítulos datilografados, tão cheios de besteira
pretensioso.
que me zanguei:
– Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado,
está idiota. Há lá ninguém que fale dessa forma!
Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os cacos da sua peque-
nina vaidade e replicou amuado que um artista não pode escrever como fala.
– Não pode? Perguntei com assombro. E por quê? Graciliano Ramos
Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode. Nascido em Quebrangulo,
– Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura. Seu Paulo. A gente discute, interior de Alagoas, Graciliano
briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se Ramos (1892-1953) foi um
escritor da segunda fase
eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.
do Modernismo. Jornalista,
Levantei-me e encostei-me à balaustrada para ver de perto o touro mimosinho que político e servidor público, foi
Marciano conduzia ao estábulo. Uma cigarra começou a chiar. A velha Margarida veio preso em 1936, pelo governo
vindo pelo paredão do açude, curvada em duas. Na torre da igreja uma coruja piou. Es- de Getúlio Vargas, por ser
tremeci, pensei em Madalena. Em seguida enchi o cachimbo: filiado ao Partido Comunista.
– É o diabo, Gondim. O mingau virou água. Três tentativas falhadas num mês! Beba Ficou preso quase um ano,
conhaque, Gondim. período retratado na obra
RAMOS, Graciliano. São Bernardo. 11. ed. São Paulo: Martins, 1969. p. 61-63. (Adaptado.) Memórias do cárcere.

Dando a largada!
O resumo é um gênero textual que reúne as informações mais importantes de um tex-
to. Assim, a partir de um original, produz-se um novo texto, abreviado e objetivo. Lembre-
-se: o resumo é uma síntese, não uma cópia.

1 Leia, agora, o resumo do capítulo 1 que você leu na página anterior.


Capítulo 1
O narrador-personagem apresenta seu projeto de construção de um livro de memó-
concurso: colaboração, auxílio.
rias através do concurso de vários colaboradores, cada um dentro da sua especialidade:
Padre Silvestre (moral e citações latinas); João Nogueira (pontuação, ortografia e sintaxe);
Arquimedes (composição tipográfica); Lúcio G. A. Gondim (composição literária). “Eu
traçaria o plano, introduziria na história rudimentos de agricultura e pecuária, faria as
despesas e poria o meu nome na capa”. Quinze dias depois o projeto fracassa: a lingua-
gem dos escritores desagrada Paulo Honório – “Há lá ninguém que fale dessa forma!”. O
narrador deseja seu livro em registro coloquial, de linguagem falada, não pernóstica, não
safada, não em “língua de Camões”.
EDUCABRAS. Resumo da obra São Bernardo, de Graciliano Ramos. Disponível em:
https://www.educabras.com/vestibular/materia/resumo_de_obras_literarias/aulas/
sao_bernardo_graciliano_ramos. Acesso em: 11 jun. 2023.

a) Em sua opinião, o resumo acima conseguiu apresentar os principais fatos expostos no


capítulo 1 da obra São Bernardo? Que informações você incluiria ou retiraria do texto?
Resposta pessoal. Espera-se que o estudante entenda que o resumo necessariamente

omite informações do texto original. Além disso, não haverá dois resumos iguais,

principalmente quando o texto original é literário: o que chama atenção de uma pessoa pode

não chamar

a atenção de outra.

28 CAPÍTULO 3
b) Há uma informação, no resumo, que não consta do capítulo 1 e que só poderia ser
conhecida pela leitura do livro. Que informação é essa?
O nome do narrador do capítulo, Paulo Honório.

c) Releia o trecho a seguir.

cada um dentro da sua especialidade

Como se classifica o termo cada? A que ele faz referência no trecho em questão?
Cada é pronome indefinido; no trecho, faz referência aos colaboradores, que são citados

na sequência do texto.

d) Agora é com você. Selecione um texto de algum livro e desenvolva um resumo.


Resposta pessoal.
Professor (a), oriente os estudantes a fazerem um resumo, preferencialmente de um
livro didático, oportunizando que eles estudem outra área de conhecimento.

Habilidades abordadas:
D1 - Localizar informações explíci-
Sinopse tas em um texto. D2 - Estabelecer
relações entre partes de um texto,
identificando repetições ou subs-
tituições que contribuem para a
Esquentando os motores... continuidade dele. D4 - Inferir uma
informação implícita em um texto.
D5 - Interpretar texto com auxílio
1 Quando você quis assistir a um filme, deve ter procurado um pequeno texto que traz infor- de material gráfico diverso (pro-
mações sobre ele, não? Você sabe como se chama esse tipo de texto? pagandas, quadrinhos, fotos etc.).
Professor(a), espera-se que o estudante reconheça, na descrição D12 - Identificar a finalidade de
Resposta pessoal. da atividade, o gênero textual sinopse. textos de diferentes gêneros.
D13 - Identificar as marcas linguís-
ticas que evidenciam o locutor e o
interlocutor de um texto.
A sinopse é um texto curto que traz informações sobre um livro, um filme, uma peça de D17 - Reconhecer o efeito de senti-
do decorrente do uso da pontuação
teatro, um show – enfim, sobre um produto cultural. É um gênero textual expositivo. e de outras notações.
D19 - Reconhecer o efeito de
sentido decorrente da exploração
2 Leia o texto a seguir. de recursos ortográficos e/ou mor-
fossintáticos. D20 - Reconhecer
Não recomendado para menores de 12 anos diferentes formas de tratar uma
informação na comparação de tex-
7e Art/20th Century Studios/Photo12/AFP

tos que abordam o mesmo tema,


em função das condições em que
ele foi produzido e daquelas em
que será recebido. D21 - Reconhe-
cer a ideia comum entre textos de
gêneros diferentes e a ironia em
tirinhas.
LÍNGUA PORTUGUESA

29
Em Avatar: O Caminho da Água, sequência de Avatar (2009), após dez anos da primeira
batalha de Pandora entre os Na’vi e os humanos, Jake Sully (Sam Worthington) vive paci-
ficamente com sua família e sua tribo. Ele e Ney’tiri formaram uma família e estão fazendo
de tudo para ficarem juntos, devido a problemas conjugais e papéis que cada um tem
que exercer dentro da tribo. No entanto, eles devem sair de casa e explorar as regiões de
Pandora, indo para o mar e fazendo pactos com outros Na’vi da região. Quando uma an-
tiga ameaça ressurge, Jake deve travar uma guerra difícil contra os humanos novamente.
Mesmo com dificuldade, Jake acaba fazendo novos aliados - alguns dos quais já vivem
entre os Na’vi e outros com novos avatares. Mesmo com uma guerra em curso, Jake e
Ney’tiri terão que fazer de tudo para ficarem juntos e cuidar da família e de sua tribo.
ADORO Cinema. Sinopse do filme Avatar: o caminho da água. Disponível em: https://www.adoroci
nema.com/filmes/filme-178014/. Acesso em: 11 jun. 2023.

a) A sinopse apresentada e a imagem motivaram você a assistir ao filme? Por quê? Professor(a), chame a atenção dos
Resposta pessoal. estudantes para o fato de que a
sinopse lida traz também a classifi-
Para ser efetiva, a sinopse deve apresentar três elementos: personagens cação indicativa do filme – Avatar: O
Caminho da Água é um filme para
principais, conflito e ambientação. Ou seja, deve trazer quais são os persona- adolescentes com mais de 12 anos.
gens do produto em questão, qual é o conflito em que esses personagens se Isso significa que pode trazer as-
suntos, imagens e discussões que
envolvem e em que universo isso ocorre. não são apropriados para menores
de 12 anos, por trazerem violência,
cenas de sexo ou que provoquem
b) Releia a sinopse de Avatar: O Caminho da Água. O texto apresenta os elementos neces- perturbações emocionais.
sários a uma sinopse? Dê exemplos.
Personagens: Jake Sully e Ney’tiri; conflito: ressurgimento de uma antiga ameaça, que

provocará uma nova guerra com os humanos; ambientação: Pandora, uma década após a

primeira batalha entre Na’vi e humanos.

Dando a largada!
A sinopse que você vai ler a seguir é sobre o livro Tem lugar aí pra mim? Um livro sobre Direi-
tos Humanos e respeito à diversidade, publicado em 2018 pela Editora Panda Books. Responda
às atividades 1, 2 e 3 com base nesse texto.
Preconceito, discriminação, racismo, estereótipo, bullying, homofobia. Você já ouviu
essas palavras? E respeito, direito, cidadania, igualdade, diversidade, paz? Sabia que es-
sas palavras estão diretamente ligadas aos Direitos Humanos? Nesta obra você vai co-
nhecer a história deste documento tão importante na nossa vida e vai compreender que,
embora cada pessoa seja diferente a seu modo, somos todos iguais enquanto seres huma-
nos. Iguais e diferentes. Muito complicado? Então abra as páginas deste livro e veja que
ele tem tudo a ver com você, com os seus amigos, com a sua família e, principalmente,
com a vida em sociedade.
AMAZON. Sinopse do livro Tem lugar aí pra mim?. Disponível em: https://www.amazon.
com.br/Tem-lugar-pra-mim-diversidade/dp/857888292X/ref=asc_df_857888292X/?tag=-
googleshopp00-20&linkCode=df0&hvadid=379721028709&hvpos=&hvnetw=g&hvran-
d=5831171288113758902&hvpone=&hvptwo=&hvqmt=&hvdev=c&hvdvcmdl=&hvlocint=&hvloc-
phy=1001773&hvtargid=pla-810017409289&psc=1. Acesso em: 11 jun. 2023.

1 A quem o texto é dirigido? Justifique sua resposta.


O texto é dirigido, diretamente, ao leitor, e o autor do texto se inclui na exposição. Exemplos:

“Você já ouviu...”, “Sabia que essas palavras...”, “Nesta obra você vai conhecer...”, “tão importante

na nossa vida”, “... somos todos iguais...”, “Então abra as páginas... e veja...”.

2 Releia o trecho a seguir.

Nesta obra você vai conhecer a história deste documento tão importante
na nossa vida [...]

30 CAPÍTULO 3
A qual documento, provavelmente, o trecho lido faz referência?
O documento a que se faz referência é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, criada

pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948.

3 No trecho “Sabia que essas palavras estão diretamente ligadas aos Direitos Humanos?”, qual
é o sujeito? Justifique sua resposta.
O sujeito é “você”, o leitor ao qual a sinopse se dirige. A resposta se dá pelo fato de que,

anteriormente, no texto, faz-se a pergunta: “Você já ouviu essas palavras?”. Se não houvesse

essa referência, o sujeito poderia ser, além de “você”, “ele” ou “ela”, considerando a forma do

verbo “saber” que foi empregada – você sabia, ele sabia, ela sabia.

4 A sinopse que você vai ler a seguir é da peça de teatro Ermos.


Nome: ERMOS
Diretor: Marco Antonio Higino da Silva S. Thiago.
Elenco: Isadora Lunge, Marco Antonio.
Sinopse: A obra apresenta as desumanas existências de dois seres artificiais que
permanecem presos a um mundo morto que se resume às dunas de areia. Suas crenças
fanáticas são os únicos motivos para ainda estarem vivos. Inevitavelmente as duas en-
tidades estão em conflito, revelando a intolerância que os últimos seres vivos da Terra
carregam consigo.
Horário de encontro: 18:40.
Tempo de duração: 30 min.
Local: Dunas da lagoa, ao lado da Avenida das Rendeiras.
Ponto de encontro: Ponto de ônibus ao lado do posto da polícia militar na Avenida das
Rendeiras, lagoa.
Aconselhável levar cadeiras ou cangas para se sentar e lanternas em caso de emer-
gência.
Observação: A obra possui duas versões: em um ambiente aberto (dunas) e fechado.
Em caso de vento forte ou chuva suave a obra acontecerá normalmente.
SINOPSES – Peças de Direção Teatral 2017.2 Centro de Artes – UDESC.
Disponível em: https://www1.udesc.br/agencia/arquivos/19033/files/sinopses
_direcao_teatral_2017_2.docx.pdf. Acesso em: 11 jun. 2023.

a) Essa sinopse, de uma peça teatral, traz informações além daquelas sobre o conteúdo do
evento. Que informações são essas?
A sinopse traz o nome do diretor e dos atores da peça, o horário do evento, a duração, o

local da apresentação, o ponto onde a plateia deve se encontrar para o evento e um aviso

sobre a realização da peça.

b) Na sinopse, não é informado o nome da cidade em que a peça será apresentada. O Professor(a), no texto, é informa-
do que os espectadores podem
texto, contudo, dá algumas dicas que permitem inferir o tipo de cidade de que se trata. levar cangas para se sentar e que
Assinale, a seguir, a resposta que melhor traduz essa informação. o evento será realizado em “am-
LÍNGUA PORTUGUESA

biente aberto (dunas)”. Se achar


( ) Cidade serrana. interessante, oriente os estudantes
a pesquisarem, com base nas infor-
( ) Cidade industrial. mações do texto, qual é a cidade
em questão, que é Florianópolis,
( x ) Cidade praiana. em Santa Catarina.

31
Habilidades abordadas: D1 - Loca-
Resenha lizar informações explícitas em um
texto. D2 - Estabelecer relações
entre partes de um texto, identifi-
Esquentando os motores... cando repetições ou substituições
que contribuem para a continuidade
dele. D6 - Identificar o tema de um
1 Quando pensamos no consumo de produtos culturais, não nos limitamos a procurar infor- texto. D12 - Identificar a finalidade
mações sobre eles: muitas vezes, queremos mesmo é saber a opinião de outras pessoas... de textos de diferentes gêneros.
D18 - Reconhecer o efeito de sen-
Você sabe como se chama esse gênero textual? tido decorrente da escolha de uma
determinada palavra ou expressão.
Chama-se resenha. D19 - Reconhecer relações de
sentido marcadas por conjunções,
2 Leia o texto abaixo. a relação de causa e consequência
e a relação entre o pronome e seu
[...] referente em diferentes gêneros.
D19 - Reconhecer relação de sen-
O livro, selecionado para o Clube de Leitura Leitores da Cidade para o mês de outu- tido marcada por conjunção em
bro, é o romance Fahrenheit 451, do escritor inglês Ray Bradbury. Publicado em 1953, textos diversos. D21 - Reconhecer
Fahrenheit 451 é considerado um clássico da ficção científica e das narrativas distópicas. a ideia comum entre textos de
gêneros diferentes e a ironia em
O livro é dividido em três partes e a ficção se desenrola em uma sociedade futurista, tirinhas. D21 - Diferenciar fato de
opinião em resenhas.
que, nas décadas anteriores, passou por uma série de transformações políticas, desem-
bocando em um regime autoritário, onde padrões de comportamento e pensamento são
ditados pelo estado, cerceando a leitura e a manifestação ideológica, proibindo o acesso
e a posse de qualquer tipo de livro e/ou publicação.
[...]
Um clássico da literatura universal, que nos faz refletir sobre o mundo e a sociedade
contemporânea, seus impasses, dilemas e contradições sociopolíticas. Narrativa perti-
nente, que lança luz sobre os ataques às instituições culturais, à Ciência e à produção de
conhecimento tão presentes em nossos tempos, mas que somente a resistência, como a
dos “Homens livros”, é capaz de estancar tais arroubos autoritários.
CULTURA SBC. Disponível em: https://www.saobernardo.sp.gov.br/web/cultura/
-resenha-do-livro-fahrenheit-451. Acesso em: 11 jun. 2023.

a) Sublinhe, na resenha lida, termos que representam a opinião de seu autor.


b) Na resenha, é mencionado que Fahrenheit 451 é “um clássico da ficção científica e das Professor(a), se considerar adequa-
do, indique aos estudantes outras
narrativas distópicas”. Pelo contexto, o que o termo significa? Pesquise no dicionário, distopias, como 1984 e A revolução
dos bichos, ambas de George
confira se o sentido do termo é o que você inferiu e escreva, abaixo, a definição do Orwell, e O conto da aia, de Mar-
termo distopia. garet Atwood, além de Fahrenheit
451, de Ray Bradbury, citado na
Conforme o Dicionário Michaelis, distopia é “qualquer descrição imaginativa de um país, de resenha apresentada.

uma sociedade ou de uma realidade em que se vive em condições de extrema opressão o

em regime totalitário, por oposição à utopia” (disponível em: https://michaelis.uol.com.br/

moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/distopia/. Acesso em: 11 jun. 2023).

Dando a largada!
A resenha é o gênero textual em que se descreve um produto cultural. Ela apresenta
dados sobre seu conteúdo, mas também a opinião de quem a escreve, influenciando a es-
colha de quem a lê.

1 Leia, a seguir, uma resenha sobre a série televisiva Elite.


Elite (2018 - presente)
Temporadas: 6 (7ª e última temporada confirmada)
Gênero: drama teen, mistério, suspense
O nome da série já serve de indicativo para percebermos melhor qual a temática desta
produção. O espectador é convidado a entrar na escola de Las Ensinas – a mais exclusiva
da Espanha.
Contudo, tudo muda assim que três estudantes pobres são admitidos na escola, após
terem o seu colégio destruído em um incêndio. As diferenças entre os grupos de estudan-
tes vão se intensificando e elas acabam por terminar num assassinato rodeado de mistério.

32 CAPÍTULO 3
Acompanhando o sucesso de La Casa de Papel, Elite atraiu muitos espectadores, que
não se decepcionaram com a trama de suspense que o programa trouxe em meio ao con-
texto adolescente no qual vários temas importantes são abordados.

Netflix/Zeta Ficcion/Photo12/AFP
ESMERALDO, Sabryna. 32 séries adolescentes imperdíveis para assistir na Netflix. Disponível em:
https://www.aficionados.com.br/series-adolescentes-netflix/. Acesso em: 11 jun. 2023.

Conforme o texto, qual é um dos principais temas da série Elite? Professor(a), converse com os estu-
dantes que a série provavelmente
a) Oportunidades de educação para refugiados. tem vários subtemas, mas pelo tex-
to da resenha somente a resposta
b) Recursos governamentais para a educação. da alternativa C pode ser inferida.
c) Diferenças sociais entre estudantes de uma escola. X
2 A conjunção contudo, que inicia o segundo parágrafo da resenha, estabelece que tipo de
relação (ideia) com o que foi dito no primeiro parágrafo?
No trecho em questão, a conjunção contudo indica que o que será tratado a seguir introduz

uma oposição ao que já foi dito. No caso, a admissão dos três estudantes pobres na escola faria

Las Ensinas deixar de ser a mais exclusiva da Espanha.

3 Você já conhece a série Elite? Pela resenha apresentada, você se sentiria estimulado a assis-
ti-la? Por quê?
Resposta pessoal.

Professor(a), é essencial que os estudantes percebam a importância da resenha, que pode

levar as pessoas a consumirem – ou não – um produto cultural.

Cruzando a linha
1 Leia o texto a seguir com atenção e responda às perguntas propostas na atividade.
O boom do mangá no Japão
Antes da II Guerra Mundial, os quadrinhos japoneses já se haviam firmado no gosto
popular, pois, a partir dos anos 20, os desenhistas japoneses estabeleceram sua indepen-
dência das produções ocidentais e cada vez menos se publicavam historietas do tipo nor-
te-americano, ainda hoje tão comuns no mercado brasileiro. Isto porque, uma vez aliada
a sua própria tradição de ilustração à forma dos quadrinhos ocidentais, os japoneses
souberam adaptar [...] o conteúdo das histórias para o gosto local.
LÍNGUA PORTUGUESA

Na década de 20, os quadrinhos apareciam em tiras (de quatro ou oito desenhos) nos
diários ou nas edições coloridas dominicais. Nessa época eram destinados quase exclu-
sivamente ao mercado adulto. Nos anos 30 as revistas infantis vão tomando vulto, como
a Shonen Club, publicada pela Kodansha, atualmente uma das maiores editoras de his-

33
tórias em quadrinhos no Japão, com cerca de 150 páginas. As melhores histórias eram
posteriormente, publicadas em forma de livros.
Durante o período da guerra, os desenhistas se dividiram. Diante do espírito exacer-
bado de nacionalismo e militarismo, muitos artistas se exilaram ou mudaram de ativida-
de. Outros continuaram e endossaram a política oficial. Uma vez terminado o conflito,
muitos retomaram seus antigos postos e, apesar da censura imposta pelo governo de
ocupação norte-americano [...], houve condições favoráveis a uma renovada atividades
dos mangás.
Uma das principais razões para esse renascimento foi que o povo japonês, uma vez
derrotado, queria apagar o mais possível os traços da vigência de outros ideais. [...]
Não se pode esquecer que o período era de pobreza generalizada e havia necessidade
de diversão barata. E os quadrinhos representavam exatamente isso: muitas páginas de
diversão (e esquecimento) a baixo custo. [...]
LUYTEN, Sonia Bibe. Mangá – O poder dos quadrinhos japoneses.
São Paulo: Estação Liberdade / Fundação Japão, 1991. p. 35-36.

a) Marque suas principais ideias e sublinhe as palavras que considerar essenciais. Organi-
ze todas essas informações e escreva um resumo sobre o texto.
Resposta pessoal.

Professor(a), considere que cada estudante apresentará o resumo do que ache

importante no texto: pode ser que uma informação considerada fundamental por um não

receba a mesma importância por parte de outro estudante. Mas é importante garantir que

todos apresentem a ideia principal do trecho: após a Segunda Guerra Mundial, os quadrinhos

nacionais foram uma válvula de escape para um povo que sofria a derrota no confronto.

b) Volte ao texto “O boom do mangá no Japão” e observe: em alguns trechos, usa-se a


seguinte notação: “[...]”. Em que situação esse indicador é usado?
A notação “[...]” é utilizada para indicar que um trecho do texto foi suprimido. Muitas vezes,

quando é necessário utilizar um texto citado, para exemplificar ou ilustrar um caso, não é

possível utilizá-lo integralmente, seja por motivos de autorização do detentor dos direitos

autorais, seja por dificuldade de espaço. Dessa forma, essa notação indica que, no ponto

em que ela é inserida, está sendo omitido um trecho do texto em questão.

2 Qual é a diferença entre resumo, sinopse e resenha?


O resumo sintetiza os principais pontos de uma obra, como livro, filme, peça teatral, série

televisiva...; a sinopse também apresenta um resumo, mas a intenção, além de sintetizar

informações, é de despertar o interesse pelo evento em questão; e a resenha apresenta a obra,

mas, principalmente, faz uma crítica, avaliando-a.

34 CAPÍTULO 3
3 Agora, leia um texto sobre um documentário.
Pro dia nascer feliz
[...] Pro Dia Nascer Feliz é o segundo longa-metragem do diretor João Jardim, diretor
do cultuado documentário Janela da Alma, que, em 2002, bateu recordes de público no
gênero. Através de uma investigação do relacionamento do adolescente com a escola –
ambiente fundamental em sua formação – o diretor traz à tona, além de questões comuns
a qualquer adolescente dentro do ambiente escolar, questões como a desigualdade social
e o impacto da banalização da violência no desenvolvimento de muitos desses jovens.
Ficha técnica
Ano: 2007 – Duração: 88 min.
País: Brasil – Gênero: Documentário
Direção e roteiro: João Jardim
Direção fotografia: Gustavo Hadba
REVISTA Prosa Verso e Arte. 20 documentários essenciais para discutir a Educação.
Disponível em: https://www.revistaprosaversoearte.com/20-documentarios-essenciais
-para-discutir-a-educacao/. Acesso em: 15 jun. 2023. (Adaptado.)

a) A que gênero textual pertence a produção acima?


Sinopse.

b) Quais elementos pertencentes a esse gênero podem ser encontrados no texto lido por Professor(a), espera-se que os
estudantes citem também que a
você? sinopse dá informações sobre o
São apresentadas informações sobre um produto cultural, traz personagens principais produto cultural em questão sem
avaliá-lo – o gênero textual que faz
isso é a resenha.
(adolescentes e escola), conflito (relacionamento entre os personagens principais e

questões que ele suscita) e ambientação (ambiente escolar).

4 Leia, atentamente, o trecho a seguir.


Games em educação: como os nativos digitais aprendem – MATTAR (C)
MATTAR, João. Games em educação: como os nativos digitais aprendem. São Paulo:
joystick: dispositivo que
Pearson Prentice Hall, 2010. Resenha de: PESCADOR, Cristina M. Conjectura, Caxias do
apresenta uma alavanca, com
Sul, v. 15, n. 2, p.191-195, Maio/Ago, 2010.
a qual se pode movimentar um
Em suas 181 páginas, o livro Games em educação: como os nativos digitais aprendem, cursor; geralmente, é usado em
escrito por João Mattar e publicado pela Pearson Prentice Hall, 2010 (SP), oferece uma lei- videogames.
tura agradável e esclarecedora, por vezes provocante, abrangendo pesquisas sobre jogos
eletrônicos e computacionais – games como o autor prefere generalizar – e o processo de
ensino e aprendizagem.
Com ilustração de Alexandre Mieda, a capa do livro chama a atenção para a imagem
estilizada de um jovem sentado em frente de uma tela de computador, interagindo com o
equipamento e, a seu lado, na escrivaninha, estão dispostos diversos tipos de games, com
seus consoles e joysticks ou modelos portáteis. [...]
Assim, o autor convida seu leitor/educador a pensar e a repensar suas próprias práti-
cas diárias, a refletir sobre a importância dos estilos de aprendizagem e das peculiarida-
des dos jovens que chegam às nossas salas de aula hoje e dos paradigmas que surgem
com essas mudanças. Sua viagem pelo amplo universo de pesquisas, realizadas na área,
lança uma luz sobre novas ideias e considerações em direção a um novo design instrucio-
nal, a partir do qual se possa dar voz aos “nativos digitais” nas discussões e buscar aten-
der à necessidade de preparar profissionais para trabalharem em educação com esses
novos desafios a enfrentar.
RESENHA Crítica, 01/05/2010. Disponível em: https://www.resenhacritica.com.br/todas-as-catego
rias/games-em-educacao-como-os-nativos-digitais-aprendem-mattar-c/. Acesso em: 11 jun. 2023.

a) Que elementos do gênero textual resenha estão presentes no texto acima? Professor(a), combine com os estu-
dantes a melhor maneira de apre-
Informações sobre a obra resenhada e avaliação feita pela resenhista. sentar o trabalho proposto: pode
LÍNGUA PORTUGUESA

ser em forma de conversa em sala


de aula, pode ser uma apresenta-
ção estilo “varal” – o importante é
que eles conheçam a opinião dos
b) Considerando o texto acima como modelo, escreva em uma folha avulsa uma resenha colegas sobre um produto cultural
sobre seu game favorito e apresente-a a seus colegas. que lhes é bastante familiar.

35
4
VL
AD
GR
IN
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utt
ers
to c
NOTÍCIA /

k
REPORTAGEM
1.a) Resposta pessoal.
Professor(a), retome com a turma o que ela já sabe sobre notícias: onde e por que elas circulam (em jor-
nais e revistas, impressos e digitais, telejornais, radiojornais, redes sociais, etc.), quem costuma escrever
e ler notícias (repórteres, jornalistas) e por quê (para informar os cidadãos sobre os eventos que estão
ocorrendo), como elas se compõem (manchete, linha fina, lide), etc. Se julgar ade- Habilidades abordadas: D1 - Lo-
Notícia quado para sua turma, registre no quadro o que eles falarem e complemente. calizar informações explícitas em
um texto. D2 - Estabelecer relações
entre partes de um texto, identifi-
Esquentando os motores... 1.b) Professor(a), pergunte aos alunos se
eles têm acesso fácil às notícias divulgadas
cando repetições ou substituições
que contribuem para a continuidade
em jornais ou revistas impressos, sites, dele. D3 - Inferir o sentido de uma
TVs, rádios, jornais e revistas digitais, etc.
1 Responda. Em caso afirmativo, se julgar oportuno,
palavra ou expressão. D4 - Inferir uma
informação implícita em um texto.
a) Você sabe o que caracteriza uma notícia? peça para comentarem quais são os assun- D5 - Interpretar texto com auxílio de
tos jornalísticos de sua preferência (cultura, material gráfico diverso (propagandas,
b) Como você costuma se informar no dia a dia? esporte, saúde, política, entre outros). quadrinhos, fotos etc.). D6 - Identificar
o tema de um texto. D9 - Diferenciar
2 Leia, a seguir, a notícia da estreia do jogador Cristiano Ronaldo na Arábia Saudita como as partes principais das secundárias
em um texto. D11 - Reconhecer a
titular do Al-Nassr. relação de causa e consequência em
diferentes textos. D12 - Identificar
Cristiano Ronaldo estreia oficialmente pelo Al-Nassr e passa em branco a finalidade de textos de diferentes
gêneros. D13 - Identificar as marcas
Brasileiro Talisca decidiu contra o Al-Etiffaq e linguísticas que evidenciam o locutor e
garantiu a vitória para o líder do Campeonato Saudita o interlocutor de um texto.
D13 - Reconhecer variantes linguísti-
A trajetória de Cristiano Ronaldo na Arábia Saudita começou oficialmente neste domingo, cas em contos, notícias e reportagens.
D14 - Distinguir um fato da opinião
22. Em partida válida pelo Campeonato Saudita, o português estreou como titular do Al-Nassr relativa a esse fato. D15 - Estabelecer
e passou em branco contra o Al-Etiffaq, no estádio King Saud. Mesmo assim, sua equipe ven- relações lógico-discursivas presentes
no texto, marcadas por conjunções,
ceu com gol isolado do brasileiro Anderson Talista. advérbios etc. D17 - Reconhecer o
A estreia de Cristiano Ronaldo pelo Al-Nassr não foi como esperava, mas pelo menos o efeito de sentido decorrente do uso da
pontuação e de outras notações. D18
português festejou três pontos. O time comandado por Rudi Garcia dominou todo o jogo, teve - Inferir o efeito de sentido da lingua-
maior posse de bola e volume ofensivo. No primeiro tempo, aos 31 minutos, Anderson Talisca gem verbal e não verbal em notícias e
charges. D18 - Reconhecer o efeito de
marcou o único gol da partida e garantiu a vitória do Al-Nassr. sentido decorrente da escolha de uma
determinada palavra ou expressão.
CR7 participou de todo o jogo, mas passou em branco. O gajo buscou quatro finalizações D19 - Reconhecer o efeito de sentido
– uma no alvo, uma fora e duas bloqueadas – e participou de seis duelos (aéreos e no chão), decorrente da exploração de recursos
ortográficos e/ou morfossintáticos.
ganhando apenas uma dividida. D19 - Reconhecer relações de sentido
marcadas por conjunções, a relação
O jogo discreto de Cristiano destacou o brasileiro Anderson Talisca. O ex-Bahia chegou no de causa e consequência e a relação
clube saudita em julho de 2021 e se tornou a grande estrela da equipe. Na última temporada, entre o pronome e seu referente em
diferentes gêneros. D21 - Reconhecer
o atacante marcou 20 gols em 28 jogos. Já na atual edição, Talisca soma 11 gols e é o artilheiro a ideia comum entre textos de gêne-
do Campeonato Saudita. ros diferentes e a ironia em tirinhas.
Antes da estreia, Cristiano Ronaldo entrou em campo
Fayez Nureldine/AFP/Getty Images

na última quinta-feira, 19, em amistoso do combinado


saudita (formado por jogadores do Al-Nassr e Al-Hilal)
contra o Paris Saint-Germain. A partida marcou possi-
velmente o último encontro entre CR7 e Lionel Messi.
O Al-Nassr entra em campo na próxima quinta-feira,
às 15h (de Brasília), contra Al-Ittihad. A partida é válida
pela semifinal da Supercopa Saudita.
REDAÇÃO. Cristiano Ronaldo estreia oficialmente pelo Al-
Nassr e passa em branco. Placar [Site], São Paulo, 22 jan.
2023. Disponível em: https://placar.abril.com.br/placar/
cristiano-ronaldo-estreia-oficialmente-pelo-al-nassr-e-passa-
em-branco. Acesso em: 6 jun. 2023.

36
Dando a largada!
A notícia é um gênero textual de caráter informativo que expõe acontecimentos atuais
de forma clara e impessoal. Em uma notícia, o jornalista não emite opinião: ele relata, obje-
tivamente, um fato ocorrido. A notícia é divulgada em jornais e revistas (nas versões digitais
e impressas), rádios, podcasts, TV, redes sociais, etc.

1 A notícia da página anterior trata da estreia do jogador Cristiano Ronaldo no time Al-Nassr
da Arábia Saudita. A linguagem está em 3a pessoa, é clara e direta, mas faz-se o uso de
expressões e gírias, comuns em notícias esportivas.
a) Releia o título.

Cristiano Ronaldo estreia oficialmente pelo Al-Nassr e passa em branco

• A informação foi transmitida de forma objetiva? Qual é a razão para o uso da expressão
passa em branco?
Sim. Comente que a notícia tem caráter informativo, impessoal e objetivo, mas, no

jornalismo esportivo, é comum o uso de expressões e jargões, para dar mais emoção

ao texto.

b) Na notícia, são usadas expressões pertencentes ao universo do futebol, como posse


de bola, volume ofensivo, bloqueadas, divididas. Você conseguiu compreender
o significado delas ao ler o texto?
Espera-se que os alunos respondam que sim. Talvez haja dúvida sobre a palavra gajo, não
citada acima, mas que se refere a Cristiano Ronaldo. Na notícia, é possível deduzir, pois vem
seguida pelo nome do jogador. Comente que, em Portugal, gajo é um modo irreverente de
referir-se a alguém.

O texto da notícia deve ser objetivo e coerente. Ele segue uma estrutura chamada
pirâmide invertida, na qual as informações mais relevantes aparecem logo no primeiro pa-
rágrafo, para prender a atenção do leitor. Nos parágrafos seguintes, as demais informações
aparecem em ordem decrescente de importância.
• Manchete (ou título): é uma frase de destaque sobre a notícia.
• Linha fina: vem abaixo do título; é o complemento da informação.
• Lide (do inglês lead): é o primeiro parágrafo da notícia, o qual deve responder de
maneira objetiva a perguntas fundamentais que serão explicadas ao longo do texto:
O quê? Quem? Onde? Quando? Como? Por quê?
• Corpo da notícia: é o detalhamento do evento noticiado.

2 Complete o quadro com informações sobre a notícia que você leu sobre Cristiano Ronaldo
na página anterior.
Cristiano Ronaldo estreia oficialmente pelo Al-Nassr e
Manchete
passa em branco
Brasileiro Talisca decidiu contra o Al-Etiffaq e garantiu a
Linha fina
vitória para o líder do Campeonato Saudita
Não consta o nome do jornalista; somente assinatura
Jornalista responsável
da redação
LÍNGUA PORTUGUESA

Jornal em que a notícia foi


Placar
publicada

Data da publicação da notícia 22 de janeiro de 2023

37
3 Releia a linha fina e responda às perguntas propostas a seguir.

Brasileiro Talisca decidiu contra o Al-Etiffaq e


garantiu a vitória para o líder do campeonato Saudita.

a) Qual foi a prioridade da informação?


O destaque do brasileiro Talisca por decidir a partida e garantir a vitória do time de Cristiano

Ronaldo.

b) Ela é uma continuidade da manchete?


Sim. Apesar de não mencionar Cristiano Ronaldo, a linha fina traz informações adicionais

como o destaque do brasileiro Talisca na partida e a vitória do time.

4 A notícia da estreia do Cristiano Ronaldo pelo Al-Nassr traz destacadas algumas palavras
(Cristiano Ronaldo, o último encontro entre CR7 e Lionel Messi). Elas são hiperlinks.

Hiperlinks funcionam como links para outro conteúdo nos meios digitais, possibi-
litando novas leituras.

a) Você costuma clicar em hiperlinks de notícias na internet e nas redes sociais?


Resposta pessoal. Professor(a), seria interessante direcionar a conversa para a diversidade

de informações disponíveis hoje nos meios digitais. Rapidamente, é possível acessar as

principais notícias do dia. Basta-se conectar a portais de notícias pelo celular, tablet, notebook.

b) Na sua opinião, quais são os pontos positivos dos hiperlinks? E os negativos?


Resposta pessoal. Professor(a), atente para a infinidade de possibilidades de acessos em

meios digitais, a leitura é feita de acordo com o interesse individual. Entretanto, chame

atenção para a importância do foco durante a leitura.

5 A notícia traz uma imagem de Cristiano Ronaldo na partida de futebol. Qual é a sua função?
A fotografia dentro de um texto jornalístico informa, comunica o fato, principalmente quando

vem legendada.

Pit stop 1
A linguagem da notícia deve ser acessível, direta e objetiva, adequada ao público-alvo
ao qual se destina. As notícias de esportes são escritas com uma linguagem diferente das de
economia ou de política, por exemplo. Nas mídias digitais, as notícias, em geral, são mais re-
duzidas, favorecendo uma leitura mais rápida. Entretanto, todas as notícias, em meios digitais
ou impressos, devem ser escritas em 3a pessoa, de maneira impessoal, obedecendo à forma de
“pirâmide invertida".

Voltando para a pista


1 Leia a notícia de esporte a seguir.
Jovem goleiro do Flamengo é ovacionado após estreia contra Cruzeiro
08/12/2013 – 10:14

A estreia do goleiro César, 21 anos, no time profissional do Flamengo foi praticamente per-
feita. Além de fazer belas e difíceis defesas, o jogador ouviu seu nome ser gritado por cerca de

38 CAPÍTULO 4
40 mil torcedores, na noite do último sábado, nas arquibancadas do Maracanã no jogo contra
o Cruzeiro, que terminou empatado em 1 a 1.
JOVEM goleiro do Flamengo é ovacionado após estreia contra Cruzeiro. Meio Norte [Portal],
Teresina, 8 dez. 2013. Disponível em: https://www.meionorte.com/esportes/jovem-goleiro-do-
flamengo-e-ovacionado-apos-estreia-contra-cruzeiro-229851. Acesso em: 6 jun. 2023.

• Considerando o contexto de uso, pode-se inferir que ovacionado significa


a) protegido. X c) aclamado.
b) requisitado. d) convocado.
2 Leia a notícia do filme Os Vingadores.
'Os Vingadores’ desbanca ‘Harry Potter’ e já é o filme mais visto
na semana de estreia no país
Nova adaptação cinematográfica dos super-heróis da Marvel levou 3,4 milhões de pessoas
aos cinemas nacionais nos primeiros sete dias em cartaz

Marvel studios/Paramount pictures/Collection ChristopheL/AFP


A nova adaptação cinematográfica de Os Vingadores, os super-heróis da editora americana
Marvel, continua quebrando recordes. Depois de se tornar o filme mais visto da história do
país em seu fim de semana de estreia, com 1,5 milhão de espectadores, o longa passou a ser
a produção de maior público na primeira semana em cartaz, tirando o título que pertencia ao
último Harry Potter. Em sete dias, Os Vingadores venderam 3,4 milhões de ingressos.
Com essa marca, o longa, que é dirigido pelo americano Joss Whedon (Toy Story, 1995),
ultrapassou com folga Harry Potter e as Relíquias da Morte 2. O filme da franquia adolescente
havia levado 2,9 milhões de pessoas aos cinemas em sua semana de estreia, em julho de 2011.
A história dos super-heróis aposta na união de forças entre o Homem de Ferro, Thor, Hulk,
Capitão América, Gavião Arqueiro e Viúva Negra para salvar o mundo da ameaça de um
inimigo. No elenco, estão Robert Downey Jr., Chris Evans, Mark Ruffalo, Chris Hemsworth,
Scarlett Johansson e Samuel L. Jackson.
“OS VINGADORES” desbanca “Harry Potter” e já é o filme mais visto na semana de estreia no país.
Veja [Portal], São Paulo, 2 maio 2012. Disponível em: https://veja.abril.com.br/cultura/os-vingadores-
desbanca-harry-potter-e-ja-e-o-filme-mais-visto-na-semana-de-estreia-no-pais/.
Acesso em: 6 jun. 2023.

• Qual é o principal objetivo desse texto?


X a) Noticiar resultados recentes da nova versão de Os Vingadores.
b) Comemorar o objetivo inicial de superar a marca do longa anterior.
c) Comparar a bilheteria de Os Vingadores com a de Harry Potter.
d) Evidenciar a superioridade técnica de Os Vingadores em relação aos demais filmes.
• Qual é o público-alvo dessa notícia?
LÍNGUA PORTUGUESA

Apesar do alcance abrangente da notícia, o público-alvo são leitores interessados no universo

cinematográfico.

39
3 Leia a notícia a seguir.
Vai dar namoro?
Um urso-de-óculos viajou mais de 1.600 quilômetros de Salvador até o Zoológico do Rio de
Janeiro para encontrar uma companheira. Depois de um mês de adaptação, só agora ele come-
ça tentar uma aproximação com Maia, uma fêmea de 10 anos. Ambos são da única espécie de
urso originária da América do Sul, que está ameaçada de extinção. O zoológico tentará fazer
com que eles se reproduzam em cativeiro. Para que não sofram com as altas temperaturas do
verão carioca, os ursos têm até um lago para se refrescar. O namorado de Maia, que ainda não
tem nome, deverá ser batizado nesta semana, depois que a população escolher entre as suges-
tões Catatau e Balu. A votação será feita no próprio zoológico e também pelo Twitter (@riozoo).
VAI dar namoro? Época. São Paulo: Globo. n. 605. 21 dez. 2009. p. 17,

• Os verbos que aparecem no texto se encontram no passado, no presente e no futuro.


Tal variação ocorre, porque
a) a maior parte dos verbos indica apenas possibilidade, assim a uniformidade não é possível.
b) a uniformidade de tempos verbais não foi preservada, ocasionando problemas de
coesão e coerência.
c) muitos fatos apresentados encontram-se indefinidos, o que contribui para a grande
variedade dos tempos verbais.
X d) os fatos comentados no texto são variados e cada um apresenta um marco temporal
próprio.

Pit stop 2
Você confia em todas as notícias que lê, principalmente nos meios digitais? Hoje é preciso
cautela com as fake news, as notícias falsas produzidas com o intuito de enganar o leitor. Elas
circulam com grande velocidade pelas redes sociais. Muitas vezes, são escritas em linguagem
jornalística para dar credibilidade ao texto. Além de textos, podem ser compartilhadas por meio
de vídeos, áudios e até mesmo memes. É importante sempre checar a veracidade e a fonte das Habilidades abordadas: D1 - Localizar
informações explícitas em um texto.
informações recebidas. Confira sempre se quem a produziu é confiável. D1 - Localizar informações explícitas
em infográficos, reportagens, crônicas
e artigos. D4 - Inferir informação e tema
em reportagens, poemas, histórias em
Reportagem quadrinhos e tirinhas. D6 - Identificar a
informação principal em reportagens.
1. a) Resposta pessoal. D12 - Identificar a finalidade de textos
de diferentes gêneros. D11 - Reconhe-
Esquentando os motores... 1. b) Professor(a), este primeiro mo-
mento de aproximação com o gênero cer a relação de causa e consequência
textual reportagem é interessante em diferentes textos. D11 - Estabelecer
para verificar conhecimentos prévios. relação causa/consequência entre partes
1 Responda a estas questões. e elementos do texto. D13 - Reconhe-
Comente que o texto das reportagens
a) Você costuma ler ou assistir a reportagens em TV? é mais longo que o das notícias, embo- cer variantes linguísticas em contos,
notícias e reportagens. D14 - Diferenciar
ra, na maioria das vezes, também seja
b) O que mais chama sua atenção nas reportagens? objetivo e claro. fato de opinião artigos e reportagens
D15 - Reconhecer a relação de causa
2 Leia um trecho de uma reportagem publicada no site de notícias CNN Brasil sobre bullying. e consequência e relações de sentido
marcadas por conjunções em reporta-
gens, artigos e ensaios. D16 - Inferir
Bullying: especialistas explicam como é possível lidar com a informação, o sentido e o efeito de
prática da intimidação sentido produzido por determinada
palavra ou expressão em reportagens e
Abordagem multidisciplinar com a participação de familiares, profissionais da educação e tirinhas. D17 - Reconhecer o efeito de
dos serviços de saúde pode contribuir para minimizar os impactos da intimidação sentido decorrente do uso da pontuação
e de outras notações. D18 - Inferir o
Lucas Rocha CNN sentido de palavra em letras de música
e reportagens. D18 - Reconhecer o efei-
Skyneshe/Getty Images

to de sentido decorrente da escolha de


uma determinada palavra ou expressão.
D19 - Reconhecer o efeito de sentido
decorrente da exploração de recursos
ortográficos e/ou morfossintáticos.
D19 - Reconhecer relações de sentido
marcadas por conjunções, a relação de
causa e consequência e a relação entre
o pronome e seu referente em diferen-
Criar um ambiente seguro e de tes gêneros. D20 - Reconhecer opiniões
apoio ao compartilhamento de distintas sobre o mesmo tema, na com-
preocupações pode ser um caminho paração entre diferentes textos.
D21 - Reconhecer opiniões divergentes
para que a criança ou adolescente fale sobre o mesmo tema em diferentes
sobre o bullying. textos.

40 CAPÍTULO 4
O termo “bullying” tem origem no inglês a partir da palavra “bully”, que significa valentão
ou agressor. A expressão passou a ser utilizada para descrever principalmente comportamen-
tos abusivos e intimidadores entre crianças e adolescentes em ambiente escolar.
A origem do problema é multifacetada, envolvendo fatores sociais, culturais e psicológicos,
além de questões familiares e da formação individual como falta de habilidades sociais, baixa
autoestima, comportamentos agressivos aprendidos e a busca por poder e status social.
“A origem do bullying está na dificuldade humana de lidar com o diferente. Fala-se muito
disso, mas a tolerância é uma das coisas mais difíceis para o ser humano praticar. Isso requer
muita maturidade em todos os sentidos. Tem muitos adultos que a gente observa que têm
muita dificuldade em lidar com a diferença, imaginem as crianças e adolescentes para os quais
o mundo é um ‘senhor desconhecido’”, afirma a psicanalista Eliana Riberti Nazareth, docente
da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP).
Por vezes, ataques violentos ocorridos em escolas no Brasil e no exterior são descritos como
a consequência extrema em uma reação de vítimas de bullying que se tornam agressores. No
entanto, especialistas em saúde mental afirmam que a associação entre bullying e episódios
violentos é ainda mais complexa.
Nesse contexto, a abordagem multidisciplinar com a participação de familiares,  profis-
sionais da educação  e dos serviços de saúde pode contribuir para minimizar os impactos
da intimidação.
“É importante abordar o assunto com delicadeza e empatia, ouvir atentamente dando
a oportunidade de falar sobre suas experiências e sentimentos em relação ao bullying, e isso
os ajudará a se sentir mais seguros e confiantes. Validar seus sentimentos, mostrando que
você entende o que eles estão passando. Oferecer apoio emocional. Discutir opções e estraté-
gias tais como reportar o incidente à escola, buscar ajuda de um profissional de saúde mental,
ou encontrar formas de se sentir mais seguros e reforçar a importância de falar sobre o pro-
blema com alguém de confiança”, afirma o psicólogo Ricardo Milito.
A médica Ana Márcia Guimarães, membro do Departamento Científico de Desenvolvimen-
to e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), afirma que o bullying pode
ser apenas uma das causas de atentados violentos, que também têm origem em transtornos
mentais sem tratamento.
“O agressor, que pode culminar em uma tragédia assim, tem um perfil que normalmente é
de uma pessoa que foi vítima de bullying anteriormente. Então, é um adolescente agressivo,
que não respeita regras, que não tem medo de autoridades. Um adolescente impulsivo pode
culminar num comportamento assim de extrema impulsividade”, afirma Ana. “Às vezes, é um
ato deliberado, planejado, calculado, por um transtorno de conduta, caminhando para um
transtorno de personalidade”, completa.
ROCHA, Lucas. Bullying: especialistas explicam como é possível lidar com a prática da intimidação.
CNN Brasil [Portal], São Paulo, 28 maio 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/
bullying-especialistas-explicam-como-e-possivel-lidar-com-a-pratica-da-intimidacao/.
Acesso em: 7 jun 2023.

Dando a largada!
Reportagem é um gênero textual que pertence ao universo jornalístico. Sua finalidade
é informar um acontecimento de interesse da sociedade de maneira mais aprofundada em
jornais e revistas (nas versões digitais e impressas) ou em rádios, podcasts e TV.

1 A reportagem que você leu na página anterior menciona que a expressão bullying passou
a ser usada para descrever comportamentos abusivos e intimidadores entre crianças e
adolescentes em ambiente escolar. Sugere-se que o problema é multifacetado, envolvendo
a) pré-adolescentes e adolescentes aprendendo a lidar com seus comportamentos, como
agressividade, que em geral não causam danos.
X b) fatores como convívio social, psicológico e de formação, como baixa autoestima, falta
LÍNGUA PORTUGUESA

de habilidades em se relacionar.
c) agressões psicológicas que são reconhecidas como brincadeiras inofensivas no am-
biente escolar.
d) problemas que muitas vezes são trazidos dos ambientes familiares.

41
2 Você já presenciou alguma cena de bullying? Se a resposta for afirmativa, como reagiu?
( ) Sim. ( ) Não.
Resposta pessoal. Professor(a), a ideia é debater o bullying em sala. Pergunte aos alunos se
eles conseguem identificar as formas de bullying, tanto as violências psicológicas quanto as
físicas e quais atitudes podem vir a ter para combater esse tipo de comportamento, que deve
ser sempre denunciado.

Pit stop 1
A reportagem que você leu tem a finalidade de informar sobre o bullying. Observe que a
linguagem usada é direta e objetiva, com o depoimento de entrevistados e especialistas sobre
o assunto, fontes, dados e análises de pesquisas, resultados. Os depoimentos de especialistas e
entrevistados, geralmente, vêm entre aspas, para identificar uma fala ou uma opinião emitida
por todos que foram ouvidos sobre o assunto.

Voltando para a pista


1 Na reportagem, as fontes são variadas para
a) aprofundar o tema e atender às expectativas do leitor especializado.
b) provocar a discordância e a polêmica em torno do tema.
X c) garantir a pluralidade de opiniões e a credibilidade ao assunto.
d) oferecer conclusões e respostas sobre assuntos de interesse público.
2 Identifique quais são as fontes existentes na reportagem lida por você.
As fontes são especialistas sobre o assunto, da área de saúde: a psicanalista Eliana Riberti
Nazareth, o psicólogo Ricardo Milito e a médica Ana Márcia Guimarães.
Professor(a), a ideia dessa pergunta é conferir se os alunos conseguem identificar as fontes da
entrevista com facilidade e diferenciá-las do texto do jornalista.

3 Leia o texto abaixo.


[...] a festa junina é uma celebração ancorada nas datas comemorativas de três santos católicos,
Antônio, João e Pedro. É uma festividade que chegou com a colonização portuguesa e aqui ganhou
elementos indígenas e africanos que lhe deram uma marca única, bastante ligada ao Brasil agrário.
Mas as festas juninas têm, também, raízes nada cristãs. Fogueiras, por exemplo, sinalizavam a
chegada do solstício de verão no Hemisfério Norte, que acontece em junho e marca os ciclos
das colheitas. A Igreja teria assimilado essas práticas e por isso determinou o 24 de junho
como data de nascimento de São João Batista. Assim, essas antigas festividades passavam a
ganhar contornos católicos. No Brasil, junho também é mês de solstício, mas de inverno, e é
período da colheita do milho e do amendoim. Então, o elemento rural permaneceu no centro
da celebração [...].
VAN DEURSEN, Felipe. Santos juninos. UOL [Site], São Paulo.
Disponível em: https://www.uol.com.br/nossa/reportagens-especiais/como-sao-joao-e-mais-santos-
catolicos-viraram-padroeiros-das-festas-juninas/#cover . Acesso em: 7 jun 2023.

• Quanto ao gênero, o texto acima deve ser classificado como


a) artigo de opinião. c) crônica.
X b) reportagem. d) notícia.

Pit stop 2
Os dois textos, tanto a notícia quanto a reportagem, têm a função de informar o leitor.
Devem ter linguagem acessível e ser interessantes para o leitor.
Os assuntos de uma reportagem podem ser variados e não têm a necessidade de ser fatos
que tenham acontecido no dia da publicação, como é o caso da notícia. A notícia precisa ser
divulgada logo após acontecer.
A reportagem é um texto maior que a notícia e sua estrutura textual é mais ampla, com de-
poimentos, fontes e análises de pesquisas. Na reportagem, são explicados os desdobramentos
de um acontecimento. O jornalista precisa de um tempo maior para produzi-la.

42 CAPÍTULO 4
Voltando para a pista
1 Leia um trecho da reportagem publicada na revista Mundo Estranho.
Qual é o maior felino do mundo?
O leão, todo mundo sabe, é o rei dos animais, mas não leva o

Ade Irvan/500px/Getty Images


título de maior felino do planeta. Esse trono pertence ao tigre
(Panthera tigris), que pode atingir 2,2 metros de comprimento –
sem contar a cauda, que tem mais 1 metro. Para comparar, o leão
(Panthera leo) mede entre 1,8 e 2,1 metros. Já no peso, ambos em-
patam: têm, em média, 230 quilos, embora alguns tigres possam
chegar perto dos 300 quilos. Os dois felinos também rivalizam na
força e na ferocidade, por isso são os mais temidos predadores
do reino animal. Eles, porém, vivem bem distantes um do outro.
Enquanto os leões se espalham pela África, os tigres habitam ex-
clusivamente o continente asiático. Os especialistas acreditam que
o maior felino do planeta seja originário da Sibéria, região gelada
localizada no norte da Ásia. Ao longo dos séculos, os tigres teriam
se deslocado, sendo que hoje podem ser encontrados do extremo
leste da Rússia ao sul do continente, passando pela China e pela
Índia. Os biólogos costumam dividir esse animal em oito subespécies, graças a pequenas diferenças anatômicas e de tamanho
entre elas. Os tigres encontrados mais ao sul da Ásia são menores e têm o pelo mais brilhante que os do norte – onde vive, por
exemplo, o maior deles, o tigre siberiano (Panthera tigris altaica). Apesar de ser um animal terrestre, esse felino é conhecido por
sua habilidade em nadar e escalar árvores. Embora pese mais de 200 quilos, ele também é capaz de dar saltos que atingem quase
10 metros de distância.
VASCONCELOS, Yuri. Qual é o maior felino do mundo? Mundo Estranho. São Paulo, 4 jul. 2018.
Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-e-o-maior-felino-do-mundo-2#:~:text=O%20le%C3%A3o%2C%20todo%20
mundo%20sabe,8%20e%202%2C1%20metros. Acesso em: 7 jun. 2023.

• A reportagem trabalha que tipo de linguagem?


a) Especializada para acadêmicos da área de biológicas.
b) Direta, mas parcial, com ausência de fontes confiáveis.
X c) Objetiva, simples e clara.
d) Especializada para público infantojuvenil.
2 Leia um trecho da reportagem sobre a importância da pesquisa.
Importância da Pesquisa
Sem pesquisa não há ciência, muito menos tecnologia. Todas as grandes empresas do mundo de hoje possuem departamentos
chamados “Pesquisa e Desenvolvimento” (P&D).
Os departamentos de P&D estão sempre tentando dar um passo à frente para a obtenção de novos produtos que respondam
melhor às exigências cada vez maiores dos consumidores ou, simplesmente, que permitam vencer a concorrência das empresas.
As indústrias farmacêuticas vivem à procura de novos medicamentos mais eficazes contra doenças velhas e novas (e rezamos
para que consigam!). As montadoras de automóveis querem produzir carros mais econômicos, menos poluentes, mais seguros.
A informática não para de nos assustar com seus computadores cada dia mais rápidos, com maior capacidade de memória, com
programas mais eficientes.
Uma porcentagem significativa dos lucros dessas empresas é destinada à P&D. Nesses departamentos existem laboratórios
ultramodernos, pistas de testes (quando é o caso), campos de aplicação experimental, oficinas para montagem de protótipos etc.
Neles trabalham técnicos e cientistas altamente preparados.
Se não houvesse pesquisa, todas as grandes invenções e descobertas científicas não teriam acontecido.
BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 1998. p. 19.

• Para sustentar o ponto de vista de que a pesquisa gera ciência e tecnologia, o autor afirma que sem pesquisa
a) a concorrência entre as empresas seria desleal.
X b) nenhuma grande invenção teria acontecido.
c) os lucros das empresas aumentariam.
LÍNGUA PORTUGUESA

d) o trabalho com a informática seria mais agradável.

43
Cruzando a linha
1 Leia um trecho da reportagem publicada na revista Veja.
Santos Dumont: o gênio além do avião
Um aniversário memorável passou praticamente sem comemoração: os 100 anos do primei-
ro voo controlado de um balão dirigível, o Número 6, realizado por Alberto Santos Dumont
em outubro de 1901. É um marco na história da aviação, pois só então se mostrou possível
dirigir uma aeronave por uma rota preestabelecida e ainda controlar sua velocidade. Santos
Dumont o descrevia como um dos dois momentos mais emocionantes de sua vida. O outro
foi o voo do 14 Bis em 1906, aquele que o Brasil considera a verdadeira invenção do avião. Se
o restante do planeta prefere conceder esse mérito aos americanos Orville e Wilbur Wright,
não é tanto por eles terem voado a motor três anos antes – mas porque o brasileiro não teve
o cuidado de registrar patentes de suas invenções nem de produzi-las em escala comercial,
como fizeram os espertos irmãos americanos.
SANTOS Dumont: o gênio além do avião. Revista Veja. São Paulo: Abril, dez. 2001.

• As opiniões de brasileiros e mundiais a respeito de quem é o inventor do avião são


a) criteriosas. c) indiscutíveis.
X b) discordantes. d) preconceituosas.
2 Leia um trecho da reportagem da revista Galileu.
VC TB GOSTA D ESCREVE ASSIM??!?
Algumas pessoas sentem arrepios de pavor quando leem, na Internet ou em mensagens de
celular, aqueles textos caracterizados por abreviações ou transformações gráficas – a exem-
plo de “cmg” (comigo), “9dad” (novidade) e “naum” (não) – e onomatopeias, como “hahaha”,
para designar uma gargalhada. Trata-se do miguxês*, uma variação da língua portuguesa que
virou mania principalmente entre os adolescentes. O miguxês é uma corruptela da palavra
amiguxo, ou seja, amiguinho. Porém, há quem ache que esse, digamos, estilo de escrita, ao
invés de emburrecer, pode até melhorar as nossas habilidades linguísticas.
Pelo menos é o que concluiu Beverly Plester, professora de psicologia da Universidade de
Coventry, na Inglaterra, depois de acompanhar os hábitos de 88 estudantes de 10 a 12 anos.
Para Plester, tais abreviações fonéticas são positivas porque possibilitam uma forma de envol-
vimento voluntário com a linguagem escrita motivada pela diversão: "Quanto mais experiên-
cia uma criança tem com o mundo da escrita e quanto melhor é seu conhecimento dos fone-
mas, mais forte é sua habilidade de ler e escrever. E, claro, nos damos melhor nas atividades
que fazemos por diversão". [...]
No Brasil, a realidade entre os jovens é semelhante. Segundo Carmen Pimentel, da Univer-
sidade Estadual do Rio de Janeiro, muitos pais e professores estão preocupados com a escrita
eletrônica, e acreditam que com isso os seus filhos e alunos estão desaprendendo o português.
Para a pesquisadora, não há muito com o que se preocupar. "Pelas entrevistas que tenho fei-
to, eles sabem que cada variante linguística tem seu espaço para se manifestar. Um ou outro
admitiu deixar 'escapar' um “vc” (você) ou um “tb” (também) de vez em quando numa redação
escolar. Mas, no geral, eles se policiam e procuram não misturar as situações", diz. [...]
Vc tb gosta de escreve assim??!?. Galileu, n. 213. São Paulo: Globo, abr. 2009, p. 16. (Fragmento).

• A intenção comunicativa do locutor do texto é


a) comentar as vantagens e as desvantagens da linguagem internética, apresentando
exemplos.
b) criticar a variante linguística empregada, especialmente pelos jovens, nos e-mails.
c) defender a opinião daqueles que se sentem indignados quando leem, na internet ou
em mensagens de celular, textos em miguxês.
X d) divulgar pesquisas feitas sobre a escrita eletrônica, cujos resultados revelam que essa
prática pode até melhorar habilidades linguísticas.

44 CAPÍTULO 4
3 Leia um trecho da reportagem sobre a influência dos pais no aprendizado dos filhos.
Como os pais podem ajudar na aprendizagem dos filhos

AnnaStills/Shutterstock
Os pais zelosos costumam fazer grandes esforços pela educação de seus filhos. Têm razão.
Há poucas áreas da vida de uma pessoa que não são direta e positivamente influenciadas pela
sua educação. Estudo aumenta a renda, reduz a criminalidade e a desigualdade de renda, tem
impactos positivos sobre a saúde e diminui até o risco de vitimização pela violência urbana.
Muitos pais, porém, concentram seus esforços no lugar errado: procuram escolas caras, com
instalações vistosas e tecnologicamente avançadas, e entopem seus filhos de atividades ex-
tracurriculares. A pesquisa empírica, ainda que esteja longe de poder prescrever um mapa
completo de tudo aquilo que os pais podem fazer para que seus filhos cheguem a Harvard, já
identifica uma série de fatores importantes (e outros irrelevantes) para o sucesso acadêmico
das crianças.
DA REDAÇÃO. Como os pais podem ajudar na aprendizagem dos filhos. Revista Veja. São Paulo:
Abril, 14. fev. 2011. Disponível em: https://veja.abril.com.br/educacao/como-os-pais-podem-ajudar-
na-aprendizagem-dos-filhos. Acesso em: 4 jun. 2023.

• O jornalista desenvolve o assunto da reportagem por meio


a) do destaque ao que oferecem as escolas caras.
X b) da exemplificação de vários benefícios dos estudos.
c) da citação à universidade de Harvard.
d) da apresentação de uma pesquisa empírica.

Anotações

LÍNGUA PORTUGUESA

45
Prepara Saeb
Localizar informações explícitas em um texto.
1. O texto a seguir é um resumo da obra literária A menina que não sabia ler, de John Harding. Leia-o com atenção.

Master1305/Shutterstock
Desprovida de quaisquer valores morais, perspectivas para o futuro e instrumen-
tos para o convívio social, Florence se refugia no tesouro literário que habita a biblio-
teca, recanto que ela descobre um dia, casualmente. Apaixonada por esse universo
desde o início, impedida de sequer aprender a ler – regra máxima prescrita pelo tio
–, ela se transforma em autodidata e conquista, sozinha, esse conhecimento, o qual
lhe abre as portas do mundo e da imaginação.
A partir deste momento, a garota passa a viver uma vida dupla. Diante do olhar
alheio, Florence é uma menina estranha que perambula pela mansão da Nova Ingla-
terra, mas clandestinamente mergulha cada vez mais fundo neste refúgio secreto,
apenas compartilhado com Giles, seu irmão. O problema é que, para defender os
únicos tesouros que a vida lhe ofereceu – a esfera literária e o irmão –, ela é capaz de
qualquer coisa.
Disponível em: http://www.legiaodosherois.com.br/2013/a-morte-de-superman-e-a-historia-favorita-de-henry-cavill-do-homem-de-aco.
html#. Acesso em: 10 jul. 2013. (Fragmento).

A menina aprendeu a ler quando


a) começou a conviver com os fantasmas que pairavam a residência.
b) passou a viver uma vida dupla, ora sozinha, ora com seu irmão.
c) perambulava pela mansão sombria da Nova Inglaterra.
d) refugiava-se no tesouro literário que habitava a biblioteca.
Gabarito: D
Identificar o tema de um texto.
2. Leia o texto.

[...] Você sabe quem são eles? Jacob e Wilhelm Grimm nasceram em Hanau, na Alemanha, em 1785 e 1786, respectivamente.
Como o pai, eles estudaram Direito, mas abandonaram a advocacia para dedicarem-se à literatura. [...]
Os irmãos Grimm são conhecidos em todo o mundo pela grande quantidade de contos populares que recolheram na Ale-
manha, desde o início do século 19. Dizem que eles escreviam logo à noite as histórias que ouviam durante o dia de parentes,
amigos e camponeses. Mas você já pensou qual motivo levaria Jacob e Wilhelm a colherem tantos contos? [...] Saiba que, du-
rante séculos, as histórias conhecidas por diferentes povos eram transmitidas apenas oralmente. [...] O registro desses contos
em textos tornava mais fácil a preservação dessas histórias. Sabendo disso, os irmãos Grimm trataram de buscar relatos em
documentos antigos e recolher contos entre a população da Alemanha para preservar as histórias tradicionais do seu povo. [...]
Entre elas, estão: O Pequeno Polegar, A Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, João e Maria, Os Músicos de Bremen e
A Gata Borralheira. [...]
Disponível em: http://www2.uol.com.br\cienciahoje\chevgrimm1.htm.

Assinale a alternativa que apresenta o resumo do texto.


a) Jacob e Wilhelm Grimm nasceram na Alemanha e, como o pai, eles estudaram Direito, mas nunca seguiram a profissão de
advogados.
b) O Pequeno Polegar, A Bela Adormecida e A Gata Borralheira são algumas das melhores histórias dos irmãos Grimm.
c) Os irmãos Grimm escreviam durante a noite, pois, de dia, se ocupavam de ouvir as histórias de pais, amigos, camponeses.
d) Os irmãos Grimm se tornaram importantes, porque recolheram e escreveram histórias orais populares da Alemanha e as
tornaram mundialmente conhecidas.
Gabarito: D

46 CAPÍTULO 4
Prepara Saeb
Identificar a informação principal em reportagens.
Leia os dois textos. Reconhecer a ideia comum entre textos de Leia os textos a seguir.
gêneros diferentes e a ironia em tirinhas.

Texto I Texto I
Beber água é indispensável para uma vida saudável. Todo
A Declaração dos Direitos da Criança mundo sabe. Mas se a ingestão for de três a seis litros em um
PRINCÍPIO 9.º intervalo de uma a três horas, as consequências do excesso
podem levar à morte, dependendo do peso, sexo e das carac-
Nenhuma criança deverá sofrer por pouco caso dos res-
terísticas de cada organismo, segundo o responsável clínico
ponsáveis ou do governo, nem por crueldade e exploração.
pelo Centro Integrado de Vigilância Toxicológica (Civitox/
Nenhuma criança deverá trabalhar antes da idade mínima, MS), médico Sandro Trindade Benites.
nem será levada a fazer atividades que prejudiquem sua
[...]
saúde, educação e desenvolvimento.
Segundo ele, o excesso de água no organismo, nestas con-
Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/ dições, provoca a perda de sódio, potássio e magnésio, essen-
infantil/direitodacrianca.htm. Acesso em: 9 maio 2015. ciais para o ser humano. “Esses minerais são diluídos dentro
(Fragmento) do sangue por osmose. O principal problema é a perda do
sódio”. Com a eliminação desses minerais, a pessoa fica pro-
pensa ao vômito, convulsão e aumento da pressão intracra-
Texto II
niana, que podem causar o rompimento de vasos sanguíneos
e provocar um Acidente Vascular Cerebral (AVC). [...]
Trabalho infantil ainda é comum no
interior do Maranhão Disponível em: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/
noticia/2013/05/ingerir-agua-em-excesso-pode-matar-afirmam-
28/07/2014
especialistas-em-ms.html. Acesso em: 17 out. 2015. (Fragmento).
Em Balsas, é muito comum encontrar adolescentes tra-
balhando de forma irregular em lava a jato, borracharias e
Texto II
outros estabelecimentos. A denúncia é feita pelo Conselho
Tutelar, que tenta coibir a exploração infantil. [...]

De acordo com o IBGE, 19% das crianças e adolescen- E onde as pessoas arranjaram essa ideia de que beber
enormes quantidades de água é saudável? Anos atrás, Heinz
tes brasileiros entre 10 e 17 anos exercem algum tipo de
Valtin, especialista em nefrologia da Dartmouth Medical
trabalho ilegal. No Brasil, é proibido qualquer trabalho a
School, decidiu verificar se o conselho comum de se tomar
menor de 16 anos de idade, exceto na condição de aprendiz, oito copos de água por dia resistiria à prova científica. Após
a partir dos 14 anos. pesquisar toda a literatura científica sobre o assunto, Valtin
Em comparação ao número de habitantes, o Maranhão é concluiu que nenhum estudo endossa os oitos copos de água
o que mais explora a mão de obra infantil: 6% das crianças diários (para adultos saudáveis que vivem em climas tempe-
e adolescentes trabalham no estado. Isso significa mais de rados e fazem algum tipo de exercício). Na verdade, tomar
essa quantidade de água ou mais “poderia ser prejudicial,
200 mil maranhenses. No ranking do trabalho infantil no
tanto pelo perigo da hiponatremia quanto pela exposição a
Brasil, o Maranhão ocupa o terceiro lugar. [...]
poluentes, além de fazer com que as pessoas se sintam culpa-
Disponível em: http://g1.globo.com/ma/maranhao/ das por não beberem água suficiente”, ele escreveu no Ame-
noticia/2014/07/trabalho-infantil-ainda-e-comum-no-interior- rican Journal of Physiology – Regulatory, Integrative and
do-maranhao.html. Acesso em: 9 maio 2015. (Fragmento) Comparative Physiology em 2002. Desde a publicação de sua
descoberta, diz Valtin, “nenhum estudo em uma publicação
3. Comparando as informações dos dois textos, o estado do na área provou o contrário.” [...] (Fragmento).
Maranhão Disponível em: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/agua_
demais_pode_fazer_mal_e_ate_matar.html.
a) desrespeita um princípio importante da declaração dos
Acesso em: 17 out. 2015. (Fragmento)
direitos da criança.
b) ocupa o terceiro lugar no ranking do país em relação ao 4. Os textos I e II tratam do mesmo tema: a ingestão ideal de
combate ao trabalho infantil. água pelo ser humano.
c) permite o trabalho infantil no interior do Maranhão, Comparando-os, constata-se que
sem que esse prejudique a criança. a) os dois textos defendem um consumo moderado de água.
d) tem 19% das crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos b) os dois textos focam os aspectos positivos do consumo de
exercendo algum tipo de trabalho ilegal. água.
Gabarito: A c) o texto I é neutro quanto à quantidade ideal de água
LÍNGUA PORTUGUESA

para consumo.
d) o texto II recomenda como ideal a ingestão de 8 copos
de água por dia.
Gabarito: A

47
Prepara Saeb
Estabelec er relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade dele.
Leia o texto a seguir.

Tempestade solar quase causou um colapso na Terra em 2012


Foi em 2012, justamente o fatídico ano em que conspirações sobre o fim do mundo corriam soltas. Uma erupção provocou
uma poderosa tempestade solar que passou perto da Terra, por uma semana de diferença.
Caso atingisse o planeta, iria devolver a civilização moderna ao Século 18, informou a Nasa, agência espacial americana. O
fenômeno passou no dia 23 de julho de 2012 e foi o maior registrado nos últimos 150 anos, segundo um comunicado.
[...]
Se as Ejeções de Massa Coronal (conhecidas como CMEs) tivessem atingindo a Terra, "tudo que é plugado na tomada esta-
ria desabilitado", segundo Baker.
Esse tipo de fenômeno é capaz de destruir sistemas de força, comunicações via satélite, por isso a analogia com o período de
três séculos atrás. Como a maior parte da água encanada depende de energia, ela também desapareceria das grandes cidades.
A Nasa calculou quanto custaria para recuperar tudo depois: U$ 2 trilhões. Mas a tempestade não passou completamente
batida. Ela impactou a nave espacial STEREO-A, um observatório solar equipado justamente para medir parâmetros de even-
tos deste tipo.
ZERO HORA, 25 jul. 2014. Disponível em: http://opiniocia.blogspot.com.br/2014/07/tempestade-solar-quase-causou-um.html.
Acesso em: 26 abr. 2016. (Fragmento).

5. A articulação entre as partes de um texto se faz por meio de diferentes recursos, como pela utilização de pronomes. Nesse
sentido, pode-se afirmar que o elemento
a) “esse” remete ao fenômeno das CMEs.
b) “isso” remete à tempestade solar.
c) “ela” remete à energia.
d) “tudo” remete às grandes cidades.
Gabarito: A
Leia os textos. Localizar informações explícitas em infográficos, reportagens, crônicas e artigos.

Texto 1 Texto 2
Imaginação à solta Imaginação à solta
Com um desentupidor de pia, joelho de cano, lata de Repórter: Qual é o seu nome e quantos anos você tem?
óleo para carro, fita cassete e outros itens que recolheu no Entrevistado: Marcelo Augusto e tenho 12 anos.
lixo, Marcelo Augusto, de 12 anos, construiu uma filma-
Repórter: Como você construiu sua filmadora?
dora e já deu início à realização do sonho de ser repórter.
Isso mesmo! Onde quer que haja um evento jornalístico, Entrevistado: Catei no lixo um desentupidor de pia, joelho de
lá está ele com sua câmera, crachá de repórter especial e cano, lata de óleo para carro, fita cassete e mais umas coisas e
microfone. “Fico sabendo o que vai acontecer e vou atrás consegui construí-la.
da notícia”, comenta o menino que, sem nenhuma cerimô- Repórter: Como você faz para realizar suas reportagens?
nia, se “infiltra” entre os repórteres profissionais e vive sua Entrevistado: Fico sabendo o que vai acontecer e acompanho
fantasia de criança. os repórteres com minha câmera, crachá e microfone.
Repórter: O que isso significa para você?
Entrevistado: É uma brincadeira legal, que me diverte muito.

ESTADO DE MINAS, Caderno Gurilândia.

6. Qual é a informação que se comprova nas duas versões da notícia?


a) A filmadora foi construída por um repórter experiente.
b) As reportagens ocorreram apenas na imaginação do menino.
c) O material usado para construir a filmadora é caríssimo.
d) O menino Marcelo acompanha os repórteres no trabalho.
Gabarito: D

48 CAPÍTULO 4
Prepara Saeb
Leia o texto a seguir. Reconhecer relação de sentido marcada
por conjunção em textos diversos. Para evitar novos sustos, os médicos recomendam, além
de exames preventivos mais rigorosos, que estádios e giná-
Agora é vencer ou vencer sios passem a contar com mais recursos, como aparelhos
A Seleção Brasileira Masculina de handebol até saiu na adequados para ressuscitação.
frente da atual campeã mundial, a Espanha. Parecia que Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br.
algo seria diferente para os brasileiros em Doha. E foi. Mas Acesso em: 2 jul. 2013.
a derrota se repetiu, desta vez por 29 a 27, como na estreia
diante do Catar (28 a 23), na quinta-feira.
8. Assinale a alternativa que apresenta a ideia principal defen-
Amanhã os brasileiros enfrentam a Bielorrússia. Na quar- dida pelo texto.
ta-feira, a Eslovênia. E, na sexta, o Chile. Os brasileiros pre-
a) As mortes repentinas de atletas também se relacionam
cisam vencer ao menos dois dos três jogos para sonhar com
a classificação. [...] a outros órgãos e sistemas.
Com duas derrotas, o Brasil está na quinta colocação. b) As mortes súbitas de atletas ocorrem na mesma fre-
Apenas os quatro melhores do grupo avançam às oitavas quência das de pessoas comuns.
de final. c) Os atletas enfrentam vários fatores que agravam os ris-
ESTADO DE MINAS, Domingo, 18 jan. 2015, Caderno Super cos de morte repentina.
Esportes, p. 27. (Fragmento).
d) Os estádios de futebol devem contar com mais recursos
de ressuscitação.
7. Considerando o contexto global da notícia, o uso da con- Gabarito: B
junção ou, no título “Vencer ou vencer”, sugere Estabelecer relações lógico-discursivas
Leia o texto a seguir. presentes no texto, marcadas por conjun-
a) a chance de a seleção brasileira conquistar duas vitórias ções, advérbios, etc.

seguidas.
Como os pais podem ajudar na
b) a dúvida com relação às chances de classificação da se- aprendizagem dos filhos
leção brasileira.

chomplearn/Shutterstock
c) a inexistência de outra possibilidade para a seleção se-
não duas vitórias.
d) a previsibilidade dos resultados da seleção nos próxi-
mos jogos.
Gabarito: C
Leia o texto a seguir. Identificar a informação principal
em reportagens.

POR QUE ALGUNS ATLETAS TÊM


MORTES FULMINANTES?
Eles estão sujeitos a mortes súbitas na mesma frequên-
Os pais zelosos costumam fazer grandes esforços pela
cia que indivíduos comuns e sedentários. Para isso, basta o
educação de seus filhos. Têm razão. Há poucas áreas da vida
atleta ter predisposição ou uma doença crônica. “Como são
de uma pessoa que não são direta e positivamente influen-
pessoas públicas, eles são mais observados que um outro
ciadas pela sua educação. Estudo aumenta a renda, reduz
cidadão e o caso se torna maior. Mas mortes súbitas sem-
pre aconteceram, não estão aumentando”, diz o fisiologista a criminalidade e a desigualdade de renda, tem impactos
Turíbio Leite de Barros, da Unifesp (Universidade Federal positivos sobre a saúde e diminui até o risco de vitimização
de São Paulo). Calcula-se que no Brasil, a cada ano, cerca pela violência urbana. Muitos pais, porém, concentram seus
de 160 mil pessoas sejam vítimas de mortes fulminantes. Só esforços no lugar errado: procuram escolas caras, com ins-
que isso não rende muita notícia. Mas basta a vítima ser um talações vistosas e tecnologicamente avançadas, e entopem
atleta mais conhecido para o caso ganhar os jornais. seus filhos de atividades extracurriculares. A pesquisa em-
pírica, ainda que esteja longe de poder prescrever um mapa
É bom lembrar, porém, que algumas características do
completo de tudo aquilo que os pais podem fazer para que
dia a dia dos atletas são fatores agravantes. A hipertermia,
seus filhos cheguem a Harvard, já identifica uma série de
ou seja, o aquecimento excessivo do corpo, especialmente
fatores importantes (e outros irrelevantes) para o sucesso
em dias de calor e de alta umidade do ar, é um deles.
acadêmico das crianças.
Ao contrário do que se pensa, essas mortes repentinas
Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/como-
não são sempre relacionadas ao coração. Também podem
LÍNGUA PORTUGUESA

acontecer óbitos fulminantes ligados a problemas pulmo- os-pais-podem-ajudar-na-aprendizagem-dos-filhos.


nares ou neurológicos. Acesso em: 16 abr. 2014. (Fragmento).

49
Prepara Saeb
9. Para comprovar sua tese, o locutor desenvolve e faz progredir o tema do texto por meio, sobretudo,
a) do destaque ao que oferecem as escolas caras.
b) da exemplificação de vários benefícios dos estudos.
c) da citação à universidade de Harvard.
d) da menção a uma pesquisa empírica.
e) da apresentação de fatores irrelevantes.
Gabarito: B
10. Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.
Leia a reportagem.

População mundial vive mais, porém cada vez mais doente

rzstudio/Shutterstock
Segundo um novo estudo, 37 milhões de mortes podem ser evitadas se o taba-
gismo no mundo diminuir em 30%; o abuso de bebida alcoólica em 10%; o con-
sumo excessivo de sal em 30%; a pressão alta em 25%. Além disso, é necessário
que a taxa global de obesidade e diabetes deixe de subir. Se isso acontecer, até
2025 o risco de uma pessoa morrer devido a alguma doença não transmissível
cairá de 22% para 19%.
População pesada – Enquanto a mortalidade global por desnutrição caiu, o fa-
tor de risco para a saúde que mais cresceu nos últimos vinte anos foi o excesso
de peso – em 1990, ele correspondia ao décimo lugar; em 2010, ao sexto. Hoje,
maus hábitos alimentares e sedentarismo correspondem a 10% da carga de doença global. De acordo com os resultados, o
sobrepeso foi responsável por três milhões de mortes ao redor do mundo em 2010 – um número três vezes maior do que os
óbitos por desnutrição.
"Passamos de um mundo de 20 anos atrás em que as pessoas não comiam o suficiente para um mundo, inclusive em países
em desenvolvimento, onde há muita comida, mas não saudável, que nos faz muito mal", diz Majid Ezzati, do Imperial College
de Londres e um dos autores do estudo.
Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/populacao-mundial-vive-mais-porem-cada-vez-mais-doente.
Acesso em: 30 abr. 2014. (Fragmento).

Segundo o texto, a alternativa que expressa a opinião do autor é:


a) “37 milhões de mortes podem ser evitadas se o tabagismo no mundo diminuir em 30%.” (1o parágrafo)
b) “o risco de uma pessoa morrer devido a alguma doença não transmissível cairá de 22% para 19%.” (1o parágrafo)
c) “o sobrepeso foi responsável por três milhões de mortes ao redor do mundo em 2010.” (2o parágrafo)
d) “em países em desenvolvimento há muita comida, mas não saudável, que nos faz muito mal.” (3o parágrafo)
Gabarito: D

Anotações

50 CAPÍTULO 4
5
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AD
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IN
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CRÔNICA/

k
LETRA DE MÚSICA

Crônica D1 - Localizar informações


explícitas em um texto. D3 -
Inferir o sentido de uma palavra
Esquentando os motores... ou expressão. D4 - Inferir
uma informação implícita em
Professor(a), introduza o conceito de crônica. um texto. D4 - Reconhecer
1 Responda a duas questões. Se julgar oportuno leia em sala de aula finalidade e traços de humor
algumas crônicas de autores nacionais, como em diferentes gêneros. D4
a) Você gosta de ler crônicas? Carlos Drummond de Andrade, Luis Fernando - Identificar elementos da
b) Que tipo de crônica você costuma ler? Verissimo, Rubem Braga e Fernando Sabino, narrativa e/ou a ideia central
para os alunos se familiarizarem com o assunto. em crônicas. D6 - Reconhecer
2 Leia, a seguir, a crônica Mensagem, do escritor Carlos Drummond de Andrade. o tema de uma crônica. D12
- Identificar a finalidade de
Queria mandar mil recados a pessoas mil desta cidade e de outras, do Brasil e do textos de diferentes gêneros.
D13 - Identificar as marcas
mundo. Mil é exagero: em todo caso, trinta, quarenta, que em linguagem corrente se linguísticas que evidenciam o
traduzem por “milhões”. Queria aproveitar este dezembro para dizer-lhes que os meses locutor e o interlocutor de um
texto. D14 - Localizar informações
passaram tão ligeiros, mas tão, que não houve tempo para revelar-lhes como eu lhes explícitas em infográficos,
quero bem; e meu silêncio sabe como isso é verdade. Não disse a palavra que esperava reportagens, crônicas e artigos.
D15 - Reconhecer a relação entre
ser dita; não botei cartas no correio, e não foi esquecimento, pois nem sequer as escrevi. os pronomes e seus referentes
Entretanto, se o carteiro não me trazia notícias ou simples lembranças em cartão-postal, em contos/crônicas. D16 -
Identificar efeitos de ironia ou
bem que me queixava, resmungando que me haviam esquecido, pior ainda, substituído. humor em textos variados. D17
[...] Há acontecimentos demais para um só coração, um só espírito, um só estômago, ape- - Reconhecer relações de sentido
estabelecidas por conjunções ou
nas dois braços e duas pernas. Não estou me desculpando; registro. locuções conjuntivas em letras de
Esta mensagem tosca se dirige pois a todos quantos esperavam alguma coisa de jor- música e crônicas. D18 - Inferir
o sentido e o efeito de sentido
nalista ou do homem em 1959 e não a obtiveram; a todos que quiseram dar-lhe um pen- de palavras ou de expressão em
samento, uma palavra, um sorriso, que ele não soube recolher ou pressentir. É a crônica poemas, crônicas e fragmentos
de romances. D18 - Reconhecer
do não: “não” fiz isso, “não” agradeci aquilo, “não” participei, “não” ajudei. E vale também o efeito de sentido decorrente
para o futuro, pois a sabedoria de Itabira do Mato Dentro, em um provérbio inventado da escolha de uma determinada
palavra ou expressão. D19 -
neste momento, ensina que burro velhote não acerta o trote. Entro em férias; mas antes Reconhecer o efeito de sentido
quero desejar a leitores e amigos as alegrias e suavidades a que o tempo convida, inclusi- decorrente da exploração
de recursos ortográficos e/
ve aquele “jantar de muita vaca e riso”, de que falava Frei Bartolomeu dos Mártires, com ou morfossintáticos. D19 -
botelhas do fino, do legítimo; e se isso não foi possível, pelo menos bons sonhos. Reconhecer o sentido e o efeito
de sentido produzido pelo uso
ANDRADE, Carlos Drummond de. A bolsa e a vida. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2008. p. 130-131.
de recursos morfossintáticos em
contos, artigos e crônicas. D19 -
Reconhecer relações de sentido
marcadas por conjunções, a
Dando a largada! relação de causa e consequência
e a relação entre o pronome e seu
referente em diferentes gêneros.
A crônica é um gênero literário que narra situações cotidianas, com personagens co- D19 - Inferir informação, sentido
de expressão e o efeito de sentido
muns, sem descrição psicológica aprofundada. São textos ficcionais, com marcas de humor, decorrente do uso de recursos
que transitam entre o campo jornalístico-midiático e o campo artístico-literário. morfossintáticos em crônicas.
Carlos Drummond de
Andrade
1 Sobre a crônica Mensagem, que você leu acima, responda a algumas questões.
(1902-1987), autor de
a) Por que o texto de Drummond é classificado como crônica? Mensagem, é considerado
É uma crônica porque a temática é voltada para o cotidiano – mensagens de fim de ano –, um dos maiores escritores
LÍNGUA PORTUGUESA

brasileiros. Foi poeta, cronista


com marcas de humor e uma linguagem informal, de proximidade com o leitor.
e contista. Fez parte da
segunda geração modernista.

51
b) Em que época a crônica foi escrita?
No mês de dezembro. “Queria aproveitar este dezembro para dizer-lhes...”

c) Você se identificou com a leitura dessa crônica? Justifique sua resposta.


Resposta pessoal. Professor(a), permita que os alunos se manifestem sobre a situação

retratada na crônica, se houve identificação com o sentimento do autor de fim de ano.

d) Drummond faz o uso da interlocução com o leitor. Retire um trecho da crônica que
comprove essa afirmação.
“Entro em férias; mas antes quero desejar a leitores e amigos as alegrias e suavidades a

que o tempo convida [...]”.

e) É possível relacionar a interlocução entre narrador e leitor com o título da crônica? Em


caso afirmativo, justifique com um trecho do texto.
O próprio título da crônica “Mensagem” já indica uma interlocução explícita, em que se

pressupõe a presença do leitor a quem ele se dirige e os enunciados do texto.

Pit stop 1
As crônicas são, na maior parte, publicadas em jornais e revistas para, depois, ser reunidas
em livros. Como circulam entre o jornalismo e a literatura, as mais comuns são narrativas e ar-
gumentativas. As crônicas narrativas criam uma sequência de ações contando uma história; as
argumentativas defendem um acontecimento cotidiano por meio da defesa de uma ideia ou
de um ponto de vista. Nas duas, estão presentes marcas da oralidade.

Voltando para a pista


1 Leia a crônica Meus dois amigos, de Fernando Sabino.

No dia 6 de junho de 1986, portanto há mais de um ano, eu dava nesta coluna notícia do
que passou a acontecer, desde que mandei colocar na minha janela uns vasos de gerânio. Fernando Sabino
Dependurei ali um bebedouro, desses para beija-flor, mas outros passarinhos é que (1923-2004) foi um escritor e
começaram a aparecer todas as manhãs, fartando-se de água açucarada, na maior alga- jornalista brasileiro. Destacou-
zarra. Assim escrevi então sobre um deles: se pelas publicações de
crônicas e romances.
Todas as manhãs ele vem me visitar. Sei que é ele e não outro qualquer, por um porme-
nor que o distingue dos demais da sua espécie: só tem uma perna. E, convenhamos, não é
todo dia que costuma aparecer mais de um passarinho com uma perna só.
Este é de uma família designada pelo vulgo por um nome chulo que não lhe faz
justiça: “caga-sebinho”. Segundo o dicionário, trata-se de uma “ave passeriforme de
coloração verde-azeitonada em cima e amarela embaixo”. Na realidade, é uma graça, o
meu passarinho.
SABINO, Fernando. Meus dois amigos. In: SABINO, Fernando.
A companheira de viagem. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987. p. 12.

• Com base na indicação nesta coluna, mencionada por Fernando Sabino, é possível afirmar
em que meio de comunicação a crônica Meus dois amigos foi originalmente publicada?
Professor(a), espera-se que os alunos respondam que Fernando Sabino trabalhava como

colunista em algum meio de comunicação como jornal ou revista, mas não é possível afirmar

qual.

52 CAPÍTULO 5
• A palavra notícia está empregada no texto para se referir a um:
a) acontecimento ficcional.
b) editorial.
c) fato jornalístico.
X d) relato pessoal.
2 Leia a crônica A nuvem, de Rubem Braga.
– Fico admirado como é que você, morando nesta cidade, consegue escrever uma Rubem Braga
semana inteira sem reclamar, sem protestar, sem espinafrar! (1913-1990) foi um dos
E meu amigo falou da água, telefone, light em geral, carne, batata, transporte, custo de mais importantes cronistas
vida, buracos na rua, etc. etc. etc. Meu amigo está, como dizem as pessoas exageradas, brasileiros. Suas crônicas têm
grávido de razões. Mas que posso fazer? Até que tenho reclamado muito isto e aquilo. como características elementos
Mas se eu for ficar rezingando todo dia, estou roubado: quem é que vai aguentar me ler? do cotidiano, ironia, críticas
Acho que o leitor gosta de ver suas queixas no jornal, mas em termos. sociais e poesia.
Além disso, a verdade não está apenas nos buracos das ruas e outras mazelas. Não é
verdade que as amendoeiras neste inverno deram um show luxuoso de folhas vermelhas
voando no ar? E ficaria demasiado feio eu confessar que há uma jovem gostando de mim? Rezingando: resmungando,
Ah, bem sei que esses encantamentos de moça por um senhor maduro duram pouco. São reclamando.
caprichos de certa fase. Mas que importa? Esse carinho me faz bem; eu o recebo terna e Mazelas: aborrecimentos,
gravemente; sem melancolia, porque sem ilusão. Ele se irá como veio, leve nuvem solta desgostos, problemas.
na brisa, que se tinge um instante de púrpura sobre as cinzas de meu crepúsculo.
Púrpura: corante de um
E olhem só que tipo de frase estou escrevendo! Tome tenência, velho Braga. Deixe a vermelho, escarlate.
nuvem, olhe para o chão – e seus tradicionais buracos.
BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Record, 1960.

• A função do narrador é fazer uma interface entre o leitor e o texto, apresentando o enredo
de acordo com um determinado ponto de vista. Nesta crônica, há um narrador:
a) observador, porque relata as ocorrências de maneira objetiva e imparcial.
b) onipresente, porque é uma espécie de testemunha invisível da cena narrada.
c) onisciente, porque revela as atitudes e o fluxo de consciência da personagem.
X d) protagonista, porque vivencia os acontecimentos que compõem a narrativa.
• Qual é a intenção do cronista ao escrever “Mas que posso fazer? Até que tenho reclamado
muito isto e aquilo. Mas se eu for ficar rezingando todo dia, estou roubado: quem é que vai
aguentar me ler? Acho que o leitor gosta de ver suas queixas no jornal, mas em termos.”?
Ele diz que até reclama, mas pondera porque seus leitores não querem ver queixas no jornal o

tempo todo.

3 Leia a crônica Prova falsa.

Quem teve a ideia foi o padrinho da caçula — ele me conta. Trouxe o cachorro de pre- Stanislaw Ponte Preta
sente e logo a família inteira se apaixonou pelo bicho. Ele até que não é contra isso de se (1923-1968) era o pseudônimo
ter um animalzinho em casa, desde que seja obediente e com um mínimo de educação. de Sergio Porto, jornalista e
— Mas o cachorro era um chato — desabafou. cronista. Suas crônicas eram
conhecidas pelo sarcasmo.
Desses cachorrinhos de caça, cheios de nhenhenhém, que comem comidinha especial,
precisam de muitos cuidados, enfim, um chato de galocha. E, como se isto não bastasse,
implicava com o dono da casa.
LÍNGUA PORTUGUESA

— Vivia de rabo abanando para todo mundo, mas quando eu entrava em casa vinha
logo com aquele latido fininho e antipático, de cachorro de francesa.
PONTE PRETA, Stanislaw. Prova falsa. In: PONTE PRETA. Stanislaw. Para gostar de ler. Gol de padre
e outras crônicas. São Paulo: Ática, 1998. v. 23. p. 24-25.

53
• Releia o trecho:

Vivia de rabo abanando para todo mundo, mas quando eu entrava em casa vinha
logo com aquele latido fininho e antipático, de cachorro de francesa.

A conjunção quando é responsável por uma importante relação sintático-semântica no


fragmento. Tal relação é expressa pela ideia de:
a) causa.
b) concessão.
c) oposição.
X d) tempo.
4 Leia a crônica Para Maria das Graças, de Paulo Mendes Campos.

Agora, que chegaste à idade avançada de quinze anos, Maria da Graça, eu te dou este Paulo Mendes Campos
livro: Alice no País das Maravilhas. Este livro é doido, Maria. Isto é, o sentido dele está em (1922-1991) foi jornalista,
ti. Escuta: se não descobrires um sentido na loucura, acabarás louca. Aprende, pois, logo poeta e cronista. Pertence à
de saída para a grande vida, a ler este livro como um simples manual do sentido evidente terceira fase do Modernismo.
de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou apenas umas
poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade. [...]
CAMPOS, Paulo Mendes. Para gostar de ler. v. 4. São Paulo: Ática, 1998. (Fragmento)

• Os articulares promovem relações lógico-sintáticas, que atuam na progressão temática e


na construção dos efeitos de sentido pretendidos pelo autor. Embora o articulador pois
apareça duas vezes no texto, ele apresenta valores discursivos diferentes que imprimem ao
contexto, respectivamente, ideias de:
a) causa e consequência.
X b) conclusão e explicação.
c) condição e concessão.
d) proporção e finalidade.
5 Leia a crônica Coisas incríveis no céu e na terra, de Mario Quintana.

De uma feita, estava eu sentado sozinho num banco da Praça da Alfândega quando Mario Quintana
começaram a acontecer coisas incríveis no céu, lá para as bandas da Casa de Correção: (1906-1994) foi jornalista,
havia uns tons de chá, que se foram avinhando e se transformaram nuns roxos de insu- poeta, contista e cronista.
portável beleza. Insuportável, porque o sentimento de beleza tem de ser compartilhado.
Quando me levantei, depois de findo o espetáculo, havia umas moças conhecidas, para-
das à esquina da Rua da Ladeira.
– Que crepúsculo fez hoje! – disse-lhes eu, ansioso de comunicação.
– Não, não reparamos em nada – respondeu uma delas. – Nós estávamos aqui espe-
rando Cezimbra.
QUINTANA, Mario. Caderno H. 2. ed. São Paulo: Editora Globo, 2006. p. 119.

• No último parágrafo, Mário Quintana reproduz, integralmente, a fala de uma das persona-
gens introduzindo-a por meio do travessão. Se, em vez do discurso direto, o autor fizesse a
opção pelo uso do discurso indireto e quisesse preservar as relações de sentido expressas
no texto original, como ficaria a reescrita?
a) Uma delas responde que não, não repararam em nada. Elas estão aqui esperando
Cezimbra.
X b) Uma delas respondera que não, não tinham reparado em nada. Elas estavam ali espe-
rando Cezimbra.
c) Uma delas responderia que não, não repararam em nada. Elas estariam naquele lugar à
espera de Cezimbra”
d) Uma delas respondeu que não, não reparariam em nada. Elas estavam ali para esperar
Cezimbra.

54 CAPÍTULO 5
D1 - Localizar informações explícitas em um texto. D2 - Estabelecer
relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições
que contribuem para a continuidade dele. D3 - Inferir o sentido de uma
palavra ou expressão. D4 - Inferir uma informação implícita em um texto.
Letra de música D6 - Identificar o tema de um texto. D10 - Identificar o conflito gerador do
enredo e os elementos que constroem a narrativa. D11 - Estabelecer relação
causa/consequência entre partes e elementos do texto. D12 - Identificar a
Esquentando os motores... finalidade de textos de diferentes gêneros. D15 - Estabelecer relações lógico-
discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc. D18
- Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada
1 Responda a estas perguntas. palavra ou expressão. D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da
exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.
a) Você costuma escutar músicas?
Professor(a), esta primeira atividade
b) De que tipos de música você gosta? Costuma prestar atenção nas letras das músicas? é de aquecimento. Provavelmente,
os alunos, neste momento, vão
2 Você conhece a letra desta canção? João e Maria é uma melodia composta por Sivuca com comentar as músicas do repertório
cultural deles. Deixe-os livres para
letra de Chico Buarque. manifestar seus conhecimentos
para em seguida focar nas letras de
Agora eu era o herói música como um gênero textual.
Seria interessante os alunos
E o meu cavalo só falava inglês escutarem as músicas antes de
iniciarem as atividades propostas.
A noiva do cowboy
Era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês

Agora eu era o rei


Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não


Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal


Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar 
O que é que a vida vai fazer de mim?
BUARQUE, Chico; SIVUCA. João e Maria. Álbum “Meus amigos são um barato.”
Gravadora Philips/Phonogram. 1977.

Dando a largada!
LÍNGUA PORTUGUESA

A letra de música é o texto que acompanha uma melodia. É escrita em versos, como os
poemas, e pode ou não ser rimada.
O conjunto de versos que se repetem, ao longo de uma letra de canção, é chamado de
refrão.

55
• Sobre a letra da canção João e Maria, da página anterior, responda:
1 A canção apresenta a estrutura de um(a):
a) conto.
X b) poema.
c) poesia.
d) fábula.
2 Assinale a alternativa que justifica a repetição do e nos versos da 2a estrofe.
a) Conclusão.
X b) Ênfase.
c) Exagero.
d) Explicação.
3 Releia o último verso.

O que é que a vida vai fazer de mim?

• Qual pode ser a interpretação a respeito do eu lírico nesse último verso?


Professor(a), provavelmente os alunos farão a intepretação de João e Maria como uma

canção infantil, citando os termos "herói", "princesa", "pião", "matinês". O último verso pode

ser associado a um amor perdido, abandonado, e que por esse motivo não se sabe o que se

fazer da vida.

Pit stop 2
Observe estes versos da canção João e Maria.
Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
As palavras destacadas em verde são rimas que aparecem no fim dos versos. São chamadas
de rimas externas.

Voltando para a pista


1 Leia esta letra de canção chamada Por isso.

Vejo meu caminho se perdendo,


vou vivendo, por viver.

É que a minha vida se resume,


num costume de você.

O que nós passamos juntos,


não dá para esquecer, e por isso,
não me vejo viver sem você.

Refrão:
Por isso estou deixando meu cabelo crescer,

56 CAPÍTULO 5
Por isso minha barba está assim sem fazer,
Por isso minha roupa amarrotada,
Eu não ligo mais pra nada se eu não tenho você.
Por isso apagou o brilho do meu olhar,
Por isso os meus olhos não param de chorar,
Por isso minha roupa amarrotada,
Eu não ligo mais pra nada,
Se você quiser voltar te espero no mesmo lugar.
MAGALHÃES, Léo. Por isso. Ao vivo em Goiânia. Gravadora Léo Magalhães. v. 2. 2011.

• O refrão desempenha um papel fundamental na progressão das ideias do texto. Isso por-
que ele destaca:
a) as causas do fim do relacionamento.
b) as alternativas para o fim do sofrimento amoroso.
c) as condições para a reconciliação amorosa.
X d) as consequências do fim do relacionamento.
2 Leia a letra da canção a seguir.

Deixo tudo assim


não me importo em ver
a idade em mim,
ouço o que convém.
Eu gosto é do gasto.

Sei do incômodo
e ela tem razão
quando vem dizer
que eu preciso sim
de todo o cuidado.

E se eu fosse o primeiro
a voltar pra mudar
o que eu fiz,
quem então agora eu seria?

Ahh... tanto faz!


E o que não foi não é,
Eu sei que ainda vou voltar...
Mas, eu quem será?
[...]
AMARANTE, Rodrigo. O velho e o moço. Álbum Ventura. Gravadora BMG. 2003.

• Confrontando o último verso da 3a estrofe “Quem então agora eu seria?” com o último ver-
so da 4a estrofe “mas eu quem será?”, observa-se que o compositor empregou o verbo “ser”
no futuro do pretérito (seria) e no futuro do presente (será).
Na construção do sentido de O velho e o moço, pode-se deduzir que esses dois tempos
verbais indicam:
a) clareza.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) desarmonia.
X c) ambiguidade.
d) exclusão.

57
3 Leia a letra da canção Relampiano.
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal pra alguém
E tá vendendo drops
No sinal
Todo dia é dia
Toda hora é hora
Neném não demora
Pra se levantar
LENINE; MOSKA, Paulinho. Relampiano. Álbum Contrasenso. Gravadora EMI. 1997.

a) Qual é a temática dessa canção?


Trabalho infantil. A canção denuncia o trabalho de crianças vendendo drops no sinal de

trânsito.

b) Cite exemplos coloquiais da língua empregados na canção.


Relampiano, tá, pra.

c) Qual é a intenção dos autores da canção ao se valerem de registros coloquiais?


A intenção dos autores foi criar proximidade, como se quem estivesse falando fossem os

pais da criança que vende drops no sinal.

Cruzando a linha
1 Leia a crônica O meu cotidiano, de Rubem Alves.
Eu estava a ponto de entrar no Bem-Bom, restaurante onde cozinha uma Babette cha-
mada dona Sônia, quando fui parado por dois jovens sorridentes e bem-vestidos. Pas-
saram-me um panfleto. Pensei que fossem mórmons à procura de mais um converso.
Li a primeira frase do panfleto. Fiquei horrorizado com o que li: “O senhor quer ler um
livro em 20 minutos e entender tudo?”. Faziam propaganda da leitura dinâmica, minha
arquiinimiga. O palhaço que mora em mim entrou no picadeiro. “Ler um livro em 20
minutos? Isso é invenção do Demônio! Os senhores quereriam ouvir a Nona Sinfonia
em 20 minutos? Quereriam ler “Grande Sertão: Veredas” em 20 minutos? [...] É preciso
ler bovinamente, ruminando... E agora os senhores me oferecem um método que vai
me roubar dos meus prazeres?” Foi maldade minha. Eles ficaram a me olhar, perplexos.
Certamente acharam que eu era doido... Não sem uma certa dose de razão. Afinal de
contas usei o meu precioso espaço para falar sobre o meu insignificante cotidiano que a
ninguém interessa...
ALVES, Rubem. Pensamentos soltos sobre educação. In: Revista Educação.
São Paulo: Segmento. ed. 167. mar. 2011.

58 CAPÍTULO 5
• Esse parágrafo apresenta, respectivamente, as seguintes sequências tipológicas:
a) argumentação e descrição.
b) descrição e injunção.
c) exposição e narração.
X d) narração e argumentação.
2 Leia a crônica Magia e mistério, de Mário Quintana.
Há espíritos simplistas, que acham que tem de haver uma explicação para tudo.
E que, explicada a coisa, foi-se o mistério!
Principalmente esses que insistem em desmontar os poemas, como se quisessem des-
mascarar o poeta.
Eles me fazem lembrar aquelas pessoas “espertas” de certa cidadezinha do interior, as
quais, indo assistir à função de um mágico, puseram-se a bradar no meio do espetáculo:
“Isso é truque! Não pega! É truque! É truque!”
Mas para alívio das almas compassivas, acrescento que o pobre mágico sempre con-
seguiu escapar com vida por trás dos bastidores...
QUINTANA, Mário. Caderno H. 8. ed. São Paulo: Globo. 2001.

• As alternativas que se seguem apresentam frases do próprio autor do texto, o poeta Mário
Quintana. Assinale aquela que mais se aproxima do sentido da frase “Há espíritos simplistas,
que acham que tem de haver uma explicação para tudo”, no contexto em que é colocada.
X a) “O crítico contorna a tapeçaria e vai olhá-la pelo lado avesso.”
b) “O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.”
c) “Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem.”
d) “Ser poeta não é dizer grandes coisas, mas ter uma voz reconhecível dentre todas as
outras.”
3 Leia esta letra de canção chamada Rapte-me camaleoa, de Caetano Veloso.
Rapte-me camaleoa
Adapte-me a uma cama boa
Capte-me uma mensagem à-toa
De um quasar pulsando lower
Interestelar canoa
Leitos perfeitos
Seus peitos direitos me olham assim
Fino menino me inclino pro lado do sim.

Rapte-me, adapte-me, capte-me


It's up to me¹
Coração
Ser, querer ser, merecer ser um camaleão
Rapte-me camaleoa
Adapte-me ao seu
Ne me quitte pas.²

1. It's up to me: expressão idiomática da língua inglesa. Em português seria como


dizer em gíria "Tá pra mim!".
2. Ne me quitte pas: frase do francês que significa “Não me deixes”.
LÍNGUA PORTUGUESA

VELOSO, Caetano. Rapte-me camaleoa. Álbum “Outras Palavras”. Gravadora Universal Music. 1981.

Assonância é um recurso sonoro que consiste em repetir sons de vogais em um verso


ou em uma frase.

59
• Com o objetivo de obter efeitos estéticos e semânticos, Caetano Veloso explora, na letra
dessa canção, vários recursos prosódicos da língua portuguesa, tal como a assonância, que
está presente na seguinte passagem:
a) “Rapte-me camaleoa” (verso 1).
b) “Capte-me uma mensagem à-toa” (verso 3).
c) “Dê-me um quasar pulsando lower” (verso 4).
X d) “Fino menino me inclino pro lado do sim.” (verso 8)

Anotações

60 CAPÍTULO 5
6
VL
AD
GR
IN
/Sh
utt
ers
to c
CONTO / POEMA

Conto 1. Introduza o conceito e os tipos de


contos. Se julgar oportuno, leia em
Habilidades abordadas:
D1 – Localizar informações explíci-
sala de aula alguns contos de autores tas em um texto. D2 – Estabelecer
relações entre partes de um texto,
Esquentando os motores... nacionais, como Lygia Fagundes Telles,
Machado de Assis, Clarice Lispector, identificando repetições ou substi-
para os alunos se familiarizarem com tuições que contribuem para a con-
1 Responda às questões: Resposta pessoal. o assunto. tinuidade dele. D4 – Reconhecer o
tema em contos e fragmentos de
a) Você é leitor de contos? Qual é seu tipo preferido de conto? romances. D4 – Inferir uma infor-
mação implícita em um texto.
b) Ao ler um conto, você se atenta para o estilo da linguagem do escritor? D6 – Identificar o tema de um
texto. D10 – Identificar o conflito
2 Leia a seguir o conto A disciplina do amor, da escritora Lygia Fagundes Telles. gerador do enredo e os elementos
que constroem a narrativa.
A disciplina do amor D11 – Reconhecer a relação de
causa e consequência em dife-
Foi na França, durante a Segunda Gran- rentes textos. D11 – Estabelecer

LightField Studios/Shutterstock
relação causa/consequência entre
de Guerra: um jovem tinha um cachorro que partes e elementos do texto.
todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo D12 – Identificar a finalidade de
voltar do trabalho. Postava-se na esquina, textos de diferentes gêneros.
D15 – Reconhecer a relação entre
um pouco antes das seis da tarde. Assim que os pronomes e seus referentes em
via o dono, ia correndo ao seu encontro e na contos/crônicas. D16 – Reconhecer
o efeito de sentido produzido pelo
maior alegria acompanhava-o com seu pas- uso de recursos morfossintáticos
sinho saltitante de volta à casa. A vila inteira em poemas. D16 – Identificar
efeitos de ironia ou humor em
já conhecia o cachorro e as pessoas que pas- textos variados. D18 – Reconhecer
savam faziam-lhe festinhas e ele correspon- o efeito de sentido decorrente da
escolha de uma determinada pala-
dia, chegava até a correr todo animado atrás vra ou expressão. D19 – Reconhe-
dos mais íntimos. Para logo voltar atento ao cer o sentido e o efeito de sentido
produzido pelo uso de recursos
seu posto e ali ficar sentado até o momento morfossintáticos em contos, arti-
em que seu dono apontava lá longe. gos e crônicas. D19 – Reconhecer
relações de sentido marcadas por
Mas eu avisei que o tempo era de guerra, conjunções, a relação de causa e
o jovem foi convocado. Pensa que o cachor- consequência e a relação entre o
pronome e seu referente em dife-
ro deixou de esperá-lo? Continuou a ir dia- rentes gêneros. D19 – Reconhecer
riamente até a esquina, fixo o olhar naquele o efeito de sentido decorrente da
exploração de recursos ortográficos
único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor e/ou morfossintáticos.
ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava
para casa e levava sua vida normal de cachorro, até chegar o dia seguinte. Então, disciplinada-
mente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao posto de espera. O jovem morreu
num bombardeio, mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram
prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando àquela hora ele disparava para o
compromisso assumido, todos os dias.
Todos os dias, com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esque-
cendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares vol- Lygia Fagundes Telles
taram-se para outros familiares. Os amigos para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (1918-2022)
(era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina. Nasceu na cidade de São Paulo.
As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está esperando… Uma tarde (era inver- É romancista e contista. Faz
LÍNGUA PORTUGUESA

no) ele lá ficou, o focinho voltado para aquela direção. parte da geração dos escritores
Telles, Lygia Fagundes. A disciplina do amor. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p. 99-100. pós-modernistas brasileiros.

61
Dando a largada!
O conto é um gênero literário que apresenta uma narrativa com poucos personagens.
Os espaços são delimitados, envolvendo um conflito. No conto, apresenta-se o enredo, com
a sequência de ações pelas quais os personagens passam, até se alcançar o momento de
maior tensão, chamado de clímax, e seu desfecho.

1 Sobre o conto A disciplina do amor, responda às perguntas a seguir:


a) Onde ocorreu a história? Em que época?
Na França, durante a Segunda Guerra Mundial.

b) Quem é o personagem principal?


O cachorro.

c) Qual é o clímax do conto? Descreva-o.


O clímax é a morte do dono do cachorro. A partir desse acontecimento, o cachorro esperava

pelo dono todos os dias, repetindo um ritual.

d) Qual é o foco narrativo do conto?


O conto é narrado em 3a pessoa.

e) Retire do conto um trecho comprovando a resposta anterior.


“Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia

correndo ao seu encontro.”

f ) Releia:

Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado.

Na passagem acima, a intenção do narrador é ...


a) ... reafirmar sua posição assertiva.
X b) ... dialogar com o leitor.
c) ... voltar ao passado.
d) ... dar suspense ao conto.
g) Qual relação é possível estabelecer entre o nome “A disciplina do amor” e a narrativa do
conto?
O amor verdadeiro do cachorro pelo dono. Após a morte de seu dono, o tempo passa, e

o cachorro mantém a rotina de esperá-lo voltar do trabalho. A família do morto passa a

preocupar-se com as questões do dia a dia, a noiva casa-se com um primo; a vida continua,

mas o cachorro continua a rotina, fiel ao dono. O amor do cachorro é um tipo de disciplina.

62 CAPÍTULO 6
Pit stop 1
Os contos são classificados de acordo com sua temática. Podem ser de ficção científica, de
terror, de suspense, de relações familiares.
O conto A disciplina do amor, que você leu, pode ser classificado como conto de amizade.

Voltando para a pista


1 Leia um trecho do conto Feliz aniversário, de Clarice Lispector.
[...] Na cabeceira da mesa, a toalha manchada de coca-cola, o bolo desabado, ela era a mãe.
A aniversariante piscou. Eles se mexiam agitados, rindo, a sua família. E ela era a mãe de to-
dos. [...] E como a presilha a sufocasse, ela era a mãe de todos e, impotente à cadeira, despre-
zava-os. E olhava-os piscando. Todos aqueles seus filhos e netos e bisnetos que não passavam
de carne de seu joelho, pensou de repente como se cuspisse. Rodrigo, o neto de sete anos, era Intumescido: inchado,
o único a ser a carne de seu coração, Rodrigo, com aquela carinha dura, viril e despenteada. volumoso.
Cadê Rodrigo? Rodrigo com olhar sonolento e intumescido naquela cabecinha ardente, con-
fusa. Aquele seria um homem. Mas, piscando, ela olhava os outros, a aniversariante. Oh, o
Clarice Lispector
desprezo pela vida que falhava. Como?! Como tendo sido tão forte pudera dar à luz aqueles
(1920-1977)
seres opacos, com braços moles e rostos ansiosos? Ela, a forte, que casara em hora e tempo
Nasceu na Ucrânia e veio para
devidos com um bom homem a quem, obediente e independente, ela respeitara; [...] O tronco
o Brasil com a família ainda
fora bom. Mas dera aqueles azedos e infelizes frutos, sem capacidade sequer para uma boa
criança. É autora de romances,
alegria. Como pudera ela dar à luz aqueles seres risonhos, fracos, sem austeridade? O rancor
contos e ensaios. É um dos
roncava no seu peito vazio. [...] Olhou-os com sua cólera de velha. Pareciam ratos se acoto-
grandes nomes da literatura
velando, a sua família. Incoercível, virou a cabeça e com força insuspeita cuspiu no chão. [...]
brasileira.
LISPECTOR, Clarice. In: Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1988. p. 54.

• Em uma narrativa, o uso do discurso indireto contribui para a revelação dos sentimentos
mais dissimulados dos personagens, cuja fala interior se insere em meio à fala do narrador
de forma sutil. Qual alternativa apresenta uma passagem em discurso indireto livre?
a) “Na cabeceira da mesa, a toalha manchada de coca-cola, o bolo desabado, ela era
a mãe.”
X b) “Como?! Como tendo sido tão forte pudera dar à luz aqueles seres opacos, com braços
moles e rostos ansiosos?”
c) “O tronco fora bom. Mas dera aqueles azedos e infelizes frutos, sem capacidade sequer
para uma boa alegria.”
d) “O rancor roncava no seu peito vazio.”
• Qual a relação possível entre o título “Feliz aniversário” e o comportamento dos personagens?
A aniversariante observa os familiares durante a festa e reprova o comportamento e a

personalidade deles. O título reflete com ironia a animosidade existente entre a aniversariante

os convidados, o clima de desagregação familiar.

2 Leia o conto A incapacidade de ser verdadeiro, de Carlos Drummond de Andrade.


Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois
dragões-da-independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da
escola um pedaço de lua, todo cheio de queijo. Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa
como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.
Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chácara
de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe
decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
– Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia.
LÍNGUA PORTUGUESA

ANDRADE, Carlos Drummond. O sorvete e outras histórias. São Paulo: Editora Ática, 1993.

63
• Neste texto, a passagem destacada presentifica a situação discursiva apresentada, fazendo
vir à tona a expressão do personagem, tornando-o vivo para o leitor. Esse mecanismo de
textualização recebe o nome de...
a) ... discurso citado. X c) .... discurso direto.
b) ... discurso de relato. d) .... discurso indireto.
• Agora responda:
Qual é o enredo do conto A incapacidade de ser verdadeiro?
Espera-se que os alunos respondam que Paulo é uma criança com imaginação fértil, que cria

situações e acontecimentos fantásticos, considerando-os realidade concreta.

3 Leia um trecho do conto Banho de chuva. Habilidades abordadas: D1 – Localizar


informações explícitas em um texto.
Os primos foram andar de bicicleta no parque. Era domingo de tarde, e eles tinham doze D2 – Estabelecer relações entre partes
anos, companheiros desde que nasceram. Quando começou a chover, as coisas começaram a de um texto, identificando repetições ou
mudar. Ao invés de fazerem cavalinho de pau nas poças d'água, como era de costume, desta substituições que contribuem para a con-
tinuidade dele. D3 – Inferir o sentido de
vez foram sentar no gramado. Pela primeira vez, preferiam conversar. A chuva escorria pelos uma palavra ou expressão. D4 – Reconhe-
longos cabelos lisos dela e deixava encharcada a penugem do bigode dele. Falavam-se olhan- cer o tema em poemas. D4 – Inferir infor-
do mais nos lábios que nos olhos, o que nunca tinham feito antes. mação e tema em reportagens, poemas,
histórias em quadrinhos e tirinhas.
Voltaram pra casa a pé, empurrando as bicicletas, ambos com uma nova e inesperada timidez. D4 – Inferir uma informação implícita
em um texto. D6 – Identificar o tema
BRASILIENSE, Leonardo. Adeus conto de fadas. 2. ed. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007. p. 14. de um texto. D10 – Identificar o conflito
gerador do enredo e os elementos que
• A narrativa organiza-se por meio do relato de acontecimentos apresentados com base em constroem a narrativa. D11 – Reconhecer
a relação de causa e consequência em
uma sequência de ações que podem estar relacionadas a eventos reais ou fictícios. Geral- diferentes textos. D11 – Estabelecer
relação causa/consequência entre partes
mente, para cumprir seus efeitos de sentido, esse relato compõe-se de cinco elementos: e elementos do texto. D12 – Identificar
personagem, tempo, espaço, enredo e narrador. a finalidade de textos de diferentes
gêneros. D15 – Estabelecer relações
Em qual alternativa a passagem transcrita exemplifica, de forma adequada, um desses ele- lógico-discursivas presentes no texto,
marcadas por conjunções, advérbios, etc.
mentos? D16 – Reconhecer o efeito de sentido
a) “Os primos foram andar de bicicleta no parque.” (personagens coadjuvantes) produzido pelo uso de recursos morfos-
sintáticos em poemas. D16 – Reconhecer
b) “Era domingo de tarde, e eles tinham doze anos...” (tempo psicológico) o efeito de sentido produzido pelo uso de
recursos morfossintáticos em poemas.
c) “Quando começou a chover, as coisas começaram a mudar. (clímax do enredo) D16 – Identificar efeitos de ironia ou
humor em textos variados. D17 – Reco-
X d) “Pela primeira vez, preferiam conversar.” (narrador onisciente) nhecer o efeito de sentido decorrente
do uso da pontuação e de outras nota-
ções. D18 – Inferir o sentido e o efeito
de sentido de palavras ou de expressão
Poema em poemas, crônicas e fragmentos de
romances. D18 – Reconhecer o efeito de
sentido decorrente da escolha de uma
Esquentando os motores... Esta primeira atividade é de aquecimen-
to. Provavelmente, os alunos, neste momento, vão se recordar
determinada palavra ou expressão. D18
– Inferir o sentido decorrente do uso de
recursos gráficos em poemas. D19 – Re-
de poemas que já tenham lido e vão citar os mais tradicionais, de conhecer efeitos estilísticos em poemas.
1 Responda a estas perguntas: versos distribuídos em estrofes. Aproveite os poemas a seguir, de
D19 – Reconhecer relações de sentido
a) Você costuma ler poemas? Álvares de Azevedo e Paulo Leminski, para demonstrar a diversida-
de de tipos e temáticas que os envolvem.
marcadas por conjunções, a relação de
causa e consequência e a relação entre o
b) Já percebeu que os poemas apresentam tipos e temáticas variadas? Quais são os seus pronome e seu referente em diferentes
gêneros. D19 – Reconhecer o efeito de
preferidos? Por quê? sentido decorrente da exploração de
recursos ortográficos e/ou morfossintáti-
2 Agora, leia os poemas de Álvares de Azevedo e Paulo Leminski. cos. D20 – Comparar poemas que abor-
dem o mesmo tema.
Soneto
Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar, na escuma fria


Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

64 CAPÍTULO 6
Era a mais bela! Seio palpitando...
Álvares de Azevedo
Negros olhos as pálpebras abrindo... (1831-1852)
Formas nuas no leito resvalando... Nasceu na cidade de São Paulo.
É romancista, contista e faz
parte da geração dos escritores
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
românticos brasileiros.
Por ti – as noites eu velei chorando,
Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!
MOISES, Massaud. A Literatura brasileira através de textos. 21. ed. São Paulo: Cultrix, 1998. p. 161-162.

vento
que é vento
fica

parede
parede
passa

Paulo Leminski
meu ritmo (1944-1989)
bate no vento Nasceu em Curitiba, no
e se Paraná. É escritor, poeta,
compositor, crítico, literário.
Seus poemas destacam-se pela
des coloquialidade e pelo humor.
pe
da
ça
LEMINSKI, Paulo. Melhores poemas. Seleção de Fred Góes e Álvaro Marins.
São Paulo: Global, 2016. p. 15.

Dando a largada!
O poema é um gênero literário escrito em versos.
O verso corresponde a cada linha do poema.
O conjunto de versos forma uma estrofe. Cada estrofe é separada por um espaço.

1. a) Os dois poemas acima são escritos de forma distintas.


1 Releia os poemas acima e responda: O poema “Soneto”, de Álvares de Azevedo, segue uma estru-
tura textual composta de versos, com rimas, distribuídos em
a) Você percebeu a diferença entre a composição dos poemas? estrofes. O segundo poema, de Paulo Leminski, também é or-
ganizado em versos e estrofes, mas são mais curtos e há uma
fragmentação e uma disposição diferente na última estrofe.

b) Qual é o tema do poema “Soneto”, de Álvares de Azevedo?


É o amor e a visão idealizada da pessoa amada.

c) Qual é o efeito do uso dos pontos de exclamação em “Soneto”?


O escritor faz o uso dos pontos de exclamação para dar ênfase às sentenças.

d) Qual é o número de versos e de estrofes do poema de Paulo Leminski? Espera-se que os alunos percebam
a figura de linguagem, no caso a
O poema é composto por 13 versos e 4 estrofes. metáfora, usada pelo poeta para
representar seu sentimento, des-
pedaçado, com a desconstrução da
palavra em sílabas.
LÍNGUA PORTUGUESA

65
e) A última estrofe do poema de Paulo Leminski explora a construção gráfica, com a
palavra despedaça. Na sua opinião, qual a intenção do poeta ao dividir a palavra des-
pedaça em partes?
Resposta pessoal.

A voz do narrador do poema, ao expressar emoções, sentimentos, pensamentos, é cha-


mada de eu lírico ou eu poético.

f ) No poema “Soneto”, de Álvares de Azevedo, qual é a visão do eu lírico?


Tem-se uma visão idealizada do amor e da pessoa amada, caracterizada como “a mais bela”,

“anjo”, “virgem do mar”.

As rimas são repetições de sons semelhantes ou iguais no interior ou final de um ver-


so para dar ritmo ao poema. Os versos que não apresentam rimas são chamados de versos
brancos.

Voltando para a pista


1 Leia o poema A psicologia da composição para responder às questões abaixo.
A psicologia da composição
[...] É mineral
É mineral o papel a linha do horizonte,
onde escrever nossos nomes, essas coisas
o verso; o verso feitas de palavras.
que é possível não fazer. É mineral, por fim,
qualquer livro:
São minerais que é mineral a palavra
as flores e as plantas, escrita, a fria natureza
as frutas, os bichos
quando em estado de palavra. da palavra escrita.
[...]
NETO, João Cabral de Mello. A psicologia da composição. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1947.

• Para o poeta, mineral é ...


a) ... estrutura do poema.
X b) ... frieza da palavra.
c) ... inspiração do poeta.
d) ... materialidade dos seres.
• O poema explora a função de linguagem ...
a) ... emotiva. c) ... fática.
b) ... expressiva. X d) ... metalinguística.

66 CAPÍTULO 6
2 Leia o poema Banho-maria.
Amor não deve ser mantido grossas chamas
em banho-maria sol intenso
pois seus poderes e muita pimenta
de luz e encantamento amor pede tempero forte
se esvaem neste lento cozinhar pede tudo em exagero
amor pede fogo alto mel de se lambuzar.
MURRAY, Roseana. Fruta no ponto. São Paulo: FTD, 1994. p. 39.

• De acordo com o aspecto semântico, a expressão que se relaciona com o título do poema é ...
X a) ... “lento cozinhar” (5o verso). c) ... “grossas chamas” (7o verso).
o
b) ... “fogo alto” (6 verso). d) ... “muita pimenta” (9o verso).

Pit stop 2
Os temas e os formatos dos poemas podem variar bastante, dependendo da intenção do
poeta. Existem poemas com estrutura textual composta por versos, rimas e estrofes, enquanto
outros exploram a disposição das palavras no papel, articulando-as com elementos visuais.

Voltando para a pista


1 Leia o poema Epitáfio de um banqueiro.
negócio
ego
ócio
cio
0
PAES, P. J. Os melhores poemas de José Paulo Paes. (Seleção e prefácio de Davi Arrigucci Jr.).
São Paulo: Global Editora, 1994. p. 33.

• Para produzir o efeito de sentido desejado – uma sátira à nulidade de vida de um banquei-
ro – o eu lírico explora recursos linguísticos e extralinguísticos, sintetizados na/no...
a) ... alusão a um epitáfio pela reprodução de apenas partes de uma palavra.
b) ... decomposição fiel de todas as sílabas de uma palavra-chave.
c) ... emprego de um título oposto à economia de palavras usadas nos versos.
X d) ... união de aspectos visuais, sonoros e semânticos de diferentes palavras.
2 Leia o poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade.
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Carlos Drummond de Andrade: literatura comentada.
São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 46.

• O que sintetiza a temática do poema?


a) A inconstância dos sentimentos. c) O amor como solução para a dor.
X b) As fatalidades da vida. d) Os encontros e desencontros de amor.
LÍNGUA PORTUGUESA

• De que forma o amor é retratado no poema?


a) Crítica. c) Trágica.
X b) Irônica. d) Idolatrada.

67
Cruzando a linha
1 Leia o poema a seguir:

FERNANDES, Millôr. Poesia Cinética I. Em: Circo de palavras: poemas,


histórias e pensamentos. Para Gostar de Ler 42. São Paulo: Ática, 2007. P. 37.

• Esse texto apresenta uma estrutura espaço-temporal: exibe as palavras em uma organiza-
ção de desconstrução e de múltiplos movimentos simultâneos. Essa concepção artística é
característica de qual movimento de vanguarda do Modernismo?
a) Cubismo. c) Dadaísmo.
X b) Concretismo. d) Expressionismo.
2 Leia o texto a seguir:
O Poema
Um poema como um gole d’água bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida para sempre na floresta noturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição de poema.
Triste.
Solitário.
Único.
Ferido de mortal beleza.
QUINTANA, Mário. Quintana de bolso. Porto Alegre: L&PM, 2011. p. 30.

• De acordo com o contexto, pode-se afirmar que, ao inverter a ordem das expressões, ocor-
rerão alterações, comprometendo o sentido do poema em
X a) ”pobre animal” (2o verso).
b) “pequenina moeda” (3o verso).
c) “floresta noturna” (3o verso).
d) “misteriosa condição” (4o verso).

68 CAPÍTULO 6
3 Leia o texto a seguir.
I
Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

II
Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.
MORAES, Vinicius de. Pátria minha. In: Antologia poética. Rio de Janeiro: A noite, 1954. p. 271.

• Entre I e II, há uma diferença no modo como o eu lírico constrói a relação hierárquica
com a interlocutora, a pátria. Essa diferença é explicitada, respectivamente, pelos senti-
mentos de...
a) ... igualdade e submissão. X c) ... reverência e ternura.
b) ... patriotismo e piedade. d) ... submissão e respeito.

Anotações

LÍNGUA PORTUGUESA

69
Prepara Saeb
Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma
determinada palavra ou expressão.
Pela internet 1. sempre que o infinitivo estiver acompanhado de um
sujeito (nome ou pronome): “Estudamos para nós ven-
Criar meu web site Que leve meu e-mail lá
cermos na vida”;
Fazer minha home-page Até Calcutá
2. sempre que se tornar necessário destacar o agente, e
Com quantos gigabytes Depois de um hot-link referir a ação especialmente ao sujeito, seja para evitar
Se faz uma jangada Num site de Helsinque confusão, seja para tornar mais claro o pensamento.
Um barco que veleje ... Para abastecer O infinitivo concordará com o sujeito que temos em
mente: “Beijo-vos as mãos, senhor rei, por vos lem-
Aihê! Aihê! Aihê!
brardes ainda de um velho homem de armas que para
[...] nada presta hoje;
Eu quero entrar na rede 3. quando o autor intencionalmente põe em relevo a pes-
Um barco que veleje Promover um debate soa a que o verbo se refere: “É permitido aos versistas
Nesse infomar Juntar via internet poetarem em prosa.”
Que aproveite a vazante Um grupo de tietes BECHARA, E. Moderna Gramática da Língua Portuguesa.
Rio de Janeiro: Lucerna, 2006. p. 66.
Da infomaré De Connecticut [...]
GIL, Gilberto. Disponível em: http://alusah.blogspot.com.
2. De forma geral, os textos artísticos, como poemas, letras
br/2008/03/anlise-da-msica-pela-internet-de.html.
de música, podem apresentar uma estrutura linguística
Acesso em: out. 2011.
que nem sempre obedece à norma culta da língua. Entre
os versos a seguir, retirados da letra do samba “Preciso me
1. O elemento que situa a canção no contexto da contempo-
encontrar”, do compositor Cartola, há desvio aos casos de
raneidade é...
flexão do infinitivo apresentados anteriormente em ...
a) ... a referência a grandes cidades do mundo.
a) ... “Eu quero nascer / Quero viver...”
b) ... a alusão a técnicas tradicionais de navegação.
b) ... “Deixe-me ir”
c) ... a presença de muitas palavras da língua inglesa.
c) ... “Preciso andar”
d) ... a utilização de termos típicos do universo da tecnolo-
d) ... “Quero assistir ao sol nascer”
gia digital.
Gabarito: D e) ... “Ver as águas do rio correr”
Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o inter- Gabarito: E
Reconhecer o efeito de sentido decor-
locutor de um texto. Leia o texto a seguir. rente da escolha de uma determinada
TEXTO 1
palavra ou expressão.
Preciso me encontrar Todo camburão tem um pouco
Deixe-me ir de navio negreiro
Preciso andar Tudo começou quando a gente conversava
Vou por aí a procurar Naquela esquina ali
Rir pra não chorar De frente àquela praça
[...] Veio os homens
E nos pararam
Quero assistir ao sol nascer
Documento por favor
Ver as águas dos rios correr
Então a gente apresentou
Ouvir os pássaros cantar
Mas eles não paravam
Eu quero nascer Qual é negão? Qual é negão?
Quero viver O que que tá pegando?
[...] Qual é negão? Qual é negão?
CARTOLA. Disponível em: https://www.letras.mus.br/ É mole de ver
cartola/68347/. Acesso em: 29 mai. 2016. Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
Quem segurava com força a chibata
TEXTO 2
Agora usa farda
De acordo com a obra Moderna Gramática da Língua Por-
Engatilha a macaca
tuguesa, de Evanildo Bechara, o verbo na forma infinitiva
pode sofrer flexão nos seguintes casos principais: Escolhe sempre o primeiro

70 CAPÍTULO 6
Prepara Saeb
Negro pra passar na revista Já morei em tanta casa
Pra passar na revista Que nem me lembro mais
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro Eu moro com os meus pais.
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
[...] [...]
YUKA, Marcelo. Disponível: http://letras.mus.br/o-rappa/77644/
Acesso em: 27 jun. 2009. Sou uma gota d'água,
sou um grão de areia
3. A linguagem empregada pelos policiais: “Documento por Você me diz que seus pais não te entendem,
favor / Qual é negão? Qual é negão?” contribui para o efeito Mas você não entende seus pais.
de sentido pretendido pelo autor do texto, porque revela...
a) ... a crítica social relativa à humilhação sofrida pelas clas- Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo
ses desfavorecidas. São crianças como você
b) ... a intencionalidade de estabelecer uma hierarquia en- O que você vai ser,
tre os personagens. Quando você crescer?
c) ... a postura de subserviência e de resignação dos mora- RUSSO, R.; VILLA-LOBOS, D. Pais e filhos. (Trechos.)
Disponível em: http://letras.mus.br/legiao-urbana/22488/.
dores da periferia.
Acesso 16 jul. 2013.
d) ... a riqueza das expressões linguísticas pertencentes ao
jargão dos militares.
TEXTO 2
e) ... a visão hegemônica da sociedade reiterada pelos veí-
Então cresci. Com a exatidão dos astros, meu pai conti-
culos de comunicação. nuou a telefonar no mesmo horário, todos os dias, mas já
Gabarito: B não tinha o poder de me comover. Adolescente, eu vivia
Reconhecer a ideia comum entre textos de gêneros diferentes
e a ironia em tirinhas. desarrumado por dentro. Estava atrás de minha verdade.
TEXTO 1 Procurava o que havia dele em mim, e, quando encontra-
[...] va – o sorriso igual, o mesmo olhar de despedida –, eu me
Quero colo! Vou fugir de casa! negava a aceitar.
Posso dormir aqui com vocês? As linhas da vida me desviavam do seu caminho. Eu
Estou com medo, tive um pesadelo aprendera a atirar pedras, e ele era o meu alvo preferido. A
Só vou voltar depois das três. hora, antes tão sagrada, se tornara maldita. [...]
Há pouco o telefone tocou. A mãe me deu a notícia de que
Meu filho vai ter nome de santo ele se foi, para sempre. Eu nem percebi que ele estava indo
Quero o nome mais bonito. em cada uma daquelas ligações, quando me perguntava, Fi-
lho, como foi seu dia? Agora, ante a ferida que se abre em
mim, esta prece é apenas um band-aid.
É preciso amar ças pessoas
CARRASCOZA, J. A. Pais e filhos. (Conto.) In: RODRIGUES, H. (Org.).
Como se não houvesse amanhã
Como se não houvesse amanhã: 20 contos inspirados em
Porque se você parar pra pensar músicas da Legião Urbana. Rio de Janeiro: Record, 2010.
Na verdade não há.
4. Considerando que o texto 2 foi escrito a partir de uma
Me diz, por que que o céu é azul? intertextualidade direta com o texto 1, qual passagem da
Explica a grande fúria do mundo canção corresponde ao evento narrado no trecho citado
São meus filhos acima?
Que tomam conta de mim. a) “É preciso amar as pessoas / Como se não houvesse
amanhã / Porque se você parar pra pensar / Na verdade
Eu não há.”
moro com a minha mãe
b) “Eu moro com a minha mãe / Mas meu pai vem me visi-
Mas meu pai vem me visitar
tar / Eu moro na rua, não tenho ninguém / Eu moro em
Eu moro na rua, não tenho ninguém
LÍNGUA PORTUGUESA

qualquer lugar.”
Eu moro em qualquer lugar.
c) “Quero colo! Vou fugir de casa! / Posso dormir aqui com
vocês? / Estou com medo, tive um pesadelo /Só vou vol-
tar depois das três.”

71
Prepara Saeb
d) “Sou uma gota d'água, / Sou um grão de areia / Você 5. Relacione o texto 2 ao texto 1 e assinale a característica que
me diz que seus pais não te entendem, / Mas você não se aplica à obra de Clarice Lispector, a qual pode ser com-
entende seus pais.” provada pelo fragmento de texto lido.
e) “Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo / São a) Aproximação cada vez maior com a verossimilhança.
crianças como você / O que você vai ser, Quando você b) Busca continuada por dar voz àqueles que não a detêm.
crescer?.” c) Pesquisa da alma humana, retrato e análise da sociedade.
Gabarito: A
Inferir uma informação implícita em um texto. d) Expressão dos conflitos internos das personagens.
Clarice Lispector enquadra-se dentro do Modernismo bra-
e) Inauguração de um novo gênero: a narração-dissertação.
sileiro. Pertencente à Terceira Geração Moderna, sua obra
Gabarito: D
rompe com o estilo de escrever romance até então. Leia um Localizar informações explícitas em infográficos, reportagens,
trecho de crônica dessa autora. crônicas e artigos.
Um cão, apenas

TEXTO 1 Subidos, de ânimo leve e descansado passo, os quarenta


degraus do jardim – plantas em flor, de cada lado; borbole-
Devaneio e embriaguez de tas incertas; salpicos de luz no granito –, eis-me no patamar.
uma rapariga E a meus pés, no áspero capacho de coco, à frescura da cal
E, já que os filhos estavam na quinta das titias em Jaca- do pórtico, um cãozinho triste interrompe o seu sono, le-
repaguá, ela aproveitou para amanhecer esquisita: túrbida vanta a cabeça e fita-me. É um triste cãozinho doente, com
e leve na cama, um desses caprichos, sabe-se lá. O marido todo o corpo ferido; gastas, as mechas brancas do pelo; o
apareceu-lhe já trajado e ela nem sabia o que o homem fizera olhar dorido e profundo, com esse lustro de lágrima que
para o seu pequeno almoço, e nem olhou-lhe o fato, se estava há nos olhos das pessoas muito idosas. Com um grande es-
ou não por escovar, pouco se lhe importava se hoje era dia forço acaba de levantar-se. Eu não lhe digo nada; não faço
dele tratar os negócios na cidade. Mas quando ele se inclinou nenhum gesto. Envergonha-me haver interrompido o seu
para beijá-la, sua leveza crepitou como uma folha seca: sono. Se ele estava feliz ali, eu não devia ter chegado. Já que
lhe faltavam tantas coisas, que ao menos dormisse: também
– Larga-te daí!
os animais devem esquecer, enquanto dormem...
– E o que tens? pergunta-lhe o homem atônito, a ensaiar
Ele, porém, levantava-se e olhava-me. Levantava-se com
imediatamente carinho mais eficaz.
a dificuldade dos enfermos graves: acomodando as patas
Obstinada, ela não saberia responder, estava tão rasa e da frente, o resto do corpo, sempre com os olhos em mim,
princesa que não tinha sequer onde se lhe buscar uma res- como à espera de uma palavra ou de um gesto. Mas eu não
posta. Zangou-se: o queria vexar nem oprimir. Gostaria de ocupar-me dele:
– Ai que não me maces! não me venhas a rondar como chamar alguém, pedir-lhe que o examinasse, que receitasse,
um galo velho! encaminhá-lo para um tratamento... Mas tudo é longe, meu
Ele pareceu pensar melhor e declarou: Deus, tudo é tão longe. E era preciso passar. E ele estava na
minha frente inábil, como envergonhado de se achar tão sujo
– Ó rapariga, estás doente. [...]
e doente, com o envelhecido olhar numa espécie de súplica.
LISPECTOR, Clarice. Laços de família. 8. ed.
Até o fim da vida guardarei seu olhar no meu coração. Até
José Olympio, 1977. (Fragmento.)
o fim da vida sentirei esta humana infelicidade de nem sem-
pre poder socorrer, neste complexo mundo dos homens. [...]
TEXTO 2 MEIRELES, Cecília. Um cão, apenas. In: Ilusões do mundo:
Clarice Lispector enquadra-se dentro do Modernismo crônicas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. p. 16-17.
brasileiro. No entanto, sua obra rompe com o estilo de se
escrever romance até então, contrasta com a prosa da se- 6. Embora a narradora sinta compaixão pelo animal, não se
gunda geração moderna, que era voltada ao regionalismo, à mobiliza para ajudá-lo. Em qual passagem retirada do texto
denuncia às questões dos sertanejos, valendo-se de lingua- há uma justificativa para essa atitude?
gem simples e acessível.
a) “... ele estava feliz ali, eu não devia ter chegado.”
A autora escreveu muitos contos com estilo inusitado,
b) “... ele estava na minha frente, inábil, como envergonhado...”
textos profundos, de difícil entendimento, pois se despren-
de da narrativa referencial, ligada aos fatos e acontecimen- c) “... tudo é longe, meu Deus, tudo é tão longe.”
tos [...]. d) “É um triste cãozinho doente, com todo o corpo ferido;”
Disponível em: http://www.facilitaja.com.br/sociedade/ e) “Ele [...] levantava-se com a dificuldade dos enfermos
educacao/estudo/clarice-lispector-como-grande-participadora- graves:”
do-modernismo-brasileiro-28857.html. Acesso em: 2 fev. 2015. Gabarito: C

72 CAPÍTULO 6
Prepara Saeb Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que cons-
Reconhecer o efeito de sentido decorrente do troem a narrativa.
Leia o conto. uso da pontuação e de outras notações. Estavam ali parados. Marido e mulher. Esperavam o carro.
E foi que veio aquela da roça, tímida, humilde, sofrida. Contou
Silêncio que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho e tudo que
Vira e mexe homens entram na minha casa para traba- tinha dentro. Estava ali no comércio pedindo um auxílio para
lhar: encanadores, pedreiros e eletricistas. A minha política levantar novo rancho e comprar suas pobrezinhas. O homem
é continuar trabalhando. Assim um não incomoda o outro. ouviu. Abriu a carteira, tirou uma cédula, entregou sem pala-
Mas alguma coisa acontece, e eles não se aguentam com vra. A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconse-
meu silêncio. Começam a falar: lhou, se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar e
“O que é que a senhora fica escrevendo aí?” não abriu a bolsa. Qual dos dois ajudou mais? Donde se infere
que o homem ajuda sem participar e a mulher participa sem
“Hum...”
ajudar. Da mesma forma aquela sentença: “A quem te pedir um
“O que é que tá escrevendo?” peixe, dá uma vara de pescar.” Pensando bem, não só a vara de
“É a história de um pinguim.” pescar, também a linhada, o anzol, a chumbada, a isca, apon-
“Como?” tar um poço piscoso e ensinar a paciência do pescador. Você
“A história de um pinguim.” faria isso, leitor? Antes que tudo isso se fizesse, o desvalido
“Pra quê?” não morreria de fome? Conclusão: Na prática, a teoria é outra.
“Hum?” CORALINA, Cora. Disponível em: http://sitenotadez.net/cronicas/.
Acesso em: 14 abr. 2016.
“Pra que a senhora está escrevendo isso?”
“Crianças.” 8. Esse texto é polifônico, porque apresenta um entrecru-
“E criança lá gosta de pinguim? Escreve sobre leão, en- zamento de vozes em seu interior, pois, além da voz do
tão! De onde a senhora tirou pinguim?” narrador, implícita ou explicitamente, aparecem diferentes
“É pinguim.” enunciações, tal como a presença da fala de outrem na pas-
“A senhora devia escrever novela pra Globo.” sagem:
“Hum...” a) “Estavam ali parados. Marido e mulher. Esperavam o
“Eu já fiz o piso da casa da Eva Wilma, sabia?” carro”.
“Hum...”
b) “Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu ran-
“Conheci um autor de novela lá. A senhora não quer que
cho...”.
eu entregue os seus textos aí pra ele?”
c) “Abriu a carteira tirou uma cédula, entregou sem pala-
“Não.”
vra”.
“Por que não?”
“Não.” d) “Donde se infere que o homem ajuda sem participar...”.
“Artista é tudo igual. Vai ficar aí, de cara fechada, escreven- e) “Antes que tudo isso se fizesse, o desvalido não morreria
do, escrevendo... Tem que sair! Visitar as pessoas! Como é de fome?”
que as pessoas vão saber o que a senhora está escrevendo?” Gabarito: B
Reconhecer relação de sentido marcada por conjunção em textos diversos.
E assim vai... até ele terminar o serviço e me passar o pre- XI – Aquela Senhora tem um piano
ço, que sempre me assusta. Então ele diz que se eu escre-
vesse novela para a Globo, ele cobraria o dobro e eu nem Aquela Senhora tem um piano
acharia ruim. Que é agradável, mas não é o correr dos rios
“Aliás, se a senhora escrevesse novela pra Globo, não Nem o murmúrio que as árvores fazem...
moraria nesse prédio caindo aos pedaços.”
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/
Por que é preciso ter um piano?
texto/me003420.pdf. Acesso em: 10 maio 2015.
O melhor é ter ouvidos e amar a natureza.
7. Como a autora representa o diálogo entre os personagens CAEIRO, A. [Fernando Pessoa]. Disponível em: http://www.
nesse conto? dominiopublico.gov.br/dowonload/texto/pdf.
Acesso em: 30 abr. 2016. (Fragmento.)
a) Colocando as falas do trabalhador e da escritora entre
aspas. 9. A conjunção mas tem, originalmente, o papel de estabelecer
b) Empregando, antes de cada fala, os dois-pontos e o tra- conexão entre duas ideias opostas. Na primeira estrofe do
vessão. poema, ocorre essa relação sintático-semântica, pois o eu
c) Introduzindo, com verbos indicativos de falas, cada fra- lírico pretende apresentar uma contraposição entre...
LÍNGUA PORTUGUESA

se dita. a) ... arte e amor. d) ... desejo e riqueza.


d) Utilizando o discurso do narrador para contar o que b) ... cultura e natureza. e) ... realidade e desejo.
aconteceu. c) ... cores e sons.
Gabarito: A Gabarito: B

73
Prepara Saeb
Reconhecer efeitos estilísticos em poemas.

Rômulo Rema
Rômulo rema no rio. Rômulo rema no rio.

A romã dorme no ramo, Abre-se a romã


a romã rubra. (E o céu.) Abre-se a manhã.

O remo abre o rio. Rolam rubis rubros no céu.


O rio murmura.
No rio,
A romã rubra dorme Rômulo rema.
cheia de rubis. (E o céu.)
MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. 6. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. p. 95.

10. Os recursos prosódicos são uma forma de encenar a realidade por meio de sons que reproduzem ou insinuam determinada
situação. Nesse poema, a aliteração do fonema /r/ foi utilizada por Cecília Meireles para representar...
a) ... a dificuldade de remar contra o fluxo.
b) ... a imagem acústica da correnteza do rio.
c) ... a rapidez de um barco em movimento.
d) ... a suavidade do fruto no galho da árvore.
e) ... o nascimento de um novo amanhecer.
Gabarito: B

Anotações

74 CAPÍTULO 6
7
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INFOGRÁFICO /

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PROPAGANDA

Infográfico Habilidades abordadas:


D1 – Localizar informações
explícitas em um texto.
Esquentando os motores... D1 – Localizar informações
explícitas em infográficos, re-
portagens, crônicas e artigos.
1 Responda a estas questões: Respostas pessoais. Espera-se que os alunos respondam D3 – Inferir o sentido de uma
palavra ou expressão. D4 – Infe-
a) Você costuma ler infográficos? que os infográficos auxiliam na interpretação das informa- rir uma informação implícita em
ções por mesclar imagens, textos curtos, dados, etc.
um texto. D6 – Identificar o tema
b) Na sua opinião, qual é a importância dos infográficos em notícias e reportagens? de um texto. D12 – Identificar a
finalidade de textos de diferen-
2 Leia um trecho de uma notícia que traz um infográfico sobre uma projeção da população tes gêneros. D13 – Reconhecer
brasileira realizada pelo IBGE. relação de sentido marcada por
conjunção em textos diversos.
População brasileira deve chegar a 233,2 milhões em 2047, diz IBGE D13 – Identificar as marcas
linguísticas que evidenciam
A partir deste ano, haverá declínio e país terá 228,3 milhões em 2060 o locutor e o interlocutor de
um texto. D15 – Estabelecer
A população do Brasil vai continuar em crescimento até atingir 233,2 milhões de pessoas relações lógico–discursivas
em 2047. A partir deste ano, entrará em declínio gradual chegando a 228,3 milhões em 2060. presentes no texto, marcadas
por conjunções, advérbios, etc.
A expectativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) faz parte da Revisão D17 – Reconhecer o efeito de
2018 da Projeção de População, que estima demograficamente os padrões de crescimento sentido decorrente do uso da
pontuação e de outras notações.
da população do país ano a ano, por sexo e idade para os próximos 42 anos. Antes de 2048, D18 – Reconhecer o efeito de
12 estados (Piauí, Bahia, Rio Grande do Sul, Alagoas, Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro, sentido decorrente da escolha
de uma determinada palavra ou
Ceará, Pernambuco, Maranhão, Paraná e Rio Grande do Norte) deverão ter redução no expressão. D19 – Reconhecer
número de habitantes. Segundo o IBGE, a principal característica dessas unidades da Fe- o efeito de sentido decorrente
da exploração de recursos orto-
deração é o saldo migratório negativo. No limite da projeção em 2060, oito estados (Goiás, gráficos e/ou morfossintáticos.
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Amapá, Roraima, Amazonas e Acre) não D19 – Reconhecer relações
terão queda nas suas populações. O IBGE explicou que eles apresentam saltos migratórios de sentido marcadas por con-
junções, a relação de causa e
positivos e/ou têm taxas de fecundidade total mais elevadas. [...] consequência e a relação entre
o pronome e seu referente em
diferentes gêneros. D19 – Reco-
Reprodução/Agência Brasil

nhecer relação de sentido mar-


cada por conjunção em textos
diversos.

2. Professor(a), chame a atenção


dos alunos para a inadequação
do uso do pronome deste no
corpo do texto (“[...] deste ano”:
ele pode levar o leitor à ideia de
que se está falando em 2023; o
pronome desse, como na linha
fina, é o mais indicado no caso,
pois refere-se diretamente a
2047.
LÍNGUA PORTUGUESA

AGÊNCIA BRASIL. População brasileira deve chegar a 233,2 milhões em 2047, diz IBGE. Agência
Brasil [site], Brasília, 25 jul. 2018. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noti-
cia/2018-07/populacao-brasileira-deve-atingir-2332-milhoes-em-2047-diz-ibge.
Acesso em: 12 jun. 2023.

75
Dando a largada!
Infográfico é um gênero textual usado para transmitir informações por meio de textos
geralmente curtos e de elementos visuais, como gráficos, fotografias, ilustrações. Ele pode
funcionar como um recurso didático.

1 Qual é o tema da notícia e do infográfico da página anterior?


A notícia e o infográfico têm como tema o crescimento populacional brasileiro entre 2023 e

2060.

2 Ao analisar o texto da notícia e o infográfico da página anterior, é possível afirmar que, em


relação à projeção da população brasileira,
a) menos de um quarto será de idosos até 2060.
b) ... o Brasil vai manter uma estabilidade de crescimento até 2047.
X c) o período de 2047 a 2060 será de declínio populacional.
d) os estados vão diminuir até 2048 para depois retomar crescimento.
3 Qual é a finalidade de haver um infográfico atrelado a uma notícia?
A finalidade é sistematizar as informações da notícia de modo visualmente fácil e agradável.

4 Na sua opinião, qual é a vantagem de a notícia anterior ter um infográfico?


Resposta pessoal.

O grande impacto que o infográfico tem é visual. As informações são absorvidas de maneira

mais rápida por meio do texto verbal reduzido e de elementos visuais. Hoje, crianças e

adolescentes estão conectados ao universo on-line, no qual a leitura muitas vezes não segue

uma linearidade, é mais intuitiva; O infográfico tem esse apelo visual, é fluido, dinâmico, como

feito na notícia mencionada.

5 No título da notícia que você leu na página anterior, além do jornalista que a redigiu, quem
também está se responsabilizando pelas informações (outro locutor do texto)?

População brasileira deve chegar a 233,2 milhões em 2047, diz IBGE

É o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

6 Leia mais um trecho da notícia sobre a população brasileira.


Expectativa de vida
Reprodução/Agência Brasil

76 CAPÍTULO 7
Com 79,7 anos, Santa Catarina, que, atualmente, tem a maior esperança de vida ao
nascer para ambos os sexos, subirá para 84,5 anos em 2060. O Maranhão, com a menor
expectativa de vida ao nascer (71,1 anos) em 2018, vai perder a posição para o Piauí que,
em 2060, terá a taxa de 77 anos.
AGÊNCIA BRASIL. População brasileira deve chegar a 233,2 milhões em 2047, diz IBGE. Agência
Brasil [site], Brasília, 25 jul. 2018. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/
noticia/2018-07/populacao-brasileira-deve-atingir-2332-milhoes-em-2047-diz-ibge.
Acesso em: 12 jun. 2023.

• Pelas informações do texto introdutório e do infográfico, o que você entende por expecta-
tiva de vida?
Professor(a), aceite respostas coerentes e adequadas. Aqui vai, porém, para seu conhecimento

e caso ache oportuno compartilhar com os alunos, a definição da expressão expectativa de

vida é o número aproximado de anos que um grupo de indivíduos nascidos no mesmo ano vai

viver se mantidas as mesmas condições desde o seu nascimento.

• Você considerou que as informações sobre a expectativa de vida foram traduzidas de for-
ma eficiente no infográfico?
Professor(a), acredita-se que a resposta seja positiva, pois o infográfico acompanha o texto da

notícia e funciona como um recurso didático.

7 Leia a notícia e o infográfico a seguir.


Número de pessoas vivendo nas ruas de São Paulo
é maior que a população de 80% das cidades

Marcos Amorozo, Renata Buono/Revista Piauí


brasileiras
Censo da população em situação de rua de 2021, feito pela Pre-
feitura de São Paulo, mostrou que existem cerca de 31,9 mil pessoas
vivendo em situação de rua na cidade. Esse contingente é maior do
que a população de muitos municípios do Brasil. Mais precisamen-
te: 4.446 dos 5.570 municípios brasileiros têm menos do que 31,9 mil
habitantes. Isso equivale a 80% das cidades do país.
A pandemia foi um fator preponderante para que se chegas-
se a esse número, já que, em 2019, ano do último Censo, havia
24.344 nessa situação, o que representa um aumento de 31%. Em
relação a 2015, quando havia 15.905 moradores de rua, o número
dobrou.
O perfil majoritário das quase 32 mil pessoas que estão atual-
mente nas ruas de São Paulo é de homens com idade economica-
mente ativa média de 41,7 anos, e 71% deles são negros.
AMOROZO, Marcos; BUONO, Renata. Número de pessoas vivendo nas
ruas de São Paulo é maior que a população de 80% das cidades brasilei-
ras. Piauí [site], São Paulo, 31 jan. 2022. Disponível em: https://piaui.folha.
uol.com.br/numero-de-pessoas-vivendo-nas-ruas-de-sao-paulo-e-maior
-que-populacao-de-80-das-cidades-brasileiras/. Acesso em: 12 jun. 2023.

• Quais elementos visuais você identifica no infográfico?


Resposta pessoal.

As respostas dependem do repertório de cada aluno, mas espera-se que reconheçam a

ilustração de duas pessoas em situação de rua (uma sentada e outra deitada com um cobertor),
LÍNGUA PORTUGUESA

os mapas do Brasil e do estado de São Paulo e, ao fundo, os símbolos da covid-19 e representação

do Masp.

77
• A função de um infográfico é
a) apresentar dados e estatísticas em forma de tabelas e gráficos.
X b) transmitir informações por meio de linguagens diversas, como textos, fotografias, íco-
nes, ilustrações, mapas.
c) resumir conteúdos didaticamente por meio somente da linguagem visual.
d) despertar a atenção do leitor para o conteúdo de notícias e reportagens.
• O que representa o símbolo %? Para que é usado?
O símbolo % representa porcentagem. É usado para indicar uma taxa ou proporção calculada

em relação ao número 100 (por cem).

É interessante retomar aprendizagens de Matemática com a turma. Sem saber ler porcentagens

e relacioná-las ao todo, os alunos não conseguirão entender boa parte dos infográficos ou

notícias que envolvem de alguma forma essa proporção.

8 Observe o infográfico a seguir:

Reprodução/ultimosegundo.ig.com.br

Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/>. Acesso em 17 abr. 2014.

As infrações de trânsito são apresentadas destacando-se o caráter universal das ações. Elas
podem ser aplicadas a todos os motoristas que descumprirem a lei, em qualquer tempo.
• Para demonstrar isso, o infográfico, na parte verbal, vale-se de qual recurso?
a) Identificação do grau da infração.
b) Uso de verbos no imperativo negativo.
X c) Emprego de verbos no infinitivo pessoal.
d) Restrição às atitudes geradoras de multas.

78 CAPÍTULO 7
• Há dois enunciados no infográfico que indicam relação de tempo.
Com base nessa informação, complete, adequadamente, os espaços nas sentenças abaixo.
Os dois enunciados, no infográfico, que indicam relação de tempo são:
Não dar a preferência aos pedestres quando o motorista vira em uma rua transversal. Parar o

veículo sobre a faixa de pedestres quando o semáforo fecha.

A palavra que está estabelecendo essa relação é quando .

Essa palavra pertence à classe das conjunções .


• Por que se optou por frases negativas, introduzidas pelo advérbio não, nesse infográfico?
Porque o texto inicial implica que é a negativa/desobediência à norma que acarretará a multa.

E, em cada quadro, existe a indicação do tipo de infração (grave, gravíssima, média). Essa

estratégia reforça o que não deve ser feito, para que fique bem gravado na mente do leitor.

• O que cada elemento abaixo pode representar no contexto do infográfico? Ligue o ele-
mento a sua respectiva representação.
Não dar a vez aos pedestres sobre a faixa de segurança consequência
Multa de R$ 191,53 causa
CNH – 7 pontos

9 Observe o infográfico a seguir:

Abril Imagem/Editora Abril

Habilidades abordadas:
D1 – Localizar informações explí-
citas em um texto. D3 – Inferir o
sentido de uma palavra ou expres-
são. D4 – Inferir uma informação
implícita em um texto. D4 – Reco-
nhecer a finalidade de propagan-
das. D5 – Interpretar texto com
GALILEU, n. 124, nov. 2001. p. 23. auxílio de material gráfico diverso
• A leitura dos dados apresentados no infográfico permite afirmar que (propagandas, quadrinhos, fotos,
etc.). D6 – Identificar o tema de um
texto. D12 – Identificar a finalidade
a) as estimativas feitas priorizam as espécies vegetais. de textos de diferentes gêneros.
D13 – Identificar as marcas linguís-
X b) as plantas ocupam o primeiro lugar quanto ao número de espécies. ticas que evidenciam o locutor e o
c) o número de anfíbios é maior do que o registrado para mamíferos. interlocutor de um texto.
D13 – Reconhecer relação de sen-
d) o número de aves é inferior ao de mamíferos na Mata Atlântica. tido marcada por conjunção em
textos diversos. D17 – Reconhecer
o efeito de sentido decorrente do
uso da pontuação e de outras nota-
ções. D18 – Reconhecer o efeito de
Propaganda sentido decorrente da escolha de
uma determinada palavra ou ex-
pressão. D19 – Reconhecer o efeito
1 Converse com seus(suas) colegas e com o(a) professor(a): de sentido decorrente da explora-
ção de recursos ortográficos e/ou
a) Você se depara com muitas propagandas no dia a dia? De que tipo? morfossintáticos. D19 – Reconhe-
cer relações de sentido marcadas
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Na sua opinião, qual é a importância das propagandas para a divulgação de um con- por conjunções, a relação de causa
teúdo de interesse da sociedade, como campanhas de educação no trânsito ou de e consequência e a relação entre o
pronome e seu referente em dife-
vacinação? rentes gêneros. D19 – Reconhecer
Professor(a), aproveite este momento de aproximação dos alunos com as propagandas. Faça relação de sentido marcada por
um levantamento para saber se reconhecem que propaganda se trata da divulgação de ideias e conjunção em textos diversos.
valores em benefício da sociedade.

79
2 Observe estas duas propagandas promovidas pelo governo federal. A primeira delas é de
uma campanha para doação de leite materno, a segunda é de vacinação contra a gripe.

Ministério da Saúde/Governo Federal

Ministério da Saúde/Governo Federal


Ministério da Saúde; Governo Federal; Sistema Único de Saúde. Ministério da Saúde; Governo Federal; Sistema Único de Saúde. Movi-
Campanha Nacional de Doação de Leite Humano 2023. Disponí- mento Nacional pela Vacinação. Disponível em: www.gov.br. Acesso
vel em: www.gov.br. Acesso em: 12 jun. 2023 em: 12 jun. 2023.

Dando a largada!
A propaganda é a divulgação de ideias, conceitos e valores para conscientizar o públi-
co para mudanças de comportamento ou para aderir a determinadas causas. Pode circu-
lar na mídia impressa, como jornais, revistas e cartazes, ou nas mídias digitais, internet, TV,
podcasts e rádio.

1 Reveja as propagandas da página anterior e responda.


a) Qual é o público ao qual se destina a propaganda da doação de leite materno?
O texto, nessa campanha, é direcionado às mulheres lactantes e que podem doar leite

materno.

b) A imagem de destaque na campanha da doação de leite materno é de duas crianças


segurando um quadro. Qual é o seu significado?
As duas crianças estão segurando um quadro delas quando bebês sendo amamentadas. Na

legenda diz “Mariah e Pedro, receptores de leite humano”. A imagem das crianças reforça a

seriedade da campanha, traçando um paralelo com a realidade.

80 CAPÍTULO 7
c) A propaganda da vacinação traz as frases “Movimento nacional pela vacinação” e “Vaci-
na é pra todos”. Apenas por essas informações, subentende-se quem é o público-alvo
da campanha?
Professor(a), espera-se que os alunos respondam que sim, pois as palavras nacional e a

expressão é pra todos já deixam subentendido que a vacina é destinada à população de

forma geral.

d) Na campanha da vacinação há a imagem do QR-Code para a população que desejar


mais informação por meios digitais, como celulares, tablets. Você o considera mais um
recurso eficaz de informação?
Sim, porque é mais uma maneira de se divulgar e acessar informação.

e) Quem são os locutores das duas campanhas ou os responsáveis por elas? Como você
sabe disso?
São o Ministério da Saúde, o Governo Federal e o Sistema Único de Saúde. Os três órgãos

estão indicados no fim de cada cartaz, como se o assinassem, e também figuram nas

referências bibliográficas.

2 Você acredita que as propagandas são uma forma eficaz de comunicação com a sociedade?
Resposta pessoal. Professor, espera-se que a resposta seja afirmativa, pois as campanhas

costumam atingir um grande número de pessoas.

Pit stop 1
Veja como se caracteriza a linguagem da propaganda:
• Linguagens múltiplas, com textos, fotografias, ilustrações, QR-Code, dependendo do públi-
co a ser alcançado.
• Frases curtas, mas de efeito, devem chamar a atenção.
• Os temas das campanhas são de interesse da sociedade, como saúde, prevenção de aci-
dentes de trânsito, doação de órgãos, alimentos, entre outras.

Voltando para a pista


1 Observe esta propaganda:
Reprodução/Fundação SOS Mata Atlântica

LÍNGUA PORTUGUESA

81
• Qual é o tema dessa propaganda?
É o desmatamento da mata atlântica.

• A pergunta “Vai lavar as mãos para o abandono da mata atlântica?” evidencia o posiciona-
mento ideológico da propaganda, que se manifesta ao
a) demonstrar incerteza.
b) esclarecer um equívoco.
c) estabelecer uma contraposição.
X d) ironizar um comportamento.
• Qual é a finalidade dessa propaganda?
É alertar para o perigo de se abandonar as atividades de reflorestamento e de cuidados com

a mata atlântica.

• Essa propaganda apresenta uma brincadeira com a linguagem, que é muito argumentati-
va. Qual é ela?
É o uso da construção pergunta/resposta, em que a pergunta é “Vai lavar as mãos para o

abandono da mata atlântica?” e a resposta é “Aproveita enquanto tem água”, criando um laço

entre lavar e água, que descontrói o sentido da expressão lavar as mãos (deixar pra lá), para

construir um processo mais denotativo, literal para a atividade de lavar mesmo as mãos.

2 Leia o alerta da propaganda a seguir:

Reprodução/WWF-Brasil

82 CAPÍTULO 7
• Os operadores argumentativos se (1a linha) e só (5a linha) articulam as palavras na frase,
estabelecendo no texto, respectivamente, relações lógico-semânticas de
a) concessão e inclusão. X c) condição e limitação.
b) conclusão e proporção. d) consequência e retificação.
3 Leia o a propaganda de doação de órgãos.

Central Estadual de Transplantes/Governo do Estado do Espírito Santo


• Nessa campanha, promovida pelo governo de Santa Catarina, a construção da linguagem
persuasiva ocorre com base em estratégias linguísticas e extralinguísticas. O recurso utili-
zado para estabelecer interlocução direta com o leitor é
c) a presença de elementos multimodais.
b) a relação de causa e consequência.
c) a repetição do sintagma doador de órgãos.
X d) o uso de formas verbais no imperativo.

Pit stop 2
As propagandas visam ao interesse coletivo por meio da divulgação de conceitos e ideias,
por meio de campanhas sem fins lucrativos. É o caso das campanhas governamentais de vaci-
nação e de combate à fome, por exemplo. Já os anúncios publicitários apresentam produtos,
marcas, serviços, direcionando o público-alvo para o consumo, como a publicidade de conces-
sionárias de veículos.

Cruzando a linha
1 Leia a propaganda a seguir:
Reprodução/Fundação Mata Atlântica

LÍNGUA PORTUGUESA

83
• A frase “Eu vi as árvores que você cortou”, articulada com as demais linguagens, evidencia
que o responsável pela propaganda identifica-se como porta-voz do discurso ideológico
da fundação S.O.S. Mata Atlântica, o qual se mostra
a) crítico em relação às políticas públicas de defesa do ecossistema.
b) determinado a preservar a fauna e a flora ameaçadas de extinção.
c) estimulado a replantar árvores nativas nas áreas de mata atlântica.
X d) preocupado com as consequências maléficas do desmatamento.
2 Observe a propaganda de doação de órgãos.

Propeg/Associação de Pacientes Transplantados da Bahia ATX-BA

• Na passagem “Doe órgãos. Salve vidas” aparecem duas orações, que, embora estejam sepa-
radas, mantêm entre si uma relação lógico-semântica. O primeiro ponto-final poderia, sem
prejuízo do sentido original do texto, ser substituído pelo conectivo
a) conforme.
X b) e.
c) embora.
d) ou.
• Qual das duas formas é mais marcante, cativa mais: com as duas frases curtas ou com uma
frase mais longa, ligada por uma conjunção? Por quê?
São as duas frases curtas que marcam e cativam mais o leitor. Elas ecoam como se fossem

as batidas de um coração, cujo funcionamento está ligado aos pulmões. Além disso, tudo na

propaganda é duplo: as duas frases iniciais e os dois pulmões, do que decorre que nada mais

natural que as duas frases curtas para complementar a mensagem que se quer passar.

84 CAPÍTULO 7
3 Leia a propaganda de uso de cinto de segurança no trânsito.

Reprodução/ALERJ

• Se fosse suprimido o vocábulo só dessa propaganda, a frase ganharia um novo efeito de


sentido, pois ela perderia a ideia de
a) adição.
X b) singularidade.
c) explanação.
d) intensidade.

Anotações

LÍNGUA PORTUGUESA

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RELATÓRIO CIENTÍFICO

Professor(a), algum relatório de atividade, a maioria dos alunos já deve ter feito no decorrer de sua vida escolar.
Então, a troca de ideias, nesta proposta, é essencial. Há relatórios científicos de muitos tipos: os voltados para
instituições de pesquisa que subsidiam alunos de pós-graduação ou mesmo de iniciação científica; os relatórios
científicos de atividades escolares geralmente realizadas em laboratório ou em estudos do meio; relatórios de
pesquisas institucionais longas, para publicação em
periódicos nacionais e internacionais, etc. Abra a Habilidades abordadas: D1 - Loca-
Esquentando os motores... conversa com essas informações e depois passe a
palavra para os alunos relatarem suas experiências
lizar informações explícitas em um
texto. 2 - Estabelecer relações entre
com textos desse gênero para a turma toda. partes de um texto, identificando
1 Para responder a estas questões, você, provavelmente, precisará trocar ideias com os(as) repetições ou substituições que con-
colegas e o(a) professor(a). tribuem para a continuidade dele.
D3 - Inferir o sentido de uma palavra
a) Você já fez alguma pesquisa ou atividade em laboratório ou, ainda, de estudo do meio, ou expressão. D4 - Inferir uma infor-
mação implícita em um texto.
por exemplo? D4 - Identificar a finalidade de rela-
tórios científicos. D5 - Interpretar
Resposta pessoal. texto com auxílio de material gráfico
diverso (propagandas, quadrinhos,
b) Você acredita ser necessário, em algumas situações, produzir relatórios científicos? fotos etc.). D6 - Identificar o tema de
Professor(a), é importante que os alunos reconheçam a necessidade de re- um texto. D11 - Estabelecer relação
Resposta pessoal. latórios científicos serem produzidos e circularem no campo dos estudos e causa/consequência entre partes e
pesquisa, principalmente, no sentido da divulgação e do compartilhamento
do que se está descobrindo com as pesquisas que estão sendo realizadas. elementos do texto. D11 - Reconhecer
2 Agora, veja como é um modelo de relatório científico, que alunos que estão com bolsa de a relação de causa e consequência
em diferentes textos. D13 - Identificar
iniciação científica de uma Faculdade de Ciências Farmacêuticas, precisam fazer. as marcas linguísticas que evidenciam
o locutor e o interlocutor de um texto.
D15 - Estabelecer relações lógico-dis-
cursivas presentes no texto, marca-
das por conjunções, advérbios etc.
FCFRP/USP D17 - Reconhecer o efeito de sentido
decorrente do uso da pontuação e de
outras notações. D18 - Reconhecer o
efeito de sentido decorrente da es-
colha de uma determinada palavra ou
expressão. D19 - Reconhecer relações
ORIENTAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E de sentido marcadas por conjunções,
a relação de causa e consequência e a
INICIAÇÃO TECNOLÓGICA relação entre o pronome e seu refe-
rente em diferentes gêneros.
ITENS PARA O RELATÓRIO D19 - Reconhecer relação de sentido
marcada por conjunção em textos
O Relatório Parcial de Iniciação Científica ou Iniciação Tecnológica deve conter os seguintes itens: diversos. D20 - Reconhecer diferentes
1) Capa - Identificação do Relatório: - Nome do Projeto; - Nome do Bolsista; - Nome do formas de tratar uma informação na
comparação de textos que abordam
Orientador (OBS: não existe o perfil de co-orientador em projetos de IC/IT); - Local de o mesmo tema, em função das con-
execução (laboratório, unidade e instituição); - Vigência da bolsa (informar o período de dições em que ele foi produzido e
daquelas em que será recebido.
início e fim da bolsa); D21 - Reconhecer a ideia comum
entre textos de gêneros diferentes e a
2) Resumo do Projeto ou Pesquisa; ironia em tirinhas.
3) Introdução e Fundamentação Teórica;
4) Objetivo(s);
5) Materiais e Métodos;
6) Resultados e Discussão;
7) Conclusões; Professor(a), não serão tratadas neste capítulo as partes de Material e métodos (porque
8) Cronograma da etapa futura; não interessa aqui diferenciar metodologias de pesquisa que podem ser bem complexas),
Referências (dada a tecnicidade das regras da ABNT – foram comentadas algumas normas
9) Referências; indicadas pela instituição para a elaboração de relatórios científicos, mas não todas), Ane-
xos e Apêndices (uma vez que não fazem parte do escopo das habilidades a serem desen-
10) Anexos e apêndices:
volvidas). O que pode ser importante explicar para os alunos é a diferença entre anexos (do-
- Dificuldades encontradas (se houver); cumentos não elaborados pelo pesquisador, que servem de fundamentação, comprovação
ou ilustração) e apêndices (textos elaborados pelo pesquisador a fim de complementar seu
- Divulgação do trabalho (se houver); trabalho). Entram no final do relatório.
- Apresentação da aprovação do projeto junto à Comissão de Ética no Uso de Animais
e/ou Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos e/ou Comissão Interna de Bios-

86
segurança (este documento é OBRIGATÓRIO para os projetos que envolvem pesquisa
com humanos, animais ou Organismos Geneticamente Modificados, conforme previsão
do edital).
Recomenda-se que a formatação do relatório siga as orientações da Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT).
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DE RIBEIRÃO PRETO. Orientações para elaboração do
relatório de iniciação científica e iniciação tecnológica. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.
Disponível em: file:///C:/Users/rober/Desktop/Saeb/Volume%203M/Das%20meninas%20pra%20
mim/Orientac%CC%A7a%CC%83o-Rel-IC-IT.pdf. Acesso em: 14 jun. 2023.

Dando a largada!
Professor(a), explique aos alunos
O relatório científico é um gênero textual muito usado no campo das práticas de estudo que há instituições que subsidiam
pesquisas e pesquisadores. Você
e pesquisa e no campo da Ciência. Ele é usado para registrar procedimentos de experiências e pode citar a Coordenação de Aper-
pesquisas, obedecendo a uma organização relativamente recorrente, de modo que possa ser feiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes) e o Conselho
compartilhado com outros pesquisadores, bem como ser avaliado por outros pesquisadores Nacional de Desenvolvimento
e comissões de avaliação de instituições de financiamento de pesquisas. Científico e Tecnológico (CNPq),
provavelmente as maiores no país.
No estado de São Paulo, há ainda
a Fundação de Amparo à Pesquisa
no Estado de São Paulo (Fapesp).
1 Na página anterior, você observou a estrutura de um artigo científico que é requerida por É interessante propor uma ativi-
uma Faculdade. A estrutura sugerida por outras faculdades costuma ser muito semelhante. dade de navegação pelos sites
dessas instituições para que eles
A primeira coisa que precisa ser garantida é a identificação da autoria e da pesquisa. conheçam e saibam o que pode
ser encontrado por lá (currículos
de pesquisadores, pesquisas em
Pit stop 1 andamento e relatórios de pesqui-
sa, bibliotecas virtuais, orientações
Toda pesquisa realizada em campo acadêmico precisa ter um orientador: o professor que para obtenção de bolsas, etc.). As
homepages dessas instituições
acompanha o trabalho e responsabiliza-se também por ele! E a vigência de duração de uma estão disponíveis em: https://www.
bolsa varia de instituição para instituição e de acordo com o grau do pesquisador (se ele é de gov.br/capes/pt-br; https://www.
gov.br/cnpq/pt-br; https://bv.fapesp.
iniciação científica no Ensino Médio ou na Graduação, mestrado, doutorado ou pós-doutora- br/pt/assunto/8262/grupos-de-
do). A bolsa de iniciação científica prevista pelo Governo Federal para alunos do Ensino Médio pesquisa/ https://fapesp.br/
(acessos em: 14 jun. 2023).
e de Graduação é de 12 meses, por exemplo.
Professor(a), é importante que os
alunos saibam qual é o percurso
acadêmico que podem escolher a
Título da pesquisa partir da graduação. Converse com
eles sobre isso. Esta atividade de
simulação é relevante também para
que os alunos possam imaginar-se
no lugar de pesquisadores e des-
construir a ideia de que só deter-
Nome do pesquisador minadas pessoas possam assumir
esse papel. Além disso, explique
para eles que, para concorrer a es-
sas bolsas, é preciso ter um projeto
de pesquisa, inscrevê-lo na institui-
ção visada, aguardar pela avaliação
e pelo processo de seleção.
Nome do professor-orientador

Local de execução da pesquisa (laboratório, unidade e/ou instituição)

Vigência da bolsa (informar o período de início e fim dela)


LÍNGUA PORTUGUESA

87
2 Depois da capa, o que aparece, nos relatórios científicos, é um resumo da pesquisa. Leia
este para perceber o que se deve fazer nesse tipo de resumo.
Resumo: Inúmeros pesquisadores vêm investigando a prática de professores em sala de
aula com laptops educacionais, tanto no exterior quanto no Brasil, e a literatura da área aponta
Contextualização do tema
para a necessidade de novas práticas pedagógicas para que esses sejam efetivamente usados
e aproveitados para uma aprendizagem mais significativa os inúmeros recursos tecnológicos
de que a Educação pode se valer hoje em dia. O objetivo desta pesquisa, portanto, é identificar Objetivo
novas práticas que professores do Ensino Fundamental I de uma escola estadual e de uma
escola municipal do interior de São Paulo desenvolvem para o uso de tecnologias móveis em
sala de aula. A fundamentação teórica que norteia a pesquisa baseia-se no construcionismo Fundamentação teórica
(PAPERT, 1994, 1999; ALMEIDA, 2000); no conceito de mobilidade, atrelado ao uso de laptops
educacionais (KAY, 1975; NEGROPONTE, 1995; VALENTE, 2010); na noção do professor práti-
co-reflexivo (SCHÖN, 1987; ALMEIDA, 2000) no âmbito da formação do professor (VALENTE;
ALMEIDA, F., 1997; ALMEIDA; PRADO, 2008) e de novas práticas pedagógicas propiciadas
por essa mesma tecnologia (LIVINGSTONE, 2006). Foi realizado um trabalho de método misto Metodologia
(CRESWELL, 2007) sobre um estudo de casos múltiplos (YIN, 2001) ou de caso coletivo (AN-
DRÉ, 2005; CHIZZOTTI, 2008) e educacional (STENHOUSE, 1988, apud BASSEY, 2003, apud
ANDRÉ, 2005), que se valerá de questionários (no que se refere à questão quantitativa), de
entrevistas, de registros de observações diretas e relatório de objetivos do professor (no que
se refere à parte qualitativa), bem como do CHIC, um software que articula os dois tipos de
dados (quantitativos e qualitativos).
MANDAIO, Claudia. Um computador por aluno na escola: Perspectivas de um trabalho diferenciado
em sala de aula. Relatório de pesquisa (Mestrado em Educação: Currículo) – Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, São Paulo, 2010.

Pit stop 2
O resumo que você leu apresenta as partes constituintes de um resumo de relatório cientí-
fico inicial, como você pode identificar pelas legendas. Quando a pesquisa já avançou, o resu-
mo do relatório apresentou, também, os resultados até aquele momento. Mas você sabe o que
significa mesmo cada parte?

Contextualização do tema (ou problema): é o assunto que se deseja estudar e


pesquisar ou o problema que se quer investigar. E ele precisa estar contextualizado.

Objetivo(s): é o que se quer alcançar com a realização da pesquisa.

Fundamentação teórica: é o ponto de vista que se assume na análise do tema ou


problema. Essa fundamentação baseia-se em autores que a pesquisadora estudou para
mergulhar na pesquisa do tema ou problema.

Metodologia: é a descrição do processo de pesquisa, isto é, a definição de quais serão


os procedimentos de coleta e análise dos dados.

3 Releia a parte de contextualização do tema no resumo, para responder às perguntas.


a) Afinal, qual é o tema da pesquisa e, consequentemente, do relatório? Responda com
suas palavras.
É o uso de laptops educacionais em sala de aula.

b) Que informações a pesquisadora apresenta para essa parte para contextualizar o tema?
Ela menciona que há várias pesquisas com esse tema tanto no Brasil quanto no exterior
(o que mostra como ele é relevante) e o fato de que a literatura aponta a necessidade de
novas práticas educacionais para o uso de laptops em sala de aula para que haja de fato uma
aprendizagem significativa.

88 CAPÍTULO 8
c) Por que será que a pesquisadora usou o termo inúmeros para qualificar pesquisadores? Professor(a), reforce a questão do
Porque se trata de um resumo, e a pesquisadora tem um limite máximo de palavras ou limite de caracteres que geralmen-
caracteres para desenvolver seu texto. Então, ela usou inúmeros pesquisadores para te os resumos de trabalhos acadê-
registrar que ela encontrou muitos trabalhos sobre o mesmo tema, uma vez que nesse mico-científicos têm.
espaço ela não conseguiria referenciar todos. O mesmo caso pode ser observado na
expressão usada inúmeros recursos tecnológicos.
d) Por que o termo laptops está grafado em itálico? Que outra palavras, no texto, também
usa esse recurso?
Porque se trata de um termo estrangeiro (inglês), que deve ser grafado com algum destaque,

que geralmente é o itálico para palavras estrangeiras. A outra palavra é software.

Pit stop 3

Os verbos são os termos mais importantes quando se tem um objetivo. São eles que, de
fato, mostram o que será feito, a ação que será realizada naquela pesquisa. Por isso, guarde
alguns verbos próprios da redação de objetivos: analisar, aplicar, avaliar, comparar, defi-
nir, demonstrar, descrever, identificar, interpretar, relacionar...

4 Agora, retome a parte dedicada ao objetivo no resumo. Sublinhe-o.


a) Por que a pesquisadora usou a conjunção portanto no período em que foi registrado o
objetivo nesse resumo?
Porque a conjunção portanto traz uma espécie de conclusão com o objetivo a partir do

contexto apresentado, ligando o segundo período ao primeiro (o objetivo à contextualização).

b) O objetivo está bem delimitado. Que palavra representa de fato o objetivo?


identificar X
objetivo
novas práticas
c) Complete o quadro com informações retiradas do resumo para ter o panorama de qual
será a abrangência do estudo.
Segmento
Ensino Fundamental I
educacional focado

Quantidade de
2
escolas envolvidas

Rede dessas escolas Uma estadual e outra municipal

Local em que se
encontram sediadas Interior do estado de São Paulo
essas escolas

d) Ainda no objetivo, a pesquisadora dá outro nome para os laptops. Qual é?


É tecnologias móveis.

5 Agora, você vai analisar a parte de fundamentação teórica do resumo. Releia-a com atenção
e complete o esquema, baseando-se no preenchimento do primeiro quadro (Conceito 1).

Conceito 1 que embasa a análise

Construcionismo

Autores que trataram desse conceito e a


LÍNGUA PORTUGUESA

pesquisadora selecionou

Papert (1994, 1999)

Almeida (2000)

89
Conceito 2 que embasa a análise Conceito 3 que embasa a análise
Mobilidade (laptops educacionais) Professor prático-reflexivo
Autores que trataram desse conceito e a Autores que trataram desse conceito e a
pesquisadora selecionou pesquisadora selecionou
Kay (1975) Schön (1987)
Negroponte (1995)
Almeida (2000)
Valente (2010)

Conceito 4 que embasa a análise Conceito 5 que embasa a análise


Novas práticas pedagógicas propiciadas pela
Formação do professor tecnologia
Autores que trataram desse conceito e a Autores que trataram desse conceito e a
pesquisadora selecionou pesquisadora selecionou
Valente e Almeida (1977) Livingstone (2006)

Almeida e Prado (2008)

6 Finalmente, você vai olhar para a parte da metodologia do resumo desse mesmo relatório.
Releia-a e responda.
a) Que método foi usado na pesquisa? Qual é o trabalho que embasa esse método?
Foi usado o método misto - embasado em Creswell (2007).

b) Que instrumentos de coleta de dados foram usados?


Professor(a), converse com a turma
Questionários para os dados quantitativos; entrevistas, registros de observações diretas e sobre o processo metodológico
dessa pesquisa. O método misto
relatórios de objetivos do professor (para a parte qualitativa). foi usado porque a pesquisadora
levantou tanto dados quantitativos
c) Que software foi usado para tratar os dados? (via questionários) quanto quali-
tativos (via outros instrumentos).
Foi o CHIC. Explique que questionários costu-
mam ser usados para pesquisas
que abrangem muitas pessoas (daí
prover dados quantitativos) e os
demais instrumentos escolhidos,
7 Agora que você já esmiuçou o resumo de uma pesquisa, vai analisar trechos do corpo de universos mais restritos, incluindo
outros três relatórios, que foram extraídos da Introdução, da Fundamentação teórica e dos estudos de um só caso (daí dados
qualitativos). Além disso, a pesqui-
Objetivos, para você poder verificar outras características. sadora está usando um software
para tratar os dados, o que vai
a) Introdução agilizar a análise.
[...] Durante o período de execução da pesquisa, realizei diversas atividades acadêmico-
-científicas que foram desenvolvidas em acordo com a supervisora e de forma a compor,
juntamente com as demais tarefas pertinentes à pesquisa, a carga horária total exigida pelo
Programa de, ao menos, 960 horas. Porém, durante o período de execução do projeto (entre
agosto de 2019 e agosto de 2022), foram realizadas mais de 2.880 horas de atividade. Desse
total, 2.754 horas de atividades (institucionais e de pesquisa) estão resumidamente registradas
no sistema Atena, conforme parâmetros definidos pelo programa de pós-doutoramento. [...]
Este Relatório está dividido em três partes principais, que seguem logo após esta Introdu-
ção, a saber: Parte 1: realizações da pesquisa institucionalizada; Parte 2: desdobramentos e
Parte 3: lista de atividades institucionais e de pesquisa realizadas. [...]
AZZARI, Eliane Fernandes. A (re)construção da identidade do professor de inglês em paisagem digital e
suas implicações para a formação docente e a educação linguística. Relatório final de atividades insti-
tucionais e de pesquisa (Pós-Doutorado em Educação) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2022.

• Na introdução de qualquer relatório, deve-se relatar o que já foi feito. Nesse trecho, que
tempo verbal está sendo usado no relato da pesquisadora?
Tempo passado, mais especificamente o pretérito perfeito.

90 CAPÍTULO 8
• Que pessoa gramatical a pesquisadora está usando? A que você atribui a escolha dessa Professor(a), explique aos alunos
que, no meio acadêmico-científico,
pessoa gramatical? muitas vezes, usa-se a 1ª- pessoa
do plural – nós -, uma vez que a voz
1ª- pessoa do singular. do pesquisador acaba se juntando à
voz de tantos autores que ele carre-
ga em seu trabalho. No entanto,
• Bem no início do trecho, que expressão comprova tratar-se de um relatório? em relatórios, especialmente, po-
de-se usar a 1ª- pessoa do singular,
É a expressão “Durante o período de execução da pesquisa [...]”. uma vez que é um gênero textual
que implica individualidade.
• Por que descrever a composição do relatório, como a pesquisadora faz no último parágrafo
citado, é importante?
É importante para dar coesão e continuidade ao trabalho, além de preparar o leitor para o que

ele vai achar mais à frente.

b) Fundamentação teórica (aqui, são apresentados trechos de dois relatórios)


[...] Tudo indica que a interpretação proposta por Mário Reis encontrou um modo para enfatizar
a beleza rítmica do samba também no canto, dado que, nesse gênero, acabou acontecendo uma
espécie de convergência bem-sucedida entre a rítmica brasileira com seu “jeito fantasista de rit-
mar” e a prosódia da língua portuguesa falada aqui – com todas as influências das línguas indíge-
nas, sobretudo, o tupi-guarani, e das línguas africanas. A prosódia brasileira tem um ritmo sinco-
pado – também característico do samba – como explica Lorenzo Mammì (1992) sobre essa língua:
[...] em que as vogais mais amplas e os ditongos assumem uma parte da função articuladora
das consoantes, enquanto estas, principalmente as nasais e as líquidas, tendem a fundir-se
com a vogal que as precede. [...]
PINTO, Mayra. Noel Rosa: o humor na canção. Segundo relatório (Doutorado em Educação) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

[...] Machado (1998), que desenvolve, segundo Liberali (1999), um dos mais relevantes es-
tudos sobre o gênero diário localiza a sua origem no século XIX, quando as questões iden-
titárias (que refletiam conflitos interiores) advindas com os ideais de liberdade, igualdade,
fraternidade vêm à tona com a Revolução Francesa. Desde então, o diário vem sendo usado
com fins diversos – como prática individual, instrumento de pesquisa, meio de educação. Inte-
ressa-nos aqui o diário como um gênero discursivo, que pode promover a reflexão individual
sobre uma atividade humana e se constituir como ferramenta de transformação.
MARTINS, Roberta L. Navegando por diários. Relatório de pesquisa (Doutorado em Linguística
Professor(a), comente com a turma
Aplicada e Ensino de Línguas) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2002. que as citações longas devem ser
grafadas com letra um ponto me-
• O que você percebe de diferente no primeiro trecho? nor do que a do corpo do trabalho
e com recuo à esquerda de 4 cm,
sem o uso de aspas. As citações
Há uma citação longa, que é reproduzida com uma formatação diferente. curtas, entram na continuidade do
texto no corpo do trabalho, sempre
entre aspas.

• Por que os pesquisadores, em geral, recorrem às citações, sejam elas curtas ou longas? Professor(a), discuta com os alunos
esta questão e sua resposta.
Porque se considera, no meio acadêmico, que é toda uma comunidade científica que está por
trás de qualquer pesquisa. Assim, citar outros autores e dialogar textualmente com eles é um
movimento constituinte de trabalhos de pesquisa.
• Por que esta expressão está entre aspas: “jeito fantasista de ritmar”?
Porque ela também é um tipo de citação do trabalho de outra pessoa, no caso, Mammì.

• Retome este trecho.


Desde então, o diário vem sendo usado com fins diversos – como prática individual, instru-
mento de pesquisa, meio de educação. Interessa-nos aqui o diário como um gênero discursi-
vo, que pode promover a reflexão individual sobre uma atividade humana e se constituir como
ferramenta de transformação.
LÍNGUA PORTUGUESA

O que a pesquisadora está sinalizando com a expressão Interessa-nos aqui?


Está indicando que, apesar dos vários fins para os quais o diário pode ser usado, a autora está

considerando apenas um na pesquisa: o do diário como gênero discursivo.

91
c) Objetivos
O objetivo, assim, é analisar como uma professora, com uma experiência de anos em sala
de aula presencial em cursos diversos com abordagem instrumental de produção acadêmica
escrita e alunos adultos, vai se transformando e se (re)formando em uma jornada pedagógica
digital. Na próxima seção, essa jornada começará a ser revelada.
MARTINS, Roberta L. Navegando por diários. Relatório de pesquisa (Doutorado em Linguística Aplica-
da e Ensino de Línguas) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2002. (Adaptado).

• Será que o objetivo registrado acima, na seção Objetivo do relatório, está diferente do que
já entrou no resumo desse trabalho? Professor(a), explique que, mesmo
sem ver o resumo desse relatório,
Não. Eles estão iguais. é possível afirmar que o objetivo
está redigido da mesma maneira,
visto que esse é um dos critérios de
coerência na avaliação do relatório.

Cruzando a linha
1 Você chegou à parte de Resultados e Discussão. É nessa parte que o pesquisador analisa
os dados que levantou à luz da fundamentação teórica que definiu. Nessa parte, o que
sobressai é a relação de causa e consequência que vai sendo construída pelo autor.
a) Leia e analise trechos desta parte de um relatório, identificando causa e consequência.
[...] Um dos efeitos de sentido mais interessantes de Conversa de botequim, por exemplo, é
que o tom coloquial somado ao humor debochado produz uma simpatia imediata pela perso-
nagem deslocada: não há como não rir da encenação do malandro que finge uma grandeza e,
por intermédio desse arremedo, debocha da própria condição de penúria. [...]
PINTO, Mayra. Noel Rosa: o humor na canção. Segundo relatório (Doutorado em Educação) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

Causa Consequência

tom coloquial e humor debochado do


emerge a simpatia imediata pela personagem
personagem

[...] Assim, na década de 30, quando a canção urbana começa a se estabelecer como um gê-
nero, principalmente via o samba e a marcha, o compositor popular pôde encontrar um lugar
em que sua voz foi ouvida [...]
PINTO, Mayra. Noel Rosa: o humor na canção. Segundo relatório (Doutorado em Educação) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

Causa Consequência

a canção urbana começou a se estabelecer


o compositor popular pôde encontrar um lugar
como gênero, principalmente via o samba e a
em que sua voz foi ouvida
marcha

b) Complete o quadro com os referentes de cada termo destacado neste trecho.


[...] Noel constrói as figuras do locutor-sambista e do interlocutor-mulher por intermédio
de uma espécie de paralelismo existencial: ambos precisam usar máscaras sociais – ele finge
que é rico, ela se submete ao jogo da dissimulação social [...]
PINTO, Mayra. Noel Rosa: o humor na canção. Segundo relatório (Doutorado em Educação) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

ambos o locutor-sambista e o interlocutor-mulher

ele o locutor-sambista

ela o interlocutor-mulher

c) Leia e responda.
Noel é capaz de revelar suas máscaras, porque não tem nada realmente de valor a esconder.
PINTO, Mayra. Noel Rosa: o humor na canção. Segundo relatório (Doutorado em Educação) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

92 CAPÍTULO 8
• Que conjunção está sendo usada neste trecho?
Está sendo usada a conjunção porque.

• Por qual outra ela poderia ser substituída?


Pois.

• E neste outro trecho, que conjunção ocorre?


[...] O tom é coloquial, não há nenhuma inversão, a sintaxe flui no movimento da fala, mas
ao mesmo tempo indica certa formalidade que encena o distanciamento hierárquico entre o
locutor e o garçom [...]
PINTO, Mayra. Noel Rosa: o humor na canção. Segundo relatório (Doutorado em Educação) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

Mas.

• Que ideia ela estabelece em relação à frase toda?


O sentido de adversidade. Com essa conjunção, cria-se a inversão coloquial – formal.

2 Compare estes dois textos: o primeiro foi retirado de um dos relatórios trabalhados neste
capítulo; o segundo, de uma reportagem.
[...] foi necessário um recorte no que havia sido previsto no projeto inicial – análise de
toda a obra humorística de Noel Rosa. Basicamente, a análise agora leva em consideração a
construção discursiva da voz poética nas canções que tratam da conduta do locutor/eu-lírico
como sambista. Na verdade, esse recorte contribuiu para compreender mais profundamen-
te como o compositor construiu uma voz poética que se estabeleceu como paradigma lírico
na canção.
PINTO, Mayra. Noel Rosa: o humor na canção. Segundo relatório (Doutorado em Educação) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

Observador da sociedade e contador de histórias, Noel Rosa dedicou a maior parte de


seus 26 anos de vida à música e à boemia. Em suas composições, retratava episódios do co-
tidiano, temas da época e personagens da cidade, sem preciosismos ou exageros poéticos.
Integrou o morro e o asfalto e, assim, ajudou a transformar o samba.
O Poeta da Vila, como ficou conhecido, uniu-se a sambistas negros do Estácio (Ismael Sil-
va, Nilton Bastos, Bide, Baiaco e Brancura) e de morros cariocas, como o Salgueiro e a Man-
gueira – de seu parceiro Cartola –, numa época em que parcerias interraciais praticamente
não existiam. 
FERNANDES, Fernanda. Noel Rosa e uma história que deu samba. MultiRio [Portal],
Rio de Janeiro, 4 jan. 2017.

• Qual é o nome do cantor e compositor de quem está sendo tratado nos dois textos?
Noel Rosa.

• No trecho retirado do relatório, qual é o foco? Qual é o campo de atividade em que vai
circular esse texto?
O foco está na mudança na análise proposta no projeto de pesquisa: em vez de analisar a obra
toda do compositor, a pesquisadora fará um recorte nesse escopo. O relatório vai circular no
campo acadêmico.

• No trecho retirado da reportagem, qual é o foco? Qual é o campo de atividade em que vai
circular esse texto?
O foco está na vida do compositor. A reportagem vai circular no campo jornalístico.
LÍNGUA PORTUGUESA

• Para quem se destina cada texto?


O relatório destina-se a pesquisadores, e a reportagem, a pessoas que têm interesse na vida do

compositor e leem as reportagens do Portal MultiRio.

93
• Além das diferenças que você já marcou, que outra você observa?
A linguagem do relatório é mais formal, e a da reportagem, mais informal.

• No trecho do relatório, há uma palavra que se repete. Qual é? Por que acontece essa repetição?
A palavra é análise e ela se repete para garantir a continuidade do tema no texto.

• Releia este trecho da reportagem.


[...] numa época em que parcerias interraciais praticamente não existiam. 
O que você pode inferir desse trecho?
Pode-se inferir que atualmente parcerias interraciais existem.

3 O cronograma é uma parte importante nos relatórios. Ele é, geralmente, registrado no for-
mato de um quadro, de modo bem resumido. Observe.

Bibliografia: é a relação das


obras consultadas ou citadas
por um autor na criação de
determinado texto.

Corpus: é o conjunto de
documentos sobre determinado
tema, selecionados e reunidos
para serem analisados.

Dispositivo teórico-analítico:
fundamentação teórica que vai
embasar a análise.

AZZARI, Eliane Fernandes. A (re)construção da identidade do professor de inglês em


paisagem digital e suas implicações para a formação docente e a educação linguística.
Relatório final de atividades institucionais e de pesquisa (Pós-Doutorado em Educação) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2022.

• A pesquisa de Eliane F. Azzari demorou quantos anos para ser desenvolvida e concluída?
Professor(a), comentar com os alunos que 4 anos é o
Demorou 4 anos. prazo para a realização de um doutorado no Brasil.

• Por que os meses de janeiro e julho não estão contemplados nesse cronograma?
Porque se supõe que esses dois meses são para férias.

94 CAPÍTULO 8
• Leia as atividades propostas pela pesquisadora na primeira coluna. O que você observa?
Comente.
As atividades mudam do primeiro biênio para o segundo. Isso é natural, porque a pesquisa

caminha, algumas etapas são superadas e outras emergem.

• Avalie o tempo que a pesquisadora levou em cada atividade. Você acha que ele foi adequado?
Resposta pessoal. É importante que os alunos aproximem-se desse gênero textual que une o

verbal ao gráfico, no sentido de representar um quadro de sequências de atividades e tempos.

4 Agora que você já leu vários trechos de relatórios de pesquisa, já viu como ele deve ser Professor(a), é importante que os
alunos identifiquem as finalidades
composto, reúna-se com um(a) colega para discutir a finalidade desse tipo de texto. Registre de prestar contas por um subsídio
as conclusões a que vocês chegaram. recebido ou por uma vinculação
acadêmica e de compartilhar o co-
Resposta pessoal. nhecimento advindo com a pesqui-
sa. Relatórios geralmente implicam
avaliação, então esse ponto deve
ser ressaltado também.

Anotações

LÍNGUA PORTUGUESA

95
Prepara Saeb
Inferir uma informação implícita em um texto. a) comparação.
O texto a seguir é uma Propaganda Institucional. Essa for- b) cópia.
ma de publicidade visa à disseminação de ideias no intuito c) paráfrase.
de moldar e influenciar a opinião pública, motivando com-
d) paródia
portamentos desejados por uma instituição ou provocan- Gabarito: D
do mudanças na sua imagem pública.
Reconhecer a finalidade de propagandas.

Reprodução/www.votoconsciente.org.br

Reprodução/Yamaha
Disponível em: https://www.produto.com.br/wp-content/
Disponível em: http://kellyols.blogspot.com.br/2008/06/ uploads/2015/03/produto-propaganda-yamaha-anuncio2.jpg.
propaganda-institucional.html. Acesso em: 19 mar. 2013. Acesso em: 24 maio 2015.

1. Identifique qual é a passagem do texto que manifesta a 3. Os recursos visuais do anúncio visam a
argumentação do autor. a) delimitar o público-alvo.
a) “Você veria o boletim dos seus filhos só uma vez a cada b) divulgar os diversos esportes.
4 anos?” c) induzir à prática desportiva.
b) “Controle os políticos.” d) promover a saúde das pessoas.
c) "Junte-se ao Movimento Voto Consciente...” Gabarito: D

d) “[...] nos ajude a cobrar uma política mais honesta e justa.” Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
Gabarito: A

Reprodução/Cepacol
Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso
(propagandas, quadrinhos, fotos etc.).
Texto 1
Reprodução/Puma

Texto 2
Reprodução/Pumba

Revista Cláudia, nº 10, ano 47, outubro/2008.

4. Geralmente, no texto escrito, deve-se evitar repetições


de palavras, no entanto, nem toda repetição é supérflua.
Muitas vezes, ela tem valor argumentativo, porque revela
a intencionalidade do locutor ou alguma característica do
interlocutor.
2. O texto 2 é um anúncio publicitário que faz um diálogo No texto, a repetição do vocábulo oncinha é uma marca
intertextual com o texto 1 na forma de uma linguística empregada para

96 CAPÍTULO 8
Prepara Saeb
a) apresentar o antisséptico como um elemento tão im- 6) Pílula anticoncepcional. 7) Implante Coclear. 8) Caneta
esferográfica. 9) Satélites. 10) Telefones móveis. 11) Fertili-
portante na vida da mulher quanto os acessórios.
zação in vitro. 12) LED.
b) atribuir um juízo de valor pejorativo ao vocábulo onci-
O Implante Coclear realmente muda a vida de uma
nha com o intuito de vencer a concorrência.
pessoa ao devolvê-la ao mundo dos sons!
c) criticar a mulher por se preocupar com as tendências da
Disponível em: http://cronicasdasurdez.com/britanicos-
moda e se esquecer da higiene bucal. escolhem-as-maiores-inovacoes-do-ultimo-seculo-o-implante-
d) valorizar o produto anunciado, destacando-se diferen- coclear-esta-entre-elas/. Acesso em: 30 abr. 2014. (Fragmento).

tes valores semânticos do mesmo vocábulo.


Gabarito: D Texto 2
Reconhecer a finalidade de propagandas. Teste auditivo em bebês
Folha de S. Paulo/Folhapress

A cantora Fergie postou no Instagram há algum tem-


po a foto do seu filhinho recém-nascido fazendo um teste
auditivo.

E que isso sirva para alertar os pais sobre a importância


do Teste da Orelhinha. Toda criança deveria ter assegura-
do o seu direito de ouvir. Se um bebê nasce surdo e pode
se beneficiar da tecnologia (aparelhos auditivos e implan-
tes cocleares) para voltar a ouvir, não há um único motivo
na face da Terra para mantê-lo preso no silêncio.

Disponível em: http://cronicasdasurdez.com/teste-auditivo-em-


bebes/. Acesso em 30 abr. 2014. (Fragmento).

7. No diálogo entre os textos, o implante coclear pode


a) beneficiar a pessoa surda.
b) colocar a vida da pessoa em risco.
c) manter o nível de surdez.
VEJA. 21 maio 2014. Encarte.
d) substituir o Teste da Orelhinha.
5. Constitui intenção do anúncio mostrado convencer o leitor
Gabarito: A
de que
Localizar informações explícitas em um texto.
a) os assuntos da atualidade sobre os quais ele precisa re-
fletir são veiculados no jornal. Quanto treino faz um campeão olímpico?
b) o jornal propõe reflexões e questionamentos, de modo Uma crença bastante difundida é que treinamento repe-
a permitir o contato com opiniões diferentes. titivo de uma habilidade levaria a perfeição.
c) o leitor aprenderá muitas curiosidades científicas e cul-
"A prática leva à perfeição" diz a sabedoria popular, em
turais ao ler o jornal.
um ditado que expressa a crença, amplamente difundida,
d) os editores preocupam-se em abordar apenas temas de de que treinar uma habilidade é a chave da melhora con-
interesse dos leitores. tinua do desempenho. 1.1 Acredita-se que dependeria de
Gabarito: B treinamento obsessivo para um atleta atingir o nível de
Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na ganhar uma medalha olímpica.
comparação de textos que abordam o mesmo tema, em
Um estudo de meta-análise procurou lançar luz nessa
função das condições em que ele foi produzido e daquelas
questão. Um dos achados do estudo apontou que a rela-
em que será recebido. ção entre a prática deliberada e o desempenho esportivo
6. Leia os textos. existe, mas não de maneira tão vigorosa como se pensava
anteriormente. [..] Curiosamente participar de múltiplos
Texto 1
esportes antes de se especializar em uma única modali-
Britânicos escolhem as maiores inovações do dade pode prever positivamente o bom desempenho na-
LÍNGUA PORTUGUESA

último século: o implante coclear está entre elas quele esporte;aumentando a coordenação e melhorando
habilidades motoras essenciais.
1) Internet. 2) Transistor. 3) O avião e os voos comer-
ciais. 4) A televisão. 5) Mapeamento do genoma humano. CALLEGARO, Marco. Psique. Dez. 2016.8 53 (Fragmento)

97
Prepara Saeb
8. Sobre a relação entre a prática e o desempenho no esporte, c) declarar que a pimenta faz os olhos lacrimejarem.
o texto apresenta um estudo, cuja conclusão d) informar a causa do ardor da pimenta.
Gabarito: D
a) aponta o bom desempenho esportivo como fruto da
Reconhecer relação de sentido marcada por conjunção em
melhora das habilidades motoras.
textos diversos.
b) contradiz a opinião anterior de que o treinamento repe- Leia o texto a seguir.
titivo levaria à perfeição.
O Paradoxo dos Gêmeos
c) lança luz às dúvidas a respeito da prática constante de
um mesmo esporte. O tempo passa com a mesma velocidade para todas as
pessoas?
d) reitera a posição de que treinar bastante ajuda o atleta a
A máxima “o tempo é relativo” pode não ser tão famosa
superar seus limites.
como “tempo é dinheiro”. Mas a noção de que o tempo
Gabarito: B
se acelera ou desacelera dependendo da velocidade com
Identificar a finalidade de relatórios científicos. que um objeto se desloca relativamente a outro certamen-
Leia o texto a seguir retirado da Revista Galileu. te está entre as ideias mais inspiradas de Albert Einstein.
Os poderes de Harry Potter já são maiores do que sua
O termo “dilatação do tempo” foi cunhado para descre-
autora, a britânica J. K. Rowling, imaginou. Entre suas
ver a desaceleração do tempo provocada pelo movimento.
qualidades, está a capacidade de diminuir o número de
Para ilustrar o efeito, Einstein propôs um exemplo – o pa-
ossos quebrados – algo que um estudo conduzido por ci-
radoxo dos gêmeos – que é indiscutivelmente o mais famo-
rurgiões-ortopedistas de um hospital de Oxford acaba de
so experimento idealizado da teoria da relatividade. Nesse
comprovar. O trabalho correlaciona a incidência de trau-
suposto paradoxo, um dos gêmeos viaja quase com a velo-
matismos entre crianças de 7 e 15 anos e o lançamento de
cidade da luz para uma estrela distante e volta à Terra. De
livros do menino bruxo. Ao que parece, a leitura prende
acordo com a teoria da relatividade, quando voltar estará
seus fãs em casa, salvando-os de acidentes: sempre que
mais jovem que seu gêmeo idêntico que aqui permaneceu.
um novo volume é lançado, o atendimento relacionado
a lesões músculo-esqueletais naquele fim de semana cai O paradoxo se baseia na pergunta “Por que o irmão que
pela metade. viajou está mais jovem ao regressar?” [...] Esse paradoxo é
GALILEU. Rio de Janeiro, n. 175. Fev. 2006. p. 19. discutido em vários livros, mas resolvido em poucos. Para
explicá-lo, costuma-se dizer que o irmão que sente a acele-
9. O texto foi escrito com a intenção de
ração é o que está mais jovem, logo o irmão que viaja para
a) divulgar os resultados de uma pesquisa científica. a estrela estará mais jovem no retorno. Embora o resulta-
b) fazer análise de uma obra literária de grande sucesso. do esteja correto, a explicação é falaciosa. Alguns podem
assumir falsamente que a aceleração provoca a diferença
c) prevenir acidentes envolvendo crianças e jovens.
de idade e que é necessário apelar para a teoria geral da
d) recomendar uma leitura para o público infanto-juvenil. relatividade, que trata de sistemas de referência não iner-
Gabarito: A ciais ou em aceleração para explicar o paradoxo. Mas a
Identificar a finalidade de relatórios científicos. aceleração a que foi submetido o viajante é acidental e a
relatividade especial sozinha pode não ser suficiente para
Por que pimenta arde?
desvendar o paradoxo.
O segredo dos seus olhos lacrimejantes está nos pontos LASKY, R. C. Scientific American Brasil. Disponível em: http://
brancos no interior da malvada. www2.uol.com.br/sciam/artigos/o_paradoxo_dos_gemeos.html.
Adaptado. Acesso: 5 jul. 2013.
Por causa da capsaicina, substância concentrada na
placenta, parte branca onde as sementes da pimenta es- 11. Em relação ao argumento utilizado pelo autor no último
tão presas. Mas apesar de ser responsável pelo ardido, a parágrafo, no trecho “logo o irmão que viaja para a estrela
capsaicina não tem sabor nem cheiro. Ela funciona como
estará mais jovem no retorno”, o termo em destaque indica
um estimulador. Assim que é ingerida, estimula as célu-
las nervosas da boca e envia uma mensagem de descon- a) causalidade.
forto ao nervo trigêmeo, que faz os olhos lacrimejarem e
b) conclusão.
irrita o nariz.
Disponível em: http://super.abril.com.br/alimentacao/pimenta- c) contradição.
arde-713573.shtml. Acesso em: 30 mar. 2013.
d) explicação.
10. A finalidade desse texto é e) temporalidade.
a) alertar sobre a ingestão exagerada de pimenta. Gabarito: B
b) comunicar sobre o desconforto de se comer pimenta.

98 CAPÍTULO 8
9
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EDITORIAL

Esquentando os motores... Habilidades abordadas: D1 -


Localizar informações explícitas
1 Jornais e revistas expressam seu ponto de vista sobre as notícias e reportagens que publicam em um texto. D2 - Estabelecer
relações entre partes de um
em seções que entram logo nas primeiras páginas. Essas seções recebem, geralmente, o texto, identificando repetições
nome de Editorial. Troque ideias com a turma. ou substituições que contribuem
para a continuidade dele. D3 -
a) Você já parou para ler um editorial de jornal ou de revista? Em caso afirmativo, por quê? Inferir o sentido de uma palavra
ou expressão. D4 - Inferir uma
E o que achou?
informação implícita em um
Resposta pessoal. Professor(a), comente com os estudantes que lemos editoriais geral- texto. D6 - Identificar o tema de
mente para sabermos a posição do jornal a respeito de eventos que um texto. D7 - Identificar a tese
estão acontecendo em nosso país e no mundo. O editorial é um gênero de um texto. D8 - Estabelecer
prioritariamente opinativo – não o lemos para saber do evento, mas da relação entre a tese e os argu-
opinião que alguém tem sobre ele, como a resenha, que foi estudada no mentos oferecidos para susten-
capítulo 3 deste volume. tá-la. D11 - Reconhecer a relação
de causa e consequência em
diferentes textos. D11 - Estabe-
b) O editorial é um gênero opinativo, ou seja, o que mais importa nele é a opinião de lecer relação causa/consequên-
cia entre partes e elementos
quem o escreveu. De que outro gênero opinativo que você já estudou neste volume do texto. D12 - Identificar a
você se lembra? Professor(a), construa com os alunos a relação de opinião que os dois gê- finalidade de textos de diferen-
neros que estão sendo comparados aqui têm: o editorial passa sua opinião tes gêneros. D13 - Identificar as
Da resenha. para convencer o leitor de que ela é a mais válida; a resenha revela uma marcas linguísticas que eviden-
opinião para convencer o leitor de que a obra ou evento resenhado é bom e ciam o locutor e o interlocutor
deve ser lido (no segundo caso, há uma intenção mercadológica envolvida). de um texto. D14 - Distinguir um
fato da opinião relativa a esse
2 Leia este fragmento de editorial publicado em 2015, em um jornal do interior de São Paulo, fato. D15 - Estabelecer relações
lógico-discursivas presentes no
sobre o fato de mais de 500 mil candidatos ao Enem, em 2014, terem zerado a redação.
texto, marcadas por conjunções,
Editorial advérbios etc. D17 - Reconhecer
o efeito de sentido decorrente
Causa preocupação o fato de mais de 500 mil candidatos terem tirado nota zero na redação
do uso da pontuação e de outras
do Enem [...]. Na outra ponta, apenas 250 jovens obtiveram a nota máxima. Algo muito grave notações. D18 - Reconhecer o
acontece com a capacidade de o estudante brasileiro articular ideias para dispô-las em uma efeito de sentido decorrente da
folha de papel. escolha de uma determinada pa-
lavra ou expressão. D19 - Reco-
A culpa pelo mau desempenho não foi o tema – publicidade infantil [...]. Também não se nhecer o efeito de sentido decor-
pode delegar integralmente a responsabilidade ao famigerado sistema público de ensino, pois rente da exploração de recursos
ortográficos e/ou morfossintáti-
também há alunos oriundos de escola particular com desempenho pífio. A crise está numa cos. D20 - Reconhecer opiniões
geração que tem pouca familiaridade com textos mais complexos. distintas sobre o mesmo tema,
na comparação entre diferentes
Provavelmente, o aluno que tirou zero na redação do Enem não está lendo este texto [...]. textos. D19 - Reconhecer rela-
Isto porque o estudante com dificuldade de interpretação e construção de textos não tem o ções de sentido marcadas por
hábito de ler jornais, revistas e livros. Esse talvez seja o aspecto fundamental para o jovem conjunções, a relação de causa
e consequência e a relação
fracassar quando tem que colocar suas ideias no papel. entre o pronome e seu refe-
Àqueles que enxergam de maneira fatalista a afirmação de que os jovens não gostam de ler, rente em diferentes gêneros.
D19 - Reconhecer relação de
é preciso rever essa falsa ideia o mais rápido possível. Sim, os adolescentes passam a maior sentido marcada por conjunção
parte do tempo lendo e escrevendo em seus aparelhos móveis, como tablets e celulares. As- em textos diversos. D21 - Reco-
LÍNGUA PORTUGUESA

sim, o desafio dos profissionais do ensino e das famílias é seduzi-los também para o universo nhecer posições distintas entre
duas ou mais opiniões relativas
da literatura, vencendo o desestímulo aos textos complexos. [...] ao mesmo fato ou ao mesmo
FOLHA DA REGIÃO. Araçatuba, 20 jan. 2015. Editorial. tema. D21 - Reconhecer a ideia
comum entre textos de gêneros
Disponível em: http://www.folhadaregiao.com.br/Materia.php?id=339499. (Fragmento). diferentes e a ironia em tirinhas.
D21 - Reconhecer opiniões di-
vergentes sobre o mesmo tema
em diferentes textos. 99
Dando a largada!
O editorial é um texto opinativo, no qual se discute uma questão ou assunto, a partir do
ponto de vista do jornal, da empresa jornalística ou do redator-chefe, bem como da emissora
de rádio ou tevê (ou, ainda, do responsável pelo programa). Quando circula na mídia impressa,
geralmente não vem assinado.
1 Sobre o que está tratando, o editorial que você leu na página anterior?
( X ) Sobre a culpa do mau desempenho dos vestibulandos na redação.
( X ) Sobre a tristeza de haver tantos zeros nas redações do Enem de 2014.
( X ) Sobre a possível causa da alta porcentagem de zeros nas redações do Enem daquele ano.
( X ) Sobre a responsabilidade dos pais e professores nesse alto índice de zeros.
2 O editorial está assinado? Justifique sua resposta.
Não, o editorial não está assinado.

Isso acontece porque está implícito nesse gênero que a opinião é maior que a de um autor

somente – ela é reveladora da posição da empresa jornalística ou televisiva ou

radialista que veicula o texto.

O editorialista tem de estar alinhado com a opinião da empresa em que trabalha.

Pit stop 1
Como a maior parte dos textos opinativos, o editorial é construído argumentativamente.
Em outras palavras, ele defende uma tese (uma afirmação que resume o ponto de vista envol-
vido) e a sustenta por meio de argumentos. Mas lembre-se: nem sempre a tese está explícita
no texto – às vezes, é preciso inferi-la.
3 Relacione as colunas, identificando fatos, tese e argumentos.
a) Fatos. ( B ) Os jovens fracassam nas redações porque
b) Tese. têm pouca familiaridade com textos mais
c) Argumentos. complexos, não tendo o hábito de ler jor-
nais, revistas e livros.
( C ) O desafio está em seduzir os alunos para o
universo da literatura, vencendo o deses-
tímulo aos textos complexos.
( A ) Mais de 500 mil estudantes tiraram zero
na redação do Enem em 2014.
( A ) A culpa não foi do tema dado, que era fácil
de ser desenvolvido – publicidade infantil.
( A ) O mau desempenho não é culpa do sis-
tema público, pois há nesse contingente
alunos de escolas particulares.
( A ) 250 jovens obtiveram nota máxima na re-
dação do Enem em 2014.
( C ) Os jovens gostam de ler e escrever, pois
passam a maior parte do tempo fazendo
isso nos seus celulares e tablets, embora
não desenvolvam com isso textos com-
plexos.

100 CAPÍTULO 9
4 Agora, leia esta charge, que dialoga com o editorial que você leu.

Myrria/Acervo do cartunista
a) O que o editorial e a charge têm em comum?
Ambos abordam o mesmo tema – o mau desempenho dos alunos na redação do

Enem 2014.

b) Embora o editorial e a charge mantenham esse ponto em comum, e representem


ambos uma crítica, a finalidade dos dois é a mesma? São dirigidas para os mesmos
leitores?
Por um lado, a finalidade de ambos é conscientizar. Por outro, o editorial conscientiza de

um modo (pela argumentação) e a charge, de outro (pelo humor). Os leitores que procuram

editoriais para ler podem ser os mesmos que procuram charges, mas elas são produzidas

com leitores potenciais diferentes: quem lê editoriais é mais maduro em termos etários,

tem já uma posição sobre o assunto; já as charges, costumam ser dirigidas a um público

mais jovem, mais iniciante no mundo da crítica social. De qualquer modo, as charges,

nos jornais, são publicadas, na maior parte dos casos, na seção de editorial (geralmente a

segunda). Ou seja, diverte também quem lê os editoriais.

c) O que a fala do professor implica quando ele menciona tantas abreviações? Como isso
é confirmado pela ilustração do menino?
A fala do professor implica a prática do aluno nas redes sociais, pois esse tipo de abreviatura

é muito comum em aplicativos de mensagens instantâneas e nos lugares de interação


LÍNGUA PORTUGUESA

virtual. Essa prática é confirmada pela ilustração do menino, que carrega um celular na mão.

101
d) O locutor da charge compartilha da mesma opinião do locutor do editorial com relação
à causa das notas zero da redação do Enem 2014. O fragmento do editorial que deixa
isso claro é
( ) “famigerado sistema público de ensino”.
( X ) “pouca familiaridade com textos mais complexos”.
( ) “o aluno [...] não tem o hábito de ler jornais, revistas e livros”.
( ) “os adolescentes passam a maior parte do tempo lendo e escrevendo em seus
aparelhos móveis”.
e) A que cada termo destacado, nos trechos abaixo, está referindo-se? Talvez você precise
retomar o editorial inteiro para responder!
“Algo muito grave acontece com a capacidade de o estudante brasileiro articular ideias
para dispô-las em uma folha de papel.”
Relaciona-se a “ideias”.

“Esse talvez seja o aspecto fundamental para o jovem fracassar quando tem que colo-
car suas ideias no papel.”
Relaciona-se ao período anterior, que traz: “[...] o estudante com dificuldade de

interpretação e construção de textos não tem o hábito de ler jornais, revistas e livros”.

“[...] os adolescentes passam a maior parte do tempo lendo e escrevendo em seus apa-
relhos móveis [...].”
Relaciona-se a “os adolescentes”.

“[...] O desafio dos profissionais do ensino e das famílias é seduzi-los também para o
universo da literatura [...].”
Relaciona-se a “os adolescentes” (do período anterior).

f ) Releia este trecho do editorial lido por você.


Assim, o desafio dos profissionais do ensino e das famílias é seduzi-los também
para o universo da literatura, vencendo o desestimulo aos textos complexos.

• Que termo introduz a ideia final desse trecho de editorial?


O termo Assim.

• O que ele representa no período que inicia?


A introdução de uma conclusão que vem sendo construída nos períodos anteriores.

g) Complete as colunas com informações do editorial.


Causa Consequência

(1) 500 mil candidatos zeraram em redação. ( 2 ) Mau desempenho nos exames de
(2) Os estudantes não leem textos complexos. redação.
( 2 ) Dificuldade de interpretação e
produção.
( 1 ) Preocupação.

Pit stop 2
Lembre-se destas duas definições!
Causa: razão ou motivo que explica, promove ou justifica um ato, acontecimento ou ação.
Consequência: resultado, reação ou efeito produzido a partir de um acontecimento ou
uma ação.

102 CAPÍTULO 9
1 Leia este outro editorial.

EDITORIAL

“Como ser Cidadão no Brasil”


Exercer a cidadania em nosso país é tão difícil quanto participar amplamente da polí-
tica, vida religiosa, esporte e da vida comunitária. Ou seja, participar efetivamente e exer-
cer a cidadania não é algo comum e sim muito raro entre os brasileiros. Vejamos, somos
cidadãos de origem simples, observamos o cotidiano da cidade grande e acompanhamos
os movimentos sociais. Entretanto, notamos que para participar ativamente temos que
sacrificar nossas esposas, maridos, filhos, irmãos e pais. Pergunto que cidadania é essa?
Que para exercê-la sacrificamos relações afetivas e precisamos deixar de lado a nossa
vida pessoal a fim de conquistar a cidadania para o próximo.
O mais intrigante é que este próximo também poderia lutar pelos seus direitos e cum-
prir os seus deveres e ter sua própria ação cidadã.
Diante disto, podemos concluir que vivemos em um mundo de luta pela conquista da
cidadania. Em que lutar é o caminho para ser cidadão por si só, mas em contrapartida
necessitamos sacrificar o bem-estar pessoal em função da conquista coletiva futura. Vive-
mos em um Brasil onde sempre “eu tenho que buscar fazer algo” para promover a cida-
dania aos nossos cidadãos. Assim, conclamamos todos os cidadãos e cidadãs para lutar
pelos seus direitos compartilhando a cidadania para o bem-estar da sociedade.
JORNAL O ARTESÃO, ano 1, n. 3, mar. 2009.

• Qual é o tema do texto?


A dificuldade de exercer a cidadania no Brasil.

Professor(a), conversar com a turma e aceitar respostas afins.

• O que é mais intrigante para o editorialista sobre o exercício da cidadania? Responda com
suas próprias palavras.
O mais intrigante é que ninguém de fato consegue ter uma ação cidadã em nosso país – nem

ele, mesmo que se sacrifique, nem os demais. LÍNGUA PORTUGUESA

103
• Qual é a pessoa gramatical que o locutor está usando no editorial? Por que será que ele fez
essa opção?
Ele está usando a 1a pessoa do plural. Provavelmente ele fez essa opção porque quis engajar o
interlocutor na sua opinião.

2 Você leu um editorial que foca os alunos. Leia agora um que foca os professores.

ZERO HORA. Valorizção do professor. Editorial. Edição. Edição nº 16.672, ano 47, p.20, 29 abr. 2011.

• Qual é o grande fato citado logo no início do editorial?


É o lançamento, pelo Movimento Todos pela Educação, da campanha de valorização dos

professores.

• Qual é o slogan da campanha?


“Um bom professor, um bom começo.”

• Esse slogan está embasado em uma relação de


( ) tese e argumento.
( ) tempo e espaço.
( X ) causa e consequência.
( ) sustentação e refutação.

104 CAPÍTULO 9
• O que significa esse slogan?
Que um professor bem formado e atualizado é o que tem mais chance de se realizar na atividade e

de cumprir bem o seu papel de educar cidadãos para a vida adulta.


• Qual é o grande mérito dessa campanha?
É reforçar a importância dos educadores e pressionar por melhorias que tanto favoreçam quem

ensina quanto quem está em fase de aprendizado.

• Que conjunção e que locução conjuntiva estão construindo este período?

É reforçar a importância dos educadores e pressionar por melhorias que tanto


favoreçam quem ensina quanto quem está em fase de aprendizado.

A conjunção é e e a locução conjuntiva é tanto… quanto.

• O que esses dois termos representam?


Ambos representam relações de coordenação (paralelismo, equidade) entre as orações.

• E o que essa construção indica?


A primeira relação de coordenação une duas ações promovidas pelo slogan e a segunda coloca

em termos de igualdade os dois favorecidos por essas ações.

• Quais são os outros fatos referidos no editorial?


Muitas das dificuldades estão ligadas a estas questões levantadas pelo Movimento:

O professor ganha menos do que gostaria.

O professor precisa investir em formação constante para se manter atualizado.

A tecnologia está avançando muito rapidamente e exige cada vez mais dos professores.

As profundas transformações no perfil dos alunos e a tecnologia impõem um novo modelo de

profissional do ensino.

• Como o editorialista conclui seu texto?


Ele conclui com sua opinião: “A campanha dará uma contribuição importante se motivar os

brasileiros a valorizar as novas exigências que se constituem em pressuposto para maior

reconhecimento e valorização inclusive sob o ponto de vista salarial”.

• Em certo momento, o editorialista apresenta uma pergunta. Que efeito isso tem no texto?
A pergunta serve para engajar o leitor na proposição do autor de apoiar a valorização do

professor, funcionando argumentativamente.

• Por que será que o editorialista usou a palavra irrisória para qualificar a remuneração do
professor, e não baixa, por exemplo?
Porque irrisório significa insignificante, muito pouco, e chama mais a atenção do leitor,
LÍNGUA PORTUGUESA

potencializando a argumentação, especialmente por ser seguida pelo complemento: "[...] e se

não há perspectivas de avanços significativos ao longo da carreira”.

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ARTIGO DE OPINIÃO /

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ENTREVISTA
Habilidades abordadas: D1 - Localizar informações explícitas em um texto. Inferir o sentido de uma pala-
vra ou expressão. D4 - Inferir uma informação implícita em um texto. D14 - Diferenciar tese de argumentos
em artigos, entrevistas e crônicas. D1 - Localizar informação explícita em artigos de opinião. Identificar o
tema de um texto. D5 - Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos,
Artigo de opinião fotos, etc.). D12 - Identificar a finalidade de textos de dife-
rentes gêneros. Reconhecer a ideia comum entre textos
de gêneros diferentes e a ironia em tirinhas.
D12 - Reconhecer opiniões distintas
sobre o mesmo tema, na comparação
entre diferentes textos. D21 - Reco-
nhecer opiniões divergentes sobre o
Esquentando os motores... mesmo tema em diferentes textos.
D2 - Estabelecer relações entre
No dia a dia, somos sempre chamados a dar nossa opinião, precisamos nos posicionar jus- partes de um texto, identificando
repetições ou substituições que
tificando nossa opinião com argumentos, baseados em fatos, nas ciências, em dados que po- contribuem para a continuidade dele.
dem ser comprovados. Identificar a tese de um texto.
D8 - Estabelecer relação entre a tese
e os argumentos oferecidos para sus-
1 Responda estas questões. tentá-la. D15 - Reconhecer a relação
de causa e consequência e relações
a) Você costuma posicionar-se apoiando sua opinião em argumentos? Resposta pessoal. de sentido marcadas por conjunções
em reportagens, artigos e ensaios.
b) Você lê artigos de opinião? Resposta pessoal. D11 - Reconhecer a relação de causa
c) Qual a finalidade do artigo de opinião? Resposta pessoal. e consequência em diferentes textos.
D15 - Estabelecer relações lógico-dis-
2 Agora, leia um artigo de opinião sobre racismo. cursivas presentes no texto, marca-
das por conjunções, advérbios, etc.
Embora grande parte da população brasileira seja descendente de negros, o problema do Identificar efeitos de ironia ou humor
racismo está longe de ser resolvido no país. em textos variados. D17 - Reconhe-
cer o efeito de sentido decorrente
No período colonial, os negros foram trazidos da África para trabalharem no país em con- do uso da pontuação e de outras
notações. D18 - Reconhecer o efeito
dição de escravos. Desde então, o racismo esteve incutido na mente de muitos brasileiros. de sentido decorrente da escolha de
Embora a Lei Áurea tenha libertado os africanos do trabalho escravo em 1888, a população uma determinada palavra ou expres-
são. D19 - Reconhecer o sentido e o
negra apresenta os maiores problemas ainda hoje no país. Destacam-se, as condições de vida, efeito de sentido produzido pelo uso
acesso ao trabalho, a moradia, dentre outros. de recursos morfossintáticos em con-
tos, artigos e crônicas. D19 - Reco-
Se observarmos as favelas do país ou mesmo as penitenciárias, o número de negros é sem nhecer relações de sentido marcadas
por conjunções, a relação de causa e
dúvida maior. A grande questão é: até quando o racismo persistirá no nosso país?, pois mes- consequência e a relação entre o pro-
mo séculos depois, ainda é possível nos depararmos com um racismo velado no Brasil. nome e seu referente em diferentes
gêneros. D19 - Reconhecer o efeito
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/artigo-de-opiniao/. Acesso em: 15 jun. 2023. de sentido decorrente da exploração
de recursos ortográficos e/ou morfos-
sintáticos. D19 - Reconhecer relação
Pit stop 1 de sentido marcada por conjunção
em textos diversos. Inferir informação
em artigos. D13 - Reconhecer varian-
A Lei 7.716/89, conhecida como Lei do Racismo, pune todo tipo de discriminação ou de tes linguísticas e o efeito de sentido
preconceito, seja de origem, raça, sexo, cor, idade. Em seu artigo 3o, a lei prevê, como conduta de recursos gráficos em crônicas e
artigos. D13 - Identificar as marcas
ilícita, o ato de impedir ou dificultar que alguém tenha acesso a cargo público ou seja promo- linguísticas que evidenciam o locutor
e o interlocutor de um texto. Localizar
vido, tendo como motivação o preconceito ou a discriminação. Por exemplo, não deixar que informações explícitas em infográfi-
uma pessoa assuma determinado cargo por conta de raça ou de gênero. A pena prevista é de cos, reportagens, crônica e artigos.
Identificar tema de um texto. Identifi-
2 a 5 anos de reclusão. car finalidade de textos de diferentes
gêneros. Reconhecer a finalidade de
A lei também veda que empresas privadas neguem emprego por razão de preconceito. recurso gráfico em artigos. Reconhe-
Esse crime está previsto no artigo 4o da mesma lei, com mesma previsão de pena. cer diferentes formas de tratar uma
informação na comparação de textos
Disponível em: https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito- que abordam um mesmo tema, em
facil/edicao-semanal/lei-do-racismo#:~:text=A%20Lei%207.716%2F89%2C%20conhecida,%2C%20 função das condições em que foi
produzido e daquela que será rece-
sexo%2C%20cor%2C%20idade. Acesso em: 15 jun. 2023. bido. Reconhecer relação de causa e
consequência e relações de sentido
marcadas por conjunções em reporta-
O artigo de opinião é em gênero da esfera jornalística; nele, o autor apresenta sua opi- gens, artigos e ensaios, Reconhecer
nião sobre um tema relevante para a sociedade. A opinião é apresentada de forma argumen- relação de causa e consequência em
diferentes textos. Inferir informação
tativa, apoiada em fatos, documentos, dados que podem ser comprovados. Não cabe, neste em artigo. Identificar as marcas lin-
guísticas que evidenciam locutor e o
gênero, manifestar-se a partir de “achismo”, a opinião precisa de ser apoiada por argumentos. interlocutor de um texto.

106
Voltando para a pista
Releia o artigo sobre racismo.
Embora grande parte da população brasileira seja descendente de negros, o problema do
racismo está longe de ser resolvido no país.
No período colonial, os negros foram trazidos da África para trabalharem no país em con-
dição de escravos. Desde então, o racismo esteve incutido na mente de muitos brasileiros.
Embora a Lei Áurea tenha libertado os africanos do trabalho escravo em 1888, a população
negra apresenta os maiores problemas ainda hoje no país. Destacam-se, as condições de vida,
acesso ao trabalho, a moradia, dentre outros.
Se observarmos as favelas do país ou mesmo as penitenciárias, o número de negros é sem
dúvida maior. A grande questão é: até quando o racismo persistirá no nosso país?, pois mes-
mo séculos depois, ainda é possível nos depararmos com um racismo velado no Brasil.

1 Em quais trechos do artigo podemos identificar o ponto de vista do autor sobre racismo?
Podemos identificar em: “está longe de ser resolvido no país”, “Desde então, o racismo esteve

incutido na mente de muitos brasileiros” e “pois mesmo séculos depois, ainda é possível nos

depararmos com um racismo velado no Brasil”.

2 Qual o significado do termo incutido?


Incutido pode ser entendido como convencido, instigado, induzido.

3 Releia o trecho a seguir:

Embora grande parte da população brasileira seja descendente de negros, o problema


do racismo está longe de ser resolvido no país.

Qual a relação de causa e consequência marcada pela conjunção destacada “embora”?


Espera-se que o estudante perceba que, ao iniciar a sentença com o uso da conjunção,

indicando concessão ao fato expresso na oração principal, o termo designa um fato contrário.

4 Leia o trecho para responder às questões a seguir.


Comissão suspende torcedores por racismo a Vini Jr;
CBF anuncia amistoso
Órgão espanhol atribui multa e proibiu responsáveis de acessarem estádios por um e dois
anos; Brasil e Espanha farão amistoso em 2024.
A Comissão Permanente contra Violência, Racismo, Xenofobia e Intolerância da Espanha
divulgou nesta segunda-feira, 5, a sentença que pune os torcedores envolvidos nos dois epi-
sódios de racismo contra Vinícius Júnior neste ano, registradas em partidas do Campeonato
Espanhol.
Os três torcedores que cometeram insultos contra o atacante brasileiro durante partida
entre o Real Madrid e o Valencia, há duas semanas, receberam multa de 5 mil euros (cerca de
26 mil reais) e foram proibidos de acessar os estádios no país por um ano.
Disponível em: https://placar.abril.com.br/futebol-europeu/comissao-suspende-torcedores-por-
racismo-a-vini-jr-cbf-anuncia-amistoso/. Acesso em: 15 jun. 2023.

• Qual o assunto comum entre o artigo e a notícia?


Ambos abordam o tema racismo.

• O racismo só existe no Brasil?

Não, existe em outros lugares, como na Espanha.

• Existe alguma punição para o racismo no Brasil?


LÍNGUA PORTUGUESA

Sim, a Lei n. 7 716 prevê punição para atos de discriminação ou de preconceito.

107
• Explique o uso dos parênteses em “(cerca de 26 mil reais)”.
Espera-se que o estudante perceba o uso dos parênteses para indicar qual o valor estimado

em moeda nacional (Real).

• Identifique o tema abordado na notícia e no artigo lidos.


Ambos abordam o racismo.

• Analise o trecho a seguir e identifique se trata-se de um fato ou de uma opinião:

Órgão espanhol atribuiu multa e proibiu responsáveis de acessarem estádios por um e


dois anos; Brasil x Espanha farão amistoso

Trata-se de um fato.

• Podemos dizer que existe uma relação de causa e consequência entre o tema do artigo e
da notícia?
Sim, pois o racismo continua acontecendo, mesmo com a abolição da escravidão em todo

o mundo.

Entre os sentidos dados à palavra argumento, temos: “raciocínio, razão ou arrazoado


por meio do qual se pretende provar ou refutar a procedência ou a veracidade de uma
afirmação”; “aquilo que atesta a veracidade de alguma coisa; demonstração, indício, prova”.
Assim, o argumento não é a simples afirmação de um ponto de vista, mas as razões que
sustentam esse ponto de vista, na tentativa de fazer o outro mudar sua opinião ou agir da
maneira como se deseja.
Para uma boa argumentação, é preciso ter claros o objetivo pretendido e a tese que se
quer defender. Também é preciso estar atento ao(s) interlocutor(es) para escolher a lingua-
gem adequada a ele(s).
A primeira pergunta a se fazer, na construção dos argumentos, é “Quais são as ideias
geralmente defendidas sobre esse tema?”. Identificá-las permite que se tenha uma noção do
discurso do senso comum. Argumentos, baseados no senso comum, podem ser utilizados,
em um primeiro momento, para dar segurança ao(s) interlocutor(es) de que não estamos
querendo convencê-lo(s) de nada diferente. Porém, o ideal é não se limitar a eles, mas, sim,
buscar pontos de vista diferentes para abordar o tema, tendo sempre em mente que mes-
mo o que parece uma verdade absoluta pode ser questionado.

Leia a tirinha a seguir para responder às questões propostas.


Adão Iturrusgarai/Fotoarena

5 No terceiro quadrinho, o enunciado taxativo proferido pelo homem que veste roupa amarela
coloca em xeque a máxima “Contra fatos não há argumentos”. Explique essa afirmativa.
A resposta dada à pergunta “O que pesa mais?” baseia-se na lógica (um quilograma equivale a um
quilograma). Temos aí um fato, um dado inquestionável. Mesmo assim, quem profere o enunciado
do terceiro quadrinho revela discordância em relação a ele. Com sua discordância, dá a entender que
o que lhe foi dito não é um fato, mas uma opinião. Comente que a tirinha ironiza o fato de que, atual-
mente, no Brasil, têm sido tratados como opinião fatos cientificamente comprovados, o que pode
levar a consequências desastrosas para a sociedade.

108 CAPÍTULO 10
6 Redija um argumento que poderia ser utilizado pelo locutor do terceiro quadrinho, em de-
fesa da ideia de que um quilograma de chumbo pesa mais que um quilograma de algodão.
Apesar de ser lógica a resposta dada pelo primeiro interlocutor (que veste cinza), o segundo interlo-
cutor poderia alegar, por exemplo, que um quilograma de chumbo pesa mais sobre a vida humana e
sobre a natureza que um quilograma de algodão, já que aquele é um metal pesado, cujas partículas
depositam-se nos pulmões e acumulam-se nos dentes e nos ossos, desencadeando doenças,
como anemia, neurite, encefalopatia, entre outras. O algodão degrada o meio ambiente, principal-
mente devido aos pesticidas usados no seu cultivo, mas, ainda assim, não tanto quanto o chumbo.

7 Qual a finalidade da tira lida?


A tira tem como objetivo fazer uma crítica entre argumento e opinião.

Canção é tudo aquilo que se canta com inflexão melódica (ou entoativa) e letra. Há um
“artesanato” específico para privilegiar ora a força entoativa da palavra ora a forma musical;
nem só poesia nem só música. Um dos equívocos dos nossos dias é justamente dizer que a
canção tende a acabar porque vem perdendo terreno para o rap! Ora, nada é mais radical
como canção do que uma fala que conserva a entoação crua. A fala no rap é entoada com
certa regularidade rítmica, o que a torna diferente de uma fala usual. Apesar de convivermos
hoje “com uma diversidade cancional jamais vista”, prevalece na mídia, nos meios cultural e
musical “a opinião uniforme de que estamos mergulhados num ‘lixo’ de produção viciada e
desinteressante”. Vivemos uma descentralização, com eventos musicais ricos e variados, “e a
força do talento desses novos cancionistas também não diminuiu”. O rap serve-se da entoa-
ção quase pura para transmitir informações verbais, normalmente intensas, sem perder os
traços musicais da linguagem da canção. Seu formato, menos música mais fala, é ideal para
se fazer pronunciamentos, manifestações, revelações, denúncias, etc., sem que se abandone a
seara cancional. Podemos dizer que o trabalho musical, no rap, é para restabelecer as balizas
sonoras do canto, mas nunca para perder a concretude da linguagem oral ou conter a crueza
e o peso de seus significados pessoais e sociais. Atenuar a musicalização é reconhecer que as
melodias cantadas comportam figuras entoativas (modos de dizer) que precisam ser reveladas
por suas letras.
(Adaptado de Luiz Tatit. Artigos disponíveis em: http://www.luiztatit.com.br/artigos/artigo?id=29/
Cancionistas-Invis%C3%ADveis.html e http://www.scielo.br/pdf/rieb/n59/0020-3874-rieb-59-00369.
pdf. Acesso em: 11 dez. 2017.)

8 A partir da leitura do texto acima, faça o que se pede:


a) Aponte dois argumentos de Luiz Tatit que defendem a ideia de que o rap é um tipo de
canção.
O rap pode ser considerado uma forma de canção, pois é uma fala entoada com certa

regularidade rítmica, o que o torna diferente da fala usual; e, ainda que se sirva da entonação

quase pura, não perde sua musicalidade.

b) Cite duas características, apresentadas no texto, que corroboram que o rap é uma for-
ma ideal de “canção de protesto”.
Ao enfatizar a fala, o rap torna-se propício a denúncias, manifestações individuais e coletivas.

Ao atenuar a musicalidade sem perder a “concretude da linguagem oral”, o rap ressalta os

significados pessoais e sociais em suas letras.

c) Com base no texto fornecido, discorra sobre a relação entre a canção e o rap, desta-
cando as características que diferenciam ambos e explicando por que o estilo pode ser
considerado uma forma de canção.
A relação entre a canção e o rap, conforme descrito no texto, envolve a compreensão de suas
características distintas e sua capacidade de se enquadrar dentro do conceito de canção. Em-
bora a canção seja tradicionalmente associada à melodia e à letra, o rap se destaca por sua
entoação crua e intensa, que combina elementos musicais com a linguagem da fala. A relação
entre a canção e o rap é complexa, mas o estilo pode ser considerado uma forma de canção
devido à sua capacidade de transmitir informações verbais com entoação intensa e ritmo regular,
LÍNGUA PORTUGUESA

ao mesmo tempo em que preserva elementos musicais da linguagem da canção. Essa forma de
expressão musical reflete a diversidade cancional contemporânea e mostra que a canção pode
se renovar e se adaptar às mudanças culturais e artísticas.

109
9 Leia o trecho da canção “Levanta e anda”, do cantor e compositor Emicida.
Era um cômodo incômodo
Sujo como o dragão de komodo
Úmido, eu homem da casa
Aos seis anos
Mofo no canto, todo TV
Engodo pronto pro lodo
[...]
Somos reis, mano
Olhos são elétrodos, sério
Topo, trombo corvos
[...]
Disponível em: https://www.google.com/search?q=letra+levanta+e+anda&oq=letra&aqs=
chrome.0.69i59l2j69i57j0i433i512j69i60l3j69i65.10955j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8.
Acesso em: 17 jun. 2023.

a) Identifique as marcas linguísticas que evidenciam o locutor do texto:


O texto utiliza linguagem informal, típica do rap, como “pro”, “mano” e “trombo”.

b) Por que o autor usa a linguagem informal na canção?


Para se aproximar de seu público-alvo (interlocutores), usando uma linguagem do cotidiano

que não utiliza com a norma-padrão da língua portuguesa.

Complexo de vira-lata dos brasileiros


Adam Smith (estudante de Oxford)
Pouco depois de chegar a São Paulo, fui a uma loja na Vila Madalena comprar um violão. O
atendente, notando meu sotaque, perguntou de onde eu era. Quando respondi “de Londres”,
veio um grande sorriso de aprovação. Devolvi a pergunta e ele respondeu: “sou deste país
sofrido aqui”.
Fiquei surpreso. Eu – como vários gringos que conheço que ficaram um tempo no Brasil –
adoro o país pela cultura e pelo povo, apesar dos problemas. E que país não tem problemas?
O Brasil tem uma reputação invejável no exterior, mas os brasileiros, às vezes, parecem ser
cegos para tudo exceto o lado negativo. Frustração e ódio da própria cultura foram coisas que
senti bastante e me surpreenderam durante meus 6 meses no Brasil. Sei que há problemas,
mas será que não há também exagero (no sentido apartidário da discussão)?
Tem uma expressão brasileira, frequentemente mencionada, que parece resumir essa ques-
tão: complexo de vira-lata. A frase tem origem na derrota desastrosa do Brasil nas mãos da
seleção uruguaia no Maracanã, na final da Copa de 1950. Foi usada por Nelson Rodrigues para
descrever “a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do
mundo”. E, por todo lado, percebi o que gradualmente comecei a enxergar como o aspecto
mais “sofrido” deste país: a combinação do abandono de tudo brasileiro, e veneração, princi-
palmente, de tudo americano. É um processo que parece estrangular a identidade brasileira.
Sei que é complicado generalizar e que minha estada no Brasil não me torna um especialista,
mas isso pode ser visto nos shoppings, clones dos “malls” dos Estados Unidos, com aquele
microclima de consumismo frígido e lojas com nomes em inglês e onde mesmo liquidação vira
“sale”. Pode ser sentido na comida. Neste “país tropical” tão fértil e com tantos produtos mara-
vilhosos, é mais fácil achar hot dog e hambúrguer do que tapioca nas ruas. Pode ser ouvido na
música americana que toca nos carros, lojas e bares no berço do Samba e da Bossa Nova.
[...]

10 Explique o uso das aspas em “sou deste país sofrido aqui”.


O autor usa aspas para indicar que a fala não é dele, e sim do vendedor.

110 CAPÍTULO 10
11 Por que Nelson Rodrigues utilizou a expressão “síndrome de vira-lata”? Habilidades abordadas: D1 - Localizar in-
formações explícitas em um texto. Inferir
Para descrever a “inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face ao o sentido de uma palavra ou expressão.
D4 - Inferir uma informação implícita em
resto do mundo”. um texto. D14 - Diferenciar tese de argu-
mentos em artigos, entrevistas e crônicas.
D1 - Localizar informação explícita em ar-
12 Qual o significado do termo “veneração” no texto? tigos de opinião. Identificar o tema de um
texto. D5 - Interpretar texto com auxílio
Adoração, gostar muito. de material gráfico diverso (propagandas,
quadrinhos, fotos, etc.). D12 - Identificar
O termo “apesar de” pode ser substituído, sem alterar o significado da sentença, por a finalidade de textos de diferentes gê-
neros. Reconhecer a ideia comum entre
X a) Mesmo com. c) No entanto. textos de gêneros diferentes e a ironia em
tirinhas. D12 - Reconhecer opiniões distin-
b) Ou. d) Porém. tas sobre o mesmo tema, na comparação
entre diferentes textos. D21 - Reconhecer
13 Infira qual é o ponto de vista do autor em relação à valorização da cultura brasileira? opiniões divergentes sobre o mesmo
X a) O autor percebe uma falta de valorização da cultura brasileira em comparação com a tema em diferentes textos. D2 - Estabe-
lecer relações entre partes de um texto,
cultura americana. identificando repetições ou substituições
que contribuem para a continuidade dele.
b) O autor acredita que a cultura brasileira é amplamente valorizada pelos brasileiros. Identificar a tese de um texto.
D8 - Estabelecer relação entre a tese e os
c) O autor defende a ideia de que a cultura brasileira é superior à cultura americana. argumentos oferecidos para sustentá-la.
D15 - Reconhecer a relação de causa e
d) O autor considera que a valorização da cultura brasileira no exterior é exagerada. consequência e relações de sentido mar-
cadas por conjunções em reportagens,
e) O autor não menciona sua opinião em relação à valorização da cultura brasileira. artigos e ensaios. D11 - Reconhecer a
relação de causa e consequência em dife-
Tendo como ponto de partida as impressões do estudante inglês Adam Smith sobre o Bra- rentes textos. D15 - Estabelecer relações
sil, formule uma resposta para a seguinte questão: Existe uma solução para o complexo lógico-discursivas presentes no texto,
marcadas por conjunções, advérbios, etc.
de vira-lata dos brasileiros? Professor(a), antes da atividade a seguir, promova um debate na Identificar efeitos de ironia ou humor em
sala sobre o tema discutido no texto lido, em seguida, solicite que textos variados. D17 - Reconhecer o efeito
Sua produção deverá: façam a atividade a seguir. de sentido decorrente do uso da pontua-
ção e de outras notações. D18 - Reco-
• fazer referência ao texto, retomando seus argumentos; nhecer o efeito de sentido decorrente da
escolha de uma determinada palavra ou
• apresentar, com clareza e autonomia, uma resposta à pergunta acima, justificando-a; expressão. D19 - Reconhecer o sentido
e o efeito de sentido produzido pelo uso
• ter de 6 a 8 linhas. de recursos morfossintáticos em contos,
artigos e crônicas. D19 - Reconhecer
relações de sentido marcadas por conjun-
ções, a relação de causa e consequência e
a relação entre o pronome e seu referente
em diferentes gêneros. D19 - Reconhecer
o efeito de sentido decorrente da explora-
ção de recursos ortográficos e/ou morfos-
sintáticos. D19 - Reconhecer relação de
sentido marcada por conjunção em textos
diversos. Inferir informação em artigos.
D13 - Reconhecer variantes linguísticas e
o efeito de sentido de recursos gráficos
em crônicas e artigos. D13 -Identificar as
marcas linguísticas que evidenciam o locu-
tor e o interlocutor de um texto. Identificar
finalidade de textos de diferentes gêne-
ros, Reconhecer a finalidade de recurso
gráfico em artigos. Reconhecer diferentes
formas de tratar uma informação na
comparação de textos que abordam um
mesmo tema, em função das condições
em que foi produzido e daquela que será
Entrevista recebido. Reconhecer relação de causa e
consequência e relações de sentido mar-
cadas por conjunções em reportagens,
Esquentando os motores... artigos e ensaios, Reconhecer relação de
causa e consequência em diferentes tex-
tos. Inferir informação em artigo. Identifi-
1 Quais jogadores/jogadoras, atores/atrizes, cantores/cantoras, influencers, grupos são seus car as marcas linguísticas que evidenciam
locutor e o interlocutor de um texto.
favoritos? Resposta pessoal.
2 Além de seguir seus ídolos nas redes sociais, você costuma ler entrevistas sobre eles em
jornais, revistas e sites de notícias?Resposta pessoal.
3 Qual a finalidade de uma entrevista com alguma personalidade?
3. A entrevista com personalidades
tem como finalidade conhecer
A entrevista é um gênero da esfera jornalística que tem como objetivo levantar infor- melhor uma pessoa, o que ela
pensa sobre determinado tema,
LÍNGUA PORTUGUESA

mações, opiniões, experiências de pessoas que se destacam em uma área/atividade, ou que como se posiciona frente a algum
assunto, etc.
passaram, por alguma experiência muito marcante. Em geral, a entrevista apresenta título, Professor(a), após os alunos res-
um texto introdutório sobre o se trata, seguido do texto principal, composto por perguntas ponderem as questões propostas,
organize uma roda de conversa
e respostas do entrevistado. para que compartilhem suas res-
postas.

111
Entrevista: Frank Schimmacher

A ditadura dos jovens


Diogo Schelp
O filósofo alemão diz que os velhos são tratados como estorvo e prevê um choque de gera-
ções em poucos anos, quando os idosos forem maioria
O filósofo alemão Frank Schimmacher acredita que a humanidade está às vésperas de uma
revolução econômica, política e cultural motivada por uma modificação demográfica radical:
o envelhecimento da população. [...]
Veja: Estamos preparados para isso?
Schimmacher: Não. 99,99% da história da humanidade as pessoas nunca viveram mais que
trinta 35 anos. A experiência de ficar velho, de viver sessenta anos ou mais, é muito nova. Nos-
sa sociedade foi construída com base na experiência de vida do século XIX. Nossas institui-
ções, o casamento, o Estado, as empresas e o sistema de previdência, como conhecemos hoje,
vêm de uma época que apenas 3 % das pessoas ultrapassavam a barreira dos 65 anos. É como
uma roupa que ficou curta. Não estamos adaptados a essa nova realidade. O resultado é que
desperdiçamos o maior recurso que temos: tempo de vida. Os idosos não podem mais ficar
em casa, esperando o tempo passar. Nossa velhice não será confortável. Temos que descobrir
o que fazer com a segunda vida que ganhamos de presente. [...]
VEJA, São Paulo: Abril, 1867. Ed. 18 ago. 2004. Disponível em: http://veja.abril.com.br/180804/
entrevista.html. Acesso em: 18 jan. 2015. (Fragmento).

Pit stop 2
A entrevista é um gênero oral, pode ser feita presencialmente ou mediada por tecnologia.
Nela, o entrevistador, após pesquisar em fontes confiáveis sobre um tema ou sobre o entrevis-
tado, elabora um roteiro com perguntas para fazer, oralmente, ao entrevistado, que também
responde oralmente. Algumas entrevistas podem ser feitas por escrito; nessa modalidade, o
entrevistador envia as perguntas por escrito.

Voltando para a pista


Releia a entrevista a seguir e responda:
Veja: Estamos preparados para isso?
Schimmacher: Não. 99,99% da história da humanidade as pessoas nunca viveram mais que
trinta 35 anos. A experiência de ficar velho, de viver sessenta anos ou mais, é muito nova. Nos-
sa sociedade foi construída com base na experiência de vida do século XIX. Nossas institui-
ções, o casamento, o Estado, as empresas e o sistema de previdência, como conhecemos hoje,
vêm de uma época que apenas 3 % das pessoas ultrapassavam a barreira dos 65 anos. É como
uma roupa que ficou curta. Não estamos adaptados a essa nova realidade. O resultado é que
desperdiçamos o maior recurso que temos: tempo de vida. Os idosos não podem mais ficar
em casa, esperando o tempo passar. Nossa velhice não será confortável. Temos que descobrir
o que fazer com a segunda vida que ganhamos de presente. [...]
VEJA, São Paulo: Abril, 1867. Ed. 18 ago. 2004.

1 Presumidamente, o texto defende a inclusão de idosos na sociedade, mas, em dado mo-


mento, reforça a ideia da inadequação dessa faixa etária para tal. Em que passagem retirada
do texto isso fica evidente?
a) A experiência de ficar velho [...] é muito nova.
X b) Apenas 3% das pessoas ultrapassavam a barreira dos 65 anos.
c) É como uma roupa que ficou muito curta.
d) ... desperdiçamos o maior recurso que temos.
e ) O que fazer com a segunda vida que ganhamos.
2 Por que o filósofo afirma “não estamos prontos para essa nova realidade”?
Professor(a), essa questão está implícita no texto; espera-se que o estudante consiga

compreender que a sociedade não se preparou para o envelhecimento.

112 CAPÍTULO 10
3 De acordo com Schimmacher, qual o maior recurso desperdiçado?
O maior recurso desperdiçado é o tempo de vida.

4 Quando o entrevistado traz a porcentagem (99,9%) ele se baseia em fato ou opinião?


Opinião, pois não traz dados baseados em pesquisas que justifiquem sua fala.

5 Qual o tema abordado na entrevista?


O envelhecimento da população.

6 Qual a origem do entrevistado?


Ele é alemão.
Leia a notícia a seguir:
Política Nacional do Idoso é um marco para essa faixa etária
Rosalina Rodrigues, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, conta que a política públi-
ca para idosos no Brasil é uma das melhores
O envelhecimento populacional é um fenômeno global. O Ministério da Saúde diz que o
Brasil tinha a quinta maior população idosa do mundo em 2016. Segundo o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), chegou a 29,6 milhões o número de pessoas acima dos 60
anos de idade.
A professora ainda fala sobre os impactos econômicos e sociais do envelhecimento. Uma
das medidas são os projetos sociais, que são procurados por idosos e que podem minimizar a
sensação de solidão para essa população.
Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/politica-nacional-do-idoso-e-um-marco-para-essa-
faixa-etaria/. Acesso em: 17 jun. 2023.

7 Qual o tema da notícia?


Informar sobre o envelhecimento populacional.

8 Sobre o que fala a professora Rosalina Rodrigues?


Os impactos econômicos e sociais do envelhecimento.

9 Compare a entrevista com o filósofo alemão e a notícia sobre a Política Nacional do Idoso.
Qual a finalidade de cada um dos textos?
A entrevista tem a finalidade de trazer o “olhar” de alguém sobre um tema; a notícia tem a

finalidade de informar sobre um tema.

10 Como os dois textos tratam a informação do envelhecimento da população?


O primeiro traz o ponto de vista de um filósofo sobre o envelhecimento e diz que não estamos

preparados para isso, a segunda aborda dados sobre o envelhecimento, sobretudo no Brasil.

Pit stop 3
Na entrevista por ser um gênero oral, muitas vezes, utiliza-se a linguagem informal; no entan-
to, para ser publicada, ela é transcrita e editada, passando a utilizar-se a norma-padrão da língua.

Voltando para a pista


Texto1
“Exijo justiça ao grupo de escritores de minha geração”, afirma
Lygia Fagundes Telles
Edição do mês
LÍNGUA PORTUGUESA

Fábio Lucas e Manuel da Costa Pinto


3 de abril de 2022
Lygia Fagundes Telles nos recebeu em seu apartamento, no bairro paulistano dos Jar-
dins, para uma entrevista que deveria ter como tema a reedição de sua obra pela Rocco e o

113
lançamento de seu próximo livro, cujo título provisório é Invenção e memória. Antes de entrar
em assuntos mais literários, porém, Lygia disse que gostaria de falar sobre os problemas so-
ciais do país, fazendo então uma apologia do compromisso do escritor num mundo em que
o flagelo da miséria e a falência do sistema educacional ameaçam a sobrevivência da própria
cultura (e não apenas em sentido literário ou estético). Nenhuma surpresa nessa profissão de
fé. Afinal, se a autora de As meninas ajudou a estabelecer uma dicção autenticamente feminina
dentro da prosa brasileira, Lygia sempre teve consciência de que o espaço ficcional por ela
reivindicado tinha uma dimensão política profunda. Foi sobre essas oscilações entre subjeti-
vidade e engajamento sempre filtradas pelo imaginário afetivo e intelectual de quem mandava
cartas sentimentais para ícones da literatura brasileira como Drummond e Érico Veríssimo
que Lygia Fagundes Telles nos falou nesta entrevista à Cult.
[...]
Essa atitude do escritor sair falando sobre questões de seu tempo remonta ao romantismo.
Castro Alves fazia proclamações a favor da libertação dos escravos. O escritor tinha participa-
ção social muito importante e a sua geração repetia isso. Os escritores de hoje são omissos?
Sim, existe essa ausência e por isso eu exijo que se faça justiça a esse grupo do qual participei,
que se faça justiça a esse alerta que fazíamos. Era como se estivéssemos adivinhando o que
acontece hoje, esse horror pois a violência, a boçalidade e a vulgaridade desse país nascem da
ignorância. Eu sempre tive essa preocupação ética. Em Disciplina do amor, de 1982, eu digo
que há três espécies no Brasil em processo de extinção: a árvore, o índio e o escritor. Quanto
à árvore e ao índio, trata-se de um lugar-comum (mas eu gosto de repetir as coisas primárias,
elementares). Quanto ao escritor a resposta está nos pais dormindo ao relento por uma vaga
na escola. Para quem escreve e para quem vai escrever o escritor num país desses? Nesse
sentido, minha literatura é engajada. Eu sempre me dediquei com a maior devoção a essa
temática do Terceiro Mundo. Espero que tenha ficado alguma coisa.
[...]
Hoje os meios de comunicação tornam o diálogo entre as pessoas instantâneo e
há um gênero literário que pode até desaparecer: as cartas. Mas a sra. escreveu mui-
tas cartas que provavelmente vão se incorporar a seu acervo literário. O que é discuti-
do nessas correspondências assuntos eruditos ou temas de interesse mais emocional,
confessional? Com quais escritores a sra. manteve correspondência mais constante?
Na juventude, tive dois grandes amigos Érico Veríssimo e Carlos Drummond de Andrade
que foram maravilhosos e me deram confiança ao responderem minhas cartas. Eu era muito
jovem, não tratava de assuntos transcendentais; ainda não tinha entrado nessa fase da juven-
tude posterior ao curso da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em que comecei
a escrever e em que comecei a ter aquelas preocupações que me levaram a fazer as viagens
pelo interior.
[...]
Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/entrevista-lygia-fagundes-telles/.
Acesso em: 9 jun. 2023.

1 Onde foi feita a entrevista? Professor(a), caso os estudantes


não conheçam Lygia Fagundes
No apartamento da entrevistada, no bairro dos Jardins, em São Paulo. Telles, apresente a escritora, diga
que é uma das grandes referências
da literatura nacional, romancista e
2 A entrevista foi feita de maneira presencial ou a distância? contista, representante do pós-mo-
Foi feita presencialmente. dernismo. Membro da Academia
Paulista de Letras e da Academia
Brasileira de Letras.
3 Quem é a entrevistada? Você a conhece?
A escritora Lygia Fagundes Telles.

4 Analise o trecho a seguir e justifique a relação de causa e consequência causada pela con-
junção “porém”.

Antes de entrar em assuntos mais literários, porém, Lygia disse que gostaria de falar
sobre os problemas sociais do país [...]

Espera-se que o estudante perceba que o uso da conjunção estabelece uma relação de

oposição/ressalva em relação ao que foi dito antes.

114 CAPÍTULO 10
Texto 2

Clarice Lispector, de onde veio esse Lispector?


É um nome latino, não é? Eu perguntei a meu pai desde quando havia Lispector na Ucrânia.
Ele disse que há gerações e gerações anteriores. Eu suponho que o nome foi rolando,
rolando, rolando, perdendo algumas sílabas e foi formando outra coisa que parece “Lis”
e “peito”, em latim. É um nome que quando escrevi meu primeiro livro, Sérgio Milliet (eu
era completamente desconhecida, é claro) diz assim: “Essa escritora de nome desagradável,
certamente um pseudônimo…”. Não era, era meu nome mesmo.
[...]
Quando a jovem, praticamente adolescente Clarice Lispector, descobre que realmente é a
literatura aquele campo de criação humana que mais a atrai, a jovem Clarice tem algum obje-
tivo específico ou apenas escrever, sem determinar um tipo de público?
Apenas escrever.
Você poderia nos dar uma ideia do que era a produção da adolescente Clarice Lispector?
Caótica. Intensa. Inteiramente fora da realidade da vida.
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/genero-textual-entrevista/. Acesso em: 9 jun. 2023.

5 Qual a origem no nome Lispector?


É um nome latino, que circulava na Ucrânia.

6 Qual o objetivo da entrevistada? Professor(a), Clarice Lispector foi


Apenas escrever. uma escritora e jornalista, que nas-
ceu na Ucrânia, que viveu no Brasil
muitos anos, escreveu romances,
7 O que os textos 1 e 2 têm em comum? contos e ensaios, e é considerada
uma das grandes escritoras brasi-
Ambos entrevistam escritoras, Lygia Fagundes Telles e Clarice Lispector. leiras.

Cruzando a linha
As entrevistas também podem ser citadas ao longo de notícias e reportagens, então o
jornalista insere o que alguém está citando entre aspas, demonstrando, assim, que é a fala
ou pensamento dessa pessoa.

Veja um exemplo de citações inserida em uma notícia.


E’LAST mostra k-pop sombrio ao Brasil: “Só nos deixamos levar
pela atmosfera”

Apesar de hits sóbrios como “Dark Dream”, grupo promete


descontrair o clima no palco
Omelete
3 min de leitura
CAIO COLETTI
18.10.2022, ÀS 06H00
Quem vê o E’LAST apenas nos clipes de seus maiores sucessos, como “Dark Dream” e o
recente “Creature”, pode acabar formando uma ideia dos oito integrantes do grupo de k-pop
como artistas sérios, com tendências teatrais e por vezes sensuais, claro - mas dificilmente o
que você descreveria como “descontraídos”. É uma impressão que o dançarino Choi In, inte-
grante mais velho do grupo (aos 26 anos), se apressa para dispersar.
“Quando nos reunimos para pensar no conceito que se encaixa melhor com a nossa música,
que melhor expressa o nosso ponto de vista sobre ela, naturalmente gravitamos para visuais
sombrios e sentimentos pesados”, admite ele. “Mas não é a única coisa que somos capazes de
LÍNGUA PORTUGUESA

fazer, como mostramos com o conceito mais colorido e leve de ‘To.Lie’. Temos muitos charmes
que ainda não mostramos, então vai ser divertido ver o que há pela frente para o grupo!”.
Disponível em: https://www.omelete.com.br/k-pop/elast-entrevista-show. Acesso em: 9 jun. 2023

115
1 A qual gênero pertence o texto lido?
Notícia, que cita trechos de uma entrevista.

2 Quem foi entrevistado?


O grupo k-pop E’Last.

3 Onde a notícia foi publicada?


No portal Omelete.

4 Qual a diferença entre as entrevistas lidas ao longo desta unidade e o trecho de entrevista lido
na matéria anterior?
As entrevistas eram feitas no formato de perguntas e respostas; nessa, só temos respostas

colocadas entre aspas, a pergunta fica subentendida.

5 Nas entrevistas lidas, foi utilizada a linguagem padrão da língua portuguesa, por quê?
Porque são entrevistas escritas, por mais que os entrevistados usem a linguagem informal

durante a entrevista, ao ser editada, utiliza-se a norma-padrão da língua, de acordo com

o suporte.

6 Observe a imagem a seguir:

Robert Goebel/Alamy/Fotoarena

• Qual o tema retratado na imagem?


A dependência do uso de dispositivos de comunicação/internet

• Elabore um parágrafo de no mínimo 5 e no máximo 10 linhas, expondo sua opinião sobre


a dependência das pessoas das redes sociais.
Não se esqueça de que sua opinião deve ser apoiada em argumentos, baseados em dados,
fatos e pesquisa.

116 CAPÍTULO 10
• Que tal, agora, planejar uma entrevista? Para isso, você deverá pesquisar sobre a pessoa
que quer entrevistar, lendo outras entrevistas e publicações sobre quem você gostaria que
fosse seu entrevistado. Elabore um roteiro de perguntas, com pelo menos 5 perguntas e no
máximo 10.

Anotações

LÍNGUA PORTUGUESA

117
Prepara Saeb
Identificar o tema de um texto.
Leia um fragmento do texto “Terra e Cidadania”, do soció-
seu desenvolvimento por problemas como obesidade, ou
logo Herbert de Souza, o Betinho, articulador nacional da exposição precoce a formas adultas de erotização. As pes-
“Ação pela Cidadania” e coordenador da “Campanha Nacio- quisas apontam que as crianças influenciam no consumo
nal pela Reforma Agrária”. das famílias.
[*] Estatuto da Criança e do Adolescente
Muitas reformas se fizeram para dividir a terra, para
torná-la de muitos e, quem sabe, até de todas as pessoas. Disponível em: http://www.jornalufgonline.ufg.br/pages/41687-
impactos-da-publicidade-infantil-ainda-sao-pouco-discutidos-
Mas isso não aconteceu em todos os lugares. A democracia
pela-sociedade. Acesso em: nov. 2012.
esbarrou na cerca e se feriu nos seus arames farpados. O
mundo está evidentemente atrasado. Onde se fez a reforma,
o progresso chegou. Mas a verdade é que até agora a cer- 2. Para defender o seu ponto de vista, a locutora usa como
ca venceu, o que nasceu para todas as pessoas, em poucas argumento principal o fato de que:
mãos ainda está. a) O Brasil possui leis suficientes que falam da publicidade.
No Brasil, a terra, também cercada, está no centro da b) A constituição federal garante os direitos das crianças.
história. Os pedaços que foram democratizados custaram
c) As crianças têm o seu desenvolvimento prejudicado
muito sangue, dor e sofrimento. Virou poder de Portugal,
pela obesidade e pela erotização.
dos coronéis, dos grandes grupos, virou privilégio, poder
político, base da exclusão, força de apartheid*. Nas cidades d) As crianças influenciam o consumo das famílias.
virou mansões e favelas. Virou absurdo sem limites, tabu. Gabarito: A
Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos
Mas é tanta, é tão grande, tão produtiva, que a cerca tre- para sustentá-la.
me, os limites se rompem, a história muda e ao longo do A escola do século 21
tempo o momento chega para pensar diferente: a terra é A estrutura atual das escolas é do século 19, o currículo
bem planetário, não pode ser privilégio de ninguém, é bem do século 20, e os alunos, do século 21. Alguma dúvida de
social e não privado, é patrimônio da humanidade e não que já passou a hora de mudarmos a nossa escola?
arma do egoísmo particular de ninguém. É para produzir, Vamos por partes, começando pelo final da pergunta.
gerar alimentos, empregos, viver. É bem de todos para to- Sim, nossa escola. Melhorar a Educação é tarefa de todos
dos. Esse é o único destino possível para a terra. nós, de toda a sociedade. O artigo 205 da Constituição Fede-
*APARTHEID: violenta política de segregação racial da ral diz que a Educação é direito de todos e dever do Estado e
África do Sul, pela qual os negros eram considerados infe- da família, com a colaboração da sociedade. Então, mesmo
riores aos brancos. que você não seja da área, esse assunto também é seu, pois
SOUZA, Herbert de. Terra e cidadania.
diz respeito à sociedade que estamos construindo.
Disponível em: http: www.ibase.org.br/betinho_especial/ E sobre mudar a escola? Todos nós passamos por ela, e
com_a_palavra/terra_cidadania.htm. Acesso em: 21 abr. 2011. por vários anos. Então temos referências muito fortes a res-
peito do que ela é: aulas com tempo de duração fixo; pro-
1. O autor defende a democratização da terra porque ela fessores cuja função é ensinar; alunos que não aprendem
do jeito como foram ensinados repetem o ano, e assim por
a) é um bem social e não privado.
diante. Como a escola “deu certo” para a maioria de nós –
b) é muito grande e produtiva. ou assim acreditamos –, o modelo se mantém sem muito
c) foi tema de revoltas. espaço para inovações.
d) pode gerar alimentos e empregos. No entanto, neste momento a mudança é imperativa. A
Gabarito: A tecnologia avança aceleradamente, os interesses dos alu-
Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos nos são outros, a sociedade é mais complexa, e a economia,
para sustentá-la.
mais interdependente. Nos últimos anos, a humanidade
Desde 2001, discute-se a proposição de uma lei para re-
produziu muitos conhecimentos que têm pouco espaço no
gular a publicidade dirigida às crianças no Brasil. Acerca
currículo atual. E, por fim, o mercado de trabalho exige no-
desse tema, leia a opinião da psicóloga e professora da PUC
vas competências.
Goiás Malu Moura.
Além desses fatores externos, a mudança se faz necessá-
O Brasil possui leis suficientes que falam da publicida-
ria também pelo fato de o atual sistema não conseguir ga-
de e dos serviços dirigidos à criança. Vale mencionar a
rantir efetivamente o aprendizado para a maioria de nossos
Constituição federal, que declara ser dever do Estado, da
alunos. No Brasil, apenas metade das crianças são plena-
família e da sociedade proteger as crianças. Já o *ECA pre-
mente alfabetizadas até os 8 anos de idade, e só 10% dos
vê medidas claras de proteção às crianças e adolescentes.
jovens que concluem o ensino médio aprendem o mínimo
Temos também tratados e acordos internacionais que res-
adequado em matemática. Além disso, nem todos os que
guardam os direitos infantis. Logo, o problema não é legal.
entram na escola chegam a concluir a Educação Básica, es-
O desafio está em criar condições culturais e sociais de
sencialmente porque não conseguiram avançar nos estudos
respeito a esse público. As crianças são prejudicadas em
e acabam por desistir.

118 CAPÍTULO 10
Prepara Saeb
Algo está muito errado, e é preciso mudar. O diagnóstico a) “Vivemos uma espécie de epidemia de mal-estar: ” (Linha 3)
está aí. É impossível não perceber que esse não é o cami- b) “É grave, ficamos vulneráveis a ela [à depressão]” (Linha 7)
nho. c) “É como se a vida fosse uma calçada esburacada. ” (Linha 9)
Não acredito que agora devamos ir para o outro extremo, d) “Dá para controlar a queda, se segurar etc.” (Linhas 10-11)
quebrar todos os muros e inverter totalmente os papéis. Gabarito: A
Mas é preciso começar a andar por outros caminhos, en- Identificar a tese de um texto.
contrar as fórmulas brasileiras de fazer uma educação ade- [...] Se o mundo de hoje choca pela violência, é bom lem-
quada para o século 21. Há experiências e estudos por aqui brar que, no passado, não foi diferente. O que fazia o mun-
e pelo mundo que podem nos ajudar nessa busca. do maior e mais tranquilo era a falta de notícias. Nestes dias
CRUZ, Priscila. 27 maio 2014. Disponível em: http://oglobo.globo. de jornalismo eletrônico, democratizou-se a informação. Os
com/blogs/priscila-cruz/. Acesso em: 7 jun. 2015. conflitos sempre existiram, agora são veiculados com ex-
traordinária rapidez [...].
3. A autora defende a tese de que é imperativo mudar a escola. LOUREIRO, José. Sociedade das crianças mortas. Jornal do Brasil,
Qual dos argumentos utilizados por ela é baseado em fatos Rio de Janeiro, n. 47, maio 1990.
concretos, irrefutáveis?
a) “A tecnologia avança aceleradamente, os interesses dos 5. A tese do texto é:
alunos são outros, a sociedade é mais complexa, e a a) A democratização das informações tornou mais rápida
economia, mais interdependente.” a divulgação dos conflitos.
b) A veiculação de informações sobre os conflitos choca as
b) “O atual sistema não consegue garantir efetivamente o
pessoas pela violência.
aprendizado para a maioria de nossos alunos.”
c) O jornalismo eletrônico democratizou os conflitos com
c) “No Brasil, apenas metade das crianças são plenamen-
extraordinária rapidez.
te alfabetizadas até os 8 anos de idade, e só 10% dos
d) O jornalismo eletrônico prioriza a veiculação de infor-
jovens que concluem o ensino médio aprendem o míni- mações sobre os conflitos.
mo adequado em matemática.” Gabarito: A
Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto,
d) “Nos últimos anos, a humanidade produziu muitos co- marcadas por conjunções, advérbios, etc.
nhecimentos que têm pouco espaço no currículo atual.” Você acha que deve existir censura
Gabarito: C na televisão?
Identificar a tese de um texto.
SIM. A televisão está piorando a cada dia.
Como lidar com a tristeza
Um meio de comunicação de tamanha importância e in-
A Organização Mundial da Saúde aposta que em 2030 a fluência só deveria ser usado de forma educativa, informati-
depressão já será a doença mais comum do mundo, à frente va e de lazer, mas infelizmente não é isso que estamos ven-
de problemas cardíacos e câncer. Vivemos uma espécie de do. Muito ao contrário do ideal, a tevê só sabe nos passar
epidemia de mal-estar: há mais pessoas deprimidas do que violência e desgraça, além de, ultimamente, estar apelando
nunca. Ironicamente, justo em uma época em que a busca
para a pornografia que, inclusive, invade as telas no meio
pela felicidade é algo quase obrigatório. Você conhece al-
das tardes, principalmente aos domingos.
guém que não queira ser feliz? Soa bizarro e anacrônico.
Nosso estilo de vida gera angústia e tristeza – que podem Está certo que hoje em dia a educação das crianças é di-
levar à depressão. É grave, ficamos vulneráveis a ela, com ferente de alguns anos atrás, mas é preciso limite para tudo,
o risco maior de cair no abismo: passar a barreira dos sin- e a televisão se esquece disso quando se trata de ganhar
tomas leves e entrar numa depressão profunda. É como se pontos no Ibope.
a vida fosse uma calçada esburacada – nem todo mundo VOCÊ acha que deve existir censura na televisão?
que tropeça cai e se arrebenta. Dá para controlar a queda, Atrevida, São Paulo, ano 4, n. 43, mar. 1998.
se segurar etc. [...] O problema é quando você não conse-
gue superar a crise. Sem saber como reagir à dor, mergulha 6. A passagem do texto que constitui uma concessão na argu-
numa tristeza que paralisa.
mentação da autora é:
CASTRO, Carol. Superinteressante, jun. 2013. (Fragmento).
a) “A televisão está piorando a cada dia.”
Disponível em: http://super.abril.com.br/comportamento/
como-lidar-com-a-tristeza. Acesso em: 20 ago. 2016.
b) “Só deveria ser usado de forma educativa, informativa e
de lazer...”
4. Ao se posicionar sobre um determinado tema, em um texto c) “Hoje em dia a educação das crianças é diferente de al-
LÍNGUA PORTUGUESA

dissertativo, o autor formula uma tese. Qual é a passagem guns anos atrás...”
do texto que a identifica? d) “É preciso limite para tudo...”
Gabarito: C

119
Prepara Saeb
Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para
sustentá-la.
E SE O GOOGLE MORRER? A criança se arrebenta contra o muro. A motocicleta, sem
O que aconteceria com os dados armazenados no Gmail? controle, passa sobre o segundo, cai sobre o terceiro. Há
E as informações arquivadas no Orkut? Ou os documentos fratura exposta, osso quebrado? Ao final de cada cena, a TV
criados com seu Office? nos ensina a gargalhar.
Relaxe, pois as chances de o Google falir são muito pe- É a TV, construindo o homem indolor. É anestesia social,
quenas. Durante os anos 1990, a cada ano um novo site de indiferença ao outro. Lembra Coliseus do Império Romano
buscas vinha ao ar, desbancando outro. Até que chegou o onde a vítima era entregue às feras, sob aplausos da plateia.
Google. Do ponto de vista da tecnologia, os sistemas de Dor social, essa nos toque também. Estamos educando ge-
busca modernos são equivalentes. Mas é o contínuo clicar rações para o homem socialmente indolor.
em links de buscas que alimenta esses sites. Quem tiver NÓBREGA, F. Pereira. O homem indolor. Jornal Correio da
mais usuários selecionando os melhores links a toda hora Paraíba, 2005. (Fragmento).
terá, consequentemente, o melhor sistema.
Mas uma tecnologia de busca revolucionária é sempre 8. Assinale a passagem que sintetiza a opinião central defen-
possível. Na remota possibilidade de o Google não conse- dida pelo texto.
guir se adaptar a um competidor que surja do nada, ainda
a) Ao final de cada cena, a TV nos ensina a gargalhar.
assim os riscos de falência são mínimos. O Yahoo!, longín-
quo segundo lugar na categoria sites de busca, arrecada b) Estamos educando gerações para o homem socialmen-
US$ 100 milhões por mês. É uma empresa extremamente te indolor.
rentável. Cair para segundo ou terceiro não comprometeria c) Mas, alguma vez, nelas o trágico expulsa o cômico.
as chances de sobrevivência do Google. d) O nome desse alarme social é solidariedade, compro-
Ainda assim, se o pior acontecer, é difícil que serviços misso...
como o Gmail, Orkut e Docs deixem de ser oferecidos. Com Gabarito: B
uma enorme quantidade de usuários, será um produto ex- Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos
tremamente valioso no mercado que, por certo, encontrará para sustentá-la.
Nem a mais, nem a menos
compradores.
Muitas crianças são “chatas” para comer e os pais aca-
GALILEU. São Paulo: Globo, n. 215, p. 55, jun. 2009. bam ficando felizes quando elas se empanturram de batatas
fritas na hora do almoço. Alegam que, pelo menos, elas es-
7. A passagem em que o enunciador apresenta um argumento tão comendo. Mas há um erro grave nesse comportamento.
favorável à sobrevivência do Google é: A criança não precisa simplesmente encher a barriga para
garantir os nutrientes de que necessita para crescer forte e
a) “Durante os anos 1990, a cada ano um novo site de bus-
saudável. O que ela precisa é de uma alimentação diversifi-
cas vinha ao ar, desbancando outro”. cada e balanceada.
b) “Do ponto de vista da tecnologia, os sistemas de busca Uma alimentação balanceada consiste em misturar ele-
modernos são equivalentes”. mentos dos três grupos básicos que compõem a pirâmide
c) “O Yahoo!, longínquo segundo lugar na categoria sites alimentar: carboidratos (massas), proteínas (carnes e lati-
cínios) e fibras (frutas e legumes). A base da pirâmide deve
busca, arrecada US$100 milhões por mês”.
ser formada por carboidratos; a intermediária por fibras; en-
d) “Ainda assim, se o pior acontecer, é difícil que serviços quanto as proteínas e gorduras compõem a parte superior.
como o Gmail, Orkut e Docs deixem de ser oferecidos”. PROTESTE. Rio de Janeiro, Associação Brasileira de Defesa do
Gabarito: C Consumidor, Ano V, n. 46, p. 14, abri. 2006. (Fragmento).
Leia o texto a seguir. Estabelecer relação entre a tese e os
argumentos oferecidos para sustentá-la. 9. O autor do texto defende o seu ponto de vista, sobretudo,
A sociedade precisa de saúde, de alarme, se ela não vai por meio de uma recomendação. Qual alternativa comprova
bem. O nome desse alarme social é solidariedade, compro- essa afirmação?
misso, sensibilidade ao sofrer alheio. a) “A criança não precisa simplesmente encher a barriga para
Também no social, estamos construindo o homem indo- garantir os nutrientes de que necessita para crescer forte e
lor. Esse animal vertical, que somos nós, por vez escorrega saudável.”
e cai. Tomba na horizontal. O fato corriqueiro oscila do cô- b) “A base da pirâmide deve ser formada por carboidratos;
mico ao trágico. Escorregou? Caiu? Não aconteceu nada?
a intermediária por fibras; enquanto as proteínas e gor-
Nossa vontade é de rir.
duras compõem a parte superior.”
O tombo foi grave? Derramou sangue? Quebrou ossos?
c) “Muitas crianças são ‘chatas’ para comer e os pais aca-
Rir-se do trágico é ser brutal. Gosto das videocacetadas.
bam ficando felizes quando elas se empanturram de
Mas, alguma vez, nelas o trágico expulsa o cômico. O tou- batatas fritas...”
ro levantou o homem nos chifres, o jogou no espaço como
d) “Uma alimentação balanceada consiste em misturar ele-
folha de papel. Caiu imóvel. Desmaiou ou morreu? A res-
mentos dos três grupos básicos que compõem a pirâmi-
posta é a gargalhada pré-gravada, coroando a cena.
de alimentar.”
Gabarito: A

120 CAPÍTULO 10
Prepara Saeb
Inferir uma informação implícita em um texto.
Bárbara
A personagem da peça O Amor e Outros Estranhos Rumores incorpora na atriz Débora Falabella e exige: “Quero
uma estrela!”
Bárbara já não é criança há décadas. Exibe, porém, um tom de voz muito doce, quase infantil. Sem nunca sair de casa, passa
os dias à toa, largada numa poltrona e refém dos próprios caprichos.
BRAVO!: Um iPad?
Bárbara: Quero.
Uma cafeteira italiana, um pacote de jujubas, um balão de festa, uma caminhonete 4×4?
Quero, quero! Ele tem de me dar.
Ele quem?
Meu marido. Desde que o conheço, é assim: peço, peço, peço. Às vezes, me contento com miudezas. Outras vezes, exijo imen-
sidões, coisas difíceis de conseguir. E ele sempre me atende. Sempre! Ou melhor: houve uma época – bem longínqua, graças a
Deus – em que cismou de não me escutar. Como reagi à altura, a resistência durou pouco. Tranquei-me num silêncio agressivo,
deixei de comer e definhei tanto que o pobre coitado logo recuou.
O que você já lhe pediu?
Comecei invocando uma jabuticaba. Éramos garotos ainda. “Uma jabuticaba brilhante e madurinha. Eu quero!” Ele trouxe.
Mais tarde, roguei que me arranjasse o ninho de um pica-pau. E um buquê de magnólias recém-colhidas, e mil casulos de bor-
boletas rajadas, e um tapete de pérolas. Ele arrumou. Em seguida, supliquei que buscasse o oceano. Ele viajou para o litoral e
retornou sem graça – ofertou-me apenas uma garrafa cheia de água marinha. Embora decepcionada, aceitei o presente. Fiquei
semanas observando a garrafa e bebericando a água. Uma hora, no entanto, me aborreci daquilo. Aliás, invariavelmente enjoo
de tudo o que peço. Solicitei, então, um baobá. Ele me apareceu com um galho da árvore. “Idiota!”, esbravejei. “Quero a árvore
inteira! Não bastou o fiasco do oceano?” Ele argumentou que um baobá costuma atingir 10 m de altura. “Não me interessa!
Vire-se!” Ele se virou. “Agora, um navio! Quero um transatlântico!” Ele partiu novamente para o litoral e escolheu a maior
embarcação do porto. Mandou que a desmontassem e a conduziu de trem até nossa cidade, tão distante do mar. Hipnotizada,
refugiei-me por meses no convés, como um descobridor de continentes. Mas depois… Neste momento, meu marido deve
estar em busca da estrela que lhe encomendei.
Uma estrela?
Sim. E, quando me cansar dela, vou pedir uma nuvem. Ou a Patagônia. Não decidi…
ANTENORE, Armando. Revista Bravo, ano 13, n. 162, fev. 2011. (Fragmento).

10. Nessa entrevista, a atriz Débora Falabella incorpora Bárbara, a personagem da peça O Amor e Outros Estranhos Rumores e, numa
espécie de relato, narra ao entrevistador fatos que lhe aconteceram. Sobre os elementos dessa narrativa, pode-se afirmar que
a) o perfil da protagonista é explicitado gradativamente por suas características físicas.
b) o ambiente em que os fatos ocorrem é nitidamente percebido no decorrer do relato.
c) o enredo está focado em lembranças e sentimentos da personagem secundária.
d) o narrador onisciente transmite os pensamentos e sentimentos da protagonista.
e) o tempo psicológico, por meio de flashback, segue o fluxo mental da personagem.
Gabarito: E

Anotações
LÍNGUA PORTUGUESA

121
11
VL
AD
GR
IN
/Sh
utt
ers
to c
HISTÓRIA EM QUADRINHOS /

k
TIRINHA

História em quadrinhos (HQ) Habilidades abordadas:


D4 - Identificar elementos da nar-
rativa em história em quadrinhos.
Esquentando os motores... D4 - Inferir informação e tema
em reportagens, poemas, his-
tórias em quadrinhos e tirinhas.
a) Você costuma ler histórias em quadrinhos? D12 - Identificar a finalidade de
textos de diferentes gêneros.
Resposta pessoal. D21 - Reconhecer opiniões
distintas sobre o mesmo tema,
na comparação entre diferentes
textos. D16 - Identificar efeitos
b) Qual sua história em quadrinhos preferida? Justifique sua resposta. de ironia ou humor em textos
variados. D17 - Reconhecer o
Resposta pessoal. efeito de sentido decorrente do
uso da pontuação e de outras
notações. D18 - Reconhecer o
efeito de sentido decorrente da
escolha de uma determinada pa-
c) Qual o objetivo das histórias em quadrinhos? lavra ou expressão. D16 - Inferir
informação, o sentido e o efeito
Incentivar o gosto pela leitura, além de contar histórias ficcionais por meio de um texto de sentido produzido por deter-
minada palavra ou expressão em
misto (verbal e não-verbal). reportagens e tirinhas.
D19 - Reconhecer relações
de sentido marcadas por con-
© Mauricio de Sousa/Mauricio de Sousa Editora Ltda.

junções, a relação de causa e


consequência e a relação entre
o pronome e seu referente em
diferentes gêneros. D18 - Inferir
o efeito de sentido da linguagem
verbal e não verbal e o efeito de
humor em tirinhas. D13 - Iden-
tificar as marcas linguísticas
que evidenciam o locutor e o
interlocutor de um texto. Inferir o
sentido de palavra ou expressão.
Identificar elementos da narra-
tiva. Reconhecer ideia comum
entre textos de gêneros diferen-
tes. Estabelecer relações entre
partes de um texto, identificando
repetições ou substituições que
contribuem para continuidade
do texto. Identificar conflito
gerador do enredo e elementos
que constroem a narrativa. Reco-
nhecer efeito de sentido decor-
rente de escolha de palavras ou
expressão. Reconhecer o efeito
de sentido decorrente do uso da
pontuação e de outras notações.

Disponível em https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2019/06/25/mauricio-de-sousa
-lanca-novo-quadrinho-com-turma-da-monica-com-12-anos.htm Acesso: em 9 jun. 2023.

d) Você já leu alguma das histórias em quadrinho da Turma da Mônica?


Resposta pessoal.

122
Pit stop 1
Maurício de Sousa é o criador da Turma da Mônica, ele é um dos mais famosos cartunistas
do país, as personagens Mônica e Magali foram inspiradas nas filhas do autor.

As histórias em quadrinhos são um gênero que se origina na esfera jornalística, pois,


inicialmente, os quadrinhos eram publicados em jornais, somente depois de populariza-
rem-se é que começaram a ganhar edições próprias em forma de revistinha/gibi.

Voltando para a pista


• Leia um trecho da história em quadrinhos, Turma da Mônica Jovem.

© Mauricio de Sousa/Mauricio de Sousa Editora Ltda.


Professor(a), antes da leitura,
retome com os estudantes o con-
ceito de adequação linguística ao
contexto e gênero, por se tratar de
uma conversa entre jovens, o uso
de “mano”, ”pra” é permitido de
acordo com a informalidade nesse
contexto. Caso ache conveniente,
solicite a reescrita, utilizando a
linguagem formal da língua.

LÍNGUA PORTUGUESA

Disponível em: https://i.pinimg.com/originals/5b/c8/b8/5bc8b8fe3bec27b1817fe8850e4fc9ba.jpg.


Acesso em: 10 jun. 2023.

123
a) Você sabe quem são as personagens?
São personagens da Turma da Mônica Jovem: Mônica, Cascão e Cebolinha.

b) O que eles estão comemorando?


Os 50 anos da personagem do Cebolinha.

c) No terceiro quadrinho, além da imagem do rapaz, o formato do balão é diferente dos


demais. Para que o autor utilizou esse tipo de balão?
Ele indica que a personagem está gritando.

d) No último quadrinho, a fala do Cascão inicia-se com a conjunção “e”. Que tipo de relação
de sentido ela estabelece com a fala do balão no quadrinho anterior?
A conjunção “e” é um conectivo que indica adição de uma informação. No quadrinho indica

um acréscimo na informação do balão anterior.

e) Infira o significado de “são anos de personagem, não de idade!!!”


Significa que a personagem está completando 50 anos, não a pessoa.

f ) Quais os elementos da narrativa presentes na história lida?


Personagens, enredo, espaço.

g) Qual o conflito gerador da história em quadrinhos?


A preparação de uma festa surpresa.

2 Leia o texto a seguir:


Rafa Kalimann é surpreendida com festa cheia de famosos
e agradece: ‘’Sentimento tão bom’’
Famosas como Juliette, Camila Queiroz, Deborah Secco e Vitória Strada se reuniram
na casa de Rafa Kalimann para celebrar o aniversário de 30 anos da ex-BBB
A influenciadora digital Rafa Kalimann completou mais um ano de vida no último
domingo, 02, e foi surpreendida ao chegar em casa após viagem com seu novo affair para
a Amazônia!
Ao chegar em casa na noite de segunda-feira, 03, a ex-BBB ganhou uma festa surpresa
de seus amigos no Rio de Janeiro.
Disponível em: https://caras.uol.com.br/datas-especiais/rafa-kalimann-e-surpreendida-com-festa-
-cheia-de-famosos-e-agradece-sentimento-tao-bom.phtml Acesso em: 18 jun. 2023.

a) Qual a ideia comum tratada na história em quadrinhos e na notícia?


A ideia de fazer uma festa surpresa para um amigo.

b) Sabemos que um texto bem escrito evita repetições desnecessárias. O termo “ex-BBB”
evita a repetição de qual termo?
A influenciadora digital Rafa Kalimann.

c) Qual o significado do uso das reticências na fala da personagem Mônica?


Indica que ela parou para pensar o que vai dizer para Cebolinha.

Pit stop 2
Os quadrinhos são histórias narrativas que possuem narrador, personagem, tempo, espaço
e desfecho da narrativa, e, devido a essa estrutura, muitos quadrinhos viraram enredo de filmes
ao longo dos tempos e são sucesso nos cinemas.

124 CAPÍTULO 11
Voltando para a pista
1 Agora, é com você! Pesquise para responder às perguntas abaixo. Professor(a), antes de fazer a ati-
vidade a seguir, organize os estu-
a) Qual a origem dos quadrinhos? dantes em pequenos grupos, para
fazerem a pesquisa; se possível,
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que as HQ surgiram nos Estados leve-os ao laboratório de informá-
tica ou peça que façam a atividade
Unidos e na Europa quase que simultaneamente, nos Estados Unidos, tiveram grande em casa. Depois, organize-os para
socializar a pesquisa.
importância no período da Grande Recessão, e no pós-guerra, servindo de entretenimento,

surge a HQ do Capitão América.

b) Quais histórias em quadrinhos são sucesso no mundo?


Resposta pessoal. Sugestão de resposta: Mickey Mouse, Super-homem, Homem-aranha,

Batman, entre outros.

c) Existe alguma história em quadrinho brasileira que faz sucesso fora do Brasil? Qual?
Sim. A turma da Mônica.

2 Leia o texto a seguir:

© Mauricio de Sousa/Mauricio de Sousa


Editora Ltda.
Disponível em: https://suburbanodigital.blogspot.com/2020/09/tirinha-do-chico-bento-plantando-uma-arvore-de-esperanca.html.
Acesso em: 10 jun. 2023.

• Observe a linguagem utilizada pelos personagens, ela representa uma variante ...
X a) regional da língua. c) formal da língua.
b) padrão da língua. d) histórica da língua.
3 Leia a notícia a seguir:
Alertas de desmatamento na Amazônia caem 68% em abril,
diz Inpe
Foram identificados 329 quilômetros quadrados com indícios de desmate
Por Agência Brasil 13 maio 2023, 09h11
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram queda de 67,9% em abril deste ano em
comparação ao mesmo mês de 2022, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espa-
ciais (Inpe) divulgados nesta sexta-feira (12).
Foram identificados 329 quilômetros quadrados com indícios de desmatamento, a menor
taxa dos últimos três anos, de acordo com o Greenpeace. Em abril de 2022, os alertas ultrapas-
saram mil quilômetros quadrados, de acordo com a organização.
[...]
Disponível em: https://veja.abril.com.br/brasil/alertas-de-desmatamento-na-amazonia-caem-68-em-
-abril-diz-inpe/. Acesso em: 10 jun. 2023.

Qual o tema abordado no trecho lido e na história em quadrinhos da atividade anterior.


Têm em comum o desmatamento e a esperança de dias melhores.
LÍNGUA PORTUGUESA

125
Pit stop 3
Os balões das histórias em quadrinhos (HQ) são de diferentes formatos, você já reparou?
Sabe o que isso significa? Os balões têm significados, são usados para demonstrar falas, sussur-
ros, gritos, impropérios, pensamentos dos personagens.

Disponível em: https://pixabay.com/pt/vectors/bal%C3%B5es-golpe-impensado-quadrinho-1187260/. Acesso: em 10 jun. 2023. Pixaline/Pixabay

1 Identifique o significado de cada balão a seguir:

Fala

Pensamento

Sussurro (voz baixa)

Grito (voz alta)

126 CAPÍTULO 11
Leia a história a seguir e responda às questões propostas:

Hidaiana Rosa/fb.com/LinaAAdolescente
Disponível em: https://www.blogdahida.com/2016/03/adolescencia-em-quadrinhos.html. Acesso em: 15 jun. 2023.

• O que a personagem do terceiro quadrinho entende da resposta da colega?


Entende que “sozinha” é triste e pergunta a si: “será que ninguém quis ir com ela?”

• Como sabemos que a personagem que vai sozinha se sente na verdade?


Sabemos pelo formato do balão de pensamento, que mostra que a personagem está pensando

enquanto sorri.
Leia a história a seguir e responda às questões propostas:
Hidaiana Rosa/Acervo da cartunista

LÍNGUA PORTUGUESA

Disponível em: https://www.blogdahida.com/2016/03/adolescencia-em-quadrinhos.html. Acesso em: 15 jun. 2023.

• Qual o motivo do desespero da personagem?


A personagem ficou desesperada porque está sem conexão.

127
Pit stop 4
As histórias em quadrinhos japonesas são chamadas de “mangás”. Diferentemente das HQ
lidas no Brasil (com leitura da esquerda para direita), no mangá, a leitura dá-se da direita para
esquerda. Características como desenhos com expressões faciais bem marcadas e olhos gran-
des marcam as personagens. Existem vários tipos de mangás, voltados para diferentes públi-
cos: infantil, jovens e adultos. Abordam diferentes temas: aventura, ficção, mistério, fantasia,
ação, etc.

Jemastock/Shutterstock

Olhos grandes das heroínas de mangás, Luyten, 2012, p. 72. Disponível https://profletras.letras.ufmg.br/arquivos/Disserta%-
C3%A7%C3%A3o-%20defendida.pdf. Acesso em: 15 jun. 2023.

Voltando para a pista Professor (a) organize a sala em


pequenos grupos para que possam
pesquisar sobre mangás. A pes-
1 Organizem-se em grupos para fazer uma pesquisa sobre mangás; cada grupo deverá es- quisa pode ser feita em casa ou na
escola, caso seja possível o acesso
colher um item da lista a seguir para pesquisar. Depois, os grupos deverão apresentar as à internet. Oriente que cada grupo
deverá pesquisar um item sobre o
pesquisas para sala. mangá e fazer anotações para, pos-
teriormente, apresentar a pesquisa
• A origem do mangá. para a turma.

• Principais características.

• Quais são os mangás mais famosos.

• Quais produtos originaram-se dos mangás.

128 CAPÍTULO 11
Habilidades abordadas: D4 - Identificar elementos da narrativa em história em
quadrinhos. D4 - Inferir informação e tema em reportagens, poemas, histórias em
quadrinhos e tirinhas. D12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.
D21 - Reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo tema, na comparação entre
Tirinha diferentes textos. D16 - Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.
D17 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras
notações. D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma
Esquentando os motores... determinada palavra ou expressão. D16 - Inferir informação, o sentido e o efeito de
sentido produzido por determinada palavra ou expressão em reportagens e tirinhas.
D19 - Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunções, a relação de causa
1 Onde circulam as tirinhas? e consequência e a relação entre o pronome e seu referente em diferentes gêneros.
Em jornais e revistas, também costumam aparecer bastante para interpretação em avaliações como Enem e em vestibulares.

2 Você costuma ler tirinhas?


Resposta pessoal.

As tirinhas são um gênero da esfera jornalística, utilizam texto verbal e não verbal para transmitir uma mensagem, fazer
críticas, com humor, a situações do cotidiano. Apresentam os elementos da narrativa: personagem, narrador, tempo e espaço,
são formadas por um conjunto de cartuns.
D18 - Inferir o efeito de sentido da linguagem verbal e não verbal e o efeito de humor em tirinhas. D13 - Iden-
tificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. D21 - Reconhecer a ideia
Voltando para a pista comum entre textos de gêneros diferentes e a ironia em tirinhas. Inferir o efeito de sentido da linguagem
verbal e não verbal e o efeito de humor em tirinhas. Reconhecer o efeito de sentido do humor em tirinhas.
Reconhecer efeito de sentido decorrente de escolha de palavras ou expressão. Estabelecer relação entre
Leia a tira a seguir: parte de um texto identificando repetições ou substituições que contribuem para continuidade do texto.

IEI Brasil/ICS/Natalia de Souza Flores, Cristiane Bergamini, Gabrielle Adabo, Izana Vilela, Rodolfo Gomes

LÍNGUA PORTUGUESA

Disponível em: https://iei-brasil.org/2021/11/25/superee-apagao1/. Acesso em: 10 jun. 2023.

129
Pit stop 4
Você conhece a heroína EE (Eficiência Energética)? Ela foi criada pela equipe do IEI Brasil
com apoio do Instituto do Clima e Sociedade, que desenvolveram várias tiras para tratar de
problemas relacionados ao desenvolvimento sustentável e sustentabilidade ambiental.

Voltando para a pista


1 Qual o problema é tratado, explicitamente, na tira?
O aumento da conta de luz, devido à deficiência energética.

2 No 4o quadrinho, a quem se refere o pronome “eles”?


Ao vilão e seu ajudante, que aparecem no 3o quadrinho.

3 Com que objetivo aparece a super heroína EE?


Aparece para combater os vilões do desperdício de energia e da conta de luz alta.

Professor(a): solicite aos estudantes que levem para escola a conta de luz dos últimos três meses para
Leia, agora, a notícia a seguir: elaboração de atividade a respeito de como acompanhar o gasto energético.

Arquivo / Agência Brasil


João Pedro Malardo CNN Brasil Business*
Entenda as mudanças na sua conta de luz
com a nova bandeira tarifária
Novo patamar entrará em vigor já em setembro, e reflete
a alta nos custos de geração de energia
em São Paulo 02/09/2021 às 04:30
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou
na terça-feira (31) a criação de uma nova bandeira tarifária,
a Bandeira Escassez Hídrica. Ela reflete os aumentos de cus-
tos de geração de energia em meio à pior crise hídrica em
91 anos e devem impactar a conta de luz.
Mas o que são essas bandeiras tarifárias? Como ficam as
tarifas? Por que a conta de luz está subindo tanto? Como
funciona o bônus anunciado pelo governo? Tire essas e ou- Nova bandeira representa uma alta de alta de 6,78% na conta de luz em
relação à bandeira vermelha patamar 2.
tras dúvidas a seguir:
O que é o sistema de bandeiras tarifárias?
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015, outra época de alta nas contas de luz.
A ideia era tornar as variações nas contas de luz mais transparentes para o consumidor. Antes
do seu estabelecimento, eventuais custos maiores de geração de energia eram repassados
para os consumidores apenas no ano seguinte. Com a mudança, as variações nesses custos
são refletidas nas contas mês a mês.
[...]
Disponível em https://www.cnnbrasil.com.br/economia/entenda-as-mudancas-na-sua-conta-de-luz-
-com-a-nova-bandeira-tarifaria/. Acesso em: 10 jun. 2023.

Compare a tirinha e o trecho da notícia lida e responda às perguntas a seguir:


a) Qual o tema abordado nos dois textos?
Aumento no preço da energia elétrica. Enquanto na tirinha a heroína tenta combater o

aumento, na notícia anuncia-se que o aumento ocorrerá.

b) Onde foi publicada a notícia?


No portal de notícias da CNN.

c) O que pode ser feito para evitar o aumento do consumo de energia?


Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes apontem manter a instalação elétrica

em boas condições, comprar eletrodomésticos e equipamentos com melhor eficiência

energética, não deixar luzes acessas desnecessariamente, etc.

130 CAPÍTULO 11
d) Qual o significado de “escassez”?
Significa falta de algo.

e) No primeiro parágrafo da reportagem, o pronome pessoal “ela” foi usado com qual
intenção?
Substituir o termo bandeira tarifária e evitar repetição desnecessária de palavras.

f ) Agora, vamos entender o gasto energético de sua residência? Você deverá selecionar
contas de luz dos três últimos meses e comparar o quanto foi consumido de energia,
qual mês mais gastou, qual mês menos gastou, e inferir o motivo de um eventual au-
mento de consumo. Registre a seguir o que observou.
Resposta pessoal.

g) Com os dados obtidos na atividade anterior, elabore um infográfico para demonstrar o


consumo de energia em sua residência.

4 Leia a notícia a seguir e faça sua releitura em forma de tirinha:

Oceano Ártico poderá ficar sem gelo na próxima década


O Oceano Ártico poderá ficar sem gelo durante o verão a partir da próxima década, muito
antes do previsto, segundo um artigo científico publicado nesta terça-feira (6). Cientistas de
Coreia do Sul, Canadá e Alemanha utilizaram dados de observação dos anos 1979-2019 para
fazer novas simulações.
[...]
Disponível em: https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2023/06/06/
oceano-artico-podera-ficar-sem-gelo-na-proxima-decada.htm. Acesso em: 15 jun. 2023.
LÍNGUA PORTUGUESA

131
5 Leia a tirinha a seguir e responda à questão proposta:

Lucio/Acervo do cartunista
Disponível em: https://www.folhadelondrina.com.br/folha-2/comece-a-segunda-feira
-com-humor-com-as-tirinhas-3224484e.html?d=1. Acesso em: 19 jun. 2023.

No que consiste o humor na tira?


No fato de o homem desperdiçar um desejo e continuar com três desejos propostos

pelo gênio.

6 Leia a tira a seguir:


Marco Jacobsen

Qual a relação de sentido entre a linguagem verbal e não verbal que gera o humor na tira?
O fato de ser possível ver que estão em uma rádio, e o locutor pedir para apontar o celular para

o QrCode.

132 CAPÍTULO 11
7 Aponte a ironia da tira a seguir:

Danilo Kossoski/Acervo do cartunista


Disponível em: https://br.paipee.com/2019/04/02/20-tirinhas-criativas-que-vao-mudar-o-humor-do-seu-dia/. Acesso em: 19 jun. 2023.

A ironia consiste na metalinguagem, o fato da mãe ter pintado a folhagem ser o tema da tira.

Anotações

LÍNGUA PORTUGUESA

133
12
VL
AD
GR
IN
/Sh
utt
ers
to c
CHARGE / PIADA

Charge Habilidades abordadas: D3 –


Inferir o sentido de uma palavra
ou expressão. D4 – Reconhecer
Esquentando os motores... finalidade e traços de humor em
diferentes gêneros. D12 – Iden-
tificar a finalidade de textos de
1 Responda a estas questões: diferentes gêneros. D13 – Iden-
tificar as marcas linguísticas que
a) O que é charge? evidenciam o locutor e o interlo-
cutor de um texto. Identificar a
Charge é um texto misto que utiliza linguagem verbal e linguagem não verbal. finalidade de textos de diferentes
gêneros. Reconhecer a ideia
b) Qual a finalidade das charges? comum de gêneros diferentes.
Reconhecer efeito de sentido
A finalidade da charge é fazer uma crítica, às vezes bem-humorada ou irônica, sobre um de palavras ou expressões.
Reconhecer relação de sentido
marcada por conjunções, a rela-
tema de relevância social. ção de causa e consequência e
a relação entre o pronome e seu
Dorinho Bastos/Acervo do cartunista

referente em diferentes gêneros.


Identificar marcas linguísticas
que evidenciam o locutor e inter-
locutor de um texto.
D21 – Reconhecer a ideia co-
mum entre textos de gêneros
diferentes e a ironia em tirinhas.
D21 – Reconhecer opiniões di-
vergentes sobre o mesmo tema
em diferentes textos.
D21 – Reconhecer opiniões
distintas sobre o mesmo tema,
na comparação entre diferentes
textos. D16 – Identificar efeitos
de ironia ou humor em textos
variados. D17 – Reconhecer o
efeito de sentido decorrente do
uso da pontuação e de outras
notações. D19 – Reconhecer re-
lações de sentido marcadas por
conjunções, a relação de causa
e consequência e a relação entre
o pronome e seu referente em
diferentes gêneros. D18 – Inferir
o efeito de sentido da linguagem
verbal e não verbal em notícias
e charges. D19 – Reconhecer o
efeito de sentido decorrente da
exploração de recursos ortográfi-
cos e/ou morfossintáticos.

Disponível em: http://www.leg.uefs.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=31.


Acesso em: 11 jun. 2023

Pit stop 1
As charges surgiram na Europa, ao longo do século XIX, tendo como objetivo criticar
ações dos governantes locais. No Brasil, a primeira charge foi publicada também no século
XIX, por Manuel José de Araújo, com o título “A campanha do cujo”, expressando insatisfação
com o governo da época.

134
Dando a largada!
A palavra charge tem origem no francês e significa carregar, exagerar. Utiliza-se nesse gê-
nero a união da linguagem verbal com a não verbal, formando um todo significativo. Em geral,
é publicada em jornais e também é bastante utilizada em avaliações como Enem e vestibulares.

1 Leia os textos a seguir e responda ao que se pede.


Texto 1
Sampa
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa
Disponível em: http://letras.terra.com.br/caetano-veloso. Acesso em: 20 abr. 2012.

Texto 2
Arionauro/Acervo do cartunista

Disponível em: www.conversaafiada.com.br. Acesso em: 16 abr. 2012.

Considerando as diferentes funções sociais dos textos anteriores, pode-se afirmar que...
LÍNGUA PORTUGUESA

X a) ... a busca pelo prazer estético pode ser encontrada na exploração da carga semântica
do texto 1 e no humor do texto 2.
b) ... a linguagem empregada no texto 1 é literária e formal, ao passo que a utilizada no texto 2
é coloquial e informal.

135
c) o acontecimento que deu origem ao texto 2 foi o diálogo intertextual com a música Explique aos alunos que a canção
"Sampa" foi composta por Caetano
“Sampa”, de Caetano Veloso. Veloso e descreve duas importan-
tes avenidas no centro da capital
d) o texto 1 explora caricaturas do cenário social e político, provocando o humor. paulista. Explique também que é
comum no verão alagamentos em
e) os dois textos são literários, pois dialogam com o momento social e histórico em que diversas áreas da cidade.
foram produzidos.

A intertextualidade dá-se quando um texto influencia outro, servindo-lhe de ponto de


partida, ocorrendo uma atualização do texto citado.

2 Analise a charge a seguir:

Dalcio/Acervo
do cartunista
• Ao empregar o trocadilho iphone X iphome, o produtor da charge pretende...
a) ... analisar os padrões de consumo definidos pela indústria midiática.
b) ... contrastar o perfil dos adolescentes de diferentes classes sociais.
X c) ... criticar as desigualdades socioeconômicas do mundo capitalista.
d) ... evidenciar as diferenças de classes da sociedade contemporânea.
e) ... ponderar sobre a real necessidade de se consumir bens e produtos.

O chargista pode buscar inspiração, para criar, em notícias, reportagens e imagens está-
ticas ou em movimento (fotos/vídeos).

3 Analise as imagens a seguir:


Texto 1 Texto 2
Kevin Carter/Sygma/Sygma via Getty Images

Alves/Acervo do cartunista

O texto 1 é a fotografia de uma criança sudanesa que se arrasta em direção a um posto de


alimentação, sendo a cena registrada pelo fotógrafo sul-africano Kevin Carter, em 1993. Foi
adquirida pelo New York Times, ganhou o prêmio Pulitzer de 1994 (mais importante prêmio
jornalístico do mundo) e deu mais resultado que qualquer outra reportagem para chamar
a atenção sobre fome no continente africano.

136 CAPÍTULO 12
• Ao dialogar com a fotografia de Kevin Carte, a charge evidencia o propósito comunicativo
de mostrar que...
a) ... a escassez de alimentos atinge animais e crianças em todo o mundo.
b) ... a falta de alimentos prejudica mais as crianças do que os adultos.
X c) ... a fome, atualmente, pode ser considerada uma problemática mundial.
d) ... a fome coloca, em igualdade de condições, seres humanos e animais.
e) ... o consumismo do mundo ocidental é o responsável pela fome africana.
4 Leia os textos a seguir e responda às questões propostas com base neles.
Texto 1

Gripe: vacinar as crianças também é estratégia


para proteger os idosos
Imunização da população pediátrica tem relevância individual e coletiva, uma vez que evita a
evolução da doença para quadros mais graves e impede a disseminação do vírus

Aplicar a vacina contra a gripe nas crianças brasileiras é essencial para reduzir a circulação
do vírus influenza. Por serem socialmente ativos – segundo o Censo Escolar da Educação
Básica 2022, mais de 9 milhões, entre 4 meses e 6 anos, frequentam uma unidade escolar –, os
pequenos assumem papel importante na transmissão da doença, uma vez que transportam
inúmeros microrganismos para dentro e fora de suas casas.
“É importante mães, pais e responsáveis perceberem que as crianças transmitem o vírus e
que, por meio desse contato, elas podem colocar em risco a população idosa se ainda não re-
ceberam a vacina”, afirma o diretor de Regulatório, Controle de Qualidade e Estudos Clínicos
do Butantan, Gustavo Mendes Lima Santos. A abordagem dialoga com o conceito de saúde
coletiva, uma vez que cada pessoa imunizada funciona como uma barreira, freando a circula-
ção viral e protegendo de forma indireta aqueles mais suscetíveis à doença. [... ]
Disponível em: https://butantan.gov.br/noticias/gripe-vacinar-as-criancas-tambem-e-estrategia-
para-proteger-os-idosos. Acesso em: 11 jun. 2023.

Texto 2
Zé Dassilva/Acervo do cartunista

Disponível em: https://www.nsctotal.com.br/noticias/charge-do-ze-dassilva-pai-negacionista.


LÍNGUA PORTUGUESA

Acesso em: 11 jun. 2023.

a) Qual o tema comum entre os textos?


Vacinação.

137
b) Qual a divergência entre os textos?
O texto 1 apresenta a importância da vacina, e o texto 2 apresenta negacionismo com

relação à vacinação.

c) Explique a ironia existente no segundo quadro da charge


O pai (responsável adulto) recusa-se a tomar vacina e a criança fica admirada.

5 Compare os textos a seguir para responder às perguntas:


Aquecimento global está causando eventos
extremos de temperatura no Brasil
Os litorais da região Sul e Sudeste são os mais afetados e viram as temperaturas de seus ter-
mômetros aumentarem drasticamente nos últimos 40 anos

O Brasil está ficando mais quente, e isso não é apenas impressão. Um estudo feito pela
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) avaliou as ondas de calor na costa brasileira,
e os resultados mostraram que os litorais da região Sul e Sudeste viram as temperaturas de
seus termômetros subirem com o passar dos anos. O litoral capixaba é a região com maior
impacto, com aumento da frequência das ondas de calor e de frio; nos últimos 40 anos, a ocor-
rência de eventos extremos de temperatura quase dobrou no litoral de SP (84%), dobrou no
RS (100%) e quase triplicou em (188%).
O estudo, publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature, avaliou a variação de
temperatura em cinco regiões costeiras do país: São Luís, no Maranhão; Natal no Rio
Grande do Norte; São Mateus, no Espírito Santo; Rio Grande, no Rio Grande do
Sul e Iguape, em São Paulo. Para traçar uma comparação, os pesquisadores analisaram
as informações de temperatura do ar observados a cada hora do dia ao longo dos últimos 40
anos, e utilizaram modelos matemáticos para definir o que seriam temperaturas extremas em
cada estado selecionado, levando em conta as especificidades e variações de cada região. [... ]
Disponível em: https://veja.abril.com.br/ciencia/aquecimento-global-esta-causando-eventos-
extremos-de-temperatura-no-brasil/. Acesso em: 11 jun. 2023.

Texto 2
Junião/Acervo do cartunista

Disponível em: http://www.juniao.com.br/chargecartum/. Acesso em: 11 jun. 2023.

• Qual o assunto tratado no texto 1?


Estudo sobre aquecimento global no Brasil.
• Quais os locais onde a ocorreu a pesquisa?
São Luís, no Maranhão; Natal, no Rio Grande do Norte; São Mateus, no Espírito Santo;

Rio Grande, no Rio Grande do Sul e Iguape, em São Paulo.

• Em que meio de comunicação o estudo foi publicado?


Foi publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature.

138 CAPÍTULO 12
• Qual o tema tratado no texto 2?
Aumento na conta de luz.

• O que os textos 1 e 2 têm em comum?


O texto 1 trata explicitamente do aquecimento global, enquanto o texto 2 aborda de maneira

implícita a temática do aquecimento global.

• Qual a consequência do aquecimento global no texto 2?


O aumento na conta de luz.

6 Leia o texto a seguir:


Super El Niño vem aí? Entenda por que fenômeno que aquece o
Planeta causa preocupação
Estima-se que o forte El Niño de 1997-98 custou mais de US$ 5 trilhões (aproximadamente
R$ 23,6 trilhões), com cerca de 23 mil mortes por tempestades e inundações

O El Niño, evento climático natural que provoca o superaquecimento das águas do Pacífico,
acaba de começar no oceano – o que significa que, provavelmente, vai adicionar ainda mais
calor ao Planeta, já aquecido devido às mudanças climáticas. Cientistas americanos confir-
maram nesta quinta-feira (8) que o El Niño teve início, e especialistas apontam que isso pro-
vavelmente fará de 2024 o ano mais quente já registrado, isso se 2023 já não bater o recorde
antes. Eles temem, ainda, que isso ajude a empurrar o mundo para além de um marco de
aquecimento de 1,5 °C.
O fenômeno deve afetar o clima mundial, potencialmente levando seca para a Austrália,
mais chuva para o sul dos Estados Unidos e enfraquecendo as monções da Índia. O evento
provavelmente durará até a próxima primavera – depois disso, estima-se que seus impactos
diminuirão.
Durante meses, pesquisadores estimaram que um evento El Niño, que não era registrado
há alguns anos, estava prestes a surgir no Oceano Pacífico. [...]
Disponível em: https://umsoplaneta.globo.com/clima/noticia/2023/06/08/super-el-nino-vem-ai-
entenda-por-que-fenomeno-que-aquece-o-planeta-causa-preocupacao.ghtml.
Acesso em: 11 jun. 2023.

A partir da leitura do texto, crie uma charge sobre o tema. Use o espaço a seguir para Se achar necessário, solicite que os
estudantes pesquisem em outras
fazer seu rascunho. Seu(sua) professor(a) marcará uma data para entrega e exposição das fontes sobre o tema para depois
charges na sala. elaborarem a charge. Marque um
dia para compartilharem as produ-
ções.

LÍNGUA PORTUGUESA

139
7 Releia a charge de abertura do capítulo e compare-a com o texto a seguir:
Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como
pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco
mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa,
do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua
cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos
pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso
desvergonha nenhuma.”
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha/.
Acesso em: 19 jun. 2023.

a) Qual a finalidade dos dois textos?


A charge faz uma crítica ao descobrimento do Brasil, enquanto o texto é parte da Carta de

Pero Vaz de Caminha, contando sobre o descobrimento do Brasil.

b) Qual a ideia comum dos dois textos?


O descobrimento do Brasil.

c) Qual o efeito de sentido do trecho “Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e
quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas”?
É uma forma de descrever os indígenas que aqui estavam.

d) Qual o valor da conjunção também usado no texto?


Exprimir adição de ideia.

e) Qual a característica da linguagem usada na carta?


Linguagem culta, pois o remente está se dirigindo ao Rei.

Piada
Esquentando os motores... Habilidades abordadas: D3 – In-
ferir o sentido de uma palavra ou
expressão. D4 – Reconhecer fina-
1 Você gosta de contar ou ouvir piada? lidade e traços de humor em dife-
rentes gêneros. D12 – Identificar a
Resposta pessoal. finalidade de textos de diferentes
gêneros. D21 – Reconhecer opi-
2 Você segue algum humorista nas redes sociais? niões divergentes sobre o mesmo
tema em diferentes textos.
Resposta pessoal. D21 – Reconhecer opiniões distin-
tas sobre o mesmo tema, na com-
Dando a largada! paração entre diferentes textos.
D16 – Identificar efeitos de ironia
ou humor em textos variados.
D17 – Reconhecer o efeito de
A piada é um gênero humorístico que tem o objetivo de ser engraçado, fazendo o ou- sentido decorrente do uso da
vinte/leitor rir ou até mesmo gargalhar. Gênero da tradição oral em geral, não se sabe quem pontuação e de outras notações.
D19 – Reconhecer relações de
criou a piada. Ela apresenta características de textos narrativos, com personagem, enredo, sentido marcadas por conjunções,
a relação de causa e consequência
tempo e espaço. O humor é gerado por uma quebra de expectativa. e a relação entre o pronome e seu
referente em diferentes gêneros.
Paciente sumidinho D18 – Inferir o efeito de sentido da
linguagem verbal e não verbal em
A enfermeira diz ao médico: notícias e charges. D19 – Reconhe-
cer o efeito de sentido decorrente
– Tem um homem invisível na sala de espera. da exploração de recursos ortográfi-
cos e/ou morfossintáticos.
O médico responde: D13 – Identificar as marcas linguís-
ticas que evidenciam o locutor e
– Diga a ele que não posso vê-lo agora. o interlocutor de um texto. Reco-
nhecer a relação de causa e con-
Disponível em: https://www.dicionariopopular.com/piadas-curtas-engracadas/. sequência em piadas e fragmentos
Acesso em: 11 jun. 2023. de romance. Identificar efeitos de
humor em textos variados. Iden-
tificar as marcas linguísticas que
Pit stop 1 evidenciam o locutor e o interlocu-
tor de um texto. Inferir o sentido de
Algumas pessoas ganham a vida contando piadas. No Brasil, há grandes humoristas ao longo palavras e expressões em piadas e
letras de música.
dos tempos, como Oscarito e Grande Otelo, Costinha, Ary Toledo, Chico Anysio, entre outros. Pa-
rece que fazer piada é algo simples, trivial, mas nem todos são bons contadores de piadas.

140 CAPÍTULO 12
Voltando para a pista
1 Leia a piada a seguir:

– Estou com vontade de ganhar na loteria de novo.


– O quê? Você já ganhou?
– Não, mas já tive essa vontade antes.

• Qual a ambiguidade na primeira frase que leva o interlocutor a pensar que o enunciador já
ganhou na loteria?

A ambiguidade é gerada por “de novo”.

• Leia esta outra piada:

A garotinha visita a tia. Ouve o priminho chorando e pergunta:


– O que ele tem?
– Seus primeiros dentes estão nascendo.
– Ele não quer eles?

• Na última frase do texto, a que ou a quem os pronomes ele e eles se referem?


Ele substitui a palavra priminho, eles corresponde a dentes.

2 Leia o texto a seguir:

Manuel está tomando banho e grita para Maria lhe levar um xampu. Ela leva, mas logo em
seguida o homem grita novamente:
– Ô Maria, me traz outro xampu.
– Mas eu já te dei um agorinha!
– É que aqui está dizendo que é para cabelos secos, e eu já molhei os meus.

• Em que consiste o humor na piada?


Em o personagem fazer uma leitura literal da embalagem do produto e acreditar que deveria

usá-lo com o cabelo seco.

3 Leia a piada a seguir:

Qual é a cidade brasileira que não tem táxi?


R: Uberlândia

• Qual o trocadilho feito na piada?


O nome da cidade mineira começar com uber – aplicativo de carros particulares.

Cruzando a linha
1 Leia os textos a seguir e elabore um final engraçado para cada um, de acordo com o gênero
piada.
Um rapaz vai à padaria e pergunta se o salgado era de hoje.
– Não, é de ontem.
– E como faço para comer o de hoje?
LÍNGUA PORTUGUESA

____________________________________________________
Na aula de Matemática, a professora pergunta:
– Joãozinho, se tenho 6 laranjas em uma mão e 5 laranjas na outra, o que tenho no total?
____________________________________________________

141
2 Leia as charges a seguir e responda às questões.
Texto 1

Roberto Kroll/Acervo do cartunista


Disponível em: http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=1006. Acesso em: 19 abr, 2014.

Texto 2

Zé Bello/Acervo do cartunista

Disponível em: http://equipe-04.blogspot.com.br/2013/07/linguagem-coloquial.htm.


Acesso em: 19 abr. 2014.

• A semelhança entre os textos 1 e 2 está na inadequação entre...


X a) ... a variedade linguística e a situação comunicativa.
b) ... os objetivos comunicativos dos interlocutores.
c) ... as variedades linguísticas e os leitores previstos.
d) ... a situação comunicativa e os leitores previstos.
e) ... a variedade linguística e os leitores previstos.

142 CAPÍTULO 12
3 Leia o texto a seguir e responda ao solicitado.
Ladrão de galinhas
Um ladrão foi roubar galinhas justamente na casa de Rui Barbosa. Com toda aquela elo-
quência que lhe era peculiar, Rui Barbosa falou:
– Não é pelo bico de bípede, nem pelo valor intrínseco do galináceo, mas por ousares trans-
por os umbrais de minha residência. Se for por mera ignorância, perdoo-te, mas se for para
abusar da minha alma, juro pelos tacões metabólicos dos meus calçados que dar-te-ei tama-
nha bordoada que transformarei sua massa encefálica em cinzas cadavéricas.
O ladrão, todo sem graça, perguntou:
– Mas como é, “Seu Rui”, eu posso levar o frango ou não?
KISKA, Keila Kariza. Rir é o melhor remédio. Seleções. Rio de Janeiro:
Reader’s Digest. Brasil, 2000. p. 30.

• Pela reação do ladrão, pode-se dizer que ele


a) ... entendeu tudo o que Rui Barbosa lhe disse.
X b) ... agiu com calma por falta de entendimento.
c) ... ficou nervoso com toda a situação.
d) ... tomou as palavras de Rui Barbosa como uma ofensa.
e) ... decidiu dar a Rui Barbosa uma resposta agressiva.
• A piada lida se assemelha por sua estrutura e linguagem a gêneros como...
X a) ... romance.
b) ... dissertação.
c) ... carta de opinião.
d) ... carta do leitor.
e) ... receita.
• No que consiste o humor no texto?
O ladrão não entender o que deveria fazer.

• A linguagem utilizada foi adequada aos interlocutores?


Não. Rui Barbosa, por ser um homem culto, usa palavras e expressões desconhecidas de

seu interlocutor, o ladrão.

• Qual o significado do termo bípede?


A condição de andar em dois pés.

Anotações

LÍNGUA PORTUGUESA

143
Prepara Saeb
1. Leia o texto a seguir: Reconhecer finalidade e traços de humor
em diferentes gêneros.
Metáforas são metáforas
O mecânico desmonta o cabeçote da moto quando chega um famoso cirurgião cardiologista. Propõe uma questão:
– Doutor, olhe esse motor: eu abro o coração, tiro válvulas, conserto, ponho de volta e fecho; ele volta a trabalhar como
novo. Como é que eu ganho tão pouco e o senhor tanto?
E o cirurgião:
– Tente fazer isso com o motor funcionando!
ALMANAQUE BRASIL DE CULTURA POPULAR, fev. 2004.

Considerando a fala do cirurgião, assinale o que justifica ele ganhar mais que o mecânico.
a) Ter estudado muito mais que o mecânico.
b) Operar o coração com ele funcionando.
c) Fazer o coração funcionar como novo.
d) Desmontar o coração como se fosse motor.
Gabarito: B
2. Analise a charge a seguir:
Inferir informação e tema em reportagens, poemas, histórias em quadrinhos e tirinhas.

Considerando a função social dos sistemas de co-


municação e informação, o ambiente cibernético
presente nessa charge mostra...
a) ... a dificuldade dos casais para estabelecer
uma relação dialógica.
b) ... a discrepância entre os laços familiares atuais
Daren Woodward/Shutterstock

e os do passado.
c) ... a efemeridade dos envolvimentos amorosos
no mundo virtual.
d) ... a falta de compromisso dos casais na socie-
dade contemporânea.
e) ... a redefinição dos relacionamentos interpes-
MAIA, Frank; SENA, Ligia. Disponível em: http://blog.colunaextra.com. soais na era da internet.
br/2010/09/alianca-20.html. Acesso em: 5 jul. 2013. Gabarito: A

3. Inferir o efeito de sentido da linguagem verbal e não verbal em notícias e charges.

O texto veicula a ideia de que a TV...


KOSTEBAY/Shutterstock

a) ... é indispensável para a vida do homem.


b) ... causa distúrbios psicológicos.
c) ... propicia a alienação do homem.
d) ... transforma o homem numa máquina.
Gabarito: C

144 CAPÍTULO 12
Prepara Saeb
Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma
4. determinada palavra ou expressão.
Continho
Era uma vez um menino triste, magro e barrigudinho. Na soalheira danada de meio-dia, ele estava sentado na poeira do
caminho, imaginando bobagem, quando passou um vigário a cavalo.
– Você, aí, menino, para onde vai essa estrada?
– Ela não vai não: nós é que vamos nela.
– Engraçadinho duma figa! Como você se chama?
– Eu não me chamo, não, os outros é que me chamam de Zé.
MENDES CAMPOS, Paulo. Para gostar de ler − Crônicas. v. 1. São Paulo: Ática, 1996. p. 76.

O humor do texto está na dupla interpretação possível para as palavras...


a) ... “engraçadinho” e “figa”. c) ... “vai” e “chama”.
b) ... “estrada” e “caminho”. d) ... “você” e “outros”.
Gabarito: C
5. Inferir informação e tema em reportagens, poemas, histórias em quadrinhos e tirinhas.

2007-greg/walker/Ipress
Disponível em: http://uninuni.com/tag/tirinhas/. Acesso em: 20 mar. 2013.

O general ficou muito bravo com o equívoco de sua secretária, pois, ao associá-lo a um problema “pervertido”, a imagem que
se fez dele ficou comprometida. O efeito de sentido decorrente desse vocábulo foi mostrar o general como uma pessoa...
a) ... corrupta. c) ... estressada.
b) ... depravada. d) ... inescrupulosa.
Gabarito: B
7. Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.

Fernando Gonsales/Acervo do cartunista

NÍQUEL NÁUSEA. Disponível em: https://umpoucodetudo.files.wordpress.com/2007/06/niqu01062007.gif?w=705. Acesso em: 22 abr. 2015.


LÍNGUA PORTUGUESA

O humor do texto decorre...


a) ... da inversão do conceito de gentileza. c) ... do linguajar chulo da personagem.
b) ... da ironia da personagem feminina. d) ... do sentimentalismo dos animais.
Gabarito: A

145
Prepara Saeb
6. Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.

Laerte/Acervo da cartunista

Disponivel em: http://www.folha.vol.com.br/folhinha/quadri/qa08051001.htm>. Acesso em: 26 dez 2014.

O sentido do texto é produzido essencialmente por meio do recurso da ironia. Ta ironia é dirigida
a) à baixa qualidade das informações obtidas via web.
b) ao comportamento negligente dos pais.
c) aos péssimos hábitos alimentares dos filhos.
d) às grandes dificuldades da vida moderna
Gabarito: A

146 CAPÍTULO 12
8. Inferir informação e tema em reportagens, poemas, histórias em quadrinhos e tirinhas.

Erasmo Spadotto/Acervo do cartunista


ERASMO. Jornal de Piracicaba, 30 set. 2006. Disponível
em: http://www.chargeonline.com.br/. Acesso em: 30
set. 2006.
Deletar é um aportuguesamento do verbo inglês to delete, que significa apagar. No contexto da charge, o uso desse verbo
exprime o desejo do eleitor de...
a) ... abolir o voto obrigatório. c) ... desprezar os candidatos.
b) ... criticar a democracia. d) ... renunciar a um direito.
Gabarito: C
9. Analise a charge. Reconhecer a relação de causa e consequência em charges.
Ivan Cabral/Acervo do cartunista

O emissor da charge deixa clara sua posição crítica com relação...


a) ... à ausência dos alunos.
b) ... à carência de materiais.
c) ... à falta de giz.
d) ... ao desrespeito e à ética.
Gabarito: D

Disponível em: http://dirleydossantos.blogspot.com.br/2010/07/diferenca-entre-


etica-\moral-e-moralismo.html. Acesso em: 27 mar. 2013.

10. Analise a tirinha. Inferir informação, o sentido e o efeito de sentido produzido por determinada palavra ou expressão em reportagens e tirinhas.

sta
© Ziraldo Alves Pinto/Acervo do cartuni

ZIRALDO. As melhores tiradas do Menino Maluquinho. São Paulo: Melhoramentos, 2000. p. 57.
LÍNGUA PORTUGUESA

O Menino Maluquinho usou a palavra porcarias para...


a) ... dizer que só come alimentos nutritivos. c) ... provocar a professora com a melancia que trouxe.
b) ... falar do material escolar que deixou em casa. d) ... relacionar às guloseimas que gosta de comer.
Gabarito: D

147
QUADRO DE CONTEÚDOS
Aqui está a organização das habilidades exploradas em cada capítulo e os respectivos descritores:

3a Série do Ensino Médio


Descritor + Texto da habilidade Eixo contemplado
D1 - Localizar informações explícitas em um texto. Procedimento de leitura
D2 - Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições Coerência e coesão no processamento do texto
que contribuem para a continuidade dele.
D3 - Inferir o sentido de uma palavra ou expressão. Procedimento de leitura
D4 - Inferir uma informação implícita em um texto. Procedimento de leitura
D6 - Identificar o tema de um texto. Procedimento de leitura
D11 - Reconhecer a relação de causa e consequência em diferentes textos. Coerência e coesão no processamento do texto
D11 - Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto. Coerência e coesão no processamento do texto
D12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. Implicações do suporte, do gênero e/ou do enunciador na
compreensão do texto

D13 - Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um Variação linguística
texto.
D15 - Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, Coerência e coesão no processamento do texto
Capítulo 1 – Lenda

advérbios etc.
D16 - Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D16 - Reconhecer ironia e efeitos de sentido decorrentes da repetição de palavras em textos Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
diversos.
D17 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
notações.
D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou expressão.
D19 - Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunções, a relação de causa e Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
consequência e a relação entre o pronome e seu referente em diferentes gêneros.
D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou morfossintáticos.
D19 - Reconhecer relação de sentido marcada por conjunção em textos diversos. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D21 - Reconhecer a ideia comum entre textos de gêneros diferentes e a ironia em tirinhas. Relação entre textos
D21 - Reconhecer opiniões divergentes sobre o mesmo tema em diferentes textos. Relação entre textos
D21 - Reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo tema, na comparação entre diferentes Relação entre textos
textos.
H20 - Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e Habilidade especialmente selecionada para este material 
da identidade nacional.
D1 - Localizar informações explícitas em um texto. Procedimento de leitura
D2 - Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições Coerência e coesão no processamento de texto
que contribuem para a continuidade dele.
D3 - Inferir o sentido de uma palavra ou expressão. Procedimento de leitura
D4 - Inferir uma informação implícita em um texto. Procedimento de leitura
Capítulo 2 – Romance / apresentação de livro

D4 - Reconhecer o tema em contos e fragmentos de romances. Procedimento de leitura


D5 - Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, Implicações de suporte, do gênero e/ou do enunciador na
fotos etc.). compreensão do texto
D6 - Identificar o tema de um texto. Procedimento de leitura
D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa. Coerência e coesão no processamento de texto
D11 - Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto. Coerência e coesão no processamento de texto
D11 - Reconhecer a relação de causa e consequência em diferentes textos. Coerência e coesão no processamento de texto
D11 - Reconhecer a relação de causa e consequência em piadas e fragmentos de romance. Coerência e coesão no processamento de texto
D12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. Implicações de suporte, do gênero e/ou do enunciador na
compreensão do texto
D13 - Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. Variação linguística
D15 - Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, Coerência e coesão no processamento de texto
advérbios etc.
D16 - Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D16 - Reconhecer ironia e efeitos de sentido decorrentes da repetição de palavras em textos Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
diversos.
D17 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou expressão.

148
3a Série do Ensino Médio
Descritor + Texto da habilidade Eixo contemplado
D18 - Inferir o sentido e o efeito de sentido de palavras ou de expressão em poemas, Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
crônicas e fragmentos de romances.
D19 - Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunções, a relação de causa e Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
Capítulo 2 – Romance / apresentação de livro

consequência e a relação entre o pronome e seu referente em diferentes gêneros.


D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou morfossintáticos.
D19 - Reconhecer relação de sentido marcada por conjunção em textos diversos. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D20 - Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos Relação entre textos
que abordam o mesmo tema, em função das condições em que ele foi produzido e
daquelas em que será recebido.
D20 - Reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo tema, na comparação entre diferentes Relação entre textos
textos.
D21 - Reconhecer a ideia comum entre textos de gêneros diferentes e a ironia em tirinhas. Relação entre textos
D21 - Reconhecer opiniões divergentes sobre o mesmo tema em diferentes textos. Relação entre textos
D21 - Reconhecer ideia comum e opiniões divergentes sobre o mesmo tema na comparação Relação entre textos
entre diferentes textos.
H17 - Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no Habilidade especialmente selecionada para este material 
patrimônio literário nacional.
H20 - Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e Habilidade especialmente selecionada para este material 
da identidade nacional.
D1 - Localizar informações explícitas em um texto. Procedimento de leitura
D1 - Localizar informação explícita em resumos. Procedimento de leitura
D2 - Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou Coerência e coesão no processamento do texto
substituições que contribuem para a continuidade dele.
D4 - Inferir uma informação implícita em um texto. Procedimento de leitura
D5 - Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, Implicações de suporte, do gênero e/ou do enunciador na
fotos etc.). compreensão do texto
D6 - Identificar o tema de um texto. Procedimento de leitura
Capítulo 3 – Resumo / sinopse / resenha

D9 - Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto. Coerência e coesão no processamento do texto
D12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. Implicações de suporte, do gênero e/ou do enunciador na
compreensão do texto
D13 - Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. Variação linguística
D15 - Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, Coerência e coesão no processamento do texto
advérbios etc.
D17 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou expressão.
D19 - Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunções, a relação de causa e Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
consequência e a relação entre o pronome e seu referente em diferentes gêneros.
D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou morfossintáticos.
D19 - Reconhecer relação de sentido marcada por conjunção em textos diversos. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D20 - Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos Relação entre textos
que abordam o mesmo tema, em função das condições em que ele foi produzido e
daquelas em que será recebido.
D21 - Reconhecer a ideia comum entre textos de gêneros diferentes e a ironia em tirinhas. Relação entre textos
D21 - Diferenciar fato de opinião em resenhas. Relação entre textos
D1 - Localizar informações explícitas em um texto. Procedimento de leitura
D1 - Localizar informações explícitas em infográficos, reportagens, crônicas e artigos. Procedimento de leitura
Capítulo 4 – Notícia / reportagem

D2 - Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou Coerência e coesão no processamento do texto
substituições que contribuem para a continuidade dele.
D3 - Inferir o sentido de uma palavra ou expressão. Procedimento de leitura
D4 - Inferir uma informação implícita em um texto. Procedimento de leitura
D4 - Inferir informação e tema em reportagens, poemas, histórias em quadrinhos e tirinhas. Procedimento de leitura
LÍNGUA PORTUGUESA

D5 - Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, Implicações do suporte, do gênero e/ou do enunciador na
fotos etc.). compreensão do texto
D6 - Identificar o tema de um texto. Procedimento de leitura
D6 - Identificar a informação principal em reportagens. Procedimento de leitura
D9 - Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto. Coerência e coesão no processamento do texto

149
3a Série do Ensino Médio
Descritor + Texto da habilidade Eixo contemplado
D11 - Reconhecer a relação de causa e consequência em diferentes textos. Coerência e coesão no processamento do texto
D12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. Implicações do suporte, do gênero e/ou do enunciador na
compreensão do texto
D13 - Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. Variação linguística
D13 - Reconhecer variantes linguísticas em contos, notícias e reportagens. Variação linguística
D14 - Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato. Procedimento de leitura
D14 - Diferenciar fato de opinião em artigos e reportagens. Procedimento de leitura
Capítulo 4 – Notícia / reportagem

D15 - Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, Coerência e coesão no processamento do texto
advérbios etc.
D15 - Reconhecer a relação de causa e consequência e relações de sentido marcadas por Coerência e coesão no processamento do texto
conjunções em reportagens, artigos e ensaios.
D16 - Inferir informação, o sentido e o efeito de sentido produzido por determinada palavra Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou expressão em reportagens e tirinhas.
D17 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D18 - Inferir o efeito de sentido da linguagem verbal e não verbal em notícias e charges. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou expressão.
D18 - Inferir o sentido de palavra em letras de música e reportagens. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou morfossintáticos.
D19 - Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunções, a relação de causa e Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
consequência e a relação entre o pronome e seu referente em diferentes gêneros.
D20 - Reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo tema, na comparação entre diferentes textos. Relação entre textos
D21 - Reconhecer a ideia comum entre textos de gêneros diferentes e a ironia em tirinhas. Relação entre textos
D1 - Localizar informações explícitas em um texto. Procedimento de leitura
D2 - Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou Coerência e coesão no processamento do texto
substituições que contribuem para a continuidade dele.
D3 - Inferir o sentido de uma palavra ou expressão. Procedimento de leitura
D4 - Inferir uma informação implícita em um texto. Procedimento de leitura
D4 - Reconhecer finalidade e traços de humor em diferentes gêneros. Procedimento de leitura
D4 - Identificar elementos da narrativa e/ou a ideia central em crônicas. Procedimento de leitura
D6 - Identificar o tema de um texto. Procedimento de leitura
D6 - Reconhecer o tema de uma crônica. Procedimento de leitura
D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa. Coerência e coesão no processamento do texto
D11 - Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto. Coerência e coesão no processamento do texto
Capítulo 5 – Crônica / letra de música

D12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. Implicações do suporte, do gênero e/ou do enunciador na
compreensão do texto
D13 - Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. Variação linguística
D14 - Localizar informações explícitas em infográficos, reportagens, crônicas e artigos. Procedimento de leitura
D15 - Reconhecer a relação entre os pronomes e seus referentes em contos/crônicas. Coerência e coesão no processamento do texto
D15 - Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, Coerência e coesão no processamento do texto
advérbios etc.
D16 - Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D17 - Reconhecer relações de sentido estabelecidas por conjunções ou locuções conjuntivas Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
em letras de música e crônicas.
D18 - Inferir o sentido e o efeito de sentido de palavras ou de expressão em poemas, Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
crônicas e fragmentos de romances.

D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou expressão.

D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou morfossintáticos.
D19 - Reconhecer o sentido e o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
morfossintáticos em contos, artigos e crônicas.
D19 - Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunções, a relação de causa e Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
consequência e a relação entre o pronome e seu referente em diferentes gêneros.
D19 - Inferir informação, sentido de expressão e o efeito de sentido decorrente do uso de Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
recursos morfossintáticos em crônicas.

150
3a Série do Ensino Médio
Descritor + Texto da habilidade Eixo contemplado
D1 - Localizar informações explícitas em um texto. Procedimento de leitura
D2 - Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou Coerência e coesão no processamento do texto
substituições que contribuem para a continuidade dele.
D3 - Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
D4 - Reconhecer o tema em poemas. Procedimento de leitura
D4 - Inferir informação e tema em reportagens, poemas, histórias em quadrinhos e tirinhas. Procedimento de leitura
D4 - Reconhecer o tema em contos e fragmentos de romances. Procedimento de leitura
D4 -Inferir uma informação implícita em um texto. Procedimento de leitura
D6 - Identificar o tema de um texto. Procedimento de leitura
D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa. Coerência e coesão no processamento do texto
D11 - Reconhecer a relação de causa e consequência em diferentes textos. Coerência e coesão no processamento do texto
D11 - Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto. Coerência e coesão no processamento do texto
Capítulo 6 – Conto / poema

D12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. Implicações do suporte, do gênero e/ou do enunciador na
compreensão do texto
D15 - Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, Coerência e coesão no processamento do texto
advérbios etc.
D15 - Reconhecer a relação entre os pronomes e seus referentes em contos/crônicas. Coerência e coesão no processamento do texto
D16 - Reconhecer o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos morfossintáticos em Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
poemas.
D16 - Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D17 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
notações.
D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou expressão.
D18 - Inferir o sentido decorrente do uso de recursos gráficos em poemas. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D19 - Reconhecer o sentido e o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
morfossintáticos em contos, artigos e crônicas.
D19 - Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunções, a relação de causa e Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
consequência e a relação entre o pronome e seu referente em diferentes gêneros.
D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou morfossintáticos.
D19 - Reconhecer efeitos estilísticos em poemas. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D20 - Comparar poemas que abordem o mesmo tema. Relação entre textos
D1 - Localizar informações explícitas em um texto. Procedimento de leitura
D1 - Localizar informações explícitas em infográficos, reportagens, crônicas e artigos. Procedimento de leitura
D3 - Inferir o sentido de uma palavra ou expressão. Procedimento de leitura
D4 - Reconhecer a finalidade de propagandas. Procedimento de leitura
D4 - Inferir uma informação implícita em um texto. Procedimento de leitura
Capítulo 7 – Infográfico / propaganda

D5 - Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, Implicações do suporte, do gênero e/ou do enunciador na
quadrinhos, fotos etc.). compreensão do texto
D6 - Identificar o tema de um texto. Procedimento de leitura
D12- Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. Implicações do suporte do gênero e/ou do enunciador na
compreensão do texto
D13 - Reconhecer relação de sentido marcada por conjunção em textos diversos. Relação entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D13 – Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e interlocutor de um texto Variação linguística
D15 - Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, Coerência e coesão no processamento de texto
advérbios etc.
D17 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações. Relação entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra Relação entre recursos expressivos e efeitos de sentido
LÍNGUA PORTUGUESA

ou expressão.
D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ Relação entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou morfossintáticos.
D19 - Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunções, a relação de causa e Relação entre recursos expressivos e efeitos de sentido
consequência e a relação entre o pronome e seu referente em diferentes gêneros.

151
3a Série do Ensino Médio
Descritor + Texto da habilidade Eixo contemplado
D1 - Localizar informações explícitas em um texto. Procedimento de leitura
D2 - Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou Coerência e coesão no processamento do texto
substituições que contribuem para a continuidade dele.
D3 - Inferir o sentido de uma palavra ou expressão. Procedimento de leitura
D4 - Inferir uma informação implícita em um texto. Procedimento de leitura
D4 - Identificar a finalidade de relatórios científicos. Procedimento de leitura
D5 - Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, Implicações do suporte, do gênero e/ou do enunciador na
fotos etc.). compreensão do texto
Capítulo 8 – Relatório científico

D6 - Identificar o tema de um texto. Procedimento de leitura


D11 - Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto. Coerência e coesão no processamento de texto
D11 - Reconhecer a relação de causa e consequência em diferentes textos. Coerência e coesão no processamento de texto
D13 - Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. Variação linguística.
D15 - Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, Coerência e coesão no processamento de texto
advérbios etc.
D17 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou expressão.
D19 - Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunções, a relação de causa e Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
consequência e a relação entre o pronome e seu referente em diferentes gêneros.
D19 - Reconhecer relação de sentido marcada por conjunção em textos diversos. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D20 - Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
que abordam o mesmo tema, em função das condições em que ele foi produzido e
daquelas em que será recebido.
D21 - Reconhecer a ideia comum entre textos de gêneros diferentes e a ironia em tirinhas. Relação entre textos
D1 - Localizar informações explícitas em um texto. Procedimento de leitura
D2 - Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou Coerência e coesão no processamento do texto
substituições que contribuem para a continuidade dele.
D3 - Inferir o sentido de uma palavra ou expressão. Procedimento de leitura
D4 - Inferir uma informação implícita em um texto. Procedimento de leitura
D6 - Identificar o tema de um texto. Procedimento de leitura
D7 - Identificar a tese de um texto. Coerência e coesão no processamento do texto
D8 - Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la. Coerência e coesão no processamento do texto
D11 - Reconhecer a relação de causa e consequência em diferentes textos. Coerência e coesão no processamento do texto
Capítulo 9 – Editorial

D11 - Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto. Coerência e coesão no processamento do texto
D12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. Implicações do suporte, do gênero e/ou do enunciador na
compreensão do texto
D13 - Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. Variação linguística
D14 - Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato. Procedimento de leitura
D15 - Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, Coerência e coesão no processamento do texto
advérbios etc.
D17 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
notações.
D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou expressão.
D19 - Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunções, a relação de causa e Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
consequência e a relação entre o pronome e seu referente em diferentes gêneros.
D19 - Reconhecer relação de sentido marcada por conjunção em textos diversos. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D21 - Reconhecer a ideia comum entre textos de gêneros diferentes e a ironia em tirinhas. Relação entre textos

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3a Série do Ensino Médio
Descritor + Texto da habilidade Eixo contemplado
D20 - Reconhecer relação de causa e consequência e relação de sentidos marcadas por Coerência e coesão no processamento do texto
conjunções em reportagens e artigos.
D13 - Reconhecer variantes linguísticas e o efeito de sentido de recursos gráficos em Variação linguística
crônicas e artigos.
Capítulo 10 – Artigo de opinião / entrevista

D6 - Identificar o tema de um texto. Procedimento de leitura


D11 - Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto. Coerência e coesão no processamento do texto
D13 - Identificar marcas linguísticas que evidenciam o locutor e interlocutor de um texto. Variação linguística
D19 - Reconhecer o sentido e o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
morfossintáticos em contos, artigos e crônicas.
D1 - Localizar informações explícitas em um texto. Procedimento de leitura
D6 - Identificar o tema de um texto. Procedimento de leitura
D12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. Implicações do suporte, do gênero e/ou do enunciador na
compreensão do texto
D20 - Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos Variação linguística
que abordam o mesmo tema.
D20 - Reconhecer a relação de causa e consequência de sentido marcadas por conjunções Coerência e coesão no processamento do texto
em reportagens.
D13 - Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. Variação linguística
D3 - Inferir o sentido de palavra ou expressão. Procedimento de Leitura
D4 - Identificar elementos da narrativa em histórias em quadrinhos. Procedimento de Leitura
Capítulo 11 – História em quadrinhos / tirinha

D21- Reconhecer ideia comum entre textos de diferentes gêneros. Implicações do suporte, do gênero e/ou do enunciador na
compreensão do texto
D2 - Estabelecer relação entre parte de um texto identificando repetições ou substituições Relação entre textos
que contribuem para continuidade do texto.
D10 - Identificar conflito gerador do enredo e elementos que constroem a narrativa. Coerência e coesão no processamento do texto
D18 - Reconhecer efeito de sentido decorrente de escolha de palavras ou expressão. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D17 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso de pontuação e de outras notações. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D18 - Reconhecer efeito de sentido decorrente de escolha de palavras ou expressão. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D2 - Estabelecer relação entre parte de um texto identificando repetições ou substituições Relação entre textos
que contribuem para continuidade do texto.
D16 - Reconhecer o efeito de sentido do humor em tirinhas. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D18 - Inferir o efeito de sentido da linguagem verbal e não verbal e o efeito de humor em Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
tirinhas.
D16- Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D12- Identificar a finalidade de textos de gêneros diferentes. Implicações do suporte, do gênero e/ou do enunciador na
compreensão do texto
D21 - Reconhecer a ideia comum de gêneros diferentes. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
Capítulo 12 – Charge / piada

D18 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
ou expressão.
D19 - Reconhecer efeito de sentido marcada por conjunções, a relação de causa e Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
consequência e relação entre o pronome e seu referente em diferentes gêneros.
D13 - Identificar marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor. Variação linguística
D11 - Reconhecer relação de causa e consequência em piadas e fragmentos de romance. Coesão e coerência
D13 - Identificar marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor. Variação linguística
D16 -Inferir o sentido de palavras e expressões em piadas e letras de música. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
D16- Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados. Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
LÍNGUA PORTUGUESA

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Anotações

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Anotações

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LÍNGUA PORTUGUESA
Anotações

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