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LÍNGUA PORTUGUESA
5
CADERNO
SEGUNDA
SÉRIE
ENSINO MÉDIO
CADERNO DO PROFESSOR
ANÁLISE LINGUÍSTICA
HENRIQUE Santos Braga
Sérgio de Lima PAGANIM
LITERATURA E ARTE
Carlos Moacir Vedovato Junior (MOA)
Fernando MARCÍLIO Lopes Couto
MAURÍCIO Soares da Silva Filho
PAULO Giovani de Oliveira
PRODUÇÃO DE TEXTO
Eduardo Calbucci (BUCCI)
FELIPE Leal
Luciana Migliaccio (LUCY)
FORMAÇÃO GERAL
LÍNGUA PORTUGUESA
5
CADERNO
SEGUNDA
SÉRIE
ENSINO MÉDIO
CADERNO DO PROFESSOR
Presidência: Mario Ghio Júnior
Vice-presidência de educação digital: Camila Montero Vaz Cardoso
Direção executiva: Thiago Brentano Rodrigues
Direção editorial: Lidiane Vivaldini Olo
Direção pedagógica: Paulo Roberto Moraes
Coordenação pedagógica: Henrique Santos Braga
Gestão de projeto editorial: Flávio Matuguma (ger.),
Michelle Yara Urcci Gonçalves (coord.), Daniela Carvalho e
Eduarda Berteli Mario dos Santos (analistas)
Gerência de conteúdo e design educacional: Renata Galdino
Gerência editorial: Marcela Pontes
Coordenação editorial: Michele Tessaroto
Edição: Anelisa Zanetti Abud (Análise linguística),
Fabiana Mioto (Literatura e Arte) e Rodrigo da Motta Dias (Produção de texto)
Planejamento e controle de produção: Flávio Matuguma (ger.),
Juliana Batista (coord.) e Anny Lima (analista)
Revisão: Letícia Pieroni (coord.), Aline Cristina Vieira, Anna Clara Razvickas,
Brenda T. M. Morais, Carla Bertinato, Daniela Lima, Danielle Modesto,
Diego Carbone, Kátia S. Lopes Godoi, Lilian M. Kumai, Malvina Tomáz,
Marília H. Lima, Paula Rubia Baltazar, Paula Teixeira, Raquel A. Taveira,
Ricardo Miyake, Shirley Figueiredo Ayres, Tayra Alfonso e Thaise Rodrigues
Arte: Fernanda Costa da Silva (ger.), Catherine Saori Ishihara (coord.),
Nicola Loi e Fábio Cavalcante (edição de arte)
Diagramação: Casa de Tipos
Iconografia e tratamento de imagem: Roberta Bento (ger.),
Claudia Bertolazzi (coord.), Carlos Luvizari, Daniel Cymbalista, Evelyn Torrecilla,
Iron Mantovanello, Silvio Kligin, Tempo Composto Ltda.,
Thaisi Lima (pesquisa iconográfica) e Fernanda Crevin (tratamento de imagens)
Licenciamento de conteúdos de terceiros: Roberta Bento (ger.),
Jenis Oh (coord.), Liliane Rodrigues, Raísa Maris Reina e
Sueli Ferreira (analistas de licenciamento)
Design: Erik Taketa (coord.) e Adilson Casarotti (proj. gráfico e capa)
Foto de capa: Klaus Vedfelt/DigitalVision/Getty Images
Composição de imagens de abertura: Arquivo do jornal O Estado de
S. Paulo/Agência Estado (Imagem Diretas Já), needpix.com, pexels.com,
pixabay.com, unsplash.com/Fotomontagem: Michel Ramalho
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Anglo : Ensino médio : Formação geral básica : 2ª série : Anglo [livro eletrônico] : Ensino médio : Formação geral
Língua portuguesa : Caderno 5 : Caderno do professor / básica : 2ª série : Língua portuguesa : Caderno 5 : Caderno
Henrique Santos Braga...[et al]. -– 1. ed. -- São Paulo : do professor / Henrique Santos Braga...[et al]. -– 1. ed. --
SOMOS Sistemas de Ensino, 2021. São Paulo : SOMOS Sistemas de Ensino, 2021.
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Outros Autores: Sérgio de Lima Paganim, Carlos Moacir Outros Autores: Sérgio de Lima Paganim, Carlos Moacir
Vedovato Junior, Fernando Marcílio Lopes Couto, Maurício Vedovato Junior, Fernando Marcílio Lopes Couto, Maurício
Soares da Silva Filho, Paulo Giovani de Oliveira, Eduardo Soares da Silva Filho, Paulo Giovani de Oliveira, Eduardo
Calbucci, Felipe Leal, Luciana Migliaccio Calbucci, Felipe Leal, Luciana Migliaccio
ISBN 978-65-5892-693-1 ISBN 978-65-5892-774-7(e-book)
1. Língua portuguesa (Ensino médio) I. Braga, Henrique 1. Língua portuguesa (Ensino médio) I. Braga, Henrique
Santos Santos
2021 2021
1a edição
1a impressão
De acordo com a BNCC.
Impressão e acabamento
Uma publicação
Apresentação
Caro(a) professor(a),
O grande desafio é aprimorar, em um curto espaço de tempo, competências e habilidades, além
de consolidar conteúdos de todo o Ensino Médio.
Para o Anglo, essa conquista está apoiada em cinco pilares: aula bem proposta, aula bem pre-
parada, aula bem dada, aula bem assistida e aula bem estudada.
Este material é resultado de uma ampla análise dos exames vestibulares de todo o Brasil, tendo
em vista não apenas os conteúdos de maior incidência, mas também as abordagens adotadas pelas
principais bancas e pelo Enem, trazendo, aula a aula, uma sequência e seleção de assuntos cuida-
dosamente escolhidos.
Para todos os conteúdos, apresentamos um conjunto de sugestões, escritas pelos próprios au-
tores, que auxiliam na preparação das aulas. Com este material procuramos dimensionar cada ex-
posição, de modo que haja tempo suficiente para a apresentação da teoria e para a aplicação de
exercícios. Tudo isso fortalece o engajamento dos alunos, principalmente ao perceberem a forte
conexão entre a aula, o material e os conteúdos cobrados nas provas.
O quinto e último pilar desse processo está diretamente relacionado à metodologia “aula dada,
aula estudada”. Para cada tópico abordado em sala de aula, apresentamos uma orientação de estu-
do clara e organizada, na qual o aluno encontrará tarefas de níveis de complexidade diferentes de-
nominadas Tarefa Mínima, Tarefa Complementar e Tarefa Desafio. Além disso, há ainda uma série de
exercícios adicionais à disposição dos alunos para auxiliá-los nos seus estudos.
Você, professor(a), pode adaptar o curso de acordo com suas necessidades, escolhendo as es-
tratégias mais eficientes para a sua realidade; afinal, como todos sabemos, cada sala de aula tem
suas particularidades.
M Ó D U L O
Introdução às
probabilidades
HABILIDADES BNCC
HABILIDADES BNCC NORTEADORAS DO MÓDULO
EM13MAT106 Identificar situações da vida cotidiana nas quais seja necessário fazer escolhas levando-se em conta os riscos probabilísticos (usar este
ou aquele método contraceptivo, optar por um tratamento médico em detrimento de outro etc.).
EM13MAT311 Identificar e descrever o espaço amostral de eventos aleatórios, realizando contagem das possibilidades, para resolver e elaborar
problemas que envolvem o cálculo da probabilidade.
NORTEADORAS DO MÓDULO
Aqui você encontrará as habilidades
EM13MAT511 Reconhecer a existência de diferentes tipos de espaços amostrais, discretos ou não, e de eventos, equiprováveis ou não, e investigar
SUGESTÃO DE
implicações no cálculo de probabilidades.
2 TM: 5 a 8
TC: 13 a 16
TD: 19 e 20
Extras!: 1 a 5
OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM
Nesta seção, explicita-se a expectativa
de aprendizagem do módulo.
Objetivos de aprendizagem
1 L I T ER AT UR A E A R T E COMPETÊNCIAS GERAIS C1. C3. C6. C7
SETOR
M Ó D U L O
especificidades da disciplina.
no Caderno 4, este módulo inicia o estudo dos tempos verbais e aprofunda o olhar sobre as flexões, espe-
cialmente nos casos em que variedades populares e a norma-padrão da língua portuguesa divergem.
trabalhar o conteúdo
EM13LGG604 Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política e econômica e identificar o processo de construção
Para começar o estudo dos tempos verbais, diferenciando-os do tempo cronológico, você pode per- histórica dessas práticas.
guntar: “Quanto tempo dura o presente?”. EM13LP01 Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico de
circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso etc.), de forma a ampliar
Aula 5 as possibilidades de construção de sentidos e de análise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
com os alunos.
O questionamento proposto como Ponto de partida tem como fim desencadear uma reflexão sobre EM13LP03 Analisar relações de intertextualidade e interdiscursividade que permitam a explicitação de relações dialógicas, a identificação de
posicionamentos ou de perspectivas, a compreensão de paráfrases, paródias e estilizações, entre outras possibilidades.
diferenças entre tempo cronológico e tempo verbal: de um lado, cronologicamente, o presente coincide
EM13LP50 Analisar relações intertextuais e interdiscursivas entre obras de diferentes autores e gêneros literários de um mesmo momento histórico
com o tempo em que o sujeito se encontra, com o “agora”; de outro, linguisticamente, as formas verbais e de momentos históricos diversos, explorando os modos como a literatura e as artes em geral se constituem, dialogam e se retroalimentam.
do presente coincidem com o momento da enunciação, mas raramente limitam-se a ele.
Para auxiliar os estudantes na resposta à questão inicial, você pode sugerir que eles citem frases “no
presente”, ainda sem a necessidade de formalizar o tempo verbal. Com base nas próprias respostas, cer- Sugestão de roteiro de aula
tamente será possível começar a diferenciar casos de presente pontual, contínuo e frequentativo. Para fi-
nalizar esse primeiro momento, você pode recorrer ao tópico “O momento da enunciação e a duração dos
eventos” da seção Neste módulo e sistematizar a conceituação. Caso prefira intercalar as questões de aula
Aula Descrição Anotações
e a reflexão teórica, você pode encaminhar neste momento a resolução da questão 1. Parnasianismo
Olavo Bilac
Na aula anterior, usamos a seção Prepare-se para solicitar aos alunos que recolhessem frases com verbos no
Desenvolvendo habilidades: 1 e 2
1
presente. Desse modo, para responder à pergunta feita na seção Ponto de partida desta aula, eles poderão
se basear nos exemplos selecionados previamente.
TM: 1, 2, 6 e 7
TC: 3, 4 e 8
Após analisar usos literais do tempo presente, convém dedicar um espaço a usos não literais. Isso pode TD: 5 e 9
Extras!: 1 e 2
ser feito com base na questão 2, que explora o uso do presente histórico e do presente com valor de fu-
turo. É importante destacar que, nessas ocorrências, outros elementos contextuais serão responsáveis pela Simbolismo
marcação de tempo propriamente dita, enquanto a forma verbal terá outros efeitos semânticos: em lugar
Cruz e Sousa
do pretérito, o presente confere atualidade ao evento expresso; em lugar do futuro, confere maior grau de
MÓDULO 2 – VERBO: PRESENTE E IMPERATIVO
TM: 10 a 12
Ponto de partida – Aula 6 TC: 13 a 15
ANÁLISE LINGUÍSTICA
Recomendamos iniciar a aula verificando se, na variedade linguística predominante na turma: utiliza-se TD: 16 e 17
ou não o imperativo conforme a norma-padrão. Para isso, você pode apresentar duas formas imperativas Extras!: 3
(uma da segunda e outra da terceira pessoa) e perguntar aos alunos qual escolheriam em uma situação
cotidiana, informal. Pergunte, por exemplo, se usariam empresta ou empreste, corre ou corra, etc.
11 24
Pergunte para eles onde estariam as células mais distantes de qualquer superfície. Em seguida, peça
Aula 10 para achatarem o canudo.
Sugerimos que a aula seja organizada em dois momentos complementares. Inicialmente, após os Pergunte, então, onde estariam as células mais distantes de qualquer superfície. Peça que argumentem
questionamentos apontados na seção Ponto de partida, recomendamos discutir a deslegitimação do go- quais células, dos nemátodos ou dos platelmintos, teriam mais facilidade de receber substâncias do am-
verno monárquico, analisando a conjuntura que ocasionou a decadência do governo de dom Pedro II, biente através da superfície do corpo.
enfatizando essencialmente dois elementos: primeiro, a estruturação do movimento republicano a partir Espera-se que os alunos percebam que são as dos platelmintos. Em seguida, pode-se explicar a função
da publicação do Manifesto republicano (1870) e a realização da Convenção de Itu (SP), em 1873, associan- do líquido do pseudoceloma na distribuição de substâncias desde as superfícies de absorção até as célu-
do essas ações à propagação do republicanismo na sociedade brasileira; na sequência, sugerimos analisar las mais distantes dessas superfícies.
a atuação política do Exército brasileiro a partir da chamada Questão Militar, visando compreender as ações A ideia é que consigam chegar à conclusão de que o corpo achatado, mas sem cavidade corporal
e o papel histórico das instituições militares, associando-as às mobilizações políticas que conduziram ao (acelomados), permite a troca de substâncias entre a superfície e as células mais profundas de forma mais
fim do Império brasileiro. eficiente do que nos nemátodos, os quais acabam dependendo do líquido do pseudoceloma.
Ao final da aula, sugerimos discutir a proclamação da República (1889) por meio de uma breve retros- Recomendamos finalizar mostrando na árvore filogenética (apresentada no capítulo 2 do Caderno de
pectiva de eventos que levaram ao desgaste do apoio a dom Pedro II, ressaltando o papel dos meios de
Estudos) que os nemátodos apresentam alto grau de parentesco evolutivo com os artrópodes, formando
comunicação no declínio do governo imperial. Nesse momento, sugerimos realizar uma análise da imagem
o clado Ecdysozoa, caracterizados por realizarem mudas ou ecdises. Sugerimos falar brevemente sobre
construída sobre dom Pedro II: um homem de idade avançada, ineficiente e incapaz de governar o país.
esse assunto, já que a explicação detalhada será destinada às aulas de artrópodes.
Essa imagem não ficou restrita à figura individual do imperador, mas foi associada à própria estrutura es-
A seguir, convém apresentar os anelídeos. Procure diferenciá-los dos nemátodos em relação à seg-
tatal imperial. Também é importante analisar os eventos que fizeram com que o imperador ficasse cada
mentação corporal e à presença de celoma verdadeiro. Pode-se explicar que, além do líquido celomático,
vez mais isolado politicamente, apontando que foi justamente a ausência de apoio ao Império uma das
apresentam sistema circulatório, que auxilia na distribuição de substâncias pelo corpo.
principais causas do sucesso do golpe de Estado militar que proclamou a República.
PREPARE-SE
Sugerimos apresentar as três classes de anelídeos, caracterizando-as e dando os principais exemplos
de cada uma. Convém explicar que há representantes desse filo que ocupam ambientes terrestres, de água
doce e de água salgada. Pode-se aproveitar para explicar os tipos de respiração de cada um, enfatizando
#cultura_digital a adaptação aos diferentes ambientes.
Recomendamos aos estudantes que visitem o site do acervo digital do Museu Afro Brasil. Nele, é possível Pela familiaridade com as minhocas, esse animal será utilizado como modelo durante a aula. É funda-
Boxe que faz indicação de vídeos, textos, atividades, pesquisas, etc., que
watch?v=K_7ByiYbCYM. Acesso em: 27 mar. 2021.
. BIOTURBATION – Worms at Work. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=n3wsUYg3XV0.
Acesso em: 27 mar. 2021.
. MINHOCÁRIO Caseiro – Simples Compostagem. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?
sala de aula. Ele pode indicar aula seguinte já tenham algum conhecimento
PREPARE-SE
BIOLOGIA A
Incentive os alunos a assistir à videoaula que trata dos moluscos e artrópodes para que tenham um primei-
HISTÓRIA
Análise linguística
Módulo 1. Formação de palavras .......................... 6
Módulo 2. Verbo: presente e imperativo ......... 10
Módulo 3. Verbo: pretérito perfeito
e imperfeito ......................................................................13
Módulo 4. Pretérito mais-que-perfeito e
tempos do futuro: progressão temporal ...........15
Módulo 5. Discurso citado ...................................... 18
Literatura e Arte
Módulo 1. Diversidade estética:
a Belle ƒpoque...............................................................24
Módulo 2. Pré-Modernismo .................................... 28
Módulo 3. Vanguardas artísticas europeias .. 30
Produção de texto
Módulo 1. Descrição, narração e
dissertação ......................................................................34
Módulo 2. Gêneros descritivos e narrativos:
publicidade, quadrinhos e fotojornalismo ....... 37
M Ó D U L O
Formação de palavras
EM13LGG102 Analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas diferentes mídias,
ampliando suas possibilidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na realidade.
EM13LP06 Analisar efeitos de sentido decorrentes de usos expressivos da linguagem, da escolha de determinadas palavras ou expressões e da
ordenação, combinação e contraposição de palavras, dentre outros, para ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de uso crítico da língua.
EM13LP40 Analisar o fenômeno da pós-verdade – discutindo as condições e os mecanismos de disseminação de fake news e também exemplos,
causas e consequências desse fenômeno e da prevalência de crenças e opiniões sobre fatos –, de forma a adotar atitude crítica em relação ao fenômeno
e desenvolver uma postura flexível que permita rever crenças e opiniões quando fatos apurados as contradisserem.
Desenvolvendo habilidades: 1 a 3
1 TM: 1 a 3
TC: 4 a 6
TD: 7
Extras!: 1 e 2
Desenvolvendo habilidades: 4 a 6
2 TM: 8 a 10
TC: 11 a 13
TD: 14 e 15
Extras!: 3
Desenvolvendo habilidades: 7 a 9
3 TM: 16 a 18
TC: 19 a 21
TD: 22 e 23
Desenvolvendo habilidades: 10 a 12
4 TM: 24 a 26
TC: 27 a 29
TD: 30
Extras!: 4
6
Objetivos de aprendizagem
Ao fim destas aulas, o aluno deve ser capaz de:
. Objetivo 1: Identificar neologismos, correlacionando-os a mudanças sociais e tecnológicas das quais
eles decorrem ou a efeitos expressivos desencadeados por eles.
. Objetivo 2: Reconhecer afixos como morfemas formadores de palavras, identificando suas proprie-
dades gramaticais e semânticas.
. Objetivo 3: Identificar os processos de derivação regressiva e conversiva.
. Objetivo 4: Reconhecer a composição como processo de formação de palavras, diferenciando aglu-
tinação e justaposição.
Encaminhamento
Este módulo sobre formação de palavras procura explorar a sensibilidade linguística dos alunos, falan-
tes da língua portuguesa, para compreender como os vocábulos se constituem, como podem ser segmen-
tados e qual é a relação disso com seu sentido.
Para ativar essa intuição própria dos falantes, iniciamos a sequência didática com o estudo de neolo-
gismos, como estratégia para explicitar que a formação de palavras é um fenômeno permanente nas línguas.
Nesse momento, portanto, mais importante que formalizar os processos de formação é refletir criticamen-
te sobre o próprio surgimento de palavras.
No segundo momento, iniciando a formalização, indicamos que o foco do estudo sejam os afixos (seus
significados e suas funções gramaticais) e os processos de derivação prefixal, sufixal e parassintética. Em
seguida, reservarmos exercícios para abordar os casos de derivação sem afixos (imprópria e regressiva) e,
por fim, destinamos atividades ao estudo das palavras compostas.
Nas quatro aulas que compõem este módulo, predominam textos-base que tratam da circulação de
informações no universo digital, especialmente em redes sociais. Esse tema favorece a análise de neolo-
gismos que circulam em contextos conhecidos pelos estudantes e abre espaço para discussões éticas
sobre comportamentos nas redes sociais, incluindo seus impactos na democracia.
Aula 1
Com a atividade inicial, proposta como Ponto de partida, pretendemos manter viva ao longo deste
módulo a percepção de que a formação de palavras é um fenômeno dinâmico e constante. Especialmente
nesta aula, esse dinamismo se explicita com o estudo dos neologismos, que deve ser menos orientado para
a categorização (diferenciando neologismos gramaticais, semânticos ou por empréstimo) e mais para a
reflexão sobre como e por que novas palavras são criadas.
Após acolher algumas respostas e reflexões iniciais, sugerimos utilizar as questões 1 a 3 como um
percurso investigativo sobre o tema. Com isso, ao término da resolução dessas atividades, é possível vali-
dar, reformular ou refutar as hipóteses iniciais.
Desse modo, indicamos em sequência a leitura de “Psia”, texto-base para as questões 1 e 2. Antes de
MÓDULO 1 – FORMAÇÃO DE PALAVRAS
respondê-las, convém analisar esse neologismo que dá título não apenas ao poema, mas também ao livro
de poemas concretos de Arnaldo Antunes. Para isso, além da interpretação do poema, cabe recorrer ao
boxe de biografia sobre o autor. Ao lado do poema e das questões 1 e 2, inserimos comentários com su-
ANÁLISE LINGUÍSTICA
7
Finalizando a atividade, cabe retomar a pergunta inicial e rever as hipóteses levantadas. É importante
que os alunos reconheçam que os neologismos podem estar associados tanto a necessidades expressivas
quanto ao surgimento de novas tecnologias e comportamentos.
Aula 2
Ao analisar a formação de palavras, pode-se partir do produto (a palavra formada) ou do processo (a
junção dos morfemas). Indicamos a segunda opção com o propósito de reforçar a compreensão de que
os processos de formação de palavras seguem ativos na dinamicidade da língua, dando sequência a noções
já presentes no estudo dos neologismos.
De forma prática, essa escolha implica que, em um primeiro momento, a atenção seja dirigida aos
afixos e, em seguida, sejam definidos os processos de derivação. Adotando o ponto de partida sugerido,
podem ser postas lado a lado as palavras informar, informação e desinformação, para que os alunos bus-
quem inferir o percurso de formação entre elas.
Nessa análise, cabe privilegiar propriedades semânticas e sintáticas dos afixos. Ao analisar como se
formou o vocábulo informação, pode-se destacar como a forma -ção é produtiva na formação de subs-
tantivos deverbais (como construção, conspiração, respiração, etc.) e, ainda, sua complementaridade com
a forma -mento, que também compõe substantivos com base em verbos (como confinamento, acolhi-
mento, cumprimento, etc.). Ao analisar como se forma desinformação, pode-se refletir sobre a polissemia
do prefixo des- (que indica negação em desleal e ação contrária em desfazer). Feita essa discussão, esta-
rão assentadas as bases para apresentar os termos derivação prefixal e derivação sufixal.
Para deixar claras as especificidades da derivação parassintética, optamos por adotar o termo técnico
circunfixo, mais comum no vocabulário linguístico que na gramática tradicional. Não é fundamental que os
alunos se apropriem do termo em si, mas do fenômeno: na parassíntese, um nome (substantivo ou adjetivo)
é circundado por afixos para formar um verbo (noite, anoitecer; paixão, apaixonar, etc.), de modo que um
termo semanticamente estático (o nome) dê origem a um termo semanticamente dinâmico (o verbo).
Em seguida, a resolução dos exercícios 4 a 6 cria oportunidades de os alunos refletirem sobre esses
processos de formação.
No exercício 4, aproveitando o termo desmentidos, você pode explorar a polissemia do prefixo des-:
cabe perguntar à turma se, nesse termo, o prefixo expressa “negação” (como em desconhecer) ou “ação
contrária” (como em desfazer). É esperado que eles vejam que desmentir é diferente de “não mentir”, pois
se trata de desconstruir uma mentira.
8
Aula 3
Esta aula é prevista, sobretudo, para encerrar a apresentação dos processos de derivação, incluin-
do, assim, a derivação conversiva e a regressiva. Como adotamos a estratégia de distinguir a derivação
em dois grandes grupos (palavras formadas com ou sem o acréscimo de afixos), sugerimos retomar
a noção de afixo com a questão 7. Assim, torna-se mais presente a distinção entre os dois modos de
derivação.
Os casos de derivação conversiva podem ser explorados em certa medida como revisão, pois as clas-
ses de palavras foram estudadas em cadernos anteriores. Para a derivação regressiva, a noção de classes
gramaticais será igualmente importante, já que esse processo forma substantivos deverbais.
Além dos exemplos da seção Neste módulo, os exercícios 8 e 9 servem de suporte ao estudo do tema.
Aula 4
Como esta aula encerra o tema do módulo, recomendamos promover uma recolha dos conceitos es-
tudados. Uma estratégia, para traçar um panorama do assunto, é iniciar a aula preenchendo parcialmente
o quadro destinado ao exercício 12.
Esse momento é adequado para verificar e eliminar eventuais dúvidas sobre os processos já estudados
e discuti-las. Além disso, pode-se introduzir a noção de composição, em oposição à derivação.
Ao opor as noções de justaposição e aglutinação, cabe considerar a historicidade na formação de
vocábulos (o que propusemos já com o estudo dos neologismos). Nesse sentido, convém apontar que a
aglutinação de fonemas é um processo de mudança atuante nas línguas: termos populares como “peraí”
(de “espera aí”) ou “vambora” (de “vamos embora”) são formados por aglutinação, embora ainda não re-
gistrados em dicionários.
Para encerrar esse percurso, indicamos a resolução dos exercícios 10 e 11, além da finalização do quadro
presente no exercício 12.
PREPARE-SE
A aula seguinte será dedicada ao estudo de verbos no tempo presente. Para que os alunos comecem a re-
fletir sobre o tema, sugerimos que recolham exemplos de formas nesse tempo verbal em títulos de notícias,
para então comparar semelhanças e diferenças entre elas.
Na próxima aula, como Ponto de partida, você pode perguntar a eles: “Quanto tempo dura o presente?”. Para
responder à indagação, os alunos poderão usar os exemplos de verbos no presente que tenham recolhido
e, por meio da investigação, concluir que as formas linguísticas do presente podem indicar eventos de va-
riadas durações.
Caso opte por essa abordagem investigativa sobre o tema, recomendamos que dê destaque a esta propos-
ta ao fim desta aula.
Considere ainda que, entre os exemplos coletados, podem aparecer formas do presente com valor de pas-
sado ou de futuro. Se isso ocorrer, você pode estimular a turma a distinguir usos literais e não literais do
presente antes de responder a “quanto tempo o presente dura?”.
ANOTAÇÕES
MîDULO 1 – FORMAÇÃO DE PALAVRAS
ANÁLISE LINGUÍSTICA
9
2 ANÁLISE LINGUÍSTICA
M Ó D U L O
Desenvolvendo habilidades: 1 a 3
5 TM: 1 a 4
TC: 5 a 8
TD: 9 e 10
Extras!: 1
Modo imperativo
Desenvolvendo habilidades: 4 a 6
6 TM: 11 a 14
TC: 15 a 18
TD: 19 e 20
Extras!: 2 a 4
10
Objetivos de aprendizagem
Encaminhamento
Como princípio norteador deste curso (amparado nas orientações curriculares nacionais, sobretudo na
BNCC), adotamos um olhar sobre as formas gramaticais voltado à construção do significado e, por conse-
guinte, à atuação do indivíduo no mundo por meio da linguagem. Com os verbos, não poderia ser diferente.
Dessa forma, dando sequência ao tratamento mais abrangente que fizemos sobre a classe dos verbos
no Caderno 4, este módulo inicia o estudo dos tempos verbais e aprofunda o olhar sobre as flexões, espe-
cialmente nos casos em que variedades populares e a norma-padrão da língua portuguesa divergem.
Reservamos, assim, duas aulas para estudar as formas verbais do presente (do indicativo e do subjun-
tivo) e também as do modo imperativo – as quais estão diretamente relacionadas ao presente dos dois
outros modos verbais.
Aula 5
O questionamento proposto como Ponto de partida tem como fim desencadear uma reflexão sobre
diferenças entre tempo cronológico e tempo verbal: de um lado, cronologicamente, o presente coincide
com o tempo em que o sujeito se encontra, com o “agora”; de outro, linguisticamente, as formas verbais
do presente coincidem com o momento da enunciação, mas raramente limitam-se a ele.
Para auxiliar os estudantes na resposta à questão inicial, você pode sugerir que eles citem frases “no
presente”, ainda sem a necessidade de formalizar o tempo verbal. Com base nas próprias respostas, cer-
tamente será possível começar a diferenciar casos de presente pontual, contínuo e frequentativo. Para fi-
nalizar esse primeiro momento, você pode recorrer ao tópico “O momento da enunciação e a duração dos
eventos” da seção Neste módulo e sistematizar a conceituação. Caso prefira intercalar as questões de aula
e a reflexão teórica, você pode encaminhar neste momento a resolução da questão 1.
Na aula anterior, usamos a seção Prepare-se para solicitar aos alunos que recolhessem frases com verbos no
presente. Desse modo, para responder à pergunta feita na seção Ponto de partida desta aula, eles poderão
se basear nos exemplos selecionados previamente.
Após analisar usos literais do tempo presente, convém dedicar um espaço a usos não literais. Isso pode
ser feito com base na questão 2, que explora o uso do presente histórico e do presente com valor de fu-
turo. É importante destacar que, nessas ocorrências, outros elementos contextuais serão responsáveis pela
marcação de tempo propriamente dita, enquanto a forma verbal terá outros efeitos semânticos: em lugar
do pretérito, o presente confere atualidade ao evento expresso; em lugar do futuro, confere maior grau de
certeza sobre a concretização do evento. MÓDULO 2 – VERBO: PRESENTE E IMPERATIVO
Por fim, cabe resgatar um tema visto também no Caderno 4: as diferenças entre presente do indicati-
vo e presente do subjuntivo. Para isso, foi formulado o exercício 3.
Recomendamos iniciar a aula verificando se, na variedade linguística predominante na turma: utiliza-se
ou não o imperativo conforme a norma-padrão. Para isso, você pode apresentar duas formas imperativas
(uma da segunda e outra da terceira pessoa) e perguntar aos alunos qual escolheriam em uma situação
cotidiana, informal. Pergunte, por exemplo, se usariam empresta ou empreste, corre ou corra, etc.
11
Para que a pergunta inicial seja efetiva, é aconselhável criar pequenos contextos, em que os alunos se
vejam efetivamente utilizando as formas (por exemplo, pode-se perguntar: “Como você pediria a um ami-
go que ouvisse uma música nova de que você gostou muito? ‘Ouve essa música!’ ou ‘Ouça essa música!’?”).
Aula 6
O Ponto de partida sugerido tem a função de resgatar o conhecimento dos alunos sobre funções se-
mântico-discursivas do modo imperativo (assunto já visto no Caderno 4) e, principalmente, iniciar o estu-
do das formas imperativas como variantes linguísticas.
Após essa sondagem inicial, aponte à turma que, segundo a gramática normativa da língua portugue-
sa, as formas citadas se distribuem entre a 2ª (empresta, corre, ouve) e a 3ª pessoa gramatical (empreste,
corra, ouça). Ao contrapor essas formas, cabe comentar que, em sua origem, o tratamento ao enunciatário
por meio da terceira pessoa gramatical está associado a um grau de formalidade mais elevado (o que se
mantém nos pronomes de tratamento, à exceção do pronome você em variedades brasileiras – em Portu-
gal, ele segue sendo um pronome mais formal que tu).
Para formalizar a composição do imperativo, cujas formas provêm do presente (quase integralmen-
te do presente do subjuntivo, à exceção das formas de 2ª pessoa no imperativo afirmativo), pode ser
usado o quadro presente no tópico “Modo imperativo: formação do imperativo na norma-padrão” da
seção Neste m—dulo.
Considerando que, no Caderno 4, ressaltamos a função do imperativo na interlocução, as três questões
desta aula (4 a 6) destacam as formas imperativas da perspectiva da variação linguística e da adequação
à norma-padrão.
ANOTAÇÕES
12
3
M Ó D U L O ANÁLISE LINGUÍSTICA
Desenvolvendo habilidades: 1 a 3
7 TM: 1 a 3
TC: 4 a 6
TD: 7 e 8
Extras!: 1
Desenvolvendo habilidades: 4 a 6
8
Objetivos de aprendizagem
13
Encaminhamento
Estas aulas dão sequência ao estudo dos tempos verbais, iniciando uma abordagem sobre formas
verbais do pretérito. O foco da análise recairá sobre a noção de aspecto verbal, para distinguir o pretérito
perfeito (pontual) do pretérito imperfeito (durativo), considerando ainda a correlação desses tempos com
a construção de enunciados narrativos e descritivos.
Aula 7
Tendo em mente o Ponto de partida acima, pode-se conduzir a aula para o desenvolvimento da noção
de “aspecto verbal”. Recomendamos que, no primeiro momento, sejam abordados o aspecto pontual do
pretérito perfeito, e o durativo do pretérito imperfeito. Posteriormente, cabe relacionar o nome desses
tempos verbais ao particípio do verbo perfazer (tal como está no Caderno de Estudos).
Para seguir tal percurso, sugerimos iniciar a leitura do texto-base, que serve de suporte aos exercícios
1 a 5. Esclareça à turma que a compreensão do texto será o primeiro passo para o estudo das categorias
gramaticais, de modo que fique explícita a intencionalidade da atividade.
Antes da leitura, cabe pedir aos alunos que estejam atentos a questões como estas: “Quais personagens
participam da cena?”; “Que outros personagens são citados?”; “Em que época parece ocorrer a narrativa?”.
Após a leitura, colha as respostas da turma e acrescente uma nova atividade: peça aos alunos que tentem
identificar uma passagem narrativa e outra descritiva, considerando que o tema já foi abordado nas aulas
de Produção de texto.
Com base em alguns exemplos citados pela turma, você pode apontar a correlação entre os tempos
verbais e esses modos de composição (pretérito perfeito e narração; pretérito imperfeito e descrição),
ainda sem justificar por que isso ocorre assim. Em seguida, você pode usar o item 1 da seção Neste mó-
dulo para formalizar a diferença entre pretérito perfeito e pretérito imperfeito, recorrendo às noções de
tempo e aspecto.
Para finalizar a aula, cabe resolver as três primeiras questões, que exploram propriedades de cada
tempo verbal.
Aula 8
Feita essa retomada inicial, você pode resolver com a turma o exercício 4, que resgata a distinção
entre os tempos verbais estudados.
Outro tema a ser abordado nesta aula é o uso do pretérito imperfeito do subjuntivo, considerando
seus aspectos semânticos, sintáticos e morfológicos. Recomendamos iniciar o tema com o exercício 5,
que oferece uma abordagem semântica – tenha em mente que, em aulas anteriores, o modo subjuntivo
já foi objeto de estudo.
Em seguida, convém tratar das variantes linguísticas que ocorrem nesse tempo verbal. Em variedades
populares, são comuns formas como “retesse”, “indisposse” e “convisse”, em vez de retivesse, indispuses-
se e conviesse. Recorrendo ao item 2 da seção Neste módulo, você pode apresentar como se forma o
pretérito imperfeito do subjuntivo conforme a norma-padrão.
Para concluir o módulo, o exercício 6 aborda, de forma contextualizada, o uso normativo de formas do
tempo verbal analisado.
14
4
M Ó D U L O ANÁLISE LINGUÍSTICA
Pretérito mais-que-perfeito e
tempos do futuro:
progressão temporal
Desenvolvendo habilidades: 1 a 3
9
TM: 1 a 5
TC: 6 a 10
TD: 11 e 12
Extras!: 1 e 2
Desenvolvendo habilidades: 4 a 6
10
ANÁLISE LINGUÍSTICA
TM: 13 a 15
TC: 16 a 18
TD: 19
Extras!: 3
15
Objetivos de aprendizagem
Encaminhamento
Estas duas aulas encerram um conjunto dedicado às classes de palavras e, em especial, ao estudo dos
verbos. Como nas aulas anteriores, nosso olhar aqui recaiu mais sobre os significados dos tempos verbais
e sua funcionalidade para a construção de sentidos do que sobre a descrição pormenorizada de conjuga-
ções verbais. É verdade que, em alguns casos, como o do futuro do subjuntivo, a questão normativa se
impõe naturalmente, mas em menor proporção do que as implicações semânticas para a progressão tem-
poral em textos.
Uma observação inicial importante para estas duas aulas é a forma como agrupamos diferentes tem-
pos verbais, a qual difere dos cânones dos estudos linguísticos no Ensino Médio, que costuma separá-los
a partir dos modos verbais. Optamos por juntar tempos que se caracterizam pela relação com pontos de
referência no passado (pretérito mais-que-perfeito e futuro do pretérito literal) e os diferentes tipos de
futuro, mesmo em modos distintos (futuro do presente e futuro anterior do modo indicativo e futuro do
subjuntivo). Como se pode notar, nossa opção privilegiou a noção mais ampla de tempo (pretérito e futu-
ro) em detrimento da de modo como baliza de organização dos conceitos.
No geral, as concepções de tempos verbais que vamos desenvolver nestas aulas são dominadas pelos
alunos, com diferentes graus de consciência. Por isso, é importante reafirmar uma das premissas deste
curso e do trabalho como professores de língua materna: promover contextos a partir dos quais possamos
tecer reflexões metalinguísticas e ensinar parâmetros linguísticos sólidos para que os alunos possam, por
si mesmos, desenvolver reflexões a respeito de fatos de linguagem, como os tempos verbais aqui aborda-
dos.
Aula 9
A seção Neste m—dulo foi planejada para ser o ponto de partida das reflexões sobre os tempos verbais
desta aula, as quais podem explorar as tirinhas em que ocorrem verbos no pretérito mais-que-perfeito e
no futuro do pretérito. Uma sugestão é pedir aos alunos que ordenem as ações dos enunciados usando a
linha cronológica que acompanha cada um dos tempos no material.
Para abordar o pretérito mais-que-perfeito, a primeira questão explora o pretérito perfeito como seu
contraponto temporal. O trecho foi extraído de um capítulo sobre as condições necessárias para a argumen-
tação, e o texto ilustra a necessidade de gerenciamento da relação com o outro, como a história da mulher
que se associou a um clube com regras questionáveis. Depois da análise dos eventos, instigue a turma a pro-
duzir enunciados com os três pretéritos do indicativo – e uma sugestão é que o pretérito imperfeito sinalize
uma situação habitual; o pretérito perfeito, uma mudança nessa situação; e o pretérito mais-que-perfeito, uma
causa (portanto, anterior) dessa mudança. O exemplo apresentado no gabarito foi estruturado com essas
relações de sentido.
As duas questões que seguem focalizarão o futuro do pretérito: primeiro em sua função literal, cujo
ponto de referência é uma ação do passado; depois, em sua função não literal, condicional. O segundo
verbo analisado no exercício 2 e o exercício 3 tratam exclusivamente desse papel condicional do futuro. Por
isso, convém ressaltar os elementos contextuais que acionam o sentido condicional desse tempo verbal.
16
Ponto de partida – Aula 10
Esta aula sobre futuros pode ser iniciada com uma provocação que faça com que os alunos projetem
sua existência para diferentes momentos posteriores ao presente: “O que você imagina estar fazendo da-
qui a 5 anos?; E daqui a 50 anos?; Como você imagina nossa sociedade daqui a 100 anos?”. A intenção,
para cada uma dessas perguntas, é criar contextos que evidenciem o futuro do presente, o futuro anterior
e o futuro do subjuntivo, respectivamente.
Ao colher as respostas, convém enfatizar as estruturas linguísticas que inexoravelmente serão usadas
para projetar cenários futuros. Como o futuro anterior provavelmente não aparecerá nas falas, você pode
criar um contexto em que ele surja para posterior análise.
Aula 10
Para esta aula, reservamos o estudo de três futuros diferentes: o do presente, o anterior e o do sub-
juntivo. Embora eles pudessem ser organizados nessa sequência na aula (tempos do indicativo 3 tempo
do subjuntivo), optamos por deixar para o final o caso do futuro anterior, já que ele pode ser visto com
maior velocidade em relação ao futuro do subjuntivo, que exigirá uma delicada operação de construção
de flexões irregulares.
O primeiro exercício se pauta em um texto que aborda as previsões de futuro para o desenvolvimento
da inteligência artificial. Como o próprio tema do texto favorece a discussão sobre eventos posteriores ao
momento da enunciação, o foco da análise recairá na investigação das pistas do momento em que o enun-
ciador se encontra ao fazer as previsões, bem como nas formas mais coloquiais ou mais formais do futuro
do presente.
Para o estudo do futuro do subjuntivo, selecionamos outro trecho do mesmo livro, desta vez com previsões
feitas em 1956 e condicionadas à criação de um grupo de estudos para o desenvolvimento de máquinas inte-
ligentes. Nesse contexto, propusemos uma lista de verbos irregulares que precisam ser confrontados com sua
variação popular, como “se eu rever” 3 “revir”, ou “se os cientistas se contraporem” 3 “se contrapuserem”.
A fim de dar mais segurança para as flexões no futuro do subjuntivo, organizamos um quadro para que, caso
a caso, sejam investigadas as formas cultas de conjugação, seja no pretérito perfeito (tempo matriz), seja no
subjuntivo. Sugerimos que você, a partir da tabela de conjugação, apresente outros verbos derivados de irre-
gulares, como provir, entreter, refazer, etc. (vale uma consulta nos verbos que serão cobrados na tarefa, a fim
de dar mais segurança a essa operação de norma).
O último exercício oferece um contexto fundamentado em datas para facilitar o trabalho com o futuro
anterior: a partir do presente da enunciação, 2050 e 2100 são épocas futuras; mas aquela, anterior a esta.
O futuro anterior é o caso mais raro entre todos os que selecionamos para esta aula e, por isso, o exercício
reforça sua permutabilidade pelo futuro do presente, com perda de traço semântico. Aqui, portanto, suge-
rimos mais foco na análise do contexto do que na catalogação de mais um tempo verbal.
ANÁLISE LINGUÍSTICA
17
5 ANÁLISE LINGUÍSTICA
M Ó D U L O
Discurso citado
Discurso direto
Discurso indireto
Transformação de discursos
11 Desenvolvendo habilidades: 1 a 3
TM: 1 a 5
TC: 6 a 10
TD: 11 e 12
Extras!: 1 e 2
Desenvolvendo habilidades: 4 a 6
12 TM: 13 a 15
TC: 16 a 18
TD: 19
Extras!: 3
Objetivos de aprendizagem
18
Encaminhamento
Um Ensino Médio que se pretende integrado à vida cotidiana, especialmente moldada pelas redes
sociais, não pode desprezar a pluralidade de discursos, sejam eles discordantes, sejam afinados na mesma
orientação argumentativa. Sua vocação emerge, portanto, não apenas da necessidade de reconhecimento
de diferentes vozes sociais, mas sobretudo do desenvolvimento da habilidade de conciliá-las. O discurso
democrático se fundamenta nessa mesma premissa: como as diferenças podem coexistir e aprender a se
respeitar e a caminhar juntas.
Os tipos de discurso, nesse contexto, constituem um assunto que permeia todos os campos de atuação
social. O jornalismo, por exemplo, se fundamenta exatamente na citação de depoimentos, de visões de
mundo, de vozes antagônicas. O artigo de opinião, ou o artigo de divulgação científica, o faz da mesma
forma. E, seguindo essa lógica, os alunos também precisam lidar com a citação direta ou indireta de pensa-
dores de seu repertório pessoal ou presentes na coletânea de textos que formam as propostas de redação.
É esse o espírito que norteia as atividades que integram as duas aulas dedicadas ao estudo do discur-
so direto, indireto e indireto livre. Para além da mera identificação dos tipos, nosso escopo é a operação
de transformação de um tipo no outro e a avaliação dos efeitos decorrentes de cada uma das escolhas
feitas pelo enunciador.
Aula 11
O plano geral desta aula prevê a investigação de diferentes maneiras de um texto incorporar discursos
alheios (questão 1), o reconhecimento e a caracterização do discurso direto, do indireto e do próprio enun-
ciador do texto (questão 2) e a conversão de um tipo no outro, observando os diversos detalhes sensíveis
a essa operação (questão 3).
A primeira questão tem a finalidade mais ampla de trazer à tona a diferença entre a citação direta e a
indireta do pensamento de uma autoridade em um tema de redação da Unifesp. (A telenovela brasileira:
conscientização ou alienação?). Se, por um lado, a coleção de textos elaborada para dar suporte à reflexão
apresenta diferentes opiniões e visões de mundo sobre o tema, por outro, certas vezes os trechos selecio-
nados pela banca confrontam pontos de vista e formas de interpretar a realidade. Vale destacar, neste caso,
a ambiguidade do trecho em que não há marcas suficientes para determinar se se trata da continuidade
do pensamento de J.S.R. Goodlad ou de inferências do autor do texto.
Na segunda questão, procure enfatizar os recursos linguísticos que caracterizam cada tipo de discur-
so, a fim de preparar o terreno para a terceira questão, que consumirá a maior parte desta aula. Além da
transformação do discurso direto em indireto, é fundamental identificar os elementos linguísticos que vão
se alterando. O mapa mental produzido para a seção Neste módulo pode ser de grande valia para a exe-
cução desta tarefa. As tirinhas que compõem essa questão foram selecionadas para contemplar a maior
quantidade possível de casos especiais. Ao final de cada uma das respostas, foram destacados os elemen-
tos que inspiram cuidado na transformação. Uma sugestão é pedir que todas as frases sejam transpostas
e, em seguida, comentar cada um dos casos em que é preciso realizar mudanças na linguagem. Outra é
MÓDULO 5 – DISCURSO CITADO
incentivar os alunos a trabalhar em pares para promover as transformações e, depois, expor coletivamen-
te reflexões sobre os elementos que mudaram.
ANÁLISE LINGUÍSTICA
19
intenção é demonstrar, na prática, como um indivíduo se faz passar por outro, mas sem deixar de ser ele
mesmo. Princípio semelhante governa o discurso indireto livre, que continua sendo citação de discurso
alheio, mas em uma espécie de arremedo que o narrador/enunciador faz da voz citada.
Sugerimos selecionar previamente um texto literário para mostrar, logo em seguida a essa introdução,
como as vozes de narrador e personagem se misturam, criando um “eco textual”. Você pode selecionar
entre os textos que compõem os exercícios de tarefa um que possa ajudar na introdução da aula.
Aula 12
A segunda aula será dedicada, fundamentalmente, à análise do discurso indireto livre, tema do exercí-
cio 5. Entretanto, antes de abordar esse assunto, apresentamos uma questão que retoma algumas das
principais alterações que o texto sofre ao se transpor o discurso direto para o indireto. Há mais duas ques-
tões na seção Extras! sobre esses procedimentos, dada sua complexidade e importância para a resolução
de exercícios e para o uso cotidiano da língua.
Para a análise do discurso indireto livre, escolhemos um trecho de Vidas secas, que já se tornou um
clássico nesse assunto. Sugerimos que os alunos façam a primeira abordagem do texto em busca dos
trechos que ilustram esse tipo de recurso, fundamentados na própria experiência como leitores e nas ca-
racterísticas do discurso direto acumuladas até esse ponto das aulas. Será de grande importância a análi-
se de cada um dos trechos para validar a ambivalência das vozes do narrador e de Fabiano, como se pede
no item b. Procure destacar a ausência de marcas formais do discurso direto, ao mesmo tempo que, do
ponto de vista do sentido, é evidente que se trata da fala da personagem central do livro.
Encerrando a aula, preparamos uma questão que aborda os efeitos do emprego do discurso direto e
do indireto. Nesse caso, vale a pena comentar com um pouco mais de ênfase os efeitos de objetividade e
subjetividade, especialmente quando se leva em consideração que, ao acomodar o discurso alheio em uma
estrutura de frase sem sinais de pontuação, o enunciador pode acabar promovendo, conscientemente ou
não, pequenas alterações de sentido em relação ao original, bem como a seleção do verbo dicendi pode já
revelar sua opinião a respeito da citação. Há ainda uma outra questão na seção Extras! dedicada ao mesmo
propósito de investigar os efeitos das escolhas estilísticas referentes à citação do discurso alheio.
ANOTAÇÕES
20
GABARITO
12 a 2 b
13 c 3 b
14 a 4 c
15 d 5 d
16 d 6 c
17 c 7 Para que se construa uma nova educação, é necessário
que a escola se adeque à realidade social, que seus ob-
18 d
jetivos proponham uma nova visão de mundo, que suas
19 b
ações não impeçam a liberdade de pensar, mas favore-
20 b çam o desenvolvimento do senso crítico.
21 d 8 d
22 a) O substantivo venda se forma com base no verbo 9 Sob o ponto de vista do sentido, o advérbio lá faz menção
vender, por derivação regressiva. Em sua primeira acep- a Pasárgada, lugar mítico da concretização dos desejos
ção, tem sentido abstrato, referindo-se ao ato de vender, para onde o eu lírico afirma que partirá. Por isso, o verbo
e, posteriormente, passa a indicar, por metonímia, o pró- ser, nesse contexto, tem valor de futuro, já que ele ainda
prio estabelecimento em que se pratica esse ato. Já pu- não se encontra na terra pretendida. Por contraste, o ad-
xado se forma por derivação imprópria ou conversiva, vérbio aqui faz referência ao espaço de realidade em que
com base na forma de particípio do verbo puxar: sem o eu lírico se encontra, e o verbo ser, nesse caso, tem valor
sofrer qualquer alteração em sua fônica, a forma verbal literal e indica o tempo concomitante ao da enunciação.
passa a ser usada como substantivo, dando nome a uma
10 a) Os tempos verbais podem ser empregados, em sen-
construção improvisada, rudimentar.
tido literal, para indicar o momento da ocorrência de
b) No primeiro caso, associada à forma verbal casara, a uma ação, respeitando a linearidade da passagem do
preposição assume o sentido de “companhia”, “acom- tempo (o futuro do presente, por exemplo, exprime um
panhamento”. No segundo, introduzindo a expressão processo posterior ao momento da fala). É possível,
“uma pequena venda”, a mesma preposição passa a porém, em certos contextos, operar com os tempos
ANçLISE LINGUêSTICA
indicar “meio”, já que o comércio é o meio pelo qual o verbais para obter efeitos expressivos (por exemplo,
casal pôde se estabelecer. dar ordens usando o infinitivo em vez do imperativo:
GABARITO
23 a) Na primeira estrofe, o eu lírico usa o verbo velar – na “Esquerda, volver!”). Os três textos exploram essas ca-
forma subjuntiva vele – como sinônimo de guardar, vi- racterísticas dos tempos verbais.
21
No Texto I, uma transmissão de jogo de futebol, o presente 6 e
do indicativo sinaliza que as ações acontecem simultanea-
7 O pretérito imperfeito é geralmente empregado para
mente ao momento em que são narradas pelo locutor indicar fatos passados habituais, recorrentes, rotineiros.
esportivo. Em “Faz festa a torcida”, por exemplo, o empre- Nesse sentido, ao recordar fatos da infância, o eu lírico
go desse tempo verbal sugere que a festa está ocorrendo se apoia nesse tempo verbal para indicar eventos corri-
no instante em que é enunciada. No Texto II, o presente é queiros, frequentes em seu cotidiano infantil.
empregado em sentido não literal: em vez de concomitân-
Já o presente do indicativo empregado no verso “compri-
cia em sentido estrito, indica ações costumeiras, que se
da história que não acaba mais” prolonga até o momento
repetem no dia a dia do casal (noção construída por ex-
da enunciação um evento do passado: a leitura de
pressões como Cotidiano, todo dia, sempre igual).
Robinson Crusoé se dava na infância do eu lírico, mas
No Texto III, como no II, ocorre emprego metafórico do o verbo acaba, conjugado no presente, indica que a histó-
tempo verbal, desta vez no lugar do futuro do presente ria se perpetua até o momento em que as lembranças
(tempo requerido pelo advérbio amanhã), produzindo estão sendo reavivadas. Em outros termos, o presente do
efeito de mais certeza ao enunciado. indicativo presentifica para o momento de enunciação das
b) Na transmissão de uma partida de futebol, é comum memórias o conteúdo da história lida na infância.
o locutor narrar os lances à medida que acontecem,
8 No primeiro período, ocorrem dois verbos conjugados
fazer comentários sobre eles e retomar eventos já nar- no pretérito perfeito, indicando que se trata de um tre-
rados. No último parágrafo, o locutor reconta com mais cho fundamentalmente narrativo, ou seja, faz-se menção
detalhes o gol de Anderson Conceição narrado no pa- a eventos que, do ponto de vista do momento de pro-
rágrafo anterior. A presença exclusiva do pretérito per- dução do texto, aconteceram em um tempo anterior: a
feito, portanto, é um recurso que organiza o discurso insatisfação dos pais e o boicote dos alunos, que não
oral: ela indica, literalmente, que as ações (subiu, des- compareceram às aulas no dia da Festa do Sacrifício.
viou, cutucou) se inscrevem no passado, não são simul-
Já o presente do indicativo do segundo período tem um
tâneas à fala. É a forma linguística de indicar o replay
valor frequentativo e indica que a reserva do dia da Fes-
na transmissão falada da partida.
ta do Sacrifício para orações, presentes e convivência é
11 a um hábito entre os muçulmanos.
12 b 9 c
13 d 10 e
14 b 11 c
15 d 12 d
16 a 13 c
17 c 14 e
18 e 15 e
19 d 16 e
20 Pai nosso, que está no céu, santificado seja o seu nome,
venha a nós o seu reino, seja feita a sua vontade, assim Capítulo 4 – Pretérito mais-que-perfeito e
na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dê tempos do futuro: progressão temporal
hoje, perdoe as nossas ofensas, assim como nós perdoa-
mos a quem nos tenha ofendido, e não nos deixe cair 1 a
em tentação, mas livre-nos do mal. 2 e
3 e
Capítulo 3 – Verbo: pretérito perfeito e imperfeito
4 e
1 c 5 d
2 e 6 d
3 b 7 c
4 a 8 c
5 b 9 c
22
10 Tanto o futuro do pretérito da locução “teria se esface- 4 a
lado” quanto o advérbio provavelmente desempenham 5 a
o papel de evitar que o enfraquecimento dos sindicatos 6 c
e o menor crescimento de salários e benefícios sejam
7 d
interpretados como conclusões categóricas, ou seja,
8 c
como efeitos inexoráveis do aumento de disponibilidade
9 c
de mão de obra chinesa, indiana e russa. Trata-se, por-
tanto, de recursos que diminuem a certeza da relação 10 c
de causa e efeito e projetam consequências prováveis 11 a) O paradoxo se caracteriza pela atribuição simultânea
sob a forma de possibilidades coerentes, mas não de de ideias opostas.
resultados imediatos e comprovados. A graça na fala do garçom reside na oposição entre os
11 b trechos “raio de língua” e “eu percebo tudo”. Essas ex-
12 a) De acordo com a propaganda política, os inimigos pressões configuram o paradoxo na medida em que “raio
eram os estrangeiros que queriam se apossar do poder de língua” revela uma reação de estranheza, e o trecho
econômico de São Paulo e paulistas separatistas, con- “eu percebo tudo” opõe-se a essa atitude, pois, embora
trários a lugares e classes empobrecidas do Brasil. aparentasse desconhecer a língua que os brasileiros esta-
vam falando, o garçom a compreendia integralmente.
b) A expressão “isso fariam” diz respeito aos estrangei-
ros e faz menção à tese de que, apoderando-se do con- b) O garçom lhes perguntou, intrigado, que raio de língua
trole econômico de São Paulo, ganhariam também o era aquela que estavam lá a falar, que ele percebia tudo.
controle político. 12 a) A declaração do norte-americano é apresentada em
c) O futuro do pretérito é empregado como um tempo discurso indireto: dizendo que quanto mais globalizado
por meio do qual se levantam hipóteses ou se coloca se tornar o mundo […]. A do brasileiro é apresentada
sob suspeita o conteúdo de verdade dos verbos. Consi- em discurso direto: “Desde as missões, as pesquisas na
derando que o texto começa falando sobre desinforma- Amazônia existem […]”.
ção como estratégia do Governo Provisório, as ações b) A escolha do discurso direto, reproduzindo literalmen-
conjugadas no futuro do pretérito são apontadas como te as palavras do coronel Amerino Raposo, corresponde à
inverídicas, contrapondo a versão oficial do governo e a intenção de criar o efeito de verdade e fazer chegar ao
visão do autor do texto. leitor o impacto da fala do militar tal como ele a proferiu.
13 a 13 d
14 c
14 d
15 a) Um conhecedor da Bíblia (rabino, pastor ou padre)
15 a
interpretaria esse mandamento como uma proibição de
furtar, com validade ilimitada. Entenderia que o futuro, 16 c
nesse contexto, tem valor de imperativo, que é o modo 17 b
verbal usado para propor que o interlocutor cumpra o 18 Resposta: 1 1 8 5 9
que está sendo enunciado.
19 a) Porque Joana Xaviel conta a história de Destemida,
b) Bastos Tigre faz uma interpretação literal do futuro, esposa grávida de um vaqueiro, que tem vontade de
segundo a qual a proibição contida em “Não furtarás” comer a vaca de propriedade de um homem rico. O
não tem validade para o momento presente, perpetuan- marido atende-lhe o desejo e é descoberto pela mãe do
do, portanto, indefinidamente a legitimidade do furto. proprietário da vaca. Destemida envenena a mulher e,
16 d depois, põe fogo na casa em que a defunta era velada.
17 a Os ouvintes da narração de Joana acreditam que a his-
23
1 L I T ER AT UR A E A R T E COMPETÊNCIAS GERAIS C1. C3. C6. C7
M Ó D U L O
Diversidade estética:
a Belle Époque
EM13LGG201 Utilizar as diversas linguagens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contextos, valorizando-as como fenômeno social, cultural,
histórico, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso.
EM13LGG202 Analisar interesses, relações de poder e perspectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e
verbais), compreendendo criticamente o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias.
EM13LGG604 Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política e econômica e identificar o processo de construção
histórica dessas práticas.
EM13LP01 Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico de
circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso etc.), de forma a ampliar
as possibilidades de construção de sentidos e de análise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
EM13LP03 Analisar relações de intertextualidade e interdiscursividade que permitam a explicitação de relações dialógicas, a identificação de
posicionamentos ou de perspectivas, a compreensão de paráfrases, paródias e estilizações, entre outras possibilidades.
EM13LP50 Analisar relações intertextuais e interdiscursivas entre obras de diferentes autores e gêneros literários de um mesmo momento histórico
e de momentos históricos diversos, explorando os modos como a literatura e as artes em geral se constituem, dialogam e se retroalimentam.
Parnasianismo
Olavo Bilac
Desenvolvendo habilidades: 1 e 2
1
TM: 1, 2, 6 e 7
TC: 3, 4 e 8
TD: 5 e 9
Extras!: 1 e 2
Simbolismo
Cruz e Sousa
Impressionismo
2 Desenvolvendo habilidades: 3, 4 e 5
TM: 10 a 12
TC: 13 a 15
TD: 16 e 17
Extras!: 3
24
Objetivos de aprendizagem
Encaminhamento
Ponto de partida
Para a aula 1, recomendamos apresentar aos alunos o texto a seguir, de autoria do crítico João Pache-
co, que trata da expressividade erudita que marcou a produção literária da Belle ƒpoque. Embora o trecho
se refira especificamente ao Parnasianismo, pode ser estendido a outras correntes literárias do período.
Passa-se a considerar que só as obras bem escritas são eternas, enxergando-se na correção e elegân-
cia da expressão a marca de originalidade e a segurança de perpetuidade. E, como no âmbito de nossa
língua, os parnasianos nacionais iam buscar inspiração nos mestres lusitanos do século XVIII, a sintaxe
brasileira ficou inteiramente subordinada à portuguesa, sobrestando-se dessa maneira a evolução que
com os românticos, ao influxo do meio americano e sob a inspiração de independência cultural, se vinha
processando no sentido de diferenciação.
PACHECO, João. O realismo. 4. ed. São Paulo: Cultrix, 1971. v. III. p. 69. (Coleção A Literatura Brasileira).
O crítico João Pacheco sintetiza, nesse trecho, uma das noções que fundamentaram a estética parna-
siana: a noção de obras bem escritas. Para os representantes dessa escola literária, a produção literária
deveria se pautar pela erudição e por referenciais que evidenciassem cultura (personagens e eventos da
mitologia, história antiga, etc.). Evidentemente, não se trata, aqui, de chegar a conclusões definitivas, mas
de colocar os alunos em contato com os princípios da estética parnasiana para verificar a validade deles
ainda hoje.
Como ponto de partida para a aula 2, você pode apresentar a discussão proposta por Rimbaud em
seu célebre poema “Vogais”.
A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul: vogais,
Um dia hei de dizer vossas fontes latentes:
A, negro e veludoso enxame de esplendentes
Moscas a varejar em torno aos chavascais,
Vale a pena pedir aos alunos que atribuam uma cor para cada vogal. Dificilmente haverá consenso
entre eles. Esse exercício servirá para mostrar o espaço de imaginação que os simbolistas gostavam de
explorar, de modo a despertar novos sentidos para a realidade concreta em que nos inserimos.
25
Aula 1
A estética parnasiana pode ser apresentada aos alunos em seus aspectos gerais. Não há necessidade
de uma concentração excessiva em determinado autor. No entanto, se desejar, você poderá destacar a
obra de Olavo Bilac, o grande nome do movimento parnasiano no Brasil. Essa apresentação geral pode ser
feita de forma sucinta, passando-se em seguida à realização das atividades da seção Desenvolvendo ha-
bilidades. De fato, a grande importância que o estudo do Parnasianismo pode representar para os alunos
reside justamente no desenvolvimento de habilidades de leitura. Não são textos fáceis, principalmente por
se utilizarem de um vocabulário distante do que os estudantes estão habituados – mesmo em seus estudos
literários. No entanto, você pode enfatizar que, justamente por isso, são textos exigentes e desafiadores.
Para aqueles alunos mais resistentes, que se mostrarem pouco dispostos a superar as dificuldades
vocabulares dos poemas, você pode lembrar dois aspectos fundamentais. O primeiro deles diz respeito ao
fato de que os parnasianos produziram em uma época anterior ao Modernismo, estando, portanto, distan-
tes das inovações trazidas após a Semana de Arte Moderna de 1922. Como o Modernismo ainda não foi
visto pelos alunos no curso, você pode esclarecer que foi a partir desse momento que se elaboraram as
noções poéticas que estão em vigor até hoje, como os versos livres e brancos e a linguagem coloquial. E
deve ainda lembrá-los que os modernistas, quando apareceram no cenário cultural brasileiro, debateram
conceitos estéticos com os parnasianos. Isto é, começar a compreender a arte moderna, em literatura,
significa entender os princípios contra os quais os modernistas se colocaram – que eram, basicamente,
princípios parnasianos. O segundo aspecto a que se pode aludir aponta para as razões que levaram os
parnasianos a usar um vocabulário erudito: para eles, tratava-se de utilizar toda a riqueza da língua; se os
termos eram desconhecidos, isso se devia à pouca circulação que tinham, cabendo aos escritores a missão
de torná-los conhecidos, aumentando assim o repertório e a cultura dos leitores.
Se preferir, você pode abordar aspectos essenciais do Parnasianismo diretamente pelas questões do
Ponto de partida, e em seguida propor a leitura da atividade 2, baseada no poema “A um poeta”. Se isso
já ocupar tempo suficiente da aula, poderá recomendar a atividade 1 para casa, transformando-a em um
trabalho escrito, individual ou em grupo. A questão 2 da seção Extras! também se presta à discussão e,
dependendo do entusiasmo e envolvimento da turma, talvez seja interessante trazê-la para a sala, substi-
tuindo um dos exercícios de aula.
É conveniente ficar atento aos exercícios propostos nas tarefas para casa. Alguns deles apresentam
formatos que exigem criatividade dos alunos. Se achar conveniente, você pode, inclusive, fazer alguns
desses exercícios em sala (como substituto ou complemento) ou chamar a atenção para os que julgar mais
importantes.
Aula 2
Uma abordagem possível para iniciar a aula é retomar brevemente as características da segunda me-
tade do século XIX. O grande avanço nas áreas da comunicação, da medicina e da tecnologia demonstra-
va, na prática, a pertinência do pensamento científico. Os positivistas, entusiasmados com aquelas con-
quistas, apregoavam que só a Razão e a Ciência poderiam levar o ser humano à Verdade. O método
científico parecia ser o caminho mais seguro para solucionar as dúvidas que a humanidade sempre carre-
gara. A burguesia estava satisfeita com os frutos oferecidos pela Razão e considerava que, ademais, eles
colocavam a cultura europeia como ponto máximo da evolução humana. Nesse momento, os alunos devem
se lembrar de teorias como o evolucionismo, o determinismo e o positivismo.
Mas um grupo de artistas – logo chamados de “malditos” – não ficou satisfeito com esse estado das
coisas; eles consideravam que a alma humana era muito mais complexa do que pensavam as teorias em-
píricas. Em vez de se submeter ao mundo real, explicável pela física e pela matemática, eles cultuavam o
mistério, a vagueza, o impalpável e o desconhecido. Essa postura não era mero fruto de insensatez nem
de loucura, na medida em que era programática e rigorosamente seguida por aqueles que não aceitavam
as formas rudes do mundo consolidado pelo avanço do capitalismo industrial.
Dessa postura de questionamento nasceu o Simbolismo, movimento de repulsa ao racionalismo de
molde positivista. Uma breve discussão sobre o nome do movimento pode ser esclarecedora: um símbolo
é qualquer coisa usada para representar outra. No nosso cotidiano, por exemplo, o significado de vários
símbolos está culturalmente estabelecido, de maneira que há uma proximidade entre o símbolo (podería-
mos aqui usar “signo”) e o objeto. Os simbolistas, contudo, exploravam o mundo do sonho, no qual a rela-
ção entre o signo e seu objeto não são claras. Para buscar o significado das imagens apresentadas por eles,
é necessário se valer de outras formas de conhecimento, como a intuição.
26
É interessante mencionar que as raízes do Simbolismo estão entranhadas nas do Parnasianismo. Os
primeiros simbolistas franceses apresentaram seus poemas nas antologias Le Parnasse Contemporain, a
mesma publicação que deu forma ao movimento parnasiano. E não é só isso: os simbolistas cultuavam
também o preciosismo vocabular, a rima e a metrificação esmerada. Mas eles se diferenciavam bastante:
enquanto os parnasianos associavam sua atividade às artes plásticas (vide a “Arte poética” de Bilac), os
simbolistas se aproximaram da forte carga sugestiva da música.
Assim, diferenciando o Simbolismo do Parnasianismo, você pode apresentar as características mais
peculiares daqueles que inicialmente foram chamados de “decadentistas”. Um bom caminho é partir das
características que estão elencadas no Caderno do Aluno, acentuando que a musicalidade simbolista tira
de foco o peso tradicional do significado das palavras. Valoriza-se o significante: os sons que se expressam
pelo jogo da métrica, das rimas e das aliterações e assonâncias.
Ao tratar do Simbolismo brasileiro, você pode lembrá-los que, entre nós, o movimento foi um tanto
obscurecido pelo prestígio parnasiano – ao contrário do que se deu em Portugal e na França. Cumpre
mencionar rapidamente a trajetória de Cruz e Sousa, considerado o maior nome simbolista entre nós, res-
saltando as agruras impostas por sua condição de poeta negro em uma sociedade ainda marcada pela
escravidão.
Paralelamente ao desenvolvimento do Simbolismo, ocorreu na Europa o Impressionismo, movimento
fundamental para as artes plásticas. É possível relacionar um ao outro na medida em que o Impressionismo
também não apresenta uma forma de conhecimento submissa às imposições da clareza e da lógica – por
mais que ainda se mantivesse apegado à representação do real tangível. Para apresentar ambientes cheios
de luz e cor, os impressionistas afastavam-se dos padrões do Classicismo defendido e perpetrado nos
periódicos salões de arte estabelecidos pela Academia Francesa. Pintores como Édouard Manet (1832-1883),
Claude Monet (1840-1926) e Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) chocaram público e crítica ao tentar captar
as nuances efêmeras da realidade (tais como as variações de luz sobre uma paisagem) por meio de pin-
celadas curtas que, quando olhadas de perto, se assemelham a borrões. O termo “impressionista”, aliás, foi
usado de forma depreciativa por um crítico para apontar o caráter pouco preciso das representações. O
nome pegou. Mas o que os impressionistas desejavam, de fato, era captar uma dimensão real do ambien-
te, a da luz e da cor, que, embora cambiantes, são igualmente reais.
ANOTAÇÕES
27
2 L I T ER AT UR A E A R T E
M Ó D U L O
Pré-Modernismo
EM13LGG103 Analisar o funcionamento das linguagens, para interpretar e produzir criticamente discursos em textos de diversas semioses (visuais,
verbais, sonoras, gestuais).
EM13LGG202 Analisar interesses, relações de poder e perspectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e
verbais), compreendendo criticamente o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias.
EM13LGG302 Posicionar-se criticamente diante de diversas visões de mundo presentes nos discursos em diferentes linguagens, levando em conta seus
contextos de produção e de circulação.
EM13LP05 Analisar, em textos argumentativos, os posicionamentos assumidos, os movimentos argumentativos (sustentação, refutação/contra-
-argumentação e negociação) e os argumentos utilizados para sustentá-los, para avaliar sua força e eficácia, e posicionar-se criticamente diante da questão
discutida e/ou dos argumentos utilizados, recorrendo aos mecanismos linguísticos necessários.
EM13LP48 Identificar assimilações, rupturas e permanências no processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua trajetória, por meio
da leitura e análise de obras fundamentais do cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a historicidade de matrizes e
procedimentos estéticos.
EM13LP49 Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas crônicas, a
manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mundo nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos romances, a dimensão política
e social de textos da literatura marginal e da periferia etc.) para experimentar os diferentes ângulos de apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
Euclides da Cunha
Lima Barreto
Desenvolvendo habilidades: 1 a 4
3
TM: 1 e 2
TC: 3 e 4
TD: 5 e 6
Extras!: 1 e 2
Monteiro Lobato
Desenvolvendo habilidades: 5 a 8
4
TM: 7 e 8
TC: 9 a 11
TD: 12 e 13
Extras!: 3 e 4
28
Objetivos de aprendizagem
Ao fim desta(s) aula(s), o aluno deve ser capaz de:
. Objetivo 1: reconhecer características histórico-sociais do fim do século XIX e início do século XX, e
suas relações com as obras de Euclides da Cunha e de Lima Barreto.
. Objetivo 2: identificar características gerais das obras de Monteiro Lobato e de Augusto dos Anjos.
Encaminhamento
Ponto de partida
Uma discussão a respeito do termo PrŽ-Modernismo, que designa o próprio movimento, deve desper-
tar a consciência dos alunos para o fato de que muitas vezes os movimentos estéticos ganham mais coe-
são e coerência sob a luz da crítica, que, percebendo semelhanças e direcionamentos comuns, instaura
categorias amplamente conhecidas e utilizadas no discurso didático.
Aula 3
Você pode iniciar a aula explicando rapidamente a expressão “Pré-Modernismo” e suas implicações: a
fragilidade do conceito – por definir uma prática artística a partir de valores que lhe são posteriores – e as
vantagens – sugerir um prenúncio da arte de vanguarda que já se anunciava em nossas letras. Convém
reforçar que, apesar de imprecisa, é uma nomenclatura consagrada pelos estudos críticos.
O que permite a aproximação de autores como Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato
sob uma mesma designação é a abordagem literária da realidade social e cultural brasileira. Pode-se re-
cordar que essa característica foi também explorada pelo Realismo; mas o que singulariza o processo
pré-moderno é o tratamento mais direto das tensões nacionais, inclusive com destaque a eventos que
ocupavam as páginas dos jornais da época. Os assim chamados “pré-modernistas” se colocavam contra o
Brasil arcaico que excluía parcelas consideráveis da população. O olhar dos nossos melhores prosadores
se volta, assim, para o Sertão nordestino, para o Vale do Paraíba (que atravessava profunda decadência
econômica com a transferência da produção de café para o oeste paulista) e mesmo para a capital da
República, que alijava do centro da cidade as populações mais pobres, que rumavam para as periferias
distantes ou subiam os morros, iniciando o processo de favelização desses espaços.
Nesta primeira aula, você pode fazer uma apresentação desse contexto histórico, comentando o fato
de que o país se consolidava como uma economia pujante, mas que ainda apresentava profundos abismos
sociais. As reformas urbanas do Rio de Janeiro, no começo do século passado, atestam o impulso de tornar
a capital federal uma espécie de “Paris tropical”, que ombreasse em elegância as capitais europeias ou
Buenos Aires. Mas o processo de embelezamento urbanístico implicava o ocultamento das mazelas sociais
que grassavam na cidade. Essa tensão mais localizada era o retrato do que acontecia no país em um ce-
nário mais amplo, em que “dois brasis” se apresentavam de maneira inconteste: o mais rico, litorâneo, que
buscava a sofisticação emulando modismos europeus; e o mais pobre, que jazia no atraso que há séculos
marca a nossa sociedade. Os autores pré-modernos trabalharam essa questão profundamente.
Feita essa apresentação, você pode destacar a obra ensaística de Euclides da Cunha, que estudou os
fortes contrastes sociais brasileiros tomando como objeto a Guerra de Canudos e o sertanejo nordestino.
Ainda na aula 3, sugerimos o trabalho com a obra de Lima Barreto, escritor que expressou suas agru-
ras pessoais relacionadas ao preconceito racial. Sugerimos trabalhar com um trecho de Triste fim de Poli-
carpo Quaresma, o livro mais famoso do autor, por meio do qual se pode compreender sua obra de forma
ampla. Algumas das discussões mantidas por Lima Barreto em seus romances – o nacionalismo de Triste
fim de Policarpo Quaresma e o preconceito racial de Recordações do escrivão Isaías Caminha ou de Clara
dos Anjos – continuam atuais, e podem ser trazidas aos alunos a partir de episódios recentes, amplamen-
te noticiados pela imprensa.
Aula 4
MÓDULO 2 – PRÉ-MODERNISMO
A segunda aula do módulo pode começar com a apresentação da obra de Monteiro Lobato, que também
explorou os contrastes entre os valores urbanos e rurais. Quase sempre, estes últimos são marcados pela
pureza e pela ingenuidade, enquanto os primeiros são relacionados a uma espécie de esperteza interesseira.
LITERATURA E ARTE
Por fim, você pode apresentar a impactante poesia de Augusto dos Anjos. O poeta costuma impres-
sionar os alunos. Uma possibilidade de trabalho pode ser a declamação dos versos. Por mais que o autor
se valha de preciosismo vocabular e de termos técnicos, seus decassílabos são naturalmente fluidos, mui-
to bem estruturados no plano da métrica e da prosódia – o que os torna memoráveis.
29
3 L I T ER AT UR A E A R T E
M Ó D U L O
Vanguardas artísticas
europeias
EM13LGG101 Compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para fazer escolhas fundamentadas
em função de interesses pessoais e coletivos.
EM13LGG202 Analisar interesses, relações de poder e perspectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e
verbais), compreendendo criticamente o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias.
EM13LGG203 Analisar os diálogos e os processos de disputa por legitimidade nas práticas de linguagem e em suas produções (artísticas, corporais e
verbais).
EM13LGG301 Participar de processos de produção individual e colaborativa em diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais), levando em conta
suas formas e seus funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos.
EM13LGG302 Posicionar-se criticamente diante de diversas visões de mundo presentes nos discursos em diferentes linguagens, levando em conta seus
contextos de produção e de circulação.
EM13LGG303 Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para formular, negociar e sustentar
posições, frente à análise de perspectivas distintas.
EM13LGG604 Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política e econômica e identificar o processo de
construção histórica dessas práticas.
5
Desenvolvendo habilidades: 1, 2 e 3
TM: 1 a 5
TC: 6 a 9
TD: 10 e 11
Extras!: 1 e 2
Desenvolvendo habilidades: 4, 5 e 6
6 TM: 12 e 13
TC: 14 a 16
TD: 17 e 18
Extras!: 3 e 4
30
Objetivos de aprendizagem
Encaminhamento
Ponto de partida
As imagens selecionadas para a seção Neste módulo podem abrir a discussão acerca das vanguardas
artísticas europeias. A reflexão que se deseja levantar para instigar os alunos é: como o mesmo tema pode
suscitar representações diferentes em tempos distintos? Sugerimos que você comente sobre as perspec-
tivas alteradas em função das transformações de mundo que influenciaram os artistas e suas produções.
Outra possibilidade é iniciar uma discussão com base no texto do historiador da arte Giulio Carlo Argan
sobre o tempo e seu efeito sobre a arte.
Aula 5
Com a intenção de despertar o interesse e a curiosidade dos alunos acerca das obras que serão apre-
sentadas neste módulo, é interessante iniciar esta aula falando sobre o impacto da invenção da máquina
fotográfica para o mundo das artes. Depois disso, é interessante mostrar aos alunos exemplos variados das
tendências das vanguardas europeias e identificar o ponto em comum entre elas: a quebra do ideal aristo-
télico de mimese.
A partir daí, a proposta é apresentar separadamente cada uma das cinco principais vanguardas euro-
peias, associando uma obra icônica (algumas selecionadas para a seção Neste módulo são as mesmas do
Caderno de Estudos) e também uma palavra ou um conceito-chave que facilite a absorção das especifi-
cidades de cada tendência. Há também sugestões de termos na seção Neste módulo.
Os exercícios selecionados têm a intenção de contribuir com o desenvolvimento da aula e devem ser
utilizados como parte importante do processo de apresentação do conteúdo.
O exercício 1 traz oito exemplos de obras de arte associadas às vanguardas e pode servir como um
grande painel para os alunos preencherem durante as explicações teóricas. Esse procedimento incentiva-
-os a assumir parte importante no desenvolvimento de aspectos do conteúdo e também facilita a constru-
ção de um guia pessoal com seus próprios registros em sala.
O exercício 2 apresenta um poema de Oswald de Andrade e um pequeno fragmento do conto “A so-
ciedade”, de Antônio de Alcântara Machado, que configuram exemplos didáticos da utilização dos proce-
dimentos de vanguarda na literatura produzida no Brasil nas primeiras décadas do século XX.
O exercício 3 é um exemplo de como essas questões são cobradas no Enem e também em vestibulares.
Aula 6
O principal objetivo da aula 6 é demonstrar aos alunos a presença de traços estéticos das vanguardas
europeias em manifestações artísticas produzidas ao longo do século XX e também na arte contemporâ-
nea. Para isso, o ideal é apresentar um exemplo, como o quadro As meninas, de Pablo Picasso, reproduzi-
Por fim, o exercício 6 solicita aos alunos a produção de um pequeno texto sobre o processo de Piet
Mondrian no desenvolvimento de sua obra e pode servir como um exercício final que reforce os objetivos
de aprendizagem do módulo.
31
GABARITO
32
c) No poema de Carneiro, convivem com o vocabulário Monteiro Lobato mostrou como o caipira interiorano do
mais elaborado típico dos parnasianos expressões colo- Vale do Paraíba era completamente avesso às conquis-
quiais como “piqueniques” e “me deixou a ver navios”. tas do progresso, vivendo de forma rudimentar e pobre.
10 d 7 Enquanto o caipira interiorano de Monteiro Lobato é
apresentado sob um ponto de vista negativo, que o
11 e
associa à preguiça e à falta de interesse em melhorar de
12 d
vida, o sertanejo do romance romântico Inoc•ncia é
13 a diligente, corajoso e orgulhoso de suas conquistas.
14 c 8 b
15 d 9 d
16 A obra de Vincent van Gogh se afasta da típica pintura 10 e
acadêmica do século XIX porque representa a realidade
11 b
a partir de uma interpretação feita pelo pintor. O quadro
explora uma leitura muito pessoal da paisagem, em pin- 12 d
celadas de cor pura, claramente perceptíveis. 13 Não. O narrador lamenta o fato de que as árvores anti-
gas que resistem em meio ao cafezal ficam completa-
17 a) Na terceira estrofe do poema, o eu lírico compara o
mente descontextualizadas. Para o narrador, seria me-
movimento do ventre da dançarina a um “réptil abjeto
lhor derrubá-las todas. Portanto, o ponto de vista não é
sobre o lodo”, o que reforça a visão negativa e cristã
o da preservação ecológica das árvores, mas o da elimi-
(pois remete à luxúria) da dança do ventre.
nação delas para evitar o caráter grotesco de seu isola-
b) O sujeito da oração é “os venenos da serpente”. O mento em meio aos pés de café.
recurso do hipérbato produz uma oração cujo movimen-
14 d
to se assemelha aos próprios volteios da serpente, de
15 c
modo que forma e conteúdo se aproximam no poema.
18 b Capítulo 3 - Vanguardas artísticas europeias
19 e 1 a
20 d 2 b
3 a
Capítulo 2 - Pré-Modernismo
4 d
1 d 5 d
2 b 6 a
3 e 7 a
4 b 8 e
5 Os espaços são o subúrbio da cidade do Rio de Janeiro 9 c
(associado a hábitos simples, grosseiros e à familiarida-
10 c
de entre pessoas conhecidas) e o centro da cidade, que
é associado à sofisticação e elegância, valores com os 11 d
quais o personagem Cassi Jones não era acostumado. 12 c
6 Sim. O trecho do romance Clara dos Anjos mostra as 13 a
diferenças entre o subúrbio e o centro do Rio de Janei- 14 e
ro. Outros autores pré-modernos também abordaram a
15 b
questão das dicotomias entre diferentes regiões: Eucli-
16 a
des da Cunha mostrou ao Brasil as condições de atraso
e de embrutecimento a que estavam relegadas as popu- 17 e
lações miseráveis do Sertão nordestino. Por sua vez, 18 b
LITERATURA E ARTE
GABARITO
33
1 PRODUÇÃO DE TEXTO COMPETÊNCIAS GERAIS C1.C2.C4.C9
M Ó D U L O
Descrição, narração
e dissertação
2 TM: 6 e 7
TC: 8 e 9
TD: 10
Extras!: 2
Desenvolvendo habilidades: 6 e 7
3 TM: 11 e 12
TC: 13 e 14
TD: 15
Objetivos de aprendizagem
Encaminhamento
Ponto de partida
Durante o Ensino Fundamental, os alunos já tiveram aulas sobre textos descritivos, narrativos e disser-
tativos. Por não se tratar de um assunto novo para eles, a ideia é começar o módulo indagando o que se
lembram sobre o tema. Na sequência, pode-se desmontar o mito de que apenas textos dissertativos ex-
pressam visões de mundo. Na verdade, o que distingue descrições, narrações e dissertações é a forma
como essas visões de mundo são veiculadas.
Aula 1
Na primeira aula, nossa sugestão é começar retomando as distinções – que já terão sido levantadas no
Ponto de partida – entre descrição, narração e dissertação. Esses são tipos de texto muito conhecidos e,
no caso da dissertação, tornou-se até um verdadeiro “gênero escolar”. Não achamos, porém, que vale a
pena gastar muito tempo com as diferenças teóricas entre tipos e gêneros. Nossa ideia, neste e nos pró-
ximos módulos, é mostrar como alguns gêneros, como a fotografia, os gráficos ou as reportagens, valem-
-se de recursos descritivos, narrativos ou dissertativos, muitas vezes combinados entre si.
Em relação às características básicas desses três tipos de texto, sugerimos nos concentrarmos nos
elementos figurativos e nos elementos temáticos. Descrições e narrações são textos do universo figurativo,
que representam diretamente o mundo e, por isso, apresentam predominância de elementos concretos. A
diferença é que, nas descrições, não há progressão temporal dos eventos apresentados. Já dissertações
são textos do universo temático, que interpretam o mundo e, por isso, apresentam predominância de ele-
mentos abstratos.
Os conceitos de temas e figuras foram propostos por pesquisadores franceses na década de 1970. Os temas
seriam os conceitos abstratos, muitas vezes presentes nas camadas mais profundas do texto. As figuras seriam
os elementos concretos, que se manifestam na superfície textual. Um leão, por exemplo, pode ser a representa-
ção figurativa dos temas valentia, liderança ou força. Textos que valorizam esses elementos concretos são então
chamados de figurativos, enquanto textos que operam mais com abstrações são temáticos.
Para se inteirar mais dos conceitos, indicamos a obra Elementos de análise do discurso, de José Luiz Fiorin.
Essas noções já são suficientes para responder aos três primeiros exercícios de aula. No primeiro, o
fragmento em questão é tipicamente descritivo; no segundo, é dissertativo-argumentativo; no terceiro,
mistura descrição com narração.
Façamos a ressalva de que outros tipos de texto, como o injuntivo, não têm aparecido no Enem e nos
principais vestibulares do país. Quando esse termo surge em uma prova, quase sempre é em alternativas er-
radas de questões de múltipla escolha. Em relação aos textos expositivos, argumentativos e opinativos, esta-
mos tomando-os como variações dissertativas, em que as visões de mundo são menos ou mais explícitas.
Aula 2
Podemos começar esta aula com a resolução de um exercício interessante, que retoma as reflexões da
Na sequência, podemos fazer algumas considerações sobre as combinações entre os tipos de texto e
sobre como alguns gêneros fazem essas combinações. Por exemplo: uma fotografia é descritiva, mas nem
toda descrição é fotografia. Já um gráfico, um trecho de uma notícia, uma charge podem ser descritivos,
mas não são, literalmente, uma fotografia. Já a narração pode estar presente na relação entre duas fotos,
35
em uma tira humorística ou em um gráfico. Ressalte que a narração está presente em todos esses gêneros,
mas não é nenhum deles: se alguém tiver que responder que texto está diante dele, não vai chamar a fo-
tografia de descrição, apesar de saber (ainda que intuitivamente) que uma foto é descritiva, tampouco
uma reportagem de uma narração, ainda que possa reconhecer que esse “tipo textual” é predominante
nela. Já um artigo de opinião, gênero que estudaremos melhor em outros módulos, embora seja dominan-
temente dissertativo, pode conter passagens narrativas, empregadas como recurso argumentativo.
O exercício que encerra esta aula exige a identificação dos elementos mais importantes de um info-
gráfico, gênero dominantemente descritivo. Em um primeiro momento, o mais importante é reconhecer as
informações veiculadas por meio da linguagem não verbal. Há muitos elementos que podem ser apontados
aqui. Em um segundo momento, os estudantes devem perceber que há uma intencionalidade argumenta-
tiva por trás do infográfico descritivo. É uma boa hora para reforçar a máxima de que todo texto revela a
visão de mundo de quem o produziu.
PREPARE-SE
Na próxima aula, faremos uma produção textual que exigirá reflexão sobre o valor do casamento para mu-
lheres entre os 50 e os 60 anos de idade. Para isso, propomos no Caderno do Aluno a leitura de uma repor-
tagem em que, curiosamente, os homens valorizam mais o casamento do que as mulheres. Nossa ideia é
mostrar que, em assuntos desse tipo, é preciso muito cuidado para evitar os raciocínios simplistas e os es-
tereótipos fáceis.
Aula 3
A aula tem como objetivo principal a realização de um exercício de utilização de textos figurativos em
textos temáticos. Além disso, explora o uso da modalização como recurso argumentativo.
A primeira atividade é uma preparação para o comentário dissertativo da atividade seguinte. Os itens
a e b são exercícios de compreensão textual. Especialmente no b, que trata do termo “capital marital”
forjado pela autora, é um bom momento para tratar da natureza da dissertação. Diante dos dados concre-
tos coletados em sua pesquisa, a antropóloga e professora Mirian Goldenberg cria o conceito para tratar
de como, infelizmente, a felicidade das entrevistadas brasileiras de 50 a 60 anos depende do casamento
com um homem.
O item c aprofunda o exercício mostrando em que a pesquisa pode contribuir para compreender a
desigualdade de gênero no país. Já o item d trata da modalização. Não recomendamos aqui aprofunda-
mento em terminologias, que são complexas e talvez não contribuam para as habilidades de escrita. Su-
gerimos que o foco seja mostrar como a escolha do advérbio é uma expressão do posicionamento da
autora diante do dado, o que contribui para que o aluno perceba que a argumentatividade não está ex-
pressa apenas na escolha de fatos e dados que levam a uma certa conclusão, mas também em seleções
lexicais pontuais.
ANOTAÇÕES
36
2 PRODUÇÃO DE TEXTO
M Ó D U L O
Gêneros descritivos e
narrativos: publicidade,
quadrinhos e fotojornalismo
37
Sugestão de roteiro de aula
6 TM: 12 e 13
TC: 14
TD: 15
Objetivos de aprendizagem
Ao fim destas aulas, o aluno deve ser capaz de:
. Objetivo 1: distinguir textos verbais, não verbais e sincréticos, reconhecendo que, nestes, os sentidos
costumam ser produzidos, principalmente, pela combinação de elementos verbais e visuais.
. Objetivo 2: compreender as relações entre as imagens e as legendas nas fotografias de natureza
jornalística.
. Objetivo 3: relacionar elementos verbais e não verbais em textos publicitários.
. Objetivo 4: identificar as características principais da linguagem dos quadrinhos, com ênfase na pers-
pectiva crítica de charges e tiras humorísticas.
. Objetivo 5: aperfeiçoar a capacidade de planejar, organizar e produzir textos opinativos, tendo como
base a leitura de uma coletânea composta de textos verbais, não verbais e sincréticos.
Encaminhamento
Ponto de partida
As perguntas que propusemos para abertura da aula têm como objetivo relacionar a discussão sobre
os tipos textuais do módulo anterior com o tema deste módulo: gêneros sincréticos de natureza descritiva
e narrativa. A partir das respostas, saberemos o domínio que os alunos têm sobre fotografias jornalísticas,
anúncios publicitários, charges e tiras humorísticas. Assim, podemos ajustar nossa exposição teórica a
esses conhecimentos.
Para este primeiro momento da aula, podemos mostrar a campanha de conscientização abaixo e inda-
gar: “essa campanha veicula que visão de mundo?”. Para chegar à resposta, pode-se explorar com os alunos
a imagem a fundo, como sua natureza sincrética, com a linguagem não verbal causando impacto no leitor,
e a linguagem verbal sendo responsável por trazer o
sentido pleno do texto, de modo que a campanha só
Reprodução/Oliviero Toscani
38
Aula 4
De início, vale a pena deixar o aluno ciente de que vamos agora focalizar alguns gêneros que circulam no
universo jornalístico e mesclam recursos típicos da descrição e da narração. Foram escolhidos gêneros sincré-
ticos, pois tiram proveito simultâneo de elementos visuais e verbais. É o caso dos quadrinhos (tiras humorísticas
e charges), dos anúncios publicitários e da unidade formada pelas fotografias jornalísticas e suas legendas.
Nesta aula, o foco deve estar na definição de sincretismo e na breve caracterização do fotojornalismo
e da publicidade.
Assim, o primeiro exercício é elaborado com base em dois textos de gêneros bastante diferentes, mas
com o mesmo tema e a mesma finalidade informativa. É um bom momento para comentar as diferenças e
explorar as vantagens e as limitações da comunicação integralmente verbal e da comunicação sincrética.
Faça-se a ressalva de que nem sempre textos verbais são mais objetivos e formais do que textos sincréticos.
O segundo exercício permite tratar do aspecto descritivo de uma fotografia isolada e do narrativo de
uma sequência fotográfica, abordando as transformações urbanas ocorridas em São Paulo. Já o terceiro
exercício, que funde um croqui à fotografia de uma obra pronta, mostra como a publicidade se vale de
recursos verbais e não verbais para atingir seus objetivos.
Aula 5
Na segunda aula do módulo, o foco está nos quadrinhos, fundamentalmente nas charges e nas tiras
humorísticas. É essencial retomar que estamos no universo sincrético, quando verbal e visual estabelecem
uma codependência, relacionando-se mutuamente para a construção do sentido. Tendo isso em vista, a
prioridade deve ser a exemplificação por meio dos exercícios, conduzindo os alunos em sua percepção e
posterior explicação da correlação visual-verbal.
O exercício 4 explora a ambiguidade do verbo “torcer”, que é reforçada pelos elementos visuais: a
personagem está com a camisa de um time de futebol.
A tirinha do exercício 5 trata da imposição social de um padrão de beleza branco, marginalizando a
estética negra. O homem, ao pedir que a moça alise o cabelo, está reforçando essa imposição e o precon-
ceito racial e, ao perceber isso com a fala da moça, se sente constrangido, como vemos pela sua expressão
facial no último quadrinho. A linguagem passa, assim, de um tom mais formal, de comunicado, para uma
conversa em que o homem percebe o problema por trás do seu pedido a partir do diálogo com a moça.
Por fim, o exercício 6 permite retomar, por exemplo, as dificuldades da pandemia do novo coronavírus,
ao mesmo tempo em que sugere o aspecto cíclico das adversidades da vida.
PREPARE-SE
Aula 6
A última aula do módulo tem como objetivo principal apresentar uma coletânea de textos bastante
diversificada em sua manifestação textual, a fim de que o aluno possa ampliar sua habilidade de leitura de
textos verbais, não verbais e sincréticos. Os textos motivadores são o ponto de partida para que o aluno
compreenda e aprofunde a análise sobre a questão posta em debate: Como colocar em prática o desafio
proposto por Affonso Romano para sermos, no cotidiano, “urgentemente delicados”?
Para construir sua redação, o aluno deveria aproveitar as informações de cada texto da coletânea. No
texto I, a autora reflete sobre a agressividade, afirmando que ela se tornou, em nossos dias, uma espécie
de modo de viver: “the new black”. Critica-se, então, essa maneira de se expressar no mundo, ao afirmar
que pessoas inteligentes e sensatas não demonstram agressividade – nem de maneira real nem virtual.
PRODUÇÃO DE TEXTO
No texto II, a definição de intolerância também pode contribuir para a reflexão, já que a palavra estaria
no mesmo campo semântico da falta de empatia, do não reconhecimento da humanidade no outro, o que
coloca os seres sempre em conflito. A ausência da tolerância pressupõe a necessidade de sua existência
para que o bem coletivo seja alcançado.
39
O texto III, sincrético, reproduz um diálogo comum em nossos dias e, ao mesmo tempo que faz rir de
nossa própria condição, propõe uma reflexão do modo como entendemos o valor de nossa própria falta
de tolerância. Os elementos verbais e não verbais colaboram para a aproximação entre o leitor da tira
humorística e a situação descrita, criando um efeito de subjetividade.
No texto IV, poético, brinca-se com a criação de atos institucionais (comumente decretados em go-
vernos ditatoriais, como o AI-5), invertendo a sua brutalidade e intolerância ao vislumbrar algumas atitudes
que estariam em consonância com a delicadeza, que proporcionaria uma maior harmonia social.
Por fim, a cantiga popular, no plano da expressão tão harmonicamente estruturada, com a presença
de diminutivos que colaboram para a criação de sentido da “delicadeza”, traz em seu conteúdo uma disjun-
ção ao tratar da falta de reciprocidade amorosa.
ANOTAÇÕES
40
GABARITO
b) Os elementos visuais da ilustração de Jaguar reafir-
Caderno de Estudos 5 mam o significado da legenda: o atalho é uma escada, e
carros não sobem escadas. O atalho sob forma de escada
Produ•‹o de Texto
seria comemorado com euforia por um caminhante; para
Capítulo 1 – Descrição, narração e dissertação um motorista, porém, nada podia ocorrer de mais errado.
1 d 5 Resposta pessoal.
2 a 6 c
3 a 7 d
4 A única passagem narrativa é “Saí, afastando-me dos 8 b
grupos, e fingindo ler os epitáfios”. A predominância de 9 a
palavras de sentido concreto e a sequência de ações, 10 a) O contraste entre o que o personagem digita
indicando progressão temporal, definem o texto narrativo. (“Sou alto, loiro e sincero”) e o que se pode obser-
5 Resposta pessoal. var pela imagem (o rapaz é moreno e de estatura
mediana ou baixa) revela que na rede há padrões
6 c
de beleza masculina, ou seja, estereótipos a res-
7 a
peito do que seja atraente em alguém, levando-
8 a -nos a interpretar ironicamente a afirmação do
9 c alto: no mundo conectado os preconceitos ga-
10 Resposta pessoal. nham larga difusão.
11 a b) A arrogância da personagem à esquerda, indicada
12 a não só por sua postura corporal e fisionomia, mas
principalmente pelo teor absoluto da sua fala (“Tem
13 c
tudo na Wikipédia”), revela não só a ignorância, mas
14 A expressão “com razão” está desempenhando função
certo desprezo pelo conhecimento mais embasado e
sintática de adjunto adverbial. Na construção do texto, o
aprofundado, revelando ironicamente que no mundo
termo contribui para demarcar a posição do enunciador
conectado há muita ignorância.
sobre o conceito de “precariado”: com o adjunto, ele
c) O próprio evento representado no quadrinho, ou seja,
expressa sua adesão à crítica de Ruy Braga ao modo
alguém terminar um relacionamento afetivo por uma
como Guy Standing concebe o termo.
mensagem de texto demonstra uma atitude covarde.
15 Resposta pessoal. Isso deixa claro que, ironicamente, no mundo conecta-
do há muita covardia.
Capítulo 2 – Gêneros descritivos e narrativos:
publicidade, quadrinhos e fotojornalismo 11 Resposta pessoal.
12 a
1 d
13 c
2 d
14 a) A tira faz alusão à Batalha de Waterloo, em que Na-
3 Respostas pessoais. poleão foi derrotado.
4 a) O princípio matemático parodiado afirma que “a b) As qualidades são transmitidas geneticamente.
reta é a menor distância entre dois pontos”. A le-
c) A personagem consultada busca a explicação para as
genda da ilustração, ao substituir “reta” por “ata-
qualidades profissionais do “estrategista militar”: se é
lho”, inverte o sentido original, o que configura a
verdade que este é parente do estrategista de Napo-
paródia. Ou seja, o atalho, que deveria ser, como a
leão em Waterloo, e se é verdade que as característi-
reta, a menor distância entre dois pontos, nessa
cas de um ser são transmitidas geneticamente a seu
situação concreta é justamente o contrário. Isso se
descendente, o fracasso na Batalha de Waterloo – que
ajusta ao enunciado fundamental da Lei de Mur-
phy: o atalho se torna um problema, é valorizado leva a questionar a competência do assistente de Na-
PRODU‚ÌO DE TEXTO
negativamente (já que não encurta a distância), poleão – faz pressupor que as qualidades profissionais
confirmando a ideia de que “se alguma coisa pode do estrategista da tirinha são também desastrosas.
15 Resposta pessoal.
GABARITO
41
ANOTAÇÕES
42
ANOTAÇÕES
43
PRODUÇÌO DE TEXTO
ANOTAÇÕES
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ANOTAÇÕES
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PRODUÇÃO DE TEXTO
ANOTAÇÕES
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ANOTAÇÕES
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PRODUÇÃO DE TEXTO
ANOTAÇÕES
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Linguagens e suas
Tecnologias
Space Chimp/Shutterstock
Viktor Gladkov/Shutterstock
urbazon/Getty Images
ANÁLISE LINGUÍSTICA
Módulo 1 Formação de palavras .......................................14
Módulo 2 Verbo: presente e imperativo......................... 25
Módulo 3 Verbo: pretérito perfeito e imperfeito ........34
Módulo 4 Pretérito mais-que-perfeito e tempos
do futuro: progressão temporal ................... 40
Módulo 5 Discurso citado....................................................50
LITERATURA E ARTE
Módulo 1 Diversidade estética: a Belle Époque...........61
Módulo 2 Pré-Modernismo..................................................66
Módulo 3 Vanguardas artísticas europeias ................... 73
PRODUÇÃO DE TEXTO
Módulo 1 Descrição, narração e dissertação ............... 83
Módulo 2 Gêneros descritivos e narrativos:
publicidade, quadrinhos e fotojornalismo....90
LÍNGUA INGLESA
Módulo 1 Education Around the
World; Present Perfect Tense....................... 102
Módulo 2 Medical Technology;
Conditional Sentences ...................................... 111
Cafe Racer/Shutterstock
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 4
A área de Linguagens e suas Tecnologias Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, cultural, social,
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1 variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo suas va-
riedades e vivenciando-as como formas de expressões identitárias, pessoais e
Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais coletivas, bem como agindo no enfrentamento de preconceitos de qualquer
(artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção natureza.
e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diver-
sas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as Habilidades
possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para conti-
(EM13LGG401) Analisar criticamente textos de modo a compreender e caracte-
nuar aprendendo.
rizar as línguas como fenômeno (geo)político, histórico, social, cultural, variável,
Habilidades heterogêneo e sensível aos contextos de uso.
(EM13LGG402) Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de língua
(EM13LGG101) Compreender e analisar processos de produção e circulação de
adequados à situação comunicativa, ao(s) interlocutor(es) e ao gênero do dis-
discursos, nas diferentes linguagens, para fazer escolhas fundamentadas em
curso, respeitando os usos das línguas por esse(s) interlocutor(es) e sem pre-
função de interesses pessoais e coletivos.
conceito linguístico.
(EM13LGG102) Analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos (EM13LGG403) Fazer uso do inglês como língua de comunicação global, levan-
e ideologias presentes nos discursos veiculados nas diferentes mídias, amplian- do em conta a multiplicidade e variedade de usos, usuários e funções dessa
do suas possibilidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na língua no mundo contemporâneo.
realidade.
(EM13LGG103) Analisar o funcionamento das linguagens, para interpretar e COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 5
produzir criticamente discursos em textos de diversas semioses (visuais, verbais, Compreender os processos de produção e negociação de sentidos nas prá-
sonoras, gestuais). ticas corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as como formas de expressão
de valores e identidades, em uma perspectiva democrática e de respeito à
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcio-
diversidade.
namentos, para a compreensão e produção de textos e discursos em diversos
campos de atuação social. Habilidades
(EM13LGG105) Analisar e experimentar diversos processos de remidiação de
(EM13LGG501) Selecionar e utilizar movimentos corporais de forma consciente
produções multissemióticas, multimídia e transmídia, desenvolvendo diferentes
e intencional para interagir socialmente em práticas corporais, de modo a esta-
modos de participação e intervenção social.
belecer relações construtivas, empáticas, éticas e de respeito às diferenças.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 2 (EM13LGG502) Analisar criticamente preconceitos, estereótipos e relações de
Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que poder presentes nas práticas corporais, adotando posicionamento contrário a
permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades e a qualquer manifestação de injustiça e desrespeito a direitos humanos e valores
pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios democráticos.
e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, (EM13LGG503) Vivenciar práticas corporais e significá-las em seu projeto de
exercitando o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos vida, como forma de autoconhecimento, autocuidado com o corpo e com a
e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza. saúde, socialização e entretenimento.
Portuguesa
Fernando MARCÍLIO Lopes Couto
HENRIQUE Santos Braga
Luciana Migliaccio (LUCY)
MAURÍCIO Soares da Silva Filho
PAULO Giovani de Oliveira
Sérgio de Lima PAGANIM
1 ANÁLISE LINGUÍSTICA COMPETÊNCIAS GERAIS C5, C6, C7
M Ó D U L O
Formação de palavras
Ponto de partida:
Neste módulo Aula 1
Para iniciar o estudo dos
Aula 1 processos de formação
1 Neologismos: a ampliação do léxico de palavras, sugerimos
este questionamento:
“O que pode motivar o
O léxico das línguas se atualiza constantemente, acompanhando novas tecnologias, novos compor- surgimento de palavras
tamentos ou mesmo novas necessidades expressivas. É nesse contexto que surgem os neologismos. novas (neologismos)?”.
Para fundamentar a re-
flexão, convém expor à
turma variados exemplos
de neologismo, o que
pode ser feito ao longo
da aula. Procure mostrar
exemplos da literatura
(como Psia, presente
no exercício 1), do léxico
cotidiano (como sextou,
termo citado na seção
Neste módulo) e de
determinado campo do
conhecimento especia-
lizado (como desinfor-
mação, também citado
na seção Neste módulo).
Reprodução /Twitter
Em variedades do português popular brasileiro, surgiu o neologismo sextar, para designar de modo
mais expressivo a chegada ao final da semana.
14
Neologismo gramatical: cria-se uma forma linguística, com base em formas preexistentes no idioma (sexta 1
1 ar ñ sextar).
Neologismo semântico: um vocábulo que já existia passa a expressar um novo significado (doença viral ñ
ñ vídeo viral).
Neologismo por empréstimo: termo de língua estrangeira é incorporado ao léxico (como likes ou haters).
Aula 2
Derivação prefixal
Agrega-se um prefixo (afixo anteposto) à base, como nestes exemplos:
. informação ñ desinformação
. verdade ñ pós-verdade
. fascismo ñ neofascismo
Pode-se inferir o significado dos prefixos analisando variadas palavras em que eles ocorrem. Em pós-verda-
de, pós-modernismo e pós-graduação, por exemplo, o prefixo indica posterioridade.
Derivação sufixal
Agrega-se um sufixo (afixo posposto) à base. São exemplos:
. checar ñ checagem
. real ñ realmente
. jornal ñ jornalismo
Além de contribuir com a construção do significado do vocábulo, os sufixos podem determinar a classe gra-
matical. O sufixo -gem, por exemplo, forma substantivos com base em verbos (checagem, contagem, etc.).
Derivação parassintŽtica
Agrega-se um circunfixo (par formado por prefixo e sufixo simultaneamente) à base. É o que se vê
nestes casos:
MÓDULO 1 - FORMAÇÃO DE PALAVRAS
. tarde ñ entardecer
. joelho ñ ajoelhar
. alto ñ enaltecer
ANÁLISE LINGUÍSTICA
Na derivação parassintética, os dois afixos são agregados à base ao mesmo tempo (por exemplo, tarde é
base para entardecer). É diferente do que acontece em desinformação, em que ocorrem separadamente a
sufixação (informar ñ informação) e a prefixação (informação ñ desinformação).
15
Aula 3
Reprodução/Distribution Company
3 Derivação sem acréscimo de afixos
Derivação imprópria (ou conversão)
Na derivação imprópria (também chamada conversão), a classe gramatical do
vocábulo é alterada sem modificação em sua forma.
Originalmente, o vocábulo olhar integra a classe dos verbos. Quando passa a ser
usado como substantivo (como no exemplo), sem alteração em sua forma, ocorre
derivação imprópria (também chamada conversão).
Derivação regressiva
A derivação regressiva ocorre quando se forma substantivo deverbal (ou seja,
com base em verbo) por meio da supressão do -r final (eventualmente, com alteração
na última vogal).
Verbo Substantivo
Bases se somam e mantêm sua pronúncia inalterada (guarda-chuva, passatempo, girassol, etc.).
Ponto de partida:
Aula 4
Reprodução/Arteplex Filmes
16
No texto-base para as questões 1 e 2, há dois neologismos literários: psia e calos.
Para compreendê-los (o que é solicitado no exercício 2), é necessária a interpretação
global do poema (explorada no exercício 1).
1 (Unicamp-SP) O poema abaixo vem impresso na orelha do livro Psia, de Arnaldo Antunes.
Psia é feminino
de psiu;
que serve para chamar a atenção
de alguém, ou para pedir
silêncio.
É essencial compreender a diferença entre o
que o eu lírico diz fazer “no microfone” e “na Eu berro as palavras
página”. Caso os alunos não conheçam Arnal-
do Antunes, recorra ao boxe Biografia, para no microfone
apresentá-lo como músico e poeta. Ao citar a da mesma maneira com que
sua poesia, você pode mostrar um exemplo de
poema concreto do próprio autor, para explicar as desenho, com cuidado,
por que ele afirma “desenhar” em sua escri-
ta (recomendamos o poema “Rever”, por ser
na página.
rapidamente encontrado em sites de busca e Para transformá-las em coisas,
por ser possível reproduzi-lo com facilidade na
própria lousa). em vez de substituírem
as coisas.
Peça aos alunos que criem uma hipótese que
Calos na língua; de calar. explique por que são “calos de calar”. Sugira
Alguma coisa entre a piscina e a pia. que eles relacionem isso com o neologismo
psia. Ambos os termos se relacionam ao tipo de
Um hiato a menos. poesia feita por Arnaldo Antunes: seus “dese-
nhos na página” devem ser vistos, não lidos em
ANTUNES, Arnaldo. Psia. São Paulo: Iluminuras, 2012. voz alta. Nesse contexto, “Psia” é a poesia que
pede silêncio, vinda da “língua calada”.
Na orelha do livro, Antunes apresenta ao leitor seu processo de criação poética. É correto dizer que o autor se propõe a:
Arnaldo Antunes
O cantor, compositor e poeta Arnaldo Antunes (São Paulo-SP, 1960-) alcança ex-
pressiva popularidade nacional na década de 1980, com a banda de rock Titãs – a
qual deixou em 1992, para seguir carreira solo.
Na literatura, o artista ganha maior projeção na década de 1990. Em seus poemas,
destaca-se a busca por formulações que lembram a criatividade ingênua das crian-
ças (tanto que ele chega a compor canções para o público infantil, que obtêm
bastante êxito), bem como a exploração da estética concretista, em que a dispo-
sição das palavras na página se converte em desenhos.
MÓDULO 1 - FORMAÇÃO DE PALAVRAS
2 Nos primeiros versos, o eu lírico esclarece o significado de psia, termo que dá nome ao livro de poemas. Tal termo
pode ser interpretado como:
ANÁLISE LINGUÍSTICA
a) um neologismo semântico, pois se trata de uma forma linguística preexistente que passou a expressar um novo significado.
O termo preexistente é psiu; psia é criado com base nele.
b) um empréstimo linguístico, que reflete a influência de línguas estrangeiras no imaginário popular de falantes brasileiros.
Não se trata de um termo estrangeiro.
17
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Nos versos 3, 4 e 5, c) um neologismo criado pelo poeta com a função de Os neologismos citados são empréstimos linguísticos, ori-
afirma-se que psiu fazer referência a uma estética literária na qual a sono- ginários da língua inglesa e incorporados recentemente
pode ser usado para
chamar a atenção ridade é superada pelas imagens. ao português brasileiro. Tendo isso em mente, responda
de alguém ou pedir
ao que se pede.
silêncio. No contex- d) um desvio linguístico intencional cuja finalidade é de-
to, psia faz menção a) Considerando a pronúncia de cada termo, pode-se
à poesia concreta. nunciar a desigualdade de gênero reforçada por subs-
tantivos exclusivamente masculinos. identificar diferenças entre eles quanto ao processo de
A flexão de gênero do termo, no contexto, não remete a gênero social ou biológico.
incorporação à língua portuguesa? Justifique.
e) uma gíria regionalista, utilizada pontualmente por jo-
vens do universo urbano como recurso para afirmação Sim. Os termos bots e doxing não sofrem alteração fonética em seu
de sua identidade. O termo foi inventado pelo poeta.
uso no Brasil, mantendo a forma original. Já encriptação e trollagem
3 Os verbetes seguintes integram o Glossário essencial da
desinformação, criado pelo Projeto credibilidade (iniciati- assumem forma aportuguesada, com substituição das terminações
dados para que sejam interpretados apenas pelos desti- 4 Leia o seguinte excerto do artigo “A arte de manipular
multidões”.
natários desejados. Muitos serviços populares de mensa-
gens, como o WhatsApp, encriptam textos, fotos e vídeos [...]
enviados por usuários. Isso evita que governos leiam ou
A pós-mentira
interceptem mensagens de WhatsApp e que jornalistas
tentem monitorar [...] desinformações compartilhadas na Hoje em dia tudo é verificável e, portanto, não é fá-
plataforma. cil mentir. Mas essa dificuldade pode ser superada com
dois elementos básicos: a insistência na asseveração fal-
[...]
sa, apesar dos desmentidos confiáveis; e a desqualifica-
Trollagem (trolling) é o ato deliberado de postar con- ção de quem a contradiz. E a isso se soma um terceiro
teúdo ofensivo e exaltado numa comunidade on-line com
fator: milhões de pessoas prescindiram dos intermediá-
a intenção de provocar leitores ou interromper uma con-
rios de garantias (previamente desprestigiados pelos
versa. Hoje, o termo troll é mais usado para se referir a uma
enganadores) e não se informam pelos veículos de co-
pessoa que assedia ou insulta outras on-line. Mas também
municação rigorosos, mas diretamente nas fontes mani-
descreve contas controladas por humanos que desempe-
puladoras (páginas de internet relacionadas e determi-
nham atividades semelhantes a bots. [...]
nados perfis nas redes sociais). A era da pós-mentira fica
WARDLE, Claire. Pesquisa de Grace Greason, Joe Kerwin e Nic Dias. Glossário essencial
da desinformação, julho 2018. Disponível em: https://www.manualdacredibilidade.com.
assim configurada.
br/glossario-da-desinformacao. Acesso em: 10 mar. 2021.
[...]
18
4. Para reforçar a percepção da turma sobre os prefixos, procure citar outros vocábulos formados por afixos semelhantes (por exemplo, ao analisar reagem, reconquistar,
refazer, rever, etc.)
Essa questão visa explorar a sensibilidade linguística dos alunos, para que percebam que a identificação de um prefixo pressupõe correlacionar forma e significado: em
insistência, os fonemas que iniciam a palavra têm forma semelhante à do afixo in-, porém não se trata do prefixo, que expressaria negação. Vale mostrar que, embora a
maior parte das palavras iniciadas por in- seja negativa e derivada por prefixação (indiscutível, inimaginável, incoerente), não se trata de uma regra categórica (como se
pode notar em inseto, indústria, indígena, por exemplo).
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
A tecnologia permite hoje manipular digitalmente qualquer documento (incluindo as imagens), e isso avaliza que se indi-
que como suspeitos os que reagem com dados certos diante das mentiras, porque suas provas já não têm valor de fato.
GRIJELMO, Alex. A arte de manipular multidões. El País, 28 ago. 2017. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/22/opinion/1503395946_889112.html.
Acesso em: 10 mar. 2021.
No excerto, o autor recorre ao neologismo pós-mentira para caracterizar estratégias de desinformação da atualidade. O
processo de formação que deu origem ao termo pode ser identificado também nas palavras seguintes, exceto em:
a) insistência.
b) desmentidos. des-
c) contradiz. contra-
d) intermediários. inter-
e) reagem. re-
Leia o seguinte fragmento sobre o lançamento do livro Novo jogo, velhas regras para responder às questões 5 e 6.
5 Considerando sua função gramatical, é correto o que se afirma sobre o sufixo destacado em:
5. a) O sufixo -nte forma substantivos ou adjetivos com
a) “democratizante”: formador de adjetivos com base em substantivos. base em verbos (atenuante, insistente, etc.).
b) O sufixo -or (também nas formas -dor ou -tor) forma
b) “pesquisador”: formador de adjetivos com base em substantivos. substantivos e adjetivos com base em verbos (cantor,
jogador, amador, etc.).
c) “eleitoral”: formador de adjetivos com base em verbos. c) O sufixo -al forma adjetivos com base em substantivos
(regional, final, etc.).
d) “transformações”: formador de substantivos com base em verbos. d) O sufixo -ção é produtivo na formação de substantivos
deverbais (alegação, reclamação, inovação, etc.).
e) “democrático”: formador de substantivos com base em verbos. e) O sufixo -ico é formador de adjetivos (básico, cênico,
biológico, etc.).
6 Analisando os processos de formação dos vocábulos em destaque, é correto afirmar que:
a) o termo acompanhou foi formado segundo o mesmo processo que gerou o vocábulo desinformação.
MîDULO 1 - FORMAÇÃO DE PALAVRAS
b) influenciador e pesquisador expressam características subjetivas, pois contêm sufixo formador de adjetivos deverbais.
c) fake news é um empréstimo linguístico, que pode ser substituído por “falsas notícias” sem produzir qualquer alteração
ANÁLISE LINGUÍSTICA
semântica.
d) desinformação e polarização são neologismos formados pelos mesmos processos de derivação prefixal e sufixal.
e) no neologismo microdirecionamento, o prefixo utilizado remete ao grau de especificidade com que se pode atingir um
público específico.
6. a) Em desinformação, prefixo e sufixo não ocorrem simultaneamente. d) Apenas em desinformação ocorre derivação prefixal, e só esse termo é neologismo.
b) Os sufixos formam termos deverbais, porém não ocorre a subjetividade mencionada. e) No primeiro parágrafo, o excerto menciona “automação e uso de dados pessoais”. 19
c) A expressão fake news assume um significado específico, que seria perdido Com isso, pode-se inferir que o neologismo se refere a um direcionamento de infor-
com a substituição. mação minuciosamente calculado em função do público-alvo.
7. a) A questão cria uma boa oportunidade para retomar, de forma contextualizada,
o conceito de radical (morfema que guarda o sentido essencial de termos
cognatos).
b) Essa questão permite discutir a necessidade de sermos cuidadosos quando
analisamos a origem das palavras: sem consultar fontes seguras, inferências
equivocadas podem assumir ares de realidade.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Aula 3
7 As redes sociais impulsionaram recentemente uma análi- safras, no mesmo ano e no mesmo local, durante a estação
se etimológica equivocada da palavra aluno: em sua ori- chuvosa da região. Uma beleza, não é? Seria, se o desma-
gem latina, o termo significaria “sem luz”, motivo pelo qual tamento não estivesse encolhendo a janela de tempo na
deveria ser evitado. O fragmento seguinte foi escrito em qual é possível plantar.
resposta a essa formulação.
Essa é a principal conclusão de dois estudos publicados
[...] Aluno veio do latim alumnus, “criança de peito,
por pesquisadores da UFV (Universidade Federal de Viçosa,
lactente, menino” e, por extensão de sentido, “discípulo”.
em Minas Gerais), junto com colegas de outras instituições
O verbo ao qual se liga é alere, “fazer aumentar, nutrir, ali-
do Brasil e do exterior. As análises se somam a uma massa
mentar”. Uma consulta simples a qualquer dicionário eti-
cada vez maior de dados que mostram que existe um elo im-
mológico resolveria a questão. [...]
portantíssimo entre a presença da floresta e a robustez das
RODRIGUES, Sérgio. Aluno não quer dizer “sem luz”. Sem luz é quem diz isso.
Veja, 31 jul. 2020. Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/ chuvas que viabilizam boa parte do agronegócio do país.
aluno-nao-quer-dizer-sem-luz-sem-luz-e-quem-diz-isso/.
Acesso em: 10 mar. 2021. [...]
Dicion‡rio etimol—gico: dicionário que descreve a origem das palavras. Enquanto isso, porém, representantes da banda mais
bovina do setor assistem enlevados a palestras de um dos
Considerando o fragmento e o erro que ele contesta, for-
mais notórios negacionistas do clima do Brasil, segundo o
mule uma hipótese para explicar a origem da análise equi-
vocada. Em sua resposta, mencione razões de dois cam- qual não haveria relação alguma entre florestas e chuva. (Re-
pos dos estudos linguísticos: cuso-me a mencionar o nome do esconjurado neste espaço,
a) uma razão semântico-gramatical. nem que seja pelo princípio de que diminuem as chances
de o Capeta aparecer quando evitamos chamá-lo.) [...]
Em uma série de vocábulos, o fonema a funciona como prefixo,
LOPES, Reinaldo José. Folha de S.Paulo, 12 jan. 2020. Disponível em: https://www1.folha.
uol.com.br/colunas/reinaldojoselopes/2020/01/desmate-diminui-chuva-na-amazonia-
expressando ausência (como em anormal ou amoral). Soma-se a isso
e-ameaca-segunda-safra-anual-na-regiao.shtml?origin=folha.
Acesso em: 10 mar. 2021.
a semelhança formal entre lun e o radical presente em termos como
ignoram conhecimentos prévios dos estudantes. Esse dado de disso, cada substantivo foi formado por um processo diferente: desmate
realidade levou à inferência – linguisticamente equivocada – de que o se forma por derivação regressiva e desmatamento, por derivação sufixal.
estudantes devem ser passivamente “iluminados” pelos mestres. b) formule uma hipótese que possa justificar a preferência
por um dos termos em detrimento do outro.
Leia o excerto seguinte de um artigo de opinião para res- Para justificar a preferência por desmatamento, pode-se recorrer à
ponder às questões 8 e 9.
tradição normativa, pois o substantivo desmate não é registrado pelos
Desmate diminui chuva na Amazônia e ameaça
principais dicionários.
segunda safra anual na região
Graças aos meses de chuva dá para plantar soja, co- Para justificar a preferência por desmate, pode-se argumentar que, sendo
lhê-la e ainda obter uma colheita de milho
um termo mais breve, o vocábulo tem sido utilizado na elaboração de
Um dos motivos que transformaram a agricultura
praticada no sul da Amazônia numa potência nacional e títulos mais curtos. Cabe considerar ainda que, em textos sobre temas
internacional é a possibilidade de colher e plantar duas
ambientais, o termo evita a repetição do vocábulo desmatamento.
20
10. a) O neologismo SARS-Cov-2 é um termo técnico, portanto não é exemplo de
variante popular.
c) Na formação do termo, há composição por justaposição de substantivos
formados por siglas.
d) O termo feique é uma grafia aportuguesada do empréstimo linguístico fake.
Não se trata de composição por aglutinação.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Diário, todo dia o meu zap-zap recebe um monte de fatores: o excesso, a baixa qualidade da informação e a fal-
feiquenius sobre covid. E elas são ótimas! Coisa profissio- ta de tempo. [...]
nal mesmo. OLIVEIRA, Débora. O que é infodemia e como você pode sobreviver a ela. Jornal do
ANÁLISE LINGUÍSTICA
demia faz parte de um plano internacional para matar 80% Considerando o fragmento anterior e outros conhecimen-
da população do planeta. tos do seu repertório, responda ao que se pede.
21
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Segundo a definição da Organização Mundial da Saúde, infodemia é um “dilúvio de informações – precisas ou não – que dificultam o acesso a fontes e
orientações confiáveis”. Como nesses contextos multiplicam-se também as informações enganosas, pode-se afirmar que a desinformação é parte da infodemia.
b) Explique o processo de formação da palavra infodemia e por que o termo assume conotação negativa.
O processo de formação do termo infodemia é de composição por aglutinação, com base nos termos informação e epidemia. Com essa origem, o vocábulo
relaciona o excesso de informação a uma enfermidade, do que decorre sua conotação negativa.
É possível tratar o termo como uma palavra-valise, porém o fundamental é que a turma perceba a fusão das bases na formação do termo.
12 Utilize o quadro seguinte para revisar os processos de formação de palavras. Anote nele ao menos um exemplo de cada um
dos processos.
sem afixos
Composição
PREPARE-SE
Na aula seguinte, retomaremos o estudo das formas verbais. Para iniciar seu estudo e suas reflexões sobre
o tema, recolha exemplos do tempo verbal presente em títulos de notícias atuais, buscando identificar se-
melhanças e diferenças entre os exemplos coletados.
22
Orientação de estudo Sugestão de divisão aula a aula:
Aula 1: objetivo 1 Aula 2: objetivo 2 Aula 3: objetivo 3 Aula 4: objetivo 4
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
EX TRAS!
Aula 1
1 a) o dinamismo da língua na criação de novas palavras.
b) uma nova realidade limitando o aparecimento de novas
Texto I
palavras.
Um ato de criatividade pode contudo gerar um mode-
lo produtivo. Foi o que ocorreu com a palavra sambódro- c) a apropriação inadequada de mecanismos de criação
mo, criativamente formada com a terminação -(ó)dromo de palavras por leigos.
(= corrida), que figura em hipódromo, autódromo, cartó- d) o reconhecimento da impropriedade semântica dos
dromo, formas que designam itens culturais da alta bur- neologismos.
guesia. Não demoraram a circular, a partir de então, formas e) a restrição na produção de novas palavras com o radi-
populares como rangódromo, beijódromo, camelódromo. cal grego.
AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008.
2
Texto II
Existe coisa mais descabida do que chamar de sam- Retrato do artista quando coisa
bódromo uma passarela para desfile de escolas de samba? A menina apareceu grávida de um gavião.
Em grego, -dromo quer dizer “ação de correr, lugar de cor- Veio falou para a mãe: o gavião me desmoçou.
rida”, daí as palavras autódromo e hipódromo. É certo que, A mãe disse: Você vai parir uma árvore para a gente
às vezes, durante o desfile, a escola se atrasa e é obrigada comer goiaba nela.
MÓDULO 1 - FORMAÇÃO DE PALAVRAS
a correr para não perder pontos, mas não se desloca com E comeram goiaba.
a velocidade de um cavalo ou de um carro de Fórmula 1. Naquele tempo de dantes não havia limites para ser.
Se a gente encostava em ser ave ganhava o poder de
ANÁLISE LINGUÍSTICA
23
EXTRAS!
24
2 ANÁLISE LINGUÍSTICA
M Ó D U L O
COMPETÊNCIA 4
EM13LGG401
Neste módulo
EM13LGG402
Aula 5 EM13LP10
ANÁLISE LINGUÍSTICA
25
A notícia se refere a uma apreensão de fósseis que já havia ocorrido; verbo no presente (apreende em
vez de apreendeu) cria efeito de atualidade.
Reprodução/Folha de S.Paulo
Disponível em: https://acervo.folha.com.br/digital/leitor.do?numero=49430&anchor=6428039&_ga=
2.158908410.1531407365.1612626917-1172172174.1600034045&_mather=f6bc42924a06861f&pd=
51cac2bfe82790761891a4d90a7c204d. Acesso em: 10 mar. 2021.
A notícia, publicada em uma manhã de domingo, chamava a atenção dos leitores para um evento
esportivo que aconteceria horas mais tarde. A forma verbal fazem (em vez de farão) confere atualidade e
credibilidade à informação.
Presente do indicativo
O enunciador adota o indicativo para se comprometer com o valor de verdade do enunciado: o
evento é expresso como algo real, como é possível identificar, por exemplo, no ditado popular:
Camarão que dorme a onda leva.
No ditado popular, as ações dorme e leva são tratadas como eventos reais. Usa-se o presente do
indicativo.
Presente do subjuntivo
O presente do subjuntivo expressa eventos que, no momento da enunciação, são vistos como irreais:
hipóteses, riscos, possibilidades e desejos são expressos por essas formas verbais. Por exemplo:
Reprodução/Gabi Artz @gabi.artz
Na fotografia, a frase traz uma forma do subjuntivo mobilizada para expressar um desejo: “que o mar
leve embora”.
26
Gramática do presente do subjuntivo
A desinência que marca o presente no subjuntivo é sempre distinta da que marca o presente do indicativo.
Nos verbos terminados em -ar no presente do indicativo, usa-se a desinência -e- para marcar o subjuntivo;
nos terminados em -er ou -ir, usa-se a desinência -a-. Exemplos:
1) Verbos de primeira conjugação (-ar)
Aula 6
2 Modo imperativo
Modo imperativo: enunciados diretivos
O uso de formas verbais imperativas pressupõe uma referência direta do enunciador ao enunciatário. Ponto de partida:
Aula 6
27
DESEN V OLV ENDO H A BIL ID A DE S
Aula 5
1 Leia os textos seguintes para responder à questão.
Texto I
Texto II
Com base na afirmação “Antes não era assim!”, identifica-se uma relação intertextual com os contos de fada: nesse universo narrativo, príncipes são
transformados em sapos, mas voltam à forma original quando se quebra o feitiço. Desse modo, o personagem expressa surpresa com sua situação atual (ficar
“enrugado” quando passa longos períodos submerso), quando a compara com sua forma anterior.
Em ambos os textos, o presente coincide com o momento da enunciação, porém a duração dos eventos expressos é diferente em cada um deles. Na tirinha, o
Texto I Para explicitar a noção de anterioridade, destaque no primeiro parágrafo da notícia as formas verbais foram publicadas e confirmaram.
28
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
3 O texto seguinte é uma nota de divulgação científica publicada na revista Pesquisa Fapesp. Leia-o para responder ao que
se pede.
A nota anuncia o início de estudos para entender as razões dos ataques de tubarões a banhistas no Recife. Desse modo, infere-se que atualmente tais animais
ANÁLISE LINGUÍSTICA
29
4. Adotando o imperativo de 2ª pessoa, teríamos “Vota com moderação”. No contex-
to, também seria possível interpretar tal forma verbal como 3ª pessoa do indicativo
(algo como “O ódio vota com moderação”).
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
*Em “coisas que te faz”, a concordância não segue a norma-padrão (“coisas que te
fazem”). Na letra da canção, porém, tal desvio serve de recurso para construir a rima
interna entre “que o sonho te traz” e “coisas que te faz”.
vai, levanta e anda/ Vai, levanta e anda”). Tais formas imperativas são da
30
Se possível, recomendamos exibir a interpretação de Caetano Veloso do poema,
musicada por Carlinhos Brown. A gravação está no álbum Livro, de 1997, e pode
ser encontrada on-line.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
6 O excerto a seguir é a estrofe final do poema “O navio negreiro”, do poeta abolicionista Castro Alves (1847-1871). Leia-a para
responder à questão.
Brigue: tipo de embarcação.
[...]
Fatalidade atroz que a mente esmaga! Vagas: ondas.
Extingue nesta hora o brigue imundo Pélago: alto-mar.
O trilho que Colombo abriu nas vagas, Plaga: região.
Como um íris no pélago profundo! Andrada: José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838),
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga patrono da Independência do Brasil.
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! Pendão: no contexto do poema, trata-se da bandeira
Andrada! arranca esse pendão dos ares! brasileira, posta no mastro do navio.
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
ALVES, Castro. O navio negreiro. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000068.pdf. Acesso em: 12 mar. 2021.
Considerando o período histórico em que foi escrito o poema, pode-se afirmar que:
a) a substituição de arranca e fecha por arranque e feche é necessária para adequar o poema à variedade padrão.
b) as formas levantai-vos, arranca e fecha estão flexionadas na 2ª pessoa, remetendo assim ao mesmo referente.
c) as formas imperativas do excerto exemplificam uma variedade histórica em que predomina a 2ª pessoa gramatical.
d) a forma levantai-vos poderia ser substituída por levante-se, tendo em vista o enunciatário a quem se dirige.
e) no verso final, a paráfrase de “fecha a porta” por “não mais abre a porta” manteria a adequação do poema à norma-padrão.
Material de consulta: Caderno de Estudos 5 – Análise linguística – Capítulo 2: Verbo: presente e imperativo
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
EX TRAS!
Aula 5 (presente do indicativo)
MÓDULO 2 - VERBO: PRESENTE E IMPERATIVO
1 (Uerj) Texto para a questão.
Nosso pensamento, como toda entidade viva, nasce para se vestir de fronteiras. Essa invenção é uma espécie de vício de
arquitetura, pois não há infinito sem linha do horizonte. A verdade é que a vida tem fome de fronteiras. Porque essas fronteiras
da natureza não servem apenas para fechar. Todas as membranas orgânicas são entidades vivas e permeáveis. São fronteiras
ANÁLISE LINGUÍSTICA
feitas para, ao mesmo tempo, delimitar e negociar: o “dentro” e o “fora” trocam-se por turnos.
Um dos casos mais notáveis na construção de fronteiras acontece no mundo das aves. É o caso do nosso tucano, o tucano
africano, que fabrica o ninho a partir do oco de uma árvore. Nesse vão, a fêmea se empareda literalmente, erguendo, ela e o
macho, um tapume de barro. Essa parede tem apenas um pequeno orifício, ele é a única janela aberta sobre o mundo. Naquele
31
EXTRAS!
cárcere escuro, a fêmea arranca as próprias penas para preparar o ninho das futuras crias. Se quisesse desistir da empreitada,
ela morreria, sem possibilidade de voar. Mesmo neste caso de consentida clausura, a divisória foi inventada para ser negada.
Mas o que aqueles pássaros construíram não foi uma parede: foi um buraco. Erguemos paredes inteiras como se fôssemos
tucanos cegos. De um e do outro lado há sempre algo que morre, truncado do seu lado gêmeo. Aprendemos a demarcarmo-nos
do Outro e do Estranho como se fossem ameaças à nossa integridade. Temos medo da mudança, medo da desordem, medo
da complexidade. Precisamos de modelos para entender o universo (que é, afinal, um pluriverso ou um multiverso), que foi
construído em permanente mudança, no meio do caos e do imprevisível.
A própria palavra fronteira nasceu como um conceito militar, era o modo como se designava a frente de batalha. Nesse
mesmo berço aconteceu um fato curioso: um oficial do exército francês inventou um código de gravação de mensagens em al-
to-relevo. Esse código servia para que, nas noites de combate, os soldados pudessem se comunicar em silêncio e no escuro. Foi
a partir desse código que se inventou o sistema de leitura Braille. No mesmo lugar em que nasceu a palavra fronteira sucedeu
um episódio que negava o sentido limitador da palavra.
A fronteira concebida como vedação estanque tem a ver com o modo como pensamos e vivemos a nossa própria identidade.
Somos um pouco como a tucana que se despluma dentro do escuro: temos a ilusão de que a nossa proteção vem da espessura da
parede. Mas seriam as asas e a capacidade de voar que nos devolveriam a segurança de ter o mundo inteiro como a nossa casa.
COUTO, Mia. Adaptado de fronteiras.com, 10 ago. 2014.
A exposição do autor confere um caráter universal ao tema das fronteiras. No primeiro parágrafo, a marca linguística que
melhor evidencia esse caráter conferido ao tema é:
a) predomínio dos verbos no presente do indicativo.
b) emprego das aspas como índice de formalidade.
c) destaque de estruturas explicativas diversas.
d) uso de elementos de negação categórica.
Natal
Jesus nasceu! Na abóbada infinita No entanto, os reis da terra, pecadores,
Soam cânticos vivos de alegria; Seguindo a estrela que ao presepe os guia,
E toda a vida universal palpita Vêm cobrir de perfumes e de flores
Dentro daquela pobre estrebaria... O chão daquela pobre estrebaria.
Não houve sedas, nem cetins, nem rendas Sobem hinos de amor ao céu profundo;
No berço humilde em que nasceu Jesus... Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal!
Mas os pobres trouxeram oferendas Sobre esta palha está quem salva o mundo,
Para quem tinha de morrer na Cruz. Quem ama os fracos, quem perdoa o Mal!
Explicite o efeito estilístico causado pelo emprego de cada uma dessas formas verbais: uma no modo imperativo e outra no
presente do indicativo.
32
EXTRAS!
3
Descubra e aproveite um momento todo seu. Quando você quebra o delicado chocolate, o irresistível recheio cremoso come-
ça a derreter na sua boca, acariciando todos os seus sentidos. Criado por nossa empresa. Paixão e amor por chocolate desde 1845.
Veja, n. 2.320, 8 maio 2013 (adaptado).
O texto publicitário tem a intenção de persuadir o público-alvo a consumir determinado produto ou serviço. No anúncio,
essa intenção assume a forma de um convite, estratégia argumentativa linguisticamente marcada pelo uso de:
a) conjunção (quando).
b) adjetivo (irresistível).
c) verbo no imperativo (descubra).
d) palavra do campo afetivo (paixão).
e) expressão sensorial (acariciando).
4 (Fuvest-SP) Leia o trecho de uma canção de Cartola, tal como registrado em gravação do autor:
[...]
Ouça-me bem, amor,
Preste atenção, o mundo é um moinho,
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos,
Vai reduzir as ilusões a pó.
a) Na primeira estrofe, há uma metáfora que se desdobra em outras duas. Explique o sentido dessas metáforas.
b) Caso o autor viesse a optar pelo uso sistemático da segunda pessoa do singular, precisaria alterar algumas formas verbais.
Indique essas formas e as respectivas alterações.
ANOTAÇÕES
33
3 ANÁLISE LINGUÍSTICA
M Ó D U L O
Neste módulo
Aula 7
Ponto de partida:
1 Aspecto verbal e construção do significado Aula 7
Para despertar a curio-
Pretérito perfeito e pretérito imperfeito expressam eventos anteriores ao momento da enunciação. A sidade da turma, você
principal diferença entre os tempos está no chamado aspecto verbal (ou seja, na expressão da duração pode levantar esta inda-
gação: “Por que um tem-
dos eventos). po verbal se chama pre-
térito perfeito, e outro,
Pretérito perfeito imperfeito?”. Tendo em
mente o uso dos mes-
Terrores noturnos mos termos em lingua-
gem não especializada, é
Abriu os olhos, pulou da cama, correu até a porta: trancada. natural que surjam hipó-
teses em torno do tema
VIDAL, Paloma. Terrores noturnos. In: FREIRE, Marcelino (org.). Os cem menores contos brasileiros do século. Cotia: Ateliê Editorial, 2004. p. 75. da “perfeição”. Após
analisar as formas ver-
. Tempo: o momento do evento (abriu, pulou, correu) é anterior ao momento da enunciação;
bais e seu funcionamen-
to, você pode explicar
. Aspecto: o evento é apresentado de modo pontual (acabado, concluído).
que perfeito é particípio
de perfazer, desfazendo
então o “mistério”.
Progressão temporal
Em fragmentos narrativos, as formas de pretérito perfeito contribuem para a progressão temporal: ao apre-
sentar pontualmente os eventos, tais verbos estabelecem sua sequenciação. No microconto acima, as formas
do pretérito perfeito (abriu, pulou e correu) estabelecem a progressão cronológica.
Pretérito imperfeito
Abrindo um antigo caderno
Foi que descobri:
Antigamente eu era eterno
LEMINSKI, Paulo. In: Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
Você pode usar este
exemplo para confrontar
um momento apresen-
. Tempo: o momento do evento (era) é anterior ao momento enunciação; tado como pontual (des-
cobri), e outro, como
. Aspecto: destaca-se a duração do evento, que pode ser contínuo ou iterativo (frequente, habitual). durativo (era).
34
Evento contínuo: Ele parecia muito feliz naquelas férias de verão.
Evento iterativo, habitual: A cada verão a família conhecia um lugar novo.
Recurso descritivo
Por apresentar os eventos como durativos, o pretérito imperfeito cria o efeito de simultaneidade entre eles.
Por isso ele é utilizado em textos descritivos, expressando características que coexistem.
Aula 8
Na tira, as formas verbais tivesse e salvasse contêm a desinência -sse, marca formal do pretérito
imperfeito do subjuntivo.
O imperfeito do subjuntivo se refere a eventos irreais, sejam eles passíveis ou não de realização.
perguntar por dona Judite. Era6 quase certo que não me ricos moravam em outras partes da cidade, e aqueles casa-
seguiam7; de qualquer modo não convinha8 parar o táxi rões envelhecidos, com seus parques de grandes árvores,
9
diante da casa para não chamar a atenção. Tive , além dis- pareciam dormir. Uma vez ou outra passava um auto; de-
to, o cuidado de deixar o carro se afastar sem que o chofer pois o luar aumentava o sossego da rua.
35
2. Entre as formas destacadas, apenas passava assume aspecto frequentativo,
dada sua correlação, no contexto, com o adjunto “uma vez ou outra”.
3.a. Para mostrar que considerou o contexto da narrativa em sua resposta, é im-
1. Esta questão favorece relacionar o aspecto pontual das formas do pretérito portante que o aluno explique por que Marina estava inquieta enquanto olhava
perfeito com seu efeito em textos narrativos. pela janela.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Apertei a campainha. Uma mulher gorda me disse 2 O pretérito imperfeito é um recurso linguístico
que fosse pelo jardim, ao lado da casa; era uma porta que utilizado para, referindo-se a eventos do passado, desta-
tinha uma escadinha nos fundos. car-lhes o caráter durativo. Essa ideia de duração, porém,
Ao bater, ouvi um rumor lá dentro. Depois senti que pode manifestar-se em diferentes aspectos. No 2º pará-
alguém me espiava pela veneziana, sem dizer nada. Bati grafo do excerto, indicam continuidade e repetição, res-
outra vez. Ouvi ainda uns rumores dentro do quarto e, por pectivamente, as formas verbais destacadas em:
fim, uma voz nervosa: a) “Era uma rua sossegada” e “viviam famílias ricas”.
1 O primeiro parágrafo do conto alterna elementos Nesse contexto, as formas do pretérito perfeito expressam a sequência
descritivos e narrativos, apresentando o contexto geral e
de eventos associados ao narrador-personagem, enquanto aguardava
os eventos pontuais que nele ocorrem. Para demarcar a
progressão temporal entre esses eventos, foram mobili- ser atendido: “ouvi um rumor”, “senti que alguém me espiava”, “bati
zadas as seguintes formas verbais:
a) ia rodando1, pudesse ir vendo2 e tinha de ir5. outra vez”, “ouvi ainda uns rumores”. Já as formas do pretérito imperfeito
36
4. No início do excerto, o narrador-personagem afirma que deu um recado de 6. Sugerimos que, antes da exposição teórica, os alunos tentem resolver a
Alberto a Marina. Em seguida, a passagem “Era bom que ela” introduz a série questão com base em suas intuições de falantes do idioma. Após essa primei-
de orientações transmitidas. Nelas, o pretérito imperfeito predomina, situando no ra tentativa, convém sistematizar a flexão do pretérito imperfeito do subjuntivo.
passado esse diálogo (observe que, caso se adotasse o discurso direto, as formas
seriam do presente do indicativo).
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Aula 8
Releia o seguinte excerto da narrativa para responder às 6 Nos excertos seguintes, foram suprimidas certas formas
questões 4 e 5. verbais. Nos espaços indicados, reescreva esses verbos,
Dei o recado que um político solto no dia anterior ha- adotando a flexão adequada ao contexto e à norma-
via trazido. Alberto mandava dizer que estava bem, que há -padrão.
muito tempo já não o interrogavam, e que não tinha nenhu- a)
ma esperança de ser libertado tão cedo. Era bom que ela
tentasse sair do Rio, onde podia ser presa a qualquer mo- Pressionado, time de futebol americano aceita
mento, e fosse para o Nordeste, onde morava sua família. A mudar de nome após protestos antirracistas
viagem de avião ou por mar seria impossível. O melhor era
d) enfatizar sua concordância em relação às instruções de A pressão para que o time mudasse de nome não é
Alberto, como em “O melhor era ir de trem até Belo nova. Há décadas, a diretoria da equipe é incentivada a
Horizonte”. retirar o termo racista [redskins] e alterar sua marca. Em
e) explicitar a sequência cronológica entre os eventos 2014, senadores americanos chegaram a pedir formal-
narrados, como em “Havia uma pessoa que podia ar- mente que a NFL interviesse no assunto, mas
ranjar uma parte do dinheiro”. nada efetivo foi feito. [...] (intervir)
5 No modo subjuntivo, o pretérito imperfeito se refere a HYPENESS. Disponível em: https://www.hypeness.com.br/2020/07/pressionado-time-
de-futebol-americano-aceita-mudar-de-nome-apos-protestos-antirracistas/.
eventos não realizados. Tendo isso em mente, responda
Acesso em: 16 mar. 2021.
ao que se pede.
a) Identifique as três formas do pretérito imperfeito do b)
subjuntivo presentes no excerto.
Golpe no Instagram promete conta verificada,
Trata-se das formas tentasse, fosse e conseguisse.
mas rouba dados pessoais
[...] A página fraudulenta pede a senha do e-mail:
b) Explique por que tais eventos foram expressos no modo
37
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
c)
Criadora negou acordo milionário com a Netflix; entenda o motivo!
[...] Em uma conversa com a [revista] Vulture, Coel revela que a Netflix fez uma oferta para I May Destroy You em 2017, no
valor de US$ 1 milhão. Coel recusou a oferta do streaming porque a empresa não permitiria que ela retivesse qual-
quer porcentagem dos direitos autorais. [...] (reter)
YAO, Rodrigo. Observatório de Séries. Disponível em: https://observatoriodeseries.uol.com.br/noticias/criadora-negou-acordo-milionario-com-a-netflix-entenda-o-motivo.
Acesso em: 16 mar. 2021.
d)
Anna Calvi fez um grande disco sobre “o tipo de mulher que não é retratado na nossa cultura”. Agora,
vem cantá-lo a Portugal
Se os arranjos de banda tornam o som do disco mais cheio, com o baixo, guitarra e sintetizadores a ganhar espaço e desta-
que, a voz de Anna Calvi está diferente, mais aberta. Capaz de sussurrar mas também gritar, cantar a capella ofegante, afinada
e quase a gemer, Calvi libertou a voz “de forma consciente”, porque queria que ela denotasse “uma expressão selvagem que
se contrapusesse ao que é habitualmente pedido às mulheres: que fiquem em silêncio ou que falem e se compor-
tem de forma bonita e sossegada. Quis que a minha voz não ficasse confinada e pudesse ser selvagem”. [...] (contrapor)
CORREIA, Gonçalo. Observador. Disponível em: https://observador.pt/2018/10/19/anna-calvi-fez-um-grande-disco-sobre-o-tipo-de-mulher-que-nao-e-retratado-na-nossa-cultura-agora-
vem-canta-lo-a-portugal/. Acesso em: 16 mar. 2021.
Material de consulta: Caderno de Estudos 5 – Análise linguística – Capítulo 3: Verbo: pretérito perfeito e imperfeito
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
EX TRAS!
Aula 7 (pretérito imperfeito)
1 (Fuvest-SP)
Às seis da tarde
Às seis da tarde
as mulheres choravam
no banheiro.
Não choravam por isso
ou por aquilo
choravam porque o pranto subia
garganta acima
mesmo se os filhos cresciam
38
EXTRAS!
Agora
às seis da tarde
as mulheres regressam do trabalho
o dia se põe
os filhos crescem
o fogo espera
e elas não podem
não querem
chorar na condução.
COLASANTI, Marina. Gargantas abertas.
a) O texto faz ver que mudanças históricas ocorridas na situação de vida das mulheres não alteraram substancialmente sua
condição subjetiva. Concorda com essa afirmação? Justifique sucintamente.
b) No poema, o emprego dos tempos do imperfeito e do presente do indicativo deixa claro que apenas um deles é capaz
de indicar ações repetidas, durativas ou habituais. Concorda com essa afirmação? Justifique sucintamente.
Aula 8 (pretérito perfeito × imperfeito)
2 (Unesp-SP) Leia o poema de Manuel Bandeira (1886-1968) para responder à questão.
No poema, Bandeira explora uma espécie de contraste entre os tempos verbais “pretérito perfeito” e “pretérito imperfeito”.
Dos pontos de vista sintático e semântico, que padrão pode ser percebido no emprego desses dois tempos verbais?
ANÁLISE LINGUÍSTICA
39
4 ANÁLISE LINGUÍSTICA
M Ó D U L O
Pretérito mais-que-perfeito e
tempos do futuro:
progressão temporal
Módulo previsto para 2 aulas (Aulas 9 e 10).
COMPETÊNCIAS
Objetivos de aprendizagem ESPECÍFICAS
E HABILIDADES
DA BNCC
. Objetivo 1: Identificar progressões temporais determinadas pelo pretérito mais-que-perfeito e pelo
COMPETÊNCIA 1
futuro do pretérito, bem como o valor condicional deste. (Aula 9)
EM13LP02
. Objetivo 2: Reconhecer diferentes noções de posterioridade vinculadas ao futuro do presente, ao EM13LP06
futuro anterior e ao futuro do subjuntivo, assim como as flexões na norma-padrão deste. (Aula 10)
EM13LP07
COMPETÊNCIA 4
EM13LGG401
Neste módulo
EM13LGG402
Aula 9
40
2 Futuro do pretérito: duplo referencial
Outro uso muito comum do futuro do pretérito é a indicação de eventos condicionais, prováveis, hi-
potéticos. Esse sentido não literal costuma contar com contextos específicos, como outros verbos no
pretérito imperfeito do subjuntivo. Por exemplo:
Se ferradura trouxesse sorte, burro não puxaria carroça.
O valor hipotético do futuro do pretérito (puxaria) é apoiado, aqui, pelo pretérito imperfeito do sub-
juntivo (trouxesse), além da conjunção condicional (se).
Como o primeiro quadrinho estabelece o pressuposto de que não há um monte de dinheiro, os verbos
no futuro do pretérito (poderia comprar e faria) são interpretados como indicadores de eventos hipotéti-
cos, condicionados à disponibilidade de muito dinheiro.
ANÁLISE LINGUÍSTICA
41
Aula 10
Ponto de partida:
3 Futuro do presente: posterioridade Aula 10
Esta aula sobre futuros
pode ser iniciada com
42
Formação do futuro do subjuntivo
Sejam verbos regulares, sejam irregulares, pode-se recorrer ao pretérito perfeito para confirmar as flexões
no futuro do subjuntivo:
1) Conjugar o verbo primitivo na 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito e excluir a terminação -ram;
2) Ao tema obtido, acrescentar o prefixo (se verbo derivado) e as desinências próprias do futuro do
subjuntivo.
Verbo Verbo primitivo Pretérito perfeito (-ram) Presente do subjuntivo (Se eu...)
Conter Ter Eles tive-ram con-tive-r
começar a frequentá-lo com os filhos, teve algumas sur- uma das crianças com uma mochila (“tinha entrado”) é anterior à ducha
presas desagradáveis. A piscina era cercada por grades
e, antes de usá-la, tinham todos de tomar uma ducha e e à apresentação da carteirinha (“tinha tomado ducha e apresentado
3
ela tinha dado a seus funcionários e diretores o poder de
“Tinha entrado”: havia entrado; entrara.
controlar seus passos. Bastou sair dele para ficar livre des-
se poder! [...] “Tinha dado”: havia dado; dera.
ABREU, Antônio Suárez. A arte de argumentar:
gerenciando razão e emoção. Cotia: Ateliê Editorial, 2005. p. 20-21.
43
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
c) Com base nos sentidos literais do pretérito imperfeito, explica os termos pretérito e futuro que compõem o nome
perfeito e mais-que-perfeito, crie um enunciado em que desse tempo verbal. Com base nesse conceito:
você indique três ações passadas, sendo uma habitual, a) Explique a sequência de eventos anteriores e posteriores
uma pontual e outra anterior à pontual. ao indicado pela locução verbal “poderia levar” (ref. 1),
provando que se trata de futuro do pretérito em sentido
A resposta é livre, porém deve ser balizada pelas noções cronológicas
literal.
dos 3 pretéritos; por exemplo: Na primeira fase do campeonato, o time
Todo o trecho aborda eventos do passado, considerando o momento
jogava mal, porém contratou um novo atacante que mudou o
presente em que o enunciador se encontra. Depois da primeira visita à
desempenho da equipe, graças ao novo patrocínio milionário que
loja de carros, a sequência de eventos é a seguinte: 1) o vendedor
conseguira.
ligou; 2) o carro poderia ser comprado/levado, depois da ligação e do
negócio.
a valer 53 mil depois de se tornar minha. O erro por trás para que o pagamento aconteça. A primeira locução verbal, “poderia
do meu comportamento chama-se efeito de dotação
[endowment effect]. Damos mais valor ao que possuímos levar”, está inserida em um contexto de certeza, de eventos passados
44
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
muito similar a uma folha de uma planta, contendo células enquanto as tecnologias que 2remodelarão o mundo em
artificiais capazes de capturar a energia solar e transformá-la menos de quinze anos provavelmente já existem em la-
em energia química (sacarose) que em seguida 2é usada pe- boratórios na forma de protótipos. Vinte anos também
las mesmas células artificiais para produzir etanol. O álcool pode ser um período próximo do tempo restante da
3
seria transportado por uma rede de nanotubos de celulose carreira de quem trabalha prevendo tais avanços, limi-
até o tanque do seu carro. Além disso, o etanol puro ainda tando, assim, o risco que uma previsão ousada poderia
4
seria misturado com água que o próprio “tecido artificial” causar à sua reputação.
produz, fazendo com que, no tanque do seu carro, 5gotejasse O fato de que, no passado, alguns indivíduos fize-
etanol hidratado na proporção certa para servir como bio- ram previsões exageradas a respeito da inteligência
combustível. artificial (IA) não implica, entretanto, que a IA seja im-
Não, você não está lendo um conto de ficção cientí- possível ou que nunca 3será desenvolvida. A principal
fica. Tampouco o que está descrito no parágrafo acima é razão para que progresso tenha sido mais lento do que
impossível. A descrição é bem plausível e talvez até viável o previsto se deve ao fato de que dificuldades técnicas
ainda neste século. para a construção de máquinas inteligentes se mostra-
Tudo isso (e muito mais) pode acontecer como con- ram maiores do que os obstáculos previstos pelos pio-
sequência de um novo ramo da biologia que está sendo neiros da IA. [...]
chamado de “biologia sintética”. Ela é definida em um
BOSTROM, Nick. Superinteligência: caminhos, perigos e estratégias para um novo
documento divulgado em junho pela Royal Society, do mundo. Rio de Janeiro: DarkSide Books: 2018. p. 25-6.
Reino Unido, como um ramo da biologia preocupado
com a produção de entidades com base biológica (par- Analise o contexto em que ocorrem os verbos terão (ref. 1),
tes, mecanismos, sistemas e organismos) que desem- remodelarão (ref. 2) e será (ref. 3) e responda:
penhem uma nova função diferente da encontrada na a) O futuro do presente projeta eventos para um momen-
natureza. [...] to posterior ao da enunciação, ou seja, toma como re-
BUCKERIDGE, Marcos. Um passo além da engenharia genética. Revista Fapesp, 2 dez. ferência o presente do indicativo. Indique, no texto,
2008. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/um-passo-alem-da-engenharia- recursos linguísticos que localizem a voz do enunciador
genetica/. Acesso em: 15 mar. 2021.
nesse tempo verbal.
Há diversas expressões que, no texto, reiteram a noção de
perspectiva, de mundo provável, hipotético: “imagine”; • Em relação à forma verbal terão, duas expressões determinam que o
45
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
b) Que outras formas verbais poderiam substituir as três, mantendo o mesmo tempo e modo verbal? Essas formas verbais
são exatamente equivalentes? Justifique sua resposta.
Ao verbo terão correspondem as formas “vão ter” e “irão ter”; a remodelarão, “vão remodelar” e “irão remodelar”; a será, “vai ser” e “irá ser”. Em todos os
casos, o sentido literal do futuro do presente é o mesmo; as formas compostas dos verbos, porém, são mais coloquiais que suas correspondentes formas simples.
Para o futuro do presente, a noção de posterioridade em relação ao momento da enunciação é simples e a consciência dessa relação aqui é o mais importante.
Vale destacar as equivalências entre as formas de manifestação desse tempo verbal e os níveis de formalidade de cada uma delas.
a) No segundo parágrafo, há um verbo empregado no futuro do subjuntivo, e, como é de praxe, ele vem acompanhado de
uma marca linguística presente na frase, responsável por instituir o contexto hipotético. Identifique esses dois elementos
linguísticos no texto.
A forma verbal trabalhar, presente no último período do segundo parágrafo,apresenta a desinência típica do futuro do subjuntivo (que, nos verbos regulares,
A conjunção condicional se é a marca linguística responsável por construir, aqui, o contexto hipotético, próprio de verbos no modo subjuntivo.
b) Há, no 2º parágrafo, outra marca linguística que contribui para a construção do contexto hipotético em que se insere o
futuro do subjuntivo. Transcreva-a e explique como ela desempenha essa função.
Os verbos conjugados no presente do subjuntivo também ajudam a criar a atmosfera hipotética ao projetarem características ainda não reais das máquinas: “usem
linguagem“, “formem conceitos e abstrações“, “resolvam determinados tipos de problemas“, “sejam capazes de se aperfeiçoar“, “avanço significativo possa ser feito”.
c) O tema de verbos regulares conjugados no futuro do subjuntivo tem forma equivalente à do próprio infinitivo (“se eu
amar” 5 amar, infinitivo); já os irregulares tomam como base o tema da 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito. Com
base nisso, conjugue os verbos a seguir.
46
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
d) No penúltimo período do 1o parágrafo, o verbo ser está conjugado no futuro do pretérito. Considerando o contexto, apon-
te se se trata do sentido literal ou condicional e transcreva, do texto, uma expressão que comprove sua resposta.
Pelo contexto, o futuro do pretérito está empregado em seu sentido literal: em relação ao “marco que assinalou a inteligência artificial como um campo de
pesquisa”, é futura a ideia de que muitos participantes seriam mais tarde reconhecidos como fundadores desse campo. Acrescente-se a isso que essas duas
informações estão localizadas no passado, considerando o momento presente de enunciação. A expressão que melhor fundamenta essa relação de
6
[...]
De acordo com o último relatório das Nações Unidas sobre a população mundial, a Terra terá 9,7 bilhões de habitantes até
2050 e 10,9 bilhões em 2100, em comparação com os atuais 7,7 bilhões.
O novo estudo questiona esse crescimento contínuo ao longo do século XXI.
Pesquisadores do IHME, um organismo financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates, uma referência por seus estudos
globais em saúde pública, preveem um pico a partir de 2064, para 9,7 bilhões de pessoas, antes de começar a diminuir para
8,8 bilhões em 2100.
O declínio dependerá em grande parte do desenvolvimento da educação das meninas e do acesso ao controle de natali-
dade, o que reduzirá a taxa de fertilidade para 1,66 filho por mulher em 2100, em comparação aos atuais 2,37, de acordo com o
estudo. Essa queda na fertilidade é muito mais rápida do que a prevista pela ONU. [...]
A China pode perder cerca de metade de seus habitantes (1,4 bilhão atualmente para 730 milhões em 2100), com um declí-
nio no número de pessoas em idade ativa, o que pode “impedir” seu crescimento econômico. [...]
Por outro lado, a África subsaariana poderá triplicar sua população de 1 bilhão para 3 bilhões, principalmente na Nigéria
A respeito da locução verbal “terá diminuído” (ref. 1), assinale a alternativa incorreta:
a) indica o resultado futuro (2021) do processo de redução da população em idade ativa.
b) a redução da população ativa é anterior ao crescimento da população com mais de 80 anos.
c) o resultado final do processo de redução da população fica entre o presente e o futuro, com 6 vezes mais octogenários.
d) sua substituição por diminuirá não se configura como erro, mas apaga o traço semântico de anterioridade.
ANÁLISE LINGUÍSTICA
e) há na locução um traço semântico de incerteza, de imprecisão em relação à efetiva redução da população ativa.
47
Orientação de estudo Sugestão de divisão aula a aula:
Aula 9: objetivo 1 Aula 10: objetivo 2
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
EX TRAS!
Aula 9 (pretérito mais-que-perfeito × pretérito perfeito)
datado de “Clavadel, outubro, 1895”. Fiquei na Suíça até ou- Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingar-
da de pederneira, lixou-a, limpou-a com o saca-trapo e fez
tubro de 1914.
tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito.
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.
Sinha Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os
No relato de memórias do autor, entre os recursos usados meninos assustados, que adivinhavam desgraça e não se
para organizar a sequência dos eventos narrados, desta- cansavam de repetir a mesma pergunta: – Vão bulir com
ca-se a: a Baleia?
a) construção de frases curtas a fim de conferir dinamici- Tinham visto o chumbeiro e o polvarinho, os modos
dade ao texto. de Fabiano afligiam-nos, davam-lhes a suspeita de que Ba-
b) presença de advérbios de lugar para indicar a progres- leia corria perigo.
são dos fatos. Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos
c) alternância de tempos do pretérito para ordenar os os três, para bem dizer não se diferenciavam, rebolavam
acontecimentos. na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava
cobrir o chiqueiro das cabras. […]
d) inclusão de enunciados com comentários e avaliações
Fabiano percorreu o alpendre, olhando a baraúna e as
pessoais.
porteiras, açulando um cão invisível contra animais invisí-
e) alusão a pessoas marcantes na trajetória de vida do
veis: – Eco! Eco!
escritor.
Em seguida entrou na sala, atravessou o corredor e
2 (Unesp-SP) chegou à janela baixa da cozinha. Examinou o terreiro, viu
A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagre- Baleia coçando-se a esfregar as peladuras no pé de turco,
cido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avulta- levou a espingarda ao rosto. A cachorra espiou o dono des-
vam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam confiada, enroscou-se no tronco e foi-se desviando, até fi-
e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a car no outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando
inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida. apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta manobra,
48
EXTRAS!
Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do curral, deteve-se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto.
Como o animal estivesse de frente e não apresentasse bom alvo, adiantou-se mais alguns passos. Ao chegar às catingueiras,
modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos traseiros e inutilizou uma perna de Baleia, que se pôs a latir
desesperadamente.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas.
Comparando o segundo e o terceiro parágrafos do fragmento de Vidas secas, explique a diferença no emprego dos tempos,
quando o enunciador opõe formas verbais no pretérito mais-que-perfeito (como imaginara e amarrara-lhe) e no pretérito
perfeito (como resolveu, lixou-a e limpou-a).
Aula 10 (futuro do pretérito)
3 (Fuvest-SP) Leia o excerto, observando as diferentes formas verbais.
Chegou. Pôs a cuia no chão, escorou-a com pedras, matou a sede de família. Em seguida acocorou-se, remexeu o aió, tirou o
fuzil, acendeu as raízes de macambira, soprou-as, inchando as bochechas cavadas. Uma labareda tremeu, elevou-se, tingiu-lhe
o rosto queimado, a barba ruiva, os olhos azuis. Minutos depois o preá torcia-se e chiava no espeto de alecrim.
Eram todos felizes. Sinha Vitória vestiria uma saia larga de ramagens. A cara murcha de Sinha Vitória remoçaria [...].
[...]
A fazenda renasceria – e ele, Fabiano, seria o vaqueiro, para bem dizer seria dono daquele mundo.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas.
a) Considerando que no primeiro parágrafo predomina o pretérito perfeito, justifique o emprego do imperfeito em “o preá
torcia-se e chiava no espeto de alecrim”.
b) Explique o efeito de sentido produzido no excerto pelo emprego do futuro do pretérito.
ANOTAÇÕES
49
5 ANÁLISE LINGUÍSTICA
M Ó D U L O
Discurso citado
50
Reprodução/Livraria Cultura
2 Discurso indireto
. Citação indireta da fala de um personagem: narrador ou
enunciador fala por ele.
. Ausência de sinais de pontuação, como dois-pontos, traves-
são ou aspas.
. Introduzido por um verbo “de dizer”: afirmou, assegurou,
respondeu, disse, etc. (a escolha desse verbo pode indicar
a opinião do narrador/enunciador).
. Apagam-se as marcas linguísticas típicas da interlocução,
como vocativos e pronomes de primeira pessoa.
3 Transformação de discursos
Principais elementos envolvidos na transformação de um tipo de discurso no outro:
1a pessoa 3a pessoa
você ele/ela
Discurso Discurso
direto pretérito pret. mais-que-perfeito indireto
aqui lá
ANÁLISE LINGUÍSTICA
neste naquele
exclamação afirmação
interrogação afirmação
51
Aula 12
Ponto de partida:
4 Discurso indireto livre Aula 12
.
Como o discurso indireto
O narrador/enunciador cita a fala de alguém/personagem, mas deixa marcas de que se trata também livre produz um efeito de
sobreposição de vozes,
de uma citação direta.
para começar esta aula
. Ausência de sinais de pontuação, como dois-pontos, travessão ou aspas. você pode fazer a seguin-
te pergunta para a turma:
. Não é introduzido por verbos “de dizer”. “Quem sabe simular a
voz de alguém famoso?”.
. Só pode ser reconhecido considerando seu contexto de enunciação. A intenção é demonstrar,
. Exemplo:
na prática, como um in-
divíduo se faz passar por
outro, mas sem deixar de
O desembargador deu ganho de causa aos sem-teto que invadiram o prédio abandonado. Tinha ser ele mesmo. Princípio
semelhante governa o
chegado ao fim o tempo da insegurança. Finalmente, um lugar seguro para reconstruir a vida. discurso indireto livre, que
continua sendo citação de
discurso alheio, mas em
uma espécie de arremedo
DESEN V OLV ENDO H A BIL ID A DE S que o narrador/enunciador
faz da voz citada.
Aula 11
É comum que textos opinativos como o artigo de opinião valham-se do pensamento de estudiosos a fim de emprestar seu
prestígio à análise e mesmo de ampliá-la com novas visões de mundo. Tendo isso em mente:
a) explique as duas maneiras por meio das quais o discurso de J.S.R. Goodlad é reportado no texto.
Há uma citação explícita de uma expressão que o autor emprega (“comportamento social adequado”), delimitada por aspas com a finalidade de reportar ao
leitor que não se trata de trecho de autoria do enunciador do texto. Outro recurso usado para incorporar ao texto uma voz diferente da do enunciador é
parafrasear suas ideias e avisar que são do pensador citado, por meio de expressões como “autor dessa tese” ou “segundo ele”. Neste caso, como não são
citados explicitamente trechos do pensamento de J.S.R. Goodlad, o autor do texto ganha liberdade para articular mais as ideias citadas e o próprio discurso.
b) é possível afirmar que todas as ideias do 2º parágrafo se referem ao pensamento de J.S.R. Goodlad acerca das telenove-
las? Justifique sua resposta.
Não é possível ter certeza da autoria das ideias contidas nos três últimos períodos do parágrafo: elas podem ser tanto de J.S.R. Goodlad como do enunciador
do texto. Por um lado, é preciso considerar que, não havendo marcas de discurso reportado, tais como as descritas no item a, pode-se supor que a reflexão
sobre a conscientização emocional que as telenovelas promovem seja do autor do texto (até porque essa tese não é exatamente o que se entende por
“comportamento social adequado”). Por outro lado, pode-se supor que o parágrafo todo desenvolve a ideia de J.S.R. Goodlad: mesmo sem marcas de discurso
reportado, os sentidos do início e do fim do parágrafo são solidários e tratam da capacidade de “entrar inteiramente no social”, ou seja, a dose diária de emoção
proporcionada pelas telenovelas seria uma forma de “domínio das regras sociais”.
52
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
3 A transformação de um tipo de discurso em outro exige mudanças em marcas sobretudo de pessoa, tempo e lugar. Trans-
forme as falas das tirinhas a seguir em discursos indiretos e, em seguida, sublinhe as alterações que a transformação exigiu.
a)
Jeff Stahler © 2019 Jeff Stahler/Dist. by
Andrews McMeel Syndication for UFS
O filho disse ao pai que precisava de ajuda com sua lição de casa sobre divisão. O pai perguntou se era sobre Matemática, ao que o filho respondeu que
53
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Sally reclamou com seu irmão Charlie Brown dizendo que belo irmão ele era, pois ela iria ficar reprovada só porque ele não a ajudava a fazer o dever de casa.
Insistindo pela sua atenção, provoca-o novamente perguntando que raio de irmão ele era afinal de contas. E terminou questionando se ele não acreditava na
c)
não tinha feito nenhuma das suas lições de casa. (vocativo, presente, 1ª pessoa, exclamação, pretérito perfeito)
Garfield, Jim Davis © 2021 Paws,
Inc. All Rights Reserved/Dist. by
Andrews McMeel Syndication
d)
Segundo o livro que Garfield estava lendo, deve-se fazer hoje algo que você/o leitor de amanhã agradecerá. Garfield considerou essas palavras sábias e
terminou dizendo que havia escondido uma dúzia de donuts embaixo da cama. (imperativo, futuro, você-hoje-amanhã não literais, pretérito perfeito)
54
4. Ao abrir a segunda aula do módulo, esta questão faz uma breve revisão de alguns aspectos fundamentais para a transformação de discursos. Na alternativa a, o correto
seria que ganharia e pegou assumissem formas do pretérito mais-que-perfeito, como tinha ganhado e havia pegado; em b, acabava e inundou também precisariam
assumir as formas do pretérito mais-que-perfeito, como acabara e havia inundado; na alternativa c, o discurso indireto não deveria estar em formato de interrogação direta;
e em e, não aconteceu a transformação do tempo verbal começava, que deveria estar no pretérito imperfeito.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
a) “Ganhei uma indenização ótima do seguro. Minha casa a) Identifique desse trecho de Vidas secas as passagens
pegou fogo.” / O primeiro amigo disse que ganharia que ilustram o discurso indireto livre.
uma indenização ótima do seguro. Sua casa pegou
fogo. • “Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de
amigo disse que aquilo era engraçado, pois acabava • “Estava direito aquilo?”
de ganhar uma indenização ótima também. Sua casa
ANÁLISE LINGUÍSTICA
c) “Como você começa uma inundação?” / O primeiro • “Não era preciso barulho não.”
amigo perguntou ao segundo como ele começava uma
inundação?
55
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
b) Explique por que esses trechos são exemplos de discurso indireto livre.
Nesses trechos, não há marcas linguísticas típicas do discurso direto, como aspas, travessão ou verbo “de dizer”. Logo, trata-se da voz do narrador, no lugar da
de Fabiano. Porém, as frases conservam características da fala da personagem, produzindo um efeito de sobreposição de vozes no enunciado, sem que haja a
6
“Nós cometemos erros”, diz Mark Zuckerberg sobre escândalo do Facebook com Cambridge Analytica
[...]
1
“Nós cometemos erros, temos que fazer mais e precisamos avançar e fazer isso”, afirmou.
As declarações foram dadas em um post no perfil de Zuckerberg na rede social, na primeira vez que falou sobre a crise ins-
titucional que fez o Facebook perder quase US$ 50 bilhões em valor de mercado em dois dias.
[...] O Facebook informou que está investigando o vazamento de dados envolvendo uma empresa britânica que trabalhou
para a campanha de 2016 do presidente americano, Donald Trump. A empresa de consultoria Cambridge Analytica manipulou
informação de mais de 50 milhões de usuários da rede social nos Estados Unidos.
A companhia obteve as informações em 2014 e as usou para construir uma aplicação destinada a prever as decisões dos
eleitores e influenciar sobre elas, segundo revelaram neste sábado os jornais London Observer e New York Times.
Zuckerberg também disse que a companhia modificou sua política de distribuição de dados para aplicativos parceiros em
2014 e que esse problema não deverá se repetir atualmente. [...]
G1, 21 mar. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/nos-cometemos-erros-diz-mark-zuckerberg-sobre-escandalo-do-facebook-com-cambridge-
analytica.ghtml. Acesso em: 17 mar. 2021.
O texto usa diferentes estratégias para apresentar os discursos reportados que o constituem. Analise os trechos destacados
e os comentários a respeito deles:
I. A estratégia de transcrever em discurso direto a confissão de Zuckerberg (ref. 1) cria efeito de verdade, afinal o texto cria
um impacto ao apresentar a frase tal como foi proferida pelo CEO da empresa envolvida no escândalo.
II. Por se tratar de discursos de instituições e não de indivíduos, o autor optou, no segundo parágrafo, por reportar em
discurso indireto a declaração do Facebook e as avaliações de dois jornais.
III. A transcrição da fala de Zuckerberg em discurso indireto no terceiro parágrafo pode ser interpretada como uma
opção estilística para diversificar as formas de reportar o discurso do CEO e não dividir o destaque com a sua
primeira declaração.
É(são) correto(s):
a) apenas I. b) apenas II. c) apenas III. d) apenas I e III. e) I, II e III.
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
56
EX TRAS!
Aula 11 (Transposição de discurso direto em indireto)
1 (Unifesp) Leia a crônica “Inconfiáveis cupins”, de Moacyr a) existirem, pode, meu.
Scliar, para responder à questão. b) existissem, poderia, seu.
Havia um homem que odiava Van Gogh. Pintor des- c) existiam, puderem, meu.
conhecido, pobre, atribuía todas suas frustrações ao artista
d) existem, poderei, dele.
holandês. Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis
e) tenham existido, terá podido, seu.
girassóis, aquelas estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes
deformados, dizia, não poderei jamais dar vazão ao meu 2 (Fuvest-SP) Examine a transcrição do depoimento de
instinto criador. Eduardo Koge, líder indígena de Tadarimana, MT.
Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às Nós vivemos aqui que nem gado. Tem a cerca e nós
telas de Van Gogh, onde quer que estivessem. Começaria não podemos sair dessa cerca. Tem que viver só do que
pelas mais próximas, as do Museu de Arte Moderna de São tem dentro da cerca. É, nós vivemos que nem boi no curral.
Paulo. Paulo A. M. Isaac. Drama da educação escolar indígena Bóe-Bororo.
Enquanto existirem no mundo aqueles horríveis girassóis, co no Brasil, na Bélgica, na França e na Espanha. O objetivo
aquelas estrelas tumultuadas, aqueles ciprestes deformados, do trabalho foi entender a pluralidade da formação do pro-
ANÁLISE LINGUÍSTICA
dizia, não poderei jamais dar vazão ao meu instinto criador. fissional de circo de hoje bem como sua atuação em outros
(1º parágrafo) âmbitos, para além do artístico/profissional. A pesquisa foi
Ao se transpor o trecho para o discurso indireto, os termos desenvolvida no programa de pós-graduação em Educação
sublinhados assumem a seguinte redação: Física, na área de concentração Educação Física e Sociedade.
57
EXTRAS!
Rodrigo entende que atualmente a atividade é exercida existir essa amplitude só que aquele profissional poderia ter
por diferentes profissionais como professores de teatro, artes a possibilidade de se formar, fazer um curso superior de artes
ou educação física. A tese propõe formação continuada a fim do circo”, defende o autor da tese.
de habilitar o profissional de circo para atuar em todos os Adaptado de Patrícia Lauretti, “Tem diploma no circo”, Jornal da Unicamp,
n. 607, 22 set. 2014, p. 12.
âmbitos, inclusive naqueles que ganharam maior espaço no
Brasil nas últimas décadas, como os projetos de circo social. a) Em um texto jornalístico, usam-se fontes fidedignas
“Há, no mercado, profissionais híbridos, oriundos de várias para dar credibilidade às informações. Aponte os tipos
áreas de formação, inclusive no circo familiar. Mas, como falta de fonte usados no texto e dê dois exemplos de dis-
um curso superior, muitos artistas que começaram nas artes curso reportado que as identificam.
circenses vão para outras áreas do conhecimento como ciên- b) Com base nas informações do texto, descreva o pro-
cias sociais, dança, teatro, educação física, história... É até bom fissional do circo e sua formação nos dias atuais.
GABARITO – EXTRAS!
58
3 c 2 O pretérito imperfeito é usado para descrever o ambiente
4 a) Moinho é um engenho ou dispositivo, acionado por (“ainda fazia escuro”, “Chovia” ou “Chovia uma triste chu-
diversos meios (água, ventos, animais, motor), que se va de resignação”), indicando ações durativas e simultâ-
destina a moer cereais. Com a metáfora “o mundo é um neas entre si, enquanto o pretérito perfeito indica as
moinho”, o poeta indica e destaca seu poder de triturar, ações pontuais do eu lírico (“Quando hoje acordei”, “En-
de desfazer. Mas o quê? Então ele desdobra a metáfora, tão me levantei, / Bebi o café que eu mesmo preparei, /
apontando o objeto da moagem. Na terceira estrofe, o Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei
que é triturado são os sonhos. Na quarta, são as ilusões pensando...”), dispostas numa sequência cronológica.
que, trituradas, são reduzidas a pó, ou seja, na clave
instituída pela metáfora, a nada. Portanto, do mesmo Módulo 4 – Pretérito mais-que-perfeito e tem-
modo que o moinho tritura cereais, o mundo destrói os pos do futuro: progressão temporal
sonhos e as ilusões, reduzindo-os a nada.
1 c
b) As formas verbais que deveriam ser alteradas caso o
autor optasse pelo uso sistemático da segunda pessoa 2 O pretérito mais-que-perfeito dos verbos do segundo
do singular são: parágrafo do fragmento indica que as ações por ele
expressas se dão em um tempo anterior às narradas no
. “Ouça-me”, do primeiro verso da primeira estrofe,
terceiro parágrafo com os verbos no pretérito perfeito.
que deveria ser mudado para "Ouve-me".
De fato, as ações atribuídas a Fabiano no terceiro pará-
. “Preste atenção”, do segundo verso da primeira es-
grafo – “resolveu matá-la [...] foi buscar a espingarda [...]
trofe (repetido no primeiro verso da segunda estro-
lixou-a [...] limpou-a [...]” – ocorrem depois e por conse-
fe), que deveria ser mudado para "Presta atenção".
quência de ele ter imaginado (imaginara) que a cadela
Módulo 3 – Verbo: pretérito perfeito e imperfeito Baleia estivesse com um princípio de hidrofobia, e de-
pois de ter-lhe amarrado (amarrara-lhe) no pescoço um
1 a) O texto relata transformações na condição feminina: rosário de sabugos de milho queimados. Assim, o preté-
antes, as mulheres trabalhavam em casa, em afazeres rito mais-que-perfeito se opõe ao pretérito perfeito por
domésticos, desempenhando o papel de cuidar “do lar”; indicar um momento anterior ao das ações expressas
depois, passaram a trabalhar fora, assumindo outros por este último tempo verbal.
papéis sociais. Apesar dessas mudanças de sua condi-
3 a) A predominância do pretérito perfeito no primeiro
ção objetiva, do ponto de vista subjetivo não se proces-
parágrafo indica o aspecto pontual das ações de Fabia-
sou nenhuma alteração substancial, uma vez que não se
no. Já o emprego das formas verbais no pretérito im-
transformou a natureza das mulheres. Antes, “às seis da
perfeito (torcia e chiava) traduz uma ação durativa,
tarde”, elas choravam, com ou sem motivo, “porque o
inacabada, que enfatiza o estado de euforia das perso-
pranto subia garganta acima”. Depois, no mesmo horá-
nagens, tomadas por uma alegria duradoura, embora
rio, “elas não podem / não querem / chorar na condu-
ção”. No plano da aparência (do parecer), tem-se a im- ingênua.
pressão de que houve uma transformação em sua sub- b) Ao ver o preá chiando “no espeto de alecrim”, Fabia-
jetividade; no plano da essência (do ser), contudo, não é no começa a sonhar com uma vida melhor para a famí-
isso o que ocorre: elas não choram na condução, o que lia. Assim, as formas verbais no futuro do pretérito (ves-
implica dizer não que não choram mais, mas que não tiria, remoçaria, renasceria e seria) produzem um efeito
podem fazê-lo por estarem em público. de sentido de probabilidade que funciona como uma
b) Não. Os verbos no pretérito imperfeito do indicativo passagem para um mundo idealizado.
expressam ações repetidas no passado, revelando práti-
cas habituais da mulher, as quais lhe conferiam dada Módulo 5 – Discurso citado
natureza. Os verbos no presente do indicativo também
1 b
manifestam ações recorrentes, práticas que se repetem
caracterizando a nova condição feminina: não se trata 2 a) Sim. No primeiro caso, o verbo está sendo usado com
de um presente pontual, mas frequentativo, de validade o sentido de existir. No segundo, com o sentido de preci-
ANçLISE LINGUêSTICA
indeterminada: as ações enunciadas valerão até que sar, de dever. Uma paráfrase possível nesta situação se-
nova transformação se processe (os verbos ora conju- ria: “É necessário viver...”.
GABARITO
gados no presente serão conjugados, então, no imper- b) O líder indígena disse que eles viviam ali/lá que nem
feito, e os novos fatos, enunciados no presente). gado e que eles não podiam sair daquela cerca.
59
3 a) Para dar credibilidade à informação de que houve sibilidade de se formar, fazer um curso superior de artes
mudanças no modo de vida do profissional de circo a do circo”.
partir do século XX, o autor do texto jornalístico se vale, b) No texto, o profissional de circo, atualmente, é descri-
basicamente, dos estudos do pesquisador Rodrigo Mallet to como um sujeito que apresenta um “novo modo de
Duprat, autor da tese “Realidades e particularidades da vida”, ou seja, um novo modo de organizar-se. A partir
formação do profissional circense no Brasil: rumo a uma do século XX, esse profissional tem residência fixa, faz
formação técnica e superior”. Os trechos que identifi- menos viagens e deixa os filhos sob a tutela de parentes
cam o discurso do pesquisador – o discurso reportado ou em escolas fixas. Além disso, o artista circense ocupa
– seriam aqueles delimitados pelas aspas, como em: “os novos espaços para exercer o seu trabalho, como aca-
próprios artistas foram abrindo o ambiente para outras demias e hospitais, desenvolve projetos sociais e pro-
pessoas e facilitando esta via de mão dupla. O ‘circo move oficinas culturais. Em relação à formação, foram
novo’ de hoje estabelece-se a partir desta relação com o criadas, com a participação dos próprios profissionais,
novo sujeito histórico” e em: “Há, no mercado, profissio- escolas e cursos abertos para o preparo de novas gera-
nais híbridos, oriundos de várias áreas de formação, ções de artistas de circo. A atividade, hoje, é exercida
inclusive no circo familiar. [...] É até bom existir essa por profissionais de diferentes áreas, como professores
amplitude só que aquele profissional poderia ter a pos- de teatro, arte e educação física.
ANOTAÇÕES
60
1 L I T ER AT UR A E A R T E COMPETÊNCIAS GERAIS C1. C3. C6. C7
M Ó D U L O
Diversidade estética:
a Belle Époque
Módulo previsto para 2 aulas (Aulas 1 e 2).
COMPETÊNCIAS
Objetivos de aprendizagem Sugestão de divisão aula a aula: ESPECÍFICAS
Aula 1: objetivos 1 e 2 – Parnasianismo e Olavo Bilac E HABILIDADES
Aula 2: objetivos 3 e 4 – Simbolismo, Cruz e Sousa e Impressionismo
DA BNCC
. Objetivo 1: entrar em contato com a estética parnasiana e com a obra de Olavo Bilac. (Aula 1)
. Objetivo 2: avaliar os desdobramentos do rigor formal parnasiano. (Aula 1)
COMPETÊNCIA 1
EM13LP03
. Objetivo 3: identificar características gerais do Simbolismo e da obra de Cruz e Sousa. (Aula 2)
. Objetivo 4: identificar características gerais do Impressionismo. (Aula 2)
COMPETÊNCIA 2
EM13LGG201
EM13LGG202
EM13LP01
Neste módulo Disponibilizamos, no Caderno do Professor, um texto teórico que trata da
expressividade erudita que marcou a produção literária do período. Embora
Aula 1 COMPETÊNCIA 6
o trecho se refira especificamente ao Parnasianismo, pode ser estendido a
1 A estética parnasiana outras correntes literárias da Belle Époque. EM13LGG604
EM13LP50
Ponto de partida:
Objetividade: Distanciamento
PARNASIANISMO No início do módulo, você
arte racionalista social
pode propor a seguinte dis-
cussão: a arte deve ou não
Impassibilidade: se engajar nas questões so-
Descritivismo ciais de seu tempo? O artis-
não envolvimento
ta deve prezar apenas pela
beleza ou perfeição de sua
Arte pela arte técnica ou deve usar sua
(noção básica): supervalorização da forma inspiração para propagar
Aula 2 ideias e convicções políti-
cas? Essas discussões po-
2 A estética simbolista dem servir de gancho para
a introdução de importantes
questões relativas ao Parna-
Misticismo/religiosidade sianismo e ao Simbolismo.
Como introdução da aula 2,
sobre a estética simbolista,
você pode propor uma dis-
Musicalidade: aliterações/ cussão com base no poema
assonâncias “Vogais”, do poeta francês
Rimbaud (o poema está
disponível na íntegra no
Maiúsculas alegorizantes: sugerem Caderno do Professor):
significados ocultos nas palavras “Qual é a cor do ‘A’? Qual
61
3 Impressionismo
Reprodução/Museu Metropolitano
de Arte, Nova York, EUA.
Superação da imitação verista
da realidade
Pinceladas visíveis
IMPRESSIONISMO
A teoria da arte pela arte repudia a tendência de tornar a arte útil, posta a serviço da sociedade. Invariavelmente, o signi-
ficado da palavra “utilidade” é sempre relativo: o que é útil para um não o é para outro, e é justamente no desprezo ao aspecto
utilitarista da existência que se concentra a razão da pureza artística.
LOBO, Danilo (dir.). Introdução à estética parnasiana. Brasília: Thesaurus, 1994. p. 30.
Com base na leitura do texto, discuta com os colegas a seguinte questão: o conceito de arte pela arte é válido ainda hoje?
1. Se desejar incrementar ainda mais a discussão, você pode apresentar aos alunos alguns exemplos de Poesia Concreta (como o poema
Resposta pessoal. “Rever”, de Augusto de Campos), para perguntar se, nesse caso, não teríamos uma obra puramente formal, desligada de qualquer referência.
A um poeta 2. Este é um dos sonetos mais emblemáticos de Olavo Bilac e bastante interessante para a expo-
sição de alguns aspectos importantes da teoria parnasiana. Assim, se preferir, você pode iniciar a
Longe do estéril turbilhão da rua, aula com a leitura do texto e proceder à realização dos exercícios.
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
62
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Aula 2
a) Por que, segundo o texto, o poeta deve comportar-se Texto para as questões 3 e 4
como um monge beneditino?
Alma ferida
O eu lírico sugere a seu interlocutor que trabalhe como um monge
Alma ferida pelas negras lanças
beneditino, ou seja, que se dedique à escrita da poesia, distanciando-se Da Desgraça, ferida do Destino,
Alma, de que a amargura tece o hino
dos acontecimentos do mundo que o cerca, como se vivesse em um Sombrio das cruéis desesperanças;
claustro.
Não desças, Alma feita das heranças
Da Dor, não desças do teu céu divino.
2a. A primeira estrofe sintetiza a postura de distanciamento social proposta
Cintila como o espelho cristalino
pelos parnasianos. Ao realizar o exercício, pode-se salientar esse aspecto
da poética parnasiana. Das sagradas, serenas esperanças.
b) Essa posição corresponde a um importante princípio Mesmo na Dor espera com clemência
parnasiano. Indique esse princípio e o explique. E sobe à sideral resplandecência,
Longe de um mundo que só tem peçonha.
Trata-se da noção de arte pela arte, que pregava o distanciamento entre
No verso “Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!”, o polissíndeto esperanças” e a uma “sideral resplandecência”. Esse espaço se opõe
produz efeito de continuidade, reforçando a ideia de um trabalho longo ao mundo concreto, material, “um mundo que só tem peçonha”, e que,
2d. Trata-se de um trecho de difícil leitura, mas sua análise pode trazer ainda continuavam muito vivas.
algumas luzes sobre o Parnasianismo. Há uma tendência de se imaginar
que o rigor formal com que os parnasianos encaravam o fazer poético
tornava essa produção artificial e forçada, mas a proposta dos autores é
oposta; para eles, esse rigor deveria estar a serviço de uma expressão
tão natural quanto possível.
63
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Pandora, de Alexandre Cabanel, é uma obra ligada à pintura acadêmica, tanto pelo tema (que resgata a figura mitológica de Pandora) quanto pela técnica de
representar fielmente a realidade por meio de pinceladas sutilíssimas que parecem esconder a intenção do pintor. Já o quadro Banhistas na Grenouill•re, de
Monet, é uma obra impressionista, em que o autor busca o efeito de realidade usando pinceladas claramente perceptíveis na tela. O resultado se afasta de uma
representação estritamente verista, mas é capaz, por outro lado, de captar variadas nuances de luz e jogos de cores. Quanto ao tema, a obra de Monet se afasta
dos temas tradicionais (muitas vezes ligados à mitologia ou à História) para registrar uma cena cotidiana ao ar livre.
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
64
EX TRAS!
Aula 1
1 O soneto a seguir, de autoria de Olavo Bilac, pertence à série intitulada “Via Láctea”, publicada em 1888. Leia-o e responda
ao que é solicitado.
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
a) Por que se pode dizer que, nesses versos, o poeta se aproxima da estética romântica?
b) Por que se pode dizer que, do ponto de vista formal, o poeta obedece a princípios parnasianos?
2 A estética parnasiana defendia a utilização de uma linguagem elevada, com um vocabulário precioso. Esse tipo de recurso
ainda é utilizado nos dias de hoje. Reflita a respeito da seguinte questão: quais são os setores sociais que ainda usam esse
tipo de linguagem e que efeitos podem ser obtidos por esse uso? Redija um parágrafo com suas conclusões.
3 Aula 2
Inverno! inverno! inverno!
Tristes nevoeiros, frios negrumes da longa treva boreal, descampados de gelo cujo limite escapa-nos sempre, desespera-
damente, para lá do horizonte, perpétua solidão inóspita, onde apenas se ouve a voz do vento que passa uivando como uma
legião de lobos, através da cidade de catedrais e túmulos de cristal na planície, fantasmas que a miragem povoam e animam,
tudo isto: decepções, obscuridade, solidão, desespero e a hora invisível que passa como o vento, tudo isto é o frio inverno da
vida.
Há no espírito o luto profundo daquele céu de bruma dos lugares onde a natureza dorme por meses, à espera do sol avaro
que não vem.
POMPEIA, R. Canções sem metro. Campinas: Unicamp, 2013.
Reconhecido pela linguagem impressionista, Raul Pompeia desenvolveu-a na prosa poética, em que se observa:
a) imprecisão no sentido dos vocábulos.
65
2 L I T ER AT UR A E A R T E
M Ó D U L O
Pré-Modernismo
1.1 Autores
dernismo por meio da
reflexão a respeito da
designação desse movi-
. mento: “pré-moderno”
Acervo Iconographia/Reminiscencias
66
.
Acervo Iconographia/Reminiscencias
Abordagem do preconceito racial e social
. Crítica à cultura academicista
. Espontaneidade linguística: experiências com coloquialismo
. Obra:
- Triste fim de Policarpo Quaresma (1915): romance
Reprodução/Coleção particular
Lima Barreto
(1881-1922)
.
Acervo Iconographia/Reminiscencias
Reprodução/Coleção particular
Monteiro Lobato
(1882-1948)
.
Reprodução/Coleção particular
Poesia
. Angústia existencial
. Linguagem cientificista, temas repulsivos
. Obra:
- Eu (1914): poemas
Reprodução/Coleção particular
MîDULO 2 - PRƒ-MODERNISMO
LITERATURA E ARTE
67
DESEN V OLV ENDO H A BIL ID A DE S
Aula 3
Texto para as questões 1 e 2
[...] E surgia na Bahia o anacoreta sombrio, cabelos crescidos até aos ombros, barba inculta e longa; face escaveirada;
olhar fulgurante; monstruoso, dentro de um hábito azul de brim americano; abordoado ao clássico bastão em que se apoia
o passo tardo dos peregrinos... [...]
No seio de uma sociedade primitiva, que pelas qualidades étnicas e influxo das santas missões malévolas compreendia
melhor a vida pelo incompreendido dos milagres, o seu viver misterioso rodeou-o logo de não vulgar prestígio, agravando-
-lhe, talvez, o temperamento delirante. A pouco e pouco todo o domínio que, sem cálculo, derramava em torno, parece haver
refluído sobre si mesmo. Todas as conjeturas ou lendas que para logo o circundaram fizeram o ambiente propício ao ger-
minar do próprio desvario. A sua insânia estava, ali, exteriorizada. Espelhavam-na a admiração intensa e o respeito absoluto
que o tornaram em pouco tempo árbitro incondicional de todas as divergências ou brigas, conselheiro predileto em todas
as decisões. A multidão poupara-lhe o indagar torturante acerca do próprio estado emotivo, o esforço dessas interrogativas
angustiosas e dessa intuspecção delirante, entre os quais envolve a loucura nos cérebros abalados. Remodelava-o à sua ima-
gem. Criava-o. Ampliava-lhe, desmesuradamente, a vida, lançando-lhe dentro os erros de 2 mil anos.
Precisava de alguém que lhe traduzisse a idealização indefinida, e a guiasse nas trilhas misteriosas para os céus...
O evangelizador surgiu, monstruoso, mas autômato.
Aquele dominador foi um títere. Agiu passivo, como uma sombra. Mas esta condensava o obscurantismo de três raças.
E cresceu tanto que se projetou na História...
CUNHA, Euclides da. Os sertões. São Paulo: Ateliê; Imprensa Oficial do Estado; Arquivo do Estado, 2002. p. 267-268.
1 O evangelizador citado no trecho é Antônio Conselheiro, líder religioso do arraial de Canudos. Explique como o texto rela-
ciona o prestígio de Conselheiro ao contexto social em que ele surgiu.
Segundo o texto, o prestígio de Antônio Conselheiro se explica pelo fato de ele ter surgido em uma “sociedade primitiva”, inclinada a acreditar em explicações
sobrenaturais. Assim, a loucura do Conselheiro foi reforçada pelo ambiente de pessoas crédulas, obscurantistas, que, de certa maneira, espelhavam a loucura
daquele líder.
2 Explique o trecho “compreendia melhor a vida pelo incompreendido dos milagres”, que faz referência à população
sertaneja.
O trecho indica que a população compreendia sua própria existência por meio de explicações sobrenaturais, as quais não têm nenhuma comprovação e não
podem ser explicadas senão pela fé – o que contraria uma explicação racionalista-materialista da existência.
68
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Doestos: insultos, injúrias. Pince-nez: óculos sem haste que se prende ao nariz por uma mola.
O nacionalismo idealista de Policarpo Quaresma torna-o alvo de gozações e pilhérias entre os colegas de repartição. Apesar disso, ele não se desestabiliza,
4 Você considera o patriotismo uma postura necessária para o progresso e o bem-estar social? Justifique sua resposta.
4. Busca-se, com essa pergunta, fomentar a discussão a respeito dos aspectos positivos e negativos do patriotismo.
Resposta pessoal.
Aula 4
Texto para as questões 5 e 6
Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!
Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...
Quando comparece às feiras, todo mundo logo adivinha o que ele traz: sempre coisas que a natureza derrama pelo mato e
ao homem só custa o gesto de espichar a mão e colher – cocos de tucum ou jiçara, guabirobas, bacuparis, maracujás, jataís, pi-
nhões, orquídeas ou artefatos de taquarapoca – peneiras, cestinhas, samburás, tipitis, pios de caçador ou utensílios de madeira
mole – gamelas, pilõezinhos, colheres de pau. Nada mais.
Seu grande cuidado é espremer todas as consequências da lei do menor esforço – e nisto vai longe.
Começa na morada. Sua casa de sapé e lama faz sorrir aos bichos que moram em toca e gargalhar ao joão-de-barro. Pura
MîDULO 2 - PRƒ-MODERNISMO
biboca de bosqu’mano. Mobília, nenhuma. A cama é uma espipada esteira de peri posta sobre o chão batido.
Às vezes se dá ao luxo de um banquinho de três pernas – para hóspedes. Três pernas per- Bosqu’mano: povos nômades dos
LITERATURA E ARTE
mitem equilíbrio; inútil, portanto, meter a quarta, o que ainda o obrigaria a nivelar o chão. Para desertos do sul da África.
que assentos, se a natureza os dotou de sólidos, rachados calcanhares sobre os quais se sentam?
Nenhum talher. Não é a munheca um talher completo – colher, garfo e faca a um tempo?
MONTEIRO LOBATO. Urupês. In: MONTEIRO LOBATO. Urupês. São Paulo: Brasiliense, 2004. p. 170-171.
69
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
5 Qual é o principal argumento do narrador para sustentar seu ponto de vista negativo a respeito de Jeca Tatu?
O narrador considera que o principal defeito de Jeca Tatu é a preguiça, visto que ele se contenta com as condições mais precárias de vida desde que não
6 Considerando que a criação de Jeca Tatu pretendia representar toda uma parcela da sociedade interiorana, é possível ques-
tionar o ponto de vista do narrador? Justifique sua resposta.
Sim, é possível questionar o ponto de vista do narrador, na medida em que ele não leva em consideração aspectos culturais da população caipira nem a miséria
em que ela vivia. É possível questionar ainda a exploração do trabalho, pois o caipira não tinha acesso à posse da terra, vivendo na dependência dos grandes
proprietários rurais.
O Determinismo de meio comparece na segunda estrofe, na menção ao fato de que o “Homem”, entre feras, torna-se fera.
8 Aponte a peculiaridade de estilo que se apresenta no soneto. O que faz dele um poema original no cenário da literatura
brasileira?
Augusto dos Anjos é um dos poetas mais originais da literatura brasileira. O soneto corrobora essa peculiaridade, porque explora uma temática repulsiva,
pessimista, com versos impactantes (como o que encerra o poema) e o uso habilíssimo dos decassílabos.
70
Orientação de estudo Sugestão de divisão aula a aula:
Aula 3: objetivo 1 Aula 4: objetivo 2
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
EX TRAS!
Aula 3
1
Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo
também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se veem na humilhante contingência
de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os autores e os
escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir
azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma – usando do direito que lhe confere a Constituição, vem
pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua oficial e nacional do povo brasileiro.
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 26 jun. 2012.
Nessa petição do pitoresco personagem do romance de Lima Barreto, o uso da norma-padrão justifica-se pela:
a) situação social de enunciação representada.
b) divergência teórica entre gramáticos e literatos.
c) pouca representatividade das línguas indígenas.
d) atitude irônica diante da língua dos colonizadores.
e) tentativa de solicitação do documento demandado.
2
Texto I
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo,
na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram.
Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.
CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987.
Texto II
MÓDULO 2 - PRÉ-MODERNISMO
Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por
ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem in-
timados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa
LITERATURA E ARTE
guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional.
SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Altina, 1902.
71
EXTRAS!
Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de representações que se perpetuariam na memória construída
sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da:
a) manipulação e incompetência. c) hesitação e obstinação. e) bravura e loucura.
b) ignorância e solidariedade. d) esperança e valentia.
Aula 4
3 Leia o trecho para responder.
Paranoia ou mistificação?
Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas e em consequência disso fazem arte
pura, guardando os eternos ritmos da vida, e adotados para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos
grandes mestres. Quem trilha por esta senda, se tem gênio, é Praxíteles na Grécia, é Rafael na Itália, é Rembrandt na Holanda, é
Rubens na Flandres, é Reynolds na Inglaterra, é Leubach na Alemanha, é Iorn na Suécia, é Rodin na França, é Zuloaga na Espa-
nha. Se tem apenas talento vai engrossar a plêiade de satélites que gravitam em torno daqueles sóis imorredouros. A outra es-
pécie é formada pelos que veem anormalmente a natureza, e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica
de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos de cansaço e do sadismo de todos os
períodos de decadência: são frutos de fins de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um instante, as mais
das vezes com a luz de escândalo, e somem-se logo nas trevas do esquecimento.
Embora eles se deem como novos precursores duma arte a ir, nada é mais velho de que a arte anormal ou teratológica:
nasceu com a paranoia e com a mistificação.
MONTEIRO LOBATO. Paranoia ou mistificação? Disponível em: www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/educativo/paranoia.html. Acesso em: 14 abr. 2021.
O posicionamento de Monteiro Lobato a respeito das artes plásticas permite afirmar que ele defende o:
a) direito constante à inovação estética.
b) nacionalismo como critério de valorização.
c) impulso teratológico como forma de expressão estética.
d) modelo clássico consagrado pela tradição de estudos estéticos.
e) talento individual como geração de novidade e de originalidade na arte.
4 Leia o poema.
A ideia
De onde ela vem?! De que matéria bruta Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Vem essa luz que sobre as nebulosas Chega em seguida às cordas do laringe,
Cai de incógnitas criptas misteriosas Tísica, tênue, mínima, raquítica...
Como as estalactites duma gruta?!
Quebra a força centrípeta que a amarra,
Vem da psicogenética e alta luta Mas, de repente, e quase morta, esbarra
Do feixe de moléculas nervosas, No molambo da língua paralítica!
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!
ANJOS, Augusto dos. A ideia. In: ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. Porto Alegre: L&PM, 2001. p. 17.
O poema de Augusto dos Anjos pode ser tomado como uma reflexão a respeito da:
a) putrefação da matéria orgânica.
b) dificuldade de expressão estética.
c) origem material da existência humana.
d) capacidade da medicina em curar moléstias infecciosas.
e) inutilidade das crenças religiosas em meio ao racionalismo científico.
72
3 L I T ER AT UR A E A R T E
M Ó D U L O
Vanguardas artísticas
europeias
Módulo previsto para 2 aulas (Aulas 5 e 6).
COMPETÊNCIAS
Objetivos de aprendizagem Sugestão de divisão aula a aula: ESPECÍFICAS
Aula 5: objetivo 1 – vanguardas europeias E HABILIDADES
Aula 6: objetivo 2 – vanguardas e suas influências
DA BNCC
. Objetivo 1: identificar as diferentes tendências estéticas propostas pelos participantes dos movimen-
COMPETÊNCIA 1
tos mais significativos das vanguardas europeias. (Aula 5)
EM13LGG101
. Objetivo 2: identificar e compreender influências exercidas pelos movimentos de vanguarda em ma-
nifestações da arte moderna e contemporânea. (Aula 6) COMPETÊNCIA 2
EM13LGG202
EM13LGG203
Neste módulo Algumas imagens selecionadas para a seção Neste módulo também aparecem no Caderno de
Estudos. É interessante que os alunos tenham contato com vários exemplos das vanguardas, mas, COMPETÊNCIA 3
Aula 5 acima disso, é fundamental que sejam reforçadas aquelas que se tornaram icônicas para o movimento.
EM13LGG301
Um fato artístico nunca passa, não é um valor adquirido, classificado, imutável: é um acontecimento EM13LGG302
flagrante, que pode se transformar com nossa intervenção. Ao movermo-nos no tempo, altera-se a pers- EM13LGG303
pectiva histórica, assim como, ao movermo-nos no espaço, altera-se a perspectiva. COMPETÊNCIA 6
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 342. EM13LGG604
Reprodução/Museu do Prado, Madri, Espanha.
Ponto de partida:
Uma discussão sobre as transformações na arte desencadeadas pelas vanguardas europeias pode ser um começo interessante para a aula. Provocações como “Por que o
mesmo tema tem tratamentos tão diferentes nas telas apresentadas?”, “Como as características de cada obra refletem o espírito da época a que pertencem?” e “Quais os
traços comuns entre as obras desse período?” são gatilhos para que os alunos observem a instigante releitura de Picasso para o clássico de Velázquez. Outra possibilidade
é a leitura do fragmento do historiador da arte italiano Giulio Carlo Argan.
73
Aula 6
Ready-made:
Fragmentação, retirada do valor
quebra da utilitário dos
perspectiva objetos
Fonte (1917), de
Marcel Duchamp.
Reprodução/Museu Nacional de
Arte, Oslo, Noruega.
EXPRESSIONISMO
(fim do
século XIX)
Deformação,
cores fortes
DADAÍSMO / retirada do valor utilitário / ressignificação do objeto EXPRESSIONISMO / deformação da natureza / cores marcantes
74
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
© Photothèque R. Magritte/AUTVIS,
Brasil, 2021. Album/ZUMA Press/
Imageplus/Coleção particular
c) f)
Antropofagia (1929), de
Tarsila do Amaral.
Presente (1921), de Man Ray.
EXPRESSIONISMO / deformação dos corpos / cores marcantes
DADAÍSMO / ressignificação de objeto cotidiano / ready-made
h)
© Succession Pablo Picasso/AUTVIS, Brasil,
2021. Granger/Imageplus/Museu de Arte
Moderna, Nova York, EUA.
e)
© Balla, Giacomo/AUTVIS, Brasil,
2021. Luca Carrà/Mondadori
Portfolio/Bridgeman Images/
Keystone Brasil/Museu do
Novecento, Milão, Itália.
mesmo plano
75
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
2 Os dois textos a seguir trazem características cubistas b) Além do Cubismo, é possível identificar a influência de
empregadas na literatura. Leia-os com atenção para res- outra vanguarda no texto de Antônio de Alcântara Ma-
ponder aos itens. 2. Um aspecto importante no estudo das van-
chado. Identifique essa característica e explique a rela-
ção com a vanguarda em questão.
Texto I guardas europeias é a identificação de sua mani-
festação na literatura, o que pode ser trabalhado
nos exemplos selecionados para este segundo
Hípica exercício. O texto faz uso de onomatopeias que se referem à velocidade: “Uiiiiia-
Saltos records
uiiiia!”. Além disso, há referências diretas a elementos da cidade, como
Cavalos da Penha
Correm jóqueis de Higienópolis o número da casa – “259-C” – e também à moda da época – “chapéu
Os magnatas
Borsalino”. Esses aspectos estão diretamente relacionados ao
As meninas
E a orquestra toca progresso técnico e à multiplicidade de símbolos que indicam o
Chá
crescimento da metrópole, o que se aproxima dos princípios estéticos
Na sala de cocktails
ANDRADE, Oswald de. Hípica. In: BASTOS, Alcmeno. Poesia brasileira e estilos de época. e temáticos pregados pelo Futurismo.
Rio de Janeiro: 7 Letras, 2004. p. 113.
Texto II
O esperado grito do cláxon fechou o livro de Henri Ar-
del e trouxe Teresa Rita do escritório para o terraço.
O Lancia passou como quem não quer. Quase parando.
A mão enluvada cumprimentou com o chapéu Borsalino. 3
Uiiiiia-uiiiia! Adriano Melli calcou o acelerador. Na primeira Texto I
esquina fez a curva. Veio voltando. Passou de novo. Conti-
Reprodução/Enem, 2017.
nuou. Mais duzentos metros. Outra curva. Sempre na mes-
ma rua. Gostava dela. Era a Rua da Liberdade. Pouco antes
do número 259-C já sabe: uiiiiia-uiiiiia!
ALCÂNTARA MACHADO, Antônio de. A sociedade. In: ALCÂNTARA MACHADO,
Antônio de. Brás, Bexiga e Barra Funda. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/bi000005.pdf. Acesso em: 14 abr. 2021.
76
5. Este exercício é uma oportunidade para apresentar um artista contemporâneo aos
alunos – Arthur Bispo do Rosário – e, mais que isso, demonstrar como as vanguardas
europeias do início do século estão presentes na arte que se produz hoje. Pedir aos
alunos que pesquisem exemplos de obras do nosso tempo que revelem traços das
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S vanguardas deve ser um estímulo ao protagonismo do estudante.
Embora o mundo da arte debatesse a inovação de se porque depois de quinze dias você começa a gostar dele
pendurar uma cama numa parede, Rauschenberg con- ou a detestá-lo. É preciso chegar a qualquer coisa com uma
siderava sua obra “um dos quadros mais acolhedores indiferença tal que você não tenha nenhuma emoção esté-
que já pintei, mas sempre tive medo de que ninguém tica. A escolha do ready-made é sempre baseada na indi-
quisesse se enfiar nela”. ferença visual e, ao mesmo tempo, numa ausência total de
DEMPSEY. A. Estilos, escolas e movimentos: guia enciclopédico da arte moderna. bom ou mau gosto.
São Paulo: Cosac Naify, 2003.
CABANNE, P. Marcel Duchamp: engenheiro do tempo perdido. São Paulo: Perspectiva,
1987 (adaptado).
A obra de Rauschenberg chocou o público na época em
que foi feita, e recebeu forte influência de um movimento Relacionando o texto e a imagem da obra, entende-se que
artístico que se caracterizava pela: o artista Marcel Duchamp, ao criar os ready-mades, inau-
a) dissolução das tonalidades e dos contornos, revelando gurou um modo de fazer arte que consiste em:
uma produção rápida.
a) designar ao artista de vanguarda a tarefa de ser o ar-
b) exploração insólita de elementos do cotidiano, dialo- tífice da arte do século XX.
gando com os ready-mades.
b) considerar a forma dos objetos como elemento essen-
c) repetição exaustiva de elementos visuais, levando à
cial da obra de arte.
simplificação máxima da composição.
d) incorporação das transformações tecnológicas, valori- c) revitalizar de maneira radical o conceito clássico do
zando o dinamismo da vida moderna. belo na arte.
e) geometrização das formas, diluindo os detalhes sem d) criticar os princípios que determinam o que é uma obra
se preocupar com a fidelidade ao real. de arte.
Aula 6
4 e) atribuir aos objetos industriais o status de obra de arte.
Texto I
Textos para a questão 5
Reprodução/Enem, 2017.
Texto I Texto II
Rodrigo Lopes/Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ.
DUCHAMP, M. Roda de bicicleta. Aço e madeira, 1,3 m 3 42 cm, MîDULO 3 - VANGUARDAS ARTêSTICAS EUROPEIAS
1913. Museu de Arte Moderna de Nova York.
DUCHAMP, M. Roda de bicicleta. Barcelona: Poligrafa, 1995.
Texto II
LITERATURA E ARTE
77
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Texto III
Texto IV
Arthur Bispo do Rosário (Japaratuba, Sergipe, 1911 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1989). Artista visual. Destaca-se por ter
desenvolvido, com objetos cotidianos da instituição em que viveu internado, uma produção em artes visuais reconhecida na-
cional e internacionalmente.
[...] Com a divulgação, surge o reconhecimento artístico das obras. O crítico Frederico Morais (1936-) inclui seus tra-
balhos na exposição À Margem da Vida, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), em 1982, com
obras de presidiários, menores infratores, idosos e internos da Colônia. Posteriormente, realiza-se a primeira exposição
individual do artista, também no MAM/RJ. Morais, ao escrever sobre o trabalho de Bispo, relaciona-o à arte de vanguarda,
à arte pop, ao novo realismo e especialmente à obra de Marcel Duchamp (1887-1968).
ARTHUR Bispo do Rosário. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021.
Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10811/arthur-bispo-do-ros%C3%A1rio. Acesso em: 9 mar. 2021. Verbete da Enciclopédia.
5 Partindo da observação das obras de Arthur Bispo do Rosário e das informações sobre os princípios que regem o trabalho
dele, é possível associar os resultados alcançados às pesquisas realizadas pelos:
a) futuristas, que utilizavam elementos que faziam referência ao cotidiano e à modernidade.
b) cubistas, que procuravam apresentar outra perspectiva na representação das imagens.
c) dadaístas, que utilizavam objetos do cotidiano, retirando seu aspecto utilitário.
d) surrealistas, que sempre priorizaram o universo onírico na composição de seus trabalhos.
e) expressionistas, que deformam o cotidiano, atribuindo cores fortes na composição das obras.
78
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
6 Piet Mondrian é um artista holandês conhecido por ter sido fundador do Neoplasticismo, tendência da arte abstrata no início
do século XX. Nas telas a seguir, é possível perceber aspectos de transformação na pintura de Mondrian, a partir da influên-
cia específica de uma vanguarda europeia. De que vanguarda se trata? Escreva um pequeno parágrafo comparando as obras
e comentando o processo de evolução do artista e sua influência vanguardista principal. Se necessário, faça uma breve
pesquisa.
Album/ZUMA Press/Imageplus/Museu
Municipal de Haia, Haia, Holanda.
Reprodução/Museu Municipal de
Haia, Haia, Holanda.
A árvore vermelha (1910), de Piet Mondrian. A árvore cinzenta (1911), de Piet Mondrian.
Mondrian pintava árvores na intenção de registrar suas formas e movimentos. Seus quadros iniciais revelam influência do pós-impressionista Vincent van Gogh.
Após conhecer os cubistas, suas obras se transformaram significativamente. O processo de geometrização da árvore está presente na pintura A árvore cinzenta, em
que o artista usou uma paleta monocromática e diferentes tons de cinza que sugerem luz e movimento, traço da influência cubista. A última tela é
completamente abstrata e apresenta linhas divisórias claras entre a combinação de formas preenchidas pelas cores primárias. A trajetória de Mondrian evoluiu
Material de consulta: Caderno de Estudos 5 – Literatura e Arte – Capítulo 3 – Vanguardas artísticas europeias
79
EX TRAS!
Aula 5
1 (Unifesp)
Tal vanguarda rompeu radicalmente com a ideia de arte como imitação da natureza prevalecente na pintura europeia des-
de a Renascença. Seus principais adeptos abandonaram as noções tradicionais de perspectiva, tentando representar solidez e
volume numa superfície bidimensional, sem converter pela ilusão a tela plana num espaço pictórico tridimensional. Múltiplos
aspectos do objeto eram figurados simultaneamente; as formas visíveis eram analisadas e transformadas em planos geométri-
cos que eram recompostos segundo vários pontos de vista simultâneos. Tal vanguarda era e dizia ser realista, mas tratava-se de
um realismo conceitual, e não óptico.
Ian Chilvers (org.). Dicionário Oxford de arte, 2007. Adaptado.
Uma pintura representativa da vanguarda à qual o texto se refere está reproduzida em:
Reprodução/Unifesp, 2018.
a) d)
Reprodução/Unifesp, 2018.
b)
Reprodução/Unifesp, 2018.
Reprodução/Unifesp, 2018.
e)
c)
80
EXTRAS!
Reprodução/Unicamp-SP, 2021.
1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da
energia e da temeridade.
2. A coragem, a audácia, a rebelião serão elementos es-
senciais de nossa poesia.
3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensati-
va, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar o movimento
agressivo, a insônia febril, o passo de corrida, o salto mor-
tal, o bofetão e o soco.
4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo en-
riqueceu-se de uma beleza nova: a beleza da velocidade.
Um automóvel de corrida com seu cofre enfeitado com tu-
bos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo...
um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha,
é mais bonito que a Vitória de Samotrácia.
5. Nós queremos entoar hinos ao homem que segura o
volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada também
numa corrida sobre o circuito da sua órbita.
6. É preciso que o poeta prodigalize com ardor, fausto
e munificiência, para aumentar o entusiástico fervor dos
elementos primordiais.
MARINETTI, F. T. Manifesto futurista. In: TELES, G. M. Vanguardas europeias e
Modernismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1985.
81
EXTRAS!
4
Texto I Texto II
Reprodu•‹o/Enem, 2020.
O grupo Jovens Artistas Britânicos (YABs), que surgiu
no final da década de 1980, possui obras diversificadas
que incluem fotografias, instalações, pinturas e carcaças
desmembradas. O trabalho desses artistas chamou a aten-
ção no final do período da recessão, por utilizar materiais
incomuns, como esterco de elefantes, sangue e legumes,
o que expressava os detritos da vida e uma atmosfera de
niilismo, temperada por um humor mordaz.
Disponível em: http://damienhirsti.com. Acesso em: 15 jul. 2015.
FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011 (adaptado).
GABARITO - EXTRAS!
82
1 PRODUÇÃO DE TEXTO COMPETÊNCIAS GERAIS C1.C2.C4.C9
M Ó D U L O
Descrição, narração
e dissertação
Módulo previsto para três aulas (Aulas 1 a 3).
COMPETÊNCIAS
Objetivos de aprendizagem ESPECÍFICAS
E HABILIDADES
DA BNCC
. Objetivo 1: identificar as principais características das sequências descritivas, narrativas e dissertativas,
COMPETÊNCIA 1
distinguindo os conceitos de tipo textual e de gênero textual. (Aula 1)
EM13LP07
. Objetivo 2: entender as múltiplas possibilidades de combinações entre passagens descritivas, narra-
tivas e dissertativas. (Aula 2) COMPETÊNCIA 3
EM13LP05
. Objetivo 3: compreender de que maneira, em textos de natureza dissertativa, os argumentos são
utilizados, inclusive em sequências textuais descritivas e narrativas, como forma de atingir objetivos Ponto de partida:
em contextos específicos e em gêneros diversos. (Aula 3) Pode-se começar reto-
. Objetivo 4: identificar marcas linguísticas que expressam o posicionamento do enunciador diante do
mando o que os alunos
já sabem sobre tipos
que é enunciado e aplicar esse conhecimento em textos dissertativos. (Aula 3) textuais, perguntando
a eles quais seriam as
características de textos
descritivos, narrativos e
Neste módulo (Aula 1) dissertativos. Na sequên-
cia, pode vir a provoca-
ção: apenas a disserta-
ção expressa um ponto
Descrição, narração e dissertação são os três tipos textuais mais importantes. Essas três modalidades de vista? Embora alguns
nem sempre se manifestam de forma autônoma, mas como parte integrante de textos pertencentes a di- tenham a tendência a
responder isso afirmati-
versos gêneros. vamente, é fundamental
lembrar que todo texto
revela a visão de mundo
de quem o produziu. Para
deixar isso claro desde
Descrição Predominância de elementos concretos Sem progressão temporal
o começo das aulas, é
possível dar exemplos
Narração Predominância de elementos concretos Com progressão temporal simples de descrições
e narrações, inclusive
Dissertação Predominância de conceitos abstratos Progressão argumentativa extraídas de textos sin-
créticos que expressem
claramente valores, cren-
ças, opiniões.
Variações dissertativas
Dissertativo
Quando as visões
PRODUÇÃO DE TEXTO
de mundo aparecem
mais claramente.
Observação: Existe um outro tipo de texto, o injuntivo, que, por meio de verbos no imperativo, instruem
alguém a fazer algo. É o que acontece nas receitas culinárias ou em tutoriais. (Aula 2)
83
É bastante raro que um texto seja exclusivamente descritivo, narrativo ou dissertativo.
. Em um conto ou romance, por exemplo, que são gêneros literários predominantemente narrativos,
há passagens descritivas na caracterização das personagens e dos espaços.
. Em um artigo de opinião ou em um editorial, que são gêneros jornalísticos predominantemente
dissertativos, uma passagem narrativa pode servir de argumento de exemplificação, tornando os
conceitos abstratos mais concretos.
A descrição não é um tipo exclusivo de gênero da linguagem verbal. Veja a foto a seguir.
Eugene Partyzan/Shutterstock
A narração também é um tipo que ocorre em linguagens não verbais. Veja a sequência de fotos
a seguir.
Tatiana Kiseleva551983/Shutterstock
Quando combinada com outras fotos, formando uma sequência com progressão temporal, ela se
transforma em uma narração.
84
(Aula 3)
Sequências descritivas e narrativas podem compor dissertações porque expressam, em termos con-
cretos, posicionamentos abstratos sobre o comentário dissertativo.
Narração
Descrição
Elementos
concretos
(figuras)
Os textos dissertativos são dominantemente
Elementos abstratos, mas eles podem se valer de
abstratos elementos concretos, que concretizam e
(temas) particularizam as ideias. Assim, passagens
descritivas e narrativas aparecem na
superfície do texto e estão a serviço de uma
Dissertação
visão de mundo.
85
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
É comum coexistirem sequências tipológicas em um mes- A estrofe de Pessoa é temática e apresenta uma interpretação abstrata e
mo gênero textual. Nesse fragmento, os tipos textuais que
se destacam na organização temática são genérica da realidade – “Ser consciente é talvez um esquecimento”.
a) descritivo e argumentativo, pois o enunciador detalha
Além disso, a repetição do advérbio “talvez” traduz a intenção de
cada lugar por onde passa, argumentando contra a vio-
lência urbana. formular uma hipótese explicativa, o que é comum no texto dissertativo
b) dissertativo e argumentativo, pois o enunciador apresen-
ta seu ponto de vista sobre as notícias relativas à cidade. de caráter científico. Ainda é possível apontar a ausência de pronomes
c) expositivo e injuntivo, pois o enunciador fala de seus de 1ª pessoa (e de outras marcas de subjetividade) e a valorização do
estados físicos e psicológicos e interage com a mulher
amada. presente epistêmico (comum em definições científicas).
5 (Unicamp-SP) (Aula 2)
Reprodução/Unicamp, 2014.
86
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
(Aula 3)
a) Os infográficos apresentam informações de forma sin- 6 Leia o artigo de opinião abaixo e responda às questões.
tética, utilizando imagens, organização gráfica, etc.
Indique dois exemplos, do infográfico reproduzido, em O marido como capital
que a informação é apresentada por meio de linguagem No Brasil, as mulheres experimentam o envelhecimen-
não verbal. to como um período de perdas ainda maiores
Mirian Goldenberg
Entre as possibilidades de exemplos, temos a ondulação da linha
NO BRASIL, o corpo é um capital. Certo padrão estético
superior da área em que estão as figuras humanas, a silhueta humana, é visto como uma riqueza, desejada por pessoas de dife-
rentes camadas sociais.
indicando que se trata de consumo de água por pessoas, as bandeiras,
Muitos percebem a aparência como veículo de ascen-
os traços na lateral das figuras humanas, a gradação descendente do são social e como capital no mercado de trabalho, de ca-
samento e de sexo. Para aprofundar essa discussão, estou
preenchimento das figuras que mostra a enorme desigualdade de
fazendo um estudo comparativo com mulheres brasileiras
consumo entre os países ricos (as bandeiras, como dito, permitem a e alemãs na faixa de 50 a 60 anos.
Já nas primeiras entrevistas, constatei um abismo en-
identificação deles) e os pobres, o balãozinho de fala que parece dar
tre o poder objetivo que as brasileiras conquistaram e a mi-
voz aos que consomem pouca água, etc. séria subjetiva que aparece em seus discursos.
Elas conquistaram realização profissional, inde-
pendência econômica, maior escolaridade e liberdade
b) Considerando o veículo em que foi publicado, a re- sexual.
vista Planeta Sustentável, qual é a finalidade desse Mas se preocupam com excesso de peso, têm vergo-
infográfico? nha do corpo, medo da solidão.
As alemãs se revelam muito mais seguras tanto objeti-
Infere-se, a partir do título da revista, que a preocupação central do
va quanto subjetivamente.
infográfico seja a ecológica, especificamente a busca pelo equilíbrio Mais confortáveis com o envelhecimento, enfatizam a
riqueza dessa fase em termos de realizações profissionais,
entre a atuação humana sobre o meio ambiente e a conservação deste,
intelectuais e afetivas.
em uma palavra: sustentabilidade. Dentro dessa perspectiva, o A discrepância entre a realidade e a miséria discursiva
das brasileiras mostra que aqui a velhice é um problema
infográfico, além de informar o desperdício de água, teria uma proposta
muito maior, o que explica o sacrifício que muitas fazem
reparadora: alterar o comportamento dos leitores para um consumo para parecer mais jovens.
A decadência do corpo, a falta de homem e a invisibili-
consciente da água.
dade marcam o discurso das brasileiras. De diferentes ma-
neiras, elas dizem: “Aqueles olhares e cantadas tão comuns
sumiram. Ninguém mais me chama de gostosa. Sou uma
mulher invisível”.
Curiosamente, as brasileiras que se mostram mais sa-
PREPARE-SE
tisfeitas não são as mais magras ou bonitas. São aquelas
Durante muito tempo, o casamento e a maternidade foram que estão casadas há anos. Elas têm “capital marital”.
87
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Como ressaltou Simone de Beauvoir, “a última idade” d) Analise o trecho do artigo a seguir. Pode-se dizer que
pode ser uma liberação para as mulheres, que, “submetidas o advérbio em destaque expressa uma avaliação da
durante toda a vida ao marido e dedicadas aos filhos, po- autora sobre o que é dito depois? Justifique.
dem, enfim preocupar-se consigo mesmas”.
GOLDENBERG, Mirian. “O marido como capital”. Equilíbrio. Folha de S.Paulo. Curiosamente, as brasileiras que se mostram mais satisfeitas
1º jun. 2010. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/
eq0106201001.htm. Acesso em: 9 mar. 2021.
não são as mais magras ou bonitas. São aquelas que estão
casadas há anos. Elas têm “capital marital”.
a) Quais são as diferenças identificadas pela autora entre
as entrevistadas brasileiras e as alemãs quanto ao que
traz satisfação a elas? Sim. Ao dizer que a satisfação das mulheres não se relaciona à
b) Segundo o texto, o que seria o “capital marital”? Já na cultura alemã, em que diferentes capitais têm mais
valor, a velhice pode ser uma fase de realizações e de extre-
No início do texto, a autora apresenta a noção de capital percebida como
ma liberdade.
uma riqueza e desejada por pessoas de diferentes camadas sociais. No
caso do “capital marital”, o casamento é o elemento visto dessa forma. Nesse caso, o verbo “poder” expressa possibilidade. No texto, isso
É interessante comentar como esse conceito mostra a essência da indica que a satisfação de que fala a autora não ocorre em todos os
dissertação: de que forma a busca por conceitos abstratos ajuda a casos, mas é possível que ocorra.
compreender situações concretas. 7 É comum que textos dissertativos tenham trechos descri-
tivos ou narrativos para compor a sua estratégia de argu-
mentação. Considerando isso e a atividade anterior, redi-
ja em seu caderno um breve artigo de opini‹o conforme
as instruções seguintes. (Aula 3)
. O primeiro parágrafo deve narrar um acontecimento na
vida de uma mulher brasileira de 50 a 60 anos que a
leve a pensar sobre a sua autoestima e a sua felicidade.
c) O que as conclusões da autora mostram sobre a relação É interessante considerar elementos como filhos, reali-
entre homens e mulheres no Brasil? zações profissionais e educacionais, o status de rela-
cionamento, etc.
O texto faz pensar em uma relação de desigualdade e opressão, afinal
. O segundo parágrafo deve ser um trecho dissertativo,
o valor próprio das mulheres estaria relacionado sempre à presença da em que você comente a situação narrada. Nele, você
deve buscar compreender a realidade da personagem,
figura masculina.
posicionando-se a respeito dela. Procure utilizar ex-
pressões que marquem a sua posição, como “lamen-
tavelmente”, “certamente” ou “provavelmente”, por
exemplo.
7. O fundamental é que o aluno produza um texto relacionando a sequência narrativa e a dissertativa, de modo coerente com o posicionamento
88 dele sobre a questão da felicidade das mulheres na faixa etária indicada. O uso dos marcadores de modalização é importante para desen-
volver a compreensão sobre a presença da argumentatividade não só na escolha dos fatos e informações, mas também do modo de dizer.
Orientação de estudo Sugestão de divisão aula a aula:
Aula 1: objetivo 1; Aula 2: objetivo 2; Aula 3: objetivos 3 e 4
Material de consulta: Caderno de Estudos 5 – Produção de texto – Capítulo 1 – Descrição, narração e dissertação
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
EX TRAS!
tese.
d) recupera informações sensacionalistas a respeito des-
d) segmento narrativo introdutório; desenvolvimento da
narrativa; formulação de uma hipótese inspirada nos se tema.
fatos narrados. e) subverte a função social da fala das candidatas a miss.
89
2 PRODUÇÃO DE TEXTO
M Ó D U L O
Gêneros descritivos e
narrativos: publicidade,
quadrinhos e fotojornalismo
COMPETÊNCIAS
Fotojornalismo 1E3
EM13LP44
As fotografias no jornalismo, acompanhadas de legendas, acabam também por fazer parte de um todo sincrético,
em que imagem e texto verbal influenciam-se mutuamente. EM13LP53
Publicidade COMPETÊNCIAS
3E7
Geralmente há, em anúncios, uma parte verbal, que constitui o que chamamos de slogan, que, de maneira EM13LP15
provocativa e sintética, procura aumentar a adesão a uma causa ou valorizar as qualidades de um produto ou
serviço. Além disso, há uma parte não verbal no anúncio que pode ser uma foto ou desenho, cujo significado
normalmente reforça o que foi dito no slogan.
Quadrinhos
Os quadrinhos, em geral, exploram uma combinação harmônica de palavras e imagens, integrando linguagem
verbal e visual. Há desde textos compostos de poucos quadrinhos, como as charges ou tiras humorísticas, até
aqueles que se desenvolvem por muitas páginas.
Ponto de partida:
Podemos começar a aula perguntando diretamente: uma fotografia em um portal de notícias é descritiva, narrativa ou dissertativa? E uma charge? É possível que as respostas
90 variem, mas é importante que os estudantes percebam que esses gêneros textuais estão no universo figurativo e que, portanto, eles costumam manifestar-se por meio de
sequências descritivas, narrativas ou as duas coisas simultaneamente.
DESEN V OLV ENDO H A BIL ID A DE S
(Aula 4)
1 Leia com atenção os dois textos a seguir para responder a) Os textos I e II se constroem de diferentes maneiras,
ao que se pede. mas possuem a mesma finalidade. Qual seria essa fina-
lidade?
Texto I
As adrenais, também conhecidas como suprarrenais,
Ambos os textos têm a finalidade de apresentar informações a respeito
são duas glândulas endócrinas situadas na cavidade ab-
dominal, acima de ambos os rins. A adrenal direita tem for- do funcionamento e das funções das glândulas adrenais ou
mato triangular, enquanto a esquerda assemelha-se a uma
meia-lua. São envolvidas por uma cápsula fibrosa e têm cer- suprarrenais.
ca de 5 cm. Fazem parte do sistema endócrino e dividem-se
em duas partes: córtex (camada externa, de cor amarelada
devido à presença de colesterol) e medula (parte central).
As glândulas adrenais secretam hormônios extrema-
b) O texto I é verbal; o texto II, sincrético. Quais as dife-
mente importantes para o bom funcionamento do orga-
renças mais significativas que você encontra na expres-
nismo, a saber:
são de ideias dos dois textos?
1) Córtex
O córtex é dividido em três zonas funcionais que pro- O primeiro texto é descritivo, objetivo e está em linguagem formal. Já o
duzem hormônios diferentes:
. Zona glomerulosa: libera aldosterona, que regula o ba- segundo texto, sincrético, apresenta ilustrações que trazem um tom
lanço entre o sódio e o potássio;
. Zona fasciculada: sintetiza o cortisol, hormônio corticoste- lúdico à transmissão da informação, linguagem mais informal e se
roide envolvido na resposta ao estresse e que regula o me- aproxima do texto narrativo e do universo das histórias em quadrinhos.
tabolismo da glicose e da gordura, entre outras funções;
. Zona reticulada: excreta hormônios sexuais, em especial
a testosterona.
2) Medula
Sintetiza e secreta catecolaminas, especialmente a
adrenalina e a noradrenalina. Esses hormônios regulam o (Aula 4)
sistema nervoso autônomo, que controla importantes fun- 2 (FGV-SP) Examine a seguinte mensagem publicitária de
ções do corpo humano como frequência cardíaca, respira- uma empresa do ramo de construção civil.
Reprodução/FGV-SP, 2016.
ção, digestão, entre outras.
Texto II
© Cynabon Yum/Acervo da cartunista
PRODUÇÃO DE TEXTO
91
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Tanto a frase quanto a imagem que compõem essa propaganda estão divididas, visualmente, em duas partes. Explique re-
sumidamente a relação de sentido que existe entre imagem e frase, em cada uma das duas partes.
Na parte esquerda da imagem, lê-se “O nosso papel no seu projeto” e observa-se o desenho de uma ponte; na direita, lê-se “é tirar o seu projeto do papel.” e observa-se a
fotografia da ponte já construída. Assim, nos dois casos, as partes da frase reforçam o sentido produzido pelas imagens, já que a parte esquerda é um desenho em nanquim
e remete ao projeto, enquanto a da direita mostra o projeto realizado. Há, pois, entre imagem e frase, entre os elementos visuais e verbais, uma relação de ênfase.
(Aula 4)
3 As fotos abaixo são registros de um mesmo espaço, da avenida Brigadeiro Luís Antônio, no centro da cidade de São Paulo,
em 1902 e em 2014 respectivamente.
a) Escreva uma legenda para cada foto, imaginando que elas fossem ser publicadas, lado a lado, num site sobre transforma-
ções urbanas.
Resposta pessoal. Apesar de não haver resposta correta, é importante reforçar para a turma que as legendas de uma foto jornalística orientam nossa leitura,
b) Escreva um texto de, no máximo, dez linhas, apontando as diferenças que você constatou ao comparar as duas fotografias.
Espera-se que os alunos percebam que há uma significativa diferença entre os frequentadores do espaço e na organização das ruas: saem os bondes e as charretes,
e entram os carros. Também é desejável que seja destacada a preservação de parte da arquitetura original, ainda que envelhecida pela passagem do tempo.
92
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
4 (IFPE) (Aula 5)
Reprodução/IFPE, 2019.
Disponível em: www.turmadoroma.com.br/assim-e-o-futebol/tempos-modernos-1/. Acesso em: 17 jun. 2019.
As tirinhas constituem um gênero textual multimodal, por terem seu sentido construído pela associação de mais de uma
modalidade da linguagem. Na leitura da tirinha acima, ao associarmos o texto verbal com as ilustrações, percebemos que
a) a conclusão à qual o personagem chega no terceiro quadrinho caracteriza um exagero no que diz respeito aos cuidados
com a camisa e uma ironia quanto ao seu uso.
b) a ilustração do cômodo no qual o personagem se encontra caracteriza uma informação irrelevante, visto que as informa-
ções verbais quanto aos cuidados com a roupa são suficientes para compreendermos o sentido da tira.
c) a interpretação que o personagem dá à informação “não torcer” é equivocada já no segundo quadrinho, sendo dispen-
sável a leitura do terceiro para compreendermos o sentido da tira.
d) a expressão do personagem no segundo quadrinho sugere que a informação da etiqueta da camisa o surpreendeu de
algum modo e que isso atende às expectativas do leitor quanto ao que será dito no último quadrinho.
e) a polissemia de um termo provocou ambiguidade no texto, o que levou o personagem a uma interpretação equivocada
sobre o que poderia ser feito com a camisa.
(Aula 5)
5 (Ifsul-RS) Para responder à questão, leia a tirinha a seguir, publicada pela Federação Interestadual de Sindicatos de
Engenheiros (Fisenge).
Reprodução/Ifsul-RS, 2020.
Com base nos elementos verbo-visuais presentes na tirinha, considere as seguintes afirmações:
I. Ao compararmos os primeiros quadros com o último quadro, é perceptível o constrangimento do homem diante da respos-
ta da mulher, possivelmente porque ele considerava o alisamento do cabelo como algo normal, sinônimo de “boa aparência”.
II. A tirinha problematiza a imposição social que as mulheres negras sofriam/sofrem para alisar o cabelo, pois a estética
branca era/é o modelo a ser seguido, produzindo um imaginário social de que os cabelos crespos eram desarrumados,
inadequados ao ambiente profissional.
III. Na primeira parte da fala do personagem masculino, há a utilização do nível formal de linguagem; no entanto, nas pró-
PRODUÇÃO DE TEXTO
ximas interações, os personagens utilizam uma linguagem mais informal. Essa mudança de registro sinaliza uma mudan-
ça de pauta do diálogo: de um comunicado mais profissional, passa para uma conversa mais coloquial.
93
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
(Aula 5)
6 Observe a charge a seguir: “Se prepare, Ruth, a agressividade nas redes sociais é
algo que você não pode imaginar.”
Estela May/Folhapress
94
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Texto II
O que é intolerância
A palavra “intolerância” vem do latim intolerantia, que significa impaciência, incapacidade de suportar, falta de condes-
cendência e de compreensão. Também compreende o sentido de inflexível, rígido e que não admite opinião ou posição diver-
gente. No sentido oposto, “tolerância” foi definida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco) como “o respeito, a aceitação e o apreço da riqueza e da diversidade das culturas de nosso mundo, de nossos modos
de expressão e de nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de seres humanos”.
[...] Um interessante entendimento das razões da intolerância é o da antropóloga francesa Françoise Héritier (1933-2017). Se-
gundo ela, a intolerância está associada à dificuldade de reconhecer a expressão da condição humana no que nos é absolutamente
diverso. Ser intolerante seria “restringir a definição de humano aos membros do grupo; os outros, sendo não humanos, podem ser
tratados como tais”. Está aí uma das chaves para a compreensão das causas do aumento da intolerância nos últimos tempos. [...]
Disponível em: http://conhecimentocerebral1.blogspot.com/2018/06/atualidades-vestibular-e-enem-dossie.html. Acesso em: 28 ago. 2020.
Texto III
Reprodução/Cpcar, 2021.
Texto IV
Os estatutos do homem (Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony
Artigo I Artigo VIII
Fica decretado que agora vale a verdade. Fica decretado que a maior dor
Agora vale a vida, Sempre foi e será sempre
E de mãos dadas, não poder dar-se amor a quem se ama
Marcharemos todos pela vida verdadeira. [...]
95
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Texto V
Cajueirinho pequenino,
Carregadinho de flor,
Como queres que te ame,
Se não és o meu amor.
Cantiga de domínio popular
Redação
Considere os textos, seu conhecimento de mundo e o texto apresentado a seguir como motivações para redigir um texto
dissertativo-argumentativo, em prosa, conforme o tema apresentado.
Tempo de delicadeza
Sei que as pessoas estão pulando na jugular umas das outras.
Sei que viver está cada vez mais dificultoso.
Mas talvez por isto mesmo ou talvez devido a esse maio azulzinho, a esse outono fora e dentro de mim, o fato é que o tema
da delicadeza começou a se infiltrar, digamos, delicadamente nessa crônica, varando os tiroteios, os sequestros, as palavras
ásperas e os gestos grosseiros que ocorrem nas esquinas da televisão com a vida.
Talvez devesse lançar um manifesto pela delicadeza. [...]
Meus amigos, meus irmãos, sejamos delicados, urgentemente delicados.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Tempo de delicadeza. Porto Alegre: L&PM, 2009, p. 7.
Tema da redação
Como colocar em prática o desafio proposto por Affonso Romano para sermos, no cotidiano, “urgentemente delicados”?
Material de consulta: Caderno de Estudos 5 – Produção de texto – Capítulo 2 – Gêneros descritivos e narrativos:
publicidade, quadrinhos e fotojornalismo
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
96
EX TRAS!
1 2
Reprodução/Enem, 2013.
Reprodução/Enem, 2017.
c) objetiva chamar a atenção para um assunto evitado por c) a acomodação da topografia terrestre desencadeia o
mulheres mais velhas. natural degelo das calotas polares.
d) convence a mulher a se engajar na campanha e a usar d) o descongelamento das calotas polares diminui a quan-
laço rosa. tidade de água doce potável do mundo.
e) mostra a seriedade do assunto, evitado por muitas e) a agressão ao planeta é dependente da posição assu-
PROPOSTA DE VESTIBUL AR
(Unicamp-SP) Você é um(a) escritor(a) que publica uma crôni- tuação que você vivenciou. Em sua crônica, você deve, tal como
ca em uma revista semanal. Sempre se viu como uma pessoa fez Chimamanda Ngozi Adichie (excerto 2): a) narrar o episó-
livre de preconceitos e sempre apoiou a igualdade de gêneros. dio vivenciado por você, b) relacioná-lo à atitude micromachis-
Hoje, porém, ao ler uma matéria no El País, você se deu conta ta escolhida e c) expor suas reflexões sobre os sentimentos
de que, certa vez, vivenciou um episódio em que considerou que o reconhecimento dessa atitude despertou em você.
normal uma das atitudes listadas nessa matéria, as quais, se- Crônica é um gênero textual que aborda temas do cotidiano.
gundo Ianko López, revelam o micromachismo enraizado em Normalmente é veiculada em jornais e revistas. O cronista
nossa sociedade. trata de situações corriqueiras sob uma ótica particular.
PRODUÇÃO DE TEXTO
97
Texto I Texto II
As atitudes machistas mais flagrantes são claras Quando eu estava no primário, em Nsukka, uma
para nós. Aquelas que, de forma manifesta e constante, cidade universitária no sudeste da Nigéria, no co-
colocam a mulher em uma posição inferior ao homem meço do ano letivo, a professora anunciou que iria
em contextos sociais, econômicos, jurídicos e familiares.
dar uma prova e quem tirasse a nota mais alta seria
Aquelas que consideram que o homem e a mulher nas-
o monitor da classe. Ser monitor era muito impor-
cem com objetivos e ambições diferentes na vida. No
tante. Ele podia anotar, diariamente, o nome dos
entanto, apesar das reivindicações históricas dos anos
1970 e da crescente conscientização em relação ao ma- colegas baderneiros, o que por si só já era ter um
chismo em todos os âmbitos culturais e políticos nos poder enorme; além disso, ele podia circular pela
últimos anos, há pequenos resquícios que continuam sala empunhando uma vara, patrulhando a turma
interiorizados em muitos de nós. São sequelas da nossa do fundão. É claro que o monitor não podia usar
educação e dos produtos culturais que nos formaram a vara. Mas era uma ideia empolgante para uma
como pessoas e que fazem com que, apesar de criticar- criança de nove anos, como eu. Eu queria muito ser
mos e denunciarmos o machismo, ainda possamos cair a monitora da minha classe. E tirei a nota mais alta.
em algumas de suas armadilhas sem perceber. O micro- Mas, para minha surpresa, a professora disse que o
machismo, como vem sendo chamado nos últimos cin-
monitor seria um menino. Ela havia se esquecido
co anos, se manifesta em formas de discriminação mui-
de esclarecer esse ponto, achou que fosse óbvio.
to sutis que acontecem todos os dias, até mesmo nos
Um garoto tirou a segunda nota mais alta. Ele seria
ambientes mais progressistas. Segue uma lista baseada
em exemplos que demonstram que talvez tenhamos o monitor. O mais interessante é que o menino era
entendido o grosso das reivindicações feministas, mas uma alma bondosa e doce, que não tinha o menor
ainda precisamos ler as letras miúdas. interesse em vigiar a classe com uma vara. Mas eu
1. Achei necessário explicar algo a uma mulher sem era menina e ele, menino, e ele foi escolhido. Nunca
que ela me pedisse, pelo simples fato de ser mulher. me esqueci desse episódio. Se repetimos uma coi-
2. Comentei com um amigo que ficou cuidando sa várias vezes, ela se torna normal. Se vemos uma
dos filhos: “Hoje te deixaram de babá.” coisa com frequência, ela se torna normal. Se só os
3. Perguntei a uma mulher se ela estava “naqueles
meninos são escolhidos como monitores da classe,
dias” quando me respondeu com indiferença ou desprezo.
então em algum momento nós todos vamos achar,
4. Disse que “ajudo” nas tarefas do lar, subentendendo
mesmo que inconscientemente, que só um menino
que esse é um trabalho da mulher em que eu estou aju-
dando, e não participando em condições de igualdade. pode ser o monitor da classe. Se só os homens ocu-
5. Em meu trabalho ou entre amigos, só chamo os pam cargos de chefia nas empresas, começamos a
homens para jogar futebol, pressupondo que as mu- achar “normal” que esses cargos de chefia só sejam
lheres não querem jogar. ocupados por homens. Eu tendo a cometer o erro
6. Perguntei a uma mulher quando vai ter filhos, de achar que uma coisa óbvia para mim também é
mas nunca perguntei o mesmo a um homem. óbvia para todo mundo. Um dia estava conversando
7. Pago todos os meus jantares com mulheres acre- com meu querido amigo Louis, que é um homem
ditando que é o que se espera de mim. brilhante e progressista, e ele me disse: “Não enten-
8. Descrevi uma mulher como “pouco feminina”.
do quando você diz que as coisas são diferentes e
9. Usei a palavra “provocante” para descrever a rou-
mais difíceis para as mulheres. Talvez fosse verdade
pa de uma mulher.
no passado, mas não é mais. Hoje as mulheres têm
10. Comentei que “essas não são formas para uma
moça falar.” tudo o que querem.” Oi? Como o Louis não enxerga-
11. Na televisão, aprecio homens ácidos e diverti- va o que para mim era tão óbvio?
dos e mulheres bonitas. ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Sejamos todos feministas. Tradução de Christina
98
ANÁLISE DE PROPOSTA DE VESTIBUL AR
A proposta solicita que o aluno se coloque no lugar de um homens”. Por fim, ela destaca o fato de essa reflexão passar
escritor que publica sua crônica em uma revista semanal. Esse despercebida pelas pessoas, mesmo aquelas que lutam pelo
indivíduo é caracterizado inicialmente como alguém “livre de fim dos preconceitos e da intolerância.
preconceitos”, mas que se deparou com uma matéria jornalís-
tica na qual se revelava que certos comportamentos machistas, Encaminhamentos possíveis
nomeados como “micromachismos”, estão enraizados na so- Seguindo a instrução da proposta, o ponto de partida seria
ciedade e que ele, como sujeito pertencente a ela, não estaria narrar o episódio escolhido dentre os 13 propostos (item a);
livre de reproduzir alguns deles. Decide, então, que o tema da relacioná-lo ao conceito micromachista desenvolvido no texto I
crônica da semana seria a análise de um fato vivido por ele (item b); e, por fim, analisar subjetivamente os fatos (item c).
que retratasse esse tipo de intolerância. Vale destacar que Vemos, portanto, que a Unicamp solicitou que o percurso de
tanto o gênero requisitado (crônicas são textos bastante co- raciocínio do texto fosse do concreto ao abstrato, do fato à
muns em vários suportes de leitura) quanto a temática são reflexão, exatamente o mesmo caminho seguido pelo texto II.
bastante adequados e atuais. Essa ordem deveria ser rigorosamente cumprida.
Para organizar seu texto, o aluno deveria fazer a leitura da No entanto, ao estruturar o texto, o aluno poderia exercitar um
coletânea oferecida. O primeiro deles seria aquele que o cro- pouco mais sua liberdade de criação, já que a crônica não
nista teria lido e que o motivara a escrever o texto da semana,
obedece a um padrão totalmente fixo. Como descrito na pro-
o texto intitulado “Micromachismos: se é homem e faz alguma
va, a crônica é um gênero discursivo em que o autor, motiva-
destas coisas, deve repensar seu comportamento”. Nele, Ianko
do por um ato/fato do cotidiano, mostra sua visão pessoal,
Lopes apresenta sua reflexão sobre atitudes machistas, afir-
subjetiva. Ao apresentar ao leitor reflexões que, na maior par-
mando que as mais flagrantes – como aquelas que colocam a
te das vezes, opõem-se à visão do senso comum, a crônica
mulher em posição de inferioridade social, econômica, jurídica
tem por finalidade levar o interlocutor a perceber certos fatos
e familiar em relação ao homem, ou que limitam ou determinam
da realidade para os quais ele nunca se atentou. Isso se encai-
as escolhas dos indivíduos em função dos gêneros – são claras
xa perfeitamente na proposta de produção textual da Unicamp.
e mais passíveis de conscientização e de combate. O alerta do
A possibilidade de escolher uma dentre as 13 situações comuns
autor reside no fato de que as atitudes menos visíveis e mais
ao nosso cotidiano descritas no texto I certamente conferiu
sutis – classificadas como “micromachismos” – por vezes es-
ainda mais liberdade ao aluno.
capam à nossa percepção, ocorrendo até mesmo em ambien-
As crônicas figuram basicamente entre as produções do
tes que são considerados mais progressistas. Na sequência, o
meio midiático, como jornais e revistas, e são produções
autor apresenta uma lista de 13 situações que se aplicam a
regulares e em espaços fixos – segundo informações da
essa categorização e que deve servir, segundo as instruções
prova, a crônica seria publicada, especificamente, em uma
99
GABARITO - EXTRAS!
1 a 1 b
2 e 2 e
ANOTAÇÕES
100
ANOTAÇÕES
101
PRODUÇÃO DE TEXTO
102
ANOTAÇÕES
103
PRODUÇÃO DE TEXTO
104
FORMAÇÃO GERAL
LÍNGUA PORTUGUESA
Volatilidade, incerteza e complexidade são algumas das
palavras mais usadas para definir o momento histórico
em que vivemos. Para muitos, isso gera angústia e inse-
gurança. Para o aluno do Anglo, porém, a possibilidade
de construir o futuro deve servir cada vez mais de fonte
de motivação e inspiração.
A fim de contribuir para esse processo de formação e
amadurecimento, desenvolvemos este material conside-
rando os seguintes princípios: de um lado, é fundamental,
como no passado, que todos tenham acesso aos mais
sólidos conhecimentos que nos deixaram as gerações
anteriores, nas diversas áreas; de outro, esses mesmos
conhecimentos apenas fazem sentido quando vinculados
a valores, atitudes e habilidades exigidos nesta época,
tão marcada pela inconstância e pela fluidez.
Com esse direcionamento, cada volume deste material foi
cuidadosamente elaborado para favorecer o desenvolvi-
mento do pensamento crítico, da ética, da autonomia e
da empatia. Desse modo, a etapa do Ensino Médio se
compromete com as competências essenciais para garan-
tir que o projeto de vida de cada estudante se concretize.
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