Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
503-82 - HP151316451814727
SOBRE AS AUTORAS
Aline Layoun
é redatora publicitária, roteirista e coidealizadora da plata-
forma de ensino @osalto. Formada em Comunicação So-
cial, ela possui MBA em Marketing pela FGV e domina a
língua portuguesa como ninguém.
Vanessa Biondini
é formada em Letras pela UFMG, possui MBA em Gestão
Estratégica de Pessoas pelo SENAC e, atualmente, é me-
stranda em Educação e Formação Humana pela UEMG.
CANAÃ 6
1. AUTOR 7
2. PERÍODO LITERÁRIO 8
3. OBRA 10
4. ENREDO 11
5. GÊNERO 15
6. ESPAÇO 16
7. NARRADOR 17
8. LINGUAGEM 18
9. TEMPO 19
10. TEMÁTICAS 20
10.1. REPRESENTAÇÃO DO BRASIL E BUSCA DE UMA IDENTIDADE NACIONAL 20
10.2. RACISMO CIENTÍFICO 21
10.3. MISCIGENAÇÃO 22
10.4. CORRUPÇÃO/ ABUSO DO PODER PÚBLICO 23
10.5. XENOFOBIA 23
10.6. ASSÉDIO SEXUAL 24
11. PERSONAGENS 26
11.1. NÚCLEO DE IMIGRANTES 26
11.1.1. MILKAU 26
11.1.2. LENTZ 26
11.1.3. MARIA PERUTZ 27
11.2. OS POVOS DA TERRA 27
11.2.1. PAULO MACIEL 27
11.2.2. AGRIMENSOR FELICÍSSIMO 28
11.3. O TRIO DE MAGISTRADOS 28
11.3.1. PANTOJA 28
A ESCRAVA 32
13. OBRA 33
14. AUTORA 34
15. GÊNERO 35
16. LINGUAGEM 36
17. NARRADOR 37
18. TEMPO 38
19. ESPAÇO 39
20. ENREDO 40
21. PERSONAGENS 42
21.1. SENHOR TAVARES 42
21.2. FEITOR ANTÔNIO 42
21.3. JOANA 42
21.4. GABRIEL 43
21.5. CARLOS E URBANO 43
21.6. “UMA SENHORA” 43
22. TEMÁTICAS 44
22.1. INTERTEXTUALIDADE COM O DISCURSO BÍBLICO 44
22.2. ESCRAVIDÃO X ABOLICIONISMO 45
22.3. DISCRIMINAÇÃO RACIAL 46
22.4. PODER DE FALA/ COMPLEXO DO “BRANCO SALVADOR” 46
22.5. HUMANIZAÇÃO DOS ESCRAVIZADOS 47
22.6. PROTAGONISMO FEMININO 48
23. GLOSSÁRIO 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 61
1. AUTOR
2. PERÍODO
LITERÁRIO
O Pré-Modernismo abrangeu o período literário compreendido entre
1902 - ano de publicação dos romances “Canaã”, de Graça Aranha, e
“Os Sertões”, de Euclides da Cunha - e a realização da Semana de Arte
Moderna, em São Paulo, em 1922. Nesse período, aconteceu a tran-
sição de escolas literárias, do Simbolismo para o Modernismo, o que
culminou em um sincretismo estético, com presença de característi-
cas neo-realistas, neo-parnasianas e neo-simbolistas.
3. OBRA
10
4. ENREDO
soas, pois darão plantão em sua casa, recebendo todos os que estiver-
em na mesma situação de Franz. O grupo se instala na casa e passa
a chamar os colonos, amedrontando-os com extorsões e violências.
Após a visita, cobram de Franz Kraus a alta importância de quatro-
centos mil réis, além de assediarem Maria. A vida de Maria por essa
época piora, pois ela descobre estar grávida de Moritz.
13
Finalmente, numa noite, Milkau tira Maria da prisão e foge com ela,
correndo pelos campos em busca de Canaã, “a terra prometida”, onde
os homens vivem em harmonia.
14
5. GÊNERO
15
6. ESPAÇO
16
7. NARRADOR
17
8. LINGUAGEM
“Ambos vocês têm razão quando fazem restrições sobre a pureza da minha língua e
do meu estilo. Sabes bem que não sou por índole um escritor correto, tenho medo
de me perder na língua clássica e prefiro adotar formas e expressões correntes, es-
trangeirismos mesmo, mas da compreensão geral das línguas, introduzidos não por
mim, porém por todos da nossa sociedade, que ir buscar o arcaísmo. Bem. Ainda as-
sim reconheço que Canaã tem máculas desnecessárias (...) É preciso confessar que o
livro está muito errado e consolemo-nos mutuamente (...) O defeito que tu (e o Herá-
clito também) notas de muito viço e superabundância que não posso remediar em
Canaã. É talvez um cunho da mocidade, que há de passar, como docemente esperas,
em outros livros”. (ARANHA, Graça)
18
9. TEMPO
19
10. TEMÁTICAS
20
21
CURIOSIDADE
O racismo científico, crença pseudocientífica que defende a
existência de evidências científicas que justificam a discrim-
inação racial, tem como origem os primórdios da teoria da
evolução humana, de Charles Darwin, que atestou a existência
de raças inferiores, que poderiam evoluir com o passar do tem-
po. Na mesma perspectiva, o naturalista francês Georges Louis
Leclerc, ainda no século XVIII, defendeu a ideia de degeneração
para discutir as misturas raciais, sobretudo no Brasil, afirman-
do, por exemplo, que o negro e o branco eram duas espécies
distintas, sendo o negro uma espécie inferior.
10.3. Miscigenação
A miscigenação é apresentada, na obra, ora como possibilidade de
desenvolvimento, ora como fator de degeneração.
10.5. Xenofobia
O promotor Brederodes é, dentre os personagens brasileiros de “Ca-
naã”, o que apresenta xenofobia mais agressiva. Para ele, a presença
dos estrangeiros parece ameaçar seus domínios e ele teme por sua
multiplicação, pela tomada do país. As manifestações xenofóbicas
desse personagem - que se diz nacionalista e que detesta os colo-
23
nos - pode ser percebida nos momentos em que ele se refere aos es-
trangeiros como: “corja de alemães”, “velhacos” e “salteadores”.
CURIOSIDADE
A palavra xenofobia tem origem grega e significa aversão ao
estrangeiro. A xenofobia é um tipo de preconceito contra quem
nasceu em um lugar diferente do seu. Normalmente, ela está
associada ao racismo e expressa-se, por vezes, por meio da
intolerância religiosa ou dos preconceitos acerca do local de
origem da vítima.
“As suas noites eram agitadas, escapando ela sempre de ser violada pelos soldados
assanhados e bêbados. Debatia-se nas mãos deles, e salvava-se, ou pela disputa sen-
sual da posse que entre os dois pretos se formava, ou pelo alarido levantado, diante
do qual se recolhiam cobardes e espavoridos.”
25
11. PERSONAGENS
11.1.2. LENTZ
Alemão e filho do general Barão von Lentz, chega ao Brasil “gover-
nado pelo imprevisto”. Envolvido amorosamente com uma jovem de
sua classe social, não suportou o desprezo da família e de seus com-
panheiros por ter se recusado a um casamento “reparador” e parte
em busca de um novo domínio, livre dos preceitos cristãos, onde se
pudesse erguer “o reino da força radiante e da beleza triunfal”. Em
Lentz, é bastante evidente a influência da moral nietzscheana, como
26
27
12. GLOSSÁRIO
MATREIRO: muito astuto; que sabe obter vantagens; que não se deixa
enganar.
30
31
13. OBRA
33
14. AUTORA
Maria Firmina dos Reis (1822 – 1917) foi uma mulher negra, filha de
mãe branca e bastarda de pai negro, nascida na Ilha de São Luís, no
Maranhão, e é considerada a primeira romancista brasileira. Afrode-
scendente, ela vivia em um contexto de extrema segregação racial
e social e, ao ficar órfã, aos cinco anos, mudou-se para a vila de Gui-
marães, onde passou a residir com a tia materna, fator determinante
para a sua formação. Firmina formou-se como professora, chegando
a receber o título de “Mestra Régia” e, posteriormente, vencendo o
concurso público para a Cadeira de Instrução Primária da cidade de
Guimarães-MA. Firmina foi, também, a responsável pela fundação da
primeira escola mista do Maranhão.
34
15. GÊNERO
35
16. LINGUAGEM
36
17. NARRADOR
37
18. TEMPO
38
19. ESPAÇO
39
20. ENREDO
que também estava a sua procura. Essa senhora, então, lhes oferece
proteção e os leva para sua casa. Já sob a proteção da senhora, Joana,
à beira da morte, narra, em primeira pessoa, as memórias de sua vida,
por meio de cenas de escravidão. Após contar sobre sua vida, Joana
não resiste e morre. O conto se encerra no momento em que a senho-
ra branca compra a liberdade de Gabriel, e o senhor Tavares esbraveja
por perceber que não poderia mais levar o homem como cativo.
41
21. PERSONAGENS
21.3. Joana
Mulher negra escravizada, representa o sujeito colonizado que foi
capturado e trazido contra a própria vontade, do continente africano,42
onde era livre, para o Brasil, onde passa a ser escravizado. Vítima de
inúmeras opressões, Joana enlouquece quando dois de seus filhos
são violentamente retirados dela e vendidos para o comércio de pes-
soas escravizadas, e morre na esperança de um dia encontrá-los.
21.4. Gabriel
Filho de Joana, já nasce na condição de homem escravizado. Diante
do quadro de insanidade da mãe, luta para protegê-la da crueldade
do colonizador. Finalmente, sob a proteção de uma senhora branca
abolicionista, tem a sua liberdade comprada e torna-se um homem
alforriado.
43
22. TEMÁTICAS
44
Fica evidente, durante toda a narrativa, que Maria Firmina dos Reis uti-
liza a própria literatura como instrumento de luta contra a escravidão.
Com a personagem Joana, a autora denuncia os constantes abusos
que eram praticados contra os povos escravizados, no Brasil, e os efei-
tos disso, bem como destaca o atraso do país – principalmente se
comparado à Europa – em determinar o fim do sistema de trabalho
servil, sobretudo quando se avalia a perspectiva da humanidade com
que eram tratados os povos escravizados.
“Mas, deixar de prestar auxílio àqueles desgraçados, tão abandonados, tão persegui-
dos, que nem para a agonia derradeira, nem para transpor esse tremendo portal da
Eternidade, tinham sossego, ou tranquilidade! Não. Tomei com coragem a responsa-
bilidade do meu ato: a humanidade me impunha esse santo dever.”
CURIOSIDADE
A lei nº 3.353, de 13 de maio de 1888, mais conhecida como Lei
Áurea, é o mais breve e famoso ato legal da história do Bras-
il e possui apenas dois artigos, nos quais se declarada extinta,
desde a data da Lei, a escravidão no Brasil e revogam-se as dis-
posições em contrário. Esses poucos artigos, enfim, cessaram,
legalmente, quase quatro séculos de escravidão no Brasil.
45
Até mesmo o debate sobre a loucura, trazido pela obra, pode ser com-
preendido como parte da crítica feita a esse processo de desuman-
ização dos povos escravizados. Na narrativa, a loucura - ou alienação
- de Joana descende do processo colonial que a dispôs como uma
ferramenta de trabalho que, além de desumanizá-la, a submeteu a
situações em que lhe foram negadas todas as condições de digni-
dade, como no momento em que seus filhos são retirados à força de
seus braços e levados para serem comercializados como mercadori-
as. Desse modo, mais uma vez, permitir que Joana e Gabriel tenham
voz no enredo é dar a eles - e às vozes que eles representam - o direito
de se fazerem humanos.
47
CURIOSIDADE
A expressão lugar de fala, segundo a filósofa, feminista negra
e escritora, Djamila Ribeiro, está relacionada ao silenciamento
das minorias, que, por ocuparem poucos espaços políticos, são
pouco representadas e, consequentemente, pouco ouvidas.
Logo, a ideia do lugar de fala é oferecer visibilidade a quem
teve seus pensamentos desconsiderados durante muito tempo,
por exemplo para se falar de assuntos específicos a um grupo,
como racismo e machismo, sugere-se que pessoas negras e
mulheres falem, uma vez que podem oferecer uma visão que
pessoas brancas e homens podem não ter.
inino, em especial das mulheres que ela representa, as negras que fo-
ram escravizadas - que eram ainda mais silenciadas e oprimidas que
as mulheres brancas, dadas as circunstâncias da interseccionalidade
entre gênero, classe e raça - e submetidas a situações traumáticas
relacionadas à maternidade, como a retirada forçada de seus filhos,
à objetificação de seus corpos, úteis apenas para a exploração, e ao
estigma da loucura, ignorando-se o fato de que elas, na verdade, con-
viviam com traumas e dores das violências cotidianamente sofridas.
CURIOSIDADE
O termo histeria deriva da palavra grega hystero, que significa
útero, e foi utilizado para caracterizar um conjunto de sinto-
mas nas mulheres, colaborando para a formação de um modo
prescritivo de ser mulher. Vista como uma ilusão ou uma ence-
nação, ainda que não intencional, a histeria foi definida como
uma forma de loucura de mulheres. A grande questão é que
esse diagnóstico, à época, ignorava os múltiplos fatores socio-
econômicos e historiográficos que, no final do século XIX, tor-
naram-se mecanismos de controle, modernos e capitalistas,
dos corpos femininos, submetendo as mulheres a situações de
opressão, estresses e traumas. Em suma, a histeria funciona-
va como uma espécie de comando de como as mulheres não
deviam se comportar e serviu para a desqualificação da liber-
dade expressiva delas, especialmente em seus comportamen-
tos e em sua linguagem. Ainda hoje, é comum que as mul-
heres, ao se expressarem ou manifestarem descontentamento
com questões abusivas e opressivas, sejam classificadas como
loucas e histéricas.
49
23. GLOSSÁRIO
51
24. OPRESSÃO
FEMININA
(MATERNIDADE/ LOUCURA)
54
55
56
57
Enunciado
A mistura de raças é apresentada em Canaã como possibilidade de
desenvolvimento da nação. É possível afirmar que a miscigenação
conduziu o Brasil a uma democracia racial?
60
D’ANGELO, Helô. Quem foi Maria Firmina dos Reis, considerada a primeira romancista
brasileira. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/centenario-maria-firmi-
na-dos-reis/
FILHO, Nascimento Morais (Org.). Maria Firmina: fragmentos de uma vida. São Luiz:
Comissão organizadora das comemorações de sesquicentenário de nascimento de Ma-
ria Firmina dos Reis, 1975. http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/322-maria-firmi-
na-dos-reis