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Licenciada em Letras nascida em Taquaritinga

Estado de São Paulo


Contar uma história é ler um livro duas vezes
ou mais.
A escrita traz em si todo poder de nos
recolocar em simetria com a vida.
Sinopse
A história de uma mulher, que se casara
bastante jovem, e sofrera muito, então
ficara decepcionada com o amor.
Ela resolve voltar estudar, e vai a luta,
trabalhando e fechando-se totalmente para
o amor sentimental.
Declara-se feliz ,depois de várias
conquistas financeiras e pessoais também.
É uma mulher que vive ás voltas com o
trabalho, contudo de bem com a vida.
Um dia, sem esperar, encontra um novo
amor, reluta contra, mas finalmente se
rende a ele.
A partir daí vivem uma linda história de
amor.

A autora
Era finalzinho de outono,eu
observara o vento varrendo
as folhas, que ainda
despencavam dos galhos
ressequidos.
O inverno estava prestes a
chegar.
A cidade vestira com uma
tonalidade cinza, e as ruas
silenciosas, permaneceram
inertes ao longo do tempo.
Aquele ano fora um ano
tristonho, Jorge se fora tão
de repente, sem me dizer
nada,sem me ensinar como
eu viveria sem ele.
Meu coração o guardara
para sempre, mesmo com
um vazio enorme me
rondando o tempo todo.
Nosso neto Jorge terminara
o curso de medicina em
Londres, minha filha sabia
que eu não iria á cerimônia,
seis meses parecera durar
uma eternidade, e ao mesmo
tempo, parecera ter sido
ontem aquele adeus sem voz.
Sobre a estante, aquela
estátua permanecera como
um livro fechado com uma
história querendo saltar.
As ruas percorridas durante
tal tempo, pareceram mudar
de cor,e eu me sentira
perdida, dentro de uma
solidão tão estrangeira.
Uma solidão proposital, que
levara meu amor embora
para sempre, portanto,
levando consigo boa parte de
mim.Um vento morno tocara
meu rosto e a noite ficara a
mercê de nossos
encontros,assim que o sono
viera.Eu houvera feito uma
simbiose com ele para
sempre
Volto no passado e começo
a recordar das nossas
primeiras viagens em
Londres, tentando captar as
imagens fotográficas com
neve caindo.
Depois percorro o olhar
pela sala e posso sentir
nitidamente, cada uma delas
presentes dentro das lindas
molduras feitas de
recicláveis para vestirem
uma fotografia pintada e
ampliada.
As lágrimas grossas e
destemidas molham meu
rosto várias vezes,eu
passara um avental que ele
usava no ateliê para me
secar.
Nosso neto ainda não
houvera nascido na
primeira viagem, mas depois
vieram tantas outras.
Eu entendera que a finitude
faz parte da vida tornando-a
até mais encantadora, por
isso, nesse instante eu
pudera vestir meu amor de
um encanto perfeito.
Pois ele já houvera
terminado sua caminhada e
deixado sua história.
Porém,eu ficara aqui tão
sozinha, imaginando onde
pudera estar Jorge nesse
determinado momento.
Rezara a Deus que o
mantivesse em bom lugar,
visto que fora uma pessoa
tão especial.
A noite começara a cair,
salpicando o ar cinzento, de
nuvens e de mil estrelas
brilhantes.Eu soubera que
por elas perpassara Jorge
tão livremente vindo se
encontrar comigo .
Londres sempre fora nosso
sonho, uma cidade tranquila
para se transitar a pé a
qualquer hora do dia ou da
noite.
Estávamos nos preparando
para uma visita á nossa filha
Miranda e seu marido Luiz,
mas queríamos deixar para a
chegada do inverno, pois
Luiz adorava as fotos, que
Miranda vez ou outra,
conseguia tirar e mandar.
Ele então fizera molduras
estupendas, e ampliara as
fotografias, transformando-
as em pinturas a óleo, que
ficavam espetaculares.
Depois que nossa filha se
casara e mudara para
Londres ele também se
dedicara ás Artes Plásticas
como ela e o marido.As artes
moviam novas emoções.
Mas uma cidade, com uma
concentração de edifícios como
Londres, mantém sempre a
temperatura mais elevada,
devido ao recapeamento de
concreto.
Jorge gostava bastante do
inverno, achava romântico
viajar nessa época,eu
aprendera a gostar mais do
inverno com ele.
Estávamos entardecendo
juntos, era maravilhoso ver um
brilho prateado nos cabelos de
Jorge, com o passar do tempo,
ele se transformara num homem
lindo.Muito mais lindo do que
era antes!
Então, voltara no começo de
minha vida e ficara imaginando
como seria a maturidade
sozinha, pois a solidão produz
uma toxidade, fazendo mal á
saúde física e mental
Jorge vestira um sobretudo
escuro, enquanto eu vestira
um quase igual, mas cinza.
O inverno era bastante
rigoroso mas houvéramos
nos preparado para isso.
Soubéramos que nevara
muito raramente em Londres
e quando isso acontece a
neve não se acumulara no
chão por muito tempo.
Assim, teríamos poucas
chances de conseguir as
fotos lindas, que mesmo
esporadicamente, mas
Miranda nunca deixara de
nos mandar.
Ela e Luiz ao nosso lado
esperando que pudéssemos,
pelo menos ter tempo em
tirar uma foto para Jorge
ampliar numa linda moldura.
Soubéramos que em média,
fora somente em quinze dias.
Aproximadamente no ano,
em que a neve se acumulara
em algum lugar do Reino
Unido.
Importante também para nós,
não seriam as fotografias
tiradas ou não, dentro de
pouco tempo Jorge iria
emoldurar os mais belos
quadros de nosso neto.
Estivéramos visitando nossa
filha e genro como
comumente fizéramos, eles
sempre nos aguardavam, no
aeroporto e depois
fizéramos uma tour juntos.
Minha filha estava grávida de
quatro meses de Jorge,
nosso netinho teria o nome
do avô.
Ela demorara um pouco
para engravidar e nós ,
ansiosos pelo netinho .
Fora um momento único!
Meu nome Mariana,eu fora
uma criança feliz criada na
periferia de São Paulo, meu
pai Davi, um metalúrgico
incansável, pois trabalhava
de domingo a domingo,
fazendo horários extras
também.
Minha mãe Joana, cuidava da
casa e fazia sua parte sendo
muito econômica ensinando
eu e meu irmão Mário, como
aprender a viver, sem medo
de encarar os percalços da
vida.
Essa maneira, acredito
eu,fora a melhor escola que
pudera cursar, desde muito
cedo ela nos ensinara como
não desperdiçar nada.
Desde comidas, materiais
escolares, cuidados com as
roupas e calçados também.
Até mesmo, saber como usar
Então usara muito a roupa
sem sujar, evitando tantas
lavagens, tudo que
descobríramos quando
criança, tornara-se um
hábito entre nós, não
sabíamos fazer diferente
depois de adultos.
Eu estudara de manhã e á
tarde sempre tivera algum
serviço de casa para eu
fazer, meu irmão três anos
mais velho que eu,estudara á
noite e trabalhara num
mercado durante o dia.
Eu tinha nove anos e estava
na terceira série Primária e
meu irmão, tinha doze e
estava na sexta série do
Fundamental noturno, na
escola próxima de casa.
A minha vida fora regada
com o encanto vindouro do
futuro,sonhara com o tal.
Meu pai era extremamente
dedicado á família, e
conversava conosco sempre
que tinha tempo, ele era um
grande mestre também,
estava sempre nos dando
bons conselhos e também
nos ensinava com sua
maneira sincera e tranquila
de viver.
Eu e meu irmão éramos
muito felizes, gostávamos de
estudar, e também tínhamos
uma família exemplar para
nos apoiar e corrigir
também.
Morávamos na Vila
Medeiros, um bairro
bastante tranquilo, que fazia
parte da grande Vila Maria,
onde nasceram meus pais
também, e essa vila era como
se fosse uma cidade a parte
para nós.
A minha mãe comprava tudo
que precisávamos nessa vila,
desde coisas de supermercado
até roupas, calçados e outras
coisas mais, que precisasse
para nossa casa.
Sempre nos esforçávamos
para tirarmos boas notas na
escola,eu e meu irmão, e
quando chegava no Natal meus
pais diziam, que o papai Noel
estava contente conosco e que
viria trazer um presente do
menino Jesus na noite de Natal.
Eu e meu irmão Mário,
eufóricos, não víamos a hora
que chegasse na véspera de
Natal, para limparmos bem
nossos sapatos e colocarmos
na janela cheio de capim, para
o papai Noel colocar nossos
presentes, e no outro dia
ficávamos felicíssimos. Sendo
uma boneca ou mesmo bibelô.
Quando eu estava com quinze
anos conheci o Leonardo e
me apaixonei perdidamente
por ele.
Ele também cantava numa
banda da jovem guarda e
quando o conheci ele estava
com uma camisa amarelo
creme, toda cheia de
babadinhos na frente onde
abotoava, ele me olhava no
cinema querendo sentar ao
meu lado, mas eu meio tímida
fingia não ver.
Até que aos poucos ele
chegou e conversou com uma
amiga minha e disse que me
achou muito bonita.
A partir desse dia
paquerávamos de longe, mas
nunca deixei ele se aproximar,
até que ele começou a
namorar uma prima minha e
perdi as esperanças.
Eu era magra alta, loira e me
achava desinteressante
mediante outras meninas com
cabelos encaracolados mais
cheinhas e menos altas.
Conheci o Rubens e
começamos a namorar,
porque ele era bem
extrovertido e foi direto ao
assunto, então gostei dele,
achei-o bonito, educado e
assim engatamos namoro.
Quando comecei namorar o
Rubens eu tinha dezessete
anos e ele vinte e quatro, mas
eu gostava de nossa
diferença de idade.
Íamos aos domingos no
cinema, durante a semana, as
vezes nos encontrávamos,
não fora tão difícil, mas me
apaixonar por ele.
Além de bonito,sedutor era
carinhoso.
Rubens tinha um jeito
bastante peculiar, e eu me
apaixonara por ele.
Fora o primeiro namorado, o
primeiro beijo, a primeira
emoção forte.
Eu era meio tímida, mas ele
tinha uma certa desenvoltura
e logo no início do namoro,
alertara-me para não ligar ás
possíveis intrigas
envolvendo seu nome.
Eu meio surpresa perguntei:
Que tipo de intrigas?
Ele me respondeu:
As pessoas dizem que eu
ando envolvido com
prostitutas.
Eu perguntei:
E você anda mesmo?
Ele respondeu:
Saí algumas vezes com
algumas delas, mas jamais
do jeito que comentam.
Meu pensamento até
continuou curioso, mas
detive a nossa conversa por
aí.
Ele me disse:
Eu sempre quis namorar
uma garota como você.
Eu perguntei:
Garota como eu?
Ele disse:
É, uma menina que nunca
namorou ninguém feito você.
Eu não entendera o que
quisera dizer com isso, mas
também, não perguntei mais
nada.
Rubens era um rapaz
vivido,destemido no que
tange a envolvimentos
sentimentais,e eu uma garota
ingênua que vivia tentando
descobrir o amor.
Porém para ele, tal fato ia
muito além de compromisso.
Depois de quatro anos de
namoro nos casamos, não
houve festa, uma amiga me
emprestou um vestido de noiva
e fizemos uma comemoração
entre os familiares.
Eu sabia da fama dele de
conquistador e mulherengo,mas
ao mesmo tempo ,ele tinha um
lado doce, compreensivo e
muito sedutor, achei que
quando casasse tudo
melhoraria.
Nossa viagem de lua de mel foi
na Praia Grande, Vila
Oceanópolis, onde um tio dele
tinha uma casa e sendo
padrinho nos cedeu uma
semana lá como presente de
casamento.
Eu passei a conhecer o Rubens
melhor e gostar mais ainda
dele, sempre carinhoso
compreensivo.
E eu fui me apegando nele
como meu marido, apesar da
pouca idade.
Ele trabalhava numa loja de
tecidos no centro de São
Paulo e eu havia arrumado
emprego numa loja.
Já havia terminado o Ensino
Médio e na época não podia
fazer faculdade, mas o curso
já me dera oportunidade
para arranjar um emprego.
Fomos morar numa rua no
bairro do Ipiranga, um
pouco longe da Vila
Medeiros, mas eu via minha
família constantemente
depois de casada.
Saíamos logo cedinho e só
voltávamos á noite.Nossas
vidas eram um eterno
endividamento deixando as
responsabilidades meio
aquém.
Rubens era um homem
bonito, e eu tinha muito
ciúme, pois ele não podia ver
um a mulher bonita, que logo
dava um jeito de conversar
com ela.
Mesmo que eu estivesse
junto, eram conversas
aparentemente
despretensiosas e discretas,
mas não deixava de fazer.
Logo que casamos íamos ao
cinema Marabá no Ipiranga
mesmo, assistíamos bons
filmes e o cine era imenso.
Inspirados pelos filmes
românticos, nós voltávamos
mais intensos em nossos
desejos.
Aos finais de semana, além
do Cine Marabá, haviam as
feiras e também a praia José
Menino, que saíamos no
sábado cedinho.
Contudo só voltávamos á
noite, levando nossos
lanches ,lanchando como
farofeiros, e passando o dia
todo na praia.
O começo da vida de casado,
apesar da correria ,era
muito bom,porém ,o Rubens
tinha uma disposição para
sair de casa, que quase eu
não conseguia acompanhá-
lo.
Eu me sentira cansada ás
vezes, e ele começara a
reclamar bastante disso.
Eu trabalhava no crediário
de uma loja de móveis, na
rua Vergueiro, o dia passava
rapidamente e quase não
dava tempo de perceber.
Eram filas imensas e
intermináveis, quase dia
todo para eu atender.
E para tal houvera treinado.
Havia bastante trabalho em
casa, depois do expediente
do trabalho á noite, mas aos
poucos eu fui me
organizando, e conseguira
deixar tudo sob controle.
Não demorou muito tempo,
para que o Rubens
começasse a reclamar de
tudo, também voltava tarde, e
nem dava satisfações,eu
tinha muito ciúme e ficava
triste e fechada comigo
mesma.
Sabia ,que ele devia sair
ainda com outras mulheres,
pois ele adorava sair com
garotas de programa, havia
feito uma promessa, que
depois do casamento ia
parar, mas tudo parecera
ficar, só na promessa.
Ele era um tanto quanto
enjoado, com as coisas.
E estava sempre de mau
humor e reclamando, nunca
colaborara com nada, queria
tudo na mão e do jeito que
mais gostasse.
Eu era muito apaixonada por
ele, fazia tudo para agradar,
mas ele nunca parecia
satisfeito, sempre achando
um motivo para reclamar.
Ele fora muito paparicado
pela mãe, e continuava se
portando, como um garoto
mimado, apesar de ser bem
mais velho que eu.
Haviam coisas que eu não
tinha tanta prática, tais
como:
Cozinhar, lavar roupas.
Mas, rapidamente estava me
tornando exímia dona de
casa.
Porém, em pouco tempo
houvera me especializado.
Durante quatro anos ficamos
juntos , e eu entendia, que
havia casado, e era para
sempre ,e não reclamava com
minha família.
Ele porém, além de me
maltratar, começara a voltar
bêbado para casa nos finais
de semana, e de madrugada.
Eu evitava lhe fazer
perguntas, e assim, á medida
que o tempo passava, ele
ficava cada vez pior.
Quando eu falava em ir
embora, ele ficava uma
semana bem, depois voltava a
ser o que era.
E eu jamais deixava
transparecer isso á minha
família, e na frente deles,
Rubens era delicado e
carinhoso comigo.
Eu não podia dizer nada a seu
repeito para meus familiares.
Pois, meu irmão ,e meus pais
diziam ,que ele era tão bom,e
eu precisava ter mais
paciência.
Diziam:
Você é muito nervosa!
Assim, à medida que o
tempo passava eu ia
mergulhando numa solidão
sem fim.
Ele passava semanas e
semanas, sem me
procurar,eu tinha certeza
absoluta, de que ele saia
com garotas de programa.
Ele sempre me dizia, que era
enlouquecido por elas.
Havia acostumado desde
adolescente frequentar
prostíbulos e desenvolvera
uma certa dependência por
garotas de programa.
Então eu fora me
desinteressando pelo sexo.
Depois de seis anos, não
suportando mais, fui embora
de casa.
Loquei um apartamento, na
Rua Vergueiro, perto de meu
emprego, já ganhava o
suficiente para me manter,
uma amiga me avisara do
apartamento vazio, e eu
loquei.
Avisei minha família depois,
que ficou bastante aborrecida
se afastando de mim.
Ele continuou frequentando a
casa de meus pais, e
logicamente, se fazendo de
vítima.
Porém, nunca procurei saber
o que ele falava de mim,
apenas notei que ele, os
afastara de mim.
No começo foi bastante difícil,
as investidas de homens,
sabendo de minha separação.
E confundindo-me, com uma
mulher desfrutável.
Eu resolvera focar em mim, e
me fechar para o mundo, pois
estava bastante decepcionada.
Assim, foquei-me no trabalho
e logo montei meu
apartamento, levando minha
vida mais tranquila, sem as
torturas, a que Rubens me
submetia.
Nos finais de semana punha
minhas coisas em ordem
,depois descansava.
Ia ao cinema, passeava no
Museu do Ipiranga, enfim,
fazia alguma coisa para
espairecer.
Porém, estivera livre das
reclamações e mal tratos de
Rubens.
Sempre me fora
companhia,fora sozinha
comigo que eu crescera.
Logo depois, com o tempo,
ele começou ir na minha
casa, implorando para que
eu voltasse
Ás vezes, eu o tratava com
carinho, via uma esperança,
e ele acabava dormindo na
minha casa, passando o final
de semana todinho.
Mas eu não queria voltar
para ele, pois havia sofrido
muito, e não pretendia
passar pelos mesmos
sofrimentos de novo.
Um dia ele me disse que
queria ter filhos comigo,mas
eu nunca deixei de tomar a
pílula.
Pois filho implicara uma
grande responsabilidade, eu
definitivamente, estivera
convencida ,de que ele não
tinha nenhuma estrutura
para ser pai.
Ele passara a me visitar com
muita frequência, e insistindo
para que eu voltasse para
nossa casa.
Meus pais achavam que eu
devera voltar, pois ele era meu
marido, e também um bom
homem.
Ignorando todos, o que eu
sofrera muito na época da
separação, embora não
demonstrasse a ninguém, e
não queria arriscar a ter que
passar tudo de novo.
Um dia ele apareceu bêbado e
tentou me agredir,eu dissera a
ele, que se voltasse á minha
casa, eu chamaria a polícia da
próxima vez.
Então, ele fora dando um
certo rumo a sua vida também
e me deixando em paz.
Minha casa ficara
aconchegante e pacífica.
Sentira eu, minha família
desaparecer de minha vida,
logo depois de minha
separação.
Por outro lado, meus pais
tinham pelo Rubens
verdadeira adoração.
Eu passara a viver mais só, a
receber indiretas de vez em
quando, das pessoas que
mantinham uma certa
discriminação por mulheres
separadas.
Meu sentimento de culpa
fizera de mim, uma mulher
fechada para viver novas
experiências, como se o
mundo houvera terminado
para mim.
Então restara o árduo
trabalho, para recomeçar tudo
de novo. Então todos foram se
afastando e eu trabalhara
muito e nos finais de semana.
Ocupava-me, de colocar tudo
em ordem,pois a semana toda
sempre fora muito corrida
para mim.
Á noite depois do
banho,deitava no sofá para
ver televisão e morta de
cansaço,quando acordara
fora o despertador tocando
para recomeçar outro dia.
E tudo se repetira igualmente
todos os dias.
Meu coração fizera de mim
uma pessoa frágil, pois não
suportara mais ouvir uma
música romântica,então
adotara os rocks dos Titãs,
pois bem,banira o romantismo
de minha existência.
Eu quisera esquecer toda e
qualquer possibilidade de
relação afetiva.
Focara-me em realizar-me em
outras coisas.
Depois de três meses, fiquei
sabendo que ele havia levado
uma garota de programa para
morar com ele.
Eu continuei minha vida
tranquila, muito sozinha, e
voltada ao trabalho.
Estava chegando a época do
Natal, e a loja tinha mais
movimento,eu percebera que
depois de me separar,
passara a não gostar mais
das festas de fim de ano.
Sentira muita angústia e
também ficara deprimida.
Quando eu era criança,
amava a época de Natal,
jamais imaginara um dia, vir a
sentir tristeza nessa época..
Dava um jeito, de sempre fugir
para uma praia deserta, e ficar
tranquila até tudo passar.
Quando tudo passava eu
ficava alegre de novo.
No entanto, as minhas férias,
sempre coincidentemente
,eram no final do ano,
iniciavam logo depois do
Natal, e só terminavam no
finalzinho de Janeiro.
Minha família sempre me
convidara e eu passara a
noite de Natal com eles, e no
dia seguinte viajara para
algum lugar.
Aprendera a ser sozinha e
ser um e jamais fora má
conselheira para mim mesma.
Aproveitava as férias para
descansar bastante e refazer
minhas energias.
Pois minha vida era muito
agitada o ano inteiro,
trabalhando sob a mira de
uma gerente bastante
exigente.
A praia e frescor do mar me
refaziam, geralmente.
Eu resolvera voltar a
estudar, prestara o
vestibular numa faculdade
particular de Letras e fora
bem classificada.
Embora vivesse mais
apressada ainda, a
faculdade me indicara novos
horizontes e eu adorava o
curso.
Fizera algumas boas
amizades, saia para
barzinhos e lugares
diferentes nos finais de
semana, sem muitos
exageros.
Conhecera rapazes
interessantes, mas não
estava disposta a me
envolver com ninguém.
Ficara traumatizada com a
vida de casada, portanto,
não abrira a mão de minha
liberdade conquistada.
Liberdade tal, que viera a
duras penas.
Comprei uma pequena casa
financiada, no mesmo bairro,
e aos poucos fui ajeitando ao
meu gosto, isso me dava uma
satisfação imensa, sentia que
estava progredindo.
Eu pintara as paredes,
refizera os pisos, fora aos
poucos aprendendo quase
que uma nova profissão.
Dentro de um ano a casa
estava maravilhosa, eu havia
feito muita coisa sozinha,
vendo vídeos informativos, e
pondo as mãos a obra.
Cada cômodo que eu ajeitava,
dentro de mim gerava um
grande prazer, minha saúde
física e mental, parecera
melhorar muito.
Era a casa de meus sonhos
que eu conquistara.
Terminando então a minha
faculdade, mantive-me, no
mesmo emprego, mas havia
passado para gerência
ganhando muito mais.
Agora sim,eu podia equilibrar
minhas contas e minha vida
havia ficado bem mais
tranquila em termos
financeiros.
Desde muito cedo, meus pais
ensinaram-me Educação
Financeira, sem saberem que
esta viria a ser importante
para mim e para meu irmão.
Agora já estávamos em paz, e
eles se orgulhavam de meu
empreendedorismo.
Havia literalmente, e
distanciado de Rubens e o
tempo correra abruptamente.
Depois de sete anos, após a
minha separação,eu ainda não
me interessara por ninguém.
Apenas me realizara com a
minha casa própria, meu
carro, e também minhas
economias me punham
bastante segura.
Eu era uma mulher feliz e
pronta para um outro
relacionamento, porém eu
sentia-me fechada para tal.
Talvez fosse medo de me
machucar novamente.
Eu gostava muito de ler,
ficava horas na Internet
lendo, pois o computador
havia se tornado uma
espécie de biblioteca
informativa para mim.
Sem contar os vídeos
maravilhosos que me
ensinaram reformar minha
casa.
Então eu fora deixando meu
espaço simples,porém
encantador para mim.
Á medida em que eu ia
progredindo, mais eu
trabalhava, sentia prazer no
trabalho, mas ás vezes,
ficava estressada e
esbaforida.
Era uma correria, mas eu
tinha a vantagem de poder ir
para casa, á pé, na hora do
almoço e comer a comida
que eu fazia.
Por isso, nos finais de
semana,eu deixava as
refeições todas feitas e
separadas em porções no
congelador.
Quando chegava em casa
punha esquentar no meu
prato feito, no micro-
ondas,era mais saudável e
muito mais econômico.
Eu tinha uma hora de
almoço, contando com o
tempo de ir para casa,
Minha rotina fora ir ao meio
dia almoçar em casa e voltar.
Mesmo assim dava tempo,eu
precisava ser rápida, mas
nada que fugisse de meu
controle.
Era uma rotina de todos os
dias, o mesmo caminho, ás
vezes a aglomeração
proporcionava maior correria.
Outros dias, até eram mais
tranquilos, e quando eu
voltava para o trabalho á
tarde, deixava tudo em ordem.
Nada me esperando além de
um bom banho e o jantar á
noite.
Depois uma televisão, um
filme, uma relaxada e uma boa
noite de sono.
Era uma vida muito regrada,
onde eu jamais pudera falhar,
mas mesmo assim, sentira
gratidão por isso.
Em determinado dia, a rua
estava repleta de carros,
meio dia e meio da semana,
quarta feira ferrada,eu
caminhava a largos passos
para almoçar em casa, pois
morava perto de meu
emprego, o que tornava
minha vida, menos
dificultosa...
Farol fechado e aquele
amotinado de pessoas se
trombando, entre os que iam
e vinham sentido contrário,
começo de verão e o sol se
fazia escaldante, esfreguei
com as costas da mão minha
testa, quando senti uma
gotícula fria descendo pela
face.
A vida e seu cotidiano se
tornava ás vezes muito difícil,
mesmo porque, nunca me
dava tempo para avaliar-me.
Contudo uma correria sem
piedade se apoderava de
mim,como se eu vivesse
apenas para trabalhar em
não trabalhasse para viver.
Ficava ás vezes imaginando
como seria o outro lado da
vida, o lado mais confortável
de uma mulher, onde as
coisas poderiam fluírem com
mais calma, fazendo de mim
uma mulher melhor, mais
tranquila, com horários
menos loucos e mais
definidos.
Mas a minha vida apesar da
loucura, de viver estressada e
correndo.
As vezes sentindo a vida
escoar pelos vãos, sem ao
menos constatar, como seria
eu, vivendo como uma mulher
elegante, sem grandes
preocupações financeiras.
Com esperanças mais latentes
e não apenas aquelas que eu
comumente ia pegá-las a unha
para torná-las em realidade.
Considerara-me feliz, mas às
vezes,eu mesma me
perguntando, se eu soubesse o
que era felicidade, me via toda
enrolada sem saber me definir
feliz ou não.
Enfim, era saudável ,nem feia
nem bonita, e bastando e
pronto.
Portanto, acredito que dentro
da gente, existam outras
prioridades, das quais, não
nos damos conta.
Rapidamente atravessei, quase
tropeçando, em um racho da
sarjeta, e equilibrei, e saí me
equilibrando, e caminhando,
em direção á minha casa.
Os ponteiros disparavam em
tais horas.
Então senti um alguém se
aproximando, e sem mais, nem
menos rodeios, me perguntou
onde eu morava.
Olhei de soslaio, titubeei na
resposta, mas ele, passo
apressado, tanto quanto
insistente, de imediato me
ocorreu, que ele já devia
saber,eu,meio discretamente,
respondi:
Pois é, moro por aí,por aí...
Ele riu de minha resposta, mas
desviou a pergunta querendo
saber meu nome.
Puxa vida!
Pensei:
Que cara insistente!
Faça uma pergunta de cada vez
para não me deixar mais
confusa do que já estou.
Eu lhe respondi esboçando um
sorriso apressado.
A tais altura eu quase correndo
arriscara:
Mariana, respondi com ar de
azedume, porém ele se
manteve calmo, e como é de
praxe, disse que eu tinha um
bonito nome, dizendo se
chamar Jorge.
Agradeci acelerando o
passo, enquanto ele me
seguia no mesmo ritmo...
Ao chegar á porta de minha
casa,eu pensei, mas que
droga!
Porem-me voltei a ele e
disse, que ia ter que ser
rápida porque estava em
horário de almoço, nos
falaríamos por aí.
Ele estendeu a mão, apertou
a minha e disse: Até mais
Mariana, adorei te conhecer!
Eu meio desajeitada, tentei
ser um pouco gentil.
Bati o portão e pensei.
Pois é...
Essa tal formalidade é uma
droga, ele mentiu porque
não conhecia nada sobre
mim.
Como já gastou o verbo
adorar, mediante segundos
de conversa, pois não
passara de um conquistador
barato,daqueles que vivem
cercando as mulheres na
rua.
Entrei em casa correndo
para não atrasar no almoço.
Voltando ao trabalho, sem
perceber, me peguei
pensando de novo no fato,
mesmo sem querer.
Enfim,eu estivera tanto
tempo ausente do amor, da
companhia de alguém, que
nem soubera
mais,talvez,lidar com o fato.
Pensei:
Como estou enfadonha!
Aquele dia transcorreu tudo
dentro da normalidade, porém
dentro de um sufoco
tremendo.
Novos clientes, tão exigentes
quanto chatos,e uma
infinidade de papéis
atrasados para por em dia,
mas em dado momento,
mediante tanta grosserias e
disfarçada complacência.
Me veio, a imagem dele, em
minha mente,eu,uma tola
agitada, e ele tão tranquilo
,mantendo um passo
acelerado para me
acompanhar...
Imaginei:
Ele deve estar desempregado,
ou então faltou do trabalho.
Porque, pose de rico não
tinha.
Devia estar por aí jogando
charme.
Quanta besteira imaginei
,trocando o foco do
pensamento.
Enfim, a tarde havia chegado,
e eu morrendo de cansada.
Só pensava em voltar para
casa e poder aliviar a tensão,
sentir-me inteira ao pisar
dentro de meu querido
espaço...
Pois, a pior solidão para
mim, até então, sempre foi
estar no meio da multidão.
Sempre faltava alguma coisa
familiar, algum sorriso
diferente, alguma palavra
mais informal e verdadeira.
Como isso me fazia falta, em
meio aos
expedientes,superlotados,can
sativos, mas precisava
neutralizar isso, com a paz de
minha casa.
Esta me abraçara sempre!
No trabalho, eu precisava me
desdobrar em gentilezas, e
para não sofrer, tentava dar o
máximo de veridicidades
embutidas ,em tudo que me
incumbiam.
Mas quando era acolhida
dentro de meu recinto, as
coisas mudavam de posições
e uma paz me esperava bem
na entrada da porta.
Saí da loja, as luzes já
estavam clareando a cidade,
foscas e lívidas enfileiradas
na avenida, onde os carros
resmungavam, um espaço
para chegarem depressa, não
sei aonde.
Aí me pus a imaginar como o
mundo é vasto, intenso e
somos apenas pequenas
porções no meio de um
aglomerado na cidade
grande.
Apressei-me em chegar.
Depois de um banho, uma
comida saborosa e simples,
liguei a TV,por não ter o que
fazer antes que o sono viesse.
Porém fui interrompida pelo
som do interfone tocando.
Imaginei quem seria naquela
hora.
Atendi, era ele. Jorge.Nenhum
espanto me causara, porém
também, nenhuma alegria, só
achara aquilo tudo uma
chatice.
Contudo, levantei-me e fui
atender,aí ele me disse ser
meu vizinho, morando logo ali
á três quadras de minha casa.
E que me observava de longa
data.
Eu quase caí das pernas,como
pudera nunca tê-lo visto?
Bem,eu respirei fundo e
requisitei uma paz para mim.
E que além de inteligente e
interessante, me achava muito
bonita também, mas que
sempre faltou coragem.
Eu ficara estática de momento,
mas depois me recobrara.
E ao me ver sempre sozinha
imaginou, que poderíamos
sermos namorados, e que ele
andava se sentindo muito só, e
era só por isso.
Eu fiz uma cara de espanto e
disse:
Isso são modos de pedir
alguém em namoro?
Ora faça-me o favor!
Saia daqui, e não me
importune mais.
Ele tentou me dizer mais
alguma coisa, mas eu fui
abrindo a porta e disse:
Passe bem Jorge!
Estava cansada, desisti da
televisão,
E também de qualquer livro,
caí na cama e dormi feito um
anjo.
Naquele final de semana, saíra
com algumas amigas
assistirmos um filme, que
estava em cartaz.
Fiz uma macarronada no
domingo, comprei um bom
vinho e me dei ao luxo.
De vez em quando, não sei
porque, ele me vinha na
cabeça, já estava me sentindo
uma verdadeira idiota,
encantando-me com besteiras.
Por outro lado, sentira que a
vida me deixara inflexível para
o amor,eu houvera me tornado
uma pedra fria depois da
experiência que tive. Porém
Jorge parecera ser perigoso,se
achegara de mansinho,assim
como quem quer roubar
algo,no caso,meu coração.
Pois , voltei a pensar, que
talvez fosse melhor esse tipo
de sinceridade em um homem,
do que outra mentira qualquer,
se revelando apaixonado.
A segunda feira estava
agitadíssima, e parecia que eu
não havia descansado o
suficiente, ou então, alguma
coisa a mais estaria
acontecendo comigo.
Bem, como era de praxe, nem
dei bola para minhas
conjecturas e continuei
tentando
Tranquilidade.
Dentro do possível, sentindo-
me alegre, fazendo de meu dia,
um dia melhor.
Acreditando que o Jorge
houvera partido para outra
conquista, e aquilo era mesmo
só balela,invenção dele.
Pensei comigo:
Besteira!
Passara o mês de novembro,
minhas férias chegaram, e
como eu estava meio curto de
grana, resolvi alugar um
lugarzinho pequeno numa
praia próxima á São Paulo.
Assim passaria Natal também
e Ano Novo,tranquila,longe
daquele movimento todo e em
paz.
Deixei minhas congratulações
aos amigos e familiares.
Comecei a arrumar as coisas,
ajeitar a casa e me concentrar
naquilo que eu tinha em
mente.
Descansar.
O mar, e aquela beleza toda!
Mas os lapsos de memória
focados em Jorge trazendo
alguma coisa escondida
dentro de mim continuaram
me perturbando.
Estava terminando de tomar
meu café da manhã e o
interfone tocou, imaginei
qualquer coisa, ou melhor,
não imaginei nada, mas
atendi e uma voz bem
casual me dissera:
Mariana?
É o Jorge.
Meu coração me traiu nessa
hora e saltitou de alegria,
mas me contive.
Fui recebê-lo, simulando um
ar de surpresa, quando na
verdade estava até um
pouco contente, pois nessa
época do ano, a presença
de alguém nos faz falta.
Ele me fizera falta!
Mesmo assim , mantive-me,
quase que indiferente, ao
fato alegre para mim,de ele
estar minha casa.
Estendendo amistosamente.
Alegremente, Jorge então
me cumprimentou olhando
nos olhos.
E eu senti um certo arrepio
perpassar-me o corpo, mas
subitamente decidi que
seria a sensibilidade á flor
da pele,que nos deixa a
chegada do Natal, a virada
do Ano Novo.
Ele concluiu francamente,
em meio a minha ligeira
confusão.
Senti vontade de te ver,
depois daquele dia, mas
estava magoado, com tua
atitude.
Eu me desculpei meio sem
jeito, e ele aceitou a
desculpa, e um café
também.
Uma sensação indescritível
pairava entre nós,tão
similar quanto verídica.
Sentamos lado a lado e
começamos a conversar.
Ele era extremamente
inteligente ,e me parecia bem
sincero,eu havia sofrido
muito devido a um
relacionamento com uma
pessoa boníssima para
minha família.
Mas, que me fizera sofrer
muito além de me lesar
também na separação, por
isso, havia me fechado tanto.
Havia prometido a mim
mesma, que jamais passaria
por isso.
Ele começou a me contar
detalhes corriqueiros de sua
vida, de pessoas de sua
convivência, que
coincidentemente, também
eram pessoas amigas
minhas .
A vida fora tomando formas.
Aos poucos fui me
envolvendo, a tal ponto, e
quando dei por mim,
instantaneamente, éramos
grande amigos e namorados
também.
A partir daí, a vida parecia
ter mudado para mim.
Uma paixão sempre muda a
vida de uma pessoa.
Relutante ainda, pensei:
Sentia no coração uma
extrema felicidade comigo
mesma pela sensação de
estar apaixonada.
Sensação essa, que pensei
nunca mais sentir.
Conversamos muito!
Aí me senti mais á vontade, e
quando percebemos já
haviam se passado horas.
Houvera para mim, imensa
transformação nesse dia,eu
estava muito feliz.
Naquela manhã cuidei de me
arrumar, coloquei um esmalte
mais colorido, lavei
caprichosamente os cabelos.
Não fora ele, mas sim,eu
mesma, que me devera esse
carinho, essa atenção.
Pois quando alguém nos fere
ou magoa, a primeira pessoa,
da qual esquecemos somos
nós.
Vamos consumindo nosso
tempo no trabalho ,nas
arrumações caseiras, quase
que em exageros.
Porque precisamos arrumar
um pretexto, para provar, que
nos somos boas companhias,
e que não precisamos de mais
ninguém.
As pessoas que nos ferem,
precisam desocupar tal
espaço de nossas vidas, e
quem as seguram, somos nós.
Quando alegamos,jamais
sentirmos mágoa, que nos
declaramos excelentes
companhia a nós mesmas.
Enquanto fazemos isso, não
percebemos, que apenas
estamos achando uma
maneira diferente de deixar
que a tal pessoa, que tanto
mal nos fez, continuasse
ali,ocupando seu espaço.
Também, interferindo de
maneira drástica, em todas as
nossas atitudes, não porque
elas querem, mas porque
assim queremos e agimos.
Comecei a refletir, o quanto eu
fora indiferente, a tudo que se
referia, a felicidade afetiva.
Nisso eu vivera a vida de
Rubens e jamais a minha e
continuara com a imagem de
Rubens interceptando minhas
possibilidades afetivas.
Porque assim,eu houvera
determinado isso para me
proteger.
Quando esquecemos algum
mal, que nos foi feito,
simplesmente esquecemos, e
tocamos a vida.
Mas, enquanto nos
mantivermos numa defesa
acirrada, tentando nos
protegermos ,certamente
continua nos incomoda
tanto.
Contudo, ainda não
esquecemos...
Mas, naquela manhã, sentira-
me, uma nova mulher, que
sem deslumbres ,ou
encantamentos, em meio a
simplicidade, livrara-me dos
escombros de um passado.
Eu houvera me
reencontrado, como uma
criança.
Que quando resgata seu
brinquedo predileto,fica muito
feliz.
Já havíamos trocado o número
de nossos celulares, e depois
das onze ele me ligou
convidando-me para
almoçarmos em um self
servisse ali perto.
Fomos, comemos de tudo um
pouco, a comida estava
maravilhosa ,e estávamos
radiantes.
Porém, eu houvera esquecido
da reserva, liguei para
desmarcar de última hora,eu
não iria fugir daquele Natal.
Conhecera sua mãe Ivone, ele
conheceu toda minha vida e
meus familiares também.Com a
confiança resgatada investira
no amor, pressentindo que a
vida seria compartilhada
,igualmente por nós dois.
Jorge possuía uma habilidade
incrível para esculturas, e sua
casa era um museu de obra
de artes.
Conhecera um escultor que
aos poucos estava
esculpindo minha esperança
no amor,na felicidade mútua
dentro de minha existência
tão solitária.
Andávamos de mãos dadas
pelas ruas, falávamos com as
pessoas, olhávamos as
vitrines ,e eu,sem o menor
constrangimento, de que o
Natal estava chegando.
Jorge não representava
alguém, que me tinha nas
mãos, mas sim, alguém que
havia me resgatado de novo.
Posto um novo brilho em meu
olhar, e eu sentia isso nele
também, embora suas
histórias tivessem terminado.
Todas elas,segundo ele, de
maneira mais tranquilas.
Era noite de Natal, e
passamos juntos de sua mãe,
na casa dele.
Ele me recebeu na porta, e
roçou levemente meu rosto
com um beijo, nessa hora
senti minha alma beijada, e
meu coração reagindo como
uma menina que vê
borboletas coloridas voando
pelo jardim, numa manhã de
primavera.
Jorge estava me pondo muito
feliz, não restava a menor
dúvida.
Fizéramos nossas comidas
simples ,porém gostosas e
caprichadas.
Estávamos alegres felizes, era
Natal!
Éramos para nós,nosso
eterno presente,pressentira.
Lembrara de minha infância,
colocando capim dentro do
sapato esperando feliz, a
passagem do Papai Noel.
Eu houvera colocado amor
dentro do coração, para
esperar por Jorge, e ele viera
com uma certa antecedência
trazendo-me felicidade.
As luzes , o brilho, o colorido
do Natal apenas
acrescentavam mais emoção
dentro de mim.
Quando em outros tempos,eu
fugira de tudo isso, com uma
dor no peito e extremamente
deprimida.
Passara quase uma década
querendo provar para mim
mesma que a vida poderia ser
interessante ser uma paixão,
um amor.
Porém, mediante ao que
sentira agora, fora explicado.
Então, eu percebera que
quando não compartilhamos
nossa felicidade com
alguém, tornamo-nos muito
egoístas e individualistas
também.
Andar pelas ruas, desvendar
os sentimentos mais nobres,
em época natalina, mudara
completamente a minha vida,
minhas intenções e meus
desejos também.
Deixara o meu orgulho
ferido, definitivamente cair
por terra e simplesmente,
entreguei-me aos encantos
de uma paixão.
Jorge fora o homem com o
qual eu sonhara a vida
inteira, mesmo que
inconscientemente, mas
certificara me de tal fato.
Era a vida renovando suas
chances para mim.
Chegara a hora da troca de
presentes, eu havia
comprado uma bolsa, que
por descuido numa das
conversas, a mãe dele me
disse gostar do modelo.
Quando ela recebeu, abrindo
o embrulho, parece ter
gostado muito, agradecendo
com um abraço apertado.
E para Jorge, uma linda
camisa branca, pois o
branco combinava com seus
cabelos escuros, pele clara e
olhos castanhos.
Ficou linda no corpo dele!
Ele veio em minha direção,
carregando um imenso
pacote,eu fiquei até meio
sem jeito.
O que seria aquilo?
Colocou sobre a mesa e
pediu que eu
desembrulhasse.
Toquei no pacote, segurei,
era duro, inflexível.
Imaginei ser uma de suas
esculturas maravilhosas,
comecei lentamente a
desamarrar as fitas
brilhantes.
Parece que tudo nele era
especialmente simples e
encantador, gostava de seu
jeito tranquilo e desabonado
de formalidades.
Parei em meio ao embrulho e
lhe perguntei,.
O que você está aprontando
comigo?
Pois eu já estava apaixonada
por ele.O medo de nos
assumirmos felizes em
determinada circunstância ,
é vencido pela alegria que
esta nos traz.Eu estava
vencida pela felicidade!
Enfim, o amor.
Então ele tocou de leve, meu
braço,rimos muito, pois
parece que quando estamos
alegres, estamos longe da
doença, e tudo se torna muito
engraçado e prazeroso.
Bem,mas voltemos ao
presente, que me tirava o
fôlego.
Logo de antemão, imaginei ser
uma de suas esculturas
maravilhosas.
Recomecei lentamente, a
desamarrar as fitas
delicadamente colocadas.
Naquele momento, estava
extasiada,não só pelo
presente, mas pelo que aquele
momento representava para
mim.
Uma linda noite de Natal!
Voltara a perceber , porque as
pessoas adoram as noites de
Natal.
E algo me dizia, que não faria
mais sentido algum,eu viver
fugindo da emoção da noite
de Natal.
Renasci encantada, mas com
um encanto simples, com os
pés fincados no chão, na
simplicidade de um presépio,
numa sala.
E eu que sempre fugira dos
sentimentos provocados no
Natal.
Enquanto eu nesse momento,
estava surpreendentemente,
vivendo um Natal
maravilhoso, olhando e
sentido tudo de frente, sem me
esconder ,e sem me proteger
de mim mesma.Um presente,
obviamente seria uma
escultura, lapidada pelo meu
amor, que emocionada,
desembrulhara também o meu
coração, e doara a ele.
Então, muito emocionada
desembrulhando o pacote, e
para minha maior surpresa,
era sim, uma escultura de
bronze,eu que já havia me
encantado com suas peças,
agora vira minha imagem
saltar numa obra de arte.
Estava ali estática, porém
muito,mas muito feliz.
Com a ajuda dele ,fui tirando
os adesivos que colavam os
laços e a imagem foi
aparecendo aos poucos.
Ele começou a me dizer.
Sempre te amei, de uma
maneira especial e intensa
,resolvi esculpir tua imagem.
Enquanto fui esculpindo tua
imagem, dentro da estátua, no
dia, em que me destes aquela
bronca, voltei para casa e
trabalhei boa parte da noite,
naquela tua expressão, que
apesar de tudo, tanto me
Então, emocionada
desembrulhando o pacote, e
para minha maior surpresa,
era sim, uma estátua de
bronze,eu que já havia me
encantado com suas peças,
agora vira minha imagem
saltar numa obra de arte.
Estava ali estática, porém
muito,mas muito feliz.
Com a ajuda dele ,fui tirando
os adesivos que colavam os
laços e a imagem foi
aparecendo aos poucos.
Ele começou a me dizer.
Sempre te amei, de uma
maneira especial e intensa
,resolvi esculpir tua imagem.
Enquanto fui esculpindo tua
imagem, dentro da estátua, no
dia, em que me destes aquela
bronca, voltei para casa e
trabalhei boa parte da noite,
naquela tua expressão.
Que apesar de tudo, tanto me
encantou.
Ao mesmo tempo que me
sentia feliz, também comecei a
sentir, que muitas vezes, em
nossas conclusões de
antemão, atropelamos as
coisas maravilhosas, que a
vida tende a nos
oferecer.Portanto, com um
certo zelo, um certo cuidado,
precisamos dar voz aos novos
discursos, e chances ás
nossas boas percepções de
felicidade.Encantou-me o
presente,aliás,nunca
imaginara na vida, qualquer
coisa tão maravilhosa.Com um
abraço forte, acrescentou
gentilmente:Feliz Natal! Era
uma meia noite!
Era Natal!
Era um misto de gratidão,fé,
amor e paz!
Utopia ou não, abracei-me a
ele, com lágrimas, como
alguém ,que abraça seu anjo
da guarda, sua proteção.
Mas não de um jeito
dependente, ele merecia
muito mais, mas sim ,uma
proteção aberta, que me
protegia de mim mesma, de
minhas investidas contra a
felicidade, de maneira tosca
e absurda.
E doravante, minha vida
tivera tomado um rumo
diferente.
Eu estava me dando espaço,
estava me liberando para
poder livremente dividir a
minha felicidade com o
encantador Jorge.
Aquela noite foi decisiva
para mim, e ao mesmo
tempo, contrastante a tudo,
que eu determinara.
Sempre estipulara uma
maneira radical comigo
mesma, no que tangera ao
amor afetivo.
Conversamos e rimos muito!
Eu abraçara o meu Natal!
Com o coração mais livre,
pondo meus medos todos
para fora, renascera agora.
Mediante eflúvios de paz ,
alegria e a felicidade que me
rondava naquele momento,
confessei a Jorge o quanto
estava apaixonada por ele.
Era simplesmente, como o
eterno sonho escondido
dentro de mim, que o abafara
por medo.
Mas o mesmo aflorara e
conseguira provar, deste
feito, que o coração vencera
a razão.
Pondo razões verdadeiras
e sentido na vida.
Jurei nunca mais praticar
maldade alguma comigo
mesma, porque a vida, atura
feito uma escola, e eu
houvera aprendido a lição,
adquirido mais sabedoria.
Jorge fora para sempre
pessoa que me acompanhara
ao longo dos dias, meu
grande amor, que florescia ali
bem pertinho, mas eu havia
colocado uma venda nos
olhos, para não me permitir.
As decepções existem para
que adquiramos grandes
aprendizagens.
A voz da intuição, uma
grande mestra que nos fala.
Que quando observarmos,
como as pessoas que nos
decepcionaram ,se vestiram
para se chegarem a nós,
jamais incorreremos ao fato
novamente.
Assim, a vida vive nos dando
chance de agregarmos
felicidades "também no
amor”.
Eu até então, era
feliz,realizada,mas o amor
romântico acrescenta um
tempero de sabor inigualável
a tudo que realizamos.
Literalmente cura, espanta
as fobias e medos, muda
completamente nossas
concepções.
Eu fora dura com
Jorge,comigo mesma, porque
houvera instalado dentro de
mim a desilusão de um triste
passado.
Porém, valeu a pena
acreditar mais uma vez, ou
ser pega de surpresa, pela
pessoa incrível de Jorge.
O amor fora um jardim
escondido,que florescera.
Numa manhã eu levantara
sentindo enjoos e Jorge
percebera que eu estivera com
um certo desconforto.
Porém eu não pudera faltar
do trabalho, e fora para loja
mesmo assim, na hora do
almoço, sentira novamente
enjoos, passara numa
farmácia e conversara com
uma farmacêutica que me
recomendara um teste caseiro
de gravidez adquirido na
farmácia e sempre fora
confiável, desde que este seja
feito corretamente, após o
primeiro dia de atraso
menstrual.
Eu estivera exatamente com
uma dia de atraso.
Como nós dois esperáramos
por uma grande surpresa,ou
melhor premeditada,fizera o
exame para me
certificar,então.
Estes testes medem a
presença de hormônio beta
hCG [acrônimo do
hormôniona gonadotrófico
coriónico humano] na urina,
que só é produzido quando
a mulher está grávida, e que
vai aumentando ao longo
das primeiras semanas de
gestação.
Ficáramos impacientes até, e
realmente dera um resultado
positivo, então eu marcara
uma consulta com uma
ginecologista, para
mensalmente e durante a
gestação, ser acompanhada
e orientada por ela.
Ao saber, que teríamos um
motivo a mais para
cuidarmos um do outro, a
felicidade, junto com umas
doces preocupações, nos
sorrira e a vida também.
Foram nove longos meses de
sonhos, sabendo que viria
uma menina para preencher
nossas vidas, escolhêramos o
nome de Miranda, fora de
comum acordo e premeditado,
mesmo antes da gravidez e se
fosse menino seria Gabriel,
mas viera Miranda, a doce
espera de cada dia.Logo
depois do quarto mês, eu
pudera sentir os tais
movimentos e Jorge também.
Fora então, um sinal latente,
de que uma existência,
respondera ao nosso
chamado, fora uma convidada
especial, que estivera vindo
ao nosso
encontro.Arrumáramos um
lindo berço, aliás Jorge o
fizera com os recicláveis em
sua ateliê, uma verdadeira
obra de arte.
Foram nove longos meses de
sonhos, sabendo que viria uma
menina para preencher nossas
vidas, escolhêramos o nome de
Miranda, fora de comum
acordo e premeditado, mesmo
antes da gravidez e se fosse
menino seria Gabriel, mas
viera Miranda, a doce espera
de cada dia.Logo depois do
quarto mês, eu pudera sentir
os tais movimentos e Jorge
também.Fora então, um sinal
latente, de que uma existência,
respondera ao nosso
chamado, fora uma convidada
especial, que estivera vindo ao
nosso encontro.Arrumáramos
um lindo berço, aliás Jorge o
fizera com os recicláveis em
sua ateliê, uma verdadeira
obra de arte, simples,
confortável e exclusivamente
encantador.
Ele entalhara inúmeras
rosas e anjinhos barrocos
na madeira, e depois pintara
de rosa esfumados de
branco.
Olháramos os dois, e
ficáramos um tempão,
admirando o invólucro de
um sonho concreto e
importantíssimo em nossas
vidas.
Ele comprara espumas e
tecidos, e também
confeccionara um colchão,
tudo sob medida, mas de um
encanto espetacular.
As rosas entalhadas na
madeira e os anjinhos
barrocos, também estes os
pintara no colchão.
Tudo parecera ter o
semblante de nossa querida
Miranda.
Estávamos ansiosos!
Durante minha gravidez tudo
ocorrera bem, tanto
comigo,quanto com Miranda,
eu tivera a pressão um
pouco acima do normal,
mas seguindo orientações
de minha ginecologista,
tudo parecera ir muito bem.
Eu houvera combinado na
empresa que trabalharia até
o bebê nascer, assim teria
mais tempo para ficar com
ela depois.
Estando no finalzinho de
expediente um dia eu
começara a ter contratura
involuntária da musculatura,
que me provocara
movimentos desordenados.
E viera acompanhada pela
perda da consciência.
Depois ficara sabendo
através de minha médica,
sobre tais convulsões.
Estas acontecem quando há
a excitação da camada
externa do cérebro .
Chamaram uma ambulância,
avisaram Jorge e eu fora
para o pronto socorro.
Jorge ligara para minha
ginecologista e ela mandara
internar-me imediatamente e
que ela já estivera a caminho
do hospital.
Ela dissera que eu estivera
com pré-eclâmpsia e que o
bebê precisara ser retirado
imediatamente, e ela também
não pudera garantir salvá-lo,
quando nós duas corríamos
risco de morte.
Lembrara vagamente de
estar sendo levada para o
centro cirúrgico, depois tudo
se apagara de minha
memória.
Fora uma experiência única!
Eu tivera eclampsia pois
surgira o aparecimento de
convulsões, porém, não
lembrara.
Fora uma complicação da
gravidez, em que se verificara
a minha hipertensão arterial ,
e também, quantidade elevada
de proteínas no sangue.
A condição aparecera antes
do parto.
E no sétimo mês de minha
gravidez.
Sempre fora mais comum,
segundo minha ginecologista,
durante o segundo trimestre
da gravidez.
O que não acontecera comigo.
Assim que entrara no centro
cirúrgico, eu tivera a
sensação de estar em pé em
um canto da sala observando
tudo, estivera muito
preocupada com Miranda.
Porém subitamente eu já me
sentira em outro lugar e
vivenciara nitidamente, uma
paz, e um prazer imenso,
sentindo alguém de meu lado,
e sem olhar, soubera ser
alguém conhecido.
E numa troca de palavras não
articuladas com vozes mas
nitidamente em pensamentos,
ela me dissera:
Fique tranquila, tudo está sob
controle e Miranda está bem,
eu nesse momento,
tamanha fora a felicidade, que
já nem me preocupara tanto
com mais nada.
De repente eu abrira os olhos,
sentindo um pouco de fadiga e
falta de ar, ouvindo o choro
de nossa filha.
Voltara a sentir o corpo e
suas dores,porém feliz com o
choro de Miranda.
Quando eu voltara para o
quarto, já estivera bem, no
entanto, a nossa filha ainda
continuara na incubadora,
pois
ela precisara de assistência
respiratória, quando os seus
pulmões ,ainda não
desenvolvera o suficiente.
Além disso, ela ainda não
aprimorara alguns reflexos,
entre tais a sucção, que a
permitira sugar meu seio.
Por isso ela fora alimentada
por meio de uma sonda.
Eles retiravam meu leite e o
mantinham em um reservatório
especial, ou banco de leite
humano.O leite materno fora
importante para o crescimento
e desenvolvimento ideal dos
bebês nascidos em tempo
certo, e mais ainda aos
prematuros.
Fatores importantes como o
DHA -ácido graxo vital para o
desenvolvimento saudável do
cérebro e da visão e a
imunoglobulina G anticorpo
fora transportados da mãe
para o feto através da
placenta, ao longo
da gravidez.
Como ela nascera antes do
tempo, fora bebê prematuro,e
não recebera totalmente tais
fatores importantes ainda no
meu útero.
No entanto, meu leite materno
continha mais gorduras e
imunoglobulina secretora do
que o das mães, cujos bebês
,houveram nascidos no tempo
certo.Miranda fora uma
guerreira.Lutara pela vida e a
cada dia que passara a
víramos tomando formas
encantadoras.
E por ser prematura também
tivera o trato gastrointestinal
imaturo, o que pudera
provocar dificuldades na
digestão e absorção de
nutrientes.
Por isso, precisara de um
alimento ideal para seu frágil
intestino processar com
facilidade.
Em tais circunstâncias, meu
leite materno continha
enzimas, que contribuíra para
a digestão facilitada, além do
fator de crescimento
epidérmico, que ajuda o
intestino a amadurecer.
E Miranda fora alimentada
com meu leite, e este tivera
também permeabilidade
intestinal significativamente
menor do que a dos bebês
alimentados com predomínio
de fórmula láctea.
O que significara, menos
partículas potencialmente
causadoras de doenças que
conseguem atravessar o
revestimento do intestino
entrarem na
corrente sanguínea.
O meu leite materno fora
importante para o nosso bebê.
Jorge fora várias ao dia e
ficara olhando Miranda na
incubadora,depois voltara
silencioso ao quarto e
segurara minha mão com os
olhos cheios de lágrimas.
Precisáramos do tempo
agora,pois já houvéramos
recebido os maiores
presentes do céu, que fora as
nossas vidas.
Eu quisera reconhecer,quem
falara comigo, durante o
coma,mas jamais conseguira.
O início da contagem de
minha licença fora feito
somente a partir do momento
da alta de Miranda, contando
não só tal direito meu como
mãe,mas de Miranda como
filha recém nascida.Enfim,
depois de dois meses, nossa
filha voltara para casa
conosco,tudo estivera
esperando por ela ,e logo na
primeira noite ela apenas
acordara uma vez para ser
amamentada, e aos poucos
fora esticando mais o sono,
até não acordar mais durante
a noite, época esta que ela
estivera completando quatro
meses de idade. Ela era uma
menina linda e já esboçara
sorrisos para nossas
conversas e nossas carícias
também.O tempo passara, e eu
precisara voltar ao trabalho .
E Jorge como ficara no ateliê,
passou a levá-la consigo e
não a colocamos em
berçário.
Ela sempre fora muito
apegada no pai e tudo que ele
fizera ela acompanhara e
quando fizera um aninho já
soubera articular muitas
palavras, inclusive papai e
mamãe.
Logo também pronunciara
vovó, dona Ivone a mãe de
Jorge, e também minha
mãe,eram apaixonadas pela
neta.
Minha mãe morava mais
longe, mas dona Ivone,
praticamente ficara o tempo
todo em minha casa, e
reaprendera a cuidar de
criança, só que desta vez,uma
menina.
Ela fizera laços lindos!
O tempo em que eu ficara longe
de Miranda, custara a passar,
as horas parecendo se
rastejarem, mas um fato me
consolara,que além de dona
Ivone, Jorge estivera o tempo
todo cuidando de nossa filha.
Era começo de primavera, e eu
sentira no ar, um clima leve e
perfumado, permeando minha
vida, o amor fora dobrado em
minha existência, pois além de
Jorge, a tal fusão representada
pela nossa filha.Jorge comprara
umas jardineiras, terra vegetal e
semeara margaridas de todas
as cores.Estavam soltando
botões, e tantos, que um
parecera empurrar o outro
para desabrochar.
Ele levara nossa filha, com seis
meses de idade, e ficara
mostrando as jardineiras, e ela
parecera entender tudo.
Miranda nos deixara mal
acostumados, pois seu
sorriso contaminara o
ambiente de felicidade, então
vivêramos fazendo graça para
que ela sorrisse.
Aos poucos a primavera
chegara e em nossa sacada
também, um cheiro de pólen
no ar e as jardineiras
estupefatas de flores.
Margarida sempre fora minha
flor preferida, por isso Jorge
também as adotara como
preferência.
As abelhas, mesmo morando
no quinto andar costumavam
vez ou outra, buscarem
provisões para algum apiário
silvestre.
Uma paz imensa reinara entre
nós.
E Miranda fora o motivo mais
expressivo, de nossa união.
Dona Ivone começara a se
sentir cansada, embora tivera
muita vontade estar com a
neta que agora já completara
um ano e dois meses,
convidáramos para morar
conosco, mas ela se
recusara, alegando gostar de
estar conosco, mas amara
seu cantinho.
Então Jorge sempre levara
Miranda para dar um passeio
pelo bairro e visitar a avó,
pois Miranda adorava e já
falava uma série de coisas,
mostrando alguns utensílios
de dona Ivone ,aos quais ela
achava interessante.
Dona Ivone colocara vários
ursinhos no sofá, àqueles
eram de Miranda, para ela
poder brincar quando lá
fosse.
Era uma festa a casa de vovó.
Mas pedira para Jorge não
levá-los para casa, pelo
menos por enquanto, e Jorge
entendera que fora como
pólen o chamariz para a
abelhinha.
Quando Miranda lá chegara,
sentara no chão e ficara
brincando com eles, e assim
passaram-se anos, fazendo
Miranda adotar a ideia que
casa de avó tem que ter
ursinho.
Um belo dia, Miranda já com
seis aninhos, dona Ivone
dissera para ela levá-los para
sua casa.
Miranda perguntara:
E você vovó, vai ficar
sozinha?
Todos rimos, pois Miranda os
achara animados, e que
faziam companhia á dona
Ivone.
O tempo parecera voar, e
Miranda já houvera entrado na
pré- escola,ela praticamente já
alfabetizada pelo pai,ficara
horas de joelhos escrevendo
sob a mesa do sofá.
Adorava lápis de cores, e vivia
enfeitando as paredes com
desenhos.
Então, Jorge fizera um mural
só para ela desenhar, no seu
ateliê, e ela em pouco tempo
transformara o tal, num
compêndio de histórias em
quadrinhos, e para todos os
lados.
Jorge dissera para ela fazer os
desenhos menores, assim
caberiam muitos, e ela fora
fazendo uma infinidade de
histórias.
Eu me sentira grata feliz e
realizada,pois houvera sido
premiada pelo amor,
E logo, este me trouxera uma
infinidade de encantos.
A cada dia que
passara,Miranda se tornara
numa flor viva, um mimo de
criança, um anjo.
Ela fizera amizades na escola
com outras crianças, porém
sentira encanto pela amiga
Maria que também gostara de
desenhar.Trocavam lápis de
cor e ás vezes, nas sextas
feiras, a mãe de Maria, deixara
ela ficar até as seis em nossa
casa.Elas almoçavam juntas e
conversavam o tempo
todo,Jorge em tal dia, sempre
me dissera sorrindo:
Hoje Miranda esqueceu de
mim.
Ríamos muito, porque elas
ficavam tagarelando o tempo
todo no mural, e quase
ignoravam a presença de
Jorge no ateliê.
A nossa filha vivenciara a vida
com tamanha felicidade,
entendendo ser a existência,
exatamente assim, e para
todos, e todas.
Porém, com o decorrer dos
anos, ao ver pessoas
abandonadas na rua, como
tais, ela fizera perguntas, que
me pesaram respondê-las, no
entanto, minha amada filha,
estivera descobrindo um outro
lado.
O tal lado ,que se pudéssemos
eu e Jorge, eliminaríamos de
seu caminho, no entanto, a
verdade precisara nortear
nosso amor maior, para que
esta pudesse se proteger, para
que o discernimento fosse
acionado.Eu lembrara de
minha infância, igualmente
Jorge e conversáramos, que
fôramos isentos, de uma
responsabilidade maior.
Acreditáramos em tudo que nos
diziam , quando precisáramos
assumir a verdade mais
conscientes, e com mais
absolutismo.
Então vivenciáramos uma era,
em que antagonicamente
verdade e embuste, se foram
fundindo, e invertendo tais
papéis.
Víramos o bem e o mal
diferenciados por sinais, porém
jamais por atitudes, por
maneira de viver.
Nossa filha adentrara tal
mundo, e aos poucos fora
tomando consciência das
próprias atitudes, como uma
representação plausível, ao que
pretendera vivenciar.
E ao descobrirmos com ela o
oposto, também descobríramos
de maneira mais consciente,
como assumirmos os possíveis
desacertos.
Fizéramos do tempo, o senhor
absoluto, que recolhe nossos
detritos e que ventila nosso
coração, espraiando nossos
resquícios de mágoas, mesmo
que estes, presentes num
passado longínquo.
Espelhados em Miranda
pudéramos ponderar, o
quanto nossas carências
foram gritantes, dentro do
silêncio dos dias, de nossa
infância.
E o mundo, o descobríramos
sós e também ouvindo os
discorres dos adultos.
Se houvera alguém, que nos
administrara uma expressão,
alocando-nos assim, como
centro da precaução, foram
nossos primeiros professores.
Somente nossos professores,
e ninguém mais.os nossos
pais tiveram o amor somente.
Também dialogáramos sobre
tal feito, e entendêramos, que
a criança fora aos poucos
sendo agregada, como
incumbes vitais, dentro da
família.
Percebêramos, como tudo
demudara velozmente, entre
uma geração e outra, pois que
felizmente, ou tristemente,
averiguáramos existir muito
mais maldades no mundo, do
que nos fora exposto.
As crianças que desaparecem
em tão insuficientes
procuras, os animais sendo
estupidamente sacrificados,
pois infelizmente Miranda
entrando na adolescência,
pudera constatar buscando e
indo mais além. Infelizmente
gostaríamos expor para nossa
filha um mundo melhor, mas
lamentáramos.
Assim o tempo transcorrera
entre altos e baixos, porem.,
fizéramos de nossas vidas ,
um reduto de erros e
acertos,pois nem todos os
dias acertamos, nem todos os
dias Jorge vendera suas
peças,porém outros dias
vieram e com eles a
compensação.
Miranda já com quinze anos
também aprendera a flexionar
a imperfeição,entendendo que
seus erros, sempre fora um
trampolim para novos acertos.
Miranda tinha uma beleza
incrível,talvez seja pelo fato
de ser mãe dela, eu a achava
esplendorosa.
Ela estivera cursando o
primeiro ano do ensino médio
e ainda não houvera
comentado a respeito do que
pretendera fazer.
Leváramos uma vida simples e
também financeiramente muito
regrada, mas entretanto,
fizéramos de tal regra, um
motivo de aprendizagem e
quando nossos rendimentos
se reparavam,pudéramos
sentir uma grande diferença.
Miranda continuara sendo
amiga de Maria cujos pais
mantinham um nível financeiro
muito elevado,porém tal
circunstância nunca causara
nenhum constrangimento para
Miranda e nenhuma
importância para Maria.
Elas saiam juntas ora
dormiam na casa de Maria,
ora dormiam em nossa casa.
Ora Jorge as levara e ia buscá-
las, ora o pai de
Maria,revezávamos e tudo
saíra primoroso para nós e
para eles.
Era começo de outono e Jorge
sempre saíra pelas ruas
buscando inspiração e
material para suas criações.
Sentira neste o grande prazer
em realmente realizar o que
tanto amara.
Ele fora um exemplo de que os
descartes são preciosidades
nos olhos de um artesão.
Ás vezes, ele dissera ser tão
latente tal inclinação que o
deixara chateado quando vira
descartes que poderiam serem
transformados em belas
obras,mas não tivera como
angariar.
O que a população, sempre
vira como descarte, um
artesão conseguira ver uma
obra pronta já.Através de
Jorge eu descobrira o quão
importante fora a tal
rotatividade, para o planeta.
Miranda fora descobrindo o
lado encantador da vida e
também soubera que
precisara se proteger, pois o
oposto do encanto também
existira.
Acreditáramos eu e Jorge, que
fizéramos bem em
conversarmos com nossa
filha,pois sua presença em
nossas vidas,fora o motivo
maior de nossa felicidade.
Começáramos entender logo
cedo, que o amor, no que
tange aos filhos nos trouxera
alacridades e dores também.
Os dois meses que
esperáramos Miranda lutando
pela vida ,porém viera o
contentamento de sua
chegada,que parecera
demorar um século para
chegar o dia.Mas,quando
chegara fora maravilhoso!
Eu lembrara, das
inseguranças, que me
permearam, na época em que
eu conhecera Jorge, tentara
me libertar, do desejo de
felicidade, o qual tal situação
me apresentara. Pois ,o medo
da felicidade tomara conta de
mim.
Entretanto, aos poucos, eu
fora me acostumando com tal
complexidade, e ao mesmo
tempo, com a plenitude, com
que esta me tocara.
Eu desejara fervorosamente,
que Miranda jamais herdasse
tal insegurança.
Jorge houvera recebido uma
grande encomenda de peças,
que seriam expostas na
França, levariam seu nome
claro, mas exposto por um
grupo envolvido com o “Meio
Ambiente”.
O lucro que o grupo herdasse,
seria investido em grandes
promoções e grandes eventos,
estimulando a ideia, para
outras milhares de pessoas,
inclusive desempregados, que
olhassem para tal com
carinho, e como “meio” de
vida também.
Tendo em mente, de que nosso
planeta estivera há muito já,
esgotando suas reservas, e
que matéria prima jamais
pudéramos produzir, passara
da hora, de olharmos o nosso
habitat, com mais amor.
O ateliê ficara
maravilhosamente,
superlotado de peças
incríveis, e eu aposentada o
ajudara, e aprendera também.
Descobrira como rezar e
escrever amor com as
mãos,dentro da arte.
Jorge estivera numa fase
maravilhosa e eu pudera ver o
brilho em seus olhos, quando
mirava as peças.
As tais, sempre fora sua vida,
e deixando a modéstia de
lado, meu amor era
talentosíssimo, seria
impossível, se optasse por
uma profissão mais rentável, e
deixasse tal talento passar em
brancas nuvens.
Fora já, finalzinho de tarde, e
sentáramos os dois,
apreciando aquela maravilha
toda pronta, eu sentira Jorge
muito emocionado, pois
jamais imaginara, receber
tamanha encomenda, e
também tão rentável.
Certamente, doravante não
teríamos dificuldades
financeiras, e até pensáramos
em comprar um imóvel.
Ele se aproximara de mim e
segurara minha mão, e eu
pudera sentir, como da
primeira vez, o calor exalado
por ele, também chegara a
sentir ,as emanações de seu
amor.
Imaginar que vivera uma parte
de minha existência
desacreditando dessa forma
de amor.
Fugira do contato de Jorge,
por medo de sofrer, e me
cercara de toda proteção do
mundo, quando meu coração
simplesmente me revelara o
contrário.
E eu fora completamente
arrastada, como pétala
descolada, em vento de
outono, como uma flor meio
murcha tocada pelas mãos
delicadas de um lindo e
jovem jardineiro.
Fora exatamente isso que
Jorge fizera, ao me tocar
devagar, relevando minhas
inseguranças, revestidas de
uma proteção brutal,
fintando uma armadura de
aço.
No entanto, meu coração
estivera ali, querendo se
manifestar, depois de seis
meses, numa cerimônia
simples, dissemos “sim” , um
ao outro, porque nos
amáramos.
Ás vezes, o simples fato de
se unir a alguém, quando
não há amor suficiente, pode
nos entristecer, pois
ninguém se casa para dar
errado.
Fora o que acontecera
quando me separara pela
primeira vez, sofrera uma
sensação de perda, de morte.
Meu coração permanecera
endurecido e culpado
mediante a vida.
Passara a me defender do
romantismo, das palavras
carinhosas,enfim,passara a
me defender da vida, estivera
morrendo aos poucos ,e nem
percebera
Completando vinte anos
juntos, e em nossa sala de
estar, aquela estátua
maravilhosa, que tanto me
despertara carinho para
aquele homem encantador.
Nossa filha Miranda com 17
anos, lembrando o dia em que
ela nascera, sendo como um
clima de Natal, e Jorge com os
olhos brilhando ao meu lado.
Nascera nossa filha, o fruto
do nosso amor, o motivo mais
forte de nossa eterna
permanência sempre juntos.
E olhando para meu amor, a
minha filha querida, vejo
nuances de Jorge,
estampadas nela.
Uma tendência artística, um
coração incrível, e quando
me tornei mãe, vivia
preocupada ,com a
educação de nossa filha,
mas Jorge, aos poucos , me
passara segurança .
Em sua maneira de viver, eu
passara a entender a
importância, de me tornar
melhor ainda como pessoa,
pois agora tinha um motivo
muito especial.
Assim combinamos, que
viveríamos sempre de um
jeito a exemplificar com
atitudes, tudo aquilo que
quiséssemos passar á nossa
filha.
Seguramente nos fizera bem.
E percebemos que os erros
existem, mas geralmente,
estes precedem os acertos.
A nossa filha intensificara
nosso amor, nossa vontade
de viver.
As nossas conversas
descontraídas, tornaram-se
um pouco inseguras, quando
nossa filha começou a sair
de casa sozinha.
Porém, tínhamos a certeza
do bem, nela.
Queríamos protegê-la, era
difícil, mas aos poucos,
fomos nos acostumando
com a ideia.
Desejara que minha filha
encontrasse em alguém a
sua felicidade, mas que
também encontrasse nos
estudos ,numa profissão,
estes também nos passam a
felicidade.
Houveram tempos em Jorge,
chegara em casa meio triste ,
abatido, portanto eu nem
perguntara nada, a nossa
situação financeira não era
das mais confortantes. Com
o trabalho dele de artesão e
o meu na loja, vivíamos
tranquilos, sem dívidas,
porém muito restritos, e de
vez em quando Jorge se
aborrecera com essa
restrição, quando suas
peças não eram vendidas.
Porém, quando ele vendia
uma peça, sentira-o
chegando em casa radiante,
trazendo uma pizza para
comemorarmos.
Aprendera a desenhar e
desvendar meu homem
encantador, e minha filha
que sendo fruto de nossa
união, só agregara.
Ela rapidamente arrumava a
mesa e muito sorridente me
dizia:
Mamãe,venha comemorar as
vendas das peças de nosso
artista querido!
Nesse momento
entendêramos ,que tanto
fazia, muito ou pouco
dinheiro, quando o que
tínhamos na vida, não tinha
preço.
Viajávamos em nossas férias,
tirávamos nossas fotos e
quando tínhamos tempo,
sentávamos para colocá-las
em nossos porta-retratos.
Agora já repletos delas, e
nós nunca cansávamos de
nos olharmos.
Jorge esculpia portas retratos
incríveis de materiais
recicláveis e nossa casa vivia
cheio deles.
Miranda também gostava
muito de escrever, e um dia,
eu vi um lindo poema de
amor escrito em seu diário,
transgredi uma regra eu sei,
mas fiquei curiosa para
saber se ela estaria
interessada em alguém da
escola, ou mesmo do ciclo
de amizades que
frequentavam nossa casa.
Quando lhe perguntei sobre
o poema, ela ficou
desconcertada e me disse
qualquer coisa que não
entendi, como “mais ou
menos”.
Depois eu também me
desconcertei pois, o mínimo
que eu devia fazer, depois de
ler as coisas dela era
esperar a hora, pois
conhecia muito bem minha
filha.
Então sabia, que na hora, em
que ela tivesse certeza, e não
mais ou menos, me contaria
tudo.
Eu,como todas as mães, ás
vezes me precipitara, a
respeito de particularidade de
minha filha.
Porém, esquecera, que isso
pertencera a ela, até o
momento, em que ela decidira
me contar.
Miranda parecera ter muito de
mim, em algumas coisas, mas
também mantivera o olhar
confiante e passivo de Jorge.
Ela sempre fora uma filha, que
nos dissera muita coisa,
simplesmente por existir.
Fora alguém, pedindo
passagem á vida, quando eu
dera esperanças a Jorge.
Miranda fora o laço de nossa
eterna união.
O amor sempre transcendera
incansavelmente, quando
estivéramos munidos dele,
mesmo que jamais
percebêramos.
Então, porque passar uma
vida inteira amando um
sonho, que nunca deixamos
exteriorizar?
A condição para amar é
como um DNA que vem
colocado em nossa essência,
podemos sofrer muito por
isso, mas por outro lado, é
um sentimento que nos abre
portas, nos condiciona a
uma estabilidade emocional
incrível.
Ao encontrar Jorge, naquele
conturbado horário de
almoço, encontrava ali
também, minha filha Miranda,
sendo como parte de minha
felicidade.
Como se houvera um
encontro comigo mesma,
dizendo não á minha solidão
e colocando os sins onde o
coração constantemente
requisitava.
Muitas vezes,eu me
questionara:
Porque, eu tinha esse
desejo tão latente em mim,se
a vida, fora tão dura e
radical comigo?
Simplesmente, me perdera
numa primeira experiência
fracassada no amor, e desta
tirara minhas conclusões,
porém assim como existem
homens ruins, existem
outros maravilhosos.
Vivendo, eu descobrira um
novo amor, ele cruzara meu
caminho insistentemente.
Por mais que recusara,este
insistira, fora premeditado.
Durante as tardes de
domingo, saíamos andando
lentamente pelas ruas de
nosso bairro, elas eram
especiais para nós.
Nossa filha namorava há um
ano, um rapaz
alegre,educado,chamado
Luiz ,que cursara a mesma
faculdade que ela de Artes.
Ela estava no final do
primeiro ano e ele
terminando o curso.
Ele trabalhava com vendas
mas gostava de pinturas,
eles se conheceram numa
exposição de artes em que
as esculturas de Jorge
estavam expostas.
Daquele dia em diante
firmaram namoro, ela
conhecera a família dele, e
ele também frequentara
nossa casa.
Ele já houvera aprendido a
esculpir peças junto com Jorge,
era de uma sentimentalidade
incrível pela arte.
Minha filha nutria grande
encanto e afeição por ele,eu o
tinha como filho também.
Miranda tocava violão,
frequentando uma escola de
música perto de minha casa,
nunca quisera fazer
balé,preferira outros tipos de
arte.
Ás vezes ela e Luiz cantavam
lindas músicas populares e
minha filha gostava muito de
escrever também, sempre
vivera dizendo que um dia, iria
escrever um livro.
Jorge sempre brincara muito
com ela dizendo que ele
também quando jovem pensara
assim, porém só plantara
árvores.
Minha vida dera muitas
voltas, escrevera seu curso
em torno de mim.
Portanto, houvera uma
necessidade em me resgatar,
quando estava muito
desligada da potencialidade
de vir a amar.
Eu sonhara, como toda
mulher, principalmente,
constituir um legado junto
de alguém.
Porém, fora tolhida pela
anulação de um homem, mas
que não representara todos
os homens.O amor
compreende uma parte, um
ponto onde todas as luzes,
sejam de compreensão,
sabedoria e auto
realizações, um dia sempre
cruzam.Estávamos ficando
cansados, e perto de nossa
aposentadoria.
Minha vida dera muitas
voltas, escrevera seu curso
em torno de mim.
Portanto, houvera uma
necessidade em me resgatar,
quando estava muito
desligada da potencialidade
de vir a amar.
Eu sonhara, como toda
mulher, principalmente,
constituir um legado junto
de alguém.
Porém, fora tolhida pela
anulação de um homem, mas
que não representara todos
os homens.
O amor compreende uma
parte, um ponto onde todas
as luzes, sejam de
compreensão, sabedoria e
auto realizações, um dia
sempre cruzam.
Estávamos ficando
cansados meu aposentando.
Mas, Jorge porém, como
autônomo, jamais pretendia
se aposentar, mas em suas
estátuas, ele deixara seus
rastros, suas linhas de
pensamentos, suas incríveis
emoções.
Depois de aposentada,
ficáramos mais juntos,
trocávamos ideias,
tomávamos café á tarde, e
tínhamos sempre muito o
que conversar.
Eu adorava seu jeito, sua
maneira tão desapegada,
mesmo sendo o artista que
era.
Vivêramos sempre com tão
pouco, quando faltavam
reconhecimentos, sem que
colocassem suas obras nos
museus.
Mesmo assim, as satisfações
em cada obra pronta.
Ás vezes eu percebia isso
por parte dele, mas eram
apenas lapsos, minutos
depois ele se mostrava feliz
alegre, brincando comigo e
com nossa filha.
Nossa casa era praticamente
um museu de artes, ele havia
pintado também uns quadros
e colocado na parede,
também pintada por ele.
Eu o ajudava, porque isso
me completava ,em minhas
horas de folga, punham vida
em minha essência .
E nossa filha também se
encantara por esse mundo
espetacular.
A nossa casa tinha flores
plantadas por todos os
lados, e as flores eram o
reflexo de nossa
cumplicidade em tudo, de
nossas alegrias.
E de nossas contradições
tão insignificantes também.
Aquele final de ano fora
triste porque eu houvera
perdido meu pai, e minha
mãe também veio a falecer.
A mãe de Jorge estava
bastante doente e
fragilizada.
Íamos todas as tardes ficar
ao lado dela, nunca a
tiráramos, da casa em que
ela morava por
determinação dela, e nós
acatamos com respeito.
Ela era sozinha e o único
filho era o Jorge, que
felizmente tinha quase tudo
dela.
Uma mulher incrível, que eu
aprendera a amar, desde o
dia, em que a conhecera.
Fora para mim um acréscimo
a mais em conhecimento.
Dona Ivone fora aquela mãe
que o coração reconhecera
logo no primeiro impacto, ela
sabia muito sobre flores,
jardim, a casa dela tinha o
jardim mais florido do mundo.
Eu aprendera avidamente,
tudo que ela me ensinara,
adorava as histórias que ela
me narrava [fatos de sua vida]
passara a depender muito
daquela sabedoria e agregara
a tudo, que eu pudesse
descobrir enquanto vida.
Portanto, quando ela
determinou que gostaria muito
continuar no seu cantinho,
fizemos de tudo, para que
assim fosse.
Minha filha Miranda adorava
sua avó, tão doce, tão
delicada e gentil.
Ela era daquelas pessoas que
jamais ferem com palavras ou
mesmo com atitudes.
Pois quando eu adentrara ao
mundo de Jorge ,fora
absorvendo muito de dona
Ivone.
Sempre passávamos os
domingos juntos, ela sabia
elaborar pratos maravilhosos,
receitas que ela mesma criara.
Dona Ivone fora um grande
livro vivo, que durante vinte
um anos eu lera página ,por
página.
Porém, numa tarde ela se fora.
Silenciáramos e choráramos o
seu triste
desaparecimento entre nós...
Seguíramos dias sem nos
acostumarmos com sua
ausência em nossas vidas.
Ela deixara em nós o risco
forte da palavra amor.
As pessoas boas,mesmo que
vivam mil anos sempre deixam
muitas saudades.
Aquele Natal, apesar de
tudo, não fora triste, apenas
rememoramos as nossas
perdas, rezamos e pedimos a
Deus, forças para
continuarmos.
Sentáramos ao redor da
mesa durante a ceia,
trocáramos nossos
presentes, tomamos uma
champanhe juntos, e
brindáramos o fato de
sermos uma família feliz,
pois as pessoas que haviam
partido de nossas vidas,
eram pessoas boas, com as
quais houvéramos convivido
em paz.
Isso nos era motivo de muita
gratidão e felicidade.
Aliás, a verdadeira
felicidade, aquela que
qualquer pessoa do bem
sonha ter.
Custara a entender que
felicidade, são ingredientes,
que vão formando um todo,
em nossas vidas, e para
sermos felizes, compete a
nós, acatarmos a cada
ingrediente, e de cada um
deles fazer a junção para
formarmos o todo.
O amor nos punha mais
unidos naquele instante em
que éramos nós sentindo
saudade de nossos entes.
Um pouco tristes, mas
completamente conscientes,
de que as pessoas boas, são
como estrelas e apenas
mudam seu brilho para outra
dimensão.
Contudo, o brilho de dona
Ivone permaneceu para
sempre em nossas vidas.
Em nossas lembranças,em
nossas tristezas.
Miranda e Luiz nos
participaram que iam se
casar e morar fora do Brasil.
Casariam sem formalidades
e embarcariam para
Londres, da qual só
voltariam para nos visitar
depois.
Fora uma correria mesmo
assim, porque convidáramos
os parentes mais próximos, e
alguns amigos dele e dela
também.
Nossa filha estava linda
vestindo um vestido cheio de
brilho e vaporoso e o noivo
também estava vestido de
branco.
Quando ela entrara na igreja
com Jorge eu não contera as
lágrimas, de felicidade e fora
grata a vida, por me colocar
nesse caminho.
Agora Miranda em tal legado
A nossa filha e seus
descendentes, nossos netos,
seriam a nossa sequência,
dando á vida novas
passagens, novos
personagens que dependem
de nossos sins para poderem
atuarem.
A igreja estava enfeitada com
florinhas silvestres em tom
rosas bem claros, e também
em um delicado chapéu ,as
mesmas flores enfeitando.
Meu olhar se enchera de
encanto, assim como Jorge,
que emocionado não contera
as lágrimas também.
Fora uma cerimônia simples,
mas nos provocara emoções
muito fortes, era como se
fizéssemos uma síntese de
toda nossa vida nesse
instante, desejando toda
felicidade do mundo a eles.
Começáramos o ano nos
despedindo de nossa filha no
aeroporto, pois ela havia
ganhado uma bolsa de
estudos e iria estudar em
Cambridge na Inglaterra.
Uma cidadezinha antiga
localizada a 80 Km de Londres
e sede do condado de
Cambridgeshire.
Em Cambridge, ótima cidade
da Inglaterra para
intercâmbio, onde encontrar
as melhores universidades e
centros de estudo.
Composta de monumentos
com a igreja redonda e de sua
fantástica arquitetura. Bem
próximo a Market Square, um
ótimo centro, Cambridge
respira história, arquitetura,
cultura e educação.
Miranda e Luiz souberam
escolher.
Ficamos eu e Jorge, nos
comunicando todo dia com
nossa querida filha, genro
que se encontrara num curso
de idiomas, asseverando não
voltar mais ao Brasil.
Então, pela primeira vez,
naquele final de ano,
combinamos e fomos passar
o Natal em Cambridge.
Fora maravilhoso poder
apreciar um concerto no
Island. Hall.
Além da diversão musical, o
maravilhoso objetivo desse,
era conseguir doações para
crianças carentes.
Era um ciclo de nossas vidas
fechando e outro já abrindo.
Convém, deixarmos o amor
escrever sua história em
nossa vida, página por
página.
E seguidos pelo coração,nós.
O amor sempre fora um
lembrete entre eu Mariana e
Jorge meu grande amor.
O tempo passara e ficáramos
um pouco fragilizados
fisicamente, porém no que
tangera á essência, o tempo
se incumbira de acrescentar
mais e mais, em nossas
vidas.
A lembrança da mãe de
Jorge, fora uma constante
entre nós, o primeiro Natal
juntos, e meio em cima da
hora houvera troca de
presentes.
“Uma escultura”
Esta marcara para sempre
meu coração, que cheio de
alegria a mantinha
fotografada, dentro da
memória sentimental.
A delicadeza de Jorge, em
momento algum tirara deste,
o homem forte e corajoso
que sempre fora,porém
sempre soubera me tratar
como um cavalheiro, e
simplesmente meu coração
devolvera tal terapêutica,
com muito amor.
Uma cura para um início de
solidão, que ficara no
passado,nosso começo de
namoro, nada dentro da
normalidade,fora que fizera
tal sentimento tão nosso e
tão especial.
Eu tivera todo tempo do
mundo nos anos vividos ao
lado de Jorge, para
asseverar, que a vida ao
lado do verdadeiro
amor,realmente me mostrara
um pedacinho do céu,mesmo
estando na terra.
Lembrara nitidamente de ter
estado num lugar magnífico.
Os nossos toques venceram o
tempo com maestria e a cada
dia mais nos amáramos com
superação.
Mesmo numa invernia
começando,porém um calor
infinito fizera de nossas
existências uma amenidade
pacífica e acolhedora.
Pudéramos confessar, que
éramos quase que uma
unificação de pensamentos
,de palavras e também de
ações.
O amor edificara sua paredes
intensas, revelando com
supremacia, por onde
devêramos caminhar.
Tivéramos ao longo do
caminho,todos os tropeços
do mundo, todos os erros
possíveis,porém ,forte e
imbatível lá estivera sempre o
amor e suas determinações,
entre nós..
Então entardecíamos
tranquilamente, como a mais
linda tarde, que expõe um sol
piscando letargicamente,no
ocre do horizonte .
O tempo fizera de Jorge, um
homem incrível em sabedoria
e compreensão, enquanto seu
cabelos e pelos exibiam uma
cor de luar prateado.
Descobríramos durante nossa
convivência, que a capacidade
de entender defeitos,consiste
em nos aceitarmos como
tal,pois os defeitos de Jorge,
sempre fora o meu reflexo
neste, e vice versa.
Chegáramos á conclusão, que
descobrir, sempre fora muito
mais do que aprender.
E aprender sempre implicara
um pouco de
sofrimento,persistência e
paciência.
Jorge chegara em minha vida
como um presente do céu, eu
sempre exagerara em meus
carinhos, chamando-o de
benzinho o tempo todo, ele me
olhara longa e profundamente,
esboçara um sorriso, depois
ficara sério de novo.
Era maravilhoso saber e
esboçar a cada atitude sua
dentro de meus sentires, ás
vezes até exagerado, porém
para ele, eu sempre me cobrara
mais e mais.
Minha vida sempre fora um
reduto cercado de pessoas
boas, se a vida em algum tempo
me fora difícil, porque seria
uma necessidade para meu
crescimento espiritual.
Eu gostara de arrumar minha
casa, ou melhor nossa casa e
colocar todas as esculturas de
Jorge arrumadinhas dentro de
seu ateliê.
Ele sempre fora muito
sentimental, pois fora um
artista ,um intelectual, porém
de uma simplicidade elegante
e cativante também.
Eu contara as horas para vê-
lo quando ele viajara sozinho
e ficara imaginando que eu
criara quase que uma certa
dependência, tamanho era
meu amor, meu apego.
As primaveras sempre
enchiam as avenidas perto de
nossa casa de ipês
multicoloridos, e gostáramos,
de toda tardinha dar um
bordejo, pelas
circunvizinhanças e desfrutar
do espetáculo a céu aberto.
Nossas mãos entrelaçadas
ritmavam as sístoles de
nossos corações.E para
mim,uma empata convicta
deixara que tal condição me
fosse motivo de gratidão
O coração de Jorge
encontrara em meu caminho
uma certa acomodação,e eu
simplesmente gostara de
pressentir tal sensação
amorosa ,que muitas vezes,
nossos corações pareciam
baterem de mãos dadas.
As nossas viagens a Londres
nos aproximavam mais ainda
quando juntos conseguíramos
captar um ar de tranquilidade
nestas.A última vez que
estivéramos lá, passeáramos
pela Baker Street é uma das
mais notórias ruas de
Londres situada no distrito de
Marylebones, em
Westminsterr.
Seu nome fizera alusão ao
construtor William Baker
,sendo o principal dentre os
responsáveis pela construção
da obra no século dezoito.
E entre os inúmeros pontos
turísticos, permanecera
sempre, a residência fictícia,
do detetive Sherlock Holmes e
do Dr. John Watson.
"Elementar meu caro
Watson"Quem esquecera? A
rua originalmente tivera foco
residencial, atualmente
fora mais ocupada por
edifícios
comerciais.Passáramos
nossas densas tardes, fintando
durarem minutos, quão grande
fora o encantamento, que tal
nos trouxera.Também
gostáramos descansar numas
praias simples e praticamente
desertas do litoral norte do
Brasil, tais como a minúscula
praia do Juquehy, a qual
consideráramos sempre, a
nosso ver, uma das praias
mais lindas do mundo.
As vezes Jorge me dissera
que poderíamos ser muito
mais ricos, se ao invés da
escultura ele houvera
optado por outra profissão
ou simplesmente ter
mantido um emprego e
cursado engenharia.
Porém, mesmo tendo nossa
casa comprada por mim
quando ainda solteira,
depois da exposição na
França, nossa vida
financeira mudara
completamente.
Mas eu sempre admirara em
Jorge, o simples fato de
fazer na vida o que lhe
gerara prazer, mesmo só
trazendo grandes
rendimentos, porém a longo
prazo.
Ele me dissera sempre, que
graças a uma escultura,
Fora o homem mais feliz do
mundo, eu o abraçara com
ternura e gratidão.
Nossa filha Miranda sempre
fora uma menina muito
amorosa e nos ligara todos
os dias de Londres dando
notícias.
Também nos participara que
estivera grávida e se fosse
menina seria Mariana e se
fosse menino chamaria
Jorge.
Ficáramos felizes com a
notícia enfim, afinal ser
avós implica em sermos pai
duas vezes.
O tempo transcorrera,
Miranda e Luiz
participaram, que seria um
menino, então fizéramos um
jantar simples para
celebrar.Pois teríamos mais
um agregado
À medida que o tempo fora
passando, fôramos
diminuindo nossas visitas a
Londres, estávamos um
pouco cansados e nossas
produções também eram
escassas.
Houveram dias em que
resolvêramos descansar ou
melhor, dar um tempo para o
ócio.
E assim passáramos os dias
mais felizes que me vêm na
lembrança, desfrutando de
nossa presença,
conversando bastante e
jogando o olhar para fora da
janela.
Jorge houvera comprado um
apartamento maior e nossa
casa entrara para completar
o valor deste.
Era maravilhoso o fluir da
tarde, os carros esbaforidos.
As pessoas cruzando os
sinais,enfim,era o nosso bairro
querido que nossas vidas este
tinha em seu interior.
Jorge nesses dias aproveitara
para falar sobre o futebol de
várzea, as mangas colhidas
nos galhos, que davam para a
rua.
As pitangas azedinhas que
despencavam nas calçadas,
florescendo e frutificando o
tempo todo.
As quaresmeiras, que
comumente plantavam também,
as goiabeiras que atraiam
passarinhos e crianças, esse
fora nosso bairro, que nos
permitira viver uma infância
livre e acomodada, que cada
cantinho deste, parecera
sempre a extensão de nossas
moradias, porém, nunca nos
víramos.
Nosso neto crescera e já
estivera cursando medicina em
Londres,eles vinham pelo
menos duas vezes por ano nos
visitarem.
Jorge começara a sentir muito
cansaço e dormira demais.
Acordara de manhã, mal
tomara seu banho e o café e
voltara para cama, caindo
dormindo.
Os ânimos desapareceram
todos e me dissera ele sentir
um sono comatoso,do qual
sempre fora difícil acordar.
Marcáramos uma consulta com
um clínico,mas ele nos enviara
a um psiquiatra,alegando
tratar-se de uma depressão
atípica.
Condição que deixara Jorge
completamente alheio á vida.
O sintoma central,sempre fora
alteração da capacidade física.
Pois estando imune ao afeto.
Afetara diversas áreas da
vida de Jorge, o trabalho, o
encanto pela vida, a
capacidade de sorrir.
Sentira bastante fome ao
acordar, mas sair do sono
ao estado de alerta,alegara
ele ser um sofrimento.
E quanto mais ele
dormira,mais se sentira com
sono e fragilizado,fora um
estado comatoso que o
enfraquecera dia após dia.
O médico entrara com
medicamentos,porém quão
severa resistindo ao
medicamento também,Jorge
lutara arduamente contra
esta.
Uma depressão comatosa
fora difícil de encará-la,pois
que se não encararmos,ela
nos carrega para o coma.
Ele dissera vivenciar o tempo
inteiro lutando para não ser
carregado, pois o sono era
intenso, tipo um apagão,eu o
acordara,mas este custara a
sair as cama,fora
constantemente uma luta para
mantê-lo animado e acordado.
O médico me alertara para
acordá-lo e ajudá-lo a lutar
contra a terrível doença.
Jorge perdera o encanto pelas
peças que fizera,mantivera-se
carinhoso,porém a tal
condição o punha ausente da
vida,quando um tipo de fuga o
dominara o tempo todo.
Ele dissera que dormir era
como abandonar
definitivamente a vida,porém
acordar fora como arrebentar
uma pedreira em cada estado
de alerta.
O médico resolvera interná-lo
e eu ficara de seu lado
Porém ele mudara a medicação,
e mudar esse tipo de medicação
no meio de uma depressão
comatosa implicara um grande
perigo á vida de Jorge,por isso
o mantivera numa UTI.
Eu sentira meu coração
apertado,pois fora uma
eliminação de serotonina,
quando o neurotransmissor
deixara de funcionar
completamente.
A alimentação fora constituída
de alimentos que continham o
triptofano, mas a reversão, no
estado em que ele se
encontrara fora lenta e
gradativa.
Seu médico tentara mil
subterfúgios para ressuscitar
Jorge.
Eu me sentira voltado para
aquele lugar e ouvindo de
alguém que tudo fora dar certo
Sair de uma depressão severa
fora como nascer de novo para
Jorge,aos poucos ele fora
sentindo o gosto pela vida, o
amor e também o encanto pelas
artes.
Esse tipo de depressão, dissera
o médico,pode reincidir se não
tomar os devidos cuidados e
Jorge fora condenado a tomar
anti depressivos a vida inteira.
Portanto ele alegara não se
importar com tal fato, uma vez
que não viesse a sentir sintoma
tão brutal.
Miranda ficara feliz com a
melhora de Jorge,ela e Luiz
resolveram passar uma
temporada conosco,uma vez
que Jorge nosso neto, já na
faculdade,soubera administrar
tudo muito bem.
Ele tinha uma namorada
brasileira que se chamara
Rebeca
E ela fora ficar com ele,assim o
ajudara a ajeitar as roupas e
outras coisas mais.
Estando aqui no
Brasil,Miranda, durante o
jantar dissera que Rebeca e
Jorge iam morar juntos e como
nosso apartamento de São
Paulo fora grande e
confortável,cederiam o
apartamento de Londres ao
nosso neto e morariam
conosco.
Fora a melhor notícia para eu
e Jorge, que ficáramos
perdidos dentro do imenso
apartamento.
Miranda e Luiz também
trabalhavam com artes mas era
pintura, ambos eram
reconhecidos pelo talento.
Expunham seus quadro nos
museus do mundo todo.
Também os mantinham
expostos
Para Jorge fora muito bom ter
Miranda e Luiz ao nosso
lado,nossa família ficara
ainda maior,quando nosso
neto resolvera morar com
Rebeca.cujos pais eram
brasileiros também morando
na Vila Madalena em São
Paulo mesmo.
Miranda já os havia recebido
em Londres e ficara
completamente pasma quando
soubera que Rebeca era filha
de Maria, sua grande amiga
do passado.
Eu e Jorge ficáramos muito
felizes e fizemos um jantar em
nossa casa para comemorar.
Desta vez fizéramos uma
pasta, carne vermelha, salada
de palmito com ervilhas,porém
tomáramos suco natural de
uva por causa dos
medicamentos de Jorge.
Maria estava linda e Miranda
ficara conversando o tempo
todo com ela.
Maria se casara com Serafim
que o conhecera no curso de
biomédicas, cuja profissão
exerciam os dois, trabalhando
no laboratório do pai de
Maria,médico conceituado,
porém diminuíra os
honorários, por conta da idade
também.
Jorge parecera nunca estar tão
bem,e voltara a reciclar
materiais, juntamente com seus
ajudantes.
Os primeiros ajudantes já
tinham oficina própria, e
diferentemente ,mas
incentivados por Jorge
fabricavam todos os tipos de
móveis e utensílios, mantendo
trinta empregados.
Pais independente se faz com
povo auto suficiente.
Ele os conhecia de longa data,
pois eles recolhiam os materiais
que Jorge comprara, sempre
pagando uma quantia razoável,
para estimulá-los.
Agora, com o trabalho nas
peças, estes já não precisariam
dormir no albergue, Jorge os
ajudara, a locar uma pequena
casa, e os dois moravam junto.
Eram o Samuel e o Ramão, dois
amigos inseparáveis, que
haviam dentro de uma única
alternativa de existência,
desenvolvido o amor pela arte
também.
Eles se especializaram em fazer
mesas reforçadas, bancos
compridos e cadeiras pesadas
de madeira, em casa nas horas
de folga, e já tinham uma certa
clientela.
Dentro de pouco tempo, estavam
cada um morando em seu
aposento com suas esposas..
Ele os conhecia de longa data,
pois eles recolhiam os
materiais que Jorge comprara,
sempre pagando uma quantia
razoável, para estimulá-los.
Agora, com o trabalho nas
peças, estes já não precisariam
dormir no albergue, Jorge os
ajudara, a locar uma pequena
casa, e os dois moravam junto.
Eram o Samuel e o Ramão, dois
amigos inseparáveis, que
haviam dentro de uma única
alternativa de existência,
desenvolvido o amor pela arte
também.
Eles se especializaram em fazer
mesas reforçadas, bancos
compridos e cadeiras pesadas
de madeira, em casa nas horas
de folga, e já tinham uma certa
clientela.
Dentro de pouco tempo, estava
cada um morando em seu
aposento com suas esposas.
Ele os conhecia de longa
data,pois eles recolhiam os
materiais que Jorge comprara
sempre pagando uma quantia
razoável para estimulá-los.
Agora, com o trabalho nas
peças, estes já não precisariam
dormir no albergue,Jorge os
ajudara a locar uma pequena
casa e os dois moravam junto.
Eram o Samuel e o Ramão,
dois amigos inseparáveis que
haviam dentro de uma única
alternativa de
existência,desenvolverem amor
pela arte também. Eles se
especializaram em fazer mesas
reforçadas,bancos compridos
e cadeiras pesadas de madeira
em casa nas horas de folga e já
tinham uma certa
clientela.Dentro de pouco
tempo,estavam cada um
morando em seu aposento com
a esposa.
Quando largados pela
rua,desiludidos jamais
pensaram em arrumar
alguém,mas depois da vida
tomar sentido,foram
despertados para o amor.
Jorge vivia garimpando
catadores de recicláveis e os
orientando, e todos eles
conseguiam direcionar a vida
para um caminho mais digno e
prazeroso.
A auto suficiência faz com que
as pessoas se sintam
valorizadas e úteis em nosso
planeta.
Jorge sempre alegara que fora
dever de quem tivera
autoridade nas mãos,
auxiliarem,orientarem,pois
ninguém gosta de viver de
ajuda.O mundo fora um sopro
divino com o intento de dar
certo,sem interferências.
O tempo passara e aos poucos,
Miranda e Luiz assumiram os
compromissos de nossa casa
no que tangera a pagar contas,
verificar consertos e outras
coisas mais, Jorge agora
cansado e abatido, passara os
dias com o olhar perdido num
vazio imenso.
Estivera fazendo tratamento de
novo contra a tal depressão
atípica, ele passara também
tardes inteiras em sono
profundo e quando o
acordáramos, ele sentira muita
dificuldade para sair da cama.
Não houvera perdido o apetite,
mas mesmo assim, se sentira
fragilizado e cansado, faltara
ânimo para tudo, embora ele
lutasse contra a terrível
depressão.
Eu tentara descobrir um
motivo aparente para tal.
Contudo seu médico, dissera
que esta surgira sem motivo
aparente e que uma deficiência
no neurotransmissor, o levara a
tal letargia.
Ele reclamara comigo o mal
estar brutal a que estivera
sendo acometido, pois não se
sentira ajeitado dentro de seu
corpo, um sintoma estranho e
extremamente desconfortante.
Ao vivenciar a tal doença de
Jorge, notara que a medicina ou
a Ciência, bem pouco ainda
soubera ou fizera pela
depressão.As pessoas
acometidas pelo brutal
desconforto, jamais foram
suicidas, embora se sentissem
muitas vezes vencidas pelo
brutal desconforto e vira na
morte uma fuga.O rosto de
Jorge mudara completamente,
ficara inexpressivo e triste,
enfim, sem vida.
Seu médico resolvera interná-
lo de novo, mas Jorge relutara
contra, no entanto acabara
cedendo, quando desprovido
de qualquer vontade, não se
importara onde estivesse.
Eu vira aos poucos, durante o
tempo de internação, meu
amor sendo levado por um
sono comatoso e profundo,ele
parecera não ter mais vontade
de voltar,quando tal feito para
ele ,sempre fora muito
doloroso.
Ele parecera já não mais lutar
contra a tal depressão e aos
poucos fora se
entregando,eles tentaram
todos os métodos
possíveis,mas esta fora severa
e invencível.
Eu soubera que não
adiantaria eu ficar tentando
reanimá-lo,pois tal animação.
Tal fato não dependera de
Jorge,mas sim do
funcionamento de seu
neurotransmissor.
Eu vira que faltara recursos
para livrar uma pessoa
acometida de tal mal, estes
ainda eram precários e assim
eu vira a depressão levando
meu amor embora.
E numa manhã ele parecera
acordar,porém quando a
enfermeira viera dar-lhe os
medicamentos ele não reagira.
Levaram-no para a UTI e lá ele
passara o dia todo num sono
comatoso e tivera uma parada
cardíaca, contudo o
desfibrilador não conseguira
reanimá-lo.
Jorge se fora e me deixara
para sempre, e minha vida
também perdera o sentido
logo após sua partida.
Nossa casa estivera
impregnada pelas mãos de
Jorge, em todo lugar houvera
suas marcas, seus feitos, suas
histórias.
Eu jamais fora dependente,
porém tivera em Jorge, o
motivo maior de minha
felicidade, de minha
compreensão de vida, e a
partir deste, viera uma
avalanche do amor, que desde
então me cercearam.
Miranda sempre me
consolara, dizendo para eu
chorar quando tivesse
vontade, e chorar muito, e
assim, aos poucos eu fora me
aliviando da dor do coração
partido, mas a saudade, á
medida que o tempo passara,
fora aumentando.
Chegara um verão
causticante,eu me lembrara,
As nossas conversas fluindo na
sacada depois que ele houvera
ajeitado o ateliê.
Miranda e todos os seus
empregados, deram
continuidade no trabalho
deixado por Jorge.
A rua por onde morávamos
vivera vazia, para mim
doravante, o meu querido
artesão fora reciclar, as
estrelas no céu, com certeza.
Quando a noite chegara, eu
ficara por horas inerte na
sacada, e meu pensamento
parecera se comunicar com
Jorge.
Jamais, um Jorge abatido e
depressivo como nos últimos
dias, mas sim, um Jorge feliz e
sorridente, me esperando em
algum lugar.
Eu conseguira sentir, em dados
momentos, a sua presença.
Quando viera o outono,
também sentira sua presença
caminhando pelas ruas,
quando juntos curtíamos a
beleza e o clima de tal
estação.
Eu precisara crer e sentir, que
Jorge apenas voltara mais
cedo para a casa, e que me
aguardara, contente e feliz.Os
seus pertences permaneceram
intactos, e aquela maravilhosa
estátua que nos unira, ficaria
para sempre num canto da
sala ,marcando a presença, de
um amor imbatível.Soubera
eu, que Jorge estivera nos
protegendo e conversando
muito com dona Ivone, então
no meu pensamento, as
palavras caiam como folhas
levadas pelo vento leve, ou
pétalas perfumadas, que
deixavam as flores, e viajavam.
Eu sentira entre as estrelas.Eu
tivera Miranda, que fora o fruto
de nosso amor, e esta me
fizera companhia, me aliviara e
me enchera a vida de
significados, com sua ternura,
com seu amor vibrante.Porém,
quando sentira a presença de
Jorge, de imediato sentira um
calor diferente e uma paz
absurda, fora sempre a
sensação que tal amor me
passara.Eu quisera pedir a
Deus, que me deixasse levar
por estupenda sensação,
porém em meu pensamento
viera como resposta, que
minha hora ainda não
chegara.O nosso neto com
nome de Jorge viera sempre
nos visitar, ele e Rebeca filha
de Maria, que fizera companhia
a Miranda, quase todos os
dias.
Eu jamais pudera imaginar,
que nossa vida se resumira,
numa estadia tão perene aqui
na Terra, sempre soubera ou
pressentira, que a melhor
parte obviamente fora, aquela
que estivera por vir.
Pressentira, Jorge me dizendo,
o quão libertador, fora a
consciência, livre do nosso
querido corpo.
Também sentira ele me
dizendo, para que eu cuidasse
bem de meu corpo, para que
ele me carregasse com
jovialidade, até meu último
instante.
Eu carecera de um corpo forte
e saudável, para que assim,
meus filhos pudessem viver
em paz.Em minhas orações
tão profícuas, estiveram
sempre e acima de tudo as
determinações de Deus.
Quando "este" que me
consolara,que me dera o
amor, ao qual devera a minha
felicidade, estando ele
presencialmente, ou não.
A nossa história fora
constituída, numa página em
branco todos os dias, e
mesmo com Jorge ausente,
sentira essa página se
abrindo, para que eu a
minutasse recorrentemente.
Minuta esta, que começara
com um coração agradecido,
com um bem estar sentido, de
maneira a ser diferente, de
tudo quanto já sentira
antes.Jorge fora me
conduzindo e me assimilando
fatos, para que eu criasse
forças, exemplificando minha
conduta, a contaminar nossos
seguidores.
Nossos familiares queridos.
Mostráramos um mundo
encantador para nossa filha,
porém também mostráramos
os percalços, pelos quais
estivéramos sujeitos, e
sempre.
Miranda e Luiz souberam, o
quão dificultosa fora minha
existência, a partir da
ausência de Jorge, por isso
sempre me ampararam em
minhas fraquezas, e
entenderam, o quanto eu
precisara chorar ás vezes.
Entenderam também, o quanto
a vida fora bem vivida, e
aproveitada da melhor
maneira por Jorge, e que a
depressão fora o motivo e a
determinação, pela qual,
Jorge estaria feliz e livre, e de
qualquer maneira, ele a
vencera.
A essência livre e esclarecida.
Fora uma travessia, um
trampolim para poder galgar
os degraus da supremacia, do
encanto almejado por todas as
pessoas, cuja existência,
depositaram sempre nas mãos
de Deus.Então, obviamente, eu
jamais pudera alegar que
minha vida estivera triste com
a partida de Jorge,somos
apesar de tudo, e de todos que
nos cerceiam sempre muito
sós. Chegamos sós,porém nos
braços de nossos
progenitores,que aos poucos
vão equilibrando os nossos
passos, mas com o passar do
tempo, mesmo sem estes nos
dizerem nada sobre.Os nossos
momentos a sós nos mostram,
que carecemos nos
preenchermos de nós mesmos,
para que nossa vida seja bem
acompanhada.
Eu dormira ás vezes envolvida
com uma peça de roupa de
Jorge,usara uma camisa dele
fresquinha para dormir no
verão,era um jeito de estarmos
juntinhos presencialmente.
Ás vezes, eu
pressentira Jorge ao meu lado
me dizendo coisas,com uma
inteligência incrível jamais
mensurada antes.
Ele sempre fora de uma
sensibilidade especial e
pressentira além do normal o
possível e o impossível,porém
quando nos comunicáramos
por pensamento,sentira
tamanha elevação de Jorge tão
distanciada deste plano.
Eu pudera perguntar coisas
em pensamento e também ouvir
suas respostas,muitas
vezes,mesmo antes que eu
perguntasse.
Quando eu sonhara com
ele,eram sonhos mais que
reais e caminháramos de
mãos dadas conversando e
sorrindo para as plantas,para
os passarinhos e as
borboletas que habitavam
aquele jardim por onde ele me
levara sempre.
Muitas vezes,eu ouvira uma
melodia lindíssima,cujo som
jamais ousara definir neste
plano,eu jamais estivera tão
ligada a Jorge quanto depois
de sua partida deste plano.
As noites eram trocadas pelos
dias que concomitantemente
eu tocara minha vida fintando
estar sozinha,mas quando a
noite e o sonho
chegavam,viera Jorge
juntamente com aquela
sensação espetacular.
A centelha aquecida de amor.
Eu sonhara a noite toda e
todos os dias,dormira e
descansara meu
corpo,enquanto minha
consciência desfrutara da
doce companhia de Jorge.
Íamos para qualquer parte do
mundo,tínhamos como norte o
ilimitado e ás vezes,surgira
uma luminescência
espetacular, era a síntese do
amor maior triscando nossas
essências,eu quisera sempre
ficar um pouco mais,mas as
seis horas da manhã,sentira
meu corpo retornando ás
atividades rotineiras.
Quando eu tivera eclampsia
eu vivenciara uma experiência
a qual me mantivera uma
porta aberta ás comunicações
incríveis.E de vez em quando
eu participara a Jorge alguns
fatos.
Então ele sempre me dissera
ser tudo muito bom.
Eram sensações
esporádicas,mas depois da
partida terrena de Jorge, aos
poucos, á medida que eu fora
observando e tomando como
normal,fora intensamente
aumentando,até que eu
passara a conviver com Jorge
normalmente quando dormira
e saíra do corpo.
Meus dias se tornaram
encantadores,minha filha
notara minha mudança,porém
sentira que não devera relatar
nada a ninguém.
Minha fé triplicara e nenhuma
dúvida restara para mim,o
mais difícil era esperar até
voltar para casa,mas mesmo
assim,eu desfrutara de uma
sensação maravilhosa.
Vivera meus dias mais alegres
Eu observara boa parte da
humanidade feliz e
acomodada com o advento da
cibernética, fizera parte de tal
humanidade, caso contrário
não estivera escrevendo
minha história.
No entanto, começara a
perceber, que Deus sempre
estivera além, de tudo que
pudéramos imaginar.
Além da cibernética, além da
Ciência, além de qualquer
evolução, que jamais tal
capacidade humana deste
plano, pudera imaginar.
Minha comunicação com Jorge
fora sempre aprimorando
meus conceitos,
embora jamais pudera me
equiparar a ele, que já fizera
parte de um plano muito mais
evoluído.
Sentira que ao ler a bíblia,
Fosse tanto Antigo como
Novo Testamento, vira em
Jesus filho de Deus, o maior
cientista que passara pela
humanidade, por mais que
este plano perpasse milênios,
jamais alcançará tal evolução.
Eu sentira também, uma nova
forma de comunicação entre o
carnal e o espiritualizado, ou
melhor, a consciência.
Todas as noites para mim, se
tornaram revelações advindas
de um plano maior, no
entanto, o bastante que eu
soubera, fora ainda
insuficiente e apoucado.A
saudade de Jorge neste plano,
para mim, houvera sempre,
quando sentira, que este
estivera junto de mim,porém
distante em discernimento,
em tais momentos meu lado
humano entristecera.
O nosso amor sempre fora
intenso e abrasador, porém
nada que se conferisse, quando
estivéramos juntos em outro
plano.
Tivera plena certeza de que
minha volta seria esperada por
ele, porém precisara eu, viver a
cada momento desta existência,
em plenitude e fé.
Tivera nítida certeza de que
jamais pudera deixar meu
sonho fenecer e a cada dia,
eu precisara me reinventar, me
renovar.
Entendera eu, que precisara de
minha determinação,
pois ainda, eu fora viageira,
numa existência avisada,
enquanto Jorge pudera
livremente, pairar dentre um
polo a outro, em frações de
segundos. Eu experimentara o
amor de minha filha
Incluindo genro e netos em
grande proporção, porém do
outro lado, tal amor tomara
proporções incalculáveis,
uma centelha da luz divina me
fizera querer estar intacta por
milênios, apenas por senti-
la.Eu começara a dizer coisas
para minha filha, mas ás vezes
ela me olhara com olhar
tristonho, pois me imaginara
fora de minhas faculdades
mentais, então soubera, que
precisaria me limitar.Eu
estivera incólume a quaisquer
julgamento, jamais porque eu
quisera, mas porque tal
assimilação, me fora
dada.Quando meu neto viera
passar férias conosco
juntamente com minha neta
Rebeca, filha de Maria,
sentira Jorge nos visitando
intensamente.
Eu percebera que, para
acessar uma paz divinamente
pronunciada, eu jamais
precisara frequentar lugar
algum, apenas acessar meu
lado melhor em atitudes,
ou simplesmente me
redescobrir em Deus aos
poucos, pois tal dimensão
pesara muito em mim, e eu
sentira “necessidade” de me
conectar com a leveza, que me
elevara, que me conduzira
mais além...
Que me estendera a mão, em
dados momentos, em que eu
carecera tanto de algo, que
talvez, ao meu entorno, já não
existira mais.
Miranda minha filha, sempre
fora uma criatura maravilhosa
e também Luiz,
juntamente com meu neto
Jorge e a esposa Rebeca.
Pois,estes constituíam a
minha família, a minha
continuidade,talvez,mas ainda
eu tivera meus momentos de
sono ,de fuga, de fraqueza.
Eu sempre procurara um
ponto de partida dentro de
mim, para poder me
reconstruir novamente,
e voltar a vivenciar a “vida” ao
lado de Jorge quando deixara
meu corpo, durante o sono.
Eu vira, que pessoas felizes
eram transportadas ás vezes
muito cedo, como fora Jorge,
outras porém, tinham longa
tarefa a cumprir.Importante,
pressentira eu, vivenciar a
cada momento e manter o
pensamento em paz.Porém,
para acessar tal condição,
jamais fora tão fácil, no
entanto consistira em
crescimento.
Então, começaram existirem
noites de sono sem viagens, ou
lembranças, cujos dias me
eram mais tristes e pesados,
porém ,começara entender a
minha condição aqui e desta
me fortificar.
Ficara muito isolada, num
ponto de observação e tudo
que eu vira, as vezes, me
tornara triste e fechada,
então eu precisara vasculhar
algo dentro de tal condição,
para me apoiar,
quando viajáramos aqui neste
plano, muito aquém da
verdadeira vida.
Quando me comunicara com
alguém muito encarcerado [a]
ás condições deste plano,
chegara a sentir uma certa
irritação, mas
momentaneamente, eu sempre
fora alertada para ter calma.
Eu soubera, o quanto ainda
era apoucada dentro de
minhas limitações espremidas,
e por tal sapiência,
buscara muito estar com Jorge,
com minha consciência
fugindo do corpo,
mas começara entender,
que jamais pudera pular
etapas e vivê-las fora meu
legado.
E ás vezes Jorge me advertira
usando um fragmento que
muito aquietara o meu
coração.
“Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho…
Você que aí ficou, siga em
frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.”

Santo Agostinho
Muitas vezes deixamos que um
trauma ,uma dificuldade nos
feche deliberadamente para o
amor.
Principalmente, quando temos
como modelo de amor,apenas
sofrimento,mas vale a pena
olharmos,o que tal fato nos
deixara de bom.
Uma vida sem historias é uma
vida em brancas nuvens e por
querermos angariar a
perfeição acabamos nos
tornando pessoas
insuportáveis,com um dedo em
riste para apontarmos deslizes
alheios.
Importa sermos contra o ódio
e seus frutos amargos,que a
priori são oferecidos á vítima,
mas toda criação sempre volta
a quem a lapidara, seja com
amor, ou com ódio também.
Aí paira sempre o livre arbítrio

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