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NEGÓCIO E RELIGIÃO

O s que estão empenhados na obra de Deus não poderão servir em Sua


causa de modo aceitável, a menos que façam o melhor uso dos pri-
vilégios religiosos de que desfrutam. Somos como árvores plantadas no
jardim do Senhor; e Ele vem buscar em nós os frutos que tem direito de
esperar. Seus olhos estão sobre cada um; Ele lê nosso coração e conhece
nossos caminhos. Esse é um exame solene, porque diz respeito ao nosso
dever e ao nosso destino, e é realizado com grande interesse. Todo aquele
que tem responsabilidades sagradas deve se perguntar: “Como enfren-
tarei o olhar examinador de Deus? Será que meu coração está isento de
toda contaminação? Ou os átrios de Seu templo têm sido profanados,
sendo invadidos por compradores e vendedores a ponto de não restar
espaço para Cristo?” Quando a agitação dos negócios é contínua, ela faz
esmorecer a espiritualidade e deixa o coração vazio de Cristo. Quando
os homens, embora professando a verdade, passam dias sem se comu-
nicar com Deus, são induzidos a atos estranhos e a tomar decisões que
não estão de acordo com a vontade divina. Nossos irmãos não agirão
com segurança, deixando-se levar por meros impulsos. Isso não é estar
unido a Cristo e proceder de acordo com Sua vontade. Incapazes, em
tais condições, de reconhecer as necessidades da Causa, serão induzidos
por Satanás a assumir atitudes que atrapalharão e retardarão a Obra.
Meus irmãos, vocês estão cultivando a devoção? Predomina em
vocês o amor pelas coisas santas? Vocês vivem da fé e estão vencendo
o mundo? Assistem aos cultos públicos, e é sua voz ouvida nas reuniões
de oração? O altar da família está erguido entre vocês? De manhã e à
tarde, vocês reúnem em torno dele os filhos, apresentando seu caso a
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Deus? Buscam instruí-los a se tornarem seguidores do Cordeiro? Sua


família, se não for religiosa, testemunhará sua negligência e infideli-
dade. Será lamentável se seus filhos forem indiferentes, desrespeitosos
e não tomarem prazer nas reuniões religiosas e nas verdades santas, ao
passo que vocês estão empenhados na Obra. Uma família assim exerce
influência contrária a Cristo e Sua verdade, porque “quem não é por
mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Lc 11:23).
A negligência do dever de educar os filhos e cultivar a piedade na
família é completamente desagradável a Deus. Se um de seus filhos
estivesse em risco iminente de afogar-se, que alvoroço seria! Quantos
esforços se empenhariam, quantas preces se fariam e quanta disposição
se aplicaria a fim de salvar-lhe a vida! Mas aí estão seus filhos, sem
Cristo e sem a salvação. É possível que, pela sua rispidez e falta de
educação, sejam até uma vergonha para a causa adventista. Estão em
risco de se perderem, vivendo sem esperança e sem Deus no mundo, e
vocês continuam descuidosos e indiferentes.
Que exemplo você dá aos seus filhos? Que espírito reina em sua
família? Seus filhos devem ser ensinados a ser gentis, atenciosos, amá-
veis, prestativos, mas sobretudo respeitadores das coisas santas e das
reivindicações divinas. Devem ser instruídos a respeitar os momentos
de oração e a levantar-se cedo para tomar parte no culto da família.
Pais e mães que põem Deus em primeiro lugar na família, que ensi-
nam os filhos a considerar o temor de Deus como o princípio da sabe-
doria, glorificam a Deus diante dos anjos e dos homens, oferecendo ao
mundo o espetáculo de uma família bem dirigida e bem-educada – uma
família que ama e obedece a Deus e não se rebela contra Ele. Cristo não
será um estranho em uma família assim; Seu nome lhe será familiar e
O reverenciarão e glorificarão. Os anjos se deleitam em uma família em
que Deus reina soberano e os filhos são ensinados a honrar a religião,
a Bíblia e o Criador. Essas famílias têm direito à promessa: “honrarei
aqueles que Me honram” (1Sm 2:30). Quando de uma casa assim o
chefe sai a cumprir seus deveres cotidianos, será sempre com espírito
manso e submisso, adquirido pela sua comunhão com Deus. Será um
cristão, não só de nome, mas em seu trabalho e em todas as suas

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transações comerciais fará toda a sua obra com honestidade, sabendo


que os olhos de Deus O contemplam. Sua voz se fará ouvir na igreja.
Terá palavras de agradecimento e ânimo a dizer, porque é um cristão
que se faz notar pelo crescimento espiritual, alcançando novas expe-
riências cada dia. É um obreiro aplicado e ativo na igreja, que trabalha
para glória de Deus e salvação de seus semelhantes. Sua consciência
o condenaria e se sentiria culpado diante de Deus se negligenciasse os
cultos públicos, privando-se assim dos privilégios de habilitar-se para
prestar maior e mais eficaz serviço à causa da verdade.
Deus não é glorificado quando homens de influência se provam
apenas homens de negócio, passando por alto seus interesses eternos,
que são muito mais sagrados, muito mais nobres e elevados do que os
temporais. Em que se deveria aplicar maior tato e habilidade, senão
nas coisas que são imperecíveis e destinadas a durar perpetuamente?
Irmãos, desenvolvam seus talentos no serviço do Senhor; manifestem
na promoção da causa de Cristo o mesmo tato e habilidade que empre-
gam nos empreendimentos seculares.
Sinto ter que dizer isso, mas há da parte dos chefes de família grande
falta de fervor e legítimo interesse nas coisas espirituais. Há alguns que
raramente são vistos na igreja. Dão uma desculpa, depois outra e mais
outra, justificando sua ausência; mas a causa verdadeira é que lhes falta
o interesse religioso. O espírito de devoção não é cultivado na família.
Os filhos não são criados na doutrina e admoestação do Senhor. Esses
homens não são o que Deus desejaria que fossem. Não mantêm comu-
nhão viva com Ele; são apenas homens de negócio. Não têm espírito de
conciliação. Há tão pouca mansidão, bondade e polidez em sua conduta
que seus motivos são geralmente mal interpretados, fazendo-se mau
conceito até mesmo do bem que há neles. Se pudessem perceber quanto
sua conduta é um tropeço aos olhos de Deus, eles se endireitariam. […]
Satanás empenha esforços para afastar os homens de Deus e é sempre
bem-sucedido nesse propósito quando consegue absorver sua atenção
de modo que não tomem tempo para ler a Bíblia, orar particularmente
e oferecer seus sacrifícios de ações de graça e louvor de manhã e à
tarde sobre o altar de família. Quão poucos reconhecem as estratégias
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do arquienganador! Quantos lhe ignoram as tramas! Quando nossos


irmãos voluntariamente se afastam das reuniões religiosas, quando
deixam de pensar em Deus e de O reverenciar, quando não O tomam
por seu conselheiro e baluarte de sua defesa, quão depressa passam a
adotar os pensamentos mundanos e a incredulidade, e vãs confianças
e filosofias substituem a fé humilde e confiante. Muitas vezes a tenta-
ção é acalentada como se fosse a voz do verdadeiro Pastor, porque as
pessoas têm se afastado de Jesus. Não poderão estar seguras um só
momento a menos que alimentem no coração princípios justos e os
apliquem também em seus negócios de cada dia. […]
Seja qual for a posição que ocupemos na vida e o negócio em que
estejamos empenhados, devemos ser sempre humildes, reconhecendo a
necessidade que temos de assistência; devemos apoiar-nos plenamente
nos ensinos da Palavra de Deus e reconhecer em todas as coisas a
Sua providência, abrindo-Lhe com franqueza nossa alma em oração.
Apoie-se, meu prezado irmão, em seu próprio entendimento, para a
carreira que escolheu, e terá decepção e dissabores. Confie no Senhor
com todo o seu coração, e Ele guiará seus passos com sabedoria,
ficando salvaguardados seus interesses tanto neste mundo como no
futuro. Você necessita de luz e conhecimento. Pode optar entre seguir o
conselho de Deus e o de seu próprio coração; entre andar ao clarão de
sua própria luz ou colher para você a luz divina do Sol da Justiça. […]
Pelo interesse de ganhar dinheiro muitos se afastam de Deus,
­esquecendo-se de seus interesses eternos. Adotam o caminho do homem
calculista e mundano; mas Deus não aprova isso, pois é uma ofensa
a Ele. Os homens devem ser aptos a delinear e executar planos, mas
todos os seus negócios devem ser efetuados de acordo com a grande lei
moral de Deus. Em todos os atos da vida, tanto nos de maior quanto
nos de menor importância, devem ser aplicados os princípios do amor
a Deus e ao próximo. É necessário que haja um espírito que não se
contente em dizimar a hortelã, o endro e o cominho, mas que tome
em consideração e viva de acordo com a parte mais importante da lei,
que é o juízo, a misericórdia e o amor de Deus, pois o caráter de cada
um que estiver relacionado com a Obra deixará nela sua impressão.

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Há homens e mulheres que por amor a Cristo abandonaram tudo.


Para eles, os seus interesses temporais, o convívio com as pessoas de suas
relações, sua família e seus amigos são de menor importância do que os
interesses do reino de Deus. Em sua afeição, não puseram propriedades,
parentes e amigos em primeiro lugar e a causa de Deus em segundo.
Os que isso fazem, que devotam a vida ao progresso da verdade a fim
de levar muitos filhos e filhas a Deus, têm a promessa de que isso lhes
será recompensado cem vezes mais nesta vida, devendo fruir a alegria
da vida eterna no mundo futuro. Os que trabalham com ideais nobres
e altruístas consagrarão a Deus o corpo, a mente e a vida espiritual.
Não buscarão sua exaltação própria; não se sentirão aptos a assumir
responsabilidades, mas não se recusarão a elas, porque terão o desejo
de fazer tudo quanto lhes seja possível. Estes não buscarão as próprias
conveniências; a pergunta que farão é: Qual é o dever? (T5, p. 361-366).

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