Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A economia de Deus
Gino Iafrancesco (Colômbia)
Vamos ler no capítulo 1 de Colossenses, os últimos versos a partir do 24, para ter um contexto
mais amplo, e até os primeiros versículos do capítulo 2.
Diz Paulo: «Agora me regozijo no que padeço por vós…». Não que Paulo era masoquista, não que
ele se regozijasse no sofrimento como um fim em si mesmo, mas porque ele sabia que aquelas
coisas que Deus permitia que ele passasse iriam redundar em benefício da edificação de uma casa
para o Deus vivo.
«… e cumpro em minha carne o que falta das aflições de Cristo por seu corpo, que é a igreja».
Não diz aqui que a Cristo faltam aflições por seu corpo; diz que em Paulo falta mais das aflições de
Cristo. A obra do Senhor Jesus Cristo na cruz foi consumada, e a obra de redenção já está
completamente feita pelo Senhor ao morrer por nós. A parte que ele nos deu não é para redenção,
mas para colaborar com a edificação. Em nossa carne vai se cumprindo, o resto das aflições de
Cristo, algumas pequenas aflições. Paulo lhes chama pequenas; em outra carta, ele diz: «…esta leve
e momentânea tribulação produz em nós cada vez mais um excelente peso de glória».
A economia de Deus
E em seguida diz: «…a igreja, da qual fui feito ministro, segundo a administração de Deus». Aqui
nos encontramos com uma palavra, neste caso, administração, que no original grego é economia,
oikonomía, de oiko (lar, casa) e nomos (norma ou lei). Oikonomía, economia, a norma do lar, a lei da
casa, o acerto administrativo do reino de Deus. Então, Paulo, e cada um dos membros do corpo, são
feitos um economista segundo a economia de Deus, segundo o acerto de Deus.
Se existir um propósito (e ele existe) da parte de Deus, existe também um acerto administrativo,
um plano estratégico de Deus, com suas etapas, para que esse propósito seja completado. A palavra
de Deus nos fala do próprio ser de Deus, ou seja, do mistério de Deus, que conhecemos em Cristo;
fala-nos também do querer de Deus, ou seja, um capítulo seguinte desses mistérios de Deus, o
mistério da vontade divina.
Então, a Palavra nos revela o seu ser, e nos revela o seu querer, ou seja, o seu objetivo, a meta
que ele traçou. Mas também a Palavra revela aos santos a estratégia, o plano, para que esse
propósito seja conseguido. Então, essa estratégia, esse arranjo, essa administração, é o mistério da
economia divina, que aqui foi chamada administração, e em outros versículos é chamada «a
dispensação do cumprimento dos tempos».
Jesus, na parábola do mordomo, chama-lhe mordomia. Paulo, em 1ª aos Coríntios, chama-lhe
comissão, e escrevendo a Timóteo, chama-lhe edificação. Cinco palavras diferentes –pelo menos na
tradução de Reina e Valera–, traduções válidas, mas somente parciais, de uma só e única palavra no
original grego, que é economia.
Ou seja, que a economia inclui a dispensação –o que Deus tem que dar; a economia inclui a
administração– de que maneira ele nos revela e ele nos dá. Inclui também a mordomia; porque ele
encomenda a pessoas esta administração, e, portanto, a mordomia inclui também a comissão.
Quando Paulo diz em 1ª Coríntios 9, «a comissão me foi encomendada», essa palavra no original
grego é «a economia me foi encomendada». Então, a economia divina é encomendada à igreja.
A palavra do Senhor nos fala da administração, em vários planos. Por exemplo, quando Paulo
escreve aos bispos, ou escreve deles na 1ª Epístola a Tito, diz: «O bispo, como administrador de
Deus». É o próprio Deus, no fim das contas e em última instância, que está administrando, que está
se dando.
Deus decidiu revelar-se, e também Deus decidiu dar-se. Não só revelar-se, mas também dar-se;
ou seja, administrar, passar-se a nós; dar-nos a sua vida, para que nós vivamos nossa vida com a
sua, vivamos todos os aspectos da vida humana, normais, criados pelo mesmo Deus para a
humanidade, mas que a vivamos com ele. Deus quer viver a sua vida conosco, e que nós vivamos a
nossa vida com ele, e que nós vivamos a sua vida em nossa vida.
Então, por isso se fala da administração de Deus, e se fala dos anciões, os bispos ou episkopos,
como administradores de Deus. Eles o fazem primeiro, para que depois os santos também o sejam.
Em 1ª Pedro 4:10, agora o Espírito Santo, pelo apóstolo Pedro, chama os santos em geral de serem
«bons administradores da multiforme graça de Deus». Então, aparece também a graça de Deus. O
Novo Testamento, e especialmente Paulo, falam da administração da graça. E Pedro, falando dos
santos, todos os santos, diz: «Cada um, segundo o dom que recebeu, ministre aos outros, como bons
economistas da multiforme graça de Deus», ou seja, a graça de Deus sempre nova, sempre
especial, sempre fresca, sempre aplicada de maneira muito particular; entretanto, através de todos,
passando através dos santos. Os santos, como bons administradores ou economistas da multiforme
graça de Deus. Então, falou da administração do próprio Deus e da graça de Deus.
E em 1ª aos Coríntios, capítulo 4, nos primeiros versos, fala-se também de outro aspecto dessa
administração, porque Deus primeiro chega como a vida, chega como a graça; mas a palavra do
Senhor nos fala da luz da vida. Ou seja, que a vida tem luz. No primeiro capítulo do evangelho de
João, vocês recordam que diz: «Nele estava a vida –a vida eterna, a vida divina, a vida que estava
com Deus, e é Cristo– e a vida era –e segue sendo– a luz dos homens».
«A luz resplandece nas trevas». Uma das características da vida é a luz. A vida, a luz e a verdade
estão intimamente relacionadas e entrelaçadas. Porque a vida tem luz, e a luz ilumina os olhos do
nosso entendimento. A luz de Deus é para ser administrada.