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Capitulos 4-7

As grandes navegações surgiram como uma forma de comerciar especiarias sem impostos
abusivos praticados por Veneza ou pelo Egito. Os primeiros a realizarem essas viagens foram os
ibéricos, que contaram com um alto financiamento de poucos banqueiros. Mas os lucros não
eram garantidos, fazendo com que os ricos fossem altíssimos. Já, a Holanda, com a mesma
ideia de financiar navegações, mas sem correr tanto risco, resolveu juntar as 6 empresas
(companhia das índias) que organizariam as navegações, com o nome de VOC agora. Essa
empresa, para não financiar sozinho nem depender de empréstimos do estado, começou a
vender partes da empresa para o povo, que tinha como prêmio uma porcentagem do lucro da
empresa proporcional a razão de ações que um indivíduo possuía em relação a totalidade de
ações. Essas partes, chamadas hoje de ações ou shares, foram comercializados em um
mercado ( bolsa) e antes dos dividendos serem recebidos pelos acionistas, a venda e compra
de ações ocorriam por pura especulação. A empresa e essa forma de financiamento deram tão
certo que a companhia cresceu exponencialmente e passou a comandar o mercado de
especiarias! Traçando um paralelo com os dias atuais, em 2011, a Petrobras realizou um IPO
para financiar as atividades no pré sal! E todo esse mercado a princípio parecia uma maravilha!
Porém, tudo mudaria com a chegada da primeira bolha!

A Inglaterra com a mesma ideia da Holanda lançou a sua própria companhia da índias e
também financiou as suas operações na bolsa de valores. Mas não parou por ai, os iPO’s
viraram atividade comum entre os ingleses. Diversas empresa de pequeno, médio e grande
porte emitiam suas ações na bolsa e esse número tendia a crescer cada vez mais. A diferença
em relação a Holanda foi o produto em alta. Enquanto na Holanda eram as especiarias, na
Inglaterra era o café. O café ficou tão famoso, que as casas que o vendiam viraram não só o
epicentro dos negócios, como também a fonte principal de informação dos ingleses, uma vez
que era lá que os especialistas de diversas áreas se reuniam para discutir e palestrar. Inclusive,
as casas de café eram tão importantes que foram o local de criação de uma vertente do
mercado financeiro: o mercado futuro (ou de derivativos). Esse mercado funciona como um
cassino. Com apostas de que algo algum ativo ia subir ou não. As opções de compra
funcionavam como um direito de alguém comprar um ativo por um preço determinado em um
tempo determinado. Por exemplo, João determina que Tiago vai poder comprar uma ação da
empresa x por 40 reais daqui a 2 semanas, sendo que hoje o preço é 41. Daqui a 2 semanas, se
o preço subir em 2 reais por exemplo, Thiago se dará melhor. Já se o preço se mantiver ou
diminuir, João terá feito um bom negócio , já que vendeu uma ação a um preço maior que ao
do mercado. De modo contrário, existem as opções de venda. Essas são a obrigação de alguém
comprar algum ativo a um determinado preço em um determinado tempo. Por exemplo, Maria
determina que venderá uma ação a Fernanda a 30 reais em uma semana ( preço atual 29). Se o
preço aumentar em 4 reais por exemplo, Fernanda levará a melhor. Se o preço diminuir, maria
levará a melhor, pois vendeu acima do preço do mercado. Essa opção funciona como um
seguro, porque mesmo que se as ações caiam muito você tem a garantia de que alguém vai
comprá-las. Se elas subirem muito, você deixará de ganhar dinheiro, mas não seria o fim do
mundo. Porém, dentro das opções de venda, tem um tipo que é muito perigoso: a venda a
descoberta. Isso acontece quando quem promete vender o ativo, não o tem o possui ainda.
Então se o ativo cair, o lucro será grande, pois, na hora de vender, o agente pode comprar as
ações e vender por um preço maior . Agora, se as ações subirem, o prejuízo será imenso pois
terá que comprar as ações e vender por um preço menor do que comprou. Essa operação com
muito risco e retorno foi responsável por falir e enriquecer diversas pessoas. George Soros foi
um dos bem sucedidos nesse negócio.

Bear market - mercado em queda

Bull market - mercado em alta (mais pessoas se beneficiam)

No século 17 e 18 várias bolhas ocorreram ligadas às navegações. O capitão inglês William


Philips, por exemplo, achou muitos metais precisos em navios espanhóis naufragados. Com
expectativas de lucro, diversas expedições para essas buscas de metais preciosas começaram a
ser financiadas, e o preço das ações subia conforme as expectativas de lucro subiam. Quando
descobriram que não era tão fácil assim encontram metais no fundo do mar, as ações
despencaram. Outros casos de bolhas foram a companhia dos mares do sul e a Mississipi que
eram empresas que financiavam expedições com alto risco e extremamente incertas (governo
apoiava pois os títulos da dívida pública eram trocados por ações) e mesmo que os projetos
não estivessem dando resultado nenhum, os acionistas recebiam dividendos (parcela do
capital levantado por eles próprios) e mais dinheiro era injetado de outras formas também,
tudo para impulsionar o preço das ações. Eventualmente, os acionistas percebiam que a
situação era insustentável e que a companhia nunca ia dar lucro e os preços despencavam. No
final, quem “morresse” com as ações na mão se dava mal por acreditar em uma empreitada
irreal que empresas e o governo criaram para enganar o povo.

Entrando a fundo na escolha de ações para comprar um dos índices mais importantes é o P
( preço total das ações)/ L (lucro). Cada setor tem um P/L característico. O de gasolina, por
exemplo, é por volta de 15, pois investidores não acreditam que o lucro da empresa cresça de
tal forma justifique pagar um P/L maior que 15 ( até por causa dos custos altos e fixos que
envolvem a extração do petróleo). Lembrando que quanto maior o lucro mais dividendos serão
distribuídos, então teoricamente um p/l melhor é um p/l cada vez menor. Porém, alguns
setores tem p/l que continuam subindo pois investidores acreditam que mesmo o preço
subindo, a empresa tem potencial de dar muitos retornos futuros. As empresas de tecnologias
são um exemplo disso. O Yahoo! teve seu p/l aumentado exponencialmente por causa de
investidores acreditando numa crescente de lucros que pudesse um dia justificar os investidos.
Mas, as vezes os lucros não vão crescendo, a desconfiança e o pessimismo vão tomando conta,
e acontece o de sempre, as ações despencam.

E as pessoas perdem dinheiro com as várias bolhas na história da humanidade porque


inicialmente os lucros são gigantescos. Sempre depois das bolhas, a tendência é mudar o
padrão de investimento para empresas mais “estáveis e seguras”. Depois da bolha da internet,
as empresas mais cobiçadas voltaram a ser aqueles que possuíam uma operação concreta e
material, que tivessem uma fábrica e que vendessem produtos. Internet era algo ainda muito
abstrato e os lucros, embora com potencial para crescimento, estavam estagnados. Porém,
eventualmente outro tipo de companhia começa a crescer e foco das atenções muda
novamente. Pessoas comparando p/l para determinar se o preço é justo ou não e considerando
possibilidades de crescimento para comprar suas ações. E quem controla o p/l é a massa, então
como há muita liquidez na bolsa, as valores de ações são ajustadas minuciosamente pela oferta
e demanda, o preço das ações sempre fecha o dia em um valor que os investidores achem
“justo”, afinal, só contrário ninguém iria conseguir comprar ou vender. Mas, de uma hora pra
outra, com ou sem motivo aparente, as ações começam a cair de maneira muito mais
acelerada que elas subiram. Isso acontece por causa do efeito manada (se todo mundo está
vendendo, eu vou vender também) é porque a aversão a perda é muito maior do que a
felicidade com o ganho. Então por exemplo, as ações de uma empresa podem cair, sem motivo
aparente (o lucro e o caixa se mantiveram estáveis), por especulação, e todos os acionistas
começam a vende-las de maneira ilógica, porque preferem minimizar perdas do que almejar
um possível ganho no futuro quando esse provável movimento de massa de venda de ações
acabar. E a recíproca é verdadeira também. Quando há possibilidades de lucro, cada vez mais
pessoas começam a comprar papéis, os preços sobem, e o efeito manada se instaura, com
indivíduos entrando no barco simplesmente pela tendência da maioria, sem se preocupar com
a situação da empresa em si.

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