Você está na página 1de 73

INTRODUÇÃO

Se investir em ações é navegar por águas


incertas, esse guia foi pensado para ser o
seu farol.

Aqui, eu reuni tudo aquilo que entendo ser


essencial para qualquer um, do iniciante ao
avançado, conseguir investir com sucesso
em ações e ganhar mais dinheiro.

E quando eu falo "investir com sucesso",


me refiro a ir muito além de apenas saber
como o mercado funciona, como evitar
erros e reduzir a possibilidade de perder
dinheiro.

Estou falando em ir muito além de explicar


o mero funcionamento do mercado (aliás,
caso você já o conheça, poderá pular para
o capítulo 2).

O meu intuito aqui é condensar tudo o que


eu aprendi na minha trajetória de 16 anos
como investidor e 10 anos como profissional
do mercado financeiro. Te mostrar os
caminhos que aprendi em meio à união de
teoria e prática.
02

Apenas para contextualizar, caso você não


me conheça, meu nome é Ramiro Gomes
Ferreira, CFP®, CGA. Essas letras ao lado da
minha assinatura indicam que eu sou
planejador financeiro e gestor de
investimentos credenciado.

Embora esses selos funcionem como


"troféus" e sejam legais de expor, a verdade
é que o que eu mais me orgulho é em ter
fundado o Clube do Valor, uma empresa
responsável pela gestão de mais de R$ 550
milhões de patrimônio de terceiros.

Eu sei que uma apresentação dessa forma


pode soar arrogante, mas assumo o risco
de ser mal interpretado para te tranquilizar.
E quando eu afirmo isso, é porque quero te
tranquilizar do fato de que eu não sou um
palpiteiro.

Graças ao poder da internet, hoje qualquer


pessoa pode escrever um material como
esse e ser amplamente distribuído. Isso é
uma faca de dois gumes, porque se de um
lado pessoas muito boas (e eu admiro uns
tantos educadores) ganham voz, do outro
pessoas despreparadas também.
03
Enfim, queria te tranquilizar de que há
comprovação de tudo que eu vou expor
aqui.

Ao te explicar como a bolsa funciona, você


pode ficar tranquilo de que as informações
são confiáveis. Tudo que eu vou apresentar
neste guia foi testado e comprovado por
mim e pela equipe do Clube do Valor.

Então, se prepare para, nos próximos


capítulos:

Entender como a bolsa funciona


Conhecer o potencial de retorno
Descobrir quanto você pode acumular
Conhecer os riscos
Aprender a reduzi-los
Ter um passo a passo claro sobre como
investir
Conhecer erros comuns que podem te
custar uma fortuna

Tenho certeza que, ao final deste guia, você


sairá preparado para investir melhor,
ganhar mais e ver o seu dinheiro trabalhar
duro para você.

Vamos lá?
CAPÍTULO I

O GUIA
TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER

ANTES DE INVESTIR
04

GUIA BÁSICO
Caso você já invista em ações e entenda
como funciona a bolsa de valores,
recomendo que você pule para o próximo
capítulo.

Caso você seja iniciante na área, fique


tranquilo. Nas próximas páginas, eu vou te
mostrar tudo o que você precisa saber
sobre o funcionamento da bolsa.

A começar pela resposta a uma pergunta


simples:

O QUE É A BOLSA DE VALORES?


Para que você entenda o que é a bolsa de
valores, te convido a pensar num
supermercado.

Numa descrição simples, um supermercado


nada mais é do que um local em que são
negociados diversos itens de consumo no
seu dia-a-dia. De legumes e carnes a
materiais de limpeza.
05
Ao ir ao supermercado e navegar pelos
corredores, você seleciona aquilo que você
quer comprar, coloca no seu carrinho de
compras e, na saída, faz o pagamento.

Pois bem: a bolsa de valores centraliza as


operações do chamado mercado capital,
podemos fazer uma analogia a um
supermercado, onde ao invés de vermos
vendedores oferecendo verduras, frutas e
legumes são negociadas ações.

Estas ações são títulos que representam


pequenas parcelas de uma companhia
(empresa). Neste caso, ao comprar uma
parte destas ações, o comprador torna-se
um pouco dono da empresa, sendo assim
passa a ter direito aos lucros obtidos da
empresa.

Mas, vale lembrar que as ações


correspondem à milionésima partícula da
empresa, ou seja, representam uma
porcentagem bem baixa da ação da
empresa, sendo assim o comprador não
poderá opinar diretamente nas questões da
empresa, ao menos que ele compre uma
porcentagem significativa.
06
Explicando de forma técnica, a bolsa de
valores nada mais é do que um mercado
organizado onde são negociados diversos
bens e valores mobiliários, como ações.

Diferentemente do que muitos pensam, a


bolsa não é mais aquele lugar cheio de
pessoas gritando, usando o telefone e
apontando para alguns telões.

Essa visão, felizmente, está desatualizada.

Graças a tecnologia, hoje o pregão, que é o


nome dado ao sistema de negociação da
bolsa, acontece de forma eletrônica. É por
isso que aquela cena caótica é coisa do
passado.
07
Hoje em dia, a bolsa é muito mais parecida
com isso:

Diariamente, você pode usar a bolsa de


valores para comprar ações, que são
participações em empresas listadas.

São negociadas na bolsa desde empresas


muito conhecidas, como o Itaú, a Petrobras
e Magazine Luiza, até empresas menores e,
talvez, desconhecidas para você, como a
Wiz corretora de seguros ou a Vulcabrás,
empresa que está por trás de marcas
como Mizuno, Olympikus e Under-armour.
08
COMO FUNCIONA A BOLSA?
Para que você compreenda como a bolsa
funciona, é importante entender antes o que
faz com que algumas empresas, como as
recém citadas, sejam listadas nela.

Pense comigo: o objetivo de 9 a cada 10


empresas é crescer, correto? Para crescer,
muitas vezes é essencial arrecadar dinheiro.

Por isso, com o objetivo de arrecadar fundos


e financiar projetos, algumas companhias
decidem disponibilizar parcelas de
participação nelas em troca de dinheiro.

É como se os donos da empresa estivessem


convocando “novos sócios” para participar
do negócio. E elas fazem isso vendendo
suas ações.

Essa é a manobra chamada de abertura de


capital. Quando isso acontece, a empresa
está realizando um “IPO”, sigla em inglês
que significa Initial Public Offering ou, em
português, Oferta Pública Inicial.
09
A partir do momento do IPO, a empresa
começa a “aparecer” na Bolsa de Valores e
você, investidor, passa a ter a possibilidade
de comprar as suas ações.

Falando em você, investidor, entenda: se de


um lado temos a empresa querendo
arrecadar dinheiro para crescer e, com base
nesse desejo, passando a participar da
bolsa, do outro há você - e outros milhões
de investidores - que podem manifestar o
seu interesse em investir nessa empresa
através da realização de ofertas de compra
e venda de ações.

Quando você compra ações num IPO, isso é


chamado de mercado primário. Esse é o
momento que o preço da ação é definido,
num cálculo que leva em conta a relação
de oferta e demanda pelos papéis.

Passado esse primeiro momento, os


investidores que desejarem comprar a
participação nessa empresa vão utilizar o
mercado secundário.

Nele, as negociações só são concretizadas


quando há uma combinação entre a ordem
de compra e venda entre dois investidores.
Todos os dias úteis, há o pregão eletrônico,
que é a possibilidade de você negociar
(comprar ou vender) ações.
10
Você pode fazer essas negociações tendo
uma conta numa corretora de valores e
utilizando uma plataforma chamada
Home Broker. Essa é a interface, oferecida
pelas corretoras, por meio da qual os
investidores operam na bolsa de valores.
Compreendido esse ponto, uma dúvida
que possa ter permanecido é mas o que,
afinal, é uma ação?

O QUE É UMA AÇÃO?


Para te explicar isso, te convido a pensar
numa casa.

Uma casa é composta por diversos tijolos


e cada um desses tijolos podem ser vistos
como a “menor parcela” daquela
construção.

Da mesma forma, uma ação está para


uma empresa assim como um tijolo está
para uma casa. Ou seja: uma ação é a
menor parcela de uma empresa.

É a menor fatia de uma companhia que


abriu capital na bolsa. Ao comprar uma
ação, você passa a ser sócio de uma
empresa. Como sócio, você passa a ter
participação nos lucros distribuídos por
ela.
11
COMO GANHAR DINHEIRO

INVESTINDO EM AÇÕES?
Existem duas formas do investidor ganhar
dinheiro na bolsa:

1. Por meio da valorização das ações


investidas;
2. Por meio da distribuição dos lucros da
empresa, o que é chamado de
distribuição de dividendos.

A valorização e a desvalorização podem


acontecer com base em diversos fatores.

No curto prazo, são as notícias, os rumores


e “ruídos” que fazem as os preços das
ações se movimentarem. No longo prazo,
são os resultados da empresa que está por
trás das ações que regem a sua
valorização e desvalorização.

Antes de seguirmos, é importante fazer,


aqui, uma distinção entre os 2 principais
tipos de ações: As ações podem ser
ordinárias, que é o tipo de papel que dá
ao investidor direito a voto nas
assembleias de definições das empresas.
Elas podem também ser ações
preferenciais, que não dão direito a voto
nas assembleias, mas preferência no
recebimento de dividendos.
12
05 PASSOS PARA COMEÇAR
Eu sei: se este guia é seu primeiro contato
com a bolsa, investir nela pode parecer
um bicho de sete cabeças.

E eu sei que histórias de pessoas que


perderam muito dinheiro na bolsa podem
afastar novos investidores e, inclusive,
fazer com que muitos associem a bolsa de
valores com loterias e jogos de azar.

O ponto é: estou aqui para te mostrar que


investir é simples, embora ter sucesso
investindo não seja fácil.

Em essência, investir com sucesso na


Bolsa de Valores é sobre encontrar boas
ações para comprar (empresas que
gerem lucro e sejam baratas), manter-se
investido em ações num prazo longo e ter
regras claras para saber quando comprar
e quando vender uma ação.

Sobre a parte técnica disso, o processo de


investimentos se resume basicamente em
5 passos:
1. Abrir uma conta em uma corretora
2. Transferir o seu dinheiro para a conta
da corretora
3. Decidir quais ativos investir
4. Acessar o Home Broker
5. Dar a ordem de compra
13
Simples assim. No limite, trata-se de um
processo muito diferente do monstro que
alguns pintam por aí.

É claro: alguns passos, como os dois


primeiros, são mais simples. Outros, como
o terceiro, exigem bem mais
conhecimento.

É por isso que este guia está apenas no


começo.

Explicados estes pontos, deixa eu


complementar este capítulo mostrando
outras formas possíveis de se expor ao
mercado de ações.

INVESTIR EM AÇÕES SEM


COMPRAR AÇÕES
Até aqui, tratei do funcionamento da bolsa
de valores e expliquei o que são ações.

Porém, investir diretamente em ações é


somente um dos jeitos de investir no
mercado.

Existem duas outras formas simples,


porém diferentes, de se expor ao mercado
de ações. São elas:

Investir em fundos de ações


Investir em fundos de índices (ETFs)
14
um fundo de ações é uma carteira
diversificada de ações escolhidas por um
gestor profissional. Esse gestor é
remunerado por um percentual ao ano do
valor total do patrimônio do fundo, como
2% ao ano, por exemplo.

Já um fundo de índice (também chamado


de ETF) é um fundo de ações com a
diferença de que as ações não são
escolhidas pelo gestor. A carteira dos
fundos de índice replicam índices do
mercado.

Um índice é uma carteira teórica de


ações. Ele serve para ilustrar o
desempenho de determinadas ações da
bolsa. O Ibovespa e o IBRx-100, por
exemplo, são dois índices muito populares
porque servem para representar o
resultado da média das ações no
mercado brasileiro.

Investir por um fundo de índices é uma


garantia de que seu desempenho vai ser
similar à média do mercado. Nem melhor,
nem pior.

Sei que, até aqui, você pode estar com


algumas dúvidas caso esteja começando.
Tudo vai ficar mais claro a partir do
próximo capítulo, que é onde eu vou te
mostrar o quanto podemos esperar de
retorno da bolsa no longo prazo.
CAPÍTULO II

O DINHEIRO
QUANTO DINHEIRO É POSSÍVEL

GANHAR NA BOLSA?
INTRODUÇÃO
Investir em ações vai te ajudar a ver seu
dinheiro crescer mais rápido e a conquistar
antes a liberdade financeira.

Te inspirou ao ler isso?

Então saiba: essa frase não é uma verdade


absoluta, e sim uma possibilidade.

Uma possibilidade que se torna ainda mais


provável se...
Você investir em ações por prazos mais
longos
Você investir em ações com uma
estratégia vencedora
Você investir em ações com paciência
para aguentar maus momentos

Ainda assim, muitas pessoas ficam


angustiadas sem saber o que esperar de
retorno ao investir em ações.
Seres humanos, por definição, gostam de
controle e previsibilidade.

Por isso, neste capítulo eu quero te


apresentar a história do mercado e mostrar
quando rendeu a bolsa de valores no
passado.
17
Nas próximas páginas, vou te apresentar
qual foi o retorno:

Da média do mercado acionário nos


últimos 25 anos
Da média do mercado acionário nos
últimos 47 anos
De uma carteira de ações baratas, nos
últimos 25 anos

Conhecendo o passado, fica mais fácil de


criar cenários para o futuro. Isso mesmo:
criar cenários. Afinal, não há garantia de
retornos na bolsa de valores.

Por isso, ao final do capítulo eu vou te


apresentar uma tabela de possibilidades de
retorno da bolsa e o que isso te faz
acumular de patrimônio em prazos mais
longos.

Mas antes disso, precisamos fazer um


rápido alinhamento.

Preparado? Então vamos nessa...


18
O PRINCIPAL ALINHAMENTO
DE TODOS...
Ações são ativos de renda variável.

Isso significa que não há como informar,


com certeza, o que vai acontecer com eles
no futuro.

Lembre-se: o termo "variável" significa


que a variação é tanto para cima quanto
para baixo.

Por isso, em todos os cenários e gráficos


que eu for te apresentar, você verá o
seguinte aviso abaixo:

(I) Rentabilidade passada não representa


garantia de rentabilidade futura.
(II) A rentabilidade divulgada não é líquida
de impostos.

Mais do que exigências legais, esses avisos


são essenciais para reforçar o fato de que
não existem garantias de retorno.

Ainda assim, podemos aprender muito


olhando para o passado e projetando o
futuro.

Por isso, vamos começar analisando os


últimos 25 anos.
19
UM OLHAR PARA OS ÚLTIMOS

25 ANOS...
De janeiro de 1996 até dezembro de 2021,
um investimento de R$ 1.000 na bolsa teria
se comportado da seguinte maneira:

Fonte: dados públicos da cotação histórica do Ibrx-100. Elaboração: Clube do Valor


(I) Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura.
(II) A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos.

Esse gráfico mostra alguns pontos bem


interessantes:

Não há uma linearidade de retorno. Há


períodos bons, medianos e ruins.

Cada R$ 1.000 investidos em janeiro de


1996 se transformam em R$ 44.709,20
em dezembro de 2021
20
O resultado acima é ilustrado pela variação
do índice IBRx-100, que é uma carteira de
ações que representa a média do mercado.

Isso indica que o investidor médio teria tido


bastante sucesso nesse período ao
simplesmente investir na bolsa por fundos
de índice que replicam o Ibrx-100.

Veja que interessante: muitos brasileiros


consideram que as últimas décadas foram
décadas perdidas, em termos econômicos.

Ainda assim, um investimento simples,


acessível a qualquer investidor, teria
transformado cada R$1,00 investidos em
R$44,70.

Em termos matemáticos, isso é um retorno


de 15,74% ao ano, em média.

E antes que você pense "poxa, Ramiro, mas


a inflação no período foi alta, não?", deixa
eu te explicar que, descontado a inflação
média do período, esse investimento teria
feito seu patrimônio crescer, na média,
8,86% ao ano.

Isso significa que...


21

SE VOCÊ TIVESSE EM 25 ANOS,


INVESTIDO... TERIA ACUMULADO...

R$ 500 POR MÊS R$ 517.675

R$ 1000 POR MÊS R$ 1.035.350

R$ 2000 POR MÊS R$ 2.070.699

Parece interessante, certo?

Porém, o fato é: quanto maior o prazo de


análise, mais conseguimos compreender o
passado.

E quanto mais conseguimos compreender o


passado, mais eficácia teremos ao projetar
o futuro.

Por isso, quero te convidar para um passeio


mais longo.

Vamos olhar um período realmente grande


e turbulento. Um período que envolve
diversas crises, como:
Diretas já
Hiperinflação
Crise mundial de 2008
22
UM OLHAR PARA OS ÚLTIMOS

47 ANOS...
Como aqui vamos projetar um prazo
maior que envolve um período de
hiperinflação, tivemos que descontar o
impacto da inflação diretamente na
rentabilidade mensal da bolsa.

Ou seja: se num determinado mês a


inflação foi de 5% e a bolsa rendeu 5%, o
que projetamos aqui é um crescimento de
0%.

Explicado este conceito, o que temos é


este resultado aqui, olhando de janeiro de
1975 até dezembro de 2021...

Fonte: dados públicos da cotação histórica do Ibovespa, Ibrx-100, IPC, IPCA e Taxa Selic.
Elaboração: Clube do Valor
(I) Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura.
(II) A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos.
23
Veja só que interessante:
O fato de não existir linearidade de
retorno é confirmado olhando para esta
janela mais longa

Cada montante equivalente R$ 1.000


hoje investidos em janeiro de 1975 se
transformariam em R$ 29.055,90; isso já
descontado a inflação.

Em termos matemáticos, isso é um retorno


de 7,42% ao ano, acima da inflação, em
média.

Um retorno nesses, neste prazo, indica que...

SE VOCÊ TIVESSE EM 47 ANOS,


INVESTIDO... TERIA ACUMULADO...

R$ 500 POR MÊS R$ 2.332.377

R$ 1000 POR MÊS R$ 4.664.755

R$ 2000 POR MÊS R$ 9.329.509

Ok, 47 anos não parece ser um prazo


razoável de projeção futura. Ainda assim,
essa simulação mostra o poder que investir
para o longo prazo na bolsa tem de
multiplicar por diversas vezes o seu capital.
24
O ponto é: existe alguma possibilidade do
resultado ser melhor no longo prazo?

A resposta, para mim, é que sim.

Afinal, aqui eu fiz simulações olhando para


índices amplos. Para a média do mercado.

Existem formas de você selecionar ações


por conta própria e conseguir ter retornos
melhores do que a média...

Ou ainda de você investir em fundos de


investimentos em que gestores fazem isso
por você.

Aqui, no Clube do Valor, há anos utilizamos


a estratégia das Ações Mais Baratas da
Bolsa para selecionar ações que possuam,
em conjunto, maior potencial de retorno no
longo prazo.

Os resultados que conquistamos nestes


anos são tão bons quanto os resultados
históricos da nossa estratégia, que eu vou
te apresentar agora.
25
UM OLHAR PARA O RESULTADO

DE AÇÕES BARATAS....
No Clube do Valor, a forma com que
investimos em ações é selecionando as
ações mais baratas da bolsa.

Essa estratégia de investimentos, que é


explicada com maior detalhes nessa aula,
tem alguns benefícios importantes, como:

Maior potencial de retorno

Clareza total sobre saber o momento


de comprar e vender uma ação

Resultados testados e comprovados

Por ser uma estratégia puramente


matemática, a gente pôde testar o
desempenho dela no passado.
26
Observando o período entre 1996 e 2021, os
resultados foram estes:

Fonte: dados públicos da cotação histórica do Ibovespa, Ibrx-100, IPC, IPCA e Taxa Selic.
Elaboração: Clube do Valor
(I) Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura.
(II) A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos.

Veja como o resultado é bastante superior


aos resultados apresentados anteriormente.

R$ 1.000, nessa simulação, teriam se


transformado em R$ 589.013,56.

Mesmo descontando a inflação, os


resultados são expressivos.
27
Neste segundo cenário, de observarmos o
retorno já descontado da inflação, o que
temos é o seguinte:

Fonte: dados públicos da cotação histórica do Ibovespa, Ibrx-100, IPC, IPCA e Taxa Selic.
Elaboração: Clube do Valor
(I) Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura.
(II) A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos.

Aqui, embora menor, o resultado é


igualmente surpreendente.

Neste cenário (lembrando: já descontando a


inflação) a gente observa que R$ 1.000 se
transformam em R$ 112.975,83.

Ou seja: seu dinheiro teria se multiplicado


por 112x no período.

Em termos matemáticos, isso significa um


retorno de 20,01% ao ano, descontada a
inflação.
28
Se fôssemos fazer projeções mais
cautelosas e simular um retorno de metade
disso, ou seja, 10% a.a acima da inflação
daqui para frente, a evolução do seu
patrimônio aconteceria desta forma:

SE VOCÊ TIVESSE EM 25 ANOS,


INVESTIDO... TERIA ACUMULADO...

R$ 500 POR MÊS R$ 616.662

R$ 1000 POR MÊS R$ 1.233.325

R$ 2000 POR MÊS R$ 2.466.650

Nestes cenários, fica evidente que o


trabalho de selecionar ações baratas
compensa.

Afinal, o potencial de retorno aumenta


bastante, sobretudo pensando em prazos
maiores.
29
COMO PARAR DE TRABALHAR E

CONTINUAR RECEBENDO SEU

SALÁRIO (OU ATÉ MAIS)?


Muitas pessoas já conseguiram chegar
neste patamar.

É o que chamamos de liberdade


financeira.

A liberdade financeira é a fase em que o


seu patrimônio acumulado é grande o
suficiente para se igualar ao seu salário ou
até superá-lo.

Para entender se investir em ações pode


ajudar a te tornar financeiramente livre,
você precisa traçar cenários analisando...

Qual valor será investido


Qual retorno acima da inflação da sua
carteira será projetado
Qual prazo você terá como investidor.

Considerando um prazo de 25 anos, e


diferentes premissas de retorno (de 7% ao
ano e 10% ao ano, ambas acima da
inflação), o que temos de potenciais
resultados são:
30

SE VOCÊ INVESTIR COM UMA TX. DE


POR 25 ANOS RETORNO DE 7%

R$ 500 POR MÊS R$391.520,94

R$ 1000 POR MÊS R$ 783.042

R$ 2000 POR MÊS R$ 1.586.084

COM UMA TX. DE RENDA PASSIVA


RETORNO DE 7% POSÍVEL

R$391.520,94 R$2.283,87

R$783.042 R$4.567,74

R$1.586.084 R$9.252,15
31

SE VOCÊ INVESTIR COM UMA TX. DE


POR 25 ANOS RETORNO DE 10%

R$ 500 POR MÊS R$616.662,45

R$ 1000 POR MÊS R$ 1.233.325

R$ 2000 POR MÊS R$ 2.466.650

COM UMA TX. DE RENDA PASSIVA


RETORNO DE 10% POSÍVEL

R$391.520,94 R$3.262,67

R$783.042 R$6.525,35

R$1.586.084 R$13.217,36
32
Nada mal investir R$ 1.000 por mês e, em 25
anos, conseguir se aposentar com mais de
R$ 10.000 por mês, certo?

É claro que essas estimativas são baseadas


em retornos históricos e que não existe
garantia de retorno futuro na bolsa. Por isso
mesmo, usei premissas mais conservadores
de retorno acima da inflação para projetar
o passado e te mostrar que, sim, ações
podem te ajudar na conquista da
independência financeira.

Entretanto, nem tudo são flores.

Nada no mundo vêm sem custo e investir


em ações possui um custo bem alto... Um
custo que se chama "risco".

Vamos, no próximo capítulo, tratar deste


custo.
CAPÍTULO III

O RISCO
QUAL É O RISCO DE PERDER

DINHEIRO NA BOLSA?
INTRODUÇÃO
“O medo, a incerteza, a dúvida e o

arrependimento são medidos pelo risco."

Morgan Housel
Se até aqui eu te mostrei a festa da bolsa
(afinal, transformar R$ 2.000 por mês em R$
2.500.000 é uma festa, não é?), agora eu
preciso te mostrar o preço a ser pago para
participar da festa.

Esse preço se chama risco. E o risco, na


bolsa, aparece sob diferentes formas.

Nesses últimos 7 anos em que atuo como


gestor de investimentos credenciado pela
CVM, eu percebi que existem 3 formas de
medir o risco.

São elas:
Risco como "Zig & Zag”
Risco como seu estômago ficar
embrulhado com seus resultados
Risco como desconforto com as quedas
da bolsa

Vou explicar estas 3 formas para, depois


disso, revelar o pior risco que existe, que é
o de perder dinheiro, e como fazer para
diminuir ele.
35
RISCO COMO "ZIG & ZAG”
O primeiro conceito de risco é o mais
técnico. No mercado, esse tipo de risco é
chamado de "volatilidade".

Na prática, "volatilidade" nada mais é do


que o "Zig & Zag" da sua carteira.

Quanto mais volátil é um ativo, mais ele


tende a variar em prazos curtos,
sobretudo.

O problema dessa forma de medir risco é


que, por si só, ela não diz nada. Se eu te
informar que a volatilidade histórica da
bolsa é de 26,27%, o que você faz com essa
informação?

Provavelmente, nada.

Por isso, eu gosto de trabalhar outras


definições de risco.

Vamos a elas.
36
RISCO DE EMBRULHAR O

ESTÔMAGO
Sabe aquela sensação de estar com o
estômago embrulhado?

Pois bem: eu tenho certeza que, na primeira


crise que você enfrentar, ela vai aparecer.

Imagine a seguinte situação: você tem R$


100.000 reais na bolsa. Aí, estoura uma crise
mundial na Ásia. Meses depois, estoura
uma crise no seu país. Seus antes R$
100.000 viraram, agora, R$ 35.000.

Se a situação parece ruim, pense que


possivelmente você estaria correndo risco
de perder seu emprego por conta dessa
crise... Ou, se você é um empresário, estaria
vendo as dívidas da sua empresa ficarem
mais caras e a demanda por seus produtos
ficar cada vez menor.

Imagine, ainda, que essa crise que você


está passando é retratada como "a maior
crise recente do país":
37

Tá ruim?

Calma que nosso cenário pode piorar.

Imagine que, além disso, você tem a opção


de investir praticamente sem risco, na
renda fixa, em troca de um retorno de
49,45%.
38
E aí, seu estômago embrulhou? Pois é.

Como você deve ter percebido, isso tudo


aconteceu no distante ano de 1998...

E, com essa crise, a bolsa caiu 65% do


ponto máximo ao mínimo.

Mas sabe o que aconteceu de lá para cá?

Primeiro: em pouco menos de 1,5 ano a


bolsa recuperou o patamar anterior.
Segundo, de lá para cá o retorno da bolsa
foi muito superior ao da renda fixa:

Além disso, essa crise mal parece tão grave


assim quando olhamos para o gráfico de
um prazo maior.
39
Pode parecer fácil ter aguentado tantas
coisas ruins ao mesmo tempo, mas o fato é
que não foi. Só teve este retorno bom quem
aguentou as quedas. Quem suportou aquilo
que eu chamo de "risco de embrulhar o
estômago".

Em termos técnicos, esse risco é medido


por algo chamado worst drawdown que, em
português, significa "maior queda".

Esse indicador mostra, como o nome diz,


qual foi a maior queda entre o ponto
máximo e mínimo da bolsa.

Aqui, neste gráfico abaixo, você pode ver a


maior queda da bolsa ao longo dos anos:
40
Perceba como em algumas vezes a bolsa
caiu mais de 40% do ponto máximo ao
mínimo.

E eu te garanto: sempre que isso


aconteceu, as manchetes foram
catastróficas e a impressão era de que a
crise em questão não teria solução. E, ainda
assim, em todas as vezes a bolsa se
recuperou.

Ainda assim, esse não é o principal risco


que existe.

Para que eu fale sobre o principal, antes


você precisa conhecer o risco de ficar
desconfortável...

RISCO DE ESTAR

DESCONFORTÁVEL
Outra forma de enxergar o risco é olhar
para o seu desconforto em relação às
quedas comuns no dia-a-dia do mercado.

A lógica é simples: é muito comum a bolsa


estar 5%, 10% ou até mesmo 20% abaixo da
máxima histórica. Se você olhar o gráfico
de drawdown, é fácil de perceber isso.
41
Só não dá para perceber que encarar esse
tipo de resultado faz com que muitos
investidores fiquem desconfortáveis em ver
o patrimônio investido na bolsa ficar, por
bastante tempo, menor do que o que foi
investido.

Lembre-se: renda variável varia para cima


e para baixo, em especial em períodos
mais curtos.

Enquanto o risco de embrulhar o estômago


diz sobre a magnitude de quedas, o risco de
estar desconfortável diz sobre o tempo que
essas quedas duram.

Recentemente, eu mapeei todos os


períodos em que a bolsa estava 5%, 10%,
20% e 40% abaixo da sua máxima histórica.

QUEDA ACUMULADA % DE DIAS


DA BOLSA NESSA SITUAÇÃO

5% OU MAIS 75,31%

20% OU MAIS 61,57%

40% OU MAIS 38,89%


42
Como interpretar essa tabela? De um jeito
simples: entendendo que é muito comum a
bolsa estar 5% ou 20% abaixo da máxima
anterior.

Tecnicamente falando, em perto da metade


dos dias, desde 1996, isso aconteceu.

Isso é um fato e esse fato ilustra parte do


preço a ser pago por ter um potencial
maior de retorno.

Até aqui, te mostrei 3 riscos relevantes e


que você precisa conhecer para ter
sucesso. Vamos, agora, ao principal deles.

RISCO DE PERDER DINHEIRO


Por fim, temos aquele que eu julgo ser o
maior risco de todos: o risco de perdas
permanentes

Esse risco é sobre você investir um


determinado valor na bolsa, ver este
dinheiro investido se desvalorizar e vender
suas ações na baixa.

Geralmente, esse risco atinge investidores


menos preparados.
43
Ele prejudica aqueles que não entendem
que ações são investimentos para o longo
prazo e que possuem riscos - como os que
eu te mostrei neste capítulo - que são
maiores quando o prazo é menor.

Quer se tornar um investidor mais


preparado?

Então dá só uma olhada nessa tabela:

Perceba: quanto maior seu horizonte


temporal, mais próximo de 100% foram os
períodos em que a bolsa rendeu acima da
inflação.

Isso reforça um ponto essencial de


investimentos, que é o horizonte de longo
prazo.
44
Ao investir na bolsa buscando obter
rentabilidade em 1 mês, 1 ano ou 3 anos,
suas chances de perder dinheiro são
relevantes.

Ao investir na bolsa buscando obter


rentabilidade em 1 década ou 2 décadas,
suas chances de perder dinheiro diminuem.

COMO SE PROTEGER DOS RISCOS

E MINIMIZÁ-LOS?
Conhecimento é poder.

E, neste caso, o conhecimento te ajuda a se


proteger destes riscos.

Afinal, só há duas formas de conseguir


minimizar os riscos e se proteger deles:

1. Entender a probabilidade da bolsa


render acima da inflação no longo
prazo
2. Somente investir na bolsa dinheiro que
você pretende utilizar no longo prazo
45
Ao conhecer o potencial de longo prazo da
bolsa e as estatísticas da tabela da zona de
desconforto e do percentual de períodos
em que a bolsa rendeu acima da inflação,
você automaticamente fica mais
preparado para lidar com a variação de
curto prazo.

E um investidor preparado tende a não ser


surpreendido pelo mercado.

Se você leu esse guia até aqui com


atenção, está preparado para entender
como montar uma boa carteira de ações.
CAPÍTULO V

INVESTINDO
COMO MONTAR UMA
CARTEIRA DE AÇÕES?
INTRODUÇÃO
Montar uma carteira de ações é um
processo que poderia se resumido em 3
grandes etapas:

Entender o que esperar de retorno no


longo prazo

Entender o preço a ser pago por esse


potencial de retorno e minimizar ele (os
riscos)

Conhecer e implementar uma


estratégia vencedora de seleção de
ações

Até aqui, tentei te preparar sobre os pontos


1 e 2.

A partir deste ponto, vou tentar formatar os


passos para montar uma carteira de ações
em formato de checklist.

Um checklist prático, passo a passo, para


facilitar a sua jornada de investidor.
Vamos lá?
47
TER OBJETIVOS FINANCEIROS

CLAROS
É impossível falar sobre investimentos sem
falar de objetivos financeiros.

Afinal, o que é dinheiro se não uma


ferramenta para que você conquiste
objetivos maiores na sua vida?

Dinheiro não serve para ser acumulado


sem um fim específico ou por ego...

Ele serve, sim, para te proporcionar uma


vida repleta dos seus principais valores.

Dinheiro não compra saúde, mas garante


um bom plano.

Não compra um sono tranquilo, mas


garante um bom lar, uma boa cama e
tempo de qualidade com a sua família.

Não compra felicidade, mas evita, em


muitos aspectos, a infelicidade.
48
E se até aqui vimos como a bolsa pode
aumentar seus ganhos em prazos longos,
bem como vimos como ela pode ter maus
resultados em prazos mais curtos, o fato é:
você só pode investir na bolsa de valores
dinheiro que pretende usar para planos
mais longos.

Por isso, comece sua jornada definindo


objetivos financeiros.

Pegue um papel e uma caneta e divida o


papel em 3 colunas:

1. Nome do objetivo
2. Prazo para a conquista do objetivo
3. Valor financeiro necessário para a
conquista do objetivo

Chame sua esposa - ou marido - e


preencham esse documento juntos.

Esse é, para mim, um passo essencial a ser


trilhado antes de começar a investir de
verdade.
49
EVITAR INVESTIR NA BOLSA

DINHEIRO DESTINADO AO USO NO

CURTO PRAZO
Essa etapa é bastante simples.

Ela consiste em você escolher ativos de


renda fixa para alocar todo o dinheiro
destinado a objetivos financeiros de curto
e médio prazo.

Sendo específico, curto prazo para mim


são objetivos de até 1 ano para a
conquista e médio prazo são objetivos
para até 5 anos para a conquista.

Acima deste prazo, já podemos pensar em


usar a bolsa como uma boa ferramenta a
ser utilizada.
50
CONSTRUIR A SUA RESERVA DE

EMERGÊNCIA
Ainda antes de colocar a mão na massa, é
essencial que você esteja preparado para
desafios em prazos mais curtos.

E a vida pode nos reservar alguns desafios


financeiros imprevisíveis, como:

Perda de emprego
Emergências médicas
Reparos inesperados da casa e do
carro
Dificuldades no negócio próprio

Por conta disso, e considerando que deve


ser "proibido" resgatar seu dinheiro da
bolsa em prazos curtos, entra a
importância de você ter sua reserva de
emergência (ou reserva financeira).

A reserva financeira é um montante


separado exclusivamente para que você
possa cobrir gastos de emergência que
não estejam previstos no seu orçamento.
51
Ela serve para te ajudar a organizar a sua
vida caso alguma coisa errada aconteça.

Como a gente não sabe quando os reveses


financeiros virão, é sempre bom estar
preparado.

O tamanho da sua reserva deve ser entre 3x


e 12x seus gastos mensais e o correto é
investir ela no Tesouro Selic, o ativo de
menor risco da economia.

Passada essa etapa, podemos evoluir para


o próximo passo
52
ENTENDER SUA TOLERÂNCIA AO

RISCO
No último capítulo, te mostrei os 4
principais riscos que existem ao investir na
bolsa.

Agora, quero te apresentar o conceito de


tolerância ao risco.

Entender sua tolerância ao risco é


entender o quanto você aguentaria ver o
seu patrimônio se desvalorizar sem vendê-
lo no desespero.

Este é um fator bem subjetivo de seus


investimentos e, no geral, não é fácil
definir qual é a sua real tolerância ao risco.

E digo “real tolerância”, porque muitas


vezes nos iludimos em relação à nossa
tolerância ao risco.

Quando investimentos em renda variável


performam bem, todo mundo fica mais
propenso a se considerar um “investidor
agressivo”.
53
Agora, quando as coisas vão mal, todos
passam a se considerar ”conservadores” ou
”avessos ao risco”.

Você somente conhecerá sua real


tolerância ao risco com experiência.

Portanto, aqui é melhor ser mais


conservador nas suas estimativas.

Pense “quanto eu aguentaria ver meu


patrimônio se desvalorizar numa crise” e,
em seguida, transforme isso num valor
percentual.

Exemplo: "minha tolerância ao risco é de


30%. Ou seja, eu aguento ver meu
patrimônio de longo prazo cair 30% numa
grande crise”

Feito isso, fica fácil de passar pela próxima


etapa, que é...
54
DEFINIR QUANTO INVESTIR, DO

SEU PATRIMÔNIO DE LONGO

PRAZO, NA BOLSA
Até aqui, neste capítulo você já:

1. Definiu objetivos financeiros


2. Compreendeu que só faz sentido
investir em ações para objetivos de
longo prazo
3. Entendeu quanto risco você tolera

Além disso, quando eu te mostrei as


estatísticas sobre o risco de estar
desconfortável com as quedas você
percebeu que, no passado, a bolsa chegou
a cair 65% da máxima até a mínima.

Se isso aconteceu no passado, pode - e


acredito que, em algum momento, vai -
acontecer no futuro.

Aí, como definir quanto investir na bolsa?

De uma forma simples: num exemplo


hipotético, se você entendeu que sua
tolerância ao risco é de 30% e sabemos
que a bolsa pode cair 65%, você precisa
investir no máximo 45% da sua carteira de
longo prazo em ações e, o restante, em
renda fixa com baixo risco.
53
Segue a linha de raciocínio:

Você decide investir R$ 100.000 no longo


prazo, sendo
R$ 45.000 em ações
R$ 55.000 em renda fixa sem risco

Uma crise enorme acontece


Sua carteira de ações cai 65%,
transformando os R$ 45.000 em R$
15.570
Sua carteira de renda fixa, por não ter
risco, segue em R$ 55.000 (exemplo
hipotético, porque ela teria rendido
um pouco)

Agora, você tem R$ 70.570 (R$ 55.000 da


renda fixa + R$ 15.570 da bolsa)
Sua carteira caiu menos de 30%,
respeitando sua tolerância ao risco

Eu sei: o exemplo acima pode ser mais


complexo para quem não está acostumado
a trabalhar com probabilidades e
matemática no dia-a-dia.

Entretanto, ele representa exatamente a


dinâmica necessária para que você corra
riscos proporcionais ao que você tolera
55
QUANTOS ATIVOS TER EM

CARTEIRA?
No processo de montar uma carteira de
ações, essa é uma definição bastante
importante. Por isso, optei por reservar um
capítulo a parte neste guia para trabalhar
esse tema.

O fato é: existe uma ampla discussão


sobre diversificação x concentração de
investimentos. Infelizmente, essa é uma
discussão que ainda é tomada por muitas
frases de efeitos e poucas evidências.

Quando eu me tornei gestor de


investimentos e passei a gerir o patrimônio
de longo prazo de uma série de famílias,
em 2016, tive que estudar bastante esse
tema. Afinal, a responsabilidade que
passei a ter ali exigiu, de mim, respostas
sólidas (e comprovadas) para questões
importantes, como essa.

Para alinharmos conceitos, entenda: o


objetivo aqui é saber equilibrar a redução
de riscos com aumento do potencial de
retorno da sua carteira.
56
E a única forma de conseguir medir estes
pontos é testando, historicamente, os
resultados de diferentes estratégias de
investimentos.

Para nossa sorte, Joel Greenblatt,


renomado gestor de investimentos e autor
norte-americano, fez isso décadas atrás.

Ele mediu quanto do risco não-sistemático


(risco ligado a ações ou setores
específicos) era reduzido com a
diversificação...

E revelou esses dados no livro You Can be a


Stock Market Genius...

Os resultados foram...
• 2 ações = reduz 46% do risco não-
sistemático
• 4 ações = reduz 72% do risco não-
sistemático
• 8 ações = reduz 81% do risco não-
sistemático
• 16 ações = reduz 93% do risco não-
sistemático
• 32 ações = reduz 96% do risco não-
sistemático
57
Para que você entenda: o "risco não-
sistemático" é, basicamente, o risco da sua
carteira sofrer por conta de uma ação ou
um setor específico.

Pegue o exemplo das ações da Oi:

Veja como elas caíram 98% no longo prazo,


enquanto a média do mercado subiu
bastante no período:
58
O que aconteceu com a Oi foi algo não
relacionado ao sistema. Por isso o nome
risco não-sistemático.

Enfim: a conclusão de Greenblatt foi ter


entre 16 e 32 ações para reduzir o risco sem
reduzir o potencial de retorno.

Mas para ter maior clareza, eu quis fazer o


meu próprio estudo.
Fiz assim:

1. Gerei uma lista anual das ações mais


baratas da bolsa
2. Testei a performance de carteiras com 5,
10, 20 e 30 ações.

O resultado: a melhor relação entre risco e


retorno acontecia nas carteiras de 20
ações baratas.

Portanto, a resposta para a pergunta


“Quantos ativos ter em carteira?”
é: tenha 20 ações.
59
Como fazer isso?

Comprando 20 diferentes ações


Comprando um fundo de ações
diversificado
Comprando ETFs (fundos de índice)

Essas são as formas mais eficazes de você


efetivamente reduzir o risco da sua carteira
e manter um bom potencial de retorno.

Entendido esses pontos, uma última etapa


importante é compreender erros comuns
que muitos investidores, mesmo os que
seguem este processo que te mostrei,
cometem ao investir na bolsa.

Vamos lá?!
CAPÍTULO VI

ERRANDO
OS PRINCIPAIS ERROS QUE

INVESTIDORES COMETEM
(E COMO EVITÁ-LOS)

INTRODUÇÃO
No jogo dos investimentos, ganha quem
menos erra.

Investir é como lutar boxe. O que importa


não é o quão forte você bate, mas sim o
quanto você aguenta "apanhar" do
mercado sem ter grandes prejuízos.

Por isso, antes de finalizar este guia é


essencial eu apresentar alguns erros
comuns que eu vejo que muitos
investidores cometem.

Os erros que eu vou te apresentar aqui


foram, inclusive, muitas vezes cometidos
por mim.

Eu já senti na pele (e na carteira) o custo


que errar traz e, por isso, julgo ser essencial
você estar por dentro deles antes de
começar a investir.

Bora conhecer esses erros?


62
ERRO #1 - INVESTIR COM BASE

EM NOTÍCIAS
Seguir notícias para tomar decisões de
investimentos é perigosíssimo.

Às vezes lemos uma notícia que diz "taxa


de juros sobe mais uma vez" e passamos a
achar que, com base nisso, a bolsa vai
cair.

Porém, essa sensação de controle é falsa.

O que eu mais vejo são investidores - seja


profissionais ou individuais - pautando sua
tomada de decisões em leituras de
mercado realizadas com base em notícias.
"Vou comprar ações da Minerva porque
o setor de proteínas vai bombar".
"Vou comprar dólar porque o real vai se
desvalorizar”
"Vou migrar para renda fixa porque a
inflação vai subir”

Sabe o que acontece com quem investe


assim? Essas pessoas compram na alta e
vendem na baixa.

Aliás, existe até um conceito técnico que


explica isso. Ele é chamado de behavior
gap.
63
Behavior gap é o nome dado ao fenômeno
em que o retorno dos investidores é pior
do que o retorno dos investimentos.

Para você entender, olha só essa história:

Nos 20 anos entre 1996 e 2015, o mercado


de ações EUA quase multiplicou por 5x. A
bolsa rendeu 483% no período.

Porém, o investidor médio ganhou apenas


251%. Essa diferença é o "behavior gap".

Sabe por que esse fenômeno existe?

Porque investidores se baseiam em


notícias para investir.

Assim, eles consistentemente vendem na


baixa, quando as notícias são ruins e o
futuro parece ruim, e compram na alta,
quando as notícias são boas e o futuro
parece bom.

Ao tentar prever o futuro, os resultados


acabam sendo prejudicados.
64
ERRO #2 - INVESTIR EM AÇÕES

CARAS
O segundo erro é optar por selecionar
ações caras.

Ações caras não são ações que são


cotadas a valores altos, como R$ 50 ou R$
100, e sim ações de empresas que são
vendidas a um preço muito caro em
relação ao lucro gerado.

Geralmente, ações caras são as mais


populares. Elas são de empresas
consideradas como "excelentes" e
raramente são criticadas por investidores.
Veja só o caso do Magazine Luiza, uma
ação que estava extremamente cara
desde 2019 até 2021.

No início de 2021, veja só o que os


principais analistas falavam dela:
65
Porém, nos 12 meses que seguiram a
realização destas estimativas, estes foram
os resultados da variação das suas ações:

Uma queda próxima a 75%.

Quem investiu R$ 10.000 nessa ação, agora


tem apenas R$ 2.500.

E, para voltar ao patamar inicial, não basta


a ação subir 75%... Ela precisa se
multiplicar por 4x.

O fato é: ações caras são mais arriscadas


em conjunto. Não à toa, no estudo que
fizemos aqui no Clube do Valor sobre
nossa estratégia de ações baratas, o que
percebemos foi que ações baratas vencem
a média do mercado e ações caras
perdem para a média do mercado.
66
É isso o que o gráfico abaixo ilustra. Em
verde, você observa a variação de uma
carteira de ações baratas. Em vermelho, a
variação de uma carteira de ações caras.
E, em amarelo, a variação da média do
mercado:

E o grande paradoxo aqui é que é muito


mais confortável comprar ações caras.

Elas estão caras justamente porque são


consideradas como ações de empresas de
qualidade. Portanto, é difícil ver alguém
criticando elas.

Por outro lado, ações baratas - que


estejam sendo vendidas por um preço
baixo em relação ao lucro gerado -
geralmente estão passando por períodos
de impopularidade.
67
E isso faz com que muitos as critiquem e
evitem investir nelas...

O que, paradoxalmente, é o que as torna


com maior potencial de retorno.

ERRO #3 - INVESTIR SEM TER

UMA ESTRATÉGIA CLARA


Por fim, o terceiro erro é investir sem
estratégia.

Eu tomei a liberdade de fazer uma


pequena modificação numa famosa frase
para explicar esse ponto:
“Os cidadãos não poderiam dormir
tranquilos se soubessem como são feitas
as salsichas, as leis e as decisões de
investimentos"
O que eu mais vejo, como educador
financeiro, são pessoas tomando decisões
de investimentos com base em ideias
frágeis.

A maioria dos investidores não segue


processos, e sim dicas.

Às vezes são dicas de influencers, às vezes


de assessores de investimentos e às vezes
até de amigos e familiares.
68
Às vezes são dicas que genuinamente
possuem a intenção de ajudar. Às vezes
não.

O maior problema de seguir dicas é que


elas não vem acompanhadas de
convicção.

A dica até pode ser boa, mas a boa


tomada de decisão só existe quando você
tem convicção do que está fazendo e do
por que está fazendo.

E, para ter convicção, você precisa


compreender o processo por trás de cada
decisão tomada.

Você precisa investir com base numa


estratégia clara de investimentos.
69
E, para finalizarmos, gostaria de dar os
parabéns a você, que leu esse guia até
aqui e realmente demonstrou interesse em
aprender como investir em ações e se
tornar um investidor de sucesso.

E agora, para se aprofundar ainda mais e


dar os primeiros passos rumo a sua
tranquilidade financeira, marque na sua
agenda as datas do dia 25 e 26 de outubro
de 2022, às 20h, pois teremos as aulas da
nossa imersão "Ações à Prova de Eleições"!

Para acessar o guia do evento e definir os


lembretes das duas aulas lá no YouTube,
toque no botão abaixo:

DEFINIR LEMBRETE

Você também pode gostar