Recolhimento - Seminário São Paulo VI

22/08/2023 - Pe. Marcelo Souza, PSSC

O cerne do Amor é o serviço

I - Oração preparatória
Escolha uma posição corporal que mais o ajude a rezar. Faça um breve exercício de relaxamento
para entrar no ritmo da oração. Crie um clima de silêncio e de recolhimento. Respire lento e
naturalmente. Centre a atenção na respiração. Aquiete-se. Tome consciência do seu corpo,
pensamentos sentimentos e desejos. Caso ocorrerem distrações, aceite-as e volte, serenamente, à sua
respiração.
Peça a graça: Senhor, ensina-me a construir o mundo melhor, na profundidade do silêncio e da
oração, na alegria do amor fraterno que dá fecundidade ao serviço do Reino
Invoque o Espírito Santo para que Ele ilumine e conduza a sua experiência de oração.
II – Encontro com a Palavra: Jo 13,1-15 – O Lava pés
III - Internalizando a Palavra1
A Páscoa é a grande festa do povo judeu. Ela lembra a saída do Egito, do exílio e da escravidão.
Jesus celebra a Ceia com seus discípulos. O texto joanino nos diz que Jesus realizou o “ lava-pés”
durante a última Ceia. Algumas ceias especiais tinham o “lava-pés” no início como sinal de
acolhida e de hospitalidade. Jesus realiza seu gesto enquanto a refeição está acontecendo.
Certamente Ele estabeleceu uma relação muito estreita entre o comer e o servir, melhor dizendo,
entre a refeição e o serviço solidário. Até Jesus, os convidados para a refeição eram servidos e
saiam satisfeitos. A partir de Jesus, os convidados para a refeição servem-se uns aos outros e saem
da refeição para servir os outros. O dom recebido é partilhado entre os seus; mas isso não basta, ele
precisa ser colocado à disposição de todos, a começar pelos mais carentes. O dom é, ao mesmo
tempo, graça e missão.
O Evangelho de João substitui a instituição da Eucaristia pelo “lava-pés”. Jesus sabia que seus
discípulos tinham pés frágeis, pés de argila. Amar alguém não é querer que ele fique deitado a seus
pés, mas é querer que ele se mantenha de pé, na plenitude de sua grandeza. Amar alguém é querê-lo
com os pés “leves e livres”. Lavar os pés é gesto de humanização e gesto humanizante. É devolver
ao outro a dignidade e capacidade de dar destino à sua vida. O Lava-Pés é expressão de acolhida e
de serviço, inovação que dirige o gesto eucarístico para a revolução das relações humanas: Jesus

1
Cf. Pe. Adroaldo,SJ: Homelías Quinta-feira Santa 2022, 2023
Cf. Pe. Pius T. Sidegum, Sj, O Caminho de Jesus – Exercícios Espirituais, Grupo Fonte, 2012.
está no meio das pessoas como Aquele que serve; por isso “despoja-se do manto” (sinal de
dignidade do “senhor”) e pega o avental (toalha, “ferramenta” do servo). É o Senhor que se torna
“servo”. O amor-serviço tem como primeiro símbolo o avental. “Despojar-se do manto” significa
“dar a vida” sob a forma de serviço. Somos chamados a vestir o “avental de Jesus” vestir o coração
com o avental da simplicidade, da ternura acolhedora, da escuta comprometida, da presença
atenciosa, do serviço desinteressado.
“Tirar o manto” é a atitude firme de quem se dispõe a arrancar tudo aquilo que impede a agilidade e
a prontidão no serviço (nossa redoma, nossa máscara, nossa capa de proteção); é mover-nos em
direção ao outro; é optar pela solidariedade e a partilha; é renovar a vontade de incluir o outro no
nosso próprio projeto de vida.
Sempre teremos pés para lavar, mãos estendidas para acolher, irmãos que nos esperam, situações
delicadas a serem enfrentadas com coragem. Sempre teremos, também, a necessidade de nos sentar
à mesa para renovarmos as forças e redobrarmos a coragem de nos levantar e, na humildade, sem
manto, servir com amor, do jeito de Jesus.
Como você vive esta dimensão eucarística em sua vida? Na "mesa do seu coração" há lugar para
todos?
A entrega da vida é um ato de serviço humilde e fraterno. "Compreendeis o que eu vos fiz?",
pergunta Jesus. Logo lhes explica que é precisamente por Ele ser o Mestre que lhes lavou os pés,
quem O segue deve fazer o mesmo com os outros. O Lava-pés é gesto ousado que quebra toda
pretensão de poder. Jesus viu claramente que o perigo mais grave que ameaça seus seguidores é a
tentação do poder. Não há dúvida de que isso é o que causa o maior dano a todos, o que mais nos
desumaniza, pois alimenta divisão, submissão, obediência infantil.
O Sentido do Seu gesto deve ser um exemplo de vida para os Seus seguidores. "Também vós deveis
lavar os pés uns aos outros”. Quer dizer, prestar um serviço recíproco e não se colocar acima dos
demais. Esse serviço pode exigir até à entrega da própria vida. E o que expressa a Instituição da
Eucaristia. Você compreende e vive o gesto de Jesus?
Jesus ordena o amor recíproco, a ponto de dar a vida pelo outro, assim como Ele a dá. Ele propõe o
gesto do Lava-Pés, como um exemplo para os Seus discípulos. Os dois gestos: o Lava-Pés e a
Instituição da Eucaristia iluminam-se mutuamente. Como você vive o "ser eucaristia" em sua vida e
missão?
IV- Agradecimento
Louve e agradeça sua experiência de oração.
Salmo do serviço
Jesus nos chama para sermos servos, como Ele é um servo, para que os homens aceitem a
mensagem de Cristo não tanto por aqueles que experimentam a ascese da pureza, mas por aqueles
que vivem as tribulações do serviço. Jesus, você que lavou os pés dos pobres pescadores,
Ajude-nos a entender que os pés dos pobres são o objetivo de toda jornada espiritual séria.
Quando o senhor se curvou aos pés de seus discípulos, fez-nos perceber para quais basílicas
devemos conduzir nossa peregrinação.
Nas bem-aventuranças, o Senhor nos disse que os pobres são bem-aventurados , ou seja, que são os
pobres que se salvam. Mas também acrescentou: ‘Bem-aventurados sois vós quando ajudares o
pobre, quando lhe derem de comer ou de beber, quando lhe derem abrigo ou o visitarem’.
Portanto, se salvam os pobres e aqueles que são solidários com os pobres.
‘Bem-aventurados sois vós, os pobres, porque vosso é o reino dos céus’.
‘Vinde ao reino, bem-aventurados, porque tive fome e me destes de comer’.
Em outras palavras, o Senhor está nos dizendo: 'Bem-aventurados os que servem aos pobres,
aqueles que se preocupam com os pobres’.
Ajude-nos, Jesus, a sermos tão solidários com os pobres a ponto de sermos seus amigos e irmãos.
Ajude-nos, Jesus, a saber, como reconhecê-lo nos pobres e sofredores, para que um dia eles possam
nos receber na casa do Pai!
(Don Tonino Bello)

V - Espaço pessoal
Escreva, brevemente, sua experiência de oração. Cite suas iluminações, inspirações, dúvidas,
resistências, fugas, receios, inquietações, interpelações... Registre o seu compromisso. Relacione as
questões que ficaram abertas para uma maior compreensão, aprofundamento e necessidade de
libertação.