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Nosso Senhor Jesus Cristo, antes de iniciar a sua vida pública, viveu um tempo
de Oração, Jejum e Penitência por 40 dias no deserto. Ele mesmo instituiu e nos
ensinou a abservância deste tempo, que chamamos de Quaresma, para estarmos
mais unidos à sua Paixão, morte, e por fim, celebrarmos jubilosos sua
Ressurreição.
Este material foi elaborado para ajudar os fiéis católicos a viverem com
intensidade e profundidade todos os dias da Quaresma e Semana Santa. Aqui
você encontrará sugestões de penitências, orações, meditações de Santo Afonso
de Ligório para todos os dias, Meditação das Dores de Maria Santíssima,
Meditação das Palavras de Cristo na Cruz, Oficio das Trevas, Relógio da Paixão
do Senhor, Preparação para a Confissão, e muito mais.
Enfim, desejo que através das páginas a seguir, você tenha a oportunidade de
refletir sobre a própria vivência da Fé, e principalmente que se encontre com o
Cristo Vivo, nosso Salvador. Que a Virgem Mãe Imaculada, São José seu
esposo, intecedam por você nesta caminhada.
APRESENTAÇÃO
SUGESTÕES DE PENITÊNCIAS
ORAÇÕES PARA VIVER BEM A QUARESMA
LADAINHA QUARESMA
ORAÇÕES PARA ANTES E DEPOIS DAS MEDITAÇÕES
MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA E SEMANA SANTA
VIA SACRA
MEDITAÇÃO DAS 7 DORES DE NOSSA SENHORA
MEDITAÇÃO DAS 7 PALAVRAS DE CRISTO NA CRUZ
OFÍCIO DAS TREVAS
RELÓGIO DA PAIXÃO DO SENHOR
PREPARAÇÃO PARA A CONFISSÃO
SUGESTÕES DE PENITÊNCIAS VIVER BEM PARA A QUARESMA
1. Penitências gastronômicas
Devemos fazer pelo menos uma penitência deste tipo, pois o jejum nos
coloca dentro de um padrão bíblico. Escolha uma dessas sugestões:
– Trocar a carne por peixe, ovos ou queijo (ou mesmo comer puro);
– Comer menos arroz, feijão, pão, macarrão, para sair da mesa com um pouco
de apetite;
– Eliminar todos os doces, refrigerantes, chocolates e demais guloseimas;
– Nas refeições, acrescentar algo que seja desagradável, como diminuir a
quantidade de sal ou colocar um condimento que quebre um pouco o sabor;
– Comer algum legume ou verdura que não se goste muito;
– Diminuir ou mesmo tirar as refeições intermediárias (como o lanche da
tarde);
– Tomar café sem açúcar, ou água numa temperatura menos agradável;
– Reservar algum dia para o jejum total ou parcial.
2. Penitências corporais
Apenas para ajudar a não perdermos o sentido do sacrifício ao longo do dia,
a não sermos relaxados, devendo ser pequenas e discretas. Seguem as
sugestões:
Obras Corporais:
1ª Dar de comer a quem tem fome;
2ª Dar de beber a quem tem sede;
3ª Vestir os nus;
4ª Dar pousada aos peregrinos;
5ª Assistir aos enfermos;
6ª Visitar os presos;
7ª Sepultar os mortos.
Obras Espirituais:
1ª Dar bons conselhos;
2ª Ensinar os ignorantes
3ª Corrigir os que erram;
4ª Consolar os tristes;
5ª Perdoar as injúrias;
6ª Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo;
7ª Rogar a Deus por vivos e defuntos.
I
Senhor,
Nesta Quaresma, tempo de mergulhar no meu interior,
de revisão e de conversão, ensina-me a descer sempre mais
até onde Tu te encontras: o meu coração.
Como “descer” até aí?
Amém.
II
Que meu jejum seja uma oportunidade de estar mais disponível para acolher
tua presença salvadora em minha alma.
Pai-nosso...
℣. Bendigamos ao Senhor.
℟. Graças a Deus.
ANTES
Meu Senhor e meu Deus, creio firmemente que estás aqui, que me vês, que
me ouves. Adoro-te com profunda reverência, peço-te perdão dos meus
pecados e graça para fazer com fruto este tempo de oração. Minha Mãe
Imaculada, São José meu pai e senhor, meu anjo da guarda intercedei por
mim.
DEPOIS
Dou-te graças, meu Deus, pelos bons propósitos, afetos e inspirações que me
comunicaste nesta meditação. Peço-te ajuda para os pôr em prática. Minha
Mãe Imaculada, São José meu pai e senhor, meu anjo da guarda intercedei
por mim.
MEDITAÇÕES
PARA A
QUARESMA
E SEMANA
SANTA
QUARTA-FEIRA DE CINZAS - A lembrança da morte e o jejum
quaresmal.
Memento homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris —
«Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás de tornar»(Gen. 3,
19).
I. Jesus Cristo não satisfez o seu amor, sacrificando a suavida por nós
num oceano de ignominias e dores, afim de patentear o amor que nos tinha.
Além disso, e para nos obrigar mais fortemente a amá-lo, quis, na véspera da
sua morte, deixar- se todo a nós como nosso alimento na santíssima
Eucaristia. — Deus é todo-poderoso, mas depois de dar-se a uma alma neste
Sacramento de amor, não lhe pode dar mais. Diz o Concílio de Trento que
Jesus, dando-se aos homens na santa comunhão, derramou (por assim dizer)
neste único dom todas as riquezas de seu amor infinito: Divitias sui erga
homines amoris velut effudit.
Quem foi mais santo do que Jesus Cristo? Todavia ele foi levado pelo
espirito ao deserto para ser tentado pelo diabo. Emprimeiro lugar, foi tentado
de gula, porque «tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, teve fome. E
chegando-se a ele o tentador, disse: Se és o Filho de Deus, dize que estas
pedras seconvertam em pães». Depois foi tentado de presunção, porque
«o diabo o transportou à cidade santa e o pôs sobre o pináculo do templo e
lhe disse: Se és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo, porque está escrito:
Recomendou-te aos seus anjos, e eles te levarão nas palmas das mãos, afim
de que nem sequer tropeces numa pedra.» Finalmente foi tentado de idolatria;
porque o diabo, vendo-se vencido uma outra vez, «o transportou ainda a um
monte muito alto, e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a gloria deles e
lhe disse: Todas estas coisas te darei, seprostrado me adorares.»
Uma alma, pois, por se ver tentada, não deve ainda temer como se já
tivesse caído no desagrado de Deus; antes deve então ter mais confiança de ser
amada de Deus, que a quer tornar mais semelhante a seu Filho unigênito e dar-
lhe ocasião para adquirir grandes méritos para o céu. Quoties vincimus, toties
coronamur
- «Cada Vitória é uma nova coroa», diz São Bernardo.
II. Os meios de que nos devemos servir para vencer as tentações,
são os mesmos que nosso divino Redentor nos ensina com o seu exemplo no
Evangelho de hoje. — Cum ieiunasset quadraginta diebus — Jesus jejuou
quarenta dias. Para vencermos todas as tentações, e em particular as dos
sentidos, é mister que nós também, especialmente neste tempo da Quaresma,
mortifiquemos a carne pelo jejum, pela penitência, e pelo recolhimento, e que
ao mesmo tempo avigoremos o espírito com meditações e orações, porque só
de pão vive o homem, masde toda a palavra que sai da boca de Deus.
Non tentabis Dominum Deum tuum — «Não tentarás ao Senhor teu
Deus». Para vencermos as tentações, devemos em segundo lugar evitar as
ocasiões de pecado. Aqueles que se expõem voluntariamente aos perigos e
não pretendem cair, tentam Deus para fazer milagres. A custodia dos anjos,
diz São Bernardo, é prometida a quem caminha nos caminhos de Deus, viis
suis, e não àquele que se expõe voluntariamente ao perigo de cair num
abismo. — Vade, Satana— «Vai-te, Satanás».
Finalmente o terceiro meio para sairmos vencedores, consiste em
expulsarmos o demônio inteiramente de nossa almae em estarmos resolvidos a
adorar a Deus nosso Senhor, e servi- lo a ele só. Oh! Quantos há que não
cuidam em refrear as suas paixões nascentes, e que imaginam poder servir a
dois senhores. Mas depois, ao primeiro assalto mais forte de qualquer tentação,
acabam por cair e perder-se eternamente!
l. Jesus Cristo chama hora sua a noite em que devia começar a Sua
paixão. Mas como é que pode chamar uma hora tão funesta a sua hora? É
porque foi a hora por ele almejada em toda a sua vida, visto que havia
determinado que naquela noite havia de nos deixar a santa Comunhão,
destinada a consumar a sua união com as almas diletas, pelas quais devia em
breve dar o sangue e a vida. Eis aqui o que naquela noite Jesus disse a seus
discípulos: Desiderio desideravi hoc pascha manducare vobiscum — «Tenho
desejado ansiosamente comer esta páscoa convosco». Palavra pela qual o
Redentor quis dar a entender o desejo ansioso que tinha de unir-se conosco
neste santíssimo Sacramento de amor: Desiderio desideravi — «desejei
ansiosamente»; estas palavras, diz São Lourenço Justiniani, saíram do
Coração de Jesus abrasado em imenso amor.
Ora, a mesma chama que então ardia no Coração de Jesus, está
ardendo ali até ao presente; e a todos nós renova o convite feito então aos
apóstolos de o receberem: Accipite et comedite, hoc est corpus meum1 -
«Tomais e comei: isto é o meu corpo». Além disso, para atrair-nos a recebê-lo
com amor, promete o paraíso: Qui manducat meam carnem, habet vitam
aeternam 2 - «Quem come a minha carne, tem a vida eterna». No caso
contrário, ameaça-nos com a morte eterna: Nisi manducaveritis carnem Filii
hominis, no habebitis vitam in vobis 3 — «Se não comerdes a carne do Filho
do homem, não tereis a vida em vós».
Estes convites, estas promessas, estas ameaças nasceram todas do
desejo que tem Jesus Cristo de se unir conosco na santa comunhão, e este
desejo nasce do amor que nos tem. «Não há abelha», disse um dia o Senhor a
Santa Mechtildis, «que com tanta avidez esvoace sobre as flores para lhes
sorver o mel, como eu anseio entrar nas almas me desejam». Porque Jesus nos
ama, quer ser amado de nós, e porque nos deseja seus, quer ser desejado, diz
São Gregório: Sitit sitiri Deus. Bem-aventurada a alma que se aproxima da
mesa da comunhão com grande desejode se unir a Jesus Cristo!
II. Adorável Jesus meu, não podeis dar-nos maiores provas de amor
para nos fazer compreender quanto nos amais. Destes vossa vida por nós;
ficastes no Santíssimo Sacramento, para que venhamos aqui alimentamos de
vossa carne, e qual grande desejo tendes que Vos recebamos! Como podemos
ser sabedores de tantas finezas de vosso amor, sem ficarmos abrasados no
vosso amor? Longe de mim, afetos terrenos, saí de meu coração; vós é que me
impedis de arder no Jesus como Elearde por mim. Ó meu Redentor, que outros
testemunhos de afetoposso ainda esperar, depois dos que me tendes dado? Por
meu amor sacrificastes a vossa Vida inteira; por meu amor abraçastes uma
morte tão amarga e ignominiosa; por meu amor chegastes, por assim dizer, a
aniquilar-Vos, reduzindo-Vos na Eucaristia a estado de alimento, para Vos
dardes todo a mim. Ah, Senhor! Não permitais que eu seja ingrato a tão
grande bondade.
Graças Vos dou pelo tempo que me concedeis para chorar minhas
ingratidões e Vos amar. Arrependo-me, ó soberano Bem, de ter tantas vezes
desprezado o vosso amor. Amo-Vos, ó Bondade infinita; amo, Vos, ó
Tesouro infinito; amo-Vos, ó Amor infinito, digno de infinito amor. Jesus,
meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas. Por piedade, ajudai-me, ó meu
Jesus, a banir do meu coração todos os afetos que não são para Vós, para que
daqui por diante não deseje, não busque e não ame senão a Vós, Meu amado
Redentor, fazei com que eu Vos ache sempre e sempre Vos ame. Apoderai-
vos de toda a minha vontade, para que queira somente o vosso beneplácito.
Meu Deus, meu Deus, a quem então amarei, se não amo a Vós em quem
encontram todos os bens? Só a Vós quero, e nada mais. — Ó Maria, minha
Mãe, tomai meu coração e enchei-o de perfeitoamor a Jesus. (II 406.)
I. Como serva, que ferida pela flecha, aonde vai leva a sua dor,
trazendo sempre consigo a frecha que a feriu; assim a divina Mãe, depois da
profecia funesta de São Simeão, levava sempre consigo a sua dor com a
memória continua da paixão do Filho. Tanto mais, que aquela profecia
começou desde logo a realizar-se na fugida que o Menino Jesus teve de fazer
para o Egypto, afim de se subtrair à perseguição de Herodes: Surge et accipe
puerum et matrem eius et fuge in Aegyptum — «Levanta- te, toma o Menino e
Sua Mãe, e foge para o Egito».
Que pena, exclama São João Crisóstomo, devia causar ao Coração de
Maria, o ouvir a intimação daquele duro exílio com seu Filho! «Ó Deus»,
disse então Maria suspirando, como contempla o Bern aventurado Alberto
Magno, «deve, pois, fugirdos homens aquele que veio a salvar os homens?»
Cada um pode considerar quanto padeceu a Santíssima Virgem
naquela viagem. A estrada, conforme a descrição de São Boaventura, era
áspera, desconhecida, cheia de bosques, pouco frequentada, e sobretudo
muito longa, de modo que a viagem foiao menos de trinta dias. O tempo era de
inverno; por isso tiveram de viajar com neves, chuvas e ventos, por caminhos
arruinados cheios de lama, sem terem quem os guiasse ou servisse. Maria
tinha então quinze anos, e era uma donzela delicada, não acostumada a
semelhantes viagens. Que dó fazia ver aquela Virgemzinha fugir com o
Menino nos braços e acompanhada somente de São José!
Pergunta São Boaventura: Quomodo faciebant de victu? ubi nocte
quiescebant?— «De que alimentavam-se? Onde passavam as noites? » E de
que outra coisa podiam alimentar-se, senão de um pedaço de pão duro, trazido
por São José, ou mendigado? Onde deviam dormir, especialmente no extenso
deserto pelo qual deviam passar, senão sobre a terra, ao relento, com perigo de
ladrões ou de feras em que abunda o Egito? Oh! Quem tivera encontrado
aquelas três personagens, por quem as haveria então reputado senão por três
pobres mendigos e vagabundos?
convosco no céu. Quero salvar-me, não tanto para gozar, como para Vos
agradar e amar. Amo-Vos, Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas.
Pesa-me de Vos ter ofendido e proponho nunca mais tornar a ofender-Vos.
Mas já que me vedes destituído de toda a força, amparai a minha fraqueza,
afim de que eu Vos seja fiel. «Guardai-me interior e exteriormente, para que
me defendais de adversidades no corpo e limpeis a minha alma de maus
pensamentos»2 Doce Coração de Maria, sede minha salvação.
inferno1.
Além disso, que tesouros de merecimentos não pode ajuntar a alma em estado
de graça! Cada instante pode adquirir uma glória eterna, porquanto, como diz
Santo Tomas, qualquer ato de amor produzido pela alma merece um paraíso à
parte.
Porque temos então inveja dos grandes do mundo? Estando na graça
de Deus, podemos adquirir continuamente grandezas muito mais altas no céu.
II. A paz de que ainda na terra goza a alma em estado de graça, só
pode ser compreendida por aquele que a provou: Gustate et videte, quoniam
suavis est Dominusi — «Provai e vede quão suave é o Senhor». Não pode
deixar de ser cumpridaa palavra do Senhor: Gozam muita paz os que amam a
divina leiii. A paz do que vive unido com Deus, excede todas as doçurasque nos
podem advir dos sentidos ou do mundo: Pax Dei quae exsuperat omnem
sensum 8.
Ó meu Jesus, Vós sois o bom pastor que se deixou matar para nos dar
a vida, a nós, vossas ovelhas. Quando eu fugia de Vós, não deixastes de
correr atrás de mim e de me procurar; recebei-me, agora, que Vos procuro e
que volto arrependido a vossos pés. Restitui-me a graça, que miseravelmente
perdi por minha culpa. De todo o coração me arrependo e quisera morrer de
dor, quando penso nas inúmeras vezes que Vos voltei as costas. Perdoai-
me pelos merecimentos da morte cruel que por mim padecestes na cruz.
Prendei-me com os doces laços do vosso amor e não permitais que
outra vez me afaste de Vós. Dai-me forças para sofrer com paciência todas as
cruzes que me envieis, visto ter merecido as penas eternas do inferno. Fazei
que abrace com amor os desprezos que me possam vir dos homens, visto ter
merecido estar eternamente sob os pés dos demônios. Fazei, numa palavra,
com que obedeça em tudo as vossas inspirações e vença, por vosso amor,
qualquer respeito humano. — Resolvido estou a servir de hoje em diante
somente a Vós. Digam os outros o que quiserem; eu quero amar somente a
Vós, meu Deus amabilíssimo, só a Vós quero agradar; mas dai-me o vosso
auxílio sem o qual nada posso. Amo-Vos, Jesus, meu Deus, amo- Vos sobre
todas as coisas, de todo o coração, e confio em vosso Sangue. — Maria,
minha esperança, ajudai-me com as vossas orações. Glorio-me de ser vosso
servo, e vós vos gloriais de salvar os pecadores que a vós recorrem; socorrei-
me, pois, e salvai-me. (II 87.)
II. Devemos honrar muito àquele a quem Deus mesmo tanto tem
honrado. E grande confiança devemos colocar na proteção de São José,
que viu nesta terra o Senhor do mundo submisso às suas ordens. Escreve
Santa Teresa: «O Senhor nosquis dar a entender que, assim como na terra quis
ficar submissoa São José, assim faz agora no céu tudo o que o Santo lhe pede.»
Meu santo Patriarca, pela grande reverência que, como a seu esposo,
vos teve Maria, rogo-vos que me recomendeis a ela, e me alcanceis a graça de
ser o seu verdadeiro e fiel servo até a morte. E pela submissão que na terra
vos mostrou o Verbo encarnado, obtende-me a graça de lhe obedecer e de
ama-lo perfeitamente. No céu Jesus se compraz em conceder todas as graças
que vós pedis em favor daqueles que a vós se recomendam. Eu também,
miserável como sou, me recomendo a vós, escolho-vos por meu advogado
especial e prometo honrar- vos cada dia com algum obséquio particular. Meu
Pai, São José, por piedade, alcançai-me aquela graça que vós sabeis ser mais
útil à minha alma, e especialmente a virtude da santa pureza.
«Sim, glorioso São José, pai e protetor das virgens, guarda fiel, a
quem Deus confiou Jesus, a mesma inocência, e Maria, a virgem das virgens,
eu vos peço e conjuro por Jesus e Maria, este duplo deposito a vós tão caro,
com vosso eficaz auxilio dai-me conservar meu coração isento de toda
mancha, e que, puro e casto, sirva constantemente a Jesus e Maria em perfeita
eum2.
Ah, meu amantíssimo Senhor, em vista de tantos testemunhos do
vosso amor, quem poderá deixar de Vos amar? Tinha razão Santa Teresa, ó
meu amabilíssimo Jesus, de dizer que, quem não Vos ama, prova que não
Vos conhece.
lampades ignis atque flammarum1 — «As suas lâmpadas são umas lâmpadas
de fogo e de chamas». Fogo, ardendo interior- mente, como explica Santo
Anselmo, e chamas, resplandecendopara fora com o exercício das virtudes.
Revelou a própria Maria a Santa Brígida, que neste mundo ela não
teve outro pensamento, outro desejo, nem outro gosto senão Deus. Eis
porque a sua alma bendita e absorta sempre nesta terra na contemplação de
Deus, fazia inúmeros atos de amor. Ou, para melhor dizer, como escreve
Bernardino de Bustis, Maria não multiplicava os atos de amor, como fazem
osoutros santos; mas, por um privilegio singular, ela amou a Deus atualmente
com um continuo ato de amor. Qual águia realsempre tinha os olhos fixos no
divino Sol, de maneira (diz São Pedro Damião) que nem as ações da vida lhe
impediam o amor,nem o amor lhe impedia a ação.
Acrescentam Santo Ambrósio, São Bernardino e outros, que nem
mesmo o sono interrompia o ato de amor da Santíssima Virgem; de modo que
podia verdadeiramente dizer com a sagrada Esposa: Ego dormio, et cor meum
vigilat1— a. Eu durmo e o meu coração vela». Foi figura de Maria o altar
propiciatório, no qual nunca se extinguia o fogo, nem de dia, nem de noite.
Numa palavra, afirma o Bem-aventurado Alberto Magno que Maria foi cheia
de tão grande amor, que quase não podia caber mais amor numa pura criatura
terrestre. Os próprios serafins podiam descer do céu, para aprenderem no
Coração de Maria como se deve amar a Deus. No reino celeste ela só, entre
todos os santos, pode dizer a Deus: Senhor, senão Vos amei quanto mereceis,
ao menos amei-Vos quanto me foi possível.
II. Já que Maria ama tanto a seu Deus, não há certamente coisa
alguma que ela exija tanto de seus devotos como que o amem igualmente. E o
que a divina Mãe disse à Bem-aventurada Ângela de Foligno, num dia em que
esta tinha comungado; é o que ela disse também a Santa Brígida: «Filha, se
queres cativaro meu amor, ama o meu Filho.»
Pergunta Novarino, porque a Santa Virgem, à imitação da Esposa
dos Cantares, rogava aos anjos que fizessem saber ao seu Senhor o grande
amor que lhe consagrava, dizendo: Adiuro- vos ...ut nuntietis ei, quia amore
langueo2 - «Eu vos conjuro ... que lhe façais saber que estou enferma de
amor?» Por ventura não sabia Deus quanto ela o amava? Com certeza sabia-
o, responde o autor sobredito, que a Virgem quis fazer patente a nós o seu
amor; afim de que, assim como ela estava ferida de amor, nos infligisse a
mesma ferida: Ut vulnerata vulneret. Porque foi toda fogo em amar a Deus,
por isso, como diz São Boaventura, abrasa e torna seus semelhantes todos os
que a amam e a ela se aproximam. Pelo que Santa Catarina de Sena chamava
a Maria Santíssima portatrix ignis: a portadora do fogo do amor divino. Se
queremos também arder nesta beata chama, procuremos sempre
aproximarmos à nossa Mãe santíssima comsúplicas e afetos.
II. Meu filho, vergonhoso é o entrar nesta casa, mas não sair dela.
Assim falou Sócrates a um seu discípulo que não quis ser visto ao sair de uma
casa suspeita. É o que digo também àqueles que, depois de cometerem um
pecado grave, têm vergonha de o confessar. Meu irmão, coisa vergonhosa é
ofender a um Deus tão grande e tão bom; mas não o é confessarmos o
pecado cometido e livrar-nos dele. Foi por ventura coisa vergonhosa para
Santa Maria Madalena o confessar em público aos pés de Jesus Cristo, que era
uma mulher pecadora? Foi motivo de vergonha confessar-se uma Santa Maria
Egípcia, uma Santa Margarida de Cortona, um Santo Agostinho, e tantos
outros penitentes, que algum tempo tinham sido grandes pecadores? Por meio
de sua confissão fizeram-se santos.
Animo, pois, meu irmão, animo! (Falo a quem cometeu a falta de
ocultar por vergonha um pecado.) Tem ânimo e dize tudo a um confessor. Dá
gloria a Deus, e confunde o demônio que, como diz o Evangelho, quando
saiu do homem, anda por lugares secos, buscando repouso, e não o acha. —
Porém, depois de te teres confessado bem, prepara-te para novos e mais
violentos assaltos da parte do inimigo infernal. Ai de quem o deixa entrar
novamente, depois de o haver expulso! Et fiunt novissima hominis illius
peiora prioribus — «O último estado do homem virá a ser pior do que o
primeiro».
Ó meu amabilíssimo Jesus! Iluminai o meu espirito, afim de que
nunca mais me deixe obcecar pelo espírito maligno a cometer de novo o
pecado. Pesa-me de Vos haver ofendido, e proponho com a vossa graça antes
morrer que tornar a ofender- Vos. Mas, se por desgraça cair novamente, dai-
me força para sempre vencer o demônio mudo e confessar-me sinceramente ao
vosso ministro. «Peço-Vos, Deus todo-poderoso, que atendais propicio às
minhas humildes súplicas, e que em minha defesa estendais o braço de vossa
majestade.»1 Doce Coração de Maria,sede minha salvação. (*III 413.)
Sumário. Devemos ter por certo que a vida de São José, sob a vista e
na companhia de Jesus e Maria, foi uma oração continua, cheia de fé, de
confiança, de amor, de resignação e de oferecimento. Visto que a recompensa
é proporcionada aos merecimentos da vida, considera quão grande será no
paraíso a gloria do santo Patriarca. Com razão se admite que ele, depois da
Bem-aventurada Virgem, leva vantagem a todos os demais Santos. Por isso,
quando São José quer obter alguma graça para seus devotos, não tanto pede,
como de certo modo manda a Jesuse Maria.
Sumário. A dor de Maria pela perda de Jesus foi sem dúvida uma
das mais amargas; porque ela então sofria longe de Jesus, e a humildade fazia-
lhe crer que o Filho se tinha apartado dela por causa de alguma negligência
sua. Sirva-nos esta dor de conforto nas desolações espirituais; e ensine-nos o
modo de buscarmos a Deus, se jamais para nossa desgraça viermos a perde-lo
por nossa culpa. Lembremo-nos, porém, de que quem quiser achar a Jesus,
não o deve buscar entre os prazeres e delicias, mas no pranto, entre as cruzes
e mortificações, assim como Maria o procurou.
I. Quem nascer cego, pouco sente a pena de ser privado de ver a luz
do dia; mas quem em outro tempo teve a vista e gozou a luz, muita pena sente
em se ver dela privado. E assim igualmente as almas infelizes que, cegas pelo
lodo desta terra, pouco têm conhecido a Deus, pouco sentem a pena de não o
acharem. Ao contrário, quem, iluminado pela luz celeste, foi feito digno de
achar no amor a doce presença do supremo Bem, ó Deus! Que tristeza sente
em ver-se dela privado.
Vejamos, portanto, o muito que a Maria, acostumada a gozar
continuamente a dulcíssima presença de seu Jesus, devia ser dolorosa a
terceira espada que a feriu, quando, havendo-o perdido em Jerusalém, por
três dias se viu dele separado. — Alguns escritores opinam que esta dor
não foi somente uma das maiores que teve Maria na sua vida, mas que foi em
verdade a maior e mais amarga. E com razão, porque então ela não sofria em
companhia de Jesus, como nas outras dores; e porque a sua humildade lhe
fazia crer que Jesus se tinha afastado dela por alguma negligência no seu
serviço. Por esta razão aqueles três dias lhe foram excessivamente longos e se
lhe afiguraram séculos, cheios de amargura e de lágrimas.
Num quem diligit anima mea vidistis?1—«Vistes porventura aquele
a quem ama a minha alma?». É assim que a divina Mãe, como a Esposa dos
Cantares, andava perguntando por toda a parte. E depois, cansada pela fadiga,
mas sem o ter achado, oh, com quanto maior ternura não terá dito o que disse
Ruben de seu irmão: Puer non comparet, et ego quo ibo? 2 —
«O menino não aparece, e eu para onde irei?» O meu Jesus não aparece, e eu
não sei que mais possa fazer para o achar; mas aonde irei sem o meu tesouro?
Ah, meu filho dileto! Cara luz de meus olhos: faze-me saber onde estás, afim
de que eu não ande mais errando e buscando-te em vão. Numa palavra,
afirma Orígenes que pelo amor que esta santa Mãe tinha a seu Filho, padeceu
mais nesta perda de Jesus, que qualquer outro mártir no tormento que o privou
da vida.
non populus meus, et ego non ero vesler1— «Vós não sois meu povo, e eu
não serei mais vosso».
Sumário. Não é sem razão que Abraão e com ele os demais justos
do Antigo Testamento desejavam tão ansiosamente ver o dia do Senhor. Sim,
porque depois da vindade Jesus Cristo, é impossível que uma alma crente que
medita nas dores e ignomínias que Ele sofreu por nosso amor, não se abrase
em amor e não se resolva firmemente a tornar-se santa. Se, pois, queremos
progredir no caminho de perfeição, meditemos a miúdo, e especialmente
nestes dias, na Paixão do Redentor, e meditando afiguremo-nos que
presenciamos os mistérios dolorosos.
II. Meu irmão, se queres sempre crescer em amor para com Deus e
progredir na perfeição, medita a miúdo na Paixão de Jesus Cristo, conforme o
conselho que te dá São Boaventura: Quotidie mediteris Domini passionem.
Especialmente nestes dias, que procedem a comemoração da sua morte
dolorosíssima, guiado pelos sagrados Evangelhos, contempla com olhos
cristãos tudo que o Salvador sofreu nos principais teatros de seu padecimento;
isto é, no horto das oliveiras, na cidade de Jerusalém e no monte Calvário.
Para que tires desta meditação o fruto mais abundante possível,
representa-te os sofrimentos de Jesus Cristo tão vivamente, que te pareça
veres diante dos olhos o Redentor tão maltratado, e sentires em ti mesmo as
chagas que n’Ele abriram as pontas dos espinhos e dos cravos, a amargura do
vinagre e fel, o pejo das ignomínias e dos desprezos: Hoc enim sentite in
vobis, quod et in Christo Iesu (4) — “Senti em vós o que Jesus Cristo sentiu”.
Ao passo que assim meditas, repete muitas vezescom o Apóstolo: Tudo isso o
Senhor tem feito e padecido por mim, para me mostrar o seu amor e ganhar o
meu: Dilexit me, et tradidit semetipsum pro me (5) — “Ele me amou e se
entregou por mim”. E não O amarei?
Sim, amo-Vos; † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas; e
porque Vos amo, pesa-me de Vos haver ofendido, e proponho antes morrer do
que Vos tornar a ofender. “Vos, ó Senhor onipotente, lançai sobre mim um
olhar benigno, para que por vossa proteção seja regido no corpo e defendido
na alma”.
(6) † Doce Coração de Maria, sede minha salvação.
I. Sabendo Jesus que era chegada a hora de sua morte, em que devia
partir deste mundo, como até então tinha amado os homens com amor
excessivo, quis naquela hora dar-lhes as últimas e maiores demonstrações de
seu amor. Vede-O, como sentado à mesa e todo inflamado de amor, Se volta
para os seusdiscípulos e lhes diz: Desiderio desideravi hoc Pascha manducare
vobiscum (1) — “Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta
Páscoa”. Discípulos meus (e o mesmo disse Jesus então a todos nós), sabei
que em toda a minha vida não tive outro desejo senão o de celebrar convosco
esta Última Ceia; porquanto logo em seguida irei sacrificar-Me pela vossa
salvação.
Portanto, ó meu Jesus, tendes tão vivo desejo de dar a vida por nós,
as vossas miseráveis criaturas? Ah! Esse vosso desejo, como não deve excitar
em nossos corações o desejo de padecer e morrer por vosso amor, visto que
por nosso amor desejais tão ansiosamente padecer e morrer! Ó amado
Redentor, fazei-nos saber o que quereis de nós; queremos agradar-Vos em
tudo. Queremos dar-Vos gosto para respondermos ao menos um pouco ao
grande amor que nos tendes.
Entretanto é posto na mesa o cordeiro pascal, figura de nosso
Salvador mesmo. Assim como aquele cordeiro foi consumido na Última Ceia,
assim o mundo veria no dia seguinte o Cordeiro divino, Jesus Cristo,
consumido de dores sobre o altarda Cruz.
Itaque cum recubuisset ille (Ioannes) supra pectus Iesu
— “Tendo-se ele (João) reclinado sobre o peito de Jesus” (2). Ó feliz de vós,
João, discípulo predileto, que reclinando a cabeça sobre o peito de Jesus,
compreendestes a ternura do Coração do nosso amante Redentor para com as
almas que O amam! — Ah! Meu dulcíssimo Senhor, que repetidas vezes me
favorecestes com tão grande graça! Sim, pois que eu também compreendi a
ternura do vosso afeto para comigo cada vez que me consolastes com luzes
celestes e doçuras espirituais. Mas, não obstante isso, Vos fui infiel! Suplico-
Vos que não me deixeis mais viver tão ingrato para com a vossa bondade!
Quero ser todo vosso: aceitai-me e socorrei-me.
II. Deinde mittit (Iesus) aquam in pelvim, et coepit lavare pedes
discipulorum (3) — “Depois (Jesus) deita água numa bacia e começa a lavar
os pés dos discípulos”. — Minha alma, contempla a teu Jesus que Se levanta
da mesa, depõe suas vestiduras e, tomando uma toalha branca, Se cinge. Em
seguida deitando água numa bacia, de joelhos diante de seus discípulos,
começa a lavar-lhes os pés. Eis, pois, que o Rei do mundo, o Unigênito de
Deus, Se humilha até lavar os pés a suas criaturas! Ó Anjos, que dizeis a isso?
Já teria sido um grande favor, se Jesus Cristo lhes houvera permitido
lavarem-Lhe com lágrimas os pés divinos, assim como permitiu à Maria
Madalena. Jesus, porém, quis prostrar-Se aos pés dos seus servos, a fim de
nos deixar no fim da sua vida este grande exemplo de humildade, e mais esta
grande prova do amor que tem aos homens.
E nós, ó Senhor, seremos sempre tão orgulhosos que não sofremos
uma palavra de desprezo, uma pequena falta de atenção, sem que logo
fiquemos ressentidos, e nos venha o pensamento de vingança? Todavia, pelos
nossos pecados temos merecido sermos calcados aos pés dos demônios no
inferno.
Ah, meu Jesus, reconheço que é um grande castigo de meus pecados
o terem-me feito soberbo, depois de me terem feito ingrato. Para o futuro
não será assim; pois que o vosso exemplo me fez as humilhações sumamente
amáveis. Prometo que de hoje em diante suportarei por vosso amor qualquer
injúria e afronta que me seja feita; mais, desejo e peço ser humilhado
convosco. — Mas, ó Senhor, para que servem estes meus propósitos sem o
vosso auxílio para executá-los? Já que me quereis salvo, ó meu Jesus
desprezado, ajudai-me a suportar em paz todos os desprezos que em minha
vida tenha de receber. Concedei-me esta graça pelo mérito dos opróbrios que
sofrestes,e pelas dores de vossa e minha querida Mãe Maria.
I. Quando uma mãe assiste a seu filho que padece e morre, sem
dúvida ela sente e sofre todas as penas do filho; mas quando o filho
atormentado, já morto, deve ser sepultado e a aflita mãe deve despedir-se dele,
ó Deus! O pensamento de o não tornar a ver é uma dor que excede todas as
outras dores. Essa foi a última espada que traspassou o coração aflito de
Maria.
Para melhor considerá-la, voltemos ao Calvário e observemos
atentamente a aflita Mãe, que ainda tem abraçado seu Jesus morto e se
consome de dor ao beijar-Lhe as chagas. Ossantos discípulos, temendo que ela
expirasse pela veemência da dor, animaram-se a tirar-lhe do regaço o depósito
sagrado, para o sepultarem. Com violência respeitosa tiraram-lh’O dos braços,
e embalsamando-O com aromas, envolveram-No em um sudário adrede
preparado. — Eis que já O levam à sepultura; já se põe em movimento o
cortejo fúnebre. Os discípulos carregam o corpo exânime; inúmeros anjos do
céu O acompanham; as santas mulheres O seguem e juntamente com elas vai a
Mãe aflitíssima,acompanhando o Filho à sepultura.
Chegados que foram ao lugar destinado, a divina Mãe acomoda nele
com suas próprias mãos o corpo sacrossanto; e, ó!Com quanta vontade Maria
se sepultaria ali viva com seu Jesus! Quando depois levantaram a pedra para
fechar o sepulcro, afigura-se-me que os discípulos do Salvador se voltaram
para a Virgem com estas palavras: Eia, Senhora, deve-se fechar o sepulcro:
tende paciência, vede pela última vez o vosso Filho e despedi-vos d’Ele. —
Ah! Meu querido Filho (assim deve ter falado então a aflita Mãe), não te hei
então de tornar a ver? Recebe, pois, nesta última vez que te vejo, recebe o
último adeusde mim, tua afetuosa Mãe.
II. Finalmente os discípulos levantam a pedra e encerram no santo
sepulcro o corpo de Jesus, aquele grande tesouro, a que não há igual nem na
terra nem no céu. Diz São Boaventura, que a divina Mãe, antes de deixar o
sepulcro, abençoou aquela sagrada pedra. E assim dando o último adeus
ao Filho e ao sepulcro, volta para sua casa, mas deixa o seu coração
sepultadocom Jesus.
Sim, porque Jesus é todo o seu tesouro, e, como disse Jesus: Ubi
thesaurus vester est, ibi et cor vestrum erit (1) — “Onde está o vosso tesouro,
aí estará também o vosso coração”. E nós, onde teremos sepultado o nosso
coração? Talvez nas criaturas? No lodo? E porque não o teremos sepultado
com Jesus, o qual, bem que subido ao céu, contudo quis ficar, não morto, mas
vivo, no Santíssimo Sacramento do altar, precisamente para ter consigo e
possuir os nossos corações? Imitemos, pois, Maria; encerremos os nossos
corações no santo Tabernáculo, para não mais o tornarmos a tomar.
Entretanto, colocando-nos em espírito com a dolorosa Mãe junto ao sepulcro
de Jesus, unamos os nossos afetos com os de Maria e digamos com amor:
Ó meu Jesus sepultado! Beijo a pedra que Vos encerra. Mas
ressuscitastes ao terceiro dia. Ah! Pelos méritos de vossa gloriosa
ressurreição, fazei com que no último dia eu ressuscite convosco na glória,
para estar sempre unido convosco no céu, para Vos louvar e amar
eternamente. Eu Vo-lo peço pela vossa paixão, e pela dor que sentiu a vossa
querida Mãe, quando Vos acompanhou ao sepulcro.
RAMALHETE ESPIRITUAL/ INSPIRAÇÕES/ PROPÓSITOS
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Meditação para a tarde do mesmo dia. Solidão de Maria
Santíssima depois da sepultura de Jesus
Posuit me desolatam, tota die maerore confectam –“Pôs-me em
desolação, afogada em tristeza todo o dia” (Lm 1, 13)
Sumário. Ah, que noite de dor foi para Maria a que se seguiu à
sepultura do seu divino Filho! A desolada Mãe volve os olhos em torno de si, e
já não vê o seu Jesus, mas representam- se-lhe diante dos olhos todas as
recordações da bela vida e da desapiedada morte do Filho. Como se não
pudesse crer em seus próprios olhos: Filho, pergunta a João, aonde está o teu
mestre? E à Madalena: Filha, dize-me onde está o teu dileto?… Minha alma,
roga a Santíssima Virgem, que te admita a chorar consigo. Ela chora por amor,
e tu, chora pela dor dos teus pecados.
Quem no-Lo tirou?… Chora Maria, e todos os que estão com ela choram
também. E tu, minha alma, não choras? Ah! Volta-te aMaria, e roga-lhe que
te admita consigo a chorar. Ela chora por amor, e tu, chora pela dor de teus
pecados: Fac ut tecum lugeam. Minha aflita Mãe, não vos quero deixar só a
chorar; não, quero acompanhar-vos também com as minhas lágrimas. Eis a
graça que hoje vos peço; alcançai-me uma memória contínua, junto com uma
terna devoção para com a paixão de Jesus e a vossa; a fim de que todos os
dias que me restam de vida, não mesirvam senão para chorar as vossas dores e
as do meu Redentor. Espero que, na hora de minha morte, essas dores me
darão confiança e força para não desesperar à vista das ofensas que tenho
feito ao meu Senhor. Elas devem impetrar-me o perdão, a perseverança e o
paraíso.
E Vós, † “ó meu Senhor Jesus Cristo, que para resgatar o mundo
quisestes nascer, receber a circuncisão, ser condenado pelos judeus, traído por
Judas com um ósculo, acorrentado, levado para o sacrifício como inocente
cordeiro, arrastado com tanta ignomínia diante de Anás, Caifás, Pilatos e
Herodes, acusado por falsas testemunhas, flagelado, esbofeteado, carregado
de opróbrios, coberto de escarros, coroado de espinhos, ferido com uma cana,
vendado, despojado de vossos vestidos, pregado e levantado na cruz entre
dois ladrões, abeberado de fel e vinagre e traspassado por uma lança; suplico-
Vos, ó Senhor, em nome dessas santas penas que venero, ainda que indigno,
suplico-Vos por vossa santa cruz e morte, livrai-me do inferno e dignai-Vos
levar-me para onde levastes o bom ladrão crucificado convosco, ó meu Jesus,
que viveis e reinais com o Pai e o Espírito Santo, por todos os séculos dos
séculos. Assim seja.”(1)
L1: Pilatos perguntou: “Que farei, então, com Jesus, que é chamado o
Cristo?” Todos responderam: “seja crucificado!” Pilatos falou: “Mas que mal
ele fez?” Eles, porém, gritaram com mais força: “Seja crucificado!” (Mt
27,22-23).
Todos. — Ó Jesus adorável, não foi Pilatos, mas minha vida iníqua que vos
condenou à morte. Pelo mérito deste tão penoso itinerário, no qual entrais
rumo ao monte Calvário, peço-vos que benignamente me acompanheis no
caminho pelo qual minha alma se dirige à eternidade. Amo-vos, ó Jesus, meu
Amor, mais do que a mim mesmo, e do fundo do coração me arrependo de
vos ter ofendido. Não permitais que eu novamente me separe de vós. Dai-me
amor perpétuo a vós e fazei de mim o que quiserdes. O que vos for agradável
também o será para mim.
A morrer crucificado,
Teu Jesus é condenado
Por teus crimes, pecador.
Pela Virgem dolorosa,
Vossa Mãe tão piedosa,
Perdoai-me, meu Jesus.
L1: Então Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quer vir após mim, renuncie
a si mesmo, tome a sua cruz e me siga; pois quem quiser salvar a sua vida, a
perderá; mas quem perder a sua vida por causa de mim, a encontrará. Com
efeito, do que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, mas arruinar a sua
vida? O que poderia dar em troca de sua vida?” (Mt16,24-26).
L1: “O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não fui rebelde, nem recuei.
Apresentei as costas aos que me feriam, e a face aos que me arrancavam a
barba; não desviei o rosto dos insultos e dos escarros. O Senhor Deus é quem
me ajuda: por isso, não fiquei envergonhado”. (Is 50,5-7b)
Dir: Contemplemos a primeira queda de Jesus sob o peso da Cruz. Tinha Ele
a carne, por causa da cruenta flagelação, ferida de muitos modos e a cabeça
coroada de espinhos; derramara ainda tanto sangue, que mal podia mover
os pés por falta de forças. E porque era oprimido pelo grave peso da Cruz e
assolado sem clemência pelos soldados, por isso aconteceu-lhe de cair
muitas vezes por terra ao longo do caminho. (Breve momento em silêncio)
Todos. — Ó meu Jesus, não é o peso da Cruz, mas o dos meus pecados que
de tantas dores vos cobre. Rogo-vos, por esta vossa primeira queda, que me
protejais de toda queda em pecado. Amo-vos, ó Jesus, de todo o meu
coração; arrependo-me de vos ter ofendido. Não me permitais novamente cair
em pecado. Dai-me amor perpétuo a vós e fazei de mim o que quiserdes.
L1: “Simeão os abençoou e disse à Maria, sua mãe: Este é destinado a ser
causa de queda e de reerguimento de muitos em Israel, e a ser um sinal de
contradição. Assim, serão revelados os pensamentos de muitos corações.
Quanto a ti, uma espada traspassará a alma”. (Lc 2,34-35)
Dir: Contemplemos como deve ter sido o encontro, neste caminho, do Filho e
da Mãe. Jesus e Maria se olharam entre si, e os olhares mudos que trocaram
foram outras tantas espadas a atravessar o coração amante de ambos.
(Breve momento em silêncio)
De Maria lacrimosa,
No encontro lastimoso,
Vê a imensa compaixão.
Pela Virgem dolorosa,
Vossa Mãe tão piedosa,
Perdoai-me, meu Jesus.
Em extremo desmaiado,
Deve auxílio, tão cansado,
Receber do Cireneu.
Pela Virgem dolorosa,
Vossa Mãe tão piedosa,
Perdoai-me, meu Jesus.
L1: “...Não tinha aparência nem beleza para que o olhássemos, nem
formosura que nos atraísse. Foi desprezado, como o último dos homens,
homem das dores, experimentado no sofrimento, e quase escondíamos o rosto
diante dele; desprezado, não lhe demos nenhuma importância” (Is 53,2-3).
Todos. — Ó meu Jesus, formosa era antes a vossa face; mas agora não
aparece assim, tão deformada está por feridas e sangue! Ai de mim, como era
formosa também minha alma, quando recebi a vossa graça pelo Batismo:
mas, pecando, tornei-a disforme. Vós somente, meu Redentor, lhe podeis
restituir a antiga beleza. Para que o façais, rogo-vos pelo mérito de vossa
Paixão. Amo-vos, ó Jesus, meu Amor; arrependo-me de vos ter ofendido.
Não permitais que eu novamente vos ofenda. Dai-me amor perpétuo a vós e
fazei de mim o que quiserdes.
L1: “Seguia-o uma grande multidão do povo, bem como de mulheres que
batiam no peito e choravam por ele. Jesus, porém, voltou-se para elas e disse:
‘Mulheres de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai por vós mesmas e por
vossos filhos!’” (Lc 23,27-28)
Todos. — Ó doloroso Jesus, choro os pecados que cometi contra vós, não só
pelas penas de que me fizeram digno, mas, sobretudo pela tristeza que vos
causaram a vós, que tanto me amastes. Ao choro me move menos o inferno
que o amor a vós. Ó meu Jesus, amo-vos mais do que a mim mesmo;
arrependo-me de vos ter ofendido. Não permitais que eu novamente vos
ofenda. Dai-me amor perpétuo a vós e fazei de mim o que quiserdes.
Todos. — Ó Jesus tão maltratado, pelo mérito desta falta de forças que
quisestes padecer no caminho do Calvário, confortai-me, eu vos peço, com
tanto vigor, que já não tenha respeito algum às opiniões dos homens e
domine minha natureza viciosa: porque ambas as coisas foram a causa por
que desprezei outrora a vossa amizade. Amo-vos, ó Jesus, meu Amor, de
todo o meu coração; arrependo-me de vos ter ofendido. Não permitais que eu
novamente vos ofenda. Dai-me amor perpétuo a vós e fazei de mim o que
quiserdes.
L1: Eles o crucificaram e repartiram suas vestes, tirando a sorte sobre elas,
para ver que parte ficaria a cada um. (Mc 15,24)
Todos. — Ó Jesus tão desprezado, pregai meu coração aos vossos pés, para
que, com vínculo de amor, eu permaneça sempre a vós ligado e jamais seja
de vós separado. Amo-vos mais do que a mim mesmo, arrependo-me de vos
ter ofendido. Não permitais que eu novamente vos ofenda. Dai-me amor
perpétuo a vós e fazei de mim o que quiserdes.
L1: Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para que se
cumprisse a Escritura, disse: “Tenho sede!” Havia ali uma vasilha cheia de
vinagre. Fixaram uma esponja embebida em vinagre num ramo de hissopo e
a levaram à sua boca. Havendo Jesus tomado do vinagre, disse: “Tudo está
consumado!”. Inclinou a cabeça e entregou o espírito. (Jo 19,28-30)
Dir: Contemplemos Jesus preso à nossa Cruz. Após três horas de luta,
consumido enfim pelas dores, Ele deu o corpo à morte e, de cabeça
inclinada, entregou o espírito. Ajoelhemo-nos: (Breve momento em silêncio)
Todos. — Ó Jesus morto, movido por íntimos afetos de piedade, beijo esta
Cruz em que vós, por minha causa, cumpristes o curso de vossa vida. Pelos
pecados cometidos, mereci uma morte infeliz; mas vossa morte é minha
esperança. Pelos méritos de vossa morte, concedei-me, peço-vos, que,
abraçado aos vossos pés e abrasado de amor por vós, eu entregue um dia meu
espírito. Amo-vos de todo o meu coração; arrependo-me de vos ter ofendido.
Não permitais que eu novamente vos ofenda. Dai-me amor perpétuo a vós e
fazei de mim o que quiserdes.
L1: Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, porém às
escondidas por medo dos judeus, pediu a Pilatos permissão para retirar o
corpo de Jesus. Pilatos permitiu, e José foi e retirou o corpo. Veio também
Nicodemos, aquele que anteriormente fora de noite falar com Jesus. Ele
trouxe uma mistura de mirra e aloés, cerca de cem libras. Eles pegaram o
corpo de Jesus e o envolveram, com perfumes, em faixas de linho, ao modo
de como os judeus costumavam sepultar. (Jo 19,38-40)
Todos. — Ó Mãe das Dores, pelo amor com que amais o vosso Filho,
recebei-me como servo vosso e rogai a Ele por mim. E vós, ó meu Redentor,
porque por mim morrestes, fazei, benignamente, com que eu vos ame; a vós
somente desejo nem quero nada fora de vós. Amo-vos, ó Jesus, meu Amor, e
arrependo-me de vos ter ofendido. Não permitais que eu novamente vos
ofenda. Dai-me amor perpétuo a vós e fazei de mim o que quiserdes.
Todos. — Ó Jesus sepultado, beijo esta pedra que vos acolheu; mas, após três
dias, haveis de ressurgir! Por vossa ressurreição, fazei-me, eu vos peço,
ressurgir glorioso convosco no último dia e ir para o Céu, onde, unido a vós
para sempre, vos hei de louvar e amar por toda a eternidade. Amo-vos e
arrependo-me de vos ter ofendido. Não permitais que eu novamente vos
ofenda. Dai-me amor perpétuo a vós e fazei de mim o que quiserdes.
Salve Rainha...
MEDITAÇÃO DAS 7 DORES
DE NOSSA SENHORA
Meus irmãos, Maria, a Mãe Dolorosa, no instante da profecia de
Simeão, soube que sua vida seria marcada por angústias e sofrimentos.
Hoje, nesta Terça-feira da Semana Santa, meditemos cada umas das
suas 7 Dores, que a piedade popular nos recorda. Com Maria,
acompanhemos Jesus,no Seu “caminho pascal”.
Antífona Inicial
Ó Vós todos que por aqui passais: olhai e vede, olhai e vede: se existe
dor semelhante àminha, se existe dor semelhante à minha?
Saudação
Presidente: Em nome do Pai, e do Filho e doEspírito Santo.
Ass.: Amém.
P.: Salve, ó Santa Mãe de Deus:
Ass.: Vós destes à luz o Rei que governa o céu e a terra pelos séculos
eternos.
Oração
P.: Oremos. Ó Deus, quando o vosso Filho foi exaltado, quisestes que
sua Mãe estivesse de pé, junto à cruz, sofrendo com ele. Dai à vossa
Igreja, unida a Maria na paixão de Cristo, participar da ressurreição do
Senhor. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.
Ass.: Amém.
Canto
Bendita sejais, Senhora das Dores! Ouvi nossos rogos, Mãe dos
pecadores!Ó mãe dolorosa, que aflita chorais Repleta de angústia,
bendita sejais!
1ª Dor: Maria acolhe a profecia de Simeão(Lc 2, 34-35)
Leitor: Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: “eis que esse
menino foi posto para a queda e para o soerguimento de muitos em Israel,
e como um sinal de contradição. E a ti uma espada transpassará tua alma!
Para que se revelem os pensamentos íntimos de muitos corações”.
L: Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe lhe disse: "meu filho, por que
agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos". Ele
respondeu: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de
meu Pai?" Eles, porém, não compreenderam a palavra que ele lhes dissera.
Desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua mãe, porém,
conservava todos esses fatos em seu coração.
“Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual
à dor que me atormenta, a mim que o Senhor feriu no dia de sua ardente
cólera”.
6ª Dor: Maria recebe em seus braços ocorpo do seu Filho (Mt 27, 57-59)
Oração final
Mãe de Deus, Mãe Soberana, Mãe das Dores de hoje e para sempre eu me
entrego a vós, como filho e servo. Consagro ao vosso serviço a minha
alma, o meu corpo e tudo que me pertence. Abençoa a minha família, os
meus trabalhos, os meus haveres. Sede minha protetora na vida e conduzi-
me ao céu para viver por toda a eternidade.
Bênção P.: O Senhor esteja convosco.
Ass.: Ele está no meio de nós.
P.: O Deus de bondade, que pelo Filho da Virgem Maria quis salvar a
todos, vos enriqueça com sua benção.
Ass.: Amém.
P.: Seja-vos dado sentir sempre e por toda parte a proteção da Virgem, por
quem recebestes o autor da vida.
Ass.: Amém.
P.: E vós, que vos reunistes hoje para meditar suas Dores, possais colher a
alegria espiritual e o prêmio eterno.
Ass.: Amém.
P.: Abençoe-vos Deus todo-poderoso, Pai eFilho + e Espírito Santo.
Ass.: Amém.
P.: Ide em paz e o Senhor vos acompanhe.
Ass.: Graças a Deus.
Antífona Mariana
Canto
SAUDAÇÃO
P.: São sete expressões ditas por Jesus na Cruz e recolhidas pelos
evangelistas; elas condensam a vida do Crucificado. Nestas expressões
revela-se a identidade de Jesus: quem Ele é e sua missão. Vamos contemplar
o significado das “palavras pronunciadas por Jesus na Cruz”, deixando-nos
impactar e iluminar por elas. São palavras densas, carregadas de vida;
palavras “excêntricas”, onde Jesus sai de si e se dirige aos outros.
OREMOS. Ó Deus, que para salvar a todos dispusestes que o vosso Filho
morresse na cruz, a nós, que conhecemos na terra este mistério, dai-nos
colher no céu os frutos da redenção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
P.: Atentos e com os olhos fitos na Cruz do Senhor, meditemos com bastante
piedade o sermão das sete palavras de Jesus.
1. PERDÃO
“Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”
(Lc 23,34)
Jesus, na sua vida pública, sempre revelou o perdão do Pai; no encontro com
os pecadores deixou transparecer a misericórdia reconstrutora de Deus. O
perdão foi a marca de sua vida e deve ser também a marca dos seus
seguidores. É difícil perdoar: a dor, o orgulho, a própria dignidade, quando é
violentada, grita pedindo “justiça”, buscando “reparação”, exigindo
“vingança”... Mas, perdão? Surpreende-nos que Jesus na Cruz seja capaz de
continuar vendo humanidade em seus verdugos; Ele é capaz de continuar
crendo que há esperança para aqueles que cravam seus semelhantes na Cruz.
Porque, esta palavra de perdão, dita a partir do madeiro, é sobretudo uma
declaração eterna: o ser humano, todo homem e toda mulher, conserva sua
capacidade de amar nas circunstâncias mais adversas. E todo ser humano, até
aquele que é capaz das ações mais atrozes, continua tendo um germe de
humanidade em seu interior e que permite que haja esperança para ele.
Perdoar é atrever-se a ver o que há de verdadeiro, de beleza em cada um. O
perdão é capaz de ver dignidade e faísca de humanidade escondida no
coração do verdugo. O perdão abre futuro, destrava a vida e não se deixa
determinar pelos erros do passado; ele quebra distâncias, nos faz descer em
direção à fragilidade do outro, ao mesmo tempo que revela nossa fragilidade.
(Silêncio) Pai-nosso...
Deus santo, Deus forte, Deus imortal, Tende piedade de nós! (2x).
2. COMPANHIA
“Hoje estarás comigo no paraíso”
(Lc 23,43)
Jesus sempre viveu “em más companhias” e agora morre entre dois ladrões.
Mais uma vez, não assume o papel de juiz sobre dos outros mas oferece uma
nova chance de salvação. O moribundo que dá vida: presença solidária, que,
mesmo em meio ao pior sofrimento, oferece companhia a outros sofredores.
Um dos ladrões, impactado pela serenidade e testemunho de Jesus “rouba o
paraíso”.
T: Jesus revela uma promessa que muitas pessoas precisam ouvir hoje,
sobretudo aqueles que carregam cruzes injustas e pesadas, que vivem
realidades atravessadas pela dor, pela solidão, dúvida, incompreensão ou
pranto... Como soarão estas palavras no interior de cada um de nós: “Hoje
estarás comigo no Paraíso”.
(Silêncio) Pai-nosso...
Deus santo, Deus forte, Deus imortal, Tende piedade de nós! (2x).
3. APOIO
“Mulher, eis o teu filho; filho, eis a tua mãe”
(Jo 19,26)
Maria, mulher do “sim”; “sim” que se prolonga até à Cruz, onde, de pé,
revela sua presença materna e consoladora junto a seu Filho Jesus. A
presença de Maria na vida de Jesus não é acidental: foi aquela que mais
amou, conheceu e seguiu Jesus. Ela agora é nossa referência fiel no
seguimento do seu Filho. Despojado de tudo, Jesus tem um tesouro a nos dar:
entrega sua própria mãe para que ela seja presença cuidadora e de ternura
junto aos seus filhos sofredores. Jesus não nos deixa órfãos; sempre
precisamos dos cuidados e do consolo de uma mãe; alguém para nos
acompanhar nas horas mais obscuras e difíceis; alguém que nos sustenta nos
momentos trágicos; alguém que compartilha nossas perdas... e que também
está presente nas horas boas, que chegarão. É como se Jesus nos dissesse:
“Para viver o meu seguimento, inspire-se nela, tenha-a como referência”.
T: São tantas pessoas junto ao pé da cruz, inumeráveis homens e mulheres
de Igreja que foram e são companheiros de caminho, de esforço, de apoio, de
buscas e de amor. João, também de pé junto à Cruz, representa todo seguidor
fiel de Jesus, mesmo nos momentos de crise.
(Silêncio) Pai-nosso...
Deus santo, Deus forte, Deus imortal, Tende piedade de nós! (2x).
4. SOLIDÃO
“Meu Deus, meu Deus, porque me
abandonaste?” (Mt 27,46)
Deus santo, Deus forte, Deus imortal, Tende piedade de nós! (2x).
5. SEDE
“Tenho sede...” (Jo 19,28)
(Silêncio) Pai-nosso...
Deus santo, Deus forte, Deus imortal, Tende piedade de nós! (2x).
6. COMPROMISSO.
“Tudo está consumado” (Jo 19,30)
(Silêncio) Pai-nosso...
Deus santo, Deus forte, Deus imortal, Tende piedade de nós! (2x).
7. SENTIDO.
“Pai, em tuas mãos entrego meu espírito” (Lc 23,46)
(Silêncio) Pai-nosso...
Deus santo, Deus forte, Deus imortal, Tende piedade de nós! (2x).
P.: Após termos contemplado a figura de Jesus que do alto da Cruz, revela-
se, se faz conhecer, queremos também nos conhecer e buscar nos configurar
a Ele.
(Todos se ajoelham)
P: Rezemos juntos:
(Todos se levantam)
BENÇÃO FINAL
Canto
Fiel Madeiro da Santa Cruz / ó árvore sem rival. / Que selva outro lenho
produz, / que traga em si fruto igual. / Quão doce peso conduz / ó lenho
celestial. / Fiel Madeiro da Santa Cruz / ó árvore sem rival
Cantem meus lábios a luta / que sobre a cruz se travou. / Cantem o nobre
triunfo / que no madeiro alcançou. / O redentor do universo / quando por nós
se imolou.
OFÍCIO DAS TREVAS
INVITATÓRIO
SALMO 94 (95)
Convite ao louvor de Deus
Animai-vos uns aos outros, dia após dia, enquanto ainda se disser ‘hoje’.
(Hb 3,13)
Todos: Cristo por nós foi tentado, sofreu e na cruz morreu, vinde todos
adoremos.
Todos: Cristo por nós foi tentado, sofreu e na cruz morreu, vinde todos
adoremos.
Todos: Cristo por nós foi tentado, sofreu e na cruz morreu, vinde todos
adoremos.
Todos: Cristo por nós foi tentado, sofreu e na cruz morreu, vinde todos
adoremos.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: †
"Não fecheis os corações como em Meriba, *
como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram, *
apesar de terem visto as minhas obras. "
Todos: Cristo por nós foi tentado, sofreu e na cruz morreu, vinde todos
adoremos.
Todos: Cristo por nós foi tentado, sofreu e na cruz morreu, vinde todos
adoremos.
Todos: Cristo por nós foi tentado, sofreu e na cruz morreu, vinde todos
adoremos.
OFÍCIO DE LEITURAS
HINO
SALMODIA
SALMO 2
O Messias rei e vencedor
Uniram-se contra Jesus, teu santo servo, a quem ungiste (At 4,27).
SALMO 37(38)
Cristo, sumo sacerdote, com o seu próprio sangue, entrou no Santuário uma
vez por todas.
Irmãos, Cristo veio como sumo sacerdote dos bens futuros. Através de uma
tenda maior e mais perfeita, que não é obra de mãos humanas, isto é, que
não faz parte desta criação, e não com o sangue de bodes e bezerros, mas
com o seu próprio sangue, ele entrou no Santuário uma vez por todas,
obtendo uma redenção eterna. De fato, se o sangue de bodes e touros, e a
cinza de novilhas espalhada sobre os seres impuros os santifica e realiza a
pureza ritual dos corpos, quanto mais o Sangue de Cristo, purificará a
nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo, pois, em
virtude do espírito eterno, Cristo se ofereceu a si mesmo a Deus como
vítima sem mancha.
Por isso, ele é mediador de uma nova aliança. Pela sua morte, ele
reparou as transgressões cometidas no decorrer da primeira aliança. E,
assim, aqueles que são chamados recebem a promessa da herança eterna.
Onde existe testamento, é preciso que seja constatada a morte de quem fez
o testamento. Pois um testamento só tem valor depois da morte, e não tem
efeito nenhum enquanto ainda vive aquele que fez o testamento. Por isso,
nem mesmo a primeira aliança foi inaugurada sem sangue. Quando
anunciou a todo o povo cada um dos mandamentos da Lei, Moisés tomou
sangue de novilhos e bodes, junto com água, lã vermelha e um hissopo. Em
seguida, aspergiu primeiro o próprio livro e todo o povo, e disse: “Este é o
sangue da aliança que Deus faz convosco”. Do mesmo modo, aspergiu com
sangue também a Tenda e todos os objetos que serviam para o culto. E
assim, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e
sem derramamento de sangue não existe perdão.
Portanto, as cópias das realidades celestes tinham que ser
purificadas dessa maneira; mas as próprias realidades celestes devem ser
purificadas com sacrifícios melhores. De fato, Cristo não entrou num
santuário feito por mão humana, imagem do verdadeiro, mas no próprio
céu, a fim de comparecer, agora, na presença de Deus, em nosso favor. E
não foi para se oferecer a si muitas vezes, como o sumo sacerdote que,
cada ano, entra no Santuário com sangue alheio. Porque, se assim fosse,
deveria ter sofrido muitas vezes, desde a fundação do mundo. Mas foi
agora, na plenitude dos tempos, que, uma vez por todas, ele se manifestou
para destruir o pecado pelo sacrifício de si mesmo. O destino de todo
homem é morrer uma só vez, e depois vem o julgamento. Do mesmo
modo, também Cristo, oferecido uma vez por todas, para tirar os pecados
da multidão, aparecerá uma segunda vez, fora do pecado, para salvar
aqueles que o esperam.
Padre: Não foi nem com ouro nem prata que fostes remidos, irmãos; mas
sim pelo sangue precioso de Cristo, o Cordeiro sem mancha. * Por ele nós
temos acesso num único Espírito ao Pai.
Todos: Não foi nem com ouro nem prata que fostes remidos, irmãos; mas
sim pelo sangue precioso de Cristo, o Cordeiro sem mancha. * Por ele nós
temos acesso num único Espírito ao Pai.
Todos: Por ele nós temos acesso num único Espírito ao Pai.
**APAGA-SE A PRÓXIMA VELA, À DIREITA, NO CANDELABRO
DE TREVAS. *
SALMODIA
Salmo 50(51)
Tende piedade, ó meu Deus!
Renovai o vosso espírito e a vossa mentalidade. Revesti o homem novo (Ef 4,23-
24).
Todos: Deus não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós.
Todos: Demos glória a Deus Pai Onipotente e a Seu Filho Jesus Cristo, Senhor
nosso, e ao Espírito que habita em nosso peito, pelos séculos dos séculos,
amém.
Todos: Deus não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós.
Todos: Jesus Cristo nos amou até o fim e lavou nossos pecados com seu
sangue.
Todos: Jesus Cristo nos amou até o fim e lavou nossos pecados com seu
sangue.
Salmo 147(147 B)
Restauração de Jerusalém
Vem! Vou mostrar-te a noiva, a esposa do Cordeiro! (Ap
21,9).
Todos: Demos glória a Deus Pai Onipotente e a Seu Filho Jesus Cristo, Senhor
nosso, e ao Espírito que habita em nosso peito, pelos séculos dos séculos,
amém.
Ei-lo, o meu Servo será bem sucedido; sua ascensão será ao mais alto grau.
Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-lo – tão desfigurado ele estava
que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano – do mesmo modo ele
espalhará sua fama entre os povos. Diante dele os reis se manterão em
silêncio, vendo algo que nunca lhes foi narrado e conhecendo coisas que
jamais ouviram.
Ajoelhemo-nos
Padre: Adoremos com sincera piedade a Cristo, nosso Redentor, que por nós
sofreu a Paixão e foi sepultado para ressuscitar ao terceiro dia; e peçamos
humildemente:
Cristo, nosso Mestre e Senhor, obediente até à morte por nosso amor,
ensinai-nos a obedecer sempre a vontade do Pai
Senhor, tende piedade de nós!
Cristo, nossa salvação, que destes a vida por amor dos seres humanos, vossos
irmãos e irmãs,
– fazei que nos amemos uns aos outros com a mesma caridade. Senhor, tende
piedade de nós!
Cristo, nosso Salvador, que de braços abertos na cruz quisestes atrair para vós
a humanidade inteira,
– reuni em vosso reino os filhos e as filhas de Deus dispersos pelo mundo.
Senhor, tende piedade de nós!
Pai nosso....
ORAÇÃO
P: Olhai com amor, ó Pai, esta vossa família, pela qual nosso Senhor Jesus
Cristo livremente se entregou às mãos dos inimigos e sofreu o suplício da
cruz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
T: Amém.
O Sacerdote entra na sacristia com a vela que representa o Cristo, toda a Igreja
fica escura, em seguida ele retorna para mostrar que as trevas não vencerão.
Em seguida ele abençoa e despede o povo, dizendo:
“Jesus, ensinando sobre o lava pés, disse que era uma purificação das faltas
quotidianas, porque os pés, caminhando descuidadamente na terra, se sujavam
continuamente. Esse banho dos pés era espiritual e uma espécie de absolvição.
Pedro, porém, viu nele apenas uma humilhação muito grande para o Mestre; não
sabia que Jesus, para salvá-lo e aos outros homens, se humilharia na manhã
seguinte até a morte de cruz.”
“Não me lembro de ter visto o Senhor comer as espécies consagradas, a não ser
que eu não reparasse. Dando o Santíssimo Sacramento, deu-se de modo que
parecia sair de si mesmo e derramar-se nos Apóstolos, em uma efusão amor
misericordioso.”
“Amarraram Jesus de uma maneira cruel, com as mãos sobre o peito, prendendo
sem compaixão o pulso da mão direita por baixo do cotovelo do braço direito,
com cordas novas e duras, que lhe cortavam a carne. Passaram-lhe em volta do
corpo um cinturão largo, no qual havia pontas de ferro e argolas de fibra ou
vime, nas quais amarram-lhe uma espécie de colar, no qual havia pontas e
outros corpos pontiagudos para ferir; desse colar saíam, como uma estola, duas
correias cruzadas sobre o peito até o cinturão, ao qual foram fortemente
apertadas e ligadas. Fixaram ainda, em diversos pontos do cinturão, quatro
cordas compridas, pelas quais podiam arrastar Jesus para lá e para cá, conforme
lhes ditava a maldade. Todas essas correias eram novas e parecias preparadas de
propósito desde que começaram a pensar em prender Jesus.”
“Pilatos olhou para Jesus com assombro e disse-lhe: ‘És então o rei dos
judeus?’. Jesus respondeu: ‘Dizeis isso de ti mesmo ou foram outros que te
disseram isto de mim?’. Pilatos, indignado de ver Jesus julgá-lo tolo a ponto de
perguntar espontaneamente a um homem tão pobre e miserável se era rei, disse
em tom desdenhoso: ‘Por acaso sou judeu, para me interessar por tais misérias?
Teu povo e seus sacerdotes entregaram-te a mim, para condenar-te como réu de
crime capital; dize-me, pois, o que fizeste?’. Respondeu-lhe Jesus em tom
solene: ‘O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, eu
teria servidores, que combateriam por mim, para não me deixar cair nas mãos
dos judeus; mas meu reino não é deste mundo’. Pilatos estremeceu ao ouvir
essas graves palavras de Jesus e disse pensativo: ‘Então és mesmo rei?’. Jesus
respondeu: ‘É como dizes, sou rei. Nasci e vim a este mundo para dar
testemunho da verdade e todo aquele que é da verdade atende à minha voz’.
“Quando jogaram a cruz no chão, aos pés de Jesus, ele se ajoelhou junto à
mesma e, abraçando-a, beijou-a três vezes, dirigindo ao Pai Celestial, em voz
baixa, uma oração comovente de ação de graças pela redenção do gênero
humano, a qual ia realizar. Como os sacerdotes, entre os pagãos, abraçam um
altar novo, assim abraçou Jesus a cruz, o eterno altar do sacrifício cruento da
expiação. Os carrascos, porém, com um arranco nas cordas, fizeram Jesus ficar
ereto, de joelhos, obrigando-o a carregar penosamente o pesado madeiro ao
ombro direito e com o braço direito segurá-lo, com pouco e cruel auxílio dos
carrascos. Vi anjos ajudando-o invisivelmente, pois sozinho não teria
conseguido suspendê-l; ajoelhava-se, curvado sob o pesado fardo.”
“Jesus, imagem viva da dor, foi estendido pelos carrascos sobre a cruz; ele
próprio se sentou sobre ela e eles brutalmente o deitaram de costas. Colocaram-
lhe a mão direito sobre o orifício do prego, no braço direito da cruz, e aí lhe
amarraram o braço. Um deles se ajoelhou sobre o Seu santo peito, enquanto
outro lhe segurava a mão, que estava se contraindo, e um terceiro colocou o
cravo grosso e comprido, com a ponta limada, sobre essa mão cheia de benção,
e cravou-a nela, com violentas pancadas de um martelo de ferreiro. Doces e
claros gemidos ouviram-se da boca do Senhor; o sangue sagrado salpicou os
braços dos carrascos; rasgaram-lhe os tendões da mão, os quais foram
arrastados, com o prego triangular, para dentro do estreito orifício. Contei as
marteladas, mas esqueci, na minha dor, esse número. A Santíssima Virgem
gemia baixinho e parecia estar sem sentidos exteriormente; Madalena estava
desvairada.”
“Tendo chegado a hora da agonia, Nosso Senhor lutou com a morte e um suor
frio cobriu-lhe os membros. João estava sob a cruz e enxugou lhe os pés com o
sudário. Madalena, esmagada pela dor, encostava-se à cruz no lado de trás. A
Santíssima Virgem estava entre a cruz do bom ladrão e a de Jesus, amparada
pelos braços de Maria de Cléofas e Salomé, olhando para o Filho, que lutava
com a morte. Então disse Jesus: ‘Tudo está consumado!’ e, levantando a cabeça,
exclamou em alta voz: ‘Meu Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito”. Foi
um grito doce e forte, que penetrou o Céu e a terra; depois inclinou a cabeça e
expirou.”
“(…) Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus. Acompanhou-o Nicodemos (aquele que
anteriormente fora de noite ter com Jesus), levando umas cem libras de uma
mistura de mirra e aloés. Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos
com os aromas, como os judeus costumam sepultar.” (Jo 19, 38-40)
“No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro
novo, em que ninguém ainda fora depositado. Foi ali que depositaram Jesus por
causa da Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo.” (Jo 19, 41-42)
PREPARAÇÃO PARA A
CONFISSÃO
Sacramento da Penitência
Para uma boa Confissão:
1. Fazer bem o exame de consciência.
2. Estar sinceramente arrependido dos pecados cometidos que tanto ofenderam a
Deus.
3. Ter o firme propósito de não mais pecar.
4. Confessar os próprios pecados junto do confessor dizendo-os com toda a
sinceridade, clareza e objetividade. Falar quantas vezes cometeu o pecado. Não
esconder nenhum pecado mortal.
5. Não contar histórias ou pecados dos outros.
6. Reparar o mal que se fez cumprindo a penitência o que o confessor indicar.
Exame de Consciência
Oração Preparatória:
Em nome do Pai + e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.
Exame inicial
Há quanto tempo não me confesso? Escondi, conscientemente, algum pecado
grave em alguma confissão precedente? Confessei o melhor que me lembro, o
número de vezes que cometi cada pecado grave? Confessei com clareza os meus
pecados ou fui demasiado genérico? Cumpri a penitência que me foi imposta
pelo sacerdote? Reparei as injustiças que cometi? Comunguei alguma vez em
pecado mortal? Respeitei sempre o jejum eucarístico de uma hora antes da
comunhão? Estou verdadeiramente arrependido dos meus pecados e luto para
não os voltar a cometer?
2. Avareza
Estou apegado às coisas? Sacrifico tempo, dinheiro, para servir segundo o plano
de Deus? Jogo com o dinheiro com a ambição de ganhar mais?
3. Luxúria
Tenho consumido conteúdo pornográfico pela internet ou por outros meios?
Tenho buscado prazer pessoal com a masturbação? Tenho tido pensamentos
impuros em relação às outras pessoas? Uso roupas provocativas/sensuais? Faço
o uso de substâncias que tiram o meu autodomínio e o meu pudor?
4. Ira
Sei lidar com as cruzes, doenças, com problemas nas relações, no trabalho, etc.?
Perco a paz ou manifesto mau humor quando as coisas não estão como eu
espero? Jogo a culpa nas minhas circunstâncias e nunca assumo os meus
próprios erros?
5 . Gula
Como mais do que o necessário? Faço jejum? Estou viciado em álcool ou
drogas?
6. Inveja
Sinto ciúmes por talentos ou conquistas dos outros, ou me alegro quando eles
melhoram? Busco ajudar os outros em suas necessidades ou me fecho em meu
egoísmo?
7. Preguiça
Sou atento a cumprir meus deveres? O que faço para edificar a minha
família/comunidade? Sou rápido em servir mesmo que não tenho vontade?
“Descanso” mais do que necessário? Deixo sempre as coisas para mais tarde?
A CONFISSÃO
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Meu Pai e meu Deus, reconheço com muita dor que pequei! Eu Vos ofendi, ó
Meu Redentor, e mereci os vossos castigos. Por Maria, minha e vossa Mãe,
declaro que não quero pecar mais. Por Ela, eu Vos peço perdão. Amém.
Após, um profundo Exame de Consciência e estando sinceramente arrependido,
anote seus pecados para não esquecer! (trazer esta colinha na confissão)
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Meu Pai e meu Deus, reconheço com muita dor que pequei! Eu Vos ofendi, ó
Meu Redentor, e mereci os vossos castigos. Por Maria, minha e vossa Mãe,
declaro que não quero pecar mais. Por Ela, eu Vos peço perdão. Amém.
JANEIRO
NO ANO 2024
DO NASCIMENTO DE NSJC
ORGANIZAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO
PE. FREDERICO DE JESUS LOPES
CAPA
MARINA LOPES