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ANDRESSA CARDOSO VULCANO DE MELO

SINDROME DO NINHO VAZIO:


SENTIMENTOS DAS MÃES QUANDO OS FILHOS SE
MUDAM DE SUAS CASAS

JACAREÍ
2022
ANDRESSA CARDOSO VULCANO DE MELO

SINDROME DO NINHO VAZIO:


SENTIMENTOS DAS MÃES QUANDO OS FILHOS SE
MUDAM DE SUAS CASAS

Trabalho de Conclusão de Curso,


apresentado à Universidade Anhanguera
de Jacareí, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de graduado em
Psicologia.

Orientador(a):

JACAREÍ
2022
ANDRESSA CARDOSO VULCANO DE MELO

SINDROME DO NINHO VAZIO:


SENTIMENTOS DAS MÃES QUANDO OS FILHOS SE
MUDAM DE SUAS CASAS

Trabalho de Conclusão de Curso,


apresentado à Universidade Anhanguera
de Jacareí, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de graduado em
Psicologia.

BANCA EXAMINADORA

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Jacareí, maio de 2022.


MELO, Andressa Cardoso Vulcano. Síndrome do ninho vazio: Sentimentos
das mães quando os filhos se mudam de suas casas. 2022. 31 páginas.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Instituição
Anhanguera, Jacareí, 2022.

RESUMO

A grande área do presente trabalho de graduação foi a Psicologia, tendo como


tema principal a Síndrome do ninho vazio: Sentimentos das mães quando os
filhos se mudam de suas casas. O objetivo geral do trabalho foi apresentar,
mediante revisão da literatura, os principais sintomas e sentimentos que as
mães têm em relação a saída de seus filhos de suas casas. E os objetivos
específicos foram apresentar a eficácia da Terapia Cognitivo Comportamental;
analisar suas intervenções nos dias de hoje, bem como suas peculiaridades em
diferentes famílias e descrever os modelos cognitivo nos estudos dos
sentimentos que as mães tem no momento em que os filhos saem de casa. O
método utilizado para realização do trabalho de conclusão de curso foi a
pesquisa qualitativa e descritiva, discorrendo através da revisão bibliográfica
das fontes e referências. Apenas os registros e publicações ocorridas nas
últimas três décadas formaram as referências como fontes para este trabalho.
Foram utilizadas como fonte os seguintes autores Sternberg (2010), Silva;
Almeida (2011), Oliveira (2009) entre outros. O método utilizado para construir
este trabalho foi a pesquisa online, com o objetivo de encontrar as fontes que
forneçam o embasamento teórico confiável sobre os conceitos e definições
pertinentes ao tema e aos assuntos descritos durante este escopo, como
propostas que encapitulará o trabalho propriamente dito. As buscas na web
foram realizadas pelas ferramentas usadas para pesquisa online como
repositórios universitários, Scielo, CAPES, Google Acadêmico, Biblioteca
Unesp, Biblioteca USP, Biblioteca UNICAMP, Biblioteca UEL, SPELL. Como
resultado o trabalho encontrou publicações atualizadas que responderam os
objetivos propostos. Concluindo-se embora alguns pesquisadores tratem a
síndrome do ninho vazio como um sintoma localizado interligado a raízes
culturais, esses sintomas são verificados em diferentes culturas e são também
tratados de forma especifica, tendo como um desses tratamentos a terapia
cognitivo comportamental trazendo bons resultados.

Palavras Chave: Ninho Vazio. Terapia Cognitiva Comportamental. Habilidades


TCC
MELO, Andressa Cardoso Vulcano. Empty nest syndrome: Mothers' feelings
when their children move from their homes. 2022. 31 páginas. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Instituição Anhanguera,
Jacareí, 2022.

ABSTRACT

The main area of this undergraduate work was Psychology, having as its main
theme the Empty Nest Syndrome: Mothers' feelings when their children move
from their homes. The general objective of this study was to present, through a
review of the literature, the main symptoms and feelings that mothers have
regarding the departure of their children from their homes. And the specific
objectives were to present the efficacy of Cognitive Behavioral Therapy;
analyze their interventions nowadays, as well as their peculiarities in different
families and describe the cognitive models in the studies of the feelings that
mothers have at the moment when their children come out of the house. The
method used to carry out the course completion work was qualitative and
descriptive research, through the bibliographic review of sources and
references. Only the records and publications that have occurred in the last
three decades have formed references as sources for this work. The following
authors Sternberg (2010), Silva; Almeida (2011), Oliveira (2009) among others.
The method used to build this work was online research, with the objective of
finding the sources that provide reliable theoretical basis on the concepts and
definitions pertinent to the theme and to the subjects described during this
scope, as proposals that will capitulate the work itself. The web searches were
performed by the tools used for online search as university repositories, Scielo,
CAPES, Google Academic, Unesp Library, USP Library, UNICAMP Library,
UEL Library, SPELL. As a result, the study found updated publications that met
the proposed objectives. In conclusion, although some researchers treat empty
nest syndrome as a localized symptom linked to cultural roots, these symptoms
are verified in different cultures and are also treated specifically, with cognitive
behavioral therapy as one of these treatments, bringing good results.

Keywords: Empty Nest. Cognitive Behavioral Therapy. TCC Skills


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................
2 TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL.......................................................
2.1 FUNDAMENTO HISTÓRICO E FILOSÓFICO PARA TCC...........................3
2.2 HABILIDADES DA TCC................................................................................6
3 PECULIARIDADES EM FAMÍLIAS QUE PASSAM PELA SÍNDROME DO
NINHO VAZIO.............................................................................................................
3.1 DIFERENÇAS DE GÊNERO NA SÍNDROME DO NINHO VAZIO...............9
3.2 A VALIDADE DO FENÔMENO DA SÍNDROME DO NINHO VAZIO..........10
3.3 O TERRITÓRIO E A CULTURA LOCAL.....................................................11
3.4 UMA VISÃO ATUALIZADA SOBRE A SNV................................................12
3.5 ESTRATÉGIAS ENFRENTAMENTO DA SÍNDROME DO NINHO VAZIO13
4 MODELO COGNITIVO NOS ESTUDOS SÍNDROME DO NINHO VAZIO...........
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................
REFERÊNCIAS.........................................................................................................
1

1 INTRODUÇÃO

Ainda em nossos dias, não é raro se ouvir sobre a denominada


Síndrome do Ninho Vazio, a qual podemos qualificar, de forma sucinta, como a
partida dos filhos de casa, sendo uma realidade de muitos pais ao se
depararem com a partida de seus filhos do lar, quando percebem não estarem
preparados para isso. Com o evento, começam os sintomas de alguns pais,
destacados sentimentos de abandono, solidão, ansiedade, e até mesmo uma
evolução para eventual depressão; com efeito, alguns pais não entendem que
essa fase da vida adulta será necessária, pois acompanha o ciclo vital do ser
humano.
Entendendo isso, o tema do presente trabalho buscou compreender as
mudanças e as conquistas emocionais que ocorrem nesta fase da vida dos
genitores, chamada assim de Síndrome do Ninho Vazio, destacada
especialmente na vida das mães, não obstante aos tipos de emoções
produzidas por esse período, no intuito de vencer cada etapa do ciclo vital da
fase em voga através da eficaz e correta aplicação da terapia comportamental
cognitiva. Assim o questionamento norteador foi: quais as principais
características da síndrome do ninho vazio?
Para responder esse questionamento foi determinado o seguinte objetivo
geral: apresentar, mediante revisão da literatura, os principais sintomas e
sentimentos que as mães têm em relação a saída de seus filhos de suas
casas. E os objetivos específicos: a) apresentar a eficácia da Terapia Cognitivo
Comportamental; b) analisar suas intervenções nos dias de hoje, bem como
suas peculiaridades em diferentes famílias e c) descrever os modelos cognitivo
nos estudos dos sentimentos que as mães tem no momento em que os filhos
saem de casa.
O método utilizado para realização do trabalho de conclusão de curso foi
a pesquisa qualitativa e descritiva, discorrendo através da revisão bibliográfica
das fontes e referências. Apenas os registros e publicações ocorridas nas
últimas três décadas formaram as referências como fontes para este trabalho.
Foram utilizadas como fonte os seguintes autores Sternberg (2010), Silva;
Almeida (2011), Oliveira (2009) entre outros.
2

O método utilizado para construir este trabalho foi a pesquisa online,


com o objetivo de encontrar as fontes que forneçam o embasamento teórico
confiável sobre os conceitos e definições pertinentes ao tema e aos assuntos
descritos durante este escopo, como propostas que encapitulará o trabalho
propriamente dito. As buscas na web foram realizadas pelas ferramentas
usadas para pesquisa online como repositórios universitários, Scielo, CAPES,
Google Acadêmico, Biblioteca Unesp, Biblioteca USP, Biblioteca UNICAMP,
Biblioteca UEL, SPELL.
3

2 TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

O comportamento resulta das situações, condições e eventos


promovidos, corriqueiramente ou esporadicamente, em um ambiente, o que se
define como circunstâncias ambientais (BAUM, 2006). Segundo Sternberg
(2010) no que se refere à psicologia cognitiva, esta estuda a forma como as
pessoas percebem, aprendem, recordam e pensam sobre a informação, esta,
por sua vez, resultante das circunstâncias ambientais vivenciadas. A família é o
ambiente mais próximo e originário do indivíduo, sendo forçoso reconhece-la
como célula mater da sociedade.
Não sem motivo, constata-se que a sociedade vem sofrendo profundas
mudanças comportamentais, cognitivas, conceituais, e ainda, quanto ao
pensamento, individual e coletivo, levando a diferentes patamares de idéias,
conceitos e estruturas. Segundo Silva e Almeida (2011) isso se dá pelo fato de
que a família vem se modificando, refletindo na transformação da sociedade,
que, por sua vez, experimenta alterações dinâmicas e efetivas na estrutura, na
configuração familiar e no seu modo de viver.
Para Oliveira (2009) tais transformações sociais acabam por atingir,
alterar e diversificar a dinâmica familiar como um todo, de forma particular,
conforme sua história, composição e condições culturais, morais, éticas e
socioeconômicas. Ante tal realidade, é forçoso reconhecer que a família
contemporânea pode levar por diferentes realidades, já que está em constante
processo de modificação.

2.1 FUNDAMENTO HISTÓRICO E FILOSÓFICO PARA TCC

No começo dos anos de 1960, um novo pensamento começou a surgir


no que diz respeito ao conhecimento cognitivo, embora os trabalhos iniciais da
mudança cognitiva surgissem somente em 1970. As pesquisas de Alberte
Bandura a respeito de padrões de processamento de elementos e aprendizado,
com o emprego de evidências empíricas no setor de desenvolvimento
linguístico alçou pontos do padrão comportamental clássico disponível até
4

então, apontando os obstáculos de uma interpelação comportamental na


explicação para a conduta humano (JEFFREY; TETEN, 2008).
Alguns dos mais importantes proponentes nomes a iniciar a
perspectiva cognitivo e cognitivo-comportamental foram Beck, Ellis, Cautela,
Meichenbaum e Mahoney. Uma disparidade de abordagens de TCC surgiu ao
longo das décadas, atingindo diferentes medidas de bom emprego e sucesso
(KNAPP; BECK, 2008).
A TCC pode ser organizados em três grandes divisões: tratamentos de
aptidões de enfrentamento, que destacam o desenvolvimento de um repertório
de agilidades propostas a dar ao paciente os aparelhos para lidar em uma
multiplicidade de casos problemáticas; terapias de resolução de dificuldades,
que destacam o aumento de táticas gerais para tratar com uma extensa gama
de problemas pessoais (BECK, 2005).
E ainda pôr fim os tratamentos sobre reestruturação, que destacam a
conjetura de que os problemas emocionais são consequência de pensamentos
em mal momento, sendo o objetivo do tratamento rever o pensamento
desviado e solicitar pensamentos adaptativos (DRYDEN, 2001).
O padrão cognitivo foi inicialmente construído após estudos de pesquisa
conduzidos por Aaron Beck, para elucidar os processos psicológicos na
depressão, em uma tentativa de provar a teoria freudiana da depressão como
hostilidade reprimida. Em vez de hostilidade e raiva, a pesquisa sobre os
sonhos dos pacientes mostrou uma "sensação de derrota, fracasso e perda"
(MORTON, 2001).
Para Jonsson, Hougaard e Bennedsen (2011) os temas dos pacientes
deprimidos enquanto sonhavam eram consistentes com seus temas de vigília;
sonhos poderia simplesmente ser um reflexo dos pensamentos da pessoa.
Com base em pesquisas sistemáticas e observações clínicas, Beck propôs que
os sintomas da depressão pudessem ser explicados em termos cognitivos
como interpretações tendenciosas de eventos atribuídos à ativação de
representações negativas do eu, do mundo pessoal e do futuro (a tríade
cognitiva).
Como consequência natural, Beck começou a questionar cada vez mais
o modelo motivacional inconsciente psicanalítico e o método terapêutico,
especialmente a ênfase da psicanálise nas conceituações motivacionais de
5

transtornos emocionais, que em grande parte ignoraram fatores cognitivos,


como foi comprovado por seus achados de pesquisa sobre depressão
(JONSSON; HOUGAARD; BENNEDSEN, 2011).
Colocando os fundamentos para a teoria cognitiva e a terapia, Beck
começou a diferenciar o cognitivo da abordagem psicanalítica, focando o
tratamento em problemas atuais, em vez de descobrir traumas ocultos do
passado, e em analisar experiências psicológicas acessíveis, ao invés de
inconscientes. No entanto, a experiência com a psicanálise foi importante no
desenvolvimento inicial dos conceitos e estratégias terapêuticas da TCC
(JONSSON; HOUGAARD; BENNEDSEN, 2011).
Para Ekers; Richards; Gilbody (2008) uma importante contribuição para
os fundamentos da TCC foi dada pela formulação freudiana da estruturação
hierárquica da cognição em um processo primário (ou seja, por consciência e
baseado em fantasias e desejos) e um processo secundário (ou seja, acessível
à consciência e baseado nos princípios da realidade objetiva), bem como o
conceito de que os sintomas são baseados em ideias patogênicas (JONSSON;
HOUGAARD; BENNEDSEN, 2011).
Desde sua formação psicanálise e ao longo de sua carreira profissional.
Beck se identificou com neo-analistas, como Alfred Adler, Karen Horney, Otto
Rank e Harry Sullivan, que enfatizaram a importância de entender e lidar com
as experiências conscientes dos pacientes, bem como a necessidade de tratar
os significados que os pacientes dão aos eventos que vivenciam em suas
vidas. A teoria cognitiva com foco em processos intrapsíquicos em vez de
comportamentos ocultos é mais um legado da teoria psicanalítica, embora os
procedimentos terapêuticos sejam mais semelhantes à terapia comportamental
(JONSSON; HOUGAARD; BENNEDSEN, 2011).
Além disso, a estrutura teórica da TCC foi construída a partir de
contribuições de outras escolas, como a abordagem fenomenológica humanista
da psicologia. Inspirado em parte por filósofos como Kant, Heidegger e Husserl,
adotou a ênfase sobre experiência subjetiva consciente. Derivados dos
filósofos estoicos gregos veio o conceito de que os seres humanos são
perturbados pelos significados que anexam aos fatos, não pelos fatos em si.
Carl Rogers com sua terapia orientada ao cliente inspirou o estilo terapêutico
de questionamento gentil e a aceitação incondicional do paciente. A teoria do
6

apego de John Bowlby foi uma fonte altamente valiosa para o desenvolvimento
da conceituação cognitiva.

2.2 HABILIDADES DA TCC

A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) combina terapias cognitivas


e comportamentais e tem forte apoio empírico para o tratamento de transtornos
de humor e ansiedade. A premissa básica da TCC é que as emoções são
difíceis de mudar diretamente, então a TCC visa as emoções mudando
pensamentos e comportamentos que estão contribuindo para as emoções
angustiantes (CULLY; TETAN, 2008).
A TCC constrói um conjunto de habilidades que permite que um
indivíduo esteja ciente de pensamentos e emoções; identificar como situações,
pensamentos e comportamentos influenciam as emoções; e melhorar os
sentimentos mudando pensamentos e comportamentos disfuncionais (CULLY;
TETAN, 2008).
O processo de aquisição de habilidades da TCC é colaborativo.
Aquisição de habilidades e tarefas de casa são o que diferenciam a TCC de
"terapias de conversação". Assim usa-se o tempo de sessão para ensinar
habilidades para resolver o problema de apresentação e não simplesmente
discutir o problema com o paciente ou oferecer conselhos (CULLY; TETAN,
2008).
A TCC breve é a compressão do material TCC e a redução da média de
12-20 sessões em quatro a oito sessões. Em TCC breve, a concentração é em
tratamentos específicos para um número limitado de problemas do paciente. A
especificidade do tratamento é necessária devido ao número limitado de
sessões e porque o paciente é obrigado a ser diligente no uso de materiais de
leitura extras e lição de casa para auxiliar em seu crescimento terapêutico
(CABALLO, 2003).
7

O TCC breve pode variar sua duração. Embora exista variabilidade, a


Tabela 1 mostra um exemplo de esboço sessão por sessão.

Tabela 1 – Exemplo do uso da TCC


Conteúdo da sessão
Oriente o Paciente para TCC.
Sessão 1 Avalie as preocupações dos pacientes.
Defina plano/metas de tratamento inicial
Avaliar como preocupações do paciente. Definir metas iniciais ou
Sessão 2
começar técnicas de intervenção.
Sessão 3 Técnicas de intervenção iniciar/continuar
Continue reavaliando técnicas de intervenção. Metas/Plano de
Sessão 4
Tratamento.
Sessão 5 Técnicas de intervenção continue/refinar.
Sessão 6 Técnicas de intervenção continuadas.
Continuar técnicas de intervenção. Discutir o fim do tratamento e
Sessão 7
preparar mudanças de manutenção
Sessão 8 Fim do tratamento, ajude o Paciente a manter as mudanças.

Fonte: Adaptada de Cully; Tetan (2008).

É possível pensar com flexibilidade na determinação do tempo de


tratamento. A terapia por tempo limitado pode oferecer incentivo adicional para
pacientes e terapeutas trabalharem de forma eficiente e eficaz. No entanto, o
tempo exato do tratamento provavelmente será determinado por uma série de
fatores envolvendo o terapeuta, o paciente e o ambiente do tratamento
(CULLY; TETAN, 2008).
Como indicado na Tabela 1, não se espera que uma forma rígida de um
"cronograma definido" de progresso ou tópicos, mas deve-se ser flexível e
adaptável na abordagem de todas as breves aplicações de TCC. Certos
problemas são mais apropriados para TCC breve do que outros (CULLY;
TETAN, 2008).
Os problemas favoráveis à TCC breve incluem, mas não se limitam a,
ajuste, ansiedade e transtornos depressivos. A terapia também pode ser útil
para problemas que visam sintomas específicos (por exemplo, pensamento
depressivo) ou mudanças de estilo de vida (por exemplo, resolução de
8

problemas, relaxamento), se essas questões fazem ou não parte de um


diagnóstico psiquiátrico formal. O TCC é particularmente útil em um ambiente
de atenção primária para pacientes com ansiedade e depressão associados a
uma condição médica (RANGÉ, 2001).
Como esses indivíduos muitas vezes enfrentam problemas de saúde
mental agudos e não crônicos e têm muitas estratégias de enfrentamento já
existentes, o TCC pode ser usado para melhorar o ajuste. Questões que
podem ser abordadas na atenção primária com TCC incluem, mas não se
limitam a, dieta, exercício, conformidade medicamentosa, problemas de saúde
mental associados a uma condição médica, e o enfrentamento de uma doença
crônica ou novo diagnóstico (RANGÉ, 2001).
Quanto as considerações do terapeuta são importantes ser
adequadamente qualificado para evocar mudanças na vida de um paciente em
um curto espaço de tempo. Deve-se avaliar e buscar periodicamente
supervisão/consulta sobre suas capacidades no processo e conteúdo da TCC.
Assim, as habilidades e habilidades gerais do terapeuta necessárias para a
TCC são: capacidade de estabelecer uma forte relação de trabalho
rapidamente; conhecimento completo dos tratamentos utilizados; habilidade
na estruturação de sessões e material de lição de casa para resolver todos os
problemas; habilidade em apresentar material de forma clara e concisa com
exemplos específicos para cada um dos problemas do paciente; variáveis
interpessoais/personalidades terapeutas: capacidade de ser assertivo, diretivo,
não julgador e colaborativo (RANGÉ, 2001).
9

3 PECULIARIDADES EM FAMÍLIAS QUE PASSAM PELA SÍNDROME


DO NINHO VAZIO

A Síndrome do Ninho Vazio (SNV) tem sido um termo usado na


psicologia nas últimas cinco décadas. É um termo usado para descrever as
respostas maladaptivas de longa duração exibidas pelos pais uma vez que seu
último filho se muda de casa e, assim, deixa os dois pais de meia-idade ou
idosos sozinhos em casa. Essas respostas incluem depressão, tristeza,
ansiedade, culpa, sintomas somáticos, raiva, ressentimento, irritabilidade,
frustração e solidão.
Segundo Badiani e Sousa (2016) às vezes, essas respostas
maladaptivas podem ser o início de uma grande psicopatologia como
transtorno depressivo grave, transtornos de ansiedade e raramente uma
reação psicótica. Essa síndrome tem sido frequentemente comparada à
depressão pós-parto, pois os pais enfrentam a perda de seus filhos, bem como
a perda de papéis reprodutivos da mãe ou ser pai de uma criança.
Para o pesquisador Bouchard (2014) Ninho Vazio refere-se à casa uma
vez que todas as crianças se mudaram por várias razões, como estudar ou
emprego ou assentamento em uma cidade diferente, para explorar suas vidas
ou simplesmente para começar a idade adulta independente de um dos pais.
De acordo então com Mount e Moas (2014) Ninho Vazio pode nem
sempre evocar emoções negativas, mas uma série de emoções misturadas
com um alívio para o fim das responsabilidades parentais e excitação para a
tão esperada liberdade aliada a culpa em resposta a esses sentimentos de
alívio, preocupação com o bem-estar das crianças, bem como preocupação e
ansiedade sobre a rejeição pelas crianças no futuro. Resumindo a SNV denota
uma série de emoções negativas e também mistas prolongadas
desencadeadas pela separação com um filho que afeta mal um indivíduo ou
uma relação conjugal.

3.1 DIFERENÇAS DE GÊNERO NA SÍNDROME DO NINHO VAZIO


10

Sartori e Zilberman (2009) acreditam que as mulheres são mais


propensas a sofrer com o SNV, no entanto, isso ocorre porque a maior parte da
literatura disponível foi coletada com as mulheres como seus sujeitos de
estudo. Isso também explica o nome estereotipado para esta síndrome. A
sociedade tem uma preocupação em usar a linguagem do celeiro quando se
refere às mulheres; com palavras como pássaros, pintinhos, galinhas velhas
etc. Assim, o termo SNV desencadeia uma noção machista que dificulta a
identificação daqueles que sofrem dessa síndrome.
Por outro lado, estudos recentes sugerem que mesmo os homens
podem sofrer com a SNV. Um estudo recente de 147 mães e 114 pais com
uma criança graduando-se no ensino médio descobriu que as mulheres com
seu papel principal como cuidadoras de crianças estavam ansiosas pela saída
de seus filhos e também estavam se preparando para a próxima etapa da vida,
como buscar hobbies adicionais, etc. (BADIANI e SOUSA, 2016).
Por outro lado, os homens em sua amostra não falaram sobre a partida
de seu filho e também eram menos propensos a ver sua partida como uma
grande transação de vida. Assim, os homens estavam menos preparados para
a separação e, mais tarde, demonstraram arrependimentos sobre
oportunidades perdidas de desempenhar um papel maior na vida de seus filhos
antes de saírem de casa (BADIANI e SOUSA, 2016).
Mitchell e Lovegreen (2009) apoiam esses achados, que relataram que
os homens eram mais propensos a relatar respostas neutras ou ambivalentes
ao ninho vazio do que às mulheres. Essa diferença tem sido explicada na
autoexpressão como uma predisposição de mulheres que podem expressar
atitudes e sentimentos complexos livremente na sociedade.
Além disso, os homens experimentam autoavaliação e desequilíbrio
durante a transição do Ninho Vazio, mas podem não querer e/ou não conseguir
expressar sua resposta em quaisquer outros termos que não sejam neutros ou
ambivalentes. Isso continua mostrando que a Síndrome do Ninho Vazio não é
exclusiva das mulheres, mas também é vivenciada pelos homens, embora de
forma diferente em termos de expressão (MITCHELL e LOVEGREEN, 2009).

3.2 A VALIDADE DO FENÔMENO DA SÍNDROME DO NINHO VAZIO


11

No entanto, alguns estudos como de Moscucci (2000) a validade do


fenômeno SNV é altamente questionada. Isso é, pré-dominante, pois não é
reconhecido como um transtorno psiquiátrico em qualquer sistema de
classificação seguido em todo o mundo, sendo bastante visto como uma época
de transição da vida que muitas pessoas se submetem.
Para Burger (2011) o argumento a ser considerado é se a SNV é um
mito ou uma realidade. Acredita-se que existem várias alterações biológicas,
sociais e cognitivas que podem explicar os sintomas vistos durante a transição
da SNV e que a teoria psicológica da SNV precisa ser postulada.
Uma das principais causas para que a SNV seja considerada um mito é
que o período de transição do ninho de esvazio geralmente coincide com o
processo biológico de envelhecimento e, mais especificamente, durante as
fases da menopausa ou peri-menopausa para as mulheres. Acredita-se que a
depressão causada pelas alterações hormonais nesses momentos pode ser
atribuída incorretamente à SNV (BURGER, 2011).
Para Ubaidi (2017) Síndrome do Ninho Vazio é o tempo depois que a
última prole se prepara para partir sua casa. Os pais terão emoções misturadas
e terão sentimentos de infelicidade e perda. Síndrome do ninho vazio não é um
diagnóstico clínico; é o estágio normal do ciclo de vida humana.
É uma experiência dolorosa para os pais, de repente, não ter filhos em
casa que precisam de cuidados constantes. É difícil não fazer parte do
cotidiano de seus filhos. É uma transição desafiadora para um pai ter a perda
de um companheirismo persistente. Os pais terão momentos estressantes se
preocupando com a segurança de seus filhos (UBAIDI, 2017).

3.3 O TERRITÓRIO E A CULTURA LOCAL

Entre os inúmeros fatores ambientais que levam à SNV, acredita-se que


a formação geográfica e a orientação cultural desempenham um papel
importante em se vivenciar ou não a síndrome. Existindo uma diferença cultural
no significado ligado ao esvaziamento do ninho. Nas culturas ocidentais, que
são culturas pré-dominantes individualistas, a saída de ninhos tipicamente
reflete o sucesso dos pais para criar seus filhos em adultos bem ajustados e
independentes (JAHODA, 2000).
12

Por outro lado, segundo Wu et al (2010) em culturas que geralmente


são de natureza coletiva, o ninho vazio reflete as falhas dos pais de não
conseguirem instilar os valores familiares em uma criança que mantém a
família unida. Além disso, deixar o ninho em culturas não ocidentais também é
visto como quebrar a família. Tais implicações negativas do Ninho Vazio
provavelmente terão impacto negativo sobre os pais.
Segundo Singh (2005) na Índia, um país com uma cultura pré-
dominante não ocidental, é tradicional que o filho mais velho continue em casa
até a idade adulta, e continue apoiando seus pais acompanhados de sua
esposa. No entanto, na Índia, o número de famílias nucleares tem aumentado.
De acordo com o relatório censitário de Delhi 2011, o maior número de
domicílios (69,5%) tem apenas um casal e menos de 6% dos domicílios têm
mais de 9 pessoas vivendo neles.
Desta forma para Badiani e Sousa (2016) isso pode acontecer por uma
variedade de razões; principalmente porque muitas crianças estão deixando
sua casa para procurar oportunidades de trabalho, ou para buscar o ensino
superior disponível apenas em faculdades encontradas em outras cidades.
Para ajustar-se a um individualismo tão rápido na cultura pré-dominantemente
coletivista, a ambiguidade e a angústia criadas podem ser interpretadas
incorretamente como a SNV.

3.4 UMA VISÃO ATUALIZADA SOBRE A SNV

O crescente individualismo não é a única razão para a tendência


crescente das famílias nucleares. Casais de vida média presos em um aperto
intergeracional são denominados como a geração Sandwich. Esse grupo de
pessoas que vivem são pegos em uma casa com crianças adultas que atrasam
sua mudança e com um conjunto de avós, que agora vivem mais. É comum ver
a geração de sanduíches como o conceito de viver juntos em famílias não
nucleares (BOYD, 2009).
Para o pesquisador Bouchard (2014) a geração de sanduíches deseja
alcançar o crescimento financeiro e ter relacionamento para si mesma e, para
alcançar tal desenvolvimento, eles podem sair de sua casa pré-existente para
cultivar uma família nuclear. Isso ilustra que a separação de uma família
13

formando um ninho vazio pode nem sempre ter um impacto negativo, porém
ilustra que um tempo aceitável para a separação pode ser diferente,
culturalmente.
De acordo com os autores, os pais têm certas expectativas sobre como
o caminho de seus filhos para a vida adulta deve ser esculpido. Essas
expectativas são baseadas em cronogramas sociais, em relação à quando uma
criança deve sair, razões para sair, etc. tudo isso deve se alinhar com suas
crenças e normas sociais, culturais e pessoais (BADIANI e SOUSA, 2016).
Com base nisso e na natureza coletivista de algumas sociedades, autores
relataram que crianças de determinadas origens étnicas, como o sul da Ásia,
América Latina e do Sul eram mais propensas a atrasar a saída de casa.
Para os autores Miller e Chandler (2005) um sofrimento semelhante
associado ao SNV também pode ser visto se crianças adultas voltarem a viver
com seus pais, reabastecendo assim o ninho. Este conjunto de crianças
adultas, conhecidas como a geração bumerangue, são aquelas que voltam
para casa depois de viverem por conta própria.
O retorno poderia ser por muitas razões, no entanto, segundo Badiani e
Sousa (2016) um estudo nos países asiáticos mostrou que cerca de 20
milhões de pessoas de 18 a 34 anos depois de terem passado pela moagem
durante a economia áspera dos últimos anos voltam para casa, pois não
conseguem encontrar emprego. Essa dependência financeira e emocional das
crianças adultas pode pressionar os pais e, mais importante, pode dificultar os
aspectos positivos associados ao ninho esvaziado.

3.5 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DA SÍNDROME DO NINHO


VAZIO

Para Ubaidi (2017) normalmente, as pessoas terão experimentado uma


perda e/ou desespero devido à síndrome do ninho vazio e, portanto, precisarão
agir em vez de uma reação (respondendo em vez de reagir). O indivíduo deve
estar preparado para a partida; certificando-se de que tanto as crianças quanto
os pais estão prontos para esse passo. Além disso, o pai deve entender a
síndrome do ninho vazio e reconhecer os sintomas iniciais.
14

A síndrome do ninho vazio é uma condição psicológica que afeta ambos


os pais, resulta em um sentimento de dor (sentimento de perda, redundância,
indignidade e incerteza sobre o futuro) devido à partida de seus filhos. Coincidir
principalmente com outros grandes eventos da vida (por exemplo, menopausa,
doença ou aposentadoria). O período de transição leva tempo para ter uma
vida normal de ver amigos, sair e dar a volta, ou retomar algumas atividades
que a leva de volta ao balanço das coisas (BEAUPRÉ; TURCOTTE; MILAN,
2006).
Segundo então Seiffge (2006) consequentemente, em vez de
resmungos e frustrações, o pai deve aceitar a nova situação e tentar ajudar
seus filhos a ter sucesso em novos desafios quando ele ou ela sair de casa. É
preciso manter contato com os filhos. Os pais podem continuar a estar perto de
seu ambiente de prole; mesmo quando eles vivem separados.
Utilizando chamadas regulares, e-mails, textos ou até mesmo chats de
vídeo. Mudar o os pensamentos aterrorizantes; os pais e seus filhos que
partem devem ter aventuras mais divertidas. Tranquilizar os filhos assustados,
de que será uma experiência emocionante, familiar e muito necessária. Para
continuar fornecendo uma sensação segura e caseira de pertencimento e
segurança (UBAIDI, 2017).
Deixe a prole cometer erros e aprender com eles. Buscar apoio;
suportes internos e externos são de vital importância em tempos difíceis em
que os pais estão lidando com um ninho vazio. Manter-se positivo; o pai deve
pensar e trabalhar positivamente em seu tempo extra e usar a energia que eles
têm para reconstruir seu casamento ou para ter mais tempo para seus
interesses pessoais (SEIFFGE, 2006).
É importante olhar para as próprias necessidades; construindo novas
amizades ou revivendo as caducadas e engajando-se em um novo hobby ou
interesse ou voltando à escola ou universidade, reiniciando uma carreira ou
considerando novas oportunidades de voluntariado (UBAIDI, 2017).
Reacender a centelha do amor em sua vida, tentando melhorar sua
relação conjugal para se redescobrirem, passando mais tempo juntos ou tendo
umas férias emocionantes. Estudos apontam que a terapia cognitiva TCC pode
auxiliar nesse processo, desta forma serão abordados os resultados de
estudos que apontam para essa possibilidade.
15

4 MODELO COGNITIVO NOS ESTUDOS DA SÍNDROME DO NINHO


VAZIO

De acordo com a revisão de literatura, os países asiáticos tem


demostrado interesse em compreender os fenômenos psicossociais
enfrentados pela população após profundas mudanças econômicas e culturais
vividas nas últimas décadas. A incidência de casos de depressão associada a
saída de filhos é um tema que vem chamando a atenção em especial de
pessoas idosas.
Assim um dos pesquisadores pioneiros no uso de modelos cognitivos no
tratamento da SNV, foi Oliver (1977) em seus estudos o autor preconiza a
importância dos papeis sociais vividos principalmente pela mulher, e seus
aspectos culturais, ou seja, a visão e o papel da mulher na sociedade marcada
pelos seus arquétipos e estigmas.

Um concomitante frequente da depressão em mulheres de meia-


idade é a sensação de perda quando crianças adultas saem de casa
— a chamada "síndrome do ninho vazio", que aqui é referida como o
conflito pós-maternidade. A presente análise baseia-se nos
pressupostos de que o conflito é um desdobramento da socialização
das mulheres, que coloca a maternidade no centro da vida de uma
mulher, com o resultado de que, independentemente de outras áreas
de competência, a maternidade se torna a principal fonte de
autoestima para muitas mulheres; o término abrupto de seu papel,
com o advento da vida adulta de seus filhos, constitui uma
aposentadoria forçada, não reconhecida e despreparada de seu papel
principal na vida; o conflito gira em torno de sua sensação de perda
de poder, em vez de pessoas, e sua perda precipita sentimentos de
desamparo e desesperança; atitudes pejorativas em relação à mãe
supercomprometida tendem a obscurecer as dificuldades da
separação (OLIVER, pg.02,1977).

Reconhecendo os componentes cognitivos irracionais subjacentes à


auto culpa, auto humilhação, culpa e hostilidade evidenciados por essas
mulheres deprimidas, o autor apresenta um modelo de tratamento baseado nos
princípios da terapia emotiva racional.
Khaledian et al (2013) realizou um trabalho com homens e mulheres que
deixaram seus filhos. O estudo foi realizado na pequena cidade de Ghorveh,
16

assim uma amostra de 24 pessoas foi selecionada por amostragem


conveniente. Para coletar dados dos instrumentos, foram utilizadas 21
perguntas do questionário de depressão de Beck e Schneider life hope.
Os resultados mostraram que a média de escores para ambos os grupos, os
testes no grupo experimental foram significativamente inferiores a esse grupo
de controle, e a expectativa média de vida nos escores pós-teste do grupo
experimental significativamente maior do que os escores pós-teste do grupo
controle. O estudo permite então concluir que o uso de terapia de grupo
cognitivo comportamental é eficaz na redução depressiva e aumenta a
síndrome do ninho vazio esperança de vida.
Estudos realizados na China por YujiaZhai et al (2020) exploraram as
associações de ninho vazio e atividade em grupo com comprometimento
cognitivo em idosos chineses.
Os dados foram analisados de 10.349 participantes da base de dados de
pesquisa, logo em seguida foi realizada uma filtragem com idosos de 60 anos
ou mais, onde o comprometimento cognitivo foi avaliado pelo questionário do
Mini-Exame do Estado Mental. Modelos de regressão logística controlados
para uma ampla gama de potenciais confundidores foram gerados para
examinar as associações de ninho vazio e atividade de grupo com
comprometimento cognitivo.
Como resultado não foi encontrada associação entre ninho vazio e
comprometimento cognitivo no total de participantes. No entanto, quando
estratificadas por sexo, as mulheres de ninhos vazios apresentaram menor
probabilidade de ter comprometimento cognitivo do que as mulheres não
vazias. Idosos que participaram de atividades em grupo apresentaram chances
significativamente menores de comprometimento cognitivo do que aqueles que
nunca participaram de atividades em grupo.
Essa associação permaneceu significativa no grupo de 60 a 69 anos
quando estratificada por idade. Os autores concluíram que lares vazios não
eram vulneráveis à má função cognitiva. A participação em atividades em
grupo esteve significativamente associada a menores chances de
comprometimento cognitivo. Entretanto estudos prospectivos são necessários
para avaliar o efeito da atividade de ninho vazio e grupo sobre o risco de
comprometimento cognitivo.
17

Wang et al (2017) realizou um estudo em áreas rurais da cidade de


Liuyang, Hunan, China, para comparar a solidão, sintomas depressivos e
grandes episódios depressivos entre idosos sem ninho vazio e não vazio por
meio de modelos cognitivos. Os estudos mostraram que a solidão e depressão
são mais severas entre os ninhos vazios do que os idosos rurais não vazios. A
solidão era uma variável mediante entre síndrome do ninho vazio e depressão.
Vale observar que segundo a National Bureau of Statistics of the
People's Republic of China (2016) a China se tornou uma sociedade
envelhecida no final do século XX devido ao rápido crescimento econômico, à
expectativa de vida prolongada e à redução da fertilidade. O Sexto Censo
Nacional em 2010 mostrou que 13,3% da população total tinha 60 anos ou
mais, um aumento de 2,9% em relação ao Quinto Censo Nacional em 2000.
Estima-se que a proporção de pessoas com 60 anos ou mais atingirá
um terço até 2050. A urbanização também aumentou drasticamente na China,
cerca de 252 milhões de residentes rurais haviam se mudado para áreas
urbanas até o final de 2014, dos quais 78% tinham entre 15 e 59,2 anos
deixando para trás um grande número de idosos no campo.
Segundo Miltiades (2002) na China, os idosos são tradicionalmente
cuidados por seus familiares, principalmente cônjuges e filhos adultos. A
desintegração da família estendida nos últimos anos fez com que muitas vezes
nenhuma criança adulta esteja disponível para ajudar idosos quando
necessário.
Um estudo anterior em idosos indianos não imigrantes indicou que,
embora pudessem obter ajuda de outros e viver de forma independente, a
partida de seus filhos adultos causou profunda solidão nos pais (MILTIADES,
2002).
Para Bocker et al (2012) a saúde mental dos idosos rurais,
especialmente os vazios, é de grande preocupação na China. Uma série de
estudos nesta população têm focado em diferentes aspectos da saúde mental,
principalmente solidão e sintomas depressivos.
A solidão é um estado afetivo negativo, experimentado quando uma
pessoa se vê como socialmente isolada ou tem pouca e/ou baixa interação
social. Um estudo transversal na província de Anhui mostrou que 78,1% da
18

população idosa experimentou solidão moderada a grave (BOCKER, et al


(2012).
Em uma pesquisa de base populacional na província de Hubei, os
autores relataram que 54,5% dos pais com ninho vazios experimentaram
solidão moderada ou alta, o que foi superior aos 44,4% encontrados no grupo
não vazio-ninho (BOCKER, et al 2012).
As características demográficas dos grupos de ninhos mais vazios e não
vazios não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos em
relação à idade, sexo, estado civil, escolaridade, renda anual por domicílio ou
doença física.
Bongyoga e Risnawaty (2021) realizaram um estudo com abordagem
qualitativa fenomenológica para explorar a compreensão subjetiva dos pais no
enfrentamento da SNV, observando os elementos cognitivos intrincados no
seio familiar, os dados foram obtidos por meio de entrevistas como forma de
triagem para sinais de síndrome do ninho vazio vivenciados pelos sujeitos,
além de relacionar às dimensões da qualidade de vida familiar.
Os resultados mostraram que a síndrome do ninho vazio afeta as
dimensões da qualidade de vida familiar, especialmente o bem-estar
emocional, que é marcado pelo sentimento de tristeza do sujeito 1-3 meses
após a partida do filho. Outras dimensões, como interação familiar, paternidade
e bem-estar físico/material também mudam em casos de SNV (BONGYOGA e
RISNAWATY (2021).
Com base nos dados obtidos de toda a série de entrevistas com o
sujeito, pode-se concluir que os pares primeiro, segundo e segundo pais
experimentam sinais de síndrome do ninho vazio. Cada sujeito experimentou a
profundidade das marcas de forma diferente. Cada sujeito interpretava
sentimentos de solidão, perda de identidade, sentimentos de isolamento e
tristeza de forma diferente. Essa diferença decorre de diversas origens de
temas, por exemplo, histórico de trabalho, atividades diárias, motivos para
separação dos filhos e número de filhos que cada sujeito tem (BONGYOGA e
RISNAWATY (2021).
A dimensão do bem-estar físico/material cognitivo de cada sujeito não é
muito afetada pela partida dos filhos. Cada sujeito ainda pode atender às suas
necessidades de transporte, serviços de saúde e despesas familiares. Coisas
19

diferentes surgem na sensação de segurança em casa, que é causada pelo


número de familiares que ainda vivem com os filhos. Assim, as diferentes
condições de cada família levam a uma compreensão diferente das dimensões
física/material do bem-estar (PAPALIA e MARTORELL,2021).
Bougea; Despoti; Vasilopoulos (2019) aplicaram modelos cognitivos em
seus estudos para conhecer o comportamento de mulheres americanas que
passavam pela ida de seus filhos.
As abordagens sociais concordam que o gênero não se refere às
características biológicas e fisiológicas que definem o homem e a mulher, mas
aos seus papéis socialmente construídos que foram julgados como
apropriados. É mais natural e adequado para as mulheres como mães serem
mais apegadas aos seus filhos do que os homens como pais. Homens e
mulheres têm uma experiência diferente da fase de transição do ninho por
causa de seus diferentes papéis e prioridades, bem como formas de
enfrentamento (BOUGEA; DESPOTI; VASILOPOULOS, 2019).
O risco de depressão aumenta quando a perda do papel parental
convive com a falta de outros papéis. West (2016) aponta que o trabalho pode
atua como fator protetor contra mudanças no papel materno. No entanto, os
pesquisadores mostraram que, embora o trabalho em si tenha um impacto
significativo no bem-estar, o estado do ninho vazio não tem grande efeito sobre
o bem-estar das mulheres.
Bongyoga e Risnawaty (2021) aponta que a crise econômica não só
aprofunda a pobreza global, mas também a crise em relação aos valores
refletidos em um modelo dinâmico de família. A resiliência familiar não é um
processo fácil no contexto atual da vida. Assim é importante observar que as
relações proporcionadas por modelos cognitivos coletivos que podem aos
melhorar a promoção da saúde social.
Bougea; Despoti; Vasilopoulos (2019) lembra da fala do Deus grego
Proteus: mude o status para lidar com a crise e os estreitos criando formas
psicossociais de adaptação. Assim a gestão do estresse visa fortalecer e
incentivar o crescimento de novas habilidades para que as pessoas estejam
mais bem equipadas para enfrentar esses desafios estressantes da vida e
adquirir autoconfiança e autoeficácia em recomendações que dependem de
sua saúde e meio ambiente.
20

Alguns modelos práticos transacionais, de resiliência familiar e de


autoeficácia incluem: o reconhecimento de que o desemprego não é culpa
deles e que eles devem ter autoestima, conversas abertas e expressar as
emoções que trarão melhor comunicação, manter uma atitude positiva ao
encontrar motivação ao longo da educação, cursos online, arte, hobbies,
voluntariado e exercício físico, lembrando que ninguém está sozinho e que eles
sempre podem pedir ajuda via aconselhamento e psicoterapia. O ninho vazio
pode ser transformado em um ninho seguro onde os membros da família se
desenvolvem, apoiam uns aos outros e mantêm laços fortes em todos os
aspectos da vida. Futuros programas de enriquecimento devem ser projetados
para fortalecer os recursos familiares e melhorar seu bem-estar e qualidade de
vida ao longo da vida.
21

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme descrito ao longo dos capítulos deste trabalho, na Seção 2,


tem-se que a literatura mostrou os conceitos sobre terapias cognitivas
comportamentais mostrando que essas estão diretamente ligadas ao ambiente
cultural ao qual o individuo atua e vive. Desta forma seus direcionamentos
morais e comportamentais vão estar calcados naquilo que o grupo definir como
correto, aceitável e transferível de geração a geração. Isto permitiu que a
Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) fosse desenvolvida avaliando a
premissa básica de que as emoções são difíceis de mudar diretamente, então
a TCC visa as emoções mudando pensamentos e comportamentos que estão
contribuindo para as emoções angustiantes. Esses pensamentos são fruto
anteriores do comportamento individual e coletivo.
Na Seção 3, tem-se então que o síndrome do ninho vazio pode ocorrer
de diferentes formas de acordo com a cultura do individuo avaliado, outra
importante contribuição da pesquisa bibliográfica foi o resultado de pesquisas
que apontam que dentro do núcleo familiar também pode ocorrer diferentes
posicionamentos, ou seja, entre homens e mulheres ou situação econômica.
Desta forma alguns autores apontam que a síndrome não é uma patologia e
pode se apresentar como uma resposta ao comportamento cognitivo cultural de
cada região. Por isso requer diferentes tipos de tratamento.
Na Seção 4, objetivando então levantar na literatura alguns tratamentos,
o trabalho encontrou o modelo cognitivo que desenvolve atividades em grupo
permitindo concluir que o uso de terapia de grupo cognitivo comportamental é
eficaz na redução depressiva e aumenta na síndrome do ninho vazio a
esperança de vida. Os estudos apontados na revisão de literatura mostraram
que em localidades especificas onde questões culturais são predominantes
como na China e Índia o uso de modelos cognitivos respondem bem
22

significativamente. Embora as mulheres americanas tenham uma cultura


diferente, quando diagnosticado a síndrome de ninho vazio as terapias
cognitivas também surgiram resultados positivos.
Portanto, o trabalho apresenta que embora alguns pesquisadores tratem
a síndrome do ninho vazio como um sintoma localizado interligado a raízes
culturais, esses sintomas são verificados em diferentes culturas e são também
tratados de forma especifica, tendo como um desses tratamentos a terapia
cognitivo comportamental trazendo bons resultados.
Como trabalhos futuros pode-se destacar um aprofundamento em
estudos de caso que empregaram terapias cognitivas em idosos que vivem em
regiões afastadas, ou áreas rurais no Brasil.
23

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