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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE ARTES E LETRAS


DEPARTAMENTO DE ARTES VISUAIS
BACHARELADO EM ARTES VISUAIS

ARTE CEMITERIAL COMO REFERÊNCIA PARA O DESIGN TÊXTIL

SABRINA APARECIDA MACHADO

Santa Maria, RS, Brasil


2018
SABRINA APARECIDA MACHADO

ARTE CEMITERIAL COMO REFERÊNCIA PARA O DESIGN TÊXTIL

Trabalho Final de Graduação apresentado ao


Curso de Graduação em Artes Visuais da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS),
como requisito parcial para a obtenção do Grau de
Bacharela em Artes Visuais.

Orientadora: Profª. Drª. Reinilda de Fátima Berguenmayer Minuzzi

Santa Maria, RS, Brasil


2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE ARTES E LETRAS
DEPARTAMENTO DE ARTES VISUAIS
BACHARELADO EM ARTES VISUAIS

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho Final de Graduação

ARTE CEMITERIAL COMO REFERÊNCIA PARA O DESIGN TÊXTIL

elaborado por
Sabrina Aparecida Machado

Como requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharela em Artes Visuais

COMISSÃO EXAMINADORA:

__________________________________
Profª. Drª. Reinilda de Fátima Berguenmayer Minuzzi
(Presidente/Orientadora)

__________________________________
Prof.ª Dra. Karine Gomes Perez Vieira

__________________________________
Prof.ª Ma. Suzana Terezinha Gruber Vaz

Santa Maria, julho de 2018.


DEDICATÓRIA

Aos amigos espirituais companheiros de muitas caminhadas que estão sempre ao meu lado, que me
ensinam a ter força e resistir diante das dificuldades, encarando- as como aprendizados, para o meu
desenvolvimento humano e espiritual.
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais que me ensinaram que devemos trabalhar e lutarmos pelo que queremos, e por me
apoiarem sempre.
Às amigas Beatriz, Camila, Josiane, Letícia, Naiashy, Simone por terem feito parte da minha vida, me
ensinando com suas histórias, seus defeitos e qualidades, que mesmo distantes sempre serão
especiais.
À Beatriz, Cleonice, Géssica, Simone que me ajudaram a dar um grande passo em minha vida, me
ajudando em meu desenvolvimento espiritual.
Ao amigo Douglas pelas conversas e risadas, passeios na UFSM e pela ajuda em minha pesquisa.
Ao amigo Eder por me ensinar a ser mais tolerante, que uma amizade deve resistir aos
desentendimentos. Que devemos guardar em nosso coração, os momentos bons vividos com as
pessoas.
Aos amigos Benardete, Renato, Tania por me inspirarem com seus exemplos de profissionais.
À Rosmarine que me ajudou com as fotos, e aos colegas de bom coração do curso de Artes Visuais.
Aos professores, pelos seus ensinamentos e que, sem eles minha formação acadêmica não seria
possível.
RESUMO

ARTE CEMITERIAL COMO REFERÊNCIA PARA O DESIGN TÊXTIL

AUTORA: Sabrina Aparecida Machado


ORIENTADORA: Reinilda de Fátima Berguenmayer Minuzzi

A pesquisa aborda a arte cemiterial e a produção criativa voltada ao design de superfície e estamparia
têxtil. Os cemitérios são fontes históricas e culturais que, em determinados locais, guardam trabalhos
de artistas de renome e túmulos de personagens célebres. Assim, para seu desenvolvimento, partiu-se
de um levantamento fotográfico de esculturas e da arquitetura gaúcha, resultando em um apanhado
histórico e estético, oportunizando um olhar diferenciado sobre questões que envolvem a morte, o luto
e o desapego espiritual. Com uso de processos manuais e de ferramentas digitais, o estudo possibilitou
a criação de padrões em estamparia têxtil, para aplicação em camisetas, resultando em uma série de
estampas com foco na arte cemiterial.

Palavras-chave: Artes Visuais. Design Têxtil. Arte Cemiterial. Estamparia.


ABSTRACT

ARTE CEMITERIAL COMO REFERÊNCIA PARA O DESIGN TÊXTIL

AUTHOR: SABRINA APARECIDA MACHADO


ADVISOR: REINILDA DE FÁTIMA BERGUENMAYER MINUZZI

The research deals with cemetery art and creative production focused on surface design and textile
stamping. The cemeteries are historical and cultural sources, which in certain places hold works of
renowned artists and tombs of famous people. Thus, in its development, it start with a photographic
survey of sculptures and Gaucho architecture, resulting in a historical and aesthetic look, giving a
different perspective on issues involving death, mourning and spiritual detachment. With the use of
manual processes and digital tools, it enabled the creation of patterns in textile printing, for application
on T-shirts, resulting in a series of stampings with a focus on cemetery art.

Keywords: Visual Arts. Textile Design. Cemiterial Art. Textile Stamping.


SUMÁRIO

1 O INÍCIO DA PESQUISA.....................................................................................................................10
2 ARTE CEMITERIAL: ASPECTOS HISTÓRICOS E ESTÉTICOS.......................................................12
2.1 HISTÓRIA DA ARTE E PRODUÇÃO FUNERÁRIA..........................................................................14
2.2 A ESCULTURA NO CONTEXTO DA PRODUÇÃO FUNERÁRIA.....................................................15
2.3 ARTE TUMULAR BRASILEIRA.........................................................................................................16
2.3.1 Antônio Caringi............................................................................................................................16
2.3.2 Bruno Giorgi.................................................................................................................................16
2.3.3 Vitor Brecheret.............................................................................................................................17
2.3.4 Luigi Brizzolara............................................................................................................................17
2.4 TURISMO CEMITERIAL...................................................................................................................18
3 DESIGN DE SUPERFÍCIE E ESTAMPARIA TÊXTIL .........................................................................20
3.1 ESTAMPARIA E DESIGN DE SUPERFÍCIE.....................................................................................21
4 PROCESSO DE CRIAÇÃO DAS ESTAMPAS ...................................................................................22
4.1 ESTUDOS DE FORMAS E CORES..................................................................................................24
4.2 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS E ESTAMPAS FINAIS...................................................................26
4.3 LINHAS DE CRIAÇÃO DAS ESTAMPAS..........................................................................................26
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................................32
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................35
“Fim? Não, a jornada não termina aqui.
A morte é apenas outro caminho,
um caminho que todos devemos tomar”.
(O Senhor dos Anéis: O retorno do rei, J. R. R. Tolkien)

Cemitério Municipal de Santa Maria. Maio de 2017. Imagem de arquivo pessoal.


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1 O INÍCIO DA PESQUISA

Ao frequentar o Atelier de Desenho II, comecei minha pesquisa em arte cemiterial ou tumular,
não pensava na possibilidade de ser meu tema para o trabalho final de graduação. Ao longo das aulas,
fui vendo fotos de esculturas na internet, o que me inquietou. A beleza dos trabalhos bem feitos que via
nas fotos, chamava muito minha atenção.
Decidi dar continuidade no Atelier de Gravura em Metal, onde criei mais afinidade com essa
arte. Também, pesquisei um pouco em artigos e percebi a simbologia dessa arte. Todas as esculturas
produzidas para um cemitério têm um significado.
Nesse período fiquei conhecendo um pouco sobre a cultura mexicana, mais precisamente o
Dia dos Mortos, algo que também me inquietou. Enquanto muitas pessoas enxergam a morte como um
momento de dor e como sendo o fim da vida, outras veem nesse momento uma transição e que a vida
continua em outro plano.
Aproximei-me do espiritismo pouco depois da morte de meu pai em 2008, onde descobri um
mundo novo, e uma maneira muito diferente de encarar a realidade e também a morte. Mais tarde me
aproximei da umbanda. Esse contato com uma religião diferente da minha me fez ter mais interesse
pelas outras religiões. Percebi nesse contato com o espiritismo e a umbanda que nos aproximarmos de
religiões diferentes, pode ser muito positivo. O contato com outra religião bem diferente, me ajudou a
superar a dor e a ter mais força diante dos problemas e da rotina diária.
Isso me fez refletir mais sobre a questão da morte e, mostrou que ao pensar sobre isso,
despertava em mim uma vontade maior de buscar coisas que me motivassem e a aproveitar melhor os
momentos que a vida me oferecia, sendo assim uma forma de me tornar uma pessoa melhor todos os
dias.
Ao perceber que minha afinidade com o tema ia aumentando, enumerei os objetivos da
pesquisa, tendo como objetivo geral buscar elementos de arte cemiterial - como cruzes, esculturas,
lápides, símbolos - para serem usados como referência na criação em estamparia, voltada à aplicação
em peças do vestuário, direcionadas ao público adulto alternativo.
A partir disso, enumerei alguns objetivos específicos, tais como:- Levantar autores que tenham
uma pesquisa direcionada ao tema arte cemiterial, aproximando-se da história e características desta
arte; - Realizar levantamento imagético (fotográfico) de registros da arte cemiterial a fim utilizar as
imagens como referenciais visuais da pesquisa; - Analisar fotos de arquitetura e arte cemiterial a fim de
buscar elementos para serem explorados em estamparia têxtil; - Desenvolver criações para estampas
têxteis a partir das imagens selecionadas da arte cemiterial; - Simular e/ou aplicar as estampas
desenvolvidas em peças de vestuário têxtil.
11

Pesquisei sobre artistas que admiro, alguns deles que trabalhavam com a questão da morte,
mesmo que implícita. Como exemplo, Hieronymus Bosch (1450-1516), pintor e gravador holandês, que,
em suas pinturas, representava a dualidade entre o mal e o bem, aquilo que era considerado pecado
pela igreja e suas consequências, convidando-nos para nos questionarmos sobre a nossa existência e
também sobre a morte.
Outro exemplo foi Salvador Dali (1904-1989), pintor catalão, cuja obra sempre despertou
minha atenção e interesse, pelo fato de envolver fantasia, sonhos e psicanálise. Em meus estudos
encontrei a obra “A Metamorfose de Narciso”, baseada no mito de Narciso, que ao ver seu reflexo na
água, apaixonou-se por sua imagem e morreu ao ficar se observando.
Muito antes, outro artista Michelangelo Caravaggio (1571-1610), pintor italiano, também
representou o mito de Narciso através da escultura, convidando a pensar sobre o tema da morte.
Percebi que algumas obras arquitetônicas foram construídas para abrigar os restos mortais de
pessoas importantes da história mundial. São túmulos que nos impressionam pela sua grandeza e
beleza, também pela sua complexidade. Entre eles estão o Taj Mahal,

A lenda conta do amor entre a princesa Mumtaz Mahal e o príncipe Shah Jahan. No parto de
seu décimo quarto filho, a princesa sofre complicações e pede a seu marido, no leito de
morte, que construa para ela o mausoléu mais belo de todos. Seis meses mais tarde, o
príncipe Shah Jahan, sofrendo com o luto, começa a construir a fundação do Taj Mahal, nos
entornos do rio Yamuna (HARADA, 2018, p.1).

As pirâmides egípcias são túmulos gigantescos que abrigaram os restos mortais de faraós.
Vieira (2016, p. 3) afirma que os egípcios acreditavam que passariam a eternidade nos túmulos, sua
suntuosidade se deve a eles acharem, que o túmulo devia ser como um castelo com objetos do faraó.
Vieira (2016, p.4) também afirma que os egípcios acreditavam que para ter vida após a morte,
dependia da conservação do corpo do falecido, por isso criaram a mumificação. O faraó era o mediador
de Deus e os vivos, e responsável pela harmonia terrena e pela construção da pirâmide que devia ficar
lacrada após sua morte. Borges (2013, p. 2) reforça que a questão da vida pós-morte levou os egípcios
à construção das pirâmides, agregando a eles locais de oferendas e baixos-relevos com ilustrações
muito ricas sobre o “paraíso agrário” imaginado por esse povo.
Dessa maneira, percebi a força do tema e defini que minha pesquisa de conclusão de curso
poderia envolver a arte cemiterial, tendo em vista a potencialidade do tema e sua abrangência em
todas as civilizações.
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2 ARTE CEMITERIAL: ASPECTOS HISTÓRICOS E ESTÉTICOS

O hábito de enterrar os mortos é muito antigo, surgindo na antiguidade com o homem pré-
histórico.
Desde a pré-história, de acordo com registros arqueológicos, existe o hábito de enterrar os
mortos, ou cobri-los com pedras. Entretanto as primeiras edificações para armazenar os
mortos na antiguidade foram às catacumbas cristãs. Eram nas paredes das galerias
subterrâneas, que se faziam as tumbas para enterrar os mortos. (PARQUE DAS
CEREJEIRAS, 2015, p. 1)

Conforme Petruski (2006, p. 96), “os primeiros cemitérios cristãos foram as catacumbas”. Ela
ressalta que “o sepultamento em terra tinha um significado importante, pois perspectiva religiosa levava
à preservação dos lugares considerados santos, e o cemitério era um desses espaços”.
Para Petruski (2006, p. 97) a fé foi o elemento responsável pela mudança em relação aos
sepultamentos. Também o culto aos mártires, incentivado pela Igreja, atraia pessoas de vários lugares.
Para essas pessoas ser enterradas próximas aos mártires, era garantia de proteção ao despertar no
paraíso.
Conforme Bellomo (2008, p. 13) foram várias as soluções encontradas para a questão da
morte pelas civilizações. Podemos citar as pirâmides, túmulos subterrâneos, templos funerários,
catacumbas, cremação, rituais funerários.
De acordo com o mesmo autor, manter viva a lembrança dos mortos é um elemento da
identidade e coesão de famílias e comunidades. Ele destaca que o fator coesão relacionado aos
falecidos é de grande importância. Para os indígenas brasileiros, por exemplo, o Quarup, um ritual
coletivo é uma forma de honrar a memória dos mortos. Em outros povos indígenas é de costume beber
as cinzas dos falecidos, para manter a família coesa.
Grassi (2016) ratifica que na Idade Média pela forte influência do Cristianismo, existiam os
mártires e santos, que ao morrerem eram enterrados fora das cidades, o que levou muitas pessoas a
querer ser enterradas próximas a eles. Nesses locais onde esses mártires e santos eram sepultados
era construído igrejas, surgindo assim o costume de enterrar os cadáveres em igrejas. A implantação
dos cemitérios no Brasil ocorreu no século XIX.
Bellomo (2008, p. 13) ressalta ainda, que essa nova forma de enterrar os mortos, criada pelo
cristianismo foi decorrente do seu conceito de ressurreição.
Para Schwartz (2015) as pessoas que tinham posses, pertencentes da elite eram enterradas
nas igrejas, os escravos e pobres eram jogados em rios, o que causava um cheiro muito ruim.
O crescimento das cidades, o surgimento de doenças, questões epidemiológicas e sanitaristas
foi outro fator que levou os cemitérios a serem implantados.
13

Como coloca Grassi (2014) os túmulos decorados revelam o desejo de se diferenciar e


mostrarem poder. No Cemitério Municipal de Curitiba, encontram-se peças da Itália, da Alemanha, de
Portugal, do Uruguai, buscando imprimir uma identidade aos entes queridos.
Assim, percebe-se que, neste contexto, que os cemitérios são também fontes históricas onde
estão depositados registros da história de cidades e seus moradores. Através do estudo desses locais,
os historiadores encontram fontes que ajudam a entender como funcionava a sociedade antigamente.

Os estudos cemiteriais surgem como formas de investigação que tomam locais de


sepultamentos enquanto objeto ou fonte de pesquisa. Seja pela análise individual do túmulo
ou pela do conjunto, são contempladas as mais variadas formas e configurações de
cemitérios, campos santos e necrópoles. Levando-se em conta a progressão conceitual e
tipológica dos enterramentos ao longo dos séculos, incluem-se os locais internos e externos
de sepultamentos em casas, templos, igrejas, cemitérios de escravos, de indigentes,
confessionais ou extramuros, públicos ou privados, em tipologias extramuros, convencional,
parque, jardim, vertical, memorial ou crematório (GRASSI, 2014, p. 1).

No processo investigativo Grassi (2016) ressalta que é através de placas comemorativas,


lápides, homenagens, que se encontram informações como nomes de fundadores de revistas, jornais,
sociedades beneficentes, diretores de clubes recreativos.
Esses locais são considerados também museus a céu aberto, que possibilita estudos no
campo da história da arte. Temos como exemplo disso Porto Alegre, onde se encontram cemitérios
como o São José, que fazem parte do roteiro para quem quer conhecer e estudar arte cemiterial, como
ressalta Carvalho (2015, p. 1888): “Podemos dizer que os Cemitérios São José são uma referência
para se conhecer a história da arte gaúcha, seja no âmbito da pintura, da escultura, da arquitetura, da
arte em vitral, da fotografia ou, evidentemente, da arte funerária”.
Dessa forma reforça-se a ideia de que a morte é um tema muito forte e muito presente na
cultura, pelo fato de ser um momento pelo qual todos passam, e de que interesse pela morte está
fortemente refletido na cultura por meio da arte, pois, é através da arte que expressamos nossos
sentimentos; a arte cemiterial é muito rica e por meio das esculturas, ornamentos dos túmulos e de
simbologia, representa a forma como a experiência da dor e do luto é vivida.

2.1 HISTÓRIA DA ARTE E PRODUÇÃO FUNERÁRIA

Entre as obras desta arte, encontram-se obras de vários artistas de renome. As peças para os
túmulos e mausoléus, são encomendadas por pessoas de posses, assim várias delas vieram da
Europa.
14

Borges (2011, p. 2) aponta que “o primeiro despertar para o valor da arte funerária enquanto
produto artístico ocorreu no 24º. Congresso Internacional de História da Arte, realizado em Bologna em
1979”. Neste congresso foram apresentados 25 trabalhos voltados para a Arte Cemiterial. Para essa
autora existem poucos estudos no campo da história da arte sobre a arte tumular. A produção literária,
artigos e teses em sua maioria estão voltados, para as outras formas de produção artística.

Podemos ponderar que durante um bom tempo, a história da arte contemporânea foi omissa
com relação ao espaço destinado a produção de arte funerária. Ela esta mais absorvida com
os artefatos alicerçados em alguns tipos de valores designados para a “cidade dos vivos”:
obras estabelecidas e/ou expostas temporariamente em museus, centros culturais, galerias,
bienais, praças públicas, instituições privadas e públicas (BORGES, 2011, p.1).

No que se refere ao estudo da produção funerária pelos historiadores da arte, Borges (2011,
p.3) aponta para algumas dificuldades, quanto ao procedimento metodológico que está em relacionar
os estilos com os temas, pois nem sempre eles caminham juntos. Ela afirma que é preciso estabelecer
conexões de assentamento arquitetural e paisagístico com o acervo escultórico e a leitura iconológica,
pois há uma prioridade em desvendar o valor plástico da estatuária e explicar o seu significado
simbólico.
Para Borges (2011, p. 4) outros dois fatores que dificultam o trabalho do historiador da arte, é
desconsiderar a réplica das obras funerárias não reconhecendo como um valor a ser respeitado e
valorizado. Também o distanciamento da estética funerária realizada por pessoas que expressam seus
sentimentos relacionados com a morte de modo criativo e espontâneo.
Em Porto Alegre, por exemplo, encontramos vários cemitérios que guardam em seu interior
produções artísticas, contemplando um vasto acervo:

A cidade de Porto Alegre possui um conjunto de 13 cemitérios na região da Avenida Prof.


Oscar Pereira e proximidades. Ao pensarmos neste conjunto como fonte de pesquisa para
arte funerária, logo percebemos que Porto Alegre se destaca neste segmento de arte, pois é
um caso bastante distinto uma cidade que possua um ‘bairro’ de cemitérios, uns vizinhos dos
outros (CARVALHO, 2015, p. 1887).

Referindo-se a este assunto e a carência de publicações, Borges (2011, p. 2) coloca que


“quanto aos historiadores da arte, são poucos os envolvidos no estudo da arte funerária, focalizando os
olhares mais para o produto e para o produtor - seja ele escultor e/ou artista-artesão responsável pelo
processo de feitura da estatuária instalada no monumento funerário”.
Na pesquisa sobre a história da arte e produção funerária encontrei algumas fontes sobre a
história da escultura no contexto da arte cemiterial, o que tratarei a seguir.
15

2.2 A ESCULTURA NO CONTEXTO DA PRODUÇÃO FUNERÁRIA

Na arte cemiterial a linguagem artística mais utilizada é a escultura, temos também placas
comemorativas e outros ornamentos arquitetônicos. Conforme Mützemberg (2006, p. 13), “a estátua
tradicional é utilizada como uma representação comemorativa que, ao ser instalada em determinado
local, consegue transmitir de forma simbólica o seu significado que normalmente é representada por
figuras humanas ou de animais.”
Nesse contexto Mützemberg (2006, p. 13) afirma que a escultura surgiu na antiguidade com a
função de homenagear os deuses. Na arte tumular a escultura tem a mesma função de prestar
homenagem, outros autores associam a essas formas escultóricas, uma maneira de trazer paz aos
cemitérios.
Segundo Mützemberg (2006, p. 17), tanto no Ocidente como no oriente, a escultura sempre
esteve ligada a homenagens. O uso de esculturas em cemitérios teve início na Itália, Antônio Canova o
escultor italiano mais importante, esculpiu bustos e esculturas inteiras, para homenagens, iniciando a
produção escultórica para cemitérios.
Na escultura funerária são utilizados materiais variados como mármore, granito e bronze.
Conforme Golenia (2016, p. 1) “Numa visão histórica, a arte funerária se inicia com materiais como
pedra grês e porcelana, e com túmulos menores, principalmente nos cemitérios alemães”.
Quanto ao material, alguns se destacam mais que outros; isso pode se dar por serem mais
duráveis, como reforça Carvalho apud GOLENIA (2016, p. 1): “o arenito, também conhecido como
pedra grês, é mais comum em túmulos pequenos e, segundo esta fonte, o Rio Grande do Sul possui
uma produção muito rica desse material.”
Alguns escultores têm suas preferências pelo material,

O mármore é a preferência dos artistas. Ele possui durabilidade e é considerado nobre, além
de ser esteticamente bonito. Quanto melhor a sua qualidade – como, por exemplo, a do
mármore branco e o de Carrara – mais caro é. O bronze também é um material importante e
caro e, assim como a porcelana, é utilizado em adornos e esculturas (GOLENIA, 2016, p. 1).

Segundo Golenia (2016, p. 1) o auge da produção em mármore ocorre no início do Século XIX,
através de esculturas de anjos, santos e pranteadoras. Em 1930 usa-se granito e bronze na produção
das Pietás e Cristos.
Pesquisei sobre artistas brasileiros que produzem esculturas para cemitérios. Encontrei alguns
nomes importantes, que serão abordados a seguir.
16

2.3 ARTE TUMULAR BRASILEIRA

2.3.1 Antônio Caringi

Entre os artistas brasileiros que produzem esculturas para cemitério, encontrei Antônio Caringi,
que foi um escultor pelotense, que tem entre seus trabalhos a estátua do Laçador em Porto Alegre.
De acordo com Mützemberg (2006), Caringi nasceu em 18 de maio de 1905. Graduado em
Ciências e Letras, demonstrou interesse por artes desde a infância. Em 1928 viaja para a Alemanha
para estudar, frequentou a Academia de Munich, estudou com Hans Stangel e Hermann Hahn. Em
1936 estudou escultura com Arno Breker, que produzia as obras encomendadas por Adolf Hitler.
Voltou ao Brasil em 1940, vivendo na Europa por 14 anos, a maior parte de suas obras no
Brasil, encontram-se em Pelotas e Porto Alegre, sendo obras públicas. Morreu em 1981.

2.3.2 Bruno Giorgi

Bruno Giorgi foi um escultor que nasceu em Mococa, São Paulo em 1905 e morreu em 1993 no
Rio de Janeiro. Começou os estudos em Roma, para onde se mudou em 1920, lá estudou desenho e
escultura com o professor Loss. Fez parte de movimentos antifascistas, sendo preso e extraditado para
o Brasil em 1935, voltando para São Paulo, onde se aproxima de Joaquim Figueira e Alfredo Volpi.
Em 1937 estuda em Paris nas academias La Grand Chaumière e Ranson, com Aristide Maillol.
De volta ao Brasil em 1939, convive com nomes importantes, sendo eles Mário de Andrade, Lasar
Segall, Oswald de Andrade e Sérgio Milliet, entre outros. Desenvolve a prática de desenho de modelo-
vivo e pintura com artistas do Grupo Santa Helena, fazendo parte da Família Artística Paulista (FAP).
Em 1943 vai para o Rio de Janeiro, cidade onde inaugura um ateliê onde era o antigo Hospício
da Praia Vermelha, que foi frequentado por artistas como Francisco Stockinger (1919). Executou obras
públicas, entre elas, o Monumento à Juventude Brasileira de 1947, que está localizado nos jardins do
antigo Ministério da Educação e Saúde (MES), sendo hoje o Palácio Gustavo Capanema, no Rio de
Janeiro; Também são de sua autoria as obras Candangos (1960), exposta na Praça dos Três Poderes,
Meteoro (1967), no lago do edifício do Ministério das Relações Exteriores em Brasília, e Integração
(1989), no Memorial da América Latina, São Paulo.

2.3.3 Vitor Brecheret


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O escultor Vittorio Brecheret nasceu em São Paulo em 1894 e morreu em 1955. Em 1912
estuda desenho, modelagem e entalhe em madeira no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (LAOSP).
Entre os anos de 1913 a 1919, estuda em Roma, com o escultor Arturo Dazzi. Em sua volta para São
Paulo abre um ateliê no Palácio das Indústrias, tendo seu trabalho divulgado por artistas renomados
como Di Cavalcanti e Oswald de Andrade.
Em 1921 estuda em Paris, onde conhece os escultores Henry Moore, Emile Antoine Bourdelle,
Aristide Maillol e Constantin Brancusi. Entre 1921 e 1929, expõe no Salon d'Automne, no Salon de la
Société des Artistes Français - Section de Sculpture et Gravure sur Pierre e no Salon des
Indépendents. Expõe 12 esculturas da Semana de Arte Moderna de 1922. Em 1936 começou o
Monumento às Bandeiras sendo o anteprojeto do ano de 1920 e a inauguração em 1953 na Praça
Armando Salles de Oliveira, em São Paulo.
Entre 1940 e 1950, produz esculturas públicas, fachadas e baixos-relevos. Nesse período, que
foi o de maior sucesso para o artista, retrata as figuras e costumes indígenas brasileiros em materiais
como terracota, bronze e pedra.

2.3.4 Luigi Brizzolara

Enrico Luigi Brizzolara nasceu no ano de 1868, em Chiavari na Ligúria e morreu em 1937, em
Gênova. Aprendeu a entalhar com seu pai, que era entalhador. Com 23 anos, vai para Gênova e
frequenta a Accademia Ligustica di Belle Arti, estudando com Giovanni Scanzi (1840-1915). Em 1899,
Brizzolara torna- se professor dessa academia, até o ano de seu falecimento em 1937.
No cemitério genovês Staglieno encontra-se uma grande coleção de trabalhos, produzidos por
Brizzolara durante sua vida. Os túmulos de G.B. Castagnola (1905), da Família Felugo (1907), dos
Barbieri Pozzo (1918) e de Lavarello Anselmi (1926), Chiavari (1901) estão entre os mais importantes.
Sua terra natal foi muito importante para a carreira do escultor. O Monumento a Vittorio Emanuele II,
produzido entre 1893 e 1898, foi de grande prestígio, sendo responsável pela consolidação de sua
carreira.
Entre as obras de destaque estão também, Chiavari, monumento túmulo à Emanuele
Gonzalez (1901), integrante da Società Economica, que fez a encomenda em sua homenagem;
Malaquias e Isaias (c.1900) feito para a Cappella del Crucifisso na Chiesa di San Giovanni Battista,
onde estão na fachada as esculturas de São João Batista e São Marcos (1935); também o Monumento
aos Mortos da Primeira Guerra Mundial (1928).
18

A arte se desenvolvia na América, sendo um mercado crescente, Brizzolara fez trabalhos para
as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires. Nestas cidades os imigrantes italianos
ajudaram a estabelecer um cenário vantajoso para os artistas estrangeiros.
As obras de Luigi Brizzolara estão no Brasil e na Argentina, por meio de concursos
internacionais, realizados para comemorar o primeiro centenário de independência desses países.

2.4 TURISMO CEMITERIAL

Em muitos cemitérios são feitas visitas guiadas por historiadores. O historiador Milton Teixeira
(2015) diz que para os egípcios quando pronunciamos o nome de uma pessoa morta, podemos trazê-la
de volta a vida. Por isso através das visitas guiadas ele, busca “trazer os mortos de volta a vida” para
eles contarem quem foram, para falarem sobre sua vida, como eles ajudaram a sociedade. Ele
coordena as visitas ao Cemitério São João Batista no Rio de Janeiro, são visitas que duram até três
horas, nesse local encontram-se obras do neoclassicismo, da escultura moderna, de artistas nacionais
e internacionais, como Bernardeli e Bruno Giorgi.
De acordo com informações do site do Cemitério São João Batista, localizado no Rio de
Janeiro, esse é um dos cemitérios mais decorados do país com vários mausoléus e sepulturas
artísticas. Ali foram enterrados Álvares de Azevedo, Cândido Portinari, Carmen Miranda, Cazuza, Luis
Carlos Prestes, Santos Dumont, Tom Jobim.
No Brasil, o local com maior destaque no turismo cemiterial e referência em arte cemiterial é o
Cemitério da Consolação em São Paulo, o mais antigo da cidade, com inauguração em 1858.
Temos alguns cemitérios famosos no mundo como Père-Lachaise, Montparnasse, Montmartre
em Paris na França; Highgate em Londres na Inglaterra; nos Estados Unidos temos o Hollywood
Forever onde estão enterrados nomes famosos; Cemitério Nacional de Arlington em Arlington na
Virgínia. Os cemitérios San Pedro de Medellín na Colômbia e Cemitério Presbítero Maestro em Lima no
Peru, que são considerados cemitérios-museus, e também o cemitério La Recoleta em Buenos Aires
na Argentina (Figura 1).
19

Figura 1 - Túmulo de Evita Peron no Cemitério La Recoleta, Buenos Aires.

Fonte: (Dreamstime, 2016).

O turismo cemiterial tem como objetivo a exploração das obras arquitetônicas e artísticas,
sendo feitos roteiros como em São Paulo, além dos túmulos, o que inclui visitas em cemitérios e
lugares tidos como mal assombrados. E também o Projeto Arte Tumular, que busca apresentar os
cemitérios mais antigos de São Paulo através de visitas monitoradas.
Dessa forma, Munford apud Manhães (2010, p. 120) nos mostra que “a cidade dos mortos
antecede a cidade dos vivos” visto que os turistas buscam uma conexão que os levem as suas origens
e raízes.
O turismo cemiterial é uma forma interessante de aprender sobre arte, visto que em alguns
cemitérios do Brasil, existem obras de artistas importantes. Também nos cemitérios em cidades do
interior, algumas delas apresentam esculturas de artistas pouco conhecidos, mas que produziram
trabalhos que impressionam pela beleza e por serem bem feitos, que guardam também um pouco da
história dessas cidades.
20

3 DESIGN DE SUPERFÍCIE E ESTAMPARIA TÊXTIL

A prática de criar desenhos para aplicar em superfícies têxteis e em outras é bem antiga. De
acordo com Silva (2013, p. 4) “nos séculos V e VI a.C. surgiram as primeiras técnicas de estamparia
utilizando substâncias ácidas e corantes naturais. Na Idade Média, blocos de madeira começaram a ser
utilizados para produzir estampas sobre o linho”.
Ao longo do tempo as inovações tecnológicas foram grandes aliadas do design, principalmente
com o surgimento das máquinas, Berger (2004, p. 12) aponta que “diante do mundo que começava se
mecanizar, o homem contribuiu definitivamente para uma revolução estética e social através da forma
diferenciada dos objetos que são usados no dia a dia”.
Com a revolução mecânica, as pessoas passaram a comprar objetos, que antes não eram
acessíveis. De acordo com Berger (2004, p. 12), “a ideia dessa revolução mecânica era atingir e
acompanhar o crescimento das populações, para isso pensavam em produzir mais em um tempo
menor, ou seja, em série artigos baratos para que a população pudesse adquiri-los e assim não mais
restringindo a arte do design à elite.”
Desde então o design tem se tornado democrático, possibilitando várias pessoas de adquirirem
produtos. Isso se refletiu no campo do design de superfície também e no design têxtil, que tem uma
variedade de aplicação em produtos, para diferentes públicos.
Na pesquisa buscou-se ampliar as possibilidades de aplicação das estampas, não só
camisetas, mas também outros produtos destinados aos jovens, o público alvo desse trabalho. Assim
como a camiseta, que foi escolhida por ser uma peça muito presente no guarda-roupa desse público.
Além destes, outros itens foram elencados para possíveis aplicações.
Essa forma democrática que a design assume, é o reflexo das mudanças que ocorreram na
sociedade, a produção têxtil começou com as fibras de algodão como nos mostra Pezzolo:

As primeiras fibras têxteis cultivadas pelo ser humano foram o linho e o algodão, no
campo vegetal, e a lã e a seda, no campo animal. Já os primeiros tecidos nasceram
da manipulação manual dessas fibras, pelos seres humanos, e depois progrediu
para técnicas mais sofisticadas com a criação de instrumentos para a tecelagem,
significando um grande marco na evolução do ser humano e na sua inclusão social.
(PEZZOLO apud SILVA, 2013, p.2)

Rüthschilling (2008, p. 43) reforça que “a cada dia surgem novos exemplos que ampliam os
limites no campo do design de superfícies. A influência de várias áreas e o desenvolvimento acelerado
da tecnologia expandem constantemente suas possibilidades”.
21

A tecnologia é um dos fatores mais importantes para o design, sem as inovações tecnológicas
que ocorreram, aliadas as áreas de conhecimento, seria mais difícil essa ampliação das aplicações,
bem como o surgimento de novos materiais.

3.1 ESTAMPARIA E DESIGN DE SUPERFÍCIE

Na criação de estampas é necessário entender o conceito de design de superfície, tendo em


vista que os dois estão interligados.

Design de superfície é uma atividade criativa e técnica que se ocupa com a criação
e desenvolvimento de qualidades estéticas, funcionais e estruturais, projetadas
especificamente para constituição e/ou tratamentos de superfícies, adequadas ao
contexto sociocultural e às diferentes necessidades e processos produtivos.
(RÜTHSCHILLING, 2008, p. 23)

O termo design de superfície não tem como foco a estamparia têxtil apenas, mas produtos
diversos. Conforme Rüthschilling (2008, p. 31) “no Brasil, adota-se essa nomenclatura para especificar
projetos de design de superfícies de uma maneira ampla, sem veículo reduzido a um material ou outro.
Pelo contrário, percebe-se que as superfícies adquirem cada vez mais importância no nosso cotidiano”.
Estampas são desenhos que podem ser aplicados em diversas superfícies e materiais. De
acordo com Rüthschilling (2008, p. 31) “estamparia consiste na impressão de estampas sobre tecidos,
onde o designer ocupa-se com a criação dos desenhos adequados aos processos técnicos de
estampagem”. A autora lista algumas áreas que o design pode atuar: papelaria, têxtil, estamparia,
tecelagem, jacquard, malharia, tapeçaria, cerâmica, materiais sintéticos, entre outros.
Assim, durante este estudo, tive como foco a produção de estampas voltadas para a
estamparia têxtil, mas buscando perceber diferentes formas de aplicação. Levando em consideração as
diversas áreas de aplicação, percebi ao longo da pesquisa, que as estampas poderiam ser aplicadas
em calçados, sendo feita simulação de aplicação em sapato e, que também poderia aplicar em
acessórios, por isso escolhi o colar como produto para simular a aplicação.
Outras aplicações são possíveis, tais como a aplicação em papelaria, podendo ser geradas
soluções para aplicação em cadernos, blocos e agendas; também em bolsas, outro item, que é alvo do
público jovem.
22

4 PROCESSO DE CRIAÇÃO DAS ESTAMPAS

Conforme colocado anteriormente, a partir de uma pesquisa bibliográfica e levantamento de


autores e artistas que apresentam investigações acerca da arte cemiterial, surgiu o interesse de
trabalhar com esse tema, direcionando-o para a estamparia têxtil.

Em sua abordagem prática, o estudo teve início em disciplinas de Desenho do Curso de Artes
Visuais da Universidade Federal de Santa Maria, quando utilizei fotografias da arquitetura cemiterial e
estatuária de diferentes locais, desenvolvendo propostas artísticas, por meio de releituras. A partir
dessas primeiras experimentações, dei continuidade através de outra linguagem, a Gravura em Metal
e, na sequência, uma aplicação na área do Design de Superfície e Estamparia.

Para o desenvolvimento e criação das estampas, fiz a análise de fotos de cemitérios da região
visando encontrar elementos para serem explorados graficamente através de diferentes meios e
linguagens. Busquei, assim, identificar elementos da arte e arquitetura cemiterial como cruzes,
esculturas, lápides, símbolos para serem usados em estamparia na aplicação em camisetas,
direcionadas ao público adulto jovem.

Na pesquisa em desenho fiz releituras, onde foram usados como referência visual registros
fotográficos da arte cemiterial destes locais, a fim de remeter a ambientações de natureza relativa ao
tema. Isso foi desenvolvido por meio de ampliação em cópia xerográfica, colagem e intervenções de
grafismos com lápis, tinta, nanquim. Com a variação de materiais, busquei a obtenção de um resultado
estético e expressivo.

A arte cemiterial, por ter um caráter por vezes decorativo, apresenta muitos elementos que
podem ser usados em estamparia e também que podem ser aplicados em diferentes superfícies, como
demonstra Rejane Berger (2004). Sua pesquisa apresentou como resultado estampas que podem ser
aplicadas em tampos de mesa, móveis, balcões, pisos, entre outros, através da concepção do design e
do processo artesanal. Em seu trabalho, a autora alia a estamparia com a técnica do mosaico, criando
tampos para mesas.
No que se refere à estamparia têxtil, foi escolhida a camiseta como peça de vestuário para
aplicação das estampas, tendo em vista o que aponta Calza (2007, p. 3), ao lembrar que, a partir da
década de 1960, além de vestir, a peça toma forma enquanto um modo de manifestação e protesto, ao
ser utilizada como meio de comunicação por diferentes subculturas, movimentos e estilos juvenis.
Inicialmente essa peça tinha outra forma de uso, segundo Calza (2007, p. 2), tida como roupa
de baixo, com status de roupa íntima, relacionada às noções de higiene e conforto, a camiseta era
23

usada com a serventia de poupar a camisa do desgaste produzido pela transpiração, preservando e
prolongando a vida útil de outras peças.
Conforme Cândido (2009, p. 22), foi nos anos 50 que se encontrou uma nova forma de uso
para a camiseta, como peça única, passando a ser associada à rebeldia e contestação.
A camiseta adquiriu uma função política mais forte por volta dos anos 60. Na década de 60, as
camisetas tradicionais passaram a serem estampadas com mensagens políticas de candidatos à
Presidência dos Estados Unidos (CARSTENS, 2010, apud BRUNEL, 2002).
Nos anos 60 o mundo passava por um período conturbado, em que ocorreram guerras e a
construção do murro de Berlim. Nesse período, Cândido (2009, p. 35) afirma que eram jovens em
maior número que tinham muita consciência sobre o que contestavam. Surgem, assim, vários grupos
de contracultura como o movimento hippie e o skinhead.

O movimento skinhead se originou na Inglaterra dos anos 60 como ato de rebeldia de uma
parcela dos jovens da classe operária inglesa diante da crise econômica e social vivenciada
pelo país, introdução de novas tecnologias, onda de desemprego e inserção de minorias
étnicas que, por uma questão de sobrevivência, aceitavam trabalhar por salários não
compatíveis com os tetos sindicais fixados pelos operários tipicamente britânicos (FRANÇA,
2005, p. 1).

Diante desse contexto, a camiseta pode ser considerada um símbolo de resistência,


“Contrários às campanhas políticas, os hippies protestavam. Utilizavam as camisetas para estampar
mensagens de protesto contra a Guerra do Vietnã, propagar as mensagens de amor livre, reavaliar os
valores da sociedade e vestir literalmente uma postura crítica” (CARSTENS, 2010, p. 195).
Na Figura 2 temos uma imagem de um dos movimentos surgidos nos anos 60, que criticava a
sociedade e os valores das pessoas desse período. Eram jovens da classe média e do proletariado.
Esses movimentos queriam uma mudança de valores, do estilo de vida, buscavam um mundo melhor.

Figura 2 – Jovens Hippies.

Fonte: (Carta Capital, 2016).


24

Nomes famosos também contribuíram para popularizar a camiseta, como Vivienne Westwood,
estilista britânica que, através de seu trabalho, insere a camiseta na moda com apelo político e social.
Sobre o assunto, Carstens (2010, p. 196) coloca: “as camisetas ganharam slogans de cunho social e
artístico, pornografia e obscenidade, alfinetes, rasgos e, principalmente, os símbolos políticos
esquerdistas. Ironia e provocação davam o tom”.
Através da história percebemos porque a camiseta é tão popular entre o público jovem. Não é
só uma simples peça do vestuário, usar camiseta pode ser considerado um ato político.

4.1 ESTUDOS DE FORMAS E CORES

Na criação das estampas, parti de cópias em xerox de fotos de cemitérios, para fazer colagens
e gerar os módulos, que depois foram digitalizados e trabalhados em softwares próprios. Usei vários
materiais tais como, lápis de cor, tinta acrílica, guache, nanquim, entre outros. Anteriormente usei
fotografias do Cemitério Municipal de São Gabriel. Na continuidade do processo, usei também fotos
tiradas no Cemitério Municipal de Santa Maria.
Para a produção dos trabalhos práticos utilizei materiais como giz de cera, nanquim e lápis de
cor, guache, lápis para olhos para. As cores foram escolhidas com o objetivo de conseguir um
resultado estético harmônico, de acordo com Farina et al (2006, p. 5), “nas artes visuais, a cor não é
apenas um elemento decorativo ou estético. É o fundamento da expressão sígnica”. Está ligada à
expressão de valores sensuais, culturais e espirituais. Assim, o azul, uma cor fria que lembra o céu e o
mar, sendo associada também com a serenidade, tranquilidade e harmonia. O vermelho, uma cor
quente que representa o fogo, a cor do sangue, que também pode ser usada para dar vida aos
ambientes deprimentes, conforme destaca Farina:

É uma preocupação antiga do homem desejar sempre reproduzir o colorido da natureza em


tudo que o rodeia. Isso compreende um profundo sentido psicológico e também cultural.
Parece ser exatamente uma das necessidades básicas do ser humano, que se integra nas
cores como misterioso catalisador/ do qual brota energia para um dinamismo sempre mais
crescente e satisfatório (FARINA et al, 2006, p. 3).

Como desdobramentos destes significados, o vermelho também é associado à paixão,


excitação, poder podendo também remeter a felicidade. O preto embora seja comumente relacionado
com o mal, é a cor é usado para situações formais que confere elegância, é a cor do luto. A cor roxa,
25

que está relacionada com a espiritualidade, representa também equilíbrio, magia, é também associada
ao luto.

Um dos processos bastante trabalhados foi a colagem. Conforme tradução do dicionário da


Tate Gallery, “Collage descreve tanto a técnica quanto a obra de arte resultante, em que pedaços de
papel, fotografias, tecidos e outras coisas efêmeras são organizados e presos a uma superfície de
apoio.” (TATE GALLERY, s.d.). Como vemos nas pinturas de Pablo Picasso e Georges Braque eram
usados materiais variados, possibilitando a criação de texturas.
Em tradução do dicionário da Tate Gallery, “o termo collage deriva do termo francês papiers
collés (ou découpage), usado para descrever técnicas de colagem de recortes de papel em várias
superfícies.” Sendo papiers collés um termo francês traduzido como papéis colados, “uma forma
específica de colagem que está mais próxima do desenho do que da pintura” (TATE GALLERY, s.d.).

O pintor cubista Georges Braque usou o termo pela primeira vez quando desenhou em
papel de imitação de madeira que havia sido colado em papel branco. Tanto Braque quanto
Pablo Picasso fizeram vários papiers collés nos últimos três meses de 1912 e no início de
1913, com Picasso substituindo o papel de grão de madeira favorecido por Braque por
páginas do jornal Le Journal em uma tentativa de introduzir a realidade do cotidiano (TATE
GALLERY, 2018)

Nas colagens cubistas (Figura 3), eram utilizados elementos variados, como tecidos, cordas,
pedaços de madeira, papelão, arame, ou seja, elementos do cotidiano e pouco comuns na pintura.

Figura 3 - Guitarra de Pablo Picasso, 1913. Colagem feita com materiais do cotidiano.

Fonte: (Arte Sempre)

Ao olharmos as colagens de Picasso e Braque, percebemos nesses elementos a sua forma de


representar a realidade. Ao usar materiais como papelão, arame, jornais, estes artistas nos aproximam
do meio em que estavam inseridos naquele período. Assim percebemos um rompimento com o modelo
de pintura tradicional.
26

4.2 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS E ESTAMPAS FINAIS

4.3 LINHAS DE CRIAÇÃO DAS ESTAMPAS

Em termos de referências visuais, a pesquisa prática teve como resultado três linhas de
estampas: a Linha 1, explorando os elementos ornamentais; a Linha 2, realizada com foco na
estatuária da arte cemiterial; a Linha 3, focando na desconstrução de imagens da arquitetura e outros.

Como um dos exemplos da Linha 1, tem-se a estampa criada a partir da imagem de uma porta
de jazigo, com seus elementos ornamentais, que por meio das cores, do rebatimento e das formas
orgânicas, remete a arabescos. A alternativa gerada possibilitou a simulação de uso também em um
calçado feminino, podendo ser aplicada igualmente em roupas e acessórios (Figura 4).
Os elementos orgânicos presentes remetem a formas da natureza, ao formato das folhas e das
pétalas das flores, assim como ao corpo feminino. A forte linearidade e sinuosidade, em associação
com a cor de fundo, dão à estampa uma delicadeza, característica encontrada nesses elementos da
natureza. Como os arabescos usados na ornamentação de palácios, conferindo requinte a esses
locais, a estampa apresenta uma interpretação de desenhos ornamentais, resultando em uma solução
de economia visual e refinamento.

Figura 4 – Estampa gerada a partir da imagem de elementos ornamentais de um jazigo com aplicação em calçado

Fonte: (Arquivo da autora, 2017).

Na Figura 5, ainda como exploração dos ornamentos da arte cemiterial, o elemento central do
módulo, representa a folha de uma planta. Na arte cemiterial as plantas, junto das esculturas, são
vistas como uma maneira de trazer paz ao cemitério e ajudar a família no momento da perda.
As formas orgânicas encontradas na natureza possibilitam inúmeras interpretações. A cor
vermelha torna a estampa mais expressiva. O uso de linhas curvas dá uma ideia de suavidade,
27

contrastando com o vermelho, que é uma cor intensa. A disposição das formas sugere movimento. O
módulo foi utilizado em rebatimento, por reflexão no eixo horizontal e vertical.

Figura 5 – Estampa gerada a partir de ornamentos na lápide de um jazigo e aplicação em camiseta

Fonte: (Arquivo da autora, 2018).

Como exemplo da Linha 2, que tem referência na estatuária da arte cemiterial, na Figura 6
gerei a estampa explorando elementos de textura e grafismos variando de intensidade. Igualmente,
explorei o rebatimento nos eixos vertical e horizontal.

Figura 6 – Estampa gerada a partir de imagem de estatuária de anjo e aplicação em camiseta

Fonte: (Arquivo da autora, 2017).


28

Na Figura 7, o módulo apresenta manchas variando de intensidade, do azul mais claro ao mais
escuro, criando contrastes tonais. O azul é uma cor que está associada com harmonia. No contexto da
arte tumular, a escultura (ou estatuária) têm, entre suas funções, trazer harmonia e contemplação ao
cemitério. Desse modo, a cor azul junto do recorte de uma imagem de estatuária de anjo, resultou em
um efeito harmônico. Aqui, a imagem foi usada sem repetição, de forma mais ampliada, constituindo
um tipo de estampa localizada, que ocupou a área frontal da peça de vestuário.

Figura 7 – Estampa gerada a partir de imagem de estatuária de anjo com aplicação localizada em camiseta.

Fonte: (Arquivo da autora, 2017).

Por sua vez, outra alternativa gerada, como mostra a Figura 8, apresenta cores contrastantes,
um vermelho bem intenso, cor que, geralmente, simboliza energia e o fogo, e um azul, cor fria que está
associada com tranquilidade.

Figura 8 – Estampa gerada a partir de esculturas/estatuária da arte cemiterial e aplicação em camiseta.

Fonte: (Arquivo da autora, 2018).


29

Nesse caso, optei por valorizar a imagem da estatuária, aplicando-a de forma central e frontal
na camiseta, de modo a constituir uma estampa localizada que ressalta os elementos presentes na arte
cemiterial e chama atenção pelo contraste de matizes azul e vermelho em associação com os neutros
da imagem em preto e branco.
Na Linha 3, com a desconstrução de imagens referenciais, explorei o recorte e a colagem a
partir do xerox das fotografias da arte cemiterial, que receberam intervenções de desenho e cor. Após,
através de edição em software gráfico, pode se visualizar o módulo e suas repetições (Figura 9). As
manchas em vermelho aparecem como efeito essencial na estampa. Para a desconstrução foram
selecionadas fotos de arquitetura cemiterial, elementos esses que podem ser percebidos no fundo do
módulo.

Figura 9 – Estampa gerada a partir da arquitetura cemiterial usando xerox e colagem, com aplicação em camiseta

Fonte: (Arquivo da autora, 2017).


30

Na Figura 10, o ponto de partida foram fotos de grades; após o recorte foram selecionados
elementos para a colagem. A escolha dos materiais possibilitou evidenciar as texturas, onde figura e
fundo se destacam. Na grade destaca-se a presença de linhas orgânicas. O fundo e o xerox
apresentam cores contrastantes. Com o rebatimento e uso de texturas, foi possível a criação de
sinuosidades; a posição das formas insinua movimento. O módulo foi usado em reflexão nos dois
eixos, vertical e horizontal.

Figura 10 – Estampa criada a partir da desconstrução de imagens de grades de cemitérios

Fonte: (Arquivo da autora, 2018).

Na Figura 11 foram selecionados alguns elementos da arquitetura cemiterial, criando texturas e


cores em tons suaves para um resultado estético delicado.

Figura 11 – Estampa produzida a partir recorte de elementos arquitetônicos da arte cemiterial.

Fonte: (Arquivo da autora, 2017).


31

No exemplo da Figura 12, o módulo assimétrico apresenta contraste entre os tons escuros e as
cores laranja e vermelho, mais luminosas.

Figura 12 – Estampa com recorte e contraste com uso dos elementos da arte cemiterial

Fonte: (Arquivo da autora, 2017).

As variações das estampas possibilitaram a aplicação em outras superfícies, tendo em vista


que o design de superfície é abrangente e oferece várias possibilidades de aplicações. Como vemos na
Figura 13, para a mesma estampa aplicada em camiseta foi feita uma simulação de aplicação em outro
produto, voltado ao público jovem.

Figura 13 – Estampa gerada a partir da imagem de um jazigo e aplicação em colar

Fonte: (Arquivo da autora, 2018).

Assim, as soluções encontradas puderam ser aplicadas em camisetas e em outras peças de


vestuário, bem como em outros itens voltados ao público alvo. Os exemplos apresentados
demonstraram que, por meio da exploração de cores, materiais diversos e dos meios tecnológicos, é
possível um resultado de qualidade adequado ao contexto jovem.
32

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para os campos da arte e do design, permeando as questões da arte cemiterial, cultura


material e patrimônio cultural, acredita-se que pesquisa pode contribuir de maneira potente ao retirar
elementos, símbolos e ornamentos presentes nos cemitérios e utilizá-los como referenciais visuais para
a criação de estampas, tendo em vista o quanto este tema ainda instiga fortemente o público,
despertando curiosidades e aproximações através da aplicação em camisetas. Neste sentido, o estudo
pode conduzir reflexões ao inserir esses elementos na vida cotidiana de forma sutil e integrada,
interpretada criativamente em um projeto de vestuário.
Na continuidade da pesquisa, desenvolvi experimentações com o objetivo de buscar novas
superfícies a serem aplicadas os padrões gerados, pesquisando as variações das estampas
produzidas, visando sua aplicabilidade em diferentes suportes e peças como cadernos, tampos de
mesa e acessórios.
Além das produções práticas, durante o percurso da pesquisa, com o desenvolvimento do
Trabalho Final de Graduação, tive oportunidade de participar de exposição coletiva artística, ocorrida
no CAL, na Mostra Arte e Superfícies, promovida pela Especialização em Design de Superfície. Além
disso, apresentei o trabalho de pesquisa (de forma oral e em banner) em eventos científicos na
Universidade Federal de Pelotas, no VI Seminário de Pesquisa do Mestrado em Artes Visuais, SPMAV;
no Centro Universitário Franciscano, no XXI Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão, SEPE; na
Universidade de Cruz Alta, no XXI Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão, (XX
Mostra de Iniciação Científica); na Universidade Federal de Santa Maria, na Jornada Acadêmica
Integrada, JAI (32º Salão de Iniciação Científica); e na Universidade de Passo Fundo, na VI Semana do
Conhecimento (Mostra de Iniciação Científica), quando houve oportunidade de trocar experiências com
outros estudantes e pesquisadores.
Na continuidade fiz uma visita técnica na empresa Lextra Recorte Sinalização e Comunicação
Visual, integrante do Grupo 2A, em Santa Maria, onde visitei as empresas que fazem parte do grupo e
também pude acompanhar como é feito o processo de serigrafia em embalagens de papel produzidas
na empresa. Depois, acompanhei o trabalho na parte de design onde são desenvolvido projetos para
fachadas, adesivos, convites, cartões, rótulos para embalagens, placas para sinalização, caixas de
papelão, usando software de edição de imagens e programa de computação gráfica para criação de
desenhos, edições e texto.
Também fiz estágio na UFSM, no Estúdio SAB, onde acompanhei gravações para materiais
didáticos, de vídeos aulas, gravações de divulgação de cursos da UFSM. Pude acompanhar de perto a
33

rotina de um estúdio de gravação, ver os equipamentos usados, e também um pouco sobre a edição de
vídeos em software de edição de vídeos.
Estas experiências foram positivas para complementar a formação prática ao longo do Curso
de Artes Visuais no que se refere à criação, desenvolvimento e aplicação de imagens, contribuindo
para ampliar o conhecimento voltado à área do Design de Superfície, que foi a que escolhi na
graduação.
34

Cemitério Municipal de Santa Maria. Maio de 2017. Foto do arquivo pessoal


35

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