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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE ARTES
CURSO DE BELAS ARTES

A ESTRELINHA QUE NÃO BRILHAVA


Processo de criação da obra autoral.

MICHELE DA SILVA MEIRA

SEROPÉDICA, 2021
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE ARTES
CURSO DE BELAS ARTES

A ESTRELINHA QUE NÃO BRILHAVA


Processo de criação da obra autoral.

MICHELE DA SILVA MEIRA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao


Departamento de Artes do Instituto de Ciências
Humanas e Sociais da Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro.

Orientador
Prof. Dr. Bruno Matos Vieira.

SEROPÉDICA, 2021
A ESTRELINHA QUE NÃO BRILHAVA
Processo de criação da obra autoral.

MICHELE DA SILVA MEIRA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Departamento de Artes do Instituto de Ciências
Humanas e Sociais da Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro.

Data de aprovação: ____/ ____/ _____

Banca Examinadora:

_______________________________________________
Presidente da Banca Examinadora
Prof. Dr. Bruno Matos Vieira. – DTPE/IE/UFRRJ – Orientador

________________________________________________
Prof. Me. Marisa Vales de Oliveira. – DARTES/ICHS/UFRRJ

________________________________________________
Prof. Me. Vinicius Queiroz Gomes. – DARTES/ICHS/UFRRJ
Dedico aos meus amigos e familiares.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar quero agradecer a Deus por ter-me concedido a capacidade de


compreender o mundo visual com precisão, modificar percepções e recriar experiências
visuais, o que me levou a estar neste curso e realizar este trabalho.
Agradeço à minha mãe Iracema Luiza e ao meu pai Claudomiro Meira por me
apoiarem mesmo não sabendo para que serviria o meu curso.
Agradeço a minha irmã Jaqueline Meira pelo apoio em todos os momentos de
dificuldade durante o curso.
Agradeço também a minha irmã Ana Cristina Meira (in memorian) por suas palavras
de incentivo, que nos momentos difíceis me estimularam a continuar e prosseguir com o
término deste curso.
Agradeço a minha avó Rosete Luiza (in memorian), que sem saber, contribuiu para a
escolha desse curso, pois na minha infância eu expressava minhas habilidades artísticas na
parede de sua casa, na porta de madeira do seu banheiro e na cortina da sua sala, e quando
minha mãe ia me repreender, ela repreendia minha mãe dizendo: “não faça isso, você pode
estar cortando um grande talento da menina!”.
Agradeço também aos meus amigos de turma que muitas vezes quando eu chegava
cansada, após um dia exaustivo de trabalho, muitos me ajudavam e orientavam nas
disciplinas.
Agradeço a todos os professores pelo maravilhoso empenho e cuidado no ensino de
artes, aguçando meus sentidos e reflexões. Em especial ao Alexandre Guedes que através do
seu entusiasmo e paixão pela disciplina de Ilustração, optei pelo estudo deste tema e me
apaixonei pelo mundo da literatura infantil.
Um agradecimento mais que especial ao professor Klaus Reis, por aceitar me
orientar em momento anterior, antes das perdas do meu trabalho e no retorno dele. Obrigada
pelo apoio, pelo suporte e dedicação.
Agradeço também ao professor Bruno Matos por dar continuidade ao suporte em
minha orientação.
Novamente agradeço à Deus, acreditando que há um tempo certo para tudo e cada
evento tem a sua oportunidade, e para o término de curso, este é o tempo certo!
“Alice estava começando a ficar muito cansada
de estar sentada ao lado de sua irmã e não ter
nada para fazer: uma vez ou duas ela dava uma
olhadinha no livro que a irmã lia, mas não havia
figuras ou diálogos nele e “para que serve um
livro”, pensou Alice, “sem figuras nem
diálogos?””
Lewis Carrol
RESUMO

MEIRA, M. S. A Estrelinha que não brilhava: Análise e processo de criação da obra autoral,
Seropédica, 2016. Monografia (Graduação em Licenciatura em Belas Artes) – Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro.
A presente monografia tem como objetivo descrever o processo criativo e todas as etapas
detalhadas do livro ilustrado trazendo a reflexão sobre a importância da imagem no livro
ilustrado infantil. Para melhor assimilação do tema abordado, o trabalho foi dividido em três
etapas: a primeira etapa compõe-se em uma elucidação sobre a ilustração explanando sua
origem e diferenças entre livro de imagem e livro ilustrado. Na segunda etapa, foca-se na
pesquisa iconográfica, mostrando sua importância e justificando o uso das referências
utilizadas; e por fim, a terceira etapa, apresenta de forma detalhada todos os estágios
envolvidos no processo da criação, tendo como objetivo, através das imagens mostrar sua
relevância ao expressar os temas propostos do texto.

Palavras-Chave: Ilustração, Processo Artístico, Livro Infantil.


ABSTRACT

MEIRA, M. S. The little star that didn't shine: Analysis and creation process of the authorial
work, Seropédica, 2016. Monograph (Graduation in Fine Arts Degree) - Federal Rural
University of Rio de Janeiro.

This monograph aims to describe the creative process and all the detailed stages of the
illustrated book, reflecting on the importance of image in the children's illustrated book. In
order to better assimilate the approached theme, the work was divided into three stages: the
first stage consists of an explanation of the illustration explaining its origin and the
differences between the picture book and the illustrated book. In the second stage, it focuses
on iconographic research, showing its importance and justifying the use of the references
used; and finally, the third stage, presents in detail all the stages involved in the creation
process, aiming, through images, to show their relevance when expressing the proposed
themes of the text.

Keywords: Illustration, Artistic Process, Children's Book.


SUMÁRIO

SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS .................................................................................................................. IV
RESUMO ..................................................................................................................................... VII
ABSTRACT ................................................................................................................................ VIII
SUMÁRIO..................................................................................................................................... IX
INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 1
1. ILUSTRAÇÃO ............................................................................................................................. 2
1.1. O que é ilustração ..................................................................................................................... 2
1.2. Origem ....................................................................................................................................... 3
1.3. Principais tipos de livros ........................................................................................................... 6
1.3.1. O livro ilustrado...................................................................................................................... 7
1.3.2. Livro de imagem .................................................................................................................... 9
2. PROCESSO DE CRIAÇÃO ...................................................................................................... 11
2.1. Iconografia............................................................................................................................... 11
2.2. Referências plásticas .............................................................................................................. 13
2.3. Referências objetivas .............................................................................................................. 15
2.4. Estruturação visual do projeto. ................................................................................................ 21
2.4.1. Elaboração da narrativa sequencial ...................................................................................... 21
2.4.2. Caracterização Plástica da narrativa: Estudos de composição ............................................ 26
2.4.3. Meio Técnico de Representação ........................................................................................... 37
2.4.4. Projeto Gráfico para o Livro................................................................................................. 42
3. CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 50
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................51
ANEXO I – Texto “A estrelinha que não brilhava” .......................................................................52
ANEXO II – Plano de curso proposto ........................................................................................... 55
INTRODUÇÃO

Ao iniciarmos a leitura do grande clássico da literatura infanto-juvenil Alice no país


das Maravilhas, nos deparamos com a curiosa pergunta de Alice: “para que serve um livro,
sem figuras nem diálogos?”. A pequena leitora entedia-se com um livro onde as imagens
estão ausentes, no qual fica inviável o acompanhamento da leitura.
A imagem sempre foi um elemento primordial na conquista do universo infantil, por
este motivo, ao longo dos anos ela vem desempenhando um papel fundamental nas narrativas
infanto-juvenis. O ilustrador não é somente um profissional contratado para criar imagens, ele
tem a mesma responsabilidade do escritor: narrar a história, fazendo com que um livro
ilustrado execute uma dupla narração.
Entretanto, a ilustração não cumpre somente o papel de atrair o pequeno leitor para a
estória, o contato com a narrativa visual pode favorecer o desenvolvimento cognitivo e
estético perceptivo das crianças, os mecanismos da imaginação, da criatividade e da
habilidade gráfica.
Baseando-se na reflexão acima, este trabalho tem como objetivo expor a importância
da imagem nas narrativas infantis através do processo de criação das ilustrações
desenvolvidas para a obra “A estrelinha que não brilhava”. Sua finalidade também é mostrar
como a evolução de cada etapa é indispensável para a finalização do projeto.
A elaboração deste projeto aborda no primeiro capítulo o que é a ilustração e sua
origem, assim como os principais tipos de livro: livro de imagem e livro ilustrado. No
segundo capítulo expõe todo o processo de criação: a pesquisa iconográfica e sua importância
incluindo as referências plásticas e objetivas; A estruturação visual do projeto mostrando a
elaboração da narrativa sequencial e a escolha do formato diferenciado do livro; A
caracterização plástica da narrativa com os estudos da composição e sua evolução; os meios
técnicos de representação com os estudos das cores e por fim, no projeto gráfico do livro,
aborda a escolha dos softwares utilizados para a finalização do livro, incluindo a diagramação.

1
1. ILUSTRAÇÃO
1.1. O que é ilustração

Segundo Camargo (1995, p. 16), “Ilustração é toda imagem que acompanha um


texto. Pode ser um desenho, uma pintura, uma fotografia, um gráfico etc.” Ela está presente
em nosso cotidiano de forma informativa, comprometendo-se com a clareza de informações
sem permitir outras interpretações; persuasiva, através da publicidade e narrativa, presente na
literatura e música.
Em relação à ilustração literária, que é o principal objetivo deste estudo, ela não
somente acompanha o texto, sua principal função é iluminar o texto, elucidar as palavras
fornecendo detalhes que passaram despercebidos ao leitor ou não foi compreendido por ele.
Suas informações oferecidas vão além do que narra o texto, elas dizem o que não foram ditas
pelas palavras, ela interage com o texto complementando-o.
A autora Maria Alice Faria, no livro Como usar a literatura infantil em sala de aula
(2004), explana que nos livros ilustrados acontece um processo chamado “dupla-narração”,
em que as ilustrações constituem um segundo texto e o ilustrador é responsável por narrar o
conteúdo visual.
O ilustrador Rui de Oliveira em seu livro "Pelos Jardins Boboli - Reflexões sobre A
Arte de Ilustrar Livros Para Jovens e Crianças (2008), "acredita que a arte de ilustrar está
assentada no equilíbrio e na harmonia entre a imaginação verbal e a imaginação visual e que
um dos objetivos básicos do ilustrador é tornar incomum o comum, transformar o real em
fantástico, sugerir e representar o que o leitor supõe ver.

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1.2. Origem

Alguns pesquisadores acreditam que as ilustrações e a escrita se originam na pré-


história, a partir das inscrições rupestres. As ilustrações que tinham como objetivo registrar
acontecimentos da época, surge no Egito, inclusive os primeiros pergaminhos ilustrados.

Figura 1 - Tribunal de Osíris

Fonte: Disponível em:


https://static.mundoeducacao.uol.com.br/mundoeducacao/conteudo_legenda/f639077f62bf6f9ed7bd81180d6271
dc.jpg>. Acesso em 20 de fev de 2019.

No período das civilizações grega e romana predomina a ilustração descritiva e


objetiva sendo usada nas áreas da medicina, arquitetura e topografia.
Durante a Idade Média a ilustração é altamente religiosa, com a finalidade de levar
os dogmas da igreja à população ágrafa.

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Figura 2 - Biblia pauperum

Fonte: disponível em: < https://www.wdl.org/pt/item/18195/>. Acesso em 20 de fev de 2019.

No século XVII, surge o primeiro livro infantil didático ilustrado conhecido como
Orbis Sensualium Pictus (O livro visível em imagens, 1658) de John Amos Comenius
(BURLINGHAM, 2007). No final deste século, a literatura infantil ganha espaço com as
obras de Charles Perrault, sendo ilustradas por Gustave Doré em preto e branco.

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Figura 3 - As Fadas de Charles Perrault – Ilustração de Gustave Doré

Fonte: Contos de Fadas – Edição comentada e ilustrada (2002).

No século XIX, na Inglaterra, as traduções dos Irmãos Grimm German Popular


Stories, ilustradas por George Cruikshank (1823), se destacam, caracterizados pelo ritmo e
humor.
Ainda neste período, se destacam também Alice no País das Maravilhas (1865),
escrita por Lewis Carol e ilustrada por Jonh Tenniel e In Fairyland de William Allingham
ilustrado por Richard Doyle, caracterizado por duendes e fadas.
A partir de deste século, os livros infantis se popularizaram, revelando inúmeros
célebres ilustradores e os mais variados tipos de livros.

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Figura 4 - Alice no País das maravilhas - Ilustração de Jonh Tenniel

Fonte: Alice – Edição comentada e ilustrada (2013).

1.3. Principais tipos de livro

O avanço da impressa resultou na popularização da literatura infantil permitindo criar


uma nova forma de relação entre texto e imagem, possibilitando o surgimento de variados
tipos de livros, destacando-se entre eles o livro ilustrado e o livro de imagem.
A seguir será abordado com mais detalhes sobre o livro ilustrado que apresenta texto
e imagens e é o tipo de literatura deste estudo e o livro de imagem, onde possuem somente as
figuras.

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1.3.1. O Livro ilustrado

"Um livro ilustrado é a primeira galeria de arte


que uma criança visita."
Květa Pacovská

O livro ilustrado pode ser definido como uma obra literária no qual imagem e texto
se harmonizam. Porém, a imagem assume um espaço de destaque, o oposto do livro com
ilustração, onde o texto apresenta maior evidência.
Sophie Van Der Linden, em seu livro Para ler o livro ilustrado (2011), descreve três
tipos básicos de relação entre texto e imagem no livro ilustrado:
Redundância - onde apenas existe uma sobreposição dos conteúdos descritos no
texto que são repetidos no sentido da imagem, ou seja, a imagem é uma representação literal
do texto.
Disjunção - embora menos comum, se diz quando texto e imagem seguem narrativas
contraditórias e, nesses casos, existe mais do que um espaço para que o leitor tenha sua
própria interpretação, acontece uma narrativa sem sentido definido para o leitor seguir.
Colaboração e/ou complementação entre texto e imagem - onde ambos, de modo
alternado, encaminham a narrativa preenchendo as lacunas um do outro, dando um sentido
narrativo comum e harmônico à história.
De acordo com Peter Hunt (2010), o livro ilustrado traz à literatura infanto-juvenil
um novo olhar sobre a complexidade da relação texto/imagem, além de garantir o equilíbrio
entre as linguagens, revelando sua função paratextual sujeito a várias interpretações e não
somente traduzindo as palavras em imagens.
Os livros ilustrados possuem um papel fundamental para a consolidação e renovação
da literatura infanto-juvenil como experiência estética e não somente como instrumento de
aprendizagem, com a ilustração exercendo um papel fundamental para essa mudança.
A experiência estética ou artística que um livro ilustrado oferece também pode ser
proporcionada em um livro de imagem de forma mais profunda, como pode ser visto a seguir.

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Figura 5 – Ilustração de André Neves

Fonte: Obax (2010).

Figura 6 –Ilustração de Jon Agee

Fonte: O muro no meio do livro (2019).

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1.3.2. Livro de imagem

O livro de imagem é uma obra literária em que a estória é narrada exclusivamente


com imagens, ele não contém texto, ou o mínimo de texto. O conteúdo é apresentado em uma
sequência de ilustrações. Várias outras expressões são usadas para o livro de imagem: álbum
de figuras, álbum ilustrado, história muda, história sem palavras, livro de estampas, livro de
figuras, livro mudo, livro sem texto, texto visual.
Nele, a imagem geralmente ocupa páginas inteiras, simples ou duplas, em que cada
imagem representa uma fase narrativa especialmente escolhida e condensada num instante,
porém, separada da seguinte por um longo intervalo de tempo e espaço.
O livro de imagem permite aos leitores várias possibilidades interpretativas. Os
leitores são conduzidos a observar, interpretar e participar da narrativa. Quando a leitura é
feita em conjunto, mediador e criança leem e falam, estabelecendo uma conversa singular
onde a criança é convidada a utilizar suas próprias palavras para contar a história. O livro
imagem oferece ao leitor a mesma experiência artística de uma visita ao museu.
Ilustrar não é somente desenhar. Se o desenho é uma linha que passeia, como afirma
Paul Klee, a ilustração é uma linha que passeia e vai narrando uma estória. No livro ilustrado
e no livro de imagem essa narrativa é imprescindível.
No próximo capítulo será abordado todo o processo de criação da obra “A estrelinha
que não brilhava”, apresentando cada etapa do processo: a pesquisa de iconografia, das
referências plásticas e objetivas. Na estruturação visual do projeto abordará a elaboração da
narrativa sequencial, a caracterização plástica da narrativa com os estudos de composição, o
meio técnico de representação e o projeto gráfico do livro.

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Figura 7 – Ilustração de Ângela Lago

Fonte: Cântico dos Cânticos (2010).

Figura 8 – Ilustração de Istvan Banyai

Fonte: Do outro lado (2008)

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2. PROCESSO DE CRIAÇÃO

O processo de criação é o registro temporal de uma obra em desenvolvimento. Ele


cumpre a função ligada, sobretudo, ao armazenamento de ideias e à experimentação. Ele se dá
numa sequência de ações em que artista não sabe previamente para onde se dirige, pois é um
processo de constante e crescente movimento em que o artista segue para o desconhecido. O
processo criativo é o momento de experimentações, novas descobertas, erros, acréscimos e
mudanças necessárias em todas as etapas. Não há um caminho certo ou mesmo uma regra,
cabe cada artista experimentar qual se adapta melhor.
Segundo Salles (2008, p. 48) “O processo de criação é um ato permanente de tomada
de decisão.” Ele é muito importante, pois irá resultar na obra final.
A essência de todo o processo criativo é a pesquisa iconográfica, é nela onde inicia-
se a busca de referências de todos os elementos que irão compor a obra. A fonte desta
pesquisa poder ser encontrada por múltiplos meios: artistas, ilustradores, internet e até em
nossas experiências visuais do cotidiano.

2.1. Iconografia

Consulte a natureza em tudo e anote tudo... A


memória não é tão grande assim.
(Leonardo da Vinci)

A concepção deste livro surgiu após a criação do texto e sua estória serem contada
em uma instituição religiosa para classe infantil obtendo interatividade e êxito entre eles. O
texto é um conto simples onde a narrativa acontece na Via Láctea e as personagens são os
corpos celestes.
Ao pensar na representação visual dos personagens, não foi de imediato uma tarefa
simples, já que elas são corpos celestes com personalidade humana e a personagem principal
apresenta conflitos internos a serem resolvidos. Após análise do texto foi decidido que as
personagens teriam características físicas humanas com o objetivo de criar a empatia e

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identificação com o universo infantil. Na construção de um personagem, o desenhista Walt
Disney mostra a importância da sua identificação com o público:
...o personagem pode fazer coisas interessantes ou engraçadas, mas se as pessoas
não conseguirem se identificar com ele, as ações do personagem parecerão irreais.
(Os segredos dos roteiros da Disney, Jason Surrell. Pag. 107)

Foi realizada uma profunda pesquisa iconográfica de referências plásticas e


objetivas.
A pesquisa de referências visuais é um processo importantíssimo para o ilustrador,
pois o auxilia na criação e enriquecimento dos personagens e ambientação. É nessa etapa que
tudo o que foi pesquisado irá se ordenar e ser transformado em uma composição,
indumentária, cenário, personagens, etc.
Uri Shulevitz, em seu livro Writing With Pictures (1997), orienta que “Talvez nem
sempre consiga encontrar todos os materiais de referência necessários, mas, se você os tiver
usado sempre que possível, será mais fácil preencher as lacunas em suas informações com
base no que tiver à mão. Você será mais capaz de criar algo próprio”.
Em sua dissertação de mestrado, a ilustradora Graça Lima afirmou a importância da
referência visual no processo da ilustração do livro:
A pesquisa de conteúdo e de imagens é fundamental para o trabalho do ilustrador. O
visual do livro vai sendo construído antes mesmo de chegar ao papel através de um
passeio por diversas imagens pesquisadas que possam transmitir melhor uma
intenção. A criação de personagens envolve, muitas vezes, um elaborado trabalho de
pesquisa para construir a personalidade que será representada tanto por palavras
como por imagens.
(LIMA, Graça. O Design Gráfico do Livro Infantil Brasileiro, a década de 70 –
Ziraldo, Gian Calvi, Eliardo França. Dissertação de Mestrado. Departamento de
Artes e Design, PUC- Rio, 1999, p. 93)

As referências visuais não são cópias exatas das imagens pesquisadas, elas são um
guia que contribuirá para o processo criativo.

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2.2. Referências plásticas

As referências plásticas contribuem para o meio de representação pictórica das


ilustrações. Grandes artistas e ilustradores sempre foram influenciados por artista que lhes
antecederam. Elas enriquecem a ilustração e a obra do artista referenciado.

Nenhum gênero de arte consegue sobreviver sem a herança de seus predecessores ou


contemporâneos. Em seus primórdios – meados do século XIX –, a ilustração de
livros para crianças não deixou de sofrer influências.
Esse fenômeno também se deu no surgimento do cartaz na França, diante dos
modelos da pintura barroca italiana, bem como no início do cinema em relação ao
teatro. A arte primitiva cristã utilizou velhas formas de mitologia pagã. O próprio
símbolo do pavão, que na antiguidade clássica representava a eternidade, foi
incorporado ao humanismo cristão, ou mesmo os laicos retratos de Fayun, no Egito,
no início da era cristã, originaram os crédulos ícones bizantinos, símbolos da
cristandade. Não existe presente sem passado. Futuro, muito menos. (OLIVEIRA,
2008, p.47).

O texto aborda temas como: Padrão de beleza, Autoestima, autoimagem, aceitação e,


como tema principal, as diferenças. Em virtude destes temas, iniciou-se uma pesquisa
iconográfica de artistas que apresentam em seus estilos “personagens” diferentes e fora dos
padrões de beleza da nossa sociedade.
Após intensa pesquisa, não havia artistas mais adequados aos temas do que o Italiano
Amadeo Modigliani, com suas figuras alongadas e o espanhol Fernando Botero, que o oposto
de Modigliani, apresenta suas figuras achatadas e rotundas. O antagonismo entre os estilos
dos dois artistas definiria de forma pertinente o tema principal: as diferenças.

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Modigliani
Figura 9- Retrato de Figura 10 - Cabeça de Jeanne Figura 11 - Jeanne Hébuterne
Margherita (1916) Hébuterne de frente (1918) sentada (1918)

Fonte: Disponível em: < Fonte: Disponível em: < Fonte: Disponível em: <
https://www.wikiart.org/pt/ame https://www.wikiart.org/pt/am https://www.wikiart.org/pt/amedeo-
deo-modigliani> Acesso em 20 edeo-modigliani> Acesso em modigliani> Acesso em 20 de fev de
de fev de 2019. 20 de fev de 2019. 2019.

Fernando Botero

Figura 12 -Menina After Figura 13 - Uma família (1989) Figura 14 - Picnic nas montanhas
Velazquez (1978) (1966)

Fonte: Disponível em:< Fonte: Disponível em:< Fonte: Disponível em:<


https://www.wikiart.org/pt/fernand https://www.wikiart.org/pt/fernan https://www.wikiart.org/pt/fernando-
o-botero>. Acesso em 20 de fev de do-botero>. Acesso em 20 de fev botero>. Acesso em 20 de fev de
2019. de 2019. 2019.

14
2.3. Referências objetivas

Essas referências serão todos os elementos que vão compor a obra visual. Elas são
importantes para a caracterização da indumentária, cenário, objetos, etc.
Uri Shulevitz (1985, p. 158) alerta: “Quando você usa uma fotografia (ou ilustração
objetiva) como referência visual, precisa aprender a usá-la sem copiá-la. (...) Concentre-se em
sua estrutura e use essas informações como seu guia”. Ele acrescenta: “Lembre-se de que as
referências visuais são uma ferramenta, não um modelo fundido na pedra.”

Personagens
Estrela Estela – Personagem Principal

Figura 15 - Alguns Círculos Figura 16 - Vestido e sapato. Figura 17- Ilustração de Gabriel
(Kandinsky) - Estampa da roupa da Pacheco - caracterização da
personagem personagem

Fonte: Disponível em: < Fonte: Imagem da Internet Fonte: Disponível em: <
https://www.wikiart.org/pt/wassily- https://shaddad.tumblr.com/post/148
kandinsky> Acesso em 28 de fev. 532993634/do-ilustrador-mexicano-
de 2019. gabriel-pacheco> Acesso em 03 de
set. de 2016.

15
Dona Lua
Figura 18 - Ilustração de Figura 19 - Personagem Periwinkle da Figura 20 - Menina After
Asako Eguchi- Caracterização animação Tinkerbell- Caracterização do Velazquez de Botero –
do cabelo cabelo Caracterição física e da roupa

Fonte: Disponível em: < Fonte: Disponível em: < Fonte: Disponível em:<
https://br.pinterest.com/claudi1 https://fairies.disney.com/periwinkle> https://www.wikiart.org/pt/ferna
968/asako-eguchi/> Acesso em Acesso em 28 de fev. de 2019. ndo-botero>. Acesso em 20 de
28 de fev. de 2019. fev de 2019.

Estrela Dalva
Figura 21 - Vênus e Marte (Boticcelli) - Caracterização da roupa Figura 22 - O Nascimento de Vênus (Boticcelli) -
Caracterização do cabelo

Fonte: Disponível em: Fonte: Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Sandro_Botticelli>. Acesso em 28 <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sandro_Botticelli.>
de fev. de 2019. Acesso em 28 de fev. de 2019.

Figura 23 - Personagem Elsa da animação "Frozen" - Caracterização da roupa

Fonte: Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Elsa_(Disney)>Acesso em 28 de fev. de 2019.

16
Planeta Júpiter
Figura 27 - Júpiter - Figura 28 - A criação de Michelangelo - Figura 29 - Planeta Júpiter
Caracterização física Caracterização física – Caracterização da estampa
da roupa do personagem

Fonte: Disponível em: < Fonte: Disponível em>: < Fonte: Disponível em:
https://www.museodelprado https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Cria%C3%A7%C <https://pt.wikipedia.org/wi
.es/coleccion/obra-de- 3%A3o_de_Ad%C3%A3o> Acesso em 20 de fev ki/J%C3%BApiter_(planeta
arte/jupiter/0a7a22b3-d869- de 2019. )> . Acesso em 20 de fev. de
4708-b448-f8ebbfa3a19e> 2019
Acesso em 20 de fev. de
2019.

Planeta Marte
Figura 30- Ares Ludovisi – Figura 31 -Planeta Marte –
Caracterização Física Cor da pele

Fonte: Disponível em: < Fonte: Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Ares_Ludovisi>Acesso em https://pt.wikipedia.org/wiki/Marte_(planeta)
20 de fev. de 2019. Acesso em 20 de fev. de 2019.

17
Planeta Netuno
Figura 32 - El Presidente – Figura 33- Tweedledde e Tweedledum – Figura 34 -Planeta Netuno –
Caracterização física Filme Alice nos Pais das Maravilhas - Cor da pele
Caracterização física

Fonte: Disponível em:< Fonte: Disponível em:< Fonte: Disponível em:<


https://www.wikiart.org/pt/fern https://www.terra.com.br/diversao/cinema https://pt.wikipedia.org/wiki/
ando-botero>. Acesso em 20 /infograficos/alice-no-pais-das- Netuno_(planeta)>. Acesso em
de fev de 2019. maravilhas-2010/alice-no-pais-das- 20 de fev. de 2019)
maravilhas-fotos.htm>. Acesso em 20 de
fev. de 2019)

Planeta Saturno
Figura 35 - Santos Dumont – Caracterização Figura 36 - Planeta Saturno –
física Caracterização do chapéu

Fonte: Disponível em:< Fonte: Disponível em:<


https://pt.wikipedia.org/wiki/Santos_Dumont>. https://pt.wikipedia.org/wiki/Saturno_(planeta)>.Acesso
Acesso em 1 mar. de 2019. em 1 mar. de 2019.

18
As Três Marias
Figura 37 - Imagens do Google –Caracterização da Figura 38 - Imagens do Google –Caracterização da
indumentária indumentária

Fonte: Imagem da internet Fonte: Imagem da internet

Estrelas do Cruzeiro do Sul


Figura 39 - Tina Tuner – Figura 40 - Sintetizador portátil Figura 41 – Guitarra
Caracterização física

Fonte: Disponível em: Fonte: Disponível em: Fonte: Arquivo pessoal


<https://pt.wikipedia.org/wiki/T <https://produto.mercadolivre.com.br/
ina_Turner>. Acesso em 1 MLB-718384450-teclado-sintetizador-
març. de 2019. portatil-roland-ax-synth-_JM>.Acesso
em 1 de mar. de 2019.
Figura 42 - Os Jetsons – Figura 43 - Jem e as Hologramas – Figura 44 - A família do futuro –
Indumentária Caracterização física Indumentária

Fonte: Disponível em:< Fonte: Disponível em:< Fonte: Disponível em:<


https://pt.wikipedia.org/wiki/Th https://pt.wikipedia.org/wiki/Jem_(s% https://www.cinemaescrito.com/2
e_Jetsons>.)>.Acesso em 1 mar. C3%A9rie_de_TV)>. Acesso em 1 007/04/a-familia-do-futuro/>.
de 2019. mar. de 2019. Acesso em 1 mar. de 2019.

19
Estrela brilhante
Figura 45 – Indumentária Figura 46 - Retrato de Jeanne Hebuterne de
Modigliani (1918) – Caracterização física

Fonte: Imagens de internet Fonte: Disponível em: <


https://www.wikiart.org/pt/amedeo-modigliani>
Acesso em 20 de fev de 2019.

Ambientação
Figura 47 - Animação “O pequeno Príncipe” Figura 48 - Teatro Municipal do Rio de Janeiro

Fonte: Disponível em:< Fonte: Disponível em: < https://diariodorio.com/historia-do-


https://veja.abril.com.br/cultura/o-pequeno- theatro-municipal/>. Acesso em 1 de mar. de 2019.
principe-muda-e-ganha-um-ar-mais-moderno/>.
Acesso em 1 de mar. de 2019.

20
Figura 49 – Galáxia Figura 50 – Asteroide

Fonte: Imagem da internet Fonte: Imagem da internet

2.4. Estruturação visual do projeto

Nos subcapítulos a seguir serão abordados a elaboração da narrativa sequencial onde


se deu início a criação da primeira e segunda boneca e a escolha do formato diferenciado do
livro; a caracterização plástica da narrativa com os estudos de composição mostrando a
terceira e quarta boneca com a evolução da composição; o meio técnico de representação
onde aborda os materiais utilizados e por fim, o projeto gráfico do livro em sua etapa final
abordando os softwares utilizados com a tipologia.

2.4.1. Elaboração da narrativa sequencial

Existem duas principais ferramentas para elaboração da narrativa sequencial: O


caminho de ferro (ou storyboard) e a boneca (ou boneco).
O Caminho de ferro (ou storyboard) é uma sequência de ilustrações esboçadas de
forma cronológica. Ele permite dá uma visão panorâmica do livro inteiro, mostrando todas as
páginas do livro, reduzidas, em um mínimo de folhas.
A boneca (ou boneco) é um protótipo prévio, possuindo o mesmo número de
páginas, o mesmo tamanho ou escala reduzida do livro final.
A elaboração da Narrativa Sequencial de “A estrelinha que não brilhava” iniciou-se
através de três bonecas em escala reduzida, onde cada uma delas sugeria estudos de
ilustrações diferentes.
21
Primeira Boneca

Nesta primeira boneca já foi proposto o formato do livro. Como a história tem como
tema principal as “diferenças”, o formato do livro também foi pensado para ser diferente e
incomum, além de fazer uma referência ao formato do universo. Também foi iniciado alguns
estudos de composição sem a preocupação com os detalhes.

Figura 51 - Capa e contracapa – Primeira boneca Figura 52 - Páginas 1 e 2 - Primeira boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

Figura 53 - Páginas 3 e 4 - Primeira boneca Figura 54 - Páginas 5 e 6 - Primeira boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

22
Figura 55 - Páginas 7 e 8 - Primeira boneca Figura 56 - Páginas 9 e 10 - Primeira boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

Figura 57- Páginas 11 e 12 - Primeira boneca Figura 58 - Páginas 13 e 14- Primeira boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

Figura 59 - Páginas 15 e 16 - Primeira boneca Figura 60 - Páginas 17 e 18 - Primeira boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

23
Figura 61 - Páginas 19 e 20 - Primeira boneca Figura 62 - Páginas 21 e 22 - Primeira boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

Segunda Boneca
Nesta segunda boneca novas sugestões de composição surgem e ainda não há
preocupação com os detalhes, somente com a disposição dos elementos, com o equilíbrio e a
dinâmica visual.
Todas as páginas foram completamente modificadas exceto as páginas: 15 e 16
(fig. 70), no qual as personagens foram centralizadas; 17 e 18 (fig.71), no qual a personagem
em foco foi aproximada visualmente, para mostrar sua imponência; 19 e 20 (fig.72) onde a
personagem em foco fica em primeiro plano se destacando.
Houve uma mudança importante e que deveria ser atentado ainda na primeira
boneca, que é em relação ao número de páginas: ela deve ser sempre múltiplo de 4. Por esse
motivo, houve um acréscimo de mais duas páginas.

Figura 63 - Páginas 1 e 2 – Segunda boneca Figura 64 - Páginas 3 e 4 – Segunda boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

24
Figura 65 - Páginas 5 e 6– Segunda boneca Figura 66 - Páginas 7 e 8– Segunda boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

Figura 67 - Páginas 9 e 10 – Segunda boneca Figura 68 - Páginas 11 e 12 – Segunda boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

Figura 69 - Páginas 13 e 14 – Segunda boneca Figura 70 - Páginas 15 e 16 – Segunda boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

25
Figura 71 - Páginas 17 e 18 – Segunda boneca Figura 72 - Páginas 19 e 20 – Segunda boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

Figura 73 - Páginas 21 e 22 – Segunda boneca Figura 74 - Páginas 23 e 24 – Segunda boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

2.4.2. Caracterização Plástica da Narrativa: Estudos de Composição

Dimensão, forma, textura, cor, linha, etc, são elementos que compõem uma imagem.
Esses elementos não podem ser colocados aleatoriamente, pois pode causar no leitor uma
experiência confusa. Uma boa composição aumenta o interesse visual do leitor. O ilustrador
precisa compor e organizar esses elementos intencionalmente para que o leitor possa apreciar
a imagem.
Uri Shulevitz acrescenta:
Quando olhamos para uma imagem, imediatamente vemos o assunto e seus detalhes
concretos; imediatamente não vemos a composição. A composição, no entanto, é
sentida.
(SHULEVITZ, Uri. Writing with pictures. How to write and illustrate children
books. Ed. Watson-Guptill Publications, 1997, p. 178)
26
Após as primeiras propostas de boneca, os estudos de composição foram se
aperfeiçoando e novas composições foram surgindo: Foi acrescentado elementos na guarda da
página e na página 1, foi inserido a personagem principal para apresentá-la (Fig. 75). Na
página 2, foi deixado o espaço vazio para a ficha técnica e na página 3 a personagem ainda
está sendo apresentada (Fig. 76). Na página 10, a figura muda para a parte superior para obter
o equilíbrio estético e na página 11, a personagem muda sua pose, para obter uma dinâmica
estética (Fig. 80). Nesta etapa já estava sendo pensado nos detalhes dos elementos.

Figura 75 - Guarda de capa e página 1 Figura 76 – Página 2 e 3

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

Figura 77 – Páginas 4 e 5 – Terceira boneca Figura 78 – Páginas 6 e 7 – Terceira boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

27
Figura 79 – Páginas 8 e 9 – Terceira boneca Figura 80 – Páginas 10 e 11 – Terceira boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

Figura 81 – Páginas 12 e 13 – Terceira boneca Figura 82 – Páginas 14 e 15 – Terceira boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

Figura 83 – Páginas 16 e 17 – Terceira boneca Figura 84 – Páginas 18 e 19 – Terceira boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

28
Figura 85 – Páginas 20 e 21 – Terceira boneca Figura 86 – Páginas 22 e 23 – Terceira boneca

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

Nesta quarta boneca, houve uma preocupação maior com os detalhes de alguns
elementos importantes em uma composição visual e a boneca já está no tamanho real.
Foram utilizados elementos simbólicos para contribuir com a mensagem da história,
o que Sophie Van Der Linden em seu livro Para Ler o livro Ilustrado (2018) chama de
Função Completiva, explicando sobre as funções entre texto e imagem.
A função completiva segundo Linden, fornece informações que não estão no texto,
as imagens mostram algo subentendido no texto, utilizando metáforas.
Jason Surrel explica a importância do simbolismo na narrativa visual. Aqui ele se
refere à animação, mas pode ser aplicado à ilustração.

Muitos elementos simbólicos não estão aparentes, embora toquem o subconsciente


da plateia e intensifiquem sua experiência da história, ainda que não tenham
consciência enquanto o fato acontece. Essa marca especial de simbolismo pode
assumir a forma de qualquer coisa que transmita mais alguma importância além do
que está obvio para todos, quer seja um objeto tematicamente, uma paleta de cores
cuidadosamente escolhidas, ou até mesmo uma característica física de um
personagem.
(SURREL, Jason. Os segredos dos roteiros da Disney: Dicas e técnicas para levar
magia a todos os seus textos. Ed. Panda Books, 2009, p.157,158)

29
Figura 87 – Contracapa e capa – Foram utilizados várias vezes o reflexo da imagem da personagem principal
da história como símbolo da autoimagem. Nestas imagens a personagem aparece obscura, para causar
curiosidade no leitor sobre quem é ela. A personagem observa sua imagem refletida deformada, pois era como
ela se enxergava.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 88 – Guardas de capa – A personagem ainda aparece obscura para causar curiosidade. Ela está bem
pequena na página, simbolizando como ela se sente.

Fonte: Arquivo pessoal

30
Figura 89 – Folha de rosto. Novamente a personagem não é revelada para aguçar a curiosidade do leitor.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 90 - Páginas 1 e 2. Uma criança observa o céu com uma luneta. A história é contada a partir da visão da
criança.

Fonte: Arquivo pessoal

31
Figura 91 – Páginas 3 e 4. A personagem é revelada. Ela está se olhando triste no espelho, símbolo da
autoimagem.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 92 – Página 5. A personagem aqui aparece Figura 93 – Página 6. O formato do ambiente foi
obscura e pequena, símbolo de como se sentia: pensado para harmonizar com o formato do livro.
insignificante.

Fonte: Arquivo pessoal


Fonte: Arquivo pessoal

32
Figura 94 – Página 7 – Novamente o símbolo do Figura 95 – Página 8 – Aparece alguém que irá ajudá-
espelho. A personagem observa a sua imagem e a la a compreender seu mundo e superá-lo.
imagem de quem ela desejava ser. E sua imagem é
menor.

Fonte: Arquivo pessoal


Fonte: Arquivo pessoal

Figura 96 – Páginas 9 e 10 – A personagem está virada para a direita, sentido visual da leitura da esquerda para
direita, há um movimento visual que subentende que ela está partindo ou “caminhando” para algo novo,
momento da superação e ela não está sozinha.

Fonte: Arquivo pessoal

33
Figura 97 – Página 11. Ela está saindo de trás da Figura 98 – Página 12. O formato do ambiente foi
porta e observa os desafios que estão à sua frente, é o pensado para harmonizar com o formato do livro.
momento de superar seus medos.

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

Figura 99 – Páginas 13 e 14. O formato do ambiente foi pensado para harmonizar com o formato do livro.

Fonte: Arquivo pessoal


34
Figura 100 – Página 15 e 16 – A imagem da personagem tão desejada teve grande destaque e esplendor, pois
era dessa forma como era vista.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 101 – Páginas 17 e 18 – A personagem está diante do júri enfrentando e superando seus medos. O
formato do ambiente foi pensado para harmonizar como o formato do livro.

Fonte: Arquivo pessoal

35
Figura 102 – Página 19 – Há algo sendo revelado Figura 103 – Página 20. Agora a imagem da
nesta imagem. personagem principal está maior que imagem da
personagem de quem a princípio ela desejava ser,
porque a sua autoimagem foi mudada.

Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

Figura 104 – Guarda de contracapa – A personagem está feliz e saem estrelas de sua mão. Símbolo de seu novo
mundo interno.

Fonte: Arquivo pessoal

36
2.4.3. Meio Técnico de Representação

Na hora de representar as ilustrações, a escolha do material é algo pessoal e a melhor


maneira de encontrar o meio técnico de representação é a experimentação de vários materiais
até encontrar aquele mais satisfatório.
As ilustrações foram finalizadas no papel Canson 224g/m² com acrílica, lápis de cor,
Giz pastel oleoso, lápis carvão branco e algodão.
A paleta de cores foi utilizada com cores frias em contraste com as cores quentes,
existentes na galáxia. As tonalidades do azul são as que mais se evidencia, não somente por
representar a Via Láctea, mas também por causar sensação de tranquilidade. As cores quentes
utilizadas possibilitaram dar uma “quebrada” nas cores frias. A escolha da paleta de cores é
muito importante, e de acordo com Biazetto (2008), a cor é o elemento visual com mais
capacidade de seduzir o olhar e de provocar emoção no processo de percepção da imagem,
uma vez que possibilita a criação de significados bastante diversos.

Figura 105 – Estudo da capa e contracapa

Fonte: Arquivo pessoal

37
Figura 106 – Estudo da Guarda de capa e página 1.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 107 – Estudo das páginas 2 e 3

Fonte: Arquivo pessoal.

38
Figura 108 – Estudo das páginas 4 e 5.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 109 – Estudo das páginas 6 e 7.

Fonte: Arquivo pessoal

39
Figura 110 – Estudo das páginas 8 e 9.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 111 – Estudo das páginas 10 e 11.

Fonte: Arquivo pessoal

40
Figura 112 – Estudo das páginas 12 e 13.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 113 – Estudo das páginas 16 e 17.

Fonte: Arquivo pessoal

41
2.4.4. Projeto Gráfico para o Livro

Após estudos serem feitos e refeitos chegou-se ao processo final do livro. As


ilustrações foram escaneadas, passando por um leve tratamento de ajuste de cor, brilho,
contraste e saturação através do software Adobe Photoshop. A capa e contracapa foram
também feitas no software Adobe Photoshop e toda a diagramação foi feita no software
Adobe Indesign. O livro possui um formato especial e foi criado uma faca1 no Adobe
Illustrator, para envio à gráfica.
O livro é no formato 27 x 20 cm. Foi composto em Fonte Gabriola, corpo 18. A capa
foi impressa em papel tríplex 250 g/m² e o miolo em papel Couché 90 g/m².
Segue as imagens do resultado.

Figura 114 – Capa e contracapa feitas no software Adobe Photoshop.

Fonte: Captura de tela do computador

1
As facas são lâminas de metal fixadas sobre uma base que servem para cortar o material gráfico no formato desejado. Seu
molde é feito em softwares de criação de peças gráficas para enviar à gráfica.

42
Figura 115 – Diagramação sendo realizada no software Adobe Indesign.

Fonte: Captura de tela do computador

Figura 116 – Guarda de capa e página 1.

Fonte: Arquivo pessoal

43
Figura 117 – Página 2 (Ficha técnica) e página 3 (Folha de rosto).

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 118 – Páginas 4 e 5.

Fonte: Arquivo pessoal

44
Figura 119 – Páginas 6 e 7.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 120 – Páginas 8 e 9.

Fonte: Arquivo pessoal

45
Figura 121 – Páginas 10 e 11.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 122 – Páginas 12 e 13.

Fonte: Arquivo pessoal

46
Figura 123 – Páginas 14 e 15.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 124 – Páginas 16 e 17.

Fonte: Arquivo pessoal


47
Figura 125 – Páginas 18 e 19.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 126 – Páginas 20 e 21.

Fonte: Arquivo pessoal

48
Figura 127 – Páginas 22 e 23.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 128 – Página 24 e Guarda de contracapa

Fonte: Arquivo pessoal

49
3. CONCLUSÃO

O processo de criação do livro ilustrado “A estrelinha que não brilhava” se deu a


partir da vontade pessoal de produzir ilustrações de uma obra autoral já escrita.
Durante os estudos da ilustração refletimos que ilustração e texto desempenham o
mesmo papel em um livro ilustrado: narrar. A ilustração não deve tentar exceder o texto,
assim como o texto também não deve se evidenciar à ilustração.
Constatamos que as etapas do processo criativo são estágios de descobertas e
amadurecimento artístico e durante essas etapas a que é sem dúvida, a mais significativa, é a
pesquisa iconográfica. O artista não precisa mais ter medo diante de uma folha em branco,
pois a pesquisa iconográfica é imprescindível como referência para a criação de narrativas
visuais. Essa pesquisa de referências também foi essencial para a escolha do formato
diferenciado do livro, pois em seu decorrer, surgiu a ideia de fazê-lo no formato do universo,
já que a história transcorre na Via Láctea.
Durante a elaboração da narrativa sequencial, compreendemos que mesmo que as
ilustrações estejam em páginas separadas, elas não devem ser pensadas de maneira isoladas,
mas em conjunto com as demais, para a importância da unidade e da narrativa visual da obra.
A elaboração deste trabalho nos mostrou que ilustrar um livro infantil não é tão fácil
como parece: as imagens, composições, cores, tipologia, acabamento e formato que o
integram não são colocados de forma aleatória, tudo é pensado e há uma razão de estarem ali.
Posteriormente ao término dos originais, ocorreu a perda deles e houve a necessidade
de refazê-los, isto resultou no amadurecimento da técnica e provocou a reflexão sobre a
ilustração não somente como uma ferramenta para atrair o pequeno leitor, mas também para
sugerir novas leituras e interpretações a partir da leitura visual e instigar a imaginação.
Este estudo objetiva mostrar que cada etapa do processo é importante na construção
da imagem narrativa, pois gerou experiências artísticas através de novas descobertas,
mudanças, acréscimos necessários, favorecendo também na criação de outros projetos
literários e inclusive no audiovisual.

50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMARGO, Luís. Ilustração do Livro Infantil. Belo Horizonte: Ed. Lê, 1995.
FARIA, Maria Alice. Como usar a literatura infantil na sala de aula. São Paulo:
Contexto, 2010.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa – 4ª ed. São Paulo: Atlas,
2002.
LINDEN, Sophie Van Der. Para Ler o Livro Ilustrado. São Paulo: Cosac Naify,
2011.
LEE, Suzy. A Trilogia da Margem. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
NIKOLAJEVA, Maria; SCOTT, Carole. Livro Ilustrado: palavras e imagens. São
Paulo: Cosac Naify, 2011.
OLIVEIRA, Rui de. Pelos Jardins Boboli: Reflexões Sobre a Arte de Ilustrar Livros
para Crianças e Jovens. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
SURREL, Jason. Os segredos dos roteiros das Disney; dicas e técnicas para levar
magia a seus textos. São Paulo: Panda Books, 2009.
SHULEVITZ, Uri. Writing with pictures – How to write and illustrate children’s
books. 1ª Ed. New York: Editora Watson-Guptill Publications, 1985.
ROMANI, Elisabeth. Design do livro-objeto infantil. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16134/tde-11012012-
115004/publico/DISSERTACAO_DESIGN_DO_LIVRO_OBJETO.pdf
LIMA, Graça. O Design Gráfico do Livro Infantil Brasileiro, a década de 70 –
Ziraldo, Gian Calvi, Eliardo França. Dissertação de Mestrado. Departamento de Artes e
Design, PUC- Rio, 1999, p. 93
BIAZETTO, Cristina. As cores na ilustração do livro infantil e juvenil. In:
OLIVEIRA, Ieda de (Org.) O que é qualidade em ilustração no livro infantil e juvenil: com a
palavra o ilustrador. São Paulo: DCL, 2008.

51
ANEXO I – “A Estrelinha que não brilhava” - Texto integral

Na mais distante galáxia onde vivem muitos asteroides, meteoritos, cometas e


planetoides, onde brilham milhões de estrelas, morava também a estrelinha Estela.
Estela tinha uma grande tristeza: ela não brilhava. E naquele dia ela estava mais
triste, pois iria acontecer um concurso de beleza para nomear a estrela mais bonita da Via
Láctea, e ela não iria participar.
— Quem nomearia uma estrela feia e sem brilho? — perguntava Estela,
contemplando-se no espelho.
— Se eu fosse você, eu participaria, Estela. Tentar não custa nada. — dizia sua
amiga Maristela tentando reanimá-la.
No fundo, no fundo, Estela bem que queria participar, mas ela não se achava capaz.
Quem iria reparar em uma estrela de quinta grandeza?
A galáxia já estava em seus últimos preparativos. A dona Lua iria apresentar o
evento, e os jurados seriam os planetas Marte, Júpiter, Netuno e Saturno. Júpiter estava
animadíssimo.
Estela bem que tinha razão de não querer participar do concurso, pois os corpos
celestes davam mais valor ao brilho do que à própria beleza em si, e ela teria poucas chances
de ganhar. Quem conseguiria ofuscar o brilho da estrela Dalva? Apesar de ser arrogante e
metida, ela era a estrela mais brilhante da Via Láctea.
— Bem que eu podia ter nascido uma estrela Dalva… — lamentava Estela.
O dia do concurso estava se aproximando, quando dona Lua ouviu um choro:
— Por que você está chorando Estela? — perguntou dona Lua.
— Eu estou chorando porque eu não vou poder participar do concurso. — respondeu
Estela enxugando as lágrimas.
— Mas por quê?
— Porque eu não tenho nenhuma chance de ganhar. Sou feia e sem brilho.
— Ora Estelinha, não fique assim. É claro que você poderá participar. Nenhuma
estrela é igual a outra, cada uma tem o seu brilho próprio, e nem por isso deixa de ter a sua
beleza. Até as que não brilham como você, não perdem a sua beleza! O universo não teria
graça se todos fossem iguais. A beleza está na diferença de cada um.

52
— Mas eu não sirvo pra nada! Pelo menos as estrelas que brilham servem para
iluminar o céu à noite juntamente com você. E eu?
— Você não serve para iluminar o céu, mas serve para enfeitar a galáxia. A galáxia
seria sem graça sem a sua presença e a sua cor.
Dona Lua conseguiu animar a estrelinha, que estava determinada a participar do
concurso.
O dia do concurso chegara. As estrelas estavam nervosíssimas e Estela mais nervosa
ainda. Todas as participantes teriam que fazer uma apresentação para impressionar o público e
os jurados.
O público esperava ansioso a primeira candidata. Uma estrela muito brilhante entrou
fazendo malabarismo, que impressionou o público, que aplaudiu calorosamente. As Três
Marias dançaram jazz. As estrelas do Cruzeiro do Sul cantaram uma música de rock. Estela
estava desanimada, era cada estrela mais bonita e brilhante que a outra!
Era a vez da estrela Dalva que encheu o peito de ar e cantou uma linda música e foi
aplaudida de pé.
— Não tenho chance nenhuma… — pensou Estela desanimada.
Dona Lua chamou o nome de Estela que entrou tremendo no palco. Estela abriu um
pedaço de papel, enquanto todos esperavam atentamente à sua apresentação. Tremendo,
Estela pigarreou, deu uma piscadela e começou:
Não sou uma estrela brilhante
Sou estrela de quinta grandeza
Não sou estrela radiante
Mas tenho minha beleza.
A beleza não está na cor
No tamanho ou na aparência
A beleza está no interior
E também na diferença!
Se todos fossem iguais
Sem graça a vida seria
O universo seria feio
E a beleza não existiria.
53
Todos permaneceram em silêncio. Os jurados se entreolharam. Estela abaixou a
cabeça envergonhada. Dona Lua levantou aplaudindo e todos aplaudiram também. Estela
sorriu animada.
Todas as estrelas esperavam ansiosas o resultado, quando dona Lua anunciou:
— Em segundo lugar...Oh...que alegria! A estrelinha Estela!!!
Estela sorriu inesperada.
— Em primeiro lugar...Oh... A estrela Dalva!
A estrela Dalva estufou o peito sorrindo de satisfação:
— Eu sabia! Eu sabia!
— Vamos agora coroar a Miss Via Láctea!
Dona Lua ergueu a faixa para colocar na estrela, quando Júpiter gritou:
— Ei, espere! A estrela Dalva não poderá ganhar esse concurso!
— Mas por quê? – perguntou dona Lua.
— Atenção, planetas, asteroides, estrelas, planetoides e todos os corpos celestes! Eu
tenho uma revelação a fazer a todos vocês!
Todos olhavam surpresos.
— A estrela Dalva não é uma estrela – disse apontando para a estrela Dalva – Ela é o
planeta Vênus!!!
— Ohhhh!!! — exclamavam todos.
— Isso é uma calúnia! — gritou a estrela Dalva.
— Calúnia nada, todos os planetas sabem que a Dalva nunca foi uma estrela. Só
porque à noite ela brilha mais que as outras estrelas, todos pensam que ela é uma estrela, mas
ela não passa de um planeta como nós!
— É verdade! — concordaram os outros planetas.
— Oh não, me descobriram... — lamentou a estrela Dalva, isto é, o planeta Vênus.
Dona Lua tomou a faixa da Dalva e disse:
— Como vocês podem ver a estrela Dalva, isto é, o planeta Vênus foi
desclassificado. Portanto, a Miss Via Láctea desta noite é: a estrelinha Estela!!!
Todos aplaudiram de alegria.
Dona Lua colocou a faixa e a coroa na estrelinha que ensinou a todos que a beleza
não está na cor, no tamanho ou na aparência, mas sim na diferença de cada um.
54
ANEXO II – Plano de Curso Proposto

Série: 8º ano
Disciplina: Artes
Carga Horária: 60h
Professora: Michele da Silva Meira
Ano de Competência: 2021

I. Objetivo Geral
Desenvolver experiências artísticas através dos livros ilustrados, estimulando a
leitura das narrativas visuais e a criação livre de ilustrações infantis.

II. Competências gerais:


 Compreender como o livro infantil ilustrado pode nos conduzir a uma experiência
artística
 Entender como ilustradores renomados usaram as imagens pictóricas como
referências na elaboração de suas ilustrações
 Compreender o processo de construção da imagem no livro ilustrado
 Desenvolver um método particular de expressão e representação artística, aguçando a
criatividade.
 Conhecer os instrumentos, procedimentos e meios técnicos de representação visual
 Desenvolver e experimentar diferentes meios técnicos de representação visual.

III. Conteúdos Programáticos:


Unidade I – 15h/aula
 O que se compreende por uma experiência artística
 História da ilustração
 O que é um livro ilustrado e um livro de imagem?
 O livro como obra de arte
 Análise de livros ilustrados e livros de imagem

55
Unidade II – 15h/aula
 Elementos da Perspectiva
 Plano, ponto e linha
 Claro/escuro e contraste
 Volume e profundidade

Unidade III – 15h/aula


 Etapas de produção do livro de um livro ilustrado
 Meio técnico de representação de um livro ilustrado
 Pesquisa Iconográfica - A busca por referencial imagético na elaboração de livros
 A cor na ilustração

Unidade IV – 15h/aula
 Breve noções de design de capa
 Diagramação e edição de imagens na impressão de livros (softwares Adobe
Photoshop e InDesign)
 Fechamento de arquivo para gráfica.

IV. Metodologia:
- Aulas expositivas
- Aulas práticas
- Leitura de textos e interpretação de textos
- Leitura de imagens
- Pesquisas e debates
- Apreciação crítica de imagens artísticas
- Apresentação oral da produção em grupo e individual

56
V. Recursos Didáticos:
Quadro-negro, laboratório de informática, internet, lápis, borracha, tinta guache, lápis
de cor, data-show, impressora, papel sulfite, cartolina, tesoura, cola, EVA, tecido, régua,
pinceis, fita adesiva, carvão vegetal, pastel seco, pastel oleoso, revistas.

VI. Avaliação:
Participação, análise de portfólio desenvolvido ao longo das aulas, apresentação oral
e prova com questões discursivas.

VII. Bibliografia:

OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. 24ª Ed. Petrópolis.


Editora Vozes, 2009.
LIMA, Graça. O Design Gráfico do Livro Infantil Brasileiro, a década de 70 –
Ziraldo, Gian Calv.
OLIVEIRA, Rui de. Pelos Jardins de Boboli – Reflexões Sobre a Arte de Ilustrar
Livros Para Crianças e Jovens. 1ª Ed. Editora Nova Fronteira, 2008.
SHULEVITZ, Uri. Writing with pictures – How to write and illustrate children’s
books. 1ª Ed. Editora Watson-Guptill Publications / New York, 1985.
GUEDES, Alexandre; SARAIVA, Pedro. O referencial artístico na produção
visual: uma análise da ilustração de Harry Clarke para Ms. Found in a bottle (a senhorita
encontrada em uma garrafa).
LINDEN, Sophie Van der. Para ler o livro ilustrado. 1ª edição. Editora SESI-SP,
2018.

57

Você também pode gostar