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Tecendo resistências contra-coloniais entre azmies:: travessias possíveis para


uma ética da liberdade

Article in Teoria e Cultura · July 2021


DOI: 10.34019/2318-101X.2021.v16.30814

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Izabela AMARAL Caixeta


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TEORIA E CULTURA

Tecendo resistências contracoloniais entre azmies: travessias


possíveis para uma ética da liberdade
Izabela Caixeta39

Resumo

Neste ensaio tenho por intuito tecer diálogos epistemológicos entre autoras pretas que acredito
fazerem coro, volume e movimento às reflexões contracoloniais para pensar uma ética da liberdade
na educação. Proponho aproximar debates presentas nas experiências ao sul da luta anticapitalista,
necessárias para as (re)existências periféricas com encontro entre diferentes vozes insurgentes. A
ideia é engajar travessias teóricas, em perspectiva interseccional, que encampem terrenos para o
enfrentamento estrutural ao racismo e sexismo adoecedores. Em tempos de grande magnitude na
crise dos valores civilizatórios ocidentais, refletir sobre necessários aquilombamentos no campo da
educação que tudo atravessa, torna-se exercício para uma possível ética da liberdade. Num mar de
sofrimentos coletivos, ancoro as reflexões propostas por Bell Hooks, quando nos desperta para as
possibilidades da teoria como lugar de cura. Que esses saberes ancestrais em travessia possam nutrir
solos existenciais calejados e quem sabe acender fogueiras de luta, que junto a tantos lutos, servem
como faróis em meio a tempestade.

Palavras-chave: racismo. educação. interseccionalidade. contracolonialidade.

Weaving counter-colonial resistance among azmies: possible crossings for an ethics of freedom

Abstract

In this essay I intend to weave epistemological dialogues between black authors who I believe make
chorus, volume and movement to the counter colonial reflections to think an ethics of freedom in
education. I propose to approach debates present in the experiences to the south of the anti-capitalist
struggle, necessary for peripheral (re)existences with an encounter between different insurgent voices.
The idea is to engage theoretical crossings, in an intersectional perspective, that cover ground for the
structural confrontation of sickening racism and sexism. In times of great magnitude in the crisis
of Western civilizing values, reflecting on the necessary aquilombing in the field of education that
goes through everything becomes an exercise for a possible ethics of freedom. In a sea of collective
suffering, I anchor the reflections proposed by Bell Hooks when she awakens us to the possibilities of
theory as a place for healing. May this ancestral knowledge in traversal nourish calloused existential
soils and, who knows, maybe light fires of struggle, which, along with so many struggles, serve as
lighthouses during the storm.

Keyword: racism. education. interseccionality. anticolonialism.

39 Professora de sociologia da Secretaria de Educação do Distrito Federal, mestra em Políticas Públicas em Saúde pela
Fiocruz/Brasília Brasil. E-mail de contato: izabelacaixeta@gmail.com.
143 Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - UFJF v. 16 n. 1 Junho. 2021 ISSN 2318-101x (on-line) ISSN 1809-5968 (print)
Intersecionando o sentir-pensar para enquanto projeto moderno/colonial. Foram tantas
TEORIA E CULTURA

reposicionar os padrões de poder violências orquestradas sob o julgo da ideologia


da mestiçagem, colonizadora de subjetividades,
espiritualidades, autopercepções que se perder
Eram trabalhos que contavam partes de uma
nesse lugar da indefinição parece morada para
história. A história dos negros talvez. A irmã
muita gente.
tinha os traços e os modos de Vô Vivencio. Não
Tendo como fundamento que a experiência
estranhou a semelhança que se fazia cada vez
também é limitada, foi “justamente com o desafio
maior. Bom que ela se fizesse reveladora, se fizesse
em estabelecer uma aliança antirracista que
herdeira de uma história tão sofrida, porque,
me deparei com o conflito de definição de uma
enquanto os sofrimentos estivessem vivos na
posicionalidade racial” (LOPES, 2017). Antes,
memória de todos, quem sabe não procurariam
declarar-me algumas vezes como branca/parda
, nem que fosse pela força do desejo, a criação
me parecia menos desconfortável já que o lugar
de um outro destino (EVARISTO, 2017, p.109).
da mestiçagem é algo que evoca sentidos negativos
por não carregar “a fixidez dos fenótipos puros”
Peço licença para chegar, benção à
(LOPES, 2017).
ancestralidade e gratidão às muitas escrevivências
Mas é junto da literatura, da filosofia, nas muitas
que me antecedem e me inspiram. Início
rodas de conversa e trocas, nas formações coletivas,
afirmando que foi graças ao poder de mulheres
na prática docente, na família, nos interditos
que buscaram/buscam transformar o mundo,
cotidianos e junto das muitas vozes de mulheres
que minha tomada de consciência racial entrou
inspiradoras que venho percorrendo esse exercício
em ritmo sem volta. Se tornar uma mulher
diário de re-letramento racial e de compreensão
negra, como dizia Lélia Gonzalez (1982), é tarefa
do lugar central da raça em nossas experiências
dolorosa junto às memórias genéticas violadas
amefrikanas ladinas. Isso espelha necessariamente
pelas políticas de embranquecimento na Améfrika
em minha atuação enquanto professora na rede
Ladina. É importante compreender esse conceito
pública em escola periférica da capital do país
de améfrika ladina, cunhado por Lélia Gonzalez,
onde a maioria dos estudantes é negra.
enquanto pessoas “herdeiras de uma outra cultura
Por acreditar que a educação ainda pode ser
ancestral cuja dinâmica histórica revela a diferença
uma das frentes na luta antirracista e anticapitalista
pelo viés das desigualdades raciais” (CARDOSO,
e caminho estratégico para descolonização
2014, p. 1984) para desvelar a histórica forja de
mental, cognitiva, afetiva, tenho como propósito
nossas racialidades no brasil e para que possamos
a busca por uma ética da liberdade que contribua
tornar o antirracismo prática imanente.
no desfazer de tantas amarras ocidentais 40
Por muito tempo o lugar da pardice me parecia
colonizadoras. Já dizia Bell Hooks que, “a voz
destino comum e ao mesmo tempo não-lugar.
engajada não pode ser fixa e absoluta. Deve estar
Como um copo de água suja, o racismo faz muita
sempre mudando, sempre em diálogo com um
gente se sentir assim. “Ninguém nunca quer se
mundo fora dela” (2019, p.22). É no engajamento
parecer com o opressor”, eu assim justificava para
junto às teorias, na necessária autoatualização
me negar e tentar acochambrar a branquitude na
(HOOKS, 2019), na ação responsável frente ao
minha identidade. É muito doloroso não saber de
coletivo que acredito ser a proposta-desafio de
onde viemos e mais ainda se enxergar como um
uma práxis qualificada contra colonial para pensar
dos resultados planejados de um experimento
outros mundos possíveis.
histórico e político de embranquecimento

40 Ocidente aqui é compreendido como “anglo- europeu, cuja origem se localiza na civilização greco-romana e tem o
fenótipo caucasiano como característica racial: “[...] enfatizo que nem o termo ‘Oriente’ nem o conceito de ‘Ocidente’ têm
estabilidade ontológica; ambos são constituídos de esforço humano - parte afirmação, parte identificação do Outro” (SAID,
2007, p.13). Ocidente é ainda um conjunto de crenças e valores definidores de identidade cultural agregadora ou excluden-
te” (NJERI, 2020).
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Venho, nesse sentido, refletindo sobre meu do que revelar a imbricação das experiências de
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papel junto a uma pedagogia engajada, de opressão, oportuniza perceber a coletividade que
denúncia, que realize o movimento de autonomia nos enreda em contexto de existências violadas
via ação colaborativa, horizontal e que vise sistematicamente pelas mesmas estruturas.
produção de saúde e não somente adoecimentos Nossas existências, como a de nossas
no espaço escolar, por exemplo. Isso requer um ancestrais, seguem ameaçadas sob a égide
enfrentamento ativo do racismo epistêmico tão violenta do patriarcado-racista-heteronormativo,
enraizado nas escolas como nas bases acadêmicas expressado belicosamente na organização desse
universitárias, responsáveis por afetar e (de)formar sistema-mundo capitalista e seus padrões de poder
subjetividades. Descolonizar currículos é uma colonial. Quando falo isso, tenho em mente o
das muitas tarefas. Destaco que toda a referência encarceramento e genocídio em larga escala do
bibliográfica aqui utilizada é composta por povo preto, o extermínio macabro nos campos,
mulheres pretas, africanas, afro diaspóricas, afro nas matas, nas florestas e latifúndios que aviltam
perspectivadas, mulheristas, feministas negras, cotidianamente a autonomia dos povos originários.
contracoloniais, pois essa escolha é parte fundante Penso nos negligentes e alarmantes indicadores
de uma escrita política e posicionada. de saúde da população negra e no aumento do
Opto pela perspectiva interseccional colhida feminicídio entre mulheres negras. Em meio a
junto às reflexões da professora afrocolombiana guerra de ódio permanente, cresce a violência
Mara Vigoya Viveros, que compreende a doméstica, esgarçando a perversa dominação
interseccionalidade enquanto uma proposta de masculina cravada em nossa cultura brasileira.
abordagem situada da dominação, oportunizando Quem ama não mata, já entoavam os movimentos
percebermos a interdependência das opressões feministas dos anos 80.
nesse mundo fragmentado. Assim, A indignação assolapa violentamente ao ver
mais uma criança assassinada (em casa, na escola,
enquanto enfoque teórico-metodológico e na rua) pelo macabro braço armado de um estado
político (VIVEIROS, 2013), a interseccionalidade que faz morrer quem não é o humano (branco-
compreende a interação em múltiplos níveis, as semelhante-universal). Um estado que, em meio
vezes simultâneos, das diferentes categorias de a uma pandemia, mantém o genocídio não só
discriminação social, ocidentalmente clivadas, assassinando crianças e jovens como também
como raça, gênero, sexualidades e classe, sendo deixando morrer nossos mais velhos, nossas
basilar para analisarmos sistemas e políticas memórias. Como um monstro de vários tentáculos
públicas, como a educação e saúde (CAIXETA, (NJERI, 2020), o sistema patriarcal capitalista de
2020, p. 16) supremacia branca ataca por várias frontes.
Em tempos de ‘racismo reverso’, ‘estupro
Tendo como centralidade a violência racial culposo’, ‘cristofobia’ e ‘heterofobia’, a demanda
para compreendermos nosso contexto ladino- é urgente por disputarmos a possibilidade de
amefricano, atravessados enquanto povos existirmos em multiplicidade e não somente
em diásporas (pindorâmicos e africanos), de encarceradas em um único modelo de humanidade
extermínios históricos e desgraças coletivas excludente. O ódio surge contra esses outros
(NJERI, 2019) , o paradigma da interseccionalidade colonizadores das nossas vidas. Muita afetação!
emerge aqui como um lugar discursivo , de Mas como bem nos lembra Djamila Ribeiro
potentes diálogos entre diferentes posições de (2018), é preciso organizar o ódio. É preciso
autoras que realizam travessias num dissenso compreender a dimensão pedagógica por traz
ou no chamado “conflito produtivo” (VIVEROS, da raiva emergente da injustiça (TATE, 2018).
2016). Não há disputas quando as agendas Localizando as relações intrínsecas entre as
são pluriversais (e não universalizantes e experiências êmicas e éticas, endosso as palavras-
particularistas). Assim, a interseccionalidade mais raízes de tantas mulheres insurgentes que entoam:

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o pessoal é político. É preciso fortalecer nossas que convido com muito respeito e admiração
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redes de expressão comunitária/coletiva, a partir a mulherista africana Anin Urasse para ajudar
da luta contra o colonialismo de nossos corpos, nesse bordado:
nossas sexualidades, nossas formas de pensar e
ser nessa geopolítica global que nos subalterniza. Engana-se quem pensa que se trata somente
A interseccionalidade é aqui empregada como de uma mudança de nome. A concepção é
uma chave de leitura do sensível que nos permite completamente diferente, já que estamos
compreender essas dinâmicas provenientes falando de dois berços civilizatórios opostos: o
da experiência de sermos um país de maioria africano e o europeu (lembrando mais uma vez
e sempre da teoria dos dois berços do Diop, e
negra (pretas e pardas), profundamente desigual
que a diáspora também é Afrika). “Zami” é uma
e violento, com heranças coloniais tão sólidas.
corruptela diaspórica do criolo que significa
Considerando a importância de identificar “os
algo como “aquela mulher que trabalha junto
valores e hábitos de ser [que] refletem meu/nosso
com outra mulher enquanto amiga e amante”
compromisso com a liberdade” (HOOKS, 2019, termo típico das comunidades pretas caribenhas
p.41), dimensiono o papel do afeto em minha (e que ficou muito famoso após a publicação do
agência (TATE, 2018). E é pela afetação que consigo livro “Zami” da Audre Lorde. Comum, também,
(re) agir, ao tentar esboçar reflexões a respeito entre mulheres pretas que se relacionavam com
das violências e opressões que nos assolapam outras mulheres pretas no âmbito do movimento
cotidianamente e que constato regularmente sendo negro, inclusive no Brasil).
(re) produzidas dentro do ambiente escolar. (Pensamentos Mulheristas, 2016)
O devir bruxa Tituba41 é ardente nas entranhas
da alma. E é no mínimo transgressor, para não Sem incorrer num ‘ecumenismo teórico’
romantizar como essencial, utilizar a ferramenta como Urasse já nos alerta,(mas porque não uma
da intuição, da relação com o sensível também promiscuidade epistêmica?) vou ao encontro de
enquanto autoridade de conhecimento e dar azo Jurema Werneck (2009) quando esta diz que a
ao movimento do sentir em coletivo. Pois como partir de diferentes diálogos, do pluralismo de
costuma trazer em suas falas a filósofa preta, ideias é que criamos ‘comunidades de saber cujas
professora Katiuscia Ribeiro, “todo ser que pensa fronteiras são imprecisas’ (2009, p.151) mas que
produz conhecimento” e se “sinto, logo co-existo”. suas disputas são necessárias para lutar contra o
Mexendo em trocadilhos filosóficos, o sentir- encarceramento dos paradigmas ocidentais do
pensar aqui ocupa uma grande dimensão na busca individualismo e da noção de propriedade privada
por confluir com a co-construção de uma possível brancocêntrica patriarcal.
ética da liberdade. Nada do que aqui elaboro em escrita já não foi
Escrevo sobre tecer com as zamis no sentido de dito, tecido, escrito por tantas outras pessoas. É
buscar dialogar com mulheres (sem reducionismos justamente da voz coletiva que me fortaleço, tomo
ou bio-logi-cis-mos ocidentais, mas como fôlegos e somo na luta pela vida. Como professora
invenção, como nos atenta Oyèrónkẹ Oyěwùmí) da rede pública, a transformação das pedagogias
que produzem narrativas anti-hegemônicas, contracoloniais é um compromisso político. Não
contribuindo para pensarmos junto às nossas partidário, não individual. É na partilha dessas
potentes diferenças. É no aquilombamento e nos lutas, nas celebrações positivas do bem viver, na
aquelarres das nossas que encontro mais uma busca por mudanças que honrem as lutas ancestrais,
ferramenta de luta, junto ca-‘zamie’-gas (leia-se: na reinvindicação de novas estórias, humanizações
com as amigas) um trocadilho infame meu, mas e existências que retomo ao afeto.

41 Tituba é a personagem do premiado romance “Eu, Tituba, Bruxa Negra de Salem”, escrita pela afrocaribenha Maryse
Codé (1986). A ideia de um devir bruxa faz alusão a imagem polifônica atribuída a essa figura, atravessada pelas relações
com o feminino, com a liberdade, com a magia , espiritualidade, os ebós, as feitiçarias, os encantamentos , expressões
essas de reexistências poderosas e que até hoje são figuras-pensamentos-ações perseguidas, desumanizadas e postas ao
julgo dos valores hegemônicos ocidentais.
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O afetar-se como estratégia de liberdade, de para desmantelar relações comunais, amedrontar
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engajar-se para uma politização da vida, pode ser pessoas, dominar a terra em prol do lucro civilizado.
visto como um exercício ético. Também êmico O que mais me assustou nesses dados,
por me entender como “observadora de dentro”, trazidos pela socióloga Gilvânia da Silva em
como narradora-vivente-professora-pesquisadora, pesquisa apresentada no VII Seminário Ser
entendendo como imprescindível pensar desde o Negra (Descolonizando o feminismo, novembro
contexto em que se está inserido. E é pelo amor, de 2018, Brasília), foi justamente o crescimento
como expressão de uma política transgressora de mortes violentas, com requintes de crueldade
frente ao sequestro histórico do amor interior a quais as mulheres quilombolas foram e estão
(HOOKS, 2002) que acredito que seja um dos sendo submetidas. Com destaque alarmante para
caminhos para rompermos com as desigualdades a subnotificação e registros dos casos, mais uma
inerentes desse sistema que coabitamos em prol expressão do racismo institucional presente em
da transformação. nossa sociedade.
Desafiando os medos presentes em transgredir Foram descritas situações de empalamento,
com a falácia da neutralidade na produção do perfurações, decepação dos seios, estupros contra
conhecimento, a caminhada contracolonial se dá as mulheres quilombolas, com ênfase em chacinas
na busca também por fissuras ali, aqui e acolá. Este de familiares, com dimensões de um sadismo
ensaio se soma ao esforço genuíno em aprender misógino que me fez recordar as descrições dos
com essa constelação de vozes insurgentes que porões de inquisição de caça às bruxas analisadas
acalentam e fortalecem. pela historiadora italiana Silva Federici, em sua obra
o Calibã e a Bruxa . Não é à toa, senão co-incidência,
Suleando o pensando rumo à que essa contínua violência tenha escalonado contra
dororidade: espelhos e movimentos as mulheres quilombolas, lideranças negras ligadas
à terra, à ancestralidade, ao coletivo.
Se você acha que literatura é perfumaria Saber desse avanço de uma guerra permanente
Olhe para o espelho do banheiro por lucro faz o pensamento se mover contra o
e leia minha poesia ocidente hegemônico e seus valores civilizatórios
Engula a força da letra como que glorificam o individualismo, o consumismo,
o pão de cada dia a inimizade. Valores coloniais como o extermínio
Haverá cura do outro, aquele que não é humano, passível de
Não será um exercício fútil reificação e exploração.
Veras que trago um poema últil Ao propormos um suleamento do pensar-sentir-
Munição para os tempos de violência agir, enredo-me às escritas ‘subalternas’, localizadas
Cachecol para os dias frios nas margens e periferias do capital. Mais que
Palavras pretas luzeiro artifícios estéticos (que também são necessários
Poema farol. para uma contra colonização epistemológica) da
(SOBRAL, 2010, p. 106,) linguagem escrita, o suleamento também propõe o
deslocamento do que hoje está no centro enquanto
Tomei conhecimento sobre um dado que muito, valores hegemônicos e universais. A proposta é
mas muito vem me assombrando. Segundo estudo deslocar essa centralidade eurocêntrica hegemônica
recente intitulado “Racismo e Violência contra e levar para o centro as agendas que atendam as
Quilombos no Brasil” (CONAQ, 2018), o número diversas demandas existentes, retirando do norte
de assassinatos de quilombolas no país cresceu geográfico, existencial (branco-eurocentrado-
350% em apenas um ano (2016 a 2017). A morte de patriarcal-cristão-heternormativo-especista) seu
lideranças seja no campo, florestas, matas, cidades, caráter medidor de humanidades legitimas.
centros urbanos é tática histórica nefasta utilizada Sulear caminhos contracoloniais possibilita a
descentralização das ‘fontes legitimas’ de conhecimento

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que tendem a vir quase que exclusivamente de um o invisível (ROCHA, 2014) não é tratar dessas
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punhado pequeno de países do norte, que atuam temáticas como “recortes”, “nuances” e adjetivos
historicamente na manutenção das relações coloniais particulares em detrimento da branquitude-
com demais povos. E buscar como ‘faróis’ que universal. Ou então questionar de forma colonizada
iluminam caminhos ao sul, os saberes originários o que vem primeiro: raça ou gênero? Essa pergunta
e ancestrais que tecem nossas histórias coletivas. A faz sentido somente e exclusivamente para quem
busca é por espelhos outros, que quebrem os pactos é livre em não ser alvo por ter a pele alva. Colocar
narcísicos (BENTO, 2002) e reflitam existências como universal o entendimento reduzido e
pretas, indígenas, quilombolas, múltiplas. ocidental do que é ser mulher (branca) ou homem
Isso necessariamente reflete na educação (branco) não dialoga.
enquanto aparato formador ‘universalizante’ Apontar o encobrimento, o escamoteamento
transpassado por valores que atendem a uma da raça sob o signo do gênero ou mesmo da
agenda ideológica particular. Ou ainda, a primazia da classe permite, como diz Werneck,
educação enquanto importante instituição que apontemos “o quanto esta invisibilização tem
social, é responsável por socializar desde muito sido benéfica para aquelas correntes feministas
cedo os valores preconceituosos, estereotipados não comprometidas com a alteração substantiva
e estigmatizantes a respeito das diferenças do status quo” (p 162). É por isso que a escolha
étnico-raciais tão presentes em nosso cotidiano política do conceito de dororidade encontra terreno
(CAVALLEIRO, 2000). Considerando o nesta discussão. Segundo Vilma Piedade (2017),
epistemicídio nos currículos escolares (SUELI,2005; cunhadora do termo, é importante entendermos
PONTES, 2017), esse apagamento sistemático de que um conceito, assim como o tempo, é algo
outras narrativas de humanidade, pensar numa circular, não é “definitivo e imutável. O movimento
ética da liberdade na educação também envolve é sua marca” (2017, p.16).
disputar conteúdos, contra colonizar discursos Entendendo que o termo sororidade não abarca
únicos e ‘abrir/libertar’ mentes que criem. nem abrange as múltiplas existências, como a
Nas palavras da escritora Scholastique pretitude, Piedade (2017) caminha para uma nova
Mukasonga sobre como os “senhores do ocidente” conceituação de forma que envolva a dimensão da
(NJERI, 2019) impõem sua visão de mundo, que dor racial, tão organizadora das existências nessas
ainda é a ‘narração oficial da história’, a autora terras. Segundo a autora, para que o diálogo seja
partilha experiências dolorosas sobre a perda da mais intersecional ele precisa empretecer, como
sua família no histórico genocídio em Ruanda o próprio movimento feminista. Na luta contra o
nos anos 90, um dos países africanos colonizados apagamento e invisibilidade que o racismo projeta,
violentamente pelos belgas. Mukasonga conta em a dor da escravidão, a dor da exclusão aterram-
seu livro “A mulher dos pés descalços” que: se na proposta da dororidade. “Não é fácil dar
nome a nossa dor, torná-la lugar de teorização”
Os brancos jogaram em cima dos tusti os (HOOKS, 2019, p. 102).
monstros famintos de seus próprios pesadelos. É justamente somado a esse desafio trazido
Eles nos ofereceram espelhos que distorciam a por Bell Kooks de pensar a teoria também como
farsa deles e, em nome da ciência e da religião, lugar de cura que acredito estar em diálogo com
nós tínhamos que nos reconhecer nesse a proposta do conceito de dororidade, trazido por
duplo perverso nascido de seus fantasmas Vilma Piedade. É importante dar movimento aos
(MUKASONGA, 2017, p. 121) sofrimentos. A dor enquanto:

Nessa entoada de novos reflexos, é de um evento, uma experiência que deve ser
importância estratégica a descolonização reconhecida, nomeada e, em seguida usada
das subjetividades, das autopercepções e do de alguma forma para que a experiência mude
reconhecimento da identidade racial. Pensar e seja transformada numa outra coisa: força,

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conhecimento ou ação. O sofrimento, por outro profundo com a pedagogia engaja canse o espirito”
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lado, é o pesadelo revivido da dor não analisada (HOOKS, 2019, p.267). É também doloroso, pois
e não metabolizada (AUDRE LORDE, 2007, requer que nos conheçamos para saber para onde
p.172 apud TATE, 2018, p. 197) queremos ir. E olhar novamente para trás. Requer
escuta, engajamento mútuo (HOOKS, 2019). Para
uma verdadeira revolução, precisamos mudar os
Não são as diferentes opressões que nos valores hegemônicos.
distanciam, mas a tenacidade em singularizar, É potente pensar em uma ética enquanto
padronizar e centrar uma única experiência como compromisso com a liberdade que há no existir em
pauta em detrimento de outras. Os sofrimentos diversidade. Compreendo a educação transgressora
persistentes do povo preto, originário, escalado como uma prática da liberdade (HOOKS, 2019),
às margens da humanidade no Brasil são enquanto soma na construção de agendas que
cotidianamente reduzidos, dado a banalização da atendam às múltiplas singularidades, é importante
morte de pessoas não brancas, como “uma dor que desvelar as problemáticas epistemológicas que
não cicatriza” (BRITO, 2018). Muitas mães, maioria se impõem até hoje através do cientificismo
mulheres negras periféricas, têm nas relações de racista, do positivismo, da autoridade masculina,
ausência, de abruptalidade (é tanto brutal quanto do elitismo. Desmantelar o racismo patriarcal é
abrupto), processos de adoecimentos oriundos eminente e necessário para a luta anticapitalista.
do injusto enlutamento de seus filhos-sobrinhos- É no endosso à busca pela descolonização
irmãos-pais-companheiros- assassinados pelo mental, em prol da nutrição junto a saberes ancestrais
necroestado. Também uma dor oriunda do crime que levam uma vida inteira para serem digeridos
político de ódio que é o feminicídio, que só vem (SOMÉ, 2003, p.76) que acredito estar uma ética
aumentando entre mulheres negras. A dor dos da liberdade. A busca por diálogos, na partilha de
efeitos de uma cruel seletividade de empatia e responsabilidades. É ter como foco a importância
comoção sobre as vidas que podem ser violadas. das diferentes estratégias rumo à luta antirracista
Como buscar espelhos se há tantas e antissexista, com ‘ginga’ no movimento de sulear
fragmentações nas autoimagens? Se o ocidente o caminho das necessárias mudanças.
profana/embranquece a vaidade de Osúm em nome
de um narciso ocidental? Apagam, fragmentam, Isso lhes dá tanto a oportunidade de saber que
descaracterizam, esvaziam, poluem nossas as experiências difíceis aconteceram com todo
águas existenciais. É preciso ter compromisso mundo quanto a prática de integrar teoria e
e responsabilidade coletiva para compor novos práxis: modos de conhecer e hábitos de ser.
reflexos. É importante nos movermos através da dor. Praticamos não só o questionamento de ideias
como também o dos hábitos de ser. Por meio
Por necessárias éticas da liberdade: desse processo construímos uma comunidade
comunidade e revolução (HOOKS, 2019, p.61).

Mais que um inimigo em comum, temos muitas


Ouvir as vozes e os pensamentos individuais
propostas de viver e não se faz razoável reduzirmos
uns dos outros, e às vezes, relacionar essas vozes
a uma única narrativa de existir. É porque somos
com nossa experiência pessoal, nos tona mais
diferentes que somos fortes, é dos lugares das
conscientes uns dos outros (HOOKS, 2019, p.247)
subalternidades que se destacam pontos de vistas
únicos sobre a opressão e assim, formas libertárias
Pensar numa ética da liberdade exige mudança
e contracoloniais de construir projetos outros de
de postura, requer transgressões, radicalidade nas
sociedades. Tatiana dos santos, com sua escrita-
ações guiadas pelas raízes ante a colonialidade de
navalha, enreda de forma potente essa proposta
nossas vidas. Envolve responsabilidade consigo e
ética quando diz que “não precisamos ser iguais
com os coletivos, mesmo quando “o compromisso
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para nossas lutas fazerem sentido e se conectarem, com esses diálogos um fortalecimento de ética da
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não precisamos nos diferenciar a todo custo para nos liberdade. Compromissada com a transformação.
tornarmos “mais humanos” (por que isso importa Pois num mundo com muitos sentidos, sendo um
tanto, afinal?) – como aprender a falar de nós sem deles a concretude do racismo, posicionar -se é
silenciar xs outrxs? (DOS SANTOS, 2013, p.8). um ato político de resistência. E para sobreviver
Nossa ‘capacidade de aprender’, como disse e enfrentar esse sistema adoecedor, um itinerário
Sueli Carneiro ao falar sobre epistemicídio terapêutico certo é o de que o amor cura.
(2005), foi e é violada sistematicamente e por isso
precisamos nos reorganizar, para além de nossas Referências bibliográficas
individualidades. Aprender de novo, reaprender,
desaprender. Nos reformar, ainda que doloroso, BENTO, Maria Aparecida da Silva. Pactos narcísicos
no racismo: branquitude e poder nas organizações
como nos lembram as palavras-flecha de Sojouner
empresariais e no poder público. 2002. Tese (Doutorado
Truth, em seu famoso discurso proferido em 1851 em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento
na Convenção dos Direitos da Mulher nos Estados Humano) - Instituto de Psicologia, Universidade de
Unidos (E eu não sou uma mulher?). São Paulo, São Paulo, 2002.
Ao enfrentarmos o epistemicídio, olhamos para
trás, aprendemos, nos elevamos. É pela liberdade BRITO, Maíra. D. Não. Ele não está. 1. ed. Curitiba:
da escolha de qual copo de água queremos nos Appris, 2018. v. 1000. 118p.
embeber. Enegrecer a nossa bibliografia, enfrentar
o racismo falocentrado epistêmico, centrar quem CAIXETA, Izabela A. “Consciências Libertárias,
Práticas Colonizadas: Docência e Saúde Através da
valoriza o invisível em suas escritas.
Pandemia”. In: Interritórios | Revista de Educação
a história de meu povo sendo sequestrado,
Universidade Federal de Pernambuco, Caruaru,
Brasil, vol. 6, nº 11, 2020.
escravizado, enjaulado, feito de cobaia, caçado,
sacrificado, assassinado e exposto deixou um CARDOSO, Claudia Pons. “Amefricanizando o
gosto ruim na minha boca, e empatia no meu feminismo: o pensamento de Lélia Gonzalez”.
coração (ROYCE, 2009). Revista Estudos Fem., vol. 22, nº.3 Florianópolis
Sept./Dec, 2014.
Construir comunidades pedagógicas é um
desafio para quem atua com educação. Mas CARNEIRO, Aparecida Sueli; A construção do
como nos atenta Hooks (2019), a dificuldade outro como não-ser como fundamento do ser.
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
também deve ser apreciada. Nutrir-se de agendas
contracoloniais pode ajudar a tecer, como as
CAVALLEIRO, Eliane dos Santos. Do silêncio
arpileiras chilenas, as próprias histórias (FREIRE, do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e
2017) e fazer parte de uma educação como prática discriminação na educação infantil. 6. ed. São
da liberdade. “Quando, para encontrar uma Paulo: Contexto, 2020.
solução nos voltamos para a comunidade maior,
fica impossível o problema persistir” (SOMÉ, CONAQ- Coordenação Nacional de Articulação
2003, p.121). A necessária construção de uma das Comunidades Negras Rurais. Quilombolas,
comunidade pedagógica (HOOKS, 2019) é Racismo e Violência contra Quilombos no Brasil.
Terra de Direitos, em parceria com a Associação
também reconhecer a educação como potência
de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais da
para abrir caminhos e mentes.
Bahia (AATR) e o Coletivo de Assessoria Jurídica
Busquei aqui descrever os entendimentos que Joãozinho de Mangal, 2018;
ecoam em leituras, inquietações e afetações que essa
constelação de saberes me proporciona para pensar DOS SANTOS, Tatiana Nascimento. “mas
uma ética da liberdade. Comecei falando de afetação COMO toda opressão está conectada?”
e é pelo afeto e necessidade de expressão que busco In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO

150 Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - UFJF v. 16 n. 1 Junho. 2021 ISSN 2318-101x (on-line) ISSN 1809-5968 (print)
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da Fonseca, CEFET/RJ. 2017.
FREIRE, Ralyanara. Bordando transgressões
arpillera e a luta de mulheres contra Belo Monte. RIBEIRO, Djamila. Vídeo do youtube, do canal
Trabalho apresentado no GT 07 – Bordando Racionais TV, episódio: Sobrevivendo no Inferno
outro ponto de vista: pensamento envolvente por Djamila Ribeiro. Publicado em 26 de outubro
para feminismos, negritudes e fazeres cotidianos. de 2018 e assistido no dia 17 de novembro do
Publicado em ANAIS ELETRÔNICOS DO mesmo ano.
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151 Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - UFJF v. 16 n. 1 Junho. 2021 ISSN 2318-101x (on-line) ISSN 1809-5968 (print)
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et féminismes anticoloniaux [en línea]. Genève:


Graduate Institute Publications, 2009.

152 Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - UFJF v. 16 n. 1 Junho. 2021 ISSN 2318-101x (on-line) ISSN 1809-5968 (print)

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